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STAL

Lutar
nº 91 • Janeiro de 2009
Distribuição gratuita aos sócios

Direitos
Salários
Serviços
públicos

para resistir
I Conferência
sindical
Organização
mais forte
O reforço da organização
sindical e a elevação da
capacidade de resposta da
sua estrutura foi uma das
principais conclusões da
I Conferência Sindical que
aprovou o Caderno Reivin-
dicativo.
Pág. 7 a 9

Regime
de vínculos
Impugnar
ilegalidades
O chamado novo regi-
me de vínculos, carreiras
e remunerações da Admi-
nistração Pública deve ser
combatido por todos os
trabalhadores.
Pág. 5

Crise económica
Os trabalhadores da Administração Pública estão em luta para resistir à mais
Falência do violenta ofensiva empreendida após o 25 de Abril que visa a desregulamentação
neoliberalismo da legislação laboral, a retirada de direitos, a degradação dos salários, o aumento
da precariedade laboral e a limitação dos direitos sindicais. Págs. 2 e 3
A crise económica interna-
cional, que ameaça condu-
zir o mundo para uma gran-
de depressão, demonstra
a falência do pensamento
Água, direito humano
A campanha «Água é de todos, não o negócio de alguns» prossegue em todo
neoliberal e a necessidade
o país com várias iniciativas em defesa da gestão pública e do reconhecimento
de romper com os dogmas
deste direito humano.
do capitalismo. Pág. 6
Pág. 10
 jornal do STAL JANEIRO 2009

Moveaveiro
Defender o AE Direitos, salários e serviços
e a gestão
pública Tempo
de resistência
O atraso na conclusão do acordo de empresa
na Moveaveiro e a intenção de privatizar a empre-
sa motivaram o protesto da Direcção Regional do
STAL que avisou estar disposta a encetar todas as
formas de luta para defender os direitos dos traba-
lhadores e salvaguardar o serviço público.
Reagindo às declarações Pedro Ferreira,
presidente da Moveaveiro e vereador na Câma-
ra, o STAL lembrou o compromisso assumido O último trimestre de 2008 ficou
pela autarquia de não proceder a qualquer alte- marcado por intensas lutas que
ração ao estatuto daquela empresa municipal espelharam o descontentamento
sem consulta prévia ao sindicato. Neste senti-
crescente com as politicas de
do, considerou inaceitáveis as afirmações da-
quele eleito que tentou justificar a privatização direita do Governo PS, que
invocando o estafado argumento das dificul- aproveita a «crise» para penalizar
dades orçamentais e a alegada «falta de voca- ainda mais os trabalhadores,
ção» da autarquia para gerir transportes. ao mesmo tempo que destina
O STAL sublinha que tal «falta de vocação» milhões de euros para salvar os
significa, no mínimo, o reconhecimento por par-
bancos da falência e garantir os
te deste responsável da sua própria «incapaci-
dade para o desempenho de uma das principais lucros dos banqueiros.
funções para que os autarcas são eleitos».

A
Por outro lado, o Sindicato jamais pactuará com pós a forte participação dos trabalha-
a tentativa de associar e fazer depender a conclu- dores das autarquias na Greve Nacio-
são do processo de negociação do acordo de em- nal da Administração Pública, realizada
presa da Moveaveiro da sua privatização. no dia 1 de Outubro no âmbito do Dia Nacio-
O STAL acusa a administração de atrasar a nal de Luta da CGTP-IN, milhares de traba-
conclusão do acordo de empresa, lembrando lhadores da Administração Pública encheram
que, após a reunião negocial realizada e em as ruas de Lisboa em 21 de Novembro, numa
Junho, só em 15 Dezembro recebeu uma pre- poderosa manifestação nacional por aumen-
tensa «contraproposta», através da qual a em- tos reais dos salários, pelo emprego público
presa pretendia alterar «matérias já acordadas, e pelos direitos.
claramente expressas na acta de consolidação As palavras de ordem repetem-se porque
assinada em 18 de Junho de 2008». a política neoliberal do governo se intensi-
fica. Não podem ser sempre os mesmos a
pagar a factura das políticas erradas, que
Higiene urbana reduzem os salários dos trabalhadores pa-
ra enriquecer cada vez mais os ricos e po-

do Porto derosos.
timos oito anos» e lembra que em habitação e dos combustíveis agra-

Privatização Travar a degradação


dos salários
2008 a actualização salarial foi in-
ferior ao valor da inflação verificada
vou as condições de vida dos tra-
balhadores da Administração Públi-

ameaça direitos
em 0,9 por cento. ca, cujo poder de compra de 2000
A resolução da Frente Comum aprovada na O aumento dos preços de bens a 2008 foi reduzido entre os 7,2 e os
manifestação reclama o fim da «sistemática essenciais, particularmente dos 10,4 por cento. Por isso, a luta pe-
Os trabalhadores do sector da limpeza urbana perda de poder de compra verificada nos úl- transportes, dos juros do crédito à la actualização salarial de cinco por
do Porto, que há vários anos vêm lutando contra cento em 2009 é inteiramente justa
a privatização de parte daqueles serviços, estive- e realista.
ram de novo em luta nos períodos no Natal e Ano
Novo, opondo-se à entrega de uma parte dos Actualizações 2009 Tanto mais que o sector foi pena-
lizado com o aumento progressivo
serviços a uma empresa concessionária. O Governo publicou em 31 de Dezembro a tabela remuneratória única dos traba- dos descontos para a ADSE, o que
As duas greves destinaram-se igualmente a lhadores que exercem funções públicas e a actualização os índices 100 de todas as colocou os trabalhadores da Ad-
denunciar a transferência forçada de trabalha- escalas salariais (portaria n.º 1553-C/2008) e a revisão anual das tabelas de ajudas ministração Pública numa situação
dores para a concessionária, mudança que pa- de custo, subsídios de refeição e de viagem, bem como dos suplementos remune- desfavorável em relação ao regime
ra muitos implica a perda do subsídio de traba- ratórios e a actualização das pensões de aposentação e sobrevivência, reforma e da segurança social.
lho nocturno no valor de 150 euros. invalidez (portaria n.º 1553-D/2008), de que resultam os seguintes valores: Também as alterações impostas
Apesar da forte adesão, a luta dos trabalhadores • Actualização dos índices 100 – 2,9% nos regimes de carreiras e de re-
foi prejudicada pela fixação de um número despro- • Subsídio de refeição – 4,27 euros munerações têm consequências
positado de trabalhadores para a prestação de ser- • Pensões de aposentação: nefastas em termos remunerató-
viços mínimos, através de um despacho conjunto – Até 1,5 IAS (Indexante dos apoios sociais) – 2,9% rios já que liquidam o normal di-
do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social. – Entre 1,5 e 6 IAS – 2,4% reito à progressão e à promoção,
O STAL contestou a intervenção governa- – Entre 6 e 12 IAS – 1,5% condicionando-o ao funcionamen-
mental e pondera a possibilidade de recorrer – Mais de 12 IAS – 0% to de um sistema de avaliação de
judicialmente contra este ataque ao inalienável O Salário Mínimo Nacional foi actualizado para 450 euros (Decreto-Lei nº desempenho injusto e à discricio-
direito à greve consagrado na Constituição da 246/2008, de 18.12). nária vontade dos dirigentes dos
República Portuguesa. serviços.
JANEIRO 2009 jornal do STAL 

públicos Intensificar
Editorial

a acção,
fortalecer
Ano
a luta de Luta
e combate O
O Conselho Geral do STAL,
reunido em 28 de Novembro,
considerou que «o ano de
2008 fica marcado pela mais ano de 2009 será marcado por três actos
brutal ofensiva levada a cabo eleitorais. Depois das europeias, virão as eleições
após o 25 de Abril contra di- legislativas e as autárquicas. O tempo é pois de
Inflexibilidade reitos fundamentais dos tra- balanço, em primeiro lugar, do que representaram para
e imposição balhadores da Administração os trabalhadores os anos de governação «socialista»,
Pública». que contou com uma maioria absoluta na Assembleia
Lamentavelmente, no simulacro de Particular preocupação sus- da República.
negociações com os sindicatos, o go- cita a previsível entrada em vi- E só pode ser negativo o balanço de um governo que
verno revelou mais uma vez uma ati- gor no início do ano dos diplo- de imediato abandonou promessas eleitorais, traindo
tude inflexível, abrindo e encerrando o mas de revisão do regime de as expectativas de milhares de trabalhadores, e levou
processo sem evoluir na sua propos- vínculos, carreiras e remunera-
a cabo uma das maiores ofensivas, senão mesmo a
ta inicial de 2,9 por cento, que acabou ções e do contrato de trabalho
maior, contra os direitos laborais e sociais.
por impor unilateralmente apesar dos em funções públicas.
protestos da Frente Comum e da ge-
neralidade dos trabalhadores.
O STAL considera que estes
dois diplomas promovem «a A chamada «reforma» da Administração Pública, a
Não obstante, mesmo esta actuali- desregulamentação da legis- pretexto da «eficácia» e do combate ao défice, traduziu-
zação insuficiente constitui o resulta- lação laboral no sector, a reti- se afinal numa imensa obra de desmantelamento de
do da intensa luta travada no sector. rada de direitos, a degradação serviços públicos essenciais, de retirada de direitos
Agarrado a uma previsão da infla- dos salários, o aumento da laborais, de desregulamentação das leis do trabalho e
ção de 2,5 por cento, o Governo fez precariedade laboral e a limita- degradação do poder de compra dos trabalhadores.
crer que os trabalhadores terão algum ção dos direitos sindicais», su- Uma imensa obra da qual resultou o empobrecimento
ganho salarial, omitindo que as su- blinhando que esta estratégia das camadas mais desfavorecidas da população, em
as previsões nos últimos anos foram do governo é secundada por profundo e gritante contraste com o enriquecimento
sempre ultrapassadas pela realidade muitos «autarcas que na mes-
crescente de uma pequena casta de privilegiados e de
dos preços sem que essa diferença ma senda desrespeitam direi-
poderosos, de quem José Sócrates e seus acólitos se
tenha sido compensada. tos laborais, violam a liberda-
Manifestando o seu repúdio e con- de sindical e intensificam ca- assumiram como fiéis servidores.
denação pela atitude anti-negocial do
governo, a Frente Comum entregou,
minhos privatizadores».
O Conselho Geral do STAL Mas se os ataques aos direitos laborais foram dos
27 de Novembro, na residência oficial considerou fundamental in- mais violentos de que há memória, também a resposta
do primeiro-ministro um abaixo-assi- tensificar os caminhos de luta dos trabalhadores e das populações proporcionou
nado subscrito por mais de 45 mil tra- dos trabalhadores, de forma mobilizações nunca antes vistas em Portugal pela
balhadores da Administração Pública. a que, para além das acções frequência e dimensão.
que se impõem no plano cen- Só a acção intensa e determinada dos trabalhadores
tral, sejam criadas condições tem podido travar a marcha acelerada das políticas
CGTP-IN reclama nos locais de trabalho para
impedir a aplicação da no-
neoliberais de José Sócrates, obrigando-o a recuos
em diversas matérias cruciais, de que são exemplos
ruptura com va legislação sempre que não
estejam garantidas condições
o aumento da jornada semanal de trabalho na
Administração Pública para as 40 horas ou as
políticas neoliberais
mínimas.
Designadamente, o Sindica- restrições à liberdade sindical.

Num ano em que em que a conjuntura económica


to frisa que deve ser previa-
A CGTP-IN manifestou preocupação em relação a algumas me- mente «assegurada a vincula-
didas do pacote «anti-crise» do Governo e avançou um conjunto ção de todos os trabalhadores é marcada por uma das mais graves crises do
de propostas para estimular a economia e favorecer a resolução de que vêm desempenhando fun- capitalismo, engendrada pelo carácter insanável das
conflitos nos locais de trabalho. ções permanentes» a «reclas- contradições próprias do sistema explorador, novas
Em conferência de imprensa realizada dia 26 de Dezembro, a sificação dos que desempe- dificuldades se abaterão sobre os trabalhadores.
central sindical considera que «a resposta aos problemas que o nham funções de responsabi- Ao mesmo tempo será de esperar que o governo
país enfrenta não pode passar pelo enfraquecimento da seguran- lidade superior» e concretiza- e o partido que o sustenta lancem campanhas
ça social». das «as promoções e progres-
demagógicas e anunciem medidas eleitoralistas com
Pelo contrário, a superação dos entraves ao desenvolvimento eco- sões dos trabalhadores que
o propósito de branquear e fazer esquecer anos de
nómico e social do país exigem, segundo a CGTP-IN, uma ruptura para elas tenham módulos de
com «o pensamento e práticas políticas neoliberais até agora domi- tempo necessário.» governação injusta, imoral e desastrosa para o País.
nantes, a protecção do emprego e dos salários, a defesa da nego- No plano jurídico, o STAL Não podemos ter a memória curta. A luta nas ruas e
ciação colectiva, das pensões de reforma e da protecção social». apoiará e desenvolverá as ac- nos locais de trabalho pelos direitos, pelos salários
A prevenção dos despedimentos e a aposta no investimento pú- ções necessárias com vista à e pelos serviços públicos continuará a intensificar-
blico são aspectos prioritários para a CGTP-IN, que exigiu a defini- declaração da inconstitucio- se e deverá expressar-se nas urnas por uma política
ção de «princípios, orientações genéricas e medidas precisas sobre nalidade manifesta de várias diferente, socialmente mais justa, que respeite quem
a concessão de avais a instituições financeiras, uma vez que está normas da presente legisla- trabalha, efective os direitos e garanta serviços
envolvido o dinheiro dos contribuintes». ção. públicos de qualidade para todos!
 jornal do STAL JANEIRO 2009

CulturSintra Consultório Jurídico ✓ José Torres

atrasou A mobilidade
vencimentos
Sem dar qualquer explicação prévia, a empresa mu- e os direitos
dos trabalhadores
nicipal CulturSintra não pagou os salários do mês de
Novembro no dia habitual. Preocupados com a situa-
ção, os trabalhadores alertaram o STAL, no dia 2 de
Dezembro, que prontamente interveio junto dos res-
ponsáveis, exigindo a imediata liquidação dos mon-
tantes em dívida. De entre as questões inerentes à qualidade de funcio- to de Estado/2009, dado que este
A administração justificou o atraso com «um lap- mais importantes nários públicos. remetia para a citada lei da mobili-
so» no banco que terá bloqueado a transferência da ligadas à mobilidade, Porém, após a publicação da dade, que, por sua vez, não é apli-
verba. Só no dia 6 de Dezembro os salários foram lei da mobilidade (Lei 53/2006, de cável à Administração Local.
destacamos as que
finalmente pagos. O Sindicato está atento e espera 7/12), e do novo regime das em-
que o incidente não se repita, já que os trabalha- se prendem com a presas do sector empresarial local «Cedência de interesse
dores dependem exclusivamente dos seus venci- prestação de serviço (Lei 53-F/2006, de 29/12), come- público»
mentos para viver e poder cumprir obrigações com de trabalhadores çaram a surgir dúvidas sobre es-
outras entidades, as quais, como se sabe, não to- dos municípios às ta matéria e alguns trabalhadores A Lei do Orçamento de Esta-
leram «lapsos» alheios. empresas municipais foram confrontados com proce- do/2009 determinou que, a partir
dimentos intoleráveis lesivos dos de 1/1/2009, o regime de requisi-
e outras de natureza
seus direitos. ção fosse substituído pelo de «ce-
privada, nomeadamente
CS Cadaval concessionárias de
serviços de água e
Cabe assim reafirmar que a refe-
rida Lei 53/2006 não se aplica à Ad-
ministração Local, pelo que as ten-
dência de interesse público», pre-
visto no art. 58.º da Lei 12-A/2008,
de 27/2.

exige direito resíduos sólidos. tativas de algumas autarquias no


sentido de aplicarem este regime
Mas este novo regime não pode
ser aplicado unilateralmente aos

A
té hoje, os trabalhadores aos seus trabalhadores, designada- trabalhadores, porquanto a lei im-

de negociação têm sido afectados a es-


sas empresas ao abrigo
do regime de requisição, man-
mente, a chamada cedência espe-
cial, são manifestamente abusivas.
O mesmo acontecia, até 1/1/2009,
põe que conste de um acordo, ce-
lebrado por escrito, envolvendo as
partes contratantes incluindo os
A Comissão Sindical da CM do Cadaval exigiu, na tendo o vínculo com os res- com o novo regime das empresas trabalhadores. Ou seja, a cedên-
reunião da Câmara de 9 de Dezembro, a suspensão por pectivos municípios, bem co- do sector empresarial local, nesta cia de interesse público só poderá
30 dias do processo de alteração da estrutura orgânica mo todos os direitos e regalias data alterado pela Lei do Orçamen- concretizar-se se os trabalhadores
de modo a poder inteirar-se do documento e apresen- derem o seu acordo por escrito.
tar as suas propostas. Logicamente, tal só poderá
A estrutura do STAL, que representa a esmagado- acontecer quando o conteúdo do
ra maioria dos trabalhadores da autarquia, defendeu documento consagrar todos os di-
ainda a manutenção no mapa de pessoal de todos reitos e regalias, designadamente
os lugares existentes àquela data no quadro, subli- em matéria de remunerações, ho-
nhando que eventuais futuras alterações devem ser rários de trabalho, evolução nas
negociadas com a participação dos trabalhadores, carreiras, protecção social e vín-
uma vez que podem estar em causa a extinção, cria- culo público, o que implica a ma-
ção, modificação e alteração de serviços e postos nutenção dos lugares nos mapas
de trabalho. de pessoal das autarquias.
Tratando-se de matéria tão im-
portante, é imperioso que os traba-

Perseguição lhadores não actuem isoladamente,


sem adequado apoio das suas es-
truturas representativas. Pelo con-

intolerável na trário, devem sempre agir colecti-


vamente, procurando esse apoio e

Junta de Fanhões
repudiando tentativas de isolamen-
to e de individualização desses pro-
cessos, ao sabor dos interesses das
entidades empregadoras.
Um trabalhador do Cemitério de Fanhões é vítima Para isso é indispensável que
há cerca de dois anos de acções ilegais e injustifica- comuniquem estes processos ao
das por parte do presidente da Junta de Freguesia. STAL com vista à sua negociação
Sem fundamento, instaurou-lhe um processo disci- colectiva, única forma de assegu-
plinar que veio a ser anulado após o STAL ter inter- rar a legítima defesa dos direitos
posto uma acção judicial. Mas tal não pôs termo às de todos trabalhadores.
afrontas ao trabalhador que já foi proibido por várias Entretanto, enquanto não forem
vezes de exercer funções e a quem mais não resta celebrados os referidos acordos,
do que comparecer diariamente no seu local de tra- os trabalhadores nesta situação
balho, onde fica condenado à inactividade. Este ca- têm de manter a totalidade dos
so extremo de prepotência e desumanidade foi de- direitos que lhes assistem, reco-
nunciado pela DR de Lisboa em conferência de im- nhecidos ao abrigo do regime de
prensa, realizada no dia 3 de Dezembro, no cemitério requisição.
da freguesia.
JANEIRO 2009 jornal do STAL 

Novo regime deve ser combatido

Rejeitar a mudança de vínculo,


impugnar ilegalidades
O chamado novo regime
de vínculos, carreiras
e remunerações da
Administração Pública
representa um dos
mais violentos ataques de critérios discricionários dos dores não devem aceitar funções
gestores e de fortes condiciona- inferiores à sua profissão e, quan-
aos direitos laborais
lismos orçamentais. Torna-se as- do lhes forem atribuídas funções
e fere gravemente a sim indispensável assegurar uma mais elevadas, devem exigir a
autonomia do Poder acção sistemática do Sindicato, aplicação do tratamento mais fa-
Local, devendo ser antes da sua aprovação, no sen- vorável, conforme estabelecem os
combatido por todos os tido de exigir a observância dos art. 62.º a 64.º, incluindo a atribui-
trabalhadores. direitos de negociação e de par- ção da correspondente categoria.
ticipação (art. 6.º da Lei 23/98, de No que respeita à mobilidade

E
m primeiro lugar, importa 26/5 e art. 8.º do CPA, com base para outras entidades, designa-
sublinhar que a mudança no art. 267.º, n.º 5, da Constitui- damente empresas, devem ser
de regime tem de ser pre- ção da República). garantidos todos os direitos e
viamente formalizada através de Ao STAL cabe exigir que as regalias, nomeadamente no que
notificação pessoal aos traba- verbas relativas a despesas com respeita à retribuição, evolução
lhadores (art. 109.º). Só após is- pessoal a inscrever nos orçamen- na carreira, organização do tem-
to poderá ocorrer a substituição tos cubram todos os encargos po de trabalho e horários de tra-
do vínculo de nomeação pelo de que a lei prevê, nomeadamente existência de verbas devidamente escrita do trabalhador, uma car- balho, férias e protecção social,
«contrato de trabalho em regime com remunerações, novos recru- orçamentadas, motivo pelo qual reira chamada de «opção». entre outros, mediante acordo
de funções públicas». tamentos e alterações do posi- os trabalhadores organizados no O STAL defende que os traba- escrito das entidades e dos tra-
Este regime, apesar das suas no- cionamento remuneratório. seu Sindicato ñ o STAL, deverão lhadores devem ser integrados balhadores, conforme estabelece
tórias semelhanças com o contra- Este último aspecto tem especial exigir em tempo útil a inscrição numa carreira correspondente às o processo de «cedência de inte-
to individual de trabalho, também relevância, já que, sempre que o dos recursos adequados nos or- funções realmente desempenha- resse público» (art. 58).
apresenta diferenças significativas trabalhador amealhar dez pontos, çamentos como a Lei o impõe. das e, nos casos em que se verifi- O STAL alerta para a necessi-
que o tornam ainda mais desfavo- a mudança de posicionamento re- Embora as avaliações devam cam discrepâncias, deve ser atri- dade de os trabalhadores recu-
rável nalgumas matérias. Por isso e muneratório é obrigatória. Para es- ser contabilizadas desde 2004, buída a categoria adequada ao sarem a individualização destes
dado que contraria os princípios da te efeito são válidas as avaliações muitas autarquias ainda não pro- exercício das funções para que processos, exigirem e apoiarem
segurança jurídica e da confiança, efectuadas desde 2004, devendo cederam a qualquer avaliação são nomeados (ex: o desempe- a intervenção e a negociação co-
ínsitos na ideia de Estado de Direi- ser impugnadas as interpretações dos trabalhadores ou não a ini- nho de funções de chefia do pes- lectiva através do Sindicato. As-
to Democrático, consagrada no art. que pretendem iniciar a contagem ciaram naquela data. Nestes ca- soal operário implica a integração sinale-se, a este propósito, que
2.º da Constituição da República, apenas a partir de 2006. sos é imperioso exigir o supri- na adequada categoria). o regime de mobilidade geral, fi-
bem como os seus art. 53.º e 58.º, Todavia, a esmagadora maioria mento desta lacuna porque a xado na Lei 12-A/2008, apenas
que garantem o direito à função dos trabalhadores só alcançará o «progressão» está sempre condi- Injustiça remuneratória entrou em vigor em 1/1/2009,
pública, todos os trabalhadores de- direito à progressão em 2014, por cionada à prévia avaliação. pelo que, enquanto não forem
vem recusar e pedir a eventual im- força do actual sistema de avalia- Para esse efeito, os trabalhado- Em matéria de remunerações, a celebrados os acordos atrás re-
pugnação da modificação do vín- ção discriminatório e injusto, que res que não tenham sido avalia- transição efectua-se para a posi- feridos, os trabalhadores nesta
culo que lhe venha a ser imposta. limita administrativamente a atri- dos devem exigir a sua adequada ção remuneratória de valor equiva- situação mantêm todos os direi-
De facto, acolhendo os argu- buição das menções mais eleva- ponderação curricular, nos termos lente prevista na chamada Tabela tos reconhecidos ao abrigo do
mentos do próprio Tribunal Cons- das a uma pequena percentagem previstos no art. 113.º, n.os 7 a 11 Única. Nos casos em que não hou- regime da requisição (ver rubrica
titucional (Acórdão 154/86, 633/99 de favorecidos. da Lei 12-A/2008, conjugado com ver coincidência é automaticamen- «Consultório Jurídico» na página
e 683/99), o Estado não pode li- o art. 18.º do D. Regulamentar 19- te criada uma nova posição com anterior).
vremente retirar aos trabalhadores Inscrever verbas A/2004, de 14/5. o valor da remuneração auferida,
o seu estatuto específico, porque efectuar avaliações o que significa que neste proces- Regulamentar carreiras
o funcionário público detém um Prevenir adulterações so nenhum trabalhador poderá ser e subsídios
estatuto funcional típico e distin- Em simultâneo, um número sig- beneficiado ou prejudicado.
to do inerente às relações laborais nificativo de trabalhadores, de- Em matéria de carreiras, im- Para além das situações de Entre outras matérias que do-
comuns de direito privado. signadamente todos aqueles que porta estarmos atentos ao pro- clara injustiça que esta transição minam a atenção do Sindicato,
A referida notificação tem de con- obtiveram a classificação de Bom cesso de transição, previsto irá provocar, designadamente o assumem particular relevância
ter outros dados importantes, pre- desde 2004, estarão em condições na Lei 12-A/2008 e no D. Lei nivelamento profissional e a limi- a exigência da regulamentação
vistos no citado art. 109.º, como a de subir de posição já em 2009. 121/2008, de 11/7, de modo a tação da progressão e promoção, das carreiras especiais e corpos
indicação da nova carreira e res- Recorde-se que este direito é al- prevenimos adulterações ainda a possibilidade de negociação da especiais e dos suplementos re-
pectivo posicionamento remune- cançado após obtenção de duas mais gravosas desta lei, já de si remuneração nos processos de muneratórios, designadamente
ratório, que devem ser de imediato menções mais elevadas consecu- tão nefasta. recrutamento, prevista no novo do subsídio de penosidade, insa-
analisados com vista igualmente à tivas, de três imediatamente infe- Com especial atenção deve regime, não só contraria o mais lubridade e risco.
sua eventual impugnação. riores àquelas ou de cinco imedia- ser acompanhada a aplicação do elementar bom senso como põe Com firmeza e determinação,
tamente inferiores a estas últimas. regime fixado para as carreiras de facto em causa a justiça e a unidos em torno do seu Sindica-
Exigir a negociação Por outras palavras, dois Ex- subsistentes, tendo em vista a equidade do sistema retributivo. to, os trabalhadores irão continu-
dos mapas de pessoal celente, três Muito Bom ou cinco defesa cabal dos interesses dos ar a luta com ânimo redobrado,
Bom obtidos em anos consecu- trabalhadores, sobretudo nos Combater a mobilidade repudiando este regime injusto,
Em matéria de mapas de pes- tivos permitem a subida de po- casos em que é possível atribuir exigindo a sua revogação e re-
soal, o novo regime faz depender sição. Todavia, a concretização uma carreira diferente, chamada Em matéria de mobilidade, fun- chaçando novos ataques que já
a sua aprovação e modificação deste direito está condicionada à de transição ou ainda, por opção cional e geográfica, os trabalha- se desenham no horizonte.
 jornal do STAL JANEIRO 2009

Campanha prossegue em todo o país

Água é direito humano


A campanha «Água é de todos, não «é um pré-requisito para o exercício
o negócio de alguns» prossegue em de outros direitos.
todo o país com várias iniciativas de Notando que as políticas da água
têm sido submetidas à ofensiva pri-
contacto com as populações e recolha de vatizadora que aposta na explora-
assinaturas em defesa da gestão pública ção lucrativa de uma necessidade
do líquido vital. básica, a declaração recorda por
todo o mundo há populações em lu-

A
comemoração do 60.º aniversá- ta «pelo exercício do direito à água,
rio da Declaração Universal dos pela água pública, contra a exclu-
Direitos do Homem, assinalado são de acesso, as privatizações e a
em 10 de Dezembro, foi aproveitada exploração através da água».
pelos promotores da campanha para Estas lutas travam-se também no
solicitar uma audiência ao presiden- nosso país contra a «política de priva-
te da Assembleia da República, Jai- tizações e fomento de chorudos ne-
me Gama, a quem foram entregues a O 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem foi gócios. Contra a exploração das po-
«Carta pelo Direito à Água» e o «Ma- assinalado com várias iniciativas em defesa do reconhecimento formal do pulações e o desleixo pelas origens de
direito à água
nifesto» da campanha, aprovado no água, contra as pressões e estrangu-
Encontro Nacional realizado em 18 de correu no Chiado uma acção de cia da água e recolhidas assinatura. lamento financeiro dos serviços autár-
Outubro (www.aguadetodos.com). contacto com a população de Lis- A iniciativa contou com a participa- quicos, contra preços escandalosos e
No mesmo dia, com o apoio da boa, durante a qual foram distri- ção do secretário-geral da CGTP- a eliminação de tarifários sociais.»
União de Sindicatos de Lisboa, de- buídos panfletos sobre a importân- IN, Carvalho da Silva. Este movimento popular «cresce
Noutras regiões, destacou-se a para lá da barreira de silêncio das
realização em Aveiro, no dia 13, televisões e jornais de grande ti-
Seminário em Oslo da Tribuna Pública em Defesa da
Água, bem como as distribuições
ragem», afirma o texto, que exige
«o reconhecimento formal do direi-

Experiências de luta
de documentos em Portalegre, El- to de todas as pessoas à água e a
vas, Ponte de Sor, Braga, Covi- obrigação do Estado assegurar o
lhã, Viseu, Guarda, entre outras seu exercício efectivo».

contra a privatização
cidades. Esta reivindicação decorre da de-
claração dos direitos humanos que
Necessidade básica no seu artigo 22.º proclama: «Toda a
pessoa, como membro da socieda-
O combate à privatização dos serviços mu- trabalhadores constitui um factor decisivo O aniversário da declaração dos de, tem direito à segurança social; e
nicipais foi o tema que reuniu cerca de três para derrotar as tentativas de privatização. direitos humanos foi também assi- pode legitimamente exigir a satisfa-
dezenas de representantes sindicais de vá- Por outro lado, foi sublinhado que a melhoria nalado com uma declaração de im- ção dos direitos económicos, sociais
rios continentes, no seminário internacional da gestão pública exige a garantia dos direi- prensa da Associação Água Pública, e culturais indispensáveis, graças ao
realizado na cidade norueguesa de Oslo, de tos dos trabalhadores e a participação das onde se afirma que «o direito à água esforço nacional e à cooperação in-
26 a 28 de Novembro. suas organizações representativas. está implícito na Declaração Univer- ternacional, de harmonia com a orga-
Na iniciativa, promovida pela Internacional dos sal dos Direitos do Homem», já que nização e os recursos de cada país.»
Serviços Públicos (ISP) e pelo sindicato local Fa- A resposta norueguesa

CUDAP realiza
gforbundet, em que o STAL esteve representa-
do, foram debatidas estratégias adoptadas em Os noruegueses encaram o poder local como
cada país com vista à defesa de serviços públi- um poderoso instrumento de desenvolvimento
cos de qualidade como factor essencial para a social. Os 435 municípios desempenham várias
construção de sociedades mais justas.
A par da troca de experiências, análise de
métodos de organização e de acção sindical,
tarefas, desde o fornecimento de bens públi-
cos, água, saneamento e limpeza até à educa-
ção, cuidados de saúde domiciliários, etc.
I Encontro
A Comissão de Utentes em De- O STAL fez-se representar no
os intervenientes denunciaram as formas de Nos anos 80, os trabalhadores e a popu-
fesa da Água Pública do Planalto Encontro pelo coordenador regio-
actuação das instituições financeiras interna- lação foram confrontados com uma feroz
Beirão (CUDAP), movimento que nal da Guarda, José Catalino, que
cionais e das empresas privadas que procuram ofensiva de privatização de vários serviços
integra o conjunto de organiza- realçou a importância de conju-
a todo o custo apoderar-se dos serviços públi- públicos. Os sindicatos noruegueses respon- ções promotoras da campanha gar a luta dos trabalhadores com
cos de âmbito local. Especial atenção foi dada deram com acções específicas, procurando nacional «Agua é de todos, não a das populações em defesa da
aos perigos que decorrem da crise financeira melhorar e fortalecer a imagem e o desempe- um negócio de alguns», realizou o gestão dos serviços públicos de
internacional, em particular à tendência para a nho dos serviços públicos municipais. A sua seu I Encontro no dia 6 de Dezem- água como uma competência mu-
acentuação da concentração da riqueza. intervenção contribuiu decisivamente para bro na localidade de Mortágua. nicipal.
No encontro, o STAL interveio sobre a ofensi- demonstrar que a gestão pública é económi- Na iniciativa, que contou com Desde 2000 até finais de 2007, a
va do governo português contra os direitos la- ca e socialmente mais eficiente. meia centena de participantes, Águas do Planalto Beirão (empre-
borais dos trabalhadores da Administração Pú- Actualmente, a actividade privada no sec- foram aprovadas duas moções, sa que hoje pertence ao consórcio
blica, denunciando a política de eliminação das tor dos serviços públicos é um fenómeno re- uma «Em defesa da água pública» DST/ABB de Braga), aumentou
e outra «Pela gestão pública da entre 68 e 100 por cento os pre-
funções sociais do Estado e de privatização de sidual no país, que ronda os quatro por cento,
água», na qual se exige a remu- ços da água ao consumidor do-
serviços públicos essenciais como a água, sa- estando localizado em áreas não essenciais.
nicipalização da distribuição da méstico nos concelhos de Carre-
neamento e resíduos sólidos urbanos. O exemplo da Noruega mostra que a batalha água, hoje concessionada à em- gal do Sal, Mortágua, Santa Com-
Várias experiências relatadas demonstra- contra as privatizações pode ser travada com presa Águas do Planalto Beirão. ba Dão, Tábua e Tondela.
ram que a aliança entre as populações e os êxito pelos trabalhadores e populações.
JANEIRO 2009 jornal do STAL 

I Conferência Sindical do STAL

Organização mais forte


para responder aos novos desafios
No quadro da fortíssima ofensiva contra
os direitos laborais e de destruição
das funções sociais do Estado, o STAL
realizou, em 31 de Outubro, a sua
I Conferência Sindical, que analisou
e debateu as novas realidades,
caracterizou os principais problemas
dos trabalhadores, as suas aspirações e
Nos trabalhos
reivindicações, cuja concretização exige da conferência
o reforço da organização sindical e a participaram
delegados de todo
elevação da capacidade de resposta da o país e nume-
sua estrutura. rosos convidados

D
urante os trabalhos, que decorreram no Cine- Uma lei inconstitucional entre géneros reveste-se de particular importância. Em-
teatro Curvo Semedo, em Montemor-o-Novo, bora na Administração Pública, como observou Helena
os intervenientes manifestaram preocupação Analisando as principais alterações legislativas que Afonso, membro da Comissão Executiva da DN do STAL,
e repúdio pela destruição do estatuto profissional dos destruíram e subverteram o estatuto dos trabalhadores as discriminações sejam menos visíveis, elas existem e a
trabalhadores da Administração Pública, a revisão do da Administração Pública, José Torres, jurista do STAL, nova legislação laboral irá agravá-las. Por exemplo, o di-
Código do Trabalho, a chamada «flexigurança», a pre- considerou que a modificação do vínculo imposta pelo reito de assistência à família e filhos é limitado e a adap-
cariedade e os despedimentos, as pressões, cons- Governo viola a Constituição da República e, por isso, tabilidade do horário de trabalho põe em causa a conci-
trangimentos e ataques ao Poder Local Democrático, deve ser impugnada pelos trabalhadores. liação entre a vida profissional, familiar e social.
a liberalização e privatização de serviços públicos lo- «A substituição do vínculo de nomeação pelo de ìcon-
cais, como a água e os resíduos sólidos, entre outros trato de trabalhoî tem de ser previamente formalizada por Respostas concretas
aspectos. notificação pessoal», alertou José Torres, defendendo
Estes gravíssimos ataques aos direitos dos trabalha- que, nesse momento, os trabalhadores devem repudiar o Os problemas específicos de vários grupos profissionais
dores e das populações são o resultado da poderosa novo regime porquanto «contraria os princípios da segu- com actividade no universo da Administração Local e Re-
ofensiva neoliberal conduzida desde há anos pelos su- rança jurídica e da confiança ínsitos na ideia de Estado de gional foram abordados em diversas intervenções, que su-
cessivos governos colocados aos serviços dos interes- direito democrático». blinharam a necessidade de dar passos em frente na orga-
ses do grande capital. Por outro lado, este jurista citou argumentos do próprio nização com vista a melhorar a resposta sindical.
Como sublinhou Francisco Braz, presidente do STAL Tribunal Constitucional, concluindo que «o Estado não Dando conta de um assinalável reforço do Sindicato jun-
na sessão de abertura ñ na qual intervieram também o pode livremente retirar aos trabalhadores o seu estatuto to dos bombeiros profissionais, Mário Alves, membro da
secretário-geral da CGTP-IN, Manuel Carvalho da Sil- específico porque o funcionário público detém um estatu- DN do STAL, apontou no entanto insuficiências e fragilida-
va, e o edil do concelho anfitrião, Carlos Pinto Sá ñ «a to funcional típico distinto do inerente às relações laborais des que importa superar de forma a consolidar e ampliar a
exploração cada vez mais desmedida do trabalho, re- comuns de direito privado». representatividade do Sindicato neste sector.
duzindo de forma brutal os salários e os direitos labo- Sobre os quadros técnicos e científicos na Administra-
rais», é acompanhada pela mais odienta destruição dos Organizar e sindicalizar ção Local, interveio José Correia, membro da Comissão
direitos sociais das populações. Executiva da DN do STAL, que chamou a atenção para a
O enfraquecimento dos sistemas públicos de saú- Sobre a organização sindical, Macário Dias, da Co- importância crescente deste grupo profissional na Admi-
de, ensino e segurança social tem permitido o avanço missão Executiva da DN do STAL, lembrou o recente nistração Local, salientando a necessidade de um maior
dos grupos privados nestes e noutros serviços essen- ataque do Governo aos sindicatos da Administração conhecimento dos seus problemas específicos para definir
ciais, especialmente no sector da água e do ambiente, Pública, através da limitação dos créditos de horas pa- orientações mais adequadas da acção sindical.
de onde retiram elevadas rentabilidades impondo pre- ra os dirigentes. Como sublinhou, foi a posição firme Joaquim Sousa, membro da Comissão Executiva da DN,
ços exorbitantes aos utentes por bens e serviços indis- dos sindicatos nas negociações e as acções públicas frisou o carácter decisivo da contratação colectiva, que
pensáveis. de protesto que obrigaram o governo a recuar e supri- considerou ser «a armadura que protege os direitos con-
Estas políticas antilaborais e antipopulares só podem mir os aspectos mais gravosos da lei. quistados pelos trabalhadores e a primeira linha de defe-
suscitar a condenação e o descontentamento em am- No entanto, apesar das cedências, a lei 58/2008 de 11 sa destes».
plos sectores da sociedade. Por isso, sublinhou Fran- de Setembro mantém aspectos negativos que o STAL e Por sua vez, José Catalino, membro da DN do STAL,
cisco Braz, o governo acentua a «coacção e cercea- os trabalhadores continuarão a combater: «Contra tudo e denunciou as más condições de trabalho na generalidade
mento das liberdades, procurando designadamente re- contra todos vamos continuar a ser um grande sindicato das autarquias, realçando o papel determinante do Sin-
duzir a capacidade de intervenção dos Sindicatos» nacional», afirmou Macário Dias que se referiu ainda à ta- dicato na exigência do cumprimento da legislação sobre
Como sublinhou o presidente do STAL, a dimensão da refa prioritária e permanente da sindicalização, à formação segurança, higiene e saúde no trabalho.
ofensiva contra os trabalhadores da Administração Lo- sindical e ao rejuvenescimento da estrutura do Sindicato. Notando que o ataque aos direitos dos trabalhadores
cal exige o reforço urgente das suas estruturas represen- A necessidade de envolver mais jovens no trabalho é acompanhado pela tentativa de descaracterização do
tativas, do seu Sindicato. Com este objectivo, Francisco sindical foi um dos temas salientados por Vítor Baião, Poder Local Democrático, Henrique Vilalonga, membro
Brás salientou como principais orientações «impulsionar em representação do STALJovem, notando que a ju- da Comissão Executiva da DN do STAL, lembrou que o
o acompanhamento e formação dos quadros sindicais, ventude é a camada social mais fortemente penalizada sindicato há muito que se bate pela regionalização do
incentivar a renovação, a participação das mulheres e pela legislação antilaboral e a mais atingida pelos bai- País como forma de realizar uma verdadeira descentra-
dos jovens, aumentar a capacidade de informação e xos salários e precariedade do emprego. lização, que combata as assimetrias, crie emprego e fa-
reforçar as estruturas no local de trabalho, base funda- Num país onde o desnível salarial entre homens e mu- voreça a participação das populações e o reforço da de-
mental de toda a intervenção sindical». lheres atinge os 25,4 por cento, a questão da igualdade mocracia.
 jornal do STAL/J

Caderno Reivindicativo dos

Defender o
Lutar pelos d
Dignificar e val
O Caderno Reivindicativo dos
Trabalhadores da Administração
Recuperar o poder
de compra
as carreiras profi
local, debatido e aprovado na
O STAL exige a reposição imedia- O STAL rejeita as novas regras
I Conferência Sindical do STAL, levanta ta do poder de compra perdido nos constantes da Lei 12-A/2008, de
novas exigências e objectivos da luta últimos anos e uma efectiva valori- 27/2, que arrasaram o sistema de
sindical, tendo em conta as profundas zação dos salários, notando que a carreiras existente.
transformações registadas no sector Administração Local é o sector com Nesta matéria, o Sindicato rea-
quer ao nível orgânico, quer ao nível do a média salarial mais baixa de toda firma as propostas já antes formu-
regime jurídico laboral. a Administração Pública. Em maté- ladas, designadamente em 2002,
ria salarial e outras prestações pe- no âmbito da Comissão Tripartida

O
STAL afirma que «uma Ad- cuniárias, o STAL reivindica: STAL/ANMP/DGAL, salientando-
ministração Pública eficien- - Actualização anual dos salários se as que previam a valorização e
te, qualificada e célere na e pensões acima dos valores da reestruturação das carreiras pro-
satisfação das necessidades dos inflação para recuperação do po- fissionais, bem como a uniformi-
munícipes passa necessariamen- der de compra perdido ao longo de zação em três anos dos períodos
te, e em primeiro lugar, pela digni- vários anos (cinco por cento para máximos necessários para as pro-
ficação salarial e profissional dos 2009, conforme Plataforma Reivin- gressões.
trabalhadores, pela defesa de ser- dicativa Comum aprovada pela Ci-
viços públicos de qualidade e pelo meira de Sindicatos da Administra- Por uma reestruturação
emprego com direitos». ção Pública). justa
Com este objectivo, o Cader- - Garantia de um aumento mínimo
no Reivindicativo (disponível em de 50 euros para todos os trabalha- O Sindicato exige uma nova re-
www.stal.pt) define um conjunto de dores no processo de transição. estruturação de carreiras com riem a tendência para a estagnação
orientações em diferentes domí- - Actualização anual do subsídio vista à criação de um novo sis- remuneratória.
nios, de que se destacam o empre- de refeição (aumento de 6,5 euros tema baseado em três áreas fun- Neste sentido propõe:
go público, carreiras profissionais, para 2009). cionais: - A criação de um suplemento re-
contratação colectiva e salários. - Actualização das restantes pres- - Área funcional relacionada com muneratório (prémio de antiguida-
tações pecuniárias, incluindo as da a criação, o planeamento e a ges- de) a ser atribuído por períodos de
Pelo vínculo público ADSE, e alargamento dos escalões tão (técnicos superiores, técnicos cinco anos.
contra a precariedade do IRS em dez por cento. e chefias). - A contagem do tempo de servi-
- Consagração da mudança pa- - Área funcional relacionada com ço prestado em qualquer situação,
O documento exige a abertura de ra posição remuneratória superior a administração e execução técnica nomeadamente de natureza precá-
um novo processo de regularização sempre que a diferença seja igual (administrativos, técnico-profissio- ria, para efeitos de posicionamento
das várias formas de contratação ou superior a 28 euros. nais, operários qualificados e alta- remuneratório.
ilegal, tais como os POCs (progra- mente qualificados). - O reconhecimento da evolução
mas ocupacionais para desempre- Recusar a adaptabilidade - Área funcional relacionada com técnica de diversas carreiras, pre-
gados), bem como de situações de defender as 35 horas a execução directa e manutenção vendo a sua valorização, criação
utilização abusiva de contratos a (auxiliares e operários semi-qualfi- ou integração noutras, tendo como
termo, recibos verdes e outras for- O STAL defende a manutenção cados). base o levantamento apresentado
mas de precariedade em funções dos limites máximos dos horários Nessa reestruturação o STAL de- pelo STAL e entregue à Associação
de carácter permanente. de trabalho em 35 horas semanais fende que o vencimento mínimo Nacional de Municípios.
O Sindicato assume perempto- e sete diárias, opondo-se a qual- das categorias mais desvalorizadas - A criação de uma carreira in-
riamente a defesa intransigente do quer regime de adaptabilidade, nunca poderá ser inferior ao nível 2 termédia (Carreira Técnica) para as
vínculo público em funções públi- bem como a alterações no actual fixado na chamada «Tabela Única» antigas carreiras técnico-profissio-
cas, exigindo a revogação da legis- regime de trabalho nocturno. que o Governo pretende impor, no nais de nível 4.
lação entretanto publicada, desig- Esta reivindicação estende-se às valor de 517,10 euros, correspon- - A valorização da carreira de po-
nadamente a revogação do Contra- entidades empresariais locais, as- dente ao actual índice 155. lícia municipal e a satisfação de um
to Individual de Trabalho Adminis- sociações humanitárias de bom- O Sindicato pugna igualmente conjunto de reivindicações destes
tração Pública e da Lei 12-A/2008 beiros voluntários e empresas con- pela garantia da valorização e dig- trabalhadores.
(leis dos vínculos, carreiras e re- cessionárias de serviços públicos nificação das carreiras dos traba- - A criação de condições huma-
munerações), bem como de todos locais, onde o STAL reclama direi- lhadores, mantendo a todos o direi- nas, materiais e orçamentais que
os diplomas ligados à sua regula- tos não inferiores aos dos trabalha- to ao acesso ao topo, bem como a evitem a perda de direitos e garan-
mentação. dores com vínculo público criação de mecanismos que contra- tam justiça na transição dos traba-
ANEIRO 2009 

s Trabalhadores da Administração local

os serviços públicos
direitos, salários e carreiras
lorizar Promover e exercer Avaliação justa
issionais os direitos e motivadora
A intensificação da luta em torno - A regulamentação do suplemen- O actual SIADAP é um tas de freguesia com qua-
da defesa dos direitos dos trabalha- to de insalubridade, penosidade e sistema de avaliação in- dros de pessoal de menor
dores passa não só pela contestação risco, de acordo com a legislação justo e persecutório que, dimensão.
da legislação devastadora, mas exi- aprovada pela Assembleia da Re- conjugado com a restante - A transparência na
ge também uma acção determinada pública. legislação aprovada para realização dos ciclos anu-
nos locais de trabalho, promovendo o - O pagamento do subsídio de turno a Administração Pública, ais de avaliação, garantin-
pleno exercício dos direitos e comba- em 14 meses, de acordo com a juris- provoca instabilidade e do-se o cumprimento dos
tendo práticas lesivas em autarquias prudência já existente nesta matéria. fragilidade nos trabalha- prazos.
e empresas. Neste sentido, consti- - A defesa da ADSE, a actualiza- dores. O STAL exige a re- - O envolvimento e par-
tuem reivindicações prioritárias: ção das comparticipações e a redu- visão da Lei 10/2004 com ticipação motivadora dos
- A garantia de que na elaboração ção do valor actual dos descontos. os seguintes objectivos: trabalhadores na definição
dos mapas de pessoal não sejam - A reposição dos direitos de apo- - A eliminação do siste- dos objectivos e a respon-
criadas condições nem justifica- sentação. ma de quotas. sabilização dos gestores e
ções para despedir trabalhadores - A manutenção dos direitos ad- - A simplificação do sis- decisores políticos pelos
ou para os colocar futuramente na quiridos no âmbito dos serviços so- tema, de forma a possibi- resultados da avaliação
situação de mobilidade especial. ciais, bem como o seu alargamento litar uma aplicação racio- de serviços.
- A informação antecipada de á generalidade dos trabalhadores nal, equilibrada e exequí- - O direito ao contradi-
qualquer decisão em qualquer ser- das autarquias e seu universo em- vel inclusive para as jun- tório.
viço que leve ao despedimento de presarial.

Afirmar
trabalhadores ou à sua colocação na - A eliminação de todas as formas
situação de «mobilidade especial». de discriminação nos locais de tra-
- A contagem e valorização de to- balho, nomeadamente as que se ve-

os serviços
lhadores não docentes da rede pú- do o tempo de serviço prestado e rificam em função do sexo, crença
blica de ensino para as autarquias. manutenção do direito à carreira pa- religiosa ou orientação sexual.
ra todos os efeitos, designadamente - O respeito pela liberdade sindical
Eliminar discriminações

Defendendo a eliminação de in-


na avaliação.
- O reconhecimento das avaliações
de desempenho obtidas desde 2004
Pela negociação
e contratação colectiva
públicos
justiças e discriminações de que
são vítimas muitos trabalhadores da
e consequente atribuição dos pontos
necessários para a evolução na carrei- No sentido de valorizar e efectivar
os direitos dos trabalhadores,
concretizar a
regionalização
Administração Local, o STAL exige a ra, tendo em conta o reposicionamen-
adequada regulamentação das car- to na Tabela Remuneratória Única. é imperioso garantir o direito de
reiras especiais e dos corpos espe- - O reconhecimento da competên- negociação com os Sindicatos de
ciais, designadamente: cia às autarquias para a avaliação e todas as matérias que tenham efeitos
na situação dos trabalhadores,
- A criação das carreiras e defi- definição do tipo de formação a atri- A revogação de toda a legislação de natureza priva-
como estabelece a Lei 23/98, bem
nição dos conteúdos funcionais do buir aos trabalhadores em conjunto tística, que perverte o estatuto público dos trabalha-
como assegurar a contratação
pessoal da Protecção Civil. com os Sindicatos. colectiva em todas as autarquias dores, é um dos objectivos prioritários do STAL. No-
- A unificação e valorização da - A garantia a todos os trabalhado- e demais entidades empregadoras tando que não há oposição entre eficácia económica
carreira para todos os Bombeiros res do número de horas para forma- com actividade no universo da e direitos dos trabalhadores, o Sindicato afirma, pelo
Profissionais, acabando com dis- ção previstas na lei, a participação Administração Local e Regional. contrário, que uma mão-de-obra qualificada com di-
criminações entre sapadores e mu- do STAL na elaboração dos planos A entrada em vigor do novo regime reitos e motivada constitui uma condição essencial
nicipais. anuais de formação e o fim das difi- de contrato de trabalho em funções para melhorar a produtividade.
- A criação de uma Academia Nacio- culdades que o Governo tem vindo a públicas exige a aprovação de medi- O STAL promove um combate sem tréguas aos
nal do Fogo que assuma as funções levantar ao sindicato nesta área. das legislativas que eliminem as ac- processos de privatização em curso e exige a
de escola superior deste âmbito. - A promoção de condições de se- tuais restrições inadmissíveis à con- adopção de políticas que favoreçam parcerias pú-
- A publicação de uma Portaria gurança, higiene e saúde nos locais de tratação colectiva e permitam o de- blico/público, opondo-se à entrada de capitais pri-
Regulamentadora para os profis- trabalho, a consolidação de uma cultu- senvolvimento de processos abran- vados na gestão dos serviços.
sionais ao serviço das Associações ra de prevenção de riscos, organização gentes, nomeadamente ao nível das O STAL continuará a bater-se pela concretização da
Humanitárias. de serviços de segurança, higiene e carreiras profissionais, com a Asso- regionalização enquanto caminho para uma efectiva
- A reclassificação obrigatória dos saúde, criação de serviços de medicina ciação Nacional de Municípios Por- descentralização que valoriza o Poder Local e poten-
trabalhadores que exerçam fun- no trabalho e a eleição de representan- tugueses e da Associação Nacional cia a desejável melhoria e modernização da Adminis-
ções mais valorizadas há mais de tes dos trabalhadores para esta área. de Freguesias. tração Pública.
um ano.
10 jornal do STAL JANEIRO 2009

A crise económica internacional, que ✓ José Alberto Lourenço


ameaça conduzir o mundo para uma
grande depressão, prova a falência do
Crise económica mundial Economista

A falência
pensamento neoliberal e a necessidade de
romper com os dogmas do capitalismo.

A
presente crise mundial teve o seu
detonador no colapso do crédi-
to de alto risco à habitação (sub-

das receitas neoliberais


prime) nos Estados Unidos da América
mas, tal como as outras grandes crises
do capitalismo (a de 1873 deu origem à
I Guerra Mundial assim como a de 1929
desembocou na II Guerra Mundial), es-
ta é sobretudo uma crise de sobrepro- ma financeiro mundial, comprando
dução, ou seja, a existência de uma os prejuízos dos bancos e avalizando
produção demasiado elevada em rela- empréstimos, e as gigantescas aju-
ção à procura real do mercado. das concedidas a alguns sectores in-
As crescentes dificuldades de es- dustriais, como é o caso da indústria
coamento da produção, que as polí- automóvel, têm-se revelado inefica-
ticas de contenção salarial mais não zes para travar a recessão económi-
fizeram do que agravar, provocaram ca que ameaça transformar-se numa
uma redução das taxas de lucro na «grande depressão».
chamada economia real, o que levou O aviso veio do próprio FMI atra-
o capital a procurar rendimentos su- vés do seu economista-chefe, Oliver
periores no sector financeiro. Blanchard: «Estamos em presença
Dito de outra forma, os grandes inves- de uma crise de magnitude excepcio-
tidores concentraram-se nos chamados nal, cuja componente principal é uma
queda da procura. Os índices de con-

A crise
fiança dos consumidores e das em-
presas nunca estiveram tão baixos
desde que existem. É algo nunca an-
tes visto», declarou ao diário francês

não é de agora
Ao contrário do que o governo e seus porta-vozes
produtos ou derivados financeiros on-
de, de forma quase miraculosa, con-
a verdadeira dimensão dos prejuízos
causados pela bolha imobiliária ainda
Le Monde (23.12).
Como remédio, este responsável
considerou ser «imperativo travar a
seguiam obter lucros anuais fabulosos, hoje está por determinar, o clima de perda de confiança, relançar e, se ne-
pretendem fazer crer, a crise económica em Portugal em detrimento da actividade económica desconfiança entre os bancos man- cessário, substituir a procura priva-
não é consequência da conjuntura internacional. cuja rentabilidade anual diminuiu cons- tém-se. Isto significa que deixaram de da, para se evitar que a recessão se
Na verdade, pelo menos desde o início desta década
tantemente nas últimas décadas. se emprestar dinheiro uns aos outros transforme em Grande Depressão».
vivemos uma prolongada crise económica que é o re-
Todavia, a especulação financeira não o que se traduz numa enorme falta de Reconhecendo que as receitas ne-
sultado das políticas contrárias aos interesses dos tra-
balhadores e do País. podia prolongar-se indefinidamente. No liquidez no mercado. oliberais até agora impostas pelo FMI
Desde 2002 que a economia portuguesa está pra- caso do mercado imobiliário, o limite foi A escassez de dinheiro torna-o ca- não estão mais à altura da conjuntu-
ticamente estagnada, crescendo em média apenas atingido quando o excesso de habita- ríssimo, dificultando enormemente a ra mundial, Blanchard não hesitou em
0,9% ao ano, isto é, menos de metade da média dos ções provocou uma queda dos preços. vida das famílias e das empresas que apelar à rápida intervenção dos Esta-
15 países da Zona Euro. Ao mesmo tempo, muitas famílias não conseguem obter da parte do sis- dos: «Se a recuperação do mercado
Nos últimos oito anos os salários reais dos trabalha- asfixiadas pela diminuição dos salários tema financeiro os recursos de que de crédito privado demora demasia-
dores portugueses estagnaram e no caso da Adminis- deixaram de poder pagar as presta- necessitam quer o investimento, quer do tempo, então é preciso que os Es-
tração Pública sofreram mesmo uma quebra acumula- ções do crédito, obrigando os bancos para o consumo. tados se disponham a substituir-se,
da, nunca antes verificada, de cerca de 7,5 por cento. a executar as respectivas hipotecas, is- Deste modo, a crise do sistema fi- pelo menos parcialmente e tempora-
Ao mesmo tempo a taxa de desemprego, que era de
to é, a tomar posse do bem imobiliário. nanceiro, para além de ter derrubado riamente, ao crédito privado».
quatro por cento em 2001, atingiu os oito por cento em
No entanto, devido à queda dos os maiores bancos do mundo e colo-
2007 e as estimativas mais recentes da OCDE apontam
para um agravamento deste indicador no próximo ano. preços da habitação e à saturação do cado na bancarrota vários países (Is- Lutar pela mudança
O nível de endividamento externo líquido do nosso mercado, o valor do imóvel hipoteca- lândia, Hungria, Ucrânia e Letónia, en-
país (10% do PIB em 1996), atingiu os 90 por cento do do deixou de cobrir a totalidade do tre outros, foram forçados a recorrer ao A actual crise vem dar razão àqueles
PIB em 2007 e previa-se que atingisse os 100 por cen- empréstimo concedido. Esta situação Fundo Internacional Monetário), desen- que há muito afirmam que a financeiri-
to até final de 2008. A dependência do exterior faz com repetida milhares de vezes deixou os cadeou uma interminável sucessão de zação das economias e o neoliberalis-
que todos os anos milhares de milhões de euros saiam bancos numa situação de insolvên- encerramentos no sector produtivo lan- mo reinante conduziriam mais cedo ou
do nosso país para pagar os juros da dívida contraída e cia, o que arrastou a falência dos fun- çando no desemprego muitos milhões mais tarde à ruptura das economias.
como rendimentos dos capitais estrangeiros investidos dos de investimento que lhes tinham de trabalhadores, o que gerará novas Tal como já antes tinha acontecido
em território nacional. financiado as operações mediante a explosões sociais à semelhança do que na história do capitalismo, o livre fun-
Na zona euro, Portugal apresenta também o maior
titularização dos créditos. já hoje assistimos em alguns países, cionamento dos mercados, a redução
desequilíbrio na distribuição do rendimento, o maior
nomeadamente na Grécia. da intervenção estatal e a subordina-
fosso entre os mais ricos e os mais pobres e a maior
percentagem de população a viver abaixo do limiar de Recessão e desemprego ção das mais diversas áreas, desig-
pobreza – cerca de dois milhões de portugueses en- Poço sem fundo nadamente os serviços públicos, à
contram-se nesta situação. A disseminação dos produtos finan- feroz lógica do lucro colocaram mais
Apesar de nada ter feito para eliminar as gritantes in- ceiros por todo o mundo fez com que Revelando a sua natureza de classe uma vez a sociedade numa situação
justiças sociais, o governo do «socialista» Sócrates não a crise do subprime, que rebentou e os interesses que sempre têm ser- de crise profunda.
vacilou em «nacionalizar» o Banco Português de Negó- nos EUA no início do segundo semes- vido, os governos saíram em socor- Todavia, o período que atravessamos
cios, salvando-o da falência, e avalizar um empréstimo tre de 2007, rapidamente alastrasse ro dos bancos e das multinacionais, de incertezas, dificuldades e perigos
de várias centenas de milhões de euros para salvar ou- ao sistema financeiro internacional e atribuindo-lhes verbas colossais, en- constitui também uma oportunidade
tro – o BPP – banco cujos clientes têm um saldo médio contaminasse a economia real. quanto aos trabalhadores continuam de mudança. Cabe aos trabalhadores e
de um milhão de euros e que, nos últimos cinco anos,
A espiral de incumprimentos gerou a impor salários de miséria. aos povos tomarem a palavra para que
distribuiu 30 milhões de euros em dividendos pelos
uma crise de desconfiança que se Contudo, os milhões de milhões essa mudança se faça rumo a uma so-
seus ricos accionistas.
instalou nos meios financeiros. Como de euros que despejaram no siste- ciedade mais livre, justa e solidária.
JANEIRO 2009 jornal do STAL 11

Termalistur em S. Pedro do Sul


Empresa municipal impõe
semana sem descanso
Cerca de quatro dezenas bre os trabalhadores, intensificaram- o STAL deu conta do «descontenta-
de trabalhadores das se os ritmos de trabalho. mento dos trabalhadores», do «mau
termas municipais de S. Maria do Carmo, que entretanto foi ambiente de trabalho» e do «clima in-
Pedro do Sul estão há admitida no quadro permanente da timidatório» criado pela actuação do
empresa como auxiliar de serviços administrador delegado.
vários meses em luta
gerais, sentiu como todos os seus Todavia, em vez de tomar as me-
pelo direito ao descanso colegas o agravamento da situação. didas que se impunham, exigindo a
semanal e ao pagamento da Com 54 anos de idade, compreen- mudança de comportamento do res-
compensação devida pelo deu que tinha de lutar para defender ponsável, o presidente da autarquia,
trabalho prestado muito os seus direitos. Sindicalizou-se e foi António Carlos Figueiredo, sugeriu
para além das 40 horas. eleita no presente mandato dirigente que o STAL identificasse os trabalha-
sindical da Direcção Regional de Vi- dores visados de modo a poderem

O
s novos horários foram im- seu do STAL. testemunhar as acusações feitas.
postos no início de 2008 com Sob a sua influência, 36 trabalha- durante longos períodos sem sába-
Maria do Carmo
o claro propósito de rentabi- dores da Termalistur sindicalizaram-se Horários desumanos dos, domingos ou feriados para pas- Marques,
lizar a empresa municipal que, por no STAL desde o início de 2008, ten- sar com a família. Mas para além de dirigente sindical
razões estranhas aos trabalhadores, do eleito pela primeira vez o delegado Resistindo às ameaças e fortaleci- brutais, estas escalas de serviço são da DR de Viseu
terá acumulado um défice de 300 mil sindical. dos pela sua organização, os trabalha- aplicadas de forma ilegal, já que a e trabalhadora
euros. O avanço da organização sindical dores da Termalistur lutam agora pela empresa tem sonegado as compen- da Termolistur
Maria do Carmo Fonseca Marques não passou despercebido ao adminis- alteração dos horários de trabalho de- sações devidas pelo trabalho pres-
começou a trabalhar sazonalmente trador delegado. Vítor Leal, vendo aí sumanos e pelo pagamento de todas tado em dias de descanso semanal e
nas termas há 18 anos, numa épo- um foco de resistência às suas medi- as compensações previstas na lei. complementar.
ca em que a gestão era feita direc- das prepotentes e ilegais, contra-ata- Com o objectivo declarado de re- De acordo com a legislação vigen-
tamente pela autarquia. «Nesse tem- cou seleccionando o alvo a abater. duzir os custos com pessoal, a em- te, o trabalho aos sábados, domingos
po nunca se ouviu falar em prejuízos. Maria do Carmo foi confrontada presa municipal impôs desde o início e feriados deve ser remunerado com
As termas sempre deram receitas à com a hostilidade do gestor público: de 2008 pesadas escalas que obri- acréscimo de 100 por cento e com-
Câmara que eram utilizadas noutras «Chegou a ameaçar-me com um pro- gam os trabalhadores a prestar ser- pensado com períodos complemen-
áreas. O ambiente de trabalho era cesso disciplinar, "quer perca quer viço durante oito dias consecutivos, tares de descanso, correspondentes
também muito diferente. Éramos uma ganhe", disse-me na cara». totalizando 64 horas sem descanso, a 25 por cento das horas realizadas
família». Esta e outras atitudes incompreen- após o que folgam quatro dias. Reto- em cada sábado e a um dia por cada
Mas a mudança de estatuto para síveis e claramente abusivas foram mam a escala para cumprirem mais domingo trabalhado.
empresa municipal veio alterar tudo. comunicadas ao presidente da Câ- sete dias consecutivos perfazendo Com o apoio do Sindicato, os tra-
O horário passou para 40 horas se- mara de São Pedro do Sul. Na carta 56 horas, tendo então direito a du- balhadores da Termalistur exigem o
manais, aumentaram as pressões so- dirigida ao edil em Outubro de 2008, as folgas. cumprimento das compensações em
Em resultado deste intensivo re- falta e o respeito integral da lei sobre
gime, os trabalhadores podem ficar o horário de trabalho.
Alandroal
Câmara emudecida Celorico da Beira
foge ao diálogo Trabalhadores ressarcidos
Sindical do STAL da CM do Alandro-
al acusam os responsáveis do muni-
A este propósito, o Sindicato salienta
que, até meados de Dezembro, não
após anos de luta
cípio de não responderem aos vários lhe foi entregue nenhuma proposta Dezoito trabalhadores da CM de Celorico da Bei- como horizontais foi colocado à autarquia ainda
pedidos de reunião efectuados pelo de mapa de pessoal, ao contrário do ra receberam, no mês de Outubro, um total de cer- em 2004 e abrangia as categorias de motorista
Sindicato e de ignorarem o «Caderno que tem sucedido na maioria das au- ca de 62 mil euros relativos à progressão vertical na de pesados, fiscal de água e saneamento e de
Reivindicativo» apresentado pelo Sin- tarquias do distrito de Évora. carreira, direito que a autarquia insistiu em não re- tractorista, entre outras.
dicato em 25 de Junho. Também sem qualquer justificação, conhecer mesmo após a sentença do tribunal. Para além de ter exigido uma solução para
Notando que esta atitude «anti-dia- a Câmara do Alandroal não procedeu Face ao incumprimento por parte da autarquia, ressarcir os trabalhadores, o Sindicato interpôs
logante» da autarquia é altamente pe- ao pagamento dos suplementos re- o STAL requereu que a quantia fosse paga me- outra acção reclamando uma sanção pecuniária
nalizadora para os trabalhadores, o muneratórios, horas extraordinárias e diante dotação orçamental, mecanismo que a lei ao edil pelo atraso de quase um ano no cumpri-
STAL insiste na urgência de proceder ajudas de custo relativas ao mês de prevê precisamente nos casos em que as entida- mento da sentença, cujo valor o Tribunal decidiu
à reclassificação profissional das ca- Outubro. des públicas não cumpram as suas obrigações. fixar em 21,30 euros por dia.
tegorias desajustadas e à abertura de O STAL exige a liquidação dos Deste modo, num processo sem preceden- O desrespeito pelo tribunal poderá assim cus-
concursos internos de promoção. montantes em dívida e reclama a ur- tes, o Tribunal determinou que o montante fos- tar caro ao presidente da CM de Celorico, que
Em simultâneo alerta para a exis- gente abertura do diálogo com a au- se depositado na conta do STAL para que este não só deverá indemnizar o Sindicato em cerca
tência indevida de muitas dezenas de tarquia de forma a resolver os pro- efectuasse directamente o pagamento aos tra- de cinco mil euros, como ainda corre o risco de
trabalhadores a recibo verde, enquan- blemas acumulados e salvaguardar balhadores. perder o mandato por incumprimento de sen-
to as vagas existentes no Quadro de os legítimos direitos e interesses dos O reconhecimento da progressão vertical em tença judicial, processo está agora nas mãos do
Pessoal permanecem por preencher. trabalhadores. várias carreiras indevidamente consideradas Ministério Público.
12 jornal do STAL JANEIRO 2009

Conversas desconversadas
✓ Adventino Amaro

A quadratura da crise
C
onfesso. Já não é a primei-
ra vez que cometo a pouco
desculpável inconfidência
de relatar, aqui, o que se passa em
reuniões do mui digno e venerando
Conselho de Ministros deste nosso
maravilhoso país, presidido pelo se-
nhor engenheiro Hipócrates, cujas
elas (as reuniões) deveriam aconte-
cer no mais rigoroso sigilo para que
o conhecimento (logo, o poder) não
caia na rua, nas mãos da populaça
ignorante dos altos desígnios dos
cérebros pensantes. Mas, que que-
rem vocês? Tive sempre imensa difi-
culdade em guardar segredos, mes-
mo os de Estado, e por isso não re-
sisto a relatar mais esta.
A reunião em causa foi restrita, e
nela só participaram, para além do
chefe Hipócrates que a convocou, o
ministro das Finanças, Tachada dos
Cantos, a ministra da Educação, Mi-
lúcha Rodriguinhos, e, para prevenir
eventuais necessidades do uso da
forca (perdão, da força...) nas estra-
tégias a seguir, o secretário de Esta-
do da Administração Pública, Rastilho dos Espantos. hoje, que ir distribuir mais uns quantos Magalhães quando se nos acabar a mama das cadeiras go-
Uma espécie de gabinete de crise, se quisermos uti- a uma escola da província. As eleições estão à vernamentais? Avance, homem, que a Europa es-
lizar um termo pomposo. porta e não podemos descuidar-nos. Tachada dos tá connosco!
Por três razões fundamentais esta reunião foi tão Santos, como vão as coisas lá pelo teu estaminé? - Milucha, agora é consigo, mas depressa que se
minguada de crânios. A primeira, prendeu-se natu- - Senhor primeiro-ministro, como deve saber anda está a fazer tarde e o Magalhães pode congelar. Co-
ralmente com a necessidade de combater o terroris- por aí uma campanha desgraçada contra os nossos mo estão as coisas lá pelo seu bordel ministerial?
mo instalado já em várias áreas da vida nacional, em amigos banqueiros que, no uso da sua mais do que - Ai senhor primeiro-ministro, um horror. Veja lá que
especial nos organismos públicos e muito particu- legítima e elementar liberdade, de que nós somos o agora os professores resolveram exigir dignidade
larmente nas escolas, onde uma seita perigosíssima fiel garante, fanaram, ou desviaram, ou locupletaram- para a sua profissão. E logo a mim, que já fui profes-
que dá pelo nome de «professores», pretendendo (vá se com as massas dos depositantes e agora os ban- sora e nunca tive essa coisa, seja lá isso o que for, e
lá saber-se porquê, dirá a Milú no decorrer da reunião) cos estão em falência. O nosso correligionário e emi- agora como ministra ainda menos. Esta gente está a
dignificar a sua função educadora, resiste como nun- nente governador do Banco de Portugal não sabe de ser manobrada pelos comunistas, é o que é. Só eles,
ca se havia visto às ordens ministeriais que apenas nada, a entidade reguladora de nada sabe, os admi- nestes tempos modernos que vivemos, se poderiam
se movem por razões patrióticas, como sejam poupar nistradores dos bancos ainda menos, mas a verdade lembrar de tão antiquado absurdo. Dignidade, veja
dinheiro para reduzir o défice, lançar o caos em todo é que os carcanhóis se evaporaram. Que fazer peran- bem o sr. primeiro-ministro. Aonde iremos parar, se
o sistema de ensino e, assim, manter na ignorância te esta situação? cedermos a esta gente nas questões básicas que ali-
as novas gerações, para que o poder se mantenha in- - Ó homem, mas você é parvo ou quê? - Esbra- cerçam a nossa governação?
definidamente nas mãos responsáveis em que estão, vejou o sr. engenheiro. - Então você já esqueceu a -Trucide-os, Milucha, trucide-os! - Uivou do outro
graças a Deus e ao voto crédulo do povoléu. razão por que temos poupado tanto dinheiro, dimi- lado da mesa o Rastilho dos Espantos, que com mui-
A segunda razão tem a ver com a crise financeira. nuindo os salários dos trabalhadores e as pensões to custo não tinha ladrado ainda.
E a terceira, obviamente, com a malandragem dos de reforma, encerrando os serviços de saúde de - Pronto, Miluchas, não se enerve. Mantenha-se fir-
trabalhadores da Administração Pública, que todos proximidade, as escolas que não têm pelo menos me na sua corajosa indignidade, que eu estou consi-
os anos aí estão a chatear os dignos governantes 50 alunos por turma, e vendendo à iniciativa priva- go. - Bom, Rastilho, diga lá agora você.
com reivindicações disparatadas: carreiras dignas, da tudo o que são serviços públicos? Ou ainda não -Eu? Eu trucido os gajos que não estiverem de
aumento real dos salários, segurança no emprego... percebeu que esta poupança se tem feito exacta- acordo c´a gente. Eu trucido tudo o que se me opu-
Enfim, o costume. mente para prevenir eventuais azares nas opera- ser. Eu trucido, prontos! - E uma asquerosa baba ver-
Vamos então à reunião antes que me falte o es- ções especulativas a que se dedicam os nossos de escorria pelos espantosos queixos.
paço. estimados amigos, patrocinadores e futuros em- - Faça isso, Rasquilho, faça isso mas não fale as-
Hipócrates, quando chegou à quadrada mesa, já ti- pregadores? Nacionalize imediatamente os prejuí- sim, homem! Olhe que para o ano há eleições, tem
nha à sua espera os subordinados que havia convo- zos dos bancos, caramba, está à espera de quê? que moderar a linguagem. E pronto, está acabada es-
cado. Sentou-se, pigarreou ligeiramente e foi direito Nós somos responsáveis e por isso temos meios ta profícua reunião. Vou-me agora ao Magalhães, que
ao assunto. para resolver o problema. Ou quer, com estas he- é o que está a dar...
- Minha cara e meus caros colaboradores, vamos sitações, pôr em causa a presidência dos conse- E pronto. Não é que a reunião acabou mesmo
lá despachar isto rapidamente porque ainda tenho, lhos de administração que nos foram prometidos aqui?
JANEIRO 2009 jornal do STAL 13

Limpeza urbana de Lisboa Sintra


Seara faltou à palavra
Greve fez recuar
privatização
Após a greve realizada entre os dias 8 e 11 de De- Os motoristas da
zembro, que registou uma adesão superior a 95 por CM de Sintra e da
cento, representantes do STAL e do STML (Sindicato empresa municipal
dos Trabalhadores do Município de Lisboa) reuniram
de higiene
com o presidente da CM de Lisboa, a quem transmiti-
ram a firme oposição dos trabalhadores à privatização pública, HPEM,
dos serviços de higiene urbana. manifestaram,
Assinalando uma evolução positiva da autarquia, em Outubro e
que se comprometeu a reforçar o efectivo de trabalha- Novembro, o
dores, aumentar os incentivos financeiros e discutir já seu protesto e
no início de Janeiro futuro dos serviços ñ os dois sin-
indignação pela
dicatos, após uma reunião com os trabalhadores, de-
cidiram suspender uma nova paralisação de três dias, recusa do edil
marcada para final de Dezembro. Contudo, permane- do concelho
cem atentos, exigindo que as verbas previstas no orça- de eliminar a
mento de 2009 para a contratação de empresas sejam desigualdade nas
transferidas para o reforço do pessoal e aquisição de suas carreiras. Os motoristas da CM de Sintra exigem a integração em carreira vertical
novos equipamentos para os serviços camarários.

A
s acções de luta quinas pesadas e veícu- Fernando Seara faltou à ra, e de 24 a 28 do mes-
Direito à reclassificação iniciaram-se, dia los especiais. palavra, limitando-se a mo mês, com paragem
28 de Outubro, Anteriormente, o pre- reconhecer os direitos de duas horas sempre no
Na sequência da persistente intervenção sindical, a com uma concentração sidente da Câmara ha- àqueles que interpuse- início do turno.
CML reconheceu finalmente o direito à reclassificação nas oficinas com desfile via assumido o compro- ram o recurso conten- Em plenário reunido no
profissional a cerca de duas centenas de trabalhado- até aos Paços do Conce- misso de, caso o STAL cioso. De fora ficaram dia 2 de Dezembro, que
res, na sua maioria técnicos e administrativos. lho onde se realizou um ganhasse o processo, a mais de uma centena de analisou os resultados da
Após meses de luta, a situação foi desbloqueada plenário. Aí foi recordada sentença seria aplica- motoristas. greve, foi então decidido,
com a aprovação, em 22 de Outubro, de uma proposta a decisão favorável do da por igual a todos os Levando a luta o mais face à intransigência da
de alteração do Quadro de Pessoal de Vínculo Público, Tribunal a um conjunto trabalhadores com fun- longe possível, os traba- autarquia, levar o proces-
apresentada pelos vereadores da CDU, que permitiu de 22 trabalhadores que ções idênticas, tendo lhadores realizaram dois so a tribunal reclaman-
criar as vagas necessárias para dar resposta às legíti- reclamaram o desenvol- até sido reservada uma períodos de greve, de 17 do igualdade de direitos
mas aspirações dos trabalhadores. vimento vertical da car- verba para o pagamen- a 21 de Novembro, com para todos os trabalha-
reira de condutor de má- to dos retroactivos. Mas paragem durante um ho- dores.

CM Odivelas Portalegre
Parceria privada
custa 6 vezes mais Bombeiros debatem
A Câmara Municipal de Odivelas aprovou em 28 de
Novembro a constituição de uma sociedade com um
parceiro privado para a construção de uma escola e
problemas do sector
um pavilhão desportivo, na qual a autarquia fica em Os profissionais das associações um documento reivindicativo diri- da protecção civil e os problemas
minoria. humanitárias de bombeiros volun- gido às diversas entidades e insti- específicos dos trabalhadores das
O prejudicial negócio para o jovem município implica tários do distrito de Portalegre es- tuições. AHBV do distrito.
a cedência de dois terrenos com 15,5 mil metros qua- tiveram reunidos num encontro re- Durante os trabalhos, decorridos Este sector há muito reclama a
drados pelo valor irrisório de 74 mil euros, um leoni- gional promovido pelo STAL, no dia no auditório da biblioteca munici- regulamentação das condições
no contrato de arrendamento e custos de construção 15 de Novembro, onde aprovaram pal, foi analisada a actual situação de trabalho, designadamente em
muito superiores aos estimados pelos técnicos muni- matéria de ingresso, progressão
cipais. e promoção ou formação profis-
Enquanto o orçamento calculado pelos serviços da sional. Particularmente graves são
Câmara determinou um valor abaixo dos 10,5 milhões os persistentes abusos por parte
de euros, o montante contratado com o privado ascen- das entidades empregadoras que
de a 18,3 milhões de euros, ou seja, um agravamento utilizam o estatuto do voluntaria-
de 75 por cento dos custos. do das instituições onde trabalha
Mais grave ainda é o compromisso assumido pela a maioria destes profissionais para
autarquia de arrendar aqueles equipamentos durante prolongar a sua jornada de laboral
25 anos pelo valor anual de 1,8 milhões de euros, pre- muito para além do razoável e su-
vendo uma actualização de dois por cento ao ano. portável.
Contas feitas, no final do prazo, a autarquia terá pa- O encontro discutiu ainda as po-
go 57 milhões de euros por uma escola e um pavilhão líticas governamentais para a pro-
cuja construção custa quase seis vezes menos. O ne- tecção civil, apontando a necessi-
gócio, aprovado pelos eleitos do PS e do PSD, é exce- dade de garantir o financiamento
lente para o privado, mas ruinoso para o município e adequado às associações humani-
ultrajante para os seus trabalhadores que se esforça- tárias com vista a melhorarem o in-
ram por encontrar soluções bem mais económicas no O encontro regional de bombeiros de Portalegre aprovou um documento dispensável serviço que diariamen-
interesse da população. dirigido às instituições do distrito te prestam às populações.
14 jornal do STAL JANEIRO 2009

Dirigente e delegado reverso N.º 91


JANEIRO 2009

falecidos
O Magalhães
Publicação
de informação
sindical do STAL

José Luis Pimentel Dezembro de 2007, foi de


de Sousa, de 54 anos, novo eleito dirigente do Propriedade
dirigente do STAL na Di- STAL, funções de que to- Ai Magalhães, Magalhães, não foras tu, STAL – Sindicato
Nacional dos
recção Regional de Bra- mou posse em 14 de Ja- e o meu país estaria na bancarrota.
Trabalhadores
ga, faleceu, no dia 9 de neiro de 2008. Não vale a pena iludirmos as questões. da Administração
Dezembro, vítima de do- Na mensagem de con- Aos banqueiros, coitadinhos, já todos vêm o cú Local
ença prolongada. dolências enviada à fa- e a Milu da educação não passa de uma anedota
Montador electricista mília de José Pimentel, muito útil, é verdade, para animar os serões Director:
principal da Câmara Municipal de a Comissão Executiva da Direc- Santos Braz
dos saudosos do fascismo e outros camaleões.
Fafe, foi eleito dirigente regional nos ção Regional de Braga enaltece o
mandatos de 1986-88, 1989-91, «exemplo de vida e luta» do diri- Coordenação
Para lhes dar uma ajuda eu cá não poupo o bestunto.
1995-97 e 1998-00. De 1992 a 1994 gente falecido, que «sempre este- e redacção:
exerceu o cargo de vogal na Mesa ve disponível para lutar na primei- Se os putos das nossas escolas tiverem em seu poder José Manuel Marques
da Assembleia Regional de Braga. ra linha em defesa dos oprimidos e um Magalhães milagroso, o seu futuro é risonho. e Carlos Nabais

Nas últimas eleições realizadas em dos mais desfavorecidos». Se não têm pão em casa, se acabou o presunto,
se os profs não têm tempo de os ensinar a ler, Conselho
Faleceu, vítima de aci- os estudos no Institu- não é caso p´ra ficarem tristes, vencidos, bisonhos. Editorial:
dente rodoviário, em 3 No- to Politécnico de Bra- Adventino Amaro
O Magalhães lá estará para acalentar seus sonhos. António Augusto
vembro, o jovem delegado gança, onde frequen-
António Marques
sindical do STAL, Paulo tava o curso de infor- Jorge Fael
Através da Internet já podem acompanhar
Emanuel Afonso Pires, de mática de gestão. Foi José Torres
29 anos. precisamente quando os obscenos banquetes daqueles que lhes roubaram Miguel Vidigal
o direito a viver sem fome e com esperança. Victor Nogueira
Residente em Miranda se dirigia para o Ins-
do Douro, era funcioná- tituto, situado a cerca Mais tarde ouvirão discursos que os farão vomitar
rio dos Bombeiros há dez de 90 quilómetros da quando enfim se aperceberem de que eles os enganaram Colaboradores:
anos, como operador de sua residência, que o Adventino Amaro
com promessas mentirosas de uma falsa aventurança.
António Marques
central e integrava o corpo acti- seu veículo colidiu com um outro, Jorge Fael,
vo há 12 anos. Foi eleito delegado num troço da estrada espanhola O Magalhães é, assim, o biombo em que se esconde José Alberto Lourenço
sindical do STAL em 12 de Março 122 que liga à fronteira de Quinta- José Torres
a desvergonha total da gente que nos «governa». Manuel Gameiro
de 2008. nilha, caminho que habitualmen-
E nós, iremos deixar que eles vão até onde? Rodolfo Correia
Paulo Emanuel Pires trabalha- te fazia por ser o mais curto entre Victor Nogueira
Não será mais do que tempo de os mandar p´ra «vida eterna?»
va por turnos para poder pagar Miranda do Douro e Bragança.

O Jornal do STAL manifesta profundas condolências aos familiares, A Melga Grafismo:


amigos e colegas de Emanuel Pires e de José Pimentel de Sousa. Jorge Caria

Palavras cruzadas
Redacção
e Administração:
R. D. Luís I n.º 20 F
Horizontais: 1. Computa- nos tempos que correm usa-se mais o bufa. 13. de cozinha. 4. Cachaça de mau gosto; abalou; 1249-126 Lisboa
Tel: 21 09 584 00
dor nacionalizado, obra maior Fizeras correr risco. oceano às avessas. 5. Fruto de cereais; reza;
Fax: 21 09 584 69
do (des)governo que temos. 2. branqueie. 6. Grande artéria do corpo humano; Email:
Base quadrada e baixa que su- Verticais: 1. Missiva; companheiro e camarada. balda-se, como alguns deputados no parlamen- jornal@stal.pt.
porta uma estátua. 3. Atmosfe- 2. Caminhos; selha larga e baixa. 3. Ruim; espé- to. 7. Disco de 33 rotações, em vinil; raiva; dez Site Internet:
ra; Associação de Agricultores cie de túnica curta usada pelos romanos; utensílio vezes cem; noventa e nove romanos. 8. Pedaço www.stal.pt
de Ronfe; mostras-te alegre; de terreno onde se cultivam hortaliças; sinal. 9.
aqui. 4. Via; inflamação do ouvi- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Transfira para outro dia; a única coisa que qual- Composição:
do; aquele cujo fim nunca mais quer dia temos para comer; cair. 10. Aqui está;
1 pré&press
chega; 5. Peça de madeira para acabado; bolo de farinha de arroz e azeite de Charneca de Baixo
segurar, apertando; lavra; erva 2 coco usado na Ásia. 11. Abandonado; a espe- Armazém L
para alimento do gado. 6. Al- 2710-449
3 cialidade de Sócrates; elas. 12. Acto mais ou
Ral - SINTRA
bergue; piedades. 7. Saro; ir- menos censurável; soe. 13. Acontecimentos;
mãs do pai ou da mãe (inv.). 8. 4 alimento de gado.
É o símbolo do Benfica; seio in- 5 Impressão:
vertido. 9. Alcunha muito suave
as. 12. Cena; ecoe. 13. Casos; pasto.
6
Lisgráfica
da tresloucada que dirige o mi-
Adie; pão; ruir. 10. Eis; feito; apa. 11. So; mentira;
R. Consiglieri
7 Pedroso, nº90,
6. Aorta; falta. 7. Lp; ira; mil; ic. 8. Horta; marca. 9.
nistério da educação; o que va-
2730-053 Barcarena
alicula; pa. 4. Aca; aluiu; ram. 5. Grão; ora; core.
le é que ela está quase a chegar 8 Verticais: 1. Carta; amigo. 2. Ruas; giga. 3. Ma;
aqui; mamífero cetáceo muito
voraz (por respeito ao animal, 9 Participa. 13. Ameaçaras. Tiragem:
esta não tem nada a ver com as 10 fim; orca. 10. Iga; calar; aos. 11. Ga; rol; rua; et. 12. 57 000 exemplares
anteriores...) 10. Iguala; silen- Distribuição gratuita
11
Asilo; penas. 7. Curo; sait. 8. Águia; otiep. 9. Milu;
ciar; a eles. 11. Gálio (sq.); rela- aar; ris; ca. 4. Rua; otite; mês. 5. Tala; ara; feno. 6. aos sócios
ção; para onde deve ir este go- 12 Horizontais: 1. Magalhães. 2. Acropodio. 3. Ar;
verno, e depressa; extra terres-
13 Depósito legal
tre. 12. Pode ser colabora, mas
SOLUÇÕES:
Nº 43‑080/91
JANEIRO 2009 jornal do STAL 15

As bicicletas
Um livro, um autor
os cavalos relinchavam. «Parecia que
se queixavam» E «essa mulher já velha
e cheia de rugas contava aos garotos
✓ António Marques da rua histórias antigas».
As memórias também correm à des-
Jornalista de sempre, filada como os cavalos simbólicos, ver-

em Setembro
escritor com mais de dadeiros arquétipos da evocação do
duas de dezenas de obras mundo e do tempo, peças dos grandes
relógios naturais e da fúria imaginária
publicadas desde 1962, dos desejos.
Baptista-Bastos nasceu A força dos cavalos do apocalipse
no Bairro da Ajuda, em em tropel, desfilando loucos em di-
Lisboa, em 27 Fevereiro do recção à morte, acossados pela tem-

de Baptista Bastos
ano de 1934, e foi aluno da pestade, abre caminho para o desen-
Escola de Artes Decorativas rolar da acção que é povoada pela
natureza perversa dos homens, com
António Arroio e do Liceu as suas invejas, a intolerável e por ve-
Francês. zes cruel intromissão na paz dos ou-
tros, chegando à morte física, embo-

C
omo profissional no oficio das ra a forma mais trágica de todas
letras começou pela redacção as agonias seja a destruição dos
do jornal O Século, tendo pas- Obras sentimentos, sobretudo da con-
sado ainda pela RTP e feito parte dos fiança no ser humano, dos seus
quadros editoriais dos jornais O Diá-
publicadas sonhos, condenando-o ao isola-
rio, República, Europeu, de diversas mento gerador da insuportável
O filme e o realismo – 1962
revistas como Seara Nova, Sábado, solidão.
Cartaz, Almanaque, Gazeta Musical e O Secreto Adeus – 1963 As bicicletas são mais uma ale-
de Todas as Artes, Época. Foi ainda O Passo da Serpente – 1965 goria do imaginário moderno, sím-
correspondente e redactor da Agên- O Cinema na Polémica do Tempo bolo de movimento e autonomia, o
cia France Press em Lisboa e traba- As Palavras dos Outros – 1969 tempo que roda, como as nuvens
lhou 23 anos (1965-1988), no jornal Cidade Diária – 1972 transmutando-se pelos céus fora.
Diário Popular onde vincou bem o tra- O Cão Velho entre Flores – 1974 A narrativa surge no singular,
ço do jornalismo empenhado que en- Capitão de Médio Curso – 1977 quase sempre na primeira pes-
tão se fazia. Elegia para um Caixão Vazio – 1981 soa, desenvolvendo-se capítulo
Artífice da palavra, utilizou todos os Viagem de um Pai e de um Filho após capítulo sob a forma de cró-
meios de comunicação, jornais, rádio pelas Ruas da Amargura – 1981 nica, alavanca literária que Baptis-
e televisão. Deu voz a diversas cróni- ta-Bastos domina como ninguém.
O Homem em Ponto – 1984
cas radiofónicas para a Antena Um e Usando uma técnica própria de es-
A Colina de Cristal – 1987
Comercial e foi o primeiro comenta- crita, mistura de géneros, mas com
dor das «Crónicas de Escárnio e Mal- Um Homem parado no Inverno – 1987 obediência às regras do romance,
dizer» na TSF. Nos ecrãs de TV apre- O Cavalo a Tinta da China – 1999 vai burilando os personagens na
sentou na SIC o programa «Conversas Certa tarde, a memória dos sons fez Fado Falado – 1999 sua unidade e conclusão, ligados
Secretas», continuando as entrevistas ressurgir o tropel dos cavalos da tropa, Lisboa Contada pelos Dedos – 2001 a esse pequeno mundo misto de
no «Cara-a-Cara» para a SIC-Notícias. escutados pelo autor na sua infância, No Interior da Tua Ausência – 2002 cidade e de campo, sítio de crian-
Colaborou e ainda colabora em vários no Bairro da Ajuda onde nasceu. Jesu- As Bicicletas em Setembro – 2007 ça revisitado.
jornais e foi fundador do semanário O ína representa o personagem central, A Cara da Gente – 2008
Ponto. correndo entre afectos, pequenas vin- A revolta é a saída
Os livros de Baptista-Bastos estão ganças, muitas intrigas, algumas má-
representados nas antologias do en- goas, talvez lembranças de amor ou transporta uma pessoal e singularís- Jesuína, dotada de enorme força ali-
sino do Português como exemplos mentiras, tudo transformado em me- sima solidão. Sempre escrevi sobre a cerçada em sólidos valores culturais e
das modernas correntes literárias. mórias que dão vida a uma obra sin- solidão humana, sobre a procura de sobretudo morais, inspira-nos simpa-
Autor galardoado com vários pré- gular. um peculiar silêncio que a explicasse tia. O narrador fala: «Com o andar dos
mios prestigiados, tem obras tradu- A nobreza e grandeza da mulher, a ou a justificasse. Todos os livros falam anos eu aprendera que a memória é a
zidas em diversas línguas, checo, sua integridade estrutural, estão sem- de solidão». base da identidade; e ela decidira su-
búlgaro, russo, alemão, castelhano pre presentes neste romance (ou tal- primir a memória a fim de preservar a
e francês. vez novela). Dos sentimentos fala-nos Agonia trágica ocultação de quem era. Eu sou mais
o autor: do que eu, não há nenhum caminho
«Solidão humana» «Os sentimentos e os comporta- Centenas de cavalos correm à des- para a fuga.».
mentos das pessoas não mudam por filada naquele vale imenso que se es- Com um traço por vezes exube-
Em As Bicicletas em Setembro, decreto. A democracia não extirpou, tende por alguns quilómetros. «O va- rante nas imagens que nos desenha,
publicado em 2007, Baptista-Bastos nem o poderia fazer, a pequenez do le despenhava-se abruptamente num poético, chegando mesmo a ser lí-
vinca profundamente a natureza das nosso espírito, o qual, ocasional- talude.» Lá ao longe, as serras divisa- rico no caldear das emoções, Bap-
relações humanas, a forma menos mente, explode em grandeza e em vam-se a perder de vista. tista-Bastos reflecte sobre o nosso
conseguida como as pessoas lidam assombro. Levará gerações a admi- Os cavalos correm com as bocas tempo: «Vivemos num país que já
com a separação e a perda e no fim tirmo-nos como somos, para tentar- cheias de espuma, os olhos endoide- nada tem a ver com o País de Abril.
com o drama da solidão. É uma pa- mos melhorar as amolgadelas de que cidos. A tempestade abate-se com Aliás, penso, seriamente, que pouco
rábola sobre aqueles que perdem, sofremos. Creio, modestamente em- violência sobre a terra. Relâmpagos tem a ver com a democracia. Signi-
que afinal somos todos nós porque bora, que As Bicicletas em Setembro traçam o céu, ouvem-se ribombar os fica que nem tudo foi extirpado do
cada um perdeu um pouco de si fala de sentimentos eternos, das con- trovões como o barulho dos infernos. que de pior existe nos políticos por-
mesmo, um pouco do outro. Todos tradições e complexidades da nossa Os cavalos enlouquecidos saltam no tugueses. Há um ranço salazarista
possuímos feridas abertas, uns mui- condição, da imponência e da majes- meio da tempestade em direcção ao nesta gente. E, com a passagem dos
to mais do que outros, sobretudo os tade da mulher. abismo. dias, cada vez mais se me acentua a
que se feriram a si próprios sem dis- «O homem existe nesta vasta solidão Jesuína comenta que o que mais a ideia de que a saída só reside na cul-
so darem conta. povoada de memórias. Cada homem tinha impressionado era o modo como tura da revolta.»
16 jornal do STAL JANEIRO 2009

PE chumba 65 horas semanais

Resumo da luta O Parlamento


Vitória do trabalho
Europeu rejeitou
19 de Setembro – A Frente Comum uma proposta
realiza no Rossio, em Lisboa, um ple-
de revisão da
nário de dirigentes e activistas sindi-
cais com desfile para o Ministério das directiva sobre o
Finanças. tempo de trabalho
que permitia o
1 de Outubro – A Greve Nacional da alargamento da
Administração Pública, integrada no jornada de trabalho
Dia Nacional de Luta da CGTP-IN, re-
até um máximo de
gista uma forte adesão dos trabalha-
dores. 65 horas semanais.

N
18 de Outubro – Realiza-se em Lisboa a sessão de 17 de
o Encontro Nacional da Água, promo- Dezembro, os euro-
vido por diversas organizações e movi- deputados aprova-
mentos de utentes. ram por uma ampla maioria
um relatório que reafirma o
21 a 23 Outubro – A Frente Comum pro- princípio das 48 horas como
move uma série de vigílias junto ao Mi- máximo semanal admissível
nistério das Finanças. em todos os países, rejeitan-
do a proposta dos governos A manifestação de dia 16 de Dezembro em Estrasburgo demonstrou a firme oposição dos
sindicatos e trabalhadores ao alargamento da semana de trabalho
24 de Outubro – Realiza-se em Lisboa a da União Europeia que pre-
Cimeira da Frente Comum conizava a possibilidade de que «é fundamental que o Mo- ter na votação na reunião do atingirem as 12 horas diárias e
cada país poder legislar mui- vimento Sindical e os traba- Conselho Europeu, realizada as 60 horas semanais.»
31 de Outubro – O STAL realiza a sua I to para além daquele limite. lhadores em geral continuem a em Junho», a CGTP-IN afir- A CGTP-IN exige ainda que
Conferência de Organização Sindical em Em nota de imprensa, a intervir activamente de forma a ma que a sua posição foi der- o Governo, no quadro das
Montemor-o-Novo. CGTP-IN considerou a posi- impedir que a negociação en- rotada e que, como tal, «deve negociações que irão ter lu-
ção do Parlamento Europeu tre o Conselho e o Parlamento retirar as ilações deste pro- gar entre o Conselho e o Par-
17 a 21 de Novembro – Os motoris- como «uma vitória da luta fir- Europeu que se vai processar cesso bem como do resulta- lamento Europeu, «adopte
tas da Câmara Municipal de Sintra e da me e persistente dos traba- nos próximos três meses favo- do agora verificado». uma posição clara e inequí-
HPEM realizam uma greve de uma hora lhadores contra uma proposta reça as posições retrógradas Neste contexto, «a CGTP-IN voca de rejeição dos princí-
por dia para exigir o reposicionamento desumanizadora das relações e conciliadoras que estiveram reclama que o Governo assu- pios e objectivos contidos na
das suas carreiras. de trabalho, nomeadamente na origem da proposta agora ma uma posição consentânea proposta do Conselho Euro-
as que se referem à concilia- rejeitada.» com o resultado desta vota- peu, assegurando, ao invés,
21 de Novembro – Milhares de traba- ção entre a vida familiar e pro- ção, suspendendo de imedia- uma intervenção que favore-
lhadores da Administração Pública ma- fissional e à alteração do con- Governo derrotado to o processo de revisão do ça um caminho de progresso
nifestam-se em Lisboa contra a política ceito do tempo de trabalho.» Código do Trabalho, em Por- na evolução da definição da
do Governo. Apesar deste importante Lembrando que o Governo tugal, onde se admite a hipó- organização, gestão e con-
resultado, a central sublinha português «optou por se abs- tese dos horários de trabalho trole do tempo de trabalho».
28 de Novembro – Reúne em Lisboa o
Conselho Geral do STAL.
Cartoon de: Miguel Seixas

8, 9, 10, 11 de Dezembro – Os traba-


lhadores do sector da higiene urbana da
Câmara Municipal de Lisboa cumprem
uma greve em protesto contra a privati-
zação dos serviços de limpeza em duas
zonas da cidade.

17 de Dezembro – O Parlamento Eu-


ropeu rejeita a proposta de directiva de
tempo de trabalho que visa impor as 65
horas semanais.

24 a 26 de Dezembro – Os trabalhado-
res dos serviços de limpeza da Câmara
Municipal do Porto realizam uma gre-
ve contra a privatização em curso e sua
transferência forçada para a empresa
concessionária.

31 a 2 de Janeiro – Realiza-se nova gre-


ve dos trabalhadores dos serviços de
limpeza do Porto.

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