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Manual sobre Direito dos

Militares Estaduais
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Prefácio
Os militares estaduais são uma
categoria de servidores com sede de
conhecimento sobre direito. Justamente porque
são os próprios homens e mulheres sem direito,
imersos em um universo onde existem abusos e
violação das garantias fundamentais, praticados
em nome da predominância do interesse público
em disfunção de qualquer bem inerente à
condição humana do servidor. O militarismo
discrepante quase sempre é usado como um
verdadeiro instrumento de mitigar os direitos dos
policiais militares. O pior é que quem não tem seu
próprio direito reconhecido pelo Estado também
não é capaz de desempenhar da melhor maneira
a atividade que consiste em garantir a ordem
pública, por intermédio do cumprimento a lei.
Afinal, como transmitir a alma da justiça quando
não se sente na pele a satisfação de ter seus
próprios direitos respeitados?

Com a finalidade principal de abrir a


consciência dos militares estaduais, este pequeno
livro reúne o conjunto da legislação específica,
contendo jurisprudências das Cortes Superiores e

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

esclarecimentos sobre as novas tendências da


atuação do Direito Penal Militar aplicável aos
militares estaduais.

O ponto nuclear é que os militares estaduais


não se equiparam aos militares propriamente
ditos, de tal forma a não responderem por crimes
propriamente militares, o que os equipara aos
civis para efeitos de aplicação do Código Penal
Militar. Sem dúvida, uma grande revolução na
área.

Além disso, contém uma seqüência prática


de modelo de petições para instruir o interessado
em uma possível postulação às instâncias, na luta
para tornar atípica qualquer imputação aleatória.
Existe ainda um modelo de pedido de anulação
de punição disciplinar, ensinando a requerer o
direito à ampla defesa e contraditório em cada
processo interno que resulte sanção
administrativa, quando não assegurados o devido
processo legal.

Espero ter contribuído aos leitores, com o


estímulo e orientação, a fim de conseguirem êxito
em demandas dessa natureza, assim como o
incentivo à divulgação dos preceitos.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Índice

Artigo doutrinário – tese de


monografia

Policial militar não responde por


crime propriamente militar.......................9

Introdução.........................................10

Militares Estaduais: Agentes Públicos


Militares Reserva do Exército....................14

Policial Militar: Militar Estadual ou


Militar da Reserva......................................23

Atividade Policial Militar não é Serviço


de Natureza Militar.....................................29

4
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Em regra o Policial Militar se equipara


ao Civil para Efeitos da Lei Penal
Militar.........................................................43

Perspectiva da jurisprudência do
STF............................................................47

Em Situação de Greve o Policial pode


responder por Deserção e outros Crimes
Militares Próprios.......................................62

A Eficácia do Crime Propriamente


Militar no Tempo........................................64

Competência para julgar e processar


os Crimes Propriamente
Militares......................................................66

5
Policial militar não responde por crime propriamente militar

A Competência das Auditorias


Militares dos Estados.................................70

Conceito de lugar sujeito ou sob


Administração Militar..................................76

Significado jurídico da palavra


incorporação..............................................80

A polêmica do parágrafo 4º do Artigo


125 da Constituição Federal........................83

Particularidades do Código Penal


Militar.........................................................87

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Relação dos crimes militares que


podem ser atribuídos a militares da reserva,
militares estaduais, reformados e
civis............................................................90

Conclusão.......................................104

Notas..............................................106

Modelo de habeas corpus ao


tribunal local..........................................107

Modelo de habeas corpus ao


STJ.........................................................111

Modelo de habeas corpus ao


STF.........................................................114

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Modelo de habeas corpus ao STF


por demora ao julgamento de habeas ao
STJ.........................................................117

Modelo de requerimento de
anulação de punição
disciplinar..............................................121

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Artigo doutrinário – tese


de monografia

9
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Policial militar não responde por


crime propriamente militar

10
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Introdução

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Freqüentemente, órgãos do Ministério Público


Militar Estadual denunciam policiais militares por
crimes cuja materialidade exige a qualidade de militar
do agente. Abandono de posto, publicação indevida,
recusa de obediência, desrespeito a superior,
deserção, dormir em serviço são alguns exemplos de
crime propriamente militar. Em geral, o policial militar
também responde por qualquer crime previsto no
Código Penal Militar, quando praticado em serviço ou
nas dependências da repartição.

No decorrer da leitura, veremos que não se


pode equiparar o pessoal e as atividades das Polícias
Militares aos membros e designações próprias das
Forças Armadas, principalmente para fins de
aplicação do Código Penal Militar.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Tendo como ponto de partida a definição


constitucional de militar, o trabalho sintetiza um canal
pacífico entre diversas fontes de direito, a fim de
explicar a diferença entre o tratamento penal
específico cominado aos integrantes das Forças
Armadas e as disciplinas jurídicas aplicáveis aos
policiais militares, também chamados de militares
estaduais.

Apesar do entendimento de que não existe


critério objetivo para distinguir essas nomenclaturas,
o certo é que o legislador não conferiu autonomia
conceitual plena aos Militares Estaduais no instituto
do Direito Penal Militar, além de que deixou explícito
na ideologia do Código Penal Militar que “são
considerados militares para efeitos penais qualquer
pessoa incorporada às Forças Armadas para nelas
servir em posto, graduação ou sujeição à disciplina”.

"Art. 42 CF - Os membros das Polícias


Militares e Corpos de Bombeiros Militares,
instituições organizadas com base na

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

hierarquia e disciplina, são militares dos


Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios."

Art. 142 CF "§ 3º Os membros das


Forças Armadas são denominados militares.
(sintaxe)

Referência ao acórdão do CC 7.051/SP,


STF Rel. Min. Maurício Corrêa: “A leitura do
artigo 42 da Constituição Federal não
autoriza o intérprete a concluir pela
equiparação dos integrantes das Polícias
Militares Estaduais aos Componentes das
Forças Armadas, para fins de Justiça.
Impossibilidade de enquadramento no artigo 9º
e incisos, do Código Penal Militar, que
enumera, taxativamente, os crimes de natureza
militar.”

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Militares Estaduais: Agentes


Públicos Militares Reserva do
Exército

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

O art. 4°, inciso II do Estatuto dos Militares


estabelece que a Polícia Militar e Corpo de Bombeiro
Militar são reservas das Forças Armadas:

Art. 4º São considerados reserva das Forças


Armadas:

I - individualmente:

a) os militares da reserva remunerada; e


“b) os demais cidadãos em condições
de convocação ou de mobilização para a
ativa”.

“II - no seu conjunto:

a) as Polícias Militares; e
b) os Corpos de Bombeiros Militares.”

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Além disso, o art. 3°, par. 1°, alínea “a”, inciso


III, esclarece que os componentes da reserva podem
vir a integrar o quadro “da ativa” em ocasiões
especiais:

Art. 3º Os membros das Forças Armadas,


em razão de sua destinação constitucional,
formam uma categoria especial de servidores
da Pátria e são denominados militares.

§ 1º Os militares encontram-se em uma


das seguintes situações:

a) na ativa:

I - os de carreira;

II - os incorporados às Forças Armadas


para prestação de serviço militar inicial, durante
os prazos previstos na legislação que trata do
serviço militar, ou durante as prorrogações
daqueles prazos;

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

“III - os componentes da reserva das


Forças Armadas quando convocados,
reincluídos, designados ou mobilizados;”

IV - os alunos de órgão de formação de


militares da ativa e da reserva; e
V - em tempo de guerra, todo cidadão
brasileiro mobilizado para o serviço ativo nas
Forças Armadas.

b) na inatividade:

I - os da reserva remunerada, quando


pertençam à reserva das Forças Armadas e
percebam remuneração da União, porém
sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa,
mediante convocação ou mobilização; e

II - os reformados, quando, tendo


passado por uma das situações anteriores
estejam dispensados, definitivamente, da
prestação de serviço na ativa, mas continuem
a perceber remuneração da União.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

III - os da reserva remunerada, e,


excepcionalmente, os reformados, executado
tarefa por tempo certo, segundo
regulamentação para cada Força Armada.
(Alterado pela L-009. 442-1997)

O artigo 3ª do Decreto nº. 57.654 define


convocação, reinclusão, designação, reserva e
reservistas de 1ª e 2ª categoria:

ART. 3º - Número 6 - convocação - (nas


suas diferentes finalidades) - Ato pelo qual os
brasileiros são chamados para a prestação do
Serviço Militar, quer inicial, quer sob outra
forma ou fase.

Número 7 – designação à
incorporação ou matrícula - Ato pelo qual os
brasileiros, após julgados aptos em seleção,
são designados para incorporação ou
matrícula, a fim de prestar o Serviço Militar,
quer inicial, quer sob outra forma ou fase. A
expressão "convocado à incorporação",
constante do Código Penal Militar (Art. 159),

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

aplica-se ao selecionado para convocação e


designado para a incorporação ou matrícula em
Organização Militar, à qual deverá apresentar-
se no prazo que lhe for fixado.

Numero 36 - reinclusão - Ato pelo


qual o reservista ou desertor passa a reintegrar
uma Organização Militar.

mobilização Integração das


funções civis de interesse militar às funções
essencialmente ou de natureza militar, em
decorrência de situação excepcional, assim
declarada por ato do Presidente da República.
Obs. Definição da exegese da Lei do Serviço
Militar e do seu respectivo regulamento

Número 39 - reserva - Conjunto de


oficiais e praças componente da reserva, de
acordo com legislação própria e com este
Regulamento.

Número 40 - reservista - Praça


componente da reserva.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Número 41 - reservista de 1ª
categoria - Aquele que atingiu um grau de
instrução que o habilite ao desempenho de
função de uma das qualificações ou
especializações militares de cada uma das
Forças Armadas

Número 42 - reservista de 2ª
categoria - Aquele que tenha recebido, no
mínimo, a instrução militar suficiente para o
exercício de função geral básica de caráter
militar.

Neste sentido, tem-se:

1. Sujeito passível de “convocação”:


Os cidadãos brasileiros pouco antes de
atingirem a maior idade e aqueles que mantêm
as condições de serem incorporados às Forças
Armadas.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

2. Sujeito passível de “reinclusão”: Os


reservistas de 1ª e 2ª categoria e os excluídos
das Forças Armadas por deserção.

3. Sujeito passível de “designação”:


Qualquer pessoa que tenha sido julgada “apto
ao serviço militar”. Diz-se incorporação o
chamamento para integrar Organização Militar
da Ativa. Denomina-se matrícula o
chamamento para compor o quadro da reserva.

4. Sujeito passível de “mobilização”:


Os reservistas, incluindo-se os militares
estaduais da ativa, integrantes da reserva
remunerada e, em estado de guerra, o civil.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Policial Militar: Militar Estadual ou


Militar da Reserva.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Em suma, tanto os militares estaduais quanto


os reservistas – inclusive o civil apto ao serviço
militar, são “militares em potencial”, ao passo em que
se sujeitam às situações acima previstas, para
integrar temporariamente o quadro da ativa da Forças
Armadas, como militar institucional das Forças
Auxiliares.

O pessoal das Polícias e Bombeiros Militares


da ativa é “cidadão em condição de convocação ou
mobilização”.

O militar estadual em condição ordinária de


Agente Público Militar Estadual, não é militar em sua
acepção original, até porque não se ajusta a
quaisquer das situações previstas no art. 3°, par. 1,°
alínea “a” do Estatuto dos Militares,
especificamente quanto à situação de atividade.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Também não se pode amoldar o militar


estadual no conceito de “militar institucional da
inatividade”, nos termos de que trata a alínea “b”
deste artigo, já que se limita aos componentes da
reserva remunerada “que percebem remuneração
da União”. Definitivamente, não é o caso do agente
de polícia ou bombeiro militar.

Portanto, como o militar estadual não se


encontra naquelas situações previstas como sendo
da ativa ou inatividade, não é considerado militar
“membro das Forças Armadas”. Na verdade, a
condição do militar estadual em relação às Forças
Armadas é semelhante a do reservista, e até mesmo
do civil. Os policiais e bombeiros militares são
“militares em razão da disciplina”. Quando desligados
do serviço ativo da corporação estadual podem se
tornar reservistas de 1ª ou 2ª categoria, de acordo
com o grau de instrução militar que receberam.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 13. Os brasileiros excluídos das


Polícias Militares por conclusão de tempo,
antes de 31 de dezembro do ano em que
completarem 45 (quarenta e cinco) anos de
idade, terão as situações militares atualizadas
de acordo com as novas qualificações e com o
grau de instrução alcançado:

1) serão considerados
reservistas da 2ª categoria, nas
graduações e qualificações atingidas, se
anteriormente eram portadores de
Certificados de Isenção, de Dispensa de
Incorporação ou de Reservista, quer de
1ª, quer de 2ª categoria, com graduação
inferior à atingida.

2) nos demais casos,


permanecerão na categoria, na
graduação e na qualificação que
possuíam antes da inclusão na Polícia
Militar.

§ 1º Os excluídos por qualquer motivo,


antes da conclusão do tempo a que se
obrigaram, exceto por incapacidade física

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

ou moral, retornarão à situação anterior,


que possuíam na reserva, ou serão
considerados reservistas de 2ª
categoria na forma fixada neste
Regulamento.

§ 2º Os excluídos das referidas


Corporações por incapacidade física ou
moral serão considerados isentos do
Serviço Militar, qualquer que tenha sido
a sua situação anterior, devendo receber
o respectivo Certificado.

Os componentes da reserva, tanto os


reservistas quanto os militares estaduais, da ativa ou
não, conservam sua condição de praça ou oficial
apenas para fins da disciplina militar à qual se
sujeitam. Embora possuam posto ou graduação, não
são militares, tão somente por não terem sido
incorporados às Forças Armadas, o que pressupõe a
inclusão na ativa do Exercito, Marinha ou
Aeronáutica, e também porque não percebem
remuneração da União, sendo que, por isso, não
podem ser considerados sequer militar da inatividade.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Em suma, os militares da inatividade, a


saber, os da reserva remunerada e os reformados
da União, são concomitantemente militares da
inatividade e militares da reserva. Já o policial ou
bombeiro militar é considerado apenas militar da
reserva em função do regime disciplinar da
corporação estadual a que pertence. Porém, não é
militar, e sim, militar estadual. Duas palavras dotadas
de abrangência e significados jurídico próprios e que
não se confundem.

O reservista, ao seu turno, não é militar


estadual e nem militar propriamente dito. Às luzes do
Código Penal Militar eles se equiparam aos militares
da reserva, os reformados, os civis e até mesmo os
militares estaduais tão-só no que diz respeito à
aplicação dos seus respectivos tipos.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Atividade Policial Militar não é


Serviço de Natureza Militar

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Em relação ao Código Penal Militar, o militar


estadual não se afeiçoa à expressão “militar em
situação de atividade”, pois esta denominação se
confunde com o termo “militar da ativa”:

Art. 6º São equivalentes as expressões


"na ativa", "da ativa", "em serviço ativo", "em
serviço na ativa", "em serviço", "em atividade"
ou "em atividade militar", conferidas aos
militares no desempenho de cargo, comissão,
encargo, incumbência ou missão, serviço ou
atividade militar ou considerada de natureza
militar nas organizações militares das Forças
Armadas (...) Estatuto dos Militares.

Nem tampouco se pode afirmar que o serviço


policial militar, patrulhamento ostensivo e prevenção
da ordem pública, seja atividade de “natureza militar”;
do contrário não teria sentido o seguinte dispositivo
do art. 9°, inciso III, do Código Penal Militar:

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

d) ainda que fora do lugar sujeito à


administração militar, contra militar em função
de natureza militar, “ou” no desempenho de
serviço de vigilância, garantia e preservação
da ordem pública, administrativa ou judiciária,
quando legalmente requisitado para aquele fim,
ou em obediência a determinação legal
superior.

No texto acima, a conjunção “ou” caracteriza a


distinção entre “função de natureza militar” e “serviço
de garantia e preservação da ordem pública”.

Não há também se cogitarem “máculas” à


Administração Militar, haja vista que o serviço policial
militar vincula-se à Administração Pública. Destarte,
não incide o seguinte dispositivo do CPM:

Equiparação a militar da ativa


Art. 12. O militar da reserva ou
reformado, empregado na administração
militar, equipara-se ao militar em situação de
atividade, para o efeito da aplicação da lei
penal militar.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

O termo “empregado na administração militar”


se restringe às situações peculiares em que o militar
da inatividade (reserva do Exército), for requisitado
para servir objetivamente nas Forças Armadas,
hipótese em que ele passa a ser um militar da ativa.
Já o Militar Estadual, que é capitulado pelo Código
Penal Militar sob a mesma disciplina dos reservistas e
demais civis, aptos ou não ao serviço militar, ele
apenas se acomoda nesta expressão por intermédio
do ato genérico da incorporação. É justamente
quando “deixa de ser militar em potencial” para se
tornar “militar propriamente dito”.

Art. 82. CPPM: O foro militar é especial,


e, exceto nos crimes dolosos contra a vida
praticados contra civil, a ele estão sujeitos, em
tempo de paz:

I - nos crimes definidos em lei contra as


instituições militares ou a segurança nacional:

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

d) os oficiais e praças das Polícias e


Corpos de Bombeiros, Militares, quando
incorporados às Forças Armadas.

Todavia, fora dessa exceção, o policial e


bombeiro militar estadual, bem como os reservistas
não são militares da União, mas sim “cidadãos
sujeitos à disciplina militar”, ou seja, militares de
disciplina passíveis de tornar-se “militar federal
provisório”.

As instituições militares estaduais, embora


sejam reservas das Forças Armadas, no entanto,
desempenham serviços destinados à manutenção da
ordem pública e a proteção da incolumidade física e
moral das pessoas. Contudo, em situações
especificamente definidas em lei e que ensejam
convocação ou mobilização dos seus componentes,
tais atividades se nivelam às essencialmente ou de
natureza militar.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Regulamento para as policias militares e


corpos de bombeiros militares. Decreto nº.
88.777 (R-200):

Art. 24 - Os policiais militares, no


exercício de função ou cargo não catalogados
nos Art. 20 e 21 deste Regulamento, são
considerados no exercício de função de
natureza civil.

Obs.: Refere-se às funções ou cargos em


determinados órgãos públicos Federais ou Estaduais,
os quais são enumerados nos arts. 20 e 21 do R-
200:

Art. 20 - São considerados no exercício


de função policial militar os policiais militares
da ativa ocupantes dos seguintes cargos:

1) os especificados nos Quadros


de Organização da Corporação a que
pertencem;

2) os de instrutor ou aluno de
estabelecimento de ensino das Forças

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Armadas ou de outra Corporação Policial


Militar, no país e no exterior; e

3) os de instrutor ou aluno da
Escola Nacional de Informações e da
Academia Nacional de Polícia da Polícia
Federal.

Parágrafo único - São considerados


também no exercício de função policial
militar os policiais militares colocados à
disposição de outra Corporação Policial
Militar.

Art. 21 - São considerados no exercício


de função de natureza policial militar ou de
interesse policial militar, os policiais
militares da ativa colocados à disposição do
Governo Federal para exercerem cargo ou
função no:

1) Gabinetes da Presidência e da
Vice-Presidência da República;

2) Estado-Maior das Forças


Armadas;

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

3) Serviço Nacional de
Informações; e

4) Em órgãos de informações do
Exército.

A r t 2 1. São considerados no exercício


de função de natureza policial militar ou de
interesse policial militar ou de bombeiro-
militar, os militares dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Territórios, ativa, colocados à
disposição do Governo Federal para exercerem
cargo ou função nos seguintes órgãos:
(Redação dada pelo Decreto nº. 4.431, de
18.10.2002)

1 - Gabinetes da Presidência e da
Vice-Presidência da República; (Redação
dada pelo Decreto nº. 4.431, de
18.10.2002)

2 - Ministério da Defesa;(Redação
dada pelo Decreto nº. 4.431, de
18.10.2002)

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

3 - Gabinete de Segurança
Institucional; (Redação dada pelo Decreto
nº. 4.431, de 18.10.2002)

4 - Agência Brasileira de
Inteligência; (Redação dada pelo Decreto
nº. 4.431, de 18.10.2002)

5 - Secretaria Nacional de
Segurança Pública e Conselho Nacional
de Segurança Pública do Ministério da
Justiça; e (Incluído pelo Decreto nº.
4.431, de 18.10.2002)

6 - Secretaria Nacional de Defesa


Civil do Ministério da Integração Nacional
(Incluído pelo Decreto nº. 4.431, de
18.10.2002)

§ 1º - São ainda considerados no


exercício de função de natureza policial
militar ou de interesse policial militar, os
policiais militares da ativa nomeados ou
designados para:

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

1) Casa Militar do Governador;

2) Gabinete do Vice-Governador;

3) Órgãos da Justiça Militar


Estadual.

§ 1º São ainda considerados no exercício


de função de natureza policial militar ou
bombeiro-militar ou de interesse policial
militar ou bombeiro-militar, os policiais
militares e bombeiros-militares da ativa
nomeados ou designados para: (Redação
dada pelo Decreto nº. 4.531, de
19.12.2002)

1) o Gabinete Militar, a Casa Militar


ou o Gabinete de Segurança Institucional,
ou órgão equivalente, dos Governos dos
Estados e do Distrito Federal; (Redação
dada pelo Decreto nº. 4.531, de
19.12.2002)

2) o Gabinete do Vice-Governador;
(Redação dada pelo Decreto nº. 4.531,
de 19.12.2002)

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

3) a Secretaria de Segurança
Pública dos Estados e do Distrito Federal,
ou órgão equivalente;(Redação dada pelo
Decreto nº. 4.531, de 19.12.2002)

4) órgãos da Justiça Militar


Estadual e do Distrito Federal; e(Incluído
pelo Decreto nº. 4.531, de 19.12.2002)

5) a Secretaria de Defesa Civil dos


Estados e do Distrito Federal, ou órgão
equivalente.(Incluído pelo Decreto nº.
4.531, de 19.12.2002)

§ 2º - Os policiais militares da ativa só


poderão ser nomeados ou designados
para exercerem cargo ou função nos
órgãos constantes do § 1º, deste artigo,
na conformidade das vagas previstas
para o pessoal PM nos Quadros de
Organização dos respectivos órgãos.

Obs 2. Em conjunto com o Decreto-Lei nº. 667 e


atualizações, o R-200 regula as normas gerais de
organização das Polícias e Bombeiros Militares,

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

conforme assim dispõe o art. 22, inciso XXI da


Constituição Federal. Em virtude do princípio da
hierarquia vertical, essa lei ordinária revoga matéria
controversa embasada em legislação estadual.

Art. 22 - CFRB. Compete


privativamente à União legislar sobre:
XXI - normas gerais de
organização, efetivos, material bélico,
garantias, convocação e mobilização das
polícias militares e corpos de bombeiros
militares.

Não se confundem as expressões “atividade


policial militar” e “cargo ou função policial militar”,
porque aquela é função de natureza civil, enquanto
estas são de natureza policial militar; isto é, quem as
desempenha é considerado assemelhado das Forças
Armadas.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

A designação constitucional da Polícia Militar,


qual seja, o desempenho de serviços públicos alheios
à destinação primordial das Forças Armadas, é
considerada atividade policial militar, portanto de
natureza civil.

Art. 16 – R 200 - A carreira policial


militar é caracterizada por atividade continuada
e inteiramente devotada às finalidades
precípuas das Polícias Militares, denominada
Atividade Policial Militar.

Na realidade, a atividade policial militar, como


já foi esclarecido, não é de natureza militar e sequer
de natureza policial militar. Trata-se de uma função
de natureza civil, mas de interesse militar.

Art. 11 - Decreto nº. 57.654 - O Serviço


prestado nas Polícias Militares, Corpos de
Bombeiros e em outras Corporações
encarregadas da Segurança Pública, que, por
legislação específica, forem declaradas
reservas das Forças Armadas, será

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

considerado de interesse militar. O ingresso


nessas Corporações será feito de acordo com
as normas baixadas pelas autoridades
competentes, respeitadas as prescrições deste
Regulamento.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Em regra o Policial Militar se


equipara ao Civil para Efeitos da Lei
Penal Militar

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Segundo o Código Penal Militar, são


considerados militares, para efeitos de aplicação da
lei penal militar, apenas os incorporados às Forças
Armadas, mediante procedimento específico. No
caso dos militares estaduais, a convocação da Polícia
Militar ou mobilização das suas atividades.

Art. 22. É considerado militar, para efeito


da aplicação deste Código, qualquer pessoa
que, em tempo de paz ou de guerra, seja
incorporada às forças armadas, para nelas
servir em posto, graduação, ou sujeição à
disciplina militar.

Diga-se de passagem, se os militares estaduais


fossem equiparados aos militares das Forças
Armadas e a atividade policial às de natureza militar,
o policial quando em serviço, responderia perante a
Justiça Castrense pelos crimes praticados contra civil,
nos termos do art. 9, inciso II, alínea “c” do CPM:

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 9º Consideram-se crimes militares,


em tempo de paz:

c) “por militar em serviço ou atuando em


razão da função contra civil, ainda que fora do
lugar sujeito à administração militar”. (síntese
literária)

E o cidadão civil também responderia na


Justiça Militar pelos crimes de desacato, resistência,
desobediência, de acordo com que dispõe o inciso
III, alínea “d”, deste artigo:

III - os crimes praticados por civil, contra


as instituições militares, considerando-se como
tais não só os compreendidos no inciso I, como
os do inciso II, nos seguintes casos (sintaxe):

d) ainda que fora do lugar sujeito à


administração militar, contra militar no
desempenho de serviço de garantia e
preservação da ordem pública, administrativa
ou judiciária, quando legalmente requisitado

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

para aquele fim, ou em obediência a


determinação legal superior (sintaxe).

Todavia, a jurisprudência é pacífica ao firmar a


competência da Justiça Comum nestes casos. Assim,
o militar estadual, não sendo considerado “militar
propriamente dito”, sequer para fins de qualificação
nos crimes propriamente militares, também não o
é, e com maior ênfase, no que concerne aos demais
crimes militares.

Informativo nº. 102, quinta turma, STJ,


HC 11.376 - SP “Compete à Justiça comum
estadual processar e julgar crime de desacato
praticado por policial militar reformado
contra policial militar em serviço de controle
e sinalização de trânsito”.

46
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Perspectiva da jurisprudência do
STF

47
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Referência ao HC n° 72.022/PR, Rel. para


Acórdão Min. Marco Aurélio: COMPETÊNCIA –
HOMICÍDIO – AGENTE: MILITAR DA RESERVA –
VÍTIMA: POLICIAL MILITAR EM SERVIÇO. Ainda
que em serviço a vítima – policial militar, e não
militar propriamente dito –a competência é da
justiça comum.

Voto Marco Aurélio: “Ao meu ver o militar


reformado, nos homicídios perpetrados, está
equiparado ao civil. Civil o é! É certo que os
policiais militares estavam em serviço, mas eram
simplesmente policiais militares. Não eram
militares. No inciso III do artigo 9º do Código Penal
Militar, ao aludir-se as instituições militares,
consideram-se, como tanto, as das Forças
Armadas e não as das Polícias Militares e
Bombeiros dos Estados.

Por outro lado, o fato da Carta vigente haver


estendido prerrogativas, direitos e deveres outrora
exclusivos aos militares das Forças Armadas aos

48
Policial militar não responde por crime propriamente militar

servidores militares dos Estados, Territórios e Distrito


Federal – artigo 42 – mostra-se irrelevante. Ora, a
qualificação do agente não sugere, por si só, o
envolvimento de crime militar, tendo em vista o rol
do artigo 9º e equiparações contidas no Código Penal
Militar. Reformado, tem ele o status, para efeito de
responsabilidade penal, de civil. Por outro lado,
analisada a situação das vítimas – policiais
militares – e, também, aquela em que se
encontravam quando assassinadas – em serviço –
verifica-se a inexistência de interesse ou bem em
jogo capaz de ensejar a competência da Justiça
Federal Militar. A alínea “d” do inciso III do artigo 9º
do Código Penal Militar, não apanha, com referência
ao “desempenho de serviço de vigilância, garantia e
preservação da ordem pública, administrativa ou
judiciária”, a hipótese dos autos, haja vista ter como
destinatário militar das Forças Armadas que,
“requisitado para aquele fim ou em obediência a
determinação superior”, seja vitimado. Para
exemplificar, ter-se-ia crime militar caso, nas
operações efetuadas pelas três Armas do Rio de
Janeiro, contra o narcotráfico, viesse a ser morto um
militar, quer do Exército, quer da Marinha, quer das
Forças Armadas.

49
Policial militar não responde por crime propriamente militar

A exceção aberta, em prol da Justiça Militar,


diz respeito às infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesses da
União. As vítimas estavam em serviço que, no
entanto, não é da incumbência da União, mas dos
Estados – o de proporcionar, mediante vigilância,
a normal segurança da vida em sociedade.

Por último, há de se dizer que o rol dos crimes


militares é exaustivo, não estivesse em tela a
tipicidade penal. Ou bem a hipótese tem
enquadramento na norma legal própria, ou lhe
estranha. O que não se pode construir, mediante
mesclagem das figuras dos envolvidos – agente e
vítima – é uma nova espécie e, o que pior,
contrariando-se a ordem natural das coisas, a
organicidade norteadora do Direito, no que lastreada
no princípio da razão suficiente, tão bem sintetizado
em fragmento de Leocipo a que teve acesso a nossa
civilização – “nada nasce sem causa, mas tudo surge
de alguma razão e em virtude de alguma
necessidade” (Jacob Bazalian – in O problema da
Verdade – Teoria do Conhecimento”, 2ª edição,
Editora Alfa Omega – SP – página 118).”

50
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Voto Maurício Correia: “Mas é de se indagar


se dois policiais que estão numa ronda são instituição
militar. Esse código foi feito precipuamente para
disciplinar as relações penais das Forças
Armadas.

E, aqui, entendo que esses dois policiais que


foram assassinados, não o foram na condição de
instituição militar. Por conseguinte, esse cabo que
praticou esse duplo homicídio deve ser entendido
como civil.”

Voto Francisco Rezec: “Não encontro no


agente, marinheiro reformado, nem nas vítimas,
policiais da milícia do Estado a fazer aquilo que lhes
é próprio, o que determine a competência da justiça
militar”.

Voto Ilmar Galvão: “Ao que despreendi dos


debates, o crime é classificado como militar, ou em
razão da qualidade do agente, ou em razão da
natureza militar do serviço ou do patrimônio ofendido.

51
Policial militar não responde por crime propriamente militar

No caso, o que se tem é crime praticado por


não-militar, como tal considerado o militar reformado.

Resta saber se pode ser classificado como


militar pelo segundo critério do serviço ou do
patrimônio ofendido. Nesse passo, Senhor
Presidente, há de se ter em conta que não há crime
militar contra instituição militar estadual, hipótese
dos autos”.

Voto Sepúlveda Menezes: “Esse dispositivo


(refere-se ao inciso III e alínea do art. 9º CPM), ao
meu ver, faz inequívoco que, para identificação dessa
modalidade de crime militar, porque praticado contra
as “instituições militares”, o ser cometido por militar
inativo, da reserva ou reformado, é o mesmo que
o ser perpetrado por civil”.

Obs.: Os Senhores Ministros Sidney Sanches e


Moreira Alves deliberam sobre questões próprias e
acompanharam o voto do relator. Apenas o Senhor
Presidente, Néri da Silveira, divergiu ao considerar
idônea a equiparação da qualidade do policial militar
ao militar das Forças Armadas. A decisão é do
Tribunal Pleno.

52
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Apesar dos militares da inatividade, isto é, os


da reserva remunerada e os reformados – pela União,
serem considerados “militar institucional” das
Forças Armadas, mesmo assim, equiparam-se á
situação jurídico-penal do civil, para fins de crime
militar. Não poderia ser diferente com os militares
estaduais, os quais formam uma categoria distinta de
servidores dos Estados ou Distrito Federal.

Assim, temos:

Art. 9º, III CP - os crimes praticados por


militar da reserva, ou reformado, ou por
civil, contra as instituições militares,
considerando-se como tais não só os
compreendidos no inciso I, como os do inciso II,
nos seguintes casos:

O trecho sublinhado se refere aos conceitos


dos inciso I e II, os quais resultam da bipartição do
conceito raiz, para proporcionar melhor didática
quanto à classificação do crime militar. Assim, no

53
Policial militar não responde por crime propriamente militar

inciso III, em análise, os objetos se recompõem para


reintegrar a terminologia original: Todos os crimes
definidos no Código Penal Militar,
independentemente de redação idêntica em
legislação comum.

Dessarte, o significado jurídico não se altera


com a substituição do literário pela seguinte
expressão objetiva:

Art. 9º, III CP – interpretação


hermenêutica - Todos crimes militares
previstos neste código, quando praticados por
militar da reserva, ou reformado, ou por
civil, inclusive, os reservistas de 1ª e 2ª
categorias e os militares dos Estados, contra
as instituições militares, desde que não haja, no
tipo da norma, menção explícita à palavra
“militar”, ou se essa palavra for suprimida em
razão de já existir, no texto legal, expressão
que subtenda a condição peculiar de militar da
ativa das Forças Armadas, e também

54
Policial militar não responde por crime propriamente militar

observados necessariamente os seguintes


casos:

a) contra o patrimônio sob a


administração militar, ou contra a ordem
administrativa militar;

b) em lugar sujeito à administração militar


contra militar em situação de atividade ou
assemelhado, ou contra funcionário de
Ministério militar ou da Justiça Militar, no
exercício de função inerente ao seu cargo;

c) contra militar em formatura, ou durante


o período de prontidão, vigilância, observação,
exploração, exercício, acampamento,
acantonamento ou manobras;

d) ainda que fora do lugar sujeito à


administração militar, contra militar em função
de natureza militar, ou no desempenho de
serviço de vigilância, garantia e preservação da
ordem pública, administrativa ou judiciária,
quando legalmente requisitado para aquele fim,
ou em obediência a determinação legal
superior.

55
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Quando o agente ativo ou passivo é militar


estadual, militar institucional da inatividade ou civil, e
a ação incide sobre pessoa, embora esteja ela
representando quaisquer entidades, ocorre crime
militar quando a vítima é militar federal, assemelhado
das Forças Armadas ou funcionário de Ministério
militar ou da Justiça Militar, atuando em razão do
ofício legal, disposto na alínea “b” e, especificamente
aos militares federais, excetuando-se os
assemelhados, nos casos das alíneas “c” e “d”.

Pode acontecer ainda crime militar quando


qualquer pessoa do povo, seja civil, militar da reserva,
reformado ou militar institucional da ativa das Forças
Armadas, realiza aquelas condutas típicas apenas
previstas no Código Penal Militar, a exemplo do crime
de genocídio, ou quando o tipo legal seja previsto
tanto na Lei Comum como na Militar, desde que no
respectivo literário do Código Penal Militar existam
certas disposições especiais, as quais convertem um
fato que se não fosse pela ocorrência de tais critérios,
constituiria infração penal comum.

56
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Assim, é fácil perceber que há casos em que


um civil pode cometer crime militar contra outro civil,
ou pela mesma analogia, um militar da reserva pode
praticar crime militar contra outro militar nas mesmas
condições, ou seja, militar estadual ou da inatividade
das forças armadas e vice-versa. È o que versa o art.
125 em seu parágrafo 5º da Constituição Federal:

Art. 125, par. 5º CF: “Compete aos juizes


de direito do juízo militar processar e julgar,
singularmente, os crimes militares cometidos
contra civis (...)”.

Essa espécie também repercute no Código de


Processo Penal Militar:

Extensão do foro militar

Art. 82, § 1° O foro militar se estenderá


aos militares da reserva, aos reformados e
aos civis, nos crimes contra a segurança
nacional ou contra as instituições militares,
como tais definidas em lei. (Redação dada pela
Lei nº 9.299, de 7.8.1996)

57
Policial militar não responde por crime propriamente militar

No instituto do CPM a palavra “militar” comporta


quatro extensões:

1. Militar em situação de atividade – os


institucionais da ativa.

2. Militar em serviço – os institucionais


da ativa e atuando em razão da função
peculiar.

3. Militar da reserva – os institucionais


inativos da reserva remunerada e,
analogicamente, os militares estaduais,
independentemente de serem da ativa ou
reserva em relação à corporação estadual.

4. Militar reformado – os institucionais


inativos dispensados definitivamente da ativa.

Essas derivações apenas se fizeram


necessárias, exclusivamente, para classificar a
tipicidade material, de caráter extravagante, e
vislumbrar em contato primário, se o caso concreto,

58
Policial militar não responde por crime propriamente militar

em razão da qualidade do agente ou matéria,


configura crime militar.

Na prática do Direito Penal Militar, o exame


perfunctório da tipicidade penal, pelos critérios “em
razão da qualidade do agente e circunstância de fato”
é imprescindível para efetiva investigação formal dos
tipos da norma penal militar. É a chave de acesso
para verificar a materialidade do fato e saber se, em
princípio, pode ter acontecido crime militar. É o que
trata o filtro passivo do artigo 22 do Código Penal
Militar:

Art. 22. É considerado militar, para efeito


da aplicação deste Código, qualquer pessoa
que seja incorporada às forças armadas.
(síntese).

Até então os militares da reserva “ainda


existem como militares” no Código Penal Militar. Mas,
em seguida, no segundo filtro, do artigo 22, que visa
à aplicação da lei penal em seus aspectos formais
(tipicidade formal), os militares da reserva perdem
completamente o seu status de militar, sendo que, do

59
Policial militar não responde por crime propriamente militar

artigo 23 em diante, onde se lê “militar”, estar-se-á


dirigindo tão-somente aos militares da ativa da Forças
Armadas.

Essa norma de filtragem tem por finalidade,


sobretudo, à concisão e objetividade dos tipos penais
militares. É porque, sendo irrelevante o fato de se
tratar de militar da inatividade, militar estadual ou civil,
no que alude aos tipos que exigem para sua
perpetração o liame concreto entre qualidade de
militar do agente e a destinação legal das Forças
Armadas, ou simplesmente o atuar em nome destas
Forças, não há porque incluí-los nos literários, pois
essa condição de militar, por si só, não atrai o objeto
jurídico da norma, até porque não há real ofensa ao
bem jurídico sob tutela da Lei Penal Militar.

De conseqüente, ressalvado o interesse quanto


à classificação do delito, mas, acerca da aplicação da
Lei Militar, não existe qualquer critério a distinguir as
diversas ramificações impregnadas ao termo militar. A
partir do filtro do artigo 22, só importa saber se a
pessoa foi incorporada ou não às Forças Armadas,

60
Policial militar não responde por crime propriamente militar

seja militar da reserva, reformado ou civil. O relevante


é a incorporação. Ou é incorporado ou, embora seja
militar para outros fins, todavia, ao menos para efeitos
da aplicação do CPM no exame isolado dos tipos,
não podem ser considerados militares. Em síntese, a
partir do artigo 22, somente existem ou militar da
ativa das Forças Armadas ou “qualquer pessoa
não-incorporada”.

Enfatiza-se, por fim, que o conceito “militar da


disciplina”, inaugurado nesta monografia, em alusão
aos agentes públicos das Polícias e Corpos de
Bombeiros Militares Estaduais, não encontra guarida
no instituto do Código Penal Militar, portanto, não
resta alternativa senão os equiparar absolutamente
aos civis e militares federais da reserva, para efeitos
penais militares, não obstante serem da ativa em
relação ao serviço policial militar.

61
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Em Situação de Greve o Policial


pode responder por Deserção e
outros Crimes Militares Próprios

62
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Contudo, em caso de greve, a Policia Militar


pode ser convocada ou mobilizada, sendo que a
atividade policial militar passa a ser considerada “de
natureza militar” e os militares estaduais são
incorporados à ativa da Forças Armadas, por meio do
respectivo ato genérico, podendo também figurar
como agentes ativos ou passivos dos crimes
propriamente militares.

Mas, em situação de normalidade, o policial


militar responde na Justiça Comum por Paralisação
de Trabalho de Interesse Coletivo ou transgressão
disciplinar, instituída em lei estadual semelhante ao
regulamento disciplinar do Exército.

Art. 201 CP – Participar de suspensão ou


abandono coletivo de trabalho, provocando a
interrupção de obra pública ou serviço de
interesse coletivo.

63
Policial militar não responde por crime propriamente militar

A Eficácia do Crime Propriamente


Militar no Tempo

64
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Quanto aos militares "de carreira", ou seja, os


permanentes do quadro de atividade das Forças
Armadas, o crime propriamente militar, tal como um
desiderato intrínseco destes "militares federais", tem
sua definição em função dessa qualidade do agente -
critério ratione personae.

O militar estadual, porquanto não alcançado


pelo escopo da lei penal, em se tratando de crime
propriamente militar, entretanto, se sujeita a estas leis
quando devidamente convoca ou mobilizado, o que
somente acontece em ocasiões especiais.

Neste caso, policiais, bombeiros, militares


federais inativos e civis incorporam as prerrogativas
de “militar da ativa” e respondem pelos crimes
propriamente militares, os quais se dotam de
ultratividade, isto é, mesmo cessando-se a situação
excepcional, e conseguinte perda da qualidade de
militar da ativa, o militar estadual responde por tais
delitos, quando praticados durante a vigência da lei,
que se faz temporária em razão da matéria.

65
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Competência para julgar e


processar os Crimes Propriamente
Militares

66
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Não obstante a Constituição Federal, no seu


art. 125, par. 4°, firmar a competência da Justiça
Estadual para “processar e julgar os militares
estaduais nos crimes militares definidos em lei”, o
certo é que tal dispositivo não se refere aos crimes
propriamente militares.

De fato, o trecho “crimes militares definidos em


lei”, não se traduz uma mera redundância do princípio
da legalidade aos crimes militares. A palavra crime,
porquanto “fato típico e ilícito previamente definido em
lei”, já traz em seu significado jurídico a necessidade
de sua definição legal.

Na verdade, a análise lógico-gramatical da


Constituição Federal, em seu conjunto literário,
sinaliza a expressão “crimes definidos em lei”, como
sendo “certos crimes que em função de
disposição especial complementar ou

67
Policial militar não responde por crime propriamente militar

circunstância de fato e direito devidamente


expressa em lei ordinária válida, assentam-se no
objeto jurídico da respectiva norma geral”.

Nos crimes propriamente militares, vez que


específicos a militares da ativa, e não policial militar
ou bombeiro-militar da ativa, a competência é da
Circunscrição da Justiça Militar da União,
principalmente em razão do Estado não ser detentor
do bem sob égide da objetividade jurídica desse ramo
especializado do direito.

Igualmente, a competência se lastreia pelo


critério ratione personae, no que se conclui que o
militar estadual somente responderia por esses
crimes militares próprios depois de ter-se incorporado
às Forças Armadas, hipótese em que se equipara
totalmente aos “militares da ativa”, inclusive para
responder pelos crimes típica e propriamente
militares, nas circunstâncias definidas no art. 9° e
incisos do Código Penal Militar.

68
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Assim, crimes militares próprios, como


deserção, por terem como objetividade jurídica a
Administração Militar, e não a Administração Pública,
não podem nem devem ser imputados aos militares
estaduais, salvo nas hipóteses definidas em lei.

69
Policial militar não responde por crime propriamente militar

A Competência das Auditorias


Militares dos Estados

70
Policial militar não responde por crime propriamente militar

De acordo com o artigo 125, parágrafo 4º da


Constituição Federal, a competência para processar
e julgar os militares estaduais nos crimes militares
definidos e lei e nas ações judiciais contra atos
disciplinares é da Justiça Militar Estadual.

Art. 125, par. 4º CF: “Compete à justiça


militar estadual processar e julgar os Militares
dos Estados, nos crimes militares definidos em
lei e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, ressalvada a competência do júri
quando a vitima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da
patente dos oficiais e da graduação das
praças.”

Como tudo em Direito tem uma causa


geradora, nesse caso, a delegação dessa
prerrogativa, originalmente de interesse da União, dá-

71
Policial militar não responde por crime propriamente militar

se por conta do Dever-Responsabilidade do Estado,


tendo em vista que as Polícias Militares se submetem
ao controle e coordenação do Ministério do Exército
– até porque são reservas das Forças Armadas.
Todavia, incumbe ao Estado exercer a orientação do
pessoal da Polícia Militar, bem como o planejamento
de suas atividades específicas, e por isso, atrai para
si o ofício e responsabilidade objetiva em processar,
julgar e reparar eventuais danos às instituições
militares federais ocasionados pelos militares
estaduais.

Art. 1º do Decreto-lei nº. 667 - As


Polícias Militares consideradas forças
auxiliares, reserva do Exército, serão
organizadas na conformidade deste Decreto-lei.

Parágrafo único. O Ministério do


Exército exerce o controle e a
coordenação das Polícias Militares,
sucessivamente através dos seguintes
órgãos, conforme se dispuser em
regulamento:

72
Policial militar não responde por crime propriamente militar

a) Estado-Maior do Exército em
todo o território nacional;

b) Exércitos e Comandos Militares


de Áreas nas respectivas jurisdições;

c) Regiões Militares nos territórios


regionais.

Art. 4º - Decreto Lei nº. 2.010 - As


Polícias Militares, integradas nas atividades de
segurança pública dos Estados e Territórios e
do Distrito Federal, para fins de emprego nas
ações de manutenção da Ordem Pública, ficam
sujeitas à vinculação, orientação,
planejamento e controle operacional do
órgão responsável pela Segurança Pública,
sem prejuízo da subordinação administrativa ao
respectivo Governador.

Art. 2º do R-200 - Número 7 - Controle -


Ato ou efeito de acompanhar a execução das
atividades das Polícias Militares, por forma a
não permitir desvios dos propósitos que lhe
forem estabelecidos pela União, na legislação
pertinente.

73
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Número 8 - Controle
Operacional - Grau de autoridade atribuído à
Chefia do órgão responsável pela Segurança
Pública para acompanhar a execução das
ações de manutenção da ordem pública pelas
Polícias Militares, por forma a não permitir
desvios do planejamento e da orientação pré-
estabelecidos, possibilitando o máximo de
integração dos serviços policiais das Unidades
Federativas.

Número 9 - Coordenação -
Ato ou efeito de harmonizar as atividades e
conjugar os esforços das Polícias Militares para
a consecução de suas finalidades comuns
estabelecidas pela legislação, bem como de
conciliar as atividades das mesmas com as do
Exército, com vistas ao desempenho de suas
missões.

Número 23 - Orientação -
Ato de estabelecer para as Polícias Militares
diretrizes, normas, manuais e outros
documentos, com vistas à sua destinação legal.

74
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Número 26 - Planejamento -
Conjunto de atividades, metodicamente
desenvolvidas, para esquematizar a solução de
um problema, comportando a seleção da
melhor alternativa e o ordenamento
contentemente avaliado e reajustado, do
emprego dos meios disponíveis para atingir os
objetivos estabelecidos.

Número 33 - Vinculação - Ato


ou efeito de uma Corporação Policial Militar por
intermédio do comandante Geral atender
orientarão e ao planejamento global de
manutenção da ordem pública, emanados da
Chefia do órgão responsável pela Segurança
Pública nas Unidades da Federação, com
vistas a obtenção de soluções integradas.

75
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Conceito de lugar sujeito ou sob


Administração Militar

76
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Em que pese esclarecer que os lugares sob


jurisdição das Polícias e Bombeiros Estaduais são
considerados “lugar sujeito à Administração Militar” –
o que difere de “lugar sob administração militar”, pois
estes necessariamente estão sob jurisdição direta das
instituições militares propriamente ditas, ou seja, as
federais.

Entretanto, para fixação do critério ratione loci,


do que depende a subsunção em alguns tipos penais,
deve se levar em conta que as repartições estaduais,
a exemplo da Polícia Militar, estão sob o controle e
coordenação do Ministério do Exército, sendo que
são consideradas “lugar sujeito a Administração
Militar”.

Certos crimes militares contemplam a proteção


das Instituições Militares Estaduais, em seus
aspectos físico-estruturais, como extensão do bem

77
Policial militar não responde por crime propriamente militar

jurídico da União sob guarnição da Lei Militar. O


critério é que tais instituições, quando atacadas em
seu conjunto físico, refletem diretamente na estrutura
basilar das Forças Armadas, notadamente porque
são reservas.

Por outro lado, conflitos do pessoal das Policias


e Bombeiros Militares, entre si próprios, mesmo que
aversivos à disciplina interna, não atingem
diretamente a ordem disciplinar das Forças Armadas
com tônus a gerar fato delituoso. Ora, sequer os
militares que percebem remuneração da União,
quando cometem atos delituosos contra pessoas não-
incorporadas, inclusive contra outro militar da
inatividade ou militares estaduais, não se sujeitam às
sanções do Código Penal Militar.

Cumpre lembrar que, caso o bem atingido seja


o erário do Estado, ou objetos, embora pertencentes
à Polícia ou Bombeiros Militares, mas alheios à sua
estrutura física, como por exemplo, viaturas,
telefones, móveis, não se há cogitar existência de

78
Policial militar não responde por crime propriamente militar

crime militar. Não haveria risco a bem jurídico da


União. A propósito, reza o seguinte dispositivo do
consabido art. 9º, inciso III do CPM:

a) (os crimes) “contra o patrimônio sob a


administração militar, ou contra a ordem
administrativa militar.”

79
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Significado jurídico da palavra


incorporação

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

O significado jurídico do termo incorporação


está nos artigos 20 da Lei nº. 4.375 – Lei do
Serviço Militar, art. 3º - número 21 e art. 75 do
Decreto nº. 57.654:

Incorporação é o ato de inclusão do


convocado ou voluntário em uma Organização
Militar da Ativa das Forças Armadas.

Ressalta-se que as Polícias e Bombeiros


Militares, apesar de serem reserva do Exército, não
são considerados Organização Militar e nem Órgão
de Formação da Reserva:

Art. 18. Decreto nº. 57.654 - Aos Corpos


de Bombeiros e outras Corporações
encarregadas da Segurança Pública, nas
condições fixadas no Art. 11 deste
Regulamento, serão aplicadas as prescrições
fixadas para as Polícias Militares que, sem
serem Organizações Militares ou Órgãos de

81
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Formação de Reserva das Forças Armadas,


na forma estabelecida na LSM e neste
Regulamento, são reservas do Exército.

Observa-se que a palavra incorporação


constante do artigo 22 do Código Penal Militar
pressupõe o ingresso em Organização Militar da
Ativa, e não a inclusão voluntária nas Polícias ou
Corpos de Bombeiros Militares.

82
Policial militar não responde por crime propriamente militar

A polêmica do parágrafo 4º do
Artigo 125 da Constituição Federal.

83
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Existe uma corrente da jurisprudência que


defende a revogação do Art. 22 do CPM em razão do
advento da recente Emenda Constitucional nº. 45, a
qual confere às Auditorias Militares Estaduais o fórum
para julgar e processar os militares estaduais nos
crimes militares definidos em lei.

Como já foi explicado acima, a expressão


crimes militares definidos em lei não é uma
redundância do princípio da legalidade. Trata-se de
um preâmbulo constitucional, autorizando a legislação
ordinária definir os critérios objetivos para
perpetração dos crimes militares, no caso, o próprio
art. 9º do Código Penal Militar.

Além do mais, essa atribuição da Justiça Militar


Estadual há muito já tinha sido introduzida no nosso
ordenamento jurídico pelo Decreto-lei nº. 667 de
1969:

84
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 19. A organização e funcionamento


da Justiça Militar Estadual serão regulados em
lei especial.

Parágrafo único. O foro militar é


competente para processar e julgar o
pessoal das Polícias Militares nos
crimes definidos em lei como
militares.

Assim, não há nada de inovador no novo texto


do parágrafo 4º do artigo 125 da Constituição
Federal, a não ser a inserção de um preceito já
estabelecido em lei ordinária vigente.

Alegar que o referido literário constitucional


transformou os militares estaduais em militares
membros das Forças Armadas, as instituições
militares estaduais em organizações militares e as
atividades peculiares das Polícias Militares em
atividades de caráter militar, seria o mesmo que
inserir as Polícias e Corpos de Bombeiros Militares no
rol das Forças Armadas, que passariam a ser cinco

85
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Forças. E também implicaria revogação não só de


toda legislação específica às Polícias e Corpo de
Bombeiros Militares, mas dos próprios artigos 42 e
142 da Constituição Federal, que distinguem
nitidamente essas duas categorias de milicianos.

O caos maior seria quanto à aplicação do


artigo 9º do CPM, o qual, em seu inciso III, prevê a
possibilidade do civil responder por crimes praticados
contra militar atuando em razão de função inerente a
segurança interna dos Estados, como é o caso da
preservação da ordem pública e patrulhamento
ostensivo das ruas. Dessa forma, caberia ao juiz
escolher, conforme melhor lhe apontar o arbítrio,
quais as situações em que o militar estadual poderia
responder perante o CPM como sendo um militar
propriamente dito ou um civil, mesmo havendo lei
ordinária específica e vigente que trata da questão
com clareza, os arts 9º e 22 daquele código.

86
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Particularidades do Código Penal


Militar

87
Policial militar não responde por crime propriamente militar

A Lei Penal Militar constitui uma ramificação


especializada do Direito. Portanto, a configuração dos
crimes definidos no Código Penal Militar não se dá
diretamente, como acontece com a Lei comum. Por
exemplo, no Código Penal, ter-se-ia o crime de
homicídio quando satisfeitos integralmente os
elementos para ensejar o fato típico, de acordo com o
texto legal do seu artigo 121.

Mas, na Justiça Especializada, não basta a


tipicidade formal, através da análise direta do tipo
definidor do respectivo fato. È necessário antes
submeter o caso a determinados parâmetros,
denominados critério de tipicidade material, sem os
quais sequer poderia ventilar a existência de crime
militar. É justamente esse critério que estabelece
quando um crime previsto simultaneamente no CPM
e no CP, como o crime de homicídio, será processado
pela Justiça Especializada ou Justiça Comum.

88
Policial militar não responde por crime propriamente militar

No instituto do Código Penal Militar, o artigo 9º,


em conjunto com seus incisos, representa as
circunstâncias objetivas para classificação preliminar
– tipicidade material, dos crimes previstos neste
código e que atraem a competência da Justiça
Especializada. Já o artigo 22 funciona como um filtro
passivo que limita a terminologia genérica da palavra
militar, reduzindo-a apenas às pessoas incorporadas
para servirem nas Forças Armadas, pelo menos para
fins de aplicação dos respectivos tipos penais –
tipicidade formal.

89
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Relação dos crimes militares que


podem ser atribuídos a militares da
reserva, militares estaduais,
reformados e civis

90
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Segue abaixo a relação dos crimes do CPM


pelos quais os militares estaduais ou qualquer outra
pessoa não-incorporada às Forças Armadas podem
responder na Justiça Castrense. A diferença é que os
militares estaduais em situação normal respondem
perante a Justiça Militar Estadual, enquanto os
reservistas de 1ª e 2ª categoria, os militares federais
da inativa ou qualquer outra pessoa “não-incorporada
para servir na ativa das Forças Armadas”, respondem
na Justiça Militar da União:

Crimes Contra a Segurança Externa do País

Art. 141. Entendimento para gerar conflito ou


divergência com o Brasil

Art. 142. Tentativa contra a soberania do Brasil

Art. 143. Consecução de notícia, informação ou


documento para fim de espionagem

91
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 144. Revelação de notícia, informação ou


documento

Art. 146. Penetração com o fim de espionagem

Art. 147. Desenho ou levantamento de plano ou


planta de local militar ou de engenho de guerra

Art. 148. Sobrevôo em local interdito

Dos Crimes Contra a Autoridade ou Disciplina


Militar

Art. 154. Aliciação para motim ou revolta

Art. 155. Incitamento

Art. 156 Apologia de fato criminoso ou do seu


autor (em lugar sujeito à administração militar)

Art. 158 Violência contra militar de serviço

Art. 172 Uso indevido de uniforme, distintivo ou


insígnia militar por qualquer pessoa

92
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 173. Abuso de requisição militar (o sujeito ativo


é uma autoridade administrativa)

Dos Crimes Contra o Serviço Militar e o Dever


Militar

Art. 183. Insubmissão

Art. 184 Criação ou simulação de incapacidade


física

Art. 185. Substituição de convocado

Art. 186. Favorecimento a convocado

Art. 193. Favorecimento a desertor

Dos Crimes Contra a Pessoa

Art. 207. Provocação direta ou indireta ou auxílio a


suicídio

Art. 208. Genocídio

93
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 209. Lesão corporal (conforme disposição


especial)

Art. 213. Maus tratos (conforme disposição especial)

Art. 214. Calúnia (conforme disposição especial)

Art. 215. Difamação (conforme disposição especial)

Art. 216. Injúria (conforme disposição especial)

Art. 217. Injúria real (conforme disposição especial)

Art. 219. Ofensa às forças armadas

Art. 222 Constrangimento ilegal (conforme


disposição especial)

Art. 223. Ameaça (conforme disposição especial)

Art. 225. Seqüestro ou cárcere privado (conforme


disposição especial)

Art. 232. Estupro (conforme disposição especial)

Art. 233. Atentado violento ao pudor (conforme


disposição especial)

Art. 238. Ato obsceno (em local sujeito à


Administração Militar)

94
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 239. Escrito ou objeto obsceno (em local


sujeito à Administração Militar ou em situações
excepcionais)

Dos Crimes Contra o Patrimônio

Art. 240. Furto (conforme disposição especial)

Art. 241. Furto de uso (conforme disposição


especial)

Art. 242. Roubo (conforme disposição especial)

Art. 243. Extorsão (conforme disposição especial)

Art. 244. Extorsão mediante seqüestro (conforme


disposição especial)

Art. 245. Chantagem

Art. 246 Extorsão indireta (conforme disposição


especial)

Art. 248. Apropriação indébita (conforme disposição


especial)

Art. 249. Apropriação de coisa havida


acidentalmente (quando perpetrado em local sujeito
ou sob Administração Militar)

95
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 251. Estelionato (conforme disposição especial)

Art. 254. Receptação (conforme disposição especial)

Art. 257. Alteração de limites

Art. 258. Aposição, supressão ou alteração de


marca

Art. 259. Dano simples (conforme disposição


especial)

Art. 262. Dano em material ou aparelhamento de


guerra

Art. 263. Dano em navio de guerra ou mercante


em serviço militar

Art. 264 Dano em aparelhos e instalações de


aviação e navais, e em estabelecimentos militares

Art. 265. Desaparecimento, consunção ou extravio

Art. 268. Incêndio (em local sujeito à Administração


Militar)

Art. 267. Usura pecuniária

96
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 269. Explosão (em local sujeito à Administração


Militar)

Art. 270. Emprego de gás tóxico ou asfixiante (em


local sujeito à Administração Militar)

Art. 271. Abuso de radiação (em local sujeito à


Administração Militar)

Art. 272. Inundação (em local sujeito à


Administração Militar)

Art. 273. Perigo de inundação (em local sujeito à


Administração Militar)

Art. 274. Desabamento ou desmoronamento (em


local sujeito à Administração Militar)

Art. 276. Fatos que expõem a perigo


aparelhamento militar

Art. 278. Difusão de epizootia ou praga vegetal


(em local sob Administração Militar)

Art. 282. Perigo de desastre ferroviário

97
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 283. Atentado contra transporte (em local


sujeito à Administração Militar)

Art. 284. Atentado contra viatura ou outro meio de


transporte

Art. 286. Arremesso de projétil

Art. 287. Atentado contra serviço de utilidade


militar (em local sujeito à Administração Militar)

Art. 288. Interrupção ou perturbação de serviço ou


meio de comunicação (em local sujeito à
Administração Militar)

Art. 290 Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou


substância de efeito similar (em local sujeito à
Administração Militar)

Art. 291. Receita ilegal (em local sujeito à


Administração Militar)

Art. 292 Epidemia (em local sujeito à Administração


Militar)

Art. 293. Envenenamento com perigo extensivo


(em local sujeito à Administração Militar)

98
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 294. Corrupção ou poluição de água potável


(conforme disposição especial)

Arts. 295 e 296. Fornecimento de substância


nociva

Dos Crimes Contra a Administração Militar

Art. 299. Desacato a militar (contra militar das forças


armadas)

Art. 300. Desacato a assemelhado ou funcionário


(em local sujeito à Administração Militar)

Art. 301. Desobediência (conforme disposição


especial)

Art. 302. Ingresso clandestino (em local sujeito à


Administração Militar)

Art. 303 Peculato (contra bem jurídico da


Administração Militar da União)

Art. 304. Peculato mediante aproveitamento do


erro de outrem (contra bem jurídico da
Administração Militar da União)

99
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 310. Participação ilícita

Art. 311. Falsificação de documento (conforme


disposição especial)

Art. 312 Falsidade ideológica (conforme


disposição especial)

Art. 313. Cheque sem fundos (conforme disposição


especial)

Art. 315. Uso de documento falso (conforme


disposição especial)

Art. 317. Uso de documento pessoal alheio


(conforme disposição especial)

Art. 318. Falsa identidade (conforme disposição


especial)

Art. 325. Violação ou divulgação indevida de


correspondência ou comunicação

Art. 328 Obstáculo à hasta pública, concorrência


ou tomada de preços

Art. 328. Obstáculo à hasta pública, concorrência


ou tomada de preços

100
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Arts. 334 e 336. Patrocínio indébito (conforme


disposição especial)

Art. 337. Subtração ou inutilização de livro,


processo ou documento (conforme disposição
especial)

Art. 338. Inutilizarão de edital ou de sinal oficial


(conforme disposição especial)

Art. 339. Impedimento, perturbação ou fraude de


concorrência

Dos Crimes Contra a Administração da Justiça


Militar

Art. 341 Desacato (conforme disposição especial)

Art. 342. Coação (em processo administrativo ou


judicial militar)

Art. 343. Denunciação caluniosa (quando o fato


imputado for crime de competência da jurisdição
militar)

Art. 344. Comunicação falsa de crime (quando o


fato noticiado for crime de competência da jurisdição
militar)

101
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 345. Auto-acusação falsa (quando a auto-


acusação for crime de competência da jurisdição
militar)

Art. 346. Falso testemunho ou falsa perícia (em


processo administrativo ou judicial militar)

Art. 347. Corrupção ativa de testemunha, perito ou


intérprete (em processo administrativo ou judicial
militar)

Art. 348. Publicidade opressiva (a respeito de


processo penal militar)

Art. 349. Desobediência à decisão judicial (quando


a decisão for da Justiça Militar)

Art. 350. Favorecimento pessoal (conforme


disposição especial)

Art. 351. Favorecimento real (conforme disposição


especial)

Art. 352. Inutilizarão, sonegação ou descaminho


de material probante (a respeito de processo
militar)

102
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Art. 353. Exploração de prestígio (a respeito de


processo militar)

Art. 354. Desobediência à decisão sobre perda ou


suspensão de atividade ou direito (quando a
decisão for da Justiça Militar)

Obs. As Instituições Militares Estaduais também são


lugares sujeitos à Administração Militar.

103
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Conclusão

104
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Conclui-se que o militar estadual só é


considerado “militar” às luzes da legislação estadual
pertinente, visto que se sujeita à hierarquia e
disciplina, inspiradas no regulamento do Exército.
Mas, realiza atividade denominada “policial militar
(estadual)”, lastreada no rol dos serviços públicos,
cujo destinatário é o cidadão civil, sendo que em
regra, são assim concebidos pela Lei Penal Militar.
Nesse contexto, os militares estaduais são
relativamente invulneráveis à prática do crime de
deserção e demais fatos delituosos propriamente
militares.

105
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Notas

Código Penal Militar

Estatuto dos Militares

Código Penal Brasileiro

Código de Processo Penal Militar

Constituição Federal

R-200

Decretos Lei nº. 667 e 1.406 e 2.010

Lei do Serviço Militar e Regulamento da Lei do


Serviço Militar

STF. Revista eletrônica das jurisprudências.

STJ. Revista eletrônica das jurisprudências

Autor: Rafael Pereira de Albuquerque

106
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Modelo de habeas
corpus ao tribunal local

107
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Elionaldo Barbosa da Silva,


residente na Rua Visconde Pelotas, n°
178, Edifício Edrise Vilar, 2° andar,
sala 201, centro, João Pessoa / PB,
sede do MCS, Movimento da
Cidadania e Segurança, Organização
não-governamental de caráter
filantrópico, da qual sou líder,
integralmente satisfeitos os requisitos
do art. 654, “caput” e parágrafo 1° do
CPP, impetro ordem de Habeas
Corpus, em favor de Rafael Pereira
de Albuquerque, qualificado nos
autos do processo n°
2002007014640/8, na Auditoria
Militar da Paraíba, por
constrangimento ilegal desse órgão
jurisdicional, conforme abaixo exposto:

Habeas Corpus

1 O
paciente, agente de Polícia Militar Estadual, foi
sentenciado a uma medida de segurança, por
tempo imprevisto (fl. 2), em razão de haver
deixado de comparecer ao quartel de polícia onde
estava lotado, por mais de oito dias seguidos.

108
Policial militar não responde por crime propriamente militar

2 O parquet
sustenta que se configurou crime de deserção,
cometido por policial militar estadual contra a
administração pública, e apresentou denúncia
criminal, a qual foi prontamente recebida pelo
agente político coator, gerando assim, a noticiada
coação ilegal.

3 É porque a
denúncia é manifestamente inepta, em face da
falta de condição de procedibilidade, a saber, o
termo de incorporação às forças armadas. Em
geral, os crimes propriamente militares só podem
ser atribuídos a quem incorporado às forças
armadas para nelas servir em posto, graduação
ou sujeição à disciplina, (art. 22 do codex
castrense). Não é o caso do paciente, que é um
militar estadual, atuando normalmente em uma
função pública de natureza civil.

4 É de se
observar que, pelo critério ratione personae, o
paciente não se equipara aos militares
propriamente ditos – (os empregados diretamente
nas forças armadas) para efeitos penais. Além de
que, o bem jurídico tutelado não é a

109
Policial militar não responde por crime propriamente militar

administração pública, mas a militar, isto é, a de


característica federal.

5 Dessa
forma, o fato descrito na denúncia é atípico,
diante da míngua do elemento normativo do tipo:
a condição de militar da ativa, ou seja,
incorporado às forças armadas. Também não
ocorreu ofensa real ao bem, sob égide da
legislação respectiva. Inexiste, destarte, jus
puniendi criminal, na esfera militar do Estado.

6 Do
esposado, requeiro:

Após
urgentes judiciosas e parecer, julgar o habeas na
primeira sessão, concedendo a ordem para
trancar a ação penal.

7 ED

João Pessoa, 25 de novembro de 08

Elionaldo Barbosa da Silva

Impetrante

110
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Modelo de habeas corpus


ao STJ

111
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Vera Lúcia Pereira de Albuquerque,


residente na Visconde Pelotas, n° 178,
Edifício Edrise Vilar, 2° andar, sala
201, centro, João Pessoa, impetro
Habeas Corpus em favor de
Reginaldo dos Santos Lins,
qualificado no HC n ° 2002002391891-
1/002 - TJPB, na Justiça da Paraíba,
por coação ilegal dessa jurisdição.

Habeas Corpus

1 Na inicial ao a quo argumentou-se


inépcia da denúncia, por falta de justa causa,
porque, conforme o critério ratione personae, o
militar estadual não é considerado militar para
efeitos de aplicação do Código Penal, assim
como diante da falta de bem jurídico a ser
deliberado pela Justiça Militar Estadual, em se
tratando de crime propriamente militar, os quais
exigem como condição de procedibilidade, o
termo de incorporação à ativa das forças
armadas.

2 Denegada a ordem por razões outras.

112
Policial militar não responde por crime propriamente militar

3 Mantenho os fundamentos.

4 Em virtude da carência de
jurisprudência e doutrina a respeito, anexei o
artigo doutrinário “Policial militar não responde por
crime propriamente militar”.

5 Requeiro:

Solicitar informações da
situação jurídica do paciente
e o acórdão.

A concessão da ordem
na primeira sessão, no
sentido da exordial ao de
origem.

João Pessoa, 10 de novembro de 08

Vera Lúcia Pereira de Albuquerque

Impetrante

113
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Modelo de habeas corpus


ao STF

114
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Vera Lúcia Pereira de Albuquerque,


residente na Visconde Pelotas, n° 178,
Edifício Edrise Vilar, 2° andar, sala
201, centro, João Pessoa, impetro
Habeas Corpus em favor de
Reginaldo dos Santos Lins,
qualificado no HC n ° 00000 STJ-PB,
no Superior Tribunal de Justiça, por
coação ilegal dessa jurisdição.

Habeas Corpus

1 Na inicial ao a quo argumentou-se


inépcia da denúncia, por falta de justa causa,
porque, conforme o critério ratione personae, o
militar estadual não é considerado militar para
efeitos de aplicação do Código Penal, assim
como diante da falta de bem jurídico a ser
deliberado pela Justiça Militar Estadual, em se
tratando de crime propriamente militar, os quais
exigem como condição de procedibilidade, o
termo de incorporação à ativa das forças
armadas.

2 Denegada a ordem por razões outras.

115
Policial militar não responde por crime propriamente militar

3 Mantenho os fundamentos.

4 Em virtude da carência de
jurisprudência e doutrina a respeito, anexei o
artigo doutrinário “Policial militar não responde por
crime propriamente militar”.

5 Requeiro:

Solicitar informações da
situação jurídica do paciente
e o acórdão.

A concessão da ordem
na primeira sessão, no
sentido da exordial.

João Pessoa, 10 de novembro de 08

Vera Lúcia Pereira de Albuquerque

Impetrante

116
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Modelo de habeas corpus ao


STF por demora ao julgamento
de habeas ao STJ

117
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Rafael Pereira de Albuquerque,


Albuquerque
residente na Rua Visconde Pelotas, n°
178, Edifício Edrise Vilar, 2° andar, sala
201, centro, João Pessoa / PB, impetro
Habeas Corpus, em benefício próprio,, por
constrangimento ilegal da 5ª Turma do
Superior Tribunal de Justiça,
Justiça nos autos
do HC...

Habeas Corpus

No dia 30/06/2008, foi protocolado o supra


habeas, distribuído à relatora Ministra Laurita Vaz,
o qual, há 10 meses, não existe sequer previsão
de quando acontecerá o julgamento, tendo ficado
com a marcha engrenada no acúmulo de
processos, realidade atual daquela Corte
Superior.

118
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Além disso, o STJ, às vezes, julga certos


habeas corpus em poucos meses, o que
evidencia, na espécie, uma violação à isonomia
constitucional.

Destarte, a demora noticiada não só é


inconstitucional, diante da carência da isonomia,
mas também, em conseqüência do que trata o
inciso n° LXVIII, do art. 5° da Carta Magna e pela
violação do prazo prescrito no Art. 664 do CPP.

A plausibilidade jurídica consiste na


manifesta escassez da isonomia e razoabilidade
constitucional, no que diz respeito ao critério
temporal, cuja matéria esta Suprema Corte tem,
deliberadamente, se filiado, por intermédio de
pacífico entendimento, cristalizado nos

119
Policial militar não responde por crime propriamente militar

precedentes constantes das recentes notas


taquigráficas a respeito.

Requeiro:
Solicitar à 5ª turma do STJ, as
informações, esclarecendo se o writ foi
colocado em mesa para julgamento.

Determinar o julgamento daquele


habeas na primeira sessão.

João Pessoa, 10 de janeiro de 09

Rafael Pereira de Albuquerque


Impetrante

120
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Modelo de requerimento de
anulação de punição disciplinar

121
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Fabrício Pires da Silva, vem tempestivamente,


pois a pretensão não se sujeita a prazo quando
direcionada ao Comandante Geral, nos moldes do
Art. 44, pars. 1º e 2º, item 2 do Decreto 8.968/81 –
RDPM, expor e requerer:

PEDIDO DE ANULAÇÃO DE PUNIÇÃO


DISCIPLINAR

1 Senhor Comandante Geral, eis as


punições que foram aplicadas, segundo respectivos
Boletins de publicação, abaixo transcritas, cujas
cópias seguem anexas:

2 Como fácil de perceber, existe ilegalidade


quanto à aplicação isolada destas punições, “haja
vista que aos procedimentos administrativos de que
resultaram as referidas sanções disciplinares não se
conferiu o devido processo legal, com ampla defesa e
contraditório, o que as acomete de nulidade absoluta,
as ditas nulidades constitucionais insanáveis”,
notadamente pela supressão das seguintes
formalidades indispensáveis à perpetração da
vontade da Lei Magna:

122
Policial militar não responde por crime propriamente militar

a) A inexistência de Processo
Administrativo Disciplinar – PAD, com
procedimento sumário, isto é, defesa escrita
preliminar, audiências de interrogatório, auto
defesa oral, de defesa e de acusação, com
presença obrigatória de advogado em todas as
fases, súmula 343 – STJ, de 21/09/2007, e por
fim, as alegações finais, redigidas quer por
advogado ou até pelo próprio acusado, em
cada procedimento ensejador destas punições,
incisos LIV e LV, Art. 5º, da Constituição
Federal.

Súmula 343 STJ: “É obrigatória a


presença de advogado em todas as fases do
processo administrativo disciplinar”.

b) As decisões que as aplicaram carecem


de fundamentação mínima, vez que sequer
foram suscitados os argumentos da defesa
escrita preliminar apresentada, no que a
autoridade administrativa apenas considerou de
forma genérica e com elástica
discricionaridade, se não dizer por mero

123
Policial militar não responde por crime propriamente militar

arbítrio, que “os argumentos da defesa não


foram convincentes”, sem ao menos expor-lhes
as razões, assim como deliberar qualquer juízo
de valor sobre o mérito dos casos concretos, a
mal fazer do princípio da livre apreciação
fundamentada, de que dependem os atos da
Administração Pública em geral, Art. 37, caput,
CFRB. Síntese: “A Administração Pública dos
Estados obedecerá aos princípios da legalidade
e eficiência”.

3 Observa-se que nestas punições não


foram oportunizados a ampla defesa e contraditório
efetivos. Especificamente, a única modalidade às
defesas resumiu-se em comunicações, contendo o
teor da acusação, para o acusado formatar por escrito
a própria defesa no prazo de 5 dias, embora não
tendo conhecimento jurídico bastante, sendo
fatalmente suprimidas as demais etapas
imprescindíveis ao devido processo legal, e o que
pior, tais alegações escritas nem sequer foram
devidamente deliberadas pelo julgador administrativo.

4 Oportuno dizer que o RDPM – PB é


omisso a respeito do processo legal à ampla defesa e
contraditório. Todavia, não vige em nosso
ordenamento jurídico o juízo de non liquet, e sim, o

124
Policial militar não responde por crime propriamente militar

princípio da integratividade, em que na ausência de


norma reguladora das garantias constitucionais, o
julgador deve recorrer à analogia, doutrina, costumes,
princípios gerais de direito, jurisprudências e jargões
jurídicos. Além disso, vale lembrar que não compete
aos Estados legislar sobre direito processual,
porquanto o Art. 22, inciso I, da Constituição Federal,
define que tal competência é “privativa da União”.
Dessa forma, tem-se que o julgador administrativo,
em realizando o processo para fins de transgressão
disciplinar, no âmbito das polícias militares estaduais,
precisa buscar guarida nas legislações federais
pertinentes, com intuito de assegurar eficácia plena
ao édito constitucional, com referência à infugibilidade
das garantias pétreas, no caso em análise, o devido
processo legal, com direito à ampla defesa e
contraditório, com todos os meios e recursos
inerentes aos acusados em geral, quer na esfera
judicial ou administrativa, incluindo-se os integrantes
das polícias militares, em qualquer procedimento
interno que os coloque na condição de acusado,
ensejando-lhes punição administrativa, as reputadas
transgressões disciplinares. Igualmente, essa medida
visa conferir aos policiais militares a isonomia
dispensada aos demais servidores públicos e banir
discriminações em razão da situação profissional,
porque “em uma República Democrática de Direito, a
igualdade deve prevalecer sobre todas as coisas”.

125
Policial militar não responde por crime propriamente militar

5 Do mesmo modo, ninguém pode ser


punido, mesmo que transgressão disciplinar, sem o
devido processo legal, em que sejam assegurados
efetivamente ampla defesa e contraditório, com todos
os meios inerentes. È o que determina a Constituição
Pátria, em seus dispositivos insertos nos incisos LIV e
LV, do consagrado artigo quinto.

6 Já na ótica da jurisprudência, a recente


súmula nº. 343, do STJ, pressupõe nulidade absoluta
a “ausência de advogado em todas as fases do
processo administrativo disciplinar”. Este precedente
também é válido aos militares federais e estaduais,
conquanto vulneráveis a punições disciplinares, as
quais prescindem de processo administrativo
disciplinar, no procedimento isolado de cada punição.
Não incide aqui o enunciado da súmula vinculante nº.
5 do STF, pois “a defesa técnica pode ser elaborada
pelo próprio acusado”, sendo necessário apenas que
seja instaurado um PAD específico, a fim de apurar o
mérito de cada punição, e não somente para efeitos
de exclusão.

7 Com todo respeito, percebe-se com


clareza que o direito de defesa conferido nas
punições em tela – vale reportar, uma simples defesa

126
Policial militar não responde por crime propriamente militar

escrita, redigida pelo próprio acusado e julgada


conforme o convencimento íntimo da autoridade
administrativa, em detrimento do livre convencimento
fundamentado patente no sistema jurídico brasileiro,
não passa de um embuste para rotular uma ampla
defesa e contraditório meramente ilustravas e que
não produz nem de longe os devidos efeitos legais.

8 Uma vez que cabalmente desrespeitados


os mandamentos constitucionais inclinados à espécie,
os atos impugnados são inválidos, podendo-se
afirmar que tais punições são inconstitucionais, já que
“as normas constitucionais são soberanas, de
aplicação plena e imediata, devendo a elas
subordinarem-se todas as leis infraconstitucionais,
consoante também o princípio da hierarquia das leis”,
não sendo coerente negar-lhes aplicação, reduzir a
plena eficácia ou omitir-se quanto aos seus preceitos
fundamentais, em decorrência de lacuna ou falta de
lei específica a disciplinar a matéria, ou seja, a
denominada anomia jurídica. É indispensável um
maior esforço do julgador competente, não para
substituir-se ao legislador, mas para usar do
discricionário com o mister de afastar o non liquet,
assimilar o princípio da integratividade, atuando como
legislador positivo no devido processo substancial, de
tal forma a garantir concretude maior das regras

127
Policial militar não responde por crime propriamente militar

constitucionais, embora que de maneira difusa, porém


legal e necessária, impedindo que a anomia implique
redução ou supressão dos direitos dos policiais
militares, quanto às garantias pétreas, inclusive, a
ampla defesa e contraditório, com performance
análoga a dos acusados administrativamente não
sujeitos ao regimento estatutário militar.

9 Impende ressaltar que em conseqüência


das supras punições disciplinares, foi deflagrado um
Processo Administrativo Disciplinar, PAD, para
aquilatar a capacidade de permanecer nas fileiras da
polícia militar, em face das sucessivas sanções
haverem gerado máculas no conceito disciplinar do
requerente, que acabou ingressando no
comportamento mau. Curioso notar que neste
processo está sendo viabilizado o devido processo
legal, inclusive com assistência de defensor dativo!
Contudo, não merece prosperar, haja vista que tem
por motivação atos manifestamente nulos, assim
também, não há mais falar em mérito das punições,
mas na possibilidade de permanência nos quadros da
Polícia Militar da Paraíba, em função das punições já
consuma e impregnadas de vício insanável. A
verdade é que se deveria ter firmado o direito à ampla
defesa e contraditório, da forma como vem sendo

128
Policial militar não responde por crime propriamente militar

desencadeado no PAD da exclusão, em cada uma


das punições aplicadas, para somente então, se
fosse o caso, detonar o processo de expulsão.
Conforme já sublinhado, o referido “PAD GLOBAL”
não tem por finalidade investigar o mérito das
punições, sendo que o devido processo nele
assegurado, longe de ter o condão de suprimir ou até
substituir-se perante a necessidade do direito em
exame, em ocasião da aplicação de cada uma das
punições, em seu proceder isolado. Isto é, em cada
sanção administrativa, faz-se indelével o processo em
que seja oportunizada a efetiva ampla defesa e
contraditório, e não apenas nos chamados PADs ou
Conselhos de Disciplina. Melhor dizendo, é primordial
um PAD semelhante ao que visa à exclusão, em cada
punição disciplinar!

10 Destarte, há se reconhecer a manifesta


ilegalidade das punições em pauta, por conta das
nulidades absolutas inconstitucionais, no que alude à
supressão do devido processo legal, com ampla
defesa e contraditório e todos os meios e recursos
inerentes, quando do procedimento respectivo a cada
punição acima citada. Portanto, inescusável requerer
e conceder a anulação de todas essas punições e
também declarar a nulidade do PAD de exclusão

129
Policial militar não responde por crime propriamente militar

nelas embasado, máxime por se tratar de


exaurimento sem justa causa de atos administrativo
eivados de vício insanável.

11 Do exposto, requeiro:

a) A anulação das referidas


punições, em virtude de ilegalidade, qual seja, a falta
do devido processo legal com ampla defesa e
contraditório, com os meios plausíveis, quanto ao
procedimento isolado de que resultou cada uma
dessas punições.

b) A nulidade do PAD respectivo,


para fins de exclusão, por falta de justa causa, visto
que instaurado ante punições administrativas
visivelmente nulas.

João Pessoa, 10 de janeiro de 09.

Fabrício Pires da Silva


Requerente

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Modelo de Mandado de
Segurança para um policial
militar estudante de curso
superior, expulso por se recusar
a trabalhar em serviços
extraordinário

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

Fabrício Pires da Silva,


brasileiro, solteiro, residente na Rua José Aranha,
390, Nova Brasília, Campina Grande/PB, CEP
58406-855, CPF 024.145.824-21 por seu
advogado adiante firmado, Bel. SÓSTHENES
MARINHO COSTA, brasileiro, separado
judicialmente, advogado, OAB/PB sob nº. 4886
com escritório na Av. Pedro I, 361, sala 404, Ed.
Holanda Center, 4º andar, Centro, – João
Pessoa/PB – CEP: 58013-020 – Fone: (83) 2108-
8428, vem perante esse Egrégio Tribunal, em
face de ato ilegal praticado pelo Comando Geral
da Polícia Militar da Paraíba, vem impetrar

Mandado de Segurança

nos termos em que passa a expor:

1 O impetrante foi excluído da


Polícia Militar da Paraíba porque “se recusa a
aceitar escalas de serviços extras, sob a alegação
de que não pode ser submetido a uma carga de
trabalho maior do que a que é exigida ao servidor
público civil (...)” (vide doc. 01, anexo).

2 Trata-se a decisão impugnada


de flagrante ilegalidade, pois o Art. 3º da portaria
nº. CGC/0061/2008-CG/PB define, em síntese,
que “A gratificação de Serviços Extraordinários de

132
Policial militar não responde por crime propriamente militar

Policiamento será concedida ao militar estadual


que foi voluntário para prestar serviços(...)”,
(vide doc. 2). Em outras palavras, ele podia
normalmente opor-se, já que não era voluntário.
Nunca aceitou gratificações. Estuda Engenharia
na UFPB e, bastante cansada, não possui tempo
suficiente para trabalhar em escalas
extraordinárias. O serviço em questão somente é
compulsório em caso de convocação ou
mobilização, decretado pelo presidente da
República. Fora disso, o impetrante apenas tinha
o compromisso de cumprir a escala ordinária, com
a qual ele nunca faltou.

3 A respeito da jornada dos


servidores civis, tem-se a isonomia constitucional.
Conforme entendimento das instâncias, as
máximas semanais adotadas entre militares dos
Estados e trabalhadores em geral foram
equiparadas. Um excelente progresso nos direitos
fundamentais!

4 O impetrante não poderia ter


sofrido punição alguma. A nuclear dos prepostos
é demasiado inidônea e ressuscita práticas
obsoletas e reprováveis, desvinculadas dos
precípuos da Administração Pública.

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Policial militar não responde por crime propriamente militar

5 Ante o exposto, vem requerer o


seguinte:

Liminarmente, após urgentes


informações, determinar a nulidade do ato
impugnado, e a conseqüente reinclusão do
impetrante às Fileiras da PMPB e, no mérito,
depois de intimado o parquet, conceder o
provimento da ordem, confirmando a liminar
deferida.

Nesses termos, pede


deferimento.
João Pessoa (PB), 02 de
novembro de 2008.

Sósthenes Marinho Costa


OAB/PB 4886

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