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Atenção – o texto não compreende a 5 ed.

AGRADECIMENTOS

É obrigação do autor agradecer às pessoas que o ajudaram em seu trabalho. No


caso deste livro, agradecer não é apenas uma obrigação, mas também um prazer. Pois
foi um prazer discutir este texto com os alunos dos cursos de pós-graduação da FOP-
UNICAMP. Interrompendo minha exposição repetidas vezes, eles comentaram,
argüiram, criticaram, aplaudiram e repudiaram posições - sempre com muita vontade de
ajudar. Mas é também com prazer que registro meus agradecimentos a José Merzel,
Hélio Frota Vieira, Ivany Aparecida Lombardo, Maria Ignez Guerra Molina, Thomas
Joseph Burke e Francisco Gomes de Mattos - professores que leram meus manuscritos,
para dar as impressões de quem trabalha do lado de lá. Deles ouvi, em conversas
compridas, a crítica justa e perspicaz que só pode ser feita por quem entende do riscado.
A lista de agradecimentos não ficaria, porém, completa se eu não agradecesse, com
satisfação, a ilustração do livro, feita com muita criatividade por Márcio Vieira
Hoffmann, e os serviços de processamento de texto, feitos com a competência de
sempre por Ives Antonio Corazza. As pessoas que concluem o curso de terceiro grau ou
"curso superior" recebem um diploma que lhes confere o direito de exercer a profissão
que escolheram. Algum tempo atrás o formando recebia, além do diploma, um "anel de
formatura" com a pedra específica de sua profissão, e passava a ser chamado de
"doutor". Hoje, recebem o tratamento precípuo de "doutor" apenas os médicos e -
menos comumente - advogados e engenheiros. Já as carreiras mais modernas, como
Computação e Estatística, não merecem do público tal distinção. Também não são
chamados de "doutor" os profissionais de carreiras antigas como Farmácia,
Enfermagem e Pedagogia. Mas quem deve ser considerado doutor, hoje, no Brasil? Na
universidade, é doutor quem defendeu tese de doutorado. E o título de doutor vale para
qualquer carreira acadêmica: Medicina, Estatística, Direito ou Psicologia. Em outros
países, no entanto, e nos Estados Unidos, em particular, distinguem-se os doutores de
áreas como Biologia, Arqueologia, Economia e Matemática, que recebem o título de
PhD (Philosophiae Doctor ou Doctor of Philosophy) dos doutores da área médica que
recebem o título de MD (Medicinae Doctor ou Doctor of Medicine). Mas o que
significa "defender" uma tese? Tendo terminado o curso de graduação, o formando ou
mesmo o profissional mais antigo - pode candidatar-se a um curso de pós-graduação.
Não existem vestibulares. Os cursos mais procurados têm, no entanto, um sistema
próprio para a seleção de alunos'. São candidatos naturais os professores universitários e
os pesquisadores em início de carreira, além de estudiosos, em geral. Mas podem
candidatar-se aos cursos de pós-graduação todos aqueles que pretendem aperfeiçoar-se
em ramos específicos do conhecimento. Na escolha do curso, o candidato precisa levar
em conta a própria formação. Por exemplo, só fazem pós-graduação em Ortodontia os
dentistas, e em Fitopatologia os engenheiros-agrônomos ou profissionais de áreas muito
afins. Certos "cruzamentos" são, no entanto, interessantes: um médico pode fazer pós-
graduação em Bioquímica; um engenheiro-agrônomo, em Economia; um administrador
de empresas, em Estatística. E esses profissionais "cruzados" são extremamente úteis,
porque têm visão de duas carreiras. De qualquer forma, convém saber que existem
cursos de pós-graduação em dois níveis, isto é, ao nível de mestrado e ao nível de
doutorado. Os cursos de mestrado dão título de mestre. Em geral, exigem que os alunos
cursem algumas disciplinas e defendam uma dissertação. Já os cursos de doutorado que
são em menor número, dão o título de doutor. Em geral exigem que os alunos sejam
portadores do título de mestre, cursem algumas disciplinas e defendam uma tese.l.l - O
que é uma tese? Tese é o trabalho apresentado à universidade pelo candidato ao título de
doutor, para a obtenção do título. O trabalho é..... Já existem até exames de seleção. Na
área de Economia a seleção dos alunos é feita através de exame nacional, a cargo da
ANPEC - Associação Nacional de pós-graduação em Economia. Mas na maioria dos
cursos a seleção dos alunos ainda é feita dentro do próprio departamento em que o curso
é ministrado. Os critérios de seleção variam, mas em geral se baseiam em notas de
provas e entrevistas, além de cartas de recomendação. AS QUESTÕES BÁSICAS
3feito sob a orientação de um pesquisador experiente, denominado orientador. A tese é
escrita de maneira convencional e
impressa em formato padrão. Depois, é submetida à apreciação
de uma comissão julgadora e defendida publicamente.
Durante a defesa de tese, cada componente da comissão
julgadora faz objeções ao trabalho do candidato, que então se
defende, contra-argumentando. Depois, a comissão avalia a atuação do
candidato e dá o veredicto: a tese está ou não aprovada.
Nas universidades brasileiras, convencionou-se usar o ter-
mo tese para designar apenas trabalhos de doutorado. Os trabalhos feitos
com a finalidade de obter o título de mestre - embora sigam o mesmo
padrão das teses recebem o nome de dissertação. Mas nem toda tese é
melhor do que qualquer dissertação. Existem teses ruins, que parecem ter
sido escritas para irritar quem as lê, e existem dissertações excelentes,
que demonstram trabalho meticuloso e inteligente.

1.2 - Em quanto tempo se escreve uma tese : Não se escreve uma tese em
menos de seis meses. Tampouco é preciso mais de dois anos, para
escrever uma tese. Se você está trabalhando há mais de dois anos e ainda
não conseguiu escrever sua tese, faça uma avaliação honesta da situação.
O calcanhar de Aquiles será identificado se for dada resposta negativa a
uma das seguintes questões:
a) você sabe fixar limites razoáveis para seu próprio trabalho?
b) você tem boa redação?
c) você tem gosto e aptidão para o trabalho acadêmico?

2. O orientador precisa ser credenciado pela coordenadoria do curso.


Para isso, precisa ser doutor e já ter publicado alguns trabalhos. Na
maioria dos cursos, apenas os professores são credenciados. Não se
credenciam profissionais de outros departamentos ou instituições porque
o serviço de orientação não é pago. Então, orientar é trabalho dos
próprios professores do curso. Por outro lado, você só conseguirá
defender uma tese de bom nível em período curto se tiver:
a) acesso a uma boa biblioteca
b) domínio do idioma em que estão publicados os principais trabalhos
sobre o tema
c) redação fácil
d) conhecimentos básicos sobre metodologia de pesquisa
e) boa vontade do orientador
f) pessoal auxiliar (datilógrafos, desenhistas, encadernadores).
1.3 - Como se escolhe o tema da tese? Quem escreve uma tese é, quase
sempre, jovem - por voltados 30 anos - e tem alguma ambição
acadêmica. Por conta dessas características, às vezes são propostos temas
muito difíceis. Por exemplo, um estudante poderia pensar em escrever
uma tese intitulada "A Economia brasileira hoje". O tema seria excelente
para um livro, mas é ambicioso demais para uma tese. Então, seja
razoável: escolha um tema delimitado e específico ou - que é o mesmo -
siga este conselho, escrito em um livrinho destinado aos pesquisadores
das áreas de ciências e relatado por Umberto Ecco: O tema "Geologia" é
muito amplo. "Vulcanologia", que é um ramo da Geologia, ainda é por
demais extenso. "vulcões do México" seria melhor, mas o trabalho
resultaria superficial. Já "A história de Popocatepell" - o vulcão que
provavelmente foi escalado por um dos homens de Cortez em 1519 e
teve erupção violenta em 1702 - daria-tese de maior valor. No entanto,
melhor seria um tema limitado a um período mais curto, como por
exemplo, "O nascimento e a morte aparente de Parucutin", pois Parucutin
é um vulcão que só durou de 1943 a 1952
3.Também é importante que o tema da tese esteja enquadrado na linha de
pesquisa do orientador. Se seu orientador trabalha em genética de milho,
não insista em estudar genética de abelhas. Você pode até achar que o
tema é, basicamente,o mesmo. No entanto, você não teria as mesmas
facilidades de financiamento, bibliografia e laboratório, mesmo que seu
orientador superasse a si mesmo, ou que você superasse as deficiências
dele. Para não arriscar o certo pelo duvidoso, escolha um tema de tese no
âmbito de conhecimentos do seu orientador
4.Depois de escolher o tema, verifique se, pelo menos em linhas gerais,
suas posições coincidem com as do seu orientador. Profissionais de áreas
distintas tratam o mesmo tema sob aspectos distintos, mas profissionais
da mesma área podem tratar o mesmo tema sob pontos de vista
totalmente divergentes. Por exemplo, o tema "O menino de rua" seria
visto sob aspectos diferentes por psicólogos, médicos e advogados, mas
poderia ser tratado sob perspectivas ideológicas diferentes por dois
sociólogos da mesma instituição
5. Então, escolhido o tema da tese se você achar que seu orientador tem
opiniões opostas às suas, talvez seja melhor mudar de orientador
.3. Diz Umberto Ecco que aconselharia o último tema desde - é claro -
que o aluno escrevesse tudo que se sabe sobre o "maldito vulcão". In:
ECCO, V. Como se faz uma tese. São Paulo, Perspectiva, 1983. 4. O
processo de designar o aluno para o orientador, ou o orientador para o
aluno,varia de instituição para instituição, mas em geral o aluno não
escolhe - é escolhido, por critérios dos mais diversos: ao acaso, por
recomendação ou por simpatia pessoal. Só algumas vezes leva-se em
consideração, nesse processo, o tema que o aluno gostaria de
desenvolver. 5. Em áreas técnicas também ocorrem discordâncias. Por
exemplo, na área de Odontologia um orientador pode sugerir um projeto
cientificamente correto, porém não-ético do ponto de vista do aluno. Mas
o aluno só deve fazer o que pode e quer defender. 6. Embora o aluno
possa pedir mudança de orientador, convém avaliar a atitude com
cuidado. Em alguns departamentos acirram-se disputas internas, que
podem prejudicar o aluno. E, para terminar, um conselho que vale o
preço deste livrinho: se você quer escrever uma tese, escolha um tema
limitado,um orientador razoavelmente competente e medianamente
equilibrado, e trabalhe com afinco, mas sem muita pretensão. Afinal,
você vai apenas escrever uma tese - não vai abalara ciência, nem salvar o
mundo.
1.4 - De que partes se compõe uma tese? A estrutura de uma tese é
sempre a mesma - não importa se a tese é na área de Odontologia,
Agronomia, Química, Arqueologia,Psicologia ou Medicina.
Recomendam-se as seguintes partes:
a) Parte pré-textual ou preliminar Capa Página de guarda Página de rosto
Dedicatória Agradecimentos Sumário Resumo Summary
b) Parte textual ou Texto Introdução Revisão da literatura Materiais e
métodos Resultados Discussão Conclusões
d) Parte pós-textual ou Material de referência Referências Apêndice
Índice Nem todas as subdivisões são, porém, obrigatórias. Por exemplo,
uma tese pode não ter "Dedicatória" - é opção do autor -ou não ter
"Summary" (resumo em inglês) por determinação da instituição.
Também pode não ter "Índice" ou não ter "Apêndice", por não ser
necessário. Por outro lado, as sub-divisões do texto - que são
praticamente obrigatórias em ciências experimentais - podem não ser
indicadas para desenvolver determinados temas em Ciências Exatas e em
Direito.De qualquer modo, este livro ensina você como escrever uma
tese. Não é, porém, um manual, nem deve ser seguido à risca: você terá
sempre que consultar seu orientador. Mas este livro ensina por onde
começar...

2,OS CAPITULOS USUAIS

Para organizar o conteúdo de cada capítulo da sua tese, convém que você
veja sua pesquisa como resposta a uma pergunta. depois, tente responder:
a) qual é a pergunta? b) como você procurou resposta para a pergunta? c)
quais foram seus achados? d) o que significam esses achados? Você
responde qual é a pergunta no capítulo "Introdução"; você diz como
procurou a resposta para a pergunta no capítulo "Materiais e Métodos";
você mostra o que achou no capítulo "Resultados" e você discute o que
significam seus achados no capítulo "Discussão".A penas como exemplo,
imagine que um pesquisador quer saber se corpos sólidos com pesos
diferentes caem, em queda livre, com a mesma velocidade. Você tem aí a
pergunta que,na tese, seria colocada na "Introdução". Suponha agora que,
para responder à pergunta, o pesquisador fez o seguinte experimento:
soltou juntos dois corpos sólidos, um com 1 kg e outro com l0 kg, do alto
da Torre de Piza. Você tem aí "Materiais1 e Métodos". Se as pessoas que
circulavam ao pé da Torre viram os dois corpos chegarem ao solo
praticamente ao mesmo tempo estão aí os "Resultados". E o que
significam esses Resultados"? Bem, eles contradizem as idéias de
Aristóteles, segundo as quais os corpos têm, em queda livre, velocidade
proporcional ao próprio peso. Você tem aí a "Discussão". Além dos
capítulos "Introdução", "Materiais e Métodos" "Resultados" e
"Discussão", as teses têm, em geral, outros dois capítulos: "Revisão da
Literatura" e "Conclusões". Alguns orientadores, no entanto, argumentam
que a "Revisão da Literatura" é parte da "Introdução", porque ninguém
pode fazer uma pergunta sem explicar o que já se conhece sobre o
assunto. Outros acham que as "Conclusões são parte da Discussão''
porque dela decorrem. Mas existem orientadores que recomendam - além
dos seis capítulos usuais - um outro, intitulado "Proposição" ou
"Definição do Problema". Consulte seu orientador, para conhecer a
opinião dele sobre essa questão. As divergências não param, porém, por
aqui. Os capítulos "Resultados" e "Discussão" também geram
controvérsia. Existem aqueles que os querem juntos, e aqueles que os
quererem separados. O usual é separar o que se achou ("Resultados do
que significam os achados ("Discussão"). Aqueles que os querem juntos
dizem que é preciso explicar o significado do que se achou no momento
em que se apresentam os achados.Também se discute a terminologia: há
quem prefira "Revisão da Literatura" e "Metodologia" a "Revisão da
Literatura" "Materiais e Métodos", respectivamente. Por isto tudo, antes
começar a redigir a sua tese, discuta o assunto com seu orientador. Aliás,
sua tese poderá ser organizada de maneira totalmente diversa se versar,
por exemplo, sobre estudo de caso, e7. Todos os corpos caem. no vácuo,
com a mesma velocidade e o espaço percorrido por um corpo, em queda
livre, é proporcional ao quadrado do tempo de queda (eg. 2). Essa lei foi
estabelecida por Galileo Galilei, no século XVII, com base no famoso
experimento da Torre de Piza - um marco na história da ciência porque
foi a primeira vez que um cientista fez um experimento prático para
testar suas idéias. Na época, foi levado a sério. Acreditava-se na teoria de
Aristóteles. In: RUSSEL, B.A. A perspectiva científica. 4' ed. São Paulo,
Companhia Editora Nacional, 1977.12 disciplina clínica, ou demonstrar
um teorema, na Matemática. Mesmo assim, as linhas mestras de
organização, apresentada aqui - mais uma boa conversa com seu
orientador - ajudará você a escrever sua tese. Então veja o que você deve
escreve em cada capítulo.

2.1 – Introdução A "Introdução" deve dar ao leitor a informação


necessária para entender de que assunto trata a sua tese, sem precisar
recorrer outras fontes. Para ajudar você a escrever a Introdução aqui
estão algumas perguntas que, se bem respondidas, darão forma a esse
capítulo.a) de que assunto trata a sua tese? b) porque é importante tratar
esse assunto? c) como você tratou o assunto? d) qual é o seu objetivo? É
fácil entender por que estas perguntas precisam ser respondidas.
Primeiro, lembre que a finalidade da "Introdução" é introduzir. Então,
nada mais lógico do que começar explicando a que assunto trata a sua
tese. Afinal, ninguém pode se interessar por um assunto - por mais
interessante que ele seja - se não souber qual é o assunto. Então venda
seu peixe já de início. Depois, explique a importância do assunto que
você tratou, seja ela de natureza econômica, social, religiosa, histórica,
científica ou prática. E busque todos os argumentos que possam
convencer :O assunto é pouco conhecido? É desconhecido no Brasil? É
controvertido? Melhora a qualidade de vida? Traz divisas para o País.
Existem dúvidas sobre aspectos específicos? Enfim, ache as razões que
levaram você a estudar tanto - e explique essas razões.Também não deixe
de explicar como você tratou o assunto de sua tese. Não é preciso dar
todos os pormenores da metodologia que é assunto do capítulo
"Materiais e Métodos". Mas, pelo menos em linhas gerais, deixe claro o
modus faciendi do seu. Depois, exponha o objetivo da sua tese, isto é,
explique a proposição que você pretende defender. Em alguns cursos é
até obrigatório que o objetivo da tese constitua uma seção à parte, sob o
título "Proposição". Mas existe controvérsia sobre a forma de redigir o
objetivo. Você pode escrever, por exemplo: "A finalidade deste trabalho é
testar a hipótese de que duas aplicações tópicas de flúor, no decorrer do
ano escolar, diminuem a incidência de cáries em crianças na idade de
dentição mista".Essa maneira de redigir é bastante comum e talvez seja a
maneira preconizada pelo seu orientador. Note, porém, que a redação
sugere trabalho em fase de projeto. Mas, se você já começou a escrever
sua tese, é porque o trabalho está em fase de execução, não é mesmo?
Alguns orientadores no entanto argumentam que a "Introdução", por ser
o primeiro capítulo da tese, deve ser escrita quando ainda se
desconhecem os "Resultados". Mas ninguém deve começar a escrever
um trabalho pelo primeiro capítulo, e – mesmo que o fizesse - capítulo de
tese não é capítulo de novela de televisão, que não pode ser modificado
depois que foi ao ar...Outros orientadores entendem que o objetivo não
pode ser redigido como se a tese ainda estivesse em fase de projeto.
Exigem então o verbo em outro tempo, isto é, no passado. Se for esta a
opinião do seu orientador, você deve escrever, por exemplo: "O objetivo
deste trabalho foi verificar se a inflação cresce com o déficit público".
Mas o leitor não sabe, quando lê esse objetivo, que proposição você
pretende defender. Afinal, a inflação cresce, ou não cresce, com o déficit
público? Pois há quem use essa crítica como defesa. Argumenta-se que o
objetivo deve despertar o interesse do leitor. Trabalho científico não é,
contudo, novela policial. O interesse da literatura científica não é
estabelecer um clímax, mas dar ao leitor condições para julgar a
qualidade da informação, reproduzir o trabalho e verificar se as
conclusões são convincentes. Nesse sentido, é bom que as cartas estejam
na mesa. Ou seja, é melhor escrever, por exemplo: "Este trabalho mostra
que o crédito rural favoreceu a modernização da agricultura, na década
de 1970". Escrito dessa forma, o objetivo da tese exibe a proposição que
você, de público, se propõe a defender para virar doutor. Mas não tenha
dúvida: essa maneira de redigir o objetivo será criticada. Dirão que isso
não é o objetivo - mas a conclusão da sua tese. A idéia de uma
proposição inicial igual a uma conclusão final é, porém, antiga e
corrente. Basta lembrar os teoremas de Matemática que tem uma tese -
por exemplo: ` A soma dos ângulos internos de um triângulo é 180°"... -
que deve ser demonstrada. E, quando isso acontece, escreve-se
alegremente ao final c.q.d. (como queríamos demonstrar) ou, mais
esnobemente, q.e.d. (quod eramus demonstrandum).Mas seu orientador
deve ter opinião formada sobre o assunto9. E se ele acha que o objetivo
de tese deve ser escrito com proposta de trabalho, adote a velha técnica
de só identifica o assassino no final do último capítulo...

2.2 - Revisão da literatura Para escrever uma tese, é preciso ler. Então
leia tudo o quanto puder sobre sua área de trabalho, mas leia também
sobre assun8. Como bem colocou Robert A. Day que foi, durante 19
anos, editor da Sociedade Americana de Microbiologia: "Em ciência é
preciso dizer já de início que o assassino é o mordomo...". In: DAY, R.A.
How to Write and Publish a Scientific Paper. 2' Ed Filadélfia, Isi Press,
1983.9. Um aluno não deve atropelar seus princípios apenas para agradar
- ou mesmo para obedecer seu orientador. Mas os aspectos meramente
formais da tese devem ser decididos pelo orientador que, em geral, segue
as regras da instituição ou, na falta delas, suas próprias idiossincrasias (e
não há como mudá-las).OS Capítulos USUAIS 15tos correlatos e sobre
assuntos básicos, como estatística e metodologia científica. Não encare a
leitura como perda de tempo,mas como investimento na sua formação de
pesquisador. Onde você acha o que ler? Nas bibliotecas e nas livrarias, é
claro.As pessoas que gostam de estudar vão às bibliotecas e livrarias
procurar livros e revistas que nem mesmo sabem que existem.Então
aprenda a "ir à biblioteca" e "visitar as livrarias". Você pode procurar
determinado livro que lhe foi recomendado, mas pode também só
pesquisar. No início, seu orientador indicará o que você deve ler -livros,
revistas, separatas. Afinal, ele é o especialista na área.Então ele fará a
"pergunta" que deve dar origem à sua tese.Ao especialista na área
ocorrem perguntas e respostas até mesmo nas horas mais impróprias.
Basta lembrar a história da descoberta,feita por Arquimedes, de que a
densidade de um corpo é inversamente proporcional ao volume de água
por ele deslocado.Segundo se conta, Hieron, Rei de Siracusa, queria uma
coroa. Entregou então um certo peso de ouro a um ourives,para que lhe
fizesse uma coroa de igual peso. No prazo estipulado, o rei recebeu a
coroa, que pesava o combinado. Surgiram,porém, rumores de que o
ourives havia substituído parte do ouro por prata. O rei então encarregou
Arquimedes de responderá questão: a coroa do rei é de ouro puro ou é de
ouro e prata?Arquimedes passou a pensar no problema continuadamente.
E certo dia, quando foi à casa de banhos e entrou na banheira cheia
d'água, entendeu que o volume de água que transbordava era
proporcional ao peso da parte de seu corpo imersa em água.Eufórico por
ter atinado com a forma de resolver seu problema,pulou da banheira e,
ainda nu, saiu correndo e gritando "Eureka!Eureka!" (que significa
"Achei! Achei!"). Conta a história que Arquimedes provou assim que na
coroa do rei havia muita prata.10. A história da descoberta da "Lei de
Arquimedes" foi contada pelo arquiteto romano Vitruvius, que viveu no
começo da era cristã, isto é, cerca de duzentos anos depois do famoso
sábio. Mas os escritos de Arquimedes a corroboram. In:
BEVERIDGE,W.J.B. Sementes da descoberta científica. São Paulo, T.A.
Queiroz Editor-EDUSP, 1981.OS CAPÍTULOS USUAIS Pois você
também irá gritar "Eureka!" quando encontrara resposta à pergunta feita
pelo seu orientador. Mas, é preciso trabalhar. Então, a partir do material
básico que seu orientador lhe forneceu, e de algumas sugestões
adicionais, comece a revisar a literatura por conta própria. Para isso,
procure nos artigos que seu orientador recomendou as palavras-chave ou
uni termos (key words). Depois, vá à biblioteca e procure as palavras-
chave no fichário por assuntos. É preciso, porém, certa intuição. Se você
está interessado em "Ética na pesquisa médica", não procure apenas
"Ética". Veja também "Pesquisa médica", "experimentação humana",
"Experimentação com seres humanos","Experimentos médicos",
"Cobaias humanas", "História da Medicina". Se achar um texto de
interesse, veja as referências bibliográficas contidas nesse texto. Essas
referências, por sua vez, vão proporcionar novas referências. E você logo
verá que tem muito o que ler.Na dúvida, procure os bibliotecários que
são sempre muito prestativos. Informe-se sobre os serviços que podem
ser oferecidos a você - como empréstimos de livros de outras bibliotecas,
cópias Xerox de artigos de revistas assinadas por outras bibliotecas,
acesso à informação bibliográfica por computador.Peça, quando precisar,
ajuda para a localização de documentos.E aprenda, com os bibliotecários,
a usar obras de referência como catálogos, manuais, anuários e
resumos.Não se restrinja, porém, a uma só biblioteca, nem busque
bibliografia só na universidade. Procure outras fontes de informação.
Afinal, se você pretende escrever uma tese sobre deter-minado assunto,
precisa estar muito bem informado sobre ele.Procure informações na
imprensa diária, como artigos de jornais se revistas, e programas de
televisão. Ou, ainda, em atas de sociedades, em livros de empresas, em
museus, em arquivos,se for o caso.Não basta, porém, procurar livros e
revistas, nem basta ler tudo. Você precisa fazer uma revisão da literatura.
Para isso, é preciso resumir e comentar o que você leu. Não pense em
"ajuntar tudo", para depois começar a redigir. Faça o resumo enquanto lê.
Ou faça uma ficha, com sua opinião. Ou tire18 uma cópia Xerox e anote
nela o que achar necessário. Mas grife,anote, resuma. Não empilhe livros
e cópias Xerox de artigos,sem comentá-los, porque, depois de algum
tempo, você não saberá sequer se os leu.Se os livros são emprestados,
não os rabisque. Tampouco rabisque livros raros ou antigos, mesmo que
sejam seus. Mas aprenda que livros-texto são material de consumo. Se
você tem alguma pretensão como pesquisador, compre livros, e faça
neles suas anotações. E toda vez que encontrar informação de interesse
para sua tese, anote de imediato. Use caneta do tipo "marca-texto", ou
use marcadores de papel, ou qualquer outro sistema, mas anote o que
você pensa, enquanto lê.Depois de ler e resumir, ordene o material que
você dispõe,por tópicos. Releia, para saber se você precisa de mais
informação. Complemente. E assim que puder, comece a relatar a
evolução histórica do assunto que você estudou. Não ë preciso,porém,
"começar do princípio", nem é preciso exibir conhecimento sobre "toda a
literatura". Aliás, isso seria missão impossível. Mas mostre que você
conhece um pouco do passado e está acompanhando a evolução do
assunto na literatura, até o presente.Nesse relato, você deve expor
contradições e dar a sua opinião. Pode até tomar partido em algumas
controvérsias -mas dificilmente você fará uma crítica abrangente de toda
a literatura internacional. Saiba, porém, que alguns orientadores cobram
uma postura crítica em relação à literatura. Mas não se atreva a ir muito
longe. Para isso, seriam necessárias a maturidade e a erudição que só se
adquire depois de anos de trabalho" .Então, em seu primeiro trabalho,
não exija demais de si mesmo:seja mais descritivo do que propriamente
crítico.Para estar a par da literatura técnica, você precisa conhecer outro
idioma, além do português. Não é preciso "falar inglês".11. Além dessas
características, também é preciso independência profissional, pois ainda
existem pessoas capazes de "cortar o contrato" do assistente que se atreve
a criticar suas obras.OS CAPÍTULOS USUAIS 19Basta ser capaz de ler
assuntos técnicos em inglês ou em outra língua - como alemão, francês
ou japonês, por exemplo com auxílio de dicionário. O conhecimento de
vários idiomas ajuda, mas não é essencial. De qualquer modo, tente ler,
se tiver oportunidade, em espanhol e em italiano, ou em francês.Se
teimar, é possível que, dentro de algum tempo, você adquira razoável
habilidade para ler assuntos técnicos em alguma dessas línguas.Se o
assunto de seu interesse está publicado apenas em determinado idioma,
você precisa aprender a ler, com desenvoltura, nesse idioma. Se as
traduções são controvertidas, é preciso ler, sobre o assunto, no original.
Por exemplo, se sua tese versa sobre as obras de Freud, é preciso que
você leia alemão. No entanto, para estar apenas informado sobre um
artigo publicado em outra língua, use a tradução em português,
encomendada a um tradutor.Finalmente, existem teses que ostentam
pobreza franciscana no capítulo "Revisão da Literatura": poucas obras
vistoriadas, ou apenas obras já desatualizadas, ou mesmo obras de uma
só equipe. Um autor que gosta de controvérsia escreveu que gostaria de
ter, por epitáfio, a seguinte frase: "Procurou sarna para se coçar- foi o que
mais encontrou"'z. Nada espanta mais,em algumas teses, do que a pouca
literatura referenciada. E os autores se justificam: "não há nada publicado
na minha área".Na verdade, eles não procuraram sarna para não "ter que
se coçar".2.3 - Materiais e Métodos No capítulo "Materiais e Métodos"
você deve dar informação suficiente para que outro pesquisador possa
reproduzir seu trabalho. Isto porque só é considerado científico o
trabalho que12. O autor é Kurt Kloetzel. A frase está na autobiografia do
autor In: KLOETZEL,K. O que é Medicinn Preventiva. São Paulo,
Brasiliense. 19A4.ZO é passível de reprodução. Mas para que possa ser
reproduzido por colega de igual competência - seu trabalho precisa ser
bem descrito. Comece descrevendo todos os materiais utilizados.se você
fabricou ou produziu materiais, faça ilustrações, na forma de fotografias
ou desenhos técnicos. Enfim, convém descrever:a) época e local do
trabalho;b) tipo de instrumental utilizado;c) forma de obtenção do
consentimento do participante da pesquisa, sempre que for feita
experimentação com seres humanos;d) especificações técnicas,
quantidade, fonte ou método de preparação dós materiais;e)
equipamentos.No entanto, não descreva equipamentos comuns ou de uso
geral, como balanças, microscópios, vidraria. Também não conforme
nomes comerciais de drogas e similares, e de equipamentos, pois é
inerente a tais nomes a propaganda. Existe algumas uma ressalva a esta
regra: o nome comercial deve ser inspecionado se as diferenças entre as
marcas forem críticas para reprodução do trabalho.Terminada a descrição
dos materiais, passe à descrição e métodos, na ordem em que foram
executados. Só abandone a ordem cronológica se foram executados
métodos similares e diferentes períodos de tempo. Nesse caso, descreva-
os juntos. Se existem métodos alternativos e você optou por deles,
justifique, isto é, explique as vantagens do método utilizado. Mas não
esqueça de citar as desvantagensl3.13. Alguns orientadores podem achar
que tais justificativas devem ser apresentados no capítulo "Discussão".
Mas o que deve ser discutido, no capítulo "Discussão",os resultados e,
eventualmente, as limitações que materiais e métodos impõem aos
resultados. As razões que levaram você a eleger determinado método
devem ser apontadas quando você apresenta o método. Existe apenas
uma ressalva a esta observação: se a tese tem, como objetivo, comparar
métodos, discuta-os no capítulo "Discussão".OS Capítulos USUAIS
21Cuidado para não deixar margem à dúvida, isto é, escreva antecipando
respostas às perguntas que poderiam ser feitas por examinadores durante
a defesa da tese e por colegas, durante a eventual reprodução do seu
trabalho. Por exemplo, se você colocou material na estufa, informe por
quanto tempo e em que temperatura. Afinal, se essa informação não
estiver escrita,quem for reproduzir seu trabalho terá a dúvida - e fará a
pergunta.Para testar a exatidão de suas descrições, peça a um colega para
ler seus manuscritos e pergunte a ele se saberia reproduzir seu trabalho.
Ouça as dúvidas, responda às perguntas, e reescreva todo trecho dúbio.
Com essa atitude, você não só melhora o texto como aprende a trocar
informações - o que é muito importante porque, hoje em dia, progride em
ciência quem sabe trabalhar em equipe.E não esqueça de mencionar a
análise estatística, que também é método de trabalho. Se você desenhou
gráficos, calculou médias e desvios padrões, cite o que fez. Não é preciso
descrever o método, nem explicitar as fórmulas. Se, porém, você usou
método estatístico sofisticado ou desconhecido em sua área,convém
descrever o método e citar toda a bibliografia consultada.Mas não deixe
de submeter seus dados à análise estatística,mesmo que você não tenha
gosto pela Matemática. Se for necessário, procure um consultor. Mas é
sua responsabilidade decidir- junto com seu orientador - a quantidade de
estatística que deve ser apresentada em sua tese. Muitos problemas
admitem mais de uma solução. É claro que as técnicas estatísticas mais
elaboradas são excelente ferramenta de análise - desde que você as
entenda. Mas se você não as entende - elas só irão rechear sua tese, sem
abrir novos horizontesl4.De qualquer modo, não se aventure fazendo
análises estatísticas desconhecidas, ou pouco usuais em sua área de
trabalho,14. Como já disse alguém, a estatística às vezes serve ao
pesquisador como o poste serve ao bêbado: simples ponto de apoio, ao
invés de fonte de iluminação.22 já na sua tese de mestrado, a menos que
você tenha muita aptidão para a Matemática. E trabalhe sempre sob a
supervisão do seu orientador ou de profissional de estatística por ele
indicado.Finalmente, é razoável começar a escrever a tese pelo capitulo
"Materiais e Métodos". O pesquisador sente-se mais seguro descrevendo
o que fez. Mas não faça um rol, redija. E não antecipe resultados, porque
o capítulo "Materiais e Método deve trazer apenas a receita para a
obtenção dos dados.2.4 - Resultados capítulo "Resultados" é, de certa
maneira, a razão de sua tese. Você achou um problema interessante
("Introdução"), leu muito sobre ele ("Revisão da Literatura") e mostrou
como se usa toda uma parafernália para resolvê-lo ("Materiais e
Métodos"). Mas é só no capítulo "Resultados" que você mostra o que
realmente conseguiu... Então, muito capricho!Comece apresentando os
dados sem, no entanto, descrever métodos que você já descreveu - ou
deveria ter descri tono capítulo "Materiais e Métodos". Ou seja, faça
apenas uma rápida apresentação. E não sobrecarregue seu leitor com
pormenores desnecessários'5. Se você fez poucas determinações e
coloque-as no texto. Se você fez muitas determinações, arraje-ás em
tabelas e gráficos. Nesta fase você deve consultar Estatístico ou - pelo
menos - um bom livro de estatística.Apresentados os dados, passe à
análise estatística. E lebre que a interpretação é essencial. O resultado do
teste é,não ë, estatisticamente significante? Esta informação é resultado
seu trabalho, embora alguns menos avisados insistam que é discussão.
Está errado. No capítulo "Discussão" você deve apenas discutir o
significado da estatística, mas a interpretados testes deve ser apresentada
no capítulo "Resultados".15. Como já disse alguém, se o mapa da
província contivesse todos os detalhes da província seria,
necessariamente, do tamanho da própria província.24 Finalmente, lembre
que os centros de computação coloca programas à disposição dos
interessados. Essa situação, embora desejável, tem um risco sério. Aliás,
existe na Medicina um paralelo que merece ser lembrado. Sabem os
médicos os perigos da automedicação - principalmente quando feita por
leigo-, mas as farmácias e drogarias continuam vendendo remédios sem a
necessária prescrição, pondo em risco a saúde das pessoa Assim também
são os Centros de Processamento de Dados que fornecem programas de
computador sem o necessário diagnóstico. O usuário de tais programas
pode dar determinado tratamento estatístico a seus dados e obter um
resultado para por no papel =verdadeiramente estapafúrdio. Uma história
do nosso folclore político ajuda a pôr os pingos nos i's.Conta-se que, para
reinaugurar o Teatro Municipal de São Paulo, foi convidado um cantor
de óperas italiano, com prestígio internacional. Mas o cantor acabou não
vindo, porque pediu um preço muito alto pela apresentação. Na ocasião,
o ente prefeito foi claro: "Por esse preço, eu canto". Não cantou Senhor
Prefeito, em momento de bom senso. É esse bom senso que deveriam ter
nossos pesquisadores. Só deve cantar ópera quem sabe cantá-las.2.5 -
Discussão "Discussão" é, de longe, o capítulo mais difícil de escrevi
porque é nele que você explica seus resultados. Para ajudar você redação
desse capítulo, aqui está uma sugestão: escreva procurando dar respostas
às seguintes perguntas:a) Que significam seus dados e suas estatísticas?b)
Até que ponto seus resultados estão de acordo com resultados
apresentados em trabalhos publicados?c) Que razões tem você para
acreditar que seus resultados comprovam determinada teoria?d) Que
razões tem você para acreditar que seus dados contradizem idéias
prevalecentes ou permitem refutar determinada teoria?OS CAPITULOS
USUAIS 25e) Que nova hipótese, ou que nova teoria, você pode lançar
para explicar o fenômeno que você observou? (Mas tenha senso crítico,
pois não se estabelecem teorias novas todos os dias. .. )f) Que tendências
e generalizações sugerem seus dados,além da inferência estatística usual?
Que novas linhas de pesquisa você pode propor?g) Que "solução mais
simples" ou que "solução mais barata" você conseguiu para um problema
real? Qual é a importância dessa solução?Além da sugestão, cabe
também um lembrete: é na "discussão" que você exibe toda a sua
competência e a sua (improvável!) incompetência. Mas - se você errar -
aqui estão algumas histórias que podem servir como consolo ou
advertência,e mostram como é difícil ser cientista.Durante muito tempo
acreditou-se que o Sol girava entorno da Terra. Mas Galileo resolveu
lançar a teoria de que a Terra gira em torno do Sol. Na época, a ousadia
de discordar das teorias correntes era resolvida de maneira sumária:
queimava-se o defensor das idéias esdrúxulas na fogueira. Galileo só não
foi queimado vivo porque já estava velho e era de familiar importante,
mas foi obrigado a negar a sua teoria, ajoelhado sobre ossos sagrados.
Hoje já não se queimam as vozes discordantes na fogueira. Mesmo
assim, um conselho: você deve ser elegante na crítica e dosar seu tom de
discordância com a literatura, principalmente se, na literatura, estiverem
os trabalhos do seu chefe...16. Este trecho do juramento de Galileo deixa
claro que a autoridade não deve ser contestada: "Eu, Galileo Galilei, de
70 anos de idade, filho do falecido Vicenzio Galilei,de Florença, tendo
sido trazido para ser julgado, estando ajoelhado perante vós,
eminentíssimos e reverendíssimos cardeais, inquisidores gerais da
República Cristã Universal contra a depravação herética, e tendo diante
dos meus olhos os Santos Evangelhos que toco com as mãos, juro que
sempre acreditei e que, com o auxílio de Deus, sempre acreditarei, em
todos os artigos. que a Santa Igreja Católica e Apostólica de Roma prega.
E,por que me foi ordenado pelo Santo Ofício abandonar a falsa opinião
de que o Sol...Conta-se que, depois de jurar que a Terra estava parada,
Galileo teria resmungado:"Eppur si muove!".26 Mas nem sempre é
preciso discordar. Aliás, você pode ganhar popularidade, defendendo
idéias da moda. Cabe, porém, lembrar os experimentos de transferência
de memólque mostram como é perigoso o fascínio de certas idéias. Ir
ante alguns anos, vários cientistas - considerando que o comportamento
que se aprende deve estar, de algum modo, retrato no cérebro (a
memória) - tentaram transferir o comportamento aprendido por um
animal, para outro animal.Para isso, ensinavam comportamentos de
esquiva a rede laboratório. Esses ratos eram, então, sacrificados e se
preparava um extrato de seus cérebros. O extrato era injetado outros
ratos, na esperança de que esses novos ratos aprendessem mais
rapidamente os comportamentos de esquiva. A idéia cientistas era a de
que o cérebro de ratos ensinados conte"registros" de comportamento
aprendido que podiam"transferidos", para o cérebro de ratos não
ensinados. De acordo com a revista Science, cerca de metade dos
cientistas fez esse tipo de experimento considerou que realmente havia
conseguido "transferir" a memória de um rato para outro rato que - sabe-
se hoje - é impossível".Mas - além do fascínio de certas idéias - existe a
teima do pesquisador, que às vezes insiste em provar determinada teoria,
mesmo quando novos dados a colocam em dúvida que mostra a história
de Paul Broca, um antropólogo e cirurgião francês do século passado,
que acreditava que as pessoas seriam tanto mais inteligentes quanto mais
pesados fossem acérebros. Broca chegou até a organizar uma escala onde
do QI da pessoa em função do peso de seu cérebro.Muita gente, no
entanto, duvidava da teoria. Para pôr à controvérsia, alguns professores
da Universidade de Gõgen decidiram doar seus próprios cérebros, para
que fos17. Veja a questão da transferência de memória em: KOHN, A.
False Prophets:and Error in Science and Medicine. Nova York,
Blackwell, 1987.18. Veja sobre o assunto: BROAD, W. e WADE, N.
Betrayers of Truth: Fraudulent in the Halls of Science. Nova York, Simon
& Schuster, 1983.OS CAPÍTULOS USUAIS 27pesados depois de suas
mortes. Eles acreditavam que Broca refutaria a própria teoria, caso
verificasse que pessoas inteligentes tinham cérebro com peso normal. Os
cérebros dos professores revelaram-se, de fato, mais leves do que se
previa, tendo em vista a inteligência deles. Mesmo assim, Broca não pôs
em dúvida sua teoria. Preferiu concluir que os professores eram menos
inteligentes do que se pensaval9... Pois esta história encerra um
conselho: se seus dados apontam em direção contrária à esperada, olhe
também nessa direção.Difícil, no entanto, é quando os dados não indicam
qualquer direção e você precisa lançar hipóteses. Lembre apenas que as
hipóteses mais plausíveis nem sempre são as verdadeiras.E o que sugere
a história do Sábio Hans, um cavalo que ficou famoso porque teria
aprendido a calcular2°. Isto porque, quando perguntado sobre o resultado
de determinado cálculo, o cavalo dava batidas de casco no chão, até
atingir o número que seria a resposta para o problema proposto.O
treinador do Sábio Hans, um professor aposentado, tinha sua "hipótese"
para o fenômeno: havia ensinado o cavalo a somar e a subtrair. Mas um
psicólogo estudou o caso e observou que, toda vez que o cavalo atingia o
número esperado de batidas, seu treinador involuntariamente
movimentava a cabeça.O cavalo parava, então, de bater o casco - não
porque soubesse calcular mas em resposta ao movimento de cabeça do
treinador.E lembre que você deve fazer generalizações, mas com critério.
Veja o tamanho da sua amostra. É conhecida a história do médico
americano que testava todo tipo de droga em um único rato,
aparentemente de estimação, porque o rato tinha até nome: Ebenezer2t. É
claro que a estatística dá a possibilidade de inferência, mas dentro de
certos limites.19. O argumento que talvez convencesse Broca s6
apareceu depois de sua morte.O cérebro dele foi pesado e o valor obtido
correspondia, na escala do próprio Broca,a pouco acima de medíocre.20.
Veja, sobre o assunto: BROAD, W. e WADE, N. Op. ci~.21. Veja, sobre
o assunto: WADE, N. "Physicians who Falsify Drug Data". Science180
(4090): 1038, 1973.OS CAPÍTULOS USUAIS 29Finalmente, se você
testou um produto alimentício usando ratos de laboratório, discuta o
efeito desse produto em ratos de laboratório. É claro que você pode fazer
algumas generalizações. Por exemplo, é razoável argumentar que o que
acontece com ratos pode - até certo ponto - ser estendido a outros
animais. Mas cuidado: ratos não são homens! De qualquer modo, se
morrerem todos os ratos que provaram do seu produto,ninguém porá seu
produto na própria sopa, não é verdade?2.6 - Conclusões As conclusões
decorrem da discussão, ou seja, até certo ponto, as conclusões devem
estar contidas no capítulo de "discussão". Então verifique se você
concluiu com base no que discutiu. Também deve haver consistência
entre o objetivo proposto e a conclusão alcançada. Então verifique se
você concluiu com base no que propôs. Mas cuidado para não se sentir
possui-dor da "Grande Verdade" porque, afinal, você tem apenas um
fragmento de evidência. E - para terminar - lembre-se deque sua tese é a
sua contribuição para a massa de conhecimentos,existentes. Então, ao
estabelecer suas "Conclusões" seja claro ou melhor, muito claro.3AS
QUESTÕES PERTINENTESO Capítulo 2 dá idéia do que você deve
escrever em cada capítulo de sua tese. Siga as sugestões da maneira mais
conveniente,fazendo as modificações que julgar necessárias. Mas não
basta saber o que escrever. É preciso saber como escrever um texto
técnico, usando com propriedade a linguagem, a tradução, as citações, as
notas de rodapé. E é preciso dar um bom título ao seu trabalho. Desses
tópicos trata este capítulo.3.1 - Linguagem Algumas poucas regras não
garantem boa redação. Mesmo assim, aqui estão algumas sugestões.a)
Faça um plano de trabalho Antes de começar a escrever, faça um plano,
isto é, divida o assunto que você pretende expor em capítulos e em
seções.22. Consulte, sempre que redigir: O Estado de S. Paulo - Manual
de Redação e Estilo organizado e editado por Eduardo Martins. São
Paulo, O Estado de S. Paulo, 1990;Manual de Estilo Editora Abril: como
escrever bem para nossas revistas. Rio de Janeiro,Nova Fronteira,
1490.32
Faça uma lista do que deve ser apresentado em cada seção.Depois
comece a escrever pelo capítulo que quiser.b) Escreva de maneira
impessoal Leia a literatura científica da sua área e observe. Ninguém
escreve: "Pesei os ratos" ou "Eu concluo" mas "Os ratos foram
pesados" "Concluímos" etc. Então, para escrever sua tese, use a
terceira pessoa do singular ou a primeira pessoa do plural(plural
majestático), mas tenha o cuidado de manter a mesma forma, em
todo o trabalho. E não escreva, mesmo que alguém sugira: "O autor
do presente trabalho considera... " E pernóstico demais!c) Evite o
estilo empolado. Alguns autores acham que o texto científico precisa
ser elegante e - para ser elegante - deve ter palavras difíceis Então
abusam das palavras compridas. Nunca dizem usar, ma;utilizar;
nem dizem acabar, mas finalizar; tampouco dizem seguinte, mas
subseqüente. E chegam a salivar como os cães de Pavlov, quando
pensam em substituir a palavra "droga" por "agente
quimioterapêutico23. Prefira a palavra mais simples.d) Escreva com
substantivos e verbos Alguns autores têm a mania de adjetivar. Toda
loura tem que ser "curvilínea". Cuidado, porque alguns adjetivos,
junta de certos substantivos, transformam-se em lugares-
comuns"crítica construtiva", "inflação galopante", "rápidas
pinceladas". A mania de adjetivar pode levar até a absurdos, com a
falta de coerência. Não escreva "adolescentes jovens", "réplicas
autênticas". Use adjetivos só quando forem necessários.23. /n: DAY,
R.A. Op. cit.AS QUESTÕES PERTINENTES 33e) Use frases curtas.
A eloqüência e a pompa têm lugar e hora. Não se imaginem novo Rui
Barbosa. Escreva períodos curtos, seja simples e direto. Além de ser
mais fácil, ajuda a evitar erros de gramática.f) Observe os tempos de
verbo Quando você relata fatos científicos conhecidos ou descreve
trabalhos publicados, use o presente do indicativo: "A adubação
nitrogenada é essencial... ", "O trabalho de OLIVEIRA (1970)
mostra... ". Quando você explica o que fez ou o que obteve, isso é o
passado. "O paciente foi observado... ", "Os dados foram obtidos...
".Então, tipicamente, use o presente na "Introdução":"O objetivo
deste trabalho é mostrar... "; na "Revisão da Literatura":"Os
trabalhos recentes na área são unânimes. .. "Use o passado em
"Materiais e Métodos":"Foram usados ratos machos Wistar..."O
crescimento foi medido... "em "Resultados":'Observou-se maior
crescimento... "Na "Discussão", use os dois tempos do verbo, quando
souber:"O crescimento é sabidamente lento no período, mas no
grupo tratado foram observadas altas taxas... "34 Existem
exceções:a) se você atribui uma afirmativa a alguém, use o
passado:"OLIVEIRA (1970) considerou. . . "b) se você apresenta,
use o presente: "A tabela 5 mostra..."c) na análise estatística, use o
presente: "O resultado é significante. . . "g) Observe a pontuação Você
pode achar que a pontuação é coisa de somenos. Ma conta-se que um rei
antigo queria ir à guerra. Muito sabiamente porém, consultou uma
pitonisa e ouviu dela: "Irás. Voltarás Não morrerás". O rei foi, e morreu.
A rainha resolveu então procurar a pitonisa, para saber o que ela havia
dito. E a pitonisa repetiu o que havia dito ao rei: "Irás. Voltarás? Não!
Morrerás"h) Não descreva o óbvio"Não comece a explicar onde fica
Roma, para depois não explicar onde fica Timbuctu", ensina Umberto
Ecco24. Ou seja não repita o que tudo mundo já sabe - só porque é fácil
copiar trechos de livros didáticos - para depois deixar sem explicação
pontos essenciais da sua tese. Explique o que você fez de novo)
Reescreva Leia o que você escreveu. E reescreva. Depois, peça para
alguém ler - e comentar. Se seu orientador é do tipo "muito ocupado"
(que os há os há), peça para um colega ler. Hojl24. Na realidade, o autor
vai um pouco mais longe. Ele escreve: "Dá-nos calafrios ler teses com
frases do tipo: `O filósofo panteísta judeu holandês Spinoza foi definido
por Guzzo...' Alto lá! Ou você está fazendo uma tese sobre Spinoza e
então o já sabe quem é Spinoza e que Augusto Guzzo escreveu um livro
sobre ele, ou está citam por acaso esta afirmação numa tese sobre Física
nuclear e então não deve presumir que o leitor ignore quem é Spinoza
mas saiba quem é Guzzo". In: ECCO, U. Op. cir.36 nem mesmo os
gênios são incompreendidos e solitários. Então troque idéias. E reescreva
todo trecho dúbio.3.2 - Tradução Ninguém precisa dominar a língua
inglesa para escrever uma tese no Brasil. Mesmo assim, certos erros de
tradução são imperdoáveis, pois mostram que o autor não entendeu o que
leu.Veja, por exemplo:"SMITH (1940) provou, com dados atuais... "Ora,
se o senhor Smith publicou em 1940, será que os dados dele são mesmo
"atuais"? Talvez Smith tenha provado - seja lá o que for - usando dados
"reais" (actual data).E difícil traduzir, principalmente quando surgem
palavras na língua estrangeira semelhantes às palavras de nossa
língua,mas com outro significado. Por isso, existe quem traduza
ingenuity por ingenuidade. Mas existem "traduções" que, de tão usadas,
já parecem consagradas como checar, em lugar de verificar suporte, em
lugar de apoio. Mas está errado. O abuso das traduções esdrúxulas ocorre
principalmente em áreas técnicas novas, como computação. Aliás, um
autor que pretendia colocar seus programas à disposição dos interessados
escreveu:"Os programas estão avaliáveis para... "Mas as dúvidas de
"tradução" não param por aqui. Também existe a questão do ponto e da
vírgula. "Dois ponto cinco"em inglês, significa dois e meio. Mas os
computadores e as calculadoras escrevem "ponto' em substituição à
vírgula - e muita gente já diz (e escreve) "dois ponto cinco" em lugar de
dois e meio.Finalmente, existe o absurdo sistema inglês de unidades de
medida, como milhas, libras, onças etc. Deve-se "traduzir"ou fazer a
conversão? Se a unidade de medida varia, os valores AS QUESTÕES
PERTINENTES 37numéricos não são comparáveis. Então é preciso
converter -não basta traduzir. Aliás, é melhor manter as mesmas
unidades(do Sistema Internacional de Unidades), em todo o trabalho.E é
preciso prestar especial atenção às "palavras iguais" com valores
diferentes. Por exemplo, a tonelada americana é maior do que a do
Sistema Internacional de Unidades e o alqueire mineiro é maior do que o
paulista.3.3 - Citações Você resume e comenta trabalhos relacionados à
sua tese no capítulo "Revisão da Literatura". A identificação de cada
trabalho é feita através da citação do(s) autor(es). Como isso é feito?Você
pode fazer uma citação direta ou transcrição, isto é,copiar literalmente
certo trecho de determinada obra. O trecho copiado deve, porém,
aparecer entre aspas. Normalmente são transcritos leis, decretos,
regulamentos ou trechos notórios de autores, principalmente na área de
Literatura e Filosofia. também podem ser transcritos dados e tabelas.
Mas evite as transcrições muito longas, mesmo que você aprecie o autor
ou a suaobra26.Também podem ser feitas ou citação indireta ou citação
de citação. Nesses casos, você reproduz as idéias de outro(s)autor(es),
em suas próprias palavras. Para fazer uma citação indireta, é preciso ter
lido a obra. Mas se você não teve acesso à obra - apenas leu sobre ela -
faça uma citação de citação.De qualquer modo, é preciso citar o(s)
autor(es) toda vez que você:25. Veja: MATTOS, F.G. "O cientista como
citador". Ciênc. e Culr., 37(8): 1294-5,1985.26. Não tem sentido
escrever: "De acordo com SILVA (1990)", abrir aspas e transcrever toda
a Introdução da tese do Silva, como Introdução da sua própria tese,
mesmo que o tal do Silva seja ótimo.3g a) trabalhar com hipóteses já
levantadas em outras obras.b) concordar - ou discordar - de afirmativas
feitas em outra(s) obra(s).c) utilizar técnicas, materiais ou métodos não
usuais em sua área, sugeridas em outra(s) obra(s).d) comparar resultados
seus com os resultados apresentados em outra obra.e) chegar às mesmas
conclusões, ou a conclusões além divergentes das conclusões
apresentadas em outra(s)obra(s).Existem dois sistemas consagrados de
citação. Um deles consiste em citar o sobrenome do autor, em letras
maiúsculas,seguido do ano da publicação da obra, entre parênteses. Por
exemplo:"De acordo com OLIVEIRA (1970)... "Se o trabalho tiver dois
autores, citam-se os nomes dos dois autores separados por &, em
maiúsculas, e seguidos do ano da publicação da obra, entre parênteses.
Por exemplo:"De acordo com SMITH & WHITE (1980)... "Se o trabalho
tiver três ou mais autores, cita-se o nome do primeiro autor em
maiúsculas, seguido de et alii, a expressão latina que significa "e outros",
e do ano da publicação da obra entre parênteses. Por exemplo:"De
acordo com BERNARDES et alii (1980)... "Se você cita duas ou mais
obras, ligue-as por vírgulas ou pela conjunção "e". Por exemplo:"De
acordo com EVANS (1970), SILVA (1980)e ANTUNES & SILVA
(1985)"AS QUESTÕES PERTINENTES 39O outro sistema de citação
exige que você organize os sobrenomes dos autores das obras
referenciadas em ordem alfabética e confira um número a cada um deles.
Depois, você cita apenas o número. É preciso, porém, certo cuidado na
citação.Não escreva:"De acordo com (7)..: "mas; por exemplo:"Existe
informação7~ de que... "A citação por números não permite que o leitor
saiba, quando lê a informação, quem a assina, nem de que época é a
informação. E isto pode ser importante, porque nomes e datas dão força a
certas idéias'. A solução para o problema é, porém, muito simples. Você
escreve no texto o nome do autor ou a época da publicação, sempre que
julgar que isso é importante. Escreva, por exemplo:"De acordo com
Einstein ""Em 1940 já se sabia ...Se você cita duas ou mais obras,
escreva os números seqüencialmente, separados por vírgulas e entre
parênteses:"Alguns autores 5,7,10) aCredltal72..."A grande desvantagem
da citação pôr números é a possibilidade, sempre presente, de você
precisar citar um autor ainda27. Como dizia Bernard Shaw: "Você não
espera que eu saiba o que dizer sobre a peça quando não sei quem é o
autor... Se o autor é bom, a peça é boa. Isto émio." In: DAY. R.A. Op. cir.
não referenciado, depois de já ter feito toda a organização numérica das
referências. Se a inicial do último sobrenome desse autor for letra do
começo . do alfabeto, você precisará reorganizar quase toda a numeração
o que dá trabalho.Os orientadores em geral recomendam a citação de
autores,no texto, por sobrenome e data da publicação. Mas algumas
revistas internacionais insistem no sistema de citação por números -
porque economiza palavras, ou seja, dinheiro. Então talvez você queira
começar a aprender o sistema... De qualquer forma, antes de começar a
escrever, consulte seu orientador.Agora que você já sabe o que citar,
saiba o que não deve citar.Evite a citação de obras que têm relação
apenas longínqua com seu trabalho, mesmo que tenham sido escritas
pelo seu chefe:..Também não cite livros didáticos - por melhores que eles
sejam-se esses livros só discutem material conhecido na área. No
entanto, se você usar métodos pouco conhecidos em sua área, convém
citar a literatura especializada-mesmo que seja um livro didático.É
preciso apenas certo cuidado no redigir, para não parecer que um autor,
que descreve um método, inventou esse método.E, finalmente - evite
referência a dados não publicados,trabalhos no prelo, resumos em
congressos, comunicações pessoais, relatórios mimeografados em geral -
a menos que isso seja essencial. Lembre que trabalho científico que não
foi escrito não pode ter sido lido e avaliado.3:4 - Notas de rodapé Os
livros e as teses com muitas notas de rodapé dão a impressão de
erudição. Se essa erudição é falsa ou verdadeira, cabe ao leitor julgar -
mas a impressão permanece. De qualquer forma,as notas são muito úteis
para as seguintes finalidades:a) Reforçar as afirmativas feitas Se você
quer fazer uma observação, mas considera que,no texto, essa observação
seria repetitiva ou perderia impacto,faça a observação em nota de
rodapé.AS QUESTÕES PERTINENTES 4ib) Contestar as afirmativas
feitas Se você está seguro de sua opinião, mas sabe que o assunto é
controvertido e existem opiniões contrárias, coloque a opinião contrária
em nota de rodapé. Além de exibir erudição; você mostra "espírito
aberto".c) Traduzir e verter Se você acha que a expressão ou citação em,
língua estrangeira perdem a força quando traduzidas para o português,
escreva na língua original, e coloque a tradução em nota de rodapé:Se
quiser, faça ao contrário: deixe no texto em português, e coloque a
expressão, ou citação, em nota de rodapé, na língua original.d) Fazer
referências internas Se você quer remeter o leitor para outro capítulo da
sua tese, use uma nota de rodapé) Dar indicações bibliográficas de
reforço Se você quer aconselhar um texto didático, ou indicar onde seu
leitor pode encontrar o assunto exposto de maneira adequada; coloque a
referência da obra em nota de rodapé;como segue:`"Sobre esse assunto,
veja o livro: OLIVEIRA, J.A.Noçõès de Física, São Paulo, Editora
Universidade,, i 980° ~28,28. Seria absurdo escrever: "De acordo com
OLIVEIRA (1980), a matéria atrai. amaCéfïà..:" Aliás você pode
escrever:'"A matéria atrai a matéria..." etc. e, em nota de rodapé; indicar
o texto didático de Oliveira; como mostra o exemplo. , f)
Comentar autores. Se você quer fazer comentário sobre a vida
de um autor, ou mesmo fazer uma referência geral sobre sua obra, ou
dar algumas datas - como de nascimento e morte, ou o ano da
publicação da primeira edição de obra importante -, use nota
de rodapé: g) Citar informações obtidas através de
canais informais ~ Se você .quer citar comunicações pessoais,
notas de aulas,correspondência, escreva no texto: "De acordo
com SMITH (1990)~..."e, em nota de rodapé, escreva, por exemplo:
SMITH, J.J. (Centro de Pesquisas Médicas, Rio `de Janeiro),
Comunicação Pessoal, 1990.3.5 - Título Poucas pessoas lerão a sua tese.
Dói, mas é verdade. Afinal,tese é um trabalho acadêmico - longo,
minucioso, cansativo.E existem poucos exemplares disponíveis. Muitas
pessoas, no entanto, lerão o título de sua tese. Quem são essas
pessoas?Ora, sua tese, depois de entregue ao orientador, será
encaminhada para a defesa. E passará por diversas instâncias, como
departamento e congregação. Depois, o diretor convocará uma comissão
- só para julgar sua tese. E a tese será lida, julgada,defendida, corrigida.
Isso constará em ata. Pois ao longo de todo esse processo o título da sua
tese será lido, escrito, falado.Aprovada, sua tese será referenciada, pelo
título, em muitos currículos, como o seu e o do seu orientador, além dos
currículos das pessoas que ajudaram você - colegas, professores,técnicos
e dos membros da comissão julgadora. Sua tese também será
referenciada nos relatórios do curso de pós-graduação e nos fichários das
bibliotecas que tiverem a honra de receber um exemplar...Se você
publicar um trabalho sobre o mesmo assunto, certa-mente fará referência
à sua tese. Também farão referências à sua tese outras pessoas que a
leram e trabalharam na mesma área, como seu orientador, colegas do
curso e membros da co-missão julgadora.As bolsas de estudos,
concedidas por agências financiadoras de pesquisa, exigem prestação de
contas. Se você recebeu uma bolsa, na prestação de contas terá,
fatalmente, que citar o título de sua tese. E o título da sua tese ainda será
lido por todos que dela tomarem conhecimento, inclusive membros desta
família e seus amigos. Numa contabilidade rápida: se sua tese for lida
por meia dúzia de pessoas, o título será lido por seis dezenas. Certo?
Então escreva o título com muito capricho.Aqui estão algumas
recomendações. Um bom título deve ser:a) curto b) específico c) sem
fórmulas de qualquer espécie Não se recomendam:a) títulos-frases6)
títulos-perguntas O título deve ser curto, mas também deve ser
específico.Por .exemplo, o título"AIDS no Brasil"é' suficientemente
curto, mas não é específico. Que aspecto da AIDS trata a tese em
questão: prevenção? tratamento? problemas sociais? estatísticas? Já o
título: Aspectos estatísticos das funções de produção ajustadas aos
ensaios fatoriais 3-~ de adubação NPK de milho"parece específico, mas
é longo - e chato!O título não deve ter fórmulas ou símbolos de qualquer
espécie; mesmo que essas fórmulas e símbolos sejam familiares para
você. Já pensou quantas das pessoas que irão manusear sua tese lêem,
com desenvoltura, a fórmula1 que todo estatístico sabe de cor? E quantas
das pessoas que irão manusear sua tese sabem ler? Então, facilite. a vida
dos outros!E não use títulos que são frases. Então, não
escreva:"Adubação nitrogenada é essencial para o milho"Tampouco use
títulos que são perguntas. Não escreva:"Que sabe você sobre prevenção
de cáries?"Note que esses títulos são bons para a imprensa - ou mesmo
para livros de divulgação - mas não são bons como títulos de tese.
Também evite as palavras que são simples recheio e nada dizem, como
"Introdução ao estudo de.. : " ou "Algumas observações sobre.. .
"Finalmente, lembre que o título de sua tese será usado para referenciar
sua tese na biblioteca, por assunto. Então use"palavras-chave", ou seja,
palavras que remetam o leitor ao assunto tratado em sua tese. Se você
quer que sua tese seja revista por outros autores, capriche no título!
Porque :título é etiqueta: bem escolhida e bem usada, rende muito. ,4,AS
QUESTÕES Técnicas dados são apresentados em tabelas e gráficos.
Então, é bastante provável que, para escrever sua tese, você precise
construir tabelas e gráficos. Mas também são usuais, nas teses, as
ilustrações, como fotografias, por exemplo. Logo, é possível que você
também precise se preocupar com ilustrações. Finalmente, muitas teses
ostentam fórmulas e equações. É preciso saber escrevê-las. Pois destas
questões trata este capítulo.4.1 · Tabelas Não construa tabelas - a menos
que seja necessário apresentar dados repetitivos. Este conselho
aparentemente estranho tem duas boas justificativas: primeiro, números
valem pela informação que eles carregam. Então s6 apresente números
que trazem informação relevante. Segundo, tabelas ocupam espaço e
interrompem a leitura do texto. Então não desperdice papel nem
interrompa o leitor - a menos que você precise dar informação de
interesse, mas que é repetitiva.Se você precisa dar apenas um número,
não faça uma tabela: dê a informação no texto. Veja a Tabela 1: é
absolutamente54 4.3 : Outras figuras Às,vezes é preciso apresentar
outras figuras, além dos gráficos.".Uma figura vale mil palavras", é voz
corrente. Mas figuras custam dinheiro e, nem sempre, substituem
palavras: De qualquer modo, que tipo de figura pode ilustrar uma tese?
Existem várias opções que, obviamente, dependem da área:
fotografias,foto micrografias, esquemas, plantas, desenhos técnicos,
mapas.Antes, porém, de pensar em rechear sua tese com figuras;
considere o preço e a necessidade delas para seu trabalho. Some,a essas
considerações, a qualidade do material que você pode produzir e depois
faça sua opção:Fotografias e fotomicrografias são caras, mas muitos
centros de pesquisa já estão equipados para produzir material de boa
qualidade. Mesmo que você precise arcar com a despesa do material de
consumo, o preço nem sempre é proibitivo. O problema é saber o que
você pretende fazer e se isso é necessário. Saiba, porém, que em certas
áreas - como ciências morfológicas - a fotografia é material básico. Já
outras vezes, as fotografias servem apenas para atestar a qualidade do
material usado ou para comprovar a quantidade de trabalho realizado.E
isto também pode ser essencial.Em certas situações, porém, é
perfeitamente dispensável fotografar. Assim, não há necessidade de
fotografar mesas de trabalho, microscópios, computadores e aparelhos
convencionais, mesmo que recém-adquiridos ou `pouco usuais na
área.Mas se você precisou inovar - por exemplo, fazer uma adaptação em
uma mesa cirúrgica - avalie a necessidade da fotografia, pois,
eventualmente, ela pode ser bastante útil para quem pretenda reproduzir
seu trabalho.Se você fotografa pessoas, lembre que é razoável não
identificá-las, principalmente se elas estiverem em situação íntima ou
embaraçosa. Mas é claro que esse cuidado não cabe se seu trabalho
enfoca, por exemplo, uma personalidade pública, ou pessoas em
situações normais.Nem só fotografias são, porém, ilustrações de
interesse.Muitas vezes são necessárias outras figuras - como
esquemas,SG desenhos técnicos, plantas, mapas. Mas é sempre preciso
avaliar- em cada caso - a necessidade da ilustração. E cuidado para não
exagerar!4.4 - Notações,s convencionais Use a simbologia consagrada.
Se você precisar escrever a fórmula química de um produto, escreva da
maneira convencional,mesmo que você não seja químico. Não tente
inovar. Se você apresenta fórmulas matemáticas, escreva da maneira
correta.Para isso, observe livros da área. De qualquer modo, cabem
algumas observações.Primeiro, as fórmulas matemáticas devem ser
destacadas,para facilitar a leitura. Toda letra que representa número deve
ser escrita em itálico. Use, se possível, tipos menores para indicar índices
e expoentes. Os números e os operadores (comolim para limite, log para
logaritmo decimal) não devem ser escritos em itálico. Se você precisar
escrever várias fórmulas e equações, numere-ás com números arábicos
consecutivos, escritos entre parênteses, na mesma linha da fórmula, e na
margem à direita da página. Veja o exemplo:logY = bo + b, x +bz xz
(1)Se você usa computador, lembre de informar o nome do programa, ou
o centro que o utiliza, ou o nome de quem fez o programa. Se você é o
autor do programa, coloque uma copiado programa no
Apêndice.Finalmente, quem escreve uma tese enfrenta questões técnicas
de toda ordem. Um bom costume é esclarecer as dúvidas com
profissionais da área. É por isso que os cursos de mestrado e doutorado
são ministrados em universidades. Se você souber improvisar, ótimo!
Mas não se transforme em charlatão.5AS OUTRAS PARTES De acordo
com a ABNT3l, uma tese tem, além da parte de texto - que está discutida
no Capítulo 2 deste livro - duas outras partes: a parte preliminar ou pré-
textual e a parte complementar ou pós-textual. É destas partes que trata
este capítulo.5.1 - Parte preliminar A parte preliminar ou pré-textual,
como diz o próprio nome,vem antes do texto. É formada por:Capa
Página de guarda Página de rosto31'. A sigla ABNT significa Associação
Brasileira de Normas Técnicas. A ABNT tem diversas publicações que
visam normalizar documentos. Veja Associação Brasileira de Normas
Técnicas -Apresentação de dissertações e teses: projeto 14: 02.02-
002185, l5pp.5g
DedicatóriaAgradecimentosSumárioResumoSummary5.1.1 - Capa,
página de rosto e página de guarda A capa da tese deve ser impressa em
cartolina ou similar.Tanto a capa como a página de rosto devem conter os
seguintes elementos:a) título, em caixa alta b) nome completo do autor,
em caixa alta, mas em tipo menor do que o usado para o título.c)
instituição em que a tese está sendo apresentada e grau pretendido.d)
local e data da publicação.O nome do orientador pode ser colocado na
capa. Mas- antes de tomar qualquer providência - consulte seu
orientador. Aliás, ele é a pessoa certa para informar você sobre as normas
internas da instituição32. De qualquer modo, confira as informações,
olhando outras teses. E, apenas como exemplo,veja esta capa de tese a
seguir.Em livros, a página de rosto é idêntica à capa. Mas nas teses a
página de rosto pode exibir o nome do orientador, mês-32. Muitas
instituições universitárias têm normas internas bem elaboradas. Veja, por
exemplo: ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE
QUEIROZ", piracicaba. Comissão de Pós-graduação. Normas para a
elaboração de dissertações e teses. piracicaba, 1987.mo que não conste
da capa. E você também pode colocar, na capa ou na página de rosto, sua
qualificação profissional. Veja o exemplo dado em seguida.A8
QUE8TÃO DA HETER,OCEDASTICIA NA COMPARAÇAODE
DUAS MÉDIASP,ONALDO SEICHI WADA Orientador: Prof. Dr. atira
Ranceis Nogueira Dissertação apresentada à Escola8uperior de
Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de 8àoPaulo, para
obtenção do título de Mestre em Agronomia, Área de Concentração em
"Estatística e Experimentação Agronômica".PIRACICABA Estado de
São Paulo - Brasil Abril, 1988AS OUTRAS PARTES 61Se você quiser,
ou a instituição exigir, apresente a ficha catalográfica da sua tese no
verso da página de rosto. Veja o exemplo. Para fazer essa ficha, consulte
um bibliotecário. Mas não se esqueça: antes de imprimir a capa e a
página de rosto,verifique as normas da instituição e fale com o seu
orientador.Ficha catalográ8ca preparada pela Seção de Livros da Divisão
de Biblioteca e Documentação - PCAP/USP Wada, Ronaldo
SeichiW118q A questão da heterocedasticia na comparação de duas
médias.Piracicaba, 1988.108p.Diss. (Mestre) - ESALQ Bibliografia.1.
Estatística matemática 2. Inferência estatística I. Escola superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba CDD 619.64A página de guarda
é apenas uma página em branco que se intercala entre a capa e a página
de rosto, por razões estéticas.Será útil para você escrever algumas
palavras de próprio punho,caso queira oferecer um exemplar de sua tese
a um professor,um colega, um amigo.5.1.2 - Dedicatória Todo autor pode
dedicar seu trabalho a alguém. Os autores de tese geralmente fazem
dedicatória, embora também exista quem não faça essa opção.Você pode
dedicar sua tese a uma s6 pessoa da família.Por exemplo:"Para minha
mãe".ou para várias. Por exemplo:62 "Para minha mulher, Helena, e para
meus filhos,Carlos e Daniel".Reserve uma página inteira para a
dedicatória. Se o texto for curto, coloque-o no terço inferior da página e
ao lado direito,como mostra o esquema. Para meus pais Você pode
redigir a dedicatória de maneira simples e direta, como nos exemplos, ou
pode ser romântico, ou emocional. Mas evite dedicar sua tese a um
número exagerado de pessoas:"Para meus pais, minha noiva, meus
irmãos e minhas irmãs, meus cunhados e minhas cunhadas,meus
sobrinhos e minhas sobrinhas".64 Também evite o gosto duvidoso:"Para
minha mais fiel colaboradora e para os frutos dessa colaboração "E -
sobretudo - não faça gracejos que não cabem:"A minhas mulheres e meus
cachorros... "33 Você também pode dedicar sua tese a um mestre, um
amigo, uma personalidade, ou mesmo às pessoas anônimas que ajudaram
você, participando de sua pesquisa: "Aos bóias-frias da região de
Piracicaba "Enfim, faça dedicatória se quiser e como quiser, mas -ao
dedicar sua tese a alguém - lembre que o toureiro também dedica o touro
para uma personalidade34. No entanto, a pessoa só se sente realmente
homenageada se o touro é valente...5.1.3 – Agradecimentos
Os Agradecimentos não obedecem normas nem têm caráter científico.
Mas devem obedecer ao bom senso. Se alguém ajudou você a fazer sua
tese, deixe registrado seu agradecimento na própria tese. Como diz
Umberto Ecco - o agradecimento,33. Quem cunhou a expressão foi Tarso
de Castro, jornalista, em suas crônicas na imprensa diária.34. Esta
comparação foi feita por A.J. Bachrach, que dedicou seu livro a três
pessoas.Na dedicatória, ele escreve: "A tradição manda esperar até o
meio da tourada para dedicar o touro à alguém na platéia. Saber-se-á
assim se o touro é suficientemente bravo para ser ou não oferecido.
Infelizmente, não é possível fazer isto com um livro e, desta forma,tomo
este livro pelos chifres e o dedico a estimados amigos e colegas que me
ensinaram a pesquisar: Murray Sidman Joel Greenspoon e Frank
Banghart" In: BACHRACH, A.J. Introdução à pesquisa psicológica, São
Paulo, Herder, 1969.AS OUTRAS PARTES 6Salém de mostrar que você
é cortês, também mostra que você tem trânsito no meio acadêmico,
conseguindo ajuda cá e lá...Faça agradecimento explícito para todas as
pessoas que ajudaram você, em seu trabalho. Mas quem são essas
pessoas?Bem, comece pelo seu orientador35, mas também não esqueça
de agradecer empréstimo de equipamentos e doação de material.
Tampouco esqueça de agradecer ajuda na coleta de dados,na condução de
experimentos ou na interpretação de resultados.E agradeça qualquer tipo
de ajuda financeira -como uma bolsa de estudos, por exemplo - além da
ajuda de técnicos de labora-tório, bioteristas, datilógrafos e outros.Seja
sempre específico em seus agradecimentos, isto é, não deixe parecer que
uma pessoa, que ajudou você em determinada parte do trabalho, é
responsável por todo o trabalho. Agradeça especificamente cada tipo de
ajuda, cada idéia relevante, cada empréstimo significativo, porque
agradecimento é um crédito que a pessoa pode usar na hora de apresentar
currículo, por exemplo.E - se uma pessoa não ajudou - não agradeça.
Ainda existe servilismo e muita bajulação no meio acadêmico, que levam
alguns a agradecer, por escrito, o "exemplo edificante"ou a "abertura de
horizontes" para aqueles que ocupam cargos importantes na
universidade. Se o reitor ajudou você, agradeça;se não ajudou, para que
comprometê-lo?E tome cuidado com a redação. Alguns agradecimentos
são frios ou - até mesmo - insuficientes. Veja, por exemplo:"Agradeço ao
João Ribeiro, pela coleta dos dados, e à Marisa Fontes, pela
interpretação".Talvez você se pergunte: se o autor não coletou os dados
nem os interpretou, o que é que ele fez? Bem, a tese poderia35. Nas teses
defendidas no Brasil, os agradecimentos ao orientador chegam a ocupar
toda uma página, ultrapassando o limite do razoável. Em outros países,
no entanto, isto nem sempre ocorre. Aliás, Umberto Ecco recomenda não
agradecer ao orientador -porque é obrigação dele orientar. Veja: ECCO,
U. Op. cit.66 ser, por exemplo, de um estatístico, que usou os dados para
mostrar um método de análise. Mesmo assim, o agradecimento é
insuficiente. É muito difícil, para um estatístico, obter bons dados para
uso próprio e é muito mais difícil conseguir quem os explique. Então, as
pessoas que têm essa grandeza - de colocar dados à disposição de
interessados ou ajudar na interpretação - decididamente merecem mais
aplauso!Por outro lado, cuidado com os agradecimentos demasiado
efusivos, que causam mal-estar a quem os recebe. Veja, por exemplo,
este agradecimento:"Nossa gratidão eterna ao Prof. João da Silva, que
nos encontrou perdida nas trevas da ignorância e, com seus
conhecimentos profundos, nos guiou segura para a senda do saber".Para
evitar mal-entendidos, mostre a frase que você escreveu registrando seus
agradecimentos à pessoa citada, e peça opinião. Não arrisque amizade ou
futura colaboração por inabilidade de escrita. E não use a seção de
Agradecimentos para tratar emocionalmente seus problemas com a linha
teórica do curso. Então não escreva:"Sou grato aos professores - mesmo
àqueles que renegaram a ciência e se transformaram em freudianos de
carteirinha... "36Por outro lado, lembre que a tese é um trabalho
acadêmico e, como tal, deve ser tratada. Então o estilo deve ser
objetivo,mesmo nos agradecimentos. Não interessa, a quem lê uma tese
acadêmica, a vida pessoal de seu autor. Então não misture
agradecimentos profissionais com questões pessoais. Não escreva,por
exemplo:36. A expressão é do "analista de Bagé", personagem criado por
Luis Fernando Veríssimo. Veja: VERÍSSIMO, L.F. "O depoimento do
analista de Bagé". In: Veríssimo,L.F. A velhinha de Taubaté, Porto
Alegre, L.P.M., 1983.AS OUTRAS PARTES 67"Ao Professor Carlos
Aguiar agradeço a orientação deste trabalho e a minha esposa Amélia,
que é a Amélia de verdade, agradeço o amor e a abnegação. "Ou
ainda:"Ao professor Carlos Aguiar agradeço a orientação deste trabalho e
aos meus companheiros de tantas orgias etílicas, por estes rincões
longínquos de minha terra natal, agradeço a compreensão e a amizade.
"Finalmente, um problema real: o que fazer em relação à pessoa que
ajudou você, mas que seu orientador não aprecia?Se seu orientador tem
talento, ele separa questões pessoais de julgamento científico. Mas se é
mau caráter, não vai gostar dever reconhecido o trabalho de um desafeto.
O que fazer? Como diz Umberto Ecco, se seu orientador é mau caráter e
você escolheu ser igual a ele... não agradeça a quem não interessa3'.5.1.4
- Sumário Entende-se por Sumário a enumeração das principais divisões
ou partes da tese, isto é, a enumeração dos capítulos e suas divisões, com
a respectiva paginação. Não se enumeram, no Sumário, apenas as partes
da tese que o precedem, isto é, capa,página de guarda, página de rosto,
dedicatória e agradecimentos.Veja o esquema dado em seguida, que
mostra como se faz um "Sumário". Note os títulos dos capítulos, escritos
em letras maiúsculas. Observe as linhas de pontos interligando os títulos
dos capítulos e subdivisões com os números das página sem que se
iniciam. Observe também a coluna com os números37. In: ECCO, U. Op.
ci~.68das páginas que têm, em seu topo, a palavra Página. Veja apalavra
Sumário, em maiúsculas, escrita no alto e no centro.Finalmente, note que
a numeração das páginas, na parte pré-textual (com exceção da página de
guarda e da página de rosto,que não têm números) é feita em algarismos
romanos e com letras minúsculas e, nas demais páginas (a partir da
primeira página de Introdução), em algarismos arábicos. SUMÁRIO
Página
RESUMO.....................................................................................
vi SUMMARY
................................................................................ vill1 -
INTRODUÇÀO .......................................................................... 12 -
REVISÃO DA LITERATURA ....................................... .. 53 -
Metodologia ....................................................................... 18 3.1 -
Métodos matemáticos ............................................ 20 3.2 - Métodos
estatísticos ................................................ 294 - RESULTADOS E
DISCUSSÃO ............................................. 626 - REFERËNCIAS
Bibliográficas ................................. 79 APËNDICE
................................................................................. 90Também podem
ser apresentadas, no final do Sumário,listas de tabelas e figuras. Nesse
caso, indicam-se os números das páginas em que aparecem cada tabela
ou cada figura. Veja o exemplo dado em seguida.LISTA DE TABELAS
Página Tabela 1: População brasileira presente segundo o sexo, de acordo
com o censo demográfico de 1970
................................................... 85Tabela 2: População brasileira
recenseada, segundo o sexo e a idade, de acordo com o censo
demográfico de 1970 .............................. 87Tabela 3: População
brasileira recenseada, segundo o sexo, a idade e a alfabetização, de
acordo com o censo demográfico de 1970 .................. .. ... 90AS
OUTRAS PARTES 69Convém lembrar que alguns autores e as editoras
em geral referem-se ao Sumário como Índice mas - de acordo com a
ABNT - não se deve confundir Sumário com Índice.5.1.5 - Resumo e
Sumário "Resumo" tem a finalidade de apresentar uma descrição breve
do problema estudado e das soluções encontradas. Então,no "Resumo"
você deve:a) expor o objetivo da sua tese b) citar a metodologia c)
apresentar os principais resultados d) dar as suas conclusões.Não
coloque, no "Resumo":a) aspectos do trabalho não descritos no texto;b)
tabelas, figuras e fórmulas;c) referências a outros autores.Tudo o que
você pretende escrever no "Resumo" já deve ter sido escrito no corpo da
tese. Portanto, nada de "idéias novas". Embora seu resumo deva ser auto-
explicativo, não faça tabelas nem figuras. Também evite números e
fórmulas. E não cite autores, a menos que sua tese proponha modificação
de método consagrado. Nesse caso, cite o autor do método, até mesmo
no "Resumo".Procure prender a atenção do leitor. Se seu leitor não gostar
do "Resumo", será que irá se interessar pelo resto da tese?Use linguagem
clara, familiar ao seu público. E - sobretudo- seja breve. De acordo com a
ABNT, um resumo deve ter,no máximo, 500 palavras. Mas se você puder
se limitar a 300palavras, por que escrever mais?Depois de feito o
"Resumo" você pode vertê-lo para o inglês - e terá pronto o "Summary".
Mas cabe aqui uma advertência: é no "Summary" que se encontra o
maior número de tropeços com a língua - no caso, a inglesa. E tais
tropeços muitas vezes são explicados pela imprecisão do texto em
português. Então muito capricho ao escrever o "Resumo"! De qual-g "
y"quer modo, não se esqueça de submeter o Sumário a um nativo da
língua inglesa ou, pelo menos, a uma pessoa que tenha bom domínio
dessa língua.E saiba que vale a pena fazer um "Summary". A idéia
parece, à primeira vista, pretensiosa. No entanto, o Brasil está
organizando um banco de teses e o resumo em inglês pode facilitar o
intercâmbio de informações com profissionais de outros países. Mais
ainda: pode ser, para você, a primeira experiência de escrever em língua
inglesa. E se você tem vontade de ser pesquisador, está na hora de
começar a escrever em inglês.Finalmente, lembre que certas instituições
consideram obrigatória a inclusão de um resumo em inglês na tese,
mesmo antes da defesa. Já outras instituições consideram que o resumo
em inglês só deve ser feito se a tese for aprovada. E existem instituições
que não exigem que a tese tenha um resumo em inglês... Então, veja as
regras da sua instituição e as siga.5.2 - Parte complementar ou pós-
textual A parte complementar ou pós-textual vem, como indica o
nome,depois do texto da tese. Constitui-se dos segmentos
elementos:Apêndice Índice Referências Bibliográficas.5.2.1. - Apêndice
Coloque em "Apêndice" todos os elementos que não são essenciais à
compreensão do texto e que cortariam o ritmo de leitura.São
classicamente colocados em "Apêndice" um ou mais dos seguintes
elementos, caso existam:AS OUTRAS PARTES a) questionários
impressos, usados para o levantamento dedados.b) modelo do formulário
de consentimento esclarecido do paciente que se submeteu ao
experimento clínico, caso o trabalho de tese exija experimentação com
seres humanos.c) dados brutos, desde que em grande número.d) detalhes
das análises estatísticas.e) descrição adicional da metodologia.f)
ilustrações que apenas atestam a qualidade ou a quantidade de material
utilizado.g) fac-símiles de documento não-essenciais.h) programa de
computador, se foi feito pelo autor da tese.5.2.2. - Índice O "Índice" é
uma relação, em ordem alfabética, de assunto se autores, com indicação
da página do trabalho onde o assunto é tratado ou onde o autor é citado.
O "Índice" é remissivo,pois remete o leitor à página onde está o assunto
ou o autor procurado. Veja o exemplo dado em seguida.N
RNeyman, J, 30 .Neyman, lema de Neyman Pearson, .vide
Lema de Neyman - Pearson .Nível . de confiança, 80-82 de
significância, 60-66Normal, distribuição, vide Distribuição normal
Nulidade, hipótese da, vide Hipótese da nulidade Só se
recomendam índices em teses longas com muitas citações, como são
algumas teses feitas nas áreas de ciências humanas. Se as teses são de
natureza experimental e têm cerca de100 páginas ou menos; o índice é
perfeitamente dispensável.2 5.2.3. - Referências Bibliográficas literatura
mencionada no texto do trabalho deve ser relacionada sob o título
"Referências Bibliográficas". Para fazer as referências bibliográficas, é
indispensável seguir normas técnicas. Siga as normas do seu curso ou de
sua instituição, ou de periódicos importantes em sua área de trabalho. Ou
siga as normas da ABNT3g.Lembre que as referências bibliográficas
devem permitir ao seu leitor localizar o trabalho que você cita. Então,
não seja descuidado. Releia o que você escreveu. Na dúvida, peça ajuda
ao seu orientador ou ao bibliotecário da sua instituição. Os bibliotecários
seguem as normas da ABNT e geralmente são pessoas bastante
conhecedoras dessas normas. Eles podem ajudar você na normalização
das referências bibliográficas.Mas o que é mais importante: olhe as
"Referências Bibliográficas" criticamente. São suficientes? São
abrangentes? São atualizadas? Que a resposta seja positiva porque, a esta
altura dos acontecimentos...38. As normas da ABNT são as mais usadas.
Veja: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRADE NORMAS TÉCNICAS.
Referências bibliográficas: NB-66 CNBR 60230, Rio de janeiro, 1978 17
pp. que ainda estão em uso em muitas instituições. Mas seja também:
ASSO-CIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Referências
bibliográficas NBR6023. Rio de Janeiro, 1989, 19 pp. que traz algumas
mudanças na estrutura das referências,principalmente no que se refere
aos periódicos.6, ,AS ULTIMAS DUVIDASA leitura deste livro pode ter
deixado a impressão de que escrever uma tese é fácil - basta seguir um
roteiro. Não é bem assim. Para escrever uma tese de bom nível é preciso
que o aluno tenha feito pesquisa de bom nível. Então não basta a forma é
preciso conteúdo. Porém, não basta o conteúdo - é preciso a forma. E aí
está a razão deste livro: ensinar truques e estratégias para que você possa
escrever sua tese. Mas convém discutir também outras poucas dúvidas,
que assaltam o aluno que está fazendo curso de pós-graduação.6.1 -
Aptidão para a pesquisa Você provavelmente já se perguntou se tem
aptidão para o trabalho acadêmico. Pois um jornalista americano
entrevistou dezenas dos mais importantes pesquisadores médicos dos
estados Unidos e depois procurou descrever suas personalidade se
opiniões 39. Veja se você tem os cinco traços de caráter que são
característicos desses homens, segundo o jornalista.39. ROBINSON, P.
The Miracle Finders: The Stories Behind the Most important
Breakthroughs in Modern Medicine. Nova York, Mc Kay, 1974.4 Todo
pesquisador tem curiosidade intelectual ligada a um impulso criativo, que
o leva não apenas à indagação, mas à busca de respostas práticas para a
própria indagação. Os pesquisadores têm, também, enorme entusiasmo
pelo que fazem e contagiam as pessoas com esse entusiasmo. E têm
independência mental, isto é, confiam no próprio julgamento até as raias
da arrogância e da obstinação. Têm, também, grande capacidade de
trabalho, chegando mesmo a dedicar pouco tempo à família e à
recreação. E têm ambição, no sentido de buscar a fama e lutar por crédito
para suas realizações.Note que essas características são importantes para
pesquisadores americanos de destaque, que trabalham em situação
altamente competitiva e precisam abrir espaço e conseguir verbas
(grants). Mas não deixam de dar uma indicação - na falta de melhor - das
qualidades que se espera de um pesquisador.Você acha que se encaixa no
modelo?6.2 - Dificuldade na redação Que faz o candidato que quer
apresentar sua tese mas não consegue escrevê-la? Bem, talvez encontre
alguém que escreva a tese para ele... Não é fácil encontrar esse alguém,
embora orienta-dores de primeira viagem, ou professores jovens que
ainda não têm orientados e querem mostrar como são capazes de
enfrentar esse tipo de trabalho, às vezes se prestem, mesmo que
inadvertidamente, a esse serviço. Outras vezes, porém, são os velhos
mestres que acabam dando mais do que ajuda na redação de uma tese, só
porque o candidato é incompetente e o departamento quer,
desesperadamente, se livrar dele...~°.Existem - é claro - diversos
expedientes para conseguir que alguém escreva uma tese para você.
Todos eles são, no40. É função do orientador dar ajuda na redação de
uma tese. Mas não deve o orienta-dor, nem qualquer outra pessoa -
colegas, professores ou mesmo pais equivocados -escrever a tese pelo
candidato.( entanto, ilegais, porque é o candidato ao título acadêmico
quem deve redigir a tese. Então - embora seja razoável alguma
dificuldade - se você achar que não consegue redigir uma tese,desista da
idéia de virar doutor...Se você não quiser desistir, talvez possa copiar
uma tese,já apresentada em outro lugar, isto é, talvez você queira fazer
um plágio4l. É preciso, porém, muita esperteza para embarcar nesse tipo
de negócio. Só copie o que você (com alguma dose de boa vontade)
poderia ter feito. Afinal, você não seria tão ingênuo a ponto de copiar
uma tese sobre Literatura Inglesa e apresentá-la como tese em um
Departamento de Tecnologia de Alimentos, não é mesmo? É preciso,
portanto, algum capricho.Mas se você estiver resolvido a engrossar as
fileiras do banditismo acadêmico, faça um plágio. Para isso, trabalhe
com esmero! Não copie, parafraseie, isto é, mude o estilo. E não cometa
os mesmos erros ortográficos, nem faça os mesmos erros nas referências
bibliográficas... Mas - sobretudo - dê preferência às teses defendidas em
outros lugares. Como diz Umberto Ecco,você pode apresentar em Milão
uma tese defendida na Catânia...426.3 - Dúvida sobre o tema Quem está
desenvolvendo uma tese na área de Agricultura achaque escrever uma
tese na área de Estatística é fácil: basta um computador. Quem está
desenvolvendo uma tese na área de Estatística acha que escrever uma
tese na área de Farmacologia é fácil: bastam alguns ratos. Quem está
desenvolvendo uma tese em Farmacologia acha que...Na verdade, é
difícil (e é fácil) desenvolver uma tese -qualquer que seja a área. E o grau
de dificuldade (ou de facilidade-41. O plágio deve ser punido. Aliás, está
sujeito às penalidades legais. Veja: VIEIRA,S. e HOSSNE, W.S. "Fraude
em Ciência". In: VIEIRA, S. e HOSSNE, W.S. experimentação com
seres humanos. 2' ed. São Paulo, Moderna, 1988.42. In: ECCO, U. Op.
cit.AS ÚLTIMAS DÚVIDAS 77dade) não está relacionado com a área
de pesquisa, mas com uma série de outros fatores - como a aptidão do
candidato para a pesquisa, o grau de envolvimento e a competência do
orientador, as experiências do curso e - é claro - o tema da tese43.Sempre
é mais fácil desenvolver uma tese na linha de pesquisa do orientador. A
orientação se torna mais segura porque0 orientador sabe exatamente
aonde quer chegar. Mas - por isso mesmo - o trabalho do aluno se torna
menos criativo.Não existe sequer a necessidade de resolver as próprias
dúvidas.Basta perguntar ao orientador... No entanto, o orientador que só
aceita trabalhar em assunto muito específico corre o risco de se repetir
indefinidamente.Então, se você quiser andar pelas próprias pernas,
escolha um tema de pesquisa paralelo à linha de pesquisa do seu orienta-
dor. Só assim se ampliam os horizontes! Saiba, porém, que você terá
dificuldade em resolver as próprias dúvidas e terá maior probabilidade de
erro. Mas também terá maior chance de fazer uma descoberta... Se seu
orientador aceita desafios, por que não tentar? O especialista orienta de
maneira estrita, mas o orientador que não é especialista sobre o tema de
uma tese pode ser um leitor crítico, que um bom candidato ao título de
doutor certamente saberá aproveitar.É possível, porém, que você enfrente
alguma dificuldade para conseguir ajuda financeira para o seu projeto de
pesquisa'.As agências financiadoras tendem a prestigiar especialistas da
área que estão envolvidos em grandes projetos. Mas não desanime. Essa
posição das financiadoras não implica na afirmativa deque não-
especialistas, ou pesquisadores de centro menores, não possam produzir
trabalho de bom nível. Mais ainda, quando só43. O aluno que pretende
desenvolver tese sobre tema que o Departamento não tem especialista
pode buscar orientação fora. A ajuda externa é, em geral, bem-vinda, mas
pode melindrar os menos capazes.44. Muitas teses são subprojetos dentro
do projeto de trabalho de toda uma equipe.Se não existem projetos que
enquadrem determinada tese na instituição, o aluno pode até conseguir
financiamento para uma pesquisa individual, mas sempre é mais difícil
em um grupo produz determinado tipo de conhecimento, corre o risco de
errar e persistir no erro. A competitividade é salutar.Então, mãos à
obra!6.4 - O relacionamento com o orientador Embora a qualidade e a
quantidade de orientação efetiva dada a um trabalho de tese sejam
extremamente variáveis, o relacionamento do orientador com seu
orientado é, em geral, bastante bom. Aliás, existem orientadores que
ajudam mais do que se espera deles, se bem que também existam aqueles
que não ajudam, nunca estão presentes e até exploram seus
orientados45.Mas faça o possível para manter, com seu orientador, um
relacionamento equilibrado.De qualquer modo, saiba que é difícil
estipular a quantidade de ajuda que deve ser dada a um aluno de pós-
graduação.Se é verdade que o orientador deve ter autoridade sobre a tese
que orienta - afinal ele é co-responsável pelo trabalho - também é
verdade que o aluno precisa ter certa autonomia. Onde começa uma e
onde acaba outra? É claro que um orientador não deve colocar seu aluno
dentro do laboratório e mandar que esse aluno siga a própria inspiração.
Mas o orientador também não deve fazer com que o aluno vista seu
método como uma camisa-de-força. Aluno e orientador devem trabalhar
juntos, na tentativa de produzir conhecimento novo: Seria ingênuo pensar
que toda tese representa real avanço da ciência,mas é justo esperar que
toda tese traga alguma luz para o ambiente em que foi defendida. Afinal,
tese é resposta a uma indagação - não mero instrumento para promoção
no emprego.45. Boa parte dos alunos queixa-se da falta de orientação.
Tais queixas nem sempre precedem, mas, às vezes, estas são mais do que
justas. O aluno procura, então, a ajuda de pesquisadores na instituição de
origem, de colegas e de outros professores, que não0 orientador.46. Veja:
CASTRO, C.M. A prática da pesquisa, São Paulo, Mc Graw, 1972.gQ
Por estas razões todas, parece que um critério para avaliar se uma tese é
boa ainda é saber se, no final, o orientador aprendeu alguma coisa.
Porque, se a tese.só comprova o que o orientador já sabia, ela é simples
repeteco. Mas que você consiga acertar na dose è que, em breve, esteja
recebendo cumprimentos pelo novo título. "Ao vencedor, as
batatas!4~47. MACHADO DE ASSIS, J.M. Quincas Borba. Rio de
Janeiro, Jackson, 1937.Este livro ensina você como escrever uma
tese.Não é, porém, um manual que deve ser seguido à risca: consulte seu
orientador. Mas este livro ensina por onde começar.COMO ESCREVER
UMA TESE Sônia Vieira O que é uma tese? É o trabalho apresentado à
universidade pelo candidato ao título de doutor, para a obtenção do título.
O trabalho é feito sob a orientação de um pesquisador experiente, o
orientador. A tese é escrita de maneira convencional e impressa em
formato padrão. Depois, é submetida à apreciação de uma comissão
julgadora e defendida publicamente.Como se escolhe o tema da tese? De
que partes se compõe uma tese? Em quanto tempo se escreve uma tese?
Cabe aqui uma recomendação que vai valer o seu tempo: escolhem um
tema limitado, um orientador equilibrado e competente, e trabalhe com
afinco, mas sem pretensões exageradas. Afinal, você vai apenas escrever
uma tese - não vai abalar a ciência., nem salvar o mundo.Quais as
virtudes desta obra? Uma bem expressa informalidade; um excelente
senso didático; elevado grau de empatia da autora; ênfase à pesquisa de
bom nível; abordagem humana da interação orientador-orientando; estilo
bem exemplificativo e concisão; e uso integrado da ilustração realçando
a exposição. Enfim, gostei muito e recomendo sua publicação. São as
palavras do eminente Prof. FRANCISCO GOMES DE MATOS., Autora
de vários livros publicados professora - Titular de Bioestatística na
UNICAMP, inclusive, trabalhos publicados no Brasil e exterior
LIVRARIA PIONEIRA

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