Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 5ª. Vara Cível da Comarca de Sorocaba-SP.
Processo n. 2005.046806-6 (nº ordem 2039/2005).
Reintegração de Posse.
ESPÓLIO DE JOSÉ PEREIRA DA COSTA, por
sua inventariante DALVANEIA LOPES DA COSTA, nos autos do processo em epígrafe, que ora promove em face de RODRIGO PAES FILHO, vem à presença de V.Exa. para manifestar-se sobre contestação, como segue:
O contestante afirma que o local dos fatos não é sua
residência, mas que sempre a utilizou para guardar seus pertences, mesmo após o falecimento de seu sogro JOSE PEREIRA DA COSTA e de sua esposa ROSMEIRE APARECIDA PEREIRA PAES. Que, precisou ausentar-se em viagem e deixou alguns de seus bens no imóvel, motivo pelo qual precisou instalar cadeados e correntes no imóvel. Que, a inventariante, irmã de Rosmeire é que impediu sua entrada no imóvel após seu retorno de viagem. Que, nunca cobrou dinheiro do inventário, mas sim o valor de um empréstimo de R$1.000,00 efetuado pela sua falecida esposa à irmã no ano de 2003 e que não recebeu até agora. Que, no local dos fatos a inventariante explora um comércio, o que é cômodo para a mesma.
Em que pesem as alegações do requerido, o mesmo
não comprovou sequer ser herdeiro dos bens deixados pelo seu sogro falecido, Sr. José Pereira da Costa.
Com efeito, verifica-se que após o falecimento do
sogro, adveio o falecimento de sua esposa, deixando um filho. Destarte, quem tem eventual direito sobre a herança é o filho do contestante e não ele, não podendo fazer qualquer pedido em nome próprio, mas sim do herdeiro.
O contestante não comprovou residir no local dos
fatos. Ao contrário, afirmou residir em outro endereço, o que também se extrai da pesquisa efetuada no site da telefônica e nos cadastros de IPTU da prefeitura municipal, comprovando que o mesmo reside à Rua Professor Audir T. T. Barros, 260, Jardim Santa Luiza, Sorocaba/SP. De outro aspecto, verifica-se da documentação ora juntada que a falecida esposa do contestante deixou diversos bens móveis e imóveis, cuja posse permanece com o contestante, dos quais não comprovou ter aberto o inventário em observância ao direito de seu filho.
Assim sendo, comprovado está que o contestante não
é herdeiro direto do espólio de JOSE PEREIRA DA COSTA, não tendo legitimo direito de pleitear nada em nome próprio.
Além disso, o mesmo permanece de posse de todos os
bens deixados em vida por sua falecida esposa ROSMEIRE APARECIDA PEREIRA PAES, falecida em 16/05/2003, conforme declaração de bens anexa, e não procedeu até essa data à regular abertura de inventário respectivo.
Com relação a alegação de que houve um débito
contraído entre sua falecida esposa e a inventariante, não é tema que possa ser argüido em sede de ação possessória, e deve ser discutido em ação autônoma, se houverem provas de tal empréstimo.
Destarte, pelo exposto, incomprovada a existência de
interesse direto do contestante nos bens deixados pelo espólio de JOSE PEREIRA DA COSTA, e também incomprovada o exercício de posse anterior à vista de o mesmo residir em outro endereço, deve a presente ação ser julgada procedente para confirmar a liminar concedida, condenando-se o requerido nas perdas e danos a serem apuradas posteriormente e verbas sucumbenciais devidas.