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Caso Prático 1
António motorista da empresa X, em exercício de funções, foi colocar cartas a uma estação
dos CTT, pelo caminho e porque ia distraído, não reparou que Carla atravessava numa
passadeira, pelo que a atropelou causando-lhe ferimentos que lhe determinaram 15 dias de
internamento hospitalar, com incapacidade total para o trabalho. Carla pretende agora saber
que direitos lhe assistem e a quem os deverá reclamar?
No caso em apreço temos António, motorista da empresa X que estava no exercício das suas
funções. António é condutor por conta de outrem, e que, de acordo com o n.º 1, in fine, do
artigo 487º e a primeira parte do n.º 3 do artigo 503º, resulta culpado, a menos que consiga
ilídir a presunção de culpa. O que não vai conseguir fazer, pois estava distraído, não reparando
em Carla, quando se deu o acidente. Para que ele pudesse ilídir a presunção de culpa teria que
afastar os pressupostos do artigo 483º. E, para ilídir a presunção da primeira parte do n.º 3 do
artigo 503º, teria que dizer ao tribunal que um ou mais dos pressupostos do artigo 483º não
estão reunidos. Pelo contrário, parecem-nos reunidos, porque existe a prática de um facto
voluntário objectivamente controlável pela vontade humana, bastando para isso estar atento
à sua condução, e que é, também, um facto ilícito por violar o direito subjectivo alheio: direito
à integridade física de Carla.
Quanto ao nexo de imputação do facto ao agente por não se conhecer, com base no exposto,
nada que contrarie a sua imputabilidade prevista no artigo 488º, António é imputável e,
conforme o n.º 2 do artigo 487º, resulta culpado, até porque todos sabemos que um condutor
médio (bom pai de família) sabe que o facto de circular sem a devida, e exigível atenção, pode
originar uma situação conforme a descrita na hipótese (atropelamento de Carla). Classificando
o grau de culpa, pode considerar-se que o agente agiu com um grau de culpa de negligência
consciente, pois sabia que da sua conduta podia resultar algum perigo aos utentes daquela via.
Em relação aos danos, são verificáveis duas espécies: não patrimoniais, artigo 496º, (os
ferimentos que lhe determinaram 15 dias de internamento hospitalar, transtornando a sua
vida pessoal) e patrimoniais, artigo 493º, (15 dias de internamento geradores de uma
incapacidade total para o trabalho);
Atendendo ao nexo de causalidade entre o facto e o dano, em abstracto, podemos considerar
que a desatenção de um condutor será facto, por si só, suficiente para ser causa dos descritos
danos. O que, em concreto, constatamos que temos nexo de causalidade entre o facto e os
danos expressos na hipótese.
Conclui-se, então, que António, pelo supra exposto não conseguiria ilídir a presunção de culpa
que sobre ele recai nos termos do artigo 503º/3, e ficaria onerado com a obrigação de
indemnizar. Mas, porque ele é um comissário (condutor por conta de outrem), isto remete-nos
para o artigo 500º. Portanto, se entre o comitente (empresa X) e o comissário (António) existe
uma relação seja ela de que tipo for, o que importa é que tem que haver uma relação em que
o comitente encarrega o comissário de uma determinada tarefa. Por este facto, o comitente
poderá ter que indemnizar os danos que o comissário causou, mas, se se verificarem os 3
pressupostos do artigo 500º que se traduzem numa responsabilidade objectiva, independente
da culpa, isto porque o comitente usufruiu dos benefícios de ter ao seu dispor uma
determinada pessoa e por isso é obrigado a suportar os danos que ela provoque. Para que a
empresa X responda nos termos do artigo 500º têm que existir a relação entre o comitente e
o comissário, que o facto tenha ocorrido no exercício das funções de comissário e que sobre o
comissário recaia a obrigação de indemnizar. Conforme expõe o caso, António havia ido aos
CTT, em exercício de funções. E, conforme supra referido sobre ele recaia a culpa, logo,
conferindo-se preenchidos os pressupostos do artigo 483º, bem como aplicável o exposto na
primeira parte do n.º3 do artigo 503º, remetendo-nos então para o artigo 500º, em particular
nos nºs 1 e 2. Assim, entende-se o comitente como obrigado a indemnizar. No entanto,