Sei sulla pagina 1di 21
INTRODUCAO Qualquer definig&o corre o risco de ser defeituosa ¢ imprecisa, e ainda mais quando se refere a um sector téo vasto ¢ complexo como © que aqui nos propomos tratar. Por isso, prefiro néo dar qualquer definiggo clara e axiomatica do design industrial *, deixando que o leitor forme por si mesmo o conceito mais id6neo e que melhor corresponda a realidade dos factos através da leitura dos parégrafos que se seguem. * A elaboracdo teérica do conceito de design industrial tem os seus antecedentes em alguns postulados estéticos de Kant ¢, antes ainda, dos ~empiristas ingleses. E comum considerar-se que 0 conceito de beleza funcional é anti-kantiano ¢ esté mais préximo do naturalismo ecléctico, concretamente, da filosofia de finais do século XIX, visto que esta filosofia recusava todas as distingSes kantianas entre o belo ¢ a arte, a beleza ¢ o racional. Porém, vendo bem, Kant critica j4, como € sabido, a teoria do belo entendido como perfeicdo, e adapta A sua teoria a ideia de uma finalidade, a qual considera igualmente possivel sem a representacio de um fim. Para além da beleza pura (pulchritudo vaga), existe para o filésofo alemio a beleza aderente (adhaerens), @u seja, a beleza que implica também o fim que a coisa deve servir (¢ € sabido que para Kant a finalidade € o principio @ priori da faculdade estética). Nao obstante, o que deve chamar-nos a atencio nfo é apenas a possibilidade de assimilar essa finalidade da coisa artistica & sua funcionalidade, mas © facto de que 0 proprio conceito de adequacao (a fitness dos empiristas) se identifica, para ele, com a perfeicio do objecto artistico (pois, como € do conhecimento geral, para Kant, no vasto sector da pintura entram igualmente de pleno direito as artes decorativas, os méveis e a ornamentagio: elementos, pois, em que prevalece 0 conceito do fim para que servem, ou seja, aquilo a que hoje chamamos funcionalidade). Precisamente nos empiristas, e principalmente em Addison e em Burke, Hf, todavia, alguns pontos-chave tedricos e técnicos de que se n&io pode prescindir quando se trata do estudo deste delicado sector, tazio por qué me proponho fazer logo de inicio algumas precisdes fundamentais que me permitam desembaragar o terreno dos perigosos equivocos que tém vindo progressivamente a adensar-se neste campo, como noutros semelhantes, precisamente devido a presenca de factores, a um tempo estéticos e técnicos, que interferem mutuamente sem chegarem a alcangar um ponto de verdadeiro equilibrio. Acima de tudo, seria erréneo considerar o design industrial como uma doutrina relativa a um sector que tenha existido desde sempre: o do objecto utilitario. Sera este um primeiro equivoco a esclarecer e¢ analisar com mais vagar, no pardgrafo dedicado as relagdes entre design industrial e artesanal, uma vez que se n@o deve considerar 0 objecto artesanal como um equivalente do industrial. Uma das primeiras condigées necessaérias para se considerar que um elemento pertence ao sector que nos propomos examinar € que seja produzido com meios industriais e mecanicos; ou seja, mediante a interveng&o, nfo apenas fortuita, ocasional ou parcial, mas exclusiva, da m4quina. Desta primeira condi¢&o inferem-se imediatamente outros coro- larios, como o da repetibilidade, da iteragéo do produto, requisito este que nunca fora previsto antes do advento da m4quina. encontra-se jé uma visio do objecto artistico que néo € despropositado definir como funcionalista, Por exemplo, Burke diz (Investigagéo sobre a origem do sublime e do belo): «Quando examinamos a estrutura de um relégio ¢ chegamos a conhecer 0 uso de todas ¢ cada uma das partes, embora fiquemos satisfeitos por ver a conveniéncia e proporcéo de todo o objecto, todavi ainda estamos longe de encontrar nesse relégio algo de belo... na beleza... © efeito precede qualquer conhecimento do uso; mas para ajuizar da proporgdo temos de conhecer o fim a que o objecto se destina». Nesta citagdo é evidente que Burke distingue entre beleza e conveniéncia, por um lado, e entre proporcao (entendida como elemento constitutive de beleza) e conhecimento do uso, por outro, manifestando nestas linhas um primeiro indicio dessa infind4vel discussio acerca da possibilidade de identificar, contrapor ou subordinar 0 Util ao belo, integrando-se ambos os conceitos no de fungio. E, finalmente, como premissa ulterior, devemos considerar a da maior ou menor —mas sempre presente — «esteticidade» do produto, sobre cujos valores é sempre dificil um entendimento (tal como, por outro lado, nao é facil o entendimento acerca de toda a obra de arte contemporanea que ainda se encontre sub judice), mas que deveremos considerar como momento essencial — pelo menos intencionalmente — de todo o design criativo. Nao é qualquer produto saido da maquina que é, por si s6, artistico, pelo que se deverio considerar como pertencentes ao sector do design industrial apenas aqueles que tiverem sido concebidos com essa intengao logo na fase do projecto. Por outro lado, haver4 numerosos casos de objectos e de elementos produzidos industrialmente que estaréo providos de qualidades expressivas e estéticas, sem que essas qualidades fossem minimamente previstas no momento do seu projecto. Uma outra peculiaridade do design industrial, € que sé repor- tando-se a experiéncias bastante remotas (a utensilios da época neolitica, etc.) se podera falar de analogias. Trata-se, pois, de com- provar a presenga na obra humana de uma vis formativa, altamente estética, implicita na propria natureza do material—do medium expressivo — sempre e¢ quando é usado tendo presentes as leis de composic¢fo a ele adequadas e que, frequentemente, deu origem a objectos extremamente artisticos, sem que os seus artifices se dessem conta disso. No nosso caso—como teremos oportunidade de observar no apéndice histérico — acontece que precisamente em algumas das primeiras construgoes técnicas do século passado (as pri- meiras grandes pontes suspensas metalicas, algumas construgdes de engenharia, como as docks de certos portos ingleses [Liverpool], algumas fabricas, altos-fornos, variadas mquinas primitivas a va- por, etc.) se revelaram pela primeira vez determinadas constantes formais que viriam a constituir as matrizes de todo um novo «estilo» arquitecténico e construtivo, sem que aqueles que as idealizaram tivessem consciéncia disso. Assim, poderemos resumir algumas das observagGes que aca- bémos de formular afirmando que, se j4 no passado existiam produtos criados manualmente ou sé em parte com intervengdo mecanica (ceramica, vidraria), destinados a fins praticos e utilitarios e providos

Potrebbero piacerti anche