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COSTUMES INDÍGENAS

Na América do Sul as religiões indígenas não eram menos monstruosas do que na


América Central. Em Nova Granada (atual Colômbia), os chibchas ou muiscas –
considerados como possuindo a cultura mais adiantada do hemisfério depois dos incas –
praticavam sacrifícios humanos horríveis, como decapitar e arrancar o coração de
adolescentes, engordados em criadeiras especiais, para oferecê-los ao deus Sua (o sol),
porque o imaginava antropófago. Também, cada semana, sacrificavam crianças aos
ídolos no altiplano de Bogotá (Gachetá e Ramiriqui). Quando construíam uma casa, em
cada um dos buracos onde a assentavam as estacas para sustentar a construção, jogavam
uma menina pequena de família notável, belamente ataviada, e sobre sua cabeça
“deixavam cair, de um só golpe, o poste que, triturando ossos e fazendo da carne uma
massa informe, penetrava no buraco.

Ídolo de si próprio – Entre os índios do Peru, considerados os mais civilizados da


América do Sul, a idolatria era tão generalizada que cada rei inca fazia em vida um
ídolo ou estátua de si mesmo em pedra, a que chamava de Guaoiquí, que quer dizer
irmão, porque àquela estátua, vivo ele ou morto, ter-se-ia de prestar a mesma veneração
que ao próprio Inca.

Destes ídolos houve grande quantidade em Cusco, relata o Pe. Acosta. Os massacres
rituais eram também correntes. “Era vulgar enterrar com o cadáver de um Inca os seus
servos e as mulheres a quem ele mais amara”, diz o historiador liberal César Cantu. Os
escravos e mulheres eram previamente embriagados para que não opusessem resistência
ao ritual selvagem.

Sobre o mesmo costume, refere o Pe. Acosta: “quando morreu Guanapaca – que foi pai
de Atahualpa, em cujo templo entraram os espanhóis -, para acompanhá-lo e servi-lo
na outra vida, foram mortas mil e tantas pessoas de todos os tipos de idades. Matavam-
nas depois de muitos cantos e bebedeiras (...). Muitos eram os sacrificados,
especialmente crianças, e com o sangue deles fazia-se um risco no rosto do defunto
[Guanapaca], que ia de orelha a orelha”. Punham também muitas coisas junto ao
cadáver.

Infanticídio em massa – Também era usual sacrificar meninos como propiciação para
que o Inca se curasse de enfermidades ou alcançasse a vitória em guerras. E, quando um
novo Inca era entronizado, matavam-se “duzentas crianças de quatro a dez anos: duro e
inumano espetáculo. O modo de sacrificá-las era afogá-las e enterrá-las com certos
gestos e cerimônias.

Outras vezes degolavam-se, e com seu sangue se untavam de orelha a orelha. Do


mesmo modo sacrificavam donzelas, e tinham o horrível costume de, quando estava
doente algum índio principal ou comum, e o agoureiro lhe dizia que certamente ia
morrer, sacrificavam seu filho ao Sol ou ao Viracocha, dizendo-lhe que se contestasse
com ele, e não quisesse tirar a vida ao pai”.”

Concluiu o célebre cronista: “Em matar crianças e em sacrificar seus filhos, os índios
do Peru avantajaram-se aos do México.”
Ritual de antropofagia – Entre os índios do tronco guarani praticavam-se homicídio
ritual de crianças e adultos, que depois eram devorados. Este costume se estendia a
todos os ramos da tribo, desde os da Argentina, Paraguai e do Chaco boliviano,
descritos por Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, até os chiriguanos e guaycurus ou os
tupinambás do Brasil.

A etnóloga Dominique Gallois, do departamento de Antropologia da Universidade de


São Paulo, explica que “os atos canibalescos eram realizados juntamente com uma
série de rituais onde só se comia carne humana”. Tais práticas, descritas por
testemunhas como o aventureiro alemão Hans Staden ou o missionário Pe. Antonio Ruiz
de Montoya, foram recentemente corroboradas por descobertas do arqueólogo Pe.
Ignácio Schmitz, SJ, em Candelária, Itapoá e São Pedro do Ivaí, no sul do Brasil.

Todas as tribos dessa família lingüística [guarani] (...) se assimilam como antropófagas,
corrobora o antropólogo Alfred Métraux. Tratava-se de um canibalismo “praticado
ritualmente”, o qual o exemplo, no ramo chipaya, “toma a forma de uma oferenda a
kumavári. Esse demônio exige, por intermédio do feiticeiro, carne humana”; organiza-
se então a expedição para capturar alguma vítima. Obtida esta, no dia do sacrifício os
captores, “um a um, servem-se dela como de alvo em carne”, disparando-lhe flechadas.
Uma vez morta, a carne é em parte comida, em parte “oferecida ao demônio”, e a
cabeça colocada como troféu na cabana.

Escravidão universal – O índio, vivia e morria escravo.

Assim, por exemplo, a condição social dos índios do Peru sob a dominação dos incas
era a de uma escravidão mecanizada dentro de uma organização estatal rígida, integrada
por comunidades vigiadas por representantes do Inca. Os índios não eram donos de
nada, nem sequer de suas vidas. Ninguém escapava à força do poder público. Toda
personalidade do índio tinha sido morto, por esse regime.

A mulher, reduzida à condição animal – Essa situação era muito pior para as
mulheres, como assinala César Cantu e outros historiadores: “A mulher, em toda a
parte, é escrava, considerada como uma propriedade (...). O costume de fazer aborto, o
de abandonar ou tirar a vida aos recém-nascidos do sexo feminino são comuns a
muitas nações [indígenas]. Nesses povos, a mulher ocupava um lugar quase
intermediário entre o ser humano e a besta de carga.

Entre os índios, as mulheres eram vendidas, doadas ou trocadas com a maior


naturalidade, como os brancos faziam com os escravos “.

Senso de liberdade – Os índios estavam acostumados a ser explorados pelos seus


chefes, a tal ponto que “bastava conquistar o cacique – e este se vendia para escravizar
seus irmãos de raça com uma facilidade muito explicável, pois era seu costume
explorá-los – para que toda a comunidade se submetesse docilmente ao novo amo”.

Na verdade, a Conquista Espanhola melhorou as condições do índio, tratou de dotá-los


de personalidade, e quis impor-lhes o sentido da liberdade de que, em absoluto,
careciam, até chegar a constituir um povo estático; bom, mas inerte.
Decadência – Esse aniquilamento da personalidade naturalmente só podia conduzir a
uma progressiva e inexorável decadência. César Cantu faz uma precisa distinção entre
bárbaro – como os tártaros das estepes asiáticas ou os membros das antigas tribos
germânicas – e o selvagem. Neste último,afirma, “o equilíbrio das suas faculdades
parece estar tão profundamente alterado que o trabalho puramente humano jamais
conseguirá restabelecê-lo”, porque “só um pálido clarão de inteligência o distingue dos
brutos [animais]”. Além disso, tem um, “pendor invencível para a inércia”, vive no
torpor; diviniza seu chefe, a quem tributa “absoluta e irrefletida obediência”; abusa do
álcool a ponto de encurtar a vida; “a seus olhos, a força é a única virtude, a guerra o
único direito”. Esse, acrescenta o historiador, era o estado de muitas tribos americanas
no momento da Conquista.

As que não eram selvagens, constituíam exceção. E algumas tribos descambaram na


selvageria mais completa.

Os extremos de degradação a que então chegaram os indígenas são, em alguns casos,


inimagináveis. Os seguintes exemplos – entre muitíssimos outros que poderiam ser
dados – são amostras bastante ilustrativas:

Canibalismo generalizado – Como se viu, o canibalismo era generalizado entre as


tribos americanas. No que hoje é a Argentina, por exemplo, essa prática se comprovou
de norte a sul de seu imenso território, entre os guaranis, os tobas, os pehuelches e os
habitantes da Terra do Fogo. Do mesmo modo, os “lules”, de Tucumã, segundo
testemunho de Núñes de Prado, aterrorizavam seus vizinhos por seu canibalismo.

Antropofagia, causa de guerras sem fim - Nas ilhas do Caribe, na América Central e
em dois terços do território sulamericano, o principal motivo das guerras tribais era a
obtenção de carne humana. Por isso, tais guerras – as promovidas pelos astecas, por
exemplo – foram incessantes.

Quanto aos índios caribes que habitaram a Venezuela, Guianas e Antilhas Menores,
quando os espanhóis chegaram,tiveram notícia de suas guerras contínuas, provocadas
principalmente para alimentar os sacrifícios humanos, o canibalismo e a obtenção de
troféus humanos.

Também as tribos do tronco guarani, espalhados desde a Argentina ao Amazonas,


viviam travando guerras que visavam, sobretudo à captura de prisioneiros para
sacrificá-los e devorá-los.

As culturas andinas não estavam isentas de canibalismo.

Na Nova Granada, por exemplo, a maioria delas era antropófaga.

Assim, os panches de Tolina e Cundinamarca faziam banquetes “em família”, nos quais
se devoravam entre si pais, filhos e irmãos, e “nos combates bebiam o sangue dos
feridos”. Os pijaos, da Cordilheira Central, eram igualmente canibais ferozes.

O macabro e o horrendo na vida quotidiana – Isto determinava que a vida quotidiana


estivesse impregnada a fundo pelo macabro e pelo horrendo. Os tupinambás do Brasil,
além de esquartejar, assar e devorar os adversários mortos e feridos no próprio campo
de batalha cortavam também os órgãos genitais das mulheres e das crianças mortas
durante a luta, dando-os às suas esposas, que os preparavam e os serviam por ocasião
das grandes festas.

Quando voltavam às suas aldeias, trazendo prisioneiros de guerra, estes deviam gritar:
“eu, a vossa comida, cheguei”.

Eram atados e entregues ao cuidado de mulheres, enquanto seus captores se entregavam


à bebedeira que durava vários dias. Os prisioneiros, convertidos em escravos do
respectivo captor, eram exibidos em certas festas nas quais cada um indicava, em sua
própria pessoa [da vitima], as partes do corpo que desejava comer, ou então seu dono
determinava previamente que partes daria a cada um.

Foi uma expressão da “cultura” centro-americana o célebre jogo da bola. Nos recintos
rituais em forma de letra “H” maiúscula deitada, havia uns buracos horizontais cavados
em pedra ou madeira. Os jogadores tratavam de fazer passar pelo buraco uma bola
parecida com uma de borracha, que impulsionavam só com os cotovelos, cadeiras e
pernas; terminado o jogo, o chefe da “equipe” perdedora era “sacrificado por
decapitação”, depois do que, era esfolado como ato mágico de apropriação da ‘alma’ da
vítima.

Mães devoravam seus filhos; mulheres, seus esposos...

– Devido à completa amoralidade e promiscuidade sexual em que se encontravam os


guaranis, era permitido aos prisioneiros, enquanto eram engordados [para serem
comidos] ter relações com as mulheres da aldeia. Os filhos nascidos dessas uniões,
chamados “cunhambiras”, eram destinados a ser devorados quando alcançassem um
certo desenvolvimento. Sacrificavamnos então “na presença do pai, que também era
morto no mesmo dia. A mãe era a primeira a consumir a carne da vítima.

O ritual do massacre durava cinco dias de cerimônias, bailes e bebedeiras. Apenas


assestado golpe mortal na infeliz vítima, velhas mulheres precipitavam-se para recolher-
lhe o sangue e os miolos num pote; o sangue era então bebido ainda quente. Se o morto
tinha mulher, esta era a primeira a saborear a carne do esposo.

Carne humana – Os “cuidados culinários” eram entregues à índias velhas que


manifestavam seu prazer por uma agitação frenética: estas, sobretudo,segundo observou
o missionário dominicano Claude d’Abbeville, se pudessem embriagar-se de carne
humana, de bom grado o fariam.

Rituais suicidas – além do canibalismo, o homicídio ou suicídio ritual de homens,


mulheres e crianças generalizou-se nas três Américas. Os índios Natchez (do sudeste
dos atuais EUA), adoravam seu cacique, que se fazia chamar Grande Sol, como se fosse
um deus, e concediam-lhe plenos poderes sobre os bens e as vidas. Este chefe aparecia
todas às manhãs à porta da cabana real, e, voltando-se para o oriente, prostava-se
soltando uivos. Quando morria, os seus servos matavam-se ou eram estrangulados, para
o acompanharem.

Na Colômbia, os hábitos suicidas coletivos de algumas tribos lembram o sinistro fim do


norte-americano Jim Jones e de sua seita na Guiana. Os muzos, por exemplo,
suicidavam-se pelo mais fútil dos pretextos, e prestavam culto ao demônio. Os colimas,
vizinhos dos muzos imitavam seus bárbaros costumes. Também os aburráes, do vale
onde se fundou Medellín, suicidaram-se em massa à chegada do conquistador Jorge
Robledo.

Incesto e perversões sexuais – Juan de Matienzo, Ouvidor da Audiência de Charcas e


jurista da Corte de Valladolid em tempos de Carlos V, que em virtude de seu cargo
conheceu de perto os costumes aborígines – descreve várias práticas aberrantes dos
índios peruanos, e assinala os extremos de desregramento a que entre ele chegou a
luxúria, “tanto que não se perdoa a mãe, e muitas vezes acontece de o filho agredi-la
com pauladas para que consista em sua carnalidade”.

Essa prática nefanda ilustra caracteristicamente a tese de que as civilizações indígenas


se achavam num processo de avançada decadência. De fato, o incesto acabou
generalizando-se na própria família do Inca, menos de um século antes da chegada dos
espanhóis. “Topa Inca Yupanqui (...) casou-se com Mamacollo, sua irmã por parte de
pai; e este mandou que todos os Senhores incas pudessem casar-se com a irmã por
parte de pai (...)

Assim o fez ele, e teve por filho Guaynacapa [Huayna Cápac], e uma filha chamada
Coya Cusilimay. E, no tempo de sua morte, mandou que estes seus filhos, irmãos de pai
e mãe, se casassem entre si, e que às demais pessoas principais pudessem tomar por
mulheres suas irmãs por parte do pai”

O desaparecimento dos incas bem pode ser considerado, como assinala o Pe. Acosta,
um castigo de Deus por essa perversão: “E, como aquele casamento foi ilícito e contra
a lei natural, assim ordenou Deus que, no fruto que ele procedei – que foram Guáscar
Inca – se acabasse o Reino dos Incas”.

Haréns Homossexuais – Por fim não podia faltar nesta lista uma sórdida perversão: a
homossexualidade, difundida em muitas tribos. Existia sob duas formas: como hábito
privado ostensivo, freqüente em índios de ambos os sexos; ou ainda institucionalizada,
quer dizer, vinculada ao exercício da autoridade do cacique ou dos feiticeiros. Na
América Central o famoso cronista da expedição de Balboa, Fernández de Oviedo,
relata como esse vício nefando “existia naquelas regiões principalmente entre os
caciques o outros índios, e prezavam ter três ou quatro, e até mesmo vinte índios para
este sujo e abominável pecado”. De tal maneira os caciques percebiam o caráter
antinatural dessa depravação, que Fernández de Oviendo narra como se livraram por
iniciativa própria daqueles índios, dando-os aos espanhóis para que os matassem, pois
temiam ser castigados por meio de catástrofes naturais como raios e trovões.

Homossexualidade – No século passado, índios brasileiros descreveram


detalhadamente ao médico e estudioso alemão Von Martius o modo como a iniciação
nos segredos da feitiçaria tribal culmina num rito para entregar, sexualmente, o aluno ao
mestre. Quer dizer, ao feiticeiro, xamã ou pajé da tribo. Tais atos seriam meios de
comunicar seus secretos poderes: “arte secreta, voluptuosidade e vício contra a
natureza reciprocamente se unem; assim, a magia se transmite por sensualidade”
Através da magia, a sensualidade desemboca no satanismo.
“Os índios ligam alta importância aos sonhos, e alguns são efetivamente visionários.
Não só afirmam ter visto o espírito maligno, como se jactam de cópula carnal
criminosa com o mesmo, como sinal de terem recebido poderes mágicos.”

Genocidas?

A acusação de genocídio feita aos espanhóis e portugueses volta-se contra os próprios


habitantes da América précolombiana, por pouco que se saiba dos massacres que
costumavam praticar as duas culturas mais adiantadas: astecas e incas.

“Em 1497, durante a consagração da grande pirâmide de Tenochtitlán, quatro filas de


prisioneiros, de três quilômetros de comprimento cada uma, foram sacrificadas por
uma equipe de verdugos que trabalharam dia e noite durante quatro jornadas. O
demógrafo

e historiador Cherburne Cook calculou dois minutos de sacrifício e chegou à conclusão


de que o número de vítimas relacionadas com esse acontecimento específico ascendia a
14.100. Poder-se-ia negar como exagero a escala destes rituais, não fosse pelas fileiras
de crânios humanos metodicamente ordenados – e, por isso, fáceis de contar –
encontrados nas praças das cidades astecas, por Bernal Diaz e Andrés de Tapia”.

Pode-se assim afirmar que, “genocidas” e “destruidores de culturas propriamente ditos


foram, na realidade, os índios pré-colombianos: “A dedicação do templo principal da
capital asteca foi reconhecidamente marcada pelo sacrifício de 80 mil vítimas
humanas. Huayna Cápac, general do Inca, atirou ao lago Yahuarcocha os corpos de 20
mil caranquis, massacrados poucos anos antes da chegada dos espanhóis. Os rolos das
conquistas efetuadas pelos astecas estão decorados com cenas de queima dos templos
dos adversários aniquilados. Os incas reassentavam populações inteiras em lugares
que lhes eram estranhos, em uma proporção desconhecida em qualquer outra parte.

Exemplo característico dessas migrações de povos inteiros é o da etnia Otavalo (ou


Ochavalo), atualmente localizada na província de Imbaruba, Equador. Originário da
Bolívia, pertencente ao tronco quíchua-aymará, a tribo incorreu no desagrado do Inca e
foi deportada em massa, no século XIV, do sul do Império incaico até os confins
setentrionais do mesmo, num êxodo forçado de 2 mil quilômetros.

Atraso técnico

Os elogios idilícios às culturas indígenas ignoram o fato notório de seu embutrecimento


atroz, assim descrito por César Cantu: “As afeições sociais resumem-se num círculo
muito acanhado, fora qual só há ódio ou débeis instintos de compaixão. A vingança é-
lhes satisfação, e fazem sofrer aos inimigos prolongados martírios”. É habitual entre
eles o suicídio, o submeter-se a horríveis mutilações. Não tinham alcançado sequer o
estado de vida pastoril. Por exemplo, o leite lhes era quase estranho. A indústria se
resumia quase exclusivamente em fabricar armas; não lhes importava a habitação, pois
viviam promiscuamente amontoados.

As relações sociais eram marcadas por essa mesma brutalidade. Por exemplo, nos
Estados Unidos, o Grande Sol dos Natchez [o cacique], (...) à semelhança do Grande
Sol de Cahokia, servia-se dos pés para empurrar seus restos de comida para que os
comessem seus subordinados nobres.

Se assim eram tratados os nobres, como seriam então os ‘plebeus’? Com desprezo ainda
pior, equiparável ao dos parias da Índia: Os nobres estavam longe de queixar-se; abaixo
deles vinha outra classe, chamada ‘malcheirosos’. E, além disso, os pés do Chefe eram
limpos: pois ele era sempre carregado por toda parte em andas, e nunca tocava o solo.

Nem roda, nem ferro, nem animais de transporte...

– Notemos ainda que este mundo encoberto e isolado durante milênios não conhecia a
roda, e, por conseguinte, nem a roldana nem o torno do oleiro; tinha um atraso de
milênios na utilização dos metais e não conhecia o ferro; carecia de animais de
transporte e de auxiliares, salvo, até certo ponto, a lhama.

Nem mesmo as civilizações mais desenvolvidas, como a dos astecas e incas – que
possuíam cidades urbanizadas com mercados, lojas, palácios, teciam algodão e tapetes,
e um notável regime familiar e educativo etc. – escapam a este atraso. Na América, o
homem europeu encontrou duas culturas superiores: a maia-asteca, no México e
América Central, e a incaica no Peru, em estado de desenvolvimento como o do Egito
da primeira dinastia, e ainda mais primitivas: à distância cultural era, então, entre o
homem hispânico e os índios de cultura superior, de mais de 5 mil anos. O resto da
América era secundário e absolutamente primitivo.

O Portal G1 publicou interessante estudo sobre o assunto. Leia direto no site da Globo.

Civilização dos Andes usava crânio de inimigos como taça, diz estudo Ossos de 1.500
anos, encontrados no Peru, foram cortados da parte de trás da cabeça.
Formato modificado dos restos sugere utilização para beber 'cerveja' indígena. Reinaldo

José Lopes Do G1, em São Paulo American


Journal of Physical Anthropology/Reprodução Diagrama mostra região do crânio de
onde a vasilha foi cortada, bem como visão de dentro (à esquerda) e de fora do osso
(Foto: American Journal of Physical Anthropology/Reprodução) Saiba mais

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No mundo todo, as histórias de horror são mais ou menos as mesmas: um famoso


guerreiro, após matar seu inimigo, transformou o crânio do defunto em taça. Os
exemplos reais desse tipo macabro de vasilha, no entanto, são raros -- mas não
inexistentes, como acaba de comprovar uma pesquisa publicada na revista científica
"American Journal of Physical Anthropology". Tudo indica que os membros de uma
antiga civilização dos Andes peruanos gostavam de transformar a parte de trás da
cabeça de seus adversários numa taça.

A descoberta é do arqueólogo e antropólogo Brian Clifton Finucane, da Universidade de


Oxford (Reino Unido), que estudou um conjunto de crânios com cerca de 1.500 anos de
idade, escavados no vale de Ayacucho (centro-sul do Peru). O sítio arqueológico de
onde os restos vieram, conhecido como Nawinpukio, parece ter sido o centro de poder
de um dos cacicados que existiam na região no começo da Era Cristã.

Os crânios datam de uma época de grande crescimento populacional, que precedeu o


surgimento dos primeiros impérios na região. Ou seja, anos que provavelmente foram
um prato cheio para conflitos por terra e recursos, o que talvez explique a presença
desses artefatos sombrios.

Cova rasa

Finucane contou ao G1 que os crânios, correspondentes a pelo menos oito indivíduos,


foram encontrados em pedaços, colocados dentro de uma cova junto com fragmentos de
cerâmica. "Pode ser que eles tenham sido destruídos ritualmente após a morte de seus
donos", diz ele -- querendo dizer com isso não as pessoas cujo corpo incluía os crânios,
mas sim outros indivíduos, que usavam as ossadas humanas como troféus.

As marcas de que isso realmente ocorria estão em quatro dos crânios, que sofreram
modificações e perfurações, aparentemente para pendurar os restos humanos. O mais
impressionante, no entanto, é um fragmento da calota craniana que foi cortado no
formato de uma cuia -- formato que foi reforçado por operações posteriores. "Além
disso, ele tem semelhanças com vasilhas de cerâmica usadas no mesmo sítio e em
outros locais do vale de Ayacucho durante esse período", explica o arqueólogo.

Embora não tenha sido feita uma busca por resíduos de bebida -- segundo Finucane,
análises desse tipo só dariam positivo se envolvessem leite, sangue ou vinho --, o
pesquisador arrisca um conteúdo para o recipiente: chicha, a "cerveja" de milho que era
amplamente consumida pelas civilizações andinas.
American Journal of Physical
Anthropology/Reprodução Detalhe da 'vasilha' feita a partir do crânio de indígena
(Foto: American Journal of Physical Anthropology/Reprodução)

Por que diabos alguém iria querer uma taça craniana em casa? Segundo Finucane, esses
objetos seriam a prova de que seu possuidor era um bom guerreiro e, portanto, digno de
um status elevado entre seu povo. "A principal divindade da cultura Wari, que existiu
nessa região séculos depois, carregava cabeças como troféus. E os crânios
provavelmente davam a seus possuidores vantagens na hora de conseguir parceiras",
avalia ele.

Apesar das muitas histórias sobre objetos desse tipo, o arqueólogo diz que há
pouquíssimos registros de objetos similares mundo afora que tenham chegado até nós.
Um dos relatos mais famosos sobre taças-crânio vem da Idade Média: no século 9, o rei
dos búlgaros matou o imperador bizantino Nicéforo e transformou sua caveira em
cálice.

Bom selvagem uma ova

A descoberta traz uma visão apavorante do passado andino, mas teria alguma relevância
mais ampla para entender o passado do homem? Finucane acha que sim. "O trabalho
desafia a idéia de que os antigos ameríndios eram 'bons selvagens' vivendo em
harmonia, sem conflito. As sociedades pré-históricas eram tão ou mais violentas que as
modernas", diz ele.

Não que, nesse quesito em especial, elas fossem mais bárbaras que as nossas, ressalta:
"Criar troféus a partir do corpo do inimigo não é só uma prática de povos exóticos ou
'primitivos'. Os soldados americanos, por exemplo, arrancavam cabeças e orelhas dos
inimigos mortos durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã. É uma prática
muito comum, na verdade".

Cultura do Peru

Desde o período pré-colombiano o Peru foi o centro de várias civilizações de povos


americanos pré-incaicos tais como a cultura Chavín, Moche, Nazca, Paracas, Huari e
Tiahuanaco, além do amálgama posterior sob o Tawantinsuyu ou império Inca, que
terminou com a conquista espanhola, cuja influência cultural marca e domina o Peru até
hoje.

Marinera nortista, a dança mais


representativa no Peru.

As culturas pré-colombianas desenvolveram-se notavelmente em ramos próprios e


originais, embora com recíprocas interações, cada uma contribuindo e legando à outra
grandes realizações sociais, tais como atestadas pela notável arquitetura, com excelente
cerâmica, fina ourivesaria, escultura e construção monumental.

Um tipo de arma peruana (lançadeira), feita de pêlos de


alpaca.

Foi magnífico o desenvolvimento dessa região na agricultura, desde muito cedo, com a
utilização de engenhosas obras de irrigação, campos de cultivo em terraços e em
especial a manutenção e desenvolvimento de várias espécies vegetais de grande valor
alimentar, depois espalhadas por todo o mundo (como é o caso do tomate, das batatas e
da coca).

Ceviche, o mais típico prato peruano:


marinada de peixe e frutos do mar.

Os incas adonaram-se desse caldo cultural, não apenas o mantendo mas o


incrementando e disseminando pela vasta região andina da América do Sul, tornando-se
grandes construtores. A conhecida cidade montanhesa de Machu Picchu e os edifícios
de Cuzco são o exemplos de sua excelência arquitetônica.

Depois da independência, o Peru atravessou várias fases desde a cultura hispânica


colonial até o Romantismo europeu, com um movimento cultural nos princípios do
século XX que resgatou o " indigenismo", similar ao ocorrido no Brasil, que expressava
nova consciência da cultura índia ancestral.

A zampoña é um instrumento de sopro do Peru,


muito usado por músicos andinos.

Desde a Segunda Guerra Mundial, escritores peruanos, artistas, e intelectuais como


Cesar Vallejo e Jose Maria Arguedas participam dos movimentos artísticos e intelectuais
mundiais, conquanto já inseridas as influências norte-americanas e européias modernas.
Atualmente os mais conhecidos são, entre outros, Mario Vargas Llosa, Alfredo Bryce
Echenique, Julio Ramón Ribeyro e Santiago Roncagliolo.

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Índios colombianos se refugiam no Brasil


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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

Um censo inédito feito na fronteira do Brasil com a Colômbia identificou 405 indígenas
colombianos de dez etnias, que entraram em território brasileiro fugindo do conflito
armado no país vizinho, sobretudo do recrutamento forçado pelas Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia).

Os indígenas foram identificados pela Foirn (Federação das Organizações Indígenas do


Rio Negro) em levantamento solicitado pelo Acnur (Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados) no Brasil. Eles fugiram, principalmente, da região colombiana
de Mitú, no rio Uaupés, marcada por intensos confrontos.

Ainda não reconhecidos pelo governo brasileiro, os indígenas integram estatística de


4.000 refugiados que, nos últimos cinco anos, se deslocaram para o país, especialmente
para a Amazônia Legal --que compreende partes do Acre, Pará, Amazonas, Amapá,
Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Maranhão, Tocantins e Goiás.

Os refugiados chegam à selva amazônica brasileira viajando dias e até meses em barcos.
Atravessam a fronteira pelas cidades amazonenses de Tabatinga ou São Gabriel da
Cachoeira. Também entram no Brasil pela Venezuela.

André Fernando, coordenador da Foirn, disse que os índios são alvo de guerrilheiros
porque conhecem a selva. "Eles temem as Farc porque eles levam os filhos dos índios
para lutar ou para envolvimento no tráfico de drogas."

Em dezembro, em Manaus, o representante do Acnur no Brasil, Luis Varese, classificou


como "tragédia humanitária" o aumento de refugiados na Amazônia Legal. "A
invisibilidade do conflito colombiano é o fator responsável por essa tragédia
humanitária que acontece na fronteira do Brasil."

Varese assinou acordo de cooperação com os secretários de Direitos Humanos do


Amazonas e de Manaus para ações de assistência a refugiados. Um escritório do Acnur
foi aberto na capital amazonense.

O governo brasileiro, segundo o Acnur, já reconheceu 3.500 refugiados de 69


nacionalidades diferentes no país.

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