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Ao meu ver um paciente, uma vez considerado lúcido tem direito a saber seu
prognóstico e suas reais chances de sobreviver ou de curar-se. Uma vez feito isso
caso a conjectura sobre o que deverá acontecer não for satisfatória para o
paciente, ele tem direito a escolher se quer viver ou não e se quer esperar entrar
na fase do sofrimento máximo para fazer tal escolha. Atualmente pode-se manter
vivo por muito tempo um paciente que não passa de um vegetal e eu pergunto e o
sofrimento da família dessa pessoa? Já que ele não pode mais escolher nada,
pois não pode mais pensar não seria o caso de acabar-lhe com o sofrimento e
dar-lhe uma morte digna? Não seria o caso de livrar a família do sofrimento e do
desgaste psicológico também?
Uma outra visão que tenho da Eutanásia são os casos de suicídios em que as
conseqüências não são a morte mas algum tipo lesão anatômica ou funcional.
O individuo já deixou claro que não quer permanecer nesse mundo (isso não é
uma menção ao sobrenatural) e mesmo assim insistem em negar-lhe a dignidade.
Outra coisa que penso é que o suicídio assistido deveria existir pra qualquer
pessoa, independente do fato dela possuir uma doença mortal ou não. Sou a favor
de que qualquer um que não queira mais estar aqui nesse planeta deveria poder
morrer com dignidade. O falso Estado laico brasileiro não pode proporcionar há
muitos condições mínimas de vida e bem-estar então porque essas pessoas não
podem escolher morrer de forma decente? Há coisas na sociedade sobre qual
ninguém pode legislar que são as relações interpessoais, quando um individuo se
acha inapto a viver em nossa sociedade e está há anos tentando se adaptar a isso
e não consegue, por que mantê-lo vivo contra sua vontade?
Há pessoas que falam: “Ah, isso é babaquice, quem quer se matar vai lá e se
mata”. Mas e o medo do sofrimento que o paralisa e o mantém preso a uma vida
que ele não deseja?
Vou me ater muito pouco ao aspecto religioso: muitas religiões prevêem lugares
maléficos, tenebrosos ou até mesmo a danação eterna pra quem recebe ou pra
quem pratica Eutanásia ou suicídio, mas acho apenas que depende da vontade do
cidadão ou do seguidor religioso de arcar com tais conseqüências se elas
existirem, não cabe a um padre ou rabino ou qualquer outro sacerdote decidir
sobre a vida de um fiel, muito menos influenciá-lo. Acredita-se sempre em um
milagre, mas milagres não existem. Certa vez, no inicio da década de 90 li em
uma entrevista concedida por um médico holandês à revista Veja que em 30 anos
que ele estava trabalhando em UTI , ele nunca viu um milagre, de um grupo
pacientes gravíssimos raramente alguém sobrevive e ainda sem seqüelas, de um
grupo de pessoas completamente arruinadas quase ninguém se reergue e ficar
pegando exceções para justificar certas ideais ao meu ver, limitadas e
conservadoras e por que não dizer cegas, acho ridículo.
Sou teísta, mas duvido que exista uma punição pra quem fizer uso da Eutanásia.