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Resenha Primeiro de Maio

Por Natália Pellicciaro

“As faces do trabalho retratada por trabalhadores”

Primeiro de Maio, Marisa Lajolo (org.). Imprensa Oficial - SP (IMESP). 104


pág. R$ 5,00

Desde o início dos tempos, o homem descobriu a necessidade de agir


para alcançar o que desejava. Tinha ocupações manuais e intelectuais,
dava forma e utilidade aos objetos encontrados, fazia e refazia com
cuidado, exercitava e desenvolvia – literalmente, o homem ralava...
Trabalho, trabalhar, trabalhador... Trabalhoso para retratar, falar e
expressar, mas prazeroso para a Professora Titular no Departamento de
Teoria Literária da Unicamp, Marisa Lajolo. Organizadora do livro
intitulado – não por acaso – Primeiro de Maio, ela reúne autores
consagrados que retratam em contos e poemas os inúmeros aspectos do
trabalho e dos trabalhadores. Quantos primeiros de maio não foram
marcados por lutas e lutos, reivindicações daqueles que produzem a
riqueza da sociedade no âmbito econômico, cultural, social e patrimonial.
De texto em texto a viagem por diferentes cenários, épocas, situações e
personagens se dá ora pelo humor ora pelo envolvimento. A caminhada
de “35” pelas ruas de São Paulo revela o retrato da cidade na década de
30 – ditadura, modernização e repressão. O trabalhador entusiasmado
com o feriado primeiro de maio, mas cercado por dúvidas. A lida do poeta,
o molde perfeito da forma, das palavras e de um produto final que oculta
todo esforço empregado na construção de cada verso. Os afazeres do
homem chupim. E a vida paulistana de Conrado: burocracia, metodismo e
alienação, cujo “atestado de óbito constou como causa mortis curto-
circuito por excesso de carga burocrática”. Diferente do ganha-pão dos
nômades empoleirados nos paus de arara. Distinto do sangue e suor
negro derramado por cada canto de terra deste país. E dessemelhante a
produção industrial literária de um bardo.
Diante de uma obra tão complexa, não no seu entendimento, mas nas
questões intrínsecas levantadas em cada narrativa e conto, uma análise
humilde. O livro reúne temas e personagens que revelam a essência da
data (primeiro de maio) em múltiplos aspectos. Um dos pontos
interessantes é o viés adotado pela organizadora. Valer-se do trabalho
manual, intelectual e até físico de autores consagrados, poetas,
jornalistas e escritores maravilhosos, como Olavo Bilac, Mário de Andrade
e Monteiro Lobato, para falar da diversidade na labuta brasileira e de seus
atores – uma sacada atraente. Vale a pena deliciar-se com textos bem-
humorados, envolventes e informativos, que levam a uma reflexão tão
profunda da sociedade.

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