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Transcreva do trecho abaixo a frase que apresenta uma CARVALHO, Ronald de. Toda a América. Rio de
relação de causalidade, expressa por duas formas Janeiro: Pimenta de Melo & Cia., 1926.
estruturais diferentes.
5a Questão:
Toda noite dá vontade de dizer: ‘Esse é o verdadeiro Compare as opiniões expressas nos textos abaixo e
Brasil’. Mas talvez seja mesmo ocioso procurar o país escreva um parágrafo de aproximadamente cinco
numa só pessoa e num só lugar. Ele é esse e aquele, linhas, estabelecendo relação entre a língua e a
não esse ou aquele. O que tem de melhor é a nacionalidade.
variedade. Ele é especial por ser diverso, é singular
porque plural. I- A língua é a nacionalidade do pensamento como a
VENTURA, Zuenir. Jornal do Brasil, Caderno B, pátria é a nacionalidade do povo. Da mesma forma que
27/6/98. p.10. instituições justas e racionais revelam um povo grande e
livre, uma língua pura, nobre e rica, anuncia a raça
3a Questão: inteligente e ilustrada.
No trecho abaixo, há relações de comparação que estão
lingüisticamente marcadas por formas diferentes. ALENCAR, José de. Pós-Escrito. Diva. Rio de Janeiro,
Transcreva os termos correspondentes de apenas uma Aguilar, 1965, V. I, p. 399,400, 01.
destas relações de comparação.
II- LÍNGUA É VIDA. Faz parte de toda a gama de
A língua é a nacionalidade do pensamento como a pátria nossos comportamentos sociais, como comer, morar,
é a nacionalidade do povo. Da mesma forma que vestir-se , etc. Não é uma realidade à parte, algo que se
instituições justas e racionais revelam um povo grande e esquece tão logo se saia da sala de aula, das provas,
livre, uma língua pura, nobre e rica anuncia a raça dos concursos.
inteligente e ilustrada.
LUFT, Celso Pedro. Língua & liberdade. Porto Alegre:
ALENCAR, José de. Pós-Escrito. Diva. Rio de Janeiro, L&PM, 1985. p.74.
Aguilar, 1965, V. Ip. 399,400, 01.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio Construímos nossa cidade. (voz passiva)
de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p.11.
b) Explique, agora, com uma frase completa, o
Questão 01 sentido do trecho:
Responda, com uma frase completa, a cada uma das Construímos nossa cidade. Somos construídos por
perguntas abaixo: ela. (linhas 6-7)
4a Questão:
PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de A coesão referencial pode ser realizada por
Janeiro: Rocco, 1988, p.82. meio de formas cujo lexema (radical) forneça instrução
de sentido que represente uma interpretação de partes
Vocabulário: antecedentes do texto.
1 - “abusão”: engano, ilusão, erro; superstição,
Exemplo: Imagina-se que, no futuro, haverá
crendice.
aumento das tensões urbanas. Essa hipótese tem
2 - “basalto”: rocha vulcânica. preocupado os cientistas sociais.
3 – “regougo”: voz da raposa ou qualquer som que a
Transcreva, do texto III, apenas a expressão que,
imite; ronco.
na coesão referencial, exerce papel semelhante à do
trecho sublinhado no exemplo acima.
Questão 02
a) Transcreva, do texto II, apenas a frase em que se
5a Questão:
utiliza recurso literário semelhante ao empregado
Reescreva o seguinte fragmento do texto III,
nos termos sublinhados dos seguintes versos do
transformando a oração reduzida em outra iniciada por
texto I:
conectivo, conservando o mesmo valor sintático da
oração e fazendo apenas as alterações necessárias:
E tantos adultérios também. (v. 13)
E tantos tantíssimos contos-do-vigário... (v. 14)
Será necessário coordenar ações locais e
iniciativas conjuntas entre cidades de uma mesma
Responda, com uma frase completa, a cada pergunta
região. (linhas 11-12)
abaixo.
a) Que idéias estão sendo contrapostas no fragmento
acima?
O segundo grupo inclui autores como Karl Mannheim, que viu dadas.” (v.7)
na utopia uma reflexão voltada para a superação da sociedade
existente, em contraste com a ideologia, que tenta legitimar essa
sociedade. (linhas 14-16) Justifique o emprego do imperativo, correlacionando as
semelhanças temáticas entre os versos destacados.
b) Explique, com frases completas, que características para realizar sua coerência.
Considerando aspectos de coesão e coerência,
da poesia socialmente engajada do Romantismo justifique o emprego do “que” sublinhado nos seguintes
fragmentos, identificando a classe de palavra a que
estão presentes no texto de Castro Alves e no de cada um pertence e qual a relação que estabelecem
entre as orações.
Carlos Drummond de Andrade.
a) Que o povo peque contra a linguagem é aceitável
( Texto I, linha 2)
LISTA 5
Não há dúvida que uma literatura, sobretudo uma b) (...) esforçando-nos para cumprir nossa missão – que
literatura nascente, deve principalmente alimentar-se não deixa de ser uma catequese ( Texto I, linhas 7-8)
dos assuntos que lhe oferece a sua região; mas não
estabeleçamos doutrinas tão absolutas que a
empobreçam. O que se deve exigir do escritor, antes de 3a Questão:
tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do Transcreva do texto I uma oração em que se perceba,
seu tempo e do seu país, ainda quando trate de predominantemente, através da mudança de pessoa do
assuntos remotos no tempo e no espaço. discurso, que o cronista se inclui no comentário, como
se compartilhasse da opinião de todo um grupo, com o
TEXTO I qual ele se identifica.
Tomar liberdades com a língua é uma atividade tão mal
vista pelos guardiões da sua virtude como seria tomar
liberdades com suas filhas, e tão prazerosa. Que o povo 4a Questão:
peque contra a linguagem é aceitável, para a moral Nesse fragmento de Castro Alves, há um verso que
gramatical, já que ele vive na promiscuidade mesmo. apresenta uma característica própria de um uso,
Mas pessoas educadas, que conhecem as regras, tradicionalmente considerado “pecar contra a
dedicarem-se ao neologismo exibicionista, à introdução gramática”.
de pronomes em lugares impróprios e ao uso de Reescreva esse verso segundo o padrão escrito culto
academicismos para fins antinaturais é visto como da língua, consagrado em nossas gramáticas.
devassidão imperdoável. De escritores profissionais,
principalmente, espera-se que mantenham-se corretos e
castos a qualquer custo. 5a Questão:
Mas vivemos com relação à gramática como viviam os Explique a estilização da escrita das formas do infinitivo,
jesuítas com relação à “gramática”, esforçando-nos para no último verso do poema Relicário de Oswald de
cumprir nossa missão – que não deixa de ser uma Andrade.
catequese, mesmo que só se dê o exemplo de como HISTÓRIA DE UM CRIME
botar uma palavra depois da outra e viver disso com Fazem hoje muitos anos
alguma dignidade – sem sucumbir às tentações à nossa Que de uma escura senzala
volta. Na estreita e lodosa sala
Também não conseguimos. O ambiente nos domina, a Arquejava ua mulher.
libertinagem nos chama, e afinal, por que só a gramática RELICÁRIO
deve ser respeitável neste país, se nada mais é? No baile da Corte
Luís Fernando Veríssimo. Pecadores. Foi o Conde d’Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
TEXTO II Que farinha de Suruí
NO BANQUETE Pinga de Parati
Do alto dos seus bordados, o general falou: Fumo de Baependi
– Meio século, senhores, a serviço da Pátria. É comê bebê pitá e caí
Falaram depois o doutor e o magnata.
Outros mais falaram no banquete da vida nacional. LISTA 6
Só o roceiro miúdo não falou nada.
Porque não sabia nada, TEXTO III
Porque estava ausente, LÍNGUA PORTUGUESA
perrengado, Última flor do Lácio, inculta e bela,
indiferente, És, a um tempo, esplendor e sepultura:
curvado sobre o cabo da enxada, Ouro nativo, que na ganga impura
com o Brasil às costas. A bruta mina entre os cascalhos vela ...
Leo Lynce. A poesia de Goiás.
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Questão 01
Tuba de alto clangor, lira singela
Observa-se, nos textos I e II, quanto à abordagem do
Que tens o trom e o silvo da procela,
tema, uma relação do uso da linguagem com os
E o arrolo da saudade e da ternura!
diversos níveis socioculturais brasileiros.
Justifique esta afirmativa em, aproximadamente, cinco
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
linhas.
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Questão 02
Um texto é um tecido e sua costura se faz através de
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
mecanismos lingüísticos de coesão, que contribuem
E em que Camões chorou, no exílio amargo, levanta e abaixa sem dó, sem consideração; basta olhar
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! a cara de um lenheiro para se ver que ele não tem
Olavo Bilac. Poesias. delicadeza nem tato: não precisa.
José J. Veiga. A hora dos ruminantes.
Vocabulário
Lácio: Região da Itália Central no litoral do mar Tirreno. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
inculta: Singela, tosca / rude, agreste. O texto a seguir está publicado em obra dedicada "aos
ganga: Resíduo, em geral não aproveitável, de uma jazida milhares de famílias de brasileiros sem terra".
filoniana, o qual pode, no entanto, em certos casos, conter
substâncias economicamente úteis. Levantados do chão
tuba: 1. Entre os romanos, trombeta de metal, formada
por um simples tubo reto, comprido e estreito. 2. Designação Como então? Desgarrados da terra?
comum aos baixos da família dos saxornes, especialmente Como assim? Levantados do chão?
o saxorne contrabaixo(...) Como embaixo dos pés uma terra
clangor: Som rijo e estridente como o de certos instrumentos Como água escorrendo da mão?
metálicos de sopro, como, p. ex., a trompa e a
trombeta. Como em sonho correr numa estrada?
trom: Som de trovão. Deslizando no mesmo lugar?
silvo: Qualquer som agudo e relativamente prolongado Como em sonho perder a passada
produzido E no oco da Terra tombar?
pela passagem do ar comprimido entre membranas
que vibram; apito. Como então? Desgarrados da terra?
procela: Tempestade marítima. Como assim? Levantados do chão?
arrolo: Canto para adormecer crianças. Ou na planta dos pés uma terra
Como água na palma da mão?
1a Questão:
Habitar uma lama sem fundo?
Na poética parnasiana se costuma destacar que “Ela
Como em cama de pó se deitar?
promove o culto da forma em geral”. Num balanço de rede sem rede
Destaque do poema Língua Portuguesa de Olavo Bilac, Ver o mundo de pernas pro ar?
justificando, dois exemplos desse “culto da forma”,
próprio da poética parnasiana. Como assim? Levitante colono?
Pasto aéreo? Celeste curral?
Um rebanho nas nuvens? Mas como?
2a Questão: Boi alado? Alazão sideral?
Transcreva da primeira estrofe do poema acima dois
adjetivos que, em linguagem figurada, constituem Que esquisita lavoura! Mas como?
exemplo de antítese. Um arado no espaço? Será?
Choverá que laranja? Que pomo?
Gomo? Sumo? Granizo? Maná?
3a Questão:
Mesmo quando não procuraram subverter a gramática, (HOLLANDA, Chico Buarque de. ln: SALGADO, Sebastião.
TERRA. S P: Companhia das Letras, 1997. p. 111.)
os modernistas promoveram uma valorização diferente
do léxico, paralela à renovação dos assuntos. O seu Atenção - vocabulário:
desejo principal foi o de serem atuais, exprimir a vida pomo (penúltimo verso) - fruto
diária, dar estado de literatura aos fatos da civilização maná (último verso) - alimento divino, alimento caído do céu
moderna. [Os modernistas] tomaram por temas as
coisas quotidianas, descrevendo-as com palavras de Questão 04
todo dia, combatendo a literatura discursiva e pomposa, No texto, o eu-lírico constrói progressivamente sua visão da
o estilo retórico e sonoro com que seus antecessores realidade: nas estrofes 1, 2, 3, tenta decifrar o significado da
abordavam as coisas mais simples. imagem "levantados do chão"; nas estrofes 4, 5, 6, vai
Antônio Cândido e Aderaldo Castelo. Presença da reforçando sua opinião crítica sobre a realidade.
Literatura Brasileira III. Modernismo.
Releia:
"Um rebanho nas nuvens? Mas como?" (verso 19)
O fragmento acima destaca algumas dentre muitas das "Um arado no espaço? Será?" (verso 22)
características do Modernismo. Aponte duas
características distintas desse momento literário Nos versos acima, a conjunção adversativa "mas" e o futuro
identificadas uma em cada um dos textos seguintes. do presente do indicativo são utilizados para enfatizar esse
posicionamento crítico.
COTA ZERO Explique por quê.
Stop.
A vida parou TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
FAVELÁRIO NACIONAL
ou foi o automóvel?
Carlos Drummond de Andrade 1- Prosopopéia
Quem sou eu para te cantar, favela,
E ele, Manuel? Mole como madeira no ferro? Às vezes que cantas em mim e para ninguém a noite inteira de sexta
querendo fingir dureza, inventando nós que a ferramenta e a noite inteira de sábado
não respeita, passa por cima e iguala? As mãos do e nos desconheces, como igualmente não te conhecemos?
carpinteiro, o corpo, a alma do carpinteiro não podem Sei apenas do teu mau cheiro: baixou a mim, na viração,
ser mais brutos do que a madeira. Em madeira não se direto, rápido, telegrama nasal
trabalha batendo com força, com raiva; só lenheiro faz anunciando morte... melhor, tua vida.
isso, mas lenheiro é quase igual ao machado que ele
Decoro teus nomes. Eles (Coleção Super Prestígio).
jorraram na enxurrada entre detritos
da grande chuva de janeiro 1966 Com base na leitura desses fragmentos, explicite a figura de
linguagem predominante nas estrofes e explique sua função na
em noites e dias e pesadelos consecutivos.
estética simbolista.
................................................................................
Questão 02
Bom-Crioulo esmurrara desapiedadamente um segunda-
classe, porque este ousara, “sem o seu
consentimento”, maltratar o grumete, Aleixo, um belo
marinheiro de olhos azuis, muito querido por todos e de
quem diziam-se “coisas”.
CAMINHA, Adolfo. Bom-Crioulo. São Paulo: Martim Claret,
2005. p. 22.
As aspas são sinais que podem servir a vários objetivos na
língua portuguesa. Explique o seu uso nas
expressões destacadas acima.
Questão 03
EMPREENDEDORISMO GERA RENDA E TOMA LUGAR DE
FILANTROPIA
Ações de estímulo à geração de renda visam fim da
relação paternalista entre companhias e comunidades
carentes.
Pequenos negócios, como cooperativas de reciclagem, criam
oportunidades de sustento para excluídos do mercado de
trabalho formal.
A proposta de “ensinar a pescar, em vez de dar o peixe” está
se consolidando nas carteiras de investimento privado de
companhias brasileiras devido ao amadurecimento da ação
social no país.
Questão 04
As charges abordam situações características da realidade
brasileira. Relacionando as duas, em que sentido a
segunda justifica a resposta dada pelo personagem da
primeira?
Questão 05
No contexto da primeira charge, qual o sentido da expressão
“Se liga, mano!”?
Questão 06
“Uma coisa é manifestar sua preferência no editorial, a outra é
editorializar o noticiário”.
KOTSCHO, Ricardo. O Popular. Goiânia, 25 set 2006.
Magazine.
O gênero editorial, por expressar o ponto de vista de um jornal
ou de uma revista, não se prende a critérios de
objetividade. A notícia, por sua vez, por pretender ser fiel aos
fatos relatados, em tese, deve ser imparcial.
Tendo em vista estes comentários, explique o uso da
expressão “editorializar o noticiário”, na frase do jornalista
Kotscho.
LISTA 9
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unesp) O URAGUAI (Canto IV)
fragmento Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!
Este lugar delicioso, e triste,
Cansada de viver, linha escolhido (BOCAGE. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p.
Para morrer a mísera Lindóia. 142.)
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores, BYE BYE BRASIL
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava Mulher Nordestina:
Melancólica sombra. Mais de perto - Meu santo, minha família foi embora, meu santo. Filho, nora,
Descobrem que se enrola no seu corpo neto..., fiquei só com o meu velho que morreu na semana
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge passada. Agora, quero ver o meu povo. Meu santo, me diga,
Pescoço, e braços, e lhe lambe o seio. onde é que eles foram, meu santo?
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe; Lord Cigano:
E nem se atrevem a chamá-la, e temem - E eu sei lá? Como é que eu vô saber? Quer dizer.. eu sei...
Que desperte assustada, e irrite o monstro, eu... Eu tô vendo. Eu estou vendo a sua família, eles estão a
E fuja, e apresse no fugir a morte. muitas léguas daqui.
BASÍLIO DA GAMA, José. O URAGUAI. Rio de Janeiro:
Public. da Academia Brasileira, 1941, pp. 78-9. Mulher Nordestina:
- Vivos?
CARAMURU (Canto VI, Estrofe XLII)
Lord Cigano:
Perde o lume dos olhos, pasma e treme, - É, vivos, se acostumando ao lugar novo.
Pálida a cor, o aspecto moribundo,
Com mão já sem vigor, soltando o leme, Mulher Nordestina:
Entre as salsas escumas desce ao fundo. - A gente se acostuma com tudo... Onde é que eles estão
Mas na onda do mar, que irado freme, agora, meu santo?
Tornando a aparecer desde o profundo:
"Ah Diogo cruel!" disse com mágoa, Lord Cigano:
E, sem mais vista ser, sorveu-se n'água. - Ah, pera aí, deixa eu ver! Eu tô vendo: eles estão num vale
SANTA RITA DURÃO, Fr. José de. CARAMURU. muito verde onde chove muito, as árvores são muito
São Paulo: Edições Cultura, 1945, p. 149. compridas e os rios são grandes feito o mar. Tem tanta
riqueza lá, Que.. ninguém precisa trabalhar. Os velhos não
Assuntos Abordados: Arcadismo morrem nunca e os jovens não perdem sua força. É uma terra
tão verde... Altamira!
Questão 01
Os textos apresentados correspondem, respectivamente, a (in: filme BYE BYE BRASIL (1979). Produzido por Lucy
fragmentos marcantes dos poemas épicos "O Uraguai" (1769), Barreto. Escrito e dirigido por Carlos Diegues.)
de Basílio da Gama, e "Caramuru" (1781), de Santa Rita
Durão, poetas neoclássicos brasileiros. No primeiro, a índia Assuntos Abordados: Intertextualidade
Lindóia, infeliz com a morte do marido Cacambo, deixa-se Questão 02
picar por uma serpente, e falece. No segundo, enfoca-se a Os escritores clássicos gregos e latinos produziram certas
índia Moema que, ao ver partir seu amado Diogo Álvares, fórmulas de expressão que, retomadas ao longo dos tempos,
segue a embarcação a nado e se deixa morrer afogada. Releia chegaram até nossa modernidade. Uma dessas fórmulas é a
os textos e, a seguir: chamada tópica do lugar ameno, ou seja, a evocação literária
a) aponte o componente nacionalista de ambos os poemas de um recanto ideal, delicado, geralmente bucólico, cuja paz e
que prenuncia uma das linhas temáticas mais características tranqüilidade servem de palco ao idílio dos amantes e ao
do Romantismo brasileiro; sossego da vida. Simboliza o porto almejado ou o retorno à
felicidade perdida. Tomando por base este comentário, releia
b) cite dois escritores românticos brasileiros que se utilizaram os textos em pauta e, a seguir,
dessa linha temática.
a) aponte, na seqüência de Bye Bye Brasil, dois elementos da
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO paisagem descrita por Lord Cigano que caracterizam Altamira
As questões seguintes tomam por base um soneto do poeta como um lugar ameno;
neoclássico português Bocage (Manuel Maria Barbosa du
Bocage, 1765-1805) e diálogos de uma seqüência do filme b) localize, no segundo terceto de Bocage, o verso em que se
Bye Bye Brasil (1979), escrito e dirigido pelo cineasta brasileiro estabelece relação opositiva com a tópica do lugar ameno.
Carlos Diegues.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
CONVITE A MARÍLIA (Ufscar) Onde estou? Este sítio desconheço:
Já se afastou de nós o Inverno agreste Quem fez diferente aquele prado?
Envolto nos seus úmidos vapores; Tudo outra natureza tem tomado;
A fértil primavera, a mãe das flores E em contemplá-lo tímido esmoreço.
O prado ameno de boninas veste:
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
Varrendo os ares o sutil nordeste De estar a ela um dia reclinado.
Os torna azuis; as aves de mil cores Ali em vale um monte está mudado:
Adejam entre Zéfiros e Amores, Quanto pode dos anos o progresso!
E toma o fresco Tejo a cor celeste:
Árvores aqui vi tão florescentes,
Vem, ó Marília, vem lograr comigo Que faziam perpétua a primavera:
Destes alegres campos a beleza, Nem troncos vejo agora decadentes.
Destas copadas árvores o abrigo:
Eu me engano: a região esta não era:
Deixa louvar da corte a vã grandeza: Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera! Assuntos Abordados: Indianismo
Questão 01
(Cláudio Manuel da Costa. Sonetos (VlI). In: RAMOS, Péricles O indianismo tem uma tradição relativamente longa na
Eugênio da Silva (Intr., sel. e notas): POESIA DO OUTRO - Literatura Brasileira.
ANTOLOGIA. São Paulo: Melhoramentos, 1964, p.47.) a) Antes de Alencar quem trouxe o índio para a literatura? Cite
pelo menos um autor ou uma obra.
Assuntos Abordados: Linguagem Poética
Questão 03 b) Esse filão indianista chegou até o Modernismo e repercutiu
A crítica literária brasileira tem ressaltado que o terceiro verso em vários autores: indique um autor e uma obra em que se
do poema é aquele que concentra o tema central. Essa deu essa repercussão.
mesma crítica, por outro lado, anotou com propriedade a
importância do décimo segundo verso: este verso exprime Assuntos Abordados: Intertextualidade
uma mudança de atitude, que se corrige nos versos finais Questão 02
graças à descoberta, feita pelo eu poemático, da verdadeira Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo
causa do fenômeno descrito em todo o poema. Responda: Reis refletem, de maneira diferente, sobre a passagem do
tempo, dela extraindo uma "filosofia de vida". Leia-os com
a) Qual o tema que o terceiro verso concentra? Transcreva atenção:
outros dois versos que o repercutem.
LIRA 14 (Parte I)
b) A que causas o eu poemático atribui o fenômeno observado
na natureza? Minha bela Marília, tudo passa;
a sorte deste mundo é mal segura;
Assuntos Abordados: Linguagem Literária se vem depois dos males a ventura,
Questão 04 vem depois dos prazeres a desgraça.
O estilo neoclássico, fundamento do Arcadismo brasileiro, de ....................................................................
que fez parte Cláudio Manuel da Costa, caracteriza-se pela Que havemos de esperar, Marília bela?
utilização das formas clássicas convencionais, pelo que vão passando os florescentes dias?
enquadramento temático em paisagem bucólica pintada como As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
lugar aprazível, pela delegação da fala poética a um pastor e pode enfim mudar-se a nossa estrela.
culto e artista, pelo gosto das circunstâncias comuns, pelo Ah! não, minha Marília,
vocabulário de fácil entendimento e por vários outros Aproveite-se o tempo, antes que faça
elementos que buscam adequar a sensibilidade, a razão, a o estrago de roubar ao corpo as forças
natureza e a beleza. Dadas estas informações, e ao semblante a graça.
(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA," Marília de Dirceu")
a) indique qual a forma convencional clássica em que se
enquadra o poema.
Quando, Lídia, vier o nosso outono
b) transcreva a estrofe do poema em que a expressão da Com o inverno que há nele, reservemos
natureza aprazível, situada no passado, domina sobre a Um pensamento, não para a futura
expressão do sentimento da personagem poemática. Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO Senão para o que fica do que passa -
(Unesp) ALTÉIA O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
Cláudio Manuel da Costa (RICARDO REIS, "Odes")
- Olá! estão apreciando a lua? Realmente, está deliciosa; está TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
uma noite para namorados... . Sim, deliciosa... Há muito que Soneto de Fernando Pessoa / Álvaro de Campos
não vejo uma noite assim... Olhem só para baixo, os bicos de
gás... Deliciosa! para namorados... Os namorados gostam Quando olho para mim não me percebo.
sempre da lua. No meu tempo, em Icaraí... Tenho tanto a mania de sentir
Era Siqueira, o terrível major. Rubião não sabia que Que me extravio às vezes ao sair
dissesse; Sofia, passados os primeiros instantes, readquiriu a Das próprias sensações que eu recebo.
posse de si mesma; respondeu que, em verdade, a noite era
linda; depois contou que Rubião teimava em dizer que as O ar que respiro, este licor que bebo,
noites do Rio não podiam comparar-se às de Barbacena, e, a Pertencem ao meu modo de existir,
propósito disso, referira uma anedota de um padre Mendes... E eu nunca sei como hei de concluir
Não era Mendes? As sensações que a meu pesar concebo.
- Mendes, sim, o padre Mendes, murmurou Rubião.
O major mal podia conter o assombro. Tinha visto as Nem nunca, propriamente reparei,
duas mãos presas, a cabeça do Rubião meia inclinada, o Se na verdade sinto o que sinto. Eu
movimento rápido de ambos, quando ele entrou no jardim; e Serei tal qual pareço em mim? Serei
sai-lhe de tudo isto um padre Mendes... Olhou para Sofia; viu-a
risonha, tranqüila, impenetrável. Nenhum medo, nenhum Tal qual me julgo verdadeiramente?
acanhamento; falava com tal simplicidade, que o major pensou Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
ter visto mal. Mas Rubião estragou tudo. Vexado, calado não Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
(Fernando Pessoa, Obra poética, Rio de Janeiro, Cia. lentejava a onda perene de um sorriso, que orvalhava-lhe o
J. Aguilar Ed., 1974, p. 301) semblante de luz e graça.
– Ainda bem! Já me habituaste a só achar bonito aquilo que
Assunto Abordado: Termos Essenciais da Oração vejo através do teu mimoso sorriso.
Agora é que eu começo a gozar desta linda manhã.
Questão 05 Trocamos ainda algumas palavras.
"O ar que respiro, este licor que bebo, pertencem ao meu De repente Lúcia atirou-se a mim. Com uma arrebatada
modo de existir." veemência esmagou na minha boca os lábios túrgidos, como
se os prurisse fome de beijos que a devorava. Mas
É composto o sujeito do verbo PERTENCEM. desprendeu-se logo dos meus braços, e fugiu veloz, ardendo
a) Qual é esse sujeito composto? em rubor, sorvendo num soluço o seu último beijo.
b) Qual a classificação das orações que acompanham cada Fugiu, e ao passar fechou a porta que comunicava com o
membro desse sujeito? interior.
Contrariado por este obstáculo, consolei a minha impaciência
Assunto Abordado: Realismo com o sabor da esperança que se insinuara no meu coração.
Questão 06 A fúria amorosa dos primeiros tempos, recalcada por uma
(Fuvest) "Luísa espreguiçou-se. Que seca ter de se ir vestir! força misteriosa, despertava. Outra vez a febre voluptuosa nos
Desejaria estar numa banheira de mármore cor-de-rosa, em arrebataria para abrir-nos a mansão do prazer e dos mágicos
água tépida, perfumada e adormecer! Ou numa rede de seda, deleites.
com as janelinhas cerradas, embalar-se, ouvindo música!(...) (ALENCAR, José. Romances ilustrados de José de Alencar.
Tornou a espreguiçar-se. E saltando na ponta do pé Rio de Janeiro: J. Olympio, Brasília: INL, 1977.)
descalço, foi buscar ao aparador por detrás de uma compota
um livro um pouco enxovalhado, veio estender-se na "voltaire", Questão 1
quase deitada, e, com o gesto acariciador e amoroso dos
No texto de José de Alencar, os elementos literários que
dedos sobre a orelha, começou a ler, toda interessada.
estruturam a narrativa ajustam-se com perfeição à estética do
Era a "Dama das Camélias". Lia muitos romances;
Romantismo.
tinha uma assinatura, na Baixa, ao mês.
Observe o fragmento abaixo:
Uma brisa ligeira, ainda impregnada das evaporações das
Nesse excerto, o narrador de "O primo Basílio" apresenta duas
águas, refrescava a atmosfera. Os lábios aspiravam com
características da educação da personagem Luísa que serão
delícias o sabor desses puros bafejos, que lavavam os
objeto de crítica ao longo do romance.
pulmões fatigados de uma respiração árida e miasmática. Os
a) Quais são essas características?
olhos se recreavam na festa campestre e matutina da
b) Explique de que modo elas contribuem para o destino da
natureza fluminense, da qual as belezas de todos os climas
personagem.
são convivas.
Subia a passo curto e repousado a ladeira de Santa Teresa,
LISTA 11 calculando a hora de minha chegada pelo despertar de Lúcia;
Era um domingo. o meu pensamento porém abria as asas, e precedendo-me, ia
O novo ano tinha começado. A bonança que sucedera às saudar a minha doce e terna amiga. (l. 6 - 12)
grandes chuvas trouxera um dos sorrisos de primavera, como
costumam desabrochar no Rio de Janeiro dentre as fortes Identifique dois desses elementos literários e explique como
trovoadas do estio. As árvores cobriam-se da nova folhagem cada um deles se relaciona aos princípios estéticos do
de um verde tenro; o campo aveludava a macia pelúcia da Romantismo.
relva, e as frutas dos cajueiros se douravam aos raios do sol.
Uma brisa ligeira, ainda impregnada das evaporações das
águas, refrescava a atmosfera. Os lábios aspiravam com Questão 2
delícias o sabor desses puros bafejos, que lavavam os No texto de José de Alencar, o narrador usa o recurso do
pulmões fatigados de uma respiração árida e miasmática. Os flashback, ou seja, a inserção de um evento ocorrido antes do
olhos se recreavam na festa campestre e matutina da natureza episódio narrado.
fluminense, da qual as belezas de todos os climas são Identifique o início e o final do trecho em que ocorre o
convivas. flashback e indique dois aspectos ou expressões que
Subia a passo curto e repousado a ladeira de Santa Teresa, permitem identificá-lo.
calculando a hora de minha chegada pelo despertar de Lúcia;
o meu pensamento porém abria as asas, e precedendo-me, ia Jardim da infância
saudar a minha doce e terna amiga. Qualquer vegetal, pássaro, inseto
Havia oito dias que Lúcia não andava boa. A fresca e vivace ou tremor de vento e onda
expansão de saúde desaparecera sob uma langue morbidez me tocam mais
que a desfalecia; o seu sorriso, sempre angélico, tinha uns que o mais acrílico artefato
laivos melancólicos, que me penavam. Às vezes a surpreendia e platinado aço da sala.
fitando em mim um olhar ardente e longo; então ela voltava o Há dois minutos um bem-te-vi pousou
rosto de confusa, enrubescendo. Tudo isto me inquietava; nas grades do terraço, beliscou algo amarelo
atribuindo a sua mudança a algum pesar oculto, a tinha e livre se foi marrom para o telhado.
interrogado, suplicando-lhe que me confiasse as mágoas que Ah, minhas mesas, móveis, cama.
a afligiam. Eu não amaria sequer esses livros
– Não digas isto, Paulo! respondia com um tom de queixa. se não soubesse da matéria orgânica
Posso ter pesares junto de ti? É uma ligeira indisposição; há condensada em suas páginas.
de passar. Periquitos se coçam e piam na gaiola
De bem longe avistei Lúcia que me esperava e me fez um fazendo amor sobre os poleiros
aceno de impaciência; apressei o passo para alcançar o portão entre olhagens que me folham.
do jardim. Ela estendeu-me as mãos ambas risonha e Estou comprando esses fascículos com tudo sobre plantas.
atraindo-me, reclinou-se sobre o meu peito com um gracioso Tanto mais eu vivo
abandono. Sentamo-nos nos degraus da pequena escada de mais quero saber de ardísias e bocárnias,
pedra, e informei-me de sua saúde. peperônias e gloxínias.
– Já estou boa. Não vês? Não sei como puderam nascer sem mim, em outras terras,
– Realmente as rosas de suas faces viçavam; era cintilante o as edelweiss, blue bonnets, tulipas e cerejeiras.
brilho que desferia a sua pupila negra. Pelos lábios úmidos Como pude respirar todo esse tempo
sem a diferença entre hibiscos e gardênias,
confundindo tumbérgias com hipocampos, Questão 02
dama-da-noite com dama das camélias,
Considere as seguintes expressões extraídas do texto III:
eu,
aquele meio quilo de maldade. (l. 6)
desmemoriado cavaleiro da rosa,
a maldita assombração. (l. 16 - 17)
sem brincos de princesa,
Elas revelam sentimentos de certos personagens e repetem
trombetas e espadas de São Jorge,
alguma informação dada em outra parte do texto.
mal sabendo que era na casa de Tia Antonieta
Correlacione cada expressão ao respectivo personagem e
que nasciam as violetas africanas.
(SANT’ANNA, Affonso Romano de. Que país é este? e outros poemas. Rio indique o elemento do texto a que cada uma se refere.
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.)
Questão 03
Vila dos confins A prosa de ficção modernista desdobrou-se em várias
Não há bicho mais velhaco do que urubu roceiro, morador em correntes. O texto III, do romancista mineiro Mário Palmério,
zona de criação, mal-acostumado pelo daninho vício de comer representa um desses desdobramentos.
umbigo de bezerro recém-parido. Identifique duas características marcantes da linguagem do
Lá está o peste, de plantão. Refestelado1 que só ele, no galho texto e cite um exemplo para cada uma delas.
alto do pé de angico esquecido no meio do pasto. Passa
homem, passa mulher e menino, passa boi, cavaleiro passa. A
gente dobra o corpo, deita mão em pedra. O urubu raciocina: Questão 04
mede o mal-inclinado do passante, calcula o tamanho e o peso O emprego das palavras com finalidade artístico-expressiva
da pedra, adivinha até aonde pode chegar aquele meio quilo envolve recursos variados, dois dos quais estão
de maldade. Pensa, pensa e repensa ligeiro, e continua exemplificados nas formas sublinhadas nas seguintes
pousado do mesmíssimo jeito. A cabo-verde alça vôo, zunindo, passagens dos textos II e III, respectivamente:
e vai bater no tronco do pé de angico, dois metros abaixo do entre olhagens que me folham. (l. 15)
alvo: beleza de tinido faz a pedrada, que o pau é seco, rijo, subindo ladeira custosa, fluque-fluque, (l. 21 - 22)
ocado pelo fogo – por isso mesmo sonoroso também. Há tipos
que respondem com fedorento arroto de desprezo. Outros, Nomeie o recurso lingüístico empregado em cada passagem e
porém, mal abrem o bico em um bocejo de pouco caso e descreva o valor estilístico de cada um.
repegam no cochilo: soneca matreira, que estão mas é de olho
fechado de mentira, tomando nota de tudo quanto acontece de
importante pela redondeza. A gente grita, xinga, sapateia, se AULA 12
desespera e berra os mais feios palavrões. Que o quê! Urubu Meus oito anos
nem cheirou nem fedeu. E continua quentando sol, vigiando a
Oh! que saudades que tenho
vaca chegadinha no amojo2 que, mais hora menos hora, solta
a cria ainda boba do susto no rapado jaraguá3 do pastinho-de- Da aurora da minha vida,
bezerro. Da minha infância querida
O fazendeiro busca em casa a fogo-central e volta ao pasto, Que os anos não trazem mais!
disposto a acabar com a maldita assombração. Do alto do pau, ( Casimiro de Abreu )
o urubu pombeia4 a providência. E, quando o enjerizado
aponta na porteira do curral, longe ainda, mas de espingarda TEXTO I
na mão, o urubu galeia5 as juntas das pernas engomadas de Nasci no campo, e ao desprender-me das faixas
piche, estica as asas de picumã, e demuda de pouso. Comigo infantis,
não, violão! De pau-defogo não não, Seu Bastião! ao saltar do berço, vi quase ao mesmo tempo o céu e o
Vai-se embora o negro-preto, voando barulhento que nem mar, os campos e as matas. Não foi na cidade, onde se
máquina de trem de ferro subindo ladeira custosa, fluque- morre abafado, não; foi ao ar livre, e, infante ainda, senti
fluque, fluque-fluque. Bicho excomungado! a brisa da praia brincar com meus cabelos e o vento da
(PALMÉRIO, Mário. Vila dos confins. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.)
montanha trazer-me de longe o perfume das florestas.
Vocabulário: Que deliciosa vida aquela! Como eu corria por aqueles
1refestelado – acomodado despreocupadamente prados! Que colheita que fazia de flores! Que destemido
2amojo – disponibilidade de leite para a amamentação caçador de borboletas!
3jaraguá – espécie de capim Ah! meus oito anos! Quem me dera tornar a tê-los!...
4pombeia – observa, espreita Mas... nada, não queria, não; aos oito anos ia eu para a
5galeia – sacode, balança escola, e confesso francamente que a palmatória não
me
O tema da infância está muito presente na trajetória lírica
brasileira desde o século XIX. O poeta Casimiro de Abreu a
deixou grandes saudades.
( ABREU, Casimiro de. Obras completas.
retratou pela ótica do Romantismo em um texto famoso e Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1965. p. 203.)
representativo:
Questão 05 Questão 02
Para José de Alencar, o “meio” influencia na definição Murilo Mendes procura trazer para seu poema diversas
de diferenças lingüísticas e culturais? Justifique. marcas de “brasilidade”.
a) Qual o verso em que dois recursos lingüísticos,
Questão 06 próprios da linguagem coloquial, formam uma só
As transformações da língua portuguesa falada no unidade de sentido?
Brasil seriam, na opinião de José de Alencar, um fato
inédito na história das culturas? Justifique, retirando do b) Reescreva o verso de modo mais formal, sem
texto a passagem que melhor ilustra o posicionamento alteração do sentido.
do autor.
Questão 03
LISTA 15 Para mostrar uma sucessão de fatos, o poeta utiliza um
tipo de combinação de orações que é predominante em
TEXTO V todo o poema.
1500 a) Como se chama esse tipo de combinação?
A imaginação do senhor b) Transcreva três versos consecutivos que
Flutua sobre a baía. exemplifiquem tal procedimento.
As pitangas e os cajus
TEXTO 6 Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar
................................................ aquilo?
- Que frio! . gorjeou Henriqueta, muito coquete em “Então você não é ninguém?”.
seu redingote de golas de pelego, que graciosamente Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera
envergara por cima da camisola cor-de-rosa, - Fecha, aquilo de ouvido.
fecha, Boduzinho, que este frio me mata! Que estavas a Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma
fazer lá fora com este frio, queres constipar-te e matar- casa e ser atendido por uma empregada ou outra
me de pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de
cuidados? dentro perguntando quem era: e ouvir a pessoa que o
- Já falas como uma portuguesa, é admirável como atendera dizer para dentro: “Não é ninguém, não
tens talento para essas coisas! . disse Bonifácio Odulfo, senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não
encantado. . E estás linda como uma princesa! Minha era ninguém...
princesinha portuguesa! Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se
- Mas nunca falei lá muito à brasileira. despediu ainda sorrindo.
- Isto é verdade, sempre tiveste uma maneira de (In: Ai de ti, Copacabana. 4a ed. Rio de Janeiro: Editora
falar muito distinta, foi uma das primeiras coisas que do Autor, 1964, pp. 44,45)
primeiro me atraiu em ti. E teu pai, o velho barão, fala
exatamente como um português. Questão 02
- Disto ele sempre fez questão. Costuma dizer que, a) Que sentido assume o pronome indefinido
pela voz, sempre saberão que ele nunca andou no meio ninguém no texto acima?
dos pretos e que se formou em Coimbra.
.............................................................
(RIBEIRO, João Ubaldo. Viva o povo brasileiro. 4ª ed. b) Quando esse pronome indefinido é usado
Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1984. p.469)
na função sintática de sujeito, a dupla negação
Questão 04 pode ou não ocorrer. Justifique essa
Toda língua apresenta variação regional e social, não se afirmativa, exemplificando-a.
podendo afirmar que uma variante seja superior a outra.
Transcreva a passagem do diálogo em que melhor TEXTO 3:
se observa um julgamento de valor que contraria
essa afirmação e revela preconceitos sociais e Camelôs
culturais. Manuel Bandeira
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de
LISTA 16 tostão:
O que vende balõezinhos de cor
TEXTO 1: O macaquinho que trepa no coqueiro
escapulário O cachorrinho que bate com o rabo
Oswald de Andrade Os homenzinhos que jogam boxe
No Pão de Açúcar A perereca verde que de repente dá um pulo
De Cada Dia que engraçado
Dai-nos Senhor E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão
A Poesia coisa alguma
De Cada Dia Alegria das calçadas.
(In: Poesias reunidas. 5a ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1971, p. 75) Uns falam pelos cotovelos:
Nota: escapulário: objeto de devoção formado por dois - “O cavalheiro chega em casa e diz: ‘Meu
quadrados de pano bento, com orações ou uma relíquia, filho, vai buscar um pedaço
que os devotos trazem ao pescoço. de banana para eu acender o charuto.’
Naturalmente o menino pensará:
Questão 01
A crítica literária considera que a poesia de Oswald ‘Papai está malu...’”
de Andrade apresenta duas vertentes: uma Outros, coitados, têm a língua atada.
‘destrutiva’ e uma ‘construtiva’. Explique de que Todos, porém, sabem mexer nos cordéis com
modo esses dois traços aparecem na o tino ingênuo de demiurgos
intertextualidade realizada por de inutilidades.
Oswald no poema.
E ensinam no tumulto das ruas os mitos
TEXTO 2: O Padeiro (fragmento) heróicos da meninice...
Rubem Braga E dão aos homens que passam preocupados
Tomo meu café com pão dormido, que não é tão ruim ou tristes uma lição de infância.
assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um (In: Libertinagem. Seleta em prosa e verso.
homem modesto que conheci antigamente. Quando
vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava (Org. Emanuel de Moraes), Rio de Janeiro:
a campainha, mas, para não incomodar os moradores, José Olympio, 1971, p.131).
avisava gritando:
- Não é ninguém, é o padeiro! TEXTO 4: Desabrigo (fragmento)
Antônio Fraga
Foi aí que um camelô aproveitando o ajuntamento No texto 4, há um desvio de sintaxe em
começou a dizer relação à norma culta escrita, referente à
- Os senhores vendo eu aqui me exibir pensarão regência verbal.
que sou um mágico arruinado que não podendo a) Transcreva o trecho que exibe o desvio.
trabalhar no palco vem aqui fazer uns truques pra
depois correr o chapéu pedindo uns níqueis Mas
não sou nada disso Sou um representante da
b) Reescreva-o de modo a ajustá-lo à norma
afamada fábrica de perfumes mercúrio que não culta escrita.
manda distribuir prospectos não bota anúncio no
rádio nem nos jornais nem mesmo anúncios TEXTO 5: A favela que eu vi (fragmento)
luminosos Esta casa meus senhores prefere Benjamim Costallat
contratar um técnico propagandista que saia por aí O maior perigo que eu encontrei na Favela foi
distribuindo gratuitamente os seus produtos Entre o risco, a cada passo, de despencar-me de lá
os maravilhosos preparados da fábrica de de cima pela pedreira ou pelo morro abaixo.
perfumes mercúrio encontra-se esta loção – a E dizer que há uma população inteira que
afamada loção mercúrio que elimina a caspa e a todos os dias desce e sobe a Favela, mulheres
calvície mas não dá cabo da cabeça do freguês Se
que fazem o terrível trajeto com latas cheias
os senhores fossem adquirir este produto nas
farmácias ou drogarias lhes cobrariam dez ou
de água na cabeça, e bêbedos, alegres de
quinze mil réis Eu estou autorizado a distribuí-lo cachaça, as pernas bambas, ziguezagueando,
gratuitamente às pessoas que adquirirem o por cima dos precipícios, sem sofrer um
reputado sabonete minerva pelo qual cobro apenas arranhão!...
dois mil réis para cobrir as despesas da Os pequeninos casebres feitos de latas de
publicidade... querosene também suspendem-se no ar, por
Um aqui para o cavalheiro... outro para a cima de verdadeiros abismos, num milagre de
senhorita... (Desabrigo. Rio de Janeiro: Secretaria equilíbrio, mas também não caem. Deus
Municipal de Cultura, Turismo e Esportes protege a Favela!...
– DGDIC, 1990, pp. 28-29)
E a Favela merece a proteção divina porque
Questão 03 ela é alegre na sua miséria. Aquela gente, que
No poema de Manuel Bandeira (Texto 3), não tem nada, dá uma profunda lição de
aparecem traços característicos de sua alegria àqueles
poética. Desenvolva essa afirmativa, que têm tudo.
explicitando esses traços, nos níveis da forma (In: Mistérios do Rio. Rio de Janeiro:
e do conteúdo. Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e
Esportes, DGDIC, 1990, p. 34)
Questão 04
Identifique dois recursos predominantes na TEXTO 6: Cidade de Deus (fragmento)
caracterização dos núcleos do complemento Rubem Fonseca
do verbo vender, que se encontra no segundo O nome dele é João Romeiro, mas é
verso do poema de Bandeira: um de natureza conhecido como Zinho na Cidade de Deus,
morfológica e um de natureza sintática. Diga uma favela em Jacarepaguá, onde comanda o
quais são esses recursos. tráfico de drogas. Ela é Soraia Gonçalves, uma
mulher dócil e calada. Soraia soube que Zinho
Questão 05 era traficante dois meses depois de estarem
Como esses elementos identificados no item morando juntos num condomínio de classe
anterior se convertem em recursos média alta na Barra da Tijuca. Você se
expressivos? importa? , Zinho perguntou, e ela respondeu
que havia tido na vida dela um homem metido
Questão 06 a direito que não passava de um canalha. No
a) No texto 4, o camelô afirma que a loção condomínio Zinho é conhecido como vendedor
mercúrio é gratuita. Comente essa afirmação. de uma firma de importação. Quando chega
uma partida grande de droga na favela, Zinho
b) Além de se apresentar como “um some durante alguns dias. Para justificar sua
representante da afamada fábrica de perfumes ausência Soraia diz, para as vizinhas que
mercúrio”, como o camelô, indiretamente, se encontra no playground ou na piscina, que o
autodenomina? marido está viajando pela firma. A polícia anda
Questão 07 atrás dele, mas sabe apenas o seu apelido, e
que ele é branco. Zinho nunca foi preso.
(In: Histórias de amor. São Paulo: Companhia Meu coração vai molemente dentro do táxi.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro:
das Letras, 1997, p.11) Nova Aguilar, 1988, p.11.
Questão 04
LISTA 17 Responda, com uma frase completa, a cada uma das perguntas
Questão 01 abaixo:
a) Qual o sentido, dentro do contexto, da expressão sublinhada nos
De que modo o ponto de vista do narrador versos “Meus amigos todos estão satisfeitos / Com a vida dos outros.”
influencia o modo de ver os personagens e (v. 6 e 7)?
b) A que estilo de época pertence o texto I ? Justifique sua resposta.
os espaços nos textos 5 e 6?
TEXTO
Uma cidade é uma cidade é uma cidade. Ela é feita à imagem e
TEXTO 7 semelhança de nosso sangue mais secreto. Uma cidade não é um
Esaú e Jacó (fragmento) diamante transparente. Ela espelha, palmo a palmo, o mundo dos
Machado de Assis homens, suas contradições, abusões, virtudes e desterros. Milímetro
por milímetro. A mão do homem em toda parte. No asfalto. No basalto
- Que estranhos? Não vou viver com ninguém. domado. Na pedreira. Nos calçadões. Na rua, onde os veículos
Viverei com o Catete, o Largo do Machado, a Praia veiculam nosso exaspero e desespero. Uma cidade nos revela. Nos
de Botafogo e a do Flamengo, não falo das denuncia naquilo que escondemos. Grande construção, empreitada
de porte enorme, regougo de martelos e martírios. Construímos nossa
pessoas que lá moram, mas das ruas, das casas, cidade. Somos construídos por ela. Os elos e cordames nos enlaçam,
dos chafarizes e das lojas. nos sufocam. Boiamos e nadamos dia e noite, levados numa escuma
(In: Obra Completa. vol. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, onde borbulhas se abrem, como furúnculos maduros. Onde está a
saída, ou a entrada ?
1985, p. 987) PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro: Rocco,
1988, p.82.
Questão 02
Questão 05
Vimos que, no texto 2, Rubem Braga fez uso Transcreva, do texto II, apenas a frase em que se utiliza recurso
expressivo do indefinido ninguém. literário semelhante ao empregado nos termos sublinhados dos
Diga com que sentido o mesmo termo é seguintes versos do texto I:
usado por Machado de Assis no texto E tantos adultérios também. (v. 13)
acima, relacionando tal significado com um E tantos tantíssimos contos-do-vigário... (v. 14)
TEXTO IV
Casamento
Questão 04
Pode-se afirmar que o eu-lírico apresenta concepção de
casamento diferente da cultivada pelas outras mulheres
referidas no texto (verso 1).
Quais seriam essas concepções em oposição?
Questão 05
Nos poemas Ser mulher (texto III) e Casamento (texto IV),
verificam-se vozes líricas femininas que, em alguma medida,
tratam do papel masculino em relação ao feminino.
Apresente a diferença na caracterização do papel masculino
nos dois textos.