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Sócrates, um filósofo grego que viveu entre 470 e 399 a. C., foi condenado à morte.
Horas antes deste ingerir o veneno vários amigos foram ter com ele à prisão. Estavam
tristes e revoltados, pois consideravam Sócrates o homem mais justo e sensato que
conheciam e entendiam que as acusações contra ele eram falsas. Platão (discípulo e
amigo de Sócrates) descreveu as últimas horas de vida de Sócrates num livro chamado
0 .
Enquanto conversavam, é referido o problema da alma ser ou não imortal: será que a
morte é o fim de tudo ou, pelo contrário, depois dela existe uma outra vida? Os amigos
de Sócrates insistem para saber o que pensa ele sobre isso.
Sócrates aceita examinar o problema e diz:
. (Platão, 0 , 5ª edição, Lisboa Editora, 1997,
pág. 45.)
Sócrates, tal como outros filósofos, foi algumas vezes acusado de andar com a cabeça
nas nuvens e de se interessar por assuntos inúteis e desligados da vida. Assim, ao dizer
que, uma vez que vai morrer, reflectir acerca da morte e do sentido da vida é
está a dizer que esse assunto não é exterior à vida humana.
Ora, tal como Sócrates, nós também somos mortais. Também vamos morrer um dia. Por
isso, faz sentido ± é ³apropriado´ ± que reflictamos acerca da morte e do significado da
vida. Para nós, a morte não é um assunto inútil e desligado da vida. É um assunto que se
impõe a partir da nossa experiência.
Sendo assim, estudar filosofia e reflectir acerca dos problemas filosóficos não é perder
tempo com assuntos demasiado abstractos, inúteis e desligados da vida, mas sim tentar
esclarecer problemas que, pelo contrário, fazem parte da nossa vida. Ao estudar
filosofia e ao reflectirmos sobre esses problemas tornamo-nos conscientes de coisas
que, sem sabermos, já existiam na nossa vida.
* entrada do templo de Delfos, na Grécia, estava escrito um conselho que Sócrates
considerava fundamental:
. Filosofar é uma forma de o pôr em
prática.
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