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Capítulo 3 - Termodinâmica

3.1. Introdução

Termodinâmica – estudo dos os processos físicos em que há troca de energia


sob a forma de calor, utilizando um ponto de vista
macroscópico, isto é, estabelecendo relações entre grandezas
macroscópicas do sistema (M, V, P, ...).

Sistema termodinâmico: como uma quantidade finita de matéria e energia,


tendo como limite uma fronteira ou superfície de separação claramente
definida.

Os objectos materiais não incluídos no sistema constituem o exterior em


relação a ele. Embora, em rigor, o exterior inclua o resto do Universo, de facto
as transformações que se passam no sistema apenas afectam, ou são
afectadas, de modo mensurável, por um número limitado de objectos ou por
uma porção de matéria, mais ou menos extensa, que constituem a vizinhança
imediata dos sistema.
Fronteira

Sistema

Vizinhança

Um sistema diz-se fechado se a sua fronteira não for atravessada por matéria
⇒ Massa constante.
Exemplos: - ar contido num recipiente fechado
- lápis

Um sistema fechado em que não há trocas de energia com o exterior diz-se um


sistema isolado.

Se o sistema não for fechado, isto é, se a sua fronteira for atravessada por matéria,
dizemos que se trata de um sistema aberto.
3.2. Equilíbrio térmico: Temperatura

Dois sistema dizem-se em contacto térmico quando é possível a transferência de


energia, sob a forma de calor, de um para o outro.

Assim, quando dois corpos são colocados em contacto térmico, define-se o corpo
“mais quente” como aquele que cede energia ao outro, que está mais frio (ou
menos quente).

Isto conduz imediatamente a uma definição de temperatura:

Se, quando dois corpos são colocados em contacto térmico, não há transferência
de calor entre eles diz-se que têm a mesma temperatura e estão portanto em
equilíbrio térmico. Se existe transferência de energia de um sistema para o outro,
o sistema que cede a energia é definido como estando a uma temperatura superior.
3.2.1. Medida da temperatura

Quando dois sistemas estão, separadamente, em equilíbrio térmico com


um terceiro então estão também em equilíbrio térmico entre si.

Este princípio, denominado princípio zero da Termodinâmica é o princípio


em que se baseiam as medições de temperatura.

Podemos usar qualquer uma das numerosas propriedades


dependentes da temperatura (denominada propriedade
termométrica) de um sistema, como o volume ou a
pressão de um gás, o comprimento de uma barra de metal
ou a resistência eléctrica de um fio, e usar essa
propriedade para nos indicar quando uma dada
temperatura de referência foi atingida.

Ao nosso sistema de referência chama-se termómetro.


Termómetro de mercúrio
Comparando vários sistemas uns com os outros podemos ordená-los por
ordem crescente ou decrescente de temperaturas e construir uma escala de
temperaturas.

Das várias escalas construídas ao longo dos tempos sobrevivem hoje duas:

- a escala centígrada, ou de Celcius, que faz corresponder a temperatura


de fusão do gelo (à pressão normal de 76 cmHg) 0 ºC e a temperatura de
ebulição da água (também à pressão normal) 100 ºC.

- a escala de temperatura de gás perfeito, que se prova coincidir com a


escala de temperatura absoluta ou escala Kelvin.

A escala de temperatura de gás perfeito é definida a


partir de um termómetro de gás a volume constante,
em que a propriedade termométrica é a pressão, de
forma a que a temperatura é dada por
P
T ( K ) = 273.15
Pi
Para facilitar a medição e a
calibração de termómetros foi
adoptada uma escala prática,
denominada Escala Internacional
de Temperatura, definida como
uma série de pontos fixos de fusão e
evaporação cujas temperaturas estão
muito bem determinadas.
3.2.2. Termómetros

Os sistemas, devidamente calibrados, que servem para medir a temperatura de


outros sistemas, são os termómetros. Como muitas propriedades físicas são
dependentes da temperatura, há termómetros de diversos tipos, conforme a
propriedade que é utilizada.
Nos termómetros de mercúrio (ou de outros líquidos) a propriedade que se
utiliza é a dilatação. O termómetro é previamente calibrado, estabelecendo-se
uma relação entre a altura da coluna de líquido e a temperatura.
Um termómetro pode ser calibrado, ou por comparação com outro termómetro
calibrado, ou por pontos fixos.
Um ponto fixo é um sistema cuja temperatura se mantém constante durante um
intervalo de tempo apreciável e é facilmente reprodutível. As substâncias puras,
em mudança de fase, são muitas vezes utilizadas.
Dentre as outras propriedades físicas que podem ser utilizadas para medir a
temperatura há duas que merecem ser destacadas: a) a resistência eléctrica e b)
o efeito Seebeck.
a) Termómetros de resistência

A resistência eléctrica de um metal, ou de um semicondutor, é dependente da


temperatura e pode, para cada caso estabelecer-se uma relação entre os valores
dessa resistência e a temperatura a que o "termómetro" se encontra, fazendo-
se assim uma calibração do termómetro.

Os metais que se utilizam não devem ser facilmente atacáveis nem as suas
propriedades se devem alterar com a temperatura.

Usam-se metais como a platina, o ródio e semicondutores como o germânio.

A medição que na prática se faz é de uma resistência eléctrica que se converte


em temperaturas ou através de um gráfico de calibração ou de uma tabela de
conversão.
b) Efeito Seebeck: Termopares

Os metais, principalmente, possuem um conjunto de propriedades interessantes


onde se misturam efeitos térmicos e eléctricos do tipo uma diferença de
temperatura pode fazer surgir uma diferenças de potencial ou uma
corrente eléctrica pode produzir uma diferença de temperaturas.

Estas propriedades são designadas por termoeléctricas e a que tem talvez mais
aplicação é o efeito Seebeck.

Se ligarmos dois metais A e B como se indica na figura, formam-se duas


junções 1 e 2, que são referidas como termopares. Se as junções forem
colocadas a temperaturas diferentes, t1 e t2, por exemplo e as extremidades
livres dos fios A ligados a um microvoltímetro, detecta-se uma diferença de
potencial, que depende da diferença de temperatura entre as duas junções.

A B
A
3.3. Equilíbrio termodinâmico

O estado de um sistema termodinâmico é determinado pelas suas coordenadas


termodinâmicas, que são conhecidas por variáveis de estado (exemplos: P, V,
T, M).

Variáveis de estado – definem univocamente o estado termodinâmico do sistema


e dependem unicamente deste, e não da forma como o referido estado foi
atingido.

Variáveis extensivas – dependem do tamanho do sistema (V, M, etc.)


Variáveis intensivas – independentes do tamanho do sistema (T, P, etc.)
3.3.1. Equação de estado de um gás perfeito

A equação de estado de um sistema relaciona a sua temperatura com as


outras variáveis de estado. A equação de estado mais simples é a de um gás
perfeito, que vamos descrever de seguida.

Um gás perfeito é definido como um gás cujas propriedades dependem apenas


das propriedades mecânicas das suas partículas, considerado como uma
colecção de massas pontuais que não interagem umas com as outras à
excepção de colisões entre partículas. As suas propriedades não dependem
assim das propriedades químicas ou natureza da substância gasosa.

Vamos estabelecer a equação de estado de um gás perfeito a partir de


considerações experimentais.
A lei de Boyle, formulada em 1662, diz que:
“Se a temperatura de uma dada massa de gás se mantiver constante, então o
produto da pressão e do volume do gás é constante.”

Esta constante é proporcional à massa de gás usada, pois se a pressão e


temperatura forem constantes, é necessário o dobro do volume para o dobro da
massa de gás. Temos assim:

P.V = m.C

Esta equação exprime assim a relação entre a pressão e o volume de um gás em


condições isotérmicas.
Experiências realizadas a pressão constante permitiram estabelecer a chamada
lei de Charles, que relaciona o volume e a temperatura de um gás nestes
processos, verificando-se que:

T
V = Vi
Ti

Em que V é o volume à temperatura T e Vi o volume à temperatura Ti.


Considerando estas duas leis e a definição de temperatura obtida a partir de
um termómetro de gás a volume constante

P P
T ( K ) = 273.15 = Ti
Pi Pi

temos três relações entre as variáveis de estado que descrevem um gás perfeito:
pressão (P), volume (V) e temperatura (T).
Uma vez que estas relações não são independentes umas das outras, podemos
combiná-las numa única equação de estado.

Para estabelecermos uma única equação de estado consideremos um processo


realizado em duas etapas, na qual um gás ideal é primeiro aquecido a uma
pressão constante, Pi, de uma temperatura inicial, Ti, até uma temperatura T. O
seu novo volume, V’, é então obtido pela lei de Charles
T
V ' = Vi
Ti

em que Vi era o volume inicial. Seguidamente, à temperatura constante T, a


pressão é variada de Pi para P, de forma a obtermos um volume final V. Temos
assim, pela lei de Boyle

P.V = Pi.V’
T T
Uma vez que V ' = Vi obtemos PV = PiVi
Ti Ti

Realizamos assim um processos de um estado inicial (Pi, Vi, Ti) para um estado
final (P, V, T) em que se verifica que

PV PiVi
= Constante
T Ti

Tomando um estado (P0, V0, T0) como referência e conhecendo a massa, ou a


quantidade de matéria, podemos obter uma relação entre as variáveis de estado
de um gás perfeito.

Unidade de Massa Atómica (u.m.a.) – 1/12 da massa do átomo de carbono-12.

Mole – quantidade de massa cujo valor numérico, em gramas, é exactamente


igual ao valor numérico da massa das suas moléculas constituintes, em u.m.a.
Assim, uma mole contém um número específico de moléculas (ou átomos)
cujo peso depende do peso atómico ou molecular da substância.

No Sistema Internacional de unidades uma mole é o número de átomos em 12


g de carbono-12.

A água (H2O), por exemplo, tem uma massa molecular de 18 u.m.a., logo uma
mole de água tem uma massa de 18 g.

O número de Avogadro representa o número de partículas presentes numa


mole:

NA = (6.022045 ± 0.000031) × 1023 partículas/mole

No caso dos gases, verificou-se experimentalmente que uma mole de qualquer


gás perfeito, em condições normais de pressão e temperatura (P0 = 1 atm =
1.01 × 105 Pa; T0 = 0 ºC = 273.15 K), ocupa sempre o mesmo volume, V0 =
22.414 dm3.
Usando este resultado, e supondo que temos um sistema com n moles,
podemos escrever:
PV P0V0
= = nR
T T0
P0V0
Em que R= é conhecida como constante universal dos gases. O seu
T0
valor é

R = 8.31441 ± 0.00026 J.K-1.mole-1

A equação de estado de um gás perfeito é habitualmente escrita na forma

P.V = n.R.T
3.4. Trabalho de um sistema termodinâmico

A definição de trabalho exige que uma força, aplicada pelo sistema, provoque
um deslocamento, isto é,
r r
δW = F ⋅ dr

dF
No caso de um gás as únicas forças presentes são as forças de pressão, P =
dA

Para definirmos o trabalho realizado por, ou sobre, um


sistema gasoso, consideremos um gás contido dentro de um
cilindro com um êmbolo. Se o êmbolo se desloca dx, então
o trabalho é dado por

δW = F.dx

e, dada a definição de pressão, podemos escrever

δW = P.A.dx = P.dV
Se o sistema sofre uma variação finita de volume, de V1 para V2, o trabalho
realizado será obviamente dado por

V2
W = ∫ P .dV
V1

em que P pode ou não variar durante o processo. Numa expansão V2 > V1, o
trabalho realizado pelo gás é positivo, e o gás perde energia para a vizinhança.
Numa compressão V2 < V1, o trabalho é negativo, e é portanto realizado
trabalho sobre o gás, de forma a que este ganha energia.

Trabalho realizado Trabalho realizado


sobre o sistema pelo sistema
W<0 Sistema W>0
3.5. Calor e energia interna. Primeira lei da termodinâmica

As partículas que constituem sólidos, líquidos ou gases estão em movimento,


mais ou menos amplo, conforme as ligações que existem entre elas. Estas
ligações determinam o estado físico (sólido, líquido ou gasoso) em que um
sistema se apresenta, bem como as propriedades que o caracterizam. Num gás,
por exemplo, as forças entre partículas são muito fracas permitindo-lhes
deslocarem-se quase independentemente umas das outras.

As energias das partículas constituintes de um sistema dependerão unicamente


do estado em que o sistema de encontra, e não da forma como chegou a esse
estado. Desta forma, um sistema terá uma energia (cinética + potencial, no
caso geral), a sua energia interna, U, associada à energia das suas partículas
constituintes, e que depende unicamente do estado em que o sistema se
encontra.
Como já se viu, é possível alterar o estado de um sistema se realizarmos
trabalho sobre este, ou se o sistema realizar trabalho sobre o exterior. No
entanto, é também possível alterar o estado de um sistema de outras formas,
sem realização de trabalho. Se colocarmos o nosso sistema em contacto
térmico com um outro sistema, a uma temperatura diferente, a experiência
indica-nos que ambos os sistema alteram a sua temperatura, de forma a que a
temperatura final, comum aos dois sistemas, é intermédia entre a temperatura
inicial de cada sistema. Neste caso, em que houve alteração do estado do
sistema sem realização de trabalho, dizemos que o sistema trocou calor com o
exterior. Podemos assim definir calor como:

Uma energia que é transferida entre um sistema e o seu meio exterior


devido unicamente a uma diferença de temperatura.

Ou, equivalentemente, como:

Energia não mecânica posta em jogo numa transformação.


Quando se colocam em contacto dois sistemas a temperaturas diferentes, duas
coisas podem acontecer:

1. haver variação nos estados de ambos ou sistemas

ou

2. não haver qualquer variação.

Acontecer uma coisa ou outra depende da natureza da superfície de contacto


(ou parede de separação) entre os dois sistemas.

No primeiro caso diz-se que a parede de contacto entre os dois sistemas é


condutora de calor ou diatérmica e os dois sistemas dizem-se em contacto
térmica.

No segundo caso que é isoladora ou adiabática.


Um sistema pode assim alterar o seu estado termodinâmico através da
realização de trabalho ou por transferência de calor.

Uma definição mais fundamental, que resulta do princípio de conservação de


energia, é a de que o calor, Q, absorvido ou cedido por um sistema num
qualquer processo físico, é a soma do trabalho realizado pelo sistema, W, com
a variação da sua energia interna, ∆U, isto é:

Q = ∆U + W

Este resultado traduz a Primeira Lei da Termodinâmica.

Q<0 ⇒ sistema cedeu para o exterior uma quantidade de calor |Q|.

Q>0 ⇒ sistema absorveu uma quantidade de calor |Q|.

U é uma variável de estado.


Como W não é uma variável de estado, também Q não o é.
3.6. Capacidade calorífica. Calores específicos.

Consideremos um conjunto de dois sistemas termicamente isolados do


exterior, isto é, rodeados de paredes adiabáticas, mas em contacto térmico
entre si. O princípio de conservação de energia garante que a quantidade de
calor perdida por um dos sistemas seja igual à quantidade ganha pelo outro.
Este princípio é denominado princípio fundamental da calorimetria.

Concretizemos estas ideias um pouco melhor considerando os sistemas 1 e 2 ,


inicialmente a temperaturas θ1 e θ2 supondo, por hipótese, que θ1 > θ2.

Estes sistemas são postos em contacto através


de uma parede condutora e o conjunto é
isolado do exterior por uma parede isoladora.
Há trocas de calor entre os sistemas, o sistema 1 perde uma quantidade de
calor que podemos designar por Q1 e o sistema 2 ganha uma quantidade de
calor Q2, terminando o conjunto a uma temperatura final comum θ.

O princípio fundamental da calorimetria exige que

|Q1| = |Q2|

As variações de temperatura experimentadas pelos sistemas foram,


respectivamente θf – θ1 e θf – θ2. Estas variações são de sinais contrários e
geralmente serão diferentes.

A grandeza que caracteriza o comportamento de um sistema face à absorção


(ou cedência) de uma quantidade de calor δQ, é a capacidade calorífica,
definida como a razão entre a quantidade de calor trocada (absorvida ou
cedida) e a variação de temperatura verificada, dθ

δQ
C=

A capacidade calorífica de um sistema é uma característica do sistema como
um todo e não é, como tal, uma propriedade muito útil.

Se o sistema é homogéneo, de massa m, o material de que é constituído pode


ser caracterizado pela capacidade calorífica por unidade de massa ou calor
específico da substância

C
c=
m

Esta definição permite calcular a capacidade calorífica de qualquer sistema


uma vez conhecida a sua massa e o calor específico da substância de que é
feito.

Se o sistema em estudo não é homogéneo a sua capacidade calorífica é a soma


das capacidades caloríficas das partes que o compõem.
Tanto a capacidade calorífica de um sistema como o calor específico são
funções da temperatura a que o sistema se encontra mas, na prática, se as
diferenças de temperatura a que o sistema está submetido não forem muito
grandes, podemos considerá-las como constantes.

São ainda função das condições em que a transferência de energia se verifica.


Uma experiência de laboratório executada em recipientes abertos é uma
experiência que se realiza a pressão constante. Diz-se isobárica. O calor
específico do sistema será o calor específico a pressão constante.

Já uma experiência que decorra em recipiente fechado poderá ser realizada a


volume constante, dizendo-se isocórica. O calor específico do sistema será a
volume constante.

Para sólidos e líquidos a diferença entre os valores de um e de outro não é


muito significativa pelo que normalmente as tabelas de calores específicos não
mencionam o tipo de transformação.

Já o mesmo não se passa com os gases, para os quais tem que ser utilizado o
calor específico adequado à transformação.
As definições de capacidade calorífica e calor específico permitem determinar,
para o caso que começámos a estudar, as quantidades de calor Q1 e Q2. Se,
quando é trocada a quantidade de calor δQ há uma variação de temperatura dθ
(relacionada com δQ por δQ = C.dθ = m.c.dθ) a quantidade de calor recebida,
para uma variação de temperatura de θ1 a θf, é a soma (o integral) das quantidades
δQ , ou seja
Q1 = ∫
θ1
θf
(
m1c1dθ = m1c1 θ f − θ1 )
Do mesmo modo, para o sistema 2: Q2 = ∫
θf
θ2
(
m2c2dθ = m2c2 θ f − θ2 )

Como admitimos inicialmente que θ1 > θ2, teremos θf < θ1 e θf > θ2. A aplicação
do princípio fundamental da calorimetria, na forma enunciada obrigará a
escrever
(
m1c1 θ f − θ1 = m2c2 θ f − θ2 )
ou, o que é o mesmo, ( ) (
m1c1 θ1 − θ f = m 2c2 θ f − θ2 )
Relações deste tipo podem ser utilizadas para a determinação de calores
específicos de sólidos ou líquidos, bastando para isso conhecer as temperaturas
iniciais θ1 e θ2, a temperatura final de equilíbrio θf , as massas m1 e m2 e um dos
calores específicos.
Na prática o calorímetro onde se efectuam as trocas de calor sofre também
variações de temperatura, i.e. absorve ou cede calor, pelo que haverá que ter em
conta essa parcela.

Suponhamos que a mistura se efectua num calorímetro de capacidade calorífica


C’ onde se encontra uma massa m1 de um líquido de calor específico c1. Todo
este conjunto está a uma temperatura θ antes de se efectuar qualquer troca. Se
adicionarmos um outro líquido, massa m2 e calor específico c2, a uma
temperatura θ2, as trocas de calor efectuam-se entre este sistema e o conjunto
líquido 1 + calorímetro, o qual sofre uma variação de temperatura de θ1 a θf.
Devemos então escrever
(
m1c1 θ f − θ1 + C' θ f − θ1 = m 2c2 θ f − θ 2 )
Isto é (m1c1 + C' ) θ f (
− θ1 = m 2c2 θ f − θ2 )

A capacidade C’ soma-se simplesmente a m1 c1 formando um conjunto de


capacidade calorífica total m1 c1 + C'.

Para determinar um calor específico, c2, por exemplo, tudo o que há a fazer
será dispor dum calorímetro isolado de capacidade conhecida (C’), contendo
uma massa m1 (conhecida) dum líquido de calor especifico c1 (conhecido), a
uma temperatura θ1 (conhecida). Pesar uma massa do liquido, m2, a uma
temperatura θ2, juntar e aguardar que se estabeleça o equilíbrio térmico. Ler θf
e substituir na equação anterior resolvendo-a em ordem a c2.

O calor específico representa a “reacção” dum sistema ao fornecimento de


energia calorífica. Para a mesma massa e o mesmo calor recebido, os sistemas
de menor calor específico atingem temperaturas mais elevadas.
Na tabela seguinte apresentam-se exemplos de alguns calores específicos, à
temperatura ambiente.

Substância c (J.g-1.K-1) Substância c (J.g-1.K-1)


metanol 2.55 cobre 0.384
etanol 2.45 ouro 0.129

alumínio 0.899

Para além da determinação de calores específicos as trocas de calor em calorímetro


permitem determinar os calores envolvidos nas transições de fase, i.e., os calores
latentes.
3.7. Transições de fase. Calores latentes.

Quando se aquece uma substância, um sólido, por exemplo, a energia que então
se fornece a essa substância é aproveitada sob a forma de energia cinética
(microscópica) e a temperatura do sistema aumenta. Porém, a partir duma certa
temperatura a amplitude dos movimentos das suas moléculas é tão grande que
se começam a desfazer as ligações entre elas e a substância começa a passar ao
estado líquido, i.e., muda de fase. Este fenómeno verifica-se, para cada
substância, a uma temperatura que depende exclusivamente da pressão do
sistema.

À pressão normal de 76 cmHg qualquer substância muda de fase a uma


temperatura que é típica dessa substância e que se designa por ponto dessa
mudança.

No entanto, qualquer que seja a pressão a que um sistema muda de fase, desde
que esta se mantenha constante, a temperatura não varia durante a mudança,
muito embora o sistema troque calor com o exterior.
A razão deste facto reside em que este calor é utilizado para modificar as
ligações entre partículas e não para fazer variar a sua temperatura.

O calor que é necessário fornecer (ou retirar) à unidade de massa duma


substância, para mudar totalmente de fase, é designado por calor latente (L)
dessa substância e nessa mudança de fase. É assim dado por

Q
L=
m

O calor latente é dependente da temperatura (e portanto da pressão) a que se


efectua a mudança de fase. Os valores que usualmente se encontram em tabelas
correspondem aos pontos de mudança de fase e portanto à pressão normal.

A definição de calor latente permite calcular esse calor, se forem conhecidos Q


e m, ou calcular Q, se forem conhecidos L e m:

Q = m.L
Exemplo:

Suponhamos que um cubo de gelo de 30 g, à temperatura de – 5 ºC é colocado


num calorímetro, de capacidade 4 J.ºC-1, no qual se encontra uma massa de 200
g dum líquido cujo calor específico é 4 J.g-1.ºC-1, estando este inicialmente à
temperatura de 30 ºC. Qual a temperatura final de equilíbrio ?

(Dados: Lgelo = 320 J.g-1, cgelo = 2 J.g-1.ºC-1, cágua = 4.18 J.g-1.ºC-1)

A quantidade de calor perdida pelo sistema a temperatura superior é


|Q1| = (4 + 200 × 4).(30 - θf)

Este calor será usado pelo cubo de gelo para:


1. elevar a sua temperatura até à temperatura de fusão (Q’’2 = 30 × 2 × 5)
2. fundir totalmente (Q’’2 = 30 × 320)
3. aquecer, sob a forma de água líquida, de 0 ºC a θf [Q’’’2 = 30 × 4.18 ×
(θf - 0)].
A quantidade total de calor recebida pelo cubo de gelo é portanto

Q2 = Q’2 + Q’’2 + Q’’’2 = 30 × 2 × 5 + 30 × 320 + 30 × 4.18 × θf

|Q1| = |Q2| ⇒ 804 × (30 - θf) = 9900 + 125 × θf

θf = 15.3 ºC

Note-se que quando um sistema sofre uma mudança de fase absorve calor se a
mudança se faz duma fase mais ordenada para uma mais desordenada. Por exemplo
nas mudanças seguintes

sólido → líquido → vapor

há sempre absorção de calor. Mas, na


sequência inversa

vapor → líquido → sólido

o sistema liberta calor para o exterior.


3.8. Transferências de calor

O calor transfere-se de um sistema para outros por qualquer um (usualmente


até mais do que um) de três processos típicos: condução, convecção,
radiação. Vejamos em que consistem estes três processos.

3.8.1. Condução de calor

Na condução o calor é transferido por


contacto directo entre as partículas.
Imaginemos uma placa de espessura ℓ e
secção recta A, em que as faces opostas são
mantidas a temperaturas diferentes θ1 e θ2, e
seja por exemplo θ1 > θ2.
Seja δQ/dt a quantidade de calor que, por unidade de tempo, é fornecida à face
a θ1. Para que as temperaturas θ1 e θ2 se mantenham constantes este calor deve
ser retirado, à mesma velocidade, da face a θ2 (imaginamos que não há trocas
de calor pela superfície lateral). δQ/dt é portanto a quantidade de calor que, por
unidade de tempo, é conduzida ao longo da barra, e depende do material de que
é feita a barra, da espessura ℓ, da área A e ainda da diferença de temperatura
entre as duas faces.

Quando as quantidades de calor que, por unidade de tempo, são fornecidas e


retiradas são iguais, atinge-se uma situação em que a temperatura de qualquer
secção da barra se mantém constante, embora diferente das temperaturas das
secções vizinhas.

Diz-se que se atingiu um regime estacionário e que ao longo da placa se


estabeleceu, na direcção da propagação do calor, um gradiente de
temperatura que se define como

gradθ =
dx
Se dθ/dx é constante ao longo da placa, o gradiente diz-se uniforme e pode ser
calculado simplesmente dividindo a diferença de temperaturas θ1 – θ2 pela
distancia que separa as duas faces, ℓ.

θ1 − θ2
gradθ = cons tan te =
l
Verifica-se que a taxa a que o calor é conduzido ao longo do material, δQ/dt é
proporcional à secção recta A e ao gradiente de temperatura, sendo a constante
de proporcionalidade (característica do material) o coeficiente de
condutibilidade térmica do material k. Temos então

δQ θ −θ
= kA 1 2
dt l
Para a mesma quantidade de calor fornecida por unidade de tempo, num
material de k elevado estabelece-se um pequeno gradiente de temperatura
enquanto se k for baixo o gradiente é grande. Diremos que há boa condução de
calor no primeiro caso e má no segundo.
Material T k Material T k
(ºC) (W/m.ºC) (ºC) (W/m.ºC)
Etanol 20 0.168 Germâni 0 70
o
Metanol 20 0.204 Tijolo 0 0.04
Água 20 0.597 Cortiça 0 0.03
Alumínio 0 235 Algodão 30 0.04
Cobre 0 401 Mármore 118 1.67
Ouro 0 318 Granito 50 3.26

3.8.2. Convecção

O calor pode ser transferido através dum meio por movimento do próprio meio.
O sangue, na circulação, transfere calor dumas partes para outras do corpo. As
extremidades são aquecidas deste modo e o calor é transferido para a superfície
do corpo para ser dissipado para a atmosfera também do mesmo modo.
A velocidade a que o calor se transfere dum objecto pelo estabelecimento de
correntes de convecção no ar ou num líquido é um problema de difícil
resolução quantitativa. Pode assumir-se que quanto maior for a diferença de
temperaturas maior é essa velocidade. Com convecção natural a taxa de
arrefecimento é proporcional, aproximadamente, a (∆θ)1.25. Na convecção
forçada o movimento do meio é provocado por meios mecânicos (ventoinhas,
por exemplo) e essa taxa é quase proporcional a ∆θ, principalmente se a
diferença de temperaturas for pequena.

Se a taxa de arrefecimento dum corpo de massa m e calor específico c for


δQ/dt, a sua temperatura baixa proporcionalmente a δQ, já que se tem
δQ = m.c.dθ

À perda de calor por unidade de tempo, δQ/dt, corresponde assim uma taxa de
arrefecimento, dθ/dt, tal que
δQ dθ
= m .c .
dt dt
Para a mesma taxa de perda de calor, sistemas de capacidades caloríficas
diferentes, têm, como mostra esta equação, taxas de arrefecimento diferentes.

Para a convecção forçada tem-se que

δQ
= −h.∆θ
dt

h é uma constante que depende da superfície exterior do corpo que consideramos,


bem como das condições do meio para o qual se dá a transferência de calor (o
sinal - é introduzido porque h.∆θ > 0 e dθ/dt < 0).

Tem-se então que



m .c . = −h(θ − θext )
dt

Esta equação constitui a lei de arrefecimento de Newton e aplica-se apenas para


pequenas diferenças de temperatura. Considerando c e h constantes podemos
integrá-la, vindo
θ t
dθ h  θ − θext  h
∫ θ − θext ∫ mc dt
= − ln  = − t
θi 0  θi − θext  mc

h
− t
θ = θext + (θi − θext )e mc

Correntes de
Esta relação verifica-se bastante bem convecção
experimentalmente.

3.8.3. Radiação

Todos os corpos emitem calor para o exterior sob a forma de radiação


electromagnética. O comprimento de onda desta radiação depende da temperatura
do corpo, sendo, à temperatura ambiente, na zona do infravermelho. Aquecendo
um corpo a partir da temperatura ambiente o comprimento de onda da radiação
emitida desloca-se para o vermelho, laranja, etc., até que o corpo emite luz
branca, i.e. com todas as cores do espectro (λ entre 4000 e 7000 Å).
A energia emitida, por unidade de tempo e de área, depende apenas da natureza
do corpo e da sua temperatura, sendo proporcional à quarta potência da sua
temperatura absoluta:

δQ
= εσT 4
dA .dt
σ é a constante de Boltzmann e tem sempre o mesmo valor (σ = 1.36 × 10-12
cal.cm-2.s-1.K-4) mas ε constitui a emissividade do material - sendo sempre 0 < ε
≤ 1. O corpo para o qual ε = 1 é o emissor perfeito e designa-se por corpo negro.

Analisemos um pouco a questão do equilíbrio térmico tal como ela se apresenta


no dia a dia.

Um conjunto de objectos numa sala ou um conjunto de veículos, casas, árvores


numa praça estarão em equilíbrio térmico ? Imaginemos que estão ao sol.
Recebem todos calor à mesma taxa (δQ/dt) mas os de menor capacidade
calorífica vêem a sua temperatura subir muito mais do que os de maior
capacidade (C1dθ1/dt = C2dθ2/dt, se C1 < C2 então dθ1/dt > dθ2/dt).
Por exemplo um veículo, cuja carroçaria é metálica, ficará a uma temperatura bem
superior à do vidro duma janela vizinha. Como consequência não só emite mais
calor por radiação como o transferirá para outros sistemas por condução ou
convecção, conforme o contacto que tem com outros sistemas.

O equilíbrio térmico de vários


sistemas nestas condições só é
possível quando existir uma
estabilidade quase completa na taxa
de calor recebida, uma quase
aproximação de todas as
capacidades caloríficas dos vários
sistemas, enfim, condições quase só
teóricas. Por isso mesmo existem
sempre, na prática, numa sala,
mesmo fechada, objectos mais frios Espectros de emissão do Sol e da Terra
e mais quentes que sempre nos (reparem na diferença de escalas !)
surpreendem.
balanço energético

• Respeito ao balanço energético, podemos


escrever
• mcdT/dt = M-Q, (15)

• onde m, c e T são a massa, calor específico e


temperatura (media) do objecto, M (dM/dt) é a
taxa de produção de energia interna e Q (dQ/dt)
é a taxa total de perda de energia ao ambiente:

• Q = ∑ dQ/dt ,

• é a soma é sobre todos os processos possíveis,


como discutido acima.

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