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Um Conto de Natal

Caminhos. Vejo vários, mas para onde vou? (Para onde?)


Não quero continuar.
... Não Posso
Muita gente morreu, e foi por minha causa.
(?) (Minha Causa?)
Talvez a culpa seja minha.
(Não é) (Ou é?) (é).
O inferno começou com uma entrega.
A entrega começou o inferno.
(Mas quem entregou?)
O dia era 23 de Dezembro. Naquelas alturas a escola estava quase vazia, fui
até lá para buscar minha lapiseira. Sei que é algo retardado, mas moro tão
perto da escola... Além do que, adoro aquela lapiseira, “Mais de 100 000
cliques sem quebrar ou retroceder o grafite” dizia a capa (Não que eu fosse
contar, mas enfim...) e, se a capa dava uma impressão fantástica daquele
instrumento, quando comecei a usá-lo tive uma sensação melhor ainda, ponta
de precisão que deixava marcas finas e consistentes e uma borracha
convenientemente localizada na parte anterior do objeto que apagava qualquer
coisa. Adoro aquela lapiseira. Sequer me lembro pra que fui buscá-la, mas sei
que foi por isso que voltei à escola naquele dia. Como disse, a escola estava
vazia com exceção do pessoal da limpeza. Entrei e fui direto ao meu armário,
em questão de minutos já havia destravado e travado o cadeado novamente e
montado em minha mountain bike. Dali, só era preciso contornar metade de um
quarteirão e já estaria em casa (Disse que moro perto da escola), mas naquele
dia específico decidi que pouparia 30 segundos da minha vida cortando
caminho pelo parque que ocupava metade do bloco. (30 segundos, pois é)
Dada a data do ocorrido, não foi surpresa para mim que a praça estivesse
vazia. Não. A surpresa real estava escondida em algo em cima de um dos
bancos da praça.
Ela estava lá, sozinha e intocada. Uma bela caixa vermelha brilhante com uma
fita dourada amarrada por cima dela. Ela tinha um cartão (Ah, aquele cartão),
letras e borda douradas em um pedaço retangular de papel cartão, algo mais
ou menos assim:
Estranhei aquilo, mas algo mais despertou junto com a estranheza. Aquilo
despertou em mim Curiosidade (maldita).
Ah... se curiosidade matasse... (Ela mata, matou e matará)
Abri a caixa. Dentro, havia uma estatueta de ferro de um pequeno Goblin
vestido como Papai Noel. Retirei-a da caixa, descobrindo que era
absurdamente pesada para seu tamanho. Suas roupas eram feitas do que mais
tarde descobri ser uma mistura de ferro e cobre que lhes davam um tom
avermelhado, tudo feito à mão com muito capricho, mas o que chamava a
atenção era a expressão do pequeno Goblin. Ele estava rindo, mas aquele riso
não parecia natural, parecia algo desesperado, como se algo o estivesse
aterrorizando. Aquilo começou a me angustiar, tive um ímpeto de jogar a
estatueta longe e sair correndo, e quando estava a ponto de fazê-lo, algo no
fundo dela me chamou a atenção. Um rubi do tamanho de um punho fechado
incrustado na base reluzia à luz do pôr do Sol. Mas aquele rubi tinha algo
mais... Não parecia estar simplesmente refletindo a luz do Sol, a coisa parecia
ter um brilho próprio, como se algo dentro da pedra queimasse emitindo um
círculo de luz. Para minha surpresa, conforme o Sol se punha, minha
impressão parecia cada vez mais real e o rubi brilhava cada vez mais. Quando
dei por mim, tudo em minha volta estava envolto naquele brilho vermelho.
Quis soltar aquilo, sair de perto, mas minhas mãos não respondiam. E a luz
continuava a ficar cada vez mais forte.
Sentia que iria sufocar.
Cada Vez Mais Forte.
Senti minha garganta fechar.
CADA Vez Mais FORTE.
Quis gritar.
CADA VEZ MAIS FORTE.
GRITEI.
Escuro.

Acordei ali, no mesmo ponto onde havia parado minha bicicleta. Vou para casa.
Alguém me diz que desapareci por três dias. Não lembro de onde estive.
Levam-me para o hospital. “Perfeitamente normal” eles dizem. “Estresse”
sugere um deles. Pareço o mesmo de antes, mas com a exceção de uma
coisa. Nas costas de minhas mãos algo foi tatuado. Uma imagem que sempre
me lembraria, mesmo que não estivesse ali. A cara daquele pequeno Goblin,
para sempre em minhas mãos.
Volto para casa atordoado e confuso. Lembro de ter visto no jornal algo sobre
três assassinatos ocorridos do outro lado da cidade. Todos aconteceram da
passagem do dia 24 para o 25 até a tarde desse mesmo dia. Não me
importava, agora queria voltar à praça e procurar aquela estátua, precisava
saber se não estava ficando louco.
Procurei na praça e nos bancos, mas sem sinal dela, nem mesmo encontrei a
caixa que a continha.
Antes que pude perceber, todos fizeram o que se espera numa situação
dessas: Fingir que nada aconteceu e seguir com a vida.
Por quase um ano, realmente consegui seguir com a vida, até que no dia 23 de
dezembro, quando entrava em meu quarto, percebi algo a mais ali: Ela estava
lá. Olhando para mim. Dessa vez bastou o olhar, já comecei a gritar. A porta se
fechou atrás de mim. Em desespero, tentei correr para a janela, mas antes de
chegar a ela a luz me pegou novamente.
CADA VEZ MAIS FORTE.
Acordei novamente no banco da praça no dia 26 de dezembro. Dessa vez
todos à minha volta começaram a achar que eu estava fazendo uma
brincadeira sem graça com eles, decidiram que eu estava de castigo por um
ano, “Para largar mão de ser idiota” disse meu pai. O jornal dizia que os
eventos do ano anterior haviam se repetido, com nove assassinatos dessa vez.
O ano que se seguiu não foi tão normal quanto o anterior. Posso jurar que vi o
Goblin por três ou quatro vezes olhando para mim nas esquinas e pela janela
da sala de aula. Minhas notas começaram a abaixar no mesmo ritmo em que
minha mente descia pelo ralo.
Chegamos ao fatídico dia 23 de Dezembro. Naquele ano meus pais decidiram
que não tolerariam mais gracinhas e trancaram toda a casa. Erro fatal.
Literalmente. Dessa vez, a estátua estava na cozinha. Pela terceira vez
apaguei e acordei no dia 26 na praça próxima a minha casa. Dessa vez algo
mais aconteceu. Dessa vez, dezessete assassinatos tiveram lugar em minha
cidade. Meus pais e meus irmãos entre eles. Todos achavam que eu tinha tido
o mesmo destino que os outros, ou seja, garganta cortada e “Feliz Natal”
escrito à ponta de faca no tórax e abdômen. Não. Estava vivo.
Até então, não havia pensado na possibilidade daqueles assassinatos estarem
ligados às minhas desaparições anuais, a polícia também não. Não soube
explicar porque não estava em casa nos dias 24 e 25. Não soube explicar onde
estive nesse período. Não soube explicar porque estava vivo.
Sem provas, tiveram que me deixar ir. Fui morar com meus avós em outra
cidade. Agora, via aquele maldito Goblin cada vez mais e, alguns anos depois,
comecei a vê-lo em todo lugar. Vejo ele agora, no canto da sala olhando para
mim, esperando sua hora de agir. Claro que depois do meu quarto
desaparecimento e de mais vinte e dois assassinatos da mesma forma terem
ocorrido nos dias 24 e 25 de dezembro a polícia resolveu me prender e me
levar ao tribunal. Culpado disseram.
Supostamente agora que estava preso, não poderia machucar mais ninguém,
certo? É, também achei isso. Por isso, quando o Goblin apareceu para mim na
pia de minha cela, me deixei ser controlado. Para minha surpresa, tudo ocorreu
da mesma forma, acordei no mesmo lugar de sempre e cada vez mais pessoas
eram mortas.

Fugi.

Faz treze anos que minha história começou, mas está na hora dela acabar.
Hoje é dia 22 de dezembro, não vou deixar o Goblin me alcançar dessa vez.
Dessa vez somente uma pessoa vai morrer.

CADA VEZ MAIS FORTE.

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