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Colégio Pedro II - Unidade São Cristóvão III

Coordenação de História

CINEMA BRASILEIRO:
VALORIZANDO O QUE É NOSSO!

ARIANA FALCÃO
GISELA ALMEIDA
GISELLE FEIJÓ
RAQUEL NUNES

2304

2010
Índice

Introdução...................................................................................................................................3
O Surgimento da Sétima Arte.....................................................................................................4
Breve História do Cinema.......................................................................................................4
História do Cinema Nacional..................................................................................................7
O Despontar do Cinema Brasileiro...........................................................................................10
A Retomada...........................................................................................................................10
Pós-retomada – O Cinema Brasileiro Contemporâneo.........................................................12
O Cinema na Atualidade...........................................................................................................13
Cinema e Sociedade – A Arte Imitando a Vida....................................................................13
O Cinema Brasileiro e Incentivo...........................................................................................15
O Cinema Brasileiro no Exterior..........................................................................................17
Entrevista com Carlos Alberto Mattos......................................................................................18
E o Brasileiro o Que Acha?...................................................................................................21
Referências Bibliográficas........................................................................................................23

2
Introdução

O estudo tem como objetivo discutir as mudanças ocorridas no Brasil nos campos
econômico, político, social e, principalmente, cultural, no período de 1990 até os dias de hoje,
valorizando o Brasil e, especialmente, o nosso cinema. As mudanças são baseadas nos filmes
nacionais, o que chamamos de “produto-nacional” e analisamos a questão de porque os
brasileiros não dão valor às próprias produções.

Por meio do cinema podemos contar a história do país e explicar os fatos mais
relevantes ocorridos nesse período correlacionando-os com a evolução da cinematografia e
também seus mais notáveis filmes, conhecidos nacional e mundialmente.

Tomamos o cinema ou a sua história como exemplo, e, a partir de então, temos a


oportunidade de apresentar a história da sociedade de um jeito muito mais atraente e
interessante. A valorização do Brasil e, por conseguinte, a do cinema, é a principal meta que
pretendemos atingir. Mostrar que as nossas produções são boas em si e repletas de artistas
talentosos.

Ao analisar todos os aspectos descritos, temos o ensejo de falar da boa situação em


que se encontra o Brasil quanto às questões levantadas e ainda fazemos uma projeção de sua
situação daqui a alguns anos.

Abstract: The group intends to value Brazil from building a positive image of
Brazilian cinema. It will be produced an analysis based on a research of national cinema’s
development, considering political and social-economical aspects. Show that analyzes the
society through films also is possible and much more interesting.

3
O Surgimento da Sétima Arte
Breve História do Cinema
Surge na China, por volta de 5.000a.C. a projeção, sobre paredes ou telas. A câmara
escura é enunciada por Leonardo da Vinci, no século XV e depois desenvolvida pelo físico
napolitano Gianbattista Della Prota, no século
XVI. Na seqüência, o alemão Athanasius
Kirdner, na metade do século XVII, baseia-se
no processo inverso da câmara escura criando
para criar a lanterna mágica. Em 1832, Plateau
inventa um aparelho formado por um disco
com várias figuras desenhadas em posições
diferentes que ao ser girado, as figuras
adquirem movimento. O Praxinoscópio,
aparelho que projeta na tela imagens desenhadas sobre fitas transparentes, foi inventado pelo
francês Émile Reynaud em 1877. O norte americano Thomas Alva Edison inventa o filme
perfurado, cinestocópio, e, em 1890, roda uma série de pequenos filmes em seu estúdio, sendo
o primeiro filme o “Black Maria”.

A invenção do cinema deve-se muito à invenção da fotografia, pois foi a partir dela,
da sobreposição das imagens animadas, que surgiu
oficialmente o cinema. Em 28 de dezembro de 1895, no
Grand Cafe, em Paris, na França, que os irmãos Louis e
Auguste Lumière exibiram a primeira seção pública
cinematográfica, aonde um dos filmes exibidos foi
“Sortie de L’usine Lumière à Lyon” (Empregados
deixando a Fábrica Lumière) com 45 segundos de
duração.

Já no início do século XX, os filmes passam a


narrar pequenas histórias, acompanhados de trilha
sonora feita na hora por pianistas e diálogos escritos
entre cenas.

4
Com a Primeira Guerra Mundial a produção européia se enfraquece, e há um
deslocamento para os Estados Unidos, onde se destaca Charles Chaplin, ícone do cinema
mudo e onde a cinematografia faz grande sucesso.

Nos anos 20, a produção de cinema se consolida nos


Estados Unidos criando as aventuras e romances, mas isso não
fez com que a produção mundial parasse, pelo contrário, muitos
outros lugares investiram e contribuíram para seu
desenvolvimento. Na Alemanha foram produzidos "Das
Cabinet des Dr. Caligari" (O gabinete do doutor Caligari -1920)
de Robert Wiene, e "Nosferatu" (1922) de Friedrich Wilhelm
Murnau. Na Espanha, "Un Perro andaluz" (Um Cão Andaluz -
1928) de Luiz Buñel e na Rússia "The Battleship Potemkin" (O
Encouraçado Potemkin) de Serguei Eisenstein.

A cinematografia ficou conhecida também por Sétima


Arte, desde a publicação, em 1923, do “Manifesto das Sete Artes”, de Ricciotto Canudo,
considerada uma referência indicativa. Sendo precedido por Música, Dança, Pintura,
Escultura, Teatro e Literatura.

Em 1928 o filme "The Lights of New York", da


Warner, se tornaria o primeiro filme com som. Na década de
30, com o sistema de som no próprio filme, que mesmo com
a Crise o cinema foi massificado, surgem novos gêneros
como o musical, a comédia e o policial. Após a Segunda
Guerra Mundial, em 1945, aparecem os cinemas novos, uma
renovação do cinema. Na América Latina se destaca a luso-
brasileira Carmem Miranda que estreou no filme “Alô, Alô
Carnaval” (1936) de Adhemar Gonzaga.

Em 1950 a chanchada chama a atenção para o


Brasil, que trouxe para a Atlântida, uma forte produtora,
novos investidores. Dentre eles estava Luis Severiano Ribeiro Jr, que se tornava dono de
quase metade das salas brasileiras de cinema. Em 1955, a Índia pela primeira vez ganhou
reconhecimento internacional com o filme "Pather Panchali" (A canção do caminho).

5
Nos anos 60, Hollywood começou a entrar em
declínio. O cinema americano passou a tomar novos rumos
com a produção independente. Na Itália o filme de destaque
foi "La Dolce Vita" de Federico Fellini em 1960. Na
Inglaterra o destaque ficou para o início da série de filmes de
007 com o filme "Dr. No" em 1962. Na França, "Jules e Jim"
(Uma mulher para dois) do François Truffaut em 1962. O
diretor argentino Fernando Solanas com “La hora de los
hornos” (A hora dos fornos) foi o destaque na América Latina
também em 1962.

Um salto no desenvolvimento faz, nos anos 70,


aparecerem nomes como Spielberg e Scorsese. Nos anos 80, o
cinema norte-americano volta-se para o público jovem com aventura e ação. A violência, com
Tarantino, aparece na década de 90. Efeitos especiais, edição por computadores e som digital
já são comuns nos anos 2000.

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História do Cinema Nacional
Em 8 de julho de 1896, a menos de um ano do surgimento oficial do cinema na
França, foi exibido o primeiro filme brasileiro na Rua do Ouvidor, centro do Rio de Janeiro.
Um ano depois, Paschoal Segreto trouxe “A Sala de Novidades de Paris” que seria a primeira
sala de cinema fixa, onde o filme “Vista da Baía de Guanabara”, produzido em 19 de junho
no Brasil pelo italiano Alfonso Segreto, foi rodado. Atualmente se considera essa a data do
Dia do Cinema Brasileiro.

As grandes primeiras produções nacionais foram


feitas por proprietários de salas cinemas do Rio de Janeiro e
São Paulo, nas quais eram reconstituições de crimes
famosos, como “O Crime da Mala” de Francisco Serrador
(1908) e “Noivado de Sangue” de Antonnio Leal (1909).
Ao mesmo tempo surge o cinema “cantado” cujos atores
dublavam-se por traz das telas.

A partir de 1911 as adaptações literárias são as


mais produzidas, entre elas “A Viuvinha” (1915),
“Iracema” (1918), “Ubirajara” (1919) e “O Guarani”
(1926). Por outro lado com a invasão
de empresários norte-americanos, que
trataram logo de instalar o Cinema Avenida, há uma queda na produção
de filmes nacionais e somente distribuição de filmes estrangeiros.

Mario Peixoto produz “Limite” (1930), um filme mudo que hoje


é considerado um marco do cinema. “Acabaram-se os Otários” de Luiz
Barros (1929) é o primeiro filme com som. Nos anos 30, filmes norte-
americanos passam a entrar isentos de taxas alfandegárias e começam a
difundir, em revistas especializadas de cinema, os mitos e estrelas de
Hollywood.

Nos anos 40, as distribuidoras dos filmes norte-americanos cada


vez mais investem na publicidade e nos cinemas, com a aparelhagem do
som. Os brasileiros acabam se acostumando com as legendas, justamente

7
o contrário que todos pensavam. Uma revista diz pra incentivar o cinema brasileiro, mas não
poderia fugir do padrão americano. Atlântida
Cinematográfica é criada e é a primeira vez que o
cinema brasileiro está associado produção e
exibição. Logo em seguida, as comédias musicais
com o tema carnaval fazem sucesso e obtém a
maior bilheteria do país.

Surge uma grande produtora nos moldes


norte-americanos, a Vera Cruz, no final dos anos
40. Filmes como “Sinhá Moça” (1953) e “É
proibido beijar” (1954) são produzidos e
distribuídos com dificuldade o que leva a produtora
à falência e obrigada a vender os direitos de “O
Cangaceiro” de Lima Barreto, para a Warner
Brothers, que veio a se tornar o primeiro filme
brasileiro de sucesso internacional.

Na tentativa de produzir filmes populares e


mais nacionalistas, são produzidos “Agulha no
palheiro” (1953) de Alex Viany e “Rio, 40 graus”
(1955) de Nelson Pereira dos Santos. Em Salvador,
“Bahia de todos os Santos” (1960), de Trigueirinho
Neto, desencadeia um novo ciclo regional, que atrai
cineastas em busca da temática nordestina. Entre outros,
"O pagador de promessas" (1962), de Anselmo Duarte,
criticado pelos novos cineastas, foi premiado com a
Palma de Ouro no Festival de Cannes.

O melhor momento vem com sátiras de filmes


americanos. O público acaba gostando, porém os
críticos dizem que essa chanchada, que em espanhol
significa porcaria, não é cinema. No final dos anos 50, o público se cansa dessa fórmula e a
chanchada vem ao fim.

8
Em 60, o movimento de contracultura norte-americana “Udigrudi”, paródia de
underground, é bem aceita pela maioria dos cineastas, que tentam responder mais
radicalmente à situação em que se encontrava o país. Em filmes como “Vidas Secas” (1963)
de Nelson Pereira dos Santos e “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1963) de Glauber Rocha
era possível ver os conflitos políticos e sociais brasileiros.

A estatal Embrafilme, criada no governo Geisel


em 1974, foi predominante no cinema brasileiro. “Dona
Flor e Seus Dois Maridos” (1976), de Bruno Barreto e
“Pixote, a Lei do Mais Fraco” (1980), de Hector
Babenco, levaram milhões de brasileiros ao cinema com
comédias leves ou filmes de temática política. A década
termina com “Ilha das Flores” (1989) de Jorge Furtado,
um excelente documentário que dá esperanças a uma
futura década próspera para o cinema brasileiro. Em
1985, com o fim do regime militar, aumenta a liberdade
de expressão e o cinema brasileiro aponta pra um novo
caminho. Essa perspectiva, no entanto, é interrompida
com o fim da Embrafilme, em 1990, no governo Collor,
que com políticas neoliberais de extinção de empresas estatais, abre o mercado aos filmes
estrangeiros. A produção nacional cai abruptamente e entra em colapso.

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O Despontar do Cinema Brasileiro
A Retomada
A cinematografia brasileira no início dos anos 90 parou completamente.
Desamparada de incentivos estatais, não conseguia crescer como produto independente.
Ainda outros fatores contribuíram para essa dramática situação, tais como, a crise econômica
nacional que o país vinha atravessando e as altas taxas de inflação. O período que chamamos
de Retomada do cinema brasileiro é a recuperação do cinema nacional até os dias de hoje com
produções que geraram grande impacto. É a partir da
década de 90, mais exatamente após a renúncia á
presidência de Fernando Collor em 1992, onde
Fernando Henrique Cardoso toma posse e o Brasil
volta às suas produções.

À medida que o Plano Real ia reerguendo a


economia brasileira, o governo FHC investiu na
questão do cinema nacional. Ainda no governo de
Itamar Franco, o Ministro da Cultura cria a Lei do
Audiovisual. Tal lei gerava recursos pra a produção de
filmes, a que seria implantada somente no de FHC.

A partir de 1995 o cinema conta com novos


mecanismos de apoio à produção e com incentivos
fiscais. O que o leva de volta ao cenário mundial, porém enfrenta dificuldades na distribuição
e exibição local.

O primeiro filme a despontar nacional e internacionalmente, que marca o início da


Retomada, depois de superadas as dificuldades anteriormente citadas, é “Carlota Joaquina” de
Carla Camurati em 1995. O filme Carlota Joaquina é uma sátira e é muito parecido com as
comédias da época da chanchada e também um toque de ironia ao falar da história do Brasil.
O filme cai no gosto do público, em diversas camadas sociais.

Em 1995 ainda é lançado o filme “Terra Estrangeira” que tem como tema as
desventuras de Paco, um jovem, após o pacote econômico implantado por Fernando Collor de
Melo, em 1990. Outros filmes foram lançados “O Quatrilho” de Fábio Barreto (1995) e

10
“Central do Brasil” em 1998. Esse último foi indicado
ao Oscar de melhor filme estrangeiro e de melhor atriz,
Fernanda Montenegro, um acontecimento inédito nessa
premiação. Essas indicações deram origem a uma
“comoção nacional que lembrava as copas do mundo,
reabilitando a auto-estima nacional e o nosso cinema”.

Em 1997, as Organizações Globo, criam sua


própria produtora, a Globo Filmes, com o objetivo de
reposicionar as produções em todos os segmentos. Em
pouco tempo se tornou dominante no mercado do
cinema nacional, fazendo os filmes baterem recorde de
público.

A Retomada não se configurou apenas como


um movimento cinematográfico, e pode ser considerado
como um movimento nacional em que os investimentos advindos das leis de incentivo
proporcionaram uma ampliação da produção de filmes, de novos diretores e de uma grande
diversidade de propostas.

11
Pós-retomada – O Cinema Brasileiro Contemporâneo
Após o período da retomada, quando há a recuperação da produção cinematográfica
no Brasil, surge o que se denomina pós-retomada, o momento do cinema contemporâneo,
moderno. Não se pode afirmar certamente a data deste surgimento, entretanto para fins de
estudo tem-se como base os anos 2000.

O momento contemporâneo do cinema brasileiro sofre grande influência das


Organizações Globo, por meio da Globo Filmes (como visto no capítulo anterior). Apesar de
ter sido criada ainda no período da Retomada, será na Pós-retomada que a influência da
entrada das Organizações Globo no mercado cinematográfico brasileiro se tornará notória. Tal
fato contribuirá para mudar drasticamente a participação do público, quantitativa e
qualitativamente, neste cenário e o modo de fazer cinema no Brasil. O mercado
cinematográfico apresenta uma concentração nunca vista no Brasil: em 2003, as dez maiores
bilheterias brasileiras foram de filmes co-produzidos pela Globo Filmes.

Atualmente, o cinema brasileiro tem aderido à lógica da indústria cultural, isto é,


tem sido visto como um produto. As produções são realizadas de modo a alcançar os
objetivos do mercado. Por esse motivo, no período pós-retomada, a mesma câmera que grava
a novela, está presente também nas filmagens para o cinema. Os filmes são produções que
ocupam as telas dos cinemas durante um tempo, mas que podem perfeitamente adequar-se à
tela da televisão, no que seria uma minissérie ou algo do gênero. Diretores de televisão
tornam-se também, diretores de cinema.
Apesar desse modo de produção atrair mais brasileiros para assistir filmes
brasileiros, é necessário uma maior valorização e um maior investimento na área fílmica, e,
assim como as novelas, passar a ter uma posição de destaque no exterior.

12
O Cinema na Atualidade
Cinema e Sociedade – A Arte Imitando a Vida
Desde sua criação, o cinema sempre esteve relacionado à sociedade e seu

comportamento. Isto porque, aquilo que vemos nas telas sofre influencia, seja ela direta ou

indiretamente, das ações, das práticas e das

criações dos indivíduos. Na verdade, pode-se

afirmar que há uma relação mútua de influência

entre cinema e sociedade.

De forma irônica ou icônica, com maior

ou menor qualidade, muitos foram os filmes que

retrataram os tempos e as gerações, os seus

sonhos e preocupações. A própria sociedade vai-

se alterando com o passar dos anos, levando o

cinema a tentar acompanhá-la - seja por motivos

comerciais ou apenas para conferir realismo à

história.

Prova da existência dessa relação, praticamente inseparável, acontece quando os

telespectadores, principalmente os jovens, são impelidos a adquirir certos tipos de vestuário,

comida, maquiagem, bebidas, música ou até mesmo narcóticos por meio das suas personagens

cinematográficas preferidas; os próprios comportamentos - desde piadas a formas de andar -

são imitados na perfeição pelos jovens seguidores das estrelas do cinema.

No Brasil, diversos são os filmes que tratam do cotidiano das pessoas. Atualmente,

tem-se focado muito em retratar os jovens, com a adoção de temas como sexo, drogas,

conflitos de gerações e tomadas de decisões, observada em filmes como Sonhos Roubados e

13
As melhores coisas do mundo. Outra abordagem

realizada pelas telas brasileiras é a violência nas

favelas, vista nos filmes Cidade de Deus e Tropa

de Elite.

A realidade passa, cada vez mais, a

estar presente nas produções cinematográfica,

proporcionando maior interação entre o público e

os filmes e, por consequencia, atraindo os

brasileiros às salas de cinema nacionais.

14
O Cinema Brasileiro e Incentivo
Ao mencionar o termo Retomada do cinema brasileiro não podemos deixar de
explicar as características político-sociais que representam esse período e em que elas
refletem até hoje em dia.

Durante o governo Fernando Collor de Mello, houve o fechamento dos órgãos que
incentivavam a produção e a distribuição dos filmes nacionais, como a Embrafilme (Empresa
Brasileira de Filme), o Concine (Conselho Nacional de Cinema) e a Fundação do Cinema
Brasileiro. O problema maior é que esses órgãos foram extintos sem nenhuma substituição
imediata por outra política de produção e cultura de filmes nacionais. Logo no caso cinema,
que havia vínculo forte com o Estado desde a criação da Embrafilme, a saída de cena do
governo foi um abalo muito forte, considerado por cineastas e pesquisadores a morte do
cinema brasileiro.

Após o impeachment do presidente Collor, assumiu o vice, Itamar Franco, que


aprovou a Lei do Audiovisual, esta, possibilitou o financiamento da produção de filmes
longa-metragem por meio de incentivos fiscais. Assim, praticamente todo o cinema dos anos
90 foi financiado por meio desse dispositivo, o Estado transfere parte dos impostos para a
atividade audiovisual.

Já durante o governo do presidente Fernando


Henrique Cardoso, o Ministério da Cultura, por meio da
Secretaria do Audiovisual, observou uma tendência à
valorização do cinema nacional e por ter uma força única de
levar a cultura de um país para pessoas em todo mundo.

Na segunda metade da década de 90 criou-se o


Prêmio Resgate (Secretaria do Audiovisual), produziu-se
pronunciamento na TV sobre o cinema nacional, ajudou a
publicação de revistas de crítica de cinema, no financiamento
de legendas e cópias para festivais, no lançamento do
Programa Ibermedia e na participação de filmes brasileiros
em festivais pelo mundo. Secretaria do Audiovisual se
encarregou de apoiar a comercialização dos filmes; criou o programa Mais Cinema; lançou o

15
Grande Prêmio de Cinema no Brasil; criou programas de redescobrimento do Cinema
Nacional, Cinema dos Brasileiros, Imagens do Brasil.

Já no governo Lula, quanto aos investimentos no cinema brasileiro, revela-se que


este governo estendeu o Conselho Superior de Cinema, que passou de doze pra dezoito
membros, criou a bolsa de valores e regulamentação dos Funcines, sancionou um decreto que
duplica o número de dias de projeção obrigada dos filmes nacionais por sala, sendo sessenta
dias por anos, entre outros. Assim, verifica-se um apoio estatal grande, com patrocínio de
empresas públicas e com incentivos às
empresas privadas para promoverem o
cinema brasileiro.

Segundo Sylvie Debs1 são


apontados dois elementos fundamentais
que marcam a cinematografia
contemporânea e que demonstram o
amadurecimento do cinema brasileiro: o
melhoramento técnico das condições
materiais de produção, que alcançou as normas internacionais e, a inscrição dos filmes na
história do cinema brasileiro. A autora também salienta a variedade de temas abordados na
retomada, que refletem a diversidade e a imensidão do território nacional, às vezes,
superando-a por sua universalidade; além disso, indica a descentralização da produção fílmica
brasileira e a presença de filmes produzidos de norte a sul do Brasil.

Um dado importante também é percebido por Cléber Eduardo2, que ressalta que os
filmes da Retomada se relacionam entre o real e o ficcional, retratando a sociedade brasileira
nesse hibridismo.

1
Sylvie Debs é jornalista, ensaísta e crítica, sendo considerada atualmente uma das mais ativas introdutoras do
cinema brasileiro na França.
2
Cléber Eduardo é jornalista, formado em ciências sociais, crítico de cinema e atualmente faz parte de direção
cinematográfica.

16
O Cinema Brasileiro no Exterior
Com a retomada, em 1995, o cinema nacional começa a melhorar, e surgem filmes
como “Carlota Joaquina” “Central do Brasil” e “Cidade de Deus”, que retratam a pobreza do
Nordeste e violência das favelas cariocas. Como se vê, nestes exemplos, uma imagem é
formada, envolvendo a assimilação de informações verdadeiras ou não, sobretudo por quem
não conhece o país. O cinema brasileiro ainda sofre com a imagem do Cinema Novo, que é
um cinema engajado com a política ou com a pobreza.

Nesse cinema da retomada, os dois expoentes mais conhecidos são Walter Salles e
Fernando Meirelles, com os filmes Cidade de Deus e Tropa de Elite. Ao contrário do pessoal
do Cinema Novo, não existe briga interna e essas duas pessoas, ajudam os novos diretores a
criarem, co-produzirem e a vender os filmes.

Com certeza, estamos num período de reconquista, por exemplo, o filme Tropa de
Elite, levou um Urso de Ouro e trouxe vantagem para o cinema nacional, mas em alguns
países, o filme não foi nem passado, como a Alemanha e entre outros países o filme não teve
muito sucesso, como na Argentina. A maioria das pessoas não gostou do filme.

Apesar de o cinema brasileiro conseguir prêmios no exterior, poucas pessoas acabam


vendo estes filmes, o publico brasileiro não gosta de ver filmes brasileiros, além de a nova
geração ter dificuldade o preço do cinema é caro e acaba se tornando inacessível.

Um novo filme que tem tudo para ser sucesso no exterior é "5xFavela”: Agora Por
Nós Mesmos", pois além de ter o tema favela, que agora é um tema que o pessoal estrangeiro
quer ver, é um filme produzido por 5 diretores que produziram curtas-metragens com os seus
pontos de vista das favelas onde moram. Com esse filme, é possível levar o tema favela mas
com outra abordagem para o exterior, assim o cinema brasileiro pode provar o seu potencial
em produções de diferentes temas. O próximo passo é mostrar para o exterior que pode fazer
uma boa produção de qualquer tema e não só de favela.

17
Entrevista com Carlos Alberto Mattos3

1. A década de 90 é conhecida como a ‘Retomada’ do cinema brasileiro a partir


de então vem avançando na produção de cinema. Quais os fatores sócio-econômicos que
contribuíram e contribuem para esse avanço?

Carlos Alberto – A Retomada foi propiciada pelo surgimento da Lei do Audiovisual


e pelo surgimento de editais, como os da Petrobras, BNDES e Ministério da Cultura, que
abriram novas possibilidades de financiamento para a produção de filmes. Da mesma forma, o
relativo barateamento da produção através das gravações digitais e da edição eletrônica
tornaram o cinema acessível a faixas mais amplas de realizadores. A tudo isso correspondeu
um aprimoramento técnico que tornou os filmes brasileiros mais palatáveis a um público
amplo.

2. Porque o Brasil importa tantos filmes estrangeiros ao invés de incentivar


mais própria cultura nacional?

Carlos Alberto – A importação dos filmes estrangeiros é um dado de mercado, ao


qual os distribuidores e exibidores se rendem porque é lucrativo. Há uma cultura muito forte
de apreciação do cinema americano de consumo, e isso continua sendo atendido pelas
instâncias comerciais do cinema no Brasil. Já o incentivo à
cultura nacional fica mais a cargo do Estado e suas políticas
públicas em relação à cultura. Isso tem ocorrido através dos
editais, das TVs públicas etc. Mercado e cultura nem
sempre se confundem, daí esses dois caminhos paralelos.
No dia em que eles se cruzarem mais efetivamente, o
cinema ficará muito agradecido.

3. Os filmes nacionais ganham cada vez mais


prêmios nos festivais internacionais, porém o número
de filmes internacionais nos cinemas brasileiros

3
Carlos Alberto Mattos é jornalista, escritor, pesquisador e crítico de cinema de referência no país.

18
ultrapassa o dobro do número dos nacionais. Por que isso ainda acontece quando se tem
uma boa imagem do cinema brasileiro lá fora?

Carlos Alberto – Ainda existem resíduos de preconceito contra o cinema feito em


casa, isto é, no Brasil, por parte de um público mais condicionado ao produto estrangeiro
(leia-se, basicamente americano). Os festivais, no Brasil e no mundo, constituem um micro-
mercado à parte. Muitas vezes um filme ganha dezenas de prêmios e, ainda assim, não
consegue estabelecer um diálogo com uma faixa de público mais popular e mais ampla. A boa
imagem do cinema brasileiro lá fora é também uma boa imagem junto ao público interno que
costuma se sensibilizar com a arte brasileira em geral. Mas o mercado distribuidor e exibidor
não se pauta muito por esses fatores. Pauta-se pela publicidade, as celebridades no elenco, os
grandes fenômenos internacionais como Avatar etc.

4. Analisando as produções nacionais, roteiro, fotografia, cenário, etc. qual filme


resume as características do cinema brasileiro?

Carlos Alberto – É impossível apontar um filme que resuma isso. Até porque o
cinema brasileiro não é um só. Eu diria que as várias facetas do nosso cinema hoje podem ser
representadas por filmes como Cidade de Deus, O Céu de Suely, Dois Filhos de Francisco, Se
Eu Fosse Você, Jogo de Cena e Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei.

5. A cinematografia nacional vem recebendo muitos incentivos de varias partes,


porem ainda não é o suficiente para que os brasileiros o adotem como um dos
preferidos. Como se dá o incentivo à cultura no Brasil?

Carlos Alberto – O incentivo se dá através da renúncia fiscal com as leis de incentivo


(o Estado “renuncia” a parte dos impostos devidos por uma empresa para que ela invista em
cultura), os editais de empresas estatais, os patrocínios de empresas e as ações do governo na
criação de Pontos de Cultura, programas de fomento à produção cultural, oficinas etc.

6. Como o cinema pode ajudar na educação?

Carlos Alberto – Ver filmes é sempre uma forma interessante de analisar e discutir o
país e o mundo. O cinema na sala de aula é uma ferramenta da maior importância quando
usado para examinar as formas de organização da sociedade, as relações humanas etc. Os

19
documentários podem ser de grande utilidade para complementar estudos e tornar o
aprendizado mais vivo e atraente.

20
E o Brasileiro o Que Acha?
“O povo brasileiro não gosta de ver filme brasileiro” – essa é uma das frases mais

ouvidas quando se trata de saber a opinião do público nacional em relação às próprias

produções. Infelizmente, é uma grande verdade.

Um dos principais fatores que contribuíram para criar essa crítica negativa foi a

competição com os esplendorosos filmes estrangeiros, recheados de grandes técnicas de

produção e efeitos especiais causadores de grandes impactos. O mercado cinematográfico

brasileiro em relação ao americano possui uma estimativa de público para consideravelmente

menor e um tempo de permanência de exibição para os filmes bem reduzido.

Outro fato que também deve ser levado em consideração é que o custo médio de um

ingresso é inviável para as camadas mais carentes da população. Ir ao cinema torna-se algo

extravagante e supérfluo, partindo de um ponto de vista financeiro, preocupação latente na

vida destas pessoas.

Hoje os realizadores brasileiros produzem filmes que, muitas vezes, nem chegam a

ser exibidos fora dos circuitos de festivais, ficando as produções estagnadas, dependendo

exclusivamente de venda de lotes de DVDs. Desta forma, acabam eles próprios sem uma

justificativa para o próprio esforço produtivo. Felizmente, existe uma cultura entre cineastas

brasileiros, onde muitos fazem cinema por terem coragem de encarar a realidade social do

país e é claro, por vontade, necessidade de se fazer filmes, acreditando que são indispensáveis

para a reflexão de nossa própria história.

O que falta é um processo de democratização cinematográfica, agora facilitada pelas

novas formas digitais de captação, mas ainda muito elitizadas. Faz-se também necessária uma

nova forma de escoamento da produção, hoje possibilitada também pela Internet, políticas

públicas culturais mais eficazes, dentre outras coisas.

21
Ao invés de esperar que o público vá ao cinema, deve-se buscar atingir o público,

tornando-o consciente, criticamente formado e fazendo-o valorizar e se orgulhar de nosso

cinema.

22
Referências Bibliográficas
CINEMATECA BRASILEIRA. Programa Cine-educação. Disponível em:
<www.cinemateca.com.br> Acessado em 18 de maio de 2010.

UNIVERSIA CULTURA+. Cinema nacional: crescimento e perspectivas.


Disponível em: <www.universia.com.br/cultura+> Acessado em 18 de maio de 2010.

DEPARTAMENTO CULTURAL. Ministério das Relações Exteriores. Disponível


em: <www.dc.mre.gov.br/cinemaetv> Acessado em 27 de agosto de 2010.

SWISSINFO.CH. Site sobre diversos assuntos como a cultura. Disponível em:


<http://www.swissinfo.ch/por/cultura/Cinema_brasileiro_se_promove_em_Locarno.html?
cid=22665996> Acessado em 30 de Agosto de 2010.

CLICRBS. Portal de conteúdo do grupo de comunicação do sul do Brasil. Disponível


em:<http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default.jsp?
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2010.

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