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Suicídio pelo telefone

Narrador: “O amor é fundamental para o homem e para a sociedade. Sem amor, o homem torna-se
árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com os outros. Não se sensibiliza com o
abandono dos velhos, a morte das crianças, a miséria do povo, a poluição e a destruição do planeta, o
roubo da cidadania, a morte dos ideais. Sem amor não há encontro, não há diferença: resta a escuridão
do individualismo, do ser incapaz de relação”.

“O homem é dotado de razão; é a vida consciente de si mesma; tem consciência de si, de seus
semelhantes, de seu passado e das possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como
entidade separada, a consciência de seu próprio e curto período de vida, do fato de haver nascido sem
ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de morrer antes daqueles que
ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separação, de sua impotência ante as forças da
natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável.
Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se de uma forma ou
de outra com eles, com o mundo exterior”.

(Aparece Florisvaldo de Oliveira na platéia, indo em direção ao palco. Todo desgastado, com as roupas sujas
e maltrapilhas, ele cai no meio do palco...)

Florisvaldo: Mais um tombo... Não dá mais! Cansei de cair... Vou recorrer ás medidas de fato, as
veias... de fato! Vou pegar uma tesoura e dar um talho nelas... Nas duas! Cansei de dizer: Sou
Florisvaldo... Florisvaldo de Oliveira! Que nome é esse, Meu Deus?!

(Andando de um lado pro outro no palco)

Florisvaldo: Num dá... Puta merda! Tenho trinta anos, nunca tive relacionamento fixo... Nunca sequer
tive a capacidade de namorar uma menina, chegar nela... São elas que chegam em mim... Já tentei
relacionamentos pela Internet, mas não fui esperto... Uma menina do Acre, do ACRE... Lá dos lados do
Uruguai... Do... Uruguai..? Ah, sei não... To nervoso! To nervoso, muito nervoso!

(Desmunheca)

Florisvaldo: Ai, eu acho que eu sou gay! Só pode! Vou tentar sair com um bofe... Vou buscar na lista e
ver no que dá... Se ele topar, aí eu me transformo... Caso contrário... Encaro a tesoura... Mas...? Não...
Melhor, não... Eu não sou gay... Eu sou heterossexual... não sou?! Ah, sou sim! Diria aquele cara do
Omelete: “Ser ou não ser... eis a dúvida”!

(Ele começa a mexer em cima de uma mesinha... e acha uma lista telefônica)

Florisvaldo: Bom... Meu problema é falta de companhia, de amigos que eu não tenho... Um deles foi
para o Sul... Vejam só! O cara foi para fazer faculdade de Geografia... Tem aqui pertinho, sô! Só que lá
é federal... Tem aqui na cidade... Se fizer as contas, é mais barato estudar na cidade... Esse burro devia
fazer faculdade de Matemática, isso sim! Federal... Particular... Que diferença... Pra que? Vira
presidente, ganha mais, nem estuda e manda no país...! Cada louco com sua mania... E ainda tira sarro
porque eu gosto de ficar sozinho na praça do perpétuo... E daí? É bom para refletir... inda tem outro
que resolveu casar, vejam só... Eu perguntei para ele: Vai casar?

(Ele vai até a platéia, conversando com as pessoas...)

Florisvaldo: Cara... Ele me disse que ia, mas não queria... Eu me assustei...! Mas são aquelas coisas da
idade chegar, pressão de sair de casa... Assim são as coisas desde os tempos... Bom, nem vou citar
porque senão pode dar problema pra quem escreveu isso! Eu passo...
Eu sou Florisvaldo de Oliveira... Vou me matar de acordo... Vou dar um pouco de diversão para esse
povo... Melhor isso do que aquele tal de Big Brow lá da daquela emissora... Vai sair na primeira página
do jornal... Eu vou escrever uma carta suicida... Isso! Ou não... Bom, como eu vou morrer... Eu... A lista
telefônica... Vou ligar pro primeiro da lista que o nome me agradar... Deixa eu ver... Hum... Hum...
Não! Esse...? Hum... Esse!
Cadê meu celular... Ah... Vou ligar...

(E ele começa e discar no celular, mas pára!)

Florisvaldo: Mas eu vou ligar do celular?! Vai ficar caro... Meus créditos vão acabar... Vai de fixo,
mesmo... Se eu conhecesse alguém que eu não conheço que participasse da promoção da operadora do
meu celular... Enfim...

(Ele pega o telefone fixo e começa e discar...)

Florisvaldo: Oi! Tudo bom...? Você não me conhece, nem eu... Não me conheço e não te conheço,
pessoa! Não, não sou quem você pensa... Meu nome? Florisvaldo de Oliveira! Ta, ta... Dá pra parar de
rir?! Eu queria dividir minha dor com você, pessoa... Eu vou me matar! O que? Você também...? Que
coincidência, cara! Mas por que? Ah, você é emo? Que coisa... Mas emo se mata?! Ah, só fala que vai
morrer... O mundo te odeia... Então somos dois... Você chora por tudo...? Eu também... Mas é que as
pessoas não choram por nada... Nem esquenta...

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