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AQUACULTURA: SISTEMA DE
PRODUÇÃO ANIMAL EM
EQUILÍBRIO COM O MEIO
AMBIENTE
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Índice
Introdução 1
1. O que é a aquacultura 2
2. A aquacultura no Mundo 4
3. Panorama nacional 6
4. Tipos de aquacultura 8
5. Tipo de viveiros 9
6. Poluição 11
7. Desperdícios da aquacultura e a sua determinação 13
7.1. Poluição química 18
7.2. Poluentes inorgânicos 19
7.3. Poluentes orgânicos 20
7.3.1. Hidrocarbonetos e substâncias tensio-activas 21
7.3.2. Pesticidas 21
7.4. Substâncias organo-metálicas 22
8. Métodos e sistemas de vigilância 23
8.1. Compostos orgânicos 23
8.2. Contaminação inorgânica 24
9. Fenómenos anóxicos 24
10 Bloom fitoplanctónico 25
Conclusão 27
Bibliografia 29
ÉVORA
2002/2003
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho insere-se na disciplina de Ecologia da Produção Agro-
Pecuária, disciplina do 9º semestre da licenciatura em Engenharia Zootécnica.
O tema do trabalho debruça-se sobre uma área da produção animal que
tem conseguido uma evolução assinalável nos últimos tempos, e que se
posiciona como essencial no futuro, de modo a fazer face, por um lado ao
crescente aumento demográfico a nível mundial e, por outro, à diminuição dos
bancos de pesca um pouco por todo o mundo.
Neste trabalho é feita uma descrição sumária da aquacultura no mundo e
em Portugal, assim como dos factores de poluição que a partir das explorações
píscicolas põem em causa a qualidade da água, não só dos efluentes como
também da água em que ocorre todo o processo produtivo.
Também é feita a descrição dos principais fenómenos que se observam
normalmente em explorações aquícolas devido à acção da poluição.
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1. O QUE É A AQUACULTURA?
A aquacultura (ou aquicultura), cobre todas as actividades significativas
para o estudo e controlo do ecossistema aquático, com o propósito de uma
produção animal ou vegetal útil ao Homem.
Actualmente assiste-se a um agravamento da poluição marinha e da
sobrepesca, ambos consequência de um aumento demográfico incontrolado.
Também fenómenos de variação climática global afectam gravemente a pesca,
conduzindo ao colapso de alguns mananciais. Tanto os estoques de peixes
como os de crustáceos e moluscos estão em declínio. A FAO (1997) avaliou 17
práticas pesqueiras em todo o mundo e concluiu que 4 estão comercialmente
destruídas e 9 estão em sério risco.
Apesar deste quadro nada favorável, a produção mundial total de peixes,
crustáceos, moluscos e plantas aquáticas, produzidas pela aquacultura, atingiu
120,7 milhões de toneladas (Rana, 1997). Estas estatísticas demonstram
também que a taxa anual de crescimento da aquacultura nos últimos anos
aumentou de aproximadamente 5% em 1990-1991 para cerca de 14% em
1994-1995. Este crescimento é devido, em grande parte, pelo desenvolvimento
da aquacultura na China que continua como líder mundial neste sector com
uma taxa de crescimento anual de 13,6%.
A aquacultura surge assim como uma actividade de expansão obrigatória,
tendo já hoje uma elevada capacidade de produção em espaços reduzidos. No
entanto, esta expansão terá de ter em conta os potenciais de poluição que este
tipo de actividade produtiva apresenta. Além disso, há que encarar os avanços
possíveis em função da capacidade de sustentação do meio, para que se
possa efectuar sem qualquer agravamento das alterações ambientais já
existentes. Estas alterações introduzidas por várias indústrias previamente
instaladas e pelos efluentes urbanos não tratados, são tidas igualmente como
um sério obstáculo ao desenvolvimento da própria aquacultura.
A produção aquícola fornece um suprimento aceitável, substituindo
pescado e plantas provenientes dos estoques naturais. No entanto, levando em
consideração que as áreas disponíveis para cultivo não podem ser
grandemente aumentadas, torna-se evidente que para aumentar a
produtividade nos cultivos e abastecer a crescente procura mundial, existe a
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necessidade de um avanço nos métodos de produção actualmente utilizados e
da introdução de novas tecnologias.
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aplicação de substâncias proibidas devido aos seus efeitos secundários e
prejudiciais para o peixe e homem.
A cultura intensiva e semi-intensiva de peixes marinhos está a aumentar
rapidamente no Sul da Europa, nomeadamente em Portugal. Este
desenvolvimento deve ser levado a cabo de forma ambientalmente correcta por
várias razões importantes: para preservar a necessária qualidade da água e a
estabilidade do ecossistema, manter o equilíbrio entre as diferentes actividades
que fazem uso da zona costeira e garantir o sucesso da própria maricultura.
Para poder mitigar o seu possível impacto, deve-se ser capaz de o avaliar
apropriadamente, em especial no que concerne aos efeitos do principal input
exógeno, o alimento artificial.
É importante notar que a preocupação ambiental está por exemplo já bem
estabelecida no Norte da Europa e que a investigação consistente do impacto
da maricultura acompanhou o desenvolvimento da produção de salmão. Foram
alcançados resultados importantes: melhoria das rações para peixes
conduzindo a uma redução dos desperdícios, introdução de antibióticos mais
eficientes e menos remanescentes, redução da quantidade de antibióticos
utilizada mantendo simultaneamente uma produção elevada, métodos naturais
de controlo de parasitas, etc. No nosso país a este nível ainda não se põem
estes problemas de maneira premente, dada a produção aquícola ainda não
ocupar um lugar importante na indústria piscícola.
2. A AQUACULTURA NO MUNDO
A ideia de cultivar em águas continentais e no mar não é recente: achados
arqueológicos de tanques de armazenamento da era pré-histórica foram
encontrados no Hawai, enquanto que o 1º tratado de piscicultura atribuído a
Fan-Li (China), data de 475 antes de Cristo. O domínio completo de todo o
ciclo de criação foi atingido muito cedo no caso de dois peixes de água doce: o
da carpa é conhecido desde a Idade Média e o da truta desde o século XIX.
Na actualidade a aquacultura tem uma função na estratégia de
repovoamento dos bancos de peixe. Devido ao sistema de pesca sem qualquer
preocupação pelas reservas mundiais, que a curto prazo se esgotarão, a única
saída possível para restabelecer os volumes de pescado nos mares será a
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redução das quotas de pesca associada ao repovoamento. Após engorda
efectuada a nível dos sistemas aquícolas, os juvenis são depositados no seu
meio natural, sendo a sua recaptura efectuada pelos pescadores. O caso mais
espectacular é o do repovoamento do salmão efectuado pelos japoneses,
canadianos e americanos no Oceano Pacifico. Também são alvo de
repovoamento espécies mais sedentárias como é o caso do esturjão na
Europa, da dourada e do camarão no Japão, e em menor grau do lavagante
em França.
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a cultura de salmão no norte da Europa: a intensidade luminosa, a
transparência, a temperatura e a salinidade são mais elevadas. Além disso, a
zona costeira está mais densamente ocupada no Sul da Europa aparecendo
conflitos de espaço com outras actividades do sector terciário para a área
costeira. Geralmente a baixa dispersão e as elevadas temperaturas de Verão
também constituem pontos fracos para a aquacultura em relação ao ambiente,
mas estes parâmetros ainda não foram realmente investigados.
3. PANORAMA NACIONAL
Considerando Portugal Continental, a actividade aquícola pratica-se nas
águas doces, salgadas e salobras. Foi nas águas doces e especialmente
através da cultura da truta, que a produção de espécies piscícolas em cativeiro,
evoluíu no sentido da monocultura e do regime intensivo, nomeadamente a
partir de 1962, com a publicação do regulamento de pesca nas águas
interiores. Actualmente, a prática da aquacultura em Portugal, compreende
diversas variantes, desde a simples policultura extensiva de engorda de alevins
e juvenis em áreas delimitadas e em condições próximas das do meio natural,
até à aquacultura intensiva ou industrial, feita em tanques ou em gaiolas
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flutuante, em que a engorda dos alevins é efectuada através de alimentos
naturais ou de rações.
O sector caracteriza-se por um ainda pequeno volume de produção,
devido à predominância de explorações artesanais e pelo regime de produção
extensivo. Por outro lado, a tradicional apetência do nosso povo para o
consumo de pescado em fresco tem feito com que as actividades que dominam
a aquacultura estejam ligadas aos bivalves e moluscos e principalmente para
exportação.
Os regimes extensivos têm sido impostos pelas autoridades
responsáveis pelo ambiente em áreas protegidas, com a alegação de que as
rações comerciais poderiam contribuir para elevar os níveis de poluição.
Em Portugal, a aquacultura em águas continentais é hoje,
fundamentalmente, a cultura de trutas (sobretudo a truta arco-iris) e a cultura
de enguias, principalmente de enguia europeia (Anguilla anguilla).
A truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) é cultivada em água doce, entre
nós, desde 1890. Inicialmente foi cultivada para o povoamento de lagos e de
rios, visando sobretudo a pesca desportiva. Mais tarde passou também a ser
cultivada para o consumo, tendo sido construída em 1968 a primeira
piscicultura privada, em Paredes de Coura. Esta unidade mantém-se, ainda
hoje, não só como a maior truticultura, mas também, como a maior piscicultura
industrial do país (500-600 ton/ano).
Além da truticultura e da anguicultura acima referidas, no nosso país
também se pratica a cultura do robalo (Dicentrarchus labrax) e da dourada
(Sparus aurata).
Outras culturas têm sido objecto de crescente interesse em Portugal,
como é o caso do linguado (Solea senegalensis), assim como sparídeos, como
o pargo (Pagrus pagrus) e o sargo (Diplodus spp.).
Quanto à moluscicultura, baseada quase exclusivamente na produção
da ameijoa boa (Ruditapes decussatus), continua a ser produzida nos moldes
tradicionais em parques localizados na Ria Formosa, sendo a sua produção
afectada sobretudo pela poluição de origem antropogénica durante o período
de Verão. Se por um lado o sector da moluscicultura pouco tem evoluido, o da
ostricultura foi revitalizado com a implantação, na zona de Sagres, de um
empreendimento de engorda de Crassostrea gigas.
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4. TIPOS DE AQUACULTURA
Basicamente existem três tipos de produção:
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natural, ou seja, o alimento é trazido pelas marés, mas, a partir de um ano de
idade, a alimentação natural é suplementada por alimentação artificial.
5. TIPOS DE VIVEIROS
Este considerando tem a sua importância, devido à exposição ás
diversas fontes de poluição de que os sistemas de aquicultura são alvo. Na
maricultura podemos encontrar:
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- Tanques de água salgada;
- Gaiolas;
- Vedações ("eclosures"): praticadas sobretudo ao longo das costas,
constituídas por redes.
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e à aplicação de programas de redução da poluição, à realização de controlos
periódicos e finalmente ao acompanhamento de programas em curso
6. POLUIÇÃO
O impacto da aquacultura no meio ambiente pode manifestar-se em
várias perspectivas. O aspecto mais estudado é o efeito poluidor dos produtos
desperdiçados durante o processo produtivo. No entanto, existe também
impacto a nível visual, conflitos com outras formas de utilização dos recursos
naturais renováveis (turismo, pesca), introdução de espécies exóticas e
alterações genéticas dos estoques selvagens.
Em relação à qualidade da água esta, depende da sua capacidade de
integrar os resíduos urbanos, industriais e agrícolas nos grandes ciclos
biogeoquímicos (carbono, azoto, fósforo, silício, etc.). Quando os resíduos
estão em quantidades demasiado elevadas para poderem ser assimilados, os
equilíbrios fundamentais dos ecossistemas são perturbados e fala-se então em
alteração ou de poluição.
A poluição pode resultar de um fenómeno crónico ou acidental, tendo
consequentemente um carácter durável ou temporário.
Por outro lado, pode não existir qualquer fonte de poluição e no entanto
a água pode apresentar matérias tóxicas que são geradas ao nível do próprio
ambiente do viveiro. Nesta situação há que considerar como possíveis factores
indutores e considerar os objectivos de qualidade de uma água apropriada ao
cultivo
Regra geral, precauções são tomadas para proteger as explorações
aquícolas contra os efeitos das poluições crónicas, optando-se pela escolha de
locais afastados dos centros urbanos e industriais, sendo no entanto difícil de
prever o impacto dos resíduos acidentais.
Qualquer que seja a sua origem, os poluentes actuam sobre as
explorações aquícolas de três formas distintas:
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fitoplanctónico") ou anóxicos , pondo em risco a sobrevivência das espécies
exploradas.
-oxigénio dissolvido;
-amoníaco;
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-nitritos,
-nitratos;
-pH;
-CO2;
-alcalinidade;
-dureza;
-matérias em suspensão;
-matéria orgânica.
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não ingerido, fezes e urina. Estes “outputs” consistem em sólidos orgânicos e
inorgânicos, dissolvidos, como o azoto e o fósforo (Beverdige et al., 1984).
As concentrações de efluentes variam com a unidade de produção,
sendo factores determinantes: o tipo de cultivo (em jaulas ou em tanques), a
intensidade do regime, espécies cultivadas, condições naturais do ambiente
receptor, tipo de alimentação e quantidade de água utilizada.
Para se fazer o estudo do impacto da actividade piscícola, estimam-se os
“inputs” de matéria orgânica, consideram-se de entre os micronutrientes
presentes os que são considerados com maior potencial poluidor e faz-se a sua
determinação. Para tal, estima-se:
- a percentagem de nutrientes que é incorporada;
- a percentagem de perdas em nutrientes não ingeridos, fezes e outra
matéria excretada.
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Impacto na coluna de água: em águas marinhas o fenómeno de
hipernutrificação (por incorporação de azoto e fósforo no fitoplâncton) não
atinge valores apreciáveis dados os efeitos de diluição em volumes de água
que são apreciáveis e as suas taxas de renovação. Observam-se contudo
aumentos de amónia ou de oxigénio dissolvido muito localizados e de curta
duração dentro ou imediatamente à volta das jaulas. Consequentemente, existe
pouca evidência de fenómenos de eutrofização, excepto em locais
relativamente fechados como são os casos das baías. Pode-se dizer, no
entanto, que numa perspectiva mais alargada, é notório que a aquacultura
costeira contribui significativamente para os níveis de nutrientes na águas. Este
fenómeno em meios mais fechados, geralmente dulceaquícolas leva à
eutrofização do meio e “blooms” de algas.
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partir de efluentes sempre a montante, quando se trata de rios, ou então pela
simples movimentação das marés, quando as instalações estão localizadas em
estuários ou lagos que têm uma comunicação natural com o mar.
Nos últimos anos têm vindo a ser feitos grandes esforços de investigação
no sentido de diminuir o impacto da exploração intensiva de peixes sobre o
meio ambiente circundante, nomeadamente através da optimização e
estratégias de utilização das dietas. A optimização da utilização da fracção
proteica baixando de forma acentuada a excreção de amónia, a selecção e
avaliação cuidada das matérias-primas disponíveis e a melhoria significativa da
utilização e disponibilidade do fósforo são áreas fundamentais a consolidar.
Dada a exploração quase exclusiva de espécies de peixes carnívoras, os
alimentos para essas espécies exigem teores elevados em proteína de elevado
valor biológico, habitualmente fornecida pelas farinhas de peixe. Os sólidos em
suspensão de resíduos de alimentos e fezes, as perdas azotadas branquiais e
as elevadas quantidades de fósforo, são os tipos de poluição mais
preocupantes provocados pelas pisciculturas.
Basicamente, um quarto do azoto da ração consumida é incorporado pelo
peixe. Os restantes três quartos são libertados para o mar, na sua maior parte
como compostos dissolvidos (principalmente amónia). Este número é diferente
no que diz respeito ao fósforo, onde apenas um quinto é retido pelos animais,
sendo o resto evacuado principalmente como matéria particulada. O
melhoramento nutricional é uma forma de alterar estes números de uma
maneira ambientalmente mais aceitável. O alimento não consumido,
desperdiçado para o ambiente, representa uma proporção pouco conhecida,
geralmente avaliada aproximadamente em cerca de 15-20 % do total
distribuído.
Em condições normais, o impacto hidrológico na coluna de água não é fácil
de identificar, por causa da renovação de água necessária para a cultura dos
peixes. "Blooms" de plâncton são ocasionalmente comunicados em locais
fechados.
As matérias em suspensão são veiculadas pelas partículas alimentares
não ingeridas pelos peixes, podendo representar até 9 % nos alimentos
granulados (Kaushik, 1990), e pelos dejectos de origem fecal (alimentos não
digeridos ou parcialmente digeridos). As partículas sólidas em suspensão,
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geralmente imputáveis ao alimento, podem representar 50 % do total da
poluição em aquacultura (Bergheim et al., 1991).
De uma maneira geral, as proteínas alimentares são bem digeridas pela
truta (digestibilidade superior a 80 %). Este facto está relacionado com o
desenvolvimento precoce nos teleósteos do equipamento enzimático
necessário à degradação proteica (Kaushik, 1992a). No entanto, a qualidade
das matérias-primas utilizadas (composição em aminoácidos essenciais,
factores anti-nutricionais, granulometria, etc.), condiciona a sua utilização
digestiva (De La Higuera e Cadernete, 1987; Kaushik, 1992).
A digestibilidade da gordura (animal e vegetal) é também geralmente
elevada nos peixes (valores superiores a 90 %). Pelo contrário, a
digestibilidade da fracção glucídica apresenta uma grande variabilidade
nasdiferentes espécies de peixes (Singh e Nose, 1967; Guillaume, 1986;
Cowey, 1988). A fraca actividade amilásica intestinal e a indigestibilidade da
celulose em muitas espécies de peixes, originam um aumento dos dejectos
fecais quando se utilizam matérias-primas vegetais em teores elevados
(Kaushik, 1992).
No passado, muitos dos problemas verificados na alimentação dos peixes
estavam relacionados com uma fraca qualidade física dos alimentos, imputável
por sua vez a oscilações da qualidade das farinhas e óleos de peixe utilizados,
e a processos de fabrico e práticas de alimentação inadequados. O facto da
transferência de nutrientes da dieta para os peixes ser via meio aquático,
acarreta problemas diferentes das práticas tradicionais de alimentação animal.
Alimentos desintegrados e não ingeridos poluem a água, causam stress
devido a deplecções em oxigénio, influenciando o teor em matéria orgânica que
afectam o crescimento e estado sanitário dos peixes (Cho, 1990). A perda de
alimento devida a uma má gestão da alimentação (tabelas inadequadas,
frequência e número de refeições), são factores que influenciam
significativamente o aumento dos dejectos piscícolas (Kaushik, 1992a).
Os peixes são animais que excretam os metabolitos resultantes do
catabolismo proteico essencialmente sob a forma de amoníaco (70-90 %), ao
contrário dos animais terrestres que o fazem sob a forma de ureia ou ácido
úrico. Esta particularidade e o seu modo de vida aquático, permite aos peixes
desembaraçarem-se eficazmente dos produtos do metabolismo azotado com
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uma utilização da proteína para fins energéticos mais ou menos eficiente. A
maior percentagem de dejectos azotados solúveis é excretada pelas brânquias.
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Toxicidade: define os limiares a partir dos quais as funções biológicas
são perturbadas; a toxicidade aguda é determinada pela concentração que
conduz a 50% de mortalidade numa população experimental (CL50) exposta ao
poluente durante 48 ou 96 horas (CL50,48 ou CL50,96).
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casos mais graves são anemia, disfunção hepática, descalcificação óssea
(osteomalácia).
Um grave episódio de envenenamento pelo cádmio ocorreu no Japão na
região do rio Jitsu. Elevadas concentrações de cádmio foram encontradas na
água, peixe e arroz. As manifestações clínicas observadas foram dor à mínima
pressão sobre os ossos, deformação óssea e fracturas múltiplas. Esta forma de
envenenamento pelo cádmio ficou conhecida por doença de "Itai-Itai".
O chumbo actua no ser humano, principalmente como um inibidor
enzimático. Diminuí a síntese do heme, o que conduz a um decréscimo do
número, semi-vida e função das hemácias. O quadro clínico será de anemia
microcítica. Outros efeitos crónicos incluem lesão renal (nefrite crónica), lesões
cerebrais e dos nervos periféricos. Todos estes efeitos iniciam-se a níveis
sanguíneos maiores do que 0.5 ppb, no entanto abaixo deste limiar podem
ocorrer lesões cerebrais ligeiras e efeitos teratogénicos. Na natureza o chumbo
não está presente nos compostos orgânicos. Não se move tão rapidamente
para os sistemas biológicos, como acontece com o mercúrio. A absorção
através do tracto intestinal é da ordem dos 10%. Existe também um mecanismo
de excreção, pelo que o nível não aumenta tão dramaticamente com contínua
exposição a doses baixas. O efeito de inibição enzimática não parece
apresentar um limiar, indicando a existência de uma reserva enzimática. Isto
permite ao organismo "aceitar" uma determinada quantidade de chumbo sem
que sintomas sejam detectados.
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7.3.1. HIDROCARBONETOS E SUBSTÂNCIAS TENSIO-
ACTIVAS
7.3.2. PESTICIDAS
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- Fungicidas: carbamatos e tiocarbamatos, derivados do benzeno e do
fenol;
- Herbicidas: carbamato, tiocarbamatos, ácidos fenoxiacéticos, triazinas,
compostos de amónio quaternários.
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As bactérias do sedimento têm um papel importante no ciclo do mercúrio,
solubilizando-o sob a forma Hg2+ que é posteriormente metilada e acumulada
nas cadeias alimentares.
Os organo-estânicos, particularmente os tributiletanos, foram objecto de
utilização intensiva para a protecção das quilhas dos barcos contra a sujidade
biológica. O TBT libertado é fortemente tóxico.
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8.2. CONTAMINAÇÃO INORGÂNICA
9. FENÓMENOS ANÓXICOS
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A sua solubilidade na água é limitada, atingindo um valor máximo
denominado taxa de saturação, que depende inversamente da temperatura e
da salinidade.
Para se determinar este consumo, utilizam-se métodos de medição
directa da concentração de oxigénio na coluna de água (para os animais da
cultura) e a medição do consumo de oxigénio por respiração microbiana
através de cálculo das necessidades de oxigénio biológico. A concentração de
oxigénio inicial e final é determinada, e a diferença entre os dois resultados
indica-nos as propriedades de consumo de oxigénio relativas da água. Este
parâmetro depende da actividade metabólica das bactérias, da quantidade de
matéria orgânica presente e da actividade das algas e do zooplâncton.
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energéticas e a reprodução de numerosas espécies aquáticas são satisfeitas
pela biomassa fitoplanctónica. A produção vegetal resultante da fotossíntese,
apresenta-se sob duas formas: algas uniceluleres planctónicas de alguns micra
de dimensão e algas benticas consumíveis pelos herbívoros. Este fitoplâncton
constitui o alimento para o zooplâncton, o qual é por sua vez consumido pelos
peixes.
Os sais minerais em solução e as matérias orgânicas constituem as
reservas de azoto, fósforo e de silício indispensáveis ao desenvolvimento do
fitoplâncton. A sua carência é sobretudo limitante para o cultivo em mar aberto,
sem aporte de alimento.
A erosão dos solos, os resíduos urbanos e agrìcolas e a decomposição
da matéria orgânica detritica representam as principais vias de introdução de
do N e do P no meio marinho. Quando as quantidades introduzidas são muito
elevadas provocam uma "explosão" do crescimento vegetal, fitoplâncton e
algas, a qual gera nos ecossistemas costeiros graves desequilíbrios
designados pelo nome de eutrofização. Pelo que os sais minerais são
parâmetros muito importantes para avaliar o funcionamento destes
ecossistemas.
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CONCLUSÃO
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pesca. Segundo Nash (1987), a projecção de dados relativamente ao ano
2000, tendo em conta os critérios económicos dos países produtores (e após
indicadores do Banco Mundial), mostra que a produção deverá atingir 22
milhões de toneladas, o dobro da produção de 1984. A aquacultura que
representa 13% da produção do pescado actual, passará a 25% em tonelagem.
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BIBLIOGRAFIA
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