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Brasília–DF
2008
© 2008 Editora do Departamento de Ciência da Informação e Documentação (CID/UnB)
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que
citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Ficha Catalográfica
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2 Percurso Metodológico . . . . . . . . . . . . . . . 17
Anexo I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
Anexo II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
Anexo IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
Lista de Figuras e Tabelas
Figura 1. Divisão político-administrativa da Região Integrada de
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno, por municípios, em
2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Tabela 1. Taxas de crescimento da Região Integrada de
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno, 1970-2000.. . . . . . . . . . 29
Figura 2. Percentual de trabalhadores do entorno que trabalham no
Distrito Federal, 2003.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Tabela 2. Distribuição dos municípios da RIDE-DF, segundo índice
de desenvolvimento humano municipal, por região.. . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Tabela 3: Distribuição Regional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Tabela 4. Número e percentual dos Conselhos de Saúde da RIDE-
DF que apresentam indicadores positivos em relação à legitimidade,
2008, Brasília-DF.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Tabela 5. Número e percentual dos Conselhos de Saúde da
RIDE-DF que apresentam indicadores positivos em relação à
representatividade, 2008, Brasília-DF.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Tabela 6 Número de representantes de usuários nos 20 Conselhos de
Saúde pesquisados da RIDE-DF, por entidade, 2008, Brasília-DF. . . . . . 44
Tabela 7 Número e percentual dos Conselhos de Saúde da RIDE-DF
que apresentam indicadores positivos em relação à organização dos
Conselhos, 2008, Brasília -DF.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Tabela 8. Número e percentual dos Conselhos de Saúde da RIDE-
DF que apresentam indicadores positivos em relação à estrutura
administrativa dos Conselhos, 2008, Brasília-DF.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Tabela 9. Número e percentual dos Conselhos de Saúde da RIDE-DF
que apresentam indicadores positivos em relação à autonomia no
planejamento e definição de políticas de saúde, 2008, Brasília-DF.. . . . . 52
Tabela 10. Distribuição das principais causas de morbimortalidade
contidas no Plano Municipal de Saúde, segundo os presidentes dos
Conselhos de Saúde, 2008, Brasília-DF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Tabela 11. Número e percentual dos Conselhos de Saúde da RIDE-
DF que apresentam indicadores positivos em relação à fiscalização e
controle dos recursos financeiros, 2008, Brasília-DF.. . . . . . . . . . . . . . . . 55
Tabela 12. Número e percentual dos Conselhos de Saúde da RIDE-DF
que apresentam indicadores positivos em relação ao monitoramento
e avaliação das políticas de saúde, 2008, Brasília-DF. . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Tabela 13. Número e percentual dos Conselhos de Saúde da RIDE-
DF que apresentam indicadores positivos em relação à articulação
intersetorial, 2008, Brasília-DF.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Tabela 14. Número e percentual dos Conselhos de Saúde da RIDE-
DF que apresentam indicadores positivos em relação à participação
social da base, 2008, Brasília-DF.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 3. Percentual de divulgação de informação, por parte dos
Conselhos de Saúde da RIDE-DF, sobre data e agenda das reuniões,
educação em saúde, funções e decisões do Conselho, 2008, Brasília-
DF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 4. Percentual de retroalimentação para com as entidades
representadas sobre os temas examinados nos Conselhos de Saúde
da RIDE, por segmento representado, 2008, Brasília-DF. . . . . . . . . . . . . 64
Figura 5. Distribuição dos indicadores de organização e
funcionamento, em percentis, dos Conselhos de Saúde da RIDE, por
região. Brasília-DF, 2008.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Tabela 15: Percentual dos indicadores do perfil da organização e
funcionamento dos municípios da RIDE-DF, 2008, Brasília-DF. . . . . . . 66
Figura 6 – Dendograma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Tabela 16- Distribuição dos 20 Conselhos de Saúde pesquisados da
RIDE-DF, segundo data de criação. 2007. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Prefácio
Eis uma temática marcadamente multidisciplinar, com complexidade
acumulada em mais de 17 anos de vigência do SUS, e com abordagem de
elevada coragem, exigência metodológica e pioneirismo: a análise do Con-
trole Social no âmbito dos Conselhos Municipais de Saúde e da Atenção
Básica, em região interestadual cujo pólo é a capital da República. Para-
béns à equipe de pesquisadores que desbrava com competência e compro-
misso, mais um pedaço da intrincada construção do SUS, aponta cami-
nhos e ilumina o caminho da academia junto ao desenvolvimento social.
Nas inevitáveis reflexões provocadas por esta pesquisa, destacamos de
pronto que o desenvolvimento da Atenção Básica universal abrangendo si-
multâneamente a promoção da saúde (qualidade de vida), a proteção con-
tra os diversos riscos, a detecção com tratamento precoce das doenças e o
acompanhamento dos crônicos com qualidade e resolutividade por volta
de 85% das necessidades (e direitos) de saúde da população, já é em si, um
grande objeto de desenvolvimento da consciência de necessidades por esta
população. Consciência de necessidades que natural e rapidamente passa
a consciência de direitos e consciência política. Ocorre também que a satis-
fação das necessidades de saúde, vai além da atenção básica, com interven-
ções mais especializadas tanto eletivas como de urgência, e a consciência
das necessidades e direitos salta para a atenção integral à saúde em todos
os níveis do sistema. Estamos diante do processo que levará a consciência
das necessidades e direitos à saúde, do âmbito municipal para o âmbito
regional, pois somente nesse âmbito, com municípios de todos os portes,
reúnem-se as condições para a oferta da atenção integral. Assim sendo, os
Conselhos Municipais de Saúde estão desafiados a construírem sistemati-
camente o controle social na região.
Esta rica pesquisa que temos a honra de prefaciar, ao abordar a capa-
cidade dos conselhos de saúde, de mediação entre o Estado e a Sociedade,
provoca mais reflexões, por exemplo, como mediar (e superar) os mecanis-
mos de Estado e dos Governos, que impedem a construção do SUS desde
o início.
Como superar o agudo sub-financiamento do SUS, resultante da cres-
cente financeirização dos orçamentos públicos e o co-financiamento públi-
co (indireto) do faturamento das empresas de planos privados de saúde?
Como impedir a desastrosa precarização da gestão pública do trabalho em
saúde? Como efetivar o planejamento e orçamentação ascendentes, com
metas e prioridades na oferta de serviços de saúde integrais, com qualida-
de, pactuadas entre os gestores da região e respectivos conselhos de saúde,
e remuneradas com valores não inferiores aos custos? (em outras palavras,
11
até quando os gestores municipais e os conselhos de saúde continuarão
sufocados pela fragmentação dos repasses federais, pelo turbilhão de por-
tarias normativas ministeriais e pela remuneração de serviços por meio
de uma tabela anacrônica de valores em regra abaixo do custo?) Quando
haverá compromisso, diretrizes e condições reais da Atenção Básica dei-
xar de ser focalizada só nos pobres, com baixa resolutividade, baixo cus-
to, sem condições de vir a ser porta de entrada preferencial aos serviços de
maior densidade tecnológica, tampouco de vir a ser estruturante do siste-
ma? Qual a cadeia de causa e efeitos entre esses mecanismos anti-sociais
de Estado e Governos, que desce em cascata até o menor município e suas
equipes de saúde de família?
E por final, tomando a atribuição legal do Conselho de Saúde de atu-
ar na formulação de estratégias no âmbito do seu ente federado, como o
controle social vem reagindo a esses mecanismos? Esta pesquisa e seus re-
sultados apontam saídas e caminhos a partir dos conselhos municipais de
saúde analisados, por meio de esforço ascendente, superando os degraus
da cascata de causa e efeitos, um a um, mas sob uma grande condição:
com a mobilização das entidades representadas nos conselhos de saúde e
da própria sociedade civil.
Nelson Rodrigues dos Santos
12
1 O Controle Social na Ride-DF
Helena Eri Shimizu
1.1 Introdução
O processo de democratização e a descentralização das políticas sociais
nos últimos anos no Brasil abriram espaço para incontáveis experiências
de participação popular em arenas públicas de decisão de políticas.
Na área da saúde é necessário destacar o empenho do movimento da
Reforma Sanitária ao assumir o Controle Social, entendido como processo
e mecanismo de influência da sociedade sobre o Estado, como um dos as-
pectos fundamentais para a construção do Sistema Único de Saúde (SUS),
visto que contribuiria para o fortalecimento da participação da sociedade
civil na busca efetiva dos direitos a saúde.
A consolidação desse fenômeno se deu a partir da promulgação da
Constituição de 1988, e das Leis n. 8.080/90 e n. 8.142/90, que institucio-
nalizou a participação social, por meio da criação das Conferências e Con-
selhos de Saúde no Brasil, nos três níveis de governo, federal, estadual e
municipal. As Conferências surgiram como espaços de formulação de po-
líticas de saúde com a participação de diferentes atores sociais, e os Conse-
lhos têm como atribuição legal atuar e deliberar na formulação de estraté-
gias e no controle da execução da política de saúde, inclusive nos aspectos
logísticos, econômicos e financeiros.
O Setor Saúde se destaca não só no país, mas também na América La-
tina, pela criação de Conselhos de Saúde na quase totalidade dos municí-
pios do Brasil, dos quais, por força da lei, os representantes da sociedade
civil organizada participam de forma paritária com representantes da auto-
ridade setorial e prestadores profissionais e institucionais de serviços.
Os espaços institucionalizados de participação social no SUS consti-
tuem-se em importantes canais para fomentar a efetiva participação da so-
ciedade civil na construção de formas inovadoras de gestão pública, incor-
porando forças vivas de uma comunidade à gestão de seus problemas e
suas necessidades (Gershman, 2004; Gohn, 2004b).
Entretanto, em um país como o Brasil, ainda insuficientemente irriga-
do pela legitimidade democrática, em que vivenciamos situações tão díspa-
res na sociedade, e que é marcado pelas desigualdades sociais, o avanço de-
mocrático está associado às condições concretas do exercício cotidiano da
democracia.
Nessa perspectiva, a democracia participativa requer novas formas de
distribuição de recursos, as quais devem considerar as necessidades so-
13
ciais prioritárias. É, pois, necessário adotar de partida os mecanismos de
inclusão social dos que estão fora do acesso aos direitos fundamentais e
dos serviços em saúde para alcançar os segmentos diferenciados que se-
jam representativos tanto das carências socioeconômicas quanto das de-
mandas sociais (Gohn, 2004a).
Os Conselhos de Saúde, como instâncias de participação democráti-
ca, se constituem em novos centros de poder, decorrentes, principalmen-
te, da descentralização do sistema, e contribuem para trazer para o espaço
público o debate de demandas da sociedade antes só discutidas pelos res-
ponsáveis pela gestão do sistema de saúde (Acioli, 2005; Aciole, 2007;
GERSCHMAN, 2004).
É preciso dar relevo ao fato de que disposições do Ministério da Saúde
e do Conselho Nacional de Saúde impulsionaram a criação de tais instân-
cias na medida em que, para a transferência de recursos financeiros a esta-
dos e municípios, tornou-se indispensável à correspondente Secretaria de
Saúde contar com um Conselho de Saúde. Depois foram adicionados re-
quisitos que tornam imperativa a existência do Conselho de Saúde, como a
obrigação de este examinar e aprovar o Plano de Saúde, o Orçamento e ou-
tros instrumentos de gestão.
Tais incentivos normativos, junto com a politização da questão saúde
mediante a realização periódica de Conferências de Saúde em todo o país,
têm permitido colocar a implementação do SUS em permanente questio-
namento e vigilância, formando-se uma massa crítica de apoio que tem as-
segurado, em boa parte, o aperfeiçoamento do sistema e a crescente parti-
cipação cidadã, assentando as bases, embora ainda muito frágeis, para o
almejado Controle Social dos usuários sobre as decisões e os atos das auto-
ridades setoriais (Noronha, 2001).
Como visto, o crescente processo de descentralização, sem dúvida, tem
permitido avanços na liberdade de organização dos serviços locais (muni-
cípios) e na elaboração de políticas próprias, conformando um momento
favorável à democratização do espaço territorial com maior possibilidade
de intervenção aos grupos de interesse local (SILVA, 2001).
Todavia, os Conselhos Municipais de Saúde apresentam diversas difi-
culdades, atribuídas, em boa medida, à falta de tradição de participação e
de cultura cívica no país. Cabe lembrar que o movimento popular em saú-
de e os movimentos sociais em geral perderam visibilidade na sociedade
e na política brasileira (Guershman, 2004), mas, nos últimos tempos,
a deterioração das condições de vida tem impulsionado alguns grupos so-
ciais a se organizarem para reivindicarem por melhoria da qualidade de
vida, tornando-os sujeitos potenciais para a construção da democracia par-
ticipativa (Santos, 2006).
14
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
OBJETIVOS
Objetivo geral:
Analisar a conformação do Controle Social nos municípios da Região
Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF),
em relação à implantação e desenvolvimento dos Conselhos Municipais de
Saúde, a fim de oferecer subsídios para o aprimoramento do processo de
participação social na Atenção Básica.
Objetivos específicos:
• Caracterizar a organização e o funcionamento dos Conselhos de
Saúde dos municípios da RIDE-DF, bem como sua atuação na Aten-
ção Básica;
15
• Identificar e analisar a prática dos conselheiros (gestores, trabalha-
dores, prestadores e usuários) no que tange à formulação das políti-
cas de saúde nos municípios da RIDE-DF, especialmente da AB.
• Desenvolver indicadores qualitativos de avaliação do Controle Social
em Saúde nos municípios da RIDE-DF.
• Construir estratégias para o fortalecimento da participação social na
Atenção Básica.
16
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
17
social na Atenção Básica. Essa análise significa compreender as atividades,
fatos ou coisas com o objetivo de estimular o seu aperfeiçoamento. Nessa
perspectiva, a finalidade da análise é a de melhorar o conhecimento ou as
informações sobre as ações desenvolvidas, mas, sobretudo, para subsidiar
a tomada de decisão; portanto, deve oferecer, de modo explícito, elementos
para o aperfeiçoamento da política ou para sua total revisão ou substituição
(DEMO, 2001).
Assim, no primeiro momento deste estudo, buscou-se realizar a con-
textualização sócio-histórica do Controle Social nos municípios da RIDE-
DF, para compreender sua gênese, seu lugar-espaço de atuação, seu pro-
cesso de formação, sua visão e expectativa por parte da sociedade em que
está inserida.
No segundo momento, buscou-se conhecer a estruturação formal e po-
lítica dos Conselhos Municipais de Saúde da RIDE-DF, tendo como indica-
dores os principios qualitativos para análise sugeridos por Demo:
A Representatividade da liderança: o processo de escolha, tipos de li-
derança, a forma de atuação junto à comunidade, reconhecimento e legiti-
mação do seu papel pela comunidade, tempo de exercício da função, entre
outros.
Legitimidade do processo: avaliação da forma de construção, bem
como a repercussão dos regulamentos, regimentos, estatutos e outros do-
cumentos. Além disso, será analisada a possibilidade de participação de-
mocrática de todos os segmentos envolvidos no processo.
Participação da base: presença ativa dos envolvidos, freqüência das
reuniões e outros eventos, capacidade de reivindicação das necessidades
em saúde, possibilidade de elaboração de estratégias para resolução de pro-
blemas.
Capacidade de auto-sustentação: planejamento auto-sustentado, capa-
cidade de gestão com autonomia, grau de dependência do poder local, re-
cursos próprios, credibilidade pela sociedade e conquistas alcançadas.
No terceiro momento, buscou-se analisar a qualidade política dos Con-
selhos de Saúde, quando foram acrescentadas outras categorias como a
autonomia e o empoderamento, dentre outras, para sua melhor compre-
ensão, apontar as limitações e a possibilidade para o Controle Social em
Saúde. Nessa etapa, os dados foram organizados e analisados seguindo-se
os princípios da hermenêutica-dialética.
Cabe lembrar que a dialética tem como pressuposto o método herme-
nêutico (Minayo, 2002), que é algo tradicional em metodologia, porque
se refere à arte de interpretar textos e, sobretudo, à comunicação humana.
Parte da constatação de que a realidade social, e, nela, especialmente o fe-
18
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
19
Regimento Interno do Conselho. Foi realizada análise documental que tra-
ta do processo de tratamento do objeto, decompondo-o em partes constitu-
tivas, tornando-o simples, descrevendo seu conteúdo.
A segunda etapa visou captar a percepção e as práticas dos conselhei-
ros acerca do Controle Social, bem como a sua influência nas políticas e
ações da Atenção Básica nos municípios.
Foi realizada entrevista semi-estruturada com os conselheiros repre-
sentantes dos diferentes segmentos (gestores, prestadores, usuários e tra-
balhadores) (anexo III). Como critério de inclusão/exclusão dos sujeitos
para entrevista, optou-se por atuação direta de mínimo três meses no Con-
selho Municipal de Saúde. Foram feitas entrevistas nos Conselhos dos mu-
nicípios da Região do Entorno Norte: Formosa, Planaltina de Goiás, Água
Fria, Vila Boa; da Região do Entorno Sul: Águas Lindas de Goiás, Cidade
Ocidental, Cristalina, Luziânia, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto,
Valparaíso de Goiás; da Região de Unaí: Buritis, Cabeceira Grande, Unaí;
da Região de Pirineus: Abadiânia, Cocalzinho, Padre Bernardo, Pirenó-
polis; e, do Distrito Federal: Brasília, totalizando 60 entrevistas, sendo 18
com gestores, 9 com prestadores, 16 trabalhadores e 17 com usuários.
A terceira etapa teve como base os princípios da pesquisa-ação e, como
propósitos, problematizar com os conselheiros as dificuldades e potencia-
lidades encontradas na organização e no funcionamento do Controle So-
cial local a fim de favorecer a participação no Controle Social na Atenção
Básica, bem como discutir e elaborar junto com os conselheiros munici-
pais de saúde estratégias e indicadores para monitoramento e avaliação do
Controle Social no âmbito da Atenção Básica. Trata-se da construção de in-
dicadores qualitativos, pois interessa ressaltar as dimensões dos valores,
das crenças, das atitudes e das relações vivenciadas intersubjetivamente
pelos atores envolvidos no processo. Nessa perspectiva, a definição desses
indicadores qualitativos requer que se assuma sua natureza hermenêutica
(Assis; Deslandes; Minayo; Santos, 2005).
Foram realizadas nove oficinas presenciais, com realização de cinco gru-
pos focais que visam aprofundar o conhecimento sobre as motivações para
atuação nos Conselhos, bem como para o exercício do Controle Social em
Saúde, e dois grupos focais para apreender a percepção e atuação na AB.
Na primeira etapa, as oficinas contaram com a participação de 36 con-
selheiros dos municípios da Região de Unaí (Buritis, Cabeceira Grande,
Unaí) e da Região do Entorno Sul (Águas Lindas, Santo Antônio do Desco-
berto, Valparaíso de Goiás, Novo Gama, Cidade Ocidental, Luziânia e Cris-
talina). Na segunda fase, as oficinas tiveram a participação de 32 conselhei-
ros da região do Entorno Norte (Água Fria, Vila Boa, Planaltina, Formosa,
Cabeceiras) e da Região de Pirineus (Cocalzinho, Pirenópolis, Abadiânia)
20
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
21
2 Contextualização
Sócio-Histórica da RIDE-DF
Jane Lynn Garrison Dytz
Marcio Florentino Pereira
2.1 INTRODUÇÃO
A criação da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal
e Entorno (RIDE-DF), pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em fe-
vereiro de 1998, teve como objetivo incentivar a articulação integrada entre
a União, o Distrito Federal (DF) e os Estados de Minas Gerais e Goiás, no
tocante ao desenvolvimento dos municípios localizados no entorno do Dis-
trito Federal e à consolidação da região no enfrentamento das demandas e
desigualdades regionais.
A alta concentração urbana decorrente de uma intensa ação migrató-
ria para essa região havia acarretado sérios desequilíbrios econômicos e so-
ciais entre o Distrito Federal e seus municípios vizinhos, o que motivou o
Congresso Nacional, em 1988, a instituir nova figura jurídica – a Região
Integrada de Desenvolvimento (RIDE)1, para possibilitar a articulação de
ações envolvendo a gestão de território em áreas que incluem mais de uma
Unidade da Federação (BRASIL, 1988b). A Constituição Federal, ao atri-
buir aos Estados a institucionalização de regiões metropolitanas, aglome-
rações urbanas e microrregiões, não havia previsto a possibilidade de orga-
nização territorial envolvendo mais de um Estado (BRASIL, 1988a).
Os limites geográficos dessa nova região foram delimitados e subdivi-
didos em cinco regiões internas: Distrito Federal, Entorno Norte, Entorno
Sul, Pirineus e Unaí. Desse modo, a RIDE passou a ser composta pelo Dis-
trito Federal e mais 22 cidades, sendo 19 pertencentes ao Estado de Goiás e
três a Minas Gerais, conforme apresentado na figura 1:
1
Além da RIDE-DF, atualmente existem outras duas: a Ride Terezina-Timon (PI e MA) e a
Ride Petrolina-Juazeiro (PE e BA).
23
Figura 1. Divisão político-administrativa da Região Integrada de
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno, por municípios, em 2000.
24
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
25
Planaltina e Brazlândia, apesar de existirem bem antes da construção
da nova Capital, fundadas, respectivamente, em 1859 e 1932, tornaram-se
cidades-satélites do Distrito Federal.
Atualmente, o Distrito Federal é integrado por 27 Regiões Administra-
tivas (RAs) que abrigam funções e contingentes populacionais que permi-
tem classificá-las como cidades. Até 2003, eram 19 RAs (Brasília, Gama,
Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Paranoá, Núcleo Bandei-
rante, Ceilândia, Guará, Cruzeiro, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião,
Recanto das Emas, Lago Sul, Riacho Fundo, Lago Norte e Candagolândia).
Naquele ano, foram criadas quatro novas: Águas Claras, Varjão, Sudoeste e
Park Way. Em 2004, foram criadas mais três: Setor Complementar de In-
dústria e Abastecimento, Sobradinho II e Jardim Botânico, e, em 2005, Ita-
poã (GDF, 2008).
Posteriormente, esse fenômeno de transbordamento populacional
atingiu, de forma desordenada e sem planejamento, os limites fronteiri-
ços do Distrito Federal, provocando um crescimento explosivo dos municí-
pios vizinhos e a transformação de propriedades rurais em áreas urbanas
sem que fossem tomadas providências para o controle do uso desse espa-
ço, tampouco para a oferta de moradias, serviços e equipamentos urbanos
nessas localidades (PAVIANI, 1998).
O município de Cabeceiras se emancipou de Formosa em 1958. Em se-
guida, os municípios de Planaltina de Goiás e Água Fria de Goiás se eman-
ciparam de Planaltina, em 1960, e, Padre Bernardo, foi desmembrado de
Luziânia em 1963.
Ao longo das próximas três décadas, ocorreu a emancipação de mais
cinco municípios da jurisdição de Luziânia: Santo Antônio do Descober-
to (1982), Cidade Ocidental (1991), Águas Lindas de Goiás, Novo Gama e
Valparaíso de Goiás, os últimos três, em 1997. O mesmo ocorreu com Vila
Boa, que se emancipou de Formosa, em 1992 (MILLER, 2006).
A cidade de Cristalina, importante pólo de extração de cristal de rocha,
já havia sido desmembrada de Luziânia em 1916, bem antes da construção
de Brasília.
Na região dos Pirineus, o município de Pirenópolis era um dos mais
antigos, sua origem remontando a 1727. Corumbá de Goiás fazia parte
desse município, mas adquiriu sua autonomia administrativa em 1911. Já
Abadiânia e Cocalzinho de Goiás pertenciam ao município de Corumbá de
Goiás, a primeira foi emancipada em 1953, e, a segunda, em 1990. Mimo-
so de Goiás foi criado em 1951, depois anexado ao município de Padre Ber-
nardo e elevado à categoria de município em 1987. Por último, a cidade de
Alexânia, cuja fundação está intimamente ligada à construção da Nova Ca-
pital. Sua construção foi planejada e teve início em 1957 às margens da ro-
26
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
27
tência de uma ampla infra-estrutura social, em especial, nas áreas de saú-
de e educação.
Embora a região tenha sido planejada para ser um pólo de desenvolvi-
mento e tenha ocorrido intensa atuação estatal na gestão urbana, o contin-
gente migratório, com intensidade não prevista no projeto inicial de ocu-
pação do território, alterou completamente o ritmo esperado de ocupação,
o que resultou num processo de segregação socioespacial da população, ou
seja, a separação de segmentos populacionais de menor poder político e
econômico em áreas específicas dentro e fora do território, onde o acesso à
moradia, à infra-estrutura urbana e aos serviços básicos era restrito, impli-
cando em grandes deslocamentos diários para o atendimento das deman-
das por trabalho, educação, saúde, etc. (CAIADO, 2005).
28
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
29
miliar, enquanto, em outros, se observava a ocorrência de agropecuária co-
mercial, com maiores índices de produtividade (CAIADO, 2005).
Essa fragilidade na base primária e secundária fez com que a capital
não conseguisse exercer forte função econômica polarizadora e de integra-
ção regional. Contudo, os investimentos em rodovias, energia e comuni-
cações desempenharam papel fundamental no desenvolvimento regional,
incentivando a implantação de atividades econômicas em áreas além da re-
gião de influência direta da capital, tais como, as cidades de Anápolis e Goi-
ânia, que tiveram seu desenvolvimento alavancado pela criação de Brasília
(MILLER, 2006).
Por outro lado, a concentração de funções administrativas e a grande
transferência de recursos fiscais transformou Brasília num grande merca-
do, e, assim, atraiu a população em busca de emprego e serviços. Ao mes-
mo tempo, os núcleos preexistentes localizados no entorno tiveram suas
antigas funções enfraquecidas e passaram a exercer importante papel na
absorção dessa população atraída para a capital.
Como resultado desse processo, houve uma intensificação da migra-
ção entre os municípios do entorno do Distrito Federal, como resposta a
um processo de estruturação urbana caracterizada pela oferta de moradia
sem o desenvolvimento paralelo de atividades geradoras de emprego e ren-
da nos municípios adjacentes (CAIADO, 2005).
Atualmente, o Distrito Federal encontra-se plenamente consolidado,
com forte presença na área de prestação de serviços e comércio, que repre-
senta cerca de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) do DF, ficando a in-
dústria com uma participação de 9,5%, e 0,5% de participação para a agri-
cultura (GDF, 2008).
A cidade de Brasília, localizada no Plano Piloto, é o centro funcional
principal, concentrador de atividades geradoras de emprego e estruturada
a partir de setores que concentram funções diferentes, tais como: residen-
ciais, atividades de prestação de serviços de lazer e hospedagem e comer-
ciais, entre outros. Em 2000, ela continha 9,7% da população do DF, en-
quanto que as demais RAs concentravam a maioria da população do DF
(90,3%). Ceilândia era a mais populosa, com um total de 344.039 habitan-
tes, seguida por Taguatinga, com 243.575 habitantes (GDF, 2001).
As demais RAs mais os municípios localizados mais próximos do DF
concentram 84,1% da população regional e funcionam como cidade-dor-
mitório, com baixo dinamismo econômico, sendo predominante o uso re-
sidencial (CAIADO, 2005).
Segundo os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS),
do Ministério do Trabalho, em 2000, 94,2% das pessoas empregadas pelo
mercado formal da região tinham como local de emprego o DF, e, no inte-
rior do DF, a RA de Brasília concentrava 76,9% dos empregos do DF, Ta-
30
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
31
Na questão do trabalho, a preocupação maior da RIDE-DF dirige-se à
coordenação de serviços públicos em comum entre o governo federal e os
demais entes federados, principalmente, na área de infra-estrutura e gera-
ção de emprego e renda, permitindo a realização de convênios e alocação
de recursos orçamentários para beneficiar a qualidade de vida de toda a re-
gião (GDF, 2001).
32
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
ENTORNO SUL
ENTORNO NORTE
33
...continuação
Ranking
UF Região / Município População* IDH-M**
Regional
REGIÃO DE UNAÍ
DISTRITO FEDERAL
Brasília e Regiões
DF 2.455.903 0,849 1º
Administrativas
34
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
35
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
3 Perfil da Organização e
Funcionamento dos Conselhos
de Saúde da RIDE-DF
Jane Lynn Garrison Dytz
Helena Eri Shimizu
Maria da Glória Lima
Marcio Florentino Pereira
3.1 Introdução
O Sistema Único de Saúde (SUS) transferiu para o município a res-
ponsabilidade de organizar o Setor da Saúde de acordo com as necessida-
des locais e os princípios de acesso universal, integralidade, eqüidade e
descentralização.
Com a implementação dessa nova forma de gestão pública municipal,
ampliou-se, consideravelmente, a possibilidade de participação direta da
sociedade na formulação, implementação e avaliação das políticas de saú-
de, por meio das instâncias previstas na legislação, ou seja, nas conferên-
cias e nos Conselhos de Saúde (ZANARDI; CORDONI, 2004).
O Conselho de Saúde é um dos espaços fundamentais para o efetivo
exercício da participação social no âmbito local, pois agrega diferentes seg-
mentos da sociedade: gestores, trabalhadores e usuários, cada qual com
olhares e demandas distintas, que têm como compromisso principal o de-
bate político para a definição, monitoramento e controle dos recursos e po-
líticas públicas (GOHN, 2004b).
Um dos objetivos específicos da presente investigação é caracterizar a
organização e o funcionamento dos Conselhos de Saúde nos municípios
da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno
(RIDE-DF).
3.2 Metodologia
Este estudo, de natureza descritiva exploratória, foi realizado nos mu-
nicípios que fazem parte da RIDE-DF. Dos 23 municípios da RIDE-DF,
três deles foram excluídos da investigação: Corumbá de Goiás e Mimoso
de Goiás, ambos da região de Pirineus, pois não retornaram as ligações te-
lefônicas aos pesquisadores, e Cabeceiras-GO, localizada no Entorno Nor-
te, que não teve interesse em participar do estudo. Portanto, fizeram parte
37
desta amostra 19 Conselhos Municipais de Saúde e um Conselho Distrital
de Saúde, com a seguinte distribuição regional, conforme tabela 3:
38
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
39
apresentados os resultados da pesquisa seguindo a ordem das categorias
de pesquisa descritas anteriormente e, por último, a comparação entre as
regiões.
3.3.1 Legitimidade
O Conselho de Saúde é uma instância colegiada, de caráter permanen-
te e deliberativo, cuja função é atuar na formulação de estratégias e no con-
trole da execução da política de saúde em uma determinada instância go-
vernamental. No presente estudo, essa esfera é municipal, com exceção do
Distrito Federal, cujo Conselho de Saúde é distrital.
Para que o Conselho de Saúde possa ter legitimidade, é necessário que
ele seja parte integrante da Secretaria Municipal ou Distrital de Saúde. Os
indicadores de legitimidade dizem respeito à forma de criação do Conse-
lho, bem como à presença de regimentos, estatutos e outros documentos
que definem e dão respaldo legal à sua atuação na gestão pública local.
A tabela 4 apresenta os resultados dos Conselhos de Saúde da RIDE-
DF que responderam afirmativamente em relação aos indicadores que
apontam legitimidade do processo de participação social na gestão pública:
40
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
41
mento do regimento ou das normas, o que facilita a organização das suas
atividades.
Outro indicador de legitimidade do Conselho de Saúde diz respeito ao
número de conselheiros, à forma de indicação destes e à duração do man-
dato, todas as questões que devem estar definidas em lei. De modo geral,
essa questão está satisfatória, já que o número de conselheiros está defini-
do em lei em todos os Conselhos pesquisados e a indicação dos represen-
tantes das entidades/órgãos se dá por escrito em 17 (85%) deles, parcial em
um (5%), e não parcial em dois (10%). A duração do mandato e a recondu-
ção dos conselheiros estão definidas em 17 (85%) Conselhos, não, em dois
(10%), e não se sabe informar em um (5%). O mandato dos conselheiros
não coincide com o mandato do Governo em 90% dos municípios.
Para ter reconhecimento e legitimação do seu papel pelo poder local, o
Conselho de Saúde deve ter suas decisões homologadas pelo chefe do po-
der legalmente constituído em cada esfera do governo, em um prazo de
30 (trinta) dias e publicadas em diário oficial. Na RIDE-DF, observa-se que
essa norma só é seguida por metade dos municípios estudados.
Outro indicador importante diz respeito à definição da periodicidade
das Conferências de Saúde, seja por decisão do plenário, regimento ou ou-
tra norma legal. O que os dados revelam é que um pouco mais da meta-
de (55%) dos Conselhos pesquisados estão definindo o calendário das con-
ferências, mas 7 (35%) deles não o fazem, e dois não souberam informar
(10%).
O espaço das Conferências de Saúde caracteriza-se como fórum legi-
timado por lei, com a representação de vários segmentos sociais, para ava-
liar a situação de saúde e propor diretrizes para a formulação de política da
saúde em cada nível de governo (MACEDO, 2005).
Esses resultados permitem afirmar que, de modo geral, a dissemina-
ção dos Conselhos de Saúde na região estudada, com exceção do Distri-
to Federal e de alguns outros municípios, teve caráter quase compulsório,
tendo em vista determinação da Constituição Federal que vinculou o re-
passe de recursos do governo federal aos municípios à sua criação.
A existência desses Conselhos, ao mesmo tempo em que sinaliza a
incorporação generalizada da participação social nos municípios da RI-
DE-DF, não permite deduzir que a maioria dos Conselhos pesquisados
tenham conseguido alcançar legitimação e credibilidade plena em seus
municípios.
O exercício efetivo da cidadania política encontra-se, em grande medi-
da, atrelado à dinâmica democrática municipal, formado pela conformação
e pela mobilização de esferas públicas locais, e por diferentes padrões de
interação entre a esfera governamental e a sociedade organizada. Para que
42
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
3.3.2 Representatividade
A categoria representatividade abarca a composição institucional e so-
cial dos Conselhos, bem como o processo de escolha dos conselheiros e da
liderança. A composição do Conselho de Saúde está prevista em lei e visa
garantir a participação de todos os atores envolvidos com a implantação
do SUS, distribuídos da seguinte forma: representantes de governo e pres-
tadores de serviço (25%), profissionais de saúde (25%) e usuários (50%).
Essa composição representativa dos diferentes segmentos sociais presen-
tes em cada localidade possibilita a expressão de diferentes pontos de vista.
Daí a importância de que os Conselhos apresentem a composição prevista
em lei.
A tabela 5 traz os resultados dos Conselhos de Saúde da RIDE-DF que
responderam afirmativamente no tocante aos indicadores de representati-
vidade:
43
...continuação
Indicadores de Representatividade N %
Organ. Religiosa
Consumidor
Deficiência
Moradores
Entidade
Ambiente
Organ. de
Defesa do
Patologia
Portador
Portador
Região / Município
Rurais
Total
ONG
Distrito Federal
Brasília 1 1 1 2 5
Entorno Norte
continua...
44
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
...continuação
Trab.Urbanos e
Movim. Sociais
Organ. Religiosa
Consumidor
Deficiência
Moradores
Entidade
Ambiente
Organ. de
Defesa do
Patologia
Portador
Portador
Região / Município
Rurais
Total
ONG
Água Fria de Goiás 2 2 4
Formosa 1 1 1 2 5
Planaltina de Goiás 2 1 1 4
Vila Boa 1 1 4 6
Entorno Sul
Águas Lindas 1 1 2 4
Cidade Ocidental 1 3 2 6
Cristalina 2 1 2 5
Luziânia* 1 1 1 3 6
Novo Gama* 1 1 4 2 8
Sto Antônio do
1 4 1 6
Descoberto*
Valparaíso de Goiás 1 1 2 2 6
Região de Pirineus
Abadiânia 1 3 1 5
Alexânia** 2 2 4
Cocalzinho de Goiás 1 1 2 4
Padre Bernardo 3 2 5
Pirenópolis 1 3 1 5
Região de Unaí
Buritis* 2 1 1 2 6
Cabeceira Grande 2 1 2 5
Unaí* 1 1 2 2 6
3 8 14 21 1 28 2 28 105
Total
(2,9%) (7,6%) (13,3%) (20%) (0,9%) (26,7%) (1,9%) (26,7%) (100%)
45
Há um total de 105 conselheiros representantes de usuários nos 20
Conselhos pesquisados, com uma média de cinco conselheiros por Con-
selho. Esse segmento abarca uma grande diversidade de grupos sociais lo-
cais. As entidades com maior número de representantes são as das associa-
ções de moradores e organizações religiosas, ambas com 26,7% do total de
representantes, seguidas pelas entidades congregadas de sindicatos, cen-
trais sindicais, confederações e federações de trabalhadores urbanos e ru-
rais (20%), e, em quarto lugar, os movimentos sociais organizados diver-
sos (13,3%).
Não obstante essa diversidade, constata-se que a maioria dos Conse-
lhos pesquisados (45%) apresentam equilíbrio parcial na composição dos
representantes de usuários, e quatro (20%) têm representação limitada.
Apenas sete Conselhos (35%) têm um amplo leque de segmentos sociais
representados.
Outro dado relevante é que alguns segmentos sociais não estão repre-
sentados, tais como: grupos organizados de mulheres e entidades de apo-
sentados e pensionistas.
Quanto às demais normas relacionadas à representatividade, como por
exemplo, não haver trabalhadores de saúde entre os representantes de usu-
ários, não haver representantes do poder legislativo, ou cônjuges ou paren-
tes consangüíneos até 2° grau entre os representantes de gestores, verifica-
se que a maioria dos CS não apresentam irregularidades nesta área.
Apenas em relação ao equilíbrio na composição de representantes
de governo e de prestadores de serviços de saúde privados conveniados,
constata-se que os Conselhos apresentam dificuldade em implementar
essa diretriz, pois, somente metade dos entrevistados responderam haver
equilíbrio entre esses dois segmentos. Verifica-se uma predominância do
segmento gestor, mas isso decorre, muitas vezes, pela falta de adesão por
parte dos prestadores de serviços.
Outro indicador diz respeito ao processo de escolha da liderança. Os
dados indicam que ela ocorre por meio de eleição na maioria dos Conse-
lhos (90%), contudo, em dois deles (Distrito Federal e Alexânia), o presi-
dente é nomeado pela Secretaria de Saúde, o que evidencia uma interferên-
cia do poder público na escolha desse importante membro do Conselho.
Em relação à questão da representatividade social, o que mais chama
a atenção é o fato de que, na composição de representantes de usuários,
somente um pouco mais de 1/3 dos Conselhos apresenta equilíbrio entre
os representantes das diversas entidades da sociedade civil. Os municípios
maiores, principalmente aqueles com maior urbanização, possuem maior
diversidade de grupos organizados da sociedade civil, já os municípios me-
46
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
47
Tabela 7 Número e percentual dos Conselhos de Saúde da
RIDE-DF que apresentam indicadores positivos em relação
à organização dos Conselhos, 2008, Brasília -DF.
Indicadores de Organização dos Conselhos N %
Os conselheiros são dispensados do trabalho para participar
18 90,0
de reuniões, capacitações, etc
Os conselheiros recebem ajudas de custo para transporte,
6 30,0
alimentação
Os conselheiros recebem garantias pessoais para o pleno
16 80,0
exercício de suas funções
Os conselheiros têm condições para o pleno exercício de
8 40,0
suas atividades
As reuniões são planejadas e organizadas com regularidade 18 90,0
O Conselho se reúne pelo menos 1 vez ao mês 19 95,0
Os conselheiros planejam periodicamente a pauta de
8 40,0
reuniões
Os conselheiros aprovam a pauta em plenária 19 95,0
A pauta é encaminhada aos conselheiros com antecedência 13 65,0
O material de apoio às reuniões é encaminhado aos
10 50,0
conselheiros com antecedência
O Conselho promove ações de capacitação de seus
2 10,0
conselheiros
As decisões do Conselho são adotadas mediante quorum
20 100,0
mínimo de 50% mais um
O pronunciamento trimestral do gestor é apresentado ao
11 55,0
Conselho e debatido
O Conselho possui um processo estabelecido relativo à
realização de auditorias externas e independentes relativas 4 20,0
às contas e atividades do Gestor do SUS
48
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
49
bre a realização de auditorias externas e independentes, relativas às contas
e atividades do gestor do SUS.
No que tange à distribuição da pauta da reunião e de material de apoio
com antecedência para que os participantes se preparem adequadamente
para realizar discussões com maior profundidade dos temas abordados, ob-
serva-se variação entre os Conselhos em relação ao procedimento de comu-
nicações sobre as reuniões. Entretanto, o ponto mais preocupante diz respei-
to à baixa participação dos conselheiros na proposição da pauta das reuniões,
o que limita a atuação dos conselheiros na construção da agenda de discus-
são e deliberação dos Conselhos. Observa-se, por exemplo, que apenas 55%
dos Conselhos debatem sistematicamente os relatórios do gestor.
Da mesma forma, a dificuldade que muitos Conselhos apresentam em
relação aos mecanismos necessários para sua própria gestão os impede de
atuar de forma mais autônoma em relação ao poder público local.
A falha mais flagrante, no entanto, diz respeito à falta de desenvolvi-
mento de ações de capacitação para os conselheiros. Existe concordância
sobre a necessidade de treinamento para os conselheiros, mostrando que a
informação forma participantes mais conscientes e menos submissos aos
conhecimentos técnicos ou às manipulações de interesses de grupo mino-
ritários (Oliveira, 2004; MACEDO, 2005).
Os Conselhos devem funcionar como uma arena na qual cada parti-
cipante entre em cena com os recursos e o poder de que dispõe. As infor-
mações sobre os aspectos normativos e legais do Conselho, sobre o estado
sanitário da população, a participação no planejamento, são instrumentos
que direcionam o Conselho para a sua institucionalização como espaço de-
mocrático e participativo. A capacitação dos conselheiros para o exercício
da função pode trazer diferenças no tipo de Controle Social exercido.
A capacitação de conselheiros adquire valor para que o processo de par-
ticipação e Controle Social não fique submerso em dificuldades, tais como
a falta de representatividade entre conselheiros e suas bases, ou a existên-
cia de Conselhos meramente cartoriais (MACEDO, 2005).
50
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
51
orçamentária própria, apenas quatro (20%) deles, sendo que, apenas um
consegue gerenciar seu próprio orçamento.
Um ponto positivo se refere à capacidade da plenária do Conselho de
se manifestar por meio de resoluções, recomendações, moções e outros
atos deliberativos. Isso ocorre em 13 (65%) Conselhos, ocasionalmente em
quatro (20%) e, nunca, em dois (10%), enquanto um não soube informar.
52
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
puerpério
Causas
Afecções
Afecções
Outras**
externas
ciosas*
culares
Causas
Região / Município
Infec
Entorno Norte
Água Fria de Goiás 2º 1º
Vila Boa 2º 1º 3º
Entorno Sul
Águas Lindas de Goiás 3º 1º 2º
continua...
53
...continuação
respiratórias
Neoplasias
Cardiovas
puerpério
Causas
Afecções
Afecções
Outras**
externas
ciosas*
culares
Causas
Região / Município
Infec
Cristalina 1º 2º 3º
Luziânia 1º 4º 2º 3º 5º
Sto Antônio do Descoberto 1º
Valparaíso de Goiás 2º 1º 4º 5º 3º
Região de Pirineus
Cocalzinho de Goiás 1º 3º 2º 4º
Padre Bernardo 1º 2º 4º 3º
Região de Unaí
Cabeceira Grande 2º 1º
Unaí 5º 2º 4º 3º 1º
* Hanseníase, Chagas, Aids, Hantavirose, Dengue, Leishmaniose.
** Alcoolismo, Drogadição, Saúde Bucal.
54
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
55
recursos próprios do tesouro e recursos transferidos por outras instâncias
de governo, também só ocorre em poucos municípios (45%), três o fazem
ocasionalmente.
Quanto à fiscalização dos gastos de recursos próprios da prefeitura ou
do Estado para o Setor da Saúde, 10 (50%) Conselhos o fazem sistematica-
mente e, quatro (20%), só ocasionalmente, enquanto que no tocante à fis-
calização de recursos transferidos por outras instâncias de governo, apenas
nove (45%) municípios o fazem e, quatro (20%), ocasionalmente.
Um ponto positivo é que 80% dos Conselhos analisam, discutem e
aprovam o relatório de gestão, com a prestação de contas e informações fi-
nanceiras, contudo, o repasse de informações financeiras e demais mate-
riais necessários a esse processo de prestação de contas nem sempre ocor-
re em tempo hábil para os conselheiros (70%).
56
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
57
do órgão gestor. A acessibilidade aos recursos é, ainda, uma garantia de
que a missão do Conselho será cumprida, uma vez que restrições de recur-
sos podem vir a comprometer a qualidade do seu desempenho (SANTOS
JUNIOR et al, 2004).
A capacidade de atuação dos Conselhos sobre as políticas públicas de
saúde demonstra a qualidade do exercício do Controle Social, evitando que
os Conselhos sejam vistos burocraticamente como órgãos de consulta ou de
ratificação de decisões previamente tomadas pelo gestor (MACEDO, 2005).
Quanto mais amplo for este envolvimento nas decisões sobre a políti-
ca de saúde, maior será o grau de gestão participativa e de Controle Social.
Isso implica não somente em aprovar os planos e a proposta orçamentária
elaborados pelo gestor local, mas, sim, em definir estratégias, critérios e di-
retrizes para os planos e programas de saúde e para alocação de recursos fi-
nanceiros, bem como para a avaliação do SUS.
No presente estudo, observou-se que os conselheiros analisam e apro-
vam os planos de saúde em 35% dos municípios, e a gestão dos recursos fi-
nanceiros em 50%, mas pouco interferem na elaboração das propostas de
ações de saúde para a população. A forma como são conduzidas as ques-
tões relativas à gestão municipal em saúde sugere que os conselheiros ape-
nas tomam conhecimento, seja das ações e estratégias a serem implemen-
tadas, seja do objeto de intervenção.
Na ausência de um Projeto de Saúde construído coletivamente para os
municípios, os conselheiros dificilmente conseguirão realizar outras atri-
buições como o monitoramento e avaliação das ações e das contas públicas.
No tocante à fiscalização da contas públicas, esta atribuição pode ser
considerada uma atividade complexa, já que requer competência técnica
específica. Para tanto, seria necessária a criação de uma câmara técnica
junto ao Conselho para dar assessoria aos conselheiros sobre alguns con-
teúdos específicos, partindo-se do princípio que nem toda pessoa possui
competência técnica para discutir tal assunto (MACEDO, 2005).
Além do controle de contas, os Conselhos de Saúde devem cobrar dos
serviços de saúde e outras unidades comportamentos geradores de trans-
parência e de adequação de seus atos. Caso encontrem alguma irregulari-
dade, eles devem encaminhar indícios de denúncias sobre ações e serviços
de saúde aos respectivos órgãos. Mas isso só ocorre em 35% dos Conselhos
pesquisados.
O uso dos Conselhos apenas para endossar decisões não discutidas
por eles ou, na defesa dos interesses dos próprios conselheiros e do gestor
local, prejudica a capacidade de auto-sustentação e de autonomia dos pró-
prios Conselhos.
58
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
59
...continuação
60
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
61
Tabela 14. Número e percentual dos Conselhos de Saúde da
RIDE-DF que apresentam indicadores positivos em relação
à participação social da base, 2008, Brasília-DF.
Indicadores de Participação Social da Base N %
62
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
63
Figura 4. Percentual de retroalimentação para com as entidades
representadas sobre os temas examinados nos Conselhos de Saúde
da RIDE, por segmento representado, 2008, Brasília-DF.
75%
80,0
60,0
40,0 30%
25%
15%
20,0
0,0
Usuários Trabalhadores Governo Prestadores
64
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
100,0
90,0 D
F
U U
80,0 N N D
P
A A F
P I
S Í S Í
70,0 N I R
U D U I
O R
L F L N N
60,0 R I N U
N O E O N
T P
E R U R A
E I
50,0 U T S T Í P
R D
S E E I
I F
S S R
N U
40,0 U U I N P
E N N U
L L O I
U N A
O R R N
30,0 S E Í
R T I A
U P S
T N E N Í
S I U
20,0 E O E
R D L
R U
D T I F S
10,0 F S N U
E
U E N
DF
L U A
0,0
Legitimidade Representatividade Organização Autonomia Articulação Intersetorial Participação Social da
Base
65
Interessantemente, a região de Pirineus também se situa à frente das
demais no tocante à capacidade de articulação intersetorial, pontuando
29%, o dobro do verificado nas regiões do Entorno Sul e de Unaí, ambas
com 13%. As regiões do Entorno Norte e Distrito Federal apresentam os
piores resultados, 8% e 6%, respectivamente.
Quanto à participação social da base, os valores estão acima dos da ar-
ticulação intersetorial, contudo, bem aquém do esperado. As regiões de Pi-
rineus (44%), Entorno Norte (42%) e Unai (41%) apresentam valores que
podem ser considerados baixos, enquanto que o Entorno Sul (30%) e o Dis-
trito Federal (22%) apresentam valores que indicam capacidade incipiente
nesse quesito.
Dessa forma, o gráfico permite visualizar que os Conselhos de Saúde
da RIDE-DF apresentam um perfil heterogêneo entre si, não só em relação
aos indicadores pesquisados, mas ainda entre as próprias regiões. O Dis-
trito Federal, por exemplo, apresenta boa pontuação nos indicadores de le-
gitimidade e organização, mas decresce no tocante aos demais indicadores
de atuação.
Para se ter um panorama geral dos indicadores para o conjunto todo
da RIDE-DF, somou-se os valores das cinco regiões por indicador e obteve-
se a média. Assim, a média total dos seis indicadores para a RIDE-DF ficou
distribuída da seguinte forma, estando os resultados em ordem decrescen-
te de valor:
Organização 67%
66
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
67
4 As Práticas de Gestão
Democráticas dos Conselhos
Municipais de Saúde e a sua
Articulação com Atenção Básica
Helena Eri Shimizu
Sergio Ricardo Schierholt
Marcio Florentino Pereira
4.1 Introdução
A criação dos Conselhos de Saúde, como instâncias institucionaliza-
das de participação social, sem dúvida, significa uma conquista da socieda-
de civil em busca da construção de uma perspectiva mais democrática em
saúde que possibilita a reconfiguração do espaço público. Entretanto, di-
versos estudos têm demonstrado que a participação social não é garantida
apenas com a instalação formal do Conselho (OLIVEIRA, 2004; ACIOLI,
2005; MATTOS, 2005; ACIOLE, 2007).
Em realidade, espera-se que os Conselhos Municipais de Saúde possi-
bilitem novas formas de interação entre governo e sociedade, que resultem
em novos padrões de governo baseados na gestão democrática, com centro
em três pilares fundamentais: maior responsabilidade dos governos mu-
nicipais em formular políticas públicas consentâneas com as necessida-
des da população; reconhecimento dos direitos sociais; e abertura de ca-
nais para ampla participação da sociedade (GOHN, 2004; ACIOLE, 2007;
SANTOS, 2005).
Dessa feita, a instituição de práticas de gestão democráticas nos mu-
nicípios depende de como os Conselhos de Saúde se organizam para blo-
quear ou minimizar práticas clientelistas e a captura das esferas públicas
por interesses corporativos; desenvolver práticas e estruturas horizontais
de participação, capazes de gerar sujeitos políticos autônomos; e estimular
e reforçar os vínculos associativos dos grupos locais.
Há que se considerar, contudo, que a concretização de suas proposi-
ções depende, sobretudo, da forma como funcionam os núcleos de poder e
da maneira que se realizam as interações entre os diversos segmentos re-
presentantes no Conselho, ou seja, do governo, do prestador, do trabalha-
dor e usuário (OLIVEIRA, 2004).
Nesse sentido, concordamos que os Conselhos de Saúde (CS) não es-
tão precisando de mais normas, ou mais poderes legais, ou mais institu-
69
cionalidade, e, sim, de mais política, mais vocalização, mais visibilidade,
envolvendo de forma direta e mais orgânica diversos atores sociais em bus-
ca do atendimento das necessidades de saúde (Carvalho, 1997). Dessa
forma, pode-se dizer que os CS, para o exercício de suas funções, necessi-
tam dos cidadãos, das comunidades e das organizações com eles envolvi-
dos, de grande capacidade para atuar politicamente na construção de Pro-
jeto de Saúde coletivo.
Assim, são questões deste estudo, considerando-se que os Conselhos
Municipais de Saúde, doravante denominados de CS, são órgãos colegia-
dos de caráter permanente e deliberativo e têm a responsabilidade de defi-
nir, fiscalizar e avaliar as políticas públicas de saúde:
• Os Conselhos de Saúde têm funcionado como instrumento e como
estratégia de interesses públicos em saúde?
• Que Controle Social os CS exercem, este entendido como controle
da sociedade organizada sobre as ações do Estado?
• Qual a natureza da representação social exercida pelos conselheiros?
• Como os CS influem na qualidade da Atenção Básica nos Muni-
cípios?
Objetivo geral: analisar as práticas dos Conselhos Municipais de Saú-
de e a sua articulação com a Atenção Básica nos municípios da RIDE-DF.
Objetivos específicos: Identificar e analisar:
• a forma de organização e funcionamento cotidianos dos CS;
• a capacidade do CS influir na formulação das políticas e ações de
saúde, especialmente da AB; e
• as potencialidades e fragilidades do processo de Controle Social em
Saúde.
4.2 METODOLOGIA
O estudo foi realizado com os conselheiros dos municípios da Re-
gião Integrada do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF). Contamos com
a participação de 19 Conselhos municipais, sendo da Região do Entorno
Sul: Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental, Cristalina. Luziânia, Novo
Gama, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso de Goiás, da Região de
Unaí (Buritis, Cabeceira Grande e Unaí), da Região dos Pirineus (Abadi-
ânia, Colcalzinho, Padre Bernardo e Pirenópolis), da Região do Entorno
Norte (Formosa, Água Fria, Planaltina de Goiás e Vila Boa). Foram realiza-
dos contatos com os municípios de Alexânia, que se recusou a participar
da pesquisa, Cabeceiras, Mimoso, que não obtivemos sucesso, sob o argu-
mento de que os Conselhos estavam desestruturados.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
71
4.3 RESULTADOS
Figura 6 – Dendograma
R=0
R = 0,32
R = 0,62 R = 0,70
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
73
cer importantes elementos para se realizar uma investigação mais apro-
fundada dos problemas que ocorrem no sistema de saúde.
Até que essas reclamações e críticas são boas pra
você ir atrás, porque talvez aconteça alguma coisa no
próprio sistema que a gente acha que está funcionan-
do bem e a gente fica sabendo depois, algum usuá-
rio vai, ou a ouvidoria, alguma coisa assim (Suj. 19).
Contudo, os conselheiros reconhecem que a população pouco formali-
za as sua queixas em relação aos serviços de saúde devido à falta de hábito.
Portanto, esse recurso não fornece informações reais sobre as lacunas dos
serviços de saúde, o que leva o CS a realizar um trabalho distanciado das
necessidades de saúde da população.
Têm poucas reclamações porque eu acho que a co-
munidade não participa muito, deixa pra lá. Aconte-
cem essas coisas. O Conselho, em si, não tem mui-
ta informação. Há coisas acontecendo, boas, e, às
vezes, têm coisas que não estão satisfatórias para a
comunidade. Mas quê? Como assim? O Conselho
discute mais o burocrático, eu acho que é mais o bu-
rocrático, apesar de o burocrático acabar sendo aque-
le da comunidade (Suj. 19).
Outra atribuição importante, assumida pelos conselheiros, é fiscaliza-
ção da contas públicas, entretanto é sentida como atividade muito difícil
e que requer competência técnica específica. Segundo os conselheiros, al-
guns CS contam com câmara técnica especializada ou possuem contado-
res como seus membros efetivos.
Nessa classe, o discurso dos conselheiros demonstra que há pouco
tempo para análise mais detalhada dos gastos, pois passa rapidamente pelo
Conselho. Os sujeitos afirmam, ainda, que a análise e a avaliação dos orça-
mentos é realizada sem muita discussão.
Não dá tempo de a gente olhar, não dá tempo de a
gente fiscalizar. Em se tratando de fiscalizar os gas-
tos, o Conselho não tem como fiscalizar. Os gastos,
não têm. É pouco tempo. Então vem aquele paco-
te de notas, de gastos. É passado pra todos os con-
selheiros. Geralmente cada um pega uma pasta por
um mês pra dar uma olhada, depois passa pro outro
(Suj. 11).
Colaboram para ocorrência dessa situação, a carência de conhecimen-
tos dos conselheiros de quanto, quando e onde devem ser aplicados os re-
cursos financeiros. Isso ocorre, sobretudo porque o “projeto já vem pronto
para ser aprovado pela secretaria”, devido à ausência de prática de planeja-
mento participativo.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
75
mentos e secretaria para o desenvolvimento dos trabalhos, que têm sido
previstos no orçamento da Secretaria de Saúde de alguns municípios, mas
que a grande maioria dos municípios não os tem.
Eu acho que nossa maior dificuldade é operacional,
nós não temos. Temos aquela sala ali, eu acho que o
Conselho deveria ter uma secretária pra fazer uma
ata, ter um computador pra gente fazer nossas reso-
luções, tudo mais, e a gente não tem (Suj 22).
Tem uma sala só. Olha, tem recurso próprio, eu já
vi falar que tem recurso, mas pro Conselho até hoje
não chegou. Dizem que sim, que está no orçamento,
mas até hoje não chegou (Suj. 20).
A falta de condições de trabalho adequada, aliada a falta de participa-
ção mais ativa dos conselheiros, tem contribuído para o enfraquecimento
do desenvolvimento do CS na co-gestão da saúde nos municípios. Nessa
direção, os conselheiros apontaram a necessidade de criação de um espaço
para acolher a população, e ao mesmo tempo, dar visibilidade ao Conselho,
que é pouco conhecido pelos cidadãos do município.
76
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
77
Todavia, ficou demonstrado nesta classe que alguns Conselhos da RI-
DE-DF estão mais organizados, portanto, buscam fazer uma discussão um
pouco mais detalhada da pertinência das ações e dos gastos públicos, mas
sentem falta de informações acerca da organização e do funcionamento
da Secretaria Municipal de Saúde, bem como das necessidades da popu-
lação. Como discutido anteriormente nesta classe, o levantamento dessas
necessidades é feito de forma esparsa e assistemática pelos conselheiros,
geralmente apenas por meio da observação do que ocorre no cotidiano dos
serviços de saúde e focados no atendimento dos agravos de saúde já insta-
lados.
Entretanto, os conselheiros são atores importantes que podem contri-
buir na construção de um Projeto de Saúde que atenda às necessidades de
saúde da população. Para isso foi apontada a necessidade de criação de um
espaço para acolher a população, e ao mesmo tempo, dar visibilidade ao
Conselho, que é pouco conhecido pelos cidadãos do município.
Outro problema demonstrado nesta classe, refere-se a falta de visibili-
dade do Conselhos, que trabalha como mecanismo permitindo a transpa-
rência das ações dos representantes, colocando efetivamente para o diálo-
go a gestão em saúde, tendo o usuário no centro do processo, numa relação
de co-responsabilidade entre todos os atores participantes do processo (AS-
SIS, 2003).
Sem visibilidade e compartilhamento com a população, a possibilida-
de de criação de um Projeto Político, ou ação pública, fica comprometido,
portanto, o CS deve ser visto, ouvido e ouvir, considerando-se que a plu-
ralidade, ou seja, a diversidade de opiniões e interpretações, é uma forma
profícua de constituição da realidade e uma forma de direcionar a ação so-
cial (Oliveira, 2004). Ressalta-se, no entanto, que a baixa participação
das comunidades nos CS é também reflexo de um fenômeno mais amplo
e generalizado, a baixa participação dos brasileiros na vida associativa, o
que demonstra certa apatia e descrença na eficácia da participação e do en-
gajamento cívico (GUIZARDI; PINHEIRO, 2006; GERSHMAN, 2004;
ACIOLE, 2007; LABRA, 2005).
Por fim, constatou-se também nesta classe que os CS da RIDE-DF têm
baixa capacidade de auto-sustentação, condição fundamental para a auto-
nomia das organizações de cunho participativo, que se refere à liberdade
para desenvolver suas atividades sem ser tutelado (Demo, 2001). Para o
Ministério da Saúde, a autonomia dos CS deve ser proporcionada por meio
das condições adequadas de funcionamento administrativo, financeiro e
técnico, com recursos garantidos nos orçamentos das secretarias munici-
pais (Brasil, 1998b; ASSIS; VILLA, 2003). No caso dos CS da RIDE-DF,
entretanto, evidenciou-se que a infra-estrutura é bastante precária. Na pri-
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
meira etapa deste estudo, constatou-se que: 15% têm secretaria executiva e
estrutura administrativa; 10% têm dotação orçamentária própria, destes,
apenas 5% dos Conselhos gerenciam seu próprio orçamento. Além disso,
constatou-se que 30% têm condições para o pleno exercício de suas fun-
ções; 30% recebem ajuda de custo para transporte e alimentação; e 90%
não receberam capacitação.
79
Os conselheiros evidenciaram que, devido ao grande número de docu-
mentos para ser analisado pelo Conselho, é escasso o espaço para realizar
a discussão de outros temas, como as questões do cotidiano de trabalho e
as diversas estratégias relativas à gestão municipal em saúde.
Os conselheiros praticamente não participam das
pautas. A pauta é feita lá. Tem um monte de pro-
cesso pra ser apreciado na próxima reunião, então a
pessoa é vista na prioridade dele, e eles são jogados
pra ser naquela reunião, e as questões práticas, que
de repente a estratégia, as propostas (Suj. 3).
Nesse sentido, os conselheiros demonstraram que existem poucas
oportunidades para colocarem em pauta das reuniões os assuntos emana-
dos deles próprios ou da população do município, ou seja, que não sejam
definidas pela Secretaria Municipal de Saúde, como mostra o depoimento
abaixo.
Geralmente, o acréscimo de algum ponto de pauta
é encaminhado ao presidente no momento da reu-
nião, que consulta o colegiado sobre a pertinência de
sua inclusão.
No que tange à distribuição da pauta da reunião, com antecedência,
para que os participantes se preparem adequadamente para realizar dis-
cussões com maior profundidade dos temas abordados, se observaram
contradições nos depoimentos, pois alguns afirmam recebê-los, e, outros
CS, afirmam não recebê-los, o que demonstra variação entre os Conselhos
em relação ao procedimento de comunicações sobre as reuniões.
Isso aí tem tido falhas, nós queríamos que elas fos-
sem entregues aos conselheiros com antecedência
pra poder preparar para aquela reunião, mas infeliz-
mente a leitura da pauta anterior e a preparação dessa
pauta é que foram como eu disse que previa (Suj. 17).
Quanto à dinâmica de funcionamento das reuniões do CS, os conse-
lheiros mostraram que se segue o ritual estabelecido para uma reunião
formal, na qual o presidente apresenta os temas a serem discutidos e passa
para a votação. Segundo os conselheiros, o plano de saúde e o orçamento
são os documentos comumente analisados.
Por exemplo, alguma proposta de orçamento, tudo
é feito com uma previa. Plano de saúde é entregue
com alguma antecedência para discussões no gru-
po, e aí, então, no dia, quem tem alguma sugestão aí
o secretário, que quase sempre está presente nessas
reuniões, acata ou então discute junto com o pessoal
esse plano, a proposta (Suj. 17).
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
81
ram que isso depende de cada conselheiro individualmente, mas existe es-
forço de comunicação do CS com as instituições.
Dar-se-á ou não essas discussões, discussão. Isso de-
pende de cada conselheiro, mas cada assunto é deba-
tido na plenária. Em reunião na instituição eu apre-
sento as pautas e abro a discussão. Normalmente,
nós procuramos interação com as instituições que
apóiam o povo e conversamos também com o povo
em geral (Suj. 23).
Entretanto, contraditoriamente, os próprios conselheiros demonstra-
ram que os assuntos discutidos no Conselho usualmente permanecem
mais no âmbito interno do CS, principalmente pela baixa interação com
membros da entidade representada, uma vez que sua participação se res-
tringe às reuniões do Conselho.
É registrado em ata todas as reuniões ordinárias e
extraordinárias. Fica mais no Conselho. Os repre-
sentantes das associações às vezes levam, mas eu
não tenho conhecimento como é lá, até porque eu só
participo das reuniões do Conselho (Suj. 59).
Em suma, nesta classe, os conselheiros demonstraram que os Conse-
lhos estão, formalmente, relativamente bem organizados para operacio-
nalização das atividades cotidianas. Nesse sentido, evidenciou-se que os
Conselhos têm buscado garantir os encontros entre os representantes: fre-
qüência e regularidade dos participantes às reuniões, a organização dos te-
mas para discussão e encaminhamentos, bem como os seus registros.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
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Em suma, os conselheiros demonstraram nesta classe que as práticas
desenvolvidas no cotidiano dos CS têm os distanciado como co-partícipes
no processo de gestão municipal em saúde. A falta de mecanismos siste-
máticos de interação dos conselheiros com comunidade tem dificultado a
criação de loci para a discussão das prioridades em saúde em nível local.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
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Os conselheiros evidenciaram, principalmente, a necessidade de o CS
ter autonomia da secretaria, que consiste na liberdade de participação de
todos os atores envolvidos no desempenho das funções do Conselho, com
horizontalização da distribuição de poderes, o que implica na necessidade
de redução do poder do gestor.
E segundo: autonomia da Secretaria de Saúde. Isso é
de grande importância. É ter um Conselho que seja
justo, que a população participe. Que o gestor tam-
bém participe, mas não como maioria, não como
um rolo compressor. Isso é de grande importância.
Infelizmente não é isso que acontece (Suj. 18).
Nesse sentido, os conselheiros expressaram a necessidade de os ges-
tores (prefeitos e secretários) participarem mais ativamente dos CS, ouvir,
discutir e articular, uma vez que este se constitui em um espaço de repre-
sentação da sociedade dentro do poder executivo, portanto, um espaço de
participação social institucionalizado para pactuação das necessidades da
população.
A minha sugestão é que tanto o prefeito quanto o se-
cretário ouçam mais e participem mais das ações do
Conselho. Discutindo e acreditando no Conselho,
articulando, porque o Conselho é a representação da
sociedade dentro do executivo (Suj. 23).
Todavia, os depoimentos indicam que no interior dos CS os interesses
políticos-partidários dos gestores costumam se sobrepor aos interesses da
população. Nesse sentido, evidenciam que é necessária uma atuação firme
dos conselheiros para que se evite o uso político desse espaço, que pode fa-
vorecer a ocorrência de uma prática clientelista.
Os interesses políticos, os interesses pessoais dos
gestores, são muito maiores que o interesse do povo.
Porque se não fizer essa pressão para que se acabe
esse interesse de que “eu vou promover o candidato
fulano de tal”. É então na hora de saúde se essa pes-
soa quer que a pessoa seja bem atendida tem que vir
com o bilhetinho de fulano (Suj. 41).
Nesta classe, os conselheiros ratificam que, para o fortalecimento da
participação social no processo de gestão em saúde, é fundamental a arti-
culação entre o Conselho de Saúde e outros Conselhos, mas na RIDE-DF
isso é bastante frágil, como mostra o depoimento:
Nenhum parceiro, nem sei se é papel dele, mas até
poderia ser, mas não tem trabalhado com outros
Conselhos, parceiros. O Conselho está trabalhan-
do sozinho, fechado. Não tem forma de avaliação do
Conselho. Nunca ouvi falar. (Suj. 1).
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
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Entretanto, os conselheiros reiteram. nesta classe. a existência de um
grave problema: o desconhecimento do Conselho de Saúde pela população
do município. Assim sendo, os conselheiros demonstraram a importância
de apresentar o Conselho e as suas funções à população, e de conscientizá-
la sobre o poder do Conselho para vocalizar as suas necessidades de saúde.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
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Uma proposta de defesa de espaços coletivos de gestão se faz neces-
sária para construir uma nova dialética entre autonomia e Controle So-
cial (Assis, 2003). O modelo de co-gestão proposto por Campos (2000)
permite abarcar diversos tipos de arranjos institucionais, ou várias mo-
dalidades de espaços coletivos, permitindo que se expressem os desejos e
interesses entre os diversos atores sociais (internos e externos), que se con-
frontam entre si e com a realidade (Campos, 2000; Campos, 2003; As-
sis, 2003). Esse modelo rompe com práticas de gestão centralizadas, co-
locando como desafio a necessidade de integrar a participação de diversos
atores (gestores, trabalhadores, usuários, dentre outros).
Além disso, nesta classe, os conselheiros apontam a importância da
articulação entre os CS, bem como Conselhos de outras áreas sociais para
avançar no processo de gestão participativa em saúde. O Ministério Públi-
co (MP), como instância legítima de proposição e fiscalização das ações de
saúde, tem trabalho em parceira com os Conselhos de Saúde. Essa parce-
ria tem sido uma prática cada vez mais freqüente na relação entre gestores
e usuários (Machado; Pinheiro; Guizardi, 2005). A articulação do
MP com o CS qualifica a atuação do Conselho frente aos gestores, tanto em
termos simbólicos como práticos, porque faz com que se cumpra a Lei, ou
seja, que se garanta o atendimento, além de permitir ampliar os serviços
públicos de saúde. A interlocução entre essas instâncias pode representar
avanços no exercício da cidadania, se houver uma articulação que permita
análise do conjunto do atendimento das necessidades mais amplas da po-
pulação do município.
Os conselheiros evidenciaram também que contribui para a fragilida-
de do Controle Social em Saúde a falta de articulação do CS com a popu-
lação local, que tem baixa cultura de participação na formulação de pro-
postas para resolução dos problemas de saúde. A forma como o CS tem
se portado junto à população tem contribuído para o distanciamento en-
tre ambos, ou seja, o desconhecimento dos Conselhos: dos seus objetivos,
das suas funções e mesmo da suas utilidades. Há estudo que mostra que a
criação dos Conselhos e o desejo que esse espaço tornasse instância legí-
tima das deliberações sobre políticas de saúde fizeram com que houvesse
distanciamento da interação com a população (MiZocky, 2003).
Para refletir sobre a cultura de participação popular, é imprescindível
considerar o contexto político, histórico e social a que os grupos sociais es-
tão submetidos. O Brasil apresenta uma tradição acidentada de emergên-
cia e atuação de movimentos populares, teve, na década de 1980 e 1990,
uma ampliação, mas que regrediu nos últimos tempos (Santos, 2006).
Nesse sentido, verifica-se que grande parte da população brasileira, princi-
palmente os grupos pobres, foram excluídos dos serviços de saúde. Como
conseqüência, ainda hoje, se verifica nos serviços de saúde a associação
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
91
Em relação ao procedimento de escolha dos representantes para com-
porem o Conselho, os conselheiros demonstraram algumas formas: a pri-
meira, em que os representantes indicados pelos seus respectivos segmen-
tos, entidades ou instituições próprios e independentes, são eleitos durante
a Conferência Municipal de Saúde.
Pra escolha dos representantes, é feita uma confe-
rência a cada dois anos, onde são apresentados os
delegados indicados pelas entidades dos trabalha-
dores, dos gestores e as pessoas são já indicadas di-
retamente pelos gestores; e dos trabalhadores e da
comunidade, são indicadas pelas entidades, como
associação de moradores, associação de deficientes
físicos (Suj. 24).
A segunda forma de escolha dos representantes, demonstrada nessa
classe como a mais usual, é a em que se convidam, por escrito, as diversas
instituições para comporem o Conselho. Cada instituição se encarrega de
escolher os seus representantes e de enviá-los para participarem dos Con-
selhos de Saúde, como mostra o depoimento abaixo:
Eles foram escolhidos através de correspondência.
Enviamos correspondência para as associações de
bairros, aos clubes de serviços, sindicatos dos traba-
lhadores, sindicatos dos produtores rurais. Então,
foi através das indicações dessas entidades que nós
fizemos a composição do Conselho (Suj. 32).
A terceira forma evidenciada pelos conselheiros é a que os secretários
de saúde fazem a escolha dos representantes de todos os segmentos para
comporem o Conselho, conforme demonstra o depoimento abaixo:
Então, na primeira gestão que eu participei, a pre-
feita não escolheu diretamente, e deixou a cabo do
secretário de saúde, e foi desta forma. Agora nós te-
mos representantes trabalhadores da área de saúde.
Os trabalhadores são indicados também pela secre-
taria sob o sindicato aqui do município (Suj. 16).
Os conselheiros expressaram, nessa classe, que percebem que o pro-
cesso de escolha dos representantes do CS é deficiente, pois na maioria
dos Conselhos existe apenas uma reunião em que são convidadas as insti-
tuições sociais para realizarem a eleição para comporem o Conselho.
Acho que deixo muito a desejar. Mas há uma reu-
nião onde é convidada toda a comunidade, convida-
dos os trabalhadores, gestor, e se elegem. As pessoas
se candidatam, se eu quero ser presidente, aí é feita
uma eleição e este é decidido o Conselho (Suj 45).
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
93
Por fim, nesta classe, os conselheiros demonstraram que existem or-
ganizações/entidades/associações nos municípios da RIDE-DF que parti-
cipam dos CS. Como a RIDE-DF é composta por municípios com grandes
extensões de áreas rurais, verificou-se nos CS a presença de entidades que
defendem os interesses da área rural como o sindicato dos produtores e
dos trabalhadores rurais.
Um pelo sindicato dos trabalhadores rurais, e o ou-
tro pelo sindicato dos produtores. Nós evoluímos
muito na questão do atendimento aos usuários da
população rural porque tínhamos, quando assumi-
mos, um numero de agentes comunitários, pratica-
mente 11 comunidades rurais, cada uma em torno
de cento e cinqüenta (Suj. 32).
Além disso, os conselheiros mostraram ser significativa a represen-
tação das igrejas católica e evangélica nos Conselhos, bem como dos sin-
dicatos dos trabalhadores. Além disso, os conselheiros demonstraram a
existência de representantes da Maçonaria, do Rotary e da associação dos
moradores.
A gente convida todos os segmentos. A gente põe a
igreja católica, evangélica, e comunidade, e sindica-
tos, funcionários e aí a gente manda ofício para cada
uma destas entidades e vem representante destes ór-
gãos e é feita a eleição (Suj. 39).
Enfim, os conselheiros evidenciaram que, apesar das dificuldades,
existe tentativa de compor o Conselho com os representantes de entidades
diversas, sobretudo de captar as organizações que possuem expressão nos
municípios com tradição de representação pelos interesses coletivos.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
95
Ainda relacionado à escolha dos representantes, o tempo de perma-
nência nos Conselhos também sobressai nesta classe. A questão de quem
participa se faz muito mais intrincada e os problemas correspondentes va-
riam segundo a cultura local, o grau de associativismo e outras variáveis.
Quanto aos critérios para eleição dos conselheiros, vale indagar: devem
pautar-se por princípios afins com a renovação democrática do colegiado
ou com base na experiência acumulada do candidato conselheiro? Nos CS
da RIDE-DF, a segunda alternativa parece prevalecer ao constatar-se uma
tendência ao “profissionalismo” do conselheiro, já que com freqüência
as mesmas pessoas são reconduzidas ao cargo por seu carisma e conhe-
cimento dos trâmites do Conselho. Não obstante, é razoável deduzir que
nos menores municípios da RIDE-DF, os líderes comunitários e as pesso-
as com mais experiência sejam os escolhidos para atuar nos CS, reforçan-
do a formação de uma “carreira profissional” de conselheiro de saúde.
Outra questão fundamental no contexto da representatividade é o plu-
ralismo. Dessa forma, um Conselho é representativo quando agrega uma
diversidade de segmentos da sociedade civil, e, portanto, uma série de dis-
tintas entidades a serem representadas no CMS (Machado; Batista;
Korninn, 2004). Não se identificou na RIDE-DF uma grande heteroge-
neidade das organizações (sociais, de classe, de interesse) potencialmente
candidatas a indicar representantes nos CS. Ademais, parece que a ques-
tão da diversidade da representação na RIDE-DF não tem sido produto de
trabalhosas discussões somadas a uma clara vontade política de tornar a
representação a mais ampla possível.
Verificou-se, neste estudo, por ocasião das visitas aos municípios, que
os municípios maiores, são os que possuem maior diversidade de grupos
organizados da sociedade civil. Já os municípios menores e com disper-
são populacional, têm dificuldade para congregar grupos sociais e conse-
qüentemente compor o Conselho. Nesse sentido, identificou-se também
que nos municípios onde existe maior número de grupos sociais organiza-
dos, o processo de escolha dos representantes é mais aberto, possivelmen-
te mais democrático.
Nos Conselhos da RIDE-DF constatou-se que existe dificuldade espe-
cial para conseguirem representantes do segmento dos prestadores, visto
que muitos não possuem esse segmento ou se encontram em número bas-
tante reduzido. É importante a presença desse segmento no CS para viabi-
lizar a discussão sobre a qualidade dos serviços prestados aos serviços de
saúde do SUS, mas nos da RIDE-DF eles são pouco participativos.
Há estudos que mostram que os prestadores de serviços preferem não
participar dos CS porque resolvem as suas questões diretamente com o
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
97
paço de consulta às bases, na maioria dos Conselhos, tanto na eleição dos
representantes, como nas decisões acerca das políticas e ações em saúde.
A ampla participação dos associados na escolha dos representantes
para os CS e na definição da atuação dos seus representantes é importan-
te para conformar uma forma de associativismo mais participativo. Nessa
direção, tem sido discutida a importância da formação de um capital so-
cial, um dos elementos que conformam uma comunidade cívica, em que
o associativismo se organiza de forma horizontal, não centralizada, a fim
de que seus membros sejam sujeitos de novas relações sociais, baseadas
nos valores de solidariedade, dos direitos, do interesse público (Santos,
2004).
Em relação à dimensão associativa, é importante destacar que os con-
selheiros demonstraram que é baixo o índice de participação das comuni-
dades nas associações em geral. Trata-se de um aspecto relevante, pois re-
flete apatia e descrença da comunidade na importância da participação e
no engajamento cívico (Labra, 2005). Para tanto, é importante fomentar
a participação social não institucionalizada que se concretiza por meio de
redes de movimentos e grupos sociais.
Os conselheiros podem representar uma entidade ou um segmento
específico da comunidade, religioso ou de outro tipo, mas o exercício da re-
presentação requer organizações políticas com capacidade de vocalização e
potencialidade de gerar espaços de poder. Considerando-se que este é um
espaço não preenchido atualmente, o interesse da comunidade nos CS se
dilui (GERSCHMAN, 2004).
Outro nó no tocante à representatividade é a dificuldade existente no
reconhecimento à atuação dos representantes, devido aos problemas exis-
tentes na relação entre os representantes dos usuários e os dos profissio-
nais de saúde (pois, em teoria, todos nós somos usuários do SUS), às difi-
culdades que os conselheiros passam para poder participar das reuniões e
ao baixo grau de comparecimento a elas por parte do conjunto dos conse-
lheiros. A representação direta dos usuários dos serviços de saúde é difícil
por conta de sua dispersão e falta de articulação interna. Os movimentos
sociais foram historicamente um espaço de aglutinação das comunidades
populares, mas nos últimos anos sofreram um esvaziamento importante
do seu papel político de representação e articulação de demandas (GER-
SHMAN, 2004).
A ausência de organização política dos setores excluídos obviamente
reforça essa dificuldade, mais notadamente nos municípios de pequeno
porte da RIDE-DF. O risco é de que setores da classe média (Rotari, Lions,
maçonaria) e os quadros técnicos de suas entidades passam a ser porta-
vozes daqueles segmentos, o que desfigura a representatividade dos CS.
98
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
99
ao paciente antes que ele chegue a uma unidade a
uma média e alta complexidade (Suj. 26).
Contraditoriamente, os conselheiros mostraram também que os ser-
viços de AB precisam resolver todos os tipos de problemas de saúde, prin-
cipalmente porque os municípios não possuem infra-estrutura de serviços
de saúde de média e alta complexidade. Como conseqüência, prioriza-
se na AB o atendimento dos agravos já instalados, com pouca ênfase nas
ações de prevenção de doenças.
Aqui o que funciona mais é a Atenção Básica por a
gente não ter média e alta complexidade, então Aten-
ção Básica é tudo. Ela está muito focada no atendi-
mento, ela ainda não está focada na prevenção. Mui-
to pouco, o pouco que eles fazem é saber porque que
não tem médico, porque que o médico não está aten-
dendo (Suj. 26).
Nessa direção, os conselheiros do segmento dos usuários enfatizaram
a importância de contribuírem com a melhoria dos serviços, visto que tam-
bém são assistidos em posto de saúde público porque não possuem planos
de saúde privados.
Agora, eu também sou usuário. Eu procuro o posto
de saúde, faço meu tratamento médico dentro posto
de saúde, eu também sou usuário, por isso eu acho
que eu tenho que cuidar mais ainda, porque eu pre-
ciso também, eu não tenho plano de saúde, eu não
tenho uma assistência médica assim (Suj. 11).
Constata-se ainda nesta classe que a maioria dos municípios tem in-
vestido recentemente na ampliação da AB por meio da implantação do
PSF. Alguns deles têm cobertura total, mas outros estão em fase de expan-
são. Os municípios que têm boa cobertura de AB manifestam o desejo de
melhoria dos serviços de saúde de maior densidade tecnológica.
Já em nível de programa saúde das famílias a gente
já está bastante resolutivo, um município com 100%
de cobertura. Então a gente realmente está partindo
mesmo para essa questão de atendimento (Suj. 6).
A equipe básica da AB, PSF, tem se dedicado à realização de atendi-
mento clínico. Esse atendimento abarca os indivíduos com agravos já ins-
talados e que requerem inclusive a resolução dos problemas de saúde con-
siderados de média complexidade.
Atenção Básica? Eu entendo assim, como compre-
ende a média complexidade que seria o atendimen-
to clínico, o atendimento mais ou menos. Como é
que eu vou dizer. Atenção Básica o que seria? Hoje
as unidades do programa saúde da família, por
100
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101
na, a dezesseis quilômetros. Chegamos a trazer gen-
te de Santa Rosa. Lá do Rio Grande do Sul, técnicos
que vieram resolver o problema do lixo de oito mu-
nicípios, na gestão que eles fizeram lá, onde é reci-
clado o lixo, coisa que a gente não consegue no nos-
so município (Suj. 6).
Nesta classe, ficou demonstrado que, apesar das diversas limitações
das ações básicas de saúde desenvolvidas nos municípios, os conselheiros
têm uma percepção bastante positiva da atenção recebida. Eles expressa-
ram, no entanto, que existe deficiência de serviços de saúde especializados.
Aqui está muito bem a assistência principalmente
esses postos de saúde, estão muito bem, muito bem
equipados. Pra nós aqui o que falta mais é um cen-
tro maior de especialidades. É, se bem que nós te-
mos um centro de especialidades aqui (Suj. 18).
Nesse sentido, os conselheiros demonstraram que necessitam de equi-
pamento de média densidade tecnológica para resolver alguns problemas
de saúde, sob o argumento de que se evitaria o encaminhamento a outros
municípios que possuem mais recursos em saúde.
É claro que têm algumas coisas que a população
está precisando na área de saúde. No nosso centro
de saúde precisamos de um aparelho de raio X para
atender as primeiras necessidades, porque temos
muitos casos de fratura e temos que deslocar para
outra cidade (Suj. 50).
Evidenciou-se nesta classe, que, de fato, os municípios que investiram
em equipamentos de média densidade tecnológica têm reduzido o enca-
minhamento dos usuários que necessitam de serviços de média complexi-
dade a outros municípios.
Já conseguimos tirar 70% dos encaminhamentos e
tudo o que ainda é possível. Agora, a alta complexi-
dade exige maior porque tem que ter aparelho tem
que ter médico especialista, está sendo enviado para
outro município maior (Suj. 36).
Percebe-se nesta classe que os conselheiros demonstraram satisfação
porque os municípios têm conseguido ampliar consideravelmente o nú-
mero e a diversidade de serviços de saúde especializados.
A gente inaugurou um centro de prevenção e reabi-
litação de especialidades, temos hoje, no serviço, ser-
viços que antes não havia, em 2005, como serviço de
fisioterapia, fonoaudióloga e especialidades que an-
tes não tinham (Suj. 6).
102
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
103
vo, que abarcam a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos,
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e manutenção da saúde (Bra-
sil, 2006c).
São considerados elementos essenciais da AB: o foco na família, uni-
versalidade, acessibilidade, coordenação do cuidado, do vínculo e continui-
dade, integralidade, orientação para a comunidade, capacitação profissio-
nal. (Starfield, 2002; OPAS, 2005). Desta feita, a AB tem como função
resolver a grande maioria dos problemas de saúde, organizar os fluxos e
contrafluxos dos usuários no sistema, bem como proporcionar atenção a
eles a outros níveis de atenção.
Verificou-se, nesta classe, que na RIDE-DF houve maior investimen-
to dos municípios na expansão da AB nos últimos tempos. Em realidade,
percebe-se que essa expansão foi estimulada pelo Ministério da Saúde, que
passou a revalorizar a AB, inclusive fornecendo aos municípios incenti-
vos financeiros. As Normas Operacionais desenvolvidas pelo Ministério da
Saúde (NOBS 001/93, 001/96 e NOAS, 2001 e 2002) definem os critérios
para a transferência de recursos financeiros e apoio técnico-operacional à
implantação de ações consideradas importantes para a mudança do mode-
lo de atenção.
Constatou-se nesta classe que a maioria dos municípios da RIDE-DF
investiu na AB principalmente por meio do aumento do número de equi-
pes de PFS. A Norma Operacional Básica – SUS 01/96 – e a adoção do
Piso de Atenção Básica (PAB) possibilitaram um reforço da AB e a expan-
são do PSF/PACS (Paim, 2006b). A NOAS – 01 prevê como responsabili-
dades da AB a serem desenvolvidas pelo PSF as seguintes ações: saúde da
criança e da mulher, controle de hipertensão, diabetes e tuberculose, elimi-
nação da hanseníase; e ações de saúde bucal (Brasil, 2001).
Como apresentado anteriormente nesta classe, os depoimentos dos
conselheiros evidenciaram que o PSF tem se dedicado a realizar atendi-
mentos principalmente da demanda espontânea de pessoas com agravos
já instalados, porque os municípios, principalmente os de pequeno porte,
não possuem serviços de saúde de média e alta complexidade. Além dessa
ação, eles evidenciaram que existe oferta organizada de algumas ações de
Atenção Básica ao grupo de materno-infantil, que incluem planejamento
familiar, pré-natal. São desenvolvidas também algumas ações de vigilância
epidemiológica (Tuberculose, Diabetes, Hipertensão, Hanseníase, dentre
outras). Contudo, demonstraram que são incipientes as ações de vigilância
ambiental (falta de tratamento de lixo) e Vigilância Sanitária (controle da
qualidade da água).
Constatou-se que existe grande dificuldade para a continuidade do tra-
tamento das doenças, pois não se consegue realizar os exames básicos nos
104
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
105
coletivos, que requerem um conjunto de elementos: ter boas condições de
vida, ter acesso para consumir tecnologias de saúde capazes de prolongar
as condições de vida, ter possibilidade de criação de vínculos afetivos en-
tre usuários e uma equipe e/ou profissionais, ter oportunidade de assumir
graus crescentes de autonomia no seu modo de vida (SILVA; PINHEIRO;
MACHADO, 2003).
A necessidade de saúde vista sob essa ótica constitui-se “objeto de
rede”, e sua concretização requer articulação entre as políticas micro e a
macro, portanto, não apenas no espaço singular dos serviços. Há que ha-
ver articulação entre serviços e ações setoriais e intersetoriais (SILVA; PI-
NHEIRO; MACHADO, 2003).
106
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
107
todos os habitantes do território nacional, levando ao
desenvolvimento pleno do ser humano em sua indi-
vidualidade. (BRASIL, 1986).
Todavia, ficou demonstrado que a parceria entre conselheiros e usuá-
rios é muito frágil, sobretudo porque eles não se aproximam para elabora-
ção de projetos mais amplos para a população dos municípios. Contudo,
os CS reconhecem que podem envidar esforços para contribuir com a me-
lhoria da qualidade do atendimento de saúde, mas isso é dificultado pela
excessiva ênfase no papel dos conselheiros na fiscalização das ações e no
controle dos recursos financeiros da área da saúde.
A Região de Pirineus possui alguns municípios com características
mais urbanas e outros com características mais rurais. Como visto ante-
riormente na classe 1, os conselheiros dessa Região reconhecem as diver-
sas limitações para realizar o Controle Social, principalmente devido à difi-
culdade de participação na formulação das políticas e ações de saúde, mas
apontam alguns caminhos que podem contribuir para a melhoria dessa
prática. É possível verificar, por meio da análise fatorial, que são os conse-
lheiros que procuram reivindicar mais ativamente as necessidades de saú-
de dos usuários.
Nota-se que os CS identificam que a Atenção Básica à saúde é bastan-
te precária e focada no atendimento das doenças já instaladas que são re-
solvidas nos postos de saúde e nos serviços de emergência. Nesse aspecto,
observou-se que, apesar da ampliação dos serviços de AB nos municípios,
devido à grande demanda por atendimento, o CS continua reivindicando
mais atendimento, ou seja, consultas, exames, entre outros.
O CS evidenciam que são desenvolvidas nos municípios outras ações
básicas de saúde, principalmente pelo PSF, que trabalham com algumas
ações programáticas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Nesse sentido,
os CS percebem também a necessidade de maior investimento nas ações
de promoção da saúde para a melhoria da qualidade de vida da população.
Há ênfase dos CS em reivindicar por mais serviços especializados, des-
de consultas com especialistas como por diversos exames especializados,
sob o argumento de que a população não pode pagar planos de saúde priva-
dos. Além disso, expressaram sobre a necessidade de construção de mais
hospitais nos municípios, sob o argumento da dificuldade de se resolver
problemas de saúde que requerem tecnologias de alta densidade que, co-
mumente, são encaminhados aos municípios maiores ou a Brasília-DF.
A Região de Unaí possui municípios com características rurais, alguns
deles com grande extensão territorial. Observou-se que nessa região tam-
bém existe dificuldade para se encontrar diversidade de grupos sociais or-
108
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
109
de organizada – existe nos CS da RIDE-DF uma discreta tentativa de cha-
mado à sociedade organizada.
É necessário tornar o espaço do Conselho verdadeiramente democrá-
tico, passível de tornar os seus integrantes, os conselheiros, responsáveis
pelo seu próprio destino e capazes de problematizar as necessidades de
saúde do município, por meio de uma relação dialógica, na construção de
um projeto que atenda as necessidades coletivas (Oliveira 2004; Acio-
li, 2005).
110
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
111
5 Construindo Estratégias de
Participação e Cidadania na
Atencão Básica Em Saúde: Um
Projeto de Pesquisa-Ação
Marcio Florentino Pereira
Maria da Glória Lima
Helena Eri Shimizu
Jane Lynn Garrison Dytz
5.1 INTRODUÇÃO
O projeto emancipador em saúde, que constitui a Reforma Sanitária
e sua forma orgânica, o SUS, pressupõe duas dimensões fundamentais,
o controle democrático e a participação social. Essas dimensões estabe-
lecem uma nova relação entre Estado e Sociedade Civil, onde, no caso da
saúde, as ações redistributiva e universal do Estado serão viabilizadas so-
bre o controle e participação da sociedade. Portanto, a emancipação dese-
jada se faz na luta pela democratização do Estado frente ao mercado e no
fortalecimento da participação com a construção de estratégias coletivas.
Nesse sentido, os Conselhos e sua qualidade formal e os conselheiros com
sua ação política de participação e de Controle Social, podem se constituir
como elementos transformadores da saúde.
Os Conselhos de Saúde fazem parte de um processo de institucionali-
zação dos espaços permanentes de participação no Controle Social de polí-
ticas públicas, que, desde 1990, vem se constituindo num movimento pela
democratização e qualificação das ações de saúde em todos os níveis. Os
agentes deste processo incluem diferentes organizações civis e lideranças
que se inserem nesse contexto com necessidades e demandas crescentes
para qualificar a sua atuação e representatividade, legitimidade e autonomia.
A luta democrática se amplia com esses novos sujeitos, os conselhei-
ros passam a ter importância social no processo de democratização das re-
lações de poder instituídas, re-significando o papel do Estado na atenção
em saúde. A sociedade se coloca em busca da definição e controle da políti-
ca, até então vista como perspectiva de poucos e privilegiados nos espaços
de representação tradicionais.
Nessa perspectiva, é importante considerar a participação cidadã como
categoria central, que permite focalizar não apenas as camadas populares,
advindas da comunidade organizada, mas os cidadãos como um todo, a so-
113
ciedade em geral, independente da classe social (GOHN, 2004). Esse con-
ceito remete à ampliação do conceito de cidadania para além da dimensão
jurídica e à redefinição do papel do Estado que deve definir as prioridades
a partir de um debate público. Ademais, a participação é concebida como
direito sociopolítico, ou seja, como intervenção, periódica e planejada, ao
longo de percurso de formulação e implementação de uma política pública
(GOHN, 2004a).
Nesse movimento, verificam-se necessidades de investimento na for-
mação dos conselheiros como sujeitos sociais capazes de atuarem de modo
efetivo na organização e estruturação da Atenção Básica em Saúde.
Assim sendo, esta etapa da pesquisa teve como objetivo conhecer mais
profundamente a dinâmica da organização e funcionamento dos CMS,
identificar as fragilidades e potencialidades, discutir e construir junto com
esses sujeitos os possíveis caminhos para o fortalecimento do Controle So-
cial em Saúde. Além disso, elaborar conjuntamente estratégias e indicado-
res para monitoramento e avaliação do Controle Social no âmbito da Aten-
ção Básica.
Para tanto, os Conselheiros de Saúde da RIDE-DF foram convidados
a constituir um coletivo de formação onde, por meio de um processo de
ação-reflexão-ação, buscou-se compreender (Pesquisa) a realidade de es-
truturação e funcionamento dos Conselhos Municipais de Saúde e iden-
tificar elementos facilitadores da ação dos conselheiros de saúde da RIDE-
DF. Tendo como imagem-objetivo o fortalecimento do Controle Social na
Atenção Básica, considerou-se como eixo estruturante para a transforma-
ção da realidade de saúde local o planejamento participativo, com base em
um diagnóstico que servisse para a elaboração de propostas, prioridades e
metas para a gestão democrática dos recursos e serviços municipais.
114
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
115
proposta está em construir estratégias locais e processos de mudança em
espaços concretos e propícios para a transformação. O problema está de-
tectado, a estratégia de mudança é coerente com o contexto, o que se busca
é por em prática a política para construir cenários compatíveis para a mu-
dança.
Os processos de Educação Permanente para o Controle Social em Saú-
de exigem a constituição de uma cultura crítica entre os atores sociais en-
volvidos (conselheiros, técnicos profissionais dos serviços de saúde, profes-
sores), capazes de levar adiante práticas inovadoras e ativas nesse terreno,
são questões consideradas fundamentais para a efetivação das mudanças
necessárias para o fortalecimento da participação popular, ampliação e
qualificação do Controle Social. A formação de facilitadores desse processo
é uma linha estratégica de intervenção na interface da educação e da parti-
cipação na saúde.
Uma das atitudes mais importantes que o facilitador de Educação Per-
manente em saúde precisa assumir é a de recontextualizador crítico. Essa
atitude implica em estar sempre atento às efetivas necessidades decorren-
tes da ação de Controle Social. Tais como, a defesa do direito à saúde e da
cidadania, o conhecimento das necessidades em saúde da população em
geral e dos seus representados e focalizar sua ação em razão da complexi-
dade do trabalho em saúde, dos projetos estruturantes da reorientação da
atenção, enfim, dos princípios norteadores do SUS.
Assim, a metodologia eleita para realização das oficinas presenciais
com os conselheiros se deu fundamentalmente via pedagogia da proble-
matização da realidade local com a equipe de conselheiros facilitadores.
Toda a dinâmica e articulação dos participantes foram focalizadas nas prá-
ticas do Controle Social, marcada pelos movimentos de reflexão-ação-refle-
xão, a partir dos problemas decorrentes da estruturação e da participação
democrática no SUS.
Como norteadores desse processo de formação do coletivo de facilita-
dores, foram adotados alguns princípios educativos. Dentre eles, a valori-
zação do conhecimento prévio do conselheiro, com uma abordagem crítica
reflexiva e contextualizada no que tange à conformação sócio-histórica do
Controle Social nos municípios pesquisados, com a valorização da partici-
pação, do diálogo e problematização da realidade vivenciada pelos conse-
lheiros, com associação do processo de aprendizagem individual ao pro-
cesso de aprendizagem coletiva; com formação a partir da experiência da
produção coletiva; com articulação constante da teoria com a prática co-
tidiana; com a busca da autonomia e a sensibilidade com a totalidade da
existência humana.
Essa concepção adotada para a formação do coletivo de facilitadores se
apóia na abordagem “sócio-interacionista”, que explica a formação do co-
116
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
117
A presença dos pesquisadores gerou entre os conselheiros, no conta-
to inicial, expectativas que estiveram relacionadas por um lado ao fortale-
cimento da sua atuação, com a presença do agente externo Universidade
de Brasília. Por outro, certo grau de ceticismo e desconfiança relacionada à
pesquisa, como elemento que pudesse não indicar melhorias em curto pra-
zo aos conselheiros, além de expor ainda mais suas fragilidades e contradi-
ções. A possibilidade de ser apenas objeto de pesquisa, sem uma agenda
de resultados, foi questionada pelos conselheiros e criou um ambiente para
discussão da estratégia de formação de um grupo de facilitadores em par-
ceria com os pesquisadores para o fortalecimento do Controle Social nos
municípios. Os conselheiros facilitadores e pesquisadores por meio de um
processo de formação contratualizado definiram compromissos e respon-
sabilidades que implicaram num consentimento livre e participativo de
construção coletiva.
O trabalho coletivo teve início com a indicação do grupo de facilitado-
res nos Conselhos municipais. Cada Conselho indicou quatro facilitadores
representativos de cada um dos segmentos que compõem os Conselhos de
Saúde (usuários, gestores, trabalhadores de saúde e prestadores de serviço
ao SUS). Além da representação por segmento pesou também na indica-
ção por parte dos outros conselheiros, o interesse, a disponibilidade pes-
soal de se engajar no processo e uma liderança mais consolidada definida
pelo conhecimento acumulado em um tempo de participação maior como
conselheiro. Devido ao número de Conselhos envolvidos, foi dividida em
duas fases a formação do grupo regional.
O processo de formação nos grupos de conselheiros facilitadores se
deu por meio de encontros presenciais (oficinas) realizados no período de
março a dezembro de 2007, intercalados a cada encontro por atividades de
dispersão. Nos momentos de dispersão entre uma oficina e outra, os con-
selheiros facilitadores, realizaram atividades de campo nos municípios,
com quarenta horas cada, onde debateram e construíram com os seus pa-
res no Conselho, os diagnósticos e a compreensão da realidade dos Con-
selhos de Saúde na RIDE-DF, utilizando como abordagem a pedagogia da
problematização, que é um dos componentes chaves da pesquisa-ação.
Cada grupo de conselheiros facilitadores se manteve fixo nos encon-
tros presenciais e foi apoiado e supervisionado por um tutor. O tutor que
acompanhou as atividades de um grupo, durante os encontros presenciais,
continuou sendo o tutor a distância deste grupo durante a formação do
curso. As discussões foram apoiadas mediante leitura de textos, debates e
elaborações de sínteses e propostas para encaminhamento das questões le-
vantadas nas discussões.
Foram realizados quatro encontros presenciais com duração de dois
dias, para cada grupo, na modalidade de oficinas de trabalho visando à tro-
118
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
119
quais se procurou constituir reflexões sobre as questões postas e debatidas
em pequenos grupos, organizados por segmentos representativos, e grande
grupo. Ao final das discussões foram apresentados produtos escritos ou gra-
vados com indicações que constituíssem estratégias para o Controle Social
na RIDE-DF. A oficina foi desenvolvida em três momentos, assim descrito:
Primeiro momento: Quem somos nós? Construindo um perfil atual
do Controle Social na RIDE-DF: inicialmente, foi desenvolvido o grupo fo-
cal como técnica de avaliação buscando informações qualitativas com os
conselheiros facilitadores, que serviu como aquecimento e também como
possibilidade de identificar, na reflexão, as diferenças de perfis, representa-
ções, interesses e experiências na atuação dos conselheiros, considerando
as municipalidades e a região. Foram compostos grupos de 10 a 15 conse-
lheiros, que, após concordância em participar do estudo, assinaram o ter-
mo de consentimento livre e esclarecido com um moderador guia e auxilio
de um observador, que desenvolveram as sessões com o propósito de dis-
cutir e problematizar as dificuldades e potencialidades encontradas na or-
ganização e funcionamento do Controle Social local, suas necessidades e
demandas. Para tanto, foi utilizado o roteiro abaixo (Anexo III) com sete
questões que foram gravadas após autorização dos conselheiros. O núme-
ro de grupos focais também foi determinado pelo critério de saturação dos
dados.
1. O que significa para vocês serem conselheiros de saúde?
2. Como vocês representam os seus segmentos no Conselho Munici-
pal de Saúde?
3. Como vocês vêem seu papel de conselheiros nos Planos Municipais
de Saúde?
4. Fale como os conselheiros acompanham e avaliam as ações de saú-
de propostas no Plano Municipal?
5. Quais seriam as estratégias para favorecer a participação dos mora-
dores de seu município no Controle Social na Saúde?
6. Qual o papel do conselheiro na participação dos moradores na saúde?
7. Como os Conselhos Municipais de Saúde junto aos moradores po-
dem fortalecer o Sistema Único de Saúde?
Na seqüência, procedeu-se a exposição dialogada dos objetivos do mó-
dulo I, acolhimento e integração dos participantes; criação de identidade
de grupo e vínculo do tutor com a turma de facilitadores, onde foi realiza-
da a apresentação e discussão no grande grupo dos conteúdos: A Educa-
ção Permanente e tradicional; o facilitador no processo de educação per-
manente no Controle Social do SUS; participação social e saúde; Controle
Social do SUS e perfil de saúde no município, com leitura e discussão nos
120
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
121
3. E agora, neste momento do atual mandato, como você avalia a par-
ticipação das entidades e movimentos sociais no Controle Social em
seu município? Há entidades organizadas que conseguem mobili-
zar pessoas para participar no Conselho? Você conhece alguma en-
tidade e ou segmento que gostaria de participar e não tem acesso?
Há entidades ou movimentos que participam em mais de um dos
Conselhos no município? Há participação e mobilização para criar
Conselhos locais de saúde e realizar conferências?
No encerramento da primeira oficina foi ressaltado, que, no interva-
lo entre os encontros presenciais, seriam realizadas atividades à distância,
buscando dar continuidade às ações e estimular, nos facilitadores, a capa-
cidade de análise e de articulação nas bases locorregionais. Considerando
a atuação dos conselheiros no planejamento local em saúde, foi desenvol-
vido, no período de dispersão, um diagnóstico com base no perfil de saúde
dos municípios envolvidos.
122
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
123
Para embasar a reflexão, foi construído um exercício, no qual foi dis-
cutido um texto sobre o financiamento da saúde do Curso de Capacitação
de Conselheiros Estaduais e Municipais de Saúde, e proposto um levanta-
mento com as seguintes questões orientadoras, que foram discutidas nos
municípios e no coletivo de facilitadores: O que é orçamento público?; O
que é a Lei do Plano Plurianual (PPA)?; O que é a Lei de Diretrizes Orça-
mentárias (LDO)?; O que é a Lei Orçamentária Anual?; Como se constrói
o Planejamento Orçamentário no município?; Qual a importância do Pla-
no Municipal de Saúde na definição do orçamento?; Quais as fontes que
financiam a saúde no município?; Como funciona o fundo municipal de
saúde?; Possui autonomia?; O que é a Emenda Constitucional n.º 29?; O
município já cumpre a EC n.º 29?
Terceiro Momento: construindo estratégias para o Controle Social e
participação na RIDE-DF: as estratégias foram construídas ao longo do
processo de reflexão-ação-reflexão desenvolvido pelo coletivo de conselhei-
ros e pesquisadores, considerando as agendas locais e outras regionais e
nacionais. Para construção das estratégias, foi proposto o seguinte conjun-
to de questões aos conselheiros:
1. Propostas sobre a organização dos Conselhos nos municípios e na
região;
2. Propostas para a organização da Atenção Básica e gestão em saúde
nos municípios e na região;
3. Propostas para o financiamento da saúde nos municípios e na região;
4. Propostas para formação e Educação Permanente dos conselheiros
na região.
Considerando os elementos centrais do Controle Social em Saúde
como sendo os aspectos ligados ao exercício democrático do poder e a par-
ticipação social, os conselheiros facilitadores apresentaram estratégias que
foram sistematizadas na apresentação dos resultados e na discussão.
124
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
125
gestor e prestadores de serviços ao SUS; e 25% por trabalhadores da área
da saúde (BRASIL, 2005b).
126
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
127
segurança, transporte, infra-estrutura. Hoje os mu-
nicípios sofrem com isso, porque de um tempo para
cá é que começaram a preocupação, com o desenvol-
vimento, com o nível de vida, de dar uma qualidade
de vida melhor para as pessoas. Porque as pessoas
não tinham isso no passado, tudo era difícil, o trans-
porte, o sistema de eletricidade, água potável, o siste-
ma de fossas, não eram fossas, as pessoas iam para
o mato, não tinha uma preocupação com a higiene,
não tinha uma preocupação com uma alimentação
de qualidade. Os médicos eram os funcionários que
trabalhavam na Fundação Nacional de Saúde, a FU-
NASA hoje, o pessoal da SUCAM que davam orien-
tações para as pessoas, até uns vinte, trinta anos exis-
tia isso. (OP)
Verifica-se na história desses municípios, a reprodução histórica das
três crises associadas com as tentativas de rompimento com a prática oli-
gárquica nos países capitalistas: a de integração nacional, a de participação
política e a de distribuição de riqueza, que traziam no seu bojo, “as possi-
bilidades para a inclusão de novos segmentos da população no universo da
cidadania: proteção aos pobres, direitos sociais (como os relativos à saúde e
à educação), extensão do direito de votos, entre outros temas” (LIMA et al,
2005)
O processo de organização social dos municípios da RIDE-DF, pelos
relatos dos conselheiros facilitadores, acompanha a lógica da organização
dos movimentos socais no Brasil que operam na passagem do Brasil rural
para o Brasil urbano nos anos 50, e mais na frente, na década de 70 a 80,
operam com a influência da conjuntura política da mudança do regime mi-
litar para a democracia (GERSCHMAN, 2004).
A criação de Brasília, em 1960, representou esse movimento de urba-
nização na região da RIDE-DF, mas os municípios da RIDE-DF mantive-
ram prevalente na sua organização social a produção agropecuária, sendo
que a capital passou a representar a busca por melhores modos de vida.
Com a consolidação de Brasília e a permanência do descaso público
com políticas sociais nesses municípios e devido a ausência de políticas
públicas para a população rural, acentuou-se o processo de exclusão e de
desigualdade social, o que levou essas populações do entorno a buscarem
os centros urbanos mais próximos, Brasília ou Goiânia, para usufruir das
políticas públicas inclusivas, principalmente o acesso ao emprego, a saúde
e a educação. A partir da década de 80, observa-se um movimento migra-
tório, da população urbana, para vários desses municípios do entorno de-
sencadeado pelo desejo de buscar o atendimento às necessidades básicas,
emprego, educação, saúde, entre outros aspectos, o que levou vários des-
128
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
Pirenópolis 1991
Formosa 1991/1998*
Buritis 1991+
Cristalina 1994
129
...continuação
Abadiânia 1997+
130
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
131
Na oficina Construção da Linha do Tempo da Formação do Município
e dos Conselhos de Saúde Locais, observou-se uma dificuldade inicial de
um grande número dos conselheiros em fazer a contextualização sócio-
histórica da formação dos municípios representados, o que pode ser jus-
tificado pelo fato de boa parte dos conselheiros serem oriundos de outras
regiões do país, como também, em função das altas taxas de migração e
crescimento local.
Contudo, os conselheiros, ao buscarem, na sua realidade, a caracte-
rização da organização social, política, cultural e, em especial, os proces-
sos de organização dos movimentos sociais dos municípios representados,
puderam no grupo dos facilitadores compor essa formação para compre-
ensão da estreita relação entre os determinantes sócio-históricos, a saúde
e a qualidade de vida da população. Os conselheiros identificaram, nessa
construção, que a evolução de um estágio melhor de políticas públicas e de
organização social de alguns municípios tem uma expressão da capacida-
de de organização dos movimentos sociais para maior enfrentamento das
desigualdades sociais e para a conquista aos direitos sociais.
Nos últimos cinco anos, observa-se, em alguns municípios, um pro-
cesso de urbanização mais intenso, criando maior autonomia social, cultu-
ral e financeira em relação ao Distrito Federal, o que tem permitido maior
fixação da população local e melhorando o atendimento das necessidades
sociais da população, como Luziânia, Valparaíso, Formosa, Águas Lindas e
Buritis.
Na descrição da trajetória histórico-social, principalmente na organiza-
ção dos municípios do Entorno, dos estados de Goiás e Minas Gerais, que
se organizam fortemente agropecuário, os conselheiros falam de confli-
tos violentos entre fazendeiros e trabalhadores rurais e suas famílias e, até
mesmo, os fiscalizadores do Estado, com relatos de lesão corporal, mortes
e assassinatos envolvendo questões de posse e de condições de trabalho,
sem uma maior preocupação dos governos com os direitos sociais, com o
meio ambiente e com a saúde dos trabalhadores e suas famílias rurais.
A desigualdade se acentua pela especulação imobiliária urbana e pela
posse da terra nos municípios com características agrárias. A região foi ab-
sorvida pelos interesses econômicos nacionais e internacionais, como área
de produção de grãos para exportação e consumo dos grandes centros ur-
banos do país. É uma produção intensiva, que utiliza alta tecnologia, que
reconfigura os antigos latifúndios em modernas fazendas de agronegó-
cios. Paralelamente, a isso, evidencia-se o movimento migratório dos tra-
balhadores rurais para os centros urbanos, e a permanência das precárias
condições de vida dos trabalhadores rurais, extensivo às mulheres e crian-
ças, com desrespeito aos princípios trabalhistas e educacionais e violação
dos direitos sociais e ambientais, acrescida da violência da polícia armada.
132
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
133
que viu que, antes de começar qualquer atividade aí,
tem a participação do Conselho. (GF)
Só que mudou as coisas, de dois anos pra cá mu-
dou... porque eu acho que depois que nós começa-
mos a participar mesmo, muita coisa melhorou. (GF)
Então as pessoas foram abrindo mais a mente, ven-
do as coisas, aí reúne mais os conselheiros, tendo
mais reuniões, por isso, que cada dia tem melhora-
do o nosso sistema, o Conselho municipal. (GF)
No Brasil, o processo de descentralização da saúde indica duas cen-
tralidades na proposta, uma que é estratégica e vê, na implementação de
ações programáticas voltadas para a família e no trabalho de equipes locais
(Programa de Saúde da Família), a possibilidade de ampliação do acesso e
da cobertura e mudança no modelo de atenção com base na integralidade
e unicidade do sistema. Outra idéia que remete ao processo de municipa-
lização uma lógica racionalizadora, de maior eficiência na utilização dos
serviços e nos gastos, esvaziando o caráter mais político do debate e privile-
giando uma perspectiva de gestão mais centralizada das agendas e dos re-
cursos financeiros.
Essa contradição está presente na atuação dos conselheiros de saúde
que se dividiram numa perspectiva mais política de intervenção, defen-
dendo o usuário e suas necessidades, portanto, mais poder e participação.
E outra ação mais normativa e fiscalizadora dos recursos da gestão local,
que, em geral, são insuficientes e reforçam a falta de autonomia dos siste-
mas locais.
O Controle Social pela população é fundamental para a reorientação
do modelo de atenção com foco nas necessidades das pessoas. Portanto,
novas questões se colocam em compreender e analisar o espaço do Con-
trole Social, ainda que institucionalizado, como espaço político que põem
em cena novos interesses, imaginários, representações e práticas. É uma
situação de partida para a participação cidadã e o controle público e não de
chegada. É o exercício de criação de uma nova cultura política de represen-
tação democrática.
Segundo Gohn (2004a), é necessário um repensar crítico e criati-
vo sobre esses canais de participação democrática, para que efetivamente
cumpram suas funções. Os conselheiros, ao adotarem uma postura inves-
tigativa da constituição no Distrito Federal e região do Entorno, das suas
dimensões e determinantes históricas, sociais e culturais dos grupos so-
ciais, permitiu-lhes com esse processo pedagógico, trabalhar a concepção
de territorialização; identificar os problemas decorrentes da estruturação
e funcionamento da organização social e do Controle Social e as necessida-
des de priorização na gestão social nas políticas de saúde, como também
134
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
135
Antigamente o Conselho funcionava mais só para
aprovar alguma coisa, o secretário o prefeito precisa-
va de aprovar projeto, algum convênio, alguma coi-
sa, reunia o Conselho era mais papel do Conselho e
não de estar fiscalizando e acompanhando. (GF)
Entretanto, por vezes, ainda aparece na lógica da contestação, como ins-
trumento de oposição política, sem considerar esses espaços como possibi-
lidade de construção de poder compartilhado para criação de consensos.
Para mim ser conselheiro de saúde é de certa forma
gratificante, é procurar defender os interesses dos
usuários, de certa forma é bater de frente com o exe-
cutivo, é bater de frente com o Secretário Municipal
de Saúde. Existem algumas ações que precisam ser
implementadas, que as vezes politicamente eles vão
deixando a coisa de lado. (GF)
Poucos conselheiros concebem o Conselho de Saúde como um espa-
ço de poder político, de participação no processo decisório na definição de
políticas públicas que afinem com as diretrizes do SUS, que, para se legiti-
mar como instância de poder democrático e participativo, o Conselho tem
um papel, principalmente em defesa do usuário do SUS.
É fazer o uso da sua cidadania, é cumprir com os
seus deveres e também cobrar os seus direitos, parti-
cipar de forma efetiva no Conselho é contribuir para
a efetivação do Sistema Único de Saúde, bem como
o todo da saúde, é melhorar a qualidade da saúde em
âmbito municipal, estadual e até nacional. A concep-
ção de Conselho é uma contribuição voluntária para
a melhoria da qualidade de todos. (GF)
Em relação à concepção política, ela se encontra dispersa e difusa, pois
relatam que sabem que, teoricamente, tem caráter deliberativo junto à Se-
cretaria Municipal, mas, na prática cotidiana, sentem dificuldades, dada a
baixa capacidade de participação e mobilização popular em participar da
mediação de processo decisório, pela falta de conhecimentos frente às atri-
buições para o aplicação e fiscalização dos recursos financeiros e definição
das políticas públicas para a saúde, entre outras dificuldades. Ressaltam
muito nos discursos, a pressão moral a que são submetidos para a aprova-
ção dos projetos de interesses pelo segmento da sociedade política/gestores.
Percebem de maneira geral a importância e o avanço que foi a criação
dos Conselhos e sua institucionalização com caráter deliberativo, devido
aos atos normativos para liberação dos recursos financeiros, com a exigên-
cia da composição paritária e, ainda, com a fiscalização da promotoria pú-
blica nesses processos organizativos.
136
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
137
ço de controle e de organização de políticas de saúde, como também, inter-
ferem na maior legitimidade desses espaços democráticos por parte da co-
munidade.
Há uma dificuldade até para a comunidade ela es-
tar se identificando com o Conselho. O Conselho, eu
vou dizer a minha realidade,... ele não tem uma sede
própria, então como que a comunidade vai buscar
esse Conselho? A comunidade não tem conhecimen-
to de quem são os membros do Conselho, Como que
um morador da zona rural vai buscar um Conselho
que um presidente trabalha na secretaria, o outro tra-
balha na contabilidade e o outro trabalha numa far-
mácia e assim por diante, no caso dele também um
dentista, a comunidade não tem como, não há como
ela saber, não sei se não é porque não é divulgado,
a dificuldade é muito grande, então não tem como
você articular uma ação com a comunidade, não
se faz esse trabalho, no meu município não. (GF)
A falta de condições adequadas é percebida pelos conselheiros de for-
ma contraditória, ao mesmo tempo em que consideram que é importante
o apoio da Secretaria de Saúde, provendo as condições iniciais de funcio-
namento dentro da sua estrutura institucional, percebem que ficam vulne-
ráveis ao poder dos gestores, o que acaba por interferir negativamente na
autonomia e legitimidade dos Conselhos, uma vez que encontram dificul-
dades para a realização do seu papel.
Os conselheiros receberam computador e estava ain-
da na caixa porque não tinha local para colocar e co-
meçou-se uma certa demanda com o secretário de
saúde na época, ele não tinha local e nem arrumou e
nem autorizou colocar o computador em um outro lo-
cal, então o computador estava guardado. Então essa
questão da identidade do Conselho é ainda, eu digo
muito grave, porque o Conselho é de tanta importân-
cia para a município, e ainda nós dependemos ainda
muito, praticamente cem por cento da administração
para poder fazer alguma coisa, essa é a questão das
identidades do Conselhos municipais. (GF)
Entretanto, em alguns municípios, frente à insatisfação dessas condi-
ções precárias e as suas implicações, os conselheiros relatam que a Secre-
taria de Saúde tem proposto acomodar, em um mesmo local, mais Conse-
lhos de outras áreas, com a justificativa da necessidade de racionalizar os
recursos financeiros e de oferecer melhores condições de trabalho aos con-
selheiros.
138
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
139
Nós apenas nos candidatamos a ser, a servir porque,
o lema no Lions é servir antes de tentar em ser servi-
do, então nós temos que nos identificar para poder
saber a quem nós vamos servir, como nós vamos ser-
vir. Então lá no nosso caso nós somos eleitos e eu me
predispus a ficar no Conselho. (GF)
Outro fator motivador para a participação dos segmentos dos usuá-
rios, mas também compartilhado por representantes dos outros segmen-
tos, é de poder participar no processo de transformação do país, iniciado
pela mobilização dos movimentos sociais pela democracia no Brasil, em
lutar pelo acesso aos direitos sociais presentes na Constituição de 1988,
em torno do princípio do exercício da cidadania e da melhoria da qualida-
de de vida.
Um momento de muita importante, fazer parte de
um Conselho Municipal de Saúde, porque eu fui
num momento muito importante do nosso país,
um momento de construção em grupo, então eu sou
agente multiplicador e eu quero ser um agente mul-
tiplicador. Porque ali, eu não estou ali como usuária
só criticando, mas eu estou num momento de cons-
trução. (GF)
Os usuários têm sua representação por segmentos sociais, com sua
atuação em torno de agendas, ações e demandas assistenciais focalizadas
nas carências de serviços municipais reivindicadas perante o Conselho e
o gestor. O segmento dos representantes dos usuários está vinculado a um
algum tipo de associativismo: associação de moradores, de movimentos
religiosos, com uma concepção de trabalho voluntário ou assistencialista.
São grupos e segmentos ligados a movimentos ou entidades assistenciais
bem heterogêneos, que atuam nos municípios da região, fato que pode in-
fluenciar as possibilidades de interação entre o governo e a sociedade.
Houve uma necessidade muito grande de uma pes-
soa que estivesse envolvido no serviço social, em
1971, serviço social integrado com várias ações e en-
tidades filantrópicas como um todo, desde criança
até a terceira idade. (GF)
Eu mexo na área do associativismo, aquele associa-
tivismo voluntário há mais de vinte anos. Já tive au-
torização do delegado de ir na delegacia todo dia pra
levar remédios pros detentos, fazer oração. Se tinha
uma coisa que eu não levava, eles pediam um deter-
minado objeto. A gente vem vindo, no Conselho eu
ainda sou novo. Participo, mais ou menos, há dez,
doze anos, no máximo. (GFCONSELHEIROS AB 1)
140
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
141
de segmentos mais organizados dos representantes dos usuários, em bus-
car qualificar a participação de forma mais ativa e autônoma, com o intuito
de ocupar o cargo da presidência dos Conselhos e/ou de alterar regimentos
e estatutos considerados antidemocráticos.
A organização da representação popular em Conselhos foi um avanço
face ao autoritarismo do passado, no entanto, torna-se necessário estender o
poder da representação popular à construção e gestão das políticas públicas.
Em relação à participação dos trabalhadores de saúde, a integração
como conselheiro se deu pelo cargo ou função ocupado na Secretaria de
Saúde ou, ainda, pela participação em movimentos associativos de traba-
lhadores, que, de certa forma, se viram pressionados para essa represen-
tação, podendo essa atuação ser movida por interesses corporativos, por
pressão política do gestor ou pelo comprometimento ao processo de de-
mocratização da saúde nos municípios. Os profissionais de saúde estão re-
presentados, na sua grande maioria, por técnicos ligados à administração
municipal, sendo inexistente no grupo de facilitadores, os profissionais
médicos e suas representações associativas.
Eu trabalho na área da saúde, trabalho de saúde, eu
estou iniciando agora, não tenho muita experiência
ainda, mas fui indicada pelo Secretário de saúde.
Trabalho na saúde já há dez anos. (GF)
Conselheira desde 97, na época representava os tra-
balhadores de saúde, algo assim imposto, na época
eu não queria, eu acabei assumindo porque a socie-
dade, a maioria não pode participar, tinha que for-
mar Conselho e acabei ficando, comecei a gostar e a
gente no município está melhorando o nosso Con-
selho lá. (GF)
No segmento dos trabalhadores, emerge a noção de ser um parceiro do
gestor e da comunidade no desenvolvimento de ações que venham a con-
tribuir para melhorar as condições de saúde da população.
Para mim é uma experiência nova para participar de
um Conselho de Saúde, eu fui indicada pelo secretá-
rio, essa condução mesma de colocar a minha pes-
soa pra indicação foi por eu estar na coordenação de
um centro de saúde e poder conciliar o meu traba-
lho com o dos conselheiros, que seria dar um apoio
maior para a comunidade, trabalhando tanto na ges-
tão, como também no Conselho. Que a realidade
nossa lá é trabalhar com os dois: Conselho Munici-
pal de Saúde juntamente com a Secretaria Munici-
pal, para que nós possamos dar um suporte maior à
comunidade. (GF)
142
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
143
desconhecimento e a desinformação para uma efetiva atuação do papel, o
que compromete a proposta de representação e de legitimidade dos conse-
lheiros.
Gerschman (2004) afirma que o resultado para a legitimidade dos
Conselhos decorre da formação de um vínculo dos conselheiros com sua
população eleitoral, realizado de forma orgânica, “o que depende dos ca-
nais de comunicação e a vinculação com a sociedade, por intermédio das
entidades representadas e do processo de interlocução que estas desenvol-
vem ou podem vir a desenvolver com a população” (GERSCHMAN, 2004
p. 1676). Uma vez não mantendo esse canal de comunicação com a base
eleitoral, sua representação fica prejudicada.
Viu-se, na discussão sobre a representação dos conselheiros da RIDE-
DF, um processo de eleição/indicação que traz questionamentos sobre a
representatividade e a legimitimidade dos indicados.
Os conselheiros valorizam no discurso, a participação da sociedade no
Controle Social em Saúde, como reconhecem ser uma atribuição deles, e
consideram fundamental o desenvolvimento de estratégias de mobilização
e de participação da comunidade para o efetivo Controle Social e a melho-
ria da saúde da população.
Eu entendo que o conselheiro ele não representa em
si, a si só, ele representa um segmento, e como tal
ele tem que dar o retorno àquele segmento que re-
presenta. Então todas as deliberações, todas as deci-
sões acontecidas no pleno do Conselho ele tem que
levar para o segmento que ele representa, trazer os
anseios daquele segmento para dentro do Conselho,
colocar em discussão e aprovar as políticas que aten-
da os anseios daquele segmento que ele representa,
e eu entendo também que os conselheiros eles não
podem ser situação contraposição, político contra
político, gestor contra prestadores, usuários contra
governo.
O meu objetivo é informar para a sua comunida-
de o que é o SUS, o direito da saúde, o direito que
você tem dentro da saúde, a gente não está aqui para
te fazer um favor, ela está cumprindo o papel, uma
obrigação dela, essa é a função minha aqui dentro
do meu município eu fiz e graças a Deus deu certo,
hoje eu tenho um Conselho cheio, todas as reuniões
é cheio, graças a Deus. (GF)
Mas, contudo, um grande número de conselheiros revela que a res-
ponsabilidade de criar canais de comunicação para ampliar a mobilização
e participação da sua base representativa não ocorre ou é de forma inex-
144
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
145
gias que ampliariam a participação popular local, a legitimidade dos Con-
selhos e o Controle Social: ampliar a utilização dos recursos dos meios de
comunicação, rádio, televisão, carro de som, jornais locais; usar os canais
de divulgação dos serviços sociais públicos, principalmente, os da saúde e
da educação - boletins informativos, panfletos explicativos sobre o Conse-
lho de Saúde, comunicação digital; promover fóruns de discussão, cursos
e palestras, entre outros.
Então a expectativa que a gente tem é de trazer in-
formação a certos segmentos sociais utilizando-se...
a mídia, e aqui em Formosa nós temos jornais, nós
temos rádio AM e FM e nós temos também o privilé-
gio de ter uma emissora local transmitindo, né? Que
é a TV Itiquira, as questões locais, acho que dando até
amplitude até aqui da região. Então quanto à utiliza-
ção da mídia, sim é uma estratégia. Cabe então é ter
acesso a isso por que os próprios profissionais da im-
prensa às vezes eles estão lá também como manipula-
dores e não como formadores de opinião sabe? (GF)
Os conselheiros acreditam também que se trata de fazer um investi-
mento na formação e desenvolvimento das pessoas em longo prazo, inves-
tir na educação popular em saúde, com a sugestão que o tema Controle So-
cial passasse a constar como conteúdo na formação educacional em seus
diferentes níveis de formação, como forma do desenvolvimento da consci-
ência crítica sanitária sobre o papel do Controle Social e melhorar a partici-
pação da sociedade.
Como trazer essa comunidade?... e eu sei que é mui-
to difícil porque você criar uma consciência sanitária
é um trabalho que a gente vai começar agora pra uns
dez anos, porque é muito difícil, então é esse o meu
ponto em que eu bato, sabe? Eu queria muito fazer
alguma coisa por uma comunidade que está sofren-
do. (GF)
Então eu acho que está faltando essa conscientização
da sociedade da importância do Controle Social; in-
clusive como sugestão de se colocar na grade escolar
da formação de futuros conselheiros, de futuras pes-
soas que irão realizar o Controle Social. (GF)
Parece que o que está faltando é a educação da saú-
de, precisa ser orientado desde o usuário lá embaixo
até o ministro lá em cima, do que seja saúde, ou seja,
é necessário educação da saúde. Também um escla-
recimento maior pra gente, conselheiro, pra poder
estar chegando mesmo, você ter segurança. (GF)
146
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
147
creio que um dos papéis do Conselho seria essa in-
tegração para tentar escutar mais a comunidade, tra-
zer a comunidade. (GF)
Participação da população no sistema todo, como
a diz lá no Conselho de Saúde, no sistema todo, de
saúde que eu digo. Eu acho muito importante vê as
maiores prioridades, marcam a agenda, pronto aca-
bou não existe mais fila. Nós levamos para o Conse-
lho, o Conselho achou maravilhoso, realmente fun-
cionou, da mesma forma, era o agendamento de
consulta médica também foi solucionado então aca-
bou o problema, quer dizer, a importância muito
grande da população, vai enfrentar o problema, eles
estão trazendo pra ajudar a gente, a gente não traba-
lha sozinho. Isso é a participação, eles são capazes.
Da mesma forma, foi resolvida os exames laborato-
riais. (GF)
Aparece, nessas últimas estratégias, um potencial na capacidade dos
conselheiros de uma democracia mais participativa, de buscar e facilitar a
construção de alianças junto à população para ações de mobilização e par-
ticipação popular para as questões da saúde, possibilitando, assim, novas
formas de intervenção em saúde.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
149
de posse, nós conseguimos fazer uma Conferência
Municipal de Saúde, que hoje eu vejo, pelo menos
no meu município, é a principal oportunidade que o
conselheiro tem de levar proposições. (GF)
Temos uma gestão, uma gestão que dá uma atenção
máxima para mim para o Conselho, é um secretário
que não falta a uma reunião, que é muito importan-
te secretário de saúde, estar sempre envolvido com o
seu Conselho. (GF)
O gestor, na visão dos conselheiros, pode centralizar e induzir as de-
cisões do colegiado, definindo de antemão as questões que são sumaria-
mente encaminhadas e aprovadas nos Conselhos. Em geral, estabelecem-
se as pautas e discussões dentro da perspectiva mais técnico-burocrática da
formalidade do Conselho de Saúde. Eles percebem a existência de confli-
tos ligados aos grupos de interesses locais, regionais e federais, acrescidos
de interesses corporativos de determinadas categorias e dos prestadores de
serviços no processo decisório na prestação de serviço ao SUS, configuran-
do outros espaços de poder, portanto, se sentem coagidos ou sem um pre-
paro técnico adequados para entrar nesse embate, sujeitos a manipulação
dos interesses envolvidos, principalmente, mais forte na percepção do seg-
mento dos usuários.
Na condução dos trabalhos de oficinas pedagógicas, os conselheiros
relataram dificuldade em conhecer as etapas, os fluxos e fontes de finan-
ciamento nos municípios, que havia por parte da representação do poder
executivo e legislativo, questionamentos sobre a legitimidade dos conse-
lheiros para interferir no orçamento proposto. Os orçamentos municipais
também se apresentaram como peças prontas com linguagem dos peri-
tos e técnicos da área ou contratados para sua execução, sendo considera-
do algo não adequado ao tratamento pelos leigos como os conselheiros de
saúde.
Acho que seria importante se fossem levado a co-
nhecimento dos conselheiros, aonde é que é impor-
tante, aonde é imprescindível a participação deles,
pra dar certo, o Plano Municipal de Saúde, o conse-
lheiro tem muito conselheiro que não sabe o que é
o plano. (GF)
Há uma percepção dos conselheiros, focada nos elementos de dificul-
dades locais envolvendo os interesses políticos em disputa na realidade
municipal, expressam sobre a pouca autonomia para a saúde nos municí-
pios, onde quem manda é o prefeito e não o secretário de saúde. Essa per-
cepção pode dificultar a compreensão mais ampliada e a perspectiva de in-
tegrar uma ação local com agendas regionais e nacionais.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
151
mandado dele, pra assinar o que ele quiser, viu o quê
que ela falou, o prefeito que pediu, ele me colocou
ele pode me tirar, isso existe?
Porque nós não temos poder de polícia, nós não te-
mos poder de veto de veto, isso, nós não temos po-
der nenhum, o Conselho Municipal de Saúde. (GF)
Os conselheiros, de modo geral, falam da dificuldade em ter o Secre-
tário como presidente do Conselho, dizem ser contrários a isso, uma vez
como é que ele vai se auto-avaliar, aprovar os próprios gastos?
Foi deliberado que o secretário não podia ser presi-
dente do Conselho até por ele não poder administrar
o que ele está gastando, o exemplo dele, se vocês não
tiverem, a gente manda, aí está todas as deliberações
dessa Plenária Nacional, e o exemplo já veio de casa,
o ministro que era nato presidente do Conselho de
Saúde Nacional já foi feito eleição, hoje nós temos
presidente eleito do Conselho Nacional que é um
trabalhador de saúde. (GF)
A Resolução n.º 333, de 2003, prevê, na composição destes, que o pre-
sidente será eleito entre os membros do Conselho, em reunião plenária,
portanto, não é um cargo nato do poder executivo, mas que, por decisão do
plenário, o secretário de saúde poderá ser eleito para o cargo.
Freitas (2003) cita cinco aspectos para melhorar a ação política nas es-
tratégias participativas de negociação e mediação, quanto se tem que pen-
sar a vigilância da saúde na perspectiva participativa e do pluralismo de po-
der em nível local: a desmonopolização da especialização, pois o saber não
é exclusivo de gerentes de serviços e técnicos; a informalização da jurisdi-
ção, ampliando os círculos de grupos a participação segundo os padrões
sociais de importância; a abertura da estrutura de tomada de decisões para
todos os participantes na implementação de programas de controle, pre-
venção, proteção e promoção; a criação de um caráter público parcial, as
negociações por meio dos diálogos entre as mais variedades de agentes, a
autolegislação e auto-obrigação, as normas – as formas de votação e apro-
vação para os processos decisórios devem ser resolvidas e sancionadas de
comum acordo (FREITAS, 2003, p. 156).
Para que possam ter uma atuação como sujeito político, é necessário
que os conselheiros desenvolvam mecanismos para o acesso a essa racio-
nalidade técnica, como instrumento e ferramenta para participar como su-
jeitos políticos do processo de gestão em saúde para transformação das re-
lações instituídas pelo poder executivo, por meio de cursos de qualificação
para a atuação do exercício do Controle Social para processos democráticos
participativos na relação Estado e sociedade.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
153
Como que eu vou aprovar essa prestação de contas,
como que eu vou analisar essa prestação de contas,
acho que é isso que nós estamos buscando. (GF)
É conhecer como é que se funciona, como é que ana-
lisa a prestação de contas, como é que vou eleger os
membros, qual é a função dos suplentes, não é só
simplesmente saber fazer uma ata e apresentar uma
prestação de contas, porque eu vejo que muitas ve-
zes o Conselho se resume em uma ata, se preocu-
pam muito com aquela ata, e o objetivo de uma reu-
nião não é só essa, é muito mais, é isso que a gente
busca aqui nesse decorrer desse curso. (GF)
O processo deliberativo, no Conselho de Saúde, pressupõe que as
partes envolvidas fossem igualmente informadas sobre processos, orga-
nização e financiamento do sistema de saúde; que fossem também poli-
ticamente legitimadas com forte vocalização de demandas e capacitação
técnica equivalente (GERSCHMAN, 2004).
Sobre o Controle Social se conformando como um espaço de correla-
ção de forças, com interesses distintos, Correia faz um alerta para que “se-
jam ocupados com competência técnica política para que os conselheiros
usuários não se tornem burocratas da máquina estatal, confundindo o seu
papel com o do gestor” (2005, p. 69). Acrescentamos também, os conse-
lheiros trabalhadores da saúde, como também suscetíveis a essa situação.
Agora se não houver conselheiros participativos e
comprometido com o Controle Social ele vai ser ape-
nas um apêndice dos executivos locais. (GF)
Percebe-se, na fala, que o potencial para o aprendizado da competência
político-formal para intervenções em saúde pode ser estimulado e aprendi-
do nos espaços colegiados por meio da ação pedagógica no quotidiano dos
espaços institucionais, como também, no acesso a cursos de capacitação
que se comprometam com a qualificação técnica e política para o desenvol-
vimento da função de conselheiros orientado por um projeto ético-social.
Para isso, é fundamental o desejo do conselheiro para a conformação de
sujeito político, ter disponibilidade e interesse para processos de transfor-
mação social, desenvolvendo competências e habilidades para o exercício
de compartilhamento de poder na gestão do SUS.
Eu já sei é que quando tem presidente e secretário
novo tem que aprender a organizar. A gente tinha
um plano lá, e ele já chegou com um plano pronti-
nho, eu nem gostei e eu votei. Quando foi lá a for-
mação e nós tivemos mais um curso aí, eu pensei:
puxa, o tanto que a gente mudou de lá pra cá. Por-
que quando a gente participava das reuniões, a gente
154
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
155
Por não ser meramente um arranjo gerencial, lhe
cabe cartografar a realidade a que se refere e operar
processos pedagógicos de ordenamento da rede de
atenção, de permeabilidade às práticas populares, de
qualificação das práticas pela integralidade da aten-
ção e de produção de aprendizagens significativas
pela alteridade das pessoas, histórias de vidas e his-
tórias culturais que buscam as ações, os serviços e os
sistemas de saúde. A roda serve para alimentar cir-
cuitos de troca, mediar aprendizagens recíprocas e/
ou associar competências.
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Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
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gularidades ou situações de descaso e omissões são o Ministério Público,
Tribunal de contas, Corregedoria da União, Conselhos profissionais das
categorias, Assembléia Legislativa e Câmara Municipal, como também, os
não legalmente constituídos rádio, Internet, fóruns de associações, Conse-
lhos populares, entre outros.
Os conselheiros ressaltam que os conflitos tendem a ser definidos no
âmbito do Conselho e da Secretaria de Saúde. Observa-se que a busca des-
sas instâncias como possíveis parceiros pouco ocorre devido ao desconhe-
cimento desses canais de controle ou por descrédito a essas instância de
controle. Mas, tem também relatos isolados bem-sucedidos da utilização
desses mecanismos em municípios da RIDE-DF, para efetivar processos
de controle na exigência do direito a saúde, assegurada na Constituição de
1988.
Agora quanto ao Ministério Público e a Câmara de
vereadores eu fiquei até um pouco decepcionada. Na
Conferência Municipal de Saúde, porque antecipa-
damente todos foram convocados, convidados, man-
damos o regimento, regulamento antecipado, não
houve participação nenhuma do Ministério Públi-
co e dos vereadores na solenidade de abertura com-
pareceram de uma maneira política só para marcar
presença, alguns poucos e durante mesmo foi só
um. (GF)
Enfim, os conselheiros podem articular estratégias com setores e seg-
mentos diversos da sociedade, buscando aliados e parceiros, para a inte-
gração de ações e de construção de agendas conjuntas para a proteção dos
direitos sociais dos usuários.
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Em relação à participação dos conselheiros no planejamento de saú-
de, um grande número afirmou que, geralmente, os Conselhos recebem
prontos, e que eles são disponibilizados com antecedência, com variações
no prazo para apreciação e análise. Não se identificou uma discussão pré-
via do plano em suas bases representadas e aparece muito presente nas fa-
las a dificuldade de conhecimento e formação específica para compreensão
e clareza para avaliação da adequação e do mérito para o que está proposto.
Reconhecem dificuldades com relação ao tempo que lhes é imposto para
aprovação dos planos e ainda da linguagem e formato dos documentos que
privilegiam um padrão técnico, baseado em diagnósticos numéricos e pou-
co explicativos, mas tendem a aprovar os planos de saúde. Esta dimensão
no trabalho dos conselheiros é sentida como pouco legitimadora do papel
participativo e democrático do Conselho.
O plano ele foi discutido, foi levado ao Conselho, foi
debatido com os conselheiros, opiniões, com as ou-
tras secretarias também, em parceria com as outras
secretarias, inclusive de educação e obras, e a minha
participação em relação a esses projetos eu acho que
é importante, porque até mesmo na implantação de
uma saúde, coordenação do saúde da família, saú-
de bucal, um dos projetos fomos nós que fizemos,
eu, um odontólogo e uma outra colega lá enfermei-
ro. (GF)
Outro aspecto que emerge na fala dos conselheiros, de forma natura-
lizada, é que o planejamento do Plano Municipal de Saúde e a gestão em
saúde são vistos como atividade/responsabilidade dos técnicos ou dos pro-
fissionais que detém o conhecimento científico. Sabe-se que esse argumen-
to muitas vezes é utilizado para elaborar e definir as prioridades em saúde
no município sem a participação dos principais interessados, que são os
usuários do sistema e dos serviços. Temos aí uma forma de planejar que não
fortalece a participação e o Controle Social da saúde, como previsto nas leis
que regulamentam o SUS (Leis Orgânicas n.º 8.080 e n.º 8.142, de 1990).
É micro Conselho de Saúde, ele não tem participa-
ção na minha visão e não influencia na saúde da ci-
dade, porque chega tudo de supetão. Vão aprovar
isso aqui, tem dois dias, se virem e dá conta porque
se não chega nada e aí vai ficar mais precário ainda a
situação da cidade. Então eu acho é importante visar
que o Conselho tem que... deve influenciar a partici-
pação da sociedade. (GF)
No SUS, o planejamento previsto é ascendente, desde o nível local até
o federal, com participação dos órgãos deliberativos, compatibilizando as
necessidades dos cidadãos com os recursos previstos nos planos de saúde
160
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RIDE que saíram daqui no campo técnico não vêem
defeitos no seu funcionamento. Agora isso é neces-
sário falar com os conselheiros, conscientes a fim de
que possamos ser bem estruturados e conscientiza-
dos, a fim de que possamos levar ao conhecimento
para que se possa funcionar, o Município como está?
É difícil, é muito difícil. (GF)
Os conselheiros identificam um movimento de expansão dos servi-
ços municipais após a institucionalização do SUS e da municipalização da
saúde. Porém, algumas áreas continuam com dificuldades, como o acesso
à parte hospitalar, às especialidades médicas e oferta de medicamentos.
Em relação ao enfrentamento para os problemas e agravos a saúde,
cabe considerar que “mesmo os serviços de saúde, na qualidade de um dos
determinantes diretos, podem ter um papel na melhora da saúde, mesmo
em face das notáveis iniqüidades na distribuição de riquezas, requer que
o sistema de saúde tenha uma forte orientação de atenção primária para a
efetividade e eqüidade” (STARFIELD,2004, p.27).
Os conselheiros percebem essa centralidade da política de saúde na
implementação das propostas da Atenção Básica, com a ampliação da ofer-
ta de serviços nos municípios nos últimos anos, porém, consideram que
há dificuldades de articulação da rede assistencial em diversos níveis.
A saúde melhorou, melhorou bastante e a saúde
nossa está indo bem, tá indo bem, mesmo com di-
ficuldades financeiras, mas está indo bem, aliás es-
tamos sendo procurado até pelo Distrito Federal, e
quando, às vezes, nós não somos tão bem atendi-
do assim no Distrito Federal, assim parece que tem
dois hospitais que sempre atende a gente, os outros
renegam, está certo? Essa situação eu acho que não
é só lá, infelizmente a causa do nosso Brasil é esse,
tá? (GF)
Eu entendi que Atenção Básica seria os postos de
saúde, o acesso aos postos de saúde, ou a resposta
dos atendimentos do programa saúde da família.
Não seria assim: o que é que tem de encontro, o que
é que tem de avanço no programa saúde da família?
No meu município, que é (município), tenho que di-
zer que nós estamos avançando, e avançando muito,
porque quando o gestor que estava já estava comple-
tando oito anos de mandato, assim que ele assumiu
o município, nós tínhamos doze postos de saúde,
hoje nós temos dezesseis postos de saúde, e temos
dois postos que têm duas equipes de saúde da famí-
162
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
163
saúde, afirmando que o privado está competindo com o público, e que a
rede privada deveria ser fiscalizada pelo Conselho de Saúde/SUS, na medi-
da em que a sociedade não participa do controle e da regulação deste setor,
cabendo este papel a uma agência reguladora criada para esta finalidade
(Agência Nacional de Saúde – ANS).
O SUS não vai pra frente é exatamente porque tinha
que ser falado com a gente, nós temos esse poder
dos planos de saúde... tinha que ver isso, o municí-
pio não faz, o particular não faz. (GF)
E o governo quer, e o governo quer que os planos de
saúde se dêem bem e o SUS não. Eu não concordo
realmente com essa política de saúde como que o
SUS vai funcionar bem? (GF)
Então, o atendimento nosso lá, nós temos setenta e
cinco médicos na cidade de Unaí, setenta trabalham
no sistema de saúde municipal, as clínicas dos con-
sultórios particulares vão maravilhosamente bem.
(GFCAB 2)
O SUS paga três reais uma consulta, quem é que
vai dar bem? É o SUS? Pagando médico é assim?
Uma consulta é três reais, certo, no hospital particu-
lar seria cem, cento oitenta vai, a demanda é maior
na rede pública, pode ser mais barato,... A questão
de saúde é isso... Paga, mas o atendimento na rede
rede pública não tem comparação com a rede priva-
da, mas é aí que está o controle da saúde. (GF)
No processo de refletir o cotidiano da saúde, os conselheiros verbali-
zam como ocorre forças contrárias à lógica do SUS, em seus princípios da
acessibilidade, universalidade e integralidade, o modelo técnico-assisten-
cial, práticas clientelístico-corporativas, cultura da população por serviços
especializados, baixa mobilização e reivindicação da população, rede insu-
ficiente de oferta de serviços, municípios com baixa cobertura da Atenção
Básica.
Quando você marcava consulta era um ano, era bri-
ga em cima de briga, que a pessoa chegava lá com a
sua pessoa querida doente e não conseguia porque
tinha que ter marcado consulta anteriormente. E a
gente: olha, tem alguma coisa errada, o pessoal está
reclamando muito. Eu cheguei no secretário e dis-
se: chefe, o que pode ser feito, que estão reclamando
que esse negócio de ficha não está dando certo, mar-
car consulta em posto de saúde. O programa de saú-
de da família não tem que ser marcada consulta. Se
estiver marcando consulta no saúde da família nessa
164
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
165
A batalha com os companheiros para melhorar um
pouco a situação lamentável. Eu posso dizer assim
da saúde, nosso amigo aqui disse que a saúde evo-
luiu bastante, mas se a gente observar o desenvolvi-
mento urbano da comunidade a saúde cresceu mui-
to pouco, então nós temos que olhar um pouco pro
lado porque a saúde não está essa maravilha toda
não. (GF)
E ser conselheiro para mim hoje, pelo que eu estou
desde março frente ao Conselho, seria subsidiar as
ações dentro do município, principalmente na pro-
moção e prevenção de saúde, que eu acho que essa
área é ainda um pouco falha, se faz muito curativo e
esquece muito da prevenção. (GF)
A dificuldade do acesso da população ao atendimento na Atenção Bá-
sica, segundo os conselheiros, perpassa também pela dificuldade de con-
tratação de profissionais principalmente da categoria médica, mas que, em
menor escala, ocorre na contração de outros profissionais, como enfermei-
ros, implicando dificuldade de formar vínculos e co-responsabilização para
o trabalho em comunidade Defendem que deve-se pensar em política para
contratação nos programas de Atenção Básica, principalmente para a cate-
goria médica.
Hoje essas dificuldades já, em grande parte, foram
sanadas, mas continuam alguns garranchos, por
exemplo, nós temos uma grande dificuldade na con-
tratação de médicos, porque o Distrito Federal paga
mais, por ser próximo o nosso município, logo que
tem vagas aqui no Distrito Federal, eles saem de lá
e vêm pra cá. Não querem nem saber. A responsa-
bilidade com a população ocupa o segundo, terceiro
plano. E isso dificulta muito. Não é por nada relacio-
nado ao gestor, nem ao sistema de saúde hoje não. É
por causa desses problemas. Também na área de en-
fermagem e na área técnica existe esse mesmo pro-
blema por causa dos concursos. Hoje as nossas con-
tratações lá são precárias, por tempo determinado. E
quando aqui tem concurso, eles vêm pra cá e deixam
a área descoberta. (GF AB 1)
Vários conselheiros do segmento dos trabalhadores da saúde trouxe-
ram a preocupação de que, nas ações de intervenção das equipes de saú-
de, seja considerada a complexidade do processo saúde-doença para enca-
minhamento aos serviços de referência da Atenção Básica, de média e alta
complexidade; os princípios que dizem respeito à necessidade da interdis-
ciplinaridade para o trabalho coletivo em saúde, de forma complementar e
166
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
167
reador e vai até o médico e pede para atender, a fila
está cá fora, não tem direito a nada. (GF)
A cultura da população por serviços especializados está ilustrada no
depoimento a seguir.
Está se vendo que a porta de entrada seja o PSF,
mas, infelizmente, são poucos os casos que vêm
pelo PSF. A gente está tentando criar essa cons-
cientização da comunidade, mas o hospital ain-
da enche de gente com dor de cabeça, qual-
quer coisinha é o hospital ainda. A gente está
tentando passar essa informação igual ao [conse-
lheiro] estava falando: da próxima vez você procu-
ra o posto mais perto da sua casa. Mas a gente tem
esse problema no hospital e por isso que o pesso-
al fica tanto tempo na fila esperando. (GFCAB 1)
Em Luziânia, a porta de entrada a gente sabe que é o
PSF. Até porque a gente sabe que só tem vinte por
cento de cobertura, essa cobertura é mínima, mas...
(GFCAB 1)
Os conselheiros reconhecem que os profissionais trabalham em con-
dições inadequadas, muitas vezes, mas o que não justifica situações para
uma comunicação desqualificada, desumana junto aos usuários, que se
submetem por não conhecerem ou por encontrarem dificuldades para as-
segurar os seus direitos como cidadãos e usuários do sistema de saúde,
destacando nas falas a necessidade de fazer investimentos na qualificação
dos profissionais de saúde e do Controle Social por parte dos usuários.
Os conselheiros observam que a proposta de trabalho em equipe com
enfoque na saúde da família é um processo em estruturação com variações
em cada local, como também de cada equipe constituída no que tange ao
modelo técnico assistencial, que pode reproduzir a lógica da saúde indivi-
dual, preventivo ou buscar uma aproximação com o da saúde coletiva, do
PSF, um modelo que se percebe em construção de saberes e práticas para
a intervenção centrada na família.
Os conselheiros avaliam que as áreas rurais em geral e os assentamen-
tos ou acampamentos para reforma agrária estão pouco cobertos pelos ser-
viços, em comparação com as áreas urbanas, em função até pelas questões
geográficas. São também pouco assistidas as pessoas com necessidades es-
peciais e doentes crônicos com dificuldades de locomoção.
Que a saúde de (Município) está bem; não muito
bem, porque não é 100% porque 100% eu acho que
é impossível, mas, está bem, o pessoal da zona rural
é mais difícil o acesso, mas o pessoal da zona urbana
168
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
169
rede de esgoto, acho que isso aí seria primário, nós
temos gente hoje, nós temos surto de dengue no
país, nós estamos em 2006, eu acho isso um absur-
do como profissional de saúde. (GF)
O problema nosso em ser conselheiro, ele é muito
mais, problemático, até os problemas dos cachor-
ros, problemas dos animais na rua. (GF)
Uma usina de álcool no nosso município e mudou
praticamente a realidade do nosso município e nós
essa semana já conversando com a nossa secretária
gestora e falando para ela que já está na hora de co-
meçarmos a rever alguns pontos do Plano Munici-
pal de Saúde por que a coisa está... Mudou muito a
realidade do município. (GF)
Apresentamos até aqui as questões que, de alguma maneira, dão conta
do significado, das dificuldades, bem como, dos avanços do Controle Social
nos municípios da RIDE-DF, na percepção dos conselheiros participantes
dos grupos focais, que analisaram o perfil do Controle Social na região.
Foram aspectos ligados ao exercício do poder compartilhado na gestão da
Atenção Básica ou das dificuldades de exercê-lo ou até da falta dele. Ques-
tões que organizam o discurso sobre a participação com suas potencialida-
des e limitações, que se relacionam com a questão da formação para parti-
cipação e cidadania.
Com base nos resultados podemos nos perguntar se a Atenção Básica
é a expressão política democrática do SUS, construída de forma participa-
tiva ou um conjunto de ações ou programas verticalizados e fragmentados,
que, ao se comporem desta forma inviabiliza o controle democrático da so-
ciedade. As discussões têm como referências as reflexões construídas pelo
grupo de facilitadores e pesquisadores ao longo do processo de qualifica-
ção do Controle Social nos municípios da RIDE-DF, tomando como base o
quadro teórico do estudo.
A participação e o Controle Social devem constituir-se estratégia trans-
versal, presente nos processos cotidianos da gestão do SUS. Deliberar
junto significa mais do que realizar o Controle Social – e este é o efetivo
desafio apresentado à democracia participativa (BRASIL, 2005a). Os fun-
damentos legais instituem os Conselhos e Conferências de Saúde, que
vêm mobilizando trabalhadores de saúde, gestores e usuários no Controle
Social do SUS.
e eu entendo também que os conselheiros eles não
podem ser situação contraposição, político contra
político, gestor contra prestadores, usuários contra
governo. Eu entendo que no pleno do Conselho isso
não pode acontecer, ali é foro democrático e como
170
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
171
da 9.ª a 12.ª, vêm reafirmando como indispensáveis a implementação e o
fortalecimento dos mecanismos de Controle Social já existente (OLIVEI-
RA, 2004).
Desde a criação dos mecanismos do Controle Social nos municípios,
na década de noventa, poucos deles haviam realizado as conferências
previstas de dois em dois anos, como espaço de discussão e deliberação
das diretrizes da saúde no município. Com a realização das conferências,
há relatos de mais segmentos que se incorporaram na luta pela saúde,
fortalecendo o papel dos Conselhos e das lideranças que representam à
comunidade.
No Brasil, ainda é uma novidade esse princípio político/administra-
tivo e as condições desfavoráveis em função ainda do alto nível de centra-
lização das políticas, o que dificulta uma relação mais transparente entre
o governo, as instituições, o Estado e a sociedade.
O accountability corresponde à capacidade do Estado de preencher a
lacuna entre suas ações e as expectativas de eficiência por parte dos cida-
dãos que demandam essa responsabilidade dos agentes e organizações
não governamentais. Ainda segundo o autor, é uma ação que deve ser vis-
ta não apenas na esfera da cobrança individual, em um jogo de perguntas
e respostas nas relações cotidianas e sim como um processo, em particu-
lar no caso do SUS, em que o cidadão, ou suas organizações possam efe-
tivamente conhecer e cobrar as responsabilidades das esferas públicas.
O accountability na administração pública envolve os meios pelos
quais as agências públicas e seus servidores atendem às diversas expec-
tativas geradas dentro e fora da organização. O comportamento dos ser-
vidores públicos é conseqüência das atitudes das próprias clientelas, por-
tanto, o accountability está em relação com a organização e participação
cidadã e consciente dos seus direitos.
Assim, podemos entender a expressão accountability como um pro-
cesso que invoca responsabilidades objetivas e subjetivas das instituições
e dos responsáveis pelo seu funcionamento, por meio da organização da
sociedade e da constituição de espaços públicos democráticos (OLIVEI-
RA, 2004). Ainda segundo o autor os Conselhos de Saúde estariam à al-
tura, em função do seu papel, de induzir responsabilidades governamen-
tais, aproximando as decisões púbicas às expectativas dos cidadãos. Para
tanto, sua ação política deve ser ampliada com mais visibilidade e vocali-
zação e qualificada, envolvendo de forma mais estratégica as questões da
informação e comunicação e processos de Educação Permanente para a
cidadania.
172
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
173
formação social, na perspectiva da participação cidadã (GOHN, 2004a;
CAMPOS, 2000).
Ao assumir a pesquisa-ação como eixo estruturante para o processo de
capacitação, compartilhando com as idéias de Acioli (2007).
de que a vivência desse processo possa ser tomado
como prática pedagógica, e desta forma, contribuir
para a superação das tensões e conflitos entre inte-
resses individuais e coletivos e a diversidade repre-
sentada pelos diferentes segmentos; assim como
considerar a apropriação das dimensões do poder
em sua aplicação institucional. Esforço pedagógico
que torne substantivo o exercício do controle público
sobre a ação estatal do Sistema Único de Saúde hoje.
Enquanto elemento potencial de Educação Perma-
nente, que esta superação represente a dimensão do-
adora de sentido da prática do controle público sobre
a ação dos governos, tanto para a efetivação da eficá-
cia do SUS, quanto para a construção de relações de-
mocráticas no espaço social. (p.411)
Com base nestes conceitos e na estratégia de Educação Permanente
para a participação cidadã, os conselheiros facilitadores construíram um
perfil de práticas, conhecimentos e valores necessários para o exercício do
Controle Social nos municípios. Este perfil delineado pelos conselheiros
para a qualidade política de atuação, permite vislumbrar as necessidades
de formação dos conselheiros dos diversos segmentos, possibilitando defi-
nir processos de aprendizagem que reconheçam os diversos saberes e prá-
ticas presentes no dia-a-dia da participação no Controle Social na saúde.
Nessa atividade pedagógica, privilegiou-se o reconhecimento de inte-
resses e desejos nas atuações dos diferentes representantes dos segmen-
tos envolvidos no Conselho de Saúde, não se pretende que seja assumido
na perspectiva prescritiva e funcionalista. Pretendeu-se ainda, reconhecer
em outros sujeitos lógicas distintas, mas que em processos de gestão co-
legiada possam ser entendidos como sujeitos coletivos, interdependentes,
compartilhando e negociando poder para a ampliar a capacidade de inter-
venção para deliberação política e de correção rumos (CAMPOS, 2000),
integrando saberes e experiências nas questões da saúde e para a prática da
participação cidadã.
Os resultados do debate de grupo evidenciaram que a atuação desejada:
Para o Segmento de Gestores e Prestadores:
• provocar transformações no SUS em beneficio da comunidade;
• buscar soluções democráticas e participativas;
• propor meios e recursos adequados às necessidades identificadas;
174
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
175
• participar ativamente do processo de planejamento em saúde, in-
dicando necessidades, prioridades e formas de avaliação do que foi
planejado;
• fortalecer sua representação, aglutinando e ampliando a participa-
ção da base representada com mecanismos de escuta permanentes
e de mobilização social, com comunicação e divulgação dos resulta-
dos da ação do Conselho na mudança dos serviços e na qualidade
de vida;
• ter compromisso, responsabilidades e ética na sua intervenção;
• gostar de ser conselheiro;
• atuar de forma transparente e imparcial;
• reforçar o respeito mútuo e a solidariedade, cooperando na constru-
ção pública das ações de saúde;
• ser autônomo e independente, atuando com visão crítica e senso de
responsabilidades.
No decorrer e no encerramento do curso de capacitação, os conselhei-
ros facilitadores, falaram da sua evolução para o desempenho no papel de
representante no Conselho de Saúde, valorizaram o conhecimento obtido,
como também, o fortalecimento e a integração entre os seus colegas re-
presentantes para enfrentamento dos problemas e proposição de estraté-
gias, pedindo a expansão dessa atividade para outros conselheiros, de for-
ma continuada, devido a rotatividade dos participantes.
Porque tem uns conhecimentos que eu tenho que
são muito humildes. Eu percebi muitas mudanças.
Lembro dessas duas aqui que estão do meu lado.
Lembro que eu fiquei impressionada e ainda falei:
meu Deus, eu no meio desse povo aqui! Eu achei
esse curso diferente, agora eu penso para falar, não
faço mais igual a telefone sem fio. Eu acho que a gen-
te conheceu os fundamentos da equipe, da dinâmica
da gestão, de como a gente avalia. Ficou muito bom.
Ajudou a gente a crescer. Se você tivesse idéia de
quanto o Conselho.... Todo mundo se ajudando, e no
final acho que vai ser bem enriquecido. (GFCAB 1)
Com o curso da UnB foi crescendo, expandindo,
agora eu tenho condições de dizer assim: eu sou um
conselheiro, eu tenho condições. Eu sei o quanto eu
me empenho, sei o que é programado. E junto com a
UnB, deu uma experiência, que agora eu posso che-
gar pra qualquer um tirar dúvidas quanto ao empe-
nho, quanto a contabilidade pública. E as necessida-
des que vêm ao Conselho. Esse curso me enriqueceu
176
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
177
tecnológico, a criação de instrumentos e métodos capazes de solucionar os
problemas em uma dada realidade social. A qualidade política refere-se a
conteúdos, portanto, é dada na realidade histórica. A qualidade é um fenô-
meno participativo, que pode sustentar processo histórico da auto-promo-
ção dos sujeitos e da sua cultura (DEMO, 2002b).
A ação pedagógica pretendeu ser um instrumento para acesso ao co-
nhecimento, uma auto-reflexão, de forma a propiciar aos sujeitos conse-
lheiros a formação crítica da competência política e formal para a atuação
do controle e criação de novos espaços de sociabilidades que sejam conti-
nentes aos princípios de cidadania e democracia, refletindo na proposição,
deliberação, monitoramento e avaliação das políticas de saúde.
Assim, buscou-se junto com os conselheiros delinear alguns indica-
dores qualitativos para o Controle Social em Saúde no âmbito da Atenção
Básica. Ressalte-se os indicadores qualitativos são considerados balizas
avaliativas, que permitem conhecer com mais profundidade a naturezas
das mudanças ocorridas e em processo (ASSIS; DESLANDES; MINAYO;
SANTOS, 2005). A participação dos sujeitos é fundamental na construção
de indicadores qualitativos em um processo de avaliação de processos so-
ciais (DEMO, 2002).
178
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
179
• os conselheiros articulam ação intersetorial;
• os conselheiros trabalham em parceria com outros Conselhos ges-
tores;
• o Relatório de Gestão é discutido nas bases dos conselheiros;
• conselheiros consultam o público que representa sobre pautas e di-
vulgam decisões tomadas pelo Conselho de forma sistemática;
• as reuniões plenárias são abertas ao público;
• os conselheiros participaram de curso de capacitação;
• o Conselho de Saúde promove ações de capacitação de seus conse-
lheiros;
• as reuniões sempre atingem quórum;
• Conselho propôs e participou de forma ativa na organização das
Conferências de Saúde;
• o Conselho Municipal de Saúde se articula e acompanha os Conse-
lhos Gestores de Unidades;
• o Conselho de Saúde se articula com Poder Legislativo, visando es-
tabelecer estratégias e procedimentos para o acompanhamento da
gestão do SUS;
• o Conselho de Saúde se articula com Ministério Público, visando
estabelecer estratégias e procedimentos para o acompanhamento da
gestão do SUS;
• o Conselho de Saúde se articula com o Poder Judiciário, visando
estabelecer estratégias e procedimentos para o acompanhamento da
gestão do SUS;
• o Conselho de Saúde se articula com a sociedade, estimulando a
criação de Conselho Regional ou Local de Saúde;
180
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
181
da mobilização e participação popular em seus diferentes espaços sociais,
como também em desenvolvimento de ações intersetoriais.
Verifica-se a necessidade da implicação dos conselheiros para proces-
sos de aprendizados para o exercício da democracia participativa, de com-
partilhamento de poder, reforçando a representação e a legitimidade para
a atuação da função na defesa dos interesses da população mais vulnerável
e do Sistema Único de Saúde, conforme assegurado na Constituição, esta-
belecendo novas relações entre a sociedade e o Estado para políticas.
A opção metodológica da pesquisa-ação para a qualificação dos conse-
lheiros mostrou-se adequada à reflexão e à problematização da realidade
dos Conselhos de Saúde e da questão da saúde, com os seus determinan-
tes sociais, propiciando a aquisição de competências e habilidades para a
formação de sujeitos políticos e a capacidade para deliberar e influenciar
os rumos das políticas de saúde comprometidas para processos de trans-
formação da realidade. A possibilidade de definir indicadores para a quali-
dade política formal na atuação dos diversos segmentos representados per-
mite a compreensão de interesses envolvidos na representação do Controle
Social, mas que, pela comunicação dialógica, é possível a negociação para
criar consensos na definição das intervenções de saúde na gestão do SUS.
182
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
REFERÊNCIAS
Abranches, M.; Azevedo, S de. A capacidade dos Conselhos setoriais
em influenciar políticas públicas: realidade ou mito? In: Santos
Junior A. O.; Ribeiro, Q. C. L.; Abranches, A.; Azevedo, S.
Governança democrática e poder local: a experiência dos Conselhos
municipais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 2004.
183
______. Lei Complementar nº 94 de 19 de fevereiro de 1998. Autoriza
o Poder Executivo a criar a Região Integrada de Desenvolvimento do
Distrito Federal e Entorno - RIDE e instituir o Programa Especial de
Desenvolvimento do Entorno do Distrito Federal, e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, p.1, 20 de fev., 1998. Seção 1, 1988b.
184
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
185
CAIADO, Maria Célia Silva. Estruturação intra-urbana na região do
Distrito Federal e entorno: a mobilidade e a segregação socioespacial da
população. Revista Brasileira de Estudo de População. São Paulo, v. 22, n.
1, p. 55-88, jan./jun. 2005.
186
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
187
FERREIRA, A. H.; FREITAS, C. C. R.; FREITAS, R. A função sócio-
ambiental como critério para o julgamento de ações que envolvem litígios
coletivos pela posse da terra rural. Revista da UFG, v. 7, n. 1. Disponível
em: <http://www.proec.ufg.br>. Acesso em: jun. 2004.
188
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
189
implantação de um “sistema sem muros”. Caderno de Saúde Pública. Rio
de Janeiro: v. 20, n. 2, p. 5331-6, mar. 2004.
190
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
191
MISHIMA, S. M. et al. Organização do processo gerencial no trabalho
em saúde pública. In: Almeida, M. C. P.; Rocha, S. M. M. O trabalho de
enfermagem. São Paulo: Cortez, 1997.
192
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
193
Santos, M. R. M. A representação social no contexto da participação
institucionalizada: o caso dos Conselhos municipais do Rio de Janeiro. In:
Santos Junior, A. O.; Ribeiro, Q. C. L.; Azevedo, S. Governança
democrática e poder local: a experiência dos Conselhos municipais no
Brasil. Rio de Janeiro, Revan, Fase, 2004.
194
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
195
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
Anexo I
MUNICÍPIO: ________________________________________________________
ENTREVISTADO, SEGMENTO REPRESENTADO: _________________________
ENTREVISTADOR:___________________________________________________
PADRÃO DEF.2
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde foi criado por lei. SIM NÃO
PADRÃO COR.2
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM PARCIAL NÃO
O Conselho de Saúde é composto por 50% de
entidades de usuários, 25% de entidades dos
trabalhadores de saúde, e 25% de representação
de governo, de prestadores de serviços privados
conveniados, com ou sem fins lucrativos.
SIM = a composição respeita os percentuais previstos na Res. 333/03
PARCIAL = a composição é um pouco diferente da prevista, porém mantém a
representatividade
197
NÃO = não obedece a Res. 333/03
PADRÃO COR.3
DESCRIÇÃO: Na composição de representantes de usuários, indique o NÚMERO
número de representantes de cada entidade/categoria representada.
a) de associações de portadores de patologias;
b) de associações de portadores de deficiências;
c) de entidades indígenas;
d) de movimentos sociais e populares organizados;
e) movimentos organizados de mulheres, em saúde;
f) de entidades de aposentados e pensionistas;
g) de entidades congregadas de sindicatos, centrais sindicais,
confederações e federações de trabalhadores urbanos e rurais;
h) de entidades de defesa do consumidor;
i) de organizações de moradores.
j) de entidades ambientalistas;
k) de organizações religiosas;
PADRÃO COR.3. 1
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
Na composição de representantes de usuários, há SIM PARCIAL NÃO
equilíbrio entre os representantes de portadores
de patologias e deficiências, os representantes
de entidades congregadas de sindicatos, centrais
sindicais, confederações e federações de
trabalhadores urbanos e rurais e os representantes
movimentos sociais organizados.
SIM = Considera-se haver equilíbrio quando há representantes dos 3 grupos assinalados:
a) portadores de patologias e deficiências, b) entidades congregadas de sindicatos, centrais
sindicais, confederações e federações de trabalhadores urbanos e rurais e c) movimentos
sociais organizados.
PARCIAL = Quando houver representantes de 2 dos grupos assinalados.
NÃO = Quando houver representantes de apenas um grupo.
SUB-PADRÃO COR.3.2
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
Entre os representantes de usuários não há SIM NÃO - Há
trabalhadores de saúde, a menos que esses outros
profissionais sejam portadores de patologias Não há outros
e de deficiências e militantes efetivos das segmentos
seg.
organizações.
=
SIM = Não há outros segmentos atuando como usuários
NÃO = há outros segmentos de saúde
198
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
PADRÃO COR.3.3
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
Há equilíbrio na composição de representantes de SIM PARCIAL NÃO
governo e de prestadores de serviços de saúde privados
conveniados, com ou sem fins lucrativos.
SIM = Considera-se haver equilíbrio quando o número de representantes dos 2 grupos
(governo e de prestadores de serviços de saúde privados conveniados, com ou sem fins
lucrativos) é equivalente.
PARCIAL = Quando houver 1 representante a mais de um dos grupos (caso de valor numérico
impar).
NÃO = Quando houver predomínio numérico de um grupo.
PADRÃO COR.3.4
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
Entre os conselheiros não há cônjuges ou SIM NÃO
parentes consangüíneos até 2° grau de gestores. não há cônjuges.. há cônjuges......
PADRÃO COR.3.5
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
Entre os conselheiros não há representantes do SIM NÃO
poder legislativo e/ou judiciário. não há repres.... há
representantes....
PADRÃO COR.4
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
A indicação dos representantes SIM PARCIAL NÃO
das entidades/órgãos se dá por escrito.
PADRÃO COR.5
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE – discutida com a base
representada –entidades dos usuários
Os temas examinados pelo Conselho de FREQUENTE- OCASIONAL- NUNCA
Saúde (pelo menos o Relatório de Gestão e MENTE MENTE
o orçamento anual) são debatidos com as
entidades representadas pelos conselheiros
representantes de usuários.
FREQUENTEMENTE = Há regularidade no debate dos temas com as entidades representadas
199
pelos conselheiros representantes de usuários.
OCASIONALMENTE = Ocasionalmente há debate dos temas com as entidades representadas
pelos conselheiros representantes de usuários.
NUNCA = Nunca ou quase nunca há debate dos temas com as entidades representadas pelos
conselheiros representantes de usuários. Da mesma forma, quando o entrevistado refere que
o processo é informal.
PADRÃO COR. 6
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE discutida com a base
representada, entidades dos trabalhadores
Os temas examinados pelo Conselho de FREQUEN- OCASIONAL- NUNCA
Saúde (pelo menos o Relatório de Gestão e TEMENTE MENTE
o orçamento anual) são debatidos com as
entidades representadas pelos conselheiros
representantes dos trabalhadores de saúde.
FREQUENTEMENTE = Há regularidade no debate dos temas com as entidades representadas
pelos conselheiros representantes dos trabalhadores de saúde.
OCASIONALMENTE = Ocasionalmente há debate dos temas com as entidades representadas
pelos conselheiros representantes dos trabalhadores de saúde.
NUNCA = Nunca ou quase nunca há debate dos temas com as entidades representadas pelos
conselheiros representantes dos trabalhadores de saúde.
PADRÃO COR. 7
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE, discutida com a base
representada, entidades de governo
Os temas examinados pelo Conselho de FREQUEN- OCASIONAL- NUNCA
Saúde (pelo menos o Relatório de Gestão TEMENTE MENTE
e o orçamento anual) são debatidos com
as entidades representadas pelos conse-
lheiros representantes de governo.
FREQUENTEMENTE = Há regularidade no debate dos temas com as entidades representadas
pelos conselheiros representantes de governo. Ou, ainda, quando as questões debatidas são
posições de governo.
OCASIONALMENTE = há debate dos temas com as entidades representadas pelos
conselheiros representantes de governo de forma não regular.
NUNCA = Nunca ou raramente há debate dos temas com as entidades representadas pelos
conselheiros representantes de governo. Ou ainda, quando o representante de governo emite
posições pessoais.
PADRÃO COR. 8
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE discutida com a base
representada, entidades de prestadores
de serviços
Os temas examinados pelo Conselho de FREQUEN- OCASIO- NUNCA
Saúde (pelo menos o Relatório de Gestão e TEMENTE NALMENTE
o orçamento anual) são debatidos com as
entidades representadas pelos conselheiros
representantes dos prestadores de serviços.
FREQUENTEMENTE = Há regularidade no debate dos temas com as entidades representadas
pelos conselheiros representantes dos prestadores de serviços.
OCASIONALMENTE = Ocasionalmente há debate dos temas com as entidades representadas
pelos conselheiros representantes dos prestadores de serviços.
NUNCA = Nunca ou raramente há debate dos temas com as entidades representadas pelos
200
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
PADRÃO FUN.2
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde possui Regimento Interno ou Normas SIM NÃO
de Funcionamento por escrito.
SIM = Possui.
NÃO = Não possui.
Sub-Padrão FUN.2.1
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O regimento interno é de conhecimento dos SIM PARCIAL NÃO
conselheiros.
PADRÃO FUN.3
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
A duração do mandato e a recondução dos conselheiros SIM NÃO
estão definidas no Regimento Interno do Conselho ou na
lei de criação do Conselho.
SIM = A duração do mandato e a recondução do conselheiro está definida no Regimento
Interno do Conselho ou na Lei.
NÃO = A duração do mandato e a recondução do conselheiro não está definida no Regimento
Interno do Conselho ou na Lei.
PADRÃO FUN.4
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O mandato dos conselheiros SIM NÃO
não coincide com o mandato do O mandato dos conselheiros O mandato dos
Governo. NÃO COINCIDE conselheiros
COINCIDE
201
PADRÃO FUN.5 E RESPECTIVOS SUB-PADRÕES
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM PARCIAL NÃO
Sub-Padrão FUN.5.1: Os conselheiros são dispensados do
trabalho para participar de reuniões, capacitações e outras
ações referentes à sua atuação no Conselho de Saúde.
Sub-Padrão FUN.5.2: São fornecidas, aos conselheiros,
condições materiais para o pleno exercício de suas funções
(ajudas de custo para transporte, alimentação)
Sub-Padrão FUN.5.3: São fornecidas, aos conselheiros,
garantias pessoais para o pleno exercício de suas funções.
PADRÃO FUN.5.4: São fornecidas aos conselheiros
condições para o pleno exercício de suas atividades no
Conselho de Saúde.
SIM = para a conformidade integral dos 3 Sub-Padrões.
PARCIAL = para a conformidade de 2 ou 1 Sub-padrões.
NÃO = não há conformidade.
PADRÃO FUN.6
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde tem Secretaria Executiva e estrutura SIM PARCIAL NÃO
administrativa próprias.
Sub-Padrão FUN.6.1
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
A Secretaria Executiva do Conselho responde ao Plenário do SIM PARCIAL NÃO
Conselho de Saúde.
PADRÃO FUN.7
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde tem dotação orçamentária própria. SIM NÃO
Sub-Padrão FUN.7.1
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde gerencia seu próprio orçamento. SIM NÃO
202
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
PADRÃO FUN.8
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde planeja e organiza suas reuniões com SIM PARCIAL NÃO
regularidade e tem um processo estabelecido para seu fun-
cionamento.
SIM = para o registro SIM para as 2 ações (planeja/organiza suas reuniões e tem processo
estabelecido para seu funcionamento).
PARCIAL = para o registro SIM para 1 das ações (planeja/organiza suas reuniões ou tem
processo estabelecido para seu funcionamento).
NÃO = não desenvolve estas ações.
Sub-Padrão FUN.8.1
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde se reúne pelo menos 1 vez ao mês. SIM Não
Qual a periodicidade de reuniões do Conselho de Saúde?
Sub-Padrão FUN.8.2
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
FREQUENTE- OCASIONAL- NUNCA
MENTE MENTE
Sub-Padrão FUN.8.2.1: Os conselheiros pla-
nejam a pauta de reuniões.
Sub-Padrão FUN.8.2.2: Os conselheiros
aprovam a pauta em Plenária.
PADRÃO FUN.9
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM OCASIONAL- NUNCA
(Quais os MENTE
meios)
O Conselho de Saúde estabelece ações de
informação, educação e comunicação em
saúde.
203
Sub-Padrão FUN.9.1 O Conselho de Saúde
divulga suas funções e competências pelos
meios de comunicação disponíveis.
Sub-Padrão FUN.9.2 O Conselho de Saú-
de divulga seus trabalhos e decisões, pelos
meios de comunicação
disponíveis.
Sub-Padrão FUN.9.3 - O Conselho de Saú-
de divulga, pelos meios de comunicação
disponíveis, informações sobre as agendas,
datas e local das reuniões.
SIM = quase sempre.
OCASIONALMENTE = Às vezes sim, às vezes não.
NUNCA = nunca ou quase nunca.
PADRÃO FUN.10
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde promove ações de SIM OCASIONALMENTE NUNCA
capacitação de seus conselheiros.
SIM = Regularmente.
OCASIONALMENTE = Irregularmente.
NUNCA = Não promove ou muito raramente.
PADRÃO PDC.2
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
A plenária do Conselho manifesta-se SIM OCASIONALMENTE NÃO
por meio de resoluções, recomendações,
moções e outros atos deliberativos.
SIM = Quase sempre.
OCASIONALMENTE = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca, raramente.
Sub-Padrão PDC.2.1
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
As resoluções são homologadas pelo chefe do poder SIM NÃO
constituído em um prazo de 30 (trinta) dias e publicadas em
diário oficial.
204
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
PADRÃO PDC.2.2
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
Quando uma resolução não é justificada- FREQUENTE- OCASIONAL- NUNCA
mente homologada pelo gestor, as enti- MENTE MENTE
dades que integram o Conselho de Saúde
podem buscar a validação da mesma, recor-
rendo a outras instâncias como Ministério
Público ou Poder legislativo.
FREQUENTEMENTE = SIM, quase sempre.
OCASIONALMENTE = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca, raramente.
V. ATRIBUIÇÕES - ATB
PADRÃO ATB.1: CONFORMIDADE
Descrição: Atribuição do Conselho de Saúde SIM NÃO
Sub-Padrão ATB.1.1: O Conselho de Saúde propõe a convocação da
Conferência de Saúde
Sub-Padrão ATB.1.2: O Conselho de Saúde estrutura a comissão
organizadora
Sub-Padrão ATB.1.3: O Conselho de Saúde submete o regimento e
programa à Plenária
Sub-Padrão ATB.1.4: O Conselho de Saúde explicita deveres e papéis
dos conselheiros nas pré-conferências e Conferências de Saúde
Sub-Padrão ATB.2
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
A periodicidade das Conferências de Saúde está definida SIM NÃO
por decisão do plenário, regimento ou outra norma legal.
PADRÃO ATB.2. 1
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
Concluído o relatório da Conferência, o SIM OCASIONALMENTE NUNCA
Conselho de Saúde o examina e propõe
resoluções e deliberações.
SIM = Quase todas.
OCASIONALMENTE= Algumas vezes sim, outras não.
NÃO = Muito poucas.
205
PADRÃO ATB.3 - Conselho de Saúde realiza revisão periódica dos Planos Municipais (ou
Estadual) de Saúde e define diretrizes para elaboração e deliberação sobre os mesmos,
conforme as situações epidemiológicas e a capacidade dos serviços.
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM PARCIAL NÃO
Sub padrão ATB.3.1: O Conselho de Saúde realiza revisão
periódica dos Planos Municipais (ou Estadual) de Saúde
Sub padrão ATB.3.2: O Conselho de Saúde define
diretrizes para elaboração e deliberação sobre os Planos
Municipais (ou Estadual) de Saúde
SIM = para o registro SIM para as 2 atribuições assinaladas.
PARCIAL = para o registro SIM para 1 atribuição assinalada.
NÃO = Não realiza as atribuições.
206
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
Sub-Padrão ATB.3.5
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde examina os problemas de saúde SIM NÃO Não sabe
de grupos específicos: informar
• afro-descendentes
• indígenas;
• homossexuais (GLTB);
• população rural;
• outros [qual (is)]
SIM = Trata dos problemas de todos ou quase todos os grupos específicos.
NÃO = Não trata.
Não sabe informar = o entrevistado desconhece
Sub-Padrão ATB.4
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
FREQUENTE- OCASIONAL- NUNCA
MENTE MENTE
O Conselho de Saúde encaminha
projetos aprovados sobre programas de
saúde ao Poder Legislativo.
FREQUENTEMENTE = SIM, quase sempre.
OCASIONALMENTE = Às vezes sim, às vezes não.
NUNCA = Raramente.
Sub-Padrão ATB.5
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM OCASIONALMENTE NÃO
O Conselho de Saúde discute a localização e o
tipo de unidades prestadoras de serviços de saúde
públicos e privados.
SIM = Quase sempre.
OCASIONALMENTE = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca
207
PADRÃO ATB.7
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM OCASIONALMENTE NÃO
O Conselho de Saúde marca e discute em
uma de suas reuniões como item de pauta
específico a programação e execução financeira
e orçamentária dos Fundos de Saúde.
SIM = Quase sempre.
OCASIONALMENTE = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca
208
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
Sub-Padrão ATB.10.2:
O Conselho de Saúde fiscaliza e acompanha o
desenvolvimento das ações e dos serviços de
saúde.
Sub-Padrão ATB.10.3:
O Conselho de Saúde fiscaliza os gastos de
recursos próprios (da Prefeitura, ou do Estado)
para a Saúde
Sub-Padrão ATB.10.4:
O Conselho de Saúde fiscaliza os gastos de
recursos para a Saúde transferidos por outras
instâncias de governo.
Sub-Padrão ATB.10. 5:
O Conselho de Saúde atua no controle da execução
das Políticas de Saúde.
SIM = Sempre ou quase sempre.
OCASIONALMENTE = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca.
PADRÃO ATB.11
DESCRIÇÃO O Conselho de Saúde analisa, CONFORMIDADE
discute e aprova o Relatório de Gestão, com a
prestação de contas e informações financeiras
SIM OCASIONALMENTE NÃO
Sub-Padrão ATB.11.1: O Conselho de Saúde
analisa o Relatório de Gestão, com a prestação
de contas e informações financeiras.
Sub-Padrão ATB.11.2: O Conselho de Saúde
discute o Relatório de Gestão, com a prestação
de contas e informações financeiras.
Sub-Padrão ATB.11.3: O Conselho de Saúde
aprova o Relatório de Gestão, com a prestação de
contas e informações financeiras.
SIM = Sempre ou quase sempre.
Ocasionalmente = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca.
Sub-Padrão ATB.12
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM OCASIONALMENTE NÃO
O material necessário a esse processo de análise
e aprovação (Relatório de Gestão, prestação de
contas e informações financeiras) é repassado
em tempo hábil aos conselheiros.
SIM = Sempre ou quase sempre.
OCASIONALMENTE = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca
209
PADRÃO ATB.13
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM PARCIAL NÃO
O relatório trimestral do gestor é apresentado ao
Conselho e debatido.
SIM = É apresentado e discutido.
PARCIAL = É apenas apresentado.
NÃO = Não é apresentado.
PADRÃO ATB.14
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM OCASIONALMENTE NÃO
O Conselho de Saúde encaminha indícios de
denúncias sobre ações e serviços de saúde aos
respectivos órgãos.
SIM = Sempre ou quase sempre.
OCASIONALMENTE = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca ou raramente.
PADRÃO ATB.15
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde possui um processo SIM PARCIAL NÃO
estabelecido e documentado para a tomada de
decisão sobre a realização de auditorias externas
e independentes relativas às contas e atividades
do Gestor do SUS.
SIM = Sempre ou quase sempre.
PARCIAL = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca ou raramente.
PADRÃO ATB.16
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
SIM PARCIAL NÃO
O Conselho de Saúde debate, no seu âmbito de
atuação, a política para os Recursos Humanos do
SUS.
SIM = Sempre ou quase sempre.
PARCIAL = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca.
210
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
PADRÃO ATB. 18
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde se articula, visando estabelecer SIM PARCIAL NÃO
estratégias e procedimentos para a promoção da Saúde e
para o acompanhamento da gestão do SUS, com outros
setores da sociedade.
SIM = Sempre ou quase sempre.
PARCIAL = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca ou raramente.
211
PADRÃO ATB. 19
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde se articula com Poder SIM PARCIAL NÃO
Legislativo, visando estabelecer estratégias e
procedimentos para o acompanhamento da
gestão do SUS.
SIM = Sempre ou quase sempre.
PARCIAL = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca ou raramente.
PADRÃO ATB.20
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE Entidade
O Conselho de Saúde se articula com SIM PARCIAL NÃO desconhecida
Ministério Público, visando estabelecer ou inexistente
estratégias e procedimentos para o
acompanhamento da gestão do SUS.
SIM = Sempre ou quase sempre.
PARCIAL = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca.
PADRÃO ATB.21
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde se articula com o Poder SIM PARCIAL NÃO
Judiciário, visando estabelecer estratégias e
procedimentos para o acompanhamento da
gestão do SUS.
SIM = Sempre ou quase sempre.
PARCIAL = Às vezes sim, às vezes não.
NÃO = Nunca.
PADRÃO ATB.22
DESCRIÇÃO CONFORMIDADE
O Conselho de Saúde se articula com a sociedade, SIM NÃO
estimulando a criação de Conselho Regional ou (Se existe , especificar
Local de Saúde. tipo e data de criação)
212
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
INDICADORES CATEGORIAS
213
Os conselheiros são dispensados do trabalho para participar ORGANIZAÇÃO
de reuniões, capacitações e outras ações referentes à sua atu-
ação no CS.
São fornecidas, aos conselheiros, condições materiais para o
pleno exercício de suas funções (ajudas de custo para trans-
porte, alimentação.)
São fornecidas, aos conselheiros, garantias pessoais para o
pleno exercício de suas funções.
São fornecidas aos conselheiros condições para o pleno exercí-
cio de suas atividades no CS.
O CS planeja e organiza suas reuniões com regularidade e tem
um processo estabelecido para seu funcionamento.
O CS se reúne pelo menos 1 vez ao mês.
Os conselheiros planejam periodicamente a pauta de reuniões.
Os conselheiros aprovam a pauta em Plenária.
A pauta é encaminhada aos conselheiros com antecedência
suficiente para permitir leitura prévia.
O material de apoio às reuniões é encaminhado aos conselhei-
ros com antecedência suficiente para permitir leitura prévia.
O CS promove ações de capacitação de seus conselheiros.
As decisões do CS são adotadas mediante quorum mínimo da
metade mais um de seus integrantes.
O pronunciamento trimestral do gestor é apresentado ao Con-
selho e debatido.
O CS possui um processo estabelecido e documentado para
a tomada de decisão sobre a realização de auditorias externas
e independentes relativas às contas e atividades do Gestor do
SUS.
O CS tem Secretaria Executiva e estrutura administrativa pró- AUTONOMIA
prias.
A Secretaria Executiva do Conselho responde ao Plenário do
CS.
O CS tem dotação orçamentária própria.
O CS gerencia seu próprio orçamento.
A plenária do Conselho manifesta-se por meio de resoluções,
recomendações, moções e outros atos deliberativos.
O CS propõe a convocação da Conferência de Saúde, estrutura
a comissão organizadora, e submete o regimento e programa
à Plenária, explicitando deveres e papéis dos conselheiros nas
pré-conferências e Conferências de Saúde.
Concluído o relatório da Conferência, o CS o examina e pro-
põe resoluções e deliberações.
O CS realiza revisão periódica dos Planos Municipais (ou Es-
tadual) de Saúde e define diretrizes para elaboração e delibera-
ção sobre os mesmos, conforme as situações epidemiológicas
e a capacidade dos serviços.
214
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
215
Quando uma resolução não é justificadamente homologada pelo ARTICULAÇÃO
gestor, as entidades que integram o CS podem buscar a validação da INTERSETORIAL
mesma, recorrendo a outras instâncias como Ministério Público ou
Poder legislativo.
O CS encaminha projetos aprovados sobre programas de saúde ao
Poder Legislativo.
O Conselho Municipal de Saúde se articula e acompanha os
Conselhos Gestores de Unidades. Nota Este não se aplica ao
Conselho Estadual de Saúde.
O CS se articula com o colegiado governamental de seguridade.
O CS se articula com o colegiado governamental de meio
ambiente.
O CS se articula com o colegiado governamental de justiça.
O CS se articula com o colegiado governamental de educação.
O CS se articula com o colegiado governamental de trabalho.
O CS se articula com o colegiado governamental de agricultura.
O CS se articula com o colegiado governamental de idosos.
O CS se articula com o colegiado governamental da criança e
adolescente.
O CS se articula, visando estabelecer estratégias e procedimentos
para a promoção da Saúde e para o acompanhamento da gestão
do SUS, com outros setores da sociedade.
O CS se articula com Poder Legislativo, visando estabelecer
estratégias e procedimentos para o acompanhamento da gestão
do SUS.
O CS se articula com Ministério Público, visando estabelecer
estratégias e procedimentos para o acompanhamento da gestão
do SUS.
O CS se articula com o Poder Judiciário, visando estabelecer
estratégias e procedimentos para o acompanhamento da gestão
do SUS.
O CS se articula com a sociedade, estimulando a criação de
Conselho Regional ou Local de Saúde.
As reuniões plenárias são abertas ao público. PARTICIPAÇÃO
O CS estabelece ações de informação, educação e comunicação em SOCIAL DA BASE
saúde.
O CS divulga suas funções e competências pelos meios de
comunicação disponíveis.
O CS divulga seus trabalhos e decisões, pelos meios de comunicação
disponíveis.
O CS divulga, pelos meios de comunicação disponíveis, informações
sobre as agendas, datas e local das reuniões.
Os temas examinados pelo CS (pelo menos o Relatório de Gestão e
o orçamento anual) são debatidos com as entidades representadas
pelos conselheiros representantes de usuários.
Os temas examinados pelo CS (pelo menos o Relatório de Gestão e
o orçamento anual) são debatidos com as entidades representadas
pelos conselheiros representantes dos trabalhadores de saúde.
Os temas examinados pelo CS (pelo menos o Relatório de Gestão e
o orçamento anual) são debatidos com as entidades representadas
pelos conselheiros representantes de governo.
Os temas examinados pelo CS (Relatório de Gestão e orçamento
anual) são debatidos com as entidades representadas pelos
conselheiros representantes dos prestadores de serviços.
216
Anexo II
217
7. Sobre as ações de avaliação e monitoramente realizadas pelo Con-
selho Municipal de Saúde.
• Como o Conselho acompanha a execução do orçamento previsto
para a realização das ações e dos serviços de saúde?
• Como o Conselho acompanha o desenvolvimento das ações de
saúde propostos e como as divulga para a população? A população
tem participado? Como?
• Como o Conselho municipal avalia a sua própria atuação no de-
senvolvimento das ações de saúde para a população?
8. Quanto as formas de articulação do Conselho municipal com ou-
tros setores/parceiro da sociedade.
• Quais são os setores privilegiados para organizar as ações de
saúde? (assistência social, saneamento, educação, entre outros).
Como são feitas e como funcionam essas articulações?
• Como percebe os resultados dessas articulações para as ações de
saúde da população?
• Quais são os outros recursos de apoio privilegiados pelo Conselho
para resolução de problemas de saúde da população? (promotoria
pública, ouvidoria, entre outros).
9. No que tange as dificuldades e perspectivas do Conselho Municipal
de Saúde em relação as ações de saúde para a população.
• Quais são as dificuldades encontradas no processo de condução
do Conselho?
• Quais as conquistas alcançadas pelo Conselho para a saúde da
população?
• Quais são as suas sugestões para melhor funcionamento/atuação
do CMS em seu muncípio?
10. 10-Sobre o atendimento à saúde da população rural:
• Como se dá a representação da população rural no CMS? Qual a
entidade que a representa?
• Como são tratadas as necessidades e demandas da população ru-
ral no âmbito do CMS?
• O que o CMS tem feito para acompanhar o atendimento à saúde
da população rural?
11. O CMS conhece a PNH? Existem ações da PNH na Atenção Básica?
12. Fale sobre o que entende por Atenção Humanizada em Saúde?
13. Fale sobre as ações de humanização existentes nos serviços de
Atenção Básica em seu município.
218
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
Anexo III
219
Anexo IV
Acessibilidade/Acolhimento
• Comentem como percebem o acesso das famílias ao serviço de saú-
de. (A forma de organização do serviço para atender a comunidade,
os horários de atendimento, os serviços disponíveis).
• O que pode ser feito para melhorar o acesso?
Porta de entrada:
• Comentem se os usuários recorrem primeiramente aos serviços de
Atenção Básica para resolver todo e qualquer tipo de problema? (O
que pode ser feito para que isso aconteça?)
Vínculo ou Longitudinalidade
• Os usuários podem escolher os profissionais?
• Os usuários são atendidos pelo mesmo profissional sempre que pre-
cisam?
• Como percebem a relação dos profissionais com os usuários?
• Digam como se dá a comunicação/informação sobre os indivíduos/
famílias com os profissionais dos outros serviços dos diferentes ní-
veis de atenção.
• Discutam se os serviços de AB têm assumido o papel de coordena-
dor da assistência em todos os níveis de atenção. O que falta? Como
isso poderia ser feto?
Centralidade na família:
• Falem como é feito o planejamento das ações para as famílias. (o
diagnóstico, as ações, o monitoramento e avaliação).
220
Comunicação da Informação em Saúde: aspectos de qualidade
Formação profissional
• Comentem se os profissionais são capacitados para resolver os pro-
blemas/necessidades de saúde da população?
Ambiência:
• Falem sobre as condições de infra–estrutura (física, relacional e so-
cial) dos serviços de saúde. O que precisa ser melhorado?
221
Fones: (61) 3344-3635
Fax: (61) 3341-1611