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Microcontos

Parâmetros: Dez palavras;

Menos de 600 caracteres, com espaço ,

Seis palavras.

“Crueza sutil do seqüestro” – 07


Tamanha precisão ao nomeá-lo...Hoje – servidão: preciso, aflito, d’algum eco.

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“Resistência Estética” - 05
"Vamos deslindar este drama?" Não, bradou ao analista-“Perecerá lindo".

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“Variações do Desvario” – 04

Naquela loucura de vida, enlouqueceu.Marido achou aquilo muito louco

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“Patrulhas & Matilhas” - 06

Novalis apareceu-me em sonho-"'Crime e Castigo', vociferava extemporâneo, -voa!"

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“Breve História do Horror” –09

Outrora vinha do céu. Do cosmos.Atualmente está...no ar.

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“Trivial Melancolia” - 08

Ridículo não era o ócio dela, era o pum, gente!

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“Acabamento” - 01

Despediu-se em definitivo; pedra em cima, tomou-se de rumo.Voltou apenas para dizer do


relativo do gesto, da insuficiência da linguagem e que, sobre a lapidação da pedra, a
propósito, mudara de provedor e etc.; ah, também que o etecétera era provisório e que o
contrário de "rumo" poderia ser “amor” mas era "omur" mesmo.

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“Caso Isolado” - 02
Quando arranjou uma moça, na cabeça, foi ter com ela e depois com o corpo dela.
Ocuparam-se em mapear um mundo neles. Do impulso ao roteiro e, deste, à rotina até o dia
em que perdeu a cabeça e ela o corpo. Uma fatalidade.

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“Redesencontro” – 03

- Cara!
- É, coroa; magistério?
Daria jogo?

Pequena biografia:

Marco Antônio de Araújo Bueno (psicanalista e escritor)

Aos 17 , primeiro lugar em concurso líterário com soneto metrificado,


rimado, beletrista ) e publiquei poemas em jornais de Campinas,
Jundiaí e Águas da Prata por um período, até que um dos trabalhos-
"Passaporte Vermelho", já não mais "parnasiano" , sustou publicações
posteriores. Vida acadêmica (Psicologia Clínica,Psicanálise lacaniana,
História, depois - mestrado e doutorado na Unicamp; atualmente,
doutorando de novo por lá- Área: "Educação, Conhecimento, Linguagem e
Arte"( orientação de Joaquim Brasil Fontes); consultório e projetos
interdisciplinares em Saúde e Educação a segmento "foracluído" de
atendimento , mais a incursão pela psicanálise e semiótica francesas,
ocuparam-me, até assinar a coluna "Cotidiano" , Revista "Showroom",
escrevendo crônicas, de 2001 até aqui. Em 2006 , através de Oficina
de Silvério Trevisan , conduzida pelo ficcionista Nelson de
Oliveira, a incursão plena, compromissada : Literatura. Primeiro conto
curto- "Camafeu". Depois, mimicontos e, atualmente, os micro, os nano
contos( 600 caracteres com espaço). No blog, convivem poemas atuais,
contos, crônicas, em simbiose instável com meu projeto de tese,
ensaios acadêmicos e/ou literários e outros artigos.Vide
www.literaujobueno.blogspot.com. Esxperiências apenas literárias,
trabalhos premiados e ensaios literários: wwwaraujobueno.blogspot.com
(sem o ponto após o "w"). Busco alguma literariedade no mergulho
lingüistico em narrativas breves.Retoma formas fixas como o soneto, em
alguns casos e discretas alterações quanto aos cânones.

e-mail: araujobuenopsi@gmail.com

Blog : www.literaujobueno.blogspot.com

Conto breve:

“Navalha na Tarde”

Por Marco Antônio de Araújo Bueno

...a mãe virou-se para pegar talco e pomada sobre a cama. Inquieto, ele revirou-se na
cômoda e tchof, sem cuspe – quedou-se encestado na cestinha de lixo ao lado, de ponta
cabeça. Queda rápida, sem conseqüências; amortecida pelas texturas macias de algodão e
outras brancuras do interior da cesta. Nem resvalou o aro. E, como numa retomada da
epifania do parto, o pai o resgatou pinçando-lhes os pés segundos depois, triunfante e
exclamando em júbilo - É lindo até de ponta cabeça!

Fim de ano, fim de semana, fim de tarde; tarde sem fim. Com o tempo, habituou-se a tratar
esses fragmentos inteiros de lembrança, que, da mesma forma como irrompiam do nada, ao
nada se recolhiam cheios de nostalgia nebulosa, acostumou-se a denominá-los de vitrais do
tédio. Talvez para reaver deles a poética do que se foi, em meio ao tédio do que, apenas, é.
Se a vida fosse um quebra-cabeça...e ficou por ali, coçando suas inconclusões.

O próprio Domingo estava inconcluso: seu time quase na ponta do campeonato (se virassem
a tabela de ponta cabeça...), um abafamento viscoso estourando barômetros, prenunciando
um temporal que não despencava nunca; perspectivas embaçadas pra semana e...a barba
por fazer – um estilhaço no vitral!

A barba e o Domingo; os domingos e a barba, a que fora crescendo como picadas no


cerrado em sentido aleatório, sem padrão definido pela face, resultado de investida precoce
com a lâmina do pai contra sua face de onze anos. Travessura de moleque em férias na
praia, quando objetos pessoais perdem privacidade e excitam a imaginação. Especialmente,
os perigosos, ainda que apenas para o sentido dos fios da barba de um homem. Toda
manhã, uma indagação sobre este sentido, neste sentido...

O Domingo e suas animosidades à flor da pele, aquela irritabilidade posta como a mesa
posta e predisposta a todo tipo de encontro - intimidade que ficou à sombra esgueirando-se
pelos cantos da agenda blindada ao longo da semana, agora reclama uma forma qualquer
de expressão explosiva para romper o dique e azedar a modulação da voz, a truculência dos
gestos menores. O monstro oculto pela rotina protocolar do não-dito: - Me passa o azeite e o
controle remoto que esqueceu de trazer pra mesa. E, pra seu “controle”, eu prefiro adoçante
no meu suco e não na salada. – Nossa, não pode desgrudar da televisão nem pra almoçar?
Olhe suas olheiras, que horrível. – Estão na moda, sabia? É, as velhas e boas olheiras do
Sérgio Cabral pai, ganharam as eleições no Rio; voltaram por procuração genética, pra
lançar um olhar mais “doce” para o morro...Sabia que quarenta por cento de mediação de
conflitos é puro senso de humor? O que virou o FHC depois que operou as olheiras? – Ta
acabando já o jogo, pelo jeito do seu humor, querido? Nunca vi almoçar tão tarde, meu
estômago me pergunta se eu acho que ele é idiota pra ficar esticando essa enganação com
queijinho e azeite. – Pois nem começou, conforme você nem viu; deixa a louça que depois
eu lavo. Vou esperar o ciclone lá fora. – Que ciclone? – O extratropical com chuva de
granizo, no mínimo, pra aliviar minha neurose barométrica. E arrastou a espreguiçadeira para
perto das plantas.

Depois eu lavo tudo, o ciclone lava o rebaixamento do time e o vento estilhaça o vitral de
tédio. Agora é só realizar o nada. Mas ela esticou as pernas na muretinha, e as observava
longas e prateadas, como prateada era a navalha que deslizava por elas. Passa as mãos
pelo rosto, irritado. Reclinado, ela decide barbeá-lo.

Trovões anunciam alguma trégua, o vento mais forte os acaricia, silentes.

Debruçada sobre o pescoço dele, entregue, enquanto a navalha, precisa, corrige o relevo da
pele dos onze anos, percebe o olhar agudo, imperturbável e o ângulo harmonioso daquelas
mandíbulas. Nebulosidades espraiam-se lentas por trás daquele rosto feminino, oval; tão
oval. – Você é a mulher mais linda que eu já vi de ponta cabeça! Não me saia por aí de ponta
cabeça, viu! – Pára, não meche. Barbear é preciso...

- Viver não é preciso!

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