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Tipos de Resenha

Até agora eu falei sobre as resenhas de uma forma geral e livre e esses dados são suficientes para você já esboçar alguns parágrafos.

Contudo, as resenhas apresentam algumas divisões que vale destacar. A mais conhecida delas é a resenha acadêmica, que apresenta moldes
bastante rígidos, responsáveis pela padronização dos textos científicos. Ela, por sua vez, também se subdivide em resenha crítica, resenha
descritiva e resenha temática.

Na resenha acadêmica crítica, os oito passos a seguir formam um guia ideal para uma produção completa:

Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo que você vai resenhar;
Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto a ser resenhado;
Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto
completo;
Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir claramente o texto resenhado;
Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua opinião. Argumente baseando-se em teorias de outros autores, fazendo
comparações ou até mesmo utilizando-se de explicações que foram dadas em aula. É difícil encontrarmos resenhas que utilizam mais de 3 parágrafos
para isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu senso crítico.
Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora de analisar para quem o texto realmente é útil (se for útil para alguém).
Utilize elementos sociais ou pedagógicos, baseie-se na idade, na escolaridade, na renda etc.
Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi resenhada e não do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da
vida e de algumas outras obras do escritor ou pesquisador.
Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome e fala algo como “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de
Caxias do Sul (UCS)”
Na resenha acadêmica descritiva, os passos são exatamente os mesmos, excluindo-se o passo de número 5. Como o próprio nome já diz, a resenha
descritiva apenas descreve, não expõe a opinião o resenhista.

Finalmente, na resenha temática, você fala de vários textos que tenham um assunto (tema) em comum. Os passos são um pouco mais simples:

Apresente o tema: Diga ao leitor qual é o assunto principal dos textos que serão tratados e o motivo por você ter escolhido esse assunto;
Resuma os textos: Utilize um parágrafo para cada texto, diga logo no início quem é o autor e explique o que ele diz sobre aquele assunto;
Conclua: Você acabou de explicar cada um dos textos, agora é sua vez de opinar e tentar chegar a uma conclusão sobre o tema tratado;
Mostre as fontes: Coloque as referências Bibliográficas de cada um dos textos que você usou;
Assine e identifique-se: Coloque seu nome e uma breve descrição do tipo “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”.

Conclusão
Fazer uma resenha parece muito fácil à primeira vista, mas devemos tomar muito cuidado, pois dependendo do lugar, resenhistas podem fazer um
livro mofar nas prateleiras ou transformar um filme em um verdadeiro fracasso.

As resenhas são ainda, além de um ótimo guia para os apreciadores da arte em geral, uma ferramenta essencial para acadêmicos que precisam
selecionar quantidades enormes de conteúdo em um tempo relativamente pequeno.

Como elaborar uma resenha


1. Definições

Resenha-resumo:
É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer
crítica ou julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo, pois o objetivo principal é informar o leitor.

Resenha-crítica:
É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se,
portanto, de um texto de informação e de opinião, também denominado de recensão crítica.
2. Quem é o resenhista

A resenha, por ser em geral um resumo crítico, exige que o resenhista seja alguém com conhecimentos na área, uma vez que avalia a obra,
julgando-a criticamente.
3. Objetivo da resenha

O objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural - livros,filmes peças de teatro, etc. Por isso a resenha é um texto de caráter efêmero,
pois "envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de natureza opinativa.
4. Veiculação da resenha

A resenha é, em geral, veiculada por jornais e revistas.


5. Extensão da resenha - A extensão do texto-resenha depende do espaço que o veículo reserva para esse tipo de texto. Observe-se que, em
geral, não se trata de um texto longo, "um resumão" como normalmente feito nos cursos superiores ... Para melhor compreender este item, basta ler
resenhas veiculadas por boas revistas.
6. O que deve constar numa resenha

Devem constar:

• O título
• A referência bibliográfica da obra
• Alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada
• O resumo, ou síntese do conteúdo
• A avaliação crítica
7. O título da resenha

O texto-resenha, como todo texto, tem título, e pode ter subtítulo, conforme os exemplos, a seguir:
Título da resenha: Astro e vilão
Subtítulo: Perfil com toda a loucura de Michael Jackson
Livro: Michael Jackson: uma Bibliografia não Autorizada (Christopher Andersen) - Veja, 4 de outubro, 1995

Título da resenha: Com os olhos abertos


Livro: Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago) - Veja, 25 de outubro, 1995

Título da resenha: Estadista de mitra


Livro: João Paulo II - Bibliografia (Tad Szulc) - Veja, 13 de março, 1996

8. A referência bibliográfica do objeto resenhado

Constam da referência bibliográfica:

• Nome do autor
• Título da obra
• Nome da editora
• Data da publicação
• Lugar da publicação
• Número de páginas
• Preço

Obs.: Às vezes não consta o lugar da publicação, o número de páginas e/ou o preço.

Os dados da referência bibliográfica podem constar destacados do texto, num "box" ou caixa.

Exemplo: Ensaio sobre a cegueira, o novo livro do escritor português José Saramago (Companhia das Letras; 310 páginas; 20 reais), é um romance
metafórico (...) (Veja, 25 de outubro, 1995).

9. O resumo do objeto resenhado

O resumo que consta numa resenha apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.

Pode-se resumir agrupando num ou vários blocos os fatos ou idéias do objeto resenhado.

Veja exemplo do resumo feito de "Língua e liberdade: uma nova concepção da língua materna e seu ensino" (Celso Luft), na resenha intitulada "Um
gramático contra a gramática", escrita por Gilberto Scarton.

"Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla - uma variação sobre o mesmo
tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, a inutilidade
do ensino da teoria gramatical, a visão distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática
lingüística, a postura prescritiva, purista e alienada - tão comum nas "aulas de português".

O velho pesquisador apaixonado pelos problemas de língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação lingüística e professor de longa
experiência leva o leitor a discernir com rigor gramática e comunicação: gramática natural e gramática artificial; gramática tradicional e lingüística;o
relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos lingüistas, dos professores; o ensino útil, do ensino inútil;
o essencial, do irrelevante".

Pode-se também resumir de acordo com a ordem dos fatos, das partes e dos capítulos.

Veja o exemplo da resenha "Receitas para manter o coração em forma" (Zero Hora, 26 de agosto, 1996), sobre o livro "Cozinha do Coração
Saudável", produzido pela LDA Editora, com o apoio da Beal.

Receitas para manter o coração em forma

"Na apresentação, textos curtos definem os diferentes tipos de gordura e suas formas de atuação no organismo. Na introdução os médicos
explicam numa linguagem perfeitamente compreensível o que é preciso fazer (e evitar) para manter o coração saudável.

As receitas de Cozinha do Coração Saudável vêm distribuídas em desjejum e lanches, entradas, saladas e sopas; pratos principais;
acompanhamentos; molhos e sobremesas. Bolinhos de aveia e passas, empadinhas de queijo, torta de ricota, suflê de queijo, salpicão de frango,
sopa fria de cenoura e laranja, risoto com açafrão, bolo de batata, alcatra ao molho frio, purê de mandioquinha, torta fria de frango, crepe de laranja
e pêras ao vinho tinto são algumas das iguarias".
10. Como se inicia uma resenha

Pode-se começar uma resenha citando-se imediatamente a obra a ser resenhada. Veja os exemplos:

"Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino" (L&PM, 1995, 112 páginas), do gramático Celso Pedro
Luft, traz um conjunto de idéias que subvertem a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, veementemente, o ensino da
gramática em sala de aula.

Mais um exemplo:

"Michael Jackson: uma Bibliografia Não Autorizada (Record: tradução de Alves Calado; 540 páginas, 29,90 reais), que chega às livrarias
nesta semana, é o melhor perfil de astro mais popular do mundo". (Veja, 4 de outubro, 1995).

Outra maneira bastante freqüente de iniciar uma resenha é escrever um ou dois parágrafos relacionados com o conteúdo da obra.

Observe o exemplo da resenha sobre o livro "História dos Jovens" (Giovanni Levi e Jean-Claude Schmitt), escrita por Hilário Franco Júnior (Folha
de São Paulo, 12 de julho, 1996).

O que é ser jovem

Hilário Franco Júnior

Há poucas semanas, gerou polêmica a decisão do Supremo Tribunal Federal que inocentava um acusado de manter relações sexuais com uma
menor de 12 anos. A argumentação do magistrado, apoiada por parte da opinião pública, foi que "hoje em dia não há menina de 12 anos, mas
mulher de 12 anos".

Outra parcela da sociedade, por sua vez, considerou tal veredito como a aceitação de "novidades imorais de nossa época". Alguns dias depois,
as opiniões foram novamente divididas diante da estatística publicada pela Organização Mundial do Trabalho, segundo a qual 73 milhões de
menores entre 10 e 14 anos de idade trabalham em todo o mundo. Para alguns isso é uma violência, para outros um fato normal em certos quadros
sócio-econômico-culturais.

Essas e outras discussões muito atuais sobre a população jovem só podem pretender orientar comportamentos e transformar a legislação se
contextualizadas, relativizadas. Enfim, se historicizadas. E para isso a "História dos Jovens" - organizada por dois importantes historiadores, o
modernista italiano Giovanno Levi, da Universidade de Veneza, e o medievalista francês Jean-Claude Schmitt, da École des Hautes Études em
Sciences Sociales - traz elementos interessantes.

Observe igualmente o exemplo a seguir - resenha sobre o livro "Cozinha do Coração Saudável", LDA Editores, 144 páginas (Zero Hora, 23 de
agosto, 1996).

Receitas para manter o coração em forma

Entre os que se preocupam com o controle de peso e buscam uma alimentação saudável são poucos os que ainda associam estes ideais a uma
vida de privações e a uma dieta insossa. Os adeptos da alimentação de baixos teores já sabem que substituições de ingredientes tradicionais por
similares light garantem o corte de calorias, açúcar e gordura com a preservação (em muitos casos total) do sabor. Comprar tudo pronto no
supermercado ou em lojas especializadas é barbada. A coisa complica na hora de ir para a cozinha e acertar o ponto de uma massa de
panqueca,crepe ou bolo sem usar ovo. Ou fazer uma polentinha crocante, bolinhos de arroz e croquetes sem apelar para a frigideira cheia de óleo.
O livro Cozinha do Coração Saudável apresenta 110 saborosas soluções para esses problemas. Produzido pela LDA Editora com apoio da Becel,
Cozinha do Coração saudável traz receitas compiladas por Solange Patrício e Marco Rossi, sob orientação e supervisão dos cardiologistas Tânia
Martinez, pesquisadora e professora da Escola Paulista de Medicina, e José Ernesto dos Santos, presidente do departamento de Aterosclerose da
Sociedade Brasileira de Cardiologia e professor da faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Os pratos foram testados por nutricionistas da Cozinha
Experimental Van Den Bergh Alimentos.

Há, evidentemente, numerosas outras maneiras de se iniciar um texto-resenha. A leitura (inteligente) desse tipo de texto poderá aumentar o leque
de opções para iniciar uma recensão crítica de maneira criativa e cativante, que leva o leitor a interessar-se pela leitura.

11. A crítica

A resenha crítica não deve ser vista ou elaborada mediante um resumo a que se acrescenta, ao final, uma avaliação ou crítica. A postura crítica
deve estr presente desde a primeira linha, resultando num texto em que o resumo e a voz crítica do resenhista se interpenetram.

O tom da crítica poderá ser moderado, respeitoso, agressivo, etc.


Deve ser lembrado que os resenhistas - como os críticos em geral - também se tornam objetos de críticas por parte dos "criticados" (diretores de
cinema, escritores, etc.), que revidam os ataques qualificando os "detratores da obra" de "ignorantes" (não compreenderam a obra) e de
"impulsionados pela má-fé".

12. Exemplos de resenhas

Publicam-se a seguir três resenhas que podem ilustrar melhor as considerações feitas ao longo desta apresentação.

Atwood se perde em panfleto feminista

Marilene Felinto
Da Equipe de Articulistas

Margaret Atwood, 56, é uma escritora canadense famosa por sua literatura de tom feminista. No Brasil, é mais conhecida pelo romance "A
mulher Comestível" (Ed. Globo). Já publicou 25 livros entre poesia, prosa e não-ficção. "A Noiva Ladra" é seu oitavo romance.

O livro começa com uma página inteira de agradecimentos, procedimento normal em teses acadêmicas, mas não em romances. Lembra também
aqueles discursos que autores de cinema fazem depois de receber o Oscar. A escritora agradece desde aos livros sobre guerra, que consultou para
construir o "pano de fundo" de seu texto, até a uma parente, Lenore Atwood, de quem tomou emprestada a (original? significativa?) expressão
"meleca cerebral".

Feitos os agradecimentos e dadas as instruções, começam as quase 500 páginas que poderiam, sem qualquer problema, ser reduzidas a 150.
Pouparia precioso tempo ao leitor bocejante.

É a história de três amigas, Tony, Roz e Charis, cinqüentonas que vivem infernizadas pela presença (em "flashback") de outra amiga, Zenia, a
noiva ladra, inescrupulosa "femme fatale" que vive roubando os homens das outras.

Vilã meio inverossímel - ao contrário das demais personagens, construídas com certa solidez -, a antogonista Zenia não se sustenta, sua
maldade não convence, sua história não emociona. A narrativa desmorona, portanto, a partir desse defeito central. Zenia funcionaria como superego
das outras, imagem do que elas gostariam de ser, mas não conseguiram, reflexo de seus questionamentos internos - eis a leitura mais profunda que
se pode fazer desse romance nada surpreendente e muito óbvio no seu propósito.

Segundo a própria Atwood, o propósito era construir, com Zenia, uma personagem mulher "fora-da-lei", porque "há poucas personagens
mulheres fora-da-lei". As intervenções do discurso feminista são claras, panfletárias, disfarçadas de ironia e humor capengas. A personagem Tony,
por exemplo, tem nome de homem (é apelido para Antônia) e é professora de história, especialista em guerras e obcecada por elas, assunto de
homens: "Historiadores homens acham que ela está invadindo o território deles, e deveria deixar as lanças, flechas, catapultas, fuzis, aviões e
bombas em paz".

Outras alusões feministas parecem colocadas ali para provocar riso, mas soam apenas ingênuas: "Há só uma coisa que eu gostaria que você
lembrasse. Sabe essa química que afeta as mulheres quando estão com TPM? Bem, os homens têm essa química o tempo todo". Ou então, a
mensagem rabiscada na parede do banheiro: "Herstory Not History", trocadilho que indicaria o machismo explícito na palavra "História", porque em
inglês a palavra pode ser desmembrada em duas outras, "his" (dele) e story (estória). A sugestão contida no trocadilho é a de que se altere o "his"
para "her" (dela).

As histórias individuais de cada personagem são o costumeiro amontoado de fatos cotidianos, almoços, jantares, trabalho, casamento e muita
"reflexão feminina" sobre a infância, o amor, etc. Tudo isso narrado da forma mais achatada possível, sem maiores sobressaltos, a não ser talvez na
descrição do interesse da personagem Tony pelas guerras.

Mesmo aí, prevalecem as artificiais inserções de fundo histórico, sem pé nem cabeça, no meio do texto ficcional, efeito da pesquisa que a
escritora - em tom cerimonioso na página de agradecimentos - se orgulha de ter realizado.

Estadista de mitra

Na melhor bibliografia de João Paulo II até agora, o jornalista Tad Szulc dá ênfase à atuação política do papa

Ivan Ângelo

Como será visto na História esse contraditório papa João Paulo II, o único não-italiano nos últimos 456 anos? Um conservador ou um
progressista? Bom ou mau pastor do imenso rebanho católico? Sobre um ponto não há dúvida: é um hábil articulador da política internacional. Não
resolveu as questões pastorais mais angustiantes da Igreja Católica em nosso tempo - a perda de fiéis, a progressiva falta de sacerdotes, a forma
de pôr em prática a opção da igreja pelos pobres -; tornou mais dramáticos os conflitos teológicos com os padres e os fiéis por suas posições
inflexíveis sobre o sacerdócio da mulher, o planejamento familiar, o aborto, o sexo seguro, a doutrina social, especialmente a Teologia da
Libertação, mas por outro lado, foi uma das figuras-chave na desarticulação do socialismo no Leste Europeu, nos anos 80, a partir da sua atuação
na crise da Polônia. É uma voz poderosa contra o racismo, a intolerância, o consumismo e todas as formas autodestrutivas da cultura moderna. Isso
fará dele um grande papa?

O livro do jornalista polonês Tad Szulc João Paulo II - Bibliografia (tradução de Antonio Nogueira Machado, Jamari França e Silvia de Souza
Costa; Francisco Alves; 472 páginas; 34 reais) toca em todos esses aspectos com profissionalismo e competência. O autor, um ex-correspondente
internacional e redator do The New York Times, viajou com o papa, comeu com ele no Vaticano, entrevistou mais de uma centena de pessoas,
levou dois anos para escrever esse catatau em uma máquina manual portátil, datilografando com dois dedos. O livro, bastante atual, acompanha a
carreira (não propriamente a vida) do personagem até o fim de janeiro de 1995, ano em que foi publicado. É um livro de correspondente
internacional, com o viés da política internacional. Szulc não é literariamente refinado como seus colegas Gay Talese ou Tom Wolfe, usa com
freqüência aqueles ganchos e frases de efeito que adornam o estilo jornalístico, porém persegue seu objetivo como um míssil e atinge o alvo.

Em meio à política, pode-se vislumbrar o homem Karol Wojtyla, teimoso, autoritário, absolutista de discurso democrático, alguém que acha que
tem uma missão e não quer dividi-la, que é contra o "moderno" na moral, que prefere perder a transigir, mas é gentil, caloroso, fraterno, alegre,
franco ... Szulc, entretanto, só faz o esboço, não pinta o retrato. Temos, então, de aceitar a sua opinião: "É difícil não gostar dele".
Opus Dei - O livro começa descrevendo a personalidade de João Paulo II, faz um bom resumo da História da Polônia e sua opção pelo Ocidente
e pela Igreja Católica Romana (em vez da Ortodoxa Grega, que dominava os vizinhos do Leste), fala da relação mística de Wojtyla com o
sofrimento, descreve sus brilhante carreira intelectual e religiosa, volta à sua infância, aos seus tempos de goleiro no time do ginásio ""um mau
goleiro", dirá mais tarde um amigo), localiza aí sua simpatia pelos judeus, conta que ele decidiu ser padre em meio ao sofrimento pela morte do pai,
destaca a complacência de Pio XII com o nazismo, a ajuda à Opus Dei (a quem depois João Paulo II daria todo o apoio), demora-se demais nos
meandros da política do bispo e cardeal Wojtyla, cresce jornalisticamente no capítulo sobre a eleição desse primeiro papa polonês, mostra como ele
reorganizou a Igreja, discute suas posições conservadoras sobre a Teologia da Libertação e as comunidades eclesiais de base, CEBs, na América
latina, descreve sua decisiva atuação na política do Leste Europeu, a derrocada do comunismo, e termina com sus luta atual contra o demônio pós-
comunista. Agora o demônio, o perigo mortal para a humanidade, é o capitalismo selvagem e o "imperialismo contraceptivo" dos EUA e da ONU.

Szulc, o escritor-míssil, não se desvia do seu alvo nem quando vê um assunto saboroso como a Cúria do Vaticano, que diz estar cheia de puxa-
sacos e fofoqueiros com computadores, nos quais contabilizam trocas de favores, agrados, faltas e rumores. O sutil jornalista Gay Talese não
perderia um prato desses.

Entretanto, Szulc está sempre atento às ações políticas do papa. Nota que João Paulo II elevou a Opus Dei à prelatura pessoal enquanto
expurgou a Companhia de Jesus por seu apoio à Teologia da Libertação; ajudou a Opus Dei a se estabelecer na Polônia, beatificou rapidamente
seu criador, monsenhor Escrivã. Como um militar brasileiro dos anos 60, cassou o direito de ensinar dos padres Küng, Pohier e Curran, silenciou os
teólogos Schillebeeckx (belga), Boff (brasileiro), Häring (alemão) e Gutiérrez (peruano), reduziu o espaço pastoral de dom Arns (brasileiro). Em
contrapartida, apoiou decididamente o sindicato clandestino polonês, a Solidariedade. Fez dobradinha com o general dirigente polonês Jaruzelski
contra Brejnev, abrindo o primeiro país socialista, que abriu o resto. O próprio Gorbachev reconhece: "Tudo o que aconteceu no Leste Europeu
nesses últimos anos teria sido impossível sem a presença deste papa".

Talvez seja assim também com relação ao que acontece com as religiões cristãs no nosso continente. Tad Szulc, com cautela, alerta para a
penetração, na América Latina, dos evangélicos e pentecostais, que o próprio Vaticano chama de "seitas arrebatadoras". A participação comunitária
e o autogoverno religioso que existia nas CEBs motivavam mais a população. Talvez seja. Acrescentando-se a isso o lado litúrgico dos evangélicos
que satisfaz o desejo dos fiéis de serem atores no drama místico, não tanto espectadores, tem-se uma tese.

O perfil desenhado por Szulc é o de um político profundamente religioso. Um homem que reza sete horas por dia, com os olhos firmemente
fechados, devoto de Nossa Senhora de Fátima e do mártir polonês São Estanislau e que acredita no martírio e na dor pessoais para alcançar a
graça.

Um gramático contra a gramática

Gilberto Scarton

Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino (L&PM, 1995, 112 páginas) do gramático Celso Pedro Luft
traz um conjunto de idéias que subverte a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, veemente, o ensino da gramática em
sala de aula.

Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla - uma variação sobre o mesmo
tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, inutilidade do
ensino da teoria gramatical, a visão distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática
lingüística, a postura prescritiva, purista e alienada - tão comum nas "aulas de português".

O velho pesquisador apaixonado pelos problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação lingüística e professor de longa
experiência leva o leitor a discernir com rigor gramática e comunicação: gramática natural e gramática artificial; gramática tradicional e lingüística; o
relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos lingüistas, dos professores; o ensino útil, do ensino inútil;
o essencial, do irrelevante.

Essa fundamentação lingüística de que lança mão - traduzida de forma simples com fim de difundir assunto tão especializado para o público em
geral - sustenta a tese do Mestre, e o leitor facilmente se convence de que aprender uma língua não é tão complicado como faz ver o ensino
gramaticalista tradicional. É, antes de tudo, um fato natural, imanente ao ser humano; um processos espontâneo, automático, natural, inevitável,
como crescer. Consciente desse poder intrínseco, dessa propensão inata pela linguagem, liberto de preconceitos e do artificialismo do ensino
definitório, nomenclaturista e alienante, o aluno poderá ter a palavra, para desenvolver seu espírito crítico e para falar por si.

Embora Língua e Liberdade do professor Celso Pedro Luft não seja tão original quanto pareça ser para o grande público (pois as mesmas
concepções aparecem em muitos teóricos ao longo da história), tem o mérito de reunir, numa mesma obra, convincente fundamentação que lhe
sustenta a tese e atenua o choque que os leitores - vítimas do ensino tradicional - e os professores de português - teóricos, gramatiqueiros, puristas
- têm ao se depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve contra a gramática na sala de aula.

Como Fazer uma Resenha Eficiente - Parte 1


Como o blog vai falar de resenhas, quero compartilhar com vocês os meus (poucos) conhecimentos sobre como fazer esse gênero literário. Para que o

texto não fique maçante e cansativo vou dividir a explicação em dois post. E então você ao menos sabe o que é uma resenha?

A resenha é um gênero literário que tem como função avaliar as principais partes de uma obra e comentá-la, seja ela literária, cinematográfica ou

teatral.

Vou explicar a resenha crítica que aborda tanto o relato da obra quanto sua opinião, dando ênfase na literária:

A resenha crítica perfeita está entre a descrição e a argumentação. A pessoa que conseguir equilibrar esses fatores conseguirá fazer um texto

completa. Então você deve levar em conta os seguintes aspectos:

1. Você deve ler o livro detalhadamente, observando os pontos e as partes mais importantes. Se você não entender alguma parte, volte e

releia, não fique com preguiça ou com a desculpa de que "isso não é importante".

2. Analise os dados bibliográficos do autor e os acontecimentos históricos que o levaram a escrever a obra. Verifique também de quem, ou

de qual ideologia, período, partido político, pensamento ele foi influenciado. Não fique sem vontade, eu sei que é trabalhoso, mas

desenvolvendo um texto com uma base de conhecimento do autor e do livro será mais gratificante e o resultado melhor. Logo depois, de

forma resumida apresente essas informações para começar o texto. Descreva e apresente a forma e o modo de escrever do autor e as

principais obras.

3. Agora você vai escrever uma descrição da obra. Redija um resumo da obra apontando os principais elementos, além disso procure incluir

partes do livro para que o leitor possa avaliar e forma sua própria opinião.

4. Agora você vai incluir sua opinião. Aqui você pode abordar diversos conhecimentos:

• a) Relacione o livro com outros do autor ou que sejam semelhantes apontando defeitos ou virtudes, como também utilize argumentos

sólidos e concretos, podendo basear-se em teoria de outros autores ou em trechos do livro, mas nunca use expressões que indique primeira

pessoa como: " Eu acho" ou "Minha opinião é...".

• b) Escolha um aspecto relevante do livro, portanto não saia criticando tudo sem haver coerência e relação entre seus relatos;

• c) Identifique o objetivo do autor para com o leitor: Será que ele queria confrontar o governo?, expressar sua imaginação?, ou apenas fez

o livro para ganhar dinheiro? Também indentifique que consequências podem ocorrer com a leitura da obra. Será que a obra pode

impulsionar suicídios? pode gerar uma revolução devido ao seu conteúdo racista ou preconteituoso? Como também motivar a luta de

classes sociais ou operárias?

• d) Perceba como evoluiu o raciocínio do autor e o enredo da história. Será que ele fez uma história coerente e coesa? Será que os

acontecimentos estão estantes e dispersos ou estão entrelaçados? a história fez sentido ou ficou confusa ? Será que o enredo foi criativo e

original ou foi tradicional e copiado?

• e) Não avalie o autor por aquilo que ele não fez, apenas critique a obra. Não pense se ele poderia ter reduzido o livro, ou colocado mais

personagens, não encontre soluções, apenas falhas ou eficiência.

5. Uma dica infalível para qualquer texto argumentativo: Use os três C: coesão, coerência e concisão . O texto deve, também, ser objetivo, onde você

tem que ir direto ao ponto, portanto não fique "enchendo a lingüiça" com besteiras e repetições.

Existem 5 aspectos relevantes que você pode verificar ao resenhar uma obra:

Originalidade: Esse é um importante ponto ao se discutir a obra. Será que o autor fez algo novo ou único? Será que ele fez e criou? Tente verificar

isso, porque hoje em dia o que se mais se tem visto são repetições e copias das copias, como por exemplo esse negocio de "amor proibido". PQP isso

é MUITO repetitivo e sem originalidade. Pense quem foi o primeiro a escrever algo assim? Shakespeare? Não sei, mas esse tema é muito antigo e

está defasado. Todo tipo de novela ou conto romântico hoje segue esse tema. Também existem as mesmices do "Final Feliz". São BILHÕES de

histórias com esse aspecto. Porque não pode morrer todo mundo no final e o vilão ficar rico e poderoso? Então pense nisso.
Criatividade: Pense no contexto e no enredo da obra. Será que o seu enredo é bem feito e construído? Será que tem imaginação ou, na língua

popular, "maneiro"? Voltando ao ponto anterior será que é algo novo? Ser original também é ser criativo. Avalie a dimensão da obra e o desenrolar do

enredo. Aquele tipo de obra no qual o autor deixa tudo embaralhado ou é algo simples e pobre não tem criatividade nenhuma. Além disso, ele deve ter

um texto coerente, no qual os personagens não estejam em situações estanques e dispersas e que os fatos se entrelacem.

Personalidade: Esso é um aspecto difícil de o autor desenvolver. Avalie se os personagens têm personalidade, são "humanos", têm sentimentos e

desejos, como toda pessoa. Se são diferentes, se são frutos de convivências harmoniosas, de brigas, guerras, amores, dores e se eles têm um

passado. Muitas obras nem sequer pensão nisso, o personagem é sempre o mesmo, tem as mesmas coisa, os mesmos gosto e sentimentos. Avalie a

dimensão e a quantidade de personalidades dos personagens.

Conhecimento: Essa é importantíssima. Verifique se o autor deixa ou demonstra conhecimento. Será que ele pesquisou os locais onde os

personagens iriam passar? Será que sua escrita é rica e ampla? Será que, caso ele imagine um mundo imaginário, é bem descrito e mostrado? Além

disso, examine a carga de conhecimento que a obra traz para você, pois num mundo globalizado precisamos aprender sempre mais, fazendo valer o

ditado "você é aquilo que você sabe". Isso define que a leitura é um divertimento mais também uma aprendizagem. Diversos autores retratam

conhecimento cientifico em suas obras ou relatos históricos que ajudam o leitor a ampliar seu conhecimento. Pense nisso.

Sua Opinião: Essa é a mais importante. Quando for criá-la pense: dizer diretamente que o autor é horrível, uma porcaria e só escreve para

analfabetos pode ser muita baixaria! Tente desenvolver um raciocínio em que o leitor possa analisar e refletir sobre o tema de forma instigá-lo. Ao

invés de:

"O livro é horrível, uma porcaria e o autor só escreve para analfabetos" redija assim:

"O livro pode influenciar a obesidade devido aos seus incentivos alimentares. Isso pode ser visto na seguinte citação: 'Ele comeu até ter 557 kg, mas

fez isso porque comer muito faz bem', portanto isso demonstra uma real condição para estimular as pessoas a ingerir cada vez mais alimentos

aumentando o rico de ter infarto e diabetes."

Embora o trecho não seja muito provocador,você pode perceber que ele incentiva a analise do leitor para a situação e coloca um trecho para melhor

argumentar. Melhor não?

Além disso construa-a com base na sua formação e nos argumentos que você tem. Não a elimine se você está contra tudo e todos ou se ninguém

apóia você. O mundo está cheio de modismos e de ignorância então se você tem uma opinião firme e concreta, terá um texto de alta qualidade.

Lembre sua opinião faz de você um ser único e original, portanto não se deixe abalar pela maioria.

Termino aqui meus parcos conhecimentos sobre resenha e espero ter ajudado alguém. Mas essa explicação não é uma regra ou um tratado sobre

resenha, são dicas e orientações para melhor realizá-la. Se tiver alguma dúvida pergunte nos comentários.

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