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DIREITOS HUMANOS

Curso - DIREITO
Professora-Mestre Mercedes Lima
Disciplina - Direitos Humanos
Carga Horária 72 horas Horas –TURMA 7º DIM e 7º DIN
Anotações Baseada na Bibliografia indicada.

Ementa
Direitos Fundamentais e sua evolução histórica. Conceitos e Características
de Cidadania e dos Direitos Humanos.Direito : histórico. Os direitos humanos
nas Declarações de Direitos e nas Constituições. A Constituição Brasileira de
1988 e os Tratados Internacionais de proteção dos Direitos Humanos,
Ministério Público e Defesa dos Direitos Humanos. O sistema internacional de
proteção. Dos Direitos Humanos e a redefinição de cidadania no Brasil

Habilidades que serão desenvolvidas

Capacitar os alunos em direitos humanos, oferecendo uma visão


multidisciplinar e crítica dos direitos humanos, propondo reflexões sobre os
problemas sociais contemporâneos, mostrando as formas pelas quais houve a
evolução histórica e as estratégias de afirmação dos direitos humanos.
Realçar e reafirmar na disciplina os objetivos do curso no sentido de se
privilegiar a formação do profissional e cidadão por valores éticos e
humanitários;
Fazer com que o aluno atente para a característica social de seu trabalho

Justificativa

Apontar os instrumentos, particularmente os jurídicos, de defesa da dignidade


humana construídos ao longo da história da humanidade, contra a violência, o
aviltamento e a miséria, sempre buscando fazer uma análise metodológica dos
direitos humanos.

Proporcionar ao estudante uma visão global sobre as normas jurídicas


referentes aos direitos humanos e também, apontando solução para os
diversos problemas e conflitos referentes aos direitos fundamentais e/ou
humanos.

Bibliografia
COMPLEMENTAR

1. COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos Direitos


Humanos.Editora Saraiva.7ª Edição.São Paulo. 11ª Edição.2010
2. PIOVESAN, Flávia. D Humanos e o Direito Constitucional Internacional.
Editora Saraiva.7ª Edição. São Paulo.2010.
3. FERREIRA, Filho, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais.
Editora Saraiva.12ª Edição. 2010. São Paulo.
4. LAFER, Celso
5. Textos legislativos : declarações de direitos
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I. Considerações Gerais : A pessoa humana e seus direitos

Todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e


culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, “como únicos entes no
mundo capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza.” (COMPARATO,
Fábio Konder ). A afirmação histórica dos Direitos Humanos é o reconhecimento de
que, em razão dessa radical igualdade, ninguém – nenhum indivíduo, gênero, etnia,
classe social, grupo religioso ou nação – pode afirmar-se superior aos demais.

Durante o nosso curso tentaremos demonstrar e refletir como se foram criando


e como estão sendo ainda estendidos, progressivamente, a todos os povos da
Terra, as instituições jurídicas de defesa da dignidade humana contra a violência, o
aviltamento, a exploração e a miséria. Tentar entender as questões postas por
Hannah Arendt a propósito de como o direito permitiu que pessoas, como ocorreu
em alguns momentos da história, se tornassem como chama o professor Celso
Lafer, descartáveis?

Tem como centro dos nossos estudos o ser humano, suas formas de
organização social ao longo da história e conseqüências geradas a partir da busca
pela subsistência e reprodução da própria vida. O que é o cidadão? No que consiste
a dignidade humana?

O que é a pessoa humana? Primeiramente de se chamar a atenção para a


seguinte singularidade: a pessoa humana é a única capaz de tomar a si mesmo
como objeto de reflexão. Procuraremos demonstrar também como categorias como
liberdade e igualdade também servem ou são usados para escamotear como o ser
humano é coisificado no mundo de hoje na medida em que teve que vender sua
força de trabalho.

A metodologia de trabalho por nós adotada foi a de ir contextualizando a


existência dos direitos humanos, a partir de fatos históricos que foram, pouco a
pouco, dando origem aos mesmos, sempre a partir de um ponto de vista de serem
eles uma construção histórica, social, política e cultural. Ao mesmo tempo, vamos
também pontuando, do ponto de vista filosófico, as noções de pessoa ao longo dos
tempos.

II. Histórico

Precisamos retomar um pouco a história da humanidade para melhor compreender


a o surgimento dos direitos humanos, ou ao menos, a sua positivação. No período
axial, entre 600 e 400 a.C, coexistiram, sem se comunicarem entre si, grandes
doutrinadores: Zaratustra na Pérsia, Buda na Índia, Lao-Tsé e Confúcio na China,
Pitágoras na Grécia e Isaías em Israel.

Todos eles, cada um a seu modo, foram autores de visão do mundo, a partir das
quais se estabeleceu a grande linha divisória histórica: as explicações mitológicas
anteriores são abandonadas, e o curso posterior da História passa a constituir um
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longo desdobramento das idéias e princípios expostos durante esse período.”


( Comparato, obra cit.).Esse período se inicia no século VIII a.C. é apontado no
início do período axial, não só porque é o século de Homero, mas sobretudo porque
nele surgiram profetas ( principalmente Isaías) defendendo o monoteísmo.

Jayme Pinsky aponta que se atribui aos hebreus, antecessores dos judeus
modernos, a criação do monoteísmo, embora antes deles já cultuassem um só deus
.Mas, é a partir do povo hebreu que se registra historicamente o monoteísmo.

Enfim, no século V a.C. tanto na Ásia quanto na Grécia (século de Péricles)


nasce a filosofia, com a substituição, pela primeira vez na História, do saber
mitológico da tradição pelo saber lógico da razão. O indivíduo ousa exercer a sua
faculdade de crítica racional da realidade. Quando suprimido o poder político ao
povo, na Grécia, ocorreu ( portanto, não por um acaso) o questionamento dos
mitos religiosos tradicionais, restando então, como critério supremo das ações
humanas o próprio homem, que se torna, em si mesmo, o principal objeto de análise
reflexão, e, nesse sentido aparece como um problema, ele em si mesmo.

O ser humano passa a ser considerado, em sua igualdade essencial, como ser
dotado de liberdade e razão, apesar das diferenças de sexo, etnia ( dizemos etnia e
não raça, porque essa é única, a humana) ou costumes sociais. Estão, então,
lançados os fundamentos intelectuais para a compreensão da pessoa humana e
para a afirmação da existência de direitos universais, porque a elas inerentes.”
(Comparato).

A idéia de que todos os seres humanos têm direito a ser igualmente


respeitados, pelo simples fato de sua humanidade nasce praticamente com a lei
escrita, igualmente aplicável a todos os indivíduos que vivem numa sociedade
organizada. Mas, ao lado da lei escrita os gregos tinham uma outra noção de igual
importância: a lei não escrita, significando costume jurídico relevante ou leis
universais de cunho religioso.

Depois essas leis ultrapassam o caráter religioso e funda-se sobre a igual


natureza para todos os homens. ( na época, na divisão da humanidade em gregos e
bárbaros, propugna-se pela igualdade de ambos).Depois a igualdade é expressa
mediante a oposição entre a individualidade própria de cada homem e as suas
funções sociais ( a função social chamada de prósopon que os romanos traduziam
por persona, com o sentido próprio de rosto, ou também, de máscara de teatro,
individualizadora de cada personagem, sempre com os estóicos reafirmando a idéia
de que o papel dramático que cada um de nós representa na vida não se confunde
com a individualidade pessoal.)

Na tradição bíblica, Deus é o modelo de pessoa para todos os homens, mas,


quando o Cristianismo proclama o dogma da Santíssima Trindade quebra a unidade
absoluta e transcendental da pessoa divina. Em compensação Jesus de Nazaré
concretiza na história o modelo ético de pessoa. Mas, é Paulo de Tarso ( São
Paulo), fundador da religião cristã enquanto corpo doutrinário, quem demonstra o
inconformismo com a idéia de que Deus havia privilegiado um povo entre todos,
quando afirmou: “já não há nem judeu nem grego, nem escravo, nem livre, nem
homem nem mulher”
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Entretanto, a igualdade universal dos filhos de Deus só valia no plano


sobrenatural, pois o cristianismo continuou admitindo, durante muitos séculos, a
legitimidade da escravidão, a inferioridade natural da mulher em relação ao homem.
Discutia-se a questão do ser humano ( a Igreja chegou a concluir que Jesus Cristo
tinha dupla natureza, humana e divina, numa única pessoa, numa só aparência.) No
início do século VI Boécio afirma ser a substância a característica própria de um ser,
definição, aliás, adotada por Santo Tomás de Aquino: para ele o homem seria um
composto de substância espiritual e corporal. Inicia-se assim a elaboração do
princípio da igualdade essencial de todo ser humano, apesar de todas as diferenças
de grupos, de ordem biológica ou cultural. E é essa igualdade de essência da
pessoa que formão núcleo do conceito universal de direitos humanos.
A expressão não é pleonástica, pois que se trata de direitos comuns a toda espécie
humana. ( Comparato)

III. CONCEITO DE PESSOA : elaboração histórica - Primeira Fase

No início o fundamento era religioso. A idéia de que os indivíduos e grupos


humanos podem ser reduzidos a um conceito ou categoria geral, que a todos
engloba, é de elaboração recente na história. Antes, não havia uma palavra para
nominar ou para explicitar o conceito de ser humano. Os integrantes do grupo são
chamados homens e os estranhos ao grupo terão outro nome ou denominação, ou
seja, não havia a idéia de uma igualdade essencial entre todos os homens.

Comparato entende que a idéia de que “todos os seres humanos têm direito a
ser igualmente respeitados, pelo simples fato de sua humanidade”, nasce com a lei
escrita, como regra geral e uniforme, igualmente aplicável a todos os indivíduos que
vivem numa sociedade organizada.”. Entre os gregos, uma outra noção importante:
a da lei não escrita, aqui entendida como leis universais, originalmente de cunho
religioso, as quais sendo gerais e absolutas, não se prestavam a ser promulgadas
no território exclusivo de uma só nação.”

Em Aristóteles elas são chamadas leis comuns. Depois elas perdem o sentido
religioso e vão adquirindo, a partir do reconhecimento de sua universalidade, o
conceito de leis comuns a todos os povos ( concepção adotada pelos romanos).

Como justificá-las? Como aplicá-las a todos os povos? No século de


Péricles (480-411 a.C) o fundamento universal seria a natureza, isto é, sobre a
existência de uma igual natureza para todos os homens. Entre os gregos, igualdade
essencial do homem era expressa mediante a oposição entre individualidade própria
de cada homem e as funções ou atividades por ele exercidas no espaço público
( função social chamada pelos gregos de prósopon e pelos romanos de persona,
conforme já explicitado acima).

A oposição entre máscara teatral ( papel de cada indivíduo na vida social) e a


essência individual de cada ser humano – que veio a ser denominada com o termo
personalidade - , foi durante séculos muito discutida, desde que Zenão de Cítio
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começou a ensinar em Atenas, em 321 A.C., depois com os estóicos, perdurando


até praticamente toda a Idade Média, sempre na tentativa de explicar a unidade
substancial do ser humano, distinta da aparência corporal, ou das atividades que
exerce na sociedade.

Nessa construção histórica verificamos que, na tradição bíblica, Deus é o


modelo para todos os homens. Depois, o cristianismo, com o dogma da Santíssima
Trindade ( três pessoas com uma só substância), quebra a unidade absoluta. Jesus
de Nazaré, passa a ser o modelo ético de pessoa. Mas, é Paulo de Tarso ( São
Paulo), fundador do corpo doutrinário da religião cristã que passa a idéia de que o
Deus único e transcendente não privilegia um povo entre todos, escolhendo-o como
seu único herdeiro, e afirma que “diante da comum filiação divina, “ já não há nem
judeu, nem grego, nem escravo nem livre, nem homem, nem mulher”. (Espístola
aos Gálatas, 3, 28), postulando uma igualdade de todos os seres humanos .
( apesar de que a igualdade universal dos filhos de Deus só valesse no plano
sobrenatural, já que o cristianismo, durante séculos, legitimou a escravidão, a
inferioridade da mulher em relação ao homem, bem como a dos povos americanos,
africanos e asiáticos colonizados, em relação aos colonizadores europeus, conforme
explicitado já acima.

CONCEITO DE PESSOA : elaboração histórica - Segunda Fase

O segundo grande passo na construção histórica do conceito de pessoa ocorre


no início do século VI, a partir de Boécio : a pessoa enquanto substância individual
da natureza racional, ou seja, a pessoa não é uma exterioridade, como a máscara
de teatro, mas a própria substância do homem, ou seja, a forma que molda a
matéria e que dá ao ser de determinado ente individual as características de
permanência e invariabilidade. Santo Tomás de Aquino adota a concepção
medieval e diz que para ele o homem seria um composto de substância espiritual e
corporal.

Essa igualdade de essência da pessoa é que forma o núcleo do conceito


universal de direitos humanos. Repetimos que a expressão “direitos
humanos” não é pleonástica, pois “que se trata de direitos comuns a toda a
espécie humana, a todo homem, enquanto homem, os quais, portanto,
resultam da sua própria natureza, não sendo meras criações políticas. “
(Comparato).

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DIREITOS HUMANOS – UMA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA SOCIAL E CULTURAL

HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

1. MONOTEÍSMO
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Nessa fase, antes de Cristo, já no monoteísmo, temos os profetas, tais como Isaías
(740 a.C.), Amós (783 a.C.) em seus textos já exigindo um comportamento ético
numa sociedade em que a monarquia já estava dividida entre Israel e Judá, dois
pequenos reinos, com grande estrutura burocrática e com uma vida difícil para a
maioria.Antes, até por volta do ano 1000 a.C. os hebreus tinham vivido divididos em
12 tribos, sem reis ou qualquer outro tipo de monarca, sem divisão de trabalho que
implicasse em hierarquização social, sem propriedade particular de bens.

Tinham juízes que ouviam as partes, tais como Débora ou Samuel e outros que
eram guerreiros,como Sansão. Depois, com a monarquia tudo muda :cria-se a Casa
Real, com toda uma estrutura:militar, burocrática, religiosa, ideológica. Nessa
condição nasce, com o terceiro rei, Salomão, o templo de Jerusalém, que ritualiza a
religião obrigando-a a todos.Nesse contexto, afirma Jayme Pinsky, Isaías e Amós,
criticam o sistema, propõem uma nova sociedade, desistem do deus do templo, “de
qualquer tempo, e criam o deus da cidadania.”

2. O MUNDO GRECO-ROMANO - A GRÉCIA

É impossível falar nessa construção do conceito de pessoa, de cidadão, sem


abordar as cidades-Estado na Antiquidade Clássica, no mundo greco-romano,
através das cidades desenvolvidas às margens do Mediterrâneo. Entre os séculos IX
e VII ou VIII a.C. desenvolveu-se um grande intercâmbio de pessoas, uso do ferro,
aumento populacional, divulgação de idéias por toda a região mediterrânea.
Gregos e fenícios fundaram colônias por toda parte, norte da África, sul de Espanha,
Mar Negro e Itália, “levando consigo uma forma de organização social peculiar: a
cidade-estado.” (Pinsky). Ela foi fruto de um processo longo e gradual de
fechamento no qual as comunidades se fechavam, excluindo os estrangeiros e
defendiam coletivamente seus campos cultivados. “Espaço público e Estado
parecem se confundir nas origens das ciddes-estado.”

Representavam um espaço de poder, de decisão coletiva, como os Conselhos de


anciãos ( ou o Senado Romano), os lugares dos cultos, um exército comum. As
cidades-estado vão formando as comunidade, por vezes, composta por habitantes
provindos de origens diversas. Atenas, por exemplo, fechou-se quase
completamente no século V a.C. enquanto Roma,durante toda sua história,
permaneceu mais aberta, tanto externa quanto internamente.

Pertencer à comunidade ( por laços familiares ou profissionais, como os artesãos do


ferro, do bronze e da cerâmica) era um privilégio, mas, claro, havia conflitos internos.
Abrigavam vasta população não cidadã,completamente excluída do corpo de
cidadãos, como os grupos vencidos nas guerras de conquista e também os escravos
( os chamados inimigos internos). Havia nas comunidades, portanto, normas com
regras de exclusão e inclusão no espaço público. Na Grécia, s mulheres, embora
membros da comunidade permanceram à margem da vida pública, sem direito à
participação política, tuteladas pelos homens.Havia também o domínio dos mais
velhos sobre os mais jovens.
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De todo modo, o período que se instala após a aristocracia, é o da participação


popular ( ainda que entre os homens), as leis tornam-se públicas, as decisões, ainda
que por corpos restritos, passam a ser coletivas e estabelecidas pelo meio da
discussão e pelo voto. A participação era direta ( não havia partidos, não havia o
sentido de representação e nem mesmo divisão de poderes. Essa abertura do
espaço público mostrou a oposição entre ricos e pobres e logo ocorrem rupturas do
pacto comunitário: “fragmentadas, fechadas pelo caráter exclusivista de sua
cidadania” , com fraquezas para enfrentar os inimigos externos, as cidades-estado
não se expandem e formam-se os grandes impérios.

3. O IMPÉRIO ROMANO

A partir do século II a.C., Roma torna-se a cidade-estado dominante em todo o


Mediterrâneo. .Os conflitos surgem porque as riquezas trazidas com a expansão do
Império, não beneficiam por igual os cidadãos de Roma. A comunidade não é mais
como na Grécia, ou seja, pessoas de um determinado território ( circunscrição).
Desaparece a participação política para o povo, restringe-se o espaço público. O
novo pólo do poder é o Imperador. No início a cidadania alcançava todos os
habitantes do Império, depois, o estatuto de cidadão desaparece já que todos se
submetem ao Imperador.

A palavra ciuis gerou ciuitas, ou seja, cidadania, cidade, Estado, que para os
romanos constituem um único conceito. Roma foi fundada em 753 a.C. e desde o
seu início caracterizou-se pela diversidade de povos e costumes, formando-se a
partir do domínio etrusco, que, aliás, relevava o papel feminino na sociedade. Em
Roma havia os patrícios, proprietários de terras, com o monopólio dos cargos
públicos, considerados os cidadãos.Formavam o Conselho de Anciãos, o Senado. O
restante da população era o povo, a plebe, que não tinha os mesmos direitos dos
oligarcas. Havia ainda os escravos levados a essa condição pela pobreza.

Depois os plebeus ganham espaços na sociedade, com avanços para os direitos de


cidadania. Tem-se uma aristocracia de patrícios e plebeus (nobreza). Com a
expansão do Império, é grande o número de escravos Nas cidades conquistadas, as
elites locais passam a usufruir o direito de cidadania, concedido caso a caso.Em 136
a. C. há uma revolta dos escravos contra o sistema escravista.

Assim, também a luta dos Irmãos Tibério e Caio Gracco e finalmente a revolta
comandada pelo líder escravo, Espártaco, vendido como gladiador, atuante em
Cápua (73 a.C.). Na República Romana há grandes avanços com as possibilidades
de iniciativas jurídicas dos cidadãos. Também as eleições representam um avanço
na cidadania. ( voto secreto, por escrito). Otávio Augusto ( após César) reorganiza
em 31 a.C. a estrutura política. Podia-se votar ( não as mulheres) ou ter propriedade
apenas com a cidadania local, que era, então, um privilégio.

Depois, no início do século IV ocorre a conversão do Imperador Constantino ao


cristianismo, e compila-se o direito romano, legado ao mundo moderno o Código de
Justiniano.Para o Direito Romano, direito era algo como um patrimônio que se
possuía.Em Roma, o direito romano era privilégio do povo livre de Roma, dos
cidadãos romanos.Então, nesse sentido cidadania se refere a quem pertence a uma
cidade e sobre ela tem direitos.
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4. O CRISTIANISMO

Os cristãos formam as primeiras redes associativas cobrindo áreas descobertas pela


administração romana. Por outro lado, no mundo “escuro em que vivia o escravo, a
religião é a única luz, a última trincheira de luta, o último recanto da identidade.” As
comunidades cristãs agem junto aos pobres, gente sem cidadania, os chamados
“estrangeiros” ou paroikoi ( gente sem terra, sem cidadania), que dá origem à
palavra paróquia.”Dão-lhes um sentimento de pertença, de dignidade e de
identidade social. A primeira Carta de Pedro expõe essa função do cristianismo...”
Pinsky).

5. O RENASCIMENTO – FLORENÇA E SALAMANCA

Essas foram cidades que resistiram à dominação dos poderes universais do


imperador e da Igreja. As comunas italianas vão, aos poucos, sendo substituídas por
burgos e cidades.O norte da Itália – Toscana e Lombardia à frente- tem um
fulminante e prematuro desenvolvimento do capital mercantil sempre se aliando ao
papado e aos franceses contra o imperador.Esse fato impede nesse tempo a
existência de um governo centralizado.Nessas cidades é estendido a grande parte
da população o direito de cidadania, mas o governo ficava ainda em mãos de uma
elite restrita, inclusive na questão eleitoral.

Mesmo em Salamanca a identidade de uma pessoa ocorria em função da


corporação ou da cidade (não se tinha ainda o conceito de nação). Por volta de
1300, após a morte de Frederico II, há uma divisão do poder em criação de reinos.

O conceito de cidadania “e uma construção fundamentalmente histórica que


comporta dimensões simultaneamente sociais, políticas e culturais. No
Renascimento há um debate sobre o que chamamos de cidadania e com Luca,
Dante Alighieri, São Tomás de Aquino, o Estado origina-se da natureza do homem e
não diretamente da vontade divina. É um anúncio da idéia moderna de cidadania.

Essa camada da sociedade ligada às atividades do comércio e das finanças, durante


os séculos XV e XVI, uma forte burguesia, aliada também aos nascentes bancos,
com muita ambição e sede de liberdades políticas, opõe-se à nobreza “que perde
pouco a pouco seus privilégios e a uma massa considerável de pessoas pobres,
verdadeiro exército revolucionário capaz de apoiar tanto as ambições burguesas
como a uma autoridade real ou uma revolta camponesa.” (Pinsky) Uma nova visão
de mundo se impõe : há a compreensão de que a pessoa pode ser sujeito de seu
destino, acaba a noção de predestinação, e, já não se aceita tão facilmente o
sofrimento aconselhado pela Igreja Católica Romana.

Vai nascendo os direitos dos indivíduos.

Entretanto, o poder só realmente muda de mãos com a Revolução Inglesa de 1640.


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Elaboração Teórica do conceito de pessoa – Terceira Fase.

A terceira fase na elaboração teórica do conceito de pessoa, como sujeito de direitos


universais, anteriores e superiores, por conseguinte, a toda ordenação estatal,
adveio com a filosofia kantiana, com sua tese de que somente um ser racional tem
vontade, uma espécie de razão. O ser humano, existe como um fim em si mesmo,
não simplesmente como meio do qual esta ou aquela vontade possa servir-se a seu
talante.

Kant distingue as coisas (entes que não dependem de nossa vontade, mas da
natureza, quando irracionais), com valores relativos, como meios dos entes
racionais, denominados de pessoas, marcados, pela sua própria natureza, como fins
em si mesmos, ou seja, “como algo que não pode servir simplesmente de meio.

A dignidade da pessoa, de todo modo, não consiste no fato de ser ela,


diferentemente das coisas, um ser considerado e tratado, em si mesmo, como um
fim em si e nunca como um meio para a realização de algum resultado, mas também
porque só ela vive em condições de autonomia, com capacidade de guiar-se pelas
leis que ele próprio edita, daí porque todo homem tem dignidade e não um preço
como as coisas. A humanidade como espécie, e cada ser humano em sua
individualidade é propriamente insubstituível: “não tem equivalente, não pode ser
trocado por coisa alguma.”

A concepção kantiana leva á condenação de práticas de aviltamento da pessoa à


condição de coisa, como a escravidão, o nazismo ( despersonalização da pessoa), o
capitalismo que implicou na reificação das pessoas ( o capital é elevado à condição
de sujeito de direito enquanto o trabalhador é aviltado à condição de mercadoria.

Elaboração Teórica do conceito de pessoa – Quarta Fase.

Aqui ocorre o reconhecimento de que o homem é o único ser vivo que dirige a sua
vida em função de preferências valorativas. Ele é, ao mesmo tempo, o legislador
universal, em função dos valores éticos que aprecia, e o sujeito que se submete
voluntariamente a essas normas valorativas.

Os direitos humanos são identificados como os valores mais importantes da


convivência humana e o conjunto deles forma um sistema correspondente à
hierarquia de valores prevalecente no meio social. No interior de cada sistema
jurídico, a organização hierárquica dos direitos humanos, impõe escolhas na solução
dos litígios. ( dignidade pessoal ou do cargo público? )

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AS REVOLUÇÕES

1. A Carta Magna de Junho de 1215 (século XIII)


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2. Inglaterra – A revolução de 1640.


3. Estados Unidos – 1776 - Declaração de Direitos
4. Francesa – Declaração de Direitos do Homem ( 1789)
5. Russa – Direitos Sociais

1. A Carta Magna de Junho de 1215 (século XIII)

Antes de se abordar a Revolução de 1640 não se pode deixar de mencionar a


famosa CARTA MAGNA, uma declaração solente que o rei João da Inglaterra,
também conhecido como João Sem Terra ( teria sido deserdado pelo pai, Henrique
II, daí o sem terra) assina em 15/06/1215, confirmada pelos sete sucessores
seguintes, sendo que algumas de suas disposições ainda fazem parte da legislação
inglesa em vigor. Cuida de um acordo entre o rei e os barões feudais. Por ela o
monarca se vincula às próprias leis que cria. Reforça o regime feudal.Reconhece os
direitos próprios da nobreza e do clero,independentemente do poder do
monarca.Reconhece a liberdade eclesiástica (livre designação de bispos, abades e
outras autoridades da Igreja.)Limita-se, pela primeira vez, o poder do rei. (vide Carta
anexa).

As cláusulas 16 e 23 representam o primeiro passo para superar o estado servil nas


relações de trabalho. Na Carta já se inscreve o princípio segundo o qual ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. No
artigo 20 e 21 estão lançadas as bases para o Tribunal do Juri. O melhor exercício é
mesmo sua leitura completa e estabelecimento de parâmetros com a legislação
atual. Esse, segundo nosso entendimento, é o melhor método para se comrpreender
a sua importância histórica.

2. Inglaterra – A revolução de 1640

Afirma Comparato (obra cit.) que era necessário a dissolução total do sistema feudal
“para que as forças modernizadoras do modo de produção capitalista
desabrochassem por completo, livres de qualquer entrave , faltava algo mais, e esse
algo mais chamava-se revolução.”

Três coisas são fundamentais para a revolução inglesa: predominância da


agricultura é substituída pela preponderância da produção industrial; os transportes
que eram precários, passam a ser diversificado e mais ágil; as crises do feudalismo
de superprodução e preços baixos. Há também, além desses aspectos econômicos,
o político, do Estado absolutista e dessa contradição histórica entre nobreza e
burguesia, mais tarde surgirá,, aliás, a revolução liberal.

O processo revolucionário inglês é um modelo de transição ao capitalismo industrial,


“primeiramente de forma violenta, em 1640, logo depois, em 1688, de maneira
conciliatória”. O litígio do século XVII inglês foi pautado por conflitos.Houve uma
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certa paz durante os reinados de Henrique VII (1485-1509) e Henrique VIII (1509-
1547), uma era de plena colaboração entre a monarquia e o Parlamento.

A paz se vai entre os reinados de Jaime I (1603-1625) e com Carlos I (1625-


1649).Carlos dissolve o Parlamento em 1629 e durante uma década sufoca a
oposição.Inicia-se a guerra civil.Oliver Cromwelll, deputado ao Parlamento, chefia
uma revolta contra o despotismo real.Estrutura um exército revolucionário na luta
contra a Igreja e a Coroa. Em 1649 é proclamada a República e Carlos I é
executado sumariamente.

De 1649 até 1660 acontece a conquista da Irlanda e da Escócia e a Inglaterra como


uma força maior nos mares do que a Holanda. Em 1649 é proclamada a República e
Carlos I é executado sumariamente. Mas, Cromwell dissolve o Parlamento e quatro
anos depois o Parlamento insatisfeito com ele, convoca em 1660, o filho do rei
morto pela revolução, Carlos II, a assumir o trono da Inglaterra : o rei então reina
mas é o Parlamento que governa.

Governa : o gentry ( o agricultor capitalista), uma nova classe social que governaria
a Inglaterra pelos próximos três séculos e mais a a classe burguesa, urbana, com
seu sistema doméstico de manufatura.

O que representou esse momento histórico para a questão da cidadania?

Primeiramente derruba, de certa forma, a idéia do poder divino dos reis; pode-se ter
a partir daí uma postura crítica à Igreja. ( Thomas Hobbes – Leviatã – 1651 –
defendendo que os homens firmam um pacto que lhes preserva a vida em troca da
sua liberdade individual). Já se aponta para a futura relação moderna entre o Estado
e os homens, aquele como uma criação artificial do homem.

Finalmente ,o indivíduo vem antes do Estado. Depois temos Locke afirmando que
a função do poder político é elaborar leis para regular a propriedade. Essa posição
leva ao individualismo exacerbado, mas, defende como ninguém a tolerância entre
os seres humanos. Há a defesa – como um valor universal – dos direitos de
cidadania.

Por fim advém a Lei de Habeas Corpus, de 1679, com o nome oficial de “uma lei
para melhor garantir a liberdade do súdito e para prevenção das prisões ultramar”. O
direito inglês, ao contrário do francês e do nosso, não concebe ,desde essa época, a
existência de direitos sem uma ação judicial própria para sua defesa. Para os
latinos, como sabemos, ocorre o contrário: os direitos subjetivos são principal e as
ações judiciais, o acessório, que a eles deve adaptar-se. ( doc.anexo a Lei)

E, literalmente com Comparato:

“ Em matéria de direitos humanos, esse diferente método de


criação do direito deu nascimento a duas linhas de tradição
bem distintas: a inglesa e a francesa. Os ingleses, mais
pragmáticos,consideram que o progresso na proteção jurídica
da pessoa humana provém mais das garantias, sobretudo
judiciais, do que das simples declarações de direitos. Já para a
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tradição francesa, uma declaração de direitos tem sempre


grande força político-pedagógica, como forma de mudanças de
mentalidades.” (obra cit. Pg.101).

3. A Revolução Americana - 1776

Quando o navio MayFlower aportou na então Nova Inglaterra (EEUU) ali era uma
terra abandonada pela Inglaterra.Formam as trezes colônias.O primeiro grito de
liberdade da Inglaterra ocorre na Virginia, em 1676, na luta do general Bacon contra
W.Berkeley, e, apenas cem anos depois advém a Declaração de Independência,
datada de 4 de Julho de 1776.

Desde o início a proposta dos mais pobres contra os mais ricos era a de rapinagem
contra os indígenas. Os ingleses não davam atenção às colônias.e isso permitiu, de
certa forma, um comércio mais livre.Depois, a Inglaterra, pressionada por dívidas
começa a exigir pesados impostos. A revolução, entretanto, segundo estudiosos, é
conservadora já que nasce buscando restaurar uma situação anterior, ou seja, a não
interferência inglesa. A Declaração de Independência afirma que todos os homens
foram criados iguais e dotados pelo Criador de direitos inalienáveis, como vida,
liberdade, busca de felicidade. Mas, é preciso dizer que a democracia do século
XVIII e início de XIX era restrita porque dela se excluía as mulheres, os brancos
pobres e, claro, havia a escravidão dos negros. ( assim como a democracia grega
excluía as mulheres, os estrangeiros e os escravos).

A construção do conceito de cidadania ganha nos EEUU uma outra conotação: a


desconfiança no Estado e a crença no indivíduo.(Pinsky) É o que demonstra a Carta
de Direitos, sempre ampliada.A proposta é universal e redentora e para os
americanos deve submeter o mundo. Aqui a liberdade ganha foros de
individualismo, diferentemente da Revolução Francesa, como veremos adiante.

4. A Revolução Francesa - 1789


A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789)
Liberdade. Igualdade. Fraternidade.

O movimento que ocorre na França é o de verdadeiramente uma revolução, com o


sentido de uma “renovação completa das estruturas sociopolíticas, um novo
governo, um novo regime, toda, enfim, uma nova sociedade. A Revolução Francesa
é fundadora dos direitos civis. É fruto do Iluminismo (Voltaire, Diderot, Goethe,
Rousseau, Mozart e Bethoven). Nasce com a idéia de que a felicidade não é uma
conquista individual e sim uma meta a ser alcançada pela coletividade.( Pinsky).

Queriam os franceses fundar um novo mundo,que não fosse o sucessor do antigo,


diferentemente da revolução americana que queria o retorno a uma situação
anterior, a saber, a não vigilância do reino. Outras diferenças surgem: na americana
pretendia-se estabelecer um regime político para aquela colônia enquanto que a
Revolução Francesa queria a liberdade, com um sentido universal, isto é, para
outros povos também. ( “uma declaração deve ser de todos os tempos e de todos os
povos). A Revolução Francesa tem um caráter universalista.
1

O ponto central era a igualdade, a supressão das desigualdades entre indivíduos e


grupos sociais. As palavras de ordem eram os direitos : liberdade, igualdade e
fraternidade. São extintas servidões feudais, são proibidos o tráfico de escravos.Só
as mulheres são esquecidas, o que,faz a escritora e artista dramática, OLYMPE DE
GOUGES, redigir e publicar uma Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã

A história da Declaração - 1789

Para dar um fim aos conflitos nas ruas Luiz XVI chama todos para uma reunião em
Versalhes, tendo como pauta um único assunto: a votação do orçamento do
Estado.Comparece os chamados Estados Gerais (deputados dos nobres) o Alto
Clero ( bispos, cônegos, arcebispos) e o Terceiro Estado (plebeus, advogados,
médicos, juízes). Este último, nas reuniões, era obrigado a reunir-se em separado.
Mas, nessa reunião decide se reunir juntamente com o os outros dois poderes. O
pedido vai a voto e não passa ( os nobres a recusam e o Clero fica dividido).

O Terceiro Estado adota, então, o nome de Comuns (referência à Câmara dos


Comuns inglesa). Porém , na cidade de Paris, enquanto isso, havia tumultos por
conta de fome e miséria. No dia 14 de Julho de 1789 o povo enfurecido invade e
toma a prisão chamada Bastilha onde eram encarcerados os inimigos do rei e,
ainda, o local no qual se guardava as armas. Antes disto o Terceiro Estado em 17
de Junho decide se transformar em Assembléia Nacional.

Os membros do Clero e também 47 membros dos nobres aderem ao movimento do


Terceiro Estado. O rei é incapaz de dominar a situação, a força armada já não lhe
obedece integralmente, então, LUIZ XVI, aceita chamar uma Constituinte. Porém,
antes da elaboração de uma nova Constituição, o Terceiro Estado, em 26 de agosto,
proclama a Declaração dos Direitos do Homem ( 17 artigos, um preâmbulo), em um
grande esforço na definição dos direitos civis do cidadão.

O artigo primeiro estabelece que “os homens nascem e permanecem livres e iguais
em direitos”, sendo tais direitos naturais e consistentes na liberdade, no direito à
propriedade, na segurança e na resistência à opressão. A liberdade é definida:
trata-se da liberdade da pessoa, da liberdade individual. Estabelece os direitos e
também seus limites.Define-se que a nação é soberana.

Entretanto, Robespierre, temendo inimigos – reais e imaginários – reage com


violência e terror e de forma arbitrária. Tinham que decidir : ou respeitavam o direito
dos proprietários, com o risco de perder o apoio das massas ou acirravam a
resistência da oposição ao governo revolucionário e recorriam ao Terror. Esse último
foi o caminho escolhido, confiscando propriedades. Pagaram caro pela decisão:
foram executados.

Depois, vem a restauração monárquica. Babeuf, Charles Fourier, Saint Simon,


representantes do Movimento dos Iguais propõem a abolição da propriedade
privada. Eram sintonizados com uma classe operária que estava nascendo.
Perseguidos, se deslocam do plano da ação política para o plano da
utopia.Pretendiam o benefício para a humanidade. Há também os utópicos ingleses
1

(Owen). São os pioneiros do socialismo moderno. ( texto da Declaração de 1789 em


anexo).

França - Ainda um Palco de outra luta : A Comuna de Paris ( 1871)

Na guerra franco-prussiana os trabalhadores franceses se deram conta de que o


governo francês ia entregar a cidade aos inimigos, então, tomam o poder, em 18 de
março de 1871.Criam o Comitê Central da Guarda Nacional e ficam no poder por 72
dias. Contudo, derrotados, são duramente punidos. O presidente da Primeira
Internacional dos Trabalhadores, Eugene Varlin, é morto barbaramente. Os rebeldes
revolucionários apóiam a criação e organização das cooperativas. Debate do ponto
de vista social o direito ao trabalho.

Criada em 1864 a Internacional dos Trabalhadores já tinha realizado quatro


congressos. Os socialistas, os partidos de base operária, de todo modo, não
desistem e se reorganizam internacionalmente, fundando em 1889 a Segunda
Associação Internacional dos Trabalhadores, a chamada Segunda Internacional, que
existe até hoje. Dela participavam diversas tendências ( o médico vienense Adler, os
russos Plekhanov, Kaustsky, August Bebel e, claro, Frieddrich Engels, dela sendo
excluídos os anarquistas.

Da primeira participou K. Marx, que, falecido em 1883, não viu essa Segunda.

Porém, antes de se estudar a Revolução Russa e suas conquistas no campo dos


direitos sociais, é de lembrar, como um documento importante para os direitos
humanos, para a cidadania, a Convenção de Genebra..

5. A CONVENÇÃO DE GENEBRA – 1864 e seguintes.

A primeira Convenção de Genebra foi uma iniciativa de Henri Dunant, um suíço, que
organiza em 1863 com um grupo de pessoas, uma convenção não oficial para
estudar os meios de combater a insuficiência do serviço sanitário nos exércitos em
campanha. Essa convenção foi um marco para a criação da Cruz Vermelha.

Um ano mais tarde, em 1864 foi realizada a primeira verdadeira Convenção de


Genebra. Cuidou de determinar e recomendar aos países a ordem de respeitar e
cuidar dos militares feridos ou doentes sem discriminação. Desde então, as
ambulâncias e hospitais são protegidos de todo ato hostil e serão reconhecíveis pelo
símbolo da cruz vermelha com fundo branco. A primeira aplicação concreta ocorreu
durante a Primeira Guerra Mundial. Pode-se dizer que o embrião do chamado direito
internacional humanitário foi a Convenção de Genebra de 1864.

A segunda convenção foi em 1906, estendendo as obrigações às forças navais.

A terceira Convenção de Genebra foi escrita em 1929 e teve como objetivo definir o
tratamento ao prisioneiro de guerra, sendo reconhecido como tal todo combatente
capturado, podendo este ser um soldado de um exército, um membro de uma milícia
ou até mesmo um civil, como os resistentes. Por essa convenção, foi permitido ao
Comitê Internacional da Cruz Vermelha visitar todos os campos de prisioneiros de
1

guerra, sem restrições. O Comitê também pode dialogar, sem testemunhas, com os
prisioneiros.

A Convenção fixa os limites do tratamento geral dos prisioneiros, tais como: a


obrigação de tratar os prisioneiros humanamente, sendo a tortura e quaisquer atos
de pressão física ou psicológica, obrigações sanitárias, com a higiene, com a
alimentação, o respeito à religião dos prisioneiros.

A quarta Convenção ocorreu em 1949, que revisou as três anteriores a acrescentou


uma quarta relativa à proteção dos civis em período de guerra. ( não podem ser
seqüestrados, para servir, por exemplo, de “escudos humanos”, proibida a extorsão
dos civis ou tomada de bens, proibição de punições coletivas.

6. REVOLUÇÃO RUSSA – Os direitos sociais (1918).

Os teóricos socialistas nos meados do século XIX sofrem pressões de uma massa
cada vez maior, desta feita organizados, em partidos e nas Internacionais. Havia
diversas correntes no socialismo, mas todos instavam à mobilização dos
trabalhadores. De todas as perspectivas apresentadas ( Blanqui, Bakunin, Lassalle)
vence a formulação teórica-política de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels
( 1820-1895).

Eles sustentavam que o proletariado, fazendo a revolução necessária à superação


do capitalismo, não só asseguraria as condições de pleno exercício da sua
cidadania como tornaria viável a extensão da cidadania efetiva a todos os seres
humanos. ( no comunismo). Marx cria conceitos de enorme importância, tais como,
ideologia, mais valia, alienação, luta de classes, fetichismo da mercadoria, etc.
Depois o marxismo é – mesmo após a morte de Engels e Marx – é divulgado e os
trabalhadores vão ganhando direitos.

Mas, o divisor de águas é mesmo a Revolução Russa de 1917/1918, pela qual os


trabalhadores, e somente eles, são sujeitos de novos direitos, os chamados
direitos sociais: sufrágio universal, eleições diretas, democratização dos aparelhos
de estado, liberdade de expressão e de organização, abolição da pena de morte,
imposto sobre a renda dos ricos, leis de proteção ao trabalhador, assistência médica
gratuita para toda a população, cobrindo gastos com partos e finalmente, uma
grande primeira vitória para as mulheres, após tantos séculos de opressão. Também
se vai a jornada de trabalho sem fim, a falta de higiene no trabalho, os salários
insuficientes ( como de resto, até hoje

A grande contribuição dos socialistas, além dos partidos e sindicados de base


operária, com relação à temática da cidadania e dos direitos humanos, foi o
incentivo à crescente participação política das mulheres, uma política de igualdade
na educação. Socialistas como Clara Zetkin da Alemanha, cria um dia a ser
comemorado como o Dia Internacional de Luta da Mulher ( 1910), Rosa
Luxemburgo, Pauline Roland, Emma Martin, e outras.
1

A Alemanha é o primeiro país a criar grandes redes de seguro social subsidiadas


pelo Estado O Partido marxista tem grandes vitórias eleitorais. Bismark, chanceler
do Império, temendo a força do partido, torna-o ilegal e ao mesmo tempo, temendo
revolução entrega aos trabalhadores uma rede de proteção como uma
compensação aos trabalhadores, contra acidentes de trabalho, enfermidades e a
velhice.Também na Inglaterra, em 1906, com a eleição de muitos socialistas ao
Parlamento, autoriza merendas aos escolares.

E, assim, em quase toda a Europa, e mais para frente mais conquistas, por
temer o comunismo, a partir da vitória dos trabalhadores na União Soviética.
Resta estabelecido chamado- estado de bem estar social – o conjunto de
direitos sociais de amparo aos trabalhadores e suas famílias- que foi possível
porque o capitalismo estava em seu auge, garantindo praticamente o pleno
emprego.

Essa proteção oferecida, alcança o efeito também desejado de amortecer as lutas


dos trabalhadores europeus. Nascem assim, os partidos sociais democratas que, ao
contrário dos comunistas, acredita nesse tipo de serviço. A Alemanha, derrotada na
primeira Guerra Mundial, atende às exigências das potencias vencedoras,de
pagamento de indenizações. A República de Weimar elabora, em 1919, uma
Constituição muito avançada para a época, a partir de pressões também dos
trabalhadores. A Revolução Mexicana, numa aliança histórica entre camponeses e
operários, produz uma Constituição tão avançada quanto a de Weimar e em 1929
adota um Código do Trabalho. ( também ocorre algo semelhante no Brasil, em 1930,
com o reconhecimento legal dos sindicatos ( apesar de tutelados pelo Estado), são
instituídos os seguros contra a velhice e a invalidez, e, a partir de 1940, a instituição
de salários mínimos para as diversas regiões do país.

É de 1919 a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT).De início adota


seis Convenções Internacionais do Trabalho ( limitação de horas de trabalho, (oito
por dia, 48 hs por semana), desemprego, proteção à maternidade, garantindo à
gestante licença remunerada de seis semanas antes e seis semanas depois do
parto, a proibição do trabalho noturno para as mulheres, fixação da idade mínima
para o trabalho (14 anos),proibição do trabalho noturno para os jovens.

Também a Segunda Guerra Mundial impulsiona à luta pelos direitos sociais. É desta
época o Plano Beveridge (1941/1942) prevendo o pleno emprego e sobretudo a
universalização dos direitos sociais ( não mais para esta ou aquela categoria).Na
Conferência de 1944 tem-se a chamada Declaração de Filadelfia ( uniformidade,
unicidade e uniformidade.A Declaração eleva os direitos sociais a nível dos demais
direitos humanos, quando afirma que todos os seres humanos gozam do direito de
viver com segurança econômica e oportunidades iguais. O trabalho não é uma
mercadoria.( assertiva essa,impossível de ser cumprida no capitalismo).

BRASIL

No caso do Brasil, salário mínimo, sistema de previdência social para os


trabalhadores urbanos assalariados e direito de organização sindical, tinham sido
conquistas dos trabalhadores, antes de 1945, entretanto, interrompidos durante a
ditadura do Estado Novo, que colocou os sindicatos sob intervenção federal e o
1

Partido Comunista na ilegalidade. Com a redemocratização esses direitos foram


incluídos na Constituição de 1946.

Na Constituição Brasileira os direitos sociais estão consagrados os direitos sociais.


O artigo 6º afirma :

“são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a


segurança, a previdência, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.”

E, no artigo 7º elenca 34 direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, sendo os


principais deles : relação de emprego protegida contra demissão arbitrária, seguro-
desemprego, FGTS, jornada de oitos horas, e outros. A grande discussão doutrinária
vai no sentido de tais direitos terem chegado muito tarde ao país. Tais direitos
chegam numa época tardia : o capital já não vivia em 88, assim como até hoje, a
glória do pleno emprego e sem ele não se cumpre ou se estendem direitos sociais.
Os direitos chegam ao país quando o capital está em mais uma de suas grandes
crises ( na década de oitenta, a crise do petróleo).
.

QUINTA ETAPA – Elaboração do conceito de pessoa no SÉCULO XX

O mundo moderno despersonaliza o homem, então é preciso reconhecer novamente


que a essência da personalidade humana não se confunde com a função ou papel
que cada qual exerce na vida. A pessoa não é personagem, sendo a qualificação
pessoal mera exterioridade, que nada diz sobre a essência do próprio indivíduo:
cada qual possui uma identidade singular, inconfundível com a de outro qualquer.

É posto em foco a realidade da pessoa, não só enquanto pessoa, mas ela imersa no
mundo ( yo soy yo y mi circunstancia – Ortega y Gasset). Aponta-se também na
filosofia contemporânea que o ser do homem não é imutável: ele é um vir-a-ser, um
contínuo devir, no sentido de cada um de nós já nasce moldada por um passado
coletivo. A essência do ser humano é evolutiva, porque a personalidade de cada
indivíduo, isto é, o seu ser próprio, é sempre, na duração da vida, algo de incompleto
e inacabado, uma realidade em contínua transformação, conforme aponta
Heidegger. Toda pessoa é um processo de vir-a-ser. Somos patrimônio genético e
patrimônio social.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS - de 10/12/1948

1. A Segunda Guerra Mundial – A internacionalização dos Direitos Humanos

O horror do holocausto, a morte de cerca de sessenta milhões de pessoas, a maior


parte delas civis, o lançamento da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki,durante
a Segunda Guerra Mundial, a partilha do mundo, as imposições dos países aliados a
1

uma Alemanha derrotada e vencida gera a crença de que todas as violações


ocorridas poderiam ter sido prevenidas com um sistema de proteção internacional.
Cria-se a ONU – Organização das Nações Unidas, uma organização política com
agências especializadas, mundial, empenhada na defesa da dignidade
humana.Cria-se a Carta das Nações Unidas, assinada em 26/06/1945, em São
Francisco, nos EEUU. (ratificada pelo Brasil, em 21/09/1945). Responde pela paz no
mundo o seu Conselho de Segurança ( com cinco membros permanentes, China,
França, Reino Unido, Estados Unidos e Rússia e dez não permanentes, eleitos por
dois anos, pela Assembléia Geral).O orgão judicial das Nações Unidas é a Corte
Internacional de Justiça. (art.92 da Carta).

O CONSELHO DOS DIREITOS HUMANOS DA ONU

A ONU já tinha o Conselho de Segurança e o Econômico e, em março de 2006, cria


o Conselho de Direitos Humanos, integrado por 47 Estados-membros,eleitos
diretamente, pelo voto secreto da maioria da Assembléia Geral, atuando sob os
princípios da universalidade, imparcialidade, objetividade e/ou.Responde a violações
graves e sistemáticas de direitos humanos, elaborando recomendações.Promove a
educação em direitos humanos, é fórum de diálogos sobre a questão, promove a
implementação das obrigações de direitos humanos, elabora revisão periódica,
responde a situações de emergência, trabalhando com os Estados mas também
com a sociedade civil.

Em 1993 foi criado o posto de Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos
Humanos, com a missão de “promover o respeito universal de todos os direitos
humanos, traduzindo em atos concretos a vontade e a determinação da comunidade
internacional, tal como ela se exprime por intermédio da ONU.”

A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DE 1948

É aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de


1948, por v.u. de 48 Estados, e abstenção de 8. Ela é ampla ( um grande conjunto
de direitos), é universal ( aplicável a todas as pessoas, de todos os países).

“ A Declaração Universal de 1948 objetiva delinear uma ordem


pública mundial fundada no respeito à dignidade humana, ao
consagrar valores básicos universais.Desde seu preâmbulo, é
afirmada a dignidade inerente a toda pessoa humana, titular de
direitos iguais e inalienáveis.Vale dizer, para a Declaração
Universal a condição de pessoa é o requisito único e exclusivo
para a titularidade de direitos A universalidade dos direitos
humanos traduz a absoluta ruptura com o legado nazista, que
condicionava a titularidade de direitos à pertinência à
determinada raça ( a raça pura ariana). A dignidade humana
como fundamento dos direitos humanos e valor intrínseco à
condição humana é concepção que depois posteriormente,
viria a ser incorporada por todos os tratados e declarações de
direitos humanos, que passam a integrar o chamado Direito
Internacional dos Direitos Humanos, ( PIOVESAN, Flávia, obra
cit. P.142).
1

Existe grande discussão entre os doutrinadores a propósito do valor jurídico da


Declaração, alguns afirmando não ser ela um tratado, e, que ela não apresenta força
de lei. Para outros, haveria a obrigatoriedade de promoção de observância universal
dos direitos humanos, por integrar o direito costumeiro internacional e os princípios
gerais de direito, apresentando, assim, força vinculante. A Carta nunca definiu os
“direitos humanos” e as liberdades fundamentais que os Estados-Membros da ONU
se comprometem a respeitar.

OS PACTOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS DE 1966

Foi a Declaração de 1948 completada posteriormente por dois grandes pactos, a


saber, um,referente a direitos civis e políticos, o chamado, Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos de 1966, e, outro, também de 1966, abarcando direitos
econômicos, denominado Pacto Internacional sobre Direitos econômicos,sociais e
culturais.

Embora aprovado em 66, ambos os Pactos entraram em vigor apenas dez anos
depois, em 1976, cabendo aos Estados -partes o dever de proteger os indivíduos
contra violações de seus direitos.Seriam autoaplicáveis, enquanto que os sociais e
econômicos seria implantado progressivamente. Direitos protegidos : direito à vida,
de não ser submetido à tortura, a tratamento desumano, direitos á liberdade, a uma
nacionalidade, etc. Os Estados-membros têm que apresentar relatórios sobre as
medidas legislativas, já que o Pacto prevê a existência do Comitê de Direitos
Humanos, para monitorar as ações dos Estados. Previu também o Pacto, o
Protocolo Facultativo que permite a possibilidade do direito de petição individual
perante o Comitê, e, ultimamente, tem se aceitado petições feitas por organizações.
(sempre que esgotadas todas as vias de recursos internos).

Posteriormente, em 1969, advém a Conferência de São José da Costa Rica,


aprovando a Convenção Americana de Direitos Humanos. Para que os Estados
Unidos não recusasse a Convenção, fez-se em apartado, um Protocolo abarcando
os direitos econômicos, sociais e culturais, o já supra mencionado

O Brasil é signatário de ambos: ratificou pelo Decreto Legislativo n.226, de


12/121991, e promulgado pelo Decreto n. 592, de 06/12/1992
2

Diferenças entre Direitos fundamentais e direitos humanos

Em geral as expressões são usadas como sinônimas. Não serve como


elemento diferenciador os destinatários já que tanto os fundamentais quanto os
humanos, têm como destinatários a pessoa humana. De todo modo, apesar das
distinções que faremos deixamos, claro desde, logo que não se cuida de termos
reciprocamente excludentes ou incompatíveis, mas, sim, de dimensões inter-
relacionadas, ainda que diferenciadas na positivação o que não afasta a
circunstância de se cuidar de expressões reportadas a esferas distintas de
positivação.

Outra diferença que poderia ser apontada seria quanto ao caráter espacial , ou
seja, direitos fundamentais seriam aqueles direitos do ser humano reconhecidos e
positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao
passo que a expressão direitos humanos guardaria relação com os documentos de
direito internacional, por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao
ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com determinada
ordem constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal, para todos os
povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívoco caráter
supranacional(internacional) – (1) SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos
fundamentais. 6ª ed., Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2006, p. 35 e 36.).

Para quem tem uma visão materialista da história, vai se dar conta de que os
valores que permeiam os direitos humanos, tais quais a liberdade e a igualdade têm
uma construção muito limitada. São noções que permanecem ofuscadas quando se
trabalha com categorias capitalistas, sendo, na verdade, nada mais do que sombras,
arremedos do que efetivamente deveriam ser. Na verdade, as construções
burguesas de liberdade e igualdade não nos fazem atingir o que, na essência,
poderiam vir a ser, para uma humanidade solidária, estas duas categorias.

O direito, por seu turno e, em especial, as construções contratualistas somente


servem a que essas noções não possam ser vislumbradas jamais na sua real
essência, confundindo-se com o que liberais querem fazer crer que sejam.
2

Ainda com Marx vamos verificar que o mesmo despreza essa divisão entre cidadão
e o homem, crendo que essa é uma visão que separa o ser político do ser cidadão.

Restará demonstrado ao longo do nosso curso, que está ocorrendo uma


progressiva positivação interna dos direitos humanos, então fica difícil entender os
conceitos como sinônimos, pois a efetividade de cada um é diferente. Neste ponto
Ingo Wolfgang SARLET é incisivo ao afirmar que:

Além disso, importa considerar a relevante distinção quanto ao


grau de efetiva aplicação e proteção das normas consagradoras
dos direitos fundamentais (direito interno) e dos direitos humanos
(direito internacional), sendo desnecessário aprofundar, aqui, a
idéia de que os primeiros que – ao menos em regra – atingem (ou
pelo menos, estão em melhores condições para isto) o maior grau
de efetivação, particularmente em face da existência de instâncias
(especialmente as judiciárias) dotadas do poder de fazer respeitar
e realizar estes direitos.

Os direitos humanos são aquelas garantias inerentes à existência da


pessoa, albergados como verdadeiros para todos os Estados e positivados nos
diversos instrumentos de Direito Internacional Público, mas que, por fatores
instrumentais, não possuem aplicação simplificada e acessível a todas as pessoas.

Já os direitos fundamentais são constituídos por regras e princípios,


positivados constitucionalmente, cujo rol não está limitado aos dos direitos humanos,
que visam garantir a existência digna (ainda que minimamente) da pessoa, tendo
sua eficácia assegurada pelos tribunais internos. Pela importância que os direitos
fundamentais assumem no ordenamento jurídico, a doutrina tem buscado explicar os
direitos fundamentais a partir de quatro planos de análise: formal, material, funcional
e estrutural

No plano formal e material, Jane Reis Gonçalves


PEREIRA, distingue que:

Do ponto de vista formal, direitos fundamentais são aqueles que a


ordem constitucional qualifica expressamente como tais. Já do
2

ponto de vista material, são direitos fundamentais aqueles direitos


que ostentam maior importância, ou seja, os direitos que devem ser
reconhecidos por qualquer Constituição legítima. Em outros termos,
a fundamentalidade em sentido material está ligada à
essencialidade do direito para implementação da dignidade
humana. Essa noção é relevante pois, no plano constitucional,
presta-se como critério para identificar direitos fundamentais fora do
catálogo. [grifos no original]

No plano funcional que se desdobram as duas funções das normas (regras e


princípios) de direitos fundamentais, ou nas palavras da autora:

Por um lado, atuam no plano subjetivo, operando como


garantidores da liberdade individual, sendo que esse papel
clássico somam-se, hoje, os aspectos sociais e coletivos da
subjetividade. De outro lado, os direitos ostentam uma função
(ou dimensão) objetiva, que se caracteriza pelo fato de sua
normatividade transcender à aplicação subjetivo individual,
pois que estes também orientam a atuação do Estado. [grifos
no original]

Desde logo, é de se esclarecer que os direitos humanos, no nosso


entendimento independe de estar escrito, ou de estar fixado em uma
Constituição. Eles existem independentemente. São da pessoa humana,
inerentes a ela.

DEFINIR CONFORME O FERREIRA

Consulta Bibliográfica

PEREIRA. Jane Reis Gonçalves. Interpretação constitucional e direitos


fundamentais : uma contribuição ao estudo das restrições aos direitos fundamentais na
perspectiva da teoria dos princípios. Rio de Janeiro : Renovar, 2006, p. 77, 7

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 6ª ed., Porto Alegre :
Livraria do Advogado, 2006, p. 42.

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