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UNIDADE II - CARBOIDRATOS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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Departamento de Nutrição. Disciplina: Nutrição e Metabolismo. Profa Elizabethe Adriana Esteves
A glicose é o carboidrato mais importante, sendo considerado como fonte primária de energia
para o organismo humano, uma vez que seu catabolismo possibilita a liberação de energia química para
formação de ATP. Cérebro, medula, nervos periféricos e eritrócitos são altamente dependentes do
fornecimento de ATP, a partir de glicose.
2. DEFINIÇÃO E COMPOSIÇÃO
3. CLASSIFICAÇÃO
3.1. Monossacarídios
Os monossacarídios não podem ser hidrolisados em carboidratos mais simples e são sudvididos
em: trioses, tetroses, hexoses, heptoses ou octoses, dependendo do número de átomos de carbono e,
aldoses ou cetoses, se o grupo cetona ou aldeído está presente. O mais abundante é a D-glicose que é o
principal combustível para a maioria dos organismos vivos e o monômero primário básico dos
polissacarídios mais abundantes como amido e celulose.
As hexoses, açúcares que contêm seis átomos de carbono, são os açúcares nutricionalmente
significativos encontrados nos alimentos, enquanto outros, particularmente as pentoses, ribose e
desoxirribose, que contêm cinco átomos de carbono, são produzidos no metabolismo dos alimentos.
Os principais monossacarídios que ocorrem livres nos alimentos são a glicose, uma aldo-
hexose, e a frutose, uma ceto-hexose. A galactose e a manose raramente aparecem na forma livre na
natureza. Podem existir tanto em cadeia aberta, como em anel. Quando estão ligados em di ou
polissacarídios permanecem na forma cíclica.
Os carboidratos são derivados álcoois de aldeídos ou cetonas. A ligação entre os
monossacarídios para formar oligômeros e polímeros é denominada ligação glicosídica. As enzimas do
trato digestivo humano que hidrolisam polímeros de glicose são específicas para es ligações alfa1,4 e
alfa 1,6. A lactose, açúcar do leite, é um dissacarídio com ligação beta 1,4. Há afirmações em literatura
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de que a hidrólise da ligação glicosídica nesta posição apresenta um tempo de reação maior, o que
causa demora na digestão do dissacarídio.
Os monossacarídios possuem diferenças no poder adoçante. Estabelecendo como referência o
poder adoçante da glicose (100%), a galactose apresenta 43% e a frutose 200%. Assim, os oligômeros
formados pelos monossacarídeos apresentam poder adoçante variado, dependendo de sua constituição.
Sob o aspecto da nutriçào, esta propriedade é importante, pois as variadas concentrações de
carboidratos, obtêm-se o mesmo sabor, mas diferente quantidade de calorias.
3.1.1. Glicose
Também chamada dextrose, é abundante nas frutas e vegetais ligada a outra molécula de um
monossacarídeo, é um componente de todos os açúcares. Em outras palavras, a glicose é o principal
produto formado pela hidrólise de carboidratos mais complexos no processo da digestão.
A glicose é também a forma de açúcar encontrado normalmente na corrente sangüínea e a sua
concentração no sangue é estreitamente regulada.
As células não são capazes de armazenar glicose como monossacarídeo, a estrutura de reserva é
o glicogênio, um polissacarídio conhecido como "amido animal".
A glicose é o substrato matabólico para todas as células, mas as células do tecido nervoso e as
células vermelhas do sangue são, em condições normais, inteiramente dependentes de glicose como
fonte de energia. Em situações de jejum prolongado porém, o sistema nervoso pode se adaptar para
utilizar corpos cetônicos com fonte de energia.
A glicose é a melhor forma de açúcar para ser utilizada quando é necessário um suprimento
imediato, pois não requer mudanças para ser empregada, é relativamente barata e pode ser adicionada a
alimentos líquidos para aumentar a ingestão de carboidratos, sem afetar o sabor dos alimentos, pois tem
cerca de 3/5 da doçura do açúcar da cana.
É encontrada juntamente com a glicose e a sacarose no mel e nas frutas. É um açúcar muito
solúvel e o mais doce dos açúcares simples. O avanço tecnológico permite a obtenção de frutose a
partir de glicose.
A frutose combinada com a glicose forma a sacarose. Constitui a unidade estrutural da inulina,
um polissacarídeo encontrado em certas raízes (alcachofra) e bulbos (cebola e alho). A inulina,
entretanto, tem uma significação limitada na dieta, uma vez que é muito pouco digerida no trato
gastrointestinal.
3.1.3. Galactose
Quase nunca é encontrada livre na natureza, mas é obtida principalmente pela hidrólise do
dissacarídio lactose encontrado no leite. É menos solúvel em água e menos doce do que a glicose. A
galactose também é um constituinte dos glicolipídios e das glicoproteínas encontrados em muitos
tecidos, inclusive no tecido nervoso. No organismo, a glicose pode ser transformada em galactose para
que as glândulas mamárias possam produzir lactose.
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3.1.4. Álcoois de Açúcares
Esses compostos não são carboidratos, mas derivados deles através de hidrogenação e são
encontrados em diversos vegetais, considerados polióis. Dentre eles podemos citar: o sorbitol, o
manitol, o xilitol, o inositol (combinado com certos grupos fosfato, forma o ácido fítico), o dulcitol
(obtido da galactose por hidrogenação), o glicerol e o álcool ou etanol. O álcool é produzido pela
fermentação da glicose por enzimas em leveduras e pode, para certos indivíduos consumidores de
grandes quantidades de bebidas alcoólicas, representar uma parte significante da ingestão total de
energia. Um grama de álcool produz 7 kilocalorias. O etanol não requer digestão e pode ser absorvido
no trato gastrointestinal. Sua concentração no corpo é proporcional ao teor de água do tecido, e por isso
o sangue pode conter grande quantidade de álcool, enquanto os ossos e o tecido adiposo possuem
pouco. As características, absorção, metabolismo dos polióis no organismo serão discutidos na apostila
de substitutos de açúcares.
3.2. Dissacarídeos
São representados pela sacarose (açúcar da cana ou da beterraba) maltose (açúcar do malte) e
lactose (açúcar do leite). Cada um desses três açúcares duplos são compostos de duas moléculas de
hexoses.
3.2.1. Sacarose
3.2.2. Maltose
A maltose ou açúcar do malte não existe livre na natureza. É chamado açúcar "derivado" pois é
um produto da digestão do amido pela diastase, uma enzima obtida de grão germinado (isso ocorre na
fabricação da cerveja).
A maltose é formada no trato gastrointestinal, durante a digestão, pela ação das enzimas
amilases. A reação se inicia com a amilase salivar e continua com a amilase pancreática. No intestino, a
maltase hidrolisa a maltose em duas moléculas de glicose, forma na qual é absorvida. A maltose não é
prontamente fermentada pelas bactérias do cólon. Como a fermentação freqüentemente leva à diarréia,
essa propriedade torna a maltose útil, em combinação com dextrina nas fórmulas infantis.
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3.2.3. Lactose
3.3. Oligossacarídeos
3.4. Polissacarídeos
Para uma armazenagem eficiente de energia potencial, plantas e animais encerram a energia dos
glicídeos em unidades bem maiores do que os açúcares, como, amido, dextrina, celulose e glicogênio,
todos esses polissacarídeos, moléculas que podem conter várias centenas de unidades de glicose.
Consequentemente eles são muito menos solúveis e mais estáveis, mas diferem marcadamente entre si
em aspectos tais como digestibilidade e resistência à deterioração. Como há muita umidade em todas as
plantas em crescimento, uma característica essencial de um material de reserva é a insolubilidade.
Portanto, como um todo, os polissacarídeos são menos solúveis e mais estáveis que os
monossacarídeos.
Para ser adequado como alimento humano, o glicídio deve estar sujeito à digestão pelas enzimas
do trato digestivo. Os amidos e as dextrinas estão dentro desta categoria, mas as celuloses,
hemiceluloses, pectinas, gomas e mucilagens, que também existem nos alimentos, não são digeridas
pelos humanos.
3.4.1. Amido
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b. Amilopectina - uma estrutura ramificada de unidades de glicose. O comprimento das
ramificações é de 24 a 30 resíduos de glicose. A ligação do esqueleto é α (1→4) mas os pontos de
ramificação são laços α (1→6).
A composição do amido varia conforme a sua origem, porém todos os amidos contêm amilose e
amilopectina.
O amido é encontrado em grãos de cereais, vegetais e outras plantas. O amido do grão está
principalmente no endosperma, encapsulado por uma cobertura protetora de celulose (a casca). O
grânulo de amido do endosperma consiste em minúsculas partículas de amido, geralmente arrumadas
em camadas concêntricas num padrão de forma e aparência características. Os grânulos de amido, por
sua vez, podem ser encerrados em células de tamanho maior.
Antes que o amido possa ser usado pelo organismo, a membrana externa precisa ser rompida,
seja por trituração ou cozimento. Aplicando-se calor e umidade, o envelope celulósico externo é
rompido, e a umidade permeia os grânulos de amido. Esses possuem afinidade pela água, absorvendo-a
tal como o faz uma esponja, e aumentando grandemente de volume. Após a ruptura da parede celular
por cozimento, o amido se torna gelatinizado e nessa forma pode sofrer mais facilmente a ação das
enzimas digestivas.
3.4.2. Dextrinas
A aplicação longa de calor seco, como no assado ou torrefação, transforma o amido em dextrina
solúvel. O paladar da crosta formada nos pães, nas torradas ou em cereais tostados é devido em parte às
formas de dextrina.
As dextrinas aparecem principalmente como produtos intermediários na hidrólise parcial dos
amidos, por ação enzimática ou cocção. Elas são formadas por muitas unidades de glicose juntas entre
si com o mesmo tipo de ligação do amido. As moléculas individuais são menores e não possuem a
propriedade de espessamento do amido.
A principal função dos carboidratos é ser a maior fonte de energia para o corpo. A maioria dos
tecidos pode usar outras fontes de energia, mas o cérebro e as células vermelhas do sangue são mais
restritos. Cada grama de carboidrato fornece cerca de 4 kcal independentemente da fonte -
monossacarídio, dissacarídio ou polissacarídio.
O glicogênio hepático exerce uma ação de proteção e desintoxicação, pois o ácido glicurônico,
um metabólito da glicose tem a função importante de se combinar com toxinas químicas e bacterianas e
ainda com alguns metabólitos, convertendo-os numa forma na qual possam ser excretados.
Porque os carboidratos possuem grupamentos hidroxílicos livres, podem interagir com a água
(através das pontes de hidrog6enio), exercendo efeito osmótico ou osmolar, no lúmen intestinal. Efeito
osmótico ou osmolaridade diz respeito à capacidade da substância de atrair ou interagir com líquidos
(água). Quanto mais hidroxilas livres (não ligadas) apresentar o carboidrato, maior sua osmolaridade ou
propriedade osmótica , e se ingerido em concentrações elevadas pode causar perda elevada de líquidos
pela via intestinal (diarréia). A osmolaridade é decrescente para monossacarídios, dissacarídios,
oligossacarídios e polissacarídios, respectivamente. Esta propriedade dos carboidratos é importante
para predizer o efeito fisiológico de determinadas preparações alimentares, em casos patológicos
especiais.
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6. DIGESTÃO DE CARBOIDRATOS
Alguns polissacarídeos tais como celulose, hemicelulose e pectina não sofrem digestão ao longo
do trato gastrointestinal. Os únicos polissacarídios que são digeridos pelo homem são os amidos e seus
derivados. Eles precisam ser quebrados em monossacarídeos, que são as moléculas aptas a passar
através das células da mucosa intestinal.
O processo de digestão dos carboidratos começa na boca pela ação da amilase salivar (ptialina).
A eficácia da amilase salivar, porém, depende do grau de mistura do alimento com a saliva e da
quantidade de tempo que a enzima permanece em contato com o substrato. Geralmente os hábitos
alimentares permitem um curto tempo para a interação enzima substrato e depois que o alimento chega
ao estômago a ação da amilase salivar depende do tempo necessário para que o pH fique entre 6,6 e
6,8, que é ótimo para a enzima. Dessa forma, o significado da digestão salivar é limitado pela curta
passagem e incompleta mastigação do alimento na boca.
As enzimas do estômago não são específicas para carboidratos. Poderia haver uma hidrólise
ácida, caso a permanência do bolo alimentar fosse mais prolongada.
O intestino delgado é o principal local da digestão de carboidratos e, quando o quimo atinge o
duodeno, os carboidratos sofrem o ataque de enzimas secretadas pelo pâncreas. Na fase luminal (ou
seja, enquanto o quimo se encontra na luz do intestino), a amilase pancreática continua a degradação do
amido, onde terminou a ação da amilase salivar.
Essas enzimas agem nas ligações internas da amilose e têm pouca especificidade para as
ligações no final da molécula, por isso os produtos finais possuem apenas ligações mais externas,
resultando em dissacarídeos (maltose) e trissacarídeo (maltotriose). Como a molécula de amido contêm
não apenas ligações α (1→4) mas também α (1→6), surgem também como produtos finais da digestão
pela α-amilase, oligossacarídeos, que contêm justamente o ponto de α (1→6), as chamadas dextrinas-
limite. Portanto, a digestão pela α-amilase consegue liberar apenas traços de glicose livre, já que essa
enzima não quebra ligações externas.
Os estágios finais da digestão dos carboidratos são feitos pelas enzimas ligadas à membrana no
lado luminal da membrana lipoprotéica da célula mucosa (borda em escova).
As enzimas mais importantes, que atuam na digestão dos carboidratos nessa parte do aparelho
digestivo são:
- Isomaltase ou α (1→6) glicosidase - atua nos pontos de ramificação, quebrando as ligações
α (1→6).
- Sacarase - também chamada invertase, desdobra a sacarose em glicose e frutose. -
Maltase - desdobra a maltose em duas moléculas de glicose. Atua também nas maltatrioses.
- Lactase - β- galactosidase - atua sobre a lactose dando uma molécula de glicose e uma de
galactose.
Os açúcares ingeridos como monossacarídeos não sofrem digestão ao longo do aparelho
digestivo.
Alguns fatores podem interferir na digestão e absorção de carboidratos, como: motilidade
intestinal, atividade das enzimas e integridade da mucosa (fatores que influenciam o turnover.
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7. ABSORÇÃO DOS CARBOIDRATOS
- Galactose - 110
- Glicose - 100
- Frutose - 40
- Manose - 20
- Xilose - 15
- Arabinose - 10
Pesquisas mais recentes tem mostrado que vários mecanismos operam em conjunto para regular
o movimento das hexoses, ingeridas na dieta, através do enterócito para disponibilizá-la nos capilares
dos vilos. Existem transportadores de hexoses que trabalham de maneira seqüencial para o transporte
através da “borda em escova”. Glicose e galactose são isômeros e utilizam o mesmo transportador
sódio-dependente (SGLT1), o qual é uma proteína de co-transporte com alta afinidade pelas
aldohexoses. O SGLT1 transporta para o interior do enterócito 2 íons sódio e 1 molécula de glicose ou
galactose. A afinidade do transportador é medida através de uma constante Kt, que é definida como a
concentração da substância a ser transportada, na qual o transporte ocorre a uma taxa de 50% da
velocidade máxima de transporte. SGLT1 possui alta afinidade para glicose (Kt 0,5 mmol/L para
glicose e 5 mmol/L para sódio). Isto indica que a concentração de 8 mg/100 mL de glicose (1/10 da
concentração extracelular) e a um nível inferior a 1/12 da concentração de sódio dos fluídos corporais,
a velocidade de transporte já ocorre em metade da velocidade máxima. A absorção das 2 hexoses é
facilitada por outro transportador na membrana basolateral GUT2, que possui menor afinidade por
glicose (Kt = 11 mmol/L ou 200 mg/100 mL, concentração semelhante ao pico de glicose pós ingestão
de carboidrato). Portanto, a glicose e galactose se acumulam no enterócito para decrescer, após
passagem para o extracelular, através de um gradiente de concentração, quando atinge os capilares e
entram no sistema portal.
A frutose tem estrutura diferente da glicose e galactose e possui um mecanismo próprio de
transporte, através de difusão facilitada, utilizando o transportador GLUT5, a qual é sódio-
independente. A saída de frutose do enterócito é também via GUT2, através da camada basolateral
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8 - METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS
8.3.1. Galactose
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transferase
Galactose-1-P + UDP-Glicose UDP-Galactose + Glicose-1-P
epimerase
UDP-Galactose UDP-Glicose
8.3.2. Frutose
A frutose pode ser fosforilada por quinases não específicas para dar frutose-6-fosfato, todavia a
afinidade dessas enzimas pela frutose é muito baixa, de tal forma que a maioria da frutose ingerida é
fosforilada pela frutoquinase que cataliza a reação:
frutoquinase
Frutose + ATP Frutose - 1-P + ADP
A frutose 1-P não pode ser diretamente convertida em frutose -6-P nem em frutose 1-6-di P,
mas em vez disso ela sofrerá a ação da frutose -1-P aldolase:
frutose-1-P aldolase
Frutose - 1-P Diidroxiacetona-P + Gliceraldeido
A captação de glicose pelas células é a etapa limitante de sua utilização em muitos tecidos,
incluindo o músculo, o coração e o tecido adiposo. A insulina é indispensável à entrada da glicose
nesses tecidos, enquanto o processo é independente de insulina no fígado e no SNC. A glicose é
captada pelo fígado apenas em condições de hiperglicemia.
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Igualmente importante e talvez relacionada à captação de glicose é sua fosforilação a glicose-6-
fosfato pelas hexoquinases antes que ela possa entrar nas vias metabólicas da célula. Essa reação é
praticamente irreversível na maioria dos tecidos. Uma vez que se torne glicose-6-P, ela deve entrar na
via metabólica, e não pode voltar ao sangue, exceto no fígado e no rim, onde uma outra enzima, a
glicose-6-fosfatase pode transformá-la em glicose livre.
A glicose-6-P serve como uma ligação entre as principais vias do metabolismo da glicose:
GLICOGENÓLISE
GLICÓLISE FERMENTAÇÃO
LÁCTICA
CICLO DE KREBS
É uma via do catabolismo da glicose que, sob a maioria das condições é uma etapa preliminar
necessária à liberação de toda energia biologicamente disponível da molécula de glicose. Resulta na
converção da glicose-6-P em duas moléculas de piruvato ou lactato, dependendo do tecido e do
suprimento de oxigênio da célula. A energia fornecida nessa via depende do produto final. Algum ATP
é diretamente produzido pelos graus de fosforilação do substrato, não importando a disponibilidade de
oxigênio. Outra reação liberadora de energia envolve a redução concorrente do NAD+ que, sob
condições aeróbicas será oxidado, gerando ATP.
8.4.4. Glicogenólise
8.4.5. Glicogênese
Síntese de glicogênio a partir da glicose. Esta via é usada sempre que o nível de glicose no
sangue atingir limites acima dos normais.
8.4.6. Gliconeogênese
É o reverso da glicólise. Consiste na formação de glicose partindo de fontes que sejam ou não
carboidratos. Aparentemente apenas o rim e o fígado têm a capacidade enzimática de realizar a
gliconeogênese.
Provê uma via alternativa para a utilização da glicose-6-fosfato em alguns tecidos, incluindo o
fígado, o tecido adiposo e eritrócitos. É uma via multicíclica complexa que, no final pode obter a
completa oxidação da glicose em CO2. Provavelmente, menos de 10% da oxidação total da glicose no
organismo se faz neste ciclo. As duas funções mais importantes dessa via são a produção de pentoses
para síntese de ácidos nucléicos e de NADP reduzido para a síntese de ácidos graxos.
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8.5. Regulação do Açúcar no Sangue (controle da glicemia)
Por meio da corrente circulatória, a glicose é transportada para as células do organismo, onde
serve como fonte de energia e para a síntese de várias substâncias. A glicose é continuamente retirada
do sangue pelas células, mas é reposta principalmente pelo fígado, de modo que sua concentração
sanguínea se mantém praticamente constante.
A dependência dos vários tecidos à glicose varia amplamente. A glicose é essencial para o
sistema nervoso central, uma vez que é a principal fonte de energia que atravessa efetivamente a
barreira hematoencefálica. O músculo e outros tecidos podem obter energia de outras fontes, como os
corpos cetônicos e aminoácidos ramificados. O músculo cardíaco é relativamente insensível a variações
de glicemia, pois remove efetivamente ácidos graxos e lactato do sangue.
Após 3 horas de jejum, a concentração de glicose no sangue é cerca de 70-90 mg/100 ml. Logo
após a alimentação pode atingir 140-150 mg/100 ml (glicemia pós-prandial), mas em poucas horas a
glicemia atinge os valores do jejum. Se a concentração sanguínea atinge 160-180 mg/100 ml, a glicose
será excretada pelos rins (glicosúria), mas isto raramente ocorre nos indivíduos normais, uma vez que o
fígado é bastante eficiente no processamento da glicose, sendo esta armazenada como glicogênio e
utilizada para a síntese de lipídios.
A concentração em excesso de glicose no sangue é denominada hiperglicemia, característica do
diabetes mellitus. Uma concentração inferior à normal é denominada hipoglicemia, que pode ocorrer
devido à desordens do metabolismo hepático ou quando o pâncreas secreta quantidades excessivas de
insulina.
Uma vez que a absorção intestinal de carboidratos é um processo descontínuo, o fígado mantém
um abastecimento contínuo de glicose para o sangue por meio da hidrólise da glicose-6-fosfato
proveniente da glicogenólise, o que também ocorre, em menor extensão, nos rins e no intestino. O
fígado é também o principal órgão onde ocorre a gliconeogênese a partir de aminácidos, lactato e
glicerol; cerca da metade dos esqueletos carbônicos dos aminoácidos presentes nas proteínas são
glicogênicos. É também importante ressaltar que os ácidos graxos, os corpos cetônicos e o glicogênio
muscular não contribuem diretamente para a elevação da glicemia, uma vez que não podem dar origem
a glicose.
a) Hipófise
A hipófise anterior tem um efeito indireto sobre a glicemia, por meio da tirotrofina (TSH), que
estimula a tireóide e da adrenocorticotrofina (ACTH), que estimula a córtex adrenal. Contudo, tem
também um efeito direto, por meio da somatotrofina ou hormônio do crescimento (GH ou SH). O GH
antagoniza a ação da insulina, diminuindo a captação e utilização da glicose e aumentando a
mobilização de lipídios para fins energéticos. Acredita-se que a liberação de GH em excesso pode ter
um efeito diabetogênico, pois pode aumentar de 50 a 100 vezes o nível de glicose no sangue,
estimulando o pâncreas a secretar cada vez mais insulina, o que pode levar à disfunção deste órgão,
com posterior desenvolvimento de diabetes.
b) Tireóide
A tiroxina (T4), liberada pela tireóide pelo estímulo da TSH da adenohipófise, é um hormônio
derivado do aminoácido tirosina e contém iodo. É um estimulador do metabolismo muscular e
hepático, aumentando a velocidade do metabolismo basal. Aumenta a concentração da glicose
sanguínea porque eleva a absorção intestinal de carboidratos, a glicogenólise e gliconeogênese
hepáticas, embora também estimule a glicólise.
c) Adrenais (supra-renais)
A adrenalina ou epinefrina, secretada pela medula ou porção interna das glândulas supra-renais,
é também um hormônio derivado do aminoácido tirosina. A medula adrenal é essencialmente parte do
sistema nervoso, de quem recebe os sinais. Quando os impulsos nervosos atingem a glândula, causam a
exocitose dos grânulos que armazenam a adrenalina para o flúido extracelular circulante e daí para o
sangue, podendo aumentar a concentração sanguínea deste hormônio de até 1000 vezes. A secreção de
adrenalina aumenta durante o estado de raiva e medo, resultando em um aumento da produção de
glicose, que, presumivelmente, serve como fonte extra de energia, permitindo o organismo responder
mais rapidamente ao estado de crise. Os tecidos-alvo da adrenalina são o fígado, os músculos
esqueléticos, bem como o coração e o sistema vascular. A adrenalina prepara o organismo para os
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estados de emergência de várias formas. Aumenta a frequência e o rendimento cardíacos e a pressão
arterial, preparando o sistema circulatório para a emergência. Estimula a degradação do glicogênio
hepático em glicose sanguínea, o combustível para a e o trabalho muscular anaeróbico, além de inibir a
síntese do glicogênio, por inativar a glicogênio sintetase. Promove a degradação do glicogênio do
músculo esquelético até lactato, via glicólise, estimulando, portanto, a formação glicolítica de ATP.
A adrenalina não penetra realmente na célula hepática para exercer seu efeito. Ela liga-se a
receptores específicos da membrana plasmática dos hepatócitos, provocando uma alteração na proteína
receptora. Esta alteração é "transmitida" para a célula que estimula a síntese de AMP cíclico (AMPc), o
segundo mensageiro. A síntese de AMPc desencadeia uma série de reações em cascata de fosforilação
de proteínas, que terminam por ativar a fosforilase do glicogênio ao mesmo tempo que inativam a
glicogênio sintetase. O fenômeno em cascata de uma enzima promovendo a ativação ou inativação de
outras enzimas, resulta em uma grande e rápida amplificação do sinal inicial, onde cada enzima da
sequência promove a ativação de muitas moléculas da próxima enzima. Desta forma, a ligação de
poucas moléculas de adrenalina aos receptores do hepatócito, resulta rapidamente na liberação de
muitos gramas de glicose para a circulação. Um efeito semelhante ocorre no músculo, mas devido a
falta de glicose-6-fosfatase, o tecido muscular não produz glicose. Em vez disto, a formação aumentada
de glicose-6-fosfato no músculo leva a um aumento da taxa de glicólise até lactato, tornando o ATP
disponível para a contração.
Os glicocorticóides, hormônios esteróides secretados pela córtex adrenal, também contribuem
para elevar a glicemia. Aumentam o catabolismo protéico, estimulando a gliconeogênese a partir de
aminoácidos. Estimulam também a mobilização das gorduras, diminuindo a utilização celular de
glicose.
d) Pâncreas
Existem fatores que influenciam a assimilação dos carboidratos pelo organismo, influenciando a
digestão e absorção dos mesmos. A etapa limitante é, usualmente, a hidrólise luminal. O estômago age
como reservatório e a velocidade de esvaziamento gástrico depende da composição de nutrientes da
refeição. Por exemplo, gorduras, carboidratos não digeríveis (fibras) e refeições com alta osmolaridade
retardam o esvaziamento gástrico, tornando mais lenta a velocidade de assimilação de carboidratos pelo
organismo. Apesar de tais fatores, a digestão intraluminal do amido é altamente eficiente e o processo é
influenciado pelo estado físico do amido. Dos dissacarídeos, a lactose apresenta tempo de digestão
mais demorado, pelo fator já citado e também, porque, em adultos, a atividade da lactase é limitada. A
assimilação é também influenciada pelo tempo de transporte. Transportes passivos são mais lentos que
os ativos. Assim, frutose pode permanecer mais tempo no lúmem, em comparação com glicose e
galactose. As diferenças nos tempos de assimilação dos carboidratos explica o efeito dos mesmos sobre
o trânsito intestinal, em conseqüência à sua interação com água e estímulo da carga de solutos sobre o
movimento de líquidos. Refeições contendo carboidratos mais facilmente assimiláveis, causam
elevação brusca na glicemia pós-prandial (pós-absorção) e em conseqüência provocam forte estímulo
sobre o pâncreas exócrino para liberação de insulina. A conseqüência é níveis muito elevados de
insulina, com todos os seus efeitos hormonais, que interferem no metabolismo do organismo. Dentre
tais efeitos cita-se o estímulo à síntese de lipídios e a inibição da lipólise no tecido adiposo.
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8.6.1. Índice Glicêmico
É uma medida usada para verificar quanto a glicemia se eleva após a ingestão de determinado
alimento fonte de carboidrato. Esta medida é comparada com o aumento da glicemia após a ingestão da
mesma quantidade de glicose pura.
Para que a glicose sangüínea não tenha elevação muito grande após as refeições, recomenda-se
a ingestão preferencial dos alimentos que apresentam menores índices glicêmicos. A tabela a seguir
mostra o índice glicêmico de alguns alimentos.
Vários fatores podem afetar o índice glicêmico apresentado por dado alimento. Entre eles,
podem-se citar o tipo químico do alimento, a quantidade de fibra da dieta no alimento, a forma como o
alimento é apresentado (integral, cru ou cozido) e a interação entre os carboidratos e os demais
nutrientes encontrados na mesma refeição.
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Departamento de Nutrição. Disciplina: Nutrição e Metabolismo. Profa Elizabethe Adriana Esteves