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Exequibilidade extrínseca

13. Título executivo

É o documento do qual resulta a exequibilidade de uma pretensão e,


portanto, a possibilidade da realização coactiva da correspondente prestação
através de uma acção executiva. Esse título incorpora o direito de execução,
ou seja, o direito do credor a executar o património do devedor ou de um
terceiro para obter a satisfação efectiva do seu direito à prestação (arts. 817º e
818º CPC).

O título executivo cumpre uma função constitutiva: ele abriu a exequibilidade


a uma pretensão, possibilitando que a correspondente prestação seja realizada
através das medidas coactivas impostas ao executado pelo tribunal. Esta
exequibilidade implica não só um efeito positivo – aquele que respeita à
concessão ao credor do direito de execução – mas também um efeito negativo,
o qual se traduz na inadmissibilidade, por falta de interesse processual, de uma
acção declarativa relativa à pretensão exequível (art. 449º/2-c CPC).

O título executivo é, em princípio, o documento original, mas também pode


ser translado de uma sentença condenatória, quando este seja objecto de
recurso com efeito devolutivo (art. 693º/1 CPC) e, por isso, possa fundamentar
uma execução provisória (art. 47º/1 CPC).

A exequibilidade de um título é aferida pela lei vigente à data da propositura


da acção executiva. Portanto, ainda que o documento não possua força
executiva no momento em que é elaborado, a execução torna-se admissível se
essa eficácia lhe for atribuída por lei posterior.

Quanto aos reflexos das modificações relativas à eficácia executiva de um


documento nas execuções pendentes, vale um princípio de aplicação imediata
da lei nova, sempre que esta venha conceder exequibilidade a um documento
que anteriormente a não possuía.

É pelo título executivo que se determinam o fim e os limites da acção


executiva (art. 45º/1 CPC). Esta é a sua função delimitadora.

O fim da execução pode consistir no pagamento de uma quantia, na entrega


de uma coisa ou na prestação de um facto, positivo ou negativo (art. 45º/2
CPC). Este fim determina diferentes medidas coactivas destinadas à satisfação
efectiva dos interesses do credor, pois que elas não podem ser idênticas
quando se visa obter o pagamento de uma quantia, a entrega de uma coisa ou
a prestação de um facto.

Os limites da acção executiva definidos pelo título são simultaneamente


subjectivos e objectivos. Aqueles primeiros respeitam às partes da acção
executiva: em regra só podem ser partes dessa acção, o sujeito que figura no
título como credor e aquele que nele tem a posição de devedor (art. 55º/1 CPC)
ou aos seus respectivos sucessores (art. 56º/1 CPC).

A inobservância dos limites subjectivos origina a ilegitimidade da parte que


requerem a execução ou contra a qual ela for requerida (arts. 55º/1, 56º/1
CPC).

Os limites objectivos respeitam ao objecto da acção executiva; este objecto


deve ser a pretensão que consta no título executivo, mesmo que ela em si
mesmo, não possa ser executada e a execução deva incidir, após conversão,
sobre uma prestação sucedânea.

O título executivo é um documento: dai que esse título cumpra uma função
probatória. A eficácia probatória do título é aquela que corresponder ao
respectivo documento.

14. Características gerais

a) Tipicidade

As partes podem atribuir força executiva a um documento ao qual não


concede eficácia do título executivo e também não podem retirar essa força a
um documento que a lei qualifica como título executivo. Isso significa que os
títulos executivos são, sem possibilidade de quaisquer excepções criadas ex
voluntate, aqueles que são indicados como tal pela lei (art. 46º CPC) e que, por
isso, a sua enumeração legal está submetida a uma regra da tipicidade.

b) Suficiência

Sempre que a obrigação que consta do título seja certa, exigível e líquida,
isto é quanto basta, relativamente às características dessa obrigação, para
possibilitar a execução. O título executivo só não é suficiente se a obrigação
nele referida não for certa, exigível e líquida, casos em que a execução se deve
iniciar pelas diligências destinadas a satisfazer esses requisitos (art. 802º
CPC).

Quanto às obrigações causais, o exequente deve indicar o respectivo facto


constitutivo não deve levar a entender que esse facto se destina a ser provado
por essa parte e que a execução só poderá prosseguir depois de essa prova
ter sido realizada. Efectivamente, a causa de pedir não preenche a mesma
função no processo declarativo e no processo executivo. Na acção declarativa,
a causa de pedir cumpre uma dupla função como elemento de individualização
da situação alegada pelo autor e de delimitação dos factos que vão servir de
base à apreciação da procedência da acção; na acção executiva, pelo
contrário, não está em discussão a existência da obrigação exequenda, pelo
que a causa de pedir só serve para individualizar essa mesma obrigação.

d) Autonomia
A exequibilidade do título é independente da exequibilidade da pretensão ou,
numa formulação negativa, a inexequibilidade do título é autónoma da
inexequibilidade da pretensão. A inexequibilidade do título executivo (art.
813º-a CPC), decorre do não preenchimento dos requisitos para que um
documento possa desempenhar essa função específica; a inexequibilidade
da pretensão (art. 813º-g, 1ª parte CPC) baseia-se em qualquer facto
impeditivo, modificativo ou extintivo do dever de prestar.

15. Situação de concurso

Pode acontecer que dois ou mais títulos executivos se refiram a uma mesma
obrigação exequenda (art. 449º/1 e 2-c CPC).

Nas hipóteses de concurso de títulos executivos, o credor pode basear a


acção executiva em qualquer deles. Mas a pendência simultânea de duas
execuções sobre a mesma obrigação, embora baseadas em títulos distintos,
origina a excepção de litispendência (arts. 497º, 498º, 494º-i CPC). Verifica-se
o concurso de pretensões quando duas ou mais pretensões se referem a
uma mesma pretensão. Se as pretensões concorrentes se encontrarem
documentadas em diferentes títulos executivos, o credor pode escolher não só
a obrigação que pretende executar, mas também o título que quer utilizar.

Espécies de títulos executivos

Sentenças condenatórias

16. Delimitação

As sentenças condenatórias que o art. 46º-a CPC qualifica como título


executivo são aquelas que impõem ao réu um dever de cumprimento de uma
prestação. Este comando corresponde ao pedido formulado numa acção
condenatória (art. 4º/2 CPC), mas às sentenças condenatórias são
equiparadas quanto à sua força executiva, os despachos e quaisquer outras
decisões ou actos de autoridade judicial que condenem no cumprimento de
uma obrigação.

Porque não impõem qualquer comando de cumprimento de uma obrigação,


as sentenças proferidas nas acções de simples apreciação (art. 4º/2-a CPC)
não podem ser qualificadas como título executivo.
A diferença entre a acção de simples apreciação e a acção condenatória
assenta no comando de cumprimento de uma prestação que se obtém na
acção condenatória e que não se pode conter na sentença de mera
apreciação. É por isso que a procedência de uma acção de mera apreciação –
quando seja admissível – não dispensa uma posterior acção condenatória
destinada a obter comando de cumprimento da obrigação.

17. Requisitos

As sentenças provenientes de tribunais estaduais não levantam qualquer


problema quanto à determinação da sua nacionalidade: são sentenças
portuguesas, aquelas que são proferidas por um tribunal português, ou seja,
por um tribunal pertencente à jurisdição portuguesa.

As sentenças nacionais – estaduais ou arbitrais – são automaticamente


exequíveis, isto é, não necessitam de qualquer certificação de, que são título
executivo, nem da aposição de qualquer formula executória.

As sentenças estrangeiras, só podem servir de base à execução depois de


revistas e confirmadas (art. 49º/1 CPC) ou após a obtenção do exequatur .

Estabelece-se assim um controlo prévio da exequibilidade das sentenças


estrangeiras, o que se compreende atendendo a que a atribuição de
exequibilidade a uma decisão constitui, em princípio, uma reserva de
competência de cada Estado.

No direito interno português, a revisão e confirmação de sentenças


estrangeiras consta dos arts. 1904º a 1102º CPC. Este regime é aplicável, quer
a decisões estaduais, quer a sentenças arbitrais (arts. 1094º, 1097 CPC).

Os arts. 1094º e 49º/1 CPC, abrangem tanto as arbitragens necessárias, ou


impostas pela lei do pais aonde se realizem, como as voluntárias, que no
regime anterior geralmente se consideravam dispensadas de revisão e
confirmação, por terem aspecto contratual.

18. Exequibilidade provisória

A exequibilidade provisória é aquela que respeita a uma decisão ainda não


definitiva, ou seja, a uma decisão que ainda não possui o valor de caso julgado,
por ser passível de impugnação através de um recurso ordinário ou de
reclamação (art. 677º CPC). Esta exequibilidade visa proteger os interesses do
credor (que não tem de aguardar pelo trânsito em julgado da decisão para
iniciar a execução) e pretende evitar a interposição de um recurso pelo
demandado com a única finalidade de obviar à execução da decisão que o
condenou a cumprir uma obrigação.
Documentos negociais

19. Documentos nacionais

São títulos executivos os documentos exarados ou autenticados por notário


desde que importem a constituição ou o reconhecimento de qualquer obrigação
(art. 46º-b CPC; arts. 363º/2, 50º CPC; 2205 CC).

Os documentos exarados por notário (art. 46º-b CPC) são documentos


definidos no art. 35º/2 CN, e aí designados por documentos “autênticos”, ou
seja, “os documentos exarados pelo notário nos respectivos livros, ou em
instrumentos avulsos, e os certificados, certidões e outros documentos
análogos por ele expedidos”. Por seu turno, os documentos autenticados
(art. 46º-b CPC), são os documentos particulares confirmados pelas partes
perante o notário (art. 35º/1 e 3 CN), excluídos, portanto, os que tenham
simples reconhecimento notarial de letra assinatura ou só assinatura. Os
documentos autênticos ou autenticados apenas são título executivo quando
importem a constituição ou contenham o reconhecimento de uma obrigação
(art. 46º-b CPC).

Os documentos particulares que se encontrem assinados pelo devedor


são título executivo quando importem a constituição ou o reconhecimento de
uma obrigação pecuniária cujo montante esteja determinado ou seja,
determinável mediante simples cálculo aritmético, de uma obrigação de entrega
de coisas móveis ou de uma prestação de facto (art. 46º-c CPC)

20. Documentos estrangeiros

Os documentos exarados em pais estrangeiros não carecem, para serem


considerados título executivo nos tribunais portugueses, de revisão e
confirmação (art. 49º/2 CPC). Esta dispensa justifica-se, além de razões
atinentes à diferença entre as sentenças judiciais e os documentos negociais,
pelo facto de a eficácia executiva desses documentos ser aferida pela lex fori,
isto é, pela lei do tribunal da execução. É por essa lei que se determina se o
documento estrangeiro é título executivo, pelo que não há qualquer
reconhecimento de eficácia executiva concedida ao documento pela lei do
Estado de origem.

Outros títulos executivos


21. Aposição de fórmula executiva

Além das sentenças condenatórias e dos documentos negociais o art. 46º-d


CPC qualifica como títulos executivos todos os documentos a que, por
disposição legal, seja atribuída força executiva. Em relação às obrigações
pecuniárias emergentes de contratos de valor não superior à alçada do tribunal
de primeira instância, pode obter-se um título executivo através da aposição da
fórmula executória quer na petição inicial de uma acção declarativa (art. 2º
RPOP), quer no requerimento de injunção (art. 14º/1 RPOP). O processo de
injunção visa conferir força executiva ao requerimento destinado a exigir o
cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de contratos de valor não
superior à alçada do tribunal de 1ª Instância (art. 7º RPOP). O requerimento de
injunção deve ser apresentado na secretaria do tribunal do lugar do
cumprimento da obrigação ou na do tribunal do domicílio do devedor (art. 8º/1
RPOP). O requerimento pode ser entregue directamente na secretaria judicial
ou ser remetido a esta pelo correio (art. 9º RPOP).

Exequatur: “que seja executado”; manifestação de reconhecimento de um


cônsul; atribuição de força executória a uma sentença estrangeira ou a uma
sentença arbitral.

Exequibilidade intrínseca

22. Requisitos necessários

A obrigação exequenda deve ser exigível, certa e líquida (art. 802º CPC). A
exigibilidade da obrigação é uma condição relativa à justificação da execução,
pois que, se a obrigação ainda não é exigível, não se justifica proceder à
realização coactiva da prestação; a certeza e liquidação são condições
respeitantes à possibilidade da execução, dado que, sem se determinar e
quantificar a prestação devida, não é possível proceder à sua realização
coactiva. Admite-se, no entanto, uma execução sobre uma obrigação que é
parcialmente líquida e exigível (arts. 810º/1 e 3 CPC). A inexigibilidade,
incerteza e iliquidez da obrigação exequenda conduzem ao proferimento de um
despacho de aperfeiçoamento do requerimento executivo (art. 811º-B/1 CPC).

Exigibilidade da obrigação
23. Noção

A exigibilidade da obrigação tem um sentido específico na acção executiva,


algo distinto daquele que tem no plano substantivo. A obrigação exigível é
aquela que está vencida ou que se vence com a citação do executado e em
relação à qual o credor não se encontra em mora na aceitação da prestação ou
quanto à realização de uma contraprestação. Assim, o vencimento da
obrigação é sempre indispensável à sua exigibilidade, mas esta pode precisar
de algo mais do que esse vencimento.

24. Condições gerais

A falta de decurso do prazo de uma obrigação de prazo certo que tenha


sido, ou que se presuma, fixado em benefício do devedor impede o vencimento
da obrigação (art. 779º CC), pelo que o devedor não se encontra em mora
antes de findar esse prazo (art. 805º/2-a CC).

O título executivo pode referir-se a uma obrigação ainda não vencida


(obrigações vicendas). Este título pode ser um título negocial (art. 46º-b) c)
CPC), quer uma sentença judicial (art. 46º-a CPC).

25. Condições específicas

A exigibilidade de uma obrigação depende de uma prestação do credor


requerer prova por este exequente de que aquela foi cumprida ou oferecida ao
executado (art. 804º/1 CPC)

Se o cumprimento da contra prestação do exequente não necessita da


colaboração do executado, o exequente deve provar a realização dela antes da
propositura da acção executiva (art. 804º/1 CPC).

Se a prova do cumprimento ou oferecimento da contra prestação puder ser


realizada por documentos, o exequente deverá juntá-lo ao requerimento
executivo (arts. 804º/2, 523º/1 CPC). Se assim não suceder, o credor, ao
requerer a execução deve oferecer as respectivas provas, que são logo
produzidas (art. 804º CPC).
Certeza da obrigação

26. Noção

A obrigação exequenda é certa, quando a respectiva prestação se encontra


determinada ou individualizada.

Do título executivo deve constar uma obrigação de prestar determinada ou,


pelo menos, determinável através dos elementos por ele fornecidos. A
impossibilidade de determinar o conteúdo da prestação exequenda, porque ela
é referida na decisão judicial ou no documento negocial de forma que não é
possível concretizar o seu objectivo, invalida o eventual negócio (art. 280º/1
CC) e impede qualquer execução.

Liquidez da obrigação

27. Noção

As obrigações ilíquidas são aquelas cuja quantidade não está determinada.


A iliquidez recai, normalmente, sobre obrigações pecuniárias (como por
exemplo, a indemnização devida por um facto ilícito), mas também pode referir-
se a uma prestação de dare (como por exemplo, a entrega de uma quantidade,
ainda indeterminada de cereal).

28. Condições gerais

As obrigações ilíquidas podem ser realizadas de forma coactiva (art. 802º


CPC), porque não se pode executar o património antes de determinar a quantia
devida ou solicitar a entrega de uma coisa antes de saber a quantidade que
deve ser prestada. Assim, tem de ser liquidada a condenação em quantia
ilíquida (arts. 471º/1-b) e 2, 661º/2 CPC) bem como a obrigação em quantia
ilíquida que se encontra constituída ou reconhecida num título executivo
negocial (art. 46º-b) c) CPC). A liquidação tem por base os elementos
fornecidos pelo título, não sendo possível quantificar aquilo que, por exemplo,
não se tiver apurado na anterior acção declarativa.

Exceptuam-se, dois casos em que é admissível a execução de obrigações


ilíquidas:

- As obrigações de juros (art. 805º/2 CPC);


- As obrigações para entrega de uma universalidade de facto ou de
direito.

29. Condições específicas

Quando a liquidação dependa de simples cálculo aritmético – ou seja,


quando a prestação possa ser quantificada através de uma mera operação
aritmética –, ela deve ser realizada pelo próprio exequente no requerimento
inicial (art. 805º/1 CPC).

Se a liquidação não puder ser realizada por simples cálculo aritmético – ou


seja, se houver que apurar determinados factos indispensáveis à quantificação
da obrigação exequenda –, ela deve ser efectuada, em princípio, num incidente
que decorre perante o tribunal da execução (art. 806º/1 CPC).

Para obter a liquidação, o exequente deve especificar no requerimento inicial


os valores que considera compreendidos na prestação devida e concluir por
um pedido líquido (art. 806º CPC). O executado – estipula o art. 806º/2 CPC –
é citado para contestar, dentro do prazo fixado para a dedução de embargos
(arts. 816º/1 e 926º/1 CPC), com a explicita advertência da cominação relativa
à falta de contestação (art. 807º/1 CPC) e dos ónus de cumular a oposição à
liquidação com a eventual dedução de embargos (art. 808º/1 CPC).

30. Pressupostos processuais especiais

Na acção executivo, os pressupostos processuais condicionam a


admissibilidade da realização da prestação. Diferentemente do que sucede na
acção declarativa – na qual os pressupostos processuais asseguram o
proferimento de uma decisão de mérito –, na acção executiva esses
pressupostos não se destinam a tornar admissível qualquer decisão sobre o
mérito, antes condicionam a admissibilidade das medidas coactivas
necessárias à realização da prestação (pressupostos positivos).

A acção executiva é inadmissível se se verificar algum dos pressupostos


negativos, que são as excepções nas quais se pretende obter a realização
coactiva da mesma prestação, ainda que nelas sejam, penhorados bens
distintos (contra exigindo dos mesmos bens como requisito da litispendência).

Competência do Tribunal

31. Competência interna


a) Competência material

A competência material determina se a acção executivo pode ser instaurada


num tribunal comum (ou civil). Em caso afirmativo, pode ainda ser necessário
aferir qual o tribunal de competência especializada que é competente.

Quanto à competência material para a execução das decisões dos Tribunais


Comuns, a regra é a coincidência entre a competência para a acção declarativa
e a executiva. Assim, quando a competência para a acção declarativa coube a
um Tribunal de 1ª Instância de competência especializada, esse mesmo
tribunal é competente para a execução das respectivas decisões; o mesmo
vale para os tribunais de competência genérica de competência específica.

b) Competência hierárquica

Apenas os Tribunais de 1ª Instância possuem competência executiva em


função da hierarquia, isto é, nenhum Tribunal superior tem competência para
promover qualquer execução. Assim, para as execuções baseadas nas
decisões proferidas por esses Tribunais nos recursos para que eles são
interpostos (arts. 71º/1; 72º/1 CPC) são competentes os Tribunais onde a
causa foi julgada em 1ª Instância (art. 90º/1 CPC). Para as execuções que têm
como título executivo as decisões proferidas em 1ª Instância pelos tribunais
Superiores (arts. 71º/1; 72º/1 CPC) são competentes os Tribunais de Comarca
do domicílio do executado (art. 91º/1; 1091º CPC). Por fim, para as execuções
baseadas em sentenças estrangeiras às quais tenha sido conhecido o
exequatur por uma das Relações (art. 1095º CPC) são igualmente
competentes os Tribunais de 1ª Instância (art. 95º CPC).

c) Competência segundo o valor

A competência em função do valor da causa determina no âmbito do


processo civil, se a acção executiva pertence à competência do Tribunal de
Círculo ou do Tribunal Singular (arts. 20º; 62º; 64º Lei 3/99; art. 68º CPC),
incluindo neste último o Tribunal de Comarca (art. 62º Lei 3/99), o Juízos Cíveis
(arts. 93º, 94º Lei 3/99) e os Tribunais de Pequena Instância (arts. 96º/1-e, 101º
lei 3/99) a repartição da competência executiva por estes Tribunais depende,
antes do mais, do título executivo que for utilizado pelo exequente.

Se o título executivo for uma decisão de um Tribunal Comum, há que


distinguir consoante se trate do caso normal em que a acção declarativa foi
instaurada num tribunal de primeira instância ou da hipótese excepcional em
que a acção foi proposta num Tribunal superior. Naquela situação normal vale,
quanto à determinação da competência executiva, uma regra de coincidência:

- Se essa decisão foi proferida em 1ª Instância por um Tribunal de


Círculo, este tribunal possui competência para a respectiva acção
executiva;

- Se o título executivo for uma decisão de um Tribunal singular, também


ele possui competência para a executar.
Se o título executivo for uma sentença estrangeira que recebeu o exequatur
dos Tribunais portugueses – seja quando o direito português (arts. 1094º a
1102º CPC) seja quando o regime das Convenções de Bruxelas e de Lugano
(arts. 31º a 45º) –, a competência executiva em razão do valor determina-se
nos termos gerais (art. 95º CPC). Isso implica o recurso à competência residual
em função do valor, que pertence ao Tribunal Singular, isto é, ao Tribunal de
Comarca.

d) Competência segundo a forma

A forma do processo determina a competência dos Tribunais de


competência específica (art. 96º Lei 3/99, art. 69º CPC), isto é, das varas cíveis
(art. 97º Lei 3/99, arts. 7º e 8º RLOTJ), dos juízos cíveis (art. 99º LOTJ), todos
estes Tribunais possuem competência para executar as respectivas decisões
(art. 103º Lei 3/99).

Além disso, os juízos cíveis têm, como Tribunais de competência específica


residual, a mesma competência dos Tribunais de Comarca (art. 74º Lei 3/99).
Portanto, são da competência dos juízos cíveis as execuções que não
pertencem às varas cíveis, nem aos Tribunais de pequena instância.

e) Competência territorial

A aferição da competência territorial depende do título executivo que for


utilizado pelo exequente. Para a determinação daquela competência importa
distinguir, antes do mais consoante o título seja uma sentença condenatória ou
qualquer outro título. Quanto às decisões condenatórias, há ainda que
diferenciar consoante se trate de sentenças nacionais ou estrangeiras.

A determinação da competência territorial para a acção executiva orienta-se


pelas seguintes linhas:

- Para as sentenças nacionais, a regra é a coincidência entre a


competência declarativa e a executiva, pelo que é territorialmente
competente o Tribunal de primeira instância que proferiu a decisão ou em
que a acção declarativa foi proposta;

- Para os demais títulos há que recorrer à competência residual em


função do território.

32. Competência internacional

A competência executiva internacional dos Tribunais portugueses pressupõe


uma conexão relevante da acção executiva com a ordem jurídica portuguesa,
porque os Tribunais nacionais não podem (nem devem) ser competentes para
toda e qualquer execução. A necessidade desta conexão é uma consequência
do princípio da territorialidade ao qual estão submetidas as medidas através
das quais se obtém a realização coactiva da prestação exequenda: segundo
esse princípio, cada Estado possui o monopólio das medidas coactivas
efectuadas no seu território. Por este motivo, o factor de conexão relevante
para a aferição da competência executiva internacional dos Tribunais
portugueses não pode deixar de ser circunstância de as medidas necessárias à
realização coactiva da prestação podem ocorrer em território português.

33. Competência convencional

Os pactos de jurisdição de jurisdição regulam a competência internacional


dos Tribunais portugueses (art. 99º/1 CPC). A coincidência entre a
competência territorial e a internacional, bem como a aferição da competência
internacional pelos critérios do domicilio do executado e da situação dos bens
penhoráveis não deixam muito espaço para os pactos atributivos de jurisdição,
pois que dificilmente se concebe uma situação em que os Tribunais
portugueses não sejam legalmente competentes, mas em que a execução
apresente uma conexão com a ordem jurídica portuguesa que justifique, tal
como o art. 99º/3-c CPC, exige, o interesse de, pelo menos, uma das partes
em que ela decorra em território português.

O pacto ao mesmo tempo privativo da jurisdição dos Tribunais portugueses


e atributivo de competência a um Tribunal estrangeiro vale, neste último para
efeitos de revisão e confirmação, não para desaforamento da questão proposta
directamente nos nossos Tribunais.

O “interesse sério” a que se refere o art. 99º/3-c CPC, deve ser entendido
em termos semelhantes ao “interesse digno de protecção legal” no art. 398º/2
CC, ou seja, como interesse atendível, embora sem conteúdo económico, que
não corresponda a um mero capricho ou seja estranho ao direito, nem atinja a
equidade, a boa fé contratual ou os bons costumes.

Os pactos de competência, destinam-se a regular a competência territorial


para a acção executiva (art. 100º/1 CPC). Dada a excepção constante no art.
100º/1 CPC in fine, esse pactos, ainda que restritos à competência territorial,
não são admissíveis:

- Quando a execuções baseadas em decisões proferidas pelos


Tribunais portugueses (arts. 110º/1-a e 90º/1 CPC);

- Quanto a execuções que correm por apenso a outros processos (arts.


110º/1-c; 90º/3; 91º/2; 92º/1-b, 95º; 53º/2 e 3; 58º/3 CPC);

- Quando a execução se baseia num título extra-judicial e visa a


entrega de coisa certa ou o pagamento de uma quantia certa assegurada
por uma garantia real (arts. 110º/1-a, 94º/2 CPC).

34. Modalidades de incompetência


Dado que os Tribunais Arbitrais não possuem competência executória (art.
30º LAV, art. 90º/2 CPC), as únicas modalidades de incompetência que são
possíveis na acção executiva são a incompetência absoluta (art. 101º CPC) e a
relativa (art. 108º CPC).

a) Incompetência absoluta

A incompetência absoluta resulta da violação das regras da competência


material, hierárquica e internacional legal (art. 101º CPC).

Essa incompetência é uma excepção dilatória (arts. 493º/2; 494º-a CPC) de


conhecimento oficioso (arts. 102º/1; 495º CPC) mas insusceptível de sanação,
o que justifica que o Tribunal deva indeferir liminarmente o requerimento
executivo (arts. 105º/1; 811º-A/1-b CPC) ou rejeitar oficiosamente a execução
(art. 820º CPC). Se esse indeferimento ou essa rejeição não se verificar, o
executado pode deduzir embargos com fundamento naquela incompetência
(arts. 813º-c; 814º/1; 815º/1 CPC).

b) Incompetência relativa

A incompetência relativa decorre da violação da competência que é aferida


pelo valor da causa, pela forma do processo aplicável ou pela divisão judicial
do território, bem como da violação da competência convencional (art. 108º
CPC). Quanto à sua apreciação, importa distinguir os acasos em que a
incompetência relativa é de conhecimento oficioso daqueles em que isso não é
admissível.

Tramitação da acção executiva

35. Generalidades

A acção executiva visa a realização coactiva de uma prestação. Nela não se


procura uma decisão sobre um direito controvertido, mas a efectivação de uma
prestação que está documentada num título executivo (arts. 4º/3 e 45º/1 CPC).

A diferença entre a execução para entrega de coisa certa – execução


específica directa – e as demais (execução para pagamento de quantia certa
e execução para prestação de facto) reside no seguinte: enquanto naquela se
pode proceder à tradição da posse sobre a coisa, estas últimas visam a
liquidação de um determinado montante pecuniário através da alienação de
bens do devedor. Isto conduz a profundas diferenças na respectiva tramitação.

Ao processo de execução são subsidiariamente aplicáveis, com as


necessárias adaptações, as disposições reguladoras do processo de
declaração que se mostrem compatíveis com a natureza da acção executiva
(art. 466º/1 CPC). Quanto à regulamentação própria do processo executivo, há
que considerar, antes do mais, as suas disposições gerais (art. 801º a 810º
CPC).
36. Execução ordinária para pagamento de quantia certa

O objecto da execução para pagamento é uma prestação pecuniária de


quantidade (art. 550º CC) ou de moeda específica (art. 552º CC).

Consagra-se no art. 550º CC, as obrigações chamadas de soma ou de


quantidade, que são as mais frequentes e importantes das obrigações
pecuniárias, é o princípio chamado nominalista. O pagamento das
obrigações pecuniárias deve fazer-se, em regra, atendendo ao valor nominal
da moeda na data do cumprimento. O devedor desonera-se desde que
entregue o número de moedas, necessárias para, atento o seu valor facial ou
nominal, perfazer o montante ou a quantia em dívida.

Os dois tipos de obrigações de moeda específica previstos genericamente


no art. 552º CC, são o pagamento em moeda metálica e o pagamento em valor
dessa moeda.

37. Fase inicial

A acção executiva inicia-se com a apresentação do requerimento


executivo (requerimento inicial) no Tribunal competente (art. 267º/1 CPC), a
cujo conteúdo se aplica, com as devidas adaptações o estabelecido no art.
467º/1 CPC, quanto à petição inicial. Nesse requerimento, o exequente deve
formular o pedido de que o executado seja citado parta, no prazo de 20 dias,
pagar a dívida ou nomear bens à penhora (art. 811º/1 CPC).

Se a obrigação exequenda não for certa, exigível e liquida em face do título


executivo, a execução principia pelas diligências destinadas a satisfazer essas
condições (art. 802º CPC). O respectivo procedimento encontra-se previsto nos
arts. 803º a 810º CPC.

Se, pertencendo a escolha ao devedor, ele não a tiver feito, a respectiva


declaração de escolha antes do começo da execução, deve o credor, no
próprio processo executivo, requerer a notificação do executado para escolher
a prestação, pedindo ao mesmo tempo que se fixe prazo para a resposta (art.
543º/2 CPC); se o não fizer tempestivamente, a execução prossegue quanto à
prestação que o credor escolher (arts. 803º/2 CPC; 548º CC).

Se a secretaria não recusar o recebimento inicial, o juiz da execução deve


proferir um despacho liminar de indeferimento (art. 811º-A CPC), de
aperfeiçoamento (art. 811º-B CPC) ou de citação (art. 811º/1 CPC).

a) Indeferimento liminar – art. 811º-A CPC (total ou parcial): do


requerimento executivo, quando seja manifesta a falta ou insuficiência do
título, ocorram excepções dilatórias insupríveis que ao juiz cumpra
oficiosamente conhecer ou, fundando-se a execução em título negocial,
seja manifesta a sua improcedência, em consequência de, face aos
elementos dos autos, ser evidente a existências de factos impeditivos ou
extintivos da obrigação exequenda que ao juiz cumpra conhecer
oficiosamente.

b) Despacho de aperfeiçoamento (art. 811º-B CPC): a ampla


possibilidade de o juiz convidar o exequente a aperfeiçoar o requerimento
executivo, antes de ordenada a citação do executado, constitui um meio
de actuar, também neste campo, a regra da sanabilidade da falta de
pressupostos processuais e do aproveitamento, na medida do possível,
da actividade processual já realizada.

c) Despacho de citação (art. 811º/1 CPC): o juiz determina a citação do


executado para que este, no prazo de 20 dias, pague a dívida ou nomeie
bens à penhora (art. 811º/1, 234º/4-e CPC). Esta citação é substituída
por uma notificação, se o executado já tiver sido no âmbito das
diligências destinadas a tornar a obrigação certa, exigível e líquida (art.
811º/2, 1ª parte, arts. 802º a 810º CPC).

O executado citado pode opor-se à execução através de embargos (art.


812º CPC), que devem ser deduzidos no prazo de 20 dias a contar da sua
citação (art. 816º/1 CPC). Estes embargos têm fundamentos diversos
consoante o título executivo que seja utilizado pelo exequente (arts. 813º a
815º CPC) e são um processo declarativo incidental que corre por apenso à
própria execução (art. 817º/1 CPC). Este regime demonstra que a acção
executiva não comporta qualquer articulado de resposta do executado e que a
eventual oposição desta parte não se insere na tramitação normal daquela
acção. Nos embargos, o executado pode defender-se invocando não apenas
os vícios ou irregularidades de carácter processual que haja ocorrido, mas
ainda os meios substantivos oponíveis ao crédito do exequente em termos que
variam consoante a natureza e a força probatória do título exequendo (arts.
813º-h, 815º/1 CPC).

38. Fase da penhora

Se a execução houver a prosseguir, segue-se a apreensão de bens do


executado, dado que o património deste constitui a garantia real das suas
obrigações (art. 601º CC). Este desapossamento decorre de um acto de
penhora (arts. 821º e 835º CPC), que, em ‘principio, pode recair sobre
quaisquer bens do executado (art. 821º CPC). A nomeação de bens à penhora
pertence, em regra, ao executado (arts. 811º/1, 833º/1 CPC) e a efectivação da
penhora é distinta consoante o seu objecto sejam bens imóveis (arts. 838º a
847º CPC), bens móveis (arts. 848º a 855º CPC) ou direitos do executado (arts.
856º a 863º CPC).

A penhora atribui ao exequente uma preferência no pagamento através do


produto da venda dos bens penhorados sobre qualquer outro credor que não
tenha garantia real anterior sobre esses bens (arts. 822º/1 CC). Tratando-se de
dívida com garantia real que onere bens pertencentes ao devedor executado, a
penhora começa, independentemente de nomeação, por esses bens (art. 835º
CPC), porque o exequente faz valer, na execução pendente a preferência
resultante dessa garantia (art. 604º/2 CC).

O executado pode-se opor à penhora (art. 863º-A CPC). Também se pode


opor a ela qualquer terceiro que seja titular de um direito incompatível com
esse acto: esta oposição pode ser realizada através de embargos de terceiro
(art. 351º/1 CPC) ou de uma acção de reivindicação dos bens penhorados
(arts. 1311º/1 e 1315º CC).

A penhora atribui ao exequente uma preferência no pagamento em relação


aos credores que não tenham garantia real anterior sobre os bens penhorados
(art. 822/1 CC).

39. Fase da venda e do pagamento

Após a penhora dos bens do executado, procede-se normalmente à sua


venda (art. 886º-A/1 CPC), pois que, em regra, é através do produto obtido
com essa alienação que são satisfeitos os créditos do exequente (art. 872º/1
CPC) e dos credores reclamantes (art. 873º/2 CPC).

A acção executiva termina com as operações destinadas ao pagamento do


exequente e dos demais credores graduados através do produto obtido com a
venda dos bens penhorados (arts. 827º/1; 873º/2 CPC). Os créditos são
satisfeitos segundo a ordem da sua graduação (art. 873º/2 CPC).

A execução é julgada extinta logo que o crédito do exequente se mostre


satisfeito (art. 919º/1 CPC), mas os credores reclamantes podem requerer a
continuação da execução com vista à verificação, graduação e pagamento dos
seus créditos.

40. Execução sumária para pagamento

À execução sumária para pagamento aplicam-se supletivamente as


disposições do processo ordinário, com as necessárias adaptações (art. 466º/3
CPC).

Na execução sumária para pagamento de quantia certa, o direito de


nomeação de bens à penhora pertence exclusivamente ao exequente, que os
deve nomear logo no requerimento executivo (art. 924º CPC). Exceptua-se o
caso em que essa parte requerer a colaboração do Tribunal ou do executado
para identificar ou localizar os bens penhoráveis (art. 924º; 837º-A CPC).

Se o requerimento executivo não for indeferido e não necessitar de ser


aperfeiçoado, o Tribunal ordena a penhora dos bens nomeados pelo exequente
(art. 925º CPC). Efectuada esta, é o executado notificado simultaneamente do
requerimento executivo, do despacho ordenatório da penhora e da realização
desta, podendo deduzir, no prazo de 10 dias, embargos de executado ou
oposição à penhora (art. 926º/1 CPC) e, se a sentença executada não tiver
transitado em julgado, requerer a substituição dos bens penhorados por outros
de valor suficientes (art. 926º/2 CPC). Se o executado deduzir embargos, deve
cumular neles a eventual oposição à penhora (art. 926º/3 CPC).
41. Execução ordinária para entrega de coisa certa (arts. 928º segs.
CPC)

À execução ordinária para a entrega de coisa certa são supletivamente


aplicáveis, na parte em que o puderem ser, as disposições relativas à
execução para pagamento (art. 466º/2 CPC).

Quando a prestação devida consiste na entrega de uma coisa, o credor tem


a faculdade de requerer através da respectiva acção executiva, a sua entrega
judicial (art. 827º CC). O objecto desta execução específica é, assim, a entrega
da coisa ao titular do ius possidendi sobre ela.

No requerimento executivo, deve o exequente requerer que o executado


seja citado para fazer a entrega da coisa devida no prazo de 20 dias (art.
928º/1 CPC). O Tribunal pode indeferir esse requerimento (arts. 811º-A, 466º/2
CPC) ou mandar aperfeiçoá-lo (arts. 811º-B/1; 466º/2 CPC); se o requerimento
estiver em condições de ser recebido, o Tribunal deve mandar citar o
executado (art. 811º/1; 466º/2 CPC).

O executado citado pode proceder voluntariamente à entrega da coisa ou


opor-se à execução através de embargos (art. 929º/1 CPC). Os embargos
devem, ser deduzidos no prazo de 20 dias a contar da citação (arts. 816º/1,
466º/2 CPC e, além dos fundamentos gerais (arts. 813º a 815º CPC), podem
basear-se no direito ao pagamento das benfeitorias realizadas na coisa (art.
929º/2 CPC).

Se o executado não realizar voluntariamente a entrega da coisa, o tribunal


procede às buscas e demais diligências para efectivar essa entrega (art. 930º/1
CPC – arts. 848º a 850º CPC bens móveis; arts. 838º a 842º e 843º a 845º
CPC, bens imóveis).

Depois de apreendidas, as coisas móveis são entregues ao exequente (art.


930º/1 e 848º/1 CPC). Os imóveis são entregues através da investidura,
realizada pelo funcionário judicial, do exequente na sua posse, mediante a
entrega dos documentos e das chaves (art. 930º/3, 1ª parte CPC).

42. Execução convertida

A execução específica para a entrega de coisa converte-se numa execução


para pagamento quando a coisa devida não for encontrada: neste caso, o
exequente pode fazer liquidar, no processo pendente, o valor da coisa e o
prejuízo resultante da falta de entrega (art. 931º/1 CPC).

A execução convertida inicia-se com a liquidação do montante que deve ser


pago pelo executado, que, sempre que o exequente tenha a direito à própria
coisa corresponde ao valor desta e ao prejuízo proveniente da falta de entrega
(art. 931º/1 CPC). A esta liquidação aplicam-se as regras gerais sobre a
matéria (art. 931º/1; arts. 805º a 809º CPC) embora, dado que o executado já
foi citado para a execução (art. 928º/1-m CPC) a citação desta parte para a
contestação do incidente seja substituída por uma notificação (art. 931º/1
CPC).

Depois de realizada a liquidação, procede-se, por nomeação do exequente,


à penhora dos bens necessários para o pagamento da quantia apurada (arts.
931º/2; 863º-A; 351º CPC; arts. 1311º e 1315º CC).

43. Execução sumária para a entrega de coisa certa

À execução sumária para entrega de coisa certa aplica-se supletivamente o


regime do respectivo processo ordinário (art. 466º/3 CPC). Na falta deste, é
aplicável o estipulado para a execução sumária para pagamento (art. 466º/2
CPC).

Na forma sumária da execução específica para entrega de coisa, a


apreensão desta procede a citação do executado (art. 925º; 466º/2 CPC), se o
executado deduzir embargos, nestes deverá apresentar a eventual oposição à
apreensão (arts. 926º/3 e 466º/3 CPC).

Se a execução sumária para entrega de coisa certa se converte numa


execução para pagamento (art. 931º/1 CPC), deve-se-lhe aplicar, na medida do
possível, o regime da execução sumária para pagamento (arts. 926º/2 e 3;
466º/2; 47º/1 CPC).

44. Execução ordinária para a prestação de facto (art. 933º segs. CPC)

A execução ordinária para a prestação de facto é supletivamente regulada


pelas disposições respeitantes à execução para pagamento de quantia certa
(art. 466º/2 CPC).

O objecto da execução para a prestação de facto pode ser um facto positivo


ou negativo (art. 45º/2 CPC), ou seja, uma obrigação de facere ou non facere.
O facto positivo pode ser fungível (art. 828º CC; art. 933º/1, 1ª parte CPC) ou
infungível (art. 933º/1, 2ª parte CPC):

- O facto é fungível, quando para o credor, é jurídica e


economicamente irrelevante se ele é realizado pelo devedor ou por um
terceiro;

- O facto é infungível, quando por razões jurídicas ou económicas, o


interesse do credor impõe a sua realização pelo devedor.

O facto negativo pode corresponder a uma obrigação de non facere em


sentido estrito ou a uma obrigação de pati:
- Na obrigação de non facere em sentido estrito, o devedor está
vinculado a uma mera omissão de actuação;

- Na obrigação de pati, o devedor está obrigado a tutelar uma


actividade do credor.

45. Execução sumária para a prestação de facto

A execução sumária para a prestação de facto segue, na parte aplicável, o


regime estabelecido para a execução ordinária (art. 466º/3 CPC). Na
insuficiência deste, aplica-se-lhe o regime de execução sumária para
pagamento (art. 466º/2 CPC).

Na execução sumária para a prestação de facto, o prazo para a dedução de


embargos é de 10 dias (arts. 926º e 466º/2 CPC). Se a execução se converter
numa execução para pagamento (arts. 942º/2 e 934º CPC), são-lhe aplicáveis
as especificidades previstas no art. 926º/2 e 3 CPC).

Arts. 811º a 921 CPC

Arts. 924º a 927 CPC.

Vide DL 274/97, de 8 de Outubro, Acção executiva simplificada para


pagamento de quantia certa

Ainda que simbólica: art. 930º/3 e 4 CPC

Arts. 933º/2; 940º/2; 941º/2 CPC

Embargos de executado

46. Generalidades

Os embargos de executado são o meio de oposição à execução (arts. 812º;


926º/1; 929º/1; 933º/2; 940º/2 e 941º/2 CPC). Estes embargos são um
processo declarativo instaurado pelo executado (ou executados) contra o
exequente (exequentes), que corre por apenso à execução (art. 817º/1 CPC), e
que constitui um incidente desta. Isto significa que a acção executiva não
comporta, na sua própria tramitação, qualquer articulado de resposta ao
requerimento inicial do exequente, o que é uma consequência da sua função: a
realização coactiva da prestação exequenda e não a discussão sobre o dever
de a prestar.
Os embargos de executado fundamentam-se num vício que afecta a
execução. Se eles forem julgados procedentes, a acção executiva deve ser
julgada extinta, no todo ou em parte (art. 919º/1 CPC).

Os embargos baseiam-se em fundamentos respeitantes à inexequibilidade


do título utilizado pelo exequente, à falta de pressupostos processuais da
acção executiva e ainda à inexequibilidade da obrigação que aquela parte
pretende realizar coactivamente (arts. 813º a 815º; 929º/1; 40º/2; 941º/2 CPC).

Os embargos de executado podem fundamentar-se em qualquer


circunstância susceptível de afectar a exequibilidade do título executivo ou da
obrigação exequenda. Mas eles não são os únicos meios processuais que
podem basear-se nessas mesmas circunstâncias.

Os embargos de executado podem basear-se em fundamentos que também


justificam o indeferimento limiar do requerimento executivo (arts. 811º-A/1;
813º-a) c); 814º/1; 815º/1 CPC). Mas, como o executado não pode recorrer do
despacho de citação alegando qualquer desses fundamentos de indeferimento
(art. 234º/5 CPC), essa parte só pode invocá-los em embargos e, por isso, não
é possível qualquer situação de concurso.

47. Oposição a sentença judicial

Se a execução se funda numa sentença de um Tribunal estadual, os


embargos podem fundamentar-se na sua inexistência ou inexequibilidade (art.
813º-a CPC). A sentença é inexistente quando, por exemplo, tiver sido
proferida por quem não tem poder jurisdicional; é inexequível a sentença que
tenha sido revogada por um Tribunal de recurso ou tenha sido anulada no
decurso extraordinário de revisão ou de oposição de terceiro, a sentença da
qual foi interposto recurso com efeito suspensivo (art. 47º/1 CPC), a sentença
não condenatória (art. 46º-a CPC), a sentença que não esteja assinada pelo
juiz (art. 668º/1-a CPC) e ainda a sentença estrangeira que não esteja revista e
confirmada ou que não tenha obtido o exequatur (art. 49º/1 CPC; art. 31º
C.Brux/CLug).

A possibilidade do exercício de defesa na acção declarativa em que se


formou o título executivo constitui uma garantia do (agora) executado. Por isso,
sempre que esta parte tenha permanecido em situação de revelia absoluta
nessa acção, ela pode opor-se à execução baseada na sentença nela proferida
com fundamento na falta ou nulidade da sua citação (art. 813º-d CPC).

A falta de qualquer pressuposto processual da acção executiva constitui um


dos fundamentos possíveis dos embargos de executado (art. 813º-c CPC). A
invocação da excepção dilatória nos embargos não obsta à sua sanação (art.
265º/2 CPC), pelo que, se esta se verificar entretanto, estes extinguem-se por
inutilidade superveniente (art. 287º-e CPC).
A obrigação só pode ser objecto de execução se for certa, exigível e líquida
(art. 802º CPC). Por esta razão, a incerteza, a inexequibilidade ou a iliquidez da
obrigação exequenda, quando não supridas na fase introdutória (arts. 803º a
810º CPC), constituem fundamentos de oposição à execução (art. 813º-e
CPC).

Constitui igualmente fundamento de oposição à execução baseada numa


sentença judicial qualquer facto extintivo ou modificativo da obrigação
exequenda, desde que seja posterior ao encerramento da discussão no
processo de declaração (art. 813º-g, 1ª parte CPC). Dado que o título executivo
é uma sentença judicial, é indispensável que o facto extintivo ou modificativo
seja posterior ao encerramento do processo especial –, porque é até ele que
nessa acção podem ser alegados os factos supervenientes (art. 506º/1 CPC).

A redacção do art. 813º-g, 1ª parte CPC, refere-se apenas à superveniência


objectiva, pelo que importa analisar se a esta deve ser equiparada a
superveniência subjectiva, ou seja, o conhecimento pelo executado do facto
extintivo ou modificativo após o encerramento da discussão (art. 506º/2 CPC).
Verificados certos parâmetros, a resposta parece ser afirmativa.

A superveniência subjectiva é admitida, sem qualquer restrição, como


fundamento dos embargos supervenientes (art. 816º/2 CPC), pelo que, se ela é
relevante quando o conhecimento da parte ocorre depois do prazo normal de
dedução dos embargos, o mesmo deve suceder quando o executado toma
conhecimento do facto ainda antes de se encontrar esgotado aquele prazo.

48. Oposição a sentença homologatória

A sentença homologatória de conciliação, confissão ou transacção é um


título judicial (art. 46º-a CPC), pelo que aos embargos deduzidos contra uma
execução nela baseada aplicam-se, em princípio, os fundamentos previstos no
art. 813º CPC. Desses executa-se o previsto no art. 813º-d CPC, porque sem a
intervenção do réu no processo declarativo esses negócios não são possíveis
e, pelo menos non plano prático, o estabelecido no art. 813º-f CPC, porque
dificilmente se concebe que, se houver um caso julgado anterior, algum
daqueles negócios venha a ser concluído.

A lei exige que o facto extintivo ou modificativo seja posterior ao


encerramento da discussão, porquanto, nos termos do art. 663º CPC, o
julgador deve na sentença “tomar em consideração os factos constitutivos,
modificativos ou extintivos do direito que se produzam posteriormente à
propositura da acção, de modo que a decisão corresponda à situação existente
no momento do encerramento da discussão”.

Portanto, tudo o que ocorrer desde o momento do encerramento da


discussão até à data da sentença o julgador não pode levar em conta, não o
pode tornar em consideração na decisão.
É por isso “que o facto extintivo ou modificativo que ocorrer antes do
encerramento da discussão, mas que o réu não teve conhecimento dele ou
não dispôs do documento necessário para o provar”, não pode servir de
fundamento de oposição à execução, porque não ocorreu posteriormente ao
encerramento. Esse facto apenas pode fundamentar o recurso da revisão, nos
termos do art. 771º-c CPC.

Quando a execução se baseia numa sentença homologatória de conciliação,


confissão ou transacção, os embargos de executado podem fundamentar-se
numa qualquer causa de invalidade dos negócios homologatórios (art. 815º/2
CPC).

49. Oposição a sentença arbitral

Como a sentença arbitral é um título judicial (arts. 46º-a, 48º/2 CPC), aos
fundamentos da oposição à execução nela baseada aplica-se o disposto no
arts. 813º; 814º/1, 1ª parte CPC).

50. Oposição a documentos executórios

Se a acção destinada a exigir o cumprimento de obrigações pecuniárias


emergentes de contratos de valor não superior à alçada do Tribunal de primeira
instância não for contestada, o Tribunal limita-se a conferir a força executiva à
petição inicial (art. 2º RPOP); o mesmo sucede se o requerimento de injunção
não for contestado pelo requerido (art. 14º/1 RPOP).

Aos embargos deduzidos nas execuções baseadas nesses documentos


executórios deve aplicar-se, na medida do possível, o regime estabelecido para
a oposição a sentença judicial (art. 813º CPC).

51. Oposição a título extrajudicial

Aos embargos de execução deduzidos em execução baseada em título


extrajudicial, são aplicáveis na medida do possível, os fundamentos previstos
no art. 813º; art. 815º/1, 1ª parte CPC.

Na oposição à execução baseada num título extrajudicial podem ser


invocados todos os fundamentos que é possível deduzir como defesa no
processo de declaração (art. 815º/1 CPC), ou seja, nessa oposição pode
utilizar-se quer a defesa por impugnação, quer a defesa por excepção (art.
487º CPC). Dado que o título extrajudicial não se baseia em nenhum processo
declarativo, a oposição do executado não está condicionada por nenhuma
regra de preclusão por esse motivo, não existe qualquer restrição quanto à
invocação de factos impeditivos, modificativos ou extintivos nos embargos
deduzidos contra um título extrajudicial.

Dedução e efeitos

52. Valor dos embargos

Os embargos de executado têm um valor próprio, correspondente à sua


utilidade económica (art. 305º/1 CPC). Esta coincide com o valor da execução
ou, se os embargos não abrangem na totalidade, com o valor da parte a que
eles se referem.

Toda a causa tem dois valores: um fixado nos termos do Código de


Processo Civil, relevante para os efeitos no dispostos no art. 305º/2 CPC, e
quanto à intervenção do colectivo; outro, fixado segundo os preceitos do
Código das Custas Judiciais (art. 5º segs.) para efeitos de custas e demais
encargos.

53. Pressupostos processuais

Os embargos de executado – que são processos declarativos incidentais da


acção executiva (art. 817º/1 proémio e 2 CPC) – exigem os pressupostos
processuais comuns à generalidade das acções declarativas.

Os embargos de executado correm por apenso à execução pendente (art.


817º/1 CPC), pelo que deve ser dirigidos ao próprio Tribunal da execução.
Trata-se de uma hipótese de extensão da competência deste Tribunal.

A legitimidade activa para os embargos pertence ao executado, seja ele o


devedor (art. 55º/1 CPC), o sucessor do devedor (art. 56º/1 CPC) ou o
proprietário dos bens onerados (art. 56º/2 CPC). Os embargos devem ser
deduzidos contra o exequente, que pode ser o credor (art. 55º/1 CPC), o
sucessor do credor (art. 56º/1 CPC) ou o portador do título (art. 55º/2 CPC).

O regime da legitimidade plural nos embargos de executado é distinto para a


parte activa (pluralidade de embargantes) e a parte passiva (pluralidade de
embargados). Ainda que a execução tenha sido proposta contra vários
executados, nunca se verifica entre eles qualquer litisconsórcio necessário, ou
seja, o litisconsórcio entre os embargantes é sempre voluntário. Esta asserção
é confirmada pelo disposto no art. 816º/3 CPC, quanto ao prazo de dedução
dos embargos: havendo vários executados e, por isso, vários possíveis
embargantes, o prazo para a oposição corre autonomamente para cada um
deles, ou seja, cada um dos executados tem um prazo próprio, contado a partir
da sua citação ou notificação (art. 816º/1, 926º/1 CPC).
Se a execução tiver sido instaurada por vários exequentes, os embargos
devem ser deduzidos contra todos eles sempre que o fundamento invocado
pelo embargante seja comum a todas essas partes, ou seja, que entre os
embargados se deva verificar um litisconsórcio unitário.

Se os embargos forem deduzidos depois da reclamação de créditos (art.


864º/1-b) c) d) CPC) também devem ser demandados os credores
reclamantes.

Nos embargos deduzidos na execução para entrega de coisa certa pode ser
necessária a participação do cônjuge do embargante ou do embargado: para
tal basta que essas partes não possam dispor sozinhas da coisa a entregar
(arts. 1682º e 1682º-A CC) e, por isso, não possam discutir, sem a participação
do seu cônjuge, o dever de entrega. Nesta situação, o embargante deve
prometer, no momento da dedução dos embargos, a intervenção do seu
cônjuge ou do cônjuge do embargado (art. 320º-a CPC).

Os embargos de executado são processos declarativos (art. 817º/2 CPC). A


escolha desta forma processual para os embargos é uma consequência dos
fundamentos que neles podem ser alegados (arts. 813º a 815º CPC),
nomeadamente porque estes requerem o aperfeiçoamento de matéria de facto
e isto só num processo declarativo pode ser realizado com as devidas
garantias. São aqueles fundamentos, que impõem esse processo como a
forma adequada ao julgamento dos embargos de executado.

54. Prazo de dedução

Na execução ordinária, os embargos devem ser deduzidos no prazo de 20


dias a contar da citação do executado: é o regime estabelecido para a
execução para pagamento de quantia certa (art. 816º/1 CPC) e que é
extensível à execução para entrega de coisa (arts. 466º/2 e 816º/1 CPC);
idêntico regime vale para a execução para a prestação de facto positivo (art.
933º/2 CPC) e negativo (art. 941º/2, 1ª parte CPC). Se o executado tiver sido
citado para as diligências destinadas a tornar a obrigação exequenda certa,
exigível e líquida, o prazo para a dedução dos embargos conta-se a partir da
notificação que substitui a normal citação para a execução (art. 811º/2, 1ª parte
CPC).

Na execução sumária para pagamento de quantia certa, o prazo de


dedução dos embargos é de 10 dias a contar da notificação do executado (art.
926º/1 CPC). O mesmo vale para as execuções sumárias para a entrega de
coisa (arts. 928º/2 e 926º/1 CPC) e para a prestação de facto (arts. 466º/2 e
926º/1 CPC).

Se a execução tiver sido proposta contra vários executados, na


determinação do prazo de dedução dos embargos não é aplicável o benefício
que é concedido no caso da pluralidade de réus na acção declarativa (art.
816º/3 CPC). Isto significa que o prazo para a dedução de embargos corre
autonomamente para cada um dos executados a partir da respectiva citação ou
notificação.

55. Tramitação dos embargos

A tramitação dos embargos de executado inicia-se com a entrega da


respectiva petição inicial da execução (art. 27º/1 CPC). Esta petição deve ser
articulada (art. 151º/2 CPC).

Após a entrega da petição e do seu reconhecimento pela secretaria (art.


474º CPC), o Tribunal deve proferir um despacho liminar (art. 817º/1 CPC). Se
os embargos forem recebidos, o Tribunal manda notificar o exequente para
contestar dentro de 20 dias (art. 817º/2, 1ª parte CPC).

Se o embargado não contestar e esta revelia for operante, consideram-se


confessados os factos articulados pelo executado embargante (arts. 817º/3, 1º
parte, 484º/1 CPC), excepto se eles estiverem em oposição com os
expressamente alegados por aquela parte no requerimento executivo (art.
817º/3 2ª parte CPC). A revelia do exequente embargado é inoperante nos
termos gerais (art. 817º/3, 1ª parte CPC).

Se o embargado contestar os embargos ou se a revelia desta parte for


inoperante, sem mais articulados, os termos do processo ordinário ou sumário
de declaração, consoante o valor dos embargos (art. 817º/2, 2ª parte CPC). A
forma ordinária é utilizada quando esse valor exceder a alçada da Relação (art.
462º/1, 1ª parte CPC) e a sumária em todas as demais situações.

56. Efeitos dos embargos

Se os embargos forem recebidos – se o Tribunal entender que o exequente


embargado dever ser notificado para os contestar (art. 817º/2 CPC) – isso não
produz, em princípio, a suspensão da execução pendente (art. 818º/1, 1ª parte
CPC). Mas esta regra comporta algumas excepções importantes.

O executado embargante pode obter a suspensão da execução se


prestar caução a favor do exequente embargado (art. 818º/1, 2ª parte CPC).
Esta caução pode cumprir funções distintas. Se a suspensão não for requerida
pelo embargante antes da penhora e se o exequente não for titular de qualquer
garantia real, a caução visa não só garantir o pagamento do crédito
exequendo, mas também assegurar o ressarcimento dos prejuízos sofridos
pelo exequente com o atraso na satisfação da obrigação exequenda ou com a
impossibilidade dessa satisfação, o mesmo sucede, mutatis mutandis, nas
execuções para a entrega de coisa ou para a prestação de facto. Se a
suspensão da execução for requerida depois da penhora ou se o exequente for
titular de uma garantia real, a caução destina-se apenas a assegurar a
reparação dos danos causados por aquele atraso ou impossibilidade, pois que
o pagamento do crédito exequendo é garantido por aquela penhora ou
garantia.

A suspensão da execução pode ser total ou parcial. Se os embargos não


compreendem toda a execução – ou seja, se eles não respeitarem a todo o
objecto ou não envolvem todos os executados ou exequente – a execução
prossegue na parte não embargada (art. 818º/4 CPC). Se a suspensão da
execução for decretada após a citação dos credores para reclamação de
créditos (art. 864º/1-b), c), d) CPC) ela não abrange o apenso destinado à sua
verificação e graduação (art. 818º/3 CPC).

Ainda que a execução tenha sido suspensa pela prestação de caução pelo
embargante (art. 818º/1 CPC), ela prossegue se o processo de embargos
estiver parado durante mais de 30 dias, por negligência deste em promover os
seus termos (art. 818º/5 CPC). Trata-se de evitar que o embargante possa
prolongar indefinidamente a suspensão da execução, pelo que, apesar de o
preceito se referir apenas à suspensão decorrente da prestação de caução, o
mesmo deve valer para a suspensão decretada pelo juiz com base na
impugnação da genuinidade da assinatura que consta do título executivo (art.
818º/2 CPC).

A decisão de procedência dos embargos determina a extinção da


execução bem como a caducidade de todos os efeitos nela produzidos (por ex.
art. 909º/1-a, 818º/1 CPC).

Se a decisão for de improcedência, fica assente que não há qualquer


impedimento material ou processual à execução.

O caso julgado da decisão proferida nos embargos abrange todas as partes


do processo, ou seja, todos os embargantes e todos os embargados que nele
participaram. Além disso, como os embargos de executado são um meio de
oposição à execução, parece possível aplicar à respectiva decisão, com as
necessárias adaptações, o regime estabelecido sobre a extensão subjectiva da
decisão de recurso (art. 683º/1 e 2 CPC).

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