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Fatec Sorocaba

Apostila
ECONOMIA E FINANÇAS EMPRESARIAIS (EFE)
MACROECONOMIA (PARTE 2)
Prof. MSc. Adilson Rocha

REVISÃO AGOSTO / 2010


FATEC 2
Faculdade de Tecnologia de Sorocaba
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 03
1. CONTABILIDADE NACIONAL.............................................................................. 04
1.1. Conceitos para Fixação........................................................................................ 09
2. O EMPREGO E A DISTRIBUIÇÃO DA RENDA NACIONAL.............................. 10
2.1. Conceitos para Fixação........................................................................................ 12
3. TEORIA MONETÁRIA.............................................................................................. 13
3.1. A Origem e a Evolução da Moeda....................................................................... 13
3.2. As Funções da Moeda......................................................................................... 20
3.3. As Características da Moeda............................................................................... 20
3.4. Formas da Moeda................................................................................................ 21
3.5. Quase-Moedas..................................................................................................... 21
3.6. A Oferta Monetária............................................................................................. 22
3.7. Conceitos para Fixação....................................................................................... 24
4. INFLAÇÃO................................................................................................................. 27
4.1. Conceitos............................................................................................................. 27
4.2. Tipos de Inflação................................................................................................. 27
4.3. Indicadores de Inflação no Brasil........................................................................ 28
4.4. Processo Inflacionário Brasileiro......................................................................... 30
4.5. Conseqüências da Inflação.................................................................................. 36
4.6. Considerações Finais........................................................................................... 37
4.7. Conceitos para Fixação....................................................................................... 38
5. DESEMPREGO........................................................................................................... 39
5.1. A Taxa de Desemprego...................................................................................... 39
5.2. Tipos de Desemprego......................................................................................... 40
5.3. As Causas do Desemprego................................................................................. 40
5.4. Os Efeitos Econômicos do Desemprego............................................................ 42
5.5. Tentativas de Reduzir o Desemprego................................................................. 43
6. DISTRIBUIÇÃO DE RENDA..................................................................................... 44
6.1. Diferentes Enfoques da Distribuição de Renda.................................................. 44
7. O CRESCIMENTO ECONÔMICO; MEIO AMBIENTE;
DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO (EMERGENTES)........... 45
8. O COMÉRCIO INTERNACIONAL............................................................................ 46
8.1. Os Mercados de Câmbio...................................................................................... 47
8.2. Conceitos para Fixação......................................................................................... 47
9. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL....................................................................... 50
9.1. O Sistema Financeiro Nacional................................................................................. 50
9.2. Os Segmentos do Sistema Financeiro Nacional........................................................ 50
9.3. Os Intermediários Financeiros................................................................................... 51
9.4. Os Serviços que as Instituições Financeiras Oferecem............................................. 51
9.5. Os Serviços Oferecidos pelos Bancos....................................................................... 52
10. BREVE PANORAMA DA ECONOMIA BRASILEIRA: PLANO REAL...................... 53
10.1. Breve Relato do Plano Real...................................................................................... 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 54

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INTRODUÇÃO

 O termo Macroeconomia foi introduzido pelo economista norueguês Ragnar Frisch


(1895 – 1973) em 1933. Ele também foi criador do termo “Econometria”.

 A macroeconomia estuda o comportamento do sistema econômico por um número


reduzido de variáveis, como a produção ou produto total de uma economia, o
emprego, o investimento, o consumo, o nível geral de preços etc. Por exemplo, se o
Ministério da Fazenda diz que a inflação se reduziu em relação ao ano anterior em 2%
e que o número de empregados aumentou em 300.000 pessoas, está destacando que,
em sua opinião, esses são os aspectos mais significativos da evolução global da
economia.

 A macroeconomia busca a imagem que mostre o funcionamento da economia em seu


conjunto. Seu propósito é obter uma visão simplificada do funcionamento da
economia que, porém, permita ao mesmo tempo conhecer e atuar sobre o nível da
atividade econômica de um determinado país ou de um conjunto de países.

 A macroeconomia, para analisar o funcionamento da economia, centra-se no estudo de


uma série de variáveis-chave que lhe permite estabelecer objetivos concretos e
desenhar a política macroeconômica.

 A política macroeconômica é integrada pelo conjunto de medidas governamentais


destinadas a influir sobre a marcha da economia no seu conjunto.

 Os objetivos da política econômica são: a inflação, o desemprego e o crescimento.

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1 CONTABILIDADE NACIONAL

 A contabilidade nacional define e relaciona os agregados econômicos e mede seu


valor. Mediante a série de contas que integram a contabilidade nacional, obtém-se um
registro das transações realizadas entre os diferentes setores que fazem a atividade
econômica do país.

 A renda nacional ou produto nacional é o valor total de todos os bens e serviços finais
produzidos em um ano por uma economia, descontando-se todos os bens e serviços
intermediários utilizados para produzi-los.

 O produto nacional mede o funcionamento do conjunto da economia, e é um conceito


indispensável para analisar problemas, tais como inflação ou crescimento econômico.
De fato, quando queremos estudar a evolução global da economia de um país,
analisamos o nível de produção total, período por período, uma vez que essa é a
medida-chave da atividade econômica de um país.

 O fluxo circular da renda é o conjunto dos pagamentos das empresas feitos às famílias
em troca de trabalho e outros serviços produtivos e o fluxo de pagamentos das famílias
às empresas em troca de bens e serviços.

Compras de consumo

bens e serviços
(alimentos, viagens etc.)

Economias Empresas
domésticas

Serviços produtivos
(terra, trabalho, capital)

Salários, juros, lucros etc.

 Fluxo real
 Fluxo monetário

 Aparentemente, o método mais direto para se determinar o valor total da produção de


uma economia durante um período de tempo determinado seria localizar todas as
empresas que produziram algo durante o ano, calcular o valor do que foi produzido e
somar as cifras de todas as empresas. Esse método não pode ser utilizado da maneira
indicada, pois contaríamos várias vezes algumas mercadorias. Isso acontece porque
muitos produtos atravessam diferentes etapas no processo de produção, de forma que
são vendidas várias vezes antes de chegarem às mãos do consumidor final.

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 Por exemplo, suponhamos que uma fábrica de bicicletas compre raios metálicos para
fazer rodas e também compre protetores de uma fábrica de pneus. Ao calcularmos o
produto nacional, se usarmos o procedimento mostrado anteriormente, contaremos os
raios e os protetores incorporados nas bicicletas duas vezes; primeiro dentro do
produto total da fábrica de raios metálicos e de pneus, respectivamente, e na segunda
vez, ao contabilizar as bicicletas vendidas aos consumidores.

 Algo parecido ocorreria se, ao contabilizar-se o pão comprado pelos consumidores, se


contabilizasse também a farinha utilizada para fazê-lo e que é feito pelo moinho, o que
implicaria contabilizá-la duas vezes.

 Relembrando: o produto nacional foi definido como a produção total de bens e


serviços finais comprados pelas unidades familiares para serem consumidos, e por isso
os bens intermediários devem ser excluídos.

 Os bens intermediários são aqueles que sofreram alguma transformação, contudo eles
ainda não alcançaram a etapa em que se transformaram em bens finais.

 Os bens finais são os produzidos para uso final, e não para serem novamente vendidos
ou para serem usados na produção de outros bens.

 Para evitar a dupla contagem, calcula-se o valor adicionado em cada etapa de


produção, subtraindo-se do valor do produto da fase em questão os custos dos bens
intermediários e materiais que não foram produzidos nesta fase, mas comprados de
outras empresas e que, pois, já estarão incluídos nas contas das respectivas empresas.

 O valor adicionado é o valor do produto de uma empresa menos o custo dos produtos
intermediários comprados de seus provedores externos.

 Exemplo:
O primeiro passo na produção de um pão é quando o agricultor cultiva o trigo e obtém
um preço de R$ 0,05 pela quantidade necessária para produzir um pão. A segunda
etapa consiste em moer o trigo para transformá-lo em farinha. O valor da farinha passa
a ser de R$ 0,15, o que supõe que o valor adicionado nessa fase é de R$ 0,10. Na
terceira fase a farinha transforma-se em pão no forno e o valor passa a ser de R$ 0,25,
o que faz supor que o valor adicionado nesta é de R$ 0,10.

Na última fase, o preço da venda do pão é de R$ 0,36 e o valor adicionado é de R$


0,11. Como se pode observar, no quadro abaixo, o valor do produto final – os R$ 0,36
do pão – é igual à soma do valor adicionado em cada uma das etapas. Esse valor final
é o único necessário de ser levado em conta para se calcular o produto nacional. Não
se deve somar o valor de todas as transações, isto é, as requeridas na primeira coluna,
que totalizaram R$ 0,81.

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(1) (2) (3)


Valor das Custos dos produtos Valor
Etapa da Produção Vendas intermediários adicionado
(R$) (R$) (1) – (2) = 3

Bens Intermediários
Trigo 0,05 0,00 0,05
Farinha 0,15 0,05 0,10
Pão (atacado) 0,25 0,15 0,10

Bem Final
Pão (varejo) 0,36 0,25 0,11

TOTAL 0,36

 Os Principais Agregados da Contabilidade Nacional


 O produto nacional pode ser medido via gasto e via produção. Desse ponto de
vista, e tendo-se em conta que o setor público e os residentes em outros países
também realizam gastos, o produto nacional está integrado pelos seguintes
componentes: Consumo privado (C), Consumo público (G), Investimento (I) e
Exportações líquidas (X) – exportações menos importações.

 Consumo privado (C) – O consumo é o maior componente do produto nacional e o


que apresenta o comportamento mais estável ao longo do tempo. Os gastos em
consumo podem ser divididos em três categorias: bens duráveis (televisores,
automóveis), bens de consumo (alimentos, roupas) e serviços (transporte, saneamento
básico).

 Consumo público (G) – o setor público oferece uma série de serviços à sociedade,
tais como defesa, saúde, justiça, educação; e ainda constrói estradas, parques etc. Tudo
isso implica uma série de gastos que estão incluídos no produto nacional sob a conta
de consumo ou gasto público. Deve-se dizer que os pagamentos de transferências
(entendendo por transferência do Estado os pagamentos que este realiza a um
indivíduo em troca dos quais não é prestado nenhum serviço corrente) não formam
parte do gasto público. Assim, por exemplo, quando o setor público realiza
pagamentos de transferência aos aposentados, ou a outros recebedores que nada
produzem, estes também não se incluem no produto nacional.

 Investimento (I) – em toda a economia não somente se produzem bens e serviços para
o consumo, mas também bens de capital que contribuem para a produção futura. O
investimento privado inclui três categorias:

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a) Investimento na planta e equipamento das empresas; isto é, a construção de
fábricas, armazéns; a aquisição de maquinaria etc.

b) Construção residencial, isto é, construção de habitações.

c) Variação nos estoques. Dessa forma, um aumento no estoque de automóveis


representa algo que se produziu e, portanto, é incluído no cálculo do produto
nacional.

Obs.: Na contabilidade nacional brasileira as primeiras categorias de investimento


eram englobadas sob a rubrica de “Formação Bruta de Capital”, e a variação de
estoques era apresentada separadamente. Contudo, a partir de 1985, a separação
deixou de ser feita e a variação de estoques passou a ser incluída no Consumo Final
das Famílias.

 Exportações líquidas (X) – denominam-se exportações os bens e serviços que os


países destinam ao exterior, isto é, os que são vendidos para fora do país. Por
importações entende-se o processo inverso, os bens e serviços que um país compra do
exterior. As exportações líquidas resultam da diferença entre as exportações e as
importações.

 O Produto Nacional inclui somente os bens e serviços produzidos durante o ano, por
isso ele não inclui a compra de bens duráveis usados, tais como automóveis de
segunda mão, pois estes já foram contabilizados no ano de fabricação. Todavia, são
contados os consertos de automóveis, pois eles representam uma produção corrente.

 Também não fazem parte do produto nacional as ações adquiridas pelos indivíduos ou
pelas instituições no mercado de valores, pois não representam produção, mas somente
transferência. Se uma sociedade emite ações para financiar a construção de uma
fábrica, esta é parte do produto nacional, pois foi produzida durante o ano corrente.

 Se, ao se calcular o produto nacional, se contabilizar o valor total das fábricas e dos
equipamentos produzidos durante o ano corrente, o produto nacional fica
superestimado, pois as instalações e os equipamentos existentes deterioraram-se ou se
depreciaram durante o ano, devido ao uso e à Antigüidade. Por isso, uma vez
calculado o valor total de todas as fábricas e do equipamento produzido durante o ano,
é necessário reduzir da depreciação a quantia estimada. Em conseqüência, ao analisar
o investimento, deve-se distinguir entre:

a) Investimento bruto: gastos em novas plantas e equipamentos mais a variação de


estoques.
b) Investimento líquido: investimento bruto menos depreciação ou amortização.

 Dependendo do tipo de investimento que é empregado, surgem duas definições de


produto nacional:

1. Produto Nacional Bruto (PNB) = gastos em consumo privado + gasto público +


investimento bruto + exportações líquidas

2. Produto Nacional Líquido (PNL) = gastos em consumo privado + gasto público +


investimento líquido + exportações líquidas
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 Dessas definições deduz-se que: PNL = PNB menos depreciação ou amortização. Das
duas medições do produto nacional, o Produto Nacional Líquido (PNL) é a mais
correta, pois ele leva em consideração o desgaste do equipamento e a maquinaria
produzida durante o ano. Mas, dado que a depreciação é difícil de ser estimada, na
prática, opta-se pelo cálculo do Produto Nacional Bruto (PNB), que só exige o cálculo
do investimento bruto (o valor da nova planta, equipamento e estoques adquiridos pela
empresa), sobre o qual se dispõe de informação confiável.

 A partir do Produto Nacional Bruto (PNB) ou Renda Nacional (RN), obtém-se a


Renda Nacional Disponível (RND) somando-se as transferências líquidas do resto do
mundo.

1. Renda Nacional Disponível (RND) = Renda Nacional (RN) + Transferências


líquidas do resto do mundo (T.l.r.m.)

 O Produto Interno Bruto ao custo de fatores (PIB c.f.) é definido como valor dos
bens e serviços produzidos em uma economia durante um período de tempo
determinado. A expressão custo de fatores indica que a valoração efetuada do produto
nacional é realizada sem a inclusão dos impostos indiretos (os que não são suportados
pelo produtor, mas transferidos* à pessoa que compra o produto) e adicionando-se as
subvenções concedidas pelo Estado às empresas. Isso quer dizer que os produtos são
avaliados ao custo de produção. O termo interno faz referência à atividade produtiva
desenvolvida dentro das fronteiras do país, independentemente da nacionalidade dos
proprietários dos recursos empregados.

* Um imposto é transferido quando o contribuinte inicial transfere parte ou a totalidade de um imposto a


terceiros. Assim, uma empresa que é tributada pode aumentar o preço de seus produtos transferindo o
imposto aos consumidores.

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1.1 Conceitos para fixação:

 Contabilidade Nacional – é um método de mensuração e interpretação da atividade


econômica realizada durante um determinado período.
 Produto – é a soma dos valores monetários de todos os bens e serviços finais
produzidos por um país num determinado período.
 Renda – é a soma das remunerações feitas aos fatores de produção empregados no
processo produtivo durante um determinado período, ou seja, é o total dos salários,
aluguéis, juros e lucros.
 Produto Interno Bruto (PIB): é a soma dos valores monetários dos bens e serviços
finais.
 Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIB p.m.): é a soma dos valores
monetários dos bens e serviços finais, computando-se os impostos indiretos e
subtraindo-se os subsídios.
 Produto Interno Bruto a custo de fatores (PIB c.f.): é a soma dos valores
monetários dos bens e serviços finais, subtraindo-se os impostos indiretos e somando-
se os subsídios.
 Produto Interno Líquido (PIL): é o Produto Interno Bruto a custo de fatores menos
a parcela correspondente à depreciação.
 Produto Nacional Bruto (PNB): Produto Interno Bruto (PIB) + Renda Recebida do
Exterior (RRE) – Renda Enviada ao Exterior (REE).
 Renda Pessoal (RP): é a Renda Nacional menos os lucros retidos pelas empresas, os
impostos diretos das empresas (imposto de renda) e suas contribuições feitas à
previdência social, mais as transferências do governo, ou seja, as despesas com
inativos, pensionistas, salário-família e outros benefícios pagos pela previdência social
mais os juros pagos.
 Renda Pessoal Disponível (RPD): é a Renda Pessoal menos os impostos diretos
pagos pelas pessoas, ou seja, o imposto de renda.
 Distribuição inter-regional de renda: é a forma como a renda nacional de um país,
num período, é distribuída entre as regiões desse país.
 Renda per capita: é a renda de um país, por período de tempo, dividida pelo número
de habitante do país.
 Distribuição funcional de renda: é a forma como a renda de um país, num período
de tempo, é distribuída entre os fatores de produção trabalho e capital.

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2 O EMPREGO E A DISTRIBUIÇÃO DA RENDA NACIONAL

 DEMANDA AGREGADA = nível de gasto global da economia

 DEMANDA AGREGADA = demanda de consumo + demanda de investimento

 FAMÍLIAS = consumo + poupança

 Quanto > renda > poupança

 RENDA DISPONÍVEL = renda com a qual os indivíduos contam, depois de pagarem


os impostos e receberem os subsídios.

 PROPENSÃO AO CONSUMO = relação entre o consumo agregado das economias


domésticas e a renda nacional.

Consumo Nacional
 Propensão média a consumir = x 100
Renda Nacional Bruta Disponível (p.m.)

Poupança
 Propensão média a poupar = x 100
Renda Nacional Bruta Disponível (p.m.)

 VARIÁVEIS DO INVESTIMENTO

 Expectativas empresariais sobre o futuro da atividade econômica

 Taxa de juros

 Nível da capacidade instalada usada pelas empresas

 DISTRIBUIÇÃO DE RIQUEZA X DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

 Riqueza de um país = conjunto de ativos físicos, propriedade das economias


domésticas.

 Renda de um país = é o produto da utilização de recursos produtivos durante


um período determinado.

 DISTRIBUIÇÃO DE RENDA = além dos diferentes agentes econômicos, é o


resultado não só das rendas obtidas pelos fatores de produção, mas também pela ação
do setor público (impostos e subsídios).

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 Curva de Lorenz (estatístico norte-americano – 1905)

 Serve para mostrar a relação que existe entre os grupos da população e suas
respectivas participações na renda nacional.

 Quanto mais afastada está a curva de Lorenz da diagonal, maior será a


desigualdade da distribuição da renda nacional.

Porcentagem da Renda Nacional

100 O

90

80
Distribuição Igualitária
70

60

50

40

30

20 Curva de Lorenz

10

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Porcentagem da População

 DISTRIBUIÇÃO FUNCIONAL DA RENDA = reflete-se na sua repartição entre os


fatores de produção, fundamentalmente o trabalho e o capital.

 POLÍTICA DISTRIBUTIVA = conjunto de medidas cujo objetivo principal é


modificar a redistribuição da renda entre os indivíduos ou grupos sociais (governo).

 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA DISTRIBUTIVA

 Sistema tributário

 Gastos de transferência, entre os quais cabe destacar os que correspondem ao


seguro-desemprego e os subsídios associados à política educacional.

 Aquelas medidas que implicam intervenção direta ao mecanismo de mercado.

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2.1 Conceitos para fixação:

 Serviços de consumo: são as despesas feitas pelas pessoas com serviços prestados por
outras pessoas ou equipamentos, com vistas à satisfação de suas necessidades.

 Bens de consumo duráveis: são os bens de consumo com vida útil bastante longa,
superior à vida útil dos bens não-duráveis de consumo.

 Poupança: é a parte da renda das pessoas que não é gasta com a aquisição de bens e
serviços.

 Estoques: é a parcela da produção de bens da economia que não é vendida no período


em que foi produzida, mais os estoques do início do período, menos a depreciação do
estoque em operação.

 Investimento: é a parcela da renda destinada à compra de máquinas e equipamentos


que visam aumentar a capacidade produtiva do sistema econômico. A variação nos
estoques também é considerada investimento.

 Igualdade fundamental da macroeconomia: Poupança igual a investimento (S = I).

 Lei de Say: a oferta cria sua própria demanda.

 Princípio da demanda efetiva: o nível do produto é determinado pela demanda.

 Agentes econômicos: trabalhadores, empresários, governo e setor externo.

 Igualdade fundamental da macroeconomia:

Economia fechada e sem governo: S = I

Economia fechada e com governo: S = I + (G – T)

Economia aberta e com governo: S = I + (G - T) + (X – M)

 Componentes da demanda agregada:

Trabalhadores: Consumo (Cw)

Empresários: Consumo (CL)

Investimento (I)

Governo: Gastos (G)

Setor externo: Exportações (X)

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3 TEORIA MONETÁRIA

3.1 A Origem e a Evolução da Moeda:

 Era da Troca de Mercadorias


Nos primórdios, o homem vivia em pequenas comunidades de uma única família, e se
utilizava da vegetação e da caça disponíveis na região que habitava. Esses recursos
eram os únicos com os quais contava para a sua subsistência.

Essas minúsculas comunidades, entretanto, foram crescendo e começaram a se


desmembrar em outros núcleos de famílias, cada uma procurando formar a sua própria
fronteira, delimitando as suas áreas para o plantio de alimentos e a caça. Esses núcleos,
entretanto, não produziam todos os mesmos produtos. Iniciava-se assim o processo
primitivo de divisão do trabalho e especialização. Enquanto uns se dedicavam à caça,
outros se dedicavam à produção de tubérculos, outros, ainda, se especializavam no
plantio de grãos e assim por diante. Essa racionalização das atividades fez com que os
núcleos passassem a trocar o excedente resultante da especialização. Assim, uma boa
caça era trocada por uma quantidade razoável de grãos; por outro lado, uma
quantidade razoável de grãos poderia ser tocada por um número considerável de frutas,
ou então por uma produção de tubérculos.

Nas mais primitivas das culturas, portanto, a economia funcionava à base de escambo
– a troca pura e simples de mercadorias.

Esse sistema, entretanto, apresentava algumas dificuldades. Imaginem um indivíduo


que tenha maçãs e queira castanhas. Seria uma coincidência fora do comum encontrar
um outro indivíduo que tivessem gostos exatamente opostos, ansioso por vender
castanhas e comprar maçãs. Ainda que aconteça o fora do comum, não há garantias de
que o desejo das duas partes, no que se refere às quantidades e aos termos de troca
exatos, coincidam. Da mesma forma, a menos que um alfaiate faminto encontre um
fazendeiro nu que tenha alimentos e o desejo de ter um par de calças, nenhum dos dois
pode realizar negócios.

Assim, o crescente número de produtos nos mercados passou a dificultar a prática


rudimentar do escambo, não só pela dificuldade cada vez maior de se estabelecerem
relações justas e intercoerentes de troca, como também pela dificuldade de se
encontrar parceiros cujos desejos e disponibilidades fossem duplamente coincidentes.

Para se ter uma idéia, para que se possa atender os desejos de um indivíduo nos dias de
hoje, as operações de trocas de mercadorias se tornariam por demais trabalhosas, pois
seriam necessárias inúmeras transações para que o indivíduo pudesse ter todas as suas
necessidades satisfeitas. A quantificação dessas transações, partindo-se do pressuposto
de que hajam desejos duplamente coincidentes, pode ser obtida pela fórmula:

TM = n(n – 1)
2

Onde: “TM” representa o número de trocas de mercadorias e “n” a quantidade de


produtos ou itens disponíveis em uma economia.

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Assim, em uma economia hipotética que tivesse apenas um único produto, seria nula a
necessidade de relações de troca (isso é óbvio, pois com um único item na economia
não haveria necessidade de troca de mercadorias). Se essas mesma economia
dispusesse de dois produtos, bastaria apenas uma troca de mercadoria, e assim por
diante.

No Quadro 1 podemos verificar que, quanto maior o número de produtos para


satisfazer um indivíduo, um número significativamente maior de trocas se torna
necessário.

Quadro 1 – Relação entre produtos disponíveis e trocas de mercadorias necessárias

Produtos Disponíveis (n) Troca de Mercadorias (TM)

2 0
3 1
4 3
5 6
6 10
10 45
20 190
30 435
40 780
50 1.225
100 4.950

Imaginem essas necessidades de trocas de mercadorias aplicadas aos dias de hoje. Os


indivíduos despenderiam todo o seu tempo disponível apenas para trocar mercadorias,
sem que sobrasse tempo para produzir o bem necessário à realização da troca.

 Era da Mercadoria-Moeda
Com o passar do tempo, a evolução da sociedade impõe a necessidade de se facilitar
as trocas. Os indivíduos, então, passam a eleger um único produto como referencial de
trocas: uma mercadoria que tivesse algum valor e que fosse aceita por todos. Para que
isso ocorresse, a mercadoria eleita como moeda deveria atender a uma necessidade
comum a ser rara o bastante para quem tivesse valor.

Com a passagem das trocas diretas, de um produto por outro, para as indiretas,
intermediadas por algum outro bem aceito por todos, com um certo valor intrínseco,
passou-se para a chamada Era da Mercadoria-Moeda.

Nesse período, vários tipos de produtos foram utilizados como o referencial das
relações de trocas de mercadorias, tais como o gado, fumo, azeite de oliva, escravos,
sal etc. No Quadro 2 podemos verificar as mais diversas mercadorias utilizadas como
moeda, nas diversas épocas da história da humanidade.

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Quadro 2 – Principais mercadorias utilizadas como moeda

Regiões Mercadorias-Moeda

ANTIGÜIDADE (até 410)

Egito Cobre
Babilônia, Assíria Cobre, prata, cevada
Pérsia Gado
Bretanha Barras de ferro, escravos
Índia Animais domésticos, arroz, metais
China Conchas, sedas, sal, cereais

IDADE MÉDIA (410 a 1453)

Ilhas Britânicas Moedas de couro, gado, ouro, prata


Alemanha Gado, cereais, mel
Islândia Gados, tecidos, bacalhau
Noruega Gados, escravos, tecidos
Rússia Gado, prata
China Arroz, chá, sal, estanho, prata
Japão Anéis de cobre, pérolas, arroz

IDADE MODERNA (1453 a 1789)

Estados Unidos Fumo, cereais, madeira, gado


Austrália Rum, trigo, carne
Canadá Peles, cereais
França Metais preciosos, cereais
Japão Arroz

Fonte: LOPES, J.C., ROSSETTI, J.P. Economia Monetária, 6ª ed., São Paulo: Atlas, 1992.

O gado, ao longo do tempo, se mostrou como a mercadoria-moeda mais utilizada,


mais utilizada, tendo dado origem aos termos atualmente utilizados. O Quadro 3
apresenta uma forma simples dessa evolução, mostrando a importância do gado na
formação de palavras que representam riqueza.

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Quadro 3 – O gado na formação de termos que representam riqueza

Termo em Latim Termo em Português Significado

Pecuariu Pecuária Relativo a gado

Pecuniariu Pecuniáriu Relativo a dinheiro

Pecúnia Pecúnia Dinheiro

Capita Cabeça Parte anterior dos animais,


onde se situam o encéfalo e
os órgãos

Capitale Capital Relativo a cabeça, riqueza


ou valores disponíveis

Mas, que vantagens tinha o gado em relação a outras mercadorias que fizeram com
que ele se tornasse uma mercadoria-moeda?

A grande vantagem que ele apresentava era que, enquanto os indivíduos o guardavam
como uma poupança, essa “moeda” aumentava por meio da reprodução, ou seja,
“rendia juros”. Mas, por outro lado, essas mesmas “moedas” apresentavam uma
grande desvantagem: como dividir um boi para comprar arroz, feijão, cebola, sal etc.?
Em suma, o gado não podia ser dividido em trocados.

A história nos apresenta um fato que ocorreu no Brasil e que mostra um exemplo
típico de mercadoria-moeda.

Charles-Marie de La Condamine (1701-1775), explorador francês responsável pelo


envio das primeiras amostras de borracha amazônica à Europa em 1736 relata em seu
livro Relation abrégée d’un Voyage fait dans I’interieur de I’Amérique Méridionale
uma passagem que merece ser transcrita: “ O comércio direto do Pará com Lisboa,
donde vem todos anos uma frota mercante, facilita à gente abastada toda a sorte de
conforto. Recebe mercadorias da Europa em troca de produtos do país, que são, além
de um pouco de ouro trazido do interior das terras do Brasil, os mais variados artigos
de utilidade, tanto proveniente dos rios que vêm confundir-se no Amazonas, quanto
das margens deste; tais são a casca da árvore do cravo, a salsaparrilha, a baunilha, o
açúcar, o café, e, sobretudo, o cacau, que representa o papel-moeda corrente no país
e faz a riqueza de seus habitantes”.

Por sua vez, W.Stanley Jevons (1835-1882), economista e pensador inglês, escreveu
em seu livro Money and the mechanism of Exchange (A moeda e o mecanismo de
câmbio), primeiro livro-texto sobre a moeda, que “Mademoiselle Zélie, cntora do do
Théâtre Lyrique de Paris(...) deu um recital nas Ilhas Society. Em troca de uma ária
de Norma e algumas canções, ela deveria receber um terço da receita. Quando foi
feita a conta, a sua cota consistia de três porcos, 23 perus, 44 galinhas, 5.000 côcos,
além de uma quantidade considerável de bananas, limões e laranjas (...)Em Paris
essa quantidade de animais e frutas poderia ser vendida por 4.000 francos, o que
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teria sido uma boa remuneração em troca de cinco canções. Nas Ilhas Society, porém,
as moedas eram escassas; e como Mademoisellenão podia consumir nenhuma porção
considerável da receita, tornou-se necessário, com o tempo, alimentar os porcos e as
aves domésticas com as frutas”.

O último exemplo, em especial, nos mostra as dificuldades apresentadas quando da


utilização de mercadorias como moeda.

De modo geral, para que uma mercadoria possa ser utilizada como moeda ela deve ter
várias qualidades, dentre as quais destacamos:

 Durabilidade: ninguém aceitaria como moeda algo que fosse perecível;

 Divisibilidade: a mercadoria eleita como moeda deve poder subdividir-se em


pequenas partes, de forma que tanto as transações de grande porte quanto as de
pequeno porte possam se realizar;

 Homogeneidade: qualquer unidade da mercadoria eleita como moeda deve ser


rigorosamente igual às outras unidades dessa mercadoria; e

 Facilidade de manuseio e transporte: a utilização do bem eleito como moeda


não pode ser prejudicada em função de dificuldades de manuseio e transporte.

Ao longo da história da humanidade, um grande número de produto tem sido utilizado


como mercadoria-moeda, cada um deles apresentando vantagens e desvantagens. A
cerveja, por exemplo, não melhora com o armazenamento, ao contrário do vinho, que
tende a melhorar; o azeite de oliva serve como uma bela moeda líquida que pode ser
dividida em partes pequeníssimas se quiser; o ferro enferruja; o valor de um diamante
não é proporcional ao peso, mas varia com o quadrado de seu tamanho – se for cortado
em pedaços, perde valor.

Apesar de as mercadorias-moedas terem facilitado um pouco o dia-a-dia dos


indivíduos, muitas dificuldades ainda persistiam, ressaltando a necessidade de se
encontrar uma forma mais simples que facilitasse as transações comerciais. É quando
então passamos para a Era da Moeda Metálica.

 Era da Moeda Metálica

De maneira geral, pode-se dizer que os metais foram as mercadorias cujas


características intrínsecas mais se aproximavam das características que se exigem dos
instrumentos monetários.

Inicialmente, os metais empregados como instrumentos monetários foram o cobre, o


bronze, em especial, o ferro. Com o passar do tempo, entretanto, esses metais foram
deixados de lado, pois não serviam como reserva de valor. Em outras palavras, a
existência em abundância desses metais, associada, à descoberta de novas jazidas e ao
aperfeiçoamento do processo industrial de fundição, fez com que tais metais
perdessem gradativamente seu valor.

Por essas razões é que os metais chamados não nobres foram pouco a pouco
substituídos pelos metais nobres, como o ouro e a prata. Esses dois metais são

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definidos como metais monetários por excelência, uma vez que suas características se
ajustam adequadamente às características que a moeda deve ter.

A utilização do ouro e da prata nas transações comerciais acabou trazendo grandes


vantagens. No tocante às moedas cunhadas com esses metais, elas eram pequenas e
fáceis de carregar, além de serem padronizadas e terem um valor intrínseco, ou seja,
seu poder de compra era equivalente ao valor do material utilizado na sua fabricação.

As moedas metálicas permitiam ainda às pessoas guardá-las, esperando a melhor


oportunidade para trocá-las por alguma mercadoria. Isso era possível, pois tanto o
ouro como a prata eram metais suficientemente escassos, e a descoberta de novas
jazidas não chegavam a afetar o volume que se encontrava em circulação. Esse
aspecto fazia com que essas moedas mantivessem estável o seu valor ao longo do
tempo. Apesar das grandes vantagens apresentadas pela moeda metálica, existia na
época um inconveniente: o transporte a longas distâncias, em função do peso das
moedas e dos riscos de assalto a que estavam sujeitos os comerciantes durante suas
viagens.

Para contornar esse problema, especialmente após o século XIV, com o crescimento
dos fluxos comerciais na Europa, iniciou-se a difusão de um instrumento monetário
mais flexível: a moeda-papel.

 Era da Moeda-Papel
A moeda representativa ou moeda-papel veio eliminar, portanto as dificuldades que os
comerciantes enfrentavam em seus deslocamentos pelas regiões européias, facilitando
a efetivação de suas operações comerciais e de crédito, especialmente entre as cidades
italianas e a região de Flandres. A sua origem está na solução encontrada para que os
comerciantes pudessem realizar os seus empreendimentos comerciais.

Em vez de partirem carregando a moeda metálica, levavam apenas um pedaço de


papel denominado certificado de depósito, que era emitido por instituições conhecidas
como “Casas de Custódia”, e onde os comerciantes depositavam as suas moedas
metálicas, ou quaisquer outros valores, sob garantia. No seu destino, os comerciantes
recorriam ás casas de custódia locais, onde trocavam os certificados de depósitos por
moedas metálicas. O seu uso acabou se generalizando de tal forma que os
comerciantes passaram a transferir os direitos dos certificados de depósito diretamente
aos comerciantes locais, fazendo com que esse certificados tomassem o lugar das
moedas metálicas.

Estava assim criada a nova moeda, 100% lastreada e com a garantia de plena
conversibilidade, a qualquer momento, pelo seu detentor, e que se tornou, ao longo do
tempo, o meio preferencial de troca e reserva de valor.

 Moeda Fiduciária ou Papel-Moeda


Com o passar do tempo, as “Casas de Custódia”, que recebiam o metal e forneciam
certificados de depósito (ou moeda-papel) totalmente lastreados, começam a perceber
que os detentores desses certificados não faziam a reconversão ao mesmo tempo.
Além disso, enquanto uns faziam a troca de moeda-papel pelo metal, outros faziam
novos depósitos em ouro e prata, o que acabava por ensejar novas emissões.

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Assim é que, gradativamente, as “Casas de Custódia” passaram a emitir certificados
sem lastro em metal, dando origem à moeda fiduciária (baseada na fidúcia, na
confiança) ou papel-moeda. Passou-se, então, da moeda-papel (ou moeda
representativa) para o papel-moeda (moeda fiduciária).

Numa primeira etapa, o papel-moeda apresentou as seguintes características:

 Lastro inferior a 100%;


 Menor garantia de conversibilidade; e
 Emissão feita por particulares.

A emissão de papel-moeda por particulares, entretanto, acabou por conduzir esse


sistema à ruína. Devido a isso, o Estado foi levado a assumir o mecanismo de
emissões passando a controlá-lo.

No início, as emissões eram lastreadas em ouro (padrão ouro). De acordo com o


mecanismo do padrão ouro, a emissão de moeda estava atrelada à quantidade de ouro
existente em cada país. O ouro, entretanto, era um metal com reservas limitadas na
natureza. Por essa razão, esse sistema passou a ser um entrave à expansão do comércio
internacional e das economias.

Com o advento da Primeira Guerra Mundial, a maioria das nações suspendeu a


conversibilidade de suas moedas em ouro, e o padrão ouro entrou em colapso.
Paulatinamente, passou-se à emissão de notas inconversíveis, sendo o padrão ouro
abandonado. A emissão de moeda passou a ser feita a critério das autoridades
monetárias de cada país. Dessa forma, a moeda passa a denominar-se moeda de curso
forçado, ou seja, aceita por força de lei, não sendo mais lastreada em metais preciosos.

Houve tentativas de restaurar o padrão ouro depois da Primeira Guerra Mundial, da


Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial. O acordo de Bretton Woods trouxe
a aceitação geral de um padrão ouro fundamentado no dólar dos Estados Unidos.
Segundo esse acordo, as principais moedas tinham valor em dólar sendo que o dólar
era conversível em ouro. Esse acordo acabou em 1971, quando foi suspensa a
conversibilidade do dólar em ouro. Hoje, a maioria dos sistemas é fiduciária,
apresentando as seguintes características:

 Inexistência de lastro metálico;


 Inconversibilidade absoluta; e
 Monopólio estatal das emissões.

 Moeda Bancária ou Escritural


Com a evolução do sistema bancário, desenvolveu-se uma outra modalidade de
moeda: a moeda bancária ou escritural. Ela é representada pelos depósitos à vista e a
curto prazo nos bancos, que passam a movimentar esses recursos por cheques ou
ordens de pagamento. Ela é chamada de escritural, uma vez que diz respeito aos
lançamentos (débito e crédito) realizados nas contas correntes dos bancos.

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3.2 As Funções da Moeda

1. Meio ou Instrumento de troca (facilidade de adquirir produtos);

2. Reserva de Valor (certeza de quando for adquirir algo, seu dinheiro terá poder de
compra atual);

3. Medida ou Unidade de Valor (necessidade das pessoas e empresas registrarem


suas operações e transações econômicas em uma medida que seja comum a todos os
bens e serviços. Assim, quando a empresa compra produtos, ela registra-os pelo seu
valor monetário - Preço);

4. Padrão de Pagamentos Diferidos (A moeda seja utilizada no futuro. A moeda deve


estar valorizada para que, na ocasião do pagamento, seu valor monetário não esteja
defasado em relação a compra efetuada).

3.3 As Características da Moeda

1. Indestrutibilidade e Inalterabilidade – a moeda deve resistir às inúmeras relações


de troca a que estiver sujeita, exigindo-se, portanto, que ela seja impressa com
material de excelente qualidade, para que não perca suas características nem possa
alterá-las. Se o papel utilizado para sua impressão não for de celulose pura,
certamente após algumas centenas de operações a cédula estará deteriorada. As
técnicas modernas de impressão do papel-moeda, além de darem maior resistência às
cédulas, visam a proteção quanto às falsificações.

2. Homogeneidade – Diferentes unidades monetárias, mas que possuam o mesmo


valor de compra, devem ser rigorosamente iguais.

3. Divisibilidade – A moeda-padrão ou moeda principal de uma economia deve


possuir múltiplos e submúltiplos, chamados moedas subsidiárias, para permitir a
realização de todos os tipos de transações comerciais.

4. Transferibilidade – A moeda deve circular na economia sem nenhuma dificuldade,


facilitando o processo de troca. A razão principal para esta característica é o curso
legal imposto pelo Estado, que emite e garante o papel-moeda em circulação.

5. Facilidade de Manuseio e Transporte – O papel-moeda de uma economia deve ser


impresso de forma a facilitar o seu uso e o seu transporte, para evitar que a sua
utilização seja dificultada e que, conseqüentemente, ela seja descartada.

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3.4 Formas da Moeda
Define-se por Sistema Monetário o conjunto de moedas utilizadas em um país, por
imposição de curso legal, e que compreende, nos dias de hoje, três formas de moeda:

1. Moeda Metálica

Emitidas pelo Banco Central, visam facilitar as operações de pequeno valor; servem
também como unidade monetária fracionada, facilitando o troco. Constituem pequena
parcela da oferta monetária.

2. Papel-Moeda

São cédulas emitidas pelo Banco Central e representam parcela significativa da


quantidade de dinheiro em poder do público. Também circulam por força de
dispositivo legal, que lhes dá curso forçado no país.

3. Moeda Escritural

É a moeda dos Bancos, representando a contrapartida dos depósitos à vista e a curto


prazo; é constituída pelos lançamentos feitos pelos Bancos a crédito de seus
depositantes ou correntistas, concretizando-se apenas em seus registros. As moedas
escriturais circulam sob a forma de cheques e ordens de pagamentos.

3.5 Quase-Moedas

As quase-moedas compreendem o conjunto de ativos do sistema financeiro não


monetário. Esses ativos são constituídos por compromissos assumidos pelas
Instituições Financeiras e pelo Governo e se caracterizam pela sua extrema liquidez,
além de possuírem muitas propriedades da moeda.

As principais quase-moedas que conhecemos são:

 Títulos da dívida pública que estejam fora do Banco Central (Obrigações do


Tesouro Nacional, Letras do Tesouro Nacional, Bônus do Tesouro Nacional e
Notas do Tesouro Nacional);

 Depósitos de poupança;

 Depósitos a prazo (Certificados de Depósitos Bancários – CDB e Recibos de


Depósitos Bancários – RDB).

A razão principal para não chamarmos esses ativos de moedas se deve ao fato de não
utilizarmos essas quase-moedas para pagamento de nossas despesas de consumo nem
para pagamentos de contas. Antes, temos de vender esses ativos, transformando-os em
moeda para, assim, podermos pagar nossos compromissos.

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3.6 A Oferta Monetária

Pode-se considerar a princípio que o Governo controla a quantidade de moeda ofertada


na economia. Num sistema cuja moeda é lastreada, por exemplo, em ouro, a
quantidade de moeda em circulação depende do estoque de ouro no país. Já em um
país sem lastro, tem-se a chamada moeda fiduciária, e o responsável pelo controle da
oferta de moeda é o Banco Central.

O Banco Central é o emissor da moeda nacional e controla a oferta monetária no país,


tendo como principal responsabilidade zelar pela qualidade da moeda nacional.

As funções do Banco Central são:

a. Controlar a oferta monetária. Possui o monopólio da emissão da moeda


nacional;

b. Zelar pelo valor da moeda nacional; e

c. Regular e fiscalizar o sistema financeiro.

Como já foi abordado anteriormente, moeda é o ativo para liquidar as transações. Ao


se observar como as transações são liquidadas, percebe-se que apenas uma pequena
parte destas é feita com papel-moeda (incluindo moeda metálica) e que a maior parte é
liquidada mediante outros recursos, como cheques, por exemplo. Assim, além do
Banco Central, os bancos comerciais também podem afetar a oferta da moeda.

O total de meios de pagamentos na economia corresponde ao total de papel-moeda


emitido pelo governo em poder do público, mais o total de depósitos à vista nos
bancos comerciais que os depositantes podem sacar a qualquer momento para liquidar
as transações.

Os Bancos são intermediários financeiros, instituições que captam recursos dos


poupadores (ofertantes de recursos) para emprestá-los aos investidores (demandantes
de recursos). Na linguagem bancária, os bancos captam recursos dos clientes
poupadores e depositantes e aplicam recursos em clientes tomadores (mediante
aprovação de crédito).

Depósito à vista são obrigações dos bancos com seus depositantes e podem ser
resgatados a qualquer instante. Assim, se o banco emprestar todo o dinheiro que
recebeu como depósito, corre o risco de o depositante requerer seu depósito de volta e
o banco não o possuir (risco de iliquidez).

Depósitos = Reservas (R) + Empréstimos Bancários (EB)

As Reservas (R) que os bancos constituem sobre os depósitos são de dois tipos:
o Reservas Compulsórias = são a parcela dos depósitos que os bancos são
obrigados legalmente a depositar em suas contas junto ao Banco Central para
poderem fazer frente a suas obrigações;

o Reservas Voluntárias = são recursos que os bancos mantêm junto ao Banco


Central por opção, ou seja, não existe a obrigação legal.
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Multiplicador Monetário (k) = o sistema bancário pode criar moeda baseando-se em
uma injeção monetária inicial feita pelo Banco Central. Esta moeda injetada
inicialmente é a chamada Base Monetária.

A Base Monetária (BM) (High Powered Money) corresponde à soma entre o papel-
moeda em poder do público mais as reservas dos bancos. Deve-se observar que
assumindo que os bancos ou emprestam ou constituem reservas: o total de
empréstimos bancários (EB) é o total de depósitos à vista (DV) menos as reservas (R),
ou seja:

EB = DV – R
Como:
M1 = DV + PMPP
BM = R + PMPP

Pode-se deduzir que os EB correspondem à diferença entre M1 e BM, ou seja, a


moeda criada pelo sistema bancário.

Além disso, existe uma relação entre BM e M1 que corresponde ao multiplicador


monetário:
M1 = k x BM

significando que uma variação da base monetária levará a uma variação mais que
proporcional nos meios de pagamentos.

Meios de Pagamentos = é o conjunto de ativos utilizados para liquidar transações.

Agregados Monetários:
Meios de Pagamentos Restritos
 M1 (ativos com liquidez absoluta) = Papel-Moeda em Poder do Público (PMPP) +
Depósitos à Vista (DV).

Meios de Pagamentos Ampliados


 M2 = M1 + Depósitos Especiais Remunerados (DER) + Depósitos de Poupança
(DP) + Títulos Emitidos por Instituições Depositárias (TEID).

 M3 = M2 + Quotas de Fundo de Renda Fixa + Operações Compromissadas


Registradas no Selic (OCRSelic).

Poupança Financeira
 M4 = M3 + Títulos Públicos de Alta Liquidez (TPAL).

A Política Monetária Ativa = o Banco Central controla a quantidade dos agregados


monetários. Nesse caso, a taxa de juros deve poder variar para garantir o equilíbrio
entre a oferta e demanda de moeda. A oferta da moeda é exógena.

A Política Monetária Passiva = o Banco Central visa determinar a taxa de juros e


deixa a quantidade de moeda variar, para garantir o nível de taxa de juros. A oferta da
moeda é endógena.

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3.7 Conceitos para Fixação

 Moeda: é todo objeto que serve para facilitar as trocas de bens e serviços numa
economia.

 Moeda metálica: moeda cunhada em metal precioso que trazia impresso o seu peso.
Atualmente, são cunhadas em metal não precioso, trazendo impresso o seu valor.

 Papel-moeda: surgiu com a emissão de recibos pelos cunhadores, e assegurava ao seu


portador uma certa quantidade de ouro expressa no documento. Atualmente, é a moeda
emitida pelos bancos centrais de cada país.

 Moeda escritural: criada pelo sistema bancário, ao emprestar ou aplicar uma


quantidade de moeda superior à que era originalmente introduzida no sistema bancário
como depósito em um dos bancos componentes do sistema.

 Encaixe: porcentagem dos depósitos feitos num banco que não pode ser emprestada.
Essa porcentagem é determinada pelo Banco Central.

 Moeda fiduciária: emitida pelos bancos centrais de cada país, tendo curdo obrigatório
por lei.

 Padrão-ouro: sistema monetário em que o papel-moeda emitido pelas autoridades


monetária tem uma relação com a quantidade de ouro que o país possui. Atualmente,
não é mais seguido.

 Demanda de moedas para transações: como os recebimentos e pagamentos não são


sincronizados, as pessoas precisam reter moeda para pagar suas despesas.

 Demanda de moeda por precaução: refere-se àquela parte da renda das pessoas
retidas para imprevistos.

 Demanda de moeda para especulação: ocorre quando aquela parcela da renda das
pessoas que poderia ser aplicada em títulos fica retida, pelo fato de a taxa de juros
estar baixa e as pessoas aguardarem sua elevação para comprar títulos.

 Oferta de moeda: é a quantidade de moeda que o governo resolve emitir, num


determinado período, através das autoridades monetárias.

 Taxa de juros de equilíbrio: é determinado no mercado monetário, onde a oferta de


moeda se iguala à sua demanda.

 Mercado monetário: é onde se encontram a oferta e a demanda por moeda e onde se


determina a taxa de juros e equilíbrio.

 Depósito à vista são obrigações dos bancos com seus depositantes e podem ser
resgatados a qualquer instante. Assim, se o banco emprestar todo o dinheiro que
recebeu como depósito, corre o risco de o depositante requerer seu depósito de volta e
o banco não o possuir (risco de iliquidez).

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 As Reservas (R) que os bancos constituem sobre os depósitos são de dois tipos:
o Reservas Compulsórias = são a parcela dos depósitos que os bancos são
obrigados legalmente a depositar em suas contas junto ao Banco Central para
poderem fazer frente a suas obrigações;

o Reservas Voluntárias = são recursos que os bancos mantêm junto ao Banco


Central por opção, ou seja, não existe a obrigação legal.

 Meios de Pagamentos = é o conjunto de ativos utilizados para liquidar transações.

 Multiplicador Monetário (k) = o sistema bancário pode criar moeda baseando-se em


uma injeção monetária inicial feita pelo Banco Central.

 Base Monetária (BM) (High Powered Money) corresponde à soma entre o papel-
moeda em poder do público mais as reservas dos bancos.

 O Banco Central é o emissor da moeda nacional e controla a oferta monetária no


país, tendo como principal responsabilidade zelar pela qualidade da moeda nacional.

 As funções do Banco Central são:

a) Controlar a oferta monetária. Possui o monopólio da emissão da moeda nacional;

b) Zelar pelo valor da moeda nacional; e

c) Regular e fiscalizar o sistema financeiro.

 Os Bancos são intermediários financeiros, instituições que captam recursos dos


poupadores (ofertantes de recursos) para emprestá-los aos investidores (demandantes
de recursos). Na linguagem bancária, os bancos captam recursos dos clientes
poupadores e depositantes e aplicam recursos em clientes tomadores (mediante
aprovação de crédito).

 Política monetária: medidas adotadas pelo governo que visam reduzir a quantidade
de moeda em circulação na economia.

 A Política Monetária Ativa = o Banco Central controla a quantidade dos agregados


monetários. Nesse caso, a taxa de juros deve poder variar para garantir o equilíbrio
entre a oferta e demanda de moeda. A oferta da moeda é exógena.

 A Política Monetária Passiva = o Banco Central visa determinar a taxa de juros e


deixa a quantidade de moeda variar, para garantir o nível de taxa de juros. A oferta da
moeda é endógena.

 Crédito: é a troca de um bem, ou a concessão de uma quantia de moeda, pela


promessa de pagamento futuro.

 Credor e devedor: são as partes envolvidas na operação de crédito. A primeira é a


que empresta a quantia em moeda, sob a promessa de recebê-la no futuro. O devedor é
a parte que deve pagar o empréstimo.

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 Crédito de produção: é concedido às empresas para que elas possam arcar com as
despesas decorrentes da produção, como as despesas de investimento ou giro.

 Crédito de consumo: é concedido às pessoas para que elas possam adquirir bens de
consumo.

 Crédito para o Estado: é o crédito que o governo utiliza para as despesas de


investimento ou consumo.

 Crédito a curto prazo: é o crédito cujo prazo para pagamento é igual ou inferior a
cinco meses.

 Crédito a médio prazo: é o crédito cujo prazo para pagamento é superior a cinco
meses e inferior a cinco anos.

 Crédito a longo prazo: é o crédito cujo prazo para pagamento é superior a cinco
anos.

 Sistema financeiro: é o conjunto de instituições privadas e públicas que transferem


recursos dos agentes superavitários para os deficitários.

 Intermediação financeira: é o processo de transferência de recursos dos agentes


superavitários para os deficitários, realizado pelo sistema financeiro.

 Spread: é a diferença entre a taxa de juros cobrada pelo sistema financeiro dos agentes
deficitários e a taxa de juros paga aos agentes superavitários. Constitui a remuneração
do sistema financeiro.

 Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia): é a taxa de negociação dos


títulos públicos. A partir dessa taxa, os bancos adotam as taxas para suas linhas de
crédito, evidentemente maiores que a Selic.

 TR (Taxa Referencial de juros): calculada pela média das taxas de juros dos CDBs
(Certificados de Depósitos Bancários) dos 30 maiores bancos. As taxas são coletadas
diariamente e a TR de um dia corresponde a média do dia, do dia anterior e do dia
seguinte. Sobre essa média é aplicado um redutor para excluir expectativas
inflacionárias. É utilizada como indexador de contratos e para o reajuste da caderneta
de poupança.

 TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo): utilizada principalmente pelo BNDES


(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Seu objetivo é possibilitar
o alongamento de prazos no mercado financeiro. Em seu cálculo é considerada a taxa
de juros dos títulos da dívida externa (25%) e da dívida interna federal (75%). É
corrigida a cada três meses.

 Política fiscal: medidas do governo que objetivam diminuir a demanda com o


aumento da carga tributária.

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4 INFLAÇÃO

4.1 Conceitos
A Inflação é definida como um aumento generalizado e contínuo dos preços dos bens
e serviços produzidos em uma economia.
Na Deflação ocorre o contrário, ou seja, uma baixa generalizada e contínua dos preços
dos bens e serviços produzidos em uma economia.
Quando ocorre um aumento dos preços temos a Inflação. Quando se diz que a inflação
foi de 10% em determinado mês (ou ano) está-se dizendo que naquele período os preços
em média aumentaram em 10%. Se essa taxa se mantém constante nos meses (ou anos)
seguintes, isso significa que os preços continuam a subir em média 10% por mês (ou
ano). A inflação está estabilizada em 10%, mas não os preços. Se a inflação passa para
15% no mês seguinte, 20% no subseqüente, existe uma aceleração inflacionária, em
que os preços estão em média subindo e subindo cada vez mais – a inflação é cada vez
mais alta.
Dependendo do tamanho da inflação, pode-se dizer que é moderada (ou rastejante),
quando os aumentos dos preços são pequenos; ou que ocorre uma hiperinflação,
quando os aumentos dos preços são grandes.
Indexação: é o reajuste do valor das parcelas dos diversos tipos de contrato (trabalho,
aluguel, financiamento) pela inflação do período passado.
Conflito distributivo: é a disputa entre trabalhadores e empresários por uma
participação maior na renda. Os trabalhadores lutam por aumentos de salários. Quando
o obtém, os empresários repassam esse aumento para os preços de seus bens / serviços.
Como resultado, a inflação não diminui mesmo se eliminada suas causas primárias.
Índices de preços: fórmulas matemáticas que medem a evolução dos preços de um
conjunto de bens e serviços num determinado período de tempo.
Índices Gerais de Preços: números-índice que medem a evolução dos preços de todos
os bens e serviços representativos de uma economia.
Índices de Preços ao Consumidor: números-índice que pesquisam os aumentos de
preços dos bens e serviços consumidos pelas famílias.

4.2 Tipos de Inflação

 Inflação de demanda: causada pelo aumento da demanda, indica que há um excesso


de procura dos bens e serviços.

 Inflação de custos: tem origem na oferta de bens e serviços. É causada pela elevação
dos custos de produção, repassados para o consumidor pelo aumento do preço do
produto. Um fator agravante é o controle do mercado (monopólio ou oligopólio), que
permite aos empresários obterem lucros extraordinários pelo aumento dos preços dos
seus produtos, pois não há perigo de concorrência.

 Inflação Inercial: é a resistência que os preços de uma economia oferecem às


políticas de estabilização que atacam as causas primárias da inflação.

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4.3 Indicadores de Inflação no Brasil
Existem vários indicadores da inflação no Brasil. Enquanto alguns deles medem a
evolução dos preços no nível do consumidor, outros medem o comportamento dos preços
no atacado. O período de coleta também varia, bem como a região de cobertura do
indicador e a abrangência, em termos de orçamento familiar.

Uma síntese das informações sobre os principais indicadores de preços utilizados na


economia brasileira é apresentada a seguir:

 Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA)


a) Instituição responsável: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
b) Universo da pesquisa: renda familiar de 1 a 40 salários mínimos;
c) Período de coleta: primeiro ao último dia do mês de referência;
d) Área de cobertura: regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo
Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Distrito Federal e
Goiânia;
e) Utilização: correção de balanços e demonstrações financeiras trimestrais e semestrais
das companhias abertas.

 Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)


a) Instituição responsável: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
b) Universo da pesquisa: renda familiar de 1 a 8 salários mínimos;
c) Período de coleta: primeiro ao último dia do mês de referência;
d) Área de cobertura: regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo
Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Distrito Federal e
Goiânia;
e) Utilização: balizador de reajustes salariais.

 Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe)


a) Instituição responsável: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Faculdade
de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (Fipe/USP);
b) Universo da pesquisa: renda familiar de 2 a 6 salários mínimos;
c) Período de coleta: primeiro ao último dia do mês de referência;
d) Área de cobertura: Município de São Paulo;
e) Utilização: reajustes de contratos, deflacionamento de salários e utilização
generalizada;
f) Observação: a Fipe divulga semanalmente os dados sobre o índice (dados
quadrissemanais), comparando as últimas quatro semanas em relação às quatro
semanas imediatamente anteriores, auferindo um índice mensalizado para cada
semana do mês.

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 Índice de Custo de Vida (ICV-Dieese)
a) Instituição responsável: Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese);
b) Universo da pesquisa: renda familiar de 1 a 30 salários mínimos;
c) Período de coleta: primeiro ao último dia do mês de referência;
d) Área de cobertura: Município de São Paulo;
e) Utilização: acordos salariais e deflacionamento de séries salariais.

 Índice Geral de Preços (IGP)


a) Instituição responsável: Fundação Getúlio Vargas (FGV);
b) Universo da pesquisa: de 1 a 33 salários mínimos (incluir preços no atacado e
construção civil);
c) Período de coleta: primeiro ao último dia do mês de referência;
d) Área de cobertura: Rio de Janeiro, São Paulo e 10 regiões;
e) Utilização: contratos;
f) Observações: o IGP é uma composição de três outros índices: Índice de Preços por
Atacado (60%), Índice de Preços ao Consumidor (30%) e Índice Nacional da
Construção Civil (10%); o IGP é calculado em dois conceitos: no conceito oferta
global (OG) são consideradas a produção interna e as importações; no conceito
disponibilidade interna (DI), são excluídas as importações do conceito oferta global.

 Índice Geral de Preços no Mercado (IGP-M)


a. É a mesma metodologia do IGP, mudando apenas o período de coleta de dados, que é
do dia 11 do mês anterior ao de referência até o dia 10 do mês de referência;
b. São divulgadas prévias de 10 em 10 dias, que na realidade, representam uma
antecipação do IGP.

 Índice de Preços por Atacado (IPA)


a) Instituição responsável: Fundação Getúlio Vargas (FGV);
b) Universo da pesquisa: preços no atacado;
c) Período de coleta: primeiro ao último dia do mês de referência;
d) Área de cobertura: Brasil;
e) Utilização: contratos;
f) Observações: o IPA é composto de 18 subíndices regionais em que o peso de cada
mercadoria é determinado pela sua participação no valor adicionado.
Em relação a esses índices, vale observar que sua utilização dependerá do objetivo que
se está pretendendo atingir com a aplicação do índice. Assim, verifica-se que séries
relativas à capacidade de compra dos salários devem ser deflacionadas por índices de
preços ao consumidor. Se os dados referem-se a todo o país, devem ser utilizados
índices com maior abrangência possível. Já se as informações referem-se ao Município
de São Paulo, pode-se utilizar o IPC-Fipe ou o ICV-Dieese.
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Além disso, a utilização do indicador de preços depende do período em que o mesmo
estará disponível. Para acompanhar mais de perto a evolução da inflação, pode-se
utilizar o IGP-M (dados a cada 10 dias) ou o IPC-Fipe (dados quadrissemanais).
Por outro lado, os preços por atacado são mais sensíveis a fatores externos, como
mudanças de preços no mercado internacional e desvalorizações da taxa de câmbio. Em
1999 (ano da desvalorização cambial), por exemplo, enquanto o IPCA aumentou 8,9%,
o IGP subiu 20,0% e o IPA elevou-se 28,9%.

4.4 Processo Inflacionário Brasileiro


Até a implantação do Plano Real, o Brasil viveu diferentes experiências em termos de
processo inflacionário. Essas experiências são relatadas a seguir, a partir de diferentes
períodos da história econômica recente.
 Período 1981 – 1984
Nesse período, o Brasil assinou um acordo com o FMI, cujo objetivo central não era o
combate à inflação, mas sim o equilíbrio das contas externas.
As principais medidas adotadas foram:
a) Desvalorização cambial (máxi) e variação cambial igual à inflação, a partir de então;
b) Arrocho salarial (reajustes de acordo com uma porcentagem da inflação);
c) Corte de gastos públicos e aumento de tributos;
d) Controle monetário e aumento das taxas de juros.
Apesar dessas medidas, a inflação (medida pelo IGP-DI) continuou acelerando-se:
 1981 95,2%;

 1982 99,7%;

 1983 211,0%;

 1984 223,8%;

A inflação não cedeu por três motivos básicos:


a) Não houve “quebra” dos mecanismos de indexação (ao contrário, em 1979, os
reajustes salariais haviam passado de anuais para semestrais);
b) O déficit público foi reduzido, mas permaneceu alto;
c) Pressões de custos derivadas da desvalorização (num quadro de indexação, pressões
de custos aceleram a inflação).

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 Plano Cruzado
Foi um programa de combate à inflação baseado única e exclusivamente na tentativa de
eliminação da inércia inflacionária (por meio de congelamento de preços e salários).
As principais medidas foram:
a) Congelamento do câmbio;
b) Congelamento de preços;
c) Congelamento do salário pela média dos últimos seis meses mais um aumento real
de 8%;
d) “Gatilho salarial” de 20%.

A evolução da inflação (IGP-DI) foi favorável num primeiro momento, mas subiu muito
depois do descongelamento:
 fevereiro/1986 (último mês antes do Cruzado): 22,6%;
 março/1986 : - 1,0%;
 junho/1987 (último mês do Cruzado) : 25,9%.

As causas do desequilíbrio inflacionário pós-descongelamento foram:


 Política fiscal expansionista com aumento de gastos e queda de receita (redução do
IR na fonte);
 Política monetária expansionista com aumento da oferta de moeda além do
necessário e taxas de juros reduzidas;
 Aumento expressivo do salário real;
 A conjugação desses fatores leva a um quadro de explosão de demanda e
conseqüente desequilíbrio externo.

 Plano Bresser
Tentou conciliar a busca de equilíbrio externo e o combate à inflação, adotando as
seguintes medidas:
a) Duas minidesvalorizações cambiais e variação cambial igual à inflação a partir de
então;
b) Congelamento de preços e salários (criação da URP, indexador para corrigir
salários);
c) Aumento de impostos;
d) Elevação das taxas de juros.

A evolução da inflação (IGP-DI) mostrou queda inicial e depois reaceleração:


 junho/1987 (último mês antes do Plano Bresser): 25,9%;
 julho/1987: 9,3%;
 dezembro/1987 (último mês da gestão Bresser): 15,9%.

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Entre as causas da reaceleração inflacionária, podem-se encontrar:


 Ampliação do déficit público (o governo aumentou a arrecadação, mas ampliou os
gastos, notadamente na área de pessoal e encargos);
 Reindexação por meio da URP;
 Desvalorização cambial.

 Política do “Feijão com Arroz” (1988)


Em 1988, a inflação iniciou o ano com 19% e encerrou com quase 28,9% ao mês. Entre
as causas da aceleração, cabe destacar:
a) Desequilíbrio do setor público (causado pelo próprio déficit público e pelas
operações oficiais de crédito);
b) Dificuldades de controle monetário devidas ao superávit externo; em 1988, o país
registrou US$ 19,2 bilhões de saldo comercial e US$ 7 bilhões no balanço de
pagamentos;
c) A recuperação das tarifas públicas;
d) Crescimento da indexação, com redução da periodicidade dos reajustes.

 Plano Verão (1989)


O objetivo do plano era o de reduzir a inflação, sem desarrumar as contas externas, com
o crescimento da produção ficando em segundo plano. Para isso, procurava desindexar a
economia e reduzir a demanda agregada, por meio das seguintes medidas:
a) Redução de despesas públicas;
b) Restrições ao crédito e aumento significativo das taxas de juros;
c) Desvalorização cambial de 17% e congelamento posterior do câmbio;
d) Extinção da URP e das OTN’s (Obrigações do Tesouro Nacional), que eram os
indexadores da época;
e) Salários definidos pela média real de 1988, mas sem aumentos reais.
Vale observar que a tentativa de desindexar a economia estava presente no
congelamento do câmbio, na extinção da URP e da OTN e no congelamento de preços.
O objetivo era apagar a memória da inflação, evitando que o crescimento passado dos
preços alimentasse a inflação futura.
A inflação cedeu num primeiro momento (3,6% em fevereiro), mas passou a apresentar
tendência de aceleração muito rápida, notadamente a partir de junho, chegando aos 84%
em março de 1990.

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Entre os fatores que explicam a aceleração da inflação, cabe destacar:
 A renda disponível dos assalariados, que se elevou em função da redução do
Imposto de Renda na fonte em janeiro;
 O pagamento de 1/3 do salário relativo às férias, estabelecido pela Constituição;
 A expectativa criada quanto à possibilidade de que os preços poderiam disparar após
o congelamento, que levou os consumidores a antecipar as compras e as empresas a
aumentar os estoques;
 O aumento da riqueza, propiciado pelas elevadas taxas reais de juros, num segundo
momento (quando as taxas se reduziram) estimulou o consumo (efeito-riqueza);
 O governo não promoveu o ajuste fiscal prometido;
 A base monetária expandiu-se excessivamente devido às pressões do setor externo;
 Mesmo os salários, que, num primeiro momento, sofreram um processo de queda
real, voltaram a se recuperar a partir de março, principalmente devido à atuação
sindical.

 Plano Collor I
Por ocasião da posse do presidente Fernando Collor de Melo, o país vivia a beira da
hiperinflação (84% em março). As causas eram conhecidas:
 Déficit público (6,9% do PIB);
 Expansão monetária excessiva;
 Indexação generalizada (preços , câmbio, salários, ativos financeiros etc.);
 Ineficiência do Estado;
 Excesso de proteção à produção doméstica.
Apesar disso, o setor produtivo não se desestruturou (ao contrário da Argentina), com o
PIB crescendo 3,3% em 1989 e o setor externo registrando saldo comercial de US$ 16
bilhões (em 1989).
O Plano Collor I propunha mudanças radicais na economia brasileira, visando a uma
maior inserção do país no comércio internacional. O programa procurava, a curto prazo,
derrubar a inflação a qualquer preço, a partir das seguintes medidas:
a) Ajuste fiscal profundo, saindo de um resultado operacional de – 6,9% do PIB
(1989) para +1,3% (1990), com aumento substancial de impostos, redução de
salários do funcionalismo, confisco da dívida interna e atraso de pagamentos ao
setor privado;
b) Contração monetária, com bloqueio de ativos financeiros (US$ 110 bilhões
bloqueados de um total de US$ 150 bilhões);
c) Desindexação, com a adoção do câmbio flutuante, livre negociação de salários,
congelamento de preços e posterior liberalização.
A médio e longo prazos, o objetivo era internacionalizar a economia brasileira, com
redução da proteção à produção doméstica, privatização e aumento da eficiência do
Estado, integração internacional e política de atração de capital externo de risco.

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Como resultado, verificou-se que a inflação caiu de 84% para cerca de 10% em maio de
1990 e depois voltou a subir até atingir 20% em janeiro de 1991. Pode-se dizer que os
resultados esperados não foram alcançados, em função de:
 Pressão para liberação de cruzados;
 Falta de ajuste fiscal nos Estados e Municípios;
 Conflito distributivo por causa da recessão.

 Plano Collor II
O fracasso do Plano Collor I levou o governo a adotar novo congelamento de preços e
salários em fevereiro de 1991. Dessa vez, porém, o congelamento veio acompanhado de
forte elevação de tarifas públicas e uma nova tentativa de desindexação, com a criação
da TR (Taxa Referencial). Imaginava-se que a TR funcionaria como uma libor,
flutuando de acordo com a inflação futura.
Com isso, a inflação, que havia atingido 21,1% em fevereiro de 1991, caiu para 7,2% no
mês seguinte, mas, a exemplo dos outros planos, voltou a acelerar, atingindo 22,1% em
dezembro de 1991.

 Gestão Marcílio Marques Moreira


Com a devolução dos cruzados bloqueados a partir do segundo semestre de 1991, a
política econômica passa a ser concentrada exclusivamente na prática de juros elevados.
Tal estratégia, na realidade, revelava a total incapacidade do governo de controlar a
política fiscal, dadas as pressões expansionistas estabelecidas na própria Constituição.
Com a política de juros elevados, a inflação manteve-se estável, mas não cedeu: de um
lado, porque a indexação da economia manteve-se e, de outro, porque as reformas
estruturais necessárias para recuperar a política fiscal não foram executadas. A inflação
ao longo de 1992 manteve-se relativamente constante no patamar de 22 a 24% ao mês.

 Período de Transição (início da gestão Itamar Franco)


O início do governo Itamar Franco foi caracterizado pela freqüente troca de ministros na
área econômica, até a entrada do então senador Fernando Henrique Cardoso. Nesse
período tumultuado e no início da gestão FHC, que vai até o final de 1993, a inflação
passou do patamar de 22% para a casa dos 40%. Essa aceleração pode ser atribuída a:
 Expansão dos gastos do governo, notadamente com pessoal e encargos;
 Nova política salarial com aumento da indexação de salários;
 Redução das taxas reais de juros.
A aceleração da inflação leva o governo a adotar, no final de 1993, o chamado Plano
FHC, que seria a base para a criação do Plano Real.

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 Plano Fernando Henrique Cardoso (FHC)
O Plano baseado em duas questões essenciais, ajuste fiscal e desindexação, foi
estruturado em três etapas:
1ª Etapa
Foi baseada na busca de um ajuste fiscal provisório com aumento da carga tributária
(antecipação do prazo de recolhimento de impostos, do IPMF, Cofins, aumento de IOF
etc.) e criação do Fundo Social de Emergência (FSE), para dar maior flexibilidade à
política fiscal.

2ª Etapa
A segunda etapa foi a fase preparatória para a “quebra” dos mecanismos de indexação.
Para isso, o governo procurou conduzir a economia para uma fase inicial de
superindexação, em que os preços foram definidos em URV (que acompanhava a
cotação do dólar), o mesmo acontecendo com os salários, as aplicações financeiras etc.
Com isso, procurava-se “alinhar” os preços e, no momento em que todos estivessem
definidos em URV e a inflação estável (embora em patamar elevado), seria a ocasião
de desindexar a economia, com a substituição da moeda e extinção do indexador.
Embora nem todos os preços estivessem convertidos em URV, e nem mesmo a inflação
estabilizada, em 01/07/1994, o governo instala a terceira fase de seu plano, que é a
criação do Real.

 Criação do Real
A criação do Real vem acompanhada de um amplo programa de desindexação e reforma
monetária. Na área monetária, o Cruzeiro Real é substituído pelo Real, na seguinte
condição:
R$ 1 = US$ 1 = 1 URV

Por outro lado, com a extinção da URV, não há mais indexador e os preços, até então
definidos em URV, passam a ser cotados, no mesmo montante, em Reais. Com isso,
quebra-se o mecanismo de indexação, sem traumas do congelamento. Além disso, para
dar suporte legal à desindexação, ficava proibido qualquer reajuste de contrato com
intervalo inferior a um ano.
Os preços passam a ser livres e apenas a política salarial seria mantida por um prazo de
um ano, para reposição da inflação residual do período anterior ao Real.
Em termos de resultados, na segunda fase do Plano, a inflação em Cruzeiros Reais
acelerou (de 36,2% a.m. em dezembro de 1993 para 46,6 em junho de 1994), em virtude
ao aumento do grau de indexação. Já na terceira etapa, “despencou” para 3,3% em
agosto de 1994 e 1,5% em setembro de 1994. Tal queda, obviamente, é explicada pela
“quebra” do sistema de indexação.

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4.5 Consequências da Inflação

a. Sobre a distribuição de renda: os trabalhadores saem perdendo, pois seus salários


são reajustados periodicamente, ao passo que os preços de bens e serviços sobem
quase diariamente. Os empresários defendem seus ganhos repassando o aumento de
seus custos para o consumidor elevando o preço de seus produtos. Por outro lado, os
donos de imóveis têm suas propriedades valorizadas e os profissionais liberais
podem aumentar seus honorários.

b. Sobre a balança comercial: com a inflação, os preços dos bens e serviços


produzidos internamente tendem a ficar mais elevados do que os dos importados,
levando as pessoas a aumentarem o consumo das mercadorias importadas, o que
contribui para o déficit na balança comercial. A alta taxação desses produtos é uma
forma de governo evitar esse desequilíbrio.

c. Sobre as expectativas: num processo inflacionário, as incertezas dos empresários


em relação aos lucros levam-os a uma diminuição nos investimentos, reduzindo a
capacidade produtiva do sistema econômico.

a) Plano Cruzado:
 Data: fevereiro de 1986.
 Principais medidas: congelamento de preços e salários e reforma monetária
que transformou Cr$ 1.000,00 em Cz$ 1,00.

 Plano Bresser
 Data: junho de 1987.
 Principais medidas: congelamento de preços e salários por um período de
aproximadamente três meses.

b) Plano Verão:
 Data: janeiro de 1989.
 Principais medidas: congelamento de preços e salários e reforma monetária
que transformou Cz$ 1.000,00 em NCz$ 1,00.

c) Plano Collor I:
 Data: março de 1990.
 Principais medidas: retenção dos saldos superiores a NCz$ 50.000,00 das
contas correntes, poupanças e outras aplicações financeiras, e reforma
monetária que transformou NCz$ 1,00 em Cr$ 1,00.

d) Plano Collor II:


 Data: fevereiro de 1991.
 Principais medidas: congelamento de preços e salários.

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e) Plano Real:
 Data: 1º de julho de 1994.
 Principais medidas: equilíbrio das contas públicas e reforma monetária, que
criou o real com a seguinte paridade: R$ 1,00 = CR$ 2.750,00.
4.6 Considerações Finais
A experiência brasileira de combate ao processo inflacionário permite extrair uma série
de conclusões importantes:
a) A consciência de que não existe artificialismo no processo de superação dos problemas
inflacionários; o congelamento de preços e salários foi corretamente “excluído” da
literatura econômica brasileira;
b) Nenhuma teoria isolada esgota a explicação do processo inflacionário do país; na
realidade, há um razoável grau de complementação entre elas;
c) A indexação, se utilizada adequadamente, pode contribuir para gerar mais segurança e
ampliar o prazo das operações financeiras; mas, na presença de desequilíbrios fiscais e
monetários profundos, “esconde” as distorções e acaba adiando a tomada de decisões
mais profundas para enfrentar o problema;
d) A maior abertura da economia ao exterior pode ser um fator importante para reduzir a
inflação, principalmente num país que protegia excessivamente a produção doméstica;
e) A irresponsabilidade na condução da política fiscal impõe um alto preço, pago pelo
processo de aceleração da inflação;
f) A inflação é um dos elementos mais perversos no processo de distribuição de renda.
Depois da experiência bem-sucedida de combate à inflação do governo Castelo Branco
(1964-1965), até a implantação do Plano Real, a história brasileira é marcada por uma
profunda seqüência de descontroles, como se pode observar na Tabela 1.
Tabela 1 Taxas de Inflação – Brasil. IGP-DI em % (dezembro a dezembro)

Anos Inflação Anos Inflação Anos Inflação


1970 19,2 1980 110,2 1990 1.476,6
1971 19,8 1981 95,2 1991 480,2
1972 15,7 1982 99,7 1992 1.158,0
1973 15,5 1983 211,0 1993 2.708,6
1974 34,5 1984 223,8 1994 1.093,8
1975 29,4 1985 235,1 1995 14,8
1976 46,3 1986 65,0 1996 9,3
1977 38,8 1987 415,8 1997 7,5
1978 40,8 1988 1.037,6 1998 1,7
1979 77,2 1989 1.782,9 1999 20,0

Acumulado 1.582,7 50.406.148,0 63.514.573,1


na década

fonte: Fundação Getúlio Vargas (FGV)

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O descontrole do processo inflacionário brasileiro pode ser notado na inflação
acumulada em cada década: 1.582,7% nos anos 70; 50.406.148,0% na década de 80 e
63.514.573,1% nos anos 90, apesar dos bons resultados do Real. Na realidade, na
história recente do Brasil, somente depois do Plano Real o país conseguiu conviver com
um período grande de inflação controlada, mesmo após a desvalorização cambial, em
janeiro de 1999.

4.7 Conceitos para Fixação

 Inflação: é definida como um aumento generalizado e contínuo dos preços dos bens
e serviços produzidos em uma economia.

 Deflação: quando ocorre uma baixa generalizada e contínua dos preços dos bens e
serviços produzidos em uma economia.

 Aceleração Inflacionária: é quando os preços estão em média subindo e subindo


cada vez mais – a inflação é cada vez mais alta (se a inflação passa para 15% no mês
seguinte, 20% no subseqüente).
 Tamanho da Inflação: pode-se dizer que é moderada (ou rastejante), quando os
aumentos dos preços são pequenos; ou que ocorre uma hiperinflação, quando os
aumentos dos preços são grandes.
 Indexação: é o reajuste do valor das parcelas dos diversos tipos de contrato (trabalho,
aluguel, financiamento) pela inflação do período passado.
 Conflito distributivo: é a disputa entre trabalhadores e empresários por uma
participação maior na renda. Os trabalhadores lutam por aumentos de salários. Quando
o obtém, os empresários repassam esse aumento para os preços de seus bens /
serviços. Como resultado, a inflação não diminui mesmo se eliminada suas causas
primárias.

 Índices de preços: fórmulas matemáticas que medem a evolução dos preços de um


conjunto de bens e serviços num determinado período de tempo.

 Índices Gerais de Preços: números-índice que medem a evolução dos preços de


todos os bens e serviços representativos de uma economia.

 Índices de Preços ao Consumidor: números-índice que pesquisam os aumentos de


preços dos bens e serviços consumidos pelas famílias.

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5 DESEMPREGO
O desemprego é, sem dúvida, o problema econômico mais grave deste início de
milênio. A origem direta desse problema é a concentração de renda, responsável pela retração
da demanda, e a elevação da capacidade de produção atingida em todos os setores da
indústria, de serviços e da agricultura. A globalização, que difunde tecnologias cada vez mais
eficientes, é um fator de disseminação de desemprego nos sistemas capitalistas, porque obriga
as empresas no mundo todo a adotarem técnicas de produção cada vez mais poupadoras de
mão-de-obra. Os sistemas automatizados de produção atuam no desemprego pelo lado da
oferta, que se expande mesmo com redução no uso do fator trabalho e a concentração de
renda age pelo lado do mercado consumidor, à medida que concentra a renda nas mãos da
minoria e deixa as grandes massas quase sem poder de compra.
No Brasil, o desemprego total passa de 18%, segundos dados do Dieese, embora o
IBGE apresente taxa de desemprego aberto bem mais modesto. Hoje, os economistas têm
consciência de que a industrialização não vai resolver o grave problema mundial de
desemprego, deixando para os governos a responsabilidade de encontrar formas para
distribuir renda da economia, porque o sistema capitalista que se baseia na acumulação de
lucros não o fará por si mesmo, apesar de ter consciência de que sua sobrevivência depende
da formação do mercado, através da distribuição da renda e da geração de emprego.
Embora o nível de ocupação tenha crescido em algumas regiões do país, este aumento
não tem se dado de forma generalizada, tendo como resultado a eliminação de 733.177 postos
formais de trabalho no período entre agosto de 1994 e março de 1997. Segundo dados do
Dieese, só a Grande São Paulo fecharam o ano de 1997 com mais de 1,4 milhões de
desempregados. Mesmo que os índices oficiais do desemprego, publicado pelo IBGE, não
reconheçam a gravidade do problema que o país atravessa por falta de melhores
oportunidades, sua expressão está na presença constante de vendedores ambulantes, que lotam
as calçadas das ruas dos grandes centros e dividem espaço nos engarrafamentos e sinais de
trânsito, e nos inúmeros bolsões de trabalhadores sem terra e sem trabalho, que se espalham
pelo interior do Brasil.
“Há três objetivos principais que devem ser perseguidos simultaneamente: conseguir
uma inserção dinâmica internacional; combater a tragédia moderna da pós-industrialização,
que é a falta de emprego; e acatar outro problema universal, que é a má distribuição de renda”
(Celso Furtado).
5.1 A Taxa de Desemprego
A porcentagem de pessoas desocupadas em relação ao total da população ativa (os
ocupados mais os desempregados) é conhecida como taxa de desemprego.
A taxa de desemprego é o quociente entre o número de pessoas desempregadas e o de
ativos, expresso em porcentagem.

Taxa de = Desempregados X 100


Desemprego População Ativa Total

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5.2 Tipos de Desemprego
5.2.1 Desemprego Sazonal
É causado por variações na demanda de trabalho em diferentes momentos no ano.
Assim, na agricultura, o desemprego pode apresentar fortes variações sazonais em
função das épocas do plantio e da colheita. O mesmo acontece com o Turismo e
comércio no final de ano.
5.2.2 Desemprego Cíclico
Acontece quando os trabalhadores e, em geral, os fatores produtivos, ficam ociosos
devido ao fato de o gasto da economia, durante certos períodos de tempo, ser
insuficiente para dar emprego a todos os recursos.
Assim, quando se diz que a economia passou por uma “recessão” ou que está
“estancada”, o desemprego resultante é um desemprego cíclico.
Durante as fases em que a atividade econômica é muito fraca, a taxa de desemprego
aumenta, e, nas fases de recuperação e expansão, ela diminui.
5.2.3 Desemprego Friccional
É originado pela saída de seus empregos de alguns trabalhadores que procuram outros
melhores, porque algumas empresas estão atravessando uma crise ou porque os novos
membros da força de trabalho levam certo tempo procurando emprego.
A existência de um certo nível de desemprego friccional é normal, porque a
mobilidade de trabalhadores de um emprego para outro ou de uma cidade para a outra
requer um certo tempo e o mesmo ocorre com as pessoas que se incorporam pela
primeira vez ao mercado de trabalho. O normal é que a maior parte dos
desempregados friccionais não tarde muito em encontrar um emprego.
5.2.4 Desemprego Estrutural
Deve-se a desajustes entre a qualificação ou localização da força de trabalho e à
qualificação ou localização requerida pelo empregador.
A renovação tecnológica e a automação fazem com que, dadas as novas condições de
produção, a capacitação e a experiência de certos trabalhadores não sejam as
desejadas. O desemprego estrutural também pode originar-se pelo deslocamento de
uma indústria de uma zona geográfica para outra.
O trabalhador que está desempregado por motivos estruturais – diferentemente do que
ocorre com o desemprego friccional –, não pode ser considerado como se estivesse
numa situação transitória entre dois empregos, de fato, só há duas opções: enfrentar
um prolongado período de desemprego ou trocar drasticamente de ocupação.
O desemprego friccional e o desemprego estrutural formam o chamado desemprego
involuntário. Representam o montante de trabalhadores que desejam empregar-se ao
salário real vigente e que não encontram emprego.
5.3 As Causas do Desemprego
Para justificar a aparição do desemprego, pode-se recorrer basicamente a dois tipos de
explicações:
 O funcionamento do mercado de trabalho; e
 O nível da demanda agregada.

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5.3.1 O Funcionamento do Mercado de Trabalho
Conforme os economistas monetaristas (clássicos) a explicação do desemprego baseia-
se no funcionamento do mercado de trabalho e, em particular, no desejo dos
trabalhadores de receberem salários excessivamente elevados. Essa atitude dos
trabalhadores, segundo os economistas, é motivada pela própria legislação – que
introduz normas, tais como salários mínimos – e pela pressão dos sindicatos por
salários mais altos.
Em uma perspectiva clássica ou monetarista, o desemprego acima do friccional deve-
se a uma política de salários inadequada. Esse desemprego é qualificado como
voluntário.

Esquema 1 – Diferentes opções diante dos grandes problemas da política econômica.


VARIÁVEIS KEYNESIANOS MONETARISTAS
CONTROLE DA  O controle sobre a quantidade de  Controle estrito dos agregados
INFLAÇÃO dinheiro não é o único meio. A monetários (oferta monetária).
competitividade e a produtividade Tem de ser evitado todo o excesso
têm de ser consideradas, o que de liquidez sobre as necessidades
implica certo intervencionismo. que apresenta a economia.
DÉFICIT PÚBLICO  Um déficit produtivo pode ser  O equilíbrio orçamentário deve ser
admissível. a norma.
 Uma política fiscal expansiva pode  Deve-se reduzir a intervenção do
incrementar a produção. setor público ao mínimo possível.
 Os efeitos redistributivos do gasto  Uma política fiscal expansiva não
público são desejáveis. consegue aumentar a produção.
LUTA CONTRA O  Estimular a demanda agregada.  O desemprego deve-se
DESEMPREGO basicamente ao fato de os salários
 Os ajustes devem recair não só sobre serem muitos elevados: crescem a
os salários, mas também sobre os um ritmo maior que a
excedentes. produtividade do trabalho.
Fonte: TROSTER, R. L. & MOCHÓN, F. Introdução à economia. SP: Pearson, 2002, p.356

5.3.2 O Nível de Demanda Agregada


Para os economistas keynesianos, o desemprego deve-se, fundamentalmente, ao nível
insuficiente da demanda agregada por bens e serviços.
O emprego só aumentará se aumentar o gasto total da economia e para isso o consumo
das economias domésticas, os gastos com investimentos das empresas e o gasto
público ou as importações deverão ser estimulados.
Em uma perspectiva keynesiana, defende-se que o desemprego acima do friccional é
involuntário e ele ocorre porque o nível da demanda agregada é insuficiente.
Dessa forma, o aumento do gasto não criará, necessariamente, muito emprego, já que
ele pode ser canalizado para a importação de bens do exterior. Mesmo assim, há a
possibilidade de que o aumento do gasto transfira-se para os preços, ao procurarem as
empresas, aumentar os seus lucros. Assim, se na economia brasileira aumenta-se o
gasto agregado de forma brusca, numa quantidade importante, possivelmente não se
poderia atender, de modo imediato, a toda demanda por produtos nacionais, porque as
fábricas estão obsoletas ou porque não se dispõe dos meios necessários para produzir
os bens desejados.

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5.4 Os Efeitos Econômicos do Desemprego
O desemprego de uma parte importante da população ativa é provavelmente o maior
problema que um grande número de países enfrenta. Os efeitos do desemprego podem ser
analisados estudando as três categorias:
 Efeitos sobre os desempregados;
 Efeitos sobre os que trabalham; e
 Efeitos sobre a economia.
5.4.1 Efeitos sobre os Desempregados
É importante salientar que, quando existem recursos ociosos, sua produção potencial
perde-se para sempre. Portanto, um primeiro custo para a sociedade são os recursos
não produzidos quando existe certo volume de mão-de-obra desocupada.
Quem mais sofre com esse efeito é, evidentemente, o desempregado. Felizmente o
seguro-desemprego está em grande parte generalizado e a grande maioria daqueles que
não encontram emprego podem recorrer a ele; o subsídio do desemprego, contudo, não
evita todos os males. O montante deste seguro pode ser inferior ao salário nominal, e
deve-se lembrar que nem toda a população tem acesso ao seguro-desemprego. Por
isso, pode-se afirmar que o desemprego é o primeiro elemento determinante da
pobreza.
O subsídio do desemprego cobre partes mínimas e as suas receitas são menores do que
aqueles que estão ocupados.
Com isso, o desempregado sofre psiquicamente e se sente envergonhado e a margem
da sociedade, podendo levá-lo a problemas sociais, tais como o alcoolismo, a drogas
ou o suicídio. Este problema apresenta-se, normalmente, no desemprego de longa
duração, ou seja, num período de igual ou superior a seis meses.
5.4.2 Efeitos sobre os que Trabalham
Aqueles que estão ocupados também pagam pelos desempregados, pois são obrigados
a pagar parte do custo do desemprego, por meio de quotas ou impostos mais elevados.
O seguro-desemprego é financiado pelas quotas do seguro social dos trabalhadores e
das empresas e, em parte, pelas contribuições do setor público. Assim, quando o nível
de desemprego aumenta, os trabalhadores empregados contribuem para financiar os
maiores custos derivados do pagamento do seguro-desemprego, por meio de quotas ou
impostos mais elevados.
5.4.3 Efeitos sobre a Economia
No nível de macroeconômico, o desemprego também implica um alto custo, por causa
da produção que poderia ter sido efetivada.
Quando o desemprego perdura, pode haver consequências degradantes para quem se
vê obrigado a ficar parado. Porém, inclusive para a sociedade, é prejudicial que uma
parte da população ativa encontre-se durante certo período desempregada. Os bons
hábitos de trabalho e a própria produtividade potencial dos trabalhadores serão
negativamente afetados.
Dessa forma, o desemprego de longa duração (período de igual ou superior a seis
meses) é mais grave em suas consequências sobre um indivíduo e sua família que o
desemprego de curta duração.

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Em relação ao custo social do desemprego, destaca-se a desigual distribuição entre a
população ativa. Conforme estudos, os mais afetados pelo desemprego são os jovens sem
experiência, as mulheres, os maiores de 50 anos e as pessoas com reduzida qualificação.

5.5 Tentativas de Reduzir o Desemprego


A pressão para a redução dos custos de produção é muito grande no mundo inteiro. O
Japão, para vencer a crise que atravessa a sua economia, promete investir cerca de US$ 127,0
bilhões para fortalecer suas empresas. Isso significa respeitável aporte de capital para
modernizar ainda mais o seu sistema produtivo e tornar suas empresas mais competitivas.
Outros países serão levados a melhorarem tecnologicamente suas empresas para competirem
com o Japão, EUA, Coréia, China e assim sucessivamente, de modo que a redução de custos
não tem limites e, conseqüentemente, as empresas são levadas cada vez mais para a
automação, modernidade e eficiência, enquanto que os trabalhadores serão cada vez mais
empurrados para o desemprego e subemprego.
Na Europa, discute-se com profundidade a redução da jornada de trabalho, como
solução para o desemprego.
No Brasil, algumas soluções para reduzir o desemprego têm sido adotadas sem muito
sucesso. Uma delas é incentivar as micro e pequenas empresas, através de financiamentos
favorecidos e redução de carga tributária. O financiamento a empresas com taxas de juros
reduzidas pode não gerar os resultados almejados, pois o empregador muitas vezes se
beneficia dos financiamentos para modernizar sua unidade produtora, através de máquinas
mais poupadoras de mão-de-obra.
O lançamento do Simples – Sistema Tributário Simplificado colaborou com a redução do
desemprego, pois atinge diretamente as micro e pequenas empresas, as quais são mais intensivos em
mão-de-obra.
Outra medida importante, mas com resultados discutíveis, devido a perda da qualidade do
emprego, é a nova legislação do contrato temporário de trabalho, aprovado pelo Congresso no mês de
janeiro de 1998.
Conforme QUADROS, Waldir (texto: Perfil Social do Desemprego Recente – Unicamp
fevereiro/2009 – http://www.eco.unicamp.br/docdownload/publicacoes/textosdiscussao/texto156.pdf):
“O crescimento econômico recente (até 2007) não foi capaz de reduzir significativamente a massa
e a proporção de desocupados, o que constitui importante vulnerabilidade social em um cenário
futuro de queda expressiva no crescimento econômico, com agravamento do desemprego e
retração dos rendimentos.
Os desocupados acompanharam o movimento de mobilidade social ascendente dos estratos
sociais inferiores, situando-se majoritariamente na baixa classe média (remediada) e na massa
trabalhadora (pobre). Com isso, estes dois estratos sociais que cresceram significativamente no
período de expansão econômica (2004-2008), encontram-se bastante vulneráveis no novo cenário
mais desfavorável e podem sofrer sério processo de mobilidade descendente.
Examinando-se o perfil dos desocupados em 2007 verifica-se que eles continuam fortemente
concentrados nas faixas etárias mais jovens, com uma proporção de jovens negras superior
àquela das mulheres negras no conjunto dos desocupados, onde igualmente são majoritárias.
Por fim, nestes segmentos mais jovens de desocupados predominam aqueles com 2º grau de
escolaridade, com taxas expressivas de 3º grau nas faixas etárias pertinentes.”

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6 DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
Introdução
Uma das características mais marcantes da economia brasileira é seu elevado grau de
concentração de renda. Tal constatação, inclusive, reforça as restrições ao uso do PIB
isoladamente como indicador do nível de bem-estar da sociedade brasileira.
A discussão sobre a questão distributiva ocupou muito espaço, no Brasil, a partir de
trabalho realizado por Langoni em meados dos anos 70, quando foi constatado um aumento
no grau de concentração de renda entre 1960 e 1970. A partir daí, o debate foi ampliado, sob o
enfoque de diferentes correntes, e manteve-se até os dias atuais.
Para analisar os vários ângulos da questão distributiva (enfoques estruturais, evolução
da concentração, as várias correntes, as propostas etc.) é preciso inicialmente caracterizar de
maneira adequada o significativo do termo “distribuição de renda”, e os conceitos
normalmente utilizados para mensurar o grau de concentração.
6.1 Diferentes Enfoques da Distribuição de Renda
A questão da distribuição de renda pode ser analisada sob vários aspectos. O primeiro
deles refere-se à distribuição internacional, a qual está relacionada às diferentes condições de
renda observadas entre os países. Essa discussão exacerbou-se na década de 80 em função do
pesado ônus imposto aos devedores externos, com a escalada dos juros nos Estados Unidos.
Mais recentemente, verificou-se, por parte dos países industrializados, perdão para as dívidas
dos países de renda extremamente baixa (como foi, por exemplo, o caso da Bolívia).
A segunda ótica refere-se à distribuição setorial da renda, entre agricultura (primário),
indústria (secundário) e serviços (terciário). A evolução setorial dos países mostra numa
primeira fase do desenvolvimento uma grande participação do setor agrícola, a qual vai se
reduzindo, ao mesmo tempo em que a indústria ganha participação (segunda fase).
Posteriormente, a terceira fase é caracterizada por uma participação crescente dos serviços,
“roubando” participação, principalmente, do setor industrial.
A terceira forma de olhar a questão é por meio da distribuição funcional da renda, isto
é, como a renda é distribuída entre os fatores que participam do processo produtivo (salários,
juros, lucros e aluguéis). As discussões, nesse caso, têm se concentrado muito na relação
“salários versus lucros”, esquecendo, muitas vezes, a participação de outros fatores (juros e
aluguéis) e, principalmente, a escala tributária do governo, que conduz, inevitavelmente, a
uma redução do “bolo” a ser distribuído.
O quarto enfoque concentra a análise na distribuição pessoal da renda, e esta é, sem
dúvida, a questão mais relevante, embora algumas teorias procurem explicá-la por meio de
outra abordagem (distribuição funcional, por exemplo).
Existe ainda a questão da distribuição de salários, que, como o próprio nome diz,
refere-se à análise dentro de um segmento do mercado de fatores, qual seja, a remuneração do
trabalho.

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7 O CRESCIMENTO ECONÔMICO; MEIO AMBIENTE; DESENVOLVIMENTO E
SUBDESENVOLVIMENTO (EMERGENTES)
O crescimento econômico é um aspecto de outro processo mais geral: o
desenvolvimento de uma sociedade. Por crescimento entende-se um processo sustentado em
longo prazo, nos quais os níveis de atividade econômica aumentam. O crescimento
econômico pode ser medido em termos de PIB real ou PIB por habitante. A chave do
crescimento econômico baseia-se no aumento da produtividade, que está condicionada por
uma série de fatores, entre os quais, a taxa de investimento, o progresso tecnológico, as
economias de escala a qualidade de mão-de-obra e a modalidade dos fatores produtivos.
O crescimento econômico pode ser a chave para alcançar um nível de vida mais
elevado e, além disso, ele oferece uma margem para se realizarem políticas redistributivas. O
aumento da produção também incide favoravelmente sobre o nível de emprego. O
crescimento econômico tem certos inconvenientes. Um deles seria o sacrifício do consumo
presente, exigido para se aumentar o investimento. Outro tipo de sacrifício são as
externalidades negativas que o aumento da produtividade gera ao meio ambiente. A
contaminação aparece como um cisto que a sociedade deve pagar pelo crescimento
econômico.
A luta contra a contaminação nos afeta a todos, de um modo ou de outro: como
consumidores, como contribuintes ou como ofertantes de trabalho. A sociedade deve
encontrar a forma mais apropriada para combater a poluição. A reciclagem apresenta-se
como uma iniciativa potencial, dado que ela reduz a necessidade de se empregarem recursos
naturais e limita a quantidade de resíduos jogados no meio ambiente.
Os países em via de desenvolvimento caracterizam-se por uma série de
insuficiências, se comparados com os países desenvolvidos. Estas podem ser resumidas em:
baixa renda per capita, altos índices de analfabetismo, débil estrutura sanitária, baixa taxa de
poupança, estrutura produtiva desequilibrada definida por um peso excessivo da agricultura,
elevadas taxas de desemprego estrutural, fortes diferenças na distribuição da renda elevadas
taxas de crescimento da população. As causas do subdesenvolvimento podem ser resumidas
nos seguintes pontos: escassez de capital físico, insuficiência de capital humano, relações de
dependência entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos.
As estratégias para sair do subdesenvolvimento são escassas, uma vez que o setor
público desses países tem uma estrutura muito limitada. A efetivação de receitas baseadas no
livre jogo de mercado cria, em certas ocasiões, dificuldades derivadas da própria debilidade
do mercado nacional. O desenvolvimento do capital endógeno, junto à potenciação das
vantagens comparativas, impõe-se como uma estratégia a ser seguida.
O Banco Mundial desempenha um papel importante no financiamento de programas
de desenvolvimento.

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8 O COMÉRCIO INTERNACIONAL
O Comércio Internacional consiste no intercâmbio de bens e serviços entre países.
As diferenças entre os diversos países quanto às condições climáticas, riqueza mineral,
tecnologia e dotação de fatores propiciam a especialização e o intercâmbio. Na vida real,
raramente ocorre uma especialização absoluta de um país na produção de uns poucos bens.
Ainda que do livre comércio houvesse vantagens para todos os países, são frequentes
os obstáculos ao mesmo. Esses se resumem em tarifas, contingenciamento e subsídios à
exportação. Outros obstáculos são de caráter administrativo. Entre estes cabe destacar
procedimentos aduaneiros complexos e normas sanitárias e de qualidade muito estritas.
Teoria das Vantagens Comparativas (David Ricardo): teoria segundo a qual os países
devem especializar-se na produção dos bens em que possuem vantagens comparativas para
trocá-los por bens produzidos nas mesmas condições em outros países. Dessa maneira,
aumenta-se o nível de bem-estar dos países envolvidos no comércio internacional.
O Balanço de Pagamentos é um documento contábil que registra sistematicamente o
conjunto de transações econômicas de um país com o resto do mundo, durante um período de
tempo determinado. As transações registradas agrupam-se em duas grandes categorias: as que
integram o balanço de transações correntes e as que fazem parte do balanço de conta do
capital. As transações contidas no balanço de transações correntes incluem, por um lado, as
importações e exportações de mercadorias (balança comercial) e os serviços (balanço de
serviços) e, por outro, as transações unilaterais correntes. O balanço de conta de capital inclui
os investimentos diretos, os investimentos em carteira, os créditos a longo prazo, os créditos a
curto, as transações de capital e as variações de reservas em ouro e divisas.

Estrutura do Balanço de Pagamentos


BALANÇO DE PAGAMENTOS

BALANÇO COMERCIAL (BC)


Exportações
Importações
Donativos

BALANÇO DE SERVIÇOS (BS)


Fretes pagos
Fretes recebidos
Juros
TRANSFERENCIAS UNILATERAIS (TU)

SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS EM CONTA CORRENTE (TC)


(TC) = (BC) + (BS) + (TU)

MOVIMENTOS DE CAPITAIS AUTÔNOMOS (KA)


Amortização
Investimentos diretos
Empréstimos e financiamentos
Capitais de curto prazo

SALDO TOTAL DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (BP)


(TC) + (KA)

MOVIMENTO DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS (KC)

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8.1 Os Mercados de Câmbio
A heterogeneidade das moedas pelos diferentes países dificulta as relações econômicas
internacionais. Um sistema desenvolvido de comércio internacional exige um mercado onde
uma moeda possa ser trocada por outra; esta tarefa é desenvolvida no mercado de câmbios. A
taxa de câmbio é a razão pela qual uma moeda é trocada por outras.
Supondo-se que a única moeda estrangeira seja o dólar, a taxa de câmbio é o número
de reais que se entrega para se obter um dólar.
Num mercado livre a taxa de câmbio será determinada pelas forças da oferta e da
demanda. Nessas circunstâncias diz-se que a taxa de câmbio é livre ou flutuante. A oferta de
dólares é feita pelos exportadores nacionais e pelos investidores norte-americanos no Brasil,
enquanto a demanda de dólares corresponderá à dos importadores nacionais e dos
investidores brasileiros nos EUA.
Teoricamente, o sistema de taxas câmbio flutuante corrigiria automaticamente
qualquer tendência no balanço de pagamentos de gerar um déficit ou superávit. Na prática,
entretanto, o mecanismo pode não funcionar devido, entre outras coisas, às mudanças nas
importações e exportações que podem ser pouco sensíveis às alterações de taxa de câmbio.
Dentro do sistema de taxa de câmbio do Fundo Monetário Internacional (FMI), o
valor de uma moeda fixou-se em termos de dólar, que, por sua vez, estava fixado ao ouro. Os
bancos centrais eram responsáveis por manter os valores das moedas dentro das faixas
determinadas. Para isso, deveriam atuar como ofertantes e demandantes da moeda nacional no
mercado de câmbio.
Quando um país apresentava um déficit persistente no balanço de pagamentos, era
permitido desvalorizar-se sua moeda. Dessa forma, suas exportações ficariam mais baratas
em termos de moeda estrangeira e a importações mais caras, contribuindo para o equilíbrio do
balanço de pagamentos. No caso em que o país apresentava um balanço de pagamentos com
superávit, o país em questão teria de valorizar sua moeda.

8.2 Conceitos para Fixação


 Apreciação e Depreciação da Moeda: apreciação da moeda é quando uma moeda
está valorizada em relação à outra e depreciação da moeda é o inverso.
 Commodity: utilizado em transações comerciais internacionais para designar um tipo
de mercadoria em estado bruto ou com um grau pequeno de industrialização. As
principais commodities são produtos agrícolas, como por exemplos: café, soja e açúcar
entre outros e também minérios, como por exemplos: aço, ouro e cobre entre outros.
 Contas de Caixa: são as contas que registram a contrapartida dos lançamentos das
contas operacionais.
 Contas Operacionais: são as contas que identificam a transação que deu origem à
entrada ou saída de divisas.
 Currency Board: método de administração monetária em que um país só pode emitir
moeda quando possui reservas em igual valor de moeda estrangeira. É um sistema que
parte da ideia da conversabilidade, ou seja, da possibilidade de trocar moeda nacional
por dólar ou outra moeda forte.
 Defesa de Câmbio: no caso brasileiro, é a intervenção do Banco Central no mercado
cambial vendendo ou comprando divisas para manter a taxa de câmbio num
determinado valor.

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 Definição Microeconômica de Taxa de Câmbio: é o número de unidades de moeda
nacional necessário para comprar uma unidade de moeda estrangeira.
 Definição Macroeconômica de Taxa de Câmbio: é o preço relativo que reflete a
competitividade do país em relação aos outros países.
 Desvalorização Cambial: é o processo pelo qual a taxa de câmbio é desvalorizada
numa proporção menor que a necessária para atingir a taxa de câmbio real.
 Derivativos: é o nome que recebem os títulos representativos de contratos de
operações de compra e venda de ativos diversos, como ações, divisas ou mercadorias,
para entrega e pagamento numa data futura, a um preço previamente estabelecido.
 Globalização – Benefícios: aumenta a eficiência do sistema econômico, reduz os
preços e eleva a quantidade, variedade e qualidade de bens à disposição dos
consumidores.
 Globalização – Problemas: desemprego e perda da autonomia dos governos na
elaboração de suas políticas econômicas.
 Hedge: em inglês significa resguardar-se, safar-se. No mercado financeiro o termo
define a operação de venda de contratos na Bolsa e Mercadorias e Futuros (BM&F)
como soja, café, ouro, dólar e até juros. Como o comportamento do mercado é
imprevisível e volátil, se no futuro o preço da saca de café, por exemplo, estiver
abaixo daquele acertado na data do fechamento do contrato, garantem um lucro
mínimo ao invés de registrarem perdas. Esta lógica é a mesma para negócios feitos
com dólar ou juros ou demais tipos de ativos negociados na BM&F. Existem casos,
também, que ao comprar uma máquina alemã, por exemplo, uma empresa brasileira
pode fazer um hedge, pois como o contrato será fechado em Euro, pode acontecer que
no dia do recebimento da máquina o Euro esteja mais caro do que a data contratada.
 Mercado de Divisas: é o mercado no qual se defrontam os compradores e os
vendedores de divisas.
 Mercado Futuro: é o mercado no qual são negociados os derivativos.
 Mercado Futuro de Câmbio: nesse mercado, o objeto de negociação é a taxa de
câmbio. É muito usado por exportadores e importadores que querem se proteger do
risco cambial.
 Protecionismo: doutrina e prática de impor tarifas altas para proteger da concorrência
estrangeira os produtos nacionais.
 Risco Cambial: é o risco que ocorre um agente que tem de pagar ou receber uma
quantia em divisas. Se a taxa de câmbio variar, as despesas podem aumentar ou
diminuir, o mesmo acontecendo com as receitas.
 Saldo de Balanço de Pagamentos é igual ao saldo de balanço de transações correntes
mais o saldo do balanço de conta de capital, sem incluir as variações de reservas.
 Serviço da Dívida soma das importâncias pagas ao título de amortização e juros.
 Subdesenvolvimento (Emergentes): Situação caracterizada pela baixa renda por
habitante, reduzido nível de poupança e insuficiente dotação tecnológica; tudo o que
limita o crescimento econômico.
 Subsídio à Exportação: ajuda ao fabricante nacional de determinados bens para
exportar a preços mais competitivos.

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 Superávit (déficit) do Balanço de Pagamentos: Resultado positivo (negativo) do
Balanço de Pagamentos.
 Superávit Orçamentário: Montante no qual as receitas orçamentárias excedem os
gastos.
 Swap: t(do inglês: troca ou permuta) contrato que permite trocar em uma data futura
pré-determinada, um investimento por outro. Dessa forma, é possível fazer a troca de
ações por opções, por exemplo. Opções – são muito usadas no mercado de
commodities e mercado futuro de ações – são contratos que reservam ao seu portador
o direito de comprar ou vender mercadorias ou títulos em uma data futura e a um
preço pré-determinado. Ambos (Swap e Opções) são classificados como Derivativos
– que são operações feitas no mercado financeiro em que o valor das transações deriva
do comportamento futuro de outros mercados, como o de ações ou de juros, por
exemplo. Há, portanto, um alto risco nessas aplicações, uma vez que o grau de
incerteza que envolve essas previsões é sempre muito alto. Contudo, como a regra diz
quanto maior o risco maior o retorno, os seus ganhos também podem ser exorbitantes.
Outro tipo de derivativo é Futuros – servem para proteger o investidor das flutuações
nos preços normais (mercadorias negociadas pelo seu preço de entrega no futuro –
dias, meses e anos).
 Tarifa: Imposto de importação incidente sobre cada unidade de uma mercadoria
importada de um país.
 Tarifa Alfandegária: Imposto sobre um bem importado.
 Taxa de Câmbio Real: é aquele que preserva a relação dos preços entre dois países
num determinado período.
 Taxa de Câmbio Fixo: Taxa de câmbio que é fixada pelas autoridades monetárias.
Normalmente é utilizado esse tipo de sistema quando se troca moeda ou há medidas
econômicas que pretendem segurar a inflação (num primeiro momento). Esse tipo de
sistema foi utilizado inúmeras vezes no Brasil, inclusive no início do Plano Real.
 Taxa de Câmbio Flexível (ou Flutuante): Taxa de câmbio que não é fixada pelas
autoridades monetárias e pode variar em resposta às variações nas condições de oferta
e demanda. É o sistema apreciado pelos investidores estrangeiros, considerando que o
país está operando em Economia de Mercado e não há interferência direta do Governo
Federal.

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9 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
A existência da intermediação financeira pressupõe como requisitos fundamentais, que
o sistema econômico tenha superado o estágio primitivo das trocas diretas em espécie. O
sistema financeiro é constituído pelo conjunto de instituições que intermedeiam os
demandantes e ofertantes de recursos financeiros; os intermediários financeiros brasileiros
mais importantes são os bancos comerciais e os bancos múltiplos. O sistema financeiro nasce
como resposta a uma demanda de recursos para fins produtivos e de consumo, e está apoiado
num esquema institucional que se concretiza numa série de intermediários específicos, como
bancos comerciais, financeiras, caixas econômicas etc.

9.1 História do Sistema Financeiro Nacional (Viagem de 1808 a 2002)


http://www.newton.freitas.nom.br/artigos.asp?cod=165

Em 1808, nasceu o primeiro Banco do Brasil, viabilizado pela vinda de d. João VI e a


família real. O rei de Portugal abriu os portos e realizou acordos comerciais com a
Europa e as colônias. Mas o primeiro BB iniciou as atividades em 1809 e fechou em
1829. D. João VI teria levado para Portugal boa parte do lastro metálico depositado e o
banco teria perdido dinheiro em exportações.

Em 1831, nasceu a primeira caixa econômica, sediada no Rio de Janeiro, mas não
obteve sucesso.

Em 1833, nasceu o segundo Banco do Brasil, mas não conseguiu integralizar o capital
para a sua instalação (Lei nº 59, de 08.10.1833).

Em 1836, nasceu o primeiro banco comercial privado: o Banco do Ceará. Com vida
curta, fechou em 1839.

Em 1838, nasceu o Banco Comercial do Rio de Janeiro, cujo sucesso motivou o


surgimento de outros bancos comerciais na Bahia, Maranhão e Pernambuco.

Em 1851, nasceu o terceiro Banco do Brasil, de controle privado, por sugestão de


Irineu Evangelista de Souza, o visconde de Mauá (Decreto nº 801, de 02.08.1851).

Em 1853, nasceu o quarto Banco do Brasil, originário da primeira fusão bancária: o


Banco do Brasil criado em 1851 uniu-se ao Banco Comercial do Rio de Janeiro (Lei nº
683, de 05.07.1853). O novo estabelecimento se consolidou e se expandiu por vários
Estados.

Em 1863, nasceram os primeiros bancos estrangeiros: o "London & Brazilian Bank" e


o "The Brazilian and Portuguese Bank", ambos sediados no Rio de Janeiro.

A libertação de 800.000 escravos em 1888 aniquilou fortunas rurais, provocou


escassez de alimentos pela perda de colheitas, gerou inflação, mas conduziu à primeira
onda de industrialização. O encilhamento, processo iniciado em 1889 e durando até
1891, determinou novo surto inflacionário. Começou em 1892 e perdurou até 1906 a
Contra-Reforma, a qual nos três primeiros anos implementou um esforço de
estabilização, relaxado nos dois anos seguintes. Na virada do século, a recessão se
generalizou.

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Em 1906, nasceu o quinto Banco do Brasil, fruto de nova fusão: o Banco do Brasil de
1853 uniu-se ao Banco da República do Brasil (Decreto nº 1.455, de 30.12.1905). O
atual Banco do Brasil é a continuidade da fase iniciada em 1906.

Em 1920, nasceu a Inspetoria Geral dos Bancos, prevista no artigo 5º do Decreto nº


4.182, de 13.11.20, e no artigo 2º da Lei nº 4.230, de 31.12.20. O Decreto nº 14.728,
de 16.03.21, aprovou o regulamento para a fiscalização dos bancos e das casas
bancárias.

Em 1921, nasceu a Câmara de Compensação de Cheques do Rio de Janeiro, sob a


responsabilidade do Banco do Brasil. Em 1932, surgiu a Câmara de Compensação de
São Paulo. Em 1969, surgiu o Sistema Integrado Regional de Compensação (SIRC), o
qual permitiu a integração de praças localizadas em uma mesma região. Na década de
70, surgiu a Compensação de Recebimentos. Em 1983, surgiu a Compensação
Nacional, a qual interligou todo o País. Em 1988, surgiu a Compensação Eletrônica.

Em 1934, nasceram as Caixas Econômicas Federais através do Decreto nº 24.427, de


19.06.34.

Em 1942, nasceu o Banco de Crédito da Borracha. Passou a fomentar o


desenvolvimento de novas atividades e adotou a denominação de Banco de Crédito da
Amazônia. A Lei nº 5.122, de 28.09.66, mudou a denominação para Banco da
Amazônia S . A . (BASA) e deu-lhe a função de agente financeiro da política do
governo federal para o desenvolvimento da Amazônia legal, área correspondente a
59% do território nacional.

Em 1944, nasceram o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial,


resultado da Conferência de Bretton Woods, em New Hampshire, sob a influência de
Harry Dexter White, secretário-adjunto para Assuntos Internacionais do Tesouro dos
EUA, e de John Maynard Keynes.

Em 1945, nasceu a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), através do


Decreto-Lei nº 7.293, de 02.02.45. Incumbida de exercer o "controle do mercado
monetário", a SUMOC recebeu do Banco do Brasil as atribuições da Carteira de
Redesconto (criada pela Lei nº 4.182, de 15.11.20, alterada pela Lei nº 4.230, de
31.12.20, e pelo Decreto nº 19.525, de 24.12.30) e da Carteira de Mobilização e
Fiscalização Bancária (criada pelo Decreto nº 21.499, de 09.06.32, alterado pelo
Decreto-lei nº 6.419, de 13.04.44).

Em 1946, nasceu a primeira sociedade de crédito, financiamento e investimento


(financeira). O CMN regulamentou esse tipo de instituição financeira através da
Resolução nº 45, de 30.12.66.

Em 1952, nasceu o BNDE, banco de fomento com o objetivo financiar a longo prazo
os empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do País. Criado pela Lei
nº 1.628, de 20.06.52, sob a forma de autarquia, transformado em empresa pública
pela Lei nº 5.662, de 21.06.71, o BNDES geriu e executou o Programa de
Reaparelhamento Econômico com o objetivo de criar uma infra-estrutura adequada ao
desenvolvimento. O Decreto-lei nº 1.940, de 26.05.82, transformou o BNDE em
BNDES.

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Em 1952, nasceu também o Banco do Nordeste do Brasil S . A . (BNB), através da Lei
nº 1.649, de 19.07.52. O ministro Horário Lafer realizou viagem ao Nordeste para
verificar os efeitos da seca de 1951 e, ao retornar, sugeriu ao presidente Getúlio
Vargas a criação do BNB, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da região,
assolada por constantes secas.

Em 1964, nasceram o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e o Banco Nacional da


Habitação (BNH), através da Lei nº 4.380, de 21.08.64. O Decreto nº 2.291/86
extinguiu o BNH, sucedido pela CEF. O CMN assumiu a função normativa do SFH.

Em 1964, nasceram também o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco


Central do Brasil, através da Lei nº 4.595, de 31.12.64, a qual regulamentou o Sistema
Financeiro Nacional (SFN). O BCB substituiu a SUMOC. A Lei nº 4.728, de 14.07.65,
regulamentou o mercado de capitais.

Em 1966, nasceram os bancos de investimento, instituídos pela Resolução nº 18, de


18.02.66, do CMN, à luz do artigo 29 da Lei nº 4.728, de 14.07.65.

Em 1967, o CMN facilitou às empresas a obtenção de recursos originários do mercado


financeiro internacional, e isso possibilitou grande afluxo de capitais. A Resolução nº
63, de 23.08.1967, do CMN, autorizou os bancos a captarem empréstimos externos
destinados a repasse às empresas no País. Essa abertura, segundo Stephen Kanitz,
viabilizou o Brasil crescer da 46ª para a 9ª economia do mundo.

O SFN experimentou uma fase de crescimento nas operações de crédito a partir de


1967, com a estabilidade da moeda. O sistema intensificou o financiamento tanto da
produção como do consumo, o qual cresceu estimulado pelo maior acesso das pessoas
ao crédito (Crédito Direto ao Consumidor).

Em 1970, nasceu a Caixa Econômica Federal, instituição financeira sob a forma de


empresa pública (Decreto-lei nº 66.303, de 06.03.70).

Em 1974, nasceram as sociedades de arrendamento mercantil, através da Resolução nº


351, de 17.11.95, do CMN.

Em 1976, nasceu a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), através da Lei nº 6.385,


de 07.12.76, a qual regulamentou o mercado de valores mobiliários.

Em 1979, nasceu o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), o qual passou


a realizar a custódia e a liquidação financeira das operações envolvendo títulos
públicos. O SELIC eliminou o uso do cheque para a liquidação de operações com
títulos públicos. A liquidação eletrônica deu mais segurança às operações do mercado,
o qual, à época, negociava as Letras do Tesouro Nacional (LTN) e as Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN).

O CMN, alicerçado no artigo 4º, inciso IX, da Lei nº 4.595/64, liberou para o regime
de mercado as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras, através da
Resolução nº 1.064, de 05.12.85.

Em 1986, nasceu a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos


(CETIP), empresa de liquidação financeira. A CETIP também se constitui em um
mercado de balcão organizado para registro e negociação de valores mobiliários de
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renda fixa. A criação da CETIP permitiu a introdução dos Depósitos Interfinanceiros
(DI ou CDI), instituídos pelo item III da Resolução nº 1.102, de 28.02.86, do CMN. A
CETIP eliminou o uso do cheque para a liquidação de operações com títulos privados.

Em 1988, nasceram os bancos múltiplos, instituídos pela Resolução nº 1.524, de


21.09.88, do CMN.

A Constituição Federal de 1988 dispôs, em seu artigo 192, que o "sistema financeiro
nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a
servir aos interesses da coletividade, será regulado em lei complementar". O artigo 5º,
X e XII, da Carta Magna consagrou o sigilo bancário, instituto já previsto no artigo 38
da Lei nº 4.595/64.

Em 1996, nasceu o Comitê de Política Monetária (COPOM), instituído pela Circular


nº 2.698, de 20.06.96, do BCB. O COPOM, com a redação dada pela Circular nº
3.010, de 17.10.2000, tem como objetivo estabelecer diretrizes da política monetária,
definir a meta da Taxa SELIC e seu eventual viés e analisar o Relatório de Inflação. O
Decreto nº 3.088, de 21.06.99, introduziu a sistemática de "metas para a inflação"
como diretriz para a fixação do regime de política monetária.

Em 1997, nasceu o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), através da Lei nº


9.514, de 20.11.97.

Em 1997, nasceu também a Central de Risco de Crédito, mantida pelo Banco Central
do Brasil, criada pela Resolução nº 2.390, de 22.05.97, do CMN. Ainda para criar um
ambiente favorável à concessão do crédito com segurança, o CMN em 12.12.99,
através da Resolução nº 2.682, instituiu nove níveis de risco para indicar a qualidade
das operações de crédito.

Em 1999, nasceu a Cédula de Crédito Bancário, através da Medida Provisória nº


1.925, de 14.10.99. Há muito tempo, o mercado financeiro necessitava de um título de
crédito que espelhasse como realidade as relações jurídicas entre as instituições
financeiras e seus clientes e que tornasse a formalização das diversas operações de
crédito menos onerosa e complicada. A Cédula de Crédito Bancário é instrumento
ágil, simples e padronizado e que pode abrigar a possibilidade de contratação de todas
as espécies de operações de crédito, sejam elas de empréstimos, sejam de
financiamentos ou de repasses.

Em 2002, nasceu o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), regulamentado pela


Lei nº 10.214, de 27.03.2001. O Sistema de Transferência de Reservas (STR), operado
pelo Banco Central do Brasil, começou a funcionar em 22.04.2002, e a Transferência
Eletrônica Disponível (TED) é o instrumento para a realização de transferência
eletrônica de fundos entre os bancos, liquidada sempre no mesmo dia.

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9.2 O Sistema Financeiro Nacional


O Sistema Financeiro Nacional constitui um conjunto de instituições financeiras
voltadas para a gestão da política monetária do governo, sob a orientação do Conselho
Monetário Nacional (CMN).
A criação de uma Autoridade Monetária definida e a regulamentação do conjunto de
instituições que compõe o Sistema Financeiro ocorreu, no Brasil, somente a partir de
1964/1965. As principais decisões desta reforma são: (a) criar a Autoridade Monetária,
exercida em conjunto pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil e, (b)
disciplinar as demais instituições, mantendo o princípio da especialização por atuação.
Ao Conselho Monetário Nacional (CMN) compete estabelecer as diretrizes gerais das
políticas monetária, cambial e creditícia; regular as condições de constituição, funcionamento
e fiscalização das instituições financeiras; e disciplinar os instrumentos de política monetária
e cambial.
Ao Banco Central – que é uma autarquia federal sob a orientação do Conselho
Monetário Nacional – cabem as funções de formular, executar e acompanhar as políticas
monetária, cambial e a de relações financeiras com o exterior; controlar as operações de
crédito; organizar, disciplinar e fiscalizar o Sistema Financeiro Nacional; emitir papel-moeda
e moeda metálica e executar o serviço do meio circulante.
A Comissão de Valores Mobiliários está especificamente voltada para o
desenvolvimento, a disciplina e a fiscalização do mercado de valores mobiliários não emitidos
pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional – basicamente, o mercado de ações e
debêntures, cupões desses títulos e bônus de subscrição; tem por objetivo principal estimular a
aplicação de poupança no mercado acionário, assegurar o funcionamento eficiente e regular
das Bolsas de Valores e outras instituições auxiliares que operam nesse mercado.

9.3 Os Segmentos do Sistema Financeiro Nacional


São quatro grandes mercados:
9.3.1 Mercado Monetário – nesse segmento são realizadas as operações de curtíssimo
prazo com a finalidade de suprir as necessidades de caixa de diversos agentes
econômicos, entre os quais incluem as instituições financeiras. A oferta de liquidez
nesse mercado é afetada pelas operações de mercado aberto, executadas pelo Banco
Central. Ex.: Fundo-Ouro, open market, hot money, CDI etc.
9.3.2 Mercado de Crédito – aqui são atendidas as necessidades de recursos de curto,
de médio e de longo prazo. Ex.: crédito rápido, desconto de duplicatas, capital de giro
etc.
9.3.3 Mercado de Capitais – esse mercado supre as exigências de recursos de médio
e de longo prazo, com vista à realização de investimento em capital. Ex: compra e
venda de ações, debêntures (Título que garante ao comprador uma renda fixa, ao
contrário das ações, cuja renda é variável. O portador de uma debênture é um credor
da empresa que a emitiu, ao contrário do acionista, que é um dos proprietários dela)
etc.
9.3.4 Mercado Cambial – nele é realizada a compra e venda de moedas estrangeiras,
para atender as diversas finalidades, como compra de câmbio, para importação; a
venda, por parte dos exportadores; e venda/compra, para viagens e turismo.

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9.4 Os Intermediários Financeiros
Os intermediários financeiros emitem obrigações financeiras, tais como: Certificado
de Depósito Bancário (CDB) ou Letra de Câmbio (LC) –, para adquirir fundos do público e
posteriormente oferecê-los às empresas e aos indivíduos ou ao setor público.
Os intermediários financeiros especializaram-se em atuar entre os clientes, que podem
ser agrupados em três categorias: pessoas físicas, empresas (pessoas jurídicas) e setor público,
sendo que os principais serviços que oferecem a esses clientes são:
a) Como proprietários: a possibilidade de guardar seu dinheiro em um lugar seguro e de
obter juros pelas poupanças depositadas nas instituições financeiras;
b) Como emprestadores: oferecem a possibilidade a seus clientes de pedirem emprestado
dinheiro para financiar seus gastos, tanto de consumo como de investimento;
c) Como transferidores de dinheiro (meio de pagamento); oferecem a seus clientes a
possibilidade de pagar contas, de obter dinheiro de outros lugares e de transferir
dinheiro de uns indivíduos a outros.
Os intermediários financeiros procuram obter lucro e o fazem cobrando pelos serviços
que oferecem e emprestando dinheiro a uma taxa de juros mais alta do que a que paga pelos
depósitos que recebem de seus clientes.

9.5 Os Serviços que as Instituições Financeiras Oferecem


O banco procura atrair as poupanças das famílias para que sejam depositadas na
entidade financeira, pagando certa quantia ao depositante, que é a taxa de juros. De acordo
com os depósitos recebidos, os bancos concedem empréstimos a pessoas e empresas que
necessitam de financiamento para fazerem frente aos gastos de consumo e investimento. Das
pessoas que obtêm esses empréstimos, as entidades financeiras cobram uma taxa de juros pelo
serviço que oferecem. A diferença entre a taxa de juros que cobram e a taxa de juros que
recebem, os bancos obtêm os seus lucros.
Os serviços oferecidos pelas instituições financeiras podem ser resumidos como:
a) Conceder empréstimos;
b) Ser cofre de segurança;
c) Receber depósitos;
d) Realizar transações; e
e) Outros serviços, por exemplo, como assessoria financeira.

9.6 Os Serviços Oferecidos pelos Bancos


9.6.1 Depósitos
a) À Vista: são as contas correntes. Gozam de uma disponibilidade imediata;
b) De Poupança: são os depósitos de poupanças. Não dispõe de cheques;
c) A Prazo: não podem ser retirados sem uma penalização.
9.6.2 Transações
a) São os serviços que os bancos realizam a seus clientes;
b) Consistem em aceitar cheques e ordens de transferências de dinheiro de uma
conta para a outra.
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9.6.3 Empréstimos
a) Os empréstimos são concedidos aos clientes que necessitam de financiamento;
b) Os bancos permitem à seus clientes ficar no “vermelho”, isto é, dispor de
dinheiro sem tê-lo.
9.6.4 Cofres
a) Os bancos dispõem de cofres nos quais os indivíduos depositam seus objetos
de valor.
9.6.5 Outros
b) Assessoria financeira;
c) Troca de moeda estrangeira; e
d) Planos de pensões.
Aliado a esses serviços, os bancos exercem outras funções, como a de prestação de
serviços. Os bancos, ao procurarem atrair sempre um maior número de clientes, passaram a
oferecer serviços mais rápidos e sofisticados, sendo que essa agilização acabou beneficiando
os correntistas, principalmente os correntistas institucionais.
As instituições passaram a criar convênios com os bancos, sendo a princípio utilizados
os carnês. Atualmente, o banco instala caixas avançados em grandes clientes, retira
numerário, paga seus empregados e fornecedores, credita a cobrança no mesmo dia de
pagamento, oferece caixa automático, cartões de crédito, cheques especiais, cheques de
viagens, custódia e ordens de pagamento etc.

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10 – BREVE PANORAMA DA ECONOMIA BRASILEIRA: PLANO REAL

10.1 Breve Relato do Plano Real


O fim da inflação foi visto como um pré-requisito para a retomada do
desenvolvimento. Muitas tentativas de estabilização ocorreram com diferenças em
diagnósticos, combinações de instrumentos de política e tratamentos mais gradualistas ou de
choque. Todavia, nenhuma foi tão bem sucedida como o Plano Real em 1994.
Três economistas são considerados como os arquitetos mais importantes do plano:
André Lara Resende, Edmar Bacha e Pérsio Arida. Os três conceberam o Plano Real em três
fases: a fase anterior à Unidade Referencial de Valor (URV), a fase da URV e a fase do Real.
A fase anterior à URV iniciou-se em maio de 1993, quando Fernando Henrique
Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda durante o governo do presidente Itamar Franco.
Essa primeira fase tinha o objetivo de criar condições institucionais para uma política fiscal e
monetária mais efetiva na fase do real.
A fase da URV – durou quatro meses. Iniciou-se em 1º de março de 1994 e terminou
em 30 de junho do mesmo ano. Nessa fase todos os preços em cruzeiros reais foram atrelados
à URV, que variava diariamente. O objetivo era fazer com que todos os preços variassem
sincronizadamente.
A fase do real iniciou-se em 1º de julho de 1994. A partir desse momento, o real
tornou-se a moeda nacional. O Brasil teve, nos anos seguintes, índices de inflação muito
baixos, consistentes com um crescimento econômico expressivo. O país voltou a crescer,
porém as taxas menores que a dos outros países em condições semelhantes.
A fase do real foi marcada por muitos fatos: uma euforia de consumo logo no início,
uma crise de inadimplência em 1995 e alguns choques externos ao longo do tempo. Os
choques foram importantes na medida em que condicionaram o Policy Mix (combinação de
instrumentos de política) no decorrer dos anos.
O Plano Real promoveu uma transformação estrutural irreversível na economia
brasileira. Os horizontes de investimentos se ampliaram, houve ganhos de eficiência em todos
os setores e a economia se abriu mais ao resto do mundo. O Brasil apresenta todas as
condições para retomar um desenvolvimento sustentado na virada do milênio.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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