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Picirilli
Graça
Fé
Livre
Arbítrio
Prefácio
Tenho em mente vários propósitos para esta obra. Os dois primeiros são os mais
importantes.
ü a depravação total,
ü a soberania de Deus no controle de todas as coisas para o certo cumprimento de Sua vontade,
ü o conhecimento perfeito de Deus de, e a certeza de, todos os eventos futuros – incluindo as
escolhas morais livres dos seres humanos,
ü a visão da satisfação penal da expiação,
ü salvação pela graça por meio da fé e não pelas obras, do início ao fim,
ü e uma apostasia que não pode ser remediada.
Eles podem também estar surpresos por aprender que isto foi essencialmente o
Arminianismo do próprio Arminius. Como Alan P. F. Sell tem observado, “Em
importantes aspectos, Arminius não era um arminiano.”[1]
Segundo, eu quero que aqueles de cada lado entendam a outra posição de dentro
dele. A experiência me ensinou que meus amigos arminianos geralmente não entendem o
que o Calvinismo realmente é, e que os calvinistas geralmente mal compreendem o
Arminianismo. Os argumentos resultantes são freqüentemente emocionais mais do que
baseados num entendimento cuidadoso de cada lado. Eu gostaria de retificar este defeito.
Meu terceiro propósito para esta obra, embora não primário, não é por isso sem
importância. Hoje em dia estamos testemunhando um neo-Arminianismo que assume
algumas estranhas posições. Esses neste movimento – algumas vezes chamado “openness
theism” – negam a onisciência de Deus, por exemplo, ou nos contam que Deus salva
todos que se tornariam crentes se eles tivessem uma oportunidade. Como entendo, nem
Cristianismo evangélico em geral, nem Arminianismo em particular, isto não é nada bom.
Ao invés, as diferenças entre o Calvinismo e o Arminianismo se tornaram confusas e
obscuras. Ao apresentar as questões nos termos tradicionais – com uma nova perspectiva,
espero – quero levar o debate de volta às questões tradicionais.
Ofereço agora não tanta dedicação quanto especial apreciação por dois
professores que me ajudaram a formar meu pensamento há um bom tempo atrás: primeiro
a L. C. Johnson, que me ensinou Arminianismo da Reforma (embora ele não o chamasse
assim) direto de Arminius; e segundo a Wayne Witte, que me ensinou o Calvinismo
clássico direto de Berkhof e Shedd e outros do mesmo nível, e o fez com boa-vontade.
Também devo agradecimentos aos dois distintos amigos que leram o texto após
minha solicitação e ofereceram sugestões úteis: Leroy Forlines, um colega que leu pelo
lado arminiano, e Bob Reymond, um bem conhecido pensador Reformado que leu pelo
lado calvinista. Não coloco em suas costas a responsabilidade, entretanto, pelas opiniões
que apresento.
Que Deus nos conceda que possamos concordar plenamente, nessas coisas que
são necessárias para Sua glória e para a salvação da igreja; e que, nas outras coisas, se não
puder haver harmonia de opiniões, que haja ao menos harmonia de sentimentos, e que
possamos “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.”
[1] Alan P. F. Sell, The Great Debate (Grand Rapids: Baker, 1983), 97.
[2] Agradeço a Matthew Pinson por chamar a atenção para Grantham e citarei seu ensaio
(ainda inédito) nesta obra.
[3] Não alego que Arminius pertença aos reformadores magistrais. Mas eu senti a
necessidade de dar algum nome a esta espécie de soteriologia arminiana; “Arminianismo
evangélico” é amplo demais, “Arminianismo Wesleyano” já está em uso com um outro
significado, e “Arminianismo da Remonstrância” muito provavelmente significa a Igreja
Remonstrante Holandesa, que é muito diferente dos originais Remonstrantes. Eu
considerei e finalmente decidi contra o “proto-Arminianismo” como clínico demais.
PARTE UM
_______
Fundo Histórico
Alguém que chama a si mesmo de “arminiano” faz isto com considerável risco.
O nome significa coisas diferentes para diferentes pessoas. Muitos automaticamente
pensam em Arminius como liberal, diferindo pouco dos universalistas, no mínimo
defendendo salvação pelas obras e possivelmente defendendo opiniões arianas sobre a
Trindade ou opiniões pelagianas sobre a bondade do homem. Na verdade, alguns
“arminianos” têm defendido ou defende algumas dessas coisas.
Não o próprio Arminius ou seus seguidores originais. Charles Cameron
escreveu, perceptivelmente, que “Arminius é um teólogo muito mal compreendido. Ele é
freqüentemente avaliado de acordo com boatos superficiais.”[1] Por isso, é importante
voltarmos ao início. Somente remontando à origem da história poderemos colocar em seu
cenário próprio este movimento que estou chamando de Arminianismo da Reforma. E
somente assim poderemos avaliar as possibilidades de tal Arminianismo hoje.
CAPÍTULO UM
_________
Jacobus Arminius foi um nome que ele adotou posteriormente. Nascido Jacob
Harmenszoon – um belo nome holandês que significa “o filho de Harmen” – em
Oudewater, Holanda, provavelmente em 1559.[1] Seu pai, um ferreiro que fazia espadas e
armadura, aparentemente morreu antes de seu nascimento, deixando à mãe viúva a
responsabilidade de cuidar de vários filhos.
Nesse tempo, uma universidade foi fundada em Leiden, em sua terra natal, e o
amadurecido Arminius se matriculou lá em 23 de outubro de 1576. Este é o primeiro
registro do uso do nome “Jacobus Arminius,” uma versão latinizada de seu nome. O
costume da época exigia a adoção de tal nome latino nas atividades escolares. (“Jacobus”
é traduzido para o inglês como “James,” e geralmente ele é referido por esse nome.) Ele
se diferenciou no estudo de matérias como matemática, lógica, teologia, e línguas
bíblicas.
Faço conhecido que, do tempo que Arminius retornou a nós de Basel, sua vida e
inclinação têm o nosso consentimento, que esperamos o melhor dele em todos os
aspectos, se ele firmemente persistir no mesmo curso, que, pela graça de Deus, não
duvidamos que ele assim fará.[4]
Independente de, se Arminius concordava ou não com as opiniões
predestinacionistas de Beza, Arminius abertamente expressou admiração pelo
brilhantismo de Beza.
Havia outros professores em Genebra: Charles Perrot foi um que pode ter
influenciado Arminius. Perrot brigava por tolerância nos assuntos teológicos, e é relatado
que ele disse, “Justificação pela fé já foi pregado demais; é hora de falarmos de obras.”[5]
Entre os pares de Arminius em Genebra estava seu amigo de toda a vida, Johannes
Uitenbogaert,[6] que iria desempenhar um papel importante nas controvérsias posteriores.
Os sermões de Arminius não sobreviveram, mas podemos supor que sua análise
posterior (c. 1599) de Rm 7 (publicada em 1612 pelas “Nove Crianças Orfãs” de
Arminius) contém a essência do que ele pregou. Na introdução desta análise, ele insistiu
que Rm 7.14 (e seguintes) se refere a “um homem vivendo debaixo da lei,” também
chamado não regenerado. Ele reconhecia que aqueles que apoiavam sua opinião eram
“acusados de apoiar uma doutrina que tem alguma afinidade com a dupla heresia de
Pelágio, e são ditos atribuir ao homem, sem a graça de Cristo, algum bem verdadeiro e
salvífico, e, tirando o disputa entre a carne e o espírito que permanece nos regenerados,
são ditos manter uma perfeição da justiça na presente vida.” Ele se apressa a “confessar
que eu desprezo, do fundo do coração, as conseqüências que aqui são deduzidas” –
aparentemente dando a entender todas as opiniões citadas – e para afirmar que ele
“tornaria evidente que nenhuma destas heresias, nem qualquer outra, são derivadas desta
opinião.” Ele acrescenta, especialmente, que sua opinião “refuta a grande falsidade de
Pelágio.”[11]
O ponto principal de Arminius era insistir que todas as obras salvíficas de Deus
lidam com os homens como pecadores, e que Deus não deve ser feito o autor do pecado.
Ele entendia que a predestinação incondicional fazia isso. Ele também sentiu na obrigação
de insistir que a eleição é “Cristocêntrica”; a salvação é pela obra redentora de Cristo e
não por um decreto arbitrário.
Uma das questões práticas que vez ou outra levantava por toda a controvérsia
teológica era se e como reunir um sínodo nacional que pudesse decidir sobre os pontos
disputados. Arminius e seus amigos continuavam insistindo que tal sínodo deveria ser
reunido, e que ele tivesse o poder para revisar as confissões. Seus oponentes preferiram
usar a influência de seus sínodos locais contra os arminianos.
Em 1608, como resultado de uma petição de Arminius aos Estados Gerais para
uma investigação legal de sua situação, uma reunião foi realizada diante do Supremo
Tribunal, com Arminius e Gomarus como os mais importantes. No final, os dois homens
foram ordenados para colocar seus sentimentos no papel, para ser submetido aos Estados
Gerais. O resultado, da parte de Arminius, foi sua Declaração de Sentimentos, que
“representa as concepções maduras de Arminius.”[18] Antes, ele tinha freqüentemente
tentado fugir dos pontos debatidos. Agora, ainda que não num sínodo nacional como ele
tinha desejado, ele tinha ao menos a oportunidade de fazer esta declaração oficial diante
dos próprios oficiais governantes do país.
Em agosto de 1609, os Estados Gerais pediram a Arminius para vir para uma
“conferência amistosa,” cada um a ser auxiliado por quatro ministros de sua escolha.
Como Primeiro Ministro, Oldenbarnevelt presidiu. Os conselheiros de Arminius incluíram
Uitenbogaert. Após reuniões na quinta e na sexta, 13 e 14 de agosto, as sessões sairam
para recesso no final de semana. Arminius, cuja condição tinha se tornado pior por algum
tempo, ficou doente demais para continuar e teve que voltar para casa em Leiden. A
conferência foi liberada. Os Estados Gerais ordenou que Arminius e Gomarus
submetessem suas concepções em papel dentro de 14 dias. Gomarus fez o seu trabalho em
tempo. Arminius nunca concluiu o seu; ele ficou acamado pela última vez. Na segunda-
feira, 19 de outubro de 1609, ele morreu. Seu corpo foi enterrado na terça, debaixo das
placas ladrilhadas da igreja chamada Pieterskerk em Leiden.
Art. 1. Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que
fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que
tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que,
pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça,
perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o
pecado e a ira os costumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo.
Este artigo apresenta o ponto principal em debate. Ele aceita a predestinação
como incluindo tanto a eleição para salvação quanto a reprovação para condenação. Mas
ele coloca ambos os decretos após a queda voluntária (não necessária) do homem no
pecado, e faz ambos os decretos condicionais à respectiva fé ou incredulidade dos
indivíduos que são os objetos da eleição ou reprovação. Este está em oposição à
concepção calvinista da eleição incondicional.
Art. 2. Que, em concordância com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por
todos e cada um dos homens, de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz,
reconciliação e remissão dos pecados; contudo, de tal modo que ninguém é participante
desta remissão senão os crentes.
Este artigo enfatiza a expiação ilimitada ou universal, e todavia deixa claro que
nem todos são na verdade salvos por esta expiação; somente os crentes experimentam
seus efeitos redentores. Isto se opõe à concepção calvinista de que a expiação proveu
redenção somente aos eleitos.
Art. 3. Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua
própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado, para si mesmo e por
si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente
bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por
Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em
entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado
a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom.
Este artigo enfatiza que tudo envolvido tanto na salvação como na vida cristã é
pela graça de Deus. Nem mesmo o livre-arbítrio do homem pode iniciar uma resposta
positiva a Deus à parte da graça capacitante. Assim até a fé salvadora não é efetuada pelo
homem “de si mesmo.” Os arminianos foram sempre acusados de atribuir muito ao
homem e então depreciar a graça. Este artigo tinha o propósito de anular essa falsa
acusação e mostrar que eles estavam de acordo com seus oponentes ao atribuir todo o bem
à graça de Deus.
Art. 4. Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo
que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem
resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou preveniente) que
desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para
o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus
em Cristo. Mas, quanto ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está
escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo.
Art. 5. Que aqueles que são enxertados em Cristo por uma verdadeira fé, e que assim
foram feitos participantes de seu vivificante Espírito, são abundantemente dotados de
poder para lutar contra Satã, o pecado, o mundo e sua própria carne, e de ganhar a vitória;
sempre – bem entendido – com o auxílio da graça do Espírito Santo, com a assistência de
Jesus Cristo em todas as suas tentações, através de seu Espírito; o qual estende para eles
suas mãos e (tão somente sob a condição de que eles estejam preparados para a luta, que
peçam seu auxílio e não deixar de ajudar-se a si mesmos) os impele e sustenta, de modo
que, por nenhum engano ou violência de Satã, sejam transviados ou tirados das mãos de
Cristo. Mas quanto à questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência,
esquecer o início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de
modo a se afastarem da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua boa
consciência e de negligenciar a graça – isto deve ser assunto de uma pesquisa mais
acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com inteira segurança.[21]
Este artigo final é o maior. Ele mostra que os primeiros arminianos, embora não
tinham completamente se decidido, estavam abertos à opinião de que alguém pode ser
perdido após ter sido salvo. Esta não foi uma das questões chaves na controvérsia, embora
ela tenha sido levantada. A declaração representa um sentimento cauteloso e
prematurosobre o assunto. Posteriormente os arminianos viriam a expressar esta opinião
sem tal hesitação, se colocando em oposição à crença calvinista na necessária
perseverança.
Estes são apenas exemplos: cada um deles, em parte pelo menos, serviu para
“resgatar” o Arminianismo de sua doença e restaurá-lo com saúde evangélica e com a
ênfase na graça de Deus que Arminius e os originais Remonstrantes deram. Mas essa
história está além do objetivo desta obra. É suficiente observar, aqui, que há disponível a
nós até hoje uma espécie de Arminianismo que tem como ponto de partida o próprio
Arminius e seus primeiros seguidores, um Arminianismo verdadeiramente da Reforma. É
o propósito do resto desta obra indicar o que realmente é este ponto de vista arminiano.
Sell, Alan P. F. The Great Debate. Grand Rapids: Baker, 1983. [Um registro da
luta entre o Calvinismo e o Arminianismo por toda a história da igreja]
[1] A data tradicional é 1560. Um melhor argumento para 1559 foi feito por Carl Bangs,
Arminius: A Study in the Dutch Reformation (Nashville: Abingdon, 1971), 25, 26.
[2] Bangs, 52.
[3] Paul K. Jewett, Election and Predestination (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), 63.
[4] Bangs, 73, 74.
[5] Bangs, 76.
[6] Uitenbogaert é apenas um de muitos nomes pessoais ou de locais, nesta história, que
são escritos de várias maneiras nas fontes de informações. Por toda esta obra adotei a
grafia de Bangs.
[7] Bangs, 123, 124.
[8] Donald M. Lake, “Jacob Arminius’ Contribution to a Theology of Grace,” Grace
Unlimited, ed. Clark H. Pinnock (Minneapolis: Bethany Fellowship, 1975), 226.
[9] Para a opinião comum da “conversão” de Arminius do predestinacionismo calvinista,
veja um outro membro da família de Bangs, Mildred Bangs Wynkoop, Foundations of
Wesleyan-Arminian Theology (Kansas City: Beacon Hill Press, 1967), 47-49.
[10] Bangs, 138-141.
[11] James Arminius, The Writings of James Arminius, tr. James Nichols e W. R. Bagnall
(Grand Rapids; Baker, 1956), II:210, 220. A análise inteira ocupa as páginas 196-452.
[12] Novamente, na ausência do sermão, devemos contar com a análise escrita
subseqüente de Arminius sobre Rm 9. Veja Arminius, III:527-565.
[13] Arminius, II:423.
[14] Arminius, III:554.
[15] A redação é um sumário de Bangs, 198; veja Arminius, III:554-559.
[16] Bangs, 251.
[17] Para mais discussão sobre este assunto, veja o próximo capítulo.
[18] Bangs, 307.
[19] Arminius, I:254.
[20] Gerrit Jan Hoenderdaal, “The Life and Struggle of Arminius in the Dutch Republic,”
Man’s Faith and Freedom, ed. Gerald O. McCulloh (Nashville: Abingdon, 1962), 20.
[21] Estes artigos podem ser encontrados em vários lugares. A tradução inglesa dada aqui,
junto com as versões holandesas e latinas, é encontrada em Philip Schaff, The Creeds of
Christendom (Grand Rapids: Baker, 1966), III:545-549.
[22] Roy S. Nicholson, “A Historical Survey of the Rise of Wesleyan-Arminian
Theology,” The Word and the Doctrine, ed. Kenneth E. Geiger (Kansas City: Beacon Hill
Press, 1965), 30.
[23] Frederic Platt, “Arminianism,” Encyclopedia of Religion and Ethics, ed. James
Hastings (New York: Charles Scribner’s Sons, n.d.), I:811. Uma interessante (e
aprovadora) explicação do desenvolvimento “De Arminius ao Arminianismo” é
encontrado no capítulo 2 de Man’s Faith and Freedom, citado acima.
[24] Há famílias de batistas hoje na tradição da Confissão de 1660 de Grantham.
PARTE DOIS
_______
O Plano de Salvação
[1] Benjamin B. Warfield, The Plan of Salvation (Grand Rapids: Eerdmans, 1942).
CAPÍTULO DOIS
_________
Fundo Teológico
O Conceito de Deus
Nada, em outras palavras, está fora de controle. Não há nenhuma surpresa para
Deus. Nada que acontece está fora de Seu plano: “O conselho de Deus é Seu beneplácito,
de acordo com o qual Ele quis e compreendeu todas as coisas que são realizadas ou
ocorrem no tempo.”[1]
Repetindo: nada jamais acontece que seja incerto, acidental, ou por acaso. Nada
realmente pode se desenvolver em uma de duas maneiras, indeterminadamente. Se Ele
não conhecia certamente tudo que acontece, Ele não poderia incluir tudo em Seu plano e
manter absoluto controle sobre todos os eventos.
Além disso, nada pode acontecer à parte do controle providencial de Deus, Sua
preservação e sustentação de todas as coisas. Até os átomos de energia no projétil da arma
do assassino são sustentados por Ele a fim de cumprir seu terrível papel.
· Nem Sua vontade pode ser frustrada. Isto segue de Sua absoluta
soberania. Não há nenhuma força no universo que pode frustrar a vontade de Deus, de
outra maneira essa força seria superior a Deus e por isso seria Deus. Todas as forças no
universo além de Deus devem sua existência a Suas ações criativas e são por essa razão
subordinadas a Ele e sob Seu controle dominador. Nada nem ninguém pode vencer Deus
ou impedi-lo de cumprir tudo que Ele deseja.
O Conceito do Homem
O Conceito do Salvação
Em resumo, o calvinista está seguro de que esta base dificilmente pode levar a
quaisquer conclusões sobre o Plano de Salvação de Deus exceto o seguinte:
- quem quer que seja salvo é salvo simplesmente porque Deus quis;
- aqueles que se perdem estão também nessa condição por Seu plano.
Esta base deve nos preparar para uma discussão dos principais fatores do
sistema de doutrina calvinista sobre o assunto da predestinação.
Uma outra parte importante da base para a teologia da salvação é a teologia dos
decretos de Deus. Os teólogos calvinistas chamam este assunto, de modo variado, “Os
Decretos Divinos em Geral” (Berkhof); “O Conselho Eterno de Deus” (Hoeksema); “Os
Decretos Divinos” (Shedd).
Definição
Descrição
· Eles incluem os atos livres dos homens. Isto reitera o que já foi
esclarecido, em geral, no ponto precedente: os decretos de Deus abrangem os atos
voluntários das criaturas livres, tornando todos esses atos igualmente certos.
Visto que a Bíblia apresenta ambos os lados destas verdades (que Deus as
decretou e todavia que o homem desempenha livremente) sem notar qualquer contradição
entre eles, não deve haver nenhuma contradição – apesar da nossa incapacidade de
explicar como isto se dá.
Como o decreto de Deus torna certo sem causá-lo é um mistério: isto é, não é
revelado. Mas Ele permite o pecado por boas razões suficientes a Si mesmo, incluindo a
manifestação dos atributos que, de outra forma, não seriam demonstráveis – como a
misericórdia e a compaixão. E podemos estar certos de que Ele finalmente reverterá o
pecado para o bem e para Sua própria glória.
· Eles são eficazes. Isto significa que o efeito dos decretos, devido à
sua existência, deve tornar certo acontecer tudo que foi decretado. Os decretos de Deus,
por isso, são exatamente equivalentes ao que quer que na verdade acontece. Como notado
acima, nenhuma força pode frustrar a vontade de Deus. “Ele faz tudo o que lhe apraz” (Sl
115.3), e visto que tudo que existe é igual ao que Ele fez, então tudo que acontece é
idêntico ao que Lhe apraz.
b. a “agência espiritual imediata de Deus sobre a vontade finita” do homem para as ações
(morais) boas[11] (Fp 2.13). Em outras palavras, então, Deus é o autor de tudo que é
bom.
1. A eleição é imutável.
2. A eleição é eterna (não é “eleição no tempo”).
3. A eleição não é acusável de injustiça ou parcialidade, visto que Ele não deve
nada a ninguém, e visto que todos perderam o direito às Suas bençãos e não têm nenhuma
alegação ou direito a elas.
a. Os homens resistem, obviamente – todos resistem – mas a resistência dos eleitos não
prevalecerá sobre o propósito de Deus de salvá-los.
b. Deus assegura o sucesso “pela imediata operação do Espírito Santo, sobre a vontade e o
espírito humanos.”[22] Ele “exerce tal influência sobre o espírito humano que o leva a
querer o que Deus quer.”[23]
c. Ainda, isto não é um “poder subjugador” que é incoerente com a livre agência;[24] “não é
compulsório.”[25] “Deus é o criador da vontade, e nunca trabalha de maneira contrária às
suas qualidades criadas.”[26]
5. A eleição é incondicional. Nem mesmo a “fé prevista” pode ser uma condição
para a eleição; ela depende unicamente do beneplácito soberano de Deus:
a. Visto que todos os pecadores estão igualmente desamparados, não há base para distinção.
b. Visto que todo o bem – até a fé – é um fruto da graça de Deus, o homem não pode ser
creditado por satisfazer qualquer condição e assim, em parte, determinar sua própria
salvação.
· O propósito da eleição:
Mesmo para Shedd, entretanto, isto não deve ser pensado como o método
ordinário de Deus, mas como um método extraordinário. Além disso, até quando este
método extraordinário é efetuado, devemos entendê-lo que a obra de Cristo ainda é a base
para a regeneração da pessoa não evangelizada.
3. Todos os que morrem na infância serão salvos? Mais uma vez, nem todos os
calvinistas concordam, mas a tendência geral é responder sim. Isto é, em parte, a razão de
Charles Hodge poder dizer que “O número dos finalmente perdidos em comparação com
o número total dos salvos será muito desconsiderável.”[28]
· permissivo ou passivo, não agindo no homem (isto é, não influenciando sua vontade,
como na eleição).
Os três itens sob estes dois aspectos do decreto da reprovação são diretamente
comparáveis e intencionalmente opostos uns com os outros.
1. Elas são iguais por serem eternas, incondicionais, imutáveis, e não acusáveis
de injustiça ou parcialidade.
(a) a eleição é, a reprovação não é, efetuada pela direta ação de Deus sobre a vontade;
(b) a eleição é ativamente eficaz, enquanto a reprovação (pelo menos o aspecto da preterição)
é permissiva.
Tudo isto significa, então, que Deus é o autor ou causa do bem, da justiça e da
salvação, e responsável por isto. Ele não é o autor ou causa do pecado, da queda ou da
danação, e não é responsável por isto. O decreto da eleição é a causa eficiente da
salvação; mas o decreto da reprovação não é a causa eficiente da perdição. “A causa
eficiente da perdição é a auto-determinação da vontade humana.”[29] Embora Ele seja a
causa decretal da queda, do pecado, e do mal, Ele não força ninguém a pecar contra sua
vontade.
b. O decreto de Deus não é necessariamente igual ao Seu desejo. Seu desejo natural,
espontâneo (por exemplo, Ez 33.11) é “constitucional,” um desejo sincero, permanente,
que manifesta compaixão por todos. Em outras palavras, a “vontade” de Deus possui mais
de um significado: (1) Sua vontade revelada é equivalente ao Seu desejo, que não tem
prazer na morte do pecador; isto também pode ser chamado Sua vontade legislativa, ou a
vontade de complacência. (2) Sua vontade secreta é equivalente ao Seu decreto, que
justamente ordena a morte do pecador; isto também pode ser chamado Sua vontade
decretiva, ou a vontade de Seu beneplácito.
c. Assim, a reprovação é consistente com um desejo sincero que todos sejam salvos.
Primeiro, a expiação é suficiente para todos. Segundo, Deus sinceramente deseja que
todos a quem a salvação é oferecida – portanto todos os homens – depositem fé em Cristo
e sejam salvos. De fato, entretanto, Ele sabe que ninguém irá fazer isso, e assim Ele
adianta um passo e efetivamente assegura a salvação de alguns por meio de uma eleição
graciosa. Por que Ele deixa de lado o resto, e certamente ordena sua condenação,
permanece uma questão que Ele não deixou revelado – exceto pela razão dada em Rm
9.22: a saber, mostrar Sua ira e fazer Seu poder conhecido por meio dos vasos da ira
preparados para a destruição.
3. Os calvinistas debatem entre si acerca da ordem dos decretos com respeito à eleição e à
reprovação. Neste ponto, é suficiente observar que Berkhof e Shedd representam a
posição mais típica dos modernos calvinistas quando insistem que a reprovação pressupõe
a queda. Esta é chamada muitas vezes uma posição “infralapsária” (ou “sublapsária”),
considerando o decreto da condenação como fluindo logicamente do decreto de permitir a
queda. Alguns calvinistas defendem uma posição “supralapsária,” considerando a queda
como um meio decretado do cumprimento do decreto da condenação. Hoeksema está
entre estes.[33]
Supralapsarianismo
· O decreto para redimir os eleitos, que agora são pecadores, pela obra da cruz de Cristo,
· A eleição de alguns homens caídos para salvação em Cristo (e a reprovação dos outros),
5. Shedd pode não ser característico dos calvinistas em geral quando ele discute a
relação entre a reprovação e a certeza. A reprovação torna certo a perdição (porque a
escravidão da vontade do pecador obsta a recuperação à parte da regeneração), mas ela
não faz com que a perdição seja necessária. Shedd insiste que o decreto da reprovação não
tem nenhum efeito sobre o pecador até que o pecado seja livremente escolhido.[36]
Outros calvinistas insistiriam que ele está ignorando Rm 5.12-14 ao fazer esta distinção.
O argumento não é essencial para os nossos propósitos nesta obra.
6. O fim da reprovação, como da eleição, é a glória de Deus.
Berkhof, Louis. Systematic Theology. Grand Rapids: Eerdmans, 1949 (pp. 100-125).
Berkouwer, G. C. Divine Election. Grand Rapids: Eerdmans, 1960. [Uma leitura mais
contemporânea do Calvinismo com um tempero um tanto Barthiano, nem sempre
representativo da teologia reformada clássica.]
Shedd, William G. T. Dogmatic Theology. Grand Rapids: Zondervan, n.d., (vol. I, pp.
393-462). [Alguns calvinistas consideram Shedd como especulativo demais em alguns
assuntos.]
[1] Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics (Grand Rapids: Reformed Free Publishing
Association, 1966), 155.
[2] Hoeksema, 154.
[3] Hoeksema, 442, 443.
[4] Paul K. Jewett, Election and Predestination (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), 5, 6.
[5] Louis Berkhof, Systematic Theology (Grand Rapids: Eerdmans, 1949), 100.
[6] W. G. T. Shedd, Dogmatic Theology (Grand Rapids: Zondervan reimpressão, n.d.),
I:939.
[7] Hoeksema, 159.
[8] Hoeksema, 157.
[9] Berkhof, 105.
[10] Shedd, I:397.
[11] Shedd, I:406.
[12] Berkhof, 103, 105.
[13] Shedd, 405-412.
[14] Hoeksema, 158, 159.
[15] Para os propósitos desta obra, as definições são limitadas em referência ao plano de
salvação para os seres humanos.
[16] Berkhof, 109.
[17] Berkhof, 114.
[18] Berkhof, 116.
[19] A maioria dos teólogos distinguem entre eleição para salvação e outros tipos, tais
como a eleição corporativa de Israel ou a eleição de pessoas para cumprir certos ofícios ou
desempenhar alguns serviços. Somente a primeira necessita de discussão aqui.
[20] Berkhof, 114.
[21] Shedd, I:424.
[22] Shedd, I:428.
[23] Berkhof, 115.
[24] Berkhof, 115.
[25] Shedd, I:428.
[26] Shedd, I:428.
[27] Shedd, I:436, 439.
[28] Charles Hodge, Systematic Theology (Grand Rapids: Eerdmans reimpressão, n.d.),
III:879, 880.
[29] Shedd, I:445.
[30] Jewett, 27.
[31] Shedd, I:430.
[32] Shedd, I:451-457.
[33] Hoeksema, 161-165.
[34] A afirmação da ordem dada aqui, incluindo a escolha das palavras, é de Robert L.
Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith (Nashville: Thomas Nelson,
1998), 488, 480. Veja nesta obra maiores discussões das variações.
[35] Shedd, I:435.
[36] Shedd, I:444-446.