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Como Funciona?
Essa não deve ser a primeira revista que você lê no seu iPad,
então é bem simples, vamos lá:
Um novo meio,
um novo conceito,
uma nova era.
Escrever nunca foi meu forte, e muitos de vocês que fiz questão de colocar no título. Não faz sentido fazer
já vão saber porque lendo esse pequeno editorial. O uma revista que depois de amanhã já está desatualizada,
que você tem em mãos hoje, é um produto que ficou muito menos cobrir argumentos que já estamos fartos
guardado na gaveta por anos e que finalmente, graças a de ler nas poucas revistas impressas que encontramos
esse maravilhoso aparelhinho chamado iPad pode virar no mercado nacional.
realidade. A Revista Au. vai funcionar como uma agregador. A
idéia é misturar a leitura impressa com a leitura digital,
Assista o vídeo acima para uma breve ou seja, você vai poder sentar e ler uma revista com o
introdução. Tudo isso é resultado de conteúdo oferecido por essa imensa rede de informação
que é a internet e do jeito que estamos acostumados a
uma comunidade maravilhosa de ler; textos curtos, multimídia e visualmente agradável.
amantes de cães espalhados pelo Brasil. Deixo claro também que isso é um experimento, na
forma de apresentação, no conteúdo e na distribuição. É
É claro que não vamos conseguir estar na mão de muito importante que você nos mande suas impressões
todos, o iPad ainda tem poucos adeptos no Brasil, também e comentários, no bem ou no mal.
não vamos ser concorrência para ninguém, pois não Para entrar em contato use nossa página no Facebook,
temos website e nem versão impressa, mas podemos o endereço está logo abaixo no expediente.
finalmente explorar uma nova linha editorial, um canal de
informação prazeroso e atualizado para amantes desses Boa Leitura!
seres que nos alegram todos os dias, nossos amigos cães. Allysson Lucca @all_lucca
E como vamos fazer isso? Explorando um novo conceito
EXPEDIENTE
A revista Au. é um experimento digital, novas edições serão publicadas quando possível :)
Mãe de Cachorro
www.mãedecachorro.com.br > AUTORA: Ana Corina
“Ana me ajude, Eu tenho uma femea Boxer e uma femea poodle, A boxer está
estranhando a poodle e ontem quase a matou, tive que dar 7 pontos no pescoço
da poodle… Elas sempre conviveram desde pequenas... O QUE PODE ESTAR
ACONTECENDO? por favor ME DA UM LUZ… Moro em Belo Horizonte MG . Zoé a
poodle tem 8 anos... Angel a Boxer tem 2 anos… As duas estão separadas. Não tem
nenhuma das duas no cio… Angel é estressadissima e Zoé, talvez pela idade, é mal
humorada...rss bjs”
Pergunta da Nélia
Resposta da Franciele Lima, Adestradora
Espero que as dicas te ajudem, mas procure ajuda especializada o quanto antes.
Cão Amor
caoamor.blogspot.com > AUTORA: Cassia
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O SITE
o adestra-
dor sério adora
cães e animais em
geral. E isso é algo que
não se consegue fingir.
Portanto, é importante
verificar como o pro-
fissional trata o
cão.
Finalizo com uma afirmação, feita com muita Observação: quer se aprofundar mais sobre o
sinceridade: eu sou ADESTRADORA, com assunto? Clique aqui e leia o posicionamento
muito orgulho! da AVSAB - American Veterinary Society of
Animal Behavior sobre como escolher um
adestrador.
Curitiba . PR
www.woofboutique.com.br
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FONTE
Jaaack Não!
www.jaaack.com.br > AUTOR: Allysson Lucca
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Cão Sciência
caosciencia.blogspot.com > POR: Carmen Buitrago
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DESTRUINDO
o mito da dominancia por Carmen Buitrago
Portugal
Tratamento de Choque
Muitos autores e treinadores aconselham os do-
nos dos cães a forçar os seus cães a terem posições
submissas, por vezes forçando-os, ao ponto de cri-
arem respostas de medo. Hoje, alguns treinadores
chamam a isto exercícios de “gentling” ou “calma
submissiva” e usam-nas até com cachorros.
Por exemplo, virar o cachorro de barriga para em nada nem a nós nem aos nossos cães. Para
cima, e não largar até que este pare de resistir. começar, é baseada num conceito antiquado e
A explicação por trás deste exercício é simples: sem sentido.
ao forçar um cão a assumir uma postura sub- O Dr. Ian Dunbar demonstra as 3 maiores fal-
missiva e depois recompensá-lo por aceitá-la, has nos estudos das alcateias de lobos durante
estamos a ensinar o cão a submeter-se á sua os anos de 1930 e 1940. Em primeiro estes es-
liderança. tudos eram curtos e focados num só aspecto
Mas note que essa liderança é ganha através da vida dos lobos, a caça. Como resultado, os
da força. Na sociedade canina, a liderança não estudos recolhidos eram uma fraca representa-
é obtida através da dominação física. E um ção e as conclusões eram inexactas acerca do
grande número de cães com temperamentos comportamento do lobo (e mais tarde do cão).
sociais normais, irão naturalmente resistir ser Em segundo os investigadores observam rit-
forçados a estar de barriga para cima, mesmo uais, e interpretam-nos incorrectamente. O bul-
ao ponto de exibirem agressão defensiva. co da mitologia da dominância provém destas
interpretações erradas.
“Dizer que quero interagir melhor Tomemos por exemplo os alpha rolls. Os in-
com o meu cão, por isso vou estudar vestigadores mais antigos pensavam que o
lobos, faz tanto sentido como dizer, lobo alpha forçava os outros lobos rolando-os
quero melhorar a forma como lido para uma posição subordinada para exercer a
dominância. Estudos modernos mostraram que
com os meus filhos - vamos ver como
o suposto “alpha roll” não passa de um ritual de
os chimpazés o fazem”.
apaziguamento oferecido voluntariamente pelo
Ian Dunbar lobo subordinado e nunca forçado pelo superior.
A especialista em comportamento canino
Jean Donaldson, autora do livro premiado “The
O humanos não são muito diferentes neste
Culture Clash”, diz, “A verdade é, não existe ne-
aspecto. Imagine como reagiria se o seu patrão
nhum caso documentado de um lobo a for-
tentasse estabelecer a sua “liderança” através
çar outro lobo a rolar-se no chão. Nem existe
do uso da força física!
nenhum caso de uma mãe lobo (ou cadela) a
Alguns ditos “experts” sugerem o uso de téc- abanar as suas crias pelo cachaço.”
nicas violentas como o abanar do cachaço do A terceira falha é a de que os investigadores
cão e alpha rolls. No extremo, outros treina- extrapolaram excessivamente a informação. O
dores advocam métodos assumidamente abu- seu primeiro salto na lógica foi aplicar as suas
sivos tais como o uso de coleiras de engasgo, conclusões falsas ao cães. O segundo foi aplicá-
muitas vezes “pendurando” o cão até que este las às interacções humano-caninas.
perca a consciência.
Estas técnicas são consideradas aceitáveis Cães não são lobos disfarçados
para o tratamento de problemas tão simples O facto é que cães não são lobos. Lobos são
como cavar buracos no quintal ou para os mais só os familiares mais próximos dos cães – tais
sérios como a agressão. quais os chimpanzés são os nossos familiares
mais próximos – mas os cães tornaram-se numa
Falhas na interpretação das matilhas espécie diferente hà possivelmente 135,000
Infelizmente, a nossa preocupação colec- anos atrás. Apesar dos cães reterem algumas
tiva com a dominância canina não nos ajuda características dos lobos e de outros canídeos,
milhares de anos de domesticação, co-evolução cológico subtil. Tal como postura confiante, ol-
com humanos e criação selectiva, mudou-os hares fixos, vocalizações, etc...
profundamente. É um ritual. As interacções diárias são base-
Ian Dunbar disse: “Dizer que quero interagir adas largamente em comportamentos diferen-
melhor com o meu cão, por isso vou estudar ciais e cooperativos, e os conflitos são resolvi-
os lobos, faz tanto sentido como dizer, quero dos através de exibições físicas designadas a
melhorar a forma como lido com os meus fil- inibir a agressão e eliminar as ameaças.
hos – vamos ver como os chimpanzés o fa- Sendo assim, apesar do mito popular, alpha
zem.” não quer de forma nenhuma dizer fisicamente
Aplicar estudos feitos em lobos a interacções dominante ou mais agressivo. Quer dizer con-
humano caninas não faz sentido, de acordo trole de recursos. Um lider é aquele que ganha
com Dunbar. Apesar das provas, livros e mé- acesso aos recursos que ele ou ela acham
todos abundam em recomendar os donos a importantes. Isto também é flexível. Muda de
serem o “líder da matilha”. Estes aconselham acordo com a motivação do cão em dado mo-
relacionamentos conflituosos entre cães e hu- mento ou situação. Sendo assim um cão dito
manos e métodos de treino combativos que se alpha poderá facilmente dar o seu local de
baseiam na força, castigo e mesmo na dor. Afi- dormir preferido ou o seu melhor osso a outro
nal de contas, a força é tida como necessária e cão sem problemas.
essencial para colocar cães ambiciosos no seu
lugar. Mantendo a ordem através da sub-
No seu livro “Dog friendly dog training”, An- missão
drea Arden escreve, “Na vez de ensinarmos os Outra assumpção da teoria da matilha, é a
nossos melhores amigos, eramos aconselha- que os lobos, e como tal os cães, se organizam
dos a dominá-los fisicamente para os manter num hierarquia dominante fixa – tal como as
na linha.” galinhas, na qual os animais dominantes man-
Em contraste com o mito popular dos lobos têm a ordem através de ameaças.
(e cães), a estrutura social de ambos é muito Os especialistas agora concordam que os lo-
mais complexa, flexível e subtil. bos formam uma hieraquia não linear, dentro
da qual os animais subordinados mantêm a or-
Líder Benevolente dem através de exibições activas e voluntárias
Baseado em estudos caninos muito mais de submissão e diferencia.
longos e dedicados, cientistas aprenderam que Jean Donaldson oferece o Exército como
a marca do verdadeiro líder é a capacidade de analogia humana. Os soldados de ranking mais
controlar, sem o uso da força, como afirma a baixo primeiro saúdam os seus superiores e
Dra. Myrna Milani, veterinária e comportamen- recebem de volta uma saudação. Esta é uma
talista. Ela aponta que, na selva os animais que hieraquia classica de apaziguamento. Um gen-
lideram com a força bruta têm menos chances eral não entra numa sala e desata a bater nos
de se procriarem dado o risco maior de morte, soldados para que estes mostrem a sua sub-
ferimentos e predação. missão. Basta ele aparecer e toda a gente saú-
Ao invés, a vasta maioria de lobos alpha são da.
benevolentes. Raramente entram em com- Mas indo mais além das observações do
bates físicos para reforçar a sua posição. Não comportamento do lobo, investigadores mod-
precisam. Lideram através de um controlo psi- ernos estudaram o comportamento de cães de
aldeias selvagens para melhor tentar entender Se um comportamento tão óvio como a
a estrutura social canina. agressão é tão difícil de caracterizar, quão cor-
Estes cientistas observaram estruturas soci- recto será determinar comportamentos tão
ais soltas, flexíveis e imprevisíveis. As estruturas subtis e diários como “dominantes”? É um jul-
observadas eram determinadas mais por facto- gamento que assume conhecer os motivos dos
res como a disponibilidade de comida e inter- cão, quando na verdade, não fazemos ideia o
acção humana do que por um sentido inato de que eles pensam. Existem dezenas de causas
hierarquia social. Estes mesmo cientistas agora possíveis, funções ou motivos para qualquer
reforçam a importância de tratar o cão do- problema comportamental.
méstico como uma espécie diferente do lobo
e não uma imagem distorcida deste. Para além do preconceito
Em muitos casos de agressão, a história e
Problemas com a etiqueta “Dominante” descrição do comportamento do cão é incon-
Outra grande falha na teoria da dominân- sistente com a noção tradicional de dominân-
cia é o termo em si mesmo. Um dos pilares da cia. Os então chamados de “cães dominantes”
ciência são definições precisas e não ambíguas. mostram muitas vezes sinais comunicativos
Termos etológicos tais como dominância não corporais de ambivalência, medo e ansie-
são definições precisas mas sim ideias usadas dade. Podem tremer e agir de forma submis-
para nomear e explicar um grupo de com- siva durante e depois de uma mordida. Estudos
portamentos. Um problema com estas ideias, mostram que cães que demonstram “agressão
apontam os psicólogos Drs. Garry Martin e Jo- dominante” são menos exercitados, são mais
seph Pear, é que geram raciocínios circulares. medrosos de pessoas, são mais excitáveis e
Por exemplo, um cão que rosna quando al- reagem mais a sons agudos. Isto isto é incon-
guém se aproxima do seu prato de comida, sistente com a noção do cão dominante e sug-
poderá ser determinado como dominante. Se ere que existem outros factores que jogam no
perguntar ao dono porque é que o cão rosna, comportamento agressivo.
ele responderá “Porque é dominante”. Sendo Esta informação nova desafia-nos a interpre-
assim a ideia torna-se uma pseudo explicação tar o relacionamento social entre cães e donos
para o comportamento. numa forma mais sofisticada do que a simples
A ideia também vai afectar a forma como o dicotomia dominancia-submissão.
animal é tratado. O paradigma da dominân- Felizmente, a ciência do comportamento e
cia tem sido usado para justificar castigos aos a maioria dos treinadores de cães afastam-se
cães, especialmente àqueles que reagem de- já deste paradigma. Um novo termo que está
fensivamente a métodos de treino punitivos. a ser usado para descrever agressão-domi-
Também serve para fazer com o focus esteja nante é o de agressão relacionada com status.
no comportamento problemático, ao invés de O tratamento foca-se no ensino e recompensa
ensinar e recompensar comportamentos que do cão quando este exibe comportamentos
queremos ver mais. desejados, indepentemente do status. Tam-
Um outro termo relacionado com esta bém procura identificar as possíveis causas
questão, é agressão dominante. O que quer diz- para os comportamentos problemáticos, tais
er isto? Não existe consenso científico nenhum como medo ou ansiedade, socialização pobre,
em como se poderá academicamente definir aborrecimentos, falta de exercício físico, pouca
agressão dominante, muito menos como iden- interacção social ou falta de treino.
tificá-la no mundo real e no dia-a-dia.
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