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A BÍBLIA DAS CRIANÇAS

CAPA 2 (ORELHA)

Esta Bíblia maravilhosamente ilustrada foi escrita especialmente para crianças. Usando uma linguagem
clara e simples, A Bíblia das Crianças reconta as maiores estórias do Antigo e do Novo Testamento,
desde a estória da Criação até a Visão da Nova Jerusalém.
As ilustrações tocantes e coloridas, captam a beleza e poesia das estórias, e foram cuidadosamente
pesquisadas de maneira que proporcionem um retrato autêntico da vida nos tempos da Bíblia.

capa 2 (orelha)

O AUTOR

DAVID CHRISTIE-MURRAY foi ordenado na Igreja da Inglaterra, e por quatro anos foi um
organizador da juventude Diocesana. Ele lecionou na Harrow School por 27 anos, e durante esse tempo
passou um ano lecionando no Clarion State College, na Pennsylvania nos Estados Unidos. Desde sua
aposentadoria ele tem dedicado o seu tempo à escrita.

O ARTISTA

ANDREW WHEATCROFT possui uma graduação com distinção em arte no Newport College of Art,
e é membro da Sociedade Britânica de Aquarela. Ele foi eleito para a Sociedade Britânica de Pintores
em 1990. Nasceu em Yorkshire, atualmente ele mora e trabalha em Montana nos Estados Unidos com
sua esposa Cheryl.

página 1

A BÍBLIA DAS CRIANÇAS

página 2

A BÍBLIA DAS CRIANÇAS


DAVID CHRISTIE-MURRAY

Ilustrada por
ANDREW WHEATCROFT

página 3
Editor: Beryl Creek
Diretor de Arte: Gail Rose
Projeto Gráfico: Clarissa Johnson
Controle de Produção: Linda Spillane
Pesquisa de Pinturas: Charlotte Deane

Edição publicada inicialmente na Grã Bretanha em 1993 por Hamlyn Children’s Books,
uma marca de Reed’s Children’s Books, Michelin House, 81 Fulham Road, London SW3 6RB, e
Auckland, Melbourne, Singapora e Toronto.

Copyright 1993 Reed International Books Limited

Todos os direitos reservados. Nenhuma trecho desta publicação pode ser reproduzido, armazenado em
sistema de dados, ou transmitido de qualquer maneira por qualquer meio de fotocópia, eletrônico,
mecânico, gravação ou qualquer outro sem a prévia permissão por escrito do detentor dos direitos de
reprodução.

ISBN 0 600 57412 1 (padrão)


ISBN 0 600 57419 9 (branca de luxo)
ISBN 0 600 58123 3 (azul de luxo)

Um registro de catálogo CIP deste livro está disponível na Biblioteca Britânica

Este texto foi ampliado a partir de The All-Colour Children’s Bible

Tradução e Pesquisa : Renato De Aviz

página 4

ÍNDICE

Introdução 8

ANTIGO TESTAMENTO

Terras da Bíblia na Época do Antigo Testamento (mapa) 12

A Criação 14 O Povo Escolhe O Senhor Deus 73

O Jardim do Éden A Derrocada de Sisara 76

Caim e Abel 18 A Estória de Gedeão 77

O Dilúvio 20 A Estória de Sansão 82

A Promessa de Deus a Abraão 24 Rute 86


Abraão e Isaac 25 O Nascimento e o Chamado de Samuel 88

Isaac e Rebeca 28 Os Filisteus e a Arca 92

Esaú e Jacó 30 Saul é Ungido Para Rei 93

As Aventuras de Jacó 32 A Rejeição do Rei Saul 95

A Estória de José 39 Davi é Escolhido 99

Moisés Liberta o Povo de Deus 48 Davi Luta com Golias, o Gigante de Get

A Travessia do Mar Vermelho 54 David e Saul 104

Os Dez Mandamentos 58 Davi e Jônatas 106

O Tabernáculo e a Arca 62 Davi, o Refugiado 107

A Jornada pelo Deserto 63 O Fim do Rei Saul 110

Os Espiões e a Travessia do Jordão 68 Davi é coroado Rei 114

A Queda de Jericó 69 Davi e Betsabéia 115

Um Plano e um Truque 72 Davi e Absalão 117

página 6

Salmos 23 120 Jeremias e o Fim de Judá 153

A Sabedoria de Salomão 122 A Missão de Jonas 157

A construção do Templo 124 O Sonho de Nabucodonosor 160

A Divisão do Reino 128 Provação de Fogo 161

O Deus Eterno ou Baal? 131 A Festa de Baltasar 164

A Vinha de Nabot 134 Daniel na Cova dos Leões 166

A Morte de Acab 136 O Retorno e a Restauração 170

As Carruagens de Fogo 137 Cronologia do Antigo Testamento 178

A Lepra do General 142 Os Profetas I 180

Jeú, O Vingador 144 Os Profetas II 182


Ezequias, O Homem Bom 148 Os Profetas III 184

O Fim de Israel 150 Os Profetas IV 186

As Reformas de Josias 152 Outros Livros do Antigo Testamento 188

página 7

O NOVO TESTAMENTO

Viagens de Paulo, a Palestina durante o sacerdócio de Jesus (mapa) 192

Isabel e Maria 194 Pedro, a Pedra 252

O Nascimento de Jesus 196 Uma Visão de Glória 253

A Visita dos Magos 200 Jesus e as Crianças 256

Jesus no Templo 202 Maria, Marta e Lázaro 258

João Batista 204 O Bom Samaritano 262

A Tentação no Deserto 206 O Filho Pródigo 264

O Casamento em Canaã 210 Zaqueu 266

A Estória das Vestes Nupciais 211 O Primeiro Domingo de Ramos 267

A Morte de João Batista 212 A Última Ceia 272

Jesus e os Pescadores de Homens 214 Getsêmani 276

A Cura do Paralítico 218 Jesus diante do Sinédrio 279

Jesus e o Dia de Sábado 220 O Julgamento Diante de Pilatos 280

Os Ensinamentos de Jesus 223 A Crucifixão 284

Bênçãos 225 A Primeira Páscoa e a Seguinte 288

O Servo do Centurião 226 A Ascensão 292

Jesus é Ungido 228 A Vinda do Espírito Santo 294

A Parábola do Semeador 231 O Martírio de Estêvão 297


As Estórias que Jesus Contou 232 A Visão da Estrada de Damasco 299

Jesus Acalma a Tempestade 237 Pedro e Cornélius 302

Jesus Caminha Sobre a Água 237 O Carcereiro Filipense 304

Um Louco é Curado 240 Paulo em Jerusalém 306

A Filha de Jairo 241 A Estrada para Roma 309

Jesus o Curador 244 Um Maço de Cartas 312

A Alimentação de Cinco Mil 248 A Nova Jerusalém 315

As Pessoas do Novo Testamento 318

página 8

INTRODUÇÃO

A Bíblia não é um livro e sim uma biblioteca de sessenta e seis livros (a católica possui setenta e três),
escritos em um período de mais de mil anos. Muitas centenas de anos podem ser adicionadas a este
milhar, pois muitas das estórias destes livros eram antigas e foram passadas verbalmente muito antes de
terem sido escritas. Da mesma maneira que você espera que um livro atual seja bem diferente na
linguagem e nas idéias de um livro dos tempos do rei Alfredo, portanto os livros posteriores são
diferentes dos primeiros.
Os sessenta e seis livros foram reunidos em um porque há um encadeamento que passa por todos eles.
A Bíblia começa com uma estória da criação do mundo e de todas as coisas vivas. Depois, de todas as
pessoas do mundo, Deus escolheu uma simples família, a de Abraão, seu filho Isaac, e seu neto, Jacó.
Esta família formou as doze tribos e a partir delas as nações de Israel e Judá se formaram. Seus dois
reinos eram pequenos - juntos eram do tamanho do País de Gales, e também muito fracos para
sobreviver muito tempo aos grandes impérios que cresceram ao redor deles, eles viveram como nação
livre apenas por alguns séculos.
Aos poucos, dolorosamente e com muitos retrocessos para a adoração de falsos deuses, eles vieram a
conhecer as verdades a respeito do Deus oculto do restante do mundo. Eles cometeram muitos erros e
fizeram muitas coisas tolas e maléficas; mas aprenderam no final que há apenas um Deus verdadeiro,
que criou tudo que existe - o Senhor e Mestre do Universo.
Eles descobriram que Deus é bom e deseja que aqueles que o amam e seguem mostrem o amor
obedecendo-o e vivendo as melhores vidas que puderem. Eles passaram a esperar que um dia
apareceria na terra o Messias que traria a ordem de Deus para o mundo. Eles esperavam um rei da
terra, um grande conquistador que os levaria a uma vitória sobre todas as outras nações. Assim, quando
Jesus disse a eles que tinha vindo para trazer o Reino de Deus, e que não era um reino deste mundo,
nem mesmo o mais íntimo de seus amigos o compreendeu até depois que ele já havia morrido e
ressuscitado dos mortos.
Mas, sem saber disso, os israelitas do Antigo Testamento prepararam o caminho para os cristãos do
Novo Testamento: e se fôssemos ler somente o Novo Testamento, como algumas vezes é sugerido,
perderíamos mais da metade da estória da maneira em que Deus se revelou para o mundo. Pois ele
tinha que fazer isso aos poucos à medida que os homens ficavam menos selvagem e mais capazes de
compreendê-lo. Eles precisavam compreender que a paz é melhor do que a guerra e que Deus que ama
todas as suas criaturas, é melhor do que um deus tribal que lidera seus adoradores na batalha contra
homens liderados por outros deuses tribais.

página 9

As estórias contidas neste livro são apenas uma seleção daquelas encontradas em toda a Bíblia. A
maioria delas não poderia ser deixada de fora, mas algumas delas poderiam ter sido substituída por
outras. Estas estórias foram escolhidas em parte porque uma leva à seguinte. É por isso que elas devem
ser lidas na primeira vez em ordem: pois dessa maneira a obra de Deus pode ser vista na história, e o
homem aprende mais a respeito de si à medida que os séculos passam. Assim, as estórias preferidas
podem ser lidas depois quantas vezes você desejar.
As estórias são verdadeiras? Esta é uma pergunta difícil de responder com um simples ‘sim’ ou ‘não’.
Algumas das estórias que Jesus contou como O Bom Samaritano e O Filho Pródigo, poderiam ter
acontecido. Mas Jesus as contou como estórias, e se elas aconteceram ou não, não é o mais importante
a respeito delas. O importante é que elas ensinam como o homem deve se comportar em relação a seus
semelhantes e como Deus lida com o homem. Existem estórias no Antigo Testamento que são
parecidas com elas. Algumas pessoas pensam que elas aconteceram, outras não. Mas como as estórias
de Jesus, o mais importante é a verdade que elas contam. Se você ler estas estórias depois de pedir a
Deus em oração para mostrar o que elas significam, e depois procurar o significado, você aprenderá a
respeito de Deus e de seus caminhos para lidar com os homens, e descobrirá neles o tipo de verdade
que deve ser levada em conta.
Algumas vezes os jovens leitores das estórias da Bíblia ficam confusos com frases como “Deus disse a
Moisés”. Como Deus falou com as pessoas e por que ele não fala com elas agora? A resposta é que
Deus falou naquela época como ainda fala hoje. Ele guiou os homens em seus pensamentos e
sentimentos e nas decisões que eles precisavam tomar. Algumas vezes eles sabiam por instinto, que
Deus queria que eles tomassem uma determinada atitude. Algumas vezes eles se davam conta de que
Deus os estava guiando sem que eles soubessem e descreviam a experiência dizendo, “Deus me disse”.
As únicas diferenças entre nós e eles, são que eles viveram em uma época em que a Terra era cheia de
mistérios que eles não compreendiam, e pareciam ser a obra de espíritos bons e maus; e no silêncio das
distâncias do deserto, e na solidão da montanha e do urzal, Deus estava tão próximo, que eles
prestavam atenção a sua voz serena, pequena, e a ouviam claramente falando dentro deles próprios.
Deus pode falar com a gente nos dias de hoje exatamente como ele falava com os homens e as
mulheres da Bíblia: mas para ouvir sua voz precisamos aprender a prestar atenção.

página 11

O ANTIGO TESTAMENTO
Página 12

MAR NEGRO
ITÁLIA
GRÉCIA
CRETA
MAR MEDITERRÂNEO
EGITO
Rio Nilo

TERRAS DA BÍBLIA NA ÉPOCA DO ANTIGO TESTAMENTO

Este mapa mostra as principais regiões mencionadas no Antigo Testamento. As pessoas ficavam
mudando continuamente de uma região para outra, e durante 2.000 anos a partir da data estimada de
nascimento de Abraão até o nascimento de Jesus, as fronteira das nações mudavam com freqüência.

página 12

MAR CÁSPIO
CHIPRE
MESOPOTÂMIA
Ninive
ASSÍRIA
Rio Tigres
Rio Eufrates
Babilônia
BABILÔNIA
PÉRSIA
GOLFO PÉRSICO
PALESTINA
MAR DA GALILÉIA
Rio Jordão
MOAB
MAR MORTO
Monte Sinai
MADIAN
MAR VERMELHO

página 14

A CRIAÇÃO
Gênesis 1

Quando Deus começou a criar o universo não havia nada para ser visto. A escuridão cobria uma um
interminável deserto de águas mas o espírito de Deus pairava sobre a profundidade.
Deus disse: “Faça-se a luz“. E ele viu que a luz era boa e a separou da escuridão, chamando a luz de
Dia e a escuridão de Noite. E fez-se tarde e manhã, fazendo o primeiro dia.
Então Deus disse, “Faça-se um firmamento sobre a terra, para separar as águas que estão por cima, e
chamou o firmamento de Céu.” Isto aconteceu no segundo dia.
No terceiro dia Deus disse, “Deixe as águas que estão sob o céu ficarem juntas em um só lugar, para
que possa aparecer a terra firme.” E a terra firme apareceu. Deus a chamou de terra e chamou o
conjunto das águas de mar. Ele viu que esta parte de seu trabalho também era boa.
Então Deus disse, “Façam-se as plantas com sementes e as árvores que dão frutos com sementes
brotarem na terra”. E assim se fez. E mais uma vez Deus viu que isto era bom; mais uma vez se fez
tarde e manhã, fazendo um terceiro dia.
No quarto dia da criação Deus disse, “Façam-se as luzes no céu. Que elas separem o dia da noite, as
estações e os anos. Que elas brilhem no céu para dar luz à terra”. Deus fez duas grandes fontes de luz, a
maior luz para reinar de dia e a menor para reinar à noite com as estrelas. Assim foram feitos o sol, a
lua e as estrelas e colocadas no céu, e com seus movimentos, o dia e a noite, e a luz e as trevas foram
estabelecidos na terra.

página 15

Deus viu que isto também era bom e a tarde e a manhã finalizaram o quarto dia.
Então Deus disse: Façam-se cardumes de criaturas vivas na água, e que o céu sob o espaço do
firmamento fique repleto de pássaros”. Deus fez grandes monstros marinhos e todo tipo de ser vivo dos
rios e oceanos, e preencheu os céus com todo tipo de pássaro. Deus abençoou estas primeiras criaturas
vivas que ele havia criado e disse “crescei e multiplicai-vos e enchei as águas do mar. E que as aves se
multipliquem sobre a terra”. Mais uma fez-se tarde e manhã, e o quinto dia passou.
No último dia da criação Deus disse: “Que a terra produza todo tipo de ser vivo: gado, répteis e
animais selvagens”. E assim se fez na terra. Por fim, Deus criou o homem. “Façamos o homem à nossa
imagem e semelhança”, Deus disse. “Que ele reine sobre os peixes do mar, os pássaros do céu, e sobre
todo animal e réptil na terra”.
Quando Deus criou o homem, ele o abençoou, dizendo, “crescei e multiplicai-vos”. Enchei a terra e
reine sobre ela e todas as criaturas dela. Darei a você todas as plantas com sementes sobre a terra, e
todas as árvores que dão fruto como alimento”.
Aconteceu exatamente como Deus disse. Ele olhou ao redor de tudo o que tinha feito e viu que era
bom.
No sétimo dia Deus parou sua obra de criação. Por causa disso, ele abençoou o sétimo dia e o
santificou como dia de repouso, uma hora em que os homens devem terminar seus trabalhos.

O JARDIM DO ÉDEN
Gênesis 2

Quando Deus criou o homem, ele plantou um jardim na terra do Éden bem distante ao leste, o qual era
repleto de árvores belas de se ver com frutos deliciosos. Entre elas no centro do jardim, havia duas
árvores muito especiais. Uma era a Árvore da Vida Eterna, e a outra era a Árvore do Conhecimento do
Bem e do Mal.
Se um homem comesse o fruto da segunda árvore, ele aprenderia que o bem e o mal existem e ficaria
ansiando por um conhecimento cada vez maior, apesar de todos os problemas e dificuldades que
apareceriam.
Deus colocou Adão (palavra que significa homem em hebraico) no jardim para cuidar dele. E disse a
ele, “Você pode comer o fruto de todas as árvores do jardim, a não ser o da Árvore do Conhecimento,
pois quando comer desse fruto você se tornará mortal, e assim, um dia você morrerá”.
Então, Deus trouxe todos os animais selvagens e pássaros que ele havia feito para Adão, para que ele
desse nome a eles, mas para o próprio homem ainda não havia sido encontrada uma companheira. Deus
fez Adão cair num sono profundo. Enquanto ele dormia, Deus tirou uma de suas costelas, fechou a
carne sobre a ferida, e com a costela fez uma mulher. Então, ele deu a mulher a Adão para que ele não
ficasse sozinho.

página 16
Adão chamou a mulher de Eva, uma palavra que significa “Vida”, porque ela era a mãe de toda a
humanidade.
Dentre as criaturas que Deus fez nenhum era mais astuto do que a serpente. Ela perguntou à mulher, “é
verdade que Deus proibiu vocês de comerem alguns dos frutos do jardim?”.
Eva respondeu, “Podemos comer todos os frutos, exceto os da árvore no centro do jardim. Se nós
comermos esses frutos, morreremos”.
“Vocês não morrerão, não!”, disse a serpente. “Deus disse a vocês para não comer desse fruto porque
ele sabe que assim que vocês comerem, ficarão como ele, conhecendo o bem e o mal”.
Eva olhou para o fruto e viu que seria bom comer. Ela olhou novamente, e quanto mais ela olhava,
mais saboroso o fruto parecia. Ela não queria desobedecer a Deus, mas a tentação era muito forte para
ela. Ela colheu alguns frutos e comeu, e deu um pouco para Adão, e ele também comeu.

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O primeiro resultado de terem comido o fruto, foi que eles souberam o que haviam feito de errado. Por
fim, eles compreenderam o que significava desobedecer a Deus. Ficaram envergonhados de seus
corpos nus, e tentaram cobrir com roupas feitas de folhas de figueira.
Quando Deus veio para o jardim na hora da brisa ao cair da tarde, eles se esconderam dele. “Onde
estão?” Deus perguntou.
Adão respondeu, “ouvi o senhor caminhando pelo jardim. Tive medo porque estava nu, por isso me
escondi.”
“Quem te disse que estavas nu?”, Deus perguntou. “Comeste o fruto que eu havia proibido?”
Adão culpou Eva. “A mulher que me deu como companheira me deu o fruto, e eu o comi!”
Então Deus disse a Eva: “O que foi que fizeste?”
Eva culpou a serpente. “A serpente me enganou, e eu comi o fruto”, ela disse.
Então Deus puniu cada um dos três. Para a serpente ela disse, “Você será maldita, mais do que
qualquer outra criatura. Rastejará e comerá terra por toda a sua vida, e os homens e as cobras serão
inimigos para sempre”.
Para Eva ele disse, “Darás a luz aos filhos com dor, ficará sob o domínio de teu marido e ele deverá ser
o teu senhor”.
Para Adão ele disse, “Por teres dado ouvido a Eva e comido da árvore que eu te proibi de tocar, a terra
será amaldiçoada por tua causa. Trabalharás com suor e sofrerás toda a tua vida para tirar o sustento
dela, e travarás uma luta interminável contra espinhos e abrolhos para plantar o teu alimento. Ao final,
morrerás, e retornarás ao pó do qual foste feito.”
Então Deus fez roupas de peles de animais para Adão e Eva, e os expulsou do paraíso, para que eles
não comessem do fruto da Árvore da Vida e vivessem para sempre na miséria. O caminho para o
paraíso foi bloqueado por anjos com espadas, cujas lâminas eram como chamas, girando e flamejando
em todas as direções.
E foi assim que o homem perdeu o Paraíso.

CAIM E ABEL
Gênesis 4-6

Acreditava-se que nos tempos em que os homens apareceram primeiro na terra, eles viviam até uma
idade bem mais avançada do que vivemos hoje. Adão tinha novecentos e trinta anos quando morreu e
todos os seus descendentes viveram bem acima dos oitocentos anos. Assim foi possível para Adão e
Eva terem muitas centenas de descendentes antes de morrerem, apesar do Gênesis mencionar somente
o nome de três de seus filhos.
O mais velho era Caim. Ele foi o primeiro bebê a aparecer na terra, e quando ele nasceu, Eva, sua mãe,
disse, “com a ajuda do senhor eu trouxe um homem à vida”. Depois ela teve um filho a quem ela
chamou de Abel. Com o passar do tempo, Caim cresceu e se tornou um lavrador; seu irmão Abel
escolheu a vida de pastor.

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E chegou um dia em que os dois trouxeram presentes para Deus. Caim trouxe um pouco de milho e
frutas que ele plantava, e Abel um alguns dos primeiros carneiros de seu rebanho. Deus recebeu Abel e
sua oferenda com estima, mas não olhou para Caim e sua oferenda. Não dizem exatamente por que foi
assim, apesar de supormos que Caim fez algo que desagradasse a Deus. Pois quando ele estava
aborrecido e abatido depois que seu presente foi rejeitado, Deus disse a ele, “Por que estás tão
aborrecido?“ Se fizer bem a tua obra, serás bem aceito. Mas se não fizer, o pecado estará como um
demônio à tua porta”, ávido para te possuir, e te dominará”. Mas Caim não deu ouvidos ao aviso. Ele
estava abalado e ressentido com Deus e com ciúme de seu irmão, e esperou por uma oportunidade para
feri-lo.
E um dia ele teve a chance quando estavam sozinhos no campo aberto. Caim atacou Abel sem aviso, e
o matou, pensando que ninguém estava olhando. Mas Deus sabia o que ele tinha feito e disse a ele,
“onde estás teu irmão Abel?”
“Como devo saber?” respondeu Caim. “Sou eu o guardião de meu irmão?”

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Mas Deus disse, “o que fizeste? O sangue de teu irmão está clamando da terra por mim. Essa terra não
te darás mais o milho e a fruta quando cultiva-la. Serás amaldiçoado e banido dela, e condenado a ser
um vagabundo e fugitivo pelo mundo”
Caim gritou em desespero, “minha punição é mais do que posso suportar! O senhor está me expulsando
da terra, eu sei, e me banindo de sua presença. Eu serei um vagabundo. Não terei lar, e qualquer um
que me encontrar poderá me matar”.
Mas Deus pôs uma marca em Caim para evitar que ele fosse morto. Caim então deixou a presença de
Deus e foi para o oriente, se assentar na terra de Node que significa errante.
Mas Eva teve outros filhos para tomar o lugar dos dois filhos que ela havia perdido com o homicídio e
com a banição. Sabemos o nome apenas de um - Set, que significa, concedido, doado. Ele foi o
primeiro a nascer depois da morte de Abel, e Eva disse, “Deus me concedeu outro filho no lugar de
Abel a quem Caim matou”, e ela ficou confortada.

O DILÚVIO
Gênesis 6-9

À medida que os descendentes de Adão e Eva aumentavam em número, onde havia dezenas agora
eram milhares, os resultados terríveis do conhecimento do homem a respeito do bem e do mal
começaram a ser sentidos. O mal parecia ser muito mais empolgante do que o bem; e havia tristeza no
coração de Deus que havia criado um universo era inteiramente bom quando ele viu homens
descobrindo continuamente novas maneiras de ser cruel. Ele lamentava ter criado o homem, e decidiu
que eliminaria a raça humana e os seres vivos da face da terra provocando um grande dilúvio.
Mas havia um homem chamado Noé, que era o único em toda a humanidade que tentava viver como
Deus queria.
Deus decidiu poupa-lo e também à sua família, e disse a ele, “a terra está repleta de crueldade e
violência, e eu resolvi dar um fim a todos os que vivem nela. Somente você e sua esposa e seus três
filhos, Sem, Cam e Jafé, e suas esposas poderão ser salvos. Construa para vocês uma arca, um grande
barco de madeira, com cento e trinta e três metros de comprimento, vinte e dois de largura, e treze de
altura. Faça janelas e uma porta na lateral, e construa três convés, cada um dividido em
compartimentos.
“Quando a hora chegar, você terá que levar para a arca um casal, macho e fêmea, de cada animal, réptil
e pássaro, exceto daqueles que servem como alimento humano, os quais são chamados de puros, pois
destes você levará sete casais com alimento suficiente para todos. Pois eu vou mandar uma inundação
em toda a terra para destruir todos os seres vivos, exceto você e as criaturas que estão contigo na arca”.
Noé e seus filhos fizeram como Deus mandou, e começaram a construir o grande barco. Como os
homens que viviam nos arredores devem ter rido deles por trabalharem tanto, e por tanto tempo em
uma tarefa aparentemente inútil!

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Mas no final, depois de muitos meses, o enorme navio estava terminado; e sete dias antes de Deus
fazer a inundação ele avisou Noé para levar a família dele para a arca e colocar as criaturas que ele
havia reunido. Ao final de sete dias, Noé entrou na arca e Deus fechou a porta assim que começou a
chover.
Nunca ouve uma chuva como essa na face da terra. Era como grandes quedas d’água derramando dos
portais do céu. As águas dos oceanos também subiram, talvez por causa da atividade vulcânica por
baixo do leito do mar, e ondas colossais inundaram a terra, afogando e destruindo tudo que havia no
caminho. Choveu um dia após o outro, até que não havia mais nada à vista no horizonte por todos os
lados a não ser a arca, flutuando solitária em uma imensidão de água que enterrou até mesmo os topos
das montanhas. Somente Noé e sua família, e os seres vivos que estavam com ele sobreviveram.
Depois de muitos dias a chuva parou. O leito do mar abaixou de volta ao seu nível drenando a água da
terra. Deus mandou um vento forte para ajudar a secar a terra, e cinco meses depois da inundação ter
começado, as águas começaram a assentar. Por fim Noé sentiu que a arca tocou em terra firme assim
que ela cambaleou e assentou sobre o monte Ararate na Armênia.
Mas ele não teve coragem de sair dela. Somente o topo das montanhas haviam aparecido acima das
águas. Depois de esperar um pouco, ele enviou um corvo para ver se ele conseguia encontrar um lugar
que ele pudesse pousar. Ele não retornou, e uma semana depois Noé enviou um pombo. O pássaro
voltou no mesmo dia, pois não havia lugar para ele pousar, e Noé entendeu que precisava ter paciência.
Por mais uma semana ele esperou, depois mandou novamente o pombo. Ele ficou o dia todo for, mas
quando a noite chegou ele retornou com ramo de oliveira no bico. Assim Noé percebeu que as árvores
pequenas já estavam aparecendo acima da superfície da água. E ele esperou mais sete dias e mandou
novamente o pombo. Desta vez ele não retornou, e Noé entendeu que era hora de sair da arca. Ele abriu
a escotilha, empurrou a porta e olhou para fora. Até onde ele pode enxergar em todas as direções o
chão estava seco.
Então Deus disse a Noé, “saia da arca com sua família e deixe todas as criaturas saírem para se
espalharem pela terra e se multiplicarem”. Deus abençoou Noé e seus filhos com quase a mesma
bênção que ele deu a Adão.
“Sejam produtivos e multipliquem e preencham novamente o mundo com pessoas. Todos os seres
vivos terão temor e respeito e serão dominados por vocês. Eles poderão servir de alimento para vocês,
assim como eu lhes dei plantas como alimento”.
A primeira coisa que Noé fez ao sair da arca foi agradecer a Deus, sacrificando algumas das aves e
animais puros dos quais ele havia levado sete casais na arca. Deus aceitou o sacrifício e disse, “apesar
da mente do homem estar sempre inclinada para a maldade, eu nunca mais afligirei o solo e nem
destruirei cada criatura em um dilúvio. Em sinal de que manterei minha promessa, colocarei meu arco-
íris sobre as nuvens quando elas cobrirem o céu, para lembrar de meu acordo com cada criatura viva
sobre a terra”.
Noé viveu até muito tempo depois do dilúvio para ver seus descendentes povoaram a terra com os
ancestrais de todas as nações que viveram nas terras conhecidas pelos escritores da Bíblia.
Dentre elas estava o pai da nação de Israel, Abrão, um descendente direto de Sem, que nasceu
cinqüenta anos antes de Noé morrer, em uma cidade chamada Ur dos Caldeus.

página 24

A PROMESSA DE DEUS A ABRÃO


Gênesis 12

Com a estória de Noé, deixamos a história de toda a humanidade e começamos a estória do povo
escolhido por Deus, Israel, o qual Abrão foi o fundador e pai. Por algum tempo, Abrão com sua
esposa Sarai, seu pai Terá e seu sobrinho Ló, viveram em Ur. Supõe-se atualmente que houve uma
mudança de religião na cidade, de modo que Terá e sua família que permaneceram fiéis a Deus, foram
forçados a sair de lá. Por muitos meses eles viajaram para o norte até uma cidade chamada Haran, onde
Deus, como eles sentiam, era adorado da maneira correta. Mas até Haran não seria o lar definitivo de
Abrão.
“Deixe o teu país, a família e os amigos”, Deus disse a ele, “e vá para uma terra que eu mostrarei a
você. Eu te abençoarei e farei uma grande nação de teus descendentes”.
Então Abrão se despediu daqueles com quem ele viveu por toda a sua vida e saiu com seus rebanhos e
escravos, levando de sua família somente Sara e seu sobrinho Ló. A tribo nômade foi para o oeste,
procurando pasto para o gado, e Deus guiou seus errantes até chegarem à terra de Canaã. Lá Deus
revelou a Abrão que este era o país que um dia ele daria para seus descendentes.
Diversas vezes nos anos que se seguiram, Deus repetiu sua promessa. A primeira ocasião foi depois
que Abrão e Ló concordaram em se separar porque seus rebanhos eram muito numerosos para dividir o
mesmo pasto e seus servos brigaram.
“Olhe em todas as direções”, Deus disse para Abrão. “Eu darei toda a terra que você consegue enxergar
para você e seus descendentes para sempre. Eles deverão ser tão numerosos quanto o pó da terra. Viaje
por toda a extensão e largura da terra, e eu lhe darei tudo para você”.
Depois, Deus apareceu para Abrão em um sonho dizendo, “Eu abençoarei você e o recompensarei
muito bem”.
Sarai era muito velha para ter filhos, e Abrão estava infeliz, porque se um homem não tivesse um filho
na família naquela época, isso era tido como um dos destinos mais tristes que poderiam recair sobre
ele.
Mas para reassegurar a ele, Deus disse a Abrão para olhar para as estrela e disse, “Conte-as se puder. E
esse será o número de seus descendentes”.
“Como posso ter certeza de que acontecerá o que me prometeste?” perguntou Abrão. “E como posso
saber que os filhos de meus filhos terão a posse desta terra que me prometeste?”.
Deus disse a ele o que fazer. “Leve os animais e pássaros para sacrifício”, ele disse. “Mate-os”: corte
os animais em dois e coloque as metades e os pássaros inteiros em lados opostos. Depois espere”.
Abrão fez isso, e ficou observando o seu sacrifício, enxotando as aves de rapina que tentavam comer os
animais, até o sol se por. Por fim, ele entrou em transe. De repente, sentiu muito medo na escuridão.
Em seguida ouviu a voz de Deus.
“Seus descendentes habitarão em uma terra que não é deles, serão escravos de um povo hostil por
quatrocentos anos. Depois escaparão e voltarão a esta terra que darei a eles - uma terra que se estende
do rio Nilo ao rio Eufrates.
página 25

Você viverá até uma idade bem avançada”.


A voz cessou. Na escuridão, um braseiro fumegante e uma tocha flamejante, símbolos da presença de
Deus, passou entre pedaços de animais, e Abrão entendeu que Deus fez um acordo solene para manter
suas promessas. Pois naqueles dias, quando dois homens faziam um acordo, eles matavam e cortavam
animais em dois como Abrão havia feito, e faziam suas promessas depois de andar entre as linhas e se
encontrarem. O significado do ritual era, “se eu quebrar este acordo, poderei ser morto como estes
animais”.

ABRÃO E ISAAC
Gênesis 18

Algum tempo depois de fazer o acordo, Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, e de Sarai para
Sara. O novo nome de Abraão significava Pai de Muita Gente, e o de Sara, Princesa.
Ele falou com Abraão novamente através de três mensageiros, que lhe disseram que Sara daria a luz a
um filho na próxima primavera, apesar dela ter passado há muito tempo da idade fértil. Sara ouviu a
mensagem deles e riu, mas eles se reaproximaram dela, dizendo que nada era impossível para Deus
realizar.

página 27

Quando a primavera chegou, Sara de fato deu a luz a um menino. Ela o chamou de Isaac, que significa
“aquele que ri”, pois ela disse, “Deus me deu uma boa razão para ser feliz, e todos que ouvirem isso
vão rir comigo”. Abraão já possuía um filho de outra esposa, a serva egípcia de Sara, Agar; pois
enquanto Sara não podia dar a luz, ela insistiu para que seu marido tivesse outra esposa, como era
permitido naqueles dias. A segunda esposa era considerada inferior à primeira, e se a primeira esposa
não pudesse ter filhos, ela podia, de acordo com os costumes antigos, considerar os filhos da segunda
esposa como seus próprios filhos. O filho de Agar foi chamado de Ismael.
Por fim chegou o dia em que Abraão decidiu comemorar o fato de Isaac ter deixado de ser bebê e
passado a ser um menino. Até o nascimento de Isaac, Ismael havia sido o herdeiro de Abraão. Mas
agora toda a esperança de ser o seu sucessor havia acabado, e com sua raiva, Ismael zombava de seu
irmão. Sara ao vê-lo caçoar de Isaac, exigiu que Abraão mandasse Agar e Ismael embora para sempre.
Abraão fez isso na manhã seguinte; e apesar da mãe e do filho chegarem bem perto da morte no
deserto, Deus os salvou. Ismael cresceu para ser o ancestral dos árabes, enquanto Isaac foi o fundador
dos israelenses.
Apesar da fé já ter sido testada em Abraão ao ter que esperar por muitos anos para ter um filho, Deus
decidiu testa-lo novamente.
“Leve seu filho Isaac, o filho a quem ama muito, até uma montanha que eu lhe mostrarei”, ele disse, “e
lá o ofereça como sacrifício”.
com obediência, Abraão partiu na manhã seguinte, levando lenha nas costas para o sacrifício e
acompanhado de Isaac e dois servos. Viajaram por três dias, até que Abraão avistou o lugar escolhido
por Deus. Deixando os servos para trás, ele e Isaac escalaram a montanha, levando a madeira, o fogo e
a faca para fazer o sacrifício.
“Pai”, disse Isaac, confuso, “nós temos o fogo e a madeira, mas onde está o carneiro para o sacrifício”?
“Meu filho”, respondeu Abraão, “Deus dará o carneiro”. Os dois continuaram até chegarem ao lugar
que Abraão sabia instintivamente que era o local do sacrifício. Com o coração e a mente em agonia, o
pai construiu um altar com a pedras ao redor, arranjou a lenha sobre o altar, amarrou as mãos e pés de
seu filho, e o ergueu sobre a madeira. A Bíblia não diz nada sobre o pesar do pai e o medo do garoto
quando soube que seria a vítima, mas é fácil imaginar o quanto deve ter sido terrível.
Então Abraão estendeu sua mão com a faca para imolar seu filho. Ele a levantou bem alto. Ao se
preparar para dar o golpe, uma voz chamou de repente seu nome do céu.
Abraão entendeu que um anjo de Deus estava falando com ele.
“Não machuque o menino! Deus sabe que você o venera sinceramente, pois não negou a ele o seu
único filho”.
Abraão olhou para cima e viu um movimento pelo canto do olho. Era um carneiro preso nos espinhos
pelos chifres. Ele pegou o animal e o sacrificou no lugar de Isaac, e deu ao lugar o nome de Jeová-jireh
que significa O Senhor providenciará.

página 28

ISAAC E REBECA
Gênesis 24

Muitos anos haviam se passado. Isaac tinha quase quarenta anos de idade. Sara sua mãe havia morrido.
Abraão, mais próspero do que nunca, estava agora muito velho. Havia chegado a hora de Isaac se casar
para constituir a família que iria se tornar a grande nação prometida por Deus.
Ele havia determinado que Isaac não deveria se casar com uma mulher de Canaã, e sim com uma
mulher que adorasse o verdadeiro Deus. Assim ele chamou o seu capataz, seu servo mais confiável, e
ordenou que ele fosse para Haran, de volta à terra natal de Abraão, e escolhesse uma mulher da família
de Abraão para ser a esposa de Isaac.

página 29

Assim, quando o capataz partiu para sua longa viagem, chegando a Haran em uma tarde em que as
mulheres estavam pegando água em um poço.
“Oh, meu Deus”, ele orou, “quando as mulheres vierem pegar água, me guie até aquela que escolheu
para ser esposa de Isaac, a quem eu devo dizer, ‘Por favor, abaixe seu pote para que eu possa beber’.
Se ela responder, ‘beba e eu também darei água a seus camelos’, então saberei que ela é a mulher que
deseja que se case com Isaac”.
Mal ele havia terminado de orar apareceu uma bela garota que veio para a fonte com um pote nos
ombros. Ele tinha tanta certeza de que ela era a garota que Deus havia escolhido, que se apressou para
encontrar com ela. Ele pediu água a ela, e imediatamente ela deu a resposta que ele havia pedido em
oração. Quando seus camelos haviam terminado de beber, ele deu a ela pulseiras de ouro e um brinco
de argola de nariz (o qual até hoje é um presente de noivado na Arábia), perguntando quem era ela.
Quando ela respondeu que era Rebeca, filha de Betuel, o sobrinho de Abraão, o servo agradeceu a
Deus por leva-lo direto à família de seu senhor.

página 30

Rebeca, assustada com o que havia acontecido, correu de volta para sua família e contou a eles a
respeito do mensageiro de Abraão. Seu irmão Labão, se apressou em recebê-lo e trazê-lo para casa com
seus camelos e companheiros. Colocaram comida diante dele mas o servo disse, “não comerei nada até
dar a vocês minha mensagem”. Então ele contou como Abraão havia prosperado, como Sara havia
dado a luz a Isaac com sua idade avançada, como Abraão o havia enviado para encontrar uma esposa
para seu herdeiro em sua própria família, e de como Deus o havia guiado para falar com Rebeca.
“Isto só poderia vir de Deus!”, exclamaram Betuel e Labão. “Leve Rebeca com você e deixe-a ser a
esposa de Isaac”.
O servo de Abraão novamente agrade eu a Deus, e deu ricos presentes para Rebeca e sua família. Nessa
noite ele descansou. Quando levantou na manhã seguinte ele disse, “devo retornar imediatamente para
meu mestre com Rebeca”.
“Deixe a menina ficar conosco por uma semana ou dez dias para se preparar para a nova vida” pediu a
família. Depois ela poderá ir”.
“Não me façam ficar mais”, disse o homem. “Deus me fez ter êxito e devo retornar.”
“Vamos perguntar a Rebeca”, eles responderam, e faremos como ela disser”.
Mas Rebeca estava ansiosa para seguir imediatamente a nova vida para a qual ela havia sido escolhida.
Sua família a abençoou, dizendo, “seja a mãe de muitos e que seus descendentes conquistem todos os
seus inimigos!” Então Rebeca e a que havia sido sua babá montaram nos camelos e acompanharam o
homem no deserto.
O casamento foi feliz. Isaac amou Rebeca, e Abraão morreu feliz, sabendo que todas as promessas que
Deus havia feito a ele haviam sido realizadas.

ESAÚ E JACÓ
Gênesis 27

No devido tempo, Rebeca deu a Isaac dois irmãos gêmeos. O primeiro era cheio peludo, por isso foi
chamado de Esaú que significa “peludo”, e seu irmão foi chamado de Jacó. Esaú tornou-se um exímio
caçador, e agradava seu pai dando a ele bastante carne de veado. Jacó, o favorito de sua mãe, cresceu
par ase tornar um homem tranqüilo que preferia ficar em casa. Como Esaú era o mais velho, ele tinha
os direitos de primogênito. Isto era muito importante naqueles tempos. Significava que ele era o
herdeiro de todas as posses de seu pai, o chefe da família, o detentor da promessa especial de Deus a
Abraão.
Um dia, Esaú voltou da caçada, cansado e faminto. Pediu a Jacó para dar um pouco de sopa de
lentilhas que ele estava cozinhando.
“Eu só vou lhe dar um pouco da minha sopa de lentilhas” disse Jacó, “se você me prometer os seus
direitos de primogênito”.
“Eu estou morrendo de fome - de que me adiantam os direitos de primogênito?” disse Esaú, e estendeu
a mão para pegar o prato.
Jacó puxou o prato de volta. “Não até você jurar que me dá o direito de primogênito” ele disse. Assim,
Esaú fez um juramento solene de que Jacó poderia ficar com ele. Isto mostrou quanto valor ele dava a
esse privilégio.

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Então, Jacó deu a ele em troca o pão e a sopa.


Passaram-se alguns anos e Isaac, velho e cego, sabia que não iria viver muito. Por isso, ele pediu a
Esaú para ir caçar e preparar um banquete de carne de veado. Quando ele já tivesse comido, ele o
abençoaria.
As bênçãos e maldições eram consideradas como algo mais que simples desejos ou palavras.
Acreditava-se que qualquer desejo bom ou mal pudesse ser realizado. Se um pai abençoasse o filho
dizendo, “Seja o senhor de teus irmãos”, o filho de fato se tornaria o mestre de seus irmãos.
Rebeca ouviu Isaac prometendo a Esaú sua bênção, e correu até Jacó, seu filho preferido.
“Depressa”, ela disse, “mate dois cabritos do rebanho e traga-os para mim, e eu farei um prato para seu
pai. Leve para ele, finja ser Esaú, e ele te dará a bênção no lugar de seu irmão”.
“Mas se meu pai me tocar”, respondeu Jacó, “ele saberá que eu não sou Esaú”, e ele vai me
amaldiçoar ao invés de abençoar, por eu tê-lo enganado”.
“Então, que a maldição caia sobre mim”, disse a sua mãe. “Apenas faça como eu lhe digo”.
Quando a refeição estava pronta, Rebeca vestiu Jacó com as roupas de Esaú, e apertou as peles de
carneiro sobre as mãos lisas de Jacó e sobre o pescoço. Depois ele foi até Isaac, levando a comida.
“Pai”, ele disse, “aqui está sua caça”.
“Quem é você, meu filho?” perguntou o velho homem.
“Sou Esaú”, respondeu Jacó, “fiz o que me pediu. Coma, e depois me dê sua bênção”.
“Como você caçou o animal tão depressa!”, respondeu Isaac, surpreso.
“Deus o trouxe para mim”, respondeu o astuto Jacó.
Mas Isaac estava desconfiado. “Chegue perto e deixe-me tocar você”, ele disse, " para eu ter certeza de
que é mesmo meu filho Esaú”.
Jacó chegou perto dele e Isaac sentiu suas mãos. “A voz parece a de Jacó”, ele disse, " mas estas mãos
são de Esaú. Você é mesmo Esaú?”

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“Sou”, disse Jacó. Em seguida deu a comida ao pai.


"Chegue mais perto e me dê um beijo" disse Isaac depois de ter comido. Quando se abraçaram, Isaac
pode sentir o cheiro e as roupas de Esaú. Em seguida abençoou Jacó.
“O cheiro de meu filho é como o cheiro do campo que Deus abençoou. Que Deus lhe dê o orvalho do
céu e um solo rico em seus campos, e fartura de milho e vinho. Que as tribos e nações sejam
dominadas por você, e que você seja o senhor de seus irmãos. Que sejam amaldiçoados aqueles que te
amaldiçoam; abençoados sejam aqueles que te abençoam.”.
Jacó mal havia saído quando Esaú chegou de sua caçada e trouxe a refeição que havia preparado para
seu pai. “Coma pai”, ele disse, "e me dê sua bênção".
" Quem é você " perguntou Isaac, confuso.
“Sou seu filho mais velho, Esaú”.
Ao ouvir suas palavras Isaac começou a tremer muito.
" Então, quem me serviu a caça? Eu o abençoei! Sim, e ele deverá ser abençoado!”
Esaú deu grito com muita amargura. " Me abençoe também pai", lamentou Esaú.
“Não posso, pois seu irmão já tem a bênção que era tua”, disse Isaac.
Esaú chorou com amargura. “Por duas vezes ele me enganou: primeiro me tirou os direitos de
primogênito, agora minha bênção. O senhor não guardou nenhuma bênção para mim?”
“Eu fiz dele o teu senhor. Disse que ele terá muito milho e vinho. Que mais resta meu filho?”
respondeu o pai desoladamente.
“Será que o senhor só tinha uma bênção, pai? Me abençoe, me abençoe também”!
Isaac deu a ele o que pode. “Você viverá longe do solo rico e do orvalho do céu”, ele disse. “Viverá
pela espada e servirá teu irmão; mas chegará o tempo em que se revoltará e romperá os laços com ele”.
Esaú então odiou tanto Jacó pelo truque que havia feito, que planejou mata-lo quando Isaac morresse.
Mas Rebeca soube de seu plano, e chamando Jacó disse, “vá depressa até meu irmão Labão em Haran,
e fique lá até o ódio de seu irmão se acalmar. Quando for a hora certa, eu mandarei alguém para te
buscar”! Assim, com o consentimento de Isaac, Jacó partiu; e seus pais tinham a esperança de que lá
ele estaria longe do ódio de Esaú.

AS AVENTURAS DE JACÓ
Gênesis 28-33

Jacó fugiu do ódio de Esaú o mais rápido que pode. Tendo viajado a pé por vários dias, ele chegou a
um lugar onde as montanhas de pedra calcária se erguiam com formas de grandes degraus umas sobre
as outras. Talvez fosse a visão destes degraus antes de dormir que o fizeram sonhar com uma grande
escadaria que ia até o céu, com os mensageiros de Deus subindo e descendo para executar as ordens do
mestre. No sonho de Jacó, Deus ficou diante dele e repetiu a promessa que havia feito a Abraão. Jacó,
como ele disse, realizaria a promessa, seria o fundador de uma grande nação, e todo o povo seria
abençoado.

página 33

“Onde quer que vá”, Deus disse, “estarei com você, e o trarei de volta para casa a salvo”.
Jacó acordou assustado e com medo. “Deus está aqui” ele disse, “e eu não me dei conta de que aqui era
a porta do céu”. Ele pegou a pedra que havia usado como travesseiro enquanto sonhava, colocou-a em
pé como um pilar sagrado e chamou o lugar de Betel, ou a Casa de Deus. Depois de rezar para pedir a
proteção de Deus, ele continuou em sua longa viagem.

página 34

Por fim ele chegou a Haran, e perguntou aos pastores que estavam dando água de um poço aos
rebanhos se conheciam Labão. “Sim” eles disseram, “e olhe, lá está Raquel, sua filha, vindo para o
poço com seu rebanho de ovelhas”.
Jacó ajudou a dar água ao rebanho antes de se apresentar a ela. Depois ele disse quem era. Ele a beijou,
e tomado por muita emoção, começou a chorar.
Exatamente como Rebeca havia feito na outra geração, Raquel correu para casa e contou ao pai; e da
mesma maneira que Labão correu para saudar o servo de Abraão, ele foi correndo para dar as boas
vindas a Jacó.
Durante um mês Jacó trabalhou por vontade própria para Labão, recusando-se a ser pago por seu
trabalho.
Durante esse tempo ele se apaixonou por Raquel, que tinha em beleza o que sua irmã mais velha, Lia,
tinha em sinceridade. Ao final do mês Labão disse a Jacó, “Como você é meu sobrinho, não há motivo
para trabalhar para mim sem ganhar nada; qual será o seu salário?” Jacó respondeu. “trabalharei para
você por sete anos se me der Raquel para ser minha esposa”.
Labão concordou de boa vontade, e assim o amor de Jacó por Raquel era tanto que os anos se passaram
como dias. Mas quando chegou o dia do casamento, Labão enganou Jacó. Seu rosto oculto por um véu,
era o de Lia que veio para Jacó na escuridão da noite. Somente pela manhã ele descobriu de fato quem
era ela.

página 35

“Você me enganou!” ele protestou para seu tio, “eu o servi por sete anos para me casar com Raquel.
Por que fez isso comigo?”
Labão tinha sua resposta pronta. “É contra os costumes de nosso país permitir que a filha mais nova se
case antes da mais velha. Espere terminar a semana de festas de casamento de Lia. Depois case-se com
Raquel e trabalhe para mim mais sete anos”.
Jacó concordou com o plano de seu tio, mas ele amava Raquel e não sentia afeição por Lia. Mas Lia
deu quatro lindos filhos enquanto Raquel permaneceu sem engravidar. Até que isso levou a uma briga
entre Raquel e Jacó. “Me faça filhos” ela gritou, “ou eu morrerei!”
Jacó ficou furioso. “Está pensando que sou Deus?” ele disse, quem não deixe você ter filhos?”
“Tome minha escrava Bila!” gritou Raquel. Seus filhos serão como se fossem meus”.
Bila deu a Jacó dois filhos, e Lia com medo que não pudesse ter mais filhos, decidiu que não ia ser
superada por sua irmã, e deu a Jacó sua escrava, Zelfa. E Zelfa teve dois filhos. Depois, para sua
alegria, Lia teve mais dois filhos e uma filha, pois ela pensava que seus filhos fariam com que ela
ganhasse a afeição de seu marido. Somente depois disso Raquel teve José, o primeiro de seus dois
filhos. Seu irmão nasceu depois, após Jacó retornar a Canaã. Estes seus doze filhos foram os ancestrais
das doze tribos de Israel.
Na época em que José nasceu Jacó servia Labão há vinte anos. Pois nos últimos seis ele estava sendo
pago em ovelhas e cabritos, e apesar de Labão ter tentado enganá-lo, Jacó conseguiu levar a melhor
sobre ele e ficou rico. Os filhos de Labão ficaram com ciúme, e o próprio Labão foi ficando cada vez
menos amigável.

página 36

Por isso, um ano em que Labão e seus filhos estavam fora tosando as ovelhas, Jacó fugiu para o oeste
com suas esposas e filhos, junto com seus rebanhos e pastores. Assim que ele partiu Labão ficou
sabendo três dias depois. Partindo imediatamente em sua perseguição, ele o alcançou depois de sete
dias de cavalgada. Mas na noite anterior, antes que ele finalmente conseguisse, Deus avisou Labão para
ele não machucar Jacó.
Apesar de Labão obedecer, houve palavras amargas entre os dois. Cada um acusou o outro pelos erros
que haviam cometido. Labão acusou Jacó dizendo, “Tudo o que você possui aqui é meu; mas pelo
menos me deixe fazer alguma coisa por minhas filhas e netos. Vamos fazer um acordo para nunca mais
atacarmos um ao outro; e que Deus olhe por nós quando estivermos longe um do outro”. Assim, eles
partiram em paz, e Jacó se preparou para encarar quem ele achava que pudesse ser seu pior inimigo,
seu irmão Esaú.

página 38

Para ele Jacó enviou mensageiros com palavras de paz; mas eles retornaram com as terríveis notícias
de que Esaú já estava marchando com quatrocentos homens. Jacó dividiu tudo o que tinha em duas
companhias, assim se Esaú atacasse uma, a outra poderia escapar. Então ele orou sinceramente para
Deus ajuda-lo. Por fim, ele pegou quase seiscentos de seus animais e os dividiu em seis rebanhos.
“Deixe uma boa distância entre os rebanhos” ele disse aos condutores de gado, “quando cada um de
vocês encontrar Esaú, diga a ele que os animais são um presente para ele, e que estou seguindo você”.
E pensou consigo, “talvez esses presentes o convençam a me receber”.
Nessa noite uma aventura estranha aconteceu a Jacó. Ele havia se recolhido em um lugar solitário,
querendo ficar sozinho, talvez para planejar o que dizer a Esaú quando se encontrassem. De repente, na
escuridão, ele percebeu a figura de um homem que o desafiou para uma luta. Pelo temor que ele sentiu,
Jacó sabia que não se tratava de um homem comum; e percebeu também que ele não tinha escolha a
não ser aceitar o desafio. Eles lutaram até o amanhecer. E então, o ser misterioso vendo que não
conseguia vencer Jacó, o atingiu deslocando o nervo de sua coxa. Mesmo assim, Jacó não deixou o
homem ir embora enquanto não fosse abençoado por ele. O estranho finalmente concordou em
abençoa-lo dizendo, “seu nome, Jacó, será mudado para Israel, ‘o que luta com Deus’, porque lutou
com Deus e com os homens, e venceu”. Jacó que havia enganado Esaú e ludibriado Labão, através da
graça de Deus havia recebido uma nova natureza e um novo nome e se tornou um valoroso fundador
do Povo de Deus.
E Deus não o desertou no dia seguinte quando ele encontrou Esaú. Ha muito tempo sem lembrar mais
de sua raiva, Esaú chorou de alegria ao ver seu irmão novamente e abraça-lo calorosamente. Não havia
nada a não ser bondade entre os dois, e depois do encontro deles, eles se assentaram em distritos
diferentes em Canaã e viveram em paz. Sua mãe Rebeca havia morrido antes do retorno de Jacó, mas
ele estava reunido com seu pai, Isaac. Assim a promessa de Deus de que Jacó voltaria a salvo para
Canaã havia sido realizada.

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A ESTÓRIA DE JOSÉ
Gênesis 37-50

Quando o filho de Israel, José tinha dezessete anos, ele costumava acompanhar seus irmão enquanto
eles tomavam conta das ovelhas, e contava ao pai a respeito do mal comportamento deles.
Naturalmente eles o odiavam por isso, e ficavam com ciúme e furiosos quando Israel dava a ele um
casaco de mangas compridas que era o sinal de ser o chefe da família. Ele amava José mais do que
qualquer um de seus filhos, e o considerava seu herdeiro antes de todos. Então José teve um sonho que
aumentou o ainda mais o ódio de seus irmãos.
“Sonhei que estávamos amarando feixes de trigo”, ele disse, “ e quando meu feixe ficou de pé todos os
seus feixes de curvaram diante de mim”.
Logo depois ele descreveu um outro de seus sonhos para sua família, o que fez até mesmo o seu
amável pai reprova-lo. “O sol e a lua e onze estrelas se curvaram diante de mim”, disse José.
Você pensa mesmo que eu e sua mãe e seus irmãos vamos nos ajoelhar diante de você?” perguntou seu
pai. Mas mesmo assim ele ficava lembrando do sonho.
Algum tempo depois, quando todos os irmãos exceto José estavam fora colocando as ovelhas para
pastar, Israel o mandou para ver se tudo estava bem com seus filhos. Eles o viram chegando à
distância.
“Eis a nossa chance de dar um fim a este sonhador e seus sonhos”, eles disseram. Vamos mata-lo, atirar
seu corpo em um poço e dizer a nosso pai que um animal selvagem o devorou”. Mas o filho mais velho
Rubem, os convenceu a não matarem José e sim prendê-lo em um poço fundo até que eles pudessem
decidir o que fazer com ele. Ele planejava em segredo devolver o rapaz a salvo para seu pai.
Quando José chegou, eles o atacaram sem aviso, tiraram sua roupa de mangas compridas e o jogaram
no poço. Um pouco depois alguns mercadores passaram, e os irmãos viram a chance de combinar a
vingança com um lucro. E decidiram vender José aos mercadores como escravo. Rubem estava longe
quando isso aconteceu, e ao retornar ele viu o poço vazio. ‘O garoto foi embora! O que vou fazer?” ele
gritou em um terrível desespero.
Mas os irmãos fizeram como haviam planeja do antes. Levaram o casaco de José, fizeram muitos
rasgos e mergulharam no sangue de um cabrito que eles haviam matado e o levaram até Israel. Ele o
reconheceu imediatamente e deu um grito angustiado. “É o casado de meu filho, um animal selvagem
o devorou!”
Um dia após o outro, semana após a outra ele sentiu o pesar por José e não conseguia ser confortado.
“Vou lamentar por meu filho até morrer”, ele chorava.
Enquanto isso, José havia sido levado para o Egito e vendido para Potifar, o capitão da guarda do
faraó, rei do Egito. Em pouco tempo Potifar estava confiando tanto nele que o encarregou de toda a
organização de sua casa. Mas a esposa de Potifar se apaixonou por José, que era muito bonito, e
quando ele se recusou a ter alguma coisa com ela, ela se vingou acusando-o falsamente de molestá-la.
Potifar ficou com muita raiva e colocou José na prisão real.
Mas mesmo lá dentro Deus estava com ele. Logo o carcereiro o colocou como encarregado de toda a
prisão e de todos os que estavam nela. E entre os prisioneiros sob os cuidados de José estavam o
copeiro e o padeiro.
Uma manhã, José os encontrou deprimidos e eles contaram que haviam tido sonhos que eles não
conseguiam compreender.
“Me contem seus sonhos”, disse José. “Talvez Deus me mostre o que eles significam”.
“Sonhei que eu vi três galhos de parreira em uma vinha” disse o copeiro. “Eu as colhi, amassei na taça
do faraó e dei para ele”.
“Seu sonho”, disse José, “significa que em três dias você será libertado e colocado de volta à sua
posição anterior como copeiro do faraó. Mas quando isso acontecer, conte ao faraó a meu respeito e me
ajude a sair desse lugar, pois eu não fiz nada para merecer a prisão”.
Então o padeiro contou seu sonho. “Eu estava levando três cestos de pão branco sobre minha cabeça, e
os pássaros estavam comendo a comida que havia no alto do cesto”.
“Este sonho”, disse José com certa relutância, “significa que em três dias o faraó o enforcará”.
Os sonhos se realizaram. Mas com sua alegria por voltar a ser copeiro, ele esqueceu José por quase
dois anos. Então aconteceu que o faraó teve dois sonhos que o intrigaram, e ele ficou tão ansioso que
nenhum de seus sábios conseguiam interpretar. De repente, o copeiro se lembrou da capacidade de José
explicar o significado dos sonhos, e contou ao faraó a respeito do jovem hebreu.
O faraó mandou imediatamente chamar José.
“Ouvi dizer que você consegue explicar o significado dos sonhos”, ele disse.

página 41

“Eu não”, respondeu José, ‘Deus dará a resposta ao faraó”.


“Sonhei”, disse o rei, que estava sentado à beira do Nilo quando diversas vacas gordas saíram do rio e
começaram a pastar. Elas foram acompanhadas por outras sete, as mais magras que eu já havia visto, e
que comeram as sete vacas gordas, e não engordaram depois de terem comido. Depois eu tive outro
sonho. Eu vi sete espigas de milho cheias crescendo nos ramos e que foram engolidas por outras sete
espigas finas, secas e vazias”.
“Estes sonhos têm o mesmo significado” disse José. “Haverão sete anos de carestia que destruirão tudo
o que era bom dos primeiros sete.

página 42

O faraó precisa colocar um homem encarregado de todo o país com capatazes para colher e estocar um
quinto do que foi produzido no Egito durante os anos de fartura. Estes estoques podem ser usados
durante os anos de carestia “.
O faraó disse a José, “que homem poderia ser mais sábio do que você, que possui o espírito de Deus
dentro de si? Você deverá ser o homem que ficará a cargo de todo o Egito. Somente eu, o faraó em
meu trono, poderei ter mais poder do que você”.
Então, com um simples gesto, José se tornou depois do faraó, o homem mais poderoso do Egito.
Durante os sete anos de fartura, ele estocou grãos em quantidades tão grandes que ele parou de tentar
contar. Os grãos eram tão abundantes quanto a areia do mar.
Por fim veio a carestia. Não apenas no Egito, mas em todos os países vizinhos, as colheitas não
vingaram. Em todas as terras longas filas de animais com fardos viajaram para o Egito, e seus
condutores levando riquezas para trocar pelo precioso milho.

página 43

De Canaã vieram dez dos irmãos de José, enviados por seu pai Israel, que manteve com ele Benjamim,
o outro filho de Raquel, sua amada esposa.
Mais de vinte anos haviam se passado desde que José havia sido vendido como escravo. Logicamente,
seus irmãos não reconheceram a figura majestosa em trajes egípcios, e apareceram diante de sua
presença para comprar milho. Mas eles não haviam mudado muito, e José os reconheceu na hora. Mas
fingiu não ter reconhecido, e falou duramente com eles.
“Vocês são espiões”, ele disse através de um intérprete. “Vieram espiar nossos pontos fracos de nossas
defesas”.
“Não senhor”, eles protestaram. “Viemos apenas comprar comida. Somos em doze irmãos, todos filhos
de um homem. Um de nossos irmãos desapareceu muito tempo atrás, e o mais jovem está em casa com
nosso pai”.

página 44
“Vocês deverão ser colocados à prova”, disse José, “vou prender todos vocês menos um que retornará
para trazer seu irmão aqui. Então veremos se estão dizendo a verdade “.
Ele os deixou aterrorizados deixando-os presos por três dias. Então ele os chamou diante dele. “Eu sou
temente a Deus” ele disse, “por isso vou manter somente um de vocês na prisão. O restante voltará para
levar alimentos para suas famílias e trará seu irmão mais jovem. Assim provarão que são homens
honestos”.
Sem saber que José compreendia cada palavra que falavam, os irmãos disseram uns para os outros,
“merecemos ser punidos pelo que fizemos a José”, e Rubem acrescentou, “Não disse a vocês para não
machucarem o rapaz? Agora o sangue deles está sobre nossas cabeças, e devemos pagar por nosso
crime”.
José ficou profundamente tocado pelo que disseram, se recolheu e chorou. Então ele retornou, decidido
a pregar uma peça neles. Primeiro ele amarrou Simeão, o segundo mais velho dos irmãos, diante de
seus olhos. Depois ele colocou secretamente o dinheiro de cada um de volta em suas sacolas. Um dos
irmãos encontrou o dinheiro na sacola no caminho de volta e os outros quando já haviam chegado em
casa, e todos ficaram assustados e com medo.
Quando ouviu a estória deles, Israel foi duro e amargo com eles. “Vocês roubaram meus filhos”, ele
disse. José se foi, e Simeão se foi. Benjamim não deve ir”.
A carestia ficou ainda pior. Quando o milho que trouxeram do Egito finalmente acabou, Israel teve que
dizer aos filhos que voltassem ao Egito para comprar mais comida.
“Nós não iremos sem Benjamim”, eles disseram.
“Por que me tratam tão mal?“ lamentou o pai. “Por que disseram ao homem que tinham outro irmão?”
“Ele nos perguntou com muita firmeza”, eles responderam. “Como saberíamos que ele iria nos pedir
para trazer Benjamim ao Egito?”
Israel resistiu o quanto pode, mas por fim, a necessidade de alimentos o forçou a deixar Benjamim ir.
Seus filhos levaram o dobro da quantidade de prata para que pudessem devolver o que havia sido
colocado de volta em suas sacolas, talvez por acidente, assim como presentes de especiarias preciosas e
outros produtos de Canaã, e partiram para o Egito.
Quando José soube que eles haviam chegado, disse a seu capataz para prepara uma festa para eles. Os
irmãos ficaram com medo quando foram levados para o palácio de José, pois eles pensaram que seriam
punidos por roubar a prata. Rapidamente eles contaram ao capataz o que havia acontecido, e que eles
haviam trazido o dinheiro de volta consigo. Mas ele garantiu a eles. “Fiquem em paz com seus
pensamentos. Eu recebi o dinheiro”, ele disse. “Deus deve ter colocado o dinheiro de volta em suas
sacolas”.
O capataz trouxe Simeão de volta até eles, e todos ficaram contentes por estarem reunidos.
Depois deu água para se lavarem depois de sua longa e poeirenta viagem, e alimento para os jumentos,
e José veio para saudá-los. Quando ele viu Benjamim, ficou tão comovido que teve que se retirar para
chorar. Mas ele lavou o rosto, assimilou seus sentimentos, e foi se reunir com seus irmãos para
almoçar. Depois da refeição, José ordenou a seu capataz que ele desse a cada homem quanto alimento
ele pudesse carregar, e novamente para colocar o dinheiro de cada homem. Na sacola de Benjamim ele
teria que esconder a taça de prata de José. No dia seguinte depois de seus irmãos partirem, o capataz
recebeu ordens de persegui-los e os acusou de roubar a taça.
“Meu senhor, como pode dizer uma coisa dessas?” eles protestaram. “Reviste-nos. Se descobrir que
algum de nós roubou a taça, esse homem deverá morrer e todos nós seremos seus escravos”.
O capataz procurou do mais velho ao mais novo. Benjamim era o último a ter a sacola aberta, e lá a
taça foi encontrada.

página 45
Em total desespero os irmãos retornaram para a cidade. Se atiraram no chão diante de José que disse
“Vocês não sabiam que um homem como eu usaria mágica para descobrir o crime de vocês? Benjamim
deverá ser meu escravo. O restante pode ir embora livre”.
Judá, o quarto irmão mais velho, implorou a José. “Se o rapaz não retornar a nosso pai, Israel, ele com
certeza morrerá. Deixe-o ficar em seu lugar, meu senhor. Não poderei suportar ter que voltar e ver meu
pai sofrer”.
A angústia de Judá tocou o coração de José. Ao ordenar a todos os seus servos que se retirassem, ele
disse, “eu sou José!”
Seus irmãos ficaram sem fala, de tão espantados e assustados que ficaram.
“Não se reprovem por terem me vendido como escravo”, continuou José. “Foi obra de Deus, pois ele
me usou para salvar as vidas dos homens e para certificar que vocês também sobrevivessem e se
tornassem uma nação. Retornem para Israel. Diga a ele seu filho José é senhor de todo o Egito, depois
do faraó.
Tragam ele aqui com suas famílias e vivam no distrito de Gosém no Egito onde posso cuidar e
alimentar vocês, pois ainda teremos cinco anos de carestia.
Então eles retornaram e disseram a Israel que José estava vivo. No início ele não acreditou, mas
quando ele viu as carretas e os presentes que José havia mandado, ele se convenceu e concordou em ir
ao Egito e ver seu filho antes de morrer.
Antes de partirem, ele fez sacrifícios a Deus, que logo em seguida disse a ele em sonho, “Não tenha
medo de ir para o Egito. Farei de vocês uma grande nação e os trarei de volta para Canaã”.
Então Israel viajou para Gosém e José o encontrou lá. Se abraçaram às lágrimas, e o velho pai disse,
agora que o encontrei com vida, meu filho, estou preparado para morrer!” Mas ele viveu feliz por mais
dezessete anos; e quando ele morreu, seu corpo foi levado de volta a Canaã e enterrado com Abraão e
Isaac. Os israelitas ficaram quatrocentos anos no Egito, e prosperaram, tornando-se uma poderosa
nação.

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MOISÉS LIBERTA O POVO DE DEUS


Êxodo 1-12

Séculos haviam se passado. Os filhos de Jacó se tornaram uma nação poderosa, tão forte que os
Egípcios começaram a ficar alarmados com o número deles. Por isso o rei fez todos eles se tornarem
escravos, tentando esmagar o espírito deles com trabalho duro. Mas os israelitas cresciam e ficavam
ainda mais numerosos, até que o faraó ordenou que todos os filhos homens fossem mortos no
nascimento.
As mães conseguiam esconder a maioria deles. Mas houve uma mãe que amamentou seu bebê até que
não pode mais ocultá-lo. Quando ele estava com três meses, ela decidiu colocá-lo em um barquinho
que flutuou entre os juncos às margens do Nilo, dizendo à sua filha para ficar a uma curta distância
para ter certeza de que nada aconteceria a ele.
Um dia, a filha do faraó foi se banhar no rio. Ela viu o barco e curiosa para saber o que era, mandou os
escravos apanhá-lo. Assim que ela viu o bebê dentro dele, ela percebeu que era uma criança dos
hebreus, e como ele começou a chorar, ela ficou com pena dele e decidiu levá-lo e criá-lo como seu
próprio filho.
A irmã do bebê se aproximou timidamente da princesa e perguntou se ela gostaria que uma mulher
israelense cuidasse do bebê. A filha do faraó concordou, de maneira que a garota arrumou uma
maneira da própria mãe cuidar da criança, até que ele estivesse com idade suficiente para receber a
educação de um príncipe.
página 49

A criança recebeu o nome de Moisés, mas a despeito de sua criação egípcia, ele nunca esqueceu que
era um israelita. Quando ele havia se tornado um adulto, ele viu um egípcio atacando um hebreu; ele
matou o agressor e escondeu seu corpo enterrando-o na areia. No dia seguinte ele tentou fazer dois
israelitas pararem de discutir. Um deles perguntou a Moisés, “quem nomeou você como nosso juiz?
Você vai me matar como matou o egípcio ontem? Percebendo que seu ato não iria ser ocultado por
muito tempo, Moisés saiu do Egito e foi para a terra de Madian.
Lá ele viveu por muitos anos como pastor. Então, um dia enquanto estava cuidando de seu rebanho,
Moisés teve uma visão no deserto, uma moita de espinhos que estava com fogo e nunca se queimava.
Ele se aproximou dela e ficou surpreso ao ouvir uma voz saindo das chamas. Assustado ele cobriu o
rosto.
“Sou o Deus de Abraão, Isaac e Jacó”, disse a voz. “Ouvi o grito de meu povo sofrendo no Egito.
Estou enviando você para o faraó para resgatá-los, e trazê-los de volta à própria terra de Canaã”.
“Quem sou eu”, disse Moisés “para ir até o faraó e guiar os israelitas para fora do Egito?”
“Estarei com você” respondeu a voz.
“Eles me perguntarão o seu nome” disse Moisés. “Como devo chamá-lo? ”
“Diga a eles” disse a voz, “que Jeová - EU SOU - enviou você; pois esse será o meu nome para
sempre”.
“E se eles não acreditarem em mim?” perguntou Moisés.
“Atire a sua vara de pastor no chão”, disse a voz. Moisés obedeceu, e imediatamente ela se
transformou em uma cobra. O homem assustado fugiu, mas a voz o ordenou que pegasse a cobra pelo
rabo.
Moisés fez isso e ela se transformou em uma vara novamente.
Moisés ainda hesitou. “Senhor”, ele disse, eu não sou um orador, não saberei o que dizer”.
A ira de Deus flamejou contra ele. “Quem dá a fala para o homem? Não sou eu? Mas seu irmão Arão,
que já está a caminho para se juntar a você, fala bem e deverá ir com você. Você deverá dizer a ele o
que eu mandei você dizer, e ele falará por você.
Assim, Moisés e Arão retornaram ao Egito, reuniram os chefes de tribos israelitas e deram a eles a
mensagem de Deus. Eles fizeram adorações e deram graças ao Senhor que havia se lembrado deles em
sofrimento, e encorajado pelas boas vindas, Moisés e Arão foram até o rei do Egito.
“Nosso Deus nos ordenou para viajarmos no deserto para realizar um festa em sua homenagem e
realizar sacrifícios para ele”, disseram ao faraó.
“Seu Deus?” disse o faraó. “Não sei nada a respeito dele. Não vou deixar os israelitas irem embora!”
Nesse dia o faraó falou com os feitores de escravos. “Até hoje” ele disse, “vocês deram palha para os
israelitas fazerem tijolos. Agora faça com que eles mesmos ajuntem a palha, mas exijam deles o
mesmo número de tijolos que faziam antes. Pois eles são um povo preguiçoso, por isso que estão
clamando para fazer sacrifícios para o deus deles”.
Quando os israelitas perceberam que era impossível fazer tantos tijolos quanto antes, os egípcios
açoitaram os líderes que reclamaram amargamente com Moisés. “Você nos tornou odiosos aos olhos
do faraó, e deu a ele motivos para nos matar”. Moisés rezou a Deus em desespero. Mas Deus garantiu
novamente a ele dizendo, “você verá o que farei ao faraó.

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Ele será forçado a deixar vocês irem embora. De fato, ele os expulsará de seu país”.
Moisés contou aos israelitas o que Deus havia dito, mas eles não prestaram atenção, com tanta pressão
que estavam sofrendo com o trabalho duro. Assim, mais uma vez ele e Arão foram até a presença do
faraó e exigiram que ele deixasse o povo ir embora.
“Faça algum milagre para provar que seu Deus enviou você” zombou o faraó. Arão atirou a vara de
Moisés no chão, e ela se transformou numa cobra. Mas os mágicos do faraó fizeram a mesma coisa, e
apesar da cobra de Arão ter engolido as cobras dos mágicos, o faraó não levou o aviso em
consideração. Ele ainda recusava a deixar o povo de Israel ir embora.
Na manhã seguinte, quando o faraó foi se banhar no Nilo, ou fazer uma adoração (pois o rio era um
Deus para os egípcios), Moisés estava lá esperando por ele.
“Ouça as palavras de Deus” ele esbravejou. “Se você não deixar seu povo ir embora para venerá-lo,
quando eu tocar as águas do Nilo com minha vara e estender a mão até os reservatórios, canais e lagos,
toda a água se transformará em sangue!”
Moisés fez isso. Os peixes dos rios morreram, o Nilo cheirava mal, e como eles não podiam beber a
água do rio, os egípcios foram forçados a cavar ao redor do rio para procurar água. Mas os magos do
faraó fizeram a mesma coisa com suas mágicas, e o faraó permaneceu obstinado.
Uma semana depois, Moisés trouxe outra mensagem de Deus para o faraó. “Se você ainda recusa a
deixar meu povo ir embora, o rio Nilo ficará cheio de rãs que encherão suas casas, pularão em suas
camas, seus fornos e em seu alimento, e rastejarão sobre seu povo”.
Aconteceu como Moisés disse. Todo ano o rio Nilo dava rãs, mas desta vez a água parada de sangue
vermelho produziu um enxame como nunca havia sido visto antes. Foi tão horrível que o faraó mandou
chamar Moisés. “Leve as rãs”, ele gritou, “e deixarei o povo ir embora”.
Moisés rezou, e as rãs morreram em todos os lugares em que estavam. Elas foram empilhadas em
grandes montes por todo o país com o mau cheiro de putrefação. E mais uma vez o faraó mudou de
idéia. Por isso, uma terceira praga visitou o Egito. Piolhos, saídos de ninhadas provenientes do
apodrecimento das rãs, rastejavam sobre os homens e animais, esgueiravam-se sobre a comida e a
bebida, e se retorciam como um tapete vivo no chão. Até mesmo os magos do faraó o avisaram. “Isto é
obra de Deus!” Mas ele não deu ouvidos a eles mais do que dava a Moisés. Ainda recusava a deixar os
israelitas irem embora.
Mais uma vez, quando o faraó foi até o Nilo pela manhã, ele encontrou Moisés e Arão parados em seu
caminho. “Ouça a voz de Deus agora” eles disseram. “Enxames de moscas invadirão seu país. Mas
para que você saiba que eu, o Senhor, estou aqui nesse país, farei a diferença entre o seu povo e o meu
povo, não haverá moscas em Gosém onde moram os israelitas”.
Imediatamente enxames densos de moscas infestaram o Egito. “Façam sacrifícios ao deus de vocês”
gritou o faraó, “mas fiquem no Egito para fazer isso”
“Não”, disse Moisés. “Teremos que sacrificar animais sagrados para os egípcios, diante de seus olhos,
e eles nos apedrejarão por isso”. Precisamos viajar por três dias no deserto para fazer sacrifícios para o
nosso Deus da maneira que ele exige”.
“Então vocês podem ir”, disse o faraó, “apenas não vão muito longe, e rezem para que as moscas nos
deixem”.
Mas novamente, assim que as moscas desapareceram, o faraó endureceu seu coração e veio uma quinta
praga. Um peste mortal, transmitida talvez pelas moscas, atingiu todas as vacas, ovelhas, cavalos,
jumentos e camelos. Mas em Gosém nem um simples animal que pertencia aos israelitas, morreu.
Ainda assim, o faraó não deixou o povo ir embora.

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Depois do gado foi a vez dos egípcios. Deus ordenou a Moisés e Arão que pegassem dois punhados de
cinza de um forno e atirassem tudo ao vento para que a cinza fosse levada para longe e se espalhasse.
Este era um sinal de que em todos os lugares do Egito as pessoas seriam afligidas por tumores e úlceras
que estouravam por todo o corpo. Talvez as pessoas tenham pego esta doença do gado que foi atingido
pela peste. Até os magos do faraó não conseguiam combater as pragas invocadas por Moisés, pois eles
também estavam cobertos de úlceras.
Mas o coração do faraó permaneceu duro como pedra. Por isso mais uma vez Moisés o encontrou pela
manhã e o avisou. “Se você não deixar meu povo de Israel ir embora, amanhã a esta mesma hora da
manhã, farei uma tempestade de granizo cair em sua terra e tudo o que for atingido, seja homem ou
animal, morrerá”. Muitos egípcios que aprenderam a temer o Senhor Deus Eterno trouxeram o gado
para dentro, e foram prudente em fazer isso; pois quando na manhã seguinte, Moisés apontou sua vara
para o céu, e aconteceu uma tempestade de granizo tão assustadora, acompanhada de raios e trovões
terríveis, que todos os que foram atingidos morreram. Todas as árvores foram despedaçadas, e as
colheitas de cevada e fibra de linho foram arruinadas. Somente no distrito de Gosém não houve
tempestade.
O faraó mandou chamar Moisés e Arão apressadamente. “Eu pequei”, ele admitiu. “Não podemos mais
suportar. Reze para Deus nos aliviar e eu deixarei Israel ir embora. Você não precisará mais esperar”.
Mas quando o sol brilhou mais uma vez, o faraó voltou atrás em sua palavra novamente, e uma oitava
palavra foi mandada para o Egito.
Desta vez foram gafanhotos. A ameaça desta praga foi suficiente para fazer os ministros do faraó
implorar a ele para deixar os israelitas irem embora, e ele chamou Moisés e Arão.

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“Eu concordarei em deixar seus homens irem”, ele disse.


“Não”, disse Moisés, “todo homem, mulher e criança deverá ir junto com tudo o que possuímos”. Mas
o faraó sabia que se todos eles fossem embora ele perderia a nação de escravos que trabalhava para ele,
e ele recusou, expulsando Moisés e Arão de sua presença.
Nessa noite os egípcios foram despertados pelo barulho de um vento muito forte que soprava do leste,
e no vento podiam ser ouvidos os ruídos secos do bater de asas. Ao amanhecer, toda a terra estava
preta coberta de gafanhotos, um grande número deles como nunca havia sido visto antes. Eles
comeram tudo o que a chuva de granizo não havia destruído. Nem um filete de grama, nem uma folha
permaneceu no Egito.
Mais uma vez o faraó mandou chamar Moisés e Arão. “eu pequei contra o seu Deus e contra vocês’,
ele disse. “Reze para ele e implore para que retire esta praga mortal de mim”. Então Moisés rezou. O
vento soprou novamente, desta vez do oeste, varrendo os gafanhotos para fora do Egito até o Mar
Vermelho.
Mas quando o faraó quebrou novamente a sua promessa, o vento soprou ainda mais furioso,
chicoteando a areia do deserto do oeste, apagando a vista do sol e trazendo uma escuridão tão densa
que os homens não conseguiam enxergar uns aos outros e não se atreviam a se movimentar nas partes
nebulosas. A escuridão era especialmente terrível para os egípcios, pois eles veneravam Rá, o deus do
sol. Não somente o Deus dos hebreus estava trazendo pragas até eles, mas parecia que até o próprio
deus deles estava escondendo o rosto.
O faraó mandou chamar Moisés. “Vá” ele disse. “Leve todo o seu povo, homens, mulheres e crianças.
Deixe somente seus rebanhos e manadas conosco”.

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“Devemos levar tudo”, disse Moisés. Nem um simples animal poderá ser deixado para trás. E além
disso você nos deve dar animais para oferecermos em sacrifício”.
O ódio do faraó era terrível. “Não os deixarei ir”, ele gritou. “Saiam da minha presença! Se puserem os
olhos em mim novamente, nesse dia vocês morrerão”.
“Você está certo” disse Moisés, “Nunca mais verei seu rosto novamente”.
Quando deixou o faraó, Moisés ouviu a voz de Deus mais uma vez. “Uma última praga cairá sobre o
faraó, tão terrível que ele não só deixará você ir embora, como expulsará vocês do Egito. Para ter
certeza de que estarão a salvo desta praga final, isto é o que meu povo deverá fazer. Todos os lares
devem matar um carneiro entre o por do sol e a noite escura, mergulhar um maço de hissopo em seu
sangue e passá-lo no batente das portas dos lados e de cima da casa em que moram. Nessa noite o
carneiro deve ser assado, e comido com pão sem fermento, o pão ázimo, e com alface brava. Nenhum
resto deve ser deixado até de manhã, e o que sobrar deve ser queimado. Eles devem comer depressa.
Nenhum israelita deve deixar sua casa até de manhã. Pois à meia noite meu anjo destruidor passará
pela terra do Egito, e o primogênito de cada família morrerá: desde o faraó em seu trono até o mais
humilde escravo, junto com a primeira cria de todo o gado. Mas quando meu anjo avistar o sangue nos
batentes das portas, ele passará por essa casa e poupará o povo dentro dela.
E assim aconteceu. À meia-noite Deus matou todos os filhos mais velhos do Egito e a primeira cria de
todo o gado, e não havia um lar na terra em que alguém não havia morrido. Por toda a parte lamentos
agonizantes de angústia foram ouvidos e o ar estava cheio de lamentação.
Enquanto ainda era noite o faraó mandou chamar Moisés e Arão, e disse “saiam do meu país, e do
meio de meu povo! Levem tudo que possuem e vão embora. Ofereçam sacrifício a seu Deus e peçam
que me abençoe também’. Os egípcios insistiram para que os hebreus saíssem, dando a eles presentes
de ouro e prata, roupas e qualquer coisa que eles pedissem.
Assim os israelitas deixaram o Egito em uma noite que eles nunca mais esqueceram; pois, até o dia de
hoje, a Páscoa judaica é um dos mais importantes festivais dos judeus, quando eles ensinam seus filhos
a se lembrar de que na primeira noite de Páscoa judaica, milhares de anos atrás, o Senhor Deus os tirou
do Egito.

A TRAVESSIA DO MAR MORTO


Êxodos 13, 17-22; 14; 15, 19-21

Apesar de Canaã não ficar muito longe do Egito na costa do Mediterrâneo, o caminho estava barrado
por fortalezas egípcias. Os israelitas foram escravos por muitos anos, e por essa razão estavam
destreinados para a guerra, e mesmo que conseguissem vencer essas fortalezas, eles ainda teriam que
enfrentar tribos guerreiras no sul de Canaã. Assim Deus os guiou na direção do Mar dos Juncos, ou
Lagos Amargos, um braço do Mar Vermelho que se alongava muito mais ao norte do que atualmente.

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Nos tempos antigos os guias algumas vezes carregavam um brazeiro com lenha queimando na frente de
um exército para mostrar o caminho. Mas os israelitas não precisavam disso, pois o Senhor Deus os
guiava em uma coluna de nuvem que se movia diante deles de dia e brilhava como fogo à noite, para
que pudessem viajar sem parar. Ele os levou a um lugar no litoral, confinado pelo isolamento do
deserto. Nesse lugar eles poderiam ter sido encurralados, mas foram confiantes de que haviam
escapado completamente dos egípcios.
Enquanto isso, o faraó e seus aduladores estavam começando a perceber o quanto haviam perdido
deixando os israelitas partirem. “O que fizemos?” eles gritaram. “Deixamos nossos escravos irem
embora! Atrás deles depressa!” O rei ordenou imediatamente que seiscentos dos melhores carros de
guerra se preparassem, cada um levando um comandante, acompanhado por todos os outros melhores
carros de guerra do Egito e com todo o seu exército, saíssem atrás dos israelitas.
Eles se movimentaram depressa. Por muito tempo os israelitas deixaram de perceber que os egípcios
estavam bem atrás deles. Então, de repente eles avistaram a longa fila de carros de guerra na direção
deles. Em pânico, eles clamaram ao redor de Moisés “Não poderia ter nos deixado morrer em paz na
escravidão? Veja o que fez nos tirando do Egito!”
“Não tenham medo”, disse Moisés. “Confiem em Deus. Vejam como ele os salvará. Vocês nunca mais
verão os egípcios depois do dia de hoje”.
Ele estendeu sua vara sobre o Mar Vermelho. Um forte vento soprou a noite toda, separando as águas
de um lado, enquanto do outro, de acordo com um relato egípcio, a maré vazante era sugada para trás
de volta ao mar. Ao mesmo tempo, a coluna de nuvem se movia por trás dos israelitas, trazendo
escuridão, evitando assim que os egípcios os enxergassem.
Logo uma trilha de terra apareceu no mar, seca o suficiente para suportar o peso dos homens e do
gado. Antes do amanhecer, os israelitas estavam todos marchando com segurança pelo mar. A coluna
de nuvem retornou ao lugar de sempre na dianteira, pois a luz do dia mostrou aos egípcios que suas
vítimas já estavam alcançando o outro lado.
Sem hesitar, os egípcios perseguiram os israelitas. Quando atingiram a metade do leito do mar, as
rodas dos pesados carros de guerra, puxadas por dois cavalos e conduzindo dois ou três guerreiros
totalmente armados, começaram a atolar na lama. Os carros de guerra da dianteira atolaram depressa
apesar dos esforços dos cavalos se debatendo para se libertar. Seus cavaleiros, pulavam do carro e
tentavam colocar de volta as rodas soltas, afundando até as coxas na lama. Os que estavam atrás,
incapazes de se mover devido ao caminho bloqueado, afundaram na lama ou tentaram fazer meia volta,
aumentando a confusão. Um turbilhão de pânico tomou conta das divisões egípcias. “Fujam”, eles
gritavam. “Deus luta por Israel!”
Era tarde demais. Moisés estendeu sua vara. O vento parou e a maré já havia mudado. Nos dois lados
as águas caíram sobre os cavalos relutantes, presos a seus carros de guerra, e sobre os homens
desesperados, com o peso do equipamento. Todos os guerreiros do exército do faraó se afogaram.
Os israelitas comemoraram o triunfo do Senhor em um fervor de triunfo. Os homens fizeram orações
em cânticos e as mulheres as repetiam em coro, dançando com tamborins:
“Cantemos ao Senhor, pois ele nos fez triunfar em sua glória.
O cavalo e o cavaleiro se precipitaram no mar”
Foi uma libertação que eles nunca esqueceram.

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A LEI E A ALIANÇA, OS DEZ MANDAMENTOS


Êxodo 15, 22-25; 31, 12-35

Os israelitas vagaram pelo deserto, freqüentemente rebeldes e reclamando, especialmente quando havia
falta de água e alimentos. Eles esqueceram o quanto haviam sofrido no Egito, e se lembravam somente
de que sempre comiam bem. Mas Deus guiou Moisés até a água, e algumas vezes providenciou
alimento através de vôos de codornas e todos os dias com maná, uma substância branca como a neve,
que ficava no chão quando o orvalho ia embora, e tinha gosto de um biscoito de mel.
Eles haviam lutado e vencido a primeira batalha contra um povo chamado Amalecitas. Logo depois,
Moisés dividiu o povo em grupos menores e indicou homens para liderar cada um, já que a tarefa de
governar Israel era muito pesada para um só homem. Quando depois de três meses, eles chegaram ao
Monte Sinai, estavam começando a se tornar uma nação organizada.
A montanha naquela época era sagrada, havia sido santificada em nome de Deus. Deus chamou Moisés
para subir a ladeira e disse a ele, “Israel será meu reino de sacerdotes, minha nação sagrada. Diga ao
povo para se preparar e se purificar, por três dias a partir de agora, e eu descerei a montanha em uma
nuvem à vista de todo o povo. Você deve colocar barreiras ao redor da montanha, e qualquer um que
tocá-la morrerá”.
Na terceira manhã, uma nuvem densa cobrirá o pico da montanha. E dela o estrondo do trovão, o
brilho dos raios e o toque da trombeta foram ouvidos. A montanha fumegava como uma fornalha e o
toque da trombeta ficou mais alto, assustando o povo reunido na planície.
Eles imploraram a Moisés para contar a eles o que Deus disse, pois se eles próprios ouvissem a voz do
Senhor, teriam certeza de que morreriam de terror.

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“Não tenham medo” disse Moisés. “Deus escolheu aparecer desta maneira para que o temor a ele possa
permanecer com vocês e mantê-los longe do pecado”.
Ele se aproximou da nuvem escura onde Deus estava e desapareceu nela. Muito tempo depois de ter
ido embora, o trovão continuou a ecoar pela montanha, e os israelitas acreditavam que era a voz do
Senhor conversando com Moisés. De onde eles observavam, eles podiam ver a glória do Senhor
brilhando na nuvem como um fogo voraz.
Muitos mandamentos foram entregues a Moisés. E ao guardá-los, a nação de Israel se tornaria o povo
escolhido de Deus. Os principais entre eles eram os Dez Mandamentos, alguns dos quais são os
fundamentos de muitas das leis de quase todas as nações civilizadas de hoje. Deus disse:

Não tenha outros deuses a não ser Eu.


Não faça e adore imagens esculpidas de qualquer coisa que há no céu, da terra ou do mar.
Não use o nome de Deus de forma errada.
Lembre-se de manter o dia de sábado como sagrado.
Respeite o teu pai e tua mãe.
Não mate.
Não cometa adultério (o que significa, deverá amar o seu marido ou esposa e ninguém mais).
Não roube.
Não minta ou conte estórias que não sabe se são verdadeiras, sobre seus amigos.
Não deseje tomar para si as coisas que pertencem a outras pessoas.

Moisés retornou ao povo e escreveu todas as leis que haviam sido dadas por Deus. NO dia seguinte, ele
construiu um altar ao pé do Monte Sinai com doze pedras ao redor dele, representando as doze tribos
de Israel. Touros foram sacrificados para Deus, e Moisés levou metade do sangue deles e o derramou
sobre o altar. Então em voz alta, ele leu as leis que havia escrito e perguntou ao povo se eles
obedeceriam. Eles responderam, “faremos tudo o que o Senhor disse”. Moisés então salpicou a outra
metade do sangue dos novilhos sacrificados sobre o povo, dizendo: “Este é o sangue da Aliança que o
Senhor fez com vocês, baseado nas leis deste livro”. A partir desse momento, Israel se tornou o Povo
da Aliança, uma nação sagrada para Deus.
Mas Deus ainda tinha muito a ensiná-los. Mais uma vez ele chamou Moisés ao topo da montanha,
primeiro com os outros líderes israelitas, a quem foi concedido uma visão de Deus, e depois sozinho.
Mais uma vez, ele entrou na nuvem e desta vez permaneceu lá por muitos dias e noites. Ele recebeu
mais leis e a ordem de fazer uma caixa sagrada, a Arca da Aliança, e dentro dela, uma cópia de todas
as leis de Deus deveria ser guardada, e uma tenda sagrada, o tabernáculo, onde Deus deveria ser
venerado até que um templo permanente pudesse ser construído para ele.
Enquanto isso na planície abaixo, o povo esperava de maneira impaciente pelo retorno de Moisés. Por
fim, certos de que nunca mais o veriam, eles foram até Arão.
“Faça um deus para nos guiar” eles disseram. Não sabemos o que aconteceu com Moisés”.
Arão disse a eles para entregarem seus anéis de ouro, e depois de derretê-los, ele faria um bezerro de
ouro. Ele construiu um altar diante do ídolo e proclamou um festival para o dia seguinte em
homenagem ao deus.
Mas na montanha, a ira de Deus explodiu contra o povo que havia rompido tão cedo a aliança com
eles.
“Vou destruí-los”, ele disse a Moisés, “e fazer de você e seus descendentes uma grande nação”.

página 61
Moisés implorou a ele. “Por que deixar os egípcios zombarem dizendo, ‘o deus deles os levou para o
deserto para destruí-los?’. Lembre-se de sua promessa a Abraão, Isaac e Jacó de fazer uma grande
nação deles e de seus descendentes”. Então Deus abrandou, e Moisés desceu de volta à encosta da
montanha até seu povo, levando duas tábuas de pedra, sobre as quais as leis de Deus estavam escritas.
Muito antes dele chegar ao acampamento, ele ouviu o barulho dos cânticos, e quando ele chegou mais
perto, ele viu as pessoas dançando ao redor do bezerro de ouro. Enfurecido, ele jogou as tábuas no
chão, quebrando-as em pedaços. Ao parar diante do acampamento ele gritou. “Quem está do lado do
Senhor Deus? Junte-se a mim!” Imediatamente a tribo de Levi correram até ele.
“Peguem suas espadas” ele disse “e corram pelo acampamento de uma ponta a outra, matando seus
parentes, seus amigos e seus vizinhos”. Os levitas obedeceram, matando cerca de três mil homens.
Moisés então queimou o bezerro, moeu fazendo virar pó, jogou na água e fez eles beberem. Ele
reprovou Arão com amargura. “O que o povo fez a você”, ele perguntou, para que o levasse a cometer
um pecado tão grande?”.
“Não fique enfurecido comigo” gritou Arão. “Você sabe como esse povo é determinado a fazer o que é
errado. Tudo o que eu fiz foi coletar suas jóias de ouro e colocar no fogo, e dele saiu esse bezerro!”
Moisés sentindo que o povo já havia sido suficientemente punido, subiu novamente a montanha,
levando duas tábuas em branco consigo. Mais uma vez, Deus renovou a aliança com o povo. Mais uma
vez suas leis foram gravadas nas tábuas de pedra. E mais uma vez, Moisés as levou de volta aos
israelitas.
Desta vez o povo não se atreveu a olhar para Moisés, pois seu rosto brilhava com a luz por ter
conversado com Deus. A partir daí, ele passou a usar um véu, que tirava apenas quando ia falar com o
Senhor.
Então o povo começou a executar as ordens de Deus para construir o Tabernáculo, dando ouro e prata,
madeiras valiosas e os materiais refinados, com corações e mentes de boa vontade agora leais ao
Senhor Deus.

página 62

O TABERNÁCULO E A ARCA
Êxodo 25-27; 53-40

Os israelitas deram materiais com tanta generosidade para a construção do Tabernáculo, que logo não
havia mais necessidade de material, e os artesãos começaram a trabalhar.
Eles construíram um cercado de sessenta e seis metros de comprimento por trinta e três de largura.
Sessenta colunas de bronze sobre pedestais presas com ganchos de prata e ligadas por hastes de prata,
formavam o cercado; nelas ficava pendurada uma parede contínua de cortinas ao redor do cercado
exceto no lado leste. Lá, uma cortina separada, ricamente bordada em violeta, roxo e escarlate, ficava
pendurada nos quatro pilares centrais para formar uma entrada.
O Tabernáculo, erigido no lado oeste do cercado, tinha dezenove metros e oitenta centímetros de
comprimento, por seis metros e meio de largura. Seus lados oeste, norte e sul eram formados por
quarenta e oito tábuas de madeira cobertas com ouro. Elas tinham seis metros e sessenta centímetros de
altura e noventa centímetros de largura, e a base de cada uma era encaixada com pinos de madeira em
dois pedestais de prata. A estrutura era reforçada por cinco fileiras de hastes de madeira sobrepostas
com ouro que passavam por dentro de anéis de ouro ficados nas tábuas. Apesar de não serem
mencionadas na Bíblia, deveria haver pequenos caibros unindo as partes superiores das tábuas para
apoiar a cobertura do tabernáculo.
A cobertura era feita em quatro camadas. A primeira camada interna consistia em cortinas de linho
violeta, roxo e escarlate, habilmente bordadas com querubins. Quando ficavam unidas e suspensas na
estrutura, ficavam grandes o suficiente para cobrir todo o interior, exceto no lugar em que havia uma
fileira de ripas de madeira douradas que brilhavam por baixo delas. O querubim bordado ficava ao
longo das paredes contemplando tudo do teto.
A segunda camada era feita de tecido de pelo de cabrito e era grande o suficiente para cobrir todo o
lado de fora do Tabernáculo até o chão. A terceira era feita de couro de carneiro tingido de vermelho, e
a quarta de um couro mais forte para proteger a tenda contra o vento e as tempestades. Nenhuma das
camadas cobria o lado leste, que ficava fechado por uma cortina pendurada em cinco colunas.
Todo homem israelita (mas nenhuma mulher) tinha permissão de rezar no cercado. Nele foi colocado o
Altar dos Holocaustos, onde toda manhã eram feitos sacrifícios e à noite era para purificar as pessoas
dos pecados. Atrás dele ficava a pia de bronze que continha água, para os sacerdotes se lavarem antes
de entrarem no Tabernáculo no qual somente eles tinham permissão de entrar. A tenda era dividida em
duas salas, o Santo Lugar, e separado dele por um Véu, uma cortina magnífica pendurada em quatro
colunas de ouro, havia o Santíssimo Lugar, com exatamente seis metros e sessenta centímetros
quadrados. Somente o Alto Sacerdote tinha permissão de entrar nesse lugar, e somente no Dia da
Expiação, o dia mais sagrado do ano judaico.
No Santo Lugar havia à direita uma mesa sobre a qual havia doze pães da proposição representando as
tribos de Israel; à esquerda havia um candelabro com sete ramos, cada um terminando em uma
luminária, ou lamparina. Diante do véu havia o Altar dos Incensos, sobre o qual queimavam incenso
para Deus, dia e noite.

página 63

Dentro do Santíssimo Lugar ficava a Arca da Aliança. Era um baú de madeira recoberto de ouro. Suas
laterais tinham quatro anéis e dentro deles eram inseridas hastes para poder carregá-lo, pois, tocar a
Arca significava a morte. Dentro dele estavam as tábuas da Lei. Dois querubins de ouro de frente um
para o outro ficavam transversalmente sobre a tampa da Arca, cobrindo-a com as asas, que ficavam
abertas apontando para cima. Quando o Deus Eterno veio a seu povo, ele desceu entre as asas do
querubim.
Quando o Tabernáculo foi terminado, uma nuvem cobriu a tenda, a qual foi preenchida com a glória do
Senhor. Desse momento em diante, os israelitas levantavam acampamento apenas quando o Senhor
dava o sinal levantando a nuvem; e enquanto viajavam, a Arca da Aliança contendo as leis de Deus era
transportada sempre à altura de suas cabeças, o símbolo de sua presença.

A JORNADA PELO DESERTO


Números 11-14; 20-25; 31; Deuterônimo 34

Por muitos e muitos anos os israelitas vagaram pelo deserto. Eles cresceram em força e número,
começando a se sentirem mais unidos como nação. Mas a vida era difícil. Freqüentemente havia pouca
comida e menos água, e muitas vezes eles reclamavam a Moisés, e murmuravam contra Deus. À
medida que o anos se passavam, eles se lembravam somente as boas coisas do passado de suas vidas no
Egito, a comida, a bebida, e as casas que eles desfrutavam, esquecendo o trabalho interminável e as
chicotadas dos feitores de escravos.

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Até mesmo Arão e Miriam, seu irmão e sua irmã, se uniram em oposição a Moisés, e diversas vezes
Deus teve que punir seu povo com fogo e pestilência.
Por fim, chegou o tempo em que Deus viu que Israel estava forte suficiente para invadir a terra de
Canaã. Moisés enviou doze líderes, um de cada tribo, incluindo Josué, o comandante do exército, para
espionar Canaã e trazer informações sobre a terra e o povo. Eles viajara de norte a sul e retornaram
com relatos entusiasmantes da terra, e mostraram a seu povo frutos maravilhosos plantados em Canaã.
Era um país lindo e fértil; mas as cidades eram muradas e fortes, as diversas tribos eram muito
guerreiras para eles conquistarem, e alguns dos habitantes eram homens enormes como gigantes.
Somente Josué e uma homem chamado Caleb tinham fé suficiente para acreditar que o Senhor levaria
seu povo à vitória.
Mais uma vez, Deus quis destruir Israel pela falta de fé e mais uma vez Moisés implorou a ele com
sucesso para poupar seu povo. Mas os israelitas foram condenados a vagar por muito mais anos no
deserto, até que todos que tinham acima de vinte anos, com exceção de Josué e Caleb tivessem
morrido. Ao ouvir isso, algumas pessoas mudaram de idéia e atacaram os cananeus. Mas, como Moisés
havia avisado, Deus não estava com eles e eles foram derrotados. O restante deles voltou tristemente
para o deserto.
Agora que toda a esperança de entrar na Terra Prometida havia terminado para a maioria deles, os
israelitas foram ficando cada vez mais rebeldes. Duzentos e cinqüenta líderes, chefiados por três
rebeldes malignos, exigiram dividir o sacerdócio que Deus havia reservado para Arão, seus filhos e os
levitas. A terra se abriu debaixo dos três líderes e os engoliu vivos, enquanto os outros foram
consumidos pelo fogo mandado por Deus.
Algum tempo depois, todo o povo reclamou contra o Senhor e muitos deles foram mortos por uma
praga de cobras venenosas, até que imploraram a Moisés para ajudá-los. Comandado por Deus, ele fez
uma cobra de metal e a pendurou em um mastro. Qualquer um que fosse picado por uma cobra e
olhasse com fé para a serpente de metal, viveria. Em uma terceira ocasião, os israelitas acampados
próximos ao país de Moab, foram tentados por mulheres moabitas a adorar os ídolos de Moab. Moisés
enforcou os líderes publicamente, enquanto uma grande praga aniquilou vinte e quatro mil pessoas.
Mas enquanto os anos se passaram, a vida rude do deserto endureceu os israelitas tornando-os
guerreiros ferozes. Eles derrotaram os madianitas apesar dos esforços de Balac, um rei madianita, para
subornar um grande profeta chamado Balaão para guiá-los. Quando Balaão tentava lançar a maldição,
Deus fazia sair uma bênção de sua boca. Eles derrotaram os reis amorreus, Seon de Hesobon e Og de
Basan. Eles aprenderam como tomar cidades muradas e também a travar batalhas campais.
O tempo passou. Miriam morreu. Arão morreu. Ao final de sua vida, Deus levou Moisés para o topo de
uma montanha de onde Deus mostrou a ele a Terra Prometida. Moisés sabia que ele nunca entraria
nela. Mas ele tinha transformado uma horda de escravos em uma grande nação, e tinha os trazido até o
limite da terra que tinha que ser deles. Ele morreu lá, e o povo de Israel ficou de luto por ele durante
trinta dias.

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OS ESPIÕES E A TRAVESSIA DO JORDÃO


Josué 1-5

Moisés teve como seu sucessor na liderança da nação de Israel, o comandante do exército, Josué. Ele se
preparou rapidamente para liderar seus compatriotas para a conquista de Canaã. Deus falou com Josué:
“Seja forte e muito corajoso” ele disse. “Não seja temeroso ou desanimado, pois o Senhor teu Deus
esta com você onde quer que você vá”.
Confiante e resoluto, Josué orientou o povo. “Em três dias”, disse a eles, “estarão atravessando o rio
Jordão. Preparem o alimento e estejam prontos para marchar”. Desta vez os israelitas não tinham
dúvidas e nem medo, pois eles sabiam que conquistariam Canaã.
Josué mandou dois homens espionarem Jericó e descobrirem o que podiam fazer a respeito das pessoas
e das defesas da cidade. Eles conheceram uma mulher chamada Raab, que tinha uma casa construída
em um dos ângulos da parede da cidade. O rei de Jericó soube que eles estavam lá e mandou soldados
para que ordenassem que Raab os entregasse. Mas quando ela viu os soldados chegando, escondeu os
israelitas sob o linho que estava secando no telhado e disse aos homens do rei, “sim, alguns homens
vieram a minha casa, mas saíram ao cair da noite pelo portão da cidade. Vocês os alcançarão se
cavalgarem depressa.
Os soldados saíram galopando, e o portão da cidade se fechou atrás deles. Cavalgaram até próximo ao
Jordão antes de desistirem da busca. Enquanto isso, Raab disse aos dois israelitas, “estamos todos
assustados aqui, porque todos sabem que Deus deu este país a vocês. Agora, como eu tratei vocês
muito bem, quero que também me tratem bem. Prometam que pouparão as vidas de minha família e a
minha quando tomarem a cidade”.
“Amarre esta corda escarlate do lado de fora de sua janela quando atacarmos” disseram os israelitas.
“Reúna toda a sua família dentro da casa durante a batalha na cidade, e eles ficarão a salvo - contanto
que não digam uma palavra sobre nossa missão”.
A mulher então os desceu para fora com uma corda por cima do muro da cidade. Era muito perigoso
para eles pegarem a estrada, por isso fugiram do campo até as montanhas do país, onde se esconderam
por três dias até que a caçada a eles tivesse terminado.
Os israelitas retornaram até Josué e disseram, “Deus de fato já deu o país a vocês. Os habitantes estão
em pânico por nossa causa”.
Pela manhã, Josué levou os israelitas para a margem oeste do rio Jordão. Lá eles acamparam e os
oficiais deram suas ordens para o exército. “Santifiquem-se, pois amanhã o Senhor fará maravilhas
entre vocês; e quando virem os levitas levando a Arca da Aliança, sigam atrás deles, deixando um
espaço de cerca de um quilômetro entre vocês e eles”.
Os levitas que carregavam a Arca receberam instruções para avançar até a beira do Jordão e ficarem
parados na água até que seus tocassem nela. No momento em que isso aconteceu, a água que corria rio
acima ficou represada em um lugar acima do vale; e rio abaixo tudo ficou sem água. Então todo o
exército israelita podia atravessar com os pés secos.
Um homem escolhido de cada tribo, carregava uma pedra grande tirada do lugar onde os sacerdotes
haviam ficado.

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Eles empilharam as pedras perto do rio para fazer um memorial do fato milagroso. Quando toda a
nação havia atravessado o Jordão, Josué ordenou aos carregadores da Arca que seguissem em frente.
Imediatamente a água começou a correr novamente. Os israelitas se prepararam para o cerco a Jericó,
mais certos do que nunca de que Deus estava lutando por eles, enquanto os homens da cidade sentiram
que a coragem deles estava indo embora.

A QUEDA DE JERICÓ
Josué 6

Depois que os israelitas atravessaram o Jordão, Josué os levou até Jericó. Ele começou a cercar a
cidade para que ninguém pudesse entrar ou sair. Um dia, ele viu um homem diante dele segurando uma
espada fora da bainha. Ele perguntou, “Você está contra nós ou a favor?” O homem respondeu, “Estou
aqui como capitão do exército de Deus”. Josué se deu conta de que estava na presença de um
mensageiro de Deus, se ajoelhou e o venerou, perguntando, “Que ordens você traz?” O homem disse,
“Por seis dias, você e seus guerreiros devem marchar ao redor da cidade uma vez por dia, com sete
sacerdotes levando sete trombetas feitas de chifre de carneiro em frente à Arca da Aliança. No sétimo
dia vocês deverão marchar ao redor da cidade sete vezes, e os sacerdotes deverão dar um longo toque
de trombeta. Quando ouvirem este, todo o povo deverá dar um grande grito. As paredes cairão, e todos
os seus homens poderão entrar marchando”.

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Josué retornou ao acampamento e deu suas ordens aos soldados. “O exército marchará ao redor da
cidade, com sete sacerdotes em frente à Arca no centro da coluna. Todos devem permanecer
completamente em silêncio, até ser dado o sinal para vocês gritarem. Nesse momento gritem todos
juntos o mais alto que puderem”.
As cidades naqueles dias eram muito menores do que hoje. Provavelmente havia soldados israelenses
suficientes para cercar Jericó completamente, e o silêncio deles deixava tudo isso ainda mais
assustador. Os homens de Jericó esperavam um ataque, mas não aconteceu nenhum. Os israelitas
marcharam ao redor da cidade e voltaram para o acampamento.
Marcha, marcha, marcha no segundo dia. Marcha, marcha, marcha no terceiro. Ainda o silêncio. Ainda
nenhum ataque. Os homens de Jericó ficaram cada vez mais nervosos.
No sétimo dia, quando o exército havia marchado ao redor da cidade sete vezes, ele parou. Depois do
longo toque das trombetas de carneiro, todos os homens de Josué gritaram no limite máximo de suas
vozes. O ruído que ecoou nas montanhas foi demais para as paredes enfraquecidas. Elas caíram para
fora e deslizaram pelo declive na direção dos israelitas. Os soldados de Josué se misturaram no meio
dos escombros e atacaram Jericó por todos os lados de uma só vez. Em um espaço curto de tempo a
cidade era deles.
Somente a casa de Raab ficou com as paredes intactas. Ela e sua família tiveram permissão para sair
em segurança. Os espiões haviam mantido sua promessa. Ninguém mais foi poupado, pois os israelitas
acreditavam que Deus queria que eles destruíssem todos na cidade. Eles não conseguiam compreender
que Deus é Amor, e quer que seus adoradores amem até mesmo seus inimigos.

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UM PLANO E UM TRUQUE

Nem todas as cidades de cananeus eram tomadas tão facilmente como Jericó, e muitos anos de
campanha se passavam para os israelitas antes que eles conquistassem todo o país. Algumas vezes eles
atraíam derrotas para si desobedecendo a Deus.
Antes da queda de Jericó, Josué ordenou que todo o ouro e prata e tudo o que era feito de cobre e ferro
na cidade fosse oferecido ao Senhor Deus. Nenhum israelita poderia guardar qualquer coisa para si.
Então todas as coisas preciosas foram levadas para fora da cidade antes de serem queimadas e
colocadas em uma grande pilha para serem guardadas apenas para a obra de Deus. Então, quando
Jericó foi destruída, Josué enviou homens para espionar a próxima cidade, que era chamada Hai.
Eles retornaram com um relatório desleixado sobre a cidade. “É apenas um lugar pequeno”, eles
disseram. “Não há necessidade de enviar todo o exército para lutar contra ela. Três mil homens são
suficientes para tomá-la”. Mas os homens de Hai fizeram os três mil israelitas recuarem para longe e
mataram trinta e seis deles no caminho. Josué percebeu o quanto uma derrota, mesmo pequena, no
início de sua campanha para tomar Canaã poderia desencorajar perigosamente o povo, e em seu
desapontamento, ele se voltou a Deus para receber orientação. Deus disse a ele que alguém entre os
israelitas havia pecado.
No dia seguinte, Josué descobriu por sorteio quem era o culpado.

página 73

Ele se chamava Acã, e confessou que havia roubado ouro e prata, e um manto da Babilônia,
escondendo-os em sua barraca. Por esse crime ele foi apedrejado até a morte.
Em seguida, Josué conquistou Hai com um plano astuto. Ele escondeu trinta mil homens nas
montanhas atrás da cidade, à noite. No dia seguinte, ele atacou a cidade, aproximando-se pela frente,
mas fingindo bater em retirada quando os homens de Hai saíssem para contra atacar os invasores. Os
israelitas fugiram com os cananeus atrás deles em perseguição serrada, deixando a cidade deles
desguarnecida; e a um sinal de Josué, os homens fizeram uma emboscada, entraram na cidade e
puseram fogo nela. Quando os israelitas viram a fumaça saindo da cidade, eles se voltaram contra seus
perseguidores. Os homens de Hai ficaram em pânico, sem saber para onde fugir e foram todos mortos.
Mas uma vez os próprios israelitas foram enganados. Uma tribo canonita chamada gabaonitas ficou
aterrorizada com o que aconteceu a Jericó e Hai, onde todos os homens e mulheres haviam sido mortos
pelos ferozes invasores do deserto. Eles decidiram se resguardar para não ter o mesmo destino com um
plano astuto. Vários deles se vestiram com roupas e sapatos velhos. Eles carregaram os burros com
odres de vinho remendadas e sacos rasgados contendo pão mofado, e chegaram mancando com jeito de
cansado no acampamento de Josué.
“Nós viemos de um país muito, muito distante”, eles disseram. “Olhem nossas roupas e sapatos velhos,
nossas odres de vinho rasgadas e o pão mofado. Eles eram novos quando partimos, e o pão estava
quente saindo do forno. Vocês podem perceber por quanto tempo estamos viajando. Nós ouvimos dizer
o que Deus tem feito por vocês, e nossos governantes nos enviaram como embaixadores para fazer um
tratado com vocês”.
Então Josué e os líderes israelenses fizeram um acordo com eles, para descobrirem três dias depois que
os gabaonitas moravam a uma curta distância dali. O exército gritou de insatisfação, furioso com seus
líderes por se deixarem enganar. Eles queriam fazer um massacre com os gabaonitas. Mas os líderes se
recusaram em permitir que o tratado fosse quebrado. Por isso, os israelitas deixaram os gabaonitas
viverem, mas fizeram eles de escravos, para buscar água e cortar lenha para eles e para os serviços do
Tabernáculo.

O POVO ESCOLHE O SENHOR DEUS


Josué 10-24

O restante da vida de Josué foi vivido na luta. Uma cidade após a outra caía em suas mãos, até que a
maior parte do sul e do centro de Canaã e parte do norte haviam sido conquistados. Aqui e ali, cidades
fortes resistiam contra os israelitas, e muitas tribos cananeus eram dominadas apenas pela metade. Elas
foram forçadas a servir aos israelitas por algum tempo como escravos, mas se tornaram fortes
novamente após a morte de Josué, e freqüentemente reconquistavam as terras e as cidades que haviam
perdido.

página 74

Mas sete anos após entrarem em Canaã, os israelitas haviam conquistado o suficiente da terra para
todas as suas tribos, exceto uma, para que pudessem ser distribuídos os distritos para que elas fossem
assentadas. A única tribo que não tinha um distrito para ser repartido era a dos levitas. Os levitas
receberam quarenta e oito cidades em Canaã de maneira que poderiam atuar como sacerdotes para as
outras onze tribos, e mostrar a elas como Deus deveria ser venerado. A cidade de Silo no centro de
Canaã foi selecionada como morada permanente do Tabernáculo, e lá ele permaneceu por quase
trezentos anos.
Outras seis cidades foram escolhidas para ser Cidades de Refúgio. Naqueles dias, se um homem
matasse outro por acidente, os parentes do homem morto tinham o direito de matar esse homem. Mas
se o assassino fugisse para a Cidade do Refúgio, ele ficaria a salvo dos vingadores de sangue, que é
como eram chamados os parentes, até que ele pudesse ser julgado por um tribunal. Se o tribunal
decidisse que a morte havia sido acidental, o homem poderia viver livremente na cidade; e quando o
alto sacerdote morresse, ele poderia retornar sem ser punido para sua própria cidade e para o seu lar.
Assim, quando Josué se tornou um homem bem velho, os israelitas estavam bem assentados em Canaã,
a salvo dos inimigos ao redor deles. Sabendo que sua morte estava próxima, o velho guerreiro reuniu o
povo e o orientou pela última vez.
Ele lembrou a todos o que Deus havia feito por eles desde o tempo de Abraão, prometendo que os
cananeus que ainda permaneciam no país seriam expulsos. Os israelitas não poderiam se misturar e
nem se casar com estes pagãos, pois, se fizessem isso, os cananeus os induziriam a adorar falsos deuses
e o Senhor Deus poderia destruí-los. Eles tinham que permanecer fiéis a ele, sem adorar os deuses de
seus ancestrais antes de Abraão, e nem aqueles que seus pais haviam servido no Egito, antes de Moisés
ter dito a eles sobre o Senhor.
“Se vocês não quiserem adorar o Senhor Deus”, ele finalizou, “escolham agora os deus a quem irão
reverenciar. Mas eu e minha família serviremos o Senhor”.
“Deus proibiu que deixássemos o Senhor por outros deuses”, o povo respondeu, “pois foi ele que nos
tirou do Egito, que operou grandes maravilhas durante nossa viagem a esta terra e expulsou os
cananeus diante de nós. Nós, assim como você, adoraremos o Senhor”.
Josué os avisou, “Deus não os perdoará se ao escolhê-lo, o abandone por outros deuses. Se fizerem
isso, ele com certeza os destruirá”.
Novamente o povo gritou, “Serviremos o Senhor!”
“Então abandonem todos os deuses estrangeiros”, disse Josué “e adorem o Senhor Deus de Israel do
fundo de seus corações”.
O povo prometeu obedecer Josué, e ele fez uma aliança com eles, erigindo uma grande pedra no
santuário do Senhor. “Se vocês rejeitarem o Senhor”, ele disse, esta pedra será uma testemunha contra
vocês”.
Logo em seguida, Josué morreu. Mas apesar dos israelitas servirem o Senhor durante a vida de Josué e
por mais alguns anos, veio uma época em que eles se afastaram do Senhor Deus. Então o Senhor os
entregou nas mãos de seus inimigos.

página 76

A DERROCADA DE SISARA
Juízes 4-5

Após a morte de Josué, os israelitas continuaram a fazer guerras contra os cananeus com sucesso, mas
não os expulsavam; e quando a geração que invadiu Canaã havia perecido e outra tomava o seu lugar, a
memória das coisas maravilhosas que Deus havia feito por seu povo começava a se apagar. Os
israelitas abandonaram o Senhor Deus. Eles casaram mulheres e homens cananeus, e começaram a
venerar deuses cananeus, assim deus os entregou em poder de seus inimigos. Algumas vezes, quando
eles se arrependiam, Deus criava líderes heróicos que os salvavam de seus opressores. Os israelitas
então voltavam a adorar o Senhor Deus, mas quando seus salvadores morriam, mais uma vez eles
abandonavam Deus, e como conseqüência uma outra nação os conquistava.
Depois de serem subjugados pelos reis da Mesopotâmia, de Moab e pelos filisteus, os israelitas caíram
sob o domínio de Jabin, rei de Canaã. Ele tinha novecentos carros de guerra de ferro e era servido por
um grande general chamado Sisara. O povo do Senhor Deus foi tratado cruelmente por vinte anos, até
que Débora, uma profetisa e juíza de Israel , inspirou um homem chamado Barac a liderar dez mil
homens até Monte Tabor. “O Deus de Israel”, ela disse “fará Sisara sair para lutar com vocês, e o
entregará em suas mãos”.
“Irei se você for minha aliada” disse Barac. Débora concordou, mas o avisou que uma mulher ganharia
a maior glória.
Quando Sisara soube que os israelitas estavam se rebelando, ele marchou com todas as suas tropas e
carros para atacá-los. Barac escondeu seus homens na floresta em Monte Tabor olhando por sobre uma
planície pela qual ele correu até o rio Cison.
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A tribo de Débora, a tribo de Efraim, avançou para o sul da planície; e quando Sisara passava pelo rio,
que estava com cheia, o exército atacou descendo da montanha e o separou de sua cidade do outro lado
do rio. O rio encheu mais ainda por causa de uma tempestade, e o vale ficou tão pantanoso que os
carros eram inúteis. Os dois exércitos israelitas expulsaram Sisara e seus homens do vale, o forçaram a
passar por um desfiladeiro estreito e fizeram o seu exército em pedaços. O próprio Sisara tentou
escapar.
Exausto e sabendo que logo seria caçado se não encontrasse um lugar para se esconder, ele fugiu para a
barraca de Jael, a esposa de um homem chamado Haber que era amigo do senhor de Sisara, Jabin. Ela
saiu para encontrá-lo.
“Não tenha medo, meu senhor”, ela disse, “esconda-se na minha barraca”. Ela deu a ele leite para
aliviar sua sede, o escondeu sob um tapete e o fez sentir-se seguro. Mas por algum motivo que não
sabemos, Jael traiu Sisara. Talvez estivesse com medo de que os israelitas vitoriosos matassem ela e
seu marido por serem amigos de Jabin. Quando Sisara dormiu, ela pegou uma estaca da barraca e uma
marreta, e martelou a estaca no crânio dele.
Logo em seguida Jael foi encontrar Barac que estava em perseguição serrada a Sisara. “Eu mostrarei a
você o homem que procura” disse. Ela levou Barac para sua barraca. Lá ele viu Sisara morto, com a
estaca da barraca em sua testa.
Com seu general morto e seu exército esfacelado, Jabin não tinha chance contra os israelitas. Muitas
outras vezes eles atacaram, fazendo mais e mais pressão sobre ele, até que finalmente, ele foi destruído.
Após a sua morte, os israelitas ficaram livres por quarenta anos.

A ESTÓRIA DE GEDEÃO
Juízes 6-8

Mais uma vez os israelitas esqueceram o Senhor Deus. E novamente ele os entregou nas mãos de seus
inimigos. Por sete anos, os madianitas, tribos do deserto, saquearam suas colheitas, roubavam o gado e
os expulsaram fazendo-os se esconder em fortes nas montanhas.
Um homem jovem chamado Gedeão, o qual teve todos os seus irmãos mortos pelos madianitas, estava
um dia debulhando trigo, quando de repente viu um homem diante dele.
“Você é um homem corajoso”, disse o estranho. “Deus está com você”.
“Se Deus está conosco”, perguntou Gedeão, “por que ele nos entregou aos madianitas?”
“Vocês destruirão os madianitas” ele disse.
“Se faz tão bom juízo de mim” disse Gedeão, “aceitará uma oferta de carne de minha parte?”
Ele preparou carne, pães ázimos e caldo e trouxe para o estranho. “Ponha sobre a rocha”, disse o
homem”. Quando Gedeão fez isso, o estranho tocou na oferta com a ponta de sua vara. No mesmo
instante saiu fogo da rocha e queimou o alimento, e o estranho desapareceu.

página 78

Gedeão sabia que havia encontrado com um mensageiro de Deus, e estava com medo; e no lugar onde
ele o havia visto, construiu um altar para O Senhor Deus.
Nessa noite, Deus disse a Gedeão para trocar o altar do falso deus Baal que pertencia a seu pai Joás,
por um do Senhor Deus, e para oferecer um sacrifício a ele. Na manhã seguinte, quando as pessoas
descobriram o que Gedeão havia feito, elas ficaram indignadas e queriam matá-lo. Mas Joás disse, “se
Baal é um deus verdadeiro, que ele próprio se vingue”, e Gedeão sobreviveu.
Mais uma vez os madianitas e seus aliados se preparavam para atacar Israel. Encorajados por sinais de
Deus e inspirados por ele, Gedeão mandou mensageiros para as tribos e reuniu um exército de trinta e
dois mil homens.
“São muitos”, Deus disse. “Eles dirão que somente a força deles trouxe a vitória, e não eu. Diga a
todos os que estão com medo para irem para casa”. Gedeão fez isso, e apenas dez mil homens
permaneceram com ele.
“Ainda são muitos”, disse Deus. “Leve-os para tomar água no rio. Deixe de um lado todo homem que
lamber a água com a língua como um cachorro, e do outro todos os que se ajoelham para beber”.
Somente trezentos lamberam a água. “Com eles eu salvarei Israel”, Deus disse. “Mande o restante para
casa”.

página 79

Nessa noite, Gedeão dividiu seus homens em três companhias. Deu uma trombeta a cada soldado e um
jarro com uma tocha dentro, e passou suas ordens a eles. No meio da noite, as três companhias foram
engatinhando até o acampamento madianita partindo de direções diferentes, e quando todos estavam
em posição, Gedeão agiu.
Ele e seus homens deram um grande sopro em suas trombetas. Eles quebraram os jarros. Suas tochas
resplandeceram no alto. Eles gritaram juntos, “Uma espada para o Senhor e para Gedeão!”
No mesmo instante as duas outras companhias fizeram o mesmo. O toque repentino das trombetas, as
luzes aparecendo ao redor deles, e os gritos ecoando das montanhas, deixaram os madianitas em
pânico. Eles pensaram que um grande exército estava atacando, e na escuridão e confusão, começaram
a lutar entre si. O pânico e a luta se espalhou, e logo os inimigos de Israel estavam destruindo uns aos
outros.
Eles começaram a correr. Os israelitas corriam montanha abaixo para se juntar a Gedeão na
perseguição; e a vitória final deles foi tão grandiosa que os madianitas foram totalmente subjugados.
Gedeão matou com suas próprias mãos dois chefes que haviam matado seus dois irmãos, e pelo resto
de sua vida Israel viveu em paz, livre de seus inimigos.

página 82

A ESTÓRIA DE SANSÃO
Juízes 13-16

De todas as nações que oprimiam os israelitas, os filisteus eram os mais guerreiros. Eles haviam
invadido Canaã pelo mar, como Israel havia invadido pela terra, e por séculos as duas nações lutaram
pela posse do país.
Em uma época em que os filisteus governavam os israelitas, um mensageiros de Deus apareceu para a
esposa de um homem chamado Manoé, e disse, “apesar de vocês não terem filhos, você logo dará a luz
a um filho. Nenhuma navalha deverá tocar a cabeça dele, pois ele será consagrado a Deus, e deverá
começar a tirar Israel do poder dos filisteus”.
No tempo devido nasceu um filho e eles o chamaram de Sansão.
Sansão cresceu, tornou-se alto e extremamente forte, e quando se tornou adulto, ele se apaixonou e
planejou se casar com uma mulher filistéia.

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Uma vez, enquanto ia visitá-la ele encontrou no caminho um leão que ele matou com suas próprias
mãos. Ao retornar algumas semanas depois, ele viu que um enxame de abelhas havia feito sua casa
dentro do leão. Sansão quebrou um pedaço do favo de mel e comeu.
Depois, o casamento foi arranjado e ele convidou trinta filisteus para sua festa de casamento. Durante a
festa Sansão disse, “Vou propor um enigma para vocês. Se responderem em sete dias, durante os sete
dias de festas, eu darei a cada um de vocês roupas finas e túnicas de linho. Mas se vocês não
conseguirem responder, cada um deverá me dar uma túnica e uma roupa”. Eles concordaram e Sansão
fez a pergunta de adivinhação.
“Do que come saiu a comida,
E do forte saiu a doçura”.
Pensando e raciocinando o quanto podiam, os filisteus não conseguiram responder a adivinhação.
Por isso, eles ameaçaram a esposa de Sansão dizendo, “Descubra a resposta, ou queimaremos sua casa
com você dentro dela!” A mulher perguntou a Sansão, e quando ele recusou a dizer a ela, ela chorou
reclamando, “Você não me ama!” Com lágrimas e reprovações ela o aborreceu com resmungos durante
todos os dias de festejos, e ela contou isso a seus compatriotas. Justamente antes do casamento no
sétimo dia, eles deram a ele a resposta.
“O que é mais doce do que o mel?
O que é mais forte do que o leão?”
Sansão respondeu de forma impiedosa,
“Vocês usaram minha novilha para puxar seu arado,
Ou não teriam o enigma decifrado”
Enfurecido, ele foi a Ascalon, uma cidade de filisteus. Matou trinta homens, usando o dinheiro deles
para comprar as roupas prometidas. Deu aos trinta convidados e voltou para a casa de seu pai,
abandonando a mulher que o tinha traído.
Mas ele ainda a amava e alguns meses depois, durante a colheita do trigo, ele voltou para ela, mas
descobriu que ela havia se casado com um de seus trinta convidados. Ele resolveu se vingar de toda a
nação de filisteus. Ele caçou trezentas raposas, amarrou-as pelos rabos e prendeu uma tocha em cada
par de rabos. Os animais, enlouquecidos pelo terror, correram loucos por todo o campo, incendiando as
colheitas, as oliveiras e as vinhas.
Ao descobrir que havia incendiado suas colheitas, e por que motivo, os filisteus queimaram a casa da
primeira noiva de Sansão. Como vingança, ele os atacou e os expulsou, matando um grande número
deles.
Os filisteus o perseguiram por lá. Seus compatriotas resolveram entregar Sansão para não serem
punidos por protegê-lo, e Sansão concordou. “Mas vocês precisam jurar que não vão me matar”, ele
pediu. Eles o entregaram amarrados com duas cordas novas, e quando os filisteus o viram
aparentemente indefeso, eles gritaram com triunfo. Mas o Espírito de Deus se apoderou dele. Ele
quebrou as cordas como se elas fossem fios, e pegando uma mandíbula de jumento que estava por
perto, ele matou mil filisteus.
Depois disto, ele se tornou um juiz, e pelos vinte anos que se seguiram, governou Israel. Durante esse
tempo Sansão visitou a cidade filistéia de Gaza. Seus inimigos pensaram que finalmente a chance deles
o matarem havia chegado. Eles se deitaram durante a noite planejando matá-lo de manhã.
Mas à meia noite, Sansão levantou, arrancou as pilastras do portão da cidade, colocou-as nos ombros, e
levou tudo embora, as colunas, o portão e tudo, e assim escapou.

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A queda de Sansão foi causada por uma mulher. Ele se apaixonou por uma mulher chamada Dalila. O
chefe dos filisteus prometeu que se ela conseguisse descobrir o segredo de sua força e como ela poderia
ser controlada, eles dariam a ela uma grande quantidade de prata. Ela perguntou a Sansão e ele
respondeu, “Se eu for amarrado com sete cordas de arco novas, que ainda não secaram, ficarei tão
fraco como qualquer outro homem”. Então, enquanto ele estava dormindo, ela escondeu filisteus em
uma sala, prontos para pegar Sansão, amarrou ele com as cordas de arco e gritou, “Os filisteus estão te
atacando!” Ele se levantou, arrebentando as cordas de arco como se fossem fios queimados.
“Você mentiu para mim!”, Dalila gritou. Agora me diga de verdade como você pode ser amarrado e
ficar como os outros homens”.
“Se eu for amarrado com cordas novas, toda minha força falhará”. Novamente ela o amarrou enquanto
ele estava dormindo. E novamente ela gritou, “Os filisteus estão te atacando!” Mais uma vez ele
arrebentou as cordas como se fossem fios.
“Você sempre me trapaceia”, Dalila gritou com raiva. “Você sempre me conta mentiras”, e ela o
aborreceu falando e gritando sem parar até ele contar o seu segredo. “Se você tecer num tear as sete
tranças do meu cabelo e prendê-las, eu ficarei fraco como os outros homens”. Mas quando Dalila fez
isso e o chamou mais uma vez, Sansão, os filisteus estão te atacando!”, ele acordou, arrastando o tear
com o cabelo.
“Como você pode dizer que me ama, quando você está sempre mentindo para mim”. E não o deixou
em paz - pressionando e insistindo com ele todos os dias, até que finalmente ele contou a ela o segredo.
“Se eu cortar meu cabelo e minha barba, ficarei como qualquer outro homem”.
Desta vez Dalila sabia que ele estava falando a verdade. Ela disse para os senhores filisteus se
prepararem: e enquanto eles se esconderam na sala, ela fez Sansão dormir. Um filisteu cortou o cabelo
e a barba de Sansão com cuidado usando tesoura e lâmina. Quando ele terminou, Dalila gritou mais
uma vez, “Os filisteus estão chegando, Sansão!” Pensando que era a brincadeira de costume, ele se
levantou esticando-se e sacudindo. Mas sua força havia ido embora e os filisteus o pegaram e o
amarraram. Eles furaram os olhos dele, e o levaram para a cidade de Gaza. Lá ele foi amarrado com
correntes e colocado para moer milho na prisão.
Mas seu cabelo cresceu novamente, e quando ficou mais comprido, sua força voltou.
Então chegou um dia em que os filisteus deram uma grande festa em homenagem ao deus deles,
Dagão. O templo estava cheio de gente. Todos os governantes e grandes senhores filisteus estavam lá,
e havia três mil pessoas até mesmo no telhado. Eles gritavam para que Sansão fosse trazido ao templo
para que eles pudessem zombar dele. Quando ele entrou, eles riram e fizeram chacota com ele. Mas
agora sua barba e cabelo haviam crescido novamente e toda a sua força havia voltado. Ele disse ao
garoto que o levava para guiá-lo até os dois pilares do meio que apoiavam o teto.
Quando ele sentiu seu braços ao redor dos dois pilares, ele rezou. “Oh Senhor Deus, lembre-se de mim
apenas mais uma vez, e me devolva minha força”.
Sansão empurrou os pilares. Ele gritou alto, “Morreremos todos juntos, todos os filisteus e eu”. Então
ele se curvou e aplicou toda a sua força. As zombarias e risos dos filisteus se transformaram em
silêncio, e depois em gritos de medo e gemidos. Os pilares tremeram. Depois inclinaram e se
quebraram. O teto se partiu sobre os que estavam em baixo, matando todos dentro do templo com o
peso, e arremessando fatalmente os que estavam em cima dele.
Sansão não escapou. Mas ele matou mais pessoas na sua morte do que havia matado em toda a sua
vida, e se vingou da perda de seus olhos.

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RUTE
O Livro de Rute

Uma vez, quando os juízes governavam Israel, a fome levou Elimelec, um homem de Judá, com sua
esposa Noemi e seus dois filhos, para a terra de Moab. Os filhos se casaram com mulheres moabitas,
uma se chamava Orfa e a outra Rute. Mas os homens morreram deixando três viúvas solitárias.
Noemi decidiu voltar para seu povo. Ela pediu para suas noras permanecerem em Moab, pois elas eram
jovens o suficiente para se casarem novamente. Por fim, Orfa concordou em ficar, mas Rute não
abandonaria Noemi.
“Não me peça para te deixar” ela disse. “Aonde você for eu irei também. Teu povo será meu povo. Teu
Deus será o meu Deus. Somente a morte irá nos separar”.
Assim, as duas mulheres fizeram a viagem de volta a Belém onde Noemi, triste e solitária, apesar de
confortada pelo afeto de Rute, foi bem recebida por seus parentes.
Morando em Belém, havia um senhor de terra chamado Booz, um parente de Elemelec. Rute, como era
de costume entre as mulheres saiu na época da colheita de cevada para respigar - isto é, colher para seu
próprio uso algumas espigas de cevada que os enfardadores de feixes podem deixar escapar. E por
acaso ela estava enfeixando em um dos campos de Booz, quando ele a viu e perguntou quem era ela.
Disseram a ele que era a moabita que havia retornado com Noemi.
Ele falou gentilmente com ela. “Colha com minhas mulheres em meus campos e não vá a nenhum
outro lugar. Meus homens não vão interferir com você. Se estiver com sede, sirva-se da água que tiram
para os empregados beberem”.
Ruth se curvou diante dele. “Por que está sendo tão bondoso comigo?”, ela perguntou.
“Eu tenho ouvido”, Booz disse, “a respeito de tudo o que fez por Noemi, e sobre como, ao invés de
desertá-la, você deixou seu próprio povo. Que o Deus de Israel recompense você muito bem por sua
bondade”.
“Já fui recompensada”, respondeu Rute, na bondade que está me mostrando”.
Quando chegou a hora dos colhedores comerem, Booz chamou Rute para se juntar a eles, e deu comida
suficiente para uma refeição para ela e Noemi nessa tarde. Quando ela voltou para a colheita, ele
contou a seus enfardadores em particular, “Tire algumas espigas de seus fardos e deixe para ela
recolher”. Nessa tarde, Rute debulhou uma grande quantidade de cevada das espigas que ela havia
colhido.
Quando Noemi ouviu dizer que Rute havia colhido cevada nos campos de Booz, ela contou que ele era
parente de Elimelec. “Recolha espigas lá durante toda a colheita de cevada, e na próxima colheita de
trigo”, ela disse, “e quando as colheitas terminarem, eu direi a você o que deve fazer”.
Naqueles tempos, quando uma mulher perdia o marido, ela poderia pedir proteção ao parente mais
próximo do marido. Noemi disse a Rute que ela deveria ir até Booz quando ele estivesse de bom
humor depois das festividades da colheita. Ela teria que se deitar ao lado dele na eira onde ele estaria
dormindo, e teria que se cobrir com suas vestes. Isto seria um sinal para ele de que ela estava pedindo
sua proteção.
Quando ele acordou, Booz ficou profundamente comovido com o fato de Rute ter ido até ele. No dia
seguinte ele foi para o portão da cidade, onde todos os negócios públicos eram feitos, e se certificou de
que ninguém teria mais direito de proteger Rute do que ele. Então ele se casou e tomou conta dela por
toda a sua vida.
No devido tempo, ela teve um filho chamado Obed e Noemi agradeceu a Deus. Obed por sua vez, teve
um filho chamado Isaí; e Isaí se tornou o pai de Davi, o maior rei que Israel já teve.

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O NASCIMENTO E O CHAMADO DE SAMUEL


1 Reis 1-3, 1 Samuel 1-3

Houve uma vez um israelita chamado Elcana, que tinha duas esposas. Uma delas chamada Fenena,
tinha vários filhos, e ela zombava de Ana, a outra esposa que não tinha nenhum. Toda a família de
Elcana ia todo ano para o Tabernáculo em Silo para oferecer sacrifícios ao Senhor. Um ano, depois que
Fenena a atormentou mais cruelmente, Ana chorando amargamente, orou para Deus do lado de fora do
cercado do Tabernáculo.
“Senhor”, ela rezou, “se você me mandar um filho, eu o darei ao senhor, para ele serví-lo por toda a
vida”.

página 89

Heli, o alto sacerdote estava sentado perto da entrada do cercado. Ele viu Ana se inclinando e o
movimento de seus lábios em uma oração silenciosa, mas não conseguiu ouvir sua voz, e ele pensou
que ela poderia estar bêbada. Fique em abstinência”, ele disse de forma áspera, “e não volte até que
esteja sóbria”.
“Oh senhor”, ela disse, “eu não estou bêbada. Não pense mal de mim. Eu estava abrindo meu coração
com Deus por estar em lamentação e miséria”.
“Vá em paz”, disse Heli, “e que Deus atenda suas orações”.
Sua bondade deixou Ana feliz. Mas a felicidade dela seria pouco comparada com o que ela sentiu
quando logo depois ela soube que suas preces haviam sido atendidas e que ela iria ter um filho.
Quando o bebê, um menino, nasceu, ela pôs o nome de Samuel, que significa Pedido ao Senhor, e
assim que ele ficou com idade suficiente, ela o levou a Heli.
“Eu sou a mulher, senhor”, ela disse, quem o senhor pensou que estivesse bêbada. Eu estava rezando
pedindo por um filho, e Deus atendeu minhas orações. Agora eu venho para dá-lo ao senhor, para
servir a Deus por toda a sua vida”.
Ana via Samuel todo ano. Ela teve mais quatro filhos, e Fenena não podia mais zombar dela.
Os filhos de Ana trouxeram alegria a ela, mas Heli teve dois filhos que o deixaram infeliz. Apesar de
serem sacerdotes, eles eram mesquinhos e cruéis. Eles roubavam os peregrinos no Tabernáculo na
melhor parte das ofertas que eles pretendiam dar a Deus, e trouxeram para a religião do Senhor Deus,
costumes maléficos da adoração de deuses pagãos.
Heli, agora um homem muito velho e quase cego, não conseguia controlar seus filhos, apesar de saber
de suas maneiras mal intencionadas. Por causa disso, os israelitas passaram a menosprezar os
sacrifícios do Tabernáculo, e talvez por isso Deus não aparecia abertamente naqueles dias. Os homens
não ouviam a voz de Deus como Moisés ouviu, nem viam eus mensageiros como Josué e Gedeão
haviam visto. Parecia que Deus estava distante.
Mas Samuel servia o Senhor com fé no Tabernáculo. Ele costumava dormir no Santo Lugar, e numa
manhã bem cedo, antes do candelabro de sete ramos, que ficava aceso a noite toda, terminar de
queimar, ele ouviu uma voz chamando seu nome. Ele correu até Heli. “Aqui estou”, ele disse.
“Não chamei você”, respondeu Heli. “Volte a dormir”.
Novamente Samuel ouviu chamarem seu nome, e mais uma vez ele correu até Heli. “Ouvi o senhor me
chamar” ele disse. “Aqui estou eu”.
“Eu não” disse Heli. “Vá se deitar novamente”.
“Samuel, Samuel!” chamou a voz uma terceira vez. Mais uma vez Samuel foi até Heli que se deu conta
desta vez que devia ser Deus chamando Samuel. Ele disse a ele, “Deite-se, e quando ouvir o chamado,
responda, ‘Fale Senhor; seu servo está ouvindo’.
Samuel o obedeceu e a voz respondeu. “Como Heli sabia dos modos malignos de seus filhos e não os
corrigiu, meus julgamentos contra sua família permanecerão para sempre. Eles nunca serão perdoados
por fazerem meus sacrifícios serem desprezados e minha veneração ficar suja.
A voz ficou em silêncio. Samuel ficou com medo de dizer a Heli o que ele havia ouvido até que ele o
chamou. “Não esconda nada de mim a respeito do que o Senhor te falou”, ele disse.
Samuel disse tudo a ele. Heli apenas disse, “Deixe o Senhor fazer o que ele acha melhor”.
Esta foi a primeira de muitas ocasiões em que Deus falou através de Samuel. Ele cresceu e ficou
conhecido em toda a Israel como um profeta que sempre falava a verdade. Mais uma vez, o senhor
havia realizado a ascensão de um líder como os antigos heróis através do qual ele podia orientar seu
povo.

página 92

OS FILISTEUS E A ARCA
1 Reis 4-6, 1 Samuel 4-6

Samuel cresceu em uma época em que os israelitas e filisteus estavam lutando pelo domínio de Canaã.
Depois de uma derrota para os filisteus, os líderes israelitas disseram, “Por que Deus permitiu que
fôssemos derrotados hoje? Deixe-nos levar a Arca da Aliança e carregá-la para a batalha contra nossos
inimigos. Ela nos trará a vitória certa.”
Assim a arca foi trazida de Silo para o acampamento, aos cuidados de Ofni e Finéias, os dois filhos
malignos de Heli. O exército israelita a recebeu muito bem, com uma ovação tão alta que foi ouvida
pelos filisteus.
Quando eles descobriram o motivo do grito, ficaram assustados. “O Deus deles veio ao acampamento”,
eles disseram. “O Deus poderoso que massacrou os egípcios. Estamos perdidos - quem pode nos salvar
do poder desse deus? Coragem filisteus! Lutem como heróis. Não deixem ser feitos de escravos dos
hebreus como eles foram de vocês”.
Eles se lançaram ao ataque. Para surpresa deles, eles venceram todos eles. Trinta mil israelitas foram
mortos, entre eles, Ofni e Finéias. O restante fugiu, e o pior de tudo, a Arca foi capturada.
Um sobrevivente chegou a Silo no mesmo dia. Quando ele contou as notícias, um grande gemido de
horror ecoou do povo, o qual foi ouvido por Heli, sentado à beira da estrada fora da cidade. Ele agora
tinha noventa anos de idade, estava completamente cego, e cheio de preocupação em relação a Arca de
Deus.
Ele perguntou o que significava o tumulto e disseram, “Os filisteus expulsaram o exército. Nossos
homens fugiram em pânico. Seus dois filhos estão mortos, e a Arca de eus foi levada”. Quando ouviu
sobre a captura da arca, Heli caiu no chão, quebrou seu pescoço e morreu.
Enquanto isso, os filisteus haviam carregado a arca para a cidade de Azoto e colocada no templo do
deus deles, Dagon. Na manhã seguinte quando os sacerdotes entraram no templo, eles a encontraram a
imagem de Dagon com a face na terra diante da arca como se a estivesse reverenciando. Com
dificuldade eles ergueram o ídolo gigante e o colocaram de volta ao seu lugar. Mas na manhã seguinte
a imagem não só havia caído novamente, como sua cabeça e suas mãos estavam quebradas.
A cidade de Azoto também sofreu. Uma praga de ratos destruiu as provisões das pessoas e o povo
ficou agonizante com tumores dos quais muitos deles morreram. Os filisteus mudavam a arca de uma
cidade para outra, esperando encontrar algum lugar aceitável para o Deus de Israel. Mas em todos os
lugares as mesmas pragas horríveis até que o último dos filisteus exigiu de seus príncipes, mande a
Arca do Deus de Israel de volta ao seu lugar antes que ela mate todos nós”.
Os príncipes perguntaram aos sacerdotes o que devia ser feito, e eles disseram, façam uma carroça
nova. Coloquem duas vacas que nunca puxaram uma carroça antes, e que acabaram de dar cria. Tire os
bezerros delas e ponha-os no curral. Na carroça coloque a Arca do Deus de Israel junto com cinco
imagens de ouro dos ratos, uma para cada um dos cinco príncipes dos filisteus.
“Deixe a carroça ir aonde as vacas quiserem. Se ela for para um país israelita, saberemos que foi o
Deus de Israel que nos trouxe estas desgraças.

página 93

Se não for, teremos sido vítimas por acaso”.


Os filisteus fizeram tudo o que os sacerdotes sugeriram. Quando eles soltaram a carroça, as duas vacas
a puxara direto até a estrada para Israel, sem virar para a direita ou esquerda. Os israelitas estavam
colhendo trigo quando avistaram a carroça. Eles ficaram cheios de alegria ao verem. Por sete longos
meses eles ficaram sem a arca, que para eles representava o trono sobre o qual Deus sentava quando
visitava seu povo.
Eles fizeram uma fogueira com a madeira da carroça e sacrificaram as duas vacas nela como oferta
para Deus. A arca foi alojada em uma cidade próxima onde permaneceu por muitos anos até que o rei
Davi a trouxe para Jerusalém. Enquanto isso, após a morte de Heli, Samuel governou e julgou o povo
de Israel.

SAUL É UNGIDO PARA REI


1 Reis 7-10, 1 Samuel 7-10

No reino de Samuel, os israelitas abandonaram os ídolos que muitos deles ainda adoravam e
retornaram ao Deus verdadeiro. E o resultante disso, foram as vitórias que eles conseguiram contra os
filisteus, e começaram a recuperar as cidades e terras que os filisteus haviam tomado deles.
Mas Samuel envelheceu, e seus dois filhos que partilhavam o trabalho com ele, passaram a ser quase
tão cruéis quanto os filhos de Heli haviam sido. Assim, os líderes israelitas foram até Samuel e
disseram, “Queremos um rei para nos governar”.
Samuel ficou desconfortado com o pedido deles, e se voltou para Deus para receber orientação.
“Não é você que eles estão rejeitando”, Deus disse a ele, “Sou eu. Diga a eles que um rei levará seus
homens para serem seu exército, suas mulheres para serem suas servas. O povo vai arar os campos dele
e ceifar as colheitas. Ele vai se apoderar do que há de melhor em suas terras e dará aos seus preferidos.
Ele cobrará impostos deles, tirando um décimo de seus grãos, vinhos, escravos, rebanhos e manadas
para uso próprio e para seus cortesãos. Por fim, o rei fará deles seus escravos”.
Mas o povo insistiu, “queremos um rei para nos governar e liderar nossas batalhas”. Deus disse a
Samuel, “Faça o que eles querem”.
Logo em seguida, um homem da tribo de Benjamim, chamado Cis, perdeu alguns burros e mandou o
seu filho, Saul procurar por eles. Depois de procurar por vários dias, Saul ia desistir da tarefa quando
seu servo disse a ele que Samuel estaria chegando a uma cidade próxima para um festival que
aconteceria naquele mesmo dia. E talvez o profeta pudesse ajudá-los.
No momento em que Samuel viu Saul, Deus revelou a ele que este era o homem que ele havia
escolhido para governar Israel. Samuel disse a Saul que os burros haviam sido encontrados, mas que
toda a nação de Israel estava esperando por ele. As palavras deixaram Saul confuso, pois sua tribo era
pequena, e sua família não era importante. Mas o profeta o homenageou na festa naquele dia, fazendo-
o sentar com os convidados do chefe, e passar a noite. No dia seguinte, ele o acompanhou para sair da
cidade.

página 94

“Mande o seu servo na frente” disse Samuel, “e eu darei a você uma mensagem de Deus”. Quando o
rapaz foi embora, Samuel derramou um frasco de óleo sobre a cabeça de Saul. “O Senhor Deus está
ungindo você como rei de seu povo, Israel. Você deverá governá-los e os livrar de seus inimigos. Deus
estará com você. Agora vá. Eu me unirei a você em sete dias e direi o que fazer”.
Quando Saul se virou para ir embora, ele sabia que as palavras de Samuel eram verdadeiras. Ele sentiu
que era outro homem. Deus estava de fato com ele, e ele, o filho de um fazendeiro muito modesto,
poderia ser capaz de se tornar um valoroso rei de Israel.
Mais uma vez, Samuel mandou reunir a nação para ouvir o que ele tinha a dizer.
“O Deus de Israel falou”, ele disse. “Eu os tirei do Egito e das nações que oprimiam vocês. Mas vocês
me rejeitaram e exigiram um rei para governar vocês. Reúnam-se na minha presença posicionados por
tribos e famílias, e o seu rei será selecionado por sorteio”.
De todas as tribos, a de Benjamim foi escolhida. De todas as famílias de Benjamim, a família de Metri,
à qual pertencia Cis, foi escolhida. De todos os homens da família de Metri, Saul foi escolhido. Mas
quando vieram procurar por ele, não conseguiam encontrá-lo em lugar algum.
De repente, assustado com a grandiosidade da tarefa para a qual Deus o estava chamando, Saul havia
se escondido. Por fim, ele foi encontrado e apresentado a seu povo. Quando eles viram o quanto ele
parecia formoso - pois ele era mais alto do que qualquer outro homem de Israel - houve um tremendo
grito aclamando, “Deus salve o rei!”
Samuel contou aos israelitas quais eram as obrigações de um rei e escreveu em um rolo de pergaminho.
Todos foram para casa contentes, exceto algumas pessoas que desprezavam o filho do lavrador. Era
mais fácil ser leal a um rei que eles podiam ver e sentir do que a um deus que eles não podiam ver.

página 95

A REJEIÇÃO DO REI SAUL


1 Reis 11; 13-15; 1 Samuel 11; 13-15

Um mês depois de Saul ter sido eleito rei, os amonitas, inimigos antigos de Israel, sitiaram uma cidade
chamada Jabes de Galaad. A cidade era pequena e o exército amonita era tão grande e forte que os
homens da cidade pensaram que não teriam escolha a não ser se renderem. Mas o general amonita
disse, “Deixaremos que se rendam pacificamente somente com a condição de que nós possamos furar o
olho direito de cada homem da cidade. Desta maneira humilharemos Israel, a nação que não pode
salvar vocês”.
“Nos dê sete dias para enviar mensagens para toda Israel”, imploraram os galaaditas. “Então, se
ninguém vier em nosso socorro, nós nos renderemos e vocês poderão fazer conosco o que quiser”. Tão
certos estavam os amonitas de que nenhum israelita arriscaria sua vida para salvar Jabes de Galaad que
eles permitiram que os mensageiros fossem enviados.
Saul ouviu as notícias quando estava trazendo seus bois que aravam a terra - pois apesar de ser rei, ele
havia retornado a sua vida comum de lavrador. No mesmo instante, o Espírito de Deus se apoderou
dele. Furioso, ele pegou os dois bois, cortou-os em pedaços, e os mandou para todas as tribos de Israel
com a mensagem, “O mesmo será feito com os bois de cada homem que não me seguir na batalha”.
Um exército maior do que todos que Israel já havia composto antes, foi reunido em alguns dias. Saul
enviou mensageiros para dizer aos galaaditas que eles seriam resgatados no dia seguinte. Por sua vez,
os habitantes de Galaad enganaram os amonitas, dando a eles um sentimento falso de segurança,
dizendo que se entregariam no dia seguinte.
Mas horas antes do povo de Galaad se render, Saul atacou. Ele dividiu seu enorme exército em três
colunas que atacaram os confiantes amonitas em três direções diferentes no mesmo momento. Eles
foram pegos de surpresa e completamente derrotados.
Depois desta primeira grande vitória de Saul, seus seguidores queriam matar os homens que haviam
desprezado o filho do lavrador quando ele foi eleito rei. Mas Saul os perdoou. Uma vitória como essa,
ele disse, não deveria ser estragada condenando qualquer israelita à morte.
Saul tinha um filho valente chamado Jônatas, ao qual ele deu mil homens para comandar, deixando
dois mil homens ao seu próprio comando. Jônatas matou o governador de um distrito onde os filisteus
ainda dominavam; e todo o exército filisteu se reuniu para massacrar os israelitas. Israel inteira correu
até Saul. Mas foram superados em número por seus inimigos e logo foram pressionados; e para piorar
as coisas, Samuel não veio no dia em que havia marcado para oferecer sacrifício em benefício deles, e
para rezar pedindo ajuda.
O exército de Saul começou a se desfazer à medida que o povo assustado fugia de volta para casa. O
rei esperou sete dias, e Samuel ainda não havia aparecido. Com medo de que logo ele não teria mais
exército, Saul perdeu a paciência e ele mesmo ofereceu o sacrifício, apesar de somente um sacerdote
ter permissão para fazer isto. Samuel chegou assim que Saul havia terminado e disse, “Você agiu
tolamente. Pelo que você fez, Deus vai tirar o reino de sua família e o dará a outra a quem ele já
escolheu”.

página 96

Sem dizer mais nenhuma palavra, Samuel deixou Saul e seguiu seu caminho muito aborrecido.
Não mais do que seiscentos homens permaneceram com o rei, e nenhum deles tinha armas, a não ser
machados e foices; pois os filisteus estavam determinados a evitar que os israelitas fizessem espadas e
lanças e não permitiam que tivessem ferreiros onde governavam. Somente Saul e Jônatas portavam
armas.
Os israelitas estavam acampados no topo de um penhasco junto a um desfiladeiro profundo, e seus
inimigos estavam do outro lado do vale. Ao avistar Jônatas e seu escudeiro que estavam sozinhos, os
filisteus os chamaram, zombando, “Subam aqui - temos uma coisa para mostrar a vocês”. Jônatas havia
decidido considerar que se os filisteus dissessem para eles subirem, isto seria um sinal de que estavam
nas mãos de Deus. Assim, ele e seus companheiros subiram a encosta, pelo desfiladeiro e escalaram até
o outro lado com suas mãos e joelhos. Ao chegarem ao topo do penhasco, os dois atacaram os filisteus
com toda a fúria, jogando para baixo cerca de vinte deles no primeiro ataque. Alguns hebreus que
haviam sido incorporados no exército dos filisteus, mudaram de lado e atacaram seus superiores dentro
do acampamento. Isto aumentou o pânico e a confusão que Jônatas havia iniciado com o ataque
avassalador.

página 97

Saul e seu exército, vendo o tumulto do outro lado do vale, correu gritando para ajudar Jônatas e seus
aliados hebreus. Outros israelitas que estavam se escondendo em cavernas próximas se atiraram sobre
eles e espalharam mais alarmes entre os filisteus, que agora passavam a atacar uns aos outros,
incapazes de distinguir amigos de inimigos. Logo estavam correndo para salvar suas vidas. Os homens
de Saul os perseguiram, massacrando quantos podiam antes do cair da noite.
Em seu zelo para destruir seus inimigos, Saul proclamou, “Cairá uma maldição sobre aquele que parar
para comer antes de anoitecer, até que eu já tenha me vingado de meus inimigos”.
Sem saber da ordem de seu pai, Jônatas comeu parte de um favo de mel que havia encontrado e sentiu-
se melhor. Mas à noite, quando isto foi descoberto, Saul decretou que ele deveria morrer. Jônatas
estava pronto para se submeter. Mas o povo ficou aterrorizado com o fato do herói, que quase sem
armas inspirou a vitória desse dia, tivesse que morrer. Eles pagaram a ele por isso, com dinheiro ou
sacrifício, e assim Jônatas foi salvo.
Saul tornou-se um grande rei guerreiro, e lutou contra os inimigos de Israel em todas as frentes. Ele
derrotou os exércitos de Moab, Amon, Edom e Soba, como também os filisteus, guerreiros ferozes e
corajosos. Apesar dele ter derrotado os Amalecitas, sua vitória sobre eles fez Deus finalmente
abandoná-lo.
Pois Samuel havia trazido a Saul uma mensagem de Deus. “Como os amalecitas atacaram Israel no
caminho de Canaã vindos do Egito, vocês devem destruí-los completamente e tudo o que possuem”.
Então Saul reuniu todos os guerreiros do país e atacou os amalecitas. Ele matou cada homem, mulher e
criança, mas ele permitiu que seu rei Agag vivesse, e o melhor do gado e das ovelhas.
Quando Samuel descobriu o que havia acontecido, ele repreendeu Saul amargamente por ter
desobedecido as ordens de Deus. Saul tentou se desculpar dizendo que as ovelhas e os bois haviam sido
mantidos pelo povo para serem sacrificados para o Senhor. Mas Samuel respondeu, “Obedecer a Deus
é mais importante do que o sacrifício. Desobedecê-lo é pior do que a feitiçaria. Como você rejeitou a
palavra do Senhor, ele rejeitou você como rei”.

página 98
O coração de Saul foi atingido pelas palavras de Samuel e ele implorou a ele para pedir perdão a Deus.
Mas Samuel recusou e se virou para ir embora. Quando ele fez isso, Saul segurou sua capa e ela rasgou
em suas mãos. “Assim como você rasgou minha capa”, disse Samuel, “Deus rasgou o reino de você, e
o deu a um outro homem melhor do que você. Deus não será dobrado pela força”.
“Me honre somente mais uma vez diante de meu povo”, implorou Saul, “e eu me arrependerei e
adorarei a Deus”. Então Samuel retornou com Saul como se nada tivesse acontecido entre eles. Saul
matou Agag, o último amalecita vivo. Então Samuel voltou para sua casa e Saul para a dele; e eles
nunca mais se viram novamente. Mas Samuel lamentou por Saul, com piedade em seu coração do belo
homem a quem o Senhor havia rejeitado como rei de Israel.

página 99

DAVI É ESCOLHIDO
1 Reis 16; 1 Samuel 16

Chegou um tempo em que Samuel se deu conta de que deveria parar de lamentar por Saul, a quem
Deus havia rejeitado como rei de Israel. Ele sabia que um homem melhor havia sido escolhido para
tomar o seu lugar, e no devido tempo, Deus o guiou até o homem que ele havia escolhido.
“Encha um (vaso feito de) chifre com óleo”, Deus disse a ele, “e vá para Belém até um homem
chamado Isaí. Eu escolhi um rei entre seus filhos”.
“Como poderei ir?”, disse Samuel. “Se Saul souber que eu fui ungir um rei em seu lugar, ele me
matará”.
“Leve um novilho contigo”, Deus disse, “e vá para Belém oferecer um sacrifício a mim”. Convide Isaí
para o sacrifício. Eu direi o que deve fazer, e mostrarei o homem a quem escolhi para ser rei”.
Então Samuel foi para Belém, levando um novilho para ser sacrificado. Os líderes da cidade ficaram
alarmados quando o viram chegando, apesar de agora um rei governar a nação, Samuel ainda tinha
poder para julgar uma cidade e puní-la por ofensas contra Deus.
“Por que veio?” perguntaram ansiosamente. “Há algo errado?”
“Não fiquem alarmados”, respondeu Samuel. “Está tudo bem. Eu vim oferecer um sacrifício a Deus
em nome de vocês. Purifiquem-se para uma festividade e regozijem comigo hoje”.
O próprio Samuel foi até Isaí e o convidou para a festa. “Chame seus filhos”, ele disse. “Devo purificar
você e cada um deles por vez para o sacrifício”.
O mais velho era um homem belo e refinado, e quando ajoelhou diante de Samuel, o profeta pensou,
“Este deve ser quem o Senhor escolheu”. Mas imediatamente Deus levou outro pensamento a sua
mente. Ele lembrou de Saul. “Deus não julga um homem por seu rosto bonito ou por sua altura”, ele
refletiu. “Deus não enxerga como os homens, mas ele enxerga o que um homem realmente é por
dentro”. Samuel sabia que o filho mais velho de Isaí não era o homem que ele estava procurando.
Mais seis filhos vieram diante de Samuel para serem purificados e ele sabia que nenhum deles era o
escolhido por Deus. Mas como mais nenhum outro saiu, Samuel perguntou a Isaí, “Todos os seus
filhos estão aí?”
“Ainda há Davi, o mais jovem”, respondeu Isaí. “Ele está cuidando das ovelhas”.
“Vá buscá-lo respondeu Samuel. “Não devemos nos sentar para as festividades do sacrifício até ele
chegar”.
Quando o jovem rapaz chegou, Samuel soube na hora que ele era o rei a quem Deus havia escolhido
para suceder Saul. Davi era bonito, com bochechas coradas e olhos bem alertas. Samuel pegou o vaso
de óleo e ungiu Davi na presença de seus irmãos. Mas eles não sabiam o que a unção significava. Pode
ter parecido que Samuel havia ungido o irmão deles como seu seguidor, para se tornar um profeta
como ele era. Mas Davi sentiu o espírito de Deus se apossando dele como uma grande onda, e daquele
dia em diante, ele nunca mais o deixou.
O espírito de Deus havia finalmente deixado Saul. O lugar dele era ocupado de tempos em tempos por
um espírito maligno que o assustava e trazia a loucura. A loucura ia embora tão de repente quanto
vinha. Mas enquanto ela possuía Saul, ele ou sentava num silêncio melancólico ou se enfurecia dentro
de sua casa, com suas ações perigosas para todos a seu redor.

página 100

Quando seus cortesãos vieram até ele e disseram, “Deixe-nos trazer um homem que toca harpa muito
bem. Deixe ele tocar para você quando o espírito se apoderar de ti, e a música o fará se sentir bem
melhor”, Saul concordou com a sugestão deles. Um deles disse, “eu conheço o homem certo. Seu nome
é Davi. Ele é filho de Isaí de Belém, e não só toca harpa muito bem, como também tem os dons de um
grande guerreiro. É belo e inteligente, e Deus está com ele.
Então, Saul mandou buscar Davi, sem saber que este era o homem que podia ser o rei de Israel depois
dele. Assim que ele viu Davi, gostou muito dele, e deu as boas vindas a ele na corte. E quando o
espírito se apoderava de Saul, Davi tocava a harpa até que a loucura o deixasse.

página 101

DAVI LUTA COM GOLIAS, O GIGANTE DE GET


1 Reis 17; 1 Samuel 17

Davi ainda era jovem e não passava o tempo todo na corte de Saul. Quando os filisteus começaram a
invadir mais uma vez o território israelita, ele estava em casa, cuidando do rebanho do pai. Um dia, seu
pai, Isaí, mandou Davi para pegar alimentos para seus três irmãos mais velhos que estavam no exército
de Saul.
Ele chegou ao acampamento israelita assim que o exército partia para o campo de batalha. Davi deixou
o alimento no acampamento e correu para encontrar seus irmãos. Enquanto ele os saudava, todo o
exército começou a voltar para o acampamento.
“Por que estão correndo?” perguntou Davi, espantado com uma correria repentina.
“Olhe”, disse um soldado, apontando atrás dele enquanto ele corria. Davi virou e viu um homem
enorme andando a passadas largas na dianteira dos filisteus. Ele tinha quase o dobro de um homem
comum, com armadura de bronze, e carregando a maior lança que Davi havia visto.
“Para que serve uma batalha seus escravos israelitas?” ele gritava atrás dos israelitas. “Escolham um
campeão de suas divisas para lutar comigo, Golias de Get”. Vamos fazer um trato para um combate
simples. Se ele me matar, nós filisteus seremos seus escravos. Mas se eu o matar, vocês deverão nos
servir. Eu desafio vocês, cães de israelitas. Mandem um homem para lutar comigo”.
Davi ficou enfurecido quando ouviu o desafio de Golias. “Quem é este pagão que ousa insultar os
exércitos do Deus vivo?” ele gritou.
Os irmãos de Davi escutaram e o mais velho ficou enraivecido. “Por que veio aqui?”, perguntou. “Não
há uma causa?” respondeu Davi.
Quando os soldados viram sua fúria e seu destemor, alguns deles contaram a Saul, que mandou chamá-
lo.
“Vou lutar com esse filisteu por você”, disse Davi.
“Não pode lutar com ele”, disse Saul. Você é apenas um rapaz e ele é um guerreiro experiente, e
também um gigante”.
“Se um animal selvagem levar um uma das ovelhas de meu pai”, respondeu Davi, “eu salvo a ovelha e
mato o animal se ele me atacar. Eu já matei leões e ursos, e esse Golias terá o mesmo destino deles por
insultar os exércitos do Senhor Deus. Deus que me salvou dos leões e ursos, também me salvará desse
filisteu”.
“Então vá e que Deus esteja contigo”, respondeu Saul. Deu uma armadura a Davi, mas o rapaz a achou
muito desajeitada, e a tirou. Confiando nas armas que conhecia, ele pegou cinco pedras lisas perto do
riacho, se armou apenas com uma atiradeira e um cajado, e foi enfrentar Golias.
“Você acha que sou um cachorro”, gritou o gigante quando o viu, “que pode vir com um bastão para
lutar comigo? Venha aqui, e darei sua carne para alimentar os urubus e chacais”.
“Você me ameaça com uma lança e espada”, respondeu Davi, “Mas eu vim lutar contra você em nome
do Deus de Israel. Ele te entregará nas minhas mãos, e será a carne de filisteu que alimentará as aves e
animais selvagens hoje. O mundo aprenderá que as batalhas não são vencidas por lança e espada, e sim
que a vitória a Deus pertence”.

página 103

Quando o filisteu começou a se movimentar na direção dele, Davi correu a seu encontro. Pegou uma
pedra de sua sacola e atirou com toda a sua força e habilidade. O gigante bambeou, seus braços se
abriram, então caiu para a frente com a cara no chão. Davi correu até ele, e cortou a cabeça de Golias
com sua própria espada, e a segurou no alto.
Horrorizados, os filisteus deram meia volta e fugiram. Os israelitas os perseguiram até os portões de
suas cidades, massacrando-os às centenas. A vitória, como Davi havia dito, pertenceu somente a Deus,
e ele a conseguiu com uma pedra de um riacho.

página 104

DAVID E SAUL
1 Reis 18, 19; Samuel 18, 19; 1-18

O exército israelita marchou de volta para casa inflamados com a vitória. As mulheres de todas as
cidades ao longo do caminho saíam para saudar Saul, cantando e dançando com címbalos e tamborins.
“Saul matou mil, mas Davi matou dez mil”.
A canção deixou Saul cheio de ciúme. Ele pensou, “Elas deram dez mil para Davi, mas somente mil
para mim. A próxima coisa que darão a ele será o reino!” Desse dia em diante, ele passou a observar o
jovem guerreiro com rancor e desconfiança.
No dia seguinte após retornarem da perseguição aos filisteus, Saul sofreu um ataque de loucura.
Imediatamente Davi foi chamado para tocar a música que geralmente aliviava o rei. Mas Saul tinha
uma lança na mão, e sem aviso, ele avançou para o jovem rapaz tentando espetá-lo na parede. Davi
saiu do caminho e continuou corajosamente a tocar. Mas logo depois, Saul pulou, tirou a lança da
parede, e novamente a lançou a Davi, mais uma vez errando o alvo.
A loucura passou, mas Saul, sabendo que o espírito de Deus havia o abandonado e estava agora com
Davi, ficou com medo. Como estava com ciúme de Davi, e apesar de poder ficar contente se ele tivesse
morrido, ele não queria cometer o pecado de assassiná-lo sozinho. O rei colocou o jovem guerreiro no
comando de um regimento de suas tropas, esperando que em um conflito com os filisteus Davi pudesse
ser morto enquanto comandava seus homens. Mas Davi era tão habilidoso e tinha tanto sucesso que
seus soldados o amavam muito, e o povo também o admirava quando ele se ocupava dos negócios do
rei.
Micol, a filha de Saul, se apaixonou por Davi. Ela contou a seu pai, e ele ficou contente, pois ele viu
uma maneira na qual ele poderia levar Davi à morte. Ele disse a seus servos para dizer a ele, “O rei
gosta muito de você. Por que não pede a ele Micol em casamento?” Mas o jovem soldado respondeu,
“Sou um homem pobre e pertenço a uma família que não é importante. Não tenho nem a riqueza e nem
a classe para ser genro do rei”.
“Ah”, eles responderam, “mas o rei não quer dote para a princesa a não ser cem filisteus mortos”.
Traga a prova de que os matou e poderá se casar com Micol”. Saul esperava que Davi fosse morto na
tentativa. Mas Davi e seus homens massacraram duzentos filisteus e o rei foi forçado a permitir que ele
se casasse com Micol.
Na contínua luta de fronteira de Israel com os filisteus, Davi desempenhou um papel muito importante.
Ele teve tanto sucesso que Saul perdeu as esperanças dele ser morto na batalha, e por fim, deu ordens
diretas para seu filho Jônatas e seus oficiais matarem Davi.
Mas Jônatas, um guerreiro e herói, gostava muito de Davi com todo o seu coração, e falou
energicamente contra as ordens de seu pai. Ele ressaltou tudo o que Davi havia feito por Israel, e
envergonhou Saul reprovando seus pensamentos por seus pensamentos malignos contra seu genro. O
rei deu a sua palavra que Davi ficaria a salvo na corte, e Jônatas trouxe seu amigo de volta para servir
seu pai.
Mas esse período feliz não durou muito. Uma outra grande vitória de Davi, renovou o ciúme de Saul, e
novamente, em um ataque de loucura, ele tentou furá-lo com a lança.

página 105

Davi fugiu para casa. Decidido agora acabar com ele de uma vez por todas, Saul enviou homens para
vigiar a casa a noite toda e matar Davi de manhã. Mas Micol os viu, e quando escureceu ela desceu seu
marido por uma janela e Davi fugiu. Sobre sua cama Micol colocou uma imagem e uma almofada,
cobrindo-a com roupas de cama.
Quando Saul descobriu que Davi tinha escapado ele ficou furioso com sua filha. “Por que deixou meu
inimigo fugir?” gritou. “Ele ameaçou me matar”, soluçou Micol. “Não havia nada que eu pudesse
fazer”.
Saul mandou seus homens em perseguição, mas nessa hora Davi estava longe. Ele foi até Samuel, onde
por algum tempo estaria a salvo, e contou a ele tudo o que o rei havia feito.

página 106

DAVI E JÔNATAS
1 Reis 20; 1 Samuel 20

De seu esconderijo, Davi enviou uma mensagem para Jônatas, arranjando um encontro secreto com ele.
“Por que seu pai quer me matar?” perguntou. “O que eu fiz de errado?”
“Ele não pode querer te matar” disse Jônatas. “Ele me diz tudo o que quer fazer, e não me contou
isso”.
“O rei sabe que somos amigos”, respondeu Davi. “Ele não iria querer te magoar e contar que planeja
me matar. Sei que estou a apenas um degrau da morte”.
“O que quer que eu faça?”, perguntou Jônatas. “Farei qualquer coisa que puder”.
“Amanhã na festa da Lua Nova”, disse Davi, “esperam-me para comer à mesa com o rei e o resto da
corte”. Mas vou me esconder pelo país. Se seu pai perguntar onde estou, diga, ‘Davi pediu minha
permissão para ir a Belém onde está sendo feito um sacrifício anual para sua família’. Se ele responder,
‘Bom’, saberei que estou em perigo. Mas se ele ficar furioso, tomarei isso como um aviso de que está
planejando alguma coisa ruim contra mim. Podemos planejar alguma maneira de você me dizer o que o
rei faz sem ninguém ficar sabendo?”.
“Sim”, respondeu Jônatas. “Meu pai não ficará surpreso se você faltar no primeiro dia da festa.

página 107

Mas ele começará a querer saber no segundo dia, e no terceiro, ele irá me perguntar onde você está.
Você conhece o monte de pedras onde eu treino com o arco. Esconda-se perto dele no terceiro dia,
próximo o suficiente para me ouvir chamando. Vou atirar minhas flechas como se estivesse mirando a
uma marca e mandarei meu ajudante para recolhê-las. Se eu chamar, ‘as flechas estão aqui, deste lado
de você’, você saberá que não tem nada a temer. Mas se eu gritar, ‘as flechas estão mais para lá de
você’, você saberá que há perigo, e deve sair rapidamente o mais depressa que puder”.
Os dois amigos se despediram. “Deus esteja com você’, disse Jônatas. “Se eu morrer, prometa que
sempre mostrará bondade à minha família. Que Deus te livre de todos os seus inimigos”.
Quando a festa da Lua Nova começou, o único assento vazio na mesa do rei era o de Davi. Saul não
disse nada no primeiro dia, mas no segundo, ele perguntou a Jônatas onde estava Davi. Jônatas deu a
seu pai a mensagem de Davi sobre sua ida para a festa de sua família e observou para ver como Saul
receberia a notícia.
Ele não precisou esperar muito tempo. A raiva de Saul chamuscou contra Jônatas com tanta ferocidade,
como se ele próprio fosse Davi. “Filho de uma mãe rebelde!”, ele gritou. “Eu sei que você é amigo de
Davi. Não percebe que enquanto ele viver, sua coroa e seu reino estarão em perigo? Traga-o para mim.
Ele deve morrer”.
“Por que, o que ele fez?”, perguntou Jônatas. Saul agitou sua espada como se fosse atingir seu próprio
filho. No calor da raiva dos insultos que Saul gritou para ele, Jônatas saiu da mesa e se recusou a
comer. Ele sabia que Davi estava certo. Saul estava determinado a matá-lo.
No dia seguinte, acompanhado de seu ajudante, ele levou seu arco e flecha para o lugar em que ele
havia arranjado para dar o sinal a Davi. Ele deu o sinal combinado, e quando o rapaz havia recolhido
as flechas e havia sido mandado para longe, Davi deixou seu esconderijo e acenou para Jônatas em
agradecimento e amizade. Eles se abraçaram e choraram. Por fim, Jônatas disse, “Vá em segurança.
Que Deus mantenha nossa amizade sólida, e a deixe continuar em teus filhos e nos meus filhos para
sempre. Adeus”.
Assim Davi foi embora para se esconder de Saul. Jônatas observou até que o perdesse de vista. Então
retornou triste para a cidade.

DAVI, O REFUGIADO
1 Reis 21-22; 1 Samuel 21-22

Davi fugiu para uma cidade de sacerdotes onde ele tinha que se encontrar com Aquimelec, o chefe
deles. Ele fingiu estar em uma missão secreta de Saul, e como ele não tinha nem armas e nem comida,
Aquimelec deu a ele pães da proposição, os quais somente sacerdotes tem permissão de comer, e a
espada de Golias, guardada no santuário. Mas quando Doeg, um dos guarda-costas de Saul, o viu, Davi
achou que era mais sábio ir embora.
Achando que estaria mais seguro entre os inimigos de Saul, ele foi para a cidade de Get.

página 108

Ele foi reconhecido, e para salvar sua vida, ele fingiu ser louco; pois os loucos eram considerados
sagrados e ninguém se atreveria a fazer mal a um deles. Quando ele teve uma chance, fugiu para o
deserto. Lá sua família se uniu a ele, e outros homens com desajustes, débitos ou outros tipos de
problemas, até que ele ficou com um grupo de quatrocentos homens.
Enquanto isso Doeg contou a Saul que Aquimelec havia ajudado Davi, e ao comando de Saul, ele
atacou e matou todo o clã de Aquimelec. Apenas um filho escapou para contar a Davi a respeito do
massacre.
Então, o Senhor orientou Davi para atacar os filisteus que estavam sitiando a cidade de Ceila. Ao
derrotá-los, ganhou muitas coisas que foram pilhadas e salvou a cidade, na qual ele e seus homens
entraram.
Mas ele não ficou por muito tempo, Deus avisou Davi que os homens de Ceila o entregariam a Saul, e
ele deixou a cidade com seu grupo, agora de seiscentos homens, para viver no deserto.
página 109

Lá Saul o caçou como um animal. Uma vez, ele estava tão próximo de pegá-lo que aconteceu dele
estar de um lado de um vale quando Davi e seus homens estavam do outro. Se não fosse a chegada de
um mensageiro para avisar Saul para atacar imediatamente os filisteus que estavam saqueando Israel,
Davi teria morrido nesse dia.
Quando Saul derrotou os saqueadores filisteus, ele saiu mais uma vez em perseguição a Davi.
Enquanto Davi se escondia nas profundezas de uma caverna escura e comprida em uma ocasião, Saul
entrou nela sem saber que ele estava lá. Os companheiros de Davi sussurraram que ele devia matar
Saul, mas ele se recusou. Ao invés disso, ele se arrastou silenciosamente até Saul, e cortou um pedaço
de sua capa sem ele perceber. Quando o rei saiu da caverna, Davi o seguiu.
“Meu senhor!”, ele chamou. Saul deu meia volta, assustado. Davi se curvou, segurando o pano e disse,
“Por que acredita naqueles que dizem que vou lhe fazer mal? Percebe, você esteve em meu poder. Eu
poderia ter matado o senhor”.

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A consciência de Saul ficou perturbada e ele chorou com as palavras de Davi. “Você me deu o bem em
troca do mal que lhe tenho feito”, ele disse. “Um dia, eu sei, você será o rei de Israel. Jure que não
destruirá minha família”.
Davi deu sua palavra a Saul, e o rei voltou para casa.
Mas a loucura de Saul voltou e novamente ele foi à caça de Davi no deserto. Uma noite, quando Saul
estava dormindo com três mil homens ao redor, Davi e um amigo chegaram sorrateiramente ao local
onde os homens estavam dormindo. O amigo de Davi tentou persuadí-lo a matar Saul, mas Davi
apenas pegou sua lança e o jarro, e saiu do acampamento.
Na manhã seguinte Davi gritou para o acampamento de Saul do alto de uma montanha das redondezas,
“Onde estão a lança e o jarro de água do rei?” Saul reconheceu a voz dele e mais uma vez admitiu que
havia errado. “Volte”, gritou. “Não vou fazer mal a você novamente.
Mas Davi sabia que Saul não conseguia se controlar quando a loucura se apossava dele, e que suas
promessas não tinham valor. Assim ele retornou para Get, onde fingiu se unir aos filisteus para invadir
território israelita. Ao invés disso, ele atacou os países dos amalecitas e outros inimigos de Israel, sem
deixar ninguém vivo para contar a verdade, e pemaneceu ao lado de Aquis, rei de Get.

O FIM DO REI SAUL


1 Reis 28; 1 Samuel 28; 31

Enquanto Saul estava à caça de Davi nos desertos e montanhas, Samuel morreu e foi lamentado por
toda a Israel. Logo depois os filisteus reuniram um exército enorme e se prepararam mais uma vez para
atacar. Saul mandou reunir os israelitas para enfrentá-los e acamparam no Monte Gelboé. Mas quando
ele viu o tamanho do inimigo, e como ele era valente, sua coragem o abandonou. Ele rezou para Deus
para receber orientação, mas não houve resposta, nem por sonhos, sinais ou profecia.
Desesperado, Saul disse a seus cortesãos, “Encontrem uma mulher sábia que eu possa consultar”. Ele
foi avisado sobre uma mulher que viviam em Endor; assim ele se disfarçou e foi até ela nessa noite.
Nessa época, Saul havia expulsado de Israel todos os que praticavam bruxaria e magia e todas as
mulheres sábias que alegavam conseguir falar com espíritos dos mortos, pois ele acreditava que os
adoradores do Senhor Deus não tinham nada a ver com essas pessoas. Por isso, quando ele disse para a
mulher, “Me traga o espírito do homem que eu der o nome”, ela respondeu, “Sabe que o rei Saul
expulsou todas as mulheres sábias e os magos do país. Então, por que você está tramando uma
armadilha para mim, para me levar à morte?”
Saul jurou pelo Deus todo poderoso de que ela ficaria em segurança. Mas quando ela perguntou,
“Quem eu devo trazer para você?”, e ele respondeu “Samuel”, a mulher gritou com medo. “Por que me
enganou?”. “Você é Saul!” “Não tenha medo”, ele disse, “prometia você segurança. O que você vê?”
“Vejo um velho coberto com um manto”, ela disse. Saul sabia que era o espírito de Samuel e se
curvou.

página 111

“Por que me perturbou e me chamou?” perguntou o espírito.


“Os filisteus estão atacando Israel”, disse Saul, “e Deus está em silêncio e não me deu nenhum sinal. O
que devo fazer?”
“Por que me pergunta?” respondeu o espírito. “Como você o desobedeceu, Deus te abandonou, e eu
profetizei que ele iria fazer isso. Amanhã, você e todos os seus filhos serão cairão na batalha, e o seu
exército será derrotado”.
Horrorizado, Saul desmaiou e caiu no chão. Ele não só estava arrasado com o horror que havia ouvido,
como também não havia comido nada durante o dia e a noite, e estava fraco e com fome. Quando ele
se recuperou um pouco, a mulher persuadiu ele e seus servos a comerem. Depois disso, eles voltaram
para o exército.

página 112

No dia seguinte, os filisteus atacaram. Tudo o que o espírito de Samuel havia dito a Saul aconteceu. Os
israelitas fugiram e foram esfacelados no monte Gelboé. Jônatas e os dois outros filhos de Saul foram
mortos, e o próprio rei foi gravemente ferido pelos arqueiros filisteus. Para evitar que fosse capturado
pelo inimigo, Saul se jogou sobre sua própria espada e morreu.
A derrota foi esmagadora. Os israelitas fugiram das cidades fronteiriças sem dar um só golpe,
entregando-as aos vitoriosos filisteus. No dia seguinte os filisteus encontraram os corpos de Saul e seus
filhos e comemoraram grandiosamente, enviando mensageiros por todo o país levando as boas notícias.
Eles penduraram seus corpos nas paredes da cidade de Betsan. Mas os guerreiros corajosos da cidade
de Jabes de Galaad, onde Saul havia vencido sua primeira batalha como rei anos antes, lembraram que
ele os havia salvo de ter o olho direito furado pelos amonitas. Eles marcharam a noite toda, tiraram os
corpos do muro de Betsan, levaram-nos de volta e os enterraram com as honras, fazendo abstinência e
luto por sete dias.

página 114

DAVI É COROADO REI


2 Reis 1-4; 5; 2 Samuel 1-4; 5, 1-5

Três dias depois da batalha do Monte Gelboé, um amalecita trouxe a Davi as notícias do desastre que
tinha se abatido sobre Israel. Ele levou consigo a coroa e a braçadeira de Saul, e pensando que Davi o
recompensaria, alegou que ele próprio havia matado o rei. Saul, disse ele, havia pedido para ele matá-
lo quando viu as bigas e cavaleiros filisteus se aproximando, percebendo que ele não tinha escapada.
Mas Davi gritou, “Como se atreveu a matar o rei ungido por Deus!” e ordenou que o amalecita fosse
executado por seu crime. Ele então rasgou suas roupas e lamentou por Saul e Jônatas, a quem, a
despeito de toda a hostilidade do rei, ele ainda devotava lealdade e afeição.
Judá, a tribo de Davi, o ungiu imediatamente como rei, mas Abner, o general do exército de Saul,
permaneceu fiel à família de seu antigo mestre e elegeu Isboset, o filho de Saul, rei das outras onze
tribos. Houve uma luta pelo trono que começou com uma batalha entre Abner e Joab, que comandava
as forças de Davi. Joab venceu a batalha, na qual, infelizmente, seu irmão Asael foi morto por Abner.
A vitória, no entanto foi a primeira de muitas das que Joab venceu, e enquanto a guerra continuou, os
homens de Davi foram ganhando aos poucos o domínio.
O fim chegou para Isboset quando Abner se casou com uma mulher que havia sido uma das esposas de
Saul. Para se casar com a esposa de alguém que foi rei naqueles tempos era quase como reclamar o
trono, e Isboset censurou Abner pelo casamento.
“Serei eu desprezível como um cachorro”, exclamou Abner, “para que você me jogue a culpa por causa
de uma simples mulher? De agora em diante vou transferir minha lealdade para Davi”.
Isboset estava muito fraco e com medo que Abner o parasse, e o homem que havia sido seu general
enviou mensageiros imediatamente para todos os príncipes israelitas exigindo que se juntassem a Davi.
Quando eles responderam favoravelmente, ele encontrou Davi em paz e arranjou para que viajasse por
toda Israel em seu nome, para reunir toda a nação em seu apoio.
Logo depois da partida de Abner, Joab retornou trazendo a pilhagem de um ataque. Quando ele soube
que Abner acabara de sair, ele foi no mesmo instante até Davi.
“Você não percebe” disse Joab, “que Abner veio somente para te enganar e espionar?” Então, sem
Davi ficar sabendo, ele enviou um mensageiro atrás de Abner para chamá-lo de volta. Levando-o para
um lado como se fosse falar em particular, Joab o esfaqueou de repente, gritando, “Asael, meu irmão
está vingado!”
Quando soube do assassinato, Davi ficou abalado. “Sou inocente desse crime”, ele proclamou. “Foi
cometido sem o meu conhecimento. Que uma maldição caia sobre Joab e sua família por este feito”.
Ele deu a Abner um funeral honroso e fez luto por ele o dia todo. Seu exército e súditos aprovaram o
que ele fez, percebendo dessa forma que ele era de fato inocente da morte de Abner.
Com a deserção e morte de Abner, Isboset e seus seguidores perderam o ânimo. Dois de seus capitães
decidiram que agora se uniriam a Davi; e para ganhar favores dele, eles penetraram no palácio de
Isboset numa noite em que ele estava dormindo um sono pesado, e o esfaquearam, cortaram sua cabeça
e a levaram para Davi.
O rei ficou furioso. “Quando o amalecita contou que ele havia matado Saul, eu o executei na hora.

página 115

“Quantas vezes mais terei que varrer da face da terra vilões como vocês que matam um homem
inocente na cama em sua própria casa?” Então Davi executou os traidores, e cortou suas mãos e pés.
Depois seus corpos foram pendurados como um aviso mórbido a todos os possíveis assassinos.
Com a morte de Isboset, Davi ficou sem rival para o trono de Israel. Todas as tribos se uniram a ele, e
ele reinou gloriosamente sobre uma nação unida por muitos anos, fazendo guerras contra todos os seus
inimigos com êxito.

DAVI E BETSABÉIA
2 Reis 5-12; 2 Samuel 5-12

O reino de Davi foi glorioso com vitórias contínuas contra os filisteus e outros inimigos de Israel. Ele
trouxe a Arca da Aliança para Jerusalém, e planejou construir um templo para o Senhor Deus o qual
seu filho, Salomão, erigiu. Ele mostrou bondade àqueles que restaram da família de Saul. Davi foi um
rei bom e grandioso.
Mas como todos os homens, apesar de ser bom, ele pecou. Um dia, do telhado de seu palácio em
Jerusalém, ele viu no pátio de uma casa ali perto, uma mulher tão bonita que no mesmo instante se
apaixonou por ela. Ele soube que ela se chamava Betsabéia, e que seu marido Urias, estava em seu
exército sitiando a cidade de Rabat.
Apesar dela ser casada, Davi não conseguia esquecê-la e mandou chamá-la em seu palácio. Sua beleza
o deixou inflamado mais do que nunca, e ela ao conhecê-lo, também o amou. Logo Davi estava tão
apaixonado que era capaz de fazer uma maldade, não importa o quanto isso fosse horrível, para tê-la
como sua esposa. Então ele escreveu a Joab mandando ele colocar Urias no lugar onde a luta fosse
mais feroz, e depois se retirar de repente, deixando-o sozinho de modo que pudesse ser morto. Joab
colocou Urias em um lugar onde ele sabia que os homens de Rabat resistiriam mais energicamente.
Como ele esperava, eles atacaram. Os israelitas fizeram eles recuarem mas ficaram sob uma chuva de
flechas que vinha de cima dos muros da cidade. Urias foi morto.
Betsabéia fez luto por seu marido pelo tempo que era de costume. Então Davi se casou com ela, e ela
teve um filho.
Mas o pecado de Davi não ficou escondido de Deus. Um dia, Natan, um profeta, veio a ele e contou
esta estória.
“Viviam em uma cidade, dois homens, um rico, e o outro pobre. O rico possuía grandes rebanhos e
manadas, mas o pobre tinha somente um carneiro, que cresceu como um animal de estimação com seus
filhos, quase como o de qualquer outra criança. Um viajante veio visitar o homem rico que, ao invés de
servir um de seus próprios carneiros para alimentar o hóspede, pegou o carneiro do pobre homem e
assou”.
Davi ficou furioso. “O homem merece morrer”, ele gritou. “Ele deve pelo menos devolver quatro
carneiros para aquele a quem ele roubou”.
“Você é esse homem!”, esbravejou Natan. “Ouça o que Deus tem a dizer a você. Eu te salvei de Saul;
eu fiz de você um rei; você pode escolher todas as mulheres de Israel para serem suas esposas.

página 116

Por que fez esta coisa medonha, assassinando Urias e roubando sua esposa?”
“Esta deverá ser tua punição. Sua família nunca ficará livre da espada. Sua própria família se rebelará
contra você. Você pecou em segredo, mas toda Israel verá as injúrias acontecerem com você
abertamente à luz do dia”.
Davi ficou arrasado com remorso. “Eu pequei contra Deus”, ele disse.
“Sua punição imediata”, disse Natan, “será a morte de seu filho”.
Natan mal havia saído quando o bebê de Betsabéia ficou muito doente. Davi havia rezado e jejuado por
uma semana com tal desespero, que seus servos não se atreviam a se aproximar dele. No sétimo dia
quando a criança morreu, eles ficaram com muito medo de contar a ele. Mas ele percebeu a verdade
pelo comportamento deles.
“O menino esta morto?”, perguntou. “Está”, eles admitiram. Davi levantou, se lavou, colocou roupas
limpas, venerou a Deus e mandou que servissem comida. Seus servos ficaram assustados. Mas ele
explicou, “Enquanto o menino vivia havia esperanças de que Deus ouvisse as minhas preces. Mas
agora jejuar e ficar de luto não trará meu filho de volta”.
Davi confortou Betsabéia, e no devido tempo ela deu a ele outro filho. Salomão, que iria sucedê-lo
como rei e construiria o templo em Jerusalém.

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DAVI E ABSALÃO
2 Reis 13-18; 2 Samuel 13-18
Essa profecia de Natan, de que Davi teria problemas com conflitos dentro de sua família logo se
realizou. Quando um homem tinha muitas esposas e filhos como Davi, freqüentemente havia ciúme e
rivalidade entre eles. Um dos filhos de Davi, Amnon, estuprou sua meia-irmã, Tamar, e o irmão
legítimo dela, Absalão, em vingança, o matou dois anos depois e fugiu para fora de Israel. Mas Davi
teve compaixão de Absalão, a quem ele amava a despeito de seu crime, e depois de cinco anos pai e
filho se reconciliaram.
Mas Absalão era ambicioso e tentou atrair os súditos de Davi para apoiá-lo prometendo favores a eles.
Quando ele pensou que estava popular o suficiente, ele se proclamou rei de Israel em Hebron, e foi
apoiado por um número cada vez maior de israelitas, incluindo até Aquitofel, um dos conselheiros da
maior confiança de Davi. A revolta se tornou tão ameaçadora, que Davi deixou um amigo chamado
Cusai que iria fingir que estaria se unindo a Absalão, de maneira que ele pudesse descobrir seus planos
e talvez pudesse persuadí-lo dando a ele o aconselhamento errado para fazer coisas tolas que
resultariam em derrota.
Absalão marchou triunfante em Jerusalém com seus seguidores. Aquitofel o aconselhou a atacar Davi
imediatamente enquanto ele estava batendo em retirada. Apenas Davi deveria ser morto, ele disse; uma
vez que fosse morto, todo o país se uniria a Absalão. Mas Cusai disse, “Não. Teu pai é um soldado
experiente em luta armada em campo aberto. Espere até reunir todos os que te apóiam, e ficar forte o
suficiente para ter certeza de sua vitória”. Absalão preferiu o conselho de Cusai, e Cusai enviou
mensageiros a Davi secretamente para contar a ele dos planos de Absalão. Eles quase foram pegos, mas
chegaram até Davi em segurança, e deram a ele a mensagem. Quando Aquitofel viu que seu conselho
havia sido rejeitado, ele percebeu que a rebelião de Absalão iria fracassar, e se matou.
Davi teve o tempo de recuperação que precisava para organizar suas forças, e no momento que Absalão
e seu exército estava preparado para atacar, as tropas reais já estavam prontas. Mas seus homens não
deixariam Davi arriscar sua vida na luta. Se eles perdessem a batalha ele poderia recuperar seu trono
vencendo outra; mas se ele fosse morto, tudo estaria perdido.
Apesar da traição de Absalão, o rei ainda o amava, e antes da batalha Davi disse a seus comandantes
que, independente do que pudesse acontecer naquele dia, eles teriam que tratar seu filho com bondade.
A luta aconteceu em uma floresta e resultou numa vitória esmagadora dos homens de Davi. O próprio
Absalão, fugindo depressa dos guardiões de Davi, com quem ele havia se defrontado na confusão da
Batalha, ficou preso por seu cabelo comprido nos galhos de um carvalho. Ele ficou suspenso, indefeso
enquanto seu cavalo galopou para longe. Um dos perseguidores correu até Joab e contou a ele sobre o
apuro de Absalão, e logo em seguida Joab apanhou três lanças e cavalgou até onde o jovem rapaz
estava pendurado enfiando-as em seu corpo. Seu ato foi um sinal para dez soldados de Joab darem
mais estocadas em Absalão, até que não houvesse mais sinal de vida.

página 119

Dois mensageiros correram até Davi que estava esperando em uma cidade próxima. O primeiro deu a
ele as boas notícias de que a batalha havia sido vencida, mas fingiu não saber a respeito de Absalão. Ao
ouvir isto, toda a alegria de Davi com a vitória acabou. Ele foi para uma sala onde poderia ficar
sozinho e lamentou como se o seu coração fosse partir. “Oh meu filho, Absalão! Meu filho, meu filho,
Absalão! Quem me dera eu ter morrido em seu lugar. Oh Absalão, meu filho, meu filho!”

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SALMOS 23

O Senhor é o meu pastor: nada me faltará


Ele me faz descansar em verdes pastos:
Me leva a águas tranqüilas.
Reconforta minha alma:
Me guia no caminho certo pela graça de seu nome.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não terei medo: pois tu estás comigo. A tua vara e o
teu cajado me confortam.
Preparas um banquete diante de mim na presença de meus inimigos:
Unges minha cabeça com óleo; o meu cálice transborda.
Eu sei que a tua bondade e misericórdia me acompanharão todos os dias da minha vida:
E habitarei na casa do Senhor para sempre.

página 121

O mais conhecido dos salmos, o vinte e três, foi inspirado no trabalho de Davi quando era menino, pois
ele descreve um dia em sua vida como pastor.
Pela manhã o pastor pega seu cajado e sua vara (bastão e taco), sua atiradeira e suas pedras. Ele não
conduz o gado, e sim o chama para seguí-lo. Ele conhece cada um deles individualmente e sabe todos
os seus nomes. Eles confiam totalmente nele porque sabem que, mesmo que ele possa levá-los por
lugares difíceis ou perigosos, ele cuidará deles. Ele os guia para o pasto rico, onde eles podem se deitar
tranqüilamente quando estão alimentados, e para a água corrente tranqüila, evitando torrentes
barulhentas de montanhas que os assustam.
Os melhores pastores algumas vezes se deitam em ravinas nas montanhas, tão escuras e estreitas que a
luz do sol nunca atinge suas profundezas. O frio e a escuridão desses lugares deixam as ovelhas
assustadas. Mas o pastor agita seu bastão e vara com ânimo contra as rochas dos dois lados,
encorajando suas ovelhas chamando-as pelos nomes.
Existem dois perigos dos quais os pastores devem proteger suas ovelhas em especial. Um deles são as
ervas venenosas, as quais elas não conseguem distinguir da grama do bom pasto. Mas o pastor
consegue, e ele vigia suas ovelhas continuamente. Se ele vir que uma delas vai comer uma planta
venenosa, ele a chama pelo nome. Algumas vezes a planta parece tão boa que a ovelha não percebe seu
alerta. Então o pastor rapidamente coloca uma pedra em sua atiradeira e a atira zunindo por baixo do
focinho da ovelha para salvá-la de sua própria estupidez. Os pastores orientais precisam ter muita
habilidade com suas atiradeiras e passam uma boa parte do tempo treinando com elas.
As cobras são o outro grande perigo. Elas ficam quase que completamente cobertas nos buracos
arenosos, como aqueles feitos pelas patas de animais, em lugares desérticos pelos quais as ovelhas tem
de passar algumas vezes. O pastor, caminhando à frente de suas ovelhas, revolve a areia com a ponta
de sua vara nos lugares onde uma cobra pode estar se escondendo. Se ele encontrar uma, ele a mata
com seu cajado, e as ovelhas seguem em segurança.
Quando à noite, as ovelhas retornam para o abrigo do rebanho, o pastor chama cada uma delas por vez
até ele e, segurando sua vara aprumada com o chão, faz todas pularem sobre ela. Isto mostra se alguma
ovelha está manca ou exausta. Ele alivia as ovelhas cansadas derramando óleo sobre suas cabeças e
cura suas feridas esfregando óleo nos arranhões e cortes. Depois o pastor enche uma tigela grande de
duas alças até a borda com água fria de um poço que ele sempre deixa cheio. Começando com a ovelha
cansada ou machucada, ele dá um gole para uma de cada vez. Ele enche a tigela novamente após cada
ovelha ter bebido de maneira que nenhuma delas precise se esforçar para alcançar a água. Todos elas
possuem uma xícara que “transborda”.
Por fim, o dia de trabalho está terminado. Sentado na entrada de sua barraca, o pastor vê correndo em
sua direção, um homem caçado por outros dois. Eles quase o apanham; mas em desespero o fugitivo se
lança para dentro da barraca do pastor. O pastor sabe que seu convidado inesperado matou alguém,
acidentalmente ou intencionalmente. Ele também sabe que seus dois perseguidores são Vingadores de
Sangue, provavelmente parentes do homem morto, que têm o direito de matar o assassino. Mas a lei
oriental da hospitalidade proíbe a matança de um homem quando ele se refugiou no lar de outro. Os
vingadores devem esperar do lado de fora até o matador sair da barraca.
O pastor vê até nisso um retrato da bondade do amor de Deus. A bondade e a misericórdia do Senhor
são como dois Vingadores de Sangue. Podemos fugir deles porque não compreendemos o amor de
Deus. Mas eles nos levarão até a tenda do bom pastor, e ao esperar por nós do lado de fora, verão que
nunca iremos embora.

página 122

A SABEDORIA DE SALOMÃO
3 Reis 1-4; 1 Reis 1-4

Quando Davi ficou bem velho, ele tornou público que desejava que Salomão, o filho de Betsabéia,
fosse o rei sucessor dele. Mas Salomão não se tornou rei sem luta. Seu meio irmão, Adonias, tentou
tomar o trono mesmo antes de Davi morrer, por isso Davi interceptou Adonias fazendo Salomão ser
proclamado e ungido como rei imediatamente. Uma vez que alguém fosse consagrado rei, ele era
considerado sagrado. Somente um rival muito audacioso se atreveria a levantar a mão contra o Ungido
do Senhor.
Após dar a Salomão seus últimos desejos, Davi faleceu. Sem perder tempo, o jovem rei tratou de
assegurar seu trono se vingando dos velhos inimigos de Davi os quais seu pai havia poupado durante a
vida. Apesar de ser fiel à adoração do Senhor Deus, Salomão ofereceu sacrifícios em santuários de
diferentes partes do país, já que não havia um templo central construído para ser o único lugar para
venerar o Deus de Israel. Um dos maiores desses lugares era Gabaão, onde ele costumava oferecer mil
holocaustos de uma vez.
Depois de um desses sacrifícios, Deus aparecia para Salomão em sonho e perguntava, “O que gostaria
que eu desse a você?”
Salomão pedia sabedoria e uma mente ponderada para governar o povo sobre quem Deus o tornou rei;
pois ele sentia que não poderia suportar tal responsabilidade sem força e sabedoria dada a ele por Deus.
O Senhor Deus ficava muito satisfeito com o pedido e respondia, “Darei o que você pediu. Nunca
haverá alguém com sabedoria igual a você novamente no trono de Israel. E eu darei a você também o
que poderia ter pedido e não pediu, riqueza, honra e, se permanecer fiel a mim, vida longa”. Quando
Salomão acordou ele se deu conta de que o Senhor Deus havia falado com ele em sonho; e o sonho de
fato se tornou realidade.
Logo depois, sua sabedoria teve seu primeiro teste. Duas mulheres vieram até ele para que fosse feito
um julgamento. A primeira disse, “Nós duas moramos na mesma casa. Nós duas tivemos filhos com
três dias de diferença. Durante a noite, o filho dela morreu, e ela levantou e trocou seu filho morto por
meu filho vivo. Quando eu acordei de manhã e olhei para o bebê, eu percebi na hora que não era o meu
filho”.
“Não”, insistiu a outra mulher, “a criança viva é minha”.
“Não é. É minha”. Respondeu a primeira mulher, e as duas discutiam na frente do rei.
“Me dêem uma espada”, ordenou Salomão. Quando a trouxeram, ele disse, “Corte a criança viva em
dois e dê metade para cada uma das mulheres”.
Nesse momento, a verdadeira mãe deu um grito de horror. Ela implorou às lágrimas ao rei. “Não, não,
meu senhor. Não mate a criança. Prefiro que dê a ela. Qualquer coisa seria melhor do que matar o
bebê!”
Mas a outra mulher disse, “Divida a criança, oh rei. Nenhuma de nós deverá ter a criança”.
Salomão respondeu, “Dê a criança à mulher que está chorando. Ela é a mãe”.
Toda Israel soube do julgamento e ficou maravilhada com a sabedoria do rei, e temiam o rei.
página 124

Salomão não era sábio somente no julgamento. Ele escreveu três mil provérbios, e alguns deles podem
ser lidos no Livro dos Provérbios. Como seu pai Davi, que escreveu muitos dos salmos, ele foi um
poeta e compositor de mais de mil canções. Ele tinha conhecimento das leis da natureza e sabia muito a
respeito de plantas, animais, pássaros, peixes e répteis. As pessoas vinham de todo o mundo para
consultar Salomão e ouvir sua sabedoria. Acima de tudo ele era sábio em fazer e manter a paz, e foi
capaz de realizar o grande sonho de Davi de construir um suntuoso templo em Jerusalém em honra ao
Deus de Israel.

A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO
3 Reis 5-9; 1 Reis 5-9

Um dos aliados mais fiéis era Hirão, o rei de Tiro, que havia sido amigo de Davi. O distrito do Líbano,
famoso por suas árvores de cedro, fazia parte de seu reino; e quando Salomão começou a construir o
templo, ele arranjou com Hirão para mandar os troncos de cedro para ele flutuando na costa pelo mar.
Tendo começado quatrocentos e oitenta anos depois dos israelitas terem deixado o Egito, o templo foi
concluído em sete anos.
A construção foi planejada como o Tabernáculo, e tinha o dobro do tamanho. Tinha vinte e sete metros
de comprimento, nove de largura por treze de altura, e pode ter havido outro andar sobre seu saguão
principal que dobrava a altura. Ao final do prédio havia uma sacada com seis metros e meio de
comprimento e também de largura. Ela tinha oitenta metros de altura de acordo com uma das
descrições, e era elevada sobre o prédio principal como um campanário.
As paredes do templo eram feitas de pedra, preparadas nas pedreiras de maneira que pudessem ser
encaixadas umas nas outras no local da construção; não se ouvia o ruído nem de uma simples
ferramenta de ferro no templo enquanto ele era construído. Dentro, as paredes e o teto eram forrados
com tábuas e ripas de cedro e o piso era feito de pranchas de pinho. O Santo Lugar tinha dezoito
metros de comprimento, o Santíssimo Lugar tinha nove metros de comprimento, e este último tinha
dois querubins com cinco metros de altura cada um, esculpidos em oliveira e revestidos de ouro, com
uma das asas de cada um tocando a do outro internamente e a outra tocando as paredes por fora. Um
véu ficava pendurado por correntes de ouro na frente do santuário do Santíssimo Lugar o qual também
era separado do Santo Lugar por portas belamente esculpidas em oliveira, e haviam portas similares
para o Santo Lugar recobertas de ouro. Todo o interior do templo também era revestido de ouro.
Dentro do santo Lugar havia um altar de ouro, uma mesa de ouro para o pão da proposição e cinco
candelabros de ouro de cada lado. A Arca da Aliança ficava no Santíssimo Lugar debaixo das asas dos
querubins.
As paredes do templo foram construídas sobre degraus do lado de fora, e três andares de salas
construídos sobre vigas apoiadas nos degraus. Sobre cada lado da entrada da sacada, havia um pilar de
bronze com dez metros de comprimento, e na frente dele havia o Altar dos Holocaustos, uma enorme
bacia de seis metros cheia de água, apoiada sobre as costas de doze bois de bronze, e dez carrinhos
levando vasos de água, também de bronze.

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O pátio do templo era cercado por uma parede de três camadas de pedra, coberta por uma de cedro.
Quando o templo foi terminado e chegou o dia em que ele seria oferecido a Deus, Salomão reuniu
todos os líderes israelitas. Depois de sacrificar milhares de animais, ele rezou para o Deus de Israel. Ele
disse que sabia que Deus era muito grande para viver em uma casa feita com mãos humanas.

página 126

Mas, se em conseqüência de um pecado, Israel fosse derrotada e colocada em cativeiro, ou sofresse


uma seca, fome, pestilência ou pragas de fungos, gafanhotos ou larvas, que Israel se arrependa
sinceramente de seus pecados e olhe e reze na direção do Templo. Então que Deus em seu céu divino
ouça sua orações e os salve, e também livre os estrangeiros que vivem entre eles de seu sofrimento.
Depois de sua oração de consagração, Salomão virou-se e abençoou os israelitas reunidos. A nuvem da
glória do Senhor encheu o novo templo como havia feito no antigo Tabernáculo, e por sete dias a
nação ficou em festa, regozijando na prosperidade que o Senhor Deus havia dado a eles.

página 128

A DIVISÃO DO REINO
3 Reis 9-12; 1 Reis 9-12

Salomão não construiu apenas um templo mas também palácios e prédios públicos em Jerusalém. Em
toda a Canaã ele construiu cidades-depósito e outras cidades. Ele usava os sobreviventes das nações
que os israelitas haviam conquistado quando capturavam seu país, para trabalhar em seus grupos de
trabalhos forçados, e empregava os próprios israelitas como seu exército e em posições de autoridade.
Ele construiu um navio, usando-o para o comércio e prosperou ficando tão rico em ouro, prata,
especiarias e outras coisas preciosas que superou todos os reis do mundo em esplendor.
Os reis orientais naqueles tempos mostravam sua grandeza pelo número de esposas com quem eles se
casavam, e Salomão tinha mil. Muitas delas eram mulheres estrangeiras que trouxeram com elas a
veneração a seus próprios deuses, e elas persuadiram Salomão a adorá-los também assim com ao
Senhor Deus. Como ele fez isso, Deus ficou aborrecido com ele.
“Por ter sido desleal a mim”, Deus disse, “Eu vou arrancar o reino de você e dar a outro. Não farei isto
durante sua vida por amor a Davi, mas durante vida de seu filho”.
E assim aconteceu. Um dos cortesãos de Salomão, um jovem enérgico chamado Jeroboão,
impressionou tanto o rei que Salomão o colocou a cargo de todos os grupos de trabalho em um
determinado distrito. Logo depois, Aías Silonita, um profeta, encontrou Jeroboão sozinho no campo.
Aías estava usando uma capa nova, e a tirou de maneira dramática, rasgou-a em doze pedaços e deu
dez a Jeroboão.
“Ouça a palavra de Deus”, disse o profeta. “Eu rasgarei todo o reino de Salomão porque ele me
abandonou, exceto a tribo de Benjamim-Judá. Esta tribo permanecerá dele pela graça de Davi, e minha
cidade santa de Jerusalém. Mas dez tribos serão suas; e se você for leal a mim como Davi foi,
estabelecerei sua família no trono de Israel para sempre”.

página 129

Apesar de Aías e Jeroboão estarem a sós quando isto aconteceu, logo foi propagado que Jeroboão
herdaria o reino. Salomão tentou matá-lo, e o jovem fugiu para o Egito onde permaneceu até que o rei
morreu depois de um reino claramente glorioso de quarenta anos.
Apesar do reino ter sido esplêndido, os prédios de Salomão, e suas esposas, carruagens e cavalos e
navios haviam custado mais do que o povo poderia sustentar. A carga de imposto e o trabalho forçado
eram grandes, e quando Salomão morreu os israelitas mandaram chamar Jeroboão e pediram para que
ele fosse o líder deles. Eles foram juntos até o filho de Salomão, Roboão, que agora sentava no trono e
disseram, “Seu pai nos cobrou impostos e impôs trabalho sem piedade. Mas se você aliviar a carga, nós
te serviremos com lealdade”.
“Voltem em três dias”, disse Roboão, e ele consultou seus conselheiros, primeiro os velhos mais
sábios, e depois aqueles da sua idade. Os mais velhos o aconselharam a responder ao povo com
bondade e concordar em aliviar a carga deles; mas os mais jovens o aconselharam a “colocar os cães
rebelados no seu devido lugar”, e mostrar a eles quem era a autoridade, respondendo a eles duramente.
Roboão tolamente aceitou o conselho dos mais jovens. “Diga ao povo”, ele disse, “que eu farei a carga
deles mais pesada do que meu pai. Ele açoitou vocês com chicotes; eu açoitarei vocês com escorpiões”.
Ao ouvir esta resposta áspera, o povo gritou, “Voltem para suas casas, israelitas! Não serviremos mais
à família de Davi!” Somente a tribo de Benjamim-Judá permaneceu fiel a Roboão. Ele ergueu um
exército para recuperar o reino pela força; mas Deus através de Seméias, um profeta, o proibiu de fazer
a guerra com seus parentes, e a infeliz divisão se tornou permanente. Desse dia em diante passou a
haver dois reinos, Israel e Judá, cada um atrás de seu próprio destino, e algumas vezes até combatendo
entre si.

página 131

O DEUS ETERNO OU BAAL?


3 Reis 16; 1 Reis 16, 29-34; 17-19

Mais de sessenta anos se passaram. Quatro reis governaram Judá e seis governaram Israel, e o sétimo,
Acab, foi possivelmente o maior rei que Israel já teve; mas a Bíblia o condena por ter praticado o mal
aos olhos do Senhor Deus. Ele se casou com Jezabel, filha do rei de Sidom, que adorava Baal e
persuadiu Acab a venerá-lo também. Quase todo o país desertou Deus e seguiu o exemplo do rei.
Durante o reino de Acab viveu um grande profeta corajoso do Senhor Deus chamado Elias. Enviado
por Deus para o rei, ele disse, “Esta é uma mensagem de Deus para você - não haverá chuva e nem
orvalho em Israel por três ano”. Quando Elias deixou a presença de Acab, ele foi guiado por Deus para
se esconder em uma caverna perto do riacho Carit. Lá ele era alimentado de manhã e à noite pelos
corvos, e bebia do riacho até que ele secou na estiagem. Então Deus o guiou até a casa de uma viúva
que nada tinha a não ser um pouco de farinha e óleo para evitar que ela passasse fome. Mas enquanto
Elias ficou com ela, a farinha e o óleo nunca acabaram, e a mulher, seu filho e o profeta foram
alimentados por Deus enquanto fosse necessário.
Todo esse tempo Acab procurou por Elias sem sucesso. No terceiro ano, Deus disse ao profeta para ele
se apresentar ao rei, pois ele faria chover na terra. Quando os dois se encontraram, Elias desafiou Acab.
“Chame toda Israel para me encontrar no Monte Carmelo”, ele disse. “Reúna todos os quatrocentos e
cinqüenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas da deusa Asherá a quem Jezabel adora. Deixe-
nos ver quem é o deus verdadeiro: Baal e Asherá ou o Senhor Deus Eterno”.
Acab fez como Elias pediu. Quando todo o povo e os profetas estavam reunidos, Elias disse a eles,
“Por quanto tempo vocês hesitarão entre deuses?
Se o Senhor Deus Eterno for o Deus, sigam ele; se for Baal, adorem ele”. Ninguém respondeu. Então
Elias lançou seu desafio.
“Deixe os profetas de Baal prepararem um touro para oferecer em sacrifício”, ele disse, “sem acender
fogo. Eu o único profeta remanescente do Senhor contra seus quatrocentos e cinqüenta, prepararei
outra. Que eles chamem o deus deles para mandar o fogo para queimar o sacrifício. Eu rezarei para o
Senhor para fazer o mesmo. O deus que enviar fogo em resposta às orações é o verdadeiro Deus”.
“Sim, sim!” gritaram os israelitas. “Há muitos de vocês”, disse Elias para seus rivais. “Chamem o deus
de vocês primeiro”. Os profetas prepararam o touro deles, e da manhã até o meio dia chamaram Baal
para responder a eles. Não houve resposta. Elias zombou deles dizendo, “Chamem mais alto.
Lembrem-se, ele é um deus com outras preocupações além de vocês. Ele pode estar pensando, ou
ocupado cuidando de seus próprios problemas, ou viajando. Talvez esteja dormindo e precise ser
acordado”. Os profetas de Baal dançaram como loucos em volta do altar, fazendo um frenesi, se
cortando com facas até ficarem cobertos de sangue. Por toda a tarde eles continuaram, mas nada
aconteceu. Não houve resposta.
Quase na hora do sacrifício do fim da tarde, Elias teve a sua vez. Ele construiu o altar do Senhor com
doze pedras representando as doze tribos de Israel e cavou uma valeta ao redor.

página 132

Ele preparou seu sacrifício e ordenou que uma grande quantidade de água fosse colocada sobre ele.
Isto foi repetido mais duas vezes até que não apenas o sacrifício ficasse embebido como também a
valeta ao redor dele estava cheia.
A hora do sacrifício chegou. Elias ficou diante do altar e rezou. Mal ele havia terminado de falar
quando o fogo de Deus veio zunindo do céu e queimou o touro, a madeira, as pedras e a terra ao redor
dela. A água da valeta sumiu em uma nuvem de vapor. Os israelitas caíram de rosto no chão com
terror, gritando, “O Senhor é o Deus, o Senhor é o Deus”.
Quando eles se recuperaram um pouco do medo que sentiam, Elias disse a eles para pegarem os
profetas dos falsos deuses, e massacrá-los até o último homem. Então ele disse para Acab, “Prepare-se
para ir depressa para casa rapidamente, pois a chuva está a caminho”. Ele mesmo subiu ao topo do
Monte Carmelo com seu servo, a quem ele disse para observar o céu do oeste. “Não há nada lá”, disse
o homem.

página 133

Sete vezes Elias disse a ele para olhar, e na sétima vez ele disse, “Há uma nuvem pequena, tão pequena
como a mão de um homem, vindo do oeste”. É a chuva”, disse Elias. “Diga a Acab para montar em sua
carruagem e ir para casa antes que a chuva o impeça”.
Logo o céu estava preto com nuvens. Acab dirigiu depressa mas seus cavalos não conseguiram
alcançar a velocidade de Elias. Pois o espírito do Senhor, que dá grande força aos homens, resistência e
velocidade, desceu no profeta, e ele correu na frente da carruagem de Acab por todo o caminho até a
cidade real de Jezrael.
Acab ficou com medo de fazer qualquer coisa para um profeta do Senhor, mas quando ele contou a
Jezabel como Elias havia feito todos os falsos profetas serem mortos, sua fúria superou qualquer medo
que ela pudesse sentir. Jezabel enviou uma mensagem a Elias. “Que a maldição de Baal e Asherá caia
sobre mim”, ela disse, “se eu não acabar com você amanhã nessa mesma hora”.

página 134

Elias fugiu para salvar sua vida. Em desespero ele foi para o deserto, pois pareceu a ele que apesar da
vitória do Senhor no Monte Carmelo, ele era o único israelita ainda fiel ao Deus de Israel, e que não
havia esperança de que a nação se voltaria para o verdadeiro Deus novamente. Ele rezou pelos mortos.
Mas Deus o alimentou milagrosamente, e ele viajou muitos dias pelo deserto até chegar ao Sinai onde
Moisés tinha recebido as Tábuas da Lei. Lá, ele entrou em uma caverna e dormiu.
De repente, Deus falou com ele. “O que está fazendo aqui Elias?” “Eu estou aqui”, ele respondeu,
“como estou sozinho na fidelidade ao senhor, eles querem me matar”. Do lado de fora da caverna o
vento estava soprando muito forte e parecia que estava chamando Elias. “Saia e fique na montanha
diante do Senhor”. Assim Elias ficou de pé enquanto o vento aumentou para uma tempestade
estridente, mas Deus não estava no vento. Então ocorreu um terremoto, mas Deus não estava nele, nem
no fogo vulcânico que saiu da montanha depois dela ser sacudida pelo vento e pelo terremoto. Mas
depois do fogo Elias ouviu um voz baixa e tranqüila que de alguma maneira era mais assustadora do
que tudo o que havia acontecido antes. Ele cobriu seu rosto e ficou na entrada da caverna.
A voz de Deus veio até ele, “Vá para Damasco ungir Hazael o rei da Síria, e Jeú o rei de Israel. Faça a
unção do profeta Eliseu no seu lugar. Eles deverão ser meus vingadores. Aquele que escapar da espada
de Hazael será morto por Jeú, e aquele que escapar da espada de Jeú cairá diante de Eliseu. E você não
está sozinho. Tenho sete mil homens fiéis a mim em Israel que não veneram Baal”.
Assim, Eliseu recuperou sua coragem e retornou para desempenhar seu papel na luta para devolver
Israel a Deus. Ele não estava mais sozinho; pois ele ungiu Eliseu como seu sucessor, e Eliseu foi seu
companheiro pelo resto de sua vida.

A VINHA DE NABOT
3 Reis 21 ; 1 Reis 21

Na cidade de Jezrael, vivia um ancião e conselheiro da cidade chamado Nabot, que possuía uma vinha
perto do palácio de Acab. Acab queria as terras de Nabot para o jardim do palácio; por isso ele disse
para o ancião, “Me dê a posse de sua vinha. Eu te darei uma melhor em troca ou te pagarei muito bem
por ela”.
Mas Nabot recusou. “Não posso vender a vinha. Ela pertenceu a minha família por muitos anos”, ele
disse.
Acab retornou para casa taciturno e aborrecido. Ele se comportou como uma criança mimada, se
atirando na cama, cobrindo seu rosto e se recusando a comer. Depois de um tempo sua esposa Jezabel
veio ver qual era o problema. Ele contou a ela que havia pedido a Nabot para trocar ou vender a vinha
dele, e de como o homem havia recusado.
“Você se diz um rei?”, disse Jezabel. “Vamos, anime-se e coma. Eu darei a você um presente da terra
de Nabot”. Ela escreveu uma carta em nome de Acab, selada com o selo real e enviada para o conselho
da cidade de Jezrael.
“Proclame um dia de jejum”, ela escreveu, “e dê a Nabot o lugar de honra.

página 135

Então, quando ele estiver se destacando entre o povo, coloque dois homens à sua frente para
testemunhar em falso contra ele. Deixe-os acusarem de blasfemar contra Deus, e de falar contra o rei”.
Certifique-se de que o testemunho deles coincide exatamente, como a lei exige. Então tire Nabot da
cidade e mande apedrejá-lo até a morte.
o conselho da cidade tinha muito medo de Acab e Jezabel para desobedecê-los. Eles fizeram tudo o que
foi ordenado na carta, e depois enviaram a mensagem para Jezabel de que Nabot estava morto.
No momento em que a rainha leu as notícias, ela disse para Acab. “Nabot morreu como um
criminoso”. Por isso, os bens pertencem a você. Portanto vá tomar posse de sua vinha e faça um jardim
para seu palácio”.
Mas muitas pessoas ficaram sabendo do crime apesar dele permanecer oculto. As notícias logo
chegaram até Elias. Ele soube no mesmo momento que o desejo do Senhor era de que ele fosse até
Acab e o repreendesse amargamente pelo grande mal que ele havia feito.
Ele encontrou Acab na vinha. O rei já estava planejando o seu jardim quando Elias chegou no portão.
“Você assassinou Nabot e agora está tomando posse da terra dele? Preste atenção na palavra que Deus
te a dizer para você. Os cães lamberão o teu sangue no mesmo lugar que lamberam o sangue de
Nabot.”
Acab disse de maneira trôpega “Você aqui novamente, você que sempre foi meu inimigo?”
“Sim estou aqui novamente”, respondeu Elias, “e como você se entregou a fazer a maldade diante dos
olhos de Deus, ele destruirá completamente tua família, como ele destruiu as famílias dos reis de Israel
diante de você que não cumpriu os desejos dele.
Jezabel será devorada por cachorros no portão da cidade de Jezrael. Aqueles da sua família que
morrem na cidade serão devorados da mesma maneira por cachorros, e aqueles que morrem no campo
serão comida para urubus.”
Mal como ele era - e para os adoradores do Senhor ele era o rei mais maligno que já havia sentado no
trono de Israel - Acab ficou chocado com arrependimento por causa das palavras de Elias. Ele rasgou
suas roupas em lamentação, colocou um tecido de sacos e saiu vagando murmurando para si mesmo
em agonia de espírito. Quando Elias viu que o arrependimento era sincero, Deus falou através dele
para Acab. “Como Acab se humilhou diante de mim, diga isto a ele. Não trarei desgraça sobre o filho
dele”.
Ainda assim, no devido tempo, todas as profecias de Elias se realizaram.

página 136

A MORTE DE ACAB
3 Reis 22; 1 Reis 22

Israel freqüentemente fazia guerra com a Síria, o reino do norte. Mas por três anos houve paz entre as
suas nações, como houve entre Judá e Israel. Josafá, o rei de Judá, estava de fato com tanta amizade
com Acab que ele concordou em se unir a ele para atacar a Síria para recuperar a cidade israelita de
fronteira de Ramot de Galaad, a qual Ben-Hadad, o rei da Síria havia tomado. “Trate meu exército
como se ele fosse teu’, disse Josafá, “meus cavalos como se fossem teus”. Apenas nos deixe primeiro
pedir orientação a Deus”.
Acab chamou quatrocentos profetas reunidos menos um profeta de Israel. “Devo atacar Ramot de
Galaad ou não?” ele perguntou. Para um homem eles responderam, “Vá. Deus lhe dará a cidade”. Mas
alguma coisa neles fez Josafá ficar desconfiado. “Existe algum outro profeta que podemos consultar?”
ele perguntou.
“Existe um chamado Miquéias”, respondeu Acab, mas ele só profetisa o mal para mim”. Mas ao
perceber que seu hóspede queria ouvir Miquéias, ele enviou um servo para chamá-lo rapidamente.
Quando ele chegou, Acab perguntou, “Devemos atacar Ramot de Galaad?”
Miquéias, avisado pelo mensageiro de Acab de que todos os profetas haviam dado resposta favorável,
respondeu, “Ataque. A cidade é sua”.

página 137

Mas Acab pode perceber que ele não estava sendo sincero. “Em nome de Deus, me diga a verdade”, ele
disse.
“Eu vi os exércitos de Israel espalhados pelas montanhas como uma manada de ovelhas sem pastor”,
disse Miquéias.
“Percebe”, disse Acab, “ele nunca diz nada de bom para mim”.
Mas Miquéias não havia terminado. “Eu vi Deus em seu trono”, ele continuou, “perguntando a seus
anjos como Acab poderia ser persuadido a atacar Ramot de Galaad. Um espírito respondeu a ele, ‘eu
vou persuadí-lo descendo em seus profetas e dando falsas profecias de sucesso através deles’. ‘Vá e
tenha sucesso’, Deus disse”.
Quando Miquéias relatou sua visão, um dos outros profetas deu um tapa em seu rosto. “Como o
espírito de Deus pode dizer coisas assim através de você quando ele disse o oposto através de nós?” ele
perguntou com veemência.
Quando as notícias da derrota de Israel chegarem”, respondeu Miquéias, “e vocês correrem assustados
para se esconderem em uma sala oculta, vocês saberão através de quem deus fala verdadeiramente”.
“Prendam Miquéias e alimentem-no com pão e água até eu retornar vitorioso” disse Acab. “Se você
retornar vitorioso”, respondeu Miquéias, “então Deus não falou por mim”.
Então Acab e Josafá marcharam contra Ramot de Galaad. Na batalha pela cidade, Josafá usou seu
manto real, mas Acab pos a armadura de um soldado comum.
Ben-Hadad ordenou que todos os capitães de suas bigas atacassem somente o rei de Israel; e quando
eles viram Josafá com suas roupas reais, eles o confundiram com Acab e o atacaram. Mas ele gritou,
“eu não sou Acab”, e eles interromperam o ataque e passaram a procurar entre eles pelo rei de Israel.
Eles não conseguiam vê-lo em nenhum lugar. Mas aconteceu que um arqueiro Sírio, atirando à esmo
em um bando de israelitas, atingiu Acab. Sua flecha encontrou o canto onde a placa do peito faz a
junção com as placas do ombro. O rei gravemente ferido, ordenou a seu condutor para tirá-lo fora do
campo de batalha; e ao cair da tarde, Acab morreu em sua biga de frente para seus inimigos sírios.
Quando ficaram sabendo de sua morte, o exército israelita debandou, e todos os homens voltaram para
casa. Acab foi trazido para a capital e enterrado lá. A biga com seu sangue foi lavada e colocada em
um lago perto do local onde Nabot havia sido apedrejado até a morte, e os cães carniceiros lamberam o
sangue de Acab como eles haviam feito com o sangue de Nabot. Assim a profecia de Elias havia se
realizado.

AS CARRUAGENS DE FOGO
4 Reis 2; 2 Reis 2

Chegou a hora de Elias terminar a missão dele na terra e ir para Deus. Como ele e Eliseu estavam
viajando juntos, Elias disse a seu amigo, “Fique aqui, pois Deus está me enviando para Betel”. Mas
Eliseu, sentindo que seu mestre estava para partir disse, “Não, não vou te abandonar”.

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Eles chegaram em Betel onde encontraram a companhia de profetas que viviam lá. “Você percebe”,
eles disseram a Eliseu, “que Deus vai levar teu mestre hoje?” “eu sei disso”, ele respondeu. “Não fale
mais sobre isso comigo”.
“Fique aqui”, Elias disse novamente, “Deus está me mandando para Jericó”. Mas Eliseu não o deixaria,
e os dois continuaram a viagem juntos. Lá eles encontraram a companhia de outros profetas. “Você
sabe que Deus vai levar nosso mestre?” eles perguntaram a Eliseu”. “Sei muito bem”, ele disse. “Não
digam mais nada”.
Elias tentou uma terceira vez persuadir Eliseu a ficar para trás. “Fique em Jericó”, ele disse. “Deus está
me enviando para o Jordão’. Mas novamente Eliseu recusou, e eles foram para o rio seguidos à
distância por cinqüenta dos profetas de Jericó.
Eles viram Elias tirar seu manto, torcê-lo em um rolo e bater na água com ele. Exatamente como
aconteceu alguns séculos antes quando os israelitas entraram pela primeira vez em Canaã, as águas se
dividiram. Um caminho de terra seca se atravessou o rio. Elias e Eliseu caminharam por ele, e quando
chegar à margem distante, as águas fluíram de volta e o caminho desapareceu.
Quando o rio estava longe atrás deles, Elias disse, “Eu vou deixar você. Me peça um último favor”.
Eliseu respondeu, “Faça como se eu fosse seu filho mais velho e me dê em dobro os teus dotes. Me dê
em dobro o Espírito de Deus que habita dentro de você”. “Isso é difícil de dar”, respondeu Elias, “mas
se você puder me ver quando eu for levado de você, a dádiva será sua. Se não conseguir me ver, você
não a receberá”.
De repente, enquanto eles estavam conversando, apareceu uma carruagem de fogo puxada por cavalos
de fogo. Ela era conduzida entre eles, forçando-os a ficarem separados; então Elias foi apanhado pela
carruagem como se um redemoinho o tivesse apanhado. O vento circulou com uma força cada vez
maior, levando a carruagem pelo céu, de maneira que os cavalos pareciam galopar ao redor em círculos
enquanto eles subiam. Enquanto Eliseu observava eles ficavam cada vez menores à medida que a
distância entre eles e a terra aumentava, até que por fim desapareceram.
Enquanto ele viu o seu mestre subindo, Eliseu gritou, “Meu pai, meu pai, o senhor sempre foi como
um exército para Israel!” Então ele rasgou suas roupas em lamentação.
O manto de Elias que havia caído dele ficou estendido no chão. Ao apanhá-lo, Eliseu avançou de volta
ao Jordão. Bateu nas águas com ele, gritando, “onde está o Deus de Elias?”
O rio se dividiu. O Deus de Elias estava com ele.
Quando os profetas viram Eliseu voltando sozinho e o milagre das águas divididas, eles disseram, “O
espírito de Elias está em Eliseu!” Eles se curvaram em reverência diante dele e pediram permissão para
procurar Elias. Talvez Deus tenha simplesmente apanhado ele e levado para outro lugar”, eles
disseram. Eliseu em princípio recusou, mas quando eles insistiram muito, finalmente ele consentiu.
Eles procuraram nas montanhas e vales por três dias, mas não conseguiram encontrar Elias; e quando
retornaram Eliseu disse, “Eu disse para não irem”. Mas eles estavam satisfeitos com o fato de que Deus
havia mesmo levado Elias, e eles não o veriam mais.

A LEPRA DO GENERAL
4 Reis 5 ; 2 Reis 5

Naaman, o general do exército sírio, era um grande e vitorioso general. Mas ele sofria do que na época
era uma doença incurável. Ele era leproso.
Sua esposa tinha uma serva, uma mulher israelita, capturada pelos sírios em uma invasão de fronteira.
Um dia, ela disse para sua patroa, “Se meu senhor Naaman, visitasse o profeta Eliseu - ele o deixaria
curado”.
Como a Síria e Israel na época estavam em paz, Naaman viajou até o rei de Israel com uma
carta de seu próprio rei pedindo para que seu general fosse curado da lepra. Quando o rei de Israel leu
o que estava escrito, ele ficou abalado. “Por acaso sou Deus?” ele gritou, “para curar este homem de
sua doença? A Síria quer uma desculpa para nos atacar!” ele rasgou sua roupa em desespero. Mas as
notícias do visitante chegaram até Eliseu, e ele mandou uma mensagem ao rei, “Deixe Naaman vir até
mim”.
Assim Naaman foi com suas bigas e servos para a casa de Eliseu. Mas o profeta, sem ficar
impressionado com sua pompa, nem mesmo veio até a porta. Ele mandou ao general uma ordem
sucinta, “Lave-se no rio Jordão sete vezes e será curado”.
Naaman ficou enraivecido. “Eu esperava que ele saísse, chamasse Deus e pusesse as mãos na direção
das partes leprosas. Existem rios maiores e melhores na Síria. Por que eu deveria me lavar nesse
lamaçal do Jordão?”
Mas seus servos tentaram argumentar com ele. “Meu senhor, se o profeta dissesse para fazer algo
difícil, o senhor não faria?” Então por que não obedecer seu pedido fácil para se lavar?”
Naaman percebeu o sentido do argumento deles. Seis vezes ele mergulhou no Jordão e nada aconteceu;
mas quando ele saiu da água na sétima vez, seus servos ficaram ofegantes de espanto.

página 143

Todo traço de lepra havia desaparecido; e a pele de todo o seu corpo estava macia e limpa como a de
uma criança.
O general retornou a Eliseu, desta vez com gratidão e humildade, e implorou a ele para aceitar uma
fortuna em ouro e prata. Mas o profeta não precisava aceitar essas coisas.
“Então me deixe levar terra suficiente de Israel comigo”, disse Naaman, “para fazer uma pequena
plataforma onde eu possa venerar o Deus de Israel em seu próprio solo”. Era a crença de que os deuses,
como os reis, reinavam sobre suas própria terras e podiam ser venerados somente na terra em que
reinavam. “E que o Deus de Israel me perdoe”, continuou Naaman, “quando meu rei ordenar para que
eu o acompanhe até o templo do deus sírio, Remon, terei que fingir que o venero”.
Quando Naaman foi embora, Giezi, o servo de Eliseu, pensando que seria uma vergonha recusar tanto
ouro e prata, galopou atrás do general. Naaman se voltou para trás para encontrá-lo.
“Logo em seguida à tua partida”, mentiu Giezi, “dois jovens profetas visitaram meu mestre. Ele não
queria nada para si; mas ele ficaria contente se o senhor pudesse dar alguma coisa para eles”.
Naaman ficou muito contente em poder mostrar sua gratidão e deu a Giezi uma fortuna em prata e
roupas finas, muito mais do que havia pedido.
Quando ele retornou, Giezi foi para foi para a sala de Eliseu. “Onde você esteve perguntou o profeta?”
“Eu? em lugar nenhum” disse Giezi.
“E não estava eu com você em espírito quando uma carruagem se voltou para ficar diante de você?
Você tem dinheiro suficiente para comprar grandes posses. Sim, e você também comprou a lepra de
Naaman. Ela deverá permanecer com você e seus descendentes para sempre”.
Giezi viu a pele de suas mãos ficarem da cor branca morta da lepra diante de seus olhos. Ele sentiu
uma sensação de coceira por todo o seu corpo. Ele sabia que enquanto ficava horrorizado com a
presença de Eliseu, que estava leproso da cabeça aos pés.

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JEÚ, O VINGADOR
4 Reis 8 ; 2 Reis 8, 29; 9-10

O filho de Acab, Jorão, foi regente de Israel enquanto seu sobrinho, Acazias reinava sobre Judá.
Ambos os reis adoravam Baal. Acazias foi visitar Jorão, ferido em uma guerra contra a Síria; e Eliseu
viu a sua chance de executar a destruição final que Deus havia pronunciado para toda a família de
Acab.
Ao mandar chamar um jovem profeta, ele disse, “Vá depressa a Ramot de Galaad onde os israelitas
estão lutando contra os sírios. Leve este jarro de óleo com você e procure um general chamado Jeú,
leve-o para falar em particular, e ungindo-o com o óleo diga, ‘Deus o ungiu rei sobre Israel’. Depois
corra para salvar sua vida”.

página 145

Em Ramot de Galaad, o jovem profeta encontrou todos os generais em um conselho de guerra. Ao


levar Jeú para uma sala interna, ele fez como Eliseu havia dito, e em seguida correu passando pelos
generais fugindo. Quando Jeú o seguiu lentamente saindo da sala interna, seus companheiros disseram,
“O que aquele louco disse para você?” “Oh nada importante”, ele disse. “Vocês sabem das bobagem
que esses caras falam”. Mas eles puderam perceber por suas maneiras que havia acontecido algo mais
do que uma simples conversa. “Conte a verdade”, eles disseram, e ele contou o que tinha acontecido.
Os outros generais não hesitaram. Eles estenderam suas capas sob os pés de Jeú, fazendo dessa maneira
suas honras de realeza para ele; depois eles reuniram o exército com o sopro de uma trombeta e
proclamaram, “Jeú é rei!”
“Se vocês estão do meu lado não deixem ninguém sair da cidade”, ordenou Jeú, e saiu rapidamente em
sua biga para Jezrael com uma tropa de soldados atrás de si. Uma sentinela nas paredes da cidade os
viu chegando e contou a Jorão, que enviou um homem a cavalo para encontrar com eles.
“Está tudo bem?” perguntou o mensageiro de Jorão. “O que você tem a ver com isso?” rebateu Jeú.
“Passe para trás de mim”. Um segundo mensageiro foi enviado com o mesmo resultado. O sentinela
contou ao rei o que havia acontecido, e disse que achava que a biga estivesse sendo conduzida pelo
General Jeú, que sempre conduzia como um lunático.
“Dêem minha biga”, disse Jorão, e ele e Acazias saíram em suas bigas para encontrar Jeú. Quando
estavam a uma distância que podiam conversar, Jorão perguntou, “Está tudo bem?” “Como pode estar
tudo bem”, respondeu Jeú, “quando sua mãe Jezabel, está viva para continuar com sua idolatria e
bruxaria?”
Jorão, fez meia volta com sua biga e fugiu gritando, “Traição, Acazias!” Mas o arco de Jeú já havia
sido levantado. Sua flecha furou o coração de Jorão, e o general ordenou que seu corpo fosse atirado
no lugar que havia sido a vinha de Nabot. Depois ele perseguiu furiosamente Acazias antes de ferí-lo
mortalmente. Assim, os reis de Israel e Judá morreram em um dia.
Jeú voltou para Jezrael. Jezabel, majestosa até o fim em sua coragem, vestiu-se e se pintou ficando o
mais bonita que pode e gritou com desdém para Jeú quando ele entrou no pátio do palácio. “Você veio
em paz, assassino de teu mestre?” Jeú olhou para cima. “Quem está do meu lado?” ele conclamou.
Dois ou três homens fizeram sinal da janela. “Joguem ela para baixo”, ordenou Jeú. Eles pegaram
Jezabel e atiraram da janela, um pouco de seu sangue espirrou nas paredes, e os cavalos a pisotearam.
Jeú e seus homens a deixaram lá enquanto ele jantava dentro do palácio, e depois, quando ele deu
ordens para que ela fosse enterrada, nada havia restado dela exceto alguns fragmentos. Os cães
carniceiros haviam devorado Jezabel.
A profecia de Elias de que Jezabel teria o mesmo destino de sua vítima, Nabot - que os cães iriam
devorá-la onde o próprio Nabot havia tombado, foi assim realizada.
Jeú continuou sua campanha de matança até que exterminou toda a família de Acab, que tinha cerca de
cem homens. Então, com um truque, ele matou todo devoto de Baal. Mas apesar dele ser um seguidor
do Senhor Deus, ele não era perfeito em sua veneração a Deus; e quando alguns anos mais tarde, os
israelitas compreenderam melhor como Deus realmente era, eles perceberam como a matança de Jeú
havia sido terrível, e que o assassinato é sempre cruel, mesmo quando cometido em nome do Senhor.

página 148

EZEQUIAS, O HOMEM BOM


4 Reis 18-19; 2 Reis 18-19; Isaías 36-39

Mais de cento e vinte anos depois da revolução de Jeú, Ezequias se tornou rei de Judá. Ele era mais leal
ao Senhor Deus do que qualquer outro rei desde Davi, e destruiu cada ídolo que pode encontrar. Ele se
rebelou sucessivamente contra a Assíria, a qual havia subjugado Judá, e conquistado o distrito filisteu
de Gaza. Ele foi apoiado em tudo o que fez por Isaías, um dos maiores de todos os profetas.
Depois de reinar por quatorze anos Ezequias se ficou gravemente doente, e Isaías disse a ele que ele
iria morrer. Quando o profeta foi embora, o rei orou com sinceridade para que pudesse viver; e antes
de Isaías se retirar dos pavimentos do palácio, ele soube que Ezequias receberia mais quinze anos de
vida. Em sinal de que isto realmente iria acontecer, a sombra do relógio de sol do palácio se moveu
para trás dez graus, um milagre realmente marcante, pois isso significava que a Terra havia girado par
atrás por algum tempo.
Logo após a recuperação de Ezequias, o filho do rei da Babilônia o visitou; e o rei judeu, lisonjeado
com a atenção dada a ele pelo representante de uma nação mais grandiosa do que a sua, mostrou a ele
todos os seus tesouros. Isaías não gostou muito do que Ezequias fez. “Deus me contou”, ele disse, “que
chegará um tempo em que tudo o que você mostrou para os babilônios será levado para a Babilônia, e
seus filhos serão servos do rei no palácio da Babilônia”.
Logo depois, Senaquerib, rei da Assíria, determinou que deveria tomar o reino rebelde de Judá e trazê-
lo sob seu domínio. Ele marchou para Judá, tomando uma cidade atrás da outra. Enquanto ele se
aproximava de Jerusalém, Ezequias tentou salvar sua capital pagando uma enorme soma de ouro e
prata, até arrancando o ouro das portas do templo; mas apesar do pagamento, os assírios continuaram a
marchar para Jerusalém.
Um exército forte com os principais comandantes de Senaquerib acampou fora da cidade. Eles foram
recebidos pelos ministros de Ezequias. O porta-voz assírio gritou para os oficiais judeus em hebraico
de maneira que todos os soldados sobre as muralhas da cidade pudessem ouvir. “Em quem Ezequias
está confiando? Ele pensa que o Egito o ajudará? Ora, ele já destruiu todos os seus santuários e altares,
dizendo a todos que podem fazer suas devoções em Jerusalém. Ele confia em sua própria força? Vocês
são tão fracos que podemos dar dois mil cavalos a vocês, e veremos se conseguem colocar tantos
cavaleiros sobre eles. E foi o Deus de vocês que nos disse para marcharmos contra Jerusalém e destruí-
la”.
Os mensageiros de Ezequias ficaram com medo que as palavras do assírio pudessem desencorajar os
soldados que estavam ouvindo. “Falem conosco em aramaico”, eles disseram, “não em hebraico”. Mas
o oficial gritou ainda mais alto para os próprios soldados. “Não deixem Ezequias enganarem vocês.
Rendam-se e viverão em paz até que arranjemos para viverem em outro lugar. Ezequias disse que o
Deus de vocês os salvará. Mas me mostrem um deus que salvou seu país dos assírios”.
O povo, com medo, não disse nada. Os mensageiros de Ezequias retornaram levando os insultos dos
assírios em uma carta.

página 149

Ao levá-la para dentro do templo, o rei a abriu diante do altar e rezou para Deus entregar a cidade a
ele. Ele mal havia terminado de orar quando um mensageiro veio de Isaías. “Suas preces foram
ouvidas. O rei da Assíria nunca chegará a Jerusalém. Ele retornará para sua terra onde morrerá pela
espada. Logo vocês irão semear e colher em paz”.
A profecia de Isaías se realizou. Senaquerib retornou para casa porque o rei da Etiópia atacou a Assíria
de repente. Lá ele foi morto por dois de seus filhos. E na noite após a oração de Ezequias no templo,
uma terrível pestilência varreu o exército assírio, matando 185.000 homens. Os poucos sobreviventes
se arrastaram para casa e Jerusalém foi salva.

página 150

O FIM DE ISRAEL
4 Reis 17-18; 2 Reis 17-18

Enquanto Ezequias governava Jerusalém, Oséias era o rei de Israel. Ele reinou em uma terra que tinha
esquecido completamente o Deus verdadeiro. Séculos antes Jeroboão havia se rebelado contra a casa de
Davi, e ele ficou com medo que os israelitas o desertassem quando iam a Jerusalém fazer sua devoção
a Deus; e construiu dois bezerros, um ao Norte de Israel, o outro ao sul. Estes bezerros, ele disse,
representavam o Senhor Deus que os havia tirado do Egito; mas apesar dos israelitas servirem o
próprio Deus deles, eles o veneravam através de ídolos, os quais o segundo mandamento os proibia de
fazer. Em conseqüência disso, Jeroboão ficou conhecido como o homem que fez Israel pecar.
Separados de Jerusalém, do Templo e da Arca da Aliança, os quais eram o centro da vida e religião
nacional deles, os israelitas se voltaram mais e mais para falsos deuses das nações cujos remanescentes
ainda viviam em Canaã. Eles construíram santuários em todo cume de montanha e postes e pilares
sacrados, emblemas de deuses masculinos e femininos. Por todos os lugares eles adoravam ídolos a
despeito dos avisos dos profetas enviados por Deus. Alguns se curvavam para o sol, para a lua e para as
estrelas; outros praticavam magia e consultavam espíritos dos mortos. E o pior de tudo, alguns
sacrificavam seus filhos queimando-os vivos, fazendo a ‘passagem pelo fogo’, como era chamado o
ritual, para chegar até o deus feroz e cruel, Moloc.
Assim Deus destruiu Israel como reino. Sua queda começou com um ataque de Salmanasar, rei da
Assíria, sobre Oséias. Os assírios estavam entre os povos mais ferozes, e eles tentaram aterrorizar todos
os que se opunham a eles com uma crueldade selvagem.

página 151

Mas eles eram tão cruéis que seus métodos tinham o efeito oposto; as nações que eles conquistavam se
rebelavam contra eles em desespero, e o império deles durava muito pouco tempo. Eles foram por fim
derrotados pelo povo da Babilônia.
Mas isto ainda estava para acontecer. Oséias, derrotado por Salmanasar, tornou-se súdito dele, pagando
tributo a ele todo ano. Como as outras nações que eram conquistadas pelos assírios, ele logo descobriu
como seus mestres eram cruéis, e logo começaram a fazer um plano com o Egito.
O Egito era nesta época o outro grande império; e nações pequenas como Israel, Judá, Moab e Síria
eram freqüentemente forçadas a serem aliadas ou do Egito ou da Assíria nas lutas entre os dois grandes
reinos. Mas os Egípcios não eram tão enérgicos para ajudar seus aliados como os Assírios eram para
atacá-los; no momento em que Salmanasar soube que Oséias estava armando um plano com o Egito,
ele marchou para Israel. Depois de um cerco de três anos, ele tomou a capital Samaria. Depois ele fez o
que freqüentemente era feito por conquistadores naqueles dias. Ele levou todos os israelitas para fora
do país, transportando-os centenas de quilômetros ao leste e os assentou em outras partes do império
Assírio. Desta maneira eles deixaram de se sentir como uma nação; eles estavam sem raízes.
No lugar deles eles colocaram habitantes de outros distritos sob seus domínios. Eles se tornaram os
ancestrais do povo conhecido no tempo de Jesus como os Samaritanos, que eram odiados pelos judeus.
Muitos deles foram mortos por leões quando se assentaram inicialmente em Israel e acreditaram que
isto aconteceu porque eles não sabiam venerar o deus naquela terra em que estavam vivendo. Assim
Salmanasar enviou de volta um sacerdote do Senhor Deus para ensiná-los como adorá-lo. Mas a
adoração deles não era pura, pois eles continuavam a venerar seus próprios deuses ao mesmo tempo.
Por mais estranho que pareça, foi no exílio que Israel e mais tarde, Judá vieram a compreender melhor
os ensinamentos dos grandes profetas, e desenvolveram a religião mais espiritual conhecida no mundo
até que Jesus veio.

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AS REFORMAS DE JOSIAS
4 Reis 21-22; 2 Reis 21-22

Sessenta anos depois da morte de Ezequias, seu bisneto de oito anos de idade, Josias, começou seu
reino. Ele venerava o Senhor Deus fielmente, e quando fez dezoito anos ordenou que o Templo fosse
reformado. Dentro dele os operários descobriram um velho Livro da Lei escondido provavelmente por
um seguidor do Senhor Deus durante o reino de Manassés, o filho de Ezequias; pois ele havia sido tão
cruel quanto seu pai havia sido bom, e perseguiu os devotos do Senhor Deus. Safan, o secretário de
Josias, levou o livro até ele e a uma ordem de Josias começou a ler para ele.
É quase certo que o livro era o Deuterônimo, o qual contém as leis dadas a Moisés no deserto, junto
com outras leis que foram dadas depois. Ao prestar atenção Josias percebeu que Judá havia quebrado
todas as leis dadas por Deus. Ele ficou abalado quando Safan leu, “Se vocês não obedecerem a estes
mandamentos, sofrerão a aflição de pestilência, seca, gafanhotos e pragas de outros insetos. Derrotados
e esfacelados por seus inimigos, seus cadáveres serão comida para os chacais e urubus. Vocês
construirão casas e nunca habitarão nelas; criarão gado e plantarão colheitas que os outros homens
comerão. Seus filhos serão presos em cativeiro e nunca mais serão vistos. Tais desastres cairão sobre
vocês de tal maneira que os levarão à loucura”.
Rasgando as roupas em arrependimento, Josias enviou seus oficiais da corte para consultar Holda, uma
profetisa do Senhor Deus, para ver se havia um caminho no qual a ira de Deus poderia ser evitada.

página 153

Mas ela não lhe deu muita esperança. “Diga a Josias”, ela disse, “que Deus fará desabar sobre o povo
de Judá os desastres mencionados no Livro porque eles o abandonaram e foram adorar outros deuses.
Mas como o rei se arrependeu quando soube do Livro, isso não acontecerá até após a sua morte”.
Quando ele ouviu a mensagem, Josias reuniu todos os líderes e pessoas de Judá e leu para eles o Livro
inteiro. Ele fez um juramento solene de que obedeceria a Deus e suas leis honestamente e com
sinceridade, e seus súditos fizeram o mesmo. Ele fez isso juntamente com as mais completas reformas
que Judá havia visto.
Primeiro ele purificou o Templo, pois mesmo nele, a adoração a falsos deuses havia penetrado. Ele
tirou cada objeto usado na adoração de Baal e Asherá e os queimou fora de Jerusalém. Ele retirou
todos os sacerdotes pagãos que faziam adorações no topo das montanhas e destruiu o santuário deles.
Ele até tomou algumas medidas além das fronteiras de seu próprio reino, massacrando os sacerdotes
dos santuários nas montanhas em Samaria sobre seus altares fazendo esses lugares sagrados se
tornarem infames queimando ossos humanos sobre eles. Ele extinguiu a adoração ao sol, lua, planetas e
estrelas e destruiu as bigas consagradas ao sol (supunha-se que o sol se deslocava pelo céu todos os
dias em uma carruagem de fogo). Ele destruiu os templos de Astarot, Camos, e Melcon os quais
haviam sido edificados no tempo de Salomão. Ele encheu o vale de Hinon, onde os adoradores
queimavam seus filhos vivos como sacrifício a Moloc, com os ossos dos homens mortos. Ele expulsou
de seu reino todos os que tentavam chamar os espíritos dos mortos, e não permitiu que seus súditos
guardassem em casa deuses e ídolos domésticos. Ele destruiu os santuário do bezerro de ouro que
Jeroboão fez em Betel. Pela primeira vez, desde que Judá se tornou um reino, o Senhor Deus foi
venerado sem rivais.
Então Josias deu a Festa de Páscoa como o Livro da Lei dizia que ela deveria ser feita. Nunca desde
que os israelitas haviam entrado em Canaã uma Páscoa havia sido lembrada. Mas a reforma não durou
muito. Treze anos depois Josias foi morto em uma batalha, e suas reformas morreram com ele; pois os
reis que o seguiram praticaram o mal perante os olhos de Deus, e o reino de Judá logo desapareceu
como Israel já havia feito.

JEREMIAS E O FIM DE JUDÁ


4 Reis 23 ; 2 Reis 23, 26-37; 24-25; 2 ; 2 Paralipômenos 35-36; Crônicas 35-36; Jeremias

Jeremias, talvez o mais solitário e triste dos profetas, apesar de ser um dos maiores, era descendente de
Eli, o sacerdote que cuidava do menino Samuel. Quando tinha cerca de vinte e cinco anos, ele sentiu o
chamado para se tornar um profeta de Deus. Ele não queria ser um profeta, porque ele era um homem
tímido e gentil para quem a carreira de um profeta seria cheia de desgaste e sofrimento; mas o
chamado queimava como fogo dentro dele e ele não teve escolha a não ser obedecer.

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Sua vida foi solitária porque Deus o proibiu de se casar; ele tinha uma natureza afetuosa que o tornaria
um marido amoroso e um pai bondoso. Como era esperado, ele experimentou muita hostilidade e
muitos fracassos; ele foi acusado de ser um traidor.
Jeremias o forçou a falar duramente contra a crueldade de seus compatriotas e, apesar de ser um
patriota ele precisava aconselhar seu país a se render a uma nação mais poderosa do que a deles.
Algumas de suas primeiras profecias também pareciam ser falsas, e ele não podia fazer milagres.
Quando ele era jovem, os citas, uma raça feroz de pessoas da região da Cítia, marchou do norte na
direção de Judá, e Jeremias profetizou que Deus os usaria para punir seu país por desertar o Senhor.
Mas depois de avançar pela costa para o oeste, eles cessaram a marcha, e parecia que Jeremias havia
profetizado errado. Mas sua profecia de perigo do norte se aplicava igualmente ao povo da Babilônia
que derrotou a Assíria e o Egito; e era óbvio para Jeremias que, a menos que se voltasse para Deus,
Judá também caria diante da Babilônia.
No início sua vida foi agradável. Ele era profeta há cerca de cinco anos quando o Livro da Lei foi
descoberto no Templo, e ele aprovou as reformas de Josias. Ele também ficou contente quando a
Babilônia destruiu a Assíria nove anos depois, e quando seu rei se aliou com a Babilônia contra o
Egito. Mas Josias foi morto na luta contra o Egito, e os bons tempos terminaram. Joacáz, o rei
seguinte, reinou por apenas três meses e foi substituído por Joaquim, sob o qual Jeremias foi atacado
por sacerdotes e pessoas do mesmo tipo. No primeiro ano do reino de Joaquim, Deus disse a Jeremias
para profetizar no Templo que se o povo de Judá não se arrependesse a mesma destruição que se
abateu sobre Israel cairia sobre eles. Houve um grande clamor de protesto contra ele, e os sacerdotes e
profetas do Templo queriam executá-lo. Mas ele foi salvo pelo povo e pelos oficiais da corte, apesar de
Joaquim ter matado um de seus amigos profetas por ter dado o mesmo aviso que Jeremias.
Apesar de sua fuga difícil, Jeremias rezou novamente no templo, e proclamou que se o povo de Judá
não se arrependesse, com certeza a destruição se abateria sobre eles. Fassur o sacerdote e chefe dos
serviços do Templo, chicoteou e prendeu Jeremias com correntes no portão de cima do Templo.
Jeremias disse a ele, “Deus disse isto: você será chamado de Terror à Solta, porque você será um terror
para si mesmo e para seus amigos. Como você é um falso profeta, você será capturado e levado para a
Babilônia. E lá você morrerá”.
Jeremias tinha um amigo íntimo, seu secretário Baruc, que anotou todas as suas profecias em um
pergaminho. Isto foi lido para o rei por alguns dos nobres. Joaquim estava sentado no palácio com uma
fogareiro a seu lado, pois estava frio; e enquanto ele ouvia as profecias de desastre, ele rasgava os
pedaços do pergaminho furioso com o que era lido e os queimava no fogo, até que não sobrou nada.
Ele queria prender Jeremias e Baruc, mas eles estavam bem escondidos.; e depois Jeremias ditou todo
o livro novamente a baruc que reescreveu cada palavra.
Quando Joaquim morreu, ele foi sucedido por Jeconias, que foi levado para a Babilônia somente três
meses depois. Sedecias o filho mais novo de Josias, reinou em seu lugar. Ele era o tipo de homem que
gostaria de ter governado muito bem; mas ele estava fraco, e era influenciado por quem estivesse com
ele no momento.

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Algumas vezes ele consultava Jeremias e concordava em se submeter à Babilônia, o que seria a coisa
sensata a ser feita. Algumas vezes ele dava atenção aos príncipes de Judá que confiavam na amizade
traiçoeira do Egito.
Os babilônios ficaram cansados da mentalidade volúvel de Sedecias, e quando ele já havia reinado por
nove anos, eles fizeram um cerco a Jerusalém. Jeremias profetizou a queda da cidade, e saiu usando
uma canga de madeira no pescoço como sinal da escravidão que estava por vir. Sedecias o prendeu por
desencorajar o povo; mas Jeremias mostrou sua grandiosa fé na restauração de Judá comprando um
campo que pertencia a seu primo por uma considerável soma em dinheiro. Quando o Egito mostrou um
pouco de força e avançou para ajudar Judá, os babilônios bateram em retirada; mas Deus avisou
Sedecias através de Jeremias que os Egípcios logo retornariam para sua própria terra, o cerco
aconteceria novamente e a cidade seria capturada.
Jeremias tentando deixar Jerusalém, foi acusado de desertar para o inimigo e ficou preso por muito
tempo. Sedecias o soltou secretamente e perguntou a ele se Deus tinha alguma nova para dizer a ele.
Mas Jeremias tinha apenas a velha mensagem de desastre e captura. Os nobres judeus, querendo matar
o profeta, o atiraram em uma masmorra com lama espessa no fundo, no qual ele afundou. Mas ele foi
salvo por um bondoso etíope que trabalhava na casa do rei, o içou com cordas. Mais uma vez Sedecias
pediu o conselho de Jeremias.
“Se você se render à Babilônia”, disse o profeta, “você viverá e a cidade escapará da destruição; mas se
não fizer isso, nem você e nem a cidade escaparão”. Sedecias ainda hesitou - até que, inesperadamente,
já era muito tarde. Jerusalém caiu. Todos os nobres de Judá e os filhos de Sedecias foram mortos
diante de seus olhos, e ele próprio foi cegado e capturado como a maioria do povo. Somente as pessoas
muito pobres foram deixadas para trás. Jerusalém foi queimada e suas paredes demolidas. Tudo o que
Jeremias profetizou se realizou.
Os babilônios trataram Jeremias com bondade porque ele os havia apoiado contra o Egito. Eles o
mandaram para ajudar Godolias, a quem ele nomeou governador de Judá. Mas logo Godolias foi
traiçoeiramente assassinado e mais uma vez o caos se instaurou na terra. Os poucos judeus
remanescentes queriam fugir para o Egito onde achavam que poderiam viver em paz. Mas Jeremias
disse a eles, “se ficarem em Judá, Deus cuidará de vocês e fará vocês crescerem novamente. Mesmo
que estejam capturados pela Babilônia, vocês ficarão livres um dia. Mas se forem para o Egito,
encontrarão destruição e morte”.
Os homens de Judá não acreditaram nele. Contra sua vontade eles o levaram para o Egito, e com a ida
deles o reino de Judá desapareceu. Nós não sabemos o que aconteceu com Jeremias, mas há uma
versão tradicional que diz que eles foram apedrejados até a morte.
Antes de Jeremias, os israelitas acreditavam que estavam a salvo porque pertenciam ao Povo
Escolhido, e que Jerusalém nunca seria tomada porque o Templo possuía um tipo de encanto mágico.
A verdadeira grandeza de Jeremias como profeta foi o fato dele ter sido o primeiro a se dar conta de
que um homem não seria salvo apenas porque pertencia ao Povo Escolhido. Todo indivíduo é
responsável por sua própria bondade e maldade e precisa aprender a amar a Deus e a resistir ao mal por
si próprio. Ele teve que pedir a Deus para ser o seu amigo pessoa e guia, e mostrar a ele através de seus
pensamentos e consciência o que era certo e o que era errado.
“A lei de Deus”, disse Jeremias, deve ser escrita no coração de todo homem”. Somente quando Jesus
veio é que os homens aprenderam mais do que isso a respeito de Deus.

A MISSÃO DE JONAS
4 Reis 14, 25; 2 Reis 14, 25; Jonas

Alguns israelitas que sabiam que eram o Povo Escolhido por Deus acreditavam que a única maneira
em que eles poderiam manter a religião deles pura seria não se relacionar com estrangeiros. Outros
percebiam que o Deus de Israel era o Deus do mundo todo e esperavam que um dia todos os homens
iriam se devotar a ele. Eles acreditavam que deveriam contar aos estrangeiros sobre a fé judaica e
tentar persuadi-los a venerar o Deus Eterno.
Provavelmente uma destas pessoas escreveu a estória de Jonas, cerca de trezentos anos após a morte do
profeta. Deus ordenou a Jonas para ir a Ninive, capital da Assíria, uma cidade muito maligna, para
contar a seus habitantes a respeito do Senhor Deus e para persuadí-los a se arrependerem. Jonas não
tinha piedade de milhares de pessoas, que provavelmente nunca souberam da existência de Deus, em
lugares onde ele nunca tinha ido. Por que ele se importaria com estrangeiros, especialmente assírios?
Por isso, ele embarcou em um navio para a Espanha, viajando deliberadamente para o mais longe
possível, distante de Ninive.
O navio mal havia se distanciado fora da vista da terra firme quando ocorreu uma tremenda
tempestade. Todos a bordo chamaram seus próprios deuses para salvá-los exceto Jonas, que estava
dormindo. O capitão do navio o acordou para que ele também pudesse rezar, mas a tempestade ainda
continuava. Os marinheiros então tiraram a sorte para saber de quem seria a culpa pela tempestade ter
aparecido, e foi descoberto que era de Jonas. Ele confessou que estava fugindo da obrigação que seu
Deus havia ordenado a ele, e aconselhou os marinheiros a atirá-lo no mar. Antes de fazerem isso, eles
fizeram todos os esforços para voltar para a terra firme, mas suas tentativas foram em vão. Rezando a
Deus para perdoá-los, eles atiraram Jonas no mar. Logo a tempestade parou: Os marinheiros foram
salvos.

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Jonas, também foi salvo; pois Deus havia preparado um peixe enorme que o engoliu enquanto ele
afundava no mar. No estômago do peixe, ele rezou para Deus por salvação, e depois de um tempo o
peixe o regurgitou sobre terra firme. Quando ele se recuperou de sua experiência terrível, Deus o
enviou mais uma vez para pregar em Ninive. Ele fez a viagem de um dia para a cidade, que era tão
grande que levou três dias para atravessá-la, fazendo a pregação enquanto passava. “Se Ninive não se
arrepender”, ele disse, “ela será destruída em quarenta dias”. Para sua surpresa e raiva - pois os assírios
era o povo mais cruel de todas as nações que conquistaram os israelitas - o povo deu ouvidos a seu
aviso. O rei de Ninive ordenou que seus súditos abandonassem seus modos cruéis e se arrependessem,
rezando para Deus afastar sua ira que cairia sobre eles.
Jonas se comportou como uma criança amuada. Ao deixar a cidade, ele fez uma cabana com galhos e
esperou para ver o que aconteceria. “Eu sabia que o Senhor era um Deus misericordioso que faria este
povo cruel e maligno de Ninive se arrepender, e se salvar. Agora tire minha vida. Seria melhor que eu
morresse”.
“Então está com raiva, não está?” Deus disse a ele, decidindo ensinar ao profeta ressentido uma lição.
Ele fez uma planta de crescimento rápido, uma hera. Em muito pouco tempo, ela cobriu toda a cabana,
de maneira que ele ficasse protegido do calor do sol. Jonas ficou muito grato por sua sombra. Mas no
dia seguinte Deus fez com que insetos destruíssem a planta de maneira que ela secou, expondo Jonas à
luz do sol. Ele também mandou um vento muito quente do deserto que era tão desgastante para Jonas
que ele novamente rezou para morrer.
“Você está aborrecido porque sua planta morreu?” perguntou Deus.
“Sim”, Jonas resmungou, “amargamente furioso”.
“Se você tem pena de uma simples planta”, disse Deus, “e não devo eu ter piedade de milhares de
pessoas ignorantes em Ninive e de todos os seus animais?”
Através desta estória, os israelitas aprenderam que Deus cuidava de todos os homens assim como
cuidava deles, que ele era o Deus de todas as nações assim como de Israel, e que os animais assim
como os homens eram sua preocupação.

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O SONHO DE NABUCODONOSOR
Daniel 2

O livro de Daniel do qual esta e as próximas três estórias são tiradas, foi escrito provavelmente cerca
de cento e sessenta anos antes de Cristo nascer. Naquela época, os judeus estavam sendo perseguidos
com selvageria por causa de sua fé. O livro foi escrito para encorajá-los e ensiná-los que um dia o reino
de Deus substituiria os impérios do mundo e que todos os homens por toda parte se devotariam a um
Deus verdadeiro.
Daniel, um jovem judeu capturado e levado para a Babilônia, foi trabalhar para o seu rei
Nabucodonosor. Uma noite o rei teve um sonho que o assustou muito e ele não conseguiu dormir
novamente. De manhã, ele reuniu todos os seus magos, astrólogos e sábios para que interpretassem o
sonho.
“Conte-nos o seu sonho, Oh rei”, disseram, “e contaremos ao senhor o significado”.
“Não”, disse Nabucodonosor, “prove que vocês são magos de verdade me contando o sonho e o
significado. Se não conseguirem fazer isso, saberei que são trapaceiros que conspiram juntos para me
dizer um monte de mentiras. Todos vocês serão executados, e tudo o que possuem será meu. Mas se
conseguirem me contar o sonho e o seu significado, serão muito bem recompensados”.
“O que está pedindo”, disseram os magos aterrorizados, “é impossível. Somente os deuses podem fazer
o que está pedindo”.
Nabucodonosor ficou enfurecido, ordenou que todos os sábios fossem mortos.
Entre eles estava Daniel. Quando ele descobriu por que o rei havia ordenado sua execução, ele foi até
Nabucodonosor e implorou para que tivesse um tempo para rezar para Deus e pedir a ele para revelar o
segredo.
O rei concedeu seu pedido; e naquela noite Daniel teve uma visão do que Nabucodonosor havia
sonhado.
No dia seguinte ele foi até a presença do rei e disse, “Deus me revelou teu sonho, Oh rei. Você viu uma
imagem enorme, sua cabeça era de ouro fino, seus seios e seus braços eram de prata, seu ventre e coxas
de bronze, suas pernas de ferro, e seus pés eram metade ferro e metade barro. Então você viu uma
pedra ser cortada de uma montanha, mas não por mãos humanas. Ela caiu sobre os pés da imagem
fazendo-as em pedaços. A grande imagem caiu no chão quebrando em pedaços bem pequenos que
foram soprados para longe como farelo, até que não havia o menor sinal deles. Mas a pedra que havia
destruído a imagem cresceu mais e mais virando uma montanha enorme, enchendo o mundo todo.
Este é o significado do teu sonho, Oh, rei. Você e seu império, são a cabeça de ouro. Depois de você,
outro império surgirá, pior do que o seu, porque prata é inferior a ouro. E ele será sucedido por um
terceiro império de bronze que governará toda a terra, e este por um quarto tão forte e poderoso quanto
o ferro. O quinto reino, de ferro e argila, será em parte forte, e em parte fraco. Finalmente, o reino de
Deus substituirá todos os que já se foram e durará para sempre. Este é a pedra, cortada não por mãos
humanas, que se tornou a montanha que encheu a terra”.
Nabucodonosor, espantado com o fato de Daniel conseguir contar o sonho e o significado, reconheceu
que o Deus dele deveria ser de fato o Senhor de todos os deuses. Ele promoveu Daniel a governador da
província da Babilônia e líder dos sábios.

página 161

Os primeiros quatro impérios foram os da Babilônia, os Medas, os Persas e Alexandre o Grande. O


império de Alexandre foi dividido em dois e governado por linhagens rivais de reis, os Ptolomeus e os
Selêucidas. Todos os impérios humanos teriam finalmente que ser substituídos pelo reino do Messias
de Deus.

PROVAÇÃO DE FOGO
Daniel 3

Daniel tinha três amigos chamados Sidrac, Misac e Abdenego que também eram servos fiéis do Senhor
Deus. Quando ele se tornou governador da província de Babilônia, ele pediu a Nabucodonosor para
colocá-los administrando o governo da província. A promoção deles naturalmente causou ciúme e
inveja entre os oficiais que tiveram seus lugares ocupados por eles; e no devido tempo apareceu a
oportunidade para seus inimigos tentarem levar os três jovens judeus para a morte.
Nabucodonosor fez uma gigantesca estátua de ouro de vinte e sete metros de altura, por dois metros e
setenta de largura, que ele colocou em uma planície próximo à Babilônia. Ele ordenou que todos os
alto oficiais e príncipes viessem para a inauguração de sua imagem., e um arauto fez uma proclamação
real: “Todas as nações do império da Babilônia, ao ouvirem som das trombetas dos instrumentos
musicais e dos cânticos, ajoelhem-se e adorem a estátua de ouro que o rei mandou fazer. Aquele que
recusar a fazer isso será atirado em uma fornalha ardente”.
E aconteceu que ao soar das notas musicais, todos os que estavam lá ouviram e se voltaram para a
imagem de ouro e a adoraram. Mas alguns dos sábios de Nabucodonosor vieram até ele e disseram,
“Sidrac, Misac e Abdenego, a quem o senhor escolheu para governar a província de Babilônia,
desobedeceram suas ordens. Eles se recusaram a servir o teu deus e a adorar a estátua de ouro”.
Furioso, o rei mandou chamar os três judeus e perguntou a eles se era verdade que eles não haviam
adorado seu ídolo. Se fosse verdade, eles seriam atirados na fornalha; e onde estava o deus que os
livraria disso?
Sidrac, Misac e Abdenego responderam, “Se há um deus que pode nos salvar do fogo, é o Deus a quem
servimos. Mas mesmo que ele escolher não nos salvar, vocês devem saber, Oh rei, que nós não
serviremos o teu deus e nem vamos adorar tua estátua”.
A resposta desafiadora enfureceu Nabucodonosor ainda mais. Seu rosto franziu com muita raiva e ele
ordenou que a fornalha fosse esquentada e ficasse sete vezes mais quente do que já havia ficado antes.
Todas as roupas que os três judeus possuíam foram amarradas neles, de maneira que não restasse
nenhum artigo de tecido para que eles não deixassem lembrança; depois, Nabucodonosor ordenou a
seus guerreiros mais fortes para atirarem Sidrac, Misac e Abdenego no fogo.
As chamas estavam saindo e consumindo tudo com tanta intensidade que mataram os homens de
Nabucodonosor com o calor, e os judeus caíram no meio do inferno incandescente.

página 162

Mas enquanto Nabucodonosor observava, ele se levantou aterrorizado. “Não atiramos os três homens
no fogo?”, ele gritou. “Como posso estar vendo três homens andando livres e ilesos no meio das
chamas, e o quarto homem se parece com um deus?” Então o rei chegou o mais perto que pode da
entrada da fornalha e chamou, “Sidrac, Misac e Abdenego, servos do Mais Alto Deus, saiam!”
Os três homens caminharam para fora do fogo. Seus corpos não haviam sido tocados pelas chamas.
Nem mesmo o cabelo deles havia sido chamuscado, e eles não tinham cheiro de queimado.
“Que o Deus de vocês seja louvado”, disse Nabucodonosor, “que enviou um anjo para salvar vocês.
Vocês preferiram desobedecer minhas ordens reais, e morrer na fornalha ao invés de serem infiéis a
ele. Por isso, de agora em diante, se algum homem de alguma nação disser qualquer coisa contra o
Deus de Sidrac, Misac e Abdenego, ele deverá ser cortado em pedaços e suas propriedades arrasadas;
pois nenhum outro deus pode salvar seus seguidores como este”. E o rei deu aos três judeus fiéis cargos
ainda mais importantes do que antes na província da Babilônia.

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A FESTA DE BALTASAR
Daniel 5

Baltazar, chamado na estória de filho de Nabucodonosor, apesar de na verdade ser filho de Nabonido
que usurpou o trono da Babilônia, deu uma festa para mil nobres e muitas de suas esposas. Ele usou as
taças de ouro e prata que haviam sido roubados do templo em Jerusalém alguns anos antes pelos
babilônios. Eles haviam sido consagrados para servir ao Senhor Deus mas Baltasar e seus convidados
beberam vinho com eles na grande festa.
Enquanto eles faziam isso, eles veneravam seus próprios ídolos que não eram deuses, mas apenas
imagens de metal ou pedra. De repente apareceu uma mão sozinha, cujos dedos escreveram na parede
do lado oposto ao assento do rei, Mene Mene Tecel u-Farés que não soube o que pensar e ficou pálido
tremendo. Aterrorizado, Baltasar mandou chamar imediatamente seus magos e sábios, apesar dele ter
compreendido as palavras, parecia não haver sentido nelas. Quando os sábios chegaram, ele prometeu a
quem conseguisse decifrar o significado que ele seria vestido em roupas de cor violeta real, e seria o
terceiro no reino em poder, depois dele que realmente governava e de seu pai que era rei;

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pois Nabonido era um estudioso que deixou o governo para seu filho.
Mas os sábios ficaram tão embaraçados quanto Baltasar, e o mistério nunca teria sido solucionado se a
rainha (provavelmente a mãe de Baltasar e não a esposa) não tivesse entrado no saguão. “Por que vocês
estão tão confusos e assustados?” ela perguntou. “Há um homem a quem Nabucodonosor fez chefe de
todos os magos e sábios da Babilônia, por ele ter um dom tão divino para compreender sonhos e
enigmas como este. Mande chamar Daniel. Ele dirá a vocês o significado”.
Baltasar mandou chamar Daniel imediatamente, na época um homem velho, “ouvi dizer que o espírito
dos deuses sagrados estão em você”, disse o príncipe, “e que você consegue ler enigmas como as
palavras escritas aqui na parede por uma mão misteriosa e aterrorizante que apareceu sozinha. Se
conseguir me dizer o significado, será o terceiro homem em poder na Babilônia depois de meu pai e
eu”.
“Guarde suas honras”, disse Daniel, “ou dê a outra pessoa. Eu direi o significado sem recompensa.
Deus deu a Nabucodonosor um grande império e poder de tal maneira, que todos os povos do mundo o
temem. Mas ele cresceu com tanto orgulho que Deus o fez ficar louco. Por algum tempo ele ficou
como um animal selvagem. Ele ficou sem compreensão, comendo grama, seu corpo molhado de chuva
e orvalho, até perceber que Deus controla o poder e a glória, e os reinos dos homens.

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“Mas você, Oh Baltasar, permaneceu com o orgulho apesar de conhecer o destino de Nabucodonosor.
Você se exaltou contra o próprio Deus. Você, seus nobres e suas esposas beberam em taças
consagradas a Deus. Veneraram seus ídolos e não deram glória ao verdadeiro Deus que tem suas vidas
e caminhos em suas mãos. Foi ele que enviou a mão que você viu e este é o significado das palavras
que ele escreveu. Mene significa ‘contou’, significa que Deus contou os dias do teu reinado e agora
decidiu que ele terá um fim; Tecel - um tipo de peso - significa que você foi pesado na balança do
julgamento de Deus, e descobriu-se que está com pouco peso; u significa ‘e’; Farés possui três
significados, ‘metades’, ‘divisões’ e ‘persas’ e a palavra aqui significa que seu reino foi dividido e será
dado a medas e persas”.
Apesar da natureza sombria da profecia, Baltasar honrou Daniel, decretando que ele deveria ser a
terceira pessoa mais importante no reino. Mas naquela mesma noite, os medas invadiram a cidade da
Babilônia, mataram Baltasar, e deram um fim ao império da Babilônia. Daniel, no entanto sobreviveu
honrado pelos novos regentes.

DANIEL NA COVA DOS LEÍES


Daniel 6

Apesar de Daniel ter servido aos reis da Babilônia com fidelidade, ele também foi favorecido pelos
imperadores medas, e os persas que os substituíram. Dario nomeou sobre seus domínios três ministros,
inferiores apenas ao próprio imperador, dos quais Daniel era um deles; e ele era tão melhor do que os
outros dois que Dario planejou dar a ele o governo de todo um império. Os outros oficiais persas, com
inveja de Daniel, tentavam se livrar dele de todas as maneiras. Mas não conseguiram encontrar nada de
errado na maneira em que ele governava. Ele era eficiente e justo que não aceitava subornos e não
favorecia nenhum homem. Por fim, os oficiais persas disseram, “Nós nunca conseguiremos pegar esse
homem a menos que façamos alguma acusação a respeito de sua religião de alguma maneira”.
Então, eles foram até Dario, “Nós, os oficiais do reino, conversamos sobre isso juntos e viemos pedir
ao senhor para fazer uma lei na qual nos próximos trinta dias nenhum homem poderá pedir nada para
nenhum deus ou homem a não ser o senhor, oh rei”, eles disseram. “Se algum homem fizer isso, então
deverá ser atirado aos leões”.
O rei Dario não sabia o motivo desse pedido estranho, mas como quase todos os seus oficiais
concordaram com isso, ele ordenou a seus escribas para escreverem a lei, e proclamou isso a seu povo.
Daniel vivia em uma casa com um quarto construído sobre o seu telhado. Na parede que ficava de
frente para Jerusalém ele havia mandado construir janelas; e três vezes ao dia ele se ajoelhava de frente
para Jerusalém e rezava e dava graças a Deus. Seus inimigos sabiam disso e observaram até pegarem
Daniel no momento em que estava rezando.

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Imediatamente eles foram até Dario e o lembraram do decreto que ele havia feito. O rei respondeu,
“Sim, o decreto foi emitido. E uma vez que uma lei é feita por um rei dos medas e persas, ela não pode
ser alterada”.
“Nesse caso disseram os oficiais”, você deve atirar Daniel na cova dos leões; pois, apesar da lei que o
senhor fez, ele ainda reza para Deus três vezes ao dia.”.
O rei percebeu, tarde demais, que ele havia sido enganado. Com muito desgaste, ele tentou de todas as
maneiras que pode para salvar Daniel; mas qualquer coisa que ele dizia, sempre encontrava a resposta,
“oh rei, uma lei dos medas e persas, uma vez que é feita, não pode ser mudada”. Por fim, Dario foi
forçado a atirar Daniel na cova dos leões. “Deus, a quem você serve com fidelidade, te salvará”, disse
Dario; então Daniel foi colocado na cova, e sobre ela foi colocada uma pedra, selada com os selos do
rei e seus nobres, de maneira que ninguém pudesse salvá-lo.
Durante toda a noite, Dario ficou sem dormir e sem comer, e logo que o dia raiou, ele foi correndo
para a cova, assustado com o que ele poderia encontrar. “Daniel” ele chamou, “o teu Deus te salvou?”
Para sua alegria, Daniel respondeu, “Longa vida ao senhor, rei Dario! Deus enviou seus anjos para me
evitar que os leões me fizessem mal, porque eu não fiz mal nem a ele e nem ao senhor”.
Dario no mesmo momento ordenou para que Daniel, que estava completamente ileso, fosse içado da
cova. Ao invés dele, seus acusadores e suas famílias foram atirados aos leões, e antes mesmo deles
chegarem ao fundo da cova, os animais selvagens os fizeram em pedaços.
Depois Dario fez outra proclamação de que sob todos os seus domínios, todos os homens deveriam
venerar o Deus de Daniel que o havia salvo dos leões. Daniel viveu uma vida honrada em todo o seu
reino e no de Ciro, o sucessor dele, e morreu em paz, um homem bem velho.

página 170

O RETORNO E A RESTAURA‚ÌO
Os livros de Ageu, Neemias e Esdras

Nos anos que se seguiram após a queda de Jerusalém e o fim do reino de Judá, os judeus viveram no
exílio na Babilônia. Lá, como outras nações tiradas de suas terras nativas, eles podem ter venerado os
deuses da Babilônia que pareciam ter conquistado o seu espaço. O templo deles, o único lugar da terra
onde acreditavam que os sacrifícios poderiam ser oferecidos ao Senhor Deus, havia desaparecido. Eles
estavam vivendo em uma terra ‘impura’, onde a devoção completa não poderia ser oferecida ao Deus
deles. Mas ao invés de desistir, eles continuaram a obedecer estas partes da Lei que poderiam ainda ser
mantidas, como guardar o sábado. Apesar da falta de devoção do lado de fora, eles podiam fazer as
orações com mais privacidade. Eles se encontravam em sinagogas, as quais datam dessa época. Elas
eram parcialmente igrejas, onde eles rezavam e onde a Lei era estudada, e parcialmente conselhos,
onde as questões judaicas podiam ser debatidas e decisões locais poderiam ser tomadas.
Percebendo que como nação eles haviam pecado, os judeus finalmente começaram a aprender o que os
profetas haviam tentado ensiná-los - que eles deveriam dar as costas a todos os outros deuses e venerar
somente o Senhor Deus. Por causa do exílio, eles se tornaram um povo melhor, mais puro e mais
santificado.
Durante os últimos anos do império da Babilônia, surgiu no oriente uma nova força, Ciro, rei dos
medas e dos persas. Foi ele quem conquistou a Babilônia e sua vitória foi saudada com entusiasmo
pelos judeus. Ele era um homem bom e corajoso, considerado pela nação judaica como servo de Deus,
apesar de não venerar o Senhor Deus, que os colocaria de volta à terra natal.
Logo em seguida ao conquistar a Babilônia ele proclamou que todos os judeus que desejassem
poderiam voltar a Jerusalém e reconstruir o Templo. Nem todos voltaram. Durante os anos de exílio
muitos dos que deixaram Judá haviam morrido, e uma nova geração havia crescido e conhecia outro
modo de vida além da Babilônia. Provavelmente apenas alguns voltaram imediatamente, embora nos
séculos seguintes, muitos milhares os seguiram.
Ciro indicou um governador de Jerusalém chamado Sassabasar para levar os exilados de volta à terra
natal. Ele estava encarregado de levar todas as taças de ouro e prata que Nabucodonosor havia levado
do Templo, de maneira que elas poderiam ser usadas novamente na devoção a Deus. Ele
provavelmente retornou a Ciro depois de assentar os exilados em Jerusalém; pois o seu lugar como
líder do povo foi tomado por Josué, um sacerdote e Zorobabel um descendente do rei Davi. Estes dois
construíram primeiro o Altar dos Holocaustos ao ar livre entre as ruínas do velho Templo, na presença
de uma grande multidão de israelitas das cidades nas quais haviam sido assentados. Então, apesar das
fundações do Templo não terem sido ainda assentadas, eles ofereceram mais uma vez todos os
sacrifícios que a lei de Moisés exigia.
Como era a estação certa do ano, a construção do altar foi seguida pela festa dos Tabernáculos; e pouco
tempo depois, as fundações do novo templo estavam assentadas. Houve muita louvação, salmos de
louvor cantados com o acompanhamento de trombetas e címbalos. Mas também havia tristeza. Muitos
destes homens, eram velhos o suficiente para terem conhecido o antigo Templo em toda a sua glória e
choraram quando lembraram disso. O som dos choros e do regozijo era tão alto que era difícil
distinguir um do outro.
Os judeus estavam cercados de Samaritanos que haviam se assentado em Israel e Judá quando eles
haviam sido levados para o exílio. Estes homens veneravam o Senhor Deus como uma adoração
passageira por ser o deus da terra na qual eles haviam sido assentados; mas a veneração deles estava
misturada com a adoração de outros deuses. Os judeus ficaram com medo deles porque eles eram
muito mais numerosos. Mas quando os samaritanos pediram para tomar parte na reconstrução do
Templo, os judeus tiveram coragem para recusar. Eles haviam aprendido no exílio que a devoção a
Deus precisava ser livre de idolatria, e se os estrangeiros tivessem ajudado com a construção do
Templo, eles teriam o direito de fazer devoções dentro dele e trariam a adoração dos falsos deuses que
eles reverenciavam além do Senhor Deus.
A recusa provocou a raiva dos samaritanos. Eles causaram tantos problemas para os construtores que
os judeus, desencorajados, desistiram do trabalho quase imediatamente. “Não é da vontade de Deus
construirmos o Templo agora”, eles pensaram de forma enganosa. “A hora ainda não chegou”.

página 172

Mas a vida provou da forma mais dura para os exilados que haviam retornado. Como Ageu, um profeta
da época dizia, eles semearam muito e colheram muito pouco, eles não tinham alimento, bebida e
roupas suficientes, e o dinheiro eles desaparecia como se tivessem colocado dentro de uma bolsa com
um buraco. O motivo disso, dizia Ageu, era por eles não terem construído o Templo de Deus - e era
por esse motivo que eles haviam retornado do exílio. Por causa das reprovações de Ageu e de outro
profeta, Zacarias, Zorobabel e Josué começaram mais uma vez a reconstruir o Templo. Novamente eles
receberam a oposição dos Samaritanos. Mas em resposta a uma carta escrita pelo governador da
província a Dario II, rei da Pérsia, as notícias vieram com um decreto que havia sido encontrado entre
as leis e proclamações reais, no qual Ciro havia ordenado que o Templo deveria ser reconstruído.
Assim, apesar de tudo o que os samaritanos podiam fazer, a reconstrução continuou. Quatro anos
depois o Templo foi concluído no meio de uma grande louvação. Centenas de sacrifícios foram feitos;
e os sacerdotes e levitas foram divididos em grupos para realizarem a devoção diária a Deus por todos
os anos que estariam por vir.
Logo depois do Templo ter sido terminado, foi comemorada a Festa de Páscoa. Todos os exilados que
haviam retornado se purificaram e comemoraram a festa com muita alegria, porque Deus havia feito o
rei mostrar favorecimento a eles.
Mas apesar do Templo ter sido reconstruído, a cidade e as muralhas de Jerusalém permaneceram por
muitos anos como pilhas de ruínas. Estas notícias chegaram a Susa, a capital da Pérsia, até um judeu
chamado Neemias que havia alcançado um alto posto servindo o rei, Artaxerxes I. Como o copeiro do
rei a quem dava o vinho, ele estava em sua presença em todas as refeições. Quando Neemias soube do
estado terrível de Jerusalém, ele ficou tão triste que não conseguiu esconder seu pesar do rei.
“Por que está com aparência tão entristecida?”, perguntou Artaxerxes. “Eu sei que não está doente”.
Neemias respondeu que estava triste porque a cidade de seus ancestrais ainda estava em escombros.
“Você deseja me pedir um favor?”, disse o rei. Neemias hesitou um momento, enviando uma oração
rápida e silenciosa a Deus; então ele disse, “Mande-me para Jerusalém para que eu possa reconstruí-
la”.
Para sua grande alegria, o rei deu a permissão a ele. Ele também deu cartas de autoridade para os
governadores da província onde ficava Jerusalém e para o guardião das florestas reais para que ele
pudesse obter toda a lenha necessária para reconstruir a cidade. Quando chegou em Jerusalém,
Neemias imediatamente fez uma supervisão das ruínas das muralhas à noite. Ele não contou aos líderes
judaicos a respeito do favorecimento que havia recebido de Artaxerxes, até que tivesse visto tudo o que
era necessário ser feito. O povo ficou entusiasmado e se pôs a reconstruir as muralhas com muito vigor
e empenho.
Mas logo eles tiveram oposição. Os estrangeiros que viviam nos arredores, liderados por um certo
Sanabalate, fez chacota com eles. “Vocês estão preparando uma rebelião contra o rei?” zombaram. “O
que vocês frágeis judeus esperam ganhar com essa muralha de vocês? Ora, se uma raposa pular nela,
ela virá abaixo!” Pior do que suas palavras de desdém foram suas ações; pois eles se uniram em bandos
para atacar os homens que trabalhavam nas muralhas. Os construtores, já desencorajados pelas imensas
pilhas de escombros, ficaram ainda mais alarmados com a ameaça de ataque.
Mas Neemias era um adversário à altura de seus inimigos. Ele dividiu seus trabalhadores em dois
grupos, um dos quais construía, enquanto o outro ficava próximo a eles totalmente armado, e também
carregando as armas dos trabalhadores. Os homens que precisavam carregar cargas, as equilibravam
em uma mão, e carregavam uma espada na outra. Pontos de reagrupamento foram arranjados de
maneira que, se houvesse um ataque, sopros de trombeta poderiam reunir os trabalhadores em qualquer
ponto da muralha que estivesse sendo atacado.

página 174

Quando Sanabalate e seus aliados viram que a ameaça de força havia fracassado, eles tentaram fazer
uma armadilha para Neemias com planos traiçoeiros, chamando-o para uma tocaia, fingindo interesse
em conversar sobre questões inventadas por eles próprios. Mas o líder judeu era muito esperto para
eles, e todos os seus planos falharam.
As medidas de contenção de Neemias foram tão eficazes que as paredes estavam concluídas em
cinqüenta e dois dias.
As paredes foram terminadas antes das casas dentro da cidade terem sido reconstruídas. Não havia
pessoas suficientes morando dentro dela para defender a cidade, e Neemias ordenou que os portões
fossem fechados todos os dias até que o sol tivesse nascido e todos os cidadão estivessem em atividade.
Os líderes do povo estavam assentados em Jerusalém; e depois o restante dos judeus foram
selecionados por sorteio, um em cada dez para morar na cidade, dando a ela uma grande população.

página 175

Como o Templo, as muralhas foram inauguradas com cânticos, dança e festejos em geral. Dois grandes
coros, cada um à dianteira de metade dos homens mais importantes de Judá, andaram em procissão ao
redor da cidade, um dos coros à direita, o outro à esquerda, encontrando-se em seguida dentro do
Templo onde foi oferecido um grande sacrifício. Lá dentro a Lei foi lida para o povo.
Os israelitas, percebendo que a Lei os ordenava a se manterem afastados de estrangeiros, separaram da
nação todos os que tinham mães ou pais estrangeiros.

página 176

Com seu trabalho terminado, Neemias retornou ao seu mestre real em Susa, mas depois voltou logo
para Jerusalém para ver como ia o progresso. Ele descobriu que o primeiro entusiasmo já estava
morrendo. Até mesmo Eliasib, o alto sacerdote que estava cuidando das câmaras de depósito de
donativos do Templo, deu uma sala a um estrangeiro a quem ele tinha parentesco pelo casamento. Os
levitas que cuidavam dos serviços do Templo, não receberam seu sustento e conseqüentemente
desertaram a Casa de Deus e retornaram a suas fazendas. Os homens estavam trabalhando no sábado, e
judeus, incluindo um dos netos dos altos sacerdotes, haviam se casado com mulheres estrangeiras
novamente. Neemias colocou tudo em ordem, purificando a nação das influências estrangeiras e
observando se os serviços do Templo estavam sendo conduzidos adequadamente.
O trabalho de Neemias foi concluído por Esdras, descendente de Aarão e um homem profundamente
versado na Lei. Ele veio a Jerusalém da Babilônia no reino de Artaxerxes II com uma companhia de
dois ou três mil israelitas. Ele trouxe consigo uma carta do rei autorizando-o a coletar suprimentos e
indicar oficiais e juízes para governar os judeus. Antes de Esdras e sua companhia começarem a sua
viagem, eles jejuaram e rezaram a Deus para que ele os mantivessem afastados de todos os perigos,
enquanto eles viajavam sem soldados e cavaleiros para protegê-los. Suas orações foram atendidas e
eles chegaram em segurança a Jerusalém.
Pouco tempo depois de Esdras chegar, alguns líderes vieram até ele para contar que muitos israelitas
haviam fracassado na obediência às ordens de Neemias e haviam se casado com mulheres estrangeiras
das nações vizinhas. Os principais ofensores haviam sido os líderes e juízes. Esdras ficou abalado. Ele
rasgou suas roupas, cortou seu cabelo e barba e sentou-se em silêncio em frente ao Templo até a hora
do sacrifício da tarde. Todos que se sentiram como ele se ajoelharam fazendo orações e em lágrimas
confessaram a Deus tudo o que a nação havia feito de errado.

página 177

O povo ficou profundamente comovido com suas lamentações. Sequenias, um de seus líderes,
reconheceu a culpa da nação, mas acrescentou, “Ainda há esperança. Vamos prometer a Deus que
expulsaremos todas as esposas estrangeiras e seus filhos. Vamos fazer o que a lei exige. Nos guie, e
nós te seguiremos”.
Assim, todos os israelitas foram reunidos em Jerusalém em três dias. Eles se encontraram em um dia
de chuva intensa, tremendo de frio e medo do que estava para acontecer. Ficou estabelecido um acordo
no qual em todas as cidades, todos os que tinham se casado com mulheres estrangeiras deveriam se
apresentar aos líderes e juízes, e que as esposas estrangeiras deveriam ser separadas e mandadas
embora. Assim a raça judaica seria mantida pura, apesar do custo de uma tremenda lamentação e dor;
pois muitos dos maridos judeus devem ter amado ternamente suas esposas estrangeiras e estavam
infelizes por terem que mandá-las embora.
Isto não foi o fim das reformas de Esdras. Mais uma vez, todo o povo foi chamado a se reunir em
Jerusalém e ele leu para todos a Lei de Moisés do princípio ao fim, conversando desde cedo de manhã,
até à tarde.
Ele ficou sobre uma plataforma de madeira de maneira que todos pudessem vê-lo e ouví-lo, e a Lei foi
explicada para diferentes grupos da multidão enquanto ele a lia com os levitas que a compreendiam
totalmente.
O povo chorou quando ouviu a Lei e percebeu o quanto haviam se distanciado dela. Mas Esdras disse,
“Não chorem. Este é um dia sagrado. Que ele seja um dia de festas e alegria, e não de lamentos - pois é
a alegria em Deus que os torna fortes”.
A leitura da Lei revelou ao povo que a Festa dos Tabernáculos, o grande festival da colheita dos
judeus, ocorria ao mesmo tempo em que a Lei estava sendo lida. Então por sete dias eles realizaram a
festa, a qual não havia sido comemorada adequadamente desde os tempos de Josué, o conquistador de
Canaã; e todos os dias eles ouviam a leitura da Lei. No oitavo dia a festa foi encerrada com a cerimônia
que a Lei exigia.
Um jejum solene acompanhou a festa. Agora que todo o povo havia ouvido a Lei de Moisés diversas
vezes, e a teve bem explicada por homens estudados, todos eles sabiam o que Deus exigia deles.
Depois das orações nas quais eles reconheceram tudo o que ele havia feito por eles desde que haviam
sido tirados do Egito, e suas inclinações contínuas para praticar o pecado contra ele, eles fizeram um
voto sincero mais uma vez para se separarem de todos os estrangeiros, e nunca realizarem casamentos
com eles novamente. Eles guardariam o sábado como dia sagrado. Eles manteriam lealmente as
obrigações no Templo. eles observariam com fidelidade toda a Lei.
Assim, finalmente os remanescentes de Israel e Judá haviam se tornado uma nação consagrada a Deus.
A partir dos dias de Neemias e Esdras em diante, eles ficaram mais preocupados em manter pura a
religião deles. Apesar de se tornarem exageradamente rígidos e inafetivos com o passar dos séculos,
eles se prepararam à maneira deles para a vinda de Jesus.

página 178

CRONOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO

Muitas datas podem ser apenas aproximadas, mas esta tabela retrata um perfil razoavelmente preciso
da relação cronológica dos fundadores do judaísmo e seus profetas.

A.C. 2150 Nascimento de Abraão


2100 Abraão entra em Canaã
1260 Nascimento de Moisés
1220 Êxodo dos israelitas do Egito
1075 Nascimento do Profeta Samuel
1002 Morte de Samuel
1000 Rei Davi
Get
985 Profeta Natan
971 Natan unge Salomão
939 Profetas Aías e Ido
936 Judá sob o reinado de Roboão REINO DIVIDIDO Israel sob Jeroboão
935 Seméias
910 Nascimento de Elias
889 Profeta Jeú
880 Miquéias
849 Ascensão de Elias
842 Eliseu unge Jeú como rei

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A.C. 805 Nascimento de Amos


799 Morte de Eliseu
780 Nascimento de Oséias, Miquéias, Isaías
765 Vida de Jonas
747 Morte de Amos
744 Profecias de Isaías
737 Morte de Oséias
724 Profecias de Miquéias
722 QUEDA DE ISRAEL
696 Isaías e Miquéias martirizados
690 Começa o trabalho do Deuterônimo
650 Nascimento de Jeremias e Sofonias
626 Profecias de Sofonias
622 Nascimento de Ezequiel
621 Profecias de Naum
605 Profecias de Habacuc
597 PRIMEIRA QUEDA DE JERUSALÉM
Ezequiel e Daniel exilados
586 Queda final de Jerusalém Profecias de Abdias
584 Morte de Jeremias
565 Morte de Ezequiel
549 Nascimento de Zacarias e Ageu
539 Queda da Babilônia
536 Exilados Retornam a Judá
516 Profecias de Ageu e Zacarias
460 Profecias de Malaquias
408 Profecias de Jonas são escritas
300 Profecias de Joel são escritas
167 Livro de Daniel é escrito

página 180

OS PROFETAS I
Depois que os israelitas se assentaram em Canaã, grupos estranhos de homens algumas vezes poderiam
ser vistos vagando pelos arredores da terra. Com a vibração e as batidas de instrumentos musicais
primitivos, eles pulavam, dançavam e cantavam orações a Deus em êxtase. O objetivo deles era fazer
todo israelita sentir que ele era um membro do Povo Escolhido por Deus, e inspirá-los a lutar contra os
pagãos que ainda viviam em Canaã e contra os invasores filisteus de Creta que vinham pelo mar, e a
destruir seus falsos deuses. Eles entravam em transes que duravam horas, algumas vezes até dias.
Estes homens foram os primeiros profetas. O entusiasmo deles podia ser contagioso. Depois que Saul
foi ungido rei por Samuel, por exemplo, ele encontrou um grupo de profetas em êxtase, e se juntou a
eles, dançando e profetizando, então as pessoas perguntam, “O que aconteceu a Saul? Ele também se
tornou um profeta?”
Em outra ocasião, Saul enviou mensageiros para prender Davi. Mas eles encontraram uma companhia
de profetas, profetizando com Samuel à frente deles, e entraram na dança e nos cânticos. Dois grupos
posteriores de mensageiros foram afetados da mesma maneira, e quando Saul foi, com raiva,
pessoalmente, o espírito da profecia também caiu sobre ele. Depois de rezar para Deus, ele entrou um
dia inteiro e uma noite em transe.
À medida que o tempo passou e as coisas se ajustaram mais, os profetas começaram a se comportar
mais calmamente. Alguns deles atuavam como conselheiros do rei, dizendo a ele qual era a vontade de
Deus quando ele tinha que tomar decisões importantes. Como eles eram homens sagrados, o rei não se
atrevia a puní-los por qualquer coisa que dissessem, e eles podiam defender homens comuns contra a
opressão real. Assim, como vimos, Natan pronunciou a punição de Deus contra Davi quando ele
roubou e esposa de Urias, Betsabéia, (página 115) e Elias condenou Acab por assassinar Nabot (página
135).
Na época de Elias, os profetas viviam em comunidades perto de cidades grandes e santuários. Algumas
vezes eles previam o futuro, mas o principal trabalho deles era revelar a vontade de Deus para orientar
o rei e guiar a nação.

página 181

O primeiro dos profetas escritores, Amós, um fazendeiro de Judá de cerca de 805-747 A.C., pode ser
situado em datas por causa de sua referência a uma eclipse total do sol que aconteceu em 15 de junho
de 763 A.C.. Amós percebeu que o eclipse que escureceu todos os países de uma parte do mundo,
significava que poderia haver apenas um Deus para todas as nações. Conseqüentemente, ele condenou
os crimes de cada nação dos arredores prestes a atacar Israel (também chamada de Efraim e Samaria
em escritos proféticos) e seu próprio país, Judá, por sua idolatria, luxúria, avareza, injustiça e opressão
dos pobres. Amós pregou o que era então uma nova idéia, a de que a devoção (‘ir à igreja’), mesmo
que fosse feita corretamente e com freqüência, era inútil a menos que os devotos vivessem vidas boas.
Mas a punição poderia ser evitada com o arrependimento, e Amós teve a visão antecipada de um tempo
em que Deus e seu Povo Escolhido seriam reconciliados com alegria.
Oséias (780-735 A.C.) de Israel, provavelmente educado em comunidade profética, levou adiante a
mensagem de Amós, “eu desejo piedade e não sacrifícios; e o conhecimento de Deus acima dos
holocaustos”. Ele foi o primeiro profeta a compreender que Deus era o Deus do Amor, e usou sua
própria experiência como parábola para revelar esta verdade. Tornou-se um costume entre os profetas
algumas vezes fazer coisas extraordinárias e até mesmo chocantes para levar suas mensagens ao lar das
pessoas, e Oséias casou-se deliberadamente com Gomer, uma mulher de caráter ruim, que o desertou.
Seu primeiro impulso foi repudiá-la, mas ele percebeu que sua deserção foi uma reprodução da
deserção de Israel a Deus. Ele amava sua esposa, por isso ele a procurou, e a encontrou vivendo uma
vida imunda e a trouxe de volta pelo preço de uma escrava comum. Da mesma maneira Deus amava
Israel e procurou a nação mesmo depois que ela o desertou. O casamento de um homem e uma mulher
se tornou um retrato permanente de Deus e seu povo e, para os cristãos, um casamento de Cristo e sua
Igreja.
Oséias comentou sobre a política de sua época, quando Israel e Judá eram países muito pequenos
situados entre duas grandes nações rivais, a Assíria e o Egito. Ele previu que a Assíria conquistaria
Israel mas também que haveria uma restauração feliz.

página 182

OS PROFETAS II

Isaías de Judá (780-696 A.C.) (ver páginas 148-149), aristocrata, estadista e conselheiro do rei, tornou-
se profeta em 744, no ano em que o rei Ozias morreu, em conseqüência de uma visão maravilhosa.
Isaías estava fazendo sua devoção no Templo quando ele viu Deus exaltado no trono e cercado por
anjos, ouviu vozes clamando, “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos: toda a terra está cheia de
sua glória”, sentiu o Templo tremer com o som e viu ele repleto de fumaça. Consciente de sua
inclinação para o pecado, Isaías pensou que ao ver Deus ele morreria; mas um dos anjos pegou uma
brasa de carvão do altar do Templo e tocando seus lábios com ela, disse a ele que seus pecados haviam
sido levados. Assim, quando Isaías ouviu a voz do senhor perguntando, “A quem eu enviarei, e quem
irá por nós?”, ele pode responder, “Aqui estou; me envie”.
Amós havia visto que só poderia haver um Deus em toda a terra. Oséias ensinou que ele era
infinitamente cheio de amor. Isaías acrescentou que ele deve ser santo, severo na justiça assim como
repleto de ternura.
Joatão, rei de Judá, consertou o Templo em Jerusalém e viveu como um homem correto, mas morreu
depois de apenas três anos, para ser sucedido por Acaz, um idólatra e malfeitor. Ele no entanto,
prestava atenção nos avisos de Isaías para não se tornar aliado da Síria e de Israel contra a poderosa
Assíria. Ele foi sábio em ter feito isso; pois em 722 A.C., a Assíria conquistou a Samária, a capital de
Israel, transportou todo o seu povo para terras distantes no oriente, e deu um fim à existência de Israel
como reino independente (ver páginas 150-151). Somente algumas partes de Judá foram invadidas
pelos Assírios - uma punição de Deus, como viu Isaías, pelos mesmos antigos pecados de venerá-lo
enquanto leva vidas de injustiça e subornos, com avareza dos ricos e a luxúria.
Isaías foi apoiado por Miquéias, e como Amós um camponês simples, um crítico dos ricos e poderosos
que oprimiam os pobres. Depois da derrota de Israel, Miquéias atacou Judá pelos pecados de
corrupção, injustiça e avareza que haviam ocasionado a destruição do reino do norte. “O que o Senhor
exige de vós”, ele clamou, “senão fazer tudo com justiça, e a misericórdia do amor, e caminhar
humildemente com o teu Deus?” Mas ele previu um tempo em que um descendente do rei Davi viria
como um Messias, uma luz do mundo e um Príncipe da Paz, e sob o qual todas as nações da terra
viveriam em harmonia.

página 183

Ele e Isaías foram encorajados nesta visão a uma futura Era de Ouro feita pelas reformas do bom rei
Ezequias e pelo livramento milagroso de Jerusalém dos terríveis Assírios (ver páginas 148-149).
Mas o cruel Manassés sucedeu Ezequias como rei. Ele introduziu novamente o sacrifício humano e
derramou muito sangue inocente, incluindo provavelmente o dos profetas leais ao Senhor Deus. É
quase certo que foi durante esse reino que os seguidores do Deus verdadeiro perceberam que um
registro claro da história e religião de Israel e Judá deveria ser escrito. Assim, em segredo, a história, as
leis e escrituras proféticas foram coletadas, como é suposto, por um redator de grande caráter divino
chamado o Deuteronomista. O livro da Bíblia que ele escreveu foi chamado de Deuterônimo. Não se
sabe nada a respeito dele, mas ele nos deu muito do Antigo Testamento como ele é hoje e o
Deuterônimo, apesar de todas as suas leis secas, está repleto do amor de Deus.
O terrível reino de Manassés durou por quase cinqüenta anos e seu filho igualmente ruim, Amon,
governou por mais três. Então o rei Josias assumiu o trono. Os profetas, que haviam ficado em silêncio
por quase um século, levantaram suas vozes novamente, e o livro do Deuterônimo, oculto no Templo
(que Josias havia ordenado que fosse reparado) de maneira que pudesse ser ‘descoberto’, foi levado ao
rei (ver página 152). Ele reuniu todo o povo nos recintos do Templo. Lá o livro foi lido para eles,
mostrando o quanto eles haviam pecado na infidelidade a Deus, e Josias fez um voto de que desse dia
em diante, ele e seus súditos obedeceriam tudo o que estava escrito nele. Todos os santuários locais e
estrangeiros foram banidos e o Templo em Jerusalém foi estabelecido como o único lugar de sacrifício
ao Senhor Deus.
Jeremias, o mais infeliz de todos os profetas, agora levantava sua voz pela primeira vez (esta estória é
contada nas páginas 153 até 156). Depois que ele e outro profeta Zefanias, haviam profetizado algo
aparentemente falso quando eles previram uma invasão dos citas em Judá que nunca aconteceu,
Jeremias silenciou por quinze anos. Ele pode ter passado esses anos viajando pela Babilônia, cujos
governantes o trataram depois com favorecimento. Esse país conquistou a Assíria, para a satisfação de
outro profeta, Naum, cujo livro pequeno é um grito de triunfo sobre a destruição da capital da Assíria,
Ninive.

página 184

OS PROFETAS III

O profeta Habacuc proclamou por volta de 604 A.C., que o novo império da Babilônia era o agente de
Deus para punir todas as nações por seus pecados. Mas por que, ele perguntou, isso seria considerado
sempre correto? A vontade de Deus ainda teria que ser aceita, mesmo que ela não fosse compreendida,
e ele salvaria seu próprio povo, portanto, que o homem de fé continue a confiar nele e receber seu
conforto. Como muitos outros profetas, Habacuc teve a visão antecipada de uma era de ouro quando
todas as nações viveriam em paz juntas, venerando o verdadeiro Deus.
Habacuc pode não ter vivido para ver a primeira conquista de Jerusalém pelos babilônios em 597 A.C.,
e nem como os melhores de sua nação foram levados como exilados para a terra de seus
conquistadores. Entre eles, estava o filho de um sacerdote do Templo de Jerusalém chamado Ezequiel,
com cerca de vinte e cinco anos de idade. Quando ele chegou aos trinta, considerada pelos judeus como
a idade adulta completa para o homem, ele se tornou um profeta. Ele e seus compatriotas viviam de
certa forma felizes na babilônia, e tinham permissão para seguir suas próprias leis e religiões da melhor
maneira que as circunstâncias permitiam. Os judeus queriam profecias animadas de um retorno bem
rápido à terra natal, mas Ezequiel sabia que Jerusalém teria que ser completamente destruída antes do
povo de Deus se dar conta de que deveria se arrepender.
Ezequiel conhecia os ensinamentos de Amós e Oséias, e sem dúvida nenhuma conheceu e aprovou os
avisos de Jeremias para os judeus que ainda estavam em Jerusalém. Como Jeremias, ele deve ter sido
odiado e desacreditado por suas profecias de destruição, mas quando ele provou que estava certo com a
queda final de Jerusalém e Judá e a destruição do templo em 586 A.C., sua mensagem mudou para uma
palavra de esperança.
Isso foi necessário. Seus compatriotas estavam em desespero. “Fomos separados de tudo o que dava
significado à vida para nós”, eles clamaram. “Nós teremos em breve uma terra natal ou nação”.
Ezequiel os reorganizou com um grande ato de coragem. Sua esposa morreu na época em que
Jerusalém foi destruída; mas ele se recusou a fazer luto por ela, como um sinal de que os judeus
deveriam ser corajosos. Ele viu que Deus era infinitamente santo, e que a salvação viria quando todo
indivíduo judeu percebesse que deveria viver de maneira absolutamente honrada.

página 185
Pertencer ao povo escolhido não basta - todo homem deve ser bom. Isso inclui manter as promessas
mesmo quando feitas a um rei pagão. Quando Zedequias quebrou seu juramento de lealdade à
Babilônia, houve punição em seguida, e havia sido cometida idolatria dentro do Templo.
Mas Deus seria o pastor de seu povo, reunindo as ovelhas espalhadas para colocá-las de volta ao seu
país. Jerusalém havia caído por causa dos pecados do povo, mas haveria um retorno à santidade e a
restauração de Israel e Judá como uma só nação sob o governo de um Messias descendente do rei Davi.
Ezequiel até mesmo projetou um Templo novo para substituir o antigo e planejou suas obrigações de
sacerdócio, e tudo isso ocorreu quando não havia o menor vislumbre de como esta restauração poderia
ser realizada. Ele pode ter inspirado as escolas de sacerdotes escritores que parecem ter surgido durante
o Exílio, e acrescentou alguns escritos da Babilônia à fé judaica, os quais quase concluíram o Antigo
Testamento. O profeta também pode ter fundado a devoção em sinagogas que perdura até os dias de
hoje.
Quando houve a queda de Judá, as nações vizinhas, Amon, Edom e Tiro, invadiram a terra, pilhando e
destruindo. Ezequiel prometeu a punição de Deus para estes crimes, e foi apoiado por um profeta
companheiro, Abdias, que particularmente condenou Edom e incentivou os judeus a terem coragem e
fé, pois um dia eles seriam vingados.
Mas as coisas pioraram. Os reis babilônios começaram a oprimir os súditos judeus, e nos capítulos 40-
55, Isaías pergunta por que Deus estava punindo seu povo mais do que seus pecados mereciam. Ele
concluiu que o povo de Deus havia sido ‘escolhido’ de uma maneira especial para sofrer em nome das
outras nações que não conheciam Deus, e dessa maneira conquistar nelas a fé naquele que é o único
Deus de todo o mundo, sendo que o profeta ensinou isso de forma mais completa do que qualquer
outro.
Isaías também viu como o sofrimento dos judeus terminaria. Ciro, rei da Pérsia, era o agente de Deus
para a libertação deles. Através de sua conquista da Babilônia alguns anos depois, os judeus puderam
retornar a Jerusalém (ver página 170) e em 536 A.C. a viagem de volta à terra natal começou.

página 186

OS PROFETAS IV

Como vimos (página 172), os profetas Ageu e Zacarias inspiraram os judeus a concluir a construção do
Templo que terminou em 516 A.C., exatamente setenta anos após o exílio.
Com Zacarias uma nova observação entrou na profecia. Antes dele, os profetas se preocupavam com
Israel, Judá e as nações vizinhas. Zacarias foi o primeiro profeta apocalíptico: alguém que viu até
mesmo o fim do mundo.
Sob o domínio dos bondosos persas, Judá retornou lentamente à prosperidade. Mas com as riquezas, a
velha avareza e as injustiças também apareceram assim como um novo abuso - a separação fácil dos
maridos judeus de suas esposas, de maneira que pudessem se casar com mulheres estrangeiras.
O profeta Malaquias (450 A.C.) pregou contra esses casamentos mistos. E ainda reconheceu que Deus
era o Deus de todos os povos, e tinha feito todas as nações da terra do mesmo sangue. Ele previu um
Dia do Julgamento quando o mal seria consumido no fogo eterno e os benfeitores seriam
recompensados, e que um segundo Elias (o qual muitos cristãos pensam que é João Batista) apareceria
antes do grande dia.
O reconhecimento de Malaquias de que Deus era o Deus de todo o mundo também é reenfatizado nos
últimos dez capítulos de Isaías. Este ensinamento conhecido como Universalismo, fez com que os
judeus partilhassem o conhecimento de Deus com todos. Mas muitos dos compatriotas dos profetas,
lembraram que no passado o contato com estrangeiros havia resultado em idolatria, e sentiram que não
deveriam ter nada a ver com eles, os judeus sempre se casariam somente com judeus e nem mesmo
comeriam com os gentios, como eram chamados todos os que não eram judeus. Isaías denunciou a
hipocrisia, a idolatria e o modo de vida maléfico, mas ele era um profeta esperançoso que previu a
construção das muralhas de Jerusalém. Elas foram terminadas por Neemias (ver página 172), que
certamente não era Universalista, e ele e seu sucessor, Esdras, providenciaram para que o nacionalismo
judaico triunfasse.

página 187

Todas as esposas e crianças estrangeiras foram expulsas e os judeus tinham permissão para se casarem
somente dentro de sua própria raça.

O chamado de Jonas para pregar em Ninive, a capital da Assíria, mostrou no entanto que Deus queria a
salvação de todos os que se voltassem para ele - mesmo os assírios que eram odiados por outras nações
por sua crueldade.
O império persa foi destruído pelo gênio militar grego, Alexandre o Grande, e quando ele morreu em
323 A.C. seus generais lutaram entre si pelas terras que os persas governavam. Os gregos invadiram
Judá e introduziram os costumes que eram terríveis para os judeus fiéis ao Senhor Deus. Cerca de 300
A.C. o profeta Joel clamou por arrependimento nacional e profetizou que o ‘exército do norte’ dos
invasores gregos seria expulso. Ele previu uma paz definitiva na terra, anunciada por um
derramamento do Espírito de Deus.
Mas o governo grego em Judá continuou, e a tirania de Antíocos e Epifanes resultou na revolta de
Judas Macabeus (‘O Martelo’), descrita nos livros apócrifos incluídos em algumas Bíblias,
principalmente as católicas, entre o Antigo e o Novo Testamento. Os judeus foram finalmente
vitoriosos em 115 A.C. e durante a luta seus soldados foram muito encorajados pelos escritos
apocalípticos no Livro de Daniel. Isto estava ligado ao nome daquele Daniel que acompanhou Ezequiel
no exílio na Babilônia alguns séculos antes, e contou estórias inspiradoras de sua fidelidade heróica a
Deus.
Daniel prometeu que quando os grandes impérios do mundo tivessem o seu dia final, a vitória
pertenceria ao povo de Deus. Ele disse que o reino eterno de Deus substituiria as tiranias que haviam
oprimido os israelitas e judeus.
E assim nós retornamos a Zacarias, que nos últimos cinco capítulos de seu livro, previu o sucesso da
luta dos judeus contra os gregos, e condenou aqueles que estavam prontos para aceitar a ajuda dos
gentios na luta. Aqueles que queriam essa ajuda eram chamados de Zadoquitas que se tornaram os
Seduceus do Novo Testamento (ver página 318). Zacarias pertencia ao partido dos Hasideanos, os
predecessores dos Fariseus do tempo de Jesus (ver também página 318).

página 188

OUTROS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO

Além de livros de história, leis e profecias, o Antigo Testamento contém o que era conhecido como
literatura da sabedoria (Livro de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes), um poema de amor, Cânticos de
Salomão, e poemas com o título Lamentações. Muito da literatura de profecias e sabedoria também é
escrito em forma de poesia.
A poesia hebraica não tinha rima, apesar de haver algumas vezes uma consonância rítmica quando
diversas linhas terminam com a mesma letra e som. Ela foi escrita em grupos de duas, três ou quatro
linhas e teve o seu ritmo tirado de idéias que ela expressava, em uma variedade de padrões. Algumas
vezes a mesma idéia era expressada com palavras diferentes:
“Por que estou tão desanimado, oh minha alma
E por que tenho perturbação dentro de mim?”
(Salmos 43, 5)
Algumas vezes as linhas continham idéias opostas, se equilibrando entre si:

“A memória do justo é uma bênção


Mas o nome daquele que é cruel apodrecerá”.
(Provérbios)

A segunda linha poderia ser invertida:


Os céus falam da Glória de Deus
E anunciam suas obras que o firmamento declara.
(Salmos 19, 1)
(na maioria das traduções da Bíblia esta inversão é retirada).
Algumas vezes há um contraste:
“O homem que está saciado calcará os pés sobre o favo de mel,
Para o homem faminto toda coisa amarga é doce”.
(Provérbios, 27, 7)
O salmo 119 é particularmente astuto não só porque seus 176 versos dizem exatamente a mesma coisa
de 176 maneiras diferentes, mas cada um dos oito versos de cada estrofe começa com a mesma letra,
fazendo todo o alfabeto hebraico desde aleph até tau, a última.
Jó conta a estória, basicamente em poesia, de um homem que não fez nada de errado mas
experimentou todo o desastre possível que poderia acontecer a ele. Três amigos discutiram que ele
deveria ter pecado e merecia a punição; mas ele sabia que não e reclamou que Deus havia perseguido
injustamente um homem inocente. Deus responde, perguntando onde ele estava quando o mundo foi
criado e que compreensão ele tinha dos segredos do universo e dos caminhos de Deus. Ele disse que a
pessoa verdadeiramente religiosa serve a Deus apesar do sofrimento, e deve confiar nele ainda mais
apesar de não compreender seus caminhos.
As Lamentações provavelmente escritas por Jeremias, são uma série de poemas descrevendo a
destruição de Jerusalém em 586 A.C.. O livro profundamente triste, é escrito na linguagem mais bela e
tocante. Ele é lido nas sinagogas na data de aniversário na qual Jerusalém foi destruída.
Os Salmos, usados em serviços de sacerdócio em muitas igrejas cristãs, foi o livro de hinos compilado
para ser usado no segundo Templo a partir de coletâneas antigas de poesia hebraica, com poemas
acrescentados posteriormente. Elas incluem toda emoção sentida pela humanidade e adaptam cada
atmosfera e situação que os devotos podem experimentar.
Os provérbios hebraicos eram ditados que reuniam os princípios da vida correta a serem praticados na
vida diária. Eles expressam ideais de como ser honesto, trabalhador, puro, a considerar e ajudar os
outros e a confiar em Deus com reverência (que possui sabedoria suprema) e em seu propósito divino.
Conhecida como a ‘Literatura da Sabedoria’, as coleções de ensinamentos dos quais Provérbios, é um,
remete a Salomão, que disse “três mil provérbios”, foram formadas através dos séculos por ‘sábios’
profissionais que davam conselhos sobre os problemas do dia-a-dia.
A Canção de Salomão, é um poema de amor muito bonito que foi considerado pelos judeus um retrato
da nação deles como a Noiva de Deus, assim como no Novo Testamento, a igreja é chamada de a
Noiva de Cristo.
Muitas pessoas sentem que o Eclesiastes é um livro estranho para ter sido incluído na Bíblia porque ele
representa o pensamento de um homem velho e cansado que experimentou de tudo e não encontrou
nada que desse satisfação. Os homens desejam a felicidade, mas os prazeres, a riqueza, e até mesmo a
sabedoria, não conseguem proporcionar a felicidade. Tudo se torna aborrecedor, nada dura, todas as
coisas são fruto da vaidade - apenas o vazio. Deve haver um plano para a existência mas ele está
escondido da humanidade. O caminho para saber viver é fazer o melhor que você puder e ser
moderado em todas as coisas. A conclusão do livro é que devemos temer a Deus e guardar seus
mandamentos. Ele por si só é a chave.
página 192

Viagens Missionárias de Paulo

Sabemos pelas cartas de Paulo por onde ele viajou, mas não temos certeza de quando. Nós não
sabemos se ele conheceu Jesus, mas sua conversão após a morte de Estevão foi milagrosa, e o tornou
um cristão fervoroso até sua morte em 67 D.C..

Mapa

Roma Pozuoli Nápoles Itália Macedônia Tessalonica Filipos


Régio Sicília Siracusa Mar Ageu Atenas Grécia Corinto Trôade Ásia Menor
Creta Fenice Laséia Éfeso Mileto Colossos
Malta Mar Mediterrâneo

Viagens de Paulo

Legenda

1ƒ Viagem Missionária
2ƒ Viagem Missionária
3ƒ Viagem Missionária
Viagem à Roma

página 193

Antióquia na Pisídia - Listra

Mirra Chipre Salamina Papos Tarso Antióquia Selêucia Damasco Sidon


Síria Cesaréia Jerusalém

A Palestina durante o sacerdócio de Jesus

Mar Mediterrâneo Galiléia Damasco Monte Hermon Cafarnaum Betsaida Magadã Mar da Galiléia
Nazaré Gadara Naim Rio Jordão Cesaréia Samaria Arimatéia Jope Emaus Jericó
Jerusalém Betânia Belém Judéia Mar Morto

página 194

ISABEL E MARIA
Lucas 1

Durante o reino do rei Herodes, o Grande, cerca de quatrocentos após o fim da época do Antigo
Testamento, vivia um sacerdote judeu chamado Zacarias e sua esposa, Isabel. Ambos eram pessoas
boas e virtuosas, seguindo os mandamentos do Senhor. A única coisa que tinham a lamentar era o fato
de não terem filhos, e estavam com idade avançada.
Por fim, ocorreu um fato que acontecia somente uma vez na vida de um sacerdote. A vez de Zacarias
entrar sozinho no Templo de Jerusalém, e queimar o incenso no altar de ouro no Santo Lugar, havia
chegado. Todos os outros devotos permaneceram fazendo as orações do lado de fora.
De repente, à direita do Altar de Incenso, apareceu um anjo. Zacarias ficou muito abalado com medo,
mas o anjo o fez se sentir seguro. “Suas preces foram ouvidas”, ele disse. “Isabel te dará um filho, a
quem você deve chamar de João. Ele será grandioso diante dos olhos do Senhor e ficará cheio do
Espírito Santo, e fará muitos israelitas se voltarem para Deus; pois ele deverá preparar o povo para a
vinda do Senhor”.
Mas Zacarias, lembrando que ele e Isabel estavam muito velhos para ter filhos, perguntou, “Como
posso ter certeza disso?” O anjo respondeu, “Eu sou Gabriel, um mensageiro de Deus. Eu fui enviado a
você para contar essas boas notícias. Como você duvidou de mim, ficará incapaz de falar até o dia que
isso acontecer”.
Do lado de fora, as pessoas começaram a querer saber por que Zacarias estava demorando no Templo,
e ficaram ainda mais surpresas quando ele finalmente saiu sem conseguir falar. Ele só podia fazer
sinais, e elas perceberam que ele devia ter tido uma visão no Templo.
Logo, para a grande alegria de Isabel, ela soube que ia ter um filho.
Seis meses depois Gabriel foi enviado por Deus para uma cidade chamada Nazaré, onde vivia uma
mulher chamada Maria. Maria era noiva de José, um descendente do rei Davi.
O anjo saudou Maria, dizendo, “Deus te salve, cheia de graça! O Senhor está convosco!”
Maria ficou assustada, pois ela não conseguia compreender o que significava esta saudação.
“Não tenha medo Maria”, disse o anjo, “pois tu encontraste a graça diante de Deus. Vais ter um filho, a
quem chamarás Jesus. Ele será conhecido como o Filho do Altíssimo. Deus dará a ele o trono de Davi,
e seu reino não terá fim”.
“Mas como isso acontecerá?” perguntou Maria.
“O Espírito Santo descerá sobre ti”, respondeu Gabriel, “e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua
sombra. Teu filho será Santo e será chamado de Filho de Deus. E a sua prima Isabel concebeu um filho
em sua idade avançada, o que mostra que para Deus nada é impossível.
“Estou aqui para servir a Deus”, disse Maria calmamente. “Que seja como o senhor disse”.
Quando o anjo foi embora, Maria foi visitar Isabel e descobriu que o que o anjo havia dito era verdade.
Sua prima estava mesmo esperando um filho. Maria ficou com Isabel por três meses antes de voltar
para casa.
Logo depois Isabel deu a luz a um menino que, ela disse, era para se chamar João.

página 195

Todos os seus parentes ficaram surpresos, pois ninguém na família havia recebido o nome de João
antes. Eles perguntaram a Zacarias como queria que o menino se chamasse, e deram a ele uma
tabuinha para escrever. Então ele escreveu sobre ela, “Seu nome é João”. Depois de ter feito isso, ele
percebeu logo em seguida que podia falar novamente, e começou a rezar para Deus.
Todos os que estavam presentes ficaram maravilhados e a estória destes acontecimentos logo se
espalhou por todo o país. As pessoas perguntavam umas às outras, “O que esta criança João se
tornará?”
Enquanto o tempo passou, João cresceu e se tornou forte em caráter, e viveu no deserto até que chegou
a hora dele aparecer em público para o povo de Israel.

página 196

O NASCIMENTO DE JESUS
Mateus 2; Lucas 2
Na época em que o anjo Gabriel apareceu para Zacarias e Maria, a Judéia fazia parte do império
romano. O império tinha tido muitos problemas com a guerra civil, mas agora estava em paz com o
imperador Augusto César. Como era necessário levantar dinheiro, o imperador ordenou que todo
homem fosse à cidade à qual sua família pertencia para ser registrado, para que assim pudesse pagar os
impostos. Em todos os lugares haviam viajantes retornando para suas próprias cidades, vindo de
lugares onde haviam morado ou trabalhado. Em diversas cidades as pousadas estavam completamente
lotadas, e era impossível encontrar algum lugar para descansar ou dormir.
Cerca de seis meses haviam se passado desde o nascimento de João. Maria e seu marido, José, tinham
que viajar de Nazaré, onde estavam morando, para Belém, que havia sido a cidade do rei Davi, porque
José era um descendente do rei Davi. A cidade estava tão cheia de gente que tinha chegado para se
registrar, que não havia quarto na pousada. José pediu muito ao estalajadeiro.
“Minha esposa está esperando um bebê”, ele disse, pois o dia em que o bebê de Maria devia nascer
havia chegado. “Não há um canto onde ela poderia dormir?”
“Somente no estábulo”, disse o estalajadeiro. “Mas não deve ser muito ruim. Há bastante feno para
mantê-la aquecida”.
Então José e Maria se acolheram no estábulo. Lá, no frio áspero da noite, sem cobertores ou água
quente, ou qualquer conforto ou ajuda, a não ser a que José podia dar, Maria deu a luz ao filho que
Gabriel havia anunciado a ela. A criança que era o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, o Messias que
havia sido anunciado por todos os profetas, o Salvador que chegava para salvar todo o mundo de seus
pecados, nascia em uma manjedoura porque não havia outro lugar para onde ele pudesse ir.
Apesar de estar cansada, Maria estava cheia de alegria, pois o nascimento de seu filho foi um
acontecimento maravilhoso e a realização da promessa de Deus a ela. José festejou com ela, porque ele
partilhava o seu segredo; ele também havia sido avisado por um anjo em um sonho vívido que o
Espírito Santo desceria sobre Maria, e que ela seria a mãe do Filho de Deus.
“Você deve colocar nele o nome de Jesus”, disse o anjo, um nome que significa Deus é Salvação. “Pois
esta criança salvará o povo de seus pecados”.
Na noite que Jesus nasceu, havia pastores cuidando de suas ovelhas nos campos fora da cidade de
Belém. De repente, um anjo de Deus apareceu diante deles, e ao redor brilhou uma grande glória de
luz. Eles ficaram assustados no início, mas o anjo disse, “Não tenham medo. Trago a vocês boas
notícias de grande alegria que está chegando para todo o povo. Neste mesmo dia um Salvador, que é o
Senhor Messias, nasceu na cidade de Davi. Vocês o encontrarão enrolado em panos deitado em uma
manjedoura”.
Como isso foi um sinal de uma grande explosão de alegria em todo o universo, apareceu
inesperadamente uma grande companhia de anjos cantando a louvação a Deus:
“Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade”.
Depois, tão de repente quanto apareceram, os anjos sumiram. Nada permaneceu, a não ser o silêncio e
a escuridão da noite. Mas para os pastores foi como se a luz do lado de fora tivesse se tornado uma
glória da alegria interior. Pois o povo de Deus não havia esperado por séculos pelo nascimento do
Messias, o grande Libertador de Israel prometido por profeta após profeta? E eles, apesar de serem
humildes pastores, estavam entre os primeiros a terem permissão para vê-lo. Deixando apenas um ou
dois homens para tomar conta das ovelhas, eles correram com muito entusiasmo para onde as luzes da
cidade estavam brilhando na encosta da montanha.
De forma sensata, eles foram imediatamente até a estalagem, onde sabiam que era provável ficar
sabendo de comentários sobre o que estava acontecendo em Belém.
“Bebê em uma manjedoura?” disse o estalajadeiro. “Não sei nada a respeito disso. Mas há um casal no
estábulo do terreno. A hora de dar a luz da esposa estava bem próxima, e aquilo foi o melhor que pude
fazer por ela. Talvez sejam eles quem estão procurando”.
Os pastores correram para o estábulo. Lá, com a luz de uma lanterna, eles olharam com espanto para o
Messias que seria a salvação de seu povo, Israel, e - apesar de não saberem disso - de todo o mundo. A
entrada deles acordou Maria de um sono leve, e eles contaram a ela e a José a respeito da visão que
haviam tido e o que os anjos haviam dito e cantado. Eles também contaram muitas estórias, antes da
noite terminar, e todos que ouviram festejaram. E Maria levou estas coisas em consideração e pensou
nelas nos dias que se seguiram.
Os pastores retornaram para seus rebanhos rezando a Deus por tudo o que haviam visto porque havia
acontecido exatamente como o anjo havia dito.

página 200

A VISITA DOS MAGOS 200


Mateus 2

Os pastores não foram os únicos a visitar Jesus. Depois de seu nascimento, os sábios do oriente que
eram astrólogos, chegaram em Jerusalém perguntando, “Onde está a criança que nasceu para ser o Rei
dos Judeus? Vimos sua estrela no oriente subindo em ascensão e viemos adorá-lo”. Ao ouvir isto, o rei
Herodes ficou muito alarmado, temendo que a criança fosse uma ameaça a seu trono. Ele descobriu
que havia sido profetizado que o Messias nasceria em Belém e, ao chamar os astrólogos para conversar
em particular, ele contou a eles onde procurar o bebê. “Quando encontrarem a criança”, ele disse, “me
contem que eu também irei adorá-lo”.
Os sábios saíram naquela noite para Belém, e a estrela, como se estivesse guiando, se deslocou como
um cometa pelo céu à frente deles. Quando avistaram a cidade, pareceu que ela pairou no céu sobre
uma determinada casa. Nela eles encontraram Maria e seu bebê; pois quando o povo que foi se
registrar para o pagamento de impostos havia voltado para casa, ela e José saíram do estábulo e foram
para uma casa adequada. Maravilhados com o fato da estrela tê-los guiado direto para o objetivo deles,
os três sábios se curvaram diante de Jesus como se estivessem diante de um rei. Então abriram seus
tesouros e ofereceram a ele presentes de ouro, incenso e mirra. Nessa noite, eles foram avisados através
de um sonho para não retornarem a Herodes e sim para irem para casa por outro caminho.
Quando os sábios partiram, o Senhor apareceu para José em sonho dizendo, “Levante e fuja para o
Egito com Maria e o bebê, e fiquem até eu avisar vocês que é seguro sair de lá. Herodes quer matar a
criança”. Imediatamente, José com Maria e o bebê viajaram à noite para o Egito.

página 202

Herodes ficou com uma fúria terrível quando soube que os astrólogos o haviam enganado, e ordenou
que todas as crianças em Belém com menos de dois anos fossem mortas. A matança de crianças em
Belém foi muito mais trágica, já que Jesus estava longe quando os soldados de Herodes chegaram para
executar a tarefa medonha.
Até a morte de Herodes, José, Maria e Jesus permaneceram no Egito. Então José foi mais uma vez
guiado através de um sonho para retornar para seu próprio país, Israel. Mas ao saber que o filho de
Herodes, Arquelau, era agora o rei da Judéia, ele ficou com medo de viver lá, e se retirou para Nazaré,
uma cidade da província da Galiléia mais ao norte. Lá, Jesus passou sua infância.

JESUS NO TEMPLO
Lucas 2, 41-52

Jesus cresceu forte e saudável, e seu conhecimento e inteligência aumentavam dia a dia. Quando ele
tinha doze anos, ele acompanhou seus pais à Festa de Páscoa em Jerusalém, provavelmente pela
primeira vez. A partir desse dia em diante seria sua obrigação como um Judeu devoto, ligado à Lei de
Moisés, participar da Páscoa todos os anos sempre que pudesse. Pois quando um menino judeu
chegava ao seu décimo terceiro aniversário, ele se tornava um “Filho da Lei” e sujeito a todas as suas
normas.
Nazaré ficava a vários dias de viagem de Jerusalém. Todo ano José ia com um grupo de amigos e
parentes e outras pessoas da cidade para se unir às grandes multidões de peregrinos que enchiam as
estradas que levava à cidade sagrada. As mulheres não eram obrigadas a ir, e é um sinal da devoção
especial de Maria o fato dela aparecer sempre acompanhando seu marido.
A festa completa da Páscoa durava uma semana. Mas os devotos não eram obrigados a ficar além dos
dois primeiros dias, e muitos fazendeiros ocupados, e outros que precisavam trabalhar, partiam logo.
José e Maria e um número de amigos de Nazaré podem estar entre os que partiam depois de dois dias.
Os peregrinos que iam e vinham da cidade costumavam viajar em grupos, algumas vezes de várias
centenas para se defenderem contra bandos de ladrões; assim, no início da viagem, seus pais pensaram
que Jesus estava em algum lugar da festa, talvez com os meninos de sua idade, e viajaram satisfeitos
por um dia inteiro sem vê-lo.
Ao cair da tarde eles começaram a perguntar por ele, no início casualmente e depois, à medida que
perguntavam sem êxito para uma família após a outra, e grupo atrás de grupo, a ansiedade se
transformou em medo. Jesus não foi encontrado em nenhum lugar, e eles se deram conta de que ele
devia ter permanecido em Jerusalém, provavelmente com amigos comemorando a semana inteira da
festa. Mas eles não podiam ter certeza disso. No dia seguinte bem cedo, eles saíram em viagem de
volta a Jerusalém.
Cansados e preocupados, Maria e José foram de um lugar a outro onde sabiam que Jesus poderia estar,
mas não encontraram sinal do filho deles.

página 203

No dia seguinte, depois de passarem uma noite sem dormir, a busca deles continuou. Talvez o acaso os
tivesse levado ao Templo; talvez eles pesassem que o prédio majestoso atraísse Jesus, como uma
catedral de uma cidade grande hoje atrai um turista do país. Qualquer que seja a razão, eles finalmente
encontraram o filho deles, sentado entre os grandes professores e doutores da Lei, os homens mais
estudados de todo o país. Jesus estava prestando atenção cuidadosamente aos ensinamentos deles e
fazendo perguntas; e, como parte do ensinamento, eles também faziam perguntas a ele. Todos os que
ouviram suas perguntas e respostas ficaram impressionados com o entendimento dele.
Seus pais partilharam do espanto deles, mas também ficaram aborrecidos e indispostos. “Meu filho”,
disse Maria, “por que se comportou assim conosco? Teu pai e eu procuramos por você por toda a parte.
Ficamos terrivelmente preocupados.”
“Por que procuraram por mim?”, Jesus respondeu. “Não sabiam que eu estaria aqui na casa de meu
Pai?”
A resposta dele os deixou confusos e eles não souberam o que pensar. Mas Maria acrescentou as
palavras dele a outros dizeres e coisas surpreendentes que ela se lembrou da época em que Jesus era um
bebê, e pensava com freqüência nelas. Depois Jesus retornou com seus pais para Nazaré, e obedeceu a
eles como um bom filho faz; e quando ele se tornou homem adulto e sábio, ele ficou ainda mais
querido por Deus e pelos homens.

página 204

JOÌO BATISTA 204


Mateus 3; Marcos 1, 1-11; Lucas 3, 1-18; João 1, 19-34

Quando Jesus tinha cerca de trinta anos, seu primo João começou a pregar perto do Rio Jordão. Ele
tinha uma aparência rústica, vestido como um dos profetas antigos em um casaco rústico de pelo de
camelo com cinto de couro, que se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. Sua pregação agressiva
causava uma grande agitação, e milhares de pessoas da Judéia e de Jerusalém se aglomerava para ouví-
lo. Ele os incitava a se arrependerem de seus pecados e os lavava em batismo, de maneira que
pudessem começar uma nova vida, pois o reino de Deus, ele declarava, estava muito próximo.
Entre os que iam ouví-lo estavam alguns fariseus e seduceus. Os fariseus, um grupo privilegiado,
estudavam a lei de Moisés detalhadamente e eram muito religiosos. Eles se achavam melhores do que
as pessoas comuns que eram pobres e precisavam ganhar a vida. Os seduceus também, apreciavam um
alto padrão de vida e somente se misturava com pessoas ricas e poderosas.
Mas a riqueza e posição deles não impressionou João. “Raça de víboras”, ele “quem os ensinou a fugir
da ira de Deus? Mostrem que estão arrependidos de seus pecados vivendo vidas decentes. Vocês não
estão a salvo simplesmente porque pertencem ao Povo Escolhido por Deus. Deus pode fazer pessoas
com estas pedras se ele quiser. Se não fizerem benfeitorias, serão como árvores que não produzem
bons frutos, só servirão para serem cortadas como lenha para o fogo.”
João batizava as pessoas e dizia a elas que aqueles que tivessem roupas e comida deveriam partilhar
com aqueles que não tinham nada. Os coletores de impostos que enriqueciam coletando tributações
impostas pelos romanos e levando mais dinheiro do que era exigido, tinham que pegar somente a taxa
real. Os soldados que faziam dinheiro ameaçando acusar falsamente as pessoas de alguma ofensa
contra o governo, a menos que recebessem dinheiro, erma avisados para não intimidar ou ameaçar
ninguém e ficarem satisfeitos com o salário que tinham.
A pregação de João causava tanto entusiasmo que muitas pessoas achavam que ele era o Messias, o
grande guerreiro descendente de Davi. Eles esperavam que ele iria liderar os exércitos do Povo de
Deus contra seus opressores e trazer a paz eterna, quando todo o mundo iria adorar um Deus
verdadeiro. Mas João disse que ele não era o Messias. E nem Elias, que esperavam que retornasse antes
da vinda do Messias, nem um profeta.
“Eu sou a voz de alguém que prega no deserto”, citando Isaías. “Preparem um caminho para o Senhor.
Eu batizo com água. Mas há um entre vocês que virá depois de mim, que é mais poderoso do que eu.
Eu não sou digno de desamarrar suas sandálias. Ele batizará vocês no Espírito Santo”.
No dia seguinte Jesus foi até ele pedindo para ser batizado. João, sabendo que ele era o Messias, disse,
“Eu devo ser batizado por você - e você vem até mim?”
“Devemos fazer o que Deus quer de cada um de nós”, Jesus respondeu, e logo em seguida João o
batizou.
No momento em que Jesus saiu da água, ele viu o céu se abrindo e o Espírito de Deus desceu sobre ele
na forma de um pombo, e uma voz foi ouvida dizendo, “Este é meu filho amado que me encanta”. João
também teve a visão, como Deus havia prometido antes a ele que ele veria, e saberia que Jesus era de
fato O Escolhido por Deus.
Jesus cresceu um homem adulto como qualquer outro rapaz, mas ele estava sempre ciente de que Deus
tinha um trabalho especial para ele fazer. No momento em que o Espírito Santo desceu sobre ele, ele se
deu conta de que era o Messias, e que ele tinha que encontrar um império que não era desse mundo - o
Reino de Deus. Como isto deveria ser feito, teria que ser alcançado com aprendizado através de
meditação e oração.

página 206

A TENTA‚ÌO NO DESERTO 206


Mateus 4, 1-11; Marcos 1, 12-13; Lucas 4, 1-14

Jesus conseguia apenas pensar profundamente em como ele iria trazer o Reino de Deus em completa
solidão. Por isso, o espírito o levou ao deserto onde ele ficou sozinho, na presença de apenas animais
selvagens. Por muitos dias e noites ele andou pelo deserto pensando , e quando ele estava fraco e com
fome, o demônio veio até ele em seus pensamentos.
“Se você realmente é o filho de Deus”, disse o demônio, “transforme estas pedras em pão”. Esta era
três tentações em uma. Primeiro, era como se Jesus dissesse para si mesmo, “Deixe-me ver se eu sou
mesmo o filho de Deus fazendo um milagre”. - foi uma tentação duvidar de Deus. em segundo lugar,
foi uma tentação Jesus não confiar em Deus para cuidar dele. O Espírito Santo o havia guiado no
deserto e Deus o alimentaria quando fosse a hora. Em terceiro lugar, foi uma tentação estabelecer o
Reino pela maneira errada. “Se você puder se alimentar com um milagre, com que facilidade maior
ainda você conseguirá alimentar um mundo faminto?” Dar a todos tudo o que eles querem - alimentos,
roupas, mercadorias, casas - e você terá o Reino dos Céus na terra”.
Mas Jesus estava determinado a não duvidar de Deus, pois ele havia ouvido ele dizer, “Você é meu
filho amado”. Ele confiaria em Deus para alimentá-lo, assim como os israelitas não tiveram pão no
deserto, e Deus os alimentou com maná. Ele sabia que se todos no mundo tivessem o que queriam, eles
ainda assim não ficariam felizes - pois os homens possuem um desejo forte e uma necessidade de Deus
e de seu amor o qual não tem nada a ver com posses.

página 207

Assim, Jesus não foi pego na armadilha. Ele respondeu ao demônio as palavras de Moisés aos israelitas
no deserto. “Nem só de pão vive o homem”, ele disse. “Ele também vive de cada palavra que sai da
boca de Deus”.
O demônio depois levou Jesus em seus pensamentos até uma plataforma da qual ele podia ver o átrio
do Templo, do qual os sacerdotes orientavam grandes multidões. Que Jesus diga a uma grande
multidão de ouvintes que ele é o Messias e assim prove se atirando ao chão sem se machucar, e todos
acreditarão nele.
“Deus dará a seus anjos o encargo de te proteger - eles o tomarão em suas mãos e não deixarão que
nem mesmo seus pés seja feridos”, disse o demônio. Mas Jesus sabia que os homens devem ser atraídos
por seu próprio desejo livre até Deus acreditando em sua bondade e amor, não porque são compelidos a
acreditar testemunhando um milagre. E nem os seguidores de Deus o devem desafiar correndo riscos
desnecessários. Por isso, Jesus respondeu ao demônio, “Não deve por o Senhor, o teu Deus à prova”.
Finalmente o demônio fez Jesus imaginar que estava no alto de uma montanha da qual podiam ser
vistas todas as nações do mundo e sua glória podia ser vista. “Tudo isto será teu se ajoelhar e me
adorar”, ele disse. Mas Jesus sabia que adorar o demônio significava trazer o Reino com mão armada,
intriga e logro. No Reino de Deus só poderia haver paz, honestidade, bondade e amor. Foi isto que ele
quis dizer quando respondeu, “Vá embora Satanás, pois está escrito, ‘Amará somente o Senhor, teu
Deus, e só a ele servirá’”.
Jesus triunfou sobre todas as tentações, apesar do cansaço e depressão que com freqüência poderiam
fazê-lo pensar em uma maneira mais fácil e rápida de chegar ao Reino. Mas a partir do tempo de sua
experiência no deserto, ele sempre soube que havia apenas uma maneira possível de mostrar o amor de
Deus aos homens - o caminho que leva à Travessia. Somente morrendo por seu povo ele poderia salvá-
lo de seus pecados.

página 210

O CASAMENTO EM CANÁ 210


João 2, 1-11

Dois dias depois de deixar a Judéia, Jesus, e Maria sua mãe, junto com seus discípulos, então em
número de cinco ou seis, foram convidados para um casamento em Caná da Galiléia, uma vila perto de
Nazaré. Durante a festa de casamento começou a faltar vinho, talvez porque apesar de pedirem a Jesus
para trazerem amigos, muitos deles não eram esperados. Seria embaraçoso para o anfitrião e a anfitriã
se o vinho tivesse faltado antes da festa terminar, por isso Maria disse discretamente a Jesus, “Eles não
têm mais vinho”.
“Senhora”, disse Jesus, “não fique preocupada. A hora de eu tomar uma atitude ainda não chegou”.
Mas Maria estava confiante de que seu filho faria alguma coisa para ajudar, e disse aos servos, “Façam
o que ele disser a vocês”.

página 211

Havia seis jarros de pedra, em cada um cabiam de oitenta a cem litros de água. Jesus disse os servos
para encherem os jarros com água, e eles os encheram até a borda. “Agora tirem um pouco de água
destes jarros” ele disse, “e levem até o dirigente da festa”.
Quando o homem provou a água, ela havia se transformado em vinho. Ele chamou o noivo e deu os
cumprimentos.
“Todo homem põe primeiro o bom vinho, e quando os convidados já beberam à vontade apresenta o
vinho mais barato; mas vocês guardaram o melhor vinho até agora”.
Este foi o primeiro milagre de Jesus que revelou sua glória e fortaleceu a fé de seus discípulos nele.

A ESTîRIA DAS VESTES NUPCIAIS 211


Mateus 22, 1-14

Quando pessoas eram convidadas para um casamento na Judéia, os anfitriões, geralmente os pais da
noiva, davam um presente de vestes nupciais para cada um dos que chegavam. O rei que deu uma festa
para seu filho nesta estória que Jesus contou, teria que providenciar vestes nupciais para todos os
convidados, e seria o maior insulto para ele se um homem não pusesse as vestes que lhe foram dadas.
“O Reino dos Céus”, Jesus disse uma vez, “é como um rei que deu uma festa para o casamento de seu
filho; mas quando ele mandou seus servos para chamar os convidados, eles não vieram. Ele então
enviou. Ele mandou depois outros servos com a seguinte mensagem dele: ‘Preparei um banquete para
vocês, matei meus bois gordos e bezerros . Tudo está esperando. Venham para a festa de casamento’.
“Mas os convidados que o rei havia pedido para vir à festa ignoraram o convite. Um foi para sua
fazenda, outro cuidar de seus negócios, e os outros pegaram os servos, bateram neles e os mataram. O
rei ficou enfurecido. Mandou soldados imediatamente para matar os assassinos e incendiar a cidade
deles”.

“Depois, ele disse aos servos, ‘O banquete de casamento está pronto, mas os convidados que eu chamei
não fizeram jus à honra do convite. Saiam para as ruas e convidem qualquer um que encontrarem para
vir à festa de meu filho’. Os servos saíram como ele mandou e reuniram todos os que encontraram,
bons e maus, assim o saguão do rei ficou cheio de convidados.
Quando o rei chegou para dar as boas vindas, ele viu um homem entre eles que não estava com as
vestes que havia recebido. Então ele disse a ele, ‘Meu amigo, como pode vir aqui sem as vestes
nupciais?’ O homem não respondeu.
Furioso, o rei ordenou que seus servos amarrassem suas mãos e pés e o atirassem na escuridão do lado
de fora para se lamentar e ranger os dentes. Pois muitos são os chamados e poucos são os escolhidos”.

página 212

A MORTE DE JOÌO BATISTA 212


Mateus 14, 1-12; 11, 2-6; Marcos 6, 14-29; Lucas 7, 18-23; 9, 7-9
Antes de Herodes Antipas prender João Batista, ele se casou com uma princesa árabe. Algum tempo
depois de seus casamento, ele visitou seu meio irmão, Herodes Filipe que vivia em Roma, e se
apaixonou pela esposa dele Herodíades. Ele a persuadiu a fugir com ele; e quando ele retornou à
Galiléia, ele se separou de sua esposa e casou-se com Herodíades.
O casamento horrorizou os judeus. Ele transgrediu a lei de Moisés em dois pontos. Primeiro, a Lei
proíbe um homem de se casar com a mulher de seu irmão mesmo que o irmão tenha morrido, pior
ainda quando ele está vivo. E além do mais, Herodíades também era sobrinha de Herodes Antipas, e a
Lei de Moisés não permitia que tio e sobrinha se casarem.
Foi por causa de como João Batista protestou contra esse casamento que Herodes Antipas o prendeu.
No início o rei iria matá-lo, mas ele ficou com medo do povo que pensou que João fosse um profeta. E
enquanto João estava na prisão, Herodes mandou chamar o profeta à sua presença diversas vezes. Ele
descobriu que ele era um homem bom e santificado e ficou admirado e impressionado com ele. O que
João disse o fez pensar profundamente, apesar de grande parte o ter deixado confuso e perturbado.
Herodíades não tinha tanto respeito por João. Ela nutria um amargo rancor por ele, e ficaria satisfeita
se pudesse matá-lo. Mas ela estava impossibilitada de fazer qualquer coisa, pois seu marido continuava
a admirá-lo e a prestar atenção no pregador eloqüente do deserto.
Quando João ficou na prisão provavelmente por um ano, ele mandou dois amigos a Jesus para
perguntar a ele, “Você de fato é o Messias ou devemos esperar mais alguém?” Talvez o longo tempo
no cárcere tivesse abalado a fé de João. Ele pode ter pensado da maneira errada a respeito de Jesus ser
o Cristo. Afinal de contas, haviam se passado meses desde o seu batismo e Jesus não havia feito
nenhuma alegação a respeito. Ou talvez fossem seus discípulos que precisassem ser convencidos, e
João queria que Jesus reafirmasse a eles.
Jesus não respondeu aos amigos de João com um “Sim” direto. Mas ele curou muitos doentes diante
deles e disse, “Diga a João o que vocês viram e ouviram. O cego enxerga, o surdo pode ouvir,
deficientes podem andar, leprosos são curados, mortos são ressuscitados, e os pobres recebem boas
notícias - o Evangelho - pregado a eles. Feliz é o homem que não duvida do que estou fazendo”.
Logo depois disso, o aniversário de Herodes Antipas foi comemorado em seu palácio com uma grande
festa. A filha de Herodíades que se chamava Salomé, dançou diante de Herodes tão graciosamente que
encantou a ele e a seus convidados; e diante de todos eles, ele prometeu solenemente que iria
recompensá-la dando o que ela quisesse, até mesmo a metade de seu reino.
“Oh, rei”, disse Salomé, “deixe-me primeiro consultar minha mãe”. Ela deixou o salão do banquete e
foi para os quartos das mulheres, e quando ela retornou e fez a reverência diante do rei, os convidados
prestara m atenção ansiosamente para ouvir qual seria o pedido dela.

página 213

“Qual o seu pedido?”, disse Herodes.


No silêncio, Salomé respondeu alto e claro, “Me dê a cabeça de João Batista em uma bandeja”.
O rei ficou muito angustiado. Mas ele não podia quebrar o juramento que havia feito diante de tantas
testemunhas, e ordenou a um soldado de sua guarda para que executasse João imediatamente. O
soldado fez como ele pediu, decapitando-o na prisão. Ele trouxe a cabeça de João em uma bandeja e
deu a Salomé, e ela deu a sua mãe.
Os seguidores de João tiveram permissão para levar o seu corpo. Eles o enterraram e depois foram
contar a Jesus.

página 214

JESUS E OS PESCADORES DE HOMENS 214


Mateus 4, 18-25; Marcos 1, 14-20; 2, 13-14; Lucas 5, 1-11, 27-28; João 1, 35-44

Antes de Jesus ir para o deserto meditar e orar, ele conheceu no início um homem chamado André que
iria se tornar um de seus doze apóstolos, como eram chamados os seus seguidores mais íntimos. André
já era um seguidor de João Batista. Em uma ocasião, ele foi para casa com Jesus e conversou com ele
por muitas horas; e na manhã seguinte, André contou a seu irmão Simão que havia encontrado o
Messias. Ele o levou para conhecer Jesus, que disse a ele, “Você é Simão; mas vou chamá-lo de Pedro,
que significa pedra”.
Depois da tentação no deserto, Jesus permaneceu próximo de João Batista, e mais de seus seguidores se
uniram a ele, como André havia feito.
Mas João, que não temia nenhum homem, condenou as coisas medonhas que Herodes Antipas,
governador da Galiléia, havia feito, e foi preso. Quando isto aconteceu Jesus retornou para a Galiléia e
começou a pregar dizendo, “A hora chegou. O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se, e
acreditem nestas boas notícias”.

página 215

Andando pelo Mar da Galiléia um dia Jesus viu Pedro e André. Ele os chamou e disse, “Sigam-me, e
farei de vocês pescadores de homens”. Eles obedeceram sem hesitação, e alguns momentos depois ele
chamou mais dois pescadores, Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estes quatro juntos com Filipe, antes
discípulo de João Batista, foram os primeiros seguidores de Jesus. Por fim, ele reuniu ao seu redor um
círculo interno de doze amigos, chamados apóstolos, um para cada uma das tribo de Israel.
O sexto apóstolo foi Mateus, um coletor de impostos dos romanos, e por essa razão considerado traidor
pelos judeus patriotas. Jesus o viu na coletoria, e simplesmente disse , “Siga-me”, e logo em seguida
Mateus deixou seu trabalho e o seguiu. Simão, o Zelador era um homem diferente. Os Zeladores eram
judeus patriotas que odiavam o governo romano e acreditavam que um dia eles seriam depostos por
forças armadas. Não há dúvida que Simão pensou que Jesus como o Messias, logo iria se declarar um
líder militar que marcharia triunfante em vitória contra os romanos. Nós não sabemos como os outros
apóstolos se uniram a Jesus.

página 216

Algum tempo depois, quando a fama de Jesus como pregador e curador havia se espalhado pela
Galiléia, ele estava cercado na praia por uma grande multidão, todos empurrando e se esbarrando para
ficar perto dele. Dois barcos que pertenciam a Pedro, André, Tiago e João foram arrastados até a praia
e os quatro homens estavam lavando suas redes, Jesus subiu em um dos barcos e pediu a Pedro para
levá-lo a um curta distância da terra, e de lá ele falou com as pessoas. Quando ele havia terminado,
disse a Pedro para navegar em águas profundas e soltar suas redes.
“Mestre, trabalhamos a noite toda e não pegamos nada”, disse Pedro, mas vou tentar novamente”.
Tão logo as redes haviam sido abaixadas que envolveram um cardume de peixes tão grande que as
redes começaram a se romper. Tiago e João no outro barco se apressaram para ajudar, mas o peso dos
peixes quase afundou os dois barcos que ficaram abarrotados de peixe. Quando Simão Pedro viu a
pesca milagrosa se ajoelhou diante de Jesus e pediu para se afastar dele, pois ele era um pecador.
Mas Jesus disse novamente, “Não tenham medo. De agora em diante vocês serão pescadores de
homens”.
Quando trouxeram os barcos para a terra firme, os homens largaram suas vidas cotidianas e seguiram
Jesus. Eles trabalharam com ele até o fim de sua vida, reunindo homens para o Reino dos Céus.

página 218
A CURA DO PARALêTICO 218
Mateus 4, 23-24; 9, 1-8; Marcos 2, 1-12; Lucas 5, 17-27

Jesus começou sua pregação viajando por toda a Galiléia. Ele ensinou nas sinagogas, pregando as boas
novas de que o Reino De Deus estava próximo, e curou todos os tipos de dor, doenças e enfermidades.
Sua fama se espalhou muito e em todos os lugares que ele ia, as multidões se espremiam, ansiosas por
ouví-lo, ou para serem curadas de suas enfermidades.
Em uma ocasião Jesus estava em uma residência particular, sentado na varanda à beira do pátio que
circundava a casa. Ele estava pregando para uma multidão de ouvintes que havia se reunido no pátio,
enchendo a passagem da rua que levava a ele. Quatro homens que levavam um amigo paralítico em
uma cama, tentando abrir uma passagem para chegar até Jesus, mas a multidão eram tão densa que era
impossível chegar perto. Os homens, convencidos de que se pudessem levar seu amigo até Jesus, ele o
curaria, no início ficaram em desespero. Mas um deles viu de repente como poderia fazer isso.
“Vou correr e pegar dois pedaços de corda”, ele disse aos outros três. “Levem nosso amigo até o
telhado e, e contem a ele o meu plano quando eu voltar.”.
Os três homens se esforçaram para subir as escadas construídas na parede do lado de fora da casa que
ia até o telhado plano. Quando eles chegaram lá, o primeiro homem retornou com as cordas. Ele
explicou sua idéia aos outros e ajudou a carregar o homem doente até um ponto bem acima onde Jesus
estava pregando. Então, ele e seus amigos se agarraram no telhado da varanda e fizeram uma abertura
grande o suficiente para a cama passar. Passando as cordas por baixo da cama, eles abaixaram o
homem pela lateral do telhado através da abertura que haviam feito. O povo próximo de Jesus se
apertou para trás para dar espaço para ele, e Jesus olhou para o homem com compaixão. Ele viu como
era forte a fé dos amigos que haviam trazido o paciente até ele e ficou muito comovido.
Mas Jesus percebeu que precisava ser curado na mente antes que seu corpo pudesse ficar íntegro. De
fato, é possível que ele estivesse paralisado porque sentia culpa em relação aos pecados que havia
cometido, e seu corpo não podia se mover até que sua culpa fosse eliminada. Por isso, ao invés de
dizer, “Que seja curado”, Jesus disse, “Meu filho, seus pecados estão perdoados”. Sua voz e seus olhos
tinham tanto poder e autoridade que o homem sabia que seus pecados haviam de fato sido perdoados.
Entre o povo havia alguns homens religiosos estudiosos da Lei de Moisés. Eles ficaram chocados e se
sentiram afrontados com o que Jesus havia dito. “O que este homem está dizendo? É blasfêmia falar
assim. Somente Deus pode perdoar os pecados”.
Jesus conhecia os seus pensamentos. “Por que pensam assim?” ele perguntou. “O que é mais fácil
dizer, ‘Teus pecados estão perdoados ou, ‘Levanta-te e caminha’?”
Aqueles que prestavam atenção no que ele estava dizendo sabiam que qualquer um podia dizer, “Teus
pecados estão perdoados”, pois ninguém poderia saber se eles estavam perdoados ou não; mas todos
poderiam ver se um homem levantaria e caminharia quando ele dissesse para fazer isso.

página 219

Jesus continuou, “Mas deixe-me provar a vocês que o Filho do Homem tem o poder de perdoar
pecados”. Ele olhou para o paralítico e disse, “Eu te digo, levanta, enrola tua cama, e vá para casa”.
Imediatamente o homem fez isso, diante dos olhos de todos. Eles ficaram espantados, e rezaram para
Deus, dizendo, “Nunca antes havíamos visto algo tão maravilhoso assim”.

página 220

JESUS E O DIA DE SçBADO 220


Mateus 12, 1-15; Marcos 2, 23-18; 3, 1-7; Lucas 6, 1-11
Em um sábado, Jesus estava andando por campos de milho com seus discípulos, acompanhado de
diversos fariseus. Seus discípulos estavam com fome porque os judeus não podiam comer nada no
sábado até depois das cerimônias da manhã na sinagoga. Por isso, eles começaram a pegar espigas de
milho, debulhar e comer. Os fariseus não estavam preocupados com a fome dos discípulos; eles
estavam determinados a ver se cada regra seria seguida. Apanhar as espigas era considerado como um
ato de colher, e debulhar, um ato de malhar, por isso, aos seus olhos, os amigos de Jesus eram culpados
de trabalhar no sábado. Isto era um pecado.
“Olhe o que seus discípulos estão fazendo”, eles disseram, “não é permitido”.
Jesus respondeu, “Não se lembram o que Davi fez, quando estava desesperado procurando comida?”
Ele entrou na Casa de Deus, e ele e seus seguidores comeram os pães da proposição que somente os
sacerdotes podem comer. Vocês se lembrarão também, que a Lei não condena os sacerdotes no Templo
quando eles trabalham no sábado ligados às cerimônias do Templo. Há alguém aqui que é maior do
que o Templo, e seus seguidores não devem ser condenados.
“Se vocês soubessem”, Jesus continuou, “o que os profetas queriam dizer quando pronunciaram,
‘Tenham misericórdia e não me ofereçam sacrifícios’, não condenariam os homens que não fizeram
nada de errado”.
Com isto, ele quis dizer que Deus em sua misericórdia infinita, fez o sábado para que o homem
pudesse descansar, e ter tempo suficiente para outras coisas que não sejam o trabalho. Mas os fariseus
transformaram isso em sacrifícios impondo regras que oprimiam os homens e tiravam toda a alegria do
sábado.
“O sábado foi feito para o homem”, Jesus concluiu, “e não o homem para o sábado”. Com isto ele quis
dizer que o sábado foi instituído para atender às necessidades do homem. Os homens não foram criados
somente para observar o sábado.

página 221

Mais tarde naquele dia, Jesus entrou em uma sinagoga, onde havia um homem com o braço direito
atrofiado. Um dos inimigos de Jesus perguntou a ele, “É lícito curar aos sábados?” enquanto outros o
observavam em silêncio para ver o que ele faria. Eles desejavam poder acusá-lo de trabalhar no sábado.
Jesus respondeu à pergunta dele como sempre fazia, perguntado aos outros de seus amigos. Mas
primeiro ele chamou o homem com o braço atrofiado, “Levante-se e venham aqui adiante”.
Quando o homem estava de pé diante de todos, Jesus olhou ao redor e perguntou, “É correto ajudar as
pessoas no sábado ou machucá-las? Salvar uma vida ou matar? Há um homem entre vocês que não
salvaria uma de suas ovelhas se ela cair em um buraco no sábado - e quanto mais vale um homem do
que uma ovelha?”
Ninguém respondeu. ele olhou ao redor aborrecido e triste com a teimosia deles e disse, “Por isso é
correto fazer uma boa ação no sábado”.
Ele se virou para o homem diante de todos eles e disse, “Estenda seu braço direito”. No mesmo
instante, que o homem fez isso, seu braço ficou igual ao outro.
Depois disto, seus inimigos começaram a fazer planos para matar Jesus, mas o momento não era
propício para os planos deles darem certo. Jesus se retirou do distrito com seus discípulos e retornou
para o campo próximo à Galiléia.

página 223

OS ENSINAMENTOS DE JESUS 223


Por trezentos anos, os judeus olharam ansiosamente para uma época que estaria por vim em que um
reino celestial seria estabelecido na terra. Deus governaria seu povo santo através de seu servo, o
Messias, e todos os homens viveriam de forma justa, e em paz uns com os outros. Assim quando após a
prisão de João Batista, Jesus começou a proclamar pela Galiléia, “O tempo que vocês estavam
esperando chegou. O reino de Deus está aqui. Mudem de direção - arrependam-se de seus pecados e
passem a viver com a bondade. Acreditem nestas boas novas que foram enviadas por Deus”, (Marcos
1,15) houve uma vibração de entusiasmo entre seus ouvintes. Sem dúvida nenhuma, alguns deles
foram para casa e afiaram suas espadas, prontos para lutar pelo Reino que estava por vir.
Mas nem mesmo os amigos mais próximos de Jesus compreenderam o que ele estava tentando ensinar.
Ele veio para trazer o Reino aos homens, o qual é um reino espiritual que se desenvolveria lentamente
até atingir a perfeição após o fim do mundo. Nele, o bem e o mal cresceriam lado a lado até chegar o
tempo da colheita, quando as ervas daninhas seriam separadas do bom trigo e somente os justos
permaneceriam.
Com o que Jesus dizia ele causava espanto em todos os que o ouviam, como alguém que possui grande
autoridade. Ele pareceu possuir um conhecimento que vinha direto da fonte original em relação ao que
dizia, e não confiava nas opiniões de outros professores. Isto era porque ele conhecia Deus como seu
pai. Como ele o conhecia, ele era capaz de dizer que Deus é amor. Portanto, Deus o Senhor do Reino
dos Céus, podia ser chamado por todos os homens que rezam para ele como “Nosso Pai”.
Deus é o Pai de todos os homens porque ele os criou. Mas eles também podem se tornar seus filhos de
uma maneira especial. A todos aqueles que o recebem e dão o seu compromisso de fidelidade, ele dá o
direito de se tornar filho de Deus (João 1, 12). E como Deus é Amor, a lei de seu Reino é Amor.
“Você deve amar a Deus com todo o coração, como toda a sua alma, como todo o seu entendimento, e
com toda a sua força, e deve amar o próximo como a ti mesmo”. (Marcos 12, 29-31). Mas Jesus
acrescentou algo novo. Quando perguntaram, “Quem é meu próximo?” ele contou a estória do Bom
Samaritano, na qual um homem ajudava seu inimigo. Pois Jesus ensinou, “Sabe o que ensinaram aos
homens em tempos antigos - ‘Você deve amar teu próximo e odiar teu inimigo’. Mas eu lhes digo que
devem amar teus inimigos e rezar para aqueles que o perseguem. Este é o caminho para se tornar filhos
de seu Pai Celestial que faz este sol nascer para os homens bons e maus e manda a chuva para o
honesto e para o desonesto”. (Mateus 5, 43-45).
Com ‘amai-vos uns aos outros’, Jesus não quis dizer ‘sentir afeição por eles’. Como Deus é o Pai de
todos nós, somos todos irmãos e irmãs; e apesar de haver momentos em que os irmãos e irmãs não
sentem afeição, eles precisam se comportar adequadamente para que a família não se desintegre. Na
família de Deus, o amor deve ser mostrado de certas maneiras. O cristão deve continuar a perdoar
alguém que errou com ele até “setenta vezes sete” (Mateus 18, 22), pois ele não pode receber o perdão
de Deus até que ele próprio tenha perdoado os outros. Ele não deve criticar os outros de maneira cruel -
“Não julgue”, (Mateus 7, 11); isto é, ele não deve acusar as outras pessoas de terem feito coisas por
razões egoístas, cruéis ou outros motivos errados quando ele não está em uma posição de conhecer toda
a verdade. Ele deve ser sempre bondoso e viver sua vida de acordo com o que chamamos de Preceito
Áureo - “Sempre trate os outros como gostaria que tratassem você”. (Mateus 7, 12). Ele não deve se
ressentir ou resistir a mágoas que acontecem a ele - “Não se oponha ao homem que lhe faz mal”,
(Mateus 5, 39) - porque se o erro for pago com outro, não haverá fim na vingança e maldade; mas se
um erro for perdoado, e aquele que o fez puder aceitar o perdão, estará terminado.

página 224

Para poder cumprir a Lei do Amor de Deus, um cidadão do Reino de Deus deve tentar se exercitar com
a ajuda de Deus para se tornar esse tipo de pessoa. No Evangelho de São Mateus, capítulo 5, versículos
3 a 11, estão as Bem-Aventuranças, como são chamadas, ou Bênçãos. Um homem é abençoado - isto é,
ele possui uma felicidade interior que é proveniente de quem vive uma vida boa (benéfica), mesmo que
sua existência externa seja de tristeza, pobreza ou frustração. Algumas pessoas acreditam que as
Bênçãos são lados diferentes do perfeito caráter cristão; outras acham que elas representam tipos
diferentes de bondade.
Um homem é abençoado se ele conhece sua necessidade de Deus, pois isto o levará para o Reino dos
Céus. Se ele estiver triste, será confortado e revigorado; pois se o sofrimento aparece nele, e ele sabe
que foi enviado por Deus, ele pode ser enobrecido com isso, e se ele lamenta pelos outros, ele
desenvolverá seu dom de simpatia. Se ele for de espírito dócil, uma qualidade muito mais heróica do
que o orgulho ou a agressividade, ele herdará a terra. Aqueles que têm fome ou sede do triunfo do bem
terão o desejo realizado. Aqueles que mostram misericórdia terão a misericórdia de Deus. Aqueles de
coração puro - isto é, os que amam a bondade e desejam muito ser nobres de espírito e verdadeiros -
compreenderão melhor Deus nesta vida e o verão face a face na próxima. Aqueles que tentam fazer a
paz entre os homens e as nações são abençoados porque são como Deus que enviou Jesus para fazer a
paz entre ele e os homens. Por isso, eles são em um sentido muito especial os filhos de Deus. Aqueles
que sofrem insultos, perseguições e falsas acusações pela graça de Jesus e pela causa do justo são
abençoados; pois eles estão em companhia de homens bons e grandiosos de outrora que também foram
perseguidos, e serão compensados pelo sofrimento no céu.
Como o amor é a lei do Reino de Deus, e o amor é mostrado na maneira em que as pessoas se ajudam e
servem uns aos outros, os maiores homens do Reino são aqueles que mais servem aos outros. Isto é o
oposto do reino deste mundo, onde os homens dos mais altos postos possuem o maior número de
homens para servi-los. Os discípulos de Jesus acharam isto muito difícil de compreender e aceitar, e,
de fato, a lei de que o maior homem é aquele que mais serve a seus semelhantes ainda não é acreditada
e nem observada pelo mundo.
Com o Reino de Deus não é deste mundo, ele não pode aparecer em sua perfeição nesta vida, nem
pode ficar confinado a ela. Jesus ensinou seus discípulos que a vida continuava após a morte. Pouco
antes de sua própria morte ele disse, “Na casa de meu Pai existem muitas moradas. Vou preparar um
lugar para vocês. Eu não diria isto a vocês se não fosse verdade”. (João 14, 2). Portanto, é nosso
destino na vida que virá, vermos Deus face a face na perfeição de seu Reino.
Estes são alguns dos ensinamentos de Jesus. Existem muitos outros, e alguns deles serão encontrados
em suas estórias recontadas neste livro. Ele ensinou não apenas com o que disse, mas com tudo o que
fez e em tudo o que ele foi.
Toda a vida de Jesus, e especialmente a sua morte quando ele se doou para os pecados dos homens, foi
uma vida de amor de Deus pelos homens; e enquanto ele continua a viver e falar conosco através do
Espírito Santo, podemos aprender mais ainda a respeito do que seus ensinamentos significam.

página 225

BÊNÇÃOS

“Bem aventurados os pobres de espírito: pois deles é o reino dos céus.


Bem aventurados os que choram: pois eles serão confortados.
Bem aventurados os mansos: pois eles herdarão a terra.
Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça: pois eles serão saciados.
Bem aventurados os que têm misericórdia dos outros: pois eles receberão misericórdia.
Bem aventurados os que têm coração puro: pois eles verão a Deus.
Bem aventurados os pacificadores: pois eles serão chamados filhos de Deus.
Bem aventurados os que são perseguidos por amor à justiça: pois deles é o reino dos céus.
Bem aventurados vocês, quando os insultarem, e perseguirem, e com mentiras disserem falsamente
todo o tipo de mal contra vocês por minha causa. Alegrem-se e exultem-se em contentamento: pois é
grande a recompensa de vocês nos céus: pois assim perseguiram os profetas que existiram antes de
vocês”.
página 226

O SERVO DO CENTURIÌO 226


Mateus 8, 5-13; Lucas 7, 2-10; João 4, 46-54

Havia um oficial do exército que morava em Cafarnaum, um centurião que comandava entre cinqüenta
a cem soldados. Ele provavelmente era um habitante da Palestina que servia no exército de Herodes
Antipas. Mas ele não era judeu, e sabia que judeus não gostavam de entrar na casa de um gentio.,
porque isto os tornava cerimoniosamente impuros, e então eles teriam que passar por um ritual de
purificação. Mas então o seu jovem servo, a quem ele dava muito valor, caiu doente.
Tendo ouvido falar de Jesus, o centurião pediu para alguns amigos judeus para persuadí-lo a salvar a
vida de seu servo que estava morrendo. Os amigos ficaram contentes em fazer isto, porque conforme
eles contaram a Jesus, o centurião havia mostrado ser um amigo da nação judaica, e tinha construído
uma sinagoga para os judeus que moravam em Cafarnaum. Eles se apressaram em levar Jesus para
curar o servo, pois o senhor deles, como eles disseram, merecia este favor.
Jesus concordou em ir com eles. Alguém deve ter corrido e contou ao centurião que ele estava a
caminho, pois quando ele estava próximo da casa do homem, ele encontrou outros amigos a quem o
centurião havia enviado com uma mensagem para ele.
“Senhor”, correu o mensageiro, “não é preciso se incomodar mais. Não sou digno que entre em minha
casa, por isso não me achei digno de te pedir este favor em pessoa, mas diga-me uma só palavra, e eu
sei que meu servo estará curado. Eu sei que vai ser assim, porque como oficial preciso excetuar ordens
que me são dadas; e eu tenho soldados às minhas ordens que por sua vez precisam me obedecer. Se eu
digo para um ‘vá’, ele vai; para outro, ‘venha cá’, e ele vem, e para meu servo, ‘faça isto’, ele faz”.
Jesus ficou admirado com o centurião quando ouviu isto.
Voltando-se para a multidão que o seguia, ele disse, “Eu digo que nem em Israel eu encontrei fé tão
forte quanto esta. Muitos estrangeiros de outras nações no oriente e no ocidente entrarão no Reino dos
Céus, ao passo que aqueles que nasceram para herdá-lo, serão lançados nas trevas do lado de fora para
lamentar e ranger os dentes em frustração e desapontamento”.
Ele se voltou para os amigos do centurião e disse, “Vá; como você tem fé, suas orações serão
atendidas”.
Quando eles voltaram para casa, viram que o centurião estava completamente curado.
Houve uma outra ocasião em que Jesus curou alguém sem vê-lo. Um empregado da casa de Herodes
tinha um filho que estava muito doente em Cafarnaum. Ao ouvir que Jesus estava em CANÁ, o pai
cavalgou para encontrá-lo.
“Eu imploro senhor”, ele pediu com veemência, cure meu filho”.
Jesus testou sua fé com uma resposta áspera. “Se você não enxergar sinais e maravilhas, você não terá
fé”.
O pai não discutiu, “Venha senhor. Venha, antes que meu filho morra”.
Jesus disse a ele, “Volte para casa. Teu filho viverá”.
Sem hesitação, o homem acreditou nele e começou a voltar para casa.
No dia seguinte ele encontrou seus servos que vinham para saudá-lo. Com alegria eles gritaram,
“Senhor, teu filho vai viver!”
“Quando ele começou a ficar melhor?” perguntou o pai do garoto.
“À uma hora da tarde de ontem a febre se foi”.
O pai percebeu que essa havia sido a hora exata em que Jesus havia dito a ele, “Teu filho viverá”, e ele
e todos os seus empregados se tornaram fiéis.

página 228
JESUS ƒ UNGIDO
Lucas 7, 36-50; Mateus 26, 6-13; Marcos 14, 3-9; João 12, 1-8

Uma vez, um fariseu chamado Simão convidou Jesus para jantar com ele, mas não o recebeu muito
calorosamente. Enquanto Jesus estava à mesa, uma mulher que morava com na cidade e que tinha
ouvido falar que ele estava na casa de Simão, quis ver Jesus, levando consigo um vidro de alabastro
com perfume.
A mulher havia vivido uma vida pecaminosa, mas havia se arrependido. Quando ela se sentou atrás de
Jesus ela chorou, e suas lágrimas caíram sobre seus pés. Ela os enxugou com o cabelo dela, beijando-os
e derramando perfume sobre eles.

página 230

Simão, ao ver isso, disse para si mesmo, “se este homem realmente for um profeta, ele realmente sabe
que tipo de mulher é esta que o está tocando”. Mas Jesus sabia o que ele estava pensando e disse.
“Simão, tenho algo para te dizer”.
“Fale Mestre”, respondeu Simão.
“Um credor tinha dois devedores; um devia-lhe quinhentos quinhentas moedas de prata, o outro
cinqüenta. Os dois não podiam pagar, por isso ele perdoou os débitos deles. Qual devedor você acha
que gostava mais do credor?”
“Acho que é o que recebeu o maior perdão”.
“Você está certo”, disse Jesus. Ele se voltou para a mulher, “Vê esta mulher?”, continuou. “Quando
entrei em sua casa você não me fez as cortesias que normalmente são feitas para cada convidado. Não
me deu água para lavar os pés. Esta mulher lavou meu pés com suas lágrimas e os enxugou com seus
cabelos. Você não me deu o beijo de boas vindas com o qual normalmente os convidados são
recebidos.; mas desde que ela entrou ela beijou meus pés. Você não ungiu minha cabeça com óleo
comum; mas ela ungiu meus pés com um perfume precioso.
“Então, eu lhe digo que muitos dos pecados dela foram perdoados, e por isso, o amor dela é muito
grande. Onde há pouco perdão, há apenas um pouco de amor demonstrado.
Jesus virou-se para a mulher. “Teus pecados estão perdoados”, ele disse. Os outros convidados
murmuraram indignados uns para os outros, dizendo, “Quem é este, que pode até perdoar pecados?”
Mas Jesus disse à mulher. “A tua fé te salvou. Vá em paz”.

Houve um outro momento, em sua última semana de vida, quando Jesus foi ungido com perfume. Ele
estava na vila de Betânia perto de Jerusalém, na casa de outro Simão, o Leproso. Foi dado um jantar
em sua honra, durante o qual, Maria, a irmã de Lázaro, a quem Jesus havia ressuscitado, trouxe uma
pequena garrafa de nardo puro, um perfume muito precioso, em um frasco de alabastro. Ela quebrou o
frasco e derramou o perfume sobre sua cabeça, de maneira que toda a casa ficou repleta com o aroma
picante do perfume.
Alguns dos que estavam presentes ficaram aborrecidos. “Que desperdício!” eles disseram. “Ora, este
perfume poderia ter sido vendido por trinta moedas e o dinheiro dado aos pobres”. Eles se voltaram
para Maria, mas Jesus a defendeu. “Deixem-na em paz”, ele disse. “Por que precisam incomodá-la? Ela
fez uma coisa excelente para mim. Vocês sempre têm os pobres entre vocês, e podem ajudar quando
quiserem; mas não me terão sempre”. Dessa maneira ela perfumou meu corpo para o funeral. Por isso
eu lhes digo, onde quer que o Evangelho seja pregado, os homens se lembrarão desta boa ação de
Maria e falarão dela”.

A PARçBOLA DO SEMEADOR 231


Mateus 13, 1-23; Marcos 4, 1-20; Lucas 8, 4-15

Um dia quando Jesus estava ensinando no litoral do Mar da Galiléia, ele subiu em um barco para evitar
a grande aglomeração de pessoas. Ao empurrar o barco para longe da praia ele pode falar mais
facilmente com o povo. Ele ensinava com freqüência contando estórias chamadas parábolas. Elas eram
estórias que tinham um significado interior mais profundo que os ouvintes tentavam compreender
sozinhos.
Quando Jesus começou seus ensinamentos, ele pode ter visto um homem semeando em um campo
perto do mar. O homem provavelmente estava andando sozinho ao longo dos sulcos, com uma cesta de
semente sob um dos braços, atirando punhados delas com movimentos amplos com o outro braço.
Assim Jesus contou sua parábola.
“Observe aquele semeador lançando suas sementes”, ele disse. “Enquanto ele semeia, algumas de suas
sementes caem na trilha que corre ao longo do campo. Veja como os pássaros descem para comê-las
porque estão sobre a terra. O que escapa aos pássaros será pisoteado pelas pessoas que usam a trilha.
“Há um lugar pedregoso com pouca terra entre as pedras. As sementes que caem lá brotarão
rapidamente porque a terra não é profunda e úmida o suficiente para o milho criar raízes como se deve;
mas quando o sol quente de verão aparece, ele queima e murcha o milho jovem e ele morrerá porque
não possui raízes.
“Algumas sementes cairão entre aquelas espinheiras e sarças. Elas crescerão com o milho e o
sufocarão.
“Mas observe a semente que cai em solo bom. Ela crescerá para dar uma colheita boa e frutífera.
Algumas delas se reproduzirão cem vezes tanto quanto forem semeadas, algumas sessenta vezes, outras
trinta vezes.
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

página 232

Depois, quando eles estavam a sós, os discípulos perguntaram por que ele ensinava em parábolas e o
que a estória significava. Ele respondeu, “Vocês receberam o privilégio de compreender os segredos do
Reino de Deus, mas eles precisam ser dados em parábolas para a maioria das pessoas. “Quanto mais
um homem possuir imaginação e compreensão, mais ele conseguirá extrair de minhas estórias, e ele
enriquecerá cada vez mais com elas, mas se ele possuir muito pouca ou nenhuma, então ele esquecerá
mesmo o pouco que elas significavam quando ele as ouviu pela primeira vez.
“Eu falo a eles em parábolas porque apesar deles olharem, eles não enxergam, apesar de ouvirem, eles
não compreendem. A profecia de Isaías se cumpre neles, ‘Você pode ouvir e ouvir, mas nunca
compreenderá, você pode olhar e olhar, mas nunca enxergará. Pois as mentes destas pessoas se
fecharam; seus ouvidos estão insensíveis e elas fecharam os olhos. Caso contrário, seus olhos poderiam
enxergar, seus ouvidos poderiam ouvir, e suas mentes poderiam compreender, e eles poderiam se
voltar novamente para mim, e eu os curaria’.
Mas vocês são felizes porque conseguem ver e ouvir. Muitos profetas e homens bons desejam
ansiosamente ver e ouvir o que vocês fazem, e não tem conseguido. Mas se você não compreender esta
parábola, como vai compreender qualquer outra?
“É isto que ela significa. A semente é o Mundo de Deus. A trilha representa alguns que ouvem a
Palavra; mas no momento em que eles a ouvem, o mal vem e a leva embora. O solo pedregoso
representa aqueles ouvintes que recebem a Palavra com alegria, mas elas duram somente por um tempo
curto. No momento em que as dificuldades aparecem, eles desistem. Os espinhos simbolizam aqueles
que ouvem a Palavra mas estão tão preocupados com as ansiedades do dia-a-dia, ou em ganhar
dinheiro, ou com os prazeres da vida, que o mundo se torna infrutífero. Mas o solo bom representa
aqueles que ouvem a Palavra, e fazem com que ela se torne parte deles, e eles dão bons frutos de
acordo com suas capacidades espirituais”.

AS ESTîRIAS QUE JESUS CONTOU 232


Jesus contou muitas estórias quando ele pregava. Aqui estão algumas delas.

Mateus 13, 24-33, 36-43

O REINO DOS CÉUS é como um homem que semeou o trigo em seu campo. Mas uma noite seu
inimigo lançou sementes de joio entre as de trigo. Quando o milho brotou, o joio também apareceu.
Os servos do homem perguntaram, “Senhor, não semeou boas sementes em seu campo? De onde veio
o joio?” Ele respondeu, “Um inimigo deve ter semeado”.
“Gostaria que as arrancássemos?”
“Não”, ele disse, “Vocês podem arrancar o trigo junto. Deixe os dois crescerem juntos até a colheita.
Depois eu direi para separarem o joio em feixes para ser queimado, e recolher o trigo em meu celeiro”.
Depois Jesus explicou a estória a seus discípulos. “O semeador da boa semente, é o Filho do Homem” -
o nome que ele dá para si. “O campo é o mundo. A boa semente representa os filhos do Reino, o joio,
os filhos do mal.

página 233

Mateus 18, 21-35

Pedro uma vez perguntou quantas vezes deve se perdoar um homem que pecou contra ele. Seriam sete
vezes o suficiente?
“Não!” disse Jesus. “Perdoe-o sententa vezes sete! O Reino de Deus é como um rei que decidiu acertar
as contas com seus servos. Um lhe devia milhões e não podia pagar. O rei então ordenou que sua
família e todas as suas posses fossem vendidas para pagar o débito. Mas o homem implorou pedindo
tempo, prometendo que pagaria tudo. O rei ficou tão comovido e com pena que perdoou a dívida dele.
“Quando o homem estava indo embora, ele encontrou um servo que lhe devia vinte moedas. Ele o
pegou pela garganta, dizendo, ‘Pague o que me deve!’ O homem caiu a seus pés implorando e pediu
tempo para pagar. Mas ele recusou e o colocou na prisão até ele pagar.
“Os outros servos ficaram bastante abalados e contaram ao rei o que havia acontecido. Ele
imediatamente mandou chamar o primeiro homem e disse, ‘Vilão! Eu perdoei o teu débito porque me
implorou para fazer isso. Não poderia ter mostrado misericórdia a teu servo como eu te mostrei?’ O rei
ficou com tanta raiva que mandou o homem para os torturadores até que ele pagasse totalmente o
débito.
“Meu Pai Celestial”, finalizou Jesus, perdoará cada um de vocês somente se perdoarem seus
semelhantes do fundo do coração”.

Mateus 19, 27-30, 20, 1-16

Em outra ocasião Pedro disse a Jesus, “Nós largamos tudo para te seguir. Que recompensa teremos?”
Jesus respondeu, “Quando o Filho do Homem estiver no trono de glória, vocês também se sentarão em
doze tronos para julgarem as doze tribos de Israel. E todos os que sacrificaram suas coisas por minha
causa receberão cem vezes o que foi sacrificado e também a vida eterna. Mas muitos dos que hoje são
os primeiros serão últimos e muitos dos que agora são os últimos serão os primeiros.
“Pois o Reino dos Céus é como um senhor de terra que saiu bem cedo de manhã para contratar
trabalhadores para sua vinha. Ao concordar em pagar os homens o salário que era de costume por dia,
ele os mandou para o trabalho. Três horas mais tarde, ele viu outros trabalhadores desocupados no
mercado. ‘Vão para minha vinha’, ele disse, ‘e eu pagarei o que for justo’. Ao meio dia e à tarde, ele
fez a mesma coisa, e quando só faltava uma hora para terminar o dia de trabalho, ele ainda encontrou
homens sem trabalho. ‘Vão para a vinha também’, ele disse.
“Ao cair da noite, o senhor de terras disse a seu encarregado para pagar os trabalhadores começando
com aqueles a quem havia empregado por último. A cada um deles foi pago um dia de trabalho. Os
trabalhadores que foram empregado primeiro apesar de terem que receber mais, também receberam um
dia de salário. Eles reclamaram com o senhor de terra, “Estas pessoas apenas trabalharam uma hora e
você os pagou o mesmo que pagou para nós que suamos o dia todo no calor!’
“Mas o senhor de terras disse a um deles, ‘Meu amigo, não estou sendo injusto com você.
Concordamos com o salário de um dia como de costume. Peguem o dinheiro de vocês e vão para casa.

página 234

Se eu escolhi dar ao último homem o mesmo que dei para você, não é próprio fazer com meu dinheiro
o que desejo? Vocês precisam ser rancorosos porque eu sou generoso?”

Mateus 25, 1-30

Jesus avisou seus discípulos que somente Deus saberia quando seria o Dia do Julgamento. Ele contou a
eles duas estórias para avisá-los que eles sempre deveriam estar preparados, e que enquanto esperavam
deveria usar os talentos que haviam recebido a serviço de Deus.
“O Reino dos Céus é como dez mulheres amigas de uma noiva, esperando pelo noivo. Elas pegaram
suas lamparinas e saíram para encontrá-lo em um local onde a procissão nupcial passaria. Cinco das
garotas foram tolas e não levaram reserva de óleo; as outras cinco tiveram o bom senso de trazer vidros
de óleo com as lamparinas. Como o noivo demorou muito para vir, todas elas dormiram. Mas à meia
noite gritaram, ‘O noivo está chegando! Preparem-se para encontrá-lo!’ As garotas levantaram e
arrumaram suas lamparinas. ‘Nossas lamparinas estão apagando’ disseram as garotas tolas para as
atenciosas. ‘Dêem um pouco do óleo de vocês’. ‘Não’, disseram as outras, ‘pode não haver suficiente
para nós e vocês. Saiam e comprem um pouco para vocês’.
“Enquanto elas saíam, o noivo chegou. As garotas que estavam prontas foram com ele para a festa de
casamento. Logo depois, as outras chegaram, gritando, ‘Senhor, oh senhor, abra a porta para nós’. Mas
respondeu, “vou lhes dizer, não conheço vocês’”.
Jesus finalizou, “Fiquem vigilantes, porque vocês não sabem o dia e nem a hora da vinda de Deus”.

página 235

O Reino dos Céus é como um homem que vai para o exterior, e confia seu dinheiro a seus empregados.
Para um, ele deu quinhentas moedas, para outro duzentas e para um terceiro, cem.
“O primeiro homem investiu as quinhentas moedas e ganhou mais quinhentas. O homem com duzentas
fez mais duzentas. Mas o terceiro homem cavou um buraco e escondeu o dinheiro de seu patrão.
“Muito tempo depois, o mestre retornou e chamou seus empregados para fazer as contas. O primeiro
homem veio feliz e disse, ‘O senhor havia me dado quinhentas moedas. Olhe, eu fiz mais quinhentas’.
“‘Muito bem’, disse o patrão dele. ‘Você provou ser de confiança com uma pequena soma. Você
receberá o encargo de ficar com uma quantia maior. Venha e partilhe a felicidade de seu patrão’.
“O segundo homem deu as duzentas moedas de lucro igualmente feliz e foi elogiado da mesma
maneira.
“Mas o terceiro empregado devolveu somente as cem moedas que havia recebido. ‘Eu sabia senhor’,
ele disse, ‘que o senhor é um homem duro. O senhor colhe onde não semeou, e recolhe onde não
espalhou. Por isso fiquei com medo e escondi seu dinheiro em um buraco. Aí está, estou devolvendo o
que te pertence’.
“‘Empregado mau e preguiçoso’, disse o patrão. ‘Então é isso o que pensa de mim, não é? Nesse caso
deveria ter depositado meu dinheiro com os banqueiros, e quando eu voltasse, ele teria retornado para
mim com lucro. Tirem as cem moedas dele e dêem ao homem com quinhentas - e tirem esse
empregado inútil daqui!”

página 237

JESUS ACALMA UMA TEMPESTADE


Mateus 8, 23-27; Marcos 4, 35--41, Lucas 8, 22-25

Freqüentemente exausto com todos os ensinamentos e curas que fazia, Jesus gostava de se retirar com
seus amigos para descansar e rezar em lugares calmos e solitários como os que haviam do outro lado
do Mar da Galiléia.
Uma noite, depois de trabalhar duro o dia todo, ele se despediu da multidão e disse a seus discípulos,
“Vamos navegar para o outro lado do lago”. Eles saíram acompanhados por vários barcos, e Jesus
cansado como estava, logo dormiu deitado na popa.
Como muitos lagos dentro do continente, o Mar da Galiléia está sujeito a tempestades ferozes de vento
que sopram das ravinas da montanha do norte. Inesperadamente as águas calmas se transformam em
ondas montanhosas em alguns minutos e barcos pequenos afundam antes de baixarem as velas.
Uma tempestade surgiu quando os barcos que levavam Jesus e seus amigos estavam a caminho da
outra margem, e antes que soubessem o que estava acontecendo, os discípulos perceberam que as ondas
já estavam atingindo o barco deles. Apesar de todos os esforços para baldear água para fora, eles
corriam o risco de afundar.
No meio de tudo isso, Jesus dormia confiante como se estivesse em sua própria cama. Desesperados,
seus discípulos o acordaram. “Mestre, Mestre, vamos nos afogar!” eles gritaram. “Não se importa com
isso?”
“Por que estão com medo?” ele disse. “Como confiam tão pouco em Deus!” Então ele se levantou e
olhou para o vento e para as ondas, “Paz! Acalmem-se”, ele ordenou!
Imediatamente tudo ficou como se não houvesse acontecido uma tempestade. Tudo ficou calmo. Os
discípulos ficaram com mais medo do que nunca, mas por um motivo diferente, e com um medo que
era admiração e não terror. “Que tipo de homem é este”, eles se perguntaram, “que dá ordens às águas
e aos ventos e até eles o obedecem?”

JESUS CAMINHA SOBRE A çGUA


Mateus 14, 22-33; Marcos 6, 45-52

Em outra ocasião quando Jesus e seus amigos haviam estado do outro lado do lago, Jesus insistiu para
que fossem para casa sem ele, e subiu nas montanhas para rezar sozinho. Quando chegou o fim da
tarde, o barco estava longe no meio do mar, empurrado por um vento forte, e os discípulos tiveram que
se esforçar com os remos para controlar o curso. O esforço continuou até quase seis horas da manhã
seguinte, quando Jesus se aproximou deles caminhando sobre as águas.

página 238

Ele ia passar por eles, mas quando eles o viram, deram um grito de terror, dizendo, “É um fantasma!”
No mesmo instante ele os confortou, “Coragem!” ele os chamou, “Sou eu. Não tenham medo”.
“Venham”, Jesus disse.
Pedro saiu do barco e começou a andar na direção de Jesus. Mas quando ele percebeu como o vento
estava forte, ele ficou com medo e começou a afundar. “Me salve Senhor”, ele gritou.
Jesus na mesma hora estendeu sua mão e o apanhou. “Homem de pouca fé” ele disse. “Por que
duvidou?”
Jesus e Pedro subiram no barco, e o vento parou imediatamente. Os homens no barco caíram aos pés de
Jesus e o adoraram, dizendo, O senhor é de fato o Filho de Deus.

página 240

UM LOUCO ƒ CURADO
Mateus 8, 28-34; Marcos 5, 1-20; Lucas 8, 26-40

Depois de acalmar a tempestade, Jesus e seus discípulos desembarcaram na costa leste do Mar da
Galiléia, no país dos Gerasenos. De repente um homem louco e feroz que vivia entre os túmulos, saiu
barrando o caminho.
Ele tinha uma aparência terrível, nu e imundo, e sua pele estava coberta com feridas sangrando onde
ele havia se ferido com pedras. Penduradas em seus pulsos haviam correntes quebradas, pois as pessoas
sempre tentavam amarrá-lo com ferros grilhões; mas o homem era tremendamente forte e as quebrava
como fios, fugindo de seus possíveis captores para o deserto. Ninguém conseguia dominá-lo.
Dia e noite ele vagava pelos túmulos, e próximo às montanhas, gritando e se cortando. Aqueles que o
conheciam acreditavam que ele estava possuído pelo demônio.
Quando ele viu Jesus, o maníaco correu até ele e se lançou a seus pés. Os demônios dentro dele
gritaram para Jesus, usando a voz do louco, “Jesus, Filho do Altíssimo - o que quer com a gente?” Pois
Jesus já ia dizendo, “Saiam, espíritos impuros, saiam do homem!”
“Veio nos atormentar antes da hora? “gritaram os demônios. “Em nome de Deus não nos mande para
fora do campo. Não nos mande para o inferno”.
“Qual o seu nome”, perguntou Jesus.
“Legião”, balbuciou o louco, uma legião como um regimento romano, “pois há muitos de nós
habitando este corpo”.
Havia uma grande manada de porcos se alimentando ali perto na encosta perto do mar. os demônios
imploraram a Jesus para mandá-los para os porcos.
“Vão, espíritos impuros! Saiam do homem!” Jesus ordenou.
Quando ele falou, os discípulos viram a manada de porcos aterrorizados com medo descendo a ladeira
e caindo no mar.

página 241

Em poucos minutos todos haviam sido engolidos pelas ondas. Nenhum animal sobreviveu. Os pastores
de porcos ficaram apavorados. Eles correram para a cidade e contaram a todos os que encontravam o
que havia acontecido. Em pouco tempo grandes multidões correram para os túmulos onde sabiam que
Legião havia vivido. Lá, eles o encontraram vestido e com sua mente em ordem, sentado aos pés de
Jesus.
Assustados com o que viram, o medo deles virou terror quando ouviram a estória da cura do homem
louco contada pelas pessoas que realmente haviam visto. Eles imploraram a Jesus para que ele deixasse
o distrito.
Quando Jesus estava subindo no barco, o homem curado implorou a ele para deixar que fosse junto.
Mas Jesus disse, “Vá para o povo de sua própria cidade e diga a eles o que Deus lhe fez e como ele
teve piedade de você”. O homem saiu proclamando por todo o distrito de Gerasa como Jesus o havia
curado. Todos que o ouviam ficavam espantados.
Existem muitos que sentem que Jesus não mandaria os demônios para o rebanho de porcos para
destruí-los. Talvez durante a crise ao ser curado, o louco deu um último grito estridente que assustou os
porcos, e ao vê-los correndo em debandada, os discípulos pensaram que os demônios haviam entrado
neles. Talvez quando Jesus ordenou para os demônios saírem, ele tivesse feito um gesto de comando, e
pareceu aos discípulos que ele havia apontado para os porcos, que já estavam assustados.
Seja qual for a verdade, Jesus nunca teria feito nada que fosse errado.

A FILHA DE JAIRO
Mateus 9, 18-26; Marcos 5, 22-43; Lucas 8, 41-56

Logo depois que Jesus curou o louco de Gerasa, um homem chamado Jairo, um presidente da sinagoga
local que era rico e respeitado, veio até ele com grande aflição. Ele caiu aos pés de Jesus e suplicou a
ele com sinceridade, “Mestre, minha filhinha está morrendo, Ela só tem doze anos. Por favor, venha e
estenda suas mãos sobre ela, e ela poderá viver”.
Jesus foi com ele imediatamente, seguido por uma grande multidão que se apertava tão próxima dele
que ele era quase prensado. Ele estava usando, como todo judeu usava, uma túnica com uma borla em
cada canto, para lembrá-lo da Lei de Moisés. Na multidão, havia uma mulher que tinha sofrido durante
doze anos de uma doença que tornou sua vida uma miséria. Ela gastou tudo o que tinha com médicos,
mas ao invés de curá-la, eles possivelmente a deixaram pior. Mas ela estava convencida de que se
pudesse tocar as roupas de Jesus, especialmente uma das borlas, ela seria curada.
Ela teve que se esforçar bastante para abrir o caminho pela multidão que a empurrava por todos os
lados, mas por um momento ela ficou ao alcance de Jesus. Ela esticou a mão e simplesmente tocou
uma das borlas de sua túnica. Mas o toque foi suficiente. Imediatamente ela sentiu que estava curada.

página 242

Não foi somente ela que percebeu que algo havia acontecido. Jesus também sabia que alguma força de
seu poder havia saído dele. Ele parou e se virou, “Quem me tocou?”, ele perguntou.
Todos negaram, e os discípulos ficaram espantados com a pergunta. “Mestre, pode ver a multidão
apertando de todos os lados”, disse Pedro, “mas o senhor pergunta quem me tocou?”
“Alguém me tocou”, Jesus respondeu, “pois eu senti que saiu poder de mim”, e continuou a olhar em
roda para procurar na multidão.
Quando a mulher sentiu seus olhos sobre ela e viu que não podia se esconder, ela se ajoelhou diante de
Jesus tremendo de medo, e diante da multidão confessou que tinha sido ela.
Jesus não queria que ela pensasse de maneira supersticiosa que poderia ser curada sem o seu desejo
próprio, ou porque havia mágica em suas roupas. Por isso, ele disse a ela, “Tenha coragem, minha
filha. A tua fé te curou. Vá em paz e fique curada de teu mal”.
Apesar de Jairo não ter dito nada, ele estava ficando cada vez mais preocupado com a demora, achando
que Jesus poderia chegar muito tarde para salvar sua filha. De fato, seus medos tinham razão de ser;
pois enquanto Jesus estava falando com a mulher, um servo veio até Jairo e disse discretamente,
“Senhor, sua filha está morta. Não incomode mais o mestre”. Mas Jesus escutou o recado e disse, “Não
tenha medo. Apenas tenha fé. Ela ficará boa novamente”.
Jesus dispensou a multidão e levou Pedro, Tiago e João consigo até a casa de Jairo. Lá, ele encontrou
os flautistas e as mulheres do luto que eram chamadas para lamentar e gemer em funerais. Jesus disse a
eles, “Saiam! Não chorem mais. A criança não está morta. Ela está apenas dormindo”. Eles zombaram
dele, sabendo que ela estava morta.
Mas Jesus levou seus três amigos e os parentes dela para o quarto. Ele pegou a mão dela e disse
gentilmente, “Menina, ordeno que se levante!”
No mesmo instante ela abriu os olhos, levantou, e começou a andar. Seus pais foram completamente
tomados pelo espanto. Jesus disse para eles darem alguma coisa para a filha comer, e para não contar
nada a ninguém a respeito da cura. Mas apesar disso, a estória da ressurreição da filha de Jairo logo se
espalhou por todo o país.

página 244

JESUS O CURADOR

Em toda a sua vida, Jesus ensinou e curou. Ele curou todo tipo de doença, enfermidade, praga e dor, e
deu a seus discípulos os mesmos poderes de cura quando os enviou sozinhos para pregar as boas novas
do Reino de Deus. Ele fez o aleijado andar, o cego enxergar, o mudo falar, o paralítico se movimentar
e o mutilado se recompor. Ele fez os loucos ficarem sãos novamente e tirou os espíritos impuros
daqueles que estavam possuídos pelo demônio. Existem muitas estórias de suas curas.
Aqui estão algumas delas.

Mateus 8, 14-15; Marcos 1, 29-31; Lucas 4, 38-39

Depois de um culto de sinagoga, Jesus visitou a sogra de Pedro. Ela estava doente com febre alta, mas
no momento em que Jesus pegou sua mão e disse para a febre passar, ela ficou boa e levantou para
servi-los. Os que sofrem de febre ficam muito fracos por algum tempo; mas o toque de Jesus fez a
mulher voltar a ter sua energia por completo no mesmo instante.

Marcos 1, 23-28; Lucas 4, 33-37

No início de sua pregação, Jesus foi à sinagoga em Cafarnaum para ensinar. As pessoas ficaram
impressionadas, pois seus ensinamentos eram originais e novos, diferente dos legisladores que estavam
preocupados exageradamente com a interpretação de detalhes da Lei de Moisés.
Havia um homem na sinagoga que estava possuído pelo demônio, e que reconheceu Jesus como o
Filho de Deus. Ele gritou de repente, “O que quer de mim, Jesus de Nazaré? Eu conheço você - você é
o Santo de Deus!” Jesus censurou o demônio que estava no homem. “Silêncio! Saia dele!” ele disse.
Imediatamente o homem caiu, se retorcendo no chão. Depois deu um grande grito. Quando ele se
recuperou do ataque, estava bem e completamente curado.
Todos na sinagoga ficaram impressionados. “O que está acontecendo?” perguntavam uns para os
outros com entusiasmo. “Isto é certamente um novo tipo de ensinamento!” “Sim, ele sabe o que está
dizendo!” “Até os demônios obedecem suas ordens!” As notícias da cura se espalharam rapidamente, e
logo toda a Galiléia estava falando a respeito de Jesus.

Marcos 1, 40-45; Lucas 5, 12-15

Logo depois, um leproso se ajoelhou diante de Jesus, implorando por ajuda. “Se o senhor quisesse”, o
homem disse “poderia me curar”. Jesus ficou compadecido dele, mas também ficou desapontado com o
fato do homem duvidar de seu desejo de curá-lo.
“Claro que eu desejo”, ele disse.
“Fique bom novamente!” No mesmo instante, a lepra sumiu. De forma severa Jesus falou ao homem,
“Lembre-se de não dizer nada a ninguém, mas peça ao sacerdote para te examinar e ver que não tem
mais lepra. Depois vá oferecer o sacrifício que a lei de Moisés exige”.
Mas o homem contou a todos e fez as notícias se espalharem sobre o que havia acontecido, e assim
Jesus não podia mais entrar numa cidade sem que multidões de pessoas se aglomerassem ao seu redor
para serem ajudadas ou curadas. Mesmo no campo, as pessoas vinham. Ele conseguia se retirar para
locais isolados para rezar e descansar, somente com muita dificuldade.

página 245

Lucas 7, 11-17

Jesus estava se aproximando de uma cidade chamada Naim quando encontrou com um funeral que saía
do portal da cidade. O morto era o filho único de sua mãe, uma viúva. Quando Jesus viu a lamentação
da viúva, ele ficou cheio de compaixão e disse, “Não chore”. Ele deu um passo adiante e colocou suas
mãos sobre o esquife. Confusas, as pessoas que o carregavam paravam, querendo saber o que ele
queria fazer.
Então, Jesus disse, “Jovem, levante-se!”
Imediatamente, o homem se ergueu ficando sentado e começou a falar, e Jesus o ajudou a sair do
esquife e o encaminhou de volta para sua mãe.
O povo ao redor ficou em silêncio por um tempo, profundamente admirados com o que havia
acontecido. Então eles começaram a rezar a Deus. “Um grande profeta surgiu entre nós”, eles gritaram.
“Deus mostrou que se importa com seu povo”. E novamente as notícias do que Jesus havia feito se
espalharam por todo o distrito.

Mateus 15, 21-28; Marcos 7, 24-30

Uma vez, seus ensinamentos enraiveceram tanto seus inimigos e Jesus teve que ir para as regiões de
Tiro e Sidon para descansar. Ele precisava permanecer como desconhecido, mas até mesmo antes de
deixar o território judaico, uma mulher cananéia do distrito para onde ele estava indo, o seguiu. Entre
resfôlegos ela gritou, enquanto tentava alcançá-lo, “Tenha piedade de mim, Filho de Davi, minha filha
está cruelmente possuída por um demônio”.
Jesus não respondeu uma só palavra.
Seus discípulos ficaram preocupados com os gemidos da mulher e pediram a ele para conceder o
pedido dela e mandá-la embora. Ele respondeu, “Fui mandado somente às ovelhas perdidas de Israel”.
Mas a mulher os alcançou, e correndo até Jesus atirou-se a seus pés. “Me ajude, senhor”, ela implorou.
Jesus disse, “Não é justo tirar o pão das crianças e jogá-lo aos cães”.
“É verdade senhor”, ela respondeu, “mas os cães comem as migalhas que caem da mesa de seus
donos”.
Quando Jesus ouviu isso, ele disse, “Como é grande a tua fé! Por ter dito isto, teu pedido será atendido.
Tua filha será curada”.
A mulher voltou para casa e encontrou descansando tranqüilamente na cama livre do demônio.

Marcos 7, 31-37

Da região de Tiro e Sidon Jesus retornou para o distrito onde ele havia curado o louco de Gerasa. Um
surdo que não conseguia falar claramente foi trazido a ele. Jesus retirou o homem da multidão e
mostrou a ele sinais sobre o que ele ia fazer. Ele colocou os dedos no ouvido para mostrar ao homem
que ele iria acabar com a surdez dele. Ele tocou sua própria língua primeiro em sinal de que ia curar
sua fala. Então ele cuspiu e sua saliva tocou a língua do homem, e nesse momento os judeus e gentios
acharam que este foi o agente de cura. Depois disso, ele levantou seu rosto aos céus fazendo uma
oração e murmurou, comovido com piedade pelos lamentos da humanidade. Então ele disse, “Abre-te”
Imediatamente o homem ouviu e falou claramente. Jesus contou aos que souberam do milagre para não
dizer nada a respeito. Mas quanto mais ele os proibia, mais eles falavam, pois eles achavam que tudo o
que Jesus fazia era tão maravilhoso que era difícil descrever.

Lucas 13, 11-17

Em um sábado, quando Jesus estava pregando em uma sinagoga, ele viu uma mulher que era
totalmente curvada há dezoito anos, e estava incapacitada de ficar ereta. Ele a chamou e disse, “Você
está livre de sua doença”, e colocou suas mãos sobre ela. Imediatamente ela se ergueu e começou a
rezar para Deus.
Mas o presidente da sinagoga disse com raiva à congregação, “Venha e seja curada em um dos seis dias
de trabalho e não no sábado”. Jesus ficou indignado. “Que hipócritas vocês são!”, ele disse. “Há um
homem entre vocês que não desamarra o seu boi ou jumento de seu estábulo no Sábado para dar água a
ele? Aqui está uma mulher, uma das Pessoas Escolhidas por Deus, aleijada por dezoito longos anos; foi
errado para ela ser libertada de suas amarras no dia de sábado?”
Seus inimigos não tiveram respostas para estas palavras de Jesus; e o povo ficou encantado com todos
os seus feitos maravilhosos.

Lucas 17, 11-19

Jesus entrou em uma vila a caminho de Jerusalém quando um bando de dez leprosos, que não tinham
permissão de se aproximar de outras pessoas, o chamou a uma certa distância. “Mestre, tenha piedade
de nós”. Jesus respondeu, “Vão e apareçam para os sacerdotes”. Esta foi uma maneira de dizer a eles
que estavam curados, pois era obrigação dos sacerdotes examinar todos os homens que tinham lepra, se
eles alegassem que estavam curados, e pronunciar que eles estavam livres da doença.
Enquanto os dez estavam a caminho, eles descobriram que estavam curados. Um deles correu de volta
imediatamente, gritando orações a Deus, e, se atirando aos pés de Jesus, o agradeceu. Ele era um
samaritano. Jesus disse, “Não eram dez os que se curaram? Onde estão os outros nove? Somente este, e
ele é um estrangeiro, pode voltar e rezar a Deus? E disse ao homem, “Fique de pé e siga teu caminho.
A tua fé te curou”.

João 5, 1-16

Enquanto estava em Jerusalém em uma das festas, Jesus foi a um lugar chamado Betsaidá onde havia
cinco colunatas ao redor de um tanque de água. Ao lado dele ficava uma multidão que sofria de todo
tipo de doença; pois algumas vezes a água do tanque ficava agitada (pensava-se que era por causa de
um anjo) e as pessoas acreditavam que a primeira pessoa que mergulhasse na água depois de cada
agitação ficaria curada. Jesus viu que havia um homem que estava aleijado há trinta e oito anos e
perguntou a ele, “Você deseja se curar?” O homem respondeu, “Senhor, não tenho ninguém para me
ajudar a entrar na água quando ela fica agitada, e enquanto eu engatinho até ela, alguém sempre pula
primeiro”.
Jesus respondeu, “Fique de pé, pegue tua cama e ande”. O homem fez o que ele disse. Esta foi uma
outra cura que Jesus fez no sábado. Foi principalmente por causa das curas que Jesus realizou com
doentes no sábado, que as autoridades religiosas começaram a perseguí-lo.

Mateus 20, 29-34; Marcos 10, 46-52; Lucas 18, 35-43


Um mendigo cego chamado Bartimeu estava sentado à beira da estrada perto de Jericó quando ouviu
uma multidão entusiasmada passando. Ele perguntou a um deles o que estava acontecendo.

página 247

“Jesus de Nazaré está passando”, disseram a ele. Imediatamente Bartimeu começou a gritar o mais alto
que pode, “Filho de Davi, tenha piedade de mim!” A multidão disse a ele para ficar quieto, mas ele
gritou ainda mais alto que antes.
Jesus disse, “Chamem ele”, e o povo que estava próximo o encorajou a ir até o Mestre. Bartimeu jogou
seu cajado para que pudesse andar depressa, levantou-se num salto e tateou seu caminho rapidamente
até Jesus.
“Que quer que eu faça?” perguntou Jesus.
“Oh, senhor - Eu quero enxergar!”
Jesus, profundamente comovido, tocou seus olhos e disse, “Vá - a tua fé te curou”.
Imediatamente a visão de Bartimeu foi restabelecida e ele seguiu Jesus, rezando para agradecer a Deus.

página 248

A ALIMENTA‚ÌO DE CINCO MIL - A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES


Mateus 10, 1-10; 14, 13-21; Marcos 3, 14-19; 6, 7-13; 30, 35-44; Lucas 6, 12-16; 9, 1-6; 10, 12-17;
João 6, 5-13

Jesus um dia chamou seus doze discípulos até ele e disse, “Vou enviar vocês para ensinar e curar o
povo de Israel. Digam a eles que o Reino dos Céus está próximo. Curem os doentes, ressuscitem os
mortos, restabeleçam os leprosos, e expulsem os demônios. Vocês receberam generosamente - dêem
generosamente em troca”.
Com estas e outras instruções, ele os mandou seguirem caminho sozinhos. Depois de várias semanas
ele retornaram a ele, cheios das maravilhas que foram capazes de fazer em seu nome, e por volta da
mesma época, a notícia da morte de João Batista chegou a Jesus. Como ele sabia que os discípulos
ficariam sem energia depois de muita cura e ensinamentos, e também para praticar o luto em respeito a
João Batista, Jesus foi com seus discípulos de barco para um lugar deserto na costa norte do Mar da
Galiléia.
Mas nunca era fácil para Jesus encontrar o isolamento. As notícias se espalharam rapidamente a
respeito de sua ida para o norte, e grandes multidões ficaram rodeando a costa e esperavam por ele
quando desembarcou. Quando ele olhou para eles, com todos os doentes e aleijados esperando
ansiosamente para ele curá-los, seu coração se abriu para eles. Eles pareciam perdidos e necessitados -
ovelhas sem um pastor. E assim, apesar de sua grande necessidade de isolamento e repouso, ele passou
o resto do dia curando os doentes e ensinando aos saudáveis.

página 249

Ao cair da noite, seus disseram a Jesus, “Mestre, mande-os para as fazendas e vilas ao redor para
encontrarem comida e pousada”.
Jesus pensou em testar a fé que eles tinham. “Dêem vocês alguma coisa para eles comerem”, ele disse.
“Devemos gastar vinte moedas para comprar pão?” perguntaram. “Mesmo assim, não seria suficiente
para dar um pouco a cada um deles”.
André, o irmão de Pedro, disse com dúvida, “Há um garoto aqui que tem cinco filões de pão e dois
peixes pequenos. Mas de que adiantaria isso entre tantos?”
Jesus disse, “Digam às pessoas para se sentarem na grama em grupos de cinqüenta”.
Quando as pessoas estavam sentadas sobre a grama verde da primavera, Jesus pegou os pães e peixes
do garoto e deu aos discípulos para eles distribuírem para o povo. Os discípulos esperavam que a
comida acabasse antes que eles terminassem de dar para a primeira fileira de cinqüenta deles; mas
quanto mais eles davam, mais parecia que havia em suas mãos. Uma fileira após a outra foi alimentada,
e ainda restava mais comida; e quando cada homem na multidão recebia uma porção, ainda havia o
suficiente para Jesus e seus discípulos. Até mesmo quando a refeição terminou, os restos ainda
encheram doze cestos grandes. Cinco mil homens, além das mulheres e crianças, foram alimentados
naquele dia.
Ao verem este milagre, as pessoas ficaram convencidas de que Jesus devia ser o Messias. Elas estavam
preparadas até mesmo para usar a força para torná-lo o rei deles. Mas Jesus sabia que as razões para
eles fazerem isso eram de natureza errada. Eles queriam um rei que sempre pudesse dar pão a eles, e
não um que exigisse que vivessem vidas dignas. Assim ele se retirou para longe deles nas montanhas
para ficar sozinho e se aliviar nas orações.
Depois em outra ocasião, Jesus fez uma maravilha parecida quando depois de uma pregação para uma
multidão de quatro mil durante três dias, ele alimentou a todos com sete filões de pão, e alguns peixes
pequenos. Sete cestas cheias de sobras foram deixadas. Imediatamente após alimentar os quatro mil,
Jesus foi para casa de barco com seus discípulos.

página 252

PEDRO, A PEDRA
Mateus 16, 13-28; Marcos 8, 27; 9, 1; Lucas 9, 18-27

Enquanto caminhava com seus discípulos, Jesus perguntou a eles, “O que as pessoas pensam que eu
quero dizer quando me pronuncio como Filho do Homem? Quem elas pensam que sou?”
“João Batista ressuscitado dos mortos disse um discípulo. “Elias”, disse outro. “Se não for Elias”, disse
um terceiro, “talvez Jeremias ou um dos outros profetas que retornou a nós”.
“Quem vocês dizem que sou?” Jesus perguntou.
“O senhor é o Cristo”, respondeu Pedro, “O Filho do Deus vivo”.
Jesus respondeu a ele demonstrando um sentimento profundo, “Você é divinamente abençoado; pois
não foi um mortal que revelou isto a você, e sim meu Pai celestial. Eu chamei você de Pedro, a Pedra.
A pedra sobre a qual construirei minha igreja; e nada que o mal ou a morte possam fazer será capaz de
vencê-la.
“Darei a vocês as chaves do Reino dos Céus. O que vocês proibirem ou permitirem na terra será
confirmado por Deus nos Céus.
“Não devem dizer a ninguém que sou o Cristo”.

página 253

E como vocês sabem quem eu sou vou dizer-lhes o que acontecerá comigo. Eu terei que sofrer
intensamente. Devo ir a Jerusalém onde serei rejeitado pelos governantes. Deverei ser morto, e depois
de três dias eu ressuscitarei”.
Mas os discípulos não compreenderam, ou acreditaram no que ele quis dizer. Agarrando no braço de
Cristo, Pedro falou por todos eles. “Essas coisas nunca podem acontecer ao senhor, Mestre”, gritou.
“Não deve dizer essas coisas terríveis”. Jesus se voltou bruscamente para Pedro. Reprovou sua atitude
porque Pedro estava demonstrando fraqueza - a tentação de escolher um caminho mais fácil para
ganhar seu reino que não fosse o sofrimento na Cruz. o demônio estava falando através de Pedro.
“Saia da minha frente Satanás!” ele disse a Pedro. “Você é uma pedra de tropeço no caminho, porque
está pensando como homem e não como Deus”.
Logo depois disso, ele falou para seus discípulos e para uma multidão que havia se reunido a seu redor.
“Se algum homem quiser me seguir, ele deve esquecer a si próprio. Ele deve estar preparado todos os
dias de sua vida para me seguir até a morte, sim, até mesmo a morte vergonhosa e agonizante de um
criminoso na cruz. Se Deus exigir isso. Pois qualquer um que ameaçar sua própria segurança está
perdido; mas aquele que de boa vontade larga tudo que possui por minha causa, e pela graça do Reino
de Deus que eu prego, encontrará sua vida verdadeira. Que adianta ganhar tudo no mundo se perder
sua alma fazendo isso? O que pode ter maior valor para um homem do que encontrar sua própria alma?
O que um homem pode dar para comprá-la de volta, se ele a perdeu?
“Se qualquer homem tiver vergonha de mim e de minhas palavras nestes tempos cruéis, então o Filho
do Homem terá vergonha dele. Quando ele estiver com Deus seu Pai em sua glória, então ele
recompensará cada homem de acordo com o que ele tem feito com sua vida. E eu lhes digo, há alguns
aqui que não morrerão até que vejam o Filho do Homem vir para o
Reino de Deus”.

UMA VISÌO DE GLîRIA


Mateus 17, 1-21; Marcos 9, 2-29; Lucas 9, 28-45

Uma noite, uma semana depois da afirmação de Pedro de que Jesus era de fato o Cristo, Jesus levou
Pedro, Tiago e João para o alto de uma montanha onde eles poderiam ficar sozinhos. Ele começou a
rezar; e enquanto estava rezando, sua aparência mudou completamente. Era como se ele brilhasse por
dentro com uma luz própria. Seu rosto brilhou como o sol e suas roupas ficaram brancas de maneira
fascinante. Ao mesmo tempo, os três discípulos viram dois homens em pé conversando com ele que
também brilhavam com glória. Eles estavam conversando com Jesus sobre o destino que ele iria
encontrar em Jerusalém e da maneira na qual ele iria morrer lá. Os discípulos sabiam que eles eram
Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas, as duas grandes fundações do judaísmo.

página 255

Pareceu a Pedro e a seus companheiros que eles haviam passado por um sono profundo enquanto Jesus
estava rezando e haviam acordado para ter a visão. Enquanto eles assistiam, Moisés e Elias começaram
a se distanciar de Jesus; e Pedro que mal conseguia se dar conta do que ele estava dizendo, sabia que
queria fazer com que esta experiência maravilhosa durasse para sempre, disse, “Senhor, como é
maravilhoso para nós estarmos aqui! Se quiser, eu farei três cabanas neste lugar, uma para o senhor,
uma para Moisés e uma para Elias”.
Ele ainda estava falando quando uma nuvem brilhante fez sombra sobre eles, e dela saiu uma voz que
disse, “Este é meu Filho amado, meu Escolhido, que me encanta. Escutem o que ele diz”.
O som da voz deixou os discípulos muito assustados, e eles caíram com os rostos no chão. Jesus foi até
eles, os tocou levemente e disse, “Levantem. Não tenham medo”, Um a um levantaram as cabeças. A
nuvem brilhante havia ido embora. Não havia ninguém lá a não ser Jesus e eles. Esta visão de glória é
chamada de Transfiguração.
No dia seguinte, quando desciam a montanha, Jesus falou para eles não contarem a ninguém sobre a
visão até que o Filho do Homem houvesse ressuscitado dos mortos. “O que ele quer dizer com
‘ressuscitar dos mortos’?” eles perguntaram um ao outro, “e onde as escrituras dizem que o Filho do
Homem deve sofrer e ser rejeitado? Se os escribas nos ensinam que Elias deve vir antes de Cristo,
porque Jesus não nos permitirá dizer a eles que vimos Elias, que ele veio, e que o caminho agora está
preparado para o Messias - o Cristo. E aqui está ele - Jesus de Nazaré!” Então perguntaram a Jesus,
“Por que os fariseus e escribas dizem que Elias tem que vir primeiro?”
Jesus respondeu, “Elias precisa vir primeiro para preparar o caminho. Ele na verdade, já veio, e eles
fizeram dele o que quiseram”. Ele estava falando de João Batista que nem mesmo ele próprio sabia que
era Elias nascido novamente, mas Jesus sabia.
Quando a pequena companhia se reuniu de volta com os outros discípulos, eles os encontraram
cercados por uma grande multidão. Jesus perguntou qual era o problema. Um homem respondeu,
“Mestre, meu filho está possuído por um espírito que o deixa mudo. Quando ele o ataca, o atira
violentamente no chão. Ele espuma pela boca e range os dentes. Pedi a seus discípulos para tirar o
espírito dele, mas eles não conseguiram”.
Jesus gritou, “Ó geração incrédula e perversa, por quanto tempo terei que estar com vocês? Tragam ele
até aqui”.
Eles trouxeram o menino que já estava em convulsões com um terrível ataque.
“Por quanto tempo ele tem estado assim?” perguntou Jesus.
“Desde a infância”, respondeu o pai. “Freqüentemente o demônio tem tentado destruí-lo atirando-o no
fogo ou na água. Se for possível, por favor nos ajude”.
“Se for possível!” Jesus disse a ele. “Tudo é possível para aquele que acredita”.
“Oh, eu acredito”, gritou o pai logo em seguida. “Me ajude a reforçar onde a fé é pequena!”
Jesus repreendeu o espírito impuro. “Espírito surdo e mudo”, ele disse, “saia dele, eu ordeno. Nunca
mais entre nele novamente!”
O garoto deu um grito violento, e agitando-se cada vez mais com violência, finalmente ficou estendido
como um morto. Mas Jesus pegou sua mão, o levantou e ele ficou de pé. Depois, os discípulos de Jesus
perguntaram a ele em particular, “Por que não conseguimos expulsar aquele demônio?” “Por causa da
falta de fé”, disse Jesus. “Se a fé que vocês têm for do mesmo tamanho de uma semente de mostarda,
vocês poderão mover montanhas. Nada será impossível para vocês”.

página 256

JESUS E AS CRIAN‚AS
Mateus 18, 1-7, 10; 19, 13-14; Marcos 9, 33-37, 42; 10, 13-16; Lucas 9, 46-48; 18, 15-17

Os discípulos de Jesus não compreenderam até depois da morte do Mestre, que o Reino dos Céus sobre
o qual ele falava tanto não era um reino como algum que eles conheciam. Eles esperavam que um dia,
quando ele estivesse pronto, ele proclamaria ao mundo que seria o Rei dos Judeus. Ele montaria um
grande exército e o comandaria triunfante contra os romanos. Ele os conduziria de forma arrojada
partindo da Judéia, antes de continuar a conquistar todo o mundo. Então, ele estabeleceria seu trono na
capital, a cidade de Jerusalém, e governaria como um rei, cercado, cercado de governadores de
províncias, líderes de tribos, visitando reis e governadores em suas vestimentas púrpuras da realeza, e
os senhores e senhoras de alto gabarito. Entre estas pessoas importantes, eles, seus amigos, que haviam
sido humildes pescadores e pessoas comum, ganharia um alto posto. Um deles seria seu Primeiro
Ministro, outro seu Tesoureiro, e outro seu Ministro da Justiça. Mas qual deles seria o maior?
Ao viajar um dia para Cafarnaum, os discípulos discutiram a questão entre si. Jesus estava adiante
deles, caminhando sozinho, mas ele ouviu a discussão atrás dele, e quando eles chegaram na cidade e
estavam sozinhos na casa, ele chamou seus doze discípulos e perguntou a eles, “O que vocês estavam
discutindo no caminho?”
Todos ficaram em silêncio no início, porque ficaram com um pouco de vergonha. Então eles decidiram
perguntar diretamente a ele. “Mestre, quem será o maior entre nós no Reino dos Céus?”
Jesus chamou uma criança que estava brincando por perto para vir até ele. Ele colocou seus braços ao
redor dela e a fez ficar entre os discípulos no lugar onde ele próprio se sentava enquanto falava com
eles, de maneira que a criança ficasse como se fosse o professor deles. Então ele disse, “Se não
pararem de discutir sobre qual de vocês será o maior, mudarem seus valores e se ficarem como as
crianças, nunca entrarão no Reino dos Céus. Quem quiser ser o maior entre vocês deverá se colocar no
lugar mais humilde, e deverá ser como esta criança. Deverá estar pronto para se tornar o servo de todos
os outros. Pois a marca da grandeza em meu Reino é a boa vontade de ajudar os outros, e o maior será
aquele que está mais preparado para servir.
“Quem respeita e honra alguém que acredita em mim com a fé humilde de uma criança, me respeita e
me honra; e quem me honra, honra a Deus que me enviou. Mas se alguém destruir a humildade e
confiança inocente de um fiel, seria melhor que esse homem, antes de fazer uma coisa terrível dessas,
pendurar uma pedra de moinho no pescoço e ser lançado ao mar. Nunca menospreze os fiéis humildes.
Eu lhes digo que seus anjos da guarda olham o tempo todo a face de meu Pai Celestial”.
Em uma ocasião, as mães trouxeram seus filhos até Jesus para que ele pusesse suas mãos sobre elas.

página 257

Os discípulos tentaram em vão evitar que o povo o incomodasse, mas Jesus ficou indignado, e disse a
eles, “Deixem que as crianças venham a mim. Não as impeçam. O Reino dos Céus pertence aos que
são como estas crianças. Em verdade, vou lhes dizer que aquele que não receber o Reino dos Céus
como uma criança, nunca entrará nele”.
Um a um, ele pôs seus braços ao redor de todos eles, e impôs as mãos para abençoá-los, e seguiu seu
caminho.

página 258

MARIA, MARTA E LçZARO


Lucas 10, 38-42; João 11, 1, 5-44

Jesus tinha três amigos a quem ele amava muito, e que viviam em Betânia, uma vila não muito longe
de Jerusalém. Eram duas irmãs e um irmão - Marta, Maria e Lázaro.
Uma vez, quando Jesus estava visitando a casa deles, Marta tratou de fazer com que ele e seus
discípulos fossem bem recebidos da melhor maneira possível. Trabalhando muito, ela preparou e
serviu um prato após o outro para eles comerem, e percebeu como acontecem com muitas cozinheiras,
que um par de mãos não era suficiente. Havia tanta coisa para preparar, tantas pessoas para alimentar, e
tão pouco tempo para fazer tudo. Enquanto ela estava servindo um prato na sala principal, precisavam
de sua atenção na cozinha. E todo o tempo em que ela trabalhava tanto, Maria calma, séria e muito
diferente de sua irmã prática e enérgica, sentava-se atrás de Jesus, enquanto ele se recostava na mesa,
prestando atenção a cada palavra que ele proferia.
Por fim, Marta, cansada, irritada e exaurida, não conseguia mais continuar.

página 259

Ela foi até Jesus. “Senhor”, ela reclamou, “não se importa que minha irmã tenha me deixado sozinha
para fazer todo o trabalho? Não vai pedir para ela vir me ajudar?”
Jesus não deu a ela a resposta que esperava, “Marta, Marta”, ele disse, “não é preciso exagerar e se
incomodar com todos estes pratos que está fazendo. A refeição mais simples estará bem para mim,
alguns pratos, ou na verdade apenas um. Ao prestar atenção a mim, Maria escolheu o melhor prato de
todos, e ele nunca será tirado dela”.
Foi Maria quem mostrou seu amor por Jesus uma semana antes de sua morte ungindo seus pés com um
perfume muito precioso, e enxugando com seu cabelo.
Não muito tempo depois da festa da ceia, em um momento em que Jesus estava longe pregando e
curando, Lázaro ficou gravemente doente. Assustado com o fato de seu irmão poder morrer, Marta e
Maria mandaram um mensageiro para encontrar Jesus e contar a eles as notícias. Elas estavam certas
de que, assim que ele soubesse, o amigo iria até elas, colocaria suas mãos em Lázaro, e tudo ficaria
bem.
Quando ele recebeu a mensagem, Jesus disse a seus discípulos, “Esta doença não resultará em morte,
mas mostrará a glória de Deus e glorificará o Filho de Deus”. Como ele permaneceu onde estava por
dois dias, seus discípulos pensaram que ele não estava preocupado com a doença de Lázaro. Eles
sabiam que ele podia curá-lo à distância como ele curou o empregado do centurião e o filho do oficial.
Assim, eles ficaram surpresos quando ele disse, ao final do segundo dia depois que a mensagem
chegou, “Vamos voltar para a Judéia”.
“Algumas pessoas lá queriam apedrejar o senhor pouco tempo atrás”, eles disseram. “É perigoso
voltar”.
“Minha vida é como um dia, que ainda não está para terminar”, disse Jesus, “por isso, estarei a salvo na
Judéia agora. Mas quando o dia terminar e a noite chegar, então poderei estar em perigo. Mas agora eu
tenho que ir. Nosso amigo Lázaro está dormindo, e devo ir acordá-lo”.
Os discípulos disseram, “Se ele está dormindo, ele vai se recuperar”. Então Jesus disse claramente,
“Lázaro está morto. Estou contente de não ter estado lá com ele, pois a fé que vocês têm será
reforçada. Agora, vamos até ele”.
Quando Jesus chegou em Betânia, ele descobriu que Lázaro já estava morto há quatro dias. Marta
encontrou Jesus antes dele chegar na casa dela.
“Oh, Mestre”, ela disse, “se o senhor pudesse ter estado aqui, Lázaro não teria morrido”. Então, como
ela sabia que Jesus havia ressuscitado homens dos mortos, e se agarrando em qualquer esperança, ela
acrescentou, “Mas eu sei que mesmo assim Deus concederá qualquer coisa que o senhor pedir a ele”.
“Teu irmão vai ressuscitar novamente”, disse Jesus.
“Eu sei disse Marta, “que ele vai ressuscitar no último dia”.
Jesus respondeu, “Eu sou a ressurreição e a vida. Se um homem acreditar em mim, ainda que morra,
ele viverá. Aquele que está vivo e crê em mim não morrerá eternamente. Você acredita nisso?”
“Sim Senhor”, ela disse. “Eu acredito que o senhor é o Cristo, o Filho de Deus, que veio a este
mundo”.
Com estas palavras, ela voltou para sua irmã Maria, e disse em particular a ela, “O Mestre veio e
gostaria de ver você”. Maria levantou rapidamente ao lugar onde Jesus havia encontrado Maria,
acompanhada por seus amigos que pensaram que ela iria ao túmulo de seu irmão para chorar.
Assim que ela viu Jesus, Maria caiu aos pés dele. “Se o senhor tivesse estado aqui, Mestre, Lázaro não
teria morrido”.

página 260

Quando Jesus viu ela e todos os seus amigos chorando, ele ficou profundamente comovido. “Onde ele
está enterrado?” ele perguntou.
Eles mostraram a ele o lugar e Jesus chorou.
“Vejam como ele o amava”, eles murmuraram,
Jesus foi até o túmulo, que era uma caverna com uma pedra na entrada. “Tirem a pedra”, ele disse.
Marta exclamou, “Mestre, ele está morto há quatro dias. Pode estar cheirando mal”.
Jesus respondeu, “Não prometi que se tiver fé, verá a Glória de Deus?”
Assim, eles tiraram a pedra e Jesus, olhando para cima disse, “Pai, eu agradeço por ter me ouvido. Eu
sei que sempre me ouve, mas eu disse em nome de todos estes ao meu redor, para que acreditem que o
senhor me enviou”.
Ele levantou sua voz em um grande grito que ecoou na caverna, “Lázaro, saia!”
Na escuridão da caverna, alguma coisa branca se movia. Cegamente, com passos rijos e curtos -
pernas, braços e corpo com faixas enroladas, seu rosto enrolado com um pano - Lázaro se moveu até a
direção da luz do sol. Um ruído, um grande suspiro de medo veio dos observadores. Lázaro parou em
frente a Jesus, que disse, “Desate as faixas dele e deixem-no ir”.

página 262

Muitos dos judeus que viram Lázaro de volta à vida acreditaram em Jesus, mas alguns foram até os
fariseus e contaram a eles o que havia acontecido. Eles e os altos sacerdotes convocaram
imediatamente uma reunião no Sinédrio, o conselho superior dos judeus.
“O que devemos fazer?” eles disseram. “O homem está operando um milagre após o outro. Se o
deixarmos em paz, todos acreditarão que ele é o Messias, e ele irá liderar uma rebelião. Os romanos
virão e tomarão nossas posições acabarão com Jerusalém e o Templo e destruirão toda a nossa nação!”
Caifás que era o Alto Sacerdote naquele ano, respondeu, “Não percebem o que devemos fazer? Não se
dão conta de que este homem deve ser morto em nome do povo para impedir que toda a nação seja
destruída?”
Ele falou com mais veracidade do que ele próprio sabia. Pois suas palavras foram uma profecia de que
Jesus teria que morrer por seu povo e não somente por eles, pois com sua morte ele uniria em um só os
filhos de Deus de todo o mundo.
Desse dia em diante, as autoridades conspiravam junto para executar a morte de Cristo.
Jesus não apareceu em público entre eles por algum tempo, mas ele foi para uma cidade nos limites do
deserto, onde ficou muito tranqüilamente com todos os seus discípulos.

O BOM SAMARITANO
Lucas 10

Em uma ocasião, um homem que havia passado sua vida estudando a Lei de Moisés tentou pegar Jesus
com uma pergunta muito difícil. Ele perguntou a ele. “Como posso ganhar a vida eterna?”
Jesus respondeu, “O que diz a Lei?”
O homem respondeu, “Primeiro você deve amar a Deus com todo o teu coração, alma e força, e
entendimento. Então você deve amar o próximo tanto quanto ama a si mesmo”.
“Essa é a resposta certa”, disse Jesus.
“Faça isso, e você terá a vida eterna”.
“Ah”, respondeu o legislador, “mas quem é meu próximo?”
Jesus respondeu contando a ele uma estória.
“Um homem que viajava de Jerusalém a Jericó foi atacado por ladrões. Eles levaram tudo o que ele
tinha, até mesmo suas roupas, o espancaram e depois o deixaram na estrada, semi-morto. Um sacerdote
estava indo pela mesma estrada, mas quando ele viu o homem ferido ele passou para o outro lado da
estrada o mais rápido que pode. Então um levita, um daqueles que venera a Deus nos cultos do
Templo, apareceu. Ele olhou rapidamente para o homem ferido. Então, ele também passou para o outro
lado da estrada. Finalmente, um viajante samaritano veio para onde o homem estava deitado”.
Quando ele disse a palavra ‘samaritano’ o rosto do legislador ficou com uma expressão de desprezo.
Como todo judeu ele odiava os samaritanos. Eles eram os descendentes de estrangeiros que os judeus
haviam encontrado vivendo no país deles quando retornaram do exílio na Babilônia, quinhentos e
cinqüenta anos antes. Eles eram chamados samaritanos porque haviam sido exilados para Samária,
parte do reino de Israel conquistado pelos assírios.

página 263
Estes estrangeiros acreditavam que haviam muitos deuses diferentes, cada um governando seu próprio
país. Se você vivesse em um país, teria que venerar o deus daquele país. Assim, quando eles vieram
viver na Samária, os estrangeiros ficaram devotos do Senhor Deus Eterno dos israelitas.
Quando os judeus retornaram e começaram a reconstruir o Templo de Deus em Jerusalém, os
samaritanos quiseram ajudar. Mas os judeus não permitiram, pois eles acharam que os samaritanos não
veneravam Deus da maneira correta. Isto causou muita desavença que piorou muito com o passar dos
anos, até que ninguém podia odiar mais um judeu do que um samaritano.
Portanto, o legislador estava certo de que o samaritano que passava não ajudaria o homem de
Jerusalém que havia sido assaltado e ferido.
No entanto, ele estava errado.
“O samaritano teve piedade do pobre homem estendido na estrada”, Jesus continuou. “ele foi até ele,
lavou seus ferimentos com vinho para limpá-los, e óleo para dar alívio, depois colocou ataduras.
Colocou-o sobre o seu jumento, e o levou para uma estalagem, onde ele próprio cuidou de suas
necessidades.
“No dia seguinte, o samaritano teve que deixar a estalagem, porque tinha que tratar de negócios, mas o
judeu ainda estava muito machucado e era necessário que ele ficasse na estalagem até que ficasse
melhor. O samaritano pegou algum dinheiro, deu ao estalajadeiro e disse, ‘por favor cuide de meu
amigo e dê a ele o que precisa. Acho que isso é o suficiente para pagar tudo, mas se houver alguma
despesa extra, eu pagarei quando voltar’.
“Agora”, disse Jesus ao legislador, qual destes três homens provou ser um bom semelhante ao homem
que foi roubado e espancado?”
O legislador não quis responder no início, e mesmo quando deu a resposta, ele mal podia suportar dizer
que foi o samaritano.
Ao invés disso ele murmurou, “acho que foi o homem que teve piedade do viajante ferido”.
“Sim”, disse Jesus. “Então vá e faça o mesmo”.

página 264

O FILHO PRîDIGO
Lucas 15, 1-2, 10, 11-32

Jesus era sempre censurado pelos fariseus porque ele se misturava com as pessoas a quem eles
chamavam de pecadores. Em resposta ele disse, “Aqueles que estão bem não precisam de médico;
somente aqueles que estão doentes. Eu não vim para chamar os homens bons, e sim os pecadores para
que se arrependam”. E contou esta estória.
“Havia um homem que tinha dois filhos. O mais jovem disse a ele, ‘pai, me dê agora a partilha de sua
propriedade que vai me deixar quando morrer’. Assim o pai dividiu sua propriedade para e deu ao mais
jovem a sua partilha. Alguns dias depois, o jovem vendeu tudo o que tinha recebido, pegou o dinheiro
e saiu em uma viagem para uma terra distante. Lá ele gastou o dinheiro em uma vida de preguiça e
prazer, sem pensar no que faria quando seu dinheiro acabasse. Quando ele gastou tudo o que tinha,
houve uma fome terrível por todo o país onde ele estava vivendo, e ele começou a ficar necessitado.
Ele foi forçado a trabalhar de empregado para um dos lavradores do lugar que o mandou para o campo
cuidar dos porcos. Ele estava com tanta fome que ia comer as glandes de alfarroba que eram dadas aos
porcos, pois ele estava sem comida.
“Então ele caiu em si, ‘quantos dos trabalhadores de meu pai tem comida de sobra para comer’ ele
pensou, ‘e aqui estou eu morrendo de fome. Vou voltar para meu pai, e direi a ele, Pai, eu pequei
contra os céus e contra o senhor. Não sou digno de ser teu filho. Me trate como um de teus servos’.
“Assim ele partiu para a casa de seu pai. Mas enquanto ele ainda estava longe, o pai o avistou e ficou
com muita piedade da figura comovente e maltrapilha. Correu até ele o abraçou e beijou. O filho
começou a dizer, ‘Pai, pequei contra os céus e contra o senhor, e não mereço mais ser chamado de teu
filho’. Mas antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, o pai chamou os servos.
“‘Tragam as melhores mantas que eu tenho e coloque sobre ele’. ele disse. ‘Traga um anel para seu
dedo e sandálias para seus pés. Apanhe um novilho gordo e mate, vamos comemorar e festejar. Pois
este filho meu estava morto e voltou a viver. Estava perdido e agora foi encontrado’. Assim, eles
começaram a comemorar.
“Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando voltou, ouviu o som da música e dança.
Chamou um servo e perguntou o que estava acontecendo. ‘Teu irmão voltou’, disse o homem, ‘e teu
pai matou um novilho gordo porque está contente de tê-lo de volta a salvo’.
“O irmão ficou com raiva e se recusou a entrar. Seu pai saiu e insistiu muito com ele, mas ele
respondeu, ‘Fui teu escravo durante todos esses anos. Nem uma só vez desobedeci as ordens que me
deu. Nunca me deu nem mesmo um cabrito para eu fazer uma festa com meus amigos. Mas assim que
teu filho - que desperdiçou teu dinheiro com más companhias - retorna, o senhor mata o novilho gordo
para ele!’
“‘Meu filho’, disse o pai, ‘estamos sempre juntos, você e eu, e tudo o que eu tenho é seu. Mas este era
um dia para festejar, porque seu irmão estava morto e agora voltou à vida. Ele estava perdido e agora
foi encontrado’”.

página 266

ZAQUEU
Lucas 18, 10-14; 19, 1-10

Depois de curar Bartimeu, o mendigo cego, Jesus entrou em Jericó e abriu caminho pela cidade. Lá,
havia um homem chamado Zaqueu. Apesar dele ser judeu, ele era o líder de todos os coletores de
impostos do distrito e um homem muito rico. Mas como todos os coletores de impostos, especialmente
os judeus, ele era odiado por seus compatriotas, porque coletava dinheiro deles para dar aos odiados
romanos que governavam o país deles.
Zaqueu havia ouvido muitas estórias a respeito de Jesus, mas nunca o havia visto. Quando ele soube
que o profeta estava conquistando a cidade, ele se apressou para conseguir avistá-lo, pois estava
ansioso para descobrir que tipo de homem ele era.
Mas Zaqueu era um homem muito baixo, e não conseguia enxergar por cima das cabeças da multidão
que imediatamente cercava Jesus quando ele entrava em qualquer vila ou cidade. Assim, ele correu à
frente da aglomeração e subiu em uma amoreira à beira da via por onde Jesus passava e lá ele esperou.
Para seu espanto, Jesus parou ao pé da árvore e olhou para cima nos galhos. Apesar de Zaqueu nunca
tê-lo visto antes, Jesus disse seu nome, “Zaqueu”, ele disse, “desça já, pois vou ficar em sua casa
hoje” .
Zaqueu desceu o mais rápido que pode e levou Jesus até sua casa onde o recebeu com muita alegria.
Mas muitos da multidão começaram a murmurar desaprovando o fato do Mestre ter concordado em ser
um hóspede de um pecador.
Talvez por ter ouvido o que eles diziam, talvez porque ele havia sido comovido pela expressão no rosto
de Jesus quando ele olhou para a árvore, Zaqueu parou à porta de sua casa.

página 267

Virou-se e encarou a multidão. Mas foi para Jesus que ele falou.
“Aqui e agora, mestre, eu prometo dar metade de tudo o que possuo para os pobres. Se eu trapaceei
com alguém levando mais do que devia em impostos, darei a ele quatro vezes o que levei”.
Jesus disse àqueles que estavam ao redor, “Hoje a salvação entrou nesta casa”.
Zaqueu também é filho de Abraão, porque o Filho do Homem veio buscar e salvar quem está perdido”.
Uma vez Jesus contou uma estória sobre um fariseu e um coletor de impostos. Ambos foram para o
templo rezar. O fariseu ficou com a postura de oração onde todos podiam vê-lo e admirá-lo e dizia,
“Obrigado, Senhor por eu não ser como os homens mesquinhos, desonestos e infiéis. Obrigado por eu
não ser como o este cobrador de impostos desagradável. Jejuo toda segunda e quinta-feira; e dou um
décimo de tudo o que ganho para a caridade, muito mais do que a Lei de Moisés exige”.
Mas o coletor de impostos estava tão envergonhado de si que ficou a uma boa distância do fariseu, a
quem ele achou mais justo do que ele próprio. Ele não fez nada a não ser levantar seus olhos do chão,
bater em seu peito e dizer, “Deus tenha piedade de mim; sou o pior dos pecadores”.
“Eu lhes digo”, disse Jesus, “que foi o coletor de impostos, e não o fariseu, que voltou para casa com
seus pecados perdoados. Pois Deus humilhará quem se engrandece com sua própria bondade e olha
com superioridade para as outras pessoas. Mas aqueles que se humilham serão exaltados aos olhos de
Deus”.

O PRIMEIRO DOMINGO DE RAMOS


Mateus 21, 1-13; Marcos 11, 1-11; Lucas 19, 28-48; João 12, 12-19

No primeiro dia da última semana de Jesus na terra, ele mandou dois discípulos para uma vila próxima
de Jerusalém. “Lá, vocês encontrarão um jumento amarrado que eu consegui emprestado”, ele disse.
Desamarrem-no e tragam até aqui. Se alguém perguntar porque o estão levando, digam, ‘O Senhor
precisa dele’, e na mesma hora deixarão ele ir.
Os discípulos trouxeram o jumento até Jesus. Colocaram suas capas sobre o animal e Jesus se preparou
para entrar em Jerusalém. O profeta Zacarias havia escrito séculos antes que o Messias entraria em
Jerusalém sobre um jumento, e Jesus, ao fazer isso, estava pela primeira vez, alegando abertamente ser
o Messias.
À medida que o pequeno grupo ia para a direção de Jerusalém gritando e ovacionando, outros das vilas
ao redor se juntavam a eles.
Enquanto corriam até Jerusalém, as pessoas espalhavam as notícias de que o Messias estava chegando,
e na cidade, entusiasmados com a recente ressurreição de Lázaro, multidões exaltadas saíam para dar
as boas vindas a Jesus.

página 268

Alguns estendiam seus mantos pela estrada, outros espalhavam galhos, folhas e flores de palmeiras, e o
povo cantava, “Bendito seja o filho de Davi! Bendito o rei que vem em nome do Senhor!”
“Estão chamando você de Messias”, disseram alguns fariseus na multidão. “Faça os parar!”
“Se eles se calarem”, Jesus respondeu, as pedras gritarão!”
Há uma inclinação na estrada para Jerusalém onde o viajante avista todo o panorama da cidade que
aparece gloriosamente à vista. Quando Jesus chegou nesse ponto, ele chorou. “Oh Jerusalém”,
lamentou “se ao menos neste dia conhecesse as coisas que podem te trazer a paz. Mas virão os dias em
que teus inimigos te cercarão e destruirão totalmente - e tudo porque não reconheceu o momento em
que Deus te visitou”.
Assim, Jesus entrou em Jerusalém triunfante como o Messias. Como era a obrigação de todo judeu
devoto, ele foi imediatamente para o Templo rezar.

página 271
Ele olhou ao redor para todo o movimento que havia lá antes de deixar a cidade e retornar a Betânia
onde ele passou a noite.
No dia seguinte ele voltou para o Templo. No início de sua pregação, ele havia expulsado os
comerciantes do pátio do Templo, mas logo eles voltaram. Aqui, os cambistas haviam se estabelecido,
fazendo grandes lucros trocando o dinheiro estrangeiro pelo meio-siclo judeu que tinha que ser pago na
tesouraria do Templo. E lá também, estavam os homens que vendiam pombos para o sacrifício,
cobrando preços abusivos dos peregrinos que tinham que comprar seus produtos.
Os comerciantes de todos os lugares usavam os pátios do Templo como atalho, levando suas
mercadorias por eles. Era como se os pátios fossem vias públicas e não havia respeito pela sagração, ou
seja, pelo caráter sagrado das construções.
Foi profetizado que o Messias limparia o Templo, e Jesus fez isso, expulsando todos os comerciantes.
Ele virou as bancadas dos trocadores de dinheiro e dos vendedores de pombos. Ele proibiu qualquer
um de carregar mercadorias pelo Templo ou de realizar qualquer tipo de negócio. “Está escrito”, ele
gritou, “que a casa de Deus deve ser chamada de casa de oração para todas as nações do mundo. Vocês
fizeram dela um covil de ladrões”.
Todos os dias durante sua última semana, Jesus pregou e curou no Templo. Até as crianças gritavam,
“Hosana ao filho de Davi!”, até que os altos sacerdotes e escribas ficaram agitados com indignação e
gritaram, “Ouçam o que elas estão dizendo”. “Sim”, respondeu Jesus. “Vocês nunca leram o que os
profetas dizem: ‘Deus tira da boca das crianças e dos bebês o perfeito louvor’?”
Os inimigos de Cristo queriam matá-lo, mas durante o dia as pessoas o cercavam sem parar, e ele
passava toda noite fora da cidade em Betânia. Ele tinha que morrer, mas somente no momento em que
Deus escolhesse.

página 272

A òLTIMA CEIA
Mateus 26, 14-35; Marcos 14, 10-31; Lucas 22, 1-39; João 13, 1-35, 18

As autoridades que estavam planejando a prisão e morte de Jesus, receberam uma visita inesperada.
“Quanto vocês me pagariam para eu trair meu mestre em favor de vocês?” perguntou Judas, um dos
doze apóstolos.
Ninguém sabe por que ele fez esta coisa terrível. Poderia ter sido avareza pelo dinheiro, mas os
sacerdotes deram a ele apenas trinta moedas de prata, o preço de um escravo. Talvez Judas tivesse
pensado que se Jesus se encontrasse diante de um perigo real, usaria seus poderes para escapar e se
tornaria o esperado Messias conquistador de tudo.

página 273

Seja qual for a razão, a partir desse momento ele ficou atento a uma oportunidade de entregar Jesus
para os judeus.
No dia seguinte os discípulos perguntaram a Jesus onde fariam a ceia da Páscoa. Ele disse a Pedro e a
João, “Vão a um certo lugar em Jerusalém onde encontrarão um homem carregando um pote de água.
Ele levará vocês a uma casa onde mostrará a uma sala grande na parte de cima reservada para nós. Lá
encontrarão tudo pronto”. Jesus havia feito estes arranjos secretos para se proteger de seus inimigos.
Nessa noite, os doze discípulos e o Mestre mal haviam se sentado ao banquete, quando as mesmas
velhas discussões cheias de inveja, vieram à tona debatendo sobre quem seria o maior no Reino de
Cristo que estava para vir. Talvez o motivo fosse o fato de alguém ter que servir a mesa e ninguém
estava disposto a isso. Jesus lembrou a eles que em seu Reino o homem mais importante seria aquele
que tivesse a maior boa vontade em servir seus companheiros. Então ele próprio deu o exemplo. Ele
tirou suas mantas e amarrou uma toalha em sua cintura. Ao pegar uma tigela de água, ele começou a
lavar os pés de seus discípulos, trabalho que era feito geralmente pelo escravo mais baixo.
Pedro tentou evitar que ele fizesse isso, mas Jesus disse, “Você agora não compreende o que estou
fazendo, mas compreenderá mais tarde. Se não me deixar lavar teus pés, não terás mais associação
comigo”. “Então lave minhas mãos e minha cabeça também”, respondeu Pedro. “Um homem que se
banhou precisa apenas lavar os pés”, respondeu Jesus, “e todos vocês - exceto um - estão limpos”. Ele
disse isto porque sabia que Judas estava planejando traí-lo.
Quando terminou, Jesus disse, “Vocês compreendem o que eu estou tentando ensinar a vocês? Com
razão vocês me chama de ‘Senhor’. Se eu, Senhor de vocês, lavei seus pés, vocês, mais ainda, devem
servir uns aos outros, pois os servos não são superiores a seus mestres”.
Logo depois, Jesus ficou muito pesaroso. “Um de vocês”, ele disse, “vai me trair”. Seus discípulos
perturbados perguntaram, “Senhor, sou eu?” Pedro fez sinal para João que estava recostado perto de
Jesus para perguntar a quem ele se referia. João se recostou e perguntou a Jesus, e ele respondeu,
“Aquele a quem eu der este pedaço de pão depois de molhar no prato”. Pois quando o anfitrião dava
um pedaço de pão molhado no prato a um convidado, isto era um sinal de favor especial, e ao fazer isto
Jesus tentou envergonhar Judas por sua deslealdade. Mas Judas saiu da mesa, e Jesus sabia que este
último apelo era em vão.
“Faça logo o que tem de fazer”. Jesus disse, e Judas saiu na escuridão. Ninguém percebeu que ele iria
trair Cristo naquele momento. Eles pensaram que ele iria tratar de algum negócio que Jesus havia dado
a ele para fazer.
Então Jesus pegou o pão, e o partiu, abençoou e disse, “Peguem e comam. Este é o meu corpo que será
entregue a vocês”. Em seguida ele abençoou um cálice de vinho. Bebam dele, todo vocês”, ele disse.
Este é o meu sangue, o qual será derramado para que uma nova aliança seja feita entre Deus e o
homem, para que muitos possam ser redimidos de seus pecados”.
Depois do jantar eles deixaram a cidade para ir até o Monte das Oliveiras. No caminho Jesus disse,
“Todos vocês serão desleais comigo esta noite”.
“Todos os outros podem ser desleais”, disse Pedro, “mas eu nunca serei”.
“Nesta mesma noite, antes do galo cantar”, Jesus respondeu “negará que me conhece três vezes”.
Pedro quase chorou. “Ainda que tenha que morrer contigo, nunca negarei o senhor”, ele protestou, e
todos eles disseram a mesma coisa. Mas a tristeza tomou conta deles quando entraram em um jardim
chamado Getsêmani para rezar.

página 276

GETSæMANI
Mateus 26, 36-58; Marcos 14, 32-52; Lucas 22, 39-54; João 18, 1-13

O Jardim de Getsêmani fica próximo às paredes do lado de fora de Jerusalém. Jesus e seus discípulos o
visitavam com freqüência, e Judas que estava reunindo soldados e guardiões do Templo com tochas e
armas, também sabia bem disso. Quando eles chegaram, Jesus deixou oito discípulos sozinhos e levou
Pedro, Tiago e João consigo um pouco mais adiante. Enquanto os quatro andavam juntos, a angústia
que nunca se afastava naquela noite, tomou conta de Jesus.
“Minha alma está numa tristeza mortal”, ele disse, “fiquem aqui enquanto eu vou até ali rezar, e rezem
comigo”. Ele foi um pouco mais adiante, se prostrou ao chão e rezou com toda a força de sua alma.
“Pai, se for possível, e tudo é possível com Deus, afasta de mim este cálice. Porém não seja feito o que
eu quero, e que seja feita a tua vontade”.
Diante da alma do homem solitário rezando, apareceu o anjo do amor de Deus para confortar e
revigorar para ele aceitar seu destino. Mas ele rezou com mais urgência, com tal desespero que o seu
suor caiu no chão como sangue que goteja de uma ferida. Por fim, exausto, ele voltou para os
discípulos e viu que eles estavam dormindo, pois estavam desgastados por causa da tristeza.
“Não poderiam permanecer acordados para vigiar uma hora comigo?” ele perguntou. Vigiem e orem
para que não caiam em tentação. Seus espíritos estão preparados mas a carne é fraca”.
Ele os deixou novamente para rezar, e quando retornou os encontrou dormindo novamente e eles
ficaram tão envergonhados que não souberam o que dizer. Uma terceira vez ele os deixou para rezar,
sabendo o tempo todo que Deus não tinha outro caminho para ele a não ser o que tinha que ser seguido.
Para vergonha deles, os discípulos não conseguiam deixar de dormir. Quando ele retornou a eles pela
última vez, disse, “Ainda estão dormindo? Chegou a hora. Vamos. Meu traidor está aqui”.

página 277

Enquanto ele falava, ele e seus discípulos foram cercados por uma grande multidão de homens
armados com espadas e porretes, com Judas à frente deles, Jesus foi encontrá-los.
“Quem vocês procuram?” ele perguntou.
“Jesus de Nazaré”.
“Sou eu”.
Ele falou com tal imponência que eles recuaram com espanto, e alguns caíram no chão.
“A quem procuram?” Jesus perguntou novamente.
“Jesus de Nazaré”.
“Já disse que sou eu”, Jesus disse, “mas deixem estes outros irem embora”.
Judas deu um passo à frente da multidão e abraçou Jesus, pios ele havia dito a eles, “Aquele que eu
beijar é o homem que procuram”. “Saudações Mestre”, ele disse.
Jesus disse, “Amigos, vocês devem fazer aquilo que tem que ser feito. Mas, oh Judas, me trai com um
beijo?”
Os homens pegaram Jesus. Pedro puxou sua espada e com ferocidade atingiu e cortou a orelha direita
de Malco, um servo do alto sacerdote.
“Guarde sua espada e não resista”, disse Jesus, “pois aqueles vivem pela espada morrem por ela. Eu
poderia neste instante chamar exércitos de anjos para me salvar. Mas esta é a única maneira na qual as
escrituras podem ser cumpridas”.
Com um toque ele curou a orelha de Malco. Depois ele falou para a multidão, “Vieram armados de
espadas e porretes para me prender como se eu fosse um bandido? Todos os dias eu estava ensinando
no Templo e vocês não me tocavam. Mas tudo isso faz cumprir a profecia. Este é o momento de vocês,
quando o mal é supremo”.
Os homens que seguravam Jesus o levaram embora. Outros tentaram prender os discípulos sem muito
ânimo, mas eles fugiram na escuridão, um homem jovem que deixou sua manta de linho nas mãos dos
soldados fugiu nu. Somente quando Pedro e João tiveram certeza de que estavam a salvo passaram a
seguir Jesus e seus captores a uma distância segura de volta a Jerusalém, temerosos do que estava para
acontecer.

página 279

JESUS DIANTE DO SINƒDRIO


Mateus 27, 59-75; Marcos 14, 53-72; Lucas 22, 54-71; João 18, 12-27
Jesus foi levado primeiro para Anás, o sogro de Caifás, o alto sacerdote. Ele interrogou Jesus
rigorosamente. “Eu sempre ensinei abertamente em sinagogas e no Templo”, Jesus respondeu.
“Pergunte a meus ouvintes o que eu ensino”.
Uma das pessoas bateu no rosto de Jesus. “Isto é maneira de falar com um alto sacerdote?” ele
perguntou.
“Se eu disse algo errado”, disse Jesus. “Me diga o que é. Se não, por que me bateu?” Anás ordenou que
Jesus fosse amarrado e levado para Caifás do outro lado do pátio.
Enquanto isso, João, que conhecia Caifás pediu permissão para trazer Pedro para o pátio, onde os
freqüentadores haviam feito uma fogueira. Uma das empregadas do alto sacerdote disse a Pedro, “Você
não é um dos seguidores do prisioneiro?” “Não”, ele disse, e se juntou aos outros ao redor da fogueira
par ase aquecer. Lá, após ele terem notado seu sotaque da Galiléia durante a conversa, uma outra serva
olhou duramente para ele e disse, “Você não era um daqueles que estava com o Nazareno, era? Pedro
se afastou para trás. Confuso ele gaguejou, “Não era - o que quer dizer? Não, eu não sei nada sobre o
homem”. Ele estava tão assustado que se retirou por um tempo para um pátio externo onde, apesar de
mal conseguir perceber, ele ouviu o canto do galo.
Depois de algum tempo, ao sentir o ar frio da noite, Pedro voltou para o círculo ao redor da fogueira.
aos poucos sua auto-confiança voltou até que as pessoas começaram a dizer, “Você deve ser um
seguidor deste Jesus, com este sotaque galileu”. Assustado, Pedro praguejou e jurou em sua ansiedade
escapar da prisão. “Eu lhes digo que não conheço o homem”, ele gritou. Naquele momento o galo
cantou pela segunda vez.
E também nesse momento, Jesus, com os braços amarrados era empurrado pelo pátio das salas de Anás
para as de Caifás. Ele passou a alguns metros de Pedro, virou sua cabeça e olhou direto em seus olhos.
“Você se lembra?” seu olhar quis dizer sugestivamente.
“Três negações antes do galo cantar duas vezes?” Mas também havia tanto amor e compreensão no
olhar que Pedro não pode suportar. Ele saiu do pátio para a rua, chorando como nenhum outro homem
havia chorado desde o princípio do mundo.
Esperando com Caifás para julgar Jesus estavam os membros do Sinédrio, a alta corte dos judeus. Uma
testemunha após a outra vinha acusá-lo, mas as estórias não coincidiam, como era exigido pela lei
judaica. Por fim, dois homens disseram, “Este homem declarou, ‘posso destruir o Templo de Deus
feito com as mãos e em três dias fazer outro que não será construído pelas mãos’”. Isto seria bruxaria.
Eles haviam entendido errado uma referência que Jesus havia feito ao falar da morte e ressurreição de
seu próprio corpo. Mas mesmo as provas deles não estavam de acordo.
Jesus não fez nada, deixando as testemunhas se contradizerem. Por fim, Caifás, perdeu a paciência e
disse, “Eu vou colocá-lo em juramento. Responda, “Você é o Messias, o divino filho de Deus?”

página 280

“Eu sou”, respondeu Jesus. “Um dia vocês verão o Filho do Homem sentado à direita de Deus no
Céu”.
Caifás rasgou sua roupa. “Blasfêmia!” ele gritou. “Que outras provas mais precisamos agora? Como
vocês querem resolver isto?”
“Condene-o à morte!” eles gritaram. Com a fúria eles perderam toda a dignidade, colocaram uma
venda nos olhos de Jesus, e cuspiam nele, zombando e batendo enquanto gritavam, “Vamos profeta!
Diga quem bateu em você, Messias!”
Mas era preciso mais alguma coisa para condenar Jesus à morte, uma outra para por executar a
sentença. Pois os romanos governavam a terra, e somente eles podiam ordenar que um homem fosse
executado. Pilatos, o governador romano, tinha que ser convencido de que Jesus merecia morrer.
O JULGAMENTO DIANTE DE PILATOS
Mateus 27, 1-31; Marcos 15, 1-20; Lucas 23, 1-25; João 18, 28-40; 19, 1-15

Judas logo soube que seu Mestre havia sido condenado e não fez nenhum esforço para se salvar.
Horrorizado com o que havia feito, ele pegou as moedas de prata e correu para o Templo com elas,
esperando talvez que se ele devolvesse o dinheiro, Jesus pudesse ser libertado.
Mas quando ele disse aos sacerdotes, “Eu traí um inocente”, eles foram insolentes. “quem se importa
com isso?”, eles responderam. “Isso é problema seu”. Judas jogou fora a prata e, saindo correndo em
desespero, se enforcou.
Enquanto isso, o Sinédrio levou Jesus a Pilatos, o governador romano. Eles o acusaram de planejar
subversão contra Roma, de encorajar o povo a não pagar impostos a César e de alegar ser um rei.
Pilatos reconheceu imediatamente o despeito deles e disse, “Julguem-no de acordo com suas próprias
leis”. Eles responderam, “Não podemos condenar ninguém à morte”.
Pilatos interrogou Jesus em particular, “Você é o rei dos judeus?”, ele perguntou.
“Certamente sou um rei”, Jesus respondeu, “mas meu reino não é deste mundo, senão meus seguidores
lutariam por mim. Eu vim para dar testemunho da verdade”.
“Verdade!”, disse Pilatos, “O que é a verdade?”
Ele levou Jesus para o Sinédrio. “Não vejo nada de criminoso neste homem”, ele disse.
Caifás respondeu, “Começou na Galiléia e agora está na Judéia, ele incita desordem no povo em todo
lugar que ele ensina”.
“Oh”, disse Pilatos, “você é um Galileu?” Ele disse ao Sinédrio, “Este homem deve ser julgado por
Herodes, governador da Galiléia, que está em Jerusalém para a festa”, e enviou Jesus a ele.
Herodes há muito tempo queria ver Jesus e testar seus poderes miraculosos. Mas Jesus não respondeu
uma palavra de suas perguntas e das muitas acusações dos líderes que o haviam acompanhado até
Herodes. Herodes e seus soldados tiveram que se contentar em vestir Jesus com uma capa de cor
brilhante, fazendo chacota com ele como um rei-palhaço e mandou-o de volta a Pilatos.
Pilatos reuniu o Sinédrio novamente. “Nem eu e nem Herodes conseguimos descobrir algo que este
homem cometeu para merecer a morte.

página 281

“Devo chicoteá-lo e soltá-lo!”


“Não!”, eles gritaram. “Crucifiquem-no, crucifiquem-no!” Então Pilatos entregou Jesus para ser
chicoteado. Depois que seus soldados o haviam açoitado com correias de fio trançado com pedaços de
metal, e ossos amarrados em cada uma das diversas tiras, eles colocaram a capa de cor escarlate de um
soldado sobre ele imitando a cor púrpura real, usada somente pelos imperadores, fizeram uma coroa
com ramos de espinhos e puseram sobre sua cabeça, deram a ele um bastão como se fosse o cetro real e
ajoelharam diante dele, gritando, “Salve, rei dos judeus!” Cuspiram nele e bateram em sua cabeça com
seu ‘cetro’.
Era costume do governador na Páscoa soltar um prisioneiro escolhido pela multidão. Naquela época
um assassino chamado Barrabás, que havia feito parte de uma revolta recente, estava na prisão. Pilatos
achou que o contraste entre o Barrabás sedento de sangue e o inocente Jesus faria com que a multidão
libertasse Jesus se fosse dada uma escolha ao povo, por isso, ele trouxe Jesus até eles, em um ponto
visível, sua cabeça e seu corpo estavam se esvaindo em sangue dos espinhos e dos açoites. “Olhem
para este homem’, ele disse. “Devo libertá-lo, ou libertar Barrabás?”
Para o espanto de Pilatos, a multidão gritou, “Barrabás!”

página 282
Naquele momento foi entregue a Pilatos uma mensagem de sua esposa. “Não faça nada com Jesus”,
dizia a mensagem. “Ele é inocente. A noite passada tive pesadelos terríveis com ele”.
Em meio aos berros da multidão, Pilatos gritou, “O que eu devo fazer com este que é chamado rei de
vocês?”
“Crucifiquem-no!”
“Crucifiquem-no vocês”, respondeu Pilatos, sabendo que sob as leis romanas, eles não poderiam.
“Acho que este homem é inocente”.
“Por nossas leis ele deve morrer porque ele se diz o Filho de Deus”, responderam os sacerdotes.
Pilatos estava assustado. Havia muitas coisas a respeito deste homem que ele não compreendia.
“De onde você veio?” ele perguntou. Jesus não respondeu.

página 283

“Por que não fala comigo? Percebe que eu tenho poder para libertar ou crucificar você?”
“Não teria poder algum a menos que Deus o tivesse dado a você”.
Pilatos disse resolutamente ao povo, “Vou libertar este homem’.
Mas sua determinação foi destruída por uma sentença dos sacerdotes. “Se você soltar este rebelde, não
é amigo de César”. Pilatos já havia tido grandes problemas com o imperador romano, e mais uma
acusação poderia significar sua ruína, talvez sua morte.
Pilatos pediu água para lavar as mãos diante de todos eles. “Eu lavo minhas mãos, não sou responsável
pelo sangue deste homem inocente. Vocês são responsáveis”.
“Que seu sangue caia sobre nós e nossos filhos!” o povo gritou.
Barrabás foi solto, e Jesus, vestido com suas próprias roupas, foi levado para ser crucificado.

página 284

A CRUCIFIXÌO
Mateus 27, 32-66; Marcos 15, 21-47; Lucas 23, 26-56; João 19, 16-42

Depois das terríveis chicotadas, Jesus ficou muito fraco para carregar a barra de madeira horizontal da
cruz que os condenados à crucifixão tinham que levar. Por isso, os soldados romanos forçaram Simão
de Cirene, a quem eles encontraram no caminho, para carregar a pesada travessa. Jesus foi seguido
pelas mulheres que lamentavam em voz alta por ele. Sabendo do cruel destino que estava para ocorrer
em Jerusalém em alguns anos, quando a cidade se rebelaria contra os romanos e seria totalmente
destruída, ele disse a elas, “Não chorem por mim, mas chorem por vocês mesmas e por seus filhos
pelos dias que estão por vir”.
Fora de Jerusalém havia um monte conhecido como Gólgota, ou Monte da Caveira, por causa de sua
forma. No topo dele haviam mastros fincados em pé firmemente no chão. Os criminosos condenados à
crucifixão eram presos com pregos grandes fincados em seus pulsos entre os ossos do antebraço, nas
travessas que eles haviam carregado, e estas eram fixadas horizontalmente nos mastros que já estavam
em posição. Cada viga vertical tinha um pedaço de madeira saliente que formava um tipo de apoio
sobre o qual a vítima era apoiada. Seus pés algumas vezes eram fixados com um só prego marretado
entre os ossos do tornozelo, outras vezes eram amarrados.

página 285

Não era apenas um morte dolorosa e hedionda, como também vergonhosa, reservada somente para os
piores criminosos e escravos.
Ofereceram a Jesus vinho misturado com fel para ajudar a amortecer a dor, mas ele recusou. Ele sabia
que tinha que encarar a morte com todos os seus sentidos. Tiraram suas roupas e repartiram entre si
tirando a sorte, pregaram ele na cruz e a colocaram em pé. Enquanto colocavam os pregos no lugar, ele
disse, “Pai, perdoem-nos, eles não sabem o que fazem”.
Sobre a sua cabeça havia uma placa com uma inscrição com o ‘crime’ que ele havia cometido escrito
nela em hebraico, grego e latim: ‘Este é Jesus, o rei do judeus’. O Sinédrio protestou a Pilatos.
“Escreva”, eles exigiram, “que ele disse que era rei dos judeus”. Mas Pilatos não mudou o que tinha
escrito.
De cada lado, dois ladrões também foram crucificados. Um deles insultou de Jesus, gritando, “Você
não é Cristo? Então por que não salva você mesmo e a nós?” Mas o outro o repreendeu: “Merecemos
nossa punição, mas este homem não fez nada de errado”. Então ele disse a Jesus, “Senhor lembre-se de
mim quando vier como rei”. “Neste mesmo dia”, Jesus respondeu, “você estará no paraíso comigo”.
Os fariseus, sacerdotes e os que passavam zombavam de Jesus, “ele salvou os outros, mas não pode se
salvar”. “Vamos desça da cruz”, eles gritavam, “então acreditaremos que é realmente o Messias”. Mas
os amigos também estavam lá. Sua mãe e seu amado discípulo João, ficou perto da cruz, e mesmo em
sua agonia Jesus pensou no futuro deles. “Mãe”, ele disse a Maria, seja uma mãe para João. João, cuide
dela como um filho”.
Mas ao meio dia, os zombadores ficaram em silêncio, pois a escuridão tomou conta de todo o país e
durou até que Jesus morreu às três da tarde. Próximo do fim, ele gritou em voz alta, “Meu Deus, meu
Deus, por que me abandonaste?” Não foi um grito de desespero, e sim as primeiras palavras do salmo
22. O salmo começa com uma descrição quase exata dos sofrimentos de Cristo, mas termina com uma
grande torrente de louvor a Deus. A primeira sentença do salmo teria vindo à mente de Jesus, tão
familiarizado com os salmos quanto as crianças com os hinos escolares, e o final triunfante, no qual o
sofrimento terrível de um homem faz realizar a glorificação de Deus pelo povo que ainda está para
nascer.
Depois do grito, Jesus disse, “Eu estou com sede”. Uma das pessoas perto da cruz levantou em um
bastão, uma esponja cheia de vinho até seus lábios. Agora ele podia beber porque havia concluído tudo
o que tinha que fazer na cruz. Depois ele orou. “Pai, eu entrego meu espírito em tuas mãos”, e quase no
mesmo momento gritou triunfante, “Tudo está terminado!” Com estas palavras, ele morreu.
Nesse mesmo momento, a cortina que separava o Santo Lugar do Santíssimo Lugar no Templo se
dividiu de cima até em baixo. A terra tremeu e as rochas racharam. Foram contadas estórias sobre
túmulos abrindo, e espíritos aparecendo. O centurião que estava tomando conta da execução de Jesus
disse, “Este homem era de fato o Filho de Deus”.
Os corpos tinham que ser tirados antes das seis da tarde, quando começava o sábado judaico para que o
dia sagrado não ficasse impuro. Assim os soldados mataram os dois ladrões quebrando suas pernas, o
que significava que como elas não poderiam mais suportar o peso de seus corpos, eles logo morreriam
sufocados. Como Jesus estava morto, os soldados não quebraram suas pernas. Mas um soldado
casualmente levou sua lança para um lado do tronco de Jesus perfurando seu corpo quase até o
coração, conforme foi percebido pelo fluxo de sangue e água que saiu do ferimento.

página 288

José de Arimatéia, um membro rico do Sinédrio que não concordava com a morte de Jesus, foi
corajosamente até Pilatos e implorou pedindo seu corpo. Pilatos surpreso ao ouvir que Jesus já estava
morto. Pilatos enviou o centurião que confirmou de fato a sua morte. Pilatos concedeu a José o corpo;
com Nicodemus, outro seguidor secreto de Jesus, ele tirou o corpo, ungiu com especiarias preparadas
apressadamente, e o envolveu em um lençol de linho limpo. Em um cemitério jardim não muito longe
do lugar de execução, ele havia cavado um túmulo na rocha para seu próprio enterro, como uma
pequena caverna. Neste túmulo, que nunca havia sido usado antes, ele colocou o corpo do Messias com
toda a reverência, e com a ajuda de Nicodemus e seus servos, rolou uma pedra pesada na entrada da
caverna para fechá-la. Várias mulheres que eram seguidoras de Jesus viram onde o corpo havia sido
colocado, e foram para casa preparar as especiarias para que quando o sábado terminasse, elas
pudessem voltar e embalsamá-lo adequadamente.
Elas não foram as únicas pessoas a perceber onde Cristo estava enterrado. Os servos do Sinédrio
também foram avisados para observar e contar para seus mestres que foram imediatamente até Pilatos.
“Esse falso Messias afirmou que ressuscitaria dos mortos”, eles disseram. “Por isso, vocês poderiam
lacrar o túmulo e colocar soldados para vigiá-lo, caso os discípulos venham à noite e roubem o corpo
para dizer que ele ressuscitou? Se isto acontecer, as coisas podem ficar ainda piores”.
“Vocês terão seus guardas”, disse Pilatos. Ele pode ter tido a intenção de dizer, “Vocês tem os guardas
do Templo os quais eu dou permissão de usar para esta tarefa fora do Templo”, ou vou deixar vocês
terem uma guarda de soldados romanos”. Seja o que for que ele quis dizer, no momento em que a
escuridão tomou conta ao final do dia naquela primeira Sexta-Feira Santa, não houve mais tumultos e
multidões enfurecidas e idas e vindas de líderes, governadores e reis. Em toda a terra a paz do sábado
havia se estabelecido. As ruas estavam vazias e as casas tranqüilas. Somente no cemitério, onde a
guarda estava sentada ao redor do túmulo solitário no jardim de sepulturas onde Jesus estava, não havia
qualquer movimento de luz tremeluzindo ou fogo.

A PRIMEIRA PçSCOA E A SEGUINTE


Mateus 28; Marcos 16; Lucas 24; João 20, 21

Em toda aquela noite fatigante e no dia e noite seguintes, os guardas continuaram a vigiar. De acordo
com os cálculos judaicos, o domingo seria o terceiro dia depois da crucificação. A longa vigília deles
estava quase terminada.
Por volta de cinco horas, quando a primeira luz se rompeu no horizonte, houve um tremor de terra que
sacudiu os guardas os quais estavam bem despertos. Diante de seus olhos assustados, uma figura,
fascinante como um raio, branca como a neve, rolou a pedra da caverna onde Jesus estava. Por alguns
momentos eles ficaram paralisados de medo. Em seguida eles fugiram e contaram ao Sinédrio o que
havia acontecido. Os altos sacerdotes deram dinheiro a eles. “Digam isso, ‘os discípulos dele roubaram
seu corpo enquanto estávamos dormindo’”, eles disseram “Se Pilatos souber disso, nós cuidaremos
para que nada aconteça a vocês”.
Cerca de uma hora depois, seis ou sete mulheres, amigas de Jesus, incluindo Maria Madalena, foram ao
cemitério levar as especiarias para embalsamar seu corpo. No caminho, elas se preocuparam que não
teriam força suficiente para mover a pedra, mas ao se aproximar da caverna elas ficaram surpresas em
ver que a pedra já havia sido tirada do lugar. Havia espaço somente para uma ou duas delas entrarem
no túmulo. Aquelas que entraram ficaram assustadas ao descobrir que o corpo de Jesus havia sumido.
Enquanto ficavam confusas pensando a respeito disso, apareceram de repente diante delas, dois
homens vestidos com uma roupa branca deslumbrante. “Não fiquem com assustados”, eles disseram.
“Por que procuram pelos vivos no meio dos mortos? Jesus de Nazaré que foi crucificado não está aqui.
Ele ressuscitou. Lembrem-se dele ter dito a vocês quando ainda estava na Galiléia que o Filho do
Homem seria traído e crucificado e ressuscitaria no terceiro dia”.
Aqueles que estavam atrás da pequeno grupo de mulheres, dentre as quais estava Maria Madalena,
viram e ouviram um pouco ou nada da visão, mas quando aqueles que estavam na frente saíram
aterrorizados em pânico do túmulo, o medo contagiou as outras mulheres, e todas elas fugiram.

página 290

Maria Madalena pensou que o corpo de Jesus havia apenas desaparecido. Ela correu para onde Pedro e
João estavam hospedados. “Eles levaram o Senhor de seu túmulo e não sabemos onde o colocaram!”
ela soluçou. Os dois homens correram para o jardim.
Enquanto isso no caminho das outras mulheres que corriam juntas para casa apareceu na luz fosca da
manhã, a figura de um homem. “Que a paz esteja convosco!” disse a voz que elas conheciam.
Incapazes de acreditar no que estavam ouvindo ou vendo, pois elas viram Jesus ali em pé, elas caíram
ao chão em adoração. “Não tenham medo”, disse Jesus. “Vão e contem aos meus seguidores que logo
nos encontraremos”.
Com muita alegria, as mulheres contaram ao restante dos discípulos como haviam encontrado com
Jesus. Mas a estória pareceu não ter sentido para eles, e eles não acreditaram.
Enquanto isto estava acontecendo, João e Pedro correram para o túmulo. João, que era mais jovem do
que Pedro, e podia correr mais depressa, chegou primeiro. Mas ficou com medo de entrar na caverna e
ficou apenas examinando. Na escuridão ele conseguiu perceber as roupas de linho que haviam
envolvido o corpo.
Enquanto estava hesitando, Pedro chegou e percorreu seu caminho pela caverna. Ele viu que de fato o
corpo havia desaparecido e que o tecido que havia envolvido a cabeça de Jesus, estava enrolado
sozinho em um lugar.
João acompanhou Pedro na caverna. Nenhum deles entendeu o que havia acontecido. eles sabiam
apenas que Jesus não estava lá.
Eles saíram antes de Maria, que seguiu com a lentidão dos lamentos, e chegou ao túmulo. ela ficou do
lado de fora do túmulo chorando, e depois percebeu de repente que havia um homem ao lado dela. Sua
cabeça estava curvada em sinal de luto, e seus olhos cheios de lágrimas de maneira que ela não
conseguia ver seu rosto.
“Por que está chorando?” ele perguntou “Quem você está procurando?”
Maria, pensado que ele era o jardineiro disse, “Senhor, se você o levou embora, por favor, me diga
onde o colocou e eu o levarei”.
O homem respondeu com uma palavra, “Maria”. Mas ao ouvir seu nome e a maneira que ele a disse,
Maria soube no mesmo momento quem era.
“Mestre!” ela gritou e caiu de joelhos. Ela queria abraçá-lo, mas ele gentilmente a impediu.
“Não segure em mim agora”, ele disse. “Vá e conte a meus amigos que eu ressuscitei e que vou
retornar para meu Pai e seu Pai, meu Deus e seu Deus”.
Ela não quis deixá-lo, mas queria muito mostrar seu amor fazendo tudo o que ele pediu.
Com muita alegria, ela correu de volta para Jerusalém. “Eu vi o Senhor”, ela contou aos discípulos.
“Ele está vivo!”
À medida que o dia passava, o entusiasmo dos discípulos crescia. Pareceu que o inacreditável havia se
realizado. Pedro, o homem magoado e covarde que havia negado seu Senhor três vezes, retornou à
noite como um novo homem, ardente em coragem e confiança. Maria Madalena e as mulheres tinham
razão. Jesus estava vivo. Elas o haviam encontrado e conversado com ele. Não havia dúvida, não havia
dúvida nenhuma.
Mal havia terminado de falar quando dois discípulos que haviam caminhado no fim daquela tarde para
Emaús, uma vila fora de Jerusalém, estavam exaurindo ofegantes. Eles tinham corrido por todo o
caminho de volta porque Jesus havia se unido a eles, mostrando desde as Escrituras por que o Messias
tinha que ter morrido.
Eles não o haviam reconhecido no crepúsculo, apesar de seus corações ficarem em chamas dentro deles
enquanto ele falava, e nem quando ficaram sob a luz fraca da estalagem, até o momento em que ele
abençoou o pão partido da maneira que eles conheciam muito bem. Ele desapareceu da vista deles.
Eles terminaram de contar esta estória aos discípulos. E de repente Jesus estava lá entre eles, dizendo,
“Que a paz esteja convosco”, e provou que ele não era um fantasma comendo diante deles, e deixando
ser tocado. Ninguém mais podia duvidar.
Tomé Didimo não estava presente. Quando os discípulos disseram a ele que haviam visto o Senhor, ele
disse, “Se eu não puder ver e sentir as marcas de pregos em suas mãos e a ferida do lado do corpo, não
acreditarei. “Uma semana depois, quando Tomé estava com os discípulos, Jesus apareceu, e, ao saudá-
lo, estendeu as suas mãos para Tomé. “Olhe”, ele disse, “coloque seus dedos nas marcas de pregos em
minhas mãos. Ponha sua mão na minha ferida. Não seja mais um incrédulo”.
Não havia necessidade de Tomé tocá-lo. Ele se ajoelhou diante dele. “Meu Senhor e meu Deus”, ele
disse.
“Você acredita porque me viu”, disse Jesus. “Bem aventurados sejam aqueles que acreditam sem ter
visto”.
Além dessas aparições, Jesus apareceu para seu meio-irmão Tiago, que não havia sido seu seguidor
enquanto ele vivia, e se tornou um fiel. À beira do Mar da Galiléia onde Jesus havia passado grande
parte de sua vida, ele fez uma de suas últimas aparições.
Pedro e os outros ex-pescadores haviam voltado para o antigo trabalho na pesca. Por toda uma noite
eles trabalharam e não pescaram nada. De manhã cedo, na escuridão, eles viram um homem na praia,
mas não o reconheceram, ou perceberam que era Jesus.
“Vocês não pegaram nada?” ele chamou.
“Não”
“Tentem jogar a rede a estibordo”.
Eles fizeram como ele disse, e imediatamente a rede ficou cheia de peixes. Pedro se lembrou de como
há muito tempo, depois de um arrastão semelhante, Jesus disse a eles que pescariam homens para ele.
“É o Senhor!” ele disse.
Depois de trazerem a rede para a terra, eles encontraram uma fogueira acesa e o café já cozinhando.
Ainda estava muito escuro para ver claramente. Nenhum dos discípulos se atreveu a perguntar a Jesus
se era ele; mas eles sabiam que era, especialmente quando ele abençoou e partiu o pão, e deu a eles
com o peixe para comer.
Depois do café, Jesus perguntou três vezes, “Simão, você me ama?” Todas as vezes Pedro respondeu,
“Senhor, sabe que sim”. Ele estava magoado por ter sido indagado três vezes, mas cada uma das vezes
limpou uma das negativas que ele fez no pátio do alto sacerdote.
“Oriente meu povo”, disse Jesus, “e me siga”.
Assim Jesus apareceu a seus amigos por muitos dias até que chegou o momento dele subir para seu Pai.

A ASCENSÌO
Atos 1

Jesus continuou a aparecer para seus discípulos por algum tempo após sua ressurreição. Durante este
tempo ele os ensinou mais a respeito do Reino de Deus, apesar de haver muita coisa que eles não
compreendiam até algum tempo depois. Quando a hora estava próxima para ele deixar o mundo, e
subir a seu Pai, ele disse para eles não saírem de Jerusalém até que a promessa de Deus fosse realizada.

página 293

Ele lembrou a eles do que havia falado a respeito de sua promessa. “Vocês se lembram”, ele disse,
“que João batizava com água. Mas em pouco tempo vocês serão batizados com o Espírito Santo”.
Bem próximo do fim, mesmo na última caminhada dos discípulos com Jesus para o Monte das
Oliveiras, os discípulos mostraram que ainda não compreendiam que o Reino de Jesus não era deste
mundo. Apesar de tudo o que havia acontecido, eles ainda pensavam que ele iria estabelecer um reino
na terra com uma corte, um exército, juízes, embaixadores e outros oficiais. E como poderia estar certo
de seu êxito agora! Tudo o que ele tinha a fazer era se revelar para o Sinédrio e os romanos - o homem
que havia morrido na cruz, colocado em um túmulo por quase quarenta horas e ressuscitado dos
mortos. Eles teriam que aceitá-lo como rei dos judeus.
Por isso eles perguntaram, “O senhor vai fazer agora Israel se tornar a nação que governa o mundo
todo?” Mas ele disse a eles, “Não é para vocês saberem a hora em que acontecimentos futuros
acontecerão. Isto é determinado pela autoridade de Deus. Mas quando o Espírito Santo descer sobre
vocês, receberão então o poder que os tornará capazes de contar ao mundo a meu respeito, começando
na Judéia e na Samária e depois indo para todos os países do mundo”.
Ele ergueu suas mãos e os abençoou, e no mesmo momento do ato de abençoar ele foi tirado da
presença deles. Exatamente como havia acontecido na Transfiguração, uma nuvem fez sombra sobre
eles e ocultou Jesus de suas vistas. Algumas pessoas acharam que não era uma nuvem comum, e sim
aquela mesma que desceu ao Tabernáculo na época de Moisés, mostrando a glória da presença de
Deus. Quando a nuvem subiu saindo do lugar onde Jesus havia ficado, os discípulos ficaram olhando
para o céu.
Enquanto ficavam lá, dois homens de branco apareceram e disseram a eles, “Galileus, por que estão aí
parados olhando para o céu? Jesus, que acabou de se separar de vocês e foi para o céu, voltará um dia
em forma humana, do mesmo modo que o viram partir”.
Os discípulos souberam então que nunca mais veriam Jesus até que ele retornasse em glória. Eles
acreditavam que isto aconteceria em bem pouco tempo, e retornaram a Jerusalém para esperar o
batismo prometido com o Espírito Santo, apesar de não poderem imaginar como isto aconteceria.
Havia uma coisa que tinha que ser feita. Jesus havia escolhido doze apóstolos, um para cada uma das
tribos de Israel. Com sua traição a Jesus, Judas havia perdido o direito sobre seu lugar entre eles, e ele
teria que ser preenchido. Pedro sugeriu que o número deveria ser preenchido por alguém que tivesse
sido um seguidor durante todo o tempo em que Jesus havia estado com eles na terra.
Não haviam muitos homens que tivessem sido fiéis seguidores o tempo todo, e apenas dois nomes
foram apresentados: José, que tinha o sobrenome de Justo, e Matias.
Os discípulos concordaram em rezar para Deus para que ele mostrasse qual dos dois ele escolheria. Foi
decidido que eles fariam um sorteio e Matias foi escolhido. Os seguidores de Cristo ficaram felizes em
saber que mais uma vez haviam doze apóstolos para representar as tribos de Israel no reino que estava
por vir.

A VINDA DO ESPêRITO SANTO


Atos 2

O Pentecostes, o festival da colheita e aniversário da Lei de Moisés, era comemorado cinqüenta dias
após a Páscoa. Milhares de judeus de todo o mundo vinham para Jerusalém para a festa, e uma mistura
de idiomas podia ser ouvida nas ruas.
Em Pentecostes os discípulos se reuniram, provavelmente em uma sala dentro do Templo. Eram nove
horas da manhã, a hora da oração pública. De repente pareceu que um estrondo do prédio de cima
eclodiu como um vento forte que soprava e entrava na sala. Acima deles, pairando sob o teto, brilhava
o que parecia ser uma massa de fogo; e enquanto eles observavam, ela se separou em chamas
individuais que flutuaram no ar e brilharam sobre as cabeças de cada um dos discípulos presentes. Eles
sentiram fluindo dentro deles um poder e êxtase imensos, diferente de qualquer coisa que eles já
haviam conhecido antes em suas vidas. Um ou dois deles começaram a falar, mas em línguas que não
conheciam. Mais e mais se uniram a eles até que todos os discípulos estava gritando louvores a Deus
em línguas estrangeiras no volume máximo de suas vozes; alguns riam, outros choravam de emoção e
exaltação, à medida que se sentiam tocados e elevados pelo enorme poder do Espírito Santo que
entrava neles.
Ao redor do prédio onde haviam se encontrado, multidões logo começaram a se reunir, querendo saber
o que era aquela comoção. Os discípulos saíram da sala ainda gritando as louvações a Deus em línguas
estrangeiras, para que pudessem ser ouvidos em todos os aposentos do Templo. Rapidamente,
pequenos grupos de pessoas cercaram discípulos individualmente. Aqui um falava persa; ali outro
falava lindamente em grego; um terceiro louvava a Deus em árabe; um quarto cantava um salmo copto.
A multidão estava ensurdecida. “Eles são galileus”, disseram, “alguém que mal consegue falar sua
própria língua. Como pode cada um de nós ouvi-los louvando a Deus tão belamente em nossas línguas
nativas?” Alguns dos que olhavam e ouviam os gritos e viram os discípulos rindo e chorando de êxtase,
disseram com desprezo, “Estão bêbados!”
Mas Pedro os ouviu. Quando o barulho acalmou um pouco, ele chamou os outros apóstolos até ele e
juntos encararam a multidão. As línguas estrangeiras ficaram em silêncio. A voz de Pedro saiu
claramente para os judeus confusos. Eles pararam de falar uns com os outros e prestaram atenção a
suas palavras.
“Companheiros judeus”, ele disse, “nós não estamos bêbados, pois ainda é hora da oração; e nenhum
judeu come ou bebe em um dia de festa até passar a hora. Não. O que viram e ouviram é uma
realização do profeta Joel que profetizou um grande derramamento do Espírito Santo nos últimos dias.
Todos os que invocam a Deus serão salvos.
“Israelitas, prestem bem atenção. Todos vocês conhecem Jesus de Nazaré que operou milagres e deu
sinais entre vocês. Foram vocês que o entregaram a homens pagãos para crucificá-lo.

página 297

Mas esta era a vontade de Deus, pois ele o ressuscitou dos mortos, conforme Davi, que foi seu
ancestral, profetizou que ele faria. Meus amigos e eu sabemos que isto é verdade, pois nós o temos
visto com nossos próprios olhos. Ressuscitado dos mortos, Jesus deu o Espírito Santo que ele havia
recebido de Deus como havia prometido. Tudo o que tem visto e ouvido esta manhã é o trabalho do
Espírito que flui dele. Que toda a casa de Israel saiba com toda a certeza que Deus fez Jesus e o
constituiu como o Senhor e Messias”.
Os judeus ficaram cheios de remorso quando ouviram o que Pedro disse, pois eles sabiam que Jesus
havia sido crucificado injustamente. “O que devemos fazer?” perguntaram. “Arrependam-se de seus
pecados e sejam batizados em nome de Jesus”, respondeu Pedro, “e receberão o Espírito Santo”. Sua
pregação teve tanto êxito que naquele dia três mil de seus ouvintes se tornaram seguidores de Cristo, se
devotando aos ensinamentos e a uma associação com os apóstolos.

O MARTêRIO DE ESTæVÌO
Atos 4-7

O que veio depois de Pentecostes foi quase tão maravilhoso quanto a própria festa. Um dia após o
outro, novos discípulos foram conquistados pelas pregações dos apóstolos; e eles operaram muitos
milagres de modo que houve uma sensação de maravilha duradoura do poder de Deus. Até mesmo
muitos dos sacerdotes se tornaram cristãos e membros da igreja, como a comunidade passou a ser
chamada. Esta é uma prova de que a ressurreição realmente aconteceu; pois os sacerdotes podiam
provar facilmente que ela não era verdadeira exibindo o corpo de Jesus se ele ainda estivesse no
túmulo.
Os primeiros cristãos acreditavam que Jesus retornaria em glória em um curto espaço de tempo. Não
havia muito sentido em manter terras ou propriedades se eles fossem logo estar com ele, por isso eles
venderam tudo o que possuíam e usaram o dinheiro para providenciar alimentos para todos os
membros da igreja. Eles veneravam com muita alegria no Templo todos os dias e eram muito
considerados pelo povo.
Também havia oposição. Os apóstolos foram presos pelo Sinédrio, encarcerados, proibidos de ensinar,
soltos, presos novamente, chicoteados e presos mais uma vez. Mas nada podia mantê-los em silêncio, e
um membro sábio do Sinédrio aconselhou os outros a não tomar nenhuma atitude contra eles. “De
tempos em tempos”, ele disse “movimentos como este começam e não dão levam a nada. Seus líderes
morrem e seus seguidores se espalham. Se este movimento não for inspirado por Deus, ele terá o
mesmo destino. Mas se Deus estiver com estes homens, como eles dizem, podemos estar lutando
contra ele”.
Um número de gregos que havia se convertido em judeus pela religião e era chamado de prosélitos se
uniu aos seguidores de Jesus. Os pobres entre eles repartiram a comida e as mercadorias que foram
divididas entre os membros da igreja; mas os prosélitos reclamaram que receberam menos do que
aqueles que haviam nascido judeus.

página 298

Assim, os apóstolos escolheram sete homens para ver se o alimento foi distribuído com justiça. Um
deles chamado Estêvão. Ele provou ser um homem de grande poder, cheio do Espírito Santo, que não
só operava milagres como pregava e discutia com êxito com homens estudados das sinagogas. Eles não
conseguiam superá-lo; e ficaram com muita inveja de seu sucesso, sentindo-se tão incapazes contra ele
que encontraram um falso testemunho para acusá-lo de blasfemar contra Deus e Moisés. Ele foi
arrastado até o Sinédrio e acusado de dizer que Jesus de Nazaré destruiria o Templo, e mudaria os
antigos costumes passados por Moisés.
Estêvão teve permissão de falar em sua própria defesa. Ele fez o traçado da história de Israel desde
Abraão até Salomão, mostrando como as pessoas sempre se rebelavam contra os bons líderes que
tentavam mostrar a eles os caminhos de Deus. “Vocês são exatamente como seus pais’, ele finalizou.
“Qual profeta eles não perseguiram? Eles mataram aqueles que previram a vinda do Messias; vocês
mataram o próprio Messias.”
O Sinédrio ficou enfurecido. Mas Estêvão, olhando para cima, teve uma visão dos céus se dividindo.
“Olhem!”, ele disse. “Vejo o Filho do Homem à direita do Pai”. Isto foi o máximo que seus ouvintes
puderam suportar. Com as mãos tampando os ouvidos para que não ouvissem uma blasfêmia dessas,
eles avançaram até Estêvão, o arrastaram para fora da cidade e o apedrejaram até a morte. Eles tiraram
suas roupas para fazer isto, e as colocaram aos pés de um jovem fariseu fervoroso chamado Saulo, que
aprovou o que estavam fazendo. Estêvão morreu gritando, “Senhor Jesus, receba meu espírito. E não
os condene por causa deste pecado”.
Assim morreu o primeiro mártir cristão depois de Jesus.

página 299

A VISÌO DA ESTRADA DE DAMASCO


Atos 9, 22, 1-21, 26, 4-21

A morte de Estêvão marcou o início de uma grande perseguição àqueles que seguiam o Caminho,
como os ensinamentos de Jesus passaram a se chamar. Desde o Pentecostes, quando até mesmo alguns
sacerdotes se tornaram cristãos, os seguidores de Jesus aumentaram em número não somente de
dezenas como de milhares; e seus inimigos sentiram que o movimento tinha que ser bloqueado o mais
rápido possível e por completo. Muitos cristãos fugiram de Jerusalém, mas isto foi bom, pois em todos
os lugares para onde iam eles levavam as boas novas de Jesus e do Reino.
Saulo, que guardou as roupas dos que haviam apedrejado Estêvão, era um fariseu rígido e fervoroso e
um dos oponentes mais amargos da Cristandade. O alto sacerdote deu a ele cartas de autorização para
as sinagogas de Damasco com a finalidade de prender todos os seguidores de Jesus e trazê-los
amarrados para Jerusalém. O alto sacerdote tinha muito prazer em ajudar Saulo. Ele não teria tanto
prazer se pudesse prever o futuro.
Pois quando Saulo não estava longe de Damasco, uma luz do céu, mais brilhante do que o sol, brilhou
ao redor dele e de seus companheiros. Todos eles se atiraram ao chão. Saulo ouviu uma voz, e os
homens que estavam com ele talvez tivessem ouvido sons, mas não distinguiram as palavras. A voz
chamou, “Saulo, Saulo, por que está me perseguindo? É difícil para você continuar a fazer o que sabe
ser profundamente errado”.
“Quem é o senhor Mestre?” perguntou Saulo, seus olhos estavam cegos pela luz. “Eu sou Jesus de
Nazaré a quem você persegue”.
“O que devo fazer, Senhor?”
“Levante-se e entre na cidade e lhe dirão o que fazer. Vou enviar você para levar o Evangelho aos
gentios, e eu o guardarei a salvo deles e de seu próprio povo. Você influenciará tanto os gentios que,
pela fé em mim, eles terão seus pecados perdoados e ganharão um lugar com aqueles a quem Deus
reservou”.
A voz parou. Lentamente os companheiros de Saulo foram ficando em pé. Mas ele permaneceu ainda
estendido no chão. Eles o levantaram gentilmente, mas ele estava em choque e completamente cego.
Eles o levaram para uma casa em Damasco onde ele ficou por três dias sem comer e beber, pensando
no que havia acontecido e rezando. No terceiro dia, um discípulo de Jesus em Damasco chamado
Ananias teve uma visão. Ele ouviu a voz de Deus dizendo a ele para ir até Saulo a quem ele encontraria
rezando. O próprio Saulo foi avisado, também em visão, que Ananias viria até ele, colocaria as mãos
sobre ele e faria ele recuperar a visão.
No início Ananias ficou com medo. “Senhor, ouvi falar nesse homem”, ele disse, “e em como ele
perseguiu teus seguidores em Jerusalém. Eu também sei que ele vem com autoridade para prender seu
povo aqui”.
“Vá”, disse Deus na visão. “Eu escolhi este homem para levar as boas novas de Jesus tanto aos gentios
e seus governantes como aos judeus”.

página 300

Ananias obedeceu. Ele procurou Saulo e, colocando as mãos sobre sua cabeça, disse, “O Senhor Jesus
que apareceu a você na estrada de Damasco me enviou para que sua cegueira seja curada e para que
fique cheio do Espírito Santo”. No mesmo instante caiu dos olhos de Saulo o que parecia pedaços de
pele, e ele pode ver novamente com clareza. Ele foi batizado imediatamente; ele comeu e bebeu, e
recuperou suas forças.
Logo, para espanto de todos que o conheciam, ele estava nas sinagogas proclamando Jesus como o
Filho de Deus. Os oponentes do Caminho não conseguiram vencê-lo numa discussão; pois não havia
nenhum camponês galileu ignorante, e sim um homem inteligente, que havia estudado profundamente
as escrituras. A carreira cristã do homem que fez mais do que qualquer outro ser humano para espalhar
as boas novas de Jesus havia começado.

página 302

PEDRO E CORNƒLIO
Atos 10; 11, 1-15

Na cidade de Cesaréia havia um centurião chamado Cornélio. Ele era um gentio e um temente a Deus
como os judeus chamavam aqueles que admiravam a religião deles mas não estavam preparados para
ser convertidos e se tornarem prosélitos. Ele dava esmolas generosamente e rezava regularmente a
Deus.
Um tarde ele teve uma visão. Um anjo apareceu para ele que disse, “Cornélio, Deus ouviu suas preces
e viu o bem que você faz. Vá a Jope procurar um homem chamado Simão Pedro que está com Simão
curtidor de couro em sua casa à beira do mar”. O anjo desapareceu sem maiores explicações. Cornélio
chamou dois servos e um soldado que também era temente a Deus. Contou a eles a respeito da visão e
os mandou a Jope, que ficava a um dia de viagem.
Por volta do meio dia no dia seguinte, Pedro estava na parte de cima da casa rezando. Ele ficou com
fome; e enquanto uma refeição era preparada lá em baixo, ele teve um tipo de sonho acordado. Ele viu
o céu se abrir e, descendo da abertura um grande lençol com suas pontas amarradas com cordas. No
lençol haviam todos os tipos de criaturas, animais de quatro patas, répteis e pássaros de todas as
espécies. Quando Pedro olhou para eles, uma voz disse, “Levante Pedro, mate e coma”. “Não, Senhor,
não”, respondeu Pedro, “Nunca comi comida impura em minha vida”. A voz respondeu, “Você não
deve considerar impura qualquer coisa que Deus fez pura”. Três vezes as palavras foram repetidas;
depois o lençol foi puxado para cima no céu.
Pedro ainda estava querendo saber o que o sonho significava quando os mensageiros de Cornélio
chegaram. Quando ele os encontrou e ouviu a estória da visão do centurião, ele entendeu que deveria ir
com eles e poderia fazer isso sem ter medo. No dia seguinte, eles partiram juntos para Cesaréia.

página 303

Pedro encontrou Cornélio esperando ansiosamente em sua casa repleta de parentes e amigos íntimos.
Quando o apóstolo se aproximou, o centurião se curvou a ele quase como se ele fosse um deus, mas
Pedro o fez se erguer novamente. “Fique de pé”, ele disse.” Eu sou um homem simples, como qualquer
outro”.
Quando ele viu a multidão que Cornélio havia convidado para encontrá-lo, Pedro percebeu de repente
o significado de sua visão do lençol. “Sabe”, ele disse, “que um judeu não tem permissão de visitar um
homem de raça diferente. Mas Deus me mostrou em um sonho acordado que eu não devo considerar
qualquer homem impuro. Por que mandou me chamar?”
Cornélio repetiu a estória de sua visão terminando, “todos nós nos encontramos aqui diante de Deus
para ouvir o que ele pediu para você dizer”.
Pedro respondeu, “Eu compreendo agora que Deus não tem preferidos, e sim recebe todas as nações e
qualquer homem que é temente a ele e faz o que é certo”. Ele continuou a contar a eles sobre Jesus,
como ele praticou as benfeitorias, foi crucificado e ressuscitou dos mortos. Ele finalizou, “Todos os
profetas falam dele e dizem que aqueles que acreditam nele terão seus pecados perdoados”.
Enquanto Pedro ainda estava falando, o Espírito Santo desceu em toda a multidão. Todos ficaram em
êxtase e começaram a falar em línguas diferentes. Pedro e seus amigos judeus ficaram espantados ao
ver que os gentios haviam recebido o Espírito; mas Pedro percebeu que não podia recusar o batismo
dos fiéis tomados pelo Espírito, não importa qual fosse a raça deles. Em nome de Jesus ele batizou
Cornélio, sua família e amigos.
Quando as notícias se espalharam para a Igreja em toda a Judéia, de que Pedro havia batizado os
gentios, muitos cristãos judeus não gostaram. Mas uma vez que Pedro descrevia a sua visão e como
Cornélio havia sido guiado para chamá-lo, suas reclamações se aquietaram. Ao perceber que Deus
havia dado aos gentios a chance de arrependimento e vida eterna, eles renderam muitos louvores a ele.

página 304

O CARCEREIRO FILIPENSE
Atos 16

Depois de sua conversão, Saulo recebeu o nome cristão de Paulo, e viajou por todos os países do leste
do Mediterrâneo pregando as boas novas de Jesus Cristo a judeus e gentios. Ele fez isso em três
grandes viagens missionárias. A primeira o levou a Chipre e depois onde hoje é chamado de Ásia
menor. Na segunda, depois de visitar novamente seus amigos cristãos na Ásia Menor, ele atravessou a
Grécia até a cidade de Filipos.
Lá, enquanto Paulo e seu amigo Silas estavam caminhando no dia de sábado até um lugar de orações
judaico fora da cidade, eles foram seguidos por uma escrava que tinha dons estranhos de ler a sorte.
Com isso, ela trouxe muitas riquezas para seus donos com as pessoas que a pagavam para ler a sorte.
Ela gritou atrás de Paulo e Silas, “Estes homens são servos de Deus excelso. Eles podem dizer a vocês
como ser salvo”. Um dia após o outro ela gritou para eles até que Paulo perdendo a paciência, virou e
disse, “Espírito, saia desta moça”. Imediatamente ela perdeu seu dom e não pode mais ler a sorte.
Ao perceber que eles não poderiam mais ganhar dinheiro com ela, seus donos ficaram furiosos. Com o
apoio de um grupo da autoridade, eles arrastaram Paulo e Silas até os magistrados da cidade gritando,
“Estas pessoas provocam desordem na cidade dizendo a nós romanos para seguir costumes que são
ilegais”. O barulho era tão alto que os cristãos não conseguiam fazer com que os ouvissem. Sem dar a
eles uma chance de se defender, os magistrados ordenaram que eles tivessem as roupas rasgadas e que
fossem chicoteados e colocados na prisão, ordenando ao carcereiro para mantê-los sob estrita vigia. Ele
os colocou na prisão mais profunda e prendeu os pés deles em um pedaço de madeira.
Paulo e Silas ficaram despertos, passando as horas cantando louvores a Deus. De repente à meia noite,
um terremoto sacudiu a prisão em suas fundações. As portas se abriram. As correntes que seguravam
os prisioneiros caíram das paredes. O carcereiro, despertou assustado de seu sono e desmaiou ao ver as
portas abertas. Pensando que os prisioneiros houvessem fugido, ele puxou sua espada para se matar;
pois a fuga deles além de apontar uma falha de suas obrigações, uma desgraça terrível, ele mesmo teria
que se executar. Mas Paulo gritou, “Não se machuque. Estamos todos aqui”.
O carcereiro ordenou que as tochas fossem trazidas e os outros prisioneiros mantidos. Mas ao acreditar
que o terremoto teria sido causado de alguma maneira por Paulo e Silas, ele se curvou aterrorizado
diante deles e os acompanhou desde a prisão até sua própria casa.
“Senhores”, ele perguntou, “o que devo fazer para ser salvo?”
“Acredite no Senhor Jesus Cristo”, eles responderam, “e você e todos em sua casa serão salvos”. E eles
explicaram a ele que foi Jesus e o que significava ter fé nele.
Ele lavou os ferimentos deles e lhes deu comida. Então ele foi logo em seguida batizado com todos de
sua família, e todos eles encontraram grande alegria na nova crença em Deus.
Na manhã seguinte, os magistrados pediram ao carcereiro para deixar os homens irem em paz. O
carcereiro teve o maior prazer em dar a mensagem a Paulo e Silas, mas Paulo disse, “Não.

página 305

“Somos cidadãos romanos livres. Temos o direito de sermos julgados por qualquer erro que supõem
que cometemos. Mas os magistrados tiveram a insolência de nos chicotear em público sem um
julgamento, apesar de sermos cidadãos romanos. Eles nos colocaram na prisão, e agora estão tentando
se livrar de nós às escondidas. Certamente que não iremos. eles não vão escapar dessa. Nós não iremos
a menos que eles nos acompanhem até lá fora”.
Os magistrados ficaram alarmados, pois chicotear cidadãos romanos sem um julgamento poderia trazer
problemas graves a eles. Eles foram até Paulo e Silas, se desculparam com eles, os conduziram para
fora da prisão e imploraram para eles saírem de Filipos. Assim, depois de se despedirem de seus
amigos, os dois homens seguiram o caminho deles em paz.

página 306

PAULO EM JERUSALƒM
Atos 20-23
Depois de sua terceira viagem missionária, Paulo foi para Jerusalém participar da festa de Pentecostes.
Houve momentos de tristeza no caminho, pois em todos os lugares o Espírito revelava a seus amigos
que eles não o veriam mais e que problemas e o encarceramento o aguardavam na cidade.
Quando ele chegou, Paulo contou a Tiago, o meio-irmão de Jesus, o que deus havia feito entre os
gentios. Tiago ficou encantado com o que ouviu mas disse, “Centenas de fiéis judeus daqui tem ouvido
estórias mentirosas de que você ensina os judeus que vivem entre os gentios a não seguirem a Lei de
Moisés. Nesse momento temos quatro homens entre nós que fizeram promessas especiais para Deus, e
estão se purificando com muito cuidado no Templo. Eles precisam fazer sacrifícios caros.

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“Prove a todos em Jerusalém que você honra a Lei de Moisés se purificando com os quatro homens e
pagando suas despesas”
Paulo concordou e visitou o Templo todos os dias para se purificar. Do lado de fora do Templo ele viu
seus amigos gentios como sempre; e certas pessoas hostis a ele, o viram na cidade junto com Trófimo
de Éfeso, e passaram a supor que ele o havia levado para dentro do Templo. Eles pegaram Paulo e
gritaram, “Israelitas, ajudem-nos! Este é o miserável que ataca nossa religião e nossa lei e este Templo
em todo o mundo. E agora ele profanou este lugar sagrado trazendo gentios para dentro”. Uma
multidão agitada arrastou Paulo para fora do Templo, e logo a cidade estava em polvorosa de modo
que uma companhia de soldados romanos veio para restabelecer a ordem. Eles prenderam Paulo, mas
quando o comandante deles tentou descobrir o que ele tinha feito, houve tantas acusações diferentes
que ele não viu sentido no que foi dito. Ele ordenou que Paulo fosse levado para a fortaleza, e a
multidão estava tão violenta que ele teve que ser levado por soldados para dentro dela.
O apóstolo pediu permissão para falar ao povo dos degraus da fortaleza.

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Eles prestaram atenção silenciosamente enquanto ele contava a eles sobre sua experiência na estrada de
Damasco, mas quando ele disse que Deus o havia enviado aos gentios, uma gritaria irrompeu
novamente. O comandante romano sem entender o motivo da agitação, se preparou para chicotear
Paulo para ele confessar o que havia feito, mas quando ele disse que era um cidadão romano livre que
não podia ser chicoteado em público a menos que fosse condenado por um crime, o oficial o soltou
apressadamente.
No dia seguinte ele levou Paulo diante do Sinédrio para descobrir que acusação os líderes estavam
imputando contra ele. O conselho consistia parcialmente em saduceus que não acreditavam em vida
após a morte, e parcialmente em fariseus, que acreditavam, e Paulo astutamente conseguiu colocar
metade do Sinédrio a seu favor, dizendo “Eu sou um fariseu, e este julgamento é na verdade a respeito
da vida após a morte”. Os saduceus e fariseu começaram a discutir com tanta ferocidade que o
comandante ficou com medo que eles fizessem Paulo em pedaços. Ele o tirou do meio deles e o levou
de volta à fortaleza.
No dia seguinte, cerca de quarenta pessoas que odiavam Paulo, planejaram assassiná-lo. “Peça ao
comandante para trazê-lo até vocês para ele ser interrogado”, eles disseram ao Sinédrio, “e nós faremos
uma emboscada para ele no caminho”. Felizmente, o sobrinho de Paulo soube da conspiração e
informou ao comandante. Nessa noite, acompanhado por uma vigorosa escolta de soldados, Paulo foi
levado secretamente às pressas para Félix, o governador da província. Apesar dele não saber disso na
época, este era seu primeiro estágio da viagem a Roma, no qual Deus havia prometido que ele iria
ensinar o Evangelho na própria capital do império romano.

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A ESTRADA PARA ROMA
Atos 24-28

Paulo não foi imediatamente para Roma. Por dois anos ele ficou em Cesaréia, se defendendo contra o
povo nas audições da corte, uma vez diante de Félix, o governador, depois diante de Festo, o
governador seguinte, e depois diante do rei Agripa, o último dos Herodes. O segundo, ouviu ele
alegando seu direito como cidadão romano para ser julgado pelo próprio imperador. Isto talvez tenha
sido uma falta de sorte, pois Agripa afirmou que Paulo era inocente e poderia ter sido libertado se não
tivesse apelado a César.
Como ele fez isso, seguiu por fim para Roma como prisioneiro. Ele foi entregue a um centurião
chamado Júlio que o tratou com muita bondade. Eles navegaram primeiro para a Ásia Menor onde
Paulo visitou seus velhos amigos; lá eles trocaram de barco e depois de muitos dias de navegação
difícil chegaram a Creta. Paulo, um viajante experiente, sabendo que a estação chuvosa estava para
começar, avisou Júlio para não navegar e o aconselhou a hibernar na ilha; mas o centurião seguiu os
conselhos do navegador mestre e capitão, que queria se apressar. Quando uma brisa favorável soprou,
eles saíram para o mar.
Mas, logo a brisa se tornou um vento nordeste uivante, e os afastou da terra. O barco saiu velozmente
costeando uma pequena ilha onde os marinheiros tentavam reforçá-lo passando cordas e prendendo
suas extremidades para evitar que as pranchas se rompessem. Com medo de baterem nos bancos de
areia próximos, eles abaixaram as velas e deixaram o barco ser levado pelo vento. No dia seguinte, eles
aliviaram o barco jogando sua mobília para fora, e no terceiro dia ele jogaram fora velas
sobressalentes, cordames e massames e tudo o mais que eles puderam para evitar que afundasse.
Dia após dia a tempestade continuou. Eles não viam o sol de dia e nem as estrelas à noite. A tripulação
começou a entrar em desespero para conseguir atingir qualquer pedaço de terra.
m página 305
Mas Paulo deu esperança a eles, “Somente o barco será perdido”, ele disse. “A noite passada eu tive
uma visão de um anjo do Senhor, que me disse que eu devo aparecer diante de César, e que nem
mesmo um só de vocês perderia a vida”.

página 310

Durante a décima quarta noite da tempestade, os marinheiros sentiram que estavam próximos da terra.
Colocando sondas, eles descobriram que as águas estavam cada vez mais rasas; e quando a luz do dia
apareceu, eles viram uma baía com praia arenosa sobre a qual eles tentaram colocar o barco. A popa
afundou rapidamente na areia enquanto a proa era atingida pelas ondas. Os soldados queriam matar os
prisioneiros caso algum deles quisesse escapar, mas Júlio proibiu isso e ordenou que todos saíssem do
barco para a terra da melhor maneira possível. Alguns nadaram, outros boiaram sobre pedaços do
barco, e todos os duzentos e setenta e seis à bordo chegaram em segurança à costa.
Eles descobriram que estavam em uma ilha de Malta. Os habitantes foram bondosos com eles, fazendo
uma fogueira para aquecê-los e protegê-los do frio e da umidade. Paulo pegou alguns pedaços de
madeira para jogar na fogueira, e então uma víbora, atraída pelo calor, mordeu sua mão. Os habitantes
esperando que ele caísse morto, murmuraram uns para os outros, “Este deve ser um assassino a quem
Deus não permitirá viver mesmo que tenha escapado de afogamento”, mas quando viram que nada
aconteceu a Paulo, eles disseram, “Ele deve ser um Deus!”
Eles permaneceram três meses em Malta, durante os quais Paulo curou muitas pessoas, incluindo o pai
do chefe dos magistrados. Quando ele e seus companheiros finalmente partiram para navegar para
Roma, foram homenageados com grande honra pelos malteses.
Por fim, Paulo chegou em Roma onde ele recebeu as boas vindas de seus companheiros cristãos. Lá ele
viveu por dois anos aguardando o julgamento, ensinando a verdade sobre Jesus Cristo para os judeus, e
depois para quem quisesse prestar atenção.
A Bíblia não nos conta mais sobre Paulo depois disto; mas quando Nero se tornou imperador, ele
perseguiu os Cristãos, e dizem que Paulo foi crucificado por ele como o Mestre ao qual ele serviu tão
fielmente.

UM MA‚O DE CARTAS

Alguns cristãos acreditam que quando ela começou a igreja cristã era inteiramente unida e dedicada.
Mas até mesmo os discípulos de Jesus, discutiam entre si a respeito de quem deveria ser o líder de seu
reino, e os apóstolos, especialmente Paulo em suas viagens missionárias, teve que enfrentar a oposição
tanto dentro como fora da igreja. As diversas dificuldades podem ser vistas nos vinte e um livros do
Novo Testamento chamados de ‘Epístolas’, que aparecem entre os Atos dos Apóstolos e o livro
Revelação, ou Apocalipse.
Paulo escreveu a maioria deles. Seu primeiro - e mais antigos de todos os escritos do Novo Testamento
- foram dois dos Tessalonicenses, provavelmente escritos em 51 d.C.. Ele passou cerca de seis meses
na Tessalônica, até que foi forçado a sair pelos judeus que provocaram uma acusação de alta traição
porque, dizem, que ele apoiou um rei que não era imperador romano. Depois que ele partiu, alguns
cristãos tessalonicenses questionaram sua autoridade. Outros, acreditando que Jesus retornaria dentro
de algumas semanas, se recusaram a trabalhar. Mas outros ficaram preocupados com o que aconteceu
aos cristãos que morreram antes da Segunda Vinda de Cristo. Paulo trata de todas estas dificuldades em
suas cartas a eles.
Logo depois disto, Paulo fundou uma comunidade cristã no porto de Corinto, terra de homens de
muitas nacionalidades, de cerca de 50 até 52 d.C.. Os judeus novamente o acusaram diante do
governador da cidade, que rejeitou suas acusações e permitiram que ele ensinasse em paz.
Mas duas cartas, escritas em 54 e 55 d.C., revelam que muita coisa errada aconteceu na igreja dos
Corintios. Festas eram organizadas, disputas entre si, os cristãos haviam levado suas discussões para as
cortes dos pagãos, mostrando dessa maneira uma falta de popularidade, alguns estavam vivendo vidas
escandalosamente pecaminosas e havia muita discórdia.

página 313

Grande parte da Primeira Epístola aos Coríntios, consiste em comentários de Paulo sobre a situação.
Dois deles são particularmente importantes. Ao ser perguntado qual era a melhor dádiva espiritual, ele
terminou sua resposta dizendo, “A melhor maneira de ser um cristão, melhor do que qualquer posse de
dádiva, é ter amor”, belamente descrito na Primeira Epístola aos Coríntios, 13. O segundo comentário
importante, é o ensinamento sobre a ressurreição. Alguns cristãos coríntios negaram isso. Paulo
confirmou enfaticamente sua verdade, incluindo em sua resposta o que provavelmente era o primeiro
princípio cristão, composto logo depois da morte de Jesus.
Os primeiros judeus cristãos aceitaram Jesus como o Messias prometido, mas continuou a acreditar que
a lei judaica e o Templo dominariam suas vidas até a Segunda Vinda, que eles esperavam acontecer
quase imediatamente. Por essa razão, qualquer gentio que quisesse se tornar um cristão, tinha que
primeiramente juntar-se à religião judaica. Pedro havia mostrado que isto estava errado através da
visão que o tinha levado a batizar Cornélio (páginas 302-303) e Paulo, que havia levado o Evangelho
aos gentios, o apoiou energicamente. Os gentios podiam se tornar cristãos sem aceitar o judaísmo no
início. Em um grande concílio em Jerusalém em 49 d.C., os pontos de vista opostos foram debatidos
com fervor. Foi decidido que os cristãos gentios não se tornariam judeus, e sim que eles não poderiam
fazer certas coisas ofensivas aos judeus.
Mas muitos cristãos judeus se rebelaram contra a decisão do concílio e em todos os lugares que Paulo
passava ele encontrava oposição. Os judaizantes, como eram chamados, com freqüência diziam aos
gentios convertidos depois que Paulo ia embora para outra cidade, que eles deveriam obedecer toda a
lei judaica. Isto aconteceu na Galácia e deu origem à carta de Paulo os Gálatas que ele escreveu com
uma indignação considerável. A lei é como uma professor escolar ensinando as crianças a diferença
entre o certo e o errado; mas quando as crianças crescem, elas não precisam mais de professor escolar.
Os cristãos são pessoas que ‘cresceram’ na fé.
Os cristãos gentios vinham para superar os judeus em número. Percebeu-se que a fé em Jesus, Filho de
Deus, ressuscitado dos mortos, independente da Lei Judaica e do Templo, era o que separava os
cristãos dos fiéis de outras religiões. A cristandade se tornou uma religião separada, não era mais
apenas o tipo ‘correto’ de judaísmo. Em Epístola aos Romanos, escrito por volta de 55 a 56 d.C., Paulo
estabelece o que era essa nova religião. ao escrevê-la, ele tinha os leitores judeus e os gentios em
mente; pois, enquanto a Igreja Romana era basicamente pagã, ou seja de gentios, ela também tinha
muitos membros judeus.
A carta aos Filipenses foi escrita provavelmente entre 59 e 61 d.C., quando Paulo era prisioneiro em
Roma. Além de ser um aviso contra os judaizantes, é uma carta de louvor sereno. Uma outra carta
escrita enquanto Paulo era prisioneiro foi a Epístola aos Efésios, com a qual está intimamente ligada as
duas cartas aos Colossenses e Filemon. O encarceramento de Paulo parece ter sido confortável, um tipo
de prisão domiciliar, pois ele tinha permissão para ver seus amigos e dar reuniões em seu local de
confinamento onde ele podia ensinar o evangelho.
A igreja em Colossos foi contaminada por duas crenças errôneas, uma de que existiam mediadores
espirituais entre Deus e o homem além de Jesus, a outra de que a matéria era maligna (ao passo que um
dos ensinamentos mais antigos na Bíblia diz que quando Deus criou o mundo ele viu que era bom).
Paulo ensina em sua carta à igreja a suprema soberania de Cristo e alerta os Colossenses contra os
legisladores que exigem que eles vivam com muita rigidez - “não tocar; não experimentar; não pegar”.
A epístola termina com instruções sobre como as esposas, maridos, filhos, mestres e servos devem se
comportar entre si em uma comunidade cristã.

página 314

Um amigo de Paulo chamado Tíquico levou a carta aos colossenses e com ele foi um escravo chamado
Onésimo, que havia fugido de seu mestre, Filemon, e talvez roubado ele. A punição para esse crime era
a crucificação; mas Paulo converteu Onésimo à cristandade, e numa carta a Filemon implorou para
levar Onésimo de volta, e perdoá-lo como um irmão em Cristo. Se Onésimo tivesse roubado alguma
coisa, Paulo pagaria por ela. A pequena carta a Filemon - tem apenas vinte e cinco versos - é uma das
mais comoventes das epístolas.
Paulo parece ter sido solto de sua prisão romana depois de alguns anos, e escreveu duas cartas a
Timóteo e uma a Tito depois de ter sido libertado. Timóteo, filho de um pai grego e mãe judia, era um
companheiro fiel e afeiçoado a São Paulo, que o considerava como um filho e o deixou encarregado da
igreja efésia. Tito, outro convertido grego de Paulo e companheiro, atuou como seu mensageiro e
substituto em um número de igrejas: Creta, Éfeso, Corinto, Macedônia, e Filipos.
As cartas a Timóteo e Tito, a quem Paulo, agora próximo do fim de sua vida, considerou como seus
sucessores, são chamadas de Epístola Pastoral, porque são muito preocupadas com o caráter e a
conduta do clero cristão, e com o comportamento dos leigos nas comunidades cristãs, e na sociedade
em geral. Há um alerta contra o falso ensinamento, grande parte dele aparentemente vindo de escritos
filosóficos judaicos e fábulas, e contra aqueles que negam a ressurreição.
Oito cartas feitas por autores além de São Paulo vem depois de Filemon no Novo Testamento. A
Epístola aos Hebreus, provavelmente escrita antes de 70 d.C., no melhor grego da Bíblia, foi escrita
por um judeu da mais alta educação que estava orientando judeus cristãos que corriam risco de se
converterem do cristianismo para alguma forma de judaísmo. Ele mostra que a Aliança do Antigo
Testamento era a predecessora da Aliança de Deus com seu povo através de Cristo no Novo
Testamento, bem superior.
A Carta de Tiago, uma outra carta escrita por um judeu, educado como um fariseu, também mostra
que a lei judaica foi cumprida em Cristo. É uma carta muito prática, que afirma que a simples crença
em Cristo não é suficiente - o fiel deve expressar sua fé em bons trabalhos e no objetivo da perfeição.
As duas cartas de Pedro incentivam os leitores a viverem de acordo com o Evangelho para lembrar de
tudo o que eles foram ensinados e para se submeterem à autoridade dos que foram indicados para
governá-los. Há um alerta contra falsos pregadores e do possível perigo de perseguição em um futuro
próximo para o qual, os cristãos, especialmente os líderes de igreja, devem estar preparados para
resistir. Também havia gozadores que diziam que a Segunda Vinda de Cristo, tão adiada, nunca
aconteceria.
O tema das três cartas de João, as quais se tem quase certeza que foram escritas pelo autor do
evangelho do mesmo nome, é o amor. Os devotos são incentivados a permanecer fiéis e acima de tudo
a amar uns aos outros. Eles são avisados contra os pregadores que fingem ser mais espirituais do que os
outros homens e pregam aquilo que chama de evangelho espiritual, que Jesus nunca viveu como um
homem real e não morreu na cruz. Os cristãos também teriam que tomar cuidado com charlatães da fé
religiosa, que viajam para obter a hospitalidade dos fiéis fingindo que partilham de sua fé.
A última das cartas é de Judas. Em sua curta epístola ele alerta os fiéis contra os pregadores injustos.

página 315

A NOVA JERUSALƒM
Revelação 21-22; Apocalipse 21-22

A Bíblia começa com a criação do mundo. Ela termina com uma visão do fim de todas as coisas, a qual
é ao mesmo tempo o início da criação da Nova Jerusalém por Deus. Lá, todos os que o amam de todas
as nações viverão e serão felizes com ele para sempre. João que escreveu a Revelação, o último livro
da Bíblia, teve uma visão na qual ele via a cidade perfeita que um dia existiria. Ele pode expressar o
que viu somente em termos das mais belas coisas que o homem conhece; mas o Céus não é o Céu
porque é feito de ouro e pedras preciosas, e sim porque é o lugar onde aqueles que o amam vivem na
presença de Deus.
“Eu vi um novo céu e uma nova terra’, escreveu João, onde não havia mais o mar inquieto para separar
os homens uns dos outros e aqueles que se amam. Eu vi uma nova Jerusalém descendo do céu e ouvi
uma voz proclamando, ‘Finalmente Deus viverá com os homens e eles viverão com ele, e não haverá
mais morte nem choro nem dor’. A cidade não precisava de sol ou lua, pois ela brilhava com a glória
de Deus dentro dela, como o brilho de um diamante. Ela tinha uma muralha alta feita de diamantes
com doze portões, três de cada lado, cada um guardado por um anjo; na parede havia doze pedras de
fundação, e sobre elas os nomes dos doze apóstolos. As pedras de fundação eram feitas de doze pedras
preciosas, como aquelas do peitoral do alto sacerdote, mostrando a santidade da cidade; e as
construções dentro das paredes eram feitas de ouro, puro e claro como o vidro. Cada portão era feito de
uma só pérola e tinha o nome de uma tribo de Israel, o Povo Escolhido por Deus.
“A cidade era tão alta quanto ampla e longa. Isto também mostrava sua santidade, porque o Santíssimo
Lugar no Tabernáculo e no Templo havia sido um cubículo perfeito. não havia Templo na cidade
porque o próprio Deus era o seu Templo. Não havia noite, pois a luz de Deus sempre brilhava, e os
portões da cidade estavam sempre abertos para receber tudo o que era rico e esplêndido, contanto que
fosse bom, honesto e livre de qualquer mácula do mal.
“No centro da cidade havia uma rua ampla e no meio da rua fluía do trono de Deus, o Rio da Água da
Vida, brilhante como cristal.
página 317

“Dos dois lados havia um pequeno bosque da Árvore da Vida que dava um tipo de fruto diferente a
cada mês do ano. As folhas eram usadas para curar todas as nações do mundo.
“Aqueles que moram na cidade vieram não apenas do Povo Escolhido de Israel, mas consistia em todos
os inscritos no Livro da Vida de Deus, uma enorme aglomeração incontável, vinda de todas as tribos,
povos e línguas. Nessa cidade eles deverão ficar cara a cara com Deus, e viverão com ele para sempre”.
A visão de João terminou com as palavras do próprio Cristo, “Eu estarei voltando logo para
recompensar a todos de acordo com suas obras.
Felizes são aqueles que vivem vidas justas; pois eles terão o direito de entrar na Nova Jerusalém e
comer da Árvore da Vida. E venha o que tem sede. Beba da Água da Vida que eu dou de graça a todos
os que a desejam”.
João fez ecoar as palavras da promessa de Cristo, “Oh, sim Senhor Jesus - venha logo!” e terminou
com uma bênção a todos os leitores de seu livro, “Que a graça do Senhor Jesus esteja com todo o povo
de Deus.
“Amém”.

página 318

OS PERSONAGENS DO NOVO TESTAMENTO

Muitos grupos diferentes de pessoas são mencionados no Novo Testamento. Mesmo entre os judeus
havia muitos grupos diferentes - alguns deles eram sacerdotes, alguns eram leigos. Jesus falou com
freqüência destes grupos de pessoas em suas parábolas, contando sobre um fariseu hipócrita e um bom
samaritano. Estas estórias deixavam as pessoas confusas, porque elas perturbavam a idéia que elas
tinham a respeito de qual comportamento deveria ser louvado, e qual deveria ser condenado.

SADUCEUS

Os saduceus eram o mais rico e poderoso grupo de judeus. Eles eram as famílias sacerdotais de
Jerusalém que presidiam o Templo. Eles viviam dos dízimos e dos impostos anuais do Templo, que
tinham que ser pagos por todos os judeus como obrigações religiosas. Eles também obtinham lucro
com o comércio que eles permitiam nos pátios do Templo. Os saduceus acreditavam estritamente na
antiga Lei de Moisés e não aceitavam mudanças na religião. O líder deles era o alto sacerdote,
escolhido, nas famílias sacerdotais. Ele era reconhecido pelos romanos como líder do povo judeu. Ele
era o presidente do conselho dos judeus, chamado de Sinédrio que era a mais alta corte de legislação
dos judeus na Judéia.
Os ricos e poderosos saduceus eram como nobres entre si e impopulares com o povo. Eles eram amigos
dos romanos, pois a riqueza e poder deles dependia de como eles se relacionavam com seus
governantes.

LEVITAS

Os levitas eram servos dos sacerdotes nos trabalhos de devoção no Templo. Eles também eram
iniciados desde o nascimento na obra de Deus como descendentes da tribo de Levi. O livro Levítico na
Bíblia fala a respeito dos costumes, direitos e deveres destes homens virtuosos.
Somente os sacerdotes poderiam chegar perto do altar e dos receptáculos religiosos. os Levitas eram
porteiros e servos nas tarefas do Templo, e parece que eles eram responsáveis pela música do Templo.
FARISEUS

Os fariseus eram leigos devotos, e não sacerdotes ou homens virtuosos. Esse nome significa ‘os
separados’, pois eles se mantém estritamente separados dos povos pagãos como os romanos e gregos.
Eles eram sempre uma minoria. Como os saduceus eles viviam estritamente de acordo com a antiga
Lei de Moisés. Mas eles também viviam sob leis e costumes que não haviam sido escritos que haviam
se desenvolvido. Eles acreditavam em anjos, em espíritos, e em vida após a morte. Eles viviam por
suas leis em cada detalhe - por exemplo, ao dar a Deus o dízimo, ou um décimo de tudo o que
ganhavam (Lucas 18, 10-12).
As pessoas os reverenciavam pela devoção que tinham a Deus, e ajudavam a manter viva a religião
judaica. Muitos deles eram homens bons e justos, mas Jesus pode enxergar através da falta de
sinceridade de outros (Mateus 23, 25-28).

SAMARITANOS

Este povo viveu na Samária, a terra entre a Judéia no sul e a Galiléia no norte. Os judeus que viajavam
entre o norte e o sul preferiam atravessar o rio Jordão, de maneira que pudessem evitar os samaritanos
(João 4, 9). Eles eram descendentes dos judeus que se casaram com mulheres estrangeiras, e havia uma
discórdia entre os judeus puros e os samaritanos a qual durou séculos. Os samaritanos construíram seu
próprio templo no Monte Gerizim, e usavam somente parte da bíblia judaica. No tempo de Jesus, os
judeus odiavam os samaritanos, e não tinham nenhuma afinidade com eles. Mas Jesus ensinou aos
samaritanos, e fez de um deles o herói de uma famosa parábola, o Bom Samaritano (Lucas 10, 30-37).

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GENTIOS

O nome gentios, da palavra romana que significa ‘raças’, foi dado pelos judeus a todas as outras raças
como os romanos e gregos. As leis rígidas cuidavam para que o povo de Deus se mantivesse puro
vivendo em separado daqueles que não eram judeus. Muitos judeus acreditavam que estes pagãos
ficavam fora dos cuidados de Deus. Mas os profetas acreditavam que Deus chamou seu povo para ser
“uma luz para iluminar os gentios”, para fazê-los tomar conhecimento de Deus (Lucas 2, 25-32). Jesus
ensinou aos gentios que vieram até ele. Alguns gregos e romanos admirava a religião judaica, e
participavam das obras de devoção nas sinagogas, apesar de não poderem aceitar as leis judaicas ou se
tornar judeus. Os judeus tinham leis rígidas sobre estas coisas como negociar com os gentios, entrar na
casa de um gentio, e comer com os gentios. Os judeus na palestina odiavam os governantes romanos
ainda mais porque eles eram gentios e devotos de deuses pagãos.

HERODES, O GRANDE

O Rei Herodes morreu em 4 a.C., de maneira que ele estava vivo quando Jesus nasceu. Ele veio da
terra de Edom onde o povo tinha parentesco com os judeus. Mas eles eram odiados e os judeus sempre
consideravam Herodes um estrangeiro. Ele era um governante astuto e ganhou o cargo de rei dos
judeus dos romanos. Ele se casou com uma princesa judia, e reconstruiu o templo em Jerusalém
fazendo um prédio magnífico. Mas os judeus ainda o odiaram. Ele governou como um tirano, e ficou
louco por causa da desconfiança. Ele condenou à morte sua esposa judia e três de seus filhos quando
suspeitou de estarem tramando contra ele. Era bem típico dele mandar matar todos os bebês meninos
em Belém quando os sábios disseram a ele que um novo rei havia nascido naquela cidade (Mateus 2, 1-
16).
ANÁS E CAIFÁS

O chefe da religião judaica era o alto sacerdote. Ele era escolhido nas famílias de sacerdotes que
controlavam o Templo em Jerusalém. Caifás era o alto sacerdote que julgou Jesus. Mas ele primeiro
enviou Jesus para Anás, seu sogro, que era o alto sacerdote superior a ele e tinha grande autoridade
(João 18, 12-14). Caifás foi um alto sacerdote de 18 a 36 d.C., e depois ele julgou Pedro e João por
pregar em nome de Jesus.

PÔNCIO PILATOS

O imperador romano indicava um procurador ou governador para governar qualquer parte


problemática de seu império. Pôncio Pilatos foi governador dos judeus de 26 a 36 d.C.. Ele era
responsável por observar que a lei e ordem estava sendo mantida, e que a lei romana estava sendo
administrada apropriadamente. Ele indicava o alto sacerdote e controlava o Templo e seus fundos. Ele
tinha que aprovar as sentenças de morte determinadas pelo conselho de judeus. Pilatos não tinha
diplomacia e era teimoso. Ele enfureceu os judeus com atitudes tolas como levar as leis romanas para
dentro da área sagrada do Templo, e tirar dinheiro dos fundos do Templo para construir um aqueduto
de Belém a Jerusalém. Somente ele podia condenar Jesus à morte, e no final ele abriu caminho para as
exigências dos sacerdotes que queriam a morte de Jesus, sabendo que ele era inocente das acusações de
ser um rebelde (Marcos 15, 1-15).
A falta de habilidade de Pilatos e sua teimosia causavam revoltas constantemente. Ele foi chamado a
Roma em 36 d.C. para ser julgado pelo imperador e morreu lá.

HERODES ANTIPAS

Quando Herodes, o grande, morreu, seu reino foi dividido entre seus quatro filhos. Um deles chamado
Herodes Antipas, governou a Galiléia quando Jesus vivia e ensinava lá. Herodes era ardiloso, traiçoeiro
e supersticioso. Ele estava em Jerusalém quando Pilatos teve que julgar Jesus. Assim que Pilatos soube
que Jesus era galileu, ele o mandou para Herodes para ser julgado por seu próprio governante.

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Herodes gostou muito pois há muito tempo ele queria conhecer Jesus. Ele esperava ver Jesus operar
milagres diante dele. Mas Jesus não disse nada, e Herodes teve que mandá-lo de volta a Pilatos para o
caso ser decidido.

JOÃO BATISTA

João Batista nasceu no ano 7 A.C. Seu pai era um sacerdote e sua mãe era parente de Maria, a mãe de
Jesus. Por isso, Jesus e João podem ter sido primos. João era devotado a Deus desde o seu nascimento.
Quando ele cresceu, sabia que Deus o havia chamado para uma missão especial. Ele saiu para viver
uma vida dura e rígida no deserto. Cerca de 28 d.C. ele começou sua pregação em uma parte baixa do
rio Jordão que os viajantes tinham que atravessar. Lá, ele ensinou, chamando os homens para se
arrependerem e serem batizados. Ele proclamou que era um mensageiro, um arauto que preparava o
caminho. Quando seu primo Jesus veio para ser batizado João fez tudo com muita humildade mas
também com muita alegria, pois agora sua pregação estaria realizada. Mais tarde, ele condenou
Herodes abertamente por se separar de sua esposa e casar com sua sobrinha chamada Herodíades.
Herodes, que já tinha medo do profeta popular, o colocou na prisão, e lá, para agradar Herodíades, ele
decapitou João Batista.
JUDAS ISCARIOTES

Judas Iscariotes foi o único dos doze apóstolos que não veio da Galiléia. ‘Iscariotes’ significa, ‘homem
de Keriote’, uma vila da Judéia. Judas cuidava do saco de dinheiro para os discípulos. Seu amor pelo
dinheiro pode ter sido o motivo para ele ter traído Jesus entregando-o aos sacerdotes por trinta moedas
de prata. Alguns acham que ele tinha a idéia errada a respeito do tipo de Messias que Jesus era; e que
ele decidiu trair Jesus para forçá-lo a se declarar como o líder popular a quem os judeus ansiavam a
vinda. Seja qual for seu motivo, Judas lamentou profundamente por ter traído Jesus, e se enforcou em
remorso (Mateus 27, 3-5).

MARTA E MARIA

As irmãs Marta e Maria viviam com o irmão Lázaro na vila de Betânia, fora de Jerusalém. Elas eram
amigas de Jesus e ele ficava com elas quando ele visitava a cidade. Foi lá que Maria ungiu a cabeça de
Jesus com o precioso óleo de nardo indiano.

JOSÉ DE ARIMATÉIA

José de Arimatéia era um discípulo de Jesus, mas manteve sua fé em segredo porque tinha medo das
autoridades judaicas. Ele era membro do conselho de judeus, mas apesar de não ter votado pela morte
de Jesus, o medo o fez evitar falar por Jesus. Foi somente depois de Jesus ter morrido na cruz que ele
teve coragem suficiente para mostrar sua fé. Ele teve permissão de Pilatos para enterrar o corpo de
Jesus no novo túmulo que ele já havia preparado para sua própria família, de acordo com o costume.

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