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SUJEITOS DO PROCESSO
Sendo o processo instrumento para a resolução imparcial dos conflitos que se verificam
na vida social, na clássica definição, apresenta pelo menos três sujeitos: nos pólos con-
trastantes da relação processual, como sujeitos parciais, o autor e o réu; e, como sujeito
imparcial, representante do interesse coletivo orientado para a justa resolução do litígio,
o juiz.
Autor é aquele que deduz em juízo uma pretensão, é o protagonista; e réu aquele em fa-
ce de quem aquela pretensão é deduzida, é o antagonista. No processo de conhecimento
denomina-se autor e réu / Requerente e Requerido; no processo de execução denomina-
se exeqüente e executado; na reconvenção denomina-se reconvinte e reconvindo, etc.
De acordo com o art. 7º do C.P.C., toda pessoa que se acha no exercício dos seus direi-
tos tem capacidade para estar em juízo. A capacidade jurídica ou capacidade de direito é a apti-
dão que a pessoa tem de gozar de seus direitos e de assumir obrigações.
O homem adquire essa personalidade desde o nascimento com vida, nos termos do art.
2º do Código Civil, assim sendo, todo entre humano, ao nascer com vida, adquire perso-
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Este trabalho de compilação tem como objetivo auxiliar no estudo da disciplina, cuja complementação deverá
ser efetuada através dos livros indicados ou de qualquer outro de interesse do aluno.
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nalidade e, com isso, tona-se apto a gozar de todos os direitos e assumir todas as obriga-
ções previstas e asseguradas por lei. O menor, aqueles que por enfermidade ou deficiên-
cia mental não tiverem o necessário discernimento, todos tem, portanto, o gozo dos di-
reitos e das obrigações porque adquiriram tal aptidão por terem nascido com vida.
Se, por um lado, entretanto, as pessoas nascidas com vida possuem a capacidade jurídica,
ou seja, a capacidade de gozar de direitos e de assumir obrigações na ordem civil, por
outro lado nem sempre possuem aptidão para exercerem, por si, esses direitos e assumi-
rem obrigações, seja por incapacidade legalmente presumida, seja por incapacidade com-
provadamente constatada. Essa aptidão de exercer, por si ou pessoalmente, direitos e
assumir obrigações é que consiste a capacidade de fato, que vem a ser aptidão que o
homem tem de exercer pessoalmente os direitos e obrigações que lhe são inerentes por
ter nascido com vida.
Conforme ficou visto anteriormente, a ação é um dos direitos da pessoa; direito de agir
junto ao Estado para pleitear a tutela jurisdicional e que é adquirido com o nascimento
com vida. Assiste, portanto, à pessoa, mesmo sendo menor, enferma ou deficiente men-
tal que não tiver o necessário discernimento, o gozo do direito da ação, isto é o gozo do
direito de ingressar em juízo para requerer do Estado a tutela jurisdicional, quando um
seu interesse jurídico estiver ameaçado, tenha sido violado ou venha a ser contestado.
Para que a pessoa possa exercer, pessoalmente, o direito de ação, é preciso que tenha,
também, a capacidade de fato, isto é, que tenha adquirido aptidão legal para o exercício,
por si, daquele direito, aptidão essa que é adquirida com a maioridade ou com a emanci-
pação. Essa aptidão ao exercício do direito de ação vem a ser a capacidade processual
(legitimatio ad processum), isto é, a capacidade para a pessoa ingressar, pessoalmente, em
juízo e pedir a tutela jurisdicional do Estado. Daí porque o Código de Processo Civil diz,
no art. 7º que toda pessoa que se acha no exercício de seus direitos tem capacidade para
estar em juízo.
Não tem, portanto, capacidade para o exercício, por si, dos direitos (inclusive o de ação),
os incapazes, sejam eles absoluta ou relativamente incapazes, conforme dispõem os arti-
gos 3º e 4º do Código Civil.
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Além dessas pessoas, em caráter excepcional, a lei dá capacidade de ser parte para certas
entidades sem personalidade jurídica ou despersonalizada. São universalidades de direitos
que, em virtude das peculiaridades jurídicas de atuação necessitam de capacidade proces-
sual. Nessa condição estão, por exemplo, a massa falida, o espólio, a herança jacente ou
vacante, as sociedades sem personalidade jurídica, , o condomínio, e algumas outras en-
tidades previstas em lei.
• Herança jacente e vacante: jacente é a herança de alguém que falece sem deixar
testamento e sem ter herdeiro conhecido. Os bens deverão ser arrecadados, publi-
cando-se editais para chamar eventuais herdeiros ou interessados. Um ano após a
publicação do primeiro edital, a herança é declarada vacante.
Caso não apareça nenhum herdeiro, ao final de cinco anos, contados da abertura
da sucessão, os bens passarão ao domínio do Município.
A lei processual reconhece às heranças jacentes e vacante personalidade processu-
al, permitindo-lhes figurar como parte nos processos relacionados aos interesses
da massa patrimonial. Nessas ações, elas serão representadas por seu curador,
nomeado pelo juiz.
ses comuns e às partes comuns do prédio. Aquelas que sejam privativas devem ser
defendidas em juízo pelos respectivos proprietários.
• Sociedades sem personalidade jurídica: são as de fato, que não foram constituídas
de acordo com as exigências legais. Embora o direito material lhes negue persona-
lidade jurídica, o processual reconhece em seu favor a possibilidade de figurarem
como sujeito ativo e passivo de processos. Tanto em uma como em outra hipóte-
se, a sociedade de fato será representada por aquele a quem caiba a administração
de seus bens; Como ensina Arruda Alvim, “na sociedade irregular, em que, se-
gundo consenso da doutrina, existe um começo de prova de existência da socie-
dade, embora não com publicidade, em face de terceiros, por não ter sido inscri-
ta, será administrador aquele que conste de um contrato e que a administre efeti-
vamente, embora não registrado; ou, então, aquele que de fato a administre”.
Nos termos do CPC, art. 12, § 2º, quando tais sociedades forem demandadas não
poderão opor a irregularidade de sua constituição, o que assegura aplicação espe-
cífica da regra de que ninguém pode beneficiar-se, em detrimento de terceiros, de
suas próprias irregularidades.
• Pessoa jurídica estrangeira: será representada, nos termos do inciso VIII do art.12,
pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal a-
berta ou instalada no Brasil. Presumo-se que o gerente da filial ou agência da pes-
soa jurídica estrangeira esteja autorizado a receber citação inicial em todos os tipos
de processo (CPC, art.12, § 3º).
Nos termos do CC, art. 130, “ao titular de direito eventual, nos casos de condição
suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conserva-lo” .
Se o direito material reconhece essa possibilidade ao titular de direito eventual,
como o nascituro, é forçoso que o direito processual se adapte, permitindo que
ele vá a juízo em sua defesa.
O nascituro figurará como parte, sendo representado por seus pais.
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Ele pode, por exemplo, ajuizar ação de alimentos, em face daquele que o conce-
beu, para receber o necessário para o seu sustento, ainda no ventre materno.”1
Nos casos acima, tais entidades não tem personalidade jurídica, mas tem capacidade de
ser parte, podendo figurar como autores ou como réus. A regra, porém, é a que para ser
parte é preciso ser pessoa natural ou jurídica.
Capacidade de ser parte não se confunde com a capacidade de estar em juízo (capacidade
processual ou legitimação processual). Enquanto a primeira relaciona-se com a capacida-
de de gozo ou de direito (aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações na vida ci-
vil), a segunda guarda relação com a capacidade de fato ou de exercício (aptidão para
exercer por si os atos da vida civil).
Os incapazes (CC, arts. 3° e 4°) tem capacidade de ser parte, mas falta-lhes capacidade
processual ou capacidade para estar em juízo (legitimatio ad processum), razão pela qual
quando a parte se qualificar como absolutamente incapaz será representada por seus ge-
nitores, tutores ou curadores; qualificando-se como relativamente incapaz deve ser assis-
tida por genitores, tutores ou curadores.
Quem tem capacidade para estar em juízo tem capacidade de ser parte, mas a recíproca
não é verdadeira.
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Rios Gonçalves, Marcus Vinicius – Novo Curso de Direito Processual Civil, págs. 116/119.
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Capacidade processual ativa – para a propositura de ações que versem sobre direitos
reais imobiliários (reivindicatória, usucapião, divisória, adjudicação compulsória, desa-
propriação indireta, execução hipotecária, etc), o cônjuge (pouco importa seja o marido
ou a mulher) necessita do consentimento do outro (art. 10, caput do CPC). Não se trata
de litisconsórcio ativo necessário, mas tão somente de consentimento que pode ser su-
prido pelo juiz (art. 11 CPC).
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
A regra é que ninguém pode pleitear direito alheio em nome próprio ( art. 6° CPC), ou
seja, em princípio, tem legitimidade para propor ação quem for o detentor do direito ma-
terial controvertido. Entretanto, a lei, em casos excepcionais, autoriza a propositura da
ação por pessoa estranha á relação jurídica. Nesse caso, diz-se que ocorre a substituição
processual, a legitimação extraordinária ou anômala.
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LEMBRETE:
• O substituto processual age em nome próprio.
• O representante age em nome do representado.
• O Ministério Público funciona como parte (titular do direito ou substituindo
o titular) ou como fiscal da lei, nunca como representante.
mesmo não ingressando na lide, fica sujeito a perder o bem, caso a ação seja julgada
procedente.
É prevista a sucessão pelo MP na ação popular (Lei n° 4.717/65, art. 9° e na ação ci-
vil pública (lei 7.347/85, art. 5°, § 3°) quando a parte originária desiste da ação.
LEMBRETE:
• A substituição processual (alguém postula em nome próprio direito alheio) #
substituição de parte ou sucessão processual que pode ocorrer quando o bem liti-
gioso é alienado ou, necessariamente, com a morte de uma das partes.”2
Nos arts. 14 e 15, o CPC fixa os deveres que têm as partes e seus advogados em juízo. Cui-
da-se de princípios éticos inatos à atuação processual e que são explicitados pela lei. Sua
desobediência pode levar, inclusive, à imposição das sanções.
“Art. 14 - São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do
processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - proceder com lealdade e boa-fé;
III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de funda-
mento;
IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou de-
fesa do direito;
V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetiva-
ção de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.”
Inciso I - Impõe que os fatos sejam descritos de acordo com a verdade. O que se reclama
é que a parte não distorça conscientemente os fatos, tal qual por ela apreendidos. Afasta-se
o emprego de versão sabidamente irreal. Não se pode, entretanto, derrogar a perspectiva de
a parte se deixar influenciar pelas paixões próprias do seu envolvimento, inclinando-se a
interpretar os fatos de acordo com as suas conveniências. Essa natural tendenciosidade de-
ve ser avaliada pelo juiz dentro de espírito benevolente. Não age com má-fé aquele que
descreve com tintas carregadas a conduta do oponente ou que romanceia os fatos. Haverá
infração a dever processual quando houver dolosa subversão dos acontecimentos.
2
Donizetti, Elpídio – Curso didático de Direito Processual Civil, 11ª. Edição págs. 121/124.
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Inciso II - Determina que as partes e procuradores devam agir com lealdade e boa-fé. Cuida-
se de fórmula genérica, que acaba incluindo as demais. A boa-fé está aqui empregada em
sua versão objetiva (que se contrapõe à boa-fé subjetiva que diz respeito ao conhecimento, ou
não, de determinado fato), que corresponde a um dever ético de bem agir. Trata-se da con-
duta direcionada para o respeito ao outro litigante, ao uso de lícitos expedientes. É o antô-
nimo da malícia, da improbidade, da incivilidade. O processo deve ser visto como uma dis-
puta ditada pela ética, nunca um jogo que admita o uso de todas as armas.
Inciso III - Impede-se igualmente que sejam formuladas pretensões ou defesas cientemen-
te destituídas de fundamento. A recomendação legislativa destina-se à apresentação de ar-
gumentos jurídicos que a parte sabe impertinentes. Com efeito, não raramente é apresenta-
da demanda tão - apenas para criar uma aparência de legitimidade para determinada situa-
ção. Comuns que devedores bancários, no afã de negar a dívida e obter outros favores (se a
dívida está sendo discutida, a jurisprudência muitas vezes tem negado a inscrição em cadas-
tros de inadimplentes), ingressem com demandas sem nenhum fundamento. Políticos, para
iludirem seus eleitores, pedem a anulação de punições impostas por tribunais de contas.
Sabe-se que esses pedidos, ao final, serão rejeitados, mas se anseia que, até lá, obtenha-se
vantagens em razão da ausência de decisão judicial. Claro, ainda, que não se aplica essa a-
versão pelo simples inacolhimento do pedido, ainda que se cuide de tese de vanguarda ou
escoteira. Somente tem repulsa a má-fé.
Inciso IV - Trata da questão relativa a produção de provas ou outros atos inúteis, artifici-
almente postergando o desfecho da causa. O juiz, é certo, tem poderes para indeferir dili-
gências protelatórias (art. 130). Só que nem sempre se consegue, de antemão, perceber esse
propósito maldoso. Deferida a expedição de precatória inquisitória para comarca distante,
posteriormente se constata que a testemunha arrolada nada sabia sobre o fato litigioso. A-
presenta-se exceção de incompetência tencionando-se suspender a tramitação do feito. Re-
corre-se abusivamente. São todas situações que podem caracterizar infração ao dever de
reto comportamento.
Inciso V - Trata do cumprimento das decisões judiciais sem embaraço, “embora a parte
possa afastar os efeitos imediatos de determinadas decisões através da interposição de um
recurso, quando dotado do efeito suspensivo, é evidente a necessidade do pronto cumpri-
mento dos pronunciamentos na hipótese de surtirem efeitos imediatos, não se justificando
que o destinatário da decisão a ignore, descumprindo o comando emanado de autoridade
do Estado investida da função jurisdicional.
Essa situação é observada, em repetição, no descumprimento de liminares e de antecipa-
ções de tutela, justamente nos provimentos judiciais que demandam observância imedia-
ta.”3
3
Montenegro Filho, Misael – Curso de Direito Processual Civil, 5ª.edição , pág.265.
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“Art. 15 - É defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas nos escri-
tos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido,
mandar riscá-las.
Parágrafo único - Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa oral, o
juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de lhe ser cassada a palavra.”
O dispositivo, é evidente, deve levar em conta que o processo, por natureza, tende a exas-
perar as emoções e não raramente está fundamentado exatamente na emissão de conceitos
depreciativos à parte adversa. O que se pretende é que a discussão da causa não extravase
os limites razoáveis, dedicando-se os litigantes a revelar um clima de beligerância dissociado
do real objetivo do processo. Sempre que o discurso ultrapassar o lícito debate (que inclui,
por vezes, a emissão de adjetivos depreciativos) haverá comportamento abusivo. Por de-
corrência, não apenas expressões injuriosas, mas também caluniosas e difamatórias podem levar
a igual resultado.
DO JUIZ
Como sujeito imparcial do processo, investido de autoridade para dirimir a lide se coloca
entre as partes. Sua superior virtude, exigida legalmente e cercada de cuidados constitu-
cionais destinados a resguardá-la, é a imparcialidade. A qualidade de terceiro estranho ao
conflito em causa é essencial à condição de juiz.
No exercício da jurisdição, função estatal, o juiz não pode eximir-se de atuar no proces-
so, desde que tenha sido regularmente provocado, não se admite que o juiz lave as mãos
e pronuncie o non liquet *diante da causa incômoda ou complexa, porque tal conduta im-
portaria em evidente denegação de justiça e violação da garantia constitucional da inafas-
tabilidade da jurisdição.
*Non liquet: Não há certeza, não está claro. Não há julgado. Não convence.
Para o seu efetivo exercício, o direito atribui ao juiz determinados poderes que se agrupam
em duas categorias: a) poderes administrativos ou de polícia, que se exercem por ocasião do
processo, a fim de evitar a sua perturbação e de se assegurar a ordem e o decoro que de-
vem norteá-lo; b) poderes jurisdicionais, que se desenvolvem no próprio processo, subdivi-
dindo-os em poderes-meios (abrangendo os ordinatórios, que se referem a simples andamento
processual, e os instrutórios, que se dizem respeito à formação do convencimento do juiz)
e c) poderes-fins (decisórios e de execução). O juiz também tem deveres no processo: não só
o dever de sentenciar, mas ainda o de conduzir o processo segundo a ordem estabelecida
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Para possibilitar o cumprimento de seu dever, tornando efetiva a celeridade, a lei arma o
juiz de poderes processuais, dentre os quais:
• Ordenar ou indeferir provas e diligências (art. 130 CPC);
• Indeferir perguntas às testemunhas (art. 416, §§ 1° e 2° CPC);
• Determinar a condução de testemunhas (art. 412 CPC);
• Julgar antecipadamente a lide (art. 330 CPC) e
• Determinar a reunião de processos (art. 105 CPC).
4
Grecco Filho, Vicente- Direito Processual Civil Brasileiro, vol. 1, 19ª. Edição, págs. 226/227.
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O juiz não pode decidir aquém do pedido (sentença citra petita), nem além (sentença ultra
petita), nem fora do que foi pedido (sentença extra petita).
O que a lei veda é o conhecimento, pelo juiz, de questões não suscitadas, a cujo respeito
a lei exige a iniciativa da parte ( art. 128 CPC), o que não impede de apreciar livremente
a prova, atendendo aos fatos e às circunstâncias constantes dos autos, ainda que não ale-
gados pelas partes (art. 131 CPC).(“Adoção do sistema do livre convencimento ra-
cional ou motivado: O dispositivo em exame demonstra que o legislador infraconstitu-
5
Montenegro Filho, Misael – Código de Processual Civil comentado e Interpretado, pág. 185.
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A prescrição e a decadência, por exemplo, é uma questão que pode ser conhecida de ofí-
cio (arts. 219 e 220 CPC).
6
Montenegro Filho, Misael – Código de Processual Civil comentado e Interpretado, pág. 188.
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Em razão do acima exposto, no Código vêm expressos os motivos que impedem ou que
tornam suspeito o juiz para funcionar no processo contencioso ou voluntário, cumprin-
do-lhe afastar-se voluntariamente da lide, declarando seu impedimento ou a sua suspei-
ção, desde que manifesto um dos motivos que possam comprometer a sua isenção. E, se
de ofício, não tomar essa providência, cumpre à parte interessada requerer o seu afasta-
mento do processo, argüindo a exceção de impedimento ou de suspeição.
As causas de impedimento e suspeição estão previstas nos artigos 134 a 138, do Código
de Processo Civil (CPC) e dizem respeito à imparcialidade do juiz no exercício de sua
função.
É dever de o juiz declarar-se impedido ou suspeito, podendo alegar motivos de foro ín-
timo. O impedimento tem caráter objetivo, enquanto que a suspeição tem relação com o
subjetivismo do juiz.
Juris et de jure - De direito e por direito. Estabelecido por lei e considerado por esta como verdade.
Juris tantum: Somente de direito, a admitir prova em contrário.
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CAUSAS DE IMPEDIMENTO
As causas de impedimento do juiz são aquelas indicadas no artigo 134, mais a prevista
no artigo 136.
Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como
órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou deci-
são;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer
parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo
grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta
ou, na colateral, até o terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
Entenda-se por perito, no inciso em exame, não apenas o expert oficial, mas também o
assistente técnico de qualquer das partes, pois a causa do impedimento do juiz que atuou
na primeira condição é, por óbvio, idêntica à daquele que participou na segunda.
4- O Código não reputa causa impeditiva da atuação do juiz o fato de haver ele partici-
pado do processo na condição de órgão auxiliar. Explica-se: como a atuação desses ser-
vidores da justiça não é direcionada no sentido de influir no resultado da demanda, ine-
xistiria motivo para proibir-se a atuação do juiz naquele processo em que anteriormente
atuou nessa condição.
No entanto, se o juiz atuou como escrivão, oficial de justiça, ou contador e tenha prati-
cado na causa atos cuja existência pode influir agora na sua decisão, deve ele ser conside-
rado impedido. Por exemplo, a hipótese de o escrivão (e ora juiz) haver certificado que
intimou o autor para os fins do artigo 267, inciso III e § 1º do Código, e este último sus-
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tentar a inocorrência da intimação - caso em que não poderia o juiz, à evidência, decidir
pela extinção do processo com base em circunstância por ele mesmo certificada anteri-
ormente.
Evidente que esse inciso se refere a juízes que estejam agora exercendo suas funções nos
tribunais, tanto que se refere expressamente a decisões anteriores proferidas em primeiro
grau de jurisdição; por outro lado, apenas o juiz que proferiu sentença ou decisão estará
impedido: caso tenha exarado simples despacho no processo ou no procedimento, não
estará, só por isso, incompatibilizado para atuar.
Cônjuges são as pessoas vinculadas matrimonialmente entre si, isto é, são considerados
cônjuges pela lei civil (e, por extensão, por todo o ordenamento positivo), apenas o ma-
rido e a sua mulher.
Estará o juiz impedido de exercer suas funções no processo em que seu cônjuge atue
como patrono de qualquer das partes ou interessados - entendido o vocábulo parte, em
seu sentido amplo, abrangendo inclusive o assistente.
O parentesco por sua vez representa a relação que vincula entre si as pessoas, que des-
cendem do mesmo tronco ancestral, muito embora essa definição (que só cuida do pa-
rentesco por consangüinidade) deixe de lado tanto o parentesco por afinidade (ou seja,
aquele que se instaura entre um dos cônjuges e os parentes do outro), quanto o paren-
tesco civil (aquele derivado da adoção).
O parentesco em linha reta não sofre limitações de grau, enquanto que o parentesco em
linha colateral, ou transversal limita-se ao sexto grau.
São parentes em linha reta os pais e filhos (1º grau), os avós e netos (2º grau), os bisavós
e bisnetos (3º grau) e assim por diante. Já na linha colateral são parentes os irmãos (2º
grau), os sobrinhos e tios (3º grau) e assim por diante.
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Na relação de afinidade também são consideradas as linhas e graus, de tal sorte que os
sogros são afins, em linha reta, no primeiro grau, dos genros e noras, o mesmo ocorren-
do com os padrastos (e madrastas) com relação aos enteados.
Está o juiz impedido de exercer suas funções no processo ou procedimento em que par-
ticipe, como procurador da parte (ou do interessado), qualquer parente seu em linha reta,
seja o parentesco oriundo ou não do casamento, consangüíneo ou afim, qualquer que
seja o grau que os separe.
Essa vedação estende-se também aos colaterais de segundo grau, seja o vínculo derivado
da consangüinidade ou da afinidade, oriundo ou não de relação matrimonial.
Tudo o que foi dito a respeito do inciso anterior tem plena aplicação no presente, inclu-
sive no que tange ao concubinato e ao parentesco por adoção.
Inciso VI- O derradeiro motivo de impedimento previsto no artigo 134 diz respeito ao
juiz que exerça função de direção ou de administração de pessoa jurídica que figure co-
mo parte ou interessada na causa (inc. I) .
A hipótese ora sob exame praticamente não terá ocorrência, visto que a Lei Orgânica da
Magistratura Nacional veda ao juiz, no § 1º de seu artigo 26 e nos incisos I e II de seu
artigo 36, o exercício de cargos de direção ou administração em estabelecimentos de en-
sino, em sociedades comerciais e civis, associações ou fundações de qualquer natureza
ou finalidade, exceto quando se trate de associação de classe, e sem remuneração.
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Mesmo examinados todos os impedimentos indicados no artigo 134, não se pode olvidar
aquele contemplado no artigo 136.
Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüíneos ou afins, em linha
reta e no segundo grau na linha colateral, o primeiro, que conhecer da causa no tribunal,
impede que o outro participe do julgamento; caso em que o segundo se escusará, reme-
tendo o processo ao seu substituto legal.
“Art. 128. Nos Tribunais, não poderão ter assento na mesma Turma, Câmara ou
Seção, cônjuges e parentes consangüíneos ou afins em linha reta, bem como em li-
nha colateral até o terceiro grau
Parágrafo único – Nas sessões do Tribunal Pleno ou órgão que o substituir, onde
houver, o primeiro dos membros mutuamente impedidos, que votar, excluirá a
participação do outro no julgamento”
Surgindo em concreto a hipótese aventada pelo artigo 128 da LOMN, deverá o segundo
juiz escusar-se de participar do julgamento.
As causas de suspeição estão indicadas pelo artigo 135 do Código de Processo Civil não
deve ser considerada como taxativo, porquanto outras situações também podem empa-
nar a imparcialidade da autoridade judiciária e acarretar um julgamento injusto da causa.
Alertam os doutrinadores que apenas devem ser consideradas como causas de suspeição
do juiz a sua íntima, profunda e fraternal amizade com a parte, ou sua inimizade capital,
fundada no rancor e no desejo de infelicidades ou de vingança contra o desafeto.
Como todo ser humano, o juiz está sujeito a influências e injunções, sendo ele motivado
por sentimentos aptos a influírem em seu julgamento, tenha a sensatez de se afastar vo-
luntariamente do processo, pois correrá o risco de vir a ser afastado por iniciativa da par-
te prejudicada.
A lei é bastante clara quanto a suspeição do juiz em face de amigo ou inimigo da parte,
não se aplicando ao seu representante ou patrono.
Decorre do exposto, que o advogado da parte não tem interesse (e nem legitimidade)
para excepcionar em nome próprio, pois não participa da relação processual e a imparci-
alidade do magistrado é requisito de validade justamente dessa relação, devendo-se res-
salvar que restando evidenciada, pela conduta do juiz, que sua amizade ou inimizade
com o patrono da parte está influindo na condução do processo, também estará eviden-
ciada, por certo, a sua parcialidade, cabendo, em tal circunstância, a oposição da adequa-
da exceção ritual.
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A lei limita essas hipóteses, no que tange aos parentes colaterais do juiz ou de seu cônju-
ge, apenas àqueles de terceiro grau, abrangendo, assim, os irmãos, sobrinhos e tios de
qualquer deles, inexistindo limitação relativa aos parentes em linha reta.
A - Herdeiro é aquele que tenha direito à herança, quer na sucessão legítima, quer na tes-
tamentária, seja ele herdeiro necessário, seja facultativo, quer herde por direito próprio,
quer herde por direito de representação.
B - Juiz donatário é o que foi beneficiado, por qualquer das partes, por ato de liberalida-
de, isto é, por doação de coisa ou direito economicamente apreciável.
Inciso IV- Reputa fundada a suspeita de parcialidade do juiz que 1) recebeu dádivas an-
tes ou depois de iniciado o processo; 2) aconselhou alguma das partes acerca do objeto
da causa; ou, 3) subministrou meios para atender às despesas do litígio.
2 - A suspeição do juiz pode ainda decorrer do fato de haver ele aconselhado qualquer
das partes acerca do objeto do processo.
O aconselhamento sobre o objeto da causa deve ser entendido como orientação acerca
da eventual propositura ou defesa da ação, ou seja, é suspeito de parcialidade o juiz que
orienta a parte sobre como se comportar, no caso concreto, para o ajuizamento da ação
ou a oferta de defesa.
Pode o juiz externar opiniões sobre questões teóricas ou situações hipotéticas, já que a
suspeita de parcialidade é motivada pelo aconselhamento diante do caso concreto.
3 - A última situação indicada no inciso IV diz respeito ao juiz que subministra, a uma
das partes, meios para o atendimento das despesas do processo. É suspeito de parciali-
dade o juiz que assim age, pois sua conduta revela interesse pessoal no sucesso da parte
beneficiada.
Convém ressaltar, todavia, que é defeso ao juiz subministrar meios à parte figurante de
processo que presida, não a qualquer pessoa envolvida em litígio que certamente estará
excluído de sua apreciação.
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tenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exer-
cício do magistério.”
O juiz que publicamente emite opinião sobre processo submetido a sua apreciação está
prejulgando a causa, devendo assim ser afastado do processo, a fim de possibilitar um
julgamento isento por parte de outra autoridade judiciária.
Referente ao disposto no parágrafo único do artigo 135, o juiz poderá declarar-se suspei-
to por motivo íntimo, embora não há necessidade de que faça referências aos motivos
que justificam a sua decisão, nada impede que esse afastamento espontâneo, possa tam-
bém ser respaldado em qualquer das situações arroladas no aludido dispositivo.
A lei exige que a argüição da suspeição e do impedimento seja feita através de petição
fundamentada, contendo o rol de testemunhas e instruída, ainda, com documentos com-
probatórios das alegações do excipiente.
Apesar de o artigo 312 fazer expressa remissão aos artigos 134 e 135, não se pode perder
de vista a existência de outras causas ensejadoras do impedimento ou da suspeição do
juiz.
Recebendo a petição, o juiz exceto deverá adotar uma, entre duas atitudes possíveis:
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2) não reconhecendo qualquer motivo que afete a sua imparcialidade, ofertará suas ra-
zões dentro de dez dias, instruídas com documentos e eventual rol de testemunhas, or-
denando em seguida a remessa dos autos ao tribunal competente para o julgamento da
exceção (art. 313).
Adotando o juiz a primeira das medidas, é claro que a exceção não será objeto de julga-
mento pela instância superior, até porque atingida a sua finalidade. Vindo a adotar a se-
gunda delas, daí, sim, será processada a exceção, ficando o processo suspenso até o seu
julgamento pelo órgão superior competente (art. 306).
Essa exigência, muito embora não prevista em lei, é plenamente aceitável, visto que não
raro atuam, na mesma vara, dois juízes (o titular e seu auxiliar), mostrando-se irregular,
destarte, a petição dirigida contra o juízo. Além disso, freqüentemente vários juízes auxi-
liares exercem suas funções, sucessivamente, no mesmo juízo, exigindo tal circunstância
a clara individualização da autoridade considerada impedida ou suspeita, até mesmo para
o fim de eventual decretação, no futuro, da nulidade dos atos por ela praticados.
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Da instrução da exceção
Vindo os autos da exceção para o órgão superior competente para seu julgamento, este
aferirá a necessidade da produção de provas orais.
Concluindo pela sua desnecessidade, o tribunal desde logo julgará a exceção, louvando-
se nas alegações do excipiente e nas razões do exceto, assim como nas provas documen-
tais porventura existentes. Entendendo necessária a produção de provas orais, o relator
da exceção determinará a realização de audiência, ocasião em que serão inquiridas as tes-
temunhas do excipiente e da autoridade exceta; em seguida será julgada a exceção.
Julgamento da exceção
Apesar de não prevista, é evidente a possibilidade de a exceção sequer ser conhecida pe-
lo órgão julgador, em casos como o de intempestividade (na suspeição), ausência de po-
deres especiais para sua argüição, não personalização da autoridade exceta, ilegitimidade
do excipiente, entre outros.
Não sendo admitido o julgamento da exceção, retomará o processo o seu curso, sob a
presidência do juiz exceto, salvo se constatada a presença de circunstâncias reveladoras
de seu impedimento, caso em que o tribunal determinará de ofício, o seu afastamento.
Rejeição da exceção
A mesma solução é aplicável na hipótese de a exceção vir a ser rejeitada, ou seja, o pro-
cesso retomará o seu curso, sob a presidência do juiz exceto.
Essa rejeição será determinada, segundo dispõe o artigo 313, pela falta de fundamento
legal, assim entendida, aquela situação em que a exceção esteja consubstanciada em fatos
não encartáveis nas hipóteses previstas em lei.
A exceção também estará fadada à rejeição se não restar demonstrada a ocorrência dos
fatos supostamente caracterizadores da parcialidade do juiz. Impor-se-á a mesma solução
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Acolhimento da exceção
Acolhida a exceção, o tribunal condenará o juiz nas custas e determinará a remessa dos
autos ao seu substituto legal, retomando o processo o seu curso normal. Essa redação da
parte final do artigo 313 não encerra, todavia, todos os desdobramentos possíveis do
acolhimento da exceção ritual de impedimento ou de suspeição.
Realmente, além das duas conseqüências por ele previstas, é bem de ver que caberá ao
órgão julgador pronunciar-se ainda sobre a validade dos atos praticados pelo juiz parcial
- e agora afastado da presidência do processo -, especificamente aqueles de natureza de-
cisória.
Dúvida não há, por outro lado, acerca da competência exclusiva para o julgamento das
exceções de impedimento ou de suspeição: é sempre de órgão jurisdicional superior, tan-
to que o Código se refere expressamente a tribunal (arts. 313 e 314).
Acolhida a exceção, não disporá o juiz exceto de qualquer recurso, já que deve submeter-
se às decisões superiores.
1) tratando-se de impedimento, poderá ela ainda valer-se de ação rescisória (art. 485, II);
2) cuidando-se de suspeição, nada mais poderá fazer em relação ao processo findo, face
ao exaurimento das vias de acesso para a demonstração da parcialidade do juiz.
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O juízo é composto pelo juiz, detentor do poder jurisdicional e pelos auxiliares da justiça
que, sob a direção e em conjunto com o magistrado, realizam a prestação jurisdicional,
mediante a necessária formação e desenvolvimento do processo. Os auxiliares da justiça,
ou do juízo consoante refere o artigo 139 do Código de Processo Civil, são responsáveis,
portanto, pelos demais atos necessários ao desfecho da causa que não sejam de respon-
sabilidade exclusiva do juiz.
As atividades dos auxiliares do juízo são impessoais e, tanto quanto o juiz, não têm facul-
dades nem se sujeitam a ônus na relação jurídica processual. Não há qualquer subordina-
ção destes para com as partes nem destas para com eles. No entanto, respondem por
condutas dolosas ou culposas que pratiquem no exercício de suas atribuições. Face à ne-
cessária imparcialidade com que devem atuar, sujeitam-se à argüição de impedimento ou
suspeição, conforme artigo 138 do Diploma Processual Civil.
Alguns auxiliares, por força da credibilidade exigida por suas incumbências, investem-se
de fé-pública, prerrogativa mediante a qual as afirmações por eles feitas no exercício de sua
atividade, até que se prove o contrário, presumem-se verdadeiras.
O artigo 139 do Código de Processo Civil relaciona os auxiliares da justiça que têm ne-
cessariamente que existir: o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário e o ad-
ministrador. Não obstante, o dispositivo deixou aberta a possibilidade de que, para ou-
tras funções, existam outros auxiliares criados a partir das leis de organização judiciária,
tais como o distribuidor, o contador, o partidor etc.
O Escrivão
Excluindo-se o juiz, o escrivão é o mais importante dos elementos que compõe o juízo.
Sua função recebe o nome de Ofício de Justiça, consoante artigo 140 do Código de Pro-
cesso Civil. O cartório é o estabelecimento por ele dirigido no qual podem servir outros
funcionários subalternos, como os escreventes, cuja função é regulada pelas normas de
organização judiciária.
As funções do escrivão são variadas, sendo algumas autônomas, como, por exemplo a do-
cumentação, certificação, movimentação dos autos etc. e outras vinculadas à ordem judici-
al, tais como as citações e as intimações. O artigo 141 do Código de Processo Civil enu-
mera suas atribuições de forma não exaustiva, prevendo seu inciso II outras funções
prescritas nas normas da organização judiciária.
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A guarda e a responsabilidade pelos autos são tratadas no inciso IV, não devendo o es-
crivão permitir sua saída do cartório, salvo:
a) quando tenham de subir à conclusão;
b) com vistas aos procuradores, ao Ministério Público, ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor;
d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo, hipótese
esta distinta das demais, por tratar-se de saída definitiva dos autos. Observa-se, no entan-
to, que a disposição do inciso é incompleta, carecendo de referência a outras hipóteses
de saída dos autos, como a remessa à superior instância, ao distribuidor, para exame pe-
ricial etc.
“impedimento”. Isto porque, além dos casos de vedação legal por impedimento ou sus-
peição, o artigo 142 abrange também a ausência eventual do escrivão, quando, da mesma
forma, deverá ser substituído. A substituição, em qualquer das hipóteses, deverá ser por
escrevente juramentado, escrivão substituto ou ad hoc (nomeação, pelo juiz, de pessoa
idônea para prática daquele ato em específico).
O Oficial de Justiça
Além da prática de atos internos, de responsabilidade do escrivão, faz-se indispensável a
existência do oficial de justiça, responsável pela execução dos procedimentos que te-
nham repercussão externa ao juízo. Os oficiais de justiça são os mensageiros e executo-
res de ordens judiciais. Suas tarefas estão previstas no artigo 143 do Código de Processo
Civil.
O inciso I do referido dispositivo menciona várias das medidas cuja incumbência cabe
ao oficial de justiça, como citações, prisões, penhoras, arrestos e outras diligências pró-
prias do ofício. Nestas últimas, incluem-se os seqüestros, buscas e apreensões etc. Deve-
rá, em todas elas, certificar no respectivo mandado, o lugar, dia e hora do ocorrido. Por
cautela, há disposição acerca da conveniência de que tais medidas sejam realizadas, sem-
pre que possível, na presença de duas testemunhas. Embora recomendado pela norma
como meio de prova acerca da regularidade do ato, a presença das testemunhas não é
essencial à validade do ato.
Da mesma forma que o escrivão, o oficial de justiça goza de fé pública e responde civil-
mente por seus atos na forma do artigo 144 e incisos do Código de Processo Civil.
tarem explicitados no artigo 139 do Código de Processo Civil, auxiliam a justiça de mo-
do permanente.
O Perito
O perito é o profissional que, face aos seus conhecimentos técnicos e científicos, é cha-
mado para auxiliar o juiz no descobrimento da verdade sobre determinado fato. A partir
da análise dos modernos processualistas, que entendem superada a visão do exame peri-
cial como simples meio de prova, o perito passa a ser considerado, por disposição legal,
auxiliar do juízo, realizando tarefa que, teoricamente, o próprio magistrado deveria fazer,
mas que, por limitação técnica ou científica, se vê obrigado a recorrer à assistência de um
expert, conforme previsto no artigo 145 do Código de Processo Civil.
Uma vez nomeado pelo juízo, o perito investe-se de função pública, devendo cumprir
seu ofício dentro do prazo legal. Poderá, no entanto, esquivar-se da atribuição alegando
motivo legítimo, que deverá ser apresentado no prazo máximo de cinco dias contados da
intimação ou do impedimento superveniente - artigo 146 do Código de Processo Civil.
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O artigo 147 do Código de Processo Civil prevê três espécies de sanções às quais o peri-
to ficará sujeito na hipótese de, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas no
desempenho de suas funções. Sanção administrativa, restando inabilitado por dois anos
para exercício da função de perito. Sanção penal, mediante comunicado pelo juiz da causa
ao Ministério Público, para que este instaure o respectivo inquérito criminal (pena de
reclusão de um a três anos pelo artigo 342 do Código Penal). E, por último, sanção cível,
respondendo o perito à(s) parte(s) pelos prejuízos que lhe(s) tenha causado.
O Depositário e o Administrador
O artigo 148 do Código de Processo Civil determinou que a guarda e a conservação dos
bens penhorados, arrestados, seqüestrados ou arrecadados serão confiados ao depositá-
rio ou administrador, que deverá zelar por sua guarda e conservação, evitando que se
extraviem ou se deteriorem. Quando a natureza do bem exigir a continuidade de uma
atividade, o depositário assume papel de administrador na forma do artigo 677 do Di-
ploma Processual Civil. Depositário, portanto, possui uma função preponderantemente
de guarda e conservação. Por sua vez, o administrador, além das responsabilidades de
depositário, tem a incumbência complementar de manter em atividade e produção o es-
tabelecimento penhorado.
Ambos, de acordo com o artigo 149 do Código de Processo Civil, são remunerados, fi-
gurando seus respectivos proventos dentre as despesas relacionadas no artigo 20 do Di-
ploma Processual Civil. O valor da remuneração será fixado pelo juiz da causa, atenden-
do à situação do bem, ao tempo do serviço e às dificuldades de sua respectiva execução.
No artigo 150 do Código de Processo Civil, mais uma vez, o legislador previu a respon-
sabilidade do auxiliar de justiça por prejuízos causados à(s) parte(s) decorrentes de dolo
ou culpa no exercício de suas funções, estabelecendo, inclusive, a perda da remuneração
que lhe fora arbitrada pelo juízo, ressalvado, todavia, o direito de haver eventuais despe-
sas por ele despendidas no exercício do cargo.
O intérprete
Intérprete é o profissional que traduz para o vernáculo, de modo que todos os interessa-
dos no pleito entendam o que a parte, assistente, testemunha ou outra pessoa exprimiu
no processo. Sua natureza é semelhante à do perito, pois auxilia o juiz quando este julgar
necessário e não possa fazê-lo ele próprio face a limitações de ordem técnica. O artigo
151 do Código de Processo Civil disciplina as três hipóteses de nomeação de intérprete.
O artigo 153 do Código de Processo Civil estabelece a obrigatoriedade, por parte do in-
terprete, de auxiliar a justiça quando chamado a tanto pelo magistrado, aplicando-lhe o
mesmo regramento ao qual se sujeita o perito, consoante o quanto disposto no artigo
146 e 147.
LITISCONSÓRCIO
É o fenômeno de pluralidade de pessoas, em um só ou em ambos os pólos conflitantes
da relação jurídica processual (isto é, ele constitui fenômeno de pluralidade de sujeitos
parciais principais do processo).
A disciplina legal do litisconsórcio apresenta dois aspectos principais: o primeiro diz res-
peito á sua constituição, à sua admissibilidade e até a sua eventual necessidade (CPC art.
46 e 47); o segundo é atinente às relações entre os litisconsortes, uma vez constituído o
litisconsórcio (CPC art. 48 e 49). Há casos de litisconsórcio necessário, ou seja, indispensá-
vel sob pena de nulidade do processo e da sentença, ou mesmo de total ineficácia desta;
e casos de litisconsórcio unitário, em que os litisconsortes devem receber tratamentos
homogêneos.
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INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Há situações em que, embora já integrada a relação-processual segundo o esquema mí-
nimo (juiz-autor-réu), a lei permite ou reclama o ingresso de terceiro no processo, seja
em substituição a uma das partes, seja em acréscimo a elas, de modo a ampliar subjeti-
vamente aquela relação.
O ADVOGADO
Os arts. 44 e 45 do CPC tratam da possibilidade de haver sucessão dos procuradores das
partes. Há determinação expressa no sentido de que a parte, no mesmo ato em que re-
vogue o mandato outorgado para seu procurador, constitua outro para sucedê-lo, repre-
sentando-a.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Ocorrendo razões de ordem pública, a lei confere legitimação ao MP para oficiar no
processo, seja criminal ou civil. E, participando do processo como sujeito que postula,
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requer provas e as produz, arrazoa e até recorre (art.s 83 e 499, § 2° CPC), o MP assume
invariavelmente a posição de parte (seja principal ou secundária).
BIBLIOGRAFIA
1 - Filho, Misael Montenegro – Código de Processo Civil Comentado e Interpretado, 2008, Editora
Atlas.
2 - Filho, Misael Montenegro – Curso de Direito Processual Civil, volume I, 5ª. Edição, Editora Atlas.
3 - Filho, Vicente Greco – Direito Processual Civil Brasileiro, 19ª. Edição, Editora Saraiva
4 – Gonçalves, Marcus Vinicius Rios – Novo Curso de Direito Processual Civil,. 2007 – Editora Sarai-
va.
5 - Grinover, Ada Pellegrini – Teoria Geral do Processo, 24ª edição. Malheiros Editores.
6 - Wambier, Luiz Rodrigues – Curso Avançado de Processo Civil, volume I, 8ª Edição, Editora Revis-
ta dos Tribunais.
8 - Alvim, Eduardo Arruda – Direito Processual Civil – 2ª. Edição – Editora Revista dos Tribunais.
9- MARCATO, Antonio Carlos. A imparcialidade do juiz e a validade do processo. Jus Navigandi, Te-
resina, ano 6, n. 57, jul. 2002.: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3021
10- Fidélis dos Santos, Ernane – Manual de Direito Processual Civil – 11ª. Edição, Editora Saraiva.
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