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SIGA SEU CORAÇÃO

ENCONTRE UM OBJETIVO
PARA SUA VIDA E PARA
SEU TRABALHO
Andrew Matthews

Título original: Follow vour Heart


Copyright © 1997, por Andrew Matthews
e Seashell Publishers
Publicado originalmente por:
Seashell Publishers PÓ Box 325, Trinity Beach Queensland, Austrália, 4879
Licença editorial para o Círculo do Livro. Todos os direitos reservados.
Coordenação editorial Janice Maria Flórido
Arte/Editoração Eletrônica Ana Suely S. Dobon
Revisão
Eliel Silveira Cunha Fábio Maximiliano Alberti
EDITORA BEST SELLER
uma divisão do Círculo do Livro Ltda.
Rua Paes Leme, 524 - CEP 05424-010
Caixa Postal 9442 - São Paulo - SP
2003
Impressão e Acabamento
R R Donnelley América Latina
Tel.: (55-11) 4166 3500

À MEMÓRIA
de meu pai, Peter, que foi uma prova viva de que a gente pode obedecer ao coração e
ter uma bola.

DEDICADO
à minha preciosa esposa, Julie.
Obrigado pelos conselhos quanto à edição, palavra por palavra, e obrigado por sua
orientação e seu apoio constantes, dia a dia. Obrigado pela alegria que você dá a minha
vida.
OBRIGADO
aos editores
Vimala Sundram, da Capital Corporate Communications
Ayesha Harben, da Ayesha Harben and Associates
e a Célia Painter, da The Media Works,
a Sharryn Cremer, obrigado pelos seus esforços na composição tipográfica e por sua
ajuda cotidiana no escritório;
a Lês Hoffman, obrigado pelos conselhos, e a minha irmã, Jane Thomas, obrigado pela
ajuda.

MESTRE, EXISTE COISA MELHOR QUE POSSUIR UM MERCEDES ESPORTE?


PODE APOSTAR: COMPRE UM FERRARI!

ÍNDICE
CAPITULO I 11
Por Que Eu Preciso de Desastres? 14
Lições 16
Vivendo e Aprendendo 20
1
CAPÍTULO 2 25
A Lei da Semente 28
Causa e Efeito 29
Conforme Você Melhora, o Jogo Vai Ficando Maior 30
Disciplina 33
Seja Adaptável! 36
CAPÍTULO 3 37
As Crenças 39
O Problema E o Meu Emprego! 44
Fazendo Dinheiro 44
Mime-se a si Mesmo! 49
Não É o Que Lhe Acontece, É como Você Vê o Que Lhe Acontece 50
CAPÍTULO 4 53
Fixação 55
A Fixação em Dinheiro 57
Dar 59
A Fixação no Amante 60
CAPÍTULO 5 61
O Porquê do Pensamento Positivo 63
Como o Pensamento Positivo Molda Seu Subconsciente 63
A Recompensa do Pensamento São os Resultados 66
CAPITULO 6 69
Fazendo o Que Você Gosta 71
Sua Carreira 75
Mudando de Direção 79
Qual É a Sua Desculpa? 89
CAPÍTULO 7 91
Começar! 93
A Coragem 95
Experimentando Coisas Novas 98
O Segredo do Poder 99
Por Que Você Não? 101
CAPÍTULO 8 103
A Sorte 105
Pensamentos 107
A Paz Interior 111
CAPÍTULO 9 123
Por Que Estamos Aqui? 125
Perdoar 126
A Família 131
Amor e Medo 133
CAPÍTULO 10 135
Quando Você Muda... 137
Você Não Está Sozinho! 139

”A empresa resolveu reconhecer a sua contribuição!

SIGA SEU CORAÇÃO

Os Dez Conceitos:

1. Nós estamos aqui para aprender lições, e o mundo é o nosso professor.

2. O universo não tem favoritos.

3. Sua vida é um reflexo perfeito de suas convicções.

4. No momento em que fica demasiadamente apegado às coisas, às pessoas, ao


dinheiro... você estraga tudo.
5. Aquilo em que você se concentra na vida se expande.

6. Siga o seu coração!

7. Deus não vai descer numa nuvem e dizer: ”Agora você está autorizado a ter sucesso”.

8. Quando você luta com a vida, a vida sempre sai ganhando.

9. Como amar as pessoas? Basta aceitá-las.

10. Nossa missão na vida não é mudar o mundo. Nossa missão é mudar a nós mesmos.

NÓS ESTAMOS AQUI PARA APRENDER, E O MUNDO É O NOSSO PROFESSOR


Quando deixamos de aprender uma lição, temos de repeti-la... e repeti-la!
Uma vez aprendida a lição, passamos para a seguinte. (E as lições nunca terminam!)
11

Lição 1
dívida para iniciantes

Lição 2
Grandes dívidas

lição 3
pobreza I e II

lição 4
Inadimplência

lição 5
Doutorado em indigência

12
CAPITULO I

Por Que Eu Preciso de Desastres?

Lições Vivendo e Aprendendo

ALGUMA COISA PODE ESTAR À SUA FRENTE...


Aos dez anos de idade, a coisa que eu mais prezava na vida era a minha bola de futebol:
comia com ela, dormia com ela e a engraxava toda semana... coisa que nem pensava
em fazer com os sapatos. Eu sabia tudo de futebol. Mas, quanto a outras coisas, como a
origem dos bebês, por exemplo, era um bocado confuso.
Uma tarde, estava brincando na rua e perdi a minha preciosa bola. Procurei em toda
parte. Imaginei que a tivessem roubado.
Por fim, vi uma mulher que parecia ter escondido minha bola no casaco. Então me
aproximei dela e perguntei: ”Que história é essa de esconder a minha bola debaixo da
roupa?”.
Acontece que a moça não estava com a minha bola... em compensação, aquela tarde eu
descobri de onde vinham os bebês - e que aparência tinha uma mulher grávida de nove
meses.
Mais tarde, naquele mesmo dia, acabei achando a bola perdida.
O mais fascinante foi eu não ter reparado numa mulher grávida até os dez anos... No
entanto, daquele dia em diante, passei a ter a impressão de que estava cercado delas.
EM POUCAS PALAVRAS
Nós só atingimos certos estágios na vida quando estamos prontos para receber novas
informações. Antes disso, uma coisa pode estar à nossa frente, mas não a vemos.

POR QUE EU PRECISO DE DESASTRES?

3
A única ocasião em que quase todos aprendemos alguma coisa é quando somos
atingidos na cabeça! Por quê? Porque é muito mais fácil não mudar. De modo que
continuamos fazendo o que fazíamos até dar de cara com a parede.
Pegue como exemplo a nossa saúde. Quando é que realmente mudamos de dieta e
começamos a fazer ginástica? Quando o nosso corpo começa a cair aos pedaços: quando
o médico diz: ”Se não mudar de estilo de vida, você vai acabar se matando!”. Só então
ficamos repentinamente motivados!
Nas relações: quando é que dizemos ao outro o quanto gostamos dele? Quando o
casamento começa a cair aos pedaços, quando a família já está aos frangalhos!
Na escola: quando é que finalmente levamos o estudo a sério e nos esforçamos? Quando
falta pouco para sermos reprovados. E nos negócios: quando é que experimentamos
novas idéias e tomamos decisões difíceis? Quando não sabemos como pagar as contas.
Quando é que passamos a nos preocupar com o direito do consumidor? Quando o cliente
já virou as costas para nós!
Quando é que rezamos? Quando a vida começa a cair aos pedaços! ”Meu Deus, eu sei
que não me ajoelho para rezar desde a última vez em que tudo foi por água abaixo...”
Nós só aprendemos as grandes lições quando as coisas já ficaram feias. Quando foi que
você tomou as decisões mais importantes da vida? Quando estava de quatro: depois do
desastre, depois do desgosto, quando tinha sido atingido no peito. Só então dizemos a
nós mesmos: ”Eu estou farto de me sair mal, farto de entrar pelo cano. Chega de ser
medíocre. Preciso fazer alguma coisa”. O sucesso, qualquer um comemora, mas não
aprende muito com ele. O fracasso dói: é aí que somos educados. Olhando para trás, nós
geralmente acabamos percebendo que os ”desastres” foram momentos de mudança.
Efetivamente, as pessoas não saem por aí à procura de problemas, mas quando
recebem um golpe duro da vida, perguntam: ”Como posso mudar o que penso e faço?
Como posso ser melhor do que sou agora?”. Os fracassados são os que não fazem caso
dos sinais de aviso. Quando a casa cai, perguntam: ”Por que tudo acontece comigo?”.
Nós somos movidos pelo hábito. Continuamos fazendo o que fazemos até sermos
obrigados a mudar.
Mary é traída pelo namorado, Al. Arrasada, passa uma semana trancada no quarto.
Depois, pouco a pouco, começa a telefonar para os velhos amigos e fica conhecendo
novos. Em breve muda de casa e de emprego. Dentro de seis meses está mais feliz e
confiante que nunca. Olha para trás e vê que o ”desastre” de perder Al foi a melhor
coisa que podia ter lhe acontecido.
Fred é demitido. Incapaz de arranjar emprego, abre um negócio. Pela primeira vez na
vida é o seu próprio patrão e está fazendo o que realmente quer.
Ainda tem os seus problemas, porém a vida adquiriu um novo significado e um novo
interesse: tudo a partir de um aparente desastre.
A VIDA, ENTÃO, É UMA SÉRIE DE DOLOROSOS DESASTRES?
Não necessariamente. O universo está sempre enviando alguns avisos para nós. Quando
ignoramos os avisos, eles vêm outra vez como se fossem uma marreta. O crescimento é
mais doloroso quando resistimos a ele.

LIÇÕES
Algumas coisas vão além do nosso entendimento... Quando uma criança nasce com AIDS
ou uma jovem mãe é morta num assalto, quando cidades inteiras são devastadas por
enchentes, a gente pergunta: ”Por quê?”. Para essas coisas parece não haver resposta.
Mas em outro nível - no ”nível da vida cotidiana” -, podem-se encontrar algumas dicas.
Você já notou que certas coisas só acontecem a determinadas pessoas? Louise é
demitida mais ou menos de seis em seis meses, Frank é processado uma vez por ano,
Jim se intoxica com comida estragada sempre que viaja de férias.
Determinadas pessoas recebem determinadas lições. Nós podemos reagir a isso de três
maneiras. Ou dizemos:

• ”MINHA VIDA É UMA SÉRIE DE LIÇÕES DAS QUAIS EU PRECISO, E ELAS OCORREM
NUMA ORDEM PERFEITA”. (A abordagem mais sadia garante o máximo de paz interior.)
• ”A VIDA É UMA LOTERIA, MAS EU APROVEITO AO MÁXIMO
O QUE ACONTECE”. (A segunda melhor opinião: oferece uma qualidade de vida
mediana.)
• ”POR QUE COMIGO SÓ ACONTECEM COISAS RUINS?”. (Garante o máximo de
sofrimento e frustração.)

Nós recebemos lições constantemente. De presente. Se não as aprendemos, temos de


recebê-las outra vez... e outra vez... e outra vez.
Seja um plano divino, seja o desdobramento natural dos fatos, é o que acontece.
Queiramos ou não, acontece. Podemos assumir a responsabilidade ou declarar que
somos vítimas, podemos lutar ou ficar alheios a tudo: acontece. E acontece desde que
você nasceu. Toda vez que o desrespeitaram, toda vez que um vendedor o enganou ou
uma pessoa amada o abandonou, havia uma lição bem diante de seus olhos.
Quem sofre sete dias por semana provavelmente não prestou atenção em alguma lição.
Se você vive perdendo o emprego, os namorados, dinheiro... é sinal de que não prestou
atenção. Como observou uma senhora: ”Eu tenho sempre os mesmos problemas. Só que
eles aparecem de roupa nova!”.
A pior coisa que se pode dizer é: ”Não é justo!”.

EM POUCAS PALAVRAS
Ninguém está neste mundo para ser punido. Estamos aqui para ser educados. Todo
acontecimento tem o potencial de nos transformar, e os desastres têm potencial ainda
maior de mudar o nosso modo de pensar. BASTA AGIR COMO SE TODO ACONTECIMENTO
TIVESSE UM PROPÓSITO PARA QUE A SUA VIDA TENHA UM PROPÓSITO. Imagine por que
foi que você precisou de uma determinada experiência, conquiste isso, e não tornará a
precisar dela.

EU SOU CAPAZ DE FAZER TUDO, MENOS ISSO!


Nós geralmente preferimos adiar as lições mais importantes. Podemos olhar para a
relação ruim com nossa mãe e dizer: ”Depois do que ela me disse, eu sou capaz de fazer
tudo, menos amá-la”. Certo! Você provavelmente pode fazer quase tudo, mas não
agora. Por isso mesmo não pode ser outra a sua lição. Crescer é mais ou menos ocupar
novos terrenos.
MEU EX-MARIDO É UM OSSO DURO DE ROER
Divorciar-se de uma pessoa não significa que o nosso aprendizado com ela acabou. Se o
casamento não deu certo, e mesmo assim nós continuamos culpando o outro pelo nosso
sofrimento e pela hipoteca, é porque ainda estamos ligados a ele! Continuamos ligados
porque ainda há o que aprender.
Você diz: ”Mas esse cara não presta! Eu sou capaz de tudo, menos de perdoá-lo!”. É
bem provável que perdoá-lo seja o mais difícil - e provavelmente uma coisa que você
não sabe fazer bem: no entanto, aí está a chance de aprender. Você pode adiar a lição
quanto quiser, mas, se preferir que sua vida (e sua saúde) melhore, vai ser preciso
tomá-la em algum momento. Enquanto acreditarmos que alguém está arruinando a
nossa vida, essa crença fará com que isso aconteça de fato. Pode parecer que os outros
estejam obstruindo a nossa felicidade. Na verdade, somos nós que a obstruímos: porque
escolhemos uma maneira de ver as pessoas.
MEU PATRÃO É UM MAU-CARÁTER. A CULPA NÃO É MINHA. ELE PRECISA PARAR DE SER
MAU-CARÁTER! (PORTANTO, QUAL É A MINHA LIÇÃO?)
Enquanto você estiver convencido de que seu patrão é um mau-caráter, ele será. E está
certo pensar que ele é mau-caráter. No momento em que você escolher mudar - por
exemplo, concentrando-se em seus aspectos positivos, parando de julgá-lo, até
simpatizando um pouco com ele -, o problema desaparecerá.
Pode ser que você pergunte: mas como? Há mil possibilidades... a) Ele pode reagir a sua
mudança de atitude e começar a se abrir; b) Ele pode ser transferido para outro
departamento; c) Você pode arranjar outro emprego; d) Ele pode arranjar outro
emprego; e) Você pode até começar a gostar dele. (Palavra!) Quantas vezes a gente
acaba ficando amiga de uma pessoa que, inicialmente, não conseguíamos tolerar?
Quando você muda, sua situação muda. É a lei. Não é preciso ficar imaginando como
acontecerá. Sua transformação altera a sua situação. Mas essa transformação tem de
ser autêntica. Você diz: ”vou fazer as pazes com Fred, mas continuo achando que ele
não passa de um crápula!”. Não foi uma transformação importante de sua parte!
QUANTO TEMPO VAI DEMORAR? O tempo que você demorar para mudar.
POR QUE EU SIMPLESMENTE NÃO LARGO ESTE EMPREGO DE UMA VEZ? Pode fazer isso
5
se quiser. Mas são grandes as chances de que você acabe trabalhando para outro mau-
caráter: faz parte do grande currículo cósmico.

TALVEZ MUDANDO DE CIDADE EU POSSA RECOMEÇAR


Errado! Geralmente, o melhor lugar para recomeçar é onde você está. Veja Fred, que
deve dinheiro a metade do bairro. Ele diz consigo mesmo: ”Talvez seja melhor eu me
mudar!”. Mas, ao mudar-se, levará consigo seu modo de pensar e seus hábitos - e é
justamente isso que molda sua vida. Fred pode trocar de cidade, mas vai atrair as
mesmas situações e outro punhado de credores zangados.
Se você for perdulário, continuará sendo perdulário mesmo que migre para a Austrália. O
melhor conselho para Fred: ”Antes de trocar de endereco, tente mudar seu modo de
pensar!”.

AS LIÇÕES NOS PERSEGUEM EM TODA PARTE


Na família de Jil, dinheiro chegava a ser palavrão. Seus pais não eram pobres, mas ela
ficava sem jeito de lhes pedir dinheiro, eles não gostavam de gastar e a família brigava
muito por isso. Jil saiu de casa, foi morar em Barcelona... e se casou com um cara que
ganhava muito bem mas não lhe dava um -= centavo! Quando você abandona o navio, ”
as lições vêm no seu encalço !

SE EU PUDESSE IR PARA O TIBETE, TALVEZ DESCOBRISSE O SENTIDO DA VIDA...


Muita gente sonha viajar a países distantes para descobrir o sentido da vida... Jim foi
parar no Himalaia. Um dia, quando estava sentado numa esquina poeirenta,
atormentado pela diarréia e sonhando com um banho quente, teve um estalo repentino:
”Por que eu não ’vou me iluminar’ no Ritz Carlton?”.
Parece romântico descobrir o sentido da vida no Tibete, mas a ”iluminação” no Tibete é
boa para os tibetanos! Para a maioria de nós, o sentido da vida se encontra
provavelmente no próprio bairro em que moramos.

AS LIÇÕES QUE TEMEMOS


A única maneira de vencer o medo é enfrentá-lo. Como sempre atraímos as experiências
educativas de que estamos precisando, também atraímos com muita freqüência as
experiências que tememos.
Portanto, se você morre de medo de contrair dívidas, tem muita chance de contraí-las às
pencas. Se receia a solidão, vai atraí-la. Se teme ficar sem jeito, acaba com a cara no
chão. E assim que a vida nos estimula a crescer.

EM POUCAS PALAVRAS
Cada um de nós é uma causa. Nossos pensamentos atraem e criam circunstâncias.
Quando mudamos, atraímos circunstâncias diferentes. Enquanto não aprendermos uma
lição sobre endividamento, trabalho, amor ou qualquer outra coisa, a) vamos ficar
repetindo a mesma lição ou b) continuaremos assistindo à mesma aula de formas
diferentes. A vida é assim.

Somos atingidos por pedrinhas: uma espécie de aviso. Se não fizermos caso das
pedrinhas, vem a tijolada. Se não ligarmos para a tijolada, acabamos esmagados por um
rochedo. Sendo sinceros, podemos ver onde foi que fechamos os olhos para o aviso. E
ainda temos a coragem de dizer: ”Por que eu?”.

VIVENDO E APRENDENDO
”Só descendo ao fundo do poço é que a gente recupera os tesouros da vida.
É onde se tropeça que se acha o seu tesouro. A mesma caverna em que a gente tem
medo de entrar acaba sendo a fonte do que estava procurando.”
Joseph Campbell
A vida não precisa ser sempre dolorosa, mas a dor continua sendo a principal razão pela
qual mudamos. Quando não dói, nós podemos fingir. Nosso ego diz: ”Eu estou muito
bem”.
Quando as coisas doem o suficiente, por exemplo, quando estamos sozinhos há tempo
suficiente, ou suficientemente amedrontados, tornamo-nos vulneráveis. Nosso ego já
não tem resposta, e nós nos abrimos. A dor nos anima a levar as coisas a sério.
É sempre mais fácil filosofar sobre a dor alheia! Olhamos para Jim e dizemos: ”A falência
foi uma grande lição para ele”. Olhamos para Mary e dizemos: ”Esse divórcio a ajudou a
ser independente”. E todos concordamos: ”Os desafios nos tornam mais fortes”.
Mas quando chega a hora dos nossos próprios desafios, não ficamos tão entusiasmados
assim. Dizemos: ”Meu Deus, por quê? Dai-me um desafio conveniente!”. Infelizmente, os
verdadeiros desafios não são convenientes.

SE EU TIVESSE GENTE DE QUALIDADE NA VIDA...


Nós podemos olhar para a vida e dizer: ”Se não fosse o marido indolente e esses filhos
endiabrados, eu podia cuidar de meu crescimento pessoal...”. Errado! Eles são o seu
crescimento pessoal.
As pessoas que fazem parte de nossa vida são os nossos professores. Os maridos que
roncam e deixam a porta do armário aberta, os filhos ”ingratos”, os vizinhos que
estacionam na frente da sua garagem... A única coisa que podemos dizer é: ”Eu seria
mais feliz se essa gente trabalhasse em conjunto!”.
Se a sua esposa o irrita, significa que o seu projeto é lidar efetivamente com a irritação.
E você conta com a pessoa perfeita para ajudá-lo a fazer isso dentro de casa mesmo.
Uma parceira prática! Que sorte!
Você pode dizer: ”vou me divorciar! Isso resolverá tudo!”. Mas só enquanto você não se
casar com outra que o irrite tanto quanto ela.

EM POUCAS PALAVRAS
Toda pessoa que entra em sua vida é um professor. Por mais que o atormente, ela o
ensina porque mostra onde estão os seus limites. O fato de cada uma dessas pessoas
ser um professor não significa que você seja obrigado a gostar delas.

PASSO A PASSO
A vida é um pouco como uma escada de mão. Para subir, temos de firmar o pé no
degrau em que nos encontramos - seja o trabalho, seja a relacão, o dinheiro, seja o que
for. Uma vez escorados, subimos ao degrau seguinte. As pessoas tratam os seus degraus
de diferentes maneiras:
”Eu detesto este degrau - queria estar em outro”. É quando você fica parado no mesmo
lugar.
”Quero a escada do vizinho.” É o que se chama inveja.
”Para o inferno com esta escada.” É o que se chama suicídio.
Toda vez que ficamos parados no mesmo lugar, podemos nos perguntar: ”Onde foi que
eu não firmei o pé?”.

QUANDO A VIDA FICA MAIS SIMPLES?


Não fica! Mas podemos aprender a lidar melhor com ela. Quando somos enviados ao
planeta Terra, nós nos matriculamos na ”escola da vida” para sempre, o que significa
que enquanto estivermos respirando, a aula continua.
Costumamos pensar que quando tivermos passado pela pré-escola, pelo primeiro grau,
pela puberdade... e começarmos a trabalhar, a vida se tornará mais fácil. Tolice.
Ninguém nos avisou disso! Não é de admirar que fiquemos frustrados.
Olhamos para os outros, que, a distância, dão a impressão de estar pássando
maravilhosamente; mas eles também têm lá os seus problemas... A vida de Bill parece
ser um mar de rosas. Ele recebe uma ótima aposentadoria, já acabou de pagar a casa,
tem um carro lindo, come em restaurantes finos, passa as férias no exterior, joga golfe
de vez em quando. O que não sabemos é que Bill acaba de processar sua companhia de
seguros, que o telhado está cedendo, que seu filho é viciado em drogas e que amanhã, a
esta hora, seu aparelho de vídeo estará nas mãos de um assaltante.
Todos nós enfrentamos desafios constantemente.

OUTRO MOTIVO POR QUE A VIDA NÃO SE TORNA MAIS SIMPLES...


Quando as coisas ficam fáceis demais, nós procuramos por novos problemas. Dizemos
com nossos botões: ”Isto eu faço de olhos fechados! Preciso de um desafio”. Quando a
vida se torna demasiado simples, resolvemos casar! Quando pagamos a última
prestação da casa, resolvemos comprar uma maior! Não é só o mundo que complica a
vida, nós a complicamos.

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ENTÃO, COMO CONSEGUIR NÃO ENLOUQUECER?
Depende de como você lida com a vida.
• Nunca diga: ”Não vou relaxar enquanto não...”. Relaxe e aproveite a vida enquanto
ainda está no meio do caminho.’
• Pergunte constantemente: ”Que estou aprendendo com isto?”.
Jamais conseguimos arrumar a vida em compartimentos bem ordenados. As pessoas
vêem a felicidade como uma espécie de miragem distante - como se estivessem
arrastando-se no deserto e, à frente, houvesse uma placa dizendo ”FELICIDADE”, e elas
pensassem: ”Se conseguir chegar até LA, serei feliz”. Imaginaram isso logicamente:
”Não dá para ser feliz agora porque o banheiro está sendo reformado. Mas no mês que
vem...”. E no mês seguinte as crianças apanham uma gripe, a gata fica no cio, os
parentes vêm passar uma temporada em casa, e elas dizem: ”Quem sabe em abril...”.

DANDO UMA LIÇÃO AOS OUTROS


Você fica entusiasmado com um livro que acaba de ler. Leva-o a um amigo e diz: ”Leia, é
fantástico!”. E fica aguardando ansiosamente o telefonema. Mas ele não telefona!
Seis meses depois, você pergunta pelo livro para descobrir que a) ele não o leu; b) ele o
perdeu. A lição aqui - que tanto se aplica aos ”conselhos de amigo” quanto aos livros é
que o fato de você estar pronto para receber uma informação não significa que os outros
também

EM POUCAS PALAVRAS
Se as pessoas não pedem, geralmente é porque não querem ter a informação!

ENTÃO, O QUE DEVO APRENDER com ISSO?


Reflita sobre a sua vida até este ponto, e talvez você descubra o motivo pelo qual seguiu
o caminho que seguiu. Vai ver muita gente no seu passado - professores, amantes, até
desconhecidos num avião - que lhe deu orientação. Vai se lembrar de um livro que
encontrou num sebo e que deu forma ao seu pensamento. Vai recordar ”acidentes” -
desgostos, doenças, fracassos e crises financeiras que o tornaram mais forte ou lhe
ensinaram a ter compaixão. Vai ver ”desastres” que, em retrospectiva, com toda certeza
faziam parte de um esquema maior. Pode ter a sensação de haver aprendido uma série
de lições, precisamente na ordem correta. Pode sentir que uma coisa sempre levou a
outra.
No começo, é difícil ver os desastres em perspectiva. Há um intervalo, no qual insistimos
em dizer a nós mesmos: ”Isso não faz parte do script aprovado - lamento, meu Deus,
mas cometestes um grande erro!”. Demora uns seis meses para descobrirmos que ser
demitido fazia realmente parte de um plano!
O universo é um professor paciente e persistente. Observe os sinais, e a vida decorrerá
com relativa suavidade. Mas basta dormir ao volante e ”bumba!” - você atrai uma
importante experiência didática: uma falência, um divórcio, um ataque cardíaco.
Fred podia argumentar: ”Não há nenhum caminho preestabelecido na vida. Todo mundo
tem de estar em algum lugar em algum momento”. À medida que expande sua
consciência, pode ser que ele note seu próprio currículo a desdobrar-se.
ENTÃO, ONDE ESTÃO MINHAS PRÓXIMAS LIÇÕES?
Em geral, bem diante do seu nariz - e com freqüência nós sabemos exatamente quais
são, e esperamos conseguir evitá-las!

II
O UNIVERSO NÃO TEM FAVORITOS

Seu sucesso e sua felicidade dependem de leis e princípios naturais - e de como você os
usa.

CAPITULO 2

A Lei da Semente
Causa e Efeito Conforme Você Melhora, o Jogo Vai Ficando Maior

Disciplina Seja Adaptável!

AS LEIS UNIVERSAIS
Ao contar suas histórias, os grandes mestres espirituais falavam em semeadura e rega.
É claro que se referiam às estações do ano, às colheitas e aos peixes porque as pessoas
da época entendiam de agricultura e pesca. Porém a coisa vai mais além. As leis da
natureza é que imperam.
Seja você um pastor de ovelhas, seja um programador de computador, as mesmas
regras se aplicam.

A LEI DA SEMENTE
Em meu primeiro livro, eu falo em algumas leis naturais. Este capítulo é uma ampliação
de tais princípios. Começamos com a lei da semente...
A lição da semente é a seguinte: ”Você colhe depois de ter trabalhado”. É preciso
preparar o solo e regar a semente (esforço) e esperar algum tempo (paciência) para
colher o feijão. Esforço + paciência = resultados.
As pessoas freqüentemente esquecem esse princípio. E dizem: ”Se eu plantar feijão
hoje, o que receberei em troca amanhã?”. E a resposta é: ”Sementes de feijão um pouco
molhadas”. A lei da semente diz: ”Plante hoje e colha... DEPOIS!”. Plante o feijão agora
para colhê-lo dentro de quatro meses. Se todo mundo cultivasse seu alimento, as
pessoas provávelmente entenderiam melhor este conceito. Mas nós estamos na era do
macarrão instantâneo.
Fred diz: ”Se tivesse um emprego decente, eu trabalharia com afinco. Mas sendo apenas
lavador de pratos, quero que se dane ”. Errado, Fred! Se você se tornar o melhor lavador
de pratos da cidade, alguém vai reparar, ou alguém há de promovê-lo, ou você se
sentirá tão bem consigo mesmo que um dia há de conseguir fazer realmente o que quer.
Primeiro o esforço, depois a colheita. É um princípio. Ninguém pode reverter o processo.
Mary diz: ”Se fosse promovida, eu deixaria de cochilar no trabalho”. Frank diz: ”Se me
pagarem mais, eu paro de ficar doente”. Jane diz: ”Se tivesse um bom marido, eu
também seria boa para ele ”.
Os cartões de crédito e os catálogos de venda nos estimulam a comprar imediatamente,
pagar sem juros até fevereiro e ficar inadimplentes em março. Trata-se de jogar com os
mesmos princípios. Receber agora e comprar depois funciona melhor que comprar agora
e pagar depois.
Outra lição que se aprende na roça: quando a gente planta uma dúzia de sementes de
feijão, não fica com uma dúzia de pés de feijão. Fred planta as suas sementes. Algumas
não vingam. Outras morrem. Os insetos comem umas tantas. Os pássaros devoram três
ou quatro. E ele acaba ficando com dois pés de feijão e diz: ”Não é justo!”. Ora, é a vida.
Até para arranjar alguns bons amigos a gente começa com um monte de conhecidos.
Para encontrar o emprego ideal, é preciso passar por cinqüenta entrevistas. Para
conseguir meia dúzia de fregueses regulares, é necessário começar com cem. Para
comer o espaguete à marinara perfeito, você tem de visitar diversos restaurantes.
Muitas de suas idéias, de seus empregos e até de seus amigos não vingarão ou serão
devorados pelos pássaros. Não é uma coisa que se deve combater, é uma coisa que se
deve entender. Uma coisa para a qual precisamos estar preparados.

CAUSA E EFEITO
Se a sua vida está estagnada, é preciso prestar mais atenção no que você faz por ela. A
gente nunca ouve uma pessoa dizer: ”Eu me levanto cedo, faço ginástica, estudo,
cultivo minhas relações, esforço-me ao máximo no trabalho - e NADA DE bom acontece
em minha vida”. A vida é um sistema de energia. Se nada de bom acontece, a culpa é
sua. Assim que perceber que o seu investimento molda as suas circunstâncias, você
deixa de ser uma vítima.
Nós podemos olhar para a vida dos outros e dizer: ”O que aconteceu com a lei de causa
e efeito?”. Ralph é promovido, e nós perguntamos: ”O que ele fez, para merecer tanto?”.
Os vizinhos comemoram quarenta anos de casamento feliz, e nós dizemos: ”Por que
tiveram tanta sorte?”. Pode parecer esquisito, mas as mesmas regras de causa e efeito
funcionam para todo mundo.

9
Nós recebemos na vida aquilo que pedimos. Bruce seduz as mulheres com brilhantes e
perfumes. Quando elas o abandonam, põe-se a reclamar que foi usado por causa do
dinheiro. Quem vai pescar com isca de brilhante só pode voltar com peixe que goste de
brilhante. É uma surpresa?
Wendy provoca comoção na cidade com seus decotes exagerados. Ao mesmo tempo
queixa-se de que os homens a querem unicamente por causa de seu corpo. Só que os
caras vêem metade de seus seios a um quarteirão de distância! Onde está o mistério?

EM POUCAS PALAVRAS
Se formos sinceros conosco mesmos, podemos listar quase tudo que nos aconteceu - e
verificar o quanto colaboramos para que tenha sido assim. Não se preocupe com o que
as leis do universo possam ter proporcionado ao seu vizinho. Observe como a lei de
causa e efeito opera em sua vida: nas relações, nos sucessos e nas decepções. Você terá
mais paz interior.

CONFORME VOCÊ MELHORA, O JOGO VAI FICANDO MAIOR


Quando somos bem-sucedidos num joguinho, começamos a participar de um jogo
maior... e logo de outro maior ainda. Iniciamos os estudos na primeira série; a seguir
passamos para a segunda, para a terceira e assim por diante. E um sistema efetivo, e o
princípio é: ”conforme você MELHORA, o jogo vai ficando MAIOR ”.
Em certo ponto do caminho, as pessoas perdem de vista esse conceito. Frank está
batalhando para pagar o carro. E diz: ”Se eu tivesse um milhão de dólares, saberia como
cuidar desse dinheiro!”. Errado! A sua missão atual, Frank, é aprender a economizar dez
dólares. As centenas vêm antes dos milhares... e é assim que se abre caminho para o
milhão.
Candy é cantora num bar qualquer e deseja ser estrela. E diz: ”com um público de mil
pessoas, eu realmente seria capaz de oferecer um grande espetáculo. Mas só um louco
pode achar que eu vou desperdiçar o meu talento com meia dúzia de gatos-pingados!”.
Quando Candy aprender a fazer uma bela apresentação para seis pessoas, terá doze,
depois cem, e um dia estará cantando para mil.
Jill é dono de um pequeno escritório que vende seguros. E está a ponto de demitir a
única empregada que tem! Ele diz: ”Se eu tivesse uma boa equipe de doze...”. Não, Jim,
uma equipe de doze não vai funcionar enquanto você não for capaz de fazer com que dê
certo com uma de dois.
A vida é uma progressão gradual. A questão é sempre: ”QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO com
O QUE TEM?”. Enquanto a resposta for ”não muito”, nada há de melhorar.

EM POUCAS PALAVRAS
O universo recompensa o esforço, não as desculpas.

UMA COISA LEVA A OUTRA


Quando o meu mundo se mostrava hostil, eu costumava olhar para as pessoas que
levavam uma vida fascinante e perguntar: ”Como a vida delas se tornou tão doce ? ”.
Descobri que todas elas tinham começado em algum lugar. O começo modesto levou a
outra coisa e depois a outra.
Às vezes podemos cometer o erro de ser demasiado seletivos. Somos capazes de rejeitar
uma oferta de trabalho, raciocinando: ”Não é isso que eu quero”. Se é a única colocação
possível no momento, aceite-a, domine-a, e veja como ela o conduz de uma coisa a
outra. Se você não tem nada grande a seu favor, comece com o pequeno. Mergulhe.
O empresário John McCormack conta como seu amigo Nick arranjou o primeiro emprego
nos Estados Unidos. Ele era imigrante. Sem dinheiro e sem falar inglês, candidatou-se a
uma vaga de lavador de pratos num restaurante italiano. Antes da entrevista com o
patrão, foi ao toalete do estabelecimento e fez a faxina, limpou o rejuntamento de cada
azulejo com uma escova de dentes até que o banheiro ficasse absolutamente impecável.
Na hora da entrevista, o patrão estava tentando descobrir: ”Que aconteceu com o
toalete?”. Era a maneira de Nick dizer: ”Eu levo a sério o serviço de lavar pratos”.
Ele ficou com o emprego. Uma semana depois, o ajudante de cozinha encarregado das
saladas pediu demissão, e Nick começou a trilhar o caminho que o levaria a ser chefe.
Eu penso nele e em sua escova de dentes toda vez que me dizem: ”Não há emprego em
lugar nenhum!”.
EM POUCAS PALAVRAS
Fique onde você puder ficar. Dê o melhor de si na atividade à mão, e a oportunidade
começará a procurá-lo. Isso se chama desenvolver uma reputação. Chama-se ”uma
coisa leva a outra”.

O PRINCIPIO DA RÃ
Conta-se muito a história da rã e do balde de água. Ilustra a lei da deterioração...
Se você pegar uma rã inteligente e feliz e a jogar num balde de água fervente, o que ela
faz? Pula para fora! A rã decide instantaneamente: ”Isto não tem a menor graça. Comigo
não, violão!”.
Se você pegar a mesma rã ou um parente dela e jogar num balde de água fria, puser o
balde no fogão e aquecê-lo gradualmente, o que acontece? A rã está relaxada... alguns
minutos depois, pensa com seus botões: ”Puxa, que calor está fazendo aqui!”. E em
pouco tempo você terá uma rã cozida.
Moral da história? A vida acontece gradualmente. Do mesmo modo que a rã, nós
podemos ser enganados e, de repente, é tarde demais. É preciso ter consciência do que
está acontecendo.
PERGUNTA - Se amanhã acordar com vinte quilos a mais, você ficará preocupado? Claro
que sim! Telefonará para um hospital: ”Emergência! Eu engordei de uma hora para
outra!”. Mas quando as coisas acontecem gradualmente, um quilo este mês, um quilo no
próximo, nós tendemos a deixar acontecer.
Se você estourar o seu orçamento em dez dólares hoje, não é grande coisa. Mas se fizer
isso amanhã novamente, e no dia seguinte, e no outro, acabará falido. Para as pessoas
que quebram, engordam, se divorciam, em geral não se trata de um grande desastre: é
um pouquinho hoje, um pouquinho amanhã - e um belo dia, ”zás!”. Então elas dizem:
”Que aconteceu?”.
A vida é acumulativa. Uma coisa SE SOMA a outra - como água mole em pedra dura. O
princípio da rã nos aconselha a observar as tendências. Todo dia nós nos perguntamos:
”Aonde estou indo? Estou mais em forma, com mais saúde, mais feliz, mais próspero que
no ano passado?”. Se a resposta for não, temos de mudar o que estamos fazendo.
Esta é a coisa assustadora: ninguém fica parado. Ou está ganhando ou está perdendo.

DISCIPLINA
Tenha a disciplina de fazer as pequenas coisas de que você não gosta, para
poder passar a vida fazendo as grandes coisas de que gosta.
Disciplina não é a palavra favorita de todos. Em termos de popularidade, situa-se em
algum lugar entre dentista e diarréia. Mas a disciplina própria faz toda a diferença. A
vida é uma barganha entre o prazer do momento e a recompensa a longo prazo.
A disciplina nas pequenas coisas - estudar em vez de assistir à televisão - leva a uma
grande coisa: melhor qualificação. A disciplina nas pequenas coisas - ginástica três
vezes por semana - leva a uma grande coisa: uma vida mais sadia.
A disciplina nas pequenas coisas - economizar vinte dólares por dia em vez de torrá-los
em bebida - leva a uma grande coisa: a casa própria.
A chave para a disciplina própria não é ter uma vontade de ferro. É saber POR QUE você
quer uma coisa. Se souber realmente por que quer saldar as dívidas, fica mais fácil
economizar. Se tiver clareza quanto a por que quer obter qualificação, fica mais fácil
estudar.
Mais uma coisa sobre a disciplina: quem é disciplinado não tem necessidade de que os
outros o disciplinem. Resultado: você governa a sua própria vida e ninguém vem lhe
dizer o que fazer.
Quando lhe falta a disciplina própria, ela acaba vindo de fora. As pessoas que não
conseguem se disciplinar acabam topando com empregos em que recebem ordens.
Quem não tem absolutamente nenhuma disciplina acaba trancafiado.

ORDEM
A primeira lei da expansão é a ”ordem”. Qualquer coisa precisa de um sistema para
crescer.
Olhe para uma flor, corte uma laranja, examine a simetria de uma árvore ou de uma
colmeia de abelhas. Há disciplina. A natureza conserva o que é essencial e se desfaz do

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lixo. Isto se chama organização.
Se quiser que o seu negócio cresça, você precisa ter método. Se quiser que sua vida
floresça, precisa de um mínimo de ordem nela.
Fred diz: ”Meu escritório é uma bagunça, mas uma bagunça organizada. Na verdade, eu
sou muito eficiente!”. É mesmo? Imagine se Fred fosse levado a uma sala de operações,
a fim de se submeter a uma cirurgia no cérebro, e encontrasse a equipe médica em
meio a pilhas de agulhas, ataduras e velhos frascos. O cirurgião diria: ”Calma, Fred. Isto
aqui é uma bagunça mesmo, mas está tudo sob controle!”.
Sempre que o desempenho tem importância, há organização. Os bombeiros sabem
perfeitamente onde encontrar seus capacetes, os motoristas de ambulância têm um
lugar fixo para guardar a chave do carro!
Nada floresce na bagunça. Organize o seu arquivo. Limpe a sua garagem.
Mais uma coisa que você vai notar: ”Por dentro é tal qual por fora”: O seu ambiente
reflete o seu pensamento. Geralmente, quando sua casa está uma bagunça, sua vida
também está.

NENHUM ESFORÇO É VÃO


Pegue um bloco de gelo a uma temperatura de quinze graus abaixo de zero e comece a
aquecê-lo. Durante algum tempo, nada acontecerá. Muita energia para nenhum
resultado visível. De súbito, a zero grau, ele começa a derreter. Vira água!
Continue aquecendo. Uma vez mais, muita energia e nada interessante. Então, a cerca
de cem graus centígrados, bolhas e vapor! Água fervendo!
O princípio? É possível empregar muita energia em alguma coisa - num bloco de gelo,
num projeto, numa carreira - e, no entanto, ter a impressão de que nada está
acontecendo. Na verdade, sua energia já está produzindo mudança, mas você
simplesmente não consegue enxergá-la. Continue a empregar energia e com certeza
verá uma transformação. Lembre-se do princípio e trate de não entrar em pânico, e você
não se desesperará.
Eu gosto de comparar minha vida com um fliperama. Toda vez que faço um esforço -
arrumo minha escrivaninha, escrevo um livro, ajudo um amigo, pratico o desenho, pago
uma conta, ensaio e erro - estou somando pontos. Penso em todos os meus esforços
como acréscimos ao meu ”crédito universal”. Nunca sei de quantos pontos preciso para
minha recompensa seguinte. Isso me ajuda a curtir o que estou fazendo em vez de
esperar resultados imediatos. E de vez em quando, em geral quando menos espero,
bingo: surge uma nova oportunidade, aparece um convite, chega um cheque pelo
correio.

ONDAS
A vida ocorre em ondas. Nós já ouvimos falar em ondas sonoras, em ondas de luz, em
ondas cerebrais, em microondas. Em termos não científicos, as ondas demonstram que
as coisas têm uma tendência a deslocar-se em fluxos periódicos.
Isso significa que as crises de família, os convites de casamento e os consertos no
carro também tendem a ocorrer em fluxos periódicos. Ter isso em mente é útil. Num
mês sem contas a pagar, você diz consigo: ”vou guardar um pouco para a próxima
onda”. Quando se vê inundado pela onda seguinte, pensa: ”Eu sei como são essas
ondas: é um problema temporário ”.

SEJA ADAPTÁVEL!
Nós vivemos num mundo em que as coisas estão sempre mudando. As estações vêm e
vão, a maré vem e vai, a inflação sobe e cai, as pessoas são contratadas e demitidas...
Era de esperar que aprendéssemos que a lei básica do universo é a mudança! Em vez
disso, ficamos irritados.
Em biologia, no colégio, estudamos a lei da seleção natural: adaptar-se às mudanças.
Aprendemos, por exemplo, que se você for um inseto verde num campo marrom e não
mudar a cor de sua pele, vai ter sérios problemas. Pode-se argumentar: ”O campo é que
devia ser verde... costumava ser verde...”. Mas em breve não haverá mais inseto. A lei é
brutal: ”ADAPTAR-SE ou DESAPARECER!”. É uma pena que os professores de biologia
não digam: ”PRESTEM ATENÇÃO - É UMA LIÇÃO DE VIDA: SEJAM ADAPTÁVEIS”.
No mundo dos negócios, as coisas mudam e até os especialistas erram.
Em 1927, Harry Warner, da Warner Brothers Pictures, disse: ”com os diabos, quem quer
ouvir um ator falar?”.
Em 1943, Thomas Watson, diretor da IBM, disse: ”Eu acho que no mundo há mercado
para cinco computadores ”.
Em 1977, Ken Olsen, presidente da Digital Equipment Corporation, disse: ”Não há
motivo para que um indivíduo tenha computador em casa”.
O que é verdade hoje pode não ser amanhã. O que funciona hoje pode não funcionar
amanhã. A única constante que existe é a mudança. Se você passar três meses fora de
casa, vai descobrir que seus filhos mudaram. De repente o bebê passa a chamá-lo de
”papai!”. Não é uma questão de justiça ou injustiça. Tudo está em movimento.

EM POUCAS PALAVRAS
As pessoas felizes não só aceitam a mudança como a abraçam. São pessoas que dizem:
”Por que eu haveria de
querer que os próximos cinco anos fossem iguais aos cinco passados ? ”

III

SUA VIDA É UM REFLEXO PERFEITO DE SUAS CRENÇAS


Quando você muda suas crenças mais profundas a respeito do mundo, sua vida muda na
mesma proporção.

CAPITULO 3
As Crenças O Problema É o Meu Emprego!
Fazendo Dinheiro
Mime-se a si Mesmo!
Não É o Que Lhe Acontece, É como Você Vê o Que Lhe Acontece

AS CRENÇAS
”Sempre acontece aquilo em que a gente acredita; e a crença numa coisa faz
com que ela aconteça.”
Frank Lloyd Wright

Ao alegar suas limitações, as pessoas dizem: ”Eu não posso fazer ’tal coisa’ porque...”. A
desculpa comum é: ”É assim que EU SOU”. A verdade mais provável é: ”É assim que EU
PENSO QUE SOU”. Nós podemos aprender sobre as nossas crenças estudando os peixes.
(A experiência abaixo foi realizada no Instituto Oceanográfico Woods Hole.)
Compre um aquário. Divida-o pela metade com uma parede de vidro transparente, de
modo que você tenha uma espécie de dúplex de peixe. Agora, arranje uma barracuda -
podemos batizá-la de Barry - e uma tainha. (A barracuda come a tainha.) Ponha um
peixe de cada lado. No mesmo instante, Barry avança para pegar a tainha e... bumba...
entra de cara na parede. Ela recua e arremete outra vez... bumbal
Em uma semana, Barry vai estar com o nariz bem inchado. Enfim, percebendo que caçar
tainha é sinônimo de dor, acaba desistindo. A gente pode até remover a parede de vidro:
sabe o que acontece? Ela passará o resto da vida no seu lado do aquário. É capaz de
morrer de fome com uma bela tainha nadando a poucos centímetros dela. Conhece os
seus limites e não vai ultrapassá-los.
A história de Barry é triste? Pois essa é também a história de todo ser humano. Nós não
colidimos com paredes de vidro - colidimos com professores, pais e amigos que nos
dizem o que nos convém e o que podemos fazer. Pior ainda, colidimos com nossas
próprias crenças. São elas que delimitam o nosso território, é isso que alegamos para
não ultrapassar os limites.
”Você diz que eu sempre acho que estou certo, mas é nisso que você está errada!”
Barry, a barracuda, diz: ”Eu fiz o melhor que pude uma vez - agora, é preferível nadar
em círculos”. Nós dizemos: ”Eu fiz o melhor que pude uma vez em meus estudos / meu
casamento / meu emprego...”.
Ou seja, criamos nossas gaiolas de vidro e pensamos que é a realidade. Na verdade é
apenas aquilo em que nós acreditamos. E até que ponto as pessoas se apegam a suas
crenças? Basta tentar conversar sobre religião ou política numa reunião social!

MAS EU SEI QUE TENHO RAZÃO!


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Não é engraçado? Todos temos crenças um pouco diferentes a respeito do mundo - e
todos sabemos que essa crença está certa.
Por quê? Porque nós temos razão! Fred acredita que a vida é dura e que só consegue
sobreviver trabalhando setenta horas por semana. Ao examinar o caderno de emprego
do jornal, dá com uma oferta de trabalho no bairro vizinho... ”horário flexível,
interessantes oportunidades de viagem, carro da empresa, bom salário”. E diz: ”É muita
banana para um macaco só: deve ser uma arapuca!”. E continua procurando. Acha outro
anúncio, e dessa vez o local de trabalho fica do outro lado da cidade, a duas horas de
sua casa.
E vai à entrevista. O chefe diz: ”Nossos produtos são revoltantes, os fregueses nos
detestam, o proprietário é um vigarista. Para querer trabalhar aqui, você precisa ser
louco!”. E Fred pergunta: ”Quando é que posso começar?”.
com isto, prova que sua teoria da vida está certa: ele pode ser infeliz, mas pelo menos
está satisfeito com a infelicidade.
Quando estamos crescendo, os professores, os pais e os amigos nos dizem coisas como:
”Você é uma negação em matemática; como tem coragem de cantar com essa voz de
taquara rachada? Você não pode fazer nada para se salvar”. E acrescentam: ”A vida é
dura, você sempre estará sem dinheiro, a culpa é do governo... Este é o seu script. Vá
vivê-lo!”. E nós vamos. Representamos o nosso papel como se estivéssemos num palco.
Acreditamos nesse papel, por mais que ele arruine a nossa vida.
Sugira a Fred que passe a duvidar de uma coisa na qual acredita há quarenta anos, e o
mais provável é que ele fique irritadíssimo: ”Há quarenta anos que sofro com este
sistema de crenças. Agora você quer que eu abra mão de tudo e admita que contribuí
para criar toda esta confusão?”.
A maioria das pessoas prefere ter razão a ser feliz.

QUAL É A MINHA HISTÓRIA?


Quase todos nós temos uma ”história”. E nos rotulamos... ”Eu sou professor”, ”Eu sou
avó”, ”Eu sou um tipo nova era”. Essa ”história” é como um programa de computador
instalado entre nossas orelhas, que nos controla a vida. É algo assim como o nosso
marketing pessoal. Nós o levamos ao trabalho, nas viagens de férias. Nas festas, o
arrastamos conosco... ”Eu sou divorciado”. ”Eu sou o tipo que sofreu abuso quando era
criança.” ”Eu estou no caminho espiritual!” Passamos a vida tentando nos adaptar à
história. Compramos carros, roupas e escolhemos os amigos de acordo com essa
história.
Jim é médico e diz para si mesmo: ”Tenho de agir como médico e de falar como fala um
médico. Preciso de uma casa numa rua típica de medicos e de um hobby típico de
médico”. O papel já está prontinho, só que o pobre Jim não se sente à vontade nele.
Tentar ajustar-se a uma ”história” torna qualquer um infeliz. Se a minha história for ”Sou
professor” e eu acabar perdendo o emprego, não saberei mais o que sou. Se minha
história for ”Sou uma anfitriã perfeita”, estou me expondo ao sofrimento, pois nenhuma
recepção é perfeita. Se as cenouras queimarem quando os vizinhos vierem jantar em
casa, eu vou ficar arrasada.
Eis a dica... VOCÊ NÃO É A SUA HISTÓRIA E, EM TODO CASO, NINGUÉM DÁ A MÍNIMA
PARA ISSO. Você não pertence a uma categoria, a um compartimento.
Você é um ser humano justamente porque tem uma série de experiências. Quando a
gente pára de arrastar uma história por aí, não precisa mais ”representar um papel”.
Escrevendo estas linhas, fiquei pensando em meus amigos suecos Ana e Per-Erik. com
quase oitenta anos de idade, eles ainda viajam pelo mundo. Per-Erik adora andar no
skate dos netos e navegar na Internet. Ana costuma dançar até as quatro da
madrugada. Eles não têm uma ”história”:, têm espírito.
Você não reconhece as seguintes histórias ?
”EU SOU UMA PESSOA IMPORTANTÍSSIMA: OS OUTROS DEVIAM ME TRATAR DE MANEIRA
CORRESPONDENTE!” Muita gente insiste em que todos os demais devem reconhecê-la,
saber como ela é rica e quantos diplomas tem. Ao exigir que os outros o considerem
importante, você sofre porque está colocando sua felicidade nas mãos deles. Esqueça
essa história de ”ser importante”: é muito estressante. No minuto em que não precisar
”ser importante”, você poderá relaxar. Quanto menos exigir que os outros o valorizem,
mais valorizado será.
”EU SOU O TIPO DA PESSOA QUE NUNCA... (viaja de primeira classe, pratica o nudismo,
vai ao teatro, usa smoking, come sashimi).” Quando dizemos a nós mesmos ”Eu nunca”
ou ”Eu sempre”, acabamos nos guardando dentro de uma caixa, mas é apenas a nossa
história que está falando. Nós temos outras histórias, como ”Eu sou muito sensível - as
coisas me aborrecem”. ”Eu sou homem de verdade.” ”Eu sou sagitariano, por isso
sempre...”
”SOU MUITO VELHO PARA...” Minha mãe começou a escrever seu primeiro livro aos
sessenta e sete anos. Morreu com sessenta e oito e não concluiu o trabalho. Mas
começou e ficou feliz com isso. Só existe um caminho, que consiste em aprender a fazer
e amar até o último minuto o que a gente está fazendo. Se você tem um livro pela
metade ou uma casa ou um negócio meio
construídos e for atropelado por um ônibus, acaso vai se preocupar?

EM POUCAS PALAVRAS
Pergunte a si mesmo: ”Que eu faria se não tivesse história alguma?”.

ENTÃO, QUAL DE MINHAS CRENÇAS DEVO REJEITAR?


Todas as que o mantêm triste e infeliz! Se as suas crenças não o ajudam, livre-se delas!
Não se trata de dizer que são crenças erradas ou não: elas simplesmente lhe causam
sofrimento. Para começar, cuidado com aquelas que contêm ”deveres”. As pessoas
DEVEM retribuir os favores!
As pessoas DEVEM me reconhecer! Quando eu realizo um bom trabalho, meu marido
deve notar. As pessoas DEVEM me amar também! As pessoas DEVEM ter mais
consideração! As pessoas DEVEM ser agradecidas!
Essa lista de deveres pode ser vista como um conjunto razoável de expectativas. Mas e
se você não mantiver nenhuma dessas crenças? E se as pessoas não forem obrigadas a
concordar com você, a retribuir favores, a reparar no seu bom desempenho, a amá-lo
também? Em que isso há de afetar a sua vida? Você não será menos respeitado ou
amado. Mas se as pessoas não fizerem tais coisas, você continuará sendo feliz.
As crenças baseadas no ”dever” não nos ajudam porque a realidade não entende o
”dever”. As coisas são como são. Quando você se põe a criticar a realidade, é ela que sai
ganhando.

SUAS CRENÇAS DETERMINAM SUA QUALIDADE DE VIDA


Por exemplo: digamos que você acredita que os pais devem prezar os filhos e dar-lhes
muitos presentes. Toda vez que o seu deixar de fazer isso, você ficará contrariado. Vai
querer mudar de pai. Pouca gente pensa na solução alternativa: mudar de crença.
Você pergunta: ”Mas todo mundo acredita nessas coisas, não acredita?”.
Não! Algumas pessoas não acreditam, e por isso são mais felizes. Algumas não ficam
esperando que os demais se comportem de uma maneira determinada. Como resultado,
têm mais paz interior.
Para ver as coisas de modo diferente, não é preciso força de vontade, segurança nem
cirurgia cerebral. Basta ter a coragem de pensar o não familiar. Da próxima vez que
você ficar aborrecido, lembre-se: não são as pessoas que o irritam e sim as suas
crenças. As idéias que lhe causam dor, sejam elas quais forem, não passam disso: de
idéias. E a gente sempre pode mudar de idéia.

O PROBLEMA É O MEU EMPREGO!


Quando pomos a culpa no trabalho, geralmente o problema somos nós mesmos.
Digamos que o seu trabalho é uma chatice, e você tem a crença correspondente, ou
seja, que ”trabalhar é uma chatice”. Se você se candidatar a um emprego que pode ser
agradável, que acontecerá? De duas uma: a) não consegue a colocação porque
percebem logo que você não acha graça no trabalho, ou b) consegue o emprego e logo
dá um jeito de torná-lo uma chatice.
Digamos que você acredita no contrário, que ”trabalhar é legal”. Se estiver num
emprego definitivamente desagradável, haverá um momento em que dirá: ”Isto aqui
degrada o meu espírito, é contrário a tudo que eu acredito. Não posso continuar nem
mais um dia”. Suas crenças mais básicas o levarão a achar coisa melhor.
Não é o emprego que faz a diferença, é a sua crença.

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FAZENDO DINHEIRO
MAS EU NÃO GANHO O SUFICIENTE!
Mary diz: ”Vocês não entendem. Não é o meu sistema de crenças. É o meu emprego. Eu
não ganho o suficiente onde trabalho”. Ora, Mary, então por que continua trabalhando
nesse lugar? Ela responde: ”Não sei fazer outra coisa!”. (Muito bem, Mary, é nisso que
você acredita.) Mude de crença e conseguirá arranjar outro emprego ou começar um
negócio, reorganizar suas finanças, desenvolver novas habilidades, trabalhar para subir
na vida.
Mary diz: ”Mas a situação está ruim. Os jornais não dizem outra coisa”. É nisso que você
acredita, Mary. Que aconteceria se duvidasse um pouco do que dizem os jornais?
A prosperidade implica pôr a sua própria mente em funcionamento: independentemente
do que pensam os vizinhos e do que dizem os jornais.

MAS EU NÃO TENHO SALÁRIO FIXO...


com ou sem salário fixo, são as crenças que determinam sua prosperidade. Tome oito
pessoas da mesma empresa, com salários iguais. Vamos descobrir que algumas têm
propriedade e vivem muito bem, ao passo que outras precisam pedir emprestado para
comprar um sanduíche. A diferença: não é o dinheiro que ganham, mas o que pensam
em com relação ao dinheiro.
Se eu não recebo o suficiente ou se perco o que já recebi, há uma razão para isso: e não
no mundo exterior, mas em meu mundo interior.
Os que ganham na loteria são uma ilustração assombrosa de como os sistemas de
crenças controlam a prosperidade. As pessoas acham que o dinheiro vai resolver todos
os problemas. Contudo, a maioria dos que ganham a sorte grande acaba ficando mais
endividada dois anos depois de ter recebido o prêmio do que antes. Por quê? Porque um
sistema de crenças que diz ”Eu sempre estou duro” em pouco tempo consegue dar
sumiço em um milhão de dólares.
Recentemente, em Brisbane, Austrália, eu vi na televisão um sujeito que acabava de
ganhar pela segunda vez na loteria. Na entrevista ele disse: ”O milhão e trezentos mil
dólares vem bem a calhar porque no momento estou vivendo da ajuda social do
Estado...”. E o cara tinha ganhado na loteria dois anos antes!
Seu balanço bancário sempre há de combinar com seu sistema de crenças. Se a imagem
que você tem de si não combina com o seu saldo bancário, fica mais fácil mudar o saldo.
Repetindo: são os seus pensamentos que controlam sua vida, não as coisas externas.

A VANTAGEM DE ESTAR FALIDO


Quando querem saber por que estão quebradas, as pessoas nunca fazem a pergunta
mais óbvia: ”Eu gosto de estar sempre duro?”. Há vantagens nisso. Por exemplo:
• ”Eu posso me sentir santo... Deus me amará: bem-aventurados os pobres”.
• ”Eu continuo sendo da turma. Se persistir em ser pobre, não me sentirei culpado na
companhia de meus amigos.”
• ”Eu serei objeto de simpatia.”
• ”Não preciso me disciplinar.”
• ”Não preciso mudar de hábitos.”
• E o melhor de tudo: ”Posso culpar os outros - e o governo!”
com um pouco de sinceridade, é possível admitir que estar duro combina com a gente.
Não são muitos os que escolhem a pobreza, mas é uma inclinação bastante persuasiva,
não? Tudo o que a gente faz tem uma paga, inclusive isso: tornar-se pobre.

AS CRENÇAS DE NOSSOS PAIS QUANTO AO DINHEIRO


Seus pais diziam freqüentemente coisas assim:
• ”É fácil ganhar dinheiro”.
• ”Nós sempre temos mais do que precisamos.”
• ”Quanto mais gastamos, mais ganhamos.”
Ou então diziam:
• ”O dinheiro é a raiz de todos os males”.
• ” Não podemos gastar tanto.”
• ”Dinheiro não nasce em árvore.”
Se você está mais familiarizado com a segunda lista, o sistema de crenças de seus pais
provavelmente se tornou a sua realidade. A luta deles passou a ser a sua.
SINTA-SE BEM com O DINHEIRO!
”A maioria das pessoas fica mais sem jeito por causa de dinheiro do que por sexo.”
Você já notou como é difícil dar dinheiro a certas pessoas? Elas ficam desarvoradas!
”Não, tudo bem. Verdade mesmo. Eu não preciso.” A gente sabe que estão passando a
pão e água! Mas elas mudam de personalidade. Ficam constrangidas. Ofendem-se! ”Eu
não quero o seu dinheiro... Estou muito bem.”
Alguns de nós têm problema até para falar de dinheiro! Emprestamos a um amigo o
equivalente ao salário de uma semana e, quando precisamos do dinheiro, ficamos com
vergonha de cobrar: ”Ah, sabe... não sei se você se lembra... bom... não é tão
importante assim, eu não estou precisando tanto... não faz mal se... como dizer?... Eu só
estava querendo saber se...”. Em vez de perguntar de modo direto: ”Você já pode me
devolver o que lhe emprestei?”.
Se você não se sente bem num emprego ou numa relação, cedo ou tarde acabará se
afastando de uma coisa ou de outra. Se não se sente bem com dinheiro - se fica nervoso
ao falar nele, se o dinheiro não combina com você -, vai acabar se afastando dele. Não é
uma atitude propriamente consciente, é subconsciente. A gente tende a evitar as coisas
com as quais se sente pouco à vontade.

EM POUCAS PALAVRAS
Para ter uma coisa na vida e conservá-la, é preciso sentir-se bem com ela.
PARA FAZER DINHEIRO E CONSERVÁ-LO, É PRECISO SENTIR-SE BEM com ELE.

SE EU TIVER MUITO, OUTROS FICARÃO SEM NADA


Esta é a crença mais tola que existe. Quantos de nós não cresceram acreditando: ”Se eu
prosperar, outras pessoas vão sofrer”. Sabe quem espalha essa idéia? Quem não
acredita nela!
Se Papai Noel entrasse em sua casa e jogasse um milhão de dólares na mesa da sala, o
dinheiro ficaria ali? Não! A não ser que o esconda muito bem no colchão, você pode ter
certeza de que o vendedor de automóveis verá uma parte dele, seu agente de viagens
também, assim como os restaurantes locais, a floricultura, as butiques e provavelmente
a Receita Federal: todos a sua volta vão se beneficiar. No entanto, muitos são criados
acreditando que não é bom ser próspero na vida porque isso priva os demais. Pura
bobagem! Se a gente prosperar, não há necessidade de prejudicar outras pessoas. Pelo
contrário, pode-se até ajudá-las.

MIME-SE A SI MESMO!
”A vida é engraçada. Se você se recusa a aceitar o que não seja o melhor, com
certeza obterá o melhor.”
W. Somerset Maugham

Para que o mundo nos trate bem, nós temos de nos tratar bem. Quem há de se sentir
poderoso e influente com a cueca toda furada? Fred diz: ”Não importa que minha cueca
esteja rasgada, ninguém a vê”. Mas está faltando alguma coisa, Fred. Você sabe e seu
corpo sente. Ninguém é capaz de fazê-lo sentir-se especial, só você. Se não tiver
orgulho, ninguém poderá lhe dar esse orgulho.
Nossa casa afeta a maneira como nos sentimos. Crie um espaço que lhe faça bem
quando você entrar pela porta da rua. Imprima a sua personalidade em seu lar. Faça um
acordo com o proprietário do imóvel: pinte-o conforme o seu gosto.
O asseio não custa nada. É melhor morar numa quitinete limpa que numa mansão
imunda. Uma senhora perguntou a minha esposa, Julie: ”Que posso fazer com um
orçamento para decoração de vinte dólares?”. Julie respondeu: ”Comprar uma
vassoura!”.

CURTA O QUE VOCÊ TEM


Quanta gente guarda as maçãs e as bananas em desgastadas vasilhas de plástico e
conserva as fruteiras bonitas trancadas no armário? Depois o cara morre e deixa todos
os cristais para que os filhos os quebrem! Eu digo, se você tem alguma coisa bonita,
quebre-a você mesmo!
Conheço um sujeito que queria preservar o valor de venda de seu Volvo novo em folha e,
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para tanto, cobriu os bancos com um forro feito de lençóis velhos. Muito prático; o único
problema era que ele tinha a sensação de estar dirigindo um cesto de roupa suja!
Eu aprendo muito com Julie. Sua filosofia é: ”Mime-se a si mesmo, alimente seu corpo,
mantenha a casa limpa e você há de se sentir abençoado pela vida”. Para citá-la: ”Tudo
afeta tudo. O seu modo de andar afeta o seu modo de falar. A maneira como você se
veste afeta a maneira como se sente. O cuidado que tem consigo é o mesmo que terá
com os outros”. Ela é a única pessoa que eu conheço que tem enchimento nas
ombreiras do pijama! E são pijamas de seda.
Mime-se um pouco. Você diz: ”Como todo esse cuidado comigo mesmo há de me levar a
atingir
os meus objetivos na vida?”. De todas as maneiras! Se nos sentimos prósperos, nós
atraímos a prosperidade.
Fred diz: ”Quando eu tiver sucesso, deixarei de viver feito um rato!”. Errado! Quem
quiser ter sucesso, deve começar a vivê-lo, tem de senti-lo agora.

EM POUCAS PALAVRAS
A prosperidade não é necessariamente uma questão de dinheiro. É uma questão de
estilo de vida.

NÃO É O QUE LHE ACONTECE, É COMO VOCÊ VÊ O QUE LHE ACONTECE


Conta a lenda que os ”alquimistas” da Idade Média eram pessoas capazes de
transformar o chumbo em ouro: belo trabalho se você conseguir! De certo modo, nós
todos precisamos ser alquimistas: para ver além das aparências superficiais. Nosso
desafio cotidiano consiste em enfrentar situações que parecem infelizes - perder o avião,
acidentes de carro, divórcios, garçons mal-educados - e transformá-las em intervalos
felizes.
Isso significa que você deve rezar para quebrar a perna? Não, mas se tal coisa
acontecer, trate de encontrar uma oportunidade dentro do ”desastre”. Você pergunta:
”Que bem isso pode me fazer?”. Ajuda em muitos níveis:
• Você fica mais agradecido pelo que a vida lhe proporciona.
• Tem mais paz.
• Passa a viajar no ônibus da vida em vez de empurrá-lo!
O cínico diz: ”Isso é ingenuidade. Eu não quero ser nenhuma Poliana”. Errado! À medida
que você para de reagir com pavor ante o inesperado, torna-se mais equilibrado e passa
para uma posição de poder.

NÓS TODOS SABEMOS QUE A SITUAÇÃO É SERÍSSIMA...

ENQUANTO VOCÊ ACREDITAR QUE ALGUMA COISA EM SUA VIDA É UM


DESASTRE, ISSO RESULTARÁ NUM DESASTRE CONTÍNUO
Digamos que você se divorciou recentemente e imagina que sua vida está arruinada.
Enquanto acreditar nisso, será assim. Digamos que você é demitido aos cinqüenta anos
e chega à conclusão de que o seu tempo já passou. Enquanto acreditar nisso, assim
será.
Acaso eu estou dizendo que, enquanto a sua atitude for negativa, você não fará nada
para melhorar a vida? Em parte sim, mas não é só isso. Enquanto você vir somente o
desastre, atrairá mais desastres. As amantes o abandonarão, os patrões o acossarão, os
acidentes o atingirão, os senhorios o despejarão: será uma espiral descendente. OS
ACONTECIMENTOS SE DARÃO CONFORME AS SUAS EXPECTATIVAS.

No minuto em que você mudar de crenças sobre a situação, seus pensamentos


diferentes atrairão pessoas diferentes e novas oportunidades.

EM POUCAS PALAVRAS
OS ”DESASTRES” DA VIDA NÃO SÃO PROPRIAMENTE DESASTRES, SÃO SITUAÇÕES QUE
ESPERAM QUE VOCÊ MUDE DE ATITUDE.
Você diz: ”Mas será que isso se aplica à MINHA doença, às MINHAS dívidas e ao MEU
marido alcoólatra?
Pode apostar que sim.
A VIDA NÃO PODE SER TÃO DIVERTIDA ASSIM!
Uma mulher me disse: ”Em toda a minha vida eu nunca fiz o que queria”. Foi como se
estivesse dizendo: ”Eu me sacrifiquei - sou uma mártir”. E eu pensei: ”Que pena!”.
A vida deve ser divertida! Os pássaros acordam todo dia cantando. Os bebês riem sem
nenhum motivo. Observe os golfinhos. Observe os cachorros na praia. Quem disse que a
vida não tem graça? O universo é brincalhão. Se você herdou a idéia de que a vida não
foi feita para ser divertida, compreenda o que isso significa. É apenas uma crença da
qual você pode descrer.
Reserve algum tempo para fazer certas coisas unicamente porque são divertidas.
Trabalhar até não poder mais confirma a idéia de que ”a vida é uma luta”. Tenha
paciência consigo mesmo. Até para curtir a existência é preciso de um pouco de prática.
Quando a vida é doce, e aquela vozinha vem lhe dizer: ”Não vai durar muito”, diga a si
mesmo: ”Talvez esteja começando a ficar melhor ainda”.

IV
NO MOMENTO EM QUE FICA DEMASIADO PRESO A COISAS, PESSOAS,
DINHEIRO... VOCÊ ESTRAGA TUDO
O desafio da vida consiste em tudo saber apreciar e não se prender a nada.

CAPITULO 4
Fixação
A Fixação em Dinheiro
Dar
A Fixação no Amante

FIXAÇÃO
”...Existe uma coisa que é tentar para valer...
Você tem de cantar como se não precisasse de dinheiro
Amar como se não pudesse sofrer
Dançar como se ninguém estivesse vendo
Mas tudo tem de vir do fundo do coração para dar certo.
Quando a gente persegue as coisas, elas fogem. Vale para os animais, para os amantes,
até para o dinheiro. Quem nunca conheceu uma pessoa adorável numa festa que lhe
disse ”Eu telefono na semana que vem”? Então, a gente passa uma semana sem sair -
sem ir sequer ao banheiro! Fica junto do telefone... esperando. Quem telefona? Todo
mundo, menos essa pessoa!
Você nunca precisou desesperadamente vender uma coisa? Um carro, uma casa. Quem
queria comprar? Ninguém. Então você baixou o preço. Quem se interessou? Ninguém! O
princípio? Quando a pessoa está desesperada, nada!
Fale com qualquer vendedor, seja de avião a jato, seja de sabão em pó: ele lhe contará a
mesma história. O desespero atrai uma espiral descendente: e quanto mais a gente se
preocupa, menos as pessoas compram! Que acontece quando você está num
restaurante com pressa para comer? Acabam perdendo a sua comanda.
Eu aprendi sobre a lei da fixação nos aeroportos. Fiz dezenas de turnês em diferentes
partes do mundo divulgando meus livros. Essas viagens geralmente duram de seis
semanas a quatro meses. Até há pouco tempo, Julie, minha esposa, tinha o seu próprio
negócio, de modo que eu quase sempre ia sozinho.
Descobri que, se voasse cem vezes, em noventa e nove chegaria mais ou menos na hora
certa. Mas no vôo de volta para casa, quando eu estava contando os minutos,
desesperado para vê-la, havia sempre umas quatro horas de atraso!
No fim de minha última turnê na América do Norte, nós resolvemos nos encontrar em
São Francisco. Julie chegou da Austrália quando eu ainda me achava em Portland. Estava
tão acostumado às demoras na partida que fui ao balcão de bagagem e perguntei:
”Quanto tempo vai atrasar o vôo das seis para São Francisco?”. E o rapaz respondeu:
”Não vai atrasar!”.
”Não vai atrasar?” Eu fiquei radiante. Faltou pouco para que não pulasse o balcão para
abraçá-lo. ”Quer saber por que o vôo não vai atrasar?... Porque foi cancelado!” Às 22:30,
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consegui lugar num avião para San José, lá tomei um ônibus para São Francisco e
cheguei ao hotel de Julie às quatro da madrugada... com sete horas de atraso!
Toda vez que estamos desesperadamente envolvidos - emocionalmente fixados numa
transação ou num acontecimento - nós os obstruímos. O lado oposto do princípio?
Relaxe um pouco e bingol
Você passa um ano e meio sem namorada e começa a ficar desesperado. Ninguém se
candidata! Por fim acaba desistindo. Diz a si mesmo: ”Eu não sou obrigado a ter uma
parceira. Posso ser feliz sozinho”. E, de repente, é
oito ou oitenta: elas começam a entrar pela janela, a sair pelo ladrão! Um argumento é o
exemplo clássico. Que acontece quando a gente quer que uma pessoa mude de idéia?
Ela muda? Nem pensar! Mas com muita freqüência basta parar de insistir para que essa
pessoa acabe adotando as opiniões da gente.
Sempre que está desesperada por alguma coisa - um telefonema, que o marido pare de
fumar, uma promoção, que o patrão mostre reconhecimento -, a pessoa cria uma
energia ao seu redor que afasta essa possibilidade.

DESPRENDIMENTO VERSUS DESINTERESSE


Desprendimento não é desinteresse. É possível ser desprendido e mesmo assim muito
determinado. As pessoas desprendidas e determinadas sabem que o esforço e a
excelência acabam sendo recompensados. Dizem: ”Se eu não ganhar desta vez, vou
ganhar na próxima ou na seguinte”.
Digamos que você se candidata a um novo emprego. Está interessadíssimo na colocação
e se prepara com todo cuidado. Chega a escrever o que vai dizer na entrevista e ensaia
diante do espelho do banheiro. Compra até sapatos novos e vai cortar o cabelo. Chega
mais cedo à entrevista e dá o melhor de si.
E depois? Você volta para casa e continua a sua vida. Envolve-se com um novo estudo.
Planeja candidatar-se a outra vaga. Se for contratado, pela Haywire, tanto melhor. Do
contrário, você não parou, continua indo em frente.
As pessoas desinteressadas dizem: ”Que importa? Por que me preocupar?”. As
desesperadas dizem: ”Se eu não conseguir, prefiro morrer!” Quem é determinado e
desprendido, diz: ”De um jeito ou de outro, eu vou arranjar emprego - não interessa
quanto tempo demore!”.

A FIXAÇÃO EM DINHEIRO
”Os únicos que pensam mais em dinheiro do que os ricos são os pobres.”
Oscar Wilde

A fixação, que os budistas chamam de ”sofreguidão”, explica por que muita gente luta
para ganhar dinheiro. Sendo o dinheiro tanto um meio de vida quanto um símbolo de
sucesso, a maioria das pessoas fica fixada nele - mesmo aquelas que insistem em que o
dinheiro não tem importância. Infelizmente, o nosso desespero por ganhá-lo atrapalha
tudo. Em outras palavras, quanto mais emocional a gente é com as coisas, menos
controle tem sobre elas. A grande maioria das pessoas é muito emocional com o
dinheiro - por isso perde o controle.
O desprendimento é o principal motivo pelo qual os ricos ficam mais ricos. Eles não se
importam tanto - não ficam desesperados. Quando a gente não tem dinheiro, precisa
relaxar a ponto de saber que vai tê-lo. Quando tem, precisa ficar à vontade com ele,
inclusive para guardar uma parte - e saber que vai ganhar mais. Há também uma grande
diferença entre a atitude da pessoa pobre - desejar muito ter - e a abordagem da pessoa
sadia - acreditar que vai ter.

COMO EVITAR FICAR DESESPERADO ESTANDO DESESPERADO?


O que você faz especificamente? Isso é uma atitude. Nunca caia na armadilha de dizer:
”Eu preciso de ’ X ’para ser feliz” •
Em geral, se você está vendendo seu computador, esperando um telefonema, na
expectativa de uma promoção, tentando marcar um gol, aguardando um cheque pelo
correio, à procura de um marido, relaxe! Faça o possível para que dê certo e, então,
diga: ”Eu não preciso disso para ser feliz”. Esqueça tudo e vá em frente, e o mais
provável é que o resultado chegue.
EM POUCAS PALAVRAS
Nos níveis mental e físico, a gente vive às voltas com leis naturais. A natureza não
entende o desespero! Ela busca o equilíbrio, e é impossível estar desesperado e
equilibrado ao mesmo tempo. A existência não precisa ser uma luta infindável. Deixe as
coisas fluírem. Não se trata de indiferença; trata-se de não forçar a barra.
Você pode dizer: ”Eu não compreendo como tudo isso funciona!”. Ora, a gente também
não tem necessidade de compreender como a gravidade funciona. Nosso desafio
consiste em trabalhar com princípios - não em compreendê-los.

DAR
você quer alguma coisa, dê-a! Não parece um despropósito? É mais fácil conseguir o que
se quer abrindo mão de parte do que já se tem. Quando um agricultor quer mais
sementes, pega as que tem e as entrega à terra. Quando você quer um sorriso, oferece
o seu. Quando quer afeto, dá afeto. Quando ajuda as pessoas, elas o ajudam. E quando
quer um beijo na boca? Beija a boca de alguém. E se quiser que as pessoas lhe dêem
dinheiro? Dê um pouco do seu.
Pense nisso. Se a fixação, o apego excessivo, impede o fluxo de coisas boas para a sua
vida, talvez a atitude oposta seja o desprendimento: o de entregarmos uma coisa que
valorizamos muito. O que você dá tende a voltar a suas mãos.
Já ouvi dizerem: ”Eu dei a minha vida inteira e não recebi nada em troca”. Duvido que
tenham dado, acho que estavam regulando, e a diferença é grande.

E OS AVARENTOS QUE NUNCA DERAM NADA A NINGUÉM E SÃO RIQUÍSSIMOS?


Quantas vezes a gente ouve esse tipo de história... ”um velho miserável e pão-duro, que
praticamente passava fome, morreu com um milhão de dólares debaixo do colchão”?
Isto suscita a pergunta: ”Se é preciso dar para receber, o que aconteceu neste caso?”.
Seu saldo bancário não é a medida de sua abundância. Abundância é aquilo que circula
em sua vida. A prosperidade é um fluxo: dar e receber. Se você tem uma fortuna
depositada na Suíça e não a usa, esse dinheiro não o está enriquecendo. Tecnicamente é
seu, mas na realidade você não ”recebe” nada dele. Esse dinheiro não o torna
abundante e podia muito bem pertencer a outra pessoa. Portanto, o princípio dar e
receber continua valendo mesmo aqui.
EM POUCAS PALAVRAS
O macete consiste em dar sem querer nada em troca. Se você espera um retorno, está
fixado no resultado - e quando nos fixamos no que quer que seja, pouca coisa acontece.
E não devemos gozar das nossas posses pessoais? Claro que sim! Basta ter certeza de
que é você que as possui, e não elas a você.

A FIXAÇÃO NO AMANTE
”A origem do sofrimento é o desejo.” Buda
Mary está desesperada por um homem que a ame e que ela adore. Há muita esperança
de encontrá-lo? Dificilmente. Em primeiro lugar, seu próprio desespero repele os
homens. Em segundo, enquanto estiver desesperada, Mary nada terá de amável.
Fred diz à namorada: ”Eu preciso de você, não vivo sem você!”. Mas isso não é amor, é
fome. É impossível precisar desesperadamente de uma pessoa e amá-la ao mesmo
tempo. (E quem não pode viver sem alguém é um incapaz, um dependente! Você quer
isso?)
Amar uma pessoa significa dar-lhe liberdade para ser o que ela escolher ser. Amar é
permitir que o outro participe de sua vida por escolha. Uma vez mais, estamos falando
de desprendimento. Para ter alguma coisa ou alguém, é preciso saber abrir mão.

FIXAÇÃO - É DETESTAR AS COISAS...


”Não podemos mudar coisa alguma a menos que a aceitemos.”
Carl Jung
Detestar o que quer que seja é uma péssima idéia. Enquanto você odiar uma coisa,
permanecerá invisivelmente ligado a ela - e ela tenderá a persistir em sua vida.
EXEMPLO: Digamos que você tem uma dívida e a detesta. É uma situação difícil para
quem quer melhorar as finanças. Você emprega tanta energia para detestá-la que fica
travado - esgotado. Se, ao contrário, aceitar a sua dívida, livre do turbilhão emocional,
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acaba conseguindo sair dela. Aceitar não significa ”capitular”: significa compreender do
que se trata.
EXEMPLO: Enquanto não aceitar que está com excesso de peso, a gente ou a) nega que
está gordo, ou b) se detesta a si mesmo por estar gordo. Em qualquer caso, continua
com excesso de peso. E só começará a emagrecer no dia em que aceitar que está
obeso.
A Bíblia tem razão quando diz ”Não resista ao mal”. Zangar-se ou lutar não adianta. A
gente supera o que não gosta aceitando - não resistindo - e substituindo essa coisa por
outra, positiva.

AQUILO EM QUE VOCÊ SE CONCENTRA SE EXPANDE...


Portanto, pense bem no que você quer!

v
’’As vezes eu me pergunto: ’por que sempre sou eu o cara de sorte?’ ”

CAPITULO 5
O Porquê do Pensamento Positivo
Como o Pensamento Positivo Molda Seu Subconsciente
A Recompensa do Pensamento São os Resultados

O PORQUÊ DO PENSAMENTO POSITIVO


Imagine que estamos num Jumbo, sobrevoando a Europa, e uma turbina se solta da asa.
Como você queria que o piloto reagisse? Queria que ele dissesse: ”Tenham calma e
ponham o cinto de segurança! A situação é difícil, mas nós vamos conseguir aterrissar
sãos e salvos”?
Ou preferiria que o comandante se pusesse a correr de um lado para o outro, gritando:
”Esta droga está caindo! Vai morrer todo mundo!”? Qual dos dois tem mais possibilidade
de aterrissar em segurança?
Agora pense na vida cotidiana, na qual você é o seu próprio piloto. Que abordagem tem
mais possibilidade de resolver os problemas: ”Nós vamos encontrar uma saída” ou ”Vai
morrer todo mundo”? Esta é a essência do pensamento positivo. Ele não oferece
garantias, mas lhe dá a melhor chance. Os fracassados se concentram no impossível até
que tudo a sua volta seja impossibilidade. Quem pensa positivamente focaliza o que é
possível. Salientando as possibilidades, fazem com que as coisas aconteçam.

COMO O PENSAMENTO POSITIVO MOLDA SEU SUBCONSCIENTE


O subconsciente é a coleção de todos os nossos pensamentos. Os
pensamentos mais comuns criaram os nossos comportamentos subconscientes
mais fortes.
Para entender melhor o pensamento positivo, precisamos de um retrato do
subconsciente. Imagine o seu cérebro dividido em duas partes, feito uma casca de noz.
A metade superior é a mente consciente, contendo seus pensamentos fluidos. A inferior
é o subconsciente.
Nele encontram-se os diversos programas com os quais você nasceu - como a respiração
e a digestão - e os que você criou - como andar e falar.
Agora, imagine que você está aprendendo a dirigir. Toda vez que se aproxima de uma
esquina, ocorre um pensamento consciente na ”metade superior” de seu cérebro:
”Erguer a perna direita, movê-la 12 cm para a esquerda e pisar delicadamente no
pedal”. À medida que você continua tendo esse pensamento consciente durante alguns
meses, desenvolve-se um programa automático que o leva a frear sem pensar. O
programa ”frear” enraizou-se na metade inferior de seu cérebro - no subconsciente. Ou
seja, surgiu um novo programa em seu subconsciente.
Isso explica por que acontece de um motorista chegar em casa depois de dirigir durante
cinco horas e dizer: ”Puxa, nem me lembro de ter dirigido!” O subconsciente fez tudo.
TODO PENSAMENTO CONSCIENTE REPETIDO DURANTE UM DETERMINADO PERÍODO
TORNA-SE UM PROGRAMA.
Ora, que acontece, por exemplo, se você tiver um pensamento consciente durante
anos... ”Eu sempre estou duro”? Acaba desenvolvendo um programa automático que o
exime de pensar. E você consegue ficar duro sem nenhum esforço consciente.
Que tem isso a ver com o pensamento positivo? É simples. Nós temos cerca de 50 mil
pensamentos por dia. Para a maioria das pessoas, são principalmente pensamentos
negativos: ”Estou engordando! Tenho memória ruim! Não consigo pagar minhas contas!
Nada que faço dá certo!”. com tantos pensamentos negativos, que tipo de
comportamento subconsciente vamos adquirir? Sobretudo comportamentos negativos:
que sabotam nossa vida e nossa saúde sem que sequer tenhamos de pensar.
As pessoas vivem perguntando por que acabaram ficando duras e infelizes; no entanto,
foram elas mesmas que criaram seus padrões automáticos mediante pensamentos
repetitivos. Do mesmo modo como nos programamos para dirigir um carro sem pensar,
podemos nos programar para chegar atrasados, ser infelizes ou ficar duros. Sem pensar.
E depois pomos a culpa em Deus!
Agora o mais interessante: quando a gente entende os padrões subconscientes,
compreende que ninguém precisa ser um fracasso. Seu futuro depende de seus
pensamentos conscientes. À medida que você começa a disciplinar a mente, os novos
pensamentos conscientes criam novos programas subconscientes. Do mesmo modo que
a gente pode desenvolver um comportamento inconsciente ao dirigir um veículo, pode
desenvolver um comportamento subconsciente para ter mais sucesso na vida. Mas isso
exige um pensamento disciplinado... e tempo.
Agora tome Fred, que freqüenta um seminário motivacional e está entusiasmadíssimo
com o pensamento positivo. Ele diz: ”Eu vou virar a minha vida de pernas para o ar!”.
Toma nota de algumas metas antes do café da manhã... ”Ser promovido, ter um Rolls
Royce, comprar o Taj Mahal...” e depois passa o resto da semana em sua costumeira
espiral negativa. Sextafeira ele estará dizendo: ”Duvido que essa história de
pensamento positivo funcione!”.
Talvez Fred tenha passado de 48 mil pensamentos negativos por dia para
47 500 - e não consegue entender por que não ganhou na loteria, não curou sua artrite e
não parou de brigar com a esposa.
Ser positivo um só dia não adianta. Fortalecer a mente é como fortalecer o corpo. Se a
gente fizer vinte flexões e for correndo olhar no espelho, não verá nenhuma diferença.
Do mesmo modo, se passar vinte e quatro horas pensando positivamente, verá pouca
diferença. Mas basta você disciplinar o pensamento durante alguns meses para ver
mudanças maiores em sua vida do que já viu numa academia de ginástica. Sanear o
pensamento é trabalho para a vida inteira. Um trabalho gigantesco! E é mais difícil do
que se pode imaginar, porque muitas vezes a gente nem sabe que está sendo negativo
quando está sendo negativo.
Se você quiser checar o seu pensamento, examine sua vida. Sua prosperidade, sua
felicidade, a qualidade de seus relacionamentos e até a sua saúde são reflexos de seus
pensamentos conscientes mais comuns.

EM POUCAS PALAVRAS
Fred diz: ”Eu penso como penso porque minha vida é uma droga!”. Não, Fred, sua vida é
uma droga por que você pensa como pensa!

A RECOMPENSA DO PENSAMENTO SÃO OS RESULTADOS


Se há alguma coisa que você não quer na vida. pare de se preocupar com ela e pare de
falar nela! É a energia que você investe que a mantêm viva. Retire essa energia, e o
problema desaparecerá. A briga é o exemplo perfeito. Se o seu marido voltar para casa
procurando briga e você se recusar a discutir, o que acontecerá? Só restará a ele brigar
consigo mesmo!
Sempre que você estiver preocupado, constrangido ou simplesmente pensando em
alguma coisa, as outras pessoas continuarão falando nela. Quando menino, isso me
fascinava. Eu não conseguia entender por que toda vez que eu fumava escondido os
cigarros de meu pai, minha mãe fazia questão de me dar um beijo de boa-noite!
Quando a gente de fato abre mão de uma coisa emocionalmente, ela se evapora. Isso
leva a outro princípio...

QUANDO NÓS LARGAMOS UMA COISA, ELA NOS LARGA.


Enquanto você estiver se defendendo, as pessoas o atacarão. Por quê? Porque nós só
nos defendemos quando estamos inseguros quanto a nossa situação. Verdade!

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EXEMPLO: Digamos que seu vizinho o acusa de ser marciano e de ter vindo do espaço
sideral. Valeria a pena entrar numa discussão sobre extraterrestres com ele? Claro que
não. Você sabe que não é marciano, portanto o mais provável é que ache graça na tolice
do outro.
EXEMPLO: Digamos que você seja objeto de fofocas no escritório. Se começar a fazer
declarações públicas afirmando a sua inocência, só estará botando lenha na fogueira.
Basta não fazer caso para que tudo passe. Acaso eu estou dizendo que você não deve se
defender? Não. O que estou dizendo é que, enquanto protestarmos e sofrermos,
enquanto estivermos saltando de um lado para outro, manteremos o problema vivo.
Eu me lembro de ter visto passeatas de protesto nos anos 60. Perguntei ao meu pai:
”Por que eles se espancam assim?”. E ele respondeu: ”Porque querem a paz!”.
A gente não combate a guerra. Concentra-se na paz.

EM POUCAS PALAVRAS
Se você transformar a vida numa campanha contra o que quer que seja, as coisas que
combate se expandirão. Decida do que você está a favor.

NÓS ESCOLHEMOS COMO VER AS PESSOAS


Fred e Mary saem juntos pela primeira vez, vão jantar fora. Ele está disposto a se
divertir. Ela deixa cair um pouco de salada de batata no colo, e Fred diz: ”Espere, eu a
ajudo a limpar”. Mary perde a chave de casa, e ele diz: ”Ora, isso também acontece
comigo!”.
Passam-se três anos. Mary e o marido Fred vão jantar fora. Ela derruba salada de batata
na roupa. Ele diz: ”Mas que desastrada!”. Mary esquece a chave de casa. Fred diz: ”Você
é uma cabeça-de-vento!”.
As mesmas pessoas, as mesmas circunstâncias, atitudes diferentes! A gente escolhe
como ver as pessoas. Quem quer gostar de alguém consegue ser tolerante. Quem quer
sentir-se irritado com as pessoas concentra-se em seus defeitos. Não é o
comportamento dos outros que determina o que sentimos por eles: é a nossa atitude.
Muita gente passa mais tempo pensando no que há de errado que no que está certo:
Mary tem duas listas referentes a Fred. A primeira é a curta lista da esposa - um breve
inventário dos defeitos de Fred. A segunda é a longa lista da viúva - um catálogo
completo de suas qualidades: a amabilidade, o senso de humor, a generosidade, seu
lado bom, enfim.
Ela passa toda a vida de casada focalizando a lista curta: as poucas coisas que a
irritam... ”Ele larga o jornal espalhado na mesa do café da manhã”; ”nunca se lembra de
fechar a tampa da privada”. Mas, um belo dia, o pobre Fred é atropelado por um
caminhão. De uma hora para outra, Mary saca a lista mais longa... ”Ele era um anjo...
delicado, generoso,
trabalhador... era um marido tão bom.” Já que queremos ter listas, não devíamos pelo
menos fazer o contrário?
Concentrar-nos em todas as coisas que adoramos nas pessoas e, quando elas partissem,
consolar-nos com pensamentos como ”o diabo é que ele roncava muito”?
Se eu perguntasse ”Que há de errado com sua mãe?”, você não encontraria uma coisa
ou outra? Se eu pedisse, ”Faça uma lista de outras cinco coisas que você não gosta na
aparência dela, na atitude dela, no comportamento dela”, você não conseguiria? Aposto
que sim. com um pouco de tempo, seria capaz de pensar em cem coisas, talvez em mil.
Podia até chegar ao ponto de nunca mais querer vê-la!
As pessoas que se concentram nos aspectos negativos geralmente se defendem
dizendo: ”Eu só estou sendo realista”. O fato é que VOCÊ CRIA A SUA REALIDADE.
Escolhe como quer ver sua mãe e todo mundo. Escolha alguém em sua vida e concentre-
se no que você gosta nele, e seu relacionamento vai melhorar. Pode ser difícil e até
assustador, mas dá certo.

GRATIDÃO E ABUNDÂNCIA
”Mostre-me uma pessoa feliz e ingrata!”
Zig Ziglar
Todos os ensinamentos espirituais nos estimulam a agradecer. Fred diz: ”Por que eu
deveria passar a vida satisfazendo o ego de Deus?”. Na verdade, eu duvido que Deus
tenha problema de ego - quem pode mover montanhas, criar universos e viajar no
tempo não precisa provar nada!
Nós agradecemos em benefício próprio, e eis por quê: recebemos na vida as coisas às
quais damos importância. Ao expressar gratidão pelo que temos, sentimo-nos mais ricos
e, assim, recebemos mais.
Quando eu conheci minha mulher, Julie, percebi que, apesar de todas as suas belas
qualidades, ela tinha um defeito. Era incapaz de fazer contas! Mas, embora nunca tenha
certeza de quanto ganhou, de quanto deve e de quanto gastou, ela sempre gozou de
prosperidade. Julie é uma demonstração viva de que, no que diz respeito à qualidade de
vida, um sentimento de gratidão e a firme convicção de que a vida vai nos abençoar são
mais importantes que a lógica e a matemática.

VI
SIGA SEU CORAÇÃO
Sua missão na vida não é não ter problemas - sua missão é entusiasmar-se.

CAPITULO 6
Fazendo o Que Você Gosta
Sua Carreira Mudando de Direção

Qual É a Sua Desculpa?

FAZENDO O QUE VOCÊ GOSTA


”Não ande por aí dizendo que o mundo lhe deve uma existência. O mundo não
lhe deve nada. Chegou aqui primeiro”
Mark Twain

Há dois temas neste capítulo: 1) Você escolhe a sua atitude. Se quiser, pode gostar
praticamente de qualquer trabalho. 2) Trabalhando numa coisa de que gosta, você tem
mais possibilidade de ser bemsucedido e quase com certeza ganhará mais dinheiro.
Portanto, primeiro eu digo: ”Escolha gostar do que você está fazendo no momento”’.
Depois digo: ”Siga seu coração”. Não é uma contradição? Não. Se você estiver
precisando de dinheiro, pode ser que deva continuar em seu emprego atual enquanto
planeja o futuro. A longo prazo, só se sentirá realizado se fizer o que acha que é bom
para você.

EMPREGOS PERFEITOS
Geralmente parece que a ocupação dos outros é mais fácil e interessante - e rende mais!
As enfermeiras pensam que a vida dos médicos é fácil. Os vendedores acham que os
gerentes de venda é que estão bem. Todo mundo acredita que os políticos levam um
vidão. Até descobrir que não existe trabalho perfeito. Por quê? Porque as pessoas só nos
pagam para fazer o que não sabem ou não querem fazer. Se não houvesse nenhum
problema a resolver, o nosso emprego não existiria.
Se você não gosta do que faz, tem duas opções: MUDAR DE ATITUDE ou MUDAR DE
EMPREGO.

Em nossos devaneios, dizemos: ”Se o meu trabalho fosse mais fácil, eu seria mais
feliz!”. Mas a verdade é que ninguém gosta das atividades fáceis. Quando o trabalho se
torna fácil demais, geralmente nós vamos embora! Gostamos tanto dos desafios que
saímos a sua procura mesmo nas horas de lazer. Por que você acha que o golfe é tão
popular? Porque foi concebido para enlouquecer qualquer um.
Fred diz: ”Se conseguir um trabalho que não seja repetitivo, eu serei feliz!”. Quase todo
trabalho é repetitivo. Se você for secretária, datilografa uma carta atrás da outra. Se for
estrela de cinema, é obrigada a fazer uma tomada após a outra. Tudo repetição.
Quando rotulamos as partes de nossa vida como ”trabalho” e ”prazer”’, nós nos
limitamos. É como se disséssemos: ”Agora eu vou trabalhar, portanto espero sofrer até
as cinco da tarde”. Em vez de pensar em termos de ”trabalho” e ”prazer” - pense em
tudo isso como a sua vida. Amar uma atividade é como amar uma pessoa: a gente pode
estar apaixonada no começo, mas ”amar” a longo prazo é uma decisão que se toma.

DANDO O MELHOR DE SI

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”Só há dignidade no trabalho quando ele é livremente aceito.”
Albert Camus

Há duas boas razões para que você dê o melhor de si.


Primeiramente, quando a gente dá cem por cento, é mais feliz. Lembre-se do seu tempo
de estudante. Lembre-se de como era bom ir para a escola nos dias em que você tinha
feito toda a lição de casa - e da melhor maneira possível. Você não se sentia bem mais
entusiasmado?
Não importa que a gente tenha saído da escola há cinqüenta anos, o ”princípio da lição
de casa” ainda se aplica. Os professores lhe recomendavam que trabalhasse muito, seus
pais diziam a mesma coisa, os patrões o mandam trabalhar muito - mas você não
trabalha para agradar aos pais, aos professores, nem para que o patrão fique satisfeito.
Trabalha para você mesmo.
Em segundo lugar, o universo tem um modo de punir a preguiça e a arrogância. Muita
coisa vai dar errado em sua vida - e no trabalho - sem que você precise ser negligente.
Mas quando a gente se torna negligente, as coisas começam a ir por água abaixo.
Pergunte ao pugilista que subestimou o adversário. Pergunte ao homem de negócios que
subestimou o concorrente. Existe uma palavra que designa esse dar o melhor de si o
tempo todo: profissionalismo.
Você já reparou que certos taxistas são capazes de tornar uma corrida um verdadeiro
prazer, ao passo que outros a convertem num sofrimento? É o mesmo trabalho
repetitivo. Então, onde está a diferença? Os motoristas felizes têm uma filosofia
diferente. Fred diz: ”Mas os bons taxistas prestam um bom serviço porque são alegres”.
Não! Eles são alegres porque prestam bons serviços.
As pessoas que gostam do trabalho que fazem acordam dizendo: ”Hoje eu vou ser mais
eficiente e mais cuidadoso que ontem”. Nem sempre elas acertam na mosca, mas é o
seu objetivo.
Recentemente eu dei uma conferência em Cingapura com o Sr. Zig Ziglar. Ele fala em
público profissionalmente há mais de vinte e cinco anos e é considerado no mundo
inteiro um dos melhores em seu ramo. Sua agenda lotada e os honorários que cobra
para dar palestras são prova disso.
Antes de sua conferência, eu lhe disse: ”Zig, você já falou mil vezes sobre isso. Quanto
tempo se preparou para a exposição de hoje?”. E a resposta foi: ”Três horas”.
Apesar do sucesso, ele não se expõe a riscos nem baixa a guarda. Tem compromisso
com o trabalho e se dedica a um aperfeiçoamento constante. Dizer que Zig é talentoso
seria subestimá-lo, pois é necessário muito mais do que talento para chegar aonde ele
chegou. E ficar.

PARA QUEM VOCÊ TRABALHA?


”Faça sempre mais do que aquilo que lhe pagam, e um dia lhe pagarão mais do que
aquilo que você faz.”
Recentemente fui servido por um garçom mal-educado. Sua linguagem corporal dizia
mais ou menos o seguinte: ”Quem lhe deu ordem para vir a este restaurante?”. Ele
demorou vinte minutos para me trazer um cappuccino e, quando chegou, metade estava
no pires. Conversando, eu lhe perguntei sobre seu trabalho e seu patrão. Ele disse: ”É
claro que eu não quero trabalhar para esse cretino o resto da vida”.
Infelizmente o nosso garçom esqueceu um aspecto importantíssimo da vida no local de
trabalho. A GENTE NÃO TRABALHA PARA O PATRÃO. TRABALHA PARA SI MESMO.
Nenhum empregador é perfeito, e pode ser que seus colegas sejam preguiçosos. Mas
quando você se candidata a um emprego, o seu dever é dar o melhor de si, não
prejudicar o cara que assina os cheques no fim do mês.
Quando você só dá cinqüenta por cento do esforço, acaba sofrendo muito mais que o
patrão. Este, quando muito, sai perdendo alguns dólares. Você perde o entusiasmo e a
auto-estima, além de um bom pedaço da vida.
SE EU TIVESSE UM bom EMPREGO...
Algumas pessoas acreditam que há coisas ”boas” e coisas ”ruins” para fazer na vida.
Não é assim. Uma pessoa interessante pode tornar interessante um trabalho tedioso.
Isso não quer dizer que um banqueiro desempregado deva lavar carros durante vinte
anos - mas alguns meses podem ser uma boa terapia! com a nossa afluência vem a
arrogância. O arquiteto desempregado diz: ”Eu construo prédios, mas janelas não faço”.
Os executivos demitidos se agarram às tetas do governo sem pensar que podem servir
num restaurante em vez de depender do cheque do auxílio desemprego.
Gostar do trabalho é uma escolha. Meu irmão, Christopher, é capaz de transformar as
piores atividades num prazer! Se precisasse de alguém que me ajudasse a cavar um
poço, a pintar um telhado ou a britar concreto, eu o escolheria sem pensar duas vezes.
Ele simplesmente parte do princípio de que deve ser interessante. A gente pode se
divertir mais depenando galinha com Chris do que em muitos coquetéis.
EM POUCAS PALAVRAS
Você dá o melhor de si não porque precisa impressionar as pessoas. Dá o melhor porque
é a única maneira de gostar do trabalho.

SUA CARREIRA
Este livro não é um guia de carreira. É uma filosofia de vida, ou seja, você tem uma vida:
passe-a fazendo as coisas que lhe interessam. Para tanto, é preciso aceitar duas idéias.
1. ”É possível fazer o que a gente gosta: quando não no trabalho, pelo menos nas horas
de lazer.” Alguns preferem bancar os mártires, nunca reservam tempo para si. Se você
não pode fazer o que lhe agrada nos momento de lazer, é muito difícil que se permita
trabalhar num emprego de que realmente gosta.
2. ”É possível ser pagos por uma coisa de que gostamos.” Muita gente cresce
acreditando que o trabalho é um sacrifício. Errado! Milhões de pessoas se divertem no
trabalho e são pagas para isso.
Vamos definir o que NÃO é ”fazer o que a gente gosta”. Fazer o que a gente gosta não é
receber um salário para ficar tomando banho de sol numa praia tropical. É ter paixão por
alguma coisa - e colocar todo amor, toda energia e toda criatividade num trabalho. É
assumir riscos. E geralmente é ter de fazer com que a coisa dê certo a ponto de a gente
poder ganhar a vida com ela!
A incerteza faz parte do prazer. Quando não há luta, fica faltando alguma coisa. É por
isso que tantos filhos de gente rica e famosa acabam tomando uma overdose de heroína
ou estourando os miolos. Eles não têm nenhum desafio. Trabalhando ou não, suas
necessidades materiais já estão satisfeitas.
SUA VIDA SÓ VAI DAR CERTO QUANDO VOCÊ ASSUMIR TODA A RESPONSABILIDADE DE
SUAS ESCOLHAS. A ESCOLHA DA SUA VOCAÇÃO É A PRIMEIRA DA LISTA.
Pergunte a Fred: ”Por que você trabalha nisso?”. Ele diz: ”Todo mundo tem de estar em
algum lugar, fazendo alguma coisa”. Resposta fraca, Fred. Ninguém é condecorado por
passar a vida fazendo o que detesta. Se tem certeza de que exerce uma profissão que
não combina com você, mude de emprego. Faça uma coisa de que goste.

EU NÃO SEI O QUE QUERO FAZER


Se você não sabe o que gosta de fazer, é bem possível que há muitos anos tenha
deixado de dar ouvidos a si mesmo. Muitos se tornam pessoas diferentes para agradar à
família... você queria jogar beisebol, mas sua mãe o obrigou a aprender a tocar piano;
sonhava com carros esporte, mas sempre acabou comprando coisas mais ”práticas”;
desejava ser jornalista,
mas foi estudar contabilidade; queria muito viajar pela América do Sul, mas sempre
passou as férias na casa do tio Ted.
Você escolheu os hobbies adequados. Fez o que os outros ”esperavam”. Então, um belo
dia acordou dizendo: ”Eu não sei quem sou, só sei que não quero mais fazer isso”.
Quando a gente sufoca uma paixão durante muito tempo, acaba nem se lembrando do
que é que gostava de fato. Uma voz interior se põe a repetir que é egoísta fazer o que a
gente realmente quer. A vozinha pode até mesmo dizer: ”Você detesta o seu trabalho,
no entanto deve muito a ele”.
Também é possível que uma pessoa acabe pensando que gosta de fazer uma
determinada coisa apenas porque todo mundo espera que ela goste.
• Você acha fácil sair da cama de manhã e nunca quer descansar.
• Você esquece do tempo e de si mesmo.
• O esforço é uma consideração menor. Você é capaz de falar nisso horas a fio - e
geralmente fala!

COMO REDESCOBRIR MINHA PAIXÃO?

27
Simplifique a vida. Pare de fazer as coisas por mero hábito. Elimine parte do lixo de sua
rotina, de modo que você possa ver mais claramente. Passe um mês sem ligar o
televisor. Repare no que você pensa, repare no que lê.
Dê ouvidos a si mesmo. Da próxima vez, a vozinha interior dirá: ”Eu gosto disto, aquilo
me interessa”. ESCUTE-A! Vá à biblioteca municipal, percorra-a de ponta a ponta. Olhe
em cada prateleira. O que lhe chama a atenção?
Tente coisas novas... tente pintura a óleo, bonsai, ser técnico de um time infantil de
futebol, aprender italiano. Experimente dez coisas; é pôssível que nove não lhe
despertem interesse, mas pode ser que a décima abra um novo mundo para você. Se
não der certo, tente mais dez vezes.
Para achar é preciso procurar. Se você perdeu o rumo na vida, talvez não o encontrará
entre dois drinques no botequim. Dê um descanso a si mesmo, reserve algum tempo e
um espaço para examinar o que realmente conta para você. Passe uma semana a sós
consigo nas montanhas ou na praia. Fred diz: ”Eu não tenho tempo para isso”. É a
mesma coisa que dizer: ”Eu errei o caminho - mas estou tão atrasado que não tenho
tempo para dar uma olhada no mapa rodoviário”.
E o que é mais importante: fique à vontade com a idéia de fazer o que gosta. Para fazer
o que a gente gosta, é preciso acreditar que é possível. Ao descobrir o que gosta de
fazer com o seu tempo, você começa a encontrar respostas para a pergunta: ”O que eu
quero da vida?”.
EM POUCAS PALAVRAS
Muita gente não sabe o que quer - e fica contrariada. Se você não sabe exatamente o
que quer, imagine uma coisa próxima disso - e parta daí.

O TALENTO
”Talento” não significa necessariamente pintar obras-primas. Cuidar das pessoas é um
talento. Ensinar é um talento. Fazer com que os outros se sintam bem-vindos é um
talento. Administrar é um talento. Ser pai ou mãe é um talento.
com muita freqüência nós subestimamos as nossas aptidões. O ceramista diz: ”Quem
me dera ser músico, aí, sim, valeria a pena”. O pianista diz: ”Se eu soubesse fazer coisas
com as mãos...”. Não compare as suas habilidades com as dos outros. Faça o que você
sabe fazer. Aceite o talento que tem. A realização vem do desenvolvimento dos seus
dons, não de desejar os alheios.
Mary diz: ”Deus me deu talento para cuidar de crianças, mas talvez eu devesse ser
banqueira”. Se Deus lhe deu literalmente o dom de trabalhar na escola maternal, por
que você há de querer passar a vida mastigando cifras? Dê um pouco de crédito a Ele!
Se você é capaz de imaginar quais são os seus dons, Ele também é.
Outra coisa que eu noto: a maioria das pessoas que dizem que não têm talento não
tentou muita coisa.
Antes de mais nada, o talento pode ser útil, mas não é tudo! Quando se fala do sucesso
de Jack Nicklaus no golfe, quase sempre há uma referência ao seu extraordinário talento.
Quando Jack fala de seu sucesso, menciona o quanto já praticou fora do jogo. Ele sabia
que a diferença entre Jack Nicklaus e mil outros golfistas de talento era a atitude e o
esforço.
Os passivos e os negligentes dão muita ênfase ao talento. Para eles, o talento ou a falta
dele é uma desculpa excelente para não fazer nada. Se há uma importante qualidade
comum aos grandes artistas, cientistas, estrelas do esporte, humanistas e empresários
bem-sucedidos não é o talento: é o enfoque. Uma vez que você saiba o que quer,
concentre-se nisso! Ninguém consegue fazer tudo. Você não pode salvar as baleias,
curar os enfermos e proteger a camada de ozônio, tudo ao mesmo tempo. Deixe
algumas tarefas para o resto da humanidade.

USE O SEU TEMPO LIVRE!


”O trabalho é o amor tornado visível.” Khalil Gibran
Muita gente transforma seu hobby num trabalho em tempo integral, e essa transição de
hobby a ganha-pão é muitas vezes gradual...
Frank adora fotografia e a ela dedica o tempo livre. Fotografa casamentos de amigos. De
vez em quando ganha um concurso de amadores. Pouco a pouco, vai obtendo mais
trabalho. Em alguns anos, está ganhando mais nos fins de semana que no escritório.
Claro, alguns casamentos acabam sendo cancelados, alguns clientes não pagam o que
devem, há meses em que não aparece trabalho nenhum, mas para Frank vale a pena.
Mary gosta de idiomas. Fala italiano e inglês e decide aprender castelhano. Faz uma
viagem de férias a Barcelona. Para melhorar o castelhano, passa a dar aulas de inglês a
imigrantes sul-americanos depois do trabalho - de graça. Dentro de dois anos, estará
falando três línguas fluentemente. Mary se candidata a três empregos de viajante e não
é selecionada - mas não desiste. Faz um curso de tradução para se aperfeiçoar. Por fim
consegue colocação numa escola de línguas.
Jim gosta muito de caminhar e de acampar e já tem todo o equipamento: botas,
barracas, mochilas. Percebe que certas pessoas querem acampar mas não têm o
equipamento. Ele lhes aluga o seu. Às vezes organiza uma viagem, leva as pessoas em
sua perua - e cobra. De vez em quando os campistas perdem uma corda ou queimam
sua barraca, mas Jim raciocina: ”Nenhum trabalho é perfeito - e este é bem melhor do
que o emprego que eu tinha no necrotério!”.
Que aprendemos com essas pessoas?
• Que é possível ganhar a vida fazendo uma coisa de que a gente gosta.
• Que o mundo é um mercado. Quem desenvolve uma habilidade encontra gente
disposta a pagar por ela.
Também aprendemos que a vida real não é como nas novelas. Na televisão é assim:
• 7:30 Cena I - Samantha decide inaugurar uma agência de modelos.
• 7:34 Cena 2 - Samantha aluga um escritório do tamanho de uma quadra de tênis.
• 7:36 Cena 3 - Samantha contrata um gerente, aposenta-se e vai morar no Havaí.
Na vida real, Samantha visitaria uns oito bancos em busca de financiamento. Na vida
real, Samantha trabalharia nos fins de semana numa rede i de lanchonetes. Na vida
real, Samantha começaria com um escritório do tamanho do seu banheiro.

A vida real é mais frustrante. Na vida real as coisas demoram um pouco.


Falando de televisão, as pessoas que transformam o hobby em profissão não passam
muito tempo assistindo a novelas. Viver a vida dos outros não se compara a viver a
nossa própria.

EM POUCAS PALAVRAS
Se você quer ganhar a vida fazendo o que gosta, o seu passatempo é uma possível fonte
de renda. Enquanto não tiver interesses nas horas vagas, suas opções ficam limitadas.

MUDANDO DE DIREÇÃO
Meu pai sempre fez o que quis. Em diferentes épocas, foi marinheiro, açougueiro,
fazendeiro, inventor, paisagista e empreiteiro. Eu fui criado acreditando que trabalho
era qualquer coisa que se quisesse fazer. Supunha que sempre que a gente resolvesse
mudar de ocupação, bastava iniciar uma nova. Portanto, enquanto outras pessoas
precisavam ter coragem para resistir às pressões dos pais e realizar os seus sonhos, eu
não tinha esse problema. Quando disse ao meu: ”vou abandonar a faculdade de direito e
ser artista!”, ele respondeu: ”Se é isso que você quer, tudo bem!”.
Eu pintei retratos até os vinte e poucos anos, quando passei a me interessar pelas
vantagens da ”atitude positiva”. Nesse momento, decidi fazer da pintura a óleo um
passatempo, não minha profissão, e comecei a ganhar a vida dando seminários de
desenvolvimento pessoal. Quando estava com quase trinta anos, comecei a escrever
livros, e, para ilustrá-los, tornei-me cartunista. Atualmente, passo a maior parte das
horas de trabalho dando palestras e participando de convenções.
Estou fazendo um sumário de minha própria experiência para explicar em parte por que
escrevi este livro. Fico chateado porque nem todos vêem a possibilidade de trabalhar no
que gostam. Para encontrar sentido e interesse no trabalho, a gente precisa seguir o
coração. Eu acredito nisso e é isso o que vivo.
É claro que nem todos querem ser seus próprios patrões - não se acham muitos
banqueiros nem pilotos de Jumbo que trabalhem por conta própria! E muitos preferem
ter uma única carreira, não várias. Porém me assombra que tanta gente trabalhe no que
detesta, freqüentemente com desculpas esfarrapadas! O que eu noto é que costumamos
escolher profissões que combinam com o nosso sistema de crença.
Muitos acabam seguindo uma carreira escolhida por um adolescente ignorante: eles
mesmos! Se você escolheu a sua primeira profissão aos dezessete anos, talvez esteja na

29
hora de fazer uma nova escolha. Pense em ter mais de uma carreira na vida.
Digamos que você queria ser professor de música, mas tornou-se engenheiro para não
contrariar seu pai. Todo dia as palavras dele ecoam em seus ouvidos: ”Você está tendo
uma oportunidade que eu nunca tive, eu queria ter aprendido a construir pontes”. Que
você podia fazer? Afinar o piano!
Em primeiro lugar, agir em favor do pai: ninguém pode viver a vida na pele de outra
pessoa. O pai tem de achar interesse em sua própria existência. À medida que se
sacrifica para lhe agradar, você adia o crescimento dele e o seu próprio. Ninguém está
aqui para realizar os sonhos frustrados dos pais.
E agir em seu favor: se você passou quatro anos preparando-se para ser engenheiro, por
que há de passar os próximos quarenta fazendo uma coisa que detesta? É ruim para o
seu espírito, é ruim para a sua saúde e você fica fadado à mediocridade!
Mas será que a gente precisa mesmo amar uma coisa para fazê-la bem? Beethoven
gostava de música? Ferrari gostava de carros velozes? Tome dois médicos. Um é
apaixonado pela medicina. O outro, apaixonado por seu BMW. Qual deles você
escolheria para lhe extrair a vesícula?
Você diz: ”Então eu devo largar meu emprego na agência do correio e formar um
conjunto de rockl” Não sem tomar aulas de música e sem se apresentar algumas vezes
em público! Existe uma coisa chamada risco calculado. Você desenvolve suas aptidões,
expande seus conhecimentos, estuda, cria uma demanda para a sua habilidade... e
então, sim, passa a fazer o que gosta.
Fred diz: ”Eu tenho família para sustentar. Você quer que eu simplesmente largue o
escritório?”. Bem, Fred, se o seu coração está em outro lugar, parece que se trata de
uma opção a longo prazo.

TRABALHANDO POR DINHEIRO


”Muitos homens passam a vida inteira pescando sem saber que não é nos
peixes que estão interessados.”
Henry David Thoreau

Se você só trabalha por dinheiro, não vai ser feliz, e provavelmente não há de ganhar
muito. É desse modo que o universo o incita a fazer uma coisa de que goste de fato.
No Capítulo 4 falei sobre o desprendimento. Quando a gente tem convicção de que gosta
do que faz, fica menos apegada à remuneração e, assim, quase sempre descobre que
aproveita mais o dinheiro. O dinheiro é um jogo: a gente ganha participando do jogo, não
ficando desesperado diante do placar.
Todos nós podemos gostar de dinheiro, mas a dedicação vai muito além disso. Qualquer
que seja o seu trabalho no momento, você está competindo com pessoas que gostam do
que fazem. Não gostando da profissão que exerce, você acaba sendo eliminado pela
concorrência.
Há espaço para você? Sempre há espaço para a excelência. Oitenta por cento das
pessoas são uma simpatia, mas um tanto medíocres. Quantas vezes a gente toma um
táxi limpo? Quando foi a última vez em que seu médico o atendeu na hora marcada?
com que freqüência você é bem servido num restaurante?
Fazer o que a gente gosta não exige necessariamente anos e anos de treinamento nem
despesas enormes: e muitas vezes isso pode acontecer a partir de um desastre
aparente. Julie tem uma manicura, Danielle, que trabalhava num pequeno espaço
alugado num salão de beleza. Quando o proprietário dobrou o valor do aluguel, ela ficou
arrasada. Guardou todos os apetrechos num estojo de pescador, pegou sua moto e
começou a atender em domicílio. Danielle é pontual, presta bons serviços e, hoje em dia,
para fazer as unhas, é preciso marcar hora com ela com semanas de antecedência.

Com dinheiro VOCÊ fica RICO!


MAS SE EU FIZESSE O QUE GOSTO, NÃO GANHARIA O QUE GANHO AGORA
Fazer o que você gosta freqüentemente acaba oferecendo mais prosperidade a longo
prazo. Mas nem sempre isso acontece. Às vezes, fazendo o que gosta, a gente precisa
de menos dinheiro.
Digamos que você seja diretor de uma empresa. Tem um apartamento enorme, casa de
campo, automóveis de luxo, sem contar as outras despesas que a condição de alto
executivo lhe impõe. Você gosta mesmo é de cuidar de cavalos, de ensinar equitação,
mas diz: ”Eu preciso do meu emprego para bancar tudo isso!”.
Tornando-se instrutor de equitação, pode ser que você venha a descobrir que não
precisa de um apartamento de cobertura nem de carros esporte. Por vezes nós
compramos um monte de brinquedos para tirar da cabeça o fato de que detestamos o
nosso trabalho. Ao seguir seu coração, é bem possível que você descubra que um sítio e
um pequeno jipe são suficientes.

NÃO É O TRABALHO...
Você pode notar uma coisa nas boas enfermeiras: mais que da medicina, elas gostam
das pessoas.
Aqui há uma pista para achar significado em sua carreira. NÃO SE TRATA DO TRABALHO
EM SI! O que você faz para ganhar a vida, seja o que for, é um veículo de contato com as
pessoas. Sentir-se realizado ou não depende de como você serve às pessoas. Albert
Schweitzer disse: ”...os únicos aqui que serão felizes de fato são os que procurarem e
encontrarem a melhor maneira de servir”.
Infelizmente, ”servir aos demais” parece escravidão ou sacrifício. Não é. Trata-se apenas
de saber que há alegria em dar de si algo que seja únicamente seu. ”Servir” pode ser
dar aulas ou cuidar de doentes. Pode ser vender flores bonitas ou consertar radiadores
com um sorriso nos lábios. Não é a descrição do seu trabalho que importa, é a sua
filosofia.
A sociedade costuma valorizar as carreiras em termos de diplomas e títulos acadêmicos,
e a gente corre o risco de deixar escapar o principal: as conexões entre as pessoas.
Digamos que você seja técnico de um time de basquetebol de garotos de doze anos.
Quem sabe até goste do esporte, e isso é bom. Porém, assim que perceber que o
basquete é o que menos importa, você poderá fazer realmente alguma coisa por esses
meninos.
Talvez alguém diga: ”Um técnico de basquetebol não tem como alterar a vida dos
meninos de doze anos”. Errado! Alguns fazem isso: e são os técnicos que entendem que
estão ensinando as crianças a viver e que o basquete não passa de uma desculpa.
Enquanto isso, um número excessivo de professores diz com seus botões: ”Que
importância eu tenho? Os garotos não dão a mínima para a álgebra”. Claro que não! Se
você dá aulas na sexta série, a sua missão não é a álgebra. São as crianças. Se você é
um banqueiro, a sua missão não são os balanços, são as pessoas.
Há alguns anos fui escritor convidado na livraria Books and Co., em Dayton, Ohio.
Quando estava desenhando cartuns na loja, o pessoal me contou uma história romântica
sobre dois fregueses...
Um dia Rebecca Battles e Ray Cwikowski estavam examinando a seção de livros de auto-
ajuda para os que perderam um ente querido. Ambos haviam perdido o conjugue pouco
tempo antes. Começaram a conversar e resolveram ir juntos a uma sessão de
aconselhamento. E acabaram ficando amigos.
Alguns meses depois, Rebecca voltou à Books and Co. O vendedor lhe perguntou: ”A
senhora encontrou o que estava procurando?”. Rebecca disse: ”Encontrei mais do que
sonhava: não só o livro que estava procurando como também um noivo, tudo na mesma
sessão! Vamos nos casar no dia 15 de setembro”.
O pessoal da Books and Co. ficou tão entusiasmado que ofereceu a própria loja para a
festa de casamento! As estantes de livros foram deslocadas, alugaram-se mesas e
cadeiras, tudo foi decorado com flores e outros enfeites, e a seção de presentes se
converteu num restaurante.
Os proprietários, Annye e Joe, pararam de vender livros e puseram-se a servir o bolo de
casamento. Foi um acontecimento especial e comovente.
A Books and Co. é uma demonstração viva de que a alegria vem da combinação do
esforço com a imaginação. É uma questão de escolher estar envolvido e dizer: ”Eu posso
ajudar”. Teria sido muito mais fácil para Annye e Joe dizer: ”Este não é o nosso
departamento. Nós somos vendedores de livros. Não fazemos casamentos”.
Além de vender livros, a Books and Co. convida uma banda de jazz por semana,
promove leituras de poesia, oficinas e aulas de pescaria. Eles têm até um dia do animal
de estimação. No domingo anterior a minha visita, havia quinhentos cães na loja!
Não é o que a gente faz, mas como faz. Seja você proprietário de uma livraria, seja
construtor de barcos ou babá, pode fazer o que todo mundo faz ou usar um pouco de
31
imaginação.

EM POUCAS PALAVRAS
A alegria está em fazer o que você deve fazer - e um pouco mais, porque é a sua
escolha, não uma obrigação.

POUCO IMPORTA O QUE EU FAÇA, CONTANTO QUE FIQUE RICO E FAMOSO!


Em sânscrito, a palavra dharma significa ”o seu objetivo na vida”. Conforme a Lei de
Dharma, cada um de nós possui talentos únicos e está aqui para descobri-los. Quando
expressamos esses talentos, temos alegria. Segundo a lei, as possibilidades de descobrir
esses talentos aumentam quando perguntamos ”que eu posso dar?” em vez de ”que eu
posso receber?”.
Bill Gates é um dos homens mais ricos do mundo. Quando o ouvimos falar, fica evidente
que ele tem muito mais interesse pelo software que pelo dinheiro. Elvis Presley não se
propôs a fazer uma fortuna, propôs-se a fazer um disco. Ser rico não é um objetivo, é um
subproduto.

Quanto à fama, as pessoas mais famosas acham-na irritante e inconveniente. Para que
alguém há de querer legiões de desconhecidos tentando pular o muro do seu quintal?
Que graça há em ter cinqüenta fotógrafos do outro lado da rua apontando as
teleobjetivas para a janela do seu banheiro?

E SE TODO MUNDO FIZESSE O QUE GOSTASSE? QUEM PAVIMENTARIA AS


ESTRADAS?
Embora talvez não seja a vocação de todos, algumas pessoas adoram pavimentar
estradas... nenhum telefone tocando, ar livre, caminhões enormes, música country...
tem lá suas vantagens. Nosso vizinho, Wolfgang, é cirurgião. Recentemente, quando
estávamos saboreando um espaguete à bolonhesa, ele nos falou de uma hilariante
operação de hemorróidas que fizera naquela tarde. Ao tentar me imaginar operando o
traseiro de um paciente, eu pensei: ”Esse cara é um verdadeiro comediante!”. Depois
me dei conta de que Wolfie não estava brincando. Ele adora cortar as pessoas - e tem
paixão por boas hemorróidas. Quando Wolfie as descreve, elas ganham vida!
Diferentes pessoas gostam de fazer coisas diversas. Nós todos nos movemos em
direções diferentes e em passo diferente. Quando você começar a fazer o que gosta,
alguém virá ocupar o seu antigo lugar.

SE COMEÇARA FAZER O QUE GOSTO, EU TEREI MENOS PROBLEMAS?


Não! Sua missão na vida não é não ter problemas, é entusiasmar-se!
Sua melhor oportunidade de prosperar está em fazer o que você gosta. O amor é uma
energia. Tudo que a gente faz com amor está impregnado dessa ”energia de qualidade”,
e esse tipo de energia é mais passível de se transformar em dólares. Mas isso não
significa ausência de frustração ou de dor. Eu faço restrições a certos livros new age que
pintam tudo de cor-derosa. Sua mensagem é: ”Siga os seus sonhos e leve o dinheiro
para casa num carrinho de mão”.

EM POUCAS PALAVRAS
Fazer o que você gosta não é uma receita para uma vida mais fácil, é uma receita para
uma vida interessante. O mais provável é que você assuma maiores responsabilidades e
tenha mais problemas!

”SER FELIZ!”
Quando levei aos editores o manuscrito de meu primeiro livro, SER FELIZ!, eles
disseram: ”A última coisa de que o mundo precisa é de mais um manual de auto-ajuda”.
Também disseram que para escrever livros como SER FELIZ! era melhor que eu fosse
psiquiatra - sendo que um deles achou melhor que eu consultasse um psiquiatra!
Porém, após um ano e meio de rejeição, acabei encontrando a Media Masters, uma
editora de visão, em Cingapura. A Media Masters não tardou a me contar que o mercado
de livros era extremamente competitivo e que os jornais e a televisão tinham escasso
interesse por autores desconhecidos. Havia necessidade de uma estratégia.
Nós decidimos apresentar SER FELIZ! diretamente às pessoas. Quando lançamos o livro
em Cingapura, eu levei o cavalete e o microfone a quase todas as livrarias da cidade.
Desenhava meus cartuns, falava de minha filosofia e autografava os livros. Nos colégios
e nas universidades, dava palestras aos estudantes, e nas empresas, aos diretores.
Mantivemos esse plano até que SER FELIZ! entrasse na lista dos mais vendidos e
usamos a mesma estratégia na Malásia, depois na Austrália e assim por diante.
Eu passei seis anos viajando pelo mundo. Fiz conferências em lojas de departamentos e
em prisões, desenhei em mil shopping centers - meu livro seguinte devia ser Shopping
Malls of the World. Em geral, eu tinha prazer no projeto. Mas havia dias em que acordava
num quarto de hotel e pensava: ”Se eu entrar em mais uma livraria hoje, sou capaz de
vomitar!”.
Livraria por livraria, cidade por cidade, país por país, nós conseguimos levar SER FELIZ!
ao mercado internacional. E, aos poucos, os jornais e a televisão começaram a nos
convidar!
Não deixou de ser divertido. Nós fizemos toda uma turnê promocional na Austrália
durante uma greve das empresas de transporte aéreo. Na Nova Zelândia, mandaram-me
desenhar cartuns num programa de rádio!
Para lançar SER FELIZ! nos Estados Unidos, organizamos um coquetel para a mídia na
Embaixada da Austrália, na Quinta Avenida, em Manhattan. Mandamos convites para
praticamente todos os jornais, agências de notícias, estações de rádio e de televisão da
Costa Leste do país. Providenciamos comida e bebida para duzentas pessoas. Eu viajei a
Nova York para o lançamento no dia 20 de junho de 1990.
Pois no dia 20 de junho aconteceu de um sujeito chamado Nelson Mandella também
resolver viajar a Nova York. Quantos jornalistas acharam que o pobre Andrew era uma
notícia mais importante que Nelson Mandella? Nenhum.
Caso você já tenha tido um coquetel exclusivamente seu - só você e onze garçons -,
deve saber que o serviço é inesquecível.
As pessoas me perguntavam: ”Como você conseguiu vender um milhão de livros?”. E eu
dizia: ”Voei quase dois mil quilômetros, dei quinhentas palestras, mil entrevistas e perdi
a bagagem vinte e três vezes!”.
Esta história não trata de livros nem de negócios: trata de qualquer prójeto bem-
sucedido que você queira imaginar. A gente começa do jeito que pode. Faz tudo que
pode. É muito mais uma questão de esforço que de sorte.

PAIXÃO
Quando a gente se interessa pelo que faz, o entusiasmo é o que mais ajuda. Quando a
gente está apaixonada, não precisa da motivação de ninguém.
Se você abrir o ”restaurante dos seus sonhos” e ninguém aparecer por lá, tente novas
receitas, idéias e locações até que o estabelecimento fique lotado. Se lhe falta capital no
começo, leve o seu entusiasmo a alguém com mais dinheiro que você - e contará com
um sócio. Pode ser que tenha de passar por algumas frustrações - e alguns chefs - mas,
no fundo, você sabe que está avançando. Decerto é necessária muita determinação,
mas a sua paixão é o seu alicerce.
A vitalidade provém de um senso de propósito. Você tem o dever para consigo e para
com os demais de fazer aquilo que o entusiasma. Já existe muita gente morna no
mundo, que se queima sem nunca ter se aproximado do fogo.
Acompanhar o seu sonho não é nenhuma garantia de viagem fácil. A vida geralmente se
torna mais desafiadora, porém você embarca numa viagem exterior que começa numa
viagem interior. E tem oportunidade de florescer - de ver na verdade quem você é.

EM POUCAS PALAVRAS
Seja onde for, você não está plantando - você é um ser humano, não uma árvore!

QUAL É A SUA DESCULPA?


Pode ser que muita gente tenha lido este capítulo com certa irritação, pensando:
”Andrew, é fantástico fazer o que a gente gosta, mas você não conhece a minha
situação”.
Se você tem sonhos não realizados, examine as suas desculpas. Em geral nós não somos
muito sinceros conosco mesmos. Dizemos que as coisas são impossíveis quando na
verdade são muito inconvenientes.

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Mary diz: ”Eu adoraria estudar arqueologia, mas é claro que é impossível”. O que ela
realmente está querendo dizer é: ”para estudar arqueologia eu precisaria: a) obter a
qualificação necessária; b) trabalhar meio período como garçonete do Greasy Joe’s; c)
arranjar um empréstimo; d) parar de jantar fora durante quatro anos; d) todas as
anteriores”.
Ela decide que a arqueologia não vale tanto esforço. Na verdade, Mary diz: ”Se você
acha que eu vou me submeter a tudo isso, deve ter minhoca na cabeça!”.
Jim diz: ”Eu queria muito ter um apartamento meu. Aliás, faz vinte e três anos que ele
repete a mesma coisa. Mas o que está querendo dizer é: ”Eu queria muito ter um
apartamento meu se: a) não tivesse de economizar mais do que economizo; b) não
tivesse de trabalhar mais; c) não fosse obrigado a morar num bairro em que os
apartamentos são mais baratos”. E continua pagando aluguel.
Mary e Jim tomaram decisões compreensíveis, que não são nem certas nem erradas: até
aí tudo bem. Destrutivo seria eles fingirem que não têm escolha.
Quanta gente jura que é impossível mudar de carreira - até que um ataque cardíaco a
convence do contrário? Ou nós damos o tom, ou as circunstâncias ou os outros dão o
tom por nós. POR QUE ESPERAR QUE O MÉDICO VENHA NOS DIZER QUE TEMOS SÓ SEIS
MESES DE VIDA PARA COMEÇARMOS A FAZER O QUE REALMENTE GOSTAMOS NA VIDA?

E SE O MEU SONHO FOR IMPOSSÍVEL?


Os seres humanos fazem coisas incríveis. Pense em Roger Crawford, o americano que
nasceu só com uma perna e com dois braços sem mãos. E tornou-se um jogador de tênis
profissional. Quer dizer, ele adquiriu o status de profissional e ganhou a vida como
treinador de tênis. Você pode ler a história dele em seu livro Playing from the Heart. A
história de Roger nos obriga a olhar duas vezes para as nossas limitações.
Digital Dan, de Ferndale, Califórnia, foi carpinteiro até ficar com câncer na garganta,
quando lhe extraíram a laringe. Já não podendo falar, ele se tornou disc jockeyl Dan
digita as palavras num laptop, e o computador fala por ele!
Há um aspecto comum às pessoas que realizam seus sonhos: com freqüência elas
tiveram de percorrer um longo caminho. A gente encontra asmáticos graves que se
tornaram atletas e campeões, empresários bemsucedidos que estavam falidos. A gente
encontra mil histórias de imigrantes iletrados que se tornaram professores universitários
e diretores de grandes empresas.
Quando tudo parece estar contra nós, somos obrigados a desenvolver muita firmeza
mental para sobreviver. A força que desenvolvemos para sobreviver torna-se a nossa
arma secreta.

EM POUCAS PALAVRAS
Nós sempre temos escolha. Se você deixa de fazer uma coisa é porque está
concentrando sua energia em outra. A questão não é: ”Por que isso é impossível?”. A
questão é: ”O que eu não estou disposto a fazer?”.
Quando você diz: ”vou fazer isso, por mais difícil que seja”, a vida começa a lhe dar
apoio.

VII
DEUS NÃO VAI DESCER NUMA NUVEM E DIZER: ”AGORA VOCÊ ESTÁ
AUTORIZADO A TER SUCESSO!”.
Você mesmo tem de se autorizar.

CAPITULO 7
Começar!
A Coragem
Experimentando Coisas Novas
O Segredo do Poder
Por que Você Não?

COMEÇAR!
”O homem que sabe vive agindo, não pensando em agir.”
Carlos Castaneda
”Ninguém constrói uma reputação com base no que PRETENDE fazer”
Henry Ford
Nunca lhe aconteceu? Você está à escrivaninha - em casa ou no trabalho - e o telefone
toca. A pessoa lhe pede que anote um número. Você se desculpa e a faz esperar: ”Só
um minuto, vou procurar lápis e papel”. À procura do lápis, começa a remexer uma
infinidade de coisas inúteis na mesa... montes de receitas médicas, passagens de avião,
apólices de seguro, embalagens de pizza, lenços de papel, xícaras, jornais velhos.
”Desculpe a demora, eu tenho certeza de que há um lápis por aqui, só não sei onde...”
Põe-se a vasculhar as gavetas: encontra pilhas de lanterna, palitos de dentes, suportes
de bola de golfe, prospectos, fotografias de casamento, moedas de Hong Kong, lápis de
cor. Um lápis! Finalmente rabisca o número em verde-limão e desliga.
Você pensa com seus botões: ”Agora que achei estas apólices, vou aproveitar para
guardá-las numa pasta”. Arquiva as passagens na pasta ”viagem” e leva as xícaras para
a pia. Sem se dar conta, você continua... os elásticos vão para a primeira gaveta, as
listas telefônicas, para a estante, as embalagens de pizza, para o lixo. Chega até a
limpar a mancha de chocolate no telefone.
De repente lhe surge uma visão... ”Eu podia ter um escritório arrumado”. Uma sensação
se apodera de seu peito e você começa a planejar: ”vou organizar pastas novas, com
etiquetas de cores diferentes, vou arranjar um vaso especial para as canetas. vou até
passar a esvaziar o cesto de lixo uma vez por semana!”. Agora você está entregue a
uma missão maior que o próprio material de escritório. Está criando o local de trabalho
mais limpo do mundo! À meia-noite, já encontrou uma dúzia de lápis, mas que importa?
É tão divertido usar o aspirador de pó!
Este é o princípio da limpeza do escritório, o qual se aplica a qualquer coisa: redigir
relatórios, cavar canais, fazer a declaração de imposto de renda, lavar o carro. A gente
só fica entusiasmada com o que está fazendo depois de começar. É primeiro mergulhar
para então sentir a energia e o entusiasmo.
Muitas vezes nós cometemos o erro de dizer: ”Quando eu tiver energia, vou começar a
correr todas as manhãs!”. Não! Primeiro a gente começa. ”Quando me sentir mais
entusiasmado, eu faço a lição de casa.” Errado! ”Quando tiver energia, hei de inaugurar
o meu próprio negócio!” Nada disso!
A gente adquire energia e entusiasmo por uma atividade depois de começar. A energia é
o resultado do envolvimento. O segredo é começar.
Outra coisa quanto a começar... você nunca vai estar absolutamente pronto para nada!
Por exemplo: falar em público? Alguém chega a ficar cem por cento preparado para um
discurso? Não. Pouco importa quantas vezes reescreva a sua fala, pouco importa quanto
tempo passe estudando-a, a gente sempre acaba dizendo: ”Se eu tivesse um pouco
mais de tempo...” . E o casamento, então? Alguém está realmente pronto para subir ao
altar? Alguém está totalmente preparado para o que vem depois? Dificilmente. A gente
se prepara o melhor que pode, a seguir, respira fundo e mergulha de cabeça.
Fred diz: ”Eu só quero uma garantia de que não vou fracassar. Então, sim, posso
começar”. Não, Fred. É comprometer-se a fazer uma coisa, preparar-se da melhor
maneira possível e, então, começar sem todas as respostas, sem todas as garantias.

EM POUCAS PALAVRAS
A gente fica motivada quando está fazendo as coisas, não quando está falando nelas. É a
ação que entusiasma e revela a oportunidade. Trata-se de mergulhar de corpo e alma.

SERIEDADE
Todos os motivadores e psicólogos dizem que precisamos ”ter confiança em nós
mesmos”. Faz sentido. Mas antes que alguém possa ter confiança, precisa acreditar em
si mesmo.
Muitos são uma negação quando se trata de promessas e compromisso. Dizem que vão
fazer uma coisa e não fazem. Prometem ajuda e o e esquecem. Prometem pagar as
dívidas e saem do país! Depois não entendem por que sua vida não dá certo.
Só se comprometa com uma coisa se você tiver certeza de que vai cumprir. Se
necessário, limite as suas promessas e assuma menos compromissos, mas faça tudo que
disser que vai fazer. Gradualmente sua palavra será lei para você - só então passará a
acreditar de fato em si mesmo.
35
A CORAGEM
”A comodidade começa como escrava e termina como senhora.”
Khalil Gibran

Há quem componha canções falando em cantar na chuva, mas quando se molha põe-se
a resmungar. Muitos gostam de ver Indiana Jones chafurdando no pântano, com água
até os joelhos, em meio a cobras e lagartos - mas quando o ar-condicionado encrenca,
entram em parafuso. Se tivéssemos menos aventuras em nosso videocassete, talvez
procurássemos mais aventuras na vida cotidiana.
A idéia de ”comodidade” é excessivamente valorizada. Não falo em comodidade
”financeira” - falo em ”situações” cômodas. Boa parte do nosso estresse provém do
apego à comodidade... ”os aviões devem ser sempre pontuais, a carga de trabalho,
sempre confortável, o limite do cheque especial, sempre folgado”.
Comodidade demais acaba se tornando um tédio. Nosso cérebro fica mal-acostumado!
Quanto menos regras houver de como a vida deve ser e de como a gente deve se sentir,
tanto mais fácil será reagir ao que acontece.
Se você persegue um sonho, às vezes há de sentir certo desconforto - será rejeitado,
criticado, ficará sem dinheiro, exausto. Quando a adversidade cruzar o seu caminho,
encare-a como parte do processo. Fique fascinado. Interesse-se. Ache divertido. Veja
como é engraçado estar atrás da bola oito.
Mais uma coisa sobre a comodidade. Você vai notar que, com muita freqüência, a
coragem é mais bem recompensada que o QI: coisa que
95

”Levante e faça alguma coisa!”


frustra certas pessoas. Fred diz: ”Eu sou inteligentíssimo, tenho dois diplomas: e não
entendo como gente bem menos inteligente acaba arranjando emprego melhor e
ganhando mais!”. A regra é: a recompensa chega quando nós arriscamos a nossa
reputação ou o nosso dinheiro - ou as duas coisas.

EM POUCAS PALAVRAS
Coragem não é ausência de medo: ter coragem é agir apesar do medo. As pessoas que
não fazem nada da vida estão com tanto medo quanto as que assumem grandes riscos.
A diferença é apenas que o primeiro grupo teme coisas miúdas. Por que não temer algo
verdadeiramente grande?
** (acho que [e a 96)

”Só aprendestes as lições daqueles que vos admiraram e foram doces


convosco?
Não aprendestes as grandes lições dos que vos rejeitaram e contra vós se
ergueram?”
Walt Whitman
É tentador viver cercado de amigos e colegas que só dizem o que queremos ouvir.
Depois, quando as coisas vão por água abaixo, aparece alguém que diz: ”A culpa não é
sua!”. É bom contar com pessoas que nos desafiem - embora seja menos confortável.

AGÜENTAR FIRME
”Se você sente que está entrando em parafuso, provavelmente está.”
Chin Ning Chu
”Seguir o coração” não significa ser mole. O mundo é um lugar duro, e as leis da
natureza são severas. O cordeiro fraco é devorado pela raposa. As pessoas débeis
também acabam sendo devoradas! Quando você é fraco, as raposas o vêem como um
alvo fácil - você é escolhido e picado.
Um dia uma rã estava à beira do rio. Chegou um escorpião e pediu: ”Dona Rã, eu
gostaria de atravessar esse rio, mas, sendo escorpião, não sei nadar. A senhora teria a
bondade de me levar
nas costas até o outro lado?”
A rã disse: ”Mas você é um escorpião e os escorpiões picam
as rãs!”
E retrucou o escorpião: ”Por que eu a picaria? Preciso chegar ao
outro lado!”
”Está bem”, concordou a rã. ”Suba nas minhas costas, eu o levo”.
Eles estavam no meio do rio quando o escorpião cravou o ferrão na rã. Já agonizante, ela
perguntou num último suspiro:
”Por que você fez isso? Agora nós dois vamos morrer!”
”Porque eu sou escorpião”, respondeu o escorpião, ”e os escorpiões picam as rãs!”.
Cuidado com os escorpiões! Há muita gente por aí que não se importa de afogar-se
desde que consiga levá-lo para o fundo também.
Algumas pessoas devem ser evitadas. Às vezes a gente é obrigado a parar e lutar.
Quando é que você fica no seu lugar? Basta perguntar a si mesmo: ”O que eu sinto é
justo?” Então firme a sua posição: pouco importa que os outros gostem ou o achem
legal.
Você pode se desmilingüir para que todos gostem de você ou concordem com as suas
opiniões e, no fim, eles não gostam nem sabem quem você é.
Em última instância, nós só podemos depender de nossa orientação interna - em outras
palavras, seguir o nosso próprio coração.

EXPERIMENTANDO COISAS NOVAS


”Se você fizer o que sempre fez, obterá o que sempre obteve.”
Pergunte às pessoas ”corajosas” como tiveram peito de deixar um emprego, iniciar um
negócio, comprar um imóvel, mudar de país, fazer qualquer coisa nova, e você
descobrirá um procedimento comum.
Todas elas se perguntam: ”SE ACONTECESSE O PIOR, EU CONSEGUIRIA AGÜENTAR?” E a
resposta é: ”Sim”. Elas se expõem. É o segredo dos pequenos e dos grandes riscos: se
expor!
EXEMPLO: Ted está inseguro, não sabe se deve comprar um apartamento ou não. E
pergunta: ”Qual é a pior coisa que pode acontecer?”. Resposta: ”Eu posso ser demitido e
ver-me obrigado a vender o apartamento por menos do que vale. Posso perder minhas
economias e ter de começar tudo de novo”. E diz a si mesmo: ”Começar do zero seria
frustrante, mas eu daria um jeito”. E compra o imóvel.
EXEMPLO: lan quer pedir Jane em namoro. Pergunta a si mesmo: ”Qual é a pior coisa
que pode acontecer?”. Resposta: ”Ela pode jogar o refrigerante na minha cara”. lan,
então, diz: ”Eu estou acostumado com esse tipo de tratamento! vou falar com Jane!”.
EXEMPLO: Louise quer abandonar a faculdade de medicina para estudar arqueologia. E
pergunta: ”Qual é a pior coisa que pode acontecer?”. Resposta: ”Meu pai pode subir
pelas paredes, meus amigos podem me chamar de louca, pode ser que eu tenha de
estudar duas vezes mais”. E ela diz: ”Se acontecer o pior, eu sobrevivo”.

EM POUCAS PALAVRAS
Não é uma atitude negativa perguntar: ”Qual é a pior coisa que pode acontecer?” É um
modo de avaliar seu compromisso. Decomponha os seus temores em possibilidades
específicas, e arriscar torna-se mais divertido.

O SEGREDO DO PODER
”Quando um arqueiro atira em troca de nada, conta com toda a sua
habilidade.
Se atirar por uma fivela de latão fica nervoso... O prêmio o divide.
Ele se preocupa. Pensa mais em ganhar que em atirar - e a necessidade de
ganhar esgota-lhe o poder.”
Chuang Tzu
Se você já empunhou um taco de beisebol ou já chutou a gol, sabe que o esporte é mais
que um jogo. E também sabe por que tantos adultos - contadores, motoristas de
caminhão, neurocirurgiões, agentes de viagem - passam os fins de semana sob um sol
escaldante ou debaixo de uma chuva torrencial pra-ticando esporte. À mesa de pingue-
pongue, na quadra de peteca, nas pistas de esqui, a gente aprende muito sobre as leis
da vida. Mais do que diversão, o esporte nos ajuda a conhecer o nosso poder pessoal.
Algumas coisas que aprendemos...
Viver o momento presente. É bom pensar demais, mas sem stress. Você acerta todos
os pinos no boliche, faz a melhor jogada no beisebol ou marca um belo gol quando não

37
está preocupado com o placar. Quanto menos se preocupar com a vitória e com o que os
outros vão pensar, melhor será o seu desempenho.
Forçar as coisas nunca dá certo. O poder real aparece quando você está relaxado.
Tente dar uma tacada numa bola de golfe com força bruta! A gente é mais poderosa
quando não está tentando provar que tem poder! Isto também se aplica à administração
das pessoas.
Manter a calma. Ficar irritado nunca dá certo. Você já viu um golfista se irritar? Se isso
acontecer, ele some. E quando os pugilistas ou os pilotos de Fórmula I se enfezam?
Estão liquidados! Isso vale também para os pais e os professores.

Não odeie o adversário - melhore o seu desempenho! Odiar as pessoas e as coisas


esgota a sua energia e lhe distrai a mente do que você está fazendo.
Se você pensar que o mundo está contra você, ele estará. Culpar os outros não
dá certo. Se você decidir que tudo está dando errado - que o árbitro, os bandeirinhas, o
vento e a bola estão tentando arruinar a sua vida, não será outra coisa que vai
acontecer. Os atletas bem-sucedidos são como as demais pessoas eficientes: assumem
toda a responsabilidade. Não põem a culpa em ninguém.
Um desempenho extraordinário provém de um compromisso extraordinário. O
observador descuidado supõe que Michael Jordan ou Steffi Graf simplesmente nasceram
com um grande talento. Porém muita gente nasce bem dotada. Um exame mais detido
revela que os grandes atletas exigem mais de si mesmos que de qualquer outro.
No esporte e na vida, você deve se concentrar naquilo que quer. Quando você
pensa no que não quer que aconteça, por exemplo, um pênalti contra o seu time, que a
bola de golfe caia na lagoa, que o catcher derrube a bola de beisebol, acaba
acontecendo o pior! Por quê? Nossa mente trabalha com imagens. Você diz a si mesmo:
”A bola não pode bater na rede!”. E, com isso, forma a imagem mental da bola batendo
na rede. E diz consigo: ”Eu não quero isso!”. Sua mente cria justamente a imagem da
jogada errada. E passa a trabalhar com essa imagem, a única que ela tem: a da bola
batendo na rede. Você que faz acontecer!
O medo é um grande inimigo, não só no esporte como também nas entrevistas do
candidato a um emprego, nos discursos, em qualquer situação em que a gente queira
ter um bom desempenho. Quando você se concentra no que teme e cria essas imagens
de desastres na mente, está enveredando rumo ao desastre. Concentre-se naquilo que
você quer.

EM POUCAS PALAVRAS
Todas as crianças devem ter oportunidade de praticar esporte - não pelos troféus que
possam ganhar, mas pelas lições que aprendem. Uma delas: não importa onde você
começa, e sim como termina.

POR QUE VOCÊ NÃO?


Quando eu era menino, pensava que os de cima sabiam realmente que diabo
estava acontecendo... fossem cardeais, bispos, generais, fossem políticos ou
grandes empresários. Eles deviam saber. Pois bem, agora eu estou aqui em
cima e sei que não sabem nada.”
David Mahoney
Quando eu era menino, nós costumávamos visitar uns amigos da família, os Zerner. Lá
sempre havia refrigerante na geladeira. (Minha mãe dizia que era porque eles eram
ricos. Em casa, nós bebíamos água.) Por isso eu imaginava que quem tivesse
refrigerante em casa realmente estava ”por cima da carne-seca”. Pois um dia apareceu
uma garrafa na nossa geladeira. Só então eu percebi que o refrigerante não
transformava a gente num superstar.
Durante algum tempo acreditei que os homens de terno e gravata realmente estavam
”por cima da carne-seca”. Meu pai só vestia terno para ir a enterro, e para mim aquilo
não contava. Depois, pouco a pouco, acabei percebendo que um terno não transforma
ninguém num gênio. Quando eu tinha doze anos, queria ser primeiro-ministro da
Austrália. ”O primeiro-ministro deve saber tudo!” com o tempo, acabei descobrindo que
não era bem assim.
Antes de começar a escrever livros, eu pensava que os autores précisavam ter toda a
informação disponível. É possível que você tenha pensado a mesma coisa uma vez ou
outra - que existem especialistas capazes de todas as respostas. Não existem! As
pessoas bem-sucedidas não são super-homens. Elas têm um cérebro, dias de vinte e
quatro horas e geralmente dois braços e duas pernas. Desenvolveram aptidões e
disciplina e as levaram ao mercado. Você também pode desenvolver suas próprias
aptidoes e sua disciplina e levá-las ao mercado.

EM POUCAS PALAVRAS
Ninguém nasceu com autorização especial para ter sucesso. Deus não desce numa
nuvem para dizer: ”Agora é a sua vez!”. Ele não diz: ”Você pode”, ou ”Você não pode”.
VOCÊ PODE, SIM!

QUANDO O ALUNO ESTA PREPARADO


”Quando o aluno está preparado, o professor aparece.”
Quando você está absolutamente comprometido com mudar a vida ou atingir uma meta,
os meios capazes de ajudá-lo a chegar lá se apresentam: aparecem pessoas, os amigos
lhe emprestam livros, os anúncios ”saltam diante dos seus olhos”, você acaba estando
no lugar certo na hora certa...
O que eu estou dizendo, que você fica mais consciente das oportunidades ou que
literalmente atrai as oportunidades? As duas coisas.
Lembro que, no dia 19 de outubro de 1983, tomei a decisão de ser muito mais feliz do
que era antes de completar vinte e cinco anos, custasse o que custasse. Três dias
depois, sem nenhum motivo, sintonizei uma estação de rádio que nunca tinha escutado
e ouvi anunciarem um seminário. Participei desse curso, e ele foi decisivo na minha vida.
Minha experiência não é incomum: é a norma. A chave é o compromisso. Ter
compromisso não significa desejar uma coisa: compromisso é uma decisão íntima e
profunda de fazer o que for necessário.

EM POUCAS PALAVRAS
UMA VEZ QUE TENHAMOS TOMADO A DECISÃO DE FAZER UMA COISA, OS MEIOS
APARECEM. Podemos explicar esses momentos felizes como mera coincidência se
quisermos. Mas, com um pouco de observação, notamos que eles acontecem
regularmente.

VIII
QUANDO VOCÊ LUTA com A VIDA, A VIDA SEMPRE SAI GANHANDO
Se você quer mais paz interior, pare de rotular de ”bom” ou de ”ruim”
tudo que acontece.
’Eu não posso ajudar. Eu venho de uma família de angustiados.”

CAPITULO 8
A Sorte
Pensamentos
A Paz Interior
O Quadro Completo

A SORTE
Era uma vez um lavrador que tinha um filho e um cavalo. Certo dia o cavalo fugiu, e os
vizinhos foram consolá-lo, dizendo: ”Mas que azar o seu cavalo fugir!”.
E o velho respondeu: ”Quem há de saber se foi azar ou sorte?”.
”Claro que foi azar”, disseram os vizinhos.
Uma semana depois, o cavalo do lavrador voltou para casa acompanhado de vinte
cavalos selvagens. Os vizinhos foram comemorar, dizendo: ”Que sorte a sua! Seu cavalo
voltou com outros vinte!”.
E o velho respondeu: ”Quem há de saber se foi sorte ou azar?”.
No dia seguinte, o filho do lavrador, que estava cavalgando entre os cavalos selvagens,
caiu e quebrou a perna. Os vizinhos vieram consolá-lo, dizendo: ”Que azar!”.
E o homem respondeu: ”Quem sabe se foi azar ou sorte?”.
Alguns vizinhos se zangaram: ”Claro que foi azar, seu velho maluco!”.
Passada mais uma semana, o exército desembarcou na cidade a fim de recrutar moços
que fossem combater num país distante. com a perna quebrada, o filho do lavrador foi
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dispensado de ir à guerra. Todos os vizinhos foram cumprimentá-lo, dizendo: ”Que sorte,
o seu filho não foi recrutado!”.
E o velho disse: ”Quem há de saber?”.
Pode-se passar a vida inteira imaginando tudo. ”Isso é bom, aquilo é ruim...” Que tolice!
Nós pomos o rótulo ”desastre” nos acontecimentos tendo visto apenas um por cento do
quadro completo.
Enquanto acreditarmos que tudo há de sair errado, tudo continuará saindo errado.
Enquanto a gente passar o dia gritando e esperneando, nada poderá dar certo. Mas no
minuto em que você mudar de ponto de vista, tudo mudará.
Você não consegue lugar no avião e diz: ”É terrível. Eu estou com pres-
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Sa. Tem gente me esperando. Preciso ir nesse vôo”. Enquanto conservar esse padrão de
pensamento, as pessoas vão pisoteá-lo, derrubar café na sua roupa e extraviar a sua
bagagem. QUANDO VOCÊ LUTA com A VIDA, A VIDA SEMPRE SAI GANHANDO.
As coisas vão melhorar no minuto em que você disser: ”Não há acidentes em minha
vida. Eu estou onde devia estar”. Encontre-se com um velho amigo, faça uma nova
amizade, arranje tempo para ler um livro, e a vida começará a melhorar.
Adotar o ponto de vista lógico nem sempre funciona. Você se candidata a um emprego,
mas não consegue a colocação. E diz a si mesmo: ”Esse emprego era meu. Eu tinha as
qualificações e a experiência requeridas, agora minha vida está arruinada”, e fica
arrasado. Pode ficar uma semana arrasado se quiser, ou a vida inteira. Pode até explicar
o seu caso com uma lógica magnífica. A argumentação funcionará, mas sua vida não,
porque a vida não é lógica!
Se você quer mais paz, pare de rotular de bom ou ruim tudo que acontece! Em seu livro
The Frogship Perspective^, Dean Black cita duas histórias:
”Um astro do basquete de dezesseis anos que perde as duas pernas num acidente.”
”Um homem de meia-idade, cego desde que nasceu, que ganha a visão.
O jogador de basquetebol Curt Brinkman torna-se um extraordinário atleta de cadeira de
rodas. Ao ser entrevistado, diz: ”com ou sem pernas, eu estaria na situação em que me
encontro agora. Não sei como seria se tivesse minhas pernas... Mas sei o que fiz. E sei o
que quero fazer. E é interessantíssimo. É impossível que eu queira ver as coisas de outro
modo”.
Quanto ao homem de cinqüenta e dois anos, que teve a vista restaurada pelo bisturi de
um cirurgião... ”No tempo em que era cego, ele estava indo muito bem”, diz seu
psicólogo, Richard Gregory. ”Porém, quando finalmente começou a ver, seu excelente
desempenho anterior passou a parecer insignificante, e sua situação, quase absurda.”
O homem acha a faculdade de ver uma grande decepção e morre deprimido um ano
depois.

PENSAMENTOS
Em termos bem simples, nós temos duas maneiras de ver o mundo: O mundo é uma
desgraça. O mundo é bom do jeito que é.
”O MUNDO É UMA DESGRAÇA”
Custa muita energia achar defeito em tudo, torturar-se porque certas pessoas enganam
e roubam, porque algumas são preguiçosas, porque há as que comem e gastam demais,
porque uns vivem de caviar, outros de feijão. E o criticismo torna a gente infeliz
também.
Podemos apontar para os famintos de Calcutá e dizer: ”Está tudo errado”. Pode ser uma
desculpa para não fazer com que a nossa própria vida funcione. Se você for indiano - ou
morar em Calcutá e ajudar os indianos -, talvez a situação tenha um pouco mais de
sentido. Mas julgar a distância uma situação que não compreendemos plenamente é
inútil. Se você quer que seja diferente, se quer fazer alguma coisa, é outra história. Mas
atormentar-se não adianta. As Madres Teresas do mundo não se atormentam: elas
agem.
”O MUNDO É bom DO JEITO QUE É”
A segunda alternativa consiste em aceitar o mundo tal qual ele é. Você diz: ”O que prova
que o mundo é bom?”. O fato de ele ser como é! A Lua gira em torno da Terra, e a Terra
gira em torno do Sol, as rosas desabrocham, os passarinhos cantam, as pessoas se
casam... divorciam-se, os vizinhos brigam. Tudo faz parte do grande esquema das
coisas.
Dizer: ”As pessoas não deviam ficar doentes, as pessoas não deviam mentir” é o mesmo
que dizer: ”O Sol é grande demais!”. Ora, as coisas simplesmente são como são.
Mary diz: ”Eu só vou ser feliz quando houver paz no mundo”. Pode parecer nobre, mas
não é muito inteligente! É melhor ser feliz agora - e trabalhar para que haja mais paz no
seu cantinho do mundo. É pôssível aceitar o mundo como ele é e participar da
responsabilidade de melhorar as coisas.

SE NÃO FOSSE ISSO, EU SERIA FELIZ!


Um executivo aposentado me disse: ”Eu me preocupava com operações de milhões de
dólares. Agora fico estressado com janelas sujas e com a grama mal aparada!”. E
acrescentou: ”Agora que já não tenho grandes preocupações, fico agastado com
coisinhas sem importância”.
É verdade. Nós sempre achamos com que nos preocupar. Imagine que você esteja
fazendo uma viagem de avião de doze horas. Acaba de decolar e espera relaxar e até
dormir um pouco. E então se dá conta. O sujeito ao seu lado não pára de fungar, e o faz
com precisão cronométrica a cada seis segundos. Um, dois, três, quatro, cinco e funga,
um, dois, três, quatro, cinco e funga... ”Ah, não! Esse cara é uma máquina de fungar!”. E
você diz: ”Se não tivesse de aturar esse chato, eu seria bem mais feliz!”.
Você pega sua calculadora: ”Dez fungadas por minuto multiplicadas por... são sete mil e
duzentas fungadas até Frankfurt. Caramba, esta vai ser a pior noite da minha vida!”.
Até agora você não tinha reparado no bebê que ia dormindo na poltrona de trás. Mas
acontece que ele acaba de acordar e resolveu testar os pulmões. Crianças que choram
sem escala num vôo sem escala dificilmente passam despercebidas. É quando você diz
consigo: ”E eu que estava irritado com o ’fungador’! A falta de boas maneiras ainda dá
para tolerar, mas um bebê chorão? Não admira que eu esteja fulo da vida!”.
E justamente agora que as coisas pioram de verdade. De súbito, o seu Jumbo começa a
dar solavancos e mergulha em direção a terra. Você sente o sangue fugir do rosto e o
estômago subir-lhe à garganta. Todo mundo se põe a gritar. Enquanto pega o colete
salva-vidas, você propõe um trato a Deus: ”Salvai-me desta situação horrível, e eu
prometo nunca mais me irritar com os fungadores. Por mim, o bebê pode continuar aos
berros até a Europa”.
O avião se estabiliza e começa a subir. O comandante pede desculpás pela turbulência
inesperada. O bebê pára de chorar e o fungador pega no sono. Você recomeça as suas
palavras cruzadas em paz – e sabe o que acontece? O fungador se põe a roncar. ”Ah,
não! Se eu não tivesse de agüentar isso, seria bem mais feliz!”.
Assim é a vida. Nós temos uma ”hierarquia de preocupações” e coisas mais importantes
com que nos preocupar. com uma perna quebrada, ninguém dá a mínima para a dor de
cabeça: até que a perna sare. O marido que ronca nos irrita até que o quarto pegue
fogo.
Nesse caso, que fazer para ficar menos irritados? Nós reconhecemos que o estresse é
causado por normas de nossa própria cabeça. Basta abrandar algumas dessas normas
ou aboli-las totalmente para já não ficarmos contrariados quando o mundo real as
transgride.
Podemos tomar uma decisão consciente: ”Ninguém vai estragar o meu dia”. Fazemos
um pacto conosco mesmos: ”Nenhum bancário arrogante, nenhum marronzinho,
nenhum guarda de trânsito, nenhuma garçonete antipática há de estragar as minhas
vinte e quatro horas”. Lembramos que, no contexto dos acontecimentos do mundo, um
confronto com um funcionário público mal-educado não é tão dramático assim.

EM POUCAS PALAVRAS
Há alternativas para a irritação. É possível achar as coisas fascinantes ou divertidas.
Quanto menos forem as regras, quanto menos a gente quiser determinar como a vida
deve ser ou como
as outras pessoas devem se comportar, mais fácil será ser feliz.

SE EU SOUBESSE QUE HOJE IA SER UM DIA TÃO RUIM, TERIA


ME SENTIDO FELIZ ONTEM!
POR QUE EU DEVO APRENDERA CONTROLAR MEU PENSAMENTO?
Por duas razões:
• É impossível controlar o meio ambiente, o tempo ou a opinião que os outros têm a seu

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respeito. A única coisa sobre a qual você tem controle total - e a mais importante - é o
seu pensamento, são as suas idéias.
• As coisas externas não nos fazem felizes!
Eu digo: ”Se eu tivesse ’tal coisa’, seria feliz!”. Errado. Eu poderia ser feliz durante umas
vinte e quatro horas, depois acharia um motivo para reclamar... Eu rezo por um Porsche
novinho em folha, e ele cai do céu. E um verdadeiro êxtase. Mas basta dar um pulo ao
supermercado para que um garoto o amasse com o carrinho de compras... Agora eu
digo: ”Não vou ter sossego enquanto não pegar esse capeta!”.
Tente recordar um incidente da semana anterior que o deixou perturbado: você foi
desrespeitado no trânsito, a pessoa amada esqueceu o seu aniversário, bateram sua
carteira. Perceba que não foi o incidente que o perturbou, foram suas idéias sobre ele.
Você diz: ”Qualquer um ficaria irritado”. Errado. A maioria das pessoas. A gente passa a
vida sendo condicionada a ter certas idéias sobre as coisas. São essas idéias que nos
tornam infelizes - e nós podemos mudar nossa maneira de pensar.

EM POUCAS PALAVRAS
Você melhora a qualidade de vida trabalhando as suas idéias, e estas afetam os seus
sentimentos.

A PAZ INTERIOR
POR QUE EU QUERO PAZ?
Quase todo mundo admite que quer mais amor na vida, mas por que preocupar-se com
a paz interior? Porque AMOR E PAZ SÃO INSEPARÁVEIS. O amor não é uma emoção. O
amor não é ”pôssuir” uma namorada ou um namorado. Amar é experimentar sem julgar.
Quem procura amor encontra mais paz - e quem procura paz encontra mais amor.
Paz não é valium. . Paz é equilíbriu.
A primeira lição das artes marciais é o equilíbrio. No caratê, você aprende que o seu
poder depende do equilíbrio e de uma mente tranqüila. Se ficar demasiado excitado,
acaba se dando mal. Os golfistas conhecem a importância do equilíbrio. Em
determinadas situações, as tacadas furiosas não servem para nada. Em vez disso,
relaxe, sinta o seu poder, desanuvie a mente e pronto: tudo dá certo.
O equilíbrio - ou paz interior - é a nossa fonte de poder. Estar em paz não significa viver
feito um sonâmbulo! Estar em paz significa colaborar com as forças em vez de combatê-
las. Estar em paz significa ver o quadro mais amplo, não se prender a detalhes.
ASSIM QUE EU ACABAR DE PAGAR O CARRO, TEREI MAIS PAZ
Fred diz: ”Deixe-me cuidar das contas primeiro, depois eu procuro um pouco de paz”.
Parece bom teoricamente, mas os resultados em geral decepcionam. Simplesmente
porque a nossa principal missão na vida não é amortizar a hipoteca nem ampliar a
piscina.
A gente está aqui para se ajudar mutuamente. Por isso o universo oferece as seguintes
dicas:
• NÓS NOS SENTIMOS MAIS FELIZES QUANDO ESTAMOS AJUDANDO AS PESSOAS.
• SENTIMO-NOS MAIS SOZINHOS QUANDO O PRINCIPAL OBJETIVO É A NOSSA PRÓPRIA
SEGURANÇA.
E se você procura segurança absoluta nesta vida, escolheu o planeta errado.
Fred diz: ”Se conseguir comprar minha casinha num bairro elegante e fazer um pé-de-
meia para a aposentadoria, eu me sentirei seguro”. Claro, Fred. Vá dizer isso a um
ônibus descontrolado numa esquina! Sua única segurança está dentro de você mesmo -
em qualquer outro lugar, a segurança é um mito. Os bancos quebram, as empresas
desaparecem, os Jumbos caem.
Então, como lidar com a incerteza da vida? Aceitando-a. Gozando-a. Você diz: ”Boa parte
da alegria de estar aqui consiste em saber que tudo pode acontecer de uma hora para
outra”. E faz um acordo consigo mesmo: ”Aconteça o que acontecer, eu vou me virar”.
Encara o medo de frente, dizendo: ”Se minha casa pegar fogo, eu me mudo. Se eu for
demitido, arranjo outro emprego! Se for atropelado por um ônibus, acabou”. Fim da
história.
Não é conversa fiada. É realismo. A terra é um lugar perigoso. Muita gente morre aqui!
Isso não significa que se deva viver a vida feito um coelhinho medroso.

ENTÃO, COMO CONSEGUIR A PAZ INTERIOR?


Em parte, depende da atitude. Em parte, trata-se de desenvolver todos os dias o hábito
de relaxar a mente.
Você notará uma coisa nas pessoas que gozam de paz interior: todas têm uma disciplina
cotidiana para manter o equilíbrio. Muitas rezam, algumas meditam, há as que
caminham na praia ao amanhecer. Todas encontram um santuário e o silêncio. Entrando
em si mesmas, conseguem ver melhor o lado de fora.
Eu dirigi seminários de fim de semana durante quatro anos, dando aulas de relaxamento
mental e físico. Ficava admirado com as mudanças das pessoas que realmente
aprendiam a relaxar. Elas contavam: ”Minha dor de cabeça desapareceu”. ”Minha dor
nas costas sarou.” ”Os negócios prosperaram.” ”As crianças estão mais felizes.” ”Meu
marido está se comportando.” ”O meu golfe melhorou.” Em sua maioria, os participantes
não tinham feito ”nada”. Simplesmente deixaram acontecer.
No mundo ocidental, ensinam-nos a ”fazer” coisas. Eu não tenho nada contra isso. Mas
antes de começar afazer alguma coisa, precisamos parar de combater tudo. Nós somos
criados acreditando na luta. Aprendemos a forçar as coisas e a pressionar as pessoas.
Acabamos esgotados e pomos tudo a perder.
Eu aprendi isso da maneira mais difícil. Quando me dispus a ser retratista, decidi que
nada se interporia no meu caminho. Minha receita era ”pintar dez horas por dia, sete
dias por semana - e, se não bastasse, continuar pintando a noite inteira”. Pintei alguns
quadros péssimos. Exausto e frustrado, comecei a perceber que o desespero não
adiantava.
A vida continua sendo uma luta enquanto você teimar que ela é uma luta. Mas existe a
possibilidade de deixar as coisas se desdobrarem.
Um rapaz percorreu o Japão para visitar um grande mestre das artes marciais. Numa
audiência com Sinseh, ele disse: ”Eu quero ser o melhor do país. Quanto tempo vai
demorar?”.
E Sinseh respondeu: ”Dez anos”.
O estudante disse: ”Mestre, eu sou muito aplicado. vou trabalhar dia e noite. E agora?
Quanto tempo vai demorar?”.
E Sinseh respondeu: ”Vinte!”.

A CONSCIÊNCIA
A maioria das pessoas sabe quanto é difícil viver no presente, e boa parte do nosso
tempo se gasta na saudade do passado e no temor do futuro.
Viver o momento é como andar na corda bamba. A gente corre o perigo de cair, mas,
com a prática, consegue manter cada vez mais o equilíbrio. Eis três estratégias para
conservar a mente no presente:

• TOME TODO O TEMPO NECESSÁRIO PARA FAZER TUDO O QUE FAZ


Recuse-se a viver com pressa. Quando o nosso sistema de crença diz: ”Nunca dá
tempo”, adivinhe o que acontece? Nunca há de dar tempo. Corremos para não perder o
ônibus, corremos para tomar o elevador, almoçamos em meio a telefonemas.
Em qualquer atividade, diga a si mesmo: ”Enquanto eu estiver escrevendo esta carta
(passando esta camisa, levantando este peso), toda a minha atenção se concentrará no
que estou fazendo. Demore o tempo que demorar. Eu me recuso a ter pressa”.

• PRATIQUE A ”CONSCIÊNCIA CANINA”


Se levar seu cachorro para dar uma volta, você observará uma coisa: os cães reparam
em tudo... em cada planta, em cada flor, em cada tufo de capim, em cada hidrante. Pode
passar pelos mesmos lugares quantas vezes quiser, sempre será uma experiência nova
para ele. Os cachorros vivem no presente.
Ao praticar a ”consciência canina”, nós notamos que nossa mente geralmente está em
outro lugar. Tente comer uma refeição saboreando cada bocado. Converse com um
amigo ouvindo cada palavra. Escute uma música dando atenção a cada nota. Ao
passear, trate de ver cada árvore. Aos poucos você vai ficar bom nisso.
Os místicos sufistas dizem que nós nascemos dormindo, passamos a vida dormindo e
temos de morrer antes de acordar. Acho que estão se referindo a nossa consciência.
Quantas vezes a gente se entrega a uma atividade enquanto nossa mente sai para
almoçar?
Quanto mais tempo você puder ficar na corda bamba, melhor se torna a vida.
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POR QUE RELAXAR?
Em quase tudo que fazemos na vida estamos perseguindo resultados. Mas com o
relaxamento profundo, a meditação e a oração é diferente. Não é possível perseguir
resultados. A gente pode saber que há benefícios a longo prazo, mas a atenção tem de
estar concentrada no presente. O ato em si é o seu próprio resultado. Por uma vez que
seja, você não está tentando ”obter” uma coisa - está ”sendo”, não ”fazendo”.
Quando se pratica o relaxamento profundo durante algum tempo, a gente nota que a
qualidade da experiência de tranqüilidade se filtra na vida cotidiana. E se torna mais
relaxada e mais intuitiva. É como mergulhar a roupa em água perfumada - cada vez que
você fizer isso, um pouco mais do perfume a impregnará. Todos nós temos acesso a uma

FELIZ? E EU U TIVE TEMPO DE SER FELIZ?


voz interior - porém ela é extremamente sutil. Quando a vida é muito agitada e ruidosa,
não conseguimos ouvi-la. Quando silenciamos o que está acontecendo do lado de fora,
podemos ouvir o de dentro. Nossa intuição está sempre presente, mas quase nunca lhe
damos ouvidos.
As pesquisas confirmam que descansar a mente faz bem para a saúde. Numa delas, os
pesquisadores de duas universidades mundialmente famosas estudaram setenta e três
idosos residentes em asilos. Eles foram designados para a) nenhum tratamento ou b)
meditação diária. Passados quatro anos, tinha morrido um quarto dos que não
meditavam. Todos os que meditavam continuavam vivos.^
Em 1978, Robert Keith Wallace concluiu um estudo de dez anos sobre os meditadores,
avaliando sua idade biológica mediante três indicadores: a pressão sangüínea, a audição
e a visão de perto. Descobriu que os pacientes que haviam meditado cinco anos ou
menos eram em média cinco anos mais jovens biologicamente, ao passo que os que
meditaram durante mais de cinco anos eram em média doze anos mais jovens
biologicamente, ou seja, os de sessenta anos tinham corpo de quarenta e oito.
Quando tenho tempo para relaxar, meditar ou orar, eu acho que me sinto mais
equilibrado e controlado. Logo fico satisfeito e paro de rezar ou de meditar. Pouco a
pouco, a vida se torna mais estressante e eu me sinto frustrado. Começo a perder a
calma. Então retomo o meu regime diário de relaxamento, e a vida torna a abrandar-se.
Muita gente ocupada passa por esse ciclo. A moral é: ”Quem não tem tempo para
relaxar, precisa arranjar imediatamente”. Você pode pensar que a gente aprende - mas
não aprende.
Sem dúvida, o relaxamento nos dá uma sensação de bem-estar, porém há outros
benefícios. Atraímos pessoas em nossa vida que se sentem exatamente como nós.
Quando estamos em paz, atraímos gente pacífica e mais situações pacíficas. Os
zangados olham para os pacíficos e os acham um tanto peculiares - e vão procurar briga
em outra freguesia. Se você é relativamente pacífico e tem de lidar com pessoas
zangadas, em geral elas acabam seguindo a sua orientação e comportando-se muito
melhor!
Se precisar de ajuda para aprender uma técnica de relaxamento ou meditação, há
muitos livros e grupos capazes de ajudá-lo a desenvolver a disciplina que o atrair mais.

emergência
”Compre prata, venda ouro, marque meu vôo para Frankfurt e diga a
Henderson
que ele está despedido...”

DICAS DE RELAXAMENTO/MEDITAÇÃO:
• A CURA É UMA PRÁTICA DIÁRIA. Portanto, tente praticar todo dia à mesma hora. O
melhor é logo cedo, porque você evita distrações e se prepara para o dia.
• PRATIQUE SENTADO - deitado a gente acaba pegando no sono.
• SE NÃO TIVER TEMPO PARA RELAXAR, RELAXE ASSIM MÊSMO! A meditação lhe dá mais
tempo do que toma. Encare-a como ”régular-se” a si mesmo do mesmo modo como a
gente regula o motor de um carro: vinte minutos por dia a fim de melhorar a eficiência.

E QUANDO AS PESSOAS SÃO HORRÍVEIS...


Tente isso. Toda vez que você tiver uma discussão, problemas com o chefe, o marido, os
parentes, recolha-se. Sente-se a sós em silêncio. Relaxe. Sinta-se aceitando-os. Projete o
amor por eles de qualquer maneira imaginativa que você escolher. Mesmo que isso
pareça uma técnica new age radical demais para o seu gosto, tente. Não queira
compreendê-la - simplesmente use-a. Muita gente faz isso. Pode ser que você se
surpreenda com o resultado.

EM POUCAS PALAVRAS
Inicie cada dia com a intenção de ser equilibrado e pacífico. Algumas vezes, você vai
conseguir isso até a hora de dormir, outras, só até pouco depois do café da manhã. Se a
paz interior for a sua meta diária, você vai melhorar cada vez mais.

TRATE MELHOR DE SI MESMO


Você já reparou que pode andar um dia inteiro na floresta e sentir-se energizado - ou
passar uma manhã num shopping center e sentir-se como se tivesse sido atropelado por
um caminhão?
Tudo a nossa volta tem vibrações, seja a grama, o concreto, o plástico ou o poliéster.
Nós captamos essas vibrações. As florestas e os jardins têm vibrações benéficas:
renovam a energia. Os shoppings de concreto e os estacionamentos oferecem vibrações
diferentes: esgotam a nossa energia. As catedrais têm vibrações elevadas. Os
restaurantes sujos, com toalhas de mesa de plástico, são lugares de baixa energia. Os
bares esfumaçados e as boates de strip-tease também: eles o ”despem” da sua energia.
Não é preciso ser um gênio para perceber que a nossa saúde e os nossos sentimentos
são afetados pelas energias sutis do meio ambiente. Quando sua energia está alta, você
fica resistente à doença e ao mau humor das outras pessoas. Quando ela está baixa,
você atrai a depressão e a doença.

EM POUCAS PALAVRAS
Vale a pena ser seletivo quanto ao lugar aonde a gente leva o corpo. É melhor agüentar
a fome que comer em certos restaurantes, é melhor ficar em casa que dormir em certos
quartos de hotel. Guarde-se zelosamente e confie em sua intuição. Fique longe dos
lugares que o esgotam. Quando um lugar não parece bom, passe ao largo!

TENHA O SEU ESPAÇO!


Não é coincidência que muitas culturas de todo o mundo cultivam uma tradição de
respeito pelo tempo que as pessoas passam a sós. Durante a adolescência, os índios
americanos e os bushman africanos afastavam-se da aldeia e iam para o alto de uma
montanha ou para a selva a fim de encontrar a si mesmos.

Os grandes mestres, como Cristo, Buda e Maomé, iam buscar inspiração na solidão, e
assim fizeram os milhões de monges, místicos e ermitãos que seguiram seus passos.
Todos nós precisamos de um lugar sagrado, onde o telefone não toque, onde não haja
jornais nem relógios, onde seja possível esquecer o saldo bancário. Um canto do quarto,
um terraço ou um bosque. Qualquer deles poderá ser o nosso lugar de contemplação e
criação.

O QUADRO COMPLETO
”Quando tentamos isolar qualquer coisa, descobrimos que ela está ligada a
tudo o mais no universo.”
John Muir
Desde o século XVII a ciência vem adotando a postura newtoniana, ou seja, se quiser
compreender alguma coisa, você a decompõe para examinar as partes. Se continuar
sem entender, decomponha-a em partes menores... vá das moléculas aos átomos e
destes aos elétrons, aos quarks e bozons... e enfim entenderá o universo. Certo?

Pegue um poema de Wordsworth e experimente dividi-lo em preposições e pronomes; a


seguir, decomponha as palavras em letras. Acaso você o entendeu melhor? Analise a
Mona Lisa em termos de pinceladas.
A ciência fez milagres para nós, mas este é só um lado do espectro. A ciência disseca. O
intelecto separa as coisas. O coração as une.
Há perguntas para as quais a informação e a inteligência não têm resposta. Quando
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você analisa os seus amigos, perde de vista a sua beleza. Quando analisa e disseca o
universo, separa-se de si mesmo. Quando tem empatia, a gente vê um quadro maior e
se sente mais próximo. Sinta amor, e você estará instantaneamente conectado. Tudo no
cosmo está conectado. Quanto mais decompomos as coisas, mais perdemos sua
essência.

EM POUCAS PALAVRAS
O contrário da análise é a síntese. A saúde provém de olhar para as coisas como um
todo: olhar para o seu corpo como um todo, olhar para a humanidade como um todo

GRATIDÃO E PAZ DE ESPIRITO


Se a única oração que você fizer em toda a vida for ’obrigado’, é suficiente.”
Meister Eckhart
Suspenda por um momento todos os julgamentos de sua vida e das pessoas que dela
participam. Imagine-se despertando amanhã cedo e dizendo a Deus, a Alá, ao Grande
Espírito, a Jeová, a Jim ou seja lá como queira chamar o poder universal: ”Obrigado por
minha vida, por minha família, por meu lar, por meus amigos, por meu café da manhã e
obrigado por este novo dia”. Você não se sentiria mais satisfeito que de costume? E
antes que lhe ocorra dizer-me: ”Mas você nunca viu a minha família”, imagine que você
pudesse sentir-se agradecido no dia seguinte e no outro. Não acha que encontraria uma
serenidade extra?

Quase todos nós crescemos com a impressão de que não somos cem por cento. Logo
decidimos que nossa família, nossos amantes, nossos carros e nossos empregos não são
cem por cento. Prendemo-nos ao que falta. ”Se ao menos tivessem um pouco de
respeito por mim no trabalho, se ao menos eu tivesse um Mercedez Benz...”. Não admira
que achemos a paz interior tão esquiva!
Toda vez que nos sentimos agradecidos por alguma coisa, tornamo-nos mais pacíficos.
Toda vez que dizemos ”obrigado”, estamos afirmando: ”Eu aceito o que tenho e o lugar
onde me encontro. Estou aprendendo o que preciso aprender”.
A PAZ DE ESPÍRITO VEM DA CONCENTRAÇÃO NO QUE A GENTE TEM, NÃO NO QUE
FALTA. Aceitando a vida, nós vemos tudo nela que nos serve.

EM POUCAS PALAVRAS
Se você levar a sério a paz de espírito, em algum estágio precisará de um senso de
gratidão. Eis uma dica: se quiser ser agradecido, acorde agradecido. Quem diz ”quando
minha vida melhorar eu serei agradecido” nunca será.

E DEPOIS?
Num livro sobre o sentido da vida, a morte merece uma menção. A vida não pareceria
mais justa se nunca ninguém morresse? Então pelo menos nós poderíamos aprender
com os nossos erros! Como é possível aplicar um conhecimento recentemente adquirido,
ou seja, ”que é melhor evitar os ônibus que vêm em alta velocidade”, se você só foi
atropelado uma vez? Seria reconfortante ter provas de que aos setenta e cinco anos não
estaríamos no fim da linha.
Einstein é um exemplo animador quanto a isso. Ele demonstrou que a energia não se
cria nem se destrói. Portanto, quando você morrer, alguma coisa terá de acontecer com
o seu espírito. Claro, seus ossos podem fertilizar as margaridas, mas existe algo além
dos ossos e das cartilagens. Seu espírito deve ir a algum lugar!
As experiências extracorporais também sugerem algo mais... Mesmo que você não as
tenha tido, provavelmente conhece alguém que as teve. Tia Molly conta: ”Lá estava eu,
na mesa de operação, e de repente saí de meu corpo. Fiquei assistindo a minha própria
operação. Lembro-me de tudo que os médicos disseram - e você acredita que eles
estavam falando dos Chicago Bulls?”.
Você é mais que apenas um corpo! Que acontece com essa parte de você que não é o
seu corpo?
Tanto Einstein quanto Tia Molly dão peso à premissa segundo a qual a vida continua.
Einstein e o pensamento ocidental concordam em que ainda temos o que aprender
depois de bater as botas. Uma coisa é certa: já que não sabemos exatamente o que há
do outro lado, a morte é um incentivo para que gozemos a vida enquanto a temos. Um
sistema bastante inteligente, sem dúvida.
A pior atitude que se pode tomar é: ”Eu sofro nesta vida, mas o céu há de ser a minha
recompensa”. É um risco grande demais! Portanto é muito melhor dizer: ”Seja o que for
que me aguarda na eternidade, meu objetivo presente é fazer com que minha vida dê
certo aqui e agora!”.

EM POUCAS PALAVRAS
Parece razoável supor que qualquer qualidade e talento desenvolvidos nesta vida - o
amor, a determinação, a compaixão etc. - você os levará consigo. Portanto o melhor é
tratar de desenvolver-se ao potencial máximo aqui e agora - e esperar que o benefício
seja transferível!

IX
COMO AMAR AS PESSOAS?
BASTA ACEITÁ-LAS

Aceitação completa é amor incondicional.

CAPITULO 9
Por Que Estamos Aqui?
Perdoar
A Família
Amor e Medo

POR QUE ESTAMOS AQUI?


Imagine que você resolva participar de um concurso que apareceu numa embalagem de
flocos de milho e tenha de preencher o seguinte cupom: ”Responda em dez palavras ou
menos: ’QUAL É O OBJETIVO DA VIDA?’” Qual seria a sua resposta?
”Adquirir casa própria e abarrotá-la de produtos?”.
”Ganhar um milhão e ir morar nas Bermudas?”
”Tornar-me um grande campeão de golfe?”
Secretamente, todos nós sabemos que a vida é mais do que isso. Sabemos que EM
PRIMEIRO LUGAR VÊM AS PESSOAS - que os BMW e os sapatos Gucci não passam de
ornamento. Mas às vezes nos distraímos e passamos a prestar mais atenção aos
detalhes: o conjunto de móveis de couro, o home theater recém-lançado.
Qual é o tema de quase toda música e de quase todo filme? O amor. Quantas vezes é
necessário que uma tragédia venha nos lembrar de nossas verdadeiras prioridades?
Marianne Williamson fala nisso ao escrever sobre as pessoas no leito de morte. Nas
horas derradeiras, achando-se cercadas dos entes queridos, quantas vezes elas dizem:
”Ah, se eu tivesse ganho mais vinte mil dólares...?”. Os moribundos tendem a dizer aos
filhos: ”Cuidem bem da mamãe...”. Não recomendam: ”Cuidem bem do meu carro”. Ao
responder a pergunta: ”Por que estamos aqui?”, não faz sentido dizer: ”ESTAMOS AQUI
PARA APRENDER A NOS AMAR UNS AOS OUTROS”?
Já fizeram experiências em hospitais americanos, nas quais um grupo de recém-nascidos
é carregado e acariciado durante dez minutos três vezes por dia. O segundo grupo não
recebe carinho nenhum. O primeiro aumenta de peso duas vezes mais depressa que o
segundo. A ciência médica dá um nome comprido para esse tipo de tratamento.
Nós não precisamos de palavras científicas: estamos falando de amor. O fato é que sem
amor os bebês não crescem e sem amor os adultos sofrem exatamente do mesmo jeito.
Eu já perdi a conta dos homens crescidos que, de um modo ou de outro, me contaram:
”Tudo que eu queria era que meu pai me dissesse que estava orgulhoso de mim. Tudo
que eu queria na vida era que meu pai me dissesse que me amava”.
Falando francamente, quase tudo que fazemos é uma tentativa de receber mais amor.
Cada pessoa que passa na rua, cada um que entra em seu escritório, anseia por amor e
aceitação - e alguns cometem verdadeiras loucuras para consegui-los.
Por que nos preocupamos com isso? Porque, para fazer com que a vida realmente dê
certo, precisamos saber por que estamos aqui. Se você não concorda que a nossa
prioridade número um é amar-nos uns aos outros, pode ser chamado a esclarecer o que
é mais importante para você, o que não deixa de ser um passo útil.
Se concorda, tem a possibilidade de avaliar tudo quanto faz sob o critério: ”Se eu fizer

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’tal coisa’, ela trará mais amor a minha vida e à vida de meus familiares, de meus
amigos e vizinhos?”.
Para amar não precisamos beijar cada um que conhecemos. Para amar não temos de
distribuir tigelas de arroz no Terceiro Mundo. Basta julgar menos as pessoas. Basta
permitir-lhes que vistam o que queiram vestir, que vivam como queiram viver e que
sejam o que são sem receber a nossa crítica.

PERDOAR
”Perdão é o perfume que a violeta deixa no sapato que a pisou.”
Mark Twain
Eis o que acontece. Nós criamos regras em nossa cabeça sobre como as pessoas devem
se comportar. Quando elas transgridem essas regras, ficamos ressentidos. Ficar
ressentido com alguém que transgrediu as nossas regras é simplesmente absurdo.
A maioria das pessoas cresce acreditando que pode punir os outros recusando-se a
perdoá-los, ou seja: ”Se eu não o perdoar, você sofre”. Na verdade, sou eu que sofro. Eu
que fico com um peso no estômago, eu que perco o sono.
Da próxima vez que estiver magoado com alguém, feche os olhos e experimente os seus
sentimentos. Experimente o seu corpo. Culpar os outros torna você infeliz.
As pessoas fazem o que fazem sabendo o que sabem. O fato de você torná-las culpadas
não muda nada: só serve para arruinar a sua própria vida.

TERAPIA DE CASAL
’Como você agüenta viver com essa besta?”
As coisas são como são. Se um furacão inunda o seu porão, acaso você diz: ”Nunca hei
de perdoar o mau tempo?”. Se uma gaivota faz cocô em sua cabeça, você fica magoado
com as gaivotas? Então por que ficar magoado com as pessoas? Nós não podemos
controlá-las mais do que controlamos as tempestades e os pássaros. O universo não
trabalha com a culpa e a censura: isso é coisa que nós inventamos.
Falando em perdoar, o primeiro passo no sentido de fazer com que sua vida dê certo
consiste em perdoar os pais. Claro que eles não eram perfeitos. Mas, quando você era
criança, seu pai e sua mãe não contavam com os tantos livros de psicologia popular
sobre a ”paternidade bem-sucedida” e tinham muitas outras coisas com que se
preocupar além da sua criação! Seja qual for o erro que eles hajam cometido, são águas
passadas. Toda vez que você se recusar a perdoar sua mãe estará dando um voto para
estragar sua própria vida.

A DOR É INEVITÁVEL, O SOFRIMENTO É UMA ESCOLHA


Você diz: ”E se alguém me fizer uma coisa terrível? Devo perdoá-lo?”
Eu tenho um amigo chamado Sandy McGregor. Em janeiro de 1987, um esquizofrênico
entrou em sua casa com uma arma de fogo e matou suas três filhas adolescentes. A
tragédia fez Sandy descer a um inferno pessoal de dor e ódio. Pouca gente consegue
imaginar o que esse homem sofreu.
com o tempo e a ajuda dos amigos, ele concluiu que a única chance que lhe restava de
continuar vivendo era abrir mão do ódio que o consumia e procurar perdoar o assassino.
Atualmente, Sandy vive ajudando os outros a perdoar e a ter paz de espírito. Sua
experiência prova que é humanamente possível abandonar os rancores mesmo nas mais
horrendas circunstâncias. Sandy também pode lhe dizer que abandonou o ódio em
benefício próprio e em favor de sua própria sobrevivência.
Eu noto que as pessoas que tiveram experiências como a de Sandy se dividem grosso
modo em dois grupos. O primeiro permanece prisioneiro do próprio ódio e da amargura.
O segundo consegue chegar a um grau extraordinariamente profundo de compaixão.
Os fatos que nos transformam raramente são os que teríamos escolhido. Como disse
alguém, nós nunca queremos passar pelo que precisamos passar para nos tornarmos o
que queremos nos tornar. De sofrimento, doença, solidão e desespero... todos nós
recebemos a nossa cota. Após toda perda importante, há sempre um processo de luto.
Mas, por fim, a questão é saber se a experiência o tornou mais duro ou mais mole.
Para nós que enfrentamos desafios menores que o de Sandy, a escolha é a mesma.
”Você quer que a sua vida continue e dê certo, não?”

EU TENHO DE ME AMAR (OU PELO MENOS DE GOSTAR DE MIM)?


Tem, sim! Quem não gosta de si mesmo sofre como o diabo!
Não são muitos os que se sentem bem com a idéia de gostar de si mesmos. Em
compensação, esperam que seus parceiros os amem! Não é esquisito? Dizer ”Eu não
consigo me amar” e depois ficar bravo com a esposa porque ela não o ama?
Obviamente, para ter um relacionamento sadio, a gente precisa gostar/amar a si
mesmo.
Não se pode dar a ninguém aquilo que não se tem. Ninguém consegue aceitar os outros
como são enquanto não se aceitar como é. Quando estamos atônitos com os nossos
próprios defeitos, procuramos esses defeitos nas outras pessoas na esperança de que
isso nos faça sentir melhor. E os encontramos, mas não nos sentimos melhor.
Enquanto estivermos concentrados em nossos próprios defeitos, o mundo continuará nos
punindo, e nós continuaremos nos punindo. Fãzemos isso com a saúde ruim, com a
pobreza, com a solidão. Enquanto não gostarmos de nós mesmos, o mundo não há de
gostar. E depois culpamos o mundo.

QUE SIGNIFICA AMAR A MIM MESMO?


Na sua forma mais simples, amar a si mesmo significa perdoar-se. Significa admitir que
até agora você viveu sua vida da melhor maneira que pôde. Pare de se ver como
culpado. Esqueça a perfeição e busque o aperfeiçoamento.
Perdoe os próprios erros e você há de começar a perdoar automaticamente os demais
pelos mesmos erros. As pessoas refletem o que nós somos. Se prestarmos atenção,
estamos sempre recebendo mensagens que nos mostram o quanto precisamos crescer.
A solução está sempre em nós mesmos.
Pelo bem de nossos filhos nós temos de nos aceitar. As crianças seguem o seu exemplo.
Se você for implacável consigo, elas serão implacáveis com elas mesmas - e implacáveis
com você também!

EM POUCAS PALAVRAS
Quando nós nos perdoamos, paramos de criticar os outros.

QUE SIGNIFICA ”AMAR O PRÓXIMO”?


”O amor cura duas pessoas, a que o dá e a que o recebe.”
Karl Menninger
Eu acredito que amar o próximo significa:
• Não julgá-lo.
• Não rotulá-lo.
• Não esperar nada dele.

Isso resulta numa estratégia extremamente prática, que pode nos poupar de muita
frustração e decepção. Como a maioria dos princípios espirituais, é também um
excelente conselho psicológico.
Nós tendemos a dizer: ”Se eu entendesse por que Frank é tão arrogante, talvez
conseguisse até amá-lo”. Se fizermos a escolha de amar Frank, vamos começar por
entendê-lo. O perdão e o amor são exatamente a mesma coisa. Por isso é muito mais
fácil amar os bebês - porque os percebemos como inocentes.
Sempre que escolhemos ver amor numa situação, estamos progredindo: porque é
impossível amar e ter ressentimento pelas pessoas ao mesmo tempo!

EM POUCAS PALAVRAS
Você ama Á alguém? Tente substituir a palavra amar por aceitar. Aceitação total é
amor incondicional.

A FAMÍLIA
”POR QUE TEMOS FAMÍLIA?”
As famílias foram inventadas para nos ensinar o amor incondicional. Nós podemos deixar
os colegas no escritório e os amigos no bar. Mas com a família é diferente. Estamos
presos a essa gente que sabe apertar todos os nossos botões - e temos de aprender a
amá-la de qualquer jeito.
Na família, aprendemos a apreciar as pessoas independentemente de sua aparência ou
do que elas podem fazer por nós. Aprendemos a amar por dentro. Na história The
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Velveteen Rabbit, o Skin Horse parece estar falando em amor incondicional:
Real não é a maneira como a você efeito. E uma coisa que acontece. Quando uma
criança o ama durante muito tempo, não se limita a brincar com você, mas o AMA de
verdade, e então você se torna Real... Não acontece de uma hora para outra. É uma
transformação. Demora bastante. Por isso não costuma acontecer com gente que se
separa facilmente ou é cheia de arestas ou precisa ser tratada com todo cuidado. Em
geral, no momento em que você chega a ser Real, boa parte do seu cabelo já caiu de
tanto amor, e seus olhos já não enxergam tão bem e suas juntas estão frouxas e
trêmulas. Mas essas coisas não têm a menor importância. Porque, quando a gente é
Real, não pode ser feia, a não ser para as pessoas que não entendem nada.

CONSIDERAR A FAMÍLIA COISA GARANTIDA


Não é engraçado? A gente costuma tratar muito melhor os estranhos que vêm jantar em
casa do que os próprios familiares! Você já recebeu visita? Passa dois dias pondo a
mesa: os talheres de prata, a melhor louça, e serve frutos do mar, morango com
chantilly, champanha francesa - depois não volta a se encontrar com essas pessoas.
Na semana seguinte, mamãe e papai vão visitá-lo - e você lhes serve o resto. Nós somos
mais corteses com gente que mal conhecemos! Talvez devêssemos fazer o contrário de
vez em quando: guardar a lagosta para mamãe e papai.
Só nos últimos anos de sua vida eu aprendi a abraçar meu pai. A exemplo de muitos pais
e filhos, deixei de abraçar o meu quando tinha uns oito anos de idade. Queria ser ”viril”.
Demorei outros vinte anos para aprender que os homens de verdade podem mostrar
afeto.
Sendo escritor, de vez em quando vejo meu rosto na televisão e nos jornais. Descobri
que as manchetes de domingo são o lixo de segundafeira.
A pergunta que faço a mim mesmo é: ”O que eu significo para aquelês que realmente
me conhecem e dependem de mim: minha família, meus amigos íntimos? Eles podem
contar comigo? Eu sou confiável, carinhoso e decente?”. Isso é o que importa.

APOIAR O PARCEIRO
Há duas maneiras de ter um relacionamento: uma é como uma equipe, a outra,
como uma competição.
Fred deveria chegar em casa às seis da tarde e já está duas horas atrasado. Mary não
consegue conter a preocupação. ”Que aconteceu ao meu Fred?”. Às oito e quinze, ele
aparece. Vendo-o perfeitamente bem e tranqüilo, ela grita como que para dizer: ”Para
chegar em casa a esta hora, você podia pelo menos ter sofrido um acidente!”.
Fred se põe a gritar, e Mary adota o temível castigo do silêncio. Em breve eles já não se
falam.
Ao se deitar, Mary encontra um bilhete no travesseiro: ”Preciso chegar mais cedo ao
escritório. Acorde-me às sete”. Fred desperta às nove e meia e dá com outro bilhete no
travesseiro: ”São sete horas. Acorde!”.
Em quantos casais um não se dedica a fazer o outro de idiota?
Eu recomendo o trabalho em equipe. Tenho a sorte de contar com uma parceira que
passa a vida ajudando-me e estimulando-me. Peço conselho a Julie em cada página que
escrevo e em tudo que faço. Sem o seu apoio, eu não estaria fazendo o que faço. Quanto
mais nos unimos, é impressionante a freqüência com que os garçons e os comissários de
bordo nos perguntam: ”Vocês estão em lua-de-mel?”. O que é um grande elogio para
nós.
Duas pessoas que resolveram viver juntas precisam se apoiar mutuamente. Se você não
é capaz de apoiar o seu parceiro, é melhor começar a examinar por que está nessa
relação.

AMOR E MEDO
A Course in Miracles indica que existem dois estados de espírito principais: o amor e o
medo. Sugere que o medo seja a fonte de nossas emoções negativas. É um conceito
simples e belo e um ponto de partida útil para examinar os nossos sentimentos.
Jane diz: ”Quando fico zangada é porque estou com raiva! Não com medo!”. Vejamos.
Seu marido Bill chega em casa cheirando a álcool e perfume. Jane fica furiosa. Grita com
ele e se põe a quebrar os pratos na cozinha. Na verdade está se comportando assim por
medo. Medo de que ele já não goste dela, medo de perdê-lo e medo dos fios de cabelo
louros e compridos que achou em seu paletó! Quando ficamos zangados, estamos com
medo.
Jim anda muito preocupado com a hipoteca. E diz: ”Ora, quando eu fico preocupado, fico
preocupado”. Estar ”preocupado” é sinônimo de estar com ”medo”. Como a gente
poderia se preocupar com uma coisa de que não tem medo? Quando você está
preocupado, está com medo.
Quem for procurar por trás da raiva, do ciúme, da preocupação, da depressão, sempre
acaba achando o medo. Mas que utilidade tem esse conceito amor/medo? Ajuda-nos a
ser mais sinceros conosco mesmos. Nós descobrimos que geralmente não ficamos
contrariados pelos motivos que imaginamos.
Se eu quiser eliminar os meus temores, preciso admitir que eles existem. Enquanto
insistir em dizer: ”É falta de consideração você me fazer ficar com ciúme”, eu não saio
do lugar. Só quando conseguir perguntar a mim mesmo: ”Por que fico com medo quando
você conversa com desconhecidos bonitões?” é que vou começar a sair do lugar. Porque
terei reconhecido os meus medos, não os seus erros. Admitindo os meus medos, tenho a
possibilidade de superá-los.
Reconhecer os nossos erros ajuda-nos a explicar nossos sentimentos às pessoas que
amamos:
”Querida, o motivo por que me zanguei é o medo. Eu tenho medo de que, se você
comprar essa roupa de três mil dólares, nós passemos um ano sem comer”.
”Eu brigo quando você chega tarde em casa porque fico com medo de que tenha
acontecido alguma coisa na estrada. Se o perder, eu não sei o que fazer da vida. Tenho
muito medo.”
Quando reconhecemos os nossos temores, paramos de acreditar que os outros estão
errados. Essencialmente dizemos: ”Quero que você saiba que eu estou com medo. Não
estou dizendo que a culpa é sua”.
Quando aceitamos que já não temos de ser perfeitos e passamos a explicar os nossos
sentimentos em termos de medo, a pessoa que amamos reage. Admitir a
vulnerabilidade é melhor que gritar e xingar.
Você diz: ”Mas se o amor e o medo são as duas emoções mais importantes, não significa
que muita gente tem medo?”. Pode apostar que sim! Muita gente morre de medo: medo
de parecer bobo ou de ser gordo, medo de perder o emprego, medo de ficar sem jeito ou
de perder dinheiro, medo de ser roubado, medo de envelhecer, medo de ficar sozinho,
medo de viver e medo de morrer. É por isso que se comete tanta loucura!
Que faz essa gente sentir-se melhor? Ser amada.

SUA MISSÃO NA VIDA NÃO É MUDAR O MUNDO SUA MISSÃO


MUDAR A SI MESMO
Não há soluções ”externas”, só há soluções ”internas”.

51
CAPITULO 10
Quando Você Muda... Você Não Está Sozinho!

QUANDO VOCÊ MUDA...


”Quando estiver doente e cansado de ser doente e cansado, você mudará.”
Você já reparou que há dias, na via expressa, em que todo mundo parece estar tentando
matá-lo? Toda vez que você sai de casa zangado, parece que os outros querem atropelá-
lo na estrada! Quando sai do escritório morto de raiva, as pessoas abusam de você no
metrô. A recíproca também é verdadeira. Como o mundo fica diferente quando a gente
está apaixonado!
O mundo é um espelho - o que a gente sente por dentro recebe do lado de fora -, razão
pela qual VOCÊ NÃO PODE CONSERTAR A VIDA TRABALHANDO DO LADO DE FORA. Se as
pessoas na rua são hostis, não adianta mudar de calçada! Se ninguém o respeita no
trabalho, trocar de emprego não resolve!
Quase todos nós aprendemos as coisas ao avesso! Aprendemos: ”Se não gosta de seu
trabalho, mude de emprego. Se não gosta de sua vida, mude de vida”. Às vezes é
conveniente mudar de emprego ou de parceiro. Mas, se a gente não mudar também,
arrisca repetir tudo.
O capitão Gerald Coffee foi prisioneiro de guerra no Vietnã durante sete anos. Refletindo
sobre suas mudanças de atitude, ele disse: ”No começo, eu pedia a Deus que mudasse
minha situação - Senhor, devolvei-me os cinco minutos anteriores a minha captura, e eu
fujo para qualquer lugar... Senhor, por favor, fazei com que os americanos ganhem e me
tirem daqui. com o tempo”, prosseguiu ele, ”as minhas orações mudaram... Eu passei a
pedir para me tornar uma pessoa melhor, para conseguir não só agüentar como até
beneficiar-me com a experiência de prisioneiro de guerra”. Suas preces se alteraram: de
”mudai a minha situação” passaram a ”mudai-me a mim”. Ele havia descoberto um
princípio fundamental e, a partir desse momento, começou a ver um sentido em suas
circunstâncias.
Seja qual for a situação em que nos encontremos, estamos nela porque temos lições a
aprender. É por isso que estamos aqui! Não tem o menor sentido pedir a Deus que a
nossa situação se altere. Enquanto não mudarmos, nós continuaremos precisando dessa
situação!
Se Mary está lutando no casamento, precisa mudar. Ela diz: ”Senhor, se mudásseis o
meu marido Fred, eu seria tão feliz!”. Errado! Fred está ressentido com Mary e se recusa
a mudar. Mary pede o divórcio. No ano seguinte estará dizendo: ”Senhor, se mudásseis
meu marido Chuck...”.
Quando nós dizemos: ”Deus meu, por favor, mudai minha situação e poupai-me do
trabalho de mudar a mim mesmo”, demonstramos uma falta de entendimento. O pedido
precisa ser ”Mudai-me, mudai minhas idéias sobre isso”. Quando se altera a nossa
maneira de encarar as circunstâncias, as circunstâncias se alteram.
Isso tudo não parece um tanto new age e tolo? Vejamos as coisas à luz da física. Há
trezentos anos, Newton proclamou que todos os objetos têm uma realidade definida e
imutável. Porém, hoje, a física quântica e o princípio da incerteza de Heisenberg
apresentam um quadro diferente, ou seja, a natureza de uma coisa na verdade é
alterada pelo observador!
Que significa isso para você na vida cotidiana? Que a física confirma o que os mestres
espirituais sempre ensinaram: que uma coisa, uma situação, é transformada pelo
observador. À medida que você muda de maneira de pensar, sua vida muda. Consertar a
vida é um trabalho interior. Não é preciso esperar que ninguém fique de acordo. Quando
a gente se mexe, o mundo se mexe. Na mesma medida em que você muda, os outros
protagonistas de sua vida mudam - ou são substituídos por novos protagonistas.
Enquanto eles ajudam a lhe ensinar as suas lições, você os ajuda a dar as deles.

EM POUCAS PALAVRAS
Nos relacionamentos: TRABALHAR EM SI MESMO FUNCIONA, TENTAR MUDAR OS OUTROS
NÃO FUNCIONA.

O MUNDO NÃO PRECISA MUDAR...


Você já ficou doente e experimentou sair pela primeira vez depois de semanas de cama?
Não é delicioso simplesmente ver o céu, as árvores, a relva? Não é maravilhoso
reencontrar os velhos amigos depois de cinco anos? A vida se torna subitamente mais
rica, mas não porque o mundo mudou. A gente é que mudou. A alegria vem de uma
visão nova.
A felicidade não exige que ninguém absorva uma coisa nova, e sim que abra mão de
uma velha: das idéias que não servem para nada. Passar a vida inventariando os
defeitos alheios - ”Fulana é muito gorda, sicrano é narigudo, beltrano tem a boca grande
demais” - é o tipo de coisa que interfere em sua paz de espírito. Claro, isso pode até dar
uma ilusão de superioridade, mas estaremos afirmando a nós mesmos que o mundo e as
pessoas não são lá grande coisa.
Ao escolher aceitar os outros com seus defeitos e tudo, você tem um sentimento
inteiramente diferente com relação ao mundo e ao lugar que ocupa nele. É um grande
alívio.
Como fazer isso? Qualquer um pode preferir estar na companhia desta ou daquela
pessoa, mas isso não torna as demais ”erradas”. Você pode preferir esta ou aquela
situação, mas não precisa ver tudo como certo ou errado.
Basta reconhecer que o seu objetivo maior é a paz interior para decidir ver as coisas de
modo diferente.
Fred diz: ”Mas a minha família me condicionou a me concentrar no negativo!”. Tudo
bem. A maturidade é o momento na vida em que nós assumimos a responsabilidade de
nossos pensamentos e ações. Agora que você está a cargo de sua mente, Fred, pode
mudá-la.
Olhe para a beleza daqueles que o cercam e você poderá encontrar muito mais dentro
de si mesmo. VEMOS AS PESSOAS NÃO COMO ELAS SÃO, MAS COMO NÓS SOMOS.
NOSSA EXPERIÊNCIA DO MUNDO NA VERDADE SOMOS NÓS EXPERIMENTANDO A NÓS
MESMOS. Se você não gosta do que está vendo, pôr a culpa no espelho não resolve.

EM POUCAS PALAVRAS
Para se consertar: TRABALHAR EM SI MESMO FUNCIONA, TENTAR MUDAR O MUNDO
NÃO.

VOCÊ NÃO ESTA SOZINHO!


”Quando conhecer uma pessoa, lembre-se, é um encontro sagrado. Ao vê-la, você está
se vendo. A maneira como a trata é a maneira como vai se tratar a si mesmo. Nunca se
esqueça disso, pois nessa pessoa você há de se encontrar ou de se perder.”
A Course of Miracles
O universo é um milagre maior do que somos capazes de imaginar. É tão
maravilhosamente planejado que a qualquer momento todos recebemos as lições de que
necessitamos dos outros participantes de nossa vida.
Os mestres espirituais ensinaram que somos todos um - que o seu crescimento é o meu
crescimento, que a sua dor é a minha dor. Ensinaram que, em certo nível, nós todos
estamos ligados. É um conceito difícil de entender. Mas não serve de explicação para o
fato de que quando mudamos todo mundo também muda?
Carl Jung deu nome a esse fenômeno de as circunstâncias ”coincidirem com nossas
necessidades”. Ele cunhou o termo ”sincronia”. E o descreveu como ”a ocorrência
simultânea de dois fatos significativos mas não casualmente ligados”.
Se aceitarmos a idéia de sincronia:
• NOSSA VIDA PASSA A TER SENTIDO
• TODOS OS ACONTECIMENTOS E TODAS AS PESSOAS NELA PASSAM A TER SENTIDO
• JÁ NÃO NOS SENTIMOS VÍTIMAS
Pense nisso. Se você fosse criar um universo, não preferiria dar às pessoas a
oportunidade de melhorar sua situação melhorando-se a si mesmas em vez de tê-las
todas como vítimas?
Você pode dizer: ”Puxa, tem de ser mesmo um milagre e tanto para que seis bilhões de
pessoas estejam sempre no lugar certo e na hora certa a fim de receber lições umas das
outras”. É assombroso, sem dúvida, mas não menos o fato de bilhões de células
diferentes colaborarem entre si no corpo humano.
Claro, há razões para resistir à idéia de sincronia e de nossas conexões com o todo.
Enquanto nos mantivermos separados, será fácil culpar os outros. Em compensação, ao
admitir que estamos conectados, somos obrigados a assumir maior responsabilidade por
nós mesmos e pelos outros.

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Mas é isso que eu noto: as pessoas felizes e eficientes tendem a aceitar o conceito de
”unidade”. Elas vêem cada fato da vida com um feedback significativo. Esperam que as
circunstâncias se sincronizem em seu favor. As pessoas de grande desempenho rejeitam
a idéia de que a vida seja uma loteria.

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