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Palavras-chave:
Desenvolvimento
Referência Bibliográfica:
Magda Soares
e a cartilha é um tipo de leitura tão bom, por que não há uma entre os livros de
sua estante?" A pergunta, feita pela alfabetizadora Mariá Ferreira dos Santos a um
pai que não concordava com a substituição do tradicional livro didático por textos
variados, o deixou sem resposta. Parcialmente vencido, ele deu um voto de
confiança à professora da Escola Estadual Almirante Barroso, em São Paulo.
Meses depois, totalmente rendido, parabenizou-a agradecido por ter alfabetizado
a filha tão rapidamente. Quando a história aconteceu, Mariá estava estreando
essa metodologia de trabalho, mas já tinha plena consciência de que não basta
ensinar os códigos de leitura e escrita, como relacionar os sons às letras. É
preciso tornar os estudantes capazes de compreender o significado dessa
aprendizagem, para usá-la no dia-a-dia de forma a atender às exigências da
própria sociedade. Em outras palavras, promover o letramento.
Nos dias de hoje, em que as sociedades do mundo inteiro estão cada vez mais
centradas na escrita, ser alfabetizado, isto é, saber ler eescrever, tem se revelado
condição insuficiente para responder adequadamente às demandas
contemporâneas. É preciso ir além da simples aquisição do código escrito, é
preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-se da função social
dessas duas práticas; é preciso letrar-se. O conceito de letramento, embora ainda
não registrado nos dicionários brasileiros, tem seu aflorar devido à insuficiência
reconhecida do conceito de alfabetização. E, ainda que não mencionado, já está
presente na escola, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino
e reformulação dos modos de ensinar, como constata a professora Magda Becker
Soares, que, há anos, vem se debruçando sobre esse conceito e sua prática.
(ELIANE BARDANACHVILI)
- Por quê?
- Como o conceito de letramento, mesmo sem que se utilize este termo, vem
sendo levado à prática?
- De que forma?
- Em qualquer disciplina?
- Muitos pais reclamam do fato de, hoje, os grandes textos de literatura, nos livros
didáticos, darem lugar a letras de música, rótulos de produtos, bulas de remédio.
O que essa ênfase nos textos do dia-a-dia tem de positivo e o que teria de
negativo?
- Como deve ser a preparação do professor para que ele "letre"? Em que esse
preparo difere daquele que o professor recebe hoje?
meire@ufc.br
A tarefa que me coube nessa mesa foi a de falar sobre como construir um
pacto pela alfabetização e educação de jovens e adultos ao longo da vida. A
construção de um pacto não é uma tarefa complicada, uma vez que pacto,
significa contrato, convenção, acordo. Todavia, cabe dizer que um pacto enseja
também a idéia de concessão. Já que, em certa medida, alguém precisa ceder, ou
arcar com o ônus da empreitada.
O que estou querendo dizer é que qualquer pacto que venha a ser
construído deve levar em conta um cronograma viável para a erradicação total do
analfabetismo. Seja esse programa de dez ou de quinze anos. É preciso delimitar
um tempo para que essa agenda se cumpra.
O que estou chamando de uso funcional da escrita diz respeito tanto quanto
à habilidade no uso desta modalidade de linguagem, para ler e escrever, de
acordo com as exigências da sociedade em que o indivíduo está inserido, quanto
como em relação à quantidade e qualidade de material impresso que circula entre
os indivíduos dessas sociedades.
Mas afinal, quando uma pessoa pode ser considerada alfabetizada, quais
os critérios para esta avaliação?
Ser capaz de julgar para que lê e escreve é tarefa das mais complicadas,
principalmente porque nos obriga a analisar com criticidade o processo de
letramento por que passam as sociedades, processo esse que não é discreto mas
constitui um continuum que, de certa forma, nunca está concluído, em decorrência
principalmente das transformações tecnológicas e sociais que as sociedades vão
sofrendo.