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Alma nua: O desnudamento da alma, através de uma abordagem psicoteológica do Sermão do Monte
Alma nua: O desnudamento da alma, através de uma abordagem psicoteológica do Sermão do Monte
Alma nua: O desnudamento da alma, através de uma abordagem psicoteológica do Sermão do Monte
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Alma nua: O desnudamento da alma, através de uma abordagem psicoteológica do Sermão do Monte

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Alma nua tem a pretensão de tratar o Sermão do Monte como a "Constituição do Reino de Deus" e explica-lo a partir das bem-aventuranças, transformando cada uma delas em princípios. O objetivo é ajudar cada leitor a detectar os males da alma que se alojam nos cantos escuros da personalidade. Uma terapia de Deus para os males da alma. Para os que desejam ser curados na alma, o texto é óleo puro, pronto para a unção das feridas. Para os pastores e líderes interessados em subsídios pastorais, o texto é "uma carta do céu". Para todos, uma estaca segura que aponta a essência da fé em Cristo e o Cristo da fé.
LanguagePortuguês
Release dateMar 18, 2021
ISBN9786589767053
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    Alma nua - Ivênio dos Santos

    vivemos.

    Capítulo 1

    O EVANGELHO DO REINO

    (A PORTA DO REINO)

    Percorria Jesus toda a Galiléia ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino…. (Mt 4.23)

    Seguramente, todos os que estão lendo este livro, devem conhecer um número bem grande de diferentes religiões. São tantos os nomes e alguns tão esquisitos, que ficamos a pensar que a questão religiosa mais se parece com um mercado, onde se encontra de tudo, a gosto do freguês.

    No entanto pretendo demonstrar, através deste texto, que só existem e, sempre, só existiu, de Adão até hoje, duas religiões no mundo, e que todos os diferentes grupos enquadram-se numa de duas diferentes filosofias religiosas.

    Quero apresentar-lhes assim o âmago das Escrituras. Não irei tratar das questões periféricas, mas ir ao coração da verdade bíblica. A palavra evangelho significa boa notícia. A boa notícia que temos a dar a todas as pessoas é que, através da vida, morte e ressurreição de Jesus, abriu-se a oportunidade do ser humano colocar-se novamente debaixo do governo de Deus. Esta foi a definição dada para Evangelho pelo Congresso de Lausanne, na Suíça, em 1974, quando as principais lideranças da Igreja Evangélica no mundo debruçaram-se sobre a caminhada da Igreja Reformada. Este é o Evangelho do Reino, ou seja, do governo de Jesus sobre todas as áreas da vida.

    Ao falarmos em Reino de Deus, não estamos pensando em termos escatológicos ou futurísticos¹, quando então o Reino se consolidará plenamente sobre a terra e a sociedade humana, por ocasião da segunda vinda de Jesus, mas no Reino que já foi inaugurado na sua primeira vinda² - o Reino que Ele veio plantar dentro de nós. Portanto, quando falamos em Reino de Deus, estamos pensando no Reino que já chegou. Todos os que se submetem ao governo de Jesus tornam-se súditos desse Reino.

    Quando Deus criou o homem Ele o criou com três partes. Vida física, vida mental e vida espiritual³. Alguns advogam que alma e espírito aparecem nas Escrituras como sinônimos⁴. Usarei a tricotomia mais por uma questão didática do que propriamente teológica, para demonstrar o que foi que morreu na queda do homem.

    Em Gênesis 1.26 e 27 está registrado que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. O que vem a ser essa imagem e semelhança? Teria Deus um corpo parecido com o do homem? Isto não é possível, pois o próprio Jesus afirmou que Deus é Espírito⁵. Por isso Deus não pode estar confinado num corpo que o limitaria no espaço. Ele é Onipresente.

    O que vem a ser, portanto, essa imagem e semelhança? Um dos principais atributos do homem, que o assemelha a Deus, é a sua Liberdade. Deus desejou criar um ser livre que correspondesse a Ele. Existem outros aspectos dessa imagem e semelhança, tais como: Pessoalidade (Deus é um ser pessoal e não uma força impessoal), Moralidade (Deus tem valores morais), Vontade (Deus tem uma vontade que é sempre boa, perfeita e agradável⁶, Consciência (Deus é um ser que tem consciência de Si), Comunicação verbalizada (Deus é um ser que se comunica), etc.

    Algumas pessoas às vezes perguntam, como se estivessem fazendo uma grande descoberta: Se Deus é tão sábio, poderoso e bom, por que Ele não criou o homem só para o bem?

    Imaginemos o homem criado com apenas um caminho para trilhar. Eu pergunto: Ele seria livre? Quem gostaria de casar-se com uma pessoa maravilhosa, mas que tivesse debaixo da sua blusa vários botões para ser programada? Um robô perfeito que ninguém jamais poderia imaginar ser uma máquina. E ali está ela para ser programada a fim de corresponder a todas as expectativas do noivo. Será que teria sentido casar-se com uma máquina?

    Deus poderia ter criado um boneco assim, que Lhe repetisse o dia inteiro: Eu te amo, eu te amo, eu te amo…

    Na realidade Ele seria um grande tolo brincando com bonecos perfeitos. Como fator obrigatório, de querer um ser semelhante a Si, Deus tinha que dar a esse ser a possibilidade de escolher, mesmo sabendo que não O escolheriam.

    O que torna uma pessoa livre é a possibilidade de escolher. Os homens distinguem-se basicamente dos animais por esta característica. Os animais agem por instinto, uma espécie de programação, enquanto que nós, seres humanos, fazemos escolhas continuamente. Ao colocar o primeiro casal ali no Éden, Deus confrontou-os com uma escolha: Obedecer-lhe ou não. Qual foi o fator escolha? Aquela árvore colocada no meio do jardim. A árvore do conhecimento do bem e do mal.

    Muita gente pensa que o relato de Gênesis é um tanto fantasioso. Tais pessoas simplesmente não atinaram para a singularidade do que estava acontecendo ali. Aquela árvore era um teste. Era o fator obrigatório de Deus querer um ser livre que correspondesse a Ele livremente. O fruto proibido não tem nada a ver com sexo, como geralmente se pensa na teologia popular. Às vezes mostra-se uma maçã mordida com a insinuação que o pecado original tenha sido o ato sexual. Deus já havia ordenado ao casal para crescer e multiplicar-se, e, obviamente, ninguém iria nascer dependurado como fruto de uma árvore.

    A ordem de Deus ao homem foi muito clara: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás"⁷.

    Isto nos revela a existência de uma liberdade, mas uma liberdade com responsabilidade. E ali, naquele paraíso, no pleno uso de suas faculdades mentais, aquele primeiro casal disse não a Deus.

    Ao comer do fruto estavam dizendo: Não queremos o teu governo sobre nossas vidas. Queremos ser os donos do nosso próprio nariz.

    Mas aí cometeram um sério e terrível engano, pois o homem não é um ser absolutamente livre. Ele é livre tão somente para escolher uma dependência. Em outras palavras, o homem é livre para escolher quem vai governá-lo. O homem só seria um ser absolutamente livre, se tivesse o controle de todas as circunstâncias. No entanto sabemos que somos finitos e dependentes. Nenhum de nós tem qualquer garantia de que viveremos mais um dia sequer. Portanto, se somos assim dependentes, não somos livres. Eu pergunto: O Brasil é um país livre? Logicamente que não, pois devemos até as meias. E, quem deve é escravo⁸. Mas num certo sentido somos livres. Somos livres para escolher a quem dever. Isto ilustra perfeitamente a situação do ser humano. O homem é livre tão-somente para escolher uma dependência.

    Portanto, ali no Éden, ao dizer não para Deus, o homem estava dizendo sim para alguém. Para quem ele estava dizendo sim? A quem estava ele se submetendo? A Palavra de Deus afirma com todas as letras que o homem estava colocando-se debaixo do jugo do tirano Satanás⁹. E, ao comer daquele fruto o homem morreu. Ele não morreu nem física, nem mentalmente. Não caiu um raio sobre a sua cabeça aniquilando-o por completo. Em que sentido então ele morreu? Ele morreu espiritualmente. Ele foi cortado da vida de Deus. Aquela árvore pode ser chamada também de árvore da autonomia. Ao comer daquele fruto o homem estava desligando-se de Deus, e isto é morte.

    Como via de conseqüência todos nós nascemos mortos. Não nascemos como Adão, e tivemos uma árvore pela frente, pois já nascemos cortados da vida de Deus. Nascemos separados de Deus, e, no dizer do apóstolo Paulo aos Efésios, nascemos mortos¹⁰.

    Agora pasmem com as palavras de Jesus em João 8.44. É importante perceber que Jesus está tendo um diálogo com gente boa da sociedade. Gente honesta que pagava as suas contas, que tinha boa reputação, que eram bons pais de família. Em outras palavras, gente honrada. Ouçamos as palavras contundentes de Jesus: Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.

    Jesus não dirigiu essas palavras a bandidos e prostitutas. Ele dirigiu-as a gente comum, como nós, que vivemos de forma honrada. Portanto essas palavras de Jesus não diziam respeito apenas àqueles com quem falava, mas a todas as pessoas que já viveram até hoje. Isto inclui a você e a mim. Isto é muito diferente daquilo que as pessoas naturalmente pensam. É corrente entre as pessoas, que todo mundo é filho de Deus, e que todos nascem do lado de Deus. Só os facínoras e desclassificados é que são alinhados com Satanás. No entanto Jesus contesta claramente esta idéia popular, e coloca todos os seres humanos na posição de filhos do Diabo, submetidos assim ao seu governo tirano. Este é o problema crucial da humanidade caída. A história da humanidade é, de fato, a história de uma dominação maligna sobre a raça humana.

    Quero destacar agora a importância da palavra religião. Vem do latim religare, que significa religar. Portanto a palavra religião traz implícita a idéia de que o homem estava ligado a Deus, mas agora, depois de sua rebelião, ele foi desligado. Religião tem por objetivo promover essa religação. São centenas e talvez milhares os nomes das religiões, mas pretendo defender a seguinte tese: O homem nasce neste mundo espiritualmente morto ou separado de Deus, existindo apenas duas religiões ou duas filosofias religiosas que procuram apresentar uma solução para o problema.

    Para ilustrar este fato imaginemos a seguinte cena: Um rio muito largo e traiçoeiro que nunca foi vencido por ninguém. Carlos, medalha de ouro em nado livre nas Olimpíadas aceita o desafio de atravessá-lo, querendo com isto entrar para o livro dos recordes. No dia marcado está ali, à beira do rio, uma verdadeira multidão de repórteres de várias partes do mundo, por ser Carlos o grande campeão mundial. O pai de Carlos leva um barco a motor, bem possante, e fica da margem torcendo pelo filho. No momento aprazado Carlos começa a travessia, com muita segurança, debaixo do aplauso de todos. Mas em chegando bem no meio da travessia algo inusitado lhe acontece: começa a sentir terríveis câimbras nos braços e nas pernas. Quem já teve câimbras sabe o que isto significa. Os músculos embolam-se produzindo uma dor lancinante que impede uma livre movimentação. Agora imaginemos Carlos com câimbras nos braços e nas pernas dentro de um abismo de águas. Em outras palavras ele está morto. Ele começa a afundar em desespero. E é neste momento de desespero que ouve os gritos de seu pai lá da margem:

    - Meu filho não se afogue, bata as pernas e os braços, coragem!

    Será que os conselhos de seu pai irão ajudá-lo de alguma maneira? Parece-me que não. Pelo contrário, irão deixá-lo mais desesperado ainda. Os conselhos do pai levam-no a entrar em maior pânico, pois percebe que seu pai está esperando que ele consiga salvar a si mesmo, e ele sabe que as pernas não lhe valem para nada nem tampouco os braços. O único recurso que lhe resta é a voz pra gritar:

    - Socorro meu pai!

    O que ele está esperando que o pai faça? Que pegue a sua possante lancha e venha em seu socorro. E o pai faz exatamente isto, retirando-o da morte certa, colocando-o dentro do barco.

    Carlos está salvo e agora chegam em terra firme. Repórteres de todos os lados querendo saber o que aconteceu. Será que Carlos vai sair todo orgulhoso dizendo:

    - Eu sou o maior nadador do mundo, eu me salvei!

    Seria esta a sua postura? Certamente que não. Penso que ele sairia muito humilde afirmando:

    - Gente, eu estava morto, meu pai me salvou!

    Aqui está a diferença entre a religião de Deus e a religião dos homens. A religião dos homens é ilustrada pelo pai, lá da margem, dando conselhos para o filho, esperando que ele salvasse a si mesmo. É por isso chamada também de auto-soterismo, que ensina ser a salvação uma conquista do próprio homem. Existem muitos grupos que se intitulam cristãos, e que esposam esta filosofia. Para esses, Jesus não é Salvador, mas exemplo a ser seguido. Salvador é o próprio homem

    Agora eu lhe pergunto: Se você estivesse morrendo afogado, numa situação como a que foi descrita você precisaria que um grande nadador pulasse na água e começasse a lhe dizer: Olhe para mim, veja como eu faço, siga o meu exemplo!

    Naquele momento você estaria precisando de um exemplo ou de um salvador? Antes de Jesus ser nosso exemplo Ele veio para ser o nosso Salvador.

    O que é crer em Jesus? Não é meramente acreditar na sua existência. Apanhemos uma cadeira. Quando eu estou de pé todo o meu corpo está apoiado nas minhas pernas, mas quando me assento na cadeira, todo o meu peso passa para a cadeira e, então, eu posso descansar. Agora suponhamos que eu não confie na cadeira, e apenas finja estar sentado, continuando a sustentar todo o meu peso. Aparentemente estou sentado, mas as minhas pernas sentem a tensão do esforço de estar segurando o meu peso, de uma forma ainda mais desconfortável.

    Existem muitas pessoas que crêem em Jesus assim. Na realidade aparentam ser boas pessoas, que se dizem possuidoras de muita fé, mas quando se verifica, a fé dos tais é em si mesmos. Olha, eu sou uma boa pessoa! Eu não desejo mal nem para uma formiga! Eu só me apego com Deus! Eu faço o melhor que posso!

    Qual é o centro de confiança dessas pessoas? Elas próprias. Estão confiadas nas próprias pernas, isto é, na sua integridade, na sua bondade, na sua justiça. Foi para esses que Jesus declarou: "… pois não vim chamar justos (ou seja, aqueles que pensam ser justos)¹¹ e sim pecadores [ao arrependimento]"¹².

    Esta é a filosofia básica da religião dos homens. O homem é o seu próprio salvador. A salvação é o fruto de suas boas obras. Não existe perdão de pecados. A tese esposada é: aqui se faz aqui se paga. É a chamada: Lei do Karma. Daí a necessidade das reencarnações ou de purgar-se os pecados num determinado lugar. Conseqüentemente aqueles que assim pensam nunca podem usufruir a segurança da salvação, pois nunca fizeram o suficiente. Estão confiados nas próprias pernas e não podem assim experimentar o descanso n’aquele que veio para levar sobre si todos os nossos fardos.

    E a religião de Deus? Eis a verdade central das Escrituras. Nunca é o homem que se volta para Deus para buscá-lo, mas é sempre Deus quem busca o homem. Esta é a gloriosa verdade que permeia toda a Bíblia: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna¹³.

    Jesus é a lancha de Deus. Jesus é Deus que veio aqui, porque o homem jamais poderia ir para Ele. O homem está com câimbras nas pernas e nos braços. No dizer de Paulo aos Efésios 2.1 … mortos nos vossos delitos e pecados….

    Deus não ficou do Céu gritando ao homem: Seja bom, seja honesto! Faça o melhor possível! Faça boas obras! Faça penitências! Faça tudo o que puder para chegar aqui.

    Jesus não está no cimo de uma escada bem íngreme dizendo: Se você quer a salvação, então se esforce para subir cada degrau. O primeiro degrau é o domínio do seu gênio, o segundo, o domínio dos seus desejos carnais, o terceiro, a vitória sobre o seu egoísmo, e assim, centenas de degraus estão à sua frente, vá subindo até estar preparado para chegar a mim. São muitos os degraus, mas se você esforçar-se bastante, quem sabe um dia, daqui a milhares de anos, você estará apto. Agora, se você tropeçar e falhar terá que começar tudo de novo.

    Qual é a gloriosa notícia que temos a dar a todos aos homens? É que Deus tornou-se acessível ao maior pecador. Ele não está lá no topo de uma escada, mas ao rés-do-chão chamando os pecadores: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve¹⁴.

    Jesus é o pai, na parábola do nadador, vindo em direção do homem para tirá-lo da morte. A religião de Deus é a religião do perdão comprado na cruz por Jesus. É a verdade bíblica de que ao homem era impossível redimir-se e então Deus o redimiu do jugo do tirano Satanás.

    Agora, há um detalhe muito importante: A vinda de Jesus não salvou automaticamente todas as pessoas. A vinda de Jesus para morrer naquela cruz é o sim de Deus ao homem. A semelhança de um casamento. O celebrante dirige-se ao noivo e pergunta:

    - João, você aceita Maria para ser sua esposa, para amá-la, ser-lhe fiel em todo o tempo, etc, etc?

    - Sim! Responde João.

    Será que o celebrante contentar-se-á apenas com o sim do noivo? Será que declará-los-á casados sem dirigir-se à noiva? Se ele assim fizesse, qual seria a reação natural da noiva?

    - O senhor não vai perguntar pra mim? Eu sou uma pessoa e não um objeto!

    Isto mostra-nos que o sim do noivo não consuma o casamento. De igual maneira a morte de Jesus é o sim de Deus ao ser humano. Ele, o noivo, já disse sim. Ele é a Árvore da Vida diante da qual, agora, nos encontramos numa situação contrária à de Adão e Eva. Eles nasceram no sim, na comunhão com Deus e disseram-Lhe não. Nós já nascemos no não. Nascemos mortos espiritualmente. Nascemos cortados da vida de Deus. Nascemos debaixo do jugo satânico. E agora estamos diante do amor de Deus revelado em Cristo Jesus. Estamos agora diante da Cruz. A Cruz é a Árvore da Vida. E diante dessa outra árvore nós temos que responder a uma célebre pergunta:

    - Que farei de Jesus?

    Esta pergunta foi feita pela primeira vez por Pôncio Pilatos quando os judeus lhe trouxeram Jesus para que ele o condenasse a morte.

    - Tens que crucificá-lo porque ele se diz Rei, e não há rei senão César! - Esbravejaram os judeus enraivecidos¹⁵.

    Quem era Pôncio Pilatos? Era o governador romano colocado ali na Palestina pelo Imperador do mundo, o poderoso César Augusto. Os judeus, à semelhança de todos os outros povos conquistados, estavam debaixo do tacão dos romanos, amargando uma dominação escravocrata. Anelavam pela vinda do Messias prometido a Israel, pois queriam se ver livres daquele jugo.

    Quando Jesus iniciou o seu ministério, os líderes de Israel ficaram sobressaltados, pois não conseguiram entender a sua mensagem. Jesus pregava amor aos inimigos, referindo-se aos romanos. Numa certa ocasião chegaram a Ele com uma pergunta de conotação política:

    - Mestre, devemos pagar esses impostos a César?¹⁶

    Quanta revolta havia naquela pergunta. Então, Jesus lhes pede uma moeda:

    - De quem é esta efígie gravada aqui nesta moeda?¹⁷

    Imagino que a contragosto e com muita raiva, responderam:

    - É de César!

    - Então dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus! - foi a resposta de Jesus.

    Os líderes de Israel passaram a ver nele uma ameaça às suas aspirações políticas imediatas, e decidiram então matá-lo.¹⁸

    Quando liam o profeta Isaías maravilhavam-se diante da profecia do cap. 11 que fala do Reino Milenar do Messias. Por isso O esperavam, para que os livrasse de todo o jugo opressor dos romanos, mas não conseguiam entender a profecia do cap. 53, que fala do Messias sofredor. E, eles, sem o perceber, cumpriram a profecia do cap. 53. O cap. 11 não se cumpriu ainda, e nós aguardamos aquele dia glorioso quando Jesus haverá de reinar sobre toda a terra. Na sua primeira vinda Jesus veio libertar-nos de um jugo muito mais terrível do que o jugo dos romanos sobre os judeus. Jesus veio libertar-nos do jugo de Satanás. Mas os líderes de Israel não o reconheceram (e d’Ele não fizemos caso), e decidiram matá-lo. No entanto, eles não tinham autoridade política para fazê-lo¹⁹ e, por isso, foram a Pilatos exigir a sua

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