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O PLANEJAMENTO DA QUALIDADE DO EMPREENDIMENTO – PQE

Luiz Augusto dos SANTOS


Eng. Civil, Mestrando pela Escola Politécnica da USP. Av. Prof. Almeida Prado, travessa 2, n° 271,
CEP 05508-900 São Paulo (SP) Brasil - Correio eletrônico: luiz.augusto@poli.usp.br

Silvio Burrattino MELHADO


Engenheiro Civil, Professor da Escola Politécnica da USP. Av. Prof. Almeida Prado, travessa 2, n° 271, CEP
05508-900 São Paulo (SP) Brasil - Correio eletrônico: silvio.melhado@poli.usp.br

RESUMO
Nos últimos anos o mercado da construção civil sofreu mudanças consideráveis, sendo atingido
pelas mais diversas técnicas de gestão e pela implementação de sistemas de gestão da
qualidade. Em um primeiro momento esta situação mostrou-se bem sucedida nas empresas,
gerando uma busca por parte das organizações, de construção ou projeto, para conseguirem a
certificação. Sua obtenção torna-se hoje um fator positivo para a diferenciação da empresa no
mercado, explorando-se a imagem de modernidade da empresa, contrapondo-se à tipologia
conservadora do setor.

Hoje a situação tornou-se diferente; a anterior vantagem competitiva de apresentar a certificação


tornou-se apenas um critério selecionador e a certificação da qualidade, ainda que tenha
melhorado a gestão da qualidade nos empreendimentos, mostra-se inadequada para tratar o
conjunto das relações sistematicamente realizadas. De maneira sintética, pode-se afirmar que a
superposição dos sistemas de gestão de todos os agentes participantes não garante um enfoque
integral da qualidade do empreendimento.

Considerando-se estas particularidades é que o Mouvement Français pour la Qualité - MFQ


(1997) propôs a formulação de um modelo para integração entre os agentes que participam do
processo de construção do empreendimento. Esse modelo propõe diretrizes para elaboração de
Planos da Qualidade segundo a particularidade que cada obra possui; baseando-se na
cooperação, coordenação e estreita integração entre os agentes.

A partir desta base conceitual francesa, verificou-se a implantação de um Plano da Qualidade do


Empreendimento em um canteiro de obras e moldou-se um modelo segundo os pontos de vista de
uma empresa de consultoria nacional somada aos procedimentos já existentes na empresa
construtora.

O trabalho analisa a viabilidade de utilização de Planos da Qualidade em empreendimentos da


construção civil, principalmente no que se refere à evolução dos sistemas de gestão da qualidade
nas empresas construtoras, envolvendo a análise comparativa entre o modelo de Plano do MFQ e
o encontrado no canteiro de obras analisado.

1. CONCEPÇÕES SOBRE O PLANO DA QUALIDADE DO EMPREENDIMENTO


Para analisar a viabilidade de um determinado empreendimento, os investidores baseiam-se em
índices manipuláveis sobre as variações de taxas, para a previsão de quadros financeiros futuros,
aliada ao levantamento de custos necessários para a viabilização do empreendimento.

Estas situações são descritas por FERNANDES (1996) como fatores contingenciais, pois o autor
defende a idéia de que o ambiente no qual a empresa está inserida seja altamente volátil e
turbulento, cuja dinâmica das tecnologias de produto e processo são a tônica. Este
posicionamento também é adotado por MAIN (1995) que acrescenta que a empresa seja
influenciada pela situação específica em que ela se encontra.

As decisões tomadas devem estar o mais próximo possível da realidade e das condições
possíveis para a empresa realizar a obra, de modo a aumentar a segurança do investidor para
optar pela realização do empreendimento como uma boa oportunidade de negócio.

Neste ponto, pode-se perceber que os enfoques dados aos Sistemas de Gestão da Qualidade em
empresas construtoras são limitados, pois nota-se que eles estão voltados à estrutura
organizacional interna, resultando na formalização de procedimentos que visam documentar e adr
apoio aos sistemas de produção. Assim, vários aspectos da estruturação necessária à realização
do produto permanece inalterável, tornando-se necessário estabelecer outro tipo de abordagem
para a questão, recuperando a idéia original de qualidade do produto-edifício, ou seja, integrando
as ações de todos os participantes em torno de um objetivo que transcende as suas relações
bilaterais.

Neste novo enfoque, propõe-se a formulação de um Plano da Qualidade para o empreendimento


e não apenas para a atuação da construtora responsável pela execução da obra, que resultaria de
uma negociação entre os intervenientes do processo de produção de maneira integrada, desde
sua fase inicial. As intervenções devem ser antecipadas e com um foco permanente no produto.

O objetivo é integrar projeto-produção através do trabalho, em conjunto, de projetistas,


construtores e fornecedores; os quais antecipariam os conflitos e disseminariam as informações
aos responsáveis pela execução, viabilizando a aplicabilidade do projeto e estabelecendo a
retroalimentação das informações para a melhoria em projetos futuros.

2. REPRESENTAÇÃO DE MODELOS
Em analogia à indústria seriada, cada empreendimento de construção de edifícios representa o
mesmo que o projeto de um novo produto; contudo, as particularidades entre um produto e outro
são bem marcantes. Em virtude disso, na busca de uma maior verticalização e organização dos
agentes para contemplar a qualidade do produto empreendimento, torna-se fundamental a nova
versão da ISO9000:2000, que menciona a análise dos riscos.

No Brasil, a idealização e a formalização dos Planos da Qualidade é feita de acordo com a


recomendação da NBR ISO 10005 – Gestão da Qualidade – Diretrizes para Planos da Qualidade,
a qual fornece diretrizes para preparar, analisar criticamente, aprovar e rever os planos da
qualidade; contudo, a norma é apenas um guia para aplicação da Norma ISO 9000, sem
considerar as incertezas e dispersão de responsabilidades no processo de construção.

2.1 Proposições de Modelos


Dentre as proposições de modelos, buscou-se nesta pesquisa caracterizar o que é proposto na
bibliografia e o que é vislumbrado e, se possível, aplicado em campo.

Para destacar ainda mais a importância do tema, buscou-se em outras áreas da construção civil,
que não o subsetor edificações, exemplos de aplicação dos Planos da Qualidade. FERREIRA
(1998) destaca os diversos estudos de caso sobre os planos da qualidade em montagem
industrial de plantas de processo, aplicado em obras de plataformas de petróleo no Reino Unido
(no Mar do Norte) e no Brasil (na Petrobrás, na Companhia Vale do Rio Doce e na Eletrobrás).

Neste tipo de obra (considerada pesada e de grande porte) há a particularidade do plano ser uma
documentação vinculada ao próprio edital de concorrência, obrigando-se que as empresas
contratadas elaborarem seus planos da qualidade já no processo de licitação.
Outra proposta para o setor de construção surgiu recentemente com o Modelo de Plano de
Qualidade elaborado pelo Movimento Francês para a Qualidade -MFQ (1997), o qual é
estruturalmente a mesma apresentada por CORNICK (1991), que determina para cada agente
participante a obrigatoriedade de possuir um Sistema da Qualidade Operacional e a partir deste
formular um PQE específico de sua competência que, por sua vez, é avaliado pelo coordenador
do empreendimento (figura necessária nesta proposta), o qual reprova ou aceita-o como parte
constituinte do Plano da Qualidade do Empreendimento.

Sob esta ótica, pode-se aceitar um PQE subdivido em outros PQEs, segundo as etapas do
empreendimento: PQE-Projeto, PQE-Execução e PQE-Uso, Operação e Manutenção.

A outra proposta refere-se a proposição feita por uma empresa de consultoria nacional, que vem
aplicando o conceito de PQE nos canteiros de obra de construtoras da grande São Paulo. Este
planejamento da qualidade é feito de maneira integrada, utilizando-se um só Plano que busca unir
todos os agentes participantes para o sucesso do empreendimento.

Por esta proposição, a empresa de consultoria almeja que todo o processo de construção seja
feito de acordo com os requisitos de qualidade já previamente definido na elaboração do Plano,
sendo a existência do mesmo condição fundamental para o monitoramento e controle de todas as
fases da construção.

Esta concepção contradiz o que tem-se hoje na maior parte do mercado, onde uma empresa
gerenciadora fica encarregada apenas em “fiscalizar” os fornecedores quanto ao andamento das
etapas de execução da obra.

De acordo com a proposição dos consultores, a garantia é atingida com a realização das
auditorias e visitas técnicas periódicas, que fornecem informações para, quando for necessário,
tomar ações corretivas. Desta forma com a realização das auditorias, pode-se ter um
acompanhamento do que foi planejado e o executado e, em caso de problemas constatados, há
interferências no processo para a solução dos mesmos. Outro ponto positivo é que as auditorias
não só objetivam a garantia da qualidade da execução, mas também retrata as etapas de forma
documentada, objetiva; sendo portanto, mais organizada.

O PQE, de acordo com esta concepção, tem como objetivo principal de planejamento da
qualidade do empreendimento assegurar aos clientes (em particular aos incorporadores e
construtores) a execução dos projetos, das obras civis e instalações dentro do custo, prazo e
qualidade definidos em contrato.

A operação do PQE é de responsabilidade da equipe da empresa contratada, pois a maioria dos


procedimentos aplicados já estão presentes nas estruturas das empresas
construtoras/incorporadoras, e torna-se fundamental a participação do Comitê da
Qualidade/Segurança do Trabalho da empresa; sendo necessário até a presença constante de um
Engenhario da Qualidade exclusivo para cada canteiro.

O sucesso deste enfoque para a garantia do cumprimento de prazos, custos e especificações do


produto está gerando um novo conceito de gerenciamento de empreendimentos onde a própria
equipe da empresa utiliza um sistema formal de garantia da qualidade e sua aplicação é
supervisionada por uma empresa externa.

Na verdade, a implementação do PQE tem resultado na redução dos custos do gerenciamento


sem prejuízo à eficácia técnica da operação, provendo maior confiabilidade à aqueles que
investem financeiramente para a realização da obra.

É importante frisar que o Plano da Qualidade elaborado por consultores independentes não foi
feito de maneira otimizada. Nota-se que existem diversas versões para os planos durante o
andamento da obra (que se por um lado denota flexibilidade, também pode levantar dúvidas
quanto a aplicabilidade em caso), muitos dos procedimentos precisam ser revistos, pois não
representam necessariamente a técnica de construção da empresa e algumas tecnologias são
inseridas nas fases de execução do produto.

Contudo a idéia ainda está em processo de maturação, e em virtude disto, muito do que é
concebido no início sofre alterações durante a execução, principalmente quando busca-se o
emprego de tecnologias de construção em que a empresa não tem conhecimento prévio para
aplicá-los gerando as diversas não-conformidades gerando diversas retroalimentações para o
contínuo processo de evolução do Plano.

Contudo, verificou-se através de entrevista em canteiro com os engenheiros das obras, que houve
progressos com o uso do plano em se comparando com a situação anterior em que não se
aplicava o plano e o que de certa forma demonstra a viabilidade deste conceito.

3. CONCLUSÕES E QUESTIONAMENTOS
De acordo com o exposto sugere-se que o plano da qualidade do empreendimento tem
importância para a realização de um produto de qualidade otimizada. Por esta concepção os
processos devem ser previamente determinados, há uma maior organização dos processos dos
agentes participantes e há um melhor encadeamento entre as atividades.

Em relação aos modelos de PQE, acredita-se que a proposta feita pela empresa de consultoria
seja a que melhor representa o mercado nacional, além de possibilitar que o plano solidifique a
cultura de qualidade da empresa, obrigando que os outros agentes participantes evoluam e
atendam às exigências impostas pela contratante.

Apesar de alguns desencontros sobre os conceitos do plano da qualidade formulado pela


empresa de consultoria nacional, o mesmo está sendo um meio de melhor gerenciar e garantir a
qualidade da execução do empreendimento; contribuindo para que a estratégia concebida
minimize os custos, conflitos, incompatibilidade das soluções e o retrabalho.

A busca de tais objetivos seria utópica considerando-se a estrutura tradicional em que o


gerenciador apenas interfere na construção como identificador de erros para ações corretivas, já
que sua função é mais de fiscalização do que de prevenção.

Notou-se, contudo, pouco destaque para as etapas de concepção do projeto. Apesar dos avanços
citados com a aplicação dos atuais planos questiona-se a atual estrutura de formalização deste
modelo, pairando dúvidas sobre uma possível efemeridade dos resultados atingidos.

O ponto principal que o autor destaca, e que pouco foi explorado, refere-se as etapas de projeto.
De certa forma isto contradiz a qualquer lógica de melhoria de um processo construtivo; pois é
nesta fase em que se coletam todos os dados que são a base para a concepção do produto.

Qualquer plano que visa um produto com qualidade deve se preocupar, durante o processo de
projeto, com as necessidades dos clientes e o como a empresa construtora e seus fornecedores
devem se organizar para atingir um resultado satisfatório. É nesta fase que os diversos
fornecedores devem ser reunidos para conceberem as melhores soluções técnicas que respeitem
a capacidade de cada um e que garanta a qualidade do empreendimento.

A partir da conscientização e reorganização do processo de projeto é que se pode ter condições


de formalizar os diversos modelos para a busca de resultados sólidos e representativos.

O mais importante é a empresa quebrar o conceito de sistema da qualidade da organização e


voltar-se para o empreendimento. A tendência é que todo empreendimento seja tratado como uma
empresa com duração temporária, com responsabilidades legais e fiscais bem definidas, ou seja,
como uma empresa formalmente constituída.
Como questionamentos para o futuro, deve-se indagar como o PQE vai contribuir para a melhoria
contínua dos sistemas, item de destaque na série ISO9000:2000, garantindo-se que a avaliação
do empreendimento seja feita após a conclusão do mesmo, levando os resultados a serem
percebidos no trabalho de cada um dos agentes, em novos empreendimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Sistemas de gestão da
qualidade: diretrizes para melhorias de desempenho – NBR ISO-9004. Rio de Janeiro,
dez.2000. 48p.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Normas de Gestão da


qualidade – diretrizes pra planos da qualidade –Diretrizes. NB 10005/ISO 9004. Rio de
Janeiro, 1997.

CORNICK, T. Quality management of building design. Butterworth – Heinemann, Guildford,


1991.

FERNANDES, A A - Um modelo evolutivo e contigencial de gestão da qualidade total


aplicado a manufatura, São Paulo, 1996, 63 p. Projeto de Pesquisa de Doutorado – Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo

FERREIRA, M.L.R. – Gerenciamento da qualidade pela contratante na montagem industrial


de plantas de processo. São Paulo, 1998. Tese (Doutorado). – Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo.

MAIN, J. Guerras pela Qualidade: os sucessos e fracassos da revolução da qualidade – um


relatório do Juran Institute. Editora Campus, 1995.

MFQ-GT4 (Mouvement Français pour la Qualité, Groupe de Travail 4) Qualité et management:


lignes directrices pour le management et l’assurance de la qualité d’une opération de
construction, mimeo, Paris, 1997.

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