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A DIFERENÇA ENTRE ESTÉTICA E POÉTICA

Etienne Gilson – in Introduction aux arts du beau p. 125-128.

A estética tem por objeto a natureza do ato pelo qual percebemos o belo, a palavra
mesma aisthèsis, da qual essa disciplina tira seu nome, significando em princípio um ato de
apreensão ou de percepção. Este ponto de vista se distingue do poético como aquele do
consumidor se distingue do ponto de vista do produtor, sendo então cada qual
especificamente diferente. O amador de obras de arte participa da arte como aquele que
come pão participa da panificação, do transporte de grãos e da agricultura. Como atividade
poética, a arte cabe apenas ao artista. Na condição de simples espectadores, os ouvintes ou
leitores, aqueles que constituem o público, não sabem nada de arte senão por ouvir dizer.
Eles não participam em nada da produção de qualquer obra; na maior parte do tempo, eles
não têm nenhuma experiência do que é produzir uma obra; eles exercem entretanto uma
função legítima, sem dúvida mesmo necessária à vida da arte, oferecendo ao artista um
público a quem endereçar sua obra e se possível, eventualmente disposto a acolhê-la.
Se a arte é ou não uma linguagem, é uma questão, mas ela é certamente
manifestação de ser como toda causa o é de seus efeitos. Que ela vise ou não um público, a
obra de arte termina por achar um. A questão é somente a de saber se: o ato de apreender a
obra de arte é de mesma essência que aquele de produzir? Parece evidente que não, e
ninguém teria dificuldade em reconhecê-lo se juízos de valor estranhos à questão não se
misturassem aí para alterar seus dados e falsear sua resposta. Não é particularmente certo
que, faltando competência em matéria de arte, o autor ou o ouvinte sejam incompetentes
para julgar a obra de arte. Ao contrário, do mesmo modo que o espectador, o leitor ou
ouvinte não são artistas, mas amadores de arte, do mesmo modo também, precisamente por
ser artista, aquele que produz tais obras não se acha de modo algum na condição do
espectador, do ouvinte ou do leitor. Nem sequer quando se trata de suas próprias obras.
Diz-se por vezes que o artista é seu primeiro público, mas isso é falso. Após um tempo
maior ou menor, sua obra pode com efeito se oferecer a ele tão objetivamente quanto
aquela de um outro, mas enquanto ele a produz, e mesmo bastante tempo depois de tê-la
produzido, ela é percebida por ele apenas como uma obra em curso de execução ou ligada
ainda a todos os problemas que lhe é preciso resolver, a todas as dificuldades que ele teve
de superar a fim de trazê-la ao ser. A visão que ele tem de sua obra é uma visão de criador.
Aquela que toma das obras dos outros é também uma visão de criador possível, e é em que
se deve a diferença tão impressionante que distingue os juízos estéticos dos artistas
daqueles do público, pois mesmo ocorra que eles concordem, o que não é sempre o caso,
não é nunca pelas mesmas razões. Não é necessário entrar em considerações estéticas muito
aprofundadas para nos assegurarmos disso. Pode-se aceitar que falando de modo geral,
nenhum artista, se tivesse liberdade, constituiria um museu, decidiria o programa de uma
estação de concertos ou da escolha de uma biblioteca com a catolicidade que o público
atesta nessas matérias. Este não experimenta nenhuma dificuldade em se mostrar tolerante e
de gostos largos; não produzindo nada por si mesmo além de palavras, ele pode acolher
sem esforço qualquer obra cuja novidade não tome sua sensibilidade desprevenida. Não
tendo assumido a atitude do criador, ele não se sente visado em nenhuma preferência vital;
é ao contrário visível que os gostos pessoais dos artistas estão ligados à forma própria de
sua arte e mudam com ela.
Essas notas permitem distinguir em sua raíz mesma as condições do juízo
estético.Que se trate do simples espectador, o leitor ou ouvinte, ou que se pense no crítico
profissional que vê, escuta ou lê as obras a fim de falar delas e, como se diz, “avaliá-las”, o
objeto ao qual reagem e que julgam não é o mesmo que aquele que produziu o artista. O
produtor aprecia sua obra do ponto de vista daquela que ele se propõe ou se propunha fazer.
Seus juízos se relacionam com a obra em relação com seu projeto. Os juízos do espectador
não incidem sobre a obra, mas sobre o que ele pensa dela; não é dela que ele fala, mas dele
mesmo. O crítico não é freqüentemente senão um espectador, ouvinte ou leitor pago para
dizer o que ele experimenta em contato com as obras de que ele fala. Daí a oposição
fundamental que o separa do artista, pois o crítico não escreve o mais freqüentemente senão
para informar um público, do qual ele conhece os gostos, do grau de satisfação que ele pode
esperar de certa obra. “Gosto” ou “não gosto”, significam então simplesmente: “Vocês
gostarão” ou “Vocês não gostarão”. É natural e legítimo. É mesmo útil, pois cada um sabe a
que crítica artística ou literária ele pode geralmente se fiar, o que significa simplesmente
que, quanto ao nível do estilo e a qualidade de execução das obras, seus gostos concordam
ou se assemelham. Só os grandes críticos vão além e visam a obra antes que o sentimento
provável do público que o seu representa. Na própria obra eles buscam alcançar, senão a
arte que necessariamente lhes escapa, pelo menos esta qualidade essencial e pessoal que o
artista se propunha lhe dar. Obtém-se então algumas páginas de Sainte-Beuve sobre a arte
de Racine, um traço de luz de Valéry sobre aquele de Degas, respostas de artista a um outro
artista. Não se trata mais exatamente de “Gosto”, mas antes de “Vejo bem o que ele quer
fazer”. E talvez o crítico o veja com efeito, mas ele não o faz. O conhecimento que ele tem
acerca disso imita o conhecimento poético, não sendo entretanto um.

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