AS LUTAS DE CLASSES NA FRANÇA DE 1848 A 1850 – KARL MARX
Esta obra de Marx expõe uma explicação de um momento materialista da
história França e das questões mais importantes sobres às estratégias revolucionárias da classe proletariada. Marx expressa nas páginas das ‘Lutas de classes’ uma linguagem original “pela primeira vez a expressão “ditadura do proletariado”” e irá descrever os trabalhos políticos, econômicos e ideológicos que compõem esta ditadura do proletariado. Ele formulará a idéia de uma união entre a classe operária com a classe camponesa, mas o comando desta união é da classe operária. Na introdução de Friedrich Engels, este apresenta a teoria de Marx com as suas obras, ou seja, “no Manifesto Comunista a teoria tinha sido aplicada em linhas muito gerais a toda a história moderna. [...] Aqui pelo contrário, tratou-se de demonstrar a conexão causal interna de acontecimentos ocorridos ao longo de um desenvolvimento de vários anos tão crítico quanto típico para toda a Europa, de reconduzir, [...] os acontecimentos políticos a efeitos de causas em última instância econômica”. Após demonstrar a importância do curso e das lições da revolução do ano de 1848 até o ano de 1849, Engels faz uma importante observação à generalização da experiência posterior da luta de classe do proletariado, particularmente na Alemanha. Engels sublinha a necessidade da utilização revolucionária de todos os métodos legais com vista à preparação do proletariado para a revolução socialista, da hábil combinação da luta pela democracia com a luta pela revolução socialista, da submissão da primeira tarefa à segunda. Ainda em sua introdução Engels comenta sobre a necessidade de trocar as formas pacíficas, preferíveis para o proletariado, de atividade revolucionária por formas não pacificas, no caso de as classes dominantes reacionárias recorrerem à violência e podemos dizer que antes da revolução de Fevereiro, o partido revolucionário – a classe operária – não estava livre, isto só poderia “acontecer por meio de sucessivas derrotas e não através da vitória de Fevereiro”. No decorrer da obras, dividida em quatro capítulos: I. A derrota de junho de 1848; II. O 13 de Junho de 1849; III. Conseqüências do 13 de Junho de 1849; IV. A abolição do sufrágio universal em 1850; Marx exprime a idéia da unanimidade geral dos partidos operários do mundo e brevemente faz sua exigência de mudança econômica: “a apropriação dos meios de produção pela sociedade”. Também diz que "uma nova revolução só é possível na seqüência de uma nova crise. É, porém, tão certa como esta [...]”. Assim, Marx, demonstra as idéias do seu primeiro capítulo sobre o que deve acontecer primeiramente na classe operaria, para que haja a revolução desejada. Ele faz uma abordagem sobre a dominação dos banqueiros, ou melhor, da aristocracia, que possuía plenos poderes sobre as coisas públicas, entretanto, a pequena burguesia, em todas as suas gradações, como a classe camponesa estavam totalmente excluídas do poder político, a monarquia de Julho era apenas uma sociedade por ações para explorar a riqueza nacional da França. Contudo, este povo excluído gritava por seus direitos, por justiça. Dois pontos foram essenciais para eclodir a revolução: as pragas em certas culturas rurais (batata e a má colheita) e a crise geral do comércio e da indústria na Inglaterra. “A devastação que a epidemia econômica causara no comércio e na indústria tornou ainda mais insuportável a dominação exclusiva da aristocracia financeira”. Desta maneira, a burguesia permitia ao proletariado uma única opção: a da luta. A República era reivindicada e no dia 25 de fevereiro, entraram para história da Republica francesa três palavras: Liberdade, Igualdade, Fraternidade! Deste modo, os operários acreditaram poder emancipar-se ao lado da burguesia, pura ilusão. Já nos primeiros dias de existência da República Francesa colocou-se a questão da escolha da bandeira nacional. Os operários revolucionários de Paris exigiram que se declarasse insígnia nacional a bandeira vermelha, que foi arvorada nos subúrbios operários de Paris durante a insurreição de Junho de 1832. Os representantes da burguesia insistiram na bandeira tricolor (azul, branco e vermelho). “O proletariado de Paris, que via na república a sua própria obra, aclamava, naturalmente, todos os atos do Governo provisório que faziam com que este se afirmasse com mais facilidade na sociedade burguesa”, todavia, o Governo provisório queria despojar a república da sua aparência anti-burguesa. E no dia 17 de Março e o 16 de Abril surgiram às primeiras fases da grande luta de classes que a república burguesa ocultava sob as suas asas. E somente em nome da República se podia iniciar a luta contra o proletariado. “A república de Fevereiro fora conquistada pela luta dos operários com a ajuda passiva da burguesia. Os proletários consideravam-se, pois, com razão, os vencedores de Fevereiro e apresentaram as altivas exigências do vencedor. [...] A burguesia tinha, pois, de, com as armas na mão, se opor às reivindicações do proletariado. E o verdadeiro berço da república burguesa não é a vitória de Fevereiro, mas sim a derrota de Junho. Aos operários não restava escolha: ou morriam à fome ou iniciavam a luta. Responderam, em 22 de Junho, com a imensa insurreição na qual se travou a primeira grande batalha entre ambas as classes em que se divide a sociedade moderna. Foi uma luta pela manutenção ou destruição da ordem burguesa. O véu que encobria a república rasgou-se. Portanto, só através da derrota de Junho foram criadas todas as condições no seio das quais a França pode tomar a iniciativa da revolução européia. Assim, na obra As Lutas de Classes na França, Marx faz a primeira elaboração em que se condensavam as exigências revolucionárias do proletariado, afirma Marx: “mas por detrás do direito ao trabalho está o poder sobre o capital, por detrás do poder sobre o capital a apropriação dos meios de produção, a sua submissão à classe operária associada, portanto a abolição [...] do trabalho assalariado e do capital e da sua relação recíproca”. Inicia-se a construção do socialismo operário moderno, distinguindo-se todas as classes que antes viviam em certa “confusão” de hierarquias, contudo, mesmo assim, a classe operária era oprimida. A insurreição de Junho: heróica insurreição dos operários de Paris em 23 a 26 de Junho de 1848, esmagada com excepcional crueldade pela burguesia francesa, foi a primeira grande guerra civil da história entre o proletariado e a burguesia. À proclamação constitucional da Montanha correspondeu no dia 13 de Junho uma chamada manifestação pacífica dos pequenos burgueses. O 13 de Junho conclui o primeiro período da vida da república constitucional e a sua resistência e torna a ditadura legislativa dos realistas coligados, a qual em 28 de Maio de 1849 alcançara a sua existência normal com a reunião da Assembléia Legislativa: “A partir deste momento a Assembléia Nacional é apenas um Comitê de Salvação Pública do Partido da Ordem”. A recordação do Junho de 1848 agitava mais vivas do que nunca as fileiras do proletariado parisiense. Durante todo o dia 13 de Junho o proletariado manteve esta mesma cética atitude de observação e aguardou uma refrega a sério e definitiva entre a Guarda Nacional democrática e o exército para então se lançar na luta e levar a revolução para lá do objetivo pequeno-burguês que lhe tinha sido imposto. “A "Montanha" esteve em trabalho de parto até ao romper do dia. Pariu "uma proclamação ao povo" que na manhã de 13 de Junho ocupou em dois jornais socialistas um espaço mais ou menos envergonhado. Declarava o presidente, os ministros e a maioria da Assembléia Legislativa “fora da Constituição" e exortava a Guarda Nacional, o exército e por fim também o povo a "levantar-se". "Viva a Constituição!". Foi a palavra de ordem que ela lançou, palavra de ordem que não significava senão: "Abaixo a Revolução!"” O 13 de Junho tinha cortado as cabeças oficiais aos diferentes partidos semi- revolucionários; as massas, que ficaram, adquiriram a sua própria cabeça. Contudo, o proletariado não se deixou provocar para um motim porque estava prestes a fazer uma revolução. A classe operaria fez acontecer e as eleições de 10 de Março de 1850 foram finalmente a declaração da nulidade da eleição de 13 de Maio que tinha dado a maioria ao partido da ordem. A base da Constituição, porém, é o sufrágio universal. O aniquilamento do sufrágio universal é a última palavra do partido da ordem, da ditadura burguesa. Desta maneira, ao repudiar o sufrágio universal com o qual até essa altura se havia coberto e do qual havia retirado toda a sua onipotência, “o sufrágio universal é a questão de banquete da nova revolução”. Assim, compreendemos que a vitória da revolução proletária apenas em simultâneo nos países capitalistas avançados e, conseqüentemente, a impossibilidade da vitória da revolução num só país, que recebeu a sua formulação mais completa no trabalho de Engels Princípios Básicos do Comunismo (1847), era justa para o período do capitalismo pré-monopolista. O sufrágio universal tinha cumprido a sua missão. A maioria do povo tinha passado pela escola de desenvolvimento, que é a única coisa para que possa servir o sufrágio universal numa época revolucionária. Tinha de ser eliminado por uma revolução ou pela reação.