CAPÍTULO I – A GAITA DIATÔNICA É DIATÔNICA OU CROMÁTICA?
Se conseguirmos executar todas as
freqüências em pelo menos duas oitavas e uma quinta justa, poderíamos responder de forma positiva e simples esta questão. No entanto, esta pergunta não é fácil de responder de uma forma simples, sem considerar o objetivo da pergunta e ou a capacidade técnica de seu executante. Vou tentar responder com base na minha capacidade técnica e nas atuais tendências de desenvolvimento técnico do instrumento. Se eu pretender provar que a gaita diatônica pode tocar em todos os tons com a mesma qualidade de timbre, eu diria que ainda não é possível nas condições atuais. Contudo, na qualidade de instrumento de transposição (construído em uma estrutura tonal em que cada instrumento é afinado em um tom, de forma a abranger todas as afinações) em que determinados tons e modos podem ser executados de forma confortável dentro de uma estrutura tonal hierárquica de vizinhanças, eu diria que é possível executar a maioria das peças com maestria. É provável que uma dificuldade que a gaita diatônica encontrou desde o início, sua limitação no aspecto da politonalidade, seja hoje uma de suas maiores qualidades, desde que nós possamos ultrapassar algumas dificuldades de ordem técnica: são necessários ajustes que visem a adaptação à embocadura do executante, pois o instrumento vem de fábrica com uma configuração que não atende a necessidade de gaitistas mais experientes. Estes ajustes são explicados posteriormente no próximo capítulo.