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Ministério da Educação

Escola Secundária Daniel Faria – Baltar


Ano lectivo 2009/10

Curso de Educação e Formação – 1.º A * Empregado(a) Comercial

Texto Poético

Ouve, com muita atenção, a leitura gravada do poema «O limpa-palavras».


O limpa-palavras

O limpa-palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.

Quase todas as palavras


precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
É preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes, A palavra obrigado agradece-me.
outras simplesmente gastas, estafadas, As outras não.
dobradas pelo peso das coisas A palavra adeus despede-se.
que trazem às costas. As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
A palavra pedra pesa como uma pedra. a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos, Vão à procura de quem as queira dizer,
podes descansar à sombra dela. de mais palavras e de novos sentidos.
A palavra gato espeta as unhas no tapete. Basta estenderes um braço para apanhares
A palavra pássaro abre as asas para voar. a palavra barco ou a palavra amor.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção. Limpo palavras.
A palavra vento levanta os papéis no ar A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
e é preciso fechá-la na arrecadação. Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
No fim de tudo voltam os olhos para a luz A palavra brisa refresca-me.
e vão para longe, A palavra solidão faz-me companhia.
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra, Álvaro Magalhães,
outra vez nascidas pela minha mão: O Limpa-palavras e Outros Poemas
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 1


Álvaro Magalhães
Nasceu no Porto, em 1951. É autor de diversos livros, quase todos dedicados a
crianças e jovens e de entre os quais se destacam os da colecção "Triângulo Jota" pelo
êxito que têm alcançado. Na poesia merecem referência os títulos O Reino Perdido e O
Limpa-palavras.

 Experimenta, agora, uma leitura silenciosa, antes de responderes ao questionário.


1. O poeta «limpa», de dia, as palavras que recolhe à noite.
Faz uma lista de todas as palavras recolhidas.

2. O poeta «limpa» as palavras que estão sujas, doentes, gastas.


Dá exemplos de palavras que, em tua opinião:
a. estão sujas e «é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias / e do mau uso»;
b. estão «doentes»;
c. estão «gastas, estafadas, / dobradas pelo peso das coisas / que trazem às costas.»

Nota: Podes recolher palavras do poema, mas deves acrescentar outras que consideres adequadas.

3. O poeta «limpa» as palavras, liberta-as da sujidade que lhes foram colando, fá-las renascer e solta-as
para que outros as possam agarrar e dar-lhes nova poesia.
Sublinha, no poema, as expressões que transmitem as seguintes ideias:
a. as palavras renascem nas mãos do poeta;
b. as palavras limpas ficam leves e livres;
c. as palavras limpas ficam prontas para ganhar novos significados.

4. «A palavra solidão faz-me companhia.»


Interpreta este verso que se repete no poema.

Funcionamento da Língua

1. A palavra obrigado faz parte da lista de palavras recolhidas pelo poeta.


1.1. A que classe pertence?
1.2. Usa essa palavra para completar o diálogo abaixo transcrito.
- Muito ______________ , disse o Sebastião.
- Muito _______________, disse a Margarida.
- Não têm que agradecer, foi um prazer ajudá-los, confessou o Sr. António.
- Mesmo assim, insistiu a Ana, muito ________________ por tudo. Estou muito agradecida.
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 2
- Estás, não, estamos todos muito agradecidos, corrigiu o Sebastião.
Obrigado / Obrigada
Obrigado é uma fórmula de agradecimento que, tal como outras fórmulas (agradecido, grato) obriga a
fazer a concordância com o nome a que se refere.
Assim:
• se és um rapaz, deverás dizer Obrigado;
• se és uma rapariga, deverás dizer Obrigada.

 Palavras
1.1. Estabelece a relação entre o poema de Álvaro Magalhães e os que a seguir se transcrevem.
1.2. Concordas inteiramente com a afirmação de Almada Negreiros? Com que ideia estás de acordo? E de
qual discordas? Discute com os teus colegas.

Nós não somos do século de inventar as As Palavras


palavras. As palavras já foram inventadas. São como um cristal,
Nós somos do século de inventar outra vez as palavras.
as palavras que já foram inventadas. Algumas, um punhal,
um incêndio.
Almada Negreiros, Outras,
A Invenção do Dia Claro orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.


Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
Verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem


as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 3
Eugénio de Andrade, Coração do Dia
Mistérios da escrita

Escrevi a palavra flor.


Um girassol nasceu
no deserto de papel.
Era um girassol
como é um girassol.
Endireitou o caule,
sacudiu as pétalas
e perfumou o ar.
Voltou a cabeça
à procura do sol
e deixou cair dois grãos de pólen
sobre a mesa.
Depois cresceu até ficar
com a ponta de uma pétala
fora da Natureza.

Álvaro Magalhães,
O Limpa-palavras e Outros Poemas

1. O poeta escreveu a palavra flor.


O que aconteceu depois?

2. Qual é, então, o mistério da escrita?

 O mistério da escrita
 Experimenta também sentir o mistério da escrita que dá vida às palavras e, inspirando-te em Álvaro
Magalhães, escreve o teu poema.
Escolhe o nome de um objecto e começa assim:
Escrevi a palavra porta (por exemplo)
e uma porta abriu-se…

 Poesia e ilustração
 Na Biblioteca da tua escola procura dois dos livros de poesia de Álvaro Magalhães - O Reino Perdido,
com ilustrações de Manuela Bacelar e O Limpa-palavras com ilustrações de Danuta Wojciechowska.

 Escolhe o poema que mais te agradar em cada livro e lê-o à turma.


 Compara as ilustrações de um e outro livro, no que diz respeito a:
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 4
• cor • traço • ocupação da página • ligação ao texto.
À noite

Quando o Sol se vai e é chegada a Lua


o pai corre fechos, persianas,
vai trancar o portão que dá p’rà rua.
Depois eu adormeço, mas os meus sonhos
não cabem na casa e eu saio
para riscar a noite com um fio de luz,
cavalgar mistérios até de manhã.

À noite, uma simples brisa


escancara portas e janelas
e não há chave, fecho ou tranca
que encerre a porta larga dos meus sonhos.

Álvaro Magalhães, O Reino Perdido

1. Identifica o sujeito poético através de um nome comum.


1.1. Caracteriza-o, através de um único adjectivo.

 Funcionamento da Língua
1. À noite, o pai fecha o «portão», mas a criança abre uma «porta larga».
1.1. Que portão fecha o pai? Que porta abre a criança?

1.2. Qual destas duas palavras é usada em sentido literal e qual delas é usada em sentido figurado?
Justifica.

1.3. Poderemos então dizer que o segundo caso se trata de uma metáfora. Porquê?

2. O poema contém muitas outras palavras e expressões usadas em sentido figurado.


Apresenta a tua interpretação das seguintes:
a. «os meus sonhos não cabem na casa»
b. «eu saio / para riscar a noite com um fio de luz»
c. «cavalgar mistérios até de manhã»

3. O poeta usa outros recursos para tornar mais expressivo o texto.


3.1. O primeiro verso é todo ele, uma antítese. Porquê?

3.2. No penúltimo verso podemos ver uma enumeração. Como a interpretas?


Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 5
Alexandre O’Neill
Nasceu em Lisboa, em 1924, e morreu na mesma cidade, em 1987. Foi jornalista e publicitário
(foi ele o criador do célebre slogan «Há mar e mar, há ir e voltar»).
Grande poeta, de entre os seus livros destacamos No Reino da Dinamarca, Abandono
Vigiado, A Saca de Orelhas, De Ombro na Ombreira.

Amigo
O teu nome
Mal nos conhecemos
Flor do acaso ou ave deslumbrante,
Inaugurámos a palavra «amigo».
Palavra tremendo nas redes da poesia,
«Amigo» é um sorriso O teu nome como o destino chega,
De boca em boca, O teu nome, meu amor, o teu nome nascendo
Um olhar bem limpo, De todas as cores do dia!
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,


Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,


Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada. O atro abismo!
Quando o poeta escreveu: «... o atro abismo!»,
«Amigo» é a solidão derrotada! Umas vírgulas por ele mal dispostas,
Irritadas gritaram: «É estrabismo!».
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim, Mas um ponto que viveu no dicionário,
Um espaço útil, um tempo fértil, De admiração caiu de costas
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa! E abismado seguiu o seu destino...

Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca


Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca

atro: negro, medonho


estrabismo: problema de visão
1. Lê expressivamente os poemas de Alexandre O'Neill.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 6


2. Todos os poemas que leste nos falam de amizade, amor, esperança.
Qual destes sentimentos está presente em cada poema? (Claro que pode ser mais do que um).

3. Relê, com muita atenção, o primeiro poema no qual, através de uma linguagem muito poética, Alexandre O'Neill
nos mostra o valor da amizade.
3.1. «Amigo é…»
alegria, sinceridade, generosidade, sentimento, perdão, verdade, companhia.
Indica as expressões que, no poema, definem cada uma destas dimensões da amizade.
3.2. «Amigo é…»
«uma grande tarefa / um trabalho sem fim».
Porquê?
3.3. «Amigo é…»
«Um espaço útil, um tempo fértil»
Como?
4. Lê agora o poema «O atro abismo!»
A expressão de sentimentos não é o objectivo deste poema de Alexandre O'Neill. Qual será a intenção que presidiu
à sua elaboração.

5. «Umas vírgulas por ele mal dispostas»


5.1. Explica a brincadeira de linguagem presente neste verso.
5.2. Refere a outra situação que, no poema, brinca com um sinal de pontuação.

 Funcionamento da Língua
Para além dos sentimentos ou da graça que exprimem, estes poemas tocam-nos pela criatividade da linguagem que
utiliza diversos recursos expressivos.

1. A metáfora é o recurso expressivo dominante no primeiro poema. Sublinha todas as metáforas usadas para definir
«amigo».

1.1. Aponta uma metáfora em cada um dos outros poemas.


2. Transcreve exemplos de:
a. comparação;
b. personificação;
c. adjectivação.

3. Também a pontuação é expressiva.


Interpreta o valor das exclamações presentes nos poemas.
4. As repetições de sons, de palavras ou de versos são recursos que, sobretudo, dão musicalidade ao poema.
Assinala exemplos das seguintes repetições:

a. de sons (rima);
b. de palavras.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 7
Sophia nasceu no Porto, em 1919, no seio de uma família aristocrática. A sua
infância e adolescência decorrem entre o Porto e Lisboa, onde cursou Filologia
Clássica. Faleceu, aos 84 anos, no dia 2 de Julho de 2004.
É uma das figuras mais importantes da cultura portuguesa e a sua obra já
ultrapassou as fronteiras do nosso país. A sua marca é forte e perene e tem tocado
sucessivas gerações de leitores.

Eu chamei-te para ser


Mar sonoro Eu chamei-te para ser a torre
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim. Que viste um dia branca ao pé do mar.
A tua beleza aumenta quando estamos sós. Chamei-te para me perder nos teus caminhos
E tão fundo intimamente a tua voz Chamei-te para sonhar o que sonhaste.
Segue o mais secreto bailar do meu sonho Chamei-te para não ser eu:
Que momentos há em que eu suponho Pedi-te que apagasses
Seres um milagre criado só para mim. A torre que eu fui a minha vida os sonhos que sonhei.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar Sophia de Mello Breyner Andresen, Coral
Promessa
As ondas quebraram uma a uma És tu a Primavera que eu esperava,
Eu estava só com a areia e com a espuma A vida multiplicada e brilhante,
Do mar que cantava só para mim. Em que é pleno e perfeito cada instante.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar

Sacode as nuvens
Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
No mar passa Sacode as aves que te levam o olhar.
No mar passa de onda em onda repetido Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
O meu nome fantástico e secreto
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Que só os anjos do vento reconhecem
Mesmo que os meus gestos te trespassem
Quando os encontro e perco de repente.
De solidão e tu caias em poeira,
Sophia de Mello Breyner Andresen, No Tempo Dividido Mesmo que a minha voz queime o ar que tu respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Coral

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 8


Praia
As ondas desenrolam os seus braços
E brancas tombam de bruços.

Sophia de Mello Breyner Andresen, No Tempo Dividido

 Lê, com muita atenção, os poemas de Sophia de Mello Breyner, antes de responderes ao questionário.

1. Em tua opinião, o que há de comum a todos esses poemas?


2. Nos poemas «Eu chamei-te», «Promessa» e «Sacode as nuvens», o sujeito poético dirige-se a um tu. Em tua
opinião, e de acordo com o contexto, quem será esse destinatário?
2.1. Poderemos dizer que estes são poemas de amor, de encontro entre duas pessoas? Justifica a tua resposta.
2.2. Escolhe, em cada um dos seis poemas, o verso ou a expressão que consideres mais poética.

 Ler Poesia
Espero que estes poemas sejam lidos em voz alta, pois a poesia é oralidade. Toda a sua construção, as suas rimas,
os jogos de sons, a melopeia, a síntese, a repetição, o ritmo, o número, se destinam à dicção oral.
A poesia é a continuação da tradição. E é mestra da fala: quem, ao dizer um poema, salta uma sílaba, tropeça,
como quem ao subir uma escada falha um degrau.
Por isso, para que a leitura em voz alta se entenda e seja bela, é necessário que a dicção seja clara, nítida, bem
silabada e bem ritmada. As diferenças de sotaque não criam problema algum, pois cada sotaque tem a sua beleza
própria.
E é importante aprender o poema de cor, pois o poema decorado fica connosco e vai-nos revelando melhor,
sempre que o repetimos, o seu sentido e a beleza da sua linguagem e da sua construção.
Sophia de Mello Breyner

 Prepara, com a turma, a leitura expressiva dos poemas de Sophia de Mello Breyner. Poderão fazer um pequeno
concurso que será ganho por aquele que fizer melhor leitura.

 Ler e dizer poesia


1. Compreensão  Fazer uma primeira leitura silenciosa.
 Compreender o significado de todas as palavras.

2. Articulação  Treinar a correcta articulação de todas as sílabas.


 Acentuar as repetições, as aliterações, as rimas.
3. Entoação  Respeitar a pontuação.
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 9
 Acentuar as exclamações, as interrogações, as reticências para, expressivamente, transmitir a
emoção, o sentimento, o espanto, a ironia.

4. Ritmo  Respeitar as pausas.


 Respeitar o ritmo lento ou rápido, de acordo com o texto.

O Búzio de Cós
Este búzio não o encontrei eu própria numa praia
Mas na mediterrânica noite azul e preta
Comprei-o em Cós numa venda junto ao cais
Rente aos mastros baloiçantes dos navios
E comigo trouxe o ressoar dos temporais

Porém nele não oiço


Nem o marulho de Cós nem o de Egina
Mas sim o cântico da longa vasta praia
Atlântica e sagrada
Onde para sempre minha alma foi criada

Sophia de Mello Breyner Andresen, O Búzio de Cós

Cós e Egina: ilhas gregas

1. Identifica o objecto que serviu de motivo ao poema.

2. Onde e em que circunstâncias foi encontrado?

3. Que som trouxe consigo?

4. Apesar da sua origem mediterrânica (grega), o som que o búzio traz ao sujeito poético é o som da sua praia

atlântica (portuguesa).

4.1. Qual a expressão que, no poema, significa Portugal?

4.2. Por que razão é o mar português e não outro que é escutado no búzio?

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 10


Miguel Torga
Pseudónimo de Adolfo Coelho, nasceu em S. Martinho de Anta, em 1907, e
morreu em 1995, em Coimbra, cidade onde estudou e exerceu Medicina. Publicou,
entre outros, os livros de contos Os Bichos, Contos da Montanha e Novos Contos da
Montanha, reuniu a sua poesia no volume Obra Poética e publicou diversos volumes
do seu Diário.

Lição
Oiço todos os dias,
De manhãzinha,
Um bonito poema
Cantado por um melro
Madrugador.
Um poema de amor
Singelo e desprendido,
Que me deixa no ouvido
Envergonhado
A lição virginal
Do natural,
Que é sempre o mesmo, e sempre variado.

Miguel Torga, Diário X

 O poema mostra-nos que há arte na Natureza.


1. Que forma de arte é referida?
1.1. Que elemento da realidade motivou este poema?
1.2. Que «lição» o poeta aprende com o canto do melro?

2. Faz o esquema rimático do poema.

 A poesia da Natureza

 Oficina de escrita
Como Miguel Torga, também tu já sentiste, certamente, que há arte na Natureza – a forma de um seixo
encontrado na praia, o voo de uma gaivota que te surpreendeu, o azul do céu que te prendeu o olhar.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 11


 Traduz em palavras essa sensação de descoberta da beleza no mundo à tua volta, criando um
pequeno poema.
 Podes partir de uma memória ou podes procurar agora o motivo. De manhã, quando saíres de casa a
caminho da escola, olha com atenção e escolhe – uma pedra, uma folha caída no chão, o canto de um
pássaro.
 Se quiseres, pede o primeiro verso emprestado a Miguel Torga, e muda apenas o verbo.

Brinquedo
Foi um sonho que eu tive:
Era uma estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.

O menino tinha lançado a estrela


Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu


Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.

Miguel Torga, Diário I

1. O sujeito poético narra um sonho.


1.1. Faz o reconto desse sonho.

1.2. Na última estrofe, o poeta afirma que a estrela «deixou de ser estrela de papel». Transformou-se em
quê? Porquê?

1.3. Por que razão o menino cortou o cordel?

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 12


Eugénio de Andrade
Nasceu na Póvoa da Atalaia, Beira Baixa, em 1923, viveu no Porto, e é um dos
maiores poetas portugueses. Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto.
São muitos os seus livros, de entre os quais poderemos destacar As Mãos e os
Frutos, Os Amantes sem Dinheiro, Escrita da Terra, Os Lugares do Lume, Os Sulcos
da Sede.

Poema à Mãe Olha - queres ouvir-me? –


No mais fundo de ti, às vezes ainda sou o menino
eu sei que traí, mãe. que adormeceu nos teus olhos;

Tudo porque já não sou


o retrato adormecido ainda aperto contra o coração
no fundo dos teus olhos. rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora ainda oiço a tua voz:
e noites rumorosas de águas matinais. Era uma vez uma princesa
No meio de um laranjal...
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe, Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e o nosso amor é infeliz. e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Tudo porque perdi as rosas brancas dei às aves os meus olhos a beber.
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura. Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
Se soubesses como ainda amo as rosas, E deixo-te as rosas.
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Boa-noite. Eu vou com as aves.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram, Eugénio de Andrade, Os Amantes sem Dinheiro
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 13


1. Escuta, com muita atenção a leitura gravada do «Poema à mãe».
1.1. Procura agora tu lê-lo expressivamente.

2. Nesta mensagem à mãe, cheia de ternura, mas também de tristeza, o filho confessa um sentimento de
culpa, por já não ser aquele que a mãe conhecia e esperava.

2.1. Tenta interpretar as seguintes metáforas:


a. «já não sou / o retrato adormecido / no fundo dos teus olhos»
b. «perdi as rosas brancas / que apertava junto ao coração / no retrato da moldura.»
c. «eu saí da moldura».

2.2. Por que razão o filho já não é o mesmo?

2.3. Mas também a mãe é responsabilizada por ser «infeliz» o amor que a une ao filho. Qual é a sua
responsabilidade?

2.4. O filho cresceu, mas o amor continua, guardado em tudo o que permanece.
Sublinha todas as expressões introduzidas pelo advérbio «ainda» e que marcam tudo aquilo que o
filho guardou dentro de si.

3. «Eu vou com as aves»


Interpreta este final do poema.

4. Quantas estrofes tem o poema? Como as classificas, quanto ao número de versos?

 Oficina de escrita
 Poema à Mãe
Escreve também um poema à tua mãe. Não te importes com as rimas, escreve palavras com o coração.

No teu rosto
No teu rosto começa a madrugada.
Só as tuas mãos trazem os frutos.
Luz abrindo,
de rosa em rosa, Só elas despem a mágoa
transparente e molhada.
destes olhos, choupos meus,
Melodia
distante mas segura; carregados de sombra e rasos de água.
irrompendo da terra,
quente, redonda, madura.
Mar imenso, Só elas são
praia deserta, horizontal e calma.
estrelas penduradas nos meus dedos.
Sabor agreste.
Rosto da minha alma. - Ó mãos da minha alma,

Eugénio de Andrade, Os Amantes sem Dinheiro


flores abertas aos meus segredos.

Eugénio de Andrade, As Mãos e os Frutos

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 14


1. Lê, expressivamente, os poemas transcritos.
2. Compara-os, no que diz respeito a:
a. estrutura formal (organização estrófica, número de versos, rima);
b. destinatário;
c. tema.

3. Dá um título ao segundo poema.

 Funcionamento da Língua
1. Aponta os casos de adjectivação dupla e tripla, no primeiro poema.
1.1. Identifica os nomes aos quais se refere essa adjectivação.
2. Transcreve e interpreta duas metáforas presentes no segundo poema.

Oficina de Escrita
Urgentemente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.
É urgente inventar alegria.
Multiplicar os beijos, as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.

Eugénio de Andrade, Até Amanhã

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 15


 Experimenta construir, colectivamente, um poema à semelhança de «Urgentemente». Para isso,
procede do seguinte modo:

1.° Divide-se o quadro em duas partes, escrevendo-se, no topo de uma delas, «É urgente destruir» e na
outra «É urgente construir».
2° Divide-se também a turma em duas partes e, durante alguns minutos, metade da turma pensa em
realidades a que gostaria de pôr fim, e a outra metade em realidades que considera fundamentais para a
felicidade de todos.
3.° Ordenam-se as propostas da forma que se considerar mais poética. (Podem eliminar-se palavras
repetitivas, organizar estrofes, substituir algumas palavras por sinónimos, se for necessário para obter
algumas rimas, criar um remate ao poema. Enfim, como soar melhor a todos, pois a poesia é música).

É urgente destruir É urgente construir

Carlos Drummond de Andrade


Grande poeta brasileiro, nasceu em 1902 em Itabira, Minas Gerais e morreu em
1987. Formou-se em Farmácia, mas desde cedo optou pelas actividades de jornalista
e escritor. Escreveu contos, crónicas e sobretudo poesia. Sentimento do Mundo, A
Rosa do Povo, Versi-prosa, A Paixão Medida são alguns dos seus livros.

Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,


porque meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 16


Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.


Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme esplender: brilhar
seu capricho, sua ilusão, sua miopia. carecer: ser necessário

Carlos Drummond de Andrade, O Corpo

1. O poema «Verdade» parece contar uma história - a da porta através da qual se chegava à verdade.
1.1. Quem passava por essa porta?
1.2. O que trazia no regresso?
1.3. Por que razão a derrubaram?
1.4. O que encontraram para além dela?

2. Em tua opinião, o que pretende o poeta mostrar? Que há muitas meias-verdades? Que é difícil chegar à
verdade? Que aquilo que é verdade para uns pode não ser verdade para os outros?
Justifica as tuas interpretações.

Bom
trabalho!
A professora,

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 17


Correcção

O limpa-palavras

 Experimenta, agora, uma leitura silenciosa, antes de responderes ao questionário.


1. O poeta «limpa», de dia, as palavras que recolhe à noite.
Faz uma lista de todas as palavras recolhidas.
As palavras que o poeta recolhe são: bosque, casa, flor, solidão, céu, nuvem, mar, pedra, rosa, árvore,
gato, pássaro, coração, canção, vento, estrela, ilha, pão, obrigado, adeus, ciúme, raiva, frio, barco,
amor, búzio, lua, palavra, fogão e brisa.

2. O poeta «limpa» as palavras que estão sujas, doentes, gastas.


Dá exemplos de palavras que, em tua opinião:
a. estão sujas e «é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias / e do mau uso»;
b. estão «doentes»;
c. estão «gastas, estafadas, / dobradas pelo peso das coisas / que trazem às costas.»

Nota: Podes recolher palavras do poema, mas deves acrescentar outras que consideres adequadas.

3. O poeta «limpa» as palavras, liberta-as da sujidade que lhes foram colando, fá-las renascer e solta-as
para que outros as possam agarrar e dar-lhes nova poesia.
Sublinha, no poema, as expressões que transmitem as seguintes ideias:
a. as palavras renascem nas mãos do poeta;
«outra vez nascidas pela minha mão»
b. as palavras limpas ficam leves e livres;
«No fim de tudo voltam os olhos para a luz / e vão para longe, / leves palavras voadoras / sem nada
que as prenda à terra»
c. as palavras limpas ficam prontas para ganhar novos significados.
«Vão à procura de quem as queira dizer, / de mais palavras e de novos sentidos.»

4. «A palavra solidão faz-me companhia.»


Interpreta este verso que se repete no poema.
O verso «A palavra solidão faz-me companhia.» significa que o trabalho do poeta é um trabalho solitário,
introspectivo, pois ele tem de tirar de dentro de si mesmo aquilo que exprime por palavras.

Funcionamento da Língua

1. A palavra obrigado faz parte da lista de palavras recolhidas pelo poeta.


1.1. A que classe pertence?
?Obrigado é um adjectivo.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 18


1.2. Usa essa palavra para completar o diálogo abaixo transcrito.
- Muito obrigado, disse o Sebastião.
- Muito obrigada, disse a Margarida.
- Não têm que agradecer, foi um prazer ajudá-los, confessou o Sr. António.
- Mesmo assim, insistiu a Ana, muito obrigada por tudo. Estou muito agradecida.
- Estás, não, estamos todos muito agradecidos, corrigiu o Sebastião.

 Palavras
1.1. Estabelece a relação entre o poema de Álvaro Magalhães e os que a seguir se transcrevem.
1.2. Concordas inteiramente com a afirmação de Almada Negreiros? Com que ideia estás de acordo? E de
qual discordas? Discute com os teus colegas.

Mistérios da escrita
1. O poeta escreveu a palavra flor.
O que aconteceu depois?
Depois nasceu um girassol.

2. Qual é, então, o mistério da escrita?


A poesia cria uma nova realidade, um mundo mágico onde tudo é possível, até uma flor verdadeira
nascer da palavra que nomeia. Este é o mistério da escrita.

À noite

1. Identifica o sujeito poético através de um nome comum.


O sujeito poético é uma criança.
1.1. Caracteriza-o, através de um único adjectivo.

A criança é sonhadora.

 Funcionamento da Língua
1. À noite, o pai fecha o «portão», mas a criança abre uma «porta larga».
1.1. Que portão fecha o pai? Que porta abre a criança?
À noite, o pai fecha o portão da casa; a criança abre a porta que dá acesso aos sonhos.

1.2. Qual destas duas palavras é usada em sentido literal e qual delas é usada em sentido figurado?
Justifica.
«Portão« é usado em sentido literal; «porta» é usada em sentido figurado.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 19


1.3. Poderemos então dizer que o segundo caso se trata de uma metáfora. Porquê?
A «porta dos sonhos» é uma metáfora, pois não sendo usada em sentido literal, tem implícita e não
explícita a comparação/associação entre porta e acesso ao sonho.

2. O poema contém muitas outras palavras e expressões usadas em sentido figurado.


Apresenta a tua interpretação das seguintes:
a. «os meus sonhos não cabem na casa»
«os meus sonhos não cabem na casa» significa que os sonhos são tão grandes que não podem
ficar fechados nas quatro paredes da casa.

b. «eu saio / para riscar a noite com um fio de luz»


«eu saio/para riscar a noite com um fio de luz» quer dizer que, através do sonho, ultrapasso os
limites físicos da casa para atravessar a noite como uma estrela.
c. «cavalgar mistérios até de manhã»
«cavalgar mistérios até de manhã» significa ir atrás do mistério, sonhando a noite toda.

3. O poeta usa outros recursos para tornar mais expressivo o texto.


3.1. O primeiro verso é todo ele, uma antítese. Porquê?
O primeiro verso é uma antítese, pois estabelece o contraste entre o Sol e a Lua, o ir e o chegar, a
noite e o dia.

3.2. No penúltimo verso podemos ver uma enumeração. Como a interpretas?


A enumeração «chave, fecho ou tranca» sublinha a ideia de que não há nada que feche o
acesso ao sonho, pois sonhar é próprio das crianças (é próprio do ser humano).

Amigo
O teu nome
O atro abismo!

1. Lê expressivamente os poemas de Alexandre O'Neill.


2. Todos os poemas que leste nos falam de amizade, amor, esperança.
Qual destes sentimentos está presente em cada poema? (Claro que pode ser mais do que um).
«Amigo»: amizade
«O teu nome»: amor

3. Relê, com muita atenção, o primeiro poema no qual, através de uma linguagem muito poética, Alexandre O'Neill
nos mostra o valor da amizade.

3.1. «Amigo é…» alegria, sinceridade, generosidade, sentimento, perdão, verdade, companhia.

Indica as expressões que, no poema, definem cada uma destas dimensões da amizade.
Alegria: «Amigo" é um sorriso l "De boca em' boca", "Amigo vai ser, é já uma grande festa!"
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 20
• sinceridade - "Um olhar bem limpo"
• generosidade - "Uma casa, mesmo modesta,
que se oferece"
• sentimento - "Um coração pronto a pulsar/
Na nossa mão!"
• perdão - "Amigo é o erro 'corrigido "
• verdade - "É a verdade partilhada, praticada."
• companhia - "Amigo é a solidão derrotada!"

3.2. «Amigo é…»


«uma grande tarefa / um trabalho sem fim».
Porquê?
"Amigo é uma grande tarefa l um trabalho
sem fim", pois a amizade está sempre a ser cons
truída em cada dia, tem de ser alimentada para
não morrer.

3.3. «Amigo é…»


«Um espaço útil, um tempo fértil»
Como?
A amizade é um sentimento que nos faz mais
capazes, mais criativos.

4. Lê agora o poema «O atro abismo!»


A expressão de sentimentos não é o objectivo deste poema de Alexandre O'Neill. Qual será a intenção que presidiu
à sua elaboração.
O poema "O atro abismo" tem uma intenção lúdica.

5. «Umas vírgulas por ele mal dispostas»


5.1. Explica a brincadeira de linguagem presente neste verso.
5.1 Neste verso brinca-se com a expressão "mal
dispostas", que significa mal colocadas, fora de
lugar (as vírgulas) e irritadas.

5.2. Refere a outra situação que, no poema, brinca com um sinal de pontuação.
5.2 Na segunda estrofe brinca-se com o nome do
ponto de exclamação (de admiração) que caiu.

 Funcionamento da Língua
Para além dos sentimentos ou da graça que exprimem, estes poemas tocam-nos pela criatividade da linguagem que
utiliza diversos recursos expressivos.

1. A metáfora é o recurso expressivo dominante no primeiro poema. Sublinha todas as metáforas usadas para definir
«amigo».
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 21
"Amigo é um sorriso"
(é) "um olhar bem limpo"' •
(é) "uma casa"
(é) "um coração"
"Amigo é o erro corrigido"
"É a verdade partilhada, praticada"
"Amigo é a solidão derrotada!"
"Amigo é uma grande tarefa"
(é) "um trabalho sem fim"
(é) "um espaço útil"
• (é) "um tempo fértil"
"Amigo vai ser, é já uma grande festa! "

1.1. Aponta uma metáfora em cada um dos outros poemas.


• "nas redes da poesia"
• "palavras nuas"
• "a esperança venha arder"

2. Transcreve exemplos de:


a. comparação; "O teu nome como o destino
chega"

b. personificação; "Há palavras que nos beijam"

c. adjectivação. "Um espaço útil, um tempo fér


til"

3. Também a pontuação é expressiva.


Interpreta o valor das exclamações presentes nos poemas.
3. As exclamações intensificam a expressão dos
sentimentos em ambos os poemas.

4. As repetições de sons, de palavras ou de versos são recursos que, sobretudo, dão musicalidade ao poema.
Assinala exemplos das seguintes repetições:
4.
a. de sons (rima); Rima: No 1.° poema há alguns casos de rima
interna muito livre - "Um coração pronto a pul
sar l Na nossa mão! "
• "Amigo" é o erro corrigido,
Não o erro perseguido "
• "Ê a verdade partilhada, praticada "

No poema . "O teu nome", existe rima entre o 2.° e o 5.° versos.

No poema ""Há palavras..." verifica-se a utilização da rima entre os versos 2.° e 4.° de todas as estrofes.

No último poema há rima entre o 1.° e o 3.° versos e entre o 2.° e o 5.° versos.

b. de palavras.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 22


Repetição de palavras:
No poema "Amigo", é utilizada repetidamente
esta palavra;
No poema "O teu nome" , esta expressão repete-
-se no início do 3.° e do 4.° versos.
No poema "Há palavras..." repete-se palavras.
No poema "Canção" é a palavra saia/ saiam que
mais se repete.

Mar sonoro
As ondas
No mar passa
Praia
Eu chamei-te para ser
Promessa
Sacode as nuvens

 Lê, com muita atenção, os poemas de Sophia de Mello Breyner, antes de responderes ao questionário.

1. Em tua opinião, o que há de comum a todos esses poemas?

1. Todos os poemas da página 188 têm um tema


comum - o mar.

2. Nos poemas «Eu chamei-te», «Promessa» e «Sacode as nuvens», o sujeito poético dirige-se a um tu. Em tua
opinião, e de acordo com o contexto, quem será esse destinatário?
2. O destinatário dos poemas da página 189 é a
pessoa amada pelo sujeito poético.

2.1. Poderemos dizer que estes são poemas de amor, de encontro entre duas pessoas? Justifica a tua resposta.
Estes são, claramente, três poemas de amor nos quais o sujeito poético exprime a força do encontro
amoroso.

2.2. Escolhe, em cada um dos seis poemas, o verso ou a expressão que consideres mais poética.

O Búzio de Cós

1. Identifica o objecto que serviu de motivo ao poema.

1. Um búzio serviu de motivo ao poema.


Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 23
2. Onde e em que circunstâncias foi encontrado?

2. Foi comprado na Grécia., no porto de Cós.

3. Que som trouxe consigo?

3. Trouxe consigo o som do mar, "o ressoar dos


temporais".

4. Apesar da sua origem mediterrânica (grega), o som que o búzio traz ao sujeito poético é o som da sua praia

atlântica (portuguesa).

4.1. Qual a expressão que, no poema, significa Portugal?

Portugal - ''longa vasta praia/Atlântica e


sagrada"

4.2. Por que razão é o mar português e não outro que é escutado no búzio?

É o mar português que o sujeito poético ouve


no búzio porque é o mar das suas origens, o que
está guardado dentro de si.

Lição

 O poema mostra-nos que há arte na Natureza.


1. Que forma de arte é referida?
Música
1.1. Que elemento da realidade motivou este poema?
1.1 O canto do melro foi o motivo deste poema.

1.2. Que «lição» o poeta aprende com o canto do melro?


1.2 O poeta aprende com o melro que tudo na
natureza é sempre novo, sempre diferente.

2. Faz o esquema rimático do poema.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 24


Uma vez que os quatro primeiros versos não
apresentam rima, consideremos o esquema rimá- tico apenas a partir do quinto verso: —aabbcddc

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 25


Brinquedo

1. O sujeito poético narra um sonho.


1.1. Faz o reconto desse sonho.

1.2. Na última estrofe, o poeta afirma que a estrela «deixou de ser estrela de papel». Transformou-se em
quê? Porquê?

1.2 A estrela de papel transformou-se em estrela


verdadeira, pois o sonho que o menino tanto
sonhou se transformou em realidade.

1.3. Por que razão o menino cortou o cordel?


1.3 Ao cortar o cordel, o menino está a libertar o
sonho, a deixá-lo voar, a realizá-lo.

Poema à Mãe

1. Escuta, com muita atenção a leitura gravada do «Poema à mãe».


1.1. Procura agora tu lê-lo expressivamente.

2. Nesta mensagem à mãe, cheia de ternura, mas também de tristeza, o filho confessa um sentimento de
culpa, por já não ser aquele que a mãe conhecia e esperava.

"já não sou l o retraio adormecido l no fundo


dos teus olhos" - já não correspondo à imagem
de mim que guardaste dentro de ti.
• "perdi as rosas brancas / que apertava junto ao
coração l no retrato da moldura" - perdi a ino
cência que tinha e que, na tua memória, ainda
tenho.
• "Eu saí da moldura" - libertei-me de mim
mesmo e da tua guarda, cresci.

2.1. Tenta interpretar as seguintes metáforas:


a. «já não sou / o retrato adormecido / no fundo dos teus olhos»
já não correspondo à imagem
de mim que guardaste dentro de ti.
b. «perdi as rosas brancas / que apertava junto ao coração / no retrato da moldura.»
• perdi a ino
cência que tinha e que, na tua memória, ainda
tenho.

c. «eu saí da moldura».

• - libertei-me de mim
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 26
mesmo e da tua guarda, cresci.

2.2. Por que razão o filho já não é o mesmo?


2.2 O filho não é o mesmo porque cresceu.

2.3. Mas também a mãe é responsabilizada por ser «infeliz» o amor que a une ao filho. Qual é a sua
responsabilidade?
2.3 A mãe é também responsável porque não
aceita o crescimento do filho, quer que ele seja
sempre como ela o guardou na sua memória de
mãe.

2.4. O filho cresceu, mas o amor continua, guardado em tudo o que permanece.
Sublinha todas as expressões introduzidas pelo advérbio «ainda» e que marcam tudo aquilo que o
filho guardou dentro de si.
2.4 "ainda amo as rosas
ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos "; "ainda aperto contra o coração rosas tão brancas" "ainda
oiço a tua voz"

3. «Eu vou com as aves»


Interpreta este final do poema.
3. "Eu vou com as aves" - eu vou partir, livre
mente, ao encontro da vida.

4. Quantas estrofes tem o poema? Como as classificas, quanto ao número de versos?


4. O poema tem treze estrofes muito variadas
quanto ao número de versos: dois dísticos - de
dois versos - oito tercetos, uma quadra, uma
quintilha, uma estrofe de apenas um verso.

No teu rosto

1. Lê, expressivamente, os poemas transcritos.


2. Compara-os, no que diz respeito a:
a. estrutura formal (organização estrófica, número de versos, rima);
Estrutura formal - ambos os poemas apresentam uma liberdade formal acentuada, ao nível da estrutura
estrófica e da métrica; a rima está
presente em ambos os poemas, mas apenas em
alguns versos;

b. destinatário;
destinatário - em ambos os poemas é a pessoa
amada;

c. tema.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 27


tema - o amor é o tema de ambos os poemas,
mas, enquanto o primeiro utiliza o motivo do
rosto da pessoa amada, o segundo tem como
motivo as mãos.

3. Dá um título ao segundo poema.

 Funcionamento da Língua
1. Aponta os casos de adjectivação dupla e tripla, no primeiro poema.
Adjectivação dupla e tripla - "Luz (...) trans
parente e molhada"; "Melodia l distante mas
segura", "terra, l quente, redonda, madura",
"praia deserta, horizontal e calma" .

1.1. Identifica os nomes aos quais se refere essa adjectivação.


luz, melodia, terra, praia
2. Transcreve e interpreta duas metáforas presentes no segundo poema.
Metáforas
• "só elas são l estrelas penduradas nos meus
dedos" - só as tuas mãos trazem brilho e guiam
as minhas mãos.
"flores abertas aos meus segredos" - as tuas
mãos recebem e compreendem o lado mais
secreto de mim mesmo

Verdade

1. O poema «Verdade» parece contar uma história - a da porta através da qual se chegava à verdade.
1.1. Quem passava por essa porta?

1.1 Passava pela porta da verdade apenas meia


pessoa de cada vez.

1.2. O que trazia no regresso?


1.2 A meia pessoa que passava trazia meia verda
de.

1.3. Por que razão a derrubaram?


1.3 A porta foi derrubada para deixar passar a
pessoa inteira.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 28


1.4. O que encontraram para além dela?
Para além da porta, encontraram o lugar
luminoso onde estava a verdade, mas essa verda
de era dividida em metades diferentes
2. Em tua opinião, o que pretende o poeta mostrar? Que há muitas meias-verdades? Que é difícil chegar à
verdade? Que aquilo que é verdade para uns pode não ser verdade para os outros?
Justifica as tuas interpretações.
Com este poema, o poeta pretende mostrar que não há uma verdade absoluta, pois tudo depende do nosso
ponto de vista e da perspectiva sob a qual olhamos e analisamos as coisas. Que o que é verdade para uns
pode ser mentira para outros e, por isso, só com o respeito pela opinião dos outros e com a convicção de
que eles podem estar tão certos como nós é que chegamos à verdade. E, mesmo assim, a uma verdade
relativa.

Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 29

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