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Texto Poético
O limpa-palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.
Nota: Podes recolher palavras do poema, mas deves acrescentar outras que consideres adequadas.
3. O poeta «limpa» as palavras, liberta-as da sujidade que lhes foram colando, fá-las renascer e solta-as
para que outros as possam agarrar e dar-lhes nova poesia.
Sublinha, no poema, as expressões que transmitem as seguintes ideias:
a. as palavras renascem nas mãos do poeta;
b. as palavras limpas ficam leves e livres;
c. as palavras limpas ficam prontas para ganhar novos significados.
Funcionamento da Língua
Palavras
1.1. Estabelece a relação entre o poema de Álvaro Magalhães e os que a seguir se transcrevem.
1.2. Concordas inteiramente com a afirmação de Almada Negreiros? Com que ideia estás de acordo? E de
qual discordas? Discute com os teus colegas.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
Verdes paraísos lembram ainda.
Álvaro Magalhães,
O Limpa-palavras e Outros Poemas
O mistério da escrita
Experimenta também sentir o mistério da escrita que dá vida às palavras e, inspirando-te em Álvaro
Magalhães, escreve o teu poema.
Escolhe o nome de um objecto e começa assim:
Escrevi a palavra porta (por exemplo)
e uma porta abriu-se…
Poesia e ilustração
Na Biblioteca da tua escola procura dois dos livros de poesia de Álvaro Magalhães - O Reino Perdido,
com ilustrações de Manuela Bacelar e O Limpa-palavras com ilustrações de Danuta Wojciechowska.
Funcionamento da Língua
1. À noite, o pai fecha o «portão», mas a criança abre uma «porta larga».
1.1. Que portão fecha o pai? Que porta abre a criança?
1.2. Qual destas duas palavras é usada em sentido literal e qual delas é usada em sentido figurado?
Justifica.
1.3. Poderemos então dizer que o segundo caso se trata de uma metáfora. Porquê?
Amigo
O teu nome
Mal nos conhecemos
Flor do acaso ou ave deslumbrante,
Inaugurámos a palavra «amigo».
Palavra tremendo nas redes da poesia,
«Amigo» é um sorriso O teu nome como o destino chega,
De boca em boca, O teu nome, meu amor, o teu nome nascendo
Um olhar bem limpo, De todas as cores do dia!
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
3. Relê, com muita atenção, o primeiro poema no qual, através de uma linguagem muito poética, Alexandre O'Neill
nos mostra o valor da amizade.
3.1. «Amigo é…»
alegria, sinceridade, generosidade, sentimento, perdão, verdade, companhia.
Indica as expressões que, no poema, definem cada uma destas dimensões da amizade.
3.2. «Amigo é…»
«uma grande tarefa / um trabalho sem fim».
Porquê?
3.3. «Amigo é…»
«Um espaço útil, um tempo fértil»
Como?
4. Lê agora o poema «O atro abismo!»
A expressão de sentimentos não é o objectivo deste poema de Alexandre O'Neill. Qual será a intenção que presidiu
à sua elaboração.
Funcionamento da Língua
Para além dos sentimentos ou da graça que exprimem, estes poemas tocam-nos pela criatividade da linguagem que
utiliza diversos recursos expressivos.
1. A metáfora é o recurso expressivo dominante no primeiro poema. Sublinha todas as metáforas usadas para definir
«amigo».
a. de sons (rima);
b. de palavras.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 7
Sophia nasceu no Porto, em 1919, no seio de uma família aristocrática. A sua
infância e adolescência decorrem entre o Porto e Lisboa, onde cursou Filologia
Clássica. Faleceu, aos 84 anos, no dia 2 de Julho de 2004.
É uma das figuras mais importantes da cultura portuguesa e a sua obra já
ultrapassou as fronteiras do nosso país. A sua marca é forte e perene e tem tocado
sucessivas gerações de leitores.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar Sophia de Mello Breyner Andresen, Coral
Promessa
As ondas quebraram uma a uma És tu a Primavera que eu esperava,
Eu estava só com a areia e com a espuma A vida multiplicada e brilhante,
Do mar que cantava só para mim. Em que é pleno e perfeito cada instante.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar
Sacode as nuvens
Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
No mar passa Sacode as aves que te levam o olhar.
No mar passa de onda em onda repetido Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
O meu nome fantástico e secreto
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Que só os anjos do vento reconhecem
Mesmo que os meus gestos te trespassem
Quando os encontro e perco de repente.
De solidão e tu caias em poeira,
Sophia de Mello Breyner Andresen, No Tempo Dividido Mesmo que a minha voz queime o ar que tu respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Lê, com muita atenção, os poemas de Sophia de Mello Breyner, antes de responderes ao questionário.
Ler Poesia
Espero que estes poemas sejam lidos em voz alta, pois a poesia é oralidade. Toda a sua construção, as suas rimas,
os jogos de sons, a melopeia, a síntese, a repetição, o ritmo, o número, se destinam à dicção oral.
A poesia é a continuação da tradição. E é mestra da fala: quem, ao dizer um poema, salta uma sílaba, tropeça,
como quem ao subir uma escada falha um degrau.
Por isso, para que a leitura em voz alta se entenda e seja bela, é necessário que a dicção seja clara, nítida, bem
silabada e bem ritmada. As diferenças de sotaque não criam problema algum, pois cada sotaque tem a sua beleza
própria.
E é importante aprender o poema de cor, pois o poema decorado fica connosco e vai-nos revelando melhor,
sempre que o repetimos, o seu sentido e a beleza da sua linguagem e da sua construção.
Sophia de Mello Breyner
Prepara, com a turma, a leitura expressiva dos poemas de Sophia de Mello Breyner. Poderão fazer um pequeno
concurso que será ganho por aquele que fizer melhor leitura.
O Búzio de Cós
Este búzio não o encontrei eu própria numa praia
Mas na mediterrânica noite azul e preta
Comprei-o em Cós numa venda junto ao cais
Rente aos mastros baloiçantes dos navios
E comigo trouxe o ressoar dos temporais
4. Apesar da sua origem mediterrânica (grega), o som que o búzio traz ao sujeito poético é o som da sua praia
atlântica (portuguesa).
4.2. Por que razão é o mar português e não outro que é escutado no búzio?
Lição
Oiço todos os dias,
De manhãzinha,
Um bonito poema
Cantado por um melro
Madrugador.
Um poema de amor
Singelo e desprendido,
Que me deixa no ouvido
Envergonhado
A lição virginal
Do natural,
Que é sempre o mesmo, e sempre variado.
A poesia da Natureza
Oficina de escrita
Como Miguel Torga, também tu já sentiste, certamente, que há arte na Natureza – a forma de um seixo
encontrado na praia, o voo de uma gaivota que te surpreendeu, o azul do céu que te prendeu o olhar.
Brinquedo
Foi um sonho que eu tive:
Era uma estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.
1.2. Na última estrofe, o poeta afirma que a estrela «deixou de ser estrela de papel». Transformou-se em
quê? Porquê?
2. Nesta mensagem à mãe, cheia de ternura, mas também de tristeza, o filho confessa um sentimento de
culpa, por já não ser aquele que a mãe conhecia e esperava.
2.3. Mas também a mãe é responsabilizada por ser «infeliz» o amor que a une ao filho. Qual é a sua
responsabilidade?
2.4. O filho cresceu, mas o amor continua, guardado em tudo o que permanece.
Sublinha todas as expressões introduzidas pelo advérbio «ainda» e que marcam tudo aquilo que o
filho guardou dentro de si.
Oficina de escrita
Poema à Mãe
Escreve também um poema à tua mãe. Não te importes com as rimas, escreve palavras com o coração.
No teu rosto
No teu rosto começa a madrugada.
Só as tuas mãos trazem os frutos.
Luz abrindo,
de rosa em rosa, Só elas despem a mágoa
transparente e molhada.
destes olhos, choupos meus,
Melodia
distante mas segura; carregados de sombra e rasos de água.
irrompendo da terra,
quente, redonda, madura.
Mar imenso, Só elas são
praia deserta, horizontal e calma.
estrelas penduradas nos meus dedos.
Sabor agreste.
Rosto da minha alma. - Ó mãos da minha alma,
Funcionamento da Língua
1. Aponta os casos de adjectivação dupla e tripla, no primeiro poema.
1.1. Identifica os nomes aos quais se refere essa adjectivação.
2. Transcreve e interpreta duas metáforas presentes no segundo poema.
Oficina de Escrita
Urgentemente
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.
É urgente inventar alegria.
Multiplicar os beijos, as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.
1.° Divide-se o quadro em duas partes, escrevendo-se, no topo de uma delas, «É urgente destruir» e na
outra «É urgente construir».
2° Divide-se também a turma em duas partes e, durante alguns minutos, metade da turma pensa em
realidades a que gostaria de pôr fim, e a outra metade em realidades que considera fundamentais para a
felicidade de todos.
3.° Ordenam-se as propostas da forma que se considerar mais poética. (Podem eliminar-se palavras
repetitivas, organizar estrofes, substituir algumas palavras por sinónimos, se for necessário para obter
algumas rimas, criar um remate ao poema. Enfim, como soar melhor a todos, pois a poesia é música).
Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
1. O poema «Verdade» parece contar uma história - a da porta através da qual se chegava à verdade.
1.1. Quem passava por essa porta?
1.2. O que trazia no regresso?
1.3. Por que razão a derrubaram?
1.4. O que encontraram para além dela?
2. Em tua opinião, o que pretende o poeta mostrar? Que há muitas meias-verdades? Que é difícil chegar à
verdade? Que aquilo que é verdade para uns pode não ser verdade para os outros?
Justifica as tuas interpretações.
Bom
trabalho!
A professora,
O limpa-palavras
Nota: Podes recolher palavras do poema, mas deves acrescentar outras que consideres adequadas.
3. O poeta «limpa» as palavras, liberta-as da sujidade que lhes foram colando, fá-las renascer e solta-as
para que outros as possam agarrar e dar-lhes nova poesia.
Sublinha, no poema, as expressões que transmitem as seguintes ideias:
a. as palavras renascem nas mãos do poeta;
«outra vez nascidas pela minha mão»
b. as palavras limpas ficam leves e livres;
«No fim de tudo voltam os olhos para a luz / e vão para longe, / leves palavras voadoras / sem nada
que as prenda à terra»
c. as palavras limpas ficam prontas para ganhar novos significados.
«Vão à procura de quem as queira dizer, / de mais palavras e de novos sentidos.»
Funcionamento da Língua
Palavras
1.1. Estabelece a relação entre o poema de Álvaro Magalhães e os que a seguir se transcrevem.
1.2. Concordas inteiramente com a afirmação de Almada Negreiros? Com que ideia estás de acordo? E de
qual discordas? Discute com os teus colegas.
Mistérios da escrita
1. O poeta escreveu a palavra flor.
O que aconteceu depois?
Depois nasceu um girassol.
À noite
A criança é sonhadora.
Funcionamento da Língua
1. À noite, o pai fecha o «portão», mas a criança abre uma «porta larga».
1.1. Que portão fecha o pai? Que porta abre a criança?
À noite, o pai fecha o portão da casa; a criança abre a porta que dá acesso aos sonhos.
1.2. Qual destas duas palavras é usada em sentido literal e qual delas é usada em sentido figurado?
Justifica.
«Portão« é usado em sentido literal; «porta» é usada em sentido figurado.
Amigo
O teu nome
O atro abismo!
3. Relê, com muita atenção, o primeiro poema no qual, através de uma linguagem muito poética, Alexandre O'Neill
nos mostra o valor da amizade.
3.1. «Amigo é…» alegria, sinceridade, generosidade, sentimento, perdão, verdade, companhia.
Indica as expressões que, no poema, definem cada uma destas dimensões da amizade.
Alegria: «Amigo" é um sorriso l "De boca em' boca", "Amigo vai ser, é já uma grande festa!"
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 20
• sinceridade - "Um olhar bem limpo"
• generosidade - "Uma casa, mesmo modesta,
que se oferece"
• sentimento - "Um coração pronto a pulsar/
Na nossa mão!"
• perdão - "Amigo é o erro 'corrigido "
• verdade - "É a verdade partilhada, praticada."
• companhia - "Amigo é a solidão derrotada!"
5.2. Refere a outra situação que, no poema, brinca com um sinal de pontuação.
5.2 Na segunda estrofe brinca-se com o nome do
ponto de exclamação (de admiração) que caiu.
Funcionamento da Língua
Para além dos sentimentos ou da graça que exprimem, estes poemas tocam-nos pela criatividade da linguagem que
utiliza diversos recursos expressivos.
1. A metáfora é o recurso expressivo dominante no primeiro poema. Sublinha todas as metáforas usadas para definir
«amigo».
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 21
"Amigo é um sorriso"
(é) "um olhar bem limpo"' •
(é) "uma casa"
(é) "um coração"
"Amigo é o erro corrigido"
"É a verdade partilhada, praticada"
"Amigo é a solidão derrotada!"
"Amigo é uma grande tarefa"
(é) "um trabalho sem fim"
(é) "um espaço útil"
• (é) "um tempo fértil"
"Amigo vai ser, é já uma grande festa! "
4. As repetições de sons, de palavras ou de versos são recursos que, sobretudo, dão musicalidade ao poema.
Assinala exemplos das seguintes repetições:
4.
a. de sons (rima); Rima: No 1.° poema há alguns casos de rima
interna muito livre - "Um coração pronto a pul
sar l Na nossa mão! "
• "Amigo" é o erro corrigido,
Não o erro perseguido "
• "Ê a verdade partilhada, praticada "
No poema . "O teu nome", existe rima entre o 2.° e o 5.° versos.
No poema ""Há palavras..." verifica-se a utilização da rima entre os versos 2.° e 4.° de todas as estrofes.
No último poema há rima entre o 1.° e o 3.° versos e entre o 2.° e o 5.° versos.
b. de palavras.
Mar sonoro
As ondas
No mar passa
Praia
Eu chamei-te para ser
Promessa
Sacode as nuvens
Lê, com muita atenção, os poemas de Sophia de Mello Breyner, antes de responderes ao questionário.
2. Nos poemas «Eu chamei-te», «Promessa» e «Sacode as nuvens», o sujeito poético dirige-se a um tu. Em tua
opinião, e de acordo com o contexto, quem será esse destinatário?
2. O destinatário dos poemas da página 189 é a
pessoa amada pelo sujeito poético.
2.1. Poderemos dizer que estes são poemas de amor, de encontro entre duas pessoas? Justifica a tua resposta.
Estes são, claramente, três poemas de amor nos quais o sujeito poético exprime a força do encontro
amoroso.
2.2. Escolhe, em cada um dos seis poemas, o verso ou a expressão que consideres mais poética.
O Búzio de Cós
4. Apesar da sua origem mediterrânica (grega), o som que o búzio traz ao sujeito poético é o som da sua praia
atlântica (portuguesa).
4.2. Por que razão é o mar português e não outro que é escutado no búzio?
Lição
1.2. Na última estrofe, o poeta afirma que a estrela «deixou de ser estrela de papel». Transformou-se em
quê? Porquê?
Poema à Mãe
2. Nesta mensagem à mãe, cheia de ternura, mas também de tristeza, o filho confessa um sentimento de
culpa, por já não ser aquele que a mãe conhecia e esperava.
• - libertei-me de mim
Módulo 13: Textos Expressivos e Poéticos 26
mesmo e da tua guarda, cresci.
2.3. Mas também a mãe é responsabilizada por ser «infeliz» o amor que a une ao filho. Qual é a sua
responsabilidade?
2.3 A mãe é também responsável porque não
aceita o crescimento do filho, quer que ele seja
sempre como ela o guardou na sua memória de
mãe.
2.4. O filho cresceu, mas o amor continua, guardado em tudo o que permanece.
Sublinha todas as expressões introduzidas pelo advérbio «ainda» e que marcam tudo aquilo que o
filho guardou dentro de si.
2.4 "ainda amo as rosas
ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos "; "ainda aperto contra o coração rosas tão brancas" "ainda
oiço a tua voz"
No teu rosto
b. destinatário;
destinatário - em ambos os poemas é a pessoa
amada;
c. tema.
Funcionamento da Língua
1. Aponta os casos de adjectivação dupla e tripla, no primeiro poema.
Adjectivação dupla e tripla - "Luz (...) trans
parente e molhada"; "Melodia l distante mas
segura", "terra, l quente, redonda, madura",
"praia deserta, horizontal e calma" .
Verdade
1. O poema «Verdade» parece contar uma história - a da porta através da qual se chegava à verdade.
1.1. Quem passava por essa porta?