A repetição é um modo de orar importante na experiência inaciana.
Repetir não significa:
* repetir a oração como se repete uma matéria de estudo para ter uma compreensão mais profunda; * voltar ao mesmo tema da oração para encontrar algo novo ou diferente; * voltar a todos os temas do último tempo de oração. Repetir, sim, significa: Voltar àqueles pontos nos quais senti “maior consolação, desolação ou maior sentimento espiritual” (EE. 62). Assim, utilizo tudo aquilo que tenha encontrado na “revisão da oração” e volto aos momentos da oração em que tenha sentido moções espirituais importantes. A repetição é um exercício de concentração e simplificação. Razões para praticar a repetição:
1. A repetição permite que se desenvolvam (desabrochem) as moções espirituais, o qual me ajuda a
discer- nir minhas reações internas. Este é um dos objetivos dos Exercícios Espirituais. Saltar de uma passagem das Escrituras a outra, ainda que seja sobre o mesmo tema, costuma impedir que se desenvolvam estes movimentos internos. 2. A repetição ajuda a notar as moções internas. É sabido que muitas de nossas reações internas acontecem sem que as percebamos durante a oração; nesse sentido, a repetição nos dá tempo para que possamos experimentar a reação interna com claridade. 3. A repetição é a maneira na qual podemos respeitar a comunicação da Trindade. O fato de que um tempo de oração tenha finalizado não quer dizer que a Trindade já não tenha nada mais que comunicar-nos através da passagem que nos serviu de base. A repetição respeita a comunicação da Trindade até que sintamos sua vontade para que passemos a outro ponto.
4. A repetição pode ser a ocasião para que a desolação se torne consolação.
Recorre-se à repetição quando houve luta, confusão, aflição, preocupação. Com frequência, tais dificuldades indicam que o Espírito busca comunicar-se conosco de maneira mais profunda e que nós nos resistimos. Ao voltar sobre esses pontos que temos experimentado de maneira negativa, muitas vezes descobrimos que o Espírito supera os obstáculos para que a desolação dê passagem à consolação, as trevas à luz, e a luta à rendição. 5. Por último, a repetição ajuda a sentir o Mistério de maneira mais profunda. Quando S. Inácio escreve: “no ponto em que achar o que quero, ali me repousarei, sem ter ânsia de passar adiante, até que me satisfaça” (EE. 76), refere-se não só ao que ocorre em um tempo de oração, senão também durante vários períodos, ou inclusive dias, de oração (EE. 130). A repetição possibilita que o mistério da vida de Jesus alcance nosso mistério nos níveis mais profundos de nosso ser. Através da repetição, opera-se uma espécie de simplificação de nossa própria atividade e nos tornamos cada vez mais receptivos à presença do Espírito. Graças à prática da repetição, a meditação pode chegar a ser um ato de contemplação e profundo silêncio.