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ATÉ AGORA

Estava aqui sentado nessa cadeira dura, ruim de sentar, pensando... Pensando no que
escrever sobre mim. Sabe, é muito difícil falar de si próprio, é muito difícil parar pra pensar no que
fiz e no que quero fazer. Para falar a verdade, eu não faço a mínima idéia de que maneira quero
tocar minha vida e agradeço muito por isso. Não quero ser aquele tipo de gente que, desde antes
de nascer já tinha a vida inteira desenhada. Não sei que faculdade fazer, se quero casar, ter filhos,
se quero ser sério, um homem de negócios, rico, com duas Mercedes estacionadas na garagem,
com uma casa em uma ilha deserta, só minha (o que seria impossível, porque, se estiver morando
lá, não seria deserta). Ou se vou encarar a vida como uma grande piada, largando tudo para
recomeçar do zero na África. O que vou fazer eu não sei, mas nesses quinze anos de vida, já fiz e
aprendi muitas coisas, das mais certas até a maior cagada que você pode imaginar, e, nesse texto,
são esses atos e pensamentos que vou relatar.
Agora estou pensando: “Ótimo, fiz uma introdução legal... mas agora, sobre o que é que
vou escrever?” Não achei respostas para isso, mas não tenho escolhas, afinal, é uma tarefa que
precisa ser cumprida, e tentarei fazê-la da melhor maneira.
Quebrei minha cabeça tentando achar algo... E nada. É claro que tem aquela história
daquela viajem que eu fiz, e certa brincadeira que fiz com meus amigos... Tenho inúmeras histórias
para contar, mas será que alguma delas vai agradar alguém, se até quando conto aos mais
próximos eles não se interessam?
Depois de tanto tempo refletindo, resolvi começar: meu nome é Tomás Edu Domschke
Tomic, nasci no dia 26 de dezembro de 1993, na maravilhosa cidade de São Paulo... Pronto, não
tenho mais o que escrever, então resolvi contar as tais tediosas histórias.
Minha familia está a três gerações num clube de vela, o YCSA, e foi nele que passei
muitas de minhas “aventuras” até os meus dez ou onze anos. Fica do lado de uma favelinha e
sempre tinham casos de gente que invadia. Eu morria de medo dessas invasões até descobrir que
eles só entravam lá para pegar as pipas que caíam dentro do clube.
Eu achava o máximo aquele clube, com aqueles barcos gigantes, uns motores enormes
que precisava olhar para cima para vê-lo inteiro, morria de vontade de pegar um desses barcos e
viajar pelo mundo, mas como não tinha coragem de roubar um daqueles, pegava um caiaque que,
se não fosse por mim e pelo Fran (meu primo), ficaria parado por anos, sem sequer chegar perto
da água. Remo na mão, dentro do barquinho. Era assim que passava o dia inteiro brincando com
meu primo na represa. Quando um furava era uma correria, mas não era um furo no caiaque que
impedia a brincadeira, “metia” o silvertape e voltava para água. A única coisa que nos parava era o
‘seu’ Geraldo, um cara que trabalhava com os barcos e, sempre que via agente se divertindo,
metia pau, sem dó do menininho “ingênuo e inocente” que eu era.
Quando era convidado a sair em um barco de verdade, virava uma festa. Eu saía correndo
pegava os coletes, ajudava a montar a vela, colocar os cabos nos lugares certos, e saía, na maior
parte das vezes com meu tio Mário. Íamos: eu e meu tio em um dos trambolhos e o Fran em outro,
sozinho. Ele já sabia velejar, fazia tudo direitinho, parecia um profissional, em meus olhos.
Todo semestre tinha um “acampamento” de vela. Era uma semana onde as crianças
dormiam no clube e, durante o dia, aprendiam a velejar. Certa vez, me obrigaram a ficar nessa
semana de vela, o que eu achei um saco no começo, mas no final, acabei gostando. Saíamos,
então, eu, o Fran e o Mário, cada um em um barco, e só voltávamos quando começava a
escurecer.
Para a entrada dos barcos na represa, tinha uma rampa. Pegávamos duas bicicletas do
clube e ficávamos lá. Pedalando com toda a força, entrávamos de cara na água. A idéia era usar a
água como freio, depois tirar a magrela de dentro da lá, voltar para cima e fazer de novo. Era o que
acontecia, com a exceção do freio, que funcionava mais como um tronco que se chocava com o
pneu da bike e fazia-a capotar. Das brincadeiras, era a mais legal.
Minha familia sempre foi de viajar muito e, em todas as férias fazíamos as mais diversas
viagens. Todos juntos (eu , minha irmã, meu pai, minha mãe, meu tio e tia e meus primos, o Fran e
a Carol), já fomos, desde a Bahia até a Argentina. Por incrível que pareça, os passeios mais
marcantes foram os do exemplo.
Quando fomos ao Nordeste brasileiro, ficamos hospedados em uma pousadinha humilde,
no Sul da Bahia. Foi onde mais andei em minha vida. Chegava de noite exausto, deitava na cama
e sentia minhas pernas latejando, fechava o olho para me espreguiçar e quando abria-nos de novo,
o sol já raiava e, em frente ao meu quarto, já estavam de pé os adultos planejando a caminhada do
dia. Cada passeio uma cachoeira diferente, uma mais linda que a outra. Era uma delicia, depois de
uma longa jornada debaixo do sol, entrar na gelada e pura água da cachoeira, parecia que ela me
limpava por dentro e por fora.
A viagem para Argentina foi uma novidade para todos, mas, em especial, para meu primo.
Onde ficamos não havia neve, mas fazia um frio do cão. Numa noite, combinamos de acordar cedo
na manhã seguinte para ir esquiar. Lembro-me direitinho, meu primo me acordando falando:
“Acorda, acorda... Acorda pra gente esquiar!”. Todos já estavam de pé, então, começamos a
“aventura”. Pegamos um caminho que acompanhava o desenho das montanhas, cheio de curvas.
Quanto mais perto do lugar, maior era a euforia. Todos queriam rever a neve, menos o Fran, que
estava louco para conhecê-la.
Estava dentro do carro, no banco de trás quando de repente ouvi um grito: “Olha, neve!”,
tomei um puta susto, mas valeu a pena. Avistara a seguinte paisagem: montanhas e montanhas
todas marrons, mas no fundo, lá longe, uma montanha branquinha, daquelas que assistimos na TV
e não acreditamos que exista. Aí começou o agito. “Já ta chegando?”, “Demora muito?”, “Vai mais
rápido!”. Os ânimos foram baixando, até que, logo depois de uma curva... Puta que pariu, não
conseguia enxergar nada, era tanta neve, que o reflexo do sol nela, chegava a ofuscar a visão.
Estou brincando... Mas no acostamento já conseguia ver um pouco desse isopor gelado e fofinho.
Paramos o Siena vermelho (o veículo alugado) e gastamos um pouquinho de tempo lá. Antes de
entrar no carro me bateu uma vontade de tirar a água do joelho. Então pronto, virou o programa do
momento, “Vamos todos mijar na neve!”. Sempre quis fazer xixi na neve, ver ela derretendo e, com
o buraco que formava, ficar desenhando...
Chegamos no destino. Um lugar forrado de neve, no pé de uma montanha. Pegamos os
equipamentos e fomos esquiar. Morei um ano e meio na Alemanha, e lá, já havia esquiado, mas
isso foi quando tinha quatro anos, então não tinha o mínimo de noção de como ficava de pé
naquilo. Foi só treinar um pouco que já comecei a ficar craque. Íamos eu e o Fran, juntos, subir a
montanha para descê-la com tudo sem saber como parar no final. Lembro-me bem de meu tio,
sem freio, dando de cara num monte de neve.
Contei três ou quatro de minhas histórias, agora se elas agradam ou não... Eu não sei, isso
fica com você, que está lendo isso. Não tinha muito o que escrever, então me contentei com essas
lembranças que me vieram... Talvez um dia eu escreva um livro, sem compromisso, apenas pelo
prazer de escrever. Mas quando isso acontecer, não serei esse mesmo moleque de hoje... Este
texto termina aqui, mas minha vida continua, e quem sabe se no próximo texto, eu não tenha mais
histórias para contar, mas por enquanto... É isso.

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