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ANJO DA MORTE

Paula estava sentada à lareira a relembrar os bons momentos que


passara na companhia do amor da sua vida. Aquela casa, agora tão vazia,
fora em tempos um lar alegre e colorido, até que aquilo acontecera…
Agora, olhar para a árvore de Natal causava-lhe uma certa nostalgia,
lembranças que guardara num recanto do seu coração porque lhe doíam
demais.
Levantou-se e dirigiu-se ao bar, em busca de mais uma bebida para
lhe fazer companhia enquanto os pais não chegavam. Eles tinham feito
questão em fazer uma grande viagem para passar com ela a noite de Natal,
deviam estar prestes a chegar. Seriam apenas os três, agora que Joana, a sua
irmã mais nova, fora viver para a Colômbia com o marido, onde
aguardavam a chegada de mais um Sequeirinha. Em breve seria tia…
Um barulho ensurdecedor acordou-a dos seus devaneios. Subiu as
escadas a correr, encontrando a janela do seu quarto aberta e as molduras
todas no chão. “Tenho quase a certeza de que tranquei esta janela!”, disse.
Fechou-a e arrumou tudo no lugar. Subitamente, detectou um odor estranho
que pairava no ar. “Onde está a minha foto preferida com os pais?! Era
capaz de jurar que estava aqui! Bem, já bebi licor a mais! Devo tê-la
colocado noutro lugar!”, pensou. Trancou a janela, saiu do quarto e voltou
para junto da lareira.
Sentou-se de novo no seu sofá de eleição, aninhada no cobertor, e a
moleza tomou conta dela. À medida que mergulhava num sono leve viajou
até ao Natal de 2007. Ao seu lado estava Pedro, o seu marido, e no banco
de trás a menina dos olhos de ambos: Sara, de 4 anos. Cantavam Jingle
Bells a plenos pulmões enquanto percorriam o caminho para casa dos pais
de Pedro, onde passariam a noite de Natal. Chovia bastante e a estrada
estava escura. De repente, algo surgiu da penumbra e atravessou-se na
frente do carro. Pedro não conseguiu travar a tempo e o carro derrapou até
cair numa ribanceira. Aos seus gritos seguiu-se um silêncio arrebatador.
Paula abriu os olhos. Não sabia quanto tempo estivera inconsciente.
Olhou em redor e não viu o carro nem a sua família. À sua frente surgiu o
ser mais belo que alguma vez vira. De longos cabelos negros, olhos de um
azul cintilante e uma tez pálida de boneca de porcelana, parecia um anjo.
Lendo os seus pensamentos, ela apresentou-se: “Sou o Anjo da Morte”. A
sua voz era fria e malévola. “Que queres de mim?!”, perguntou Paula, num
sussurro, sentindo-se sem forças. “Onde estão o Pedro e a Sara?!!” O Anjo
da Morte sorriu, um sorriso assustador que lhe gelou os ossos e a petrificou
de medo. “Morreram. Vim buscá-los para o meu mundo”, respondeu. E o
mundo de Paula ruiu. Os seus olhos ficaram marejados de lágrimas e a
visão toldou-se. O Anjo da Morte pegou-a ao colo e então Paula desmaiou.
Ela estava no hospital, a mão da mãe apertava a sua. “Filha, como te
sentes?” perguntou, ao vê-la abrir finalmente os olhos. “O Pedro e a Sara,
onde estão?!”, gritou de imediato Paula. Calma e inexpressivamente, a mãe
revelou: “Eles não sobreviveram.”.
Paula acordou com o seu próprio grito, o mesmo que a acompanhava
noites após noite. Tinha tido mais um dos seus habituais pesadelos. Quando
deixou finalmente o hospital contou a algumas pessoas que vira o Anjo da
Morte mas ninguém acreditou. Aconselharam-na a receber apoio
psicológico, a tomar calmantes, a partir numa grande viagem, enfim… para
eles estava louca. Mas todas as noites Paula sonhava com os
acontecimentos daquela fatídica noite e recordava o rosto do Anjo da
Morte.
Olhou para o relógio. “Onde andarão os meus pais? Estão tão
atrasados! Querem ver que não jantamos?!!” Subitamente lembrou-se:
“Ooooops! Esqueci-me do peru no forno!” Correu para a cozinha para
encontrar um belíssimo peru… queimado. “Pobrezinho, apanhou sol a
mais!”, brincou. Ao cheiro a queimado sobrepunha-se o mesmo odor
estranho que encontrara no quarto. Um mau pressentimento surgiu,
juntando-se àquele cheiro e causando-lhe náuseas.
A campainha tocou. “Finalmente!”, pensou. Nem se deu ao trabalho
de ver quem era. Abriu a porta, preparando-se para abraçar os pais quando
se deparou com um rosto totalmente inesperado. Sentiu-se subitamente
numa montanha-russa. À sua frente, com aquele olhar frio e penetrante,
estava o Anjo da Morte. Era ela a portadora daquele odor estranho que
agora se intensificava. Paula não conseguiu controlar o vómito. E o Anjo
da Morte sorriu-lhe e esticou os braços, mostrando-lhe uma foto. Era a sua
foto preferida junto dos pais, aquela que desaparecera do seu quarto. Paula
ficou tão tonta que desmaiou.
Quando acordou, estava junto à porta, mas sozinha. A porta
encontrava-se fechada e trancada. “Terá sido mais um pesadelo?!”, pensou.
Bateram à porta. Espreitou, vendo dois polícias fardados. “Boa noite minha
senhora”, disse o mais novo., “É a Sra. Paula Sequeira?”. “Sou sim”,
respondeu ela. “Temos muita pena em dar-lhe esta notícia na noite de Natal
mas… os seus pais faleceram num acidente de viação.”.
“ Nãaaaaaaaaaaaaaaoooooooooooooooooooooooo!!!”

FIM

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