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Suplemento

de Apoio ao Professor

HC-Manual prof. V. 2-ok 1 07/13/2005, 14:42


Sumário
PARTE I – Apresentação da obra
1. A era da informação ............................................................................................... 3
2. A “hibridização” cultural ........................................................................................ 3
3. A história e o tempo presente ............................................................................. 4
4. A estrutura da coleção ........................................................................................... 4
Páginas de abertura de capítulo, 5 Boxes de diferentes tipos de texto, 5
Texto complementar, 5 Atividades, 5 Questões de Vestibular/Enem, 6
Sugestões de filmes, 6 Suplemento de Apoio ao Professor, 6
5. A avaliação ................................................................................................................ 7

PARTE II – O volume 2
UNIDADE I – OS DIFERENTES POVOS DA AMÉRICA
Capítulo 1. As culturas indígenas americanas ..................................................... 8
Capítulo 2. A colonização da América espanhola ............................................. 10
Capítulo 3. A colonização da América inglesa ................................................... 12

UNIDADE II – É UMA CASA PORTUGUESA, COM CERTEZA!


Capítulo 4. Organização político-administrativa na América portuguesa ... 16
Capítulo 5. Atividades econômicas na América portuguesa .......................... 18
Capítulo 6. A presença holandesa no nordeste açucareiro ............................ 20
Capítulo 7. A mineração no Brasil colonial ........................................................ 21
Capítulo 8. Religião e sociedade na América portuguesa ............................... 23

UNIDADE III – A ERA DAS REVOLUÇÕES


Capítulo 9. O iluminismo ....................................................................................... 28
Capítulo 10. As Revoluções Inglesas ...................................................................... 29
Capítulo 11. A Revolução Industrial ....................................................................... 30
Capítulo 12. A Revolução Francesa ......................................................................... 32
Capítulo 13. O Império Napoleônico .................................................................... 34

UNIDADE IV – UM PERÍODO DE EBULIÇÃO


Capítulo 14. A independência da América inglesa .............................................. 36
Capítulo 15. O processo de independência da América portuguesa ............. 37
Capítulo 16. O processo de independência da América espanhola ................ 38
Capítulo 17. O Congresso de Viena e as revoluções liberais ........................... 39
Capítulo 18. A formação dos Estados Unidos ..................................................... 40
Capítulo 19. Unificação da Itália e da Alemanha .................................................. 42
Capítulo 20. O imperialismo na África e na Ásia ................................................ 43
Capítulo 21. O movimento operário e o advento do socialismo ................... 45
Capítulo 22. O governo de D. Pedro I ................................................................... 46
Capítulo 23. O Período Regencial.............................................................................. 48
Capítulo 24. O governo de D. Pedro II .................................................................. 49
Capítulo 25. A América Latina no século XIX ..................................................... 51
Respostas das Questões de Vestibular/Enem ........................................................ 53

PARTE III – Sugestões bibliográficas


1. Bibliografia para o professor ................................................................................ 60
Metodologia e ensino de História, 60 Temas do volume 1, 60 Temas
do volume 2, 61 Temas do volume 3, 62
2. Sugestões de leitura para o aluno........................................................................ 63
Temas do volume 1, 63 Temas do volume 2, 64 Temas do volume 3, 64

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Parte I — Apresentação da obra

1. A era da informação
Tornou-se lugar comum dizer que vivemos numa “sociedade da informação”
ou numa “sociedade do conhecimento”, na qual a informação, o know-how, o saber,
a competência tornaram-se, ao longo das últimas duas décadas, os bens mais pre-
ciosos. Por isso, vale a pena refletir aqui, mesmo que brevemente, sobre o signifi-
cado dessa transformação social e em como ela modifica a maneira de abordar-
mos o saber histórico na sala de aula.
A sociedade do conhecimento é marcada, em primeiro lugar, pelo desenvolvi-
mento explosivo e ininterrupto da tecnologia da informação (TI), que introduziu
novas formas de produção e, em conseqüência, novos modos de relacionamento
entre as pessoas.
A internet, o e-mail, a TV a cabo, o celular, a videoconferência, etc. sedimentaram
uma sociedade em rede, na qual as relações sociais são intensificadas e, ao mesmo
tempo, esvaziadas, aproximando pessoas distantes e distanciando pessoas próximas,
encurtando distâncias e acelerando o tempo, mas reduzindo a possibilidade que se
tem para desfrutar a companhia dos amigos e familiares.
Tudo se interliga. Os acontecimentos de uma região são formados por even-
tos que ocorrem a milhas de distância, não há mais fatos que não produzam uma
série de ecos, reflexos e ressonâncias imprevisíveis e inesperados. Um exemplo
disso foram as imensas passeatas contra a guerra do Iraque em 2003, ocorridas
simultaneamente quase no mundo inteiro. Um evento aparentemente restrito à
política do Oriente Médio mobilizou milhões de pes-soas no mundo todo,
convocadas via internet ou e-mail, que deram uma demonstração de força no
repúdio à guerra e ao colonialismo. Há, portanto, na sociedade da informação
uma dialética entre o local e o global, na medida em que problemas aparente-
mente localizados podem interferir na vida de todas as pessoas, exigindo uma
solução global.

2. A “hibridização” cultural
O efeito mais importante dessa transformação social é a mistura de valores,
línguas e culturas, provocando o que os antropólogos hoje chamam de hibridização
cultural. A hibridização ocorre porque os bloqueios físicos e ideológicos à livre
difusão do conhecimento, da cultura e da educação tendem a diminuir, permitindo
que povos de diferentes partes do mundo tenham acesso aos valores uns dos
outros e se engajem em processos de fusão e difusão de suas respectivas identi-
dades culturais.
O entendimento entre os povos, porém, não é tão fácil. O recrudescimento das
guerras civis, das rivalidades religiosas ou inter-étnicas em certas regiões do mundo
pode ser interpretado como reações ou movimentos destinados a frear essas trans-
formações reafirmando identidades regionais. Vivemos, portanto, um novo cosmopolitismo,
semelhante, talvez, aos últimos séculos do Império Romano, quando ocorreu um grande
processo de mistura de diferentes culturas.
O conhecimento histórico não pode ficar indiferente a esse conjunto tão rico
de transformações, que sugerem modificações didáticas e epistemológicas funda-
mentais na abordagem do saber histórico na sala de aula. É a esse desafio que este
livro tenta responder, adaptando o saber histórico às necessidades da sociedade
da informação.
Como já haviam suspeitado filósofos como Kant e Hegel, o conhecimento não
é um dado bruto da realidade, que bastaria coletar e repetir, ao contrário, o conheci-
mento depende da intervenção ativa do sujeito que conhece, ele é uma construção
do sujeito que interpreta a realidade segundo seus critérios mentais e as determi-
nações de sua sociedade e sua cultura. Nietzsche afirmou que todo saber é
perspectivo e a história é o exemplo por excelência dessa idéia. Assim, num de seus
ensaios mais importantes (Sobre a vantagem e a desvantagem da história para a vida),
ele exigia um saber histórico voltado para a vida, que respondesse às necessidades
do tempo presente dos homens.

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3. A história e o tempo presente
A tarefa de construir um saber histórico voltado para a vida, para os problemas
contemporâneos, que possibilite explicar as bases materiais sobre as quais se assenta a
nossa civilização e reconhecer os rumos para onde elas estão nos conduzindo, significa
permitir ao aluno reconhecer a relação dinâmica que une o passado, o presente e o
futuro. Não se pode compreender o presente sem conhecer o passado nem conhecer
o passado ignorando o presente. E o conhecimento desses dois tempos permite que
possamos antever o futuro, percebendo os caminhos que estamos trilhando, as dificul-
dades que temos de superar e as condições, limites e possibilidades de se construir um
novo modelo de vida para a humanidade.
O exercício do historiador, de reconstruir a relação entre passado, presente e
futuro, significa reconhecer que a sociedade humana construiu um modelo de
desenvolvimento baseado nas desigualdades sociais, no predomínio da técnica sobre
as necessidades humanas e na idéia de que o homem, o único dotado de razão e
cultura, é o dono soberano da natureza e dela pode fazer uso, de forma predatória
e irresponsável. O aumento da miséria, a escalada dos movimentos racistas, espe-
cialmente na Europa e nos Estados Unidos, o crescente poderio da indústria da
guerra e a rápida devastação dos recursos naturais do planeta alertam para a
necessidade de aprendermos com a experiência histórica a construir um projeto
humanista de sociedade.
Nesta coleção, a tarefa de perceber o saber histórico como uma relação
dinâmica entre passado-presente-futuro concretiza-se particularmente nas Aber-
turas de capítulos, nas leituras e questões dos Textos complementares e nas ativi-
dades da seção A história e o tempo presente. Nestas ocasiões, o aluno poderá,
por exemplo, compreender os conflitos atuais entre israelenses e árabes no
Oriente Médio e as tradições hebraicas presentes no mundo contemporâneo
estudando as bases da antiga civilização hebraica; perceber nas instituições do
Brasil atual a herança da democracia grega; ou reconhecer nos dias de hoje a
permanência da intolerância religiosa que marcou a formação da chamada Idade
Moderna (volume 1).
No volume 2, a obra possibilita, entre outras coisas, identificar os princí-pios
da Revolução Francesa presentes na Constituição e em outras instituições do
Brasil atual; perceber a atualidade da luta indígena pelo direito à terra e à preser-
vação de suas tradições ou reconhecer nas terras dos descendentes dos antigos
quilombolas um vínculo com o passado escravista do Brasil; ou ainda identificar
nas cidades históricas de Minas Gerais as marcas da época do ouro no Brasil. No
volume 3, por sua vez, a relação entre o passado e o presente pode ser percebida
ao se abordar a permanência do voto de cabresto, uma prática que marcou a
política da Primeira República; essa relação aparece também ao se tratar da atual
proposta de reforma da legislação trabalhista herdada do governo Vargas; ou, para
citar outro exemplo, ao abordar os movimentos neonazistas atuais, seguidores
das idéias de Hitler.
A elaboração de uma obra com o olhar voltado para o nosso tempo é necessária
não somente por possibilitar a leitura e a compreensão do presente à luz do passado,
e vice-versa, favorecendo assim projeções em relação ao futuro, mas também por
representar uma escolha metodológica que transforma a aprendizagem num saber
significativo para os alunos, amparada em referenciais conhecidos e contemporâneos
e, por isso mesmo, dotada de sentido e interesse.

4. A estrutura da coleção
Baseando-se numa pedagogia não-diretiva, esta obra procura ser mais do que um
livro básico de consulta; ela pretende oferecer as referências fundamentais para que o
professor possa abordar a história em distintas dimensões. A coleção não direciona o
olhar, não fornece uma narrativa ou interpretação única do processo histórico, mas
apresenta-se como um texto aberto, contendo múltiplas referências e sugestões de
trabalho e deixando o professor livre para explorá-las junto com seus alunos na sala
de aula.
O professor poderá utilizar o livro de diferentes formas, aprofundando certos assun-
tos mais que outros, associando diferentes processos históricos simultâneos ou sucessi-
vos, fazendo interconexões entre épocas e lugares diferentes, enfim, explorando as fontes
fornecidas pelo texto segundo os objetivos e a proposta pedagógica de cada escola. Como

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nenhum livro didático poderia ser absolutamente exaustivo, este livro não esgota os as-
suntos tratados. Nem se pretende também que seja o único ou o mais importante mate-
rial didático de uso em sala de aula. Cabe ao professor planejar o uso desta obra, selecio-
nando os conteúdos e combinando-os com outros materiais, como livros de apoio didáti-
co, textos de jornais e revistas, músicas, narrativas ficcionais e poesias, depoimentos e o
próprio conhecimento que o aluno já traz para a sala de aula.A utilização conjunta do livro
e do suplemento de apoio lhe será muito útil nesse sentido.
As principais seções que constituem os livros da coleção são as seguintes:

Páginas de abertura de capítulo


Diferentes gêneros textuais, pinturas, fotografias, mapas e tabelas, seguidos de um
texto didático, introduzem o tema do capítulo. Quaisquer que sejam os recursos, a
abertura apresenta uma problemática atual, que estabelece a ponte passado-presente
e contribui para motivar o estudo dos conteúdos do capítulo.

Boxes de diferentes tipos de texto


Quadros destacados em fio verde trazem documentos históricos, textos de pes-
quisadores, trechos de obras literárias, os quais possibilitam ao aluno conhecer dife-
rentes interpretações elaboradas sobre determinado acontecimento histórico, co-
nhecer o que os indivíduos pensavam dos fatos que eles vivenciaram e desenvolver a
capacidade de leitura de diferentes tipos de texto, competência necessária para a
prática plena da cidadania.
Nas atividades de final de capítulo, muitas vezes se solicita a retomada de algumas
dessas leituras, com o intuito de desenvolver a habilidade da compreensão e da inter-
pretação de textos ou de estabelecer comparações com imagens, tabelas, mapas ou
textos de outros autores. Sugerimos, para ampliar o trabalho de análise das fontes
históricas e exercitar o método de investigação do historiador, que outros textos
propostos nesses boxes sejam também explorados pelo professor, estimulando o alu-
no a reconhecer as idéias e as intenções sustentadas pelo autor e a compará-las com
o texto didático, com imagens ou outras fontes que tratem do mesmo tema.

Texto complementar
As leituras selecionadas para esta seção caracterizam-se pela diversidade de
gêneros textuais (textos jornalísticos, históricos, científicos, de apoio didático) e
pelas possibilidades de ampliar o conhecimento sobre o tema, estimular o debate
e a habilidade de argumentação.
As questões da seção Compreendendo o texto, ao final da leitura, visam desen-
volver a capacidade de compreensão, ou seja, de extrair do texto as informações e
idéias centrais, explícitas ou subentendidas, relacioná-las e, nos casos pertinentes,
posicionar-se diante de um debate ou interpretação histórica.
O trabalho com estes textos pode ser iniciado solicitando aos alunos para enu-
merar os parágrafos e, à medida que a leitura for sendo feita, ir destacando as palavras
consideradas difíceis. O próximo passo é procurar no dicionário o significado dos
termos apontados e anotá-los no caderno. Em seguida, pedir aos alunos para identifi-
car, oralmente, a idéia ou a característica principal de cada parágrafo. Feito este estudo
prévio, encaminhar o trabalho de formulação das respostas, que pode ser realizado
individualmente ou em dupla.

Atividades
Explorando o conhecimento
As questões propostas neste primeiro item têm como finalidade sistematizar
os conteúdos estudados no capítulo e desenvolver habilidades cognitivas próprias
da disciplina e da prática educativa, em especial a comparação, a observação, a
interpretação, a produção de textos, o juízo crítico e as noções de cronologia.
Nestas atividades, oferecemos ao professor uma variedade de questões que
trazem textos variados, pinturas, gráficos, tabelas, mapas e charges, que possibili-
tam aprofundar os conceitos de cada capítulo, discutir a dinâmica da produção
histórica, compreender como os indivíduos do passado enxergavam o seu pró-
prio tempo e como outras pessoas, que viveram em épocas posteriores, interpre-
taram os registros do passado.

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A história e o tempo presente
As atividades desta seção permitem relacionar o passado e o presente, estimulan-
do o aluno a conhecer e a se posicionar diante de questões relevantes para a socieda-
de contemporânea. As questões, que incluem produção de textos, debates, leitura de
imagens e textos, elaboração de pesquisas e montagem de painéis, entre outras pro-
postas, visam, igualmente, formar atitudes de valorização do patrimônio histórico e
cultural da humanidade, de preservação dos recursos naturais do planeta e de repú-
dio às guerras e às injustiças sociais.
Entendemos que é papel do ensino de história e de toda prática educativa contri-
buir na formação de pessoas conscientes dos problemas sociais do seu tempo e das
mudanças necessárias para superá-los, comprometidas com os princípios da tolerân-
cia, da democracia, da paz e da solidariedade. Não basta preparar o aluno para ser um
excelente leitor, formulador de hipóteses, observador e capaz de produzir textos
bem articulados e persuasivos. É preciso, no mesmo nível, formar indivíduos que repu-
diem a indiferença e os preconceitos, que questionem o consumismo e o individualis-
mo, que expressem a sua afetividade e desenvolvam a sensibilidade e se sintam res-
ponsáveis por construir uma sociedade mais justa e humanizada.

Questões de Vestibular/Enem
O ensino médio não pode ficar refém de um modelo educacional voltado para os
vestibulares, mas também não pode se esquivar dessa tarefa. Criar condições para que
todos os alunos ingressem em boas universidades e possam se servir dos recursos públi-
cos destinados ao ensino superior, qualificando-se para exercer a vida social e profissional,
é parte da tarefa de democratizar a sociedade brasileira.
Entendemos também que a universalização do ensino superior significaria, em última
instância, a extensão da obrigatoriedade para a educação superior e a extinção dos vesti-
bulares. Infelizmente, não há perspectivas de que isso ocorra em um futuro próximo.
Diante dessa realidade e da importância de ampliar ao máximo o acesso à educação
superior, selecionamos nesta coleção questões de diferentes universidades do país e das
provas anuais do Enem, procurando contemplar os conteúdos essenciais de cada capítulo
e atender aos objetivos estabelecidos para a disciplina, tanto os que envolvem questões
conceituais quanto aqueles que remetem à tarefa de preparar para a prática da cidadania.
As questões objetivas podem ser respondidas oralmente ou por escrito, no ca-
derno, conforme critério estabelecido pelo professor. Quanto às questões discursivas,
elas podem ser trabalhadas individualmente ou em dupla, ou ainda servir de material
de trabalho em grupo. As respostas das questões de vestibular e do Enem estão no
final deste suplemento.

Sugestões de filmes
Ao final dos capítulos, apresentamos um ou mais filmes recomendados para o
trabalho com os conteúdos tratados em cada caso. Sugerimos ao professor assistir ao
filme antes de exibi-lo aos alunos, para avaliar a adequação do filme à realidade de seus
alunos ou, se for o caso, para selecionar as passagens mais apropriadas para o trabalho
que propôs desenvolver.
O trabalho com o cinema nas aulas de História não pode prescindir de uma
demarcação prévia entre o que é conhecimento histórico e o que é ficção, para não se
correr o risco de confundir história com arte. O cinema é uma interpretação livre do
passado, sem compromisso com a objetividade e a documentação, ao contrário da
ciência histórica, que não pode se furtar do compromisso com a objetividade e os
registros do passado. Nesse sentido, a obra cinematográfica nos diz mais sobre a
época em que foi feita do que sobre o fato histórico que inspirou o enredo.

Suplemento de Apoio ao Professor


Cada volume da coleção vem acompanhado de um Suplemento de Apoio ao Professor
que complementa os conteúdos e as atividades do livro, remetendo em cada caso a uma
bibliografia específica e a outras fontes essenciais para aprofundar os temas estudados. São
citados, além disso, trechos de fontes primárias que podem ser exploradas em sala, suge-
rem-se atividades interdisciplinares e o uso de diversas linguagens (literatura, imagem,
música, etc.) para dar conta dos temas abordados. O suplemento prescreve formas possí-
veis e caminhos recomendáveis de utilização dos materiais do livro sem, contudo, limitar a
liberdade e a criatividade do professor, mas, ao contrário, estimulando-as com sugestões
de materiais de apoio, propostas de novas atividades e informações adicionais.

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5. A avaliação
A avaliação tradicionalmente era tratada como instrumento de controle, vigi-
lância e punição, em geral realizado em ocasiões previamente estabelecidas pelo
professor. Nessa perspectiva, perante os alunos, a avaliação despertava ansiedade,
pavor e insegurança. Felizmente, desde as últimas décadas do século XX, o foco da
avaliação tem se deslocado cada vez mais do binômio promoção-reprovação para
ajustar-se às necessidade do processo de aprendizagem. Segundo essa nova pers-
pectiva, a avaliação deve ser diferenciada e contínua, ou seja, deve contemplar as
especificidades e habilidades prévias dos alunos e ocorrer durante todo o proces-
so de ensino-aprendizagem, tendo como referência os objetivos estabelecidos
para cada disciplina.
Em vez de funcionar como uma ferramenta de promoção ou reprovação, a
avaliação deve permitir ao educando reconhecer suas conquistas e dificuldades,
ajudando-o a visualizar os desafios e os caminhos possíveis para a sua superação.
Para o professor, a avaliação possibilita rever sua prática pedagógica e ajustá-la às
necessidades do grupo, alterando procedimentos e readequando os instrumentos
avaliatórios. Sob esse ponto de vista, a avaliação não só permite verificar se os
conteúdos estão sendo aprendidos, mas também perceber os avanços e as fragili-
dades do processo de ensino-aprendizagem, criando condições para que o aluno
atinja os objetivos estabelecidos para a disciplina e para a prática educativa como
um todo.
Organizar um projeto de avaliação centrado na aprendizagem pressupõe tam-
bém avaliar o crescimento global do aluno nos conhecimentos da disciplina. Assim,
o professor deve fazer uso, em sua experiência pedagógica, de uma diversidade de
instrumentos de avaliação, que considerem as diferentes habilidades dos alunos.
Nesta coleção apresentamos atividades de vários gêneros, agrupadas nas seções
Compreendendo o texto, Atividades e Questões de Vestibular/Enem, que podem
ser utilizadas pelo professor para avaliar e aperfeiçoar o aprendizado dos alunos e
os resultados do seu trabalho: atividades de leitura, compreensão e produção de
textos, análise de imagens, de gráficos e mapas, elaboração de pesquisas, monta-
gem de painéis, debates, entre outras.
A prática da avaliação, utilizada como instrumento da aprendizagem e não
como mecanismo de controle e punição, é uma tarefa que pode envolver os alu-
nos, para que eles também compreendam a importância dos critérios utilizados
na avaliação e identifiquem, à luz desses critérios, os avanços já conquistados e as
dificuldades que precisam ser superadas. A auto-avaliação, porém, não pode ser
vista como a possibilidade de manipular ou escamotear os resultados da aprendi-
zagem, mas, ao contrário, como uma oportunidade de discutir com os alunos os
erros, acertos e desafios do processo educativo.

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Parte II — O volume 2

UNIDADE I Organização das Nações Unidas (ONU), da qual partici-


pa desde 1993. Desde 1994, por meio de uma ONG, ba-
OS DIFERENTES POVOS DA AMÉRICA talha para obter reconhecimento e proteção aos direitos
dos povos indígenas, tanto no interior dos Estados como
CAPÍTULO 1. AS CULTURAS INDÍGENAS em organismos internacionais. Para mais informações,
AMERICANAS
pode-se consultar o site: www.rigobertamenchu.org.

Conteúdos e objetivos Texto do boxe p. 10


O capítulo em questão analisa as diferentes culturas É importante chamar a atenção para o texto selecio-
indígenas presentes no continente americano no período nado, de Antonella Tassinari, que evidencia a diversidade
pré-colombiano. Os sioux, guaranis, astecas, maias e incas cultural indígena a partir da relação de identidade ou de
são analisados em sua especificidade histórica destacando- diferença dependendo do olhar daquele que a interpreta.
se também textos historiográficos que problematizam es- Nesse sentido, o professor deve sempre reforçar a impor-
sas questões na atualidade de forma relevante para o tra- tância de reconhecermos e valorizarmos as culturas pelo
balho do professor. Para abordar essa temática é impor- seu valor intrínseco, sem estabelecer relações hierárquicas
tante chamar a atenção para a diversidade cultural indíge- ou comparativas entre elas. Cada cultura deve ser entendi-
na contribuindo para sensibilizar os educandos quanto à da como parte do patrimônio da humanidade, contribuindo

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


valorização da pluralidade cultural e da tolerância e respei- com sua identidade e subjetividade para tornar o mundo
to com relação às diferenças. mais rico em experiências e diversidade, ampliando as pos-
O conteúdo deste capítulo favorece a interlocução com sibilidades de trocas culturais. O importante é que os alu-
a área de Antropologia, que poderá enriquecer e ampliar a nos percebam que os indígenas estão vinculados a tradi-
discussão dos temas propostos. O professor também po- ções culturais não ocidentais, que precedem a colonização
derá aproveitar as sugestões de leitura apresentadas ao no continente americano. Eles possuem outros valores, fa-
longo deste material de apoio. Os objetivos que norteiam lam outras línguas, estabelecem outras relações de paren-
a execução deste capítulo são os seguintes: tesco e outra atitude em relação à natureza. Assim, valori-
• Identificar e valorizar o legado cultural das diversas za-se a diversidade cultural e estimulam-se atitudes de to-
sociedades pré-colombianas, sua situação atual e a im- lerância e respeito com relação às diferenças. Essa é uma
portância dessas culturas para a formação da população boa oportunidade também para ressaltar que apesar das
americana contemporânea. diferenças culturais, os homens têm uma origem comum,
• Discutir a situação atual dos povos indígenas ame- portanto todos têm necessidades e direitos comuns.
ricanos problematizando semelhanças e diferenças entre
eles e também entre eles e os valores ocidentais repre- Sociedades de caçadores,
sentados pelos homens brancos. coletores e agricultores p. 11
• Analisar hábitos e costumes característicos da cul-
tura indígena, como os rituais de antropofagia, problema- O texto didático apresenta de forma sintética algumas
tizando-os historicamente. características que identificam as culturas indígenas no pe-
• Reconhecer e valorizar a complexidade das culturas ríodo pré-colombiano. Para situar a localização dessas cul-
pré-colombianas em suas especificidades culturais, superan- turas, o professor pode utilizar o mapa (p. 11) e compará-
do a visão da homogeneidade, enraizada no senso comum. lo com um mapa atual que localize os povos indígenas no
• Analisar e comparar mapas históricos da região em continente americano.
diferentes períodos históricos. Quando se trata dos costumes indígenas no Brasil
• Sintetizar as determinações estabelecidas pela Cons- quase sempre vêm à tona os rituais antropofágicos, prá-
tituição de 1988 para os povos indígenas do Brasil, reco- tica tradicional entre algumas etnias indígenas no pas-
nhecendo os direitos indígenas previstos na lei. sado. Segundo o historiador brasilianista John Monteiro,
• Realizar pesquisa para obter informações sobre a os rituais antropofágicos (no caso para os tupinambás)
situação atual dos povos indígenas na América. estavam relacionados com a guerra e com o sentimen-
to de vingança. A guerra e os rituais antropofágicos
eram muito importantes para esses povos como for-
Texto de abertura p. 9
ma de manter o relacionamento entre o passado e o
O texto de abertura apresenta uma entrevista com presente, representavam uma forma de reverenciar os
Rigoberta Menchú, ganhadora do Nobel da paz e militan- antepassados e manter as tradições. A vingança podia
te dos direitos dos índios na América Central. A entre- ser consumada de duas formas: por meio da morte do
vista serve para situar a questão que será tratada neste inimigo na batalha ou pela captura e posterior execu-
capítulo, a situação dos povos indígenas do continente ção no terreiro. O ponto central da guerra era o ritual
americano, relacionando passado e presente. A militante da morte: recebido com uma festa, com ou sem antro-
é reconhecida local e internacionalmente como defenso- pofagia, significava a concretização da vingança dos pa-
ra dos direitos dos índios da América Central, atua em rentes mortos, enquanto o ritual antropofágico signifi-
organismos internacionais, como a Assembléia Geral da cava a lembrança dos seus bravos antepassados. A guerra,

8 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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a festa e os rituais antropofágicos também estreitavam do período anterior à conquista européia ainda são pou-
as relações intertribais. Divididos entre aliados e ini- co conhecidas pelos próprios americanos, ao contrário
migos, todos se congregavam nesses eventos, ora para das cidades européias.
comemorar as vitórias, ora para reconstituir as popu- O boxe a seguir traz algumas informações que po-
lações e as aldeias. dem ajudá-lo a promover em sala de aula uma discussão
A prática da antropofagia entre os índios foi docu- crítica e proveitosa sobre a situação dos povos indíge-
mentada em diferentes fontes históricas, como é o caso nas do Brasil.
do famoso relato do viajante alemão Hans Staden. O
jovem aventureiro alemão fez duas viagens ao Brasil, e Um perfil da população
na segunda caiu prisioneiro dos tupinambás (uma das
etnias tupis), permanecendo nessa condição por cerca indígena no Brasil
de nove meses. De volta à Europa, Hans Staden relatou Calcula-se que, na época da chegada dos portu-
em um livro suas experiências e observações a respei- gueses, viviam no Brasil cerca de 5 milhões de indí-
to dos costumes indígenas (inclusive os rituais genas. De acordo com os estudos do antropólogo
antropofágicos). O livro, publicado em 1557, chama-se Darcy Ribeiro, no primeiro século de colonização 1
Viagens e aventuras no Brasil. Se o professor achar con- milhão de índios foram dizimados. Os nativos foram
veniente pode apresentar trechos do livro em sala de vítimas das epidemias trazidas pelos europeus, da
aula, destacando as passagens em que ele descreve es- fome, do trabalho forçado ou morreram nas guer-
ses rituais. Essa atividade pode servir de estímulo para ras genocidas empreendidas pelos colonizadores.
a realização de outras já programadas no livro, página Hoje, segundo o Censo 2000, feito pelo IBGE,
20, além do filme sugerido na página 21. existem no Brasil cerca de 700 mil índios. Eles lutam
para reconquistar suas terras, mas ainda são vítimas
Sugestão de leitura da violência por parte de fazendeiros, garimpeiros e
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

autoridades locais que desrespeitam a lei e invadem


MONTEIRO, John. Negros da terra: índios e bandeirantes
seu espaço em busca de riquezas. Os indígenas so-
nas origens de São Paulo. São Paulo, Companhia
frem ainda muitos outros problemas. A demarcação
das Letras, 1995.
das terras e sua proteção, garantindo a posse efeti-
va, padecem com a morosidade por parte do gover-
Os astecas, guerreiros dos deuses p. 13 no. O uso indiscriminado de agrotóxicos no entor-
Para abordar a riqueza e diversidade da cultura e da no das terras indígenas, aplicado nas monoculturas
sociedade asteca, o professor pode enfatizar a cidade de de soja, eucalipto (para a produção de celulose) e
Tenochtitlán, onde se localiza hoje a Cidade do México, des- arroz, contaminam as águas e os animais que vivem
tacando informações como população, templos, infra-estru- na floresta, prejudicando o modo de vida indígena.
tura e economia, estabelecendo comparações com as maio- Os índios enfrentam ainda problemas de saúde,
res cidades européias no mesmo período. Essa pode ser como desnutrição, alcoolismo e doenças infecto-con-
uma estratégia profícua para os alunos perceberem os con- tagiosas, devido à precariedade do atendimento mé-
trastes culturais no encontro entre americanos e europeus dico e à falta de recursos econômicos. Nas aldeias
no chamado Novo Mundo. mais próximas dos centros urbanos, muitos índios,
fugindo da miséria, migram para as cidades, onde vão
viver da mendicância e sofrer com a discriminação
Cidades pré-colombianas
e a violência.
As cidades de Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopan Esses são só alguns dos problemas enfrentados
dominaram o vale central do México ao longo do pelas comunidades indígenas no Brasil atual.
século XV. Tenochtitlán se assemelhava à cidade de
Veneza, pois foi construída numa região pantanosa
(uma ilha no meio do pântano ligada à margem atra-
vés de três canais). A cidade tinha ruas largas, bem Sugestão de atividade
construídas e contava com um aqueduto de 5 quilô- O professor pode explorar a situação atual dos
metros de extensão, que abastecia toda a cidade. A povos indígenas na América Latina. Aproveitando os
cidade era limpa, organizada e possuía edificações textos selecionados nas páginas 16 e 17 (povos ex-
sólidas, como as pirâmides, que imprimiam um as- tintos), promova uma discussão sobre as reivindica-
pecto majestoso à cidade, causando muita admira- ções atuais desses povos, destacando alguns confli-
ção por parte dos conquistadores (leia o texto da tos e sua relação com o processo de globalização.
p.14). As necessidades alimentares dos americanos
também eram suficientemente garantidas pelos su-
primentos de carnes variadas, plantas comestíveis Texto complementar p. 17
e principalmente o milho, base da alimentação A mortandade indígena
ameríndia, ainda desconhecida pelos europeus no
período. A leitura proposta neste capítulo analisa justamente
os efeitos destrutivos da conquista para os povos indí-
As informações apresentadas no boxe Cidades pré- genas, no aspecto demográfico, econômico, social e ide-
colombianas podem servir de ponto de partida para uma ológico, questão que merece ser discutida e analisada
discussão interessante com os alunos, pois, apesar de ri- com os alunos, já que esse é um dos pontos centrais
cas e diversificadas, as culturas e as cidades americanas para elucidar a situação atual dos povos indígenas.

PARTE II — O VOLUME 2 9

HC-Manual prof. V. 2-ok 9 07/13/2005, 14:42


Atividades p. 19 CAPÍTULO 2. A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA
O objetivo da questão 2 é apresentar o simbolismo ESPANHOLA
de um ritual antropofágico sob o ponto de vista dos nati-
vos. O texto a seguir pode ser útil para orientar uma Conteúdos e objetivos
discussão em sala de aula. O capítulo em questão focaliza a sociedade e a econo-
mia da América espanhola no período colonial, analisando
o processo de trocas culturais e de exploração econômica
O que é antropofagia que vigorou na relação entre europeus e americanos nes-
“Ato de comer carne humana, praticado por alguns se período. Nesse contexto, discute-se como se deu o pro-
povos indígenas que habitavam principalmente o litoral. cesso de conquista e sua institucionalização analisando es-
Costume tribal tupi, o canibalismo era acompanhado sencialmente as atividades econômicas, as relações de tra-
por um ritual que se iniciava com a captura do inimigo balho e a estrutura social na América espanhola. Os con-
durante a guerra. Ao adentrar com seu captor na aldeia, teúdos e a forma de abordagem adotada estabelecem rela-
onde poderia circular livremente, o prisioneiro era sau- ções entre o presente e o passado, permitindo que o pro-
dado com gritos. Eram oferecidos a ele uma maloca e fessor trabalhe tanto o sentido da colonização quanto os
uma índia (filha, esposa ou irmã de quem o havia captu- efeitos desse processo para a história independente dos
rado), sendo comum nascerem filhos dessa união. An- países hispano-americanos.
tes da execução, que poderia demorar várias luas, era O estudo da economia e da sociedade na América de
pintado, podendo jogar pedras e insultar a audiência, colonização espanhola visa os seguintes objetivos:
que dançava e bebia cauim (bebida fermentada à base • Confrontar as diferentes visões da conquista na re-
de mandioca). O carrasco vestia um manto de penas e, lação entre europeus e americanos nos primeiros tem-
com uma borduna, rompia o crânio do prisioneiro. As pos da conquista da América espanhola.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


índias mais velhas recolhiam o sangue, que seria por to- • Inserir a colonização da América espanhola nos qua-
dos consumido. O cadáver era esquartejado, dros da expansão européia e das linhas mestras da políti-
destrinchado, assado numa grelha e repartido em peque- ca mercantilista.
nos pedaços entre os participantes. O executor, porém, • Caracterizar as formas de dominação e exploração
não comia, entrava em jejum e adotava outro nome. Acre- econômica e social da América espanhola estabelecendo
ditava-se que todos se apropriariam das qualidades do relações com a situação atual da América Latina.
executado. Era motivo de orgulho, para um guerreiro, mor- • Analisar mapa que representa o desnível de desen-
rer em cativeiro. O canibalismo era condenado pelos pa- volvimento econômico e tecnológico dos atuais países
dres católicos e pela Coroa portuguesa, que castigava as da América Latina em relação à América Anglo-Saxônica.
tribos antropofágicas com a escravidão [...].” • Caracterizar a presença da escravidão africana na
(BOTELHO, Angela e REIS, Liana. colonização da América espanhola.
Dicionário histórico Brasil: Colônia e Império.
Belo Horizonte, Autêntica, 2002.) Texto de abertura p. 22
O texto de abertura selecionado chama a atenção para
Na questão 5 é importante o professor também discutir o fato de a cultura e a identidade dos povos latino-ameri-
o significado da pintura corporal para as sociedades indíge- canos ainda serem tratadas de forma genérica e estereoti-
nas brasileiras. A pintura corporal indígena pode indicar uma pada na mídia internacional, revelando a permanência da
simples expressão estética e de erotismo ou um ritual de dificuldade de compreender e aceitar o “outro”. Esta pode
preparação para a guerra ou, até mesmo, uma das maneiras ser uma boa oportunidade para o professor discutir o peso
de amenizar a ira dos demônios. Além de protegerem o cor- do passado colonial na formação da identidade dos povos
po dos raios solares e das picadas de insetos, a pintura cor- latino-americanos e como ele ainda interfere nas relações
poral é considerada uma segunda “pele” do indivíduo: a so- dos países da América Latina com outros povos e culturas.
cial, em substituição à biológica. O padrão da pintura e o local Na análise desse texto caberia ainda uma discussão sobre
no corpo identificam o status da pessoa na sociedade. No o poder da mídia em divulgar fatos e imagens, que circulam
ano de 2003, a arte kusiwa, própria da população indígena livremente e são apropriadas pelo público sem uma pers-
wajãpi do Amapá, recebeu da Unesco o título de Obra-prima pectiva crítica, assimiladas como a expressão da verdade.
do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade.
Dessa forma, o aluno deve perceber a pintura corpo-
A institucionalização da conquista p. 24
ral como expressão artística e uma linguagem visual em
estreita relação com outros meios de comunicação ver- Para trabalhar as etapas sucessivas de conquista e
bais e não-verbais. dominação na América espanhola, peça para os alunos
Além disso, seria muito importante também discutir o analisarem o mapa “A ocupação espanhola”, na página 24,
uso da tatuagem nos dias de hoje. Em algumas escolas pri- acompanhando no texto didático as rotas de expansão
vadas mais conservadoras, não são admitidos alunos e pro- da conquista no território americano. A partir dos cinco
fessores com tatuagens no corpo, consideradas pela dire- marcos iniciais apontados no mapa, o professor pode pro-
ção como sinal de desvario ou de desleixo. Questões tais por uma investigação mais aprofundada. Dividindo a clas-
como: “Você acredita que a tatuagem pode trazer compli- se em grupos, cada um ficaria responsável pela pesquisa
cações sociais? Por quê? Por que há tanto preconceito em de um desses pontos de entrada e irradiação da conquis-
relação ao uso de tatuagens?”, são discussões essenciais ta. Os alunos deverão levantar informações como:
para trabalhar o tema do preconceito. a) data e nome do conquistador da região;

10 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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b) breve histórico de vida do conquistador; ➜
c) quem eram os conquistados (nativos), apontando dispunham da exclusividade da oferta, garantia-lhes so-
alguns costumes e tradições; bre-lucros por dois lados — na compra e na venda. Pro-
d) mudanças e permanências na estrutura econômi- movia-se, assim, de um lado, uma transferência de renda
ca, política e social após a conquista; real da colônia para a metrópole, bem como a concen-
e) síntese da situação atual dessa região; tração desses capitais na camada empresária ligada ao
f) exemplo de fonte histórica significativa para a pes- comércio ultramarino. Reversivamente, detentores da
quisa dessa população no período colonial. exclusividade da oferta dos produtos nos mercados co-
loniais, os mercadores metropolitanos, adquirindo-os a
preço de mercado na Europa, podiam revendê-los nas
Sugestões de leitura colônias no mais alto preço acima do qual o consumo
LAS CASAS, Frei Bartolomé. O paraíso destruído: a san- se tornaria impraticável; repetia-se, pois, aqui o mesmo
grenta história da conquista da América espanhola. mecanismo de incentivo da acumulação primitiva de
5. ed. Porto Alegre, L&PM, 1991. capital pelos empresários da mãe-pátria.”
FERRO, Marc. História das colonizações. São Paulo, Com- (NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil
panhia das Letras, 2002. na crise do antigo sistema colonial (1777-1808).
2. ed. São Paulo, Hucitec, 1981.)

Atividades econômicas e
Texto complementar p. 28
formas de trabalho p. 25
O Conselho das Índias
No que se refere à atividade econômica na América
espanhola, é fundamental que o professor explique a no- O documento selecionado foi produzido pelo Con-
ção de exclusivo ou de pacto colonial, estabelecendo rela- selho das Índias, órgão administrativo criado pela Coroa
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ções com os conceitos de mercantilismo e acumulação espanhola com a função de regulamentar toda a adminis-
primitiva de capital, se necessário retomando conteúdos tração colonial, sendo responsável pela criação dos Vice-
trabalhados em séries anteriores. Reinados e das Capitanias Gerais e pela nomeação de
Podemos dizer que o objetivo econômico do pacto seus dirigentes.
colonial era a criação de um mercado e de uma área de O documento em questão tem o intuito de sensibili-
produção colonial totalmente controlada pela metrópo- zar os alunos para a leitura e a interpretação de fontes
le.Teoricamente, as áreas coloniais só poderiam produzir históricas, propiciando um contato com a matéria-prima do
aquilo que a metrópole, por condições geográficas ou his- historiador e aproximando o educando da construção do
tóricas, não tinha condições de garantir, daí o caráter com- conhecimento histórico. Como se trata de um texto de
plementar da economia colonial, isto é, a sua função pri- época, é preciso que o professor, em primeiro lugar, chame
mordial de abastecer a metrópole dos produtos necessá- a atenção para a data a que se refere o documento, quem
rios à auto-suficiência. O elemento de sustentação eco- o produziu e com qual finalidade. É importante ainda pro-
nômica mais importante na relação metrópole-colônia gramar uma leitura cuidadosa esclarecendo termos ou
era dado pelo monopólio comercial. Esse monopólio ga- expressões mais complexas, além de confrontar o docu-
rantia ao grupo mercantil metropolitano o direito exclu- mento com o que informa o livro didático. Num segundo
sivo de compra e venda das mercadorias produzidas pela momento, podem-se aproveitar as questões propostas que
colônia, além do direito de comercialização dos produtos buscam facilitar a compreensão do texto.
europeus importados pelos colonos.
Leia no boxe a seguir como o historiador Fernando Atividades p. 29
A. Novais definiu o exclusivo metropolitano. A questão 4 tem como objetivo fornecer subsídios
para comparar a prática da escravidão africana na América
O exclusivo metropolitano espanhola e na América portuguesa. É importante que o
“Reservando-se a exclusividade do comércio com aluno saiba que poucos territórios da América hispânica
o Ultramar, as metrópoles européias na realidade orga- utilizaram, sistematicamente, o trabalho escravo africano;
nizavam um quadro institucional de relações tendentes estima-se que apenas cerca de 10% dos africanos introdu-
a promover necessariamente um estímulo à acumula- zidos na América tenham ido para as colônias espanholas,
ção primitiva de capital na economia metropolitana a principalmente para suprir a carência da mão-de-obra in-
expensas das economias periféricas coloniais. O chama- dígena. Cuba, nas Antilhas, foi uma exceção. A alta dos pre-
do ‘monopólio colonial’, ou mais corretamente e usando ços do açúcar na Europa, durante o século XVIII, impulsio-
um termo da própria época, o regime do ‘exclusivo’ me- nou a expansão dos engenhos cubanos, que passaram a ser
tropolitano constituía-se, pois, no mecanismo por exce- operados por um grande contingente de africanos.
lência do sistema, através do qual se processava o ajus- Na questão 5 é importante o aluno destacar as seme-
tamento da expansão colonizadora aos processos da lhanças e as diferenças entre as haciendas da América espa-
economia e da sociedade européias em transição para nhola e o sistema de plantation, que vigorou na América
o capitalismo integral. [...] portuguesa.Tanto um quanto outro se caracterizavam pela
Efetivamente, detendo a exclusividade da compra monocultura de produtos tropicais e pelo predomínio do
dos produtos coloniais, os mercadores da mãe-pátria trabalho compulsório; no entanto, enquanto a produção
podiam deprimir na colônia seus preços até ao nível [...] da América portuguesa destinava-se principalmente ao mer-
dos custos de produção; a revenda na metrópole, onde cado externo, as haciendas da América hispânica produzi-
➜ am para um mercado mais restrito, local ou regional.

PARTE II — O VOLUME 2 11

HC-Manual prof. V. 2-ok 11 07/13/2005, 14:42


Outro ponto importante para se discutir com os alu- • Estabelecer relações entre a história local (América)
nos é a permanência do sistema conhecido como e a global (Europa) elucidando a especificidade do projeto
huasipungo em alguns países de colonização espanhola, colonial na América inglesa.
em especial o Equador. Trata-se de um sistema, caracte- • Caracterizar a estrutura político-administrativa das
risticamente medieval, no qual os índios eram obrigados Treze Colônias inglesas, comparando-a com a que se im-
a trabalhar seis dias por semana nas terras do patrón (pro- plantou na América espanhola.
prietário das haciendas) para terem o direito de cultivar, • Perceber o preconceito racial nos Estados Unidos como
para sua subsistência, um pequeno lote de terra. No caso uma herança da escravidão, estabelecendo relações com as
de venda da propriedade, os indígenas eram considera- formas de racismo existentes no Brasil.
dos como parte da negociação. • Debater a questão imigratória nos Estados Unidos
O objetivo da questão 6 é discutir, a partir de um de hoje, levantando os fatores que levam milhares de pes-
texto que descreve a prática da mineração predatória, soas, inclusive brasileiros, a buscar a sorte naquele país.
outros elementos de degradação do meio ambiente. Por
exemplo, a contaminação do ar, das águas e do solo, pela Texto de abertura p. 31
queimada de florestas, pela emissão de gases tóxicos das
indústrias químicas, ou pelas toxinas geradas na decom- O texto em questão discute o processo de
posição do lixo urbano. latinização da sociedade norte-americana na atualidade,
Ao mesmo tempo, o professor deve mostrar aos alu- estabelecendo relações com o conceito de antropofa-
nos que a questão da qualidade de vida não está ligada gia que floresceu no modernismo brasileiro. Na leitura
apenas aos problemas ambientais; ela está relacionada à e na interpretação do texto é preciso destacar a per-
qualidade dos serviços de saúde, educação, transporte e manência dos movimentos migratórios ao longo da his-
saneamento básico, às condições de moradia, ao poder tória norte-americana e a importância que esses imi-
aquisitivo do cidadão, entre outros fatores. grantes, sobretudo hispânicos, adquiriram na história re-
cente do país. Se achar conveniente o professor pode

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Na questão 8 é importante salientar a necessidade de
garantir recursos à efetiva escolarização dos indígenas bra- programar uma pesquisa no sentido de comprovar ou
sileiros, bem como a extrema importância da preservação não a opinião defendida pelo autor do texto. Que papel
do bilingüismo nas escolas indígenas. Pesquisas recentes os imigrantes latinos ocupam nos Estados Unidos hoje?
mostram que ministrar a instrução dos grupos minoritários Como eles são tratados pelas autoridades em compara-
na sua própria língua e utilizar professores do mesmo gru- ção aos cidadãos americanos? Qual a política imigratória
po étnico é altamente eficaz, reduzindo a repetência e a do governo norte-americano na atualidade? Como a
evasão escolar. sociedade norte-americana vê os imigrantes? Essas são
algumas questões que poderão nortear essa pesquisa.

CAPÍTULO 3. A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA Uma expansão colonial tardia p. 32


INGLESA Para se entender a especificidade do modelo de
colonização na América inglesa em relação ao modelo
Conteúdos e objetivos ibérico, seria interessante apontar os contrastes, as
Este capítulo discute a formação e o processo de ocu- diferenças entre eles. A partir do texto didático pode-
pação da América inglesa, desde a fundação das treze colô- se organizar um esquema-resumo tornando mais clara
nias até o período que antecede a luta pela independência as diferenças entre os dois modelos.
(1776). Os conteúdos do capítulo destacam o desenvolvi- Segundo o historiador Caio Prado Jr., o modelo de
mento econômico, político e social das colônias que se for- colonização implantado no norte foi diferente do que
maram a partir da chegada dos pilgrim fathers, os imigrantes ocorreu no restante da América basicamente devido
fundadores da nova nação. O texto didático analisa separa- às transformações sofridas pela Inglaterra no decorrer
damente as principais características que distinguem a orga- do século XVI. O equilíbrio interno e a distribuição da
nização das colônias do norte, a das colônias do centro e a população foram afetados basicamente pela política de
das colônias do sul. O objetivo central é problematizar o cercamentos das terras e pelos conflitos religiosos de-
processo de colonização da América inglesa, contrastando correntes do movimento reformista, obrigando parte
com o modelo que foi adotado na colonização espanhola e da população a buscar outras paragens.
portuguesa no mesmo continente. Finalmente, discute-se, Daí, o modelo de colonização da América do Norte
em linhas gerais, a colonização francesa no continente ame- não ter sido impulsionado pela simples exploração eco-
ricano. O estudo dessa temática visa desenvolver as seguin- nômica, mas sim pela necessidade de abrigar os excessos
tes habilidades, procedimentos e atitudes: demográficos do território inglês (perseguidos religiosos,
• Confrontar presente e passado para compreender degredados e camponeses expulsos da terra). Aos fato-
e avaliar criticamente a realidade presente. res sociais e religiosos que existiam na Inglaterra, devem
• Comparar o modelo de colonização que se desen- ser somadas as condições geográficas das terras do nor-
volveu no norte e no centro da América inglesa com o te da América inglesa, caracterizadas por baixas tempera-
que se desenvolveu no sul, estabelecendo diferenças e turas e a presença de rios com fortes correntezas. Tais
semelhanças. condições não permitiam o plantio de culturas tropicais,
• Explicar, a partir de um esquema, o funcionamento levando os colonos do norte a desenvolver um tipo de
do comércio triangular e o papel desse comércio no de- economia muito parecido com o da sua terra de origem,
senvolvimento das colônias do norte e do centro da em que se destacavam um agricultura diversificada e fa-
América inglesa. miliar, a pesca e a exploração de peles e madeiras.

12 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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O resultado desse modelo de povoamento foi a for- partir do texto didático e do mapa (p. 35), o professor
mação de uma sociedade que, sem desconsiderar suas pode explicar esse processo estabelecendo relações
especificidades, foi quase um prolongamento daquela de com o que já foi tratado anteriormente.
origem. Leia no boxe a seguir um trecho em que Caio
Prado Jr. compara os dois modelos de colonização.
Sugestão de atividade
O modelo de colonização no norte A fundação das Treze Colônias da América do
Norte vincula-se ao deslocamento populacional de
“As colônias tropicais tomaram um rumo intei-
refugiados ingleses que partiram para o novo mundo
ramente diverso do de suas irmãs da zona tempera-
em busca de melhores condições de vida. Atualmen-
da. Enquanto nestas se constituirão colônias propri-
te, o mundo continua a “produzir” milhares de refu-
amente de povoamento, escoadouro para excessos
giados que, por diferentes motivos, foram obrigados
demográficos da Europa que reconstituem no novo
a deixar a sua terra natal. Discuta com os alunos a
mundo uma sociedade à semelhança de seu modelo
possibilidade hoje de refugiados fundarem um país
de origem europeu, nos trópicos, pelo contrário, sur-
ou uma nação. Pergunte a eles quais são as regiões
girá um tipo de sociedade inteiramente original. Não
do mundo que mais produzem refugiados e por quê.
será a simples feitoria comercial, mas conservará,
Indague-os também sobre como se situa o Brasil nesse
no entanto, um acentuado caráter mercantil. [...] No
contexto. Para a realização dessa tarefa, o professor
seu conjunto, e vista no plano mundial e internacio-
pode aproveitar o texto complementar selecionado
nal, a colonização dos trópicos toma o aspecto de
(p. 37), discutindo e analisando as passagens mais re-
uma vasta empresa comercial, mais completa que a
levantes com os alunos.
antiga feitoria, mas sempre com o mesmo caráter
que ela, destinada a explorar os recursos naturais
Texto complementar
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de um território virgem em proveito do comércio p. 37


europeu.” O sonho de viver na “América”
(PRADO JR.,Caio. Formação do Brasil
O objetivo do trabalho com esse texto é promover
contemporâneo. São Paulo, Brasiliense, 2000.)
uma discussão sobre o crescimento da imigração de bra-
sileiros e não brasileiros para os Estados Unidos nos últi-
A fundação das Treze Colônias p. 33 mos anos.
A partir do mapa da página 33, o professor pode Três fases da imigração para os Estados Unidos po-
identificar e analisar quais eram as colônias que com- dem ser identificadas nos últimos 150 anos: entre 1850 e
punham cada grupo: colônias do norte, do sul e cen- 1930, entre 1930 e 1965 e de 1965 até os dias atuais. A
trais. Para trabalhar a identidade de cada um desses primeira e a segunda fase caracterizaram-se pela entrada
segmentos, pode-se escolher uma representante e maciça de europeus e a última pela entrada de hispânicos
pesquisar sua história estabelecendo relações entre o e asiáticos.
presente e o passado. Como modelo pode-se explorar Não se pode perder de vista, no entanto, que o gran-
o texto da página 35, que trata da colônia da Pensilvânia. de fluxo de imigrantes para os Estados Unidos, histori-
Uma das questões que podem orientar a pesquisa dos camente e hoje, é resultado principalmente dos proble-
alunos é qual a relação entre a formação da identidade mas políticos, sociais, econômicos e demográficos dos
dessa colônia/estado com o seu passado? O que mu- países subdesenvolvidos, bem como pelo expressivo cres-
dou e o que permaneceu em relação ao passado? cimento econômico dos Estados Unidos, que atuam
como um pólo de atração mundial.
Tempos de “caça às bruxas” p. 34
Atividades p. 38
Segundo o historiador Voltaire Schilling, no século
XVII poucos punham em dúvida a existência de bruxas Na questão 5, o professor poderá, a partir de trechos
ou de feiticeiras porque uma das máximas daqueles tem- da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada
pos afirmava que “é uma política do Diabo persuadir-nos pelas Nações Unidas, estabelecer uma discussão sobre ra-
de que não há nenhum Diabo”. Tomando como referên- cismo e outros tipos de preconceitos existentes nos Esta-
cia essa assertiva, o professor pode problematizar com dos Unidos e no Brasil.
o
os alunos qual seria relação entre esse imaginário reli- Artigo 1 - “todos os seres humanos nascem livres e
gioso e o controle do comportamento coletivo imposto iguais em dignidade e direitos, são dotados de razão e
pela moral religiosa vigente. O comportamento de “his- consciência e devem agir em relação uns aos outros com
teria coletiva” que se manifestou no vilarejo de Salém espírito de fraternidade;”
o
poderia ser interpretado como uma forma de protes- Artigo 2 - “toda pessoa tem capacidade para go-
to, de revolta coletiva? zar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de
raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política, ou de
As perspectivas mercantis p. 34 outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nas-
É importante chamar a atenção para o chamado cimento, ou qualquer outra condição. [...]”
comércio triangular, que foi fundamental para a forma- (Declaração Universal dos Direitos Humanos,
ção de uma burguesia colonial na América inglesa e aprovada pela Assembléia Geral
para a acumulação primitiva de capital naquela área. A das Nações Unidas, 1948.)

PARTE II — O VOLUME 2 13

HC-Manual prof. V. 2-ok 13 07/13/2005, 14:42


LEITURAS COMPLEMENTARES

O PRINCÍPIO DA GLOBALIZAÇÃO

As expedições portuguesas e espanholas inauguraram


o processo de globalização, iniciando ou intensificando
os contatos dos europeus com povos distantes.
“Por muito tempo os historiadores europeus confundiram século XVI e Em 1500, ainda
Renascimento, Renascimento e Europa Ocidental, interrogando-se sobre a revo-
lução dos preços nos século XVI, sobre o nascimento do Estado moderno ou
estamos bem longe
sobre a modernidade do Renascimento, sem, no entanto, sair do quadro europeu. de uma economia
Diante dessa visão eurocentrista do passado, existia e existem abordagens mundial. No limiar do
mais redutoras ainda: por exemplo, a que opõe a história espanhola à história século XVI, a
portuguesa a fim de determinar quem, entre Sevilha e Lisboa, detém a primazia no
Atlântico; ou a que se limita a ler o nascimento do Estado moderno na França das globalização
guerras contra a Itália, dos castelos do Loire e de Francisco I. Esse olhar ‘local’ corresponde ao fato
costuma ter o defeito de ignorar a história dos países vizinhos ou, na melhor das de setores do mundo
hipóteses, de minimizar sua importância. Européias ou nacionais, continentais ou
locais, mesmo se essas diversas abordagens chegaram a parecer legítimas, elas são que se ignoravam ou
tão parciais que hoje as consideramos cada vez mais ultrapassadas. não freqüentavam

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Todavia, bastaria sair do quadro estritamente nacional ou europeu? É evi- diretamente serem
dente que o ingresso no século XVI marca o início da expansão européia pelo
mundo afora. Os ‘descobrimentos’ dos portugueses e dos espanhóis, seja qual
postos em contato
for o significado que se dê a esse termo, projetam a Europa para fora de seu uns com os outros.
quadro continental e revolucionam os conhecimentos que os sábios europeus
acreditavam ter sobre o globo desde a Antiguidade. [...]
Se essa passagem de século tem hoje um sentido para nós, um sentido que
talvez não tinha nos séculos anteriores, é porque vemos que aí é que surgem as
primícias da globalização. E essa globalização é mais que um processo de expansão
de origem ibérica, mesmo se o papel da península foi dominante. A globalização
que se esboça entre o fim do século XV e o início do século XVI corresponde a um
fenômeno global de ‘desencravamento’, como bem mostrou Pierre Chaunu. [...]
Em 1500, ainda estamos bem longe de uma economia mundial. No limiar
do século XVI, a globalização corresponde ao fato de setores do mundo que
se ignoravam ou não freqüentavam diretamente serem postos em contato uns
com os outros. É um feito dos portugueses estabelecer a comunicação entre
a Europa e a África, e depois entre a Europa, a África e a Ásia. É obra conjunta
dos ibéricos pôr em relação a Europa com a América e a América com a
África, decorrência do início do tráfico de escravos transatlântico. [...]
Esse ‘desencravamento’ do mundo é contemporâneo a uma revolução
mental e científica cuja paternidade cabe aos portugueses, mas da qual bem
depressa os castelhanos participam. Graças a eles e a seus predecessores
judeus e árabes, a globalização também inventa uma língua única, a dos algaris-
mos e do cálculo astronômico. Se bem que a posse do mundo continue a ser
algo virtual, ela se torna uma operação geométrica: lembremo-nos das deci-
sões do Tratado de Tordesilhas (1494) que divide o mundo traçando uma linha
meridiana situada a 370 léguas a oeste dos Açores. [...]
As expedições ibéricas inauguram de outra forma o processo de globalização:
aceleram e intensificam os contatos com as populações distantes. Se os euro-
peus da Idade Média leram com paixão os relatos de Marco Pólo ou de Nicolo
de Conti, devemos admitir que o número de textos que dispunham era muito
limitado e que sua abordagem sempre foi tão livresca quanto imaginária.”
(GRUZINSKI, Serge. A passagem do século: 1480-1520.
São Paulo, Companhia das Letras, 1999.)

14 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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CANIBALISMO EM NOME DO AMOR

A antropofagia, fortemente condenada pela Igreja Católica e pela


Coroa portuguesa, representava para os povos indígenas que a
praticavam uma forma de conciliação com o passado e, para alguns deles,
um rito especial de amor.
“Com freqüência, os relatos de canibalismo vinculam a ingestão de car- Depois do confronto,
ne humana à violência. Essa regra, porém, nem sempre é válida para todas os vencedores
as etnias americanas. Radicados entre o litoral dos atuais estados do
Maranhão e São Paulo, os índios tupis do século XVI devoravam os inimi- retornavam à aldeia,
gos depois de capturados em combates. Seus guerreiros travavam infindáveis trazendo os corpos,
batalhas para vingar antepassados mortos em guerras ou em rituais vivos ou mortos, de
antropofágicos. Os homens enfeitavam suas cabeças e armas com penas de
aves tropicais e muniam-se de tacapes, arcos e fechas, partindo em busca seus inimigos. Os
da desforra. A captura do oponente era, portanto, a conciliação com o nativos, assim,
passado, com os entes mortos nos campos de batalha. Depois do confron- iniciavam um rito
to, os vencedores retornavam à aldeia, trazendo os corpos, vivos ou mor-
tos, de seus inimigos. Os nativos, assim, iniciavam um rito destinado a con-
destinado a consumir
sumir carne do oponente e renovar o ciclo da vida para essas comunida- carne do oponente e
des. Na cerimônia, a memória da vingança perpetuava-se criando elos en- renovar o ciclo da
tre passado e futuro, sendo a única tradição transmitida para a posterida- vida para essas
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de. A obsessão da desforra permanecia como vínculo entre gerações.


Mas esse não era o único motivo da antropofagia. Entre os tapuias era comunidades.
o amor o responsável pela ingestão de carne humana.Tapuia era a denomi-
nação tupi para as demais etnias, que não se restringiam ao litoral como os
tupis. Estavam em grande parte no interior, com ampla dispersão geográfi-
ca. Entre os séculos XVI e XVII, vagavam nos sertões do nordeste ou,
como os goitacás, botocudos e aimorés, na atual área entre o norte
fluminense e o estado do Espírito Santo. Ao comparar registros escritos e
visuais das práticas canibalescas tapuias e tupis, percebe-se que as últimas
são mais conhecidas, fartamente difundidas e imortalizadas nas gravuras
do holandês Theodore de Bry (1528-1598) e no filme Como era gostoso o
meu francês (1970), de Nelson Pereira dos Santos. Apesar de pouco explo-
rado, o canibalismo dos tarairius (tapuias do sertão nordestino) presta-se
a muitas controvérsias e à admiração por não ser o ódio o responsável
pela morte e ingestão de carne humana. Entre esses tapuias, antropofagia Caso uma mulher
era um ato de amor. Para nós seria impossível pensar que o sentimento
maternal levaria uma mãe a consumir um filho morto. A relação entre
abortasse,
amor e canibalismo também intrigou os colonos holandeses e luso-brasi- imediatamente o
leiros, que ouviram e registraram histórias e imagens sobre os tarairius. feto era devorado,
[...] Entre esse grupo [tapuia, etnia tarairiu], segundo os cronistas do pois alegavam que
século XVII, ao nascer uma criança, cortava-se o cordão umbilical com um
caco afiado e depois cozinhava-o para que a mãe o comesse juntamente não poderiam dar-
com o pelico (placenta). Caso uma mulher abortasse, imediatamente o lhe melhor túmulo.
feto era devorado, pois alegavam que não poderiam dar-lhe melhor túmulo. Por certo, as
Por certo, as entranhas de onde veio — o corpo da mãe — eram preferí-
veis à cova na terra. [...] entranhas de onde
[...] As mulheres comiam as carnes do esposo, as raspavam até os ossos, veio — o corpo da
não em sinal de inimizade, mas de afeto e fidelidade. Os cadáveres dos grandes mãe — eram
chefes eram consumidos pelos demais chefes. Não ingeriam todo o corpo e
guardavam cuidadosamente os ossos até a celebração do festim solene se-
preferíveis à cova
guinte, pois somente em rituais era possível a antropofagia. [...]” na terra. [...]
(RAMINELLI, Ronald. Canibalismo em nome do amor. In: Revista Nossa História.
Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, n. 17, mar. 2005.)

PARTE II — O VOLUME 2 15

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UNIDADE II século XVII. O desenvolvimento da arte náutica e da car-
tografia foram os fatores que, somados às condições polí-
É UMA CASA PORTUGUESA, ticas e socioeconômicas, propiciaram as grandes navega-
COM CERTEZA! ções dos séculos XV e XVI, a partir das quais a história de
muitos povos tomou um novo rumo. Nesse sentido, o pro-
fessor pode trabalhar o texto selecionado na página 42.
CAPÍTULO 4. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO- Com relação ao Tratado de Tordesilhas (p. 43), é im-
ADMINISTRATIVA NA AMÉRICA PORTUGUESA portante salientar que ele foi assinado em 1494, portan-
to antes da data oficial do “descobrimento” do Brasil.
Conteúdos e objetivos Ele recebeu esse nome por ter sido assinado na cidade
Os conteúdos deste capítulo abordam a implantação de mesmo nome, localizada ao norte da Espanha. A in-
do sistema administrativo do Estado português na Amé- sistência do governo português em fixar uma divisão
rica colonial. A periodização envolve desde os primeiros territorial mais favorável aos lusos e que levou o gover-
anos da colonização até o período pombalino (1777) des- no espanhol, com a mediação do papa, a ampliar os do-
tacando temas como o processo de extração do pau- mínios inicialmente previstos para Portugal, é conside-
brasil, a implantação das capitanias hereditárias e do go- rada por muitos historiadores um forte indício de que
verno geral, além do papel das Câmaras Municipais na os portugueses já tinham conhecimento da existência
administração das vilas e cidades. A seleção e a aborda- do Brasil antes de 1500.
gem dos conteúdos têm como objetivo:
• Comparar aspectos da economia brasileira no pas- Caesalpinia echinata: o pau-brasil p. 43
sado colonial e no presente evidenciando diferenças e
O tema da exploração do pau-brasil permite abordar
semelhanças.
os primeiros trinta anos do processo de colonização do Bra-
• Relacionar a estrutura e as estratégias administrativas

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sil, período ainda pouco estudado nos manuais escolares. Uma
implantadas na América portuguesa com a política colonial
abordagem interessante e atual é a discussão dos custos
definida pelas linhas estruturais do capitalismo mercantil.
ambientais no presente da exploração do pau-brasil no pe-
• Analisar a ideologia religiosa e missionária relacio-
ríodo colonial.A exploração sistemática do pau-brasil durou
nando-a com o processo de colonização na América por-
mais de 300 anos e levou à extinção da espécie, que hoje só
tuguesa.
é encontrada em reservas florestais ou em jardins botâni-
• Analisar as bases da administração do Estado por-
cos ao longo do país. Essa é uma boa oportunidade para se
tuguês na América a partir da implantação e da estrutura
discutir a importância da preservação da natureza e, espe-
das Câmaras Municipais, caracterizando suas funções e
cialmente, das florestas nativas.
composição.
Leia no boxe a seguir o que a exploração intensiva
• Observar e analisar pinturas que representam a pri-
de pau-brasil e de outras espécies vegetais significou para
meira missa rezada no Brasil e comparar a leitura que os
a existência da Mata Atlântica.
artistas fizeram desse acontecimento histórico com o re-
lato de Pero Vaz de Caminha.
• Definir termos históricos centrais no capítulo re- Devastação da Mata Atlântica
gistrando o significado deles no caderno de conceitos. “O início da destruição da Mata Atlântica data da
• Ler e interpretar textos e mapas históricos ampli- chegada dos portugueses em 1500. [...]
ando a capacidade leitora e a formação do conhecimento Imediatamente colocada sob o monopólio da Co-
histórico. roa, a exploração do ‘ibitapitanga’ ou ‘arabutan’, como
• Organizar uma visita à Câmara Municipal da cidade era conhecido em tupi, foi arrendada a comerciantes a
visando levantar informações sobre o seu funcionamento partir de 1502. [...] Foram mais de três séculos de ex-
e os projetos que os vereadores têm apresentado, esta- tração predatória sem que sequer o processamento
belecendo, ao final, diferenças e semelhanças entre as da madeira para extração do corante tivesse sido de-
Câmaras Municipais da época colonial e as de hoje. senvolvido na colônia, agregando algum valor ao pro-
• Contribuir para desenvolver uma consciência eco- duto ou gerando postos de trabalho. [...]
lógica, traduzida em atitudes favoráveis à preservação Mas a exploração predatória não se limitou ao pau-
ambiental. brasil. Outras madeiras de alto valor para a contrução
naval, edificações, móveis e outros usos nobres como
tapinhoã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá,
O Império português e o papel do Brasil p. 42
pequi, jenipaparana, peroba, urucurana e vinhático, fo-
A história da expansão ultramarina insere-se no con- ram intensamente exploradas. Segundo relatórios da
texto da disputa colonial entre as nações européias pelo época da virada do século XIX, em Iguape, cidade do
domínio de áreas fornecedoras de matérias-primas e tam- litoral sul do estado de São Paulo, não havia mais des-
bém no contexto das lutas religiosas que marcaram os sé- tas árvores num raio de sessenta quilômetros de seu
culos XV, XVI e XVII (momento em que os cristãos luta- entorno. O mesmo se repetiu em praticamente toda a
vam contra os muçulmanos, expulsavam os judeus da Pe- faixa de florestas costeiras do Brasil. [...]
nínsula Ibéria e lutavam também entre si, com o cisma das Embora a Coroa não tenha investido ou incentivado
igrejas protestantes). Portugal e Espanha saíram na diantei- o conhecimento das potencialidades da Mata Atlântica,
ra, por terem centralizado o poder real antes de outros algumas espécies não madeireiras também foram explo-
países e por contarem com um grupo mercantil fortaleci- radas em diferentes épocas, como a salsaparrilha, ceras e
do. Inglaterra, Holanda e França só entrariam no páreo no ➜

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➜ ➜
bálsamos. Dentre elas, uma das mais importantes foi a até encenar um anúncio, tendo como eixo a defesa da
ipecacuanha ou poaia (Psychotria ipecacuanha), planta me- Mata Atlântica. Ao final dos trabalhos, pode-se organi-
dicinal que chegou a ser exportada na quantia de 25 to- zar uma exposição para apresentar e divulgar a cam-
neladas por ano no final dos anos de 1860 e foi pratica- panha para as demais salas.
mente extinta no Rio de Janeiro. [...] Além da exploração
de recursos florestais, houve na época um significativo Capitanias hereditárias:
comércio exportador de couros e peles de onça (que dividir para conquistar p. 44
chegou ao valor de 6 mil réis, o equivalente ao preço de
um boi na época), veado, lontra, cutia, paca, cobras, jaca- O texto “Os direitos da Coroa”, de Raymundo Faoro
rés, anta, outros e outros animais, de penas e plumas e (p. 44), pode ser o ponto de partida para o professor tra-
carapaças de tartarugas. [...] balhar as especificidades desse sistema de colonização. É
A exploração madeireira da Mata Atlântica teve im- importante destacar no texto que a aparente vantagem
portância econômica em nível nacional até muito recen- desse modelo, do ponto de vista da metrópole, era o fato
temente. Segundo dados do IBGE, em meados de 1970 a de o governo português não ter de investir nem capital
Mata Atlântica ainda contribuía com 47% de toda a pro- nem tempo nessa empreitada, ficando livre para empreen-
dução de madeira em tora no país, com um total de 15 der novas conquistas.
milhões de m3. Produção drasticamente reduzida para
menos da metade (7,9 milhões de m3) em 1988, dado o O governo-geral p. 44
esgotamento dos recursos devido à exploração não sus- O documento histórico selecionado (p. 45) trata da
tentável. [...] nomeação do primeiro governador-geral do Brasil pelo
Atualmente, a Mata Atlântica sobrevive em cerca de rei de Portugal. Se achar conveniente, o professor pode-
100 mil km2. Seus principais remanescentes concentram- rá analisá-lo junto com os alunos, explorando os refe-
se nos estados das regiões Sul e Sudeste, recobrindo par-
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renciais de forma e conteúdo: a linguagem da época e o


te da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira, onde o tema da criação da primeira cidade brasileira na Bahia
processo de ocupação foi dificultado pelo relevo aciden- de Todos os Santos, “para daí se dar favor e ajuda às
tado e pouca infra-estrutura de transporte. outras povoações”.
Segundo os resultados do mais recente estudo reali- Em 1532, Martim Afonso de Souza introduziu a pro-
zado pela Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com dução de açúcar na capitania de São Vicente, local onde
o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o foi fundado o engenho São Jorge dos Erasmos, conside-
Instituto Socioambiental, publicado em 1998, entre os anos rado o primeiro engenho da colônia. Suas ruínas ainda
de 1990 e 1995 mais de meio milhão de hectares de podem ser vistas na cidade de Santos, no litoral paulista.
florestas foram destruídos em nove estados nas regiões Os grandes centros açucareiros da colônia localizavam-
Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que concentram aproxima- se nas áreas litorâneas das capitanias de Pernambuco e
damente 90% do que resta da Mata Atlântica no país. Um Bahia, por terem solos adequados ao cultivo, um regi-
valor equivalente a mais de 714 mil campos de futebol me de chuvas periódicas e pela proximidade dos por-
literalmente eliminados do mapa em apenas cinco anos, a tos, o que facilitava o escoamento do produto para os
uma velocidade de um campo de futebol derrubado a mercados europeus.
cada quatro minutos. Uma destruição proporcionalmen-
te três vezes maior do que a verificada na Amazônia no
Sob a égide do espírito missionário p. 45
mesmo período. [...]
Os números impressionantes da destruição da Mata O objetivo do trabalho missionário era “salvar as
Atlântica demonstram a inexistência de políticas de con- almas” através da conversão dos índios aos costumes
servação ambiental no país e a absoluta falência do siste- europeus e à religião católica. Uma das ordens missio-
ma de fiscalização dos órgãos públicos. É bom lembrar nárias mais importantes foi a dos Jesuítas. Os padres da
que estes desmatamentos não estão ocorrendo em regi- Companhia de Jesus chegaram ao Brasil em 1549, junto
ões distantes e de difícil acesso, ao contrário, derruba-se com o primeiro governador-geral, e aqui se dedicaram a
enormes áreas de florestas impunemente a poucos qui- duas tarefas principais: a pregação da fé católica e o tra-
lômetros de cidades como São Paulo, Belo Horizonte e balho educativo.
Rio de Janeiro.” Para analisar essa questão, o professor pode discutir
(Rede de ONGs da Mata Atlântica. o processo de difusão e fixação do português como lín-
Disponível em http://www.rma.org.br – gua oficial do Brasil. É interessante lembrar que quando
Acesso em junho de 2005.) os portugueses aqui chegaram encontraram diferentes
grupos indígenas que tinham costumes e línguas diferen-
tes. O padre José de Anchieta foi o primeiro a perceber
Sugestão de atividade que havia uma raiz comum entre os diversos idiomas in-
dígenas falados no Brasil. Essa raiz comum ele chamou de
Com o objetivo de desenvolver atitudes favorá- “tupi” e, a partir desse entendimento, elaborou a primei-
veis à preservação ambiental, sugerimos organizar os ra gramática da língua tupi, chamada A arte da gramática
alunos em pequenos grupos para preparar uma cam- da língua mais usada na costa do Brasil. A língua tupi foi
panha publicitária defendendo a manutenção da Mata falada por muito tempo como língua geral da colônia, ao
Atlântica e o resgate do pau-brasil. Os grupos podem lado do português. Em 1757, o tupi foi proibido na colô-
criar slogans, confeccionar botons, cartazes, adesivos ou nia e em 1759, com a expulsão dos jesuítas, o português
➜ se fixou definitivamente como idioma oficial do Brasil.

PARTE II — O VOLUME 2 17

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Texto complementar p. 48 ➜
A arte está em toda parte e é definidora da iden-
A primeira missa tidade de um povo, grupo social e indivíduo.
O objetivo do trabalho com esse texto é promover
uma discussão sobre a importância de analisar um docu- A arte e suas formas de expressão
mento sob o ponto de vista de quem o escreveu. Perguntas Os artistas podem se manifestar:
tais como “Quem é o narrador do texto? Ele é uma teste- • pela música (som);
munha dos acontecimentos?” devem remeter o aluno a uma • pela literatura (linguagem oral ou escrita);
análise do acontecimento na perspectiva do narrador, ele- • pela pintura, desenho, escultura, gravura, foto-
mento importante para uma melhor compreensão dos fa- grafia (linguagem visual);
tos históricos. Outro objetivo é desenvolver a habilitação de • pela dança (linguagem corporal);
leitura desse gênero textual, que constitui uma matéria-pri- • pela mistura de várias linguagens.
ma fundamental no trabalho do historiador.
Na questão 9 é importante mostrar para os alunos que
Atividades p. 49 os brasileiros pagam 41 impostos diferentes, para a União,
Na questão 1 é importante o professor mostrar ao os Estados e os Municípios, o que coloca o Brasil como o
aluno a relação da arte com a vida, bem como as caracte- país de maior carga tributária do mundo, se considerarmos
rísticas da expressão artística. O esquema que se segue a relação entre tributos, poder aquisitivo da população e
pode ajudar na condução da discussão em classe: qualidade dos serviços oferecidos pelo poder público.

Arte e vida CAPÍTULO 5. ATIVIDADES ECONÔMICAS NA


Nossa vida está “cercada de arte por todos os lados”: AMÉRICA PORTUGUESA

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• pela manhã, ao olhar o relógio-despertador (seja Conteúdos e objetivos
qual for o desenho, podemos dizer que a peça passou
por um planejamento visual); Este capítulo analisa mais detalhadamente o desenvol-
• ao observar o relógio, percebemos se ele é um vimento das atividades econômicas na América portugue-
objeto antigo ou novo, as formas e as cores que foram sa, principalmente o açúcar no litoral, as origens da pecuá-
eleitas pelo designer; ria no nordeste e extração das chamadas drogas do sertão
• ao comprarmos o relógio, demonstramos nos- no norte da colônia. Focaliza-se também a importância das
sas preferências; ordens missionárias jesuíticas na catequização e educação
• trata-se de gosto pessoal, que pode variar infinita- dos diferentes povos nativos. A análise e problematização
mente, uma vez que recebe influência de idade, gênero, desses conteúdos têm como objetivo:
época e meio social. “Gosto não se discute.” • Discutir criticamente as condições atuais de traba-
Pense em outros objetos do seu cotidiano, existe lho no país, confrontando passado e presente no sentido
neles um pouco de arte aplicada. de estabelecer mudanças e permanências.
• Analisar as principais atividades econômicas que se
A arte e suas funções desenvolveram na América portuguesa, ampliando o co-
nhecimento prévio sobre essa temática e enfatizando
Elementos contidos nos objetos artísticos utilitários, pre- outras culturas e regiões pouco exploradas tradicional-
sentes em praças, edifícios, parques: mente pelo saber escolar.
• imaginação do artista; • Descrever o funcionamento do engenho colonial a
• composição, cor e textura; partir da interpretação de uma pintura do pintor holan-
• forma, harmonia e qualidade da idéia. dês Frans Post.
Utilidade prática imediata dos objetos artísticos utili- • Explicar o funcionamento e os objetivos do exclusivo
tários: comercial metropolitano, percebendo o papel central desse
• estimular o pensamento; mecanismo na política colonial das metrópoles européias.
• estimular a sensibilidade; • Produzir texto sintetizando o processo de expan-
• causar prazer estético. são da pecuária na América portuguesa.
A experiência estética (que pode ser positiva ou nega- • Comparar, a partir de leitura de tabela, o uso de
tiva) é um conjunto de sensações que expressa/provoca: trabalhadores escravizados em diferentes atividades eco-
• um pensamento; nômicas desenvolvidas no município de Campos de
• uma visão de mundo; Goytacazes na época colonial.
• qualquer inquietação no observador; • Desenvolver, a partir de pesquisa sobre os efeitos
• uma vontade de contemplar; da crise internacional do petróleo de 1973 para a produ-
• uma admiração emocionada; ção de álcool combustível no Brasil, a capacidade de in-
• uma comunicação com a sensibilidade do artista. vestigação e análise dos materiais cotejados na perspecti-
Gosto e sensibilidade para apreciar a arte varia de: va de construção do pensamento histórico.
• pessoa;
• idade; Texto de abertura p. 51
• região;
• sociedade; A abertura deste capítulo traz trechos de depoimen-
• época; tos de crianças trabalhadoras do estado de Pernambuco,
➜ mesmo local que foi o centro da produção açucareira no

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período colonial. O que chama a atenção é a permanência Os senhores de engenho formavam uma aristocracia
das condições de exploração do trabalhador, neste caso, detentora de muita riqueza e poder, gozando de uma po-
do trabalhador infantil, a despeito dos avanços da lei e dos sição preponderante na sociedade colonial. Mas nem to-
direitos da sociedade civil, estabelecidos, por exemplo, no dos eram realmente fidalgos portugueses e cristãos de
Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado em 1990. origem. O rei concedia algumas vezes títulos de nobreza
aos mais ricos, por serviços prestados à Coroa, no entan-
to esses títulos não eram hereditários. Os senhores de
Sugestão de atividade engenho estavam sujeitos inclusive à falência, pois sua ri-
Considerando a importância e atualidade desse tema, queza dependia de um mercado internacional muito ins-
o professor pode propor uma atividade complementar. tável e sujeito a oscilações constantes de preços.
Confrontar o que estabelece o Estatuto da Criança e do
Adolescente com a realidade do trabalho infantil no Brasil.
Em seguida, após uma discussão prévia com a classe, or- Mapa — Principais atividades
ganizar uma campanha com o intuito de denunciar a ex- econômicas no Brasil no século XVII p. 53
ploração do trabalho infantil e conscientizar a comunida- Para trabalhar o mapa da página 53, o professor pode
de do entorno da escola da gravidade do problema. solicitar que os alunos observem e localizem as principais
atividades econômicas do período colonial e estabeleçam uma
comparação com os dias atuais. Pode-se selecionar um des-
Sugestões de sites para pesquisa ses produtos, como a cana-de-açúcar, e pesquisar o papel
Fundação Abrinq - (www.fundabrinq.org.br) desse produto na economia do Brasil atual, questionando
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre as relações de mudança e permanência em relação ao
- (www.unicef.org.br) passado colonial.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Leia a seguir um texto que analisa a situação de cri-


anças e adolescentes no Brasil em relação a direitos fun- Os reis do laço p. 54
damentais como educação, saúde e lazer. Segundo dados do IBGE, o Brasil tem o segundo maior
rebanho bovino do mundo, possuindo, em 2003, cerca de
Direitos negados 195 milhões de cabeças de gado, ou seja, mais bois e va-
cas do que habitantes.
“Um relatório preparado por ONGs ligadas à de- No período colonial, o boi era indispensável, tanto
fesa da criança e do adolescente e entregue à ONU como meio de transporte quanto como força motriz nas
(Organização das Nações Unidas), em Genebra, con- moendas e como alimento. O comércio de carne era in-
cluiu que no Brasil 23% das crianças e adolescentes, o tenso e os matadouros estavam presentes por toda par-
que equivale a 14 milhões de pessoas, têm seus direi- te; vastas extensões do interior da colônia eram dedicadas
tos negados. Esse é o número de crianças e adolescen- à criação de gado, de modo que a pecuária, ao lado da
tes que vivem em famílias com renda per capita inferi- monocultura de exportação, era a segunda atividade mais
or a 1/4 do salário mínimo, segundo levantamento do importante da economia colonial.
Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Tratava-se de uma criação rústica, de baixíssimo nível
Os direitos a que se refere o relatório são os que técnico, em que os bois eram soltos em enormes pasta-
estão no pacto da Convenção sobre os Direitos da Crian- gens, sem silagem, estábulos e outros processos de cria-
ça, assinado pelo Brasil há 14 anos: educação universal e de
ção intensiva. O gado ocupou especialmente as áreas im-
qualidade, saúde, lazer e medidas adequadas de reintegra-
próprias para a lavoura de exportação, em especial o in-
ção socioeducativa, no caso de infrações cometidas por
terior. No século XVIII, havia três grandes áreas de cria-
menores de idade, além dos direitos civis universais. De
ção de gado na colônia: o sertão nordestino, o sul de
acordo com o relatório, no país há 1 milhão de crianças
Minas Gerais e as planícies do sul.
entre 7 e 14 anos fora da escola e 2,9 milhões de crianças
O nordeste era a região mais importante e mais
entre 5 e 14 anos trabalhando — 45 mil delas nos lixões.
antiga de criação de gado. Toda a extensa área que ia
O documento foi preparado pela Anced (Associa-
da margem esquerda do Rio São Francisco até Goiás
ção Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do
se destinava a abastecer as povoações e engenhos de
Adolescente) e pelo Fórum Nacional Permanente das
Entidades Não-Governamentais de Defesa dos Direi- todo o nordeste, além das zonas de mineração de Mi-
tos da Criança e do Adolescente. As próprias crianças nas Gerais. Conta o padre Antonil que havia no fim do
falam no relatório, com depoimentos em que relatam século XVIII mais de 1 milhão de cabeças de gado nas
preconceito, abusos, violência e vontade de estudar.” margens do Rio São Francisco. O rio fornecia água e
também continha depósitos de sal, indispensáveis para
(Folha de S. Paulo. São Paulo, 12 jun. 2004.) a criação de bois.
Para o professor abordar esse tema pode partir do
O doce sabor da riqueza p. 52 presente mostrando a permanência nas relações presen-
Para analisar o documento do padre Antonil (p. 53), o te/passado no papel estratégico da criação de gado para
professor pode inicialmente propor uma leitura em voz a economia da região do Vale do Rio São Francisco. Ou-
alta e solicitar que os alunos expliquem a idéia central do tra discussão importante é o grau de comprometimento
texto. Num segundo momento, analisar o conteúdo levan- da vazão média do rio, cujas águas têm sido intensamente
do em conta a linguagem da época, podendo recorrer às utilizadas em projetos de irrigação, na geração de energia
informações a seguir. e no abastecimento das populações ribeirinhas.

PARTE II — O VOLUME 2 19

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Texto complementar p. 56 • Levantar informações sobre a presença, na cidade,
de comunidades ou instituições ligadas à preservação da
A grande esperança portuguesa cultura da população afro-descendente.
O texto complementar discute a estrutura agrária da • Reconhecer a importância do Dia Nacional da Cons-
Região Nordeste do país revelando suas origens no perío- ciência Negra para a preservação da memória das comu-
do colonial. O texto é interessante, pois aborda um tema nidades afro-descendentes.
importante para a atualidade e revela as relações de per-
manência com o passado colonial. A questão 3 da seção Nassau: soldado e humanista p. 63
Compreendendo o texto permite discutir uma questão Para analisar o trecho do documento selecionado, o
muito interessante, que é o devido peso dos flagelos natu- professor pode propor a leitura e análise do vocabulário
rais e da estrutura socioeconômica na configuração do qua- de época. É importante chamar a atenção dos alunos para
dro de miséria que caracteriza grande parte da região. as fontes documentais utilizadas pelo historiador, pois des-
sa forma o educando pode compreender e participar do
Atividades p. 57 processo de construção do conhecimento histórico, tor-
Na questão 2 deve-se também abordar a permanência nando a aprendizagem mais interessante e significativa.
de alguns aspectos da antiga estrutura colonial na agricul- O conde Maurício de Nassau, durante o período em
tura brasileira dos dias de hoje, como a monocultura agro- que permaneceu no Brasil, preocupou-se em embelezar e
exportadora, característica das lavouras de soja e café. modernizar a cidade de Recife, pavimentando ruas, dre-
Na questão 8 também é importante o professor le- nando pântanos, construindo pontes e canais sobre os rios,
vantar uma discussão sobre os benefícios do uso do álcool transformando o vilarejo numa cidade nos moldes euro-
como combustível: é derivado de um recurso renovável, peus. Leia o que o trecho do documento abaixo informa
polui pouco e é totalmente nacional. sobre o assunto:
O quadro referente à questão 5 permite ao aluno

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


comparar as características das diversas atividades eco- Embelezamento de Recife
nômicas desenvolvidas em um município do Rio de Ja-
neiro. Atente para a diferenciação entre donos de enge- “Andava o Príncipe Conde de Nassau tão ocupado
nho (produtores de açúcar), que empregavam muitos em fabricar a sua cidade, que para afervorar os morado-
escravos, e lavradores de cana (produtores de cana, res a fazerem casas, ele mesmo, com muita curiosidade,
apenas), que empregavam poucos escravos. Destaque lhe andava deitando as medidas, e endireitando as ruas,
também o caráter predominantemente não escravista para ficar a povoação mais vistosa, e lhe trouxe a entrar
da criação de gado. por o meio dela, por um dique, ou levada, a água do Rio
Capibaribe a entrar na barra, por o qual dique entravam
canoas, batéis, e barcas para o serviço dos moradores
CAPÍTULO 6. A PRESENÇA HOLANDESA NO por debaixo das pontes de madeira, com que atravessou
NORDESTE AÇUCAREIRO em algumas partes este dique a modo de Holanda, de
sorte que aquela ilha ficava toda rodeada de água: tam-
Conteúdos e objetivos bém ali fez uma casa de prazer, que lhe custou muitos
O presente capítulo analisa a presença holandesa cruzados, e no meio daquele areal estéril, e infrutuoso
nas capitanias produtoras de açúcar na América portu- plantou um jardim, e todas as castas de árvores de fruto
guesa. Nesse contexto, destaca-se a situação da Repú- que se dão no Brasil [...]”
blica das Províncias Unidas dos Países Baixos no con- (Revista Brasileira de História,
texto da Europa do século XVII, período da União Ibé- v. 21, n. 42. São Paulo, 2001.)
rica e da dominação holandesa no Brasil. No âmbito
dos conflitos entre holandeses e portugueses, figura
Nassau trouxe também para o nordeste várias missões
ainda a ampliação dos quilombos, que se apresentavam
artísticas e científicas que vieram com a intenção de docu-
com uma estratégia de resistência contra a escravidão
mentar a fauna e a flora e as paisagens brasileiras, propician-
e uma das alternativas de sobrevivência para os escra-
do o desenvolvimento de um ambiente cultural, à moda eu-
vos fugidos do sistema.
ropéia, nas áreas açucareiras nordestinas. Entre esses artis-
Dentre os objetivos do estudo deste capítulo, pode-
tas dois nomes se destacaram: Frans Post e Albert Eckhout.
mos destacar:
Nesse sentido, a pintura da página 65, do holandês Frans
• Discutir e analisar a atuação da Companhia das Ín-
Post, poderá ser analisada convidando os alunos a obser-
dias Ocidentais na América portuguesa no projeto de
var a paisagem do nordeste açucareiro e seus elementos
conquista das áreas açucareiras do nordeste.
mais significativos. Num segundo momento, pode-se pro-
• Explicar o processo de constituição da União Ibéri-
por uma pesquisa sobre essa obra em relação ao conjunto
ca e seus efeitos na América portuguesa.
do trabalho do artista.
• Analisar e interpretar mapas cartográficos que
explicitam os pontos da dominação portuguesa no Brasil.
• Ler e interpretar documento iconográfico repre- Boxe – Calabar: o elogio da traição p. 63
sentando a miscigenação da cultura dos indígenas com a Para abordar o trecho do documento selecionado no
cultura européia. contexto da chamada guerra brasílica, o professor poderá
• Produzir uma ficha-síntese do Quilombo dos organizar uma leitura dramática do texto teatral. Dessa for-
Palmares, destacando as principais informações disponí- ma, pode-se desenvolver tanto o conteúdo quanto a
veis sobre a história desse quilombo. forma, valorizando as habilidades de leitura, interpretação

20 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

HC-Manual prof. V. 2-ok 20 7/14/05, 9:45 PM


e expressão oral dos educandos. Inicialmente, o professor mestres da nossa historiografia. O texto é também um clás-
deve selecionar o trecho que será analisado, discutir o tex- sico da historiografia nacional e pode ser contextualizado
to com a classe e, em seguida, montar o grupo de leitura juntamente com outras produções do autor.
dramática. Esse tipo de atividade possibilita uma experiên- Para explicar o insucesso do projeto holandês de colo-
cia que supera o currículo escolar, permitindo o aumento nização do Brasil, Sérgio Buarque retomou a análise de Max
da auto-estima e um significativo desenvolvimento da ca- Weber em seu clássico A ética protestante e o espírito do capi-
pacidade cognitiva e sensitiva dos educandos. talismo, que associa a moral calvinista com a exaltação do
trabalho. Assim, Sérgio Buarque atribuiu as dificuldades en-
contradas pelos holandeses de se integrarem à vida colonial
Sugestão de leitura
à mentalidade metódica e racional do homem puritano, im-
BUARQUE, Chico e GUERRA, Ruy. Calabar: o elogio buída de um dever moral para com o trabalho e uma vida
da traição. 17. ed. Rio de Janeiro, Civilização Bra- ascética. O culto ao trabalho, que inibia o luxo e o convívio
sileira, 1993. social, segundo essa análise, teria dificultado a integração dos
holandeses com outros povos que viviam na colônia.
Os portugueses, que encarnavam o “tipo aventureiro”,
O Quilombo dos Palmares p. 64
caracterizando-se pela ausência de uma moral fundada no
Os quilombos eram comunidades formadas por escra- culto ao trabalho, teriam transitado com mais facilidade en-
vos fugidos que tentavam sobreviver à margem do sistema tre outras culturas, “americanizando-se” ou “africanizando-
escravista (eram conhecidos também como mocambos, la- se”, conforme a necessidade.
deiras ou magotes). Um dos mais importantes quilombos foi As tipologias criadas por Sérgio Buarque à luz da
o de Palmares, localizado numa extensa área onde hoje se metodologia weberiana têm sido motivo de grandes polê-
localiza o estado de Alagoas. Lá, os cativos fugidos tentavam micas entre os pesquisadores, conquistando mais críticos
reconstituir o modo de vida do seu local de origem. Os do que apoiadores. Mas, de qualquer forma, é um debate
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quilombolas plantavam, criavam porcos e galinhas, o que lhes que vale a pena ser conhecido pelos alunos.
garantia a sobrevivência e a produção de algum excedente
que podia ser vendido ou trocado.
A comunidade sobreviveu por quase cem anos (c.1600- CAPÍTULO 7. A MINERAÇÃO NO BRASIL
1694) e durante esse período resistiu bravamente a uma
COLONIAL
série de tentativas de desmantelamento. Sem dúvida, os
moradores de Palmares foram favorecidos pelo período Conteúdos e objetivos
em que os senhores de engenho e as autoridades locais O presente capítulo aborda o movimento que levou à
estavam envolvidos na luta contra os holandeses, que per- descoberta de metais preciosos no interior da colônia e as
maneceram no nordeste de 1630 a 1654. Estima-se que a mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais advindas
população do quilombo tenha chegado a 20-30 mil habi- desse acontecimento. Neste estudo, os alunos vão se infor-
tantes. O quilombo só foi destruído em 1694 pelo serviço mar sobre as expedições organizadas para capturar índios e
de um bandeirante veterano, Domingos Jorge Velho, con- explorar metais preciosos no sertão, o deslocamento
tratado pelas autoridades. No ano seguinte, Zumbi, o últi- populacional para a região das minas, as formas de controle
mo líder do quilombo, foi caçado e morto. Sua cabeça foi da mineração exercidas pelo Estado português e as reformas
cortada e levada para Recife para ser exposta em praça implantadas pelo Marquês de Pombal no modelo administra-
pública, servindo de exemplo a todos os escravos. A data tivo colonial.
da morte de Zumbi, 20 de novembro, transformou-se no A seleção e a abordagem desses conteúdos visam
Dia Nacional da Consciência Negra. desenvolver conceitos, procedimentos e atitudes, entre
os quais se destacam:
Comunidades remanescentes • Reconhecer, a partir da leitura de mapas e de um
de quilombos texto de época, o papel das bandeiras na configuração
territorial da América portuguesa e na redução demográfica
É importante lembrar que atualmente já foram re- das populações indígenas da colônia.
conhecidas e identificadas pelo governo diversas co- • Caracterizar a política tributária implantada pela Co-
munidades de remanescentes dos antigos quilombos. roa portuguesa na região das minas.
A maioria está concentrada na Região Nordeste, prin- • Observar e interpretar gravura representando a téc-
cipalmente nos estados da Bahia e do Maranhão. Na nica de exploração do ouro e o trabalho dos escravos
Região Sudeste, São Paulo e Minas Gerais têm o maior africanos na mineração colonial.
número de comunidades. A atual Constituição brasi- • Analisar e comparar a mineração da época colonial
leira garantiu aos descendentes dos antigos quilombolas com a atuação de companhias mineradoras no Brasil atual,
o direito à terra que tradicionalmente lhes pertence. destacando mudanças e permanências.
• Desenvolver a noção de respeito à diversidade cul-
Texto complementar p. 66 tural e ao patrimônio histórico como testemunho da me-
mória coletiva de um povo.
Tempos flamengos
O texto complementar selecionado merece uma aten-
ção especial do professor, tanto pela originalidade da análise, Página de abertura p. 70
quanto pela propriedade do autor. O texto é do historiador As imagens e o texto de abertura lançam uma ques-
brasileiro Sérgio Buarque de Holanda, um dos grandes tão relevante e atual que tem sido muito debatida, tanto

PARTE II — O VOLUME 2 21

HC-Manual prof. V. 2-ok 21 07/13/2005, 14:42


no espaço acadêmico quanto na mídia em geral. Como forma. Não se pode esquecer, neste trabalho, que o texto
conciliar a expansão do capital com o desenvolvimento literário tem uma dimensão estética, centrado na valorização
sustentável? Primeiramente, é preciso reconhecer que há das formas, na exploração de recursos oferecidos pela língua,
uma contradição entre expansão do capital e desenvolvi- seja no campo fonético, léxico, morfossintático ou semântico.
mento sustentável, já que o modelo econômico que foi Não é o tema ou a realidade que interessa ao texto poético,
adotado desde a Revolução Industrial trata o meio ambi- mas a maneira como ele será formalmente explorado e o
ente como mercadoria, daí o processo crescente de efeito estético que produz. É importante esse esclarecimen-
dilapidação do patrimônio ambiental. to para os alunos não confundirem história com literatura,
Hoje, estamos constatando que, mantido o mesmo pois, enquanto a primeira se preocupa com a objetividade e
modelo de desenvolvimento que nos trouxe até aqui, a com o estudo rigoroso das fontes, a literatura atua no terre-
nossa civilização caminha para a insustentabilidade. Par- no da subjetividade e da imaginação.
tindo de tais premissas, o professor pode promover um Essa atividade pode ser desenvolvida em parceria com
debate em sala procurando apontar os principais entra- a área de Língua Portuguesa.
ves para solucionar temporária ou definitivamente essas
questões. Se achar conveniente pode pesquisar artigos, Os diamantes p. 73
opiniões e análises para embasar a discussão. (Veja a Lei- O documento histórico selecionado é parte do relato
tura complementar da página 26) do viajante francês Saint-Hilaire (1779-1853), que viajou
por diversas regiões do país, documentando a flora, a fauna
Atrás de uma bandeira p. 71 e os costumes no século XIX.Tudo o que ele pôde obser-
Segundo o estudioso norte-americano radicado no Brasil var com olhar de cientista deixou registrado num diário de
John Manuel Monteiro, a captura de mão-de-obra indígena viagem, publicado mais tarde em diversos volumes. É im-
para o trabalho nas atividades da economia paulista foi sem- portante discutir o processo de construção do conheci-
pre a motivação principal das expedições bandeirantes, como mento histórico problematizando as fontes documentais.

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se pode perceber no trecho reproduzido no boxe a seguir. Nesse caso, o relato dos viajantes constitui uma documen-
Vale a pena fazer essa leitura para os alunos para eles nota- tação rica e valiosa que possibilitou a construção da iden-
rem a diferença entre a visão defendida pelo autor e a inter- tidade nacional a partir do olhar do “outro” (estrangeiro),
pretação adotada nesta obra, comparação que vai ser útil uma especificidade da nossa história.
para eles perceberem que um mesmo fato histórico pode Aproveitando a imagem da cidade de Ouro Preto, o
ter mais de uma interpretação. professor pode discutir a noção de patrimônio histórico. O
patrimônio cultural de um país reúne os objetos históricos
e artísticos, os monumentos e os centros históricos, além
As bandeiras na visão dos historiadores
do patrimônio vivo que reúne o artesanato, a música, a dan-
“Buscando assegurar um lugar de destaque para seus ça, os modos de vestir, falar, cozinhar, as festas e rituais, enfim
ascendentes no panteão da história nacional, os estudi- todas as expressões culturais que caracterizam um povo ou
osos paulistas curiosamente têm menosprezado o con- uma comunidade. É importante que os alunos reconheçam
texto local nas suas interpretações sobre o sentido e a que todos os povos produzem e expressam sua cultura de
evolução do chamado bandeirantismo.Adotou-se a con- uma maneira particular. Trabalhar a noção de pluralidade
venção de dividir o movimento em fases distintas, abran- cultural é significativo, pois permite ampliar a visão do pro-
gendo o ‘bandeirismo defensivo’, o apresamento, o mo- cesso histórico e, ao mesmo tempo, ajuda no reconheci-
vimento colonizador, as atividades mercenárias e a bus- mento de que todas as culturas são igualmente importantes
ca de metais e pedras preciosas. Contudo, apesar dos e como tal devem ser respeitadas.
pretextos e resultados variados que marcaram a traje-
tória das expedições, a penetração dos sertões sempre
girou em torno do mesmo motivo básico: a necessidade Sugestão de atividade
crônica da mão-de-obra indígena para tocar os empre- O professor pode organizar um trabalho que envol-
endimentos agrícolas paulistas.” va os monumentos da sua cidade ou região. Os alunos
(MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios deverão escolher um ou mais monumentos que conside-
e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo, rem mais significativos para a história da sua região. Por
Companhia das Letras, 1994.) meio do voto democrático em sala de aula, os alunos vão
eleger um dos monumentos listados e solicitar a sua pro-
teção a um órgão oficial do patrimônio histórico. Para
Os caminhos do ouro p. 72
tanto, devem redigir uma carta à instituição protetora
Os versos do poema fazem parte da obra da escritora solicitando o tombamento do monumento e justificando
e poeta brasileira Cecília Meireles (1901-1964), autora, entre o motivo e a importância da sua preservação.
outras obras, do Romanceiro da Inconfidência. No poema, a
autora reconstrói, na linguagem poética, o acontecimento
histórico da Inconfidência (ou Conjuração) Mineira, desta- Um “ilustrado” na corte portuguesa p. 74
cando valores que são eternos e significativos para a for- No que se refere ao período pombalino é importante
mação da consciência de um povo. Nas palavras da própria que o professor estabeleça relações com a história euro-
Cecília, trata-se “de uma história feita de coisas eternas e péia, pois foi no contexto da crise do Antigo Regime e da
irredutíveis: de ouro, amor, liberdade e traições”. emergência da Inglaterra como nação propulsora da Revo-
Essa é uma boa oportunidade para discutir a relação lução Industrial que o Marquês de Pombal propôs as refor-
entre a literatura e a história, analisando o contexto e a mas do Estado português. As medidas implementadas no

22 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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Brasil refletiam dois objetivos essenciais: libertar Portugal da O texto didático destaca ainda a formação de vilas e
dependência econômica que o prendia à Inglaterra e, ao cidades no interior da colônia no contexto de exploração
mesmo tempo, fortalecer o Estado português.Além disso, é aurífera, além da emergência do Barroco Mineiro, como fe-
importante relacionar o despotismo esclarecido à emergência nômeno estético e cultural. Finalmente, discutem-se as ma-
do pensamento iluminista, que vai significar uma mudança nifestações religiosas na América portuguesa, valorizando o
profunda na relação do homem com o poder político, a na- papel social da religião como mecanismo de controle social
tureza, a religião e com o próprio homem. e ideológico e a especificidade do sincretismo cultural que
caracterizou as relações na colônia. O capítulo permite ain-
Texto complementar p. 78 da discutir o papel do Tribunal do Santo Ofício na América
portuguesa, perseguindo judeus e cristãos-novos, como já
Perigos externos se fazia na Península Ibérica. É importante o professor esta-
A leitura do texto da historiadora Laura de Mello e belecer conexões com o que já foi discutido nos capítulos
Souza permite discutir a preocupação da Coroa portu- anteriores, mostrando uma articulação entre os conteúdos.
guesa com a presença de estrangeiros na costa brasileira, Os objetivos principais deste capítulo são:
que pudessem ameaçar o controle metropolitano da ex- • Reconhecer as formas de organização familiar cons-
ploração de ouro nas áreas mineradoras. Pode-se apro- tituídas no Brasil colonial e comparar com as que exis-
veitar para comentar com os alunos a grande dependên- tem no Brasil atual.
cia da economia portuguesa em relação às riquezas ex- • Explicar o significado de termos essenciais no estu-
traídas de sua colônia americana, especialmente no sécu- do da sociedade colonial, como família patriarcal, escra-
lo XVIII, momento em que o ouro brasileiro representou vos de ganho e escravos de aluguel.
a principal fonte de recursos do Estado português. • Produzir texto sintetizando o papel do Tribunal do
Santo Ofício na América portuguesa.
Atividades p. 79 • Analisar planta de uma casa-grande colonial, relaci-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O relato de John Mawe, na questão 8, rebate a idéia onando com a família patriarcal e comparando com mo-
do fausto que, segundo alguns autores, teria caracterizado radias atuais.
a sociedade mineradora. Citando a descrição feita pelo • Analisar o surgimento de vilas e cidades, além do
inglês Mawe de sua viagem pela capitania de Minas Gerais movimento estético e cultural do barroco.
no início do século XIX, a historiadora Laura de Mello e • Discutir as diferenças de gênero no passado e no
Souza, em sua obra Desclassificados do ouro, desenvolve presente valorizando a participação de minorias no dis-
um detalhado estudo para demonstrar que a suposta ri- curso da história.
queza das Minas Gerais representou uma exceção, só acu- • Problematizar o papel da religiosidade popular na co-
mulada por um grupo muito pequeno de pessoas, em lônia a partir do papel das irmandades religiosas.
particular tropeiros, que fizeram fortunas com o comér- • Ler e interpretar letra de música, posicionando-se
cio de artigos manufaturados e de gado entre as minas e em relação à idéia que ela contém.
outras regiões da colônia. • Realizar pesquisa sobre as festas religiosas existen-
A questão 10 possibilita discutir o conceito de de- tes na região e sistematizar os resultados na exposição
senvolvimento sustentável, ou seja, a busca do equilí- de um painel.
brio entre crescimento econômico, desenvolvimento
tecnológico, preservação ambiental e qualidade de vida. Texto de abertura p. 83
Para tal, é importante discutir aspectos tais como edu- O texto de abertura destaca as mudanças na família
cação, alimentação, saúde, lazer; preservação dos recur- brasileira nos últimos tempos, refletida não só na diminuição
sos naturais, tais como água, energia e patrimônio flores- do número de filhos, como na própria idéia de família. Nesse
tal; construção de uma política social que garanta empre- sentido, é importante que os alunos percebam que existem
go, moradia, amparo à velhice, a erradicação da miséria e diferentes formas de organização familiar e que não há um
do preconceito, bem como a implementação de progra- modelo prédeterminado de família, composto de pai, mãe e
mas de universalização do acesso a todos os níveis de filhos.A família é constituída daqueles que convivem em um
escolaridade, sem prejuízo da qualidade do ensino e das determinado ambiente e que estabelecem entre si relações
condições salariais e profissionais dos educadores. afetivas. Valorizando a experiência dos próprios alunos, o
professor poderá promover uma discussão que problematize
a questão dos novos modelos familiares, com a intenção de
CAPÍTULO 8. RELIGIÃO E SOCIEDADE NA
romper com os esteriótipos e preconceitos acerca da exis-
AMÉRICA PORTUGUESA tência de uma família ideal, romantizada, tanto no presente
Conteúdos e objetivos quanto no passado.
Neste capítulo estão em foco as relações sociais na
América portuguesa, chamando a atenção para os estratos Sexo frágil? p. 85
sociais mais desvalorizados ou excluídos da sociedade, como Discutir o papel da mulher na sociedade colonial é
as mulheres, os escravos e os brancos pobres. O interesse um tema relevante para os nossos dias. Na historiografia,
da historiografia nesses sujeitos da história trouxe contri- as massas populares, os excluídos passaram a ter papel
buições importantes, pois revelou a existência de outros de destaque no discurso da história a partir da década de
modelos de organização social, outras formas de sociabili- 1970, na valorização da história do cotidiano e dos siste-
dade e de resistência ao poder, resultando numa visão mais mas de poder. Os chamados “estudos de gênero”, em que
ampla e plural da vida social nesse período. se despontou a história das mulheres, surgiram nesse con-

PARTE II — O VOLUME 2 23

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texto. Embora o passado tenha sido construído por ho- passavam escravos indígenas, apresados pelos bandeiran-
mens e mulheres, poucas mulheres apareciam nos relatos tes no interior, o gado vindo dos campos do sul da colô-
dos historiadores, que eram escritos do ponto de vista nia e o ouro de Minas, que eram depois redistribuídos
de uma sociedade patriarcal. É importante que os alunos para as outras regiões.
percebam que a história não é a narração dos feitos dos
grandes homens (reis, papas, heróis) e sim resultado da O Barroco Mineiro
ação de milhões de indivíduos, anônimos ou conhecidos,
Sobre o tema da arte barroca colonial, o professor
que cotidianamente lutam pela sua sobrevivência.
pode explorar a relação entre história e arte, solicitando
uma pesquisa sobre as características essenciais dessa es-
A integração da mulher na globalidade tética, exemplos de artistas e de suas obras. Pode-se ex-
do processo histórico plorar ainda a biografia de artistas como Antônio Fran-
cisco Lisboa (Aleijadinho) e Manuel da Costa Ataíde, a
“O pressuposto de uma condição feminina, relação do Barroco com a arquitetura das igrejas coloni-
idealidade abstrata e universal, necessariamente ais e ainda a relação maior com a religião através das
ahistórica, empurra as mulheres de qualquer passado irmandades e das cerimônias religiosas.
para espaços míticos sacralizados, onde exerceriam
misteres apropriados, à margem dos fatos ausentes da
história. A reconstituição dos papéis sociais femininos, Sugestões de sites para pesquisa
como mediações que possibilitem a sua integração na http://www.itaucultural.org.br
globalidade do processo histórico de seu tempo, pare- http://www.cidadeshistoricas.art.br
ce um modo promissor de lutar contra o plano dos http://www.iphan.gov.br
mitos, normas e estereótipos. [...]”
(DIAS, Maria Odila Leite da Silva.

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Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX. Da “nobreza” aos desclassificados p. 87
2. ed. São Paulo, Brasiliense, 1995.) Para entendermos a complexidade das relações so-
ciais na América portuguesa é preciso, em primeiro lu-
Sugestões de leitura gar, considerarmos que o modelo de sociedade coloni-
al era alicerçado nos padrões e normas vigentes na
PERROT, Michele. Os excluídos da história: operários, metrópole. Por exemplo, a distinção entre fidalgos (no-
mulheres e prisioneiros. São Paulo, Paz e Terra, 1992. breza), comerciantes, mestres, aprendizes e escravos.
RAGO, Margareth. Os prazeres da noite: prostituição e os Outra distinção importante nessa sociedade era entre
códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890- os cristãos-velhos e os cristãos-novos (judeus conver-
1930). São Paulo, Paz e Terra, 1991. tidos), que eram legalmente discriminados.
No modelo de sociedade patriarcal que predomi-
nou na América portuguesa, duas camadas sociais se des-
Arraiais, vilas e cidades p. 86 tacavam: a dos senhores e a dos escravos, cada uma de-
Na metade do século XVIII, à medida que a coloniza- las com funções socioeconômicas bem definidas. Entre
ção avançava pelo interior da colônia, uma rede de cami- os dois extremos, havia uma parcela pequena de traba-
nhos ia sendo aberta, ligando as diversas regiões da Amé- lhadores livres, que podiam ser lavradores, artesãos,
rica portuguesa. Havia caminhos que ligavam o interior mestres do açúcar, entre outros. No decorrer do pro-
ao litoral, onde, pelos portos de Salvador, Recife, Rio de cesso de colonização, houve um crescimento da parcela
Janeiro e Santos, mercadorias chegavam e saíam da colô- intermediária, que permaneceu balizada pelos dois ex-
nia.As ligações internas eram feitas também por rios, como tremos sociais.
o São Francisco, o Tietê e os afluentes do Amazonas, que O termo “desclassificado” tem o sentido daquilo que
em alguns casos constituíam as únicas vias de penetração não se pode classificar ou ainda daquilo que não tem lu-
às regiões mais interioranas do território. gar definido na sociedade. Sobre essa camada social, o
Pelos caminhos terrestres circulavam comboios de historiador Caio Prado Jr. escreveu: “Formaram-se aos
gado, mercadorias e escravos, conduzidos pelas chama- poucos outras categorias, que não eram de escravos, nem
das tropas. As tropas eram quase empreendimentos co- podiam ser de senhores. Para elas não havia lugar no sis-
merciais, em que o dono dos animais auferia lucros com tema produtivo da colônia. Apesar disto, seus contingen-
esse serviço de transporte. O transporte era muito lento tes foram crescendo, crescimento que também era fatal e
e os animais não podiam carregar excesso de peso sobre resultava do mesmo sistema de colonização”.
suas cangalhas. Cada tropa tinha de 20 a 50 animais, que
carregavam cada um de 4 a 8 arrobas de peso (cada arroba
Gritos para a liberdade p. 88
equivale a 14,7 kg), numa velocidade que não ia além de 6
léguas por dia (cerca de 39 km). O transporte era, por- Os dois trechos selecionados da historiografia sobre a
tanto, perigoso, lento e dispendioso. escravidão ressaltam as formas de resistência ao sistema.
Um importante exemplo de cidade que surgiu por Esse é um tema muito importante para a história do Brasil
ser ponto de parada de tropeiros é São Paulo. A cidade, e não pode ser negligenciado. Devemos lembrar ainda que
que viria a ser a capital paulista, era uma zona de passa- o chamado “escravo” na verdade compunha uma mistura
gem, ponto de articulação de várias regiões, ligando os de diferentes nações: nagôs, haussás, jejes e angolas que,
campos do sul com as regiões das minas (Goiás, Mato conforme suas origens étnicas, afirmavam de forma dife-
Grosso e Minas Gerais) e com o litoral. Por São Paulo rente os valores de seu grupo.

24 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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Evangelização e inquisição p. 89 As irmandades leigas p. 91
A perseguição religiosa aos mouros e judeus foi Os africanos escravizados e trazidos para o Brasil par-
um dos traços mais característicos da Inquisição na ticipavam de ordens religiosas, distintas conforme a etnia à
Península Ibérica. Na Espanha, o projeto de unificação qual pertenciam. Os angolanos, por exemplo, formavam a
conduzido pelos reis católicos culminou com a expul- Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora das
são dos judeus do território em 1492. Parte desses Portas do Carmo; os daomeanos (jejes), se organizavam na
judeus então se instalou em Portugal, onde já havia uma devoção de Nosso Senhor Bom Jesus das Necessidades e Re-
comunidade judaica bem segmentada. Alguns anos mais denção dos Homens Pretos, entre outros exemplos. O can-
tarde, em 1496, pressionado por interesses políticos domblé, também chamado “queto” ou “ketu”, congregava
com a Espanha, Portugal assinou o seu decreto de ex- diferentes ritos, designados por seus seguidores pelo ter-
pulsão dos judeus. No entanto, os interesses do Esta- mo “nação”, como por exemplo: nação ketu de origem
do português levaram o rei a proibir a saída dos expul- ioruba; nação angola de origem banto; nação jeje, formada
sos, forçando-os a se converter ao cristianismo. A Co- pelos povos fons vindos da região do Daomé.
roa portuguesa não queria perder o capital acumulado Inicialmente o candomblé concentrava-se na Bahia e em
pelos judeus e prejudicar a economia, num momento Pernambuco e caracterizava-se por ser uma religião essen-
importante da expansão ultramarina. A partir de en- cialmente africana, praticada por escravos e seus descen-
tão, os chamados cristãos-novos ou os “batizados em dentes. Pouco a pouco ela se difundiu para todas as regiões
do Brasil e passou a ser apreciada por um vasto contingente
pé”, vão sofrer uma política de perseguição, discrimi-
de pessoas, entre negros, mulatos e brancos. O candomblé,
nação e controle do comportamento pelos cristãos
então, significa uma reelaboração de diferentes tradições
velhos, que constantemente vão acusá-los de
culturais africanas. Um bom exemplo é a tradição da cultura
“criptojudaísmo” (judaísmo dissimulado, praticado em
ioruba (da região da atual Nigéria), que resultou no candom-
locais ocultos). blé jeje-nagô, de matriz africana, mas já essencialmente brasi-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

As distinções sociais entre cristãos-velhos e cris- leiro. O interessante é destacar a presença da língua ioruba
tãos-novos serão referendadas também pelo estatuto nos rituais. Semelhante ao latim antigo, o ioruba é a língua
de pureza de sangue — espécie de documento que litúrgica das cerimônias e rituais do candomblé, exemplo de
comprovava a idoneidade, ou a legitimidade do cris- uma língua já extinta que permaneceu viva contribuindo para
tão, provando que seus antecedentes tinham “sangue preservar a memória africana no Brasil.
puro”, imaculado e, portanto, mereciam receber to-
dos os benefícios disponibilizados pelo Estado. Os con- Sugestão de atividade
vertidos, ao contrário, estavam sujeitos a uma série
É importante mostrar que os africanos vindos para
de proibições, como a de ocupar cargos públicos ou
o Brasil trouxeram tradições que foram incorporadas
exercer funções eclesiásticas. Com a instalação do
à cultura brasileira. Nesse sentido, o professor pode
Tribunal do Santo Ofício em Portugal, os principais trabalhar o texto selecionado da página 92, de João
suspeitos e acusados foram os cristãos-novos, que José Reis. Depois da leitura minuciosa, o professor pode
formaram o maior número de processados pela sugerir que os alunos pesquisem a presença de irman-
Inquisição durante a sua existência em terras portu- dades ou ordens religiosas na sua região. Peça a eles
guesas (1536-1821). para programar uma entrevista com algum represen-
tante da comunidade religiosa e questionar o seu fun-
Sugestões de leitura cionamento. Eles também podem visitar um cemitério
mais antigo da região e identificar os espaços reserva-
GORDON, Noah. O último judeu: uma história de ter- dos às irmandades. Proponha a eles buscar informa-
ror na Inquisição. Rio de Janeiro, Rocco, 2000. ções sobre como atuam as comunidades religiosas atu-
NOVINSKI, Anita. Cristãos novos na Bahia: a Inquisição almente e estabelecer comparações com o modelo de
no Brasil. São Paulo, Perspectiva, 1992. irmandades da época colonial.

PARTE II — O VOLUME 2 25

HC-Manual prof. V. 2-ok 25 07/13/2005, 14:42


LEITURA COMPLEMENTAR

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PARA O CONSUMO SUSTENTÁVEL

Construir um modelo de desenvolvimento econômico capaz de atender às


necessidades das gerações atuais sem comprometer a vida das gerações
futuras é um dos grandes desafios colocados para a nossa civilização. O
texto a seguir traz orientações para uma vida compatível com a
sustentabilidade.
“A imensidão do Brasil fez, e ainda faz, muita gente pensar que todos os recur- Consumo Sustentável
sos naturais do nosso país são inesgotáveis. Engano. Um grande engano. Se não
abrirmos os olhos e ficarmos bem atentos as nossas atitudes, poderemos sofrer
quer dizer saber usar
graves prejuízos e ainda comprometer a sobrevivência das gerações futuras. os recursos naturais
Não é à toa que muita gente – técnicos, especialistas, estudiosos e governos para satisfazer as
de todas as partes do mundo – está preocupada com o futuro do nosso planeta. O nossas necessidades,
Ministério do Meio Ambiente – Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento
Sustentável – e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) colocam sem comprometer as
o assunto em discussão e dão as dicas para que todos possam iniciar a mudança. necessidades e
Talvez você já tenha ouvido falar de Consumo Sustentável. Mas, se você não aspirações das
sabe o que isso significa, vamos lá: Consumo Sustentável quer dizer saber usar os
gerações futuras.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


recursos naturais para satisfazer as nossas necessidades, sem comprometer as
necessidades e aspirações das gerações futuras. Ou seja, vale aquele velho jargão
popular: saber usar para nunca faltar. [...]
Normalmente, não nos preocupamos com a quantidade de água que utiliza-
mos ao escovar os dentes, quando tomamos banho ou no momento de lavar a
louça e o nosso carro. Por absoluta desatenção, ao sairmos de um cômodo não
apagamos a luz, ou vamos acendendo todas as lâmpadas, deixando para trás um
rastro luminoso. Nem nos tocamos em relação ao consumo de papel, seja em casa
ou no escritório estamos sempre desperdiçando papel. Misturamos o lixo domés-
tico, quando seria muito simples separar os restos de comida do papel, da lata, do
vidro, do plástico. No ato da compra, pense! Não leve para casa alimentos em
excesso nem faça comida em demasia para depois ter que jogar fora. Resto de
alimento é coisa séria. Milhares de pessoas carecem, diariamente, de um prato de
comida. [...]

Água
Hoje, metade da população mundial (mais de 3 bilhões de pessoas) enfrenta
problemas de abastecimento de água. Muitas fontes de água doce estão poluídas
ou, simplesmente, secaram. Recife, capital de Pernambuco, em vários períodos do
ano é submetida a um racionamento rigoroso, em outros, não tem água mesmo. O
racionamento também já chegou a São Paulo, podendo atingir 3 milhões dos 10
milhões de habitantes da capital paulista.Você sabia que 97% da água existente no
planeta Terra é salgada (mares e oceanos), 2% formam geleiras inacessíveis e, ape-
nas, 1% é água doce, armazenada em lençóis subterrâneos, rios e lagos?
Pois, bem, temos apenas 1% de água, distribuída desigualmente pela Terra para
atender a mais de 6 bilhões de pessoas (população mundial). Esse pouquinho de
água que nos resta está ameaçado. Isso porque somente agora estamos nos dando
conta dos riscos que representam os esgotos, o lixo, os resíduos de agrotóxicos e Dá para viver sem
industriais. Cada um de nós tem uma parcela de responsabilidade nesse conjunto de água? Não dá. Então,
coisas. Mas, como não podemos resolver tudo de uma só vez, que tal começarmos a saída é fazer um
a dar a nossa contribuição no dia-a-dia?Você sabe quantos litros de água uma pessoa
consome, em média, por dia? Não? São cerca de 250 litros (isto mesmo, 250 litros uso racional deste
ou mais): banho, cuidados de higiene, comida, lavagem de louça e roupas, limpeza da recurso precioso. A
casa, plantas e, claro, a água que se bebe. água deve ser usada
Dá para viver sem água? Não dá. Então, a saída é fazer um uso racional
deste recurso precioso. A água deve ser usada com responsabilidade e com responsabilidade
parcimônia. Para nós, consumidores, também significa mais dinheiro no bolso. e parcimônia.

26 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

HC-Manual prof. V. 2-ok 26 07/13/2005, 14:42


A conta de água no final do mês será menor. O mais importante, no entanto, é
termos a consciência de que estamos contribuindo, efetivamente, para reduzir
os riscos de matarmos a nossa fonte de vida: a água. [...]

Lixo
Enquanto a água pode nos faltar, o lixo sobra. É lixo demais e ele sempre Tecnicamente, é
aumenta. Aumenta tanto que nem sabemos onde colocá-lo. Essa dificuldade possível recuperar e
é maior quando associada aos custos para se criar aterros sanitários. A situ-
ação torna-se pior quando constatamos que na maioria das cidades brasilei- reutilizar a maior
ras o lixo é despejado em terrenos baldios ou nos ‘famosos’ e inadequados parte dos materiais
lixões. Em contraposição a essas práticas, ecologicamente incorretas, vem- que na rotina do dia-a-
se estimulando o uso de métodos alternativos de tratamento como a
compostagem e a reciclagem ou, dependendo do caso, incineração. A incine- dia é jogada fora.
ração (queima do lixo) é a alternativa menos aceitável. Provoca graves pro-
blemas de poluição atmosférica e exige investimentos de grande porte para
a construção de incineradores. A compostagem é uma maneira fácil e barata
de tratar o lixo orgânico (detritos de cozinha, restos de poda e fragmentos
de árvores). A reciclagem é vista pelos governos e defensores da causa
ambiental como solução para o lixo inorgânico (plásticos, vidros, metais e
papéis). Com a reciclagem é possível reduzir o consumo de matérias-primas,
o volume de lixo e a poluição
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tecnicamente, é possível recuperar e reutilizar a maior parte dos materi-


ais que na rotina do dia-a-dia é jogada fora. Latas de alumínio, vidro e papéis,
facilmente coletados, estão sendo reciclados em larga escala em muitos países,
inclusive no Brasil. Embora seja um processo em crescimento, ainda não é
economicamente atrativo para todos os casos. Assim, nos restam as alternati-
vas: evitar produzir lixo, reaproveitar o que for possível e reciclar ao máximo.
Como fazer isso? Aqui vai uma boa dica: aproveitar melhor o que compramos,
escolhendo produtos com menor quantidade de embalagens ou redescobrir
antigos costumes como, por exemplo, a volta das garrafas retornáveis de bebi-
das (os velhos cascos) ou das sacolas de feira para carregar compras.”
(Ministério do Meio Ambiente. Disponível em http://www.meioambiente.gov.br)

PARTE II — O VOLUME 2 27

HC-Manual prof. V. 2-ok 27 07/13/2005, 14:42


UNIDADE III
Realidade e ideologia
A ERA DAS REVOLUÇÕES “Um dos traços fundamentais da ideologia con-
siste, justamente, em tomar idéias como independen-
CAPÍTULO 9. O ILUMINISMO tes da realidade histórica e social, de modo a fazer
com que tais idéias expliquem aquela realidade,
Conteúdos e objetivos
quando na verdade é essa realidade que torna com-
O objeto de estudo deste capítulo é a emergência do preensíveis as idéias elaboradas. [...] É, portanto, das
pensamento iluminista, traduzido nas elaborações teóricas de relações sociais que precisamos partir para compre-
filósofos e economistas que marcaram a produção intelectual ender o quê, como e por que os homens agem e pen-
européia no século XVIII e influenciaram grande parte das sam de maneiras determinadas, sendo capazes de atri-
teorias posteriores. Essa é uma boa oportunidade para refle- buir sentido a tais relações, de conservá-las ou de
tir como as idéias podem influenciar e modificar a estrutura transformá-las. Porém, novamente, não se trata de
de uma sociedade. O objetivo principal deste capítulo é discu- tomar essas relações como um dado ou como um
tir como o desenvolvimento da racionalidade, base para o fato observável, pois neste caso estaríamos em plena
desenvolvimento da ciência, fundou o pensamento iluminista ideologia. Trata-se, pelo contrário, de compreender a
e a própria modernidade.Essa temática permite a interconexão própria origem das realções sociais, de suas diferen-
com outras áreas do conhecimento, como a filosofia, a socio- ças temporais, em uma palavra, de encará-las como
logia e a economia, contribuindo para ampliar a discussão dos processos históricos.”
conteúdos analisados. Os objetivos específicos que estão em (CHAUI, Marilena. O que é ideologia. 37. ed. São
questão neste capítulo são os seguintes: Paulo, Brasiliense, 1994.)
• Explicar as origens e as principais características do
pensamento iluminista e perceber como ele influenciou as

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


modificações em relação ao modelo de Estado e também a A mentalidade ilustrada p. 99
visão de mundo do Antigo Regime. Para entender a lógica do pensamento iluminista de-
• Desenvolver o pensamento lógico e abstrato, discu- vemos considerar alguns pontos essenciais. Em primeiro
tindo e analisando conceitos e pequenos textos de nature- lugar, a defesa da primazia da razão como característica
za filosófica que ampliam a capacidade leitora e permitem intrínseca ao homem. Os iluministas acreditavam que pela
entender o pensamento iluminista. razão o ser humano podia compreender o mundo e a si
• Analisar em linhas gerais as teorias econômicas libe- mesmo, decifrar as leis da natureza e da sociedade e des-
rais fundamentais para a compreensão do liberalismo como cobrir o Deus presente na natureza e no seu próprio
ideologia de oposição ao Antigo Regime. interior. Eles também acreditavam em leis naturais que
• Ler e interpretar gráfico, relacionando as informa- regulariam os fenômenos da natureza, assim como as re-
ções que ele apresenta à teoria malthusiana. lações entre os homens. Por essa concepção, todos os
• Explicar, a partir de um organograma, o funciona- homens seriam naturalmente bons e justos, a sociedade
mento dos três poderes no Brasil, relacionando-os às idéias é que os corromperia, daí a necessidade de reformá-la
de Montesquieu. para restaurar a liberdade, a igualdade de todos perante a
• Refletir sobre a idéia central do pensamento de lei, a segurança e outros direitos fundamentais violados
Rousseau — “O homem é naturalmente bom, a civiliza- por governos arbitrários e ilegítimos.
ção é que o corrompe” — e debater o assunto, elaboran- Para discutir o pensamento dos iluministas, o profes-
do argumentos e hipóteses. sor pode selecionar um dos trechos disponíveis no livro
e analisá-lo juntamente com os alunos. Esse tipo de ativi-
Texto de abertura p. 98 dade é importante, pois contribui para desenvolver a
O trecho da obra O espírito das leis, do filósofo capacidade de interpretação, o raciocínio lógico e a articu-
Montesquieu, descreve as três espécies de governo que, lação entre as idéias. Sempre que necessário o professor
segundo ele, podem ser adotadas em um país. O profes- deve retomar os temas complementares já discutidos nas
sor pode ler o texto em voz alta com os alunos e depois unidades anteriores. Para auxiliar o professor analisaremos
relacionar as idéias que ele apresenta com a foto da Pra- o trecho da página 99.
ça dos Três Poderes, em Brasília. É uma boa oportunidade
de mostrar a importância do ideário iluminista na confi- Reflexão sobre a propriedade
guração dos Estados contemporâneos.
No trecho relativo à propriedade encontra-se um
“Luzes” contra “trevas”: dos pontos mais importantes do trabalho de John Locke.
A propriedade é definida como um direito natural, por-
origens do iluminismo p. 99 tanto presente no estado de natureza. Para Locke é o
Nesse texto introdutório faz-se uma síntese das idéias trabalho que legitima o direito à propriedade e, ao mes-
iluministas selecionando alguns princípios básicos. Nesse mo tempo, o que estabelece a diferença entre os ho-
contexto, destaca-se o conceito de ideologia, uma elabo- mens. Para ele,“cada homem tem uma propriedade em
ração complexa que já rendeu vários estudos. Sugerimos sua própria pessoa”, ou seja, no estado de natureza, todo
que o professor proponha a pesquisa e o registro do sig- indivíduo possui, no mínimo, a propriedade sobre o seu
nificado no caderno de conceitos e, em seguida, discuta corpo. Na verdade, sua preocupação é justificar e legiti-
com os alunos o que eles entenderam do assunto. Se achar mar a diferença entre os homens na sociedade civil.
conveniente utilize o texto a seguir. ➜

28 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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➜ o modelo de desenvolvimento sobre o qual se construiu a
Estadiferença, segundo ele, é dada pelo trabalho, pois se nossa civilização. Questões tais como — “O que o pro-
perante a natureza todos os homens têm direitos iguais gresso tecnológico significou para a natureza e a vida hu-
(a propriedade sobre o corpo), a diferença entre eles só mana?, Por que vivemos em um mundo cada vez mais de-
pode ser creditada ao mérito pessoal de cada indivíduo. sencantado, massificado e militarizado?, Como será o futu-
ro da humanidade se a nossa civilização mantiver os mes-
Os economistas liberais p. 102 mos padrões de produção e consumo da época atual?” —
devem levar os alunos a repensar a sociedade em que vive-
No que se refere ao pensamento dos economistas libe- mos e o seu papel como sujeito histórico.
rais é preciso considerar alguns pontos essenciais.A idéia da
não interferência do Estado na vida econômica é respaldada
na existência natural da propriedade. Os proprietários pri- CAPÍTULO 10. AS REVOLUÇÕES INGLESAS
vados seriam, então, responsáveis pela gerência da econo- Conteúdos e objetivos
mia ou do mercado.
Na visão dos economistas liberais, entre o Estado e o No capítulo em questão discute-se o papel das Revolu-
indivíduo se constitui uma nova esfera social: a sociedade ções Inglesas, ocorridas no século XVII, que representaram
civil. Organizada em grupos com objetivos comuns, a socie- a primeira experiência de revolução burguesa da história.As
dade civil passava a defender seus interesses privados, mani- Revoluções Inglesas foram marcadas por constantes atritos
festando-os publicamente. Para Locke é na sociedade civil, entre as forças do Antigo Regime ligadas ao absolutismo
definida como um agrupamento de pessoas possuidoras de (nobreza feudal e Igreja Anglicana) e as forças de transfor-
propriedades, que reside o poder político, é a sociedade civil mação ligadas ao Parlamento (nobreza mercantil e burgue-
que legitima a autoridade do monarca. O ideário liberal, por- sia). No final do processo, as forças do Parlamento saíram
tanto, valida a propriedade burguesa, pois ela é fruto do tra- vencedoras, implantando-se a primeira monarquia parlamen-
balho, é a coroação do esforço individual. A pobreza, nesta tar da história. Dessa forma, a burguesia iniciou o processo
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

concepção, seria o resultado da incompetência pessoal, da de ascensão e conquista do poder.


incapacidade do indivíduo, garantidos os direitos naturais à Os objetivos colocados para este capítulo são os se-
liberdade, à igualdade perante a lei e à propriedade, de ad- guintes:
quirir bens e se enriquecer. • Caracterizar a Câmara dos Lordes e a Câmara dos
A partir desta rápida explanação, pode-se discutir Comuns, comparando a sua atuação no passado e no pre-
com os alunos como o pensamento liberal está presen- sente.
te na nossa sociedade, cristalizado na idéia, muito difun- • Elaborar uma síntese sobre os principais aconteci-
dida, de que o “homem que trabalha vence na vida”. mentos que marcaram as Revoluções, destacando o seu
significado para a sociedade inglesa.
• Organizar cronologicamente os fatos das Revolu-
O despotismo esclarecido p. 103 ções Inglesas.
Para os alunos entenderem as conexões entre os • Analisar trecho da Declaração dos Direitos, apro-
fatos históricos, aprendendo a construir relações cada vada ao final da Revolução Gloriosa, relacionando o seu
vez mais abrangentes, sugerimos retomar o item “Um ‘ilus- conteúdo com o ideário iluminista.
trado’ na corte portuguesa”, estudado no capítulo 7. • Realizar pesquisa sobre o conflito entre católicos e
Relembrar com os alunos as reformas pombalinas, vi- protestantes na Irlanda do Norte atual, questão de natu-
sando racionalizar a administração do Estado, possibili- reza religiosa e política que também se manifestou du-
tará compreender melhor as características do despo- rante as Revoluções Inglesas.
tismo esclarecido, inserindo-o na idéia da primazia da
razão, que caracterizou a filosofia iluminista. Texto de abertura p. 108
O texto de abertura trata de uma mudança introduzida
Atividades p. 105 na Câmara dos Lordes, tradicional instituição britânica. A
informação permite identificar na Grã-Bretanha atual a per-
A atividade 4 permite que os alunos reflitam a respei- manência de antigas instituições políticas e as mudanças que
to de questões muito atuais, que sempre aparecem em se processaram, que expressam o dinamismo e as contradi-
discussões envolvendo a educação que a sociedade deve ções do movimento histórico. O texto contribui também
garantir às crianças, a redução da idade penal, os efeitos da para familiarizar o aluno com o tema das Revoluções Ingle-
educação permissiva, etc. O texto permite discutir o dra- sas, pois torna a monarquia britânica atual, uma instituição
ma do trabalho e da prostituição infantil, o abandono e a mais ou menos conhecida, como ponto de partida para o
violência contra crianças, o aumento da criminalidade estudo de um momento importante na organização do Es-
infanto-juvenil. O objetivo não é esgotar o assunto, definin- tado britânico, que possibilitou, um século depois, inaugurar
do uma posição correta a respeito desse debate, mas esti- naquele país a era da grande indústria.
mular a discussão, a formulação de argumentos e a forma-
ção de uma atitude de responsabilidade diante dos proble-
Puritanos contra cavaleiros p. 110
mas sociais do nosso país. Discutir essas questões é um
passo importante para combater a indiferença e construir Para discutir a estrutura e o funcionamento do Parla-
um futuro melhor para a nossa sociedade. mento inglês no século XVII, o professor poderá, aprovei-
A atividade 8, da mesma forma, proporciona um pro- tando as informações do livro, organizar um esquema que
dutivo debate. Discutir a supremacia da razão, a sacralização sintetize as principais características dessa instituição. Sem-
da ciência e do progresso nos leva também a refletir sobre pre que necessário estabeleça relações com o que já foi

PARTE II — O VOLUME 2 29

HC-Manual prof. V. 2-ok 29 07/13/2005, 14:42


discutido em outras unidades como, por exemplo, as refor- trabalhador fabril. É importante lembrar que parte da indús-
mas religiosas, propiciando a articulação entre os diferen- tria inglesa mecanizada era alimentada pela matéria-prima co-
tes conteúdos. Seria interessante ainda pesquisar o funcio- lonial (algodão dos Estados Unidos, Índia e Brasil) e pelo mer-
namento do Parlamento na Grã-Bretanha atual, revelando cado externo e consumos coloniais, fatores fundamentais na
as relações de permanência e ruptura com os aconteci- arrancada industrial da Inglaterra. Finalmente, podem-se es-
mentos deflagrados pela revolução. tabelecer relações com o processo de cercamentos, que de-
Como sugestão de abordagem neste item, o profes- sencadeou uma transformação na estrutura agrária (concen-
sor pode comparar o texto de Christopher Hill sobre o tração de terras pelos grandes proprietários) produzindo
Exército de Novo Tipo, na página 110, com a curta biogra- mão-de-obra para alimentar a incipiente indústria inglesa. Os
fia de Oliver Cromwell, na página 112, estabelecendo rela- objetivos específicos do capítulo em questão são:
ções entre a criação do Exército de Novo Tipo e a trajetó- • Explicar ou problematizar os novos caminhos das
ria política de Oliver Cromwell. relações de trabalho e da economia no contexto da
globalização no século XXI.
• Analisar a emergência da Revolução Industrial na
Sugestão de leitura Inglaterra, os fatores que possibilitaram a industrializa-
HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. Lisboa, ção inglesa, as modificações nas relações de trabalho e
Presença, 1977. suas conseqüências no espaço urbano, características
disseminadas com a formação de um mercado mundial.
A Revolução Gloriosa p. 112 • Contextualizar e interpretar fontes históricas e
historiográficas que tratam das relações de trabalho
De forma geral, a história da Inglaterra e mais ainda a da produzidas pela grande indústria, comparando-as e con-
lrlanda são pouco conhecidas pelos alunos. Com o intuito frontando-as com o texto didático e o conhecimento
de modificar esse quadro, sugerimos que o professor prévio dos educandos.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


problematize uma questão ainda presente: os conflitos re- • Ler e interpretar gráfico que informa sobre o
ligiosos na Irlanda do Norte e sua relação com a Revolução crescimento da população urbana na Europa ocidental,
Inglesa, situação que permanece sem solução ainda hoje. Para durante o século XIX, relacionando-o com o processo
tanto, considere: de industrialização.
• Durante o reinado de Elizabeth I, aconteceram três • Realizar pesquisa sobre o trabalho infantil no
grandes rebeliões na Irlanda em virtude dos Estatutos de Brasil e a legislação existente sobre o assunto.
Supremacia e Uniformidade. Aprovados em 1559 pelo go- • Refletir sobre os resultados positivos e negati-
verno inglês, eles tinham como objetivo limitar a prática vos do progresso tecnológico, elaborando argumentos
do catolicismo na ilha e reimplantar a supremacia da Igre- para debater o tema com os colegas.
ja Anglicana.
• No governo de Jaime I, século XVII, terras pertencen-
Texto de abertura p. 116
tes ao Condado de Ulster foram confiscadas e distribuídas
entre os súditos ingleses e escoceses de religião protestan- A canção “Fábrica”, do grupo Legião Urbana, expressa o
te, através de um sistema de colonização discriminatório e inconformismo diante da opressão criada pelo trabalho in-
desfavorável para os irlandeses. Essa situação desencadeou dustrial. Diversos indícios no texto caracterizam a explora-
um levante geral em 1641 que durou mais de 11 anos e foi ção do trabalho e a destruição do meio ambiente. Podemos
dominado pelas forças de Oliver Cromwell. destacar que a canção expressa ainda uma revolta decorren-
te da falta de sentido do trabalho alienado, imposto pela so-
Texto complementar p. 113 ciedade industrial. Se achar conveniente, o professor pode
contrapor a noção de trabalho à noção de ócio, aproveitan-
As niveladoras do as discussões atuais acerca das mudanças nas relações de
A leitura proposta para este capítulo destaca a atua- trabalho no século XXI. Essa discussão inicial pode servir
ção das mulheres niveladoras durante o período revoluci- tanto para introduzir a temática deste capítulo, quanto para
onário na Inglaterra. Com esta leitura pode-se discutir a avaliar o conhecimento prévio dos alunos sobre o tema.
discriminação sofrida pelas mulheres e a importância da
ação organizada desse segmento social para a conquista, Sugestões de leitura
durante o século XX, dos direitos políticos e individuais
próprios do Estado democrático. Pode-se aproveitar o texto LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. São Paulo,
para indagar os alunos a respeito de outros setores sociais Hucitec, 2000.
que lutam hoje pela igualdade de direitos prevista na lei. DEMASI, Domenico. O ócio criativo. Rio de Janeiro,
Sextante, 2000.

CAPÍTULO 11. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


O trabalho na era industrial p. 118
Conteúdos e objetivos Inicialmente é importante o professor chamar a aten-
Neste capítulo discute-se o impacto da Revolução In- ção para a mudança do significado do termo “trabalho”, con-
dustrial iniciada no século XVIII na Inglaterra e as mudanças forme se destaca no livro, revelando que a linguagem tam-
sociais por ela deflagradas. Um dos aspectos mais importan- bém é histórica, portanto está sujeita às modificações do
tes da Revolução Industrial foi a modificação nas relações de tempo. É interessante, neste caso, relacionar a mudança de
trabalho, separando-se de um lado os detentores do capital e valores em relação ao trabalho à moral calvinista, que trans-
dos meios de produção e de outro a força produtiva, o formou a riqueza e trabalho em indícios da graça de Deus.

30 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

HC-Manual prof. V. 2-ok 30 07/13/2005, 14:42


Um dos aspectos mais terríveis dos primórdios da in- mundo.Vale a pena discutir com os alunos até que ponto
dustrialização foi a exploração do trabalho infantil, que foi a contínua revolução tecnológica é responsável pelo au-
utilizado em larga escala na Inglaterra e em outros lugares mento do desemprego, ou se os fatores dessa mazela social
do mundo. Leia o trecho a seguir, que trata desse assunto. devem ser procurados nas relações sociais vigentes na
economia capitalista.
Pequenos trabalhadores O texto no boxe abaixo pode ajudar no encaminha-
mento desse debate.
“Na tecelagem, na fiação, na indústria do vidro, nas
oficinas mecânicas, nas minas as crianças, pela sua agili-
dade e pequena estatura, são empregadas em trabalhos A crise do trabalho
precisos, o que dispensa o empregador de acelerar o “No pensamento utópico, acreditava-se que a
aperfeiçoamento mecânico do material: puxar, muitas energia humana, não sendo mais intensamente absor-
vezes rastejando, as vagonetas das máquinas nas galerias vida pelo trabalho, poderia liberar a expressão indivi-
das minas, atar os fios partidos por detrás dos teares, dual. Assim, a criatividade poderia ser empregada em
limpar as partes pouco acessíveis das máquinas. [...]. todos os domínios e buscar-se-iam novas formas de
De fato, até pelo menos 1850, esta mão-de-obra a relações sociais. [...] Estamos, porém, num cenário
baixo preço fornece metade dos efetivos do setor têx- muito diferente desse desenhado pela utopia.
til inglês. [...] Os inquéritos ingleses estão cheios de exem- Para muitos, a tarefa seria repensar o trabalho e
plos de patrões sádicos que usam a chibata e o murro; mostrar que o seu reinado vincula-se a certa época
contra-mestres peritos em torturas e aparelhagens li- histórica que pode estar chegando a seu final. Ninguém
gadas aos membros demasiados curtos das crianças para no mundo sabe o que fazer com o crescente número
os adaptarem às máquinas. [...]. de excluídos do trabalho. [...]
O emprego de crianças de 4 a 6 anos é corrente e O consenso para solucionar o desemprego cres-
procurado, desde que sabem andar e podem ser treina- cente nos países industrializados seria a redução radical
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

das no trabalho das máquinas. Essa tortura descarada da jornada de trabalho. Isso implica aceitar que o con-
ou hipócrita continua a ser marcha indelével do capita- ceito de emprego tradicional está em crise, já que o
lismo. Tortura prolongada, apesar das negações de cer- trabalho físico é feito pelas máquinas e, num futuro pró-
tos historiadores: ao sabor das crises e das revoltas ope- ximo, também o mental o será pelos computadores.Ao
rárias, o emprego dos jovens é sempre a maneira mais homem cabe a tarefa de ser criativo, ter idéias. [...]
segura de manter a produção e os lucros.” Para atacar seriamente o desemprego, seria preci-
(RIOUX, Jean-Pierre. A Revolução Industrial. so primeiro destituir o trabalho, em geral alienante,
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1996.) dessa suposta e ideológica veneração que o envolve
há dois séculos e impede que sua supremacia seja con-
O professor pode aproveitar o texto selecionado e testada. A vontade feroz dos poderes públicos de ‘sal-
explorar o tema do trabalho infantil no contexto da Revo- var’ o trabalho é insana. Seria absurda a tentativa de
lução Industrial, estabelecendo relações com o processo criar tarefas monótonas, rotineiras e sem criatividade
de industrialização no Brasil no início do século XX e res- apenas para manter as pessoas ocupadas.
saltando a permanência do trabalho infantil nos dias atuais. Por sua vez, o economista Wassily Leontief expressa
Para analisar a questão da “robotização do trabalhador” (p. preocupação quanto à valorização do tempo livre. Afir-
118), seria interessante o professor explorar o filme Tem- ma que, ‘se trabalharmos menos, talvez passemos mais
pos modernos (1936), de Charles Chaplin, que mostra, de tempo sentados na frente da televisão’. O enriquecimen-
maneira crítica e divertida, o cotidiano do trabalho e da to do lazer, argumenta Leontief, ‘só pode vir com uma
vida moderna. Aproveite também para apresentar alguns melhora na educação’. [...]
exemplos da vida e da obra desse famoso cineasta. Devemos repensar o próprio trabalho, pois há
grande quantidade de atividades que podem ser feitas
na sociedade sem envolver fábricas nem escritórios
Sugestão de leitura
nem governo. São os setores sem fins lucrativos que
IGLESIAS, Francisco. A Revolução Industrial. 5. ed. São se dedicam à ajuda ao meio ambiente e a pessoas do-
Paulo, Brasiliense, 1984. entes, idosas, crianças, à educação e ao lazer.
Os benefícios, porém, surgirão na medida em que
Operários contra as máquinas p. 120 repartirmos os ganhos da produção. Sem emprego,
quem consumirá? Sem consumo, quem empregará? É
O ludismo pode ser considerado o primeiro movi- por isso que a formulação de uma renda mínima, inde-
mento do operariado contra as condições socioe- pendentemente de qualquer trabalho, encontra defen-
conômicas geradas pela industrialização. O movimento
sores em quase todos os segmentos sociais. [...]”
de quebra das máquinas refletia a impossibilidade, naque-
le momento histórico, de os trabalhadores analisarem o (CARMO, Paulo Sérgio do. O trabalho na
desemprego de forma mais ampla, considerando não ape- economia global. São Paulo, Moderna, 2004.)
nas o enxugamento de postos de trabalho promovido
pela mecanização, mas também aspectos como a jornada A contemporaneidade da
de trabalho excessiva e, principalmente, as características Revolução Industrial p. 121
da economia capitalista, centrada na máxima obtenção
de produtividade e de lucro. A Revolução Industrial em certa medida ainda está em
A relação entre avanço tecnológico e desemprego é curso nos dias atuais. Hoje, vivemos a chamada Terceira
uma discussão cada vez mais atual, no Brasil e em todo o Revolução Industrial, decorrente das mudanças tecnológicas

PARTE II — O VOLUME 2 31

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(da microeletrônica, da informática) que deflagraram mo- diferentes lugares do mundo ocidental. O texto didático
dificações profundas no mundo do trabalho. Essa revolu- analisa separadamente todas as fases da Revolução,
ção tecnológica exige permanente formação e capacitação contextualizando-a na crise do Antigo Regime e na emer-
de profissionais que não são mais preparados para a cons- gência dos valores liberais burgueses.
trução de uma longa carreira, mas sim para ocuparem pos- Os objetivos estabelecidos para o estudo deste capí-
tos temporários, pois cada vez mais as empresas exigem a tulo são os seguintes:
“flexibilização da mão-de-obra”, enquanto uma vasta par- • Contextualizar e interpretar documentos históricos
cela da população, não qualificada, está condenada ao e textos historiográficos fundamentais para o entendimento
subemprego ou ao desemprego estrutural. dos fatores e do significado da Revolução Francesa.
Discutir as perspectivas futuras do trabalho na socieda- • Caracterizar o Antigo Regime e explicar por que a
de atual pode ser uma boa estratégia para finalizar esse tema. Revolução Francesa significou um golpe fatal nas bases
O professor pode propor a organização de um debate pro- que sustentavam aquele sistema.
gramando uma pesquisa prévia em fontes diversificadas. Pode- • Estabelecer relações entre a Revolução Francesa e
se questionar o surgimento de novas profissões, novos mer- as mudanças ocorridas no Brasil e na América no contexto
cados de trabalho, a questão da exclusão e do desemprego da crise do Antigo Regime, reconhecendo os reflexos do
estrutural, além do perfil estimado do profissional do futuro. movimento revolucionário francês.
Tal discussão, de grande interesse para os educandos, pode • Comparar a Revolução Francesa com as Revoluções
também render a visita de um palestrante que, a convite do Inglesas do século XVII, identificando semelhanças e diferen-
professor, poderá debater essa problemática. ças nos objetivos traçados e nos efeitos que produziram.
• Identificar na Constituição brasileira atual os princípios
Texto complementar p. 121 iluministas consagrados pela Revolução Francesa.
• Montar um quadro cronológico registrando os princi-
A Revolução Industrial e o operariado pais acontecimentos que marcaram a Revolução Francesa.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


O texto caracteriza as mudanças sociais e geográficas
ocorridas com a Revolução Industrial. É importante obser- Texto de abertura p. 125
var que o processo descrito pelo autor pode ser situado em O texto de abertura selecionado chama a atenção para
qualquer região da Europa do século XIX, pois se trata de uma qualidade essencial da Revolução Francesa: a universali-
uma visão geral do processo de industrialização. Até certo dade de seu programa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade
ponto, alguns dos fenômenos descritos ocorreram paralela- são os princípios que embasaram a revolução e que repre-
mente ao processo de industrialização, até mesmo nos paí- sentariam os ideais comuns da humanidade, independente-
ses latino-americanos, como Brasil, México e Argentina, no mente de suas particularidades nacionais ou regionais. Não
século XX. É o caso da concentração de capital e do êxodo é por acaso que esse acontecimento, por representar uma
rural, assim como do fenômeno da concentração urbana. ruptura fundadora na conquista dos direitos do homem e
Dentre as questões de compreensão do texto pro- do cidadão, marca, na periodização clássica européia, o início
postas, a questão 4 exige maior poder analítico do aluno, da Idade Contemporânea, ainda que esses direitos tenham
que deverá identificar o fenômeno de difusão da técnica se efetivado somente no âmbito da lei e não na vida cotidi-
e do sistema fabril, que ocorre paralelamente à concen- ana das pessoas. É importante o professor estabelecer rela-
tração populacional e urbana, bem como à concentração ções com o contexto do pensamento iluminista, já discutido,
de renda e de capital. como a base para se entender esse processo de ruptura em
relação aos valores do Antigo Regime.
Atividades p. 122
A crise do absolutismo p. 126
A questão 1 exige a retomada dos conceitos do libe-
ralismo econômico, expostos no capítulo 9. A proposta Para abordar o contexto que antecede a Revolução Fran-
da questão é relacionar as idéias de livre iniciativa, livre cesa é importante analisar a organização social que vigorava
concorrência e valorização do trabalho ao universo ide- no Antigo Regime, explicando as características dos três es-
ológico da classe burguesa. tados e de que maneira as idéias iluministas colocavam em
As questões 2 e 3 visam desenvolver no aluno a habili- xeque as estruturas do velho regime. Confrontando essas
dade de sintetizar dados, orientando-o a formar uma visão duas realidades fica fácil entender por que a queda do Anti-
do processo econômico da industrialização. go Regime era inevitável. Resta agora discutir como a Revo-
A questão 4 permite trabalhar a leitura de gráficos, lução aconteceu na prática. Como se trata de um tema mui-
dentro de um contexto em que se relacione industriali- to importante para a historiografia e, ao mesmo tempo, com-
zação e urbanização. plexo na sua especificidade, seria interessante o professor
Outro aspecto a ser destacado, nas demais questões, organizar inicialmente um esquema geral, destacando as três
é a produção do conhecimento a partir de documentos fases da Revolução e suas características. Então vejamos:
(questão 5) e a discussão do papel da tecnologia na atua- 1) A Assembléia Nacional (1789-1792)
Nesse período destacou-se a atuação da burguesia ur-
lidade, especialmente na relação com o desemprego.
bana e a dos camponeses no interior, que lutavam pelo fim
dos privilégios feudais e pelo confisco dos bens da Igreja. As
CAPÍTULO 12. A REVOLUÇÃO FRANCESA conquistas principais desta fase foram a aprovação da Cons-
tituição Civil do Clero, a Declaração dos Direitos do Homem e do
Conteúdos e objetivos Cidadão e a Constituição de 1791.
O capítulo em questão analisa os antecedentes e o de- 2) A Convenção Nacional (1792-1795)
senvolvimento da Revolução Francesa e o impacto extraor- Nesse período destacou-se a divisão entre os grupos
dinário que ela produziu nas relações políticas e sociais em de esquerda e os da direita, ou entre conservadores e

32 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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progressistas. Esta fase foi marcada também por diversos
conflitos entre as diferentes facções políticas, cada qual re- Sugestões de leitura
presentada por um líder (Danton, Marat e Robespierre). DARNTON, Robert. Boemia literária e revolução: o
Foi ainda nesse contexto que ocorreram a Revolta da submundo das letras no Antigo Regime. São Paulo,
Vendéia, a Convenção Montanhesa, o Tribunal Revolucio- Companhia das Letras, 1989.
nário e o período do Terror, além da execução do rei. TOCQUEVILLE, Aléxis. O Antigo Regime e a revolução.
3) O Diretório e o Consulado (1795-1799) Lisboa, Fragmentos, 1989.
Caracterizou-se pela supremacia da grande burguesia GRESPAN, Jorge. Revolução Francesa e iluminismo. São
girondina, pela oposição jacobina (esquerda) e dos realistas Paulo, Contexto, 2003.
(direita). A grande burguesia perseguiu os jacobinos, dissol-
veu os grupos políticos e restabeleceu o voto censitário, que
favorecia a classe burguesa. Ecos da Marselhesa p. 133
Aproveitando o texto do historiador Eric Hobsbawm
A Assembléia Nacional Constituinte p. 129 (p. 133), o professor pode fazer um balanço dos fatos
Para abordar essa primeira fase da revolução, o pro- principais da Revolução, a título de sistematização do
fessor pode aproveitar os dois trechos selecionados nas estudo, e discutir os reflexos externos desses aconteci-
páginas 129 e 130. No primeiro, discuta o significado sim- mentos. É preciso lembrar que a Revolução estabeleceu
bólico da queda da Bastilha; no segundo analise a questão as bases da sociedade capitalista, que da Europa se ex-
dos limites da igualdade a partir do artigo da Declaração pandiria por todos os continentes, e exerceu grande in-
dos Direitos do Homem e do Cidadão. Segundo o historia- fluência nos movimentos de libertação colonial na Amé-
dor Eric Hobsbawm, “este documento é um manifesto rica ibérica.
contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas
não um manifesto a favor de uma sociedade democrática Texto complementar p. 135
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e igualitária [...]; ela prevê a existência de distinções soci-


ais, ainda que somente no ‘terreno da utilidade comum’”. Reclamações do terceiro estado
(HOBSBAWM, E. A era das revoluções: 1789-1848. São A leitura complementar deste capítulo apresenta ao
Paulo, Paz e Terra, 1988.) aluno um documento histórico. É importante situá-lo cro-
nologicamente no início da Revolução Francesa, desta-
Direita ou esquerda? p. 130 cando também seu caráter local e paroquial. Esta ativida-
de permite ao aluno o contato com uma fonte primária
Para analisar o período da República jacobina, o pro- na qual os conflitos sociais estão visíveis. As questões de
fessor pode aproveitar o calendário republicano (dispo- compreensão de texto podem ser incorporadas a uma
nível na p. 131). Ele simboliza a ruptura com o Antigo pesquisa mais ampla com base em documentos, que apa-
Regime e o começo de um novo tempo, a escrita de uma recem nas atividades do capítulo, fornecendo assim um
nova história. Se for necessário, o professor deve esclare- panorama mais amplo da Revolução Francesa.
cer as diferenças entre o regime monárquico e o republi-
cano. Pode-se ainda estabelecer uma comparação com o
sistema político republicano vigente hoje na França, com Atividades p. 135
o intuito de os alunos perceberem as mudanças e perma- Algumas atividades oferecidas no capítulo podem
nências com relação ao período da Revolução. ser unificadas em uma pesquisa mais ampla, como co-
É importante que o professor esclareça os motivos pe- mentado acima. O documento apresentado no texto
los quais esse período ficou conhecido como o Período do complementar, sobre as reclamações do terceiro esta-
Terror, chamando a atenção para os acontecimentos inéditos do, pode ser relacionado à tabela da atividade 2, que
e radicais daquela fase e que causaram, na França e no exte- caracteriza as condições de vida do trabalhador e ao
rior, tanto surpresa quanto indignação (por exemplo, o signi- documento da atividade 4, que caracteriza as reivindica-
ficado da execução do rei). ções burguesas.Todos estes documentos são importan-
tes para caracterizar as condições iniciais do movimen-
to revolucionário na França.
Sugestão de atividade A rica iconografia do capítulo pode ser associada à
Aproveite o texto do boxe da página 132, do histori- questão 5, cujos métodos de abordagem podem ser trans-
ador Eric Hobsbawm, e solicite a pesquisa e a composi- postos a outras imagens, à escolha do professor. Nesse
ção de uma pequena biografia sobre Robespierre, um dos sentido, a atividade 6, que é uma questão de síntese do
líderes da Revolução. Não se esqueça de explicar a processo num quadro cronológico, poderá ser associada a
metodologia para a produção de uma biografia, que é um esses procedimentos de análise iconográfica. O importan-
estilo específico de narrativa. Destacar, por exemplo, que te, nesse caso, será valorizar a construção da habilidade de
para produzir um texto biográfico é preciso consultar leitura de imagens por parte do aluno, identificando ele-
fontes diversificadas, ler e escrever o texto com suas pró- mentos significativos, ações e gestos simbólicos. Uma das
prias palavras, indicar com aspas as citações de outros maneiras de trabalhar com as imagens pode ser associá-las
autores e sempre indicar as fontes consultadas. Dessa a conteúdos temáticos (como, por exemplo: a Assembléia
forma, os educandos participam do processo de constru- Nacional, as multidões, as execuções, a guerra, o cotidia-
ção do conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolvem no). Uma forma mais prazerosa de fixar a cronologia pode
habilidades específicas de pesquisa e redação. ser associar as imagens mais representativas a cada fase da
Revolução, como propõe a atividade 6.

PARTE II — O VOLUME 2 33

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CAPÍTULO 13. O IMPÉRIO NAPOLEÔNICO O senhor da Europa p. 142

Conteúdos e objetivos Uma das estratégias mais importantes de Napoleão com


o propósito de conter o avanço e o poderio de seu maior
O capítulo em questão problematiza a figura de oponente, a Inglaterra, foi o Bloqueio Continental. Aprovei-
Napoleão Bonaparte discutindo as perdas e os ganhos em tando o texto da página 142, discuta com os alunos essa
relação às conquistas obtidas pela Revolução Francesa.Ana- questão destacando o significado do Bloqueio e as principais
lisa também as mais significativas campanhas militares do conseqüências, principalmente a relação com a História do
período napoleônico e a consolidação das conquistas bur- Brasil (a chegada da família Real, em 1808). As diversas cam-
guesas por meio do Código Civil, da reforma educacional e panhas militares lideradas por Napoleão resultaram em uma
da reforma tributária. Por fim, o capítulo aborda a política nova configuração territorial da Europa. A partir do mapa
externa do governo de Napoleão, essencial para compreen- da página 143, analise com os alunos algumas alterações
der os acontecimentos que, no início do século XIX, levari- geopolíticas produzidas na Europa.
am a família real portuguesa a partir para o Brasil. O professor poderá programar uma pesquisa sobre uma
Os objetivos essenciais neste capítulo são: ou mais campanhas comandadas por Napoleão, destacando
• Analisar a construção do mito de Napoleão, questio- a questão da estratégia ou tática militar do general como
nando os pontos positivos e os negativos em relação às con- um de seus principais talentos como estadista. O conceito
quistas da Revolução Francesa. de estratégia pode ser estendido a outras atividades além da
• Caracterizar a política externa do governo napoleônico, militar, como o comércio, o esporte etc.
inserindo-a no contexto das disputas econômicas e políticas No que se refere às campanhas militares sugerimos que
que polarizavam a França e a Inglaterra no período. o professor discuta mais detalhadamente a Campanha do
• Caracterizar o Código Napoleônico estabelecendo re- Egito (1798), que tinha como objetivo principal desmantelar
lações com outros códigos existentes no presente, apontan- uma importante rota comercial da Inglaterra. Como Napoleão
do semelhanças e diferenças. não tinha como invadir a Inglaterra resolveu derrotá-la eco-

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• Estabelecer relações entre a História européia (geral) e nomicamente. Essa campanha também foi importante pelo
do Brasil (local), a partir da discussão do Bloqueio Continental. aspecto científico, pois foi lá que se descobriu a famosa Pedra
• Ler e interpretar imagem, uma pintura de Napoleão de Roseta, um pedaço de rocha basáltica inscrita em caracteres
Bonaparte, procurando identificar na obra a contradição hieroglíficos que mais tarde seriam decifrados pelo arqueó-
com os ideais da Revolução Francesa. logo Champollion. Organizando uma campanha militar que
contou com a presença de importantes cientistas e pesquisa-
Texto de abertura p. 140 dores, Napoleão tornou possível uma das maiores descober-
O texto de introdução aborda uma dimensão pouco tas da arqueologia mundial, contribuindo para ampliar o co-
explorada das conquistas militares: o roubo de obras de arte nhecimento sobre o passado do Oriente.
nos países dominados. É importante identificar no interesse
do governo de Napoleão pela arte um reflexo da cultura da Texto complementar p. 145
Ilustração. A construção de um museu também explicita
este fato, além de simbolizar a idéia de democratização da Napoleão
cultura e da arte. Outro fato digno de comentário é o de o O texto apresentado enfatiza o simbolismo contido na
Museu Napoleão, atual Museu do Louvre, estar instalado figura de Napoleão enquanto paradigma da ascensão social,
num dos antigos palácios da corte de Luís XVI. do sucesso como coroação da competência do indivíduo,
princípio básico do liberalismo. A ascensão do general do
A consolidação das conquistas burguesas p. 141
exército revolucionário, nada refinado e extremamente au-
dacioso, era o exemplo a ser seguido pela população france-
Para abordar o governo de Napoleão no período do Con- sa. Napoleão simbolizava a vitória pelo mérito, transforma-
sulado e nos primeiros tempos do Império é importante desta- do em valor pela ordem burguesa implantada com a Revolu-
car o Código Civil Napoleônico (1804) como marco da consolida- ção. É importante, nas questões de compreensão do texto,
ção das conquistas burguesas. Segundo o historiador Voltaire relacionar o significado da figura de Napoleão no imaginário
Schilling, o Código Napoleônico foi um marco jurídico da do povo francês aos princípios liberais da filosofia iluminista.
modernidade que legitimou pelo mundo do direito as conquis-
tas socioeconômicas decorrentes da Revolução. O Código di-
vidia-se em três partes: o estatuto privado (dos cidadãos); o das Atividades p. 146
coisas (bens); e o relativo à propriedade (compra e venda), con- As atividades retomam o conteúdo apresentado no
firmando o desaparecimento da aristocracia feudal e afirmando capítulo, porém será necessário contextualizar a questão 2.
os direitos adquiridos com a Revolução de 1789. A esse respeito, será importante destacar que o autor da
imagem a ser analisada, Jacques-Louis David, foi o principal
artista plástico da época da Revolução Francesa. Para David,
Sugestão de atividade a arte passou a ser um meio de provocar a emoção patri-
É importante que o professor discuta as atribuições ótica e a sensibilidade nacional. A pintura assumiu caráter
e o significado de um Código Civil para determinada so- de exaltação do poder por meio de alegorias, e essas ca-
ciedade. O Brasil tem, desde 2002, um novo Código Civil racterísticas afloraram no quadro Sagração de Napoleão.
(Lei 10.406, de 10/01/2002). Programe uma pesquisa so- Nesse sentido é fundamental destacar o simbolismo do
bre esse tema e compare, em linhas gerais, o nosso Códi- gesto de Napoleão ao segurar a coroa como um troféu,
go Civil com o Código de Napoleão. (Consulte também coroando-se ao invés de esperar ser coroado pelo papa, o
o texto complementar selecionado para este capítulo.) que mostra a independência do Estado revolucionário so-
bre uma Igreja fraca, dependente do Estado.

34 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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LEITURA COMPLEMENTAR

NAPOLEÃO: O CONSTRUTOR DE UMA NOVA EUROPA

Fronteiras redesenhadas, soberanias aviltadas, divisões territoriais arbitrárias:


Napoleão subverteu a fisionomia da Europa à sua maneira. Mas, desprezando
o direito à autodeterminação dos povos, ele despertou nacionalismos.
“Em 1811, a Europa está formada. Uma Europa sob a autoridade de um A Europa napoleônica
homem: Napoleão Bonaparte. [...] A Grande Nação, de 1795 a 1799, havia repousa, na realidade,
levado os princípios da Revolução Francesa para as repúblicas irmãs da Itália,
Suíça e Holanda. A partir de agora, a Europa é napoleônica. sobre a força.
O Império Napoleônico não foi constituído ao longo de conquistas madu- Napoleão distribui
ramente refletidas. Ele nasceu do Bloco Continental, do Decreto de Berlim, de coroas sem se
21 de novembro de 1806, declarando as Ilhas Britânicas ‘sob bloqueio’. Na
realidade, na falta de marinha para executar esta política, Napoleão decide preocupar com a
fechar os portos do continente ao comércio inglês, com o objetivo de asfixiar opinião dos envolvidos.
a economia britânica e pressionar a ‘pérfida Albion’ à paz. Pressões militares e Anexações e
conquistas são necessárias para obter um controle rigoroso. Por isso, um im-
pério todo de costas, conseqüência da anexação dos Estados pontifícios.
remanejamentos
Napoleão sonhou com base no modelo carolíngio. São os direitos de Carlos territoriais se dão por
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Magno que Napoleão invoca em seus conflitos com Pio VII. [...] ordem do imperador
Esta Europa napoleônica deve ser unificada. Napoleão empresta a Roma a sem consultas prévias.
idéia da rota necessária ao transporte de mercadorias e soldados. Como a
França ultrapassou suas fronteiras naturais, a rota deve superar obstáculos O princípio do direito
montanhosos e fluviais. Enquanto se restringe a área marítima, vítima do bloco dos povos à
continental, esboça-se um eixo comercial Milão (Napoleão é rei da Itália) – autodeterminação é
Frankfurt (o imperador é protetor da Confederação do Reno) passando por
Estrasburgo e Lyon. É preciso transpor os Alpes para acelerar as aproxima- desprezado.
ções. As rotas de Simplon (Genebra-Milão) e de Cenis (Lyon-Turim-Gênova)
ganham importância estratégica. O engenheiro de pontes e estradas é a figura
primordial do Grande Império. [...]
Outro fator de unificação é o Código Civil, Napoleão ainda se inspira em
Roma. Ele escreve a José, tornado rei de Nápoles: Estabeleça o Código Civil
em Nápoles. Tudo o que você não fixar se destruirá em poucos anos, e o que
você quiser conservar se consolidará. Da Holanda a Westfália, da Itália do
Norte a Madri, a velha feudalidade treme em suas bases, Marx saudará Napoleão
como o destruidor do regime feudal alemão.
Mas o engenheiro de pontes e estradas e o conselheiro de Estado não
seriam suficientes para manter a coesão do Grande Império. A Europa
napoleônica repousa, na realidade, sobre a força. Napoleão distribui coroas
sem se preocupar com a opinião dos envolvidos.Anexações e remanejamentos
territoriais se dão por ordem do imperador sem consultas prévias. O princí-
pio do direito dos povos à autodeterminação é desprezado.
O despertar da nacionalidade será a principal conseqüência. A universalida-
de das Luzes se apaga para o proveito das reações nacionais. Tudo começa na
Espanha, em 1808, quando o orgulho de todo um povo é ferido pela brutal troca
de monarcas imposta por Napoleão, com José tomando o lugar de Carlos IV. O
movimento ganha a Rússia, onde o povo caça o invasor, depois a Alemanha, a
Itália, a Holanda e a Suíça. A Europa napoleônica viveu até o início de 1814. [...]
No Congresso de Viena, de 1815, os vencedores de Napoleão acreditaram
que iriam construir uma nova Europa destinada a durar. Mas negligenciaram as
suscetibilidades nacionais. A Europa de Metternich, por sua vez, é levada, em
1848, pelo vento das nações.”
(TULARD, Jean. Revista História Viva. São Paulo, Duetto, n. 1, nov. 2003.)

PARTE II — O VOLUME 2 35

HC-Manual prof. V. 2-ok 35 07/13/2005, 14:42


UNIDADE IV diferenças entre a colonização da América inglesa e a da
América espanhola ou portuguesa. Também é um mo-
UM PERÍODO DE EBULIÇÃO mento ideal para se trabalhar com mapas dos Estados
Unidos — os da página 151 são um bom exemplo — e
CAPÍTULO 14. A INDEPENDÊNCIA DA discutir com os educandos as diferenças de colonização
AMÉRICA INGLESA entre as colônias inglesas do norte e as do sul.

Conteúdos e objetivos
Este capítulo trata da independência dos Estados Sugestão de atividade
Unidos, buscando paralelos com a sua história recente. “[...] Todos os homens foram criados iguais, foram
São levantados os motivos que levaram esse país a ser a dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis,
primeira colônia a se tornar independente. Além disso, é que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da
proposta uma reflexão a respeito da sociedade norte- felicidade.” (Trecho da Declaração de Independência
americana atual com o questionamento de suas estrutu- dos Estados Unidos, 1776.)
ras desiguais e segregacionistas. De modo geral, os obje- O professor pode promover a discussão, entre os
tivos deste capítulo são os seguintes: educandos, sobre a diferença entre o que prevê o tex-
• Compreender a independência dos Estados Unidos to acima e a realidade atual norte-americana, aprovei-
no contexto das revoluções liberais dos séculos XVI e XVIII, tando os tópicos levantados pelo texto da página 149.
que punham em xeque as estruturas do Antigo Regime.
• Estabelecer paralelos entre o racismo nos Estados Boxe - O papel da França no
Unidos e no Brasil;
• Identificar os principais valores expressos na De- processo de independência dos EUA p. 152
claração de Independência dos Estados Unidos. A participação da França na guerra de independência

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• Discutir a política externa norte-americana atual dos Estados Unidos foi uma forma de represália à sua derro-
relacionando-a com os princípios democráticos expres- ta diante da Inglaterra na Guerra dos Sete Anos.Além disso, a
sos na Declaração de Independência. Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão,
de 1789, foi influenciada pela Declaração de Independência
Texto de abertura p. 149 dos Estados Unidos, aprovada 13 anos antes. Uma proposta
possível de trabalho seria apresentar os dois documentos
O texto selecionado trata do problema do racismo aos educandos e solicitar que eles descubram, em grupos ou
nos Estados Unidos, afirmando que a sua existência con- individualmente, as semelhanças e diferenças entre eles.
testa o título de “berço da democracia moderna”, que
aquele país carrega desde a independência. Pode ser im-
portante solicitar que os alunos façam uma pesquisa so- Descolonização ou revolução burguesa? p. 152
bre os conceitos de raça, discriminação racial e racismo. O texto traz a pergunta se o movimento separatista dos
Em seguida, o professor pode promover uma discussão Estados Unidos teria sido um processo de descolonização ou
sobre o racismo no Brasil, utilizando artigos de jornais ou uma revolução burguesa, ou, uma terceira possibilidade, um
revistas atuais e tentando estabelecer uma comparação movimento que combinou as duas tarefas, de derrotar o do-
com a situação dos Estados Unidos, descrita no texto. mínio colonial inglês e, ao mesmo tempo, implantar no novo
O trecho de um artigo, reproduzido no boxe a seguir, país a ordem liberal burguesa. Seria importante que os alunos
pode contribuir com essa discussão: pesquisassem esses conceitos antes de avançar na discussão.
Outro conceito fundamental para ser esclarecido nesse mo-
Raça é uma construção social mento é o de Constituição. Sugerimos que os alunos regis-
tram no caderno de conceitos as informações pesquisadas.
“Raça é uma construção social, sim, veiculada pelo ra-
cismo científico do século XIX, retomada como prática na Texto complementar p. 153
Alemanha nazista dos anos 30 e reiterada em muitos mo-
mentos particularmente violentos de nossa história atual. Os norte-americanos na visão européia
É hora de lembrar de pesquisas que há décadas O texto complementar selecionado analisa os contras-
vêm criticando a utilização do conceito de raça. Envol- tes e as semelhanças entre norte-americanos e europeus
vidos na luta anti-racista desde a segunda metade do no que se refere à visão de mundo. O objetivo do trabalho
século XX como se pode verificar nos manifestos da com esse texto é promover uma discussão sobre as carac-
Unesco, os geneticistas, com análises mais recentemen- terísticas das sociedades norte-americana e européia, espe-
te apoiadas em informações genômicas, têm fortaleci- cialmente no terreno das mentalidades, não obstante os Es-
do a visão de que os homens são todos iguais, ou me- tados Unidos terem sido colonizados pelos ingleses.
lhor, ‘são igualmente diferentes’ [...].” O professor pode aproveitar o tema para discutir a
(SCHWARCZ, Lilia Moritz e MAIO, Marcos política externa dos Estados Unidos e da Europa com
Chor. Folha de S. Paulo, 16 maio 2005.) relação aos países da América Latina.

Treze Colônias, uma nação p. 150 Atividades p. 154


Os Estados Unidos foram a primeira colônia ameri- As atividades do capítulo enfatizam as habilidades de
cana a se tornar um país independente. O professor deve síntese e de interpretação de texto. É importante destacar
apresentar os motivos desse pioneirismo, enfatizando as que a Declaração de Independência dos Estados Unidos,

36 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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juntamente com a Constituição, representam os documen- texto poético quanto de uma discussão mais filosófica,
tos fundadores da nação norte-americana e a primeira centrada no conceito de liberdade. A Conjuração Minei-
formalização legal dos valores básicos da democracia libe- ra, por ser um movimento que contou com a participa-
ral. Na questão 4 espera-se que o aluno reconheça, ao com- ção de vários poetas importantes do arcadismo brasilei-
parar os mapas, a concretização da política expansionista ro, oferece a possibilidade de se propor um trabalho
norte-americana a partir da Doutrina Monroe. interdisciplinar com a área de Literatura.
As questões 5 e 6 permitem problematizar a política Os alunos podem fazer uma leitura preliminar do tex-
do Estado norte-americano após os acontecimentos de to do livro didático e de outros textos, atentando para os
11 de setembro. No encaminhamento dos debates sobre seguintes tópicos: a) motivações da Conjuração Mineira, b)
os temas, diversas estratégias podem ser consideradas: a personagens envolvidos (nomes, posições sociais), c) obje-
elaboração de redação individual ou a preparação de ques- tivos. Depois disso, seria interessante se os educandos ti-
tões-síntese pelos alunos, antes do debate, para que não vessem acesso a algumas obras dos poetas inconfidentes,
se corra o risco de esvaziar nem de tumultuar a dinâmica como, por exemplo, as Cartas chilenas (1786) e Marília de
de grupo. Uma tentativa de definição filosófica prévia dos Dirceu (1792) de Tomás Antônio Gonzaga. Em colaboração
conceitos de liberdade e de procura da felicidade, por com o professor de Literatura, pode-se solicitar dos alu-
exemplo, pode ensejar uma visão crítica entre a teoria e a nos um trabalho em que se faça a comparação entre as
prática política dos Estados Unidos no mundo atual. Pode- duas obras (diferença entre poesia lírica e satírica, por exem-
se também solicitar aos alunos a coleta de textos e ima- plo), a sua importância na literatura brasileira e a participa-
gens a respeito da sociedade norte-americana, buscando ção de seu autor na Inconfidência Mineira. Outra possibili-
ilustrar os valores da Declaração de Independência. dade é trabalhar com a obra Romanceiro da Inconfidência
(1953), de Cecília Meireles. Essa obra é dividida em três
partes: 1) O ciclo do ouro; 2) O ciclo do diamante e 3) O
CAPÍTULO 15. O PROCESSO DE ciclo da liberdade ou Inconfidência. Os educandos podem
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INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA PORTUGUESA ser solicitados a buscar informações sobre os persona-


gens históricos que aparecem na obra.
Conteúdos e objetivos
Neste capítulo, são abordadas as insurreições ocorri-
Sugestão de leitura
das na América portuguesa antes da independência. São
analisados os motivos que levaram a esses levantes e a GOLDSTEIN, Norma Seltzer. Roteiro de leitura:
composição social que os caracterizava. Paralelamente, ana- Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles.
lisa-se a vinda da família real portuguesa para o Brasil no São Paulo, Ática, 1998.
início do século XIX e os desdobramentos desse fato para
a vida social, política, econômica e cultural do futuro país. “Chegou a hora dessa gente
Os objetivos trabalhados são os seguintes:
• Identificar os movimentos de independência no Brasil bronzeada mostrar seu valor” p. 159
e a especificidade das idéias liberais na sociedade brasileira. A Conjuração Baiana foi um movimento essencial-
• Comparar a Conjuração Mineira com outros movi- mente popular, liderado por escravos, ex-escravos, mula-
mentos mais populares, como a Conjuração Baiana, esta- tos e homens brancos de baixa renda. Solicite que os
belecendo diferenças e semelhanças entre eles. educandos façam uma comparação entre esse movimen-
• Discutir o processo de construção de mitos histó- to e a Inconfidência Mineira, que eles já estudaram,
ricos na sociedade brasileira. enfatizando a posição social dos participantes, as motiva-
• Explicar o contexto histórico europeu do início do ções envolvidas e os objetivos.
século XIX que possibilitou a abertura dos portos brasi-
leiros em 1808. Os bastidores da independência p. 160
• Ler e interpretar pinturas que representam a paisa-
Para se estudar como era a vida no Rio de Janeiro de-
gem de alguns centros urbanos do Brasil no início do
pois da vinda da família real portuguesa, pode-se utilizar como
século XIX, estabelecendo semelhanças e diferenças en-
base a iconografia presente no capítulo, em especial as gra-
tre elas e reconhecendo os aspectos naturais e sociais do
vuras de Thomas Ender, Spix e Martius e Augustus Earle. Na
Brasil mostrados nessas obras.
medida do possível, os alunos devem conhecer os magnífi-
• Explicar, a partir da leitura de um organograma, as
cos trabalhos de Johann Moritz Rugendas e de Jean-Baptiste
características da Revolução do Porto de 1820 e o seu
Debret. A presença de artistas estrangeiros no Brasil, esti-
papel na deflagração da independência do Brasil.
mulada pela própria corte portuguesa, já significava um afrou-
• Identificar as principais mudanças ocorridas no Brasil,
xamento do domínio colonial, na medida em que tais via-
em especial na cidade do Rio de Janeiro, com a chegada
gens de exploração, tão comuns no século XIX, eram difi-
da família real em 1808.
cultadas pelas autoridades coloniais no século XVIII, preo-
• Estabelecer relações, a partir da leitura de um do-
cupadas com o roubo de plantas nativas, numa época em
cumento, entre a descrição feita a respeito da população
que o saber sobre a colônia era tratado como exclusividade
paulista no século XIX com o comportamento da socie-
de Portugal. Os educandos podem ser solicitados a analisar
dade brasileira atual diante dos assuntos políticos.
algumas dessas imagens, procurando observar, por exemplo,
como negros e brancos são representados, que ações são
Texto de abertura p. 156 retratadas, qual a importância da natureza tropical na repre-
O trecho do poema de Cecília Meireles abre muitas sentação ou qual a temática predominante nas obras. Eles
possibilidades, tanto no sentido de um trabalho com o também podem fazer comparações entre a paisagem repre-

PARTE II — O VOLUME 2 37

HC-Manual prof. V. 2-ok 37 07/13/2005, 14:42


sentada nessas imagens e a que aparece em fotos ou dese- CAPÍTULO 16. O PROCESSO DE
nhos de épocas posteriores, mostrando o mesmo local, e INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA
identificar mudanças e permanências, diferenças e semelhan-
ças, tanto do ponto de vista da técnica de representação Conteúdos e objetivos
quanto do objeto tratado. Este capítulo enfoca o processo de independência nos
países da América espanhola, inserida no contexto maior
Sugestões de leitura de crise do sistema colonial e de expansão dos ideais
DEBRET, Jean-Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao libertários da Revolução Francesa. São analisadas as
Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, 1989. especificidades de cada nação, enfatizando, contudo, que
o movimento de independência na América espanhola foi
RUGENDAS, João Maurício (Johann Moritz). Viagem
quase sempre liderado pela elite criolla.
pitoresca através do Brasil. Belo Horizonte, 1979.
Os objetivos essenciais deste capítulo são os seguintes:
• Identificar o papel das mulheres nos movimentos
Texto complementar p. 164 emancipacionistas da América Latina.
O mito do herói • Analisar o processo de “descolonização” da América
no contexto das transformações revolucionárias que ocor-
O texto do historiador José Murilo de Carvalho é riam na Europa no final do século XVIII e início do XIX.
interessante, pois discute como se deu a construção da • Reconhecer a independência da América espanhola
figura de Tiradentes como herói da República. O objeti- como expressão do choque de interesses entre as elites
vo do trabalho com esse texto é promover uma discus- criollas e as regras do sistema colonial.
são sobre a construção dos mitos através da figura de • Ler e interpretar documento histórico e relacioná-
Tiradentes. É importante o aluno compreender que mui- lo com as idéias do iluminismo e com trechos da atual
tas vezes personagens são transformados em heróis a Constituição do Brasil.

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partir das necessidades políticas dos diferentes grupos • Analisar pintura relacionada ao processo de inde-
sociais. Padre Cícero é um outro exemplo de mito pendência do México e identificar na obra os aspectos
construído que o professor pode explorar. Na questão que o artista quis destacar.
8 (na seção A história e o tempo presente) esta discus- • Comparar o nível de participação política dos po-
são irá reaparecer. vos indígenas do Brasil com o que ocorre em outros pa-
Esse tipo de abordagem é importante para que os íses da América Latina.
alunos percebam a ligação entre o discurso histórico, a
manipulação de fatos e imagens e o poder. A ideologia e
as formas de representação simbólica são temas perti- Texto de abertura p. 169
nentes a este texto, que permite apresentar aos alunos O trecho selecionado aborda a organização do movi-
a necessidade de uma postura crítica diante das diver- mento zapatista, uma organização majoritariamente indíge-
sas formas de “mitificação”. na que luta para conquistar os direitos dos povos indígenas
e de outros grupos excluídos no México. O texto também
Atividades p. 165 enfatiza a participação política das mulheres no movimento
zapatista, na base e nos cargos de alto comando do exército.
O texto da questão 2 permite uma análise voltada Como afirma a historiadora Maria Ligia Prado, a atua-
para os limites do liberalismo no Brasil, em virtude da ção política das mulheres na América Latina vem desde a
estrutura socioeconômica existente. Tal circunstância, independência, mas, apesar de sua importância na história
porém, não impediu que propostas radicais surgissem na pública dos seus países, biógrafos e historiadores as retira-
Conjuração Baiana, fato que pode ser problematizado na ram do campo político e as recolheram ao espaço privado.
realização atenta das atividades. É importante na questão Sobre esse tema, pergunte aos alunos por que, na opinião
1 que o aluno elabore questões a respeito dos movimen- deles, ocorreu esse processo de desaparecimento das mu-
tos insurrecionais, visando construir mentalmente o sig- lheres enquanto sujeitos da vida pública das nações. Em
nificado de cada um deles. Perguntas tais como “O que seguida, procure trazer a discussão para o momento atual
aconteceu? Como o movimento começou? Quem parti- e peça para que eles opinem sobre a participação dos ín-
cipou deles? O que fizeram e disseram os rebeldes? Quan- dios e das mulheres na política nos dias de hoje.
to tempo durou a rebelião? Quais os fatores e resultados Se achar conveniente o professor pode programar uma
dessas rebeliões?” são importantes para sistematizar o pesquisa sobre os desdobramentos do movimento zapatista
conhecimento a respeito desse estudo. na atualidade, orientando os alunos a informar-se sobre as
Outro campo a ser explorado com profundidade, seguintes questões: O movimento continua atuante? As rei-
de preferência com uma pesquisa iconográfica realiza- vindicações da organização foram atendidas? Qual é a situ-
da pelos alunos, é a farta documentação pictórica do ação dos povos indígenas no México atual?
Brasil no período joanino. Nesse sentido, as questões
4 e 5 complementam-se. É importante permitir aos alu-
nos a análise e a contemplação das imagens, discutindo Independência: limites e contradições p. 170
a importância de se recorrer a elas para compreender Uma boa sugestão para a abordagem inicial desse tema
o Brasil da época. é fornecida pelo mapa da página 170, que traz as datas de
Pode-se destacar também a oposição entre a in- independência dos países da América espanhola. O profes-
tensa agitação política em contraste com a atitude in- sor pode solicitar que os educandos verifiquem os seguin-
diferente de grande parte da população, assunto que tes tópicos: a) qual país foi o primeiro a se tornar indepen-
pode ser problematizado na leitura da questão 9. dente; b) qual foi o último; c) quais países se tornaram in-

38 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

HC-Manual prof. V. 2-ok 38 07/13/2005, 14:42


dependentes no século XIX; e d) quais países se tornaram CAPÍTULO 17. O CONGRESSO DE VIENA E AS
independentes no século XX. A partir daí, ele pode intro- REVOLUÇÕES LIBERAIS
duzir as informações específicas de cada caso, ressaltando,
porém, que os movimentos de independência na América Conteúdos e objetivos
espanhola foram, em sua maioria, liderados por setores Neste capítulo, são analisadas as revoluções liberais e
dominantes da sociedade. Isso fez com que as diferenças nacionalistas que ocorreram na Europa no século XIX, pe-
sociais se mantivessem praticamente inalteradas. Os alu- ríodo de consolidação dos Estados nacionais. Destaca-se,
nos devem, então, ser estimulados a fazer comparações nesse contexto, a configuração européia nascida do Con-
com a situação atual, discutindo que tipos de problemas gresso de Viena (1815) e o insucesso dos dirigentes do
ainda assolam a América Latina e o que houve de avanço. encontro em conter as agitações sociais e políticas que
pouco tempo depois ameaçaram ruir a nova ordem bur-
Tempos de ruptura p. 173 guesa na Europa.
Sugerimos retomar o caso específico da independên- Com o estudo deste capítulo, os objetivos propostos
cia do Haiti, estudado no capítulo 12. O Haiti foi o segun- são os seguintes:
do país a se tornar independente em toda a América, atrás • Identificar os principais dirigentes, objetivos e reso-
apenas dos Estados Unidos. Naquele pequeno país, o mo- luções do Congresso de Viena.
vimento pela independência foi marcadamente popular, já • Conceituar nacionalismo e Estado-nação, estabele-
que os escravos se rebelaram contra seus senhores e con- cendo comparações com o Estado-nação nos dias atuais;
quistaram a sua liberdade. Apesar desse pioneirismo, hoje • Ler e interpretar a tela A Liberdade guiando o povo,
o Haiti é o país mais pobre do continente. O professor identificando os personagens que nela aparecem, os moti-
pode, por exemplo, discorrer sobre a presença brasileira vos que levaram a obra a ser criticada pelos grupos con-
no Haiti no comando das forças de paz da ONU em 2004 servadores e o significado da expressão Liberdade para os
e 2005. Os educandos podem elaborar painéis com re- revolucionários daquele período.
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portagens, manchetes e fotos de jornais e revistas sobre o • Explicar os movimentos revolucionários de 1848 no
assunto, tentando refletir sobre as motivações do Brasil contexto das lutas liberais, nacionalistas e populares do
ao assumir essa missão e sobre os resultados obtidos. É século XIX.
também uma excelente oportunidade para que eles dis- • Relacionar documento histórico como as revoluções
cutam a política externa atual do Brasil em relação aos de 1848.
demais países da América Latina. • Comparar mapas que representam a configuração
geopolítica européia em dois períodos diferentes, estabe-
lecendo diferenças e semelhanças.
Texto complementar p. 175
• Reconhecer mudanças e permanências entre os ope-
Independência sem descolonização rários do início do século XIX e os dos dias atuais.
O texto complementar selecionado trata da ca-
racterística central do processo de independência na Texto de abertura p. 178
América espanhola, o fato de ela resultar de uma rebe- O texto de abertura trata do enfraquecimento do Es-
lião de colonos contra o governo metropolitano e não tado-nação nas últimas décadas. Nesse momento, é impor-
de uma insurreição indígena contra os colonizadores. tante observar se os educandos estão familiarizados com
Configurando-se, nestas condições, como uma ação sem o próprio conceito de Estado-nação. Essa noção pode cau-
base e direção popular, a independência não trouxe sar confusões, pois pressupõe a justaposição entre o Esta-
mudanças significativas na vida das camadas mais po- do, que é uma entidade política, e a nação, que constitui
bres. É importante discutir e analisar esse texto, pois uma identidade cultural ou ideológica. Assim, é sensato
ele representa um pensamento político importante solicitar uma pesquisa sobre esses três termos e a sua ano-
sobre as origens históricas da pobreza que caracteriza tação no caderno de conceitos.Também pode ser propos-
grande parte da população latino-americana, em espe- to um seminário que trate da ameaça da globalização dos
cial os povos indígenas. mercados sobre o Estado-nação, detendo-se especificamen-
te nas diferentes posições defendidas pelo governo brasi-
Atividades p. 176 leiro e pelo governo dos Estados Unidos em relação à Alca.
As atividades privilegiam as habilidades de leitura
de textos e imagens. Na atividade 1, é importante O novo equilíbrio europeu p. 180
contextualizar o projeto de Constituição do padre Com o fim do Império Napoleônico, as grandes potên-
Morelos como uma tentativa fracassada de democrati- cias européias se reuniram no Congresso de Viena para re-
zação no processo de independência do México, em- organizar o mapa político da Europa. O principal objetivo
bora contendo aspectos antidemocráticos, como a in- era conter a disseminação da revolução liberal burguesa ini-
tolerância religiosa e a xenofobia. Esta atividade pode ciada com a Revolução Francesa. Mas a tentativa de restau-
ser realizada juntamente com a questão 2. É importan- ração da antiga ordem já não podia controlar as forças libe-
te ressaltar também a contemporaneidade da obra de radas pela revolução de 1789.
Juan O’Gorman (1961), representada nessa questão. Peça aos educandos para localizar no texto os gran-
Outro aspecto a ser enfatizado é a marginalização de des direitos individuais fundamentais para os defensores
grande parte dos indígenas na América Latina. Para dis- do liberalismo (liberdade individual, liberdade religiosa, li-
cutir esta questão, proponha aos alunos a leitura cole- berdade de participação política). Pergunte se eles usu-
tiva da questão 4. fruem desses direitos hoje em dia. No trecho selecionado

PARTE II — O VOLUME 2 39

HC-Manual prof. V. 2-ok 39 07/13/2005, 14:42


para o boxe da página 181, há a frase “e, de fato, passou-se Uma questão interessante para estimular as habili-
de uma sociedade aristocrática para uma sociedade bur- dades interpretativas é a atividade 3. A proposta permi-
guesa”. Discuta com eles as mudanças centrais que mar- te partir da análise da imagem para estudar o contexto
caram a passagem de uma sociedade para outra (fim dos em que foi produzida e exibida, bem como as repercus-
privilégios eclesiásticos e da servidão, proteção à propri- sões que a obra teve na sociedade.
edade, fim do absolutismo, a igualdade civil etc.). O pequeno texto a seguir, que comenta a mais fa-
mosa obra do pintor romântico Eugène Delacroix (1798-
A Primavera dos Povos p. 181 1863), pode auxiliar no trabalho com esta atividade.
A Primavera dos Povos é o nome pelo qual ficou co-
nhecida a onda revolucionária ocorrida na Europa entre 1848 A Liberdade guiando o povo
e 1849. É importante o professor enfatizar que todos esses
O quadro enaltece as jornadas revolucionárias na Fran-
acontecimentos políticos influenciaram a consolidação da
ça de 1830.A figura feminina conduzindo a bandeira tricolor
sociedade burguesa na qual vivemos até hoje, caracterizada, simboliza a Liberdade. Ao redor dela aparece um rapaz
entre outros aspectos, pela conquista da igualdade civil, pelo
das camadas populares e um burguês, composição que
funcionamento das instituições com base na divisão dos três
representa a unidade entre a burguesia e o povo na luta
poderes e pela proteção à propriedade. O professor pode contra o Antigo Regime.A pintura é uma alegoria à Liber-
também estabelecer um paralelo entre as revoluções de 1848
dade, à França e ao seu povo, representados em cores
e a Rebelião Praieira, ocorrida em Pernambuco no mesmo
vivas, que criam a idéia de movimento e emoção.A pintu-
ano, discutindo com os alunos a repercussão dos movimen- ra, uma das mais importantes expressões do romantismo
tos liberais europeus em terras americanas.
mundial, compôs vários acervos até ser definitivamente
incorporada ao Museu do Louvre, em Paris, em 1874.
Consciência operária p. 182

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As revoluções de 1848, embora derrotadas, confirma-
ram o fim do Antigo Regime e a vitória dos princípios cen- CAPÍTULO 18. A FORMAÇÃO DOS
trais do liberalismo: liberdades civis, igualdade jurídica, fim ESTADOS UNIDOS
da servidão e dos privilégios. As agitações de 1848 marca-
ram também o surgimento das organizações operárias e a Conteúdos e objetivos
formação de uma consciência de classe por parte do pro- Este capítulo aborda a expansão territorial dos Esta-
letariado. O Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich dos Unidos no decorrer do século XIX, que lhe garantiu a
Engels, publicado naquele ano, pode ser considerado um condição de quarto mais extenso território do mundo. O
registro da independência do movimento operário em re- capítulo também analisa as diferenças históricas entre os
lação ao projeto político da burguesia. O manifesto pela estados do sul e do norte do país que levaram à guerra
construção de uma sociedade socialista, em oposição à so- civil, o mais sangrento conflito armado já ocorrido no con-
ciedade burguesa capitalista, representou a formação de tinente. Também se discute a política imperialista que os
um projeto de classe independente do programa liberal. Estados Unidos vêm exercendo desde o século XIX, so-
bretudo em relação aos demais países do continente.
Texto complementar p. 183 Os objetivos pretendidos para o estudo deste capítu-
lo são os seguintes:
As revoluções de 1848 • Caracterizar o processo de expansão territorial dos
O texto complementar mostra que o entusiasmo re- Estados Unidos identificando os meios pelos quais os no-
volucionário de 1848 teve um efeito global, sendo possí- vos territórios foram obtidos.
vel reconhecer sua influência na Revolução Praieira no • Explicar os desdobramentos da expansão territorial
mesmo ano. Esta associação pode ser explorada, anteci- norte-americana para as populações indígenas e o meio
pando-se um conteúdo a ser estudado no capítulo 25. ambiente do país e para os países da América Latina.
Vale lembrar que à derrota das revoluções de 1848 se- • Caracterizar, a partir da leitura de imagem e texto, a
guiu-se uma restauração monárquica e burguesa, carac- política de ocupação de terras (Lei do Homestead) no con-
terizando uma frustração das aspirações revolucionárias texto dos movimentos migratórios e da expulsão das po-
socialistas e dos anseios nacionalistas. pulações indígenas.
• Analisar os motivos que levaram à Guerra Civil
Atividades p. 184 Americana.
As atividades 1, 2 e 5 retomam o conteúdo do capítulo, • Explicar a situação da população negra nos Estados
permitindo ao aluno sistematizar e organizar os assuntos cen- Unidos após a Guerra de Secessão.
trais. O objetivo das questões 1 e 2 é discutir o que é uma • Ler e interpretar trecho de documento que fundou
aliança política e suas implicações no cenário político mundi- a chamada Doutrina Monroe, relacionando-o com a políti-
al. Esta discussão será importante para o entendimento das ca externa norte-americana para a América Latina nos sé-
rivalidades que conduziriam a Europa à Primeira Guerra. culos XIX e XX.
A questão 7 contribui para ampliar a compreensão a • Analisar o crescimento da imigração ilegal para os
respeito dos conceitos de Estado-nação e nacionalismo, Estados Unidos nos dias atuais.
ao mesmo tempo que permite estabelecer paralelos com
o que acontece hoje com o Estado-nação, diante do avanço Texto de abertura p. 187
da globalização e da formação dos blocos econômicos Para iniciar a discussão do tema deste capítulo, o profes-
internacionais. sor pode aproveitar o texto selecionado para a abertura

40 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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que chama a atenção para a visão dos norte-americanos A caminho da guerra civil p. 188
no que se refere à América Latina e, em especial, aos hispâ-
Um dos principais motivos para a guerra civil dos Esta-
nicos. Pode-se confrontar esse texto com a atual política
dos Unidos foi a escravidão nos estados do sul, que era vista
externa norte-americana deflagrada após os acontecimen-
como um empecilho para a expansão econômica desejada
tos de 11 de setembro de 2001.
pelos estados nortistas. O professor pode solicitar a leitura
do livro A cabana do pai Tomás (1851), de Harriet Beecher
O faroeste p. 187 Stowe, que critica o regime de escravidão. Os educandos po-
Depois da independência, iniciou-se a expansão derão fazer uma resenha da obra, atentando para o modo
territorial dos Estados Unidos. A ocupação de novas re- como a autora descreve o tratamento dispensado aos escra-
giões também implicou a dizimação dos povos indígenas vos, por exemplo.
que as ocupavam. Para que os educandos tenham oportu- Se achar conveniente o professor pode retomar a
nidade de refletir sobre esse tema, uma boa sugestão é a exposição sobre as características principais dos estados
exibição de alguns filmes. Eles podem ser solicitados a fa- do sul, já discutida em capítulos anteriores. Outra suges-
zer uma comparação entre um filme de enfoque mais tra- tão é orientar a leitura dos boxes da página 189 a respei-
dicional, como Rastros de ódio (1956), de John Ford, que to da política de terras dos Estados Unidos a partir do
mostra os índios como vilões e os norte-americanos como Homestead Act, destacando o fato de que as áreas indíge-
heróis, e outro que expresse uma visão mais simpática em nas foram apropriadas pelo governo norte-americano na
relação aos indígenas e mais crítica ao massacre que eles sua política de ocupação das terras do oeste.
sofreram, como Pequeno grande homem (1970), de Arthur
Penn, ou Dança com lobos (1990), de Kevin Costner. Depois da tempestade… p. 191
O texto complementar selecionado (p. 193) também
Com o fim da escravidão, os negros ainda assim não
analisa o processo de ocupação do oeste americano e o
desfrutaram de imediato de uma cidadania plena. Apro-
destino que tiveram os povos nativos. Nesse sentido, o pro-
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veitando a leitura que os alunos fizerem do livro de Stowe,


fessor poderá propor a leitura, a discussão e a resolução das
o professor poderá ainda exibir o filme Bem-amada (1998),
atividades programadas aprofundando a abordagem dessa
de Jonathan Demme. O filme mostra os negros america-
questão. A questão indígena nos Estados Unidos do século
nos vivendo como cidadãos de segunda classe nos anos
XIX caracteriza-se por um choque cultural de grandes pro-
imediatamente posteriores à emancipação dos escravos,
porções, e, nesse sentido, repete acontecimentos que tive-
mesmo nos estados do norte. Os alunos podem estabe-
ram início com a chegada dos europeus ao continente ame-
lecer paralelos com a sociedade atual.
ricano, desta vez agravada pela presença da tecnologia in-
dustrial. O desperdício de recursos naturais é um dos ele-
mentos que opõem a sociedade de origem européia aos A vocação imperial p. 191
indígenas, como demonstra a prática de caça ao búfalo ape- A partir do século XIX, os Estados Unidos começa-
nas para retirar a pele.Também pode ser discutida a concep- ram a intervir nos assuntos internos dos países latino-
ção de propriedade, diferente nas duas culturas. Para desta- americanos. No final daquele século, o governo dos Esta-
car estes aspectos, sugerimos a leitura a seguir: dos Unidos ocupou Cuba e estabeleceu uma base militar
em Guantánamo, na costa oriental da ilha. As relações
Uma visão indígena da entre Cuba e os Estados Unidos mudaram a partir de
conquista do oeste 1959, quando uma revolução depôs um governo pró-Es-
tados Unidos e instalou um regime socialista no país. Pouco
“Soube que pretendem colocar-nos numa reserva per- tempo depois, os Estados Unidos decretaram o embargo
to das montanhas. Não quero ficar nela. Gosto de vagar econômico a Cuba, apoiado por outros países.
pelas pradarias. Nelas me sinto livre e feliz, quando nos A atividade a seguir pode ajudar a entender a relação
estabelecemos ficamos pálidos e morremos. [...] Há mui- entre Cuba e o governo dos Estados Unidos.
to tempo, esta terra pertencia aos nossos antepassados,
mas quando subo o rio vejo acampamentos de soldados
em suas margens. Esses soldados cortam minha madeira, Sugestão de atividade
matam meu búfalo e, quando vejo isso, meu coração pare-
Proponha aos alunos uma pesquisa sobre a Revo-
ce partir, fico triste... Será que o homem branco se tornou
lução Cubana de 1959 e os acontecimentos deflagrados
uma criança que mata sem se importar e não come o que
a partir de então. Apresente o seguinte roteiro para a
matou? Quando os homens vermelhos matam a caça é
elaboração da pesquisa:
para que possam viver e não morrer de fome.”
• Fatores que levaram à eclosão de uma revolução
(Satanta, chefe dos kiowas. In BROWN, Dee. social em Cuba.
Enterrem meu coração na curva do rio. São Paulo,
• Os líderes do processo revolucionário.
Melhoramentos, 1974.)
• O embargo econômico imposto pelos Estados
Unidos e a aproximação do governo de Cuba com a
Sugestões de leitura União Soviética.
• As mudanças sociais, econômicas, políticas e cul-
BROWN, Dee. Enterrem meu coração na curva do rio. turais operadas na ilha pela revolução.
São Paulo, Melhoramentos, 1974. • Efeitos que o fim da União Soviética trouxe para
FOHLEN, Claude. O faroeste, 1860-1890. São Paulo, Com- a sociedade e a economia de Cuba.
panhia das Letras / Círculo do Livro, 1989.

PARTE II — O VOLUME 2 41

HC-Manual prof. V. 2-ok 41 07/13/2005, 14:42


➜ CAPÍTULO 19. UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA E DA
• A crescente migração de cubanos para os Esta-
dos Unidos. ALEMANHA
• A situação atual de Cuba e do governo de Fidel Conteúdos e objetivos
Castro.
Ao final, organize uma discussão na sala de aula Este capítulo trata da formação dos Estados nacionais
sobre as informações colhidas na pesquisa. da Itália e da Alemanha a partir do século XIX. São estuda-
das as relações entre a nobreza latifundiária e a burguesia
que caracterizaram o processo de unificação na Itália.Tam-
Texto complementar p. 193 bém se abordam as etapas da formação do estado alemão,
A marcha para o oeste em que se destaca o papel da Guerra Franco-Prussiana. A
centralização política alemã, tardia em relação à de outros
O texto permite identificar diversos elementos carac- países europeus, como França e Grã-Bretanha, deu um gran-
terísticos do expansionismo norte-americano, como a imi- de impulso ao desenvolvimento econômico, responsável
gração, a construção das ferrovias, os conflitos com os indí- pelo acirramento das rivalidades imperialistas que condu-
genas e a extinção das manadas de bisões.As atividades des- ziriam a Europa à Primeira Guerra Mundial.
te texto podem ser realizadas como complementação da Os objetivos abordados no capítulo são os seguintes:
análise de filmes ou de outras leituras sugeridas. • Explicar a imigração italiana para o Brasil na segun-
A leitura a seguir mostra algumas dificuldades da vida da metade do século XIX no contexto do processo de
feminina no meio-oeste dos Estados Unidos no século XIX. unificação da Itália.
• Aprofundar as noções de nação e nacionalismo.
A monotonia da vida feminina • Identificar os processos de formação das nações
“A mulher, presa à casa por conta dos filhos ou italiana e alemã no âmbito do nacionalismo.
das obrigações domésticas, levava uma existência mo- • Explicar a unificação italiana a partir das adaptações

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nótona e isolada, tinha de suportar a solidão que arrai- e alianças feitas pelos grupos dominantes.
gava suas vidas num rancho ou num sítio. [...] • Caracterizar a importância das uniões aduaneiras e
Os cuidados domésticos absorviam certamente muito do militarismo para a unificação alemã.
tempo, mas era difícil conservar em ordem casas • Reconhecer os resultados da Guerra Franco-Prussiana
construídas de modo tão sumário. A poeira penetrava como um fator que levaria a novos conflitos na Europa.
por todas as aberturas, a superfície das paredes rachava, o • Realizar entrevista que possibilite descobrir a ori-
piso de terra ou de tábuas grosseiramente alinhadas não gem dos familiares dos alunos e expor os resultados em
se prestava a uma limpeza eficiente. A natureza da água um painel coletivo.
— salobra nas planícies — não facilitava nada: deteriorava
os lençóis e as roupas, e deixava manchas por toda parte. Texto de abertura p. 197
Por isso as mulheres preferiam utilizar água da chuva acu- Sobre a imigração no Brasil, é importante solicitar
mulada em recipientes dispostos sob as goteiras do teto. que os educandos façam entrevistas com seus familiares
A lavagem de roupas era uma das ocupações mais para verificar se há imigrantes na família. O professor deve
difíceis, reservando-se para isso um dia da semana. O ajudá-los a elaborar as perguntas, verificando que mem-
sabão era fabricado em casa, utilizando-se cinzas de bro da família imigrou, quando imigrou, que motivos o
madeira, que eram preciosamente conservadas, detri- levaram a imigrar, quando faleceu, que ocupações ele ti-
tos de gordura e ossos, sebo e potássio. Cozinhava-se nha, etc. Esse tipo de atividade ajuda o jovem a recons-
a mistura durante horas num grande caldeirão, resul- truir a história de sua própria família e a compreender a
tando uma massa de cor castanho-escura, o sabão preto. noção de sujeito histórico, tornando o conhecimento his-
Para obter um sabão duro e mais claro, era preciso tórico mais importante e significativo.
acrescentar sal, filtrar a mistura, deixar esfriar e cortar
a massa em cubos do tamanho desejado.” A construção da nação p. 198
(FOHLEN, Claude. O faroeste, 1860-1890. São Paulo,
O texto afirma que nação e nacionalismo são concei-
Companhia das Letras / Círculo do Livro, 1989.)
tos relativamente recentes. O professor pode programar
uma pesquisa em obras de referência discutindo o concei-
Atividades p. 194 to de nação e nacionalismo e, a partir da pesquisa dos alu-
As três primeiras atividades podem ser realizadas em nos, construir uma definição coletiva para os dois termos,
paralelo à análise do mapa da página 190, identificando a registrando a elaboração no caderno de conceitos.
expressão territorial do processo de colonização das terras
do oeste (questões 1 e 3) e de diferenças entre os estados Sugestão de leitura
do norte e do sul (questão 2).
GELLNER, Ernest. Nações e nacionalismo. Lisboa,
A questão 4 é uma atividade de contextualização da
Gradiva, 1993.
informação. O aluno deverá perceber as intenções presen-
tes no texto que deu origem à chamada Doutrina Monroe.
Este assunto pode ser associado com a questão 6. Outra Surge a nação na Península Itálica p. 199
atividade interessante é a comparação da imigração nos O que caracterizou o processo de unificação italiana
Estados Unidos ontem e hoje (questão 5), em que se po- foram as alianças entre a burguesia e a nobreza latifundiá-
dem enfatizar as mudanças ocorridas na política do gover- ria. Para introduzir esse tema, o professor pode propor
no norte-americano em relação aos imigrantes. uma análise do significado da frase de Massimo D’Azeglio,

42 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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na página 200: “Fizemos a Itália, agora precisamos fazer os para o ensino da língua nacional e a formação de um exér-
italianos”. Se possível, programe a exibição do filme O Leo- cito nacional expansionista, como forma de construir na
pardo (1963), de Luchino Visconti, que retrata as adapta- consciência popular uma identidade nacional. Comente com
ções feitas pela nobreza italiana para, através de casamen- os alunos estas estratégias. A questão 5 problematiza a
tos com a burguesia, manter os seus privilégios depois da Guerra Franco-Prussiana e a questão da Alsácia e Lorena.
unificação. Antes de exibir o filme, o professor pode, por As questões 6 e 8 apresentam visões diferentes da ques-
exemplo, pedir aos alunos que prestem atenção à célebre tão nacional na atualidade: o poder da Igreja e da religião
frase do personagem Tancredi, interpretada por Alain Delon: enquanto força internacional (atividade 6) e o poder do
“se quisermos que tudo continue como está, é preciso que futebol como símbolo nacional (questão 8). A frase de
tudo mude”. Depois de assistirem ao filme, eles podem Nelson Rodrigues (“o ressentimento funda uma nação”)
debater as implicações dessa colocação. pode ser explorada como tema para redação ou análise da
problemática do nacionalismo no mundo atual.

Sugestão de atividade
A construção de biografias é uma atividade que CAPÍTULO 20. O IMPERIALISMO NA ÁFRICA
pode ser muito prazerosa, pois permite estudar as- E NA ÁSIA
pectos da vida humana que os alunos vão relacionar
aos seus próprios sonhos, dificuldades e frustrações. Conteúdos e objetivos
Por essa razão, propomos a construção de uma pe- Este capítulo trata da colonização da África e Ásia pelas
quena biografia de Giuseppe Garibaldi, destacando sua potências européias. É feita uma reflexão a respeito do con-
relação com a história do Brasil (Guerra dos Farrapos) ceito de imperialismo e uma comparação entre o imperialis-
e com a revolucionária farroupilha Anita Garibaldi. mo do século XIX e XX e a globalização atual dos merca-
dos.Além disso, também se levantam as principais correntes
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A conquista da nação germânica p. 201


teóricas que embasaram a conquista e dominação dos no-
vos territórios.
A partir de 1862, a Prússia conquistou a hegemonia De modo geral, os objetivos deste capítulo são os se-
sobre os outros estados alemães. Depois da unificação guintes:
interna, que resultou no Segundo Reich Alemão, o novo • Conceituar imperialismo e colonialismo.
Estado iniciou uma política de expansão externa. É im- • Analisar criticamente os elementos do darwinismo so-
portante destacar o caráter militarista dessa expansão e cial, teoria que sustentou o imperialismo do século XIX.
o quanto esse caráter se relaciona com a política de de- • Reconhecer as conseqüências da colonização euro-
senvolvimento industrial. Seria interessante atentar para péia para as sociedades africanas do século XIX e dos dias
a situação das regiões da Alsácia e da Lorena, que, com a de hoje.
Guerra Franco-Prussiana, a França teve de entregar à Ale- • Ler e interpretar caricatura de época, relacionando-a
manha e que, mais tarde, vão ter um papel importante na com a intervenção imperialista na China.
eclosão da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. • Ler e interpretar documentos escritos que sintetizam
Caso haja necessidade, esclarecer os alunos de que as duas visões antagônicas sobre o imperialismo britânico na
terminologias Primeiro Reich, Segundo Reich e Terceiro Reich Ásia e na África.
(Império) foram criadas pelos nazistas na década de 1930. • Diferenciar o imperialismo que se processou na Amé-
O primeiro, segundo eles, foi proclamado com a constitui- rica Latina daquele que se configurou na Ásia e na África.
ção do Sacro Império Romano Germânico, no século X; o • Reconhecer e valorizar o patrimônio cultural dos
segundo com a unificação da Alemanha, em 1871; e o ter- povos africanos a partir do exemplo da cidade do Grande
ceiro, com a subida de Hitler ao poder, em 1933. Zimbábue.

Texto complementar p. 202 Texto de abertura p. 207

Você sabe com quem está falando? O texto de abertura traz algumas definições para o
termo imperialismo. Como mais uma alternativa, o pro-
O texto selecionado discute algumas características fessor pode utilizar também o trecho a seguir.
comportamentais da população alemã com base numa
análise sociológica que apresenta o Estado imperial (o
Reich) como instituição centralizadora e aristocrática. É O que é imperialismo
importante destacar o quanto o desenvolvimento indus- “Usarei o termo ‘imperialismo’ para designar a
trial alemão deve ao militarismo e às instituições públicas. prática, a teoria e as atitudes de um centro metro-
A enorme importância do Estado na industrialização da politano dominante governando um território dis-
Alemanha contribuiu para estreitar os laços entre o po- tante, o ‘colonialismo’, quase sempre uma conseqüên-
der público e a burguesia germânica. cia do imperialismo, é a implantação de colônias em
territórios distantes.”
Atividades p. 203 (SAID, Edward. Cultura e imperialismo. São Paulo,
A questão 1 possibilita contextualizar a imigração ita- Companhia das Letras, 1999, p. 40.)
liana no estado de São Paulo. As questões 2 e 4 apresen-
tam, em abordagens diferentes, duas estratégias para a con- A partir daí, o professor pode traçar as diferenças entre
solidação do poder nacional: a educação pública voltada o imperialismo das grandes potências européias do século XIX,

PARTE II — O VOLUME 2 43

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caracterizado pela colonização da África e da Ásia, e o novo ➜
Spencer foi um escritor extremamente fecundo, pro-
tipo de imperialismo representado pela globalização dos mer- fundamente intelectual e extraordinariamente taciturno.
cados mundiais. Seus inúmeros livros tiveram grande influência na Ingla-
terra, mas nos Estados Unidos chegaram a ser quase uma
Sugestões de leitura revelação divina [...] Spencer tornou-se um evangelho ame-
FERRO, Marc. História das colonizações. São Paulo, Com- ricano porque suas idéias ajustavam-se às necessidades e
panhia das Letras, 1999. anseios do capitalismo, especialmente às dos novos capi-
SAID, Edward. Cultura e imperialismo. São Paulo, Com- talistas, como uma luva, ou até melhor do que isso.
panhia das Letras, 1999. Em verdade, estas idéias não poderiam ser mais ma-
ravilhosas. Nunca antes, em qualquer país, tanta gente
tornara-se tão rica e aproveitara tanto e tão bem sua
A “missão” do homem branco p. 207 riqueza. E ninguém precisava sentir-se nem um pouco
O imperialismo do século XIX foi sustentado ideolo- culpado por causa de toda essa boa sorte. Era o resulta-
gicamente pelos defensores do darwinismo social, que de- do inevitável do poder natural, da capacidade própria
fendiam a idéia da evolução linear das sociedades humanas, de adaptação.
existindo entre elas as mais atrasadas e as mais avançadas A caridade continuava sendo um problema sério
no percurso a ser trilhado rumo ao progresso. A civiliza- para Spencer. Sem dúvida, a caridade servia de freio ao
ção européia era vista como a mais evoluída e as demais saudável processo de eliminação dos menos dotados
como inferiores ou atrasadas. Isso serviu de justificativa [...] A questão, logicamente, era saber se essa mesma
para a ocupação e a exploração européia de outras partes lei natural [...] explicaria o esplendor simplesmente her-
do mundo. É importante considerar que o darwinismo so- dado de um John D. Jr., ou ainda de John D. III
cial de Herbert Spencer também se aplicava às relações [Rockfeller]. Sem dúvida, muito ao contrário, uma he-
entre as classes, e não apenas entre as culturas. rança dos Rockefellers, mais que uma doação aos po-

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Se o professor achar conveniente, pode também trazer bres, esfriaria o ardor da luta pela sobrevivência, de-
o debate para a atualidade, analisando, por exemplo, os dis- vastaria a condição moral e física dos legatários e jus-
cursos predominantes na nossa sociedade a respeito da ri- tificaria um imposto para confisco de herança que pou-
queza e da pobreza, explicadas como resultado de uma luta paria seus esforços em benefício da sociedade. Um pro-
pessoal no mercado de trabalho, em que vencem os mais blema realmente desagradável.”
fortes ou aptos. Neste sentido, é importante esclarecer que (GALBRAITH, J. K. A era da incerteza.
a riqueza e a pobreza são também resultado de processos São Paulo, Pioneira, 1982.)
históricos e também de condições econômicas conjunturais.
Vale a pena esclarecer também que a sociedade civil A geografia da dominação p. 208
democrática, baseada em direitos e deveres do cidadão,
deveria ter como função preservar a vida de todos os seus Para analisar de modo crítico como ocorreu a con-
membros, em especial a dos mais fracos — idosos e crian- quista da África pelas nações européias, seria interes-
ças —, o que é bastante diferente da vida numa selva ou no sante introduzir uma pesquisa a respeito das viagens de
meio natural, como as idéias social-darwinistas pretendiam exploração geográfica nesse continente. Os nomes de
fazer acreditar. David Livingstone, Henry Stanley, Richard F. Burton e
O texto a seguir apresenta, de forma irônica, uma outros podem servir de ponto de partida a esta ativida-
crítica à falsa cientificidade do darwinismo social. de. O uso do conhecimento geográfico e antropológico
produzidos pelos exploradores os transformava, volun-
tariamente ou não, em agentes do imperialismo euro-
Herança biológica ou peu. Um romance sobre este assunto pode servir como
herança econômica? leitura complementar.
“Uma forte e até dominante corrente do pensamen-
to social do século passado simplesmente colocou os Sugestão de leitura
ricos de lado e os classificou, realmente, como sendo uma CONRAD, Joseph. No coração das trevas. São Paulo,
casta superior. Dessas idéias, os ricos [...] não tinham muita Iluminuras, 2002.
noção. Eles sabiam que eram melhores, mas não sabiam o
porquê. Tais idéias dependiam, um pouco, da economia Rumo às trilhas de Buda p. 209
política, um pouco da teologia e muito da biologia. Quem
quisesse, deveria começar o seu estudo dando uma volti- O professor pode abordar a colonização britânica
nha pelo museu de história natural. Os primatas superio- na Índia destacando, por exemplo, a destruição do sis-
res, ao contrário das lesmas e dos caracóis ou dos tema tradicional de produção têxtil indiano, substituí-
dinossauros e mamutes que não chegaram até os nossos do pela produção industrial inglesa. A falência do arte-
dias, são um produto da seleção natural. Sendo [...] mais sanato indiano trouxe conseqüências trágicas para o
bem adaptados ao meio ambiente, eles sobreviveram. E país, a exemplo das epidemias de fome que devastaram
essa mesma força superior, essa mesma capacidade de a população nas décadas de 1860 e 1870.
adaptação explica o rico. Charles Darwin explicou a as-
censão, ou evolução, do homem. Herbert Spencer, mun- Sugestão de leitura
dialmente conhecido como o grande darwinista social, CHESNEAUX, Jean. A Ásia oriental nos séculos XIX e
explicou a ascensão das classes privilegiadas. [...] XX. São Paulo, Pioneira, 1976.

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O império do Sol Nascente p. 210 das lutas operárias e socialistas do século XIX é que se
pode entender também a Comuna de Paris, um dos temas
O século XIX no Japão foi caracterizado pela Revo-
deste capítulo, que pode ser considerada a primeira tenta-
lução Meiji, que trouxe a modernização econômica e a
tiva de constituição de um governo operário da história.
industrialização. Isso possibilitou que o país também se
Os objetivos para este capítulo são:
lançasse na corrida imperialista. O filme O último samurai,
• Compreender as teorias socialistas no contexto
de Edward Zwick, produzido em 2003, mostra a tentativa
das mudanças sociais e econômicas produzidas pela in-
do imperador Meiji de eliminar os últimos samurais, sím-
dustrialização.
bolo do passado pré-capitalista japonês, que o novo go-
• Estabelecer a diferença entre o socialismo utópi-
verno queria enterrar. Vale a pena assistir ao filme para
co e o científico.
analisar a força do capitalismo na destruição dos valores
• Analisar as principais idéias contidas no Manifesto
tradicionais e até para se discutir a influência da cultura
comunista.
norte-americana na construção do enredo.
• Elaborar um quadro comparando as propostas
anarquistas e as comunistas.
Texto complementar p. 212
• Ler e interpretar texto contendo duas visões an-
Grande Zimbábue tagônicas acerca da Comuna de Paris e elaborar sínte-
se a respeito desse movimento revolucionário.
O texto pode ser utilizado para o professor aprofundar
• Realizar pesquisa sobre a atuação dos sindica-
o estudo de uma cultura africana bastante complexa,
tos e dos movimentos anarquistas no Brasil atual.
desmistificando a idéia, presente nos filmes de Tarzan, de
que os povos africanos reduziam-se a comunidades tribais
e camponesas. Com esse texto, a idéia é mostrar que exis- Texto de abertura p. 218
tia uma história da África antes da chegada dos europeus. O texto de abertura discute a situação do socialismo
Muitos povos tinham um modo de vida tribal, vivendo ba-
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na atualidade. O professor pode iniciar um debate, utili-


sicamente da caça, da pesca, da coleta e de uma agricultura zando as perguntas levantadas pelo texto e solicitando
muito simples. Esses povos habitavam basicamente as flo- que os educandos reflitam sobre o significado simbólico
restas equatoriais úmidas, as regiões montanhosas do leste da falência da União Soviética e da queda do Muro de
e os planaltos do centro do continente. Outros povos, como Berlim para a expansão atual do capitalismo.
os das regiões de Gana, do Zimbábue e do Máli, construí-
ram grandes reinos. A obra indicada no boxe abaixo e a
leitura complementar proposta para o final desta unidade Os socialistas utópicos p. 219
trazem novos subsídios para aprofundar essa questão. As primeiras teorias socialistas foram classificadas por
Marx e Engels de socialismo utópico. É importante escla-
Sugestão de leitura recer os educandos a respeito das críticas que os dois
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na teóricos faziam a elas. O principal problema, segundo os
sala de aula: visita à história contemporânea. São autores do Manifesto comunista, é que essas teorias não
Paulo, Selo Negro, 2005. foram capazes de perceber no proletariado nenhuma pos-
sibilidade de ação política e revolucionária. Os autores
Atividades p. 213
utópicos eram idealistas, pretendendo reformar toda a
humanidade pela luz da razão. O texto a seguir, que serve de
As atividades do capítulo contemplam as habilidades de apoio ao professor, caracteriza o socialismo utópico como
interpretação e contextualização de textos. Neste sentido, na uma continuação do iluminismo, e, por outro lado, como
questão 1, o aluno será convidado a comparar versões dife- mera literatura, apresentando a seguir os elementos ci-
rentes do mesmo fato. Seria interessante relacionar a ativida- entíficos do socialismo marxista, definidos por Engels
de 5, que descreve as vantagens do colonialismo para a Fran- como a concepção materialista da história.
ça, com a atividade 8, que aborda as conseqüências do
colonialismo para os países africanos, e mostrar o contraste Do socialismo utópico
entre as duas visões. Outra atividade interessante é a questão
3, que representa de forma alegórica o imperialismo europeu ao socialismo científico
na China. Pode-se completar o trabalho com o imperialismo “[...] Tratava-se, por isso, de descobrir um sistema
na China encaminhando a realização da atividade 9, que per- novo e mais perfeito de ordem social, para implantá-lo na
mite uma visão diferente do colonialismo imperialista. sociedade vindo de fora, por meio da propaganda e sen-
do possível, com o exemplo, mediante experiências que
servissem de modelo. Esses novos sistemas sociais nasci-
CAPÍTULO 21. O MOVIMENTO OPERÁRIO E O am condenados a mover-se no reino da utopia, quanto
ADVENTO DO SOCIALISMO mais detalhados e minuciosos fossem, mais tinham que
degenerar em puras fantasias. [...] Com efeito, o socialis-
Conteúdos e objetivos mo anterior criticava o modo de produção capitalista exis-
Neste capítulo, são abordadas a história do socialismo tente em suas conseqüências, mas não conseguia explicá-
e algumas reflexões atuais sobre o futuro do socialismo, lo nem podia, portanto, destruí-lo ideologicamente; nada
agora que a União Soviética e o Muro de Berlim não exis- mais lhe restava senão repudiá-lo,pura e simplesmente,como
tem mais. O texto esclarece a diferença entre o socialismo mau. [...] Mas do que se tratava era, por um lado, de expor
utópico e o científico ou marxismo e, à luz dessas explica- esse modo capitalista de produção em suas conexões
ções, aborda a origem da organização sindical. No contexto ➜

PARTE II — O VOLUME 2 45

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➜ ➜
históricas e como necessário para uma determinada época I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
da história, demonstrando com isso também a necessi- a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
dade de sua queda e, por outro lado, pôr a nu o seu competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
caráter interno. Isso se tornou evidente com a descober- intervenção na organização sindical; [...]
ta da mais-valia. Descoberta que veio revelar que o regi- III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte-
me capitalista de produção e a exploração do operário, resses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
que dele se deriva, mesmo quando compra a força de em questões judiciais ou administrativas;
trabalho por todo o seu valor, por todo o valor que re- IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em
presenta como mercadoria de mercado, dela retira sem- se tratando de categoria profissional, será descontada em
pre mais valor do que lhe custa e que essa mais-valia é, folha, para custeio do sistema confederativo da represen-
em última análise, a soma de valor de onde provém a tação sindical respectiva, independentemente da contri-
massa cada vez maior do capital acumulado em mãos das buição prevista em lei;
classes possuidoras. O processo da produção capitalista V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-
e o da produção de capital estavam assim explicados.” se filiado a sindicato;
(ENGELS, Friedrich. Do socialismo utópico ao VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
científico. São Paulo, Edições Sociais, 1975.) negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
As idéias anarquistas p. 221
votado nas organizações sindicais; [...]”
(Constituição da República Federativa do Brasil,
O professor deve atentar para o real significado do ter-
1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br)
mo anarquismo, que não significa desordem, mas sim ausên-
cia de Estado. Pode-se recorrer à obra de GeorgeWoodcock,
Os grandes escritos anarquistas, para apresentar as diversas Texto complementar p. 224

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


formas de organização do anarquismo (anarco-sindicalismo, O Manifesto de Marx e Engels
associativismo, anarquismo individualista, anarquismo cristão
A leitura do Manifesto comunista deve ser
etc.). É importante ressaltar as diferenças entre o anarquismo
contextualizada, principiando-se pelo ano de sua publi-
e o comunismo a partir das características apresentadas no
cação (1848). As atividades de compreensão do texto
capítulo. O livro Anarquistas, graças a Deus (2000), de Zélia
fornecem um excelente guia para o trabalho com este
Gattai, é uma leitura interessante.A obra é um registro lite-
documento. É importante ressaltar que, apesar de a aná-
rário das memórias da autora, filha de imigrantes italianos
lise marxista ter sofrido sucessivas críticas em função
anarquistas que vieram trabalhar na cidade de São Paulo. O
de sua perspectiva eurocêntrica, evolucionista e
professor pode sugerir a leitura desta obra memorialística
determinista, ainda constitui um importante ponto de
para apresentar um panorama do movimento anarquista no
partida para a compreensão da história e da organiza-
Brasil e também como uma visão introspectiva de dimensão
ção do sistema capitalista.
pessoal a respeito de um movimento político.

Sugestões de leitura CAPÍTULO 22. O GOVERNO DE D. PEDRO I


GATTAI, Zélia. Anarquistas, graças a Deus. Rio de Janei- Conteúdos e objetivos
ro, Record, 2000. Este capítulo trata da formação do Estado brasileiro,
WOODCOCK, George. Os grandes escritos anarquis- nascido do processo de independência. São enfatizadas as
tas. Porto Alegre, L&PM, 1981. contradições existentes no interior das elites brasileiras,
traduzidas na atuação do partido português e do brasileiro,
O sindicalismo p. 223 e a natureza oligárquica das estruturas sociais e políticas que
sustentavam o império.Além disso, discutem-se as contradi-
Para abordar o tema do desenvolvimento do sindicalismo, ções do liberalismo no Brasil, que convivia com a escravidão.
o professor poderá analisar a ilustração da página 223, que Os principais objetivos que estabelecemos para este
trata das reivindicações dos trabalhadores franceses por estudo são os seguintes:
melhores condições de trabalho e de vida. O professor pode • Analisar os interesses dos principais agentes que atu-
discutir qual o papel que ocupam os sindicatos hoje na vida aram no processo de independência do Brasil.
do trabalhador, no caso do Brasil. Quais são as principais rei- • Explicar as limitações do liberalismo brasileiro di-
vindicações? Quais os métodos de luta mais utilizados? É im- ante da escravidão.
portante que os alunos percebam que as conquistas sociais • Compreender o papel exercido pelas Cortes por-
resultam de lutas, da pressão coletiva e, portanto, estão sujei- tuguesas na proclamação da independência do Brasil.
tas a avanços e retrocessos ao longo do tempo. • Explicar os principais fatores que levaram à abdica-
Os trechos da Constituição Federal reproduzidos no ção de D. Pedro I.
boxe a seguir asseguram a liberdade de organização sindical, • Ler e interpretar pintura relacionada ao Grito do
uma importante conquista dos trabalhadores do Brasil. Ipiranga, procurando identificar os elementos que a consti-
tuem e as intenções do artista ao produzir a obra.
Liberdade sindical • Realizar pesquisa com o propósito de comparar a
o Constituição de 1824 e a de 1988 no que se refere à forma
“Art. 8 É livre a associação profissional ou sindi-
de governo, aos direitos sociais e políticos e à situação das
cal, observado o seguinte:
➜ crianças, do adolescente e do idoso.

46 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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Texto e imagem da abertura p. 229 ção do país (outorgada pelo imperador) com o que levou
à aprovação da Constituição atual (eleição de deputados
A respeito desta abertura apresentada pode-se res-
constituintes, em 1986, e aprovação do projeto pelo Con-
saltar que o discurso sobre a história muitas vezes pode se
gresso Nacional, outubro de 1988).
apresentar na forma pictórica. Nesse sentido é importante
destacar que a imagem corresponde a uma reelaboração
do evento, feita por Pedro Américo em 1888, no final do A Confederação do Equador: 1824 p. 234
Império. Para muitos, esta é a imagem que vem à mente Houve também um outro projeto de nação indepen-
quando se menciona o episódio do Grito do Ipiranga. No dente, diferente daquele implantado após a independên-
entanto é uma imagem que não corresponde ao aconteci- cia. Os insurretos da Confederação do Equador deseja-
mento, criada para dar “cores épicas” ao Grito do Ipiranga. vam instalar no Brasil uma república nos moldes dos Es-
tados Unidos. Nesse sentido, é importante enfatizar que
Um príncipe em leilão p. 229 a Confederação do Equador destacou-se por ser um
movimento republicano, abolicionista, urbano e popular.
A natureza do processo de independência do Brasil tam-
bém gera controvérsias entre os historiadores. Nas análises
historiográficas de tradição marxista a tônica foi o discurso A comarca do São Francisco
da continuidade, destacando-se, por exemplo, a permanên- A comarca do São Francisco, que hoje corresponde
cia do sistema de plantation. Outros pesquisadores, porém, ao oeste do estado da Bahia, pertencia anteriormente
alertaram para o fato de que a independência não poderia à província de Pernambuco.A perda dessa área foi uma
ser analisada apenas do ponto de vista da continuidade. Ela punição do governo imperial pela liderança que a pro-
também deveria ser considerada um marco na constituição víncia de Pernambuco exerceu no movimento da Con-
de um Estado nos moldes burgueses, selando definitivamen- federação do Equador.
te o fim do antigo sistema colonial. A mudança também se Sufocado o movimento, Dom Pedro I anexou a
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

expressou na acumulação de capitais nas mãos de uma elite comarca do São Francisco "provisoriamente" a Minas
nacional que mais tarde financiaria os projetos de urbaniza- Gerais. Mais tarde, o território foi anexado ao atual
ção e de modernização da economia. estado da Bahia.
Com a perda da comarca do São Francisco,
O liberalismo descolado p. 231 Pernambuco teve sua extensão territorial reduzida de
Debata com os alunos as contradições do liberalis- 250 mil quilômetros quadrados para os atuais 98.938
mo defendido pelas elites que conduziram, aliadas a D. quilômetros quadrados. Oriente os alunos a comparar a
Pedro, o movimento de independência do Brasil. É possí- extensão territorial de Pernambuco em 1824, mostrada
vel se falar numa nação liberal com um regime escravista? no mapa da página 234, com a que aparece num mapa
político do Brasil atual.
O assentamento das bases do
Império Brasileiro p. 232 Texto complementar p. 236
Durante anos, a historiografia oficial tentou idealizar o O escravismo na visão de José Bonifácio
processo de independência e seus atores, explicada como
um ato de heroísmo contra a tirania e em defesa da liber- Solicite que o aluno identifique a trajetória política
dade. Mas, nas últimas décadas, novos estudos permitiram do autor do texto, que foi um dos articuladores do movi-
que se lançasse um novo olhar sobre esse período. Expres- mento político de independência e integrante do partido
sões dessa mudança são algumas produções culturais re- brasileiro. O texto permite destacar que, mesmo entre
centes que tratam desse momento com uma visão crítica setores da elite brasileira daquele período já havia a com-
e até mesmo sarcástica, como, por exemplo, o romance O preensão da necessidade de realizar mudanças estrutu-
Chalaça (1999), de José Roberto Torero. Uma boa sugestão rais no Brasil, no sentido de implantar o trabalho assalari-
de atividade é comparar essa obra com a visão oficial dos ado e dinamizar o desenvolvimento industrial. O aluno
eventos fornecida pela célebre pintura Grito do Ipiranga poderá treinar a análise de texto, identificando também
(1888), de Pedro Américo, ou pelo filme Independência ou os indícios de uma visão racista presente no discurso.
morte (1972) de Carlos Coimbra. Debata com os educandos
que alterações na sociedade brasileira permitiram que essa Atividades p. 237
visão crítica fosse possível. A atividade 1 permitirá ao aluno realizar procedimen-
tos de análise iconográfica. Seria interessante con-
Sugestão de leitura textualizar a obra de Pedro Américo, um pintor brasileiro
do século XIX que buscava, em sua arte, os mesmos ob-
TORERO, José Roberto. O Chalaça. Rio de Janeiro, jetivos políticos de exaltação da nacionalidade presen-
Objetiva, 1999. tes, por exemplo, em Jacques-Louis David, o pintor oficial
do governo napoleônico (ver capítulo 13 deste suplemen-
A Constituição de 1824 p. 233 to). É interessante também estabelecer uma diferença
O estudo da Constituição outorgada em 1824 serve entre eles. Enquanto Louis David foi contemporâneo de
aos propósitos de caracterizar as atitudes absolutistas de Napoleão, o pintor Pedro Américo produziu sua visão da
D. Pedro I e de apresentar as bases jurídicas e políticas do independência muitos anos depois do acontecimento. Na
sistema imperial, que vigoraria até 1889. Pode-se compa- questão 2 o aluno deverá identificar a transferência das
rar o método de implementação da Primeira Constitui- instâncias administrativas do Brasil para Portugal como

PARTE II — O VOLUME 2 47

HC-Manual prof. V. 2-ok 47 07/13/2005, 14:42


prenúncio da política de recolonização das Cortes de Lis- Tempos de conflito p. 242
boa. As informações presentes no texto serão comple-
É importante o professor ressaltar a hegemonia dos
mentadas pelo texto didático na página 231, a respeito da
Liberais Moderados no Período Regencial. Eles pretendi-
atuação dos deputados brasileiros. As questões 3 e 7 es-
am diminuir as funções do Poder Executivo e aumentar
tão interligadas pelo tema da unidade nacional, e podem
as do Legislativo, mas eram contrários ao federalismo e
ser tratadas conjuntamente. A tabela que aparece na ques- ao republicanismo. Uma sugestão é discutir as contradi-
tão 5 deve ser relacionada ao item sobre a herança por- ções desse liberalismo. Também é importante mostrar o
tuguesa, que está na página 235 do livro. papel da Guarda Nacional como instrumento mantenedor
da ordem e repressor das manifestações populares do
CAPÍTULO 23. O PERÍODO REGENCIAL período. É importante que o aluno consiga caracterizar
as propostas descentralizadoras do Ato Adicional que, jun-
Conteúdos e objetivos tamente com a Guarda Nacional, fortaleceu os interesses
O objeto de estudo deste capítulo é o Período das oligarquias locais.
Regencial no Brasil, um momento importante no proces-
so de consolidação do Estado Brasileiro e que pode ser A Revolta dos Cabanos: Pará, 1835-1840 p. 244
considerado também uma curta experiência de descen- O Período Regencial caracterizou-se por uma série de
tralização do poder e de radicalização revolucionária. É conflitos. É importante discorrer sobre a Cabanagem, uma
importante o aluno perceber nas inúmeras revoltas sepa- grande revolta popular que contou com a participação de
ratistas a frágil unidade territorial do país e as dificulda- mestiços, negros libertos e da população de baixa renda.
des de se construir uma identidade nacional, projeto que Todas as manifestações insurgentes do Período Regencial
só se concretizou pelo uso da força. foram reprimidas pelo governo. É importante chamar a aten-
Os objetivos deste capítulo são os seguintes: ção dos alunos para o significado dessas revoltas e para as
• Caracterizar as medidas políticas centralizadoras e

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


conseqüências da repressão que se abateu sobre elas. O
as descentralizadoras presentes na legislação do período. caráter separatista das rebeliões, em especial da Guerra dos
• Analisar a composição social e os interesses das Farrapos, revela as dificuldades de se construir a unidade
três facções políticas mais importantes do Período nacional. Não havia, na população daquele período, um sen-
Regencial. timento de brasilidade, a idéia de constituir um povo, herdei-
• Ler e interpretar poema de cordel relacionado à ro de tradições e de um passado comuns.A repressão que o
Guerra dos Farrapos e, a partir dele, elaborar uma sínte- governo regencial moveu contra as revoltas demonstra que
se do movimento. o projeto imperial de construir uma identidade e um Estado
• Ler e interpretar documento a respeito da nacional, por cima das diferenças que separavam os habitan-
Cabanagem, identificando a visão do autor e produzindo, tes do Brasil, só foi possível pelo uso da força.
ao final, um texto-síntese da revolta.
• Caracterizar o papel da Guarda Nacional. A Revolta dos Malês: Bahia, 1835 p. 245
• Explicar as motivações e o desenrolar dos movi-
mentos regenciais selecionados para estudo. A Revolta dos Malês foi o único levante a ter apenas
• Explicar o significado do Golpe da Maioridade. líderes negros. Ela é importante por expressar um mo-
mento destacado da resistência organizada dos negros à
Texto de abertura p. 240
escravidão e por revelar os temores que uma revolta es-
crava despertava nas classes dominantes. A devassa que
É importante solicitar dos educandos uma pesquisa so- se seguiu, registrada na vasta coleção de documentos so-
bre os três poderes. Começando com o Poder Executivo, bre a rebelião, é um índice da seriedade com que as auto-
eles devem verificar quem é o presidente do Brasil e quais ridades e as elites encaravam o problema.
são os ministérios e os respectivos ministros que o com- O texto a seguir pode dar uma idéia das dimensões
põem, juntamente com as atribuições de cada um. É impor- da revolta e do seu significado na época.
tante eles também saberem quem é o governador do estado
e o prefeito do município, as secretarias e os respectivos A rebelião dos escravos islâmicos
secretários. Depois pode ser solicitada uma pesquisa sobre o
Poder Legislativo (como funciona, quais as divisões etc.) e o “Na noite do dia 24 para 25 de janeiro de 1835,
Judiciário (quais os principais tribunais).A partir daí o profes- um grupo de africanos escravos e libertos ocupou as
sor pode iniciar uma discussão sobre a importância do voto. ruas de Salvador, Bahia, e durante mais de três horas
Ele deve continuar sendo obrigatório ou não? enfrentou soldados e civis armados. Os organizadores
do levante eram malês, termo pelo qual eram conheci-
dos na Bahia da época os africanos muçulmanos.
Tendências e debates políticos p. 241
Embora durasse pouco tempo, apenas algumas horas,
O Período Regencial configurou-se pelo choque entre foi o levante de escravos urbanos mais sério ocorrido nas
três facções políticas: os Liberais Moderados, os Liberais Américas e teve efeitos duradouros para o conjunto do
Exaltados e os Restauradores. É importante esclarecer os Brasil escravista. Centenas de insurgentes participaram,
alunos sobre os objetivos de cada uma. Uma leitura interes- cerca de setenta morreram e mais de quinhentos, numa
sante a esse respeito é o texto “O liberalismo radical dos estimativa conservadora, foram depois punidos com pe-
primeiros anos da Regência” no boxe da página 241. Depois nas de morte, prisão, açoites e deportação. [...]”
de feita a leitura do texto, pode-se pedir para os alunos (REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos
listarem as principais reivindicações contidas no programa malês em 1835. São Paulo, Companhia das Letras, 2003.)
dos liberais radicais.

48 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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• Descrever e identificar as transformações econô-
Sugestão de atividade micas ocorridas no sudeste do país com a expansão da
Pelo recorte de conteúdos estabelecido para o lavoura cafeeira.
estudo do período, deixamos de analisar a Sabinada e • Caracterizar a estrutura política do Brasil durante
a Balaiada, dois outros movimentos regenciais, ocorri- o Segundo Reinado.
dos, ambos, no que hoje é a Região Nordeste. Diante • Relacionar, a partir da interpretação de tabela e texto,
disso, sugerimos aos alunos recolham, eles próprios, o fim do tráfico negreiro às pressões inglesas e explicar
informações sobre as duas revoltas. Em grupos, eles os efeitos da Lei Eusébio de Queiroz.
vão levantar dados sobre um dos movimentos: onde • Explicar os motivos que levaram ao fim da escravi-
ocorreu, que condições conduziram os rebeldes a dão e as mudanças e permanências na vida da população
deflagrar o movimento, quais eram suas principais rei- negra após a abolição.
vindicações, como a revolta se desenvolveu, e o desfe- • Caracterizar as dificuldades na implantação da in-
cho que ela teve. Ao final, cada grupo vai organizar as dústria brasileira no século XIX.
informações numa linha do tempo das revoltas regenciais, • Explicar a passagem do regime monárquico para o
tanto das estudadas no livro quanto das pesquisadas republicano como reflexo das contradições internas da
pelos grupos. Recomendamos que o marco inicial da modernização brasileira.
linha seja 1831, ano da abdicação de D. Pedro I, e o final • Conhecer a situação atual das comunidades rema-
1845, fim da Farroupilha. Na linha do tempo, além do nescentes de antigos quilombos.
nome e da data da rebelião, deve constar uma síntese • Reconhecer a importância das terras quilombolas como
das informações coletadas e imagens que ilustrem o mecanismo de preservação do patrimônio cultural dos po-
trabalho. É importante chamar a atenção dos alunos vos africanos trazidos para o Brasil.
sobre a necessidade de verificar a escala, ou seja, o
intervalo regular entre os anos. O longo governo de D. Pedro II p. 252
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

É importante ressaltar que tanto liberais quanto con-


Texto complementar p. 247 servadores pertenciam aos setores privilegiados da so-
ciedade brasileira. A política de conciliação fortaleceu o
Anita, a guerrilheira farroupilha Império e excluiu do poder os radicais liberais de ideal
O texto relata alguns momentos da Guerra dos Far- republicano, assegurando, assim, os interesses das elites
rapos, que assumiu características de guerra civil. O tex- escravocratas. O parlamentarismo às avessas represen-
to é uma boa oportunidade para ressaltar o papel das tava uma forma de perpetuar esse controle político e
mulheres na história e de finalizar ou se retomar o traba- consolidar o poder pessoal do imperador. Pode ser feita
lho com a biografia de Giuseppe Garibaldi, sugerida nas uma reflexão a respeito do que significou para o futuro
orientações referentes ao capítulo 19. do país excluir as camadas populares das discussões po-
líticas.
Atividades p. 248
Sua Majestade, o café p. 255
As atividades 1 a 5 permitem sintetizar a problemática
política do período, retomando o conteúdo do capítulo. No Brasil, o café começou a ser cultivado em escala
As questões ligadas à maioridade de D. Pedro são aborda- comercial nas cercanias da cidade do Rio de Janeiro, avan-
das em versos populares, que permitem desenvolver a ha- çando, no final do século XVIII, pelas terras do Vale do
bilidade de interpretação de textos de natureza poética. A Paraíba fluminense e paulista. Por volta de 1860, a lavoura
dimensão racial das revoltas dos Cabanos e dos Malês pode do Vale do Paraíba já dava sinais de decadência. Para abor-
ser abordada pela realização das atividades 2 e 6. Uma dar esse tema, o professor pode propor a leitura de al-
atividade interessante, no sentido de relacionar a história e guns contos de Cidades mortas (1995), de Monteiro Lobato,
o presente, é a leitura da reportagem apresentada na ques- que tratam da decadência das cidades dessa região, resul-
tão 7. O aluno deverá perceber as diferenças na prática tado do declínio da lavoura de café. Pode-se discutir com
política parlamentar em relação ao recurso da luta armada, os alunos os fatores desse declínio: o desmatamento, o
constante no Período Regencial. uso intensivo do solo e a ausência de técnicas para evitar
a erosão, causando o enfraquecimento das plantas e a
queda na produção.
CAPÍTULO 24. O GOVERNO DE D. PEDRO II No oeste paulista, o café prosperou por um longo
período. É importante traçar relações entre a acumula-
Conteúdos e objetivos ção de capitais decorrente da atividade cafeeira e o cres-
O capítulo em questão analisa as transformações cimento econômico e político do Estado de São Paulo
ocorridas na sociedade brasileira no longo Segundo Rei- no cenário nacional. Mas também é preciso lembrar que,
nado, com destaque para a expansão da lavoura cafeeira segundo alguns historiadores, a concentração de poder
e a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre.A nas mãos dos cafeicultores retardou a industrialização
permanência das estruturas políticas e socieconômicas brasileira, pois estes setores se opunham à adoção de
oligárquicas, em conflito com o processo de moderniza- uma política de proteção à indústria. Uma possibilidade
ção industrial e urbana do país são visíveis neste período. de abordagem desse tópico é a exibição do filme Mauá
Com o estudo deste capítulo, os objetivos são: – o imperador e o rei (1999), de Sérgio Rezende, que con-
• Explicar os mecanismos de conciliação política das ta a vida do Barão de Mauá e as dificuldades que ele
elites brasileiras durante o Segundo Reinado. enfrentou para implantar um projeto industrial no país.

PARTE II — O VOLUME 2 49

HC-Manual prof. V. 2-ok 49 07/13/2005, 14:42


contraiu elevadas dívidas no exterior para custear as
Sugestão de leitura despesas de guerra.
LOBATO, J. B. Monteiro. Cidades mortas. São Paulo,
Brasiliense, 1995. A abolição da escravatura p. 264
O processo de abolição da escravatura no Brasil
O fim do tráfico negreiro p. 259 Imperial revela as contradições de um país dividido en-
tre o tradicionalismo e as forças modernizadoras. A
É importante analisar o fim do tráfico negreiro no con- lentidão e o caráter gradual das leis abolicionistas são
texto das transformações ocorridas na Europa e das pres- um sintoma dessa contradição. O professor pode tra-
sões inglesas. O fim do tráfico negreiro liberou fundos que zer a questão para a atualidade, debatendo com os alu-
foram investidos na modernização industrial, fato que re- nos a permanência de dificuldades enfrentadas pelos
percutiu nas cidades, sobretudo do Rio de Janeiro. Para ex-escravos após a abolição, como a falta de empregos
que os educandos possam ter uma idéia de como era a e moradias dignas, o preconceito racial, problemas que
vida na capital do Império, o professor pode contrapor a se perpetuaram por várias gerações de descendentes.
leitura de trechos dos romances urbanos de José de Alencar A iconografia do capítulo também pode ser explorada,
e Machado de Assis com mapas ou fotos do Rio de Janeiro em especial as imagens das páginas 251, 259, 260, 265
da época. Os próprios alunos podem ser estimulados a e 266.
elaborar mapas a partir das paisagens descritas nos ro-
mances e vivenciadas pelos personagens, num exercício que
A proclamação da República p. 266
Franco Moretti chama de geografia literária. A partir des-
ses mapas, podem ser feitas discussões a respeito da dinâ- Destaque para os alunos os grupos que participa-
mica da cidade naquela época. ram da proclamação da República e discuta em que
medida a ausência de participação popular prejudicou

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


a construção de um regime republicano em bases de-
Sugestão de leitura mocráticas, tanto do ponto de vista das instituições e
MORETTI, Franco. Atlas do romance europeu. 1800-1900. da administração pública quanto do acesso dos brasi-
São Paulo, Boitempo, 2003. leiros aos direitos fundamentais da democracia mo-
derna, como saúde, educação, moradia e trabalho.
A Lei de Terras p. 261
Texto complementar p. 267
A análise desta lei servirá para o educando identifi-
car o papel dos interesses políticos da oligarquia rural na O olhar estrangeiro
dificuldade de o país formar uma camada social de pe- O texto pode ser contextualizado no âmbito do pro-
quenos proprietários. É importante caracterizar o siste- cesso de modernização da cidade de São Paulo no final do
ma de parceria, que substituiu ou coexistiu com a escra- século XIX. As informações da educadora alemã, além de
vidão em algumas fazendas, como um sistema típico de revelarem a visão eurocêntrica e preconceituosa em rela-
uma sociedade pré-capitalista e, nesse sentido, pode ser ção aos povos latino-americanos, revelam também uma ade-
considerado de transição entre o escravismo, que estava são dos brasileiros a este projeto de modernização de ori-
próximo do fim, e o trabalho assalariado, que caminhava a gem européia. Se possível, apresente algumas imagens da ci-
passos lentos no Brasil daquela época. dade de São Paulo no final do século XIX.

A Guerra do Paraguai p. 262 Atividades p. 268


Como o próprio texto didático já destacou, a As atividades retomam os conteúdos do capítulo.
Guerra do Paraguai é um fato que divide a historio- Merece especial atenção a interpretação da tabela da
grafia brasileira; enquanto a visão oficial construiu a questão 3. O aluno deve notar que a lei Bill Aberdeen
imagem de uma guerra que opunha os defensores da contribuiu para elevar ainda mais a entrada de escra-
liberdade e da soberania nacional (Tríplice Aliança) vos no Brasil, que declinou rapidamente após a Lei
contra a tirania e o expansionismo territorial Eusébio de Queiroz, em 1850. Esta questão está vincu-
(Paraguai), a historiografia mais de esquerda, repre- lada à questão 4, item b, no sentido de que a abolição
sentada, por exemplo, pelo historiador argentino Léon do tráfico escravo liberou capitais que foram investi-
Pomer, tendeu a explicar o conflito como resultado dos na indústria. Ainda com referência à questão 4, no
dos interesses imperialistas ingleses na região platina. item d o aluno deve destacar as dificuldades nacionais
Estudos realizados mais recentemente apontaram para na formação do mercado interno, pelo estabelecimen-
um novo caminho, pelo qual a Guerra do Paraguai to de relações de trabalho não assalariadas (escravi-
resultou essencialmente de uma disputa regional dos dão e sistema de parceria) e pelo desestímulo à forma-
países sul-americanos por um papel dominante no con- ção de uma classe de pequenos proprietários agríco-
tinente. las. Quanto a essa lei, é importante analisar o discurso
À parte esse debate, não se pode negar que o de um fazendeiro, na questão 6.
Paraguai foi o lado mais prejudicado na guerra. Ele per- A questão 10 em particular possibilita discutir o tema
deu quase a metade de sua população, principalmente da diversidade cultural que caracteriza o nosso país e a
homens e jovens, e sua economia foi arrasada pela guer- grande contribuição da atual Carta Magna brasileira na
ra. O Brasil, por sua vez, não obteve grandes vantagens, preservação do patrimônio cultural da população des-
pois perdeu cerca de 50 mil soldados no conflito e cendente dos antigos quilombolas.

50 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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CAPÍTULO 25. A AMÉRICA LATINA NO
Sugestões de leitura
SÉCULO XIX
MÁRQUEZ, Gabriel García. Cem anos de solidão. Rio
Conteúdos e objetivos de Janeiro, Record, 1998.
Este capítulo trata da herança deixada pelo domí- GALEANO, Eduardo. Memórias do fogo III: o século do
nio colonial nos países da América Latina. São analisa- vento. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1988.
das as mudanças ocorridas nessas nações e a sua orga-
nização socioeconômica nos séculos XIX e XX. Um A Revolução Mexicana de 1910 p. 278
caso particular analisado neste capítulo é o da Revolu-
ção Mexicana, movimento que revelou as contradições É importante caracterizar a Revolução Mexicana no
sociais mantidas no México após a independência.Tam- contexto da modernização que marcou alguns países lati-
bém são traçados paralelos com a situação atual. no-americanos entre os séculos XIX e XX e dos profun-
Os principais objetivos deste capítulo são os se- dos contrastes sociais, tanto no campo quanto nas cidades.
guintes: Leve os alunos a identificar as manifestações da ingerência
• Caracterizar a estrutura socioeconômica predo- norte-americana na política interna mexicana naquele pe-
minante nos países da América Latina após a indepen- ríodo. A Revolução Mexicana traz a oportunidade de se
dência e avaliar como essa estrutura se manifesta nos abordar o tema da reforma agrária e da questão indígena
dias de hoje. na América Latina. O professor pode utilizar o caso das
• Conceituar caudilhismo. nações indígenas do Brasil, aproveitando artigos de jornais
• Explicar, a partir da interpretação de um painel, ou revistas, para propor uma reflexão a respeito dos seus
os fatores da Revolução Mexicana e a forma como o direitos e condições de vida na sociedade atual.
artista a representou em sua obra.
• Realizar pesquisa sobre a situação social, econô- Texto complementar p. 280
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mica e política da Bolívia na atualidade, visando estabe- As gestas da independência


lecer paralelos entre pobreza e instabilidade política,
passado colonial e questões presentes. O texto permite problematizar a ausência de partici-
pação popular na construção das repúblicas independen-
tes da América Latina. Problematize o papel dos indígenas
Organização socioeconômica e dos elementos das camadas populares com base nas
após a independência p. 274 questões propostas.
Após a independência, os Estados latino-america-
nos assumiram o papel predominante de exportado- Atividades p. 281
res de matérias-primas e importadores de artigos pro- A atividade 2 permite caracterizar o caudilhismo em
duzidos nos grandes centros metropolitanos. A rique- ação e identificar o papel dependente da economia mexi-
za econômica e o poder político se concentraram nas cana. As discussões feitas nas duas atividades podem ser
mãos da oligarquia agrária. Para uma abordagem dife- associadas à análise da imagem sugerida na questão 5. O
rente desse tema, seria interessante propor aos alunos aluno deverá identificar as expressões de violência e morte
a leitura do livro Cem anos de solidão (1998), do escri- na imagem de Orozco. O texto da questão 6 caracteriza
tor peruano Gabriel García Márquez. No livro, por meio o quadro econômico boliviano em função dos preceitos
da narrativa da vida da família Buendía, o escritor mos- escravistas da elite do país.Aproveite para relacionar esta
tra a vida de uma família da elite latino-americana. Os atividade com a seguinte, sobre a Bolívia na atualidade.
educandos podem tentar descobrir no romance os Peça aos alunos que identifiquem os grupos sociais que
vários momentos da história do continente nos sécu- lideram as mobilizações naquele país e quais são suas rei-
los XIX e XX. vindicações.

PARTE II — O VOLUME 2 51

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LEITURA COMPLEMENTAR

REPENSANDO A HISTÓRIA DA ÁFRICA


O texto a seguir analisa o preconceito que contaminou os estudos e escritos
sobre os povos africanos realizados no Ocidente. Apenas na segunda metade
do século XIX, com as inovações na historiografia e na antropologia, surgiu um
novo olhar sobre a África ao sul do Saara.
“O conjunto de escrituras sobre a África, em particular entre as últimas […] na perspectiva
décadas do século XIX e meados do século XX, contém equívocos, pré-noções
e preconceitos decorrentes, em grande parte, das lacunas do conhecimento apresentada é
quando não do próprio desconhecimento sobre o referido continente. Os estu- conferido à África um
dos sobre esse mundo não ocidental foram, antes de tudo, instrumentos de estado de selvageria,
política nacional, contribuindo de modo mais ou menos direto para uma rede
de interesses político-econômicos que ligavam as grandes empresas comerciais, no qual predomina a
as missões, as áreas de relações exteriores e o mundo acadêmico. [...] natureza, isto é, não
Os africanos são identificados com designações apresentadas como inerentes se produzem cultura
às características fisiológicas baseadas em certa noção de raça negra.Assim sendo,
o termo africano ganha um significado preciso: negro, ao qual se atribui um amplo
e história.
espectro de significações negativas tais como frouxo, fleumático, indolente e inca-
paz, todas elas convergindo para uma imagem de inferioridade e primitivismo.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Ao lado deste, outro tema que merece ser focalizado diz respeito à questão
da História. Pela ocultação da complexidade e da dinâmica cultural próprias da
África, torna-se possível o apagamento de suas especificidades em relação aos
continentes europeu e americano. [...] Em outros termos: aproximando por
analogia o desconhecido ao desconhecido considera-se que a África não tem
povo, não tem nação e nem Estado; não tem passado, não tem História. [...]
Conforme o discurso instituído, teria havido uma cisão em tempos remotos
entre uma África branca, com características mais próximas das ocidentais medi-
terrâneas, e uma África negra que se ignoravam mutuamente porque, separadas
pelo Deserto do Saara, ficavam impedidas de qualquer comunicação. [...]
À luz dessa exposição geral creio ser possível acentuar três pontos. O
primeiro é que na perspectiva apresentada é conferido à África um estado de
selvageria, no qual predomina a natureza, isto é, não se produzem cultura e
história. O segundo ponto é o que distingue os europeus dos africanos e os
próprios africanos entre si. Por sua vez, o terceiro ponto é que se refere ao
africano da África subsaariana como sujeito sem ‘vontade racional’ [...]. Em
resumo: esse sujeito não tem condições de ultrapassar os limites da selvageria
e de buscar um novo estado de existência. [...]
Foi apenas a partir de 1960, sob influência dos nacionalismos
independentistas e no âmbito da busca pela identidade do continente e de
cada um dos Estados-nação recém-formados, que foi reconhecida a necessi-
dade de se conceber um novo método de abordagem adequado para negar a
homogeneidade das ‘tribos africanas’. [...] A tradição oral tem
Como reflexo da ênfase no discurso histórico africanista embalado pelo como seu principal
nacionalismo ganharam destaque, desde a década de 1970, as informações
provenientes, em particular, da arqueologia e da tradição oral, uma vez que as grupo de expressão os
fontes lingüísticas e etnográficas ainda careciam ser mais exploradas. [...] ‘guardiões da palavra
No que se refere à tradição oral, vale-se do desenvolvimento da falada’, responsáveis
metodologia da coleta, transmissão e interpretação das informações obtidas,
constituindo-se uma fonte de reconhecida relevância para a reconstrução his- por transmiti-la de
tórica de civilizações predominantemente orais. [...] geração em geração.
A tradição oral é encontrada sobretudo nos meios rurais, mas também
nos urbanos, no âmbito da vida social [...]. Tem como seu principal grupo de
expressão os ‘guardiões da palavra falada’, responsáveis por transmiti-la de
geração em geração.”
(HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula:
visita à história contemporânea. São Paulo, Selo Negro, 2005.)

52 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

HC-Manual prof. V. 2-ok 52 07/13/2005, 14:42


Respostas das Questões
de Vestibular/Enem
UNIDADE I — OS DIFERENTES b) Monopólio comercial, economia baseada em atividades
POVOS DA AMÉRICA primárias, proibição de atividade manufatureira.
c) Catequização, amistosa ou forçada, da população indíge-
CAPÍTULO 1. AS CULTURAS INDÍGENAS AMERICANAS na, impondo-se o catolicismo.
5. d
1. c
2. Houve duas formas de confronto, a pacífica e a violenta, mas
em ambos os casos os nativos da América foram as grandes CAPÍTULO 3. A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA
vítimas. Ocorreu a desagregação da estrutura tribal, devido à INGLESA
violência dos conquistadores e dos colonizadores europeus, 1. d 2. e 3. a
bem como pela atividade missionária, que destruía os valo-
4. Na Espanha, a colonização visava em primeiro lugar a ex-
res culturais originais. Na Europa, houve uma aceleração das
ploração econômica, com uso intensivo da mão-de-obra
transformações econômicas e culturais: uma grande inflação
servil indígena ou, em algumas regiões, da escrava africa-
atingiu a Europa em virtude do excesso de ouro e prata, no-
na. Este sistema foi empregado no sul da América inglesa;
vos alimentos como a batata e o tomate foram adotados, a
porém, ao norte, a atividade colonizadora visava em pri-
classe burguesa ganhou enorme importância econômica, que
meiro lugar a construção de uma nova “pátria” para refu-
mais tarde se consolidaria politicamente.
giados políticos e religiosos. Nesta região, a economia não
3. e se estruturou como um complemento da metrópole, mas
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

4. a) Herói na ótica européia, como descobridor de um Novo sim de forma autônoma.


Mundo. Vilão na ótica indígena, como conquistador e 5. a) Os puritanos que se estabeleceram na América do Norte
destruidor das culturas indígenas. eram refugiados religiosos, devido à perseguição sofrida
b) Colombo simboliza o caráter ambíguo da conquista, e na Inglaterra em função da intolerância da monarquia
sua aventura marcou o início do processo de interferên- absolutista, de religião anglicana.
cia européia na América. b) No sul, a atividade econômica organizou-se em moldes
5. a) Montaigne explica a conquista pela dominação militar parecidos com as colônias portuguesas e espanholas, vol-
e pelo logro comercial dos europeus em relação aos indí- tando-se para a monocultura agro-exportadora, explora-
genas, especialmente pela maior curiosidade dos indíge- da por escravos africanos, originando-se ali uma socie-
nas em relação à cultura européia do que o inverso. dade agrária oligárquica e escravista.
b) Para Montaigne, as vitórias dos europeus sobre os povos 6. a) Colonização de povoamento, por parte de refugiados re-
conquistados eram vitórias mecânicas (não humanas) ligiosos (puritanos) de origem européia, com o predomí-
frutos da subordinação dos europeus ao sistema militar e nio do trabalho livre.
econômico que os dominava, e sua vitória derivou, fun- b) O sistema federativo era o mais adequado à preservação do
damentalmente, da ausência de escrúpulos morais. espírito de autonomia política e cidadania das comunida-
6. a) O primeiro texto parece referir-se aos astecas e o segun- des, conquistado no processo histórico de colonização.
do a algum grupo tupi-guarani.
b) As diferenças presentes nos dois textos explicam-se pela
diversidade cultural e tecnológica entre os povos cita-
dos, cujas sociedades estavam baseadas em modos de pro- UNIDADE II — É UMA CASA
dução econômica diversos, mais marcadamente estatal e PORTUGUESA, COM CERTEZA!
agrícola no primeiro caso, e tribal e extrativista, no se-
gundo. CAPÍTULO 4. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-
7. a) O texto é uma expressão da visão eurocêntrica, segundo ADMINISTRATIVA NA AMÉRICA PORTUGUESA
a qual somente a cultura européia tem valor.
b) Eram sociedades hierarquizadas, de caráter monárquico, 1. d 2. b 3. e
que desenvolveram civilizações agrícolas baseadas na cul- 4. a) Ao contrário dos portugueses, os tupis não considera-
tura do milho, com nível tecnológico comparável ao das vam a terra como propriedade particular, sendo as rique-
civilizações egípcia e babilônica. zas naturais acessíveis a todos os que as buscassem.
8. d b) Podemos citar: a necessidade de obter uma balança co-
9. a) A cidade de Tenochtitlán era a capital do Império Asteca. mercial favorável e o acúmulo de metais preciosos
Ela foi construída sobre um lago, ocupando uma vasta (entesouramento).
área urbana, na qual havia construções de grande porte. 5. d
b) Para tomar posse do território e marcar a dominação es-
panhola, apagando a memória do esplendor asteca. CAPÍTULO 5. ATIVIDADES ECONÔMICAS NA
AMÉRICA PORTUGUESA
1. c
CAPÍTULO 2. A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA 2. O texto refere-se à escravidão na África para abastecer o
ESPANHOLA tráfico negreiro. Ao fornecer tabaco e aguardente para o
1. d 2. e 3. d mercado africano, os traficantes recebiam escravos. Es-
tes se originavam, em geral, das guerras tribais. O co-
4. a) Criação de Vice-reinos, capitanias gerais, cabildos, audi-
mércio era realizado na forma de escambo. Quanto maior
ências, submetidas ao Conselho da Índias.

PARTE II — O VOLUME 2 53

HC-Manual prof. V. 2-ok 53 07/13/2005, 14:42


a necessidade de mão-de-obra escrava negra nas colô- 8. a) Foi o mais importante agrupamento de escravos fugi-
nias, mais freqüente era o escambo no litoral africano. dos do Brasil colonial. Localizado no interior do que é
3. c 4. e 5. c hoje o estado de Alagoas, durou quase um século até a
6. b 7. a 8. e sua destruição no final do século XVII. A população
9. a) O autor revela a desumanidade no trato com os escra- do quilombo aumentou com as fugas de escravos
vos, enfatizando a brutalidade, a violência e a falta de provocadas pelas guerras holandesas; além disso o
cuidado com a alimentação e vestuário dos trabalha- quilombo abrigava refugiados de outras etnias, como
dores escravizados. indígenas e judeus perseguidos pela Inquisição. Os
palmarinos faziam comércio com os engenhos vizinhos
b) O lucrativo comércio escravo africano, interessante e organizaram uma produção agrícola diversificada.
para a metrópole do ponto de vista da política
mercantilista, e os problemas demográficos decorren- b) Zumbi foi o último líder de Palmares e sua biografia
tes da alta mortandade indígena. simboliza a luta dos afrodescendentes na defesa, a qual-
quer preço, da liberdade.
10. Longas jornadas de trabalho forçado e repetitivo, traba-
lho essencialmente manual sem qualquer segurança quan- 9. c
to aos riscos de acidentes. 10. d
11. A conquista e colonização do Brasil pelos portugueses 11. a) No período da União Ibérica a ocupação do interior
causaram a desapropriação das terras dos nativos, a do território brasileiro pelos bandeirantes intensifi-
escravização, as guerras, a disseminação de doenças e a cou-se, pois não havia oposição espanhola a essa pre-
aculturação. sença e os conflitos diplomáticos entre Holanda e
12. a 13. e Espanha resultaram na invasão de Pernambuco e nor-
deste do Brasil e na perda dos territórios portugueses
14. a) Vaqueiro (no espaço rural) e artesão (no espaço urba- na África e na Indonésia para os holandeses.
no).
b) O Brasil tornou-se, após 1640, a única grande colônia
b) Além da presença de escolas religiosas (como havia do Império Português e haveria de arcar com as des-
na colônia), podemos citar também o caráter essen- pesas do reino de Portugal.

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cialmente teórico dos currículos escolares.

CAPÍTULO 6. A PRESENÇA HOLANDESA NO CAPÍTULO 7. A MINERAÇÃO NO BRASIL COLONIAL

NORDESTE AÇUCAREIRO
1. e
2. Sociedade predominantemente urbana; formação de uma
1. b classe média constituída por profissionais liberais, comer-
2. a) Era a área litorânea localizada entre os atuais estados ciantes, funcionários administrativos, numerosos
de Sergipe e Maranhão, dominada pelos holandeses artesãos, artistas; possibilidade de negros escravos alcan-
entre 1640 e 1654. A sede desta possessão era Recife, çarem a alforria; relativa mobilidade na estrutura social
em Pernambuco. e no espaço.
b) Durante a administração de Nassau (1637 – 1644), as 3. e
relações entre os holandeses e os senhores de enge- 4. a) A região mineradora estava geograficamente difundi-
nho caracterizaram-se por relativa tranqüilidade, pois da pelos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato
os interesses convergiam para o aumento da produção Grosso. A atividade mineradora era realizada em la-
açucareira. Os holandeses forneciam escravos e em- vras, normalmente nas margens dos rios, utilizando-
préstimos, e os senhores de engenho vendiam o açú- se a mão-de-obra escrava. Havia também garimpeiros
car a ser comercializado na Europa. livres, chamados faiscadores, que exploravam minas
3. a) A União Ibérica (1580-1640) foi prejudicial a Portu- abandonadas ou, eventualmente, novas áreas. Dedi-
gal, que perdeu algumas de suas áreas coloniais para a cando-se prioritariamente à mineração, a sociedade
Holanda, entre elas alguns territórios orientais, mineradora gerou demanda por abastecimento de di-
feitorias na África e parte do litoral do nordeste brasi- versos produtos, fato que estimulou o comércio e, con-
leiro. Esta situação foi uma represália dos holandeses seqüentemente, a urbanização.
em relação ao domínio espanhol. b) A atividade pecuária, realizada no sertão do nordeste e
b) O declínio econômico e político de Portugal levaram nos pampas do Rio Grande do Sul, com mão-de-obra
esta nação a um domínio ainda maior em relação ao livre, e a produção de mandioca, base da alimentação
Brasil, que passou a ser a mais importante fonte de colonial, realizada em pequena ou grande escala por todo
recursos da economia portuguesa. o território, largamente realizada em São Paulo.
4. e 5. a 6. e 5. a) À ganância dos exploradores de ouro associou-se a
7. a) O conde Maurício de Nassau foi o aristocrata que re- pressão portuguesa por meio da política fiscal, que
presentava a Companhia das Índias Ocidentais ho- objetivava extrair o máximo de ouro para cobrir o dé-
landesas no Brasil. Pode-se dizer que foi o mais ficit das transações externas de Portugal após o Trata-
humanista dos governantes que passaram pela colô- do de Methuen.
nia, trazendo consigo artistas como Post, Eckhout e b) A atividade mineradora contribuiu para a ocupação do
Macgraf, que se dedicaram a documentar a nova pos- interior da América portuguesa e estimulou o comér-
sessão holandesa. Seu governo foi marcado pela tole- cio interno da colônia.
rância, até que finalmente foi destituído do cargo pela 6. a) A produção de açúcar e de tabaco eram as principais
Companhia, que exigia dele um arrocho fiscal sobre atividades econômicas no século XVII.
os produtores de açúcar.
b) A estrutura burocrática responsável pelo fiscalismo portu-
b) O texto refere-se ao plano da construção da cidade de guês localizava-se nos portos exportadores, visando ex-
Recife como nova capital holandesa no Brasil, cha- trair da colônia o máximo de impostos que justificassem
mada de cidade Maurícia, na qual se empenhou pes- a existência do aparato administrativo colonial e resul-
soalmente o governador holandês. tassem em lucro para a Coroa portuguesa. Esta pressão,

54 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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prejudicial ao desenvolvimento da colônia, estimulava UNIDADE III — A ERA DAS
o embarque de mercadorias em portos alternativos, isto REVOLUÇÕES
é, a prática do contrabando.
7. b CAPÍTULO 9. O ILUMINISMO
8. No século XVIII o Brasil era a mais importante fonte de 1. d
metais preciosos da América. A acumulação dos recur- 2. O enciclopedismo buscava difundir ao máximo o conhe-
sos gerados pela mineração não se realizou na colônia, cimento científico, técnico, artesanal e filosófico, pro-
porque, por meio de pesados impostos, grande parte das curando “iluminar” a sociedade com as luzes da
riquezas foi levada para Portugal, onde as camadas aris- racionalidade. Ao mesmo tempo, a obra questionava de-
tocráticas e o Estado a empregaram com propósitos me- terminadas tradições obscurantistas, especialmente as
ramente estéticos. Outra parte do ouro foi encaminhada tradições políticas da França do século XVIII. Indireta-
para a Inglaterra para cobrir o déficit comercial portu- mente, a ideologia da Enciclopédia influenciou a Revo-
guês, em função principalmente do Tratado de Methuen. lução Francesa e a filosofia de Voltaire e Rousseau.
Por esse tratado, Portugal passava a importar tecidos da
3. a) No Estado absolutista, o rei era a autoridade suprema
Inglaterra, em troca da exportação de vinhos. Desta for-
e a lei não se aplicava a ele. Suas decisões eram
ma, o ouro do Brasil acumulou-se na Inglaterra e favore-
irrefutáveis e irrecorríveis.
ceu a Revolução Industrial naquele país.
9. a 10. a 11. c b) Pela concepção de Estado presente no Contrato social,
o poder do rei podia ser contestado quando ele desres-
12. b 13. b 14. b peitava os princípios que levavam os homens a se unir
em torno da soberania, que são a vida e a liberdade
CAPÍTULO 8. RELIGIÃO E SOCIEDADE NA dos súditos. Nesse sentido, a soberania reside no povo,
e é exercida em seu nome.
AMÉRICA PORTUGUESA
4. a) A idéia de dever pressupunha a subordinação da von-
1. a) No período colonial, as cidades mais importantes eram tade individual aos interesses do Estado.
os centros administrativos, com a função de arrecadar
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) Civilização baseada na idéia de direito é aquela na


impostos, taxas e defender o território. Várias cidades
qual os homens se unem, de maneira livre, para a or-
surgiram em torno de fortes, como Belém, São Luís,
ganização do Estado, mantendo determinadas prerro-
Natal, Fortaleza etc. Algumas cidades portuárias des-
gativas (direitos) que são o motivo desta união: a de-
tacavam-se pelo comércio externo, como Salvador,
fesa da vida, da propriedade e da vontade política.
Recife e Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, as cidades
tinham como função abastecer o mercado interno. Po- 5. A crítica fundamental do iluminismo repousava na ali-
rém a maioria das cidades na época colonial perma- ança entre Igreja e Estado, especialmente na justifica-
necia próxima ao litoral. ção do poder real baseado na Teoria do Direito Divino
de Governo, e em todas as formas de obscurantismo reli-
b) No período imperial, além das cidades que mantinham
gioso, político e econômico, como a Inquisição, a tortu-
suas funções tradicionais, desenvolveram-se novas ci-
ra, a censura e a escravidão. O iluminismo, baseado na
dades, com a expansão da lavoura cafeeira.
valorização da razão e da liberdade humana, pretendia
2. a) A colonização portuguesa efetivou-se inicialmente destruir o Estado absolutista.
pela instalação de núcleos próximos ao litoral, em que
navegantes, imigrantes e alguns poucos clérigos con- 6. a) O iluminismo valorizava a capacidade humana para a
viviam com os povos indígenas. razão, que deveria ser estimulada e esclarecida através
do estudo do ensino da filosofia, da ciência e da técnica.
b) As mulheres vindas de Portugal, fossem elas pobres,
órfãs ou prostitutas, tornariam-se aqui membros de b) A expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal, a ten-
uma classe dominante, e os homens poderiam reme- tativa de reformar o ensino, antes controlado pelos
diar suas almas casando-se conforme as leis da Igreja. inacianos.
O estímulo à vinda de mulheres para a colônia revela 7. a) Os direitos à vida, à propriedade, à liberdade política
também a preocupação de evitar a miscigenação dos e à opinião.
portugueses com os indígenas. b) Não intervenção do Estado na economia, que se auto-
3. a 4. a) V; b) V; c) V; d) V; e) V. regula pelas leis de oferta e procura e livre concorrên-
5. a) Como razão ideológica, a idéia de que os índios não cia, livre circulação de mercadorias e valorização dos
eram dotados de alma, comparando-os a animais. lucros individuais na atividade econômica.
Como razão econômica, a falta de recursos para com- c) As idéias socialistas.
prar escravos africanos, como acontecia na Capitania 8. a) “Que seja mantida a inteira liberdade de comércio...”
de São Vicente. b) A crítica ao poder político absolutista e a valorização
b) Os interesses econômicos do governo e da burguesia do individualismo.
metropolitana, que lucravam com o tráfico escravo 9. e
africano, o que não acontecia com a escravidão indí-
gena.
6. a 7. c
CAPÍTULO 10. AS REVOLUÇÕES INGLESAS
8. a) O uso de linguagens compreensíveis pelo indígena, 1. c
como o recurso à música e ao teatro, o uso da língua 2. a) Monarquia: manter o regime absolutista; nobreza: man-
indígena na catequese e a organização dos indígenas ter os títulos, as terras e, se possível, diminuir o poder
em reduções (missões) jesuíticas, em que o trabalho real; burguesia: eliminar os privilégios e as restrições eco-
era organizado pelos jesuítas. nômicas e participar do governo.
b) A expansão do catolicismo através da atividade b) Participando do governo, a burguesia eliminou as restri-
missionária e a consolidação de uma utopia social, na ções econômicas mercantilistas, em direção a uma polí-
construção de uma sociedade diferente da Européia, tica econômica liberal.
na região dos Sete Povos das Missões. 3. a) Conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do
9. a 10. b Norte, região dominada pela Inglaterra.

PARTE II — O VOLUME 2 55

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b) Os católicos são favoráveis à independência da Irlanda 2. a) A Bastilha representava um símbolo da repressão ab-
do Norte e a sua anexação; os protestantes apóiam o do- solutista, pois nela eram presos os inimigos do rei; e os
mínio inglês. populares, ao invadi-la, imaginavam encontrar ali ar-
c) Durante o governo Cromwell, quando houve a ocupa- mas e pólvora.
ção da região, o confisco de terras e sua distribuição en- b) A revolta limita-se à reação violenta contra uma situação
tre os protestantes ingleses. conjuntural. A revolução significa um processo de ruptu-
4. b ra com as estruturas políticas, sociais e econômicas.
5. a) O exército puritano foi organizado por Oliver Cromwell. 3. a) Ao absolutismo monárquico.
b) A Revolução Puritana foi um movimento em que o rei e b) Durante a fase da Assembléia Constituinte foi
a nobreza anglicana, representando o poder absolutista estabelecida a Declaração dos Direitos do Homem e do
e elitista, entraram em luta contra a burguesia e a peque- Cidadão, a sociedade articulou-se em grupos político-
na nobreza, de ideologia liberal, predominantemente partidários que desfrutavam de livre opinião. Apesar dis-
presbiteriana e puritana. Com a vitória deste último gru- so, durante o processo revolucionário, os direitos huma-
po, a monarquia foi derrubada e o rei decapitado, e o nos e as liberdades políticas foram sucessivamente redu-
poder foi entregue ao Parlamento. zidos, na Convenção e no Diretório.
6. b 4. a) A alta burguesia, descontente por arcar com a maior parte
dos tributos; os trabalhadores urbanos assalariados, que além
de descontentes com o ônus do pagamento de tributos sen-
CAPÍTULO 11. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL tiam mais de perto os efeitos da crise do Antigo Regime
1. c 2. d pelas precárias condições de trabalho e de vida em que vivi-
3. a) As ações do movimento ludista caracterizavam-se pela am nas cidades; e os camponeses e servos, que buscavam
mobilização coletiva de indivíduos armados de ferramen- libertar-se das condições impostas pelo Antigo Regime.
tas, porretes e de armas ao alcance das mãos, para impos- b) A proclamação dos direitos do homem e do cidadão e a
sibilitar o funcionamento das fábricas. Era um movimento Constituição Republicana, que estabeleceram a igual-
de caráter rebelde, sem outra proposta política que não dade dos indivíduos perante a lei e a abolição dos privi-

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fosse a destruição da técnica visando um retorno às for- légios feudais.
mas artesanais de produção. 5. b 6. a) F; b) V; c) V; d) F; e) F
b) O movimento ludista (nome originário do líder Nelson 7. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, apro-
Ludd) teve origem no grande choque do sistema fabril vada pela Assembléia Nacional Constituinte em 1789, es-
sobre os tecelões e outros artesãos, que ficaram desem- tabeleceu a igualdade jurídica, mas também o direito à pro-
pregados ou foram obrigados a trabalhar em fábricas re- priedade privada e à transmissão da propriedade por heran-
cebendo um salário vil. Buscavam restaurar o antigo sis- ça. Estes direitos correspondiam aos interesses da burguesia
tema de produção (mais vantajoso para o artesão) pela triunfante e relegavam os pobres a uma situação de classe
destruição pura e simples das máquinas. subalterna. Neste sentido, a declaração não modificou as
4. e 5. d bases da sociedade em direção a uma sociedade igualitária,
6. A superioridade política da burguesia inglesa após a Re- limitando o alcance da democracia.
volução Gloriosa em 1688, que estabeleceu a monar- 8. Os sans-culottes constituíam a massa urbana, que se entusi-
quia parlamentarista, submetendo a autoridade real ao asmou com as promessas de igualdade e fraternidade. Parti-
Parlamento liderado pela burguesia; o acúmulo de capi- ciparam das jornadas revolucionárias de 1789 e, na ocasião
tais durante a fase mercantilista do capitalismo, a partir da queda da Bastilha, apoiaram os movimentos partidários
da hegemonia exercida no comércio marítimo interna- de esquerda, em especial os jacobinos e montanheses, e
cional, principalmente após o Ato de Navegação de muitos se alistaram no exército revolucionário.
1651; os cercamentos das terras comunais, que provo- 9. e 10. c 11. b
caram a ruína dos arrendatários e pequenos proprietá- 12. c 13. a
rios de terras, que foram obrigados a abandonar o cam- 14. A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão é
po, formando um excedente de mão-de-obra barata para um documento baseado nas idéias políticas do
as indústrias. Iluminismo, em particular na teoria do contrato social
7. a) O carvão era o combustível essencial para o funciona- de Rousseau, caracterizando-se pela defesa da igualda-
mento das máquinas a vapor e dos fornos das siderúrgi- de dos cidadãos perante a lei e pela defesa da liberdade
cas, que produziam máquinas e trilhos feitos de ferro de expressão. O texto da declaração foi aprovado em
necessários à expansão industrial. Assembléia que expressava os valores da burguesia en-
b) As condições de trabalho caracterizavam-se pela insegu- tão no poder e, na época em que foi escrito, represen-
rança, insalubridade, extenuantes jornadas de trabalho, tou um avanço político em relação ao absolutismo.
baixos salários, e exploração do trabalho feminino e in- Como documento marcadamente da época, porém, ele
fantil. não contempla as idéias de igualdade democrática, em
8. Durante a Revolução Industrial as cidades cresceram que as minorias e os mais fracos são contemplados com
desordenadamente, por causa do êxodo rural. A diferenci- os direitos mínimos necessários para sua sobrevivência
ação social refletia-se na divisão de espaço entre ricos e e participação política.
pobres, sendo que as camadas sociais mais pobres viviam
em aglomerações sem saneamento básico e higiene. CAPÍTULO 13. O IMPÉRIO NAPOLEÔNICO
1. b 2. b 3. c
CAPÍTULO 12. A REVOLUÇÃO FRANCESA 4. a) Apesar da tendência liberalizante de Napoleão, sua presen-
1. a) Sociedade estamental; monarquia absolutista; privilégios ça na Espanha despertou a revolta da população espanhola.
mantidos pelo primeiro e pelo segundo estados e carga b) Sim. O caso da ocupação do Iraque por tropas norte-ameri-
tributária onerando exclusivamente o terceiro estado. canas, apesar do discurso em prol da democracia no país, en-
b) Liberdade de culto; liberdade de expressão; abolição dos frenta uma forte resistência de grupos iraquianos de orienta-
direitos feudais; igualdade perante a lei. ção nacionalista ou de orientação fundamentalista islâmica.

56 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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5. Durante as conquistas napoleônicas, as tropas francesas e vela uma habilidade para atividades “letradas”, pouco
os governos apoiados por Napoleão difundiram as doutri- mencionada na historiografia.
nas liberais surgidas durante o iluminismo e consagradas na b) A eventual liberdade dos negros levaria à ruptura das
Revolução Francesa de 1789, tais como a igualdade jurídi- estruturas vigentes, sobretudo as relações escravistas de
ca, os direitos do cidadão, bem como a defesa de institui- trabalho, e à perda dos investimentos feitos na compra
ções do governo constitucional e o Código Civil. de escravos.
c) A visão tradicional da independência desconsidera a par-
ticipação dos negros no processo, enquanto o texto de-
monstra o contrário.
UNIDADE IV — UM PERÍODO DE
8. a) Movimentos emancipacionistas.
EBULIÇÃO
b) De modo geral, os referidos movimentos emancipacionistas
CAPÍTULO 14. A INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA tiveram influência das idéias políticas e intelectuais do
liberalismo e do enciclopedismo. As idéias de direitos
INGLESA
do cidadão e de soberania popular resultaram em movi-
1. a) A “colonização de povoamento”, baseada na pequena mentos políticos como a Revolução Americana e a Revo-
propriedade, no trabalho livre e na produção voltada para lução Francesa, que influenciaram, respectivamente, a In-
o mercado interno. confidência Mineira e a Conjuração Baiana.
b) O estabelecimento do sistema federativo é o mais adequa- 9. Um dentre os objetivos:
do quando se pretende resguardar a autonomia das enti- a) pôr fim à opressão colonial.
dades políticas que compõem a união. A formação histó- b) acabar com a cobrança da derrama.
rica dos Estados Unidos, essencialmente descentralizada, c) dar um governo liberal às Minas Gerais.
refletiu-se neste sistema, no qual apenas as questões mais
importantes são decididas pelo governo central. d) estabelecer uma universidade em Vila Rica.
2. a 3. b 4. a 5. c e) acabar com o exclusivo comercial na região.
6. a) A Inglaterra vivia o processo de cercamentos, gerador f) emancipar Minas e Rio de Janeiro de Portugal.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do êxodo rural e instabilidade social. Além disso, envol- Os membros letrados da sociedade mineradora tomavam
veu-se em guerra com a França (Guerra dos Sete Anos – conhecimento, no final do século XVIII, das idéias
1756-63), elevando os gastos do Estado. iluministas, através de obras consideradas como infames
b) Criação do monopólio do chá pela Companhia das Ín- e perigosas pelo governo português. Por intermédio des-
dias Ocidentais inglesas; taxação de livros e impressos ses representantes da sociedade mineira, conversas e in-
(Lei do Selo). trigas eram realizadas de maneira secreta, muitas vezes
no âmbito da maçonaria, em salas fechadas, conspiran-
do-se contra o governo metropolitano.
CAPÍTULO 15. O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
10. a) A derrama foi uma forma impopular de cobrança de im-
DA AMÉRICA PORTUGUESA
postos, que significava uma cobrança policial pela busca
1. b 2. a) V; b) V; c) V; d) F e apreensão de impostos atrasados na residência dos de-
3. a 4. c vedores.
5. a) Revolução do Porto. b) A derrama foi instituída pelo governo português para
b) As principais medidas foram: forçar a volta da corte garantir a arrecadação total das cotas anuais de 100
(ou família real) para Portugal, convocar eleições para arrobas de ouro pelas áreas mineradoras, quantia
a Assembléia Constituinte e iniciar um processo de estabelecida na segunda década do século XVIII, quan-
recolonização do Brasil, revogando todas as medidas li- do as minas ainda estavam longe do esgotamento exis-
berais estabelecidas pela administração joanina, atin- tente no final do referido século.
gindo interesses da elite colonial. A insatisfação gera-
da por essa atitude levou os grupos dominantes no Bra- CAPÍTULO 16. O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
sil a desencadearem o processo de independência, con- DA AMÉRICA ESPANHOLA
cretizado em 1822.
6. As inconfidências mineira e baiana, ocorridas no Brasil 1. a 2. a
no final do século XVIII, foram movimentos de caráter 3. a) O episódio ocorreu no contexto da Revolução Fran-
emancipacionista e republicano, tendo ocorrido sob in- cesa, pois ao proclamar a igualdade de direitos entre
fluência das idéias de soberania popular que justificaram os cidadãos, a Assembléia não incluiu, entre estes, os
a independência dos Estados Unidos e a Revolução habitantes de suas colônias, mantendo a escravidão.
Francesa. b) A independência do Haiti caracterizou-se pela liber-
A Inconfidência Mineira, em 1789, foi um movimento de tação dos escravos e pela liderança de origem africa-
caráter mais elitista, uma vez que a pauta das críticas dos na, fato que provocava, nos senhores de terra brasilei-
inconfidentes recaía sobre a tributação metropolitana nas ros, medo de uma rebelião escrava nos moldes
Minas Gerais, não cogitando estender a pretendida liber- haitianos.
dade aos escravos. A Conjuração Baiana de 1798, organi- 4. a) O processo de independência do Haiti foi marcado por
zada pelas elites representadas pela sociedade maçônica lutas anticoloniais e antiescravistas, sem uma organiza-
Cavaleiros da Luz, constituiu-se num movimento de ca- ção teórica e ideológica além das contidas numa leitura
ráter popular por contar com lideranças ligadas às cama- mais radical das idéias da Revolução Francesa.
das mais humildes de Salvador, como artesãos e alfaiates. b) Na América espanhola a luta anticolonial foi conduzida
Defendeu a abolição da escravidão e a extensão da igual- pelos descendentes de espanhóis nascidos na América,
dade de direitos aos negros. que acabaram por constituir uma elite local. Este pro-
7. a) O texto mostra uma ação política, resultante da cons- cesso caracterizou-se pelo republicanismo, pela fragmen-
ciência do processo histórico em curso, pois a atitude tação territorial e pela manutenção da estrutura econô-
do escravo revela, inclusive, a capacidade de articula- mica agroexportadora.
ção por meio de redação de requerimentos, o que re- 5. d

PARTE II — O VOLUME 2 57

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CAPÍTULO 17. O CONGRESSO DE VIENA E AS CAPÍTULO 19. UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA
REVOLUÇÕES LIBERAIS E DA ALEMANHA
1. a) Regimes constitucionais, com direitos e deveres para os 1. c, d 2. e 3. c 4. c
cidadãos e os governantes, limitação da autoridade go- 5. Na Itália, o processo de unificação contou com o apoio dos
vernamental; divisão e equilíbrio de poderes; alternância setores populares, porém foi conduzido pela burguesia e pela
no poder; eleições periódicas; tempo determinado para aristocracia. Na Alemanha, o processo realizou-se a partir
os cargos de representação. do Estado prussiano, que transformou a unificação no pro-
b) A Santa Aliança, surgida durante o Congresso de Vi- cesso de modernização capitalista, sem contar com o apoio
ena, era uma aliança reacionária, que congregava as das camadas populares.
monarquias absolutas na Europa. Visava restaurar o 6. Bismarck mostrava-se descrente com a união européia em
Antigo Regime, combater os movimentos revolucio- função dos diversos e crescentes movimentos nacionalistas
nários liberais e os regimes constitucionais. Pretendia da época, como os de unificação da Itália e dos países da
também restabelecer o colonialismo mercantilista. Europa oriental. Ao mesmo tempo, a Alemanha pregava
2. a uma política de desenvolvimento industrial baseada em
3. a) A Santa Aliança foi organizada para evitar as eventuais guerras e expansionismo colonial, o que expressava a con-
revoluções de caráter liberal que ameaçassem o Estado corrência da Alemanha com as outras potências da Europa.
absolutista. 7. d 8. b 9. b 10. a
b) A ausência da Inglaterra, contrária aos interesses
recolonizadores da Santa Aliança, em virtude das liga- CAPÍTULO 20. O IMPERIALISMO NA ÁFRICA
ções comerciais entre esta nação e as novas nações inde- E NA ÁSIA
pendentes da América Latina. 1. d 2. d 3. e 4. d
4. a 5. b 6. e 5. b 6. d 7. d 8. b
7. O liberalismo, contrário ao absolutismo monárquico e favorá- 9. Entre os diversos fatores, devemos destacar a necessidade
vel à soberania popular, adquiriu caráter nacionalista, pois o de exportação de mercadorias, para resolver as constantes

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


conceito de povo, base da soberania popular, necessitava de crises de superprodução européias, as necessidades de ex-
limites étnicos e lingüísticos para se estabelecer. O socialismo, portação de capitais e a busca por fornecedores de matéria-
resultado da análise radical das propostas liberais de igualdade prima para a indústria.
e democracia, associou-se ao movimento como fermento revo-
10. d
lucionário, em função do caráter popular daquelas revoluções.
11. a) As culturas africanas e asiáticas, diferentes dos padrões
8. a 9. c
europeus ocidentais, à época da expansão imperialista
nos referidos continentes.
CAPÍTULO 18. A FORMAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS b) A visão estreita do “outro”, baseada no mito da própria
1. c 2. e 3. c 4. c 5. c superioridade, característica do darwinismo social e ex-
6. a) Com a vitória do norte industrial, o capitalismo industrial pressa na ideologia da colonização como missão civi-
se desenvolveu e o trabalho livre foi consolidado, a estrutu- lizatória do homem branco.
ra agrária dos Estados Unidos mudou e o país expandiu seu
mercado interno de consumo, preparando-se para assumir CAPÍTULO 21. O MOVIMENTO OPERÁRIO E O
uma posição de destaque no cenário econômico mundial. ADVENTO DO SOCIALISMO
b) Durante a Guerra Civil, a produção algodoeira do sul 1. d 2. d 3. a 4. c
dos Estados Unidos foi prejudicada, fato que levou a In- 5. a 6. a 7. a 8. a
glaterra a estimular o plantio do produto na província
9. a) À Comuna de Paris.
de São Paulo e em outras partes do mundo.
b) Consistiu na instalação de um governo operário na ci-
7. a) A Doutrina Monroe propunha uma união das nações do
dade de Paris, após a derrota francesa na Guerra Franco-
continente americano sob a liderança dos Estados Uni-
Prussiana (1870-1871).
dos, como forma de evitar as tentativas de recolonização
européia sobre a América Latina. c) A Comuna de Paris representou a primeira experiência
de um governo popular dos trabalhadores com base no
b) No início do século XX, Theodore Roosevelt
ideal socialista.
reinterpretou a Doutrina Monroe no sentido de realizar
intervenções militares nas nações da América Latina 10. a
sempre que os interesses comerciais norte-americanos fos-
sem prejudicados. Um exemplo deste caso foi a secessão CAPÍTULO 22. O GOVERNO DE D. PEDRO I
do Panamá do território colombiano, 1. c
8. a) Imperialismo, cuja principal característica econômica é 2. Uma independência política, mas mantendo as tradicio-
utilizar os territórios dominados como mercado consu- nais estruturas socioeconômicas: latifúndio, monocultura,
midor cativo dos interesses do país dominante. mão-de-obra escrava; predomínio de atividades primárias;
b) Mark Twain identificava os efeitos nefastos e desumanos exportação de produtos primários, sociedade aristocrática
do expansionismo norte-americano para as nações do- e escravocrata. Enfim, uma independência conservadora,
minadas. Baseado em princípios humanistas, o autor cri- com mudanças na aparência, mas não na essência.
ticava a política externa de seu país, mais apropriada- 3. A onda liberal, que atingiu profundamente a Europa a
mente caracterizada como uma prática típica de piratas. partir da Revolução Francesa de 1789, alcançou o Bra-
9. O norte industrializado desejava a abolição da escravidão sil. Nossa elite, influenciada pelas idéias liberais,
como uma forma de ampliar o mercado consumidor inter- posicionou-se a favor da independência política e eco-
no, enquanto o sul escravocrata dependia da mão-de-obra nômica em relação à metrópole, mas rejeitou qualquer
escrava para o trabalho nos latifúndios monocultores, e não possibilidade de alterar a estrutura social. O Brasil per-
aceitava a imposição da abolição pelo governo de Abraham maneceria uma nação escravocrata, através de uma in-
Lincoln, iniciando o conflito. terpretação distorcida das idéias liberais.

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4. a) O governo monárquico de tendência absolutista, implan- leira ao capitalismo internacional, estimulando a urbani-
tado por D. Pedro I. zação e a industrialização da cidade de São Paulo.
b) O sistema republicano e liberal, que pretendiam fazer b) A idéia construída pelo poema é de um passado e de um
vigorar no nordeste do Brasil. presente articulados no destino histórico de São Paulo,
5. c marcados pelo arrojo e pelo empreendedorismo. Percebe-
6. Podemos considerar que em 1822 D. Pedro representava os mos nesses versos a visão enaltecedora do progresso e da
interesses das elites agrárias e de grupos liberais que não industrialização que marcou o movimento modernista.
aceitavam a recolonização. Porém, em 1831 a situação ha- 2. A oligarquia cafeeira do oeste paulista, a mão-de-obra imi-
via mudado: D. Pedro estava interessado nos problemas di- grante e as camadas médias urbanas, ligadas respectivamente
násticos portugueses e suas atitudes absolutistas e pró-Por- à economia cafeeira paulista, atividades de produção de ali-
tugal abalaram o apoio brasileiro ao imperador. mentos e comerciais nas colônias de imigrantes do sul do
7. c Brasil e diversas atividades de prestação de serviços ligadas
à modernização do Brasil, principalmente no Rio de Janei-
8. A Inglaterra tinha interesse na manutenção do livre comér-
ro, grande centro cosmopolita brasileiro do século XIX.
cio com o Brasil, que já se estabelecia desde 1808, com a
abertura dos portos às nações amigas, e não desejava perder 3. O caráter imoral da escravidão, considerada antinatural, a
mercado consumidor no caso de uma tentativa de re-coloni- incompatibilidade do sistema escravocrata com a econo-
zação, como propunha a Revolução Liberal do Porto. mia capitalista, as conseqüências nefastas do sistema para a
sociedade, em função da segregação racial.
9. a) No processo de emancipação política da América espanhola,
4. d 5. d
diversas revoltas em diferentes pontos do Império espanhol
resultaram na formação de muitas repúblicas, lideradas pe- 6. a) O próprio imperador.
las oligarquias locais. Este processo caracterizou-se pela frag- b) Ao contrário do parlamentarismo inglês, em que a
mentação política do antigo território espanhol. No Brasil, escolha popular decidia o partido vencedor, o qual es-
inversamente, o território não chegou a fragmentar-se, em colhia o primeiro-ministro, no Brasil o ministro era
virtude da centralização do poder em um regime monárquico escolhido pelo imperador, chefe do Poder Moderador,
que reprimiu as tentativas de rebelião. Este processo garantiu e este, através de eleições fraudulentas, fazia a maio-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a manutenção da unidade territorial. ria no Congresso.


b) A tentativa de recolonização das cortes portuguesas em 7. a) A Tarifa Alves Branco majorou as taxas alfandegárias em
relação ao Brasil e o contexto da época, favorável ao mais de 100% com relação às taxas de 1810, no sentido de
liberalismo e às idéias de autonomia dos povos. aumentar a arrecadação alfandegária do governo imperial.
10. Como aspectos econômicos, podemos citar a crise da econo- b) O bloqueio da industrialização do Brasil, à época, era
mia agroexportadora, em virtude dos baixos preços interna- decorrência do reduzido mercado interno e do restrito
cionais do açúcar e do algodão, principais produtos brasilei- capital acumulado, que só se tornariam presentes com a
ros na época, além do déficit nas contas do governo, em vir- abolição do tráfico escravo, com a expansão da econo-
tude das guerras de independência da Província Cisplatina e mia cafeeira e com o fim da escravidão.
da falsificação de moedas. Como fato político, podemos citar 8. d 9. c 10. c
a intenção de D. Pedro I em participar da sucessão do trono 11. a) A legislação brasileira favorecia os interesses da oligar-
português, e o sentimento antilusitano, resultante da ligação quia latifundiária, que buscava evitar que os trabalhado-
entre o imperador e o partido português. res agrícolas pudessem abandonar as fazendas para culti-
var uma propriedade particular. Nos Estados Unidos, pre-
CAPÍTULO 23. O PERÍODO REGENCIAL valeceu o interesse industrial, preocupado em formar um
mercado interno de consumo.
1. b 2. c b) Enquanto os Estados Unidos expandiram seu mercado
3. A Balaiada foi um movimento ocorrido numa das províncias interno, aumentando a produção agrícola e estimulando
mais pobres do Brasil, o Maranhão, no qual a ação popular a industrialização, no Brasil, a política agrária estimulou a
não era coordenada à ação política das elites. Já a Farroupilha manutenção de latifúndios improdutivos em benefício
foi um movimento separatista organizado pelas elites agrá- de uma oligarquia agrária.
rias dos pampas gaúchos, que ganhou contornos regionalistas 12. c 13. a
e liberais. Em ambos os casos, a crise da economia exporta-
dora brasileira e as distâncias geográficas entre o poder cen- CAPÍTULO 25. A AMÉRICA LATINA NO
tral e as províncias foram fatores facilitadores das rebeliões.
SÉCULO XIX
4. a 5. e 6. b 7. d
1. d 2. c
8. a) Cabanagem: população de homens livres e pobres, de
3. Na Europa, durante o século XIX, ocorreu verdadeira explo-
origem indígena, escravos, em suma, as classes baixas que
são demográfica, gerando enorme excedente populacional.
viviam em moradias precárias. Farroupilha: estancieiros,
Apesar da expansão da industrialização, a mecanização da agri-
fazendeiros pecuaristas e pessoas a eles ligadas por laços
cultura continuava a liberar mão-de-obra. Na América Lati-
familiares, sociais e econômicos.
na, a baixa densidade demográfica, a disponibilidade de terras
b) Havia uma nítida discriminação racial na análise dos e a expansão da agricultura exigiam o aporte de mais trabalha-
movimentos rebeldes, baseada no preconceito contra os dores, em especial nas porções meridionais do continente.
pobres e indígenas. De resto, o movimento cabano assu-
4. a) Foi um desenvolvimento baseado em investimentos ex-
miu um caráter de luta social com contornos raciais,
ternos e companhias estrangeiras, em projetos de mine-
enquanto a revolta farroupilha caracterizou-se apenas por
ração e grandes propriedades agrícolas.
seu caráter político e econômico.
b) A condição da população de origem indígena no Méxi-
co era de opressão social e pobreza econômica, em fun-
CAPÍTULO 24. O GOVERNO DE D. PEDRO II ção, principalmente, dos interesses dos latifundiários e
1. a) Inicialmente, os paulistanos dedicavam-se ao bandeirismo, das grandes companhias.
devassando o interior. Depois, à expansão da cultura do c) Camponeses, operários e as camadas médias urbanas de
café, produto voltado à exportação, utilizando a rede fer- esquerda.
roviária então instalada, e integrando a economia brasi- 5. a

PARTE II — O VOLUME 2 59

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Parte III — Sugestões bibliográficas

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60 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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62 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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64 SUPLEMENTO DE APOIO AO PROFESSOR

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