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Mensageira

do Senhor
O Ministério Profético de Ellen G. White

“Cedo, em minha juventude, foi-me perguntado

várias vezes: Você é uma profetisa? Tenho respondido

sempre: Sou a mensageira do Senhor. ... Meu Salvador

declarou-me ser eu Sua mensageira.”

– Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 32.

Herbert E. Douglass

Tradução
José Barbosa da Silva

Casa Publicadora Brasileira


Tatuí, São Paulo
Sumário
Prefácio ix
Agradecimentos xi
Apresentação xiii

SEÇÃO
CAPÍTULO O Sistema Divino de Comunicação

1 O Revelador e o Revelado 2
2 Deus Fala Pelos Profetas 8
3 Características dos Profetas 26

II

SEÇÃO
A Verdadeira Ellen White

4 A Pessoa e a sua Época 44


5 Mensageira, Esposa e Mãe 52
6 Saúde Física 62
7 Características Pessoais 68
8 Como Outros a Conheceram 80
9 Bom Humor, Bom Senso e Conselheira Prática 94
10 Pioneira Americana e Mulher Vitoriana 102
11 A Escritora Prolífica 108
12 A Oradora Solicitada 124

III
SEÇÃO
A Mensageira que Escuta

13 Transmitindo a Mensagem de Deus 134


14 Confirmando a Confiança 144
15 Instruções e Predições Oportunas 150
16 Percepção da Mensageira Sobre Si Mesma 170

v
IV
SEÇÃO
VII

SEÇÃO
CAPÍTULO
A Voz de um Movimento CAPÍTULO
Como Avaliar a Crítica
17 Organização e Desenvolvimento Institucional 182 41 A Verdade Ainda Liberta 468
18 Crises Teológicas 194 42 Crítica Sobre Relacionamentos Pessoais 478
43 Predições e Observações Científicas 486
19 Evangelismo Regional e Relações Raciais 210 44 A Porta Fechada – Estudo de um Caso 500
20 Mordomia e Relações Governamentais 220
21 Dissidentes, Dentro e Fora 228
21a Personalidades do Mundo Adventista de Ellen G. White (Seção de Fotos) 239

VIII

SEÇÃO
V
SEÇÃO

Relevância Permanente da Mensageira do Senhor


Promotora de Conceitos Inspirados 45 Preenche Ellen White as Condições? 514
46 Ela Ainda Fala 528
47 Mensageira e Mensagem Inseparáveis 534
22 O Tema Unificador 256
23 Esclarecimento Acerca das Principais Doutrinas 268
24 Princípios de Saúde/1: Surgimento de uma Mensagem de Saúde 278 Apêndice A Reuniões Campais no Início do Século Dezenove 542
25 Princípios de Saúde/2: Relação Entre Saúde e Missão Espiritual 288 Apêndice B Contexto da Troca de Correspondência Entre Tiago
26 Princípios de Saúde/3: Melhor Qualidade na Saúde Adventista 300 e Ellen White em 1874 543
27 Princípios de Saúde/4: Princípios e Práticas 310 Apêndice C Trechos do livro de Robert Louis Stevenson
28 Princípios de Saúde/5: Um Século de Princípios de Saúde 320 Across the Plains (1892) 544
29 Educação/1: Princípios e Filosofia 344 Apêndice D Lista Parcial das Visões de Ellen G. White 546
Apêndice E Pressuposições Básicas Compartilhadas Pela Maioria
30 Educação/2: Estabelecendo Instituições Educacionais 354
dos Críticos da Questão da Porta Fechada 549
31 Princípios Editoriais, Sociais e de Temperança 362
Apêndice F Condicionada Pelo Tempo ou Relacionada com o Tempo? 550
Apêndice G O Progresso de Ellen White na Compreensão das Próprias Visões 552
Apêndice H Ellen White Enriqueceu a Expressão “Porta Fechada” 554

VI
SEÇÃO

Apêndice I Ellen White Liderou o Desenvolvimento de uma


Mensagem Orientada Pela Bíblia 555
Como Escutar a Mensageira Apêndice J Resposta Quanto à Supressão da Expressão “Mundo Ímpio” 557
Apêndice K Por que Ellen White Parecia Alcançar Somente os Defensores
32 Hermenêutica/1: Princípios Básicos 372 da Porta Fechada 559
33 Hermenêutica/2: Regras Básicas de Interpretação – Internas 386 Apêndice L Principais Acusações Contra Ellen White Sobre a
34 Hermenêutica/3: Regras Básicas de Interpretação – Externas 394 Questão da Porta Fechada e Refutações Através dos Anos 560
35 Hermenêutica/4: Os Escritores Bíblicos e Ellen White 408 Apêndice M Carta de 13 de Julho de 1847 a José Bates 566
Apêndice N Última Vontade e Testamento de Ellen G. White 569
36 Hermenêutica/5: Autoridade e Relação com a Bíblia 416
Apêndice O Comentários de Líderes Nacionais, no Início da Década de 1860,
37 Hermenêutica/6: A Autoridade de Ellen White em sua Época 426
a Respeito da Crise Escravista 572
38 Hermenêutica/7: Congresso Bíblico em 1919 434 Apêndice P A Elipse da Verdade da Salvação 573
39 Como os Livros Foram Escritos 444 Bibliografia 576
40 Como os Livros Foram Preparados 456 Índice Geral 580

vi vii
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
O ministério profético de Ellen G. White

Prefácio
E
m meados da década de 1950, T. Housel Jemison, um dos diretores associados do Pa-
trimônio Literário White, escreveu um livro intitulado A Prophet Among You. Essa
abrangente obra sobre o dom de profecia focalizou especificamente a vida e o minis-
tério de Ellen G. White e foi, durante muitos anos, utilizada nos colégios adventistas
como livro didático sobre o dom de profecia.
Em décadas recentes, porém, temos aprendido muita coisa a respeito de inspiração/revela-
ção. Foi isso o que levou os Depositários do Patrimônio Literário White em 1989 a autorizar
a produção de um novo livro. Entre os patrocinadores desse projeto, acham-se o Patrimônio
Literário White, e também o Departamento de Educação e o Conselho de Educação Supe-
rior da Associação Geral.
Herbert E. Douglass foi a pessoa escolhida para escrever este livro. O Dr. Douglass, pro-
fessor de Espírito de Profecia em seminários teológicos, também havia trabalhado como di-
retor de colégio, redator associado da Adventist Review e editor de livros da Pacific Press.
Ele começou a trabalhar no projeto imediatamente, fazendo uma pesquisa completa sobre
o assunto.
Embora as referências ao longo do livro reflitam a influência de uma plêiade de eruditos e
de idéias, o fato de um autor ser citado a respeito de determinado assunto não deve ser en-
tendido como endosso a ele nem a todas as idéias e posturas por ele defendidas.
Cremos que este livro apresenta o ministério profético de Ellen G. White de um modo que
o torna atrativo tanto para jovens como para idosos. Ao invés de abordar o assunto partindo do
abstrato para o pessoal, ele o faz do pessoal para o abstrato. Em resultado, os leitores vão conhe-
cer o dom de profecia à medida que obtiverem informações pessoais sobre a Sra. White. Além
disso, eles serão dirigidos para mais perto do Deus pessoal a quem ela servia; admirarão a ma-
neira sábia e cuidadosa como Ele transmitia Suas mensagens a Sua mensageira; e ficarão sur-
presos ao observarem o modo como Ele a guiou através dos campos minados da teologia, da
medicina e da sociologia de sua época.
Os leitores encontrarão no fim de cada capítulo uma série de perguntas que os levará a um
estudo mais avançado e profundo do assunto abrangido pelo capítulo. As perguntas podem
funcionar como uma recapitulação do capítulo e podem ser um estímulo à pesquisa, aumen-
tando a compreensão dos leitores sobre o tema apresentado.
Cremos que todos quantos lerem este livro compreenderão melhor a maneira como Deus
atua por meio de Seus profetas, e ficarão profundamente convictos de que Ellen White rece-
beu o chamado divino para o ofício profético. Enfrentarão o futuro com confiança renovada
e fé robustecida, exclamando juntamente com a mensageira de Deus: “Nada temos que re-
cear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado,
e os ensinos que nos ministrou no passado.” – Life Sketches, pág. 196 (ver Mensagens Escolhi-
das, livro 3, pág. 162).

Depositários do Patrimônio Literário White


Silver Spring, Maryland
ix
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O ministério profético de Ellen G. White

Agradecimentos
O
s livros não surgem do nada. Uma sões presentes no texto, muito contribuíram
vida toda de influências se derra- para o nível de exatidão deste livro. Além
ma na mente do escritor, e todas destes dois eruditos, sinto-me em grande dé-
aquelas pessoas, livros e professo- bito para com os Drs. Robert Olson e Roger
res do seu passado superlotam o ônibus cere- Coon, que, em anos anteriores, fizeram meti-
bral que o autor dirige na elaboração do seu culosa pesquisa sobre muitos dos temas trata-
manuscrito. Embora o escritor reconheça dos neste livro.
plenamente que foram outros que encheram Entre muitos outros que prestaram ajuda e
para ele este imenso reservatório, ser-lhe-ia forneceram sugestões oportunas, encontram-
impossível agradecer a todas essas contribui- se meu irmão Melvyn, que atuou como meu
ções, pois elas se transformaram em pensa- “navegador” no misterioso mundo da Inter-
mentos sem rosto. net, localizando em muitas ocasiões, quase
Contudo, na tarefa específica de atender à que instantaneamente, informações as mais
solicitação do Conselho de Educação Supe- vagas; os Drs. John Scharffenberg e Gary
rior da igreja e do Patrimônio Literário White, Fraser, que leram pacientemente os capítulos
o autor deseja reconhecer o mérito daqueles que sobre saúde e fizeram contribuições; o Dr. Ri-
tornaram possível a produção de um livro um chard Schwarz, que usou seu micrômetro his-
tanto técnico como este. toriográfico na revisão das últimas páginas; e
Sem a enorme visão e a habilidade edito- Francis Wernick, Neal Wilson e Rowena
rial de Kenneth H. Wood, este livro não te- Rick, membros da Comissão de Depositários
ria sido idealizado nem completado em seu do Patrimônio Literário White, que leram e
estado atual. Seu estímulo empático e suas criticaram o original.
percepções durante os mais de três anos de Desejo também expressar apreço especial
pesquisa e redação do material estabelece- a eruditos e especialistas capazes como P. Ge-
ram as condições de raciocínio em áreas que rard Damsteegt, Frizt Guy, Bert Haloviak,
muitos consideram nebulosas. Roland Hegstad, Robert Johnston, Mervyn
Os dois diretores do Patrimônio Literário Maxwell e Alden Thompson, os quais parti-
White – Paul Gordon e Juan Carlos Viera – lharam suas valiosas idéias sobre certos pon-
em cuja administração fui incumbido de es- tos do texto.
crever este livro e durante a qual o concluí Nenhum escritor pode ir muito longe sem
deram-me não somente estímulo, mas tam- uma editora que o compreenda e o estimule.
bém excelentes sugestões em pontos decisi- Robert Kyte e Russell Holt deram os reto-
vos. A incansável e eficiente diretora associa- ques necessários nos momentos exatos, o que
da, Norma Collins, inseriu pacientemente na conservou a janela para o futuro sempre
cópia final em computador as muitas suges- aberta e cheia de luz. Eles estavam resolvidos
tões e os comentários do autor, freqüente- a fazer do produto de suas mãos algo digno do
mente revisados. assunto deste livro.
O Patrimônio Literário White tem a sor- E a tudo isso acrescento a contribuição de
te de poder contar com dois experientes eru- minha compreensiva esposa, querida Norma,
ditos em suas especialidades particulares – que durante três anos e meio continuamente
Jim Nix em história e doutrinas adventistas, reajustou prioridades ao captar as dimensões
e Tim Poirier, arquivista e técnico perito dos desta tarefa. A Deus seja a glória!
materiais de Ellen White. Conquanto eles
não sejam responsáveis pelos erros ou omis- Herbert E. Douglass
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O ministério profético de Ellen G. White

Apresentação
pectos de seu longo ministério. Este livro

E
ste livro foi escrito com dois propósi-
tos em mente: (1) fornecer aos ad- apresenta abundantes razões que confirmam
ventistas do sétimo dia uma nova sua alegação de ser mensageira de Deus; for-
perspectiva da vida e do testemunho nece ampla evidência capaz de satisfazer a
de Ellen White e (2) fornecer para colégios e mente mais perspicaz.
universidades material de pesquisa sobre o
dom de profecia, especialmente conforme Convicção, Autoridade e Confiança

manifesto na vida e ministério desta inspira- A preocupação do autor é com a maneira pe-
la qual jovens e idosos adquirem convicção.
da mensageira de Deus.
Existe acaso alguma “autoridade”, em algum
Algumas pessoas, a quem falta clara com-
lugar, capaz de falar com tal clareza que satis-
preensão da maneira como funciona a reve-
faça tanto à mente como ao coração?
lação/inspiração, deixaram que “problemas”
Os adventistas do sétimo dia respondem:
e críticas enfraquecessem ou destruíssem sua
“Sim! Há uma Autoridade.” Apontamos pa-
confiança nos setenta anos do ministério
ra Aquele que nos fez, a quem chamamos
singular da Sra. White. Apesar disso, mi-
Deus – o Deus que Se comunica. Além dis-
lhões de pessoas ao redor do mundo conside-
so, Ele nos fez com a capacidade de respon-
ram Ellen White uma líder religiosa inspira-
der-Lhe. Que pensamento maravilhoso! Fo-
da que marcou época. Essas pessoas percebe-
mos feitos para escutar a nosso amigável
ram que o amor que sentiam por Jesus se
Criador! E quando escutamos, ouvimos a
aprofundou à medida que a escritora lhes di- verdade sobre quem somos, por que existi-
rigiu a mente para a Bíblia, sua principal mos e que espécie de futuro eterno Ele pla-
fonte de esclarecimento e alegria. Descobri- nejou para nós – se tão-somente continuar-
ram que os escritos dessa mulher fornecem mos a ouvi-Lo.
idéias claras, bastante nítidas e precisas, so- De que maneira Deus “fala” aos seres hu-
bre o viver saudável e disciplinado. Mais im- manos? “Muitas vezes e de muitas maneiras”,
portante ainda, descobriram nos escritos de- escreveu Paulo em Hebreus 1:1. Por exemplo:
la concepções coerentes com a história bí- • Por meio das obras criadas, que chama-
blica da salvação. mos “natureza”.
Deste modo, além dos dois propósitos • Por meio do Espírito Santo, que faz con-
mencionados acima, este livro foi escrito pa- tato com a consciência de cada pessoa.
ra, pelo menos, duas classes de pessoas: (1) as • Por meio de Jesus Cristo, que era o pró-
que são imensamente gratas pela produção li- prio Deus.
terária de Ellen White e desejam saber mais Mas Deus foi além. Ele sabia que milhares
sobre ela, e (2) as que possuem problemas de anos antes de Jesus vir como ser humano,
não resolvidos relativos a determinados as- homens e mulheres precisavam ouvir a Sua
xiii
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O ministério profético de Ellen G. White

versão da história do grande conflito entre o Esta visão bíblica geral ensina que nun- conflito a respeito da verdade, isto é, quem “boas novas” (o evangelho) da salvação. As
bem e o mal. ca foi desejo de Deus que homens e mu- está correto sobre a maneira como dirigir o “boas-novas” são a verdade sobre Deus e Seu
lheres ficassem na incerteza quanto ao Universo: Deus ou Satanás? A posição de modo de dirigir o Universo – um quadro em
Sistema Divino de Comunicação propósito da vida. Especialmente durante Deus é que a verdade não precisa de defesa. nítido contraste com as mentiras e calúnias
Limitado por Sua natureza humana, Jesus não o estresse sem paralelo dos últimos dias, Ela precisa apenas ser vista e demonstrada. de Satanás. Deus Se revela por meio de Jesus
podia estar em toda a parte ao mesmo tempo. Ele nos deu a certeza de que podíamos co- Satanás, que é “mentiroso e pai da mentira” Cristo, o Revelador. O Espírito Santo trans-
nhecer a verdade a respeito do futuro. (João 8:44), consegue o que quer por meio mite, por intermédio do “dom de profecia”, a
Foi assim que, para poder comunicar Sua
Sempre que homens e mulheres ouvem de engano. verdade tal qual revelada em Jesus.
mensagem, Deus acrescentou ao Seu sistema Questionador esperto e insinuador astuto, Os capítulos 4 a 12 focalizam primeira-
próprio de comunicação um plano de inter- cuidadosamente os profetas de Deus, eles
“reconhecem” que estão ouvindo a “ver- Satanás pede com instância que o “coração” mente a infância e adolescência de Ellen
mediação humana: Ele falou “muitas vezes e egocêntrico seja o árbitro final da “verdade”. Harmon. Depois, seu papel como a Sra. Ellen
de muitas maneiras... por meio dos profetas”. dade”. A verdade carrega consigo sua pró-
pria autoridade porque apela e satisfaz Uma de suas ferramentas mais eficazes é susci- G. White – esposa, mãe, vizinha, ganhadora
Heb. 1:1-3. tar dúvida, provocando hesitação e adiamento de almas e personalidade pública – exami-
nossa busca de convicção objetiva e subje-
Este sistema de comunicação “por meio de do compromisso espiritual. Por esta razão, per- nando sua vida a partir de seus escritos, bem
tiva – o vínculo entre a mente e o cora-
profetas” era bem conhecido durante os tem- verter a verdade seja da maneira que for, lan- como a partir do ponto de vista daqueles que
ção. Este livro ajudará a responder as se- çar sombras injustificadas sobre o que talvez melhor a conheceram. Pelo fato de o pensa-
pos bíblicos. O povo de Deus aprendeu por guintes perguntas: Preencheu Ellen White
experiência própria que estava na sua melhor não esteja inteiramente claro, é um ato imoral. mento e o temperamento de uma pessoa se-
as qualificações bíblicas de um profeta? É parte de uma conspiração cósmica para obs- rem grandemente determinados pelas in-
forma quando davam ouvidos aos profetas: Sob que base pode alguém considerá-la
“Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis se- curecer a verdade e frustrar os planos divinos. fluências sociais, econômicas e filosóficas do
uma autoridade em seu papel como men- Ellen White não podia ser mais clara do que seu tempo, chamaremos brevemente a aten-
guros; crede nos Seus profetas e prospera- sageira de Deus? Ao recapitular seu ativo quando pede encarecidamente para sermos ção para as circunstâncias predominantes no
reis.” II Crôn. 20:20. Além disso, eles sabiam ministério de setenta anos, que diferença francos e afastar o temor ao separar fatos de Nordeste dos Estados Unidos, e para os fato-
por experiência própria que Deus não lhes fez seu conselho na determinação do rumo opiniões. Ela sabia que a fé está em perigo toda res nacionais posteriores que provavelmente
permitiria penetrar cegamente pelo futuro. e desenvolvimento da igreja? Qual o efei- vez que impomos limites à pesquisa por temor mais influíram sobre ela enquanto ela amadu-
“Certamente, o Senhor Deus não fará coisa to de seus conselhos pessoais? Manifestou de que novas descobertas possam desestabilizar recia cumprindo a missão divina. Estudare-
alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo ela as características de coerência e de a fé. Muitas vezes, porém, ela torna evidente mos sua fascinante mistura de mulher vitoria-
aos Seus servos, os profetas.” Amós 3:7. confiabilidade e, por conseguinte, a prova que nossa fé também corre riscos quando per- na e vigorosa pioneira norte-americana.
A comunicação divina por meio dos profe- da autoridade? mitimos que a razão ou os sentimentos huma- Os capítulos 13 a 16 investigam a manei-
tas não ficou limitada aos tempos do Antigo Levaremos em conta “o peso da evidên- nos estabeleçam os limites da fé. Para ela, a ra como o dom profético atuava no ministé-
Testamento. Durante Suas últimas horas na cia”. Seu longo ministério e os frutos do seu verdade deve ser honrada, custe o que custar. rio de Ellen White. O pano de fundo históri-
Terra, nosso Senhor prometeu que esta linha trabalho são um livro aberto. Não é necessá- co das décadas de 1840 e 1850 nos ajudarão
ria nenhuma “evidência” ou “argumento” ar- Como o Livro Está Organizado a compreender o clima desfavorável que
de comunicação entre o Céu e a Terra seria
tificial para confirmar sua pretensão de ser a Este livro se divide em oito seções: existia para todo aquele que alegasse ter vi-
mantida sempre aberta – por meio do Espíri- I. O Sistema Divino de Comunicação sões. Apesar disso, o fenômeno visionário de
to Santo, o Espírito da verdade, Seu represen- mensageira de Deus.
O próprio princípio permanente empre- (capítulos 1 a 3). Ellen White proveu clareza e segurança
tante pessoal. Hoje, assim como nos tempos II. A Verdadeira Ellen White (capítulos 4 àqueles que desejavam uma explicação bíbli-
do Antigo Testamento, o Espírito Santo con- gado por Ellen White governará a viagem
que faremos juntos: “Os assuntos que apre- a 12). ca para a experiência de 1844.
tinua a falar, não apenas à consciência de ca- III. A Mensageira que Escuta (capítulos Estudaremos Ellen White como escritora
sentamos ao mundo devem ser para nós uma
da pessoa, mas por meio dos profetas: “Eu ro- 13 a 16) e oradora:
realidade viva. É importante que, ao defen-
garei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, IV. A Voz de um Movimento (capítulos • chamando a atenção para a evolução de
der as doutrinas que consideramos artigos
a fim de que esteja para sempre convosco o 17 a 21) seu estilo e conteúdo enquanto reagia às cir-
fundamentais da fé, nunca nos permitamos V. Promotora de Conceitos Inspirados cunstâncias em transição e a uma iluminação
Espírito da verdade.” João 14:16 e 17. “E Ele o emprego de argumentos que não sejam in-
mesmo concedeu uns para apóstolos, outros (capítulos 22 a 31) intensificada durante seus setenta anos de
teiramente retos. Eles podem fazer calar um VI. Como Escutar a Mensageira (capítu- ministério;
para profetas.” Efés. 4:11; ver I Cor. 12:28. adversário, mas não honram a verdade. De- los 32 a 40) • reconstituindo a maneira como, à seme-
O Espírito da verdade é também o Espíri- vemos apresentar argumentos legítimos, que VII. Como Avaliar a Crítica (capítulos 41 lhança de qualquer outro escritor, ela empre-
to de profecia! Isto significa que esses ho- não somente façam silenciar os oponentes, a 44) gou material de pesquisa para ampliar e tor-
mens e mulheres especialmente escolhidos mas que suportem a mais profunda e pers- VIII. Relevância Permanente da Mensa- nar mais específica a mensagem central que
“falaram da parte de Deus, movidos pelo Es- crutadora investigação.” – Obreiros Evangéli- geira do Senhor (capítulos 45 a 47) recebeu a missão de apresentar;
pírito Santo”. II Ped. 1:21. A igreja foi avisa- cos, pág. 299. Os capítulos 1 a 3 fazem uma breve análi- • chamando a atenção para a impressio-
da de que este sistema de comunicação da No coração do grande conflito entre Deus se do ensino bíblico relativo à maneira como nante receptividade que os não adventistas
verdade funcionaria até a volta de Jesus. e Satanás, entre o bem e o mal, acha-se o Deus tem revelado a homens e mulheres as davam a suas palavras faladas e escritas;
xiv xv
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O ministério profético de Ellen G. White

• analisando a capacidade incomum que dor agrupou os fatos de tal modo a proporcio- pode ser diferente ao seguirmos esta regra da exemplos dessa rejeição nas críticas feitas a
ela possuía de falar em meio a circunstâncias nar, em síntese, uma visão compreensiva do hermenêutica. Jesus, Jeremias, Paulo e Ellen White.
físicas que afligiriam as pessoas de seu tempo, assunto, ou resumiu convenientemente os Para entendermos Ellen White é funda- Esses capítulos não procuram contestar
ou mesmo alguém da atualidade. pormenores, suas palavras foram citadas tex- mental nossa necessidade maior de com- toda acusação ou crítica dirigida contra Ellen
Os capítulos 17 a 21 exploram o extraordi- tualmente; nalguns outros casos, porém, não preender como Deus comunica Suas men- White, mas chamar a atenção para as formas
nário relacionamento entre Ellen White e a se nomeou o autor, visto como as transcri- sagens a Seu povo por meio de Seus men- mais comuns. Depois de avaliar tais críticas,
igreja com a qual ela esteve tão intimamente ções não são feitas com o propósito de citar sageiros. Em anos passados, os adeptos da o leitor será capaz de estabelecer a diferença
ligada durante setenta anos. Nenhuma outra aquele escritor como autoridade, mas porque inspiração verbal ficaram grandemente entre a humanidade do vaso terreno e a au-
pessoa afetou de maneira tão direta o cresci- sua declaração provê uma apresentação do perturbados com o que parecia serem “er- toridade da mensagem transportada por esse
mento e a formação da Igreja Adventista do assunto, pronta e positiva. Narrando a expe- ros” e “contradições” bíblicas. Esta mesma vaso. (Ver II Cor. 4:7.)
Sétimo Dia, tanto teológica quanto institucio- riência e perspectivas dos que levam avante confusão entre a inspiração mecânica ou O capítulo 44 é um estudo da questão da
nalmente. Ela teve muito que ver com o pla- a obra da Reforma em nosso próprio tempo, na forma de ditado (cada palavra seria “porta fechada”, que foi, por mais de um sé-
nejamento estratégico da denominação. Da fez-se uso semelhante de suas obras publica- uma transcrição exata do que Deus falou culo, grande fonte de controvérsia.
Austrália até a Europa e através de toda a das.” – O Grande Conflito, pág. 7. ao profeta) e a inspiração do pensamento
América do Norte se buscava seu conselho a O princípio organizacional que, à seme- (Deus inspirou os profetas, não suas pala- Como Ellen Preenche as Condições
respeito do estabelecimento de escolas, insti- lhança de um ímã, reuniu este material é, em vras) tem perturbado muitas pessoas que Na última seção, “Relevância Permanente
tuições de saúde e casas editoras. Seus escritos sua síntese, o Tema do Grande Conflito. Pe- lêem os escritos de Ellen White. Mostrare- da Mensageira”, perguntamos: Preenche Ellen
tornaram-se faróis de luz a serem avidamente lo fato de ver a Bíblia como um todo e a re- mos como esta compreensão incorreta do White as condições de uma mensageira de
estudados pelas gerações posteriores. lação de suas partes, Ellen White esclareceu processo de revelação/inspiração levantou Deus nos tempos modernos? Seu ministério
Os capítulos 22 a 31 examinam o papel as questões básicas relativas ao caráter de dúvidas e críticas injustificadas contra de setenta anos estabelece suas credenciais
de Ellen White como educadora conceitual. Deus, a natureza do homem, o surgimento do Ellen White. como mensageira divina? Consideraremos
Ela possuía a capacidade singular de sinteti- pecado e a maneira como Deus planeja final- Uma questão igualmente importante é a a maneira como realizou seu trabalho, tan-
zar a clara mensagem profética com a expe- mente tratar com este planeta rebelde. relação existente entre os escritos de Ellen to em público como em particular, e reca-
riência humana e as idéias de outros. A par- A compreensão do Tema do Grande Con-
White e a Bíblia. Procuraremos entender ex- pitularemos a relação, por assim dizer, inse-
tir desta síntese desenvolveu, de maneira fir- flito por parte de Ellen White forneceu ex-
pressões como “níveis de inspiração”, “reve- parável que havia entre o seu ministério e
me e uniforme, um corpo de pensamento traordinária estabilidade e harmonia à Igreja
lação progressiva”, “autoridade canônica” e o desenvolvimento da Igreja Adventista do
distintamente integrado e coerente, com Adventista à medida que esta desenvolvia
“luz menor, luz maior”. Sétimo Dia.
fundamento bíblico firme e sólido. Esta inte- sua teologia e estrutura denominacional. Es-
Nos capítulos 39 e 40, examinaremos co- Os adventistas do sétimo dia geralmente
gração unificou sua vasta contribuição aos sa compreensão tornou-se o centro concei-
princípios práticos da educação, evangelis- tual que lhe permitiu proporcionar conforto mo Ellen White escrevia seus livros. Obser- têm crido que Ellen G. White foi a mensa-
mo, organização e saúde, pelos quais os ad- pessoal e correção teológica em situações em varemos como se relacionava com suas assis- geira de Deus. Por que os adventistas de sua
ventistas do sétimo dia se tornaram ampla- que outras organizações religiosas geralmen- tentes de redação e o papel que estas desem- época chegaram a tal conclusão, e por que,
mente conhecidos. te se fragmentam. penharam na produção dos livros Caminho a desde sua morte, os adventistas continuam
Na seção 6, “Como Escutar a Mensagei- Cristo, O Desejado de Todas as Nações e O chegando a esta mesma conclusão?
O Tema do Grande Conflito ra”, os capítulos 32 a 38 enfatizam a maneira Grande Conflito. Nas páginas de encerramento deste livro,
Analisaremos a maneira como usou ela deter- como homens e mulheres devem “ouvir” a Nos capítulos 41 a 43, faremos uma ava- perguntamos: Até que ponto Ellen White é re-
minados princípios de pesquisa à medida que mensagem de Ellen G. White. Qualquer es- liação das críticas em relação a Ellen White. levante para os dias atuais? Ela morreu em
processava e transmitia a verdade. Instrutiva tudo de documentos escritos, sejam eles so- Os profetas inevitavelmente serão criticados 1915. Será que ela é capaz de falar de modo
é sua introdução ao Grande Conflito: “Os netos shakespeareanos sejam trechos das Sa- por seus contemporâneos, principalmente significativo a um povoado global transistori-
grandes acontecimentos que assinalaram o gradas Escrituras, envolve “hermenêutica”, porque se encontram muito à frente na zado, onde a informação via Internet entre os
progresso da Reforma nas épocas passadas isto é, o emprego de princípios de interpreta- compreensão do conflito de Deus contra o computadores por todo o planeta é instantâ-
constituem assunto da História bastante co- ção que ajudam o leitor a entender o autor. mal. Nenhum profeta bíblico desfrutou de nea, onde a ciência parece ter sempre, “no mo-
nhecidos e universalmente reconhecidos pe- Examinaremos regras de interpretação que condições favoráveis ao cumprir a tarefa mento exato”, mais uma solução para as neces-
lo mundo protestante; são fatos que ninguém nos ajudarão a determinar o que Ellen White que lhe fora confiada. Este fato lastimável sidades do mundo? Embora as circunstâncias
pode negar. Esta história apresentei-a de ma- queria dizer para aqueles que a ouviam e o nos leva a refletir que uma geração mata tenham mudado drasticamente, e o mundo só-
neira breve, de acordo com o objetivo deste que esses mesmos escritos significam em seus profetas apenas para que a próxima cio-político seja extremamente diferente, per-
livro e com a brevidade que necessariamente tempos modernos. Uma das regras, por construa monumentos em honra deles. ceberemos que os escritos de Ellen White fa-
deveria ser observada, havendo os fatos sido exemplo, é levar em conta o tempo, o lugar Algumas críticas têm sua origem na rea- lam de maneira incisiva aos nossos dias, sendo
condensados no menor espaço compatível e as circunstâncias ao fazermos uma aplica- ção constante daqueles que se opõem à ver- neste tempo do fim cada vez mais relevantes.
com sua devida compreensão. ção atual de seu conselho. Os princípios são dade porque esta contraria inclinações pes-
“Em alguns casos em que algum historia- permanentes, mas a aplicação do princípio soais ou orgulho de opinião. Encontramos O Autor
xvi xvii
I

SEÇÃO
O Sistema Divino
de Comunicação

CAPÍTULO
1 O Revelador e o Revelado

2 Deus Fala Pelos Profetas

3 Características dos Profetas


M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO I

1
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
O Sistema Divino de Comunicação
terminados homens e mulheres que logo co- sageiros do evangelho, que falaram pelo po-
municam a outros a verdade sobre Jesus. Eis a der do Espírito Santo mandado do Céu,
descrição da função do Espírito: “Falar a res- anunciaram a vocês essas verdades. Essas são
peito de” Jesus por meio de pessoas dotadas coisas que até os anjos gostariam de enten-
com o dom de profecia. Conhecer Jesus e

O Revelador
der.” I Ped. 1:8-12.
aquilo que Ele nos pode dizer sobre Deus é a Os profetas verdadeiros não são motivados
informação mais importante de que a família por recompensa ou capricho pessoal, mas pe-
humana necessita, pois “conhecer [Jesus] é la influência direta do Espírito de Cristo, o

e o Revelado vida eterna”. João 17:3.


No livro de Apocalipse, o profeta João
escreveu sobre a maneira como este dom
“Espírito Santo mandado do Céu”. Num sen-
tido, o “Espírito de Profecia” é o Espírito de
Cristo atuando por Seu Divino Auxiliador, o
atuava em sua própria vida: “Revelação de Espírito Santo, dado a conhecer a homens e
“Quando chegar o Auxiliador, o Espírito da verdade, que vem do Pai, Ele falará a respeito de Mim. Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mos- mulheres por meio do profeta humano. Nou-
E sou Eu quem enviará esse Auxiliador a vocês da parte do Pai.” João 15:26. trar... ao Seu servo João, o qual atestou a tro sentido, o “Espírito de Profecia” é tam-
palavra de Deus e o testemunho de Jesus bém o testemunho sobre Jesus, o alvo princi-
Cristo.” Apoc. 1:1 e 2. pal do dom de profecia.
Vemos aqui o sistema divino de comunica- Desde que Jesus voltou para o Céu, esta re-
ção em funcionamento. O Revelador atuan-

O
evangelho não é algo sobre Jesus; o tava bem claro, afirmou: “Quando chegar gra simples e de duplo aspecto tem constituí-
evangelho é Jesus e o que Ele ensi- o Auxiliador, o Espírito da verdade, que do por intermédio do Espírito para revelar a do uma das maneiras mais claras e seguras de
nou. Embora os ensinamentos sobre vem do Pai, Ele falará a respeito de Mim.” verdade sobre Deus por meio do Seu profeta. provar a autenticidade de alguém que alega
Jesus forneçam a estrutura para a procla- No capítulo 19, o anjo que visitava João lhe
João 15:26. ser “profeta”: Ele ou ela diz a verdade sobre
mação das “boas novas”, o próprio Jesus é fez lembrar que o “testemunho de Jesus é o
Jesus disse ainda: “Porém, quando o Espíri- Jesus? No espírito de Jesus?
as “boas novas”. Jesus e Seus ensinos não Espírito de Profecia”. Verso 10.
to da verdade vier, Ele ensinará toda a verda- Por que o simples nome de Jesus tem, atra-
são o prelúdio do evangelho; eles são o A finalidade do dom de profecia é contar
de [acerca de Deus] a vocês. O Espírito não vés dos anos, suavizado a voz e tranqüilizado o
evangelho!1 a história de Jesus. O Agente motivador que
falará por Si mesmo, mas dirá tudo o que ou- coração de pessoas em todos os continentes?
As “boas novas” são que, na mente mara- inspira o profeta humano a contar a verdade
vilhosa de Deus, uma das pessoas da Divinda- viu e anunciará a vocês as coisas que estão sobre Jesus é o Espírito Santo. No fraseado Porque homens e mulheres lembram do ânimo
de decidiu vir a este planeta rebelde, de bra- para acontecer. Ele vai ficar sabendo o que curto e simplificado da Bíblia, o Espírito de que recobraram, da esperança que sentiram re-
ços abertos, convidando homens e mulheres tenho para dizer, e dirá a vocês, e assim Ele Profecia é “o testemunho de Jesus”. nascer dentro de si e da explosão de força que
de todos os lugares para retornarem à família trará glória para Mim. Tudo o que o Pai tem Pedro compreendia este sistema divino de receberam para tornar a enfrentar os desafios
de Deus. As “boas novas” são que o Deus- é Meu. Por isso Eu disse que o Espírito vai fi- comunicação: “Vocês O amam, mesmo sem da vida ao vir-lhes à memória o fato de que são
que-Se-fez-homem “deu-Se” para sempre à car sabendo o que Eu Lhe disser e vai anun- O terem visto, e crêem nEle, mesmo que não importantes para Jesus, o mesmo Jesus que dis-
família humana. E para quê? Para mostrar- ciar a vocês.” João 16:13-15. O estejam vendo agora. Assim vocês se ale- se pelo Espírito de Profecia: “Não temas, por-
nos como é Deus! (João 14:7.) gram com uma alegria tão grande e gloriosa, que Eu sou contigo.” Isa. 41:10. “De maneira
O Espírito Santo é o representante de
Conforme veremos, chamamos o Revela- que as palavras não podem descrever. Vocês alguma te deixarei, nunca jamais te abandona-
dor de “Jesus”; chamamos o Revelado de nosso Senhor. O Espírito dirá e fará exata-
têm essa alegria porque estão recebendo a sua rei.” Heb. 13:5. Essas pessoas aprenderam por
“Deus”; e a Pessoa pela qual a Divindade mente o que Jesus diria e faria se estivesse
salvação, que é o resultado da fé que pos- experiência própria o que Jesus queria dizer
acha conveniente “revelar” o Revelador à hoje na Terra! quando afirmou: “Não vos deixarei órfãos, vol-
Como tudo isso funciona? O Espírito San- suem. Foi a respeito dessa salvação que os
humanidade é o Espírito Santo. tarei para vós outros.” João 14:18.
profetas perguntaram e procuraram saber
Jesus tornou isto bem evidente poucas ho- to atribui a cada cristão algum dom especial:
com muito cuidado. Eles profetizaram a res-
ras antes do Getsêmani: “Eu pedirei ao Pai, e “Existem tipos diferentes de dons espirituais, Dizendo a Verdade Sobre Deus
Ele lhes dará outro Auxiliador, o Espírito da peito da salvação que Deus ia dar a vocês e
mas é um só e o mesmo Espírito quem dá es- procuraram saber em que tempo e como essa Por que confiar tanto em um Homem chama-
verdade, para ficar com vocês para sempre.” ses dons. ... Para o bem de todos, Deus dá a salvação ia acontecer. O Espírito de Cristo, do Jesus, que viveu apenas trinta e três anos
João 14:16. “É o Espírito Santo, o Espírito cada um alguma prova da presença do Espíri-
que conduz a toda a verdade [acerca de que estava neles, indicava esse tempo, ao pre- na antiga Palestina? Porque homens e mulhe-
to Santo.” I Cor. 12:4 e 7. dizer os sofrimentos que Cristo teria de supor- res chegaram a conhecê-Lo como o Criador
Deus].” João 14:17. Mais adiante: “Mas o Au-
xiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai en- tar e a glória que viria depois. Quando os pro- que Se fez homem. Por quê? Porque Ele era o
viar em Meu nome, ensinará a vocês todas as O Dom de Profecia fetas falaram a respeito das verdades que vo- único ser no Universo que poderia, convin-
coisas e fará com que lembrem de tudo o que Um desses dons especiais é o dom de “profe- cês têm ouvido agora, Deus revelou a eles que centemente, dizer a verdade sobre Deus –
Eu disse a vocês.” João 14:26. cia”. (I Cor. 12:10; Efés. 4:11.) Por meio do o trabalho que faziam não era para o benefí- Aquele que fora descrito de maneira tão des-
E para certificar-Se de que o assunto es- dom de profecia, o Espírito Santo liga-Se a de- cio deles, mas para o bem de vocês. Os men- virtuada pelo grande rebelde e por muitos dos
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO I
CAPÍTULO 1 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação O REVELADOR
E O REVELADO

mais ilustres pensadores do mundo. Deus não Que Ele Se encontra diante dos seres celes- Muitíssimas vezes, após contemplar a con- soa espiritual, cheia de apreço por seu Salva-
era ríspido, arbitrário e implacável, como fo- tiais e dos mundos não caídos como um Ho- descendência de Cristo na condição de Ho- dor e Senhor. Este senso pessoal da presença
ra retratado. Quando Ele pedia a homens e mem cuja alegre obediência provou que Deus mem perseguido e finalmente crucificado, os divina a colocou em comunicação direta com
mulheres que O servissem com lealdade vo- não havia sido injusto em pedir obediência crentes pensam que o “dom” com que Deus Deus, permitindo que Ele lhe revelasse muito
luntária, dava a conhecer que Ele mesmo, por voluntária dos seres criados. Satanás estava presenteou a Terra cessou na cruz. Mas Deus mais de Sua própria pessoa e dos Seus planos
natureza, também era um ser abnegado. Mos- errado! E eles vêem este heróico Vencedor, não deu “Seu único Filho” (João 3:16) numa para este mundo. A experiência pessoal por
trava-lhes que amar significa fazer pelos ou- que passou pela inexprimível angústia de ser espécie de empréstimo ou arrendamento tem- que ela passou quando reagiu favoravelmente
tros aquilo que eles não podem fazer por si o “Deus-desamparado” do Calvário, provar porário. O Criador das centenas de bilhões de à simplicidade do evangelho precedeu a teo-
mesmos ou que nem ao menos o merecem. que o próprio Deus realmente Se importava galáxias, Aquele que andou por entre as estre- logia. Jesus era o centro de interesse de todo
Como essas coisas foram reveladas? Paulo com Sua criação e que Ele era altruísta, a es- las e fez os universos gravitarem em órbitas, o seu pensamento teológico.
contemplou a magnífica revelação de Cristo sência do verdadeiro amor. Todo o Universo aprisionou-Se dentro de Sua própria criação, Eis um exemplo do tema que repassa toda
como um “esvaziamento” de Suas prerrogati- (além dos confins da Terra) vêem Jesus no não apenas por nove meses, não apenas por a sua obra – a exaltação de Jesus: “Será pro-
vas divinas ao entrar Ele para a família huma- Lugar Santíssimo do santuário celestial como trinta e três anos, mas para sempre! veitoso contemplar a condescendência, o sa-
na. (Filip. 2.) Não de maneira súbita como a resposta de Deus para as mentiras que Sata- Essa espécie de amor desperta amor. E crifício, a abnegação, a humilhação, a resis-
um príncipe valente empunhando a espada da nás inventou contra Ele. apreciação sincera. E compromisso profundo, tência divinas que o Filho de Deus enfrentou
justiça, mas, lentamente, a partir do ventre de E nós, o que vemos quando pensamos em acima dos apelos mais sedutores deste mun- ao realizar Sua obra em benefício do homem
uma mulher. Não para ser honrado como um Jesus como nosso Sumo Sacerdote? Vemo- do, para com Aquele que muito nos amou. caído. Bem podemos sair da contemplação
convidado especial, mas para ser mal com- Lo como o Mediador entre Deus e a huma- Antes de poder dizer a verdade sobre de Seus sofrimentos, exclamando: ‘Assom-
preendido e caluniado devido à Sua integrida- nidade pecadora. Vemo-Lo como nosso Ad- Deus, conforme revelada por Jesus, o profeta brosa condescendência!’ Os anjos se maravi-
de e maneira inequívoca de encarar as coisas. vogado, que une justiça e misericórdia ao re- deve conhecer Jesus pessoalmente. Discutir lham a observarem com intenso interesse o
Como é possível que a única esperança da bater todas as acusações contra Deus e con- teologia é coisa fácil; a experiência pessoal, Filho de Deus descendo passo a passo a sen-
Terra se tornasse o alvo dos maus-tratos humi- tra os crentes. (I João 2:1.) Ele é nosso Inter- porém, exige um preço. da da humilhação. Este é o mistério da pie-
lhantes deste planeta? “Veio para o que era Seu, cessor, o qual não só nos representa diante dade. É a glória de Deus ocultar a Sua Pessoa
e os Seus não O receberam.” João 1:11. Os cris- do Pai, senão que intervém entre nós e o A Dedicação de Ellen G. White a Jesus e os Seus caminhos, não para manter as pes-
tãos sentem-se não apenas horrorizados com es- mal. (Heb. 4:16.)5 Ellen White correspondeu a este amor de to- soas na ignorância da luz e conhecimento
sa monstruosa ingratidão, mas também movi- O apóstolo Paulo expressa isso nos seguin- do o seu coração e fez dele o tema principal celestiais, mas porque isso está para além da
dos de estranho pesar e resolvem acolhê-Lo afe- tes termos: “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de de seus escritos. Não importa o lugar onde capacidade do conhecimento humano. Uma
tuosamente na própria vida. Os cristãos ficam Deus, como grande sumo sacerdote que pene- abramos os volumosos livros que ela escreveu compreensão parcial: isso é tudo o que o ser
admirados da condescendência do Deus-ho- trou os Céus, conservemos firmes a nossa ou as cartas que endereçou a familiares, ami- humano pode suportar. O amor de Cristo
mem, e esta admiração torna-se parte da razão confissão. Porque não temos sumo sacerdote gos e cooperadores, sempre encontramos evi- ‘excede todo o entendimento’. Filip. 4:7. O
diária para honrá-Lo em tudo quanto fazem. que não possa compadecer-se das nossas fra- dências da profunda afeição que ela dedicava mistério da redenção continuará a ser o mis-
quezas; antes, foi Ele tentado em todas as coi- ao Salvador. Muitos que entraram em conta- tério, a ciência inesgotável e o incessante
Tanto o Sacrifício Como o Sumo Sacerdote sas, à nossa semelhança, mas sem pecado. to pela primeira vez com os adventistas do sé- cântico da eternidade. A humanidade bem
Ao olharem para Jesus, vêem nEle tanto o Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, timo dia por meio dos escritos de Ellen White pode exclamar: ‘Quem pode conhecer a
Sacrifício como o Sumo Sacerdote.2 Ao der- junto ao trono da graça, a fim de recebermos ficaram admirados pela intuição e profunda Deus?’ Talvez possamos, como Elias, cingir-
rotar no Calvário o “salário do pecado”, Jesus misericórdia e acharmos graça para socorro apreciação manifestadas pela escritora ao tra- nos com nosso manto e procurar ouvir a voz
fez algo que mudou para sempre nossa relação em ocasião oportuna.” Heb. 4:14-16. tar das dimensões do “Dom” de Deus a este mansa e delicada de Deus.”7
com Deus: Ele morreu! Ele é a única Pessoa Esta é a espécie de intercessão de que to- planeta rebelde. Ellen White andou com Jesus na alegria e
que já morreu no verdadeiro sentido da pala- dos nós carecemos cada dia: a paz decorrente Suas percepções espirituais começaram ce- na tristeza. Escrevendo a seu filho William e
vra! Todos os outros homens e mulheres que do perdão e o poder proveniente da graça in- do. Logo nos primeiros anos de sua adoles- à jovem noiva dele, Mary, falou sobre o com-
“morreram” se acham agora dormindo,3 com tercessora. A presença poderosa de Cristo, cência, profundamente afetada pela pregação panheirismo que desfrutara com o marido
exceção daqueles poucos que ressurgiram ou por meio do Espírito Santo e dos anjos, esten- de Guilherme Miller, ela almejou por uma Tiago e da experiência que lhes era comum:
foram trasladados e agora estão no Céu.4 So- de-se a todos quantos com Ele estejam com- experiência religiosa mais profunda: “Ao “Estamos tentando seguir humildemente os
mente Jesus provou da “morte”, para que to- prometidos. Ele quebra o poder com que Sa- orar, o fardo e a agonia de alma que por tan- passos de nosso amado Salvador. Precisamos
dos quantos fazem dEle o Senhor de sua vida tanás mantinha as pessoas cativas. Comuni- to tempo eu havia experimentado deixaram- a cada hora de Seu Espírito e de Sua graça, do
jamais “morram”. “Porque o salário do peca- ca-Se com seu sistema nervoso. Robustece a me, e as bênçãos de Deus vieram sobre mim contrário cometeremos graves erros e causa-
do é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a força de vontade do crente. E está sempre como suave orvalho. Dei glória a Deus pelo remos dano.”8
vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” pronto para ajudar os seres humanos a resistir que eu sentia, mas ansiava mais. Eu não esta- Algumas semanas depois, durante uma
Rom. 6:23. E que dom! Por meio de Jesus, es- ao pecado, tanto o interno quanto o externo. ria satisfeita até que estivesse repleta da ple- viagem extremamente cansativa, do Texas
capamos daquilo que merecíamos! Jesus literalmente compartilha conosco o sis- nitude de Deus. Inexprimível amor por Jesus para Kansas, numa carruagem coberta, ela
Mas isso não é tudo! Agora Ele está vivo e tema de defesa que usou para vencer a tenta- encheu minha alma.”6 tornou a escrever para Mary: “Estou exausta.
é nosso Sumo Sacerdote. O que significa isso? ção. (Apoc. 3:21.) Ellen White era, acima de tudo, uma pes- Sinto-me como se tivesse 100 anos de idade.
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO I
CAPÍTULO 1 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação O REVELADOR
E O REVELADO

... Minha ambição acabou; minha força se nEle e Ele em nós, somos participantes de vina por parte dos corações abatidos e neces- White tem a marca inconfundível do “Espíri-
esgotou, mas isso não vai perdurar. ... Tenho Sua natureza divina e praticantes de Sua Pa- sitados. Para aqueles que a ouvem, Ellen to de Profecia”: Ela dá testemunho de Jesus.
esperança que, mediante a luz animadora da lavra. O amor de Jesus no coração levará à
face de meu Salvador, eu consiga recobrar obediência a todos os Seus mandamentos. Referências
as energias.”9 Mas o amor que não vai além dos lábios é
1. “O evangelho é glorioso porque é constituído da justiça de intercessão.” – Manuscrito 73, 1893, em SDABC, vol. 6, comen-
Enquanto aguardava o Natal de 1880, na uma ilusão; não salvará nenhuma alma. Mui- Cristo. O evangelho é Cristo revelado, e Cristo é o evangelho tários sobre Romanos 8:34, pág. 1.078; também Manuscript Re-
época com 53 anos de idade, ela escreveu a tos professam grande amor por Jesus, ao passo personificado. ... Não devemos exaltar o evangelho, mas a leases (MR), vol. 15, pág. 104.
Cristo. Não devemos adorar o evangelho, mas o Senhor do 6. Primeiros Escritos, pág. 12.
uma amiga: “Passarei o Natal pedindo a Je- que rejeitam as verdades da Bíblia. O apósto- evangelho.” – Manuscrito 44, 1898, citado em Seventh-day 7. Bible Echo, 30 de abril de 1894.
sus que seja o convidado de honra do meu lo João, porém, declara: ‘Aquele que diz: Eu Adventist Bible Commentary (SDABC), vol. 7, pág. 907. 8. Carta 18, 1879, citada em Arthur White, Ellen G. White Bio-
2. Atos dos Apóstolos, pág. 33.
coração. Sua presença dissipará todas as O conheço, e não guarda os Seus mandamen- 3. A Bíblia fala da primeira morte como um “sono”. (Ver João
graphy, vol. 3, (Washington, D.C.: Review and Herald Pu-
blishing Association, 1984), pág. 105. Daqui em diante as re-
sombras.”10 tos, é mentiroso, e nele não está a verdade.’ I 11:11-14; I Tess. 4:13-16; 5:10.) A segunda morte é reserva- ferências à biografia em seis volumes de Ellen White feita
Ellen White escreveu centenas de artigos João 2:4. Embora Jesus já tenha feito tudo no da aos pecadores que rejeitam o convite do evangelho. (Ver
por Arthur White serão indicadas apenas pela palavra Bio-
Apoc. 20:6 e 14; 21:8.)
para as revistas Review and Herald e Signs of que diz respeito ao mérito, temos algo que fa- graphy, seguida do número do volume e das páginas.
4. Enoque (Gên. 5:24), Elias (II Reis 2:11), Moisés (Jud. 9) e os
9. Carta 20, 1879, citado em Biography, pág. 117.
the Times. Quase todo artigo continha alguma zer no que diz respeito ao cumprimento das que ressurgiram com Jesus (Mat. 7:52 e 53).
10. Carta 51, 1880, citada em Biography, pág. 149.
5. “Todo aquele que se libertar do cativeiro e do serviço de Sata-
referência a seu Senhor, que Se tornara para condições.”13 nás e se colocar sob a bandeira ensangüentada do Príncipe 11. Review and Herald, 23 de junho de 1896.
12. Ver James Nix, “Oh, Jesus, How I Love You!”, Adventist Re-
ela não apenas a sua força, mas também a ale- Emanuel, será guardado pela intercessão de Cristo. Na quali-
view, 30 de maio de 1996, págs. 10-14.
dade de nosso Mediador, à destra do Pai, Cristo sempre nos
gria de sua vida. Aos 69 anos de idade, ela es- O Tema do Grande Conflito conserva debaixo de Suas vistas, pois é tão necessário que Ele 13. Historical Sketches of the Foreign Missions of the Seventh-day
creveu: “Gosto muito de falar sobre Jesus e O profundo discernimento manifesto por interceda por nós quanto o foi que nos redimisse pelo Seu san- Adventists (Basle, Suíça: Imprimerie Polyglotte, 1886), pág.
gue. Se Ele nos deixa escapar por um só momento a Seu con- 188; ver também Biography, vol. 3, pág. 320.
Seu incomparável amor. ... Sei que Ele é ca- Ellen White em sua instrução teológica sobre trole, Satanás está pronto para destruir. Aqueles a quem Cris- 14. Ver págs. 256-263.
paz de salvar perfeitamente todos os que se o tema preponderante da Bíblia – o Tema do to comprou por Seu sangue, a estes protege Ele agora por Sua 15. Signs of the Times, 1o de dezembro de 1890.
chegam a Ele. Seu precioso amor é para mim Grande Conflito14 – tornou clara a razão por
uma realidade, e as dúvidas expressas por que Jesus Se fez homem. Esta compreensão
aqueles que não conhecem a Jesus, nenhuma fundamental permeia todos os seus escritos.
influência exercem sobre mim. ... Crê você Por exemplo: “A fim de crescer na graça e no Perguntas Para Estudo
que Jesus é seu Salvador e que manifestou conhecimento de Cristo, é essencial que me-
Seu amor por você ao dar Sua preciosa vida ditem muito nos grandes temas da redenção. 1. Por que é errado fazer distinção entre Jesus e o evangelho?
para salvá-lo? Aceite a Jesus como seu Salva- Você deve perguntar-se por que Cristo assu-
miu a natureza humana, por que sofreu sobre 2. Se o Espírito Santo é a Pessoa que “revela” as mensagens de Deus aos profetas, por que se
dor pessoal. Venha a Ele exatamente como
fala de Jesus como o Revelador?
está. Entregue-se a Ele. Apodere-se de Sua a cruz, por que levou os pecados dos homens,
promessa com viva fé, e Ele lhe será tudo por que Se tornou pecado e justiça por nós.
3. Qual a principal finalidade do “dom de profecia”?
quanto você desejar.”11 Deve estudar para saber por que Ele ascendeu
Ellen White considerava Jesus seu Salva- ao Céu em natureza humana, e qual é Sua 4. Que textos do Novo Testamento ensinam que Deus continua a falar em tempos pós-
dor e melhor Amigo.12 Contudo, mais do que obra por nós hoje. ... Julgamos conhecer bem apostólicos?
isso, Ele era o seu Senhor. Disseram-lhe na o caráter de Cristo, e não compreendemos
Europa que as pessoas seriam mais receptivas claramente quanto se pode ganhar ao estu- 5. Que duplo papel desempenha Cristo como nosso Sumo Sacerdote?
à mensagem do advento “se falássemos mais darmos nosso esplêndido Modelo. Damos por
sobre o amor de Jesus”. Chamaram a atenção certo que sabemos tudo sobre Ele, embora 6. Escolha um capítulo do Caminho a Cristo ou de O Desejado de Todas as Nações, leia-o e fa-
para o “perigo de perder nossas congregações, não compreendamos Seu caráter nem Sua ça uma lista de algumas coisas que lhe falam sobre Jesus.
caso insistíssemos nas questões mais severas missão.”15
do dever e da lei de Deus”. “Escutar” Ellen White, página após pági-
Tendo ouvido esse tipo de comentário an- na, é como ouvir o “Messias” de Haendel. O
tes, ela escreveu em suas notas de viagem: “Espírito de Cristo” impregna seu ministério.
“Prevalece por toda parte uma experiência Harmonia, clareza e coerência caracterizam a
não genuína. Muitos dizem constantemente: dedicação que ela consagra a seu melhor
‘Tudo que precisamos fazer é crer em Cristo.’ Amigo. Mais do que tudo isso, é provável que
Afirmam que fé é tudo de que necessitamos. Ellen White ajude a satisfazer nosso anseio
Em seu sentido mais pleno, isto é verdade; humano por graça. Em cartas pessoais, artigos
mas eles não empregam a palavra no sentido de revista e apresentações diante de grandes
mais pleno. Crer em Jesus é aceitá-Lo como auditórios, suas mensagens direcionadas para
nosso redentor e modelo. Se permanecemos a graça aumentaram a aceitação da graça di-
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO I

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
O Sistema Divino de Comunicação
Como Deus Transpôs o Abismo do Pecado das pela luz que repousava sobre o Urim ou o
Como o abismo do pecado poderia ser trans- Tumim.5 Para uma nação jovem, recém-saída
posto? Deus sempre tem uma solução. Ele sa- do cativeiro e antes de existir a Palavra escri-
be como adaptar-Se a circunstâncias em mu- ta, esse método de comunicação era decisivo

Deus Fala Pelos tação. Por exemplo, em vez da comunicação


face a face, Ele “fala” a todos através da
“consciência”. (Ver João 1:9; Rom. 2:15.) De
uma forma significativa, o Espírito Santo pe-
e confirmatório.
Deus falou também por meio de sonhos.
Considere o significado do sonho profético
de José (Gên. 37), os sonhos do copeiro e do

Profetas de aos seres racionais que prefiram o certo ao


errado, seja qual for a situação. Além disso,
para aqueles que especificamente buscam o
padeiro de Faraó (Gên. 40), o sonho de Fa-
raó (Gên. 41), o sonho do soldado midiani-
ta (Juí. 7) e os sonhos de Nabucodonosor
“Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas.” Heb. auxílio divino, ainda que não conheçam (Dan. 2 e 4).
1:1. “Se entre vós há profeta, Eu, o Senhor, em visão a ele Me faço conhecer, ou falo com ele em muito a Deus, estende-se a todos a promessa: Não resta dúvida de que a revelação mais
sonhos.” Núm. 12:6. “Reconhece-O em todos os teus caminhos, e clara de Deus e de Sua vontade para homens
Ele endireitará as tuas veredas.” Prov. 3:6.2 e mulheres foi por intermédio de Jesus Cris-
Deus também Se revela por meio dos an- to: “Havendo Deus antigamente falado mui-
jos: “Não são todos eles espíritos ministrado- tas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pe-

D
eus tem-Se comunicado com os seres vas e a suprir as próprias necessidades como res, enviados para serviço a favor dos que hão los profetas, nestes últimos dias a nós nos fa-
humanos desde que criou Adão e mordomos deste fantástico paraíso chamado de herdar a salvação?” Heb. 1:14.3 lou pelo Filho.” Heb. 1:1 e 2. Jesus foi explí-
Eva.1 Os seres humanos foram criados planeta Terra. É possível que todo dia, ao Embora desfigurado pelos resultados do cito: “Quem Me vê a Mim vê o Pai.” João
à semelhança de Deus, feitos “à Sua ima- pôr-do-sol, eles realizassem um culto a Deus pecado, o mundo físico ainda revela muita 14:9. Mas Cristo não chamou a atenção para
gem”. Gên. 1:27. Ele os fez responsáveis, isto “na parte fresca do dia”. Gên. 3:8. Eles sa- coisa sobre a natureza e o caráter de Deus: Deus como todos os profetas vinham fazen-
é, capazes de responder a Deus e às outras biam que nem tudo era seguro, nem mesmo “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim do; Ele era Aquele para quem eles chama-
pessoas. Deus proveu todas as coisas imaginá- no Éden! O mal se emboscava na sombra da o Seu eterno poder, como também a Sua pró- vam a atenção.
veis para a felicidade de nossos primeiros “árvore do conhecimento do bem e do mal”. pria divindade, claramente se reconhecem,
pais. “Plantou... um jardim” (Gên. 2:8) já flo- Gên. 2:17.
desde o princípio do mundo, sendo percebi- A Forma Mais Reconhecida de Revelação Divina
rido, cheio de plantas comestíveis. O primei- Terríveis mudanças ocorreram quando
dos por meio das coisas que foram criadas. Embora Deus tenha empregado muitos mé-
ro casal não precisava passar por dificuldade, Adão e Eva pecaram. Já não conseguiam falar
nem lutar pela sobrevivência. com Deus face a face. Não porque Deus hou- Tais homens são, por isso, indesculpáveis.” todos, o “profeta” foi a forma mais reco-
Além disso, Deus fez homens e mulheres vesse mudado, mas porque o primeiro casal Rom. 1:20. Pessoas de todos os continentes e nhecida de comunicação divina. Os sacer-
com capacidade de gerar filhos à imagem de- mudara – o pecado reconfigurou-lhes a men- através da História têm associado Deus a dotes de Israel eram os representantes do
les, assim como criara Adão e Eva à Sua ima- te e as emoções. Isaías descreveu essa nova si- “atributos” como ordem, beleza, previsibili- povo perante Deus; os profetas eram os re-
gem. Nada foi omitido. Tudo o que homens tuação em suas verdadeiras cores: “As vossas dade e desígnio, vistos nos corpos celestes ou presentantes oficiais de Deus perante Seu
e mulheres precisavam estava no lugar apro- iniqüidades fazem separação entre vós e o nas maravilhas terrenas, tanto as animadas povo. O chamado do sacerdote era heredi-
priado – a espécie correta de alimento, a ale- vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o como as inanimadas.4 tário; o profeta era especificamente chama-
gria do trabalho, a contemplação diária de Seu rosto de vós.” Isa. 59:2. Antes que Moisés guiasse os israelitas para do por Deus.6
um deslumbrante jardim de flores, sem chu- O pecado danifica a trajetória dos nervos. fora do Egito, Deus havia Se comunicado Os profetas têm sido os canais mais visí-
va e ferrugem, bem como o perfeito compa- Pessoa alguma continua a mesma depois de com homens e mulheres por meio dos pa- veis no sistema divino de comunicação.
nheirismo de um com o outro e com o pró- pecar. Formam-se novas ligações nos prolon- triarcas Noé (Gên. 5-9), Abraão (Gên. 12- “Certamente o Senhor Deus não fará coisa
prio Deus. O plano de Deus para nossos pri- gamentos nervosos tornando mais fácil a re- 24), Isaque (Gên. 26:2-5) e Jacó (Gên. alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo
meiros pais ainda hoje continua a ser um petição do pecado. O pensar claramente de 32:24-30). Moisés foi o ilustre exemplo de aos Seus servos, os profetas.” Amós 3:7. “O
projeto realizável para nós que buscamos paz novo requer o auxílio especial de Deus. As- um ser humano com quem Deus conversava Senhor, Deus de seus pais, começando de ma-
e saúde em meio à ruína lastimável daquilo sim, quando nossos primeiros pais pecaram, (Êxo. 3, etc.). drugada, falou-lhes por intermédio dos Seus
que o Senhor tinha em vista em relação à fa- Deus teve que mudar Seu sistema de comuni-
Com referência à nação de Israel em seus mensageiros, porque Se compadecera do Seu
mília humana. cação com os seres humanos. Nem todos os
deploráveis resultados do pecado sobrevieram primeiros anos, Deus “falava” por Urim e Tu- povo.” II Crôn. 36:15.
Comunicação Antes do Pecado a Adão e Eva imediatamente, mas a triste de- mim, duas pedras preciosas engastadas no Deus foi bastante explícito quando disse
Antes de pecarem, nossos primeiros pais generação da humanidade começou no dia peitoral (éfode) do sumo sacerdote israelita. que, se o povo não desse ouvido a Seus profe-
desfrutavam constante comunhão com Deus em que eles condescenderam com “a con- Quando os líderes da nação queriam conhecer tas, Ele não teria outro remédio para ajudá-lo
e com Seus anjos. Foi dessa maneira que cupiscência da carne, a concupiscência dos a vontade de Deus, o sumo sacerdote fazia as a superar seus problemas pessoais ou nacio-
aprenderam a cuidar de todas as criaturas vi- olhos e a soberba da vida”. I João 2:16. perguntas específicas, e estas eram respondi- nais: “Eles, porém, zombavam dos mensa-
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SEÇÃO I
CAPÍTULO 2 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação DEUS FALA
PELOS PROFETAS
geiros de Deus, desprezavam as Suas palavras gem pela palavra falada ou escrita. Em I Sa- mas faltavam homens e mulheres pelos quais aprazível se deviam à liderança profética de
e mofavam dos Seus profetas, até que... não muel 9:9, percebe-se ambos os papéis: “Anti- pudesse, de maneira segura, comunicar Sua Samuel.
houve remédio algum.” II Crôn. 36:16. gamente em Israel, indo alguém consultar a palavra. Quando as visões não eram freqüen- Deus advertiu os líderes de que um rei tra-
No livro A Prophet Among You,7 T. Housel Deus, dizia assim: Vinde, vamos ao vidente tes, a situação espiritual e política de Israel ria provas e dificuldades a seu país – mas eles
Jemison alistou oito razões por que Deus usou [ro’eh]; porque ao profeta [nabi] de hoje, ou- tornava-se embaraçosa. Israel só recuperava persistiram: “Para que sejamos também como
profetas em vez de alguns recursos dramáticos trora se chamava vidente [ro’eh].” seu bem-estar quando o ofício profético era todas as nações; o nosso rei poderá governar-
e espetaculares tais como escrever Sua vonta- Chozeh, derivada da mesma raiz da qual re- restaurado. nos, sair adiante de nós e fazer as nossas guer-
de nas nuvens ou proferi-la como trovão no cebemos a palavra portuguesa visão, salienta Exemplo: a restauração de Israel como ras.” Verso 20.
amanhecer de cada dia: o fato de que o profeta recebe mensagens por uma nação livre e abençoada coincidiu exa- Embora Israel tenha rejeitado o plano de
1. Os profetas prepararam o caminho para meio de visões dadas por ministração divina. tamente com o ministério profético de Sa- Deus governar Seu povo (teocracia), Deus,
o primeiro advento de Cristo. Cada um dos três termos hebraicos para muel. A longa vida deste profeta é um relato porém, não rejeitou a Israel. Não retirou o
“profeta” sublinha o ofício profético como o la- surpreendente da maneira como um só ho- dom profético. Desde o tempo de Saul, o pri-
2. Como representantes do Senhor, os pro-
do humano do plano divino de comunicação. mem pode alterar o curso de toda uma nação. meiro rei de Israel, até os dias da desolação
fetas mostraram ao povo que Deus valorizava
No Novo Testamento, a palavra grega Os primeiros anos de sua vida, depois de sua em que tanto Israel como Judá foram levados
os seres humanos a ponto de escolher dentre
prophetes, equivalente a nabi do Antigo Tes- mãe o haver entregue ao Senhor, são bem co- cativos para Assíria e para Babilônia, trinta
eles homens e mulheres para representá-Lo. tamento, é transliterada como “profeta”. nhecidos: “E o menino Samuel ia crescendo profetas são mencionados pelo nome na Bí-
3. Os profetas eram um lembrete constan- Seu sentido básico é “falar em nome de”. O em estatura e em graça diante do Senhor, co- blia. Além deles, houve profetas anônimos,
te da proximidade e disponibilidade da ins- verdadeiro “profeta” é aquele que fala em mo também diante dos homens”. I Sam. 2:26. junto com os “filhos dos profetas”.
trução divina. nome de Deus. À medida que Samuel amadurecia, sua lide-
4. As mensagens comunicadas pelos profe- rança espiritual se tornava manifesta: “Cres- Pouco Sucesso
tas cumpriam o mesmo propósito que uma Longa Linhagem de Esplendor cia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhu- Quanto sucesso obtiveram os profetas? Bem
comunicação pessoal do Criador. O primeiro (tanto quanto sabemos) desta ma de todas as suas palavras deixou cair em pouco, em grande parte devido aos líderes na-
5. Os profetas eram uma manifestação do surpreendente linhagem de corajosos, fiéis e terra. Todo o Israel, desde Dã até Berseba, co- cionais que os rejeitaram. Repare Jeoaquim
que a comunhão com Deus e a transformado- ilustres profetas por intermédio dos quais nheceu que Samuel estava confirmado como (Jer. 36), para quem o profeta Jeremias rece-
ra graça do Espírito Santo podia realizar na Deus disse o que pensava foi “Enoque, o séti- profeta do Senhor.” I Sam. 3:19 e 20. Poste- beu ordens de Deus de enviar palavras de
vida humana. mo depois de Adão”. Jud. 14. Depois veio riormente, o “Senhor apareceu a Samuel em condenação e esperança. Baruque, o assisten-
6. A presença dos profetas punha o po- Abraão (Gên. 20:7) e Moisés (Deut. 18:15). Siló. ... E veio a palavra de Samuel a todo o te de redação de Jeremias, leu a mensagem
vo à prova no tocante à atitude deles para Miriã foi a primeira mulher a ser chamada de Israel.” I Sam. 3:21-4:1. “diante de todo o povo”. Verso 10. O rolo
com Deus. profetisa (Êxo. 15:20). A fidelidade de Samuel como mensageiro caiu sem demora nas mãos dos conselheiros
7. Os profetas tomaram parte no plano da Com o passar do tempo, a nação de Israel de Deus tornou possível a Deus inverter a da corte, os quais também ficaram grande-
salvação, pois Deus tem coerentemente em- perdeu seu enfoque espiritual e tornou-se desgraça de Israel. O exemplo espiritual, a mente impressionados. Eles insistiram com o
pregado uma combinação do humano e do igual a seus vizinhos na adoração de outros exortação e a liderança nacional do profeta rei Jeoaquim para que também lesse a mensa-
divino como o meio mais eficaz de alcançar a deuses. Durante o longo e sombrio período foram tão eficientes que o relato declara: gem de Jeremias. O rei pediu a Jeudi que o
humanidade perdida. dos juízes, Israel foi oprimido e humilhado “Assim, os filisteus foram abatidos e nunca lesse em voz alta.
8. O resultado mais notável da atividade dos pelas nações vizinhas. Quando Samuel rece- mais vieram ao território de Israel, porquan- Mas, tendo o ministro de confiança do rei
beu o chamado para seu papel profético, os fi- to foi a mão do Senhor contra eles todos os lido apenas “três ou quatro folhas do livro,
profetas é sua contribuição à Palavra Escrita.
listeus exerciam implacável domínio sobre Is- dias de Samuel.” I Sam. 7:13. cortou-o o rei com um canivete de escrivão e
rael. Eli, o sumo sacerdote, era homem idoso A vida de Samuel é uma ilustração clara e o lançou no fogo que havia no braseiro, e, as-
A Obra dos Profetas
e ineficiente. Seus dois filhos, Hofni e Fi- profunda de como o Espírito de Profecia po- sim, todo o rolo se consumiu no fogo que es-
Dupla era a obra dos profetas: receber a mensa-
néias, embora responsáveis pela liderança do de ser eficiente no estabelecimento do pro- tava no braseiro. Não se atemorizaram, não
gem divina e transmiti-la fielmente. Esses as-
governo e do sacerdócio, “eram homens ím- grama de Deus na Terra. Quem pode imagi- rasgaram as vestes”. Jer. 36:23 e 24.
pectos se refletem nas três palavras hebraicas pios; não conheciam ao Senhor”. I Sam. Lamentavelmente, Jeoaquim era o tipo de
nar o que será possível realizar nestes últimos
para “profeta”. Para ressaltar o papel dos profe- 2:12. Não é de admirar que “naqueles dias, a dias se dermos ouvido ao Espírito de Profecia! muitos líderes espirituais, até mesmo de líde-
tas em ouvir a vontade de Deus conforme lhe palavra do Senhor era mui rara; as visões não Tendo Samuel idade avançada, algo quase res cristãos de nossa época, que destruiriam
era revelada, o escritor hebraico usava chozeh eram freqüentes”. I Sam. 3:1.8 inexplicável aconteceu. Os líderes israelitas completamente, se pudessem, a mensagem
ou ro’eh, que traduzido significa “vidente”. A A “palavra do Senhor era mui rara” em Is- vieram ter com ele pedindo que lhes consti- de Deus e Seus mensageiros. Muitos têm pro-
palavra hebraica nabi (a palavra hebraica mais rael porque raros eram os homens e mulheres tuíssem “um rei..., para que nos governe, co- curado, através dos anos, seja com o “canive-
freqüentemente usada para profeta) descreve a quem se podia confiar as mensagens celes- mo o têm todas as nações”. I Sam. 8:4. Esque- te de escrivão”, seja com benigna negligên-
os profetas enquanto transmitem sua mensa- tiais. Deus estava disposto a guiar Seu povo, ceram que sua soberania restaurada e situação cia, anular a eficácia de um profeta.
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CAPÍTULO 2 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação DEUS FALA
PELOS PROFETAS
A mensagem de Deus, porém, sobrevive em te de Deus falaram movidos pelo Espírito anúncios oficiais feitos por reis a seus súditos. Além de seus deveres públicos e oficiais,
benefício daqueles que buscam conhecer Sua Santo.” II Ped. 1:21. Alguns dos inspirados escritos proféticos nem os profetas escreviam cartas particulares às
vontade. Considere a experiência de Saul: “Che- mesmo foram escritos pelos profetas. pessoas que tinham necessidades específicas.
Davi é outro exemplo de líder israelita que gando eles a Gibeá, eis que um grupo de pro- Das abundantes mensagens proféticas Escrito. As mensagens escritas apresentam
recebeu uma mensagem de reprovação da par- fetas lhes saiu ao encontro; o Espírito de Deus apresentadas através de vários milhares de vantagens sobre as outras formas de comuni-
te de um profeta. Mas o resultado foi o opos- se apossou de Saul, e ele profetizou no meio anos, Deus supervisionou uma compilação cação. Podem ser lidas e relidas. Comparadas
to da experiência de Jeoaquim. Depois de o deles.” I Sam. 10:10. que chamamos de Bíblia. Esta amostragem foi com a apresentação oral, elas são menos su-
preservada para um propósito: “Estas coisas jeitas a interpretações errôneas. O Senhor or-
rei Davi ter mandado assassinar Urias para Ezequiel referiu-se muitas vezes à presença
lhes sobrevieram como exemplos e foram es- denou a Jeremias que escrevesse um livro
poder casar-se com Bate-Seba, a esposa de do Espírito Santo: “Então, entrou em mim o
critas para advertência nossa, de nós outros contendo as palavras que Ele lhe daria. Jere-
Urias, Deus enviou o profeta Natã a Davi. Espírito, quando falava comigo, e me pôs em sobre quem os fins dos séculos têm chegado.” mias pediu a Baruque para ser seu assistente
Sem procurar evasivas com palavras de com- pé, e ouvi o que me falava.” Ezeq. 2:2. (Ver I Cor. 10:11. de redação, e o livro finalmente foi lido pe-
paixão ou favor, Natã apontou o dedo para também 3:12, 14 e 24; 8:3; 11:5; 37:1.) rante o povo de Jerusalém e perante o rei.
Davi e proferiu a palavra de condenação: “Tu De que modo o profeta reconhecia a pre- Como os Profetas Transmitiam as Mensagens Anos depois, o profeta Daniel (9:2) declara
és o homem!” II Sam. 12:7. Davi aceitou a pa- sença e o poder do Espírito Santo? Por meio Através da História, o Espírito de Profecia haver lido as mensagens de Jeremias, nas
lavra do Senhor – e rendeu-se: “Pequei contra de visões e sonhos fora do comum, acompa- tem usado três métodos para apresentar as quais este profeta prometia libertação para o
o Senhor.” II Sam. 12:13. (Ver também Sal. nhados de fenômenos físicos. Muitos viram o mensagens de Deus: Oral, Escrito e Dra- povo de Deus após setenta anos de cativeiro.
51.) Davi é um dos mais admiráveis exemplos cumprimento da promessa de Deus: “Se entre matizado. O próprio Daniel recebeu instruções para es-
daqueles que, atendendo às palavras condena- vós houver profeta, Eu, o Senhor, a ele Me fa- Oral. A apresentação sob a forma de ser- crever um livro dirigido especificamente
tórias do Senhor, mudaram seu futuro para rei conhecer em visão, em sonhos falarei com mão normal talvez seja a modalidade mais àqueles que viveriam no “tempo do fim”.
melhor. Seu exemplo tem sido muitas vezes ele.” Núm. 12:6. (A Bíblia não faz distinção conhecida da obra de um profeta. Pensamos Dan. 12:4.
mencionado na história da igreja. clara entre visão profética e sonho profético. imediatamente em Jesus proferindo Seu ser- O apóstolo Paulo escreveu catorze livros
Os termos parecem ser usados de maneira mão no Monte das Bem-aventuranças (Mat. do Novo Testamento, sendo todos, exceto
Nomes Aplicados às Mensagens Proféticas permutável.) 5-7) ou do sermão de Pedro no dia de Pente- um, cartas para várias igrejas ou seus pastores.
Diversos termos são empregados na Bíblia pa- costes (Atos 2). Todo o livro de Deuteronô- Algumas de suas cartas não foram incluídas
Em Daniel 10, o profeta descreve alguns
mio foi um discurso oral em que Moisés pas- na Bíblia, como é o caso da carta à igreja de
ra descrever as mensagens apresentadas pelos dos fenômenos físicos que acompanharam
sou em revista os quarenta anos da história is- Laodicéia (Col. 4:16).
profetas: conselho (Isa. 44:26); mensagem do “esta grande visão”. Verso 8. Embora ele ti- raelita. Muitos dos profetas menores apresen- Pedro também escreveu cartas a vários
Senhor (Ageu 1:13); profecia ou profecias (II vesse caído “sem sentidos, rosto em terra”, taram primeiramente suas mensagens sob a grupos de igreja: “Amados, esta é, agora, a se-
Crôn. 9:29; 15:8; I Cor. 13:8); testemunhos conseguiu ouvir “a voz das suas palavras”. forma oral. gunda epístola que vos escrevo; em ambas,
(I Reis 2:3; II Reis 11:12; 17:15; 23:3; muitos Verso 9. Havia outras pessoas com Daniel du- Além dessas apresentações de caráter mais procuro despertar com lembranças a vossa
versos do Sal. 119) e Palavra de Deus (I Sam. rante a visão, mas só ele teve “aquela visão”. formal, os profetas também registraram por mente esclarecida.” II Ped. 3:1. Ele também
9:27; I Reis 12:22). Verso 7. escrito os conselhos dados anteriormente a lí- escreveu cartas particulares, como a que foi
Cada termo, apesar de facilmente inter- Daniel sofria alterações físicas enquanto deres ou grupos. Isaías registrou sua entrevis- endereçada a Silvano (I Ped. 5:12).
cambiável, enfatiza determinado aspecto do se achava em visão: “Não ficou força em ta com Ezequias (Isa. 37). A maior parte do João escreveu pelo menos três cartas, além
sistema divino de comunicação. “Testemu- mim; e transmudou-se em mim a minha for- livro de Jeremias é um resumo escrito de suas do Evangelho e do livro de Apocalipse: “Es-
nhos”, por exemplo, sugere “mensagens”. O mosura em desmaio, e não retive força algu- mensagens públicas. Ezequiel transcreveu tas coisas, pois, vos escrevemos para que a
pensamento incluso na expressão “testemu- ma.” Verso 8. suas primeiras conversas com os líderes de Is- nossa alegria seja completa.” I João 1:4.
nho de Jesus” (Apoc. 12:17 e 19:10) é que as Quaisquer que possam ter sido os fenôme- rael. Por exemplo: “No sexto ano, no sexto
mensagens ou a vontade de Jesus são revela- nos específicos que acompanhavam uma vi- mês, aos cinco dias do mês, estando eu senta- Cartas Cheias de Autoridade
das quando um profeta fala ou escreve. do em minha casa, e os anciãos de Judá, as- As cartas dos profetas encerravam a mesma
são ou sonho, os profetas sabiam que Deus
sentados diante de mim, sucedeu que ali a autoridade que seus sermões convencionais.
lhes falava.
mão do Senhor Deus caiu sobre mim.” Ezeq. Em alguns casos, as cartas eram mais úteis do
Como Deus e os Profetas Interagem O que sabemos sobre as mensagens dos 8:1. (Ver 20:1.) que um sermão, pois eram escritas a pessoas
Os profetas reconhecem claramente a pre- profetas e a maneira como estas foram profe- Algumas entrevistas particulares, como a específicas com problemas específicos. As
sença e o poder do Espírito Santo no papel ridas acha-se registrado na Bíblia. A princí- de Natã com Davi (II Sam. 12:1-7), a de Je- cartas endereçadas a uma pessoa ou a uma
que desempenham como mensageiros de pio nem todas as mensagens que temos hoje remias com Zedequias (Jer. 38:14-19), e a de igreja tornaram-se igualmente benéficas a ou-
Deus. Pedro compreendia bem essa relação: estavam na forma escrita. Algumas eram ser- Jesus com Nicodemos (João 3), foram tam- tras, à medida que essas cartas (e sermões)
“Porque a profecia nunca foi produzida por mões públicos, outras eram cartas a amigos bém consideradas pelo Espírito de Profecia eram copiadas e amplamente distribuídas.
vontade dos homens, mas os homens da par- ou a grupos congregacionais; algumas eram como dignas de uma aplicação mais ampla. Pessoas de todos os lugares, através dos tem-
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SEÇÃO I
CAPÍTULO 2 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação DEUS FALA
PELOS PROFETAS
pos, têm-se identificado com essas inspiradas Jeremias explicou a maneira como utilizava Paulo utilizou diversos assistentes literários vesse mais experiência de redigir em grego (I
e práticas aplicações dos princípios divinos às Baruque como seu assistente de redação: “En- com variados talentos de redação.10 Pedro). Esse assistente podia então ter regis-
particularidades da vida. tão Jeremias chamou a Baruque, filho de Ne- Pedro se referia a seu assistente de redação trado as idéias de Pedro em seu estilo, efe-
Dramatização. A apresentação de parábo- rias; e escreveu Baruque, no rolo dum livro, pelo nome de Silvano (Silas), “nosso fiel ir- tuando depois as alterações sugeridas por Pe-
las por palavras ou ações é um recurso de en- enquanto Jeremias lhas ditava, todas as pala- mão”. I Ped. 5:12. Por que Pedro precisaria de dro. As duas cartas difeririam assim em esti-
sino muito empregado pela Bíblia. Jesus fez vras que o Senhor lhe havia falado.” Jer. 36:4. auxílio em redação? Por várias razões: além lo, mas, sob a orientação do Espírito Santo,
uso abundante de parábolas para tornar claro Quando os oficiais do rei ouviram Baruque de não ter recebido instrução acadêmica, Pe- expressariam o pensamento de Pedro como
o valor dos princípios divinos. ler essas mensagens, perguntaram: “Declara- dro passava pelas mesmas restrições carcerá- se ele houvesse verdadeiramente ditado cada
O ministério de Jeremias utilizou muitas nos, como escreveste isto? Acaso, te ditou o rias de Paulo; e visto que sua língua materna palavra. João Calvino defendia esse ponto de
vezes a parábola da ação e do exemplo. Deus profeta todas estas palavras?” Baruque lhes era o aramaico, ele provavelmente não era vista, embora não tivesse dúvidas de que am-
lhe pediu que não se casasse (Jer. 16:1 e 2) a respondeu: “Ditava-me pessoalmente todas fluente no grego. A primeira epístola de Pe- bas apresentavam com exatidão o pensa-
fim de tornar-se para os judeus um lembrete estas palavras, e eu as escrevia no livro com dro é escrita em grego elegante e de alto ní- mento de Pedro.”13
vivo da experiência penosa por que estavam tinta.” Jer. 36:17 e 18. vel, sinal de uma mente culta que reflete a as- Ao comparar o Evangelho de João com o
prestes a passar durante a destruição de Jeru- Baruque, conhecido como escrivão sistência de Silvano. A segunda epístola de
salém. Pense nos recursos audiovisuais da (36:26), ao que parece era bastante culto. Je- livro de Apocalipse, vemos novamente esti-
Pedro, no entanto, é escrita num estilo literá- los literários surpreendentemente diferentes.
“botija de oleiro” (Jer. 19), quebrada como si- remias utilizava as habilidades literárias deste rio rudimentar, embora a verdade resplande-
nal da queda de Jerusalém; ou das “correias e homem a fim de preparar a forma escrita das As evidências parecem indicar que o apósto-
ça de maneira notável. Obviamente, Silvano lo João escreveu ambos os livros, ainda que o
canzis” (Jer. 27) que pressagiavam o iminen- mensagens que comunicava oralmente: “To- não estava disponível a curto prazo, e Pedro
te jugo de Babilônia. mou, pois, Jeremias outro rolo e o deu a Ba- estilo literário seja muito dessemelhante. O
escreveu-a ele mesmo ou contratou outro es-
À semelhança de Jeremias, Ezequiel mui- ruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual es- livro de Apocalipse é geralmente construído
criba sem o talento literário de Silvano.11
tas vezes exprimiu suas mensagens proféticas creveu nele, ditado por Jeremias, todas as pa- numa estrutura grega frouxa (ver pág. 541),
sob a forma de parábolas. Os exemplos in- lavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, enquanto o Evangelho de João se conforma
Diferenças Óbvias Entre I e II Pedro
cluem o rolo que ele deveria comer (Ezeq. queimara; e ainda se lhes acrescentaram mui- A diferença entre a primeira epístola de Pe- aos padrões literários clássicos – uma indica-
3:1-3); a espada afiada que usou como nava- tas palavras semelhantes.” Jer. 36:32. dro e a segunda é tão óbvia que a autoria de ção clara de que os escribas eram pessoas di-
lha de barbeiro na cabeça e na barba (Ezeq. Pedro, de uma ou mesmo de ambas as cartas, ferentes.14 Parte da diferença pode ser atri-
5:1); o caldeirão com comida (Ezeq. 24:3 e Diversos Assistentes de Paulo buída ao fato de João estar em idade avança-
tem sido questionada. Allan A. McRae ob-
4); e o vale de ossos secos (Ezeq. 37). As No Novo Testamento, Paulo utilizou diversos da quando escreveu o Apocalipse.
servou: “Não podemos descartar a idéia de
mensagens veiculadas por meio de parábolas assistentes de redação. Tércio ajudou-o a pre-
que um escritor possa, ocasionalmente, haver
captavam a atenção e eram mais facilmente parar o original da epístola aos Romanos Como o Evangelho de Lucas Foi Escrito
transmitido a um assistente a idéia geral do
relembradas. (16:22). Ao que parece, Sóstenes o ajudou na Outro modo de encarar a assistência editorial
que ele queria, dizendo-lhe para colocar isto
Ao examinar esses vários métodos de cap- escrita da primeira carta aos Coríntios (1:1). no preparo do material bíblico é fornecido
Na prisão romana, Paulo ditou sua segunda na forma escrita.12 Nesse caso, ele teria veri-
tar a atenção, ficamos impressionados ao pela análise de como e por que o livro de Lu-
carta a Timóteo; e Lucas, seu médico, a prepa- ficado o original para ter a certeza de que o
constatar o fato de que Deus selecionava o cas foi preparado. Lucas não foi uma testemu-
método que melhor se adaptasse à ocasião. rou na forma escrita.9 Paulo tinha excelentes texto representava o que ele havia querido
dizer e, portanto, ele podia verdadeiramente nha ocular do ministério de Cristo. Provavel-
Deus Se adapta com facilidade e é persisten- conhecimentos de grego, conforme o atesta- mente ele nunca ouvira Jesus falar. Contudo,
te. Todos os métodos são autênticos, pois pro- vam os líderes judeus. Mas havia justas razões ser chamado seu autor. O Espírito Santo teria
guiado todo o processo para que a redação de- o Evangelho de Lucas pode ser comparado ao
cedem da mesma Fonte. O sermão deutero- para que ele empregasse assistentes de reda-
finitiva exprimisse as idéias que Deus deseja- de Mateus, Marcos e João no que se refere à
nômico de Moisés, as entrevistas pessoais de ção. Na prisão, sua capacidade de escrever fi-
va transmitir a Seu povo. fidelidade com que palavras e atos de Jesus
Isaías, os sermões transcritos de Jeremias, as cara extremamente reduzida, mas os assisten-
cartas de Paulo, as dramatizações parabólicas tes podiam tomar seus pensamentos e registrá-los “É provável que Paulo raramente seguisse foram registrados.
de Ezequiel, os livros de Daniel, o sermão de da maneira mais conveniente. Alguns acham este último procedimento, visto ser bastante Como Lucas fez isto? Obtendo de testemu-
Pedro no Pentecostes, a entrevista de Jesus que seu “espinho na carne” era uma vista fra- culto e ter confiança em sua capacidade de nhas oculares os relatos mais válidos e apre-
com Nicodemos – tudo foi inspirado pelo Es- ca (I Cor. 12:7-9; Gál. 4:15). Seja qual for o expressar-se em grego. Mas a situação pode sentando-os de maneira coerente.15
pírito. “Homens santos de Deus falaram ins- método que Paulo tenha empregado na escri- ter sido diferente no caso de Pedro e João. O Lucas diz isso da seguinte maneira: “Visto
pirados pelo Espírito Santo.” II Ped. 1:21. ta de suas epístolas, aqueles que liam essas car- estilo da primeira epístola de Pedro difere que muitos houve que empreenderam uma
tas (ou as ouviam ser lidas) sabiam que esta- tanto do da segunda que alguns críticos suge- narração coordenada dos fatos que entre nós
Assistentes de Redação vam escutando mensagens inspiradas. riram uma fraude. Contudo, Pedro podia se realizaram, conforme nos transmitiram os
Sabemos bem pouco sobre a maneira como os A diferença significativa no estilo grego muito bem ter ele mesmo escrito um livro que desde o princípio foram deles testemu-
autores bíblicos preparavam seus materiais. (não necessariamente no conteúdo) de cada em grego (II Pedro?) e expresso seu pensa- nhas oculares e ministros da palavra, igual-
Sabemos apenas o que nos contaram. uma de suas cartas sugere nitidamente que mento em aramaico a um assistente que ti- mente a mim me pareceu bem, depois de pro-
14 15
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SEÇÃO I
CAPÍTULO 2 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação DEUS FALA
PELOS PROFETAS
funda investigação de tudo desde sua origem, em vez de a Zacarias (11:12) como fonte do da a Escritura é inspirada por Deus”. II Tim. te e inspirado. Algumas mensagens, porém,
dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, Antigo Testamento para uma profecia mes- 3:16. A palavra grega usada por Paulo para eram de interesse local. Algumas já estavam
uma exposição em ordem, para que tenhas siânica. Isso pode ter sido um erro do copista. “inspiração” é theopneustos, uma contração de inclusas em outras mensagens que foram pre-
plena certeza das verdades em que foste ins- Mas se o erro foi do próprio Mateus, é um duas palavras: “Soprado por Deus.” Isso é servadas. Sem dúvida, a maior quantidade de
truído.” Luc. 1:1-4. equívoco humano que qualquer professor ou mais descritivo do que uma simples impressão mensagens proféticas, incluindo as palavras
Deus comunicou Sua mensagem não por pastor pode cometer, um equívoco que não poética. Quando Daniel, por exemplo, estava de Jesus, não foi preservada.
meio de transcrição mecânica, mas pelos atos causa problema para os defensores da inspira-
e palavras que homens e mulheres podiam em visão, ele literalmente não conseguia res- Pode-se classificar os profetas bíblicos em
ção de pensamento. Por quê? Porque os de-
entender. Os profetas que ouviram Deus lhes fensores da inspiração de pensamento enten- pirar (Dan. 10:17)! quatro grupos:21
falar diretamente comunicaram essas mensa- dem o que Mateus queria dizer! Pedro disse que os profetas eram “movidos 1. Profetas que escreveram uma parte da Bí-
gens usando os processos mentais de sua épo- Ou, o que Pilatos realmente escreveu na pelo Espírito Santo”. II Ped. 1:21. A palavra blia, tais como Moisés, Jeremias, Paulo e João.
ca e os idiomas e analogias que seus ouvintes inscrição posta sobre a cruz de Cristo? Mateus grega para “movidos” é pheromeni, a mesma 2. Profetas que não escreveram nada da
seriam capazes de entender. 27:37, Marcos 15:26, Lucas 23:38 e João palavra que Lucas usou (Atos 27:17 e 27) pa- Bíblia, mas cujas mensagens e ministérios são
Compreender corretamente o processo de 19:19 registram a inscrição de modo diferen- ra descrever a maneira como o barco em que amplamente descritos na Bíblia, tais como
revelação/inspiração evita as angustiosas in- te. Para os defensores da inspiração de pensa- ele se encontrava estava sendo “impelido” Enoque, Elias e Eliseu.
quietações que as pessoas sentem quando mento, a mensagem é clara; para os propo- por uma terrível tempestade através do Mar 3. Profetas que deram testemunho oral
vêem nos Evangelhos claras diferenças entre nentes da inspiração verbal, é um problema!
os relatos do mesmo acontecimento ou até Mediterrâneo. Os profetas não confundiam o (talvez até mesmo escrito), mas cujas pala-
mesmo nas mensagens de Jesus. Nada pertur- “movimento” do Espírito com as emoções vras não foram preservadas. Através de todo
Os Profetas São Inspirados, não as Palavras
ba mais alguns estudantes sinceros do que ob- normais. Eles sabiam quando o Senhor lhes o Antigo Testamento, há muitos profetas
Para os que crêem na inspiração de pensa-
servar as formas diferentes como os escritores falava. Eles eram inspirados! anônimos, incluindo os setenta anciãos, que
mento, Deus inspira o profeta, não suas pala-
bíblicos descrevem o mesmo acontecimento, vras.16 Os defensores da inspiração de pensa- Outra palavra bastante usada para descre- receberam o Espírito Santo e profetizaram
“citam” o mesmo diálogo ou narram as pará- mento lêem a Bíblia e vêem Deus atuando ver o sistema divino de comunicação é ilumi- (Núm. 11:24 e 25), o grupo que se uniu a
bolas de Jesus. Ter duas versões da Oração do por intermédio de seres humanos com suas nação. Quando os profetas proferem suas Saul depois que ele se tornou rei (I Sam.
Senhor, conforme registradas em Mateus 6 e características individuais. Deus comunica os mensagens, como homens e mulheres reco- 10:5, 6 e 10) e aqueles que Obadias escondeu
Lucas 11, desconcerta aqueles que acreditam em cavernas (I Reis 18:4 e 13). No Novo Tes-
pensamentos; e os profetas, ao transmitirem a nhecem que essas mensagens são autênticas?
erroneamente que os escritores bíblicos es-
mensagem divina, usam toda a capacidade li- O mesmo Espírito que fala por meio dos pro- tamento, por exemplo, as quatro filhas de Fi-
creveram, palavra por palavra, o que o Espíri-
terária que possuem.17 Especialistas universi- fetas fala àqueles que ouvem ou lêem a men- lipe profetizavam, mas suas mensagens não
to Santo lhes ditava.
tários relatarão uma mensagem ou descreve- sagem do profeta. O ouvinte ou leitor é “ilu- foram registradas (Atos 21:9).
Inspiração Verbal ou de Pensamento rão um acontecimento de forma muito dife- minado” (mas não inspirado). Além disso, o 4. Profetas que escreveram livros que não
A inspiração verbal e isenta de erro faz supor rente da de um pastor de ovelhas. Mas se am- foram preservados. Entre esses estavam Natã
Espírito Santo capacita o crente sincero a
que o profeta é um aparelho de gravação, que bos foram inspirados por Deus, a verdade
entender a mensagem e fazer dela uma apli- (I Crôn. 29:29), Gade (I Crôn. 29:29), Se-
transmite de maneira mecânica e infalível a será ouvida igualmente tanto por instruídos
como por iletrados. Essa é a maneira como a cação pessoal.19 maías (II Crôn. 12:15), o autor do Livro dos
mensagem de Deus. A crença numa inspira- A maneira como o processo de revela- Justos (Jos. 10:13; II Sam. 1:18), Ido (II
ção mecânica não concebe diferenças no re- Bíblia foi escrita, todos os escritores usando
as melhores palavras para expressar fielmente ção/inspiração atuou no ministério de Ellen Crôn. 12:15; 9:29), Odede (II Crôn. 28:9),
gistro de uma mensagem ou acontecimento.
a mensagem que haviam recebido do Senhor. White será discutida no capítulo 13. Feliz- Aías (II Crôn. 9:29) e Jeú (II Crôn. 20:34).
A inspiração verbal requer profetas que
transmitam as palavras exatas fornecidas pe- No processo de revelação/inspiração, a re- mente, a Sra. White falou convincente e cla- O que foi preservado na Bíblia é a essência
lo Guia celestial assim como um escrivão re- velação enfatiza a ação divina que comunica ramente sobre como funcionava esse proces- da gloriosa linhagem de esplendor pela qual
gistra tudo quanto é dito pelas testemunhas informação. Os adventistas do sétimo dia so tanto nos tempos bíblicos como em seu Deus falou a homens e mulheres, “muitas ve-
num tribunal. Não se dá aos profetas nenhu- crêem que a mensagem, ou conteúdo, divina- ministério. zes e de muitas maneiras”. Heb. 1:1. O propó-
ma oportunidade para usarem sua própria in- mente revelada é infalível e autorizada. sito dos escritos bíblicos não é escrever a his-
dividualidade (e limitações) na expressão das “Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra, e Mensagens Proféticas não Preservadas tória completa de tudo o que aconteceu ao
verdades que lhe foram reveladas. luz para os meus caminhos.” Sal. 119:105.18 A Bíblia não contém tudo quanto os profetas povo de Deus no Antigo e no Novo Testa-
Um dos problemas óbvios enfrentados pe- Já a inspiração se refere ao processo pelo
falaram ou escreveram. Não dispomos, por mentos. O objetivo principal da Bíblia é dar
los que crêem na inspiração verbal é o que fa- qual Deus habilita uma pessoa para ser Sua
mensageira. Esse tipo de inspiração é diferen- exemplo, de tudo o que Jesus disse ou fez.20 aos leitores uma compreensão clara do plano
zer ao traduzir a Bíblia, do hebraico ou ara-
maico do Antigo Testamento ou do grego do te do uso coloquial da palavra quando descre- Significa isso que as mensagens não pre- da salvação e os melhores lances do grande
Novo Testamento, para outras línguas. vemos algum poeta ou cantor talentoso como servadas eram menos importantes ou menos conflito entre Cristo e Satanás. Além disso,
Outro problema é Mateus 27:9 e 10, onde sendo “inspirado”. inspiradas do que as que foram registradas na Paulo escreveu que a Bíblia fornece “exem-
o evangelista faz uma referência a Jeremias Paulo escreveu ao jovem Timóteo que “to- Bíblia? Não! Tudo o que Deus diz é importan- plos” do que é certo e do que é errado, da ver-
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SEÇÃO I
CAPÍTULO 2 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação DEUS FALA
PELOS PROFETAS
dade e do erro, advertindo os leitores a não derança espiritual deles, e não uma conspira- Isaías se referiu à própria mulher como “a do o Israel durante a época do regresso do
caírem (I Cor. 10:12). ção ambiciosa ou pessoal. Afinal de contas, profetisa” (8:3) por ocasião do nascimento de exílio babilônico.
como poderia ele reunir 10.000 homens para seu filho, e em nenhum momento mais. Mas será que Deus retirou o “dom de pro-
Deus não Faz Discriminação de Sexo lutar contra um exército adestrado e que pos- Quando José e Maria levaram o menino fecia” durante esse período? Ellen White faz
A Bíblia faz referência a muitas profetisas. suía “novecentos carros de ferro” (Juí. 4:3), a Jesus ao Templo para dedicação, encontra- um interessante comentário sobre esse longo
Moisés considerava sua irmã Miriã uma pro- menos que todos eles estivessem convencidos ram duas pessoas interessantes, além do sa- período entre os profetas bíblicos: “Fora da
fetisa (Êxo. 15:20 e 21). Permanecendo ao la- de que Deus estava na liderança do plano? O cerdote que realizava a cerimônia. (Ver Luc. nação judaica houve homens que predisse-
do dele desde os seus primeiros anos, ela foi relato de Débora como juíza fiel foi tão con- 2.) Simeão “homem justo e temente a Deus”, ram o aparecimento de um instrutor [divi-
uma fiel porta-voz de Deus. Através dos sé- vincente que seu conselho a respeito do que esperava o Libertador de Israel, e ele mesmo no]... e foi-lhes comunicado o Espírito de ins-
culos, Israel teve por ela grande considera- parecia ser uma empresa impossível foi aceito fizera várias predições comoventes acerca do piração.”23
ção, e a incluiu como um dos três que haviam como a vontade de Deus. Ela falou a palavra ministério do Salvador. Achava-se no Tem- Durante esse período intertestamentário
sido enviados “adiante de ti” (Miq. 6:4) para do Senhor com autoridade, e colocou em ris-
plo naquele dia Ana, uma profetisa (verso (entre o tempo de Malaquias e o de Mateus),
fundar a nação israelita após o Êxodo. A cer- co a própria vida ao liderar seus compatriotas
ta altura, sua natureza humana fez com que 36) que também reconheceu o menino Jesus mestres “pagãos” estudaram as Escrituras he-
por preceito e por exemplo rumo ao futuro.
ela se rebelasse contra Moisés (Núm. 12), como o Messias. Devido a sua clara com- braicas (talvez traduzidas para a sua própria
Outras mulheres através da História assu-
mas este ato infeliz não colocou em risco seu miram pesada responsabilidade profética. Fi- preensão das Escrituras, ela entendeu a im- língua). A estes Deus falou enquanto busca-
cargo de profetisa verdadeira. ca bastante claro que Deus não levava em portância da criança; e assim “falou a respei- vam a verdade.24
Débora foi juíza durante um longo e som- conta o sexo quando escolhia uma pessoa pa- to do menino a todos os que esperavam a re- Os “magos” que vieram do Oriente (Mat.
brio período da história de Israel. Repare co- ra representá-Lo. denção de Jerusalém”. Verso 38. 2:1) eram, sem dúvida, exemplos daqueles
mo essa época foi desoladora: “Foi também Hulda foi profetisa durante um grande pe- Mais de trinta e três anos depois, a jovem que, em terras gentias, “predisseram o apare-
congregada a seus pais toda aquela geração; e ríodo de mudanças quando o jovem rei Josias igreja cristã crescia rapidamente em número cimento de um instrutor [divino]” e foram
outra geração após eles se levantou, que não se comprometeu, ele e sua nação, a promover e influência. A presença de homens e mulhe- dotados com o “Espírito de inspiração”. Eles
conhecia o Senhor, nem tampouco as obras uma profunda reforma espiritual. No processo res piedosos mediante os quais Deus revelava sabiam o tempo e o lugar do nascimento do
que fizera a Israel. Então, fizeram os filhos de de “limpeza” do Templo, os obreiros encontra- Seu conselho era uma das razões para esse fe- Messias. Deus falou diretamente a esses ho-
Israel o que era mau perante o Senhor; pois ram um exemplar do que podia ser Deutero- nômeno religioso.22 mens sinceros, instando com eles para que re-
serviram aos baalins. Deixaram o Senhor, nômio – um livro que fora estranhamente ne- A descrição bíblica do sistema divino de gressassem a sua terra sem entrar em contato
Deus de seus pais. ... Pelo que a ira do Senhor gligenciado pelos líderes religiosos da nação. comunicação inclui tanto homens como mu- com o perverso Herodes.
se acendeu contra Israel e os deu na mão dos Josias, sentindo a necessidade de saber lheres. Embora mencionadas menos vezes Cumpre-nos meditar bem neste incidente
espoliadores, que os pilharam; e os entregou mais sobre aquela descoberta, ordenou a seus que os homens, as mulheres profetisas foram e nesta verdade geral: “Deus não faz acepção
na mão dos seus inimigos ao redor; e não mais conselheiros: “Ide, consultai ao Senhor por reconhecidas por seus contemporâneos como de pessoas.” Atos 10:34. Toda geração possui,
puderam resistir a eles. ... Suscitou o Senhor mim, e pelo povo, e por todo o Judá, acerca autênticas mensageiras do Senhor. Elas expli- em algum lugar, homens e mulheres, judeus
juízes, que os livraram da mão dos que os pi- das palavras deste livro que se achou.” II Reis caram as Escrituras, aconselharam líderes e fi- ou gentios, que são testemunhas divinamen-
lharam. ... Quando o Senhor lhes suscitava 22:13. Com quem foram ter o sacerdote e os zeram importantes predições. te inspiradas. Seus nomes talvez não constem
juízes, o Senhor era com o juiz e os livrava da principais conselheiros? Com a “profetisa nas Escrituras Sagradas, mas seu testemunho
mão dos seus inimigos, todos os dias daquele Hulda, mulher de Salum”. Verso 14. Fazia Abismo Entre Malaquias e João Batista existe, mantendo acesa a chama da verdade.
juiz.” Juí. 2:10-18. cinco anos que Jeremias vivia em Jerusalém O registro da ilustre linhagem dos profetas e Malaquias, o último profeta do Antigo
(compare II Reis 22:3 com Jer. 1:2), mas foi profetisas contido no Antigo Testamento en-
Débora Era Mais que uma Juíza Testamento, encerrou suas mensagens com a
de Hulda que se valeram em busca de orien- cerra-se com Malaquias, que viveu na última
Débora não foi apenas uma juíza; ela foi a tação espiritual! predição: “Eis que Eu vos enviarei o profeta
única juíza a ser chamada também de profeti- metade do século quinto a.C. Ficou o sistema Elias, antes que venha o grande e terrível dia
Seja qual for a razão, Hulda havia ganha-
sa. (Juí. 4:4.) Foi uma líder espiritual tão con- divino de comunicação fora do ar por mais de do Senhor.” Mal. 4:5.
do o respeito e a confiança de seus contempo-
vincente que, quando Baraque, seu general, quatro séculos?
râneos. Recorriam a ela quando queriam uma
foi convidado a liderar um exército contra os palavra do Senhor. Ela os ajudava a entender
Ao que parece, Israel não recebeu mais o O Primeiro Século da Era Cristã 25
cananeus opressores, ele não quis ir sem a mais claramente o significado dos escritos de benefício dos profetas nacionais durante esse Falando a respeito de João Batista, disse Je-
companhia dela. Israel havia reconhecido a Moisés. Elucidava a Palavra escrita e fazia período. Em compensação, as Escrituras (o sus: “Mas para que saístes? Para ver um profe-
liderança espiritual dela, e Baraque queria predições específicas. Suas percepções e pre- registro profético) foram grandemente valori- ta? Sim, Eu vos digo, e muito mais que profe-
que a nação soubesse que o que ele tinha si- dições bíblicas eram aceitas como divina- zadas. Tornaram-se o centro da adoração nas ta. Este é de quem está escrito: Eis aí Eu en-
do convidado a fazer era um chamado da li- mente inspiradas. sinagogas, recentemente construídas por to- vio diante da Tua face o Meu mensageiro, o
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CAPÍTULO 2 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação DEUS FALA
PELOS PROFETAS
qual preparará o Teu caminho diante de Ti.” Pela primeira vez na história do mundo, evangelistas, pastores e mestres serão neces- que é bom.” I Tess. 5:19-21. O bem-estar dos
Mat. 11:9 e 10. veio um profeta que não apontou para outro. sários. membros da igreja que aguardam o Advento
Mesmo antes de seu nascimento, João Ba- O Profeta Jesus disse a respeito de Si mesmo: Paulo relembra a seus irmãos coríntios que dependerá da maneira como eles aceitam o
tista estava destinado a ser porta-voz de Deus. “A obra de Deus é esta: que creiais nAquele “em tudo fostes enriquecidos nEle, em toda conselho dos profetas verdadeiros, especial-
O anjo dissera a Zacarias, seu pai: “Zacarias, que por Ele foi enviado. ... Em verdade, em palavra e em todo o conhecimento, assim co- mente da capacidade de discernir o verdadei-
não temas, porque a tua oração foi ouvida; e verdade vos digo: não foi Moisés quem vos mo o testemunho de Cristo tem sido confir- ro do falso.
Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a deu o pão do Céu; o verdadeiro pão do Céu é mado em vós”. I Cor. 1:5 e 6. Ou seja, eles
quem darás o nome de João. ... Ele será gran- Meu Pai quem vos dá. Porque o pão de Deus haviam crescido espiritualmente e continua- Desde os Tempos Apostólicos
de diante do Senhor. ... Converterá muitos é o que desce do Céu e dá vida ao mundo. ... ram a amadurecer até o ponto de continua- Vimos no último capítulo que os escritores do
dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá Eu sou o pão da vida.” João 6:29-35. rem a ouvir com atenção as mensagens dos Novo Testamento esperavam que o dom pro-
adiante do Senhor no espírito e poder de Como no caso de todos os profetas verda- profetas, conhecidas como o “testemunho de fético continuasse até o Segundo Advento.
Elias, para... habilitar para o Senhor um povo deiros, o principal alvo de Jesus era dizer a Cristo”. Como vimos na página 3, “o teste- Vimos também que o dom profético seria par-
preparado.” Luc. 1:13-17. verdade sobre Deus e indicar a maneira pela munho de Jesus [ou Cristo]” (Apoc. 12:17) é ticularmente notório no tempo do fim.
João encaminhou homens e mulheres para qual homens e mulheres podem unir-se outra o “espírito de profecia”. Apoc. 19:10. (Apoc. 12:17; 19:10.) Mas por que o eviden-
Deus. Não se transformou num guru com se- vez à família celeste: “E a vida eterna é esta: Mais adiante Paulo declarou que, enquanto te silêncio, a ausência de voz profética, logo
guidores a sua volta. Mais do que todos os ou- que Te conheçam a Ti, o único Deus verda- a igreja aguardasse a manifestação de nosso Se- após a morte de João?
deiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu Te nhor Jesus Cristo, “nenhum dom” lhe faltaria Os historiadores dividem-se quanto à pre-
tros profetas, antes e depois dele, João tinha
glorifiquei na Terra, consumando a obra que (I Cor. 1:7). Talvez seja significativo o fato de sença profética durante os últimos 2.000
a honrosa missão de indicar pessoalmente o
Me confiaste para fazer.” João 17:3 e 4. Paulo haver escolhido o “dom de profecia” ao anos. Em termos gerais, a maioria dos escrito-
Cristo vivo. O momento mais sublime de sua
Antes de voltar para o Céu, Jesus tomou enfatizar que a igreja não ficaria desprovida de res crê que a iluminação profética cessou lo-
vida foi quando afirmou: “Convém que Ele
providências para que o ofício profético con- qualquer dom até a vinda de Jesus. Provavel- go após o segundo século da era cristã. Paul
cresça e que eu diminua.” João 3:30.
tinuasse até Sua vinda. Seria preciso conti- mente nenhum dom seria mais necessário pa- K. Jewett escreveu: “Com a morte dos após-
Nem todos pensam em Jesus como profe-
nuar proclamando as mesmas boas novas ra o tempo do fim do que o dom de profecia. tolos, que não tiveram sucessores, gradual-
ta. Mas Ele de fato o era: “E a multidão dizia: acerca de Deus. As mesmas boas novas sobre Mais tarde, na mesma carta, Paulo forneceu
Este é Jesus, o Profeta de Nazaré da Galiléia.” mente os que possuíam o dom de profecia
a maneira como rebeldes podem ser transfor- pormenores sobre a maneira como os dons
Mat. 21:11; Luc. 7:16. também desapareceram, de modo que, do ter-
mados em crentes felizes e obedientes. Esta atuariam nas atividades da igreja (I Cor. 12).
ceiro século em diante, da tríade original de
provisão profética seria uma das principais Embora cada dom tivesse sua obra específica,
O Profeta Jesus apóstolos, profetas e mestres, ficaram apenas
responsabilidades do Espírito Santo, que con- todos os dons serviriam para o propósito co-
Os doze discípulos consideravam Seu Mestre os mestres. ... Com o advento do montanis-
cederia “dons aos homens”. Efés. 4:8. mum de ajudar homens e mulheres a “crescer”.
um profeta: “O que aconteceu a Jesus, o Na- mo no segundo século, pretendendo novas
O início da igreja cristã coincide com a re- Evidentemente, os dons espirituais são con-
zareno, que era varão profeta, poderoso em novação dos dons espirituais: “E Ele mesmo cedidos pelo Espírito (I Cor. 12:7). Eles não concepções proféticas que não correspon-
obras e palavras, diante de Deus e de todo o [Jesus] concedeu uns para apóstolos, outros são habilidades adquiridas por meio de instru- diam à tradição recebida dos apóstolos, a
povo.” Luc. 24:19.26 para profetas, outros para evangelistas e ou- ção nem de honras conferidas por seres huma- igreja começou a fazer distinção entre essas
Jesus Se referia a Si mesmo como profeta: tros para pastores e mestres.” Versos 11 e 12. nos. O “fruto do Espírito” (Gál. 5:22) deve ser profecias e as profecias verdadeiras contidas
“E escandalizavam-se nEle. Jesus, porém, lhes Esses dons não foram atribuídos apenas à buscado por todos, mas os “dons do Espírito” nas Escrituras. Desse tempo em diante, o dom
disse: Não há profeta sem honra, senão na igreja cristã; eles deviam permanecer na igre- são distribuídos “como Lhe apraz, a cada um, profético aparece aqui e ali, mas vai dando
sua terra e na sua casa. E não fez ali muitos ja até o fim: “Até que todos cheguemos à uni- individualmente”. I Cor. 12:11. Se alguém foi cada vez mais lugar ao ensino. Ao tempo de
milagres, por causa da incredulidade deles.” dade da fé e do pleno conhecimento do Filho dotado com um dom específico não se deve fa- Hipólito (235 d.C.) e Orígenes (250 d.C.), a
Mat. 13:57 e 58. de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da zer disso uma prova de comunhão cristã, por- palavra ‘profecia’ se limita às porções proféti-
Jesus sentiu o aço frio da ingratidão e da estatura da plenitude de Cristo, para que não que ninguém possui todos os dons. cas das Escrituras. No lugar do profeta encon-
rejeição que a maioria dos profetas e profeti- mais sejamos como meninos, agitados de um A permanência desses dons espirituais, em tra-se o mestre, em especial o catequista e o
sas suportaram. Pessoa alguma apresentou lado para outro e levados ao redor por todo especial do dom de profecia, é pressuposta na apologista, que se opõem a toda doutrina fal-
melhores credenciais pessoais ou vida mais vento de doutrina.” Versos 13 e 14. Por quan- instrução apostólica. Recordando o conselho sa e procuram apoiar a exposição que fazem
impecável e coerente do que Ele, mas os pro- to tempo? Enquanto a igreja existir; enquan- de Cristo, de que surgiriam “falsos profetas” da doutrina verdadeira apelando à autorizada
fetas geralmente não são pessoas benquistas to homens e mulheres imperfeitos e imaturos no tempo do fim (Mat. 24:24), Paulo adver- palavra da Escritura.”28
pelo fato de falarem em nome de Deus e não precisarem de tempo para “crescer” até à tiu: “Não apagueis o Espírito. Não desprezeis Justino Mártir, um ilustre filósofo pagão do
apoiarem os desejos do coração humano.27 “medida... de Cristo”, apóstolos, profetas, as profecias; julgai todas as coisas, retende o segundo século, uniu-se aos cristãos depois
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SEÇÃO I
CAPÍTULO 2 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação DO MUNDO ADVENTISTA
DE ELLEN G. WHITE

de estudar a vida de Jesus. Uma de suas defe- pectiva mostrando que, depois de Cristo, entre Deus e a humanidade) e a instituciona- sobre este período relativamente silencioso
sas e apelos a seus amigos não cristãos é co- “nenhum profeta se levantou mais dentre lização dos “santos” canonizados suplantaram em relação ao dom de profecia pode ser o fato
nhecida hoje como Diálogo com Trifo, um Ju- vós” (isto é, dentre a nação judaica), Justino a voz do profeta como um elemento visível de os escritores da igreja institucionalizada
deu. Inclusa nesse longo colóquio encontra- Mártir explica o motivo. Os dons espirituais na vida da igreja.34 haverem rejeitado os dons espirituais e perse-
se a seguinte referência aos dons espirituais, seriam concedidos novamente “pela graça do Contudo, apesar de a igreja institucionali- guido aqueles que os recebiam. Não existe,
em especial o espírito de profecia: poder do Seu Espírito... àqueles que crêem zada ter deslizado para a escuridão da Idade porém, registro daquele longo período: “A
Média, os dons espirituais se fizeram presentes história do povo de Deus durante os séculos
“Diariamente alguns (de vocês) estão-se em Jesus, de acordo como Ele avalia cada ho-
onde quer que o evangelho fosse fielmente de trevas que se seguiram à supremacia de Ro-
tornando discípulos no nome de Jesus e mem. ... Ora, é possível ver entre nós ho- proclamado. Eles não cessaram totalmente. ma está escrita no Céu, mas pouco espaço
abandonando o caminho do erro. Estão rece- mens e mulheres que possuem os dons do Es- Uma das razões por que sabemos tão pouco ocupa nos registros humanos.”35
bendo dons, cada um conforme seu mérito, pírito de Deus.”31
iluminado pelo nome deste Cristo. Pois um Todos os apóstolos estavam mortos. Cris-
recebe o espírito de entendimento, outro de to estava no Céu. O Espírito Santo fazia Sua Referências
conselho, outro de fortaleza, outro de cura, prometida obra de conceder a homens e mu- 1. Para uma pesquisa mais extensa sobre os profetas e profetisas de Pedro, mas o estilo é o estilo de Silvano.” – William Bar-
outro de presciência, outro de ensino e outro lheres “dons” para a proclamação do evange- desde os tempos patriarcais até o Novo Testamento, leia de A. clay, The Letters of James and Peter (Philadelphia: The Wes-
G. Daniells, The Abiding Gift of Prophecy (Mountain View, tminster Press, edição revisada, 1976), pág. 144.
de temor a Deus. lho, sempre que lhe parecia sábio. Eusébio, CA; Pacific Press Publishing Association, 1936), págs. 36-172. .
12 . Certa ocasião quando Ellen White estava doente, ela resu-
“A isto Trifo me disse: ‘Queria que você bispo da igreja em Cesaréia (Palestina), é re- 2. Ver também Isa. 30:21; Mat. 10:19 e 20. miu seus pensamentos a Marion Davis e esta os escreveu em
3. Ver também Gên. 19:15; Juí. 6:11-14; Sal. 34:7; Mat. 1:18-25. uma carta a Uriah Smith e George Tenney. A Sra. White as-
soubesse que está fora de si, falando destes conhecido como respeitável fonte de histó- 4. Ver também Atos 14:17 e Sal. 19:1-2. sinou a carta. (Carta 96, 1896, 8 de junho de 1896.) Ver
sentimentos.’ ria cristã do segundo e terceiro séculos. Em 5. Ver Êxo. 28:30; Lev. 8:8; Núm. 27:21; I Sam. 22:10; 28:6. 1888 Materials, pág. 1574, e Mensagens Escolhidas, livro 1,
6. Repare na diferença entre os deveres do sacerdote e do pro- págs. 254 e 255.
“E eu lhe disse: ‘Escute, ó amigo, pois não sua História Eclesiástica, ele registra os nomes feta: “O sacerdote ocupava-se das cerimônias e rituais do san- 13. “The Ups and Downs of Higher Criticism”, Christianity To-
sou louco nem estou fora de mim; mas foi de vários líderes cristãos que, segundo ele, tuário, os quais se centralizavam no culto público, na media- day, 10 de outubro de 1980, pág. 34. A seqüência imaginária
profetizado que, após a ascensão de Cristo ao ção do perdão de pecados e na manutenção ritual das corre- de McRae não descreve a maneira como Ellen White escre-
foram dotados com os dons espirituais, inclu- tas relações entre Deus e Seu povo. O profeta era principal- via. Ver págs. 108-121.
Céu, Ele nos libertaria do erro e nos concede- sive o dom de profecia. Concluindo, ele diz: mente um mestre de justiça, espiritualidade e conduta ética; 14. “Não é difícil entender as diferenças lingüísticas existentes en-
ria dons. As palavras são estas: ‘Subindo ao “Ouvimos falar que muitos dos irmãos da um reformador moral que apresentava mensagens de instru- tre o Apocalipse, escrito provavelmente quando João estava
ção, conselho, admoestação e advertência e cuja obra incluía sozinho em Patmos, e o Evangelho, escrito com a ajuda de um
alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos igreja possuem dons proféticos, e falam em muitas vezes a predição de acontecimentos futuros.” – Sieg- ou mais correligionários em Éfeso.” – SDABC, vol. 7, pág. 720.
homens.’ Em conformidade com isto, nós que todas as línguas através do Espírito, e tam- fried Horn, Seventh-day Adventist Bible Dictionary (SDABD 15. Ver George E. Rice, Luke, a Plagiarist? (Mountain View, CA:
Revised Edition), (Washington, D.C.: Review and Herald Pacific Press Publishing Association, 1983).
recebemos os dons de Cristo, que subiu ao al- bém trazem à luz as coisas ocultas dos ho- Publishing Association, 1979), pág. 903. 16. “A Bíblia foi escrita por homens inspirados, mas não é a
to, provamos pelas palavras da profecia que mens para o benefício deles, e os quais ex- 7. T. Housel Jemison, A Prophet Among You (Mountain View, maneira de pensar e exprimir-se de Deus. Esta é da huma-
CA: Pacific Press Publishing Association, 1955), págs. 24-28. nidade. Deus, como escritor, não Se acha representado. Os
vocês, os ‘sábios em si mesmos e entendidos a põem os mistérios de Deus.”32 8. A expressão “as visões não eram freqüentes” é a tradução de homens dirão muitas vezes que tal expressão não é própria
seus próprios olhos’, são tolos, e honram a Existem alguns fatores que se desenvolve- duas palavras hebraicas: paras (“manifestar-se”) e chazon (“vi- de Deus. Ele, porém, não Se pôs à prova na Bíblia em pala-
são”). No que diz respeito à nação israelita, nenhuma “pala- vras, em lógica, em retórica. Os escritores da Bíblia foram
Deus e a Seu Cristo somente de lábios. Mas ram na igreja cristã capazes de nos ajudar a vra do Senhor” estava-se “manifestando”. Este é o primeiro os instrumentos de Deus, não Sua pena. Olhem os diversos
nós, que somos instruídos em toda a verdade, explicar por que o “dom de profecia” não era emprego de chazon no Antigo Testamento. A palavra usada escritores.
honramos a Eles tanto em atos, como em co- com maior freqüência para “visão” é mar’ah, mensagens de “Não são as palavras da Bíblia que são inspiradas, mas os
mais um fator proeminente? Percebemos que Deus quer em sonhos quer em encontros pessoais. O signifi- homens é que o foram. A inspiração não atua nas palavras do
nhecimento e de coração até a morte.”29 desde cedo o ensino tomou o lugar da profe- cado básico de chazon é “perceber com visão interior”, en- homem ou em suas expressões, mas no próprio homem que,
Mais adiante no diálogo, Justino Mártir quanto mar’ah deriva de uma raiz que significa “ver visual- sob a influência do Espírito Santo, é possuído de pensamen-
cia, mas por quê? mente”. tos. As palavras, porém, recebem o cunho da mente indivi-
continua: “Pois os dons proféticos permane- 9. Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 353. dual. A mente divina é difusa. A mente divina, bem como
cem conosco até hoje. Portanto, você deve O Ensino Substituiu a Profecia 10. Ao compararmos as diversas cartas de Paulo, percebemos no- Sua vontade, é combinada com a mente e a vontade huma-
tável diferença de estilo literário. As cartas pastorais (Primei- nas; assim as declarações do homem são a Palavra de Deus.”
entender que (os dons), anteriormente entre Pode-se apresentar pelo menos duas respostas ra e Segunda a Timóteo e Tito), por exemplo, usam um vo- – Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 21. Em outras palavras,
sua nação, foram transferidos para nós. E as- razoáveis: cabulário extremamente diferente das outras cartas de Paulo. Deus inspira profetas, não palavras. Compare a síntese do
Há nas cartas pastorais 902 palavras diferentes; dessas, 206 Sermão da Montanha feita por Mateus (Mat. 5-7) com a for-
sim como houve falsos profetas no tempo dos 1. O excesso de montanistas na última não ocorrem nas outras cartas paulinas. Das 112 partículas ma mais condensada de Lucas (Luc. 6).
santos profetas, assim existem agora falsos metade do segundo século d.C., que come- não traduzíveis (vocábulos enclíticos) presentes em outras 17. Comentando sobre Gênesis 9:11-16, onde Deus é menciona-
cartas paulinas, nenhuma é encontrada nas epístolas pasto- do como dizendo (ao referir-Se à promessa do arco-íris): “E
mestres entre nós, dos quais o Senhor nos çaram bem repreendendo as igrejas por sua rais. Ver William Barclay, The Letters to Timothy, Titus, and Eu o verei, para Me lembrar do concerto eterno entre Deus e
avisou de antemão para deles nos acautelar- falta de rigor e de zelo, mas que se tornaram Philemom (Philadelphia: The Westminster Press, 1975, edi- toda a alma vivente”, Ellen White escreveu que Deus não es-
ção revisada), págs. 8 e 9. tá sugerindo “que houvesse de esquecer-Se, Ele, porém, fala-
mos; para que em nenhum aspecto sejamos “desordenados” em suas interpretações pro- 11. “Ele [Silvano] pode ter corrigido e polido necessariamente o nos em nossa linguagem para que melhor O possamos com-
deficientes, uma vez que sabemos que Ele féticas: “Logo os profetas cristãos deixaram grego inadequado de Pedro ou, sendo Silvano homem de tal preender”. – Patriarcas e Profetas, pág. 106.
predisse tudo quanto ia acontecer conosco eminência, pode ter-se dado o caso de Pedro lhe haver dito o 18. Ver Raoul Dederen, “The Revelation-inspiration Phenome-
de existir como classe distinta na organiza- que queria dizer e permitido que ele o dissesse, aprovando de- non According to the Bibles Writers”, Frank Holbrook e Leo
após Sua ressurreição dos mortos e ascensão ção da igreja.”33 pois o resultado, e acrescentado ao texto o último parágrafo Van Dolson, Issues in Revelation and Inspiration (Berrien
para o Céu.”30 2. O surgimento do sacerdotalismo (o ad- pessoal. ... Quando Pedro diz que Silvano foi seu instrumen- Springs, MI: Adventist Theological Society Publications,
to ou agente na escrita desta carta, apresenta-nos a solução 1992), págs. 9-29.
Depois de apresentar a Trifo uma retros- vento do sacerdócio como o principal mediador para a excelência do grego. O pensamento é o pensamento 19. João 14:26; João 16:13; I João 3:24; 4:6 e 13; 5:6.

22 23
SEÇÃO I
CAPÍTULO 2
O Sistema Divino de Comunicação DEUS FALA
PELOS PROFETAS

20. “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas 26. Veja também Jaroslav Pelikan, Jesus Through the Centuries
elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mun- (New Haven, CT: Yale University Press, 1985), págs. 14-17.
do inteiro caberiam os livros que seriam escritos.” João 21:25. 27. “Todo o ministério público de nosso Senhor foi o de um pro-
21. Ver Jemison, A Prophet Among You, pág. 73. “Nem todos os feta. Ele era muito mais do que isso. Mas foi como profeta que
profetas receberam a mesma missão, nem realizaram a mes- Ele agiu e falou. Foi isso que Lhe deu autoridade sobre a men-
ma espécie de trabalho, mas todos falaram em nome de te da nação. Ele entrou, como era natural, num ofício vago,
Deus. Todos comunicaram mensagens inspiradas pelo Céu. mas que já existia. Todos os Seus discursos eram, no mais ele-
Alguns profetas apresentaram padrões divinos para a con- vado sentido da palavra, ‘profecias’.” – Deão Arthur P. Stan-
duta humana; alguns revelaram os propósitos de Deus para ley, History of the Jewish Church, volume III (New York: Char-
indivíduos e nações; alguns protestaram contra os males les Scribner’s Son, 1880), pág. 379.
prevalecentes; alguns estimularam o povo à fidelidade; al- 28. Artigo sobre “Prophecy” em The New International Dictionary
guns fortaleceram e guiaram governantes nacionais; alguns of the Christian Church, J. D. Douglas, editor geral (Grand Ra-
dirigiram construções e outros tipos de atividades; alguns pids, MI: Zondervan Publishing House, 1974), págs. 806 e 807.
trabalharam como mestres. No transcurso de sua obra, al- 29. The Ante-Nicene Fathers (Grand Rapids, MI: William B.
guns realizaram milagres, alguns escreveram livros. Em cada Eerdmans Publishing Company, 1981), vol. I, cap. 39,
caso, os verdadeiros profetas serviram a uma classe de pes- pág. 214.
soas como porta-vozes de Deus; eles não foram meramente 30. Ibidem, cap. 82, pág. 240.
instruídos por Deus no nível pessoal ou familiar.” – Ken- 31. Ibidem, cap. 87, pág. 243.
neth H. Wood, “Toward an Understanding of the Prophe- 32. The Ecclesiastical History of Eusebius Pamphilus, traduzido do
tic Office.” – Journal of the Adventist Theological Society, pri- grego por C. F. Cruse, A.M., (Londres: George Bell and
mavera de 1991, pág. 24. Sons, 1879), Livro III, cap. 38, págs. 111 e 112; Livro V, cap.
22. Lucas menciona as quatro filhas de Filipe, “que profetiza- 7, pág. 175.
vam”. Atos 21:9. 33. Artigo “Prophet” na Encyclopedia Britannica, 14ª edição, vol.
23. O Desejado de Todas as Nações, pág. 33. XVIII.
24. Ibidem. 34. Artigo “Prophet” na Encyclopedia Britannica, 11ª edição, vol.
25. Embora as designações A.E.C. (Antes da Era Cristã) e D.E.C. XXII. Artigo “Prophecy” no Westminster Dictionary of Chris-
(Depois da Era Cristã) sejam populares hoje em dia, este li- tian Theology, editado por Alan Richardson e John Bowden
vro emprega a.C. (Antes de Cristo) e d.C. (Depois de Cris- (Philadelphia: The Westminster Press, 1983), pág. 474.
to) por serem as de uso mais antigo. 35. O Grande Conflito, pág. 61.

Perguntas Para Estudo

1. Quais são alguns dos meios (Heb. 1:1) usados por Deus para comunicar-Se com os seres
humanos?

2. Por que Deus escolheu profetas e profetisas como Seu principal método de comunicar
Suas mensagens?

3. De que três maneiras gerais os profetas e profetisas transmitiam suas mensagens?

4. Que evidência temos de que os escritores bíblicos usavam assistentes de redação?

5. Qual a diferença básica entre inspiração verbal e inspiração de pensamento?

6. Na sua opinião, por que o dom de profecia é o método mais eficaz de Deus comunicar-
Se com a família humana?

7. Quais são alguns riscos que Deus assume ao falar por meio de profetas e profetisas?

24
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO I

3
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
O Sistema Divino de Comunicação
tiva. Primeiro, suas visões públicas: “Só eu, Não sabemos o motivo por que os profe-
Daniel, tive aquela visão; os homens que esta- tas/profetisas tinham tanto visões públicas
vam comigo nada viram [os outros não viram (ou em lugares abertos) como visões notur-
o que Daniel viu]; não obstante, caiu sobre nas ou sonhos. Sabemos, porém, que os pro-

Características eles grande temor, e fugiram e se esconderam.


“Fiquei, pois, eu só e contemplei esta gran-
de visão, e não restou força em mim; o meu
fetas/profetisas não faziam distinção entre
elas no que diz respeito a seu significado e
autoridade.2

dos Profetas rosto mudou de cor e se desfigurou, e não re-


tive força alguma. [Os outros viam como o fe-
nômeno afetava Daniel.]
Ezequiel provavelmente fornece mais in-
formação sobre a maneira como as visões afe-
tam os profetas e profetisas do que qualquer
outro escritor bíblico. De vez em quando, ele
“Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e,
ouvindo-a, caí sem sentidos, rosto em terra. era arrebatado para lugares distantes embora
“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são seu corpo físico não “viajasse”. Durante o
lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis.” Mat. 7:15 e 16. “Não apagueis o Espírito. Não [Daniel experimentou o que parecia ser um pro-
desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom.” I Tess. 5:19-21. fundo sono enquanto estava prostrado no solo.] tempo da visão em que era transportado para
“Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me lugares longínquos, o que ele via era tão vívi-
e me pôs sobre os meus joelhos e as palmas do e real como se ele estivesse presente fisica-
das minhas mãos. Ele me disse: Daniel, ho- mente nesses lugares.
mem muito amado, está atento às palavras Embora Ezequiel vivesse em Babilônia,

P
or muitas razões cada profeta é “único”. entenderemos a sua mensagem. Mas a preo- Deus lhe mostrou as condições deploráveis de
que te vou dizer; levanta-te sobre os pés, por-
As experiências de vida e sua própria cupação prioritária deve ser o conteúdo da Jerusalém: “A mão do Senhor Deus caiu so-
que eis que te sou enviado. Ao falar ele comi-
missão específica num tempo específico contribuição do profeta, não o vaso em que a bre mim. ... [Ele] estendeu uma semelhança
da História conferem ao produto uma confi- mensagem está contida. go esta palavra, eu me pus em pé, tremendo.
de mão e me tomou pelos cachos da cabeça;
guração não repetível de aptidões físicas, [Daniel estava cônscio de que um Ser Divino
o Espírito me levantou entre a terra e o céu e
mentais, emocionais e espirituais. Desta ma- Profetas Compartilham lhe falava]. ...
me levou a Jerusalém em visões de Deus, até
neira, mesmo os profetas podem olhar para Características Comuns “Ao falar ele comigo estas palavras, dirigi
à entrada da porta do pátio de dentro, que
seu chamado profético num sentido diferente Os profetas assumem seus deveres proféticos o olhar para a terra e calei. E eis que uma co-
olha para o norte, onde estava colocada a
de outros profetas. Kenneth H. Wood descre- com uma mistura única de experiências de vi- mo semelhança dos filhos dos homens me to- imagem dos ciúmes, que provoca o ciúme de
veu isso muito bem: “Fazer dois biscoitos exa- da reunidas em uma personalidade individua- cou os lábios; então, passei a falar e disse
tamente iguais é uma coisa; fazer dois profe- lizada modelada por limitações físicas e men- Deus. Eis que a glória do Deus de Israel esta-
àquele que estava diante de mim: meu se- va ali, como a glória que eu vira no vale.”
tas justamente iguais é outra coisa bastante tais. No entanto, quando em visão, todos eles nhor, por causa da visão me sobrevieram do-
diferente. Ao fazer um profeta, Deus toma a entram em um estado “antinatural”. O que Ezeq. 8:1-4.
res, e não me ficou força alguma. Como, pois, Mais adiante no capítulo, Ezequiel descre-
pessoa inteira – corpo, alma, espírito, inteli- sabemos sobre as alterações das característi-
gência, personalidade, fraquezas, forças, edu- cas de um profeta ou profetisa em visão? pode o servo do meu senhor falar com o meu ve com forte realismo as condições prevale-
cação, características individuais – e depois Apesar de suas graves dificuldades espiri- senhor? [Daniel falou com o Ser Divino.] centes no complexo do Templo em Jerusalém.
procura por meio dessa pessoa proclamar Sua tuais, Balaão foi usado por Deus em benefício “Porque, quanto a mim, não me resta já Se bem que ele ainda estivesse em Babilônia,
mensagem e realizar uma missão especial.”1 de Israel. Sua experiência em visão é esclare- força alguma, nem fôlego ficou em mim [Da- ele caminhou em visão pelo pátio do Templo,
Devido a essas diferenças individuais e pe- cedora: “E, levantando Balaão os olhos, viu a niel não conseguia respirar]. cavou na parede do Templo, ouviu as conver-
lo fato de cada profeta ser chamado a dirigir- Israel que se achava acampado segundo as “Então, me tornou a tocar aquele seme- sas e viu diversos grupos em abominável ido-
se a determinado público em um momento suas tribos; e veio sobre ele o Espírito de Deus. lhante a um homem e me fortaleceu.” Dan. latria. No capítulo nove, ele chega mesmo a
específico da História (a maior parte da qual Então proferiu Balaão a sua parábola, dizendo: 10:7-11, 15-18. contemplar acontecimentos futuros, em espe-
é difícil, se não impossível, de reconstruir), Daniel também teve visões noturnas ou cial a iminente destruição de Jerusalém.
não existe nada melhor para o leitor da Bíblia “‘Palavra de Balaão, filho de Beor;
sonhos: “No primeiro ano de Belsazar, rei Zacarias, o pai de João Batista, recebeu
e dos escritos de Ellen G. White fazer do que palavra do homem de olhos abertos;
palavra daquele que ouve os ditos de Deus, da Babilônia, teve Daniel um sonho e vi- uma visão que fornece compreensão adicio-
procurar concentrar a atenção mais na men-
sagem do que no mensageiro. o que tem a visão do Todo-poderoso, sões ante seus olhos, quando estava no seu nal sobre o estado de um profeta em visão: “E
A autoridade da revelação encontra-se na E prostra-se, porém, de olhos abertos.’” leito; escreveu logo o sonho e relatou a su- eis que lhe apareceu um anjo do Senhor, em
mensagem, não no mensageiro. Isso não deve Núm. 24:2-4. ma de todas as coisas.” Dan. 7:1. Daniel re- pé, à direita do altar do incenso. Vendo-o,
diminuir o valor do estudo da vida do profe- cebeu um comunicado divino enquanto Zacarias turbou-se, e apoderou-se dele o te-
ta. Quanto mais soubermos sobre ele, melhor A experiência de Daniel também é instru- dormia. mor. Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO I
CAPÍTULO 3 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação CARACTERÍSTICAS
DOS PROFETAS

temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isa- O que esses exemplos nos ensinam sobre Quando colocamos à prova as reivindica- recepção, o que devem esperar homens e mu-
bel, tua mulher, te dará à luz um filho, a os profetas durante suas experiências em ções de um profeta, fica muito mais fácil for- lheres menos importantes que possuem o
quem darás o nome de João. ... Então, per- visão? mar um juízo crítico depois de haver passado dom profético? Causa admiração o fato de al-
guntou Zacarias ao anjo: Como saberei isto? 1. Os profetas têm consciência de que tempo suficiente para o amadurecimento do guém aceitar a responsabilidade quando ser
Pois eu sou velho, e minha mulher, avança- uma Pessoa sobrenatural com eles Se comu- fruto do seu ministério. Talvez tenha sido es- ouvido imparcialmente era algo tão difícil!
da em dias. [Zacarias conversou com o ser ce- nica; eles sentem um senso de indignidade. ta a razão por que os conselheiros de Josias re- Mas alguns creram! Por quê? Em que base
lestial.] Respondeu-lhe o anjo: Eu sou Ga- 2. Os profetas freqüentemente perdem as correram à experiente Hulda em vez de ao jo- racional alguns contemporâneos de Jeremias
briel, que assisto diante de Deus, e fui envia- forças. vem Jeremias (ver páginas 18 e 19). Pode-se ficaram gradualmente convencidos de que
do para falar-te e trazer-te estas boas novas. 3. Os profetas às vezes caem por terra em apenas imaginar o cuidado quanto à credibi- ele era um profeta verdadeiro? Pelo fato de
Todavia, ficarás mudo e não poderás falar até profundo sono. lidade requerida pelas pessoas que viveram existirem na sua época muitos pretensos pro-
ao dia em que estas coisas venham a realizar- 4. Os profetas ouvem e vêem aconteci- durante o tempo em que os profetas estavam fetas, que pretendiam estar revestidos da mes-
se; porquanto não acreditaste nas minhas pa- mentos em lugares remotos, como se estives- estabelecendo seu ofício profético. Portanto, ma autoridade, eram necessárias algumas di-
lavras, as quais, a seu tempo, se cumprirão. O sem realmente presentes.
as primeiras testemunhas da credibilidade ou retrizes definidas. Escute o Senhor descrever
povo estava esperando a Zacarias e admira- 5. Os profetas às vezes não conseguem fa-
não de um profeta devem ser a afirmação dos esta estranha situação: “Os profetas profeti-
va-se de que tanto se demorasse no santuá- lar, mas, quando seus lábios são tocados, eles
rio. Mas, saindo ele, não lhes podia falar; en- conseguem fazê-lo. contemporâneos que conheciam o profeta e zam mentiras em Meu nome, nunca os en-
tão, entenderam que tivera uma visão no 6. Os profetas muitas vezes não respiram. seu ministério. viei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; vi-
santuário. E expressava-se por acenos e per- 7. Os profetas não têm consciência do Mas em que contemporâneos devemos são falsa, adivinhação, vaidade e o engano do
manecia mudo.” Luc. 1:11-13, 18-22. Zaca- que acontece ao seu redor, ainda que tenham crer? Considere a experiência de Cristo. seu íntimo são o que eles vos profetizam.” Jer.
rias foi fisicamente afetado por sua experiên- os olhos abertos. Quantos líderes religiosos e intelectuais O 14:14. (Ver também 5:13 e 31; 14:18; 23:21.)
cia em visão. 8. Os profetas às vezes recebem força su- aceitaram? Alguns chegaram mesmo a dizer Toda geração tem a mesma responsabilida-
Quando Saulo teve o encontro com o Se- plementar durante a visão. que Ele realizava milagres pelo “poder de de: “Não apagueis o Espírito. Não desprezeis
nhor na estrada para Damasco, toda a sua vi- 9. Os profetas recebem força e alento re- Belzebu, maioral dos demônios”. Mat. 12:24. as profecias; julgai todas as coisas, retende o
da foi mudada assim como foi mudado o seu novados quando a visão termina. Seus irmãos, que por muitos anos convive- que é bom.” I Tess. 5:19-21.
nome. Analise as circunstâncias envolvidas 10. Os profetas ocasionalmente sofrem al- ram com Ele, a princípio não creram nEle
nesta visão à beira do caminho: “E, indo no gum tipo de lesão física temporária como se- (João 7:5). Seus discípulos muitas vezes 1. A Prova das Predições Cumpridas3
caminho, aconteceu que, chegando perto de qüela da visão. “murmuravam” a respeito de Seus ensinos Os que viveram na época de Jeremias foram
Damasco, subitamente o cercou um resplen- Nem todas essas características físicas (João 6:61) e O abandonaram depois do instruídos a usar o critério das “predições
dor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu acompanham cada visão. Por este motivo, os Getsêmani (Mar. 14:50). cumpridas” como uma das provas do profeta
uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que fenômenos físicos não devem ser usados co- Jesus advertiu Seus contemporâneos de verdadeiro: “O profeta que profetizar paz, só
Me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? mo evidência única ao colocar-se à prova a que eles corriam o risco de repetir o erro das ao cumprir-se a sua palavra, será conhecido
E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu per- autenticidade de um profeta. Mesmo porque gerações anteriores: “Infelizes de vocês! Pois como profeta, de fato, enviado do Senhor.”
segues. Duro é para ti recalcitrar contra os elas podem ser facilmente falsificadas. As Es- fazem túmulos bonitos para os profetas, os Jer. 28:9.4
aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: crituras não as apresentam como provas. No mesmos profetas que os antepassados de vo- Fazer predições, ou prenunciar, é apenas
Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Se- entanto, a presença de tais caraterísticas de- cês mataram. Com isso vocês mostram que um dos aspectos da obra de um profeta. De fa-
nhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te se- vem ser consideradas normais naqueles que concordam com o que os seus antepassados to, pode ser até a faceta menos importante.
rá dito o que te convém fazer. E os varões, que pretendem “falar em nome de Deus”. Embora fizeram, pois eles mataram os profetas, e vo- Pensamos muitas vezes em Daniel e João o
iam com ele, pararam espantados, ouvindo a os aspectos físicos sejam úteis ao levarmos em cês fazem túmulos para eles. Por isso a Sabe- Revelador em função de suas profecias. Con-
voz, mas não vendo ninguém.” Atos 9:3-7. consideração as credenciais de um profeta,
doria de Deus disse: ‘Mandarei para eles pro- tudo, a obra que eles fizeram proclamando a
Saulo, também, após conversar com o Ser Di- outros critérios são muito mais confiáveis,
fetas e mensageiros, e eles matarão alguns e mensagem de Deus foi mais importante do
vino, foi fisicamente afetado por sua expe- conforme veremos agora.
riência em visão. perseguirão outros.’ Por causa disso esta gen- que a obra que fizeram predizendo. Tanto
Posteriormente, ele comenta o fato de ter Provas de um Profeta Verdadeiro te de hoje será castigada pela morte de todos João Batista como Moisés foram “grandes”
sido “arrebatado até ao terceiro Céu... ao Pa- Ao colocarmos tudo “à prova”, conforme os profetas assassinados desde a criação do profetas, não pelo cumprimento de suas pro-
raíso e ... [ter ouvido] palavras inefáveis”. II Paulo nos aconselha, devemos lembrar-nos mundo. ... Quando Jesus saiu dali, os profes- fecias mas por outras razões.
Cor. 12:2-4. da advertência de Cristo: “Acautelai-vos dos sores da Lei e os fariseus começaram a criticá- Ao considerarmos as “predições cumpri-
O apóstolo João registrou uma de suas vi- falsos profetas, que se vos apresentam disfar- Lo com raiva e a Lhe fazer perguntas sobre das”, devemos também entender o princípio
sões e a maneira como esta o afetou fisica- çados em ovelhas, mas por dentro são lobos muitos assuntos.” Luc. 11:47-54. da profecia condicional. Jeremias nos ajuda a
mente: “Quando o vi, caí a seus pés como roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis.” Se Jesus, o Homem irrepreensível, para- entender este princípio quando relata a con-
morto.” Apoc. 1:17. Mat. 7:15. digma da virtude, enfrentou essa espécie de versa do Senhor com ele: “No momento em
28 29
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO I
CAPÍTULO 3 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação CARACTERÍSTICAS
DOS PROFETAS

que Eu falar acerca de uma nação ou de um de Josias estava dirigindo o Egito a batalhar critura é inspirada por Deus e útil para o en- exemplificado pelos profetas bíblicos e pelo
reino para o arrancar, derribar e destruir, se a contra Babilônia: “Deus está comigo; por- sino, para a repreensão, para a correção, para próprio Senhor? Na maioria das vezes, essa
tal nação se converter da maldade contra a tanto, se você lutar contra Deus, Ele o des- a educação na justiça, a fim de que o homem prova classifica rapidamente esses auto-
qual Eu falei, também Eu Me arrependerei do truirá.” II Crôn. 35:21. de Deus seja perfeito e perfeitamente habili- intitulados “profetas” como impostores.
mal que pensava fazer-lhe. E, no momento O jovem Josias devia ter obedecido a Deus tado para toda boa obra.” II Tim. 3:16 e 17. Diferentemente das duas primeiras provas,
em que Eu falar acerca de uma nação ou de e dado ouvidos à voz confirmatória do rei do Essa segunda prova da autenticidade de a prova dos frutos muitas vezes leva tempo. O
um reino, para o edificar e plantar, se ele fizer Egito. Mas não; ele se disfarçou e liderou seu um profeta é clara e não podemos dela esca- “fruto” se desenvolve lentamente. Contudo,
o que é mal perante Mim e não der ouvidos à exército na Batalha de Carquêmis (605 a.C.), par. Embora os profetas posteriores revelem a cuidadosa avaliação dos resultados do mi-
Minha voz, então, Me arrependerei do bem na qual foi morto. A promessa divina de que aspectos adicionais aos pensamentos de Deus nistério do “profeta” é tão necessária quanto
que houvera dito lhe faria.” Jer. 18:7-10. Josias teria morte pacífica era condicional à acerca do plano da salvação, eles não contra- as duas primeiras provas. O que aparenta ser
A profecia condicional, ou incerteza con- obediência constante. Quando líderes fiéis dizem os conceitos básicos já apresentados. bíblico e o que talvez se afirme ser “predições
trolada, é um princípio bíblico aplicado a de- vão contra o conselho divino, escolhendo se- cumpridas” pode, a longo prazo, evidenciar-
clarações de natureza preditiva que dizem guir a inclinação pessoal, Deus não poupa os 3. A Prova dos Frutos se outra coisa. A prova mais válida da auten-
respeito ou envolvem as reações dos seres hu- obstinados das conseqüências de seus atos. O cenário para a prova dos frutos encontra-se ticidade de um profeta são os resultados de
manos. Sempre que o desenrolar de um acon- no Sermão da Montanha, que trata especifi- seus ensinos. Dirige ele a mente e a conduta
tecimento depende da escolha humana, 2. A Prova da Harmonia com a Bíblia camente dos “falsos profetas”: “Acautelai-vos para Deus de modo que o padrão de vida re-
determinados aspectos do cumprimento pro- É óbvio que Deus não coloca contradições dos falsos profetas, que se vos apresentam dis- flita o espírito e a prática de Jesus? Demons-
fético são necessariamente condicionais. conceituais dentro de Seu sistema de comu- farçados em ovelhas, mas por dentro são lo- tram seus ensinos teológicos simplicidade
Um profeta anônimo enfatizou este prin- nicação. Nem dá aos profetas posteriores um bos roubadores. Pelos seus frutos os conhece- ainda que conservando a plenitude da Pala-
cípio ao idoso Eli: “Portanto, diz o Senhor, botão para “cancelar” ou “apagar”. A imuta- reis. Colhem-se, porventura, uvas dos espi- vra escrita? Ou, criam seus ensinos “novas”
Deus de Israel: Na verdade, dissera Eu que a bilidade de Deus se refletirá nas Suas revela- nheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda ár- doutrinas não alicerçadas nas Escrituras?
tua casa e a casa de teu pai andariam diante ções a homens e mulheres.5 vore boa produz bons frutos, porém a árvore Não resta dúvida de que os profetas são
de Mim perpetuamente; porém, agora, diz o Isaías chama a atenção para o fato de que má produz frutos maus. Não pode a árvore humanos. Moisés era um profeta que falava
Senhor: Longe de Mim tal coisa, porque aos os profetas verdadeiros serão provados por boa produzir frutos maus, nem a árvore má com Deus “face a face” (Êxo. 33:11), mas seu
que Me honram, honrarei, porém os que Me sua fidelidade às revelações anteriormente es- produzir frutos bons. ... Assim, pois, pelos dom profético não era garantia de que ele
desprezam serão desmerecidos. Eis que vêm critas: “À lei e ao testemunho! Se eles não fa- seus frutos os conhecereis.” Mat. 7:15-20. não cometesse erros. Devido à sua falta de pa-
dias em que cortarei o teu braço e o braço da larem segundo esta palavra, é porque não há Que espécie de pessoa os contemporâneos ciência, ele não teve permissão de entrar na
casa de teu pai, para que não haja mais velho luz neles.” Isa. 8:20. do profeta vêem e ouvem? Qual o sentido ge- Terra Prometida, o merecido prêmio por sua
nenhum em tua casa.” I Sam. 2:30 e 31. Muitas são as tentativas, em cada geração, ral de sua vida? Confiável ou volúvel? Mun- longa e corajosa liderança.
Jonas teve que aprender essa lição de de definir a “verdade” sobre a origem e desti- dano ou piedoso? Fiel ou infiel aos compro- Poderíamos citar muitos outros exemplos
condicionalidade pelo método difícil: “Viu no do homem. Abundantes são os empreen- missos? Seus ensinos exaltam a Palavra escri- bíblicos para mostrar que o recipiente profé-
Deus o que fizeram, como se converteram do dimentos intelectuais que se arriscam a esti- ta, ou criam novos e exóticos caminhos sem tico, às vezes, está sujeito às fraquezas da na-
seu mau caminho; e Deus Se arrependeu do pular o que é certo e o que é errado para a fundamento na Palavra? Acima de tudo isso, tureza humana. Mas o conteúdo é superior ao
mal que tinha dito lhes faria e não o fez.” Jo- conduta humana. A Bíblia, porém, tem atra- reflete o profeta com exatidão a clara e coe- recipiente. A mensagem profética traz em si
nas 3:10. vessado os séculos, sendo para homens e mu- rente mensagem bíblica? Qual o resultado da mesma o selo de sua autenticidade; o mensa-
A experiência do jovem rei Josias, embo- lheres de todos os lugares e de todas as condi- liderança do profeta? Sob a sua orientação, geiro é apreciado, mas não canonizado.
ra triste, é outro exemplo de profecia condi- ções a grande prova no que diz respeito à ver- tem a obra de Deus prosperado de modo que Além do mais, mesmo que a mensagem do
cional. Ele havia promovido notável reforma dade sobre a origem e moralidade humanas. cumpra melhor a missão evangélica? Vêem os profeta consista exatamente naquilo que
entre seu povo (II Crôn. 34). Por causa de A Bíblia não é apenas a verdade inspirada, é outros coerência na maneira como o profeta Deus deseja comunicar, é possível que o mi-
sua fidelidade, o Senhor prometeu: “Pelo que também a norma decisiva de qualquer pre- anda com Deus? Encontram os pecadores o nistério desse profeta pareça não causar im-
Eu te reunirei a teus pais, e tu serás recolhi- tensão à inspiração. Senhor por meio de seus escritos? pacto positivo. Pense nos heróicos, mas
do em paz à tua sepultura.” Verso 28. Mas Jo- Todo profeta que sucedia a outro, nos tem- Através dos anos muitas pessoas lamenta- “infrutíferos” ministérios de Jeremias e Isaías.
sias não morreu em paz; morreu em uma ba- pos do Antigo ou do Novo Testamento, fazia velmente têm seguido homens e mulheres Esses homens parecem haver fracassado na
talha! O que houve de errado? Ele não obe- de todos os escritos proféticos anteriores a eufóricos e carismáticos que assumem as cre- época em que viveram. Mas não hoje!
deceu à instrução divina. Deus não lhe deu norma de comparação para seu ministério. denciais de um profeta. Arrecadam-se vulto- Pense na situação desagradável de Eze-
ordens para atacar o Egito. Na realidade, o Cada qual foi, em certo sentido, uma luz me- sas somas de dinheiro e criam-se poderosos quiel: “Quanto a ti, ó filho do homem, os fi-
rei do Egito enviou uma mensagem especial nor que apontava para a luz maior. Paulo faz impérios religiosos. Devemos, porém, per- lhos do teu povo falam de ti junto aos muros
para Josias, realçando o fato de que o Deus um breve resumo desta relação: “Toda a Es- guntar: Reflete o líder o estilo de vida simples e nas portas das casas; fala um com o outro,
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CAPÍTULO 3 O ministério profético de Ellen G. White
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DOS PROFETAS

cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço- te em o profeta concordar que Jesus de Naza- cidido a invadir Israel. Ele armou ciladas aqui de Jesus, da razão de Sua vinda e de Sua obra
vos, e ouvi qual é a palavra que procede do ré algum dia viveu na Terra. A maioria dos e ali. Mas Eliseu mantinha o rei informado atual.
Senhor. Eles vêm a ti, como o povo costuma cristãos crê assim, ainda que muitos não dessas ciladas, e o registro diz que o rei de Is- Uma característica de muitos falsos pro-
vir, e se assentam diante de ti como Meu po- creiam que Ele é Deus encarnado. Muitos ou- rael “assim, se salvou, não uma nem duas ve- fetas é seu apelo ao mistério e ao fascínio
vo, e ouvem as tuas palavras, mas não as tros crêem que Ele é de fato Deus em carne, zes”. Verso 10. por novidade. De algum modo, as pessoas
põem por obra; pois, com a boca, professam mas não que Ele Se tornou verdadeiramente O rei sírio ficou exasperado e desconfiou são propensas a seguir líderes religiosos
muito amor, mas o coração só ambiciona lu- homem, um homem “em carne”. que havia espiões entre seus conselheiros, que as atraem com interpretações proféti-
cro. Eis que tu és para eles como quem canta João percebeu o problema em seus dias, pois suas estratégias mais secretas vazavam cas imaginárias ou envolventes fantasias
canções de amor, que tem voz suave e tange e sua advertência é hoje ainda mais rele- quase que imediatamente para seu inimigo. teológicas.
bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não vante. Toda a verdade sobre a razão da vin- Um de seus conselheiros, porém, sabendo o Mas o profeta verdadeiro fala ao povo “co-
as põem por obra. Mas, quando vier isto, e aí da de Jesus, a razão por que Ele Se tornou que acontecia, explicou-lhe: “O profeta Eli- mum”, a pessoas com problemas práticos que
vem, então saberão que houve no meio deles nosso Salvador e Exemplo, por que morreu seu, que está em Israel, faz saber ao rei de Is- precisam de soluções práticas e conforto. Sem
um profeta.” Ezeq. 33:30-33. e agora oficia como nosso Sumo Sacerdote rael as palavras que falas na tua câmara de essa ênfase, faltam ao “profeta” as credenciais
Ezequiel foi saudado e louvado, mas rara- – tudo isso está envolvido na prova de um dormir.” Verso 12. divinas.
mente seguido. Foi por culpa do profeta que profeta verdadeiro. Este reconhecimento Para os contemporâneos de um profeta, a
seus contemporâneos não se uniram a ele nu- de que Jesus veio “em carne” é mais do que rápida e precisa intervenção dele mediante O Peso da Evidência
ma reforma genuína? Mostra essa “falha” que um assentimento intelectual. Jesus não é presença pessoal ou comunicação escrita é Em resumo, quando uma pessoa apresenta to-
as conseqüências de seu ministério foram ne- nosso Senhor se não nos submetermos ao uma afirmação convincente de suas creden- das as características acima e passa nas pro-
gativas e infrutíferas? Qual teria sido o fruto Seu senhorio. Jesus não é nosso Salvador ciais divinas. vas, o “peso da evidência” parece convincen-
de seu ministério se seus ouvintes tivessem se não permitirmos que Ele nos salve de te, adequado e inevitável. Ao considerar to-
Testemunho Ousado e Inequívoco das as provas observáveis, contudo, a prova
seguido seu conselho? nossos pecados. (Mat. 1:21.) As ações reve-
Numerosos são os exemplos bíblicos de intrépi- suprema das credenciais de um profeta é a sua
Muitos homens e mulheres piedosos, coe- lam a autenticidade de nosso comprometi-
do testemunho por parte de profetas fiéis e ver- mensagem: conforma-se ela com todas as
rentes e fiéis a seu chamado e às mais eleva- mento pessoal. E a correta compreensão
dadeiros. Natã proferiu pesada sentença conde- mensagens proféticas anteriores quando fala
das normas bíblicas, foram líderes de igreja nos ajuda a fazer compromissos de qualida-
natória contra Davi, seu rei. (II Sam. 12.) talvez em termos mais amplos à urgência da
através dos séculos. Mas sua vida frutífera não de que nos capacitem a praticar ações que
Elias confrontou Acabe, seu rei (o que não época do profeta?
prova que eles eram profetas. As provas de honrem a Deus.
foi tarefa fácil). Repare na resposta que ele
um profeta são cumulativas no sentido de que Eis, portanto, a prova: Ensina o profeta to- deu à pergunta de Acabe: “És tu, ó perturba- Podem Todos Ser Profetas?
todas as provas devem ser aplicáveis; mas sem da a verdade sobre o propósito da vinda de dor de Israel?” I Reis 18:17. Resposta: “Eu O chamado profético não é uma profissão pa-
a prova do “bom fruto”, todas as outras pro- Cristo “em carne”? não tenho perturbado a Israel, mas tu e a ca- ra a qual uma pessoa pode estudar, tal como o
vas devem ser suspeitas. sa de teu pai, porque deixastes os mandamen- magistério do ensino fundamental ou a práti-
Manifestações Físicas tos do Senhor e seguistes os baalins.” Verso ca da advocacia. Os profetas são escolhidos
4. Testemunho Inequívoco da Natureza Conforme observamos anteriormente (pág. 18. Oportuna e corajosa! por Deus. Homens e mulheres devem buscar
Divino-Humana de Jesus Cristo 28), determinados fenômenos físicos acom- Associado às outras provas, o testemunho o fruto do Espírito, mas os dons do Espírito
João apresenta mais uma prova de um profe- panham os profetas bíblicos enquanto em vi- inequívoco é parte essencial do ministério de são exatamente isto: dons.6
ta verdadeiro: “Amados, não deis crédito a são. Embora essas manifestações possam ser um profeta verdadeiro. Apesar disso, a Bíblia também se refere
qualquer espírito; antes, provai os espíritos se imitadas pelo “espírito” errado, quando com- aos “filhos dos profetas” e ao “grupo dos pro-
procedem de Deus, porque muitos falsos pro- binadas com as provas precedentes, elas for- Conselho Prático, não Abstrações, fetas”, especialmente nos dias de Samuel,
fetas têm saído pelo mundo fora. Nisto reco- talecem a evidência de que um profeta é ver- Caracterizam o Ministério Deles Elias e Eliseu.7 Parece que Samuel inaugu-
nheceis o Espírito de Deus: todo espírito que dadeiro. Os escritos dos profetas verdadeiros são rou a “escola dos profetas” com o objetivo
confessa que Jesus Cristo veio em carne é de conhecidos por sua grande praticidade. de formar professores que ajudassem os pais
Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus Oportunidade das Mensagens do Profeta Considere o Sermão da Montanha de Cristo a educar os filhos para uma vida inteira de
não procede de Deus.” I João 4:1-3. Já vimos que o “fruto” do ministério do pro- ou quaisquer das cartas de Paulo às novas utilidade e serviço. Embora não fossem dire-
Conforme dissemos no primeiro capítu- feta muitas vezes leva tempo para “amadure- igrejas. Comparada com os escritos religiosos tamente inspirados como Samuel, os jovens
lo, o Evangelho não é algo sobre Jesus; o cer”. No entanto, muitas foram as ocasiões em geral, a Bíblia é inigualável. Não apenas dessas escolas eram “divinamente chamados
Evangelho é Jesus. Mas durante os últimos em que o profeta mudou o curso da História por causa do seu assunto, mas porque os para instruir o povo nas palavras e caminhos
vinte séculos raramente o mundo tem ouvi- sendo a pessoa certa para o tempo certo, no profetas bíblicos falam ao ser humano. de Deus”.8
do a verdade sobre Jesus. Daí um evangelho lugar certo e com a mensagem certa. Eles não apresentavam admoestações teóri- A pergunta sobre a possibilidade de todos
vago e confuso. Pense em Eliseu e o rei da Síria, conforme cas, mas práticas, mesmo quando discorriam poderem ser profetas torna-se extremamente
A prova de João não consiste simplesmen- registrado em II Reis 6. O rei sírio estava de- sobre os aspectos teológicos da natureza prática. Em determinada ocasião, pergunta-
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CAPÍTULO 3 O ministério profético de Ellen G. White
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ram a Ellen White: “Acha a irmã que deve- algumas vezes de “forma extraordinária” e até a caverna do Horebe. (I Reis 18 e 19.) Mas Josafá pressentiu que alguma coisa
mos entender a verdade por nós mesmos? Por outras vezes “de forma um tanto comum, Isaías tinha apenas uma pálida idéia de como não estava certa. Ele sabia que esses 400 ho-
que não podemos apanhar as verdades que tais como pensamentos, impressões e intui- e quando os terríveis dias que ele predisse mens eram profetas palacianos. Por isso per-
outros reuniram e crer nelas porque eles in- ções, percebidas pelo profeta como influên- sobreviriam a Israel e Judá. Jeremias viu mui- guntou: “Não há aqui ainda algum profeta do
vestigaram os assuntos e depois ficarmos li- cia do Espírito”.10 to mais claramente aquilo sobre o que Isaías Senhor para o consultarmos?” Verso 7.
vres para prosseguir...? Não acha a irmã que Alguns têm defendido o ponto de vista de havia escrito. Respondeu Acabe: “Há um ainda... porém
esses homens do passado que descobriram a que todos os crentes possuem o dom de pro- Não sendo oniscientes, os profetas às vezes eu o aborreço, porque nunca profetiza de
verdade foram inspirados por Deus?” fecia no sentido de que todo crente tem a cometem erros de julgamento e precisam mu- mim o que é bom, mas somente o que é mau.
Sua resposta é instrutiva: “Não me atrevo capacidade de distinguir entre escritos inspi- dar seu conselho. O rei Davi consultou o pro- Este é Micaías.” Verso 8.
a dizer que eles não foram guiados por Deus, rados e não inspirados, ou seja, seu julga- feta Natã sobre a construção de um templo Quando levaram Micaías para se unir aos
pois Cristo guia a toda a verdade. Mas em se mento determina o que é inspirado e o que apropriado em Jerusalém, e Natã replicou: 400 que continuavam insistindo na idéia de
tratando da inspiração no pleno sentido da não é, quando lê as pretensões de um profe- “Faze tudo quanto está no teu coração, por- que o Senhor entregaria os sírios nas mãos
palavra, minha resposta é não.”9 ta verdadeiro. Este ponto de vista não é en- que Deus é contigo.” I Crôn. 17:2. Natã, po- deles, o profeta respondeu: “Tão certo como
A questão não diz respeito à guia pessoal sinado na Bíblia. rém, teve que mudar seu testemunho: “Po- vive o Senhor, o que o Senhor me disser, isso
do Espírito Santo que todos os crentes com- rém, naquela mesma noite, veio o Senhor a falarei.” Verso 14. Acabe perguntou a Mi-
prometidos experimentam diariamente. Profetas nem Sempre Natã, dizendo: Vai e dize a Meu servo Davi: caías se eles deviam sair a pelejar contra o rei
Paulo, que enfrentou questão semelhante Conscientes do Pleno Sentido Assim diz o Senhor: Tu não edificarás casa da Síria. Numa disfarçada ironia, ele lhe res-
em I Coríntios 12, pergunta: “Porventura, Pedro observou que os profetas nem sem- para Minha habitação.” Versos 3 e 4. O fato pondeu: “Sobe e triunfarás, porque o Senhor
são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São pre entendiam o sentido total de seus pró- a entregará nas mãos do rei!” Verso 15.
de um profeta poder mudar sua mente em re-
todos mestres?” Verso 29. A resposta implí- prios escritos, especialmente aqueles que Acabe, percebendo o tom sarcástico, lhe
lação ao testemunho do Senhor deixa claro
se relacionavam com acontecimentos futu- disse: “Quantas vezes te conjurarei, que não
cita era “não”. que alguém que verdadeiramente busca a
ros: “Foi a respeito desta salvação que os
Em tempos modernos, entende-se muitas vontade de Deus deve olhar para todo o qua- me fales senão a verdade em nome do Se-
profetas indagaram e inquiriram, os quais
vezes a “pregação profética” em função de al- dro e não rejeitar uma mensagem devido à nhor?” Verso 16.
profetizaram acerca da graça a vós outros
guém que procura interpretar e proclamar a humanidade do profeta. O resto da história (versos 24-28) é um pa-
destinada, investigando, atentamente,
Palavra de Deus, especialmente no que diz radigma de como os profetas verdadeiros são
qual a ocasião ou quais as circunstâncias
respeito a questões sociais. Se essa pregação Contraste Entre o Falso e o Verdadeiro atacados e ridicularizados por aqueles que
oportunas, indicadas pelo Espírito de Cris-
ou escrita é feita com ímpeto e dramatismo Em vista do grande conflito entre Cristo e não querem ouvir a verdade. Pouco depois,
to, que neles estava, ao dar de antemão
fora do comum, descreve-se o esforço como Satanás, era previsível que Satanás usasse sua Acabe morreu em combate, exatamente da
testemunho sobre os sofrimentos referen-
feito em tom profético. Contudo, seria errado mente brilhante para arruinar o sistema divi- forma como Micaías havia predito.
tes a Cristo e sobre as glórias que os segui-
afirmar que tal proclamação é evidência de riam. A eles foi revelado que, não para si no de comunicação com homens e mulheres. Esse episódio evidencia que mentir e enga-
que a pessoa tem o dom do Espírito de profe- mesmos, mas para vós outros, ministravam Isto ele tem feito. E os falsos profetas se tor- nar são ferramentas do ofício de Satanás. Ele
cia. Devem-se aplicar todas as provas do pro- as coisas que, agora, vos foram anunciadas narão mais abundantes nos últimos dias da investiga os desejos de homens e mulheres
feta verdadeiro. por aqueles que, pelo Espírito Santo envia- crise final.11 para depois produzir o que parece ser a con-
Jack Provonsha, por muito tempo profes- do do Céu, vos pregaram o evangelho, coi- Um incidente registrado em I Reis 22 ilus- firmação religiosa de seus desejos. Em outras
sor de Ética Cristã na Universidade de Lo- sas essas que anjos anelam perscrutar.” I tra determinadas estratégias que Satanás em- palavras, as pessoas geralmente encontram a
ma Linda, salientou três maneiras pelas Ped. 1:10-12. prega para tentar subverter a obra dos profetas mensagem “profética” que seu coração dese-
quais os profetas diferem das pessoas co- Os profetas não são oniscientes. Sua com- verdadeiros. Acabe, rei de Israel, havia pedido ja. De um modo ou de outro, elas receberão
muns do povo de Deus: (1) Os profetas são preensão da verdade e do dever podem de- a Josafá, do reino do sul, para unir forças com algum tipo de confirmação “espiritual” daqui-
escolhidos, “não porque sua compreensão e senvolver-se à medida que lhes for revelada. ele contra o rei da Síria. Josafá concordou en- lo que realmente querem fazer. Se os desejos
transmissão seria perfeita, mas porque eles A menos, porém, que recebam ajuda divina, tusiasticamente, mas depois pensou uma se- de uma pessoa não podem ser facilmente ra-
são os melhores veículos” disponíveis. Suas mesmo aquilo que é revelado só será entendi- gunda vez. Sentindo a necessidade da confir- tificados por aqueles que falam em nome de
percepções, por exemplo, “são menos dis- do dentro do limitado contexto das próprias mação do Senhor, perguntou a Acabe onde po- Deus, homens e mulheres egocêntricos e obs-
torcidas pelo caráter e experiência que ou- circunstâncias e experiência. deria consultar um profeta sobre o assunto. tinados ridicularizarão e/ou atacarão o profe-
tros”. (2) Uma voz é dada aos profetas por- O princípio da revelação progressiva (ver Acabe estava preparado com seus próprios pro- ta verdadeiro.
que eles “exigem atenção”; seus contempo- página 422) funciona na vida de cada profeta fetas, “cerca de quatrocentos homens, e lhes Josafá desejava sinceramente ouvir a men-
râneos “vêem neles alguém especial, alguém e de cada geração. Elias continuou a aprender disse: Irei à peleja contra Ramote-Gileade ou sagem do profeta verdadeiro em meio a todas
diferente do comum”. (3) São dadas aos sobre o caráter de Deus enquanto passava pe- deixarei de ir? Eles disseram: Sobe, porque o as outras vozes religiosas de seus dias. Micaías
profetas “comunicações especiais” de Deus, la experiência do Monte Carmelo e viajava Senhor a entregará nas mãos do rei”. Verso 6. preferiu sofrer os maus-tratos da prisão a mu-

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CAPÍTULO 3 O ministério profético de Ellen G. White
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DOS PROFETAS

dar seu testemunho. Mas os acontecimentos dos ficaram cheios do Espírito Santo e passa- 1840” é que muito do interesse “ficou fora J. V. Himes disse em 1845 na reunião dos
provaram que ele estava com a razão. ram a falar em outras línguas, segundo o Espí- dos limites da religião convencional”.14 Uma líderes mileritas em Albany: “O movimento
Como Josafá, os cristãos de hoje devem rito lhes concedia que falassem.” Atos 2:2-4. das vozes mais destacadas dessa efervescência do sétimo mês produziu mesmerismo a sete
discernir o ar de engano e ilegitimidade ao Com o passar do tempo, os fenômenos fí- religiosa foi a da expectação do milênio.15 pés de profundidade.”19 Os líderes mileritas,
ouvirem a mensagem daqueles que falsamen- sicos tornaram-se cada vez menos freqüentes, Durante uma década ou mais, a América na mesma reunião, votaram a seguinte reso-
te pretendem falar em nome de Deus. Devem pois haviam alcançado seu intento: a igreja do Norte esteve ouvindo muitas vozes, no lução, conforme relatada em The Advent
saber como aplicar rapidamente as provas de cristã havia tido seu dramático início. Essas púlpito e na imprensa, anunciando que esta- Herald, 21 de maio de 1845: “Fica resolvido
um profeta verdadeiro. Pessoa alguma deve exibições maravilhosas haviam dado credibi- va próximo o Segundo Advento. Mas a maior que não depositamos nenhuma confiança
ficar confusa com a maneira de decidir se um lidade àqueles que viram e ouviram. Os fenô- parte do mundo cristão cria que Jesus só vol- em quaisquer novas mensagens, visões, so-
profeta é falso ou verdadeiro.12 menos públicos cessaram quando havia taria depois que o mundo estivesse converti- nhos, línguas, milagres, dons extraordiná-
passado tempo suficiente para o fruto da do ao cristianismo. Chamados pós-milenistas rios, revelações, impressões, discernimento
Os Fenômenos Físicos Fornecem mensagem cristã ter-se estabelecido. (o Segundo Advento ocorre depois dos 1.000 de espíritos, ou ensinos, etc., etc., que não
Muitas Vezes Evidência Convincente De muitas formas os dias iniciais do movi- anos de Apocalipse 20), esses líderes cristãos estejam de acordo com a não adulterada Pa-
Antes de passar tempo suficiente para ser julga- mento adventista foram uma réplica dos pri- olhavam com desdém para os pré-milenistas lavra de Deus.”
do pelos “frutos” do Seu ministério, Jesus mos- mitivos dias da igreja cristã. De que outra ma- (o Segundo Advento ocorre antes do período Além disso, seguindo em grande parte pa-
trou a João Batista as manifestações físicas que neira poderiam poucos crentes chamar a de mil anos) que prediziam o retorno de Jesus ralelamente ao surgimento da Igreja Adven-
acompanharam Seu ministério. João, na pri- atenção de pessoas suficientes para desenca- para 1843-1844.16 tista do Sétimo Dia, houve o desenvolvimen-
são, à beira da dúvida mandou um recado a seu dear um movimento destinado a circundar o to dos shakers, o da Igreja Mórmon e o da
Entre os muitos acontecimentos fascinan-
primo, Jesus: “És Tu Aquele que estava para vir mundo? De que outra maneira poderia um Ciência Cristã, bem como o advento do espi-
tes da década de 1840, estava também o sur-
ou havemos de esperar outro?” Mat. 11:3. profeta receber a atenção que sua mensagem ritualismo.20
gimento de várias pessoas que afirmavam
Jesus não lhe enviou um simples “Eu sou”. merecia, a menos que Deus fizesse as visões É digno de nota que cada um desses movi-
possuir o dom profético. Nem todas essas pes-
O Batista precisava de algo mais do que pala- serem apoiadas por fenômenos físicos? mentos religiosos modernos tenha sido con-
soas eram pré-milenistas; algumas desenvol-
vras. Jesus instruiu os discípulos de João a Os fenômenos físicos que atraíram a aten- cebido por líderes carismáticos que afirma-
viam “novas” religiões; algumas se concen-
anunciarem a “João o que estais ouvindo e ção no dia de Pentecostes não eram a mensa- vam possuir o dom de profecia. Jemina Wil-
vendo: os cegos vêem, os coxos andam, os le- travam em experiências sociais. Devido aos
gem cristã, mas foram eles que levaram as kinson e Ann Lee foram as primeiras profeti-
prosos são purificados, os surdos ouvem, os acontecimentos bizarros que muitas vezes sas norte-americanas. Lee, mais conhecida
pessoas a ouvirem mais atentamente à men-
mortos são ressuscitados, e aos pobres está acompanhavam essas experiências religiosas por ser a “mãe” dos shakers, passou pela expe-
sagem. Do mesmo modo, os fenômenos visí-
sendo pregado o evangelho. E bem-aventura- e sociais, muitos contemporâneos eram hostis riência do que parecia ser “transes e visões
veis (curas divinas, fenômenos relacionados
do é aquele que não achar em Mim motivo de com visões públicas, etc.) associados ao mi- a fenômenos carismáticos.17 nas quais lhe foi revelado que a raiz e o fun-
tropeço”. Versos 4-6. nistério inicial de Ellen White não eram, e Olhando para esse período do ponto de vis- damento da corrupção humana e fonte de to-
Alguns anos mais tarde, após a ascensão nem são, a mensagem dela. Nem são necessa- ta de Satanás, à luz do Tema do Grande Con- do mal era o ato sexual. ... Durante os quatro
de Cristo, chegou outro momento importan- riamente provas de suas credenciais divinas. flito (ver págs. 256-263), não era de se esperar últimos anos de sua vida, relata-se que a Mãe
te no plano de Deus: Como poderiam as boas Mas os fenômenos físicos captaram a atenção que ele confundisse de tal modo os aconteci- Ann realizou milagres capazes de convencer
novas de Jesus Cristo despertar atenção favo- de seus contemporâneos, atenção que ela mentos a fim de tornar mais difícil a aceitação a seus seguidores de que ela era o Cristo em
rável e satisfatória? Bastaria um simples deba- conservou até muitos se convencerem de que de um profeta verdadeiro? O livro de Apoca- sua ‘segunda vinda”’.21
te ou seria necessário algo mais? Deus resol- sua mensagem era uma palavra de Deus. Com lipse deixa claro que Satanás está ciente da li- O jovem Joseph Smith ficou muito pertur-
veu que seria algo mais. o passar do tempo, depois que milhares se ha- nha profética do tempo e o projetado fim de bado com a mixórdia de escolhas religiosas:
No dia de Pentecostes, os discípulos se viam convencido do fruto de suas mensagens, seu tempo no Universo. À medida que ocor- “‘No meio desta guerra de palavras e tumulto
reuniram para orar como havia sido seu cos- as visões públicas, acompanhadas de fenôme- rem os acontecimentos divinamente preditos, de opiniões’, eu dizia muitas vezes para mim
tume desde que Cristo ascendera ao Céu. nos físicos, tornaram-se menos freqüentes. “o diabo” terá “grande ira, pois sabe que pouco mesmo: ‘Que devo fazer? Qual desses grupos
(Atos 1:14; 2:1.) Embora não tivessem cons- Apesar disso, Deus continuou a falar a Sua tempo lhe resta”. Apoc. 12:12. tem razão? Ou estão todos errados?’”
ciência disto, o Senhor estava pronto para es- profetisa por meio de visões noturnas. A qua- O extremo fanatismo e as manifestações Logo sua oração foi respondida pela
tabelecer a igreja cristã. Como Ele o faria? lidade do conselho permaneceu a mesma, estranhas associadas com os falsos profetas fi- “aparição” tanto do Pai como do Filho. Se-
Enviando fenômenos físicos com a palavra mas sem os fenômenos físicos.13 zeram homens e mulheres equilibrados olha- gundo ele conta, Pai e Filho lhe disseram
profética. “De repente, veio do céu um som, rem com aversão qualquer pessoa que preten- que ele não devia ingressar em denomina-
como de um vento impetuoso, e encheu toda Década de 1840 – um Período desse falar em nome de Deus. Tanto os pós- ção nenhuma, pois todas eram corruptas.
a casa onde estavam assentados. E aparece- Turbulento Para Reivindicações Proféticas milenistas quanto os pré-milenistas conside- Depois de um período adicional de estudo,
ram, distribuídas entre eles, línguas, como de Um dos aspectos mais destacados da agitação ravam com desdém as manifestações do dom ele relatou que o anjo Morôni lhe aparece-
fogo, e pousou uma sobre cada um deles. To- religiosa das turbulentas décadas de 1830 e de profecia.18 ra e o conduzira às “placas de ouro que con-
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CAPÍTULO 3 O ministério profético de Ellen G. White
O Sistema Divino de Comunicação CARACTERÍSTICAS
DOS PROFETAS

tam a história da última tribo perdida de Is- ficou fascinado com o que ela dizia. Deixou- Finalmente pareceu-lhe ouvir uma voz Emaús, caminhando à sombra misteriosa de
rael, que havia séculos antes habitado o con- se levar pelo entusiasmo e empolgação que que dizia: “Entristeceste o Espírito do uma crucifixão. (Ver Lucas 24.) O Senhor,
tinente americano”. Posteriormente, em acompanharam a apresentação dela. Ela falou Senhor.” porém, conhecia seu desespero e aproximou-
1830, Smith publicou o Livro do Mórmon. das coisas celestiais – de orientações, luzes, Apavorado com essa possibilidade, ele Se deles. Ele sabia que havia permitido lhes
Esta nova Bíblia se tornou a autoridade imagens – coisas familiares a Foy. ... Arreba- convocou uma reunião para relatar a visão. sobreviesse aquela tristeza. Ele não os desam-
dos mórmons na maioria das questões. Ela de- tado pela alegria do momento, ele não pôde Mas, depois de fazer várias tentativas mal-su- pararia em seu pesar e confusão.
clarava que “quem quer que negue ‘as revela- mais se conter. De súbito, no meio da apre- cedidas de relembrá-la, declarou: “Foi-se de Como Jesus Se revelou? Primeiro, diri-
ções de Deus ou diga que elas cessaram e que sentação de Ellen, Foy bradou de júbilo, er- mim. Não consigo dizer nada. O Espírito de gindo a mente deles para as Escrituras. Ele
guendo-se sobre os pés e ‘saltou inflamada- Deus me abandonou.” Alguns que ali estive- os ajudou a investigar a verdade que eles
não há mais revelações, nem profecias, nem
mente para baixo e para cima’. Segundo Ellen ram presentes descreveram aquela reunião haviam apenas compreendido vagamente.
dons, nem falar em línguas nem interpreta- como “a mais terrível reunião em que já ha- Esse tipo de estudo bíblico forneceu àqueles
ção de línguas’, revela sua ignorância e nega se lembra: ‘Oh! Ele louvou o Senhor, ele lou-
vou o Senhor.’ viam estado”. primeiros discípulos maior estabilidade e
‘o evangelho de Cristo’”.22 Depois dessa experiência, Hazen encon- compreensão bíblica do que a realização de
O espiritismo, ou espiritualismo, encontra “Ele repetiu várias vezes que a visão dela
trou-se com Ellen em Poland, Maine. Embo- um milagre.
suas raízes teológicas na predominante dou- era justamente a que ele tinha visto. Ele sabia
ra tivesse sido convidado para a reunião, ele Na década de 1840, ocorreu outro mo-
trina cristã do estado consciente dos mortos, que não havia como falsificar tal experiência. permaneceu do lado de fora da porta fechada, mento notável no plano divino da salvação.
no Céu ou no inferno. A moderna ressurrei- A dela era legítima.”25 embora próximo o bastante para entreouvir a O fim da mais longa profecia bíblica relacio-
ção deste antigo paganismo é atribuída a An- Em 1906 Ellen White lembrou-se de suas mensagem dela. No dia seguinte, ele contou nada com tempo estava próximo (Dan.
drew Jackson Davis (1826-1910), o “Vidente conversas com William Foy. Ela recordou a Ellen: “O Senhor me deu uma mensagem 8:14). A ocasião era tremenda – aproxima-
de Poughkeepsie”, e aos fenômenos audíveis que ele tivera quatro visões, todas antes da para apresentar a Seu povo. E eu recusei, de- va-se o advento. Contudo, embora a maioria
na casa das irmãs Fox, perto de Rochester, primeira visão dela: “Elas foram escritas e pois de saber das conseqüências. Fui orgulho- do mundo tivesse ouvido a autêntica mensa-
publicadas, e é [estranho] que eu não consi- so; estava inconformado com o desaponta- gem do advento, o tempo do advento se ba-
Nova Iorque, em 1848. Davis é mencionado
ga encontrá-las em nenhum de meus livros. mento. ... Ouvi sua palestra de ontem à noi- seava numa interpretação errônea da profe-
como aquele que introduziu o “espiritualismo
Mas nós nos emocionamos tantas vezes.” E te. Creio que as visões foram retiradas de cia de Daniel.
intelectual”, e Katie Fox como a introdutora
depois ela fez um elogio muito significativo mim e dadas a você. Não recuse obedecer a Durante a confusão e o desespero que se
do “espiritualismo fenomenal”.23
a Foy: “Foram notáveis os testemunhos que Deus, pois será perigoso para sua alma. Sou seguiram ao dia 22 de outubro de 1844, Deus
ele deu.”26 um homem perdido. Você é a escolhida de Se aproximou de Seu povo. Por meio de uma
William Foy e Hazen Foss
Hazen Foss encontrou-se com Ellen Har- Deus. Seja fiel em fazer a sua obra, e a coroa adolescente, Ele o animou a reestudar a Bí-
Mais relevante para os primeiros adventis- que eu poderia ter tido, você receberá.”28 blia29 e o instruiu a ouvir Seu conforto e for-
mon em janeiro de 1845, em uma reunião em
tas do sétimo dia são as experiências de talecimento. Por meio da jovem Ellen Har-
Poland, Maine. Ellen fora para ali, convidada
William Foy e Hazen Foss. Ambos tiveram Deus Se Revela em Tempos mon a perplexidade e a tristeza que envolve-
por Mary Foss, para relatar sua primeira visão
visões similares à primeira visão de Ellen de um mês antes.27 de Crise por Meio dos Profetas ram o Grande Desapontamento de 22 de ou-
Harmon. William Ellis Foy (c. 1818-1893), Hazen, o cunhado de Mary [Mary era mu- Deus é muito compassivo e solícito com Seu tubro logo se mudaram em esperança e âni-
um negro norte-americano na faixa dos vin- lher de Samuel Foss], é lembrado “como um povo, especialmente quando Ele Se revela mo. Assim como os discípulos a caminho de
te anos de idade, recebeu diversas visões homem de boa aparência, boas maneiras e em períodos de crise. O aparecimento dos Emaús voltaram para Jerusalém com a alegria
dramáticas em 1842, vários anos antes da- educado”. Antes de 22 de outubro de 1844, profetas muitas vezes se acha ligado a grandes da verdade presente, assim aqueles primeiros
quelas recebidas por Hazen Foss e Ellen ele teve uma visão descrevendo a viagem dos crises. Assim quando surge um profeta, deve- adventistas enfrentaram o mundo novamen-
Harmon. A primeira (18 de janeiro) durou mos examinar a natureza da crise. E ao estu- te com a alegria da verdade presente.
adventistas (mileritas) à cidade de Deus. Ele
duas horas e meia, e a segunda (4 de feve- darmos a crise, devemos olhar para a mensa-
foi instruído a tornar conhecida essa visão
reiro) vinte horas e meia! Seu estado duran- gem do profeta. Pense no Dilúvio, e Noé vi- Ellen White Surgiu no Tempo de Maior Aflição
juntamente com mensagens específicas de rá à sua mente. Israel no cativeiro egípcio – Ellen White teve que lutar contra o senti-
te as visões assemelhava-se ao estado de advertência, mas recusou.
transe de Daniel.24 Moisés. Terrível opressão – Débora e, mais mento prevalecente entre os líderes mileri-
Depois do dia 22 de outubro, ele sentiu tarde, Samuel. Terrível apostasia – Elias. Trá- tas de que todos os fenômenos carismáticos,
Algumas vezes antes de 22 de outubro de que havia ficado confuso quanto à sua pri- gica decadência nacional – Isaías e Jeremias. tais como visões e transes, deviam ser rejei-
1844, Ellen Harmon ouviu Foy pregar no Sa- meira visão. Em sua segunda visão, foi adver- Cativeiro sombrio – Daniel e Ezequiel. Nas- tados.30
lão Beethoven em Portland, Maine. Algumas tido de que, se não fosse fiel em relatar a pri- cimento da igreja cristã – Pedro e Paulo. Res- Igualmente perturbadoras foram as am-
semanas depois, pouco antes da primeira vi- meira visão, a visão e a responsabilidade se- tauração das verdades especiais para os últi- plas divisões e espantosos fanatismos surgi-
são dela em dezembro de 1844, Foy estava riam retiradas dele e dadas a outra pessoa com mos dias – Ellen White. dos entre os mileritas depois de 22 de outu-
presente numa reunião realizada perto de Ca- muito poucas qualificações. Ele continuou a Essa mesma espécie de preocupação divina bro de 1844.31
pe Elizabeth, Maine, durante a qual ela falou temer pela possibilidade de ser ridicularizado fica evidente no domingo da ressurreição. Talvez mais opressivo ainda foi o escárnio
da primeira visão. “Quando ela começou, Foy e rejeitado por seus companheiros mileritas. Dois discípulos derrotados arrastavam-se para daqueles que haviam rejeitado os mileritas
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO I
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DOS PROFETAS

antes do Desapontamento ao observarem a Harmon em ser uma mensageira de Deus nos Referências
humilhação dos desapontados.32 tempos mais sombrios se tornou o centro de
Além disso, a jovem Ellen era apenas uma reanimação para sinceros estudantes da Bí- 1. Kenneth H. Wood, “Toward an Understanding of the Pro- zendo! Sou contra os profetas que contam sonhos cheios de
phetic Office”, Journal of the Adventist Theological Society, pri- mentiras. ... Eu não os enviei, nem os mandei ir, e eles não
adolescente, uma garota tão fraca que mal blia que queriam saber o que estava certo e o mavera de 1991, pág. 21. ajudam o Meu povo em nada. Eu, o Deus Eterno, falei.” Jer.
conseguia falar acima de um sussuro. Mas, em que estava errado com respeito a 22 de outu- 2. Moisés registrou as palavras de Deus com respeito ao sistema 23:11-32, BLH; ver também cap. 28; 29:8, 15-19 e 31.
dezembro de 1844, Deus lhe deu uma visão. bro de 1844. Assim como na estrada de profético, usando visões e sonhos de maneira intercambiável: 13. Escrevendo mais tarde, Ellen White referiu-se aos fenômenos
“Ouvi agora as Minhas palavras: se entre vós houver profeta, físicos, que desempenharam papel importante com relação a
Quem a ouviria, “a mais fraca das fracas”? Emaús, Jesus Se aproximou dos crentes since- Eu, o Senhor, a ele Me farei conhecer em visão, em sonhos seu ministério: “Algumas das instruções que se encontram
À medida que o tempo passava, a relutan- ros mas perplexos nos meses que se seguiram falarei com ele.” Núm. 12:6. nestas páginas foram dadas em circunstâncias tão notáveis
te, modesta e inabalável lealdade de Ellen ao “grande desapontamento”.33 3. T. H. Jemison foi um dos primeiros a categorizar essas quatro que evidenciam o prodigioso poder de Deus em favor de Sua
provas no livro A Prophet Among You, (Mountain View, CA: verdade. ... Essas mensagens eram dadas desse modo para
Pacific Press Publishing Association, 1955), págs. 100-112. confirmar a fé de todos, a fim de que nestes últimos dias te-
4. Neste exemplo Jeremias falava em tom irônico com o falso nhamos confiança no Espírito de Profecia.” – Review and
Nota profeta Hananias. O princípio, contudo, permanece. Herald, 14 de junho de 1906 (Mensagens Escolhidas, livro 3,
5. Ver Mal. 3:6; Tia. 1:17. Revelação progressiva (ver página págs. 38 e 39). Ver pág. 28.
422) é o termo que descreve o plano divino de “educação 14. Winthrop S. Hudson, “A Time of Religious Ferment”, The
Às vezes se faz uma comparação entre a his- do “tamanho de crianças de dez anos de ida- contínua”. Ela se baseia na revelação anterior; não remove Rise of Adventism, ed. Edwin S. Gaustad, (New York: Harper
tória da vida e visões de William Foy e Ellen de” e que cantavam um “cântico que os san- nem contradiz a revelação anterior. & Row, 1974), pág. 8.
6. Ver págs. 2 e 3. 15. Ernest R. Sandeen escreveu que a América [do Norte] “esta-
Harmon. Ambos passaram por conflitos espi- tos e os anjos não podiam cantar”. Para Ellen 7. Ver I Sam. 10:5 e 10; I Reis 20:35; II Reis 2:3 e 5; 4:38; va embriagada com o milênio”. Citado por Ernest Dick, “The
rituais perturbadores antes das visões, ambos White: “Ali sobre o mar de vidro, os 144.000 5:22; 6:1. Millerite Movement”, Adventism in America, ed. Gary Land
8. Educação, pág. 46. (Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company,
sentiram grande aversão em relatar as visões ficaram em quadrado perfeito.” 9. Review and Herald, 25 de março de 1890. Ver também Men- 1986), pág. 3. Ver também Ernest R. Sandeen, “Millennia-
publicamente. Ocasionalmente, ambos usa- No entanto, se as visões de Foy foram au- sagens Escolhidas, livro 3, pág. 341, onde Ellen White teve lism”, em The Rise of Adventism, ed. Edwin S. Gaustad (New
ram expressões comuns da época, como tênticas e fielmente reveladas, não devíamos oportunidade de esclarecer o papel de um profeta dotado: York: Harper & Row, 1974), págs. 104-118; George R.
“Não hesito em dizer que teria sido melhor se essas idéias em Knight, Millennial Fever (Boise, ID: Pacific Press Publishing
“confortar os santos”. esperar semelhanças e paralelos, pelo menos relação ao ato de profetizar nunca houvessem sido expressas. Association, 1993), págs. 1-384.
Embora existam alguns paralelos verbais até certo ponto? Mas o conteúdo conceitual Tais declarações preparam o caminho para um estado de coi- 16. A maioria dos cristãos eram “pós-milenistas”, que criam que
sas que Satanás certamente aproveitará para introduzir ativi- Jesus voltaria após o período de mil anos de Apocalipse 20.
entre as visões de Foy e as de Ellen Harmon, geral das visões publicadas de Foy não corres- dades falsas. Há o perigo não somente de que mentes dese- O principal argumento deles era que Satanás seria preso na
existem importantes diferenças no conteúdo. ponde ao das visões de Ellen White.34 quilibradas sejam induzidas ao fanatismo, mas também de Terra pelo avanço do cristianismo através do mundo e que o
Ao descrever a viagem de alguém que havia Existem algumas questões relativas aos que pessoas ardilosas se aproveitem dessa agitação para pro- bem venceria o mal à medida que o mundo se tornasse mais
mover seus desígnios egoístas.” iluminado pelo evangelho. Ver Ernest R. Sandeen, “Millen-
acabado de morrer como indo para o Céu em Pearson (John Pearson, Jr., e C. H. Pearson) 10. Jack Provonsha, A Remnant in Crisis (Hagerstown, MD: Re- nialism”, Gaustad, The Rise of Adventism, págs. 10-118.
uma carruagem, Foy não menciona a ressur- que publicaram o folheto de Foy, The Chris- view and Herald Publishing Association, 1993), págs. 57 e 17. Harold Bloom, The American Religion (New York: Simon &
reição no Segundo Advento, pois cria na 58. Aplicando esses princípios a Ellen White, Provonsha es- Schuster, 1933), págs. 21-75; Hudson, “A time of Religious
tian Experience, e o “Pai” Pearson, menciona- Ferment”, em Gaustad, The Rise of Adventism, págs. 1-17;
creve: “Pelo visto, Ellen White ‘ouviu’ muitas vezes a voz de
imortalidade da alma. Foy vê uma montanha do em Life Sketches, págs. 70 e 71 e em Teste- Deus lhe falando enquanto ela escrevia livros em sua biblio- William G. McLoughlin, “Revivalism”, em Gaustad, The Ri-
na qual estava impresso em letras de ouro: “O munhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 64. teca. Uma pessoa que passou toda uma vida sendo mensagei- se of Adventism, págs. 119-150.
ra de Deus desenvolveu certamente uma sensibilidade fora 18. “Declaration of Principles” no periódico de Carlos Fitch, The
Pai e o Filho”, fornecendo um pano de fundo “Pai Pearson”, um antigo líder do peque- do comum a essas intuições e é bastante compreensível que Second Advent of Christ (Cleveland, Ohio, 21 de junho de
para a cena do juízo. Nada semelhante é en- no grupo dos crentes de Portland, Maine, ela empregasse, às vezes, as próprias palavras dos autores pe- 1843): “Não confiamos de maneira alguma em visões, sonhos
contrado nos registros das visões de Ellen opunha-se aos que afirmavam estar “pros- los quais essas intuições lhe foram apresentadas à mente, com ou revelações particulares. ‘Que tem a palha com o trigo? Diz
ou sem aspas.” – Ibidem, págs. 58 e 59 o Senhor.’ Repudiamos todo fanatismo e tudo quanto tende
Harmon. trados” pelo Espírito de Deus – até que ele 11. Ver as predições de Cristo em Mat. 24:11. a extravagância, excesso e imoralidade, para que não seja
Tanto Foy quanto Harmon (White) des- e sua família passaram pela “experiência”.35 12. Jeremias registra o que o Senhor disse sobre os “falsos profe- censurado o nosso bem.”
tas”: “Os profetas e os sacerdotes são ímpios; Eu os peguei fa- 19. Tiago White, “The Gifts of the Gospel Church”, em Review
crevem a árvore da vida empregando pala- Tiago White havia trabalhado com o filho zendo o mal no próprio Templo. ... Vejo que os profetas de Je- and Herald, 21 de abril de 1851.
vras comuns tais como “o fruto parecia ca- do “Pai” Pearson, John Pearson Júnior, em rusalém... cometem adultério, dizem mentiras, ajudam os ou- 20. Hudson, “A Time of Religious Ferment”, em Gaustad, The
chos de uvas em painéis de puro ouro” (Foy) 1843 e depois disso. John, o filho, junta- tros a fazerem o mal, e assim ninguém pára de fazer o que é Rise of Adventism, págs. 9-17.
errado... ; eles estão iludindo vocês com falsas esperanças. Di- 21. Ibidem, pág. 10.
e “o fruto era esplêndido; tinha o aspecto de mente com Joseph Turner, editava Hope of zem coisas que eles mesmos inventam e não aquilo que Eu fa- 22. Ibidem, pág. 13; H. Shelton Smith, Robert T. Hardy, Lefferts
ouro misturado com prata” (White). Falando Israel, um periódico do Advento, e publi- lei. ... Qual desses profetas algum dia conheceu os pensamen- A. Loetscher, American Christianity: An Historical Interpreta-
tos secretos do Eterno? Será que algum deles viu e ouviu a pa- tion With Documents (New York: Charles Scribner’s Sons,
sobre comer o fruto, Foy se lembrou: “O guia cou o folheto de William Foy em princípios 1963), págs. 80-84.
lavra do Eterno? Qual deles deu atenção à sua mensagem e
então me falou dizendo: ‘Os que comem do de 1845. obedeceu?... Eu não enviei esses profetas, nem lhes dei ne- 23. Citado em LeRoy Edwin Froom, The Conditionalist Faith of
fruto desta árvore não voltam mais para a Parece evidente que, se as visões de Ellen nhuma mensagem. Mas assim mesmo eles saíram correndo e Our Fathers, vol. 2 (Washington, D.C.: Review and Herald
falaram em Meu nome. ... Eu sei o que têm dito esses profe- Publishing Association, 1965), pág. 1.069.
Terra.’” White escreveu: “Pedi a Jesus que Harmon não passassem de cópia das primei- tas que falam mentiras em Meu nome e afirmam que lhes dei 24. O relato é de que ele não respirava, apresentava considerável
me deixasse comer do fruto. Ele disse: ‘Ago- ras visões de Foy, os Pearson teriam sido os Minhas mensagens nos seus sonhos. Por quanto tempo ainda perda de força, não conseguia falar, etc. Informações adicio-
ra não. Os que comem do fruto deste país primeiros a perceber a fraude, especialmente esses profetas vão enganar o Meu povo com as mentiras que nais sobre William Foy podem ser encontradas em The Unk-
inventam?... O profeta que teve um sonho devia contá-lo co- nown Prophet (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing
não voltam mais para a Terra.’” As desseme- considerando que o Pai Pearson era tão sen- mo um simples sonho. Mas o profeta que ouviu a Minha Association, 1987), de Delbert W. Baker. Pastor batista vo-
lhanças contextuais saltam aos olhos. sível e desconfiado de visões e outras chama- mensagem devia anunciá-la fielmente. ... Eu sou contra esses luntário de talentos extraordinários, sua primeira visão foi re-
profetas que roubam as palavras uns dos outros e as anunciam latada a uma congregação metodista. Depois desta visão, sua
Ambos se referem a um grande grupo de das manifestações do Espírito. O Pai Pearson como se fossem a Minha mensagem. Também sou contra es- pregação, cheia de zelo e vigor, passou a centralizar-se na pro-
remidos formando um “quadrado perfeito”. creu na autenticidade de William e conti- ses profetas que falam as suas próprias palavras e afirmam que ximidade do Advento e na preparação para o acontecimen-
Foy escreveu que as pessoas desse grupo eram nuou a apoiar solidamente Ellen Harmon. elas vieram de Mim. Escutem o que Eu, o Eterno, estou di- to. Baker não concorda com a opinião popular de que

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II

SEÇÃO
SEÇÃO I
CAPÍTULO 3
O Sistema Divino de Comunicação CARACTERÍSTICAS
DOS PROFETAS

Ellen Harmon mais tarde preencheu a responsabilidade atri- 27. Ver Robinson, James White, pág. 28; ver também Biography,
buída primeiramente a Foy. vol. 1, pág. 71.
“William Foy trabalhou como porta-voz de Deus para o 28. “Hazen Foss”, em Seventh-day Adventist Encyclopedia
movimento do Advento no período do pré-desapontamento, (SDAE), ed. Don. F. Neufeld, segunda edição revisada A Verdadeira Ellen White
enquanto Ellen White se tornou a profetisa do pós-desapon- (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa-
tamento. Foy falou aos primeiros adventistas, assegurando- tion, 1996), vol. 2, pág. 562.
lhes o interesse pessoal de Deus e estimulando-lhes a um 29. Considere os estudos bíblicos de Hiram Edson, O. R. L. Cro-
maior reavivamento e reforma. Ele trouxe à luz oportunas
zier e F. B. Hahn em fins de 1844 e princípio de 1845. Ver
verdades que, se compreendidas, teriam posteriormente pou-
Schwarz, Light Bearers, págs. 60-63.
pado o povo de Deus do grande Desapontamento ou pelo
30. Knight, Millennial Fever, pág. 273.
menos tê-lo-iam preparado para ele. Foy recebeu um núme-
ro limitado de visões com um objetivo definido. Ele nunca 31. Everett N. Dick, “The Millerite Movement, 1830-1845”, em
sugeriu que seu papel profético se estenderia além de 1844, Adventism in America, ed. Gary Land (Grand Rapids, MI:
ou que receberia outras visões. William B. Eerdmans Publishing Company, 1986), págs. 31-
“Uma desencaminhadora generalização que muitas vezes 35; Knight, Millennial Fever, págs. 245-293; R. W. Schwarz,
se faz é a de que, se Foy for aceito como profeta verdadeiro Light Bearers to the Remnant (Boise, ID: Pacific Press Publis-
do movimento do Advento (pré-adventista do sétimo dia), hing Association, 1979), págs. 56-58.
ele também deve ser profeta do movimento adventista do sé- 32. Land, Adventism in America, págs. 29-30; Schwarz, Light Bea-
CAPÍTULO
timo dia por todo o tempo restante. Esta crença, embora rers to the Remnant, pág. 53; Biography, vol. 1, pág. 54.
compreensível, não encontra base real.” – Delbert Baker, 33. Ver C. Mervyn Maxwell, Magnificent Disappointment (Boise, 4 A Pessoa e a sua Época
“William Foy, Messenger to the Advent Believers”, Adven- ID: Pacific Press Publishing Association, 1994).
tist Review, 14 de janeiro de 1988. 34. Foy continuou a pregar para os Batistas do Livre-Arbítrio.
25. Baker, The Unknown Prophet, págs. 143 e 144. Ver nota no Na década de 1860 ele se estabeleceu nas proximidades de
5 Mensageira, Esposa e Mãe
fim do capítulo. East Sullivan, Maine, onde pastoreava uma igreja e traba-
26. Ellen White, “William Foy”, Depositários do Patrimônio
Literário White, Arquivo Documental 231. Apenas duas
lhava em sua pequena fazenda. “‘O Pastor Foy’, conforme 6 Saúde Física
o chamavam, era grandemente estimado e amado naquela
das visões de Foy foram publicadas em seu livro The Chris-
região. A tradição oral afirma que ele era amistoso e amá-
tian Experience of William E. Foy Together With the Two Vi-
vel, embora de fortes convicções. A história local afirma 7 Características Pessoais
sions He Received in the Months of January and February,
1842 (Portland, ME: The Pearson Brothers, 1845). A ter- que Foy era excelente pregador e pastor experiente.” – Ba-
ceira é resumida por J. N. Loughborough em Rise and Pro- ker, The Unknown Prophet, pág. 158. Ele morreu aos 75 8 Como Outros a Conheceram
gress of the Seventh-Day Adventists (RPSDA) (Reimpresso anos de idade e foi enterrado perto de Ellsworth, Maine,
por Payson, AZ: Leaves-of-Autumn Books, 1988), pág. 71. onde seu túmulo pode ser encontrado no Birch Tree Ce-
Não se dispõe de nenhuma informação sobre o conteúdo da metery. 9 Bom Humor, Bom Senso e uma Conselheira Prática
quarta visão. 35. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 47 e 64.
10 A Pioneira Americana e a Mulher Vitoriana

Perguntas Para Estudo 11 A Escritora Prolífica

1. Que exemplos bíblicos ilustram o princípio da profecia condicional? 12 A Oradora Solicitada

2. Por que nem todos os crentes possuem o dom profético?

3. Quais algumas das características comuns compartilhadas pelos profetas em suas expe-
riências em visões?

4. Quais as melhores provas de um profeta ou profetisa verdadeiro(a)?

5. Cite algumas circunstâncias existentes em 1845 que tornavam difícil para Ellen Harmon
ser ouvida.

6. Por que nossa atitude para com os profetas é uma indicação de nossa atitude para com
Deus?

7. Na sua opinião, por que os fenômenos físicos acompanham as visões em determinados


períodos mais do que em outros?

42
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO II

4
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Verdadeira Ellen White
lher que fora apresentada ao público sob um falso notoriamente agradáveis; e os invernos, rigo-
prisma com o objetivo de tornar inoperante a ver- rosos, com temperaturas muitas vezes abaixo
dade de Deus.”4 de zero, chegando mesmo a atingir a marca
Mais adiante, naquela carta, ela escreveu: dos 31° C negativos (1o de fevereiro de 1826).
“Ninguém é obrigado a crer. Deus fornece evi- Freqüentemente o porto ficava coberto de ge-

A Pessoa e sua Época dência suficiente para que todos se decidam


sob o peso da evidência, mas Ele nunca remo-
ve nem jamais removerá toda chance [oportu-
nidade] para a dúvida; nunca forçará a fé.”
lo durante dias ou até mesmo semanas, en-
quanto o campo, geralmente coberto de neve,
tornava ideal a viagem de trenó.7
Portland tinha “um sistema escolar progres-
Citando um velho provérbio de lenhado- sista” para estudantes entre os quatro e os 21
“Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a Palavra de Deus; e considerando atentamen- res, Carl Sandburg intitulou o penúltimo ca- anos de idade. Depois da escola primária bási-
te o fim da sua vida, imita a fé que tiveram.” Heb. 13:7. pítulo de sua biografia de Lincoln em seis vo- ca [4 anos de estudo], o estudante podia entrar
lumes: “Uma árvore é melhor avaliada depois para a escola primária superior [4 anos de estu-
que cai.”5 Enquanto vivo, nenhum homem ou do], chamada grammar school, após um exame
mulher pode ser avaliado completamente. público. A educação gratuita para as meninas,
Nunca foi isto mais verdadeiro do que com a contudo, acabava na escola primária superior,

C
omo alguém pode saber quem foi de ção abalada começou a apreciar o que ele de- vida de Cristo. Somente com o passar do tem- enquanto os meninos podiam prosseguir na es-
verdade Abraão Lincoln, Florence fendia. Uma nação triste mas agradecida en- po pode a vida de alguém ser apropriadamen- cola secundária [4 anos de estudo], que se es-
Nightingale ou Booker T. Washington? tesourou seus discursos e escritos profundos, te avaliada. Tanto o louvor afetado dos baju- pecializava no ensino avançado do inglês, de-
Em parte, pela leitura do que eles escreveram. tais como o “Discurso de Gettysburg” e seu ladores como o desdém sarcástico dos adver- pois de passar noutro exame público.8
Mas para ganhar objetividade, é preciso ouvir “Segundo Discurso Inaugural”. A enorme sários são mais bem medidos e reconsiderados Pelo fato de em Portland não haver hospi-
o que os outros dizem sobre eles. Convém re- contribuição de Abraão Lincoln só pode ser quando se levam em conta os resultados dura- tal até 1855, os doentes eram tratados em ca-
correr às pessoas que viveram na mesma épo- vista em sua verdadeira perspectiva com o douros das palavras e atos de uma pessoa. sa ou no consultório de algum médico. Um
ca e analisar como foram elas afetadas ou in- passar do tempo e depois de calma reflexão. Em grande parte, somos todos filhos do nos- doutoramento em medicina podia ser obtido
fluenciadas por essas pessoas extraordinárias. Enquanto aguardava ansiosamente pela so tempo. Ellen Harmon nasceu num mundo no Bowdoin College, em Brunswick (cerca de
Observe uma nação em pranto por oca- visita de Ellen White à Austrália em 1891, em enorme efervescência e rápidas mudanças. 42 quilômetros de Portland), após três meses
sião da morte de Lincoln. Enquanto o trem G. C. Tenney, primeiro presidente da Asso- Para ajudar-nos a compreender os assuntos so- de aulas expositivas, uma tese escrita e um
funerário que levava seu féretro se movia ciação Australiana, escreveu na revista da bre os quais ela falou ou escreveu, mesmo as exame final diante do corpo docente do de-
lentamente rumo ao oeste, levando o cor- igreja: “Quase não preciso dizer que este expressões que ela usou, bem como a espécie partamento de medicina (equivalente às me-
po para seu lugar de repouso, em Spring- acontecimento é aguardado com grande inte- de vida diária que viveu, vamos mencionar lhores escolas norte-americanas de medicina
field, Illinois, milhares de pessoas perfila- resse por todos nós. Creio que é bastante brevemente os fatores geográficos, políticos, da época).9
vam-se na linha férrea, chorando copiosa- oportuno. A posição que a irmã White e sua econômicos, sociais e religiosos capazes de ha- A estatística da cidade enumera uma am-
mente. Ricos e pobres, brancos e negros, obra ocupam em relação a nossa causa torna ver influenciado seu maduro ministério. pla relação de causas mortis, indo “desde
doutos e analfabetos – o pesar se abateu imperativo que nosso povo a conheça pes- uma extensa variedade de febres (tifóide, ti-
por toda uma união de Estados agora qua- soalmente, tanto quanto possível. Ambiente Geográfico fo, ‘febre pútrida’) e doenças comuns da épo-
se em paz. Depois de sua morte, mesmo “As evidências, do ponto de vista bíblico, Portland, Maine, a maior cidade mais próxima ca (cólera e sarampo) até algumas designa-
seus inimigos aplaudiram sua grandeza de da autenticidade da obra do Espírito de Pro- de Ellen durante seus primeiros vinte anos de ções hoje consideradas estranhas ou arcaicas
espírito e transparente altruísmo.1 Para fecia em relação à última igreja são todo-sufi- vida, era também a maior do Estado em 1840, (escrófula, ‘súbita’ e gravela). De longe, a
milhões que o chamavam de “Pai Abraão”, cientes, mas parece ser necessário um conhe- com uma população de 15.218 habitantes. mais comum causa de óbito era a tísica pul-
sua morte prematura foi como a morte de cimento mais meticuloso da obra da irmã Embora esse número hoje pareça pequeno, na monar (tuberculose), seguida por ‘febres’, hi-
um dos pais. Quando os Estados Unidos White a fim de satisfazer o indagador sincero década de 1840 Portland superava em tama- dropisia, ‘distúrbios intestinais’ e outras
construíram sua primeira auto-estrada de que essa obra preenche os requisitos da Pa- nho as cidades de New Haven e Hartford, doenças que haviam atingido proporções
transcontinental, que ia de Jersey City, lavra de Deus.”3 Connecticut; e Savanah, Geórgia. Portland, epidêmicas (como o sarampo em 1835 e es-
New Jersey, até São Francisco, Califórnia, Como Lincoln, Ellen White foi muitas vezes um movimentado porto, colocava o Maine em carlatina em 1842).
o Presidente Taft sentiu que dar a essa no- caluniada. Ela enfrentou mentiras, de “absoluta terceiro lugar no total de carregamentos, atrás “Os jovens eram os mais gravemente atin-
va estrada o nome de “Rodovia Lincoln” malícia e inimizade” e “pura invenção de malda- apenas de Massachusetts e Nova Iorque. O gidos; os de 10 anos para baixo constituíam
promoveria unidade nacional.2 de”. Escrevendo de Greenville, Michigan, quan- transporte em vapores regulares para Boston muitas vezes cerca de 50% das mortes anuais
No entanto, enquanto em vida, o Presi- do tinha 41 anos de idade, ela refletiu: “Não du- freqüentemente sofria guerra de preços, e o (sem contar os natimortos). Em outras pala-
dente Lincoln foi alvo de imensa ridiculariza- vido, por um só momento, que o Senhor me en- custo da passagem chegava a cair para apenas vras, a expectativa de vida média em 1840
ção e sarcástica rejeição por parte de muitos viara para que as almas sinceras que haviam sido 50 centavos cada viagem em 1841.6 era de 22,6 anos, a qual, segundo pretendia o
líderes nacionais, de seus seguidores e da im- enganadas tivessem a oportunidade de ver e de No tempo de Ellen White, assim como nos Advertiser, demonstrava o ‘nível superior de
prensa. Mas depois que ele morreu, uma na- ouvir por si mesmas de que espírito era essa mu- dias de hoje, os verões daquela região eram saúde desfrutado em Portland’.”10
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 4 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A PESSOA
ESUA ÉPOCA

Frederick Hoyt, historiador adventista, re- tões políticas nos Estados “livres” da escravi- 11,3 litros em 1800 para 15,1 litros em “Revivamentistas e milenistas, comunitá-
sumiu assim o impacto de crescer nos arredo- dão. A questão escravista aumentou progressi- 1830.16 rios e utopistas, espiritualistas e prognostica-
res de Portland, Maine, nas décadas de 1830 vamente através da primeira metade do século Perto de 1839, a Sociedade Norte-Ameri- dores, celibatários e polígamos, perfeccionis-
e 1840: “Este foi, pois, o ambiente que ajudou dezenove, culminando em uma nação polari- cana de Temperança, por intermédio de suas tas e transcendentalistas” – todos adiciona-
a desenvolver o corpo, a mente e a alma da zada e na Guerra Civil que abalou e debilitou mais de 8.000 sociedades locais, havia con- vam tempero ao cenário religioso anterior-
jovem Ellen Gould Harmon. De muitas ma- a União. Enquanto a jovem nação cambalea- vencido 350.000 pessoas a assinar um voto de mente dominado pelas organizações religio-
neiras aquele era um ambiente difícil que, va rumo à escura noite do conflito civil, mui- abstinência total – sendo o “total” um grande sas convencionais.22
quando não enfraquecesse o caráter, só podia tos abolicionistas brancos arriscaram a própria passo, mesmo para os defensores da temperan- Igrejas oficiais foram desfeitas pelo confli-
fortalecê-lo. Nas palavras do historiador nor- vida, falando abertamente contra a escravidão ça. A União Feminina de Temperança Cristã, to, especialmente os calvinistas da antiga e
te-americano James Truslow Adams, neste e a favor de sua imediata extinção.13 organizada em 18 de novembro de 1874, era da nova escola. A ênfase wesleyana sobre a
ambiente, ‘as cartilagens da consciência, do particularmente eficaz em nível regional.17 graça livre fomentou impressionantemente a
trabalho, da simplicidade, da perspicácia e do Ambiente Social “preeminência da experiência religiosa”. Sur-
A última metade do ministério de Ellen
dever tornavam-se ossos’. Outras palavras po- Os meados do século dezenove abalaram a di-
White coincidiu com o surgimento fenome- giam novos grupos religiosos com estrondoso
deriam ser empregadas para caracterizar os nâmica das mudanças sociais, principalmente
nal das cidades industrializadas e urbanizadas. sucesso, mas “em nenhum lugar eles prospe-
habitantes da Nova Inglaterra: fervor religio- as dirigidas pela expansão do individualismo.
so, veemente busca pela verdade, obstinada Durante a presidência de Andrew Jackson a A nação que havia nascido na fazenda se mu- ravam em maior variedade que no cálido vi-
independência, austeridade espartana, de- porta foi aberta para que o “homem comum” dara para as cidades. “O número de norte- veiro do norte do Estado de Nova Iorque”.23
sembaraço, simplicidade, resoluta autonomia se libertasse daquele estado de coisas. Parecia americanos que viviam em centros com mais As reuniões campais, principalmente me-
e uma propensão para aderir a causas impo- que toda questão de reforma concebível era de 2.500 habitantes havia crescido de 19 por todistas, eram estufas espirituais onde emer-
pulares e por elas lutar.”11 iniciada. cento em 1860 para 39 por cento em 1900 e giam diversos estágios de exuberância com o
Liceus e, mais tarde, o circuito Chautau- 52 por cento em 1920.”18 senso de “nova revelação”, a possibilidade
Ambiente Político qua (ver pág. 541), atraíam milhões de pes- A mudança de ritmo natural, tradicional, da de santidade imediata e a consciência de
É provável que não tenha havido nem uma soas para ouvir palestras sobre temas tão di- fazenda para a vida artificial da cidade exigiu participar no cumprimento de “antigas espe-
outra década no século dezenove que tenha versos como escravatura, fourierismo (peque- muitos novos e difíceis ajustes. “A América do ranças mileniais”.24 Os gritos dos aflitos mis-
testemunhado crescimento mais rápido e nas comunidades cooperativas), não-violên- Norte rural tinha seus defeitos, mas nenhum pa- turavam-se aos brados de louvor e glória. O
acontecimentos mais momentosos do que as cia, reforma agrária, perfeccionismo, mesme- recia tão clamoroso como os da metrópole.” Pa- cair por terra, o convulsionar-se, o clamar,
décadas de 1830 e 1840. Os Estados Unidos rismo (hipnotismo), pão integral e todos os ra a maioria dos protestantes, a cidade era sím- mesmo o rastejar pelo solo, o rolar pelo
se unificaram de costa a costa. Durante essas aspectos da saúde. E as publicações dessas “re- bolo de tudo quanto não prestava – “um mundo chão, o dançar celestial, o gargalhar e o bra-
duas décadas, sete Estados se uniram à União, formas” inundavam o mercado. “Há periódi- estranho e hostil desesperadamente impregnado dar de milhares de pessoas ao mesmo tempo,
juntamente com a Califórnia, que, em 1850, cos sobre temperança. ... Há numerosas revis- de aguardente e catolicismo romano”.19 “criando um estardalhaço capaz de ser ouvi-
se tornou o trigésimo primeiro Estado. A tas dedicadas ao espiritualismo, socialismo, Outro fator que polarizava as cidades do a quilômetros de distância” – tudo se tor-
guerra contra o México acabou com grandes frenologia, homeopatia, hidroterapia, antiar- eram os conflitos de classe – ricos ilustres nava a característica marcante dos “mortos
anexações territoriais. A população dos Esta- rendamento, bloomerismo, direitos femini- sendo invejados pelos que trabalhavam nas pelo Espírito”.25
dos Unidos elevou-se de cerca de 5 milhões nos, sociedade secreta Odd Fellows, maçona- fábricas, constituídos em sua maioria de imi- O “espírito” da reunião campal era levado
em 1800 para mais de 20 milhões em 1850. ria, antimaçonaria e todos os conceitos, mo- grantes estereotipados com seu jeito não para os cultos semanais das igrejas e para os
Ondas crescentes de imigrantes alteraram vimentos e sensações de uma comunidade de convencional e isolado. Pela primeira vez, a tabernáculos evangélicos da cidade. Evange-
a estrutura das cidades, de um minúsculo file- mente extremamente dinâmica.”14 listas profissionais davam continuidade ao le-
América do Norte ouvia o termo “operaria-
te de água de 150.000 imigrantes na década A jovem América do Norte também era gado das reuniões campais com pregações de
do sindicalizado”.20
de 1820... para uma caudalosa corrente de um caldeirão de polarizações sociais. As rela-
O ministério de Ellen White correu parale- alta voltagem. O respeito pela “religião do
dois milhões e meio na década de 1850. Em- ções raciais assustavam a maior parte das co-
lamente a uma época turbulenta de grandes tempo antigo” refletia-se nos cânticos das reu-
bora eles trouxessem “vigor e variedade”, tra- munidades em cada Estado. Grupos étnicos,
ziam também “temor, suspeitas e hostilidade”. que incluíam determinados europeus, orien- mudanças sociais. Ela escreveu muito sobre os niões campais, realizadas até o dia de hoje.
Os católicos romanos, vindos da Irlanda, Itá- tais, hispânicos, negros e índios norte-ameri- tenebrosos anos da Guerra Civil e a situação Como era de se esperar, os primeiros ad-
lia e outros países europeus despertaram res- canos, tinham que enfrentar o preconceito difícil dos escravos, o impacto do êxodo rural, ventistas (muitos deles ex-metodistas) fre-
sentimento não só porque a sua totalidade cego que afetava tanto o local de trabalho co- as implicações óbvias do consumo exagerado qüentemente expressavam seus sentimentos
inundou o mercado com mão-de-obra barata, mo a vizinhança.15 de álcool e a luta de classe entre ricos e pobres. espirituais como os outros protestantes evan-
mas também porque sua homogeneidade reli- O consumo de bebidas alcoólicas também gélicos. “Bradar” por algum tempo era prova-
giosa era uma ameaça à uniformidade anterior era uma preocupação nacional. Certo histo- Ambiente Religioso velmente o modo mais característico de ex-
de uma América protestante.12 riador descreveu os Estados Unidos como Seria difícil encontrar na história dos EUA pressão pública.26
Embora fossem um fenômeno social, as re- uma “república de alcoólatras”. O consumo um período que se aproximasse da efervescên- A notável coincidência do florescimento
lações raciais influíram grandemente nas ques- de álcool anual per capita havia subido de cia religiosa de meados do século dezenove.21 do mormonismo, ciência cristã e espiritualis-
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CAPÍTULO 4 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A PESSOA
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mo moderno com o surgimento da Igreja Adven- favor dos negros nos Estados sulistas foi ini- transpiração, e ela ficava fraca e desmaiava. Depois que o Pastor Stockman ouviu a his-
tista do Sétimo na primeira metade do século de- gualável. Sua oficina gráfica deu origem à an- Foi assim que, com a idade de nove anos, es- tória dos seus dois sonhos e o relato dos seus
zenove já foi mencionado no capítulo anterior. tiga Southern Publishing Association.31 ta brilhante estudante teve que, a contragos- temores, ele disse: “Ellen, você é tão criança!
Cedo ainda se reconheceu na vida de to, abandonar seu preparo acadêmico, para Sua experiência é muitíssimo singular, numa
Árvore Genealógica William Clarence (1854-1937) a capacidade nunca mais voltar à educação formal – a pri- idade tenra como a sua. Jesus deve estar pre-
Fazendeiro e chapeleiro abastado, o pai de Ellen, administrativa. Foi eleito para diversas e pe- meira das duas grandes decepções sofridas no parando-a para algum trabalho especial.”
Robert F. Harmon Sr. (1786-1866), foi ex- sadas responsabilidades na liderança da igre- início de sua vida. Sua mãe ficou sendo sua Em seguida, o perceptivo pastor deu-lhe
cluído da comunhão da Igreja Episcopal Me- ja. Depois da morte de seu pai, ele se tornou professora; e os campos ao redor de Portland, uma visão mais clara de Deus conforme reve-
todista de Portland em 1843 por abraçar a companheiro de viagem e conselheiro de seu laboratório.36 lado em Jesus. Escrevendo posteriormente,
mensagem milerita.27 confiança de sua mãe. Logo que a mãe mor- Ellen, porém, sentiu suas esperanças se re- Ellen confessou: “Durante os poucos minutos
Eunice Gould Harmon (1787-1863) foi reu em 1915, ele foi nomeado secretário do novarem em 1840, quando Guilherme Miller que passei recebendo instrução do Pastor
mãe de dois filhos e seis filhas, dos quais Ellen Patrimônio Literário White e supervisionou deixou seus ouvintes de Portland, Maine, fas- Stockman, obtive mais conhecimento sobre
e sua irmã gêmea, Elizabeth, foram as últimas. suas atividades por mais de duas décadas. cinados ao delinear as profecias que pareciam o assunto do amor de Deus e de Sua compas-
O relato menciona que ela fora professora John Herbert, nascido em 1860, morreu indicar a proximidade da volta de Jesus. Esta siva ternura do que de todos os sermões e
primária antes de se casar. Tornou-se mais três meses depois, de erisipela.32 nova compreensão, desconhecida (e, portan- exortações que já ouvira.”37
tarde uma laboriosa dona de casa, no tempo to, controversa) para a maioria dos religiosos A compreensão recém-encontrada – de
de lamparinas a óleo de baleia e fogões à le- Vida Anterior a 184533 daquela época, afetou-a profundamente pelo que Deus é como Jesus, seu melhor Amigo –
nha, e uma renda familiar imprevisível. Os Três principais acontecimentos ou circuns- resto da vida. estimulou-a a compartilhar suas descobertas e
pais dela descendiam de antepassados de tâncias ocorridos nos primeiros anos de Ellen As questões espirituais sempre foram im- gratidão com outros: “Enquanto relatava mi-
muitos recursos. Haviam lutado nas primeiras White afetaram diretamente o resto de sua portantes para a jovem Ellen. Mas o que a nha experiência, pressenti que ninguém po-
guerras, a começar com a Guerra do Rei vida e serviram de ponto de convergência pa- motivava era principalmente o medo – o me- deria resistir à evidência do amor perdoador
Philips (1675). Alguns haviam sido empresá- ra ela: a lesão física que ela sofreu com a ida- do de não estar preparada quando Jesus vol- de Deus que em mim realizara uma mudança
rios. O trisavô de Ellen construiu um moinho de de nove anos; a pregação de Guilherme tasse, o medo de fracassar devido à sua instru- tão maravilhosa. A realidade da verdadeira
à beira do rio em Scarboro, Maine, conheci- Miller; e sua profunda experiência religiosa. ção limitada e debilidade física e o medo de conversão parecia-me tão evidente, que eu
do como o “Moinho dos Harmon”.28 Em 1836, enquanto a juvenil Ellen cami-
que Deus de algum modo a houvesse castiga- desejava ajudar minhas jovens amigas a vi-
Quatro dos oito filhos da família Harmon nhava com um grupo de colegas de classe,
do com aquela terrível aflição física. Tudo is- rem para a luz, valendo-me de toda oportuni-
tornaram-se observadores do sábado – Ellen, uma garota mais velha começou a persegui-
so se tornou a “angústia secreta” que ela fe- dade para exercer minha influência nesse
suas irmãs Mary e Sarah (respectivamente las com ameaças. Assim que Ellen se virou, a
seis e cinco anos mais velhas que Ellen) e Ro- garota mais velha atirou uma pedra que lhe chava a sete chaves em seu coração solitário. sentido.”38
bert. A filha de Caroline (1811-1883), Mary, atingiu violentamente o rosto, deixando-a Anos escutando sermões sobre um “inferno de
trabalhou por breve período de tempo como inconsciente. Durante três semanas Ellen fi- fogo” gravaram-lhe na alma uma falsa imagem Nova Concepção de Deus
assistente literária de Ellen (1876-77). Ro- cou praticamente em estado de coma. de Deus. O Deus de Ellen era o Governante Essa nova concepção de Deus, aliada a sua
bert Jr. morreu em 1853 de tuberculose, com Dias mais tarde, quando o pai dela voltou celestial, mas será que era seu Amigo? profunda convicção de que Jesus estava pres-
a idade de 27 anos. Tanto o pai como a mãe de uma viagem de negócios, Ellen ficou ain- Dois sonhos e um conselho pastoral dado tes a voltar, era também compartilhada por
de Ellen White posteriormente se tornaram da mais constrangida – o próprio pai não a re- na hora certa tornaram-se na vida da jovem seu irmão Robert. Ele meditava com ela sobre
adventistas observadores do sábado. conheceu. “Cada traço” do seu rosto parecia Ellen o terceiro momento decisivo que esta- o que esses novas descobertas lhes tinham
Pouco antes de seu pai morrer (e depois de alterado. Mais do que isso, a perda de sangue beleceu o curso do resto de sua vida. Pelos feito: “Cada árvore é conhecida pelos seus
Ellen haver visitado suas irmãs mais uma vez), havia afetado gravemente o seu sistema respi- próximos 75 anos, sua missão mais urgente frutos. O que tem feito por nós essa crença?
ela escreveu: “Embora, no que diz respeito ao ratório, uma debilidade que ela carregou con- era dizer a verdade sobre o caráter de Deus. Convenceu-nos de que não estávamos prepa-
dever religioso, não concordássemos em todos sigo pelo resto da vida. Além disso, pelo fato Um desses sonhos retratava uma visita rados para a vinda do Senhor; de que deve-
os pontos, era um o nosso coração.”29 de ter ficado com mãos “trêmulas”, fez “pou- ao templo celestial; o outro, um encontro mos tornar-nos puros de coração, do contrá-
Do casamento de Ellen com Tiago White, co progresso na escrita”.34 Ao fazer uma re- com Jesus. Com um sorriso, Jesus parecia rio não poderemos encontrar em paz o nosso
em 30 de agosto de 1846, nasceram quatro fi- trospectiva de sua vida, quase cinqüenta anos tocar-lhe a cabeça dizendo: “Não temas.” Salvador. Despertou-nos para procurar nova
lhos. Destes, somente dois sobreviveram até a depois, ela escreveu: “O golpe cruel que des- Ele lhe deu um fio verde, que representava força e graça divinas.
idade adulta. truiu para mim as alegrias da Terra foi o meio a fé, levando-a a declarar: “A beleza e sim- “‘O que fez ela por você, Ellen? Você seria
O primeiro filho que lhes nasceu, Henry de dirigir meus olhos para o Céu. Talvez eu plicidade de confiar em Deus começaram a o que agora é se não tivesse ouvido a doutri-
Nichols (1847-1863), um jovem feliz, morreu jamais tivesse conhecido a Jesus, se não fosse raiar na minha alma.” Ellen agora se sentia na da breve vinda de Cristo? Que esperança
de pneumonia aos 16 anos de idade.30 James a tristeza que, nublando meus primeiros anos, livre para discutir seus temores com sua ela lhe inspirou ao coração? Que paz, alegria
Edson (1849-1929) aprendeu com o pai o ofí- me levou a buscar nEle o conforto.”35 mãe. Com rápida percepção e encorajamen- e amor ela lhe proporcionou? Para mim fez
cio de impressor quando tinha 14 anos. Tor- Estudar tornou-se uma impossibilidade. As to, sua mãe lhe sugeriu que fizesse uma visi- tudo. Amo a Jesus e a todos os cristãos. Apre-
nou-se um popular escritor e compositor ad- letras do alfabeto em seus livros confundiam- ta ao jovem Levi Stockman, na casa dos cio a reunião de oração. Tenho grande alegria
ventista. O trabalho pertinaz que realizou em se, seu olhos ficavam turvos, sobrevinha trinta anos de idade. na leitura da Bíblia e na oração.’”39
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A Verdadeira Ellen White A PESSOA
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É muito provável que, se Ellen não tives- tã do Advento, hoje o maior remanescente Referências
se tido esse relacionamento com seu Senhor, não observador do sábado, proveniente do
nou-se mais evidente que o protestantismo estava perdendo
ela não teria ficado preparada para o profun- adventismo milerita. (3) Centralizado ao 1. Ver Carl Sandburg, Abraham Lincoln (New York: Charles seus membros da classe operária. A íntima aliança entre o
Scribner’s Sons, 1939), vol. 6, págs. 387-413.
do desapontamento de 22 de outubro de redor de Rochester, Nova Iorque, outro 2. “Lincoln, Abraham”, The World Book Encyclopedia (Chicago:
protestantismo e a riqueza, bem como a atitude dos clérigos
protestantes para com as lutas de classe, não passaram desper-
1844. Ela relembrou: “Foi amargo o desapon- grupo via o milênio como estando ainda no Field Enterprises Educational Corporation, 1960), pág. 287. cebidas pelos trabalhadores. ... Para muitos adoradores prove-
3. Review and Herald, 17 de novembro de 1891.
tamento que atingiu o pequeno rebanho, futuro – durante o qual os judeus voltariam 4. Biography, vol. 2, pág. 276.
nientes da classe trabalhadora ficava cada vez mais difícil en-
contrar uma igreja protestante para freqüentar. Como a igre-
cuja fé tinha sido tão forte, e tão elevada a para a Palestina. Tenazmente contrários à 5. Sandburg, Abraham Lincoln, págs. 387-413. ja adotara uma postura cada vez mais burguesa, ela não
6. Frederick Hoyt, “Ellen White’s Hometown: Portland, Maine,
esperança. Estávamos, porém, surpresos de organização formal da igreja, esses adven- 1827-1846”, ed. Gary Land, The World of Ellen G. White
apenas se indispôs com muitos trabalhadores, mas também
encontrou fortes razões para abandonar fisicamente as vizi-
que nos sentíssemos tão livres no Senhor, e tistas da “Era Vindoura” nunca se tornaram (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Associa- nhanças da classe trabalhadora da metrópole e fugir para as
tion, 1987), págs. 14, 15, 30 e 31.
tão fortemente fôssemos amparados por Sua fortes nem unidos. 7. Ibidem, pág. 14.
zonas suburbanas ou rurais.” – Land, The World of Ellen G.
White, págs. 91-93.
força e graça. ... Ficamos desapontados, mas (4) O quarto grupo ficou conhecido co- 8. Ibidem, pág. 16. 21. K. S. Latourette, A History of the Expansion of Christianity
não desanimados.”40 mo os adventistas do “Sábado e da Porta Fe- 9. Ibidem, págs. 26 e 27. (New York: Harper & Brothers, 1941), vol. VI, págs. 442,
10. Ibidem, pág. 27. 443 e 450; VII, pág. 450.
Assim, no fim de 1844, Ellen estava pre- chada”. Por meio de oração, estudo da Bíblia 11. Ibidem, pág. 31. 22. Edwin S. Gaustad, “Introduction”, Gaustad, The Rise of Ad-
parada para seu imprevisto futuro. Inteira- e confirmação divina, eles desenvolveram 12. Ibidem, pág. xii; Ronald E. Osborn, The Spirit of Americam ventism, pág. xv.
Christianity (New York: Harper & Brothers, 1958), págs. 18-21. 23. Winthrop S. Hudson, “A Time of Religious Ferment”, Gaus-
mente cônscia de sua fragilidade física, ca- uma base lógica para os acontecimentos 13. H. Shelton Smith, et al., American Christianity: An Historical tad, The Rise of Adventism, pág. 7.
tivada pela nova e atrativa concepção de centralizados em 22 de outubro de 1844. Es- Interpretation with Documents, págs. 167-212. 24. Ibidem, pág. 9.
14. Thomas Low Nichols, Forty Years of American Life: 1821- 25. Charles A. Johnson, The Frontier Camp Meeting (Dallas:
Deus como seu Amigo celestial e concen- te grupo disperso finalmente encontrou sua 1861 (New York: Stackpole Sons, 1937), pág. 208. Southern Methodist University Press, 1955), págs. 52-64.
trada na absorvente verdade da iminente unidade e missão, vindo a chamar-se Ad- 15. “Dentro da estrutura da história norte-americana, o período Ver Apêndice A para a descrição de uma testemunha ocular
mais decisivo quanto às relações raciais foi provavelmente o
volta de Jesus, ela estava pronta para sua ventistas do Sétimo Dia, a maior corporação século dezenove. As questões raciais eram manchetes nos jor-
de uma reunião campal em princípios da década de 1800.
26. Malcom Bull e Keith Lockhart, Seeking a Sanctuary (San
primeira visão. Ela a recebeu assim que de mileritas hoje existente. Eles criam que nais sempre que norte-americanos brancos adotavam um
ponto de vista de conflito ou concessão para com grupos ét- Francisco: Harper & Row, 1989), pág. 152.
completou 17 anos. alguma coisa havia acontecido em 22 de ou- nicos como os negros, os nativos norte-americanos (índios), 27. Biography, vol. 1, págs. 43 e 44.
os hispânicos, os orientais e os europeus. Em cada choque a 28. Ver a árvore genealógica de Ellen Harmon em Biography, vol.
Nem todos os mileritas, porém, tinham o tubro, mas o quê?43 maioria caucasiana tinha que enfrentar seus próprios temores 1, pág. 487.
mesmo parecer depois do Grande Desapon- Deus entendeu a dor e a confusão, exa- em relação aos grupos minoritários e os preconceitos que ali- 29. Review and Herald, 21 de abril de 1868.
mentavam contra eles. Muitas vezes o preconceito puro e ce- 30. Biography, vol. 2, págs. 70-72.
tamento. Nem todos podiam dizer que esta- tamente como entendera o abatimento go ditava a maneira como as minorias deviam ser tratadas até 31. SDAE, vol. 11, pág. 888.
vam “desapontados, mas não desanimados”. dos dois discípulos caminhando penosa- que maior contato modificasse os pontos de vista mais extre- 32. Biography, vol. 1, pág. 430.
mos. ... O contato e a exposição entre as raças pouco fizeram 33. O relato mais completo sobre os primeiros anos de Ellen Har-
Por um lado, idéias radicais geraram compor- mente para Emaús, “entristecidos” (Luc. para modificar os estereótipos atribuídos aos grupos minori- mon encontra-se em Ellen G. White: The Early Years, o pri-
tamento radical. Alguns antigos líderes, 24:17) depois da crucifixão. Há 2.000 tários. Em tais situações, os relacionamentos complexos tan- meiro volume de sua biografia em seis volumes escrita por
to sociológicos como psicológicos militavam contra qualquer Arthur L. White, vol. 1: 1827-1862 (Washington, D.C.: Re-
crendo que Cristo havia vindo de fato espiri- anos Jesus não permitiu que Seus desalen- harmonia ou entendimento racial efetivo. Isto foi especial- view and Herald Publishing Association, 1985), págs. 15-71.
tualmente, adotaram “as núpcias espirituais”, tados discípulos sucumbissem sem uma ex- mente verdadeiro no caso dos afro-americanos.” – Norman 34. Ellen White, Spiritual Gifts, vol. 2, págs. 7-11, citado em Bio-
K. Miles, “Tension Between the Races”, em Land, The World graphy, vol. 1, págs. 28-31.
através das quais renunciavam ao casamento plicação – e Ele não esqueceu Seus crentes of Ellen G. White, pág. 47. 35. Review and Herald, 25 de novembro de 1884.
e formavam novas uniões “espirituais”, desti- no fim de 1844. 16. Jerome L. Clark, “The Crusade Against Alcohol”, em Land, 36. Charles Dickens e Mark Twain, entre outros escritores, não es-
The World of Ellen G. White, pág. 131. tudaram o equivalente ao ensino secundário. – Antony Smith,
tuídas de sexo, com novos parceiros. Outros, Jesus, pois, fez-Se presente naquela ma- 17. Ibidem, págs. 132 e 138. The Mind (New York: The Viking Press, 1984), pág. 208.
crendo que o sábado milenar havia começa- nhã de dezembro de 1844, quando um pe- 18. Carlos A. Schwantes, “The Rise of Urban-Industrial Ameri- 37. Life Sketches, pág. 37 (parte em Vida e Ensinos, pág. 28); Max-
ca”, em Land, The World of Ellen G. White, pág. 47. well, Tell It to the World, pág. 56; ver também Biography, vol.
do naquela época, e para mostrar sua fé nes- queno grupo de mulheres adventistas em 19. Land, The World of Ellen G. White, págs. 84 e 85; Osborn, 1, págs. 38-49.
sa crença, não faziam mais nenhuma espécie Portland, Maine, uniram-se em oração e es- The Spirit of American Christianity, págs. 16-18; Winthrop S. 38. Life Sketches, pág. 41 (parte em Vida e Ensinos, pág. 33).
de trabalho secular.41 Hudson, The Great Tradition of American Churches (New 39. Ibidem, pág. 45 (Vida e Ensinos, págs. 36 e 37).
tudo da Bíblia – recorrendo a Deus e uma à York: Harper & Row, 1963), págs. 110-136. 40. Ibidem, pág. 61 (Vida e Ensinos, pág. 54).
Por outro lado, diferenças doutrinárias outra em busca de encorajamento e com- 20. “No fim do século dezenove, as pessoas muitas vezes se refe- 41. Schwarz, Light Bearers to the Remnant, pág. 56. Ver pág. 559.
começaram a separar os seguidores de Mil- preensão. Fazia alguns dias que a macilenta riam às corporações como ‘trustes’, ‘monopólios’, ‘máquinas 42. Ver pág. 134.
desalmadas’ ou ‘polvos’ cujos tentáculos gananciosos se es- 43. Ibidem, págs. 56-58
ler.42 Eles logo se dividiram em pelo menos Ellen estava na casa dos Haines, dando à sua tendiam por todos os lugares. As associações sindicais eram 44. Ibidem, págs. 55 e 56; Maxwell, Tell It to the World, pág. 58;
quatro grupos: (1) Os conhecidos como mãe necessário repouso. O médico e os ami- chamadas de ‘comunistas’ ou ‘anti-americanas’. Das duas for- Spiritual Gifts, vol. 2, págs. 30 e 31; J. N. Loughborough, The
mas de organização, os sindicatos pareciam a maior ameaça. Great Second Advent Movement (GSAM) (Washington, D.C.:
adventistas evangélicos abandonaram os gos haviam-na desenganado para morrer de ... À medida que o século dezenove chegava a seu termo, tor- Review and Herald Publishing Association, 1905), pág. 202.
ensinos proféticos de Miller e foram absor- tuberculose. Enquanto as mulheres estavam
vidos em outros grupos protestantes ao tor- orando, esta adolescente de dezessete anos Perguntas Para Estudo
nar-se evidente que quase nada os separa- perdeu a noção de onde estava, e Deus lhe 1. Como sabemos que Ellen Harmon era uma jovem de inclinação religiosa antes de 1844?
va. (2) Outro grupo cria que o milênio ha- deu a espécie de encorajamento que aqueles
via ficado no passado, que os mortos agora crentes perturbados tanto precisavam. Teve 2. Que compreensão errônea da verdade bíblica levou Ellen Harmon a ter concepção errô-
“dormiam” esperando a ressurreição e que início assim um ministério de setenta anos, nea sobre o caráter de Deus?
os ímpios seriam aniquilados. Por fim, esses que se tornou mais significativo à medida
se tornaram conhecidos como a Igreja Cris- que o tempo passava.44 3. Que temores assaltavam a jovem Ellen e como foram eles dissipados?
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SEÇÃO II

5
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Verdadeira Ellen White
O público considerava Ellen a evangeliza- É provável, contudo, que Tiago White
dora e Tiago, o organizador. “Como marido e não fosse hoje tão vividamente admirado e
mulher, eles formavam uma equipe evange- relembrado se ele não se tivesse associado a
lística sólida e inigualável. Seu método e di- alguém que possuísse o Espírito de profecia.
visão de trabalho eram perfeitos. Os adven- L. H. Christian escreveu: “Por maior que

Mensageira, Esposa tistas nunca mais tiveram algo parecido.”6


Mesmo antes de casar-se, Tiago reconhe-
cia as extraordinárias habilidades de Ellen
tenha sido o serviço de liderança que o Pas-
tor White prestou à causa do advento, seu
maior préstimo foi a fé duradoura que de-

e Mãe como pregadora: “Embora tivesse apenas de-


zesseis anos de idade, ela trabalhava esforça-
damente na causa de Cristo, tanto em públi-
co como de casa em casa. Adventista resolu-
positou no Espírito de profecia e a defesa
dele. O fato de ele – um decidido homem
de negócios, absolutamente livre de fana-
tismo, sempre contrário às manifestações
“Mulher virtuosa, quem a achará? ... O coração do seu marido confia nela. ... A força e a dignida- ta, possuía experiência tão rica e testemunho falsificadas da religião e conhecedor íntimo
de são os seus vestidos; ri-se do dia futuro. ... Levantam-se os seus filhos, e lhe chamam bem-aven- tão poderoso que pastores e líderes de diver- da mensageira como sua esposa – apoiar
turada; o seu marido também, e a louva, dizendo: Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas sas igrejas buscavam contratar seus serviços sempre o chamado e a obra da Sra. White
tu a todas és superior.” Prov. 31:10, 11, 25, 28 e 29. como exortadora em suas diversas congrega- como mensageira de Deus deu a nossos
ções. Naquele tempo, porém, ela era uma membros grande confiança nos testemu-
pessoa muito tímida, e mal lhe ocorria que nhos dela. ... Ele achava que a missão de

D
urante o ano de 1845, Ellen Harmon Ellen lembrou disso depois da morte de ela precisava colocar-se perante o público pa- sua vida era ser um instrumento para tornar
foi convidada para relatar suas pri- Tiago: “Pouco antes de haver completado um ra falar a milhares de pessoas.”7 conhecidas à igreja as visões que o Senhor
meiras visões a grupos adventistas no ano, Tiago White discutiu o assunto comigo. Conhecido por sua persistência e são juí- concedia à sua companheira. Esses teste-
Maine, New Hampshire e Massachusetts. Disse que haviam surgido alguns comentá- zo, Tiago era considerado um líder de con- munhos também o instruíam e reprovavam
Um jovem pregador, seis anos mais velho que rios, e que ele devia ou ir embora me deixan- fiança por parte dos seus irmãos adventistas como o faziam com outras pessoas, mas ele
Ellen, convenceu-se de que as visões dela do livre para seguir meu caminho, ou deve- do sétimo dia. Era não apenas um estrategis- os aceitava e seguia implicitamente como
eram verdadeiras e que a mensagem de forta- ríamos casar-nos. Disse que alguma coisa ta, mas lutava como um guerreiro no campo se fossem a luz do Céu.”10
lecimento que ela apresentava era necessária. precisava ser feita. Então nós nos casamos, e de batalha. Ele iniciou a obra de publicações Mensageira e mestre-de-obras, profetisa e
Foi assim que Tiago White entrou na vida da permanecemos casados desde então. Embora da igreja a partir do zero, fomentou a organi- apóstolo, “Tiago e Ellen White formaram
jovem Ellen, e não com pensamentos român- esteja morto, sinto que ele é o melhor ho- zação da igreja e desenvolveu o sistema edu- uma equipe inestimável. Ellen compartilhava
ticos – pelo menos a princípio. mem que já pôs os pés em sapatos de couro.”3 cacional quando outros viam nisso apenas com Tiago sua sabedoria baseada em suas re-
Na verdade, durante alguns meses subse- Tiago considerava Ellen sua “coroa de um sonho. Sua robusta fé e contagiosa ale- velações; ele agia vigorosamente para imple-
qüentes ao dia 22 de outubro, ele e muitos glória”.4 gria comoviam o público ouvinte. Fundos e mentar o que ela aconselhava e o que a ele
outros pertencentes ao quarto grupo de mile- L. H. Christian, antigo líder da igreja, apoio apareciam. Seu extraordinário talento parecia sensato.”11
ritas mencionado no último capítulo encara- menciona uma conversa com uma senhora comercial salvou a denominação de muitas O papel de Ellen White como esposa
vam o casamento como uma negação de sua que, na tenra juventude, havia brincado dificuldades.8 amorosa e leal está bem documentado. Em
fé na breve volta de Cristo. Em Day Star, Tia- junto com a jovem Ellen e se lembrava de Quando Tiago White morreu, o redator do 1876, enquanto estabelecia seu lar em Oa-
go condenou um casal que, ao anunciar seu seu lastimável acidente. Quando Christian Battle Creek Journal (que acompanhara de kland, Califórnia, Ellen, na época com 49
casamento prestes a ocorrer, havia “negado perguntou do que se lembrava sobre Ellen perto muitos dos empreendimentos do Pastor anos de idade, sentiu a necessidade de con-
sua fé ao ser proclamado seu casamento, e to- como jovem, ela respondeu com um sorriso: White) escreveu: “Ele foi um homem da têm- centrar-se na finalização do segundo volume
dos nós consideramos isto uma artimanha do “Bem, essa é uma história interessante que pera dos patriarcas, um homem cujo caráter da série The Spirit of Prophecy, que enfatiza-
diabo. Os irmãos firmes do Maine, que estão tenho prazer em contar. Tiago era mais ve- foi modelado no cadinho dos heróis. Se pos- va a vida e a obra de Cristo. Tiago partiu so-
aguardando a vinda de Cristo, não comun- lho do que Ellen cerca de seis anos. Éramos suir clareza lógica para formular um credo; se zinho para Battle Creek a fim de participar
gam com semelhante atitude”.1 jovens e andávamos juntos. A amizade deles possuir poder para contagiar a outros com o de uma assembléia extraordinária da Asso-
Mas a realidade e o bom senso prevalece- era um modelo e uma inspiração para todos próprio zelo e impressioná-los com as pró- ciação Geral.
ram. Tiago descobriu que o amor estava se nós, e o casamento deles foi uma cerimônia prias convicções; se possuir capacidade exe- Em um bilhete típico, escrito dois dias de-
tornando mais do que um princípio! Depois muito bela e feliz.”5 cutiva para estabelecer um grupo religioso e pois da partida dele, ela diz (24 de março):
de perceber que seu ministério conjunto com Assim começou um notável casamento de imprimir-lhe forma e estabilidade; se possuir “Estamos tão bem como de costume. Demora
a jovem Ellen, apesar de contar sempre com 35 anos, alicerçado em amor mútuo e na con- capacidade para moldar e dirigir o destino de um pouco acostumar-se com a emoção de sua
a companhia de sua irmã Sara ou outras fiéis vicção de que as visões de Ellen eram de ori- grandes comunidades; se tudo isso é a marca partida. Pode estar certo de que sentimos sua
amigas, estava gerando mexericos, ele lhe gem divina. Ellen Gould Harmon tornou-se a da verdadeira grandeza, o Pastor White tem falta. Sentimos principalmente a perda de sua
propôs casamento. Ellen aceitou a proposta, e Sra. Ellen G. White, nome pelo qual se tor- com certeza o direito a esse nome, pois ele companhia quando nos reunimos à noitinha
um juiz de paz realizou a cerimônia em Por- nou conhecida como profetisa/mensageira da não possuía apenas uma dessas qualidades, junto à lareira. Sentimos sua ausência quan-
tland, Maine, em 30 de agosto de 1846.2 Igreja Adventista do Sétimo Dia. mas todas elas em assinalado grau.”9 do nos sentamos à mesa social [mesa de jan-
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 5 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White MENSAGEIRA,
ESPOSA E MÃE

tar]. Mas logo ficamos mais acostumados a is- madores transpareciam nas cartas que envia- dem como lidar com suas próprias tensões e “E apesar desta grande obra, a Sra. White
so. Hoje estivemos escrevendo.”12 va a sua esposa. conflitos. Essas cartas têm-se tornado uma acha-se, em seu qüinquagésimo aniversário,
Algumas semanas depois, ela escreveu Em 12 de maio de 1876, Ellen White, aos fonte de esperança e força para muitos casa- tão ativa como nos primeiros tempos de sua
uma carta que revelava mais do seu humor 48 anos, respondeu a uma dessas cartas: mentos modernos.17 vida, e mais eficiente em suas tarefas. Desfru-
bem como de seu amoroso relacionamento “Com respeito à minha independência, não A fidelidade mútua do casal superou, por- ta saúde excelente, tanto que, durante a reu-
com Tiago. Parte da carta reza: “Escrevi-lhe tenho tido mais do que devia ter na questão, ventura, os solitários momentos de incom- nião campal da última estação, conseguiu
uma carta bastante longa na noite passada, dadas as circunstâncias. Não recebo [aceito] preensão? Sem dúvida. Os anos futuros reve- realizar tanto trabalho de pregação, exorta-
mas a tinta entornou deixando uma feia seus pontos de vista nem interpretação dos ção e oração, como dois de nossos pastores
laram um amor persistente e tenaz. Um ano
mancha e eu não a enviei. Recebemos ontem meus sentimentos nessa questão. Eu entendo
depois, a saúde de Tiago começou a decair mais capazes. ...
à noite em um cartão postal suas breves pala- a mim mesma muito melhor do que você. As-
vras: ‘Battle Creek, 11 de abril. Faz dois dias sim, porém, deve ser, e não direi mais nada novamente. No fim de outubro de 1877, “A Sra. White entra na segunda metade
que não recebo uma carta sua. Tiago White.’ com respeito a esse assunto. Alegro-me de Ellen escreveu a seu filho William, e a Mary, do século de sua vida com a confiante expec-
“Esta longa carta foi escrita por você mes- que eu esteja livre e feliz. Regozijo-me de que esposa dele, em Battle Creek: tativa de passar a maior parte dele na praia
mo. Obrigada por sabermos que você está vi- Deus me haja abençoado com liberdade, paz, “Queridos filhos: Esta noite estou cansada. perene.”19
vo. Nenhuma carta de Tiago White antes alegria e coragem. ... Recorrerei a Deus em Estou tentando escrever uma matéria para a Essas são palavras de um marido amoroso e
desta, desde 6 de abril de 1876. Estamos mui- busca de orientação e procurarei agir na me- revista [Health] Reformer. É difícil escrever agradecido.
to gratos por ter recebido no dia 9 de abril al- dida em que Ele me conduzir.”15 muito, pois papai está tão solitário que eu te- O serviço zeloso e dedicado de Ellen como
gumas linhas da irmã Hall, falando a seu res- Quatro dias depois, ela escreveu: “Lamen- nho de sair com ele e dedicar bastante tempo companheira de Tiago, especialmente em
peito. Tenho esperado ansiosamente alguma to haver dito ou escrito algo que o magoou. em sua companhia. Ele está bem disposto, tempos de doença e desânimo, é extraordiná-
coisa para responder.” Perdoe-me, e serei cautelosa em não iniciar mas fala pouco. Temos desfrutado alguns mo- rio. No entanto, em certa ocasião em 1878,
Segue depois uma extensa descrição das nenhum assunto que o aborreça ou aflija. Es- mentos de oração muito preciosos. Cremos Tiago, na época com 58 anos de idade, embo-
atividades do dia anterior navegando na Baía tamos vivendo num tempo muito solene e que Deus vai melhorar a saúde dele. Estamos ra tentando manter um rigoroso programa de
de São Francisco, cujas ondas encapeladas a não podemos permitir que, em nossa velhice, com bom ânimo.”18 produção literária, não experimentou melho-
fizeram lembrar dos discípulos no tempestuo- existam entre nós diferenças que alienem ra física. Ellen escreveu a Mary, esposa de
so Mar da Galiléia. Algumas linhas depois: nossos sentimentos. Talvez eu não consiga O Aniversário de Cinqüenta William: “Sou a constante companheira dele
“Eu escreverei cada manhã. ... Você fará o ver as coisas como você vê, mas não creio ser
Anos de Ellen White nos passeios e junto à lareira. Se eu saísse, me
mesmo?”13 minha função ou dever procurar fazer você
Tiago ainda conseguia escrever, se bem fechasse em um quarto e o deixasse inativo,
Vários dias depois, ela colocou por escrito ver como eu vejo ou sentir como eu sinto.
a afeição que sentia por Tiago e a solidão que Onde agi assim, lamento. que falasse pouco em público. Em home- ele ficaria nervoso e desassossegado. ... Ele
sentia quando ele estava fora: “Vamos todos “Desejo ter um coração humilde e um es- nagem ao aniversário de cinqüenta anos depende de mim, e eu não o abandonarei em
bem e estamos alegres. Cada dia sentimos de- pírito manso e tranqüilo. Em qualquer oca- de Ellen, ele escreveu estas palavras em sua debilidade.”20
sejo mais intenso de ter maior proximidade sião em que eu tenha permitido que meus Signs of the Times: Na noite do dia 4 de abril, Ellen recebeu
com Deus. Esta é minha oração, quando me sentimentos se exaltassem, errei. ... “Hoje, 26 de novembro, a Sra. White uma visão em que lhe foi mostrado o verdadei-
deito, quando desperto à noite e quando me “Desejo ter minha personalidade escondi- completa 50 anos de idade. Ela se tornou uma ro estado de seu marido, visão cujos detalhes
levanto de manhã: Mais perto de Ti, meu da em Jesus. Desejo que o próprio eu seja cru- cristã dedicada com a tenra idade de 12 anos ela passou para o papel na manhã seguinte:
Deus, mais perto de Ti.”14 cificado. Não reivindico infalibilidade nem e imediatamente uma obreira em prol de ou- “Querido esposo: Sonhei ontem à noite
Como a maioria das esposas maduras des- mesmo a perfeição do caráter cristão. Não es- tras jovens, sendo bem-sucedida em ganhá- que um médico afamado entrava no quarto
cobrem mais cedo ou mais tarde, no casa- tou isenta de erros e equívocos em minha vi- las para Cristo. onde estávamos orando por você. Ele disse:
mento há também momentos de tensão. Em da. Tivesse eu seguido a meu Salvador mais “Com a prematura idade de 17 anos, tor- ‘Orar é bom, mas viver de acordo com a ora-
1876, Tiago, com 55 anos de idade, assumia de perto, e não teria que lastimar tanto mi- nou-se poderosa oradora, capaz de prender a ção é melhor. Sua fé deve ser mantida pelas
responsabilidades extremamente pesadas co- nha dessemelhança com Sua querida ima- atenção de grandes auditórios por uma hora suas obras, do contrário é uma fé morta. ...
mo presidente da Associação Geral e cons- gem. ... Nunca mais escreverei em minhas ou mais. Ela tem viajado e falado a grandes “‘Você não é valente em Deus. Se há algu-
tante conselheiro da obra de publicações. cartas uma linha ou expressão para o angus- auditórios, alguns com até vinte mil pessoas ma inconveniência, em vez de acomodar-se
Uma de suas maiores preocupações era a de tiar. Outra vez, lhe peço, perdoe-me, cada pa-
[sic], desde o Atlântico até o Pacífico, em de- às circunstâncias, ficará com o assunto (por
que poucos colegas eram tão veementes e co- lavra ou ato que o magoou.”16
rajosos ante os desafios como ele. Sendo um Tiago e Ellen escreveram suas tocantes zoito Estados, além do Canadá. Seus traba- pequeno que seja) em sua mente até que se
homem de ação, Tiago tinha a tendência de cartas pessoais sem sequer imaginar que al- lhos públicos perfazem trinta anos. satisfaça. Você não trabalha, portanto, pela
tornar-se ditatorial e exigente. Às vezes ele se gum dia elas seriam lidas por outras pessoas. “Além desta grande obra, ela tem escrito fé. Ainda não tem fé verdadeira. Não faz mais
sentia pouco apreciado. Ao experimentar os Obtemos nessas cartas discernimento inco- bastante. Seus livros impressos atingem não que suspirar pela vitória. Quando sua fé for
efeitos de diversos derrames e o avanço da mum sobre a maneira como cristãos compro- menos que a soma de cinco mil páginas, sem aperfeiçoada pelas obras, deixará de prestar
idade, pensamentos de desânimo e ressenti- metidos resolvem sua tensão conjugal e por contar os milhares de páginas de matéria atenção em você mesmo e deixará seu caso
mentos o assaltavam. Pensamentos desani- meio delas outros maridos e mulheres apren- epistolar endereçadas a igrejas e indivíduos. nas mãos de Deus, tolerando e suportando
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CAPÍTULO 5 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White MENSAGEIRA,
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qualquer coisa, não exatamente de acordo mente o mesmo em quase todas as coisas. Ele do”. A esposa mensageira fez uma retrospec- que precisasse de um pernoite. Se relembrar-
com os seus sentimentos. está sempre bem disposto.”23 tiva da vida que tiveram em comum: “Agora, mos o modo como conquistou o respeito de
‘“Todos os poderes da Terra não poderiam Devido aos compromissos no Leste, Ellen que aquele de cuja afeição generosa eu de- seus contemporâneos, ao combinar seu papel
ajudá-lo a menos que você trabalhe em har- White não permaneceu muito tempo no Co- pendera e com quem trabalhara por 36 anos, de mãe com seus deveres públicos, isto nos
monia, exercitando a razão e o juízo e deixan- lorado. Informando a Tiago e aos filhos dos fora arrebatado, a única coisa que pude fazer ajudará a apreciar mais plenamente seu con-
do de lado seus sentimentos e tendências. acontecimentos de Battle Creek, ela escreveu foi pousar minha mão sobre seus olhos e di- selho para as mães e os pais de hoje em dia.
Você se encontra em um estado crítico.’” com entusiasmo e sabedoria de esposa e mãe: zer: Confio-Te, ó Senhor, meu tesouro até a Mas que sucedia a seus filhos enquanto di-
Depois o “médico afamado” foi mais espe- “Não considerem este tempo de recreação manhã da ressurreição.”27 vidiam a mãe atarefada com outros que exi-
cífico: ‘“Seus próprios hábitos desordenados como obrigação ou trabalho penoso. Esque- Alguns dias depois do funeral, Ellen Whi- giam cada vez mais de seu tempo e energias?
estão mantendo não somente você, mas tam- çam o trabalho. Abandonem a escrita. Vão te escreveu a amigos íntimos: “A luz do meu Conforme mencionamos anteriormen-
bém sua esposa afastados da obra para a qual ao parque e vejam tudo quanto possam. ... Li- lar se apagou e daqui por diante devo amá-lo te, Tiago e Ellen tiveram quatro filhos, to-
Deus os chamou. ... vrem-se das preocupações, e voltem a ser ga- [o lar deles] em consideração a ele [Tiago] que dos homens: Henry, nascido em 26 de
“‘Você se sente tão temeroso de ter seu rotos livres de inquietações. ... Papai precisa
lhe dava tanta importância. ... Ele satisfazia agosto de 1847; Edson, nascido em 28 de
vigor diminuído que come mais do que o ser um menino novamente. Caminhem a es-
seu gosto. Mas como posso considerá-lo como julho de 1849; William, nascido em 29 de
necessário, colocando no estômago quanti- mo pelos arredores. Subam uma montanha
dade maior do que o organismo poderia su- íngreme. Montem a cavalo. Encontrem cada faria se ele estivesse vivo?”28 agosto de 1854; e John Herbert, em 20 de
portar. Deve tomar alimento sólido e [deve] dia uma coisa nova para ver e desfrutar. Isto Quem quer que examine o relato de sua setembro de 1860.
dedicar mais tempo à mastigação. Coma de- favorecerá a saúde de papai. Não desperdi- vida de casados há de concluir que este era Herbert morreu com apenas três meses de
vagar e em quantidade muito menor. Dois cem nenhum pensamento ansioso a meu res- um relacionamento extraordinário de duas vida, vítima de erisipela. A mãe de 33 anos
ou três alimentos em uma refeição é tudo o peito. Vocês verão como estarei bem depois pessoas extraordinárias. Cada um tinha uma de idade relembrou essa dolorosa experiên-
que deve ser colocado no estômago. ... Vo- da reunião campal. ... Esforcem-se por fazer vida pública, apesar de sua afeição fluir por cia: “Grande foi o sofrimento de meu querido
cê está morrendo por capricho e contudo uns aos outros felizes.”24 meio de suas mensagens e ações de um para o bebê. Vinte e quatro dias e vinte e quatro
não emprega suficientes esforços para efe- Perto de 1880, o corpo cansado de Tiago outro. Embora vivendo no “Período Vitoria- noites cuidamos dele com ansiedade, empre-
tuar uma mudança radical. ... Sua vida seria pedia descanso ainda que sua cabeça conti- no”, a dedicação cálida e perseverante de El- gando todos os remédios possíveis para seu
mais confiante se você fosse mais altruísta. nuasse a planejar novas campanhas. Outros len ao marido estava muito distante de ser restabelecimento e apresentando fervorosa-
Deus tem uma obra para você e sua esposa assumiram as principais responsabilidades de- platônica. O apreço que ele tinha por ela era mente seu caso ao Senhor. Às vezes eu não
realizarem. Satanás diz: ‘Se eu tiver poder le, embora a retirada não fosse fácil para o ge- notório, apreço cuja profundidade qualquer conseguia dominar minhas emoções ao teste-
para dominar a mente, você não realizará a neral. Numa carta a Ellen, datada de 18 de mulher ficaria contente em experimentar. munhar seu sofrimento. A maior parte do
obra. Posso dominar tudo e amarrar a ambos abril, ele escreveu: “Estou pensando nessas Depois de ser liberada de suas responsabi- tempo passei-o em lágrimas e humildes súpli-
com grilhões de ferro.’ ... Você tem condi- coisas com muito cuidado. Seja o que for que lidades de esposa, Ellen passou a viajar cada cas a Deus.”30
ções de levantar-se. Você pode lançar fora o Senhor lhe tenha mostrado a respeito do vez mais extensamente. Sua produtividade li- Ela descreveu as horas finais da criança:
essa invalidez.’”21 meu dever, tome tempo para passar isso cui- terária aumentou, não apenas em quantida- “Meu bebê piorou. Ao ouvir-lhe a respira-
O conselho funcionou. Ele se sentiu enco- dadosamente para o papel e me dar uma idéia de, mas também na profundidade de seus li- ção difícil e sentir-lhe o pulso fraquíssimo,
rajado com a promessa: “Você tem condições completa. ... Nós ambos vemos quanta coisa vros maiores. Tiago havia sido seu útil editor; soube que ele iria morrer. Aquela foi uma
de levantar-se. Você pode lançar fora essa in- precisa ser feita no ramo literário, e nossos ir- ele jamais foi a fonte das mensagens dela. hora de angústia para mim. A mão gelada
validez.” O estressado Presidente da Associa- mãos insistem constantemente conosco que da morte já repousava sobre ele. Observa-
ção Geral concordou em ir a Battle Creek e saiamos a pregar. No temor de Deus, devemos Mãe Mensageira mos-lhe a respiração fraca e arquejante até
colocar-se sob os cuidados do Dr. John Har- tomar essa questão em nossas próprias mãos e Débora talvez seja a profetisa bíblica mais co- que ela cessasse, e pude apenas sentir-me
vey Kellogg. Em 24 de junho, Tiago escreveu ser nossos próprios juízes quanto ao que deve-
nhecida. Sua reputação era tão grande, seu grata pelo fim de seus sofrimentos. Quando
para Ellen: “Estou escrevendo para dizer que mos fazer e quanto.”25
julgamento e conselho tão respeitados, que meu filho estava morrendo, não consegui
estou bem melhor.” Parte de sua alegria era o Em 6 de agosto de 1881, o “cansado
resultado de haver encontrado um homem guerreiro” morreu. A notícia abalou os ad- até sua residência recebia o nome de “palmei- chorar. No funeral, desmaiei. Embora meu
que podia taquigrafar, capacitando-o assim a ventistas desde o Atlântico até o Pacífico. ra de Débora, entre Ramá e Betel”. Juí. 4:5. coração doesse como se fosse quebrar-se,
fazer em “dois dias... trabalho que tomaria to- Ninguém podia passar em revista o desen- Ela era, porém, mais do que uma sábia juíza. não consegui derramar uma lágrima. ... De-
da uma semana”.22 volvimento da Igreja Adventista sem pen- Seus contemporâneos confiavam nela como pois que voltamos do sepultamento, minha
Em princípios de julho, Tiago saiu com sar em Tiago White. As honras póstumas, “mãe em Israel”. Juí. 5:7. (Ver pág. 18.) casa parecia solitária. Senti-me conformada
destino a sua cabana no Colorado juntamen- mesmo daqueles de quem ele diferia, colo- Semelhantemente, os contemporâneos de com a vontade de Deus, apesar do abati-
te com Dudley Canright e Mary White cavam o valoroso líder da igreja na devida Ellen White a consideravam como “mãe em mento e pesar que sentia.”31
(William foi depois). Quando Ellen se juntou perspectiva.26 Israel”.29 Conheciam-na como esposa e mãe O primogênito de Ellen White, Henry,
a eles em agosto, escreveu: “Encontrei o pa- Embora extremamente doente, Ellen incrivelmente atarefada, uma dona de casa morreu com a idade de 16 anos. Ele havia se
pai melhor, sob todos os aspectos. O clima White ergueu-se de seu leito de enfermidade que, como é sabido de todos, abria as portas de tornado o deleite dos pais bem como o de um
aqui está sempre fresco. ... O papai é nova- para enaltecer seu “forte, bravo e nobre mari- seu lar aos necessitados, órfãos e a quem quer grande número de amigos. Sua nobre voz em
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 5 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White MENSAGEIRA,
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cântico era bem conhecida entre os colegas queno livro, An Appeal to the Youth. Escreveu eles com muita severidade, mesmo perante vezes linguagem que mais se parecia a taqui-
de trabalho da editora Review. No fim de no- ela: “Elas [as cartas da Sra. White aos filhos] outros, o que destrói seus sentimentos e torna grafia teológica, especialmente quando ela
vembro de 1863, ele apanhou um resfriado foram escritas apressadamente, destinadas coisa comum receber censura por insignifi- escreveu que o Senhor ama as crianças “que
que se transformou em pneumonia. Foi trata- apenas aos filhos, sem o pensamento de se- câncias e equívocos, e coloca acidentes e lap- procuram agir corretamente”, mas “as crian-
do com drogas venenosas – a sabedoria da rem publicadas. Isto as torna ainda mais dig- sos no mesmo nível que pecados e erros de ças más Deus não ama”.40
medicina convencional. Ellen e Tiago ha- nas de publicação, na medida em que reve- verdade. Sua disposição se torna amarga e Exatamente assim como devemos exami-
viam pouco tempo antes naquele ano utiliza- lam mais claramente as verdadeiras emoções cortamos o cordão que nos une a eles e nos nar alguns textos bíblicos difíceis dentro do
do a hidroterapia para ajudar dois de seus fi- e sentimentos de uma piedosa mãe.”35 dão influência sobre eles. ... Temos estado em contexto bíblico total, o mesmo deve ser fei-
lhos na luta contra a difteria, mas eles ainda Ao ler essas cartas de família, particulares perigo de esperar que nossos filhos tenham to com Ellen White. Em Deuteronômio 7:9 e
não tinham consciência do valor dela no tra- e íntimas, estamos lendo o coração de uma uma experiência mais perfeita do que sua ida- 10, por exemplo, percebemos que Deus “retri-
tamento da pneumonia. jovem mãe, e depois de uma mãe amadureci- de permite esperar. ... bui diretamente aos que O odeiam, para os
Como era esperado, Henry piorou rapida- da, raramente revelado a outros. “Nossos filhos nos amam e se renderão à destruir; não será remisso para quem O odeia,
mente. Ele e seus pais falaram abertamente Como era de se esperar, os filhos dos Whi- razão, e a bondade terá influência mais pode- diretamente lhe retribuirá. Guardarás, pois, os
sobre a morte. Ele confessou livremente seus te desenvolviam-se como todas as outras rosa do que a reprovação insensível. O espíri- mandamentos, os estatutos e os preceitos que
pecados. Sua fé tornou-se mais forte e sua crianças. Precisavam aprender pela experiên-
confiança na vida eterna mais brilhante. Cer- to e a influência que têm circundado nossos Eu hoje te ordeno, para os cumprires.” Isto
cia e conselho paterno como todas as outras filhos exige que nós os restrinjamos, os afas- parece cruel, mas quando colocado no con-
ta manhã, ele disse: “Prometa-me, mamãe, crianças. Além disso, Tiago e Ellen precisa-
que se eu morrer serei levado para Battle temos das companhias jovens e lhe neguemos texto de toda a Bíblia (assim como Isa. 1:18-
vam aprender como ser pais à medida que os os privilégios que os filhos geralmente desfru- 20; Jer. 31:3; João 3:16 e 17; João 14-17), seu
Creek e sepultado ao lado de meu irmãozinho filhos se desenvolviam.
John Herbert, para que possamos erguer-nos tam. Se adotarmos em relação a essas coisas a verdadeiro sentido se torna claro.
juntos na manhã da ressurreição.”32 conduta que devemos adotar, devemos sem- Observe o contexto maior do conselho de
Conselho Dado por Meio de uma Visão
Mais tarde, ele disse para o pai: “Pai, o se- pre manter palavras e ações perfeitamente ra- Ellen White aos pais (1892): “Jesus desejaria
Em 1862, Ellen, na época com 35 anos de ida-
nhor está perdendo seu filho. O senhor sen- zoáveis diante das crianças, para que sua re- que os pais e mães ensinassem a seus filhos...
de, e Tiago, com 41, procuravam empenhada-
tirá minha falta, mas não chore. É melhor flexão não fique amargurada com palavras ru- que Deus os ama, que a natureza deles pode
mente equilibrar as responsabilidades deles na
para mim. Escaparei ao alistamento [para a des ou pronunciadas de maneira ríspida. Isto ser transformada e posta em harmonia com
igreja com o cuidado de seus três filhos, então
Guerra Civil], e não testemunharei as sete deixa no espírito uma ferida ou aguilhão que Deus. Não ensinem a seus filhos que Deus
com 15, 13 e 8 anos. Em uma visão, Deus in-
últimas pragas. Morrer feliz assim é um pri- lhes destrói o amor pelos pais e a influência não os ama quando procedem erroneamen-
terveio para dar aos pais alguns conselhos ne-
vilégio.”33 que estes teriam sobre eles.”36 te; ensinem-os que Ele os ama tanto que Seu
cessários: “Foi-me mostrado com respeito a
Durante suas horas finais, ele ditou mensa- Para Ellen White, seus filhos eram priori- terno Espírito Se entristece quando os vê
nossa família que temos falhado em nosso de-
gens de admoestação e segurança a seus jo- dade máxima.37 Seus apontamentos de diá- em transgressão, porque Ele sabe que eles es-
vens amigos de Battle Creek. Adélia Patten, ver. Não os temos restringido. Temos sido de-
masiado complacentes com eles, temos tolera- rio, cartas a outros e aos filhos, tudo indica tão prejudicando a própria alma. Não ater-
uma amiga íntima da família e uma das auxi- sua interminável preocupação por eles, espe- rorizem seus filhos falando-lhes da ira de
liares de Ellen White, registrou-lhe os últi- do que sigam suas próprias inclinações e dese-
jos e permitido suas tolices. ... Temos ficado cialmente pelo seu crescimento espiritual.38 Deus, antes busquem impressioná-los com
mos momentos: “‘Mãe, eu vou encontrar vo- Ela levava os defeitos deles bem como os de- Seu inexprimível amor e bondade, permi-
cê no Céu na manhã da ressurreição, pois eu tão separados deles que, quando estamos em
sua companhia, devemos trabalhar perseve- la própria muito a sério. Depois de um encon- tindo assim que lhes seja revelada a glória
sei que você vai estar ali.’ Então ele chamou tro difícil com o jovem Edson, ela escreveu do Senhor.”41
seus irmãos, pais e amigos e deu em todos um rantemente para ligar seu coração a nós a fim
de que, quando estivermos ausentes, possamos em seu diário: “Tive uma conversa com Ed- Em outras circunstâncias, ela tornou bem
beijo de despedida, após o que apontou para
ter influência sobre eles. Vi que devemos ins- son. Senti-me excessivamente aflita, achan- clara a diferença entre Deus amar uma pessoa
cima e sussurrou: ‘O Céu é doce.’ Essas foram
suas últimas palavras.”34 truí-los com austeridade, e no entanto com do que isto não estava sendo conduzido de e aprovar o que a pessoa faz.42
Depois da morte de Henry, publicou-se um bondade e paciência; tomando uma atitude maneira sábia.”39 Em claros termos teológicos, ela expôs o
pequeno livro que incluía o sermão fúnebre fei- serena. Satanás é diligente em tentar nossos Algumas pessoas tem achado estranhas de- fato de que o caráter determina o destino.
to por Uriah Smith, uma breve biografia, e mui- filhos e levá-los a ser esquecidos e a condes- terminadas expressões empregadas por Ellen Mesmo um Deus amoroso não remodelará o
tas das freqüentes cartas que Ellen White en- cender com tolices que podem deixar-nos de- White em algumas cartas endereçadas aos fi- caráter das pessoas após a morte delas a fim
viava a ele e a seus irmãos, especialmente quan- salentados, pesarosos e depois fazer-nos tomar lhos em princípios dos anos 1860. Em seu ter- de redimi-las.43
do ela estava viajando a serviço da igreja. Essas uma atitude de censurá-los e criticá-los num no amor, ela apelava à alma deles de muitas Apesar disso, quanta teologia uma criança
cartas deixam claro o motivo por que Henry pô- espírito que somente causa danos e os desani- maneiras. Em 1860, ela falava a filhos com de seis anos é capaz de entender? Deus enca-
de morrer com essa paz e confiança em Jesus. ma, em vez de ajudá-los. idades entre 6 e 13 anos. Procurando tornar rou o mesmo desafio quando instruiu os israe-
Adélia Patten, que vivera no lar dos White “Vi que é um erro rir de suas expressões e claro o grande quadro, em linguagem simples, litas recém-libertados depois da saída do Egi-
por quase dois anos, ajudou a montar esse pe- feitos e então, quando erram, lançar-se sobre esta mãe de 33 anos de idade empregava às to. Ele empregou linguagem e métodos em
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO II
CAPÍTULO 5 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White MENSAGEIRA,
ESPOSA E MÃE

nível do jardim de infância – inclusive a ilus- vel atmosfera em que os filhos devem desen- 30. Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 296, citado em Biography, vol. 1, que o Senhor está vendo e não o amará se você agir errado.
pág. 430. Quando você faz o que é correto e domina esses sentimentos
tração da caixa de areia no ritual do santuá- volver-se. Os livros O Lar Adventista e Orien- 31. Ibidem. errôneos, o Senhor sorri para você.
rio no deserto. Afinal, este era o único nível tação da Criança (compilações de centenas de 32. An Appeal to the Youth, pág. 26, citado em Biography, vol. 2, pág. 71. “Embora Ele esteja no Céu, e você não consiga vê-Lo,
de linguagem que eles conseguiam entender. páginas de seu diário, manuscritos e sermões) 33. Appeal, pág. 29, citado em Biography, pág. 72. mesmo assim Ele o ama quando você faz o que é certo, e re-
34. Appeal, pág. 31, citado em Biography, pág. 71. gistra isso no Seu livro. Mas quando você faz coisas erradas,
Algumas vezes a ameaça de desaprovação e têm sido estudados com apreço por milhares 35. Appeal, pág. 19, citado em Biography, pág. 62. Ele coloca uma marca negra contra você. Por isso, querido
castigo pode captar a atenção de uma criança de homens e mulheres. É difícil encontrar ou- 36. Manuscrito 8, 1862. Willie, procure fazer sempre o que é correto, e nenhuma
de seis anos, bem como a dos israelitas recen- tro escritor que tenha focalizado tão claramen- 37. “Apesar de as ansiedades decorrentes da obra de publicações marca negra será registrada contra você. E quando Jesus vol-
e de outros ramos da causa me acarretarem grande perplexi- tar, Ele vai chamar o bom menino Willie White e vai colo-
temente libertados, quando a “linguagem do te ou de maneira tão vívida a elevada vocação dade, o maior sacrifício que fui chamada a fazer relativamen- car sobre sua cabeça uma coroa de ouro, vai-lhe entregar
amor” não surte efeito. de mães e de pais cristãos. Seus claros apelos a te ao trabalho foi ter que deixar meus filhos freqüentemente uma pequena harpa para que você possa tocá-la e extrair de-
Ellen White empregou ambos os métodos todos os pais para que compreendam a enorme aos cuidados de outrem.” – Life Sketches, pág. 165. la bela música. Você nunca mais ficará doente, nunca mais
38. Ver Jerry Allen Moon, W. C. White and Ellen G. White (Berrien será tentado a fazer o que é errado. Ao contrário, será feliz
ao tratar com seus garotos, evidentemente responsabilidade que têm em conduzir os fi- Springs, MI: Andrews University Press, 1993), págs. 34-42. para sempre; comerá saborosos frutos e colherá lindas flores.
com bons resultados.44 O registro contém nu- lhos rumo ao Céu são notáveis. 39. Manuscrito 12, 1868. Por isso, querido filho, procure ser bom. Sua afeiçoada mãe.”
merosos exemplos em que ela falou aos filhos Ellen White dava conselhos somente de- 40. Um exemplo das cartas de Ellen White endereçadas ao pe- – Ellen White, An Appeal, págs. 62 e 63.
queno William de 6 anos de idade revela a tentativa mater- Uma olhada cuidadosa em toda a carta (e a maioria dos
de um Deus amistoso, orando com eles em pois de ela mesma os haver praticado. Por na de dirigir-lhe a atenção para a obediência prazenteira: escritos sobre orientação de filhos) sugere fortemente que ao
muitas ocasiões a respeito de seu crescimento exemplo: “‘Oh’, dizem algumas mães, ‘meus “Você deve ser um garotinho doce e bom, e deve gostar de escrever a frase “crianças más, Deus não ama”, ela queria
espiritual. Se a jovem Ellen fosse confronta- filhos me atrapalham quando procuram aju- obedecer a Jenny [Fraser] e Lucinda [Hall]. Submeta sua von- realmente dizer que as crianças que continuarem a ser “más”
tade, e quando tiver muita vontade de fazer algo, pergunte: não serão levadas para o Céu.
da com a possível má interpretação de suas dar-me.’ Assim faziam os meus, mas vocês su- Será que isso não é egoísta? Você deve aprender a ceder sua 41. Signs of the Times, 15 de fevereiro de 1892: “Seu coração [de
palavras, ela diria rapidamente, em essência, põem que eu permitia que eles o soubessem? própria vontade e caminho. Será uma lição dura para meu Jesus] estende-se, não somente para as crianças bem-compor-
o que escreveu depois de maneira mais com- Elogiem seus filhos. Ensinem-nos, manda- menininho aprender, mas no fim lhe será mais valiosa do que tadas, mas para as que têm, por herança, traços objetáveis de
ouro.” [“Pela bênção de Deus e as instruções de sua mãe, caráter. Muitos pais não compreendem quanto são responsá-
pleta: “O que quero dizer – e que creio que os mento sobre mandamento, regra sobre regra. Willie venceu o espírito impaciente que algumas vezes mani- veis por esses traços em seus filhos. ... Mas Jesus olha essas
garotos entenderam – era que Deus não per- Isto é melhor que ler novelas, que fazer visi- festava quando jovem, possuindo agora uma disposição bas- crianças com piedade. Ele segue da causa para o efeito.” – O
tante carinhosa, amigável e obediente.” – A. P. P.] “Apren- Desejado de Todas as Nações, pág. 517.
doa a desobediência, ainda que Ele sempre tas, que seguir as modas do mundo.”46 da, meu querido Willie, a ser paciente, a esperar pelo tempo 42. Ver nos Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 558-565, uma
ame os meninos e as meninas, bons ou maus. Embora a Sra. White seja melhor conheci- e conveniência dos outros; então você não mais ficará impa- impressionante carta a uma adolescente mimada.
A desobediência traz conseqüências desastro- da como importante figura pública, para ciente nem irritável. O Senhor ama as criancinhas que pro- 43. Parábolas de Jesus, págs. 74, 84 e 123; Testemunhos Para a Igre-
curam fazer o que é certo. Ele promete que elas estarão em ja, vol. 2, págs. 355 e 356.
sas; e Deus, em Seu amor, não quer que as aqueles que melhor a conheceram, ela era Seu reino. Mas as crianças más, Deus não ama. Ele não as le- 44. Observe a atitude do primogênito para com os pais e para
pessoas sofram por causa da desobediência.”45 uma esposa e mãe cristã coerente, que manti- vará para a bela Cidade, pois ali só entram as crianças boas, com a própria morte – página 58.
Grande parte do conselho de Ellen White à nha íntimo e terno relacionamento com seu obedientes e pacientes. Uma criança irritada e desobediente 45. Ver notas anteriores citando Signs, 15 de fevereiro de 1892, e
estragaria toda a harmonia do Céu. Quando você se sentir O Desejado de Todas as Nações, pág. 517.
igreja focaliza a importância do lar e a inegá- marido e filhos. tentado a falar de modo impaciente e irritado, lembre-se de 46. Lar Adventista, pág. 289.

Referências
Perguntas Para Estudo
1. Day Star, de 11 de outubro de 1845, citado em Charles W. 10. Christian, The Fruitage of Spiritual Gifts, pág. 111.
Teel, Jr., ed., Remnant & Republic (Loma Linda, CA.: Center 11. Emmett K. VandeVere, “Years of Expansion, 1865-1885”,
for Christian Bioethics, 1995), pág. 148. Ver também The Day Land, The World of Ellen G. White, pág. 67. 1. Que evidência temos de que Ellen White foi uma dedicada esposa, sempre leal ao ma-
Star, 11 de outubro de 1845, pág. 47. 12. Carta 1a, 1876, citada em Biography, vol. 3, pág. 23. rido Tiago?
2. Ronald Graybill, “The Courtship of Ellen Harmon”, Insight 13. Carta 5, 1876, citada em Biography, pág. 26.
(Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa- 14. Carta 6, 1876, citada em Biography, págs. 27 e 28.
tion), 23 de janeiro de 1973, págs. 4-7; Virgil Robinson, James 15. Carta 25, 1876, citada em Biography, pág. 34. 2. Que circunstâncias podem ter levado Tiago White a lutar contra o desânimo no fim da
White (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing As- 16. Ibidem. vida?
sociation, 1976), págs. 33-39; Schwarz, Light Bearers to the 17. Ver Apêndice B para troca de correspondência em 1874, que
Remnant, pág. 66; Biography, vol. 1, págs. 110-112. revela tensão conjugal, que ambos superaram juntos na base
3. Arquivo de Documento 733-c, do Patrimônio Literário do amor mútuo e da sua confiança em Deus. 3. Que tensões óbvias surgiriam hoje em uma família, se a esposa tivesse que assumir mui-
White, citado em Biography, vol. 1, pág. 84. 18. Carta 25, 1877, citada em Biography, vol. 3, pág. 73. tas responsabilidades públicas e fosse mais popular que o marido?
4. Life Sketches, Ancestry, Early Life, Christian Experiences, and 19. Signs of the Times, 6 de dezembro de 1877, citado em Biography, pág. 76.
Extensive Labors of Elder James White, and his Wife, Mrs. Ellen 20. Carta 4d, 1878, citada em Biography, pág. 81.
G. White (Battle Creek, MI.: Seventh-day Adventist 21. Carta 22, 1878, citada em Biography, págs. 82 e 83. 4. Que papel, se é que existe algum, Tiago White desempenhou em ajudar a preparar os
Publishing Association, 1888), págs. 131 e 132. 22. Ibidem, pág. 90. livros de sua esposa para publicação?
5. Lewis Harrison Christian, The Fruitage of Spiritual Gifts 23. Ibidem, pág. 93.
(Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa- 24. Carta 1, 1878, Biography, págs. 94 e 95.
tion, 1947), pág. 50. 25. Biography, pág. 193. 5. Cite algumas das experiências que demonstram a íntima relação de trabalho existente
6. Ibidem, pág. 98. 26. Ver o sermão fúnebre de Uriah Smith, citado em Biography, entre Tiago e Ellen White.
7. James White, Life Sketches, pág. 126. págs. 174 e 175.
8. Christian, The Fruitage of Spiritual Gifts, pág. 99; Robinson, 27. Ibidem.
James White, págs. 111-115, 151-163, 207-218, 226-231; Spal- 28. Carta 9, 1881, citado em Biography, pág. 177. 6. Que se pode aprender da educação que Ellen White deu aos filhos na qualidade de mãe
ding, Origin and History, vol. 1, págs. 43-55. 29. Uma carta dos adventistas noruegueses a Ellen White em seu que trabalhava fora?
9. George Willard, em Memoriam, A Sketch of the Last Sickness 85o aniversário, assim começava: “Querida Mãe em Israel e
and Death of Elder J. White (Battle Creek, MI: Review and He- Serva do Senhor!” – D. A. Delafield, Ellen G. White in Euro-
rald Press, 1881), pág. 10, citado em Robinson, James pe (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Asso-
White, pág. 302. ciation, 1975), pág. 319.

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SEÇÃO II

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Verdadeira Ellen White
parciais complexas. Depois de cuidadosa aná- da com dores de cabeça, inflamação dos
lise do material biográfico e autobiográfico olhos e debilidade respiratória. A tuberculo-
disponível, levando-se em conta o conheci- se a debilitou, e os médicos não lhe deram
mento atual deste tipo de desordem convulsi- nenhuma esperança, a não ser de uma mor-

Saúde Física va, é nossa opinião que: (1) Não há evidên-


cias convincentes de que Ellen G. White so-
fria desta espécie de epilepsia. (2) Não há
possibilidade de que crises parciais complexas
te prematura. Hidropisia, uma afecção car-
díaca, acometeu-a na maior parte de sua vi-
da. Quando ela recebeu sua primeira visão,
em dezembro de 1844, teve que ser transpor-
“Busquei o Senhor, e Ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores.” Sal. 34:4. tenham sido as responsáveis pelas visões da tada numa cadeira de rodas para a casa de
Sra. White ou seu papel no desenvolvimento Elizabeth Haines. Não conseguia falar além
da Igreja Adventista do Sétimo Dia.”5 de um sussuro.8
Donald I. Peterson, M.D., autor de mais Ao ser convidada para relatar sua visão de
de sessenta artigos no campo da neurologia dezembro em Poland, Maine, no fim de ja-
em revistas científicas, professor de neurolo- neiro de 1845, estava afônica. Contudo, logo
gia da Escola de Medicina da Universidade que começou a falar, todas as promessas que
de Loma Linda e chefe de neurologia do Hos- Deus lhe fizera de ser sempre a sua força se
pital Geral de Riverside, Califórnia, apresen- cumpriram. Ela falou em alto e bom som por
tou uma resposta mais ampliada. No livro Vi- aproximadamente duas horas, e sem fatigar-

E
llen White não era uma supermulher, lam eles, ocasionou-lhe uma espécie de epi- sions or Seizures: Was Ellen White the Victim of se.9 Esta experiência de forças restauradas no
embora seu programa de atividades e lepsia conhecida como crise parcial comple- Epilepsy?,6 ele examina determinadas afirma- púlpito diante dos olhos daqueles que viram
suas realizações pareçam indicar que xa. Por sua vez, alegam que as visões de Ellen ções de que Ellen Harmon sofrera severos da- a maravilhosa transformação da fraqueza pa-
sim. Imagine alguém atravessar os Estados White eram devidas à epilepsia no lobo tem- nos cerebrais, de que suas “visões” eram típi- ra o poder se repetiu muitas vezes em toda a
Unidos vinte e quatro vezes por volta de poral, e não à revelação divina. cas das crises parciais complexas, de que suas extensão de seu longo ministério.
1885, apenas 16 anos depois de as estradas de Em resposta à acusação de que ela sofria de feições durante as “visões” eram típicas do Em princípios do verão de 1845, a debili-
ferro Union Pacific e Central Pacific se en- epilepsia do lobo temporal, oito professores
distúrbio de crise parcial complexa (“automa- tada jovem Ellen teve uma visão extraordiná-
contrarem perto de Ogden, Utah, em 1869!1 da Escola de Medicina e Enfermagem na
tismos”), etc. ria: “Até essa época eu não conseguia escre-
Lembre-se então que esta líder de igreja iti- Universidade de Loma Linda, incluindo três
nerante falava a grupos grandes e pequenos neurologistas, mais um psiquiatra do Norte ver. Minha mão trêmula era incapaz de segu-
aonde quer que fosse. E escrevia! Quando ela da Califórnia, estudaram as evidências dispo- Nenhuma Forma de Incapacidade Mental rar a pena com firmeza. Estando em visão, um
morreu, deixou cerca de 100.000 páginas de níveis. Em 1984 eles escreveram um relatório Depois de examinar os aspectos técnicos das anjo me ordenou que eu escrevesse a visão.
material publicado e não publicado, tudo es- intitulado: “Sofria Ellen White de Crises Par- alegações, à luz dos conhecimentos médicos Tentei, e escrevi facilmente. Meus nervos se
crito à mão. Supõe-se que ela seja “o terceiro ciais Complexas?”4 mais recentes, o Dr. Peterson negou taxativa- fortaleceram, e minha mão ficou firme.”10
escritor mais traduzido na história da literatu- O relatório afirmava: “Diagnosticar um mente a existência de qualquer correlação do Em 1854, grávida do terceiro filho, Ellen
ra, a escritora mais traduzida e, dentre os es- distúrbio de crise parcial complexa (epilepsia estado de Ellen White durante as visões ou White, na época com 26 anos de idade, lu-
critores norte-americanos de ambos os sexos, psicomotora ou do lobo temporal) não é algo sua prolífica capacidade literária (hipergra- tava contra problemas de saúde. Ela relem-
também a mais traduzida”.2 muito fácil, mesmo com a ajuda de técnicas fia) com qualquer indicação que sugerisse da- bra: “Eu tinha dificuldades de respirar quan-
Aqueles, porém, que a conheceram viam modernas como a eletroencefalografia e a no cerebral e o resultante distúrbio de crise do deitada e não conseguia dormir a não ser
nela algo mais do que uma oradora pública de gravação em vídeo. Portanto, o estabeleci- parcial complexa. Concluindo, ele diz: “Um que ficasse em posição quase sentada. Surgi-
1,57m de altura e uma escritora prodigiosa, mento de um diagnóstico dessa natureza, re- exame cuidadoso de[ssas] teorias, à luz do re- ra sobre a minha pálpebra esquerda um tu-
incansável em sua dedicação vitalícia a cau- troativo a uma pessoa falecida há quase 70 gistro histórico, mostra que elas não conse- mor que parecia câncer. Fazia mais de um
sas nobres. Conforme já observamos, ela era anos e, levando-se em conta que não existem guiram provar que a ‘doença’ de Ellen White ano que ele vinha crescendo gradualmente a
uma dona de casa ativa, esposa leal e mãe registros médicos, só pode ser, na melhor das consistia numa grave contusão do lobo tem- ponto de tornar-se bastante doloroso e afe-
amorosa. hipóteses, especulativo, vago e controverso. poral ou que os fenômenos associados a suas tar-me a vista.”11
Como tudo isso seria possível, se com a “Os recentes artigos e apresentações suge-
visões fossem conseqüência da afecção de Um “célebre médico de Rochester” forne-
idade de nove anos os médicos lhe deram rindo que as visões e escritos de Ellen White
apenas alguns meses de vida, depois de com- eram resultado de um distúrbio de crise par- ataque parcial complexo. ... É a convicção ceu-lhe um “colírio” depois de lhe dizer que,
plicações decorrentes de um golpe fatídico no cial complexa contêm muitas inexatidões. deste pesquisador que se trata de uma mani- segundo seu prognóstico, o tumor era cance-
rosto?3 Raciocínio ambíguo e aplicação errônea dos festação de verdadeiro dom profético, e não roso. Mas depois de verificar seu pulso, ele
Alguns têm sugerido que o traumatismo fatos levaram a conclusões equivocadas. de alguma forma de epilepsia.”7 afirmou que ela morreria de apoplexia antes
sofrido no início da sua vida atingiu o lobo “Esta comissão foi apontada para avaliar a Depois do acidente ocorrido aos nove que o câncer se desenvolvesse! Disse ele:
temporal de seu cérebro. Esta lesão, especu- hipótese de que Ellen White sofria de crises anos de idade, Ellen passou a ser incomoda- “Você está com uma grave afecção cardíaca.”
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 6 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White SAÚDE FÍSICA

Algumas semanas depois, ela teve um der- da primavera de Iowa, e pregou muitas vezes gratíssima por haver passado por essa expe- tem sido uma sólida rocha para milhões. Seu
rame cerebral, que deixou o seu braço e lado nas reuniões. riência porque me tornei mais familiarizada livro A Ciência do Bom Viver, além de muitas
esquerdo inertes e sua língua dormente. Fize- Depois do nascimento de John Herbert, ela com meu precioso Senhor e Salvador. ... centenas de cartas a pessoas que também pas-
ram-se orações por toda parte, mas a cura não começou lentamente a recobrar as forças. Seis “Senti a princípio que não seria capaz de su- saram por grandes padecimentos físicos, ja-
veio. Não obstante, ela manteve sua confian- semanas depois do parto, ela comentou em portar esta inatividade. Eu achava que me afli- mais teria sido escrito se sua experiência pes-
ça no amor de Deus. Sussurrou para Tiago: uma carta endereçada a Lucinda Hall que esta- giria por causa disso e às vezes as trevas me ro- soal não tivesse provido o ambiente humano
deavam. Essa falta de conformação existiu no para os princípios divinos básicos.
“‘Creio que vou me recuperar.’ Ele respon- va tão fraca que subia as escadas de joelhos e
começo de meu sofrimento e desamparo, mas Uma coisa é certa: Ellen White nunca se va-
deu: ‘Gostaria de poder acreditar nisso.’ Re- que desabafava “de vez em quando em um bom não demorou muito e vi que o padecimento fí- leu do fato de sofrer muitas enfermidades físicas
colhi-me naquela noite sem nenhum alívio, choro” e achava que “isto me faz bem”. Mal sico era parte do plano de Deus. Fiz uma cui- como meio para obter a piedade alheia. Ao
mas depositando minha firme confiança nas completara três meses de idade, o bebê morreu. dadosa retrospectiva da história dos anos pas- contrário, quando outros a viam, com espírito
promessas de Deus. Não pude dormir, mas Os anos que Ellen White passou na Aus- sados e da obra que o Senhor me havia confia- alegre e resoluta determinação, enfrentar inten-
continuei orando em silêncio. Pouco antes trália foram os mais produtivos, não somente do. Nenhuma vez Ele havia falhado comigo. sas adversidades físicas, cobravam ânimo.15
do amanhecer, adormeci.” por haver ajudado a estabelecer um sólido Muitas vezes Se manifestara de maneira notá- Sua vida de produção literária e ministério
Quando ela despertou, seu marido “mal programa educacional e evangelístico naque- vel. Nada encontrei no passado de que me pu- pessoal, mais suas extensas viagens públicas,
pôde compreender a princípio, mas quando le país novo, mas por haver escrito O Deseja- desse queixar. Compreendi que, qual fios de são um forte argumento de como a vontade
me levantei, vesti-me e caminhei pela casa, do de Todas as Nações, além de milhares de pá- ouro, coisas preciosas haviam se entretecido humana pode triunfar sobre as dificuldades fí-
ele testemunhou a mudança do meu sem- ginas de cartas oportunas. Mas isso teve um em todas estas penosas experiências. sicas na busca do plano de Deus para nossa vi-
blante e glorificou a Deus junto comigo. Meu preço! Suas enfermidades na Austrália foram “Então passei a orar fervorosamente e sem- da. Em 1915, alcançar 87 anos de idade não
pre obtive o doce conforto nas promessas de era comum! Seu último escrito conhecido,
olho doente não doía mais. Em poucos dias o devastadoras: “Fiz a longa viagem e participei
Deus: ‘Chegai-vos a Deus, e Ele Se chegará a uma carta (14 de junho de 1914), transborda
câncer desapareceu, e minha vista foi total- da assembléia realizada em Melbourne. ... vós.’ ‘Vindo o inimigo como uma corrente de de esperança e alegria cristãs.16 A causa de sua
mente restaurada. A obra fora completa.” Pouco antes do término da reunião fui acome- águas, o Espírito do Senhor arvorará contra morte, conforme se registrou tanto no seu
Seu médico declarou posteriormente que tida de uma grave doença. Durante onze me- ele a sua bandeira.’”14 atestado de óbito como no registro do coveiro
havia ocorrido uma “completa” mudança – ses sofri de malária e inflamação reumática. Por razões que somente Deus pode expli- do cemitério, foi: “Miocardite crônica; (Fator
um mistério além de sua compreensão.12 Durante esse período passei pelos sofrimentos car, Ellen White sofreu muito na vida. Ape- concorrente primário) Astenia resultante da
mais terríveis de toda a minha vida. Não con- sar disso, ela foi uma mulher extraordinaria- fratura intracapsular do fêmur esquerdo (13
Reumatismo nos Tornozelos seguia erguer os pés acima do solo sem sofrer mente produtiva e diligente, e de seu sofri- de fevereiro de 1915); (Fator concorrente se-
Dois anos depois, Ellen White escorregou no grande dor. Meu braço direito, do cotovelo mento veio uma filosofia de sofrimento que cundário) arteriosclerose.”
gelo, torcendo gravemente o tornozelo, e te- para baixo, era a única parte do corpo livre de
ve que andar de muletas durante seis sema- dor. Os quadris e a espinha doíam constante- Referências
nas. O reumatismo acabou lhe atacando am- mente. Eu não conseguia ficar deitada em mi- 1. Manuscrito 16, 1885, citado em D. A. Delafield, Ellen G. 6. Boise, ID: Pacific Press Publishing Association, 1988.
bos os tornozelos, importunando-a cruelmen- nha cama de lona por mais do que duas horas White In Europe, pág. 25. Ver págs. 104 e 105. 7. Ibidem, págs. 26 e 27.
te até o dia da sua morte. de cada vez, embora eu estivesse deitada sobre 2. Roger Coon, A Gift of Light (Washington, D.C.: Review and 8. Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 30; Arquivo de Documento No 230
Herald Publishing Association, 1983), pág. 21. (Patrimônio Literário White), J. N. Loughborough, “Some
Aos três meses de gravidez, em março de almofadas de borracha. Eu me arrastava para 3. Ao tratar do nariz quebrado e da hemorragia, Ellen White re- Individual Experiences”, pág. 44.
1860, ela, juntamente com Tiago, estava se uma outra cama semelhante para mudar mi- latou: “Os médicos acharam que era possível enfiar um fio de 9. Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 38.
prata em meu nariz para manter sua forma [evidentemente 10. Ibidem, pág. 60. Anos mais tarde, ela refletiu: “O Senhor me
dirigindo para Iowa. O relato de Tiago na nha posição. Assim passavam as noites. ... Os sem anestesia], mas me disseram que isso seria de pouca utili- disse: ‘Escreve as coisas que Eu te disser.’ Quando comecei a
Review (6 de março) era convincentemente médicos diziam que eu jamais voltaria a andar, dade. Disseram que eu havia perdido tanto sangue e sofrera fazer essa obra, eu era muito jovem. Minha mão, que era dé-
abalo nervoso tão grande que meu restabelecimento era mui- bil e trêmula devido às enfermidades, tornava-se firme assim
realista: “Deixamos Battle Creek às 15h, mu- e eu receava que minha vida se tornasse uma to improvável; disseram também que, ainda que eu melhoras- que eu apanhava a pena, e desde aqueles primeiros escritos,
damos de trem em Chicago à meia-noite, luta interminável contra o sofrimento.”13 se, não conseguiria viver muito tempo. Fiquei quase reduzida tenho tido condições de escrever. ... Essa mão direita dificil-
chegamos ao rio Mississippi às 7h da manhã, Como se arranjou ela? Aqueles que a aju- a um esqueleto.” – Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 9. No fim de mente tem sensação desagradável. Ela nunca se cansa.” –
1840, ela ainda não havia melhorado: “Minha saúde decaiu Ellen White, Manuscrito 88a, 1900, citado em Biography,
atravessamos o gelo a pé, andando atrás da daram puderam com gratidão confirmar suas rapidamente. Eu só conseguia falar em sussurros ou num tom vol. 1, págs. 91 e 92.
bagagem que estava sobre um trenó puxado reflexões posteriores: “Mas em tudo isto hou- de voz baixo. Certo médico disse que minha doença era uma 11. Life Sketches, pág. 151.
tuberculose hidrópica; que meu pulmão direito estava perdido, 12. Biography, vol. 1, págs. 292 e 293.
por quatro homens, visto que a camada de ve um lado positivo. Meu Salvador parecia e o meu esquerdo afetado. Seu prognóstico era o de que eu não 13. Biography, vol. 4, págs. 31 e 32.
água congelada era fina demais para suportar estar bem perto de mim. Eu sentia Sua santa viveria muito tempo, podendo até morrer subitamente. Eu 14. Manuscrito 75, 1893, citado em Biography, vol. 4, pág. 33.
sentia grande dificuldade em respirar deitada. Passava as noi- 15. Poder-se-iam citar numerosas ocasiões para indicar os di-
o peso dos cavalos. Fiquei aliviado quando pi- presença em meu coração, e ficava agradeci- tes apoiada em um travesseiro, numa posição quase sentada. versos problemas físicos que Ellen White suportou sem
samos o solo de Iowa.” da. Esses meses de sofrimento foram os meses Despertava muitas vezes com a boca cheia de sangue.” – Ibi- queixas. Enquanto esteve na Nova Zelândia em 1893, por
Na primeira noite em Iowa, Ellen White mais felizes de minha vida por causa da com- dem, pág. 30. exemplo, ela teve problemas com abcesso nos dentes. Ela
4. Ministry, agosto de 1984, e referida em Advent Review, 6 de sabia por experiência própria que era alérgica a analgésicos.
ficou gravemente enferma, com vômitos e panhia de meu Salvador. Ele era minha espe- agosto de 1984. Colhemos a história do seu diário de 5 de julho: “A irmã
hemorragia. Mas prosseguiu, através da lama rança e minha coroa de regozijo. Sinto-me 5. Ibidem. Caro [dentista] chegou à noite; está aqui em casa. Encon-

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SEÇÃO II
CAPÍTULO 6
A Verdadeira Ellen White SAÚDE FÍSICA

trei-me com ela de manhã à mesa do desjejum. Ela pergun- “Depois que os dentes foram extraídos, a irmã Caro tre-
tou: ‘A irmã está triste em me ver?’ Respondi: ‘É claro que mia como uma folha de álamo. Suas mãos estavam trêmulas,
é um prazer para mim encontrar a irmã Caro. Não tenho, e ela sentia dores. ... Ela receava causar dor à irmã White. ...
porém, tanta certeza quanto a encontrar a senhora doutora Mas ela sabia que devia fazer essa intervenção e prosseguiu.”
Caro, dentista.’
O diário conclui com a paciente tornando-se atendente,
“Às dez horas eu estava na cadeira, e em pouco tempo oi-
to dentes foram arrancados. Fiquei contente de que o trabalho quando Ellen White levou a Dra. Caro para uma cadeira e
tivesse terminado. Não recuei nem gemi. ... Eu havia pedido providenciou algo para refrescá-la. – Manuscrito 81, 1893,
ao Senhor que me fortalecesse e me desse graça para suportar citado em Biography, vol. 4, pág. 98.
o doloroso processo, e sei que o Senhor ouviu minha oração. 16. Testemunhos Para Ministros, págs. 516-520.

Perguntas Para Estudos

1. Que dificuldades a longo prazo Ellen White teve que enfrentar em resultado da lesão fa-
cial que sofreu com a idade de nove anos?

2. Se Ellen White foi chamada por Deus para ser Sua mensageira especial, por que Ele lhe
permitiu passar por tantas dificuldades físicas e emocionais?

3. A julgar pelo relatório médico de 1844 sobre Ellen White, quais são, para você, as mais
fortes evidências que rebatem a acusação de que ela sofria de ataque parcial complexo?

4. Descreva o estado físico de Ellen Harmon no fim de 1844.

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SEÇÃO II

7
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Verdadeira Ellen White
... Quem dera eu pudesse impressionar a to- Religião prática (teologia aplicada). A reli-
dos com a importância de exercer fé momen- gião prática era outro tema sempre presente
to após momento, hora após hora!... Se cre- nos sermões e escritos de Ellen White. Para
mos em Deus, estamos armados da justiça de ela, religião era mais do que uma fonte de
Cristo; apossamo-nos de Sua fortaleza. ... sentimento. Se a religião não motiva uma
Características Queremos falar com nosso Salvador como se
Ele estivesse justamente ao nosso lado.”6
Grandiosos assuntos como a justiça pela
pessoa a estender a mão para ajudar os outros,
sem esperança de lucrar alguma coisa, não
vale nada. Se a religião não transforma a pes-

Pessoais fé, a importância da razão convicta e desapai-


xonada na reação do cristão ao evangelho e a
responsabilidade de um “povo preparado” pa-
soa de modo que ela produza o “fruto do Es-
pírito” (Gál. 5:22) e reflita o caráter de Jesus,
seu professo cristianismo não tem nenhum
ra cumprir a comissão evangélica nos últimos sentido.
“Confia no Senhor e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. Agrada-te do Senhor,
e Ele satisfará os desejos do teu coração.” Sal. 37:3 e 4. dias foram claramente definidos em publica- Para Ellen White, o cristianismo prático
ções e assimilados na própria necessidade diá- não era algo opcional; tinha tudo que ver
ria que ela sentia de perdão e poder.7 com nossa preparação para a vida eterna. Es-
Confiança quando o futuro era incerto. Ellen crevendo a uma mulher que possuía graves
White foi o exemplo de alguém que confiava defeitos, ela declarou: “A menos que isto seja
em Deus mesmo quando as circunstâncias ex- vencido agora, jamais o será; e a irmã King
ternas pareciam sombrias. Típica de centenas não terá parte com o povo de Deus, nem um
de cartas e de seus muitos livros é uma passa- lar no Seu reino eterno. Deus não pode levá-

A
principal ênfase na vida de Ellen sem ser influenciada pelas falsas concepções
White, nascida de sua própria expe- prevalecentes nas igrejas de sua época, a ver- gem de uma carta a Tiago, seu marido, data- la para o Céu como se encontra. Você estra-
riência e ampliada em suas visões, foi dade sobre Deus se tornou cada vez mais cla- da de Washington, Iowa, 2 de julho de 1874: garia aquele lugar pacífico e feliz.
obter e pintar um quadro preciso do caráter ra. Seus escritos logo focalizaram a questão “Somos justificados em andar pela vista en- “Que se pode fazer a seu favor? Pretende
de Deus. Ela viu corretamente que as grandes principal do grande conflito entre Deus e Sa- quanto isto é possível, mas quando não pode- esperar até que Jesus volte nas nuvens do
divisões religiosas através do tempo e espe- tanás: Como Deus realmente é?4 Em quem se mos mais ver o caminho claramente, então Céu? Será que Ele vai reformá-la inteiramen-
cialmente dentro da cristandade haviam de- pode confiar – em Deus, ou em Satanás? precisamos colocar nossa mão na mão de nos- te quando vier? Oh, não. Aquela ocasião não
senvolvido uma compreensão inadequada da Uma clara representação do caráter de so Pai celestial e deixar que Ele nos guie. Há, será para isso. O preparo deve ser feito aqui;
Divindade. Deus. Junto com a teologia que captou o na vida de todas as pessoas, emergências nas toda a lapidação e polimento do caráter deve
principal tema da Bíblia, veio uma nova e quais não se pode nem seguir a vista nem ser feito na Terra, nas horas de graça. Você
Consciência Espiritual cativante representação de Deus, que a confiar na memória ou experiência. Tudo que deve preparar-se aqui; aqui devem ser dados
No início de sua vida, ela foi vítima dos erros atraiu a um profundo e dinâmico relaciona- podemos fazer é simplesmente confiar e espe- os últimos retoques.”10
predominantes que se haviam alastrado por mento com seu amorável, misericordioso e rar. Honramos a Deus quando confiamos nE- Relação entre religião e saúde. Ellen White
diversas igrejas dentro do protestantismo. A amigável Senhor.5 le, pois Ele é nosso Pai celestial.”8 compreendeu bem a relação existente entre
má compreensão do caráter de Deus, por Durante o terceiro Concílio Missionário Amor, seu princípio motivador. A clara a religião e a saúde da mente e do corpo,
exemplo, bem como do plano da salvação, es- Europeu, em Basiléia, Suíça, em 22 de setem- compreensão que Ellen White possuía do que o bem-estar de um afeta diretamente o
tava por trás de sua confusão juvenil “sobre bro de 1885, ela apresentou aos obreiros uma amor a tornou diferente da maior parte dos estado do outro. Suas percepções específi-
justificação e santificação”.1 de suas típicas palestras: “Sinto-me tão grata outros escritores religiosos anteriores ou pos- cas sobre este tema foram muito além do
Posteriormente, tendo sido ensinada que a esta manhã de podermos confiar a guarda de pensamento convencional. Por exemplo:
teriores à sua época. O amor (ágape) como
soberania e justiça de Deus eram os temas nossa alma a Deus como nosso fiel Criador.
um princípio, não um sentimento motivado “A religião pura e imaculada não é um sen-
centrais do cristianismo, ela desfrutava pouca Algumas vezes o inimigo me assedia pertinaz-
por esperança de recompensa ou favor, per- timento, mas a prática de obras de miseri-
paz e quase total falta de percepção de um mente com suas tentações e trevas quando es-
Deus amigo.2 tou prestes a falar ao povo. Sobrevém-me ta- meava seus escritos. Por exemplo: “O amor é córdia e amor. Tal religião é necessária à
A doutrina do castigo eterno, produto do manha sensação de fraqueza que me parece um princípio ativo; conserva continuamente saúde e felicidade. Ela penetra no poluído
pensamento calvinista, que focalizava a sobe- impossível permanecer diante da congrega- diante de nós o bem dos outros, refreando- templo da alma e com um açoite expulsa os
rania de Deus em detrimento da responsabi- ção. Mas se eu me entregasse a esses senti- nos de praticar atos desatenciosos, a fim de pecaminosos intrusos. ... Com isso vem a
lidade humana, lançou sobre a jovem Ellen mentos e dissesse que não conseguiria falar, o não falharmos em nosso objetivo de ganhar serenidade e calma. Aumenta a força física,
uma profunda angústia, tal como faz alguém inimigo alcançaria a vitória. Não ouso proce- almas para Cristo. O amor não busca seus mental e moral, porque a atmosfera do
que se espanta ante a idéia de um Deus que der assim. Vou em frente, ocupo meu lugar no próprios interesses. Não levará os homens a ir Céu, como um agente vivo, atuante, enche
castiga pecadores para sempre.3 púlpito, e digo: ‘Jesus, apóio em Ti a minha após seu bem-estar e a satisfação do próprio a alma.”11
Uma teologia claramente posta em evidência. alma desamparada; Tu não permitirás que eu eu. É o respeito que prestamos ao eu que tan- Muitos identificam o capítulo “A Cura da
Quando a luz divina lhe ajudou a ler a Bíblia seja confundida’, e o Senhor me dá a vitória. tas vezes estorva o crescimento do amor.”9 Mente” no livro A Ciência do Bom Viver co-
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 7 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White CARACTERÍSTICAS
PESSOAIS

mo abrindo novo território. O capítulo ini- Seus ensinos a respeito da causa da morte, se viu como uma “escritora em torre de mar- niões campais, de costa a costa, tornaram-se
cia-se com o seguinte parágrafo: “Muito ínti- bem como do sofrimento, fluíram do quadro fim”, distante do mundo onde se travavam tradicionais. Em 1884, por exemplo, com a
ma é a relação que existe entre a mente e o geral do grande conflito entre Deus e Sata- as batalhas espirituais a respeito das quais idade de 56 anos, ela falou em quatro reu-
corpo. Quando um é afetado, o outro se res- nás: “É verdade que todo sofrimento é resul- ela escrevia. niões campais. Sobre a reunião em Jackson,
sente. O estado da mente atua muito mais na tado da transgressão da lei divina, mas esta Jovens e idosos encontraram a Jesus por Michigan, o redator Uriah Smith relatou na
saúde do que muitos julgam. Muitas das verdade fora pervertida. Satanás, o autor do meio de seu ministério pessoal. Um de seus Review que em várias ocasiões entre 200 e
doenças sofridas pelos homens são resultado pecado e de todas as suas conseqüências, le- contemporâneos escreveu: “Minhas lembran- 350 pessoas atenderam ao apelo da Sra. White
de depressão mental. Desgosto, ansiedade, vara os homens a considerarem a doença e a ças da irmã White é que jamais em minha vi- de irem à frente para orações. “Havia profun-
descontentamento, remorso, culpa, descon- morte como procedentes de Deus – como cas- da conheci uma mulher que parecesse tão da emoção e, embora sem agitação ou fanatis-
fiança, todos tendem a consumir as forças vi- tigos arbitrariamente infligidos por causa do completamente consagrada ao Senhor Jesus. mo, visível atuação do Espírito de Deus no
tais, e a convidar a decadência e a morte.”12 pecado.”16 Ele parecia ser para ela um amigo pessoal, que coração”, escreveu Smith.20
ela conhecia, amava e em quem confiava. Ela Durante sua visita à Inglaterra em 1885,
Sua compreensão da causa do sofrimento e da Rápida em reconhecer os próprios erros.
encontrava grande alegria em falar sobre Je- Ellen White foi convidada a falar para um
morte. Os conselhos de Ellen White a respeito Ellen White era bastante rápida em confes-
sus; e todas as pessoas mais jovens concordam auditório de 1.200 pessoas na prefeitura de
da causa do sofrimento e da morte não foram sar seus erros e buscar perdão. Ela conhecia
que houve, pelo menos, uma jovem que vi- Grimsby. Seu tema foi “O Amor de Deus”.
apenas profundos; eles têm resistido à prova de muito bem a paz decorrente do perdão e era veu muito próximo do Senhor e que, de ma-
um século como um fiel reflexo da mente de rápida em aliviar os outros do peso do remor- Mais tarde, ela escreveu: “Procurei apresentar
neira sincera e prática, procurou de todo o as coisas excelentes de Deus de maneira a di-
Deus. Ela afirmava que “doença, sofrimento e so e da culpa. Baseado em sua própria expe- seu coração seguir a Jesus.”18
morte são obra de um poder antagônico. Sata- riência e refletindo a instrução divina, deu rigir-lhes a mente da Terra para o Céu. Mas
Uma viagem a Vergennes, Michigan, em pude apenas admoestar e rogar, e exaltar Je-
nás é o destruidor; Deus, o restaurador”.13 ela este conselho: “Não é louvável falar de junho de 1853, é lembrada por algo mais do
Qual é, pois, a causa da enfermidade? Uma nossa fraqueza e desânimo. Que cada qual di- sus como o centro de atração, e um Céu de
que ficar “perdido” numa estrada bastante bem-aventurança como a recompensa eterna
resposta era: as leis de Deus foram violadas ga: ‘Aflige-me ter cedido à tentação, e que conhecida pelo condutor da carruagem. Per- do vencedor.”21
por nossos antepassados ou por nós mesmos. minhas orações sejam tão débeis, minha fé to da noitinha, depois de um longo dia de
Em 1885, Cecile Dahl, uma norueguesa,
Ela era inequívoca: “Quando Cristo curava a tão fraca. Não tenho desculpa a apresentar jornada sem água e sem alimento, Tiago e El-
serviu como intérprete da Sra. White en-
doença, advertia a muitos dos enfermos: ‘Não por ser anão em minha vida religiosa. Mas len White ficaram muito contentes em en-
quanto ambas faziam uma excursão de seis se-
peques mais, para que te não suceda alguma estou procurando obter a plenitude do cará- contrar uma solitária cabana feita de troncos
manas pela Alemanha e países escandinavos.
coisa pior.’ João 5:14. Assim Ele ensinava que ter de Cristo. Tenho pecado, e todavia amo a e, nela, a dona da casa. Enquanto refazia as
A Srta. Dahl era uma das muitas pessoas que
haviam trazido sobre si mesmos a doença Jesus. Tenho caído muitas vezes, e no entan- suas forças, a Sra. White falou com a hospi-
a oradora levara para o Senhor.
transgredindo as leis de Deus, e que a saúde to Ele me estendeu a mão para salvar-me. taleira anfitriã a respeito de Jesus e lhe deu
de presente um exemplar de seu primeiro li- Ellen White estava sempre pronta a com-
podia ser preservada unicamente pela obe- Contei-Lhe tudo acerca de meus erros. Te- partilhar a verdade sobre Deus e a salvação,
diência.”14 nho confessado com tristeza e vergonha tê- vro Experience and Views. Durante anos, os
acontecimentos desse dia não pareciam ape- mesmo quando isso exigia uma reação agres-
O sofrimento, além da doença devida à Lo desonrado. Tenho olhado a cruz, dizendo: siva. Em uma viagem por mar, costa acima,
negligência das leis físicas, também é causado Tudo isso Ele sofreu por mim. O Espírito nas estafantes mas sem sentido. Mas em
1876, numa reunião campal realizada em de São Francisco a Portland, em junho de
por Satanás e não pela deliberada interven- Santo me mostrou minha ingratidão, meu 1878, ela entreoviu um passageiro, um pastor,
ção de Deus. Em muitas ocasiões ela reforçou pecado em expor Cristo à ignomínia. Aque- Lansing, Michigan, a dona de casa daquela
cabana, mais de vinte anos antes, apertou a dizendo que “era humanamente impossível
o ensino de Jesus sobre este ponto. Em 1883, le que não conhece pecado perdoou o meu guardar a lei de Deus; que o homem nunca a
mão de Ellen White e relembrou o primeiro
ela escreveu a respeito de um pequeno grupo pecado. Ele me chama para uma vida mais guardou e jamais conseguiria guardá-la. ...
encontro de ambas. Em seguida, ela apresen-
de novos crentes em Ukiah, Califórnia: alta, mais nobre, e eu prossigo para as coisas Pessoa alguma iria para o Céu guardando a
tou a Sra. White a um grupo de adventistas
“Nosso coração se alegra ao vermos este pe- que diante de mim estão.’”17 lei. Para a Sra. White tudo é lei, lei; ela crê
do sétimo dia, os quais haviam começado sua
queno centro de conversos à verdade avan- Incansável ganhadora de almas. Os contem- nova comunhão com o Senhor depois da lei- que devemos ser salvos pela lei, e ninguém
çando passo a passo, tornando-se mais forte porâneos de Ellen White sabiam que ela era tura de Experience and Views. A dona de ca- pode ser salvo a menos que guarde a lei.”
em meio à oposição. Eles estão se tornando uma incansável ganhadora de almas. Eles ob- sa havia contado aos vizinhos dispersos sobre Ressentida com a maneira injusta como
mais familiarizados com o aspecto do sofri- servavam sua vida diária; recebiam suas car- esta senhora viajante que lhe “falara de Jesus era acusada, Ellen White achou que o grupo
mento na religião. Nosso Salvador advertiu a tas fervorosas. Seus vizinhos e companheiros e das belezas do Céu, e as palavras tinham que ouvia esse pastor devia ouvir as correções
Seus discípulos que eles seriam desprezados de viagem eram abençoados por suas úteis tanto fervor que ela ficou encantada e jamais necessárias. Encontrando um momento apro-
por causa do Seu nome. ‘Bem-aventurado iniciativas. Na verdade, a constante e presti- as esqueceu”.19 priado, disse ao pastor: “Esta é uma falsa afir-
sois quando, por Minha causa, vos injuriarem mosa preocupação que ela sentia pelo bem- mação. A Sra. White nunca viu as coisas des-
e vos perseguirem, e, mentindo, disserem to- estar espiritual dos outros se tornaram uma Apelos em Reuniões Campais se modo.”
do mal contra vós.’”15 característica definida de sua vida. Ela nunca Os apelos que Ellen White fazia em reu- Então desenvolveu a história bíblica da lei
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 7 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White CARACTERÍSTICAS
PESSOAIS

como o espelho que mostra o pecado e Jesus dos seus oitenta anos (proeza pouco comum sou aceita pelo Senhor. ... Tenho sentido ser redator da Review and Herald, terminava de
como o Advogado que nos perdoa. “Pastor no início da década de 1900), Ellen White imperioso que a verdade se manifeste em mi- ler os periódicos que vinham para seu escritó-
Brown, tenha a bondade de nunca mais tor- continuava a tomar parte ativa na elabora- nha vida, e que meu testemunho seja dirigido rio, ele os passava para ela a fim de mantê-la
nar a fazer as afirmações errôneas de que não ção de livros. Andava livremente por sua ca- ao povo. Quero que faça o que estiver ao seu informada a respeito da marcha dos aconteci-
confiamos em Cristo para a salvação, mas sa em Elmshaven, sendo capaz de subir e des- alcance para que meus escritos sejam postos mentos religiosos e políticos.37
confiamos na lei para ser salvos. Jamais escre- cer escadas sem a ajuda de ninguém. Podia- nas mãos do povo nas terras estrangeiras. ... A completa magnitude de sua produção li-
vemos uma palavra sequer nesse sentido, se muitas vezes ouvi-la cantar um antigo Tenho a impressão de ser meu dever especial terária, aliada às centenas de sermões que fo-
tampouco ensinamos semelhante teoria. Cre- hino adventista, “Uma Pátria Melhor”, es- dizer essas coisas.”32 ram transcritos, indica capacidade mental ex-
mos que nenhum pecador pode ser salvo em crito por William H. Hyde. A letra do hino
Alguns dias antes de sua morte, uma ami- traordinária. Apesar de na maioria das vezes
seus pecados (e pecado é a transgressão da foi composta depois que Hyde ouviu a irmã
lei), enquanto vocês ensinam que o pecador White descrever sua primeira visão na pri- ga comentou sua alegria. Ela replicou: “Fico estar com extrema falta de tempo e em cir-
pode ser salvo enquanto transgride conscien- mavera de 1845. Muitas vezes ela se demora- feliz de que você me tenha encontrado assim. cunstâncias desfavoráveis, ela ainda era capaz
temente a lei de Deus.” va na última parte: Não tenho tido muitos dias tristes. ... O Se- de apresentar pessoalmente ou por escrito
Recapitulando este incidente em um arti- nhor tomou providências e dirigiu todas essas mensagens convincentes e interessantes.
go de Signs, Ellen White fez referência às pa- “Dentro em breve estaremos ali, coisas para mim, e estou confiante nEle. Ele
lavras de Cristo em Seu Sermão da Monta- Reunidos aos puros, no gozo; sabe quando tudo isto acabará.” Experiências Comoventes
nha: “Cristo mostra aqui o objetivo de Sua Palmas, vestes, coroas teremos “Sim”, disse a visitante, “vai acabar logo, Ellen White era uma mulher extraordinaria-
missão: mostrar por Seu exemplo ao homem E pra sempre o eterno repouso.”30 e nós vamos encontrar você no reino de mente sensível, aberta a todas as emoções hu-
que Ele era capaz de ser inteiramente obe- Deus e ‘falarmos sobre tudo o que passamos’, manas. A capacidade que ela possuía de ver-
diente à lei moral e regular Sua vida por seus Em 13 de fevereiro, Ellen White tropeçou como você escreveu em uma de suas últimas balizar suas diversas experiências indica uma
preceitos. Essa lei foi exaltada e honrada por e caiu ao entrar em seu escritório. Os raios X cartas.” aptidão incomum para a empatia, quer a ex-
Jesus Cristo.”22 revelaram uma “fratura intracapsular do fê- Ao que ela replicou: “Oh, sim, parece bom periência fosse triste, quer alegre.
Dois dias depois de seu sexagésimo oitavo mur esquerdo na junção entre a cabeça e o demais para ser verdade, mas é verdade!” Sempre uma amante do belo, sua reação
aniversário, em 1895, Ellen White falava a colo do osso”, uma lesão dolorosíssima, espe- Suas últimas palavras ao filho e a Sara, sua emocional aos espetaculares Alpes, às Mon-
um auditório numa reunião campal em Ho- cialmente sem os modernos medicamentos enfermeira, foram: “Eu ‘sei em quem tenho tanhas Rochosas do Colorado, a um pôr-do-
bart, Tasmânia, e estava terminando um de que suprimem a dor. Quando lhe pergunta-
crido’.”33 sol na Noruega ou à Catedral de Milão reve-
seus sermões com um chamado ao altar. ram se sentia dor, ela respondeu: “Não é tão
la uma profundidade de apreciação do belo
Grande parte do auditório veio à frente. Mas doloroso, mas não posso dizer que seja con-
ela não ficou satisfeita. Ela buscava almas. fortável.” Semanas depois, quando tornaram Capacidade Mental que permeia seus escritos.
Descendo da plataforma, dirigiu-se aos ban- a lhe perguntar como se sentia, ela replicou: Embora não fosse mulher de instrução for- No verão de 1873, por exemplo, os White
cos de trás onde cinco jovens estavam senta- “Sinto-me bem... em alguns aspectos.” Seu mal, Ellen White era uma pessoa que apro- foram ao Colorado para umas férias bastante
dos. Com sua maneira tranqüila, ela os con- longo hábito de andar com o Senhor fazia to- veitava toda oportunidade para aumentar seu atrasadas. Ela relembra: “Gosto muito das co-
vidou a entregarem o coração a Jesus. Todos da a diferença.31 banco de informações e discernimento. Já fi- linas, das montanhas e das luxuriantes flores-
os cinco o fizeram, e diversos outros jovens se zemos menção ao traumatismo que deixou tas de pinheiros. Gosto muito dos regatos, das
uniram a eles enquanto eles se encaminha- A Última Visão seu rosto marcado (págs. 48, 62 e 63), inci- correntes velozes de água que se precipitam,
vam para a frente em sua decisão de fazer de Ellen White teve sua última visão no dia 3 de dente que, conforme ela confessou depois, borbulhantes, sobre as rochas por entre os
Jesus o seu Mestre.23 março de 1915. Fazendo um resumo da visão, “iria afetar toda a minha vida”.34 Ela nunca desfiladeiros, junto às encostas das monta-
Claras prioridades. As pessoas podem ser ela disse ao filho William C. White: “Há li- mais pôde voltar a freqüentar a escola, contu- nhas, como se estivessem a cantar um alegre
julgadas pelos seus “desejos”. Ellen White re- vros de vital importância que não são olhados do sua busca inata de conhecimento a levou hino de louvor a Deus. ...
petia muitas vezes sua “lista de desejos”: “De- por nossos jovens. São negligenciados por a reunir uma biblioteca pessoal e profissional “Aqui nas montanhas avistamos os cre-
sejo ser semelhante a Ele. Desejo praticar não lhes parecerem tão interessantes como que, ao tempo de sua morte, totalizava mais púsculos mais magníficos, mais repousantes e
Suas virtudes.”24 “Desejo achar-me entre certas leituras leves. ... Devemos escolher li- de 800 volumes.35 Quando ela vivia em Bat- agradavelmente coloridos que já tivemos o
aqueles que terão seu nome escrito no livro e vros que os estimulem à sinceridade de vida, tle Creek, utilizava livremente a biblioteca privilégio de contemplar. O imponente qua-
serão libertados. Desejo a recompensa do e os levem a abrir a Palavra. ... Não espero vi-
da Review and Herald Publishing Company. dro do pôr-do-sol, pintado pelo grande Artis-
vencedor.”25 “Desejo meu tesouro no Céu.”26 ver muito. Minha obra está quase concluída.
“Desejo ser semelhante a Ele. Desejo estar Diga aos nossos jovens que eu quero que mi- Na qualidade de mãe e esposa, ela e seu ta-Mestre, sobre a tela cambiante e matizada
com Ele pelos intermináveis séculos da eter- nhas palavras os animem naquela maneira de marido leram livros edificantes um para o ou- do firmamento, desperta em nosso coração
nidade.”27 “Desejo conhecer cada vez mais a viver que mais atrativa será aos seres celestes, tro ou para os filhos, como, por exemplo, A amor e a mais profunda reverência a Deus.”38
Palavra de Deus e as Suas obras.”28 “Desejo e que sua influência sobre os outros seja eno- História da Reforma do Século Dezesseis, de Depois de um pôr-do-sol no início do in-
ter um lar junto aos remidos, e desejo que vo- brecedora. D’Aubigné.36 verno na Noruega, ela escreveu: “Fôramos fa-
cê tenha um lar ali.”29 “Não tenho nenhuma certeza de que mi- Ellen era uma ávida leitora de revistas re- vorecidos com o cenário do mais deslum-
Confiança permanente. Na última parte nha vida se prolongue muito, mas sinto que ligiosas. Depois que Uriah Smith, veterano brante pôr-do-sol que tive o privilégio de ver.
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 7 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White CARACTERÍSTICAS
PESSOAIS

A linguagem é inadequada para pintar sua be- nha saúde está ótima, no que me diz respeito”. Mediante o relato dessa experiência, obte- ríamos ter tremido; mas ela estava nas mãos
leza. Os últimos raios do sol poente, na colora- Depois, ela abriu o coração: “Tenho passado mos um vislumbre da maneira como se er- dAquele que diz: ‘Ninguém pode arrebatá-las
ção de prata e ouro, púrpura, âmbar e carme- por muitas dificuldades ultimamente; o desâ- gueu ela desse profundo poço de desânimo. das mãos de Meu Pai.’ Jesus vive e reina.”44
sim, espalhavam seu esplendor pelo Céu, sem- nimo às vezes se apossa de mim com tal firme- Ela se arrependeu de ter ficado tão desalenta- Nas semanas que precederam à assembléia
pre mais brilhante, elevando-se mais e mais za que parece impossível livrar-me dele. Mas da. Lembrou-se de que seu primeiro desejo da Associação Geral realizada em Mineápo-
até dar a impressão de que os portais da cidade graças a Deus, Satanás não obteve ainda vitó- era “seguir a Cristo e ser semelhante a Ele. lis, em 1888, Ellen White ficou apreensiva
de Deus tivessem sido deixados semi-abertos e ria sobre mim e, pela graça de Deus, jamais a Algumas vezes, porém, desfalecemos sob as com a “incredulidade e resistência à reprova-
esplendores da glória interior brilhassem atra- obterá. Eu conheço e sinto a minha fraqueza, aflições e nos distanciamos dEle. Os sofri- ção” que predominava contra seu ministério,
vés deles.” Esta magnífica experiência precisou mas tenho me agarrado ao braço poderoso de mentos e as provações nos aproximam de Je- em grande parte desenvolvida enquanto ela
de duas páginas para ser registrada.39 Jeová, e hoje posso dizer que meu Redentor sus. A fornalha consome a escória, fazendo estava na Europa, entre 1885 e 1887: “Os ir-
vive, e se Ele vive, eu também viverei.”42 reluzir o ouro.”43 mãos parecem não ver além do instrumento.
Conheceu o Desânimo Dificuldades? Poucas pessoas conheceram Em Rochester, Nova Iorque, no fim de ... Também me fora dito [em visão] que o tes-
Ao cumprir seu papel como mensageira de os tempos trabalhosos como os enfrentados 1854, a Sra. White estava grávida de sete me- temunho que Deus me havia dado não seria
Deus, Ellen White conheceu a desolação que pelos White. Esses líderes-servos haviam si- ses de seu terceiro filho. Mas outros proble- recebido porque o coração daqueles que ha-
acompanha o desânimo. Por toda a sua vida, o do incumbidos de uma missão e não ousa- mas a defrontavam diariamente. Obreiros viam sido reprovados não se encontrava em
desânimo, de vez em quando, agitava com de- vam voltar-se para uma vida de ocupações preeminentes de Rochester estavam morren- estado de humildade capaz de ser corrigido e
pressão temporária. Não resta dúvida de que sua habituais. do de tísica pulmonar (tuberculose). O mari- receber reprovação.”
debilidade física, sua afecção cardíaca e proble- Considere, porém, que ali estava uma jo- do Tiago parecia estar desfalecendo também, O desânimo parecia esmagá-la, e ela ficou
mas respiratórios a tornaram suscetível ao desâ- vem família no inverno de 1847-1848 não só devido aos sintomas da tísica pulmo- muito doente. Relembrando o acontecimen-
nimo. O fato de ser uma mensageira do Senhor, (Henry nascera em 26 de agosto de 1847) nar, mas também devido à falta de compreen- to, ela escreveu: “Eu não sentia desejo de res-
que lutava no campo de batalha do conflito procurando falar e escrever à medida que são dos colegas de trabalho, além do esforço tabelecer-me. Não tinha forças sequer para
cósmico em posto mais avançado que seus con- Deus abria o caminho, e no entanto resolvi- excessivo de suas costumeiras viagens, prega- orar, nem tinha vontade de viver. Descansar,
temporâneos, também provocava os constantes da a ser financeiramente independente. Tia- ções e produção literária. Procure imaginar a apenas descansar, era meu desejo, aquietar-
ataques de Satanás. Como se relacionava ela go, aos 26 anos de idade, transportava pedras ampla gama de preocupações que enfrentava me e descansar. Enquanto permaneci durante
com essa negra sombra experimentada por tan- num túnel ferroviário que estava sendo esca- essa jovem mãe e esposa! duas semanas em depressão nervosa, eu tinha
tas pessoas, desde o princípio do tempo? O con- vado perto de Brunswick, Maine, até ficar “As provas se intensificaram ao nosso re- esperança de que ninguém suplicasse ao tro-
selho que ela dá a outros que estão desanimados com as mãos em carne viva, e também corta- dor. Grande era a nossa preocupação. Os tra- no da graça em meu favor. Quando veio a cri-
ou mesmo deprimidos recebe a influência de va madeira para lenha em longas jornadas de balhadores do escritório hospedavam-se co- se, a impressão era a de que eu morreria, e as-
suas próprias dificuldades pessoais. trabalho a 50 centavos por dia. Com um “or- nosco, e nossa família cresceu de quinze para sim também pensava eu. Mas esta não era a
Durante todo o seu ministério, Ellen White çamento” limitado como esse, Ellen, então vinte pessoas. As grandes assembléias e as vontade de meu Pai celestial. Minha obra
enfrentou tanto o fogo do fanatismo como o com 20 anos de idade, só conseguia adquirir reuniões de sábado eram realizadas em nossa ainda não estava concluída.”
gelo da indiferença.40 Suas palavras de conse- para si e para o filho pouco mais de meio li- casa. Não tínhamos sábados tranqüilos, pois
lho, muitas vezes de reprovação, eram freqüen- tro de leite. Assim sendo, para poder comprar algumas das irmãs geralmente ficavam todo o Reagindo ao Desânimo
temente contrapostas com fofocas e calúnias. uma peça de tecido a fim de fazer uma roupa dia com suas crianças. Nossos irmãos e irmãs De que modo Ellen White reagiu ao opressi-
Isso a afetava fisicamente. A respeito de algo simples para Henry, ela era obrigada a cortar geralmente não tomavam em consideração a vo desânimo? Do modo como fizera muitas
por que passou quando contava apenas 18 anos o suprimento de leite por três dias. inconveniência, preocupações e despesas ex- vezes no passado: “Andar pela fé contra toda
de idade e ainda estava fisicamente debilitada, Chegou o dia em que se esgotaram as suas tras que nos acarretavam. Visto que os traba- as aparências era exatamente o que o Senhor
ela relatou: “O desânimo produziu sobre mim provisões. Tiago caminhou quase cinco quilô- lhadores do escritório, um atrás do outro, vol- exigia que eu fizesse.”45
tão forte impressão, e o estado do povo de Deus metros tanto na ida como na volta, debaixo de tavam para casa doentes, precisando de aten- “Andar pela fé contra todas as aparên-
me encheu de tanta angústia que fiquei pros- chuva, em busca do patrão para receber seu sa- ção extra, eu receava sucumbir de ansiedade cias.” Este era o conselho que ela procurou
trada com uma doença por duas semanas.”41 lário ou os mantimentos necessários. Ao voltar ou preocupação. Pensei muitas vezes que não seguir durante toda a sua vida e era muitas
Os leitores de suas cartas e dos apontamen- ele com um saco de provisões, Ellen relembra: conseguiria mais suportar; apesar disso as pro- vezes o conselho que ela dava aos outros. Em
tos de seu diário têm o privilégio de quase “Quando ele entrou em casa, muito vações aumentavam.” uma palestra matutina proferida na Assem-
“ouvir” o coração dela bater à medida que re- cansado, meu coração desfaleceu dentro de Que faz uma jovem mãe de dois filhos e bléia de Mineápolis, em 19 de outubro de
lata suas reações àqueles momentos de desâni- mim. Minha primeira impressão foi a de que grávida de sete meses, em tais circunstâncias? 1888, ela falou de comprovada experiência:
mo provenientes de diversas causas. A manei- Deus nos havia abandonado. Disse a meu mari- “Descobri com surpresa que não fôramos es- “Vocês dizem: ‘Como posso falar de fé, como
ra como repelia as “sombras infernais” do mal do: A que ponto chegamos? Abandonou-nos o magados. Aprendemos a lição de que se pode posso ter fé, quando as nuvens e as trevas, e o
talvez seja justamente a compreensão de que Senhor? Não pude conter as lágrimas e levantei suportar muito mais sofrimento e provação desânimo se apoderam de minha mente? Eu
alguns leitores precisam hoje! a voz em choro durante horas até desmaiar.” do que se julgava possível. Os olhos vigilan- não sinto como se eu pudesse falar de fé; eu
Embora estivesse no oitavo mês de gravi- Em outras palavras: “Senhor, por que a vi- tes de Deus estavam sobre nós, providencian- não sinto possuir nenhuma fé sobre a qual fa-
dez em 1847, ela escreveu uma carta bem-hu- da é tão dura quando nós nos dedicamos sem do para que não fôssemos destruídos. ... Se a lar.’ Mas por que se sentem dessa maneira? É
morada a José Bates, mencionando que “mi- reservas à Tua causa?” causa de Deus fosse unicamente nossa, pode- porque permitem que Satanás lance negras
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CAPÍTULO 7 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White CARACTERÍSTICAS
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sombras ao longo de seu caminho, e não po- todo empreendimento da igreja desde o seu plo, que colhessem as rosas e ignorassem os es- faz um servo tímido, covarde; que segue a Je-
dem ver a luz que Jesus derrama em seu cami- início requeria uma força emocional enorme, pinhos.51 Na revista da igreja, ela escreveu: sus de longe. O serviço feito de boa vontade
nho. Outros, porém, dizem: ‘Sou muito fran- força que poucas pessoas possuem. Liderar um “Vamos representar a vida cristã como é na e de coração a Jesus produz uma religião re-
co. Digo somente o que sinto, falo somente o grupo de homens e mulheres obstinados pelos realidade. Vamos tornar o caminho alegre, fulgente. Os que seguem a Cristo bem de per-
que penso.’ Será que esta é a melhor maneira novos caminhos da organização da igreja, de- convidativo e interessante. Podemos fazer isto, to não se têm mostrado sombrios.”53
de agir? Não. Deus quer que nos eduquemos senvolver sólidas instituições médicas e edu- se quisermos. Podemos encher nossa própria As pessoas podem ser felizes ainda que so-
para falar palavras corretas, palavras que se- mente com quadros vívidos das coisas espiri- litárias. A capacidade que Ellen White pos-
cacionais e ajudar a pilotar toda uma deno-
jam uma bênção aos outros e que lhes derra- tuais e eternas e, assim fazendo, ajudar a torná- suía de manifestar esta verdade permeia o re-
minação através de difíceis conflitos teológi- los uma realidade para outras mentes.”52 gistro histórico e dá garantia pessoal à decla-
mem raios de luz sobre a alma.”46 cos – tudo isto provocava mal-entendidos e Solidão, até mesmo frustração e desânimo, ração que ela fez em Great Grimsby, Inglater-
Alguém poderia questionar se, após longos desavenças. não precisam interromper a atividade de um ra, em 1886:
anos de serviço e confiança em Deus, os cris- Assim, somos capazes de entender Ellen cristão bem disposto. Durante um período di- “Eu não espero o fim para desfrutar toda
tãos ficam fora do alcance dos momentos de White quando ela escreveu em 1902: “Tenho fícil da década de 1860, em que os White es- felicidade; eu desfruto felicidade enquanto
trevas em que eles vêem mais nuvens do que estado sozinha nesta questão, rigorosamente tavam em Dansville, Nova Iorque, procuran- vou caminhando. Não obstante ter provas e
sol. Pense em Jesus no Getsêmani. Ou na vi- sozinha, com todas as dificuldades e com to- do ajuda para os problemas físicos de Tiago, aflições, olho para Jesus. É nas situações difí-
da dos santos. O que eles aprenderam através das as provações relacionadas com a obra. Só Ellen registrou em seu diário uma conversa ceis, árduas, que Ele está bem ao nosso lado,
dos anos foi como lutar contra as sombras in- Deus pode ajudar-me.”48 anterior: “É a falta da genuína religião que e podemos comungar com Ele, depor todos
fernais do diabo. No octagésimo sétimo ano Na Europa, aos 59 anos de idade, viúva produz acabrunhamento, desalento, tristeza. os nossos fardos sobre o Portador de Fardos,
de vida de Ellen White, C. C. Crisler, um dos havia cinco anos, ela procurava ativamente ... Um serviço dividido, amando o mundo, e dizer: ‘Eis, Senhor, não posso mais levar es-
seus secretários, escreveu ao filho dela, amando o eu, amando divertimentos frívolos, ses fardos.’”54
colocar o programa europeu sobre um sólido
William: “Ela diz que não deseja fazer ne- e unificado fundamento. Aí estava um desa-
nhum estardalhaço sobre o fato de estar sem- fio que amedrontaria, e amedrontou, até os lí-
Referências
pre animada, embora ela sempre esteja. E deres mais fortes. Em uma carta ao presiden- 1. “Minhas idéias sobre justificação e santificação eram confusas. pósito de Satanás representar mal o caráter de Deus, e provo-
acrescenta que o próprio fato de os membros te da Associação Geral, ela escreveu: “Afir- Esses dois assuntos me foram apresentados à mente como algo car a rebelião contra a Sua lei; e esta obra parece ser coroada
da família despertarem, de vez em quando, mo-lhe que esses pontos difíceis em minha
distinto e separado um do outro. Apesar disso, eu não conse- de êxito. As multidões dão ouvidos aos enganos de Satanás, e
guia compreender a diferença nem entender o significado dos dispõem-se contra Deus. Mas, em meio da atuação do mal, os
ouvindo-a repetir as promessas de Deus e rei- experiência me fizeram desejar o clima da termos, de modo que todas as explicações dos pregadores só propósitos de Deus avançam perseverantemente ao seu cum-
vindicando-as como suas próprias é prova de contribuíam para aumentar as minhas dificuldades. Eu era in- primento; a todos os seres criados está Ele a tornar manifestas
Califórnia, e o refúgio de um lar. Mas será capaz de implorar a bênção para mim mesma e perguntava-me Sua justiça e benevolência.” – Patriarcas e Profetas, pág. 338.
que ela ainda tem suas próprias batalhas a
que eu tenho um lar? Onde está ele?”49 se não devia permanecer apenas entre os metodistas, e se, ao “Os esforços de Satanás para representar de maneira falsa o
travar contra Satanás.”47 freqüentar as reuniões do advento, não me estaria excluindo caráter de Deus, para fazer com que os homens nutram um con-
Em resultado da Assembléia da Associa- daquilo que mais desejava nesta vida: o santificador Espírito ceito errôneo do Criador, e assim O considerem com temor e
ção Geral de Mineápolis em 1888, Ellen de Deus. Observei, no entanto, que alguns daqueles que pre- ódio em vez de amor; seu empenho para pôr de parte a lei divi-
Uma Senda Solitária tendiam estar santificados manifestavam espírito amargo na, levando o povo a julgar-se livre de suas reivindicações e sua
Era, porém, a solidão, e não o desânimo, a White experimentou sua solidão mais pro- quando o assunto da breve volta de Jesus era apresentado. Is- perseguição aos que ousam resistir a seus enganos, têm sido
companhia freqüente da escritora, se bem funda. Escrevendo veementemente a Uriah to que eles professavam não me parecia uma demonstração de prosseguidos com persistência em todos os séculos. Podem ser
Smith, ela declarou: “Meus irmãos têm con- santidade.” – Life Sketches, págs. 28 e 29. observados na história dos patriarcas, profetas e apóstolos, már-
que tal solidão não fosse freqüente, nem ne- 2. “[Os pastores] ensinavam que Deus não Se propunha salvar tires e reformadores.” – O Grande Conflito, pág. 12.
cessariamente acompanhada pelo desânimo. testado, criticado, comentado, rebaixado e pessoa alguma, a não ser as santificadas; ensinavam que os “Deus deseja de todas as Suas criaturas serviço de amor –
A natureza de sua tarefa divina parecia tornar selecionado tanto meus testemunhos até que olhos do Senhor estavam sempre sobre nós; que o próprio homenagem que brote de uma apreciação inteligente de Seu
Deus, com a precisão de Sua infinita sabedoria, fazia a escritu- caráter.” – Ibidem, pág. 493.
inevitável que Ellen White palmilhasse sozi- não signifiquem nada para eles. Dão-lhes a ração dos livros; e que cada pecado que cometíamos era ali “O inimigo do bem cegou o entendimento dos homens, de
nha a sua senda. O que espanta é que ela nem interpretação que desejam em seu julgamen- fielmente registrado contra nós para que nos fosse aplicado o maneira que foram levados a olhar a Deus com medo, consi-
to finito e ficam satisfeitos. Se eu tivesse ou- justo castigo. ... Se houvessem enfatizado mais o amor de Deus derando-O severo e inflexível. Satanás levou as pessoas a
por isso era conhecida como uma sombria e menos Sua justiça implacável, a beleza e a glória de Seu ca- imaginar Deus como um Ser cujo principal atributo fosse a
eremita. Sua família a considerava a alegria sado, teria desistido deste campo de conflito ráter ter-me-iam inspirado profundo e fervoroso amor por meu justiça sem misericórdia, um rigoroso juiz, um credor exigen-
há muito tempo, mas alguma coisa tem me Criador.” – Ibidem, págs. 30 e 31. te e cruel. Retratou o Criador como alguém que fica esprei-
da casa; seus vizinhos e colaboradores lem- 3. “Em minha mente, a justiça de Deus eclipsava Sua misericór- tando desconfiado, procurando sempre descobrir os erros e
bram-se dela como sua fonte de estímulo. sustentado. Deixo tudo isso, porém, nas mãos dia e amor. A angústia mental por que passei nesta época foi pecados dos homens, para castigá-los com Seus juízos. Foi pa-
Os profetas, pela própria natureza da tare- de Deus. Sinto o afastamento de muitos dos enorme. Eu fora ensinada a crer num inferno que arde eterna- ra apagar essa negra sombra, revelando ao mundo o infinito
mente; e, ao pensar no estado miserável dos pecadores sem amor de Deus, que Jesus veio viver entre os seres humanos.”
fa que realizam, proferem mais reprovação do meus irmãos. Eles não me compreendem, Deus e sem esperança, emergia em profundo desespero. Eu ti- – Caminho a Cristo, págs. 10 e 11.
que elogio. Isso também era verdadeiro no nem a minha missão nem a minha obra; pois nha medo de me perder e ficar durante toda a eternidade so- Desse modo, Ellen White deixou claro que o tema princi-
frendo uma morte em vida. Achava-se continuamente diante pal, o princípio que compeliria e organizaria a mensagem do
que diz respeito à Sra. White. E nem todos os se o compreendessem, jamais teriam adotado de mim o horrendo pensamento de que meus pecados eram evangelho eterno da igreja nos últimos dias, seria um reco-
destinatários aceitam de bom grado as men- este modo de agir.”50 grandes demais para serem perdoados, e que eu deveria estar nhecimento do foco principal do Tema do Grande Conflito:
Através de tudo isso, Ellen White sabia o perdida para sempre.” – Ibidem, pág. 29. “A escuridão do falso conceito acerca de Deus é que está en-
sagens de correção e censura. Devem-se espe- 4. De muitas maneiras Ellen White desenvolveu o foco central volvendo o mundo. Os homens estão perdendo o conheci-
rar mal-entendidos e ressentimento. que era alegria e felicidade interior. Ela insis- do tema bíblico do grande conflito. Ver págs. 256-266. Por mento do Seu caráter. Este tem sido mal compreendido e mal
Além disso, estar na vanguarda de quase tia com os outros, por preceito e por exem- exemplo: “Desde o início do grande conflito, tem sido o pro- interpretado. Neste tempo deve ser proclamada uma mensagem de

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CAPÍTULO 7 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White CARACTERÍSTICAS
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Deus, uma mensagem de influência iluminante e capacidade tes. Achamo-nos agora na oficina de Deus. Muitos de nós so- gorosos em Cristo Jesus.” – Fé e Obras, pág. 68. Repare que 49. Biography, vol. 3, pág. 354.
salvadora. O caráter de Deus deve tornar-se notório. Deve ser mos pedras rústicas da pedreira. Ao apoderar-nos, porém, da noutras vezes, quando fisica e emocionalmente exausta, 50. Ibidem, pág. 471.
difundida nas trevas do mundo a luz de Sua glória, a luz da verdade de Deus, sua influência nos afeta. Eleva-nos, e tira de Ellen White prosseguiu com fé, falando de fé e levando este 51. Caminho a Cristo, pág. 117.
Sua benignidade, misericórdia e verdade. ... Os que aguardam nós toda imperfeição e pecado, seja de que natureza for. As- conceito a outros; na Austrália, por exemplo, em 1895, cita- 52. Review and Herald, 29 de janeiro de 1884.
a vinda do Esposo devem dizer ao povo: ‘Eis aqui está o vosso sim estamos preparados para ver o Rei em Sua beleza, e unir- do em Biography, vol. 4, pág. 228. 53. Biography, vol. 2, pág. 122 (O Lar Adventista, pág. 431).
Deus.’ Os últimos raios da luz misericordiosa, a última mensa- nos afinal com os puros anjos celestes no reino da glória.” 47. Biography, vol. 6, págs. 413 e 414. 54. Life Sketches, pág. 292 (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2,
gem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do cará- 11. Mente, Caráter e Personalidade, vol. 1, pág. 27. “A saúde do 48. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 67. pág. 556).
ter do amor divino.” – Parábolas de Jesus, pág. 415. corpo depende em grande parte da saúde da alma; portanto,
5. Ver pág. 5. quer comais, quer bebais, o que quer que façais, fazei tudo pa-
6. Historical Sketches, págs. 130 e 133. ra glória de Deus. A religião pessoal revela-se pelo compor-
7. Para uma análise típica da maneira como Ellen White com- tamento, pelas palavras e atos. Produz crescimento, até que Perguntas Para Estudo
preendia a “justiça que provém da fé”, ver Fé e Obras, págs. 15- afinal a perfeição reivindica o elogio do Senhor: ‘Estais per-
122; Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 350-400; Parábolas de feitos nEle!’ Col. 2:10.” – Ibidem. Ver também págs. 291-294.
Jesus, págs. 307-319. Para a opinião dela sobre a experiência 12. A Ciência do Bom Viver, pág. 241.
religiosa dinâmica, ver O Grande Conflito, págs. 461-478. Pa- 13. Ibidem, pág. 113.
1. Quais foram os passos no pensamento de Ellen White que a levaram à correta represen-
ra os ensinos dela sobre um “povo preparado”, ver Parábolas de 14. Ibidem. tação de Deus como seu amigo?
Jesus, págs. 405-421; O Grande Conflito, págs. 582-634. 15. Manuscrito 5, 1882, citado em Biography, vol. 3, pág. 220.
8. Biography, vol. 2, págs. 432 e 433. Ver Caminho a Cristo, págs. 16. O Desejado de Todas as Nações, pág. 471.
96 e 104. 17. Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, pág. 777.
2. Como Ellen White associava a crença teológica com a vida pessoal do crente?
9. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 124 (Mente, Caráter e Per- 18. Christian, Fruitage of Spiritual Gifts, pág. 50.
sonalidade, vol. 1, págs. 240 e 241). “O amor é poder. Neste prin- 19. Biography, vol. 1, págs. 278 e 279. 3. Como você expressaria a compreensão de Ellen White sobre a relação existente entre
cípio acha-se envolvida força intelectual e moral, e dele não se 20. Review and Herald, 7 de outubro de 1884.
podem separar. O poder da riqueza tem a tendência de corrom- 21. Historical Sketches, págs. 162 e 163.
a saúde e a vida espiritual?
per e destruir; o poder da força é potente para causar dano; a ex- 22. Signs of the Times, 18 de julho de 1878; ver também 23 de se-
celência e o valor do amor puro, porém, consistem em sua efi- tembro de 1889. 4. Que percepções tinha Ellen White sobre a causa do sofrimento e da morte?
ciência para fazer bem, e nada senão o bem. Tudo quanto é fei- 23. Biography, vol. 4, pág. 235.
to por puro amor, por mais pequenino ou desprezível que seja 24. Manuscrito 12, 1894, citado em Sermons and Talks, vol. 1,
aos olhos dos homens, é inteiramente frutífero; pois Deus olha pág. 246. 5. A que você atribuiria a notável carreira literária de Ellen White, levando em conta o
mais a quantidade de amor com que alguém trabalha do que à 25. Review and Herald, 26 de março de 1889. fato de que sua educação formal acabou aos nove anos de idade?
porção de trabalho que realiza. O amor é de Deus. O coração 26. Signs of the Times, 14 de outubro de 1889.
não convertido é incapaz de originar ou produzir esta planta de 27. Review and Herald, 16 de julho de 1889.
procedência celeste, que só vive e floresce onde Cristo reina. 28. Review and Herald, 27 de setembro de 1892.
“O amor não pode viver sem ação, e cada ato aumenta-o, 29. General Conference Bulletin, 3 de abril de 1901.
robustece-o, expande-o. O amor obterá a vitória onde o argu- 30. James Nix, Early Advent Singing (Hagerstown, MD: Review
mento e a autoridade são impotentes. O amor não trabalha and Herald Publishing Association, 1994), págs. 141-144.
pelo proveito nem pela recompensa; todavia foi ordenado por William H. Hyde tinha apenas 17 anos quando escreveu es-
Deus que grande ganho acompanhe seguramente toda a obra te hino. Seu pai, William Hyde, foi destacado editor em Por-
de amor. ... O amor puro é simples em suas maneiras de agir, tland, Maine.
e distingue-se de qualquer outro princípio de ação. O amor da 31. Biography, vol. 6, págs. 423 e 424.
influência e o desejo de desfrutar a estima dos outros talvez 32. Fundamentos da Educação Cristã, págs. 547-549, e Mensagens
produzam uma vida bem-ordenada e, freqüentemente, uma aos Jovens, págs. 287 e 289.
conduta irrepreensível. O respeito de nós mesmos nos pode 33. Biography, vol. 6, págs. 430 e 431.
levar a evitar a aparência do mal. Um coração egoísta pode 34. Life Sketches, pág. 72.
praticar ações generosas, reconhecer a verdade presente, e ex- 35. Ver Libraries, a Bibliography of E. G. White’s Private and Offi-
primir humildade e afeição de maneira exterior, não obstante ce Libraries (por ocasião de sua morte em 1915). Este docu-
os motivos podem ser enganosos e impuros; as ações origina- mento está disponível em qualquer um dos Centros de Pes-
das de um coração assim podem ser destituídas do sabor da vi- quisa White.
da, dos frutos de verdadeira santidade, dos princípios do amor 36. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 437.
puro.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 135 e 136 37. Ibidem, pág. 463.
(Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 209-211). 38. Health Reformer, agosto de 1873.
10. Carta 3, 1863, citado em Biography, vol. 2, pág. 95. Ver tam- 39. Historical Sketches, pág. 220 (Minha Consagração Hoje, pág.
bém Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 355: “Quando Ele 337). Para a descrição feita por Ellen White de sua visita à
vier, não nos purificará de nossos pecados, para remover de Catedral de Milão e da viagem pelos magníficos Alpes em
nós os defeitos de caráter, nem para curar-nos das fraquezas 1886, ver Arthur Delafield, Ellen G. White in Europe, págs.
de nosso temperamento e disposição. Se acaso esta obra hou- 175, 176 e 181-183.
ver de ser efetuada em nós, sê-lo-á totalmente antes daquela 40. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 644; ibidem, vol. 1, pág.
ocasião. Quando o Senhor vier, os que são santos serão san- 502; Review and Herald, 12 de fevereiro de 1901.
tos ainda. Os que houverem conservado o corpo e o espírito 41. Biography, vol. 1, pág. 88. Mais tarde ela veio a compreender
em santidade, em santificação e honra, receberão então o to- que o sofrimento mental afeta diretamente a saúde do corpo.
que final da imortalidade. ... Nenhuma obra se fará então por Ver págs. 330-332.
eles para lhes remover os defeitos, e dar-lhes um caráter san- 42. Ibidem, pág. 131.
to. Então o Refinador não Se assentará para prosseguir em 43. Ibidem, págs. 134 e 135.
Seu processo de purificação, e para remover-lhes os pecados 44. Ibidem, págs. 304-306.
e a corrupção. Tudo isto deve ser feito nestas horas de graça. 45. Ibidem, vol. 3, págs. 385 e 386.
É agora que esta obra deve ser feita por nós. 46. Signs of the Times, 11 de novembro de 1889. Alguns meses
“Abraçamos a verdade de Deus com nossas faculdades di- depois, em uma reunião campal realizada em Ottawa, Kan-
versas, e ao chegarmos sob a influência dessa verdade, ela rea- sas, ela disse: “Vocês têm de falar de fé, têm de viver pela fé,
lizará por nós a obra necessária a fim de dar-nos aptidão mo- têm de agir pela fé, para que tenham um aumento de fé.
ral para o reino da glória, e para a sociedade dos anjos celes- Exercendo essa fé viva, tornar-se-ão homens e mulheres vi-

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO II

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Verdadeira Ellen White
Tiago levou para casa seis cadeiras velhas, quero escrever e exercitar-me com prudência
dentre as quais não havia duas iguais. Pouco fora de casa, ao ar livre.”
tempo depois adquiriu mais quatro, sem os Mais tarde, ela escreveu: “Estou ficando mui-
tampos. Ellen fez os assentos. to cansada de mudanças. Aborrece-me ter que
Batatas e manteiga custavam muito caro. arrumar e desarrumar coisas, recolher manuscri-

Como Outros As primeiras refeições eram servidas numa tá-


bua posta sobre duas barricas de trigo. Ellen co-
mentou: “Estamos dispostos a suportar priva-
tos e espalhá-los, e recolhê-los novamente.”
Pouco depois ela se mudou para um subúr-
bio de Sydney. “Descobrimos que há muitas

a Conheceram ções para que a obra de Deus possa progredir.”4


As circunstâncias domésticas melhoraram
com o passar do tempo. Tanto Tiago como
Ellen eram especialistas em viver com os
maneiras de gastar dinheiro e muitas manei-
ras de economizá-lo. Temos uma armação de
guarda-roupa com duas colunas perpendicu-
lares e peças transversais afixadas a estas com
“O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos poucos recursos disponíveis, ou mesmo sem uma prateleira em cima. Um laço muito sim-
outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. No zelo não sejais remissos: se- nada. Apesar disso, Tiago sabia que muitas ples de cambraia barata azul ou vermelha foi
de fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribula- vezes Ellen faria sacrifícios excessivos. Em preso no alto e por trás da prateleira. A parte
ção, na oração perseverantes; compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; ... 1874, ele escreveu ao filho William, que esta- posterior está presa às laterais da cabeceira da
se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.” Rom. 12:9-13 e 18. va com a mãe em Battle Creek: “Fiquei mui- cama.” A maior parte do restante da mobília
to contente em saber que você está em com- foi comprada em leilões.8
panhia de sua mãe. Exerça com sua querida Em uma viagem de Melbourne a Geelong,

E
llen White praticava aquilo que prega- Em pleno inverno de 1851, os White fo- mãe o mais terno cuidado. Se ela quiser par- mais de 64 quilômetros rumo ao sul, o grupo
va? Sim. Outros a conheciam como ram convidados a pregar numa assembléia ticipar das reuniões campais do Leste, tenha apanhou o barco lento que cobrava dezoito
uma líder cristã bem equilibrada e ex- em Waterbury, Vermont. Eles já haviam em- a bondade de ir junto com ela. Procure uma centavos por pessoa pela viagem de ida e vol-
traordinária. Embora sujeita a fraquezas hu- prestado Charlie, seu fiel cavalo, e a carrua- tenda que seja apropriada para vocês; pegue ta, em vez de o trem que cobrava oito xelins
manas, ela era respeitada como alguém que gem a S. W. Rhodes e J. N. Andrews para tudo do bom e do melhor sob a forma de mo- por pessoa (40 centavos). Escrevendo depois,
praticava as idéias progressistas, inteiramente que esses dois pregadores pudessem atender chilas, cobertores, cadeira portátil para ma- a Sra. White declara: “Um centavo poupado
abrangentes e sempre em expansão que lhe compromissos no Canadá e no Norte de Ver- mãe, mas não consinta com as idéias econô- equivale a um centavo ganho.”9
eram constantemente reveladas. mont. Pelo caminho os White encontraram micas dela, pois levarão vocês a privações.”5
um crente pobre a quem incentivaram a par- Ellen White ensinou na Europa pelo pró- Generosidade
Simplicidade ticipar da assembléia. Para tornar isso possí- prio exemplo. Depois de desembarcar em Ca- Ellen White era econômica porque desejava
Ela aprendeu como suportar e superar dificul- vel, eles lhe deram o valor correspondente às lais, França, ela e suas companheiras de via- contribuir tanto quanto possível com as pes-
dades financeiras. São bem conhecidos os suas passagens de trem para ajudá-lo a com- gem souberam que uma cabine-leito no trem soas muito carentes de dinheiro e as crescen-
seus hábitos de prudência. prar um cavalo, a fim de que todos os três para Basiléia custava 11 dólares por pessoa. tes necessidades da recentemente formada
Os White começaram a vida doméstica na fossem juntos de trenó. Logo encontraram Sempre econômicas, elas resolveram conten- Igreja Adventista do Sétimo Dia.10
pobreza. Em 1848, deixaram a família Howland, outro crente e lhe deram cinco dólares para tar-se com os assentos. Ellen comentou: “Fi- “Compartilhar” parece ter sido seu segun-
em Topsham, Maine, onde haviam residido nos pagar a passagem de trem. Os White prosse- zeram-me uma cama entre os assentos em ci- do nome. Compartilhar seu lar com colabora-
compartimentos do andar superior, com o obje- guiram pelo frio Vermont num trenó aberto, ma de mochilas e caixas. Descansei um pou- dores e pastores que estavam viajando, sem
tivo de participar de uma assembléia dos adven- sem cobertor de lã ou manta de pele de búfa- co, mas não dormi o suficiente. ... Não la- saber muitas vezes quantos apareceriam na
tistas observadores do sábado em Rocky Hill, lo. Ellen White escreveu: “Nós sofremos mentamos que a noite houvesse passado.”6 hora das refeições, revela um espírito predo-
Connecticut, a primeira de muitas que se segui- muito.”2 De Dansville, Nova Iorque, em 1865, a Sra. minantemente generoso. Depois de inspirar e
riam. Como planejaram pagar sua passagem? No verão de 1852, o escritório de publica- White escreveu aos filhos a respeito de roupas pa- desafiar outros a construir igrejas, casas edito-
Tiago havia ganhado dez dólares cortando le- ções estabeleceu-se em Rochester, Nova Ior- ra Edson: “Se um alfaiate fizer esses casacos, sua ras, instalações de saúde e escolas, ela mesma
nha. Metade desse dinheiro foi gasto em prepa- que. Todo o equipamento gráfico, além da es- confecção vai custar muito caro. Caso encontrem saía à frente contribuindo com vultosas doa-
rar a jovem família de três membros para a via- cassa mobília doméstica, foi enviado do Mai- uma costureira confiável, contratem-na para fazer ções, muitas vezes emprestadas de outros e
gem, e a outra metade, para pagar o transporte ne para o Oeste, com dinheiro emprestado. ambos os casacos, se ela não cobrar muito.”7 que ela pagava com juro. Em 1888, em um
até Boston e daí para a casa de Otis Nichols. Os White montaram a editora na sua própria Na Austrália, em 1894, Ellen White estava encontro realizado em Oakland, Califórnia,
Embora não tenham dito uma só palavra sobre casa, acomodando não somente o equipa- agora com 66 anos de idade. A Austrália pas- talvez ela tenha erguido as sobrancelhas, sur-
sua situação financeira, a Sra. Mary Nichols mentos gráfico, mas também alojando todos sava por problemas econômicos, com tempos presa ao perceber que ela e o marido, em re-
lhes deu cinco dólares. Depois de comprarem os obreiros. Fora o mestre gráfico não adven- piores por vir. E a Sra. White se sentia cansa- sultado de suas pequenas economias e sábios
passagens ferroviárias para Middletown, Con- tista, ninguém recebia pagamento, com exce- da por muitas razões. Enquanto estava em investimentos, haviam contribuído com
necticut, restaram-lhes 50 centavos. Eles tive- ção de uma pequena quantia destinada a ves- Melbourne escreveu: “Estou cansada, cansada “30.000 dólares” para com a causa de Deus.11
ram que enfrentar semelhantes desafios econô- tuário e outras despesas “consideradas absolu- o tempo todo, e devo o quanto antes conse- Em um sermão proferido na assembléia da
micos muitas vezes nos anos que se seguiram.1 tamente necessárias”.3 guir um lugar tranqüilo no campo. ... Este ano Associação Geral de 1891, dez anos depois
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 8 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White COMO OUTROS A
CONHECERAM

da morte de Tiago, ela escreveu: “Durante rante seus períodos de dolorosa enfermidade. doado os salários que deviam ter sido pagos vros como A Ciência do Bom Viver e muitos
anos não recebemos pagamento algum, a não Mas ela imediatamente colocou a quantia no a elas. Quando foi feita a última convoca- dos Testemunhos sobre nosso dever para com
ser o que mal dava para prover-nos do mais fundo de construção de Parramatta, explican- ção, pela primeira vez meu nome não apare- os necessitados e doentes foi exemplificado
simples em alimentação e vestuário. Alegrá- do a seus atenciosos amigos que desejava sen- ceu na lista. ... Não há nada que eu possa fa- muito belamente em sua própria vida. Este
vamo-nos de usar roupas de segunda mão, e tir que eles também haviam investido alguma zer a não ser permanecer aqui até que a obra capítulo ficaria longo demais se eu fosse
às vezes quase não tínhamos comida para nos coisa na Austrália.16 seja consolidada.”18 contar novamente todas as coisas que esses
sustentar as forças. Tudo o mais era aplicado Ellen White permaneceu no centro do Ao término da última década do século velhos conhecidos dizem da irmã White. Ja-
na obra.”12 mundo adventista na Austrália, não apenas dezenove, a denominação achava-se em pe- mais ouvi, de maneira alguma, um deles cri-
O altruísmo que ela demonstrava em rela- por causa de seu estímulo, mas também por sados débitos, em grande parte por ignorarem ticá-la.”20
ção a seu tempo e escassos recursos tornou-se causa dos levantamentos de fundos. Uma car- o conselho de Ellen White. Embora tivesse
um modelo para todos. John O. Corliss ta de 1896, endereçada ao Dr. J. H. Kellogg, deixado muito claro aos líderes da igreja seu Compromisso com o Dever
(1845-1923), que viveu na casa dos White fornece um vislumbre do andamento, ano ponto de vista quanto às razões de evitar-se Muitas foram as nobres virtudes que carateri-
por diversos anos antes de seu batismo em após ano, da luta na Austrália: “Tenho agido dívidas gigantescas, ela não se queixou nem zaram a vida extraordinária de Ellen White,
1868,13 escreveu a respeito do íntimo conví- como um banco que patrocina, empresta e fez críticas. Ao invés disso, apresentou um mas o compromisso com o dever parece sa-
vio que tivera com a Sra. White através dos adianta dinheiro. Eu tenho me empenhado e plano. Dispôs-se a dar os direitos autorais do lientar-se sobre as demais. Para onde quer
anos: “Ela era muito escrupulosa em cumprir me esforçado de todas as maneiras para fazer livro Parábolas de Jesus (prestes a ser publica- que olhemos em sua longa vida, o compro-
na própria conduta aquilo que ensinava aos a obra. Outros farão algo quando virem que do em 1900) para ajudar a saldar as dívidas misso para com a missão que Deus lhe confia-
outros. Por exemplo, ela freqüentemente in- eu tenho fé para tomar a iniciativa e fazer das escolas denominacionais. Com a coope- ra recebe a mais elevada prioridade.
sistia em suas palestras públicas sobre o dever doações. Aqui estão todos os nossos obreiros ração dos membros da igreja por toda a Amé- Quando contava apenas 22 anos de idade,
de cuidar das viúvas e dos órfãos, dirigindo a que devem ser pagos. Estou muito endividada rica do Norte, aquela doação rendeu mais de com um bebê no colo, ela escreveu esta carta
atenção de seus ouvintes para Isaías 58:7-10, neste país para com pessoas de outros países. 300.000 dólares. em 10 de fevereiro de 1850: “Devíamos ter
e exemplificava essas exortações levando pa- Devo mil e oitocentos dólares a uma pessoa; Quando os fundos da igreja diminuíram escrito para você antes, mas não tínhamos lu-
ra casa os necessitados a fim de acolhê-los, esse dinheiro já se esgotou. Quinhentos dóla- em 1906, ela doou os direitos autorais do seu gar definido para morar. Viajávamos de um
alimentá-los e vesti-los. Lembro-me muito res a outra pessoa na África, que é um em- livro A Ciência do Bom Viver (vendido no lugar para outro, sob chuva, neve e vendaval,
bem de ela ter, em certa ocasião, como mem- préstimo e tem sido aplicado de diversas ma-
Leste dos Estados Unidos) para a construção com a criança. Eu não conseguia encontrar
bro de sua família um menino, uma menina e neiras que exigem meios para promover a
do Washington Sanitarium (atualmente tempo para responder nenhuma carta, e Tia-
uma viúva com as duas filhas. Sei, além disso, obra. Eu ajo por fé.”17
Hospital Adventista de Washington) em Ta- go passava todo o seu tempo escrevendo para
que ela distribuía para os pobres roupas no Em 1899, G. A. Irwin, presidente da Asso-
koma Park, Maryland.19 Todos os direitos au- a revista e preparando o hinário. Não dispú-
valor de centenas de dólares, que comprava ciação Geral, convidou a Sra. White para vol-
torais do livro A Ciência do Bom Viver foram nhamos de muitos momentos de folga.”21
para esse propósito.”14 tar para a América do Norte e participar da
Não é possível recapitular a história da próxima assembléia da Associação Geral em utilizados para diminuir o endividamento das Em Battle Creek, em 1865, Ellen White
Igreja Adventista na Austrália sem mencio- South Lancaster, Massachusetts. Ela respon- instituições médicas da igreja. sentiu a frieza mesmo de amigos. Ser uma fiel
nar que Ellen White era uma pessoa bastante deu: “Completei 71 anos de idade no dia 26 De 1914 a 1918, L. H. Christian foi o presi- mensageira de Deus é sempre uma coisa difí-
generosa. Em 1892, a Austrália estava mergu- de novembro. Este, porém, não é o motivo dente da Associação de Lake Union, que en- cil, mas viver próximo daqueles que recebem
lhada numa depressão econômica. Eram me- por que peço que me desculpe por não compa- globava Wisconsin, Illinois, Indiana e Michi- os testemunhos pessoais torna a vida bem
nos de 1.000 os crentes adventistas. Contu- recer à assembléia. ... Temos avançado lenta- gan. Muitos adventistas antigos desses Estados, mais difícil. Deus lhe dera a visão especial da
do, o constante lema da Sra. White era mente, erguendo o estandarte da verdade em os quais haviam conservado na memória as videira murcha que recebia suporte especial.
“avante!”, o que a princípio significava uma todo lugar possível. Mas a escassez de recursos lembranças de Tiago e Ellen White, o impres- Isto representava a força que ela devia espe-
escola nas proximidades de Melbourne. Não tem sido um grave obstáculo. ... Não me atre- sionaram. Eles contaram como os White foram rar receber de Deus à medida que continuas-
existiam fundos, mas ela resolveu usar 1.000 vo a mostrar nenhuma partícula de increduli- amáveis e prestativos para com os pobres num se cumprindo seu dever: “Desde esse tempo
dólares provenientes dos direitos autorais de dade. Avançamos somente até o ponto em tempo em que os primeiros colonizadores fui confirmada quanto a meu dever e nunca
seus livros publicados no exterior e vendidos que podemos ver, e depois um pouco além da necessitam muitas vezes de alimento e abrigo. mais me esquivei de apresentar meu testemu-
na América do Norte, fundos que já estavam vista, agindo pela fé. ... Os homens gostavam de recordar a convincen- nho ao povo.”22
comprometidos em outro lugar.15 “Esvaziamo-nos de tudo que nos foi possí- te liderança de Tiago e da maneira como ele di- Como compreendia ela seu dever? Em
Enquanto se levantavam fundos em Parra- vel poupar no que se refere a dinheiro, pois zia para a esposa: “Ellen, falar é fácil. O que 1873, Tiago White estava sofrendo as conse-
matta para o primeiro prédio de igreja de pro- muitas são as oportunidades, mas grandes as conta é o que você e eu podemos doar. É bom qüências de diversos derrames, quando a obra
priedade dos adventistas do sétimo dia na necessidades. Temos aplicado dinheiro até o ter compaixão dessa gente, mas o resultado de em Battle Creek precisou de sua sólida visão
Austrália continental, enviaram para Ellen ponto de ser compelida a dizer: Não posso nossa compaixão é determinado pela profundi- administrativa. A esposa Ellen, sabendo que
White, da Califórnia, uma doação de 45 dó- doar mais. Minhas obreiras são as melhores, dade com que abrimos nossas carteiras.” era preciso tomar decisões imediatas, convo-
lares. Seus amigos desejavam que ela possuís- mais fiéis e dedicadas jovens que eu pude en- Em seu livro The Fruitage of Spiritual Gifts, cou os líderes da obra para orarem. No apon-
se uma cadeira confortável para sentar-se du- contrar. A fim de promover a obra, tenho Christian relatou: “O que ela escreve em li- tamento do dia 5 de julho do seu diário, ela
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 8 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White COMO OUTROS A
CONHECERAM

escreveu: “Meu marido passou mal. Tivemos ver, “tendo oferecido, com forte clamor e lá- a premonição para mudar de vagão (o primei- transportados de nossa casa de Greenville, no
um período de oração em nosso quarto. Reu- grimas, orações e súplicas a quem O podia li- ro vagão ficou “bastante destruído”). Condado de Montcalm. Este lugar parece um
nimos os irmãos e tivemos um período de vrar da morte, e tendo sido ouvido por causa Mas eles voltaram a tempo para uma con- lar. Aqui encontramos repouso na verdadeira
oração em busca de mais clara compreensão da Sua piedade”. Heb. 5:7. ferência de quatro dias em seu lar, com repre- acepção da palavra. Estávamos cansados de
do dever. Senti que era meu dever ir para a As decisões tomadas no desempenho do sentantes vindos do oeste de Nova Iorque, reuniões, viagens, pregações, visitações e cui-
reunião campal de Iowa. Tivemos duas ses- dever são muitas vezes confirmadas de formas Pensilvânia e Canadá. Ellen White suspira- dados de negócios decorrentes da ausência do
sões de oração. Resolvemos finalmente pros- convincentes. No úmido calor de julho do va: “Voltamos... muito cansados, desejando lar, vivendo, por assim dizer, quase um terço
seguir no trem da manhã.” ano de 1881, em Battle Creek, Ellen White repouso. ... Mas sem descanso fomos obriga- do ano com nossas malas arrumadas. Encon-
No local do acampamento em Iowa, que sentiu a necessidade de passar mais tempo no dos a tomar parte na reunião.”28 tramos aqui tranqüilidade para o presente.”
ficava próximo da casa de refúgio do casal em Colorado, onde conseguiria escrever em me- Apesar de sua grande agenda de constan- Mais adiante no artigo, ele mencionou que
Washington, Iowa, Tiago falou quatro vezes e lhores condições. Mas as necessidades de Bat- tes palestras, viagens e trabalhos literários, sessenta cartas os aguardavam, todas para se-
Ellen, cinco. Ambos ficaram reanimados, tle Creek, particularmente da juventude, a Ellen White também supervisionava uma so- rem abertas e respondidas!30
brecarregada agenda doméstica. Conforme
embora cansados. As quatro reuniões cam- impressionaram e ela resolveu permanecer
mencionamos anteriormente (pág. 75), ela Sucessivas Reuniões Campais
pais da distante região ocidental dos EUA es- ali. Uriah Smith escreveu sobre esse inciden-
geralmente contava com mais hóspedes do Para Tiago e Ellen White, as reuniões cam-
tavam à espera deles. Que fazer agora? te: “Ao tomar esta decisão, ela sentiu imedia- que membros da família. Um apontamento pais pareciam suceder-se uma após a outra,
Eles saíram para o pomar e oraram. Ao rela- tamente lhe voltarem o vigor físico e mental, de diário do dia 28 de janeiro de 1868, escri- quase que ininterruptamente. Um exemplo
tar esta experiência, a Sra. White continuou: dando-lhe evidência de que esta resolução es- to em sua casa em Greenville, Michigan, é tí- disso foi a reunião campal de Kansas, realiza-
“Sentimo-nos muito ansiosos por conhecer tava em harmonia com o seu dever.”25 pico: “O irmão [J. O.] Corliss [um jovem con- da no fim de maio de 1876, onde Ellen devia
nosso dever. Não queremos tomar nenhuma Algumas de suas últimas palavras a uma vertido] ajudou-me a preparar o desjejum. encontrar Tiago. Ela vinha da Costa Oeste,
atitude errada. Precisamos de discernimento assembléia da Associação Geral (1913) resu- Tudo quanto tocamos estava congelado. Tu- ocupando todo o seu tempo na escrita do pri-
santificado e sabedoria celestial para agir se- mem sua própria vida de compromisso com o do em nosso porão estava congelado. Prepa- meiro volume da vida de Cristo. O trem em
gundo o conselho de Deus. Clamamos a Deus dever: “Quando o Senhor põe a mão para ramos nabos e batatas congeladas. Depois de que ela viajava, em vez de chegar na sexta-
por luz e graça. Precisamos do auxílio de Deus, preparar o caminho diante de Seus ministros, orarmos, o irmão Corliss embrenhou-se no feira, após seis dias de espera, estava atrasado.
do contrário pereceremos. Nossa mais ferven- é dever deles seguir aonde Ele os dirija. Ele bosque perto da casa de Thomas Wilson para Ela chegou no local do acampamento na ma-
te súplica é pela orientação do Santo Espírito nunca abandona ou deixa em incerteza os apanhar lenha. Tiago, acompanhado pelo ir- drugada de sábado, depois de percorrer quase
de Deus. Não nos atrevemos a caminhar em que Lhe seguem a guia com inteiro propósito mão [J. N.] Andrews, foi para Orleans, espe- 34 quilômetros de estradas acidentadas numa
qualquer direção sem clara luz.”23 de coração.”26 rando voltar para o almoço. carroça de fazenda. Tiago escreveu em Signs
Em South Lancaster, Massachusetts, em “Assei oito formas de biscoitos, varri os of the Times: “Cansada, evidentemente, sem
1889, assuntos de imensa importância preci- Extenuante Agenda de Atividades quartos, lavei os pratos e ajudei Willie [13 dormir e tremendo com dor de cabeça de ner-
savam ser tratados, especialmente no que di- Sua sobrecarregada agenda de atividades era anos de idade] a colocar neve na caldeira, o vosismo, ela subiu ao púlpito às 10h30 da ma-
zia respeito à compreensão da maneira como árdua mesmo para homens vigorosos. Já men- que requer muitos baldes. Não dispomos de nhã, sendo maravilhosamente amparada em
homens e mulheres se tornam justos e perma- cionamos seus exaustivos preparativos de via- água de poço nem cisterna. Arrumei minhas seu esforço.”
necem justos diante de Deus. Em um relato gem sob terríveis condições meteorológicas. prateleiras [armário] de roupas. Senti-me can- Ellen falou diversas vezes nas reuniões no-
para a Review and Herald, ela escreveu: “É pri- Naqueles primeiros dias, Ellen e Tiago White sada; descansei alguns minutos. Servi o almo- turnas, e na terça-feira levantou-se às quatro
vilégio de toda pessoa dizer: ‘Executarei as or- ficavam acordados até depois da meia-noite, ço para Willie e para mim. Justamente na ho- da madrugada para uma “preciosa reunião so-
dens do meu Comandante ao pé da letra, lendo provas e dobrando revistas para depois ra em que íamos comer, meu marido e o irmão cial de despedida”.31
enfrentar os deveres intermináveis de cada Andrews chegaram. Não haviam almoçado. Até 4 de julho, os White haviam pregado
com vontade ou sem vontade. Não esperarei
Comecei a cozinhar de novo. Dentro de pou- muitas vezes em seis reuniões campais! Antes
por uma sensação feliz, por um misterioso im- novo dia.27
co tempo lhes dei algo que comer. Passei qua- de prosseguir para a reunião campal de Ohio,
pulso.’ Direi: ‘Quais são as minhas ordens? Como um exemplo dos deveres da igreja
se todo o dia assim – nenhuma linha escrita. passaram rapidamente em casa, em Battle
Qual é meu ramo de dever? Que diz o Mestre que se amontoavam sobre Ellen White como Sinto-me triste por isso. Estou extremamente Creek, para tomar fôlego. Ellen escreveu a
para mim? Encontra-se aberta a linha de co- telhas de madeira em um telhado, podemos fatigada. Minha cabeça está cansada.”29 William e Mary (casados no início daquele
municação entre Deus e minha alma? Qual é citar o dia 23 de junho de 1854. Na época Enquanto a nova casa deles estava sendo ano) descrevendo a celebração de Quatro de
a minha posição diante de Deus?’ Tão logo com sete meses de gravidez, ela e o marido construída em Battle Creek no fim de 1868, Julho: “Algumas coisas são realmente inte-
entremos na correta relação com Deus, en- voltaram para seu lar em Rochester depois de os White cumpriam compromissos nos Esta- ressantes e outras, ridículas, mas não consigo
tenderemos nosso dever e o cumpriremos. uma atarefada turnê de sete semanas através dos do Leste. Tiago contou aos leitores da escrever. Fiquei tanto tempo sob tensão que
Não pensaremos nas boas coisas que faremos de Ohio, Michigan e Wisconsin. A viagem Review and Herald do alívio que sentiu depois só agora estou me reencontrando e não sou
para termos direito à salvação.”24 incluiu muitos compromissos de pregação, de voltar para casa em 30 de dezembro de muito inteligente. Não podemos, nem papai,
Na maioria das situações, os profetas des- aconselhamento com evangelistas a respeito 1868: “Encontramos uma casa cômoda e con- nem Mary [Clough], nem eu mesma, fazer na-
cobrem seu dever como todos os outros filhos de melhores métodos, viagens noturnas de fortável construída em Battle Creek para nós, da agora. Estamos debilitados e exaustos co-
de Deus. Até mesmo Jesus descobriu Seu de- trem e um acidente ferroviário que envolveu e parcialmente mobiliada com os móveis mo um velho relógio.”32
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 8 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White COMO OUTROS A
CONHECERAM

Alguns dias depois, eles partiram rumo ao de três a cinco dias, mas sempre aos sábados e Coragem e Perserverança peuta natural e nutricionista do marido, a
Leste para a próxima série de reuniões cam- domingos. Tudo isso, não em automóveis se Deus pode conceder mensagens a uma pes- Sra. White cumpria uma agenda sobrecarre-
pais. Em Norwalk, Ohio, havia 2.000 pes- deslocando sobre rodovias asfaltadas, mas na- soa, mas os profetas devem ter coragem e per- gada de compromissos de pregação e trabalho
soas; em Groveland, Massachusetts, um pú- queles primitivos trens e outros veículos can- severança para cumprir sua tarefa. Pense nes- literário. Sobre essa corajosa mulher no nor-
blico estimado em 20.000 pessoas (o maior sativos – um feito que extenuaria o mais te- sa garota de 17 anos de idade, frágil e maci- te de Michigan repousava o futuro da Igreja
auditório a que Ellen White já se dirigiu). naz viajante de hoje, ainda que em carros e lenta, pobre e gravemente enferma, mas que Adventista do Sétimo Dia (conforme hoje a
Escrevendo a William durante essa turnê, ela ônibus bastante confortáveis.34 enfrentou o chamado divino para falar em conhecemos).
comentou maternalmente: “Seu pai e sua Durante todos esses anos atarefados, Ellen nome de Deus. A idéia parecia absurda para a Ao mesmo tempo, porém, circulavam em
mãe estão esgotados. Estou parecendo velha White abastecia a Review and Herald e Signs maioria dos adultos de sua época! Nos anos Battle Creek acusações distorcidas e infunda-
e abatida, pelo simples fato de não termos of the Times com grande quantidade anual de seguintes, ela cumpriu satisfatoriamente o das, boatos que teriam abalado profundamen-
descanso. Trabalhamos com afinco. Seu pai artigos. A escrita do volume 4 de The Spirit of papel de mãe e esposa, e, acima de tudo, en- te qualquer outra pessoa. Os White, especial-
realiza o trabalho de três homens em todas Prophecy (O Grande Conflito), embora retar- caminhou-se com resolução para a senda do mente Ellen, enfrentaram a todos corajosa-
essas reuniões. Jamais vi um homem traba- dada devido a seus muitos compromissos de dever, senda que muitas vezes a levaria para mente. Agindo assim, ela e Tiago obtiveram
lhar de maneira tão enérgica e decidida co- pregação, estava sempre em sua mente. longe de seus amigos mais íntimos. Não ad- profundo respeito e gratidão da maioria das
mo seu pai. Deus lhe concede energia mais Em princípios de 1884, contudo, ela deci- mira que ela tenha escrito: “Eu desejava a pessoas envolvidas.42 Poucas personalidades
que humana. Se há algum lugar difícil, seu diu concluir este original urgentemente: morte como uma forma de fugir às responsa- públicas tiveram que suportar calúnias com
pai o assume.”33 “Todo dia eu escrevo. Pretendo terminar bilidades que sobre mim se amontoavam.”39 tanta freqüência como Tiago e Ellen White.
Este programa de atividades de 1876 não meu livro no mês que vem. Tenho me aplica- Somente uma pessoa corajosa e perseverante Mais de uma vez, os White foram acusa-
era incomum. Típica também era a agenda de do tanto nesta tarefa que mal consigo escre- poderia imergir nesse tipo de missão na vida dos de tirar proveito indevido de suas mui-
pregação de 1880. Tiago não estava bem; o ver uma carta.”35 – e ser bem-sucedida. tas transações comerciais. Com que rapidez
excesso de trabalho havia lhe ocasionado di- Escrevendo para Harriet Smith, esposa de A preocupação de Ellen White com o ma- foi esquecida a inigualável destinação de
versos derrames. Sua vontade era envelhecer Uriah, ela deu este toque pessoal: “Ao escre- rido, Tiago, vítima de esgotamento nervoso fundos que eles haviam feito para novos
galhardamente, coisa mais fácil de dizer do ver meu livro, sinto-me intensamente como- durante 1866/1867, é assombrosa. Levar um projetos, que incluíam desde construções de
que fazer. As circunstâncias pareciam desper- vida. Quero vê-lo sair o mais depressa possí- marido de 45 anos de idade, cansado, para o igrejas, instituições de saúde e casas edito-
tar pensamentos e palavras cruéis e insensí- vel, pois nosso povo necessita tanto dele!
norte de Michigan em pleno inverno parecia ras até o mais recente estabelecimento de
veis. O velho guerreiro continuava a luta, de- Pretendo terminá-lo no mês que vem, caso o
loucura para todos, mesmo para o médico da ensino! Grande parte do ministério de El-
sejando que outros levassem o fardo de ma- Senhor me conceda saúde como tem feito.
família e para os pais de Tiago, que agora mo- len White não era assalariado. Durante
neira mais eficiente. Tem-me sido impossível dormir por noites,
ravam em Battle Creek. Todos acharam que muitos anos, os White arcaram com suas
Enquanto atendia compromissos de reu- pensando nas importantes coisas que irão
niões campais na Costa Oeste, Ellen White ocorrer. Três horas, por vezes cinco, é o máxi- ela, na época com quase 39 anos de idade, es- próprias despesas de viagem. Eram eles que
recebeu um telegrama de Tiago pedindo que mo de sono que obtenho. Meu espírito está tava sacrificando a vida, e que, por amor aos pagavam os salários das empregadas domés-
ela o ajudasse a atender aos chamados “do tão profundamente agitado que não posso re- filhos e à causa de Deus, devia deixar a natu- ticas contratadas para ajudar a cuidar dos
Maine a Dakota, e de Michigan a Kentucky”. pousar. Sinto que preciso escrever, escrever, reza seguir seu curso. Todos acreditavam que seus muitos hóspedes e visitantes. Além dis-
Apesar de seu extenso programa literário, ela escrever, e não demorar.” Tiago jamais se recuperaria.40 so, pagavam seus assistentes de redação com
e Lucinda Hall apanharam o “trem vagaroso” Antes que ela pudesse concluí-lo, teve de Mas a coragem e a perseverança levaram- seus recursos pessoais.43
para o Leste no dia 26 de julho. O “trem va- atender ainda três compromissos de reuniões na a responder: “Enquanto ele e eu viver- Já se fizeram freqüentes referências aos de-
garoso” custava menos, mas, em compensa- campais. Durante as últimas poucas semanas, mos, farei todo esforço em favor dele. Aque- safios físicos que Ellen White teve que en-
ção, levou nove dias! Elas chegaram a Battle ela escreveu a William pedindo que lhe levasse le cérebro, aquela mente nobre e magistral, frentar quase que constantemente por toda a
Creek ao meio-dia de quarta-feira. Às oito da “outra boa caneta-tinteiro”.36 não será deixado em ruínas. Deus cuidará de- sua vida. Um exemplo de sua coragem sob
noite, ela e Tiago tomaram o trem para uma Somente a profunda dedicação ao dever e le, de mim e de meus filhos. ... Vocês ainda condições difíceis ocorreu em Basiléia, Suíça,
viagem de duas horas até Jackson. Depois de a energia concedida por Deus, ano após ano, vão nos ver, ombro a ombro, no púlpito sa- em 15 de junho de 1886, enquanto ela se pre-
passar a noite com os amigos, saíram no dia podem explicar setenta anos de surpreenden- grado, pregando as palavras da verdade para parava para partir com destino à Suécia. Na
seguinte com destino a Alma, aonde chega- tes realizações sob condições as mais exte- a vida eterna.”41 época, ela lutava dolorosamente contra a
ram pouco antes de escurecer, no momento nuantes.37 A assombrosa estratégia e esforço de Ellen pleurisia. Num artigo da Review and Herald,
preciso de ela pregar na reunião da noite. White para restaurar a saúde física e mental ela comentou: “Cada respiração era dolorosa.
De Alma, eles passaram os dois meses se- Escrupulosa no Exemplo Pessoal do marido tornou-se desde então um modelo Parecia-me impossível viajar, especialmente
guintes viajando, semana após semana, para Enquanto Ellen White esteve na Europa para muitos. Coragem, perseverança e eterno à noite. Tomar um carro-leito, ainda que so-
reuniões campais. Essas reuniões incluíam (1885), alguém lhe presenteou com um reló- amor alcançaram a vitória, e Tiago voltou pa- mente por uma noite, envolveria despesas ex-
Maine, Massachusetts, Vermont, Nova Ior- gio de ouro. Isso, no entanto, virou tema de ra iniciar o que talvez tenham sido as suas tras no montante de dez a doze dólares, e isto
que, Ohio, Indiana e a reunião campal nacio- conversa, de sorte que, para não ser mal com- maiores realizações em prol do crescimento estava fora de cogitação. Precisávamos, no
nal em Battle Creek, Michigan, entre 2 e 9 preendida ou tornar-se uma pedra de tropeço, da igreja. Durante todo esse período extraor- entanto, partir de Basiléia naquela noite para
de outubro. Na maior parte delas eles ficaram ela o vendeu.38 dinário como enfermeira, confidente, tera- podermos chegar em Orebro [Suécia] antes
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 8 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White COMO OUTROS A
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do sábado.” Elas acabaram embarcando num deira prova de força veio, porém, de um passado por circunstâncias semelhantes: “Por sua vida e são transparentes o bastante para
vagão de segunda classe, chegando à Suécia acontecimento-surpresa. Por volta de maio, que as pessoas sempre levam as coisas a extre- todas as pessoas de seu tempo confiarem em
na manhã de sexta-feira. ela foi tão criticada em Battle Creek que mes- mo? Não conseguem parar quando já foram seus motivos é que podem enfrentar dilemas
Esse tipo de coragem e perseverança de- mo seus amigos mais chegados a tratavam suficientemente longe, mas, se a conduta de de maneira tão corajosa como o fez Ellen
monstrava a verdade de suas palavras escritas com crescente frieza. Qual a crítica? A pala- um é questionada, não se satisfazem enquan- White em Battle Creek, em julho de 1881.
vários meses antes: “Eu posso fazer pratica- vra dela não podia ser confiável porque ela to não o esmagam. ...
mente tudo, quando tenho de fazê-lo.”44 era manipulada pelos outros! Como podia ser “As próprias pessoas que o [Tiago White] Tato
Um exemplo interessante da perseverança isto? Logo ela soube da tensão existente entre condenariam por usar palavras ríspidas, ser do- Mary e John Loughborough foram amigos
de Ellen White ocorreu quando seu filho seu marido e o Dr. Kellogg. minador e autoritário são dez vezes piores do íntimos dos White, ambas as famílias intei-
Willie tinha vinte meses de idade. O peque- Em seus sombrios momentos de depres- que ele, quando se atrevem a sê-lo. ... Durante ramente comprometidas com a missão ad-
no Willie brincava com um “barco” na cozi- são e paranóia, Tiago usava os escritos dela meses me senti aflita e com o coração partido, ventista. Ambas haviam perdido um filho
nha, perto de um grande balde de água de es- para questionar a liderança do presidente e mas lancei meu fardo sobre meu Salvador e já em princípios da década de 1860. As duas
fregão. Sua babá saiu do compartimento por do secretário da Associação Geral (G. I. não sou como a cana quebrada. Na força de Je- jovens mães muitas vezes trocavam pensa-
um instante a fim de pegar lenha para o fogo. Butler e S. N. Haskell, respectivamente). sus eu afirmo a minha liberdade. …” mentos e sentimentos. Em junho de 1861,
Quando ela voltou, só viu um pezinho estira- Do outro lado, J. H. Kellogg atacava Tiago A carta continuava, mencionando que Mary (na casa dos vinte) havia escrito para
do para fora da água suja. Ela puxou o meni- White, e Tiago revidava. De que maneira sua preocupação mais profunda era a de que Ellen (na época com 33), pedindo sua opi-
no para fora do balde, e então gritou para a ocorriam todas essas investidas desagradá- a contenda entre os principais líderes lanças- nião sobre a última moda – usar saias-balão.
mãe que o filho se afogara. veis? Cada um citava as palavras de Ellen se uma sombra sobre a validade de seu minis- Depois de apresentar seu conselho, Ellen
Mandaram chamar Tiago e também um White para provar suas acusações mútuas, tério profético: “Estive em constante temor aproveitou a oportunidade para dizer algo
médico. Mas Ellen estava ocupada fazendo enquanto alegava que as “citações” empre- de que os equívocos e erros de meu marido que não era fácil dizer: “Querida Mary, que
William rolar sobre a grama e tentando ex- gadas pelo oponente não eram palavras vá- sejam classificados junto com os testemu- sua influência fale em favor de Deus. Você
trair a água de seu corpo. Um vizinho insistiu lidas “vindas do Senhor”! Embora cada qual nhos do Espírito de Deus, e minha influência precisa adotar uma atitude que exerça in-
estivesse tentando destruir a influência do seja grandemente prejudicada. Se eu apre- fluência sobre outros no sentido de elevar-
com Tiago: “Retire o bebê morto das mãos
sentasse um claro testemunho contra erros lhes a espiritualidade. ...
daquela mulher.” outro, a verdadeira prejudicada nisso tudo
existentes, eles diriam: ‘Ela se molda pelos “E Mary, tolera-me um pouco sobre este
“Não”, replicou ele, “é filho dela, e nin- estava sendo Ellen White.
sentimentos e pontos de vista do marido.’ Se assunto. Desejo, com toda bondade de irmã
guém vai tirá-lo de seus braços.” Vinte minu- No dia 14 de julho, ela escreveu a William
eu reprovasse meu marido, ele acharia que e de mãe, amigavelmente advertir você so-
tos se passaram. Então Ellen viu um movi- e a Mary, que estavam na Pacific Press, em
fui severa e que outros me induziram a ter bre outro assunto: Tenho notado muitas ve-
mento rápido da pálpebra e uma leve contra- Oakland, Califórnia: “Esta falta de harmonia zes a maneira como você fala com John
preconceito contra ele.”
ção nos lábios do menino. Logo ele estava em está me matando. Tenho que manter meu Então ela apresentou um resumo da ma- diante de outras pessoas, de um modo um
seu berço, agasalhado com roupas quentes. A conselho, mas não tenho confiança em nin- neira como avaliara essas duas reuniões: “Eu tanto dominador e em um tom de voz que
mãe não desistira. Anos depois, ela disse a guém [de Battle Creek].… Pois bem, estava desolada [em espírito], mas não devia soa impaciente. Mary, os outros percebem
respeito de Willie que Deus lhe havia mostra- William, estou lhe escrevendo de maneira es- mais continuar assim. Eu devia agir com ple- isso e têm comentado comigo. Isto prejudi-
do que ele nascera para ser o auxiliar dela pontânea e confidencial. Espero que o Se- na liberdade. Eles podiam pensar de mim o ca sua influência. ...
quando o pai dele morresse. E isso aconteceu nhor conserve você bem equilibrado. Espero que quisessem. Eu lhes daria a reprovação, “Talvez eu tenha falado sobre esse assunto
realmente.45 que você não vá a extremos em nada... nem advertência e estímulo da forma como o Se- mais do que o necessário. Por favor tome cui-
se deixe moldar por nenhuma influência, a nhor me concedesse. O fardo de seus questio- dado nesse ponto. Não estou reprovando vo-
Coragem Quando Sozinha não ser a do Espírito de Deus.”47 namentos e dúvidas não deveria mais afligir- cê, lembre-se disso, mas apenas aconselhando
Em 1881, Tiago White enfraquecia rapidamen- Durante o sábado, 16 de julho, Ellen Whi- me nem fechar-me os lábios. Eu devia cum- cautela. Jamais fale com John como se ele
te. Mais de quatro derrames o haviam deixado te, com coragem e sinceridade, estava pronta prir meu dever no temor de Deus e, se eles fosse um menino. Respeite-o, e os outros as-
fisicamente e emocionalmente fraco, e o exces- para aliviar a tensão. Ela pediu ao marido e fossem tentados [por dúvidas sobre ‘influên- sumirão uma atitude mental mais elevada,
so de trabalho consumiu-lhe o restante das for- ao Dr. Kellogg que se encontrassem com ela cia’], eu não seria responsável por isto. Eu me Mary, e você elevará a outros.
ças. A Sra. White escreveu em 6 de janeiro que em particular. Leu para eles “uma grande defenderia no temor de Deus.”48 “Procure ser mais espiritual. Estamos fa-
não sabia mais o que fazer para ajudar o marido: quantidade de páginas”. Na terça-feira se- Uriah Smith, colega de trabalho de Tiago zendo uma obra para a eternidade. Mary,
“Papai apresenta um estado mental que receio guinte, à noitinha, ela convocou os líderes White por trinta anos, resumiu a notável procure ser um exemplo. Nós a amamos co-
perca ele a razão. Mas ele acaba de suspender as denominacionais de Battle Creek e leu para ocasião com um relatório: “Oh, que todos se- mo se você fosse um de nossos filhos, e dese-
responsabilidades dos assuntos do escritório eles as mesmas páginas lidas para Tiago e o jam capazes de atender às boas palavras de jo muito que você e John consigam prospe-
e vai escrever. Espero que ele faça isso. ... Às ve- Dr. Kellogg. conselho e admoestação! Então o espírito de rar. ... Escreva-me, por favor, Mary, tudo.
zes fico tão perplexa e mentalmente aflita Os resultados foram os mais positivos. A religião reviveria no coração de todos, e a Conte-me todas as suas alegrias, provas, de-
que desejo a aposentadoria ou a morte, mas carta seguinte enviada a William e Mary era causa de Cristo floresceria em nosso meio.”49 cepções, etc. Com muito amor, Ellen G.
depois eu torno a cobrar ânimo.”46 Sua verda- alegre, esclarecedora e útil a quantos tenham Somente os que estão seguros da missão de White.”50
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CAPÍTULO 8 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White COMO OUTROS A
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Acabamos de observar um belo exemplo ajudar Tiago a recuperar a saúde. Ao preparar ter instrução cristã em Battle Creek College. lestial inclinando-Se sobre você com amor; e
de como a Sra. White mostrava tato, en- a horta da casa, a Sra. White pediu ao filho A Sra. White imediatamente sugeriu que se pudesse ouvir-Lhe a voz, ela seria em tons
quanto cuidava de seu marido no norte de William que comprasse três enxadas e três Edith voltasse com ela para a Califórnia e de compaixão por você que está abatido pelo
Michigan, em 1866/1867. Tiago estava imer- ancinhos. Tiago não quis tomar sua enxada e depois continuassem para Michigan. Em sofrimento e aflição. Fique firme em Sua for-
so em profunda depressão acompanhada de seu ancinho, mas ela tomou os seus instru- uma carta endereçada ao marido Tiago, ela ça; há descanso para você.”56
grave esgotamento nervoso causado pelo ex- mentos e começou a trabalhar, fazendo bo- deu mostras de seu bondoso coração. Descre- O Dr. John Harvey Kellogg era como um
cesso de trabalho. Ele achava que não ia du- lhas nas mãos. Relutantemente, Tiago foi vendo Edith como “uma garota muito pro- filho para Ellen White. Os White ajudaram-
rar muito. Ellen, contrariando a opinião de atrás, movendo-se. Logo ele estava arreando missora”, ela escreveu: “Eu a quero como no a pagar seu curso de medicina e lhe pres-
todos, inclusive dos médicos, cria que a con- os cavalos e comprando materiais domésti- nossa hóspede e que ela receba todas as aten- taram grande ajuda no desenvolvimento da
fiança em Deus, o exercício e um regime ali- cos. Ela relatou que ele dormia bem à noite e ções de que precisa.”54
mentar apropriado dariam a seu marido as acordava refeito toda manhã. O planejamen- obra de saúde em Battle Creek.57 Mas em
Ellen White recebeu muitas cartas daque- 1904 ele adotou uma conduta que podia po-
melhores oportunidades de restabelecimento. to, a perseverança e o tato da fiel esposa fun- les que padeciam de doenças ou estavam cho-
Todo dia eles faziam uma longa caminhada cionavam, ainda que lentamente. tencialmente ter dividido a igreja. Em uma
rando a perda de entes queridos. Quando a
até que chegou a primeira nevada mais forte. Quando chegou o mês de julho, o feno es- mensagem que devia ser apresentada durante
Associação Geral enviou J. N. Andrews à Eu-
Tiago aproveitou os flocos de neve como pre- tava pronto para ser cortado. Tiago combi- a reunião da comissão de nomeações da Lake
ropa como o primeiro missionário oficial da
texto para parar de caminhar! nou com os vizinhos para estes cortarem o fe- denominação, enviou um homem que já ha- Union no fim de maio daquele ano, 1904,
Não por muito tempo. Ellen White foi ter no, e esperava que eles voltassem para ajun- via perdido a esposa e dois filhos bebês por Ellen White falou de sua simpatia por seu ve-
com o irmão Root, na casa de quem estavam tá-lo em montões para o inverno. Sua esposa, doença. Ele partiu dos Estados Unidos com lho amigo, mas “a menos que ele mude de ati-
hospedados, e lhe pediu emprestado um par porém, tinha um plano melhor. Ela foi ter Mary, sua filha de doze anos de idade, e Char- tude, e tome um rumo totalmente diferente
de botas. Depois, ela andou com dificuldade com alguns desses vizinhos e lhes pediu para les, de 16 anos. Quatro anos depois, em 1878, estará perdido para a causa de Deus. ... Tenho
mais ou menos quatrocentos metros sobre declinarem do compromisso, o que eles resis- Mary morreu de tuberculose. Junto com a ficado acordada noite após noite, procurando
neve profunda. Ao voltar, pediu ao marido tiram a princípio. morte prematura da esposa e agora a de Mary, um jeito de ajudar o Dr. Kellogg. ... Tenho
para fazerem sua costumeira caminhada. Ele Quando Tiago pediu que o ajudassem, to- Andrews sentiu que estava agarrado a Deus passado quase noites inteiras orando por ele.”
objetou que não conseguiria caminhar com dos os vizinhos se desculparam como se esti- Ela fazia o possível para promover união
“com mão insensível”.55
aquele tempo. vessem muito atarefados. Tiago ficou muito entre o Dr. Kellogg e os líderes da igreja. Ela
“Oh, sim. Você pode”, replicou Ellen. “Por decepcionado, mas Ellen, com sua típica ani-
Uma de Suas Cartas Mais Afáveis escreveu aos Pastores A. G. Daniells e W. W.
certo você pode seguir minhas pegadas.” mação, sugeriu que ela e Willie ajuntariam o
Ellen White escreveu a seu amigo de longa Prescott, informando-os de que fora notifica-
Tiago, um homem que tinha grande respei- feno e o carregariam com o forcado até junto
data uma de suas cartas mais afáveis, a qual da por meio de uma visão que “agora é o tem-
to às mulheres, viu as pegadas dela – e naque- da carroça se Tiago pusesse a carga sobre a
la manhã “fez sua costumeira caminhada”.51 carroça e guiasse os cavalos. Mas como se fa- incluía as seguintes palavras: “Temos bebido po de salvar o Dr. Kellogg”.
Ellen White percebeu que seu marido riam os fardos? do mesmo cálice de aflição, mas foi mistura- Ela insistiu em seu propósito, nascido de
também precisava exercitar o cérebro. Mas Os vizinhos ficaram surpresos ao verem do com alegria, descanso e paz em Jesus. um coração bondoso: “Nenhum de nós está
ele não queria falar com ninguém exceto os aquela pequena mulher de 1,57m pisando e [Ellen White perdeu dois filhos por doença.] acima da tentação. Existe uma obra para a
de casa. Assim, com muito tato ela arquite- fazendo os fardos enquanto seu marido des- ... A nuvem da misericórdia paira sobre a sua qual o Dr. Kellogg está preparado a realizar
tou um plano. Quando chegava um visitante carregava a carroça. cabeça, mesmo na hora mais escura. Os bene- como nenhuma outra pessoa em nossas filei-
com perguntas inquietantes, ela rapidamente Que aconteceu a Tiago? Ele relatou aos fícios de Deus a nós são numerosos como as ras o pode fazer. ... Devemos empregar todas
o convidava a entrar antes que Tiago pudesse leitores da Review: “Tenho trabalhado de seis gotas de chuva que caem das nuvens sobre a as nossas forças, não fazendo acusações nem
desculpar-se. Então ela dizia: “Marido, está a doze horas por dia, e tenho desfrutado de terra ressequida. ... A misericórdia divina re- prescrevendo o que ele deve fazer, mas dei-
aqui um irmão que veio para fazer uma per- um abençoado sono de seis a nove horas toda pousa sobre você.
xando que ele reconheça que não queremos
gunta, e como você sabe responder melhor do noite. ... Meu trabalho tem sido preparar o fe- “Mary, querida e preciosa criança, repousa.
que ninguém pereça.” Então ela perguntou:
que eu, eu o trouxe aqui.” no, cultivar a terra, aplainar o terreno em Ela foi a companheira de suas tristezas e espe-
“Isto não vale a pena?”58
Tiago permanecia na sala tempo suficien- volta de casa, capinar e colocar os tapetes.”53 ranças frustradas. Não mais terá tristeza, nem
necessidade nem preocupações. Pelos olhos As coisas não saíram como Ellen White
te para responder a pergunta. Essa tática fazia O tato, a coragem e o espírito resoluto de esperara. As expectativas de unidade eram
com que ele exercitasse a mente, e lentamen- Ellen estimularam Tiago a recuperar a saúde. da fé, você pode antecipar em meio às má-
goas, tristezas e perplexidades sua Mary junto desalentadoras. Apesar disso, ela escreveu pa-
te ele melhorava. Quando se precisou de lide-
rança espiritual em Wright, Michigan, a igre- Bondade com a mãe e os outros membros de sua famí- ra o Pastor Daniells: “Se pudermos de algum
ja local dos White, Ellen forneceu muito Muitas foram as ocasiões em que Ellen Whi- lia atendendo ao chamado do Doador da vi- modo fazer-lhe [a Kellogg] bem, vamos mos-
conselho, mas “tomava o cuidado de deixar te mostrou profundo interesse pelos jovens. da e saindo de sua prisão, triunfantes sobre a trar que não queremos prejudicá-lo, mas aju-
que o marido tomasse a dianteira”.52 Ela encontrou, por exemplo, uma nova famí- morte e a sepultura. ... Se você for fiel, den- dá-lo. Evitemos tudo quanto provocaria reta-
Tempos depois, em 1867, a família White lia adventista na reunião campal de Oregon tro em pouco estará caminhando com eles liação. Não demos margem para contenda.”59
mudou-se para sua fazenda em Greenville, no fim de junho de 1878. A filha adolescen- pelas ruas da Nova Jerusalém. ... Se seus Anteriormente, durante os tenebrosos dias
Michigan, novamente com o propósito de te, Edith Donaldson, estava ansiosa por ob- olhos pudessem ser abertos, veria seu Pai ce- da Guerra Civil, os adventistas andavam às
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CAPÍTULO 8 O ministério profético de Ellen G. White
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apalpadelas quanto à questão da não-comba- ja de Battle Creek, pelo voto unânime da Perguntas Para Estudo
tência. Embora os diversos governos esta- igreja em 4 de março de 1865”. Quando Ellen
duais bem como o federal tivessem reconhe- White soube desse voto, reagiu com aquela
cido os adventistas do sétimo dia como não- atitude bondosa que caracterizava seu minis- 1. A que você atribui a notável confiança que homens obstinados depositaram tão cedo no
combatentes, a questão ainda estava longe tério. Ela expressou sua convicção de que o ministério de Ellen White?
de ficar esclarecida entre os comandantes jovem não deveria ter sido excluído por se-
dos campos de batalha e muitos jovens ad- guir sua consciência e atender o chamado de 2. Como você reagiria à sugestão de que Ellen White não vivia o que pregava?
ventistas. seu país. Resultado: a exclusão foi anulada e
Enoch Hayes, que havia ingressado no o jovem permaneceu como membro “regular 3. Analise os acontecimentos que estimularam a notável generosidade e simplicidade de
exército, foi excluído da “comunhão da igre- e idôneo”. A bondade prevaleceu.60 Ellen White.

Referências 4. Que exemplos você daria para ilustrar a coragem e perseverança de Ellen White?

1. No verão de 1848, Tiago ganhou 40 dólares cortando feno e 23. Biography, vol. 2, págs. 383 e 384. 5. Como Ellen White empregou coragem e bom senso na reabilitação do marido Tiago, no
gastou parte do dinheiro em roupa e o restante em viagem 24. Ibidem, vol. 3, págs. 425 e 426. inverno de 1866-1867?
para atender compromissos de pregação. – Biography, vol. 1, 25. Ibidem, pág. 164.
pág. 140. 26. Ibidem, vol. 6, pág. 389 (Mensagens Escolhidas, livro 2,
2. Ibidem, pág. 205. pág. 401).
3. Virgil Robinson, James White (Washington, D.C.: Review 27. Ibidem, vol. 1, págs. 205.
28. Ibidem, págs. 205 e 301.
and Herald Publishing Association, 1976), págs. 81-87; W.
29. Ibidem, vol. 2, págs. 225 e 226.
C. White, “Sketches and Memories of James and Ellen G.
30. Ibidem, pág. 252.
White, XXIV – Settling in Battle Creek”, Review and Herald,
31. Ibidem, vol. 3, págs. 36 e 37.
22 de agosto de 1935. 32. Ibidem, pág. 42.
4. Biography, vol. 1, pág. 230. 33. Ibidem, pág. 44.
5. Ibidem, vol. 2, págs. 439 e 440. 34. Ibidem, págs. 142 e 143. Ver também pág. 104.
6. Ibidem, vol. 3, pág. 293. Na Assembléia de Mineápolis, em 35. Ibidem, pág. 241.
1888, os oficiais haviam alugado dois quartos elegantes e 36. Ibidem, pág. 242 (Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 109).
suntuosamente mobiliados. Ellen White objetou e encon- 37. Os dois anos que Ellen White passou na Europa foram de tão
trou na pensão outro quarto modestamente mobiliado. – Ibi- prodigiosa atividade em escritos, pregações e viagens, muitas
dem, pág. 390. vezes sob as condições mais difíceis, que parecem superar
7. Manuscript Releases, vol. 10, pág. 27 (daqui por diante, MR). mesmo seu programa de atividades na América do Norte.
8. Biography, vol. 4, págs. 138-140. Ver Delafield, Ellen G. White in Europe.
38. Historical Sketches, pág. 123.
9. Ibidem, pág. 343.
39. Life Sketches, pág. 70.
10. Emmett K. VandeVere, “Years of Expansion, 1865-1885”, em
40. Ver págs. 89 e 90.
Land, Adventism in America, pág. 67.
41. Biography, vol. 2, págs. 157 e 159.
11. Manuscrito 3, 1888, citado em Arthur White, Ellen G.
42. Ibidem, págs. 160-170.
White, Mensageira da Igreja Remanescente, 2ª ed. (Tatuí, SP: 43. Ver Biography, págs. 277-284, para a maneira como essas
Casa Publicadora Brasileira, 1993), pág. 371. acusações foram tratadas em Battle Creek em 1870.
12. General Conference Bulletin, 20 de março de 1891, pág. 184 44. Ibidem, vol. 3, págs. 344 e 345.
(Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 189). 45. Ibidem, vol. 1, pág. 337.
13. SDAE, vol. 10, 1996, pág. 410. 46. Carta 1a, 1881.
14. Review and Herald, 30 de agosto de 1923. Ver também 26 de 47. Carta 5a, 1881.
julho de 1906, para o relato de Ellen White sobre o minis- 48. Carta 8a, 1881.
tério que ela desenvolvia em seu lar para com os órfãos e ou- 49. Review and Herald, 19 de julho de 1881.
tros. 50. Biography, vol. 1, págs. 468 e 469.
15. Biography, vol. 4, pág. 44. 51. Ibidem, vol. 2, pág. 161 (Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 307).
52. Ibidem, págs. 162 e 165.
16. Ibidem, pág. 69.
53. Ibidem, págs. 188 e 189.
17. Ibidem, pág. 266.
54. Biography, vol. 3, págs. 88 e 89.
18. Ibidem, pág. 371.
55. Maxwell, Tell It to the World, págs. 171-173.
19. Schwarz, Light Bearers to the Remnant, pág. 311. 56. Nos Lugares Celestiais, pág. 272.
20. Christian, Fruitage of Spiritual Gifts, pág. 49. 57. Richard W. Schwarz, John Harvey Kellogg, M.D. (Nashville,
21. Carta 4, 1850, MR, vol. 1, pág. 31. TN: Southern Publishing Association, 1970), pág. 30.
22. Para o histórico desta experiência e a maneira como Ellen 58. Biography, vol. 5, págs. 331-333.
White se referiu a seu dever específico de comunicar as 59. Ibidem, pág. 339.
mensagens divinas, ver Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, 60. George R. Knight, “1862-1865: Adventists at War”, Advent
págs. 583-585. Review, 4 de abril de 1991.

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SEÇÃO II

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Verdadeira Ellen White
do Tabernáculo de Battle Creek fosse preser- tencia a escola de Santa Helena, Califórnia,
vada,10 ela recebeu uma carta de A. T. Jones tinha um problema. Alguns achavam que
pedindo que ela lhe fornecesse os nomes dos não deveriam ser feitas provisões para crian-
envolvidos na tentativa de assumir o contro- ças abaixo de dez anos. Por quê? Porque a
le da propriedade. Compreendendo a verda- Sra. White alguns anos antes havia dado o
Bom Humor, deira intenção do pedido, Ellen White repli-
cou a sua secretária, Dores Robinson, que “se
ela tivesse mesmo que escrever para o irmão
conselho de que os “pais devem ser os únicos
mestres dos filhos até que eles cheguem à
idade de oito ou dez anos”.15 Outros acha-

Bom Senso e Jones, dissesse para ele que tudo está escrito
nos livros do Céu, mas que esses livros não
estavam à disposição dela para serem envia-
vam que para algumas crianças seria melhor
ficarem na escola do que perambulando pelo
povoado enquanto os pais trabalhavam no

Conselheira Prática dos a ele”.11


A Sra. White sabia como lidar com situa-
ção pública potencialmente embaraçosa. Seu
filho William muitas vezes acompanhava a
hospital ou por outras razões não podiam su-
pervisionar os filhos.
O problema não se restringia a Santa He-
lena. Escolas de igreja estavam sendo estabe-
“Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros.”
Rom. 14:19. mãe em seus trajetos de pregação. Durante lecidas ao redor do mundo onde quer que os
um sermão de sábado em Santa Helena, Ca- adventistas fundassem igrejas. A questão,
lifórnia, William sentou na plataforma en- portanto, era: Que faremos com o conselho
quanto a mãe falava. Percebendo uma onda da Sra. White a respeito da época apropriada

E
llen White tem sido estereotipada por dele como “uma grande coleção de armas
pessoas desinformadas como uma amar- de brinquedo”. 4 de riso reprimido na congregação, a Sra. para escolarizar as crianças?
ga e implacável desmancha-prazeres. Alguns meses depois, ainda na Itália, ela White virou-se e encontrou o filho cochilan- Ellen White se achava presente naquela
Nada mais longe da verdade! L. H. Christian desfrutou de alguns dias ensolarados após um do. Ela pediu desculpas com um toque de hu- reunião da junta escolar de Santa Helena
relatou as memórias da mãe de sua esposa que período chuvoso e escreveu em seu diário: mor: “Quando William era um bebê, eu cos- (realizada em sua casa em Elmshaven) e to-
viveu no lar dos White enquanto era secretá- “Nós viajamos bem devagar, pois o cavalo, tumava trazê-lo para a plataforma e deixá-lo mou a iniciativa de resolver o impasse. Ela re-
ria de Ellen White. Ela lembra em especial “o embora forte, não desejava prejudicar sua dormindo numa cesta embaixo do púlpito, e capitulou o conselho que tantas vezes enfati-
espírito ensolarado daquela casa” e do “bon- constituição.”5 ele nunca perdeu o hábito.”12 zara sobre a responsabilidade dos pais e a fir-
doso humor e bom senso” de Ellen White.1 Depois de um viagem de barco, ela escre- Em seus últimos anos em Elmshaven, me disciplina no lar. Depois ressaltou que
veu: “Quando desci do barco e caminhei rua Ellen White recebia tratamentos de fricção também havia observado negligência dos
Bom Humor acima, parecia como se eu ainda estivesse no com luvas frias. Isso significava ficar dentro pais, com determinadas crianças que corriam
Os escritos de Ellen White revelam muitas barco e dava passos tão alterados que as pessoas de uma banheira enquanto alguém lhe apli- soltas (especialmente na área do instituto de
vezes um toque de humor. Em 1882, ela havia devem ter pensado que eu estava bêbada.”6 cava água fria e depois a friccionava com lu- saúde), “de olhar penetrante, com olhos de
acabado de fazer sua mudança de Oakland pa- O irmão mais velho de Ellen White, John, vas para aumentar a circulação. Duas vezes lince, vagueando de um lugar para outro, sem
ra Healdsburg. Aos 55 anos de idade, ela se di- ao que parece, não gostava muito de respon- por semana ela recebia uma fricção com sal ter o que fazer, fazendo travessuras” – não a
vertiu comprando cereais e feno, uma vaca der cartas. Em 21 de janeiro de 1873, numa (“fomentação salina”). melhor recomendação do decoro adventista
com seu bezerro e cavalos para o transporte e carta endereçada a ele, Ellen, de maneira Certo dia, sentindo diferença no líquido, perante os hóspedes do instituto de saúde!
trabalho da fazenda. Um de seus cavalos se gentil e bem-humorada, o censurou: “Queri- molhou o dedo e o levou aos lábios. A enfer- Sob tais circunstâncias, ela disse: “A me-
chamava Dolly, uma égua que parecia alérgi- do John: Escrevi-lhe diversas cartas, mas não lhor coisa que pode ser feita é ter uma esco-
meira havia usado açúcar por engano! Com
ca a trabalho. Ellen White escreveu: “Ela fica recebi sequer uma palavra sua. Concluímos
bom humor, Ellen fez a seguinte observação: la... [para os que devem] estar sob a influên-
olhando as montanhas e as colinas como se que você devia estar morto, mas depois pen-
“Estava tentando me adoçar, hein?”13 cia refreadora que o professor deve exercer.”
fosse um turista contemplando a paisagem.”2 samos que, se isso fosse verdade, seus filhos
Em 1855, ela estava por viajar para a Eu- nos teriam escrito.”7 Depois ela explicou sua afirmação anterior
ropa a bordo do S. S. Cephalonia que devia Ela demonstrou seu humor e propensão Sensata Intérprete da Verdade quanto a manter as crianças fora da escola até
zarpar no sábado. Seu grupo fez os preparati- prática quando escreveu sobre a maneira des- Um dos princípios mais sólidos na formação os dez anos – um ensino que alguns estavam
vos para embarcar na sexta-feira à tarde a fim mazelada de vestir de certas mulheres: “Suas de uma imagem de Ellen White (bem como procurando seguir fielmente. Ela falou clara-
de no sábado já estarem acomodados. Ela roupas sempre parecem que vieram voando e do propósito de seus escritos) é estudar o tem- mente: “Eu quis dizer-lhes que não havia uma
anotou em seu diário: “Quase conseguimos.”3 pousaram sobre seu corpo.”8 Ou: “As irmãs po, o lugar e as circunstâncias que regiam aqui- escola na qual se observasse o sábado quando
Enquanto esteve na Itália, ela escreveu não devem, quando no trabalho, usar vesti- lo que ela escrevia.14 me foi dada a luz de que as crianças não de-
sobre a equipe ministerial de Torre Pelli- dos que as façam parecer espantalhos para Em outras palavras, o que Ellen White pe- viam freqüentar a escola até que tivessem
ce. O pastor encarregado era ótimo em afugentar os pássaros-pretos do milharal.”9 diu encarecidamente durante todo o seu mi- idade suficiente para ser instruídas. Elas de-
termos de planejamento, mas realizava No tempo em que Ellen White estava en- nistério foi bom senso. Em 1904, por exem- viam ser educadas em casa para saber quais
pouco. Ellen White descreveu os esforços viando advertências para que a propriedade plo, o grupo de membros da igreja à qual per- eram as maneiras apropriadas quando fossem
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 9 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White BOM HUMOR, BOM SENSO
ECONSELHEIRA PRÁTICA

à escola, e para não ser desencaminhadas. A ções ao dia, quando duas seria mais condizen- carecidamente aos pastores que estudassem pios de saúde. Vistam-se nossas irmãs com
iniqüidade que se espalha pelas escolas co- te com a saúde física e espiritual.”20 Mas ela a “maneira mais sábia” de usar os órgãos vo- simplicidade, como muitas fazem, tendo as
muns é quase inconcebível. É assim que é.” também escreveu: “O costume de comer ape- cais “pelo exercício de um pouco de bom vestes de material bom e durável, apropriado
Ela foi mais fundo ao expressar sua preocu- nas duas vezes por dia, em geral, demonstra- senso”.28 para esta época, e não permitam que a ques-
pação com aqueles que faziam uma aplicação se benéfico à saúde; todavia, sob certas cir- Ellen White preocupava-se com a manei- tão do vestuário lhes encha a mente.”33
irrazoável de seus escritos: “Meu espírito tem cunstâncias, talvez algumas pessoas tenham ra como a juventude estava sendo instruída Em Christiana (Oslo), Noruega, em 1885,
sido muito agitado quanto à idéia: ‘Ora, a ir- necessidade de uma terceira refeição.”21 para o mundo real. Ninguém parecia mais Ellen White aconselhou cerca de 120 novos
mã White disse assim e assim, ... portanto, Revelando também seu bom senso, ela es- otimista quanto às possibilidades abertas a jo- adventistas, alguns dos quais precisavam de
procederemos exatamente de acordo com is- creveu em 1903: “Eu tomo apenas duas refei- vens laboriosos e dedicados. Ao mesmo tem- orientação sobre a freqüência dos filhos às es-
so.’ Deus quer que todos nós tenhamos bom ções ao dia. Não penso, porém, que o núme- po, ela se preocupava com aqueles que “são colas públicas no sábado e sobre transações
senso, e deseja que raciocinemos movidos pe- ro de refeições deva ser um teste. Se há os que simplesmente criaturas inúteis, que servem comerciais no sábado. Alguns, contudo, “fa-
lo bom senso. As circunstâncias alteram as desfrutam melhor saúde tomando três refei- apenas para respirar, comer, vestir, e dizer to- ziam da questão do vestuário a coisa de suma
condições. As circunstâncias modificam a re- ções, é direito seu tomarem três.”22 lices. ... Poucas jovens, porém, mostram real importância, criticando peças de vestuário
lação das coisas.”16 discernimento e bom senso. Vivem uma vida usadas por outros, e sempre prontos a conde-
Junto com as palavras-chaves que melhor Sempre o Melhor de borboletas, sem objetivo especial.”29 nar todo aquele que não satisfizesse exata-
descrevem a verdadeira Ellen White, deve- O princípio do que é melhor sob todas as cir- Muitas vezes ela escreveu que o ensino mente suas idéias. Alguns condenavam as
mos incluir “bom senso”. Os princípios que cunstâncias, não meramente o que é bom, de- manual bem como o preparo prático para a gravuras, insistindo em que são proibidas pe-
ela revelou eram claros, oportunos e perenes. ve ser o ponto de referência do cristão. De- vida devem ser parte da educação cristã. Tal lo segundo mandamento, e que tudo dessa es-
Mas aplicá-los exigia santificado bom senso. masiadas vezes, o bom é inimigo do melhor. ensino tornaria a pessoa que se prepara para pécie fosse destruído.”34
Ellen White compreendia muito bem a Em outras áreas do viver saudável, o con- as diversas profissões científicas e acadêmicas Que problema pressentia ela? Temia que os
omissão da verdade.17 Ela sabia que teologia selho de Ellen White também foi benéfico bem mais habilitada para o cumprimento de “descrentes” tivessem a impressão de que os
sem bom senso e um estilo de vida correspon- para milhões de pessoas. Por quê? Por causa seus deveres: “A educação tirada principal- adventistas “eram um grupo de fanáticos e ex-
dente criaria preconceito contra o evange- do seu princípio de bom senso, por exemplo, mente dos livros conduz a um modo superfi- tremistas, e que sua fé singular os tornava des-
lho. Através de todos os seus escritos ela en- na área da combinação dos alimentos23 ou cial de pensar. O trabalho prático provoca a corteses e mesmo de caráter não cristão”. Mais
fatiza que palavra e ação, doutrina e vida ja- na recomendação das mesmas práticas de observação minuciosa e pensamento inde- adiante: “Um só fanático, de espírito forte e
mais devem ser separados.18 saúde para todos.24 Diferentemente das pes- pendente. Efetuado convenientemente, ten- idéias radicais, que oprima a consciência dos
Exercer bom senso não é negar o conselho soas de seu tempo, ela via a íntima ligação de a desenvolver aquela sabedoria prática a que querem proceder direito, fará grande da-
bíblico. O bom senso santificado aplica ver- existente entre a vitalidade, o estado geral que chamamos de bom senso.”30 no.”35 À medida que o tempo passava, agrada-
dades imutáveis à situação humana, levando de boa saúde e o exercício físico. Não ape- Depois de assistir a cultos religiosos em al- va-lhe saber que o bom senso prevalecia.
em conta todas as circunstâncias. O bom nas exercitar-se, mas ter a atitude correta gumas igrejas, a Sra. White observou: “Às ve- Em seus sermões e em muitas cartas ende-
senso não rebaixa as instruções divinas com quando em exercício! Tudo era uma questão zes é mais difícil disciplinar os cantores e man- reçadas a jovens que ela conhecia muito bem,
respeito ao pensamento e comportamento de bom senso.25 tê-los em forma ordeira do que desenvolver a Sra. White enfatizava a necessidade de bom
humanos; eleva as pessoas a elas, dentro das Ao dirigir a obra pública, principalmente hábitos de oração e exortação. Muitos querem senso ao fazer-se a escolha do companheiro
capacidades e possibilidades do tempo, do lu- em nossas instituições de saúde, Ellen White fazer as coisas à sua maneira. Não concordam da vida.36
gar e da circunstância. Os princípios são pe- admoestou: “Ajam de tal maneira que os pa- com as deliberações, e são impacientes sob a Seu conselho de longo alcance incluía
renes, mas aplicá-los exige bom senso. Em cientes vejam que os adventistas do sétimo liderança de alguém. No serviço de Deus se re- orientação direta e franca aos membros casa-
certa ocasião, ao ser interrogada sobre deter- dia são um povo dotado de bom senso.”26 querem planos bem amadurecidos. O bom dos da igreja. Ela mostrava que as tensões do-
minadas práticas da Escola Sabatina, Ellen Além disso, os obreiros adventistas das senso é coisa excelente no culto do Senhor.”31 mésticas muitas vezes eram causadas por irres-
White respondeu: “Exatamente: não é esse o áreas médica e ministerial não devem dar a Esse princípio de bom senso deve ser apli- ponsabilidade conjugal e falta de bom senso.37
lugar para isso. Isso deve ser feito, mas tem impressão, como outros grupos cristãos têm cado a todas as áreas da vida cristã, como
seu tempo e lugar.”19 feito, de que os doentes podem ser curados por exemplo no tipo de roupa que alguém Conselheira Prática
Por exemplo, ela escreveu bastante sobre somente pela oração. Novamente, Ellen deve usar.32 A religião prática era, ao que parece, o tema
princípios de saúde. Apresentou claramente White apela para o bom senso.27 De tempos em tempos, as pessoas introdu- harmonizador através de todos os escritos de
algumas práticas de saúde bastante avançadas Ao que parece, ela dispunha de um conse- ziam o assunto do vestuário em um debate na Ellen White. Ela via uma relação direta entre
para o pensamento convencional de sua épo- lho sensato para todas as áreas. Alguns pasto- igreja. Aqui novamente Ellen White usou o fazer o trabalho da igreja e representar apro-
ca. Mas esses princípios devem ser compreen- res estavam sendo vítimas da moda de dicção bom senso e deu um conselho prático: “A priadamente o caráter de Deus. Quando a no-
didos e aplicados utilizando-se o bom senso. predominante de pregar num tom de voz an- questão do vestuário não deve ser nossa ver- va casa editora australiana estava prestes a fa-
Com respeito a tomar duas refeições por tinatural, longe do estilo coloquial que me- dade presente.” “Sigam costumes no vestir lir, ela indicou os problemas: os orçamentos
dia, ela escreveu: “Alguns ingerem três refei- lhor reflete o raciocínio calmo. Ela pediu en- até onde eles se conformem com os princí- de serviços eram muito baixos, faltava ge-
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 9 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White BOM HUMOR, BOM SENSO
ECONSELHEIRA PRÁTICA

renciamento no controle de custos e as des- terras: “O cultivo de nossas terras requer o vem enfermeira que possuía apenas algu- mo dissera para diversas mulheres, que ela
pesas gerais com o escritório eram elevadas exercício de toda energia cerebral e tato mas roupas, e por isso vovó lhe deu três devia ter pelo menos um vestido verme-
demais. Então ela escreveu: “Foi-me mostra- que possuímos. As terras ao nosso redor tes- cortes de fazenda suficientes para fazer três lho.”43 Ellen White jamais perdeu a capaci-
do que esta não era a maneira de lidar com o tificam da indolência do homem. ... Espera- vestidos: um vermelho, um azul e um cor de dade de relacionar-se com as pessoas de
negócio. Não é da vontade de nosso Pai ce- mos ver fazendeiros inteligentes, que sejam ouro. Ela disse para aquela jovem, assim co- maneira prática.
lestial que Sua obra deva ser dirigida de mo- recompensados por seu ardoroso trabalho.
do a ser uma constante dificuldade. ... Al- ... Se fizermos isto, teremos feito uma boa Referências
guns dos obreiros não estão dispostos a aju- obra missionária.”41
1. Christian, Fruitage of Spiritual Gifts, pág. 48. mos o efeito que determinadas combinações exercem sobre
dar nem a instruir seus colegas de trabalho. 2. Biography, vol. 3, pág. 195. nós. Não somos máquinas; somos seres humanos, inteli-
... Os obreiros da Editora Echo tinham pou- A Cura de Herbert Lacey 3. Ibidem, pág. 290. gentes; e devemos exercer nosso bom senso. Podemos ten-
quíssima compreensão dos métodos corretos Precisava-se muitas vezes de conselho práti- 4. Delafield, Ellen G. White in Europe, pág. 174. tar diferentes combinações de alimento.” – The Kress Col-
5. Ibidem, pág. 177. lection, pág. 144.
de obter sucesso.” co no tratamento dos doentes. O Prof. Her- 6. Manuscrito 4, 1878, citado em MR, vol. 5, pág. 178. 24. “Há verdadeiro bom senso na reforma do regime. O assunto
Ela concluiu seu conselho com estas pala- bert Lacey, que liderava em 1897 o progra- 7. Glen Baker, “The Humor of Ellen White”, Adventist Review, deve ser larga e profundamente estudado, e ninguém devia
30 de abril de 1987. criticar outros porque não estejam, em todas as coisas, agin-
vras: “Irmãos e irmãs ligados ao trabalho da ma escolar em Avondale, foi afligido repen- 8. Orientação da Criança, pág. 415. do em harmonia com seu ponto de vista. É impossível esta-
Editora Echo, estas palavras que eu escrevi tinamente por uma febre tifóide. Em apenas 9. Tetemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 464 (O Lar Adventista, belecer uma regra fixa para regular os hábitos de cada um, e
foram proferidas por meu guia.”38 uma semana ele perdeu nove quilos; sua vi- págs. 252 e 253). ninguém se deve considerar critério para todos. Nem todos
10. Biography, vol. 6, págs. 124-129. podem comer as mesmas coisas. Comidas apetecíveis e sãs
Durante aqueles dias difíceis, quando o talidade estava baixa e sua febre, alta. Con- 11. D. E. Robinson a W. C. White, 30 de setembro de 1906. para uma pessoa podem ser desagradáveis e mesmo nocivas
futuro de um colégio na Austrália parecia victos do sucesso do Dr. Kellogg com a hi- 12. Baker, “The Humor of Ellen White”. para outra. Alguns não podem usar leite, ao passo que outros
droterapia, a equipe médica aplicou gelo pa- 13. Ibidem.
incerto, Ellen White confiava que um terre- 14. Ver pág. 395. “Quanto aos testemunhos, coisa alguma é ig-
tiram bom proveito dele. Pessoas há que não conseguem di-
gerir ervilhas e feijão; para outros, eles são saudáveis. Para
no comprado “a baixo preço” atenderia efe- ra baixar a febre e restaurar a circulação de norada; coisa alguma é rejeitada; o tempo e o lugar, porém, uns as preparações de cereais integrais são boas, enquanto
tivamente às necessidades de uma futura es- “seus intestinos”. Ao ouvir isso, Ellen Whi- têm que ser considerados. Coisa alguma deve ser feita impor- outros não as podem ingerir.” – A Ciência do Bom Viver, págs.
tunamente. Alguns assuntos precisam ser retidos porque al-
cola. Nenhum membro da comissão, porém, te enviou rapidamente um telegrama para os gumas pessoas fariam uso impróprio do esclarecimento dado.
319 e 320.
“Não fazemos da reforma de saúde um leito de Procusto,*
estava convencido a respeito do que lhe fo- médicos: “Não usem gelo, mas aplicações Todo jota e til é essencial e precisa aparecer em tempo opor- cortando as pessoas quando o ultrapassam ou esticando-as até
ra mostrado. Ela ficou angustiada com a quentes.” tuno. No passado, os testemunhos eram cuidadosamente pre- que atinjam as dimensões. Uma só pessoa não pode servir de
parados antes de serem enviados para publicação. E todo as- norma para todas as outras. O que queremos é uma pequena
“precaução não santificada” demonstrada Por que ela fez isso, e o fez com tanta rapi- sunto é ainda cuidadosamente estudado depois de ser escrito pitada de bom senso. Não sejam extremistas. No caso de ha-
por eles.39 dez? Ela viu muitíssimas pessoas morrendo de pela primeira vez.” – Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 57. ver erro, é melhor errar do lado das pessoas do que do lado em
15. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 137 (Fundamentos da
Em uma carta a Marian Davis, sua confi- tifo, em grande parte devido às drogas con- Educação Cristã, pág. 21).
que não se pode alcançá-las. Não sejam diferentes simples-
dente e eficiente auxiliar na confecção de li- vencionais que destruíam a capacidade de o mente por querer ser diferentes. Fora com o bolo. As pessoas
16. Biography, vol. 5, págs. 312-315 (Mensagens Escolhidas, vol.
podem matar-se com doces. Os doces são mais prejudiciais às
vros, a Sra. White usou sua imaginação práti- paciente vencer o enfraquecimento causado 3, págs. 216 e 217). Leia toda a seção, págs. 315-317, para co-
crianças do que qualquer outra coisa.” – Sermons and Talks,
mentários adicionais que mostram os claros princípios de
ca a respeito de Avondale e, baseada no con- pelas drogas. Mas ela sabia também que a hi- Ellen White relativos à educação infantil, a quem e como de-
vol. 1, pág. 12.
25. “O mundo está cheio de mulheres com baixa vitalidade e
selho de seu Guia, escreveu: “Planejei o que droterapia devia ser usada sabiamente. Apli- via ser ministrada.
pouco bom senso. A sociedade precisa muito de mulheres
pode ser cultivado em diversos lugares. Disse car gelo sobre a cabeça e o corpo de Lacey, 17. Ver Apêndice P.
18. “Precisamos ser guiados pela genuína teologia e o bom senso. saudáveis e sensatas, que não temam trabalhar nem sujar as
eu: ‘Aqui pode ser uma plantação de alfafa; que estava com baixa vitalidade, iria enfra- Nossa alma necessita estar rodeada pela atmosfera do Céu. mãos. Deus lhes deu mãos para usarem no trabalho útil. Deus
não lhes deu a maravilhosa máquina do corpo humano para
ali, de morangos; acolá, de milho doce e mi- quecê-lo ainda mais. Homens e mulheres devem vigiar-se a si mesmos; estar de
ficar paralisada por inatividade. Era propósito de Deus que a
contínuo em guarda, não permitindo palavra ou ação que ve-
lho comum. Este solo produzirá boas batatas, Tempos depois, a Sra. White escreveu a nha fazer com que seja vituperado o seu bem. (Rom. 14:16.) maquinaria viva estivesse empenhada em atividade diária,
enquanto aquele produzirá boas frutas de to- respeito desse grave acontecimento: “Eu não O que professa ser seguidor de Cristo tem de vigiar-se a si pois é esta atividade ou movimento o que lhe conserva o vi-
mesmo, conservando-se puro e incontaminado em pensa- gor. O trabalho manual acelera a circulação do sangue.
das as espécies.”40 ia ser tão delicada com o médico a ponto de Quanto mais ativa for a circulação do sangue, mais livre será
mento, palavra e ação. Sua influência sobre os outros deve
Parte do problema daqueles dias iniciais permitir que a vida de Herbert Lacey fosse jo- ser de molde a elevar. Sua vida deve refletir os brilhantes o sangue de obstruções e impurezas. O sangue nutre o corpo.
na Austrália era que não se havia feito mui- gada fora. ... Pode haver casos em que as apli- raios do Sol da Justiça.” – Conselhos aos Professores, Pais e Es- A saúde do corpo depende da saudável circulação do sangue.
tudantes, págs. 257 e 258. Ver págs. 305-307, 311, 326, 400- Se a obra é realizada sem o coração estar nela, não passa de
ta coisa no ramo da agricultura científica. cações de gelo funcionem bem. Mas os livros 402 e 436 para outros exemplos de Ellen White apelando pa- trabalho enfadonho, e não se obtém o benefício que deveria
Ellen White sabia que, se Avondale mos- de prescrições que são seguidos à risca no que ra o bom senso. resultar do exercício.” – Signs of the Times, 29 de abril de
diz respeito às aplicações de gelo devem ter 1885.
trasse o caminho no adequado gerencia- 19. Conselhos Sobre a Escola Sabatina, pág. 186.
26. Evangelismo, pág. 540.
20. Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, págs. 416 e 417 (Conselhos
mento do solo, o beneficiado não seria so- explicações adicionais, para que as pessoas Sobre o Regime Alimentar, pág. 141). 27. “Não permitam que prevaleça a idéia de que o Retiro de Saú-
mente o colégio. Ela sabia que a pobreza da- com baixa vitalidade usem o quente em lugar 21. A Ciência do Bom Viver, pág. 321. Ver também Educação, de é um lugar onde os doentes são curados pela oração da fé.
pág. 205. Haverá ocasiões em que isto será feito, e precisamos constan-
quela região da Austrália seria grandemen- do frio. ... Fazer apenas o que o livro do Dr. temente ter fé em Deus. Ninguém pense, porém, que aqueles
22. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 178.
te reduzida quando o povo reconhecesse Kellogg recomenda sem refletir sobre o as- 23. “No uso dos alimentos, devemos exercer discernimento e que maltrataram a si mesmos e não cuidaram de si mesmos de
que era capaz de produzir com êxito o pró- sunto é simplesmente loucura.”42 bom senso. Ao percebermos que alguma coisa nos faz mal,
não precisamos escrever cartas de consulta [a Ellen White] * Leito de ferro onde, segundo a mitologia grega, Procus-
prio alimento. Em uma carta endereçada a A respeito do espírito prático e do bom para saber a causa do distúrbio. Usemos nosso raciocínio. to, famigerado ladrão, estendia suas vítimas, cortando-lhes os
Edson, ela enfatizou o que havia exemplifi- senso de Ellen White, sua neta Grace White Mudem o regime; usem menor quantidade de alguns ali- pés quando ultrapassavam, ou esticando-os quando não al-
cado no pomar da escola e em suas próprias Jacques disse certa vez: “Lembro de uma jo- mentos; experimentem outras preparações. Logo sabere- cançavam o tamanho do leito.

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SEÇÃO II
CAPÍTULO 9
A Verdadeira Ellen White BOM HUMOR, BOM SENSO
ECONSELHEIRA PRÁTICA

maneira inteligente podem vir para o Retiro de Saúde e ser devem seguir a Cristo e fazer seus vestidos em conformidade
curados pela oração da fé, pois isto é presunção. Eu vejo meus com a Palavra de Deus. Devem evitar os extremos. Devem
irmãos exercendo tão pouca sabedoria e tão pouco bom senso elas adotar humildemente uma conduta reta, apegando-se ao
que meu coração fica pesaroso, dolorido e angustiado. Eles não direito por ser direito, sem se preocupar com aplausos ou cen-
têm idéias sensatas nem honram a Deus. Precisam do toque di- suras.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 458 e 459
vino. Se predominar a idéia de que os doentes devem vir ao (Mensagens Escolhidas, vol. 2, págs. 476 e 477).
Instituto para serem curados pela oração da fé, vocês terão um 33. Para a citação completa, Manuscrito 167 (1897), onde Ellen
estado de coisas que nem imaginam, ainda que eu lhes descre- White apresenta princípios orientadores sobre a reforma do
vesse isso usando os melhores recursos da língua inglesa que eu vestuário, ver o Apêndice em D. E. Robinson, The Story of
fosse capaz de dominar.” – MR, vol. 7, pág. 370 (1886). Our Health Message, terceira edição (Nashville: Southern
28. “Foi-me mostrado que nossos pastores estão causando grande Publishing Association, 1965), págs. 441-445. (Orientação da
prejuízo a si mesmos pelo descuido no uso dos órgãos vocais. Criança, pág. 414.)
Chamamos-lhes a atenção para este importante assunto e de- 34. Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 319.
mos, por intermédio do Espírito de Deus, advertências e ins- 35. Ibidem.
truções. Era dever deles aprender a maneira mais sábia de 36. “A juventude confia demais no impulso. Não deve entregar-
usar esses órgãos. A voz, este dom do Céu, é uma poderosa fa- se demasiado facilmente, nem deixar-se cativar muito de-
culdade para o bem e, caso não seja pervertida, glorificará a pressa pelo atraente exterior do pretendente. ... Se há algo
Deus. Tudo o que era essencial era estudar e seguir conscien- em que seja preciso o bom senso, é este; mas o fato é que ele
ciosamente algumas regras simples. Mas em vez de educarem- é pouco empregado neste assunto.” – Review and Herald, 26
se, como deviam ter feito pelo exercício de um pouco de bom de janeiro de 1886 (Mensagens aos Jovens, pág. 450).
senso, contrataram um professor de técnica vocal.” – Teste- 37. Fazendo um apelo a uma esposa egocêntrica, Ellen White es-
munhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 604. Ver também Medicina creveu: “Você acha que não é decepcionante para seu mari-
e Salvação, págs. 264 e 265. do constatar que você é o que Deus me mostrou que você é?
29. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 394. Será que ele casou com você com a expectativa de que você
30. Educação, pág. 220. não assumiria responsabilidades, não compartilharia perple-
31. Evangelismo, pág. 505. xidades nem exerceria abnegação? Esperava ele que você não
32. “As mulheres cristãs não se devem dar a trabalhos para se tor- se sentiria na obrigação de exercer domínio próprio, ser ale-
narem objeto de ridículo por vestir diferentemente do mun- gre, bondosa, paciente e sensata?” – MR, vol. 16, pág. 310.
do. Mas, se seguindo suas convicções de dever a respeito do 38. Biography, vol. 4, págs. 26 e 27.
vestir modesta e saudavelmente, elas se acham fora da moda, 39. Ibidem, pág. 215.
não devem mudar de vestuário a fim de ser semelhantes ao 40. Ibidem, pág. 154. Para leitura adicional sobre o desenvolvimen-
mundo; porém devem manifestar nobre independência e co- to divinamente orientado de Avondale College, ver pág. 355.
ragem moral para ser corretas, ainda que o mundo inteiro de- 41. Ibidem, pág. 224 (Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evan-
las difira. Caso o mundo introduza um modo de vestir decen- gélicos, págs. 243 e 244).
te, conveniente e saudável, que esteja em harmonia com a 42. Ibidem, págs. 292 e 293.
Bíblia, não muda nossa relação para com Deus ou para com 43. “My ‘Special’ Grandmother”, The Youth’s Instructor, 5 de de-
o mundo o adotar tal estilo de vestuário. As mulheres cristãs zembro de 1961.

Perguntas Para Estudo

1. Se você tivesse que explicar o valor do “bom senso”, como você começaria, à vista do
fato de que a Palavra de Deus, não nossa opinião pessoal, é a prova da verdade?

2. Como refutaria a acusação de que Ellen White era uma “desmancha-prazer” e uma “san-
ta” mal-humorada?

3. Qual o princípio fundamental que decide como aplicar o bom senso em todos os aspec-
tos da vida?

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO II

10
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Verdadeira Ellen White
Compradora Excelente rainhas-do-prado acabam de desabrochar, bem
Em determinado momento de seu movimen- como as campânulas de Baltimore. As peônias
tado programa de atividades na Europa, Ellen têm estado muito belas e perfumadas, mas es-
White sentiu a necessidade de diminuir um tão começando a murchar rapidamente. Faz
pouco o ritmo inflexível de suas atividades li- vários dias que estamos comendo morangos.”11

A Pioneira Americana e terárias e compromissos de pregação. Como


forma de distração, ela e Sara McEnterfer, sua
companheira de viagem, faziam trabalhos de
Praticar jardinagem significava para Ellen
White trabalho, mas trabalho prazeroso. Es-
crevendo de Oakland, Califórnia, para o ma-

a Mulher Vitoriana costura para si mesmas e para os outros. Al-


gumas mulheres, percebendo que ela mani-
festava bom gosto e economia quando com-
prava, freqüentemente queriam a ajuda dela
rido em Battle Creek, mencionou uma nova
amiga que repartiu plantas para o seu jardim:
“Organizei minhas coisas no jardim de minha
nova casa à luz da lua e com a ajuda de meu
“Ela se levantou do leito de enfermidade e deu os primeiros, débeis e hesitantes passos para tornar- ao fazerem suas compras.8 lampião. As duas Marys tentaram fazer com
se uma mulher vitoriana e uma profetisa adventista.”1 Em todas as coisas, porém, até mesmo na que eu esperasse até o amanhecer, mas eu não
costura, ela recomendava o equilíbrio e insis- lhes dei ouvido. Tivemos um belo aguaceiro
tia em que fossem mantidas as prioridades na noite passada. Fiquei contente em ter in-
corretas. Falando a respeito das mães, escre- sistido em arrumar minhas plantas.”12

D
e todas as líderes femininas de grupos veram, assim como a maioria das outras fa- veu: “Mantenha-se ela bem-humorada e ale- Em 1881, os White tinham voltado a mo-
sociais ou religiosos do século dezeno- mílias dotadas com o espírito pioneiro do sé- gre. Em vez de passar todos os momentos rar em Battle Creek. Desta vez, escrevendo a
ve, Ellen White foi, por assim dizer, culo dezenove. Durante a maior parte de sua num costurar sem fim, faça do serão um apra- Mary, sua nora, Ellen White pediu mudas do
única. Ela combinava as vigorosas caracterís- longa vida, Ellen White fez suas próprias zível período social, uma reunião de família jardim que plantara em Oakland: “Quero lhe
ticas de pioneira norte-americana com as vir- costuras. Certa vez, ela escreveu: “Os len- depois dos deveres do dia.”9 pedir um favor. Pegue uma caixa pequena e
tudes da típica mulher vitoriana. çóis, as fronhas e as minhas roupas estão em coloque nela pequenas raízes e mudas de cra-
boa ordem.”5 Entusiasta Horticultora vos, alguns galhos de rosas seletas, brincos-
À Vontade com Cavalos Em um dos últimos dias de novembro de Ellen White era uma horticultora entusiástica, de-princesa e gerânios e os envie para mim.”
Eis uma mulher de 1,57m de altura, outrora 1865, em Rochester, Nova Iorque, ela escre- não apenas para atender suas necessidades do- Alguns dias depois, ela escreveu: “Nossa ca-
frágil, que podia arrear e montar cavalos tão veu uma cartinha para Tiago: “A noite passa- mésticas de vegetais e frutas, mas também para sa em Michigan está linda. ... Estive plantando
bem quanto a maioria dos homens.2 Além da foi uma noite fria. Eu receava dormir sozi- embelezar o lar com flores frescas. A primave- arbustos e flores até formar um bom jardim. Te-
disso, baseada na própria experiência, insistia nha num quarto frio, mas minha bonita e ra em Battle Creek (1859) mexeu com a veia nho um grande número de peônias; espero con-
fortemente em que os rapazes deviam apren- quente camisola ficou pronta. Eu a vesti e fi- de jardineira desta atarefada mãe de 31 anos de seguir cravos da Califórnia. Quero adquirir um
der, em casa ou na escola, como “fazer a cama cou realmente confortável. ... Estou me sain- idade e três filhos. A respeito de um 24 de mar- pouco daquelas folhagens verdes para bordas de
e arranjar o quarto, lavar a louça, preparar a do muito bem como costureira, e sem ficar ço frio e ventoso, o diário dela diz: “Levantei canteiro que conseguimos com a irmã Rollin. ...
comida, lavar e consertar a própria roupa”. sobrecarregada.”6 cedo. Ajudei meu marido e o irmão Richard Desejo ter algumas sementes da Califórnia.”13
As jovens deviam aprender a “arrear, caval- [Godsmark] a transportar uma muda de grose- Esse grande e ávido interesse em jardim e
gar, usar a serra e o martelo, assim como o an- Um Dia Típico lheira para plantar em nosso quintal.” pomar preparou-a para o desafio na Austrália
cinho e a enxada”.3 Ao lermos os diários e cartas de Ellen Whi- No dia 30 de março, o tempo ficou mais na década de 1890. Ao perceber que a maior
te, podemos ter uma idéia de como era sua quente, e eis o que ela fez: “Plantei framboe- parte do incentivo que dera à expansão do de-
Habituada a Dificuldades vida diária. Numa carta de 1873, endereça- seiras. Fui à loja Manchester buscar mudas de senvolvimento da agricultura caíra em ouvi-
Ellen White é com muita freqüência lembra- da ao Pastor D. M. Canright e esposa, ela morangos. Adquiri algumas groselheiras. En- dos pessimistas, declarou ousadamente que os
da como oradora convincente e escritora pro- escreveu, em parte: “Faz algum tempo que viei três cartas.” homens da região estavam equivocados. Para
lífica, mas as pessoas de seu tempo também a sinto o dever de escrever para os irmãos, No dia seguinte, ela plantou “um canteiro dizer a verdade, ela afirmou que eles estavam
conheceram como dona de casa competente mas não tenho encontrado tempo. Levan- de morangos”. Duas semanas depois escreveu: levantando “falso testemunho” contra a terra.
e mãe bem-disposta. Tudo isso não era fácil tei às cinco e meia da manhã, ajudei Lucin- “Passei a maior parte do dia fazendo um jar- Pelo exemplo e pela exortação visionária,
numa época em que não havia eletricidade da a lavar os pratos, escrevi até o escurecer, dim para meus filhos. Estou disposta a tornar- ela mostrou o caminho. O resultado foi reca-
nem sistema de abastecimento de água. Não depois fiz algumas costuras necessárias e fi- lhes o lar tão agradável quanto me for possí- pitulado em carta escrita em 3 de fevereiro de
era fácil também porque ela e o marido pas- quei sentada até perto da meia-noite. Ape- vel, para que o lar seja para eles o lugar mais 1896: “Tenho a prova de que, se cuidarmos
savam anos sem nenhuma renda regular. Não sar disso não fiquei doente. Depois de ter- agradável de todos.”10 das árvores e hortaliças na estação seca, tere-
ter um “lugar fixo para morar” tornava a vida minar as atividades literárias do dia, tenho De seu pequeno lar em Washington, Iowa, mos bons resultados. Nossas árvores estão in-
completamente difícil.4 lavado a roupa da família. Muitas vezes ela escreveu para Edson: “Estamos cercados de do bem . ... Posso afirmar, por experiência
fico tão cansada que cambaleio como bêba- flores de quase todas as espécies, mas o mais be- própria, que disseram falso testemunho con-
Habilidosa na Costura da, mas louvo ao Senhor porque tenho sido lo de tudo é estar rodeados de rosas por todos tra esta terra. No terreno da escola, temos to-
Mas os White e dois de seus filhos sobrevi- sustentada.”7 os lados, rosas perfumosas de todas as cores. As mates, abóboras, batatas e melões. ... Sabe-
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 10 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A PIONEIRA AMERICANA
EA MULHER VITORIANA

mos que, com o devido cuidado, a terra irá ferro parada devido à crise financeira de 1873, do o trem não pôde mais prosseguir, essas nidade, tarefas domésticas) e a resposta a seu
prosperar.” os gafanhotos atacaram comendo tudo o que duas mulheres alugaram uma carruagem. chamado profético. “Sua fragilidade, as visões
Alguns dias depois, escreveu em seu diário crescia desde as fronteiras do Canadá até o nor- Quando a carruagem foi obrigada a parar, elas sobre as quais não tinha controle, sua relutân-
que havia levantado às 4h30 e, antes das 5h, te do Texas. Um trem da Union Pacific em puseram-se a caminhar, perfazendo os últi- cia, particularmente nos primeiros anos, em
estava no jardim “cavando a terra com a pá e Kearney [Nebraska] entravou em um monte de mos 64 quilômetros em quatro dias. aceitar posição de liderança que exigia dela
preparando-a para plantar minhas flores”. De- gafanhotos de quase um metro de altura.”18 Essa viagem fenomenal é descrita por Ellen ser mais do que uma amanuense de Deus, re-
pois, com a ajuda de duas pessoas, ela plantou Em 1876, o tempo convencional de via- White na Review and Herald de 30 de julho de velam um padrão particularmente feminino
vinte e oito tomateiros. Na manhã seguinte foi gem entre a costa do Pacífico e Nova Iorque 1889: “Fomos obrigadas a caminhar quilôme- de profecia religiosa. Era um padrão que aten-
ao pomar “amarrar as árvores. Coloquei um tu- era de sete dias e sete noites, com baldeações tros nesta viagem, e pareceu maravilhoso que dia a necessidade de as mulheres serem mais
fo de grama entre a estaca e as árvores para que em Omaha e Chicago.19 eu conseguisse suportar o percurso como o fiz. servas do que mestras, e servia para reforçar a
as árvores não fossem prejudicadas”.14 Por três vezes Ellen White empreendeu a Fazia anos que eu quebrara os tornozelos, e percepção confortável das mulheres como va-
arriscada viagem marítima para Oregon desde então eles haviam ficado fracos. Antes sos passivos por meio dos quais Deus e os ho-
Viajante Intrépida (1878, 1880 e 1884), numa época em que os de partir de Battle Creek para Kansas, eu ha- mens realizam grandes obras. Ao adotar esse
O espírito pioneiro de Ellen White foi prova- recursos ainda eram primitivos. A respeito de via torcido um tornozelo, ficando confinada a padrão, Ellen White tornou-se o tipo de mu-
velmente mais bem manifestado no seu ex- uma visita que recebeu de Ellen White em muletas por algum tempo; mas, nesta emer- lher profetisa que a América [do Norte] vito-
traordinário itinerário de viagem. Até 1885 1878, quando ela contava 50 anos de idade, a gência, não senti fraqueza nem desconforto. riana era capaz de tolerar.”25
ela havia atravessado os Estados Unidos de esposa de um obreiro relatou: “Ao contemplar Viajei com confiança sobre rochas acidenta- A Sra. White manifestou uma de suas mui-
trem, da Califórnia a Michigan, cerca de vin- a obra que devia ser feita, a irmã White empe- das e escorregadias.”22 Na reunião campal de tas características do modelo vitoriano pelo
te e quatro vezes, apenas dezesseis anos depois nhou-se tanto quando aqui esteve, que lhe pa- Williamsport, ela pregou treze vezes, inclusive uso freqüente de eufemismos. Por exemplo, ao
de a conexão transcontinental ter sido cons- receu realmente esquecer sua idade. Sua visi- em todas as reuniões realizadas de manhãzi- referir-se à relação sexual, ela usava frases co-
truída em Promintory, Utah! Obviamente, es- ta a Oregon foi o mais valioso benefício para nha – e isso sem nenhum sistema de som! mo: “privilégio das relações conjugais,”26
sas viagens não eram nada parecidas com o a Verdade Presente nesta região.”20 Esse espírito perseverante, bem-disposto e “privilégios matrimoniais”27 e “privacidade e
que as pessoas de hoje imaginam nem tinham Em 1852, os White saíram de Rochester, pioneiro manifestou-se, como sempre, quan- os privilégios da relação de família”.28
semelhança alguma com as idéias românticas Nova Iorque, para uma viagem de dois meses do os White atravessaram o rio Mississippi Os eufemismos vitorianos que ela empre-
que as pessoas atribuem ao viajar por via fér- à Nova Inglaterra a cavalo e de carruagem. em 1857. Trinta centímetros de água corria gava não eram meramente recato exagerado.
rea na primeira metade do século vinte.15 Tiago organizou o itinerário e informou os por sobre o gelo, e outras parelhas de animais Ela foi uma devotada e amorosa esposa que
Os vagões de passageiros, feitos de madeira adventistas pela revista da igreja sobre o tem- com carroças haviam recuado, mas o grupo conquistou e conservou a admiração do mari-
e suscetíveis a acidentes, estavam na ordem po e o lugar por onde os White passariam. O dos White seguiram adiante. Em Iowa, em do até o dia em que ele morreu. Mas enten-
do dia, não sendo substituídos pelos vagões de programa de atividades era extenuante; foi meio a ventos frios e intensos, com os cava- dia de saúde mental e a maneira como se de-
aço inteiriço a não ser em 1907. “Os assentos planejado percorrer um trecho de aproxima- los abrindo caminho através da neve alta, vem estabelecer as prioridades conjugais. Seu
tinha espaldares retos e eram forrados com um damente 160 quilômetros em apenas dois eles finalmente chegaram a seu destino.23 conselho freqüente a outros a respeito de re-
estofamento fino, se é que eram. Um forno a dias! Mas com o bom tempo e a ausência de lações conjugais desenvolveu-se não apenas
carvão provia o único aquecimento; velas e transtornos, eles conseguiram atender seus A Mulher Vitoriana por meio da inspiração divina, mas também
lampiões forneciam a iluminação. Os espaços compromissos. Enquanto andavam aos sola- Contudo, apesar do valoroso exemplo de vigo- por sua própria experiência pessoal. Defendia
abertos das plataformas ofereciam pouca pro- vancos sobre uma carruagem aberta, Tiago rosa mulher pioneira do século dezenove, a civilidade e a modéstia cristã não apenas
teção contra o tempo quando se caminhava pensava sobre o que escreveria para a Review Ellen White revelava as características da mu- verbalmente, mas as colocava em prática
de uma composição para outra.”16 O maqui- e Youth’s Instructor. Quando paravam para lher vitoriana. A pesquisadora Kathleen Joyce com um marido que a adorava.
nista “podia ser identificado por seu cheiro de alimentar Charlie, seu cavalo, Tiago escrevia chamou a atenção para uma passagem larga- Repare, por exemplo, em um conselho
uísque tão prontamente como o caixeiro-via- os artigos “sobre a tampa de nossa caixa de mente citada por Bárbara Welter, que alistava particular dado a Daniel T. Bordeau, um ten-
jante por sua pasta de amostras”.17 alimentos ou a copa de seu chapéu”.21 quatro virtudes pelas quais se julgava uma mu- so jovem de 26 anos de idade. Ordenado com
Os primeiros quarenta anos de viagem por A experiência de Ellen White em tentar lher vitoriana: “Piedade, pureza, submissão e a idade de 23 anos, fazia três anos que Bor-
via férrea rumo ao oeste foram “o apogeu do chegar a um compromisso na reunião campal domesticidade. Misture tudo e elas formarão as deau buscava uma esposa. Em 1861 ele casou-
mineiro, do caubói, dos assaltantes de trem e de Williamsport, Pensilvânia, em princípios palavras mãe, filha, irmã, esposa – mulher. se com Marion Saxby em Bakersfield, Ver-
das pessoas de má fama; você poderia encon- de junho de 1889, ilustra bem seu espírito Sem elas, não importava a fama, a realização mont, em uma cerimônia oficiada por Tiago
trar um ou todos eles viajando em bancos esto- perseverante e pioneiro. Este foi o ano da ou a riqueza, tudo são cinzas. Com elas, havia White numa casa particular. Tiago tinha 40
fados ou de ripas dos trens a vapor”. A região chuva torrencial e da inundação de Johns- a promessa de felicidade e poder.”24 anos e Ellen, 33, uma mulher ainda jovem.
que se estendia rumo ao oeste “era descalvada town. Muitas estradas e pontes haviam sido Joyce acrescentou a área da “saúde e dos Pelo fato de a cerimônia ter sido no fim do
e agreste, açoitada por ventos cruéis e queima- destruídas. O trem partiu lentamente de Bat- cuidados médicos femininos” como uma outra dia, os recém-casados aceitaram o convite
da por tórridos verões. A chuva, quando apare- tle Creek. Quando eles chegaram a Elmira, característica específica da mulher vitoriana. dos anfitriãos para passarem a noite na casa
cia, era uma torrente destrutiva. As estiagens Nova Iorque, foram aconselhados a voltar pa- Observou que a carreira de Ellen White foi deles. Os White também ficaram como con-
aconteciam a intervalos regulares. ... Em 1874, ra casa. Mas a Sra. White (na época com 61 um equilíbrio constante entre o cumprimento vidados da família.
com a maior parte da construção da estrada de anos) e Sara McEnterfer continuaram. Quan- das obrigações vitorianas (casamento, mater- Quando Ellen White subiu as escadas para
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 10 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A PIONEIRA AMERICANA
EA MULHER VITORIANA

recolher-se, topou com um jovem muito ner- riana ao marido nem se conformava às ex- discutido e usado como um exemplo a seguir, mas jamais con- vol. 8 (1966), pág. 151, citado no original inédito de Kathleen
siderado coisa extraordinária”. – The Fruitage of Spiritual Joyce, “An Ambiguous Woman: Victorian Womanhood and Re-
voso andando de um lado para outro em fren- pectativas sociais (apenas para obter a apro- Gifts, pág. 152. ligious Prophecy in the Life of Ellen Gould White”, 1991.
te à porta fechada do quarto. Ela suspeitou vação masculina) ou à domesticidade vito- 23. Biography, vol. 1, págs. 346-349. Ver também pág. 431. Para 25. Joyce, ibidem, pág. 24.
que havia problema. Delicadamente disse ao riana (para aumentar o prestígio entre ou- outro exemplo da vida emocionante mas rigorosa dos pionei- 26. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 380.
ros, examine os meses passados no Texas durante o inverno 27. Ibidem, pág. 391.
jovem noivo (conforme a noiva citou poste- tras mulheres). Ao desempenhar seu papel de 1878-79 e a experiência penosa sofrida em um comboio de 28. Ibidem, pág. 90.
riormente ao narrar o incidente com o mari- profético, essas “virtudes” vitorianas assumi- carruagens na primavera de 1879. – Ibidem, págs. 98-120. 29. Roger W. Coon, “Counsel to a Nervous Bridegroom”, Adven-
do): “Daniel, dentro deste quarto, sobre a ca- ram um novo significado. A fragilidade físi- 24. “The Cult of True Womanhood: 1820-1860”, American Quartely, tist Heritage, verão de 1990, págs. 17-22.
ma, encontra-se uma jovem apavorada, petri- ca tornou-se um desafio para vencer a fra-
ficada de medo. Pois bem, agora vá até ela, queza pela graça de Deus, um feito que lhe
ame-a e conforte-a. E, Daniel, trate-a com deu maior força e resistência à medida que Perguntas Para Estudo
delicadeza, com ternura e com amor. Isso fa- envelhecia.
rá bem a ela.” Embora a submissão ao marido e o atendi- 1. Quais as características distintivas da mulher “vitoriana”?
Depois ela acrescentou: “Daniel, isso tam- mento das necessidades da família fossem im-
bém lhe fará bem!”29 Eis uma mulher vitoria- portantes, a responsabilidade profética de Ellen 2. De que maneiras interessantes foi Ellen White uma mulher pioneira exemplar?
na que tinha as prioridades certas. Aquele jo- White era a coisa mais importante de sua vida.
vem casal ficou eternamente grato. Ela mostrava a todos que as responsabilidades 3. Na sua opinião, como a aptidão para jardinagem ajudou Ellen White em sua produção
Em alguns outros aspectos, Ellen White religiosas não reduziam as responsabilidades literária? Dê alguns exemplos.
era bastante diferente da típica mulher vito- domésticas. A vida, para ela, não era dividida
riana. Ela não se valia de sua fragilidade pa- em compartimentos, quer como profetisa, quer 4. Poderia uma mulher do mundo de hoje ser tanto “vitoriana” quanto uma pioneira
ra obter vantagens pessoais ou atenção espe- como dona de casa. Encarava a vida como um norte-americana?
cial, mas sobrepôs-se a isso para o espanto de todo. Para cumprir suas responsabilidades reli-
seus contemporâneos. Embora respeitasse giosas, não precisava diminuir suas responsabi-
Tiago, não possuía a típica submissão vito- lidades como esposa, mãe ou vizinha.

Referências
1. Jonathan Butler, “Prophecy, Gender and Culture: Ellen pany, 1975), pág. 123. Ver Apêndice C para trechos do rela-
Gould Harmon [White] and the Roots of Seventh-day Ad- to de Robert Louis Stevenson de seu percurso de trem em
ventism”, Religion and American Culture: A Jornal of Interpre- 1879 rumo ao oeste.
tation, vol. 1 (inverno de 1991), págs. 3-29. 19. Lucius Beebe, The Age of Steam, pág. 161. Em 1848 ninguém
2. Algumas referências descrevem seus passeios a cavalo nas ainda havia viajado num veículo à velocidade de 1,6 quilô-
montanhas do Colorado, tanto por prazer como para propó- metro por minuto. O Presidente Washington fora informado
sitos de viagem. Ver MR, vol. 3, págs. 158, 163 e 170; vol. pelos principais médicos “que uma diligência que desenvol-
8, pág. 121; vol. 20, pág. 208. vesse velocidade de 24km/h certamente ocasionaria a morte
3. Educação, pág. 216. de quem nela estivesse, pois isto faria com que todo o sangue
4. Life Sketches, pág. 105. Ver pág. 80. do corpo afluísse para a cabeça.” – Lucius Beebe, High Iron
5. MR, vol. 5, pág. 430 (1874). (New York: D. Appleton-Century Company, 1938), pág. 55.
6. Ibidem, vol. 10, pág. 27. No capítulo “Overland by Rail, 1869-1890”, em Gary Land,
7. Ibidem, vol. 15, pág. 231. The World of Ellen G. White, págs. 63-76, Randall R. Butler
8. Delafield, Ellen G. White in Europe, pág. 200. Willie, viajan- II escreveu que, antes de 1880, os trens da Union Pacific e
do com a mãe, escreveu para sua esposa Mary, em Basilésia: da Central Pacific faziam a média de 35,4 quilômetros por
“Mamãe e Sara continuam apresentando ótimo desempe- hora. Depois de 1880 as velocidades médias dobraram, mas,
nho na costura. Se você alugar uma loja, acho que elas se- devido às mais de duzentas paradas em estações e tanques de
rão capazes de formar um estoque com bom sortimento de água, as horas totais gastas na travessia do país continuavam
confecções.” as mesmas. Concluindo este capítulo, Butler escreveu: “An-
9. A Ciência do Bom Viver, pág. 294. tes do meio da manhã, os trens que viajavam para o ociden-
10. Biography, vol. 1, pág. 400. te chegavam ao terminal de Oakland. Os passageiros, cansa-
11. Ibidem, vol. 2, pág. 340. dos e fatigados, geralmente se alegravam com o término da
12. Ibidem, vol. 3, pág. 24. viagem. Eram quatro dias e meio, longos e penosos, desde
13. Ibidem, pág. 158. Omaha, e a maioria dos passageiros que havia começado sua
14. Ibidem, vol. 4, págs. 261-262. viagem ainda tinham pela frente de um a três dias rumo ao
15. Ver págs. 84-86. leste ou ao sul. Após uma semana de barulho, poeira e fuma-
16. Overland Route (No. Highlands, California: History West, ça de locomotiva e de fumo, os passageiros que desembarca-
1981), pág. 17. vam queriam apenas um banho quente e repouso tranqüilo.”
17. Lucius Beebe e Charles Clegg, The Age of Steam (New York: 20. Citado em Land, The World of Ellen G. White, pág. 83. Para
Rinehart & Company, s.d.), pág. 17. Um caixeiro-viajante compreensão das dificuldades enfrentadas pelos primeiros
era um vendedor itinerante. obreiros adventistas, ver ibidem, págs. 74-80.
18. Oliver O. Jensen, The American Heritage History of Railroads 21. Biography, vol. 1, págs. 232-234.
in America (New York: American Heritage Publishing Com- 22. L. H. Christian lembra que “este artigo da Review foi lido,

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SEÇÃO II

11
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Verdadeira Ellen White
família alguns trechos interessantes daquilo voz. Saí da cama e escrevi durante cinco ho-
que escrevera. ras, tão rápido quanto a pena podia traçar as
“Papai algumas vezes nos falava sobre o linhas. Depois, descansei na cama por uma
trabalho em que estava empenhado ou nos hora, e dormi parte do tempo.
relatava incidentes interessantes relaciona- “Coloquei a matéria nas mãos de minha

A Escritora dos com o progresso da causa, no Leste e no


Oeste. Às sete horas todos se reuniam na sa-
la de visitas para o culto matutino...
copista e, na segunda-feira de manhã, ela
me esperava, tendo sido colocada no meu
escritório no domingo à noite. Havia qua-

Prolífica “Depois que papai saía de casa, mamãe


gostava de passar meia hora em seu jardim de
flores durante essas partes do ano em que as
tro artigos prontos para eu reler e fazer
quaisquer correções necessárias. A matéria
está pronta agora, e parte dela seguirá hoje
flores podem ser cultivadas. Nisto seus filhos para o correio.
era estimulados a trabalhar com ela. Depois “Eis o ramo de trabalho que estou levando
“De boas palavras transborda o meu coração: Ao Rei consagro o que compus: a minha pena é co- ela costumava dedicar três ou quatro horas à avante. Faço a maior parte de meus escritos
mo a pena de habilidoso escritor.” Sal. 45:1.
escrita. Suas tardes eram geralmente ocupa- enquanto os outros membros da família dor-
das em várias atividades: costurar, remendar, mem. Acendo meu fogo, e depois escrevo
tricotar, cerzir e trabalhar em seu jardim de ininterruptamente, às vezes por horas.”9
flores, com ocasionais viagens à cidade para

S
upõe-se que Ellen White seja o terceiro Ellen Harmon, trêmula de fraqueza, era inca- fazer compras ou visitar doentes.”5 Assistentes de Redação
escritor mais traduzido da História e o paz de escrever. Mas numa visão lhe foi dito Muitas vezes ela costumava escrever en- A fim de atender à incessante demanda por
escritor ou escritora norte-americana que escrevesse o que via. Pela primeira vez, quanto viajava. No apontamento de seu diá- artigos e livros, Ellen White desenvolveu por
mais traduzida de todos os tempos. Tanto sua “mão ficou firme”. Muitos anos depois ela rio de 18 de agosto de 1859 está registrado: fim uma eficiente organização de assistentes
quanto sabemos, ela escreveu e publicou relembrou essa experiência: “O Senhor disse: “Acordei pouco depois das duas da madruga- de redação voluntárias e remuneradas. Nos
mais livros, em maior quantidade de línguas ‘Escreva as coisas que Eu vou lhe transmitir.’ da. Tomei o trem às quatro. Sentia-me muito primeiros anos, Tiago ajudou-a, de maneira
e com maior circulação do que as obras escri- Comecei a fazer esta obra quando era muito perspicaz e desembaraçada, a preparar o ma-
deprimida. Escrevi o dia todo. ... Nossa via-
tas por qualquer outra mulher na História. jovem. A mão, que era fraca e tremia por cau-
gem de trem terminou às seis da tarde.”6 terial para publicação.10
Perto do encerramento do seu ministério sa de enfermidades, ficava firme logo que eu
Naquela mesma viagem, no apontamento A própria idéia de um profeta precisar de
septuagenário, sua produção literária totali- empunhava a pena, e desde as primeiras vezes
de seu diário de 10 de outubro, ela falou so- “assistência” redacional pode parecer nova
zava aproximadamente 100.000 páginas, ou tenho sido capaz de escrever. Deus tem-me
bre seu atarefado programa de atividades en- para algumas pessoas em anos recentes. Mas
o equivalente a 25 milhões de palavras, in- dado habilidade para escrever. ... A mão di-
cluindo cartas, diários, artigos para periódi- reita dificilmente tem sensação desagradável. quanto permanecia na casa de um membro aqueles que viveram na época de Ellen White
cos, folhetos e livros.1 Nunca se cansa. Raramente treme (1900).”3 da igreja: “A casa está cheia de gente. ... Não sabiam como ajudantes literários eram neces-
Na época em que a Sra. White faleceu Ellen White escrevia em papel de carta, tive tempo para conversar com eles. Encer- sários, levando-se em conta o volume de ma-
(1915), havia vinte e quatro livros seus publi- folhas encorpadas e em cadernos de folhas rei-me no quarto para escrever.”7 terial que ela era incumbida de escrever.11
cados, mais dois nas mãos de editores aguar- pautadas, quase sempre utilizando uma pena. Após uma turnê de três meses pelos Esta- Muitas vezes as pessoas que ficam pertur-
dando publicação. Na década de 1990, 128 Depois de meados da década de 1880, suas as- dos do Leste em 1891, pouco antes de partir badas ante a idéia de um profeta usar assis-
livros publicados levavam o nome de Ellen sistentes datilografavam seus manuscritos.4 com destino à Austrália, ela escreveu: “Falei tentes não compreendem direito a maneira
White, inclusive compilações de seus pensa- Ela escrevia em todas as ocasiões, dia e cinqüenta e cinco vezes, e escrevi trezentas como Deus fala aos seres humanos. Crêem
mentos sobre diversos assuntos.2 noite, e em circunstâncias que intimidariam páginas. ... O Senhor é que me tem fortaleci- que as pessoas inspiradas, inclusive a Sra.
Como tudo isso começou? Ela não era uma a outros. Seu filho W. C. White recordou um do e abençoado e sustido por Seu Espírito.”8 White, escreviam de maneira mecânica, re-
estudante brilhante, de formação universitá- típico programa de atividades na época em Encontramos em uma carta que Ellen gistrando exatamente tudo quanto Deus lhes
ria nem uma escritora talentosa ou publica- que os White se encontravam em casa, em White escreveu a G. W. Amadon em 1906 falava ou revelava, palavra por palavra.12 Al-
da! Seria difícil dizer que a extraordinária Battle Creek: “Com bem pouca variação, o vislumbres sobre a maneira como suas assis- guns supõem que Ellen White seja infalível,
obra literária de Ellen White é produto ape- programa diário da família White era algo pa- tentes a ajudavam: “Recolhi-me à noitinha, da mesma forma como o fazem em relação
nas da inteligência e invenção humanas. recido com isto: Às seis horas todos se levan- depois do sábado, e repousei bem sem dor ou aos escritores bíblicos. A compreensão que a
Seus contemporâneos, conhecedores de sua tavam. Muitas vezes mamãe estivera escre- incômodo até as dez e meia. Não consegui própria Sra. White tinha sobre a maneira co-
formação e educação mínima, também esta- vendo durante duas ou três horas, e a cozi- dormir. Eu havia recebido instruções [do mo a inspiração/revelação funciona será dis-
vam convencidos de que uma sabedoria mais nheira estivera ocupada na cozinha desde às Guia celestial], e raramente fico na cama de- cutida na página 421.
do que humana era responsável pela incisiva cinco. Por volta das seis e meia o desjejum es- pois de tais instruções me sobrevirem. Havia Ellen White utilizava assistentes literárias
e impressionante eloqüência demonstrada tava pronto. Mamãe costumava mencionar à um grupo reunido em ______, e Alguém que pelas mesmas razões que os escritores bíblicos
por ela tanto no prelo como no púlpito. mesa do desjejum que havia escrito seis, oito estava em nosso meio deu-me instruções que o faziam. Ela reconhecia as suas limitações de
No fim da primavera de 1845, a mão de ou mais páginas e, algumas vezes, lia para a eu devia repetir e repetir pela pena e pela tempo e aptidões literárias. Em 1873 escre-
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CAPÍTULO 11 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A ESCRITORA PROLÍFICA

veu em seu diário: “Meu espírito está chegan- visar todos os documentos antes de serem pu- Prophecy] à apreciação e crítica da comissão sua mãe lia muitas revistas religiosas à procura
do a conclusões estranhas. Estou pensando blicados, a menos que desse, quando necessá- editorial. Pus também esses originais nas de histórias com ensinamentos morais, que
que preciso deixar de lado os meus escritos em rio, permissão específica para um redator de mãos de alguns de nossos pastores para que os pudessem ser apropriadas em especial para se-
que tenho tido tanto prazer, e ver se posso tor- periódico fazer abreviações por economia de examinassem. Quanto mais os criticarem, rem lidas no sábado. Recortava os artigos pro-
nar-me uma pessoa erudita. Não sou uma pes- espaço. O registro mostra que eles fizeram tanto melhor para a obra.”20 veitosos e os colava em cadernos de recortes.24
soa versada em gramática. Procurarei, se o Se- poucas alterações. Quando ela escrevia sobre assuntos médi- Na década de 1870, muitos desses artigos
nhor me ajudar, aos quarenta e cinco anos de Desenvolveu-se uma “hierarquia de res- cos, suas ajudantes de escritório pediam a es- foram classificados em livros para diferentes
idade, tornar-me versada nessa ciência. Deus ponsabilidade”. Em se tratando de trabalhos pecialistas em medicina que revisassem os faixas etárias. A primeira destas coleções,
me auxiliará. Creio que Ele o fará.”13 editoriais de menor importância, por exem- originais atentamente: “Desejo que em tudo Sabbath Readings, Moral and Religious Lessons
Ela era muitas vezes interrompida en- plo, Marian Davis recebeu autorização para quanto lêem, vocês reparem nos lugares onde for Youth and Children, continha 154 histórias
quanto escrevia, e isto deixava o manuscrito resolver as questões por si mesma; questões o pensamento é expresso de maneira a rece- paginadas separadamente.25 Sabbath Readings
emaranhado. Comentando sobre a necessi- maiores deviam ser submetidas a W. C. ber a crítica específica de médicos e bondosa- for the Home Circle, uma coleção de histórias
mente nos dêem o benefício do seu conheci- em quatro volumes, apareceu mais tarde em
dade de ajuda redacional neste particular, ela White. Depois de William e Marian terem
mento quanto à forma de expressar o mesmo numerosas edições.26 Na virada do século, a
escreveu: “Escrevendo tanto como eu escre- feito seu trabalho, caberia a Ellen White to-
pensamento de maneira mais precisa.”21 Pacific Press Publishing Association publicou
vo, não admira que eu deixe tantas frases mar as últimas decisões relativas a modifica- Independentemente da pessoa de quem Golden Grains, uma série de dez brochuras,
inacabadas.”14 ções editoriais.17 recebia ajuda redacional, Ellen White fazia cada uma contendo 72 páginas.27 Publicou-se
Em uma carta a G. A. Irwin, presidente da Marian Davis teve oportunidades para sempre uma leitura do texto em sua forma fi- também uma coleção, sem data, de histórias
Associação Geral, Willie White mostrou que descrever seu trabalho, conforme ela o via: nal: “Encontro de manhã sob minha porta infantis intitulada Sunshine Series, a primeira
sua mãe procurava ajuda literária porque re- “Procuro iniciar tanto os capítulos quanto os vários artigos copiados pelas irmãs Peck, tinha dez brochuras de 16 páginas, e a segun-
conhecia a qualidade inconstante de seus es- parágrafos com frases curtas e simplificar real- Maggie Hare e Minnie Hawkins. Compete- da, 20 brochuras de 16 páginas cada.28
critos: “Algumas vezes quando a mente de mente onde for possível, retirar toda palavra me fazer uma leitura crítica de todos. ... Todo Em princípios de 1900, enquanto estava na
mamãe está descansada e livre, os pensamen- desnecessária e tornar a obra, conforme te- artigo que escrevo para ser preparado por mi- Austrália, Ellen White escreveu ao filho Ed-
tos são apresentados em uma linguagem que nho dito, mais compacta e vigorosa.”18 nhas obreiras, tenho sempre que lê-lo antes son, pedindo que ele lhe remetesse determina-
é não apenas clara e forte, mas também bela Os editores esperavam manter Ellen den- de ele ser enviado para publicação.”22 dos livros da sua [dela] biblioteca: “Envie pelo
e correta. Quando, porém, está cansada e tro do cronograma deles, o que não foi fácil correio os quatro ou cinco grandes volumes
oprimida com pesados fardos de ansiedade ou durante o tempo de árduos deveres na Aus- O Realce do Século Dezenove das notas de Barnes sobre a Bíblia. Acho que
quando o assunto é difícil de ser descrito, trália. Marian escreveu a Willie: “A irmã À semelhança dos profetas que escreveram a estão em Battle Creek, em minha casa agora
aparecem repetições e frases incorretas.” White é constantemente importunada com Bíblia, Ellen White escreveu inserida no con- vendida, em algum lugar junto com meus li-
Mais adiante ele descreveu as diretrizes se- o pensamento de que o original deveria ser texto literário, histórico, social e religioso de vros. Espero que você tome providências para
guidas pela mãe com relação às assistentes enviado imediatamente para impressão. ... A seu tempo. Escreveu não apenas com realce que meus pertences, se é que ainda tenho al-
literárias: “As copistas de mamãe são encarre- irmã White parece propensa a escrever, e humano, mas também com o realce e as for- gum, sejam cuidados e não se espalhem por to-
gadas de corrigir os erros gramaticais, de eli- não tenho dúvida de que ela trará à luz coi- mas de pensar do século dezenove. da parte como se fossem de domínio público. É
minar as repetições desnecessárias e de agru- sas de grande valor. Espero que seja possível À semelhança do que acontecia com os pro- possível que eu não volte mais para a América
par parágrafos e seções na melhor ordem. ... inseri-las no livro. Existe, porém, uma coisa fetas da antigüidade, as questões da época mui- do Norte, e meus melhores livros devem ser-
As obreiras experientes de mamãe, como as que nem o mais competente redator conse- tas vezes determinavam a ênfase e a freqüência me remetidos quando for conveniente.”29
irmãs Davis, Burnham, Bolton, Peck e Hare, guiria fazer – preparar um original antes de sobre o que ela escrevia. Ao chamar a atenção Em 1920, E. E. Andross, presidente da Di-
que estão acostumadas com os escritos dela, ele ser escrito.”19 para o movimento da lei dominical, ela via, por visão Norte-Americana, pediu que lhe expli-
são autorizadas a retirar uma frase, parágrafo exemplo, profundas implicações na compreen- cassem a maneira como Ellen White utiliza-
De vez em quando Ellen White procurava
são dos acontecimentos dos últimos dias.23 va o material encontrado em suas leituras. W.
ou seção de um original e incorporá-lo a ou- ajuda além de seus auxiliares imediatos. Ela
Apesar de falarem sobre as questões existentes C. White respondeu: “Logo que começou a
tro original onde o mesmo pensamento era explicou este procedimento a W. H. Little- em sua época, tanto os profetas bíblicos como trabalhar, mamãe recebeu a promessa de que
expresso, mas não de maneira tão clara. Ne- john em 1894: “Examino detidamente mi- Ellen White nos forneceram princípios sem li- seria dotada de sabedoria ao fazer seleções dos
nhuma obreira de mamãe, porém, está auto- nhas publicações. Desejo que nada seja im- mites de duração, que se aplicam a nós hoje. escritos de outras pessoas e de que isto a ca-
rizada a fazer acréscimos aos originais, intro- presso sem minucioso exame. Obviamente eu pacitaria a escolher as gemas da verdade den-
duzindo pensamentos seus próprios.”15 não desejaria que pessoas sem experiência Amplos Hábitos de Leitura tre o lixo do erro. Todos temos visto o cum-
Até 1881 Willie trabalhou como coorde- cristã e aptidão para apreciar o mérito literá- Os amplos hábitos de leitura de Ellen White primento disto, e contudo quando ela me
nador editorial dos assistentes literários da rio fossem colocadas como juízes daquilo que ajudaram-na a preencher a vasta estrutura contou isso, me advertiu para que eu não o
mãe.16 Pelo fato de Ellen White passar a é necessário ser posto perante o povo, como conceitual com o pano de fundo histórico e contasse aos outros. Nunca soube o motivo
maior parte do tempo viajando ou escreven- forragem limpa, totalmente peneirada. Sub- as novas maneiras de declarar suas criteriosas dessa restrição, mas agora estou propenso a
do material novo, preferia não envolver-se meti todos os meus originais do Patriarcas e percepções. acreditar que ela via como isso poderia levar
em detalhes editoriais. Sabia que deveria re- Profetas e o volume quatro [de The Spirit of Quando os filhos dos White eram jovens, alguns de seus irmãos a reivindicar desca-
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CAPÍTULO 11 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A ESCRITORA PROLÍFICA

bidamente que os escritos dela servissem co- Mentalmente equipada com o inspirado es- “Isso não foi omitido por ser menos verídi- contribuíram para a riqueza de seu pensa-
mo norma para corrigir historiadores.”30 boço da verdade, sua leitura abrangente mui- co em 1888 do que em 1885, mas porque mi- mento. Depois de passar um dia num veleiro
Em 1911, W. C. White escreveu à Comis- tas vezes lhe ajudava a preencher os detalhes nha mãe achou que não era prudente dizer na Baía de São Francisco (1876), por exem-
são de Publicações da Pacific Press: “Admi- com o fundo histórico apropriado e com as essas coisas às multidões a quem o livro seria plo, ela escreveu sobre a vida de Cristo. O as-
te-se geralmente que, nas palestras da irmã adaptações literárias que tornariam seus es- vendido em anos futuros. ... sunto daquele dia foi Cristo andando sobre o
White ao povo, ela usa grande liberdade e critos convincentes, agradáveis e criativos. “Com referência a estes e outros trechos Mar da Galiléia, e, em sua mente, ela viu os
sabedoria na seleção de provas e ilustrações, de seus escritos que foram omitidos em edi- discípulos avançando com dificuldade atra-
Escrevendo Para o Público em Geral ções posteriores, ela disse muitas vezes: ‘Essas vés da noite tempestuosa. Em uma carta ao
a fim de tornar clara e eficaz a apresentação
Quando seus livros tiveram de ser publica- declarações são corretas, e são úteis para o marido, ela continuou: “Pode você surpreen-
das verdades que lhe foram reveladas em vi- der-se que eu fiquei em silêncio e feliz com
são. Admite-se também que ela seleciona es- dos posteriormente para não adventistas, nosso povo; mas para o público em geral, pa-
ra quem agora está sendo preparado este li- esses grandiosos temas de contemplação? Es-
ses fatos e argumentos na medida em que se ela autorizou as revisões que eliminariam tou contente por ter estado sobre as águas.
possíveis equívocos. Mais do que apenas au- vro, são inoportunas. Cristo disse aos
adaptam ao auditório a que ela se dirige. Isto Agora posso escrever melhor do que antes.”35
próprios discípulos: ‘Tenho ainda muito que
é essencial à obtenção dos melhores resulta- torizar, ela estimulava entusiasticamente Em 1886, enquanto realizava reuniões
vos dizer, mas vós não o podeis suportar ago-
dos de suas palestras. Ela sempre achou e en- tais revisões. em Valença, França, ela visitou a Catedral
ra.’ João 16:12. E Cristo ensinou Seus discí-
sinou que era seu dever empregar na seleção Por exemplo, o capítulo “Educação Apro- de Santo Apolinário, onde observou um
pulos a ser ‘prudentes como as serpentes e
de matéria para seus livros a mesma sabedo- priada”, que se encontra agora em Testemu- símplices como as pombas’. Mat. 10:16. Por- impressionante culto católico. Os padres
ria que emprega na seleção de matéria para nhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 131-138, tam- tanto, como é provável que mais almas sejam oficiavam com suas batinas brancas, tendo
suas palestras.”31 bém foi publicado em Health Reformer, de se- ganhas para Cristo pelo livro sem esta passa- por cima estolas de veludo preto guarneci-
Com a mente e o coração transbordando tembro de 1872, embora com algumas dife- gem do que com ela, omiti-a. das por um trançado dourado. Essa expe-
de amor a Deus, Ellen White foi contempla- renças nas palavras, já que a revista se desti- “Quanto às modificações nas formas de ex- riência ajudou-a posteriormente a descrever
da com o grande quadro do plano divino pa- nava especialmente ao público em geral. pressão, mamãe disse muitas vezes: ‘As verda- em O Grande Conflito a imponência do cul-
ra solucionar o problema do pecado. Compe- Sarah Peck, uma especialista em educa- to católico.36
des essenciais precisam ser ditas com franqueza;
tia a ela encontrar a melhor maneira de co- ção, passou a fazer parte do grupo de trabalho Enquanto esteve em Zurique, Suíça, visitou
mas, na medida do possível, devem ser ditas em
de Ellen White na virada do século. Uma de a igreja Gross Munster, onde Zwinglio pregara
municar isso a outros. Na introdução de The uma linguagem que atraia, e não ofenda.’”34
durante a Reforma Protestante. Ela ficou in-
Great Teacher – livro que Ellen White tanto suas tarefas consistia em reunir os escritos da Os sermões de Ellen White eram muitas
tensamente interessada em ver a Bíblia de
apreciava – John Harris escreveu: “Suponha, Sra. White que tratavam de princípios de vezes publicados sob a forma de artigos em
Zwinglio, e sua estátua em tamanho natural
por exemplo, que fosse necessário surgir hoje educação. A Srta. Peck logo percebeu que es- Signs of the Times ou na Review and Herald. onde “uma das mãos repousa sobre o cabo da
na igreja um profeta inspirado, para fazer um sas matérias podiam ser divididas em dois Apesar disso, preparar artigos para a Review espada, enquanto a outra segura uma Bíblia”.37
acréscimo aos livros canônicos. Que confu- grupos. Os mais apropriados para a igreja apa- era mais fácil do que prepará-los para a revis- À vista do fato de que ela estava, na épo-
são de opiniões ele encontraria em quase to- recem agora em determinadas seções dos Tes- ta Signs. Por quê? Porque os leitores da Re- ca, fazendo acréscimos ao livro O Grande
do assunto teológico! É bastante provável temunhos Para a Igreja, vol. 6 (1900), e Con- view eram principalmente adventistas do sé- Conflito, especialmente na parte que tratava
que seu ministério consistiria, ou pareceria selhos aos Pais, Professores e Estudantes timo dia, enquanto os da revista Signs eram do período da Reforma Protestante, os co-
consistir, apenas em meramente selecionar e (1913); os adequados para o público em geral sobretudo o público em geral. mentários de Ellen White sobre a excursão
ratificar dentre essas opiniões as que se har- encontram-se no livro Educação (1903). que fez por aquela cidade são compreensíveis:
Experiências Pessoais Enriqueceram “Coletamos muitos itens de interesse, os
monizassem com a mente de Deus. A origina- Enquanto ajudava a mãe a preparar a edi-
sua Produção Literária quais utilizaremos.”38
lidade absoluta pareceria quase impossível. A ção de 1911 de O Grande Conflito, W. C.
Os pregadores criativos possuem “predisposi-
inventiva mente humana já esboçou mental- White escreveu à Comissão de Publicações:
ção homilética”, isto é, a tendência de apro- Variedade de Cartas Pessoais
mente quase todas as formas concebíveis de “Em O Grande Conflito, vol. 4, publicado em veitar em seus sermões futuros dados colhidos
opiniões especulativas, antecipando e rou- 1885, no capítulo ‘Os Ardis de Satanás’, há Ellen White jamais esperou que suas cartas
em todas as suas leituras e experiências pes- pessoais fossem divulgadas ao público, exceto
bando o futuro de sua justa proporção de no- três ou mais páginas de matéria que não fo- soais. Essas experiências enriquecem os temas aquelas porções que ela mesma empregava
vidades e deixando, mesmo para um mensa- ram empregadas em edições mais recentes, sacros, aumentando o interesse dos ouvintes. mais tarde na elaboração de um artigo para
geiro divino, pouco mais que o ofício de apa- adaptadas para ser vendidas às multidões por Ninguém em tempo algum começa a pensar a periódico ou em cartas que julgava serem de
nhar algumas dessas opiniões e imprimir nossos colportores. É a mais excelente e inte- partir de uma mente vazia. Na mente dos interesse geral. Como se sentiriam as pessoas
nelas o selo do Céu.”32 ressante leitura para os observadores do sába- pensadores criativos o pensamento é a soma de hoje se sua correspondência pessoal, de re-
Essas palavras poderiam ser aplicadas a do, pois indica a obra que Satanás fará em total de tudo quanto já leram ou experimen- pente, caísse em domínio público? Principal-
Ellen White. Sua capacidade de ler muito e persuadir pastores e igrejas populares a exal- taram. mente a correspondência escrita quarenta
fazer cuidadosas seleções lhe forneceram as tar o descanso dominical e perseguir os obser- Além de tudo o que Ellen White estava anos atrás? Especialmente cartas confiden-
ferramentas que sua missão profética exigia. vadores do sábado.”33 lendo, suas muitas experiências de viagem ciais endereçadas a membros da família?
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Ou cartas de reprovação a líderes preeminen- uma carta familiar ocasional que hoje parece pensou em casamento, sua mãe lhe escreveu Eli e seus filhos devido à complacência do pai
tes da igreja ou às esposas deles? dura e insensível é a reação dos filhos e mari- uma de suas cartas mais francas. Nela, cha- com o pecado dos filhos, e não queria cair em
Devemos, porém, ser realistas. Boa parte do a essas cartas através dos anos. Os filhos mou a atenção para seu intelecto brilhante, erro semelhante.47
da correspondência particular e confidencial amavam sua mãe ternamente e foram benefi- “capaz de fazer dele um médico ou um execu- Com esses antecedentes, pode-se com-
de Ellen White (cartas que ela jamais publi- ciados pelo conselho dela. Tiago adorava a es- tivo”, mas o acusou de ser um “esbanjador”. preender melhor as cartas que ela escreveu a
cou) tornou-se pública. Como isso veio a posa, mesmo durante os dias sombrios de Faltava-lhe domínio próprio. “Papai chora Edson, como a seguinte (na qual estava assina-
acontecer? Examinemos as diversas maneiras. doença e depressão por que ele passou.41 pelo seu caso. Nós temos o mesmo parecer. lada “Leia isto sozinho. Particular”): “Meu que-
Devido à posição única que Ellen ocupava Em 1876, Tiago White estava preparando Por enquanto você não está em condições de rido filho Edson [15 anos de idade]: Quando fo-
dentro da igreja, os destinatários passaram a uma biografia da esposa. Pelo fato de as cartas constituir família, pois no juízo e no domínio mos para Monterey no último verão, por
guardar as cartas como preciosidade. Os dela serem vistas como a mais “frutífera fonte” de si mesmo ainda é uma criança. Não tem exemplo, você entrou no rio quatro vezes e não
membros mais antigos as legaram aos filhos para acompanhar o desenvolvimento de seu força para resistir à tentação, embora ceden- apenas nos desobedeceu, mas ainda por cima
ou as entregaram ao cuidado de pastores ou extraordinário ministério, ele notificou na do a ela você traga vergonha sobre nós e vo- levou Willie à desobediência. Desde aquele
estudantes. Logo eles fizeram uma aplicação contracapa da edição da revista Signs de 10 de cê mesmo e desonre a Deus. Não suporta o tempo, ao convencer-me de que você não era
delas à própria vida, geralmente sem os ante- fevereiro que os amigos de sua esposa deviam jugo na sua juventude. Ama o ócio e a des- confiável, um espinho ficou cravado em meu
cedentes de tempo, lugar ou circunstâncias “enviar todas as cartas que tivessem em mãos”. preocupação.”44 coração. ... Uma tristeza inexplicável amorta-
que forneceriam o contexto para o significa- Típica de centenas de cartas encorajadoras é Durante sua juventude, Edson entrou em lha nossa mente com relação à sua influência
do e propósito de cada carta. aquela enviada por Ellen White a duas jovens conflito com o pai. Mamãe Ellen procurou sobre Willie. Você o leva a hábitos de desobe-
Essa falta de contexto, evidentemente, não famílias, os Robinson e os Boyd, quando eles muitas vezes manter a paz, o que talvez não diência, dissimulação e mentira. Vemos que es-
tinha importância para aqueles que, de algu- partiram do Quinto Conselho Europeu, realiza- tenha sido plenamente apreciado por ambos. ta influência tem afetado nosso Willie, que é
ma forma, criam na inspiração verbal!39 Para do em Moss, Noruega, em junho de 1887, para Tiago cria que a esposa favorecia Edson du- veraz e nobre de coração. ... Você raciocina, fa-
muita gente, cada palavra dessas cartas se tor- dar início à obra missionária na África do Sul. rante a fase em que ele e o filho tinham difi- la e faz as coisas parecerem todas inofensivas
nava muitas vezes a “palavra final” sobre qual- Durante essa reunião, a Sra. White havia pre- culdade em comunicar-se. Se ela assim proce- para ele, quando ele não consegue enxergar o
quer assunto. O uso da expressão “a irmã gado sermões evangelísticos ao público em ge- dia, era talvez porque compreendesse melhor resultado das coisas. Ele adota seu ponto de vis-
White diz...”, na base dessas muitas cartas par- ral e sermões pastorais aos membros da igreja, do que ninguém as circunstâncias especiais ta a respeito disto e corre o risco de perder sua
ticulares, freqüentemente obstruiu mais ainda dado conselhos em reuniões de negócios e par-
que envolveram Edson durante seus primei- candura e sinceridade. ... Você teve tão pouco
o pensamento, trazendo perplexidade desne- tilhado experiências pioneiras com outros
ros dias de vida, tais como uma gestação ten- senso do verdadeiro valor do caráter. Parecia
cessária às discussões da igreja. Nos capítulos obreiros. Ao chegar, porém, a tarde de sábado,
sa e influências pré-natais desfavoráveis; seu agradar-se tanto com a companhia de Marcus
sobre “Hermenêutica” (32-34) discutiremos ela percebeu que seu trabalho ainda não estava
estado de saúde precário quando bebê; e des- Ashley como com a de seu inocente irmão
os problemas que surgem quando os escritos concluído. Ela e a Sra. Ings caminharam até o
de Ellen White, principalmente suas cartas, bosque, estenderam uma manta e, em vez de de cedo as freqüentes separações enquanto os Willie. Você nunca o prezou como ele merecia.
são usados de maneira imprópria. repousar, escreveram uma carta de dez páginas pais viajavam de um Estado a outro promo- Ele é um tesouro, amado por Deus, mas receio
Outra forma pela qual as cartas da Sra. de conselho e encorajamento aos jovens obrei- vendo a união dos primeiros adventistas do que sua influência o arruíne.”48
White vieram a ser publicadas foi a liberação ros que estavam prontos para partir para o cam- sétimo dia. Essas foram as circunstâncias a Temos nesta carta a típica sinceridade de
delas a pesquisadores por parte do Patrimônio po missionário. Aquela carta, agora conhecida que ela (na época com 50 anos de idade) se uma mãe que prezava a sinceridade nos fi-
Literário White. Depois que os pesquisadores como Carta 14, 1887, foi citada e publicada referiu quando escreveu a William em 1878: lhos. Em sua tentativa de despertar a cons-
utilizaram as cartas, o Patrimônio Literário muitas vezes. Suas valiosas concepções têm, “As circunstâncias do nascimento dele [em ciência de Edson e tornar mais fácil para ele
White as disponibilizou nos 21 volumes dos durante todos esses anos, servido de orientação 1849] foram completamente diferentes das o cumprimento das expectativas paternas,
Manuscript Releases. Outras cartas completas para muitos obreiros.42 do seu nascimento. Embora ninguém saiba, utilizou o jovem Willie (cinco anos mais no-
se encontram nos quatro volumes do 1888 Às vezes, Ellen White era clara e direta em mamãe sabe.”45 vo) como modelo para Edson. Anos depois
Materials. Todas elas se acham disponíveis em cartas confidenciais endereçadas a seus filhos Durante os anos de formação dos filhos, admitiu que essa espécie de comparação en-
CD-ROM [em inglês]. bem como a coobreiros. Suas cartas pessoais a Ellen White cria que ela e Tiago haviam “fa- tre irmãos não era o melhor método, ainda
Muitas cartas de Ellen White foram envia- Edson parecem francas e até mesmo rudes, es- lhado” em restringir os filhos de seguir “suas que ambas as crianças tivessem provas abun-
das a membros de sua própria família, inclusi- pecialmente quando se ignora o contexto his- próprias inclinações e desejos”, mas que ao dantes do amor materno. Ela mantinha sem-
ve colaboradores mais próximos. Numerosas tórico. Não foi senão aos 44 anos de idade que mesmo tempo os havia censurado e criticado pre em mente os interesses eternos dos filhos,
são as cartas de afeto endereçadas a Tiago e Edson se revelou como pregador e educador “em um espírito que somente os machucará e e simplesmente não queria que seu amor fos-
aos filhos. Conforme já observamos40, algu- comprometido. Em anos posteriores, ele foi o desanimará em vez de ajudá-los”.46 Tiago e se confundido com condescendência.
mas dessas cartas podem parecer rudes e de- primeiro a promover a obra adventista no Sul Ellen White passaram pelas “dores do cresci-
fensivas. Ao levar em consideração o tempo, dos Estados Unidos após a Guerra Civil. Quan- mento” que a maioria dos pais sérios e com- Como se Desenvolveram
o lugar e a circunstância, o leitor de hoje po- do era mais jovem, porém, relutava em assumir prometidos passam em seu elevado objetivo as Categorias de Produção Literária
derá facilmente ter empatia com uma esposa e responsabilidade quanto a decisões financeiras de ser responsáveis pelos filhos perante Deus. Durante seus anos mais produtivos, princi-
mãe atarefada, intensamente comprometida e e quanto a sua conduta.43 Não bastasse isso, ela recebera esclarecimen- palmente após 1881, Ellen White manteve
algumas vezes cansada. A verdadeira prova de Quando Edson, com a idade de vinte anos, to divino sobre a maldição que sobreveio a uma torrente constante de cartas, sermões,
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CAPÍTULO 11 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A ESCRITORA PROLÍFICA

artigos para periódicos e livros. Esses mate- White dava permissão para os redatores da cortes de revistas, de meia dúzia de volumes para periódicos previamente publicados fo-
riais foram posteriormente adaptados em ou- Review e de Signs apanharem os originais da- encadernados [E. G. White] e cinqüenta ram finalmente reunidos em nove volumes
tras formas para publicação, por suas assisten- tilografados e os prepararem conforme suas manuscritos, todos abrangendo milhares de conhecidos como Testemunhos Para a Igreja.
tes literárias. Sermões tornaram-se artigos pa- necessidades específicas. Ao proceder assim, páginas.”54 Esses “testemunhos” eram escritos sempre
ra periódicos, e cartas, sermões e artigos eles deviam “suprimir os assuntos pessoais da Mas Marian não redigia nada. Quando que Ellen White dispunha de tempo e opor-
foram muitas vezes reunidos sob a forma de matéria e torná-la genérica, empregando-a Marian morreu em 1904, Ellen White recor- tunidade para escrever as revelações recebi-
livro. O resultado era prodigioso, conforme as como julgassem melhor para os interesses da dou sua companheira íntima com grande das, seja por meio de sonhos noturnos, seja
revistas Review e Signs o atestam, além dos li- causa de Deus”.50 apreciação: “Estivemos lado a lado na obra, e por meio de visões diurnas. Uma oportunida-
vros que surgiram de sua pena durante os úl- Embora os redatores houvessem ganho tal em perfeita harmonia nessa obra. E quando de interessante ocorreu em Adams Center,
timos trinta e cinco anos de sua vida. confiança, mudavam o menor número possível juntava os preciosos fragmentos que tinham Nova Iorque, no começo de novembro de
Diários. O Patrimônio Literário White de palavras e frases para ajustar o texto a sua aparecido em revistas e livros e os apresenta- 1863. Quase toda uma Igreja Batista do Séti-
possui cerca de 60 diários pertencentes a necessidade. Atribui-se a isso as pequenas dife- va a mim, ela dizia: ‘Agora está faltando al- mo Dia se havia convertido à mensagem ad-
Ellen White que remontam a 1859. Alguns renças entre os artigos para periódicos e o mes- guma coisa. Eu não posso supri-la.’ Eu exa- ventista. Tiago e Ellen pregaram diversas ve-
registram acontecimentos do dia-a-dia, iguais mo material usado posteriormente num livro. minava o que era, e num momento conse- zes, como o fizera J. N. Andrews.
aos diários como os conhecemos hoje; outros Livros (com exceção de Testemunhos Para a guia achar o fio da meada. Trabalhamos jun-
são simplesmente livros de folhas pautadas Igreja). Durante a década de 1890, diversos Na tarde de domingo, enquanto Andrews
tas, sim trabalhamos juntas em perfeita har- pregava, a Sra. White escreveu seis páginas
usados para escrever cartas ou manuscritos de livros estavam sendo processados simultanea- monia durante todo esse tempo.”55 Outros,
natureza geral. Não é incomum encontrar mente, inclusive Obreiros Evangélicos, Cami- durante o sermão, e isto a apenas a um metro
inclusive Mary White, J. H. Waggoner, W. e meio do púlpito, usando a Bíblia como su-
uma série de escritos de diversos anos num nho a Cristo51 e O Desejado de Todas as Na- W. Prescott e J. H. Kellogg, também ajuda-
único diário, anos que poderiam sobrepor-se ções52 – sendo o primeiro uma compilação porte. Quando o sermão terminou, ela se le-
ram W. C. White e Marian Davis na elabo- vantou e se dirigiu à congregação. Certo
aos escritos de outros diários. Isso se deve ao completa, e os dois últimos, a maior parte ração dos livros.
fato de que ela regularmente passava esses li- compilação e reorganização de matéria escri- membro da igreja relatou na Review que “as
O Dr. Kellogg auxiliou na publicação de palavras dela eram suficientes para derreter
vros para suas secretárias copiarem. Assim, ta anteriormente. Christian Temperance and Bible Hygiene. Es-
vários livros podiam estar em uso ao mesmo um coração de pedra”. A capacidade de con-
crevendo a introdução do livro, chamou a
tempo, alguns nas mãos de copistas, enquan- Marian Davis, centração que ela possuía é bem ilustrada pe-
atenção para a maneira como o livro foi ela-
to ela continuava a escrever em outro diário “Minha Compiladora de Livros” la maneira como reagiu mais tarde no mesmo
borado: “Este livro não consiste numa nova
disponível. Em uma carta datada de 1900 e endereçada a dia ao ser interpelada por alguém que queria
apresentação... mas é apenas uma compilação
Cartas. Editar as cartas de Ellen White an- G. A. Irwin, Ellen White chamou Marian saber o que ela achava de Andrews como
e, em alguns aspectos, um sumário dos diver-
tes de enviá-las pelo correio envolvia mais do Davis de “minha compiladora de livros”. Na pregador. Ela respondeu que “não podia di-
que datilografar seus originais manuscritos. mesma carta, ela descreveu como Marian tra- sos escritos da Sra. White a respeito deste as-
sunto, ao qual se acrescentou diversos artigos zer, visto fazer muito tempo que o havia es-
W. C. White observou o processo numa car- balhava: “Toma meus artigos que são publica- cutado pregar”.57
ta endereçada à mãe, depois de receber uma dos nas revistas e cola-os em livros em bran- do Pastor Tiago White, esclarecendo os mes-
mos princípios e a experiência pessoal do Muitas das mensagens originais e pessoais
longa carta dela para A. C. Bordeau (4.000 co. Também possui uma cópia de todas as de Ellen White foram posteriormente reco-
palavras). Ele conta que sua esposa, Mary, cartas que escrevo. Ao preparar um capítulo Pastores J. N. Andrews e José Bates, dois dos
pioneiros do movimento da saúde entre os nhecidas como tendo valor também para ou-
“procurava corrigi-las conforme suas for- para um livro, Marian se lembra de que eu es- tras pessoas. Atendendo a solicitações, os
ças”.49 “Corrigi-las” significava que ajustes crevi alguma coisa sobre esse ponto especial, adventistas do sétimo dia. O trabalho de
compilação foi feito sob a supervisão da Sra. White providenciaram para imprimi-las em
gramaticais eram esperados. Esse tipo de as- que talvez torne o assunto mais convincente. forma de brochura. Os dez primeiros desses
sistência redacional pode ser visto facilmente Ela começa a procurá-lo, e se, ao encontrá-lo, White por uma comissão que ela designou
para este propósito, e o original foi cuidado- Testemunhos, entre 1855-1864, continham de
quando se compara matérias apressadamente percebe que isso tornará o capítulo mais cla-
samente examinado por ela.”56 16 a 240 páginas cada um, publicados em for-
escritas à mão com as cópias editadas e dati- ro, acrescenta-o a ele.
Testemunhos. O termo “testemunhos” logo mato de bolso. Em 1874 os dez primeiros fo-
lografadas. “Os livros não são produções de Marian,
Sermões e Artigos Para Periódicos. Muitos porém minhas, tirados de todos os meus escri- se tornou bem conhecido entre os adventis- ram reimpressos na forma de livro. (Obvia-
dos sermões de Ellen White foram estenogra- tos. Marian tem vasto campo de que colher, e tas do sétimo por três razões: (1) os adventis- mente, após dez anos, os originais, não em
fados. Mary K. White e Mary Clough, além sua habilidade em arranjar matéria é de gran- tas que no passado haviam sido metodistas forma permanente, não eram facilmente
de outras, muitas vezes prepararam sermões de valor para mim. Ela me poupa o ficar aten- estavam acostumados com reuniões “sociais” acessíveis.)
para publicação. Ambas as revistas da igreja ta a uma massa de escritos, o que não tenho e reuniões de “testemunho”, onde os mem- Contudo, a revisão feita em 1881-1883
buscavam esses artigos regularmente. Em vir- tempo de fazer.”53 bros relatavam experiências pessoais e seus dos Testemunhos publicados anteriormente,
tude das interrupções de viagem e outros pra- Marian escreveu a Willie expressando o compromissos de fé; (2) as mensagens que 1-28, tornou-se um projeto de maior enver-
zos literários de urgência, não era fácil man- peso do trabalho dela: “Talvez você possa Ellen White apresentava a outros, quer oral- gadura. O fato de os escritos públicos de
ter a agenda de trabalho. Para facilitar as coi- imaginar a dificuldade que é procurar reunir mente, quer por escrito, tornaram-se conhe- uma mensageira poderem ou deverem ser
sas para todos os envolvidos, principalmente pontos relacionados a um assunto, quando es- cidas como “testemunhos”; (3) as compila- “revisados” trouxe novo enfoque sobre a
para suas assistentes sob grande pressão, Ellen ses devem ser coligidos de trinta álbuns de re- ções publicadas de cartas, originais e artigos maneira como Deus atua por meio de Sua
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A Verdadeira Ellen White A ESCRITORA PROLÍFICA

mensageira. Para muitas pessoas, isso parecia não havia salvação em erros gramaticais, etc. visão, que estava quase concluído: “Foram censurável. Onde a linguagem usada não é a
ser uma nova concepção. Um pensamento expresso gramaticalmente recebidas informações provenientes de Bat- melhor, quero que a tornem correta e gra-
Em 1878, a Associação Geral votou que correto é tão bom para alcançar o coração tle Creek de que a obra relacionada com os matical, como creio que devia ser em todo
todos os Testemunhos anteriores fossem reim- duro e pecaminoso quanto o expresso incor- Testemunhos não está sendo aceita. Desejo caso em que for possível, sem destruir o sen-
pressos de forma permanente. A reimpressão retamente.”60 declarar algumas coisas, com as quais poderá tido. Este trabalho está sendo adiado, o que
implicou uma completa recomposição dos ti- Os temores vinham de duas direções: os lí- fazer o que lhe aprouver. Já me ouviu fazer não me apraz. ...
pos, criando um novo formato de página e deres sabiam (1) que os críticos da denomina- essas declarações antes – que me foi mostra- “Meu espírito tem-se concentrado na
fornecendo paginação consecutiva. ção aproveitariam sofregamente a oportuni- do anos atrás que não devíamos adiar a pu- questão dos Testemunhos que foram revisados.
Ellen White e seus assistentes mais próxi- dade para mostrar que a “profetisa” adventis- blicação da importante luz que me foi dada Nós os examinamos de maneira mais criterio-
mos (W. C. e Mary White, Marian Davis, Eli- ta não era confiável, que era manipulada pe- porque não pude preparar o assunto com per- sa. Não posso ver a questão como meus ir-
za Burnham e J. H. Waggoner) viram tal so- las circunstâncias e por outras pessoas; (2) feição. Meu marido às vezes estava muito mãos a vêem. Penso que as modificações me-
licitação como uma oportunidade para me- que alterar o que havia sido publicado deses- doente, incapaz de prestar-me a ajuda que eu lhorarão o livro. Se nossos inimigos o manu-
lhorar imperfeições gramaticais e tornar mais tabilizaria alguns adventistas, fazendo-os crer deveria ter e que ele me poderia haver con- searem, que o façam. ...
claras algumas expressões. O alvo dela conti- que haviam sido desencaminhados e que cedido caso estivesse com saúde. Por este “Acho que tudo que for publicado será cri-
nuava sendo apresentar a verdade da manei- Ellen White não era um guia seguro. motivo demorei a pôr diante do povo aquilo ticado, torcido, deturpado e enlameado, mas
ra mais clara possível. Eram esses temores justificados? Sim e que me fora dado em visão. devemos avançar com a consciência limpa,
não. Os temores eram justificados quando os “Mostrou-se-me, porém, que devia apre- fazendo o que podemos e deixando o resulta-
Por que as Revisões Foram Necessárias líderes observaram que muitas pessoas, tanto sentar ao povo, da melhor maneira possível, do com Deus. Não devemos adiar a obra por
Em 1883, uma resolução da Associação Geral adventistas quanto não adventistas, adota- a luz recebida; então, à medida que recebesse mais tempo.
endossa o voto de 1878, chamando a atenção vam um ponto de vista inadequado sobre a maior luz e usasse o talento que Deus me deu, “Agora, meus irmãos, que pretendem fa-
para as circunstâncias em que os Testemunhos maneira como Deus fala a Seus mensageiros teria crescente habilidade para usar em escre- zer? Não quero que este trabalho se prolon-
haviam sido escritos: “Muitos desses testemu- humanos. Eles criam que Deus ditava as pala- ver e falar. Eu devia melhorar tudo, condu- gue mais ainda. Quero que se faça alguma
nhos foram escritos sob as mais desfavoráveis vras exatas que os profetas empregavam em zindo-o tão perto da perfeição quanto fosse coisa, e que se faça agora.”63
circunstâncias, achando-se a autora demasia- revelar as mensagens divinas. Contudo, os te- possível, para que pudesse ser aceito por men- Mas a carta de Ellen White a Uriah Smith
do premida de ansiedade e trabalho para dar mores eram desnecessários sempre que as pes-
tes inteligentes. não foi suficientemente forte. Prevaleceram
atenção à perfeição gramatical dos escritos, e soas entendiam que Deus inspirava o mensa-
“Tanto quanto possível, todo defeito de- os temores de que as modificações destrui-
os mesmos foram impressos tão apressada- geiro com pensamentos, e não com palavras.
via ser removido de todas as nossas publica- riam a confiança nos escritos dela. “Uriah
mente que deixaram passar tais imperfeições Em 1883, a resolução da Associação Geral
sem serem corrigidas; etc.”58 ções. À medida que se desdobrasse a verdade Smith enfrentou uma saraivada de oposição
esclareceu da melhor maneira possível a ver-
Os redatores levaram a sério essa tarefa de dade sobre a natureza da revelação/inspira- e se tornasse mais difundida, devia ser exer- por parte dos crentes de Battle Creek. Nin-
revisão. Mary escreveu ao marido W. C. ção: “Cremos que Deus dá a Seus servos a luz cido todo cuidado para aperfeiçoar as obras guém iria tocar nos Testemunhos deles!”64
White: “Com respeito às modificações, pro- mediante a iluminação da mente, comuni- publicadas. Mas a Sra. White, com bom senso e discerni-
curaremos aproveitar as suas sugestões. Perse- cando assim os pensamentos e não (a não ser “Com respeito à History of the Sabbath, do mento, reconheceu os temores da liderança e
gue-me dia e noite o receio de fazer altera- em raros casos) as próprias palavras em que as irmão Andrews, vi que ele adiou a obra por fez seus assistentes “revisarem outra vez” o
ções excessivas ou de alguma maneira mudar idéias devem ser expressas; portanto, muito tempo. Obras errôneas estavam ocu- projeto, de modo que somente as imperfei-
o sentido.”59 “Fica resolvido que se façam na reedição pando o terreno e obstruindo o caminho, pa- ções mais gritantes fossem alteradas. William
Mas nem todos estavam entusiasmados desses volumes as modificações verbais ne- ra que as mentes fossem imbuídas de precon- explicou tudo isso a O. A. Olsen: “Recoloca-
com a revisão dos Testemunhos publicados. cessárias à remoção das mencionadas imper- ceitos pelos elementos oponentes. Vi que as- mos muitas páginas referentes àquilo que ha-
Surgiram no coração da liderança da igreja feições, o quanto possível, sem qualquer alte- sim se perderia muita coisa. Depois que se es- via sido criticado em Battle Creek e fizemos
sombrios temores. Da Assembléia da Asso- ração do pensamento.”61 gotasse a primeira edição, ele poderia fazer centenas de modificações nas chapas para le-
ciação Geral em 1882, W. C. White escreveu A resolução da Associação Geral tornou- melhoramentos; mas ele estava se esforçando var a fraseologia da nova edição tão próxima
à esposa Mary informando-a da resistência: se uma referência para a compreensão adven- demais para chegar à perfeição. Essa demora quanto possível da fraseologia da antiga sem
“Butler e Haskell não encontram falhas gra- tista do processo revelação/inspiração.62 não era o que Deus desejava. tornar as expressões deselegantes e a gramáti-
ves nas provas do Testemunho, mas dizem “Pois bem, irmão Smith, tenho feito cui- ca incorreta.”65
que não vêem nenhum benefício em aproxi- Oposição às Revisões dadoso exame crítico do trabalho efetuado Os primeiros quatro volumes dos Testemu-
madamente um terço das alterações. Eles Os temores, porém, não se dissiparam. Uriah nos Testemunhos, e vejo algumas coisas que nhos Para a Igreja, conforme os temos hoje,
desejam que você vá com eles às reuniões e Smith, redator da revista da igreja, como penso deverem ser corrigidas na questão conserva as correções da impressão de 1885.
veja homens como Mooney [polemista anti- muitos outros, opôs-se às revisões, mesmo de- apresentada à sua pessoa e a outros na Asso-
adventista] apresentar uma edição e depois pois de a resolução ter sido aprovada. Três ciação Geral [novembro de 1883]. No en- Experiência da Revisão Ensina Lições
outra, mostrar as alterações e tentar chamar a meses depois da assembléia, Ellen White es- tanto, ao examinar o assunto com mais O que aprendemos dessa experiência de revi-
atenção especial para isso. Eu argumentei que creveu a Smith, defendendo o projeto de re- atenção, vejo cada vez menos algo que seja são? 1. Temos uma compreensão “oficial”
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do que os adventistas crêem sobre revelação/ins- aos quatro volumes, deve haver 63.720 alte- terem sido claramente instruídos, continuam da liderança, tal como a que W. C. White
piração. Os adventistas defendem a inspiração rações. a sentir-se mais seguros com algumas formas procurou comunicar, cai geralmente em ou-
do pensamento, não a inspiração verbal. “Levando-se, depois, em conta as palavras de inspiração verbal. A instrução cautelosa vidos moucos.70
2. Temos um exemplo dos problemas que que foram postas por seu marido, pela copis-
surgem quando as pessoas adotam uma concep- ta, pelo filho, pelos redatores e as que ela co- Referências
ção errada do processo de revelação/inspiração. piou de outros autores, abrangem provavel-
A compreensão incorreta da maneira como os mente de um décimo a um quarto de todos os 1. Uma pesquisa de Roger Coon (a partir de 1983) feita na mensagens que escrevo, não são reais.” – Mensagens Escolhi-
pensamentos de Deus se convertem nas pala- seus livros. Que bela inspiração!”66 Biblioteca do Congresso, Washington, D.C., revelou os se- das, livro 3, pág. 89.
vras de um mensageiro inspirado afeta direta- Embora Canright tenha exagerado bastan- guintes dez escritores modernos mais traduzidos: “1. Vladi- 11. As páginas 14-16 tratam dos ajudantes literários dos escrito-
mir I. Lenin, líder comunista russo – 222 línguas; 2. Geor- res bíblicos.
mente a maneira como a pessoa lê a Bíblia bem te na quantidade de revisões efetuadas, ele ges Simenon, escritor franco-belga de romance policial – 12. As páginas 16, 120, 173, 375, 376 e 421 tratam da diferença
como os escritos de Ellen White. A compreen- não estava sozinho em seu desassossego em 143 línguas; 3. León Tolstoy, romancista russo – 122 lín- entre inspiração verbal e inspiração do pensamento.
são equivocada deste assunto cria problemas na relação às revisões das obras publicadas de guas; 4. Ellen G. White, co-fundadora norte-americana 13. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 90.
dos ASD – 117 línguas [mais de 140 a partir de 1996 tor- 14. Carta 103, 1895, a Marian Davis, citada em “The Fannie
compreensão da verdade, podendo finalmente Ellen White. Líderes como W. W. Prescott, S. nam Ellen White possivelmente a segunda escritora mais Bolton Story” (Washington, D.C.: Patrimônio Literário
destruir a confiança tanto na Bíblia como nos N. Haskell e Milton Wilcox (redator da re- traduzida de todos os tempos]; 5. Karl Marx, filósofo socia- White, 1982), pág. 49.
lista alemão – 114 línguas; 6. William Shakespeare, dra- 15. W. C. White a G. A. Irwin, 7 de maio de 1900. Poerion ci-
escritos da Sra. White quando se descobrem vista Signs of the Times) defendiam alguma maturgo inglês – 111 línguas; 7. Agatha Christie, escrito- tado em Moon, W. C. White and Ellen White, pág. 115. Tim
imperfeições de linguagem. forma de inspiração verbal que, por sua vez, ra inglesa de romances de mistério – 99 línguas; 8. Jakob e Poirier descreve “dois níveis” de edição entre o original de
3. A publicação dos Testemunhos conforme influiu sobre as atitudes que adotaram poste- Wilhelm Grimm, organizadores alemães de numerosos Ellen White, documentos manuscritos, e suas formas atuais
contos de fada – 97 línguas; 9. Ian Fleming, criador britâ- conforme referidas em 7 de maio de 1900, em uma Carta a
revisados em 1885 foi usada por críticos dos riormente em relação a determinadas ques- nico dos romances policiais de James Bond – 95 línguas; G. A. Irwin. O Nível Um refere-se a “corrigir erros gramati-
adventistas para atacar a inspiração de Ellen tões doutrinárias. Prescott, particularmente, 10. Ernest Hemingway, romancista norte-americano – 91 cais, eliminar repetições desnecessárias, etc.” As mais expe-
White. Pelo fato de muitos críticos crerem parecia ter sofrido a influência de um livro de línguas.” – A Gift of Light (Washington, D.C.: Review and rientes assistentes de Nível Dois iam além do nível de apre-
Herald Publishing Association, 1983), págs. 30 e 31. Na- sentar o material na forma gramatical desejada; elas reorga-
que as verdadeiras mensagens proféticas são ampla circulação de autoria de Louis Gaus- turalmente, os escritores bíblicos têm sido mais traduzidos nizavam, reuniam e compilavam o material datilografado do
verbalmente inspiradas, eles ficam grande- sen, Theopneustia (1841), que era uma clara do que quaisquer outros. Nível Um num novo documento literário (“incluía-o em ou-
mente perturbados quando aquelas palavras defesa da infalibilidade bíblica.67 2. Pode-se obter uma lista completa de todos livros e folhetos tro original”), como um artigo para periódico ou um livro
publicados por Ellen G. White em Ellen G. White Estate (por exemplo, o Caminho a Cristo e O Desejado de Todas as
são alteradas ou contestadas. Neste sentido, Gaussen e, tempos depois, Prescott vive- (Patrimônio Literário White), 12501 Old Columbia Pike, Nações). As fotocópias de como esses dois níveis se desenvol-
as modificações nos escritos da Sra. White ram em uma época de grande reviravolta teo- Silver Spring, Maryland 20904-6600, USA. veram em diversos estágios dos materiais de Ellen White en-
são, para eles, evidências claras de que esses lógica. Racionalistas ingleses, místicos ale- 3. Biography, vol. 1, págs. 91 e 92. contram-se em “Exhibits Regarding the Work of Ellen
4. “Nós usamos o dactilógrafo [máquina de escrever] com bons White’s Literary Assistants”, 1990, de Tim Poirier, disponí-
escritos não foram inspirados por Deus. mães e incipientes liberais norte-americanos resultados.” – Manuscrito 16a, 1885, citado em Biography, veis nos Centros de Pesquisa ASD Ellen G. White.
Em sua carta a Uriah Smith, Ellen White combinavam métodos da alta crítica em seu vol. 3, pág. 291. A máquina de escrever, apesar de ter sido in- 16. A princípio, Mary K. White e Marian Davis eram as princi-
escreveu que sabia que “inimigos” usariam a frontal ataque contra a integridade da Bíblia. ventada em 1843, recebeu numerosos melhoramentos até pais assistentes. “Entre as que ajudaram Ellen White a prepa-
1883, quando Remington vendeu 3.000 máquinas contendo rar seus escritos para publicação através dos anos encontram-
revisão para zombar dos adventistas, mas ela Gaussen e outros eram líderes que defendiam teclas que possibilitavam o uso de caixa alta e caixa baixa. se Tiago White, Mary Kelsey-White, Lucinda Abbey-Hall,
disse: “Deixem que façam isso.” Ela não faria os princípios cristãos fundamentais, embora a Em 1894, Underwood produziu uma máquina datilográfica Adelia Paten-Van Horn, Anna Driscol-Loughborough, Ad-
a verdade silenciar apenas para evitar ataques maior parte dessa defesa estivesse entrinchei- que permitia ao datilógrafo ver o que estava sendo escrito. – die Howe-Cogshall, Annie Hale-Royce, Emma Sturgess-
James Trager, The People’s Chronology (New York: Henry Prescott, Mary Clough-Watson, Sra. J. I. Ings, Sra. B. L.
injustos e inescrupulosos fundamentados nu- rada por detrás do fosso da infalibilidade bí- Holt and Company, 1992), págs. 435, 548, 566 e 612. Whitney, Eliza Burnham, Fannie Bolton, Marian Davis, C.
ma compreensão errônea da maneira como a blica, a qual, para eles, significava alguma 5. William C. White, “Sketches and Memories of James and C. Crisler, Minnie Hawkins-Crisler, Maggie Hare, Sarah
Ellen White”, Review and Herald, 13 de fevereiro de 1936. Peck e D. E. Robinson.” – Robert W. Olson, One Hundred
inspiração funciona. forma de inspiração verbal. Eles criam que 6. Citado em Arthur White, Ellen G. White, Mensageira da Igre- and One Questions (Washington, D.C.: Patrimônio Literário
Não decorreu muito tempo, e D. M. Can- era uma guerra de um contra o outro: ou a al- ja Remanescente, 2ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora White, 1981), pág. 87.
right “usou” a revisão! Em 1889, esse ex-pre- ta crítica ou a inspiração verbal. Querendo Brasileira, 1993), pág. 331. 17. Moon, W. C. White and Ellen G. White, pág. 114.
7. Ibidem. 18. Carta de Marian Davis a W. C. White, 11 de abril de 1897.
gador adventista, que havia entrado e saído defender a elevada concepção da Escritura, 8. Manuscrito 4, 1891, citado em ibidem. Em uma Carta de Marian Davis a G. A. Irwin: “Faz mais de
do ministério pelo menos quatro vezes, escre- empregavam um ponto de vista de inspiração 9. Carta 28, 1906, citado em ibidem, pág. 332. vinte anos que estou ligada à obra da irmã White. Durante
veu em seu livro mordaz Seventh-day Adven- verbal indefensável. Gaussen, por exemplo, 10. “Enquanto meu marido viveu, desempenhou o papel de aju- este tempo jamais ela me pediu para transcrever um testemu-
dador e conselheiro no envio das mensagens que me eram nho a partir de instrução oral, ou inserir informações em ma-
tism Renounced: “Em 1885 todos os ‘testemu- cria que as palavras do profeta eram inspira- dadas. Viajávamos longamente. Por vezes eram-me concedi- térias já escritas.” – Anexada à Carta 61a, 1900, de Ellen
nhos’ dela foram republicados em quatro vo- das, e não o profeta: “Se as palavras do livro dos esclarecimentos durante a noite, outras, de dia, perante White endereçada a G. A. Irwin.
lumes, sob as vistas do próprio filho e de um são ditadas por Deus, que me importam os grandes congregações. As instruções recebidas em visão 19. Marian Davis a W. C. White, 9 de agosto de 1897, citado em
eram fielmente escritas por mim, segundo eu tinha tempo e Robert W. Olson, How The Desire of Ages Was Written, pág. 34.
redator crítico. Abrindo aleatoriamente o pensamentos do escritor?”68 força para a obra. Posteriormente examinávamos juntos o as- 20. MR, vol. 10, pág. 12. Enquanto Tiago White estava na Cos-
volume um em quatro diferentes páginas, li- Com o passar dos anos, a confusão anterior sunto, meu marido corrigia os erros gramaticais e eliminava ta Oeste lançando as primeiras edições de Signs of the Times
as e comparei-as com a publicação original de Prescott, junto com a de outros líderes, as repetições desnecessárias. Então elas eram cuidadosamen- (1874), sua esposa escreveu de Battle Creek: “Acabamos de
te copiadas para a pessoa a quem se dirigiam, ou para o pre- concluir Sufferings of Christ. Willie me ajudou, e agora nós o
que possuo. Encontrei em média vinte e qua- contribuiu para expectativas desnecessárias e lo. À medida que a obra aumentou, outros me auxiliaram no levamos à editora para que Uriah [Smith] o critique. Acho
tro alterações de palavras em cada página! As inexeqüíveis com relação aos escritos de preparo da matéria para a publicação. Depois da morte de que dará um folheto de 32 páginas.” – Cartas, 11 e 17 de ju-
palavras dela foram removidas e substituídas Ellen White. Essa confusão irrompeu de tem- meu marido, juntaram-se a mim fiéis auxiliares, que traba- lho de 1874.
lharam infatigavelmente em copiar os testemunhos e prepa- 21. W. C. White a David Paulson, sobre o original do livro A
por outras, e outras modificações, em alguns pos em tempos, especialmente na Assembléia rar os artigos para serem publicados. As notícias que têm cir- Ciência do Bom Viver, 15 de fevereiro de 1905. (WEDF 140-a.)
casos tantas que foi difícil confrontar as duas Bíblica de 1919, e, depois, na década de 1970.69 culado, porém, de que qualquer de minhas auxiliares tenha 22. Carta 84, 1898: “Leio do princípio ao fim tudo que é copia-
edições. Se aplicarmos essa mesma proporção Muitos pastores e leigos, pelo fato de não permissão de acrescentar matéria ou mudar o sentido das do, para ver que tudo esteja como deve estar. Leio todos os

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SEÇÃO II
CAPÍTULO 11 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A ESCRITORA PROLÍFICA

originais dos livros antes de serem enviados para o prelo. Po- a nova edição destinava-se à circulação mundial.” – Ibidem, 54. Marian Davis a W. C. White, 29 de março de 1893, citado Pastor Haskell, resultou na introdução em nossa obra de
dem ver, portanto, que meu tempo precisa ser muito bem págs. 435-438. em Biography, vol. 4, pág. 383. questões e perplexidades sem fim, e em constante aumento.”
aproveitado.” – Carta 133, 1902, citado em Mensagens Esco- 35. Carta 5, 1876, citado em Biography, vol. 3, pág. 27. 55. Manuscrito 95, 1904, citado em ibidem (Mensagens Escolhi- – Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 454.
lhidas, livro 3, pág. 90. “Desejo escrever palavras que remo- 36. Ibidem, págs. 566 e 567. das, livro 3, pág. 93). 63. Carta 11, 1884, citada em Mensagens Escolhidas, livro 3, págs.
vam da mente de qualquer dos meus irmãos a impressão de 37. Manuscrito 29, 1887, citado em Delafield, Ellen G. White in 56. Biography, vol. 3, págs. 446 e 447. Ver J. H. Kellogg, prefácio 96-98.
que não li, antes de sua publicação, as páginas de Testemu- Europe, pág. 273. de Christian Temperance and Bible Hygiene, de E. G. White e 64. Alden Thompson, “Improving the Testimonies Through Re-
nhos Para a Igreja, vol. 9, que falam sobre o trabalho no do- 38. Manuscrito 29, 1887, citado em Biography, vol. 3, pág. 363. Tiago White (Battle Creek, MI: Good Health, 1890), pág. iv. visions”, Adventist Review, 12 de setembro de 1985, pág. 14.
mingo. Li esta matéria antes de ela ser enviada para o prelo, Repare no comentário de W. C. White sobre a visita de sua 57. Biography, vol. 2, págs. 68 e 69. 65. 11 de julho de 1885, citada em Moon, W. C. White and Ellen
e já li o livro diversas vezes, e não consegui ver nele nada que mãe a Basiléia: “Durante os seus dois anos de residência em 58. Review and Herald, 27 de novembro de 1883, Resolução No G. White, pág. 128.
dê a alguém razão para dizer que ali é ensinada a observância Basiléia, ela visitou muitos lugares em que ocorreram acon- 33, 741 (Nota de Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 96). 66. D. M. Canright, Seventh-day Adventism Renounced (New
do domingo. O conselho apresentado neste livro não contra- tecimentos de especial importância nos dias da Reforma. Is- 59. Biography, vol. 3, pág. 218. York, Fleming H. Revell Company, 1889), pág. 141. W. H.
diz a Bíblia nem meus testemunhos anteriores.” – Carta 94, to avivou-lhe a lembrança do que lhe fora mostrado e con- 60. W. C. White a M. K. White, 31 de dezembro de 1882, cita- Branson escreveu uma réplica de 395 páginas a Canright, In
1910, citada em MR, vol. 8, pág. 21. duziu a importante ampliação das partes do livro que trata- do em Moon, W. C. White and Ellen G. White, pág. 124. Defense of the Faith (Washington, D.C.: Review and Herald,
23. Eventos Finais, págs. 123-142. vam do tempo da Reforma.” – Mensagens Escolhidas, livro 3, 61. Biography, vol. 3, pág. 219 (Nota de Mensagens Escolhidas, li- 1933).
24. Esses cadernos de folhas pautadas estão expostos no escri- pág. 465. vro 3, pág. 96). 67. François Samuel Louis Gaussen (1790-1863), um pastor suí-
tório do Patrimônio Literário White, em Silver Spring, 39. Ver págs. 16, 20, 173, 375, 376 e 421. 62. Esta declaração sobre revelação/inspiração não era nenhuma ço reformado, foi o autor de muitas obras calvinistas, embo-
Maryland. 40. Ver pág. 54. novidade para os adventistas do sétimo dia. Em carta a L. E. ra a mais conhecida seja Theopneustia. – J. D. Douglas, edi-
25. Battle Creek, MI: Steam Press of the Seventh-day Adventist 41. Quando a Sra. White ainda se recuperava do nascimento de Froom, W. C. White escreveu: “Essa declaração feita pela As- tor, The New International Dictionary of the Christian Church
Publishing Association, 1863. seu quarto filho, John Herbert, ocorrido em 20 de setembro sociação Geral em 1883 estava em perfeita harmonia com as (Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1974),
26. Oakland, CA: The Pacific Press, 1877, 1878, 1881; Nashvil- de 1860, Tiago teve que ficar ausente por seis semanas. Ele crenças e posições dos pioneiros desta Causa, e era, penso eu, pág. 402.
le, TN: M. A. Vroman, editor, 1905. lhe escreveu um bilhete que terminava com estas palavras: a única posição adotada por todos os nossos pastores e profes- 68. F. S. L. Gaussen, The Plenary Inspiration of the Holy Scriptures
27. Data desconhecida. “Não lhe peço para cansar-se com cartas longas. Grande é a sores até que o Prof. [W. W.] Prescott, presidente do Colégio (London: Samuel Bagster, tradução inglesa, 1841), pág. 304.
28. Em 1881, Tiago White escreveu: “A Sra. White é grande lei- preocupação que você tem por mim. Que Deus ajude você e de Battle Creek, apresentou de maneira muito vigorosa um 69. Ver págs. 439 e 440.
tora, e em nossas longas viagens ela tem reunido grande as crianças.” – Citado em Biography, vol. 1, pág. 429. Tempos outro conceito – o conceito mantido e defendido pelo Prof. 70. Ver o artigo em quatro partes de Alden Thompson, “Adven-
quantidade de livros e revistas infantis dos quais seleciona li- depois, meses antes de Tiago morrer, ela sentiu que chegara Gausen [Gaussen]. A aceitação desse conceito pelos estudan- tists and Inspiration”, Adventist Review, 5, 12, 19 e 26 de se-
ções morais e religiosas a fim de lê-las para seus próprios e o tempo de suspender as pesadas responsabilidades da lide- tes do Colégio de Battle Creek e muitos outros, incluindo o tembro de 1985.
queridos filhos. Faz quase trinta anos que ela começou a fazer rança da igreja, mas isso era difícil. Alguns dias antes do seu
isto. Compramos todas as séries de livros para crianças e jo- falecimento, ele escreveu ao filho Willie: “Onde eu errei,
vens, impressos na América do Norte e na Europa em língua ajude-me a corrigir-me. Reconheço meus erros e estou ten-
inglesa que chegou ao nosso conhecimento, e adquirimos, tando refazer-me. Preciso de sua ajuda, e da ajuda de mamãe Perguntas Para Estudo
tomamos emprestado e solicitamos uma quantidade quase in- e de Haskell.” – Ibidem, vol. 3, pág. 145.
contável de diversos livros dessa categoria. ... Publicamos ali 42. Ver Evangelismo, págs. 89-91, 94, 97, 132, 142, 248 e 553.
a Sunshine Series, uma coleção de pequenos livros para 43. Para antecedentes gerais sobre Edson White, ver Alta Ro- 1. Qual a diferença entre a responsabilidade de Marian Davis e a de outras assistentes de
crianças de 5 a 10 anos de idade; a série Golden Grains, pa- binson, “James Edson White: Innovator”, em Early Adventist
ra crianças de 10 a 15 anos, e os volumes de Sabbath Readings Educators, ed. George R. Knight (Berrien Springs, MI: An- redação de Ellen White?
for the Home Circle para leitores mais avançados. ... Que li- drews University, 1983), págs. 137-158; Virgil Robinson, Ja-
vros valiosos! Os compiladores passaram anos lendo e rejei- mes White (Nashville, TN: Southern Publishing Association, 2. Que significa escrever com “realce humano”?
tando noventa e nove partes e aceitando uma. Livros precio- 1959), págs. 135-144; Jerry Allen Moon, W. C. White and El-
sos, de fato, para jovens preciosos.” – Review and Herald, 21 len G. White (Berrien Springs, MI: Andrews University,
de junho de 1881. 1993), págs. 42-54. 3. Na sua opinião, por que um profeta deve ser um grande leitor?
29. Carta 189, 1900, citado em Biography, vol. 4, pág. 448. 44. Carta 6, 1869.
30. Arquivo de Correspondência do Patrimônio Literário Whi- 45. Carta 12, 1878. Em 1899, quando Edson tinha quinze anos
te, citado por Robert W. Olson, “Ellen G. White’s Use of de idade, Ellen White escreveu a W. C.: “Eu... sou mais com- 4. Por que Ellen White escrevia de um modo para o público em geral e de outro para os
Historical Sources in The Great Controversy”, Adventist Re- passiva com Edson do que com você porque as circunstâncias adventistas? Forneça exemplos.
view, 23 de fevereiro de 1984. do nascimento dele foram especialmente desfavoráveis a seu
31. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 441. cunho de caráter. Meu relacionamento com outras pessoas
32. The Great Teacher, páginas xxxiii, xxxiv. enquanto eu o esperava, as experiências singulares pelas 5. Que problema subjacente gerou um conflito na década de 1880, ao tentar empreender-
33. Estas páginas se encontram em Testemunhos Para Ministros, quais fui obrigada a passar foram muito desagradáveis e extre- se uma nova edição dos Testemunhos Para a Igreja?
págs. 472-475. mamente penosas. Durante anos, após o nascimento dele, is-
34. Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 443 e 444. Numa decla- to não abrandou. Foi completamente diferente no seu caso.”
ração feita por W. C. White ao Concílio da Associação Ge- – E. G. White a W. C. White, Carta 12, 1899. Esta carta en-
ral, em 30 de outubro de 1911, ele disse (a respeito das mu- dereçada a Willie era franca e direta como as que ela enviou
danças feitas na edição de 1911 de O Grande Conflito): “Em para Edson.
vários lugares, houve modificação na forma das expressões, a 46. Manuscrito 8, 1862.
fim de evitar desnecessária ofensa. Um exemplo disto é a mu- 47. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 118-120, 216-220.
dança da palavra ‘Romish’ [romanista, papista] para ‘romano’ 48. Carta 4, 1865, de E. G. White a Edson.
ou ‘católico romano’. Em dois lugares a expressão ‘divinity of 49. W. C. White a E. G. White, 22 de novembro de 1886, cita-
Christ’ é mudada para ‘deity of Christ’ [divindade de Cristo do em Moon, W. C. White and Ellen G. White, pág. 116.
– em português não há diferença]. E as palavras ‘tolerância 50. E. G. White a Uriah Smith, 19 de setembro de 1892, citado
religiosa’ foram mudadas para ‘liberdade religiosa.’ ... O con- em Moon, ibidem, pág. 118.
tato de minha mãe com o povo europeu trouxe-lhe à mente 51. Ver págs. 444 e 445.
uma porção de coisas que lhe haviam sido apresentadas em 52. Ver pág. 450.
visão durante os anos passados, algumas delas duas ou três ve- 53. Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 91 e 92. “Sinto-me mui-
zes, e outras cenas muitas vezes. Sua contemplação de luga- to grata pela ajuda da irmã Marian Davis na produção de
res históricos e seu contato com o povo reavivaram-lhe a me- meus livros. Ela colhe materiais de meus diários, de minhas
mória no tocante a essas coisas, e assim ela desejou acrescen- cartas e dos artigos publicados nas revistas. Aprecio grande-
tar muito material ao livro. ... Após o nosso regresso à Amé- mente seu fiel serviço. Ela está comigo há vinte e cinco
rica [do Norte], saiu uma nova edição mais ampla. Nessa edi- anos, e constantemente tem adquirido maior habilidade pa-
ção omitiu-se alguma matéria usada na primeira edição em ra o trabalho de classificar e agrupar meus escritos.” – Ibi-
inglês. A razão para essas modificações estava no fato de que dem, pág. 93.

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SEÇÃO II

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Verdadeira Ellen White
minha última palestra. Eu devia fazer meu da e caminhei para a parte detrás da tenda e,
discurso de despedida. ... De repente senti so- quando entrei e me detive por trás da grande
brevir-me um poder, como um choque elétri- multidão, pude ouvir cada palavra e quase to-
co. Perpassou-me o corpo e subiu em direção da sílaba de cada palavra de maneira tão cla-
à cabeça. As pessoas dizem ter visto clara- ra como eu ouvira da frente.

A Oradora mente o sangue subindo a meus lábios, ouvi-


dos, face e testa.”
Um comerciante da cidade, ficando de pé,
“Com seu magnífico dom de pregar e sua
aptidão para dirigir auditórios, induzindo-os
quer para o raciocínio sólido quer para a mais

Solicitada exclamou: “Está-se realizando um milagre dian-


te dos nossos olhos. A Sra. White está curada!”
O Pastor Waggoner, o pregador que falara
antes dela naquele dia, escreveu em seu rela-
profunda emoção, ela parecia bastante segura
de si como mensageira do Senhor e contudo
não chamava a atenção para si mesma nem
enaltecia a própria autoridade. A única coisa
tório na revista Signs: “Sua voz e aparência se que fazia era colocar-se como porta-voz de
“Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o modificaram, e ela falou durante algum tem- Deus, pensando somente em Sua Palavra e
que se lia.” Nee. 8:8. “Animem todos a usar linguagem simples, pura e elevada. Fala, pronúncia e po com clareza e energia. Depois convidou os
voz – cultivem esses talentos, não sob a orientação de qualquer grande retórico do mundo, mas sob procurando exaltar somente a Jesus, a fim de
que desejavam dar o primeiro passo no servi- que pudéssemos contemplar somente a Ele.”9
o poder do Espírito Santo de Deus.”1 ço de Deus e os que se haviam apostatado pa- Para os estudantes de oratória e persuasão,
ra irem à frente, e um número expressivo o estilo de homilética de Ellen White era um
atendeu o apelo.”7 depósito de riquezas de onde se extraíam

P
rovavelmente nenhum orador público gem. Cada vez que a “restauração” de sua for- exemplos ininterruptos de clareza, vigor e be-
teve começo mais impróprio do que ça e desenvoltura vocal se repetia, ela ficava Estilo de Oratória leza. “Ela atingia a clareza escolhendo pala-
Ellen Harmon, mas no fim de 1844 ela mais convicta de estar seguindo o caminho As características vocais de Ellen White eram vras e frases descomplicadas, que se caracteri-
ouviu o convite: “Torne conhecido a outros o do dever. consideradas extraordinariamente agradáveis zavam pela objetividade e pela improbabili-
que lhe revelei.” Coisa alguma lhe causou A partir daquele começo pouco promissor, e persuasivas. Um pastor, relatando a expe- dade de serem mal compreendidas. Imprimia
mais desespero do que isso. Ela orou para ser os setenta anos de trabalho público de Ellen riência por que passara em 1874 no Instituto
força por meio da reiteração, de vínculos re-
desobrigada dessa responsabilidade; ela até White revelam um registro surpreendente e Bíblico de Battle Creek, escreveu sobre Tiago
petitivos, do clímax, da anáfora, dos desafios
“desejava a morte”.2 imprevisto. Ela se tornou uma oradora bastan- e Ellen White: “Eu me aventuro a afirmar que
e do imperativo. Atingia os elevados píncaros
Será que ela estava meramente sendo mo- te solicitada tanto por adventistas quanto por nenhuma pessoa de mente sã pode ouvir um
desta? Era sua relutância motivada pela hu- não adventistas. Durante muitas décadas foi deles e não ter a certeza de que Deus está com da beleza em suas imagens descritivas por
mildade cristã? De certo modo, a resposta é uma das principais oradoras das assembléias da eles. O estilo e linguagem da irmã White são, meio de tropos e figuras que, apesar de fami-
“sim” para ambas as perguntas, embora tam- Associação Geral e possivelmente a oradora em geral, solenes e impressionantes, e exer- liares e comuns, mantinham-se em equilíbrio
bém fosse uma atitude realista dela e de outros mais concorrida nas reuniões campais de uma cem sobre a congregação influência indescri- com os seus temas. Havia muitas vezes, no
que conheciam aquela frágil jovem de dezes- costa a outra dos Estados Unidos. Não adven- tível e sempre na direção do Céu.”8 ritmo de sua prosa, uma cadência agradável
sete anos de idade, pesando pouco mais de 36 tistas aos milhares (os auditórios variavam de L. H. Christian ouviu Ellen White pela que relembrava muito de perto a linguagem
quilos. Contemporâneos não esperavam que 20 a 20.000 pessoas) ouviam com grande apre- primeira vez em Mineápolis em 1888. Basea- das Escrituras.”10
ela vivesse; seus problemas respiratórios pare- ço seus sermões evangelísticos, muito antes de do nessa experiência, ele escreveu: “Ela co- O médico S. P. S. Edwards lembrou que
ciam terminais. Segundo ela mesma conta, existirem equipamentos de som.5 meçou a falar com sua voz baixa, afável, me- Ellen White possuía uma voz que servia tan-
“[eu] era tão desabituada à sociedade e de na- Como conseguiu ela isso? Sem dúvida, Deus lodiosa... agradavelmente natural. Poder-se- to “para conversar” como “para falar em pú-
tureza tão tímida e retraída, que me era dolo- lhe deu especial auxílio quando em 1845 ela ia pensar que ela falava a pessoas à distância blico”. Na conversação, ela era um “mezzo so-
roso enfrentar pessoas desconhecidas”.3 prosseguiu pela fé. Outras experiências foram de um metro e meio de onde ela estava. Eu ti- prano”, um “tom doce, não monótono, mas
O que aconteceu quando Ellen Harmon semelhantes à que se seguiu à reunião campal nha curiosidade em saber se as outras pessoas especialmente evidente por causa do meigo
aceitou o primeiro convite para relatar sua realizada em Healdsburg, Califórnia, em outu- podiam ouvi-la. Tempos depois, na assem- sorriso e o toque pessoal que ela punha na-
visão em Poland, Maine? Movida pelo senso bro de 1882. Durante o verão, ela se esgotou bléia de 1905 em Takoma Park, Washington, quilo que dizia”.
do dever, capaz de falar apenas sussurrando, em numerosas viagens, muita pregação e gran- D.C., depois de haver ingressado no ministé-
ela começou a tornar “conhecido a outros” o de produção literária.6 Embora confinada ao rio, tive a oportunidade de testar sua voz. Ela “Voz de Diafragma”
que Deus lhe havia revelado. Depois de cin- leito, pediu para ser levada à grande tenda pa- estava de pé, bem à frente, sobre uma grande Ao pregar, a “voz de diafragma” de Ellen
co minutos, sua “voz ficou clara e forte”, e ela ra ficar sentada num sofá. Depois que J. H. plataforma, dirigindo-se a um auditório de White como Edwards a descreveu, era um
falou “com toda a facilidade” por quase duas Waggoner terminou seu sermão, ela pediu ao cinco mil pessoas, algumas das quais se acha- “contralto profundo com maravilhoso poder
horas “com plena desenvoltura”.4 Terminada filho para ajudá-la a chegar até o púlpito. vam na parte mais posterior da grande tenda. de repercussão. ... Podíamos sempre escutá-
a mensagem, seus problemas vocais reapare- Relembrando posteriormente o episódio, Sentado na frente, eu disse para mim mesmo: la. ... Não estou certo se era a voz que reper-
ceram até a próxima vez em que se colocou escreveu: “Durante cinco minutos fiquei de Essas pessoas da parte de trás jamais irão sa- cutia ou o poder das palavras que ela profe-
perante o público para apresentar sua mensa- pé tentando falar e pensando que aquela seria ber o que ela está dizendo. Dei uma escapuli- ria. ... Todos podiam escutá-la sempre...
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 12 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A ORADORA SOLICITADA

quer fossem 10.000 pessoas ao ar livre ou um eram uma “corrente de ouro para relógio” os ministros do evangelho: “Os que conside- A pregação de Ellen White se baseava
coração solitário na privacidade do próprio com um “relógio de prata no bolso e um bro- ram coisa de pouca importância falar com muito freqüentemente em Isaías, no Antigo
aposento.”11 che simples”. dicção perfeita desonram a Deus.”16 “Façam Testamento, e em João, no Novo. Os capítu-
Em 1957-1959, Horace Shaw, que foi du- As centenas de entrevistados relembraram os estudantes em preparo para o serviço do los do Novo Testamento mais usados por ela
rante muito tempo professor de oratória do igualmente que a Sra. White usava poucos Mestre decididos esforços para aprender a fa- eram João 15 (“Eu sou a Videira...”), II Pedro
Emmanuel Missionary College (atualmente gestos, não balançava os braços nem as mãos lar corretamente, com vigor, de modo que, 1 (a escada do crescimento cristão) e I João 3
Andrews University), elaborou uma lista de – “porte natural e gentil e maneiras afáveis”. quando em conversa com outros acerca da (“Que grande amor...”).21
366 pessoas que tinham ouvido Ellen White Na maioria das vezes, ela pregava sem au- verdade, ou quando empenhados em ministé- Os pastores observaram que as mensagens
pregar. Pediu-lhes que procurassem lembrar o xílio de anotações, embora em algumas oca- rio público, possam apresentar pela devida dela sobre os temas bíblicos mais simples, co-
modo como se comportava ela na plataforma, siões lesse um manuscrito. Com a Bíblia aber- maneira as verdades de origem celeste.”17 mo a conversão, a obra do Espírito Santo e o
se o acontecimento era público ou particular, ta, falava com tal poder e lógica que cativava Para Ellen White, os métodos errados de amor de Deus, tornavam-se raros momentos
o que os havia impressionado mais e o que
seus auditórios.13 Observando um dos ser- falar afetavam diretamente a saúde do orador: de exame do coração que lhes animavam o
lembravam da mensagem. Também lhes pe-
mões pregados por Ellen White, um repórter “Seu uso excessivo [dos órgãos vocais]... caso espírito com coragem e perspectivas mais
diu para descreverem a influência que a pre-
do Detroit Post descreveu-o como uma expe- isto se repita muitas vezes, há de não somen- profundas. Na última assembléia da Associa-
gação dela exercia sobre o auditório.12
Tendo em vista que esses “ouvintes” fo- riência “extraordinária e emocionante”: te prejudicar os órgãos vocais, mas ocasionar ção Geral de que participou (1909), na épo-
ram entrevistados perto do fim da vida, ob- “Embora seus dotes de eloqüência e persuasão indevida tensão em todo o sistema nervoso. ca com 81 anos de idade, ela pediu para falar
viamente tiveram a oportunidade de obser- fossem bem conhecidos do auditório, ainda ... A educação da voz ocupa lugar importante aos pastores. Eles podiam pensar em muitos
var a Sra. White em seus últimos anos. As assim os ouvintes estavam despreparados pa- na cultura física, visto que ela tende a expan- assuntos sobre os quais queriam ouvir a opi-
frases típicas incluíam “aos 82 anos, curvada ra o apelo poderoso e irrefutável que ela fez. dir e fortalecer os pulmões, e desta maneira nião dela.
pela idade”, “pequena e frágil”, “estrutural- Ela parecia realmente quase inspirada quan- afastar as moléstias.”18 L. H. Christian relatou que ela escolheu
mente baixa... de compleição um tanto ro- do rogou aos pecadores que fugissem dos seus Através dos anos, estudantes sérios têm João 3:1-5 como seu texto, concentrando-se
busta, mas não obesa”. [deles] pecados. O efeito de sua oratória e ma- sido gratos ao conselho de Ellen White sobre em “Importa-vos nascer de novo”. Os pasto-
A respeito do semblante, o rosto é o que neira magnéticas foi extraordinário.”14 o falar em público. Sua própria experiência, res ficaram desapontados, achando que o te-
foi lembrado por mais tempo – “feições arre- Obviamente, a Sra. White via e ouvia es- que começou com um sussurro rouco e se de- ma não era apropriado; queriam alguma coisa
dondadas e cheias”, “deixava escapar de vez ses comentários sobre sua notável competên- senvolveu até tornar-se uma oradora muito mais sólida.
em quando um sorriso dulcíssimo”, “repara- cia em oratória. Ela dava glória a Deus, mas solicitada, deu profunda autenticidade a seus Contudo, após dois minutos, Christian es-
vam no seu nariz, mas logo o esqueciam, nem sempre achava o fenômeno miraculoso. princípios. Esses princípios expressos em tó- tava dizendo para si mesmo: “Isso é algo no-
achando que ela era realmente bela, digna” e Aprendera a falar em público estudando os picos como “Atitudes Cristãs no Falar”, vo. É mais profundo, elevado e sublime do
“o rosto parecia iluminar-se”. princípios da projeção da voz. Além disso, “Cultura da Voz”, “Métodos Eficazes de Falar que qualquer coisa que eu já li ou ouvi sobre
escrevera muito conselho geral sobre a comu- em Público”, “Conteúdo de Nossas Pales- o tema do novo nascimento como experiên-
Linguagem dos Olhos nicação oral eficiente e, muitas vezes, especi- tras” e “Uso da Voz ao Cantar” foram reuni- cia diária para o pregador.”
Seus olhos – “belos olhos castanhos e olhar ficamente aos pastores que estavam arruinan- dos no volume intitulado The Voice in Speech Depois, ele registrou seus pensamentos
distante”, “olhar leal”, “olhar penetrante”, do não somente sua voz, mas também a and Song.19 adicionais: “Eu nunca havia ouvido nem te-
“seus olhos eram grandes e ficavam maiores saúde, por hábitos impróprios de falar. nho ouvido desde então exposição tão bela
ainda quando ficava séria ou emocionada e Ela defendia o apoio do diafragma e a Temas Gerais sobre a obra do Espírito Santo em transfor-
diminuíam quando ela sorria”. mar vidas humanas à gloriosa semelhança de
respiração profunda: “O falar da garganta, Quais eram os temas gerais da Sra. White?
Havia unanimidade sobre o cabelo de
fazendo a voz sair da parte superior dos ór- Suas mensagens públicas, de acordo com os Cristo conforme ela nos apresentou. ...
Ellen White: “usava uma rede sobre o cabe-
gãos vocais, forçando-os e irritando-os con- ouvintes, concentravam-se na alegria, na Quando ela terminou de falar (isso durou
lo bem arrumado”, “estilo simples de pen-
teado”, “cabelo escuro e sempre partido e tinuamente, não é a melhor maneira de animação dos desalentados e na apresentação menos de trinta minutos), nós pregadores
penteado para trás, terminando em uma proteger a saúde ou aumentar a eficácia des- dos encantos de um amorável Senhor. A con- dissemos: ‘Foi a melhor coisa para a nossa al-
trança em formato de coque na parte poste- ses órgãos. ... Caso deixem que suas palavras clusão de um sermão típico seria: “Esta vida é ma que já ouvimos.’ Não foi crítico, nem de-
rior do pescoço”. venham do profundo, exercitando os mús- um conflito, e temos um adversário que nun- sanimador; não nos condenou; mas nos deu
Vinte e nove pessoas referiram-se ao teci- culos abdominais, podem falar a milhares ca dorme, e que está em constante vigilância um vislumbre das alturas da excelência espi-
do de sua roupa, descrevendo-o como “velu- de pessoas com a mesma facilidade com que para destruir nossa mente e, seduzindo-nos, ritual que somos capazes de alcançar e à qual
do ou seda preta”, “uma roupa de duas peças”; o fariam a dez.”15 afastar-nos de nosso precioso Salvador, que nos devemos apegar se formos realmente ser-
“o vestido não parecia adorná-la; ela parecia A instrução de Ellen White sobre falar em por nós deu a vida. Tomaremos a cruz que nos vos de Cristo ao levar as pessoas a uma viva
adornar o vestido”. Para acentuar o preto, a público envolvia mais do que a capacidade de foi dada? Ou continuaremos em satisfação fé no Senhor Jesus.”22
Sra. White usava muitas vezes punhos e golas falar a milhares de pessoas. Era, acima de tu- egoísta e perderemos a eternidade de bem- Ocorria muitas vezes interessante fenôme-
brancas. Outros acessórios mencionados do, um assunto espiritual, especialmente para aventurança?...”20 no quando Ellen White estava no púlpito. De
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 12 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A ORADORA SOLICITADA

vez em quando, ela parava a mensagem que apreciação. Um repórter de jornal noticiou ve a ocasião em que ouviu Ellen White falar uma classe de pessoas excelentes. ... Tive
havia preparado e reconhecia no auditório uma palestra que ela apresentou em Battle pela primeira vez: “Durante toda a minha vi- grande liberdade em apresentar-lhes o amor
pessoas que não havia visto antes, exceto Creek, Michigan, em 1887: da ouvira falar desta mulher, e desejava ouvi- de Deus evidenciado ao ser humano no dom
em visão. Em Bushnell, Michigan, em 20 “Esteve presente à palestra da Sra. Ellen la e vê-la por mim mesmo. ... Tenho escuta- de Seu Filho. Todos ouviram com o mais pro-
de julho de 1867, Ellen e Tiago White en- G. White, realizada ontem à noite, no Ta- do seus críticos declararem que os escritos fundo interesse. O pastor batista levantou-se
contraram, do lado de fora, debaixo de ár- bernáculo, uma assistência considerável, dela são, em grande parte, produto de suas se- e disse que tínhamos ouvido o evangelho na-
vores, um grupo espiritualmente pouco inclusive grande número das pessoas mais cretárias. Observei, porém, que em sua pales- quela noite e ele esperava que todos atentas-
promissor. Tiago relatou que logo depois ilustres de nossa cidade. Esta senhora apre- tra improvisada seu enunciado estava cheio sem para as palavras proferidas.”29
que sua esposa começou a falar, ela colocou sentou aos ouvintes uma palestra bastante de expressões exatamente idênticas àquelas Os líderes adventistas reconheciam a con-
a Bíblia de lado e começou a dirigir-se aos eloqüente, que foi ouvida com assinalado que eu havia lido tantas vezes em seus escri- tribuição inigualável dos White a suas diver-
recém-batizados. Pelo fato de não os ter interesse e atenção. Sua exposição foi en- tos. ... Ao relatar suas várias experiências... sas reuniões. Uriah Smith apresentou um re-
visto antes, a não ser em visão, “dirigiu-se a tremeada de fatos instrutivos coletados por ela deu-me a impressão de ser alguém que ti- latório sobre a reunião campal de Sparta,
cada irmão e irmã por sua localização, co- ela mesma em sua recente visita a terras es- nha satisfação em compartilhar com outros a Wisconsin, em 1876: “Aqui, como em Iowa,
mo um que estava perto daquela árvore ou trangeiras, o que demonstrou que, além de riqueza e a bênção que recebera.”26 a presença do irmão e da irmã White consti-
outro sentado perto daquele irmão ou irmã muitas outras raras qualificações, essa mu- Os comentários do mundo jornalístico tuiu, em grande parte, a vida da reunião. Seus
da igreja de Greenville ou de Orleans, a lher talentosa possui grande faculdade de não se limitavam à “talentosa” habilidade conselhos e trabalhos deram significado aos
quem ela conhecia pessoalmente e a quem atenta e cuidadosa observação e extraordi- que Ellen White possuía ao usar a tribuna. cultos e progresso da obra. Freqüentemente a
chamava pelo nome”. nária memória para detalhes. Isto, aliado à Incluíam também sua mensagem honesta: irmã White fazia apelos impressionantes e as
Durante uma hora, ela passou em revista sua magnífica forma de falar e a faculdade “Gostaria que todas as outras crenças reli- mais convincentes descrições de cenas da vi-
os casos, um por um, declarando que o Se- de revestir suas idéias com linguagem sele- giosas de Battle Creek fossem tão fiéis aos da de Cristo das quais se podem extrair lições
nhor havia mostrado a condição deles dois ta, elegante e apropriada, tornou sua pales- princípios morais como a Sra. White e seus aplicáveis à experiência cristã diária. Isso foi
anos antes; que, enquanto ela estava lendo tra uma das melhores que já foi pronuncia- adeptos. Então não teríamos vergonhosos de total interesse para toda a congregação.
textos da Bíblia, as necessidades individuais da por qualquer mulher em nossa cidade. antros de vícios, bares, tabacarias, casas de Esses servos da igreja, embora já tenham lon-
deles foram esclarecidas “como um súbito re- Que ela possa em breve brindar nossa co-
jogos nem a atmosfera poluída dos vapores ga e larga experiência, apesar de todas as suas
lâmpago em uma noite escura revelando cada munidade com outra palestra, é o sincero
do rum e desse cruel destruidor de homens cansativas atividades, continuam a crescer
objeto ao redor”. desejo de todos quantos a ouviram na noite
chamado fumo.”27 em força mental e espiritual.”30
Qual foi a reação? Cada pessoa, ao ser passada, e se ela assim o fizer, será uma reu-
A Sra. White gostava de aceitar convites
mencionada, levantava-se e “dava teste- nião muito concorrida.”25
Alguns têm afirmado às vezes que a beleza, de igrejas não adventistas. Em 1880, depois Uma das Mais Capazes Oradoras de Tribuna
munho de que seu caso havia sido descrito
a força e o poder dos escritos de Ellen White de ouvi-la pregar na reunião campal de Sa- Quando Tiago morreu em 1881, diversos jor-
melhor do que eles conseguiriam fazer por
si mesmos”. Erros foram corrigidos e efe- se deviam a seus assistentes de redação. Mas lém, Oregon (realizada numa praça munici- nais registraram as contribuições que ele dera
tuou-se uma reforma que os tornou uma quem eram os assistentes de redação que se pal), alguns metodistas ficaram impressio- à causa. Esses esboços biográficos e elogios in-
igreja forte.23 interpunham entre ela e seus auditórios? Não nados. Os líderes da igreja pediram que ela cluíam comentários sobre a Sra. White e sua
Algumas vezes Ellen White foi tomada em havia nenhuma assistente literária ao seu la- pregasse para eles no domingo seguinte. obra pública: “Ele recebeu, em seus trabalhos
visão enquanto pregava. Em Lovett’s Grove, do, “polindo” sua gramática, “corrigindo” Numa carta endereçada a Tiago, ela descre- ministeriais e educacionais, a inestimável
Ohio, em meados de março de 1858, após seu seus detalhes, etc., quando ela usava “lingua- veu o acontecimento: “No domingo à noite ajuda de sua esposa, Ellen G. White, uma das
marido ter pregado um sermão fúnebre, ela gem seleta, elegante e apropriada”. a Igreja Metodista, um majestoso edifício, mais competentes oradoras de tribuna e escri-
apresentou seu testemunho sobre a conforta- Essa “mulher talentosa” e dotada de “ex- ficou completamente lotado. Falei para toras do Oeste.”31
dora esperança do Segundo Advento. Escre- traordinária memória para detalhes” demons- aproximadamente setecentas pessoas, que “Em 1846, ele se casou com Ellen G. Har-
vendo posteriormente, ela disse: “Fui arreba- trava, como é verdade para muitas pessoas ouviram com profundo interesse. O pastor mon, mulher de talentos extraordinários, que
tada numa visão da glória de Deus.” Durante públicas, que o dom de oratória é freqüente- metodista agradeceu-me pelo sermão. A es- foi uma colaboradora em toda sua obra e con-
as duas horas que se seguiram, ela permane- mente diferente das técnicas de redação. Os posa do pastor metodista e todos pareceram tribuiu grandemente para o sucesso dele por
ceu em visão naquele prédio escolar lotado hábitos de escrita revelam muitas vezes que a muito satisfeitos.”28 seus dotes como escritora e principalmente
que a observava com ávido interesse. Aquela mente do escritor corre mais rápido do que a Naquela extraordinária viagem de com- como persuasiva oradora pública.”32
visão de Lovett’s Grove veio a ser conhecida pena é capaz de escrever; independente disso, boio de carroções, realizada em 1879, Tiago e Em 1878, com a idade de 50 anos, Ellen
como “a visão do grande conflito”.24 o escritor sabe que o produto final é o que Ellen White pregaram quase todas as noites White foi incluída na obra de referência
realmente importa, não as técnicas rápidas para “os viajantes” e os que se achavam ao American Biographical History of Eminent and
Auditórios Não Adventistas que o escritor emprega para colocar o pensa- longo do caminho. Escrevendo a respeito de Self-Made Men of the State of Michigan, Third
Auditórios não adventistas ouviam-lhe as mento no papel. certa experiência, ela disse: “Na noite passa- Congressional District, pág. 108, nos seguintes
mensagens, que demoravam muitas vezes Clifton L. Taylor, que durante muitos anos da preguei para cem pessoas reunidas numa termos: “A Sra. White é uma mulher de
mais de uma hora, enlevados e com grata foi professor de Bíblia em faculdades, descre- respeitável casa de culto. Encontramos ali mentalidade singularmente bem equilibrada.
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SEÇÃO II
CAPÍTULO 12 O ministério profético de Ellen G. White
A Verdadeira Ellen White A ORADORA SOLICITADA

Seus traços predominantes são a benevolên- livre, ela tem sido com freqüência distinta- todos os lugares do país, sendo grande parte de seu tempo de- Ellen White apresentou doze mensagens evangelísticas consecu-
cia, a espiritualidade, a conscienciosidade e o mente ouvida a quilômetro e meio de distân- dicado a esta obra.” tivas, dez das quais dispomos hoje. Os textos e temas que ela usa-
26. Review and Herald, 25 de setembro de 1958, pág. 3. va revelam a ênfase cristocêntrica de seus sermões. Ver também
idealismo. Suas qualidades pessoais são de cia. Sua linguagem, conquanto simples, é 27. Lansing [Michigan] Republican, 7 de janeiro de 1880, citado Delafield, Ellen G. White in Europe, págs. 239 e 240.
molde a granjear-lhe as mais calorosas amiza- sempre elegante e convincente. Quando ins- em Biography, vol. 3, pág. 131. 30. Review and Herald, 29 de junho de 1876, pág. 4.
des entre todos com quem se põe em contato pirada pelo assunto, é muitas vezes maravi- 28. Carta 33a, 1880, citada em Biography, vol. 3, pág. 142; mais 31. Lansing [Michigan] Republican, 9 de agosto de 1881, citado
adiante na carta ela mencionou: “Um dos pastores metodis- em Nichol, Ellen G. White and Her Critics, pág. 475.
e a inspirar-lhes a maior confiança em sua lhosamente eloqüente, mantendo os maiores tas disse para o irmão Levitt que ele lamentava que a Sra. 32. The Echo [Detroit], 10 de agosto de 1881, citado em Nichol,
sinceridade. ... Não obstante, seus muitos auditórios fascinados por horas, sem um sinal White não fosse uma sólida metodista, porque eles a ordena- ibidem, pág. 475.
anos de trabalhos públicos, tem conservado de impaciência nem fadiga. riam episcopisa imediatamente; ela faria justiça a esse cargo.” 33. Citado em Shaw, “A Rethorical Analysis of the Speaking of
Ver também Ibidem, pág. 88. Mrs. Ellen G. White”, págs. 28 e 29, e em Arthur White, Men-
toda a simplicidade e honestidade que lhe ca- “O tema de suas palestras é sempre de na- 29. Carta 36, 1879, citado em ibidem, pág. 111. Em outubro de 1886, sageira da Igreja Remanescente, segunda edição, págs. 348 e 349.
racterizaram o princípio da vida. tureza prática, tratando principalmente dos
“Como oradora, a Sra. White é uma das deveres domésticos, da educação religiosa
mais bem-sucedidas entre as poucas mulheres das crianças, da temperança e assuntos con- Perguntas Para Estudo
que se têm distinguido como conferencistas gêneres. Nas ocasiões de reavivamento, é
neste país, durante os últimos vinte anos. O ela sempre a oradora de maior êxito. Tem
contínuo uso lhe tem por tal forma fortaleci- falado freqüentemente sobre seus temas fa- 1. Quais as principais características do estilo de oratória de Ellen White?
do os órgãos vocais, que lhe dão à voz rara voritos, a auditórios imensos, nas maiores
profundidade e potência. A clareza e força de cidades, sendo sempre recebida com grande 2. Como o falar corretamente ajuda na saúde física?
articulação são tão grandes que, falando ao ar simpatia.”33
3. Que passagens bíblicas Ellen White citava com maior freqüência?
Referências
4. Quais eram os temas favoritos de Ellen White, aqueles que ela enfatizou durante todo o
1. The Voice in Speech and Song, pág. 15. “A irmã White falou um pouco sobre a grande importância da
seu ministério? Consulte o CD-ROM contendo os escritos publicados de Ellen White
2. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 62; Life Sketches, pág. 70. Escola Sabatina, daquele seu jeito convincente e eloqüente.” para encontrar pistas.
3. Life Sketches, págs. 69 e 70. – Review and Herald, 4 de setembro de 1879, pág. 85.
4. Ibidem, pág. 72. 9. Christian, Fruitage of Spiritual Gifts, págs. 45 e 46.
5. A presença de aproximadamente 20.000 pessoas na reunião 10. Horace Shaw, “A Rhetorical Analysis of the Speaking of
5. Do ponto de vista da persuasão, como Ellen White usa a linguagem para captar clara e
campal de Groveland, na cidade do mesmo nome, Massachu- Mrs. Ellen G. White, A Pioneer Leader and Spokeswoman favoravelmente a atenção? Pense em exemplos que reflitam simplicidade, propriedade,
setts, de 25 a 30 de agosto de 1876, alcançou o recorde máxi- of Seventh-day Adventist Church” (Michigan State Uni- ilustrações, etc.
mo das reuniões campais adventistas. Segundo um repórter, versity, 1959, dissertação de doutorado), pág. 282.
muito mais gente teve seu acesso negado às reuniões porque 11. Ibidem, pág. 514.
todos os serviços de transporte, inclusive trens, barcos flu- 12. Ibidem, págs. 502-510, 606-644.
viais, barcas, etc., estavam lotados além da sua capacidade de 13. “Quando estou falando ao povo, digo muita coisa que de for-
acomodar todos quantos desejavam comparecer ao evento. – ma alguma premeditei. O Espírito do Senhor freqüentemen-
Review and Herald, 7 de setembro de 1876, pág. 84. Assim que te vem sobre mim. Parece-me que sou levada para fora de
a reunião se encerrou, Ellen White foi convidada pelo Clube mim mesma e a vida e o caráter de diferentes pessoas me são
da Reforma da Temperança de Haverhill para pregar na noite claramente apresentados. Vejo seus erros e perigos que cor-
seguinte. Ela relatou: “A Rainha da Inglaterra não poderia ter rem. Sinto-me então compelida a falar do que me tem sido
sido mais honrada. ... Estavam diante de mim mil das pessoas mostrado.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 678.
mais finas e seletas da cidade. Parei várias vezes ante os aplau- 14. Citado em Review and Herald, 18 de agosto de 1874, pág. 68.
sos e as batidas dos pés. ... Nunca antes testemunhei tanto en- 15. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 616 (Evangelismo, pág.
tusiasmo como o que essas nobres pessoas que lideravam a re- 669). “O devido uso dos músculos abdominais no ler e falar
forma da temperança demonstraram em relação à minha pa- mostrar-se-á remédio para muitas anomalias da voz e do tó-
lestra sobre temperança. Era algo novo para eles. Falei do je- rax, e meio de prolongar a vida.” – Conselhos aos Pais, Pro-
jum de Cristo no deserto e seu objetivo. Falei contra o fumo. fessores e Estudantes, pág. 297.
Depois da reunião, fui cercada e elogiada, e insistiram comigo 16. Evangelismo, pág. 665.
para que, se eu voltasse a Haverhill, falasse para eles nova- 17. Ibidem, pág. 666.
mente.” – Carta 42, 1876, citado em Biography, vol. 3, pág. 18. Ibidem, págs. 667 e 669.
46; ver Uriah Smith, “Grand Rally in New England”, Review 19. Pacific Press Publishing Association, 1988.
and Herald, 7 de setembro de 1876, pág. 84. 20. Life Sketches, págs. 291 e 292.
6. Em julho ela havia escrito quinhentas páginas de manuscrito. 21. Shaw, “A Rethorical Analysis of the Speaking of Mrs. Ellen
Ver Biography, vol. 3, pág. 202. G. White”, pág. 355.
7. Biography, vol. 3, pág. 204; ver também pág. 158. Refletindo 22. Christian, Fruitage of Spiritual Gifts, pág. 47.
sobre este fenômeno acontecido repetidas vezes, Mervyn 23. Signs of the Times, 29 de agosto de 1878, pág. 260.
Maxwell sugere que “Deus poderia tê-la curado completamen- 24. Ver capítulo 22; Biography, vol. 1, págs. 368-375.
te, mas é evidente que preferiu apresentar esta prova de Sua 25. “Mr. Ellen G. White’s Able Address. A Characteristic and
proximidade quando ela se levantava para pregar.” – Maxwell, Eloquent Discourse by This Remarkable Lady”, Battle Creek
Tell It to the World, pág. 197. Daily Journal, 5 de outubro de 1887. O editor do Free Press
8. Review and Herald, 8 de janeiro de 1875, pág. 14. Em outra de Newton (Iowa) dedicou amplo espaço à reunião campal
ocasião, J. N. Loughborough observou: “A irmã White apre- adventista realizada naquela cidade no começo de julho de
sentou duas palestras profundas, práticas e convincentes.” – 1875. Entre outras observações, ele diz: “A Sra. White é uma
Signs of the Times, 11 de janeiro de 1877, pág. 24. D. M. Can- pregadora de grande talento e eficácia, muito solicitada co-
right, na época presidente da Associação de Ohio, escreveu: mo conferencista das reuniões campais da denominação de

130 131
III

SEÇÃO
A Mensageira que Escuta

CAPÍTULO

13 Transmitindo a Mensagem de Deus

14 Confirmando a Confiança

15 Instruções e Predições Oportunas

16 Percepção da Mensageira Sobre si Mesma


M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO III

13
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Mensageira que Escuta
naram-se o centro confirmador, corretor e chegar até vocês por meio de testemunhos
confortador para o surgimento da plataforma simples e diretos.”9
bíblica integrada do terceiro grupo.6 Somente quando seus propósitos forem
claramente compreendidos é que os escritos

Transmitindo a Propósito das Visões


Pessoa alguma é capaz de estender-se muito
na leitura dos escritos da Sra. White sem fi-
car consciente de sua profunda veneração
de Ellen White serão devidamente aprecia-
dos. Ela explicou por que Deus viu a neces-
sidade de falar por meio dela: “Chamar... a
atenção de Seu povo para a Sua Palavra”,10

Mensagem de Deus pela Bíblia. Ela era uma defensora do estu-


do da Bíblia, e recomendava com grande
insistência o estudo bíblico coerente e me-
simplificar “importantes verdades já revela-
das”;11 chamar a atenção para os princípios
bíblicos “para a formação de hábitos corre-
ticuloso.7 tos de vida”;12 especificar “os deveres do ho-
“Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me fala- Na verdade, um dos sinais dos falsos profe- mem para com Deus e seu semelhante”;13 e
va.” Ezeq. 2:2. tas é procurarem anular a obra dos profetas “animar os abatidos”.14
anteriores (Isa. 8:20). Um dos principais si- Em essência, as mensagens de Ellen
nais dos profetas verdadeiros é fazerem cons- White foram dadas “não para uma nova re-
tante referência aos profetas anteriores. A gra de fé, mas para conforto do Seu povo e

O
s mileritas, em princípios da década No fim da década de 1840, os mileritas coerência e a unidade da Bíblia repousam para corrigir os que se desviam da verdade
de 1840, com suas expectativas mile- desapontados dividiram-se em diversos gru- neste simples fato, confirmado através dos bíblica”.15
niais, estavam “predispostos... ao po- pos principais de acordo com suas crenças
anos. Uma das observações comuns feitas a
deroso derramamento de predições carismáti- sobre o que acontecera em 1844: (1) aqueles O Fenômeno das Visões
cas, línguas, curas e outros ‘sinais e maravi- que continuavam a crer que a volta de Jesus respeito de Ellen White é que ela empregou
extensivamente as Escrituras em seus sermões Ellen Harmon/White partilhava com os
lhas’, que cumpririam a promessa bíblica era iminente e que seu erro consistira na fi- profetas bíblicos características físicas se-
para os ‘últimos dias.’... Suas assembléias es- xação de uma data errada; este grupo incluía e volumosos escritos.
melhantes enquanto em visão pública ou
tremeciam com brados, louvores, pranto e os principais líderes mileritas (Miller, Bliss, Mas se a Bíblia é “o único guia verdadei-
em lugar aberto.16 Em 1868, Tiago White
‘períodos enternecedores de oração’.” Hale e Himes); (2) aqueles que criam que na ro em todos os assuntos de fé e prática”8,
fez a seguinte descrição abrangente da espo-
Embora líderes mileritas como o próprio realidade Jesus tinha vindo, mas não como por que as mensagens de Ellen White foram
Miller, Carlos Fitch e Josué V. Himes se opu- um acontecimento físico; a experiência es- sa em visão:
necessárias? Qual o propósito de seu papel
sessem aos “fenômenos carismáticos”, o mo- piritual por que os crentes passaram se tor- “1. Ela fica inteiramente inconsciente de
profético?
vimento era “normalmente criticado” por es- nou para eles a “segunda vinda”, e assim fo- tudo quanto ocorre ao seu redor, como se tem
Ela explicou por que sua mensagem era demonstrado pelas mais rigorosas provas, po-
ses “fanatismos” como curas, falar em línguas, ram rotulados de “espiritualizadores”; (3) necessária: “Tomei a preciosa Bíblia, e
visões e profecias. Diversas mulheres mileri- aqueles que acreditavam que a data estava rém se vê a si mesma como afastada deste
agrupei em torno dela os diferentes Teste- mundo, e na presença de seres celestiais.
tas tiveram suas “visões” noticiadas pela im- correta, mas que o acontecimento ocorrera
prensa.1 no Céu assinalando o início da ministração munhos Para a Igreja, dados ao povo de “2. Ela não respira. Durante todo o perío-
Depois do dia 22 de outubro de 1844, para sumo sacerdotal de Cristo no “lugar santíssi- Deus. Aqui, disse eu, se encontram os casos do de sua visão que, em diferentes ocasiões,
a maioria dos mileritas e para o mundo reli- mo”, dos quais surgiu a Igreja Adventista do de quase todos. Os pecados que devem evi- tem variado de quinze minutos a três horas,
gioso zombador em geral, os fenômenos caris- Sétimo Dia.4 tar estão neles apontados. Os conselhos não há nenhuma respiração, como se tem
máticos como visões eram altamente suspei- Ellen White tornou-se a única voz clara que desejam, dados em outros casos que de- comprovado repetidas vezes ao fazer-lhe
tos. Os mileritas, ofendidos por serem rotula- que reanimou o terceiro grupo, o qual acredi- finem situações semelhantes às deles mes- pressão sobre o tórax, e fechar-lhe a boca e
dos de fanáticos, ficaram bastante desconfia- tava que a data de 22 de outubro de 1844 en- mos, podem ser encontrados aqui. Aprouve as narinas.
dos de quem quer que afirmasse ter visões.2 cerrava um importante significado cósmico.5 a Deus dar-lhes ‘preceito sobre preceito’ e “3. Imediatamente depois de entrar em vi-
Dois outros “mileritas” (William Foy e Ela ajudou a dirigir o grupo de estudantes da ‘regra sobre regra’. Mas poucos entre vocês são, seus músculos se tornam rígidos, e as jun-
Hazen Foss) haviam sentido a oposição às vi- Bíblia por entre o fanatismo dos “espirituali- sabem realmente o que está contido nos tas fixas, no que respeita à influência de qual-
sões. Foy teve quatro visões, embora não te- zadores” à esquerda e os adventistas do pri- Testemunhos. Não estão familiarizados com
nha recebido mais nenhuma depois de 1844. meiro dia à direita, os quais repudiavam tan- quer força exterior sobre eles. Ao mesmo
as Escrituras. Se tivessem feito da Bíblia o tempo, seus movimentos e gestos, que são fre-
Relatava-as às pessoas sempre que encontra- to o significado do dia 22 de outubro como os
va ouvintes interessados. “dons espirituais”. A confusão e a rejeição objeto de seus estudos, com o propósito de qüentes, são livres e graciosos, e não podem
Foss nunca revelou suas visões a outros, predominavam em ambos os lados dos primi- atingir o padrão bíblico e a perfeição cristã, ser impedidos nem controlados mesmo pela
mas reconheceu a autenticidade de Ellen tivos adventistas sabatistas. As visões de não necessitariam dos Testemunhos. É por- pessoa mais forte.
Harmon quando ouviu as explicações das vi- Ellen Harmon (antes de seu casamento, que negligenciaram familiarizar-se com o “4. Ao sair da visão, seja durante o dia ou
sões dela.3 1844-1846; Ellen White depois de 1846) tor- Livro inspirado de Deus que Ele procurou num aposento bem iluminado à noite, tudo
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SEÇÃO III
CAPÍTULO 13 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta TRANSMITINDO A MENSAGEM
DEDEUS

lhe é completa escuridão. Sua capacidade de Pesava, na época, pouco mais de 36 quilos. Ellen White recebia mensagens de Deus de diversos modos, como, por exemplo, “no
distinguir mesmo os objetos mais brilhantes, Seu estado nervoso era tal que ela não con- de diferentes maneiras. As mensagens recebi- início do sábado eu adormeci e algumas
segurados a pouco centímetros de seus seguia escrever e dependia de que alguém das durante as horas em que ela estava acor- coisas me foram claramente apresenta-
olhos, só volta gradualmente, às vezes não sentasse à mesa ao seu lado até mesmo para dada chamavam-se visões “abertas” ou públi- das”.26 Centenas de cartas contêm a ex-
sendo restabelecida senão depois de três ho- despejar sua bebida na xícara. E apesar de cas, enquanto as que ocorriam durante o so- pressão “no período da noite”, no qual ela
ras. Isso tem acontecido durante os últimos suas ansiedades e aflições mentais, resultan- no se chamavam sonhos. A duração das vi- ouvia ou via uma mensagem que devia ser
vinte anos; contudo sua vista não sofre o mí- tes do dever de apresentar ao público suas sões variava desde menos de um minuto até comunicada a alguma pessoa ou grupo em
nimo prejuízo. Pouca gente tem a vista tão visões, suas atividades na pregação pública e mais de uma hora, havendo uma ocasião em particular, como uma igreja, reunião cam-
boa quanto ela. em questões gerais da igreja, suas fatigantes que durou quase quatro horas. Às vezes as vi- pal ou reunião de oficiais. Às vezes a ex-
“Provavelmente, durante os últimos vinte viagens e trabalhos e preocupações domésti- sões aconteciam “[mostrando] como que num pressão “no período da noite” podia estar
e três anos, ela teve de cem a duzentas visões. cas, sua saúde e força física e mental têm relâmpago certas situações ou condições. Em ausente, mas a ocasião era óbvia: “Não
Estas foram dadas sob quase toda sorte de cir- melhorado desde o dia que ela teve sua pri- tais casos, a visão relacionava-se em geral consigo dormir. Levantei à uma hora da
apenas a um assunto, ou a um aspecto do as- madrugada. Fiquei ouvindo uma mensagem
cunstâncias, mantendo, não obstante, admi- meira visão.”17
sunto, ao passo que as visões mais prolonga- destinada a você.”27
rável semelhança. A mudança mais visível é Mas as visões não podem ser explicadas ou
das incluíam muitos, muitos assuntos, ou li- As visões noturnas ou sonhos tornaram-se
que nos últimos anos elas se têm tornado me- autenticadas apenas pelas características físi- davam com acontecimentos que ocorriam
nos freqüentes, porém mais abrangentes. Ela cas. Muitas vezes, especialmente durante as mais rotineiros à medida que as visões abertas
durante longo período de tempo.”22 se tornaram menos freqüentes.
tem sido arrebatada em visão com maior fre- visões/sonhos da noite, Ellen White não As visões públicas podiam acontecer em
qüência quando em oração. apresentava as típicas caraterísticas físicas. Reconhecendo que surgiriam perguntas a
quase qualquer ocasião. Às vezes, enquanto respeito da natureza particular dos “sonhos” e
“Diversas vezes, enquanto se dirigia à Os fenômenos físicos não eram prova das cre- anotava no diário acontecimentos do dia, so-
congregação, de maneira inesperada para denciais divinas.18 de sua autenticidade como revelações, Ellen
brevinham pensamentos aplicáveis ao assun- White escreveu: “Grande número de sonhos
ela mesma ou para os que estavam à sua Além disso, como Arthur G. Daniells to “como jatos de luz... de maneira tão distin-
volta, era tomada instantaneamente em escreveu, “aqueles que aceitam esses fenô- [sonhos comuns] origina-se das coisas co-
ta [que] eu escrevia durante muito tempo”.23
visão. Foi isto o que aconteceu em 12 de menos físicos como evidência determi- muns da vida, com as quais o Espírito de Deus
Enquanto um grupo de crente estava reu-
junho de 1868, na presença de nada me- nante podem ser enganados, pois o inimi- nada tem a ver. Há também falsos sonhos,
nido em oração familiar numa manhã de sá-
bem como falsas visões que são inspirados por
nos que duzentos observadores do sábado, go da justiça é capaz de produzir condi- bado, Ellen White deu aquele ressonante bra-
Satanás. Mas os sonhos provenientes do Se-
na casa de culto em Battle Creek, Michi- ções similares em pessoas sujeitas a seu do de “Glória! Glória! Glória!” (a que os es-
pectadores haviam se acostumado através dos nhor estão classificados na Palavra de Deus
gan. Ao ser batizada por mim, num perío- domínio.” 19 Ellen White advertiu: “Have-
anos), e seu marido Tiago se ergueu infor- com visões, e são tão verdadeiramente frutos
do inicial de sua experiência, enquanto eu rá pessoas que pretendem ter visões.
mando aos presentes que sua esposa estava do Espírito de Profecia como as visões. Tais
a emergia da água, ela imediatamente en- Quando Deus der clara evidência de que
em visão.24 sonhos, levando-se em conta as pessoas que
trou em visão. Diversas vezes, acamada essas visões são dEle, vocês podem aceitá-
Com freqüência ela recebia visões em os têm e as circunstâncias sob as quais foram
por doença, foi ela restaurada em resposta las; mas não as aceitem mediante nenhu- dados, contêm suas próprias provas de genui-
à oração da fé e arrebatada em visão. Nes- ma outra prova; pois o povo será mais e cultos na igreja. A visão de Parkville, Mi-
chigan, em 12 janeiro de 1861, na qual des- nidade.”28
sas ocasiões a restauração de sua saúde foi mais extraviado nos países estrangeiros e
miraculosa. na América [do Norte]. O Senhor quer creveu os fatos e horrores da Guerra Civil,
aconteceu na igreja depois que ela concluiu Mensagens Recebidas de Formas Diferentes
“De outra vez, enquanto caminhava com que Seu povo proceda como homens e Variedade é uma palavra que descreve bem a
amigas, conversando sobre as glórias do rei- mulheres sensatos.” 20 sua poderosa exortação e se assentou. A vi-
são durou aproximadamente vinte minutos. maneira pela qual a Sra. White recebia visões
no de Deus, passando ela pelo portão da ca- Por que, então, os fenômenos físicos e sonhos. A maneira como comunicava ela as
Depois que ela voltou a respirar, falou breve-
sa de seu pai, o Espírito de Deus veio sobre acompanhavam as visões dadas aos profetas mensagens a outros variava tanto quanto a
mente sobre o que lhe fora revelado, em es-
ela, que foi instantaneamente tomada em bíblicos? Por que as manifestações físicas fo- pecial sobre determinados pontos direta- maneira como recebia as visões.
visão. E o que pode ser importante, para ram tão extraordinárias e tão amplamente mente relacionados com aquele auditório As visões e sonhos de Ellen White eram
aqueles que julgam as visões resultado de documentadas durante as visões públicas de intensamente interessado. apresentados em pelo menos nove manei-
mesmerismo, ela foi muitas vezes arrebatada Ellen White? Ao que parece, assim como nos A última visão pública de Ellen White, da ras diferentes.29 As visões referidas neste
em visão quando orava sozinha no bosque tempos bíblicos, Deus Se serviu das coisas qual dispomos de informações detalhadas, livro podem ser classificadas sob estas no-
ou no quarto. prodigiosas para chamar e conservar a aten- ocorreu em Battle Creek em 3 de janeiro de ve categorias:
“É bem possível falar a respeito do efeito ção das pessoas tempo suficiente para que ou- 1875. Contudo, J. N. Loughborough (que tes- 1. Às vezes, ela parecia estar presente e
das visões sobre sua constituição ou força. vissem a mensagem do profeta. A mensagem temunhou pessoalmente “cerca de cinqüenta” participar nos acontecimentos da visão.30
Quando ela teve sua primeira visão, era uma em si mesma levava as credenciais divinas; os visões) declara que sua última visão pública foi 2. Algumas visões eram panorâmicas, com
doente macilenta, desenganada pelos ami- fenômenos físicos demonstravam a presença a da reunião campal de Oregon em 1884.25 cenas que abrangiam o passado, o presente e
gos e médicos para morrer de tuberculose. do sobrenatural.21 As visões da noite, ou sonhos, aconteciam o futuro.31
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SEÇÃO III
CAPÍTULO 13 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta TRANSMITINDO A MENSAGEM
DEDEUS

3. Um anjo (ou algum outro ser celestial, Ela via em visão pessoas e acontecimentos o orgulho foi terrivelmente magoado. Nós verão de 1881, Tiago e Ellen White estavam
como “meu Guia”, etc.) costumava observar que outros não conseguiam ver em seu verda- conversamos por um instante, e ambos fica- cansados. Ela estava doente. Contudo, sentia
o acontecimento com ela e dar-lhe uma in- deiro aspecto. Quando essas pessoas resistiam ram maravilhosamente calmos e disseram uma “profunda impressão” de que deveriam
terpretação.32 ao conselho, ignorando a reprovação que fo- que agora viam diferentemente as coisas.”42 partir da reunião campal de Michigan e ir
4. Ocasionalmente ela via edifícios ainda por ra enviada em caráter particular, ela se sentia As visões muitas vezes se referiam a acon- para a reunião campal de Iowa, a iniciar-se
construir e recebia instruções a respeito do papel em débito para com toda a igreja. Seu Guia tecimentos específicos capazes de convencer dentro de dois dias. Ao chegarem em Des
que ela desempenharia na instrução dos que de- celestial lhe dizia que a igreja não devia con- não adventistas de que Ellen White era uma Moines, ela disse para um pastor: “Bem, esta-
tinuar a padecer por causa daqueles que recu- autêntica mensageira do Senhor. Em 1850 mos aqui conforme a ordem do Senhor, para
viam trabalhar naquela futura edificação.33
os White estavam em Oswego, Nova Iorque, um propósito especial, que ainda não sabe-
5. Seu Guia explicava as representações savam a correção: “Fui tomada em visão e vi
empenhados no costumeiro trabalho de es- mos qual é, mas que sem dúvida o saberemos
simbólicas ou o significado delas era eviden- os erros de certas pessoas os quais estavam crever e pregar. O tesoureiro do município, no decorrer da reunião.”
te por si mesmo.34 afetando a causa. Não me atrevo a ocultar da que também era pregador leigo da igreja me- Os White pregaram bastante. No do-
6. Ela muitas vezes “visitava” diversas ins- igreja esse testemunho para poupar os senti- todista local, havia desenvolvido intenso mingo à noite, depois que a Sra. White se
tituições, reuniões de comissão, famílias em mentos de indivíduos.”40 interesse entre o povo da cidade. Dois jo- havia recolhido, a comissão conduzia uma
seus lares e pessoas que pensavam não estar Que acontecia depois que ela divulgava vens, Hiram Patch e sua noiva, haviam as- reunião de negócios sobre o assunto de vo-
sendo observadas por “ninguém”.35 esses testemunhos pela imprensa, muitas ve- sistido tanto às reuniões metodistas quanto tação, especialmente com respeito à tem-
7. Algumas vezes lhe eram mostrados des- zes identificando seus colegas de trabalho pe- às adventistas, e estavam indecisos quanto a perança e à lei seca. Pouco depois chegou a
dobramentos contrastantes: um seria a conse- las iniciais? Na Review and Herald dos meses que grupo deviam unir-se. O casal presen- mensagem de que o grupo desejava o con-
qüência de não seguir o conselho inspirado; o seguintes, a maioria daqueles que haviam si- ciou Ellen White tendo uma visão, após o selho dela. G. B. Starr lembrou posterior-
outro, o resultado de seguir o conselho dela.36 do identificados reconhecia a veracidade des- que lhe perguntaram: “O que a irmã acha do mente que Ellen White relatou um sonho
8. Freqüentemente ela dispunha de infor- ses testemunhos e confessava seus erros. Dez irmão M [tesoureiro do município]? A Sra. que descrevia a situação de Iowa e que o
mações específicas para benefício do marido, anos depois, quando esses testemunhos foram White (conforme o Sr. Patch recordou), de- porta-voz celeste havia dito: “Deus preten-
para eles mesmos como pais e para os compa- reimpressos, ela substituiu as iniciais por es- pois de chamar a atenção para Oséias 5:6 e de ajudar as pessoas num grande movimen-
paços vazios. As referências às pessoas foram 7, respondeu: “Foi-me dito [em visão] para to sobre este assunto. É Seu propósito tam-
nheiros que trabalhavam na liderança da
retiradas, mas os princípios continuaram os eu lhes dizer que a declaração do texto vai bém que vocês, como um povo, sejam a ca-
igreja e de suas instituições.37 cumprir-se literalmente neste caso. Esperem beça e não a cauda do movimento; mas por
9. Muitas vezes lhe eram mostrados princí- mesmos.
um mês, e conhecerão por si mesmos o cará- enquanto a posição que vocês ocupam é a
pios abrangentes que integrariam algumas Em outras ocasiões, ela reprovou homens e ter das pessoas envolvidas neste reaviva- de cauda.”
opiniões avançadas de seu tempo com idéias mulheres abertamente em reuniões públicas. mento e que professam ter grande preocupa- Na reunião, perguntaram à Sra. White se
adicionais sobre assuntos como saúde, educa- Em seu diário, por exemplo, ao descrever uma ção pelos pecadores.”43 os adventistas de Iowa deviam votar a favor
ção e temperança.38 reunião de sábado em 1868 em Tuscola, Mi- Pouco tempo depois dessa conversa, o te- da lei seca. Sua resposta foi rápida: “Sim, to-
chigan, ela registrou que havia pregado du- soureiro do município rompeu um vaso san- dos à uma e em toda a parte, e talvez eu cho-
Mensagens Amplas e Diversificadas rante uma hora, reprovando erros indivi- güíneo e ficou em casa em “estado debilita- casse alguns de vocês se dissesse que, se fosse
Ellen White recebia mensagens para indiví- duais: “Alguns ficaram extremamente cons- do”. O delegado de polícia e seu assistente, necessário, votassem mesmo no dia de sábado
duos e grupos que abrangiam ampla variedade trangidos de que eu revelasse esses casos pe- depois de se encarregarem das finanças mu- a favor da lei seca, caso não pudessem fazer is-
de assuntos. Homens e mulheres recebiam ad- rante outros. Eu lamento ver este espírito.”41 nicipais, encontraram um rombo de 1.000 so noutro dia.”
moestação, encorajamento e reprovação no Numa carta endereçada a Edson, seu filho, dólares. Quando confrontado em sua casa, o Escrevendo posteriormente, Starr enfati-
que dizia respeito à sua vida pessoal e influên- explicou que esses testemunhos públicos fo- tesoureiro alegou ignorância. Mas o subdele- zou: “Posso testificar que o efeito do relato
cia cristã. Indivíduos e grupos recebiam con- calizavam “os pecados do falar precipitado, da gado entrou trazendo consigo o dinheiro daquele sonho sobre a assembléia foi elétrico.
cepções, avisos e instrução sobre idéias gerais, zombaria, da frivolidade e da ridicularização” que faltava em uma sacola que a esposa do Um poder convincente acompanhou-a, e vi
– todos manifestações bastante públicas. tesoureiro havia tentado esconder num pela primeira vez o poder unificador do dom
que incluíam educação, saúde, métodos admi-
Mas um casal ficou seriamente ofendido. monte de neve. de profecia na igreja.”45
nistrativos, princípios de evangelismo e de Encerraram-se as reuniões evangelísticas Algumas vezes transmitir um testemunho
publicações, e finanças da igreja.39 A esposa veio junto com o marido lamentan-
do tesoureiro, e os dois jovens decidiram era algo extraordinariamente dramático. Em
do: “Você me destruiu; você me destruiu unir-se aos adventistas. Eles haviam sido tes- maio de 1853, em Vergennes, Michigan,
Variadas Maneiras de Transmitir completamente.” Na carta enviada a Edson, temunhas da clara evidência da autenticida- aconteceu um incidente que aumentou gran-
as Mensagens Ellen prosseguiu: “Descobri que a maior difi- de e da utilidade das visões de Ellen White.44 demente a confiança nas visões de Ellen
A maneira de transmitir a informação recebida culdade deles consistiu em ter sido o testemu- Uma visão (ou um sonho) fez muitas ve- White. O primeiro dizia respeito à Sra. Al-
em visão era variada e imprevisível. Às vezes, nho apresentado diante dos outros. Se eu zes um grupo mudar de decisões apressadas cott, mulher que professara grande santidade
Ellen White era instruída a “tornar públicos” houvesse enviado o testemunho só para eles, para um modo de agir correto a ser melhor e agora estava se insinuando entre os novos
testemunhos pessoais. Como podia ser isto? teria sido bem recebido. O orgulho foi ferido, compreendido com o passar do tempo. No crentes. A Sra. White havia tido antes, em
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CAPÍTULO 13 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta TRANSMITINDO A MENSAGEM
DEDEUS

Tyrone, Michigan, uma visão a respeito do ção.’ Aquilo foi tudo quanto ela disse, e as- aconselhando, reprovando, animando, guma teria a possibilidade de conhecer os
verdadeiro estado espiritual dessa mulher e sentou-se. Fora exatamente aquilo que o qualquer que fosse a necessidade. Em todos fatos da situação a menos que o Espírito de
pôs por escrito alguns detalhes. Dois pasto- Senhor lhe havia mostrado (28 de maio) os exemplos, tanto os destinatários quantos Deus houvesse inspirado Seu mensageiro
res, M. E. Cornell e J. N. Loughborough, es- que a mulher diria. Em 11 de junho ela fez os observadores perceberam que pessoa al- humano.”49
tavam a par dos detalhes escritos e disseram: precisamente como fora dito que faria, e
“Ora, vamos esperar para ver como o caso se disse as mesmas palavras preditas ao ser re- Referências
desenrola.”46 provada, e nada mais.”
1. Jonathan Butler, “The Making of a New Order”, em Ro- não piscar, o médico afirmou: “Isso estabelece definitivamen-
Chegando finalmente a Vergennes, na Que dizer do rapaz? Algumas semanas de- nald L. Numbers e Jonathan M. Butler, editors, The Disap- te que não há respiração em seu corpo.” – Biography, vol. 1,
companhia de Loughborough e Cornell, a pois, antes de voltar para o Canadá, ao ser pointed (Bloomington, IN: Indiana University Press, 1987), págs. 302 e 303; ver também pág. 351 para um acontecimen-
Sra. White disse ao marido na frente da ca- perguntado sobre a visão de Ellen White, pág. 196. to em Hillsdale, Michigan, em 12-15 de fevereiro de 1857.
2. Ver págs. 36 e 37. Winthrop S. Hudson, “A Time of Reli- 18. Ver págs. 28 e 32.
sa onde deveriam permanecer que deviam ele respondeu: “Aquela visão era a mais pu- gious Ferment”, em Rise of Adventism, págs. 8-10; Knight, 19. The Abiding Gift of Prophecy, pág. 273. “Não nutra ninguém
encontrar a igreja onde “vive aquela mulher ra verdade.”47 Millennial Fever, págs. 267-293 e 303. a idéia de que providências especiais ou manifestações mira-
3. Ver págs. 38-40; Baker, The Unknow Prophet, pág. 130. culosas devam ser a prova da genuinidade de sua obra ou das
que eu vi na visão de Tyrone”. Ela também Talvez o incidente mais dramático – que 4. Ver Knight, Millennial Fever, págs. 245-300; Schwarz, Light idéias que defende. Caso conservemos essas coisas diante do
mencionou o fato de que o casal que os re- poderia ser o mais desventurado se as visões Bearers to the Remnant, págs. 56-58. povo, produzirão efeito nocivo, uma emoção que não é sau-
cepcionava conhecia essa mulher. A esposa 5. Ver págs. 40 e 41. dável. ... Encontraremos falsas pretensões; erguer-se-ão falsos
de Ellen White não fossem exatas – aconte- 6. Ver págs. 182-238 para a contribuição de Ellen White para a profetas; haverá falsos sonhos e visões falsas; preguem, po-
não confiava na Sra. Alcott, mas o marido ceu na reunião campal de Wisconsin em elaboração da doutrina adventista do sétimo dia e, desse mo- rém, a Palavra, não se desviem da voz de Deus em Sua Pala-
“pensa que ela é de bem”. (Não tinha havi- princípios da década de 1870. O orador já do, para a estabilidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia. vra. Coisa alguma distraia a mente. Será representado e apre-
7. Ver Parábolas de Jesus, págs. 109-114; Conselhos aos Pais, sentado o admirável, o maravilhoso. Mediante enganos satâ-
do ainda nenhuma conversa entre o casal e havia começado a pregar quando os White Professores e Estudantes, págs. 138 e 139; Educação, págs. nicos, maravilhosos milagres, serão instantemente recomen-
os White.) chegaram. Ellen e Tiago White pararam en- 185-192; Fundamentos da Educação Cristã, pág. 187; Mensa- dadas as pretensões dos instrumentos humanos. Acautelem-
gens Escolhidas, livro 1, págs. 15-18, 242-245; Testemunhos se de tudo isso.” – Mensagens Escolhidas, livro 2, págs. 48 e 49.
Logo uma carruagem encostou, e Ellen quanto ela disse para Tiago algo que os seus Para a Igreja, vol. 2, pág. 694; Testemunhos Para Ministros, 20. Evangelismo, pág. 610.
White disse que ninguém naquele veículo observadores não escutaram. Mas aqueles págs. 105-111. 21. Ver “Physical Phenomena Often Provide Coercive Eviden-
confiava nas “pretensões daquela mulher”. que estavam mais próximos ouviram Tiago 8. Review and Herald, 4 de janeiro de 1881, pág. 3 (Mente, Ca- ce”, pág. 36.
ráter e Personalidade, livro 1, pág. 89). 22. Arthur White, Ellen G. White, Mensageira da Igreja Remanes-
Quando a próxima carruagem chegou, ela dizer: “Tudo bem!” Eles caminharam pelo 9. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 664 e 665 (Testemu- cente, segunda edição, pág. 19.
disse que os passageiros estavam divididos. corredor central, mas Ellen White não se as- nhos Seletos, vol. 2, pág. 280). 23. Biography, vol. 4, pág. 359.
10. Ibidem, pág. 663 (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 278). 24. Ibidem, vol. 1, pág. 275.
No terceiro grupo, os passageiros estavam sentou. Olhou diretamente para o pregador 11. Ibidem, pág. 665 (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 280). 25. Ibidem, vol. 2, pág. 462.
“todos sob a influência da mulher”. Então ela e, apontando o dedo para ele, disse: “Irmão, 12. Ibidem, págs. 663 e 664 (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 26. Ibidem, vol. 4, pág. 424.
disse: “Esta deve ser a igreja onde essa mulher ouvi sua voz em visão e, ao entrar nesta ten- 279). 27. Carta 21a, 1895, citado em Biography, vol. 4, pág. 251.
13. Ibidem, pág. 665 (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 280). 28. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 569 e 570 (1867); re-
vive; pois vi todas essas pessoas relacionadas da nesta manhã, reconheci essa voz. O Se- 14. Review and Herald, 10 de janeiro de 1856, pág. 118. Leia Tes- petido em ibidem, vol. 5, pág. 658 (Testemunhos Seletos, vol.
com aquele caso.” nhor me disse que, quando eu ouvisse essa temunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 654-696 (Testemunhos Se- 2, pág. 274).
letos, vol. 2, págs. 270-302), para o contexto completo. 29. Arthur White, Ellen G. White: Mensageira da Igreja Remanes-
No sábado, enquanto Tiago White prega- voz, eu olhasse direto para o dono dela e co- 15. Primeiros Escritos, pág. 78; ver págs. 170-172. cente, segunda edição, págs. 9-11.
va, um homem idoso, um jovem e uma mu- municasse a mensagem que Ele me deu para 16. Ver págs. 26-40. 30. Primeiros Escritos, pág. 14.
lher entraram, mas a mulher ficou junto à ele e eu terei que fazê-lo.” 17. Tiago White, Life Incidents in Connection With the Great Ad- 31. O Grande Conflito, págs. 12 e 13. As duas visões sobre a
vent Movement, págs. 272 e 273, citado em F. D. Nichol, El- Guerra Civil são reexaminadas em Roger Coon, The Great
porta. Quando Tiago concluiu o sermão, O pregador parou. Ellen White continuou: len G. White and Her Critics (Washington D.C.: Review and Visions of Ellen G. White (Hagerstown, MD: Review and He-
Ellen White levantou-se para dizer algumas “Irmão, conheço na Pennsylvania uma mu- Herald Publishing Association, 1951), págs. 52 e 53. Presen- rald Publishing Association, 1992), págs. 76-89.
te na visão recebida em 12 de janeiro de 1861 em Parkville, 32. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, págs. 92 e 93.
palavras sobre o cuidado que os pastores de- lher com dois filhos. Aquela mulher chama Michigan, estava um médico espiritualista que anteriormen- 33. Carta 135, 1903, citada em Biography, vol. 6, págs. 96 e 97.
vem tomar em seu trabalho. Para chegar ao você de marido e aquelas crianças chamam te se havia vangloriado de ser capaz de tirar Ellen White de 34. “Fazer um grande trem subir uma ladeira íngreme.” – MR,
ponto desejado, ela se referiu àquela “mulher você de pai, e embora andem à sua procura seus transes “hipnóticos” em um minuto. Ao ser lembrado de vol. 1, pág. 26. “Satanás... o condutor do trem.” – Primeiros
sua pretensão, ele adiantou-se para começar seu exame. Su- Escritos, págs. 88 e 89. “Um gigantesco iceberg... ‘enfrentem-
que acaba de assentar-se junto à porta. ... por toda a parte, não o conseguem encontrar. bitamente “ele se virou mortalmente pálido, e tremendo co- no!’” – Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 205.
Deus me mostrou que ela e este jovem viola- Não sabem onde você está. Há neste acampa- mo uma folha de faia. O Pastor White perguntou: ‘Então, 35. Carta 1, 1893, em MR, vol. 20, págs. 51 e 52.
doutor, que diz do estado dela?’ Ele respondeu: ‘Ela não res- 36. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, págs. 28 e 29.
ram o sétimo mandamento”. Loughborough mento outra mulher com seis filhos pendura- pira’, e dirigiu-se rapidamente para a porta. Os que estavam 37. Ver págs. 114 e 115.
comentou: “Todos naquele barracão sabiam dos na saia, que chama você de marido, e eles junto à porta e sabiam de sua arrogância disseram: ‘Volte e fa- 38. Ver págs. 278-369.
que a irmã White jamais havia visto essas chamam você de pai. Irmão, você não tem o ça como o senhor disse que faria. Tire essa mulher da visão.’ 39. Para uma amostra de alguns desses variados testemunhos, re-
Em grande agitação, ele agarrou a maçaneta da porta, mas pare: “Em 5 de novembro de 1862, vi a condição do irmão
pessoas até o momento em que entraram na- direito de estar nesse púlpito.” não lhe permitiram abri-la enquanto os que estavam junto à Hull. Ele se encontrava em estado alarmante.” – Testemunhos
quele local. Seu reconhecimento das pessoas O pregador precipitou-se pela porta da porta não lhe fizeram a pergunta: ‘Doutor, que é isto?’ Ele res- Para a Igreja, vol. 1, pág. 426. “Em 5 de junho de 1863, foi-
pondeu: ‘Só Deus sabe! Deixem-me sair desta casa.’” – J. N. me mostrado que Satanás está sempre trabalhando para desa-
e a descrição dos casos tinham peso em favor tenda e desapareceu. O irmão dele, que esta- Loughborough, GSAM, págs. 210 e 211. Em 26 de junho de lentar e desencaminhar os pastores. ... O modo mais eficaz
de sua visão.” va assentado no auditório, levantou-se de um 1854, três pessoas relembraram como dois médicos examina- por ele [Satanás] empregado é mediante as influências do-
Qual foi a reação da Sra. Alcott? Lough- salto e falou para os pasmos ouvintes: “O pior, ram Ellen White quando ela se achava em visão. Um deles mésticas, através de companheiras não consagradas.” – Ibi-
colocou um espelho próximo da boca da Sra. White e decla- dem, pág. 449. “Foi-me mostrado que os observadores do sá-
borough escreveu: “Ela se pôs em pé lenta- irmãos, é que tudo isso é verdade.”48 rou: “Ela não respira.” Depois de examiná-la, continuou a bado, como um povo, trabalham demasiado e arduamente
mente, lançou um olhar de santarrona e Muitas foram as experiências de toda espé- não encontrar evidências de respiração. Posteriormente, de- sem se permitirem mudanças ou períodos de repouso.” – Ibi-
pois de colocar uma vela acesa perto dos lábios dela e a luz dem, pág. 514. “Na visão que me foi dada em Rochester, No-
disse: ‘Deus... conhece... o... meu... cora- cie com as quais Ellen White lidou, sempre
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CAPÍTULO 13 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta TRANSMITINDO A MENSAGEM
DEDEUS

va Iorque, em 25 de dezembro de 1865, foi-me mostrado que Depois, para tornar a história ainda mais dramática, apontou
Perguntas Para Estudo
nosso povo, os observadores do sábado têm sido negligentes... para a mãe que havia sido enganada pelo marido bígamo: na-
com respeito à reforma de saúde.” – Ibidem, pág. 485. quele dia ela estava na igreja visitando a filha, uma dentre os
40. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 210. “Foram-me mos- seis filhos. – DF 496-d.
1. Qual a compreensão de Ellen White sobre suas exatas responsabilidades como mensa-
trados indivíduos que haviam evitado o testemunho direto. 49. Para uma lista parcial de outros acontecimentos nos quais o
olho e o dedo profético de Ellen White conduziram as pes-
geira do Senhor?
Vi a influência de seus ensinos sobre o povo de Deus.” – Ibi-
dem, pág. 248. Ver Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. soas rumo ao Céu, atente para o seguinte: (1) O gerente fi-
210-252 para uma visão geral de como Ellen White tornava nanceiro do St. Helena Sanitarium (1887), cuja infidelida- 2. Como você descreveria as características de uma visão pública?
públicas mensagens dadas previamente em caráter particular. de moral foi revelada a Ellen White enquanto ela estava na
Em uma mensagem anterior ela escreveu: “Meu caminho Europa e trazida à atenção dele mediante as cartas que ela 3. Quais as variadas formas empregadas por Ellen White para comunicar a outros mensa-
agora está livre para não mais prejudicar a igreja. Se as repro- lhe escreveu, agradeceu por fim o confronto persistente de gens recebidas em visão?
vações são dadas, não ouso apresentá-las sozinha às pessoas Ellen White e a maneira como lidara com ele. – Roger
para que as enterrem, mas leio perante as pessoas de expe- Coon, A Gift of Light (Hagerstown, MD: Review and He-
rald Publishing Association), 1983, págs. 34 e 35. (2) Elbe
4. De que diferentes maneiras Ellen White recebia visões e sonhos?
riência da igreja o que o Senhor achou conveniente me con-
ceder, e se o caso exigir, levo-o perante toda a igreja.” – Spi- (Sam) Hamilton, um jovem moribundo diagnosticado por
ritual Gifts, vol. 2, págs. 293 e 294. Em 1868, ela continuou Ellen White como acometido de triquinose, aprendeu a co- 5. Que Ellen White quer dizer quando afirma que seus testemunhos não seriam necessários
a instruir os outros acerca de divulgar testemunhos particula- zinhar e a comer adequadamente em sua própria cozinha. se os membros da igreja tivessem sido diligentes estudantes da Bíblia?
res: “Ao repreender os erros de uma [pessoa], Ele pretende Anos depois, ela levou Sam até o Paradise Valley Sanita-
rium, onde ele testemunhou a existência do famoso poço es- 6. Pode Satanás causar confusão imitando as características físicas das visões públicas de
corrigir a muitas. Se estas, porém, deixam de tomar para si a
cavado conforme as surpreendentes predições dela. – Ibidem,
repreensão, lisonjeando-se de que Deus passa por alto os seus um profeta? Qual o perigo de depositar confiança em uma pessoa, baseando-se apenas
págs. 35-38. (3) Nathaniel Davis, redator da revista Signs of
erros porque não os aponta individualmente, elas enganam a
the Times na Austrália que passava por graves problemas fi-
nas características extraordinárias de uma visão pública?
si mesmas e se afundam em trevas, sendo abandonadas aos
nanceiros, morais e envolvimento com espiritualismo, foi
próprios caminhos para seguirem ‘as imaginações de seu co-
exposto numa reunião pública, mas depois ficou extrema-
ração’.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 112 e 113.
mente grato pela persistência de Ellen White. – Ibidem,
41. Manuscrito 13, 1868, citado em Biography, vol. 2, pág. 228.
págs. 38-41. (4) No fim de 1851 em Johnson, Vermont, o ir-
42. Carta 6, 1868, citado em Biography, vol. 2, págs. 228 e 229.
mão Baker e outros estavam tendo diferenças doutrinárias
Mais tarde, na página de seu diário referente àquele dia, ela
que levavam a discussões extremamente acaloradas. As vi-
concluiu: “Não aliviemos o fardo, pois tudo o que aconteceu
sões de Ellen White durante um período de vários dias trou-
demonstrou apenas o quanto ela precisava de reprovação.” –
xeram clareza e calma. Baker voltou ao ponto de partida,
Ibidem, pág. 229.
confessando que “toda palavra da visão relatada pela manhã
43. Loughborough, GSAM, pág. 231, citado em Biography, vol.
a seu respeito era, literalmente, verdadeira e exata”. – Bio-
1, pág. 175. graphy, vol. 1, págs. 220 e 221. (5) Em Vergennes, Vermont,
44. Ibidem, págs. 175 e 176. pouco depois da experiência de Baker em 1851, Ellen Whi-
45. Biography, vol. 3, págs. 158-160. Ellen White endossou o re- te, por meio de uma visão, ajudou um membro da igreja que
latório de G. B. Starr. estava confuso com respeito ao erro da “era vindoura”. “De-
46. Ibidem, vol. 1, pág. 277. Loughborough escreveu: “Na descri- pois que eu tive a visão e a contei, o irmão Everts começou
ção por escrito que a irmã White fez da mulher, ela não ape- a fazer confissão e a humilhar-se na presença de Deus. Re-
nas relatou seu modo de agir, mas também o fato de que, ao nunciou à ‘era vindoura’ e sentiu a necessidade de conservar
ser reprovada, ela lançaria ‘um olhar de santarrona e diria: a mente de todos na mensagem do terceiro anjo.” – Ibidem,
Deus... conhece... o... meu... coração.’ Ela disse que essa págs. 222 e 223. (6) Ellen White relatou uma visão incluin-
mulher viajava de um lado para outro do país na companhia do um pregador (que ela não conhecia) que estava ausente
de um rapaz, enquanto seu marido, um homem de mais ida- de casa num itinerário de pregação, e no entanto violando o
de, ficava em casa trabalhando para sustentá-los. A irmã sétimo mandamento. Seis semanas depois, ela encontrou-se
White disse que o Senhor lhe havia mostrado que ‘com to- com o homem na presença de outras pessoas e disse: ‘Tu és o
das as pretensões de santidade dessa mulher, ela era culpada homem.’ Ele confessou tudo imediatamente, confirmando
de violar o sétimo mandamento’.” – Loughborough, Review uma visão dada a mais de oito quilômetros de distância. –
and Herald, 6 de maio de 1884, pág. 299. Loughborough, Review and Herald, 4 de março de 1884. Ver
47. Ibidem, págs. 279-281. também Loughborough, GSAM, págs. 319 e 320. (7) Em ju-
48. O Pastor Armitage contou essa história em princípios de nho de 1853, uma visão de Ellen White ajudou a encerrar
1931, na igreja de Redlands, Califórnia, onde G. B. Starr era uma áspera disputa sobre “quem disse o que”, a qual dividia
pastor. Tempos depois, naquele mesmo ano, na reunião cam- a igreja de Jackson, Michigan. Mas o incidente também for-
pal de Oakland, Califórnia, no dia 30 de junho, Starr recon- neceu ambiente para o primeiro movimento dissidente en-
tou a história. O fato interessante que acompanha esse rela- tre os adventistas observadores do sábado, conhecido como
to é que, quando o Pastor Armitage o contou em Redlands, o Grupo Messenger. – Biography, vol. 1, págs. 276 e 277. (8)
ele também disse que, quando sua mãe morreu, seu pai casou Victor Jones, um jovem de Monterey, Michigan, tinha uma
com a irmã daquela mulher de Wisconsin, que tinha seis fi- luta com o apetite. Ellen White escreveu-lhe um testemu-
lhos. Todos os seis eram membros da igreja, um deles “ocu- nho baseado numa visão, um apelo eloqüente. – Carta 1,
pando lugar muito importante no Loma Linda Sanitarium”. 1861, citado em Biography, vol. 1, pág. 465.

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO II
III

14
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Mensageira que Escuta
Bates parecia ter compreendido dos breves O jovem Daniel Bourdeau, com a idade de
comentários feitos por ela. Os telescópios de vinte anos, fazia trabalho missionário para a
hoje revelam muito mais sobre os planetas, o Igreja Batista no Canadá quando soube que
número de suas luas e outros fenômenos side- seus pais e seu irmão mais velho (Augustin

Confirmando rais que Bates sequer sonharia. Mas o que


realmente o deixou surpreso não foi a descri-
ção dos “planetas”, mas a descrição que a Sra.
C.) haviam se tornado membros dos adven-
tistas sabatistas no Norte de Vermont. Na
tentativa de dissuadi-los, descobriu que eles o
haviam persuadido com respeito ao sábado e
a Confiança White fez da “abertura no céu”, uma referên-
cia ao assim chamado “espaço aberto em
Órion”. Relatou-se que ele teria dito que a
descrição dela “superava em muito qualquer
a outras doutrinas.
Mas Daniel ainda era um “descrente nas vi-
sões” – até a manhã de domingo do dia 21 de
relato da abertura do céu que ele já havia li- junho de 1857, quando ele observou Ellen
“E eles, tendo partido, pregaram em toda a parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a White em visão em Buck’s Bridge, Nova Ior-
Palavra por meio de sinais, que se seguiam.” Mar. 16:20. do de qualquer autor”.6
que. Disseram que ele podia examiná-la du-
Não uma Lição de Astronomia rante a visão. Em suas palavras, “para satisfazer
O assunto parece claro: a visão não era uma minha mente com respeito a se ela respirava
lição de astronomia com pretensões de ser ou não, pus a mão no seu tórax tempo sufi-
confirmada pelos telescópios modernos. Ao ciente para verificar que não havia mais eleva-
ção dos pulmões do que haveria se ela fosse um

A
s visões nem sempre envolviam dra- sões de Ellen White, Bates não estava con- contrário, por meio de uma jovem inteira-
máticas revelações ou instruções es- vencido de que as visões dela “eram de mente desconhecedora de astronomia, forne- cadáver. Depois coloquei a mão em cima de
petaculares durante deliberações da Deus”.3 Naquele tempo, as visões eram con- ceu informação capaz de se conformar ao li- sua boca, apertando-lhe as narinas entre o po-
igreja. Algumas visões tratavam sobre ques- fundidas com sessões espíritas ou mesmeris- legar e o indicador, de modo que lhe era im-
mitado conhecimento que Bates, um astrô-
tões comuns do dia-a-dia. mo. Bates pensava que as visões não passa- possível inalar ou exalar ar, ainda que o dese-
nomo amador, possuía em 1847.7 Se Ellen
Em 1850, os membros da igreja de Sutton, vam “do produto de um estado debilitado do jasse fazer. Fiquei com a mão nessa posição por
White tivesse dado uma pré-visualização do
Vermont, perceberam que os White estavam corpo dela”.4 Mas mudou de idéia depois de cerca de dez minutos, tempo suficiente para
cansados de viajar em diligências ou carro- observar várias experiências dela em visão. que o telescópio Hubble revelou na década
que ela ficasse sufocada em circunstâncias nor-
ções. Contribuíram com 175 dólares para aju- Uma visão, em particular, o impressionou. de 1990, José Bates certamente se teria con-
mais. Ela não foi afetada em nada por esta ex-
dá-los a comprar um cavalo e uma carruagem, Em novembro de 1846, um pequeno grupo de vencido de que Ellen White era uma fraude,
periência. ... Desde que testemunhei este ma-
deixando-os à vontade para escolherem o ca- observadores do sábado se reuniu na casa de uma fanática iludida. As dúvidas dele teriam ravilhoso fenômeno, já não me inclino a duvi-
valo. Não demorou muito tempo para ser to- Stockbridge Howland em Topsham, Maine. se confirmado, e é provável que ele não se dar da origem divina de suas visões.”9
mada esta importante decisão. Durante a noi- Entre eles estavam José Bates e os White. houvesse identificado posteriormente com os A visão mais longa de Ellen White (qua-
te, a Sra. White teve uma visão na qual ela Ellen White foi tomada em visão e “contem- adventistas do sétimo dia.
teria que escolher entre três cavalos. No dia plou pela primeira vez outros planetas”. De- tro horas) ocorreu em 1845, antes de seu ca-
A confiança de Bates nas visões da Sra. samento com Tiago. Uma das acusações fei-
seguinte, ela compreendeu claramente que o pois da visão, ela relatou o que vira. White foi testada dois anos mais tarde. Os
belo cavalo malhado de pêlo castanho, cha- Bates, um astrônomo amador, perguntou tas contra ela era a de que não conseguiria ter
mado Charlie, era aquele que devia servi-los se ela já havia estudado astronomia. Surpreso White estavam precisando muito de recursos visões se Tiago White e sua irmã Sarah (am-
por muitos anos, porque o anjo havia dito em com o que ouviu, exclamou: “Isto é do Se- para continuar publicando a revista Present bas as pessoas acompanhavam Ellen em suas
visão: “Este é o cavalo para vocês.”1 nhor.” Mais tarde, depois de observar diversas Truth. Infelizmente, Bates criticava muito a primeiras viagens) não estivessem presentes.
outras visões, escreveu em um pequeno folhe- disseminação da verdade por meio de perió- Esperando revelar a verdade sobre a acusa-
Visões Públicas Freqüentemente to: “Dou graças a Deus pela oportunidade de, dicos. Ele preferia o método dos folhetos. No ção, Otis Nichols convidou Ellen e Sarah a
Transformavam Céticos em Crentes juntamente com outros, testemunhar estas ponto mais crítico do desacordo e da falta de sua casa, mas deixou Tiago em Portland. En-
Durante várias décadas, contemporâneos ob- coisas. ... Creio que a obra é de Deus, e é fei- recursos, Ellen White teve uma visão de que tre os da região de Boston que contestavam a
servaram Ellen White em visão e fizeram por ta para confortar e fortalecer Seu povo espa- o periódico “era necessário. ... Que a revista validade da experiência de Ellen Harmon, es-
escrito as descrições desses acontecimentos lhado, atormentado e aturdido.”5 devia continuar... que ela iria onde os servos tavam líderes fanáticos, incluindo Sargent e
impressionantes. As visões públicas freqüen- Ellen White jamais escreveu esta “visão
temente transformavam pessoas céticas, e até sobre astronomia”. Jamais identificou pelo de Deus não conseguem ir”. Robbins, que também defendiam a idéia de
mesmo adversários, em crentes. nome os planetas que viu. Mas Bates ligava Quando Bates soube que a Sra. White que trabalhar era pecado.10
Um dos mais antigos e destacados céticos os nomes dos planetas àquilo que ele pensava apoiava, parou de fazer oposição e dedicou Sargent e Robbins foram convidados e
convertidos foi José Bates.2 Junto com outros que Ellen White estava descrevendo, e ou- sua influência ao desenvolvimento da obra compareceram à casa de Nichols, mas, quando
que sabiam apenas do rumor das primeiras vi- tros, inclusive Tiago White, relataram o que de publicações.8 souberam que Ellen Harmon estava presente,
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SEÇÃO III
CAPÍTULO 14 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta CONFIRMANDO A CONFIANÇA

retiraram-se rapidamente, advertindo Ni- tava inclinada contra a parede). Ela se ergueu meses para empreendermos outra. Refere-se me foi enviado é verdadeira, e eu o aceito.
chols de que as visões dela eram “do diabo”. imediatamente e caminhou até o meio da sa- a esta viagem, contudo não sei como vai Cheguei ao ponto em que finalmente creio
Antes que eles saíssem, Nichols lhes disse la, segurando a Bíblia bem alto com uma das acontecer.” que todos eles [os testemunhos] são de Deus,
que Ellen Harmon gostaria de comparecer à mãos. Com a mão livre, tendo os olhos volta- Perto do pôr-do-sol, lembrando que um e se eu houvesse atendido àquele que Deus
próxima reunião deles em Boston, com o dos para o alto e não para a Bíblia, ela come- amigo recém-casado morava nas proximida- me enviou, bem como o restante, ele teria
que concordaram. çou a virar as folhas, colocando o dedo sobre des, os White pararam para um visita e foram mudado todo o rumo de minha vida, e eu te-
Mas à noite, antes da reunião prevista, foi determinadas passagens. recebidos com muita alegria. ria sido um homem muito diferente. ...
mostrado em visão a Ellen White que esses Muitos que estavam na sala e que viram as Marion Stowell continuou a história: “De- “Os testemunhos diziam que não haveria
homens não tinham plano nenhum de en- passagens indicadas pelo dedo dela percebe- pois do jantar, Emily disse: ‘Irmão White, o ir- mais pregação de ‘data definida’ depois do
contrar-se com ela. Eles haviam alertado ram que ela as citava corretamente, ainda mão se importaria em falar a meus vizinhos so- movimento de 1844, mas eu pensava que sa-
seus seguidores para reunirem-se em Ran- que seus olhos fitassem o alto. Mas Sargent e bre a breve volta de Jesus? Posso em pouco tem- bia mais do que as visões de uma velha, co-
dolph, quase 21 quilômetros ao sul de Bos- Robbins, embora estivessem em silêncio ago- po encher ambos os compartimentos. Eles têm- mo eu costumava chamá-la. Que Deus me
ton. Naquela visão também lhe foi dito que ra, continuaram a endurecer-se, recusando me ouvido falar muito sobre vocês dois, e virão.” perdoe! Mas, para minha tristeza, descobri
ela deveria encontrar-se com este grupo em dramaticamente a desmentir tudo quanto ha- E eles foram. Somente quando já estavam que as visões estavam certas, e o homem que
Randolph, pois ali Deus lhe daria uma men- viam dito. a caminho da próxima parada, Saratoga pensava saber tudo estava completamente
sagem que convenceria “os sinceros e os sem Nichols relatou mais tarde que este “Gru- Springs, foi que o grupo de viajantes se lem- errado, pois preguei sobre o tempo em 1854,
preconceitos, se suas visões eram do Senhor po Antitrabalho” tornou-se mais fanático, brou da ligação entre a visão anterior e aque- e gastei tudo quanto possuía, quando se os
ou de Satanás”.11 declarando-se livres de todos os pecados. la reunião vespertina. Marion confidenciou a houvesse atendido, ter-me-ia poupado tudo
Quando Ellen Harmon e seu grupo chega- Cerca de um ano depois, o grupo se dispersou Ellen White: “Desde aquela ocasião até ago- isto e muito mais. Os testemunhos estão cer-
ram, Sargent e Robbins suspiraram de sur- em meio a revelações “dos atos vergonhosos ra Satanás não mais me tentou a duvidar de tos, e eu estou errado. ... Quero que digam a
presa. Robbins disse a Sarah, irmã de Ellen, da vida deles”.12 suas visões.”13 nosso povo em toda parte que se rendeu ou-
que Ellen não conseguiria ter uma visão se Em 1852, um acontecimento muito pes- Muitas são as histórias, cada uma singular, tro rebelde.”14
ele estivesse presente! Na reunião daquela soal convenceu Marion Stowell de que as que revelam como homens e mulheres fica-
tarde, porém, conforme relata Otis Nichols, visões de Ellen White eram autênticas. Em ram convencidos da autenticidade das visões Como as Visões Eram Lembradas
Ellen foi “arrebatada em visão com extraor- um de seus itinerários através do norte e oes- da Sra. White. A experiência de Stephen A maior parte das visões ou sonhos de Ellen
dinárias manifestações, e continuou falando te de Nova Iorque, os White encontraram Smith é típica. Relatos na Review and Herald White era provavelmente escrita num am-
em visão com uma voz penetrante, que podia Marion exausta após dois anos e meio cui- indicavam que Smith passou por uma série de plo esboço logo depois que ela os recebia.
ser entendida distintamente por todos os dando da Sra. David Arnold. Ao prossegui- experiências na década de 1850 que levaram Com o passar do tempo, ela preenchia os
presentes, até perto do pôr-do-sol [cerca de rem viagem, convidaram-na para juntar-se a à sua exclusão da comunhão da igreja. Du- detalhes.15
quatro horas]”. Que fizeram Sargent e Rob- eles em seu trenó. rante este período, a Sra. White lhe escreveu A visão que ela recebeu no Natal de 1865,
bins durante esse tempo? “Esgotaram toda a Marion Stowell relembrou posteriormente um testemunho. Quando ele o recebeu, lan- em Rochester, Nova Iorque, foi particular-
sua influência e as forças físicas para destruir em uma carta endereçada à Sra. White: “Não çou-o no fundo de um baú sem abri-lo e ali o mente abrangente. Até 1868, de acordo com
o efeito da visão. Uniram-se para cantar tínhamos andado muitos quilômetros quando deixou por vinte e oito anos! Tiago White, Ellen White havia escrito “vá-
muito alto e depois, alternadamente, fala- a irmã disse: ‘Tiago, tudo quanto me foi mos- Durante esses anos a Sra. Matilda Smith rios milhares de páginas” baseando-se naque-
vam e liam a Bíblia em voz alta, a fim de trado a respeito desta viagem aconteceu, me- permaneceu fiel e recebia semanalmente a la única visão.16 Os muitos assuntos daquela
Ellen não ser ouvida, até que suas forças se nos uma coisa. Realizávamos uma pequena Review and Herald. Finalmente seu marido visão se tornaram parte importante de sua
esgotaram, e as mãos lhes tremiam de modo reunião em uma família particular e você fa- apanhou os exemplares, começou a lê-los e agenda para os três anos seguintes.
que não podiam ler a Bíblia.” lava com grande liberdade sobre seu tema fa- foi abrandado pelos artigos escritos por Ellen A Sra. White não se lembrou de uma só
vorito: A breve vinda de Cristo.’” White, de quem ele se lembrava desde a dé- vez de todos os elementos da visão. Ao visi-
A Pesada Bíblia de Família Tiago respondeu: “É impossível [que isto] cada de 1850. Depois ele assistiu a uma reu- tar igrejas e famílias em sua turnê pelo Leste
O Sr. Thayer, o dono da casa, não estava aconteça nesta viagem, pois não existe ne- nião de reavivamento na igreja de Washington, no fim de 1867 e pelo norte de Michigan em
muito convencido de que Ellen Harmon era nhuma família adventista daqui até Sarato- New Hampshire, uma igreja que durante três 1868, ela viu muitos rostos que instantanea-
do diabo. Ouvira dizer que uma das maneiras ga. Ficaremos hospedados em um hotel esta décadas ele havia ridicularizado. Depois de mente lhe fizeram lembrar de mensagens que
de provar se as visões eram de Satanás era co- noite, e certamente não teremos nenhuma fazer uma confissão pública, em determinado tinha para elas, as quais então transmitiu
locar uma Bíblia aberta sobre a pessoa em vi- reunião ali, e amanhã à tarde chegaremos sábado, sobre o quanto estivera errado, lem- oralmente ou por escrito.17
são. Ele pediu a Sargent que fizesse isso, mas em casa. Talvez isso ocorra em nossa próxi- brou-se na quinta-feira seguinte que o teste- Muitas vezes, as pessoas que recebiam tes-
ele se recusou. ma viagem.” munho não aberto estava no fundo do baú. temunhos orais específicos queriam ter uma
Sendo um homem de ação, Thayer tomou Ellen replicou: “Não, Tiago, com certeza No sábado seguinte, ele voltou à igreja de cópia escrita. Obviamente esses eram crentes
sua pesada Bíblia de família, abriu-a e colo- isto se referia a esta viagem; pois nada me foi Washington e contou sua história: sérios que desejavam colocar a vida em har-
cou-a sobre o peito de Ellen Harmon (que es- mostrado em relação à próxima, e faltam três “Irmãos, cada palavra do testemunho que monia com a admoestação da profetisa. Com
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SEÇÃO III
CAPÍTULO 14 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta CONFIRMANDO A CONFIANÇA

respeito a esta prática, Tiago White escreveu a visão. É-me impossível evocar o que me foi Perguntas Para Estudo
em 1868: “Desejo dizer a esses amigos que so- mostrado a menos que o Senhor o apresente
licitaram à Sra. White que ela escrevesse os diante de mim ao tempo que é de Seu agrado
testemunhos pessoais que neste ramo de ati- que eu o relate ou escreva.”19 1. Que circunstâncias mudaram o ceticismo de José Bates em serena confiança?
vidades ela tem em mãos trabalho para cerca
de dois meses.”18 Nem Todas as Visões Foram Escritas 2. Por que Deus não deu a Ellen White uma imagem de Órion tal como um moderno te-
Essa prática de não escrever toda a visão Ocasionalmente Ellen White não escrevia as lescópio Hubble forneceria?
imediatamente não era incomum. Em 1860, particularidades de uma visão; o que sabemos
Ellen White refletiu: “Depois que saio de sobre a visão foi relatado por observadores. 3. De que forma a mais longa visão de Ellen White inspirou confiança aos observadores?
uma visão não me lembro imediatamente de Sua primeira visão sobre saúde, por exemplo,
tudo o que vi, e o assunto não me é claro até em 1848 foi descrita por seu marido Tiago 4. Como a visão ocorrida em 1852 no leste de Nova Iorque trouxe confiança a outros?
que começo a escrever; então a cena surge vinte e dois anos depois na Review and Herald
perante mim como me foi apresentada em vi- de 8 de novembro de 1870.
são, e posso escrever com liberdade. Sua primeira visão sobre a Guerra Civil,
“Algumas vezes as coisas que vi me são recebida em Parkville, Michigan, em 12 de
ocultas depois que saio da visão, e não as pos- janeiro de 1861, ao que parece, não foi regis-
so evocar até que me encontro perante um trada. Contudo, depois de sair da visão de
grupo de pessoas no lugar a que se aplica a vi- vinte minutos, ela contou ao auditório os
são; então o que vi me vem com força à men- acontecimentos que em breve teriam lugar.
te. Sou tão dependente do Espírito do Senhor J. N. Loughborough estava presente e fez co-
ao relatar ou escrever uma visão, como ao ter piosas anotações.20

Referências

1. Biography, vol. 1, pág. 178.


2. Para uma biografia de José Bates, ler Godfrey T. Anderson, Ellen White “toda a verdade” sobre planetas, espaços abertos,
Outrider of the Apocalypse: Life and Times of Joseph Bates etc. As experiências mostram que Ele nunca revelou “toda a
(Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association, verdade” a nenhum profeta de uma só vez. Paulo, por exem-
1972); Schwarz, Light Bearers, págs. 59-70; Spalding, Origin plo, tinha muito que dizer sobre a maneira como os donos de
and History, vol. 1, págs. 25-41; ver também Joseph Bates, Au- escravos cristãos deviam tratar seus escravos, mas ele não en-
xergava “toda a verdade” sobre como o sistema da escravidão
tobiography (Battle Creek, MI: Seventh-day Adventist
devia ser desmantelado. O Senhor enfatizou este princípio:
Publishing Association, 1868, reprodução em fac-símile, Sou-
“Tenho muito ainda que vos dizer, mas vós não o podeis su-
thern Publishing Association, Nashville, TN, 1970), para um
portar agora” (João 16:12); ver também Mar. 4:33 e I Cor. 3:2.
retrospecto de sua vida até 1858. Bates, um capitão da mari- 8. Biography, vol. 1, págs. 171 e 172.
nha convertido, gastou sua fortuna promovendo a mensagem 9. Loughborough, GSAM, pág. 210.
milerita. Tornou-se um dos primeiros adventistas sabatistas 10. Ver pág. 50.
(1845), o primeiro a imprimir um folheto sobre o sábado co- 11. Biography, vol. 1, págs. 100-102.
mo dia de repouso, The Seventh-day Sabbath a Perpetual Sign 12. Ibidem, págs. 103-105.
(1846). Esse folheto tornou-se para Tiago e Ellen White uma 13. Carta de Marion Stowell a Ellen White, Crawford, 9 de ou-
convincente confirmação de que o sábado, e não o domingo, tubro de 1908, citada em Biography, vol. 1, págs. 225 e 226.
era o dia de repouso cristão. – Schwarz, Light Bearers, págs. 59 14. Ibidem, págs. 490-492.
e 60; Biography, vol. 1, págs. 116 e 117. 15. Ver a história da visão de 1890 em Salamanca, Nova Iorque,
3. Life Sketches, pág. 97. em Biography, vol. 3, págs. 464-467, 478-483. Ver também
pág. 188.
4. Ibidem.
16. Review and Herald, 16 de junho de 1868, pág. 409.
5. A Word to the Little Flock, pág. 21, em Knight, 1844 and The
17. Ver a experiência de Bushnell, págs. 127 e 128.
Rise of Sabbatarian Adventism, pág. 175; ver J. N. Loughbo-
18. Review and Herald, 3 de março de 1868, pág. 192.
rough, Rise and Progress of the Seventh-day Adventists (Battle
19. Spiritual Gifts, vol. 2, págs. 292 e 293 (Mensagens Escolhidas,
Creek, MI: General Conference Association of the Seventh- livro 1, págs. 36 e 37).
day Adventists, 1892, reimpresso por Payson, AZ: Leaves of 20. Ver págs. 159 e 160. Loughborough, RPSDA, págs. 236 e
Autumn Books, Inc., 1988), págs. 125-128; Schwarz, Light 237. Em seu prefácio, Loughborough escreveu: “Desde no-
Bearers, pág. 67; Biography, vol. 1, págs. 113 e 114. vembro de 1853 tenho mantido um diário das ocorrências de
6. Loughborough, GSAM, págs. 258 e 259. cada dia.” A narrativa em (RPSDA) daquela data é prove-
7. Alguns talvez perguntem por que Deus não revelou a niente do relato deste diário.

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Mensageira que Escuta
metente estivesse a milhares de quilômetros Deus por Ele não nos haver deixado em nos-
de distância. sa cegueira, como poderia com justiça ter fei-
Outras vezes, não uma carta, mas sua pre- to, mas em nos haver concedido outra opor-
sença modificava o rumo de uma reunião, tunidade para vencer, apontando fielmente
principalmente porque ela recebera instru- nossos pecados e erros e nos ensinando a ma-
Instruções e Predições ções por meio de uma visão. Em 1887, em
Vohwinkel, Prússia, competia-lhe falar na
manhã de sábado, 28 de maio. Durante a
neira de agradarmos a Deus e tornar-nos úteis
em Sua causa.
“Fica resolvido que, embora seja correto e

Oportunas1 sexta-feira à noite, teve um sonho daquilo


que enfrentaria no sábado pela manhã. No
sonho o ancião da igreja “parecia tentar fe-
apropriado expressarmos desta forma nosso
agradecimento a Deus e a Seus servos, a me-
lhor maneira de expressarmos nossa gratidão
rir alguém. ... A reunião não beneficiara é atentando fielmente para o testemunho que
“O profeta que profetizar paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que ninguém”. Um estranho, que já se havia nos foi apresentado; e, por meio deste, com-
será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou.” Jer. 28:9. sentado anteriormente na assembléia, le- prometemo-nos a empenhar os mais diligen-
vantou-se para falar no fim do culto, apon- tes esforços para reformar-nos nesses pontos
tando para Jesus como exemplo para eles em em que somos deficientes conforme nos foi
todas as coisas. mostrado, e a ser obedientes à vontade de
Depois que Ellen White concluiu o ser- Deus graciosamente por Ele revelada.”7

O
s profetas nem sempre estão cientes Tempos depois, o juiz confirmou sua con-
do tempo a que as visões se aplicam. versa por meio de uma carta escrita em 27 de mão (que ela intitulara “A Oração de Cristo
Enquanto esteve na Austrália, Ellen agosto de 1902. Ele era o presidente da co- Para que Seus Discípulos Sejam um Como A Visão de Salamanca
White escreveu a um pastor, reprovando-o missão de construção, composta de três mem- Ele e o Pai São um”) no qual ela descreveu o A presença decisiva de Ellen White durante
por violar o sétimo mandamento. O pastor, bros: “A comissão reuniu-se [em 26 de junho sonho, houve por toda a congregação confis- a assembléia da Associação Geral realizada
perplexo com o testemunho pois não havia de 1899] e imediatamente formulou planos sões, pranto e regozijo. O culto se prolongou em março de 1891 em Battle Creek, Michi-
cometido atos adulterinos, dirigiu-se a W. C. para a compra de um terreno e a construção por três horas enquanto a “suave luz do Céu” gan, impediu a liderança de cometer grave er-
White em busca de uma explicação. O Pastor de tal edifício. Na qualidade de presidente da enchia o recinto.6 ro com respeito ao programa de liberdade re-
White lembrou-lhe que os homens podem fa- comissão, recebi instruções para abrir as ne- As assembléias da Associação Geral eram ligiosa da igreja e outros regulamentos de pu-
zer sutis distinções nesta área, mas Deus olha gociações... e, além disso, levantar os fundos ocasiões freqüentes para a direta intervenção blicações.8 A utilidade do propósito e rele-
para o coração. Dentro de seis meses, esse necessários para a compra do terreno e a de Ellen White. Enquanto a assembléia de vância das visões é destacada no momento de
pastor foi dispensado do ministério devido ao construção do edifício projetado.”4 1879 estava em andamento, ela teve uma vi- sua apresentação ao público. Conquanto
problema pelo qual a Sra. White o havia re- Em 28 de outubro de 1903, Ellen White são, sobre a qual escreveu: “Em 23 de novem- concedida à Sra. White em novembro de
provado.2 escreveu a Kellogg: “Se eu não tivesse recebi- bro de 1879, foram-me mostradas algumas 1890, em Salamanca, Nova Iorque, e embora
Também enquanto esteve na Austrália, do esta visão e não tivesse escrito ao irmão coisas com relação às nossas instituições e os ela encontrasse muitas oportunidades para
“foi-lhe mostrado em Chicago um grande sobre o assunto, ter-se-ia feito um esforço pa- deveres e perigos daqueles que nelas ocupam aplicar muito da mensagem da visão às con-
edifício... suntuosamente mobiliado”. Ela fi- ra erguer tal edifício em Chicago, em um lu- posição de liderança.” Seguiam-se setenta pá- dições correntes, a parte central da visão fi-
cou intrigada quando lhe disseram que “tal gar em que o Senhor disse para não se cons- ginas, repletas de conselho, reprovação e en- cou guardada em sua memória até o momen-
edifício não fora construído em Chicago”. truir edifícios grandes. Na época em que a vi- corajamento – todas as quais forneceram o to exato em que seria mais eficaz.
Mas ela sabia o que havia visto em visão: “O são foi dada, as influências atuavam em prol conteúdo das várias palestras que ela apresen- Se ela tivesse relatado toda a visão (como
Senhor me mostrou o que homens estavam da construção desse edifício. A mensagem foi tentou fazer em várias ocasiões) em qualquer
tou à delegação.
planejando fazer. Eu sabia que o testemunho recebida a tempo de impedir a elaboração dos
Antes do término da assembléia, foi toma- outro tempo a não ser naquela famosa reu-
era verdadeiro, mas o assunto só foi explica- planos e a execução do projeto.”
do o seguinte voto: “Considerando que Deus nião secreta no sábado à noite, a mensagem
do recentemente.”3 Depois de receber essas mensagens, Kellogg
Como foi ela esclarecida? O Juiz Jesse Ar- afastou-se do projeto de Chicago.5 Foi assim falou mais uma vez de maneira misericordio- teria sido obviamente tida na conta de falsa
thur, que fora por muito tempo advogado do que se esclareceu o motivo para a visão de sa a graciosa a nós, como pastores, em pala- informação.9
Battle Creek Sanitarium, conversou com ela Ellen White. vras de admoestação e reprovação pelo dom Mas não foi apenas com as questões da As-
no verão de 1902. O Juiz Arthur contou-lhe do Espírito de Profecia; e sociação Geral que os líderes denominacio-
que o testemunho a respeito de um “grande Comunicação de Visões Muitas Vezes “Considerando que essas instruções são jus- nais reconheceram o conselho oportuno da-
edifício em Chicago” estava claro para ele, Decisivas no Momento Certo tas e oportunas, e de suma importância em do pelo Espírito de profecia. Aqueles que se
“pois sabia que estavam sendo feitos prepara- Freqüentemente uma carta de Ellen White sua relação com os nossos trabalhos e utilida- envolveram em crises como a da proposta de
tivos para erguer em Chicago um edifício chegava a uma distante reunião de comissão de futuros; portanto, venda do Boulder Sanitarium (Colorado) ja-
correspondente àquele que fora mostrado... ou a uma decisiva reunião de igreja no dia “Fica resolvido que, por meio deste, expres- mais se esqueceram da orientação rápida,
em visão”. exato em que era necessária, ainda que a re- samos nossa sincera e reverente gratidão a adequada e lúcida que a situação exigia – sa-
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SEÇÃO III
CAPÍTULO 15 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta INSTRUÇÕES E PREDIÇÕES
OPORTUNAS

bedoria que a liderança não conseguiria ção Geral, que estava presente na reunião de O Testemunho Mais Curto seu nome dos livros da igreja em Otsego, Mi-
ver, não fosse o testemunho inspirado de College View, escreveu depois do concílio: O mais breve testemunho que Ellen White já chigan, solicitação que foi atendida em 17 de
Ellen White. “Alegro-me em dizer-lhes que o Senhor nos deu foi um telegrama recebido por M. N. fevereiro de 1887.16
A crise do Boulder Sanitarium [hospital] concedeu a vitória aqui de forma tão assina- Campbell, pastor da igreja (tabernáculo) de Embora estivesse na Europa, Ellen White
nos últimos meses de 1905 é uma ocorrência lada como o fez no Colorado [a crise do Battle Creek, durante o litígio pela proprie- não ficou surpresa com esses acontecimentos
que foi estudada e mostra como alguns planos Boulder Sanitarium no mesmo ano]. As dade do Tabernáculo em 1906-1907. O grupo lamentáveis. Numa visão ela vira Canright
comerciais podem parecer “razoáveis”, mes- mensagens da irmã White chegaram justa- do hospital estava decidido a obter a proprie- navegando em “águas muito agitadas”. Ela
mo quando se negligenciam princípios e pro- mente no momento certo e responderam às dade. A maioria dos depositários da igreja es- instou com ele: “Espere, e Deus o ajudará. Se-
pósitos elevados. Naquela época, os líderes e perguntas mais importantes que tínhamos tava predisposta a apoiar os desejos do grupo ja paciente, e aparecerá a clara luz. Se ceder
leigos que dirigiam a associação criam que fa- diante de nós. Tornaram o assunto tão claro do hospital. às impressões, perderá a salvação. ...” Esta
ziam um favor à denominação vendendo a e simples que até mesmo os defensores mais Mas o jovem pastor, igualmente determi- carta foi posteriormente impressa nos Teste-
instituição. Contudo, Ellen White deixou extremistas de uma separação foram induzi- nado de que a propriedade deveria permane- munhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 571-573
claro que não era propósito de Deus que se dos a aceitá-las.”12 cer nas mãos da denominação, convocou al- (Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 216 e 217),
devesse construir outro hospital em Boulder Durante o conflito de 1905 com John Har- guns dos membros mais influentes da igreja com “irmão M” referindo-se a Canright. Mas
ou em Canon City, 160 quilômetros ao sul de vey Kellogg, muita gente em Battle Creek fi- para uma oração especial antes da última e Canright não esperou, e a predição da Sra.
Boulder – pelo menos não pelos adventistas. cou convencida de que ele havia sido injusti- mais decisiva reunião. Campbell relatou o White de que seu “sol certamente se porá na
Seu conselho sem ambigüidades, escrito a çado ou, no mínimo, mal compreendido. A acontecimento: obscuridade” se cumpriu tragicamente.17
pessoas-chaves fez refluir a maré, embora essa reação comum de Kellogg às intervenções de “Todos eram homens bons e fiéis, mas não Em 1900, Daniel H. Kress, um médico ad-
advertência tenha caído sobre os líderes co- Ellen White no começo da década de 1900 sei se já vi um grupo de homens mais ame- ventista, foi nomeado para chefiar a obra mé-
mo um pesado golpe.10 fora: “Alguém contou isso à irmã White!” drontados. O idoso irmão Amadon,14 um dos dica na Austrália. Ele defendia zelosamente a
A crise Kellogg foi talvez mais grave do cristãos mais gentis que já viveu, lamentava: abstenção de todos os produtos animais. Mas
Tensões em Língua Estrangeira que o conflito denominacional mencionado ‘Se apenas a irmã White estivesse aqui, se em suas freqüentes viagens na virada do sécu-
Também em 1905, outro problema que se anteriormente. Em 21 de dezembro de 1905, apenas a irmã White estivesse aqui.” lo tinha dificuldade em adquirir alimentos
agravava estava chegando a um ponto críti- Todos sabiam que Ellen White estava na adequados a um regime alimentar equilibra-
Ellen White havia enviado um telegrama a
co. Os líderes da obra em língua estrangeira Califórnia, mas Amadon continuava: “Oh, se do. Por isso, com a idade de quarenta anos,
A. G. Daniells, presidente da Associação
apenas a irmã White estivesse aqui.” desenvolveu uma anemia perniciosa. Quan-
na América do Norte lutavam furiosamente Geral, dizendo que ela possuía conselho es-
Momentos depois, dez minutos antes da do Ellen White o viu em visão, ele estava às
para separar os estabelecimentos editoriais pecial para ele e para outros naquela hora
abertura da tensa reunião, chegou um tele- portas da morte.
para a obra em línguas alemã, dinamarquês- crítica. O pacote de manuscritos chegou em
grama para Campbell. Continha esta men- Falando daquela maneira sincera que lhe
norueguês e sueco. Além disso, esses líderes 26 de dezembro e foi lido diante do auditório sagem: “Filipenses 1:27 e 28. (Assinado) era característica, ela o instruiu a “fazer mu-
queriam associações separadas para os três superlotado do Tabernáculo de Battle Creek. Ellen G. White.” danças, e desde logo. Ponha em seu regime
grupos étnicos. No Concílio de Departamen- O que surpreendeu a todos foi o fato de dois Aquele texto com a mensagem que a Sra. algo do que dele você excluiu. ... Obtenha
to Estrangeiro da Associação Geral, realizado dos manuscritos terem sido escritos com White tinha em vista fortaleceu os homens ovos, de galinhas sadias. Use esses ovos cozi-
em College View, Nebraska, em 5 de setem- muita antecedência (agosto de 1903 e 1o de para o que precisava ser feito. Campbell es- dos ou crus. Ponha-os crus no melhor vinho
bro de 1905, os líderes da igreja reuniram-se junho de 1904), mas não terem sido copia- creveu: “Isso resolveu a questão. Aquela era sem fermento [suco de uva] que possa obter.
com grande apreensão. dos até que ela fosse impressionada a fazê-lo a mensagem da irmã White que precisáva- Isto lhe suprirá ao organismo o que lhe é ne-
Ellen White, que morava na Califórnia, na quinta-feira anterior, dia em que havia mos naquele exato momento. Deus sabia cessário.”18
foi solicitada a dar seu conselho. Além de enviado o telegrama. que estávamos realizando aquela reunião, Seu conselho, inspirado na visão relacio-
reunir matérias relevantes que havia escrito O efeito dos manuscritos, lidos sem comen- que tínhamos um grupo de homens ame- nada ao terrível estado de saúde de Kress, era
anteriormente, ela escreveu três novos teste- tário, foi impressionante. Vários homens que drontados e que precisávamos de Sua ajuda; exatamente o que o médico enfermo precisa-
munhos. O tema central de seu conselho, haviam sido seduzidos pelos argumentos de por isso Ele nos enviou a mensagem que va. Ele se recuperou inteiramente e viveu
claramente afirmado nos dois anos que pas- Kellogg aproximaram-se rapidamente de Da- chegou até nós na hora H. Aquilo nos pare- mais cinqüenta e dois anos em uma vida de
sou na Europa onde o assunto estava sempre niells dizendo que a notável reunião realizada ceu muito bom.”15 serviço médico e administração.19
diante dela, foi: “De acordo com a luz que me por Kellogg na noite anterior havia sido clara- De vez em quando, Ellen White instava com
foi dada por Deus, organizações separadas, em mente descrita por Ellen White nos manuscri- pessoas quando estas se achavam diante de uma Às Vezes as Visões Mudavam os Hábitos
vez de gerar unidade, criarão discórdias. ... tos escritos meses antes e copiados apenas dias decisão séria que poderia mudar-lhes a vida, ad- e Opiniões da Sra. White
Devo escrever francamente a respeito da antes. Também disseram que, “se havia qual- vertindo-as da própria crise que as ameaçava. De vez em quando, Ellen White se sentia co-
construção de paredes de separação na obra quer dúvida na mente deles quanto à fonte dos Sua preocupação por seu velho amigo, D. M. mo Natã quando descobriu haver dado um
de Deus. Foi-me revelado que essa atitude é testemunhos, isto fora varrido por suas pró- Canright, enquanto ele passava por sua última conselho errado ao rei Davi.20 Em 1902, ela
uma falácia de invenção humana.”11 prias declarações [conforme apresentadas por deserção, é um exemplo dentre muitos. teve a oportunidade de mudar o conselho da-
G. A. Irwin, vice-presidente da Associa- Ellen G. White] nos testemunhos”.13 Canright havia solicitado a exclusão do do aos principais oficiais da Associação Geral.
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CAPÍTULO 15 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta INSTRUÇÕES E PREDIÇÕES
OPORTUNAS

Na virada do século, Edson White enca- noturno), ela viu que não era preciso fechar a igreja era essencial ao espírito geral que devia Isaías e, até certo ponto, compreendeu mal o
beçava o trabalho em favor dos negros no gráfica de Nashville, que a consolidação de promover maior desenvolvimento do colégio caráter de Deus. Na prisão, sentiu-se “cruel-
Sul, principalmente por meio da publicação interesses editoriais denominacionais não era que lutava com dificuldades. Apesar disso, mente decepcionado com o resultado de sua
de literatura no Sul para o Sul. Sua mãe ha- plano de Deus e que “o campo sulista [devia] ela estava disposta a ouvir a advertência dos missão” e considerou-se um fracasso. João,
via dado bastante apoio a sua obra, princi- publicar seus livros em sua própria editora”.22 líderes locais. Sabia que eles arcavam com com todo o seu estudo da Bíblia e missão pro-
palmente porque era a única obra significa- pesadas responsabilidades e que o quadro fi- fética, “não entendera plenamente a vida fu-
tiva que estava sendo feita. À medida que o Visão Muda o Conselho da Profetisa nanceiro era desanimador. Certo dia, em so- tura e imortal mediante o Salvador”.27 Mais
Semanas depois, ela explicou à liderança de- lidariedade humana, ela mencionou a um dos tarde ele chegou mesmo a duvidar da expe-
trabalho de Edson progredia, elaboraram-se
nominacional: “Durante a noite seguinte à líderes: “Não teremos pressa em construir a riência do Jordão, o dia em que batizou Jesus:
planos para o estabelecimento de uma casa
casa de culto.” “És Tu Aquele que estava para vir, ou have-
editora denominacional em Nashville, Ten- nossa entrevista realizada dentro de minha
Naquela noite, porém, teve uma visão que mos de esperar outro?” Mat. 11:3.
nessee. Mas a força de Edson repousava, não casa e fora no gramado sob árvores, em 19 de
mudou suas “idéias substancialmente”. Em Contudo, Jesus aplicou a João o termo de
nas finanças, mas na promoção, impressão e outubro de 1902, com respeito ao trabalho no uma carta endereçada à pessoa com quem Malaquias: “Meu mensageiro.” Mensageiro,
redação de literatura que atendesse às neces- campo sulista, o Senhor me instruiu que eu concordara poucas horas antes, disse ela: sim, mas uma “luz menor, que havia de ser se-
sidades do Sul. Os débitos se elevavam peri- havia tomado uma atitude errada.” “Recebi instruções para falar ao povo e dizer- guida por outra maior”.28
gosamente enquanto os líderes denomina- Tempos depois, escrevendo palavras de en- lhe que não devemos deixar a casa do Senhor Pense em Pedro, a quem Deus escolheu pa-
cionais tentavam estabilizar a grave crise fi- corajamento, disse: “Desta luz central irradiará em segundo plano. ... Construa a casa de ra ser o vínculo do evangelho para Cornélio, o
nanceira que acometera a igreja. Mas os lí- o ministério da Palavra, na publicação de livros Deus sem demora. Adquira o local mais favo- centurião gentio (Atos 10). Pedro, mesmo de-
deres hesitaram em fechar as portas da nova grandes e pequenos”, porque “mal temos toca- rável. Prepare assentos que sejam apropriados pois de abençoado pelo Pentecostes, conti-
casa editora de Nashville pelo fato de Ellen do o campo sulista com a ponta dos dedos”.23 à casa de Deus.”25 nuou a crer que o evangelho de Cristo se des-
White estar apoiando o filho naquele traba- Todos os envolvidos compreenderam que tinava apenas aos judeus. Ele precisava mudar
lho pioneiro.21 haviam sentido as mesmas emoções sentidas Às Vezes as Visões Modificavam as Opiniões sua teologia, e uma visão realizou essa mudan-
Numa reunião especial convocada em por Natã e Davi três milênios antes. O Se- Teológicas de Ellen White ça. Cada passo rumo à casa de Cornélio foi da-
nhor estava muito próximo de Seu povo que Os profetas crescem em graça e conhecimen- do relutantemente.29 Sua teologia da “porta
Elmshaven, no dia 19 de outubro de 1902, os
to como os demais crentes. Ao escolher Seus fechada” modificou-se numa porta amplamen-
líderes da igreja precisaram de conselho, parti- desejava ouvir o Espírito de Profecia.
profetas ou profetisas, Deus sempre selecio- te aberta para o mundo gentio e finalmente
cularmente a respeito da dívida e da obra de- Em 1849, o povo adventista reunia-se em
nou os que se adequassem melhor a Seus pro- para Roma e para sua própria crucifixão.
nominacional em Nashville. Depois que a Sra. diversos núcleos através da Nova Inglaterra e pósitos – mas apenas os melhores daquela Ellen White foi a primeira a reconhecer
White ouviu os fatos, disse: “A causa de Deus no interior do Estado de Nova Iorque. S. W. época! Ele escolheu polígamos e duvidosos, que seu julgamento e percepção haviam se
não deve ser exposta ao descrédito. As coisas Rhodes, um antigo líder do movimento mile- até mesmo alguns que mentiram (por exem- ampliado e aprofundado grandemente atra-
devem ser postas em ordem, doa a quem doer. rita, desanimado, recusava intercâmbio so- plo, Abraão e Davi). vés dos anos. Ela era uma mensageira huma-
Edson deve dedicar-se ao ministério e a escre- cial. Mas seus amigos perseveravam em sua Profeta algum contemplou o quadro intei- na que, com toda sua bagagem humana co-
ver, e renunciar às coisas que o Senhor lhe im- atenção para com ele, embora muitas vezes ro do começo ao fim. Todos os profetas passa- mum aos profetas, seguia constantemente a
pediu de fazer. As finanças realmente não são ele se recusasse a aceitar. Os White achavam ram por “aprendizagem no trabalho”. Se co- Luz. Falando desse processo de desenvolvi-
seu forte. Quero que os irmãos... ajam exata- que não valia a pena fazer qualquer esforço nhecêssemos todos os fatos sobre cada profe- mento vitalício, ela diz: “Com a luz comuni-
mente como agiriam se meu filho não estives- adicional em favor de Rhodes. Apesar disso, ta, descobriríamos que cada um continuou cada pelo estudo de Sua Palavra, e com o co-
se ali. ... Não quero que ninguém pense que es- enquanto um grupo de adventistas orava, aprendendo cada vez mais sobre sua missão e nhecimento especial que me foi dado de ca-
tou apoiando Edson num erro.” Ellen White teve uma visão “que contrariava sobre o plano de Deus para eles e para Seu sos individuais entre o Seu povo, sob todas as
A. G. Daniells, presidente da Associação sua opinião e sentimento anterior com rela- povo. Eles tinham muito que aprender e mui- circunstâncias e em todas as fases da vida, po-
Geral, satisfeito com a entrevista, regressou ção ao trabalho de recuperação do irmão to que desaprender. Como resultado, suas deria eu continuar ainda na mesma ignorân-
mensagens tornaram-se mais precisas com o cia, na mesma incerteza e cegueira espiritual
para Battle Creek com uma cópia da entre- Rhodes, até o momento em que o Espírito a
correr do tempo. que ao começo de minha experiência? Que-
vista no bolso. A liderança agora estava con- tomou em visão”.24
Pense em João Batista, a quem Jesus decla- rerão meus irmãos sustentar que a irmã White
victa de que fechar o estabelecimento de Ao planejar a construção da primeira igre- rou ser “muito mais que profeta. ... Entre os foi uma aluna tão falta de inteligência que o
Nashville era a coisa mais acertada a fazer. ja de Avondale em 1897, predominava o de- nascidos de mulher, ninguém apareceu maior seu juízo a esse respeito não é para ser estima-
Mas dentro de vinte e quatro horas, após a sânimo. A crítica situação financeira por to- do que João Batista”. Mat. 11:9 e 11. Contu- do mais agora do que antes de ela entrar para
entrevista em Elmshaven, a Sra. White es- da a Austrália afetava diretamente o desen- do, João “não compreendia a natureza do rei- a escola de Cristo, a fim de ser preparada
creveu uma carta que mudaria todo o quadro. volvimento da obra educacional e médica da no de Cristo”.26 Em seu dramático ministé- e disciplinada para essa obra especial? Por-
Inspirada por uma visão da noite (ou sonho igreja. Ellen White sabia que a construção da rio, ele aplicou erroneamente as profecias de ventura não terei compreensão mais nítida
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CAPÍTULO 15 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta INSTRUÇÕES E PREDIÇÕES
OPORTUNAS

dos deveres e perigos do povo de Deus do uniforme de lidar com o sábado num mundo tava correto, seguindo o padrão geral de frágil quando Deus lhe disse para relatar
que aqueles a quem estas coisas nunca foram esférico, independente da época do ano.32 confirmar o estudo bíblico pela luz revelada suas visões a outros. Conforme vimos, nem
apresentadas? Não desonraria meu Mestre (Iniciar e encerrar o sábado no nascer do Sol em visão? todas as suas visões ou sonhos encerravam
admitindo que toda essa luz, toda a manifes- ou à meia-noite eram outras opções.) Parte da resposta pode ser encontrada na conteúdo teológico. Alguns continham re-
tação de Seu grande poder em meu trabalho Alguns crentes, porém, levantaram a ques- nota escrita por Tiago White na segunda im- provação e conselho a indivíduos. Às vezes
e vida, foi inútil, não tendo logrado educar tão de Levítico 23:32: “Duma tarde a outra pressão deste testemunho a Haskell: “Este a reprovação era severa e nem sempre apre-
meu juízo ou tornar-me mais idônea para tarde, celebrareis o vosso sábado.” Procuran- notável testemunho foi escrito em 21 de ou- ciada. A Sra. White se esquivava de seus
Sua obra.”30 do unificar os pontos de vista, Tiago White tubro de 1858, cerca de cinco anos antes da deveres proféticos.43
Ellen White crescia, guiada pelo Espírito havia pedido a John N. Andrews que fizesse grande visão de 1863, na qual a luz sobre a Descrevendo a experiência por que passou
de Deus. A maior parte dos mileritas que não um estudo da Bíblia sobre o assunto e prepa- reforma de saúde foi dada. No devido tempo em 1845, quando contava 18 anos de idade,
rejeitaram a experiência de 1844 cria que “a rasse um documento. Quando este documen- o assunto foi dado de maneira a persuadir to- Ellen White escreveu: “Era uma terrível cruz
to foi lido no sábado de manhã na assembléia do o nosso povo. Quão maravilhosas são a para mim relatar aos errantes o que me fora
porta se fechou” (Mat. 25:10) para aqueles
sabedoria e a bondade de Deus! Pode ser tão mostrado a respeito deles. Causava-me gran-
que haviam rejeitado sua mensagem do “cla- da Associação Geral de 1855, a questão ficou
errado insistir agora na questão do leite, sal e de angústia ver os outros perturbados ou des-
mor da meia-noite”, bem como para a popu- solucionada para Tiago White e o restante
açúcar, quanto na questão da carne de porco gostosos. E, quando obrigada a apresentar as
lação em geral.31 O grupo em desenvolvi- dos delegados – todos, com exceção de José em 1858.”36 mensagens, desejava muitas vezes suavizá-las
mento que veio a ser conhecido como adven- Bates e Ellen White! A visão da reforma de saúde de 6 de junho e fazê-las parecer tanto quanto possível favo-
tistas sabatistas, do qual Tiago e Ellen White Dias depois, em 20 de novembro, a Sra. de 1863 revelou grande e ampla quantidade ráveis às pessoas, e depois me retirava e cho-
faziam parte, também manteve essa crença White teve uma visão que tratava de muitos de princípios de saúde.37 Em 1864 Ellen rava em aflição de espírito.”44
por alguns anos. assuntos, inclusive a ratificação do estudo bí- White fez sua primeira apresentação pública Em uma carta escrita em 1874, ela relem-
Mas as primeiras visões da Sra. White blico de Andrews. Tanto ela quanto José Ba- dessa visão, um capítulo de cinqüenta e cin- brou os trinta anos passados: “Tenho senti-
mostraram-lhe o significado do dia 22 de ou- tes se renderam de todo o coração. O estudo co páginas intitulado “Saúde”, no volume 4 do durante anos que se eu pudesse escolher
tubro de 1844, e que a porta estava fechada bíblico, confirmado pela visão, continuou a do livro Spiritual Gifts. Com referência à car- o que quisesse e também agradar a Deus,
apenas para aqueles que haviam consciente- ser a regra geral no desenvolvimento da teo- ne de porco, ela disse: “Jamais foi propósito preferiria morrer a ter uma visão, pois toda
mente rejeitado a luz da verdade. É muito logia adventista.33 de Deus que a carne suína servisse de alimen- visão me coloca sob a grande responsabili-
provável que, sem a liderança visionária de Comentando depois, Uriah Smith escre- to sob quaisquer circunstâncias.”38 dade de dar testemunhos de repreensão e de
Ellen White, os adventistas sabatistas não veu: “Para que ninguém dissesse que a irmã Em 1865, ela preparou uma série de seis advertência, o que sempre se tem oposto a
tivessem um quadro tão amplo dos aconteci- White, havendo mudado de idéia, teve artigos sob o título Health, or How to Live.39 meus sentimentos, causando-me inexprimí-
mentos celestiais relacionados com o dia 22 uma visão em conformidade com isto, de- Nesta série ela ampliou as conseqüências pre- vel aflição de alma. Nunca ambicionei mi-
de outubro. Seu conceito animador e instru- clararemos que o que foi mostrado em visão judiciais do consumo de carne suína, fato que nha posição, e, contudo, não ouso resistir
tivo quanto ao papel dos adventistas do séti- com respeito ao começo do sábado era con- continuou a enfatizar em livros posteriores.40 ao Espírito de Deus e buscar uma posição
mo dia na transmissão do último convite di- trário a sua opinião na ocasião em que a vi- mais fácil.”45
vino ao mundo se tornou o elemento central são foi dada.”34 Lições Aprendidas Em 1880, na época com 52 anos de idade,
e unificador da igreja. A atitude de Ellen White para com o Que podemos aprender dessa experiência pe- Ellen White estava na reunião campal de
consumo de carne de porco foi outro exem- la qual Ellen White mudou de opinião entre Vermont, onde devia apresentar vários teste-
Corrigida Através de uma Visão plo de como a luz progressiva mudou sua in- 1858 e 1863? (1) Ela não havia recebido de munhos. Ela se referiu a essas grandes respon-
O horário de iniciar-se o sábado semanal foi terpretação pessoal das Escrituras. Em 1858, Deus luz sobre a carne suína antes de 1863. sabilidades pessoais: “Além de minhas ativi-
outra questão doutrinária sobre a qual a Sra. (2) Ela achava que isso não devia criar divi- dades em comunicar a verdade, tenho tido
ela escreveu aos Haskell (irmão e irmã A)
são entre os adventistas; não era uma questão muitos testemunhos individuais para escre-
White foi corrigida através de uma visão – sobre alguns pontos, repreendendo-os por
de prova. (3) Quando Deus torna Sua vonta- ver, o que tem sido um fardo bastante pesado
uma história instrutiva sobre a maneira como insistirem em que comer carne suína era
de conhecida, ela será revelada a mais de para mim.” (“Comunicar a verdade” envolvia
Deus guia mansamente Seu povo por meio de uma violação de Levítico 11:7: “Vi que suas “duas ou três pessoas. Ele ensinará a Sua igre- seus sermões diários, chamados ao altar e sua
Seus mensageiros. Na sexta-feira, 16 de no- idéias sobre a carne de porco não seriam pre- ja o dever dela”.41 A prova da lógica envolvi- costumeira palestra sobre temperança aos do-
vembro de 1855, a Associação Geral reunida judiciais se vocês as retivessem para si mes- da em sua mudança de opinião sobre o comer mingos à tarde, em Vermont, para auditórios
em assembléia recepcionou o sábado às 18h, mos, mas, em seu julgamento e opinião, os carne suína é que, quando a visão foi dada, de 1.000 a 4.000 pessoas.) Com referência a
embora o Sol se houvesse posto uma hora an- irmãos têm feito deste assunto uma prova. ... toda a igreja compreendeu a questão clara- um casal, ela escreveu: “Tive que realizar al-
tes. Encerraram o sábado, no dia seguinte, ao Se Deus achar por bem que Seu povo se abs- mente e nunca mais houve divisão com res- guns trabalhos muito ruins, muito ruins mes-
pôr-do-sol! O que aconteceu? tenha da carne de porco, Ele os convencerá peito a este assunto.42 mo. Chamei o irmão Bean e a esposa e con-
Durante anos os adventistas haviam segui- a este respeito.”35 versei com eles com muita franqueza. Eles
do o raciocínio de José Bates, de que o ocaso Por que Deus não disse a Ellen White que Comunicar Reprovação – uma “Cruz” não se rebelaram contra isto. Não pude con-
do Sol no equador (18h) seria a maneira mais o estudo bíblico de Haskell sobre Levítico es- Ellen White era uma adolescente tímida e ter-me, chorei.”46
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CAPÍTULO 15 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta INSTRUÇÕES E PREDIÇÕES
OPORTUNAS

Algumas Visões Continham Predições lhou, porém, a Palavra do Senhor? Nunca! (Primeira Batalha de Bull Run, 21 de julho guerra. A Lei do Escravo Fugitivo,56 que exi-
Conforme já vimos na página 29, a responsa- Devemos lembrar que as promessas e ameaças de 1861), e ela observou a misteriosa confu- gia que os nortistas devolvessem escravos fu-
bilidade de um profeta abrange mais do que de Deus são igualmente condicionais. ... são nas investidas do exército do Norte.52 gitivos a seus donos, é um bom exemplo da
predizer o futuro. Os profetas são, antes de tu- “Houvessem os adventistas, depois da Posteriormente, ela escreveu: “Foi-me confusão política e moral reinante. Observe
do, mensageiros de Deus, Seus prenunciado- grande decepção de 1844, ficado firmes na fé, mostrado que muitos não compreendem a ex- quanto tempo levou até que o Presidente
res, não necessariamente Seus videntes. Ape- e seguido avante em união no caminho aber- tensão do mal que tem vindo sobre nós. Eles Lincoln resolvesse que era chegada a hora de
sar disso, os profetas de vez em quando rece- to pela providência de Deus, recebendo a se têm gabado de que os problemas nacionais promulgar a Abolição da Escravatura (em 22
bem informações e instruções que efetiva- mensagem do terceiro anjo e proclamando-a logo serão resolvidos e a confusão e a guerra de setembro de 1862; em vigor em 1o de ja-
mente predizem o futuro. ao mundo, no poder do Espírito Santo, have- findarão. Contudo, todos ficarão convenci- neiro de 1863).57
Ellen White predisse eventos específicos e riam visto a salvação de Deus, o Senhor ha- dos de que o assunto é mais grave do que pen-
atividades ou tendências em geral. veria cooperado poderosamente com seus es- sam. Muitos esperavam que o Norte aplicasse Contrária ao Otimismo de sua Época
forços, a obra se haveria completado, e Cris- um golpe e desse fim ao conflito.”53 As predições gerais de Ellen White, feitas nos
Alimento Para Vermes to haveria vindo antes disto para receber Seu O que faremos a respeito dessas visões so- últimos anos do século dezenove, se pareciam
A assembléia de Battle Creek, realizada em povo para lhes dar o galardão.”50 bre a Guerra Civil? A visão de Parkville com as retrospectivas dos jornais modernos.
27 de maio de 1856, é lembrada especial- ocorreu três meses antes de o Forte Sumter ser Alguns poderiam dizer que ela estava sim-
mente em virtude de uma visão incomum a Guerra Civil bombardeado em 12 de abril de 1861. Naque- plesmente usando a mesma sagacidade que
respeito de algumas pessoas que estavam no Ellen White recebeu sua primeira visão sobre le tempo muita gente acreditava que não ha- outras pessoas inteligentes usavam quando
auditório.47 No meio do relato encontra-se a Guerra Civil em uma tarde de sábado, 12 de veria guerra, mas, se a guerra começasse, seria consideravam o futuro. Mas aquilo que ela es-
esta predição: “Foi-me mostrado o grupo janeiro de 1861, em Parkville, Michigan. Du- curta e o Norte sairia vencedor depois de creveu e aquilo que os líderes do pensamento
presente à assembléia. Disse o anjo: ‘Alguns rante aproximadamente vinte minutos a con- uma breve luta.54 (Para um exame mais ex- de sua época projetavam estavam separados
servirão de alimento para os vermes, alguns gregação observou com intenso interesse esta tenso sobre os pontos de vista contemporâ- por anos-luz de distância.
estarão sujeitos às sete últimas pragas, ou- mulher de 33 anos de idade. Terminada a vi- O período entre 1890 e 1914 é notório por
neos que estavam em agudo contraste com as
tros estarão vivos e permanecerão sobre a são, ela relatou brevemente o que lhe havia predições “milenárias”, um tempo em que o
predições de Ellen White, ver Apêndice O.)
Terra para serem trasladados na segunda
sido revelado. Ellen White via as coisas de maneira dife- futuro parecia promissor. Em quase todas as
vinda de Jesus.’”
Suas palavras causaram duradoura impres- rente. Ela predisse que a guerra começaria e áreas da sociedade ocidental, seja na medici-
O que significava isso? Três dias depois da as-
são (conforme informou J. N. Loughborough, que outros Estados se uniriam à Carolina do na, economia, na tecnologia ou nas inven-
sembléia, Clarissa Bonfoey morreu. (Clarissa
testemunha ocular): “Os homens estão dando Sul, separando-se da União. Via grandes ções científicas, o cenário de paz, prosperida-
Bonfoey era amiga íntima dos White, a quem
pouca importância ao decreto de secessão exércitos em combate brutal, e massacre ge- de e de uma era de ouro era o sentimento pre-
eles haviam confiado Edson durante seus pri-
meiros anos de vida, enquanto não possuíam sancionado pela Carolina do Sul [20 de de- neralizado durante um longo período, no valecente.58
casa própria.) Essa irmã parecia estar bem de zembro de 1860]. Eles não fazem a mínima qual os homens apodreceriam na prisão.55 Algumas das predições de Ellen White,
saúde por ocasião da assembléia. Ao sentir idéia das dificuldades que sobrevirão a nosso Com respeito à solene predição dela de concentradas no mundo social, contraria-
aproximar-se a morte, expressou a convicção de país. Ninguém nesta congregação imagina a que algumas famílias de seu auditório em vam o espírito de sua época: “Passo a passo,
que ela era uma das pessosas que foram repre- dificuldade que se aproxima. Acaba de ser-me Parkville “perderiam filhos” na guerra, o mundo está ficando nas condições que rei-
sentadas na visão que serviriam de “alimento mostrado em visão que vários Estados se uni- Loughborough conversou tempos depois com navam nos dias de Noé. Todo imaginável
para os vermes”.48 rão à Carolina do Sul nesta secessão, o que o pastor local da igreja de Parkville, que ha- crime é cometido. A concupiscência da car-
Durante anos, algumas pessoas mantive- trará como resultado uma guerra terrível. Vi via presidido aquele memorável culto de sá- ne, a soberba dos olhos, a ostentação do
ram listas dos presentes àquela assembléia, em visão que tanto o Norte como o Sul for- bado. O pastor identificou cinco famílias, egoísmo, o abuso do poder, a crueldade e a
crendo que Jesus voltaria antes que todas elas mavam grandes exércitos. Foi-me mostrado possivelmente com mais outras cinco, que força empregados para fazer com que os ho-
morressem. Mas Ellen White havia apresen- uma batalha violenta.” haviam perdido entes queridos. mens se liguem às confederações e uniões...
tado um quadro do que poderia ter sido se o Depois, olhando para a congregação, con- Mais tarde, a Sra. White viu claramente tudo isso é atuação de instrumentos satâni-
povo de Deus houvesse despertado para sua tinuou: “Há nesta congregação homens que nessas visões que a questão principal era a es- cos. ... O mundo inteiro parece estar em
divina missão. A Sra. White não deve ser perderão seus filhos na guerra.”51 cravidão, e que Deus permitiria que tanto o marcha para a morte.”59
submetida a um padrão mais elevado e mais No dia 3 de agosto de 1861, em Roosevelt, Norte como o Sul fossem punidos até con- “Tenho ordem de declarar a mensagem,
restrito do que aquele que aplicaríamos aos Nova Iorque, Ellen White teve sua segunda frontarem essa questão. Muitos líderes políti- dizendo que as cidades onde reina a trans-
profetas bíblicos.49 Em 1883, ela precisou es- visão sobre a Guerra Civil. Focalizava o mal cos e religiosos só enxergaram isso após anos gressão, extremamente pecadoras, serão des-
crever: “É verdade que o tempo tem prosse- da escravidão: o Norte era culpado por tole- da terrível luta ter matado e ferido a milhões. truídas por terremotos, pelo fogo e por inun-
guido mais do que esperávamos nos primeiros rar a escravidão; e o Sul, pelo pecado da es- A política de Washington, interligada com dações.”60
tempos desta mensagem. Nosso Salvador não cravidão. Foi-lhe mostrado o “panorama da simpatizantes sulistas na liderança nortista, “Foi-me mostrado que o Espírito do Se-
apareceu tão depressa como esperávamos. Fa- desastrosa batalha de Manassas, Virgínia havia tornado indistintos os propósitos da nhor está Se retirando da Terra. O poder
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SEÇÃO III
CAPÍTULO 15 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta INSTRUÇÕES E PREDIÇÕES
OPORTUNAS

mantenedor de Deus logo será recusado a to- miséria, e do crime crescente. Estão lutando “A Palavra de Deus deu aviso do perigo papa: “Ele tem sido a sólida consciência de
dos os que continuam desrespeitando os Seus em vão para colocar as operações comerciais iminente; se este for desatendido, o mundo todo o mundo cristão.”69
mandamentos. Os relatos de transações frau- em base mais segura.”65 protestante saberá quais são realmente os
dulentas, homicídios e crimes de toda a espé- propósitos de Roma, apenas quando for de- União de Católicos e Protestantes
cie chegam até nós diariamente. A iniqüida- Espiritualismo Moderno masiado tarde para escapar da cilada. Ela está Mas Ellen White viu mais do que o ressurgi-
de está se tornando uma coisa tão comum As antevisões de Ellen White a respeito do crescendo silenciosamente em poder. Suas mento da adoração do papa em escala mun-
que não ofende mais as susceptibilidades co- surgimento do espiritualismo moderno foram doutrinas estão a exercer influência nas as- dial. Viu também o que nenhuma pessoa te-
mo em tempos passados.”61 dadas quando as manifestações espiritistas sembléias legislativas, nas igrejas e no cora- ria sonhado mesmo há poucos anos – a as-
Voltando-se para o desenvolvimento das eram locais, isoladas e mais uma curiosidade ção dos homens. ... Sorrateiramente, e sem sombrosa reconciliação entre católicos e
tensões internacionais e guerra, ela predisse: do que qualquer outra coisa. As demonstra- despertar suspeitas, está aumentando suas protestantes, inclusive os protestantes evan-
“Aproxima-se a tempestade, e precisamos ções das estranhas batidas de 1848 envolven- forças para realizar seus objetivos ao chegar o gélicos! Em 1885, ela escreveu: “Quando o
aprontar-nos para sua fúria. ... Veremos afli- do as irmãs Fox em Hydesville, Nova Iorque, tempo de dar o golpe. Tudo que deseja é a protestantismo estender os braços através do
ções por todos os lados. Milhares de navios foram-lhe mostradas como o reavivamento do oportunidade, e esta já lhe está sendo dada. abismo, a fim de dar uma das mãos ao poder
serão arremessados para as profundezas do espiritualismo em tempos modernos. Fazendo Logo veremos e sentiremos qual é o propósi- romano e a outra ao espiritualismo, quando
mar. Esquadras se submergirão, sendo sacri- referência a uma visão tida em 24 de março de to do catolicismo.”67 por influência dessa tríplice aliança os Esta-
ficados milhões de vidas humanas. Irrompe- 1849, ela escreveu: “Vi que as batidas miste- As décadas de 1980 e 1990 viram o papa dos Unidos forem induzidos a repudiar todos
rão inesperadamente incêndios que nenhum riosas em Nova Iorque e outros lugares eram o de Roma recuperar dramaticamente sua es- os princípios de sua Constituição, que fize-
esforço humano será capaz de extinguir. Os poder de Satanás, e que essas coisas seriam ca- tatura mundial, uma coisa muito diferente ram deles um governo protestante e republi-
palácios da Terra serão varridos pela fúria da vez mais comuns, abrigadas em vestes reli- das décadas entre 1870 e 1929, quando o pa- cano, e adotarem medidas para a propagação
das chamas. Tornar-se-ão mais e mais fre- giosas, a fim de distrair os enganados e fazê-los pa era o “prisioneiro do Vaticano”.68 O dos erros e falsidades do papado, podemos
qüentes os desastres de estrada de ferro; con- sentir-se em segurança maior.”66 O espiritua- mundo ficou impressionado ao ver o presi-
saber que é chegado o tempo das atuações
fusão, colisões e morte sem um momento de lismo provavelmente nunca foi mais destaca- maravilhosas de Satanás e que o fim está
dente dos Estados Unidos e o papa na capa
advertência ocorrerão nas grandes vias de do na história do mundo do que hoje. Entre próximo.”70
da revista Time de 24 de fevereiro de 1992,
comunicação.”62 seus adeptos, acham-se pessoas de todos os ní- Líderes protestantes evangélicos e líderes
sob as palavras “A Santa Aliança”. O artigo
“Na última sexta-feira, pela manhã, pouco veis da sociedade e classes econômicas. Políti- católicos romanos assinaram em 29 de mar-
de destaque revelava a história por detrás do
antes de acordar, uma cena muito impressio- cos e líderes governamentais admitem aberta- ço de 1994, em declaração conjunta, um
colapso do comunismo. O Presidente Rea-
nante me foi apresentada. Parecia que eu ha- mente sua confiança em médiuns espiritualis- documento que representou um marco his-
gan e o Papa João Paulo II haviam estado, tórico, não esperado mesmo na década de
via acordado, mas não estava em meu lar. Das tas. Quem, a não ser Ellen White em 1849,
durante vários anos, em consulta íntima, al- 1980. A assinatura desta surpreendente de-
janelas eu podia ver uma terrível conflagra- teria o discernimento de classificar o fenôme-
ção. Grandes bolas de fogo caíam sobre as ca- no das irmãs Fox como o início de um sofisti- tamente secreta, à medida que trabalhavam claração intitulada “Evangélicos e Católi-
sas e destas bolas voavam flechas incandes- cado movimento mundial com tremendas im- juntos para desestabilizar a rede comunista. cos Juntos: A Missão Cristã Para o Terceiro
centes em todas as direções. Era impossível plicações sobre os acontecimentos dos últi- “Eles consideravam a relação EUA–Vatica- Milênio” (ECJ), talvez o acontecimento
apagar os fogos que se acendiam, e muitos lu- mos dias? no uma santa aliança; a força moral de suas mais importante nos últimos 500 anos de
gares estavam sendo destruídos. O terror do igrejas combinou-se com seu acérrimo anti- história da igreja, reverta substancialmente
povo era indescritível. Depois de algum tem- Advento da Influência Papal comunismo e conceito de democracia norte- a Reforma Protestante e ao mesmo tempo
po, acordei e vi que estava em casa.”63 Outra área preditiva inclui o impressionan- americana.” Sem essa estreita cooperação cumpre a profecia bíblica – e as predições
“Logo surgirá grande dificuldade entre as te ressurgimento da influência papal, desde entre a Igreja Católica e os Estados Unidos, de Ellen White.71
nações, dificuldade que não cessará até a vin- sua inofensividade no século dezenove até os acontecimentos mundiais das décadas re- Uma predição ainda por ser inteiramente
da de Jesus.”64 seu poder e influência mundiais hoje. Em centes teriam sido provavelmente bastante cumprida envolve a tríplice união do protes-
Outro vislumbre perceptivo correu trans- 1888, durante o período de obscuridade do diferentes. tantismo, catolicismo e espiritualismo (Nova
versalmente com o assombroso otimismo que papado, Ellen White escreveu: “Estabeleça- Além disso, como se fosse apenas para Era, etc.) no orquestrado esforço para impor
predominava em 1909, o ano da seguinte pre- se nos Estados Unidos o princípio de que a confirmar as predições de 1888 de Ellen a adoração dominical. Com a surpreendente
dição a respeito de crescentes impasses so- igreja possa empregar ou dirigir o poder do White, a capa da revista Time de 26 de de- rapidez de recentes esforços unificados entre
ciais e econômicos: “Não há muitos, mesmo Estado; de que as observâncias religiosas zembro de 1994 exibiu o Papa João Paulo II protestantes e católicos, unidos pelo fio teo-
entre educadores e estadistas, que compreen- possam ser impostas pelas leis seculares; em como “o Homem do Ano”. Na matéria de ca- lógico comum da imortalidade da alma, não é
dam as causas que se acham à base do atual suma, que a autoridade da Igreja e do Esta- pa, o papa se apresentou como a “bússola mo- difícil prever agora sua união adicional com o
estado da sociedade. Os que seguram as ré- do devem dominar a consciência, e Roma ral tanto para crentes como para não crentes”. espiritualismo moderno (Nova Era). Mas não
deas do governo são incapazes de resolver o terá assegurado o triunfo neste país [Estados Até mesmo Billy Graham, símbolo do protes- na década de 1880!72
problema da corrupção moral, da pobreza, da Unidos]. tantismo evangélico, declarou a respeito do Todas as ilustrações acima do ministério
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SEÇÃO III
CAPÍTULO 15 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta INSTRUÇÕES E PREDIÇÕES
OPORTUNAS

profético de Ellen White são interessantes e, da está na fase inicial, mas deve ser realiza- Treze meses depois, no dia 30 de dezembro clamar a verdade; a intenção dela era empre-
até certo ponto, persuasivas. da na Austrália, Nova Zelândia, África, de 1902, um incêndio de “origem ignorada” gar os recursos da família em casa e terras.”
Índia, China e ilhas do mar a mesma obra destruiu o complexo. Nada de valor foi salvo. Com o passar do tempo, o marido “desobe-
Saúde e Medicina que tem sido efetuada no campo nacional Quando os líderes quiseram reconstruir a ins- deceu ao chamado de Deus para satisfazer a
O que assombra as pessoas inteligentes ao re- [Estados Unidos].”78 tituição em Battle Creek, Ellen White foi esposa e a filha, e ficou bastante disposto a
dor do mundo é que os comentários gerais de- O jovem A. G. Daniells, um dos primeiros contra, justificando: “Nunca lancem uma pe- desculpar-se ou encobrir seu amor ao mundo
la sobre saúde, ciência ou ambiente têm su- obreiros norte-americanos a emigrar para a dra ou tijolo em Battle Creek para recons- sob a aparência de dever para com a família.
portado a prova dos anos – coisa que dificil- Austrália, ouviu esta predição com espanto e truir os escritórios da Review. Deus tem um ... Vi que, a menos que ela saia do caminho
mente se poderá dizer de qualquer outro es- escreveu posteriormente sobre a sensação de lugar melhor para ela.”82 do seu marido... o Senhor castigará a família
critor do século dezenove. Só isso já é uma fa- estar “estupefato”. Todas as pessoas presentes • Em pelo menos três ocasiões Ellen White com juízos e a retirará do caminho.”
çanha considerável. Seus escritos contêm acharam que esta predição “parecia o tipo insistiu com seus obstinados colegas para Sobreveio uma doença repentina e a espo-
certos princípios e elucidações que não eram mais absurdo de especulação. ... Mas alguns comprarem propriedades no sul da Califór- sa morreu. Enquanto os White visitavam o
comuns em seu tempo, mas que hoje são bem que estavam presentes viveram para ver essas nia a fim de estabelecerem centros médi- marido e pai enlutado, a Sra. White teve uma
comprovados. predições desconcertantes se cumprirem de cos.83 Em 13 de outubro de 1902, ela escre- visão da luta espiritual que ele enfrentava e
Repare, por exemplo, na profunda ênfase forma notável.”79 veu que havia condições de comprar-se ter- ficou “surpresa com o que... [lhe] foi mostra-
que ela dá sobre a maneira como a mente afe- • Em 1894, Ellen White insistiu com o renos com prédios “especialmente apropria- do”. Foi-lhe mostrado quanto o pai estava en-
ta o corpo na produção da doença;73 sua solí- grupo de adventistas australianos de menos dos para a obra do hospital” por preço “abai- laçado pela sedução das riquezas, e que a filha
cita preocupação pelas influências pré-natais, de mil pessoas que tomassem providências xo do seu custo original”.84 Sem esta percep- estava “envolvida em egoísmo”.
incluindo drogas e álcool;74 e seu monumen- imediatas para a construção de um colégio ção do plano de Deus para o sul da Califór- Mas o tempo passou. Em 1857, Ellen White
tal e interativo sistema de princípios de regi- onde se preparariam obreiros para a missão nia, o Paradise Valley Hospital, o Glendale teve outra visão a respeito dessa família de
me alimentar que estão cada vez mais sendo adventista no Sul do Pacífico. Mais tarde, de- Adventist Medical Center e a Loma Linda Illinois. Viu “que ele não estava agindo tão
confirmados pela pesquisa nutricional.75 pois de aprender as lições das difíceis expe- University não seriam hoje centros de ex- depressa quanto era preciso, que não estava
riências de Battle Creek College, ela anteviu pansão adventista.85 empregando seus recursos para promover a
Expansão Mundial dos Adventistas um colégio que abriria novos horizontes. • Antes que os líderes da igreja pudessem causa de Deus tão rápido quanto lhe era pos-
Igualmente interessante são as predições fei- Poucas pessoas, inclusive seus conselheiros retomar o fôlego, após a compra da proprie- sível”. Pouco depois dessa visão, ela ouviu di-
tas por Ellen White a respeito da expansão mais íntimos, viram sabedoria no conselho dade de Loma Linda, Ellen White estava des- zer que este pai tão próspero havia morrido
mundial dos adventistas do sétimo dia, muito dela. Mas sem seu discernimento visionário crevendo o futuro de Loma Linda como o com a idade de 51 anos.
antes de seus colegas poderem ver qualquer do que o Sul do Pacífico precisava, sem sua principal centro de instrução para profissio- Por que a Sra. White relatou essa história
evidência para apoiar-lhe o otimismo: tenacidade em levar o projeto até o fim, nem nais médicos. Muito além de qualquer sonho pessoal na revista da igreja? Ela concluiu o ar-
• Novembro de 1848, Dorchester, Massa- o Avondale College nem o que existe hoje na humano, ela permanecia calmamente infle- tigo com estas palavras: “Ao ver que o casti-
chusetts: Em um tempo de grande tensão fi- Austrália e na Nova Zelândia estariam sob o xível: “Isto acontecerá.”86 go pela cobiça que sobreveio a essa família
nanceira e apelando para não mais que cem nome adventista. Desde a impressionante predição de Ellen devia servir de advertência para a igreja, não
adventistas sabatistas, ela predisse que a re- • Em novembro de 1901, Ellen White es- White, a Universidade de Loma Linda tem pude reter do povo de Deus o que me foi mos-
vista que seu marido estava iniciando seria creveu uma severa advertência ao corpo de formado muitos milhares de pessoas em va- trado a respeito deles.”87
“pequena a princípio”, mas por fim suas “tor- diretores da Review and Herald Publishing riados campos da educação superior. Ela é in- Sempre uma ganhadora de almas, ela reco-
rentes de luz” “circundariam o mundo”.76 Association, “a mais bem equipada gráfica do ternacionalmente conhecida por algumas de nheceu em Nimes, França, um jovem relojoei-
Em 1999, os adventistas do sétimo dia pos- Estado de Michigan”.80 Eles estavam com suas realizações médicas. ro que vira em visão. Abel Bieder, que fora cris-
suíam 56 casas editoras por todo o mundo, problemas: cerca de noventa por cento do tão, desanimara e estava, naquela época, traba-
7.407 colportores de tempo integral com trabalho que faziam era comercial, parte dele Algumas Visões lhando no sábado enquanto aperfeiçoava seu
vendas mundiais de 113.218.544 dólares, com claramente impróprio para editoras adventis- Abordavam Problemas Secretos ofício de relojoeiro. Depois de encontrá-lo em
literatura sendo publicada em 229 línguas tas. Outros problemas giravam em torno de Ellen White passou por muitas experiências sua loja, ela o convidou para as reuniões em
(incluindo o evangelismo verbal, os adven- relacionamentos interpessoais. relacionadas com problemas secretos das pes- que estava pregando. Conversou em particular
tistas trabalham em 717 línguas mundiais).77 Depois de muitas advertências prévias, a Sra. soas. Em 1858, ela escreveu sobre uma famí- com Abel, dizendo-lhe que conhecia a história
• Pregando na inauguração da Melbour- White fez o que equivalia a uma ameaça divina: lia de agricultores (pai, mãe e filha adulta) de sua vida e os erros de sua juventude.
ne Bible School (predecessora de Avondale “Tenho estado quase receosa de abrir a revista que três anos antes se haviam mudado da No- “Roguei-lhe então com lágrimas para fazer
College) em 24 de agosto de 1892, sentada Review, temendo ver que Deus houvesse purifi- va Inglaterra para Illinois. Aparentemente, a meia-volta, deixar o serviço de Satanás e o
numa cadeira (estivera acamada por onze cado a casa editora pelo fogo. ... A menos que razão para a mudança era “começar a obra no pecado, pois se tornara um apóstata, e voltar
meses), a Sra. White disse: “A obra missio- haja uma reforma, sobrevirá uma calamidade à Oeste. O marido saiu com uma intenção; a como um filho pródigo à casa de seu Pai. ...
nária na Austrália e na Nova Zelândia ain- casa editora, e o mundo saberá a razão.”81 esposa, com outra. A intenção dele era pro- Disse-lhe que não ousava deixá-lo cruzar o li-
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SEÇÃO III
CAPÍTULO 15 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta INSTRUÇÕES E PREDIÇÕES
OPORTUNAS

miar da porta enquanto ele não dissesse dian- se tinha alguma coisa para ele. Responden- colegas de trabalho como Deus lhe havia fala- escreveu à mensageira do Senhor: “Como sou
te de Deus e dos anjos e dos presentes: ‘Deste do que sim, ela propôs um encontro num fu- do por intermédio de Ellen White. A primei- grato a Deus por me haver enviado uma ad-
dia em diante, serei um cristão.’” turo próximo. Mas Faulkhead estava ansio- ra coisa que fez naquele dia foi apresentar seu vertência enquanto eu seguia no caminho er-
No dia seguinte, Abel desistiu de sua pro- so: “Por que não me deixa receber a mensa- pedido de demissão às diversas lojas. Mas seus rado. ... Agora posso ver muito claramente
missora carreira, feliz no Senhor. Em pouco gem agora?” amigos maçons não desistiram facilmente, in- que continuar daquele jeito teria sido minha
tempo Ellen White pagou-lhe a passagem pa- Ela lhe contou que diversas vezes estive- sistindo em que ele estava na obrigação moral ruína, visto meu interesse pela verdade estar
ra Basiléia para que ele pudesse ajudar L. R. ra prestes a enviar a mensagem, mas que fo- de cumprir seu mandato pelos próximos nove esfriando.”
Conradi e James Erzberger em sua obra evan- ra “proibida pelo Espírito do Senhor de as- meses. A luta foi difícil e os membros da igre- Faulkhead continuou a trabalhar durante
gelística.88 sim proceder” porque o tempo não era ja ficaram muito apreensivos por ele. muitos anos na casa editora, sendo um in-
A experiência de N. D. Faulkhead em oportuno. Agora, porém, chegara o tempo. No fim daqueles nove meses, Faulkhead fluente líder espiritual na Austrália.94
1892 é uma clássica ilustração do ministério Ela começou a ler o manuscrito de cin-
profético de Ellen White em favor dos pri- qüenta páginas, especialmente o trecho Referências
meiros adventistas australianos. Quando ela que tratava do envolvimento dele com a
partiu para a Austrália em 1891, Faulkhead maçonaria. Continuou a revelar a maneira 1. Para uma lista parcial das visões de Ellen White, ver Apêndi- pressão sobre aquela grande congregação de pastores adven-
ce D. tistas do sétimo dia presentes na reunião do início da ma-
era tesoureiro da casa editora; também ocu- como ele lançara pequenas moedas nas 2. Biography, vol. 6, págs. 98 e 99. nhã. Quando eles ouviram quem havia sido reprovado por
pava funções elevadas em diversas sociedades ofertas de sábado, mas grandes moedas na 3. Ibidem, pág. 96. sua conduta errada naquele concílio, confessaram que tudo
secretas. Com o passar do tempo, ele ficou tesouraria das lojas. Ouviu dirigirem-se a 4. DF 481, Jesse Arthur a W. C. W., 27 de agosto de 1902, cita- quanto a Sra. White havia dito a respeito deles era verdade
cada vez mais envolvido na maçonaria, e seu ele como “Venerável Mestre”. do em Biography, vol. 6, pág. 97. em cada detalhe, e viram que o selo da inspiração divina ha-
5. Ibidem, págs. 97 e 98. A visão de Salamanca e a experiência via sido colocado sobre aquela visão e testemunho. O poder
interesse na igreja diminuiu. Faulkhead relembrou mais tarde: “Pensei da Assembléia da Associação Geral de 1891 fornecem outros e a solenidade daquela reunião causaram uma impressão so-
Na viagem de navio para a Austrália e que ela estava se aproximando muito da rea- exemplos de como um profeta nem sempre tem consciência bre a mente das pessoas presentes que tão cedo não seria es-
logo após o desembarque, Ellen White teve lidade quando começou a falar-me sobre o do tempo oportuno em que a visão deve ser apresentada a ou- quecida.” – DF 107b, declarações conjuntas, citadas em ibi-
tros. Ver págs. 149 e 188. Em outra ocasião, quando Ellen
uma visão abrangente que incluía a casa que eu fazia nas lojas.”92 White visitou a casa editora suíça em 1885, reconheceu a sa-
dem, pág. 482.
10. A fim de que todos quantos estivessem relacionados com a
editora em geral e diversos testemunhos Então algo aconteceu. Depois de fazer de- la de impressão como uma que vira em visão. Apertou a mão denominação pudessem beneficiar-se com a experiência do
pessoais, inclusive um para os Faulkhead. terminado movimento com a mão, ela disse: de dois jovens obreiros e depois perguntou pelo terceiro. B. L. Boulder Sanitarium, a história da crise e os testemunhos de
Ao sair para colocar a mensagem no cor- “Não posso relatar tudo quando me foi comu- Whitney, presidente da Missão Suíça, ficou surpreso até que a Ellen White foram reunidos num livrinho de oitenta páginas
Sra. White disse: “Trabalha aqui um senhor mais idoso e te-
reio, ela sentiu-se fortemente restringida: nicado.”93 nho uma mensagem para ele.” O outro obreiro estava na cida-
com o título de “Record of Progress and an Earnest Appeal
in Behalf of the Boulder, Colorado, Sanitarium”. Esta publi-
“Quando fechei a correspondência para en- Faulkhead ficou pálido, conforme ele con- de a negócios. Dez anos antes, ela havia visto em visão este cação é conhecida hoje como Special Testimonies, Série B,
viá-la, uma voz pareceu dizer-me: ‘Ainda tou mais tarde: “Imediatamente ela me fez es- mesmo obreiro, e agora foi lembrada que tinha uma mensa- No 5. Ver também Biography, vol. 6, págs. 33-43.
não! Ainda não! Eles não receberão seu tes- te sinal. Eu a toquei no ombro e perguntei se gem especial para ele. Este incidente trouxe imenso encoraja-
11. Biography, vol. 6, pág. 48.
mento a todos os obreiros em Basiléia. (História contada em
temunho.’” Ela reteve o testemunho por ela sabia o que havia feito. Ela ergueu os Biography, vol. 3, págs. 293 e 294.)
12. Ibidem, pág. 49.
13. Ibidem, págs. 67-72. Para uma experiência semelhante que
quase doze meses.89 olhos surpresa e disse que não fizera nada fo- 6. Biography, vol. 3, págs. 363-365.
ocorreu em 1903, ver Schwarz, Light Bearers, pág. 292. Ver
Durante aquele tempo, os colegas de tra- ra do comum. Disse-lhe que ela dera o sinal 7. Ibidem, págs. 128 e 129; Review and Herald, 11 de dezembro de
págs. 200-204 para comentário adicional sobre o conflito Kel-
1879, pág. 190.
balho de Faulkhead, percebendo seu crescen- secreto dos templários. Bem, ela não sabia 8. Ver pág. 188.
logg/Panteísmo e outra mensagem oportuna de Ellen White.
te desinteresse no trabalho, pediram-lhe para nada sobre isso.” 9. O episódio da Visão de Salamanca revela a maneira como o
14. George Amadon ingressou na Review and Herald Publishing
Association em 1853 como jovem tipógrafo. Depois do in-
reconsiderar sua fascinação pelas lojas maçô- Ellen White prosseguiu falando sobre a profeta é dirigido pelo Senhor para não revelar nem usar todo
cêndio da editora e a mudança dela para Washington, D.C.,
nicas. Ellen White viu em visão que ele era impossibilidade de ser um cristão comprome- o conteúdo de uma visão de uma só vez. A mensagem central
deve ser apresentada no momento exato em que for mais ne- ele permaneceu em Battle Creek e trabalhou na igreja daque-
“um homem prestes a perder o equilíbrio e tido e um maçom. Então fazendo outro sinal cessária. Depois dos dramáticos acontecimentos ocorridos em la cidade como pastor visitador. – SDAE, vol. 10, pág. 58.
cair num precipício”.90 secreto, disse: “Meu anjo assistente fez este si- Battle Creek, que se seguiram ao testemunho público de Ellen 15. Biography, vol. 6, págs. 126-129.
16. O secretário da igreja, naquela reunião de negócios, resumiu
Um dos adventistas australianos pergun- nal para mim”. Faulkhead sabia que esse sinal White, O. A. Olsen, presidente da Associação Geral, escre-
veu: “A irmã White não teve nenhuma oportunidade de sa- a declaração pública de Canright na qual ele afirmara “haver
tou a Faulkhead o que ele faria se a irmã era conhecido apenas dos graus mais elevados chegado a um ponto em que não cria mais que os Dez Man-
ber o que havia acontecido naquela sala durante a noite no
White tivesse um testemunho para ele a res- da maçonaria. Posteriormente, ele disse: “Isso escritório da Review. ... O Senhor lhe havia mostrado anteci- damentos estavam em vigor para os cristãos e que havia re-
peito de sua afiliação à maçonaria. A isto ele me convenceu de que seu testemunho era de padamente o que ocorreria; e agora, na mesma manhã em que nunciado à lei, ao sábado, às mensagens, ao santuário, a nos-
so ponto de vista sobre [os] Estados Unidos na profecia, aos
respondeu: “Teria de ser poderosamente for- Deus. ... Em seguida, passou como um relâm- aconteceu, ela fora, de maneira especial, chamada pelo Se-
nhor para apresentar o que lhe havia sido mostrado. Não é testemunhos, à reforma de saúde, às ordenanças da humilda-
te.” Ninguém ainda sabia que ela realmente pago pela minha mente a declaração que eu preciso dizer que isso trouxe não apenas alívio a muitas men- de. Ele também disse que não cria que o papado havia mu-
possuía uma mensagem para Faulkhead fazia fizera ao irmão Stockton de que a mensagem tes, mas também deu motivo para grande agradecimento, vis- dado o sábado. E embora não o tivesse declarado diretamen-
quase um ano.91 dela teria de ser poderosamente forte antes to que num momento crítico como esse o Senhor interveio e te, sua linguagem sugeria que ele provavelmente guardaria o
nos salvou da perplexidade e confusão que parecia estar sur- domingo. Ele acha que os adventistas do sétimo dia são es-
Pouco tempo depois do desafio de Faul- que eu pudesse crer que tinha para mim uma
gindo sobre importantes questões.” – DF 107b, relato de O. A. treitos demais em suas idéias.” – Citado em Carrie Johnson,
khead, ele sonhou que Ellen White tinha mensagem do Senhor.” Olsen, citado em Biography, vol. 3, págs. 477-481. Seis pree- I Was Canright’s Secretary (Washington, D.C.: Review and
uma mensagem para ele! Dentro de alguns A reação de Faulkhead à entrevista foi minentes pastores assinaram uma declaração que incluía estas Herald Publishing Association, 1971), pág. 82.
dias, ele se encontrou com ela e perguntou imediata. No dia seguinte, ele contou a seus palavras: “O relato desta visão causou profunda e solene im- 17. Ibidem, págs. 168 e 169.

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SEÇÃO III
CAPÍTULO 15 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta INSTRUÇÕES E PREDIÇÕES
OPORTUNAS
47. A visão é relatada em duas partes: a convincente descrição Sul como o Norte estavam sendo punidos.” – Ibidem, págs.
18. D. H. Kress, M.D., “The Testimonies and a Balanced Diet”, 25. Biography, vol. 4, págs. 315-317. de “Os Dois Caminhos”, e “Conformidade com o Mundo”. – 363-368.
em George K. Abbott, M.D., The Witness of Science to the 26. O Desejado de Todas as Nações, pág. 215. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 127-137. 57. Em uma carta de 22 de agosto de 1862, endereçada a Horace
Testimonies of the Spirit of Prophecy, edição revisada (Moun- 27. Ibidem, pág. 220. 48. Ibidem, pág. 132, nota de rodapé. Greeley, redator do New York Tribune, o Presidente Lincoln
tain View, CA: Pacific Press Publishing Association, 1948), 28. Ibidem. 49. Ibidem. escreveu: “Meu supremo objetivo nesta luta é salvar a União
págs. 138-141. Trechos da carta de Ellen White ao Dr. Kress 29. Atos dos Apóstolos, pág. 137. 50. Manuscrito 4, 1883, citado em Mensagens Escolhidas, livro 1, e não salvar ou destruir a escravidão. Se eu pudesse salvar a
encontram-se em Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 30. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 686 (Testemunhos Sele- págs. 67 e 68. Este lamentável reconhecimento da realidade União sem libertar nenhum escravo, eu o faria; e se eu pudes-
tos, vol. 2, pág. 297). se refletiu nos escritos dela pelo menos trinta vezes conforme se salvá-la libertando todos os escravos, eu o faria; e se eu pu-
202-207.
31. Para uma discussão da questão da “porta fechada”, ver capítulo 44. registrado por Herbert E. Douglass, The End (Mountain desse salvá-la libertando alguns e deixando outros na situa-
19. SDAE, vol. 10, pág. 886. Para uma amostra de dezenas de si-
32. The Review and Herald, 21 de abril de 1851, págs. 71 e 72. View, CA.: Pacific Press Publishing Association, 1979), págs. ção em que se encontram, eu também o faria.” – Carl Sand-
tuações semelhantes em que Ellen White, da maneira mais
33. Ver págs. 170 e 171. 161-167. Este fato não deve ser obscurecido – a demora no burg, Abraham Lincoln: The War Years (New York: Charles
oportuna e em virtude dos fatos apresentados a ela em visão,
advento não é culpa de Deus nem Seu plano arbitrário: “Tal- Scribner’s Sons, 1937), vol. 3, pág. 567.
interveio para aconselhar, reprovar e encorajar alguém, exa- 34. The Review and Herald, 30 de agosto de 1864, pág. 109.
vez tenhamos de permanecer muitos anos mais neste mundo 58. Para uma amostra do sentimento de “paz e prosperidade” rei-
mine o seguinte: (1) Um pastor da nova igreja de São Fran- 35. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 206 e 207.
por causa de insubordinação, como aconteceu com os filhos nante na virada do século, note o que segue: “Desde a Expo-
cisco foi salvo de uma investigação embaraçosa e potencial- 36. Ibidem.
de Israel; mas por amor de Cristo, Seu povo não deve acres- sição [Londres, 1851], a civilização ocidental tem avançado
mente desastrosa levada a efeito na igreja, num domingo, 28 37. Ver págs. 281-284 para uma análise desta visão.
centar pecado a pecado, responsabilizando a Deus pela con- constantemente e, em alguns aspectos, de maneira mais rá-
de janeiro de 1872, porque recebeu uma carta de Ellen White 38. O texto continua: “O porco era útil. Num país fértil, onde
seqüência de seu procedimento errado.” – Evangelismo, pág. pida do que qualquer mente lúcida poderia ter predito – ci-
no sábado à noite. – Loughborough, GSAM, págs. 387 e 388, havia muita putrefação sobre o solo, a qual podia envene-
696. vilização, pelo menos, no sentido convencional, que tem si-
citado em Biography, vol. 2, págs. 363 e 364. (2) W. W. Pres- nar a atmosfera, os rebanhos de porcos tinham permissão
51. Biography, vol. 1, pág. 463. do definida como ‘o desenvolvimento de confortos mate-
cott, presidente do Battle Creek College, havia se tornado para andar livremente e devorar as substâncias em decom-
52. Ibidem. riais, da educação, da igualdade e das aspirações de cresci-
forte defensor de Anna Phillips, uma autonomeada “profeti- posição, o que era um meio de conservar a saúde. Outros
53. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 264. mento e obtenção de sucesso na vida’. O avanço mais im-
sa”. Um dos propósitos dele, ao viajar para o Walla Walla animais eram proibidos de ser comidos pelos israelitas, por-
54. Como a maioria das pessoas tinha vista curta! Poucos dias pressionante tem sido nas comodidades técnicas da vida –
College, no início de 1894, era ler um dos testemunhos de que não eram o melhor artigo alimentar.” – Spiritual Gifts,
antes da visão de Parkville, em 22 de dezembro de 1860, Wil- isto é, no domínio das forças naturais. Seria supérfluo enu-
Anna Phillips. O Pastor Haskell também estava em Walla vol. 4, pág. 124.
liam H. Seward, secretário de Estado do governo Lincoln, merar as descobertas e invenções que, desde 1850, têm abre-
Walla e relatou a Ellen White: “O seu testemunho chegou 39. Disponível hoje em Mensagens Escolhidas, livro 2, págs. 411-
predisse um acordo de paz para a crise nacional dentro dos viado espaço, economizado tempo, diminuído o sofrimento
justamente em tempo de evitar alguns problemas em Colle- 479.
sessenta dias seguintes. – Citado em Henry S. Commager, físico e reduzido de algumas maneiras os conflitos da vida,
ge Place. Já ouvi algo parecido quando suas cartas ou teste- 40. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 417. Ver também Conse-
ed., Documents of American History, 7a ed. (New York: embora os tenham aumentado de outras maneiras. Esta série
munho chegaram justamente na hora em que uma reunião lhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 392 e A Ciência do Bom
Appleton-Century-Crofts, Inc., 1863), vol. I, págs. 366 e ininterrupta de invenções técnicas que prosseguem simulta-
estava em andamento e alcançaram as pessoas a tempo de Viver, pág. 314. 369. Em meados de fevereiro de 1861, Thomas R. R. Cobb, neamente com o imenso aumento de todos os ramos do conhe-
evitar problemas, mas [eu] nunca havia passado por essa ex- 41. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 207. secessionista da Geórgia e membro da comissão que prepara- cimento tem pouco a pouco habituado as mentes menos es-
periência antes. ... O irmão Prescott ia ler o testemunho de 42. Ellen White jamais mudou seu parecer sobre a questão do va a constituição dos confederados, escreveu: “A crença qua- peculativas à concepção de que a civilização é naturalmen-
Anna Philips, embora tivéssemos tido uma conversa sobre o consumo da carne de porco como uma prova de comu- se generalizada aqui [Montgomery] é a de que não teremos te progressiva e que o melhoramento constante faz parte da
assunto. Mas no dia da leitura, precisamente no momento nhão, ainda que enfatizasse em seus escritos que Deus de- uma guerra.” – Citado em Edward Channing, History of the ordem das coisas. ...
marcado, chegou a carta da irmã e na mesma hora ele teve, clarara o porco alimento imundo devido à sua natureza United States (New York: Macmillan Co., 1905-1925), vol. “Nas décadas de 70 e 80 do último século [dezenove] a
obviamente, oportunidade de lê-la. Para ele, isto solucionou doentia: “Se você é tanto um leitor da Bíblia como um VI, pág. 264. Dois dias antes de seu Discurso Inaugural, pro- idéia de progresso estava se tornando, de modo geral, um ar-
a questão. Disse ele: ‘Então isto é tudo. Tomarei agora um praticante da Bíblia, deve entender, ao examinar as Escri- ferido em 4 de março de 1861, Lincoln declarou na Filadél- tigo de fé. Alguns acreditam na forma fatalista de que a hu-
pouco do mesmo remédio que tenho ministrado a outros.’ ... turas, que a carne suína foi proibida por Jesus Cristo en- fia: “Tenho me sentido justificado, durante todo o tempo, em manidade caminha em uma direção desejável, não importa o
Mas Deus, em Sua providência, fez com que o testemunho quanto estava envolto em uma nuvem espessa. Isto não concluir que a crise, o pânico e a ansiedade do país neste mo- que homem faça ou deixe de fazer. Outros podem crer que o
viesse como veio e me alcançasse exatamente nesta hora.” – constitui uma prova de comunhão. As famílias têm sido mento são artificiais.” – Citado em Harper’s Weekly, 2 de futuro dependerá, em grande parte, de nossos próprios esfor-
Carta de S. N. Haskell a Ellen White, 9 de março de 1894, instruídas que artigos como manteiga e o consumo abun- março de 1861, pág. 135. ços conscientes, mas que não há, na natureza das coisas, nada
citada em Glen Baker, “Anna Philllips – Not Another Pro- dante de alimentos cárneos não são o melhor para a saúde A Encyclopedia Britannica estimou que a Guerra Civil te- que possa desapontar a expectativa de progresso estável e in-
phet”, Adventist Review, 20 de fevereiro de 1986, pág. 9. (3) física e mental. ... Aconselho todo colportor observador ve um custo “total de cerca de 11.450.500.000 dólares so- definido. A maioria não investigou tão avidamente esses pon-
A famosa viagem para Waukon através do “gelado” Missis- do sábado a evitar comer carne, não porque seja conside- mente para o Norte. Mas o custo do Sul foi enorme; tos de doutrina, mas os recebeu com um vago senso de uma
sippi em dezembro de 1857 inspirou-se em uma visão na qual rado pecado comer carne, mas porque não é saudável.” – 4.000.000.000 de dólares não pode ser exagero. Segue-se confortável adição a suas convicções. Mas isso se tornou par-
Ellen White viu os primeiros líderes adventistas da Nova In- MR, vol. 16, pág. 173. que, até 1909, o custo da guerra para a nação havia se apro- te, em geral, da perspectiva mental das pessoas instruídas. ...
glaterra necessitando com urgência de conselho espiritual. 43. Biography, vol. 1, pág. 61. Transmitir reprovações nunca foi ximado da tremenda quantia de 15.500.000.000 de dólares... “Nos últimos quarenta anos todo país civilizado produziu
Contra todas as recomendações, o grupo dos White abriu ca- fácil. e a morte de provavelmente 300.000 homens de cada lado.” vasta literatura sobre ciências sociais, na qual o progresso in-
minho através das tempestades de neve e da emocionante 44. Life Sketches, pág. 90. – 11ª ed., vol. XXVII, pág. 710. definido é geralmente assumido como um axioma.” – J. B.
experiência no rio, sofrendo ulceração pelo frio e escassez de 45. Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 36 e 37. 55. Loughborough, RPSDA, págs. 236 e 237. Bury, The Idea of Progress (New York: Dover Publications,
alimento – apenas para descobrir que aqueles velhos amigos, 46. Biography, vol. 3, pág. 146. Em um testemunho de quase tre- 56. A Lei do Escravo Fugitivo de 1793 e 1850, confirmada pela 1955), págs. 331, 332, 346 e 348.
inclusive os Andrews, os Loughborough e os Stevens, fica- ze páginas, lido na reunião campal de Michigan, ela escre- Suprema Corte em 1859. Na visão de Rochester, Ellen White O espírito de otimismo reinante na virada do século se re-
ram “tristes por eles terem vindo”. Mas o Espírito de Deus veu perto da conclusão: “Que ninguém alimente o pensa- escreveu: “A lei relativa à fuga de escravos destina-se a ani- flete no sermão do historiador da igreja, Arthur Cushman
prevaleceu. – Biography, vol. 1, págs. 345-349; Maxwell, Tell mento de que me arrependo ou volto atrás em qualquer tes- quilar cada nobre e generoso traço de compaixão que surja Giffert, intitulado “O Reino de Deus”, pregado diversas ve-
It to the World, págs. 139-141; Spalding, Origin and History, temunho direto que apresento a indivíduos ou ao povo. Se no coração das pessoas em favor do escravo oprimido e so- zes durante 1909: “A era moderna é marcada por uma enor-
alguma vez errei, foi em não repreender o pecado de manei- fredor.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 264. “Os ofi- me confiança no poder humano. Durante muitos séculos foi
vol. 1, págs. 279-289. Ver também pág. 202.
ra mais firme e resoluta. Alguns irmãos têm se dado ao tra- ciais do exército sulista recebem constantes informações so- costume pensar no homem como uma coisa fraca e insignifi-
20. I Crôn. 17:1-15. Ver pág. 35.
balho de criticar o que eu faço, sugerindo que haja uma ma- bre os planos do exército da União. ... Os rebeldes sabem cante. Humildade e falta de confiança própria eram as virtu-
21. Ver “Appeal for the Southern Field”, citado em Daniells,
neira mais fácil de corrigir erros. A essas pessoas eu diria: Si- que têm muitos simpatizantes em todo o exército nortista. ... des cardeais; orgulho e autoconfiança, a raiz de todos os ví-
AGP, pág. 322.
go o caminho de Deus e não o de vocês. Não há excesso de Espíritos de demônios, apresentando-se como guerreiros já cios. A mudança não é fruto da especulação, uma mera teo-
22. Biography, vol. 5, págs. 187-193; Daniells, ibidem, págs. 323-327.
franqueza naquilo que tenho dito ou escrito sob a forma de falecidos e habilidosos generais, comunicam-se com homens ria filosófica sobre a relação do homem com o Universo, mas
23. Daniells, AGP, págs. 327-329.
testemunho ou reprovação. Deus me deu uma obra a fazer, e de autoridade, controlando muitas das suas ações. ... Muitos o resultado da real e crescente conquista do mundo em que
24. Relato de Hiram Edson em Present Truth (PT), dezembro de
devo enfrentá-la no juízo. ... Durante toda a minha vida, homens que professam ser da União e que ocupam posições vivemos. ... Característica do tempo presente é sua fé no fu-
1849, citado em Biography, vol. 1, págs. 196-198. Na mesma
tem me sido extremamente difícil ferir os sentimentos de importantes são desleais. Seu único objetivo ao empunhar turo baseada em suas sólidas experiências do passado. ... A
edição desta revista, Ellen White informou: “Enquanto esti-
quem quer que seja ou transtornar sua ilusão ao comunicar armas é conservar a União tal qual se encontra e a escravi- importante tarefa da igreja cristã do século vinte está ao seu
ve em visão, o anjo apontou para a Terra, onde vi o irmão
os testemunhos que Deus me deu. É contrário à minha na- dão junto com ela. Manteriam o escravo sujeito à sua vida alcance. Repousa sobre a igreja a mais elevada responsabili-
Rhodes imerso em densas trevas; mas ele ainda mantinha a
tureza. Causa-me grande dor e muitas noites indormidas.” – de mortificante servidão se tivessem oportunidade. Tais pes- dade de implantar o reino. ... Estamos às vésperas de grandes
imagem de Jesus. Vi que era da vontade de Deus que os ir-
Ibidem, págs. 184 e 185. soas têm forte grau de simpatia pelo Sul. ... Vi que tanto o acontecimentos. Ninguém que conheça a História e seja ca-
mãos Edson e Ralph partissem.”

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CAPÍTULO 15 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta INSTRUÇÕES E PREDIÇÕES
OPORTUNAS

paz de ler os sinais dos tempos pode por um momento duvi- Charles Colson, outro preeminente signatário, defendeu
dar disso.” – Citado em H. Shelton Smith, Robert T. Handy o documento ECT em “Why Catholics Are Our Allies”, on-
Perguntas Para Estudo
Lefferts A. Loetshcer, American Christianity, An Historical In- de ele advoga: “Ao enfrentar o mundo não cristão – seja em
terpretation With Representative Documents (New York: Char- evangelismo ou ativismo político – devemos apresentar uma
les Scribner’s Sons, 1963), págs. 286 e 290. frente unida. Este é o objetivo do ECT. ... Estejamos certos
1. Em que ocasiões o fato de uma visão ser comunicada no momento certo trouxe intenso
59. Manuscrito 139, 1903, citado em Evangelismo, pág. 26. de que estamos disparando nossas armas polêmicas contra o regozijo e confiança adicional?
60. Ibidem, pág. 27. inimigo, não contra aqueles [católicos romanos] que lutam
61. Carta 258, 1907, citada em Eventos Finais, pág. 25. nas trincheiras ao nosso lado [protestantes] na defesa da Ver- 2. Como as visões de Ellen White ajudaram o Dr. Kress de um modo prático?
62. Signs of the Times, 21 de abril de 1890, pág. 242 (Mensagens dade.” – Christianity Today, 14 de novembro de 1994.
aos Jovens, págs. 89 e 90). 72. “Mediante os dois grandes erros – a imortalidade da alma e a
63. Carta 278, 1906, citada em Eventos Finais, pág. 23. 3. Enumere algumas das crenças e opiniões de Ellen White que se modificaram depois de
santidade do domingo – Satanás há de enredar o povo em
64. Review and Herald, 11 de fevereiro de 1904, pág. 8. suas malhas. Enquanto o primeiro lança o fundamento do es-
receber uma visão.
65. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 13 (Ciência do Bom Vi- piritualismo, o último cria um laço de simpatia com Roma.
ver, pág. 183). Livros, revistas e programas de TV atuais pa- 4. No seu modo de entender, por que Deus não revelou toda a verdade que Ele desejava
Os protestantes dos Estados Unidos serão os primeiros a es-
recem estar de comum acordo em deplorar os problemas eco-
nômicos mundiais inerentes aos diversos graus de socialismo
tender as mãos através do abismo para apanhar a mão do es- que Seus mensageiros soubessem no início do seu ministério?
piritualismo; estender-se-ão por sobre o abismo para dar mãos
governamental, transtornos trabalhistas causados pela “era
ao poder romano; e, sob a influência desta tríplice união, es-
da informação”, corrupção moral aliada às drogas e ao álcool
te país seguirá as pegadas de Roma, desprezando os direitos da
5. Que predições de Ellen White você viu cumprir-se nos últimos vinte anos?
e a contribuição destas para a espantosa escalada de crime no
consciência.” – O Grande Conflito, pág. 588.
mundo, o aumento impressionante de gravidez na adolescên-
cia, etc. Todos esses problemas contribuíram para aumentar 73. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 566 (1867); Testemu- 6. Como você reagiria à mensagem de Ellen White se você fosse N. D. Faulkhead?
os custos do governo e a elevação dos impostos. nhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 184 (1872); A Ciência do Bom
66. Primeiros Escritos, pág. 43. Um ano depois, em 24 de agosto Viver, pág. 241 (1905). 7. Enumere e discuta visões dadas nas seguintes categorias: predições; conselho direto a in-
de 1850, ela escreveu: “Vi que as ‘pancadas misteriosas’ eram 74. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 442 (1865); Patriarcas e divíduos; uma visão do tempo do fim.
o poder de Satanás; parte delas procedia diretamente dele, e Profetas, pág. 561 (1890).
outra, indiretamente, mediante seus agentes, mas tudo provi- 75. Ver nas págs. 320-336 suas concepções sobre os perigos do
nha de Satanás. ... Foi-me mostrado que, por essas pancadas uso indiscriminado de açúcar e gordura animal, os problemas 8. Pense em algumas vezes em que o “ouvir a Deus” por parte de Ellen White fez com que
e pelo magnetismo, estes mágicos modernos procurariam ain- de obesidade e irregularidades de alimentação, o alto valor do ela comunicasse a outros, justamente no tempo certo, a mensagem necessária.
da explicar todos os milagres realizados por nosso Senhor Je- exercício, o desafio dos padrões do regime alimentar na in-
sus Cristo, e que muitos creriam que todas as poderosas obras fância, os perigos dos alimentos cárneos, chá, café, etc., em
do Filho de Deus, realizadas quando esteve na Terra, foram Conselhos Sobre Regime Alimentar (Washington, D.C.: Re-
executadas pelo mesmo poder.” – Ibidem, pág. 59. view and Herald Publishing Association, 1938).
67. O Grande Conflito, pág. 581. Ver também Eventos Finais, pág. 130. 76. Life Sketches, pág. 125.
68. Nenhum papa desde 1870, quando o unificado Reino da Itá- 77. 137th Annual Statistical Report – 1999 (publicado pela Asso-
lia assumiu o controle dos territórios papais, havia saído do ciação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia).
solo do Vaticano até a Concordata de 1929 com o governo 78. Life Sketches, pág. 338 (Fundamentos da Educação Cristã, págs.
de Mussolini. 208 e 209).
69. Time, 26 de dezembro de 1994, pág. 54. 79. The Abiding Gift of Prophecy, pág. 309 (1936). Imagine como
70. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 451 (Testemunhos Sele- seria agradável e maravilhoso para os presentes em 1892 se
tos, vol. 2, págs. 150 e 151). Ver também O Grande Conflito, eles pudessem ver hoje a expansão extraordinária dos adven-
págs. 445, 448 e 449. tistas por todo o Sul do Pacífico.
71. Apocalipse 13:3 prediz o dia em que “toda a Terra se maravi- 80. Tiago White, Life Sketches (Battle Creek, MI: Steam Press of
lhou, seguindo a besta [Roma Papal]”. A essência desta decla- Seventh-day Adventist Publishing, 1888), págs. 353-355.
ração feita por preeminentes líderes evangélicos e católicos é: 81. Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, págs. 91 e 96.
“Os que amam ao Senhor devem permanecer juntos”; aquilo 82. General Conference Bulletin, 1903, pág. 85.
que nos une é maior do que aquilo que nos separa. Um dos sig-
83. Ver pág. 189.
natários, J. I. Packer, defendeu seu endosso em “Why I Signed
84. Carta 157, 1902, citado em MR, vol. 4, pág. 280.
It” (Christianity Today, 12 de dezembro de 1994): “O plano de
85. D. E. Robinson, The Story of Our Health Message (Nashville,
suas 8.000 palavras está simplesmente resumido. Depois de
TN: Southern Publishing Association, 1965), págs. 337-361.
declarar que sua preocupação é com ‘o relacionamento entre
86. Ibidem, págs. 351 e 352.
evangélicos e católicos, que constituem neste momento a
87. Review and Herald, 15 de abril de 1858, pág. 174. A primeira
crescente margem de expansão missionária e, mas provavel-
mente, no próximo século’, anuncia a concordância de seus carta de Ellen White a esta família é datada de 12 de julho
compositores no Credo Apostólico e na proposição de que de 1856.
‘somos justificados pela graça mediante a fé por Jesus Cristo’: 88. Delafield, Ellen G. White in Europe, págs. 233, 234 e 236.
afirma um compromisso de buscar mais amor,... esboçar um 89. Carta 39, 1893, citado em Biography, vol. 4, págs. 49 e 50.
propósito de ação conjunta não proselitista para a conversão 90. Manuscrito 4, 1893, citado em ibidem, págs. 50 e 51.
e conservação dos que estão fora. ... Os redatores do ECT de- 91. DF 522a, N. D. Faulkhead a EGW, 20 de fevereiro de 1908,
claram que... entendem a vida cristã do princípio ao fim co- citado em Biography, vol. 4, pág. 51.
mo conversão pessoal a Jesus Cristo e comunhão com Ele, sa- 92. Carta de N. D. Faulkhead, 5 de outubro de 1908, citado em
bem que devem ‘ensinar e viver em obediência às Escrituras ibidem, págs. 51 e 52.
divinamente inspiradas, que são a infalível Palavra de Deus’, 93. Carta 46, 1892, citado em ibidem.
e nesta base são ‘irmãos e irmãs em Cristo’.” 94. Carta 46, 1892, citado em ibidem, pág. 55.

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Mensageira que Escuta
época tornou-se parte essencial da apresenta- mento de 1844], erro após erro procurava for-
ção dos princípios bíblicos. Ellen White cos- çar entrada entre nós; pastores e doutores in-
tumava dizer: “[As instruções foram dadas] troduziam novas doutrinas. Nós investigáva-
para corrigir erros capciosos e para especificar mos as Escrituras com muita oração, e o Espí-

Percepção da o que é a verdade.”12


Em sua preocupação principal de que a Bí-
blia fosse vista como a única regra de fé e prá-
tica do cristão, ela se sentia compelida a en-
rito Santo nos trazia ao espírito a verdade.
Por vezes, noites inteiras eram consagradas à
pesquisa das Escrituras, a pedir fervorosamen-
te a Deus Sua orientação. Juntavam-se grupos

Mensageira Sobre fatizar que, em alguns casos, o que durante sé-


culos fora entendido como “verdade bíblica”
não passava de “microorganismos que pairam
de homens e mulheres consagrados, para esse
fim. O poder de Deus vinha sobre mim, e eu
era habilitada a definir claramente o que era

Si Mesma no ar” e “lixo do erro”.13


Além de corrigir esses germes teológicos
“que pairavam no ar” e que impregnavam o
a verdade e o que era erro.
“Ao serem assim estabelecidos os pontos
de nossa fé, nossos pés se colocavam sobre um
“Durante meio século tenho sido a mensageira do Senhor, e enquanto durar a minha vida conti- cristianismo tradicional no século dezenove, firme fundamento. Aceitávamos a verdade
nuarei a transmitir as mensagens que Deus me dá para Seu povo.” 1 foi-lhe mostrado que algumas verdades cris- ponto por ponto, sob a demonstração do Es-
tãs básicas haviam permanecido inativas pírito Santo. Eu era arrebatada em visão, e
desde o primeiro século. Essas verdades de- me eram feitas explanações. Foram-me dadas
viam ser recuperadas e colocadas dentro do ilustrações de coisas celestiais, e do santuário,

A
percepção que Ellen White tinha de sentar uma mensagem do Senhor a Seu povo, sistema mais amplo do “evangelho eterno”, o de modo que fomos colocados em posição on-
sua missão determinava a maneira e a empreender trabalho em qualquer sentido qual devia ser pregado em sua plenitude no de a luz resplandecia sobre nós em raios cla-
como estabelecia prioridades em sua que Ele me indique.”5 fim do tempo.14 ros e distintos.”16
vida pessoal e quão decidida devia ser em Tinha consciência de que estava inserida Pelo fato de essas percepções de si mesma Essas experiências, durante as quais Ellen
apresentar sua mensagem ao mundo. Ela se na corrente histórica do sistema divino de co- como mensageira de Deus a ajudarem a es- White imprimiu clareza e harmonia aos estu-
julgava um “frágil instrumento... um canal de municação por meio dos profetas e profetisas:
clarecer a verdade bíblica, Ellen White e as dos da Bíblia, comunicaram autenticidade e
comunicação da luz”.2 Em uma declaração “Nos tempos antigos, Deus falou aos homens
pessoas de sua época entendiam que o con- certeza aos primeiros adventistas do sétimo dia.
feita perante 2.500 pessoas (nem todas mem- pela boca de Seus profetas e apóstolos. Nestes
bros da igreja), no Tabernáculo de Battle dias Ele lhes fala por meio dos Testemunhos selho dela se achava num nível muito supe- De tempos em tempos, quando as doutrinas bá-
Creek, no domingo 2 de outubro de 1904, do Seu Espírito. Não houve ainda um tempo rior ao de outros estudantes da Bíblia. Sua sicas eram atacadas de dentro da igreja, ela re-
disse: “Não sou, conforme disse ontem [no em que mais seriamente falasse ao Seu povo a participação na formação da doutrina ad- corria a essas primeiras experiências: “Que nin-
culto de sábado], uma profetisa. Não tenho respeito de Sua vontade e da conduta que es- ventista do sétimo dia era percebida como guém procure remover os alicerces de nossa fé
pretensões de ser líder; afirmo que sou sim- te deve ter.”6 normativa. – os alicerces lançados no princípio de nossa
plesmente uma mensageira de Deus, e isto é obra, pelo piedoso estudo da Palavra e pela re-
tudo quando pretendo ser.”3 Esclarecendo a Verdade Bíblica As Visões Definiram a Verdade e Criaram velação. Sobre estes alicerces temos estado a
Evidentemente, alguns tomaram esta afir- Ellen White jamais pretendeu que seus escri- Unidade Após Estudo da Bíblia construir nestes cinqüenta anos passados.”17
mação e a proclamaram como uma confissão tos tomassem o lugar da Bíblia.7 Ela entendia Nos tempos de sua formação, os adventistas Para os adventistas mais recentes, negar
de que a líder adventista não era, afinal de que seu “primeiro dever” era “apresentar os sabatistas reuniram-se em diversas ocasiões esses acontecimentos históricos – essas expe-
contas, uma profetisa. Mas o que Ellen White princípios bíblicos” e, se não houvesse “deci- para estabelecer suas crenças fundamentais e riências de estudo da Bíblia/confirmação do
queria era esclarecer um mal-entendido co- dida e conscienciosa reforma”, ela devia promover a harmonia em suas fileiras.15 Com Espírito – seria lançar-se de novo na confusão
mum a respeito do que é um profeta e o que “apelar pessoalmente para eles”.8 De fato, a Bíblia aberta, eles dedicaram algumas vezes na qual os irmãos A, B, C ou D se esforçavam
ele faz. Se a única função dos profetas fosse seus “Testemunhos” não teriam sido necessá- dias e noites inteiros ao estudo. Quando o para convencer a outros de que o ponto de
predizer acontecimentos, ela queria que o po- rios “se tivessem feito da Palavra de Deus o grupo se detinha ante um impasse com vários vista bíblico individual era “a verdade”. Du-
vo entendesse que essa definição não se apli- objeto de seus estudos, com o propósito de pontos de vista firmemente defendidos, Ellen rante toda a sua longa vida, Ellen White aju-
cava a seu papel como mensageira de Deus.4 atingir o padrão bíblico e a perfeição cristã”.9
White recebia uma visão na qual era indica- dou os outros a tornarem-se a “primeira gera-
Ela respondeu a indagações tanto de ad- Além disso, nunca reivindicou infalibili-
ventistas quanto de não adventistas quando dade, e sempre enfatizava que “unicamente da a interpretação bíblica correta. Era então ção”, os primeiros “discípulos” adventistas.
disse: “Reivindicar ser profetisa é coisa que Deus é infalível”.10 Estava sempre aberta pa- capacitada a confirmar os resultados do estu- Ela sabia que somente ajudando os adventis-
nunca fiz. Se outros me chamam assim, não ra a revelação da verdade. Para ela, a verdade do da Bíblia do irmão C em vez de os dos ir- tas mais recentes a reviver a “experiência”
discuto com eles. Mas minha obra tem abran- progressiva não contradizia as verdades ante- mãos A, B ou D. (estudo da Bíblia mais confirmação do Espíri-
gido tantos ramos que não me posso chamar riormente reveladas, mas as expandia.11 Eis como Ellen White descreveu essas oca- to), eles conseguiriam divisar a coerência e a
outra coisa senão mensageira, enviada a apre- Corrigir erros do pensamento cristão da siões: “Naquele tempo [depois do desaponta- urgência da mensagem adventista.18
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SOBRE SI MESMA

Segue-se, pois, que rejeitar os escritos de mentos amargos contra os que ousam fa- Reconhecendo a diferença distinta dessa gerais que seriam apropriados às necessidades
Ellen White não é insultá-la, é insultar o Es- lar-lhes dos seus erros e reprovar-lhes os dupla responsabilidade, ela declarou enfati- específicas do momento. Os coríntios não
pírito de Deus. Em muitos casos, durante to- pecados.” 21 camente que seus escritos não deviam ser levaram a carta de Paulo menos a sério pelo
do o seu ministério, ela expressou angústia Ellen White compreendia o que moti- usados como autoridade doutrinária para o fato de ele ter revelado a fonte de sua preocu-
pelo fato de aqueles que faziam pouco caso vava as pessoas a rejeitar seus escritos. Al- público em geral: “Já o primeiro número dos pação. Eles sabiam que o apóstolo estava fa-
ou rejeitavam suas mensagens estavam rejei- guns aceitavam as partes com as quais con- Testemunhos publicados encerra uma adver- lando a verdade sobre a condição deles, e ou-
tando muito mais do que um mero ser huma- cordavam, ao passo que rejeitavam “outras tência contra a maneira desavisada de usar a viram cuidadosamente suas admoestações.
no. Por exemplo: “Os testemunhos que lhes que condenam suas condescendências fa- luz que Deus deste modo comunicou a Seu Por isso, na experiência dela, “Deus mostrou-
tenho dado na realidade me foram apresen- voritas”.22 povo. Afirmei que alguns não haviam proce- me que certo caminho, quando prosseguido,
tados pelo Senhor. Lamento que tenham re- Alguns que não “compreendem” os escri- dido sabiamente. Quando falavam de sua fé ou certos traços de caráter, quando cultivados,
jeitado a luz concedida. ... Não estão traindo tos dela “possuem a luz, mas não têm andado aos descrentes e estes lhes exigiam prova, ci- hão de produzir determinados resultados. Des-
a mim. Não é contra mim que vocês estão nela. O que eu disse em conversações parti- tavam os meus escritos em vez de fornecer- te modo tem estado a preparar-me e discipli-
tão exasperados. É contra o Senhor, o qual culares é repetido de tal maneira que signifi- lhes a prova da Bíblia. Foi-me mostrado que nar-me para que pudesse conhecer os perigos
me deu uma mensagem a ser transmitida pa- que exatamente o oposto ao que eu queria di- tal procedimento é incoerente, tornando os que ameaçam as almas e instruir e advertir
ra vocês.”19 zer, caso os ouvintes fossem santificados na incrédulos prevenidos contra a verdade. Os Seu povo, dando-lhe regra sobre regra... de
mente e espírito”.23 Testemunhos não têm nenhuma força de pro- sorte a não estar em ignorância quantos aos
Trágicas Conseqüências Outros anulavam o conselho de Deus pelo va com os que lhes desconhecem o espírito. enganos do diabo, e poder fugir às suas cila-
Frequentemente, ela deu advertências a res- fato de os escritos dela não concordarem com Não deveriam ser citados em tais casos.”29 das. ... Deveria remeter-me ao silêncio, por-
peito das lamentáveis e algumas vezes trági- suas “opiniões preconcebidas ou idéias parti- Já com os membros da igreja, era diferen- que não me tivesse sido revelado em visão de-
cas conseqüências pessoais que se seguiriam à culares. ... Tudo o que apóia suas idéias acari- te. Sabendo que seus escritos estavam em finida cada caso individualmente?”32
rejeição de seus escritos.20 Pelo fato de saber ciadas é divino, e os testemunhos para corri- harmonia com a Bíblia e que Deus lhe havia Desde suas primeiras visões até sua morte,
que suas visões provinham do Senhor e que gir seus erros são humanos – as opiniões da ir- concedido luz especial para os adventistas Ellen White conhecia a fonte de suas percep-
tinham o objetivo específico de preparar um mã White”.24 com uma tarefa distinta para os últimos dias, ções. “Vi” é uma expressão muito freqüente
povo para a volta de Jesus, ela não reagia ir- Uma ameaça à fé que Ellen White rebatia ela insistia com os membros da igreja para quando ela falava aos membros da igreja. Ou-
refletidamente para com aqueles que trata- de maneira intransigente era a prática de
que aceitassem seus escritos como verdade de tras expressões que enfatizavam seu senso de
vam seu conselho com indiferença. Via o fim “dissecar” seus escritos: “Vocês não imaginam
Deus: “À proporção que se avizinha o fim, e autoridade e missão incluíam: “Falo do que
que podem analisá-los [Testemunhos] de
disso tudo no desenrolar da vida daquela pes- a obra, que tem por objetivo transmitir ao conheço”;33 “da instrução que o Senhor me
modo a acomodá-los às suas próprias idéias,
soa, e ficava alarmada. mundo a última advertência, continua a es- deu. ... Se alguma vez o Senhor falou por meu
pretendendo que Deus lhes deu perícia para
O que segue é uma amostra de sua opinião tender-se, vai-se tornando mais importante intermédio”.34
discernir o que é luz do Céu e o que é mera
com respeito àqueles que brincam com suas para os que abraçaram a verdade possuir uma Embora ela desejasse que seus leitores “ou-
sabedoria humana. Se os Testemunhos não
mensagens: “É plano de Satanás abalar a fé falarem de acordo com a Palavra de Deus, re- compreensão clara tanto da natureza como vissem” a voz de Deus por meio de seus escri-
do povo de Deus nos Testemunhos. Satanás jeitem-nos.”25 da influência dos Testemunhos que Deus, em tos, ensinou claramente que Deus não ditava
sabe como dirigir seus ataques. Começa por Ela cria que seus escritos eram coerentes Sua providência, vinculou à obra da terceira cada palavra. Cria que suas palavras não eram
influir sobre os espíritos de modo a despertar e harmônicos do princípio ao fim – “uma mensagem angélica desde a sua origem.”30 as palavras de Deus (nem as palavras dos au-
neles ciúme e descontentamento em relação corrente retilínea de verdade”. Esta é uma Ellen White deixou claro que não rece- tores bíblicos o eram); comunicava os pensa-
aos que têm a liderança do trabalho. Discu- afirmação extraordinária para qualquer es- bia uma visão específica para cada testemu- mentos divinos com as melhores palavras que
tem-se, pois, os dons, resultando daí serem critor fazer, especialmente aquele que passou nho. Algumas pessoas estavam adotando o pudesse empregar.35
eles amesquinhados, e acaba-se por desconsi- mais de sessenta anos escrevendo.26 O prin- ponto de vista de que, se ela não havia re- Em 1867, ela escreveu o seguinte, num ar-
derar as instruções dadas por meio de visões. cípio definidor que mantinha seus escritos cebido uma visão específica para cada caso, tigo sobre vestuário feminino quando em pú-
Segue-se então o ceticismo com relação a coerentes e harmônicos era o “tema do gran- individualmente, sua advertência de repro- blico, num tempo em que os vestidos longos
pontos vitais de nossa fé, os sustentáculos de de conflito”.27 vação “não tem maior importância do que e esvoaçantes estavam na moda: “Se bem que
nossa posição; vem depois a dúvida sobre as conselhos e advertências provenientes de eu dependa do Espírito do Senhor tanto para
Escrituras Sagradas, e, finalmente, a marcha Duplo Papel outras fontes”.31 escrever minhas visões como para recebê-las,
descensional para a perdição. Quando os Tes- Pelo fato de acreditar convictamente que Então ela se serviu da experiência de Pau- todavia as palavras que emprego ao descrever
temunhos, em que uma vez se acreditou, são Deus a estava usando como Sua mensageira lo como uma analogia. Assim como Paulo o que vi são minhas, a menos que sejam as
postos em dúvida e rejeitados, Satanás sabe para os últimos dias, ela via a si mesma co- não teve uma visão específica antes de escre- que me foram ditas por um anjo, as quais eu
que os iludidos não se deixarão ficar por aí; e mo desempenhando dois papéis: para o pú- ver sua primeira carta aos coríntios, mas rece- sempre ponho entre aspas.”36 Ela está fazen-
redobra de esforços até que os arraste a uma blico em geral, um evangelho de apelo e ad- beu da família de Cloé informações prelimi- do aqui distinção entre as exatas palavras di-
rebelião declarada, que se torne insanável e vertência; e para os adventistas, uma mes- nares (I Cor. 1:11), assim também Ellen White vinamente proferidas e as suas palavras utili-
termine em destruição. ... Suscitam senti- tra-conselheira.28 fora levada a colocar por escrito princípios zadas na transmissão da mensagem da visão.
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CAPÍTULO 16 O ministério profético de Ellen G. White
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SOBRE SI MESMA

A distinção está entre as palavras divinas e as tos estranhos, e aconselho segundo a luz que Podemos citar vários exemplos que mos- embora na maior parte das vezes falte calor,
palavras dela, não entre as palavras dela e as me tem sido comunicada.”38 tram que Ellen White também copiava ex- afeição, seriedade e espírito generoso, porque
de outros seres humanos, que ela ocasional- pressões de outros autores ao relatar suas vi- falta o contexto que a envolve. Na verdade,
mente utilizava para imprimir precisão e co- Fontes Externas ao Relatar Visões sões. Esta é uma prática previsível quando os algumas vezes a escritora pode parecer abrup-
lorido histórico a seus escritos. Ellen White ocasionalmente empregava ma- profetas usam sua própria experiência e siste- ta, mesmo ríspida, em cartas ou sermões cita-
Ellen White apelava ao bom senso do lei- terial que havia lido ou acontecimentos inte- ma de referência ao descrever o que viram em dos apenas em parte. Somente quando toda a
tor, assim como devemos usar o bom senso ressantes de ocorrência recente para imprimir sonhos ou visões. carta é lida, conseguimos captar toda sua dis-
quando estudamos a Bíblia. Os princípios não vigor à mensagem que procurava comunicar. Através dos anos, a Sra. White usou as ex- posição e propósito.45
mudam; mas as normas e as aplicações dos Acontecimentos recentes estavam obvia- pressões “vi” e “foi-me mostrado” quando re- O método mais seguro de entender escri-
princípios a um determinado tempo e lugar mente na sua mente assim como na mente latava seus sonhos ou visões.43 No começo de tores citados com muita freqüência é reviver
podem ser alteradas em virtude de tempos e das pessoas não inspiradas. Eram parte de um seu ministério, ela usava essas expressões com as circunstâncias em que eles estavam inseri-
circunstâncias mutáveis.37 processo mental e todos os empregam para fa- freqüência porque falava ou escrevia espe- dos e sentir a preocupação que eles sentiram
É preciso bom senso para enxergar a dife- zer a ligação entre o conhecido e o desconhe- cialmente para crentes. Mas em anos poste- ao escrever. Para uma melhor compreensão das
rença entre o sagrado e o comum. Um exem- cido. Deus, às vezes, chamava a atenção do riores, quando algumas dessas visões foram mensagens de Ellen White, devemos lembrar a
plo clássico da confusão entre o santo e o pro- profeta e tornava Sua mensagem mais con- republicadas para o público em geral, essas maneira como seus contemporâneos a compreen-
fano aconteceu em 1909. Um membro da vincente em uma visão, ligando-a a algum expressões foram omitidas, por razões óbvias. deram. Estavam seguros de sua honesta fran-
igreja cria que a Sra. White errara ao declarar acontecimento recente. queza, espírito generoso, cordialidade e com-
numa carta que Paradise Valley Sanitarium Um exemplo disso é a tragédia de uma Duas Maneiras de Entender promisso todo abrangente ao comunicar as
possuía quarenta quartos, quando na realida- contracorrente submarina na Nova Zelân- Essas duas expressões [“vi” e “foi-me mostra- mensagens de Deus, não diluídas por simpa-
de só contava com trinta e oito. Para ajudar dia que arrastou três nadadores até a morte do”] podem ser compreendidas de duas ma- tias humanas. A maioria recebeu suas ad-
as pessoas confusas, ela explicou: e um apelo de cortar o coração que ela fez a neiras: os profetas realmente viam com os moestações – algumas vezes incisivas re-
“A informação quanto ao número de seu filho Edson.39 Outro exemplo aconte- próprios olhos ou ouviam com os próprios ou- preensões – com a confiança de que ela era
quartos no Paradise Valley Sanitarium foi ceu em 1903, quando a denominação se en- vidos o que eles relatavam depois; ou os pro- uma “mãe” zelosa e uma correta disciplinado-
dada, não como uma revelação vinda do Se- volveu na grave crise do panteísmo. Pouco fetas “eram levados pelo Espírito Santo a en- ra. Os que rejeitaram suas mensagens vive-
antes de receber uma visão que se demons- ram o suficiente para se arrepender de sua
nhor, mas simplesmente como uma opinião tender que determinados conceitos eram ver-
trou imensamente útil, ela havia lido num obstinação ou para observar na própria vida o
humana. Nunca me foi revelado o número dadeiros mesmo à parte de uma visão. Como
jornal sobre um navio que, em meio à cer- cumprimento das predições dela.
exato de quartos de qualquer de nossos hos- quer que seja, a expressão significa sempre
ração, se havia chocado contra um iceberg.
pitais; e o conhecimento que tenho obtido que o que foi escrito foi escrito sob a inspira-
Na visão, a analogia do iceberg encerrava As Visões Não São um Substituto
dessas coisas, tive indagando dos que se espe- ção do Espírito de Deus.”44
uma lição: “Eu conhecia bem o significado Para o Estudo da Bíblia
rava que soubessem. Em minhas palavras, dessa representação. Havia recebido mi- Todos já passaram pela experiência de ci- Na década de 1850, opositores dos adventis-
quando falando acerca desses assuntos co- nhas ordens. Ouvira as palavras, como a vi- tar outra pessoa, seja numa carta, seja numa tas do sétimo dia ridicularizam-lhes as doutri-
muns, não há nada que leve as mentes a crer va voz de nosso Comandante: ‘Enfrentem- conversa. Para manter o interesse dos ou- nas como sendo “opiniões das visões”. Tiago
que recebo meu conhecimento em visão do no!’ Eu sabia qual era meu dever, e que não vintes ou leitores, costumamos citar “os White respondia apontando para o fato de
Senhor e o estou declarando como tal. ... havia um momento a perder. ... Eis a razão pontos principais” a fim de evitar uma reci- que toda doutrina se baseava na Bíblia e se
Misturar, porém, o sagrado com o comum é por que você recebeu os testemunhos no tação tediosa. apoiava em argumentos bíblicos: “O reaviva-
um grande erro. ... tempo em que os recebeu.”40 Muitas vezes, porém, a pessoa citada po- mento de alguns ou de todos os dons jamais
“Há vezes, porém, em que devem ser de- O Senhor, obviamente, ao dar Suas visões, derá dizer: “Não foi isso o que eu quis dizer!” tomará o lugar da necessidade de pesquisar a
claradas coisas comuns, pensamentos comuns poderia utilizar conhecimento e idéias que os Ou: “Eu não disse isso desse jeito!” O frag- Palavra para aprender a verdade. ... Não é
precisam ocupar a mente, cartas comuns pre- profetas haviam descoberto anteriormente mento, a citação condensada, pode ser exa- plano de Deus guiar Seu povo em amplo
cisam ser escritas e informações dadas, as por meio de leitura ou experiência.41 Caso tamente o que foi dito, mas, sem o cenário e campo da verdade por meio dos dons. Mas
quais passaram de um a outro dos obreiros. contrário, Deus estaria fazendo da mente do o contexto do comentário original, pode depois que Seu povo tiver pesquisado a Pala-
Tais palavras, tais informações, não são dadas profeta uma máquina de fax. criar vida própria sem comunicar a intenção vra, se indivíduos se transviarem da verdade
sob a inspiração especial do Espírito de Deus. Não devemos ter dúvida sobre a inspiração original. bíblica ou, por meio de contendas, tentarem
São por vezes feitas perguntas que não dizem da Bíblia. Durante séculos ela tem suportado Nossas próprias experiências pessoais nos impor conceitos errôneos aos sinceros pesqui-
respeito absolutamente a assuntos religiosos, o ceticismo e o exame rigoroso. Quando estu- ajudam em nossa tentativa de entender a Sra. sadores da verdade, então é a oportunidade
e estas perguntas precisam ser respondidas. damos a maneira como os escritores bíblicos White de maneira mais precisa e justa. Algu- de Deus corrigi-los por meio dos dons. Isto se
Conversamos acerca de casas e terras, negó- realizaram seu trabalho, descobrimos que de mas vezes, por economia de espaço ou tempo, acha em harmonia com toda a nossa expe-
cios a serem feitos, locais para nossas institui- vez em quando eles faziam empréstimo de ou- citamos apenas parte de uma carta, aponta- riência sobre o assunto.”46
ções, suas vantagens e desvantagens. Recebo tros escritores, sem informar os leitores sobre mento de diário ou manuscrito de Ellen White. Em 1874, Uriah Smith, redator da revista
cartas solicitando conselhos acerca de assun- a prática.42 A citação pode ser claramente entendida, da igreja, respondeu à acusação de um adven-
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SOBRE SI MESMA

tista observador do domingo de que os ad- “apoiar suas posições”. Para ela, bem como quando sozinho com os discípulos, explicava suplementar sobre Jesus, a respeito do qual
ventistas do sétimo dia baseavam seus ensi- para todos os adventistas, a Bíblia deve per- as parábolas de maneira mais completa “temos muitas coisas que dizer e difíceis de
nos sobre o santuário nas visões de Ellen G. manecer “à frente” no estabelecimento dos (Mat. 13). explicar, porquanto vos tendes tornado tar-
White. Em sua resposta, Smith escreveu que pontos principais do “evangelho eterno”. Paulo tinha a cabeça e o coração cheio de dios em ouvir. ... vos tornastes como necessi-
“os livros sobre o santuário estão entre nossas Apoc. 14:6. “Que ninguém seja instruído a coisas para compartilhar com o mundo. Com tados de leite e não de alimento sólido. ... O
publicações padronizadas. ... Em nenhum de- olhar para a irmã White, e, sim ao poderoso os descrentes, ele costumava pensar como um alimento sólido é para os adultos, para aque-
les, porém, as visões aparecem como tendo Deus, que dá instruções à irmã White.”50 judeu ou grego ou habitante de Listra, e lhes les que, pela prática, têm as suas faculdades
qualquer autoridade sobre o assunto ou como No primeiro volume dos Testemunhos Para falava de modo simpático e sem causar pre- exercitadas para discernir não somente o
conceitos – abstendo-se de lhes dizer muita bem, mas também o mal.” Heb. 5:11-14.
sendo a fonte de onde se originou qualquer a Igreja, Ellen White admoestou os crentes
coisa que podia compartilhar com os crentes A experiência de Ellen White foi a mesma
ponto de vista que defendemos. ... O apelo é que a acompanhavam de não assumirem a (I Cor. 9:19-22). Contudo, mesmo com os de Cristo e a de Paulo: ela possuía a verdade
invariavelmente à Bíblia, onde encontramos “atitude imprudente” de apresentarem aos in- crentes que ainda estavam crescendo em ex- – e em tamanha quantidade que chegava a
abundante evidência para os pontos de vista crédulos a leitura de uma visão, “em vez de se periência, Paulo dizia: “Leite vos dei a beber, arder dentro de seu íntimo – mas não podia
que temos sobre o assunto.”47 voltarem para a Bíblia em busca de prova”. não vos dei alimento sólido; porque ainda divulgá-la toda de uma só vez. Os mestres po-
Durante todo o seu ministério, Ellen White Por quê? A Sra. White viu que “esse proceder não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora po- dem ir somente até o ponto em que seus ou-
manteve a primazia da Bíblia. Em 1851, ela era incoerente, e suscitava nos incrédulos deis.” I Cor. 3:2. vintes conseguem compartilhar suposições
fez o seguinte apelo: “Recomendo-lhe, caro preconceitos contra a verdade. As visões não Em sua carta aos hebreus, Paulo desenvol- básicas. Os profetas devem ser perspicazes e
leitor, a Palavra de Deus como regra de sua fé podem ter peso para os que nunca as viram, e veu determinados aspectos da Encarnação e sábios na maneira como apresentam a verda-
e prática. Por essa Palavra seremos julga- nada sabem do espírito das mesmas. Não de- da razão por que Jesus Se tornou homem. Es- de em desenvolvimento. Mesmo para os
dos.”48 “O Senhor deseja que você estude a vemos a elas nos referir, em tais casos”.51 ta informação tinha muito que ver com uma crentes que conhecem algo da atuação do Es-
Bíblia. Ele não deu nenhuma luz adicional Este princípio de acomodação52 ao nível compreensão mais profunda do ministério de pírito Santo, os mestres e os profetas devem
para tomar o lugar de Sua Palavra. Esta luz [o de experiência dos ouvintes ou leitores é Cristo no santuário celestial. Mas Paulo sa- empregar o cuidadoso respeito que Paulo em-
dom de profecia] deve conduzir as mentes ilustrado no ministério de Jesus e no de Pau- bia, por alguma razão para a qual não estamos pregava de acordo com o nível de experiên-
confusas a Sua Palavra.”49 lo. Muitas vezes quis o Salvador contar ao despertos, que seus leitores não estavam cia dos ouvintes – transmitindo-lhes somen-
mundo, e mesmo aos Seus discípulos, “toda” prontos para as vastas implicações da verdade te o que podiam “suportar”.
Os Escritos de Ellen White a verdade, mas eles não estavam preparados
Principalmente Para a Igreja para ela. A instrução prematura pode desper- Referências
Na página 112, observamos a maneira como tar resistência e preconceito desnecessários.
1. Carta 84, 1909, citado em Mensagens Escolhidas, livro 3, 11. “As verdades da redenção são susceptíveis de desenvolvi-
Ellen White e seus designados assistentes de Mesmo em Seus ensinamentos por parábolas pág. 71. mento e expansão constantes. Embora velhas, são sempre
redação modificavam o texto quando se des- aos discípulos – aqueles que melhor O co- 2. Carta 86, 1906, a George Butler, citado em MR, vol. 10, novas, e revelam constantemente ao pesquisador da verdade
tinava ao público em geral. Por quê? Para que nheciam – Jesus lhes ensinava somente até o pág. 343. Ver pág. 182. maior glória e força mais potente. Em cada época há novo
3. Biography, vol. 5, pág. 355. “Você não tem o direito de supor desenvolvimento da verdade, uma mensagem de Deus para
não se desse nenhum motivo de ofensa àque- ponto em que “podiam compreender”. Mar. que estou lutando para ser a primeira, lutando por liderança. essa geração. As velhas verdades são todas essenciais; a no-
les que ouviriam pela primeira vez as verda- 4:33. E somente horas antes de Sua morte, ... Quero que fique bem claro que não tenho ambição de ter va verdade não é independente da antiga mas um desdobra-
o nome de líder ou qualquer outro nome que me possam dar, mento dela. Só compreendendo as velhas verdades é que po-
des distintivas do evangelho. Isso refletia o Jesus lembrou a Seus discípulos que eles pre- exceto o de mensageira de Deus. Não reivindico nenhum demos entender as novas. ... O homem que rejeita ou despre-
princípio paulino de alcançar as pessoas onde cisavam aprender muito mais, mas não esta- outro nome ou posição. Minha vida e minha obra falam por za a nova, não possui realmente a velha.” – Parábolas de Je-
si mesmas.” – Carta 320, 1905, a J. H. Kellogg, em MR, vol. sus, págs. 127 e 128.
elas estão (I Cor. 9:21-23). As referências às vam prontos: “Tenho ainda muito que vos 5, pág. 439. 12. Carta 117, 1910, citado em Mensagens Escolhidas, livro 3,
visões foram removidas de seus primeiros es- dizer. Mas vós não o podeis suportar agora.” 4. “Por que não tenho eu reivindicado ser profetisa? Porque pág. 32. “Deus prometeu dar visões nos ‘últimos dias’; não
critos quando republicados para o público em João 16:12. nestes dias muitos que ousadamente pretendem ser profetas para uma nova regra de fé, mas para... corrigir os que se des-
são uma desonra à causa de Cristo; e porque meu trabalho viam da verdade bíblica.” – Ibidem, pág. 29. “Além das ins-
geral. Quando se tornou óbvio que um livro Ao proclamar o evangelho ao público em inclui muito mais do que a palavra ‘profeta’ significa.” – Re- truções em Sua Palavra, o Senhor tem concedido testemu-
como O Grande Conflito devia ser vendido geral, Jesus era mais restrito. Acima de tudo, view and Herald, 26 de julho de 1906, citado em Mensagens nhos especiais a Seu povo, não como uma nova revelação,
Escolhidas, livro 1, pág. 32. mas para que possa apresentar-nos as claras lições de Sua Pa-
para o público em geral, especialmente na Ele evitava tanto quanto possível ofender as 5. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 34. lavra, a fim de que sejam corrigidos os erros e indicado o ca-
Europa, fizeram-se modificações. Na edição pessoas. Não queria gerar preconceito em 6. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 661 (Testemunhos Se- minho certo, para que toda alma fique sem desculpa.” – Car-
letos, vol. 2, pág. 276). “O Espírito Santo é o autor das Escri- ta 63, 1893, citada em ibidem, pág. 31. Ver também Primei-
de 1888 de O Grande Conflito, por exemplo, ninguém dizendo algo que despertasse desne- turas e do Espírito de Profecia.” – Carta 92, 1900, citado em ros Escritos, pág. 78. Review and Herald, 5 de agosto de 1893.
determinadas referências que admitiam um cessariamente uma reação negativa. Ele os le- Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 30. 13. “O erro não pode subsistir por si mesmo, e se extinguiria de
conhecimento da história milerita foram ex- vava do conhecido para o desconhecido a co- 7. O Grande Conflito, pág. 9. pronto, não se apegasse como parasita à árvore da verdade.
8. Carta 69, 1896, citada em Mensagens Escolhidas, livro 3, ... As tradições dos homens, como microorganismos que pai-
pandidas para leitores ao redor do mundo. meçar das autoridades nas quais já confia- pág. 30. ram no ar, agarram-se à verdade de Deus, e os homens as
Outra recomendação que Ellen White fa- vam, apelando até mesmo para o testemunho 9. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 665 (Testemunhos Se- consideram como parte da verdade. ... E à medida que a tra-
letos, vol. 2, pág. 280). Ver Mensagens Escolhidas, livro 3, dição caminha de século para século, vai adquirindo poder
zia a seus colegas de trabalho era que os pas- da própria natureza. Por essas razões, Jesus re- págs. 29-33. sobre o espírito humano. O tempo, todavia, não torna o er-
tores não deviam usar seus escritos em reu- tinha muito do significado de Suas parábolas 10. Carta 10, 1895, citada em Mensagens Escolhidas, livro 1, ro verdade.” – Carta 43, 1895, citado em SDABC, vol. 5,
pág. 37. Ver pág. 376. pág. 1.094 (Evangelismo, pág. 589).
niões evangelísticas com o objetivo de quando falava ao público em geral, mas,
176 177
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO III
CAPÍTULO 16 O ministério profético de Ellen G. White
A Mensageira que Escuta PERCEPÇÃO DA MENSAGEIRA
SOBRE SI MESMA

14. “Grandes verdades que não foram ouvidas e contempladas 18. “Nos primeiros dias da mensagem quando nosso número era vem ter algo para recordar a história passada, a fim de que ve- siderados. Coisa alguma deve ser feita inoportunamente.” –
desde o dia de Pentecostes, resplandecerão da Palavra de pequeno, estudávamos diligentemente para compreender o jam que há uma corrente de verdade retilínea, sem uma só Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 57. Ver págs. 395-397.
Deus em sua pureza original. Aos que realmente amam a significado de muitas passagens das Escrituras. Às vezes pare- frase herética, naquilo que escrevi.” – Carta 329a, 1905, ci- 38. Ibidem, págs. 38 e 39.
Deus, o Espírito Santo revelará verdades que desapareceram cia não ser possível dar uma explicação. Minha mente pare- tada em Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 52. 39. Biography, vol. 4, págs. 94-97.
da mente, e também lhes revelará verdades inteiramente no- cia estar fechada à compreensão da Palavra; mas, quando 27. Ver pág. 256. 40. Ibidem, vol. 5, pág. 301.
vas.” – Review and Herald, 17 de agosto de 1897 (Fundamen- nossos irmãos que se haviam reunido para estudar chegavam 28. Ver pág. 112 a respeito dos artigos de revista (primeiramente 41. Ronald Graybill, “The ‘I saw’ Parallels in Ellen White’s Wri-
tos da Educação Cristã, pág. 473). a um ponto em que não podiam ir além, e recorriam a fervo- de Signs of the Times) que ela preparou para o público em geral. tings”, Adventist Review, 29 de julho de 1982, pág. 4.
“À medida que se aproxima o fim, os testemunhos dos ser- rosa oração, o Espírito de Deus repousava sobre mim e eu era 29. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 669 (Testemunhos Sele- 42. Ibidem. Ver pág. 378 para comentário adicional sobre escri-
vos de Deus tornar-se-ão mais decididos e mais poderosos, arrebatada em visão, sendo instruída a respeito da relação de tos, vol. 2, págs. 284 e 285); ver também Review and Herald, tores inspirados que “copiaram” expressões de escritores não ca-
lançando a luz da verdade sobre os sistemas de erro e opres- uma passagem com outras passagens da Escritura. Estas expe- 22 de agosto de 1893. nônicos.
são que por tanto tempo têm mantido a supremacia. O Se- riências se repetiram reiteradas vezes. Assim, muitas verdades 30. Ibidem, pág. 654 (ibidem, pág. 270). “Por meio de Seu Santo 43. Ronald Graybill, “The ‘I saw’ Parallels in Ellen White’s Wri-
nhor nos enviou mensagens para este tempo, a fim de esta- da mensagem do terceiro anjo foram estabelecidas ponto por Espírito a voz de Deus nos tem vindo continuamente em ad- tings”, Adventist Review, 29 de julho de 1982, pág. 5.
belecer o cristianismo sobre uma base eterna, e todos os que ponto. Pensam vocês que minha fé nesta mensagem vacilará? vertências e instruções, para confirmar a fé dos crentes no Es- 44. “É importante reconhecer que, embora a Sra. White algumas
crêem na verdade presente devem firmar-se, não em sua pró- Pensam que posso ficar calada quando vejo ser feito algum es- pírito de Profecia. Tem vindo repetidamente a ordem: Escre- vezes tenha registrado as exatas palavras de seu anjo-guia en-
pria sabedoria, mas em Deus; e levantar o fundamento de forço para remover as colunas fundamentais da nossa fé? Es- va as coisas que lhe tenho dado para confirmar a fé de Meu tre aspas, muitas vezes ela apenas relatou o ponto principal
muitas gerações.” – Carta 1f, 1890, citada em Mensagens Es- tou tão cabalmente estabelecida nestas verdades tanto quan- povo na atitude que eles tomaram. ... As instruções dadas nos do que ele lhe havia dito em visão, reconstruindo as palavras
colhidas, livro 3, pág. 407. to é possível que alguém o esteja. Nunca poderei esquecer a primeiros tempos da mensagem devem ser conservadas como do anjo da melhor maneira que conseguia lembrar-se, colo-
“As gemas do pensamento devem ser reunidas e resgata- experiência pela qual passei. Deus confirmou minha crença instruções dignas de confiança para se seguirem nesses seus cando-as sob a forma de comunicado direto e colocando-as
das de sua mistura com o erro, pois, ao terem sido mal colo- por muitas manifestações de Seu poder.” – Review and Herald, dias finais. Os que são indiferentes a esta luz e instrução não entre aspas.” – Ibidem.
cadas em ligação com o erro, o Autor da verdade foi deson- 14 de junho de 1906, pág. 8 (Mensagens Escolhidas, livro 3, precisam esperar escapar aos laços que, temos sido claramen- 45. Ver pág. 394.
rado. As preciosas gemas da justiça de Cristo, as verdades de pág. 38). Existem pelo menos seis relatos destas reuniões so- te avisados, hão de fazer com que os rejeitadores da luz trope- 46. Review and Herald, 26 de fevereiro de 1856, pág. 172.
origem divina, devem ser cuidadosamente investigadas e co- bre o sábado e o santuário: Spiritual Gifts, vol. 2, págs. 47-49; cem e caiam, e sejam enlaçados, e presos.” – Review and He- 47. Review and Herald, 22 de dezembro de 1874. “Embora Ellen
locadas em seu devido lugar, para que cintilem com brilho Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 75-87; Testemunhos rald, 18 de julho de 1907, pág. 8 (Mensagens Escolhidas, livro White tenha recebido visões confirmadoras na época das dis-
celestial em meio às trevas morais do mundo. Que as bri- Para Ministros, págs. 24-26; Mensagens Escolhidas, livro 1, 1, pág. 41). cussões doutrinárias e em ocasiões subseqüentes... os adven-
lhantes jóias da verdade concedidas por Deus ao homem pa- págs. 206 e 207; MR, vol. 3, págs. 412-414; Sermons and 31. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 683 (Testemunhos Sele- tistas coerentemente faziam seu apelo final às Escrituras.” –
ra adornar e exaltar Seu nome sejam cuidadosamente resga- Talks, vol. 1, págs. 340-348. tos, vol. 2, pág. 294). Paul A. Gordon, The Sanctuary, 1844, and the Pioneers (Ha-
tadas do lixo do erro, aonde foram lançadas pelos transgres- 19. Carta 66, 1897, citada em Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 32. Ibidem, págs. 686 e 687 (ibidem, págs. 296 e 297). gerstown, MD: Review and Herald Publishing Association,
sores da lei e onde têm servido ao propósito do grande enga- 84; ver também Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, pág. 136. 33. Australian Union Conference Record, 28 de julho de 1899, pág. 8. 1983), pág. 29.
nador em virtude de sua ligação com o erro. Que as gemas da Essas pessoas “insultaram a Deus” (Testemunhos Para a Igreja, 34. General Conference Bulletin, 3 de junho de 1909, pág. 292. 48. Primeiros Escritos, pág. 78.
luz divina sejam recolocadas na moldura do evangelho.” – vol. 5, pág. 64); estão “lutando contra Deus” (Testemunhos 35. Ver págs. 16, 120, 173, 375, 376 e 421 para uma discussão so- 49. Carta 130, 1901, citada em Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág.
Review and Herald, 23 de outubro de 1894, pág. 1. Para a Igreja, vol. 5, pág. 234); e “estão procedendo como os bre a diferença entre inspiração verbal e inspiração do pen- 29; ver Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 604-609.
“Se fizermos mesmo o melhor que pudermos para apresen- filhos de Israel procederam reiteradas vezes”. Mensagens Es- samento; ver Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 15-26. 50. Carta 11, 1894, citada em Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 30.
tar a verdade em seu caráter comovedor, contrariando as opi- colhidas, livro 3, pág. 70). 36. Review and Herald, 8 de outubro de 1867, pág. 260. 51. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 119 e 120.
niões e idéias de outros, [ela] será mal interpretada, mal apli- 20. Para exemplos, considere Stephen Smith (Biography, vol. 1, 37. “Quanto aos testemunhos, coisa alguma é ignorada; coisa al- 52. Ver George Reid, “Is the Bible Our Final Authority?” Mi-
cada e mal citada aos que entretêm o erro, a fim de fazê-la págs. 490-492); B. F. Snook e W. H. Brinkerhoff, ibidem, vol. guma é rejeitada; o tempo e o lugar, porém, têm que ser con- nistry, novembro de 1991, pág. 9.
aparecer numa luz objetável. Existem alguns, aos quais vocês 1, págs. 416 e 473; vol. 2, págs 23, 44, 146-151; J. M. Ste-
levam a verdade, que não têm estado a beber do vinho de phenson e D. P. Hall, ibidem, vol. 1, págs. 310-315, 323, 332
Babilônia. É-lhes difícil compreender a verdade, daí a neces- e 336; Moses Hull, ibidem, vol. 2, págs. 53-58, 63, 65, 67 e 74;
sidade de ensiná-la como é em Jesus.” – Ibidem, 3 de junho Dudley Canright, ibidem, vol. 3, págs. 152, 153, 263-267, 290
Perguntas Para Estudo
de 1890, pág. 338 (Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 405). e 360; S. McCullagh, ibidem, vol. 4, págs. 275-286 e 453.
15. Biography, vol. 1, págs. 137-151, 187-194, 208, 264 e 265. 21. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 672 (Testemunhos Sele-
16. Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 31 e 32. Uma ilustração tos, vol. 2, págs. 287 e 288).
1. Que significado você vê no fato de Ellen White ter escolhido o termo “mensageira” em
desta elaboração de doutrina mediante estudo da Bíblia/con- 22. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 154. “Quando percebo vez de “profetisa” para descrever seu ministério?
firmação do Espírito encontra-se em Testemunhos Para a Igre- que alguns procuram intensamente algumas palavras que te-
ja, vol. 1, pág. 86: “Nossa primeira reunião em Nova Iorque nham sido traçadas por minha pena e a que possam atribuir
ocorreu em Volney, no celeiro de um irmão. Cerca de 35 pes- suas interpretações humanas, a fim de manter suas posições e
2. Quais são alguns dos germes teológicos “que pairavam no ar” do cristianismo conven-
soas estavam presentes – todos os que, naquele Estado, ti- justificar um procedimento errôneo – quando penso nestas cional, os quais Ellen White se sentiu compelida a rejeitar?
nham condições de vir. Desses, contudo, dificilmente have- coisas, não é muito animador continuar escrevendo.” – Men-
ria dois que estivessem de acordo entre si. Alguns nutriam e sagens Escolhidas, livro 3, págs. 81 e 82. “As condescendên-
defendiam erros graves, cada qual justificando arduamente cias pecaminosas são mantidas, os Testemunhos rejeitados, 3. Com que doutrinas a Igreja Adventista do Sétimo Dia substituiu esses “germes”?
seus próprios pontos de vista, e declarando estarem eles de apresentando-se aos outros muitas falsas desculpas para justi-
acordo com a Bíblia. ficar a recusa. O verdadeiro motivo não é revelado. É uma fal- 4. Por que Ellen White diz que seus escritos, principalmente os Testemunhos, foram escri-
“Essas estranhas diferenças de opinião traziam-me grande ta de coragem moral, de uma vontade fortalecida e dirigida
peso ao coração, pois me parecia que Deus estava sendo de- pelo espírito de Deus, para renunciar hábitos prejudiciais.” – tos essencialmente para os membros da igreja?
sonrado; e desmaiei sob aquele fardo. Alguns recearam que Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 675 (Testemunhos Sele-
eu estivesse morrendo, mas o Senhor ouviu as orações de tos, vol. 2, pág. 289); ver também vol. 4, pág. 32. 5. Como podiam Paulo e Ellen White escrever cartas de conselho sem terem tido visões
Seus servos e restabeleceu-me. A luz do Céu repousou sobre 23. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 82.
mim e logo perdi a noção das coisas terrestres. Meu anjo as- 24. Ibidem, pág. 68. que inspirassem tais cartas?
sistente apresentou diante de mim alguns dos erros dos pre- 25. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 691 (Testemunhos Sele-
sentes, e também a verdade em contraste com seus erros. Es- tos, vol. 2, pág. 302). “Meu Instrutor disse-me: Diga a esses 6. De que maneira algumas pessoas, mesmo hoje, tornam os escritos de Ellen White sem
sas opiniões contraditórias que eles diziam estar de acordo homens que Deus não lhes confiou a obra de julgar, classifi-
com a Bíblia, estavam tão-somente de acordo com seu modo car e definir o caráter dos testemunhos. Os que isso empreen- “nenhum efeito”? Qual a barreira mais segura que podemos construir a fim de evitar a
pessoal de interpretar a Bíblia. Eles deviam submeter seus er- dem seguramente errarão em suas conclusões.” – Mensagens “rejeição” da autoridade de Ellen White?
ros e unir-se em torno da terceira mensagem angélica. Nosso Escolhidas, livro 1, pág. 49.
encontro encerrou-se triunfalmente. A verdade obteve a vi- 26. “Escrevi tudo que tinha para dizer sobre a luz que recebi, e
tória. Os irmãos abandonaram seus erros e se uniram sob a grande parte dela está agora irrompendo da página impressa.
terceira mensagem angélica. Deus os abençoou grandemente Há, do princípio ao fim de minhas obras impressas, uma har-
e aumentou seu número.” monia com o meu ensino no presente.” – Review and Herald,
17. Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, pág. 297 (Testemunhos Sele- 14 de junho de 1906 (Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 38).
tos, vol. 3, pág. 274). “Enquanto eu for capaz de realizar esta obra, as pessoas de-

178 179
IV

SEÇÃO
A Voz de um Movimento

CAPÍTULO

17 Organização, Unidade e Desenvolvimento


Institucional

18 Crises Teológicas

19 Evangelismo Regional e Global, e Relações


Raciais

20 Mordomia, Relações Governamentais


e Envolvimento Humanitário

21 Dissidentes Dentro e Fora

21a Personalidades do Mundo Adventista


de Ellen G. White (Seção de Fotos)
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO IV

17
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Voz de um Movimento
evangelho, os resultados seriam mínimos. Pa- de temperança se espalhavam pelo mundo. O
ra ela, a mais elevada prioridade da igreja era mais surpreendente ainda é que esta mulher,
refletir a vida cristã que tornaria o evangelho sem ter um cargo na igreja ou educação for-
de Cristo atrativo e convincente.7 mal nas muitas áreas sob as quais versou pro-

Organização e Organização e Unidade


Ser a mensageira, contudo, significava estar
muitas vezes à frente dos líderes do movi-
fundamente, foi a principal inspiração na
moldagem desses vários interesses em uma
organização unida.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia não se
Desenvolvimento mento, não apenas em percepções teológicas
e suas aplicações práticas, mas também na
constante insistência por unidade e organiza-
desenvolveu a partir de uma crise ocorrida
em alguma igreja anterior de onde surgiu um
líder carismático a fim de levar seus seguido-

Institucional ção. Ao comparar outros milenaristas da épo-


ca como os mórmons e as testemunhas de
Jeová, historiadores e sociólogos consideram
res para uma nova organização, como no caso
de John Wesley e os metodistas. Nem surgiu
por causa de uma contenda doutrinária, se-
“Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor “extraordinária” a rápida transição da insta- melhante à origem de diversas igrejas lutera-
nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.”1 bilidade pós-milerita para a “organização bas- nas e presbiterianas que existem hoje em dia.
tante estável e uniforme” alcançada pela A Igreja Adventista do Sétimo Dia nas-
Igreja Adventista do Sétimo Dia. ceu de um profundo despertamento espiri-
Sugerem-se cinco razões para este fenôme- tual conhecido como movimento milerita.

O
ministério de Ellen White e o surgi- contrar com o Senhor prestes a voltar. Com
no na expansão dos adventistas sabatistas: O companheirismo criado pela crença na
mento da Igreja Adventista do Séti- esta dupla ênfase – o abandono dos costumes
mo Dia são inseparáveis. Tentar en- prejudiciais das práticas mundanas e o com- (1) eles se separaram dos outros pós-mileritas “bendita esperança” (Tito 2:13) – um dos
tender um sem o outro tornaria a ambos inin- promisso de anunciar ao mundo os princípios e milenaristas “após a reformulação de temas centrais do Novo Testamento –
teligíveis e inexplicáveis. Ellen White e a do reino de Deus – surgiu uma rede interna- idéias”; (2) eles “pregavam não apenas o ad- manteve o jovem grupo unido. Esse com-
história da Igreja Adventista do Sétimo Dia, cional de instituições médicas e educacio- vento, mas as condições para ele”; (3) “essas panheirismo, esse senso de “família”, é o
em conceito e estrutura, acham-se tão inte- nais, apoiadas por dezenas de casas editoras e condições eram validadas pela inspiração di- conhecido segredo da coesão mundial da
gradas como a união das línguas anglo-saxô- uma rede missionária mundial.4 vina, por cujo meio o grupo adquiria uma igreja. Com seus líderes e membros con-
nicas na formação da língua inglesa.2 A incontestável força orientadora por trás fonte independente de inspiração, à parte das victos de que o movimento surgiu com o
Ellen e Tiago White foram o centro de desse impulso era Ellen White. Sua “voz” Escrituras”; (4) eles “estabeleceram um mi- objetivo de preparar o caminho para a vol-
união para os mileritas que se tornaram ad- unificadora e motivadora continua a fornecer nistério profissional, o que abriu caminho pa- ta de Jesus (Apoc. 14), pecadores foram
ventistas sabatistas (observadores do sábado). luz e dinamismo muito tempo depois de sua ra outras agências especializadas”; e (5) eles resgatados, apóstatas recuperados e jovens
Tiago White, um organizador extremamente morte em 1915.5 Apesar disso, um dos fatores desenvolveram interesse adicional pela edu- e idosos motivados a realizar seu potencial
versátil, abrangeu como nenhum outro mui- inigualáveis que a distingue de outros que
tos aspectos simultâneos de um movimento cação, regime alimentar, cuidado médico, li- enquanto se unem num movimento evan-
pretendiam ter o dom profético no século de- berdade religiosa e rigorosa observância do gelístico mundial.
florescente. De sua parte, movida por uma
zenove6 é que ela nunca se considerou como sábado, [o que] promoveu o avanço da deno- Na base de toda essa motivação e senso de
santa sinceridade e um inabalável compro-
líder de um novo movimento. Nunca se des- minação tanto do ponto de vista ideológico pertencer a uma “família” mundial estiveram
misso, Ellen White fortaleceu o “pequeno re-
banho” com visões audaciosas. Esta equipe de viou da percepção que tinha de si mesma de quanto institucional”.8 o desafio inspirador e a clara orientação de
profetisa/administrador levou dentro de pou- que era apenas uma mensageira de Deus para Nenhum desses cinco componentes teria Ellen White. Ela e o marido sabiam, desde o
cas décadas um grupo da Nova Inglaterra a o movimento do advento. redundado num movimento religioso mun- começo, que motivação e companheirismo
uma missão internacional. Embora fossem o A Sra. White mantinha um dos olhos so-
dial sem a presença e as mensagens de Ellen tinham que ser unificados e organizados. Sem
centro humano de um movimento mundial, bre a divina comissão apresentada em Apo-
White. Suas mensagens à igreja eram de uma organização unificadora, os sentimentos
não reivindicaram reconhecimento, recom- calipse 14, uma tarefa que uniria todos quan-
tos buscam a verdade, de todo continente, de grande alcance. Por um lado, ela discutiu to- mais afetuosos logo se desgastariam em frus-
pensa nem mesmo comodidades terrenas.3 da a amplitude da história da salvação; por tração e relacionamentos complicados. Atra-
Se por um lado os White denunciaram todas as condições étnicas, sociais e econômi-
cas; e o outro olho estava sobre o grupo cen- outro, discorreu sobre o governo civil, o lar e vés de todos os seus escritos, Ellen White dei-
destemidamente os males da ordem social,
por outro, levaram dezenas de milhares de sua tral que devia tornar dignas de crédito essas questões de relações raciais, saúde e educa- xou claro que a religião pessoal e a religião
época a dar-se conta da maneira como o boas novas do convite divino para os últimos ção. O que surpreende é que toda essa instru- organizada são os dois lados da mesma moeda
evangelho traz restauração espiritual, social e dias a um mundo destinado a julgamento. Ela ção era criativa: sempre que seguidas fielmen- que chamamos “a igreja”.9
física nesta vida – tudo em cumprimento da sabia que, sem os princípios do evangelho te, escolas e hospitais, casas editoras e institu- Nos primeiros anos da experiência adven-
ordem divina de preparar um povo para en- atuando na vida daqueles que proclamavam o tos ministeriais, sociedades de beneficência e tista, a falta de organização levou a diversos
182 183
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO IV
CAPÍTULO 17 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento ORGANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
INSTITUCIONAL

problemas e decepção. Pastores autodesigna- riam e uniriam em algum tipo de federação riam o fluxo de fundos de associações próspe- ceto a integração da obra médica com a As-
dos pregavam o que bem entendiam; até mes- foi finalmente estabelecida em 4 e 5 de outu- ras para as de recursos limitados. A organiza- sociação Geral.20
mo os “designados” viajavam sem salário ou bro de 1861, pelo menos para Battle Creek e ção em departamentos, como Departamento Os que comparam as instruções francas de
despesas pagas. Surgiam divisões nos grupos para a recentemente formada Associação de de Escola Sabatina, funcionariam não apenas Ellen White no início da Assembléia com a
de crentes dispersos, e não existia nenhum Michigan, a primeira associação a ser organi- na Associação Geral, mas nas uniões e asso- organização que foi adotada e depois seguida
método para lidar com as heresias facciosas.10 zada. Em 1862, seis outras associações esta- ciações. Talvez o maior desapontamento de podem apreciar plenamente a nova vida e os
Qualquer propriedade da igreja que eles usas- duais seguiram o exemplo. Um ano depois, de 1901 foi a incapacidade de integrar na estru- benefícios sentidos pelo mundo quase que
sem era mantida em nome de um membro es- 20 a 23 de maio de 1863, a Associação Geral tura da igreja a Associação Beneficente e imediatamente – e tudo por causa da mensa-
pecífico; quando esse membro morria, a pro- foi organizada.17 geira do Senhor. Essas modificações eram in-
Médico-Missionária Internacional encabeça-
priedade passava para parentes, alguns dos tricadas, fundamentais e de longo alcance;
quais não eram membros da igreja. Por volta da pelo Dr. J. H. Kellogg – um problema que
Centralização de Poder em alguns aspectos, novas e não testadas. Pa-
de 1853, Tiago e Ellen White insistiam na or- viria a se transformar na crise mais difícil da
Em 1892 estavam-se formulando planos que ra uma pessoa que nunca estudou estrutura
ganização da igreja para eliminar pastores denominação até aquela data.
fomentariam maior centralização de poder na eclesiástica nem ocupou cargo de alto nível,
“não credenciados” e estabelecer uma base Sem o conselho e a perseverança de Ellen
liderança de Battle Creek. Em 19 de dezem- a contribuição de Ellen White ao governo
estável para a conservação das propriedades bro, Ellen White escreveu uma mensagem de White, não se teria levado a efeito a reorga-
da igreja. nização de que tanto se carecia. Não se pode eclesiástico da Igreja Adventista é espantosa.
quinze páginas da Austrália para a liderança L. H. Christian, oficial veterano da Asso-
Mas esse apelo em prol da organização en- em Battle Creek. Ela recapitulava as bênçãos exagerar a dramaticidade do acontecimento.
controu forte resistência. Para muitos, orga- Assim que o presidente da Associação Geral ciação Geral, escreveu: “Muitos têm pergun-
da organização sobre a qual “Deus proporcio- tado se a organização eclesiástica mundial ad-
nizar-se era “um retorno a Babilônia”.11 Os nou luz especial. ... O sistema de organização encerrou sua palestra de abertura em 2 de
que eram contrários à organização ainda sen- abril, a Sra. White, ausente na Austrália por ventista é congregacionalista, presbiteriana
alcançou êxito grandioso”. Mas também indi-
tiam o aguilhão das igrejas organizadas que nove anos, caminhou apressadamente em di- ou episcopal. ... Embora tenha similaridades
cou os perigos da máquina burocrática. Aler-
haviam recusado o chamado milerita. A li- reção à plataforma e foi direto ao ponto. De- com outras igrejas, é realmente diferente, e
tou que alguns dos procedimentos atuais que
berdade religiosa que os adventistas haviam pois de descrever brevemente como o Senhor um organismo ímpar. Surgiu como fruto das
pareciam opressivos não eram causados pela
estado desfrutando por alguns anos, eles não de forma assinalada guiara aquele movimen- idéias criativas da mensagem do advento
organização, e sim pelo abuso dela. Mais
queriam trocar pelo frio manto de uma igreja guiadas por Deus mediante o Espírito de Pro-
adiante, ela observou: “Ao recapitular a nos- to através dos anos, ela disse aos líderes da
organizada. A organização, para eles, não se fecia. A Igreja Adventista é uma igreja com
sa história passada, havendo percorrido todos igreja: “Vocês não têm o direito de adminis-
coadunava com a liberdade do evangelho.12 uma tarefa, e o Senhor lhe deu um corpo pa-
os passos de nosso progresso até ao nosso es- trar, a menos que administrem segundo a or-
Em 1853, Tiago White, o “pai de nossa or- ra cumprir a tarefa.”21
tado atual, posso dizer: Louvado seja Deus! dem do Senhor. ... O que queremos agora é
dem eclesiástica atual”,13 escreveu na Review
Quando vejo o que Deus tem executado, en- uma reorganização. Queremos começar desde
and Herald cinco editoriais sobre organiza- “Saiam de Battle Creek!”
ção,14 com pouca ou nenhuma reação positi- cho-me de admiração e confiança na lideran- os alicerces, e construir sobre um princípio
ça de Cristo. Nada temos que recear quanto Ellen White se referiu à mudança de Ro-
va. Mas o conselho tranqüilo e firme de Ellen diferente. ... Deve haver mais que um, dois ou chester, Nova Iorque, para Battle Creek, Mi-
White finalmente captou a atenção dos líde- ao futuro, a menos que esqueçamos a manei- três homens a preocupar-se com todo o vasto
ra em que o Senhor nos tem guiado, e os en- chigan, em 1855, como o tempo em que “o
res da igreja, de modo que eles foram levados campo. Grande é a obra, e não há mente hu- Senhor começou a mudar a nossa sorte”.22
a ver o bom senso e a urgência do apelo para sinos que nos ministrou no passado.”18 mana capaz de traçar planos para a obra que
As advertências e sugestões que Ellen Dentro de pouco tempo, junto com o cresci-
a organização por parte de seu marido.15 precisa ser feita. ... De acordo com a luz que mento da casa editora, estabeleceu-se o Ins-
Realizaram-se muitas reuniões durante as White enviou da Austrália foram negligen- me foi concedida – e como deve ser realizada
ciadas, estabelecendo o cenário para a As- tituto da Reforma de Saúde e por fim o Co-
quais os líderes estudaram a necessidade e o não posso dizer – deve-se introduzir maior vi-
sembléia da Associação Geral em 1901. A légio de Battle Creek. As três instituições fo-
método de organização. Uma das primeiras gor na força administrativa da Associação. ...
reorganização da estrutura denominacional ram, em grande parte, resultado das visões da
considerações foi o nome para esta nova cor- Deve haver uma renovação, uma reorganiza-
que ocorreu naquele ano foi radical e explo- Sra. White e do talento organizacional de
poração de crentes adventistas. Em 1o de ou- ção; é preciso introduzir nas comissões um
tubro de 1860, o nome finalmente escolhido siva, mas prática. A formação de territórios Tiago White.23
de união entre a Comissão da Associação Ge- poder e uma força que são necessários.”19 Contudo, à medida que o tempo passava e
foi “Adventistas do Sétimo Dia”.16
ral e as associações locais descentralizou mui- A reação foi imediata. Durante as delibe- crescia a necessidade de pessoas que dirigis-
Mas aquela decisão pareceu ser o máximo
que podia ser feito naquele tempo. Agora que tas das decisões da denominação. O aumento rações, quando surgiam impasses, Ellen Whi- sem essas instituições, surgiram todos os pro-
possuíam um nome, os líderes acharam mais da Comissão da Associação Geral de uns te percebia as questões envolvidas e fazia su- blemas associados com um gueto adventista.
fácil registrar a Sociedade de Publicações dos poucos membros para vinte e cinco, com to- gestões; os delegados, por sua vez, progre- Juntamente com o sucesso mundano, vieram
Adventistas do Sétimo Dia, em 3 de maio de dos os presidentes de união como membros diam concorrendo com idéias adicionais e os traços humanos de inveja, mexericos e
1861, do que organizar igrejas! Contudo, a ex-officio, ampliou a base para tomar-se deci- votos unânimes. Dentro de três semanas, a condescendência própria. Muitos membros
maneira como as igrejas locais se organiza- sões. Estabeleceram-se métodos que garanti- empolgante reorganização foi concluída, ex- vinham de comunidades pobres da Nova In-

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CAPÍTULO 17 O ministério profético de Ellen G. White
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glaterra e da região central do país, esperan- nessa reunião dissipou a hesitação. Forma- da Associação Geral. Depois veio uma carta Associação Geral. No princípio do século
do colocar os filhos nas escolas da igreja; a ram-se comissões de pesquisa e investigaram- de Ellen White: “O Senhor me revelou clara- vinte, outros departamentos da igreja, como
dissensão a respeito dos regulamentos dessas se propriedades desde Connecticut até New mente esse assunto. A obra de publicações a Associação Internacional de Escola Sabati-
primeiras escolas contribuiu para o desassos- Jersey. A esperança era encontrar alguma coi- que foi realizada em Battle Creek deve agora na, a Associação Internacional de Liberdade
sego geral. Através dos anos, a Sra. White sa perto da cidade de Nova Iorque. ser realizada nas proximidades de Washing- Religiosa e a Sociedade Internacional Mis-
havia escrito e falado muito a respeito da de- Depois começaram a chegar cartas a Ellen ton. Se depois de algum tempo, o Senhor dis- sionária e de Publicações, também eram ad-
cadente situação espiritual dos membros da White em reação à fervente insistência do ser: Mudem-se de Washington, devemos mu- ministradas por diretorias distintas da Asso-
igreja de Battle Creek. presidente da Associação Geral. Conforme a dar-nos.”26 ciação Geral.
O ano de 1902 foi iniciado e encerrado luz recebida, ela não era favorável a Nova Ao refletir sobre aquele momento, Da- Era boa ou má essa descentralização? Não
com desastres terríveis. Em 18 de fevereiro o Iorque. Washington, D.C., no entanto, pare- niells escreveu: “Pessoa alguma, a não ser era boa quando os diversos departamentos da
internacionalmente famoso Sanatório de Bat- cia ter vantagens especiais. A fórmula ainda quem passou por essa difícil experiência, po- igreja gastavam fundos desnecessários para
de apreciar o alívio que nos trouxe essa pala- colocar seus programas em funcionamento,
tle Creek foi inteiramente destruído por um funcionava: Deus não removerá dos seres hu-
vra de certeza.”27 muitas vezes em competição mútua. Apesar
incêndio. Durante a noite de 30 de dezembro, manos a tarefa de tomar decisões. Homens e
disso, havia algo de positivo no fato de cada
a Review and Herald Publishing Association mulheres devem fazer sua parte, enquanto Advertência Contra a Fusão de Instituições organização estar perseguindo seus próprios
também foi reduzida a cinzas. Deus faz a Sua. Deus motiva as pessoas com Para muita gente da área comercial, “fusão” objetivos sem ter sobre si um outro nível de
Na Assembléia da Associação Geral, em 3 luz suficiente para fazerem escolhas acerta- sugere redução de custos e maior eficiência. pessoas tomando decisões, o que possivel-
de abril de 1903, a proposta impopular peran- das, sempre provendo, quando solicitado, a Contudo, muitas pessoas estabelecidas como mente retardaria o progresso e frustraria os
te os delegados era: “Que os escritórios ou se- sabedoria para fazer a escolha correta e o po- comerciantes têm descoberto que maior nem planos elaborados por pessoas mais próximas
de da Associação Geral se mudem de Battle der para agir. Quando se fazem escolhas cor- sempre significa melhor. Grandes corpora- do problema ou desafio.
Creek, Michigan, para algum lugar favorável a retas, Deus tem um meio todo Seu de ratifi- ções internacionais têm aprendido, para sua Mas todas as principais associações e de-
sua obra na Costa do Atlântico.” Ellen White car essas decisões. consternação devido a vendas perdidas, que partamentos tiveram seus próprios proble-
levantou-se e disse: “Alguns pareciam pensar Esse não foi um tempo fácil para os líderes fusão pode também significar ineficiência na mas com o excesso de centralização. A maior
que, quando chegassem a Battle Creek, esta- da igreja. Os membros constituintes da cor- centralização e perda de contato com o com- parte desses organismos eram sediados em
riam mais próximos do Céu, que nesta cidade poração da editora ameaçaram entrar na jus- prador em potencial. Battle Creek, alguns mais tarde na Filadélfia
não teriam muitas tentações.” Eles não enten- tiça. Os empregados da editora haviam inves- Na igreja, o apelo por unidade deve ser en- e em Nova Iorque. Esses escritórios centrais
deram que “em Battle Creek... o inimigo tra- tido grandes somas em seus imóveis em tendido em termos do propósito da igreja. As tomavam decisões deixando muito pouca li-
balhava mais intensamente”.24 Battle Creek e agora temiam sofrer dano fi- decisões jamais devem ser tomadas à parte berdade para as associações ou igrejas locais
Ela relembrou aos líderes da igreja que du- nanceiro pessoal. das pessoas que devem implementar essas de- resolverem suas necessidades imediatas. O
rante anos Deus estivera advertindo para A. G. Daniells, presidente da Associação cisões e conviver com as conseqüências. Uni- problema da Igreja Adventista na década de
“sair de Battle Creek”. Recapitulou sua res- Geral, escreveu em julho de 1903: “Estamos dade nos alvos, como a História o tem de- 1890 e princípios da década de 1900 pode ser
posta aos dois jovens educadores (P. T. Ma- num lugar horrível. Deus há de nos ajudar. monstrado, não precisa ser definida em ter- entendido em termos de crescimento rápido
gan e E. A. Sutherland) que lhe pediram Estamos indefesos. ... Quero dizer-lhes que mos de decisões tomadas por poucos. e de líderes veteranos que não eram utiliza-
conselho a respeito do futuro do Colégio de agora compreendo, como nunca antes com- A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem dos para a diversidade de desafios, não ape-
Battle Creek: “Tirem a escola de Battle preendi em toda a minha vida, a necessidade aprendido por experiência própria que a per- nas em número, mas em variedade. Todas as
Creek, se isto for possível.” A mudança, disse e o valor do Espírito de Profecia para a igreja. versão da unidade com excesso de centraliza- acusações contra o “poder absoluto” e o va-
ção, praticada sem controle e equilíbrio garoso processo de tomar decisões eram bas-
ela, foi um “sucesso”. Satanás certamente está trabalhando neste
apropriados, produz “poder absoluto” e sinis- tante procedentes.28
Depois, ela falou sobre o futuro da casa tempo com todo o poder, sinais e prodígios de
tra possibilidade de erro capaz de esmagar o Durante esse período, Ellen White fez
editora: “A pior coisa que se podia fazer mentira. E isto ocorre de forma tão intensa e soar o alarme a respeito dos problemas gera-
corpo da igreja. Os primeiros adventistas, te-
agora em favor do escritório da Review and astuciosa que somente Deus pode enfrentar mendo o poder “babilônico” na organização dos pela fusão daqueles que tomavam deci-
Herald seria construí-la novamente em tal situação com sucesso. Nós que aceitamos da igreja, mantiveram suas instituições legal- sões em Battle Creek. Ela teve motivos para
Battle Creek.” as elevadas e sagradas responsabilidades desta mente separadas umas das outras e da Asso- ficar mais alarmada quando os líderes da
Mas ela ainda não tinha acabado. Incluiu obra devemos deixar que Deus nos ensine, e ciação Geral. Em fins da década de 1890, por área de publicações planejaram incorporar a
a liderança da igreja: “Que os escritórios da devemos ouvir a Sua voz.”25 exemplo, o Instituto de Saúde, fundado em Pacific Press Publishing Association com a
Associação Geral e a obra de publicações se Após a investigação preliminar, os líderes meados da década de 1860, havia crescido Review and Herald Publishing Association,
mudem de Battle Creek. Não sei para onde, da igreja concluíram que Takoma Park, ao para uma cadeia de vinte e sete instituições bem como todas as outras casas editoras do
se para a Costa do Atlântico ou se para ou- norte de Washington, D.C., preenchia as de saúde – todas administradas pela Associa- futuro.29
tro lugar.” condições para ser o novo local da Review ção Beneficente e Médico-Missionária Inter- Com voz clara contra a fusão de casas edi-
Sem dúvida, a instrução que ela ministrou and Herald Publishing Association e da sede nacional, uma entidade independente da toras, instituições médicas e instituições edu-
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cacionais, ela anunciou em 1896 que a fusão trocinariam. ... Este procedimento é o com a mensagem mundial da Igreja Adven- foi aconselhado pelo testemunho, embora
“mostra que os homens procuram se apoderar primeiro passo numa sucessão de passos tista do Sétimo Dia, ainda permanecia. Em nos pareça uma carga pesada demais para er-
do cetro do poder e manter o domínio sobre errados.” 36 1906, a revista Sentinel ressurgiu como Li- guermos.”44
as mentes humanas”.30 Sobre a fusão da obra Conforme relatou Uriah Smith, Ellen berty. Estranho como possa parecer, porém, a Quatro meses depois, Uriah Smith, reda-
da igreja em um só lugar e nas mãos de uns White falou na assembléia da Associação mesma filosofia que motivara a revista Senti- tor da Review and Herald, escreveu sobre essa
poucos homens, ela escreveu: “Têm-se come- Geral em Battle Creek, Michigan, em 7 de nel acabou moldando a nova Liberty! Antes principiante instituição que procurava con-
tido erros nesse aspecto. A individualidade e março de 1891, sobre o “perigo de ocultar ou da década de 1950, os redatores da Liberty quistar renome: “Temos apenas que olhar pa-
a responsabilidade pessoais são assim reprimi- de manter em segundo plano os aspectos dis- trabalhavam sob a diretriz de que a revista “só ra quatro meses atrás. Contemplamos agora
das e enfraquecidas.”31 Além disso, ela previa tinha um ensino básico, que era a liberdade um excelente terreno obtido, edifícios pron-
tintivos de nossa fé, pensando que isto evita-
o perigo em termos de normas inadequadas da alma. ... Não é sectarista em seu objetivo tos para funcionar... e as atividades realmen-
ria o preconceito. Se nos foi confiada uma e conteúdo”.41 te começaram. Em nenhum empreendimento
que se difundiriam por toda a parte sob uma mensagem especial, conforme cremos, essa
administração coligada: “Quando tão grande Com a mudança dos redatores em 1959, já levado a efeito por este povo, a mão de
mensagem deve ser divulgada, independente efetuou-se uma nítida mudança para que os Deus se manifestou de maneira mais eviden-
poder é colocado nas mãos de umas poucas dos costumes ou preconceitos do mundo, e princípios defendidos por Ellen White em te como neste caso.”45
pessoas, Satanás fará esforços resolutos para não governada por procedimento de temor 1891 tornassem a distinguir a revista de liber- Outras instituições médicas devem sua
perverter o juízo, insinuar errôneos princípios ou favor. ... O discurso foi oportuno, e causou dade religiosa da igreja. A sabedoria do con- existência ao discernimento e coragem visio-
de ação, introduzir regulamentos incorretos; profunda impressão na vasta congregação.”37 selho divino e a coragem de seu novo redator nária bem como ao sacrifício pessoal de Ellen
agindo assim ele conseguirá não somente per- O argumento apresentado pela Associação foram autenticados quando a lista de assina- White. Em 1902, ela escreveu ao presidente
verter uma instituição, mas, por meio disso, Nacional de Liberdade Religiosa (que ainda tura saltou de 160.000 assinantes em 1959 da Associação Geral: “O Senhor está me
obter domínio de outras e dar um molde erra- não estava sob a jurisdição da Associação Ge- como uma publicação trimestral para mais de apresentando constantemente o sul da Cali-
do à obra em lugares distantes.”32 ral) parecia plausível: (1) a liberdade religio- meio milhão como bimestral! “A visão de Sa- fórnia como um lugar onde devemos estabe-
O conselho de Ellen White sufocou por sa era parte vital da terceira mensagem angé- lamanca passou agora a fazer parte do preâm- lecer instituições médicas. ... Os hospitais de-
fim a tendência em favor das fusões. Casas bulo da diretriz editorial.”42 vem ser estabelecidos nessa região do Esta-
lica; (2) as questões atuais da liberdade reli-
editoras e escolas permaneceram soberanas do.” Alguns dias depois, ela disse: “Durante
giosa abriam muitas portas perante grandes
com suas próprias juntas diretivas.33 Somen- Estabelecendo meses o Senhor me deu instrução de que Ele
auditórios; (3) esses princípios obteriam uma
te a obra médica resistiu às mensagens, e isto Instituições Educacionais e Médicas está preparando o caminho para nosso povo
reação cada vez mais favorável, caso não fos-
fez com que Battle Creek Sanitarium se sepa- Instituto de Reforma da Saúde. O Instituto de adquirir propriedades de baixo custo nas
sem associados a doutrinas tais como o sába- Reforma da Saúde em Battle Creek, Michi- quais existem edifícios que podem ser utiliza-
rasse finalmente do controle denominacio-
do e a segunda vinda; (4) se as diretrizes da gan, o primeiro estabelecimento de saúde da dos em nossa obra.”46
nal.34 A reorganização radical e inovadora da
revista Sentinel não pudessem ser modifica- denominação, foi uma reação direta à insis- Paradise Valley Sanitarium. Ellen White
estrutura da igreja na assembléia da Associa-
ção Geral de 1901 descentralizou mais ainda das, lançar-se-ia outra revista para promover tência de Ellen White ao comunicar a luz que pediu 2.000 dólares emprestados a um ban-
o processo de tomar decisões. Uniões por to- seus interesses.38 lhe foi confiada. Relatando a visão recebida co (em 1904) e incentivou a Sra. Josephine
do o mundo podiam agora tomar muitas deci- Depois que Ellen White, no domingo de em Rochester, Nova Iorque, em 25 de dezem- Gotzian a doar mais 2.000 a fim de comprar
sões que até então teriam que esperar pela manhã, fez a exposição de fatos relativos às bro de 1865, entre muitos outros princípios a propriedade do Paradise Valley Sanita-
permissão de Battle Creek. deliberações da noite de sábado, os líderes de saúde e admoestações, ela defendia uma rium, apesar da compreensível relutância
da Associação, incluindo A. F. Ballenger, re- instituição de saúde com dois objetivos: (1) por parte da liderança da associação – pro-
Perigo de Ocultar a Identificação Adventista conheceram espontaneamente estarem erra- beneficiar doentes e sofredores adventistas priedade que havia custado aos donos origi-
Uma das principais preocupações menciona- dos em sua maneira de pensar. Aquela ma- que precisavam das vantagens não encontra- nais 25.000 dólares.47
nhã de domingo viu ser revogada uma forte das nos populares “tratamentos hidroterápi- Glendale Sanitarium. Assim que o Paradise
das na visão de Salamanca, em 4 de novem-
linha de ação, que fora votada apenas algu- cos”; e (2) ser um meio “de divulgar nossos Valley Sanitarium foi adquirido, a Sra. Whi-
bro de 1890,35 e nas visões recebidas nas se-
mas horas antes.39 pontos de vista a muitos que dificilmente se- te insistiu com a liderança a fim de que en-
manas subseqüentes foi a respeito do perigo
Apesar disso, as pessoas comprometidas riam alcançados pelos métodos comuns de contrasse uma propriedade para um hospital
iminente de ocultar a identidade adventista, pregar a verdade”.43 “nas proximidades de Los Angeles”. Sob o es-
especialmente nos periódicos denominacio- com uma revista não sectária sobre liberdade
A perspectiva de estabelecer uma institui- tímulo dela, foi feita uma pesquisa nos subúr-
nais. O enfoque imediato que deu origem à religiosa finalmente conseguiram fazer o que ção médica em meados da década de 1860 bios de Los Angeles. Em Glendale uma pro-
admoestação de Ellen White foi o plano queriam. Ao “buscar ‘uma esfera mais ampla parecia desanimadora, talvez impossível, do priedade desejável que valia 60.000 dólares
apresentado por “homens influentes no senti- de influência’, a revista Sentinel perdeu... sua ponto de vista humano. Mas J. N. Loughbo- foi comprada por 12.500 dólares.48
do que, se a revista The American Sentinel re- vitalidade, sua circulação e, por fim, sua vida. rough, presidente da Associação de Michi- Loma Linda Sanitarium. A liderança da
tirasse as palavras ‘adventistas do sétimo dia’ Deixou de ser publicada... em 1904.”40 gan, reuniu seus líderes de comissão e disse: igreja achou que certamente havia cumprido
de suas colunas, e não dissesse nada sobre o Mas a necessidade de uma revista sobre li- “Prometemos solenemente iniciar o em- suas responsabilidades ao lutar pelo desenvol-
sábado, os grandes homens do mundo a pa- berdade religiosa, uma revista comprometida preendimento, arriscando-nos a fazer o que vimento das instituições de Paradise Valley e
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CAPÍTULO 17 O ministério profético de Ellen G. White
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Glendale. Mas Ellen White ainda não havia Em 1893 a comissão de pesquisa locali- Referências
terminado. Ela recebera instruções de que a zou um terreno com 587 ha [1.450 acres],
área de Redlands-Riverside era indicada co- aproximadamente a 120 quilômetros ao 1. Life Sketches, pág. 196 (Mensagens Escolhidas, livro 3, ra nós agora o fato de que naqueles primeiros tempos em que
mo o lugar onde o próximo hospital devia lo- norte de Sydney, perto de Cooranbong. Em- pág. 162). não havia organização na igreja nem autoridade eclesiástica
2. “Durante toda a sua longa vida, ela exerceu poderosa influên- entre os adventistas observadores do sábado, o Espírito de
calizar-se – e brevemente. Assegurou à lide- bora a terra fosse muito barata, a liderança cia sobre os crentes adventistas do sétimo dia.” – Dictionary of Profecia por meio de Ellen White e a fé dos crentes na divi-
rança da associação que eles “podiam encon- da igreja achou que não serviria para uma American Biography, vol. 20, pág. 99. “A Sra. White era a re- na comissão constituíram a única agência disciplinadora do
conhecida inspiração do movimento. ... Suas idéias estabele- corpo, o único ponto de arregimentação dos fiéis, o último
trá-la se quisessem”.49 fazenda, convicção compartilhada pelo ser- ceram o mundo do adventismo em sua obra médica, educacio- tribunal de apelação. Apesar disso, quão modestamente, com
Quando a descrição do hotel turístico de viço de agricultura do Estado. Ellen White nal e missionária ao redor do mundo.” – Hartzell Spence, que piedoso temor e agonia de alma, ela apresentava seu tes-
“The Story of Religions in America – Seventh-day Adven- temunho! Nenhuma outra agência podia ter unido tanto en-
Loma Linda lhe foi apresentada enquanto permaneceu inamovível, enquanto outros tists”, Look, XXII (24 de junho de 1958), pág. 79. quanto purificava. O resultado foi um núcleo comparativa-
participava da assembléia da Associação vacilavam. Para demonstrar sua fé na orien- 3. Na Assembléia Bíblica de 1919, A. G. Daniells, presidente da mente ordenado, disciplinado e dirigido, pelo qual as gera-
Geral em Washington, D.C., em 1905, ela tação do Senhor, fez um empréstimo de Associação Geral, falou sobre a maneira como ele costumava ções posteriores têm todo motivo para serem gratas.” – Spal-
ensinar aos jovens a relação existente entre Ellen White e o ding, Origin and History, vol. 1, pág. 293.
respondeu que o lugar correspondia, em ca- 5.000 dólares para a compra do material de pensamento e a estrutura da Igreja Adventista do Sétimo Dia: 10. Os erros incluíam a fixação de data para a volta de Jesus, per-
da detalhe, à instrução vista em visão. construção. “Eu desejaria começar pelo início deste movimento. Naquela feccionismo (santificação total e impecabilidade), união es-
época concedeu-se um dom a uma pessoa; e junto com aquele piritual (violação do sétimo mandamento), os santos tinham
Grande foi a tensão com respeito à verba Durante anos, o Avondale College foi dom concedido àquela pessoa, veio também este movimento ainda que ir à antiga Jerusalém antes de Jesus voltar, etc. –
necessária; a associação local estava sobre- considerado por muitos como a escola de- da tríplice mensagem. Eles surgiram juntos, no mesmo ano. Ver Tiago White, Review and Herald, edição extra, 21 de ju-
Aquele dom foi exercido de forma constante e poderosa no lho de 1851, 19 de agosto de 1851, 25 de novembro de 1851;
carregada de débitos, principalmente devido nominacional que mais se aproximava dos desenvolvimento desse movimento. Os dois estiveram insepa- Ellen White, Primeiros Escritos, pág. 101; Biography, vol. 1,
às recentes aquisições recomendadas com princípios educacionais expostos por Ellen ravelmente ligados, e, por meio deste dom, ministrou-se clara págs. 216 e 217.
insistência por Ellen White! Mas o tempo White. Tornou-se um modelo dos benefí- instrução a respeito desse movimento em todas as suas fases 11. George Storrs escreveu em 1844: “Acautele-se de não procu-
durante setenta anos.” – “The Use of the Spirit of Prophecy in rar fabricar outra igreja. Nenhuma igreja pode ser organizada
era primordial. A Sra. White enviou um te- cios resultantes de um programa de estudo Our Teaching of Bible and History”, Spectrum, vol. 10, no 1, por invenção humana. Ela se torna Babilônia no momento
legrama ao dedicado John Burden: “Adquira e trabalho; do valor das indústrias da esco- pág. 29. em que é organizada.” – The Midnight Cry, 15 de fevereiro de
4. Ver VandeVere, em Adventism in America, págs. 66 e 67. 1844, citado em David Arthur, “Millerism”, em Gaustad, Ri-
a propriedade!” Os acontecimentos dos me- la como fonte de trabalho estudantil bem 5. “Desde sua morte [ocorrida em 1915] tem-se recorrido aos se of Adventism, pág. 168.
ses seguintes, durante os quais se arrecada- como de um fluxo de caixa para ajudar no conceitos e pontos de vista de E. G. White em toda e qual- 12. Godfrey T. Anderson, “Sectarianism and Organization,
quer questão enfrentada pela Igreja Adventista do Sétimo 1846-1864”, em Land, Adventism in America, págs. 36, 46 e
ram os fundos necessários para fechar o ne- orçamento; do benefício para o estudante, Dia... de modo que em cada discussão sua aprovação era ado- 47; Jonathan Butler, “Adventism and the American Expe-
gócio e a rápida expansão do centro de edu- para a escola e para a comunidade das ati- tada ou incluída. Ainda hoje seus volumosos escritos são lidos, rience”, em Gaustad, Rise of Adventism, págs. 177 e 179.
citados e discutidos tanto por pastores como por leigos da Igre- 13. Christian, Fruitage of Spiritual Gifts, pág. 119.
cação médica em Loma Linda, causam es- vidades beneficentes comunitárias patroci- ja Adventista do Sétimo Dia, até certo ponto, mais do que os 14. Review and Herald, 6, 13, 20 e 27 de dezembro de 1853.
panto e são motivo de gratidão. O preço fi- nadas pelos alunos, projetos que reduziram escritos de John Wesley no metodismo e talvez mais dos que 15. Em setembro de 1852, Ellen White teve uma visão que ins-
nal da compra foi de 38.900 dólares sobre a necessidade de extensos programas es- as obras de Martinho Lutero nas diversas igrejas luteranas.” – pirou um artigo publicado em fins de 1853, no qual ela diz:
Roy Graham, Ellen G. White, Co-founder of the Seventh-day “O Senhor tem mostrado que a ordem evangélica tem sido
um investimento inicial de mais de 150.000 portivos; do investimento de longo prazo Adventist Church (New York: Peter Lang, 1985), pág. 1. demasiado receada e negligenciada. A formalidade deve ser
dólares por parte dos antigos donos. A não nos jovens que se tornariam obreiros deno- 6. Joseph Smith, dos mórmons, Mary Baker Eddy, da Ciência banida, mas por fazê-lo não deve ser a ordem negligenciada.
Cristã, etc., ver pág. 37. ... Homens de vida não santificada e não qualificados para
ser pela orientação divina, por meio de Sua minacionais e, acima de tudo, uma escola- 7. “O evangelho deve ser apresentado, não como uma teoria sem ensinar a verdade presente entram no campo sem ser reco-
mensageira de Elmshaven, a Universidade modelo em defesa do espírito prático e vida, mas como uma força viva para transformar o caráter. nhecidos pela igreja ou pelos irmãos em geral, e o resultado é
Deus quer que Seus servos dêem testemunho de que, median- confusão e desunião. ... Esses mensageiros enviados de moto
de Loma Linda hoje não existiria.50 sensato dos conselhos pedagógicos de te Sua graça, os homens podem possuir semelhança de caráter próprio são uma maldição para a causa. ... Vi que esta porta
Avondale College. O estabelecimento do Ellen White. com Cristo, e regozijar-se na certeza de Seu grande amor. ... pela qual o inimigo entra para perturbar e levar à perplexida-
Avondale College por menos de 1.000 crentes O surgimento do Avondale College, depois Somos testemunhas de Deus ao revelarmos em nós mesmos a de o rebanho, pode ser fechada. Indaguei do anjo como po-
atuação de um poder divino. ... Esses preciosos reconhecimen- deria ser ela fechada. Disse ele: ‘A igreja precisa acorrer para
na década de 1890, durante uma das piores de- que várias outras instituições educacionais se tos para louvor da glória de Sua graça, quando confirmados a Palavra de Deus e estabelecer-se na ordem evangélica que
pressões econômicas da Austrália, é mais um haviam estabelecido na América do Norte, por uma vida semelhante à de Cristo, possuem irresistível po- tem sido subestimada e negligenciada.’ Isto é necessariamen-
der, o qual atua para salvação de almas.” – A Ciência do Bom te indispensável para levar a igreja à unidade da fé.” – Primei-
assombroso exemplo do sucesso que vem co- foi realmente um novo começo na educação Viver, págs. 99 e 100; ver pág. 470. Ver também O Desejado de ros Escritos, págs. 97-100. “Aumentando o nosso número,
mo resultado de se seguir o conselho da men- adventista. Ele se desenvolveu relativamente Todas as Nações, pág. 826. tornou-se evidente que, sem alguma forma de organização,
8. Jonathan Butler, “The Making of a New Order”, em The De- haveria grande confusão, e a obra não seria levada avante
sageira de Deus. Menos de quatro meses depois livre da pedagogia convencional que influen- sappointed, págs. 199 e 200. com êxito. A organização era indispensável para prover a
de Ellen White chegar à Austrália e por sua ciou os colégios norte-americanos. Em 1897, 9. “Em todo este período os testemunhos para a igreja que vieram manutenção do ministério, para levar a obra a novos campos,
por intermédio da Sra. White abordaram freqüentemente, para proteger dos membros indignos tanto as igrejas como os
insistente recomendação, a liderança da igreja Ellen White considerava o Avondale College fato muito compreensível, esse estado de instabilidade em pes- pastores, para a conservação das propriedades da igreja, para
votou em dezembro de 1891 “que é nosso de- “como a melhor escola que já vimos, em todos soas e movimentos. Sem este dom do Espírito Santo, confor- a publicação da verdade pela imprensa e para muitos outros
ver tomar providências imediatas para o esta- os aspectos, fora do nosso povo ou entre os ad- me se provou repetidas vezes, os laços da fraternidade não te- fins.” – Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos,
riam sido suficientes para unir o movimento. ... Permanece pa- pág. 26; Ver Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 210-216.
belecimento de uma escola na Austrália”.51 ventistas do sétimo dia”.52
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SEÇÃO IV
CAPÍTULO 17 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento ORGANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
INSTITUCIONAL

16. Durante as reuniões, Ellen White permaneceu nos bastido- 32. Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, pág. 173; ibidem, vol. 8, págs.
Perguntas Para Estudo
res, mas logo que o nome foi escolhido ela enviou a seguinte 217 e 218; The Publishing Ministry, págs. 131-158; Schwarz,
confirmação: “Não podemos adotar outro nome melhor do Light Bearers, pág. 272; Biography, vol. 3, págs. 449-452.
que esse, que concorda com a nossa doutrina, exprime a nos- 33. Em meados da década de 1870, fora mostrado à Sra. White 1. Por que muitos importantes adventistas do sétimo dia foram contra a organização da
sa fé e nos caracteriza como povo peculiar. O nome Adven- que a casa editora da costa oeste “devia permanecer sempre
igreja?
tista do Sétimo Dia é uma contínua acusação ao mundo pro- independente de todas as outras instituições; que não devia
testante. ... O nome Adventista do Sétimo Dia exibe o ver- ser controlada por nenhuma outra instituição”. – Carta 81,
1896, citada em The Publishing Ministry, pág. 141.
2. Que condições predominantes na organização da igreja antes de 1901 fizeram Ellen
dadeiro caráter de nossa fé e será próprio para persuadir aos
34. Ver págs. 200-204 com respeito à crise do Battle Creek Sani- White pleitear por uma reorganização radical quanto à maneira como a Igreja Adven-
espíritos indagadores. Como uma flecha da aljava do Senhor,
fere os transgressores da lei divina, induzindo ao arrependi- tarium. tista dirigia sua missão mundial?
mento e à fé no Senhor Jesus Cristo.” – Testemunhos Para a 35. Ver pág. 149.
Igreja, vol. 1, págs. 223 e 224 (Testemunhos Seletos, vol. 1, 36. Manuscrito 29a, 1890, citado em Biography, vol. 3, pág. 469. 3. Por que Ellen White insistia tanto em que a casa editora e a sede da Associação Geral
págs. 79 e 80). Outro nome considerado foi “A Igreja de 37. Review and Herald, 10 de março de 1891, pág. 160. saíssem de Battle Creek?
Deus”. – Ver Damsteegt, Foundations, págs. 254 e 255. 38. Life Sketches, págs. 312 e 313.
17. Godfrey T. Anderson, “Make Us a Name”, Adventist Herita- 39. A. T. Robinson relatou que “homens de vontade dura como 4. Quais alguns dos aspectos negativos da fusão de empreendimentos denominacionais na
o ferro, que na noite anterior haviam demonstrado espírito
ge, julho de 1974, págs. 28-34. C. Mervyn Maxwell, Tell It to virada do século?
de obstinada resistência, fizeram confissão de pecados com
the World, págs. 125-146; Spalding, Origin and History, vol. 1,
lágrimas e quebrantamento de voz. O Pastor Dan Jones disse:
págs. 291-311; Schwarz, Light Bearers, págs. 86-103; Bio- 5. Qual era a verdadeira questão em debate sobre os regulamentos editoriais da Associação
‘Irmã White, eu achava que estava certo. Vejo agora que eu
graphy, vol. 1, págs. 420-431, 445-461; SDAE, vol. 10, págs.
estava errado.’” – Biography, vol. 3, pág. 482. Nacional de Liberdade Religiosa em 1891?
880 e 1.046.
40. Roland R. Hegstad, “Liberty Learns a Lesson”, Adventist Re-
18. Life Sketches, pág. 196 (Mensagens Escolhidas, livro 3, pág.
162).
view, 15 de maio de 1986. 6. Como poderia o conselho de Ellen White sobre os princípios de fusão aplicar-se hoje?
19. General Conference Bulletin, 3 de abril de 1901, págs. 23-26.
41. Ibidem. Existem ocasiões em que a fusão (de associações, casas editoras, departamentos dentro
20. Maxwell, Tell It to the World, págs. 254-258; R. W. Schwarz,
42. Ibidem. As diretrizes atuais da revista Liberty refletem o con- de organizações, etc.) seria apropriada?
selho de Ellen White acerca das publicações denominacio-
Light Bearers, págs. 267-281; R. W. Schwarz, “The Perils of
nais: A mensagem que os adventistas têm de dar “não é uma
Growth, 1886-1905”, em Land, Adventism in America, págs. 7. Examine a contribuição de Ellen White para o estabelecimento das instituições de saú-
mensagem que os homens precisem acovardar-se de transmi-
128 e 129; A. W. Spalding, Origin and History, vol. 3
tir. Não precisam encobri-la, não precisam ocultar-lhe a ori-
de na Califórnia e mostre como essas instituições provavelmente não existiriam hoje
(Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa-
gem e o propósito. ... Não devemos tornar menos preeminen-
sem a dramática insistência e perseverança da escritora.
tion, 1962), págs. 19-46; Biography, vol. 5, págs. 70-96.
tes as verdades especiais que nos têm separado do mundo, e
21. Christian, Fruitage of Spiritual Gifts, pág. 125.
nos têm tornado o que somos. ... Devemos proclamar a ver-
22. Life Sketches, pág. 159.
dade ao mundo, não de maneira tímida, destituída de espíri-
23. Ver págs. 52 e 53. to, mas na demonstração do Espírito e do poder de Deus.” –
24. Review and Herald, 14 de abril de 1903, pág. 17. Life Sketches, pág. 329 (citado em Testemunhos Para Ministros
25. Carta de A. G. Daniells a Ellen G. White, 6 de julho de e Obreiros Evangélicos, pág. 470).
1903, citada em Biography, vol. 5, págs. 275 e 276. 43. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 485-495.
26. Carta 140, 1903, citada em A. G. Daniells, Abiding Gift, 44. “Sketches of the Past”, No 133 em Pacific Union Recorder, 2
pág. 349. de janeiro de 1913, conforme citado em Dores Eugene Ro-
27. Ibidem. Para contexto adicional, ver A. G. Daniells, Abiding binson, The Story of Our Health Message (Nashville, TN:
Gift, págs. 343-352; Schwarz, Light Bearers, págs. 299-313; Southern Publishing Association, 1965), pág. 150.
Schwarz, “The Perils of Growth, 1886-1905”, em Land, Ad- 45. Review and Herald, 11 de setembro de 1866, pág. 116.
ventism in America, págs. 131-133; A. W. Spalding, Origin and 46. Cartas 138, 153, 1902, citado em Robinson, Health Message,
History, vol. 3, págs. 66-81; Biography, vol. 5, págs. 271-279. pág. 335.
28. Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, pág. 233; Schwarz, “The Pe- 47. Robinson, Health Message, págs. 337-339; Schwarz, Light
rils of Growth, 1886-1905”, em Land, Adventism in America, Bearers, págs. 314 e 315; Spalding, Origin and History, vol. 2,
págs. 123-125. págs. 145-167; Biography, vol. 5, págs. 361-371.
29. “A despeito de freqüentes conselhos em sentido contrário, os 48. Robinson, Health Message, págs. 340 e 341; Schwarz, Light
homens continuam a fazer planos para a centralização do po- Bearers, págs. 315 e 316; Spalding, Origin and History, vol. 2,
der, para juntar muitos interesses sob um controle único. Es- págs. 145-167; Biography, vol. 5, págs. 372-376; SDAE, vol.
ta obra foi primeiramente iniciada nos escritórios da Review 10, pág. 613.
and Herald. As coisas inclinaram-se primeiro numa direção, 49. Biography, vol. 6, pág. 11.
depois noutra. Foi o inimigo de nossa obra quem lançou o 50. Robinson, Health Message, págs. 343-402; Schwarz, Light
chamado para a consolidação da obra de publicações sob um Bearers, págs. 316 e 317; Spalding, Origin and History, vol. 3,
só poder controlador em Battle Creek.” – Testemunhos Para a págs. 145-167; Biography, vol. 6, págs. 11-32.
Igreja, vol. 8, págs. 216 e 217. 51. Biography, vol. 4, págs. 24 e 25.
30. Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 291. 52. Scharwz, Light Bearers, págs. 202 e 203; Biography, vol. 4,
31. The Publishing Ministry, pág. 157. págs. 24 e 25; 146-161; 287-322.

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SEÇÃO IV

18
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Voz de um Movimento
monstrada por uma vida semelhante à de a justiça de Cristo, que se manifesta na obe-
Cristo, não por arrastar-se pelo chão.”7 diência a todos os mandamentos de Deus.
A freqüente marcação de datas tornou-se Muitos perderam Jesus de vista. Deviam ter
uma calamidade espiritual para aqueles que a tido olhar fixo em Sua divina pessoa, em Seus
praticavam e rejeitavam a admoestação de méritos e em Seu imutável amor pela família
Ellen White. Ela escreveu: “Diferentes oca- humana. Todo poder foi entregue em Suas
siões foram marcadas para a vinda do Senhor, mãos, para que Ele pudesse dar ricos dons aos

Crises Teológicas e insistia-se a tal respeito com os irmãos. O


Senhor, porém, mostrou-me que elas passa-
riam, pois o tempo de angústia deveria ocor-
homens, transmitindo o inestimável dom de
Sua justiça ao impotente ser humano. Esta é
a mensagem que Deus manda proclamar ao
rer antes da vinda de Cristo; e que cada vez mundo. É a terceira mensagem angélica que
“[Deus me deu luz] para corrigir erros capciosos e para especificar o que é a verdade.” 1 que se marcasse uma data, e esta passasse, is- deve ser proclamada com alto clamor e rega-
to enfraqueceria a fé do povo de Deus. Por es- da com o derramamento de Seu Espírito San-
se motivo eu era acusada de ser o mau servo to em grande medida. ...
que dizia: ‘O meu Senhor tarde virá.’”8 “A mensagem do evangelho de Sua graça
Na contracapa da Review, de 21 de julho devia ser dada à igreja em linhas claras e dis-
de 1851, Ellen White fez uma descrição de tintas, para que não mais o mundo dissesse
uma visão recebida em 21 de junho: “O Se- que os adventistas do sétimo dia falam na

A
través de toda a História, desde de pecar”. Os líderes lhe disseram: “Tudo o
nhor me tem mostrado que a mensagem do lei, na lei, mas não ensinam a Cristo nem
Caim e Abel, conforme Ellen White que temos que fazer é crer, e seja o que for que
observou sabiamente, Satanás têm pedirmos a Deus, ser-nos-á dado.” Esse tipo terceiro anjo deve ir, e ser proclamada aos nEle crêem. ...
tentado “enganar e destruir o povo apresen- de pensamento leva à crença de que “as afei- dispersos filhos do Senhor, mas não deve es- “Este é o testemunho que deve ir por toda a
tando-lhe uma contrafação em lugar da ver- ções e desejos dos santificados eram sempre tar na dependência do tempo; pois o tempo largura e extensão do mundo. Apresenta a lei e
dadeira obra”.2 Cada movimento de refor- retos, e não corriam o risco de conduzi-los ao nunca mais será uma questão de prova. Vi o evangelho, unindo os dois num todo perfei-
ma experimentou este fenômeno. O apósto- pecado”. Em muitos casos, este pensamento que alguns estavam conseguindo um falso in- to. ... Não têm estes [os filhos de Deus] mera fé
lo Paulo teve que contender em seus dias conduziu ao amor livre com todas as suas gra- citamento, despertado por pregarem sobre o nominal, uma teoria da verdade, uma religião
com capciosas contrafações.3 Durante a Re- ves conseqüências.5 tempo; mas a mensagem do terceiro anjo é legal, mas crêem com um propósito, aproprian-
forma protestante, teologias e movimentos O grupo “antitrabalho”, por mais estranho mais forte do que o tempo possa ser.” do-se dos mais ricos dons de Deus. ...”
religiosos falsificados importunaram Marti- que possa parecer hoje em dia, atraiu seguido- Ellen White encerrou seu vigoroso teste-
nho Lutero, bem como John Wesley dois sé- res, principalmente entre os que se preocupa- Salvação Pela Fé – 1888 munho com estas vívidas palavras: “Não te-
culos depois. A própria natureza das contra- vam com as necessidades de seu líder! Primei- Quase oito anos depois da memorável assem- nho uma mensagem suave a dar aos que por
fações exige reação imediata; se não forem ramente em Paris, Maine, e depois em Ran-
bléia da Associação Geral realizada em 1888 tanto tempo têm sido como que falsos sina-
controladas, a verdade corre o risco de fra- dolph, Massachusetts, Ellen Harmon teve
cassar até que uma voz clara se levante para que apresentar reprovação, relembrando a to- em Mineápolis, Minnesota, Ellen White re- leiros, apontando na direção errada. Se vocês
revelar o erro. dos os interessados que “razão e juízo” não de- capitulou as decisivas questões teológicas rejeitarem os mensageiros delegados por Cris-
Esse tem sido o papel de Ellen White na viam ceder terreno às impressões: “Deus or- abrangidas pelas mensagens que ela, E. J. to, rejeitam a Cristo.”9
Igreja Adventista do Sétimo Dia desde o iní- denou que os seres por Ele criados trabalhem. Waggoner e A. T. Jones apresentaram naque- Qual era, de um modo geral, o problema
cio de seu ministério até hoje por meio das Disto depende a felicidade deles.”6 la ocasião. Num franco testemunho dirigido em Battle Creek? Apesar de todos os sacri-
obras que publicou. Ao recapitular o fanatis- A falsa humildade, acompanhada de im- ao conjunto de membros da igreja de Battle fícios que haviam feito pela causa, muito
mo e as contrafações das décadas de 1840 e petuosa agitação por parte de alguns no Mai- Creek, ela escreveu que muitos ainda “des- cara ao seu coração, os líderes resolutos e
1850, lembramo-nos de que esses mesmos er- ne, trouxe descrédito aos primeiros adventis- prezavam” a essência da terceira mensagem laboriosos da igreja, de um modo geral, ain-
ros serão enfrentados repetidas vezes até o tas antes de 1846. A jovem Ellen relatou: angélica porque “odiavam a luz”. da não haviam compreendido plenamente
fim do tempo.4 “Alguns pareciam achar que religião consis- Nesse testemunho, como em muitos ou- o evangelho! Ela lhes disse que havia pou-
tia em grande agitação e barulho. Falavam de tros, a Sra. White enalteceu as apresentações ca ou nenhuma esperança para eles se con-
Contrafações nas Décadas de 1840 e 1850 maneira que irritava os descrentes. ... Regozi-
feitas por Waggoner e Jones como uma “pre- tinuassem a desprezar a “gloriosa oferta de
Em 1845, antes de seu casamento com Tiago javam-se de sofrer perseguição. ... Alguns...
White, Ellen Harmon e outros enfrentaram professavam grande humildade, e achavam ciosa mensagem” que “o Senhor, em Sua justificação pelo sangue de Cristo, e a san-
um grupo em New Hampshire que parecia que o engatinhar pelo assoalho como crian- grande misericórdia, enviou” a Seu povo. Fa- tificação pelo poder purificador do Espírito
firme no Senhor. Ela soube logo que “eles ças era evidência de sua humildade. ... Eu zendo um resumo desta “preciosa mensa- Santo”.10
pretendiam ser perfeitamente santos, decla- lhes disse claramente que... a humildade que gem”, disse: “Apresentava a justificação pela Não fosse por Ellen White, as mensagens
rando que se achavam acima da possibilidade Deus pede de Seu povo deve ser de- fé no Fiador; convidava o povo para receber de Jones e Waggoner teriam sido esmagadas,
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CAPÍTULO 18 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento CRISES TEOLÓGICAS

e a história da Igreja Adventista do Sétimo cruz do Calvário. A primeira classe não vê as claro que o evangelho é a junção da lei (in- argumentar que, se a Sra. White houvesse
Dia, depois da assembléia de 1888, teria sido maravilhosas coisas na lei de Deus para todos clusive o sábado do sétimo dia) e da graça; do sido mais específica a respeito, por exemplo,
drasticamente diferente da forma como a os que são praticantes de Sua Palavra. Os ou- perdão e do poder; da absolvição e da purifi- do significado exato de Gálatas 3, o conflito
conhecemos hoje. Aquela assembléia repre- tros sofismam acerca de insignificâncias e ne- cação. Elevou o argumento teológico acima teria sido resolvido rapidamente. Na verda-
sentou um dos tempos mais difíceis de seu gligenciam as questões mais importantes, a do impasse convencional de “ou... ou” para o de, durante mais de um ano ela pesquisou
longo e tenaz ministério, “a mais penosa e misericórdia e o amor de Deus. ... nível do “ambos” (ou seja, lei e graça). Ela in- em vão as matérias que havia escrito sobre o
incompreensível luta que já houve entre “Por outro lado, os religionistas em geral seriu essa forte compreensão bíblica dentro assunto. Chegou mesmo a levantar a seguin-
nosso povo”.11 divorciam a lei do evangelho, ao passo que te pergunta em um sermão na assembléia de
das mensagens dos três anjos de Apocalipse
“Rejeitada na sede”, a Sra. White, junto nós, por outra parte, quase fizemos o mes- 1888: “Por que perdi o manuscrito e duran-
14. Ao focalizar essa reabilitação adventista
com Waggoner e Jones, levou a restauradora mo de outro ponto de vista. Não temos te dois anos não pude encontrá-lo? Deus
concepção de uma compreensão plena da jus- apresentado às pessoas a justiça de Cristo e do “evangelho eterno” (Apoc. 14:6), tornou
clara e definida a mensagem da Igreja Ad- tem nisto um propósito. Ele quer que recor-
tiça pela fé às igrejas por toda a América do a ampla significação de Seu grande plano
ventista. Sua notável contribuição à crise de ramos à Bíblia e obtenhamos evidência es-
Norte, primeiramente no circuito de reu- de redenção. Deixamos de lado a Cristo e
1888 sobre salvação pela fé consistiu em uni- criturística.”21
niões campais e depois nos centros institucio- Seu incomparável amor, introduzimos teo-
ficar profundamente aquilo que vinha especi- Mais uma vez os delegados de 1888 viram
nais. As experiências em Ottawa, Kansas e rias e raciocínios, e pregamos sermões argu-
South Lancaster, Massachusetts, foram espe- mentativos.”14 ficamente dividindo por séculos o mundo re- prevalecer, conforme vinha prevalecendo
cialmente memoráveis, e as mensagens profe- A questão básica em 1888 era como en- ligioso e a Igreja Adventista. Além disso, suas desde o início do ministério de Ellen White,
ridas por ela nessas ocasiões conservam-se tender a plenitude da verdade evangélica mensagens demonstraram claramente que es- o seguinte princípio: primeiro, o estudo da
instrutivas até hoje.12 conforme refletida nas palavras de João, de ta “preciosa mensagem” não consistia mera- Bíblia; depois, a confirmação pela revelação
Quais foram as questões mais importantes que o povo de Deus no fim do tempo guarda- mente no resgate de uma ênfase do século de- divina. Em Mineápolis ela insistiu em que se
e os problemas principais? As questões foram ria os mandamentos de Deus e teria a fé de Je- zesseis, nem um empréstimo do acento meto- fizesse cuidadoso estudo da Bíblia em espírito
as teológicas, e os problemas foram as atitu- sus (Apoc. 14:12).15 dista do século dezenove, como representado cortês, considerando os “dois lados da ques-
des. Em 1890, por ocasião da reunião minis- Os adventistas ortodoxos entendiam cla- tão, pois tudo quanto queríamos era a verda-
pelo livro de Hannah Whitall Smith, The
terial em Battle Creek, Ellen White resumiu ramente as exigências dos mandamentos de de, a verdade bíblica, para ser apresentada ao
Christian’s Secret of a Happy Life.
as questões teológicas naquilo que conhece- Deus, conforme particularmente destacadas povo”.22 Tempos depois, afirmou: “Não posso
Eram as apresentações de Waggoner e Jo-
mos hoje como Manuscrito 36, 1890. Em- no mandamento do sábado. Mas, como acon- tomar minha posição nem de um lado nem
nes nova luz para Ellen White? De um modo
pregou livremente neste documento a elipse tece muitas vezes na História, o pensamento de outro até ter estudado a questão [a lei em
da verdade à medida em que abria caminho correto nem sempre se pode unir com um cla- geral, não, conforme se pode deduzir da leitu-
Gálatas].”23
com dificuldade através de profundas águas ro compromisso de fé a Cristo, o Único capaz ra das mensagens dela anteriores a 1888.18
teológicas.13 de salvar-nos da culpa e do poder do pecado. Ela declarou em diversas ocasiões que essas Resistência à Luz
Para enfatizar um princípio básico do Os adventistas, de um modo geral, em sua ân- grandes verdades haviam sido “indelevel- Em uma declaração profunda feita a Uriah
evangelho, disse: “Seja este ponto plenamen- sia de proclamar a negligenciada lei de Deus, mente gravadas em minha mente pelo Espíri- Smith em 1896, Ellen White tocou no assun-
te estabelecido em todas as mentes: Se acei- tendiam a deixar a Cristo fora de Sua lei. to de Deus” e que haviam sido “apresentadas to que continuaria a afetar os planos e crises
tamos a Cristo como Redentor, precisamos Muitos pregavam sermões destituídos de reiteradas vezes nos testemunhos”.19 denominacionais até que a chaga fosse cura-
aceitá-Lo como Soberano.” A segurança cris- Cristo, dando assim uma representação in- Mas ela viu na “preciosa mensagem” de- da. Depois de reafirmar que o “aio” em Gála-
tã só pode ser reivindicada quando O “reco- correta do que significa ter “a fé de Jesus”. terminados aspectos novos, oportunos, que tas 3 era a lei moral, ela escreveu: “A indis-
nhecermos como nosso Rei e formos obe- Apoc. 14:12.16 faziam parte da luz crescente chamada por ela posição de ceder a opiniões preconcebidas, e
dientes a Seus mandamentos”. Parte do problema surgiu pelo fato de os de “verdade presente”: “A obra peculiar do de aceitar esta verdade, estava à base de gran-
Ela delineou claramente a fraqueza do adventistas verem no mundo religioso em terceiro anjo não foi ainda vista em sua im- de parte da oposição manifestadas em Mineá-
mundo religioso contemporâneo com respei- geral o perigo do antinomianismo (a crença portância. Deus pretendia que Seu povo esti- polis [1888] contra a mensagem do Senhor
to aos princípios básicos do evangelho: “En- de que a fé, como assentimento mental, é su- vesse muito além da posição que ocupa hoje. através dos irmãos Waggoner e Jones. Inci-
quanto uma classe de pessoas deturpa a dou- ficiente e que a obediência à lei é legalis-
... Não por ordem de Deus que a luz tem sido tando aquela oposição, Satanás teve êxito em
trina da justificação pela fé e deixa de con- mo).17 Várias denominações estavam im-
retida de nosso povo – a própria verdade pre- afastar do nosso povo, em grande medida, o
cordar com as condições estabelecidas na Pa- pregnadas de conceitos falsos de justificação
lavra de Deus – ‘Se Me amais, guardareis os e santificação. Muitos adventistas pensavam sente de que careciam para este tempo. Nem poder especial do Espírito Santo que Deus
Meus mandamentos’ – há um erro tão grande que Jones e Waggoner representavam uma todos os nossos pastores que estão procla- anelava comunicar-lhe. O inimigo impediu-
como este da parte dos que pretendem crer rachadura na porta que levaria àqueles pre- mando a mensagem do terceiro anjo com- os de obter a eficiência que poderiam ter tido
nos mandamentos de Deus e obedecer-lhes valecentes erros. preendem realmente o que constitui essa em levar a verdade ao mundo, como os após-
mas se colocam em oposição aos preciosos Ellen White, contudo, transcendeu os te- mensagem.”20 tolos a proclamaram depois do dia de Pente-
raios de luz – novos para eles – refletidos da mores de ambos os lados do conflito ao deixar Durante esse período difícil, era possível costes. Sofreu resistência a luz que deve ilu-

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SEÇÃO IV
CAPÍTULO 18 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento CRISES TEOLÓGICAS

minar toda a Terra com a sua glória, e pela os afastem das questões primordiais, tais co- pela “experiência do jardim”, recebendo a declarou na reunião de nomeações da Asso-
ação de nossos próprios irmãos tem sido, em mo detalhes sobre interpretação profética. “carne santa” que Jesus possuía. Depois des- ciação de Indiana, em Indianápolis, em 5 de
grande medida, conservada afastada do • A essência do evangelho abrange a lei e sa experiência, os membros da igreja não maio de 1901: “Não há um fio de verdade em
mundo.”24 a resposta de fé genuína, para que, pela graça estariam mais sujeitos a tentações “interio- todo o tecido.”28
Para a Sra. White, a ênfase na salvação pe- de Cristo, creditada e comunicada, a inten- res” e não passariam pela morte; seriam Na assembléia da Associação Geral em
la fé durante o período 1888-1895 personifi- ção da lei e do evangelho seja cumprida. trasladados! 1901, ela combateu abertamente a heresia
cava a “terceira mensagem angélica”, espe- • Os líderes da igreja devem ser exemplos Como isso aconteceria? Eles criam que, da carne santa e seus líderes na associação.
cialmente quando essa mensagem se relacio- de receptividade para que a “nova luz” não quando o Espírito Santo viesse em plenitude, No manuscrito elaborado previamente, ela
nava com a obra de Cristo no Lugar Santíssi- seja excluída da igreja. purificaria os membros da igreja (na “expe- disse em parte: “Aquilo que é ensinado com
mo do santuário celestial. Era mais do que • A “revelação da justiça de Cristo” em riência do jardim”) de todos os seus pecados. relação ao que se chama ‘carne santa’ é um
uma simples reabilitação da “justiça pela fé” 1888 foi apenas o “começo da luz do anjo cu- Uma igreja purificada estaria então preparada erro. Todos podem obter agora coração san-
conforme proclamada pelos reformadores. ja glória vai encher a Terra” (Apoc. 18:1). para advertir o mundo da volta de Jesus, com to, mas não é correto pretender nesta vida
o “poder do alto clamor” de Apocalipse 18:4. possuir carne santa. ... Nem um dentre vo-
A luz adicional que o estudo da Bíblia ha- • Esclarecer e apresentar de novo os prin-
Na reunião campal de Indiana, realizada cês tem agora carne santa. ... É algo impos-
via apresentado perante a Associação Geral cípios da “preciosa mensagem” que foi o iní-
em 1900, Stephen Haskell fez o melhor que sível. Se aqueles que falam tão livremente
de 1888 confirmou o vínculo existente entre cio do “alto clamor” (Apoc. 18:4) tornará “o de perfeição na carne pudessem ver as coisas
os mandamentos de Deus e a fé de Jesus nu- assunto que absorverá” todos os outros. pôde para anular essa heresia, que se estendia
por toda a associação. Em uma carta a Ellen sob seu verdadeiro aspecto, recuariam hor-
ma união inseparável, uma união tão eficien- Esse extenso legado feito à Igreja Ad- rorizados ante suas idéias presunçosas. ...
te e interdependente na transformação dinâ- ventista acha-se hoje registrado em mui- White, que na época ainda se achava na Aus-
trália, ele informou: “Quando declaramos Caso este aspecto de doutrina seja levado
mica de vidas humanas como os dois pólos de tos documentos daquele período. Pode-se um pouco mais longe, conduzirá à pretensão
uma bateria. argumentar vigorosamente que, sem a li- crer que Cristo nasceu em humanidade caída,
eles imaginavam que críamos que Cristo pe- de que seus defensores não podem pecar; de
Na ênfase de 1888, fez-se até certo ponto derança profética de Ellen White naquela que uma vez que tenham carne santa, suas
a ligação entre os resultados de uma aplica- época, a Igreja Adventista do Sétimo Dia cou, apesar de havermos declarado nossa po-
sição de maneira tão clara que parecia não ações são todas santas. Que porta para a ten-
ção pessoal da salvação pela fé e a obra fina- teria sido mortalmente ferida. Se ela não tação se abriria assim!...
haver quem pudesse interpretá-la mal.
lizadora de Cristo no Lugar Santíssimo. Para houvesse insistido em uma compreensão “A maneira como as reuniões em India-
“O argumento teológico deles sobre este
Ellen White, a igreja permanecerá debilitada plena do que ela e outros estavam enfati- na têm sido dirigidas, com barulho e confu-
aspecto específico parece ser este: Crêem que
até que seus membros entendam e experi- zando em 1888 e nos anos logo a seguir, a são, não as recomenda a mentes pensantes e
Cristo tomou a natureza de Adão antes da
mentem a verdade de que o enxergar Cristo igreja hoje não saberia o que significa inteligentes. Nada existe nessas manifesta-
queda; revestiu-Se, assim, da humanidade
na lei capacita homens e mulheres para se- cumprir seu papel na proclamação do ções que convença o mundo de que possuí-
conforme ela era no jardim do Éden, e, por- mos a verdade. Apenas ruído e gritos não
rem obedientes àquela lei. Quando as pessoas “evangelho eterno”. tanto, a humanidade era santa, e esta era a
virem a maneira como Cristo remove verda- A urgência das mensagens deste período, são sinal de santificação nem da descida do
humanidade que Cristo possuía; e agora, di- Espírito Santo. ... O fanatismo, depois que
deiramente a culpa que a lei condena, verão 1888-1896, persistem até hoje. Para estar zem eles, chegou para nós o tempo determi-
como Ele verdadeiramente capacita homens realmente informado, uma pessoa deve reler começa e se permite que corra às soltas, é
nado para nos tornarmos santos naquele sen- tão difícil de extinguir como o incêndio que
e mulheres a se tornarem o que a lei descre- as mensagens propriamente ditas, não através tido e depois termos a ‘fé para a trasladação’
ve. Assim procedendo, essas pessoas se tor- dos olhos de outro, mas de maneira direta co- tomou conta de um prédio. ... Precisamos
e nunca mais morrermos.”27 contemplar a Cristo e assimilar Sua imagem
nam o que João predisse existiria na geração mo se o leitor de hoje fosse uma testemunha As outras falsas doutrinas que Haskell e
que proclama a mensagem do terceiro anjo ocular ouvindo Jones, Waggoner e Ellen mediante o poder transformador do Espírito
outros denunciaram incluíam: (1) a conces- Santo. Esta é nossa única salvaguarda para
(Apoc. 14:12). Assim, “Cristo Nossa Justiça” White pela primeira vez.26 são do Espírito Santo era, antes de tudo, me- não sermos enredados pelas enganadoras ci-
torna-Se aquele “assunto que absorve” todos diante manifestações físicas e milagres em vez ladas de Satanás.”29
os outros.25 Movimento da Carne Santa de mediante a preparação do caráter para o Depois de passar uma hora lendo o pronun-
Algumas das principais contribuições de Uma trilha interessante estende-se desde as serviço; (2) o perfeccionismo (entendido co- ciamento que ela preparara, Ellen White falou
Ellen White à Associação Geral de 1888 em constantes discussões sobre a justificação pe- mo “carne santa”) no sentido de não ser ca- de improviso, trazendo à memória as lições
Mineápolis e, por conseguinte, para nós hoje la fé acompanhando a assembléia de Mineá- paz de pecar porque nenhuma tentação surgia aprendidas de fanatismos semelhantes contra
em dia abrangem: polis até a “mensagem da purificação” procla- mais de dentro deles; (3) Jesus nasceu com os quais ela e seus colegas pioneiros tiveram
• Pontos de vista conflitantes devem ser mada na Associação de Indiana na virada do “carne não pecaminosa”; (4) no momento da que contender nas décadas de 1840 e 1850.
discutidos com uma atitude apropriada; atitu- século. Por volta de 1900, toda a comissão concepção, o Espírito Santo isolou Jesus da Qual o resultado? No dia seguinte, o presi-
des impróprias podem ser um sinal de que os executiva da Associação de Indiana e quase lei da hereditariedade; (5) as pessoas seladas dente da Associação de Indiana fez uma con-
conceitos são deficientes. todos os seus pastores estavam proclamando não morrerão; e (6) as pessoas seladas rece- fissão sincera, dizendo, em parte: “Quando
• Estudantes sensatos da Bíblia não enfa- entusiasticamente que, para serem traslada- bem cura tanto física como espiritual. encontrei este povo, fiquei mais que alegre
tizam pontos de importância secundária que dos, os membros da igreja precisavam passar A respeito dessas doutrinas, Ellen White em saber que havia uma profetisa entre eles,
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CAPÍTULO 18 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento CRISES TEOLÓGICAS

e desde o princípio tenho sido firme crente ram meio século depois entre os adventistas gos, não ter sido combatido de maneira dire- leigos sobre fisiologia e os tratamentos de
nos Testemunhos e no Espírito de Profecia e do sétimo dia, Ellen White reconheceu as si- ta imediatamente após o seu surgimento.37 saúde promovidos no Sanatório de Battle
seu ardoroso defensor. Tem-me sido sugerido milaridades com os “espiritualizadores” que Mas Ellen White na Austrália estava aler- Creek. Ele achava que os adventistas podiam
por vezes no passado que o teste neste ponto ela havia combatido na década de 1840 e co- ta. Cartas haviam sido escritas muitas sema- vender 500.000 exemplares para amigos, e
de fé sobrevém quando o testemunho nos meço dos anos 1850.33 nas antes da assembléia da Associação Geral todo o lucro seria empregado na reconstrução
afeta diretamente. Como é do conhecimento Antes da morte de Tiago White em 1881, de 1899 a fim de chegar a tempo de serem li- do hospital.39
de quase todos, no testemunho de ontem de J. H. Kellogg compartilhou com os White al- das para os delegados. A primeira carta, data- Ao discutirem, porém, sobre o livro pro-
manhã, fui submetido a esse teste. Mas, ir- gumas teorias da “nova luz” sobre a com- da de 1o de março, tinha o título: “A Verda- posto, Daniells deixou claro para Kellogg que
mãos, posso dar graças a Deus nesta manhã preensão de Deus. Ellen White respondeu deira Relação Entre Deus e a Natureza.” Em coisa alguma daquela “nova teoria” devia
por minha fé no Espírito de Profecia perma- imediatamente que já havia “combatido isso parte, ela escreveu: “A natureza não é Deus constar no livro, pois, se isso acontecesse,
necer inabalável. Deus falou. Ele disse que eu antes” e que ele “jamais deveria ensinar essas nem nunca foi. ... Na qualidade de obra cria- muitos membros da igreja não cooperariam
estava errado, e eu respondo: Deus está certo, teorias em nossas instituições”.34 da por Deus, ela apenas dá testemunho do na campanha. O doutor concordou rapida-
e eu estou errado.”30 Contudo, por volta de 1897, Kellogg esta- Seu poder. ... Precisamos pensar nisto cuida- mente e, sem demora, começou a ditar o ori-
Outros oficiais da Associação de Indiana va introduzindo seus conceitos panteístas em dosamente; pois em sua sabedoria humana, os ginal de The Living Temple.
também fizeram ampla e plena confissão de um concílio ministerial que precedeu à assem- homens sábios deste mundo, não conhecen- Mas, assim que W. W. Prescott e W. A. Spicer
seus erros – e todos apontaram a mensageira bléia da Associação Geral. Suas apresentações do a Deus, tolamente deificam a natureza e as leram as provas, iniciou-se o conflito sobre seu
do Senhor como a responsável pela ilumina- ficaram registradas no Boletim da Associação leis da natureza.”38 conteúdo.40 Vendo que a Comissão da Associa-
ção deles. Algumas semanas depois, a comis- Geral de 1897. Expressões como as que se se- Este aviso devia ter sido suficiente para ção Geral não pretendia apoiar a publicação do
são de nomeações da Associação de Indiana guem foram entusiasticamente recebidas por eliminar outros ensinos panteístas adotados seu livro, Kellogg desistiu de considerá-lo um
votou uma nova comissão da associação e a aqueles que não eram capazes de ver aonde es- por representantes da denominação. Mas empreendimento da igreja. Apesar disso, fez à
mudança dos principais líderes ministeriais. ses pensamentos levariam: “Que pensamento essas claras afirmações foram ignoradas. As Review and Herald Publishing Association uma
Com essas confissões, o Movimento da Car- maravilhoso o de que este poderoso Deus, que teorias panteístas pareciam adquirir novos encomenda pessoal de 5.000 exemplares.41 Cer-
ne Santa foi esfacelado.31 mantém em ordem todo o Universo, está den- defensores tanto entre os médicos do ca de um mês depois, em 30 de dezembro de
tro de nós! ... Que coisa incrível que este al- Sanatório de Battle Creek como entre os 1902, um incêndio destruiu a casa editora com
pastores no campo. as chapas do livro já prontas para a impressão.
A Crise do Panteísmo tíssimo, onipotente e onisciente Deus Se te-
Ao voltar da Austrália para assumir a li- Na assembléia da Associação Geral de
O termo “panteísmo” deriva de duas pala- nha feito servo do homem ao dar à humanida-
derança da Associação Geral, A. G. Da- 1903, outros assuntos além do The Living
vras gregas: pan, “tudo”, e theos, “Deus”. No de o livre-arbítrio, o poder para dirigir a ener-
niells ficou atônito ao ouvir expressões tais Temple tinham lugar de destaque na agen-
panteísmo, tudo manifesta a presença de gia existente dentro do seu corpo!”35
como “um Criador de árvores na árvore”, e da. As decisões administrativas sobre o
Deus; a natureza e Deus são idênticos. De- No fim da década de 1890, E. J. Waggoner Deus nas flores, nas árvores e em toda a hu- Sanatório de Battle Creek e a obra de saú-
vido à má compreensão do papel do Espíri- também desenvolveu conceitos similares. manidade. W. A. Spicer, secretário recente- de denominacional em geral transforma-
to Santo, a igreja cristã durante dois mil Em virtude de sua reputação como estudante mente nomeado para a Junta de Missão Es- ram-se numa luta de liderança, Kellogg
anos caiu em diversas heresias que beiravam da Bíblia e do apoio anterior que recebera de trangeira, havia acabado de passar vários contra Daniells. O doutor estava resolvi-
o panteísmo; algumas fizeram incursões di- Ellen White por seus ensinos sobre salvação anos como missionário na Índia, onde o do a reabrir o Battle Creek College (tan-
retas em território panteísta. Essa mesma pela fé em 1888-1892, a ligação de Waggo- panteísmo impregnava o hinduísmo. Ele re- to o corpo discente como o docente já se
compreensão errônea gerou em princípios ner com o Dr. Kellogg trouxe plausibilidade conheceu imediatamente os populares con- haviam mudado para Berrien Springs,
da década de 1900 uma crise na Igreja Ad- para ambos os homens. Na assembléia da As- ceitos norte-americanos pelo que eles real- Michigan). Prescott, na qualidade de re-
ventista. sociação Geral de 1899, ele ensinou que ho- mente eram. dator da Review, utilizava as páginas da
Nas décadas de 1840 e 1850, os ex-mileri- mens e mulheres são capazes de superar suas Em 18 de fevereiro de 1902, o mundial- revista para oferecer resistência ao em-
tas “espiritualizadores” não apenas enfatiza- doenças e viver para sempre, que cada respi- mente famoso Sanatório de Battle Creek foi preendimento “imprudente” de Kellogg e
vam que Jesus havia realmente “vindo” em ração é “o sopro direto de Deus” nas narinas reduzido a cinzas. Dentro de poucas horas o denunciar os erros do seu panteísmo.
1844 para os “crentes”, mas também estavam e que Deus está na água pura e no alimento Dr. Kellogg estava fazendo planos para a re-
“extremamente mergulhados” em suas práti- de boa qualidade, pois “Deus está em toda a construção. Poucos dias depois estava pedin- Impreciso Sobre a
cas de êxtase na adoração. Além disso, muitos parte”.36 do ajuda financeira à Associação Geral. (Na- Personalidade de Deus
grupos estavam coligados com a crescente in- A partir dessas assembléias da Associação quele tempo a denominação se achava em Durante aquele período, Ellen White escre-
fluência do espiritualismo moderno, primeira- Geral e dos Boletins, esses “novos” e intrigan- pesados débitos, em grande parte devido à ex- veu ao Dr. Kellogg: “Você não é explicita-
mente com os shakers, depois com o movi- tes pensamentos, panteístas até ao âmago, lo- pansão de instituições médicas.) Lembrando mente claro sobre a personalidade de Deus, a
mento das irmãs Fox em Hydesville, Nova go circundaram o mundo adventista. O que que estavam sendo levantados fundos para qual representa tudo para nós como um povo.
Iorque. Mas, oculta sob o movimento dos “es- parece espantoso hoje é o fato de esse erro reduzir as dívidas em instituições educacio- Você destruiu, por assim dizer, o próprio Se-
piritualizadores”, achava-se a redução de Jesus antigo em roupagem moderna, que muitas nais mediante a venda do livro de Ellen Whi- nhor Deus.”
a um “espírito” em vez de uma Pessoa física.32 vezes empregou de modo errado declarações te Parábolas de Jesus, Daniells sugeriu que o Alguns dias depois, ela continuou: “Suas
Quando idéias panteístas se desenvolve- de Ellen White colhidas em sermões e arti- Dr. Kellogg escrevesse um livro destinado a idéias são tão místicas que acabam destruin-
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do a verdadeira natureza das coisas, e a men- trabalhadas pelo Espírito Santo, as quais, por carro-correio. Dias depois, essas mensagens versus reabertura do Battle Creek College.
te de algumas pessoas está ficando confusa a isso mesmo, não são rápidas para discernir a oportunas chegaram a Washington, D.C., Incêndios em Battle Creek considerados
respeito do fundamento de nossa fé. Se você diferença entre a verdade e o erro.”45 nem um dia antes nem um dia depois!47 “castigo” versus “acidentais”.
deixar que sua mente seja desencaminhada Lidas perante o Concílio no dia seguinte, Ellen White escreveu pessoalmente a E. J. Mudar-se para Washington versus valori-
desse jeito, dará um molde errado à obra que essas mensagens resolveram a questão para a Waggoner, um dos principais defensores do zar o rótulo Battle Creek.
fez de nós o que somos.”42 maioria dos vacilantes. Daniells escreveu livro The Living Temple, insistindo com ele Ortodoxia educacional versus educação
Mas a Sra. White não enfrentou o doutor imediatamente para Ellen White, dizendo: para que mudasse de atitude: “Vi as conse- experimental.
abertamente na assembléia. Fora-lhe dito “Nunca as mensagens de Deus foram tão ne- qüências desses fantasiosos pontos de vista Emmanuel Missionary College sendo con-
em visão que ela “não devia dizer nada que cessárias quanto neste exato momento; e acerca de Deus, na apostasia, espiritualismo e trolado por um corpo de diretores versus os
provocasse confusão ou disputa na assem- nunca as mensagens de Deus chegaram a Seu amor livre. A tendência para o amor livre, administradores da escola sendo guiados pelo
bléia”. Todo o conflito devia cessar para que povo de maneira tão direta quanto essas que que esses ensinos encerram, estava tão disfar- Espírito.
todos os envolvidos vissem as coisas mais a irmã nos enviou. Elas eram exatamente o çada que a princípio era difícil tornar claro “Reformadores” Kellogg, Sutherland, Ma-
claramente.43 de que carecíamos, e chegaram precisamente seu verdadeiro caráter. Até que o Senhor me gan, E. J. Waggoner, A T. Jones versus admi-
Desconsiderando o conselho da profetisa, no momento certo. ... O conflito foi severo, e apresentasse, eu não sabia como denominá- nistradores de primeiro escalão da igreja Da-
o Dr. Kellogg havia mandado imprimir não sabíamos aonde as coisas iriam dar. Mas lo, mas fui instruída a chamá-lo amor espiri- niells, Spicer, Prescott, Morrison.49
5.000 exemplares do livro The Living Temple sua mensagem clara, distinta, sublime chegou tual não santificado.”48 Em meio a essa efervescência, Ellen White
numa gráfica comercial. Agora mais pessoas e resolveu o conflito. Não digo que todos os Com essas mensagens públicas agora pe- vinha cada manhã, às onze horas, com ser-
do público em geral podiam ver por si mes- grupos chegaram à harmonia perfeita, mas a rante a denominação e o The Living Temple mões que incluíam: “O Fundamento de Nos-
mas a razão de os líderes da igreja estarem mensagem concedeu àqueles que estavam do disponível para todos se inteirarem das ques- sa Fé”, “Lições de Apocalipse 3”, “Um Ape-
tão preocupados. Lados opostos se desenvol- lado certo força para permanecer na defesa de tões envolvidas, a luta foi intensa, especial- lo por Unidade”, “Atentando Para Si Mes-
veram: os que estavam a favor viram esta sua posição.” mente em Battle Creek. Obviamente, isso mo” e “Uma Necessária Mudança de Senti-
“nova luz” como algo que conduziria a uma Novamente, na carta, Daniells enfatizou a envolvia algo mais do que a questão do pan- mento”.50
experiência religiosa mais profunda; os que a extraordinária exatidão do tempo: “O Dr. teísmo. Muitos que se identificavam com o Nesses sermões, a Sra. White enfatizava os
ela se opunham a encararam como algo que Kellogg havia estado conosco por dois ou três ponto de vista do Dr. Kellogg sobre a admi- princípios que cada lado procurava defender.
nistração do hospital também se sentiam in- Sua esperança era a de que ambos os lados
contribuiria para demolir a doutrina do san- dias. A atitude dele havia trazido até certo
clinados a apoiar sua “nova luz”. Muita gente vissem as coisas em uma perspectiva mais
tuário, gerar confusão sobre a função do Es- ponto confusão à mente de muitos de nossos
não tinha uma idéia clara da situação. ampla. Mas ela também via o que impedia
pírito Santo e tornar indistinta a verdade pastores, homens que realmente não sabiam
ambos os grupos de compreender um ao ou-
sobre as personalidades distintas da Divin- o que estavam defendendo. Sua mensagem Dois Partidos Definidos tro. A atitude adotada por ambos os lados pa-
dade. Durante todo o verão Ellen White chegou precisamente no dia certo – um dia Na assembléia da Associação Lake Union, ra com as várias questões era o principal obs-
permaneceu em silêncio. mais cedo teria sido cedo demais.”46 realizada em maio de 1904, a profunda desu- táculo na resolução dos aparentes dilemas:
Quando o Concílio Outonal da Associa- nião entre dois partidos definidos persistiu. “Anjos celestiais, enviados para ministrar sa-
ção Geral foi aberto em Washington, D.C., “Enfrentem-no!” Cada grupo era composto de influentes e re- bedoria e graça, ficaram desapontados ao ver
no dia 7 de outubro, todos sabiam que o Depois de receber essa carta do presidente da nomados líderes de igreja. Cada grupo enca- que o eu forçava caminho para fazer com que
conflito de Kellogg e o livro The Living Tem- Associação Geral, a Sra. White respondeu rava de forma diferente e profunda as várias as coisas aparecessem numa luz errada. Ho-
ple teria que ser abordado. Entre os que por escrito, explicando as circunstâncias que questões denominacionais. De acordo com E. mens falavam e discutiam, e introduziam
apoiavam Kellogg se achavam E. J. Waggo- haviam inspirado aquelas mensagens oportu- K. VandeVere, que durante muito tempo foi conjecturas que não deviam ocorrer naquela
ner, A. T. Jones e David Paulson, um jovem nas. Nessa resposta deu a conhecer a visão chefe do departamento de História do Em- reunião.”51
médico.44 em que vira o iceberg e a ordem do coman- manuel Missionary College, as polaridades Perto do encerramento das reuniões, Ellen
Depois de uma animada reunião que durou dante: “Enfrentem-no!” Soube imediatamen- na assembléia de 1904 englobavam: White teve uma visão. Depois de escrever um
o dia inteiro e foi até tarde da noite, quando te qual era o seu dever. Começando a uma Autoridade: Centralização versus descen- relato do que vira, entregou-o a W. C. White
Daniells retornou para casa encontrou um hora da madrugada, escreveu tão depressa tralização. para que o lesse perante os delegados no últi-
grupo de pessoas à sua espera. A primeira sau- quanto pôde. Quando suas ajudantes chega- Ortodoxia versus nova teologia (panteís- mo dia: “Na noite passada foram-me apresen-
dação deles foi: “O livramento chegou! Aqui ram, já havia páginas para ser editadas. Pas- mo, etc.). tados assuntos mostrando que coisas estra-
estão duas mensagens da Sra. White.” sou todo o dia escrevendo, e as secretárias Organização versus independência. nhas assinalariam o término da assembléia...
As mensagens foram claras, concisas e sem trabalharam durante toda a noite seguinte Ministério pago versus ministério econo- a menos que o Santo Espírito de Deus trans-
ambigüidade: “Essas opiniões [The Living para que o material pudesse ser enviado no micamente independente. formasse o coração e a mente de muitos
Temple] não têm a aprovação de Deus. São trem que saía de manhã. Validade dos “testemunhos” de Ellen White obreiros. Especialmente os missionários mé-
uma cilada que o inimigo preparou para estes Trabalharam até ouvir o som do apito do versus ela sendo questionada e/ou ignorada. dicos devem buscar a transformação da pró-
últimos dias. ... O caminho da verdade fica trem. D. E. Robinson, um dos assistentes, pe- Obra médica como “braço” versus obra pria alma pela graça de Deus.”52
bem perto do caminho do erro, e ambos os dalou em sua bicicleta tão rápido quanto pô- médica como “corpo”. As tensões continuaram a crescer. Para
caminhos parecem um só para as mentes não de por quase três quilômetros para alcançar o Sucesso do Emmanuel Missionary College prestar a maior ajuda possível aos que ainda
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hesitavam, a Sra. White apressou a impressão da, capacitando a igreja a “finalizar a obra” e derramamento do Espírito foi retido por lenger não convenceu os membros da comis-
dos Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, que con- assim apressar a volta de Jesus. Para algumas causa de nossos pecados”.61 Ele via correta- são. A comissão respondeu com uma exegese
tinham uma parte intitulada: “O Conheci- pessoas, este enfoque da obra do Espírito fa- mente a ligação entre o caráter do povo de bíblica realizada décadas antes e confirmada
mento Essencial.”53 Além disso, elaborou ra- zia-as crer que cada pessoa “cheia do Espíri- Deus e a conclusão de sua missão como tes- por revelação a Ellen White. A resposta pa-
pidamente seu próximo livro de saúde, desti- to” também receberia o dom do Espírito de temunhas de Deus para os últimos dias. As receu levar a um beco sem saída.
nado especialmente ao público em geral, A profecia. Além disso, esses membros de igre- mensagens de Ellen White haviam enfatiza-
Ciência do Bom Viver. Neste livro ela incorpo- ja não precisariam mais da vigorosa organiza- do isso durante muitos anos.62 Mas ele esta- Compreensão Errônea do Papel
rou os mesmos princípios relativos à persona- ção denominacional, pois seriam guiados pe- va errado quanto à maneira como o Espírito do Espírito Santo
lidade de Deus e Sua participação na cura das lo Espírito.59 Santo devia preparar o povo para testemu- Uma década ou mais de má interpretação do
enfermidades, especificamente a parte intitu- Desde o momento em que Ellen White nhar a chuva serôdia: cria que os crentes papel do Espírito Santo na salvação pela fé
lada “O Conhecimento por Excelência.”54 voltou da Austrália em 1900, ela estivera en- podiam reivindicar e receber a santificação enfraqueceu a compreensão de Ballenger a
viando grande quantidade de cartas, públicas enquanto reivindicassem e recebessem a jus- respeito do papel de Cristo na expiação.
A Crise Ballenger/Santuário, 1905 e particulares, advertindo dos enganos e erros Concentrando sua atenção na instantaneida-
tificação. Além disso, para ele, os crentes
A crise na doutrina do santuário em 1905 foi que se estavam desenvolvendo entre os prin-
podiam reivindicar a promessa do Espírito de da experiência purificadora obtida pela sú-
mais um dos resultados da má compreensão cipais porta-vozes que não compreendiam a
pela fé assim como podiam reivindicar o plica ao Espírito Santo, tirou o olhar da fun-
do papel do Espírito Santo no processo da santificação, do mesmo modo como muitos
salvação. Sempre que alguém esquece a rela- líderes não haviam compreendido a obser- dom da cura pela fé.63 ção de Cristo como Sumo Sacerdote, tanto
ção existente entre a obra do Espírito Santo vância dos mandamentos antes de 1888. Em A pregação de Ballenger era acompanha- na primeira fase do ministério no Lugar San-
e os mandamentos de Deus e a fé de Jesus 1903, ela escreveu a Daniells: “Muitas vezes da de curas físicas, o que, para muitos, servia to como depois no Lugar Santíssimo. Recu-
(Apoc. 14:12), a tendência é ou para o frio tenho sido advertida contra as idéias excessi- para aumentar a crença na teologia dele. Em sando-se a aceitar o ministério de correção de
legalismo ou para opiniões acaloradas e fer- vamente elaboradas sobre santificação. A que base Ballenger associava a recepção do Ellen White, Ballenger começou a atacar sis-
vente individualismo. O erro surge quando a menos que estejamos totalmente despertos, Espírito Santo e a cura física? Ele cria que, tematicamente a credibilidade dela em ques-
obra do Espírito Santo é subestimada ao foca- elas levarão a uma representação inaceitável pelo fato de Jesus haver tomado “sobre Si as tões teológicas bem como em outras áreas.
lizar-se a morte vicária de Cristo; ou quando, da experiência que há de nos submergir. ... nossas enfermidades, e... [levado] as nossas Em uma de suas reações públicas durante
ao enfocar-se o “Espírito habitando em nós”, Durante a assembléia da Associação Geral de doenças”,64 as Escrituras “provam que o esse período, a Sra. White predisse: “Futura-
negligencia-se a Cristo como Sacrifício e Su- 1901, o Senhor me alertou contra as opiniões Evangelho inclui tanto a salvação da enfer- mente surgirão enganos de toda espécie, e ca-
mo Sacerdote.55 A compreensão errônea do que estavam sendo reunidas e depois defendi- midade como a salvação do pecado”.65 receremos de terreno sólido para nossos pés.
duplo papel que Cristo desempenha como das pelos irmãos Prescott e [E. J.] Waggoner. Qual foi a reação da Sra. White a essas ... Nem a mínima coisa deverá ser omitida de
Sacrifício e Sumo Sacerdote habilitador Recebi instruções de que essas opiniões eram “novas idéias”? Escrevendo a J. H. Kellogg tudo quanto o Senhor instituiu. O inimigo
montou o cenário para o Movimento da Car- como fermento introduzido na massa. Muitas em 1898, ela disse que algumas pessoas lêem introduzirá doutrinas falsas, tais como a de
ne Santa, a crise panteísta e, posteriormente, mentes as receberam. As idéias de algumas a Bíblia sem estudo cuidadoso e depois, que não existe um santuário. Este é um dos
a disputa sobre o santuário. pessoas a respeito de uma grande experiência “cheias de ardor e zelo, apresentam teorias pontos em que alguns se apartarão da fé. ...
Para a infelicidade da Igreja Adventista do chamada e considerada santificação têm sido que, se fossem recebidas, atuariam contraria- Estou orando para que o poder do Salvador
Sétimo Dia, parecia difícil para muitos na dé- o princípio de uma série de enganos que in- mente” àquilo que havia sido recebido desde seja exercido em favor daqueles que caíram
cada de 1890, inclusive para E. J. Waggoner, duzirá ao erro e à ruína a alma daqueles que 1844 como “uma cadeia de verdade. ... Essas nas tentações do inimigo. Eles não permane-
John Harvey Kellogg, A. F. Ballenger e, du- as receberem. Pelo fato de alguns exagerarem pessoas anseiam por novas idéias e suposições cem no amplo abrigo da Onipotência.”67
rante algum tempo, W. W. Prescott, manter o as expressões freqüentemente empregadas pe- que prejudicam o desenvolvimento simétrico Ela escreveu posteriormente: “Ele [Ballen-
equilíbrio em relação às mensagens de 1888 lo irmão E. J. Waggoner na assembléia, tive do caráter. ... Aplique alguém toda a mente ger] esteve reunindo grande quantidade de pas-
de que Cristo estava “pronto a comunicar vi- que proferir palavras que neutralizassem a in-
em alguma idéia incorreta, e há de desenvol- sagens bíblicas de modo a confundir as mentes
tória sobre os pecados futuros bem como a fluência dessas pessoas. ... Satanás está sem
ver mais deformidade do que simetria.”66 devido a suas afirmações e mau emprego dessas
perdoar os passados”.57 A atenção desses ho- dúvida apresentando algumas doutrinas falsas
mens concentrou-se na “vitória comunicada” que o irmão não deve aceitar. Os Pastores Na assembléia da Associação Geral de passagens, pois a aplicação levava a conclusões
e na manifestação do Espírito, passando por Waggoner e Prescott estão errados.”60 1905 em Washington, Ballenger apresentou erradas e não apoiava em nada o assunto que,
alto o papel primordial do Espírito Santo na A. F. Ballenger cria erroneamente, junto três estudos de uma hora a respeito de sua segundo suas pretensões, justificaria seu ponto
transformação do caráter que precede as pro- com outros, que o Movimento da Carne San- “nova” luz sobre a doutrina do santuário. Em de vista. Qualquer pessoa pode fazer isso, e se-
metidas experiências da “chuva serôdia” e do ta era a extensão lógica das mensagens de essência, sua tese era a de que Jesus, ao ascen- guir seu exemplo para apoiar um falso ponto de
“alto clamor”.58 Depois de “aceitar” as men- 1888. Ele via claramente que, desde que as der ao Céu, entrou no segundo compartimen- vista; mas este era o seu próprio caso.”68
sagens proferidas em 1888, em Mineápolis, mensagens sobre a justificação pela fé prega- to do santuário celestial, o Lugar Santíssimo. Depois de observar a maneira como Bal-
esses líderes criam que Deus agiria sem demo- das em 1888 circularam pela denominação, Antes da cruz, Ele estivera oficiando no pri- lenger reagiu a conselho que ela lhe dera em
ra enviando Seu Espírito de maneira assinala- “estamos no tempo da chuva serôdia, mas o meiro compartimento, o Lugar Santo. Bal- 1891, a Sra. White continuou: “Outra vez
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SEÇÃO IV
CAPÍTULO 18 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento CRISES TEOLÓGICAS

nosso irmão Ballenger está apresentando teo- teorias errôneas com a verdade de Deus”. En- Referências
rias que não podem ser confirmadas pela Pa- fatizou que ele havia “permitido que sua men-
1. Carta 117, 1910, citada em Mensagens Escolhidas, livro 3, a Seus servos para falarem hoje talvez não tivesse sido a ver-
lavra de Deus. Constituiria um dos grandes te aceitasse erros capciosos e cresse neles”. Se pág. 32. dade presente vinte anos atrás, mas é a mensagem de Deus
erros sobrevindos a nosso povo retirar as Es- suas teorias fossem aceitas, “minariam as co- 2. O Grande Conflito, pág.186. para este tempo”. – Manuscrito 8a, 1888, citado em Olson,
3. Atos 20:28-31; Col. 2:8, 16-23; II Tim. 4:3-5; Tito 1:9-16. op. cit., pág. 274; “Queremos a mensagem do passado e a
crituras de seu verdadeiro lugar e interpretá- lunas de nossa fé”. Um dos problemas era 4. “Anos mais tarde foi-me mostrado que as falsas teorias pro- mensagem nova”. – Review and Herald, 18 de março de 1890;
las de maneira a fundamentar o erro que con- que, removendo “os marcos antigos”, eles es- movidas no passado não cessaram de maneira nenhuma. Tão “Estamos no dia da expiação, e devemos trabalhar em harmo-
logo apareçam oportunidades favoráveis, elas ressurgirão. nia com a obra de purificação do santuário efetuada por Cris-
tradiz a luz e os Testemunhos comunicados a tavam “trabalhando como cegos”.72 Não nos esqueçamos de que será sacudido tudo quanto pode to. ... Devemos agora colocar diante do povo a obra que, pe-
nós por Deus durante estes últimos cinqüen- Sob a iluminação divina, a liderança es- ser sacudido.” – Life Sketches, págs. 92 e 93; ver Mensagens la fé, vemos nosso grande Sumo Sacerdote realizar no santuá-
Escolhidas, livro 2, págs. 25-30. rio celestial.” – Review and Herald, 21 de janeiro de 1890; “A
ta anos. ... Declaro no nome do Senhor que clarecedora e unificadora de Ellen White 5. Life Sketches, pág. 83. obra mediadora de Cristo, os grandiosos e santos mistérios da
as mais perigosas heresias estão procurando nessas quatro crises teológicas – conflito so- 6. Ibidem, pág. 87. Ver também págs. 50 e 559. redenção não são estudados nem compreendidos pelo povo
7. Ibidem, págs. 85 e 86. que afirma ter luz à frente de todos os outros povos que habi-
penetrar em nosso meio como um povo, e o bre a salvação pela fé em Mineápolis em 8. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 72. tam a face da Terra. Estivesse Jesus pessoalmente na Terra, e
Pastor Ballenger está prejudicando a própria 1888; Movimento da Carne Santa em 1901 9. Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 91-97. Se dirigiria a grande número dos que professam crer na ver-
10. Ibidem, págs. 92, 94 e 97. Em seus escritos, Ellen White se re- dade presente com as mesmas palavras com que Se dirigiu aos
alma. O Senhor me fortaleceu a fim de fazer em Battle Creek; crise do panteísmo em 1903 feriu a A. T. Jones e a E. J. Waggoner mais de 200 vezes. A fariseus: ‘Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de
em Washington, D.C.; e disputa sobre o san- ênfase que ela deu à “justificação pela fé” em Mineápolis em Deus.’...
esta longa viagem até Washington para, nes- 1888 era distintamente diferente da compreensão prevale- “Há verdades velhas e, contudo, novas para serem ainda
ta reunião, dar meu testemunho na vindica- tuário em 1905 – foi extraordinariamente cente entre os protestantes durante o século dezenove, um fa- acrescentadas ao tesouro do nosso conhecimento. Não en-
oportuna e decisiva. Nenhuma outra pessoa to que nem sempre foi compreendido por aqueles que escre- tendemos nem exercemos a fé como deveríamos. ... Não so-
ção da verdade da Palavra de Deus e a mani- veram sobre este importante período. mos chamados para adorar e servir a Deus utilizando os meios
festação do Espírito Santo na confirmação da envolvida nessas quatro crises potencialmen- 11. Carta 82, 1888, em The Ellen G. White 1888 Materials, vol. empregados em anos anteriores. Deus requer mais elevado
1, pág. 182 (Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 178); “Ir- serviço agora do que nunca antes. Ele requer o aperfeiçoa-
verdade bíblica. A Palavra é infalível, inaba- te divisivas teria conseguido unificar a igreja mãos... devo dizer-lhes claramente que a conduta adotada pa- mento dos dons celestiais. Colocou-nos numa posição em
lável e suporta a prova.” e ajustar sua conduta rumo ao futuro. Confor- ra comigo e para com minha obra desde a Associação Geral que precisamos de coisas mais elevadas e melhores do que ja-
em Mineápolis – sua resistência à luz e às advertências que mais necessitamos antes.” – Ibidem, 25 de fevereiro de 1890;
Ela continuou: “Não há verdade nas expli- me muitos freqüentemente observam, “foi ela Deus comunicou por meu intermédio – tornaram meu traba- “Temos ouvido Sua voz mais distintamente na mensagem
cações das Escrituras que o Pastor Ballenger e quem desempenhou o mais importante papel lho cinqüenta vezes mais difícil.” – Carta 1, 1890, ibidem, que esteve sendo pregada nestes últimos dois anos. ... Agora
vol. 2, págs. 659; “a prova mais dolorosa de minha vida”. – começamos a ter um pequeno vislumbre do que é a fé.” – Ibi-
na resolução dessas questões. ... Sem a voz au-
os que com ele se associaram estão apresen- Manuscrito 30, 1889, ibidem, vol. 1, pág. 354; “um dos capí- dem, 11 de março de 1890.
torizada de Ellen White, os resultados teriam tulos mais tristes na história dos crentes na verdade presen- 21. 1888 Materials, vol. 1, pág. 153; A. V. Olson, Thirteen Crisis
tando. As palavras são corretas, mas mal apli- te”. – Ibidem, vol. 4, pág. 1.796. Ver pág. 234. Years (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing As-
sido muito diferentes.”73 12. 1888 Materials, vol. 1, pág. 152; Schwarz, Light Bearers, págs. sociation, 1941), pág. 302.
cadas para justificar o erro. Não devemos
Ellen White foi, na verdade, a voz do mo- 187-192; Fé e Obras, págs. 59-84; Biography, vol. 3, págs. 22. 1888 Materials, pág. 221.
apoiar seu raciocínio. Não conduz a Deus. ... 416-418. 23. Ibidem, pág. 153; também em Olson, Thirteen Crisis Years,
vimento do advento, não porque explicasse 13. Para uma discussão sobre a elipse da verdade, ver pág. 260 e pág. 30.
Sou instruída a dizer ao Pastor Ballenger:
cada detalhe teológico e resolvesse cada crise Apêndice P. 24. Ibidem, pág. 1.575; ver também Mensagens Escolhidas, livro 1,
Suas teorias, repletas de primorosos encadea- 14. Fé e Obras, págs. 13 e 14. págs. 234 e 235. Esta carta foi publicada pela primeira vez na
por meio dos trovões do Sinai. Ela trabalhava 15. Manuscrito 24, 1888, The Ellen G. White 1888 Materials Review and Herald, 13 de fevereiro de 1952.
mentos e que precisam de tantas explicações, (1888 Materials), vol. 1, págs. 217 e 218. 25. Review and Herald, edição extra, 23 de dezembro de 1890,
no sentido de encontrar a melhor solução pa-
não são a verdade, e não devem ser apresen- 16. Review and Herald, 11 de março de 1890, págs. 1 e 2; Parábo- pág. 2; A. G. Daniells, Christ Our Righteousness (Washing-
ra o momento, esperando às vezes até que a las de Jesus, pág. 48; “Você pode dizer que crê em Jesus quan- ton, D.C.: Review and Herald Publishing Association,
tadas ao rebanho de Deus.”69 do valoriza o preço da salvação. Você pode fazer esta afirma- 1941), 128 páginas.
melhor solução amadurecesse a fim de não
Em uma das reuniões públicas, Ellen White ção quando sente que Jesus morreu por você na cruel cruz do 26. Review and Herald, “Repentance the Gift of God”, 1o de abril
desfazer a equação iniciada muitos anos an- Calvário; quando exerce uma fé inteligente e sensata de que de 1890; 22 de novembro de 1892, “The Perils and Privileges
foi levada a relatar as primeiras experiências. tes: estudo da Bíblia confiável + confirmação a morte dEle lhe dá condições para parar de pecar e, pela gra- of Last Days”; Maxwell, Tell It to the World, págs. 231-241; Ol-
Como fizera em várias ocasiões anteriores,70 ça de Deus, aperfeiçoar um caráter justo, comprado pelo san- son, Thirteen Crisis Years, págs. 1-320; Schwarz, Light Bearers,
por revelação divina = verdade presente. gue de Cristo e concedido a você.” – Review and Herald, 24 págs. 183-197; Spalding, Origin and History, vol. 2, págs. 281-
descreveu a maneira como, nos anos iniciais, Parece que a maior e mais importante con- de julho de 1888. 303; Arnold V. Wallenkampf, What Every Adventist Should
17. Schwarz, Light Bearers, pág. 192. Know About 1888 (Washington, D.C.: Review and Herald
o intenso estudo da Bíblia precedera a “clara tribuição da Sra. White foi não perder de vis- 18. Fé e Obras, págs. 29-58. Publishing Association, 1988), págs. 1-92; Robert J. Wieland,
explanação das passagens que estivéramos es- ta os fatos mais importantes da situação, pres- 19. Manuscrito 24, 1888, 1888 Materials, vol. 1, págs. 217-218 The 1888 Message, An Introduction (Nashville, TN.: Southern
(Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 172); ver também págs. Publishing Association, 1980), (Paris, OH: Glad Tidings
tudando”, revelada em visão. Nada disso foi sentindo sempre as conseqüências danosas das 211 e 212; “Fizeram-me a seguinte pergunta: O que a irmã Publishers, 1997), págs. 1-158; Robert J. Wieland e Donald K.
feito em segredo. “Os irmãos sabiam que, falsas teorias. Tendo na mente a compreensão acha sobre a luz que estes homens estão apresentando? Ora, Short, 1888 Re-examined, Revised and Updated (Leominster,
é o que eu tenho lhes apresentado nestes últimos quarenta e MA: The Eusey Press, 1987), págs. 1-213; Biography, vol. 3,
quando não em visão, eu não compreendia clara e global do evangelho, toda teoria que cinco anos – o incomparável encanto de Cristo. Isto é o que págs. 385-433. George R. Knight, From 1888 to Apostasy
esses assuntos, e aceitaram como luz direta do [eu] tenho procurado apresentar à mente de vocês. Quando o (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Associa-
fizesse qualquer aspecto do evangelho parecer irmão Waggoner expôs essas idéias em Mineápolis, foi a pri- tion, 1987). Ver George Knight, Angry Saints.
Céu as revelações dadas.”71 confuso captava sua cuidadosa e preocupada meira vez que ouvi este assunto ser ensinado de maneira cla- 27. Carta a Ellen G. White, 25 de setembro de 1900, Arquivo de
Ela apresentou várias outras mensagens a ra por lábios humanos, exceto nas conversas entre mim e Documento 190 do Patrimônio Literário White.
atenção. Ela guiou a igreja para fora do lega- meu marido. ... Quando outro o apresentou, cada fibra do 28. G. A. Roberts, “The Holy Flesh Fanaticism”, Arquivo de
diversos grupos presentes na assembléia de lismo à direita e do fanatismo romântico à es- meu coração disse ‘Amém’.” – Sermão em Rome, Nova Ior- Documento 190 do Patrimônio Literário White.
que, 19 de junho de 1889, ibidem, págs. 348 e 349. 29. General Conference Bulletin, 23 de abril de 1901, págs. 419-
1905, cada uma advertindo tanto a Ballenger querda, sempre preocupada com a unidade e a 20. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 714 e 715 (Testemu- 421; para uma versão abreviada, ver Mensagens Escolhidas, li-
como aos líderes da igreja a “não misturarem missão distintiva da Igreja Adventista. nhos Seletos, vol. 2, págs. 321 e 322); “Aquilo que Deus deu vro 2, págs. 31-35.

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SEÇÃO IV
CAPÍTULO 18 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento CRISES TEOLÓGICAS

30. Ibidem, pág. 422. dita ser correto a andar como príncipe fazendo o que minha 69. Ibidem. ministério no santuário celestial não deve ser aceita como
31. William H. Grotheer, The Holy Flesh Movement (Florence, consciência diz ser errado.” – Daniells, Abiding Gift of Pro- 70. Ver págs. 170 e 171. professor.” Para um estudo bíblico sobre os textos do livro de
MS: Adventist Laymen’s Foundation of Mississippi, Inc., phecy, págs. 336 e 337. No dia seguinte, o Dr. Paulson ficou 71. Review and Herald, 25 de maio de 1905, pág. 17 (Mensagens Hebreus que Ballenger usava em apoio do seu ponto de vista
s.d.), págs. 1-65; Ella M. Robinson, S. N. Haskell, Man of Ac- profundamente impressionado com as mensagens de Ellen Escolhidas, livro 1, pág. 207). de que Jesus entrou no Lugar Santíssimo no santuário celes-
tion (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing As- White lidas no Concílio, e reconheceu que estivera longe de 72. Manuscrito 62, 1905, citado em parte em Biography, vol. 5, tial e para a refutação de seu principal argumento, ver
sociation, 1967), págs. 168-176; Schwarz, Light Bearers, págs. Deus. Ele e sua esposa fundaram o Hinsdale Sanitarium. O págs. 411 e 412. Ellen White escreveu mais de cinqüenta pá- William G. Johnsson, “Day of Atonement Allusions”, F. B.
446-448; Biography, vol. 5, págs. 39, 99, 100-107, 112 e 113. Dr. Paulson tornou-se um exemplo notável de fé viva e um ginas de cartas e manuscritos durante este período crítico. Ver Holbrook, ed., Issues in the Book of Hebrews (Silver Spring,
32. Bull e Lockhart, Seeking a Sanctuary, págs. 56-62. resoluto defensor do ministério de Ellen White. Manuscrito 75, 1905, citado parcialmente em Biography, vol. MD: Biblical Research Institute, 1989), págs. 105-120.
33. “Antes de completar 17 anos de idade, tive que dar meu tes- 45. Review and Herald, 22 de outubro de 1903; ver também Car- 5, págs. 425 e 426; Carta 329, 1905 (Mensagens Escolhidas, li- 73. Schwarz, em Land, Adventism in America, pág. 109. “As dimen-
temunho contra elas [opiniões a respeito de Deus parecidas ta 216, 1903, citada em Biography, vol. 5, págs. 298 e 299. vro 1, págs. 160-162), citada parcialmente em Biography, vol. sões da crise enfrentada pela igreja entre 1897 e 1911 indicam
com as encontradas em The Living Temple] perante grandes 46. Biography, vol. 5, pág. 300. Para outros exemplos da exatidão 5, págs. 426 e 427; Carta 50, 1906, citada em Biography, vol. que, sem a guia do Senhor por meio do Espírito de Profecia, a
agrupamentos de pessoas.” – Carta 217, 1903, citada em Bio- do tempo das visões de Ellen White, ver o capítulo 15. 5, págs. 427 e 428; e Manuscrito 125, 1907, citado parcial- igreja teria perdido sua mensagem especial ou se teria fraturado
graphy, vol. 5, pág. 304. 47. Ibidem, págs. 299-302. mente em Biography, vol. 5, pág. 428, no qual Ellen White es- irremediavelmente.” – Bert Haloviak, “Pioneers, Pantheists,
34. Manuscrito 70, 1905, citado em Biography, vol. 5, pág. 281. 48. Carta 230, 1903, citada em Biography, vol. 5, pág. 303 (Evan- creveu: “Qualquer pessoa que procura apresentar-nos teorias and Progressives: A. F. Ballenger and Divergent Paths to the
35. General Conference Daily Bulletin 1897, pág. 83. gelismo, pág. 602). Ver também Testemunhos Para a Igreja, que nos desviariam da luz a nós transmitida relativamente ao Sanctuary”, pág. 52, original inédito, junho de 1980.
36. General Conference Daily Bulletin 1899, págs. 57, 58 e 119. vol. 8, págs. 290-304.
37. A freqüente ênfase de Ellen White sobre o tema “Cristo ha- 49. Shaw, “A Rhetorical Analysis of the Speaking of Mrs. Ellen
bitando em vós”, aliada à ênfase igualmente pronunciada so- G. White”, págs. 315 e 316. Conquanto alinhados com algu-
bre a concessão do Espírito Santo em cumprimento ao apelo mas pessoas em determinados pontos de vista, muitos líderes
de Pedro de que os cristãos podem tornar-se “participantes da não apoiavam essas mesmas pessoas em outros pontos. Embo-
natureza divina” (I Ped. 1:4), foi tirada do contexto. Prevale- ra Kellogg, Sutherland, Magan, Jones e Waggoner fossem Perguntas Para Estudo
ceram-se das afirmações dela para forjar o ensino de um Deus “reformadores”, Sutherland e Magan não apoiavam Kellogg e
imanente que impregna toda a humanidade, tanto a conver- outros em suas idéias panteístas.
tida como a não convertida; assim como a idéia de que, ao 50. Biography, vol. 5, pág. 336. 1. Quais foram as questões básicas que dividiram os delegados na Associação Geral de Mi-
obedecer às leis da vida, uma pessoa pode tornar-se como 51. Ibidem, pág. 334. neápolis em 1888?
Deus, não restando assim nenhuma necessidade do auxílio 52. Ibidem, pág. 338.
do poder divino, nenhuma necessidade da morte vicária de 53. Páginas 255-335.
Cristo, etc. Por trás tanto do Movimento da Carne Santa co- 54. Páginas 409-466. Para os antecedentes da crise panteísta, ver 2. Quais as questões básicas em jogo no Movimento da Carne Santa, e como Stephen Has-
mo do desenvolvimento panteísta, estava, na mente de al- A. G. Daniells, The Abiding Gift of Prophecy, págs. 340-342; kell e Ellen White diminuíram o perigo do problema?
guns, a mudança do processo de santificação que prepararia o Maxwell, Tell It to the World, págs. 214-216; Schwarz, Light
povo para um serviço mais completo (o tema da chuva serô- Bearers, págs. 288-292; Schwarz, “The Perils of Growth”, em
dia e do alto clamor) para o Santificador que Se manifestaria Land, Adventism in America, págs. 133-138; Spalding, Origin 3. Quais as questões básicas envolvidas na crise do panteísmo em princípios da década de
de alguma forma física extraordinária. Por exemplo, líderes and History, vol. 3, págs. 130-144; Valentine, The Shaping of 1900?
adventistas de renome estavam ensinando que receber o Es- Adventism, págs. 145-166; Biography, vol. 5, págs. 402-404.
pírito significava receber também a cura do corpo assim co- 55. Ver pág. 262. Ver também “A Elipse da Verdade”, págs. 260 e 573.
mo da alma, que cabelos grisalhos seriam restaurados à cor 56. Ver O Grande Conflito, pág. 488. 4. Qual o erro fundamental que ligou J. H. Kellogg, A. F. Ballenger e, posteriormente, E. J.
natural, que a pessoa verdadeiramente guiada pelo Espírito 57. Schwarz, Light Bearers, pág. 188. Waggoner?
não morreria! – Ver General Conference Daily Bulletin 1899, 58. O Desejado de Todas as Nações, pág. 805.
págs. 53-58, 119 e 120; Gilbert M. Valentine, The Shaping of 59. A. T. Jones, redator da Review, concluía regularmente seus
Adventism (Berrien Springs, MI: Andrews University, 1992), editoriais com as seguintes palavras: “Recebei o Espírito San- 5. Por que Ellen White considerou as apresentações dos Pastores Jones e Waggoner em
págs. 159-163. to.” Os oradores das reuniões campais do fim da década de
38. General Conference Daily Bulletin, pág. 157. 1890 apresentavam geralmente este enfoque paracletocêntri-
1888 uma “preciosa mensagem”, “uma mensagem nova” que apresentava a voz de Deus
39. Certa pesquisa indica que o Dr. Kellogg talvez tenha sugeri- co. Provavelmente o mais eloqüente desses oradores foi A. F. de maneira mais distinta?
do a idéia. Os fatos claros são que tanto Daniells como Kel- Ballenger, um conferencista muito solicitado para reaviva-
logg pensavam que a idéia do livro era uma solução perfeita mento nas igrejas. Sua influência em Indiana repercutiu no
para o levantamento de fundos. Movimento da Carne Santa.
40. Prescott alistou as três principais áreas em que ele e Kellogg 60. Carta 269, 1903, citada em BR, vol. 10, págs. 356 e 357.
discordavam profundamente: (1) “uma visão errônea de 61. Review and Herald, 5 de outubro de 1897, pág. 629; ver arti-
Deus e do lugar de Sua habitação”; (2) uma religião “que dei- gos relacionados nas págs. 411, 523 e 624; ver também Gene-
xa de lado qualquer necessidade da expiação e da obra de ral Conference Daily Bulletin, 1899, pág. 96.
Cristo como nosso Sumo Sacerdote no santuário superior”; e 62. Evangelismo, págs. 695 e 696; Testemunhos Para a Igreja, vol.
(3) “uma falha em reconhecer a diferença entre o pecador e 6, págs. 9-13. Ver também Parábolas de Jesus, págs. 69, 414-
o cristão mediante o ensino de que todo ser humano é um 416; Review and Herald, 31 de março de 1910, págs. 3 e 4.
templo de Deus independentemente de sua fé em Cristo”. – 63. Review and Herald, 3 de maio de 1898, pág. 288; “A cura fí-
Valentine, The Shaping of Adventism, pág. 162. sica não é agora a verdade presente dos adventistas do sétimo
41. Valentine, The Shaping of Adventism, pág. 151. dia”. – Ibidem, 4 de outubro de 1898, pág. 637; “O dom de cu-
42. Carta 300, 1903, e Carta 52, 1903, citadas em Biography, vol. rar... aparecerá quando recebermos o Espírito Santo, e não
5, pág. 292. antes”. – Ibidem, 15 de novembro de 1898, pág. 740.
43. Biography, vol. 5, pág. 293. 64. Mat. 8:17, citando Isa. 53:4: “Certamente Ele tomou sobre Si
44. O jovem Dr. Paulson havia sido particularmente favorecido as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si.”
por Kellogg e estava agora apoiando a “nova luz” de seu ben- 65. Signs of the Times, 13 de junho de 1900, pág. 371.
feitor. Enquanto ele e Daniells voltavam para casa após uma 66. MR, vol. 21, págs. 57 e 58.
longa discussão, ele abanou o dedo para Daniells, dizendo: 67. Review and Herald, 25 de maio de 1905, pág. 17.
“O irmão está cometendo o maior erro de sua vida. Depois 68. Manuscrito 59, 1905, citado em Biography, vol. 5, pág. 408.
que todo este tumulto passar, algum dia desses o irmão vai Em 1891, A. F. Ballenger, o principal porta-voz que contendia
acordar e dar consigo revolvendo-se no pó, enquanto outro por uma mudança na administração da American Sentinel, foi
estará liderando a corporação.” Daniells endireitou-se e re- um dos líderes na Associação Geral em Battle Creek que con-
plicou: “Não creio em sua profecia. De qualquer modo, eu fessaram publicamente seu erro e reafirmaram sua confiança
preferiria revolver-me no pó fazendo o que meu coração acre- na integridade do ministério de Ellen White – ver pág. 188.

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO IV

19
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Voz de um Movimento
sentido”. Em um estudo realizado pelo Insti- a família de J. N. Andrews, os primeiros mis-
tuto Ministerial da Igreja (Universidade sionários oficiais da denominação para o es-
Andrews), “setenta por cento dos novos trangeiro. Ellen White comentou depois que
crentes, segundo pesquisa realizada na Asso- Andrews era “o homem mais capaz em nos-
ciação Geórgia-Cumberland, disseram que

Evangelismo Regional foram mais atraídos para a igreja pela ‘verda-


de e beleza de seus ensinamentos’. ... Poucas
pessoas são atraídas para igrejas cuja teolo-
sas fileiras”.16 Três anos depois, a família de
John G. Matteson foi enviada para a Escan-
dinávia a fim de reforçar o interesse na men-
sagem dos três anjos que fora despertado pe-
e Relações Raciais gia é cercada de condições. O evidente ape-
lo ideológico do adventismo também pode
ser uma função da visível certeza teológica
da igreja.”9
la literatura.17 Por volta de 1890 havia mis-
sionários adventistas em aproximadamente
18 países, incluindo diversas nações euro-
Nos primeiros anos, os adventistas leva- péias, África, Rússia, Austrália, Índia e
“A concepção que vocês têm sobre a obra precisa ser grandemente alargada.”1 ram a sério sua missão “mundial”, embora a África do Sul.
tenham interpretado de forma limitada. A Durante esse tempo Ellen White esteve
princípio eles criam que, “se a terceira men- educando a igreja. Em 1871, em uma mensa-
sagem angélica fosse pregada por todos os Es- gem baseada numa visão do dia 10 de dezem-
tados Unidos, a mensagem teria sido assim bro, ela apelou: “Os jovens devem se habili-
pregada a todo o mundo”.10 tar mediante a familiarização com outras lín-

O
s adventistas sabatistas estavam na “as visões de E. G. White tiveram profunda in- Como podia ser isto? Uriah Smith, que se
guas, a fim de que Deus os possa usar como
década de 1840 grandemente empe- fluência sobre as novas interpretações teológi- batia pelo conceito, concluía que, embora
“não tenhamos informações de que a Tercei- instrumentos para comunicar Sua salvadora
nhados em ajudar seu pequeno grupo cas bem como sobre a consciência missionária
a entender melhor o significado do Desapon- que surgia; sem sua influência era improvável ra Mensagem está neste momento sendo pro- verdade aos povos de outras nações. ... Preci-
tamento de 1844.2 Os primeiros líderes esti- a sobrevivência dos primeiros adventistas sa- clamada em outro país além do nosso... nossa sa-se de missionários que vão a outras nações
mulavam outros mileritas a não negarem sua batistas neste período de tumulto”.4 própria terra é composta de pessoas de quase para pregar a verdade de maneira ponderada
experiência com o Advento. Apresentavam O senso (teologia) adventista de missão, todas as nações”.11 Até 1872, os adventistas e cuidadosa.”18
energicamente sua nova compreensão a res- que na época estava em desenvolvimento, em geral acreditavam que Mateus 24:14 esta- Em 1874, ela teve “um sonho impressio-
peito do ministério de Cristo no santuário ce- deixou (mas não renunciou) de (1) reafirmar va sendo cumprido na rápida expansão das nante” de “proclamar a terceira mensagem
lestial e a ligação do sábado do sétimo dia a experiência do Advento de 1844, para (2) missões protestantes.12 angélica ao mundo”. No sonho disseram-lhe
com o contexto mais amplo das mensagens restaurar determinadas doutrinas bíblicas ne- Mas Ellen White estava sendo usada por que os adventistas estavam “alimentando
dos três anjos de Apocalipse 14. Compreen- gligenciadas que precisavam ser recolocadas Deus para elevar a visão da florescente deno- idéias muito limitadas acerca da obra para es-
sivelmente, seu senso de missão foi frustrado no “evangelho eterno” e (3) reconhecer que minação adventista. Na visão recebida em te tempo. Vocês estão tentando planejar a
por reações hostis tanto do público em geral este evangelho restaurado devia ser pregado a 1848, em Dorchester, Massachusetts, ela
obra de modo que possam envolvê-la com os
depois do “constrangimento” de 22 de outu- todo o mundo antes da volta de Jesus.5 contou ao marido Tiago que ele devia come-
çar um periódico e que “desde este pequeno braços. ... Muitos países estão esperando a luz
bro de 1844, como dos mileritas observadores Junto com a firme proclamação coerente avançada que o Senhor tem para eles. ... A
começo foi-me mostrado assemelhar-se a tor-
do domingo que amargamente rejeitavam a da breve vinda de Jesus por parte do adven- concepção que vocês têm sobre a obra preci-
rentes de luz que circundavam o mundo”.13
nova ênfase do sábado. Parecia que uma cor- tismo, estava seu princípio motivador e pro- sa ser grandemente expandida.”19
Tal conceito parecia absurdo para as pessoas
tina de gelo isolava agora os primeiros adven- pulsor de restauração.6 Este princípio encer- daquela época.14 Dirigida por seu senso de missão, Ellen
tistas sabatistas, levando-os à convicção de rava mais do que uma integração teológica Durante a década de 1850, os adventistas White passou dois anos na Europa, 1885-
que, de certa forma, a porta da misericórdia dos ensinamentos bíblicos restaurados; in- que tinham familiares ou amigos na Europa 1887. Esses anos são minuciosamente histo-
se fechara para aqueles que haviam rejeitado cluía “o contexto da restauração física e espi- começaram a enviar-lhes literatura, e em riados em Ellen G. White in Europe, 1885-
as implicações mais profundas da mensagem ritual do homem como a preparação necessá- pouco tempo encontravam-se grupos de guar- 1887.20 Assim como estivera ela intimamen-
milerita de 1844.3 ria para a volta de Cristo”.7 Ellen White foi a dadores do sábado no “velho” mundo. Em
Mas o senso de missão que envolvia a res- principal porta-voz do princípio de restaura- te envolvida na expansão do movimento do
1864, M. B. Czechowski, um adventista des- Advento na América do Norte, agora tinha
ponsabilidade adventista de proclamar a men- ção que deu forma à escatologia adventista.8 de 1858, partiu para a Europa levando consi-
sagem ao mundo logo mudou. A influência e a A ênfase teológica na restauração diferen- muito que fazer para estabelecer a obra na
go suas convicções recém-descobertas. Isso
clareza da jovem Ellen White foram a razão cia os adventistas do sétimo dia de outros gru- levou finalmente à organização de um grupo Europa em princípios firmes. Não foi fácil
principal da mudança da mentalidade da “por- pos religiosos que enfatizam a proximidade de crentes observadores do sábado em Trame- trabalhar com muitas línguas e nacionalida-
ta fechada” dos primeiros adventistas sabatis- ou até mesmo a iminência da Segunda Vinda. lan, Suíça.15 des, mas sua instrução naquela época sobre
tas para a mentalidade da responsabilidade A teologia adventista do Advento continua Em 1874, estimulada pelo interesse euro- como promover unidade e boa vontade tem
de concluir a comissão evangélica. De fato, a atrair os que querem “que sua vida tenha peu, a Associação Geral enviou para a Suíça sido, desde aquele tempo, bastante salutar pa-
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CAPÍTULO 19 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento EVANGELISMO REGIONAL E
RELAÇÕES RACIAIS

ra as relações culturais nacionais e interna- Importância de começar direito. Para Ellen sino de Cristo, bem como imitar-Lhe o distintivas. Ela conhecia os princípios das
cionais.21 White, as primeiras impressões eram impor- exemplo”.37 boas relações públicas.45
L. H. Christian, que foi administrador na tantes. Aqueles que representam a Igreja Ad- O exemplo de Cristo compreendia: evitar Destacada Defensora do Evangelismo Urba-
Europa entre 1922 e 1936, escreveu: “O mo- ventista publicamente devem estar prepara- “controvérsia”;38 identificar-Se “com os inte- no. Alguns podem perguntar como e por que
vimento do advento na Europa jamais teria dos tanto espiritual como profissionalmente, resses e a felicidade”39 de cada pessoa; obser- uma mulher tão atarefada como Ellen White
sido o mesmo não fosse pela visita dela.”22 do contrário sua obra não seria permanente: var “a fisionomia dos ouvintes... a qual revela- se envolveria em técnicas evangelísticas.
Ellen White era uma pessoa de mentalida- “Há premente necessidade de que o trabalho
va haver a verdade atingido o íntimo”;40 falar Contudo, muitas são as mensagem escritas
de globalizada. A “maneira” como Mateus em novos campos comece da maneira correta
24:14 se cumpriria, ela deixava nas mãos de e traga o cunho divino. Muitos nesses novos com “simplicidade”, sem apresentar-lhes para líderes denominacionais e destacados
Deus: “Deus fará o trabalho, se Lhe fornecer- campos estarão em perigo de aceitar a verda- “muitas coisas de uma vez, para não lhes con- evangelistas focalizando os métodos de ga-
mos os instrumentos.”23 Aquela que viu as de ou com ela concordar que não têm uma fundir a mente”, mas tornar cada ponto “cla- nhar almas em zonas urbanas.46 Por exemplo,
“torrentes de luz” circundando o mundo em genuína conversão de coração. Quando pro- ro e distinto”; apelar a todos os níveis intelec- seu conselho sobre evangelismo público, es-
1848, quando havia pouco mais de cem ad- vados pela tormenta e tempestade, descobrir- tuais e sociais revestindo Suas mensagens “de pecialmente nas grandes cidades do mundo,
ventistas sabatistas, nunca desistiu daquela se-á que sua casa não foi edificada sobre a ro- tal beleza que interessavam e cativavam os levaram a novas atitudes para com o evange-
visão de um mundo iluminado pelas mensa- cha, mas sobre areia movediça. O pastor de- maiores intelectos”;41 dosar Sua instrução à lismo urbano: “Achamo-nos reprovados
gens dos três anjos. Ela impeliu a igreja a pro- ve possuir piedade prática e desenvolvê-la em medida que o auditório estava pronto para re- diante de Deus em virtude de as cidades gran-
pagar sua mensagem, estimulando-a a ser sua vida diária e caráter. Seus sermões não cebê-la, restringindo “muitas coisas a cujo des, mesmo ao alcance de nossos olhos, esta-
mais abrangente no cumprimento de sua en- devem ser exclusivamente teóricos.”28 respeito Sua sabedoria O manteve sigiloso”.42 rem por trabalhar e por advertir. ... Não te-
tão titubeante missão.24 “Começar direito” significa também cau- Levar o evangelho ao público em geral, in- mos feito demais pelos campos estrangeiros,
sar boa impressão escolhendo bem o local de
clusive a muita gente decepcionada com ex- mas, comparativamente, não temos feito na-
Defensora Dinâmica do Evangelismo Público reunião;29 evitando “representações teatrais”
O treinamento deve preceder a prática. Nos dois e “notícias sensacionalistas... para despertar periências religiosas anteriores, requer tato da pelas cidades grandes que se acham à nos-
anos que passou na Europa (1885-1887), a temores;”30 publicando artigos na “imprensa na seleção da seqüência dos assuntos a serem sa própria porta.”47
Sra. White deu àqueles que estavam abrindo secular;”31 relacionando-se “com os pastores apresentados. Ellen White ensinou o cami- Stephen e Hetty Haskell foram talvez os
novos campos evangelísticos sugestões claras das várias igrejas;”32 mantendo suas mensa- nho pelo exemplo e por persistente instrução. principais expositores do programa de
e comprovadas de como serem mais eficien- gens “a par com os tempos;”33 trajando-se os Ao enfatizar a necessidade de tato, ela escre- Ellen White para alcançar as massas. Ven-
tes. Uma das primeiras lições aprendidas nos pastores “de maneira adequada à dignidade veu: “Quando encontrarem pessoas que, co- da de livros de porta em porta, estudos bí-
Estados Unidos era a de que obreiros despre- de sua posição”34 e evitando os pastores tudo mo Natanael, estão prevenidas contra a ver- blicos domiciliares, reuniões de obreiros
parados e inexperientes, não importando quanto possa ser considerado inculto em dade, não insistam muito fortemente em seus para instrução sobre evangelismo pessoal,
quão fervorosos fossem, não honravam a qualquer atitude ou comportamento que pontos de vista peculiares. Falem a princípio utilização da educação de saúde para des-
Deus com métodos ineficientes. Na quinta “cause aborrecimento ao auditório”.35 com elas de assuntos em que vocês possam pertar o interesse público, estudos bíblicos
assembléia do Concílio Europeu (1887), rea- As apresentações públicas devem refletir o es- concordar. ... Tanto vocês quanto elas serão impressos, revistas evangelísticas, contato
lizado em Moss, Noruega, ela aconselhou: pírito e maneiras de Jesus. Um dos alvos do Es-
levados a mais íntima ligação com o Céu, en- com líderes comerciais e profissionais, es-
“Poderia haver-se realizado obra muito maior, pírito de Profecia é que Jesus seja exaltado e
caso nossos irmãos tivessem se dado ao traba- refletido em todos os empreendimentos de fraquecer-se-á o preconceito, e será mais fácil colha de lugares adequados para as reu-
lho, mesmo com grandes despesas, de instruir conquista de almas. Seja qual for o assunto chegar ao coração.”43 niões públicas – tudo isso foi usado na
os licenciados antes de os enviarem para o que Ellen White discuta, o leitor é impressio- Ela elogiou as irmãs da igreja que se asso- campanha levada a efeito por Haskell na
campo de trabalho. Eles receberam permissão nado com o sentimento predominante de que ciavam à União Feminina de Temperança cidade de Nova Iorque no começo da déca-
para colocar seu dom à prova. Não se acom- Cristo é não somente nosso Salvador, mas Cristã, insistindo com elas para que mostras- da de 1900.48
panharam de obreiros experientes, mas saí- também nosso Exemplo em todas as coisas. sem possuir a “luz da vida” sobre “assuntos em A liderança denominacional, preocupada
ram sozinhos. ... Não progrediram, nem exer- Seu modo de conquistar almas, seja levando que vocês podem estar de acordo”.44 com as diversas crises existentes na época,
citaram suas faculdades para tornarem-se ho- indivíduos à salvação, seja dirigindo multi- Em muitas ocasiões Ellen White foi convi- negligenciou a repetida ênfase de Ellen
mens capazes nas Escrituras.”25 dões para o Céu, oferece métodos claros e dada a falar ao público em geral através de to- White sobre o evangelismo urbano. Mas ela
A Sra. White não costumava substituir o comprovados de eficiência evangelística. da a América do Norte. Geralmente, ela es- não se deteve. Para ela, não apenas muitos
entusiasmo pelo devido preparo ministerial: No capítulo “Nosso Exemplo”, no livro A colhia os temas da temperança cristã e da milhões de pessoas estavam descendo à se-
“Se os rapazes desejarem entrar para o campo Ciência do Bom Viver, Ellen White descreve
piedade prática, desenvolvendo os assuntos pultura sem serem advertidos, mas também
[ministério público], não os desanimem de como Jesus procurava chegar até as pessoas
maneira nenhuma; mas deixem que apren- na condição em que se achavam. Escreve de uma forma que comovesse profundamente a pregação da tríplice mensagem angélica de
dam o ofício primeiro.”26 Conforme Tiago ela: “Buscava acesso ao povo por meio de seus ouvintes. Sabia que, iniciando com um Apocalipse 14 estava sendo gravemente
White declarou, era sempre “uma vergonha suas mais familiares relações.”36 Ela freqüen- assunto neutro e atual, conseguiria captar a prejudicada.49
para os adventistas do sétimo dia fazer um temente enfatizava que é “indispensável benévola atenção dos ouvintes, favorecendo Em 1909, ela enfrentou a questão com fir-
trabalho de segunda classe”.27 compreender e seguir os corretos métodos de en- a apresentação posterior de mensagens mais meza: o primeiro escalão da igreja, incluindo
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CAPÍTULO 19 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento EVANGELISMO REGIONAL E
RELAÇÕES RACIAIS

A. G. Daniells, presidente da Associação Ge- tistas para compreender seu dever de compar- ao estímulo de sua mãe, trouxe como resulta- federais na capital da nação. Em 1890 o Mis-
ral, e W. W. Prescott, redator da Review, de- tilhar sua fé com os afro-americanos”.54 do o estabelecimento da presença adventista sissippi tomou a iniciativa de eliminar o di-
via sair à frente no evangelismo público! Antes de partir com destino à Austrália, do sétimo dia junto ao rio Yazoo, em Nashville, reito de voto dos negros; sete Estados logo se-
Crendo que o conselho transmitido a esses ir- na assembléia da Associação Geral de 1891, Tennessee, e em Vicksburg, Mississippi.59 guiram o seu exemplo. O linchamento tor-
mãos em 1909 havia produzido apenas uma realizada em Battle Creek, a Sra. White fez A Sra. White encarava a questão da bar- nou-se um fenômeno racial sulista; alguns ne-
reação simbólica, em 1910 ela lhes escreveu seu primeiro apelo público em prol de um tra- reira racial em dimensões mais amplas do que gros foram queimados vivos em fogueiras.
com mais severidade: “Fui encarregada de balho evangelístico entre os negros norte- a maioria de seus contemporâneos. Em uma Tanto no Norte como no Sul ocorreram
transmitir aos irmãos a mensagem de que am- americanos.55 Compreendendo as crescentes série de dez artigos publicados na Review and grandes revoltas raciais.
bos precisam humilhar o coração perante restrições que estavam sendo aplicadas aos Herald,60 depois que Edson havia iniciado es- Ellen White se contradisse? Será que ela
Deus. Nem o Pastor Prescott nem o Pastor negros por todos os Estados sulistas, ela reco- sa obra, ela apelou para os membros da igre- estava se acomodando às circunstâncias
Daniells se acham preparados para dirigir a nheceu estar penetrando num tema explosi- ja: “Nenhuma mente humana deve procurar quando disse aos membros da igreja, brancos
obra da Associação Geral, pois têm, em algu- vo, “mas não pretendo viver como uma co- traçar a linha entre quem é negro e quem é e negros, em 1908, que os negros não deviam
mas coisas, desonrado ao Senhor Deus de Is- varde nem morrer como uma covarde”.56 branco. Que as circunstâncias indiquem o esperar nem exigir igualdade social e que ne-
rael. ... Durante a última reunião em Ela salientou que “o nome do negro é es- que deve ser feito, pois o Senhor tem na mão gros e brancos deviam adorar em prédios se-
Washington, D.C., da qual participei, algu- crito no livro da vida, ao lado do nome do a alavanca das circunstâncias. Quando a ver- parados? Isso certamente dá a impressão de
mas coisas me foram reveladas claramente. ... branco. ... Nascimento, posição, nacionalida- dade exercer impacto sobre a mente tanto de uma Ellen White bem diferente daquela líder
A obra nas cidades não tem feito o progresso de ou cor não podem elevar nem degradar os negros como de brancos, quando as pessoas corajosa e perspicaz da primeira metade da
que deveria. ... Caso o presidente da Associa- homens.” Além disso, os que “menosprezam forem inteiramente convertidas, elas se tor- década de 1890!
ção Geral estivesse completamente alerta, um irmão por causa de sua cor estão menos- narão novos homens e mulheres. ... Os con- Podemos contestar essa crítica contra
poderia ter visto a situação. Mas ele não en- prezando a Cristo”. vertidos dentre os da raça branca experimen- Ellen White observando-se os seguintes fato-
tendeu a mensagem que Deus enviou. ... Não Depois, ela abordou a negligência da igre- tarão uma mudança em sua maneira de pen- res: 1. Seu filho, Edson, estava nessa época
posso mais ficar calada.”50 ja, reconhecendo com pesar que não temos sar. O preconceito que havia herdado e culti- demonstrando os princípios defendidos por
Prescott fez planos para a obra evangelísti- “feito maior esforço pela salvação de almas
vado para com a raça negra desaparecerá.”61 sua mãe. Ele e seus companheiros estavam
ca, mas uma série de tragédias familiares se entre os negros”. Admitiu que estava fazendo
Ellen White encerrou o primeiro artigo da trabalhando em meio a tenebrosas sombras
abateu sobre ele. Sua saúde ficou seriamente referência a “questões embaraçosas”; que se
série de dez com um apelo e uma advertência: enquanto a segregação racial “Jim Crow” var-
prejudicada. Com o passar do tempo, novas precisava de adventistas tanto brancos quan-
“Como um povo devemos fazer mais em prol ria o Sul. A mãe de Edson mantinha estreito
responsabilidades editoriais acabaram por to negros para instruírem milhões que ha-
da raça negra na América do Norte do que já contato com ele e podemos, por meio da cor-
ocupar-lhe o tempo.51 viam sido “espezinhados” por tanto tempo; e
temos feito. Neste trabalho precisaremos agir respondência trocada entre eles, compreen-
Daniells teve dificuldade em organizar que os obreiros da igreja no Sul “não devem
suas responsabilidades administrativas. Du- levar as coisas a extremo e descambar para o com cautela, dotados com sabedoria celes- der onde estava o coração dela. Mãe e filho,
rante esses meses, Ellen White escreveu para fanatismo nesta questão”.57 tial.”62 Os nove artigos restantes voltaram a quase sozinhos, durante tempos dificílimos,
ele: “Redima o tempo perdido nos nove anos Um dos primeiros a sentir o desafio foi enfatizar os conceitos gerais do primeiro arti- mostraram à Igreja Adventista como iniciar o
passados levando adiante agora a obra em James Edson White, filho de Ellen White.58 go, com várias sugestões sobre como as famí- trabalho nos Estados do Sul.
nossas cidades, e o Senhor o abençoará e sus- Impressor gráfico e criativo compositor de lias brancas deviam mudar-se para o Sul a fim 2. As circunstâncias em rápida mudança
tentará.”52 hinos, enérgico e culto, Edson associou-se a de compartilhar com os negros o que sabiam nos Estados do Sul exigiam um conselho
Essa constante insistência junto ao presi- Will Palmer na produção do livro The Gos- de agricultura e de outros ofícios. O objetivo oportuno e sem ambigüidade por parte da
dente da Associação Geral e a outros resultou pel Primer, que seria usado para (1) levantar era levar os negros a estabelecerem seus pró- mensageira de Deus, que conseguia ver o am-
em uma explosão de evangelismo urbano ad- fundos, (2) ensinar analfabetos a ler e (3) prios programas de auto-ajuda. plo quadro que se desenvolvia. Ellen White
ventista nos anos que se seguiram.53 ensinar as verdades bíblicas em linguagem Mas o tempo e as circunstâncias logo mu- nunca defendeu a antecipação do tempo de
simples. daram. Os últimos anos do século dezenove e angústia.64 Reconhecia que o alvorecer de
Dando o Exemplo nas Relações Raciais Sabendo que não seriam bem-vindos entre a primeira década do século vinte viram to- um dia melhor iluminaria por fim aquela noi-
À semelhança do que aconteceu com muitas os brancos sulistas, especialmente se vives- das as conquistas que os negros haviam obti- te escura de vergonhosa opressão contra os
outras questões denominacionais importantes, sem entre os negros, construíram um navio do desde a abolição revertidas violentamen- negros, mas também admitia que, “para este
Ellen White tomou a dianteira em registrar as fluvial (chamado Morning Star [Estrela da te. Surgiu durante este período o rígido e ver- tempo”, eles deviam ser “‘prudentes como as
dimensões morais envolvidas nas relações ra- Manhã]), que durante vários anos foi para gonhoso sistema de segregação, dando início serpentes e simples como as pombas’”. As
ciais, bem como nas sugestivas abordagens eles casa, oficina gráfica e capela. Esse esfor- ao que se chamou de a “traição dos negros”. medidas preventivas defendidas por Ellen
pragmáticas para resolver problemas durante ço conjunto para ajudar a cumprir os alvos do Alguns se referem a este período como “a White devem ser seguidas “até que o Senhor
tempos difíceis. Richard Schwarz escreveu que apelo feito em 1891 por Ellen White foi longa noite escura”, que durou até 1923.63 nos mostre um melhor caminho”.65 Ela pedia
isso “levou Ellen White a fazer uma séria ad- avante com pouco apoio de recursos denomi- Em 1913, o presidente dos Estados Unidos ânimo porque “Deus está estendendo Seu
moestação no sentido de despertar os adven- nacionais. Mas a tenacidade de Edson, aliada ainda praticava a segregação em repartições braço a fim de realizar uma obra poderosa
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RELAÇÕES RACIAIS
melhantes a Cristo. ... Ninguém pense que não tem necessi- crentes. Eles raciocinarão que, se temos idéias tão sãs relati-
neste campo missionário, dentro das frontei- das as raças; (b) jamais estimulou a crença dade de golpe algum. Não existe pessoa nem nação que seja vamente à saúde e à temperança, deve haver em nossa cren-
perfeita em todos os seus costumes e pensamentos. Uma pre- ça religiosa alguma coisa digna de investigação.” – Evangelis-
ras de nossa própria nação”.66 prevalecente por parte de muitos em sua épo- cisa aprender da outra. Por isso, Deus quer que as diversas na- mo, pág. 514.
3. O conselho de Ellen White durante es- ca de que a raça negra era geneticamente in- cionalidades se amalgamem para chegarem a ser um só povo 46. Evangelismo, págs. 384-428; ver Howard B. Weeks, Adventist
se período aterrador da história dos Estados ferior. Muitas vezes frisou: “Vocês vão se de- em suas maneiras de ver e propósitos. Será, assim, exemplifi- Evangelism in the Twentieth Century (Washington, D.C.: Re-
cada a união que há em Cristo. ... Irmãos, contemplem a Je- view and Herald Publishing Association, 1969).
Unidos revela sabedoria mais do que huma- parar com esta deplorável ignorância. Por sus; imitem-Lhe as maneiras e o espírito, e não terão dificul- 47. Ibidem, págs. 401 e 402.
na. Flexibilidade é sinal de sabedoria quando quê? Porque as almas mantidas em cativeiro dade alguma para alcançar esses diferentes tipos de pessoas. 48. Ella M. Robinson, S. N. Haskell, Man of Action, (Washing-
Não temos seis modelos para copiar, nem cinco; temos ape- ton, D.C.: Review and Herald Publishing Association,
o tempo e as circunstâncias mudam. Embora foram ensinadas a fazer exatamente a vonta- nas um, Jesus Cristo. ... Eu os exorto, irmãos e irmãs, a não 1967), págs. 177-195. Um dos princípios evangelísticos de
o fato de morar na Austrália a houvesse im- de daqueles que as chamam de sua proprieda- erguer um muro de separação entre as diferentes nacionalida- Ellen White que Haskell levou a sério foi: “Caso houvesse
pedido de ler os jornais desse período, ela via de e as conservam como escravos. ... Ora, des. Ao contrário, tratem de derrubá-lo, onde existir.” – Tes- metade dos sermões e duplicado esforço pessoal fosse feito
temunhos Para a Igreja, vol. 9, págs. 179-181 (Testemunhos Se- pelas pessoas em seus lares e nas congregações, ver-se-ia sur-
claramente as implicações da nova opressão existem os que são inteligentes. Muitos que letos, vol. 3, págs. 378-380). preendente resultado.” – Evangelismo, pág. 430.
contra os negros. Se atitudes “erradas” adota- não tiveram ocasião favorável revelariam re- 22. Christian, Fruitage of Spiritual Gifts, págs. 161 e 162. “Por 49. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, págs. 97-108; Review and
das no trabalho em prol dos negros fossem in- soluta capacidade, caso tivessem sido aben- muitos e muitos anos, nossos membros e seus filhos na Ingla- Herald, 1o de julho de 1909.
terra, Suíça, Noruega, Dinamarca e Suécia nunca se cansa- 50. Carta 58, 1910, citada em Biography, vol. 6, pág. 225; MR,
terpretadas desfavoravelmente pelos brancos, çoados com oportunidades tais como seus ir- ram de falar sobre a Sra. White. E quando, algumas vezes, em vol. 6, págs. 73-77; vol. 10, págs. 362-364.
a obra evangelística em favor destes corria mãos mais favorecidos, os brancos, tive- anos posteriores, alguns apóstatas ridicularizavam e faziam 51. Valentine, The Shaping of Adventism, págs. 197-214.
perigo. Se os brancos inamistosos achassem ram.”68 Em outras palavras, remova o cativei- pouco caso do dom de profecia e da serva de Deus, nosso po- 52. Carta 68, 1910, citada em Biography, vol. 6, pág. 229; págs.
vo dizia: ‘Não concordamos com vocês. Nós a ouvimos falar. 219-230; MR, vol. 19, págs. 123 e 124.
que os negros estavam indo além de sua esfe- ro e os inevitáveis resultados da escravidão, Temos testemunhado sua vida humilde, piedosa e inspirado- 53. Schwarz, Light Bearers, págs. 336-341.
ra social ao atenderem os evangelistas bran- dê aos negros a mesma oportunidade dos ra. Possuímos os seus livros, os quais concordam com a Bí- 54. Schwarz, ibidem, pág. 235.
cos, os negros estariam em perigo ainda brancos, e como conseqüência a assim cha- blia e aprofundam nosso amor por Jesus.’” 55. Por questão de coerência, empregamos neste livro os termos
23. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 107 (Testemunhos Sele- afro-americanos para negros, e caucasianos para brancos. Em
maior.67 O conceito maior que Ellen White mada ignorância desaparecerá. tos, vol. 3, pág. 341). seu esclarecedor livro sobre as relações raciais adventistas,
sempre manteve diante da igreja consistia em Ellen White teria sido mais bem com- 24. Maxwell, Tell It to the World, págs. 174-183; Emmet K. Van- publicado em 1970, Ron Graybill discute os diversos termos
honrar a Deus mediante firme progresso em preendida a respeito das relações raciais atra- deVere, “Years of Expansion, 1865-1885”, em Land, Adven- que designam as duas principais raças dos Estados Unidos:
tism in America, págs. 87-94; Schwarz, “The Perils of Growth, “Ellen White geralmente usava o termo ‘colored’ [negro]
alcançar as pessoas sinceras, fossem elas bran- vés dos anos se a totalidade de suas declara- 1886-1905”, em Land, ibidem, págs. 116-119; Spalding, Ori- com referência aos de descendência africana, mas também
cas ou negras, ainda que o ritmo, às vezes, fos- ções tivesse sido estudada no contexto de seu gin and History, vol. 2, págs. 191-212. ‘black’ [negro] e ‘negro’ [negro]. Algumas vezes ela chegava
se retardado devido a circunstâncias imedia- tempo. As tensões raciais adventistas teriam 25. Manuscrito 34, 1887, citado em Biography, vol. 3, pág. 369. mesmo a referir-se a eles como ‘raça do Sul’ e ‘povo sulista’,
26. Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, págs. 437-448. Os estudan- bem como usava ‘obra sulista’ e ‘campo sulista’ para ‘a obra
tas. Sua predição de que aqueles tempos mu- sido grandemente reduzidas se seus lúcidos tes do Battle Creek College devem alcançar “mais elevada em favor dos negros’ no Sul.” – E. G. White and Church Ra-
dariam trouxe com certeza esperança para os princípios tivessem moldado as decisões pes- norma de cultura intelectual e moral” do que poderia ser en- ce Relations (Washington, D.C.: Review and Herald Publis-
contrada em “qualquer outra instituição da espécie em nossa hing Association, 1970), pág. 11.
que lutavam durante a noite escura. soais e organizacionais. Otis B. Edward, edu- terra”. – Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 425. 56. The Southern Work (Washington, D.C.: Review and Herald
4. A instrução que Ellen White ministrou cador negro de longa experiência, disse isso 27. Review and Herald, 24 de maio de 1877, pág. 164. Publishing Association, 1966), pág. 10.
à igreja, por preceito e por exemplo, preparou provavelmente melhor do que ninguém: 28. Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 321. 57. Ibidem, págs. 12-18.
29. Evangelismo, pág. 126; Delafield, Ellen G. White in Europe, 58. Schwarz, Light Bearers, pág. 236.
o caminho para os adventistas trabalharem “Talvez o maior estímulo para empenhos mis- pág. 99. 59. Ibidem, págs. 237-242.
nos Estados do Sul quando as circunstâncias sionários em favor dos negros tenha vindo... 30. Evangelismo, págs. 136-139. 60. Review and Herald, 2 de abril de 1895, 26 de novembro a 24
se alteraram: (a) Ela cria na igualdade de to- de Ellen G. White.”69 31. Ibidem, pág. 129. de dezembro de 1895, 14 de janeiro a 4 de fevereiro de 1896;
32. Ibidem, pág. 143. também encontrado em Southern Work, págs. 19-65.
33. Ibidem, pág. 151. 61. Review and Herald, 2 de abril de 1895, pág. 210.
34. Ibidem, págs. 145 e 673. 62. Ibidem.
Referências 35. Ibidem, pág. 145. 63. Graybill, Ellen G. White and Church Race Relations, pág. 18.
36. A Ciência do Bom Viver, págs. 22 e 23. Durante essa noite tenebrosa para os negros do Sul, Ellen
1. Life Sketches of Ellen G. White, pág. 289. lho de 1872, pág. 36. 37. Evangelismo, pág. 53. “Aprendam Seus métodos. Muito nos White escreveu em 1908 advertências que alarmaram algu-
2. Provavelmente os adventistas sabatistas não contavam mais 13. Life Sketches, pág. 125 (Vida e Ensinos, pág. 128). instruiremos para nosso trabalho, mediante o estudo dos mé- mas pessoas que as leram, anos depois, sem entender as mu-
de 100 em 1849. Por volta de 1852, seu número aumentou 14. Spalding, Origin and History, vol. 2, pág. 195; Loughbo- todos de trabalho de Cristo, bem como a maneira de Ele Se danças assustadoras que haviam ocorrido subseqüentemente
para 250; por volta de 1863, quando a Igreja Adventista do rough, GSAM, pág. 275. aproximar do povo. ... As palavras do Mestre eram claras e às suas vigorosas e positivas declarações de 1895. Relembrou,
Sétimo Dia foi organizada, os membros chegavam a 3.500. – 15. Maxwell, Tell It to the World, págs. 158-164; Schwarz, Light distintas, e foram pronunciadas com simpatia e ternura. Elas por exemplo, aos líderes que, da Austrália, anos antes, ela ad-
Bull e Lockhart, Seeking a Sanctuary, págs. 111 e 112. Bearers, págs. 142-144; SDAE, vol. 10, pág. 428. eram portadoras da certeza de que eram a verdade. Foi a sim- vertira sobre a explosão da crise da barreira racial e como em
3. Damsteegt, Foundations, págs. 163 e 164. 16. Maxwell, Tell It to the World, págs. 165-173; Schwarz, Light plicidade e fervor com que Cristo trabalhou e falou que pouco tempo afetaria a obra evangelística nos Estados do Sul.
4. Ver capítulo 44: “The Shut Door – a Case Study”. Bearers, págs. 144-147. atraiu a Si tantos ouvintes.” – Ibidem, pág. 53. Ela preveniu: “Os obreiros não deviam fazer nenhum discur-
5. Damsteegt, Foundations, pág. 295. 17. Schwarz, Light Bearers, págs. 147 e 148. 38. Ibidem, págs. 59, 172, 339, 340, 162 e 304; O Desejado de To- so político, e que a mistura de brancos e negros em igualda-
6. Ibidem. 18. Life Sketches, pág. 204. das as Nações, pág. 253. de social não devia de maneira nenhuma ser encorajada. ...
7. Ibidem, pág. 296. “Nesta missão de restauração, o conceito 19. Ibidem, págs. 208 e 209. 39. A Ciência do Bom Viver, págs. 22-24. Afirmei claramente que a obra em favor dos negros teria que
da missão divina era reconhecido enquanto a função huma- 20. D. A. Delafield, Ellen White in Europe, 1885-1887 40. Evangelismo, pág. 55. seguir linhas de ação diferentes daquelas seguidas em algumas
na era colocada no contexto de uma cooperação divino-hu- (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa- 41. Ibidem, pág. 56. regiões do país em anos anteriores. Que seja dito o mínimo
mana.” – Ibidem. tion, 1975). 42. Ibidem, pág. 57. possível sobre a barreira racial, e que os negros trabalhem
8. Ibidem, pág. 270. 21. “Alguns dos que vieram trabalhar nestes territórios missio- 43. Ibidem, pág. 446; “Apresentem a Jesus porque vocês O co- principalmente em favor dos de sua própria raça. Quanto a
9. Bull e Lockhart, Seeking a Sanctuary, pág. 117. nários têm dito: ‘A senhora não compreende o povo francês; nhecem como seu Salvador pessoal. Deixem que Seu amor brancos e negros adorarem no mesmo edifício, isto não pode
10. Spalding, Origin and History, vol. 2, pág. 194; Gottfried Oos- não compreende os alemães. Eles precisam ser tratados des- enternecedor, Sua graça preciosa jorrem dos lábios humanos. ser seguido como um costume geral proveitoso para ambos os
terwal, “Continuity and Change in Adventis Mission”, em ta ou daquela maneira.’ Pergunto, porém: Não os compreen- Não precisam apresentar pontos doutrinários a menos que se- grupos – principalmente no Sul. ... Isto é particularmente ne-
Vern Carner e Gary Stanhiser, The Stature of Christ (Publi- derá Deus? Não é Ele quem a Seus servos dá uma mensagem jam interrogados.” – Ibidem, pág. 442. cessário no Sul, a fim de que o trabalho em favor dos brancos
cação particular, Loma Linda, CA, 1970), págs. 45-57. para as pessoas?... Embora alguns sejam arraigadamente fran- 44. Beneficência Social, pág. 164. possa ser levado avante sem graves obstáculos. Providencie-
11. Review and Herald, 3 de fevereiro de 1859, pág. 87. ceses, outros entranhadamente alemães e outros profunda- 45. Os sermões sobre temperança/saúde serão “um instrumento se para os crentes negros templos limpos e de bom gosto.
12. Review and Herald, 16 de abril de 1872, pág. 138; 16 de ju- mente americanos, todos chegarão a ser identicamente se- pelo qual a verdade pode ser apresentada à atenção dos não Mostre-se a eles que isso é feito não para excluí-los da adora-

216 217
SEÇÃO IV
CAPÍTULO 19
A Voz de um Movimento EVANGELISMO REGIONAL E
RELAÇÕES RACIAIS

ção junto com os brancos porque eles são negros, mas para se e sob quaisquer circunstâncias. Estejam todos precavidos pa-
promover o progresso da verdade. Compreendam eles que se- ra que, por meio de expressões imprudentes, não tragam so-
melhante arranjo deve ser seguido até que o Senhor nos mos- bre si um tempo de angústia antes da grande crise que pro-
tre um melhor caminho. ... À medida que o tempo avança, e vará os seres humanos.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 6,
aumentam os preconceitos raciais, em muitos lugares tornar- pág. 395.
se-á quase impossível obreiros brancos trabalharem em favor 65. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, págs. 214, 215 e 207.
dos negros. ... Pastores brancos e pastores negros farão falsas 66. Ibidem, pág. 225.
declarações, despertando na mente das pessoas tal sentimen- 67. As experiências de Edson White tornaram-se um experimen-
to de antagonismo que elas estarão dispostas a destruir e ma- to vivo (e chocante) em testar a hostilidade dos brancos para
tar. ... Sigamos o caminho da sabedoria. ... Ainda não chegou com os “forasteiros” que insistissem na melhoria de vida dos
o tempo de trabalharmos como se não existisse preconceito. negros. Ver Graybill, Ellen G. White and Church Race Rela-
... Se perceberem que, ao fazer certas coisas que lhes parecem tions, págs. 53-69.
perfeitamente corretas, vão atrapalhar o avanço da obra de 68. Carta 80-a, 1895, citada em Graybill, Ellen G. White and
Deus, evitem praticar tais coisas. ... Todas as coisas podem ser Church Race Relations, págs. 108 e 109.
lícitas, mas nem todas convêm.” – Testemunhos Para a Igreja, 69. “Origin and Development of the SDA Work Among Ne-
vol. 9, págs. 199-215. groes in the Alabama-Mississippi Conference”, tese inédita
64. “Sejam nossos obreiros cuidadosos no falar, em todo tempo de mestrado, Andrews University, agosto de 1942, pág. 21.

Perguntas Para Estudo

1. Quais foram algumas das preocupações imediatas dos primeiros adventistas sabatistas
que suplantaram qualquer sentimento acerca de uma missão mundial?

2. De que maneiras significativas Ellen White estimulou seus colegas a pensarem em ter-
mos globais?

3. Que duas famílias foram oficialmente os primeiros missionários nomeados pela Associa-
ção Geral?

4. Quais os três princípios dinâmicos de evangelismo defendidos por Ellen White?

5. Por que se diz que Ellen White foi o “maior estímulo” no sentido de ajudar os adventis-
tas do sétimo dia a estender seus esforços missionários em favor dos negros nos Estados
Unidos?

6. Como você explica a aparente inversão de conselho a respeito da maneira de trabalhar


em favor dos negros nos Estados sulistas da América do Norte entre 1895 e 1908?

7. Quais eram as elevadas expectativas de Ellen White com relação a um preparo de qua-
lidade para pastores e evangelistas antes que eles assumissem formalmente responsabili-
dades públicas?

8. Mencione alguns dos “problemas complicados” enfrentados por aqueles que queriam
evangelizar os negros norte-americanos em fins do século dezenove e início do século
vinte.

218
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO IV

20
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Voz de um Movimento
dade, o conselho dela alterou por completo escreveu uma carta de catorze páginas, na
uma medida adotada pela assembléia da As- qual protestava veementemente contra es-
sociação Geral em 1895. sas duas medidas da Associação Geral, e
No fim de 1893, A. T. Robinson, líder da enviou cópias aos principais obreiros de
igreja na implantação da obra na África do Battle Creek.
Mordomia e Relações Sul, aproximou-se de Cecil Rhodes, que era
tanto primeiro-ministro da Colônia do Cabo
como diretor da Companhia Britânica na
Seis Princípios Básicos Expressos
na Carta de Ellen White

Governamentais África do Sul. Naquele tempo, a companhia


estava oferecendo grandes doações a diversas
corporações missionárias para cultivarem a
O trecho da carta que trata especificamente
da aceitação de ajuda governamental, cerca
de três páginas e meia datilografadas, foi pu-
terra e educarem os nativos. Robinson precisa- blicado tempos depois em Testemunhos Para
“Não precisamos sacrificar um princípio de verdade ao tirarmos vantagem de toda oportunidade va de terra e Rhodes era a única pessoa capaz Ministros.8 Refletem-se nele seis princípios
para fazer avançar a causa de Deus.”1 de fornecê-la. Em resposta, Rhodes escreveu básicos:9 As decisões denominacionais devem-
uma carta chancelada a seu representante em se basear em “princípios corretos”. “Leiam es-
Bulawayo, instruindo-o a fornecer aos adven- ses homens [líderes de Liberdade Religiosa]
tistas toda a terra de que eles precisassem. o livro de Neemias com coração humilde,
Escolheu-se um terreno de 4.856 hecta- tocado pelo Espírito Santo, e suas falsas

U
ma questão urgente durante a década tento do ministério. Em janeiro de 1861, a
de 1850 era como sustentar o minis- Sra. White escreveu uma mensagem franca res, que veio a ser o local do Solusi College, idéias serão modificadas, ver-se-ão princí-
tério. Os pastores com família enfren- que definia mais claramente o princípio do a primeira instituição educacional adventis- pios corretos, e a presente ordem de coisas
tavam um desafio muito difícil quando ti- dízimo, aplicando Malaquias 3:8-11 às obri- ta entre povos não cristãos. O pequeno gru- será mudada.”10
nham que depender da liberalidade dos cren- gações atuais para com o Senhor. Ela deli- po de adventistas na África do Sul conside- • A aplicação desses “princípios” deve ser fei-
tes, principalmente quando poucas igrejas neou a maneira como o princípio do dízimo rou este acontecimento uma intervenção ta pelos líderes mais próximos do problema. “Dei-
eram organizadas. Muitos só podiam pregar era justo para todos, tanto para os pobres co- providencial. xem que o Senhor trabalhe com os homens
parte do tempo. Os White vendiam Bíblias e mo para os ricos, e que “corações serão expe- Mas essa doação imobiliária não foi vista que estão no lugar, e os que ali não estão an-
outros livros para complementar a pouca ren- rimentados e provados pelo plano da doação com alegria em Battle Creek. Os líderes de li- dem humildemente com Deus, para que não
da que recebiam de amigos. Além disso, pre- sistemática. ... Eis aí um teste aos de índole berdade religiosa, inclusive A. T. Jones, de- saiam de seu lugar, e percam o rumo.”11
valecia muitas vezes o sistema de permuta, egoísta e cobiçosa”.4 clararam que a transação era uma flagrante • Os “verdadeiros princípios” devem ser di-
pois o dinheiro era escasso, sobretudo numa Ellen White disse muitas vezes que “o dízi- violação do princípio da separação entre ferenciados dos falsos princípios. Embora Ellen
sociedade que era em grande parte agrária. mo é sagrado, reservado por Deus para Si Igreja e Estado. Precipitaram-se numa luta, White defendesse firmemente os princípios
Em fins de 1858, Ellen White disse ao ma- mesmo. Tem de ser levado ao Seu tesouro, freqüentemente com palavras imprudentes. da liberdade religiosa, jamais empregou a ex-
rido que o Senhor lhe havia mostrado que J. para ser empregado em manter os obreiros pressão “separação da Igreja e Estado”. Ela
N. Andrews devia vir para Battle Creek, or- evangélicos em seu trabalho”.5 Definem-se Crise Acalorada insistia com os líderes da igreja para não
ganizar uma classe bíblica e que, durante o es- como obreiros evangélicos os pastores e ins- A questão chegou a um ponto crítico na as- construírem “um muro de separação entre si
tudo, desenvolveriam um plano bíblico para trutores bíblicos, os professores de Bíblia em sembléia da Associação Geral de 1895. Na e o mundo, propagando suas próprias idéias e
o sustento do ministério. Naquela classe bí- nossas instituições educacionais, os médicos realidade, os dois supostos itens sobre liberda- noções”.12 O não pensar claramente levaria
blica realizada em janeiro de 1859, os líderes pastores, os obreiros evangélicos aposentados de religiosa constantes na agenda eram: (1) os obreiros a “tomar um rumo que traga an-
chegaram ao consenso de que o sistema do e os obreiros em campos missionários em ne-
doação de terreno na África do Sul e (2) tes do tempo o tempo de angústia”. O pensar
dízimo ainda era obrigatório e sugeriram um cessidade na América do Norte e no exte-
isenção de taxas sobre propriedades da igreja. erroneamente dispensaria “quaisquer favo-
programa que chamaram de “Doação Siste- rior.6 Deus tem abençoado o sistema de dízi-
mática sobre o princípio do dízimo”. Em 29 mo. Somente o dízimo dos membros da Divi- A assembléia votou que as igrejas norte-ame- res” esquivando-se do “auxílio que Deus tem
de janeiro a congregação de Battle Creek de- são Norte-Americana atingiu em 1996 a ricanas recusassem a isenção de impostos e movido os homens a dar para o avanço de
cidiu por voto unânime adotar o programa e quantia de 507.406.823 dólares.7 que os líderes sul-africanos fossem instruídos Sua causa”.13
publicar o plano na Review and Herald. O de que a igreja devia pagar por qualquer terra Os falsos princípios não se originam do Es-
exemplo da igreja de Battle Creek deu o pri- Alteração nas Normas da Igreja concedida. pírito Santo. Nos tempos do Antigo Testa-
meiro passo para outras igrejas seguirem.2 Para com o Auxílio do Governo Encontrava-se na África do Sul, ao tempo mento, o Senhor “moveu os reis pagãos a ir
Por volta do mês de junho a Sra. White es- Assim como sucedeu em relação a outros as- em que chegou a decisão da Associação Ge- em seu [de Neemias] auxílio... de que tanto
crevia que “o plano da doação sistemática suntos, a intervenção de Ellen White alterou ral, o experiente líder Stephen Haskell. Ele necessitavam”. Recusar ajuda governamen-
agrada a Deus”.3 Nos primeiros dias da imple- também as normas dos adventistas do sétimo imediatamente despachou cartas de protesto tal era “zelo... que não está de acordo com o
mentação, o “plano” não fez distinção entre dia no que se refere ao relacionamento da ao presidente da Associação Geral e a W. C. entendimento”. Com referência aos líderes
dízimos e ofertas, e tudo foi dedicado ao sus- igreja para com o auxílio do governo. Na ver- White, filho de Ellen White. A Sra. White de Battle Creek, Ellen White foi clara: “Os
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CAPÍTULO 20 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento MORDOMIA E RELAÇÕES
GOVERNAMENTAIS

movimentos que têm feito para pagar impos- “posições extremas” e se afligir “com ques- res de Cristo encontra-se ainda em sua co- foram chamados à existência para “restaurar
tos sobre a propriedade do hospital e do ta- tões que não deviam ser consideradas ou munhão.”22 os princípios que são o fundamento do reino
bernáculo têm manifestado um zelo e reti- causar preocupação”.19 A atitude da Igreja Adventista para com de Deus”.26 No contexto do século dezenove,
dão de consciência que a todos os respeitos A sabedoria em evitar “posições extremas” o ecumenismo religioso não se baseia num ela apelou aos adventistas: “Se já houve tem-
não são sábios nem corretos. Suas idéias so- também aconselhava cautela ao aceitar ajuda senso de superioridade, mas na autoper- po em que o povo de Deus devesse unir-se, é
bre liberdade religiosa estão sendo entre- governamental com cláusulas ocultas que vi- cepção que a igreja tem de sua história e agora esse tempo. Deus nos confiou as verda-
meadas de sugestões que não vêm do Espíri- riam, naquele momento ou no futuro, a com- seus ensinamentos. O início da Igreja Ad- des especiais para este tempo, a fim de as tor-
to Santo, e a causa da liberdade religiosa es- prometer e restringir os programas ou princí- ventista, surgida do movimento milerita nar conhecidas ao mundo. ... Não podemos
tá adoecendo.”14 pios da igreja. A ajuda governamental deve em princípios da década de 1840, teve agora correr o risco de dar lugar a Satanás nu-
• Os conceitos corretos de mordomia fortale- ser rejeitada se compromete o propósito da muito a ver com a atitude da igreja para trindo desunião, discórdia e lutas. ... Divisões
cem os princípios corretos de liberdade religiosa. igreja, embora não deva ser rejeitada devido com as outras denominações. Durante na igreja desonram a religião de Cristo ante o
Deus possui o mundo e “tem colocado os a raciocínios com base em falsos princípios. anos, os primeiros adventistas considera- mundo, e dão ocasião aos inimigos da verda-
Seus bens nas mãos de incrédulos, mas eles • A ajuda governamental ou de qualquer ou- ram-se um movimento profético com uma de para justificar o seu procedimento. ... Que
devem ser usados para favorecer a realização tra fonte que esteja disposta a colaborar deve ser mensagem específica relativa à volta de Je- estamos fazendo para preservar a unidade,
das obras que devem ser feitas em prol de um aceita com gratidão, caso, procedendo assim, “a sus e à preparação de um povo para ser nos laços da paz?”27
mundo caído”.15 verdade [ocupe]... um lugar de destaque e ... trasladado por ocasião de Sua vinda. Em O que ela quer dizer quando pede unidade
Através da História, Deus tem tocado “no [seja] levantada em muitos lugares, em regiões contraste com o pós-milenialismo predo- dentro da igreja? Primeiramente, ela via a
coração dos reis e governadores em favor de distantes”.20 A Missão e o Colégio de Solusi minante no século dezenove, os adventis- unidade do amor numa igreja internacional
Seu povo”. Ele usou Ciro e Dario da Pérsia foram o início de muitas (talvez centenas) tas enfatizavam um advento iminente. como um magnífico testemunho da oração de
para ajudar Neemias. “As pessoas devidas... outras instituições educacionais e médicas Em contraste com o progresso social e a se- Cristo pela unidade em João 17.28 Este mes-
[devem expor] aos que têm meios e influência adventistas do sétimo dia na maior parte de leção natural para explicar o processo da evo- mo sentimento governa sua solene preocupa-
as necessidades da obra de Deus. ... Devem todos os continentes onde a “verdade” será lução, os adventistas reafirmavam a história ção pela unidade entre “diferentes nacionali-
procurar levar a verdade aos homens que es- “estabelecida” devido à assistência do gover- da criação como a base para o valor e respon- dades”29 e entre diferentes raças.30
tão em posições elevadas, e dar-lhes boa no. A maioria dos países europeus e africanos sabilidade humanos. O sábado tornou-se o fo- Em segundo lugar, insistia com os pastores
oportunidade de receber e pesar as evidên- exige que as escolas ligadas à igreja sejam li- co central na ênfase sobre a semana criativa adventistas do sétimo dia para que se aproxi-
cias. ... O que nos quiserem dar devemos con- cenciadas pelo governo. Depois de serem li- de sete dias de Gênesis 1 e 2. Pelo fato de es- massem “dos pastores de outras denomina-
siderar um privilégio receber.” Além disso, cenciadas, segue-se o financiamento gover- sas doutrinas distintivas definirem a Igreja ções. Orem por estes homens e com eles, por
por causa de falsos princípios de mordomia e namental. O registro mostra que não se pre- Adventista, é praticamente impossível ter quem Cristo está fazendo intercessão. ... Co-
liberdade religiosa, a igreja tem “afastado de cisa abrir mão da verdade devido a essa liga- harmonia com os pontos de vista formulados mo mensageiros de Cristo, cumpre-nos mani-
nós privilégios e vantagens cujo benefício po- ção; sem a ligação, não haveria como a ver- pelo Concílio Mundial de Igrejas.23 festar profundo e fervoroso interesse nestes
deríamos ter desfrutado, porque escolhemos dade “firmar pé” nesses países. Apesar disso, Ellen White enfatizou, mais pastores do rebanho.”31
permanecer independentes do mundo”.16 do que qualquer outro tema, a unidade da Subentendido, porém, à sua ênfase in-
• Os adventistas do sétimo dia devem usar Campeã da Unidade Cristã comunidade cristã. Sua eclesiologia (enten- flexível sobre a unidade conforme cumpri-
de sabedoria ao decidir o que e quando imple- A Igreja Adventista do Sétimo Dia é um or- dimento da igreja) segue as pegadas da “igre- da na oração de Cristo em João 17, acha-se
mentar os “princípios corretos” na área da aju- ganismo internacional com diversos compo- ja” de Deus através do Antigo e do Novo este simples conceito: não devemos sacrifi-
da governamental. É dito aos adventistas que nentes que interagem constantemente com Testamentos, estendendo-se pelos séculos car a verdade para alcançar a unidade. De-
“não precisamos sacrificar um princípio da outras igrejas e governos nacionais. Embora até a volta de Jesus. A igreja é a “fortaleza de pois de citar a oração de Cristo segundo a
verdade, enquanto tiramos vantagem de ca- esteja muito interessada na unidade dos cris- Deus” que tem existido “desde o princípio” qual, pela unidade de Seu povo, o mundo
da oportunidade para fazer a causa de Deus tãos, a Igreja Adventista não é membro do com “almas fiéis” “em cada era”.24 Para ela, pode ser atraído para Ele, ela escreveu:
avançar”.17 Por duas vezes em seu conselho Concílio Mundial de Igrejas.21 É possível que ser membro da igreja na Terra não equivale a “Conquanto não devamos sacrificar um
sobre ajuda governamental, Ellen White ad- Ellen White tenha sido a primeira a enfatizar estar automaticamente inscrito no “livro da único princípio da verdade, deve ser nosso
moestou os líderes a exercerem “a sabedoria esta grande preocupação bíblica. Ela removeu vida do Cordeiro. É possível estar unido à constante objetivo atingir este estado de
da serpente e a inocência da pomba [para todo questionamento a respeito de serem os igreja [uma denominação], e não estar unido unidade.”32
que] possamos obter deles [homens que es- adventistas os únicos cristãos genuínos do ao Senhor”.25
tão em elevadas posições] vantagens, pois mundo quando escreveu: “Apesar das trevas Os freqüentes apelos da Sra. White em Promotora de Ajuda aos Desamparados
Deus quer mover-lhes o espírito para fazer espirituais e afastamento de Deus prevalecen- prol de unidade entre os cristãos destinam-se Com grande ênfase e por mais de sete déca-
muitas coisas em favor do Seu povo”.18 tes nas igrejas que constituem Babilônia, primordialmente aos crentes de sua própria das, Ellen White forneceu à igreja vasta pro-
Além disso, os líderes devem evitar assumir a grande massa dos verdadeiros seguido- denominação, os quais, segundo acreditava, visão de ternas e específicas instruções so-
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SEÇÃO IV
CAPÍTULO 20 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento MORDOMIA E RELAÇÕES
GOVERNAMENTAIS

bre a responsabilidade do cristão para com os tudo reunido. Enviem seus donativos para o po mais feliz de obreiros do que essas jovens vezes a igreja como coletividade, devia cuidar
doentes, os deficientes físicos e os que se Sr. Uriah Smith ou para mim mesma.”34 na noite passada.”37 dos “desafortunados, os cegos, os coxos, os
acham em desvantagem financeira. Seus con- A dignidade da pessoa ajudada sempre era No próprio lar, que muitas vezes ficava re- afligidos, as viúvas, os órfãos e necessitados”.
selhos escritos refletem sua prática pessoal. mantida em vista. Ellen White deixava claro pleto de parentes e colegas de trabalho doen- Disse que os cristãos que mostram piedade pa-
Seus diários estão repletos de interesse pe- que era apropriado dar roupas usadas aos ne- tes, os White trabalhavam em “obra médico- ra com essas pessoas são representadas por
missionária”. Recolhiam os doentes desenga-
los pobres e sofredores. Por exemplo, seu diá- cessitados somente se elas pudessem ser ves- Cristo como “como guardadores dos manda-
nados pelos médicos e obtinham muitas curas
rio de 1859, quando ela estava com 31 anos tidas sem constrangimento: “Alguns de nos- pelo “poderoso Médico”: “Usávamos simples mentos, os quais terão a vida eterna”.41
de idade, mãe de três garotos ativos, contém so povo me dizem: ‘Distribua suas roupas usa- tratamentos com água, e então procurávamos Ela mesma, porém, encarava esse ministé-
não apenas referências às muitas cartas que das para os pobres.’ Se eu desse aos pobres as dirigir os olhos dos pacientes para o grande rio para com os desafortunados de uma manei-
ela escreveu, mas também comentários sobre roupas que remendo e alargo, não veriam co- Médico.”38 ra equilibrada. Insistia para que os membros da
o que fez com a família, etc.: “2 de janeiro. – mo poderiam usá-las. Para eles eu compro Como norma geral de vida, Ellen White igreja que enfrentavam dificuldades não fos-
Dei à irmã Irving um casaco e um vestido material novo, forte e durável. Tenho visita- costumava dar consideráveis quantias àqueles sem passados por alto na “tarefa organizada de
quentes, e alguma coisa com que se agasa- do fábricas de tecidos e tenho comprado so- que careciam de auxílio financeiro. Às vezes alimentar a infeliz classe que se encontra na
lhar.” “3 de janeiro. – Paguei à irmã Bognes bras que podem ter defeito mas se adquirem estimulava outros a “associar-se” a ela em pobreza”: “Se vocês conhecessem a situação
por preço reduzido, e beneficiam os que as seus donativos. Muitas vezes deixava claro
um dólar pelo casaco que fez. Ela não queria desse irmão e nenhum esforço fizessem para
que, em geral, fazia doações com o propósito
receber, mas achei que era meu dever dar- recebem. Posso permitir-me usar as roupas de ajudar os necessitados a se tornarem auto- aliviá-lo e transformar sua opressão em liber-
lhe. Ela é pobre e doente. Que o Senhor velhas até que não possam mais ser repara- suficientes. Uma dessas ocasiões ocorreu em dade, … seriam culpados perante Deus. Escre-
bondosamente cuide dela. Disse Jesus: ‘Os das. Comprei para seu tio excelente tecido 1889 quando ela pediu a C. H. Jones para vo claramente, pois, segundo a luz que me é
pobres sempre os tendes convosco.’ Que o para calças e camisa, e ele está agora suprido “juntar” 100 dólares dele aos 100 dela a fim dada por Deus, há uma classe de trabalho que
Senhor nos liberte do egoísmo e nos ajude a com roupa respeitável. Dessa forma, posso de ajudar Nellie L., uma viúva carente com é negligenciada.” Ela chamou de “mal-orien-
cuidar dos ais alheios e a aliviá-los.” “6 de ja- prover para grandes famílias com crianças três filhos, que estava procurando instruir-se tado zelo” a atitude de passar por alto aqueles
neiro. – Dei à mãe de Agnes um vestido de roupas duráveis.”35 para trabalhar com o jardim da infância, a que “pertencem à família da fé e deixam o seu
meio uso. Eles são pobres. O esposo e pai es- Em todos os arquivos de diário ou cartas de fim de “conservar os filhos consigo”. Escreveu clamor de aflitos subir até Deus em virtude do
tá doente. Sua colheita não foi boa. Preci- Ellen White se encontram pedidos para al- ela: “Eu ajudarei Nellie com uma centena de sofrimento que podíamos aliviar”.42
dólares se você fizer o mesmo. ... Fará isso pe-
sam comprar trigo para fazer pão, mas não guém, em benefício de outros, tais como este Ellen White era específica a respeito da
lo amor de Cristo? Encorajará outros a ajudá-
têm com que pagar. Agnes é seu principal estudante necessitado: “Queira fazer o favor de la a conseguir um começo na vida? Seria mui- responsabilidade do cristão para com as viú-
sustento. Tem apenas dezessete anos. São perguntar ao irmão ______ quais as roupas que to melhor fazer isso do que esperar e deixar vas com filhos,43 os órfãos e pais adotivos,44
quatro filhos agora no lar. Irão sofrer, a me- ele necessita, e o que for preciso, por favor for- Nellie ser consumida pela ansiedade e cuida- os idosos45 e os cegos.46
nos que a igreja se interesse pelo seu bem-es- neça-lhe, e ponha-o em minha conta.”36 dos e cair na sua luta, deixando os filhos ao Na década de 1890, o Dr. Kellogg estava
tar. Que o Senhor tenha misericórdia dos ne- Naturalmente, Ellen White reconhecia desamparo, sem mãe, para serem cuidados alcançando os excluídos da sociedade em
cessitados, e ponha no coração de Seus filhos que sua família e alguns outros não consegui- por outros. ... Eu sei que ela lutará com todas Chicago. Ellen White havia durante anos
lhes dispensarem ajuda liberal.” Sem parar os riam atender todas as necessidades extremas as suas forças para manter-se a si mesma.”39 participado com ele em projetos semelhan-
diários atravessam os anos.33 das pessoas à sua volta, inclusive os necessita- tes. Em 1898, contudo, escreveu-lhe dezesse-
dos da igreja. Enquanto esteve na Austrália, Removendo o Preconceito
Seu exemplo pessoal acrescentou poder a te cartas, muitas das quais tratavam do enfo-
À medida que desenvolvia a obra na Austrá-
suas palavras ao alistar outros em seu minis- ela organizou uma “Sociedade de Dorcas” pa- lia, quando os adventistas eram apenas algu- que desequilibrado nas missões beneficentes
tério de beneficência. Em 1860, ela escreveu ra, até certo ponto, aliviar a preocupação que mas centenas, Ellen White mostrou como era patrocinadas pela Associação Médico-Mis-
as seguintes linhas na revista da igreja: “A re- tinha para com os desamparados. Escrevendo possível remover o preconceito “pela obra sionária e Beneficente “em dezenas de gran-
serva do Fundo dos Pobres, consistente de a respeito de uma reunião de Dorcas realiza- médico-missionária”: “Fizemos de nosso lar des cidades norte-americanas, desde Nova
roupas, etc., para os que têm necessidade, es- da em seu lar, relatou: “Na noite passada tive- um hospital. Minha enfermeira [Sara McEn- Iorque até São Francisco”.47 “Deve-se realizar
tá quase esgotada. E como há casos de neces- mos uma sociedade de Dorcas em nosso lar, e terfer, secretária pessoal da Sra. White] tra- trabalho constante em favor dos excluídos da
sidade constantemente surgindo, e um novo minhas obreiras que me ajudam na prepara- tou com sucesso de alguns casos bem difíceis sociedade, mas esta obra não deve monopoli-
caso surgiu recentemente, pensei que seria ção dos meus artigos para as revistas, e que que os médicos tinham declarado incuráveis. zar toda a atenção. ... Não se deve aplicar to-
cozinham e costuram, cinco delas, ficaram Esse trabalho não ficou sem a sua recompen-
bom que aqueles que têm roupas, roupas de dos os recursos nesta obra, pois os caminhos
sa. A desconfiança e o preconceito foram re-
cama ou dinheiro de que possam dispor, os até meia-noite cortando roupas. Fizeram três ainda não receberam a mensagem. ... Pessoa
movidos. O coração do povo era conquistado
enviassem imediatamente. Esperamos que pares de calças para as crianças de uma famí- e muitos aceitaram a verdade.”40 alguma deve neste momento visitar nossas
não haja demora, pois auxiliaremos alguns lia. Duas máquinas de costura trabalharam Através dos anos, a Sra. White deu instru- igrejas solicitando recursos para o trabalho de
que estão em necessidade tão logo tenhamos até meia-noite. Penso que jamais houve gru- ções específicas sobre como indivíduos, e por resgatar os excluídos. Os recursos para susten-
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO IV
CAPÍTULO 20 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento MORDOMIA E RELAÇÕES
GOVERNAMENTAIS

tar essa obra devem vir... dos que não perten- do sétimo dia devem fazer o Senhor indi- 36. Ibidem, pág. 329. 50. Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, págs. 184 e 185 (Beneficên-
cem à nossa fé.”48 cou claramente.”50 37. Ibidem, pág. 334. cia Social, pág. 251). Encontram-se em Beneficência Social,
38. Ibidem, págs. 326 e 327. págs. 253-255, advertências contra tornar fascinante a obra
Embora sempre chamasse a atenção para Essas advertências foram dirigidas contra a 39. Ibidem, pág. 327. Ellen White ressaltava freqüentemente que nas favelas e contra o perigo que ameaça rapazes e moças que
o desafio de levar o evangelho a outros, maneira errada como se fazia a obra missionária o objetivo em auxiliar os outros é ajudá-los a tornarem-se au- se envolvem em trabalho em favor dos socialmente margina-
“não importa quão caídos, quão desonrados nas cidades. Era preciso corrigir o trabalho, e não to-suficientes. Ver Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 480 lizados. Jonathan Butler alista quatro razões para o alarme de
e 481; ibidem, vol. 6, págs. 188, 189, 278 e 279; A Ciência do Ellen White e o enérgico conselho dado ao Dr. Kellogg. O
e vis... possam ser”,49 Ellen White se esfor- acabar com ele. Ellen White foi mais explícita a Bom Viver, págs. 183-195; Historical Sketches, pág. 293; Re- programa de Chicago, especificamente, era: (1) “excessiva-
çava claramente para não mostrar-se exa- respeito da obra que precisava ser feita nas cida- view and Herald, 18 de abril de 1871; 3 de janeiro de 1899. mente centralizado em relação à obra de missões no campo
gerada em nenhum aspecto: “O Senhor tra- des, dando forte apoio aos centros evangelísticos 40. Ibidem, págs. 327 e 328. mundial”; (2) “exageradamente especializado em seu serviço
41. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 512 (Beneficência Social, em prol de uma única classe de pessoas”; (3) “corria o risco
çou nossa maneira de agir. Como povo não com seus restaurantes, centros de distribuição de pág. 209). de desequilíbrio por apresentar um só tipo de ministério – o
devemos imitar nem harmonizar-nos com literatura e, em alguns casos, alojamento para os 42. Beneficência Social, págs. 210 e 211; ver também Testemunhos ministério médico;” e (4) “carecia da peculiaridade da igre-
Para a Igreja, vol. 2, págs. 27-29; vol. 3, págs. 517 e 518. ja”. – “Ellen G. White and the Chicago Mission”, Spectrum,
os métodos do Exército de Salvação. Essa obreiros envolvidos nos centros.51 43. Ibidem, págs. 214-219. inverno de 1970, págs. 41-51.
não é a obra que o Senhor nos mandou fa- Sempre que seu conselho era atendido, “o 44. Ibidem, págs. 220-231. 51. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 368-385; vol. 7, págs.
zer. Também não é nossa obra condená-los envolvimento urbano dos adventistas do séti- 45. Ibidem, págs. 237 e 238. 37-39, 95-98, 110-114; vol. 9, págs. 89-149; Conselhos Sobre
46. Ibidem, págs. 239-242. Saúde, págs. 493, 494, 554-556; Medicina e Salvação, pág. 303;
nem falar duramente contra eles. Há no mo dia mantinha o equilíbrio. Não caía na 47. Schwarz, Light Bearers, pág. 208. Review and Herald, 18 de janeiro de 1912.
Exército de Salvação pessoas preciosas, ab- armadilha do movimento do evangelho so- 48. Carta 138, 1898, citada em Biography, vol. 4, pág. 397. 52. Butler, “Chicago Mission”, Spectrum, inverno de 1970,
negadas. ... Os obreiros do Exército de Sal- cial (mais pesado na parte de baixo com o hu- 49. Beneficência Social, pág. 246. pág. 49.
vação estão procurando salvar os negligen- manitarismo) que se desenvolvia nesse perío-
ciados, espezinhados. Não os desencora- do; também não era como o evangelicalismo
jem. Deixem-nos fazer essa classe de traba- conservador (mais pesado na parte de cima Perguntas Para Estudo
lho pelos seus próprios métodos e a sua pró- com o evangelismo) que se desenvolveu de-
pria maneira. Mas a obra que os adventistas pois da Primeira Guerra Mundial”.52 1. Que seis princípios devem guiar os adventistas quando se relacionarem com a ajuda go-
vernamental?
Referências 2. Como você explica os princípios envolvidos na doação sistemática?
1. Testemunhos Para Ministros, págs. 197 e 198. 19. Ibidem, pág. 201.
2. Biography, vol. 1, págs. 387-393. O argumento bíblico basea- 20. Ibidem. 3. Como você defende o conceito de que os adventistas do sétimo dia são verdadeiramen-
va-se principalmente no apelo do Novo Testamento à ordem 21. Por muitos anos, a Igreja Adventista tem enviado repórteres te ecumênicos?
evangélica. Naquele tempo eles não tinham certeza de como e, posteriormente, observadores que participam em diversas
separar o plano do dízimo das leis cerimoniais abolidas na comissões de estudo patrocinadas pelo Concílio Mundial.
cruz. O “princípio” do dízimo era considerado eficaz e tinha Individualmente, alguns adventistas também trabalham co- 4. Como Ellen White deu o exemplo na obra de beneficência social?
muito a ver com suas últimas conclusões. O conceito da mo membros de comissões.
“doação sistemática” tornou-se prático com as seguintes su- 22. O Grande Conflito, pág. 390. 5. Que princípios guiaram Ellen White em seu programa humanitário pessoal?
gestões: (1) os homens de 18-60 anos deviam contribuir com 23. Para uma visão geral da influência de Ellen White sobre as
5 a 25 centavos cada semana; (2) as mulheres de 18-60 anos, abordagens da igreja ao ecumenismo, ver Graham, Ellen G.
com 2 a 10 centavos por semana; (3) depois, todos deviam White, Co-founder, págs. 297-354. 6. Quais as vantagens de um ativo programa beneficente numa igreja local? Que diretrizes
“pôr de parte” semanalmente de 1 a 5 centavos “sobre todo 24. Atos dos Apóstolos, pág. 11. “Todo o povo de Deus na Terra determinariam a distribuição de dinheiro em espécie e mercadorias? Aliste objetivos da
e qualquer 100 dólares de propriedade que possuíssem”. é um corpo desde o princípio até o fim do tempo. Ele tem
3. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 190. Durante muitos uma Cabeça que dirige e governa o corpo.” – Testemunhos obra social que valham a pena.
anos o plano foi conhecido como “Irmã Betsy”. Para a Igreja, vol. 1, pág. 283.
4. Ibidem, págs. 220-223. 25. Review and Herald, 17 de janeiro de 1893, pág. 33.
5. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 249 (Conselhos Sobre 26. Profetas e Reis, págs. 677 e 678.
7. Examine o conselho dado por Ellen White ao Dr. Kellogg a respeito da missão dele em
Mordomia, pág. 93). 27. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 236-239 (Testemunhos Chicago. Discuta o ponto de vista dela de que nossa obra não deve ser paralela à boa
6. Evangelismo, pág. 492; Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, pág. Seletos, vol. 2, págs. 77 e 80); ver também ibidem, págs. 179- obra feita pelo Exército de Salvação.
215; MR, vol. 1, págs. 189 e 192; Medicina e Salvação, pág. 183; Mensagens Escolhidas, livro 2, págs. 158-161.
245. 28. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 188.
7. North American Division Statistical Report, quarto trimestre, 29. Ibidem, pág. 181.
1996. 30. Review and Herald, 17 de dezembro de 1895; ibidem, 24 de
8. Testemunhos Para Ministros, págs. 197-203. outubro de 1899; Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 209.
9. O manuscrito inédito “Ellen White and the Issue of Recep- 31. Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, pág. 78 (Testemunhos Sele-
tion of State Aid”, de autoria de Roger Coon, levou o autor tos, vol. 2, pág. 386); Evangelismo, págs. 143, 144 e 562.
a pensar nos cinco primeiros princípios. 32. Patriarcas e Profetas, pág. 520. Deve-se evitar comprometer a
10. Testemunhos Para Ministros, págs. 200 e 201. verdade por amor à unidade: “Um objetivo deve sempre ser
11. Ibidem, págs. 201 e 202. mantido em mente; isto é, deve-se manter a harmonia e a
12. Ibidem, pág. 202. cooperação sem comprometer um princípio da verdade que
13. Ibidem. seja.” – Carta 37, 1887, citada em Counsels to Writers and
14. Ibidem, págs. 200 e 201. Editors, pág. 79; ver também O Grande Conflito, pág. 45.
15. Ibidem, pág. 203. 33. Beneficência Social, págs. 322 e 323.
16. Ibidem, págs. 197, 198 e 202. 34. Review and Herald, 30 de outubro de 1860, pág. 192.
17. Ibidem, págs. l97 e 198. 35. Carta 89a, 1894, citada em Beneficência Social, págs. 328 e
18. Ibidem, págs. 197 e 203. 329.

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SEÇÃO IV

21
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
A Voz de um Movimento
não cristã” e as rudes barganhas que caracte- para mudar o secularismo que predominava
rizavam os negócios denominacionais. En- entre os obreiros adventistas de Battle Creek.
quanto não chegaram instruções muito enér- Na editora estavam A. R. Henry, Clement
gicas de Ellen White, ele não se separou de Eldridge e Frank Belden e outros que faziam

Dissidentes, Henry e Lindsay nem convocou outros ho-


mens para substituí-los. Ellen White enviou
muitas cartas a Olsen, da Austrália, dando
advertências enfáticas contra os princípios
valer suas idéias seculares. Além do secularis-
mo, Olsen foi “atormentado” pela “descren-
ça, ceticismo e indiferença manifestas por

Dentro e Fora seculares que governavam os assuntos co-


merciais nas instituições de Battle Creek.
“Temo e tremo”, escreveu ela, “pela alma dos
nosso povo em relação ao dom de profecia”.6

Pendendo Para o Rumo Errado


Algumas das questões específicas que esta-
“Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito homens que têm funções de responsabilidade vam pendendo para o “rumo errado” eram
Santo, ofereceu-lhes dinheiro, propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aque- em Battle Creek. ... Se o que eles fazem só os salários desproporcionais pagos aos exe-
le sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo. Pedro, porém, lhe respondeu: O teu di- exercesse influência sobre eles mesmos, eu cutivos da editora (e mais sendo reivindica-
nheiro seja contigo para perdição. ... Teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te.” Atos podia respirar mais aliviada; mas sei que o dos), a recusa persistente em aumentar o sa-
8:18, 19, 20-22. inimigo está usando homens que ocupam lário dos funcionários por mérito, o senti-
cargos de confiança, mas que não são consa- mento de desconfiança reinante entre os
grados à obra nem sabem de que espírito são. funcionários e a administração acerca do

T
ratar com motivos é uma tarefa ingrata, de influência nas decisões denominacionais.
Quando percebo que os homens ligados a preço do trabalho por empreitada, a omis-
mesmo para um profeta. Surge com Henry, que fora banqueiro antes de tornar-
muita freqüência nas atividades relacio- se adventista do sétimo dia, recebeu o convi- eles também estão cegos e não conseguem são em manter um programa de treinamen-
nadas com a igreja um conflito de motivos so- te para ir a Battle Creek em 1882 a fim de enxergar o mal que está sendo feito pelo pre- to sistemático para aprendizes, a recusa em
bre o abuso de poder ou sobre a distribuição de ajudar no desenvolvimento da editora. Em ceito e exemplo desses instrumentos não promover pessoas dentro da organização, a
verbas. A situação de Battle Creek na década 1883 também lhe pediram para ser o tesourei- consagrados, parece-me que não consigo nomeação de supervisores sem qualificações
de 1890 fornece um caso típico que mostra co- ro da Associação Geral, função que exerceu guardar silêncio. Tenho que escrever, pois sei
espirituais, a omissão em dirigir trabalhos
mo lidar com ambas as áreas de problemas. até 1888, quando Lindsay se tornou tesourei- que o molde que esses homens estão dando à
evangelísticos entre quantidade considerá-
A dívida denominacional havia aumenta- ro. Simultaneamente, durante este período, obra não é segundo a vontade de Deus.”4
do dramaticamente em virtude da rápida ex- além de acumular essas duas importantes res- vel de obreiros não adventistas, a relutância
Embora estivesse solidária com o Pastor
pansão do hospital, do colégio e da editora. ponsabilidades, Henry ainda era membro das em reduzir a quantidade de trabalho comer-
Olsen, Ellen White não poupou palavras:
O aumento dos empreendimentos do Dr. juntas diretoras de quase todas as instituições cial ou até mesmo em supervisionar serviços
“Percebi que o irmão ficara de pés e mãos ata-
Kellogg, inclusive a escola de medicina, o or- médicas e educacionais da denominação nos ofensivos e a falha em prover condições sa-
dos, submetendo-se mansamente a isto.” Pe-
fanato e o asilo para idosos, também havia Estados do centro e do oeste.2 nitárias básicas.7
lo fato de Deus haver-lhe iluminado a mente,
drenado pesadamente os recursos adventistas. Embora fosse perspicaz em questões finan- Outro exemplo importante do procedi-
ceiras, Lindsay tinha personalidade menos ela discerniu o que outros não conseguiam
ver claramente: “As coisas estão tomando ru- mento dúbio e arbitrário por parte dos executi-
Líderes com Motivações Seculares forte que Henry. O presidente da Associação vos da editora era a maneira como se relacio-
Enquanto estava na Austrália, em 1896, Geral, O. A. Olsen, descreveu-o como al- mo errado.” Por detrás dos raciocínios super-
ficiais, viu que os líderes da obra agiam “co- navam com os autores. Ellen White foi espe-
Ellen White ficou chocada com o excesso de guém que “fala pouco, mas resmunga bastan-
centralização de poder e o gigantesco aumen- te”. Apesar disso, ele fora tesoureiro da Asso- mo se estivessem no lugar de Deus, ... tratan- cífica: “No passado, os editores se colocaram
to de dívida que toda essa expansão estava ciação Geral de 1874-1875. Os anos contí- do seus colegas de trabalho como se fossem como Deus, para ditar, controlar, administrar
gerando. Para ela, acrescentar edifício a edi- nuos em que passou envolvido no desenvol- máquinas. Não posso respeitar a sabedoria como queriam e assenhorear-se da herança de
fício não dava uma descrição correta do cará- vimento tanto do hospital quanto do colégio, deles nem ter fé em seu cristianismo”. Deus. Agiram de maneira enganosa no trato
ter da obra. O que se precisava em Battle assim como no controle das finanças da de- Escrevendo depois de maneira mais espe- com os autores. Fui levada a concílios parti-
Creek não era de mais poder e prédios, mas nominação, enquanto outros funcionários da cífica, ela declarou: “O Senhor me apresen- culares e ouvi os planos esboçados. Homens
que os líderes da igreja reconhecessem que “o Associação Geral iam e vinham, deram-lhe tou o perigo que ele [Henry] está correndo. têm conseguido fazer com que um escritor
próprio caráter precisava da graça transfor- motivo compreensível para perceber o poder acredite que sua obra é um fracasso total, e
Não espero mais nada a não ser que ele diga,
madora de Cristo”,1 o que os habilitaria a re- que detinha.3 que não querem ter nada a ver com o livro. O
presentar a Cristo. Dois líderes, A. R. Henry, Quando os novos presidentes assumiam o como sempre tem feito: ‘Alguém contou à ir-
tesoureiro da Review and Herald Publishing cargo, nada mais natural para eles do que mã White.’ Isto mostra que ele não tem fé em escritor não dispõe de recursos. Sente que es-
Association, e Harmon Lindsay, tesoureiro buscar o conselho de tesoureiros “experien- minha missão ou testemunho, e não obstante tá com as mãos atadas. Os homens falam e
da Associação Geral, eram a principal preo- tes”. O Pastor Olsen, um espírito longânimo o irmão Olsen fez dele seu braço direito.”5 pensam sobre todo o processo, e conseguem
cupação da profetisa. Ambos exerciam gran- e gentil, procurou “atenuar” a “linguagem Em 1896, o Pastor Olsen fez sérios esforços fazer com que ele aceite os termos deles, que
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SEÇÃO IV
CAPÍTULO 21 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento DISSIDENTES, DENTRO E FORA

aceite pelos direitos autorais do livro o valor 1855, Ellen White teve uma visão pública te. Hall entrou no ramo de investimentos Michigan, esperando que o companheirismo
que eles oferecem. em Oswego, Nova Iorque. Disse aos mem- imobiliários, mas sofreu uma falência que o íntimo o ajudasse a libertar-se de seu cativeiro.
“A maneira como trataram com Frank bros presentes na reunião que eles não de- levou à insanidade.13 Em 6 de junho de 1863, Ellen White en-
Belden não foi leal nem justa em todos os viam mais continuar sendo confundidos pelo Moses Hull. A trágica história de Moses viou outra mensagem a Moses Hull. Anali-
seus aspectos. Não se fez justiça em relação a grupo Messenger, que brevemente os dissi- Hull revela como as bondosas advertências sando parte do problema dele, disse: “Quan-
ele. O esforço para esmagar o irmão Bell e dentes estariam lutando entre si e que em dadas por Ellen White podem ser desconside- do deveria estudar o próprio coração, está
conseguir a posse dos livros foi uma demons- curto espaço de tempo nosso grupo de mem- radas somente para prejuízo próprio. Hull empenhado em ler livros. Quando deveria
tração desprezível, levando-o para o extremo bros duplicaria.11 uniu-se à igreja em 1858 e, dentro de pouco aproximar-se de Cristo mediante a fé, você fi-
oposto. Cérebros humanos têm sido compra- Stephenson e Hall. Simultaneamente ao tempo, tornou-se pregador adventista de in- ca estudando. Vi que todo o seu estudo será
dos e vendidos.”8 grupo Messenger em Michigan, desenvolveu- fluência, chegando muitas vezes a tomar par- inútil, a menos que você examine a si mes-
A Sra. White aconselhou: “Que os autores se em Wisconsin outro grupo de dissidentes te nos concílios gerais da igreja. Contudo, se- mo. ... Falta-lhe sobriedade e prudência fora
não sejam constrangidos a abrir mão nem a liderados por J. M. Stephenson e D. P. Hall, manas depois de haver pregado um sermão do púlpito. ... Quando envolvido com os mais
vender barato os direitos dos livros que escre- ex-pastores do movimento milerita. Esses evangelístico em 20 de setembro de 1863, li- solenes temas, muitas vezes insere algo cômi-
veram. Que eles recebam a justa parte que dois homens haviam feito ressurgir um ponto gou-se aos espiritualistas. O que aconteceu? co para produzir risos, e isto destrói a força de
lhes compete dos lucros de sua obra; deixem- de vista doutrinário defendido por alguns mi- Durante os dois anos que precederam a de- toda a pregação. ... Não se encante com os
nos então considerar seus recursos como um leritas segundo o qual Cristo, em Seu segun- serção dele, Ellen White o esteve advertindo comentários que irmãos tolos e ignorantes
depósito de Deus, para ser administrado de do advento, reinaria na Terra por mil anos, contra seu egoísmo, cobiça, falta de habilida- possam fazer com respeito a suas realizações.
acordo com a sabedoria que Ele comunica.”9 durante os quais o tempo de graça se prolon- de administrativa e excesso de confiança nos Se elogiam sua pregação, não permita que is-
Seus conselhos a respeito de princípios co- garia para que os judeus desempenhassem pa- próprios talentos.14 Em 1862, ele se envolveu so o ensoberbeça.”17
merciais idôneos pautados pela norma cristã pel relevante na conversão das nações. em debates públicos com espiritualistas, al- Três meses depois, porém, Hull saltou na-
tornaram-se um tesouro valioso para os ad- Devido ao fato de Tiago White não ter pu- cançando êxito em converter alguns de seus quele “terrível precipício”. Tornou-se confe-
ventistas do sétimo dia. Ela delineia clara- ouvintes ao cristianismo. Mas em determina- rencista e escritor dos espiritualistas.18
blicado os pontos de vista deles na revista da
mente em seus escritos a diferença entre o es- da ocasião, sem nenhum adventista para Stanton em Montana. Enquanto Ellen
igreja, Stephenson e Hall aliaram-se em outu-
pírito cristão e o espírito secular e egoísta.10 acompanhá-lo, realizou um debate em Paw White esteve na Austrália, A. W. Stanton,
bro de 1854 ao grupo Messenger com sede em
Paw, Michigan, forte centro do espiritualis- um irrequieto leigo de Montana, publicou
Michigan – uma grande decepção para Tiago,
Reação Clara Contra os Dissidentes mo. Excessivamente confiante na própria ca- uma compilação das declarações da Sra.
que julgava ter a confiança deles. Em novem-
Case e Russell. Em 1853, H. S. Case e C. P. pacidade, logo percebeu (segundo suas pró- White, que pareciam apoiar sua opinião de
Russell, os primeiros dissidentes a se levantar bro de 1855, na primeira assembléia realizada
prias palavras) que sua “língua... parecia tão que a Igreja Adventista havia apostatado e se
no seio da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Battle Creek, Michigan, após a mudança
grossa quanto minha mão, e aquilo que mui- tornado Babilônia. Ele entendeu que chegara
recém-formada (sete anos antes de ser orga- de Rochester, Nova Iorque, a Sra. White teve tas vezes eu havia usado como argumento pa- o tempo de parar de patrocinar financeira-
nizada em Michigan, 1861, a primeira asso- uma visão que animou aqueles que haviam si- receu-me um absurdo. Fui derrotado”.15 mente a igreja organizada e “sair dela”.19
ciação regional), fizeram duas acusações con- do confundidos pelo grupo da Era Vindoura, li- Duas semanas depois, em 5 de novembro Tempos depois, Stanton enviou um me-
tra os White: (1) que eles estavam enrique- derado por Stephenson e Hall. Naquela visão, de 1862, percebendo seu problema, Hull pe- diador à Austrália, esperando obter o apoio
cendo com a revista da igreja, e (2) que Ellen ela revelou como esses dois homens haviam no diu aos White e a M. E. Cornell que fossem a da escritora. Poderia ter poupado seu dinhei-
White estava sendo colocada acima da Bí- passado estado convictos da integridade de suas sua casa em Battle Creek para orar por ele. ro, visto que ela já havia escrito seus comen-
blia. Ofendidos com o conselho que Ellen visões, mas, ao fazer um exame mais extenso, Durante o período de oração, Ellen White te- tários a Stanton em 23 de março de 1893. A
White lhes dera, lançaram em 1854 uma no- descobriram que a teologia da Era Vindoura ve uma visão. A respeito dela, escreveu: “Vi a recapitulação que ela fez do ensino bíblico a
va revista, Messenger of Truth, cujo objetivo não concordava com determinadas visões. Ela condição do irmão Hull. Ele se encontrava respeito do que João, o Revelador, queria di-
era suplantar a Review and Herald. Naquele viu o que havia por trás de suas [deles] palavras em estado alarmante. Sua falta de consagra- zer por “Babilônia” foi simples e convincen-
periódico imprimiram suas alegações contra “suaves” e enganos. O conselho que ela apre- ção e piedade vital o expôs às tentações de te. De maneira direta, ela escreveu: “Se você
a confiabilidade da Sra. White. Também sentou à igreja em desenvolvimento foi: “A Satanás. ... Encontra-se desatento ao próprio está ensinando que a Igreja Adventista do
acusaram Tiago de usar as doações da igreja igreja de Deus deve seguir avante, como se tais perigo que o ameaça. ... Ele foi-me represen- Sétimo Dia é Babilônia, você está errado.
em empreendimentos pessoais e de tirar pro- pessoas não existissem no mundo.”12 tado como estando à beira de terrível precipí- Deus não lhe deu nenhuma mensagem assim
veito dos membros da igreja vendendo-lhes Que aconteceu com esses dissidentes? Por cio, pronto para saltar. Se fizer isso, será seu para proclamar. ... Presumo que algumas pes-
Bíblias a um preço mais elevado do que o pa- volta de 1858, depois de contendas internas, fim; seu destino eterno estará selado para soas poderão ser enganadas por sua mensa-
go por elas (após comprá-las por atacado e tê- todos seguiram rumos diferentes. Stephenson sempre. ... Nunca deveria um homem sozi- gem, porque estão cheias de curiosidade e do
las despachado da cidade de Nova Iorque!). adotou outras doutrinas estranhas, envolven- nho ir debater com um espiritualista.”16 desejo de alguma coisa nova.”20
Case e Russell logo se associaram a outros do-se em “vergonhoso divórcio”, e acabou em A seguir, os White levaram Hull consigo Ela também escreveu para a Review quatro
membros críticos da igreja. Em junho de um asilo de indigentes, um imbecil até a mor- para um circuito de pregação pelo Estado de artigos intitulados: “A Igreja Remanescente
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CAPÍTULO 21 O ministério profético de Ellen G. White
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Não é Babilônia.” Estes foram republicados acreditou, são postos em dúvida e rejeitados, Mais tarde, em outubro de 1869, os ata- ra as reprovações e contestações, recorriam
depois em Testemunhos Para Ministros.21 Satanás sabe que os iludidos não se deixarão ques maliciosos ficaram tão patentes que se aos jornais da região para expressar seus sen-
Nessa série de artigos, a Sra. Ellen White ficar por aí; e redobra de esforços até que os nomeou uma comissão da liderança, compos- timentos. Os redatores dos jornais de Battle
deixa claro sua angústia em relação àqueles arraste a uma rebelião declarada, que se torne ta por J. N. Andrews, G. H. Bell e Uriah Creek, bem como de Lansing, Chicago e De-
que apanham seleções de seus escritos e fa- insanável e termine em destruição.”23 Smith, para investigar as acusações lançadas troit, junto com os cidadãos de Battle Creek,
zem com que pareçam apoiar os pontos de contra Tiago e Ellen White. A comissão soli- também liam as rigorosas mensagens de Ellen
vista pessoais do compilador. “Ao tomarem A Voz nem Sempre Bem-vinda citou que fossem apresentadas as evidências White. E os jornais adoravam o conflito.
desautorizadas liberdades”, escreveu ela, Seria reescrever a história afirmar que os de- que pudessem ser reunidas para documentar Uriah Smith pediu ao Journal de Battle
“apresentam ao povo uma teoria que engana tratores de Ellen White foram somente os as alegações. Creek a cortesia de imprimir uma resposta re-
e destrói. Em tempos passados, muitos outros dissidentes, os líderes carismáticos que ressus- Algumas semanas depois, atendendo o futando algumas mentiras, o que foi concedi-
fizeram a mesma coisa, e deram a parecer que citaram erros teológicos caducos ou os prega- convite aberto da comissão, os White tam- do. Poucos dias depois, o correspondente
os Testemunhos apoiavam posições que eram dores das igrejas populares. O conselho e, às bém solicitaram na contracapa da Review: Henry Willis escreveu no Journal: “Eu gosta-
insustentáveis e falsas.” (Ver princípios de vezes, a reprovação nem sempre eram bem- “Os que souberem de coisas dignas de denún- ria que todas as outras crenças religiosas em
hermenêutica nas páginas 389-391.) vindos, não importa a quem fossem dados. Se cia ou indignas de um cristão e de mestres do Battle Creek fossem tão fiéis aos princípios
Depois, relembrou aos membros de sua ela só houvesse feito elogios, teria sido acla- povo, a respeito da conduta geral da Sra. morais como a Sra. White e seus adeptos. En-
igreja: “Questões há nos Testemunhos escritos mada como portadora de juízos favoráveis e White e sobre mim, durante o período de tão não teríamos os detestáveis antros de ví-
que não são para o mundo em geral, mas para extraordinários. Mas ela compartilhava a nossas atividades públicas, tenha a bondade cio, nem tabernas, nem tabacarias nem casas
os filhos de Deus.” (Ver págs. 176 e 177.) mesma preocupação dos verdadeiros profetas de imediatamente torná-las conhecidas ao de jogo, nem ar poluído com os vapores do
Embora concordasse que existiam males bíblicos. escritório.”26 rum e desse letal destruidor de seres huma-
na igreja e continuariam a existir até o fim, Desde os primeiros tempos de seu ministé- Em 26 de abril de 1870, o relatório em for- nos, o fumo.”29
sabia que “a igreja destes últimos dias há de rio profético, teve que contender com ho- ma de folheto ficou pronto para distribuição. Em 1883, observando que Uriah Smith e
ser a luz do mundo poluído e desmoralizado mens e mulheres obstinados, cujos motivos Os membros da igreja de toda parte tinham outros pareciam frios em relação a seu traba-
pelo pecado. A igreja, débil e defeituosa, pre- egocêntricos e pontos de vista antiescriturís- agora nas mãos a evidência decisiva de que as lho, Ellen White convocou uma reunião com
cisando ser repreendida, advertida e aconse- ticos precisavam ser denunciados.24 calúnias, os boatos e as desinformações con- os funcionários da editora.30
lhada, é o único objeto na Terra ao qual Cris- Em 1869, Ellen White, na época com 41 tra o casal eram sem fundamento. O relatório Posteriormente, ela relatou, em parte, as
to confere Sua suprema consideração”.22 anos de idade, teve que contender nova- não foi contestado. observações que fez naquela reunião do dia
O conselho que Ellen White publicou pôs mente com calúnia, boatos e desinforma- Na Review, começando no fim de 1869 e 20 de agosto: “Os boatos mais extravagan-
fim ao movimento de maneira tão rápida ções. Relembrando os itinerários de reu- continuando em 1870, Tiago escreveu vinte tes e incoerentes a respeito de minha posi-
quanto a maneira como se havia desenvolvi- niões campais, escreveu: “As mentiras moti- e cinco artigos de primeira página sobre ção, minha obra e meus escritos serão pos-
do. Anteriormente, na década de 1880, ela vadas por pura malícia e inimizade, as in- “Nossa Fé e Esperança, ou Razões por que tos em circulação. Mas aqueles que tiveram
havia analisado a anatomia da apostasia e das venções perversas proferidas e propagadas Cremos Como Cremos”. J. N. Andrews, na uma experiência nesta mensagem e conhe-
estratégias de Satanás: com o objetivo de destruir a proclamação da época editor da Review, reforçou com um edi- cem o caráter da minha obra não serão afe-
• “Começa por influir sobre os espíritos de verdade, eram impotentes para afetar a torial de vinte proposições a respeito do uso tados por essas coisas, a menos que eles
modo a despertar neles ciúme e descontenta- mente daqueles que estavam realmente de- das visões de Ellen White. mesmos se tenham afastado de Deus e se te-
mento em relação aos que têm a liderança do sejosos de saber o que é a verdade. Não du- Sobre o uso dos escritos de Ellen White nham corrompido pelo espírito do mundo.
trabalho. videi por um momento que o Senhor me ti- como uma “prova”, Andrews escreveu: Alguns serão enganados por causa de sua
• “Discutem-se depois os dons, resultando nha enviado para que aquelas pessoas since- “Existem tais coisas... como pessoas que têm própria infidelidade. Querem crer numa
daí serem eles amesquinhados, e acaba-se por ras que haviam sido enganadas tivessem a na providência de Deus uma oportunidade mentira. Alguns traíram sagrados e impor-
desconsiderar as instruções dadas por meio de oportunidade de ver e ouvir por si mesmas para tornar-se familiarizadas com a obra es- tantes depósitos, e esta é a razão por que va-
visões. que tipo de espírito possuía a mulher que fo- pecial do Espírito de Deus, para que reco- gueiam nos labirintos da dúvida. ... Alguns
• “Segue-se então o ceticismo com relação ra apresentada ao público sob tão falsa luz, nheçam que sua luz é clara, convincente e há, mesmo entre os ligados a nossas institui-
a pontos vitais de nossa fé, os sustentáculos para neutralizar a verdade de Deus.” satisfatória. Para tais pessoas, consideramos ções, que estão em grande perigo de naufra-
de nossa posição. Naquela carta, ela salientou um ponto que que os dons do Espírito são claramente uma gar na fé. Satanás trabalhará mascarado, da
• “Vem depois a dúvida sobre as Escrituras é sempre relevante: “Ninguém é obrigado a prova.”27 maneira mais enganosa, nestes ramos da
Sagradas. crer. Deus dá evidência suficiente para que Em 1880 foi publicado o Testemunho No obra de Deus. ...
• “Finalmente, a marcha descensional pa- todos se possam convencer pelo peso da evi- 29.28 Boa parte do conselho se dirigia ao “Durante quarenta anos, Satanás empe-
ra a perdição.” dência, mas nunca removeu nem nunca re- “gueto” adventista que se estava desenvol- nhou os mais resolutos esforços para extirpar
A Sra. White continua em seu exame: moverá toda oportunidade para dúvida, nun- vendo em Battle Creek. Alguns dos membros esse testemunho da igreja; mas tal testemu-
“Quando os Testemunhos, em que uma vez se ca forçará a fé.”25 da igreja de Battle Creek, não preparados pa- nho tem continuado ano após ano advertin-
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do os errantes, desmascarando os impostores talhadamente sua própria experiência, fin- como indigna de nota. ... Minha experiência Anteriormente, ela havia escrito em seu
e encorajando os desanimados. Minha con- cando baliza após baliza com as evidências desde a assembléia em Mineápolis não tem diário, em 5 de agosto de 1891: “Nesta ma-
fiança está em Deus.”31 em favor da Igreja Adventista e a validade do sido muito reconfortante. Peço sabedoria a nhã minha mente está ansiosa e perturbada a
ministério de Ellen White.35 Ele passou o ve- Deus diariamente, e que eu não fique intei- respeito do meu dever. Será que é a vontade
Os Conselhos e Apelos rão empenhado em evangelismo dinâmico, ramente desanimada, e desça à sepultura de Deus que eu vá para a Austrália? Isto sig-
de Ellen White a D. M. Canright escreveu cartas amigáveis à Sra. White, que com o coração partido como aconteceu com nifica muito para mim. Não tenho luz especí-
A experiência de Ellen White com D. M. estava na Europa, e adquiriu boa reputação meu marido.”39 fica para deixar a América do Norte com des-
Canright ilustra bem a preocupação que ela de toda a denominação. Embora não fosse bem-vinda em Mineá- tino a este país longínquo. No entanto, se eu
sentia pelas pessoas, bem como pelos resulta- Contudo, os principais líderes conheciam polis, Ellen White permaneceu destemida. soubesse que era a voz de Deus, iria. Mas não
dos lamentáveis que se seguiam quando elas tanto suas fraquezas quanto suas forças. Seus escritos na década de 1890 comunica- consigo entender esta questão. Alguns que
rejeitavam seu conselho. Ambos os White Quando G. I. Butler, e não Canright, foi elei- ram à igreja, a quem quisesse ouvir, a voz de assumem responsabilidades na América do
cedo reconheceram as qualificações acima da to presidente da Associação de Michigan em Deus esclarecendo a plenitude do evangelho Norte parecem insistir muito em que eu vá
média que Canright possuía para o ministé- 1886, Canright, ao que parece, tomou sua eterno (Apoc. 14:6 e 7).40 realizar meu trabalho especial na Europa e
rio. Em pouco tempo ele se tornou um exce- próxima decisão. Em janeiro de 1887 infor- Podemos ver agora o que se escondia por Austrália.”42
lente evangelista e debatedor. Muitas vezes, mou a Butler que não seria mais um adventis- detrás do forte desejo que a liderança tinha Mas ela foi, dando um bom exemplo para
porém, ficava desanimado e exigia considerá- ta do sétimo dia. Por volta de março, agora de que Ellen White saísse dos Estados Uni- todos seguirem na obediência às decisões da
vel trabalho pessoal por parte dos White e de pregando para os batistas, iniciou uma cam- dos para a Austrália. A repercussão desse liderança da igreja. Com o passar do tempo,
outros líderes para conservar seu interesse.32 panha desmentindo todas as repetidas confis- conflito na década de 1890, despertada pelo descobriu, como José, que “não fostes vós que
Em 1882, Canright desistiu de ser prega- sões e afirmações que fizera em favor da fé ad- forte apoio que ela dera a A. T. Jones e E. J. me enviaste para cá, senão Deus”. Gên. 45:8.
dor e foi trabalhar na agricultura. Numa car- ventista no decorrer dos anos.36 Canright era Waggoner, bem como sua veemente reprova- Apesar de não ser bem aceita pelos homens
ta endereçada a um amigo em 1884, afirmou incapaz de receber conselhos. A voz do Se- ção das atitudes de muitos líderes da igreja, no coração da liderança da denominação,
não ter mais confiança nas visões de Ellen nhor por intermédio de Sua mensageira não além das profundas concepções e claras men- mais uma vez Ellen White ficou firme como
White. “Não tenho nada contra nenhum de- foi bem-vinda, ainda que confirmada em pú- sagens relacionadas à política dos homens uma rocha ante o dever.
les [obreiros da liderança da igreja], a não ser blico muitas vezes. que administravam as finanças da Associa- Diante de cada crise, porém, alguns pare-
a Sra. White. Na verdade, antipatizo muito ção Geral e da editora, tiveram muito que cem esquecer a maneira como foram guiados
com ela. ... Mas os líderes são boa gente, e de Desprezada em 1888 ver com a “insistência” para que ela fosse en- no passado. Durante o crítico ano de 1903,
bom grado nunca me oporei a eles.”33 Já observamos anteriormente que muitos tra- viada à Austrália. quando a cidade inteira de Battle Creek –
Atendendo à insistência de amigos, Can- taram Ellen White com desprezo na assem- Em 1896, ela escreveu ao presidente da adventistas e público em geral – estava
right participou da reunião campal de Jack- bléia da Associação Geral em Mineápolis em Associação Geral: “O Senhor não estava em consternada com as propostas e planos de
son, Michigan, em setembro de 1884. Ali, 1888.37 O apelo que ela fez para que ergues- nossa saída dos Estados Unidos. Ele não reve- mudança da Associação Geral e da editora,
mais uma vez, confessou seu erro perante mi- sem os olhos acima do legalismo, para o qual lou ser Sua vontade que eu saísse de Battle o conselho de Ellen White foi sem ambigüi-
lhares de pessoas, declarando que nuvens de muitos haviam inconscientemente descam- Creek. O Senhor não fez planos para isso, dades, tão claro como o sol do meio-dia em
trevas o haviam envolvido. Humildemente, bado, caiu em ouvidos moucos. Alguns dias mas permitiu que todos vocês seguissem sua um céu sem nuvens: “Mudem-se!” Mas o ca-
pediu perdão à Sra. White. Na Review de 7 de depois da assembléia, ela escreveu: “Não tem própria imaginação. ... Éramos necessários no pelão do hospital, Lycurgus McCoy, liderou
outubro de 1884, publicou toda a história que sido muito fácil para mim desde que saí da coração da obra, e caso vocês tivessem per- a multidão que se opunha à mudança. Ele
o levara à rejeição de Ellen White, recitando Costa do Pacífico. Nossa primeira reunião cepção espiritual para discernir a verdadeira achava que a liderança denominacional não
um após outro os testemunhos que julgara não foi parecida com nenhuma outra da As- situação, jamais haveriam consentido com possuía perspicácia suficiente para tomar de-
imprecisos ou severos demais. Mas agora sua sociação Geral a que já assisti. ... Meu teste- essas decisões. Mas o Senhor leu o coração de cisões tão sérias. Além disso, embora julgas-
opinião havia mudado. “Quero dizer a todos munho foi ignorado, e jamais em minha ex- todos. Houve tão grande boa vontade para se Ellen White sincera, McCoy não “cria
os meus amigos”, escreveu ele, “de todos os periência fui tratada como nessa assem- que partíssemos que o Senhor permitiu que que o Senhor havia falado por intermédio
lugares, que agora não somente aceito, mas bléia.”38 isso acontecesse. Os que estão aborrecidos dela a respeito deste assunto, ainda que ela
creio que os testemunhos são de Deus. Co- “Irmãos”, escreveu ela em 1890, “vocês es- com os testemunhos apresentados não foram assim o cresse”.43
nhecendo a oposição que senti por eles, esta tão insistindo comigo para que eu vá às suas mais importunados pelas pessoas que os apre- O fraco elogio feito por McCoy tem se re-
mudança em meus sentimentos é mais mara- reuniões campais. Devo dizer-lhes claramen- sentavam. Nossa separação de Battle Creek petido muitas vezes através dos anos. Aqueles
vilhosa para mim do que para outros.”34 te que a atitude adotada para comigo e para permitiu que as pessoas seguissem sua própria que enfrentam desafios, pensando que cada
Durante 1885 e nos primeiros meses de com o meu trabalho desde a [assembléia da] vontade e caminho, que julgaram superior ao nova ocasião é “diferente” dos problemas do
1886, quase toda edição da revista da igreja Associação Geral em Mineápolis – sua resis- caminho de Deus. ... Quando o Senhor me passado, podem ou não ter tido tempo para
publicava um artigo sólido e convincente es- tência à luz e às advertências que Deus me apresentou este assunto como ele realmente ver claramente a relevância de Ellen White.
crito por Canright. Seu artigo “Àqueles que comunicou – tornou meu trabalho cinqüenta era, não abri a boca para ninguém, pois sabia Fica evidente da história bíblica que os
se Encontram no Castelo da Dúvida” foi tal- vezes mais pesado. ... Parece-me que vocês que ninguém discerniria o assunto em todo o profetas não ocupam uma posição opcional;
vez o mais vigoroso, pois nele examinou de deixaram de lado a palavra do Senhor seu significado.”41 não foram “chamados” para seu ofício pelo
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grupo em favor do qual devem trabalhar. De de suas vigorosas contestações, penetrante 27. Review and Herald, 15 de fevereiro de 1870. A proposição 14 31. Review and Herald, 16 de outubro de 1883. Várias semanas
maneira especial, o profeta fica do lado de fo- conselho ou franca reprovação. Para os de dizia: “O objetivo dos dons espirituais é manter a vivificante depois daquela reunião (20 de agosto), Uriah Smith infor-
ra da porta burocrática ou institucional. Os dentro que são motivados por outros princí- obra de Deus na igreja. Eles capacitam o Espírito de Deus a mou na revista da igreja sobre as atividades da reunião cam-
profetas hebreus entendiam este papel exclu- pios que não sejam os mais puros, o profeta falar na correção de erros e na denúncia da iniqüidade. São pal outonal de Michigan. Seu relato, naquela época, mostrou
sivo, às vezes para sua aflição. Quando a igre- é sempre importuno. os meios pelos quais Deus ensina Seu povo quando está em
que ele passara por uma nítida mudança de mente e de cora-
ja institucionalizada é confrontada pelo pro- Ao longo de todo o ministério septuage- perigo de dar passos errados. São os meios pelos quais o Espí-
ção a respeito de Ellen White. Ver ibidem, 9 de outubro de
feta, acham-se em atuação determinadas di- nário de Ellen White, muitos ouviram sua rito de Deus derrama luz sobre as dificuldades da igreja, quan-
1883. Na edição extra da Review, publicada em dezembro de
nâmicas humanas que muitas vezes tratam o voz com alegria. Seu conselho demonstrou do de outra maneira os ajustes seriam impossíveis. Eles tam-
bém constituem os meios pelos quais Deus preserva Seu po- 1887, Uriah Smith escreveu uma longa recapitulação de seu
profeta como “importuno”. possuir credibilidade própria. Quando a voz
vo de confusão apontando erros, corrigindo falsas interpreta- período de dúvida em 1883 a respeito de alguns aspectos do
O profeta percebe a possível desumani- perturbadora da profetisa irritava sentimen-
ções das Escrituras e fazendo a luz brilhar sobre aquilo que ministério da Sra. White. A declaração completa, intitulada
dade da burocracia, a rigidez inerente e as tos não consagrados, comparativamente
corre o risco de ser erroneamente compreendido e, portanto, “The Weight of Evidence”, encontra-se em Biography, vol. 3,
possíveis irregularidades do institucionalis- poucos líderes e membros encontravam des-
de ser a causa de males e divisão para o povo de Deus. págs. 493-496.
mo. Para os que estão dentro da estrutura culpa para afastar-se. Quando os líderes da
“Em suma, sua obra é unir o povo de Deus na mesma dis- 32. Biography, vol. 2, págs. 455 e 456; vol. 3, págs. 152 e 152.
institucional, o profeta é muitas vezes con- igreja ouviam a voz, o movimento do adven-
posição mental e no mesmo parecer com relação ao signifi-
siderado como alguém que irrita por causa to prosperava.44 cado das Escrituras. O mero julgamento humano, sem ne-
33. Carrie Johnson, I Was Canright’s Secretary (Washington,
D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1971),
nhuma instrução direta do Céu, jamais pode procurar iniqüi-
pág. 65.
dades ocultas nem conciliar negras e complicadas dificulda-
Referências 34. Ibidem, págs. 65-72; Biography, vol. 3, págs. 263-267. Teste-
des da igreja nem impedir interpretações diferentes e confli-
tantes das Escrituras. Seria lamentável, de fato, se Deus não munhos endereçados a Canright aparecem em Testemunhos
1. Testemunhos Para Ministros, pág. 319. 17. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 435 e 436. continuasse a comunicar-Se com Seu povo.” Para a Igreja, vol. 3, págs. 304-329 (1873); Mensagens Esco-
2. SDAE, vol. 10, págs. 690 e 691. 18. SDAE, vol. 10, pág. 718. Ver também James R. Nix, The Li-
28. Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, págs. 384-522. lhidas, livro 2, págs. 162-170 (1880); Testemunhos Para a Igre-
3. Schwarz, Light Bearers, pág. 262. fe and Work of Moses Hull, monografia inédita, 1971, 81 pá-
ginas. 29. Biography, vol. 3, págs. 130 e 131. Em uma mensagem espe- ja, vol. 5, págs. 516-520 (1886).
4. Carta 59, 1895, citada em Biography, vol. 4, págs. 253 e 254.
5. Ibidem, pág. 255. 19. Schwarz, Light Bearers, pág. 446. cial dirigida à igreja de Battle Creek, Testimony for the Battle 35. Review and Herald, 10 de fevereiro de 1885.
6. Schwarz, Light Bearers, págs. 262 e 263. 20. A carta completa foi impressa na Review and Herald, 12 de Creek Church, julho de 1881, pág. 80, Ellen White escreveu: 36. Johnson, I Was Canright’s Secretary, págs. 74-80.
7. Ibidem, pág. 263. Ver também The Publishing Ministry, págs. setembro de 1893. “Foi-me mostrado que há, entre os membros da igreja de Bat-
37. Ver pág. 195.
114-178, 205-249. 21. Review and Herald, 22 e 29 de agosto, 5 e 12 de setembro de tle Creek, línguas indisciplinadas. Há línguas falsas que se
1893; Testemunhos Para Ministros, págs. 32-62. 38. Carta 7, 1888, em 1888 Materials, págs. 186-189.
8. Carta 43, 1899, citada em The Publishing Ministry, pág. 232. alimentam de malícia. Há línguas astuciosas e caluniadoras.
9. Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, págs. 176-178. Ver também 22. Testemunhos Para Ministros, págs. 33, 34 e 49. Ver também 39. Carta 1, 1890, em 1888 Materials, págs. 659, 660 e 664.
Há mexericos, intromissões impertinentes e gracejos astutos.
The Publishing Ministry, pág. 230-238. págs. 176 e 177. 40. Ver pág. 198.
23. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 672 (Testemunhos Se- Entre os amantes dos mexericos, alguns são movidos por
10. Testemunhos Para Ministros, págs. 279-423, 457-484. No 41. Carta 127, 1896, em 1888 Materials, págs. 1.622 e 1.623.
letos, vol. 2, pág. 287). Ellen White recorda trechos dos tes- curiosidade, outros por inveja, muitos por ódio contra aque-
Comprehensive Index to the Writings of Ellen G. White, vol. 1,
temunhos apresentados primeiramente em Testemunhos Para les pelos quais Deus tem falado para reprová-los. Todos esses 42. Biography, vol. 4, pág. 15.
as páginas 344-352 são dedicadas a enorme quantidade de
conselho sobre assuntos tais como princípios administrati- a Igreja, vol. 1, pág. 236; vol. 3, pág. 328; e vol. 4, pág. 211. elementos discordantes se acham em atuação. Alguns ocul- 43. Schwarz, Light Bearers, pág. 308.
Em princípios da década de 1880, ela escreveu: “Continua tam seus sentimentos, enquanto outros estão ansiosos para 44. O presidente da Associação Geral G. I. Butler viveu em meio
vos, habilidades necessárias exigidas, complicações, causas
aumentando constantemente o ceticismo em relação aos
de fracasso, integridade pessoal, princípios cristãos que de- publicar o que sabem ou suspeitam de errado a respeito de ou- às dores do crescimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Testemunhos do Espírito de Deus; e estes jovens, em vez de
vem caracterizar as transações, atitudes seculares que preju- tros. Vi que o próprio espírito de perjúrio que transforma a
abafarem as discussões e dúvidas a seu respeito, as suscitam, Viu e ouviu a voz da mensageira de Deus à medida que ela
dicam a administração comercial cristã e o perigo da espe- verdade em engano, o bem em mal e a inocência em crime
por desconhecerem o espírito, a virtude e a força dos Teste- aconselhava, reprovava, guiava e ensinava seus contemporâ-
culação. está agora ativo, fazendo uma obra que lembra mais o infer-
munhos.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 437 (Tes-
11. Loughborough, GSAM, págs. 325 e 326. Na edição da Re- neos. Para Butler, Ellen White não era uma nota de rodapé
temunhos Seletos, vol. 2, pág. 288). no do que o Céu. ... Todos têm defeitos de caráter, e não é di-
view and Herald de 14 de janeiro de 1858, o redator escre- histórica; era uma voz viva, que enxergava claramente onde
24. Considere as assembléias de 1851 em Washington, NH; Be- fícil encontrar alguma coisa que a inveja possa interpretar
veu com referência ao disperso grupo Messenger: “Ao outros tropeçavam. Como resultado de uma experiência viva
thel, VT; Johnson, VT, citadas em Biography, vol. 1, págs. para seu prejuízo.” – Citado em Biography, vol. 3, pág. 189.
tempo da deserção, quando se fizeram esforços para desfa- 217-223.
30. Uriah Smith havia, na crise do Battle Creek College, toma- com ela e seus testemunhos, Butler escreveu o seguinte: “Du-
zer a Review, a propriedade da igreja no escritório foi ava- 25. Carta 12, 1869, citada em Biography, vol. 2, pág. 276.
liada em apenas 700 dólares. Desde então aumentou para do o partido contra Goodloe Bell, ex-diretor do Departa- rante quase um quarto de século temos, como um povo, pro-
26. Ibidem, págs. 277-279. Nesta mesma edição de 11 de janeiro
5.000 dólares. Havia naquela época cerca de mil assinan- de 1870, Tiago White escreveu: “A posição e a obra da Sra. mento de Inglês do colégio. Ver Biography, vol. 3, pág. 196. vado os testemunhos, e descobrimos que prosperamos espiri-
tes que pagavam; agora temos por volta de dois mil, além White bem como a minha, durante mais de vinte anos, tem A questão mais profunda, porém, era a recusa de Uriah tualmente quando damos ouvidos a eles e sofremos grande
de uma boa lista de distribuição gratuita.” Ver Testemu- sido denunciada pelo ciúme dos ciumentos, pela ira dos iras- Smith em ler um testemunho que Ellen White lhe havia en- perda quando os negligenciamos. Descobrimos que sua guia é
nhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 122 e 123; Biography, vol. cíveis e pela calúnia dos caluniadores. Com a consciência tregue para ser lido perante a igreja durante a crise do colé- nossa segurança. Eles nunca, em momento algum, nos leva-
1, págs. 306-310. limpa de ofensas diante de Deus e dos homens, temos perse- gio. Ele o reteve consigo por várias semanas por não concor-
12. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 116-118. verado em nossa obra. Mas, devido ao nosso silêncio quase ram ao fanatismo; pelo contrário, têm repreendido homens
13. Schwarz, Light Bearers, pág. 446; Biography, vol. 1, págs. 308-315. dar com o conselho. Informada da atitude dele, a Sra. White
absoluto na linha da defesa, os acusadores ficaram ousados e fanáticos e insensatos. ... Admitimos que sua influência sobre
14. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 411-442; vol. 2, pág. insolentes, de modo que tem sido melhor, para o bem da escreveu outra carta mais franca ainda à igreja de Battle
os adventistas do sétimo dia durante sua história passada foi
625; vol. 3, pág. 212. causa com que mantemos tão estreitas ligações, enfrentar Creek, na qual disse: “Vocês podem dizer que se trata apenas
15. Biography, vol. 2, pág. 55. suas calúnias com uma simples declaração dos fatos, que pro- de uma carta. Sim, é apenas uma carta, mas foi inspirada pe- pesada, mas sempre uma influência para o bem e sempre com
16. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 426-430; ver Bio- vavelmente aparecerão em forma de folheto para mais am- lo Espírito de Deus, para apresentar-lhes o que me foi mostra- a tendência de fazer de nós um povo melhor.” – Review and
graphy, vol. 2, págs. 56 e 57. pla circulação.” do.” – Ibidem, págs. 198-201. Herald, 9 de junho de 1874.

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SEÇÃO IV
CAPÍTULO 21 O ministério profético de Ellen G. White
A Voz de um Movimento DISSIDENTES, DENTRO E FORA

Perguntas Para Estudo

1. Em que sentidos Ellen White usava o termo “caráter” ao descrever a obra em Battle
Personalidades do
Creek no início do século vinte?

2. Que significa liderança “secular”?


Mundo Adventista de
3. Quando as pessoas se familiarizam com os escritos de Ellen White, de que modo os es-
critos são uma prova? Ellen G. White
4. Quais os traços de personalidade que caracterizavam D. M. Canright em seu papel de li-
derança como pastor adventista? Qual a falha que o motivou durante suas diversas de-
serções e rompimento final com a igreja?
ANDREWS, J. N. (1829-1883).
Em 1874 foi enviado como o primeiro
5. Quais foram alguns dos principais dissidentes do século dezenove? Quais eram suas prin-
missionário adventista do sétimo dia a
cipais queixas? Eram essas queixas justificadas? Que aconteceu aos desertores? países fora da América do Norte.
Teólogo capaz, fez importantes
6. Qual é o problema básico na apostasia? contribuições para o desenvolvimento
de várias doutrinas da igreja, inclusive
o tempo de iniciar-se e encerrar-se o
sábado. Foi o terceiro presidente da
Associação Geral (1867-1869).

AVONDALE COLLEGE (campus),


perto de Cooranbong, Austrália.
Abrangendo 585 hectares (1.450
acres), a faculdade foi fundada em
1897 como resultado da insistência de
Ellen White de que a Austrália
precisava de uma instituição
educacional que seguisse o modelo da
luz que lhe fora apresentada em visão.
Esta foto de 1997 mostra a Sanitarium
Health Food Company, perto de Dora
Creek, à esquerda. A Igreja do colégio
fica à direita do Prédio Administrativo
Ellen G. White, próximo ao centro da
foto.

Fotos: Cortesia da Pacific Press Publishing Association, Inc. e da Review and Herald Publishing Association.

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PERSONALIDADES O ministério profético de Ellen G. White
DO MUNDO ADVENTISTA
DE ELLEN G. WHITE

BATES, José (1792-1872). Marinheiro, reformador, BELL, G. H. (1832-1899).


pregador adventista, foi um dos fundadores da Igreja Educador e escritor, Bell lecionou no
Adventista do Sétimo Dia. Como comandante de Battle Creek College, tornando-se depois o diretor da
navio, proibia o uso de bebidas alcoólicas e linguagem South Lancaster Academy.
profana. Em 1839 aceitou os pontos de vista de Quando se criou em 1878 a Associação
Guilherme Miller sobre o Segundo Advento, aplicando- da Escola Sabatina da Associação Geral,
se com diligência à pregação. Um dos primeiros a ele veio a ser o primeiro secretário e, posteriormente,
aceitar a verdade do sábado, escreveu e fez circular presidente da instituição.
um panfleto sobre o assunto. Também foi um dos
primeiros a defender a reforma de saúde,
abandonando o uso de alimentos cárneos,
chá e café.

BOLTON, Frances (Fannie) E. (1859-1926).


Batizada aos 28 anos de idade, Fannie juntou-se à
equipe de Ellen White em 1889. Embora fosse
talentosa, tinha um conceito exagerado de suas próprias
aptidões. Emocionalmente instável, chegou mesmo a
reivindicar a autoria do livro Caminho a Cristo. Em
1901 escreveu aos “Irmãos na verdade”, reconhecendo
que havia compreendido mal o ministério profético da
Sra. White e lamentou os resultados de sua crítica.

BOURDEAU, D. T. (1835-1905).
Ordenado ao ministério adventista em 1858,
ele e seu irmão A. C. Bourdeau passaram
muitos anos em atividades evangelísticas na Nova
Inglaterra e no Canadá. Iniciou a obra
na Califórnia e organizou igrejas de fala francesa em
SANATÓRIO DE BATTLE CREEK. 1866-1993. Wisconsin e Illinois. Empenhou-se depois
Depois de tornar-se superintendente do Health Reform em evangelismo na Europa e, por curto
Institute em 1876, o jovem Dr. J. H. Kellogg mudou-lhe espaço de tempo, esteve associado
o nome para Sanatório de Battle Creek. Sob sua a J. N. Andrews na obra editorial.
liderança dinâmica, este estabelecimento tornou-se
mundialmente famoso. Quando a Igreja Adventista e o
Dr. Kellogg acabaram a sociedade em 1907, a
denominação perdeu o hospital. Kellogg continuou
como seu diretor médico até sua morte em 1943.
BURDEN, JOHN (1862-1942). Administrador que
esteve estreitamente associado a Ellen G. White no
desenvolvimento de instituições de saúde. Tornou-se
gerente do St. Helena Sanitarium em 1891,
empenhando-se depois, durante três anos, no trabalho
de hospitais na Austrália. De volta aos Estados Unidos,
ajudou na compra do Glendale Sanitarium e
desempenhou papel importante na aquisição da
propriedade de Loma Linda. Iniciou a escola médico-
missionária que agora é a Escola de Medicina da
Universidade de Loma Linda.

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PERSONALIDADES O ministério profético de Ellen G. White
DO MUNDO ADVENTISTA
DE ELLEN G. WHITE

BUTLER, George I. (1834-1918). Pastor e DAVIS, Marian (1847-1904). Valiosa


administrador, foi presidente da Associação Geral por assistente literária de Ellen White, que a
dois mandatos. Durante seu primeiro mandato (1871- acompanhou em suas viagens através
1874), empenhou-se ativamente na captação de dos Estados Unidos, Europa e Austrália.
recursos para estabelecer o Battle Creek College e a Antes de unir-se à equipe da Sra. White,
Pacific Press Publishing Company. Numa visita à foi durante pouco tempo professora
Europa em 1884, lançou as bases para editoras na numa escola rural e trabalhou durante
Noruega e Inglaterra. Trabalhou posteriormente como vários anos como revisora de provas na
presidente da Associação da Flórida, da União Sulista gráfica da Review and Herald.
e da Southern Publishing Association.

BYINGTON, John (1798-1887). Primeiro


presidente da Associação Geral, eleito em 1863,
trabalhou por dois mandatos. Antes de tornar-se ELMSHAVEN. A casa de
adventista do sétimo dia, havia trabalhado ativamente Ellen White, perto de Santa Helena,
em outras denominações. Dizem que em Buck’s Califórnia, em princípios de 1915.
Bridge, Nova Iorque, onde morava numa fazenda, A Sra. White está numa cadeira de
mantinha um posto clandestino para propiciar a fuga rodas na varanda, atendida por May
de escravos. Em 1852, depois de ler um exemplar da Walling. W. C. White e
Review and Herald, começou a guardar o sábado. A Tessie Woodbury estão na
pedido de Tiago White, mudou-se para Michigan em escada embaixo.
1858 e, durante 15 anos, viajou por todos os Estados
traçando planos dinâmicos para a igreja em
desenvolvimento.

CANRIGHT, D. M. (1840-1919). Ex-pastor e


escritor adventista do sétimo dia, que renunciou sua
filiação à igreja, escreveu amplamente contra o
ministério de Ellen G. White, tornando-se o campeão
daqueles que se opunham às crenças adventistas do
sétimo dia. Predisse que a Igreja Adventista
desapareceria em breve.

ELLEN WHITE com sua equipe


editorial e familiares em Elmshaven em
1913. Sentados, da esquerda para a
direita: Dores E. Robinson, Ralph W.
DANIELLS, A. G. (1858-1935). Pastor, Munson, Sra. White, William C. White,
administrador e escritor, estudou no Battle Creek Clarence C. Crisler; em pé, Harold Bree,
College por um ano, entrou para o ministério em Maggie Hare-Bree, Mary Steward, Paul
1878 e foi secretário de Tiago e Ellen White durante Mason, Arthur W. Spalding, Helen
um ano. Em 1886 foi chamado para fazer obra Graham, Tessie Woodbury, Alfred
missionária pioneira na Nova Zelândia, tornando-se Carter, May Walling, Effie James.
posteriormente presidente da Associação
Neozelandesa, da Associação Australiana e da União
Australasiana. Esteve intimamente associado a Ellen
White durante os dez anos que ela passou na
Austrália. Em 1901 tornou-se presidente da Associação
Geral, onde serviu até 1922. Mais tarde liderou a
formação da Associação Ministerial.

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PERSONALIDADES O ministério profético de Ellen G. White
DO MUNDO ADVENTISTA
DE ELLEN G. WHITE

ELLEN G. WHITE apresentando o PÁGINA MANUSCRITA DE UMA


sermão de dedicação em Loma Linda, CARTA DE ELLEN G. WHITE.
15 de abril de 1906. Trecho de uma carta de Ellen G. White
escrita ao filho Edson e esposa.

FAULKHEAD, N. D. (1860-1923).
Tesoureiro da Echo Publishing House,
Austrália, em princípios da década de
1890. Durante algum tempo depois de
aceitar as três mensagens angélicas,
continuou como líder numa loja
maçônica, mas
separou-se dela depois que
a Sra. White lhe transmitiu uma
mensagem recebida em visão acerca
do perigo espiritual
que ele corria.

FOSS, Hazen (morreu em 1893).


Jovem milerita de Poland, Maine, a
quem o Senhor deu visões semelhantes
às recebidas depois por Ellen Harmon.
Foss recebeu instruções para relatar as
visões, mas, recusando-se a fazer isso, o
dom de profecia foi dele retirado.
Tempos depois perdeu o interesse em
assuntos religiosos.

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PERSONALIDADES O ministério profético de Ellen G. White
DO MUNDO ADVENTISTA
DE ELLEN G. WHITE

HASKELL, S. N. (1833-1922). JONES, Alonzo T. (1850-1923). Pastor, redator e


Evangelista e administrador. escritor, ele e E. J. Waggoner agitaram a assembléia da
Organizou a primeira Sociedade Associação Geral realizada em 1888 em Mineápolis
Missionária e de Publicações. Foi com sua mensagem sobre justificação pela fé. De 1897
simultaneamente presidente da a 1901, foi redator da Review and Herald.
Associação da Califórnia e da Posteriormente, indispondo-se com a política
Associação do Maine. Ajudou a iniciar administrativa da igreja, deixou o emprego
a obra denominacional na Austrália. denominacional, e foi finalmente excluído da
Sua produção literária inclui, The comunhão.
Cross and Its Shadow e The Story of
Daniel the Prophet.

KELLOGG, John Harvey (1852-1943). Cirurgião,


HOWELL, W. E. (1869-1943).
inventor de instrumentos cirúrgicos e pioneiro em
Educador, redator e missionário
fisioterapia e nutrição. Em 1873, encorajado por Tiago e
adventista do sétimo dia. Esteve em
Ellen White, matriculou-se no Bellevue Hospital Medical
diversas ocasiões vinculado ao
College, em Nova Iorque. Assim que terminou o curso
Healdsburg College, Emmanuel
médico de dois anos, foi nomeado superintendente do
Missionary College e College of
Instituto da Reforma de Saúde em Battle Creek,
Medical Evangelists. Foi secretário do
Michigan, que se transformou no Battle Creek
Departamento de Educação da
Sanitarium. Tornou-se mundialmente famoso como
Associação Geral durante doze anos.
cirurgião e inventor de alimentos vegetarianos tais como
os flocos de milho e os substitutos da carne. Com o
tempo, entrou em conflito com os líderes da igreja a
respeito de questões administrativas e teológicas, sendo
excluído da comunhão em 1907.

TIAGO E ELLEN WHITE com os


KRESS, D. H. (1862-1956). Médico especializado
dois filhos: “Willie” (à esquerda) e
em educação sanitária e medicina interna. Juntamente
Edson, por volta de 1865.
com a esposa, Lauretta, que também era médica,
trabalhou durante algum tempo no Battle Creek
Sanitarium. Em 1898 foram para a Inglaterra iniciar a
obra médica naquele país. De 1900 a 1907, trabalhou
na Austrália e na Nova Zelândia. Ao voltar para os
Estados Unidos, tornou-se o primeiro superintendente
médico do recentemente fundado Washington (D. C.)
Sanitarium and Hospital; ela fez parte da equipe
médica.

LACEY, H. C. (1871-1950). Educador. Nascido na


Inglaterra, mudou-se com a família para a Índia e
Tasmânia, onde se tornaram adventistas do sétimo dia
em 1887. Após graduar-se no Healdsburg College e no
Battle Creek College, fez parte do primeiro grupo de
professores da escola de Avondale, Austrália. Lecionou
depois em diversos colégios nos Estados Unidos,
inclusive no que agora é a Universidade de Loma
Linda.

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PERSONALIDADES O ministério profético de Ellen G. White
DO MUNDO ADVENTISTA
DE ELLEN G. WHITE

LAY, H. S. (1828-1900). Médico adventista do LOUGHBOROUGH, J. N. (1832-1924).


sétimo dia pioneiro e redator do Health Reformer. Evangelista pioneiro e administrador da igreja.
Após graduar-se na escola de medicina, clinicou em Em 1852 aceitou o sábado por intermédio da
Allegan, Michigan. Uniu-se à Igreja Adventista pregação de J. N. Andrews. Durante vários anos,
por volta de 1856. Durante algum tempo trabalhou dirigiu reuniões evangelísticas na Pennsylvania,
na equipe do “Lar” do Dr. J. C. Jackson, em Dansville, Nova Iorque e na região central do país.
Nova Iorque, e em 1866 foi chamado para Em 1868 deu início à obra na Califórnia, e em 1878
dirigir o Instituto da Reforma de Saúde, foi para a Inglaterra, onde passou cinco anos.
em Battle Creek, Michigan. Foi o primeiro presidente da Associação
da Califórnia. Publicou alguns livros, entre
os quais The Rise and Progress
of Seventh-day Adventists.

LINDSAY, Harmon (1835-1919). Foi tesoureiro MAGAN, P. T. (1867-1947). Pastor, médico e


da Associação Geral de 1874 a 1875 e de 1888 a administrador. Trabalhou como pastor licenciado em
1893, e ajudou a estabelecer e desenvolver Nebraska em 1887. No ano seguinte, matriculou-se
o Battle Creek College e o Oakwood College. no Battle Creek College. Depois de graduar-se,
Trabalhou também como tesoureiro em diversas tornou-se secretário de S. N. Haskell e, nos anos
outras instituições da igreja na década de 1890. subseqüentes, secretário associado da Junta de Missão
No fim da vida uniu-se à Ciência Cristã. Estrangeira, professor do Battle Creek College e deão
do Emmanuel Missionary College. Depois de fazer o
curso de medicina na Universidade do Tennessee, foi
eleito decano do College of Medical Evangelists,
sendo posteriormente presidente desta instituição
(1928-1942).

MILLER, Guilherme (1792-1849). Fazendeiro


norte-americano e pregador batista de Low Hampton,
Nova Iorque, que, depois de estudar as profecias de
Daniel, anunciou que a segunda vinda de Cristo
ocorreria em 1843 ou 1844. Sua pregação atraiu
grande quantidade de seguidores, inclusive pastores
de diversas corporações religiosas. Embora o
movimento milerita tenha se desintegrado quando
Cristo não veio em 22 de outubro de 1844, de suas
cinzas surgiram diversas denominações, inclusive a
Igreja Adventista do Sétimo Dia.

OLSEN, O. A. (1845-1915). Administrador,


presidente da Associação Geral. Por volta de 1870,
ele começou a trabalhar entre os escandinavos de
UNIVERSIDADE DE LOMA LINDA Wisconsin, e em 1873 foi ordenado. De 1880 a 1885,
ATUALMENTE. Em resposta aos urgentes trabalhou como presidente das associações de
testemunhos de Ellen White, em 1905 comprou-se e Wisconsin, de Dakota, de Minnesota e de Iowa,
estabeleceu-se no Sul da Califórnia o Loma Linda sucessivamente. Em 1886 a Associação Geral o
Sanitarium. Dois anos depois foi iniciada uma enviou aos países escandinavos da Europa para
escola de enfermagem, seguida de uma escola de supervisionar a obra que ali se estava desenvolvendo.
medicina em 1909. Hoje, a Universidade de Loma Foi eleito presidente da Associação Geral em 1888
Linda continua a formar profissionais cristãos da e trabalhou nesse posto durante nove anos.
área de saúde em diversas especialidades
para o serviço ao redor do mundo.

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PERSONALIDADES O ministério profético de Ellen G. White
DO MUNDO ADVENTISTA
DE ELLEN G. WHITE

PRESCOTT, W. W. (1855-1944). SMITH, Uriah (1832-1903).


Educador e administrador. Em 1885 Pastor, escritor e redator. Tornou-se
tornou-se diretor do Battle Creek adventista observador do sábado em
College e foi, durante algum tempo 1852, unindo-se no ano seguinte à
(1891-1892), simultaneamente, equipe da Review. Desde aquele
diretor de dois outros colégios – tempo até sua morte, seu nome
Union e Walla Walla. Ajudou a fundar apareceu no expediente da revista, a
o que hoje se conhece na Austrália maior parte das vezes como editor.
como Avondale College. Foi o primeiro instrutor bíblico do
Posteriormente trabalhou como Battle Creek College e secretário da
redator da Review and Herald. Como Associação Geral. Escreveu alguns
erudito e administrador, exerceu livros, dos quais o mais conhecido é
grande influência sobre a obra Thoughts on Daniel and the
educacional mundial da denominação. Revelation.

CASA DOS WHITE NA WOOD


REVIEW AND HERALD STREET, EM BATTLE CREEK.
PUBLISHING HOUSE. Este edifício Tiago e Ellen White construíram esta
foi construído em Battle Creek em casa em Battle Creek, Michigan, em
1861. Oficialmente organizada em 1856. Foi no espaçoso dormitório do
1860 e legalmente registrada no ano andar superior desta casa que Ellen
seguinte, a Seventh-day Adventist White escreveu sua visão do “Grande
Publishing Association foi a primeira Conflito”.
instituição da denominação. Desde
nossa primeira prensa manual
Washington, comprada em 1852, até
as máquinas impressoras de alta
velocidade de hoje, a Review and
Herald Publishing Association é a
sucessora direta desta primeira
editora.

WAGGONER, E. J. (1855-1916).
Redator, pastor e médico. Estudou no
Battle Creek College e formou-se em
medicina pelo Bellevue Medical
ROBINSON, A. T. (1850-1949). College, Nova Iorque. Em 1886, ele
Pastor e administrador. Em 1891 foi e A. T. Jones tornaram-se os editores
para a África do Sul, onde organizou de Signs of the Times. Na
a primeira associação. Três anos assembléia da Associação Geral de
depois, ele e Pieter Wessels obtiveram 1888, em Mineápolis, ele e Jones
de Cecil Rhodes um terreno de 4.850 apresentaram uma memorável série
hectares (12.000 acres) no qual se de sermões sobre justificação pela fé.
estabeleceu a Missão de Solusi. Em 1892,Waggoner mudou-se para
Depois de passar seis anos na a Inglaterra a fim de editar Present
Austrália, voltou para os Estados Truth, e em 1902 tornou-se o
Unidos e, durante 18 anos, trabalhou primeiro presidente da Associação do
como presidente de associação em Sul da Inglaterra. Algum tempo
Nebraska, Colorado e sul da Nova depois de voltar da Inglaterra, deixou
Inglaterra. de trabalhar na denominação.

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
PERSONALIDADES O ministério profético de Ellen G. White
DO MUNDO ADVENTISTA
DE ELLEN G. WHITE

WAGGONER, J. H. (1820-1889). WHITE, Ellen Gould (1827-1915).


Evangelista, editor e escritor. Em 1860 Juntamente com o marido e José Bates, foi uma
foi membro da assembléia convocada das co-fundadoras da Igreja Adventista do
para formar uma associação jurídica Sétimo Dia. Convertida em 1840, sentiu
para a igreja, sendo um dos membros imediatamente a preocupação pela conquista de
da comissão de três que recomendou almas, preocupação esta que levou consigo por
o nome “Adventista do Sétimo Dia” toda a vida. Dotada com o dom profético
para a igreja. Foi um dos oradores da conforme descrito na Bíblia, tornou-se escritora e
primeira reunião campal, realizada em oradora ilustre, bem como obreira incansável e
Wright, Michigan, em 1868. Em 1881 bem-sucedida em edificar e expandir o
substituiu Tiago White como editor de movimento do advento. Para este fim, viajou e
Signs of the Times e, em 1886, pregou extensamente nos Estados Unidos,
ajudou a estabelecer a obra na Europa e Austrália. Nas reuniões de Groveland,
Europa. Editou periódicos em alemão Massachusetts (1876 e 1877), pregou para
e francês, e escreveu From Eden to Eden. auditórios estimados em 20.000 pessoas.
Contribuiu com mais de 5.000 artigos para
periódicos da igreja, muitos dos quais foram
publicados posteriormente sob a forma de livros.
A série O Grande Conflito, uma coleção de
cinco volumes escrita por ela, tem sido o meio
de levar muitos milhares de pessoas a Cristo.

WHITE, Tiago [James] Springer (1821-


1881). Um dos três co-fundadores da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, sendo os outros dois
sua esposa Ellen e José Bates. Foi professor
durante dois anos, mas logo que completou 21
anos de idade uniu-se ao movimento milerita e,
empunhando um diagrama, começou a pregar.
Relata-se que, durante os meses de inverno de
1842-1843, Tiago levou mais de 1.000 pessoas a
Cristo. Depois do desapontamento de 22 de
outubro de 1844, associou-se a outros cristãos no
estudo da Bíblia, em busca de maiores
esclarecimentos. Em 1846 aceitou a verdade do
sábado e, em 1849, começou a publicar a revista
Present Truth. À medida que crescia o número
dos adventistas guardadores do sábado, ele
insistiu para que constituíssem uma organização.
INSTITUTO DA REFORMA DE SAÚDE. Isso resultou na formação da Associação Geral,
Fundado em 1866. Três anos depois da visão em 1863. Tiago liderou o desenvolvimento da
da reforma de saúde recebida por Ellen obra editorial, educacional e médica da igreja.
White em 1863, inaugurou-se em Battle Durante muitos anos foi o editor da Review and
Creek, Michigan, a primeira instituição Herald. Atuou como presidente da Associação
médica da igreja. Chamada originalmente de Geral durante três mandatos (1865-1867; 1868-
Instituto Ocidental da Reforma de Saúde, 1871; 1874-1880).
teve seu nome abreviado para Instituto da
Reforma de Saúde em 1867, quando foi
registrada. Posteriormente passou a ser
designada como Battle Creek Sanitarium,
nome pelo qual se tornou conhecida ao
redor do mundo.

252 253
V

SEÇÃO
PERSONALIDADES
DO MUNDO ADVENTISTA
DEELLEN G. WHITE

WHITE, James Edson (1849-1928). Segundo


filho de Tiago e Ellen White, ele é mais conhecido
por seus esforços evangelísticos em favor dos negros
Promotora de Conceitos
norte-americanos no Sul. Em 1894 mandou construir
um barco fluvial em Michigan por 3.700 dólares e,
Inspirados
depois de dar-lhe o nome de Morning Star [Estrela
da Manhã], navegou pelo rio Mississippi até Yazoo
City. Ele e seu grupo de obreiros com espírito
missionário realizavam reuniões evangelísticas a
bordo do navio e ofereciam escola tanto para
adultos como para crianças. Dentro de poucos anos,
fundaram-se 50 pequenas escolas e igrejas. Muitos CAPÍTULO
pastores e professores negros dizem ter tido o
primeiro contato com os adventistas do sétimo dia 22 O Tema Unificador
por meio dessas escolas e do Morning Star que lhes
dera origem.
23 Esclarecimento Acerca das Principais
WHITE, William (Willie) Clarence (1854-1937). Doutrinas
Terceiro filho de Tiago e Ellen White, Willie trabalhou
como assistente de redação e gerente de publicações
da mãe após a morte do pai. Em 1874, com a idade
de 20 anos, ingressou na obra denominacional, 24 Princípios de Saúde/1
trabalhando com Signs of the Times em Oakland, Surgimento de uma Mensagem de Saúde
Califórnia. Um ano depois, foi eleito gerente
comercial da Pacific SDA Publishing Association e
presidente da junta de diretores. Em 1877 foi
25 Princípios de Saúde/2
enviado para o Battle Creek College, a fim de
preparar-se para o serviço na Europa junto com J. N.
Relação Entre a Saúde e a Missão Espiritual
Andrews. Enquanto ainda estudante, foi nomeado
membro da comissão administrativa do colégio, e
envolveu-se também com a obra de publicações, de 26 Princípios de Saúde/3
Escola Sabatina e de saúde em Battle Creek. De Melhoria de Qualidade na Saúde Adventista
1880 a 1885, ajudou a desenvolver a obra
educacional e médica na Costa do Pacífico. Foi para
a Europa auxiliar a mãe durante dois anos, a partir
27 Princípios de Saúde/4
de 1885, e dali para a Austrália, em 1891. Durante
aproximadamente dez anos trabalhou naquele
Princípios e Práticas
campo, sendo por três anos presidente da União
Australiana. Ao voltar para os Estados Unidos em
meados de 1900, presidiu a comissão de 28 Princípios de Saúde/5
reorganização na assembléia da Associação Geral de Recapitulando um Século de Princípios da
1901, continuou a ajudar a mãe em seus Reforma de Saúde
empreendimentos editoriais e, depois da morte dela,
ajudou a cumprir as provisões do testamento. Com
exceção de quatro anos (1897-1901) em que pediu
licença de suas responsabilidades, trabalhou na
29 Educação/1
comissão da Associação Geral de 1883 até sua Princípios e Filosofia
morte em 1937.

CASA DE GUILHERME MILLER. Construída por 30 Educação/1


Guilherme Miller em 1815, esta casa pertence agora Estabelecendo Instituições Educacionais
ao Adventist Heritage Ministry. Fazendeiro batista que
se tornou pregador, Miller enfatizava a breve volta de
Jesus baseado em seu estudo da profecia bíblica. Os
adventistas do sétimo dia remontam suas origens ao 31 Princípios Editoriais, Sociais
movimento milerita da década de 1840. A casa é e de Temperança
aberta à visitação durante os meses de primavera e
verão.

254
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO V

22
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
Lúcifer (Satanás) contra o governo de Deus. do que perdão, o objetivo do evangelho é
O elemento essencial do argumento de Sata- restauração.11
nás é que não se pode confiar em Deus, que A nova Terra será povoada pelos que per-
Sua lei é severa e injusta e, portanto, o Legis- mitiram que Deus cumprisse Seu plano de

O Tema Unificador lador é injusto, severo e arbitrário.8


O sucesso inicial de Satanás em conquistar
a lealdade da terça parte dos anjos do Céu foi
restaurar neles Sua imagem. Assim, o objetivo
da redenção não é perdão, mas restauração; o
propósito do evangelho é restaurar tudo quanto
seguido pelo engano de Adão e Eva (Apoc. foi danificado pelo pecado, para levar homens e
“De todas as alternativas de estilo de vida norte-americano, o adventismo do sétimo dia é uma das 12:4, 7-9; Gên. 3:1-16). Assim fazendo, a mulheres, passo a passo, de volta a seu estado
mais habilmente diferenciadas, sistematicamente desenvolvidas e institucionalmente bem-sucedi- Terra experimentou todos os amargos resulta- original.12 Unicamente por meio de vencedo-
das. ... A figura central do adventismo tem permanecido grandemente fora do olhar do público. dos da falta de confiança em Deus e da rejei- res redimidos (Apoc. 3:5, 12 e 21) poderá
Ellen White... a vida e o pensamento dela moldaram os aspectos característicos do adventismo. Pa- ção de Sua vontade. Deus “colocar as coisas numa base de segu-
ra entender como e por que o adventismo afetou a consciência pública, é preciso proceder a uma A resposta de Deus tem sido, não destruir rança eterna”.13
análise detalhada da teologia adventista e dos escritos de Ellen white.”1 Satanás, mas desmascará-lo. O interesse de A reivindicação da justiça e confiabilida-
Deus a longo prazo é demonstrar como Sata- de divinas, aliadas com o conceito de restau-
nás estava errado em acusá-Lo de ser extre- ração, como sendo o propósito do evangelho

O
bservamos nos capítulos precedentes que tenha inventado sozinha esses padrões in-
que Ellen White e a história do movi- terativos do pensamento, mas ela era a promo- mamente egoísta, arbitrário e injusto. Deus trouxe vigor bíblico ao sistema teológico de
mento adventista se acham tão entre- tora desses conceitos, aquela que insistia no es- tem revelado e demonstrado Sua versão da Ellen White e proporcionou coerência a to-
laçadas como a trama e a urdidura de um be- tudo, que apontava erros e que sempre estimu- História principalmente por meio da vida e dos os outros aspectos do seu ensino.
lo tapete. Pode-se dizer o mesmo com respei- lava a vivacidade, e não a inovação. Além de morte de Jesus e por meio do Seu povo esco-
to à íntima relação existente entre Ellen nutrir, seus próprios escritos ajudaram a formar lhido na Terra.9 Desdobrando o Tema
White e o pensamento adventista conforme um núcleo de compreensão bíblica capaz de O conflito na Terra terminará somente de- De que modo o Tema do Grande Conflito in-
expresso na distintiva contribuição teológica, prover integridade ao desenvolvimento do pois que o povo de Deus der glória a Ele forma e define esses princípios de teologia,
nos princípios educacionais e de saúde, no pensamento adventista.6 educação, saúde e todos os outros temas que
(Apoc. 14:7) de tal maneira que todos os ha-
senso de responsabilidade social e no senso George Knight, historiador da igreja, sugere Ellen White unificou num estilo de vida coe-
de missão.2 Sem Ellen White, o pensamento que, quando pomos em foco o Tema do Gran- bitantes da Terra possam fazer uma decisão
adventista em todas essas áreas, conforme o de Conflito, “podemos dizer quando estamos inteligente quanto a escolher ou não, por si rente, interligado e caracteristicamente ad-
entendemos historicamente, seria tão poroso no centro ou quando estamos correndo atrás de mesmos, o programa divino. Todos devem ventista? Quais são esses princípios teológi-
como uma tela de janela.3 gansos extraviados perto da margem daquilo guardar os “mandamentos de Deus e a fé de cos que alicerçam e permeiam todos esses di-
A singularidade da contribuição de Ellen que é realmente importante”. Ao apontar para Jesus”. Apoc. 14:12. Depois de conduzir à versos aspectos do pensamento adventista?
White reside não na absoluta originalidade aquilo que Ellen White chama de o “grandioso volta de Jesus, o conflito é recapitulado du- Cada um dos seguintes princípios básicos
do pensamento, mas na maneira como sinte- tema central” da Bíblia, Knight escreveu que rante o milênio e finalmente resolvido quan- não apenas desenvolve o Tema, mas também
tizou os conceitos divinamente revelados e os “nessas passagens encontramos nossas ordens do o coro fizer ecoar de mundo a mundo o se- denuncia algum erro no pensamento cristão
resultados de sua própria leitura e observação. de marcha para a leitura tanto da Bíblia quan- contemporâneo:
guinte cântico: “Aleluia! Salvação, e glória, e
Embora selecionasse de seus contemporâneos to dos escritos de Ellen White. ... Toda a nossa • Deus não é o tipo de pessoa que Satanás
expressões específicas que a ajudavam a des- leitura ocorre dentro desse contexto, e aquelas honra, e poder pertencem ao Senhor, nosso
Deus, porque verdadeiros e justos são os Seus descreveu. Deus não é severo, implacável,
crever mais plenamente os amplos princípios questões que se acham mais próximas do gran-
da verdade que lhe eram revelados, evitava dioso tema central são obviamente de maior juízos. ... Aleluia! Pois já o Senhor, Deus to- cruel, arbitrário ou injusto.14 Embora Deus
daqueles mesmos escritores as idéias que não importância do que as que se encontram junto do-poderoso, reina. Regozijemo-nos, e ale- Se revele em Sua lei e em outras formas de re-
se harmonizavam com aqueles princípios. de suas extremidades.”7 gremo-nos, e demos-Lhe glória.” Apoc. 19:1- velação por meio de Seus profetas, Jesus é a
A chave conceitual. Ellen White definiu o 7. A rebelião acabou. mais clara revelação de Deus.15
O Tema do Grande Conflito Tema do Grande Conflito como a “chave” • O que precisamos saber a respeito de
Todas as teologias dignas de nota possuem um conceitual para entender as mais importantes O Propósito da Estratégia Divina Deus podemos entendê-lo observando as ati-
princípio unificador.4 Muitos eruditos têm perguntas da humanidade: Como a vida co- no Grande Conflito tudes de Jesus e ouvindo o conselho que mi-
identificado o Tema do Grande Conflito como meçou? Por que existe o bem e o mal, como O propósito de Deus no Conflito é duplo: nistrou enquanto esteve na Terra. Ao revelar
sendo o princípio de unificação de Ellen White. se sabe a diferença entre um e outro? Que
(1) “demonstrar a todo o Universo a nature- a verdade sobre Deus, Jesus revelou a imagem
Isso forneceu uma estrutura coerente para o acontece após a morte? Por que existe o sofri-
pensamento teológico da escritora, bem como mento e a morte? O Tema do Grande Confli- za da” rebelião e, assim fazendo, “reivindicar de Deus.16 Ao revelar a verdade sobre os se-
para seus princípios sobre educação, saúde, to fornece o pano de fundo para o desenvol- o [Seu] caráter”,10 e (2) restaurar em ho- res humanos, Jesus manifestou a imagem per-
missão, questões sociais e ambientais.5 Não vimento do mal – a história da rebelião de mens e mulheres “a imagem de Deus”. Mais dida da humanidade, a imagem que Ele pro-

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CAPÍTULO 22 O ministério profético de Ellen G. White
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meteu restaurar em todos quantos confiam a transformação envolve decisões humanas a mo o corpo físico, mente, alma, espírito, que cooperaram com Deus no desenvolvi-
nEle e obedecem à Sua vontade.17 cada passo.26 emoções e vontade interagem, influencian- mento de uma atitude habitual de amorosa
a. Jesus provou que Deus não era injusto, b. O tempo do Segundo Advento depen- do-se uns aos outros. Os componentes são in- confiança e alegre obediência à Sua vontade;
ou seja, Ele não fez leis que os seres criados de, em parte, de certas condições humanas. O terdependentes e todos são necessários para eles demonstraram que estão aptos para a vi-
não conseguiriam guardar.18 Advento é retardado, dependendo da prepa- que o ser humano possa sobreviver num esta- da eterna, para jamais tornar a colocar em ris-
b. Jesus provou que Deus não era egoísta ração do povo de Deus para receber a chuva do saudável.34 co a segurança do Universo.41
ao exigir submissão e sacrifício das criaturas serôdia e assim estar pronto para efetuar o a. Assim sendo, as pessoas não possuem
inteligentes sem manifestar a mesma boa “alto clamor” que leva o mundo à decisão.27 uma alma imortal, que vive no corpo físico Um Só Fio Rompe o Tecido
por curto período de tempo. Quando morrem Ao estudarmos a história da igreja cristã, é in-
vontade em sacrificar-Se pelos outros. Sua c. A encarnação de Jesus Cristo envolveu
fisicamente, não continuam a viver em al- teressante notar os resultados de romper um só
própria vida e morte, um eterno dom à huma- uma condicionalidade que esgota a imagina-
gum lugar num estado espiritual, desencarna- fio (uma doutrina) do coerente tecido da ver-
nidade, revelam o altruísmo de Deus para ção humana – a possibilidade de Jesus fra-
do. “Dormem” (na linguagem bíblica) espe- dade. A coesão e coerência interior da verdade
com os seres criados.19 cassar.28
rando o chamado do Doador da vida.35 são sinal de sua autenticidade. Quando uma
c. Jesus provou que Deus não era “severo”, d. O desenvolvimento do caráter determi- pessoa toma uma doutrina – digamos, a nature-
b. Pelo fato de os seres humanos não serem
“exigente e cruel”, revelando o tato, a consi- na o destino – a reação humana aos dons de compostos de três unidades (corpo, espírito, za do homem – e impõe sobre ela uma defini-
deração, a abnegação, a tolerância e o amor Deus, perdão e poder, quanto ao destino.29 alma) separadas umas das outras, o bem-estar ção não escriturística tal como a noção de uma
de Deus, mesmo sob rejeição.20 • Os seres humanos foram criados para ser do corpo físico afeta diretamente a saúde men- alma imortal, de algum modo as outras doutri-
• Pelo fato de Deus ser justo, amoroso e semelhantes a Deus, “à Sua própria imagem”. tal (inclusive emoções e valores espirituais), e nas são afetadas. Quando se remove a condi-
respeitoso com os seres inteligentes que Foram criados para comunicar-se com Deus e vice-versa. A saúde de cada pessoa depende da cionalidade do plano da salvação, a responsabi-
criou, não os coage, força, intimida nem en- com liberdade de escolha. Sendo assim, eram máxima interatividade de tudo quanto contri- lidade humana é diminuída e a soberania de
gana a fim de obter deles a lealdade, submis- seres responsáveis (capazes de responder). Os bui para um corpo sadio e mente sadia.36 Deus é exagerada ou mal compreendida.
são ou obediência.21 seres humanos podem ser irresponsáveis, mas • Pelo fato de Deus ser amor, Ele deseja A amplitude unificadora e sinótica da contribui-
a. Ele não obriga a pessoa a tomar decisões nunca sem responsabilidade – eles eram, e uma reação amorosa por parte dos seres hu- ção de Ellen White ao desenvolvimento do movi-
contra a vontade, nem usa de subterfúgios. são, agentes morais livres.30 manos. Prometeu vida eterna àqueles que es- mento adventista é o resultado de sua lúcida com-
Essas são técnicas empregadas pelas forças do a. Desde que homens e mulheres são seres pontaneamente apreciarem Seu amor e esco- preensão dos princípios inerentes ao Tema do
mal.22 responsáveis, fica evidente que não são to- lherem obedecer à Sua amorável vontade em Grande Conflito. Os conceitos teológicos de Ellen
b. Ele apela à razão e espera que cada pes- talmente depravados; seu destino não é de- relação a eles.37 White não foram “divinamente” transmitidos por
soa se decida com base no peso da evidência terminado por um Deus soberano que “ele- a. Assim sendo, a vida eterna é prometida meio dela assim como a água passa através de um
e na força do amor.23 ge” alguns para se salvarem e outros para se àqueles que alegremente abandonarem seus cano. Nem era ela uma teóloga sistemática. Era, an-
c. Por isso, Seu povo deve ser conhecido perderem.31 pecados e de bom grado cooperarem com o tes de tudo, uma comunicadora, guiada pelo conse-
por sua defesa da liberdade alheia e pela au- b. Pelo fato de os seres humanos serem Espírito Santo na reconstrução de seus pa- lho celestial. Sua missão era confortar quando as
sência de métodos opressivos entre eles.24 agentes responsáveis, Deus deve comunicar-Se drões de hábitos para que espontaneamente pessoas precisavam de encorajamento e corrigir os
• Pelo fato de Deus estar disposto a espe- com eles em termos humanos, em padrões de amem aos outros – a última vontade de seu erros que representavam mal a Deus ou definiam
amorável Senhor.38 incorretamente a maneira como homens e mulhe-
rar até que apareçam todas as evidências a pensamento que os humanos consigam enten-
b. Assim sendo, Deus não fará um jogo de res são finalmente salvos.42
respeito das acusações de Satanás, e pelo fa- der. Por esta razão, o princípio da encarnação
palavras nem “salvará” os que mentalmente A maneira como entendia teologia, ainda que
to de não forçar a obediência, o princípio da explica por que Jesus “Se revestiu da humani-
dizem as palavras certas, cuja vida, porém, fundamentada em experiências de visão, aumen-
condicionalidade permeia Sua relação com dade com todas as contingências da mesma” a não reflita de modo amadurecido a confissão tou através dos anos à medida que ela ouvia seus
os seres inteligentes que criou – Ele espera fim de que Seus seguidores soubessem que Ele feita com os lábios.39 colegas adventistas influenciarem uns aos outros
que as pessoas reajam favoravelmente.25 Se identificou com eles em todos os sentidos.32 c. Por isso, Deus permite que a lei de cau- com seus estudos da Bíblia.43
a. O processo de salvação pela fé exige de- c. O princípio da encarnação explica por sa e efeito funcione até o fim para que os se-
terminadas condições humanas, mais do que que Deus utilizou padrões de pensamento e res inteligentes de todo o Universo, bem co- A Chave que Desvenda Mistérios
mero assentimento mental e apreço pelo que vocabulário dos seres humanos quando Se re- mo os seres humanos, possam ver os resulta- O prumo teológico de Ellen White, governa-
Cristo fez. As pessoas salvas são rebeldes velou na Bíblia.33 dos tanto da obediência quanto da desobe- do pelo Tema do Grande Conflito e confir-
transformados (o grau de mudança depende • Os seres humanos foram criados como diência à expressa vontade de Deus.40 mado por revelação, permaneceu o mesmo,
do tempo e das oportunidades disponíveis), e um todo indivisível no qual componentes co- d. Os redimidos serão compostos daqueles ainda que sua concepção se aprofundasse.
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Seu discernimento teológico forneceu um seguramente preservadas, e até mesmo gran- culo está predominando naquele momento – tam: “Funciona?” O empirismo pragmático
centro unificador que ajudou os membros da demente aumentadas. Na elipse, a verdade se e a recorrente oscilação, o persistente balan- pergunta “Que ganho com isso?” em vez de
igreja a compartilharem com outros, de ma- une de tal modo que seus componentes fun- çar do pêndulo entre os dois focos da elipse, é indagar mais biblicamente: “Que vou fazer a
neira lúcida e convincente, a mensagem coe- damentais não são vistos como antitéticos, tão previsível quanto o nascer do sol.51 respeito disto?”
rente. A compreensão da doutrina do santuá- mas como correlatos.48 Ellen White coloca essas perguntas na
rio revelada em seus escritos tornou-se, por A verdade não é a soma dos paradoxos. A Conservadores e Liberais perspectiva apropriada quando apela tanto a
exemplo, o microcosmo do plano da salva- verdade é a união dos componentes de tal Em típica linguagem religiosa, os conservado- conservadores tradicionais quanto a liberais
forma que, quando um componente não es- res formam o círculo “objetivista” e os liberais para que encontrem as respostas dentro do
ção. Este ensinamento foi não apenas a “cha-
estão no círculo “subjetivista”, embora esses Tema do Grande Conflito. Ela compreendia
ve” que desvendou o mistério do desaponta- tá ligado ao outro, alguma coisa grave acon-
rótulos estejam longe de ser satisfatórios. Ca- bem o contrapeso histórico entre esses dois
mento de 1844, mas também “revelou um tece àquela porção da verdade que cada gru- da círculo enfatiza algo correto, oportuno e círculos e a maneira como tanto conservado-
conjunto completo de verdades, ligadas har- po considera preciosa. H2O, por exemplo, é necessário. Assim como a água não se forma res quanto liberais falharam em ter um con-
moniosamente entre si... mostrando que a outra maneira de dizer “água”. O hidrogênio enquanto os círculos do hidrogênio e do oxi- ceito geral destituído da elipse da verdade
mão de Deus dirigira o grande movimento do e o oxigênio isolados são muito importantes, gênio não tomarem a forma de uma elipse, as- que transcende as fraquezas de ambas as pos-
advento e apontara novos deveres ao trazer a mas sem a união apropriada deles a água não sim as verdades parciais representadas por turas. “O progresso da reforma”, escreveu ela,
lume a posição e obra de Seu povo. ... A luz existe. A questão de qual dos dois é mais im- conservadores e liberais não apresentam todo “depende de um claro reconhecimento da
proveniente do santuário iluminou o passa- portante perde o sentido quando alguém o quadro da verdade enquanto ambas não se verdade fundamental. Ao passo que, de um
do, o presente e o futuro.”44 precisa de água para beber. A verdade sobre lançarem dentro da elipse da verdade. lado, espreita o perigo em uma estreita filoso-
Desde os primeiros dias de seu ministério a água é que ela não existe a menos que hi- As palavras-chaves para os conservadores fia e numa rígida e fria ortodoxia, há, por ou-
profético, Ellen White viu nas três mensagens drogênio e oxigênio estejam combinados na (pelas quais lutarão até a morte) são: transcen- tro lado, maior perigo num descuidado libera-
angélicas (Apoc. 14:1-12), “a perfeita cadeia devida relação um com o outro. Acontece o dência, autoridade, ortodoxia, fundamentalis- lismo. O fundamento de toda reforma estável
da verdades”. Fluindo do interior desta “ca- mesmo com os componentes da elipse da mo, lei, estrutura, segurança e graça – todas é a Lei de Deus. Cumpre-nos apresentar em
deia” estava a doutrina do santuário. Essas verdade.49 boas palavras às quais apegar-se. Mas a fraqueza linhas distintas e claras a necessidade de obe-
mensagens bíblicas “foram[-lhe] representadas Outra maneira de ilustrar a utilidade da histórica dos conservadores consiste muitas decer a essa lei.”52
analogia da elipse é observar como Ellen vezes numa compreensão errônea do caráter “Rígida e fria ortodoxia” e “descuidado li-
como uma âncora para apoiar o corpo”.45
do Deus transcendente. Com freqüência eles beralismo” são os resultados finais de colocar
White fala sobre a lei e o evangelho, não de
enfatizam a autoridade com o sacrifício da res- a verdade em dois círculos em vez de permitir
O “Tema” Transcende os Erros Modernos maneira antitética, mas correlata. Segue-se,
ponsabilidade e da liberdade humanas. Em que a verdade seja a verdade em sua forma
O Tema do Grande Conflito transcende as pois, que a lei não proíbe o que o evangelho virtude desses equívocos, a fé torna-se princi- elíptica. Ellen White transcende esses dois
tensões, paradoxos e antinomias da filosofia permite, nem o evangelho permite o que a lei palmente um assentimento mental à doutrina. círculos, unindo autoridade e responsabilida-
e teologia convencionais. As tensões exis- proíbe. Além disso, enfatizar a lei na expe- Enfatiza-se alguma forma de “creia somente”. de, segurança doutrinária e certeza do cora-
tentes entre todos os grupos têm raízes que riência cristã não é uma trajetória rumo ao le- Na grande maioria das vezes, o resultado é a ção, a fim de que a Igreja Adventista do Séti-
remontam à “apostasia” predita pelo após- galismo. Ellen White ressaltou a forma como passividade humana no processo da salvação. mo Dia não precise cair nos argumentos teo-
tolo Paulo.46 Cada igreja com sua teologia Jesus rejeitava o legalismo dos fariseus, que As palavras-chaves para os liberais (pelas lógicos que dividem todas as outras igrejas.
distintiva ressalta algum aspecto da verdade conduzia ao cativeiro e ao orgulho, e ao mes- quais também lutarão até a morte) são: ima- A maior parte de todo argumento bíblico
que ela considera preciosa. Contudo, seus mo tempo enfatizava que a lei guiará o cristão nência, liberdade, responsabilidade, razão, fle- apresenta, tradicionalmente, o observador
líderes e membros vêem seus oponentes co- “até que o céu e a terra passem”.50 O cristão xibilidade, significado, relevância e fé pessoal tendo diante de si uma escolha do tipo “ou is-
mo hereges, e o melhor que conseguirão é obedece à lei divina, não para impressionar a – todas palavras boas às quais apegar-se também. to... ou aquilo”. A elipse da verdade mostra
um cessar-fogo, e não uma trégua. Os grupos Deus, mas para honrá-Lo; não em obediência A fraqueza histórica do liberalismo está radi- como é importante que as atitudes estejam
eclesiásticos contendores são como dois cír- motivada pelo medo, mas em grata submissão cada em sua subjetividade. Pietistas, místicos, unidas pelo indispensável e, de maneira ex-
culos de verdade parcial, nenhum dos dois e prazenteira lealdade. racionalistas, carismáticos (e quem quer que plícita ou implícita.
Em filosofia e em teologia, os dois círculos, ponha a autonomia humana “à frente” das
sabendo como unir-se num todo coerente e
que representam os “dois lados” de quase to- verdades divinamente reveladas) baseiam sua Verdades Inter-relacionadas se Unem
elíptico. segurança na razão, no sentimento, na intui- Os seguintes exemplos mostram em que Ellen
do argumento, são geralmente conhecidos
ção ou na pesquisa histórica. Raramente se White transcendeu aos argumentos “ou isto...
A Elipse da Verdade como “objetivismo” e “subjetivismo”. Pensa- apela a absolutos. A frase “precisa ter sentido ou aquilo” em áreas teológicas cruciais nas
O Tema do Grande Conflito, contudo, con- dores podem ser catalogados em um ou outro para mim” é ouvida muitas vezes – um desejo quais os cristãos têm se dividido durante sé-
verte esses círculos opostos numa elipse. dos dois círculos. As diversas igrejas da cris- que não deve ser passado por alto. culos. Observe nos exemplos a seguir a elipse
Usando o princípio da elipse,47 cada círculo tandade também podem ser catalogadas co- Em tempos modernos, tanto conservado- da verdade unindo componentes inter-rela-
encontra suas verdades entesouradas (pelas mo sendo “objetivistas” ou “subjetivistas”. A res como liberais se equivocam quando, em cionados tão seguramente como o hidrogênio
quais seus adeptos estão dispostos a morrer) história da teologia é a descrição de que cír- vez de perguntarem “É verdade?”, pergun- se liga com o oxigênio para produzir água:
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1. A relação entre a obra de Cristo na cruz e Cristo. ... Deus é o poder que domina sobre nos ocupar a mente, para que ela se não dete- concerto oferecia perdão, e a graça auxiliado-
a obra do Espírito Santo: “[O Espírito] ia ser tudo. Ele concede dons; o homem os recebe e nha no próprio trabalho com que deveremos ra de Deus para a futura obediência mediante
dado como agente de regeneração, sem o qual age com o poder da graça de Cristo como ins- estar mais bem familiarizados. O arquiengana- a fé em Cristo. Prometia-lhes também vida
o sacrifício de Cristo de nenhum proveito te- trumento vivo. ... O poder divino e a atuação dor odeia as grandes verdades que apresentam eterna sob condição de fidelidade para com a
ria sido. ... É o Espírito que torna eficaz o que humana combinados serão um êxito total, um sacrifício expiatório e um todo-poderoso lei de Deus. ... A lei de Deus foi a base deste
foi realizado pelo Redentor do mundo.”53 pois a justiça de Cristo cumpre tudo.”57 Mediador. Sabe que para ele tudo depende de concerto, que era simplesmente uma disposi-
2. A relação entre a lei e o evangelho: “Nin- 6. A relação entre a justiça creditada e a jus- desviar a mente, de Jesus e de Sua verdade.”61 ção destinada a levar os homens de novo à
guém pode apresentar corretamente a lei de tiça comunicada: “Nosso único motivo de es- 10. A relação entre o novo nascimento e a harmonia com a vontade divina, colocando-
Deus sem o evangelho, ou o evangelho sem a perança está em que nos seja concedida a jus- obediência à lei de Deus: “No novo nascimento os onde poderiam obedecer à lei de Deus. ...
lei. A lei é o evangelho consolidado, e o tiça de Cristo – essa justiça produzida pelo o coração é posto em harmonia com Deus, ao Outro pacto, chamado nas Escrituras o “ve-
evangelho é a lei desdobrada. A lei é a raiz, e Seu Espírito que trabalha em nós e por nós.”58 colocar-se em conformidade com a Sua lei. lho” concerto, foi formado entre Deus e Israel
o evangelho é a fragrante flor e frutos que 7. A relação entre o perdão do pecado e uma Quando esta poderosa transformação se efe- no Sinai, e foi então ratificado pelo sangue de
produz.”54 vida transformada na definição do cristianismo tua no pecador, passou ele da morte para a vi- um sacrifício. ... Mas, se o concerto abraâmi-
3. A relação entre Cristo como Redentor e verdadeiro: “A religião de Cristo significa da, do pecado para a santidade, da transgres- co continha a promessa da redenção, por que
Cristo como Soberano: “Seja este ponto plena- mais que o perdão dos pecados; significa re- são e rebelião para a obediência e lealdade.”62 se formou outro concerto no Sinai? ... Viven-
mente estabelecido em todas as mentes: se mover nossos pecados e encher o vácuo com 11. A relação entre arrependimento e refor- do em meio de idolatria e corrupção, não ti-
aceitamos a Cristo como Redentor, precisa- as graças do Espírito Santo. Significa ilumi- ma: “Não é genuíno nenhum arrependimen- nham uma concepção verdadeira da santida-
mos aceitá-Lo como Soberano. Não podemos nação divina e regozijo em Deus. Significa to que não opere a reforma. A justiça de de de Deus, da excessiva pecaminosidade do
ter certeza e perfeita confiança em Cristo co- um coração despojado do próprio eu e aben- Cristo não é uma capa para encobrir peca- próprio coração, de sua completa incapacida-
mo nosso Salvador enquanto não O reconhe- çoado pela presença de Cristo. Quando Cris- dos não confessados e não abandonados; é de para, por si mesmos, prestar obediência à
cermos como nosso Rei e formos obedientes to reina no íntimo, há pureza e libertação do um princípio de vida que transforma o cará- lei de Deus, e de sua necessidade de um Sal-
a Seus mandamentos. Assim evidenciamos pecado. A glória, a plenitude, a perfeição do ter e rege a conduta. Santidade é integrida- vador. Tudo isto deveria ser-lhes ensinado. ...
nossa lealdade a Deus. Nossa fé tem, então, o plano do evangelho são cumpridas na vida. A de para com Deus; é a inteira entrega do co- A mesma lei que fora gravada em tábuas de
timbre genuíno, pois é uma fé atuante. Ela aceitação do Salvador traz paz perfeita, per- ração e da vida para habitação dos princí- pedra, é escrita pelo Espírito Santo nas tábuas
atua por amor.”55 feito amor, segurança perfeita. A beleza e a pios do Céu.”63 do coração. ... Mediante a graça de Cristo vi-
4. A relação entre a autoridade objetiva e a fragrância do caráter de Cristo manifestadas 12. A relação entre a obra externa de Cristo veremos em obediência à lei de Deus, escrita
responsabilidade subjetiva na experiência da fé: na vida testificam de que em verdade Deus e a obra interna do Espírito: “Convido todo em nosso coração.”66
“A fé em Cristo, como o Redentor do mun- enviou Seu Filho ao mundo para o salvar.”59 aquele que professa ser filho de Deus a nunca 15. A relação entre crer em Cristo e perma-
do, exige o reconhecimento de uma inteli- 8. A relação entre a oração por perdão e a esquecer esta grande verdade – que necessita- necer nEle: “Não basta que o pecador creia
gência esclarecida, dirigida por um coração oração por auxílio divino para resistir ao pecado: mos do Espírito de Deus em nós, a fim de al- em Cristo, para obter o perdão do pecado; de-
que pode discernir e avaliar o tesouro celes- Para mostrar como a teologia simples, corre- cançar o Céu, e da obra de Cristo fora de nós ve, pela fé e obediência, permanecer nEle.”67
tial. Essa fé é inseparável do arrependimento tamente apresentada, pode ser entendida pe- para nos dar um título à herança imortal.”64 16. A relação entre o dom gratuito da re-
e transformação do caráter. Ter fé significa lo público em geral, repare no relato feito por 13. A relação entre a fé e as obras: “A fé de missão dos pecados em Cristo e o dom gratui-
achar e aceitar o tesouro do evangelho com Ellen White a respeito de um sermão pregado Abraão foi manifesta pelas suas obras. ... Há to de Seus atributos no desenvolvimento do ca-
todos os deveres que o mesmo impõe.”56 na Basiléia, Suíça: “Todos ouviram com o muitos que não podem compreender a rela- ráter cristão: “Sua vida substitui a dos ho-
5. A relação entre a obra divina e a obra hu- mais profundo interesse, e na conclusão do ção da fé com as obras. Dizem eles: ‘Crê ape- mens. Assim obtêm remissão de pecados
mana no processo de salvação: “Deus trabalha sermão, fez-se um convite a todos quantos de- nas em Cristo, e estás salvo. Nada tens que passados, mediante a paciência de Deus.
e coopera com os dons que Ele comunicou ao sejassem ser cristãos e todos quantos sentiam ver com a guarda da lei.’ Mas a fé genuína se Mais que isso, Cristo lhes comunica os atri-
homem, e este, sendo participante da nature- não estar em viva ligação com Deus, para que manifestará pela obediência.”65 butos divinos. Forma o caráter humano se-
za divina e fazendo a obra de Cristo, pode ser viessem à frente, e nós nos uniríamos em ora- 14. A relação entre o velho e o novo concer- gundo a semelhança do caráter de Deus,
um vencedor e ganhar a vida eterna. O Se- ção com eles em busca de perdão do pecado, tos: “Assim como a Bíblia apresenta duas leis, uma esplêndida estrutura de força e beleza
nhor não tenciona realizar a obra que Ele e de graça para resistir à tentação.”60 uma imutável e eterna, e outra provisória e espirituais. Assim, a própria justiça da lei se
concedeu ao homem poderes para efetuar. A 9. A relação entre o papel de Cristo como Sa- temporária, assim há dois concertos. O con- cumpre no crente em Cristo. Deus pode ser
parte do homem precisa ser realizada. Ele de- crifício/Salvador e como Sacerdote/Mediador: certo da graça foi feito primeiramente com o ‘justo e justificador daquele que tem fé em
ve ser cooperador de Deus, jungindo-se a “Satanás concebe inumeráveis planos para homem no Éden. ... A todos os homens este Jesus’. Rom. 3:26.”68
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO V
CAPÍTULO 22 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados O TEMA UNIFICADOR

Referências “A Bíblia explica-se por si mesma. Textos devem ser com- são na Terra [foi] corrigir os seres humanos por meio da re-
parados com textos. O estudante deve aprender a ver a Pala- velação de Deus. ... Quando o objetivo de Sua missão foi al-
vra de Deus como um todo, e bem assim a relação de suas cançado – a revelação de Deus ao mundo – o Filho de Deus
1. Malcom Bull e Keith Lockhart, Seeking a Sanctuary (San Fran- física são amplamente suspeitas, é evidente a precariedade partes. Deve obter conhecimento de seu grandioso tema cen- anunciou que Sua obra estava completa, e que o caráter do
cisco: Harper & Row Publishers, 1989), págs. ix e 14. Para ou- deste procedimento.” – Living Options in Protestant Theology tral, do propósito original de Deus em relação a este mundo, Pai fora manifesto aos homens.” – Signs of the Times, 20 de
tro ponto de vista, ver George Knight, Meeting Ellen White, (Philadelphia: The Westminster Press, 1962), págs. 12 e 121. da origem do grande conflito, e da obra da redenção. Deve janeiro de 1890.
capítulo 6. 5. Em 1858, H. L. Hastings escreveu um livro intitulado The compreender a natureza dos dois princípios que contendem 16. O Desejado de Todas as Nações, pág. 19.
2. Russell L. Staples enfatizou esta relação no capítulo “Adven- Great Controversy Between God and Man, Its Origin, Progress, pela supremacia, e aprender a delinear sua atuação. ... Deve 17. O Desejado de Todas as Nações, págs. 37 e 38; Educação, págs.
tism” no livro The Variety of American Evangelicalism: “O mo- and End. Seu tema era delinear as implicações mundiais do enxergar como este conflito penetra em todos os aspectos da 73 e 74; Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 537; Mente,
vimento dos adventistas do sétimo dia não pode ser entendi- anúncio feito por Jeremias de que o “Senhor tem uma conten- experiência humana; como em cada ato de sua vida ele pró- Caráter e Personalidade, vol. 1, pág. 249; Signs of the Times, 21
da com as nações”. Jer. 25:31. Hastings não revelava nenhum prio revela um ou outro daqueles dois princípios antagôni- de abril de 1887; 22 de dezembro de 1887; Mensagens Esco-
do à parte de sua história. É óbvio que as posições teológicas
conceito de um conflito cósmico entre Cristo e Satanás com cos; e como, quer queira quer não, ele está mesmo agora a de- lhidas, livro 3, págs. 135 e 136.
sobre as quais o movimento se alicerçou podem ser explicadas
cidir de que lado do conflito estará.” – Ibidem, pág. 190. 18. Parábolas de Jesus, pág. 314; O Desejado de Todas as Nações,
detalhadamente; mas, ainda que possam ser explicadas em implicações sobrenaturais que envolvessem a segurança do
“Desde o início do grande conflito, tem sido o propósito pág. 762; A Fé Pela Qual Eu Vivo, pág. 114.
função dos princípios de interpretação e argumentos teológi- Universo. Nem descreveu a maneira como a controvérsia afe-
de Satanás representar mal o caráter de Deus, e provocar a 19. Patriarcas e Profetas, pág. 70; Mensagens Escolhidas, livro 1,
cos reciprocamente aceitos, apenas parte do significado do ta o conflito entre diversas teorias de salvação nem como es- rebelião contra a Sua lei; e esta obra parece ser coroada de pág. 341; Educação, pág. 154.
seu movimento é revelado dessa forma. E o que é revelado sas teorias afetam diretamente seus proponentes. Ele recapitu- êxito. As multidões dão ouvidos aos enganos de Satanás, e 20. Caminho a Cristo, págs. 11 e 12.
talvez deixe de explicar sua percepção interior ou sua ordena- lou a pouco promissora história da humanidade, indicando dispõem-se contra Deus. Mas, em meio da atuação do mal, 21. O Desejado de Todas as Nações, págs. 22, 487 e 759; Parábolas
ção de prioridade. Algumas questões como essas jazem abaixo que “razão, filosofia e História não nos podem dar nenhuma os propósitos de Deus avançam perseverantemente ao seu de Jesus, págs. 74, 77, 101 e 235; Review and Herald, 4 de ju-
da superfície e talvez sejam avaliadas melhor pela experiência solução apropriada” para a “longa e persistente fúria da Terra cumprimento; a todos os seres criados está Ele a tornar ma- nho de 1901; O Grande Conflito, pág. 541.
histórica do que pela exposição de crença. Talvez isto seja – seu incessante ruído de guerra, comoção e discórdia”. A cau- nifestas Sua justiça e benevolência. Por meio das tentações 22. Caminho a Cristo, pág. 34; O Maior Discurso de Cristo, pág.
mais verdadeiro a respeito da Igreja Adventista do que a res- sa dos prolongados problemas da Terra é que a humanidade de Satanás o gênero humano todo se tornou transgressor da 142; Minha Consagração Hoje, pág. 340; Primeiros Escritos,
peito de qualquer outra igreja, por dois motivos. Em primeiro tem “recusado lealdade ao Rei do Céu. Ela desdenha de Sua lei de Deus; mas, pelo sacrifício de Seu Filho, abriu-se um pág. 221; Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 345; Conse-
lugar, ela brotou do movimento milerita, e os acontecimentos autoridade superior. Eis a razão de Ele ter uma contenda com caminho por onde podem voltar a Deus. Mediante a graça lhos aos Professores, Pais e Estudantes, pág. 116; O Desejado de
e o significado daquela experiência ficaram indelevelmente eles. O pecado foi a causa disto. ... Devemos, portanto, consi- de Cristo, podem habilitar-se a prestar obediência à lei do Todas as Nações, págs. 466 e 759.
gravados em sua memória corporativa, servindo como um dos derar este conflito como um conflito entre o certo e o errado, Pai. Assim, em todos os séculos, do meio da apostasia e re- 23. Caminho a Cristo, págs. 43-47; O Desejado de Todas as Nações,
faróis que ilumina seu caminho. Em segundo lugar, a função entre o bem e o mal... entre um Governante justo e todo-po- belião, Deus reúne um povo que Lhe é fiel, povo ‘em cujo pág. 458; Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 255; vol. 4,
da íntima convicção adventista que conferia guia sobrenatu- coração está a Sua lei’. Isa. 51:7.” – Patriarcas e Profetas, pág. págs. 583 e 584.
deroso e Seus súditos frágeis e rebeldes.” – (Rochester, NY: H.
ral ao ministério de Ellen White deve ser vista na perspecti- 338; ver também págs. 69, 331 e 596; Signs of the Times, 1o 24. O Grande Conflito, págs. 45, 441, 443 e 591; Testemunhos Pa-
L. Hastings, 1858), págs. 14-17.
va histórica a fim de ser compreendida.” – Donald W. Dayton de dezembro de 1890; Caminho a Cristo, págs. 10, 11 e 116; ra Ministros, págs. 200, 206, 219, 359-373.
Joseph Battistone foi um dos primeiros a reconhecer pela Profetas e Reis, pág. 311; O Grande Conflito, págs. 11 e 193; 25. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 378; Patriarcas e Profetas,
e Robert K. Johnston, eds. (Downers Grove, IL: InterVarsity imprensa a centralidade do Tema do Grande Conflito nos es-
Press, 1991), pág. 57. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 341; Testemunhos Para a págs. 42, 535 e 579.
critos de Ellen White. Ele enfatizou a maneira como este te- Igreja, vol. 5, pág. 738. Ver George Knight, Meeting Ellen 26. O Maior Discurso de Cristo, pág. 76; Mensagens Escolhidas, li-
3. “A doutrina adventista não provém dos escritos de Ellen White, ma central afetava diretamente o ensino religioso da escrito- White (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing vro 1, págs. 377 e 378.
embora ela tenha feito muito para confirmar os adventistas no
ra sobre teologia, saúde, educação, história e ciência. O méto- Association, 1996), págs. 111-113. 27. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 67; O Desejado de Todas as
caminho doutrinário desenvolvido pelos pioneiros. Muita coi-
do de Battistone era demonstrar de que modo os cinco volu- 9. Patriarcas e Profetas, págs. 39-42, 68, 78 e 79; Signs of the Ti- Nações, págs. 297, 633 e 634; Primeiros Escritos, pág. 71; Tes-
sa que é distintivamente adventista, porém, se originou direta- mes, 22 de dezembro de 1914. temunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 214; Parábolas de Jesus,
mes da série O Grande Conflito revelam a maneira como o
mente de seus escritos e influência. Incluem-se: A vida adven- 10. Patriarcas e Profetas, págs. 78 e 68. págs. 69 e 121.
“grande conflito” envolve homens e mulheres desde o Éden
tista de estudo da Bíblia e piedade; os valores cristãos que pro- 11. Educação, pág. 125. “A própria essência do evangelho é res- 28. O Desejado de Todas as Nações, págs. 49 e 131.
até o Segundo Advento. Se Battistone houvesse continuado,
duziram um estilo de vida distintivo; as idéias a respeito da re- tauração.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 825. 29. Parábolas de Jesus, págs. 74, 84, 123, 260, 310, 356, 378 e
provavelmente não teria apenas descrito o conflito, mas tam-
lação entre a saúde física e a espiritualidade, o que trouxe co- 12. “Muitos há que se perderão porque dependem de uma reli- 388; Testemunhos Para Ministros, págs. 379, 430, 440 e 441.
bém analisado as questões teológicas em jogo e como este te-
mo resultado um modo de viver saudável e finalmente uma re- gião legal, ou de mero arrependimento pelo pecado. Somen- 30. Educação, págs. 15-19; Patriarcas e Profetas, págs. 44, 48-51.
ma contribuiu para a particularidade das doutrinas adventis-
de mundial de instituições médicas; e as idéias a respeito de te o arrependimento pelo pecado, porém, não pode efetuar a 31. Patriarcas e Profetas, págs. 207 e 208.
tas do sétimo dia. Este livro é uma fonte importantíssima de
educação cristã, o que levou ao estabelecimento de milhares salvação de nenhuma pessoa... pois isto colocaria todo o Céu 32. O Desejado de Todas as Nações, págs. 19, 24, 49, 117 e 119; A
de escolas. Estas instituições, tanto médicas quanto educacio- gemas homiléticas para aqueles que desejam que o Tema do em risco, possibilitando uma segunda rebelião.” – Signs of the Ciência do Bom Viver, págs. 418 e 419; Mensagens Escolhidas,
nais, serviram para transmitir e fomentar o complexo de cren- Grande Conflito inspire sua pregação e seu ensino.” – The Times, 30 de dezembro de 1889. livro 3, págs. 135 e 136; Manuscrito 1, 1892, citado em Re-
ça, valor e estilo de vida que indicam o que significa ser um ad- Great Controversy Theme (Berrien Springs, MI: Andrews Uni- 13. O Desejado de Todas as Nações, pág. 759. view and Herald, 17 de junho de 1976.
ventista – e essas instituições, por sua vez, exerceram uma in- versity Press, 1978). 14. Caminho a Cristo, págs. 10 e 11; Patriarcas e Profetas, págs. 38 33. Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 19-22; O Grande Confli-
fluência recíproca sobre a igreja. Além de tudo isto, Ellen 6. Ver págs. 170 e 171 para a maneira típica como Ellen White e 78; O Grande Conflito, págs. 519, 536 e 569; O Desejado de to, págs. 8-10.
White estimulou constantemente a igreja a fugir de seu circui- se envolvia no processo de desenvolvimento da crença básica Todas as Nações, pág. 22; Parábolas de Jesus, pág. 204; Teste- 34. Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, págs. 373-412.
to estreito e estabelecer instituições e programas de expansão adventista: estudo da Bíblia + confirmação por meio de visão munhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 738. 35. O Grande Conflito, págs. 531-562.
de muitas espécies.” – Ibidem, pág. 66. = verdade presente. 15. A Ciência do Bom Viver, págs. 418 e 419. “Deus foi descrito 36. Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, págs. 380-412; A Ciên-
4. John Cobb, entre outros, reconheceu “que qualquer posição 7. Knight, Reading Ellen White, págs. 48 e 49. como um Ser severo, exigente, vingativo e arbitrário. Foi re- cia do Bom Viver, págs. 295-335.
8. “O tema central da Bíblia, o tema em redor do qual giram to- tratado como alguém que teria prazer nos sofrimentos de 37. O Desejado de Todas as Nações, pág. 668; Parábolas de Jesus,
desenvolvida é mais bem compreendida quando é captada em
dos os outros no livro, é o plano da redenção, a restauração da Suas criaturas. Os próprios atributos que pertenciam ao ca- págs. 100-102, 112, 116-121.
função de sua estrutura essencial. Esta estrutura, por sua vez,
ráter de Satanás, o maligno descreveu como pertencendo ao 38. O Desejado de Todas as Nações, págs. 672, 675 e 678; Testemu-
só pode ser entendida como a personificação imediata dos imagem de Deus na alma humana. Desde a primeira sugestão
caráter de Deus. Jesus veio para ensinar às pessoas quem era nhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 206; A Maravilhosa Graça de
princípios controladores dos pensamentos de um homem”. de esperança na sentença pronunciada no Éden, até àquela úl-
o Pai, veio para representá-Lo corretamente perante os fi- Deus, pág. 235; Parábolas de Jesus, pág. 384; A Ciência do Bom
Depois de examinar vários pensadores produtivos do século tima gloriosa promessa do Apocalipse – ‘Verão o Seu rosto, e
lhos caídos da Terra. Os anjos não poderiam dar uma repre- Viver, pág. 491.
vinte, ele escreveu: “Em cada caso vimos que a filosofia em- nas suas testas estará o Seu nome’ – o empenho de cada livro sentação completa do caráter de Deus, mas Cristo, que era a 39. Parábolas de Jesus, págs. 97, 272, 316, 410-420; Signs of the Ti-
pregada afetou profundamente tanto o conteúdo como a for- e passagem da Bíblia é o desdobramento deste maravilhoso te- viva personificação de Deus, não podia deixar de realizar a mes, 25 de fevereiro de 1897.
ma da confirmação da fé. Além disto, a implicação de todo o ma – o reerguimento do homem, ou seja, o poder de Deus ‘que obra. O único meio pelo qual Ele poderia colocar os seres 40. Patriarcas e Profetas, págs. 78 e 79; Parábolas de Jesus, pág. 84;
programa é que a fé cristã depende, para sua inteligibilidade e nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo’. Aquele que humanos no bom caminho e aí conservá-los era tornar-Se O Grande Conflito, págs. 28, 35-37, 589 e 614; Signs of the Ti-
aceitação, da aceitação anterior de uma filosofia específica. apreende este pensamento tem diante de si um campo infini- visível e conhecido aos olhos deles. ... O Pai foi revelado em mes, 22 de dezembro de 1914.
Em nossos dias, quando nenhuma filosofia desfruta de aceita- to para estudo. Possui a chave que lhe abrirá todo o tesouro da Cristo como um Ser inteiramente diferente daquele que Sa- 41. Parábolas de Jesus, págs. 96, 280, 315 e 317.
ção geral entre os filósofos e quando toda a ontologia e meta- Palavra de Deus.” – Educação, págs. 125 e 126. tanás havia descrito. ... Todo o propósito de Sua própria mis- 42. Ver págs. 171 e 172.

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SEÇÃO V
CAPÍTULO 22 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados O TEMA UNIFICADOR

43. Para um relato detalhado dos intercâmbios teológicos entre 53. O Desejado de Todas as Nações, pág. 671.
Perguntas Para Estudo
os escritores adventistas durante o período de 1850-1874, 54. Parábolas de Jesus, pág. 128. “Há perfeita harmonia entre a lei
ver Damsteegt, Foundations, págs. 165-270. Ellen White não de Deus e o evangelho de Jesus Cristo. ‘Eu e o Pai somos
atribui a si a posse da doutrina adventista. Ela e o marido
1. Em que sentido a originalidade não é prova da autoridade de um profeta? Dê exemplos
Um’, diz o Grande Mestre. O evangelho de Cristo são as Boas
deixaram claro muitas vezes que o estudo da Bíblia ia Novas da graça, ou favor, pelas quais o homem pode ser livre que confirmem suas respostas.
“adiante” de suas confirmações baseadas em visões. “Esses da condenação do pecado e habilitado a prestar obediência à
zelosos pesquisadores da verdade”, escreveu ela referindo-se lei de Deus. O evangelho aponta para o código moral como 2. Quais as diferenças entre o livro de Hastings, intitulado The Great Controversy Between
a seus colegas adventistas, “arriscaram suas reservas de ener- a regra da vida. Essa lei, por suas reivindicações de obediên-
gia, e tudo, na obra de defender a verdade e difundir a luz.
God and Man, e a maneira de Ellen White entender o “Tema do Grande Conflito”?
cia inalterável, está continuamente encaminhando o peca-
Elo após elo da preciosa cadeia da verdade foi pesquisado, dor para o evangelho do perdão e da paz. ... Deus deu ao ho-
até serem postos em bela harmonia, unidos em perfeito en- mem uma completa regra de vida em Sua lei. Obedecida, ele 3. Como você descreveria os conceitos essenciais que destacam as preocupações de conser-
cadeamento. Esses homens de mente admirável trouxeram à viverá por ela, pelos méritos de Cristo. Transgredida, tem o vadores e liberais de modo geral e as preocupações teológicas de modo específico?
luz argumentos, tornando-os tão claros que até um menino poder para condenar. A lei dirige os homens a Cristo, e Cris-
de escola pode compreendê-los.” – Testemunhos Para a Igre- to os encaminha de volta à lei.” – Review and Herald, 27 de
ja, vol. 2, pág. 651. 4. De que forma o Tema do Grande Conflito fornece o princípio unificador para que Ellen
setembro de 1881 (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2,
44. O Grande Conflito, pág. 423. Para um estudo escriturístico a pág. 563). White desenvolva distintamente outras áreas do pensamento além do campo teológico,
respeito de Daniel 8-9, nos trechos dos capítulos relaciona- 55. Fé e Obras, pág. 16 (3a ed., 1996, pág. 14). tais como educação, saúde e governo eclesiástico?
dos ao santuário celestial, ver Angel Manuel Rodriguez, 56. Parábolas de Jesus, pág. 112. “A fé nominal em Cristo, que O
“The Sanctuary and Its Cleansing”, Adventist Review, setem- aceita apenas como o Salvador do mundo, não pode nunca
bro de 1994 (Edição Norte-Americana). 5. Quais os princípios teológicos que se desenvolvem do Tema do Grande Conflito?
trazer cura à alma. A fé que opera salvação não é mero assen-
45. “O terceiro anjo lhes estava apontando o Lugar Santíssimo, timento intelectual à verdade. Aquele que espera inteiro co-
e aqueles que tinham tido experiência nas mensagens passa- nhecimento antes de exercer fé não pode receber bênção de 6. Quais os elementos básicos no Tema do Grande Conflito e como eles se inter-relacio-
das estavam a apontar-lhes o caminho para o santuário celes- nam? Faça primeiro as três perguntas básicas: Que tipo de Deus está no controle do Uni-
Deus. Não basta crer no que se diz acerca de Cristo; devemos
tial. Muitos viram a perfeita cadeia de verdades nas mensa-
gens dos anjos, e alegremente as receberam em sua ordem, e
crer nEle. A única fé que nos beneficiará é a que O abraça co- verso? Qual é o propósito de Deus ao redimir pecadores? Como este propósito, afinal,
mo Salvador pessoal; que se apropria de Seus méritos. Muitos afeta o Universo?
pela fé seguiram a Jesus até o santuário celestial. Estas men-
têm a fé como uma opinião. A fé salvadora é um ajuste pelo
sagens foram-me representadas como uma âncora para o po-
qual aqueles que recebem a Cristo se unem a Deus em con-
vo de Deus. Aqueles que as compreendem e recebem serão
certo. Fé genuína é vida. Uma fé viva significa acréscimo de
preservados de ser varridos pelos muitos enganos de Satanás.”
vigor, segura confiança pela qual a alma se torna uma força
– Spiritual Gifts, vol. 1, págs. 165 e 166 (Primeiros Escritos,
vitoriosa.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 347.
pág. 256). Para uma análise da compreensão histórica da
57. Fé e Obras, págs. 26 e 27 (3ª ed. 1996, pág. 23). “Embora Ellen
mensagem dos três anjos, ver Damsteegt, Foundations, págs.
White falasse a respeito de fazer vigorosos esforços na vida de
268-270.
santificação, o esforço era sempre entendido como sendo for-
46. II Tess. 2:3.
47. A elipse com seus dois focos em vez de um só foco (centro) talecido pela graça de Deus. Esta graça era, antes de tudo, mi-
circular é uma forma geométrica utilizada de muitas manei- nistrada por meio da Palavra e do Espírito, atuando em ínti-
ras no mundo mecânico. Se um dos focos da elipse for exces- mo acordo. Este ministério combinado convenceria de tal
sivamente enfatizado, ignorando-se o outro foco ou modifi- maneira o coração da pessoa com a verdade espiritual, que
cando-se-lhe as proporções, a forma se altera e, do ponto de efetuaria a transformação do caráter.” – Woodrow W. Whid-
vista mecânico, a máquina pára de funcionar. A verdade é ra- den, II, Ellen White on Salvation (Hagerstown, MD: Review
dicalmente alterada quando se enfatiza excessivamente um and Herald Publishing Association, 1995), págs. 128 e 129.
foco da elipse da verdade em detrimento do outro. 58. Caminho a Cristo, pág. 63.
48. Ver Apêndice P, “A Elipse da Salvação/Verdade”. 59. Parábolas de Jesus, págs. 419 e 420. “A expiação de Cristo não
49. Quando a elipse da verdade é compreendida, os argumentos é apenas uma forma engenhosa de termos nossos pecados per-
a respeito da importância relativa da justificação e santifica- doados; é o remédio divino para a cura da transgressão e a res-
ção no processo da salvação são tão irrelevantes como a im- tauração da saúde espiritual. É o meio ordenado pelo Céu,
portância relativa do hidrogênio e do oxigênio na produção mediante o qual a justiça de Cristo pode ser não somente co-
da água. locada sobre nós, mas dentro de nosso coração e caráter.” –
50. Mat. 5:18. “Por Sua própria obediência à lei, Cristo testificou Carta 406, 1906, citada em Seventh-day Adventist Bible Com-
do caráter imutável da mesma, e provou que, por meio de Sua mentary (SDABC), vol. 6, pág. 1.074.
graça, ela podia ser perfeitamente obedecida por todo filho e 60. Review and Herald, 3 de novembro de 1885.
filha de Adão. ... Os discípulos de Cristo precisam alcançar a 61. O Grande Conflito, pág. 488.
justiça de um caráter diverso daquela dos fariseus, se querem 62. Ibidem, pág. 468.
entrar no reino do Céu. Em Seu Filho, Deus lhes oferecia a 63. O Desejado de Todas as Nações, págs. 555 e 556; ver também
perfeita justiça da lei. Caso abrissem plenamente o coração Patriarcas e Profetas, pág. 92.
para receber a Cristo, a própria vida de Deus, Seu amor, ha- 64. Testemunhos Para Ministros, pág. 442. “É creditada a justiça
bitaria então neles, transformando-os à Sua própria seme- pela qual somos justificados; aquela pela qual somos santifi-
lhança; e assim, mediante o dom gratuito de Deus, haviam de cados, é comunicada. A primeira é nosso título para o Céu; a
possuir a justiça exigida pela lei.” – O Maior Discurso de Cris- segunda, nossa adaptação para ele.” – Mensagens aos Jovens,
to, págs. 49, 54 e 55. pág. 35; ver também Review and Herald, 4 de junho de 1895.
51. Stanley J. Grenz e Roger E. Olson, 20th-Century Theology, 65. Patriarcas e Profetas, págs. 153 e 154.
(Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press, 1992), págs. 11-13 66. Ibidem, págs. 370-372.
e 310-315. 67. Ibidem, pág. 517.
52. A Ciência do Bom Viver, pág. 129. 68. O Desejado de Todas as Nações, pág. 762.

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SEÇÃO V

23
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
abrangeu todos os que já viveram, senso este to, de todas as pessoas que já viveram e de-
limitado pela pressuposição de que a sobera- pois um exame dos companheiros conduzido
nia de Deus escolheu tanto os “eleitos” espe- pelos remidos entre as duas ressurreições
ciais quanto os predestinados para queima- (João 5:29).13
rem em um inferno eterno.7

Esclarecimento Acerca 5. Um senso limitado do “custo” daquilo


que Deus “deu” (João 3:16) na morte de Jesus
por não reconhecer que Jesus Se “doou” à hu-
Doença, Sofrimento e Morte
Graças a sua compreensão do Tema do Gran-
de Conflito, Ellen White pôde ensinar com

das Principais Doutrinas manidade, a fim de para sempre identificar-


Se com o ser humano.8
6. Um senso limitado do que Cristo “satis-
fez” no Calvário por não reconhecer que Ele
clareza por que existe o sofrimento, quem o
provocou e quando ele terá fim. Em meio a
uma montanha de livros especulativos, escri-
tos desde o alvorecer da História, sobre o pro-
morreu para dar aos pecadores “uma segunda blema do sofrimento, ela concisamente ex-
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, prova... para que eles pudessem voltar à sua plica que “doença, sofrimento e morte são
para a educação na justiça.” II Tim. 3:16. lealdade e guardar os mandamentos de Deus”, obra de um poder antagônico. Satanás é o
não que Ele tenha morrido para tornar desne- destruidor; Deus, o restaurador”.14
cessária a obediência à lei divina.9 Durante a história cristã tem prevalecido a
7. Um senso limitado da “expiação”, res- noção de que Deus pune os pecadores e que
tringindo seus benefícios apenas à justifica- um pecador que sofre deve aceitar sua condi-
ção, não entendendo que a expiação foi o ção como sendo a vontade de Deus. Mas o

G
raças ao Tema do Grande Conflito, zemos o mesmo de outro ponto de vista. “remédio divino para a cura da transgressão e que produz esse tipo de pensamento é uma
conforme expresso no princípio da Não expusemos às pessoas a justiça de Cris- a restauração da saúde espiritual” nem com- concepção incorreta do caráter de Deus.
elipse, Ellen White foi capaz de to e a ampla significação de Seu grande pla- preendendo que a expiação proveu o meio Graças à sua compreensão do Grande
transcender os objetivistas (ênfase indevida no de redenção. Deixamos de lado a Cristo “mediante o qual a justiça de Cristo pode ser Conflito, conforme revelado na história bí-
sobre a exatidão doutrinária) e os subjetivis- e Seu incomparável amor, introduzimos não somente colocada sobre nós, mas dentro blica, Ellen White foi capaz de transcender o
tas (ênfase indevida sobre o sentimento ou teorias e raciocínios, e pregamos sermões de nosso coração e caráter”.10 ponto de vista predominante: “É verdade que
autonomia humana) de seu tempo. Esta ca- argumentativos.”1 8. Um senso limitado da profundidade do todo sofrimento é resultado da transgressão
pacidade ficou muito evidente na crise dou- Idéias limitadas acerca do caráter e propó- clamor de Jesus “Deus Meu, Deus Meu, por da lei divina, mas esta verdade fora perverti-
trinária de Mineápolis em 1888. Observe sitos de Deus levam a idéias limitadas acerca quê?...” sempre que uma pessoa crê no erro da da. Satanás, o autor do pecado e de todas as
como transcendeu ela as tensões das teolo- da expiação. Durante a história cristã têm imortalidade da alma, não compreendendo suas conseqüências, levara os homens a con-
gias de sua época: “Enquanto uma classe de surgido argumentos absurdos pelo fato de os que a hora de Sua morte foi o que todos os siderarem a doença e a morte como proce-
pessoas deturpa a doutrina da justificação debatedores não compreenderem as verdades pecadores sofrerão em sua “segunda” morte dentes de Deus – como castigos arbitraria-
pela fé e negligencia atender às condições envolvidas no Grande Conflito.2 após o juízo. Ninguém neste planeta, a não mente infligidos por causa do pecado. ... A
estabelecidas na Palavra de Deus – ‘se Me ser Cristo, já morreu no verdadeiro sentido história de Jó mostrara que o sofrimento é in-
amais, guardareis os Meus mandamentos’ – Visão Mais Ampla do Plano da Salvação da palavra. Os que faleceram estão apenas fligido por Satanás, mas Deus predomina so-
os que pretendem crer nos mandamentos de Ellen White foi levada a ver os resultados da dormindo, esperando o chamado do Doador bre ele para fins misericordiosos. Mas Israel
Deus e obedecer-lhes mas se colocam em “visão limitada quanto à expiação”.3 Alguns da Vida. Jesus sentiu a angústia final que os não entendera a lição. O mesmo erro pelo
oposição aos preciosos raios de luz – novos destes resultados abrangiam: pecadores vão sentir quando compreenderem qual Deus reprovara os inimigos de Jó se re-
para eles – refletidos da cruz do Calvário co- 1. Um senso limitado do que Cristo sofreu o que rejeitaram.11 Além disso, Jesus experi- petiu nos judeus em sua rejeição de Cristo.”15
metem um erro tão grande como aquele. A no Calvário, associando Sua agonia à mera mentou o indescritível “salário do pecado” Ellen White não lançava a culpa de todo
primeira classe não vê as maravilhosas coi- dor física.4 (Rom. 6:23), provando assim que Satanás es- o sofrimento na direta intervenção de Sata-
sas na lei de Deus para todos os que são pra- 2. Um senso limitado de como o Pai Se tava errado quando disse: “Certamente não nás. Reconhecia que, toda vez que as pessoas
ticantes de Sua Palavra. Os outros sofismam envolveu na agonia do Calvário, não com- morrereis.” Gên. 3:4. aceitam a filosofia satânica da satisfação ex-
acerca de insignificâncias e negligenciam as preendendo que a ira divina expressa na reti- 9. Um senso limitado do pecado, visto que cessiva dos próprios desejos, abrem a porta
questões mais importantes, a misericórdia e rada de Sua presença imediata era o supremo a maioria dos cristãos não têm idéia da impli- para deploráveis conseqüências. Jesus “ensi-
o amor de Deus. “preço de nossa redenção”.5 cação universal do pecado sobre a Terra e co- nava que haviam trazido sobre si mesmos a
“Muitos têm perdido muita coisa por não 3. Um senso limitado de como a vida e a mo ele afeta o bem-estar do Universo.12 doença transgredindo as leis de Deus, e que a
haverem aberto os olhos de seu entendi- morte de Cristo estavam juntas, “adquirindo” 10. Um senso limitado da maneira como saúde podia ser preservada unicamente pela
mento para discernir as maravilhosas coisas para Jesus “o direito” de tornar-Se Sumo Sa- Deus planeja, graças à expiação, “colocar as obediência”.16
da lei de Deus. Por outro lado, os religionis- cerdote da humanidade.6 coisas numa base de segurança eterna”, um Apesar disso, ela possuía uma visão mais
tas em geral divorciam a lei do evangelho, 4. Um senso limitado de como a expiação plano que envolve um exame executivo in- ampla a respeito do sofrimento. Enxergava a
ao passo que nós, por outra parte, quase fi- de Cristo foi de longo alcance, visto que cluindo os anjos, antes do Segundo Adven- maneira como Deus usaria (não causaria) difi-
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CAPÍTULO 23 O ministério profético de Ellen G. White
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culdades humanas como meio de ajudar seres Luz Para os Pagãos nhuma outra igreja olha para o Segundo nenhum livro, de nenhum outro escritor, en-
humanos a “serem participantes da natureza Pelo fato de fornecer um quadro geral da si- Advento do modo como os adventistas o contramos um “agrupamento de idéias que se
divina”. Heb. 12:10. Ainda que o sofrimento tuação, o Tema do Grande Conflito nos aju- fazem.20 A visão distintivamente adventis- apóiam mutuamente”, em plena interdepen-
fosse causado por intervenção satânica ou es- da a compreender a condição dos pagãos (em ta é formada por um “agrupamento de dência, como nas obras de Ellen White. Ob-
todos os tempos, em todos os lugares da Ter- idéias que se apóiam mutuamente”. Esse serve como são interdependentes, sem ambi-
colhas humanas erradas, Deus interviria e aju-
ra, em todas as camadas sociais e econômi- “agrupamento” inclui “imortalidade con- güidades, relevantes e como retratam inteira-
daria os sofredores a encontrar bênção no dicional, sabatismo do sétimo dia, escato- mente os acontecimentos atuais os capítulos
cas). Deus é o Pai expectante, desejoso que
meio do infortúnio. “Quantos há”, perguntou logia historicista pré-milenial que enfatiza “A Vida que Satisfaz – Como Alcançar Paz
todos os Seus filhos voltem para casa. Na ver-
ela, “que nunca teriam conhecido Jesus se a a iminência [proximidade] da Segunda de Alma”, “O Grande Juízo de Investigação”,
dade, Ele os está buscando persistentemente
tristeza não os houvesse levado a buscar dEle Vinda, aceitação do dom de profecia no “Os Ardis de Satanás”, “Oferece o Espiritis-
com convites insistentes que variam de pes-
conforto? As provações da vida são obreiras de soa para pessoa, em função das variadas apti- ministério de Ellen White e ensinos sobre mo Alguma Esperança?”, “Ameaça à Cons-
Deus, para remover de nosso caráter impurezas a obra sacerdotal de Cristo no santuário ciência”, “O Maior Perigo Para o Lar e a Vi-
dões e circunstâncias. Ele sabe onde cada pes-
e arestas. ... O Senhor trabalhará por todos os celestial. Essas doutrinas se aglutinam num da”, “Nossa Única Salvaguarda”, “O Último
soa vive e como se chama.
que nEle puseram sua confiança. Preciosas vi- tema escatológico, que jaz no próprio cora- Convite Divino” e “Aproxima-se o Tempo de
Todos recebem, de algum modo, alguma
ção do adventismo.”21 Angústia”.
tórias serão alcançadas pelos fiéis, inestimáveis luz direta de nosso Pai celestial (João 1:9). Este volume, de ênfase essencialmente es-
lições aprendidas e realizadas valiosas expe- Todos possuem luz suficiente para tomar Série “O Grande Conflito” catológica, reúne os primeiros quarenta anos
riências.”17 “As provações da vida” que pode- uma decisão moral. Ellen White captou es- Este “agrupamento de idéias que se apóiam de comentário de Ellen White sobre os acon-
riam destruir toda esperança, Deus as reverte, sa visão superior nem sempre presente no mutuamente” que caracteriza a escatologia tecimentos dos últimos dias. “Assuntos como
se Lhe pedirmos, convertendo-as em “obrei- mundo cristão: “Onde quer que haja um adventista existe hoje devido aos escritos de o santuário, em conexão com os 2.300 dias,
ras” Suas em benefício do crescimento espiri- impulso de amor e simpatia, onde quer que Ellen White. Cada livro da coleção de cinco os mandamentos de Deus e a fé de Jesus”, es-
tual de cada pessoa. o coração se comova para abençoar e am- volumes da série O Grande Conflito apresen- creveu ela em 1851, “são perfeitamente apro-
parar os outros, é revelada a atuação do ta um aspecto específico do Tema do Grande priados para esclarecer o passado do movi-
Jesus falou sobre outra espécie de sofri-
santo Espírito de Deus. Nas profundezas do Conflito. O primeiro, Patriarcas e Profetas, re- mento adventista e mostrar qual é nossa pre-
mento, não provocada pela desobediência
paganismo os homens que não tiveram co- vela a origem e a natureza do pecado e como sente posição, estabelecer a fé do vacilante e
humana às leis da vida: os freqüentes resul- nhecimento da lei escrita de Deus, que ele afeta o Universo bem como o planeta dar a certeza do glorioso futuro. Esses, tenho
tados de servir à justiça (Mat. 5:10). Paulo nunca ouviram o nome de Cristo, têm sido Terra. Profetas e Reis delineia o conflito en- freqüentemente visto, são os principais as-
referiu-se a esta espécie de sofrimento: “E na bondosos com seus servos, protegendo-os quanto a verdade sobrevive em meio às der- suntos nos quais os mensageiros [os pregado-
verdade todos os que desejam viver piamen- com o risco da própria vida. Seus atos mos- rotas, apostasias, cativeiro e reformas de Is- res adventistas] se devem demorar.”22
te em Cristo Jesus padecerão perseguições.” tram a atuação de um poder divino. O Es- rael; mostra que a versão de Deus sobre o Mas a ênfase adventista não devia ser ape-
II Tim. 3:12. De muitas maneiras confortan- pírito Santo implantou a graça de Cristo conflito continua a ser apresentada durante nas sobre a interpretação profética. Ellen
tes e enobrecedoras, Ellen White colocou o no coração do selvagem, despertando nele evidente derrota e cativeiro. O Desejado de White afirmou vigorosamente que a mensa-
sofrimento por amor à verdade em sua devi- a simpatia contrária à sua natureza e à sua Todas as Nações salienta o propósito da en- gem do terceiro anjo era “a verdade purifica-
educação. A ‘luz verdadeira, que alumia a carnação de Cristo e a razão por que Sua vi- dora da alma para este tempo”.23
da perspectiva: “Deus nunca dirige Seus fi-
todo homem que vem ao mundo’ (João da e morte foram a suprema demonstração do
lhos de maneira diversa daquela por que eles amor e da justiça de Deus. Atos dos Apóstolos A Mensagem Laodiceana
próprios haveriam de preferir ser guiados, se 1:9), está-lhe brilhando na alma; e esta luz,
revela as maravilhosas manifestações do Espí- Nos primeiros anos que se seguiram à expe-
pudessem ver o fim desde o princípio, e pers- se atendida, lhe guiará os pés para o reino
rito de Deus na vida de homens e mulheres riência de 1844, os adventistas sabatistas
de Deus.”19
crutar a glória do desígnio que estão reali- que encontraram na vida e morte de Jesus identificaram-se com a igreja de Filadélfia,
zando como colaboradores Seus. Nem Eno- novo poder que regenerou e enobreceu os classificando os outros adventistas como lao-
Escatologia
que, que foi trasladado ao Céu, nem Elias, que de bom grado seguiram Seu “caminho”. diceanos e os não adventistas como sardos.24
O estudo do tempo do fim (o fim do mundo O último livro da série, O Grande Confli- No entanto, por volta de 1854, Ellen White
que ascendeu num carro de fogo, foi maior como agora o conhecemos e os acontecimen- to, responde às grandes perguntas de quanto foi levada a reconhecer que “o remanescente
ou mais honrado do que João Batista, que tos que precedem a volta de Jesus) é um as- tempo vai durar, como findará e por que as não estava preparado para o que está para so-
pereceu sozinho na prisão. ... E de todos os sunto a que se tem dado muita atenção em questões que provocaram o conflito serão so- brevir à Terra. Estupefação, como torpor, pa-
dons que o Céu pode conceder aos homens, tempos recentes, principalmente nas igrejas lucionadas para sempre. A última parte deste rece possuir a mente da maioria dos que pro-
a participação com Cristo em Seus sofri- evangélicas. O Segundo Advento de Cristo é volume focaliza o “tempo do fim” e a manei- fessam crer que estamos vivendo a última
mentos é o mais importante depósito e a uma das doutrinas características da Igreja ra como o destino de todos será afetado pela mensagem. ... Vocês permitem que sua men-
mais elevada honra.”18 Adventista do Sétimo Dia. Contudo, ne- reação de cada pessoa à verdade bíblica. Em te demasiado pronto se desvie da obra de pre-
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paração e das todo-importantes verdades pa- céia”, a Sra. White apresentou franco conse- (Apoc. 18:4), ocasião em que Deus irá inter- rência à verdade da salvação, Ellen White
ra estes últimos dias.”25 lho a respeito daquilo que a mensagem laodi- vir para aumentar grandemente o impacto e ensinou de maneira perspicaz que “a percep-
Por volta de 1856, Tiago White, Uriah ceana precisava realizar para que os membros a credibilidade da mensagem do terceiro an- ção e apreço da verdade... depende menos da
Smith e J. H. Waggoner estavam pregando da igreja dos últimos dias completassem sua jo. Ellen White descreve vividamente o prin- mente, que do coração”.40 Ela baseava seus
claramente aos grupos adventistas que a missão na qualidade de proclamadores da trí- cipal privilégio do cristão: “Cristo procura re- conceitos no ensino de Cristo: “Se alguém
mensagem de Laodicéia se aplicava aos ad- plice mensagem angélica. Salientou que produzir-Se no coração dos homens; e faz isto quiser fazer a vontade de Deus, descobrirá se
ventistas sabatistas bem como a outros que aqueles que aplicarem a mensagem à própria por intermédio daqueles que nEle crêem. O o Meu ensino vem de Deus, ou se falo de
estavam “mornos” em sua experiência cris- vida serão “purificados pela obediência à ver- objetivo da vida cristã é a frutificação – a re- Mim mesmo.” João 7:17.
tã. Eles também precisavam de completo ar- dade”; resistirão a “todas as provas e as ven- produção do caráter de Cristo no crente, pa- Que significa isto? Que o coração deter-
rependimento. Além disso, havia entre eles cerão, seja qual for o preço”; atenderão “ao ra que Se possa reproduzir em outros.”34 mina a percepção da verdade? O conflito de
comum acordo na conclusão de que a men- conselho da Testemunha Verdadeira [mensa- O Tema do Grande Conflito caracteriza lealdades no Grande Conflito afeta direta-
sagem do terceiro anjo era a última mensa- gem laodiceana]”. todas as áreas do pensamento de Ellen White. mente a maneira como as pessoas percebem
gem a um “mundo rebelde”; e a mensagem a Quando o povo de Deus tiver cooperado Cada área, sendo um desdobramento desse a verdade! Os reformadores entenderam es-
Laodicéia, a última mensagem a uma “igre- plenamente com o Senhor que está às por- princípio unificador, é coerente e interage te conceito quando fizeram distinção entre
ja morna”.26 tas; quando, pelo poder habilitador do com todas as outras áreas. A maneira como três aspectos de fé: conhecimento, assenti-
“Cristo que habita o coração”, o povo de Ellen White entende a santificação, por mento e confiança. Sem assentimento e
Autoconsciência Antitriunfalista Deus vencer, “assim como Eu venci, e Me exemplo, exerce influência recíproca sobre os confiança, a teologia seria um mero exercí-
Esta autoconsciência antitriunfalista desper- assentei com Meu Pai no Seu trono” (Apoc. acontecimentos dos últimos dias. Conforme cio intelectual; sem conhecimento, os sen-
tou os adventistas sabatistas para uma reno- 3:21), “receberão a chuva serôdia, estando veremos oportunamente, a profunda ênfase timentos dominariam e abrir-se-ia uma por-
vada atividade missionária, já que esperavam aptos assim para a trasladação”.29 “Este anti- que ela deu à mensagem adventista de saúde ta para o capricho pessoal. Ellen White
desse modo apressar o Advento. Contudo, a triunfalismo no contexto laodiceano conti- interage tanto com a santificação quanto concordaria com Calvino quando ele escre-
maioria dos membros da igreja não enxergou nuou a ser um importante fator na teologia com os acontecimentos dos últimos dias.35 veu que “todo conhecimento correto a res-
na ênfase sobre a missão implicações mais adventista de missão até o presente. Não A santificação relaciona-se com a escato- peito de Deus é nascido da obediência”.41
profundas: “O coração precisa ser purificado apenas melhorou o clima espiritual para a logia não apenas em função do momento da Definindo este pensamento posteriormen-
dos pecados que por tanto tempo excluem a obra missionária, mas também proveu um morte de cada pessoa, mas também em fun- te, ela escreveu que a recepção da verdade
Jesus. ... Mas como o povo não viu a podero- argumento para a demora da parousia [Se- ção da geração que estiver viva quando Jesus “depende da renúncia de todo pecado que o
sa obra concluída em curto espaço de tempo, gundo Advento].”30 voltar. A santificação prepara o cristão para Espírito de Deus revela”.42 A mente que só
muitos perderam o efeito da mensagem [lao- Em virtude dos ensinos escatológicos de ser salvo para salvar,36 para a chuva serôdia37 utiliza o método científico, por exemplo,
diceana]. ... Ela estava destinada a despertar o Ellen White, os adventistas encaram a volta e para a trasladação.38 O princípio transpare- deixará de compreender “as coisas de Deus.
povo de Deus, a denunciar-lhes as apostasias de Jesus de maneira bastante diferente daque- ce por todos os seus escritos: “O caráter não ... Só a mente e o coração purificados pela
e levá-los a zeloso arrependimento, a fim de la dos outros cristãos. Eles sabem que “deter- pode ser mudado quando Cristo vier, nem santificação do Espírito podem discernir as
que muitos pudessem ser favorecidos com a minados eventos na história da salvação” justamente quando o homem está prestes a coisas celestiais.”43
presença de Jesus e estarem preparados para o ainda irão acontecer.31 Usando o tema recor- morrer. A edificação do caráter deve realizar- Assim sendo, não é por meio da razão nem
alto clamor do terceiro anjo.”27 rente de Elias,32 deu-se especial ênfase à obra se nesta vida.”39 da pesquisa histórica que se chega ao conhe-
Um dos temas coerentes de Ellen White é de restauração como uma preocupação espe- cimento da verdade salvadora. “O conheci-
o de que, antes que Deus possa aprovar os es- cífica da mensagem do terceiro anjo. Uma Chave Para a Percepção da Verdade mento da verdade”, frisou a escritora, “de-
forços missionários da igreja enviando a ex- dessas preocupações específicas dizia respeito O Tema do Grande Conflito fornece a estru- pende não tanto da capacidade intelectual
periência da chuva serôdia e as decorrentes ao lugar que a reforma de saúde ocuparia no tura conceitual para uma compreensão da como da pureza de propósito, da simplicidade
intervenções do “alto clamor” que hão abalar preparo de um povo para cumprir suas res- epistemologia – a maneira como aprende- de uma fé sincera e confiante.”44
o mundo, é necessário uma preparação do ca- ponsabilidades espirituais.33 mos, o processo do conhecimento. Junta- Um subproduto do aspecto prático deste
ráter: “Se a mensagem houvesse tido a breve mente com o conhecimento de que os seres princípio “cognitivo” aconteceu no período
duração que muitos de nós supunham, não Santificação Interagindo com os humanos são agentes morais livres, vem a de 1888-1901. Ajudando a igreja a chegar a
teria havido tempo para desenvolver o cará- Acontecimentos dos Últimos Dias percepção de que duas lealdades se acham em um acordo pacífico e construtivo acerca das
ter. Muitos agiam segundo os sentimentos, Outra ênfase encerrada na mensagem do ter- conflito – lealdade a Deus ou lealdade ao eu “duas leis” em Gálatas, ela defendeu que “não
não por princípios e fé. ... [Esta mensagem] ceiro anjo é o princípio de que “o cristão está e ao reino maligno de Satanás. é essencial entender as minúcias a respeito da
atuou sobre seus sentimentos e despertou- no mundo como representante de Cristo pa- Desde Platão e Aristóteles, homens e mu- relação entre as leis. O que mais importa é sa-
lhes os temores, mas não realizou a obra que ra a salvação de outros”. O propósito do de- lheres têm proposto uma variedade de suges- bermos se estamos transgredindo a lei de
Deus designara que fizesse.”28 senvolvimento do caráter é preparar cristãos tões acerca de como se obtém o conhecimen- Deus e se andamos em obediência ou desobe-
Neste mesmo capítulo, “A Igreja de Laodi- para a chuva serôdia e o “alto clamor” to, a maioria delas contraditórias. Com refe- diência aos santos preceitos.”45
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CAPÍTULO 23 O ministério profético de Ellen G. White
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Rebelião – Mal Raramente Curável como havia feito em relação à rebelião de Sa- pessoa? Ellen White foi inequívoca: “Por te na administração de Sua obra tem provoca-
Estreitamente ligado ao princípio de que o tanás no Céu.49 uma condescendência pecaminosa... os ho- do suspeita; cada um de seus atos tem sido des-
coração [o desejo humano] determina a ma- Esta é a anatomia da rebelião: “O ciúme… mens dão a Satanás acesso à sua mente. ... A virtuado pelos que são invejosos e críticos. As-
neira como a cabeça compreende “a verda- [dá] origem à inveja e a inveja à rebelião.”50 rejeição da luz lhes entenebrece a mente e sim foi no tempo de Lutero, dos Wesleys e de
de”, acha-se o fenômeno da rebelião. Rebe- A essência da rebelião é colocar a própria endurece o coração, de modo que lhes é mais outros reformadores. Assim é hoje.”57
fácil dar o passo imediato no pecado, e rejei- A rebelião se torna incurável quando se
lião significa que uma pessoa que uma vez co- vontade contra a expressa vontade de Deus.
tar luz ainda mais clara, até que afinal seus rejeita continuamente o “peso da evidên-
nheceu a verdade até certo ponto decide não A desculpa para uma rebelião é que o povo hábitos de fazerem mal se tornam fixos.”55 cia”, quando os hábitos de justificação pró-
mais vê-la como “verdade”. Surge algum con- está “despojado de sua liberdade e indepen- Qual os primeiros sinais de um espírito re- pria ficam tão profundamente gravados nos
flito interior pessoal que entra em conflito dência” e que a solução é unir-se em rebe- belde? “[Os rebeldes] estão prontos a perverter prolongamentos das células nervosas que a
com as obrigações da “verdade”. Do ponto de lião.51 A metodologia da rebelião é sussurrar a verdade, atraiçoando e caluniando os servos luz e as trevas parecem trocar de lugar. Ellen
vista do Grande Conflito, essas pessoas fize- meias-verdades e dissimular quando confron- do Senhor, e mesmo acusando-os dos motivos White escreveu que fechar a mente para a
ram do próprio juízo o “senhor” da sua vida. tado; aqueles a quem os rebeldes se opõem vis e egoístas que lhes inspira o próprio cora- luz por causa das preferências do coração é
Todos precisamos avançar desde o limita- são caluniados e representados “no mais ne- ção. Reiterando persistentemente a falsidade, pecar contra o Espírito Santo, “pecado este
do conhecimento do passado para o conheci- gro caráter”.52 e isso contra toda a evidência, chegam final- em virtude do qual o coração do homem efi-
mente a crer ser ela verdade. Ao mesmo tem- cazmente se endurece contra a influência da
mento mais amplo da verdade que está sendo Por que a rebelião não é tão facilmente
po em que se esforçam por destruir a confian- graça divina”. O Espírito não abandona o
revelada. Nesses momentos, devemos agir de curada pela luz da verdade? Porque a rebe- ça do povo nos homens que por Deus foram pecador somente pelo fato de ter sido ofen-
acordo com nossa consciência e avançar, com lião incurável se baseia na recusa em subme- designados, acreditam realmente que se dido, embora este seja um fator (Efés. 4:30;
a cabeça e o coração unidos, reagindo favora- ter-se à autoridade divina. O orgulho da opi- acham empenhados em uma boa obra, fazen- I Tess. 5:19), mas porque já não consegue
velmente à maior exigência da verdade. O nião se insurge para eclipsar a luz da verda- do em verdade serviço para Deus.”56 penetrar as defesas que o rebelde ergueu
cristão comprometido tem o costume de rea- de. Na rebelião de Coré, seus seguidores Ellen White reconheceu que uma das coi- contra a verdade. Deus não tem mais “reser-
gir favoravelmente ao “dever conhecido”.46 haviam “alimentado carinhosamente a espe- sas que ajudam a criar um coração rebelde é a va de poder”.58
A rebelião, no entanto, é um afastamento rança de que uma nova ordem de coisas indisposição para “suportar a dor e o sacrifí- O princípio do Grande Conflito funciona
do “dever conhecido” e da luz progressiva – estivesse prestes a estabelecer-se, na qual a cio necessários a sua correção”. Assim, um por si mesmo: Deus não coage ninguém a
uma insubordinação à crescente demanda do reprovação seria substituída pelo louvor, e a dos principais motivos dos rebeldes é acalmar crer, contra a vontade. O Senhor fornecerá
a consciência voltando-se “contra o servo do “a prova mais convincente”,59 mas deixará a
senhorio da verdade. Pessoa alguma, a não ansiedade e conflito, pela comodidade. ... Senhor e” denunciando-lhe “as reprovações decisão final nas mãos de homens e mulheres.
ser a pessoa envolvida, sabe quando surge o Dificilmente poderão os homens cometer como inoportunas e severas”. Os rebeldes suplantam o senhorio de Deus
primeiro pensamento rebelde. Ninguém sabe maior insulto a Deus do que desprezar e re- A Sra. White viu a corrente de rebelião com o império de seus próprios desejos. Pelo
quando o outro cruza a linha permitindo que jeitar os instrumentos que deseja usar para a desde os dias de Moisés, passando pela Refor- fato de Seu caráter ser contrário à coerção,
a reflexão judiciosa se torne racionalização. salvação deles.”53 ma, até nossos dias: “Todo o progresso feito por Deus respeita a liberdade, mesmo de seres
Mas quando esse espírito intoxicante de re- Depois da morte dos líderes rebeldes, Deus aqueles a quem Deus chamou para tomar par- criados que decidem rebelar-se.
belião assume o controle, os racionalizadores concedeu àqueles que haviam sido enganados
procuram razões para justificar sua relutância por seus líderes tempo para pensar e voltarem Referências
em aceitar todas as implicações da verdade à razão. Como passaram a noite? “À procura
1. Fé e Obras, págs. l5 e 16 (3a ed., 1996, pág. 13). ção do amor de Seu Pai e de Sua aceitação; que as portas do
conhecida. Tal espírito se torna uma ladeira de algum meio para resistir às evidências que 2. “Por meio do plano da salvação deve-se efetuar um propósito sepulcro se achavam iluminadas diante dEle por vívida espe-
escorregadia. lhes mostravam serem os maiores pecadores. mais amplo do que a salvação do ser humano e a redenção da rança, e que Ele tinha a constante demonstração de Sua futu-
Terra. Por meio da revelação do caráter de Deus em Cristo, a ra glória. Eis um grande engano. ... Devemos ter visões mais
Ao meditar sobre a experiência do pastor Alimentavam ódio contra os homens que ha- beneficência do governo divino seria manifesta ao Universo, a amplas e profundas da vida, sofrimentos e morte do querido
australiano Stephen McCullagh,47 na década viam sido por Deus designados, e uniram-se a acusação de Satanás refutada, a natureza e os resultados do pe- Filho de Deus. Ao ser a expiação devidamente considerada, a
cado esclarecidos e a perpetuidade da lei plenamente demons- salvação de almas será reconhecida de infinito valor.” – Teste-
de 1890, Ellen White escreveu: “Duvido que fim de resistirem à autoridade dos mesmos.”54 trada. Satanás havia declarado que a lei de Deus era defeituo- munhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 200, 213 e 215 (Testemunhos
a verdadeira rebelião tenha cura.”48 Novamente, os rebeldes preferiram, dentre as sa e que o bem do Universo exigia uma mudança em suas rei- Seletos, vol. 1, págs. 219, 232 e 234).
vindicações. ... Pelo plano da salvação, porém, demonstrou-se 4. Ibidem, págs. 200-215.
Na rebelião a questão principal é a atitu- evidências da verdade, somente as idéias que que os preceitos da lei eram perfeitos e imutáveis, que final- 5. Caminho a Cristo, pág. 13.
de, atitude esta que determina e governa a lhes agradavam o coração. mente se podia dar glória e expressar amor a Deus por todo o 6. O Desejado de Todas as Nações, pág. 745.
Universo.” – Signs of the Times, 13 de fevereiro de 1893. 7. Ibidem. “Descrito de diversas maneiras como o declínio do
maneira como a pessoa encara a informação. Ellen White viu repetir-se na revolta de 3. “Para avaliar plenamente o valor da salvação, é preciso com- calvinismo, o surgimento do arminianismo e a derrota do
A rebelião acontece quando uma pessoa mu- Coré a história da ambição de Satanás por preender o que ela custa. Em conseqüência das idéias limita- deísmo... podemos resumir isto dizendo que os norte-ameri-
das acerca dos sofrimentos de Cristo, muitos estimam em pou- canos deixaram de crer, entre 1800 e1860, nas doutrinas da
da sua lealdade, mudança esta que ele ou ela posição e honra no Céu. Viu mais ainda: co a grande obra da expiação. ... Alguns têm visão limitada predestinação e eleição pregadas por Edwards e Whitefield.
não reconhece intelectualmente. A Sra. “Durante a história da igreja, os servos de quanto à expiação. Pensam que Cristo sofreu apenas pequena Eles não conseguiam mais aceitar a noção de que os seres hu-
parte da pena da lei de Deus; julgam que, ao passo que a ira de manos eram depravados demais para desempenhar qualquer
White usou a rebelião de Coré contra Moisés Deus têm tido o mesmo espírito a defrontar.” Deus foi experimentada por Seu querido Filho, Este tinha, parte em sua própria salvação. Em vez disso, concluíram que
como um exemplo de uma rebelião incurável, Como este “espírito” se apodera de uma através de todos os Seus dolorosos sofrimentos, a demonstra- Deus havia dado ao homem a capacidade do livre-arbítrio

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SEÇÃO V
CAPÍTULO 23 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados ESCLARECIMENTOS ACERCA
DAS PRINCIPAIS DOUTRINAS

para entender seu estado decaído, arrepender-se de seus peca- sando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo
dos e recorrer a Cristo em busca de auxílio e salvação.” – fogo, e os elementos se derreterão pelo calor.” II Ped. 3:11 e Perguntas Para Estudo
William G. McLoughlin, “Revivalism”, Gaustad, ed., Rise of 12. “Dando o evangelho ao mundo, está em nosso poder
Adventism, pág. 142; ver também pág. 131. apressar a volta de nosso Senhor. Não nos cabe apenas aguar-
8. Review and Herald, 22 de dezembro de 1891; SDABC, vol. 7, dar, mas apressar o dia de Deus. Houvesse a igreja de Cristo 1. Quais os conceitos e ênfases teológicos que dividem outras igrejas, mas que podem ser
pág. 925; Testemunhos Para Ministros, pág. 19. feito a obra que lhe era designada, como Ele ordenou, o mun- esclarecidos ou unidos pelo Tema do Grande Conflito?
9. Testemunhos Para Ministros, pág. 134; Review and Herald, 25 do inteiro haveria sido antes advertido, e o Senhor Jesus te-
de janeiro de 1898; 17 de setembro de 1901. “Cristo veio à ria vindo à Terra em poder e grande glória.” – Desejado de To-
Terra mostrar à humanidade como obedecer a Deus. Ele po- das as Nações, págs. 633 e 634. 2. Como Ellen White harmoniza dois conceitos que dividiram a cristandade durante sécu-
deria ter permanecido no Céu e, de lá, ter enviado regras pre- 35. Ver págs. 292 e 293. los – a soberania de Deus e a responsabilidade humana?
cisas para a orientação do homem. Porém não fez isto. A fim 36. Parábolas de Jesus, pág. 280.
de que não cometêssemos erro, assumiu nossa natureza e vi- 37. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 187 e 188.
veu nela uma vida de perfeita obediência. Obedeceu na 38. Ver Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 355 e 505; ibidem, 3. De que maneira o Tema do Grande Conflito modelou a compreensão de Ellen White
humanidade, enobrecendo e elevando a humanidade pela pág. 705; Signs of the Times, 29 de setembro de 1887; Eventos sobre a existência do sofrimento e quando ele terá fim?
obediência. ... Assim procedendo, não apenas declarou que Finais, pág. 295.
devíamos obedecer, mas nos mostrou como obedecer. ... Pre- 39. Testemunhos Para Ministros, pág. 430. Ver também Review
cisamos manter sempre diante de nós a realidade da humani- and Herald, 20 de julho de 1897. 4. Como o Tema do Grande Conflito nos ajuda a compreender a condição da pessoas que
dade de Cristo. ... Ele veio mostrar o que Deus está disposto 40. O Desejado de Todas as Nações, pág. 455. nunca ouviram falar de Jesus?
a fazer e o que fez para que nos tornássemos participantes da 41. John Calvino, Institutas da Religião Cristã, livro I, capítulo 6, seção 2.
natureza divina. ... A obediência de Cristo é exatamente a 42. O Desejado de Todas as Nações, pág. 455.
obediência que Deus exige dos seres humanos hoje.” – Signs 43. Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, pág. 301. 5. Por que a preparação do caráter é uma questão fundamental nos acontecimentos do tem-
of the Times, 25 de janeiro de 1899. 44. Parábolas de Jesus, pág. 59. “Teorias e especulações humanas po do fim?
10. Carta 406, 1906, citada em SDABC, vol. 6, pág. 1.074. jamais hão de conduzir à compreensão da Palavra de Deus.
11. SDABC, vol. 5, pág. 1.149. O Desejado de Todas as Nações, Os que julgam entender de filosofia consideram suas inter-
págs. 752 e 753; O Grande Conflito, págs. 668 e 671; Funda- pretações necessárias para descerrar o tesouro do conheci- 6. Como Ellen White transcendeu os limitados conceitos de expiação predominantes em
mentos da Educação Cristã, pág. 429; Mensagens Escolhidas, li- mento e impedir que penetrem heresias na igreja. Mas foram sua época, graças à visão mais ampla da salvação que lhe conferia o Tema do Grande
vro 1, pág. 340. justamente estas explanações que introduziram as falsas teo-
12. Patriarcas e Profetas, págs. 68, 78 e 79; Signs of the Times, 22 rias e heresias.” – Ibidem, pág. 110. Conflito?
de dezembro de 1914. 45. Carta 165, 1901, citada em SDABC, vol. 6, pág. 1.110.
13. O Desejado de Todas as Nações, pág. 759; Mensagens Escolhi- 46. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 396. 7. De que modo o Tema do Grande Conflito esclarece certos elementos que impedem a
das, livro 1, pág. 341; Signs of the Times, 30 de dezembro de 47. A família McCullagh havia recebido muitas cartas de Ellen
1889 (SDABC, vol. 5, pág. 1.132). White entre 1893 e 1901. Durante esse período, o Pastor nossa compreensão da verdade?
14. A Ciência do Bom Viver, pág. 113. Ver Caminho a Cristo, pág. 46. Mcullagh fora evangelista bem-sucedido. Mas ele e a esposa
15. O Desejado de Todas as Nações, pág. 471; Mensagens Escolhi- ficaram ofendidos com o conselho da Sra. White, conquanto
das, livro 2, pág. 411; Beneficência Social, pág. 16. as expressões de afeto que lhes dedicasse fossem memoráveis.
16. A Ciência do Bom Viver, pág. 113. Ver Patriarcas e Profetas, pág. Ele acabou fazendo terríveis acusações contra ela, somente
461; ver também Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, pág. 224. para depois arrepender-se publicamente. Após voltar à obra
17. O Maior Discurso de Cristo, págs. 10 e 11. evangelística, revoltou-se e, em meio a um encontro evange-
18. O Desejado de Todas as Nações, págs. 224 e 225. Ver também lístico, abandonou subitamente o ministério, declarando que
Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 71. a igreja era “uma máquina do diabo para a fabricação de hi-
19. Parábolas de Jesus, pág. 385. “A maneira como Deus prova o pócritas.” – Biography, vol. 4, pág. 286.
pagão, que não tem luz, e aqueles que vivem onde o conhe- 48. Carta 1, 1897, citada em SDABC, vol. 1, pág. 1.114; também
cimento da verdade e a luz são abundantes é bastante dife- Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 393.
rente. Ele aceita daqueles que vivem em terras pagãs um pa- 49. Coré, primo de Moisés e homem de habilidade e influência,
drão de justiça que não O satisfaz quando oferecido pelos que desejava o status de sacerdote. Pelo fato de Moisés ter separa-
vivem em países cristãos. Não exige muito onde muito não do seu irmão Arão e a família deste para o ofício sacerdotal,
foi concedido.” – Manuscrito 130, 1899, citado em SDABC, Coré, ainda que levita, permitiu que a inveja e o dissabor
vol. 5, pág. 1.121. crescessem em seu coração. Suas insinuações e dissimulações
20. Douglass, The End, págs. 21-55. atraíram a simpatia de outros líderes que também haviam
21. Staples, “Adventism” em Variety of American Evangelicalism, murmurado nas dificuldades do deserto. Esqueceram que es-
pág. 65. tavam sendo guiados por Deus, e não por Moisés. Apesar dis-
22. Primeiros Escritos, pág. 63. so, procuraram todo pretexto para crer que Moisés orientava
23. Carta 13, 1859, e Carta 18, 1861, citadas em Damsteegt, as vagueações que os levavam a seus desapontamentos. O pe-
Foundations, pág. 216. queno grupo de líderes sabia muito bem como granjear a sim-
24. Referências às igrejas mencionadas em Apocalipse 2-3; ver patia e o louvor do povo; sabia como incitar o povo incutin-
Damsteegt, Foundations, pág. 244. do-lhe a idéia de que Moisés era um líder autoritário e insis-
25. Primeiros Escritos, pág. 119. tindo com eles para que lutassem por “seus direitos”. Ver Pa-
26. Damsteegt, Foundations, pág. 246. triarcas e Profetas, págs. 395-405.
27. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 186. 50. Patriarcas e Profetas, pág. 397.
28. Ibidem, págs. 186 e 187. 51. Ibidem, pág. 398.
29. Ibidem, págs. 186-188. 52. Ibidem, pág. 399.
30. Damsteegt, Foundations, pág. 248. 53. Ibidem, págs. 401 e 402.
31. Ibidem, pág. 270. 54. Ibidem, pág. 402.
32. Uma referência a Mal. 4:5 e Luc. 1:17 – que Deus levantará, an- 55. Ibidem, pág. 404.
tes do Segundo Advento, um povo “no espírito e poder de Elias”. 56. Ibidem.
33. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 62 e 63. 57. Ibidem.
34. Parábolas de Jesus, pág. 67. “Visto que tudo será assim desfei- 58. Ibidem, pág. 405; ver também págs. 268, 269 e 635; Testemu-
to, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam nhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 66.
de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apres- 59. Ibidem.

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SEÇÃO V

24
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
A causa da doença era questão de conjec- fica para cada doença, sendo que, quanto
tura amplamente variada. O mundo cristão mais violenta, melhor. George Washington
cria em geral que a enfermidade e o sofrimen- tornou-se uma vítima famosa dessa letal me-
to eram castigos impostos por Deus por causa dicina convencional durante a primeira me-
Princípios de Saúde/1 do pecado. A cura, quando possível, era re- tade do século dezenove.10
sultado da fé e da oração. Em 1860, o Dr. Oliver Wendell Holmes,

Surgimento de uma Mas em princípios da década de 1800 sur-


giram novas idéias. Horace Mann, em seu fa-
moso relatório de 1842 apresentado às auto-
professor de anatomia da Universidade de
Harvard, escreveu que “se toda a ‘matéria
médica’ empregada atualmente pudesse ser

Mensagem de Saúde ridades escolares de Massachusetts, escreveu


que sofrer não era “parte da ordenação de
uma Providência misericordiosa, mas devia
ser diretamente atribuível à ignorância e ao
lançada no fundo do mar, seria bem melhor
para a humanidade, embora bem pior para
os peixes”.11
O segundo quarto do século dezenove,
erro humano”. Além disso, se as pessoas obe- conhecido mais freqüentemente como era
“Vemos em tudo isto [o desenvolvimento e a história dos princípios de saúde e a prática médica ad-
ventista do sétimo dia] a orientação de Deus conforme delineada pela pequena senhora de Elms- decessem às “leis físicas de Deus, não sofre- jacksoniana, foi inundado de inovações e
haven. Em momentos estratégicos no desenvolvimento de nossa obra médica, esta notável mulher riam mais dor [física], assim como não sofre- mudanças na maioria das áreas da vida nor-
transmitiu o ânimo e o conselho sábio de que se precisava para conservar-se o programa equilibra- riam remorso ou dor moral se, em todas as te-americana. Idéias emocionais e centra-
do e em progresso.”1 coisas, obedecem às leis morais de Deus”.8 das no ser humano superaram a ordem ra-
Mas transferir do Céu para a Terra a origem cional e clássica do século precedente. O
da doença não explicava automaticamente renovado otimismo e o senso da igualdade
suas causas. Mann, por exemplo, rejeitava a de todos os seres humanos inspiraram “re-

G
raças à sua compreensão do Tema do conscientização da saúde, uma ênfase que se
Grande Conflito, Ellen White viu as tem tornado mais relevante à medida que o idéia de corpos estranhos, invasores. As pes- formas” em áreas como educação, sistema
implicações envolvidas em ser a pes- tempo passa? Foi sua distintiva formulação soas de sua época atribuíam diversas causas às carcerário, abolição da escravatura, direitos
soa uma unidade indivisível de corpo, mente dos princípios de saúde desenvolvida em doenças, inclusive variações nos fluidos do femininos, política e saúde.12
e espírito. Os seres humanos não eram so- mente hermeticamente fechada para o mun- corpo, imundícia e odores conforme encon- Esse novo enfoque nas teorias individuais
mente “agentes morais livres”;2 os compo- do ao seu redor e somente penetrada pelo Es- trados em lixo e esgoto, e estímulos de maior e não nas tradicionais tornou-se plenamente
nentes interativos e integrativos do corpo, pírito? Não, esse não é o modo de Deus traba- ou menor intensidade. Para muitos especialis- evidenciado no renovado e notável interesse
mente e espírito exigiam a saúde de cada lhar.6 Sua compreensão teológica do Tema do tas clínicos, a saúde era um estado interme- pela saúde pessoal.13 A desconfiança na me-
componente para que todos pudessem fun- Grande Conflito forneceu coordenadas pelas diário de agitação, e a tarefa do médico con- dicina tradicional com seus tratamentos “he-
cionar eficientemente. Sem o bem-estar des- quais ela pôde identificar na área de saúde e sistia em ajustar o nível dessa agitação. Sem- róicos” e resultados patéticos fez a mente de
ta sinergia, o ser humano logo viria a sofrer e da doença a sabedoria fundamental e dura- pre que as pessoas levantavam a possibilidade muitas pessoas de todas as classes voltar-se
a morrer prematuramente.3 doura de sua época e rejeitar aquilo que logo de a própria natureza conter virtudes curati- para o que podia ser feito com bom senso.14
se demonstraria sem valor. vas inerentes, como Hipócrates muito antes Nessa risonha era de otimismo e seu novo
Interação – um Assunto Espiritual A partir desse senso teológico de totali- havia crido, eram “combatidas com oposição enfoque para o “homem comum”, espalha-
Em 1875 Ellen White chamou esta interação dade, fluiu uma filosofia de saúde distinta e quase uniforme por parte dos praticantes de ram-se por toda a parte os seguintes movi-
entre a mente e o corpo de “misteriosa e ad- finalmente coerente. Esta filosofia, além medicina, que as rotulavam de rústicos empí- mentos de reforma de saúde: movimento da
mirável relação. Um reage sobre o outro”. de fornecer os claros conceitos pelos quais ricos tentando restaurar um elemento desa- temperança,15 promoção do vegetarianis-
Mais adiante, tornou este conceito profundo milhões de membros da igreja têm ordena- creditado da medicina primitiva”.9 mo,16 renúncia pública de “todos os maus há-
intensamente prático: “Não pode ser para a do sua vida pessoal, estendeu sobre a Terra
A teoria dos “estímulos”, talvez a terapia bitos” (fumo, bebidas alcoólicas, chá, café,
glória de Deus terem Seus filhos corpo enfer- um extraordinário sistema de instituições
mais amplamente aceita, tornou-se conheci- etc.),17 desenvolvimento de sociedades “fi-
mo ou mente atrofiada.”4 de saúde.
Alguém pode perguntar: o que “corpo enfer- da como medicina “heróica”. Benjamin Rush siológicas”,18 ênfase na saúde pública, in-
mo e mente atrofiada” têm que ver com “a gló- Conceitos de Saúde do Século Dezenove (1745?-1813), decano dos médicos norte- cluindo saneamento e hospitais,19 nova
ria de Deus”? Ellen é coerente e íntegra: “Tudo Para melhor apreciar a peculiaridade da filo- americanos, promoveu ativamente essa tera- atenção à moda,20 e o surgimento dos trata-
que nos diminui a força física enfraquece a sofia de saúde de Ellen White, recapitule- pia popular, segundo a qual o doente tinha mentos “pela água”.21
mente e a torna menos capaz de discernir entre mos alguns dos conceitos de saúde dominan- que se conformar à “freqüente flebotomia,
o bem e o mal. Ficamos menos aptos para esco- tes no século dezenove. No começo do sécu- considerada uma panacéia para quase todos Doenças Físicas dos Primeiros Adventistas
lher o bem, e temos menos força de vontade lo, o tratamento das doenças seguia um mo- os males, e submeter-se a violentos purgantes Os primeiros adventistas padeciam de doen-
para fazer aquilo que sabemos ser justo.”5 delo bastante padronizado, e que consistia, e vomitórios que os doutores em medicina ças físicas tanto quanto os seus contemporâ-
A questão é: como a Sra. White desenvol- principalmente, em “sangria, purgação e po- administravam”. A tarefa do médico era neos. Muitos deles, temerosos da prática mé-
veu sua extensa e íntegra contribuição à lifármacos”.7 “subjugar a natureza” com uma droga especí- dica predominante, recorriam à oração como
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CAPÍTULO 24 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados SURGIMENTO DE UMA
MENSAGEM DE SAÚDE

sua melhor esperança. Em 1846 Otis Nichols abolido o uso do fumo em todas as suas for- A questão do comer carne suína é um bom pra e humores [fluídos sangüíneos ou linfáti-
escreveu a Guilherme Miller sobre a jovem mas. Depois de outros sete anos, decidiu não exemplo do importante conceito bíblico que cos] cancerosos. O ingerir a carne desse ani-
Ellen White: “O Espírito de Deus está com mais beber chá nem café. Provavelmente as tinha de esperar até a igreja estar pronta para mal está ainda causando o mais intenso sofri-
ela como tem estado de maneira extraordiná- palestras de Sylvester Graham, que havia es- sua importância. Já em 1850 alguns haviam mento à humanidade.”33
ria na cura dos doentes em resposta às ora- crito que “tanto o chá quanto o café estão en- contendido que a Bíblia proíbe taxativamen- Durante uma década, Ellen White vinha su-
ções dela. Alguns casos são tão prodigiosos tre os mais poderosos venenos do reino vege- te o consumo de carne de porco, mas Tiago gerindo outros aspectos do viver saudável que
como os registrados no Novo Testamento.”22 tal”, confirmaram-lhe as observações.25 Por White achou que parte do raciocínio bíblico contrariavam os hábitos gerais de quase todos.
volta de 1843 Bates havia abandonado o ali- era desapropriado: “Somos terminantemente Em 1854, num tempo em que nem mesmo se
Curas Notáveis mento cárneo.26 contra uma aplicação errada das Santas Escri- pensava nos modernos confortos materiais, ela
Ellen e Tiago White tomaram parte em mui- Embora fosse um leal milerita e posterior- turas em defender uma atitude que sirva ape- fez um apelo por asseio entre os que professam
tas curas notáveis ocorridas dentro de sua mente um dedicado apóstolo do sábado do sé- nas para distrair o rebanho de Deus, desvian- o cristianismo: “Vi que as casas dos santos de-
própria família. Contudo, não consideravam do a mente dos irmãos da importância da vem ser mantidas em ordem e asseadas, livres
timo dia, Bates, ao que parece, não era um
obra atual de Deus entre o remanescente.”31 de pó e sujeira, e de toda imundícia.” Voltan-
o emprego de remédios naturais uma indica- evangelista da reforma de saúde. Nunca colo-
Por volta de 1858 a questão estava sendo do-se para o assunto da conservação da saúde,
ção de falta de fé. Desde os primeiros até os cou por escrito suas sólidas crenças sobre re-
zelosamente promovida pelos Haskell, a especificamente sobre as questões alimentares,
últimos anos de sua vida, a Sra. White apre- forma de saúde nem procurou pessoalmente
quem a Sra. White escreveu este interessante ela escreveu que devemos “ter cuidado especial
sentou claras advertências contra o fanatis- persuadir seus companheiros.27 Mas alcançou com a saúde que Deus nos deu... negar o apeti-
mo: “Cremos na oração da fé; mas alguns têm grande êxito em convencer Tiago e Ellen conselho: “Vi que suas idéias sobre a carne de
porco não seriam prejudiciais se vocês as reti- te nocivo, comer menos alimentos refinados,
levado esta questão longe demais. ... Alguns White em 1846 de que o sétimo dia é o sába- ingerir alimentos integrais isentos de gordura.
adotam a posição radical de que é errado usar vessem para si mesmos, mas, em seu julga-
do do quarto mandamento. Desde então, Ba- Então, quando se assentam à mesa, para comer,
remédios simples. Nunca assumimos essa ati- mento e opinião, os irmãos têm feito dessa
tes e os White se tornam líderes intrépidos do podem pedir sinceramente a bênção de Deus
tude, mas nos opomos a ela. Cremos ser per- questão uma prova, e seus atos têm demons-
“rebanho disperso”. sobre o alimento, e obter força de alimentos in-
trado o que vocês crêem sobre isso. ... Se for
feitamente correto usar os remédios que Deus tegrais e saudáveis.”34
dever da igreja abster-se da carne de porco,
colocou a nosso alcance e, se estes falharem, Primeira Conscientização de Ellen White
Deus o revelará a mais do que duas ou três
apelar ao Grande Médico. Em alguns casos o Sobre os Princípios de Saúde A Visão de 1863 Sobre Saúde
pessoas. Ele ensinará a Sua igreja o dever de-
conselho de um médico terreno é grande- Já em 1848 foram mostrados a Ellen White Em 21 de maio de 1863, em Battle Creek, os
la. ... Vi que os anjos de Deus não levariam
mente necessário. Essa é a atitude que sempre os efeitos maléficos do fumo, do chá e do adventistas do sétimo dia se organizaram em
Seu povo mais depressa do que pudesse com-
temos mantido.”23 café.28 Alguns membros da igreja não fica- uma Associação Geral, o que serviu para uni-
preender e agir segundo as importantes ver-
Em 1854 ela visitou um “célebre médico ram facilmente convencidos a respeito do ficar suas igrejas dispersas. Possuíam, pela pri-
dades que lhe são comunicadas.”32 meira vez, um centro que prometia unidade e
em Rochester” por causa de um tumor que fumo. Em uma carta em 1851, ela respon- Os White não estavam prontos a firmar
lhe nascera na pálpebra esquerda, o qual foi deu à pergunta se ela vira “em visão” ser er- eficiência em sua expansão missionária. Cer-
posição sobre nada, a menos que dispusessem ca de duas semanas depois, no dia 6 de junho
diagnosticado como câncer. Mas o médico rado usar fumo: “Eu vi em visão que o fumo da mais clara evidência bíblica ou de uma
lhe disse que ela iria morrer de apoplexia an- é uma erva imunda, e que deve ser rejeitado de 1863, Ellen White recebeu uma memorá-
clara palavra vinda por meio de uma visão. vel visão sobre saúde em Otsego, Michigan.35
tes de o câncer matá-la! Cerca de um mês de- ou abandonado.” Ela escreveu cartas enco- Até a visão sobre saúde recebida em 6 de ju-
pois, após muita fé e oração, ela ficou repen- rajadoras àqueles que lutavam para vencer o Parece que Deus esperara até que a igreja
nho de 1863, eles acreditavam que as restri- completasse seus esforços organizacionais pa-
tinamente curada tanto da pálpebra cancero- hábito de fumar.29 ções alimentares apresentadas em Levítico 11 ra dar o próximo passo na sua missão – res-
sa como da opressiva afecção cardíaca que Mas o regime alimentar era outra questão faziam parte das leis cerimoniais judaicas, não ponsabilidade que requeria unidade de espíri-
lhe dificultava a respiração.24 para os White. Muitas mudanças no estilo de sendo mais aplicáveis depois da Cruz. Duran- to e senso geral de harmonia em questões
vida haviam sido efetuadas num lapso de te a década de 1850 os adventistas consu- doutrinárias.
Primeiro Adventista de Mentalidade poucos anos. A introdução de uma nova mu- miam porco em abundância. Depois da visão Talvez Tiago White tenha dito isso melhor
Voltada Para a Saúde dança, tal como a abnegação em hábitos ali- do dia 6 de junho, a questão do comer carne do que ninguém quando, em 1870, refletiu
José Bates, o infatigável capitão da marinha, mentares, teria, em grande parte, desviado a de porco ficou resolvida entre os adventistas sobre a maneira como o Senhor estivera lide-
parece ter sido o primeiro e, durante algum atenção e sido fonte de muita divisão entre os do sétimo dia. Por quê? Ellen White escre- rando o “rebanho disperso” para tornar-se um
tempo, o único líder adventista a chegar a um primeiros membros da igreja observadora do veu, na época, com a certeza proveniente da movimento transcontinental. Embora sua
acordo acerca dos princípios de saúde e a cau- sábado. Para os primeiros adventistas sabatis- visão: “Deus... nunca destinou o porco para opinião também pudesse ser aplicada ao de-
sa das doenças. Com base na própria observa- tas, alcançar a unidade doutrinária era mais ser comido sob quaisquer circunstâncias. ... O senvolvimento doutrinário dos primeiros
ção e experiência pessoal, resolveu em 1824 importante. Essa unidade estabeleceria o cli- comer porco tem produzido escrófulas [pala- anos, o que ele tinha em vista era a crescen-
(com a idade de 32 anos) abster-se “de toda ma espiritual para as provas mais pessoais que vra derivada do latim empregada para desig- te unidade em redor das mensagens de saúde:
bebida intoxicante”. Anteriormente, havia seriam introduzidas posteriormente.30 nar a tuberculose dos nódulos linfáticos], le- “[O Senhor] sabia também apresentar a Seu
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SEÇÃO V
CAPÍTULO 24 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados SURGIMENTO DE UMA
MENSAGEM DE SAÚDE

povo expectante o grande tema da reforma a outros a falarem ousadamente “contra a in- maravilhoso, irmãos, olhar para escritos que cos seria neste caso morte certa.” Eles aplica-
de saúde, passo a passo, segundo eles a pudes- temperança de toda espécie... no trabalho, no nos foram dados trinta anos atrás e depois, ram tratamentos hidroterápicos, dando “à
sem suportar e dela fazer bom uso, sem irritar comer, no beber e no uso de medicamentos”. talvez no dia seguinte, abrir uma revista espe- natureza uma oportunidade de lançar fora a
o espírito público. Foi no outono, há vinte e Mas eles não deviam apresentar somente cializada em medicina e encontrar alguma doença”. Em pouco tempo, ao se unirem em
dois anos [1848], que nossa mente foi atraída uma mensagem negativa. Cumpria-lhes guiar nova descoberta feita pelo microscópio ou oração, a Sra. Cornell ficou fora de perigo.42
aos prejudiciais efeitos do fumo, chá e café, os adventistas do sétimo dia e outros a um es- confirmada em laboratório químico, digo, é Ellen White falava sem rodeios sobre as
mediante o testemunho da Sra. White. Deus tilo de vida que se harmonizasse com as leis completamente maravilhoso como eles real- mudanças que com ela haviam ocorrido ao
tem abençoado maravilhosamente o esforço do mundo natural e espiritual. A abrangência mente se harmonizam. ... Não há um único aplicar o conselho que transmitia aos outros,
de afastar de nós estas coisas, de maneira que, da visão deixou Ellen White “surpresa”. Es- princípio relacionado ao desenvolvimento conselhos que “iam diretamente de encontro
como denominação, podemos regozijar-nos creveu ela: “Muitas [coisas] iam diretamente saudável de nosso corpo e mente defendidos a minhas próprias idéias”. No artigo “Saúde”,
na vitória, com bem poucas exceções, sobre de encontro a minhas próprias idéias.”37 nestes escritos da irmã White que eu não es- escrito um ano depois da visão, ela confessou:
essas nocivas condescendências com o apeti- Em maio de 1866, ela visitou o Dr. H. S. teja preparado para demonstrar de maneira “Desde que o Senhor me apresentou, em ju-
te. ... Havendo nós obtido boa vitória sobre Lay, médico adventista em Allegan, Michi- conclusiva a partir da evidência científica.”40 nho de 1863, a questão do comer carne em
essas coisas, e vendo o Senhor que éramos ca- gan. Fascinado com o resumo da visão dela, Enquanto viajava num exaustivo progra- relação com a saúde, deixei o uso desse ali-
pazes de suportá-la, foi comunicada luz no ele desejou uma entrevista completa. A Sra. ma de atividades, ainda pranteando a la- mento. Durante algum tempo, foi bastante
que respeita ao alimento e ao vestuário.”36 White reagiu com relutância, pois “não es- mentável morte de Henry, seu primogênito, difícil gostar de pão, que antes pouco me ape-
tava acostumada com a linguagem médica”, Ellen White apressou o término dos volu- tecia. Perseverando, todavia, cheguei a con-
Guiados Passo a Passo e porque “a maior parte da matéria que lhe mes 3 e 4 da coleção Spiritual Gifts. O volu- segui-lo. Tenho vivido cerca de um ano sem
Do ponto de vista psicológico, não poderia ter fora apresentada era tão diferente dos pon- me 4 encerrava uma seção intitulada “Saú- carne. Por quase seis meses a maior parte do
sido de outro modo. Este era o método de Je- tos de vista comumente aceitos que ela re- de”, que continha a primeira declaração pão em nossa mesa tem sido sem fermento,
sus: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas ceava não poder relatá-la de modo a ser abrangente sobre os princípios de saúde des- feito de farinha integral e água, com bem
vós não o podeis suportar agora.” João 16:12. compreendida”.38 de a visão de Otsego. pouco sal. Usamos frutas e verduras com libe-
As pessoas não conseguem reagir favoravel- O Dr. Lay ficou impressionado. Os concei- Estavam os adventistas prontos para o pró- ralidade. Tenho vivido por oito meses com
mente a muitas mudanças de uma vez. Os pri- tos dela eram exatos, e profunda a sua coe- ximo apelo à reforma pessoal? Tantas foram duas refeições diárias.”43
rência global. Ele sabia que a natureza intera-
meiros adventistas proclamaram o sábado do as encomendas recebidas que a Review and
tiva desses princípios não procediam de fon-
sétimo dia num tempo em que era comum tra- Herald, de 23 de agosto de 1864, anunciou: Ingredientes da Visão de Otsego
tes humanas. Muitas vezes relatou a outros o
balhar seis dias por semana e praticamente “A demanda por Spiritual Gifts é tão grande Sobre Saúde
que aprendera naquele dia.
impossível obter os privilégios do repouso sa- que não conseguimos atender às encomendas O que havia de tão estimulante, majestoso e
Um de seus amigos médicos com quem ele
bático. Seu anúncio entusiástico de uma Se- logo que são recebidas. Temos duas encader- promissor na visão de Otsego sobre saúde?44
partilhou mais tarde estas informações espe-
gunda Vinda muito próxima parecia uma coi- ciais foi o Dr. John Harvey Kellogg. “É fato nadoras funcionando, mas no momento não Os princípios fundamentais eram:
sa inacreditável para os seus vizinhos, que ain- interessantíssimo”, admitiu em 1897 o Dr. dispomos de um único exemplar na editora.” • Os que não controlam o apetite alimen-
da se lembravam do constrangimento mileri- Kellogg, “que o Senhor tenha começado a Testemunhos de resultados imediatos e be- tar são culpados de intemperança.
ta de 1844. Naqueles primeiros anos declarar, nos comunicar esta luz trinta anos atrás. Pou- néficos começaram a afluir para a Review and • A carne de porco não deve ser comida
além disso, que os cristãos adventistas não de- co antes de eu chegar à assembléia, falei com Herald, o órgão adventista para comunicação em nenhuma circunstância.
veriam fumar, usar bebidas alcoólicas nem co- o Dr. Lay, e ele me contou como ouviu a pri- de informações. O Pastor Isaac Sanborn es- • O fumo, em qualquer de suas formas, é
mer carne de porco – teria sido demais. As meira instrução sobre reforma de saúde em creveu que durante dez anos havia experi- um veneno lento.
mudanças exigem tempo, mesmo hoje. 1860 e principalmente em 1863. Enquanto mentado muitos remédios para sua inflama- • A estrita limpeza do corpo e da casa e
Bem, falemos agora sobre a visão de Ot- andava em uma carruagem com o irmão e a ção reumática. Então, na primavera de 1864, seus arredores é importante.
sego a respeito de saúde. Muitos dos itens irmã White, ela lhe contou o que lhe havia abandonou a carne de porco e, poucos meses • À semelhança do fumo, chá e café são
nela contidos foram extremamente relevan- sido apresentado sobre o assunto da reforma depois, adotou o programa de duas refeições venenos lentos.
tes mesmo para os White, no tocante à ma- de saúde, e expôs os princípios que têm su- diárias, sem nenhum tipo de carne. “Desfruto • Bolos, tortas e pudins muito substancio-
neira de melhorarem a saúde ajustando me- portado a prova de todos estes anos – uma ge- de saúde tão perfeita”, alegremente declarou sos são prejudiciais.
lhor as prioridades de seu tempo e energia, ração inteira.”39 ele, “quanto é possível ser desfrutada neste • Comer entre as refeições prejudica o es-
tendo uma disposição mental mais “cheia de Falando aos delegados reunidos na assem- estado mortal. Jamais voltaria a meus velhos tômago e o processo digestivo.
ânimo, esperança e paz” e não transferindo o bléia da Associação Geral de 1897, o Dr. hábitos alimentares. ... Sou grato a Deus pela • Deve-se estabelecer horários adequados
cuidado da saúde para Deus, “para que zele e Kellogg acrescentou: “É impossível para qual- luz que Ele comunicou sobre este assunto.”41 entre as refeições, dando ao estômago tempo
cuide daquilo que Ele nos encarregou de vi- quer pessoa que não tenha feito um estudo es- M. E. Cornell narrou em detalhes como sua para descansar.
giar e cuidar”. pecífico de medicina apreciar a natureza mara- esposa jazia à beira da morte com febre tifói- • Se houver uma terceira refeição, esta de-
Além disso, o Senhor instruiu os White e vilhosa da instrução recebida nestes escritos. É de: “Sabíamos que tomar as drogas dos médi- ve ser leve e várias horas antes de dormir.
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SEÇÃO V
CAPÍTULO 24 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados SURGIMENTO DE UMA
MENSAGEM DE SAÚDE

• As pessoas acostumadas a comer carne, inteiramente pelo comer alimento cárneo. na maioria dos casos, técnicos, volumosos, ca- cada número da revista, um amplo capítulo
molho de carne e pastelarias não sentem pra- • Cuidar da saúde é uma questão espiri- ros e, não raro, cheios de mera opinião pessoal sobre saúde, felicidade e infortúnios da vida
zer imediato em um regime alimentar simples tual, e reflete o comprometimento da pessoa flutuando em oceanos de verbosidade. E ne- doméstica, bem como a influência que essas
e integral. com Deus. nhum deles havia colocado o viver saudável coisas exercem sobre a perspectiva de obter a
• O apetite glutônico contribui para a • Um corpo e mente saudáveis afetam di- dentro do contexto da Mensagem do Terceiro vida porvir”.49 Esses seis “capítulos” desdo-
condescendência com as paixões corruptas. retamente a moral e a capacidade de discer- Anjo, a qual preparava um povo para encon- brariam a mensagem básica de sua mensagem
• Adotar um regime alimentar simples e nir a verdade. trar-se com o Senhor. anterior, “Saúde”. Além disso, no segundo ar-
nutritivo pode superar um dano físico provo- • Todas as promessas de Deus são feitas Tiago prosseguiu com seu entusiasmo ca- tigo Ellen White escreveu um conselho espe-
cado por um regime alimentar errado. sob condição de obediência. racterístico. Anunciou que, visto possuírem cífico sobre a relação entre marido e mulher
• Reformas alimentares poupam gastos e os adventistas urgente necessidade de litera- e o cuidado apropriado de bebês e crianças.
trabalho. Estilo de Vida Adventista tura sobre saúde, “para atender suas necessi- No quarto artigo apresentou conselho adicio-
• Crianças que comem alimento cárneo e Esses princípios fundamentais tornaram-se o dades atuais” e “a preços acessíveis aos mais nal para aqueles que cuidavam de doentes.
comidas picantes apresentam forte tendência esboço claro, sensível e prático do que veio a pobres”, seis folhetos estavam sendo prepara- Novo material sobre o assunto do vestuá-
para a condescendência sexual. ser conhecido mundialmente como o estilo de dos e seriam publicados sob o título Health, or rio feminino e infantil apareceu no quinto e
• As drogas venenosas prescritas pelo mé- vida adventista do sétimo dia.45 Ellen White How to Live. A Sra. White “apresentaria, a sexto artigos.50
dico matam mais pessoas do que todas as ou- muitas vezes ampliou esses princípios básicos,
tras causas de morte combinadas. provavelmente de maneira mais clara no vo- Referências
• A água pura deve ser usada abundante- lume lançado em 1905, A Ciência do Bom Vi-
mente na conservação da saúde e cura de ver. Uma de suas declarações impressionantes 1. Godfrey T. Anderson, que foi durante muito tempo presiden- Horace Mann (Boston: Horace B. Fuller, 1868), pág. 227, ci-
doenças. que tem estimulado milhões é: “Ar puro, luz te da Universidade de Loma Linda, citado em Warren L. tado em Reid, A Sound of Trumpets, pág. 25.
• Somente a Natureza tem poderes curativos. solar, abstinência, repouso, exercício, regime Johns, Richard H. Utt, editores, The Vision Bold (Washing- 9. Reid, A Sound of Trumpets, págs. 25-28.
ton, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1977), 10. Ibidem, págs. 29-31; D. E. Robinson, The Story of Our Health
• Os remédios mais comuns, como a es- conveniente, uso de água e confiança no po- pág. vii. Message (Nashville, TN: Southern Publishing Association,
tricnina, o ópio, o calomelano, o mercúrio e der divino – eis os verdadeiros remédios.”46 2. Patriarcas e Profetas, págs. 49 e 331. 1965), págs. 13-27.
a quinina, são venenos. Para os adventistas que viveram em 1864, 3. “Desde 1863, os adventistas do sétimo dia têm promulgado 11. Ronald L. Numbers, Prophetess of Health (Nova Iorque: Har-
uma visão global da pessoa humana. A visão de que o corpo, per & Row, Publishers, 1976), pág. 49.
• Os pais transmitem suas debilidades pa- esses princípios de saúde eram de fato estimu- a mente e o espírito são todos elementos integrados e inter- 12. Reid, A Sound of Trumpets, págs. 31-48.
ra os filhos; as influências pré-natais são lantes. Os adventistas haviam lido e ouvido relacionados que, juntos, formam um único ser é a própria 13. Malcolm Bull e Keith Lockhart, Seeking a Sanctuary,
enormes. alguns desses princípios antes, mas não den- pedra angular sobre a qual grande parte de nossa obra como pág. 128.
igreja foi edificada. Crendo que essas três partes são interde- 14. Renie B. Schoepflin, “Health and Health Care”, Land,
• Obedecer às leis de saúde prevenirá mui- tro do contexto espiritual de Ellen White. pendentes e se acham em constante interação, adotamos em World of E. G. White, págs. 143-158.
tas enfermidades. Além disso, os adventistas dispunham agora nossa antropologia uma abordagem de ‘sistemas’: a pessoa to- 15. Jerome L. Clark, “The Crusade Against Alcohol”, Land,
• Deus é com demasiada freqüência acusa- de um esboço conciso e coerente das leis de da não pode ser entendida apenas como a soma isolada de World of E. G. White, págs. 131-140; Stephen Nissenbaum,
suas partes. Cada variável no sistema acha-se tão enredada Sex, Diet, and Debility in Jacksonian America (Chicago: The
do de mortes provocadas pela violação das saúde, separado dos excessos e frivolidades de em sua interação com as outras partes que a chave para en- Dorsey Press, 1980), págs. 69-85; Robinson, Our Health Mes-
leis naturais. outros que estavam promovendo mudanças tender cada componente individualmente é a relação. ... sage, págs. 42-47.
• Precisa-se de luz solar e ar puro, princi- no estilo de vida. Deste ponto de observação, o empreendimento espiritual di- 16. Nissenbaum, Sex, Diet, and Debility, págs 39-52; Reid, A
rige-se a um ser sensível com capacidade de monitorar o Uni- Sound of Trumpets, pág. 85; Robinson, Our Health Message,
palmente nos quartos de dormir. Os White sabiam que os adventistas care- verso e reagir a ele (tanto consciente quanto inconsciente- págs. 42-47.
• O banho, mesmo o banho de esponja, ciam de toda ajuda possível para educarem a mente) baseando-se nas informações colhidas pelo radar físi- 17. Reid, A Sound of Trumpets, págs. 42 e 43.
co, racional/emotivo e espiritual. Assim, cada uma dessas es- 18. Ibidem, pág. 37; Robinson, Our Health Message, págs.
será benéfico no início da manhã. si mesmos e a outros nas leis da vida. Tiago feras fornece à pessoa, em sua totalidade, métodos de apren- 47 e 48.
• Deus não realizará milagres em favor da- White, valendo-se da revista da igreja, atraiu dizagem e sabedoria próprios, sendo talvez o ponto de parti- 19. Schoepflin, em Land, World of E. G. White, págs. 151-157.
queles que vivem violando as leis de saúde. a atenção para os livros e conferencistas dis- da adequado para a instrução ou discernimento espiritual, as- 20. Ibidem, pág. 155.
sim como uma distorção ou perigo em qualquer uma dessas 21. Ibidem, págs. 146-148; Reid, A Sound of Trumpets, págs. 79-
• Muitos doentes não apresentam causa poníveis na época a fim de apoiar o primeiro esferas servirá para arruinar a sobrevivência ou o bem-estar 81; Robinson, Our Health Message, págs. 28-37. Ver também
orgânica para sua enfermidade; seu problema artigo de sua esposa sobre “Saúde”: “Nosso da pessoa.” – Ginger Hanks-Harwood, “Wholeness”, Charles Ronald L. Numbers, Prophetess of Health, págs. 48-76.
é uma imaginação doentia. povo está de modo geral despertando para o W. Teel, Jr., ed., Remnant and Republic: Adventist Themes for 22. Carta de Otis Nichols, 20 de abril de 1846, citada em Bio-
Personal and Social Ethics (Loma Linda, CA: Center for graphy, vol. 1, págs. 76 e 77. Diversos exemplos de cura divi-
• O trabalho físico, feito com alegria, aju- assunto da saúde. ... E deve ter publicações Christian Bioethics, 1995), págs. 127 e 128. na incluem a Sra. Penfield (Carta 1, 1848 em MR, vol. 5,
dará a criar uma disposição saudável e jovial. alusivas ao assunto, capazes de atender às suas 4. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 485 e 486. págs. 248 e 249), Frances Howland (Spiritual Gifts, vol. 2,
• A força de vontade tem muito que ver atuais necessidades, a preços acessíveis aos 5. Parábolas de Jesus, pág. 346. “As faculdades morais estão en- pág. 42), William Hyde (ibidem, pág. 44), Clarissa Bonfoey
fraquecidas porque homens e mulheres não querem viver (Carta 14, 1850 em MR, vol. 7, pág. 352; vol. 8, págs. 221 e
com a resistência à doença e é calmante dos mais pobres.”47 em obediência às leis da saúde nem fazem deste grande as- 222) e Lumen Masten (Review and Herald, 30 de setembro
nervos. Ele se referia aos livros de Mann, Jackson, sunto um dever pessoal.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, de 1852). J. N. Loughborough relatou essas experiências em
• O exercício feito ao ar livre é importan- Trall, Coles, Lewis, Shew, Graham, Alcott e pág. 140. 1909, chamando atenção para o fato de que, na década de
6. Ver pág. 111. 1850, os adventistas “não tinham luz sobre o tratamento de
tíssimo para a saúde física e mental. outros.48 Durante anos estes escritores ha- 7. George W. Reid, A Sound of Trumpets (Washington, D.C.: doenças pelo emprego de remédios naturais, mas solicita-
• O excesso de trabalho provoca colapso viam estado procurando obter a atenção do Review and Herald Publishing Association, 1982), pág. 21. vam-nos que apresentássemos nossos doentes ao Senhor em
tanto na mente como no corpo; é necessário seu mundo. Cada qual salientava determina- 8. Horace Mann, “The Study of Physiology in the Schools”, oração, seguindo a regra do capítulo cinco de Tiago. ... Isto
Educational Annual Report for 1842, Annual Reports on levava algumas pessoas à conclusão de que todos os casos as-
um repouso da rotina diária. dos aspectos do viver saudável que Ellen Education, ed. Mary Tyler Mann, vol. 3, Life and Works of sim apresentados ao Senhor seriam curados. A respeito des-
• Muitos morrem de doença provocada White recomendava. Mas os livros deles eram,
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CAPÍTULO 24 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados SURGIMENTO DE UMA
MENSAGEM DE SAÚDE

ta conclusão, porém, não havíamos tido nenhuma instrução 29. Biography, vol. 1, pág. 224 (citado em Mensagens Escolhidas, Using (Boston: Ticknor and Fields, 1855); Dio Lewis, Weak Co., 1859); William A. Alcott, The Library of Health, and
por parte do irmão nem da irmã White.” Quando alguns fi- livro 3, pág. 273). O fumo foi tolerado por algum tempo en- Lungs and How to Make Them Strong (Boston: Ticknor and Teacher on the Human Constitution (Boston: George W. Light,
cavam perturbados com o falecimento da pessoa por quem tre os adventistas observadores do sábado. Na década de Fields, 1863); Joel Shew, Tobacco: Its History, Nature, and Ef- 1837).
haviam orado, Loughborough indicava o conselho de Ellen 1850, a revista da igreja publicou diversos artigos contendo fects on the Body and Mind (New York: Fowler and Wells, 49. Esses “capítulos” foram republicados em Mensagens Escolhi-
White em Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 120 e 121, tantos argumentos científicos como argumentos escriturísti- 1850); Joel Shew, The Hydropathic Family Physician; a Ready das, livro 2, págs. 410-479. Neste material, Ellen White uti-
onde ela deixa claro que toda oração sincera é respondida cos contra o fumo. A primeira exclusão da comunhão de um Prescriber and Hygienic Advisor with Reference to the Nature, lizou algumas informações de escritores de sua época, as quais
conforme a sabedoria divina. Em alguns casos, a morte talvez fumante ocorreu em Morristown, Vermont, em 1855. – Ro- Causes, Prevention, and Treatment of Disease, Accidents, and podia endossar.
fosse a maneira mais compassiva de atender à oração. Ver J. binson, Our Health Message, págs. 66-70. Casualties of Every Kind (New York: Fowler and Wells, 1854); 50. Quando se discute hoje as admoestações de Ellen White a
N. Loughborough, “Sketches From the Past – 77”, Pacific 30. Tiago White escreveu em 1857: “Naqueles dias [referindo-se Sra. M. L. Shew, Water-Cure for Ladies: a Popular Work on the respeito de vestuário, é preciso levar-se em conta a maneira
Union Recorder, 16 de setembro de 1909, pág. 1. ao fim da década de 1840 e ao início da década de 1850] hou- Health, Diet, and Regimen for Females and Children, and the como as pessoas costumavam se vestir na década de 1860 e os
23. Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 135 (1860). Em A Ciência do Bom ve provações, e essas provações surgiram, geralmente, em Prevention and Cure of Diseases; With a Full Account of the princípios de bom senso praticados por ela. Um de seus prin-
Viver (1905), Ellen White escreveu: “Os que buscam a cura conseqüência da propensão de desviar a atenção das pessoas Processes of Water-Cure; Illustrated With Various Cases (New cípios básicos apareceu no sexto artigo: “Não devem os cris-
pela oração não devem negligenciar o emprego de remédios das grandes verdades relacionadas com a Terceira Mensagem York: Wiley and Putnam, 1844); Sylvester Graham, Lectures tãos dar-se ao trabalho de se tornar objeto de estranheza por
ao seu alcance. Não é uma negação da fé usar os remédios para pontos sem importância vital. Tem sido impossível fazer on the Science of Human Life – Edição Popular (Londres: Hor- se vestirem diferentemente do mundo. Mas se, em harmonia
que Deus proveu para aliviar a dor e ajudar a natureza em sua alguns verem que a verdade presente é a verdade presente, e sell, Aldine, Chambers, 1849); Sylvester Graham, A Lecture com sua fé e dever em relação ao seu traje modesto e saudá-
obra de restauração.” – Págs. 231 e 232. não verdade futura, e que a Palavra, como uma lâmpada, ilu- to Young Men on Chastity (Boston: Charles H. Pierce, 1848); vel, eles se virem fora de moda, não devem mudar sua manei-
24. Biography, vol. 1, pág. 292. Algumas pessoas ficam estarreci- mina brilhantemente o lugar onde estamos, embora não ilu- William A. Alcott, The Physiology of Marriage (Boston: Dins- ra de vestir a fim de serem semelhantes ao mundo.” – Mensa-
das com a seguinte declaração feita por Ellen White em 31 mine tão claramente no caminho ao longe.” – Review and moor and Co., 1866); William A. Alcott, Forty Years in the gens Escolhidas, livro 2, pág. 476. Ver também Mensagens Es-
de janeiro de 1849 num volante (publicação de uma só fo- Herald, 31 de dezembro de 1857. Wilderness of Pill and Powders (Boston: John P. Jewett and colhidas, livro 3, págs. 241-255.
lha): “Se alguém dentre nós está doente, não desonremos a 31. Presenth Truth, novembro de 1850.
Deus recorrendo a médicos terrenos; recorramos ao Deus de 32. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 206 e 207. Ver pág. 34.
Israel. Se seguirmos Suas instruções (Tiago 5:14 e 15), os 33. Spiritual Gifts, vol. 4, págs. 124 e 146 (Conselhos Sobre o Re-
doentes serão curados.” Este volante foi editado e reproduzi- gime Alimentar, págs. 392 e 393).
do em Experience and Views e novamente em Primeiros Escri- 34. Manuscrito 3, 1854, citado em Mensagens Escolhidas, livro 3, Perguntas Para Estudo
tos, págs. 56-58. Esta referência específica aos médicos foi pág. 274. Cuidadoso exame dos escritos de Ellen White indi-
uma das frases eliminadas em impressões posteriores. Com ca que por “gordura” ela quer dizer gordura animal, tais como
banha de porco e sebo, ingredientes culinários muito comuns 1. De que forma integrante o Tema do Grande Conflito contribuiu para a mensagem de
freqüência a própria Ellen White editava o material que ha-
via escrito, revisando-o diversas vezes antes de ser publicado em sua época. saúde de Ellen White?
ou reimpresso. Qualquer escritor inteligente age assim perse- 35. Os antecedentes para esta importante visão encontram-se
guindo o objetivo de uma comunicação mais clara e menor em Biography, vol. 2, págs. 16-22; Robinson, Our Health Mes-
sage, págs. 75-85. Aconteceu, na verdade, numa sexta-feira à 2. Como os White mantiveram o bom senso em sua prática de curar a si mesmos e aos ou-
possibilidade de má interpretação. Ao chegar o tempo desse
material ser republicado, a Sra. White viu que esta frase po- noite, dia 5 de junho. Visto que o sábado já havia começado, tros, quando doentes?
deria ser mal compreendida em vista de seu hábito de consul- Ellen White se refere à data como dia 6 de junho.
tar médicos quando parecia apropriado. Ao pensarmos no li- 36. Review and Herald, 8 de novembro de 1870; também citado
em Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 495 e 496. 3. Como a Igreja Adventista chegou a uma posição contra o consumo da carne de porco?
mitado conhecimento médico do século dezenove, bem po-
demos entender por que ela concordava com a avaliação da 37. Manuscrito 149, sem data, citado em Robinson, Our Health
medicina da época, feita por Oliver Wendell Holmes (ver Message, pág. 81 (Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 279- 4. Qual foi a principal contribuição da visão sobre saúde recebida em 1863 em Otsego, que
pág. 279), quando ela escreveu, em princípios da década de 281).
38. Robinson, Our Health Message, pág. 83. transcendeu qualquer aspecto específico da mensagem da reforma de saúde?
1860: “Foi-me mostrado que maior número de mortes foi
causado por ingestão de drogas do que por todas as outras 39. General Conference Daily Bulletin, 8 de março de 1897, pág.
309; citado em Robinson, Our Health Message, págs. 83 e 84.
causas combinadas. Se houvesse na Terra um médico em lu-
40. Ibidem, pág. 84.
5. Por que era importante incluir na revista adventista do sétimo dia The Health Reformer
gar de milhares, muitas mortes prematuras teriam sido evita- escritos de conhecidos reformadores da saúde?
41. Review and Herald, 11 de abril de 1865.
das.” – Spiritual Gifts, vol. 4, pág. 133. Havia, porém, algo
42. Robinson, Our Health Message, pág. 96.
mais profundo por detrás dessa declaração de 1849. Em fins
43. Spiritual Gifts, vol. 4, pág. 153, citado em Robinson, Our
da década de 1840, os adventistas experimentaram muitas
Health Message, pág. 94 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar,
6. Recapitule alguns dos elementos da medicina convencional do século dezenove.
curas divinas notáveis (ver Life Sketches, págs. 121-124 e Bio-
pág. 482). Para um registro sucessivo da experiência de Ellen
graphy, vol. 1, págs. 88, 89, 115, 158, 159, 232 e 371) de en-
fermidades que muitas vezes desafiavam o conhecimento mé-
White com os princípios da reforma de saúde, mais seus prin- 7. Por que as notáveis curas entre os adventistas de meados do século dezenove pareciam
cípios de bom senso, ver Testemunhos Para a Igreja, vol. 2,
dico da época. Apoiavam-se em Tiago 5:14 e 15 e, repetidas
págs. 362-390. Para uma discussão sobre suas anotações sobre mais comuns do que agora?
vezes, se alegravam com a promessa cumprida. Viram dema-
regime alimentar e progresso pessoal, ver pág. 311.
siados contemporâneos seus serem sangrados, purgados e dro-
gados até a morte prematura. Em escritos posteriores, a Sra.
44. Spiritual Gifts, vol. 4, págs. 120-151. Ver Conselhos Sobre o Re- 8. Explique a repreensão feita por Ellen White a Stephen Haskell em 1858 a respeito da
gime Alimentar, págs. 481-494.
White deixou bem claro o devido equilíbrio entre a fé e a
45. Time de 28 de outubro de 1966 referiu-se às espantosas dife- carne suína e sua posterior condenação da prática. Que princípio pode explicar cada
cooperação com Deus no emprego do melhor conhecimento acontecimento?
renças estatísticas de saúde e mortalidade entre os homens
médico. adventistas da Califórnia e a população em geral como “A
25. José Bates, The Autobiography of Elder Joseph Bates (Battle Vantagem Adventista”.
Creek, MI: Steam Press of the Seventh-day Adventist Pu- 46. A Ciência do Bom Viver, pág. 127. Ver também Testemunhos
blishing Association, 1868), págs. 168 e 234. Para a Igreja, vol. 5, pág. 443.
26. The Health Reformer, julho de 1871. 47. Review and Herald, 13 de dezembro de 1864.
27. “A respeito dos pontos secundários da reforma [dietética], ele 48. Horace Mann “Report for 1842”, Life and Works of Horace
[Bates] exerceu influência silenciosa, mas não impôs suas prá- Mann (Boston: Lee and Shepard, 1891); James C. Jakson,
ticas sobre outros. Algumas vezes seus amigos perguntavam American Womanhood: Its Peculiarities and Necessities (Dans-
por que ele não ingeria alimentos cárneos, gordura animal ou ville, NY: Austin, Jackson & Co., Publishers); Russell T.
alimentos altamente condimentados; e ele calmamente re- Trall, Drug Medicines; their Nature, Consequences, and Modus
plicava: ‘Já comi o meu quinhão.’ Não chamava a atenção Operandi; with an Exposition of the False Doctrines on which
para seus particulares pontos de vista sobre o regime alimen- their Employment is Predicated (New York: Davies & Kent,
tar apropriado, a menos que lhe perguntassem.” – Robinson, 1862); Larkin B. Coles, Philosophy of Health: Natural Princi-
Our Health Message, pág. 59. ples of Health and Cure (Boston, Ticknor and Fields, 1855);
28. Review and Herald, 8 de novembro de 1870. Larkin B. Coles, The Beauties and Deformities of Tobacco-

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO V

25
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
pareciam familiarizadas com um ou dois dos grandemente beneficiado. Faz, contudo, cer-
avanços contemporâneos, mas o conceito da ca de um ano desde que iniciei uma reforma
saúde total escapou-lhes à compreensão até com respeito ao consumo de carne. Visto ter
captarem o conceito coerente e espiritual- o hábito de ingerir carne três vezes por dia
mente motivado descrito por Ellen White. quando podia obtê-la, durante os primeiros
Princípios de Saúde/2 Alguns haviam experimentado hidroterapia dois meses, comi carne apenas duas vezes
e usado pão integral. Mas seu estilo de vida por semana. Em seguida, durante um mês,
geral, inclusive a maneira como se relaciona- apenas uma vez por semana. Depois, duran-

Relação Entre a Saúde e vam com o regime alimentar, o exercício, o


asseio e o ar puro, era, de modo geral, idênti-
co ao dos outros norte-americanos.4
te três meses, apenas uma vez por mês. E du-
rante os últimos quatro meses, nenhuma
carne passou por meus lábios. Nestes últi-
mos dois meses tenho tomado apenas duas

a Missão Espiritual A Jovem Annie Smith


Enquanto trabalhava na editora em Roches-
ter, Nova Iorque, como uma das assistentes de
refeições por dia. Desde que ingressei pela
primeira vez no serviço de Deus com a ida-
de de 17 anos, nunca o sono foi mais doce, a
redação de Tiago White, Annie Smith con- saúde melhor nem a mente mais disposta, do
“Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para o traiu tuberculose (uma doença muito comum que nos últimos dois meses.
teu corpo, e refrigério para os teus ossos.” Prov. 3:7 e 8. na época). Embora, segundo conta a mãe de- “Com a breve experiência que tive, não
la, a jovem tivesse feito uso de tratamentos voltaria, de forma alguma, a ingerir nova-
hidroterápicos, a doença progrediu rapida- mente carne, condimentos, pimenta, bolo

E
m seus seis folhetos sobre saúde, os lho direto de Ellen White. Ao mesmo tempo, mente, ceifando-lhe a vida em oito meses. doce, picles, mostarda e com eles ter dor de
White incluíram deliberadamente os ela recomendava cautela com determinadas Muito talentosa e quase indispensável, mor- cabeça, dor de estômago e desânimo; nem
escritos de “reformadores da saúde ca- idéias ou sugestões contidas em outros artigos reu em 1855, com a idade de 27 anos.5 abandonaria o saudável regime de frutas, ce-
pazes e experientes, em acréscimo aos artigos incluídos nestes seis folhetos, como por reais e verduras, com água pura como bebida,
de Ellen White”.1 Escrevendo alguns anos exemplo a advertência de que nem todos os A Experiência de J. N. Loughborough e com ele não ter mais dor de cabeça, mas
depois, Tiago White afirmou que os folhetos doentes podem ser suficientemente fortes pa- Quando J. N. Loughborough tinha 16 anos boa disposição, felicidade, vigor e saúde.
eram “formados principalmente pelos mais ra a audácia da terapia da água fria e o exer- de idade, seu tio lhe apresentou o “pão inte- “Eu, porém, não obrigo outros a aceitarem es-
veementes e valiosos artigos e sínteses de cício pesado por longos períodos de tempo. gral” e uma modalidade de hidroterapia que sas coisas nem os condeno por causa da carne.
Trall, Jackson, Graham, Dio Lewis, Coles, Ellen White evitava as idéias de reforma- consistia em um banho com água gelada se- Julgo, porém, um privilégio contar-lhes que bên-
Horace Mann, Gunn e muitos outros. ... Esta dores de saúde da sua época que estavam em guido de vigoroso exercício. Seus pulmões es- ção temporal encontrei assim procedendo.”7
obra é fácil de ler e bem adaptada às necessi- conflito com os princípios que ela recebera tavam expelindo sangue e o remédio aconse-
dades das pessoas. Obteve ampla circulação em visão, tais como a condenação do sal, não lhado foi fumar! Escrevendo sobre o inciden- A Família Andrews
fora do meio adventista do sétimo dia, e sua apenas por ser inteiramente falto de nutrição, te anos depois, Loughborouh acrescentou: Angeline Andrews, esposa do culto John,
influência para o bem em chamar a atenção mas também por ser indigesto. “Este recurso ao fumo mostra como eram va- manteve um diário entre os anos de 1859-
das pessoas para o assunto da reforma de saú- Quantos desses princípios fundamentais gas nossas idéias sobre o viver saudável.”6 1864. Uma primeira anotação chamava a
de dificilmente poderá ser estimada.”2 de saúde os adventistas haviam conhecido e Como leigo, Loughborough pregou as dou- atenção para o abate de um porco. Ela se re-
No primeiro folheto, Tiago White escreveu posto em prática antes da visão de Otsego? trinas dos adventistas do primeiro dia de 1849 feriu à morte do filho de uma vizinha que ti-
o artigo principal intitulado “Santificação”. Qual o resultado dessa esfera adicional que a 1852. Em 1852, quando tinha 20 anos de nha inflamação da garganta. O médico a lan-
Estabeleceu o padrão para o conjunto dos seis aqueles 3.500 adventistas começavam agora a idade, tornou-se adventista do sétimo dia. Em cetou e aplicou na criança uma dose de mor-
folhetos, ao associar a saúde física com a saúde compreender mais claramente? Com exceção 1864, com a idade de 32 anos, acompanhou os fina, o que contribui para sua morte súbita.
espiritual. “Para aqueles que são ativos mas de José Bates, que resolveu ser apenas um si- White num itinerário pela Nova Inglaterra. No outono de 1862, a filha Mary contraiu
que estão sofrendo de deficiência na saúde”, lencioso evangelista da saúde (ver pág. 280), Escrevendo posteriormente sobre esta expe- coqueluche. Angeline envolveu o bebê em
diz ele perto da conclusão do artigo, “reco- poucos haviam adotado esses princípios. Se riência, declarou: “Fui grandemente beneficia- lençóis úmidos, tentando baixar a febre. O
mendamos com urgência as publicações de bem que esses princípios fossem discutidos do nesta viagem, não somente pela instrução médico da região administrou em várias oca-
saúde, das quais mantemos um bom sortimen- aqui e ali, certamente não representavam o ministrada por eles nas coisas espirituais, mas siões um sortimento de venenos tais como
to à mão. ... Para aqueles que julgam estar mundo médico de meados do século dezeno- também pela excelente informação que trans- extrato de ipecacuanha, nitrato de potássio e
bem, diríamos: Assim como vocês valorizam as ve. E parece que, antes de 1863, somente uns mitiram sobre saúde, regime alimentar, etc. quinino. A mãe aflita, ainda à procura de aju-
bênçãos da saúde e honram o Autor do seu ser, poucos adventistas do sétimo dia haviam le- “E neste ponto eu diria que estou tentan- da, recebeu uma receita de xarope de sua ir-
aprendam a viver em obediência a essas leis es- vado a sério essas reformas. do praticar as instruções sobre saúde que re- mã. Depois de dar a dose a Mary, escreveu:
tabelecidas em seu ser pelo Alto Céu.”3 Diversas famílias adventistas (incluindo cebi. Durante o pouco tempo em que tenho “Mary nunca esteve mais doente do que nes-
Os artigos escritos por outros reformadores Annie Smith, J. N. Loughborough, a família estado me esforçando para viver estritamen- ta tarde. O medicamento não a fez vomitar
de saúde foram usados para reforçar o conse- de J. P. Kellogg e a família de J. N. Andrews) te de acordo com as leis da vida, tenho sido como eu supunha.”8
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CAPÍTULO 25 O ministério profético de Ellen G. White
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Depois de ler um artigo sobre curar difte- sive o Dr. Merritt Kellogg, o Dr. John Harvey apresentado um corpo sistemático e harmo- O Endosso do Dr. Kellogg
ria com simples tratamentos com água que Kellogg e Will K. Kellogg, o rei dos flocos de nioso de verdades sobre saúde, livre de erros • Em 1863 a reforma de saúde era “quase
Tiago White havia reimpresso na revista da milho. A família Kellogg estava no coração óbvios e coerente com a Bíblia e os princípios totalmente ignorada” pelos adventistas e pe-
igreja,9 parece que a família Andrews ficou da obra adventista em desenvolvimento na da religião cristã. lo “mundo em geral”.
mais interessada em “banhos quentes” para região central do país. “Muitos dos princípios ensinados vieram a • Os poucos que estavam defendendo a
fins terapêuticos. Mas outras idéias sobre re- Os registros de família indicam que os Kellogg ser tão geralmente adotados e praticados que “reforma” incluíam em seus conceitos “os er-
forma de saúde não eram evidentes na vida fizeram bom uso dos métodos hidropáticos. já não são reconhecidos como reformas, e po- ros mais óbvios... e detestáveis”.
da família Andrews. dem, na verdade, ser considerados como cos- • Ninguém, antes das mensagens de Ellen
Mas, ao que parece, outros aspectos da refor-
Em julho de 1869, J. N. Andrews escre- tume predominante entre as classes mais in- White, havia apresentado um “corpo siste-
ma de saúde eram ou desconhecidos ou sua
veu: “O assunto da reforma de saúde tem ab- teligentes. Os princípios que, um quarto de mático e harmonioso de verdades sobre saú-
importância não causara impacto. O filho século atrás, eram ou inteiramente ignorados de, livre de erros óbvios e coerente com a Bí-
sorvido minha atenção por mais de cinco John Harvey, nascido em 1852, relembrou ou feitos objeto de ridículo conquistaram se- blia e os princípios da religião cristã”.
anos. Durante todo este período de tempo, que, quando menino, seus dois alimentos fa- renamente a confiança e a estima pública, até • Milhares de pessoas mudaram hábitos de
por causa da consciência, esforcei-me estrita- voritos eram rabada bem tostada no forno e o o mundo esquecer que eles nem sempre fo- toda uma vida depois de ler essas mensagens
mente para respeitar os princípios desta no- caramelo que seu pai vendia no armazém da ram assim aceitos. ... porque reconheceram nelas não apenas a
bre reforma e viver à altura deles. Visto que família. No porão da casa da família Kellogg “Deve-se, sem dúvida, considerar coisa harmonia inerente, mas também seu endosso
seus efeitos sobre mim foram tão assinalados havia um pequeno barril de cerveja para ser notável, evidência manifesta e inequívo- divino.
como todos quantos comigo se associaram usado para “estômago fraco”.13 ca da inteligência e orientação divinas, • Os princípios apresentados por Ellen
durante este período têm observado, tenho o Quando escreveu em 1890 o prefácio do que, em meio aos ensinos confusos e con- White têm suportado “a prova do tempo e da
prazer de declarar brevemente minha própria livro Christian Temperance and Bible Hygiene, flitantes que pretendiam possuir a autori- experiência”.
experiência.”10 dade da ciência e da experiência mas que • Muitos desses princípios, ridicularizados
o Dr. Kellogg levantou a pergunta: “Quem
Em fevereiro de 1872, ele mencionou que a eram distorcidos por idéias radicais e tor- ou ignorados em 1863, haviam se tornado
contou a Ellen White sobre a reforma de saú-
família Andrews havia começado a praticar a nados impotentes para o bem, devido à aceitos em 1890.
de?” “Faz quase trinta anos, apareceu impres-
reforma de saúde em março de 1864.11 Um mês grande mistura de erros – deve-se admitir • Notáveis descobertas científicas desde
so o primeiro de uma série de extraordinários
depois, escreveu especificamente sobre o com- como algo extraordinário, que uma pes- 1863 serviram apenas para fortalecer esses
e importantes artigos sobre o assunto da saú-
promisso que sua família fizera em 1864, quan- soa sem conhecimentos científicos ou princípios, sem a “subversão de um único
de, escritos pela Sra. E. G. White. ... Milha- erudição tenha sido capaz de organizar, princípio”.
do abandonaram “condimentos, pimenta, vi-
nagre... manteiga, carne, peixe” e substituíram res de pessoas foram levadas a modificar hábi- dentre a massa de idéias confusas e man- • A orientação divina é necessária tanto
“farinha refinada por farinha integral”. Em seu tos longamente cultivados e a renunciar chadas pelo erro promovidas por uns pou- para distinguir a verdade do erro quanto no
lugar, passaram a comer agora “grande quanti- práticas inteiramente estabelecidas pela he- cos escritores e pensadores sobre temas “desdobramento de novas verdades”.
dade de frutas, verduras e cereais de boa quali- reditariedade e pela longa condescendência. de saúde, um corpo de princípios de saú- • Este registro de quase trinta anos apre-
dade” e “usar algum leite e um pouco de sal”.12 Tão grande revolução não poderia ser realiza- de tão harmonioso, coerente e autêntico, senta “evidência manifesta e inequívoca da
da numa corporação de pessoas, sem a ajuda que as discussões, as pesquisas, as desco- inteligência e orientação divinas”; em meio
A Família Kellogg de um incentivo poderoso, que, neste caso, bertas e a experiência de quase um quar- aos “ensinos confusos e conflitantes”, uma
A família de John P. Kellogg aceitou avida- era sem dúvida, a crença de que os referidos to de século não tenham resultado na pessoa “sem conhecimentos científicos ou
mente a verdade tão logo ela lhes chegou ao escritos, não apenas levavam o selo da verda- subversão de um único princípio, antes erudição foi capaz de organizar, dentre a mas-
conhecimento. Por volta de 1852 estavam de, mas eram também confirmados como tal tenham servido apenas para ratificar as sa de idéias confusas e manchadas pelo erro
guardando o sábado do sétimo dia mediante por uma autoridade mais que humana. ... doutrinas ensinadas. promovidas por uns poucos escritores e pen-
“Na época em que os referidos escritos “A orientação da sabedoria infinita é tão sadores sobre temas de saúde, um corpo de
os esforços de José Bates. Em 1852, Kellogg
apareceram pela primeira vez, o assunto da necessária no discernimento entre a verdade princípios de saúde tão harmonioso, coerente
havia se unido a três outros resolutos adven-
e o erro quanto no desdobramento de novas e autêntico”.
tistas para propor a Tiago White que contri- saúde era quase que inteiramente ignorado,
verdades. A novidade não é, de forma algu-
buiriam com a mudança do estabelecimento não apenas pelo povo a que se destinava, mas ma, a característica distintiva dos princípios Relação Entre a Mensagem
gráfico de Rochester, Nova Iorque, para Bat- também por parte do mundo em geral. Os verdadeiros, e o princípio aplica-se às verda- de Saúde e a Comissão Evangélica
tle Creek, Michigan, com uma doação de 300 poucos que defendiam a necessidade de uma des da reforma de saúde, bem como aos de Ellen White relacionou coerentemente a
dólares por pessoa – uma quantia pesada para reforma nos hábitos físicos propagavam, em outros movimentos de reforma.”14 ênfase na saúde com a “mensagem do tercei-
as escassas posses deles. Tempos depois, Kellogg ligação com a defesa de princípios reformató- O que concluímos do endosso irrestrito ro anjo” – de maneira tão íntima como “a
encabeçou a lista de contribuintes para a rios verdadeiros, os erros mais evidentes e, em do Dr. Kellogg ao impacto das mensagens mão em relação ao corpo”.15 Ou seja, a men-
primeira instituição de saúde da Igreja Ad- alguns casos, os mais detestáveis. de saúde derivadas de sua visão de Otsego sagem de saúde constituía importantíssimo
ventista. Ele foi pai de dezesseis filhos, inclu- “Ninguém, em nenhum lugar, havia ainda em 1863? aspecto do “evangelho eterno”. Apoc. 16:4.
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CAPÍTULO 25 O ministério profético de Ellen G. White
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Esta ligação fundamental se baseia em três car os princípios do Tema do Grande Con- ção, o povo de Deus deve conhecer a si mes- te, a serem recebidas com a bênção de Deus, ou
princípios: flito na unificação do espiritual com o físi- mo. ... Devem eles ter sempre o apetite em rejeitadas por nossa própria conta e risco.”25
• O princípio humanitário. De muitas ma- co e o mental. Colocar as questões de saúde sujeição aos órgãos morais e intelectuais.”22 • A saúde afeta diretamente o julgamento
neiras, por preceito e por exemplo, Ellen dentro do objetivo da Tríplice Mensagem • Saúde intimamente ligada com a santifica- moral. É provável que o fato de Ellen White
White salientava que “a obra da reforma de Angélica de Apocalipse 14 ergueu a ques- ção. Ellen White não hesitava em indicar a relacionar a saúde ao julgamento moral te-
saúde é o meio empregado pelo Senhor para tão da saúde do nível da opinião pessoal pa- direta relação existente entre os hábitos diá- nha sido um dos conceitos mais convincentes
diminuir o sofrimento de nosso mundo”.16 ra o nível do comprometimento espiritual e rios e a formação do caráter: “Um corpo en- para inúmeros milhares de pessoas: “Tudo que
• O princípio evangélico. Ellen White foi desenvolvimento do caráter. Os princípios
instruída (e sua própria experiência confir- fermo e um intelecto desordenado em virtu- nos diminui a força física enfraquece a men-
de saúde achavam-se ligados a objetivos es- de de contínua tolerância para com a nociva te e a torna menos capaz de discernir entre o
mou o princípio) de que a reforma de saúde
deve ser a ponte pela qual o evangelho irá ao pirituais: concupiscência tornam impossível a santifi- bem e o mal. Ficamos menos aptos para esco-
encontro das pessoas onde elas se encontram. • O primeiro dever para com Deus e para cação do corpo e do espírito.”23 Além disso, lher o bem, e temos menos força de vontade
Ela chamou a mensagem de saúde de a “gran- com o homem é o desenvolvimento próprio. A “os que têm sido instruídos com relação aos para fazer aquilo que sabemos ser justo.”26
de cunha de entrada... a porta através da qual seguinte declaração original feita pela Sra. efeitos prejudiciais do uso da alimentação Muitos dos primeiros adventistas admiti-
deve a verdade para este tempo encontrar en- White tem inspirado muitos jovens: “Nosso cárnea, do chá e do café, bem como de comi- ram que eliminar a carne de porco e as bebidas
trada em muitos lares. ... [Ela] muito fará no primeiro dever para com Deus e nossos se- das muito requintadas e insalubres, ... Deus alcoólicas era para o próprio bem deles. Al-
sentido de afastar o preconceito contra nossa melhantes é o do desenvolvimento próprio. requer que o apetite seja dominado, e se pra- guns reconheceram depois que os alimentos
obra evangélica.”17 ... Logo é bem empregado o tempo que se tique a renúncia. ... É esta uma obra que tem cárneos não eram benéficos. Mas a relação
Especificamente, a respeito das institui- usa no estabelecer e preservar a saúde física de ser feita antes que o povo de Deus possa existente entre a temperança (domínio pró-
ções adventistas que cuidam da saúde, ela es- e mental. Não podemos permitir que defi- ser apresentado diante dEle perfeito.”24 prio) e o discernimento espiritual não veio tão
creveu: “O grande objetivo de receber des- nhe ou invalide qualquer função do corpo
crentes na instituição [o hospital] é levá-los a Líderes adventistas, como J. H. Waggoner, rapidamente. A maioria, a princípio, não via
ou da mente.”20 viram a distintiva diferença entre as vozes
aceitar a verdade.”18 ligação alguma entre a pregação do evangelho
• A reforma do coração antes da reforma de contemporâneas que apelavam pela reforma
• O princípio soteriológico. Este terceiro ou seu crescimento espiritual e aquilo que co-
saúde. Ellen White mantinha as prioridades
princípio fornece a distinção adventista para de saúde e o “princípio avançado” de Ellen miam. Ellen White mantinha sua postura,
certas – conservar a saúde é, antes de tudo,
a reforma de saúde do século dezenove: a ên- White. Waggoner escreveu: “Não professa- muitas vezes contra muitos que julgavam esti-
um desafio espiritual: “Jamais serão os ho-
fase adventista sobre saúde tinha em vista mos ser pioneiros nos princípios gerais da re- vesse ela defendendo extremos. Ela resoluta-
mens verdadeiramente temperantes sem
ajudar a “preparar um povo para a vinda do forma de saúde. Os fatos sobre os quais este mente levou seus colegas a pensar mais clara-
Senhor”. “Aquele que se apega à luz que que a graça de Cristo seja um permanente
movimento se alicerça foram elaborados, em mente: “Alguns têm escarnecido desta obra de
Deus lhe deu sobre a reforma de saúde tem princípio no coração. ... Nenhuma mera
grande medida, por reformadores, médicos e reforma, dizendo que era desnecessária, que
um importante auxílio na obra de ser santifi- restrição de seu regime alimentar curará seu
apetite doentio. ... O que Cristo realiza no escritores da área de fisiologia e saúde, de mo- era um reavivamento destinado a desviar o es-
cado pela verdade e estar habilitado para a do que podem ser encontrados dispersos por
interior será manifesto no exterior sob os pírito da verdade presente. Têm eles dito que
imortalidade.”19 todo o país. Uma coisa, porém, reivindica-
Essa tríplice ligação nem sempre tem sido ditames de um intelecto convertido. O pla- o assunto tem sido levado a extremos. Não sa-
no de iniciar pelo exterior e procurar atuar mos: que, pelo método seletivo de Deus, a re- bem a respeito do que estão falando. Enquan-
compreendida. Alguns fizeram da mensa-
gem de saúde um fim em si mesma, ao de- interiormente tem sempre falhado e falhará forma de saúde tem sido mais clara e convin- to homens e mulheres que professam piedade
senvolver uma rede mundial de hospitais e sempre.”21 centemente revelada e está, por meio disso, estão enfermos do alto da cabeça à planta do
clínicas; outros fizeram da mensagem de saú- • Preparação para a chuva serôdia e o alto produzindo um efeito que não poderíamos es- pés, enquanto suas energias físicas, mentais e
de um convincente artifício de relações pú- clamor. Esta aplicação do princípio de saúde é perar por nenhum outro meio. morais estão debilitadas pela satisfação do ape-
blicas pelo qual pessoas não adventistas se um conceito profundo e caracteristicamente “Na qualidade de meras verdades fisiológi- tite depravado, e o trabalho excessivo, como
tornariam suficientemente interessadas para adventista. “O povo de Deus”, escreveu Ellen cas e de saúde, elas podem ser estudadas por podem eles pesar as evidências da verdade e
sentar-se e ouvir um sermão evangelístico. White em 1867, “não está preparado para o alguns em seu tempo livre e postas de lado compreender as exigências de Deus?”27
Ambas eram maneiras apropriadas de em- alto clamor da terceira mensagem angélica. por outros como coisa de pouca importância; • O comprometimento com a saúde revela a di-
pregar os princípios adventistas de saúde, Eles têm uma obra a fazer por si mesmos, e mas, quando colocadas no nível das grandes mensão do cuidado pelos outros. Ellen White era
mas deficientes no propósito fundamental verdades da terceira mensagem angélica pela
que não podem deixar para que Deus a faça extremamente prática. Seu conselho era bem
que tornou distintiva a ênfase de Ellen Whi- sanção e autoridade do Espírito de Deus, e as-
te sobre saúde. O propósito primordial era por eles. ... O lascivo apetite torna homens e fácil de entender. Naqueles dias, antes dos ser-
mulheres escravos, obscurecendo-lhes o inte- sim declaradas como sendo o meio pelo qual viços hospitalares modernos e do advento dos
unir o espiritual e o físico no nível prático
diário da pessoa normal. lecto e diminuindo-lhes a sensibilidade moral as pessoas fracas podem tornar-se fortes para antibióticos, famílias numerosas viviam muitas
a tal ponto que as sagradas e elevadas verda- vencer, e nosso corpo doente purificado e ha- vezes debaixo de um só teto. Os idosos e os
Princípios de Saúde e Objetivos Espirituais des da Palavra de Deus não são apreciadas. ... bilitado para a trasladação, então elas vêm a doentes eram a preocupação dos que, por casua-
Ellen White era específica e prática ao apli- Para que esteja em condições para a traslada- nós como parte essencial da verdade presen- lidade, estavam com saúde naquele momento.
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CAPÍTULO 25 O ministério profético de Ellen G. White
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A Sra. White, observando que esse pesado pode tornar-se egocêntrica e negligenciar o vicção da liderança médica, fundamentada teórico. Não incluir os princípios da mensa-
fardo acabava recaindo sobre as jovens e ata- bem-estar dos outros. Cuidar da saúde é uma em fortes evidências, de que a liderança mi- gem de saúde dentro da plenitude do “evan-
refadas mães e outros membros da família, es- questão espiritual, e não apenas uma preocu- nisterial aceitava apenas parcialmente a gelho eterno” afeta diretamente a preparação
creveu: “Muitos têm dito por suas ações: ‘Não pação física. mensagem de saúde. Para dizer a verdade, al- da igreja no cumprimento de sua comissão
é da conta de ninguém se comemos isto ou • O comprometimento com a saúde entre os guns líderes da denominação estavam ressen- evangélica. Além disso, impede o crescimen-
aquilo. Seja o que for que fizermos, nós mes- fatores que se relacionam com um povo prepara- tidos com a maneira entusiástica como Kellogg to na graça.36
mos é que temos de suportar as conseqüên- do. Ellen White fez uma associação direta en- havia endossado os pontos de vista mais am- Essa separação entre o que o próprio Deus
cias.’ Prezados amigos, vocês estão grande- tre o comprometimento de uma pessoa com a plos de Ellen White acerca do viver saudável havia unido limitou o potencial de testemu-
mente enganados. Não são vocês os únicos a saúde física e espiritual e seu preparo para a – principalmente a condenação dos alimen- nho adventista e diminuiu o impacto total do
sofrerem por causa de sua errônea maneira de vida eterna. Mais uma vez aqui a “restaura- tos cárneos. Para Kellogg, era difícil aceitar “evangelho eterno”. (1) As instituições de-
viver. A sociedade em que estão sofre em alto ção”30 – o objetivo do Tema do Grande Con- que líderes denominacionais carnívoros criti- nominacionais do cuidado da saúde talvez
grau as conseqüências de seus erros, da mesma flito – determinou a filosofia de saúde. cassem seu livro The Living Temple.34 não percebam plenamente seu propósito ori-
maneira que vocês. Se vocês sofrem por causa A respeito do tipo de pessoa preparada pa- Embora errado, Kellogg achou que o fato ginal de (a) instruir o mundo na aplicação de
da sua intemperança no comer e beber, nós ra a volta de Jesus, a Sra. White escreveu: de Ellen White apoiar a liderança “espiritual” “meios terapêuticos naturais” a fim de preve-
que nos achamos ao seu redor ou a vocês asso- “Cremos, sem nenhuma dúvida, que Cristo da denominação em 1901 (na reorganização nir e curar as doenças e (b) tornar suas insti-
ciados, também somos afetados por suas enfer- está para vir em breve. ... Quando Ele vier, que também limitaria o braço da saúde) e tuições um testemunho inequívoco dos prin-
midades. Temos de sofrer por causa de manei- não nos há de purificar de nossos pecados, re- atacar seu The Living Temple significava que cípios evangélicos conforme desenvolvidos
ra errônea em que vivem. ... Se, em vez de ter mover de nós os defeitos que há em nosso ca- ela havia sido desencaminhada e estava sen- na terceira mensagem angélica.37 (2) Ao
um espírito bem disposto, vocês estão som- ráter, ou curar-nos das fraquezas de nosso do fortemente influenciada pelos inimigos mesmo tempo, alguns líderes espirituais des-
brios, lançam uma nuvem sobre o espírito de temperamento e disposição. Se acaso esta dele. A ruptura subseqüente entre a ênfase na creram ou ignoraram os princípios de saúde
todos os que os rodeiam. ... Talvez tenhamos obra houver de ser efetuada em nós, sê-lo-á saúde e a liderança ministerial-teológica se- que o Dr. Kellogg e Ellen White vigorosa-
certo grau de confiança em nosso próprio juí- totalmente antes daquela ocasião. Quando o parou muita gente através dos anos e compli- mente endossaram. Tentar promover a men-
zo, todavia queremos ter conselheiros; pois Senhor vier, os que são santos serão santos cou desnecessariamente a voz unificada da sagem distintiva de Apocalipse 14 com o bra-
Igreja Adventista do Sétimo Dia. ço direito paralisado é, por assim dizer, causar
‘na multidão de conselheiros há segurança’. ... ainda. Os que houverem conservado o corpo
A “cirurgia” administrativa na década de o próprio fracasso.
Mas que nos importa seu juízo, se a capacida- e o espírito em santidade, em santificação e
1900, que reduziu o “braço direito” em seu Tanto a liderança médica como a ministe-
de de seu cérebro foi sobrecarregada ao máxi- honra receberão então o toque final da imor-
relacionamento apropriado com o corpo, ser- rial esqueceram muitas vezes que um dos
mo, e a vitalidade retirada do mesmo para talidade.”31
viu somente para aprofundar a ferida. Sepa- princípios do Tema do Grande Conflito é o
atender às comidas impróprias introduzidas de que homens e mulheres são responsáveis e
rar o espiritual do físico acabou criando uma
em seu estômago ou à enorme quantidade de Não Mera Diferença de Opinião
enfermidade mais grave. Reduzir o poder po- que Deus não realizará “milagres” que passem
alimento, mesmo que seja saudável?... Portan- Unir ou separar o físico do espiritual não se por alto a obediência ao dever conhecido.38
lítico do “braço direito” a fim de fazê-lo rela-
to, sua maneira de viver nos afeta. Impossível trata meramente de uma questão filosófica, cionar-se adequadamente com a organização Quando ambos os líderes, tanto os da área de
lhes é seguir qualquer orientação errônea, sem nem apenas uma questão de diferenças inter- denominacional interferiu nas questões mais saúde como os da área espiritual, estimulam
causar a outros sofrimento.”28 pessoais de opinião. A crise Kellogg em fins profundas sobre a maneira como os hábitos os métodos “de cura” que passam por alto a
• O comprometimento com a saúde é mais da década de 1890 e início da década de físicos afetam diretamente a saúde mental e responsabilidade humana pelas escolhas, os
motivado pelo desejo de glorificar a Deus ao aju- 1900 pode ter acabado como uma luta pelo espiritual. princípios da vida são violados. Quando os
dar os outros. Paulo deixou claro que viver poder, mas se baseava em questões mais pro- Alguns dizem que o “braço direito” do doentes, por exemplo, são incentivados a re-
para a glória de Deus é o mais elevado alvo do fundas do que em opinião pessoal. Centrali- evangelho da saúde tem vivido em virtual ceber cuidados de saúde sem aderir às leis na-
cristão: “Portanto, quer comais, quer bebais, zava-se no rumo futuro do pensamento e prá- isolamento do corpo espiritual – um sinal de turais cuja violação provocou a doença, o
ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para tica adventistas. Na virada do século, a de- que o corpo espiritual tem compreendido mal evangelho não é compreendido.39 Ou, quan-
a glória de Deus.” I Cor. 10:31. Ellen White nominação lutava com a força crescente do seu evangelho. Por alguma estranha razão, do o pecador é incentivado a crer que Deus
freqüentemente salientava esta motivação “braço direito”.32 Os proponentes da mensa- em sua maioria, nem os líderes espirituais perdoa quando ele ignora o compromisso
como “a glória do abnegado amor. À luz do gem de saúde e o crescente poder político nem os líderes da saúde viram que, para con- com o dever conhecido, o evangelho é clara-
Calvário se patenteará que a lei do amor que (denominacional) pareciam estar dirigindo o servar a integridade da mensagem adventista, mente mal representado.40
renuncia é a lei da vida para a Terra e o Céu; programa mundial da igreja.33 Para compli- os hábitos físicos não podiam ser separados Ellen White estimulou corajosamente os
que o amor que ‘não busca os seus interesses’ car a confrontação, estavam os pontos de do crescimento espiritual. Ellen White cha- membros da igreja que percebem o “ponto
tem sua fonte no coração de Deus.”29 vista aberrantes do Dr. Kellogg. Achava-se mou esta separação entre os ministros do morto em que têm caído” para religarem a
Os benefícios colaterais desta motivação em jogo não apenas a clareza da teologia ad- evangelho e os obreiros médicos missionários mensagem de saúde à mensagem teológica:
superior incluem vida mais longa, menos ventista, mas também a direção financeira de “o pior mal” que podia ser introduzido na “Enviem às igrejas obreiros que apresentem
doença, etc. Mas se a motivação superior é da denominação. Igreja Adventista.35 os princípios da reforma de saúde em ligação
eclipsada, grande parte da reforma de saúde Por trás da luta pelo poder, estava a con- Esta ruptura não é um mero desacordo com a mensagem do terceiro anjo, a cada fa-
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SEÇÃO V
CAPÍTULO 25 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados RELAÇÃO ENTRE A SAÚDE
EA MISSÃO ESPIRITUAL

mília e indivíduo. A todos incentivem a to- Ellen White havia sido extremamente pa- Referências
mar parte na obra em favor de seus semelhan- ciente com o Dr. Kellogg, a quem ela e o ma-
mento saudável de nosso corpo e mente defendido por estes
tes, e vejam se não voltará rapidamente a es- rido haviam pessoalmente patrocinado na 1. Review and Herald, 13 de dezembro de 1864.
escritos da irmã White que eu não esteja preparado para de-
2. The Health Reformer, fevereiro de 1871.
sas igrejas o fôlego de vida.”41 obtenção da graduação em medicina.48 Esta- 3. Health, or How to Live, No 1, pág. 18. monstrar conclusivamente do ponto de vista da evidência
va bem informada do ressentimento e hostili- 4. Um especialista em história da medicina descreve nitida- científica.” Ellen White escreveu a parte do livro chamada
mente os hábitos do século dezenove: “Com toda a sua apa- “Christian Temperance”, e Tiago White, a parte denomina-
Ligação do Pastor e do Médico dade que alguns pastores nutriam contra ele. rente vitalidade, a América do Norte no começo do século da “Bible Hygiene”.
O Tema do Grande conflito busca a “restau- Conhecia também a rude franqueza de Kellogg. dezenove era uma nação suja e doente. O saneamento públi- 15. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 62.
co era grosseiramente inadequado, e a higiene pessoal prati- 16. Ibidem, vol. 9, pág. 112 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar,
ração” como o alvo da salvação. Seja qual for Mas quando ele desafiou abertamente a de- camente não existia. A grande maioria dos norte-americanos pág. 77).
o assunto que Ellen White aborda, este alvo nominação que durante anos lhe fornecera os raramente, se é que alguma vez, tomava banho. Seus hábitos 17. Evangelismo, págs. 513 e 514.
alimentares, incluindo o consumo de enormes quantidades 18. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 560.
integra todos os seus aspectos. Assim o Tema recursos para expansão de seu famoso de carne, eram suficientes para manter a maioria dos estôma- 19. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 161 (Conselhos Sobre o
do Grande Conflito nos informa sobre a base Sanatório de Battle Creek, ela se sentiu obri- gos em constante desarranjo. Frutas, verduras e vegetais fo- Regime Alimentar, págs. 69 e 59); Christian Temperance and Bi-
lhosos raramente apareciam à mesa, e o alimento que real- ble Hygiene, pág. 10.
e o propósito da reforma de saúde. Segue-se, gada a falar abertamente: “Dizem que o 20. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 15; ver também Pa-
mente aparecia era muitas vezes saturado de manteiga ou ba-
naturalmente, que o médico e o pastor devem Sanatório de Battle Creek não é denomina- nha de porco. Um desjejum ‘tradicional’ consistia em ‘pão rábolas de Jesus, pág. 329.
21. Ibidem, pág. 35.
“trabalhar em parceria. Como cavalos atrela- cional. Mas se alguma vez uma instituição foi quente, feito com banha e fortes álcalis, impregnado de man-
22. Ibidem, págs. 32 e 33.
teiga; bolos feitos em chapas quentes, cobertos com mantei-
dos, eles... [devem] puxar a carruagem adven- estabelecida para ser denominacional em to- ga e xarope; carnes fritas ou assadas em gordura; batatas go- 23. Ibidem, pág. 44.
24. Ibidem, pág. 381.
tista na mesma velocidade”.42 do o sentido da palavra, o Sanatório o foi.”49 tejando gordura; presunto e ovos fritos em gordura indigesta
25. Review and Herald, 7 de agosto de 1866.
– tudo regado com muitas xícaras de forte café brasileiro’.
Nos anos em que a obra adventista de saú- O Dr. Kellogg estava permitindo que a re- Não admira que um escritor tenha chamado a dispepsia ‘a 26. Parábolas de Jesus, pág. 346.
de se desenvolvia, Ellen White chamou a 27. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 50 e 51. “Que lás-
forma de saúde eclipsasse os princípios teoló- grande endemia dos Estados do Norte.’” – Numbers, Prophe-
tima é que muitas vezes, precisamente quando maior des-
tess of Health, pág. 48.
atenção de seus contemporâneos para a im- gicos. A situação chegou a um ponto crítico, 5. Rebekah Smith (mãe), Poems With a Brief Sketch of the Life prendimento devia ser exercido, o estômago está carregado
portância de unir a reforma de saúde com o simbolizado pela analogia do “iceberg”.50 Em- and Experience of Annie R. Smith (Manchester, NH: John B. de um volume de alimentos inadequados, que ali permanece
Clarke, impressor, 1871). em decomposição. O mal-estar do estômago afeta o cérebro.
cumprimento da comissão evangélica.43 Para bora Ellen White sofresse com a ruptura imi- 6. Medical Missionary and Gospel of Health, dezembro de 1899. O comedor imprudente não compreende que se está desqua-
ela, o evangelista/ministro do evangelho e o nente entre os pastores e os médicos, ficou 7. Review and Herald, 6 de dezembro de 1864. lificando para dar conselho sábio, desqualificando-se para es-
8. Diário, 25 de agosto de 1862, em Heritage Room, Del E. tabelecer planos para o melhor funcionamento da obra de
médico evangelista tinham que trabalhar profundamente condoída por seu amigo, o Webb Memorial Library, Loma Linda University. Deus.” – Ibidem, pág. 53.
juntos com objetivos comuns e esforços Dr. Kellogg. Em 1904 ela escreveu a respeito 9. James C. Jackson, “Diphtheria, Its Causes, Treatment and 28. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 356 e 357 (Testemu-
Cure”, Review and Herald, 17 de fevereiro de 1863. nhos Seletos, vol. 1, págs. 183 e 184).
evangelísticos conjuntos.44 de sua frustração e empatia por ele. Na mes- 10. Health Reformer, julho de 1869. Andrews morreu em 1883, 29. O Desejado de Todas as Nações, pág. 20; ibidem, pág. 824; Edu-
O Dr. John Harvey Kellogg foi um dos ma carta, porém, também escreveu: “Meus ir- com a idade de 54 anos, vítima de tuberculose. cação, pág. 125.
11. Ibidem, fevereiro de 1872. 30. O Desejado de Todas as Nações, pág. 824; Educação, pág. 125.
poucos líderes que levou a sério o conselho mãos, o Senhor pede união, unidade. Deve- Ver pág. 257.
12. Ibidem, março de 1872.
da Sra. White sobre saúde. Poucos ministros mos ser um na fé. Quero dizer-lhes que, quan- 13. Richard Schwarz, John Harvey Kellogg, M.D., (Nashville: 31. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 355 (Conselhos Sobre
Saúde, págs. 43 e 44).
evangélicos viram a mesma relação entre a do ministros do evangelho e obreiros na ati- Southern Publishing Association, 1970), pág. 25. Schwarz,
32. Ibidem, ver vol. 6, pág. 327.
John Harvey Kellogg: American Health Reformer (Dissertação
mensagem de saúde e o desenvolvimento es- vidade médico-missionária não estão unidos, de doutorado, University of Michigan, Ann Arbor, 1964), 33. Em 1901, a Associação Beneficente e Médico-Missionária de
John Harvey Kellogg empregava cerca de 2.000 funcionários
piritual.45 E o apoio que ela dava ao Dr. Kellogg lança-se sobre nossas igrejas o pior mal possí- pág. 10.
comparados com apenas 1.500 sob a liderança da Associação
14. Christian Temperance and Bible Hygiene (Battle Creek: Good
nunca foi posto em dúvida, até o dia em que vel. ... É tempo de permanecermos numa pla- Health Publication Company, 1890). O prefácio não traz o Geral. – Schwarz, Light Bearers, pág. 278.
a mente fértil do Dr. Kellogg começou a com- 34. “Para Kellogg, os principais vilões responsáveis pela aposta-
taforma unida. Mas não podemos unir-nos nome do Dr. J. H. Kellogg como sendo seu autor, mas, ao fa-
sia denominacional em relação aos princípios de saúde eram
lar na assembléia da Associação Geral em 3 de março de
preender mal o propósito de sua própria men- com o Dr. Kellogg enquanto ele não assumir 1897, ele admitiu: “Pois bem. No prefácio do Christian Tem- os pastores adventistas. Eles, acusava o doutor, tendiam a ‘de-
sagem de saúde. uma atitude em que possa ser um líder confiá- perance os irmãos irão encontrar uma declaração que, presu- sestimular o povo com o seu exemplo’.” – Schwarz, John Har-
mo, muitos não tenham lido. Não há nome assinado no pre- vey Kellogg, pág. 175.
Em 1896 ele ajudou a mudar o nome de sua vel do rebanho de Deus.”51 fácio, mas fui eu quem o escreveu. Se vocês o lerem, encon- 35. Medicina e Salvação, pág. 241.
rede de saúde de Associação Beneficente e Desde 1904, o desafio tem sido tratar des- trarão uma declaração no sentido de que cada afirmação a 36. Review and Herald, 27 de maio de 1902.
respeito do viver saudável e dos princípios gerais que funda- 37. A Ciência do Bom Viver, pág. 127. “O propósito de nossas ins-
Médico-Missionária Adventista do Sétimo se “pior mal” que podia repousar sobre a mentam o assunto foi constatada por descoberta científica. tituições de saúde não é primeiro e antes de tudo funcionar
Dia para Associação Beneficente e Médico- Igreja Adventista do Sétimo Dia. Se o desa- Vejo algumas vezes alguns de nossos irmãos parecerem um como hospitais. As instituições de saúde relacionadas com a
pouco vacilantes nos testemunhos; não sabem ao certo se es- terminação da obra do evangelho na Terra representam os
Missionária Internacional. Dois anos depois, fio precisa ser enfrentado, tanto pastores co- sas coisas vêm do Senhor ou não; mas a esses, eu diria reso- grandes princípios do evangelho em toda a sua plenitude. ...
explicou que esta organização fora estabeleci- mo médicos devem reestudar o conselho de lutamente que, se vocês estudarem o assunto da reforma de Se um hospital que se acha ligado com esta mensagem final
saúde por meio dos testemunhos e depois pela luz da desco- deixa de exaltar a Cristo e aos princípios do evangelho como
da para “promover a obra médica e filantrópi- Ellen White a respeito do propósito das ins- estes se acham desdobrados na mensagem do terceiro anjo,
berta científica – compare isto com o que a ciência ensina
ca independentemente de qualquer controle tituições de tratamento de saúde da igreja, atualmente – ficarão surpresos. Verão que um dilúvio de luz ele falha em seus aspectos mais importantes, e contradiz o
nos foi dado trinta anos atrás. Há, contudo, uma coisa mais próprio objetivo de sua existência.” – Medicina e Salvação,
sectarista ou denominacional, tanto no país repensar o propósito do “evangelho eterno” págs. 27 e 28.
surpreendente do que isto, que esta luz nos foi dada naquele
quanto em terras estrangeiras”.46 Em 1898 de- a ser proclamado convincentemente antes tempo, e confirmada como tem sido pela descoberta científi- 38. Ver págs. 274 e 310.
39. Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, pág. 441.
clarou numa convenção da associação que os da volta de Jesus, e fazer um novo compro- ca – digo, porém, que a coisa mais surpreendente de tudo é
40. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 396; Caminho a Cristo,
que nós, como um povo, viramos as costas para isso, não acei-
delegados se haviam reunido “como cristãos, e misso com os inspirados princípios expostos tamos nem cremos nisso como deveríamos. Quero repetir págs. 23-33.
não como adventistas do sétimo dia”.47 por Ellen White. que não há um único princípio em relação ao desenvolvi- 41. Testemunhos Para Ministros, pág. 416. “Façam esforços assí-

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SEÇÃO V
CAPÍTULO 25
Promotora de Conceitos Inspirados RELAÇÃO ENTRE A SAÚDE
EA MISSÃO ESPIRITUAL

duos e organizados para erguer os membros da igreja do bai- só.” – Manuscrito 21, 1906, citado em Special Testimonies,
xo nível em que eles têm estado por anos. Enviem às igrejas Série B, No 7.
obreiros que vivam os princípios da reforma de saúde. En- 45. Bull e Lockhart, Seeking a Sanctuary, pág. 219.
viem-se os que podem ver a necessidade de abnegação no 46. Medical Missionary, janeiro de 1898, citado em Biography,
apetite, ou serão um laço para a igreja. Vejam se o fôlego de vol. 5, pág. 160.
vida não entrará então em nossas igrejas. Um novo elemen- 47. Medical Missionary Conference Bulletin, maio de 1899, edição
to precisa ser introduzido na obra.” – Testemunhos Para a Igre- extra, citado em Biography, vol. 5, pág. 160.
ja, vol. 6, pág. 267 (Medicina e Salvação, pág. 320). 48. Schwarz, John Harvey Kellogg: American Health Reformer, pág. 29.
42. Bull e Lockhart, Seeking a Sanctuary, pág. 219. 49. Carta 128, 1902, endereçada à “Comissão da Associação Ge-
43. Ver págs. 285 e 292. ral e à Junta Médico-Missionária”, citada em Biography, vol. 5,
44. “Desejo falar sobre a relação existente entre a obra médico- pág. 160. Mais adiante, naquela carta, ela escreveu: “Por que se
missionária e o ministério evangélico. Tem-me sido apresen- estabelecem instituições de saúde se a intenção não é fazer de-
tado que todos os departamentos da obra devem estar unidos las a mão direita do evangelho ao chamar a atenção de homens
num grande todo. A obra de Deus deve preparar um povo e mulheres para a verdade que estamos vivendo em meio aos
para estar em pé diante do Filho do homem em Sua vinda, perigos dos últimos dias? E não obstante, em certo sentido, é
e esta obra deve ser una. A obra que deve preparar um povo verdade que o Sanatório de Battle Creek não é denominacio-
para estar firme no último grande dia não deve ser uma obra nal, por receber como pacientes pessoas de todas as classes e de
dividida. ... Os obreiros evangélicos devem servir à direita e todas as denominações. ... Não vamos nos dar ao trabalho de
à esquerda, fazendo o seu trabalho inteligente e solidamen- declarar que o Sanatório de Battle Creek não é uma institui-
te. Não deve haver divisão entre o ministério e a obra mé- ção adventista do sétimo dia, pois ela certamente é. Como ins-
dica. O médico deve trabalhar em igualdade com o pastor, e tituição adventista, foi estabelecida para representar os diver-
com igual fervor e inteireza para a salvação da alma, tanto sos aspectos da obra missionária evangélica, preparando assim
quanto para a restauração do corpo.” – Medicina e Salvação, o caminho para a vinda do Senhor.”
pág. 237. “O Espírito Santo nunca separou, nem jamais se- 50. Ver Biography, vol. 5, pág. 160.
parará no futuro, a obra médico-missionária do ministério 51. Manuscrito 46, 1904, um discurso proferido perante a assem-
evangélico. Eles não podem ser separados. Ligados em Jesus bléia da união, realizada em Battle Creek, citado em Bio-
Cristo, o ministério da palavra e da cura dos doentes era um graphy, vol. 5, pág. 332.

Perguntas Para Estudo

1. Na sua opinião, por que a introdução do livro Christian Temperance and Bible Hygiene,
feita pelo Dr. Kellogg, é importante?

2. Quais são os três princípios básicos que ligam a mensagem de saúde à missão da Igreja
Adventista do Sétimo Dia? Como se desenvolveram eles na obra dos adventistas do sé-
timo dia?

3. Você concorda que “restauração” é uma boa palavra para descrever o plano da salvação?
Como este conceito se relaciona com os princípios de saúde?

4. Qual é a mensagem essencial na analogia do “iceberg” envolvendo o Dr. Kellogg?

5. Em que sentido o cristão tem, primeiro para com Deus e depois para com os seres huma-
nos, o dever de desenvolvimento próprio sem cair no extremo da autocentralização?

6. Como os princípios de saúde afetam diretamente os alvos espirituais, e como a saúde do


povo de Deus se relaciona com os acontecimentos do tempo do fim?

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SEÇÃO V

26
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
reformas no regime alimentar e no vestuá- White lembrou que os princípios da reforma
rio foram introduzidas e amplamente adota- de saúde incluíam uma ênfase especial na hi-
das. Essas reformas eram de tal natureza droterapia. Mas ela não sabia como este
que, quando conscienciosamente levadas a princípio seria posto em prática, principal-
cabo, produziam invariavelmente nítida mente no grave problema do marido. Por is-
Princípios de Saúde/3 mudança para melhor por parte daqueles so, em fins de setembro de 1865, levou Tiago
que as adotavam. Centenas de pessoas que, para “Our Home”, uma instituição de saúde

Melhoria de Qualidade durante anos, haviam sofrido de diversas


enfermidades crônicas, logo experimenta-
vam alívio dos dolorosos sintomas que ha-
localizada em Dansville, Nova Iorque, que
enfatizava os tratamentos hidropáticos e ou-
tras práticas médicas envolvendo mais méto-

na Saúde Adventista via tanto vinham padecendo. Muitos cujos


casos haviam sido diagnosticados como sem
esperança foram restaurados à excelente
saúde. Outros que pareciam prestes a descer
dos naturais do que a terapia medicamentosa
convencional.8
Ao refletir sobre essa decisão, sobretudo
quando alguns membros da igreja pensa-
à sepultura recebiam nova vida e capacida- vam que a família não estava realmente co-
“Vocês não precisam entrar na água, nem no fogo, mas tomem o caminho mediano, evitando to- locando Tiago nas mãos de Deus por meio
dos os extremos.” 1 de para notável utilidade. As mais extraor-
dinárias evidências dos bons resultados ob- da oração, Ellen White escreveu: “Enquan-
tidos em adotar-se os princípios da reforma to não sentimos a impressão de estar des-
de saúde – resultados que, em muitos casos, prezando os meios que Deus havia coloca-

A
ampla mensagem da reforma de saúde Louvado seja Deus pela reforma de saúde! do a nosso alcance para o restabelecimento
atravessou o mundo adventista na dé- Que todos quantos adotaram a reforma per- pareciam quase milagres – eram encontra-
das por toda parte. Em cada comunidade de da saúde, achamos que Deus estava sobre
cada de 1860. Nem todos se juntaram sistam nela. Quanto aos outros, exorto-os to- tudo, e Aquele que havia provido água co-
à marcha progressiva. Mas muitos o fizeram, dos a adotá-la convictamente.”3 observadores do sábado se encontravam
aqueles que espontaneamente reconheciam mo um agente Seu para usarmos a fim de
e sua gratidão sincera foi relatada na revista Aos 68 anos de idade, John Byington, pri- ajudar a natureza maltratada a recuperar as
da igreja. meiro presidente da Associação Geral da Igre- que deviam a vida à luz recebida sobre este
energias perdidas. Cremos que Deus aben-
R. M. Kilgore, ex-capitão do exército que ja, escreveu que, depois de efetuar as “devidas assunto.”7
çoaria os esforços que estávamos fazendo
durante muito tempo fora administrador mudanças no regime alimentar”, não teve mais
em favor da saúde.
evangelista, descreveu a nova vida com me- a tosse severa que lhe ameaçava a sobrevivên- Tiago White, a Visível Exceção
lhor saúde compartilhada por muitos: “Ao cia. Além disso, “ganhei peso, tenho mais calor “Não duvidamos de que Deus poderia
Conforme já observamos anteriormente,
avançarem, sentiram que suas doenças, dores no organismo e sinto-me mais bem preparado realizar um milagre e, em um momento, res-
nas páginas 54-56, desde 1844 Tiago White
e incômodos os deixaram e, em troca, recebe- para suportar outro rigoroso inverno”.4 taurar a saúde e o vigor. Mas agindo Ele as-
vinha fazendo o trabalho de diversos ho- sim, não correríamos nós o risco de voltar a
ram vivacidade espiritual e irradiação de saú- J. N. Waggoner afirmou: “Dou graças a mens. Por ocasião de seu quadragésimo
de, as maiores bênçãos terrenas. Assim, os Deus pela reforma de saúde. Ela não é aborre- transgredir, abusando de nossa força por
quarto aniversário estava esgotado. Havia meio de trabalho prolongado e intemperan-
que estavam na dianteira aceitaram as mise- cível nem difícil; traz prazer na dor e comuni- assumido o fardo da responsabilidade finan-
ricórdias oferecidas, não dadas por manda- ca força na fraqueza. ... Quando carregando te, colocando-nos em uma condição muito
ceira enquanto outros eram vagarosos em pior?”9
mento nem por insistência, mas para obter a pesados fardos no corpo e na mente, quando colaborar; havia quase levado sozinho um
bênção resultante desses hábitos e modo de todos enxergarem escuridão e tristeza neste “rebanho disperso” a tornar-se uma igreja
vida; obedecendo às leis que Deus implantou mundo, ela vem como um mensageiro de mi- A Peneira do Evangelho
organizada com unidade doutrinária e obje- Os White ficaram em Dansville durante três
no ser, e purificando o templo para a habita- sericórdia, fortalecer o corpo, animar a men-
tivo comum; sua pena havia se tornado uma meses, embora o Dr. Jackson defendesse fir-
ção de Seu Santo Espírito; que será derrama- te, refrigerar o espírito e trazer a paz do Salva-
extraordinária expositora de claros ensinos memente o parecer de seis a oito meses.10 O
do copiosamente sobre os que estiverem dor à alma torturada.”5
prontos para recebê-Lo.”2 O leigo Joseph Clark escreveu entusiastica- evangélicos; e ele era uma constante fonte que aprenderam? Perto do fim de novembro,
M. E. Cornell, evangelista pioneiro em mente: “Desde que adotei a reforma de saúde, de estímulo e visão para outros. Mas ele não Ellen White, convencida de que Tiago não
Michigan e Califórnia, deixou registrada sua minha própria saúde foi tão beneficiada que sabia quando parar para descansar, nem era melhorava, resolveu voltar para casa, em Bat-
gratidão: “Creio que a reforma surgiu exata- fiquei indeciso se devia contar aos outros so- temperante em seus hábitos alimentares. tle Creek.
mente em tempo de me salvar da completa bre isto, por temor de que me considerassem Em 16 de agosto de 1865, ele sofreu sua Contudo, ela não achou “que os três me-
ruína. Catorze anos de trabalho incessante, um entusiasta; mas, dois anos se passaram des- primeira apoplexia após uma semana de es- ses... foram em vão”. Haviam aprendido
com todo tipo de alimentação insalubre e de que comecei a experimentar a reforma de tresse incomum e pouco sono. Achava-se “muitas coisas valiosas daqueles que tiveram
pouca atenção às leis da vida, haviam quase saúde, e ela tem se demonstrado muito me- mental e fisicamente exausto, praticamente uma experiência na reforma de saúde”. Mas
esgotado minha forte constituição. Espero lhor do que eu imaginara a princípio.”6 incapacitado. Reconhecendo a necessidade ela concluiu que não havia mais “necessidade
agora recuperar-me e, pela bênção de Deus, Passando em revista os vinte anos anterio- de procedimentos de emergência quando ele de juntar o joio com o trigo”.11 Ali, num con-
perseverar até o fim. Todo o meu ser exclama: res, o Dr. J. H. Kellogg declarou: “Numerosas deixou de lado o repouso doméstico, Ellen texto prático, sua compreensão da reforma de
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CAPÍTULO 26 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados MELHORIA DE QUALIDADE
DA SAÚDE ADVENTISTA

saúde orientada pela visão foi capaz de fazer a No início de dezembro, a Sra. White ficou os médicos que trataram deles também estão por causa da constante exigência de meios
distinção entre os princípios de valor de sua convencida de que passar mais tempo em “corretos em assuntos religiosos, ou, pelo me- sem a obtenção de lucros”.
época e os mal aconselhados. Por exemplo: Dansville não ajudaria Tiago a recuperar-se. nos, não podem estar longe da verdade”. • “O grande objetivo” desta instituição
• Descartar o sal em Dansville não era o Viu que seu ânimo e vivacidade de espírito • Deus não poderia glorificar Seu nome “não é apenas a saúde, mas perfeição e santi-
melhor para todos. Devido a um problema estavam se esvaindo rapidamente. Semanas respondendo às orações de Seu povo em favor dade, as quais não podem ser conseguidas
digestivo, o Dr. Jackson sugeriu que Ellen sem fazer nada acabaram por levá-lo a um es- dos White enquanto eles estivessem em Dans- com corpo e mente doentes”.
White tomasse as refeições no quarto dela tado em que receava o exercício físico. Além ville, pois os “médicos teriam tomado para si a • Os doentes devem ser ensinados que “é
onde ela poderia usar sal em quantidade mo- disso, ela sabia que a confiança em Deus era glória” que somente a Deus pertence. errado suspender todo trabalho físico para re-
derada sem levantar perguntas na mente de o caminho para o ânimo e a esperança, e que • Por meio dessa experiência, Deus estava cuperar a saúde”.
outras pessoas.12 em Dansville não era o ambiente para esti- “habilitando” Tiago a ser um líder mais forte • “O maior perigo” que correriam os admi-
• O excesso de calor da sala de conferên- mular esse tipo de fé. Foi assim que o grupo na reforma de saúde, para que ele e outros pu- nistradores seria afastar-se “do espírito da ver-
cias afetou gravemente a cabeça de Tiago. dos White partiu rumo a Rochester, Nova
dessem falar de maneira mais eficaz sobre “a dade presente e da simplicidade que sempre
Precisava-se sempre de ar fresco tanto para a Iorque, a vinte e quatro quilômetros de dis-
relação existente entre comer, trabalhar, des- deve caracterizar os discípulos de Cristo ... a
clareza de pensamento como para o confor- tância, lugar onde estariam cercados por ho-
cansar e vestir e a saúde”. fim de obter o favor dos descrentes, e assim
to físico.13 mens e mulheres de fé.
• Embora eles achassem o Dr. Jackson um • “Deus requer que todos... [ponham-se] assegurar seu patrocínio”.19
“orador claro e comovente” e “inegavelmen- A Visão de Rochester: na melhor condição possível de saúde” para
te meticuloso”,14 ele e os outros médicos Esperança e NovoTerritório a Conquistar alcançar uma “experiência religiosa” sadia, e O Início das Instituições
criam que os White eram “religiosos demais, Durante o culto familiar no dia de Natal, 25 de o Senhor não “fará por” eles “aquilo de que os Adventistas de Saúde
e essa era a razão por que estavam doentes”.15 dezembro de 1865, Ellen White foi arrebatada encarregou”. As implicações desta visão de Rochester fo-
O programa de Dansville enfatizava “diver- em visão. Esta visão se acha no mesmo nível • Tiago havia permitido que temores e an- ram amplas; os princípios expostos ainda são
sões e prazeres como dança, jogo de cartas, que a visão de Otsego em 6 de junho de 1863, siedade lhe esmagassem a fé, mas, pela força válidos. Na prática, esta visão forneceu a Ellen
freqüências ao teatro, etc.”, coisas que os ao desenvolver o significado da reforma de saú- de sua vontade e a confiança no poder de White uma linha de atuação para ajudar o
White não podiam harmonizar com os “ensi- de dentro da mensagem do terceiro anjo. Deus, recuperaria a saúde. marido enfermo em sua lenta recuperação,
nos de Cristo registrados no Novo Testamen- A visão de Otsego iniciou o sistema inte- • Os membros da igreja haviam sido “ne- um plano de passar o inverno de 1866-1867
to.”16 Quando Tiago experimentava graves grado de princípios de saúde que o Senhor gligentes em agir sob a luz que Deus lhes deu no norte de Michigan.20 Além disso, esta vi-
flutuações de humor e sentimentos de deses- queria que a Igreja Adventista adotasse. A vi- com respeito à reforma de saúde”; essa obra são tornou-se um chamado entusiástico à jo-
pero, muitos períodos de oração durante dias são de Rochester salientou quão débeis ha- “mal” havia começado. vem igreja para avançar e estabelecer uma
e noites proporcionaram-lhe a paz de espírito viam sido as reações da maioria dos membros • “Poucos... [compreendem] o quanto instituição de saúde adventista. Por um lado,
capaz de fazê-lo conciliar o sono. da igreja e deu-lhes informações mais explíci- seus hábitos alimentares têm a ver com sua um pensamento como esse parecia absurdo;
• Crendo que o excesso de trabalho pro- tas sobre a forma como a igreja devia coorde- saúde, caráter, utilidade neste mundo e des- por outro, era o próximo passo lógico a ser
vocara o colapso físico e mental de Tiago, os nar a reforma de saúde com a mensagem do tino eterno.” dado no cumprimento do plano de Deus por
médicos de Dansville recomendaram-lhe evangelho. Ellen White escreveu a visão no • “O povo de Deus não está preparado pa- meio da Igreja Adventista.
veementemente completa inatividade física e dia seguinte e deu os documentos a Tiago. ra o alto clamor do terceiro anjo. Precisam fa- O sermão que Ellen White pregou no sá-
mental. Mas Ellen White compreendeu que Durante meses, eles haviam estado se pergun- zer por si mesmos uma obra que não devem bado na assembléia da Associação Geral do
essa recomendação consistia em um “dos tando por que não viram nenhum progresso deixar que Deus faça por eles.” dia 19 de maio de 1866 salientou, talvez pela
mais sérios obstáculos à recuperação dele”. na recuperação dele. Agora sabiam o motivo primeira vez publicamente, a instrução rece-
• Os adventistas do sétimo dia devem pos-
Graças ao conhecimento obtido em visão, ela e o que deviam fazer a respeito. bida na visão da reforma de saúde em Ro-
suir sua própria instituição de saúde. Esta ins-
sabia que, para ele, “mergulhar numa inativi- Os pontos principais da visão foram:
tituição seria o meio de introduzir “nossa fé chester. Dentro de alguns dias, a liderança
dade sem objetivo era promover a doença e • Foi da vontade de Deus que eles fossem
em novos lugares”. Erguerá “o estandarte da reagiu favoravelmente ao apelo por uma ins-
torná-lo vítima do desânimo”.17 para Dansville, pois de outro modo não pode-
verdade onde antes teria sido impossível ob- tituição de saúde, embora com certa apreen-
Se bem que ela tenha muitas vezes afirma- riam ter aprendido o que tinham de aprender
“em tão pouco tempo”. ter acesso, caso não houvessem sido desfeitas são. O presidente da Associação de Michi-
do que a “clínica hidroterápica” de Dansville
era a melhor instituição desta espécie nos Es- • A clínica de Dansville é a “melhor ins- as idéias preconcebidas”. gan, J. N. Loughborough, relembra: “Quando
tados Unidos, em pouco tempo viu que tituição de saúde dos Estados Unidos... seus • Esta instituição de saúde deveria propor- este testemunho foi lido perante nosso povo,
aqueles que acompanharam a ela e a Tiago líderes, porém, são somente homens, e seu cionar um lar para (1) “os aflitos” e (2) para levantou-se a pergunta: ‘Como podemos,
teriam que “levar consigo, em todo o tempo, julgamento nem sempre é correto”. os que “desejam aprender a cuidar de seu cor- com nossos recursos limitados, adquirir e ad-
o crivo do evangelho, e peneirar tudo quan- • Quando as pessoas que têm sofrido mui- po, visando prevenir doenças”. ministrar uma instituição de saúde?... A co-
to ouvem, para que possam escolher o bem e to “são aliviadas por um método inteligente • Esta instituição deve ser financeiramen- missão... orou a respeito do assunto e disse:
recusar o mal”.18 de tratamento... são levadas a concluir” que te independente, não deve “enfrentar lutas ‘Assumiremos o empreendimento, aventu-

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CAPÍTULO 26 O ministério profético de Ellen G. White
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DA SAÚDE ADVENTISTA

rando a fazer o que diz o testemunho, em- cede sabedoria tão logo homens e mulheres verem de acordo com a luz que os obreiros qüente desespero entre os membros da igreja
bora nos pareça uma carga pesada para er- consigam apreciá-la, principalmente depois que cuidam da saúde estão comunicando aos pa- ao tentarem cumprir esses pontos de vista ex-
guermos”.21 de terem obedecido ao dever conhecido. Os cientes, o resultado será desânimo e confusão.33 tremos abriram uma porta para muita aposta-
Dentro de poucos dias, a propriedade foi profetas também aprendem passo a passo, Por volta do início da década de 1870, o sia em todos os setores da reforma de saúde.
adquirida e reservatórios instalados no telha- assim como os grupos de igreja avançam pas- interesse adventista na reforma de saúde, Assim, Ellen White expôs vários pontos para
do para tratamentos hidroterápicos. Por vol- so a passo aliando a instrução divina com a com sua primeira instituição médica e revista os membros de sua igreja considerarem:
ta de 5 de setembro, o Instituto Ocidental da prática.26
sobre saúde bem como sua ênfase no preparo • Ir ao encontro das pessoas “onde elas es-
Reforma de Saúde, sob a supervisão médica Por volta de 1871, o Instituto Ocidental
dos Drs. H. S. Lay e Phoebe Lamson, estava da Reforma de Saúde já estivera funcionan- de médicos com boa qualificação, tornara-se tão”.38
pronto para receber pacientes.22 Contudo, do por cinco anos. Os líderes trabalhavam agora bastante visível e eficaz em alcançar to- • Conceder aos outros “tanto tempo
muitos eram os riscos a serem enfrentados. O num território ainda não experimentado, e das as classes da sociedade.34 quanto nós mesmos necessitamos” para al-
conselho de Ellen White poupou a adminis- erros foram cometidos até ao ponto de fra- cançar a compreensão atual.
tração de cometer sérios erros, especialmente casso. Sem os White, o instituto teria su- O Princípio da Moderação Evita Extremos • Não “defender pontos de vista” que não
no que dizia respeito ao propósito da institui- cumbido sob o fardo de dívidas e políticas As credenciais de um profeta são vistos mui- submetemos “a uma prova prática” em nossos
ção: (1) o objetivo primordial não é “lucro”, extremistas.27 tas vezes na sensatez de sua mensagem. Deus próprios lares.
embora ela deva ser financeiramente inde- Na visão de Bordoville, Ellen White vol- não é irrazoável, tampouco Seus profetas. • “O uso abundante” de itens como sal,
pendente para não desviar recursos de outros tou a reiterar o propósito primordial das ins- Ellen White apresenta um clássico exemplo açúcar e leite é, “sem dúvida, nocivo à saúde”
fundos denominacionais; (2) os padrões não tituições adventistas de saúde, propósito este de bom senso35 quanto à reforma de saúde. e “caso não fossem usados absolutamente, des-
devem ser rebaixados para “se obter o patro- que se havia tornado nebuloso nesse ínterim: Depois de haver enfatizado durante anos por frutar-se-ia um estado de saúde muito melhor”.
cínio dos descrentes”; (3) embora não seja a obra de saúde adventista acha-se “tão liga- meio de seus escritos a necessidade de uma • Mas atualmente “nossa preocupação não
um lugar para “diversão ou entretenimento”, da à terceira mensagem angélica, como as
reforma de saúde, depois dos primeiros pou- é em relação a essas coisas [sal, açúcar, leite e
a instituição criará um ambiente livre de mãos o estão ao corpo”.28 Além disso, a obra
“imaginação doentia”, “sentimentos de des- de saúde adventista não devia ser feita em si- cos anos da instituição de saúde de Battle manteiga]”.39
contentamento” e “murmurações de quem lêncio. Os princípios de saúde adventista de- Creek e depois de alguns anos da revista Re- • Visto muitas pessoas se acharem tão
está insatisfeito”; (4) a instituição é estabele- vem ser promovidos, “e a mente do público formador da Saúde, ela reconheceu que era atrasadas na reforma de saúde, foram aconse-
cida para “melhorar a saúde do corpo para profundamente estimulada a investigar”.29 A preciso alguma cautela: “Em reformas, é pre- lhadas a apresentar “positivo testemunho
que os pacientes possam apreciar mais clara- Sra. White repetiu que as instituições adven- ferível andar um passo aquém do limite, do contra” as “condescendências [mais] nocivas
mente as coisas eternas”; (5) a instituição tistas são “estabelecidas por princípios dife- que ir um passo além dele. E se houver algum e os estimulantes narcóticos... [tais como] fu-
não deve expandir-se mais rápido do que “ha- rentes” dos adotados pelos centros de saúde, erro, deve este estar do lado das pessoas.”36 mo, bebidas alcoólicas, rapé, chá, café, ali-
bilidade, experiência e recursos financeiros” que são “conservadores visando agradar par- Um dos problemas que se havia desenvol- mentos cárneos, manteiga, condimentos, bo-
possam ser supridos adequadamente.23 cialmente a classe popular... para receberem o vido em Battle Creek foi o extremismo pro- los requintados, tortas de carne, excesso de
Ainda mais surpreendente do que o esta- maior patrocínio e o máximo de dinheiro”.30 movido pelo Dr. Russell T. Trall e defendido sal, e todas as substâncias estimulantes usadas
belecimento de uma instituição médica, foi a Outros princípios explícitos relacionados por William Gage, redator de tempo integral
decisão de publicar Health Reformer (Refor- com as instituições adventistas de saúde como alimento”.40
do Reformador da Saúde. O Dr. Trall defendia
mador da Saúde), um periódico que o Dr. H. abrangem:
S. Lay editaria. Pouco depois do lançamento, • As instituições adventistas de saúde de- o abandono absoluto de sal, açúcar, leite, Tiago se Torna Editor
Ellen White escreveu: “O Reformador da Saú- vem combinar os princípios bíblicos com o manteiga e ovos. Esse extremismo causou Pelo fato de o redator do Reformador da Saú-
de é o meio através do qual raios de luz devem cuidado dos doentes. Mas as características confusão e perda de assinaturas. Quando de estar doente e a revista estar precisando
brilhar sobre o povo. Ele deve ser a melhor adventistas “não devem ser discutidas com os Ellen White voltou dos compromissos da reu- de ser revitalizada, Tiago White assumiu o
publicação sobre saúde de nosso país. Precisa pacientes”, mesmo nos cultos de oração se- nião campal da Costa Oeste, percebeu por comando. “O Reformador”, escreveu ele em
ser adaptado às necessidades do povo comum, manais. “A influência silenciosa realizará que a revista estava praticamente morta: “A seu primeiro editorial, “pretende alcançar as
pronto para responder a questões próprias, mais do que o entrar em controvérsia aberta. atitude de que se deve abandonar inteiramen- pessoas com todos os seus preconceitos e ig-
explicar plenamente os princípios elementa- ... Devemos ir ao encontro das pessoas onde te o uso desses produtos [sal, açúcar, leite, norância das leis da vida, onde elas se en-
res das leis da vida e ensinar como obedecer- elas estão.”31 manteiga e ovos] pode estar certa, a seu tem- contram. Evitará pontos de vista extremos,
lhes e preservar a saúde.”24 • Os profissionais inteligentes da área de po; mas não viera ainda a ocasião de assumir chegando tão perto quanto seja possível da-
saúde compreendem que muitos sofredores uma atitude geral quanto a esses pontos.”37 queles que precisam reformar-se, sem, con-
Quinta Visão de Saúde têm algo mais que dor física. “Muitos são por-
Pior de tudo. O redator do Reformador da tudo, ser infiel aos princípios da reforma de
A quinta visão da série de visões sobre saú- tadores de uma consciência violada, e podem
de ocorreu em Bordoville, Vermont, em 10 ser alcançados apenas pelos princípios da re- Saúde estava doente. Por quê? Porque ele e os saúde.”41
de dezembro de 1871.25 As visões não foram ligião bíblica.”32 que defendiam esses pontos de vista extremos Sob a liderança de Tiago, reconquistou-se
dadas levianamente nem apenas para repetir • A igreja de Battle Creek deve viver à altu- não estavam seguindo um programa equilibrado a confiança na revista e nos amplos princí-
a mensagem das visões anteriores. Deus con- ra de sua “maior responsabilidade”, e se não vi- em seus próprios lares! A confusão e o subse- pios de saúde defendidos por Ellen White.
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Dentro de um ano, as assinaturas subiram de em sangue; ele, porém, não lhe provia. Uma saúde sobre base certa, na comunidade onde por causa da conduta de extremistas, que
3.000 para mais de 10.000.42 quantidade moderada de leite e açúcar, um se achavam esses homens. A porta também se pensam que a única atitude segura é adotar o
Todo movimento de reforma, desde os pouco de sal, pão branco levedado para va- acha fechada em grande medida, de modo ponto de vista extremo de cada expressão
tempos do Novo Testamento, tem de con- riar, farinha integral preparada numa varie- que os descrentes não podem ser alcançados que ela escreveu ou falou sobre tópicos a res-
tender com extremistas. A mensagem que dade de maneiras por outras mãos que não as pela verdade presente em relação ao sábado e peito dos quais se podem adotar diferentes
eles apresentam pode até conter verdade, suas, bolos simples com passas, ocasional- à breve volta de nosso Salvador.”48 perspectivas”49
mas seu senso de oportunidade, métodos e mente, e muitos outros pratos que eu poderia Em 1868 Tiago White escreveu um edito- Tanto Tiago como Ellen White reconhe-
conseqüências decorrentes fazem muito para mencionar teriam atendido às exigências do rial destacando o fato de que extremistas di- ciam diferenças individuais.50 Eram pacientes
ficultaram desnecessariamente a obra da Sra. com os outros, pois sabiam quanto tempo ha-
enfraquecer o impacto de sua mensagem. apetite. Se ele não conseguisse algumas des-
White: “Enquanto Satanás tenta muitos a viam gasto para ver a lógica e a beleza dos
Numa assembléia realizada em 1868, em No- sas coisas, um pouco de vinho caseiro [com serem vagarosos, sempre tenta a estes [alguns princípios de saúde confirmadas por visão.51
va Iorque, Ellen White escreveu que alguns propósitos medicinais] não teria feito a ela com maior zelo do que cautela] a serem rápi- Sabiam também que não podiam servir de
defensores da reforma de saúde eram “extre- nenhum mal; ter-lhe-ia sido melhor do que dos demais. O trabalho da Sra. White tem se consciência para ninguém. Podiam orientar
mistas, e lançaram por terra a reforma de nada. Em alguns casos, mesmo uma pequena tornado difícil e, algumas vezes, complicado, apenas pelo exemplo e pelo claro ensino.
saúde. ... Sua influência desagradava a cren- quantidade da carne menos prejudicial cau-
tes e descrentes”.43 saria menor mal do que sofrer forte desejo
Referências
Antes de apontar algumas das inconsis- por ela.”45
tências desses “extremistas”, a Sra. White Depois, ela se voltou para outra família 1. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 211. 12. “Você precisa usar o sal moderadamente; sem ele ficará dis-
analisou perceptivamente as reações típicas à que havia perdido um ente querido devido a 2. Review and Herald, 10 de setembro de 1867. péptico.” – Carta 19a, 1891, citada em Robinson, op. cit.,
3. Ibidem, 15 de janeiro de 1867. pág. 136. “Segundo a instrução que me foi dada por Deus,
mensagem de saúde: “As massas rejeitarão um médico culpado de “maus-tratos” sob o 4. Health Reformer, dezembro de 1866. esse artigo [sal], em vez de ser deletério, é realmente essen-
qualquer teoria, por muito razoável que seja, pretexto de reforma de saúde. Ao que parece, 5. Review and Herald, 1o de janeiro de 1867. cial ao sangue. Os porquês e para quês disto, não sei, mas
6. Health Reformer (Reformador da Saúde), fevereiro de 1867. transmito-lhes a instrução segundo me foi dada.” – Conse-
se ela impõe restrições ao apetite. O paladar o rapaz havia morrido após intensa febre. Em- 7. Review and Herald, 5 de janeiro de 1886. lhos Sobre Regime Alimentar, pág. 344. Obviamente, há, por
é consultado em vez da razão e da saúde. To- bora tenha reconhecido que “a abstinência 8. Um ano antes, em setembro de 1864, Tiago e Ellen White vezes, certas condições médicas (tais como a hipertensão)
de alimento por breve tempo diminuirá a fe- haviam passado três semanas em Dansville, depois que ela em que o uso do sal deve ser reduzido até a recuperação da
dos quantos abandonam o caminho comum completara os volumes 3 e 4 de Spiritual Gifts. O volume 4 saúde. Ellen White está falando aqui de um uso moderado
do hábito e passam a defender reforma sofre- bre”, ela observou que, quando é vencida a continha a exposição de sua visão sobre saúde recebida em 6 do sal em um regime saudável e de manutenção. Em tem-
rão oposição, serão tachados de loucos, insa- força da febre, “deve-se-lhe ministrar alimen- de junho de 1863 em Otsego. Os princípios contidos nesta pos modernos, em virtude de o sal estar muitas vezes pre-
visão de Otsego eram claros e os tempos eram urgentes; in- sente nos alimentos embalados, isto deve ser tomado em
nos, radicais... [ainda que] sigam essa coeren- to, cuidadosa e prudentemente”. Contudo, corporá-los na vida prática requereria tempo e experiência. consideração ao avaliar a necessidade diária de um uso
te conduta.”44 cada pessoa deve ser tratada individualmen- Um artigo oportuno escrito pelo Dr. James C. Jackson, ad- “moderado” de sal.
ministrador do “Our Home”, falando a respeito do tratamento 13. Biography, vol. 2, pág. 121.
Depois, ela falou claramente a diversos te. “Se o doente mostra grande desejo de ali- da difteria foi reimpresso na revista da igreja em fevereiro de 14. Ibidem, vol. 2, pág. 86.
desses porta-vozes extremistas. Certo ho- mentar-se, mesmo durante a febre, satisfazer 1863, e impressionou bastante os White. Às vezes, quando pais 15. Manuscrito 1, 1867, citado em Biography, vol. 2, pág. 122.
apavorados viam os filhos morrerem sem ajuda médica, os 16. Review and Herald, 20 de fevereiro de 1866.
mem, “auxiliado por trechos extraídos de li- esse desejo com quantidade moderada de ali- White utilizaram o método de tratamento pela água defendido 17. Life Sketches of Elder James White and Mrs. Ellen G. White
vros”, exigiu que sua família se submetesse mento simples será menos prejudicial do que por Jackson, e três crianças, o filho de Moses Hull e Edson e (1888), págs. 353 e 354, citado em Robinson, Our Health
imediatamente a essas “elevadas” normas, negar-lhe.”46 Willie White sobreviveram à difteria. Apesar disso, em fins de Message, pág. 138.
novembro de 1863, o resfriado de Henry transformou-se em 18. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 490.
embora, ao fazê-lo, ele mesmo tenha deixa- No caso desse rapaz, Ellen White indi- pneumonia e ele foi tratado com a terapia medicamentosa 19. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 485-495, 553-564,
do de “colocar-se à altura do alvo, subjugan- cou especificamente que a forma incompe- convencional sem nenhum resultado positivo. Embora os 612-620.
White compreendessem o princípio da hidroterapia quando o 20. Biography, vol. 2, págs. 157-175.
do seu corpo”. tente de lidar com o problema lhe causara aplicaram à difteria, ainda não o tinham visto sendo aplicado 21. Biography, vol. 2, pág. 141.
Suas relações conjugais pareciam mais a morte desnecessária: “Um pouco de bom a outras doenças. A teoria precisava de tempo e experiência 22. Robinson, Our Health Message, págs. 145-155; Biography,
antes de poder tornar-se um princípio convincente na prática. vol. 2, págs. 139-142, 174 e 176.
com o desencadeamento de “propensões sen- vinho e alimento tê-lo-ia... restituído à sua Os White perceberam a necessidade de compreenderem 23. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 564-567; Biography,
suais” do que com as de um marido atencio- família.” O pai também teria morrido, não na prática a plena aplicação da visão de Otsego sobre saúde. vol. 2, págs. 192-204; Robinson, Our Health Message, págs.
so. Sua esposa não estava em condições de fosse a “presença e o oportuno conselho de Fizeram imediatamente algumas mudanças alimentares com 172-190.
respeito ao comer carne, pão mais saudável, menos sal, duas 24. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 552 e 553.
dar à luz “crianças sadias”. Por quê? Porque um médico do Instituto de Saúde”. Fazer o refeições por dia, embora outras mudanças ficassem ainda por 25. Antes da visão de Bordoville, ocorreram as visões de 1848 e
“ele não proveu a qualidade e quantidade de melhor possível dentro das circunstâncias ser feitas à medida que os princípios se tornassem mais claros 1854; Otsego, Michigan, 5 de junho de 1863, e Rochester,
com o passar do tempo. Assim sendo, foram para Dansville, Nova Iorque, 25 de dezembro de 1865.
alimento necessário para nutrir duas vidas em era, para Ellen White, um princípio básico em setembro de 1864, não somente por causa da saúde deles 26. Ver págs. 34, 282, 304, 311 e 422.
vez de uma”. Os filhos nasceram com “o apa- de saúde.47 abalada pelas tensões de viagens e trabalhos literários, mas 27. Biography, vol. 2, págs. 301-311.
para “ver o que poderíamos ver e ouvir a fim de sermos capa- 28. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 161.
relho digestivo débil e sangue pobre”. Ela advertia a respeito dos extremistas: “É zes de apresentar a muitos amigos que fazem perguntas um re- 29. Ibidem, pág. 162.
impossível, para os mais hábeis defensores da latório mais ou menos definido”. – Tiago White, em How to 30. Ibidem, pág. 165.
Aplicando o Bom Senso reforma de saúde, livrar completamente o es- Live, citado em Biography, vol. 2, pág. 83. 31. Ibidem, págs. 166 e 167 (Conselhos Sobre Saúde, 245).
9. Review and Herald, 20 de fevereiro de 1866. 32. Ibidem, pág. 168.
Repare como Ellen White aplicava o princí- pírito público dos preconceitos adquiridos 10. Review and Herald, 3 de outubro de 1865. 33. Ibidem, págs. 170 e 171.
pio do bom senso e da moderação: “Seu orga- graças ao procedimento errado desses extre- 11. Manuscrito 1, 1867, citado em Robinson, Our Health Mes- 34. Robinson, Our Health Message, págs. 203-212.
sage, pág. 135. 35. Ver págs. 95-97, 306, 311, 326, 400-402 e 436.
nismo ansiava por material para converter mistas, e colocar o grande tema da reforma de
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36. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 21. Mas não é preciso vacas e alimentá-las com os resíduos, produzindo o que era diferem grandemente nas diferentes pessoas. O que seria ali- pessoas tanto tempo quanto exigimos para chegar à presente
errar: “Vocês não precisam entrar na água, nem no fogo, mas chamado de ‘leite paparrotado’. Este líquido específico, que mento para um, seria veneno para outro; assim, não se pode condição avançada na reforma, devemos ser muito pacientes
tomem o caminho mediano, evitando todos os extremos.” – aparentemente fazia as crianças ficarem embriagadas, provo- estabelecer regras precisas que se ajustem a todos os casos. com elas e permitir que andem passo por passo, como nós o
Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 211. cou um escândalo na cidade de Nova Iorque de 1870, quando Não posso comer feijão, pois para mim é um veneno; mas di- fizemos, até que seus pés estejam inteiramente firmados na
37. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 19. “Sabemos que o li- se descobriu que algumas das vacas confinadas durante anos zer eu por isto que ninguém deve comê-lo, seria ridículo.” – plataforma da reforma de saúde. Devemos, porém, ser muito
vre uso desses artigos é positivamente nocivo à saúde, e em em estábulos imundos ficavam tão doentes de tuberculose que Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 494. cautelosos para não avançar rápido demais, a fim de que não
muitos casos pensamos que, se não fossem absolutamente tinham de ser erguidas com um guindaste para continuar pro- 51. “Alguns de nós levaram muitos anos para chegar à nossa pre- sejamos obrigados a recuar nossos passos.” – Testemunhos Pa-
usados, desfrutar-se-ia muito melhor estado de saúde. Mas no duzindo leite até a morte. sente posição na reforma de saúde. É trabalho lento conse- ra a Igreja, vol. 3, págs. 20 e 21 (Conselhos Sobre Saúde, pág.
presente nossa preocupação não é em relação a essas coisas. “Quando em 1902 a Comissão de Saúde da cidade testou guir reforma no regime dietético. ... Se quisermos conceder às 438).
O povo está tão atrasado que vemos que tudo que pode su- 3.970 amostras de leite, verificou-se que 2.095, ou 52,77%, es-
portar agora é que o esclareçamos quanto às condescendên- tavam adulteradas.” – Bettmann, The Good Old Days, págs.
cias nocivas e os estimulantes narcóticos.” – Ibidem, pág. 21 114 e 115.
(Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 468). Ellen White 40. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 20 e 21. A expressão Perguntas Para Estudo
percebeu que o conselho do Dr. Trall publicado no Reforma- “uso excessivo de manteiga” bem pode ter sido empregada
dor da Saúde era bastante extremado quando ele escreveu: “O nesta declaração para expressar mais precisamente o ponto
sal, por ser um veneno, jamais deve ser usado.” – Julho de de vista da escritora, já que alguns parágrafos antes ela de- 1. Que queria Ellen White dizer com “peneira do evangelho”?
1869. O ponto de vista dela, mais bem declarado em A Ciên- monstrara que parte da confusão e da aflição causada pelo
cia do Bom Viver, pág. 305: “Não usem sal em quantidade.” ponto de vista extremo dos redatores do Reformador era a po-
Pesquisas recentes indicam fortemente que hipertensão inex- sição de defender o “completo abandono do leite, manteiga e
2. Que práticas levadas a efeito no “Our Home” de Dansville eram incompatíveis com os
plicada é encontrada muitas vezes em pessoas que consomem açúcar”. amplos princípios do viver saudável que Ellen White estava começando a entender mais
muito sal. Ver pág. 334. 41. Health Reformer, março de 1871. claramente?
38. Para muitas pessoas do século dezenove, padrões higiênicos, 42. Robinson, Our Health Message, pág. 202; ver Biography, vol.
refeições “balanceadas” e alimentos refrigerados eram coisas 2, págs. 306-309.
nas quais nem se pensava. “As massas eram forçadas a subsis- 43. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 377. Ver Conselhos So- 3. Que princípios fundamentais defendidos por Ellen White e contidos em seu conselho
tir à base de um regime alimentar cru e escasso do qual o chá bre o Regime Alimentar, págs. 195-213. aos que estavam estabelecendo a primeira instituição médica da igreja podiam aplicar-
e o pão eram os elementos básicos, suplementados por uma 44. Ibidem.
sopa ou um cozido de origem questionável. ... A nostalgia, 45. Ibidem, pág. 384 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. se a todas as outras instituições que viriam depois?
mesmo dos alimentos utilizados pela maioria dos camponeses 334). Ver também págs. 95-97, 305, 306, 311, 326, 400-402
norte-americanos, não pode sobreviver à luz da verdade. Em- e 436. 4. Que princípios sensatos foram enfatizados novamente quando o Health Reformer (Refor-
bora até certo ponto substancioso, o regime era muito sim- 46. Ibidem, págs. 384 e 385.
ples, monótono e às vezes longe de ser saudável. ... A revista 47. Ver pág. 310 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 386). mador da Saúde) precisou de auxílio?
Harper’s Weekly queixou em 1869: ‘O povo da cidade corre o 48. Ibidem, págs. 386 e 387 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar,
risco constante de comprar alimento insalubre. Os comer- pág. 209). 5. Recapitule algumas das evidentes melhorias na saúde desfrutadas pelos adventistas da
ciantes são inescrupulosos; o povo, desinformado.’ ... Na au- 49. Review and Herald, 17 de março de 1868. Tiago White conti-
sência de refrigeração elétrica, as mercadorias perecíveis fica- nua falando a respeito do desafio enfrentado pela esposa: “Ela década de 1860 quando incorporaram os princípios de saúde em seu plano diário. Co-
vam sujeitas ao capricho do tempo. ... Alguém é tentado a trabalha com esta desvantagem, a saber: faz veementes ape- mo aqueles princípios se aplicam hoje?
crer que, com a carne e o peixe tão pouco confiáveis, os vi- los ao povo, algumas pessoas ficam profundamente impressio-
torianos urbanos subsistiam consumindo grande quantidade nadas, adotam posições radicais e vão a extremos. Depois, pa-
de frutas. Esse, porém, não era o caso. Eles tinham uma per- ra salvar a causa da ruína em conseqüência desses extremos,
sistente suspeita das frutas – e verduras – suspeita esta origi- ela é obrigada a reprovar os extremistas publicamente. É me-
nada na crença de que a epidemia de cólera de 1832 fora cau- lhor fazer isto do que ter as coisas destroçadas; mas a influên-
sada pelas frutas. Na verdade, depois da epidemia, a câmara cia de ambos os extremos bem como das reprovações é péssi-
municipal de Nova Iorque havia proibido a venda de toda es- ma para a causa, e coloca sobre a Sra. White um fardo triplo.
pécie de fruta, e conquanto a proibição formal houvesse ces- Eis a dificuldade: O que ela diz para estimular os atrasados é
sado anos depois, a desconfiança ainda existia.” – Otto Bett- recebido pelos apressados como um estímulo para ir além dos
mann, The Good Old Days – They Were Terrible! (New York: limites. E o que diz para moderar os apressados, zelosos e in-
Random House, Inc., 1974), págs. 109, 110 e 113. gênuos é recebido pelos vagarosos como desculpa para per-
39. Este conselho se destinava principalmente aos leitores de manecer aquém.”
Ellen White que moravam na zona rural. Para aqueles que Em 1871, Tiago White tornou a apresentar o equilibrado
eram obrigados a comprar o leite, este era um empreendi- conselho de sua esposa, à medida que ambos levavam os mem-
mento arriscado. “Era do conhecimento geral dos nova-ior- bros da igreja, passo a passo, a ajustarem-se à nova luz: “Ao
quinos que o leite que consumiam era diluído. Nem por isso passo que ela [Ellen White] não considera leite, tomado em
os comerciantes eram mais sutis nem se envergonhavam dis- grandes quantidades, com pão, como é costume, o melhor ar-
to. Tudo que eles precisavam era de uma bomba de água pa- tigo alimentar, sua mente, até aqui, só tem sido chamada à im-
ra impulsionar dois quartos [2,2 litros] de leite para um galão portância da melhor e mais saudável condição possível da va-
[3,8 litros]. Mas a adulteração não ficava por aí: para melho- ca, cujo leite é usado como artigo de alimentação. Ela não se
rar a cor do leite de vacas doentes, eles muitas vezes adicio- pode unir na circulação de publicações espalhadas que tomam
navam melaço, pó de giz ou gesso. Não admira que, em 1889, atitude extremista na importante questão do leite, segundo os
um comissário da saúde pública de Nova Iorque tenha rela- esclarecimentos atuais relativamente à questão. ... A Sra.
tado haver visto em certos bairros ‘um líquido de aparência White pensa que uma mudança das mais simples espécies de
nitidamente suspeita chamado de leite’. alimentos cárneos para abundante uso de açúcar é ir de ‘mal
“O leite infectado de bactéria apresentava possibilidades para pior’. Ela recomendaria uso muito moderado tanto de
letais para as quais o povo estava despercebido. A raiz deste açúcar como de sal. O apetite pode e deve ser levado ao par-
problema achava-se nas fazendas de laticínios, sempre sujas, cimonioso uso de ambos.” – Review and Herald, 8 de novem-
onde as vacas leiteiras eram impropriamente alimentadas e bro de 1870 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 497).
abrigadas. 50. “Nossa comida deve ser de acordo com a estação, o clima em
“Não era coisa incomum a administração de uma cidade que vivemos e a ocupação em que nos empregamos.” – A
vender o lixo urbano para um fazendeiro, que sem demora ali- Ciência do Bom Viver, pág. 297. “Há grande diferença entre
mentava seu gado com aquilo. Ou para uma destilaria criar constituições e temperamentos, e as exigências do organismo

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
White relembra que, certa ocasião, quando a quais impressionaremos a Deus e obteremos
doença atingiu o lar de um de seus vizinhos, Seu amor (legalismo). Ao contrário, é mais
“não tinham em casa coisa alguma apropriada a revelação de um Deus amorável no que se
para comer. E recusaram-se a comer tudo que refere à melhor maneira de evitar situações
lhes levamos. Estavam acostumados a comer infelizes resultantes de más decisões. A re-
Princípios de Saúde/4 carne. Concluímos que alguma coisa devia ser forma de saúde contém aqueles reflexos que
feita. Eu disse a Sara: ‘Apanhe umas galinhas apressarão o desenvolvimento do caráter e
do meu galinheiro, e prepare-lhes um caldo.’... uma vida de serviço – o objetivo da reden-

Princípios e Práticas Logo se restabeleceram.”


Que lição tiramos desse episódio? “Embo-
ra nós mesmos não usássemos carne, quando
a julgamos necessária àquela família em sua
ção e o propósito da vida. A reforma de saú-
de incorpora um sistema de escolhas que é
compreendido progressivamente por meio
da experiência. É por este motivo que co-
doença, demos-lhe aquilo que julgávamos mer carne, por exemplo, nunca foi uma
“Tenha-se em mente sempre que o grande objetivo da reforma de saúde é garantir o desenvolvi- precisarem. Há ocasiões em que temos de ir “prova de comunhão” na Igreja Adventista
mento mais elevado possível da mente, da alma e do corpo. Todas as leis da natureza – que são leis ao encontro das pessoas onde se acham.”7 do Sétimo Dia.15
de Deus – foram destinadas para o nosso bem. A obediência a elas promoverá nossa felicidade nes- Mais uma vez, porém, é preciso usar o bom O nono princípio é melhor expresso na
ta vida, e nos ajudará a preparar-nos para a vida futura.”1 senso aqui: o primeiro e o segundo princípios, simples fórmula de Ellen White: “Não me
tomados juntos, devem comunicar sabedoria ponho como critério para os outros.” Ela não
tanto para aquele que vai aplicar os trata- buscava servir de consciência para ninguém;

E
llen White expôs algumas diretrizes que medicinais.5 Obviamente ela não estava suge- mentos quanto para o enfermo. nem fazia “ataque” contra a mesa daqueles
ajudariam todas as pessoas a tomarem rindo que o vinho devesse ser usado como be- O terceiro princípio é evitar “todas as coisas que eram mais vagarosos em seguir a luz pro-
decisões positivas e progressivas, princi- bida social ou como parte especial de uma ali- nocivas”, e o quarto é “usar criteriosamente gressiva.16
palmente no tocante à reforma de saúde. O mentação regular. aquilo que é saudável”.8 O décimo princípio permeia os nove princí-
primeiro princípio, aplicável a todas as áreas de Quando ela aconselhou “vinho caseiro” O quinto princípio salienta o domínio pró- pios anteriores: devemos raciocinar da causa
responsabilidades cristãs, é que todos sabem para propósitos medicinais, sabia que a pessoa prio. “Excessiva condescendência quanto ao para o efeito. Isso talvez tenha sido melhor
por si mesmos qual o “dever conhecido”. O doente precisava das propriedades nutricio- comer, beber, dormir ou ver é pecado.”9 A expresso no conselho de Paulo: “Deus não Se
“dever conhecido” pode, em dado momento, nais da uva, nutrientes que podiam ser assimi- condescendência própria é muitas vezes reve- deixa escarnecer. Tudo o que o homem se-
não ser o mesmo para duas pessoas. Apesar lados rapidamente pelo corpo. Neste caso, lada no “vestuário” e no “excesso de trabalho”, mear, isso também ceifará.” Gál. 6:7.17
disso, a maior ou menor recusa em cumprir o ainda que o vinho doméstico contivesse um indicando assim que a mente não se acha sob
“dever conhecido” revela um coração rebelde pouco de álcool, seria mais benéfico usá-lo do o “domínio da razão e da consciência”.10 A Jornada de Ellen White, Passo a Passo
– problema mais profundo que a questão do que não usá-lo. Em 1868, num de seus artigos O sexto princípio é que não devemos estabe- Tanto Tiago como Ellen White compreende-
regime alimentar.2 de pergunta/resposta, Tiago White escreveu: lecer “regra alguma para ser seguida no regime ram que levava tempo para reagirem favoravel-
“Ninguém pode crer com o coração para a “Durante o ano passado, a Sra. White teve, alimentar”.11 Obviamente, deram-se adver- mente e avançarem “passo a passo” na verda-
justiça”, escreveu Ellen White em 1893, “e em três ou quatro ocasiões, grande sensação tências claras e precisas sobre os alimentos de.18 A experiência, o bom senso e o discerni-
obter justificação pela fé, enquanto conti- de fraqueza e tontura pela manhã. ... Nessas que não fazem bem. Mas, ao tratar dos tipos mento divino inspiraram o princípio muitas
nuar na prática das coisas que a Palavra de ocasiões, para prevenir o desmaio, ela tomava, de alimento que deviam substituir os alimen- vezes repetido pela escritora: “A reforma dieté-
Deus proíbe, ou enquanto negligenciar qual- imediatamente depois de levantar, um ovo tos prejudiciais, Ellen White deu sugestões ge- tica deve ser progressiva.”19 Deus sempre usou
quer dever conhecido.”3 batido com puro suco de uva feito em casa, rais, como por exemplo “cereais, frutas, nozes este princípio ao revelar a verdade.20
A negligência do “dever conhecido” causa- talvez uma colherada de cada vez, mas nunca e verduras”.12 Por que orientações gerais em As visões de 1848 e de 1854 enfatizaram
rá “fraqueza e trevas, e sujeita-nos a ardente achou que isto tinha que ver com drogas, se- vez de “regras”? Porque ela reconhecia que os efeitos maléficos do fumo, café e chá. Na
tentação”.4 Em outras palavras, ouvir a instru- gundo a acepção em que ela emprega o termo uma alimentação saudável deve levar em con- segunda visão, chamou-se a atenção para as
ção que Deus ratificou por meio de Sua men- em seus escritos, mais do que com a ilusão de ta as diferenças individuais de clima, ocupa- questões relacionadas com a saúde como a
sageira, mas não torná-la parte da vida, abre a ver um rosto humano na Lua. Durante o ano ção e características físicas.13 falta de asseio corporal e a necessidade de
porta para outras tentações e trevas espirituais. passado, é possível que ela tenha usado cerca O sétimo princípio revela cuidado e compai- controle do apetite.21 Ellen White declarou
O segundo princípio é que devemos fazer o de meio litro de vinho. Somente em casos ex- xão: não se deve insistir num regime sem car- em 1863: “O Senhor expôs perante mim
melhor que pudermos em todas as circuns- tremos é que se justifica o uso do vinho, per- ne enquanto os substitutos protéicos apro- um plano geral”, inclusive o conceito de
tâncias. Por exemplo, numa época em que mitindo-se então que se use ‘um pouco de vi- priados não estejam disponíveis e as razões que cuidar da saúde é um dever espiritual.22
não havia suplementos nutricionais nem era nho’ para estimular suavemente os que se en- para a substituição não tenham sido com- Seis meses depois, ela escreveu: “Nossa co-
fácil conseguir frutas e verduras variadas, contram em condição desfalecente.”6 preendidas.14 mida simples, ingerida duas vezes por dia, é
Ellen White sugeriu que o suco de uva, obti- Na Austrália, durante a década de 1890, era O oitavo princípio ressalta a motivação saboreada com vivo prazer. Não temos car-
do em sua melhor forma, era apropriado co- difícil encontrar comida de qualidade, e carne por detrás da reforma de saúde: a reforma de ne, bolo ou qualquer comida gordurosa em
mo suplemento alimentar para propósitos era o alimento disponível mais barato. A Sra. saúde não é um conjunto de deveres pelos nossa mesa. Não usamos banha, mas, em lu-
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CAPÍTULO 27 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados PRINCÍPIOS E PRÁTICAS

gar disso, leite, nata e alguma manteiga. Pre- Algumas semanas mais tarde, depois de rir carne de animais sadios. ... Quando não horário mais conveniente combinado pela
paramos o alimento com pouco sal apenas, e chegarem à Califórnia, ela relatou que já não me foi possível obter o alimento de que ne- numerosa família.
dispensamos condimento de toda espécie. comiam carne, embora tivessem comprado cessitava, comi um pouco de carne algumas • Nenhuma carne, manteiga, queijo ou
Tomamos o desjejum às sete, e almoçamos à “carne para May Walling enquanto ela este- vezes; mas estou ficando cada vez mais ate- “misturas gordurosas de alimento”; “todos...
uma. ... Como com mais gosto que nunca.”23 ve doente, mas desde então não temos gasto morizada de fazê-lo.”30 satisfeitos” com a nata das duas vacas deles.
Em 1870 a Sra. White revelou algo mais nem um centavo com carne”.27 Ellen White, com seu atarefado programa • Ellen White preferia macarrão bem fino
sobre a maneira como os princípios de saúde Durante o chuvoso e enevoado janeiro de de atividade literária e freqüentes apresenta- e tomates enlatados cozidos juntos, os quais
funcionavam em seu lar. Referiu-se a sua 1884, Ellen White passou algum tempo no ções públicas, precisava da ajuda de uma co- comia com torradas; frutas cozidas de várias
“mesa bem provida” em todas as ocasiões. Era Retiro de Saúde de Santa Helena onde havia zinheira que cuidasse de sua grande família. espécies reforçavam seu prato principal. Ou-
comum chegarem visitantes, esperados e mais luz solar e calor. Mas o médico, o admi- Contudo, nem sempre conseguia contratar os tros pratos, usados ocasionalmente, incluíam
inesperados. Ela punha diante de todos “co- nistrador e o cozinheiro não eram a favor da serviços de uma cozinheira instruída nos milho seco cozido com leite e torta de limão.
mida simples e saudável” e, “se alguém quiser culinária vegetariana. A respeito de sua expe- princípios da reforma de saúde. Enquanto es- • Todos os membros da numerosa família
mais que isto, está na liberdade de procurá-la riência, escreveu ela: “Quando cheguei ao
teve na Austrália durante a década de 1890, comiam os pratos que melhor atendessem às
noutra parte. Nem manteiga nem alimentos Retiro, estava resolvida a não provar carne,
onde frutas, verduras, cereais e nozes não suas necessidades. Ellen White disse que não
cárneos de qualquer espécie vêm à minha mas, como mal conseguia encontrar outra
mesa. Raramente aí se encontra bolo. Tenho coisa, comi um pouco de carne. Isso fez meu eram tão fáceis de obter nem tão baratos, a se colocava como critério para eles.
geralmente ampla provisão de frutas, bom coração funcionar de maneira antinatural. carne era o alimento básico da maioria das • Quem quer que desejasse comer à noite
pão e verduras.” Não se punha açúcar na me- Não era a espécie correta de alimento. ... pessoas. Duas semanas depois de chegar à era livre para fazê-lo.
sa, embora fosse usado algumas vezes em pre- “O uso de carne enquanto estive no Reti- Austrália, ela escreveu: “Estou agora sofrendo • Havia sempre à disposição “uma varieda-
parações culinárias.24 ro despertou o antigo apetite, de modo que, mais pela falta de uma pessoa experiente no de de comida simples, saudável e apetitosa”.
Quando em viagens por via férrea em ao voltar para casa, ele clamava por satisfa- ramo culinário – que prepare coisas que pos- Que concluímos desta jornada “passo a
1870, os White comiam em sua hora costu- ção. Então decidi fazer uma mudança com- sa comer. A culinária deste país é deficiente passo”?
meira, uma hora da tarde, “pão integral sem pleta e não mais voltar a comer carne sob cir- em todos os aspectos. Retire-se a carne, que • As principais visões de Ellen White a res-
manteiga e abundante provisão de frutas”.25 cunstância alguma, para assim não estimular nós raramente usamos – e não me atrevo a peito de saúde ocorridas em 1863 e 1865
este apetite. Nem um bocado de carne ou usá-la aqui de forma alguma – e sente-se à abrangeram todos os aspectos da mensagem da
O Melhor Alimento Disponível manteiga tem sido posto em minha mesa des- mesa deles, e se conseguir manter as forças, é reforma de saúde, enfatizados por ela até a mor-
Ellen White comeu carne depois de 1863? de que voltei. Temos leite, frutas, cereais e porque você tem uma excelente constituição. te. As mudanças em determinadas ênfases
Sim, mas não como parte regular de seu regi- vegetais. ... Eu pagaria mais alto preço por uma cozi- ocorridas através dos anos nada acrescentaram
me alimentar. Ela praticava os princípios ge- “Durante algum tempo perdi todo o gosto nheira do que por qualquer outra parte de nem subtraíram, apenas aperfeiçoaram esses
rais que ensinara a outros, como por exemplo por comida. Como os filhos de Israel, ansiei meu trabalho.”31 princípios. Com o passar do tempo, mesmo os
o princípio de que se deve usar o melhor ali- ardentemente por alimentos cárneos. Mas fir- Durante sua estada na Austrália, chegou profetas devem tomar tempo para assimilar os
mento disponível em cada situação. Quando memente recusei que comprassem ou cozes- ao ponto de banir “absolutamente a carne princípios revelados – tempo para a teoria con-
se estava longe de casa, viajando ou acam- sem carne. Fiquei fraca e tremente, como to- de” sua “mesa”. Por algum tempo, empre- verter-se em prática na vida. Ellen White de-
pando em condições austeras, décadas antes dos os que sobrevivem da carne ficam quan- gou a carne somente para servir aos obrei- fendeu constantemente, tanto na prática como
dos alimentos congelados serem inventados, do desprovidos do estímulo. Mas agora meu ros e membros da família. Desde aquela no ensino, o princípio de que todos quantos se
era difícil encontrar alimentos adequados. apetite retornou, tenho prazer em pão e fru- época [janeiro de 1894], porém, ficou acer- comprometem com a verdade mudarão do ruim
Pelo fato de nem sempre poder obter o me- tas, minha mente em geral é clara, e firme o tado “que, quer eu esteja em casa quer fora, para o bom, do bom para o melhor, do melhor
lhor, por uma razão ou outra, ela às vezes es- meu vigor. Não tenho nenhuma sensação de para o excelente. Essa foi a sua experiência.
nada dessa espécie deve ser usado em mi-
colhia o bom, que acabava sendo o melhor enfraquecimento tão comum entre os come- • Ellen White fazia diferença entre subs-
nha família, ou vir à minha mesa. Vi men-
naquelas circunstâncias. dores de carne. Aprendi uma lição e espero
talmente sobre esse assunto muitas cenas tâncias claramente prejudiciais (bebidas al-
Em 1873, durante um período de descanso que a tenha aprendido bem.”28
durante a noite.”32 coólicas, carne de porco, fumo, chá e café) e
nas Montanhas Rochosas, não restou ao gru- Em 1888 a Sra. White escreveu que fazia
po dos White outra opção senão caçar e pes- anos que não comprava “um centavo de chá”. itens alimentares que não eram saudáveis
car para comer. Ellen escreveu em seu diário: Tomava, porém, um pouco de chá “como re- Hábito Alimentar de Ellen White Após 1900 quando empregados em quantidades imode-
“Faz alguns dias que nossas provisões estão fi- médio” em casos de “severo vômito”.29 Qual foi seu hábito alimentar em Elmshaven, radas (carnes limpas, leite, ovos, sal e açú-
cando escassas. Muitos de nossos suprimentos Em 1890, após dois anos em viagens pela depois que voltou à América do Norte em car). Algumas dessas percepções divinas, es-
se acabaram. ... Esperávamos receber os supri- Europa, ela observou: “Onde é possível obter 1900? Várias cartas revelam a rotina diária pecialmente o que dizia respeito à carne de
mentos três dias atrás, mas não chegou nada. bastante leite bom e frutas, raro há uma des- daquele movimentado lar, repleto de obreiros porco, vieram como uma surpresa para ela.
Willie foi buscar água no lago. Ouvimos dis- culpa para comer alimento animal. ... Em cer- e membros da família comendo juntos. Entre Outros itens estavam sendo discutidos no sé-
paros de sua arma e soubemos que havia atira- tos casos de doença ou exaustão, poderá ser os aspectos alimentares do lar dos White, po- culo dezenove, mas em nenhum outro lugar
do em dois patos. Isto é realmente uma bên- considerado melhor usar alguma carne, mas demos citar:33 foram todos os princípios que ela apresentou
ção, pois precisamos de algo para comer.”26 grande cuidado deve ser tomado para adqui- • Desjejum às 7h30 e almoço às l3h – o integrados num programa prático. Em ne-
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nhum outro lugar foram esses princípios apre- passado devem, porém, ser julgadas no con- anteriores desfalecimentos e vertigens desa- posso obtê-lo. Pegamos belos peixes no lago
sentados a fim de preparar um povo para a texto de suas circunstâncias, não das nossas. pareceram.” Anos depois, com oitenta e dois de água salgada perto daqui. Não uso chá
vinda do Senhor. Nos dias em que não havia refrigeradores, anos de idade, ela pôde escrever: “Tenho ho- nem café. Enquanto trabalho contra essas
• Os aparentes deslizes em sua jornada do em que obter frutas e verduras frescas depen- je melhor saúde do que na juventude, apesar coisas, posso apenas praticar aquilo que sei
bom para o melhor (ao incorporar em sua dia de onde a pessoa vivia e em que época do da minha idade.”41 ser o melhor para a saúde, e minha família es-
prática de vida os princípios de saúde divina- ano estava, em um tempo em que raramente Contudo, conforme estudamos anterior- tá em perfeita harmonia comigo. Você me
mente revelados) podem ser bem compreen- se podia obter os substitutos da carne antes mente (ver pág. 312), Ellen White realmen- entende, minha querida sobrinha, estou-lhe
didos por aqueles que se lembram de sua pró- da introdução da manteiga de amendoim e te comeu carne em algumas ocasiões. Em contando as coisas exatamente como são.”46
pria jornada do bom para o melhor. Circuns- dos cereais secos (meados da década de 1901 ela comentou ter havido ocasiões em Ostras. Fannie Bolton,47 ex-assistente li-
tâncias além do controle e a ausência do 1890),36 em algumas ocasiões ou a pessoa co- que foi “compelida a comer um pouco de car- terária da escritora, escreveu que Ellen White,
melhor ditam muitas vezes escolhas que nem mia carne ou não comia absolutamente na- ne”.42 Difíceis condições de viagem, novas numa estação de trem, comeu “uma grande
sempre são as preferidas. Os que compreen- da. Em nossos dias, pelo menos nos países de- cozinheiras e emergências médicas exigiam ostra branca, crua, temperada com vinagre,
dem o evangelho, os que compreendem que senvolvidos, comer carne raramente é uma ajustes razoáveis. Em outras palavras, ela não pimenta e sal. ... Fiquei pasma com essa in-
Deus pede apenas que façamos o melhor den- necessidade. era fanática quanto a comer carne, especial- coerência e emudeci horrorizada. O Pastor
tro das circunstâncias dominantes, os que en- mente em seu conselho a outros: “Nunca jul- Starr fez-me sair rapidamente do local, apre-
tendem que a obediência ao dever conhecido Rumores e Acusações guei ser meu dever dizer que ninguém deve- sentando-me todo tipo de desculpas e justifi-
não é feita para impressionar a Deus (legalis- Que devemos concluir dos rumores e acusa- ria provar carne, sob quaisquer circunstân- cativas para a ação da irmã White. Apesar
mo), mas para honrá-Lo – essas pessoas en- ções propagados através dos anos a respeito cias. Dizer isso... seria levar ao extremo a disso, continuei pensando comigo mesma:
tenderão o motivo por que, em ocasiões raras das escolhas alimentares de Ellen White? questão. Nunca senti ser dever meu fazer as- ‘Que significa isto? Qual foi a ordem de
e circunstâncias incomuns, Ellen White co- Presunto na mesa dos White. Relata-se que serções arrasadoras. O que tenho dito, disse- Deus? Como ela se atreve a comer essas abo-
meu um pouco de carne. D. M. Canright, ex-pregador adventista hos- o sob uma intuição do dever, mas tenho sido minações?’”48
• Ellen White seguia o princípio do Tema til, disse ter visto os White comerem presun- cautelosa em minhas afirmações, porque não Quando G. B. Starr soube dessa carta, fi-
do Grande Conflito, refletido no exemplo de to na própria casa deles. Ele provavelmente queria dar ocasião para ninguém ser cons- cou espantado. Respondeu a W. C. White:
Cristo – a verdade nunca deve ser forçada. tinha razão, pois havia “abraçado o sábado”
ciência para outro.”43 “Só posso dizer que considero isto o maior ab-
Ela comunicava a outros, sempre que tinha a sob a pregação de Tiago White em 1859. Os
É importante observar também que Ellen surdo, uma grande asneira sem fundamento,
oportunidade apropriada, os princípios da re- primeiros adventistas não compreendiam a
White fazia distinção entre “carne” e “peixe”. como jamais vi ou li, a respeito de nossa que-
forma de saúde conforme os recebera – um distinção entre carnes limpas e imundas. Em
Em 1876 ela escreveu ao marido, que estava rida irmã White.
integrado e coordenado sistema de princípios fins da década de 1850, os White ainda co-
miam carne suína.37 Não foi senão depois da em viagem: “Nenhuma partícula de carne en- “O episódio simplesmente jamais aconte-
que promete saúde para a mente, o corpo e a
alma. Era clara e vigorosa com respeito à re- visão de Otsego, em junho de 1863, que eles trou em nossa casa desde que você partiu e ceu. Nunca vi sua mãe comer ostras nem car-
lação existente entre a saúde de uma pessoa e deixaram de comê-la.38 Entre 1859 e 1863, muito antes disso. Algumas vezes temos co- ne de qualquer espécie, seja num restaurante
o seu crescimento espiritual e destino eterno. Canright teria tido muitas oportunidades de mido salmão, embora esteja muito caro.”44 seja em sua própria mesa. A declaração de
Mas não compelia, ameaçava nem coagia ou- ver os White comendo carne de porco. Numa Austrália extremamente castigada Fannie Bolton... não passa de uma mentira
tros a fazerem o que sabia que eles deviam fa- Ellen White foi reincidente na questão do co- pela pobreza, durante meados da década de deslavada. Jamais passei por essa experiência
zer – não desejava servir de consciência nem mer carne durante toda a sua vida. Ellen Whi- 1890, ela admitiu que peixe podia ser parte e é absurda demais para ser crida por quem
de critério para os outros. Este fato, por si só, te nunca afirmou que, depois da visão sobre apropriada da alimentação dos operários que quer que tenha conhecido sua mãe. ...
revela a verdade sobre Deus e a responsabili- saúde recebida em 1863 em Otsego, jamais construíam o Avondale College. “Não pode- “Acho que toda essa carta foi escrita por
dade que temos de uns para com os outros.34 voltou a comer carne. Antes da visão, ela mos alimentar a todos”, escreveu ela em uma Fannie Bolton em um de seus momentos de
Temos agora melhores condições de en- “achava que dependia do regime cárneo para carta ao filho Willie, “mas se você fizer a gen- maior insanidade.49 ...
tender o que Ellen White quis dizer quando ter vitalidade”. Por causa de sua débil condi- tileza de obter para nós bacalhau e outros ti- “Quando visitei a Flórida em 1928, a Sra.
declarou na assembléia da Associação Geral ção física, especialmente por causa de sua pos de peixes secos, não enlatados, isto dará Starr e eu soubemos que, numa reunião cam-
de 1909: “Houve quem alegasse que não te- tendência para desmaiar quando ficava fraca melhor sabor ao alimento.”45 pal, Fannie Bolton havia feito uma declara-
nho seguido os princípios de reforma de saú- e atordoada, pensava que a carne era “indis- Dois anos depois de ter feito, na reunião ção pública confessando ter mentido a respei-
de, tais como os defendo com a pena; posso, pensável”.39 Na realidade, naquele tempo, ela campal de Brighton (Austrália), um voto to da irmã White e dizia-se arrependida.”50
entretanto, dizer que tenho sido fiel a essa re- era “uma grande comedora de carne”; o ali- pessoal pela abstinência de carne, a Sra. Embora o relato de Fannie Bolton tenha
forma. Os membros de minha família sabem mento cárneo era o “principal artigo” de sua White escreveu a sua sobrinha não adventis- sido falso, Ellen White solicitou ostras em
que isso é verdade.”35 alimentação.40 ta, Mary Clough Watson: “Dois anos atrás 1882 numa carta endereçada a Mary, sua no-
Nas tentativas modernas de entender His- Mas ela foi obediente à luz progressiva. cheguei à conclusão de que havia perigo em ra: “Se vocês puderem me trazer uma boa
tória, com demasiada freqüência e na maio- Eliminou a carne de seu “cardápio” imediata- usar a carne de animais mortos, e desde então caixa de arenques frescos, façam isso, por fa-
ria das vezes de modo não intencional, julga- mente, juntamente com a manteiga e as três não usei mais carne de forma alguma. Não a vor. Os últimos que Willie trouxe estão
mos o passado pelo presente. As pessoas do refeições por dia. Qual foi o resultado? “Meus ponho em minha mesa. Uso peixe quando amargos e velhos. Se puderem comprar...
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CAPÍTULO 27 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados PRINCÍPIOS E PRÁTICAS

meia dúzia de latas de tomate de boa quali- que ela renovou seu compromisso de absti- Ela compreendia claramente a diferença diferente de fazer uso habitual. Certa vez, em
dade, façam isso por favor. Precisamos de- nência total em 1894. entre a imutabilidade dos princípios e a con- Mineápolis, sentei a uma mesa na qual havia
las. Se puderem adquirir algumas latas de Percebemos aqui que, para Ellen White, ser dicionalidade da prática. Note quanta sensa- queijo. Eu estava bastante doente naquela
boas ostras, adquiram-nas.”51 vegetariano não significava ser necessaria- tez: “Os que entendem as leis da saúde e são época, e alguns de meus irmãos me disseram
Como entender este pedido de ostras? Não mente “um abstêmio”, isto é, um abstêmio to- governados por princípios fugirão dos extre- que achavam que, se eu comesse um pouco de
são as ostras consideradas imundas de acordo tal, mas alguém que não come alimentos cár- mos, tanto da condescendência como da res- queijo, poderia fazer-me bem. Comi um peda-
neos habitualmente. Podemos ter aqui um cla- trição. Sua alimentação é escolhida, não me- ço pequeno, e desde então se tem divulgado,
com Levítico 11? A resposta para esta per-
ro exemplo da diferença entre um princípio e ramente para agradar ao apetite, mas para nas grandes assembléias, que a irmã White
gunta não era mais clara para os adventistas fortalecimento do organismo. Procuram con- come queijo.
do sétimo dia na década de 1880 do que sua uma prática. O vegetarianismo era uma práti-
servar todas as faculdades nas melhores con- “Faz anos que não como carne em minha
atitude para com a carne de porco na década ca fundamentada em um princípio: devemos dições para o mais elevado serviço a Deus e casa. Mas não parem de comer carne simples-
de 1850.52 comer sempre o melhor alimento que a situa- aos homens. ... Há verdadeiro bom senso na mente porque a irmã White não come. Eu
Em 1883 o pastor do Tabernáculo de Battle ção permite. Os princípios são afirmações cla- reforma do regime. O assunto deve ser larga e não daria um centavo pela reforma de saúde
Creek, W. H. Littlejohn, dirigia uma coluna ras, sempre verdadeiras em todas as circuns- profundamente estudado, e ninguém deve que vocês praticam se esta fosse a sua base.
de perguntas e respostas na revista da igreja. tâncias. As práticas podem mudar, dependen- criticar outros porque não estejam em todas Desejo que mantenham sua dignidade indivi-
Ao responder sobre se ostras estavam incluí- do do tempo, do lugar e das circunstâncias. A as coisas agindo em harmonia com seu ponto dual e sua consagração pessoal perante Deus,
das nos alimentos imundos de Levítico 11, prática aplica os princípios sempre fazendo o de vista. É impossível [em matéria de alimen- dedicando a Ele todo o ser. ... Desejo que
Littlejohn escreveu: “É difícil determinar melhor possível conforme o caso. Somente a tação] estabelecer uma regra fixa para regular pensem sobre essas coisas. Não façam de ne-
com precisão se ostras devem ou não ser consciência de cada um sabe quando essas de- os hábitos de cada um, e ninguém se deve nhum ser humano seu critério.”63
cisões de fazer “o melhor” foram tomadas. considerar critério para todos.”62 Ellen White compreendia claramente a
apropriadadamente classificadas junto com
Antes da assembléia da Associação Geral diferença entre princípio e prática. Seu bom
os alimentos proibidos de Levítico 11:9-12. de 1901, alguns líderes reuniram-se com senso a respeito da reforma de saúde tornou-
... A linguagem, contudo, parece indicar que Aplicando os Princípios
Para Ellen White, os dois princípios básicos Ellen White para falar a respeito de práticas a fisicamente mais forte e uma pessoa mais
sim.”53 alimentares. As observações dela foram regis- produtiva com o passar dos anos – experiên-
da reforma de saúde são “conservar a melhor
Quando não se recebia discernimento di- tradas por C. C. Crisler, seu secretário: “Oh, cia pouco comum para muitos de sua época.
saúde”55 e ingerir “o alimento mais nutritivo”
reto em visão, os adventistas, como quaisquer como me dói ver esses obstáculos lançados no Longe de ser uma hipócrita, ela foi a primei-
em todo o tempo.56
outras pessoas, tinham que abrir o próprio ca- meio da estrada com respeito a este assunto. ra a colocar o princípio em prática. As práti-
Ao aplicar esses princípios, ela afirmou em
minho através dessas questões alimentares. Alguns têm dito: ‘A irmã White come quei- cas alimentares não eram uma forma de peni-
muitas ocasiões: “Nos países onde abundam jo, logo estou livre para comer queijo.’ Tenho tência, nem um ritual pelo qual se obter a sal-
Ellen White era uma hipócrita. Esta acusa-
as frutas, cereais e nozes, os alimentos cárneos provado queijo uma ou duas vezes, mas isto é vação.64
ção se baseia no fato de Ellen comer ocasio-
não constituem alimentação própria para o
nalmente alimentos cárneos, apesar de ser povo de Deus.”57
clara e direta sobre o perigo do comer carne. Referências
Ela empregava com freqüência o termo
Seu filho W. C. escreveu a G. B. Starr em “princípio”, quando declarava seus pontos de 1. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 23. Ver também 9. Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 417 (Temperança, pág.
1933 que a família White havia sido vegeta- vista sobre reforma de saúde. Ela creditava mui- págs. 273, 274 e 310. 138). “Toda violação de princípio no comer e beber embota
riana, mas nem sempre “abstêmia” (total- 2. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 396. Ver também págs. as faculdades de percepção, tornado-lhes impossível aprecia-
to da melhoria de sua saúde pessoal aos “princí- 274, 295 e 310. rem ou darem o justo valor às coisas eternas. É de especial
mente abstêmia de alimentos cárneos). pios da reforma de saúde”.58 Chamava a atenção 3. Ibidem. importância não permanecer a humanidade ignorante com
Em 1894, Ellen White escreveu a um não 4. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 58. Ver também Patriarcas respeito às conseqüências dos excessos. Temperança em to-
para o fato de que sua instrução sobre a reforma e Profetas, pág. 256. das as coisas é indispensável à saúde e ao desenvolvimento e
adventista ativo na causa da temperança na de saúde apoiava-se “em princípios gerais”.59 5. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 384 e 386. No século crescimento de um bom caráter cristão.” – Conselhos Sobre
Austrália sobre a posição adventista para Perto do fim de sua vida, ao refletir sobre
dezenove não se havia inventado nenhum método que impe- Saúde, pág. 38.
disse o suco de uva de fermentar, a não ser com gelo (que não 10. Temperança, págs. 137, 139 e 146.
com a “abstinência total”: “Sinto-me feliz em os anos desde 1863, ela escreveu: “É contado era uma alternativa prática). Quando os White usavam o ter- 11. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 159.
garantir-lhe que, como denominação, somos, por alguns que não tenho vivido segundo os mo “vinho caseiro”, referiam-se ao suco de uva tão livre de 12. A Ciência do Bom Viver, pág. 296.
fermentação quanto fosse possível. Com relação à Santa Ceia, 13. Ver págs. 95-97. O são juízo de Ellen White se refletia em
no mais amplo sentido da palavra, abstêmios princípios da reforma de saúde, tal como os Tiago aconselhou em 1867: “Fazer objeção a algumas gotas de suas admoestações contra o extremismo em questões ali-
totais no que diz respeito ao uso de bebidas tenho advogado pela pena. Mas posso dizer vinho caseiro com as quais apenas se umedece os lábios na mentares: “Os que desejam ser Seus cooperadores devem re-
Ceia do Senhor é levar os princípios da abstinência total mui- fletir maduramente antes de especificar os alimentos que de-
alcoólicas, vinho, cerveja, sidra [fermentada], que, ao que sei, não me tenho apartado des- to longe. ... Informem-se bem do que estão usando. Que os vem ser usados e os que não devem. Cumpre colocar-nos em
fumo e outros narcóticos. ... Todos são vege- ses princípios.”60 diáconos obtenham uvas seletas, acompanhem a espremedu- ligação íntima com as massas. Se a reforma de saúde com to-
ra e certifiquem-se de impedir tanto quanto possível que o ar do o seu rigor for ensinada àqueles cujas circunstâncias não
tarianos, muitos abstendo-se do consumo de Foi por essa razão que Ellen White aconse- fermente o vinho.” – Review and Herald, 16 de abril de 1867. lhes permitem a sua adoção, ter-se-á produzido mais dano do
alimento cárneo, enquanto outros o utilizam lhou os membros da igreja a evitar “o consu- Ver experiência do Dr. Kress na pág. 153. que bem. Quando prego o evangelho aos pobres, sou instruí-
apenas num grau bastante moderado.”54 Mui- 6. Review and Herald, 17 de março de 1868. da a dizer-lhes que tomem os alimentos mais nutritivos. ...
mo de carne, não porque seja pecado comer 7. Carta 363, 1907, citada em Conselhos Sobre o Regime Alimen- Cumpre que o evangelho seja pregado aos pobres, mas ainda
tas das mais incisivas afirmações de Ellen carne [ou seja, não é um princípio], mas por- tar, pág. 466. não chegamos ao tempo em que deverá ser prescrito o regi-
White contra a carne foram escritas depois 8. Patriarcas e Profetas, pág. 562. me dietético mais rigoroso.” – General Conference Bulletin, 2
que não é saudável [uma boa prática]”.61
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SEÇÃO V
CAPÍTULO 27 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados PRINCÍPIOS E PRÁTICAS
“Provavelmente os primeiros adventistas estavam mais fa- 56. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 163 (Conselhos Sobre o
de junho de 1909, pág. 270 (Conselhos Sobre o Regime Ali- que podiam ser usados moderadamente: sal, nozes e certas miliarizados com os comentários de James C. Jackson sobre Regime Alimentar, pág. 205).
mentar, págs. 463 e 464). gorduras não animais; (3) alimentos prejudiciais à saúde (al- ostras, que haviam sido citados junto com outras críticas suas 57. Ibidem, pág. 159 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs.
14. “Ninguém deve ser solicitado a fazer abruptamente a mu- guns piores do que outros): produtos animais, café, chá, bebi- contra alimentos cárneos num artigo reimpresso por Tiago e 95 e 96).
dança. O lugar da carne deve ser preenchido com alimento da alcoólica, etc. Cartas 45, 1903; 62, 1903; 127, 1904; 50, Ellen White em Health: or How to Live. Jackson opunha-se às 58. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 482.
são e pouco dispendioso. ... Em todos os casos, eduquem a 1908, citadas em Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. ostras porque elas eram carniceiras”. Graybill observou que S. 59. Ibidem, pág. 493; Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 372.
consciência, mobilizem a vontade, supram alimento bom, 351, 490-492. N. Haskell era provavelmente o mais explícito ao usar Leví- 60. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 491 e 492.
saudável, e a mudança se efetuará rapidamente, desapare- 35. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 159 (Conselhos Sobre o tico 11 como uma clara proibição bíblica para todas as carnes 61. Manuscrito 15, 1889, citado em MR, vol. 5, págs. 400 e 401;
cendo em breve a necessidade de carne.” – A Ciência do Bom Regime Alimentar, pág. 494). imundas. Ele conclui sua pesquisa com esta perspectiva: vol. 16, pág. 173.
Viver, pág. 317. 36. Com exceção de feijão, que nem todos podem comer: “Não “Quando comparadas com a quantidade de material contra a 62. A Ciência do Bom Viver, pág. 319 e 320.
15. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 404. “Não nos com- posso comer feijão, pois para mim é um veneno.” – Carta 19a, carne de porco existente na literatura [adventista], as obje- 63. Manuscrito 43, 1901, citado em MR, vol. 13, págs. 202 e 203.
pete fazer do uso da alimentação cárnea uma prova de comu- 1891, citada em Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 494. ções às ostras e às outras carnes ‘imundas’ são tão ínfimas que 64. “Vi que vocês têm noções [dietéticas] equivocadas sobre o
nhão; devemos, porém, considerar a influência que crentes 37. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 206 e 207. mal merecem nota.” – Ron Graybill, “The Development of afligir o corpo, e se privam de alimentos nutritivos. Tal atitu-
professos que fazem uso da carne têm sobre outras pessoas. ... 38. Spiritual Gifts, vol. 4, págs. 124 e 146. Adventist Thinking on Clean and Unclean Meats”, disponí- de leva alguns da igreja a concluir que Deus certamente está
É lícito que os que são sustentados pelos dízimos dos celeiros 39. Spiritual Gifts, vol. 4, págs. 153 e 154 (Conselhos Sobre o Re- vel no Patrimônio Literário White. com vocês, ou não negariam a si mesmos praticando tais sa-
de Deus se permitam a condescendência que tende a envene- gime Alimentar, pág. 487). 53. Review and Herald, 14 de agosto de 1883. crifícios. Vi, porém, que nenhuma dessas coisas os tornará
nar a corrente vivificadora que lhes flui nas veias?” – Teste- 40. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 371 e 372; Conselhos 54. Carta 99, 1894, citada em Biography, vol. 4, pág. 119. mais santos. Os ímpios fazem tudo isso, mas nada recebem
munhos Para a Igreja, vol. 9, págs. 159 e 160 (Conselhos Sobre Sobre o Regime Alimentar, págs. 483 e 487. 55. The Youth’s Instructor, 31 de maio de 1894, citado em Conse- como recompensa..” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág.
o Regime Alimentar, pág. 404). “Se bem que não tornemos o 41. Manuscrito 50, 1904, citado em Conselhos Sobre o Regime Ali- lhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 395. 205 (ver todo o testemunho, págs. 204-209).
uso do alimento cárneo uma prova, se bem que não queira- mentar, págs. 482-484; Carta 83, 1901, citada em ibidem, pág.
mos forçar ninguém a abandonar seu uso, todavia é nosso de- 487; Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 371; Spiritual Gifts,
ver instar para que pastor algum da associação faça pouco da vol. 4, pág. 154; Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 150. Perguntas Para Estudo
mensagem de reforma nesse ponto, ou a ela se oponha.” – 42. Carta 83, 1901, citada em Conselhos Sobre o Regime Alimen-
Carta 48, 1902, citada em Conselhos Sobre o Regime Alimen- tar, pág. 487.
tar, pág. 401. 43. Carta 76, 1895, citada em Conselhos Sobre o Regime Alimen- 1. Quais as dez diretrizes propostas por Ellen White para manter a reforma de saúde positi-
16. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 493; MR, vol. 1, pág. tar, págs. 462 e 463. va e progressiva?
223. Note o exemplo de Cristo: “Embora Cristo aceitasse 44. Carta 13, 1876, citada em MR, vol. 14, pág. 336.
convites para festas e reuniões, não participava de todo ali- 45. Carta 149, 1895 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs.
mento que Lhe ofereciam, mas silenciosamente comia aqui- 462 e 463), citada em Roger Coon, Ellen White and Vegetaria- 2. Qual a diferença entre ser “abstêmio” e vegetariano praticante?
lo que era apropriado a Suas necessidades físicas, evitando nism (Boise, ID: Pacific Press Publishing Association, 1986),
muitas coisas de que não carecia. Seus discípulos eram fre- págs. 20 e 21.
qüentemente convidados para ir junto com Ele, e Sua manei- 46. Carta 128, 1896, citada em MR, vol. 14, pág. 330. 3. Com respeito à reforma de saúde, como se pode fazer a distinção entre princípios e prá-
ra de conduzir-Se era uma lição para eles, ensinando-lhes a 47. Ver págs. 479-482. tica?
não ceder ao apetite seja por comer em excesso ou comer ali- 48. Carta de Frances E. Bolton à Sra. E. C. Slauson, em 30 de de-
mentos impróprios.” – MR, vol. 7, pág. 412. zembro de 1914, citada em The Fannie Bolton Story: A Collec-
17. “Considero que uma das razões por que tenho sido capaz de tion of Source Documents (Patrimônio Literário White, abril 4. Por que a prática de ignorar o “dever conhecido” é um sintoma de rebelião?
fazer tanto trabalho no falar e no escrever é ser estritamente de 1982), págs. 108 e 109.
temperante na comida. Se põem diante de mim vários pratos, 49. Fannie Bolton passou treze meses internada com problemas 5. Como explicar a jornada “passo a passo” de Ellen White na incorporação de seus prin-
esforço-me por escolher apenas os que sei que me vão bem. mentais no Hospital Estadual de Kalamazoo (1911-1912) e
Sou assim habilitada a conservar claras as faculdades men- outros três meses e meio na mesma instituição entre 1924 e cípios de saúde na sua prática diária?
tais. Recuso-me a pôr no estômago, sabendo, qualquer coisa 1925; morreu em 1926.
que ocasione fermentação. Este é o dever de todo adepto da 50. Carta de G. B. Starr a W. C. White, em 30 de agosto de 1933,
reforma de saúde. Precisamos raciocinar de causa para efei- citada em ibidem, págs. 118 e 119.
6. Como reformadores de saúde sérios podem fazer distinção entre princípios e prática?
to.” – Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 493. 51. Carta 16, 1882, citada em Coon, Ellen White and Vegetaria- Que possíveis situações podem alterar a prática, mas não os princípios?
18. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 20 e 21. nism, pág. 19.
19. A Ciência do Bom Viver, pág. 320. Ver também págs. 282, 304 52. Em um documento intitulado “The Development of Adven-
e 311. tist Thinking on Clean and Unclean Meats”, Ron Graybill
20. Ver págs. 34, 274, 304 e 422. declarou que “os adventistas do século dezenove... geralmen-
21. Tiago White, Review and Herald, 8 de novembro de 1870; te não aceitavam essa distinção [entre carnes limpas e imun-
Manuscrito 1, 1854, em MR, vol. 6, págs. 217-219. das] baseada na lei levítica, ainda que condenassem aberta-
22. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 481; Manuscrito 1, mente a carne de porco. ... Embora os adventistas fossem
1863, em Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 279 e 280. veementemente contra a carne de porco, o peso de seu argu-
23. Spiritual Gifts, vol. 4, pág. 154, citado em Conselhos Sobre o mento continuava sendo confirmado pelo critério fisiológico.
Regime Alimentar, págs. 482 e 483; ver também Testemunhos Uriah Smith rejeitou explicitamente a aplicabilidade da dis-
Para a Igreja, vol. 2, págs. 371 e 372, tinção mosaica: ‘Cremos que há melhor base sobre a qual
24. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 486. fundamentar [a proibição da carne de porco] do que a lei ce-
25. Ibidem. rimonial da antiga dispensação, pois se adotarmos a atitude
26. Manuscrito 12, 1873, citado em MR, vol. 7, pág. 346. de que a lei ainda está em vigor, devemos aceitá-la como um
27. Carta 12, 1874, citada em MR, vol. 7, págs. 346 e 347. todo, e então teremos nas mãos mais do que podemos facil-
28. Carta 2, 1884, citada em Biography, vol. 3, pág. 245. mente resolver.’...
29. Carta 12, 1888, citada em Conselhos Sobre o Regime Alimen- “A própria compreensão que Ellen White possuía da dis-
tar, pág. 490. tinção entre limpo e imundo parece ter-se fortalecido com o
30. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 394. tempo. Em 1864 ela percebeu, por alto, que Noé recebera per-
31. Carta 19c, 1892, citada MR, vol. 7, pág. 346 (citada parcial- missão para comer animais “limpos” após o Dilúvio. E, em
mente em Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 487). 1890, quando Patriarcas e Profetas foi publicado, a escritora
32. Carta 76, 1895, citada em Conselhos Sobre o Regime Alimen- observou que os pais de Sansão haviam sido instruídos a não
tar, pág. 488. deixar que ele comesse ‘coisa imunda’. Esta distinção entre
33. Biography, vol. 6, págs. 393-396. ‘alimentos limpos e imundos’ não era, disse ela, ‘um estatuto
34. A Sra. White dividia seus princípios nutricionais em três ca- meramente cerimonial e arbitrário, mas baseava-se em princí-
tegorias principais: (1) alimentos que podiam ser usados pios de saúde’. Além disso, a ‘maravilhosa vitalidade’ do povo
abundantemente: frutas, cereais e verduras; (2) alimentos judeu por milhares de anos podia ser atribuída a esta distinção.

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SEÇÃO V

28
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
microorganismos do fermento sejam destruí- tanto em gordura saturada quanto em coles-
dos”. Ela foi ridicularizada por esta afirmação, terol, a manteiga é, em potencial, um alimen-
até mesmo na década de 1940. Durante anos, to altamente aterogênico [que causa endure-
revistas populares defenderam a ingestão diária cimento das artérias]. A maioria das margari-
de um tablete de fermento biológico! Sabemos nas é feita de gordura vegetal e não fornece
Princípios de Saúde/5 agora, porém, que as células de fermento bioló- nenhum colesterol alimentar. Quanto mais
gico “retiram as vitaminas B da matéria alimen- líquida for a margarina, isto é, em forma de

Um Século de tar no intestino, tornando-as assim indisponí-


veis para o corpo”.6
Manteiga. Em 1870 Ellen White escreveu
que “por princípio” ela havia descartado o
pote e líquida, menos hidrogenada será e me-
nos ácidos graxos trans conterá. Portanto,
embora também apresente elevado teor de
gordura, a margarina é um substituto preferí-

Princípios de Saúde uso de carne, manteiga, tortas de carne, espe-


ciarias e toucinho.7 “Quanto a mim mesma”,
declarou ela em 1903, “assentei a questão da
vel para a manteiga, sendo que as margarinas
moles são melhores que as duras.”14
Fibra Alimentar. Ellen White advertia que
manteiga. Não a uso.”8 Para Ellen White, os “o pão de farinha branca não pode comunicar
“As vantagens de saúde e de expectativa de vida desfrutadas pela Igreja Adventista do Sétimo Dia princípios de saúde devem guiar nosso plano ao organismo a nutrição que se encontra no
podem ser atribuídas ao modo como seus membros vivem e se alimentam.” 1 de vida ao determinar qual a melhor escolha pão integral. O uso comum do pão de farinha
em todas as situações. Às vezes, na ausência beneficiada não pode manter o organismo em
do melhor, devemos decidir-nos pelo bom. condições saudáveis”.15

A
o recapitular os princípios da reforma necessidade de exercício estavam a grande dis- Vemos aqui novamente o princípio da O corpo precisa de dois tipos principais de
de saúde expostos por Ellen White, os tância.5 A profunda relação existente entre a reforma alimentar “progressiva”, por ela de- fibra na alimentação. A fibra solúvel ajuda a
leitores devem em primeiro lugar colo- mente e o corpo parecia coisa absurda. Os de- fendido: “Sejam as pessoas ensinadas a pre- baixar os níveis de colesterol sérico e triglice-
car-se em meados do século dezenove. Sem feitos congênitos ocasionados pelo consumo de parar o alimento sem o uso de leite ou man- rídeos. As melhores fontes são aveia, feijão,
qualquer outra informação a respeito do futu- bebidas alcoólicas e drogas só viriam a ser com- teiga.”9 Outras sugestões incluem: “A man- maçã, cevada e trigo-sarraceno. Estes alimen-
ro, a não ser as idéias dominantes que gover- preendidos cem anos mais tarde. O conceito de teiga é menos nociva quando comida no pão tos ajudam a reduzir o risco de ataque cardía-
navam a prática médica de seu tempo, pense que o câncer pode ser transmitido por microor- do que empregada na cozinha.”10 “Quando co. A fibra insolúvel podem ser encontrada no
em quão estranhos devem ter parecido os prin- ganismos era um pensamento intratável para o devidamente preparadas, as azeitonas, como farelo de trigo, que reduz o risco de câncer do
cípios de saúde de Ellen White que estavam mundo médico. As influências pré-natais eram as nozes, substituem a manteiga e os alimen- cólon. Alimentos ricos em fibra ajudam a re-
sendo revelados, sintetizados e integrados. Al- consideradas de pouca importância. tos cárneos.”11 duzir o risco de agentes carcinogênicos nos in-
guns desses princípios haviam sido promovi- Em muitas dessas áreas, mesmo poucas déca- Que há de errado com a manteiga? Dois testinos. A fibra ataca o colesterol e os ácidos
dos por contemporâneos seus, mas nunca de das atrás, Ellen White pareceria não apenas ex- problemas básicos: fatores de doença e saúde biliares segregados pela vesícula biliar, remo-
maneira tão completa ou tão integrada. Ne- tremista, mas até mesmo fanática. Imagine co- relacionados com a gordura e o colesterol na vendo-os rapidamente do sistema intestinal.
nhum outro escritor esteve tão livre daqueles mo teria ela sido considerada em 1863! O re- alimentação. Com respeito à doença, a man- Os produtos animais possuem pouca ou ne-
erros que a pesquisa subseqüente contradisse.2 gistro, porém, foi feito. Aqueles que criam no teiga da última década de 1800 “era muitas nhuma fibra. Os cereais refinados e outros produ-
Para uma pessoa normal, até mesmo para papel dela como mensageira de Deus, os que vezes rançosa... uma mistura de caseína e tos refinados têm muito pouco. Em um Estudo
os médicos, a teoria microbiana era, em mea- fielmente punham em prática os princípios de água, ou de cálcio, gesso, gordura gelatinosa da Saúde Adventista,16 homens que ingeriam
dos do século dezenove, algo totalmente des- saúde por ela expostos, tornaram-se pessoas [sic] e batatas amassadas”.12 com freqüência pão de trigo integral apresenta-
conhecido. Os médicos ainda usavam ópio, mais saudáveis, mais fortes, mais produtivas. Referindo-se ao futuro, Ellen White escre- ram apenas 56 por cento do índice de ataques
calomelano, mercúrio, arsênico e estriquinina Na mesma medida em que as pessoas selecio- veu: “Diga-se-lhe que breve virá o tempo em cardíacos não fatais previstos e 89 por cento do
para “curar” doenças. Não se conhecia a aspi- navam cuidadosamente quais princípios de- que não haverá segurança no uso de ovos, lei- índice de ataques cardíacos fatais previstos.
rina, máquina de raios X, antibióticos, pasteu- viam ou não incorporar em seu estilo de vida, te, creme ou manteiga, por motivo de as Numerosos estudos feitos recentemente
rização, imunizações e transfusões de sangue. elas deixaram de atingir seu pleno potencial. doenças nos animais estarem aumentando.”13 relacionam o risco do câncer de cólon com a
As pessoas, de um modo geral, não viam Sem falar no perigo de doença, a mantei- falta de fibra na alimentação. O tempo de
relação alguma entre sua maneira de viver e Aspectos Dietéticos da Reforma de Saúde ga, por si só, é quase gordura pura. Apresenta trânsito gastrointestinal é de setenta e sete
as doenças. O ar fresco dentro de casa, de dia Alguém já ficou doente ou piorou ao seguir muitos dos ácidos graxos saturados de cadeia horas quando se emprega uma alimentação
ou à noite, despertava apreensões por temor esses princípios de saúde? Demonstrou-se al- longa que tendem a aumentar o colesterol sé- refinada, mas de apenas trinta e cinco horas
de apanhar um resfriado ou ser picado por guma vez que os princípios da reforma de saú- rico (bem como os ácidos graxos de cadeia quando se usa uma alimentação não refina-
uma invasão de moscas ou mosquitos.3 As de defendidos por Ellen White eram infunda- curta que não causam o problema). Uma co- da.17 As populações que adotam uma dieta
pessoas raramente tomavam banho.4 dos ou perigosos? lher de sopa de manteiga contém 33mg de refinada apresentam incidência de câncer de
As manchetes denunciando em alta voz o Microorganismo do fermento no pão. Ellen gorduras saturadas e colesterol. cólon maior do que as dos países em que a
impacto deteriorante dos regimes com elevado White escreveu que os pães deviam ser “tão per- A American Heart Association declarou maioria segue um regime alimentar não refi-
teor de gordura e baixo teor de fibra e absoluta feitamente assados que, o quanto possível, os em 13 de maio de 1994: “Pelo fato de ser rica nado.18 O risco do câncer de cólon diminui na
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SEÇÃO V
CAPÍTULO 28 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados UM SÉCULO DE PRINCÍPIOS
DESAÚDE

proporção em que a fibra no regime alimen- Ao mesmo tempo, não abrandava suas pa- Em Hiroshisma, Japão, o câncer de mama diopatia coronariana para homens na casa
tar aumenta. Peritos como o Dr. D. P. Burkitt, lavras quando questões eternas estavam em jo- ocorria 3,8 mais vezes nas pessoas que consu- dos 40 anos de idade.50
cirurgião britânico e pesquisador médico go. Dentro do contexto daqueles que estavam miam carne diariamente do que nos vegeta- O relatório de 1996 da American Cancer
mundialmente famoso, afirmam que a falta proclamando as mensagens dos três anjos rianos. Os consumidores diários de ovos cor- Society enfatizou que “dietas ricas em alimen-
de fibra alimentar é a principal causa de (Apoc. 14) e, deste modo, preparando-se para riam 2,8 vezes mais riscos, e os consumidores tos de fontes vegetais [verduras, frutas, cereais
apendicite, veias varicosas, diverticulite, a vinda de Cristo, afirmou: “Entre os que estão de manteiga e queijo, 2-3 vezes mais riscos do integrais e leguminosas] têm sido associadas
câncer do cólon, hérnias hiatais, prisão de aguardando a vinda do Senhor, o comer carne que aqueles que não consumiam tais arti- com redução de risco de câncer colo-retal, en-
ventre e outros problemas de saúde.19 será afinal abandonado; a carne deixará de fa- gos.42 Em um estudo realizado com 265.118 quanto as dietas ricas em gordura e carne ver-
Alimentos cárneos. Em 1866 Ellen White es- zer parte de sua alimentação.”32 O comer car- japoneses, os comedores de carne corriam 2,5 melha têm sido associadas com aumento de
creveu que “a possibilidade de contrair doenças ne será eliminado “antes que o povo de Deus vezes mais riscos de câncer pancreático.43 risco”. Além disso, “descobriu-se que o consu-
é dez vezes aumentada pelo uso da carne”.20 possa ser apresentado diante dEle perfeito”.33 • Sistema imunológico: O sistema imu- mo de gordura animal, carnes vermelhas e
Tempos depois, em 1869, disse que “não deve- Ellen White não usava de meias palavras nológico humano é diretamente afetado pe- produtos lácteos acha-se associado ao aumen-
mos pôr carne diante de nossos filhos”.21 quando falou diretamente aos líderes da igre- lo que comemos, de modo que a resistência to do risco de câncer de próstata”.51
Por que ela foi tão explícita? Porque o cos- ja sobre a questão do comer carne: ninguém do corpo ao câncer pode ser o fator mais im- Compararam-se padrões alimentares de
tume de comer carne é prejudicial à saúde fí- que, por ensino e por exemplo, “contradiz” os portante na prevenção do câncer. Os exces- quinze países com os índices de mortalidade
sica, mental e espiritual. princípios da reforma de saúde deve ser “mes- sos ou deficiências de qualquer nutriente por linfoma. Existia correlação positiva entre
• Impacto físico: Ellen White escreveu tre do povo”.34 Não devem ser “empregados afetam negativamente o sistema imunológi- carne bovina e todas as proteínas animais
que o comer carne “aumenta dez vezes” a pos- em nossas instituições médicos que comam co. Uma alimentação rica em proteína, por (com exceção do peixe). As proteínas vege-
sibilidade “de contrair doenças”. Além disso, carne e a prescrevam a seus pacientes”.35 Pas- exemplo, deprime as células T,44 ao passo que tais foram negativamente correlacionadas.52
causa obesidade,22 morte repentina (ataque tores que comem carne “dão um mau exem- uma alimentação excessivamente pobre em Os adventistas do sétimo dia nos Estados
cardíaco ou derrame cerebral),23 “condição plo” e tornam difícil que outros tenham proteína, como acontece com o mal de Unidos consomem tanta gordura quanto a po-
doentia” dos ossos (provavelmente osteopo- “confiança” neles.36 Kwashiorkor, deprime o sistema imunológi- pulação em geral.53 Apresentam, no entanto,
rose)24 e câncer.25 Contrariamente ao pensa- co.Tanto a obesidade quanto a inanição de- apenas a metade dos cânceres, até mesmo os
mento convencional, ela achava “um erro Pesquisas Científicas primem o sistema imunológico. Níveis eleva- cânceres não relacionados a fumo e álcool. A
supor que a força muscular depende do uso de • Carne e obesidade: É difícil tornar-se obe- dos de colesterol sérico deprimem o sistema explicação para isso está, ao que parece, na di-
alimento animal. As necessidades do organis- so seguindo-se a dieta original da humanida- imunológico tanto quanto doses excessivas ferença do tipo de gordura consumida. O Na-
mo podem ser melhor supridas, e mais vigo- de (Gênesis 1-3: frutas, cereais, nozes e vege- de vitamina C ou E.45 tional Research Council declarou que o cân-
rosa saúde se pode desfrutar, deixando de usá- tais). Estudos recentes indicam que aqueles • Carne e câncer: O índice de mortalida- cer se acha mais intimamente relacionado
lo.”26 Além disso, “o uso da carne de animais que adotam alimentação cárnea são muito de que envolve o câncer de ovário é bastante com a gordura total e gordura saturada.54
tende a tornar pesado o corpo [obesidade]”.27 mais propensos à obesidade. No Estudo So- diferente entre (a) os adventistas lacto-ovo- • Carne e causadores de câncer: Quando
• Impacto mental: Ela advertiu que “os bre a Mortalidade Adventista, 16 por cento vegetarianos (15,9/100.000), (b) os que usam Ellen White escreveu que a “tuberculose, o
estudantes efetuariam muito mais em seus es- das mulheres e 8 por cento dos homens vege- carne de uma a três vezes por semana câncer e outras doenças fatais” eram causadas
tudos se nunca provassem carne. Quando a tarianos eram obesos, enquanto no grupo dos (18/100.000), (c) a população geral da Cali- por “microorganismos de tuberculose e cân-
parte animal do instrumento humano é forta- adventistas não vegetarianos 32 por cento fórnia (24/100.000) e (d) adventistas que cer”, o mundo médico zombou, e continuou a
lecida pelo uso da carne, as faculdades inte- das mulheres e 20 por cento dos homens usam carne quatro ou mais vezes por semana fazer isso por muitas décadas. Mas não hoje.55
lectuais enfraquecem proporcionalmente.”28 eram obesos.37 Pelo fato de possuir elevado (26,4/100.000).46 Em 1974, seis chimpanzés foram alimentados
• Impacto espiritual: Ainda mais impor- teor de gordura, a carne contém muitas calo- Nesse mesmo estudo, que comparou os com o leite de vacas leucêmicas. Aos nove
tante do que as desvantagens físicas e men- rias num pequeno espaço, sendo assim um três grupos, os índices de mortalidade para o meses de idade, dois deles morreram de leuce-
tais decorrentes do comer carne, é o fato de alimento de alta densidade calórica. câncer de mama foram: (a) 64/100.000; (b) mia, demonstrando que o vírus do câncer po-
que a “vida religiosa pode ser obtida e manti- • Carne, obesidade e câncer: A obesidade, 73,3/100.000; e (c) 81,6/100.000.47 de ser transmitido, mesmo entre espécies di-
da com mais êxito se a carne for descartada, porém, faz-se acompanhar de outros riscos. A ferentes.56 O vírus da leucemia que ataca as
pois esse regime estimula intensivamente as obesidade aumenta em 50 a 100 por cento o Produtos Animais e Risco de Morte galinhas pode ser encontrado em cinco a dez
tendências concupiscentes, e enfraquece a risco de cardiopatia coronariana, intensifi- Pessoas que consomem grandes quantidades por cento de todos os ovos.57
natureza moral e espiritual”.29 cando dramaticamente o risco de câncer. A de produtos animais (carne, leite, ovos, quei- • Carne e diabetes: Segundo o Estudo da
Para Ellen White, “a reforma dietética de- obesidade aumenta o risco de cânceres, tais jo) correm riscos 3,6 vezes maiores de morrer Saúde Adventista, os que consumiam carne
ve ser progressiva”.30 Foi por isso que ela dis- como câncer de mama,38 câncer endométri- por câncer de próstata do que os que conso- seis dias ou mais por semana corriam 3,8 ve-
se em muitas ocasiões que jamais julgou ser co,39 câncer prostático, câncer de cólon40 e mem esses artigos em pequena quantidade.48 zes mais risco de morrer de diabetes do que os
seu “dever dizer que ninguém deveria provar outros cânceres. “As pessoas que seguem um O estudo mostrou também que os que comem vegetarianos.58
carne, sob quaisquer circunstâncias. Dizer is- regime com elevado teor de gordura tendem carne mais de três vezes por semana aumen- • Carne e resistência: Um estudo realiza-
to, quando o povo tem sido educado a viver a ser mais pesadas e a comer mais carne e tam seu risco de câncer de bexiga fatal ou do entre atletas suecos mostrou que uma die-
de comer carne em tão grande medida, seria poucas frutas e verduras, aumentando assim quase fatal.49 Comer carne cinco ou mais ve- ta de três dias rica em carboidratos (conforme
levar ao extremo a questão.”31 também seu risco de câncer.”41 zes por semana pode triplicar o risco de car- a dieta original de Gên. 1-3) produziu três
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vezes mais resistência (167 minutos) do que tas que consomem duas ou mais xícaras de ca- verduras e frutas são alimentos complexos, um terço do risco de câncer no pulmão,
uma dieta de três dias rica em proteína e gor- fé diariamente apresentam maior risco de que possuem mais de 100 vitaminas, sais mi- comparados com aqueles que consumiam
dura (57 minutos).59 câncer de cólon e câncer de bexiga fatais.74 nerais, fibra e outras substâncias benéficas. pequena quantidade de vitamina A.87 O
• Carne e ácidos graxos essenciais: A die- A síndrome da cafeína caracteriza-se por Os cientistas ainda não sabem qual dos nu- câncer de boca e de faringe foi reduzido pe-
ta original de Deus (Gên. 1-3) não continha agressividade, hiperatividade e, algumas ve- trientes ou de outras substâncias contidas nas la metade naqueles que consumiam elevadas
gordura animal, mas encerrava suficientes zes, comportamento psicótico. A cafeína e a frutas e verduras atua como proteção contra o quantidades de frutas e verduras.88
ácidos graxos poliinsaturados essenciais pro- ingestão excessiva dos alcalóides xantina câncer. As principais possibilidades incluem Revelou-se que quantidades adequadas das
venientes de fontes vegetais. A adequada (encontrados em café, chá, cacau e algumas vitaminas, sais minerais, fibra e fitoquímicos vitaminas antioxidantes A, C e E reduzem o
quantidade de ácido linoléico, encontrado bebidas populares) afetam as pessoas de ma- específicos – carotenóides, flavonóides, ter- risco de cataratas. Os que consumiam menos
nos cereais, reduz a hipertensão (elevação da neira diferente, embora os sintomas mais co- penos, esteróis, indóis e fenóis – presentes de 3,5 porções de frutas e verduras diariamen-
pressão sangüínea)60 e a pegajosidade das pla- mumente observados sejam a estimulação em alimentos de origem vegetal. ... Até que te apresentavam de cinco a dez vezes maior
quetas e a agregação das hemácias,61 reduz o anormal do sistema nervoso e a inflamação se conheça mais sobre os componentes espe- risco de cataratas!89
colesterol sangüíneo62 e diminui o risco de do sistema gastrointestinal.75 cíficos dos alimentos, o melhor conselho é Alimentos com elevado teor de potássio,
ataques cardíacos63 e fibrilação ventricular.64 comer cinco ou mais porções de frutas e ver- como laranja, banana, batata e leite, reduzem
• Carne e longevidade: Os que não comem Regime Original da Humanidade duras por dia.”82 o risco de derrame cerebral em até 40 por
carne apresentam elevada expectativa de vida Regime Original. A afirmação singela e con- O Estudo da Saúde Adventista indicou cento.90
acima dos oitenta anos, embora isto não pare- victa de Ellen White a respeito do melhor que vegetarianos consomem duas vezes mais Frutas e verduras na mesma refeição. Ellen
ça um aumento na duração máxima da vida.65 regime alimentar para os seres humanos tem vitamina A e quatro vezes mais vitamina C White aconselhava evitar “comer frutas e
Sal. Ainda que tenha declarado que o sal resistido à prova do tempo e da pesquisa: “A que as pessoas da população em geral. As vi- verduras na mesma refeição”.91 “Numa re-
era “essencial para o sangue”,66 Ellen White fim de saber quais são os melhores alimentos, taminas antioxidantes A, C e E podem redu- feição usem pão e fruta; na seguinte, pão e
também advertiu contra o consumo da “inde- cumpre-nos estudar o plano original de Deus zir o risco de câncer e de cardiopatias corona- verduras.”92
vida quantidade de sal”.67 Avisou também para o regime do ser humano. ... Cereais, fru- rianas. Comer quatro porções de legumes por Sempre que possível, a Sra. White seguia
que “o livre uso” de sal (bem como de açúcar tas, nozes e verduras constituem o regime semana diminui o risco de câncer pancreáti- esta prática: “Como o alimento mais simples,
e leite) “é positivamente nocivo à saúde”.68 dietético escolhido por nosso Criador.”76 A co muito mais do que comer legumes apenas preparado pela mais simples maneira. Por
Chá e café. Para Ellen White, usar chá e ca- pesquisa comprobatória é volumosa e cresce uma vez por semana.83 meses meu principal artigo de alimentação
fé como bebida “é pecado, condescendência a cada ano. Onde se encontram esses antioxidantes? tem sido macarrão bem fino e tomates em
prejudicial”.69 Passada sua influência estimu- Nozes. Embora a comunidade científica Em cenouras, abóboras, tomates, vegetais fo- conserva, cozidos juntamente. Como isto
lante imediata, inicia-se “uma sensação de de- tenha por longo tempo ignorado as nozes, ou lhosos, frutas secas, morangos frescos, melões, com torradas. E então como também frutas
pressão”.70 Com o uso continuado, o sistema julgado que eram gordurosas demais para se- brócolis, couve-flor, couve-de-bruxelas, etc. cozidas, e às vezes torta de limão. Milho seco,
nervoso da pessoa que assim maltrata seu or- rem recomendadas, a evidência agora com- Em um estudo feito com idosos, apenas 30 cozido com leite ou um pouco de nata, é ou-
ganismo sentirá “dores de cabeça, insônia, prova os ensinos de Ellen White. Ela as in- por cento dos que consumiam grandes quan- tro prato que uso às vezes.”93
palpitação, indigestão, tremores e muitos ou- cluiu no “regime dietético escolhido por nos- tidades desses alimentos morreram de câncer, Qual o problema de misturar frutas e
tros males; pois eles [chá, café e ‘muitas outras so Criador”.77 Além disso, afirmou que os fru- em relação aos que os consumiam em peque- verduras? Para muitos de digestão “defi-
bebidas populares’] esgotam a força vital”.71 tos oleaginosos “não são tão saudáveis quan- na quantidade.84 No relatório de 1996 da ciente”, a mistura ocasionará “perturbação,
Tanto o chá como o café são venenosos, e os to outros. A amêndoa é preferível ao amen- American Cancer Society, fez-se referência incapacitando para o esforço mental”.94
“cristãos devem” deixá-los “em paz”,72 uma doim.”78 ao “dano constante que o oxigênio provoca Algumas crianças “tornam-se irritadas e
posição confirmada por pesquisas atuais.73 Cônscia de alguns dos perigos de usar no- nos tecidos como resultado do metabolismo impertinentes”.95
A cafeína, o principal culpado no caso do zes demais na alimentação (por causa de seu normal. Pelo fato de este dano estar associa- Ellen White viu em visão a causa da doen-
chá e do café, encontra-se facilmente disponí- elevado teor de gordura), Ellen White adver- do ao aumento do risco de câncer, acredita-se ça de um pastor: “Eu anotei o seu regime ali-
vel em muitas bebidas populares (refrigerantes tiu que “uma quantidade excessiva de ali- que os nutrientes antioxidantes protegem mentar. Você come variedade muito grande
à base de cola) e medicamentos vendidos sem mentos oleaginosos é prejudicial... mas... to- contra o câncer. Os nutrientes antioxidantes de alimentos numa só refeição. Frutas e ver-
receita médica. Os efeitos fisiológicos da cafeí- dos podem comer frutas à vontade.”79 incluem a vitamina C, a vitamina E, o selê- duras consumidas juntas na mesma refeição
na tornam-se visíveis nos adultos em doses de No Estudo da Saúde Adventista, homens nio e os carotenóides. Estudos sugerem que as produzem acidez estomacal; daí resulta san-
apenas 100-200mg – o equivalente de uma a que comiam nozes 4 a 5 vezes por semana apre- pessoas que comem mais frutas e verduras gue impuro, e a mente não é clara porque a
três xícaras de café. Mas para uma criança (de sentavam apenas a metade dos ataques cardía- contendo esses antioxidantes correm menos digestão é imperfeita.”96
1 a 5 anos de idade) uma lata de soda cafeina- cos fatais em relação àqueles que raramente co- risco de contrair câncer.”85 A Sra. White aconselhava os estudantes
da corresponde a quatro xícaras de café! miam nozes.80 Demonstrou-se que nozes e Os que comiam repolho uma vez por se- a comerem mais frutas e cereais do que ver-
O Estudo da Saúde Adventista descobriu amêndoas baixam os lipídios séricos (reduzindo mana apresentaram apenas um terço do ris- duras no jantar: “Tomem os estudantes a ter-
que o uso de apenas uma xícara de café diaria- o risco de aterosclerose).81 co de câncer no cólon, comparados com ceira refeição, preparada sem verduras, mas
mente estava associado com um aumento de Frutas e verduras. Pesquisas recentes têm aqueles que o comiam apenas uma vez por com alimento simples e saudável, tais como
33 por cento no risco de doença cardíaca fatal realçado os benefícios para a saúde de uma mês.86 Os que obtinham quantidade satisfa- frutas e pão.”97
no sexo masculino. Relatou-se que adventis- alimentação rica em frutas e verduras. “As tória de vitamina A apresentavam apenas Para a família White, vegetais incluíam
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ervilhas, feijões, batatas, nabos, cebolas, re- pessoas teriam que tomar suplementos de vi- sua perda de tecido cerebral e a de um bebe- que muitos se mudariam para o campo, “pois
polhos e abóboras (embora alguns destes se- tamina B12. dor inveterado é a intensidade.”118 A capaci- a impiedade e a corrupção crescerão a tal
jam, do ponto de vista botânico, classificados O bom senso de Ellen White também dade de tomar decisões a respeito de questões ponto que a própria atmosfera das cidades pa-
como frutas). As frutas incluíam tomates, adverte contra pontos de vista extremos. morais começa a falhar mesmo no mais baixo recerá poluída”.124 Pesquisas modernas con-
maçãs, pêras, pêssegos, morangos, framboe- Para algumas pessoas, abandonar o leite nível de consumo alcoólico (muito abaixo firmam esta advertência.
sas, amoras-pretas, mirtilos, uvas, uvas-do- prematuramente sem providenciar um daquele que se considera adequado para redu- Efeitos benéficos da luz solar. Ellen White
monte e passas. Os cereais (ou grãos) in- substituto pode causar doença e até mor- zir o risco de ataque cardíaco).119 escreveu em 1865 que a atmosfera dos apo-
cluíam trigo, milho, centeio, cevada, farinha te.108 Para outras, seria uma dificuldade fi- A cafeína afeta a espiritualidade. Ellen sentos não expostos à luz e ao ar “é tóxica,
de aveia, arroz, féculas, amido de milho “e nanceira injustificada encontrar um substi- White talvez não soubesse que se achava porque não foi purificada pela luz e pelo ar”.
coisas semelhantes”.98 tuto para o leite.109 muitas décadas à frente da confirmação Por quê? “Microorganismos produtores da
Alguns se admiram do fato de Ellen White Seu bom senso instava para que ela adver- científica quando advertiu que “tais estimu- morte pululam nos recantos escuros e negli-
haver incluído os tomates no grupo das fru- tisse contra as proibições prematuras que lantes e narcóticos como o chá, café, fumo, genciados, em apodrecidos detritos. ... Perfei-
tas, mas ela o fez seguindo o uso comum.99 transformariam algumas pessoas em árbitros álcool e a morfina... exercem uma influência to asseio, quantidade de sol, cuidadosa aten-
Azeitonas era um item que podia ser comi- daquilo que outras deviam pôr à mesa, crian- perniciosa sobre o caráter moral. Quanto ção às condições sanitárias em todos os deta-
do seguramente em qualquer refeição.100 do assim “um tempo de angústia antecipada- mais cedo se formam estes hábitos prejudi- lhes da vida doméstica são essenciais à
Leite. O conselho de Ellen White a respei- mente”.110 Acima de tudo, “não devemos ciais, tanto mais firmemente eles prenderão prevenção das doenças e ao contentamento e
to do leite tem sido freqüentemente mal permitir que diferenças de opinião criem de- sua vítima em escravidão ao vício e tanto vigor dos habitantes do lar.”125
compreendido tanto por aqueles que o em- suniões”.111 mais certamente haverão de rebaixar a nor- Exercício e saúde física. O exercício afeta
pregam livremente quanto por aqueles que o Assim sendo, permanece a pergunta: ma da espiritualidade.”120 Mas esta verdade diretamente a circulação do sangue. Contra-
evitam. Por um lado, ela prediz claramente a quando devemos “excluir” o leite da alimen- se reflete nos estudos atuais. Pesquisadores riando a medicina convencional do século
chegada do tempo em que “o leite das vacas tação? Em 1901, o tempo ainda não havia perceberam, entre outras descobertas, que, à dezenove, o exercício é vital tanto para a re-
será também excluído do regime do povo que chegado.112 Quando chegar o tempo, “Deus medida que os bebedores de café envelhe- cuperação da maioria das doenças como para
guarda os mandamentos de Deus”.101 o revelará”.113 Devemos esperar, usando nos- cem, seu consumo de café aumenta. Num a prevenção de doenças. Em 1872, Ellen
Contudo, outra vez demonstrando seu so melhor discernimento, sempre guiando- plano espiritual, este aumento no consumo White escreveu que “não há exercício que
bom senso e conselho esclarecido, Ellen nos individualmente pelo princípio do “de- se faz acompanhar de um decréscimo no en- possa substituir o andar. Por ele a circulação
White alertava que, em seus dias, “nas con- ver conhecido”,114 “até que as circunstâncias volvimento religioso.121 do sangue é grandemente aumentada”.
dições presentes”,102 não chegara ainda o o exijam, e o Senhor prepare o caminho pa- Alimentação deficiente e baixo aproveitamen- Dois anos antes, ela insistia que “todos os
tempo de “rejeitar” ou “excluir” o leite. ra isso”.115 to escolar. Em 1884, Ellen White declarou que puderem assim fazer devem andar ao ar
Apresentou duas razões: (1) os pobres não Cereais. A ênfase que Ellen White punha que “nove décimos da impiedade dos filhos livre cada dia, tanto no verão como no inver-
tinham condições de fazer de imediato os nos cereais como componente essencial de de hoje são causados pela intemperança no no”. Por quê? “Os músculos e veias tornam-se
ajustes alimentares: “Não lhes posso dizer: uma alimentação adequada foi comprovada comer e no beber”. Seis anos depois, escreveu mais capacitados a desempenhar seu traba-
‘Não comam ovos, ou leite ou nata. Vocês de maneira inequívoca em pesquisas recen- que “o regime afeta consideravelmente a lho. Haverá aumento de vitalidade, tão ne-
não devem usar manteiga no preparo do ali- tes. “Os cereais como trigo, arroz, aveia e ce- mente e a disposição”.122 Hoje amplas evi- cessária à saúde.” Em 1905 ela apresentou vá-
mento.’ O evangelho deve ser pregado aos vada, bem como os alimentos feitos com eles, dências indicam que existe uma correlação rias razões por que a “inatividade é prolífera
pobres, e ainda não veio o tempo de prescre- constituem a base da alimentação saudável, entre hábitos alimentares deficientes e o bai- causa de doenças”: (1) o sangue não circula
ver o mais estrito regime dietético.”103 O conforme ilustrada na Pirâmide Alimentar. xo aproveitamento escolar. Crianças mais livremente; (2) as impurezas não são elimina-
bom senso indicava que “até que lhes possa- Os regimes alimentares saudáveis contêm de bem alimentadas tiram melhores notas na es- das pela pele; (3) os pulmões não são alimen-
mos ensinar a preparar alimentos segundo a seis a 11 porções diárias deste grupo. ... Os ce- cola. Quando os estudantes com notas baixas tados com ar puro; (4) recai duplo fardo sobre
reforma de saúde, apetitosos e nutritivos, ao reais são uma importante fonte de muitas vi- e alimentação deficiente recebem refeições os órgãos excretores.126
mesmo tempo que pouco dispendiosos, não taminas e minerais tais como ácido fólico, nutricionalmente enriquecidas, suas notas e O exercício reduz o risco de doenças car-
estamos na liberdade de apresentar as mais cálcio e selênio, todos associados a um baixo outros indicadores escolares melhoram.123 díacas.127 As pessoas sedentárias apresentam
avançadas proposições quanto ao regime da risco de câncer do cólon.”116 risco duas vezes maior de ataques cardíacos e
reforma de saúde.”104 (2) As doenças nos O álcool afeta as células cerebrais. Quando Aspectos Não pressão alta do que as pessoas fisicamente ati-
animais estavam aumentando e, por razões de Ellen White escreveu em 1885 que as bebidas Alimentares da Reforma de Saúde vas.128 Mesmo os níveis médios de atividade
“segurança”, seria sábio excluir o leite da ali- alcoólicas destroem a “razão e a vida” e, em Aspectos objetáveis de viver na cidade. Em física em homens protegem contra derra-
mentação.105 1905, que essas bebidas “destroem os nervos 1890, Ellen White falou que “Satanás está mes.129 O risco relativo de mortalidade para
Embora ela nos aconselhasse a preparar- sensitivos do cérebro”, ela parecia uma defen- trabalhando na atmosfera, envenenando-a”. mulheres com idades entre 50 a 74 anos era
nos para o tempo em que o leite não seria “se- sora exagerada da temperança.117 Mas, em Em 1902 ela predisse que a vida na cidade um terço menor na quarta parte mais ativa da
guro”, salientou que o leite, ou seus equiva- 1970, as pesquisas indicaram que “mesmo o “piorará mais e mais” e “um perigo para a saú- vida do que na quarta parte menos ativa.130
lentes,106 era ainda parte do “mais saudável bebedor moderado pode expor-se a alguma de” com “o predomínio de ar poluído, água e O exercício também pode reduzir o risco
regime”.107 O leite parece ser a fonte de vita- perda de células cerebrais insubstituíveis, ca- alimento impuros”, incluindo “gases veneno- de câncer do cólon, da próstata e da mama,
mina B12 mais disponível; sem o leite, muitas da vez que bebe. ... A única diferença entre sos”. Dirigiu sua atenção para o tempo em bem como diabetes.131 Depois de enfatizar que
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uma pessoa deve ser moderadamente ativa programa de sono adequado como parte de corpo humano durante anos, até mesmo du- ganismo inflama-se e começa sua obra devo-
durante 30 minutos ou mais na maioria dos seus oito remédios naturais.138 Depois de rela- rante toda uma vida. Alguns causam proble- radora e destruidora.”148
dias da semana, o relatório de 1996 da Socie- cionar o vigor mental com a saúde física, ela mas; outros, não. ... Em alguns casos, os vírus • Drogas: Referindo-se a um método po-
dade Norte-Americana do Câncer lembrou escreveu: “Os devidos períodos de sono e re- do câncer podem tornar-se ativos por enve- pular de tratamento de doença do século de-
que “a atividade física pode ajudar a proteger pouso, e abundância de exercício corporal, são lhecimento, extravagâncias alimentares, de- zenove, Ellen White declarou: “Este é o efei-
contra alguns cânceres, seja por equilibrar a essenciais à saúde física assim como à mental. sequilíbrio hormonal, produtos químicos, ra- to dos calomelanos. ... Inflamam as juntas e
ingestão de calorias com o gasto de energia, Roubar à natureza suas horas de repouso e res- diação ou uma combinação destes proble- muitas vezes levam a cárie aos ossos. Fre-
ou por outros mecanismos. O desequilíbrio tauração, por permitir-se a um homem fazer o mas, e malignidades podem acompanhá- qüentemente se manifestam tumores, úlceras
entre o consumo e a queima de calorias pode trabalho de quatro, ou de três, ou mesmo de los.”146 Muita pesquisa sobre o câncer tem si- e cânceres, anos depois de terem sido intro-
levar a excesso de peso, obesidade e maior dois, dará em resultado perda irreparável.”139 do feita desde então, confirmando a referên- duzidos no organismo.”149
risco de câncer em vários lugares: cólon e re- No estudo de Belloc-Breslow, percebeu-se cia feita por Ellen White aos “microorgani- • Fumo: Em 1864 a Sra. White juntou sua
to, próstata, endométrio, mama (entre mu- que dormir sete a oito horas por noite é um mos cancerosos”,* embora atualmente se voz aos poucos em seus dias que reconheciam
lheres após a menopausa) e rins.”132 dos fatores de saúde capazes de prolongar a creia que existem outras causas, mais co- que “o fumo é um veneno lento, perigoso, por
vida em onze anos.140 muns, para o câncer. demais maligno”.150
O exercício pode fortalecer Confiança em Deus. Muito antes de as pes- O Dr. Robert J. Huebner, chefe do Labora- Entre os muitos cânceres causados pelo
o sistema imunológico.133 soas relacionarem a saúde com valores espiri- tório de Doenças Infecciosas do Instituto Na- hábito de fumar, o câncer dos pulmões predo-
Exercício e capacidade mental. Ellen White es- tuais, a Sra. White escreveu: “O ânimo, a es- cional de Saúde em Bethesda, Maryland, de- minou entre os ex-combatentes em meados
creveu que “a inatividade física diminui não perança, a fé, a simpatia e o amor promovem clarou em 1961: “Não há, em nossa mente, a da década de 1930 nos Estados Unidos como
somente a força mental, mas também a mo- a saúde e prolongam a vida.”141 Existe uma menor dúvida de que os cânceres humanos são resultado direto do fumar inveterado durante
ral”.134 Um estudo envolvendo vinte pessoas forte correlação entre a mente e o corpo no causados por vírus. Segundo esta avaliação, a Primeira Guerra Mundial. Leva aproxima-
que se exercitaram três vezes por semana restabelecimento físico, mesmo no programa eles não passam de doenças infecciosas.”147 damente vinte anos para os resultados dos
durante seis meses demonstrou haver uma re- de reversão de doença cardíaca.142 A Sra. carcinogênicos tornarem-se óbvios. Antes da
lação entre o exercício e a capacidade de White usou de igual clareza ao falar sobre a Causas que Contribuem Para o Câncer década de 1930, o câncer dos pulmões era
pensar. Conclusão: essas pessoas estavam não maneira como os valores espirituais não ape- • Fatores associados com a idade: Repare no uma doença extremamente rara. Em 1995,
somente vinte por cento mais aptas fisica- nas ajudam na cura de doenças, mas são “as interessante comentário de Ellen White a somente nos Estados Unidos, 418.000 óbitos
mente, mas também setenta por cento mais maiores salvaguardas da saúde”.143 respeito da maneira como o envelhecimento foram provocados pelo fumo.151 A menos que
lúcidas ao tomarem decisões do que antes do É copiosa a literatura que documenta a pode afetar determinados fatores que estimu- a tendência atual seja revertida, espera-se
início o regime de exercício.135 maneira como a fé e o apoio social da famí- lam os microorganismos latentes do câncer: que, por volta do ano 2025, dez milhões de
Caminhada após as refeições. A Sra. White lia e dos amigos estimulam o bem-estar “O humor canceroso [fluido corporal] que pessoas morram anualmente como conse-
afirmou claramente que não devemos empe- mental e espiritual.144 As pessoas que fre- [durante toda a] sua vida jazia inativo no or- qüência do hábito de fumar.152
nhar-nos “em trabalho cerebral imediata- qüentam a igreja regularmente apresentam
mente depois de uma refeição”. Além disso, menos doenças do que os não freqüentado- * A Ciência do Bom Viver, pág. 313. “Têm-se obtido, por meio de experimentação direta, provas de que os vírus causam várias for-
não devemos considerar este conselho “ques- res. As probabilidades de judeus não religio- mas de doenças malignas em diversos animais: assim sendo, vírus purificados inoculados em animais suscetíveis podem induzir célu-
las malignas, e pode-se demonstrar que as células malignas contêm vírus ou substâncias induzidas por vírus. ... Investigações simila-
tão de pequena importância”. “Empenhar-se sos sofrerem ataque coronariano são duas res não podem ser realizadas em seres humanos... devido aos obstáculos éticos. ... Os vírus que se supõem agora estejam etiologica-
em estudo profundo ou exercício violento vezes maiores do que as daqueles que fre- mente associados aos cânceres humanos são mostrados na Tabela 11-5. Em todos os casos, a associação se baseia em evidência cir-
imediatamente após a refeição perturba o qüentam a sinagoga.145 cunstancial, mas o peso da evidência em alguns casos é agora forte.”
processo digestivo. ... Uma breve caminhada Tabela 11-5: Vírus implicados em vários cânceres humanos
após a refeição, com a cabeça ereta e os om- Câncer, um Vírus
bros para trás, num moderado exercício, é Falamos na página 323 sobre a instrução de Agente “Câncer” Condições predisponentes
grandemente benéfico.”136 Ellen White a respeito dos fatores alimenta- Vírus Epstein-Barr Linfoma de Burkitt Possivelmente malária
Em 1964, Gerhard Volkheimer, M. D., pes- res que podem causar câncer. Na época em Carcinoma nasofaríngeo
quisador cardiovascular em Berlim, relatou que ela escreveu, destacados homens e mu- Herpes hominis Carcinoma cervical Promiscuidade/infecção venérea
Papovavirus (SV 40; JC, BK) Encefalopatia multifocal progressiva Imunossupressão
haver descoberto que a “inatividade física po- lheres da área de ciência declaravam enfati- Sarcoma de Kaposi Síndrome da imunodeficiência adquirida
de levar ao acúmulo de quilo (gordura) no camente que o câncer não era infeccioso, que Vírus desconhecido [Aids]
ducto torácico. Qualquer movimento súbito não existia microorganismo do câncer. Hepatite B Carcinoma hepatocelular primário Infecção por hepatite B crônica
Papillomavirus humano Tumores genitais Infecção venérea
pode, aparentemente, empurrar para a corren- Décadas depois, em 1956, Wendell Stan- Vírus de leucemia da célula T 1. Síndrome de Sezary –
te sangüínea quilo suficiente para produzir ley, Ph.D., virologista e ganhador do Prêmio 2. Micose fungiforme –
uma embolia coronária.”137 Devido a essa pes- Nobel, na Universidade da Califórnia, ex-
quisa, o Dr. Volkheimer recomendou com pressou sua crença de que “vírus podem ser
empenho uma caminhada após as refeições a os causadores da maior parte ou de todos os
fim de evitar o risco de ataque coronariano. cânceres humanos”. Ele descreveu os vírus C. W. Potter e R. C. Rees, “Viruses, Immunity, and Cancer”, em B. W. Hancock e A. M. Ward, editores, Immunological Aspects of
Sono adequado. A Sra. White incluiu um como “microorganimos” que “se ocultam no Cancer (Boston: Martinus Nijhoff Publishing, 1985), págs. 225-229.

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SEÇÃO V
CAPÍTULO 28 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados UM SÉCULO DE PRINCÍPIOS
DESAÚDE

Mas os fumantes também apresentam ele- milhares de pessoas que “nascem surdas, ce- Com referência ao uso do hipnotismo na Em 1993 o psiquiatra George F. Solomon,
vadas taxas de doença das artérias coroná- gas, doentes ou idiotas” eram vítimas da odontologia, dois dentistas escreveram um da Universidade da Califórnia, em Los An-
rias.153 De fato, “os que adquirem e transigem condescendência de seus pais para com as artigo intitulado “Avaliação Psicológica da geles, disse: “A mente e o corpo não podem
com a tendência antinatural pelo fumo fazem bebidas alcoólicas.158 Uma pesquisa cientí- Hipnose na Odontologia”, no qual concluí- ser separados. A mente é o cérebro, e o cé-
isto com o sacrifício da saúde”.154 fica iniciada na década de 1950 confirmou ram: “Em [um] estudo das características da rebro é parte do corpo. O cérebro regula e
Embora o principal fator de risco do esta advertência, inclusive os efeitos negati- personalidade de dentistas que empregam a influencia muitas funções fisiológicas, in-
câncer de pulmão seja o fumo, a alimenta- vos do fumar e do consumo de cafeína sobre hipnose no exercício de sua profissão, os clusive a imunidade. O bem-estar físico e
ção também afeta o risco. Mas um “maior o feto.159 Durante a gravidez, mesmo “aspi- participantes eram 34 dentistas. ... Os re- mental acham-se intrincadamente entrela-
consumo de frutas, vegetais, ou ambos tem rina deve ser tomada apenas em pequenas sultados indicaram que a maior parte dos çados.” O Dr. Solomon cunhou o termo
sido associado a menor risco de câncer quantidades e não durante longos períodos dentistas bem ajustados tende a não usar “psicoimunologia” em 1964 (termo que foi
pulmonar. ... Frutas e vegetais reduzem o de tempo”.160 hipnose. ... expandido para “psiconeuroimunologia”
risco de câncer, quer a pessoa seja fuman- Atividade física para doentes e convalescen- “A imensa maioria dos dentistas pratican- [PNI] por Robert Ader). Após vinte e cin-
te, quer não.” 155 tes. Na década de 1860, o repouso absoluto e
tes acha que é possível prestar serviço ade- co anos estudando os mecanismos biológi-
Pais fumantes são um fator significativo na a cura pelo repouso eram procedimentos pa-
quado sem o emprego da hipnose. ... A hip- cos pelos quais as emoções e atitudes
saúde dos filhos, até mesmo na sua morte. drões de recuperação, e assim continuou até
Pesquisadores da Universidade de Wisconsin, meados do século vinte. Contrariamente à nose, em geral, não é tida em alta estima por afetam a resistência à doença, Solomon
em Madison, Wisconsin, dizem que “mais be- prática médica convencional, Ellen White parte da profissão dentária. ... concluiu: “Temos estudado pessoas com di-
bês morrem em decorrência do hábito de fu- declarou em 1867 que lhe fora mostrado com “Os dentistas bem ajustados, relativamente versas enfermidades, e as pessoas com habi-
mar dos pais do que por todas as lesões não freqüência que “o doente deve ser ensinado satisfeitos com eles mesmos e com o exercício lidades para lidar com dificuldades tendem
intencionais combinadas”. Eles atribuem que é errado suspender todo trabalho físico convencional de sua profissão não tendem a a ter recuperação mais rápida.”169
2.800 mortes ao baixo peso por ocasião do para recuperar a saúde. ... Suspender todas as usar hipnose nem a tornar-se interessados em Em 1995, Healing and The Mind, um ex-
nascimento provocado por mães que fumam atividades para reaver a saúde, é grande erro.” seu uso. É como se eles não precisassem de tal celente livro escrito por Bill Moyers, basea-
durante a gravidez. Outras 2.000 mortes se Três anos depois: “Se os doentes desejam re- fonte de satisfação suplementar e incomum.”164 do numa série da televisão com o mesmo tí-
devem à síndrome da morte súbita em bebês cobrar a saúde, não devem deixar de fazer Relações entre mente e corpo. Em 1867, tulo, dedicou-se a duas importantes ques-
causada pelo fumar passivo; outras 1.000 são exercício físico; pois do contrário aumenta- Ellen White relacionou a enfermidade física e tões: “Como os pensamentos e sentimentos
provocadas por asma. A mesma pesquisa con- rão a fraqueza muscular e a debilidade geral.” mental “de quase todos” com “os sentimentos influenciam a saúde? Como a cura se rela-
clui que um contingente adicional de 5,4 mi- Mais adiante: “O sangue não é capaz de expe- de descontentamento, e as murmurações de ciona com a mente?” O escritor Bill Moyers
lhões de crianças sofrem de asma não fatal e lir as impurezas como o faria, caso a circula- quem está insatisfeito”.165 Em 1872 ela insis- e sua equipe dirigiram essas perguntas a mé-
infecções de ouvido desencadeadas pelo há- ção ativa fosse produzida pelo exercício.”161 tiu com os médicos para que curassem “o cor- dicos de grandes hospitais públicos e de pe-
bito de fumar dos pais, doenças que custam Mervyn G. Hardinge, M.D., ex-deão da po através da mente”, porque “grande parte quenas clínicas na comunidade. Conversa-
por ano estimativamente 4,6 bilhões de dóla- Escola de Saúde da Universidade de Loma das doenças que afligem a humanidade têm a ram com pessoas em clínicas de redução de
res em tratamentos.156 Linda, reexaminou esta surpreendente virada sua origem na mente, e podem ser curadas estresse e grupos de apoio terapêutico. Exa-
Pesquisas adicionais indicam que mulhe- de 180 graus na prática médica: “As ‘curas apenas pela restauração da mente à saúde. ... minaram essas perguntas com cientistas na
res grávidas que fumam mais de dez cigarros pelo repouso’ do passado recente deram lugar O coração enfermo torna muitos dispépticos, fronteira da pesquisa mente/corpo. Suas res-
por dia correm o risco de dar à luz filhos que hoje aos programas de terapia ocupacional e pois a angústia mental exerce uma paralisan- postas foram notavelmente coerentes: a
desenvolverão “desordem na conduta”, de- educacional.”162 te influência sobre os órgãos digestivos.”166 mente controla o corpo para bem ou para
finida como “grave” comportamento anti- Hipnose e prática médica. O fato de Ellen Em 1905 a Sra. White expandiu esses con- mal. Moyers concluiu que, “ao falar com di-
social, durante seis meses ou mais. Garotos White haver condenado o hipnotismo tem versos doutores durante esta experiência,
ceitos psicossomáticos ao observar que “a
cuja mãe fumou durante a gravidez apresen- sido apoiado por psiquiatras clínicos moder-
doença é muitas vezes produzida, e com fre- compreendi que precisamos realmente de
tavam 4,4 vezes mais probabilidade de en- nos, e ridicularizado por outros. Conversando
qüência grandemente agravada pela imagina- um novo paradigma médico que vá além da
volver-se em atividades anti-sociais, inclu- com um médico em 1901, ela disse: “Ne-
ção. ... Muitos morrem de doença de origem medicina de ‘partes do corpo’, e não somen-
sive mentira, roubo, incêndio, vandalismo nhum homem ou mulher deve exercer sua
ou crueldade, do que os garotos cuja mãe vontade para controlar os sentidos ou a razão inteiramente imaginária.”167 te em atenção ao paciente. Num tempo em
não fumava ou fumava menos de dez cigar- de outro, de maneira que a mente da pessoa A antiga ciência médica atestou que a men- que o custo de cuidar da saúde é astronômi-
ros por dia. Estudos sugerem que fumar cau- se entregue passivamente à vontade daquele te e o corpo não podem ser separados. Mas es- co, o impacto econômico potencial da me-
sa alterações no funcionamento do cérebro que exerce o controle. Essa ciência [hipnote- ta verdade nem sempre foi traduzida na prática dicina mente/corpo é algo digno de aten-
da criança.157 rapia] pode parecer algo belo, mas é a ciência médica. Na última metade do século vinte, a ção.” Moyer citou com aprovação Eric J.
Drogas e defeitos de nascimento. Em 1865 que em caso algum você deve praticar. ... Po- pesquisa médica confirmou de modo geral, não Cassell quando Cassell escreveu que as fa-
a Sra. White relacionou os defeitos congê- derá ser sentido alívio temporário, mas a apenas que a saúde e a felicidade se acham en- culdades curativas “consistem somente, e
nitos com drogas venenosas administradas mente da pessoa assim controlada jamais será trelaçadas, mas que padrões emocionais defei- nada mais que, em permitir, provocar ou po-
pelos médicos. Em 1890 ela advertiu que os tão forte e segura.”163 tuosos podem realmente causar doença.168 tencializar essas coisas ou forças de restaura-
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ção (sejam elas quais forem) que já existem “Seja o que for que perturbe a circulação no tratamento das doenças têm-se tornado e saúde normais. Descobriu-se que anormali-
no paciente”.170 das correntes elétricas no sistema nervoso”, bem conhecidos através dos anos: colapso te- dades na infância, tais como raquitismo, ins-
Dean Ornish, numa longa entrevista re- escreveu Ellen White em 1869, “diminui a cidual com o risco potencial de anemia, leu- tabilidade nervosa, epilepsia e paralisia cere-
sultante da pesquisa de Ornish que marca no- resistência das forças vitais, e o resultado é cemia, formação de catarata e encurtamento bral, são resultado de grave desnutrição sofri-
vos rumos em reverter o quadro da arterios- um amortecimento das sensibilidades da da vida. Quando usados sensatamente, po- da pela mãe em determinados momentos do
clerose por meio de métodos não invasivos mente.” Três anos depois, ela declarou: “Es- rém, são incalculáveis os resultados positivos período de gravidez.”179
tais como regime alimentar, exercício e redu- ta classe [os trabalhadores braçais que bem dos diagnósticos e tratamento com raios X. Primeiros anos da vida de uma criança. Inti-
ção de estresse, declarou: “Se levarmos em pouco utilizam as faculdades cerebrais] é Influências pré-natais. Desde 1865 até seus mamente relacionada com o conceito de in-
conta o colesterol, a pressão sangüínea, o há- vencida mais prontamente se atacada por últimos anos de vida, Ellen White enfatizou fluências pré-natais está a crença de que os
bito de fumar, a genética e todos os outros fa- enfermidade, visto que o organismo é vitali- os diversos aspectos das influências pré-na- primeiros anos de vida de uma criança deter-
tores de risco conhecidos, isto explica apenas zado pela força elétrica do cérebro para re- tais. Contudo, somente a partir da década de minam o rumo de sua vida. Em 1881 Ellen
a metade das doenças cardíacas que vemos. sistir a doenças.”173 1950 é que este conceito começou a receber White escreveu que “a obra dos pais deve co-
Não resta dúvida de que existe alguma coisa Em 1903 ela acrescentou: “Cumpre que se crédito em círculos científicos. Desde então, meçar com a criança, na infância”.180
mais. Minha experiência clínica, bem como dê ênfase à influência do espírito [mente] so- uma onda gigantesca de unanimidade tem Mais precisamente devem os pais discipli-
o que estamos mostrando em nossa pesquisa, bre o corpo, como à deste sobre aquele. A inundado o mundo médico. nar “devidamente... [os] filhos durante os seus
sugere que fatores psíquicos, emocionais e até energia elétrica do cérebro, suscitada pela ati- “A irritabilidade, o nervosismo e o aca- três primeiros anos de vida. Não lhes permi-
mesmo espirituais são importantes, não ape- vidade mental, vivifica o organismo todo, e brunhamento manifestados pela mãe”, es- tam formar suas vontades e desejos. A mãe
nas pelo modo como afetam nosso comporta- assim é de inestimável auxílio na resistência creveu a Sra. White em 1865, “assinalarão o deve ser mente para os filhos. Os três primei-
mento, como regime alimentar e exercício, à doença. Isto deve ficar esclarecido. A força caráter de seus filhos. Se as mães das gera- ros anos são o tempo para vergar o pequeni-
mas também de formas mais diretas.”171 de vontade e a importância do domínio pró- ções passadas houvessem se informado no rebento.”181
Correntes elétricas no cérebro e sistema ner- prio, tanto na preservação como na reaquisi- quanto às leis de seu corpo, teriam com- Ao tratar da educação global da criança,
voso. Em 1934 membros da equipe da Clíni- ção da saúde; o efeito deprimente e mesmo preendido que sua resistência constitucio- em áreas além da disciplinar, Ellen White é
ca Mayo em Rochester, Minnesota, discu- destrutivo da ira, descontentamento, egoís- nal, seu tono moral e suas faculdades men- enfática: “Nunca será demais acentuar a im-
tiam a atividade elétrica do cérebro. Em 1962 mo, impureza; e de outro lado, o maravilhoso tais, seriam em grande medida apresentados portância da educação ministrada à criança
o Dr. Ernest Weber, presidente do Instituto poder vivificante que se encontra em um em seus descendentes.”177 em seus primeiros anos. As lições que a crian-
Politécnico, no Brooklyn, Nova Iorque, es- bom ânimo, altruísmo, gratidão – também Em 1954 Ashley Montagu escreveu: ça aprende durante os primeiros sete anos de
creveu que não conhecia maior maravilha devem ser apresentados.”174 “Existe agora evidência suficiente, prove- vida têm mais a ver com a formação do seu
moderna do que a descoberta das “ondas ele- Cautela no uso de raios X. Ellen White não niente de muitas fontes, indicando que a caráter que tudo que ela aprenda em anos
tromagnéticas”. somente endossava o uso apropriado dos raios criança que está por nascer pode ser afetada posteriores.”182
Em 1954 um artigo em The Scientific Ame- X, mas submeteu-se, ela mesma, a um trata- de maneira diversificada pelas alterações fí- A importância dos três primeiros anos de
rican recapitulava a ciência das ondas eletro- mento com esta técnica para uma mancha es- sicas ocorridas na mãe; e que, embora uma uma criança foi salientada em 1997 por
magnéticas em vias de desenvolvimento: cura que tinha na fronte.175 mulher não possa ‘marcar’ seu bebê pelo fa- uma equipe de peritos da Casa Branca, con-
“Vinte e cinco anos atrás [1929] Hans Berger, Bem cedo, porém, fez soar a advertên- to de ter visto alguma coisa desagradável an- forme noticiou The Washington Post. Os
uma psiquiatra alemão, ... começou a publi- cia contra a exposição na terapia dos raios tes do nascimento dele nem torná-lo poeta cientistas e especialistas em desenvolvi-
car algumas gravurinhas estranhas, que con- X. Falando a respeito dos “equipamentos por ter lido Keats e Shelley durante a gravi- mento infantil apresentaram “nova e con-
sistiam apenas em linhas onduladas. Elas de- elétricos” que estavam sendo instalados dez, há maneiras pelas quais ela pode defini- vincente pesquisa mostrando que a lingua-
viam ter despertado grande entusiasmo entre no Paradise Valley Sanitarium, disse: “Fui tivamente influenciar-lhe o padrão de com- gem, o pensamento e a saúde emocional de
seus colegas, já que, segundo ele, mostravam instruída de que algumas pessoas ligadas à portamento. Cabe a ela, em grande parte, e uma criança são formados, em grande parte,
a atividade elétrica do cérebro humano. Mas, instituição estavam introduzindo para o àqueles que lhe estão à volta durante a gra- antes dos três anos de idade. ... A maioria
a bem da verdade, ninguém levou aquilo a sé- tratamento dos doentes coisas que não videz, decidir se a criança nascerá um indi- das sinapses cerebrais (conexões entre os
rio. Durante vários anos ninguém se deu ao eram seguras. A aplicação de alguns desses víduo feliz, saudável e afável ou um neuróti- neurônios) não é apenas formada antes dos
incômodo de repetir os experimentos de Ber- tratamentos elétricos envolveriam o pa- co desajustado.”178 três anos de idade, disse o relatório; ‘essas
ger. ... Um quarto de século desde então, o es- ciente em graves dificuldades, pondo a vi- Confirmando a pesquisa de muitos outros, sinapses que foram ativadas muitas vezes
tudo dessas pequenas linhas converteu-se da em perigo. ... Fui instruída de que os Leland H. Scott escreveu em 1967: “Há cres- pela experiência inicial tendem a tornar-se
num novo ramo da ciência chamado de ele- raios X não são a grande bênção que al- cente evidência de que irregularidades quími- permanentes; as sinapses não utilizadas ten-
troencefalografia. Hoje várias centenas de guns suponham que fosse. Se usado de ma- cas no sangue da mãe provocadas por dese- dem a ser eliminadas.’”183
laboratórios nos Estados Unidos e em quanti- neira imprudente, pode causar muito da- quilíbrio endócrino, deficiências alimentares
dades semelhantes na Europa estão registran- no. Os resultados de alguns tratamentos ou problemas de saúde podem ter graves efei- Pesquisa Moderna
do e interpretando gráficos das descargas elé- elétricos são similares aos resultados do tos. A desnutrição materna faz muitas vezes Confirma Princípios de Saúde
tricas de cérebros humanos. Toda a sua pro- uso de estimulantes. São acompanhados com que as crianças que estão por nascer se- Clive McCay. O falecido Dr. Clive McCay,
dução anual de gráficos daria para circundar de fraqueza.”176 jam desprovidas das vitaminas essenciais ou professor de nutrição da Cornell’s New York
a Terra.”172 Os efeitos da radiação excessiva de raios X dos nutrientes necessários a seu crescimento State College of Agriculture and Life Scien-
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ces (onde lecionou por trinta e sete anos: mento de Agricultura e o Departamento de no regime alimentar pode reduzir drastica- Sudoeste (Universidade do Texas) em Dallas,
1925-1962), foi reconhecido mundialmente Saúde, Educação e Assistência Social dos mente o risco de câncer. Os pesquisadores re- falando na Universidade de Loma Linda a
como pioneiro e autoridade na teoria, pesqui- Estados Unidos publicaram uma edição con- comendavam com insistência o consumo mais de 1.000 profissionais da área de saúde,
sa e história da nutrição.184 junta de suas “Diretrizes Alimentares Para abundante de frutas, cereais integrais e ver- declarou: “Vocês, adventistas, podem ter, no
Depois de entrar em contato com os prin- Norte-americanos”: (1) Coma alimentos va- duras, bem como a redução do consumo de passado, esposado determinado estilo de vida
cípios de saúde de Ellen White por meio de riados. (2) Mantenha o peso ideal. (3) Evite o gordura, açúcar, sal e álcool.191 alimentar com base na fé; mas agora podem
Helen Chen, uma estudante adventista de excesso de gordura, gordura saturada e coles- Sociedade Norte-Americana do Câncer. Em praticá-lo com base em evidências científi-
pós-graduação, de 20 anos de idade, ele dese- terol. (4) Coma alimentos com suficiente fevereiro de 1983, o redator da revista da so- cas. Espero que não [voltem atrás e] se jun-
jou saber mais sobre a igreja dela e seus ensi- quantidade de amido e fibra. (5) Evite o ex- ciedade, Cancer News, publicou um artigo in- tem à corrente, mas vivam de acordo com seu
namentos de saúde. Solicitou e recebeu por cesso de açúcar. (6) Evite o excesso de sódio. titulado: “Finalmente um Regime Alimentar legado de saúde.”195
fim o livro Conselhos Sobre o Regime Alimen- (7) Se tomar bebidas alcoólicas, faça-o com Anticancerígeno.” O primeiro parágrafo Estudo Sobre a Mortalidade Adventista,
tar, uma compilação dos escritos de Ellen moderação.188 Este relatório serviu como um apontava os adventistas do sétimo dia da Ca- 1958, e estudo conjunto com a Sociedade Nor-
White sobre uma alimentação saudável e sua toque de despertar tanto para os profissionais lifórnia como tendo a mais baixa taxa de cân- te-Americana do Câncer, 1960. Estes estudos
relação com a saúde física, mental e espiri- da saúde como para a população em geral. cer cólon/retal da América do Norte. feitos na Califórnia compararam a causa da
tual, além de datas e listas das fontes dos di- Mas se este relatório tivesse sido publicado em Mais adiante no artigo, chamou-se a aten- morte de um expressivo grupo de homens
versos trechos. Visto acreditar que tudo 1863, teria sido tão chocante como o foram as ção para o fato de os estudos indicarem que a adventistas do sétimo dia com um número
quanto fora escrito antes de 1900 não era instruções de Ellen White naquela época! incidência de cânceres de mama, de cólon e de similar de homens não adventistas do séti-
científico, McCay perguntou a Helen o mais Em 1995, esses mesmos departamentos pu- próstata “é significativamente mais baixa en- mo dia. A pesquisa não fez distinção entre
depressa que pôde: “De onde ela [Ellen White] blicaram uma versão atualizada das “Diretri- tre pessoas que comem vegetais em abundân- adventistas que comiam carne diariamente,
obteve essa informação?”185 zes Alimentares”, na qual enfatizavam que os cia. Esta ‘surpreendente descoberta’, comenta semanalmente, mensalmente ou em nenhu-
Tempos depois, o Dr. McCay conversou “regimes vegetarianos se acham de acordo o professor de medicina ambiental da Univer- ma ocasião. Tampouco entre os ovo-lacto-
com F. D. Nichol, editor da Review and He- com as Diretrizes Alimentares Para Norte- sidade de Nova Iorque, Walter Troll, sugere vegetarianos e os vegetarianos totais. Com-
rald, sobre seu novo interesse nos princípios Americanos e fornecem as rações de nutrien- que os vegetais contêm substâncias ‘capazes de parados com os homens não adventistas, os
adventistas de saúde conforme expostos por tes alimentares recomendadas”.189 Esta ver- inibir o câncer em seres humanos’.”192 homens adventistas podem esperar menos
Ellen White. Nichol, sabendo que o cientis- são atualizada de 1995 deu maior ênfase aos Ministro da Saúde dos Estados Unidos. Em mortes causadas por alguma forma de cân-
ta unitariano provavelmente não entenderia alimentos vegetais em conformidade com a julho de 1988, C. Everett Koop, M.D., lançou cer. De acordo com os resultados do Estudo
a doutrina bíblica dos dons espirituais, evitou Pirâmide Alimentar. “As instruções revisadas o primeiro relatório sobre nutrição de um “mi- Sobre a Mortalidade alistados abaixo, por
inteligentemente responder às suas perguntas também reconhecem que os cereais estão as- nistro” da Saúde dos Estados Unidos. Basean- exemplo, os homens adventistas apresen-
sobre Ellen White. Contou a McCay que os sociados a ‘risco consideravelmente baixo de do-se em mais de 2.500 artigos científicos, sua tam vinte por cento a menos de mortes por
críticos da escritora a rejeitaram por conside- muitas doenças crônicas, inclusive certos prescrição para a América do Norte era: “Me- câncer nos pulmões quando comparados
rá-la uma plagiadora, que copiava trabalhos tipos de câncer’; que os nutrientes antioxi- nos gordura, e mais vegetais e frutas.”193 com a taxa de mortalidade da população em
de contemporâneos. dantes desempenham ‘papel potencialmente Instituto de Pesquisa em Medicina Preventiva geral para a mesma doença. Observe a me-
“Tolice!”, exclamou McCay. “Não posso benéfico na redução do risco de câncer e al- da Escola de Medicina da Universidade da Cali- nor porcentagem de mortes previsíveis en-
de forma alguma aceitar essa explicação, pois, gumas outras doenças crônicas’ e que o ácido fórnia. Em 1990 Dean Ornish, presidente des- tre todos os adventistas para outros tipos de
em vez de resolver um problema, cria outro fólico ‘reduz o risco de formas graves de defei- te instituto de pesquisa da Universidade da câncer:
muito maior! Se ela apenas copiou de seus tos congênitos’.” O documento revisado tam- Califórnia, publicou suas descoberta: que o en-
contemporâneos, como ela soube que idéias bém enfatizou que os alimentos, não o salei- tupimento das artérias por parte do colesterol • 20 por cento, câncer de pulmão
tomar emprestadas e que idéias rejeitar, den- ro, são a fonte da maior parte do sódio pode ser revertido mediante um regime alimen- • 5 por cento, câncer de boca, garganta e laringe
tre a confusa variedade de teorias e ensinos alimentar, continuando a chamar a atenção tar grandemente vegetariano aliado a exercí- • 32 por cento, bronquite e enfisema
sobre saúde em voga no século dezenove? A para “a relação existente entre o sódio e a hi- cio e redução de estresse. Suas conclusões fo- • 28 por cento, câncer de bexiga
maior parte era irracional e atualmente foi pertensão” e que o sódio “é um nutriente es- ram apoiadas por fotos em quatro cores de an- • 34 por cento, câncer de esôfago
repudiada! Ela teria que ser uma pessoa incrí- sencial consumido em excesso pelo povo nor- giogramas coronários analisados por computa- • 13 por cento, cirrose do fígado
vel, com conhecimento além de seu tempo, te-americano em geral”.190 dor e tomografias por emissão de pósitron. • 72 por cento, câncer de mama
para levar isto a bom termo.”186 National Academy of Sciences (National Re- Após um surpreendente estudo realizado • 65 por cento, câncer do aparelho digestivo
Nos anos que se seguiram, McCay fez pa- search Council). Esta corporação de pesquisa com 6.500 pessoas na Universidade Cornell • 62 por cento, leucemia
lestras expondo os escritos de Ellen White apresentou em junho de 1982 um relatório em 1990, Ornish escreveu uma paródia sobre o • 61 por cento, câncer de ovário
sobre nutrição a diversos grupos, inclusive conjunto intitulado “Regime Alimentar, Nu- slogan usado pela Associação Norte-America- • 54 por cento, câncer de útero
corporações científicas. A Review and Herald trição e Câncer”. Concentrando-se na rela- na da Carne Bovina: “Carne. Alimento de ver- • 66 por cento, outros cânceres
publicou um sumário de seus achados.187 ção existente entre o regime alimentar e o dade para morte [de pessoas] de verdade.”194 • 53 por cento, derrames
Departamento de Agricultura e Departamento câncer, este relatório era essencialmente o Autoridade em pressão alta. Normal M. Ka- • 55 por cento, diabetes
de Saúde, Educação e Assistência Social dos Es- mesmo apresentado pelo governo em 1980. plan, professor de medicina interna e chefe • 42 por cento, úlcera péptica
tados Unidos. Em julho de 1980, o Departa- Sua pesquisa indicava que uma mudança da seção de hipertensão da Escola Médica do • 31 por cento, suicídios
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CAPÍTULO 28 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados UM SÉCULO DE PRINCÍPIOS
DESAÚDE

• 59 por cento, mortes atribuídas a todas parte dos seus alimentos de fontes vegetais. Mais do que isso, se ela houvesse endossado a restauração da saúde não são hoje vistos co-
as causas médicas196 Coma cinco ou mais porções de frutas e ver- o conhecimento médico de sua época, sua mo modismos. Não foram resultado de uma
Estudo de Incidência Adventista em 1974. duras por dia. Coma outros alimentos de credibilidade teria sido demolida. Além abordagem “forçada”.207 Todos os princípios
Enviado a 63.350 famílias adventistas da Ca- fontes vegetais, tais como pães, cereais, pro- disso, sua reivindicação de ser dirigida pe- se acham integralmente relacionados; as es-
lifórnia, este questionário enumerava “348 dutos à base de cereais, arroz, massa ou fei- la orientação divina teria finalmente sido pecificações são vistas relacionando-se com a
variáveis abrangendo características demo- jões diversas vezes cada dia. (2) Limite seu vista como um truque usado em benefício saúde total de toda a pessoa. O estilo de vida
gráficas, socioeconômicas, crença e prática consumo de alimentos com elevado teor de próprio.206 dos adventistas do sétimo “reflete-se no feno-
religiosas; histórico médico pessoal e familiar; gordura, particularmente de fontes animais. Mas os princípios de saúde encontrados menal acúmulo de ensaios de pesquisa publi-
padrões de nutrição, de uso de drogas e de Escolha alimentos com baixo teor de gordu- naquilo que ela escreveu no século dezenove cados a respeito do estilo de vida adventista.
exercício”.197 Os resultados continuam a ra. Limite o consumo de carnes, especial- são distintivamente coerentes e suportaram a ... Parece provável que nenhum outro grupo
confirmar os nítidos benefícios da mensagem mente as ricas em gordura. (3) Seja fisica- prova do tempo. Seus princípios relacionados religioso tenha atraído mais o interesse re-
adventista de saúde expostos por Ellen White mente ativo: adquira e conserve um peso com a prevenção de doenças bem como com cente dos cientistas.”208
um século atrás.198 saudável. Empenhe-se em alguma atividade
Estudos europeus confirmam esses dois es- física moderada pelo menos 30 minutos ou Referências
tudos adventistas. Na Noruega, um estudo de mais na maioria dos dias da semana. Perma-
dezessete anos de duração, que abrangeu to- neça dentro dos limites do peso saudável. 1. Stoy e Leilani Proctor, “Searching for the Fountain of concebíveis de animais que os açougues não conseguiam
Youth” (Hagerstown, MD: The Health Connection, 1991). converter em dinheiro eram recolhidas... e processadas em
dos os adventistas daquele país, concluiu em (4) Limite o consumo de bebidas alcoólicas, “Desde os anos de 1800 os adventistas do sétimo dia têm galpões imundos. Adicionavam-se substâncias alvejantes à
1981 que os adventistas noruegueses desfru- se é que você bebe.203 praticado oito segredos de saúde que reduzem seu risco de mistura para dar ao produto a aparência de manteiga de ver-
tavam quase dos mesmos benefícios que os doença cardíaca e câncer... as duas mais importantes causas dade.
de morte prematura. Ao manter esses dois assassinos encur- “O empregado de uma fábrica de margarina [não a mar-
adventistas californianos. O estudo confir- Sumário dos Princípios ralados, os adventistas do sétimo dia desfrutam melhor saú- garina de óleo vegetal] contou aos investigadores do Estado
mou a observação de que “nem grupos sociais da Reforma de Saúde de Ellen White de e vida mais longa do que a população em geral. ... Tendo de Nova Iorque que seu trabalho o havia deixado com ‘as
nem seleção geográfica explicam a vantagem A contribuição de Ellen White para uma em vista que apenas em anos recentes a confirmação cientí- mãos inflamadas... as unhas se desprenderam, os cabelos caí-
fica ficou disponível, como eles souberam disto antes dos ram, e ele teve que ficar internado no Hospital de Bellevue
de saúde observada entre os adventistas do avançada compreensão da saúde e da doença cientistas? Por meio de uma mulher chamada Ellen G. White. por debilidade generalizada’. O fato de consumidores com-
sétimo dia noruegueses” e que “o estilo de vi- pode ser atribuída aos seguintes fatores: (1) Esta visionária afirmava que, não desejando que Seu povo prarem esse esterco pestilento e com ele alimentarem a fa-
da total defendido e seguido em geral pelos percepções recebidas por meio de visões; (2) sofresse doença e morte desnecessárias, Deus a inspirou para mília devia-se à astúcia dos donos de mercearia, que raspa-
contar às pessoas como desfrutar o máximo de bem-estar ge- vam os rótulos originais e etiquetavam as caixas novamente
adventistas do sétimo dia explica os resulta- sua capacidade dirigida pelo Espírito de per- ral. Ellen G. White escreveu com espantosa simplicidade e com as inscrições: ‘manteiga do Oeste’ ou ‘manteiga do me-
dos observados”.199 ceber o que estava em harmonia com essas exatidão o que desde então se tem demonstrado a melhor lhor laticínio’.” – Bettmann, The Good Old Days, pág. 117.
Em 1982 o Escritório de Registro do Cân- percepções em meio aos labirintos da opinião fórmula para a saúde e a longevidade.” – Ibidem. 13. Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, pág. 135 (Conselhos Sobre o
2. Ver a introdução do Dr. J. H. Kellogg ao livro de Ellen White, Regime Alimentar, pág. 349).
cer da Dinamarca, em Copenhaguen, rela- corrente e (3) seu princípio unificador do Te- Christian Temperance and Bible Hygiene. Ver págs. 290 e 291. 14. American Heart Association News Release,13 de maio de
tou, após estudo de trinta e cinco anos, que ma do Grande Conflito que colocava a saúde 3. “No verão, se eles abrissem as janelas para evitar o sufoca- 1994.
apenas um em cada dez adventistas desenvol- dentro do contexto da motivação espiritual, mento, eram comidos vivos pelos insetos. E, no inverno, se 15. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 320 (duas declara-
fechavam as janelas para evitar o congelamento, ficavam su- ções, 1868 e 1905).
veu câncer, enquanto o índice para a popula- do compromisso e da preparação pessoal para focados com o ar enfumaçado.” – Bettmann, The Good Old 16. G. E. Fraser, J. Sabaté, W. L. Beeson, T. Strahan, Archives of
ção dinamarquesa foi de um em cada quatro o Advento. Days, pág. 53. Internal Medicien (1992), 152:1416-1424.
4. “Na área do cuidado pessoal, os vitorianos pareciam despreo- 17. D. P. Burkitt, British Medical Journal (1972), 2:556-561.
durante o mesmo período. O diretor médico O registro permanece: comparada com os cupados. Raramente tomavam banho. A glorificação do ba- 18. H. S. Page e A. J. Asire, Cancer Rates and Risk, 3ª edição,
do Registro do Câncer disse “que, sem dúvi- relativamente poucos “reformadores da saú- nheiro é um fetiche moderno. Em 1882 apenas dois por cento Publicação NIH 85:691 (Bethesda, MD: National Cancer
da, os adventistas estudados na investigação de” de seus dias, Ellen White era singular. dos lares nova-iorquinos possuíam instalações hidráulicas. ... Institute, abril de 1985).
Alguns médicos consideravam o banho prejudicial à saúde, e 19. D. P. Burkitt, A. R. P. Walker e N. S. Painter, Journal of the
experimentavam risco bem menor de desen- Quando comparada ou contrastada com a sa- um deles – C. E. Sargent – chegou mesmo a descrevê-lo como American Medical Association (1974), 229:1068-1074.
volver câncer do que a pessoa comum. Seu bedoria e prática médica convencional, ela ‘gasto desnecessário de tempo’.” – Bettmann, ibidem, pág. 35. 20. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 386.
risco era 70 a 80 por cento menor do que o da estava décadas à frente de seu tempo. 5. Afirmou-se em 1996 que “cerca de um terço das 500.000 21. Ibidem, págs. 389 e 390.
mortes por câncer que ocorrem nos Estados Unidos cada ano 22. Ibidem, págs. 386 e 387.
população dinamarquesa em geral.”200 Em que sentido Ellen White era singular? se deve a fatores alimentares.” – CA, A Cancer Journal for 23. Ibidem, 387.
Em 1983 um estudo holandês relatou uma Os reformadores de saúde de sua época fize- Clinicians, 46: 6, novembro/dezembro de 1996. Daqui em 24. Ibidem.
vantagem de 8,9 anos na expectativa de vida ram previsões em algumas áreas, mas falha- diante, CA/1996. 25. “Câncer[es], tumores e doenças do pulmão são em grande es-
6. L. Jean Bogert, em Nutrition and Physical Fitness, 7a ed. cala produzidos por comer carne.” – Ibidem, pág. 383.
para homens adventistas e 3,7 anos para mu- ram redondamente em outras. Muitos manti- (Philadelphia: W. B. Saunders, 1962), pág. 406. 26. Ibidem, pág. 386.
lheres adventistas.201 nham pontos de vista extremos a respeito de 7. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 367 (Conselhos Sobre 27. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 63.
Um estudo polonês relatou em 1985 que “deixar o uso do leite, açúcar e sal”, etc.204 Saúde, pág. 151). 28. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 389.
8. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 357. 29. Ibidem.
os homens adventistas tinham uma vanta- Outros criam que o repouso, e não o exercí- 9. Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, pág. 135 (Conselhos Sobre 30. A Ciência do Bom Viver, pág. 320. Ver também págs. 282,
gem de 9,5 anos, e as mulheres adventistas cio físico, era indicado para os que estavam se Regime Alimentar, pág. 349). 304 e 311. Para todos, inclusive os profetas, “a vereda dos
uma vantagem de 4,5 anos.202 restabelecendo de alguma doença.205 10. A Ciência do Bom Viver, pág. 302. justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e
11. Ibidem, pág. 298. mais até ser dia perfeito”. Prov. 4:18. Os que seguem o de-
Diretrizes Sobre Regime Alimentar, Nutri- O que aconteceria se Ellen White tivesse 12. “A alternativa era a ‘manteiga falsificada’, e os ingredientes ver conhecido seguem a verdade “passo a passo”. (Ver
ção e Prevenção de Câncer da Sociedade Nor- defendido esses e outros pontos de vista ex- desse preparado eram tão extravagantemente incompatíveis págs. 274 e 310.)
te-Americana do Câncer, 1996. Suas quatro tremos? Sua credibilidade teria sido severa- que motivaram diversas investigações por parte da munici- 31. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 462 e 463.
palidade e do Estado. Gordura de porco e todas as partes 32. Ibidem, págs. 380 e 381.
diretrizes básicas eram: (1) Escolha a maior mente prejudicada nos anos subseqüentes.
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33. Ibidem, pág. 381. Aves Domésticas do Departamento de Agricultura, East Lan- 84. Colditz, et. al., American Journal of Clinical Nutrition, 1985, processo de envelhecimento que interfere na capacidade de
34. Ibidem, págs. 453 e 454. sing, Mich., endereçada a John Scharffenberg, M.D. (1982). 41:32-36. raciocinar e resolver problemas da vida cotidiana.” – World
35. Ibidem, pág. 290. 58. D. A. Snowden e R. L. Phillips, American Journal of Public 85. CA/1996, pág. 333. Health Organization Technical Series 797: Diet, Nutrition,
36. Ibidem, págs. 309, 402 e 414. Health, 75:507-512 (1985). 86. S. Graham e C. Mettlin em G. R. Newell, N. H. Ellison, and the Prevention of Chronic Disease, Relatório de um Gru-
37. R. L. Phillips, F. R. Lemon, W. L. Beeson, J. W. Kuzma, Ame- 59. Nutrition Today, 3:9-11 (1968). Uma dieta rica em gordura editores, Progress in Cancer Research and Therapy, vol. 17, po de Estudos da OMS, em Genebra, 1990, págs. 62-65, 83-
rican Journal of Clinical Nutrition (1978) 31:S191-S198. animal reduz o difosfoglicerato (DPG) nos glóbulos verme- Nutrition and Cancer Etiology and Treatment (New York: Ra- 84, 101 e 111.
38. T. Hirayama, Preventive Medicine (1978), 7:173-195. lhos, o que indica haver menos oxigênio disponível para as ven Press, 1981), págs. 189-215: “Dos muitos estudos cien- 119. Journal of Genetic Psychology, 1979, 31:540-543.
39. E. L. Winder, G. C. Ersher e N. Mantel, Cancer (1966), células teciduais, enquanto as gorduras vegetais não reduzem tíficos sobre este assunto, a grande maioria mostra que co- 120. Santificação, pág. 28.
19:489-520. (Alguns estudos realizados nos Estados Unidos, o DPG. mer frutas e vegetais (especialmente vegetais de cor verde e 121. Conforme citado em Galen C. Bosley, “Is Adventist Health
porém, não têm relacionado alimentação saturada de gordu- 60. Preventive Medicine, 12:60-69 (1983). amarelo escuro e os da família do repolho, produtos à base Reform Scientific?” Ministry, abril de 1987: J. F. Greden, R.
ra e carne com o câncer de mama.) 61. A. J. Vergroesen, “Physiological Effects of Dietary Linoleic de soja e legumes) protege contra o câncer de cólon.” – Fontaine, M. Lubetsky e K. Chamberlin, “Anxiety and De-
40. Regina Ziegler, palestrante do National Cancer Institute em Acid”, Nutrition Review, 335:1-5 (1977). CA/1996, pág. 326. pression Associated with Caffeinism Among Psychiatric
Atlanta, Geórgia, no Simpósio Sobre Alimentação e Câncer, 62. Journal of Nutrition, 62:421-424. 87. E. Bjelke, International Journal of Cancer, 15:561-565, 1975. Patients”, American Journal of Psychiatry, 135, No 8 (1978),
abril de 1991. Ver também D. A. Snowden, R. L. Phillips, W. 63. CVD Epidemiology Newsletter, 27:81 (1979). 88. D. M. Winn, R. G. Ziegler, L. W. Pickle, et. al., Cancer Re- págs. 963-966; B. S. Victor, M. Lubetsky e F. Greden, “So-
Choi, American Journal of Epidemiology (1984), 120:224-250; 64. Journal of Cardiovascular Pharmacology, 3:847-853 (1981); search, 44:1216-1222, 1984. matic Manifestations of Caffeinism”, Journal of Clinical
R. L. Phillips e D. A. Snowden, Journal of the National Can- Lancet, 2:285, 30 de julho de 1988. 89. P. F. Jacques e L. T. Chylack, Jr., American Journal of Clini- Psychiatry 42, No 5 (1981), págs. 185-188.
cer Institute (1985), 74:307-317. 65. K. D. Linsted, S. Tonstad e J. W. Kuzma, Journal of Clinical cal Nutrition, 53:335S-355S, 1991. 122. Temperança, pág. 150; O Lar Adventista, pág. 252.
41. CA/1996, pág. 329. Epidemiology, 44:363. 90. New England Journal of Medicine, 1987, vol. 316, 5:235-240. 123. “The Link Between Nutrition and Cognitive Development
42. T. Hirayama, Preventive Medicine 7:173-195 (1978). “O con- 66. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 207. 91. The Youth’s Instructor, 31 de maio de 1894; Conselhos Sobre in Children”, Center on Hunger, Poverty, and Nutrition
sumo de gema de ovo deve ser desestimulado. A gema é a 67. Ibidem, pág. 340. o Regime Alimentar, pág. 112; A Ciência do Bom viver, págs. Policy, Tufts University School of Nutrition, Medford,
fonte mais rica de colesterol no regime alimentar comum 68. Ibidem, pág. 468. Ver T. Antonios e G. A. MacGregor, “Salt 299 e 300. Mass., 1995.
norte-americano. A ingestão de dois ovos por dia – quer na – More Adverse Effects”, Lancet, 1996, 348:250 e 251. 92. Signs of the Times, 23 de setembro de 1897. 124. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 52; Testemunhos Para a
forma visível, quer na forma invisível (isto é, em alimentos 69. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 425. 93. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 491. Igreja, vol. 7, pág. 82 (Conselhos Sobre Saúde, pág. 267); A
preparados) – neutraliza, por assim dizer, programas dietéti- 70. Ibidem, pág. 425. 94. Ibidem, pág. 112; A Ciência do Bom Viver, págs. 299 e 300. Ciência do Bom Viver, pág. 262 e 365; Vida no Campo, pág.
cos que tinham por objetivo reduzir o colesterol sérico. Con- 71. Ibidem, pág. 424. 95. MR, vol. 18, pág. 84. 42. De acordo com o relatório de maio de 1996. “Guide to
seqüentemente, o público deve ser estimulado a evitar a ge- 72. Ibidem, pág. 421. 96. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 112 e 113. Mortality and Pollution Tables”, do Conselho de Defesa dos
ma do ovo em alimentos preparados comercialmente. Os fa- 73. Ibidem. O café tem sido positivamente associado a fatores que 97. Ibidem, pág. 178. Recursos Nacionais, em Nova Iorque (NRDC), acredita-se
bricantes de alimento desenvolveram recentemente substitu- promovem a cardiopatia coronariana (Preventive Medicine, 98. Christian Temperance and Bible Hygiene, págs. 218 e 219; que cerca de 64.000 pessoas morram prematuramente todo
tos para ovos com baixo teor de colesterol e gordura saturada 1994, 23:377-384); o colesterol aumenta até mesmo com Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 94, 95, 309 e 317; ano em virtude de problemas cardiopulmonares associados
que podem ser usados com sucesso na culinária em série e pa- uma xícara de café regular diária (Journal of Clinical Epidemio- A Ciência do Bom Viver, pág. 299; MR, vol. 3, pág. 408. à poluição do ar. O mesmo relatório estima que em cidades
ra ovos mexidos, waffles, panquecas, omeletes e coisas do gê- logy, 1995, 48:1.189-1.196); o risco de infarto no miocárdio 99. MR, vol. 8, págs. 252 e 253; vol. 14, pág. 332; Biography, densamente povoadas, vidas sejam encurtadas em cerca de
nero. Esses progressos devem ser incentivados desde que com (American Journal of Epidemiology, 1995, 14:724-731); perda vol. 2, págs. 298, 299 e 357; vol. 4, pág. 271. um ou dois anos em média.
um conteúdo de sal mais baixo.” – “Special Report: Inter-So- óssea acelerada da espinha dorsal e do corpo total em mulhe- 100. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 349. 125. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 462; A Ciência do Bom Vi-
ciety Commission for Heart Disease Resources”, Circulation, res com consumo de cálcio abaixo da recomendação alimen- 101. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 411 (1898); ibidem, ver, págs. 274 e 276. “As mulheres que vivem em áreas de ele-
julho de 1984, 70:188A. tar de 800mg. (American Journal of Clinical Nutrition, 1994, pág. 357 (1899); ibidem, pág. 356 (1902); MR, vol. 21, pág. vada concentração de ‘partículas totalmente suspensas’ no ar
43. “Diet, Nutrition, and Câncer”, pág. 6-3, Comissão Sobre Re- 60:573-578); o risco de câncer no ovário (International Jour- 286 (1901). têm 37 por cento maior risco de desenvolver câncer do que
gime Alimentar, Nutrição e Câncer (Washington, D.C.: Na- nal of Câncer, 1981, 28:691-693); e “exibe os aspectos de uma 102. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 352 (1901). as mulheres de áreas menos poluídas.” Relatório lançado em
tional Academy Press, 1982). típica substância psicoativa de dependência.” – Journal of the 103. Ibidem, pág. 358 (1901). outubro de 1991 por uma equipe de investigação encabeçada
44. E. H. Krick, Life and Health Special Cancer Prevention Issue, American Medical Association (1994) 272:1.043-1.048. 104. Ibidem, pág. 351 (1902); pág. 470 (1905). por D. E. Abbey, Universidade de Loma Linda, após uma
págs. 12-14 (1978). 74. D. A. Snowden, R. L. Phillips, American Journal of Public 105. Ibidem, pág. 411 (1898); pág. 210 (1901); pág. 359 (1901); pesquisa de 20 anos e 8,4 milhões de dólares, a respeito dos
45. J. Vitale, Oncology Times, janeiro de 1980. Health, 74:820-823, agosto de 1984; K. D. Lindsted, J. W. pág. 356 (1902). efeitos da poluição do ar sobre a saúde. – “Recent Adventist
46. R. L. Phillips, D. A. Snowden, B. N. Brin, em E. L. Wynder, Kuzma, J. E. Anderson, Journal of Clinical Epidemiology¸1992, 106. Ibidem, pág. 207 (1909). Health Study Findings Link Air Pollution and Cancer in
G. A. Leveille, J. H. Weisburger, G. E. Livingston, editores, 45:733-742. 107. Ibidem, pág. 92 (1890). Women”, Pacific Union Recorder, 16 de março de 1992.
Environmental Aspects of Cancer – The Role of Macro e Micro 75. H. A. Reimann, “Caffeinism”, Journal of American Medical 108. Ibidem, pág. 358 (1901); pág. 204 (1901). Ver também págs. 126. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 78; vol. 2, pág. 529
Components of Foods (Westport, CT: Food and Nutrition Association, 18 de dezembro de 1967, 202:12, págs. 131 e 132. 95-97 e 306. (Conselhos Sobre Saúde, pág. 52); A Ciência do Bom Viver,
Press, 1983), págs. 53-72. Não se fazia nenhuma distinção 76. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 81. 109. Ibidem, pág. 351 (1902); pág. 358 (1901). pág. 238.
entre lacto-ovo-vegetarianos e vegetarianos totais, o que le- 77. Ibidem, pág. 363. 110. Ibidem, pág. 357 (1901); pág. 210 (1901). 127. G. E. Fraser, T. M. Strahan, J. Sabaté, W. L. Beesen, D. Kis-
va à conjectura de que os vegetarianos totais alcançariam 78. Ibidem, pág. 364. 111. Ibidem, pág. 352 (1904). singer, “Effects of Traditional Coronary Risk Factors as Rates
uma taxa mais baixa. 79. MR, vol. 21, pág. 285 (1901). 112. Ibidem, pág. 358. of Incident Coronary Events in a Low Risk Population: The
47. Essas porcentagens podem não ser muito significativas do 80. G. E. Fraser, J. Sabaté, W. L. Beeson e T. M. Strahan, Archi- 113. Ibidem, pág. 359 (1901). Adventist Health Study”, Circulation, 1992, 86:406-413.
ponto de vista estatístico e ainda esperam por comprovação ves of Internal Medicine, julho de 1992, 152:1416-1424. 114. Ver págs. 274, 295, 304 e 310. 128. K. E. Powell, P. D. Thompson, C. J. Caspersen e J. S. Ken-
em estudos posteriores. 81. J. Sabaté, et al., New England Journal of Medicine 1993, 115. Ibidem, págs. 355 e 356 (1909). drick, Annual Reviews of Public Health, 1987, 8:253-287.
48. D. A. Snowden, R. L. Phillips e W. Choi, American Journal 328:603-607; G. A. Spiller, et al., Journal of American Colle- 116. CA/1996, pág. 328. “Special Report: Inter-Society Commission for Heart Di-
of Epidemiology, 120:244-250 (1984). ge of Nutrition, 1992, 11:126-130; J. Sabaté, G. E. Fraser, 117. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 441; Temperança, pág. sease Resources”, Circulation, julho de 1986, págs. 177A e
49. P. K. Mills, W. L. Beeson, R. L. Phillips e Gary E. Fraser, “The Probable Role of Nuts in Preventing Coronary Heart 59; ver também A Ciência do Bom Viver, pág. 344. 178A. Heart Disease and Stroke, 1993, 2:183-187. David
American Journal of Epidemiology, 133:230-239 (1991). Disease”, Primary Cardiology, 1993, 19:65-72. 118. Albert Q. Maisel, “Alcohol and Your Brain”, Reader’s Di- Krtichevsky, “Diet and Nutrition”, Cancer Journal for Clini-
50. D. A. Snowden, R. L. Phillips e Gary E. Fraser, Preventive 82. CA/1996, pág. 327. gest, junho de 1970. “O álcool prejudica as funções físicas e cians, 1991, págs. 328-333.
Medicine, 13:490-500 (1984). 83. “O crescente consumo de produtos protéicos vegetarianos, mentais. Mesmo no mais baixo nível mensurável, o álcool 129. American Journal of Epidemiology, 1994, 140:608-620.
51. CA/1996, págs. 332 e 333. feijões, lentilhas e ervilhas bem como de frutas secas foi asso- afeta a percepção, o processamento das informações, a 130. American Heart Journal, 1994, 128:965-972.
52. A. S. Cunnigham, The Lancet, 2:1184-1186 (1976). ciado a relações protetoras altamente significativas do risco aprendizagem, o julgamento, o tempo de reação, o processa- 131. Epidemiology, 1995, 6:602-606.
53. B. M. Calkins, D. J. Whittaker, P. P. Nair, A. A. Rider e N. de câncer do pâncreas.” – P. K. Mills, W. L. Beeson, D. E. Ab- mento sonoro e a visão periférica. Mais grave ainda, reduz a 132. CA/1996, pág. 330.
Turjman, American Journal of Clinical Nutrition, 40:896-905, bey, G. E. Fraser e R. L. Phillips, Cancer, 1988, 61:2.578; consciência individual de estar sendo prejudicado.” – Her- 133. Wellness Letter, University of California, Berkeley, outubro
outubro de 1984. “Dietas ricas em gordura animal parecem estar associadas ao bert Moskowitz, Alcohol Health and Resource World, verão de 1994.
54. “Regime Alimentar, Nutrição e Câncer”, Cancer Research, crescente risco de câncer da próstata.” – P. K. Mills, W. L. de 1995, 9:4, págs. 11-15. A tomografia computadorizada 134. Educação, pág. 209.
junho de 1983, 43:3018-3023. Beeson, R. L. Phillips, G. E. Fraser, Cancer, 1989, 64:598. axial indicou que, para bebedores moderados, há contração 135. “Decision-making: A Boost for Thought”, American Health,
55. Ver pág. 329. “Feijões são especialmente ricos em nutrientes que podem do cérebro mesmo na luz. – Recent Developments in Alcoho- novembro/dezembro de 1983. Trinta pessoas com a idade
56. M. F. Stanton, CA, A Cancer Journal for Clinicians, proteger contra o câncer e podem ser uma vantajosa alterna- lism, vol. 3, págs. 253-264 (1985). “Outro importante efei- entre 65 e 70 anos foram divididas em três grupos: cami-
24:189 (1974). tiva para a carne, de baixo teor de gordura, mas alto teor de to crônico do consumo de álcool é dano cerebral, resultan- nhar, treinar com pesos e controle (sem exercício específi-
57. Mensagem pessoal do diretor do Laboratório Regional de proteína.” – CA/1996, pág. 329. do em desordem no humor. ... O álcool parece acelerar o co). Em dezesseis semanas, o grupo que caminhava não so-

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO V
CAPÍTULO 28 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados UM SÉCULO DE PRINCÍPIOS
DESAÚDE

mente aumentou sua capacidade aeróbica, mas também me- etiológica. ... O hábito crônico de fumar quase duplica a pital do corpo, a sede de todas as forças nervosas e da ação 189. Nutrition and Your Health: Dietary Guidelines for Americans,
lhorou seus resultados nos testes de funções cognitivas. Os mortalidade cardiovascular e total abaixo dos 65 anos. Nos mental. Os nervos procedentes do cérebro controlam o cor- 4ª edição, dezembro de 1995, Departamento de Agricultu-
outros grupos não mostraram nenhum aproveitamento. – homens, o cigarro acha-se significativamente relacionado po. Pelos nervos do cérebro são transmitidas impressões ra dos Estados Unidos & Departamento de Saúde e Servi-
Health After 50, novembro de 1995. com a mortalidade coronária cardiovascular e total além mentais para todos os membros do corpo, como se fossem ços Humanos dos Estados Unidos.
136. Conselhos Sobre Saúde, págs. 565 e 566; Conselhos Sobre o dos 65 anos.” – “Special Report: Inter-Society Commission fios telegráficos, e eles controlam a ação vital de todas as 190. “Report of the Dietary Guidelines Advisory Committee,
Regime Alimentar, págs. 103 e 104. for Heart Disease Resources”, Circulation, julho de 1984, partes do organismo. Todos os órgãos de movimento são go- Dietary Guidelines for Americans, 1995, Nutrition Review,
137. Medical World News, 24 de setembro de 1964. Para uma re- 70:176A e 177A. vernados pelas comunicações que recebem do cérebro.” Tes- vol. 53:376-379, dezembro de 1995.
capitulação dos principais benefícios da caminhada na ma- 154. Signs of the Times, 6 de janeiro de 1876. temunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 69 (Mente, Caráter e Per- 191. Washington, D.C.: National Academy Press, 1982.
nutenção da saúde e prevenção da doença, ver David C. 155. CA/1996, pág. 326. sonalidade, vol. 1, pág. 72). 192. Reader’s Digest, fevereiro de 1983, págs. 78-82.
Nieman, The Adventist Health Style (Hagerstown, MD: Re- 156. Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine, julho de 1997. 174. Educação, pág. 197. “Os nervos do cérebro, que se ligam 193. “A Call to Get the Fat Out”, U. S. News and World Report
view and Herald Publishing Association, 1990), págs. 52-56. 157. Archives of General Psychiatry, julho de 1997. com o organismo todo, são o intermédio pelo qual o Céu se (8 de agosto de 1988), págs. 59-61.
138. A Ciência do Bom Viver, pág. 127. 158. Health or How to Live, No 3, pág. 51; Patriarcas e Profetas, comunica com o homem e afeta a sua vida íntima. O que 194. “A New Menu to Heal the Heart”, Newsweek, 30 de julho
139. Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, pág. 247 (Obreiros Evangé- pág. 561. quer que estorve a circulação da corrente elétrica no siste- de 1990, págs. 58-59; “For a Better Life, Don’t Eat Any
licos, pág. 423). 159. Time, 27 de outubro de 1958; Saturday Evening Post, 12 de ma nervoso, debilitando assim as forças vitais e diminuindo Beef”, USA Today (int. ed.), 19 de dezembro de 1990.
140. N. B. Belloc e L. Breslow, “Relationship of Physical Health agosto de 1967. O risco de síndrome alcoólica fetal aumen- a suscetibilidade mental, vem tornar mais difícil o despertar 195. Citado em Outlook da Divisão do Extremo Oriente (agosto
Status and Health Practices”, Preventive Medicine, 1972, ta com a ingestão diária de álcool, na seguinte proporção: da natureza moral.” – Educação, pág. 209. de 1983), pág. 12.
1:409-421. O Dr. Lester Breslow, decano da Escola de Saú- pouco risco em 30ml; 10% em 30 a 60ml; 50% em 150ml; 175. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 303. 196. “Summary of Results of Adventist Mortality Study –
de Pública da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, 75% em mais de 150ml. – Journal of Health Education, janei- 176. Loma Linda Messages, pág. 177. 1958-65”, relatório inédito, Escola de Saúde da Universi-
iniciou um estudo com 7.000 adultos que moravam no Con- ro/fevereiro de 1993, págs. 22-26. O consumo moderado de 177. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 431. “A idéia de que a dade de Loma Linda, sem data, 2 págs., baseado em R. L.
dado de Alameda, Califórnia, em 1965. O Dr. Breslow tem álcool (três tragos por semana) por parte das mulheres reve- mulher, dada sua especial condição, deve deixar plena li- Phillips e J. W. Kuzma, “Rationale and Method for an Epi-
continuado a verificar suas estatísticas e os resultados são lou um incrível índice de baixo peso neonatal de 1,09kg, o berdade ao apetite é um erro baseado no costume, mas demiologic Study of Cancer Among Seventh-day Adven-
sempre os mesmos. (Ver “Persistence of Health Habits and que representava um decréscimo de 143 gramas no peso não no bom senso. ... Se há necessidade de simplicidade tists”, National Cancer Institute Monographs, 1977, 47:107-
Their Relationship to Mortality”, Preventive Medicine, neonatal. – Epidemiology, 1995, 6:591-597. da dieta e cuidado especial quanto à qualidade do alimen- 112. (Estas estatísticas relacionam as mortes causadas pe-
9:469-483 [1980]. Os estudos de Breslow surpreenderam a 160. Robert F. Chinnock, M.D., Life and Health, dezembro de to, é neste importante período. Mulheres que possuem los cânceres especificados.) Para uma recapitulação poste-
comunidade científica com sua conclusão de que os norte- 1964. princípio, e que são bem instruídas, não se afastarão da rior do Estudo da Mortalidade Adventista, ver Gary E.
americanos podiam acrescentar onze anos à própria vida, se- 161. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 555; vol. 2, pág. 529. simplicidade do regime neste tempo principalmente. ... Fraser, “Epidemiological Studies of Adventists”, Scope, ju-
guindo sete sensatos hábitos de saúde: (1) não fumar; (2) 162. Review and Herald, 3 de novembro de 1960. Se ela escolhe comer o que gosta e o que a fantasia exige, lho/setembro de 1991, citado na íntegra em DeWitt S.
usar pouco ou nenhum álcool; (3) iniciar o dia com um bom 163. Medicina e Salvação, págs. 111-116; Mensagens Escolhidas, li- sem considerar as conseqüências, levará as penalidades, Williams, Kay Kuzma e Leo Van Dolson, compiladores,
desjejum; (4) evitar comer entre as refeições; (5) dormir de vro 2, págs. 349-350. mas não sozinha. Seu inocente filho tem de sofrer por Ministries of Health and Healing (Lincoln, NE: Advent
sete a oito horas por noite; (6) empenhar-se em exercício 164. Loren, R. Borland, D.D.S. e Sidney Epstein, D.D.S., Journal causa de sua imprudência.” – O Lar Adventista, págs. 257 Source, 1997), págs. 305-320. Ver também Roland L.
freqüente e regular; (7) manter o peso ideal e evitar a obe- of the American Dental Association, janeiro de 1961, págs. e 258 (1870); ver também A Ciência do Bom Viver, págs. Phillips, “Câncer Among Seventh-day Adventists”, Jour-
sidade. As estatísticas posteriores sugeriram que o benefício 54-64. 372 e 373. nal of Environmental Pathology and Toxicology, 3:157; Frank
da saúde é cumulativo e que a ausência de qualquer um dos 165. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 566. 178. Ladies Home Journal, fevereiro de 1954, pág. 43. R. Lemon, M.D., e Richard T. Walden, M.D., “Death
sete hábitos diminui acentuadamente a expectativa de vida. 166. Ibidem, vol. 3, pág. 184 (Conselhos Sobre Saúde, pág. 349). 179. Child Development: An Individual Longitudinal Approach From Cancer Among Seventh-day Adventists”, Review
141. A Ciência do Bom Viver, pág. 241. 167. A Ciência do Bom Viver, pág. 241. (New York: Holt, Rinehard and Winston, Inc., 1967), págs. and Herald, 9 de julho de 1964; Frank R. Lemon, M.D., e
142. Ver pág. 331. 168. “Os axônios pelos quais a mente humana faz seus registros 371 e 372. Richard T. Walden, M.D., “Death From Respiratory
143. “‘O coração alegre serve de bom remédio.’ Prov. 17:22. Gra- sobre fisiologia estão agora sendo pesquisados mais profun- 180. Orientação da Criança, pág. 193. “É durante os primeiros System Disease Among Seventh-day Adventist Men”,
tidão, regozijo, benignidade, confiança no amor e no cuida- damente do que nunca. Está surgindo uma biologia das anos da vida da criança que sua mente é mais suscetível a Journal of the American Medical Association, vol. 198, No 2,
do de Deus – eis as maiores salvaguardas da saúde.” – Ciên- emoções. ... Esses fatos se ajustam com o último artigo escri- impressões, sejam boas ou más. Durante esses anos, faz-se 10 de outubro de 1966; Ernest L. Wynder, M.D., Frank R.
cia do Bom Viver, pág. 281. to pelo falecido Franz Ingelfinger, como editor do The New decidido progresso, quer na direção certa, quer na errada.” – Lemon, M.D., e Irwin J. Bross, Ph.D., “Cancer and Coro-
144. “The Second 50 Years Promoting Health and Preventing England Journal of Medicine, no qual os médicos foram lem- Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 132. nary Artery Disease Among Seventh-day Adventists”,
Disease”, National Academy of Science, 1990. “Os compa- brados que 85 por cento das enfermidades humanas estão 181. Orientação da Criança, pág. 194. Cancer, vol. 12, No 5, setembro/outubro de 1959.
rativamente fortes e substanciais efeitos ‘principais’ das re- dentro do alcance do próprio sistema curativo do corpo. Daí 182. Ibidem, pág. 193. 197. Martin Strahan, Harley Stanton e Gary Fraser, “Adventist
lações divinas... sugerem que, não importa qual o processo a importância de expandir-se o conhecimento sobre a ma- 183. The Washington Post, 18 de abril de 1997, pág. 3. Health Studies”, em P. William e Yvonne M. Dysinger, eds.,
de mediação comprovado, eles são tão potentes quanto vir- neira como a mente e o corpo podem colaborar ao enfren- 184. O Dr. McCay foi autor e co-autor de mais de 150 publica- Adventist International Medical Society: Health Evangelism
tualmente qualquer coisa que afeta o bem-estar.” – Melvin tar desafios.” – Norman Cousins, Head First: The Biology of ções científicas, co-fundador (1942) da revista Archives of Study Guide (Siloam, Springs, AR: Creation Enterprises In-
Pollner, “Divine Relations, Social Relations, and Well Hope (New York: E. P. Dutton, 1989), págs. 37 e 38. Outros Biochemistry, sendo seu primeiro editor; trabalhou como ternational, 1991), cap. 8, pág. 4.
Being”, Journal of Health and Social Behavior, 1989, vol. 30, livros escritos por Norman Cousins que apresentam a rela- editor da revista suíça Gerontologia; trabalhou um ano como 198. Os homens adventistas vivem 8,9 anos a mais que a popu-
pág. 102. ção entre a mente e a cura física são: The Healing Heart presidente da Sociedade Norte-Americana de Gerontologia lação em geral; as mulheres, 7,5 anos a mais. Os homens ad-
145. G. W. Comstock e K. B. Partridge, “Church Attendance (New York: Avon Books, 1984) e Anatomy of an Illness (1949) e outro como presidente do Instituto Norte-Ameri- ventistas do sétimo dia vegetarianos vivem 3,7 anos a mais
and Health”, Journal of Chronic Diseases, 1972, 25:665-672. (New York: W. W. Norton, 1979). cano de Nutrição (1951). do que os homens adventistas não vegetarianos. – Ministry,
146. Terceira Conferência Nacional Sobre Câncer, conforme re- 169. Beth Baker, “Scientists finding more evidence of link between 185. Roger Coon, “E. G. White, M.D.”, em Dialogue, vol. 3, No setembro de 1989, págs. 24-27. Repare também em F. R. Le-
latado pelo World Wide Medical News Service, em Chica- mind and health”, AARP Bulletin, outubro 1993. Ver “Faith 1, 1991, pág. 11. mon, J. W. Kuzma, “A Biologic Cost of Smoking: Decrea-
go, 1956. Ver também Review and Herald, 2 de maio de and Healing”, Time, 24 de junho de 1996, págs. 58-68. 186. Francis D. Nichol, Why I Believe in Mrs. E. G. White (Wash- sed Life Expectancy”, Archives of Environmental Health,
1957, pág. 12. 170. Bill Moyers, Healing and the Mind (New York: Doubleday, ington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1969, 18:950-955.
147. Newsweek, 27 de março de 1961. 1995), pág. 5. 1964), págs. 57-59. Numa carta endereçada a Helen Chen- 199. Ibidem, 25 de junho de 1981.
148. Appeal to Mothers, pág. 27. 171. Ibidem, pág. 102. Ornish recapitulou suas memoráveis des- Chung, em 18 de dezembro de 1958, McCay escreveu: “Se 200. Adventist Review, 2 de dezembro de 1982.
149. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 449. cobertas em Hospital Practice, 15 de maio de 1991: “Ao eu fosse começar de novo a vida, gostaria de ser um adven- 201. J. Berkel e F. de Waard, “Mortality Pattern and Life Expec-
150. A Ciência do Bom Viver, págs. 327 e 328. combinar um estrito regime alimentar vegetariano com bai- tista. Creio que sua filosofia apresenta a melhor solução pa- tancy of Seventh-day Adventists in Netherlands”, Interna-
151. Estatísticas compiladas pelos Centros de Erradicação e Pre- xo teor de gordura, com exercícios aeróbicos, abstinência de ra os problemas da vida entre as pressões da cultura norte- tional Journal of Epidemiology, 12 (1983): 455-459.
venção de Doenças, citada em USA Today, 29 de outubro fumo e treinamento para administrar o estresse”, seu grupo americana. Apenas comecei palidamente a descobrir a sa- 202. W. Jedrychowski, A. Olma, B. Tobiassz-Adamczyk e P.
de 1996. de estudo mostrou “regressão mensurável da doença em pa- bedoria da Sra. White.” Gradzikiewicz, “Survival Rates Among Seventh-day Ad-
152. Health Benefits of Smoking Cessation, A Report of the Surgeon cientes com grave arteriosclerose coronária (com menos de 187. Ver Roger W. Coon, A Gift of Light (Washington, D.C.: Re- ventists Compared With the General Population in Po-
General, Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos 12mg por dia de colesterol alimentício, 82% dos pacientes view and Herald Publishing Association, 1983), págs. 43- land”, Scandinavian Journal of Social Medicine, (1985) 13:49-
Estados Unidos, 1990. apresentaram regressão da arteriosclerose coronária).” – 51; uma série de três artigos na Review and Herald, “A Nu- 52. (Este estudo foi pequeno e analisou as estatísticas de
153. “As mortes por cardiopatia coronariana relacionadas com o Págs. 123-132. tritional Authority Discusses Mrs. E. G. White (12, 19 e 26 apenas uma igreja da cidade.)
cigarro excedem em três vezes as causadas por câncer de 172. Scientific American, junho de 1954, pág. 54. de fevereiro de 1959; reimpresso em ibidem, com leve con- 203. CA/1996, págs. 326 e 327.
pulmão. ... A evidência que associa o cigarro à cardiopatia 173. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 347; vol. 3, pág. 157 densação, 8 e 15 de janeiro de 1981). 204. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 19.
coronariana é enorme e atende aos critérios de uma relação (Conselhos Sobre Saúde, págs. 616 e 182). “O cérebro é a ca- 188. Home & Garden Bulletin, No. 231, 1980, pág. 1. 205. Ver pág. 330.

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SEÇÃO V
CAPÍTULO 28
Promotora de Conceitos Inspirados UM SÉCULO DE PRINCÍPIOS
DESAÚDE

206. Ver págs. 290 e 291 para a opinião incondicional do Dr. pessoas mais saudáveis do país”. – John Cook, “A Church
Kellogg sobre a orientação divina de Ellen White no desen- Whose Members Have Less Cancer”, Saturday Evening Post,
volvimento dos princípios adventistas de saúde. março de 1984, págs. 42 e 108.
207. Os adventistas do sétimo dia são descritos como “o grupo de 208. Strahan, Stanton e Fraser, “Adventist Health Studies”, pág. 8-1.

Perguntas Para Estudo

1. Por que razões Ellen White desaconselhou o consumo de carne?

2. Que razões escatológicas acham-se envolvidas na questão do comer carne hoje em dia?

3. Quais os principais benefícios de um regime vegetariano?

4. Qual a vantagem de um programa regular de exercícios?

5. Como podemos ter certeza de que a mente afeta a saúde física e vice-versa?

6. Qual a relevante contribuição de Ellen White na compreensão dos princípios da saúde?

7. Quais os problemas de saúde provocados pelo café?

8. Aliste e comente o programa de estilo de vida sugerido por Ellen White.

9. Mencione as contribuições que os dois Estudos Adventistas da Saúde fizeram à ciência


médica. Como essas pesquisas confirmaram os princípios fundamentais enunciados por
Ellen White?

10. Ellen White fez relevante contribuição para a prevenção das doenças e a restauração
da saúde. Em que aspectos foi ela original e distinta? Em que aspectos refletiu os pon-
tos de vista de sua época?

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO V

29
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
ção bíblica do que nos estudos clássicos tra- vro Educação, escreveu este notável resumo
dicionais por parte de determinadas institui- final: “Podemos delinear a série dos ensina-
ções acadêmicas. O Oberlin College (Ohio), dores do mundo, no passado, até o ponto a
o mais conhecido desses centros, promovia a que atingem os registros da História; a Luz,
Bíblia como “um livro didático em todas as porém, existiu antes deles. Assim como a Lua
Educação/1 áreas educacionais”, integrava um programa e as estrelas do nosso sistema planetário res-
de trabalho manual, exigia fisiologia e esti- plandecem pela luz refletida do Sol, assim

Princípios e Filosofia mulava no campus um ambiente de não


competição em áreas geralmente associadas
a prêmios e honras. “O sistema de educação
também os grandes pensadores do mundo,
tanto quanto são verdadeiros os seus ensinos,
refletem os raios do Sol da Justiça. Cada raio
desta instituição”, anunciava seu dire- de pensamento, cada lampejo do intelecto,
“A hábil articulação [de Ellen White] do papel da educação cristã como principal veículo de trans- tor/fundador, “ministrará tanto ao corpo e
procede da Luz do mundo.”11
missão de valores e propósitos religiosos constitui uma profunda teologia da educação cristã.” 1 coração quanto ao intelecto: pois tem em
Existe algo singular nos princípios de educa-
vista a melhor educação do homem como
um todo.” Mas por volta do fim da década de ção de Ellen White? Sua contribuição especial
1850 essas excelentes reformas educacionais consiste na unidade e clareza de sua filosofia
haviam perdido seu entusiasmo inicial e seus educacional livre dos modismos e “falsas orien-
programas logo se adaptaram ao padrão do- tações” dos seus contemporâneos do século de-
minante em outros estabelecimentos de en- zenove.12 Embora alguns contemporâneos tam-
sino norte-americanos.9 bém enxergassem o propósito religioso da edu-

E
llen White foi reconhecida como “líder dustrialização e educação – o século dezeno-
do pensamento profético da educação ve estava em efervescência. Embora Oberlin tenha perdido a força co- cação, a Sra. White colocou a educação dentro
adventista desde seu início até sua mor- Na educação, o esforço se concentrava nos mo instituição reformadora, provavelmente do Tema do Grande Conflito, inclusive seu pa-
te em 1915. ... É impossível compreender a velhos odres de vinho da educação clássica, por não ter conservado um contexto espiri- pel vital na escatologia (o estudo dos últimos
educação adventista, do ponto de vista atual centrada nas palavras (línguas antigas) e tual convincente, levantaram-se outras vozes acontecimentos). A originalidade não é a pro-
ou histórico, sem compreender o papel e o idéias (filosofias) da civilização ocidental.5 enfatizando uma educação mais prática (edu- va de um profeta; mas o frescor dinâmico, a
impacto de Ellen White sobre seu desenvol- Esperava-se que uma pessoa instruída, via de cação progressiva), que substituísse os estu- coerência e a unidade que se harmonizam com
vimento. Ela foi não apenas a figura central regra, lesse e comentasse os poetas e filósofos dos clássicos por assuntos mais “úteis” e pro- a Bíblia.13
em seu desenvolvimento, mas a única líder antigos em grego e latim. Levantava-se, con- movesse a educação manual. O reitor da Uni-
adventista que esteve em constante destaque tudo, a pergunta: Com o surgimento das versidade Johns Hopkins declarou em 1888 Princípios Educacionais
desde seus primórdios até o fim de seu perío- idéias democráticas, maior quantidade de que a instrução manual não apenas melhora- • Os “erros... fatais” das filosofias educacionais
do formativo (por volta de 1910).”2 tempo livre e mudança nas condições e ex- va a saúde física, mas também “aumentava o predominantes salientam a realização intelec-
Em parte alguma dos escritos de Ellen pectativas de trabalho, atendia essa educação vigor mental”.10 Mas estas vozes não eram as tual, o sucesso temporal ou mesmo o comporta-
White encontramos os princípios do Tema livresca e elitista às necessidades dos tempos mais importantes.
do Grande Conflito mais explicitamente des- “modernos”? Fazia vários séculos que John mento correto, esperando “desenvolver o bem
A semelhança entre a mensagem de refor- que, por natureza, existe no ser humano”.14
dobrados do que em seus escritos sobre prin- Locke, Jean Jacques Rousseau, Heinrich Pes- ma educacional de Ellen White e a de algu-
cípios educativos. Sua maneira de entender a talozzi e outros vinham dizendo que “não”, Ellen White passou ao largo desses propósitos
mas poucas e claras vozes de seu tempo se ba- lisonjeiros e egoístas com a simples clareza de
redenção como “restauração” está no próprio mas seus esforços fizeram pouco progresso na seia no fato óbvio de que todos os envolvidos
âmago de sua filosofia educacional.3 Esses educação tradicional.6 que “redenção... é o objetivo da educação”.15
em reforma educacional estavam lutando
princípios educacionais foram desenvolvidos, Duas influências do século dezenove fo- Não querendo que essa definição caísse
contra os mesmos problemas: currículo clássi-
por um lado, dentro do contexto das tentati- ram, contudo, significativas e causaram al- numa generalidade indefinida, ela explicou a
co em vez de uma educação mais prática;
vas do século dezenove de reformar a educa- gum impacto na reforma educacional adven- estrutura bíblica que relaciona a redenção
ção e, por outro, dentro do contexto denomi- tista. Horace Mann (1796-1859) foi talvez o ventilação e iluminação deficientes nas salas
de aula; relação direta entre o exercício/ins- com a educação (note as quatro pedras angu-
nacional de “comparativa indiferença para primeiro a chamar a atenção para a necessi- lares): “A fim de compreendermos o que se
com a reforma educacional”.4 dade de um sistema de ensino público funda- trução manual com o vigor mental e até mes-
mo valores espirituais; e educação como im- acha envolvido na obra da educação, neces-
As vozes que tentavam reformar os siste- mental nos Estados Unidos.7 Ele também es-
portante fator de desenvolvimento do cará- sitamos considerar tanto a natureza do ho-
mas educacionais no século dezenove soavam creveu extensivamente sobre a necessidade
como clamores solitários no deserto. O sécu- inicial de crianças entenderem fisiologia e ter. Especialmente quando os reformadores mem como o propósito de Deus ao criá-lo.
lo dezenove foi uma era de transição de ma- obterem educação prática.8 orientados pela Bíblia tentavam uma reforma Precisamos também considerar a mudança na
neiras tradicionais seculares de pensar. Em A outra influência importante se concen- educacional, esperava-se concordância geral condição do homem em virtude da entrada
quase todas as áreas da vida norte-americana trava em experimentos educacionais com tanto em princípios quanto em práticas. Ellen do conhecimento do mal, e o plano de Deus
– inclusive teologia, filosofia, medicina, in- trabalho manual com mais ênfase na instru- White entendeu isso quando, em seu li- para ainda cumprir Seu glorioso propósito na
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educação da humanidade.”16 Esta estratégia para que possamos fazer o maior bem que for- • O currículo escolar deve ser organizado pa- distinta e inteligível, será grandemente au-
educacional só pode ser compreendida dentro mos capazes de realizar. ... Deus somente acei- ra cumprir os objetivos mais elevados da educa- mentada sua utilidade. Não deixem, então,
da estrutura do Tema do Grande Conflito. tará os que estão decididos a ter um alvo ele- ção. O contraste entre os currículos seculares que fique sem ser corrigida nenhuma forma
• O primeiro e permanente objetivo da edu- vado. ... E os que querem ser coobreiros de e os centralizados na Bíblia pode ser visto cla- defeituosa de falar.”34
cação cristã. Assim sendo, “o primeiro esforço Deus devem esforçar-se para aperfeiçoar cada ramente na maneira como se percebe a natu- • Papel dos pais como educadores. Os psicó-
e... constante objetivo” do professor cristão órgão do corpo e qualidade da mente. A ver- reza dos seres humanos. Somos produtos de logos e sociólogos educacionais estão alarma-
de qualquer nível deve ser (1) ajudar “o estu- dadeira educação é o preparo das faculdades uma ascensão evolucionária, ou somos seres dos com o que muitos chamam de a questão
dante a compreender estes princípios”, e (2) físicas, mentais e morais para a execução de criados à imagem de nosso Criador? Trata-se mais crítica enfrentada pela civilização mo-
entrar “com Cristo naquela relação especial todo dever; é o preparo do corpo, mente e in- a educação de uma questão de “prosperar” e derna: a desintegração da família.35
que fará daqueles princípios uma força dire- telecto para o serviço divino.”22 “alcançar êxito” numa carreira secular, ou Ellen White escreveu muito a respeito da
triz na vida”.17 Ellen White reiterou muitas • A busca da grandeza intelectual se... Os consiste num processo de permitir que nosso influência do lar, para bem ou para mal, na
vezes que a “coisa de maior importância” na estudantes são desafiados a “atingir o mais Criador realize Seu plano original para os se- educação dos filhos. Nenhum dos pais deve
educação “deve ser a conversão” dos estudan- elevado grau de grandeza intelectual... se fo- res humanos? transferir a responsabilidade de educar os fi-
tes.18 “É sobre o fundamento da experiência rem equilibrados pelos princípios religio- As muitas referências de Ellen White lhos para o outro: “Unicamente trabalhando
do novo nascimento que a educação cristã sos”.23 “Lentidão e ignorância não são virtu- recomendando a Bíblia como “um livro de unidos podem pai e mãe dar desempenho à
pode alcançar seus alvos e propósitos. Se ela des.”24 “A mais alta cultura do espírito, estudo em nossas escolas” significava que a tarefa que Deus lhes pôs nas mãos.”36
falha neste ponto fundamental e primário, fa- quando santificada mediante o amor e o te- Bíblia deve ser a “base de toda educação”. A mãe, porém, desempenha papel exclusi-
lha inteiramente.”19 mor de Deus, recebe Sua inteira aprova- A Bíblia não deve ser inserida no currícu- vo: “Nenhuma outra obra se pode comparar à
• O objetivo fundamental estabelece a agen- ção.”25 “Todos quantos se empenham na lo “para ser intercalada no meio da incre- sua em importância.”37 Uma mãe substituta é
da. Este objetivo fundamental da educação – dulidade”, apenas para condimentar outros uma pobre alternativa para a mãe biológica
aquisição do conhecimento, devem esforçar-
estudos.30 que persegue outros objetivos.38
restaurar o relacionamento rompido entre se por atingir o mais elevado lance da esca-
Além disso, fazer da Bíblia “a base da edu- Por que a responsabilidade de educar os fi-
Deus e o estudante – estabelece o programa da. Avancem os alunos o mais rápido e vão o
cação” não significa que ela deva ser o único lhos recai tão pesadamente sobre os pais, em
e currículo educacionais. Todos os outros mais longe que lhes seja possível; seja o seu
livro didático para aulas de aritmética, línguas especial sobre a mãe? Por que serviços exter-
propósitos da educação são esclarecidos e campo de estudo tão vasto quanto possam al-
e geografia. A Bíblia não foi dada à família nos tais como centros de cuidados infantis
moldados por este propósito primário. Os cançar suas faculdades; façam, porém, de
humana para ser sua enciclopédia máxima, diurnos e jardins de infância não podem to-
professores cristãos sabem que a educação do Deus a sua sabedoria.”26
mas para transmitir uma visão global que aju- mar o lugar dos pais? Porque “as lições apren-
caráter (não simplesmente mudar a persona- • Imperativo das habilidades ocupacionais. didas, os hábitos formados durante os anos da
dasse a interpretar e aplicar as informações.
lidade a fim de acrescentar auto-estima ou Cada estudante deve aliar a busca intelectual infância, têm mais que ver com o caráter e a
Ellen White chamou a atenção para o fato de
ajudar alguém a galgar a escada da carreira) ao “conhecimento em algum ofício ou ocupa- que todas as disciplinas acadêmicas, cada área direção da vida, do que todas as instruções e
procura “restaurar a imagem de Cristo nos ção com que, se for necessário, possa ganhar do pensamento, assumem novo significado educação nos anos posteriores”.39
que se acham sob seus cuidados”.20 sua subsistência”.27 quando vistas à luz do Tema do Grande Con- De fato, a Sra. White escreveu: “Nos pri-
• Motivação elevada para alcançar o pleno O aprendizado de uma habilidade ocupa- flito. Ela queria dizer que todas as aulas devem meiros seis ou sete anos da vida de uma crian-
potencial. O Tema do Grande Conflito impri- cional era incentivado não meramente para ser ministradas dentro da estrutura da visão ça, deve-se dar atenção especial ao seu prepa-
me sua marca em todas as fases da vida cristã. estar preparado a fim de garantir a subsistên- global bíblica, que cada aula deve refletir o ro físico, mais do que ao intelectual. ... Os
“Restauração” é seu pensamento-chave. O cia caso as circunstâncias o exigissem, mas grandioso propósito da educação cristã: “Res- pais, especialmente as mães, devem ser os
pleno desenvolvimento de todas as faculdades também para fortalecer os estudos mentais28 e taurar no homem a imagem do seu Autor.”31 únicos mestres desses espíritos infantis.”40 As
humanas é o alvo de todo cristão. A Energia prover oportunidade especial para o desen- • Cursos essenciais de estudo. Além da ên- circunstâncias, contudo, podem exigir o in-
do Céu é prometida àqueles que deixam a cor- volvimento do caráter. Aprender um ofício fase sobre o contexto bíblico de todas as au- gresso na escola mais cedo, conforme Ellen
rente celestial fluir. Essa Energia, porém, só ajudaria a produzir “uma classe mais elevada las,32 Ellen White afirmava que a fisiologia White deixou claro em Santa Helena, Cali-
flui na direção do serviço de amor. Eis a razão de jovens... com estabilidade de caráter. Te- deve ser “o primeiro estudo” no programa fórnia, em 1904.41
por que Ellen White escreveu esta frase es- riam perseverança, fortaleza e coragem para educacional a fim de “conservar a saúde”.33 Uma das concepções erradas mais sur-
pantosa: “O desenvolvimento de todas as nos- sobrepor-se aos obstáculos.” Na realidade, se O treinamento vocal aumentaria grande- preendentes dos tempos modernos é que as
sas faculdades é a primeira obrigação que de- os estudantes tivessem que escolher entre o mente a utilidade de cada estudante. Falando crianças não precisam tanto dos pais depois
vemos a Deus e a nossos semelhantes.”21 conhecimento das ciências e a “aprendiza- tanto a homens como a mulheres, Ellen White de ingressarem na escola, ou se tornarem ado-
O desenvolvimento próprio? Sim. Mas gem do trabalho para a vida prática”, a Sra. escreveu: “Por mais imperfeita que seja sua lescentes.42
não para tornar-se o número um! A busca da White responderia “sem titubear: O último. elocução, vocês podem corrigir seus defeitos • Educação superior mais do que informação.
excelência? Sim! “Devemos cultivar cada fa- Se um deles tiver de ser abandonado, que se- e recusar ter um tom nasal ou falar de manei- Quando Ellen White falava em “educação
culdade ao mais elevado grau de perfeição, ja o estudo dos livros”.29 ra abafada e indistinta. Se sua pronúncia é superior”, ela queria dizer mais do que conti-
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nuar na escola depois do ensino médio. Na • Recreação tão necessária quanto o estudo e Comparando-se o ritmo de vida no século ou descobriram. Os pensadores contemplam
verdade, “educação superior” tem mais que o trabalho. Um tema freqüente nos escritos de dezenove com o de nossos dias, as famílias “os grandes fatos do dever e do destino”; são
ver com a experiência religiosa do que com a Ellen White é seu apelo por equilíbrio e mo- modernas vivem sob estresse muito maior. “senhores e não escravos das circunstâncias”,
informação avançada: “A mais elevada edu- deração na maior parte das atividades do cris- Um dos paradoxos é que as famílias de ho- possuindo “amplidão de espírito, clareza de
cação requer algo maior e mais divino do que tão. Alguns que só ouviram seu chamado à je, embora disponham de mais “equipa- pensamento e coragem nas suas convicções”.52
o conhecimento que se obtém meramente diligência e perseverança em busca da exce- mentos poupadores de trabalho”, levam vi- Como cumprir este sublime objetivo?
dos livros. Ela significa conhecimento indivi- lência podem ficar chocados com a ênfase da mais tensa, sob a tirania do relógio, do Ellen White expressou determinados princí-
dual, experimental de Cristo; quer dizer que ela dá ao lazer. No início de seu ministé- que seus antepassados. Fora disso, pouquís- pios que os “pensadores” devem compreender:
emancipação de idéias, hábitos e práticas ad- rio, ela escreveu: “A recreação é necessária simas profissões do mundo ocidental exi- Os pensadores compreendem os perigos da
quiridos na escola do príncipe das trevas.”43 aos que se acham ocupados em trabalho físi- gem atividade física. Grande é a necessida- competição. O motivo por que alguém quer
A Sra. White enfatizou muitas vezes que co, e mais ainda, essencial àqueles cujo traba- de de recreação hoje, não apenas para “des- exceder é a questão desafiadora.
viar a mente” das ocupações, mas para pro- Um dos constantes temas da escritora é o
alguém pode sobressair em estudos literários e lho é especialmente mental. Não é essencial
ver o exercício físico que a boa saúde apelo à excelência, para que se atinja os
científicos, mas não deve fazer isto com ne- à nossa salvação, nem para a glória de Deus,
requer. Em outras palavras, nenhum outro mais elevados níveis possíveis, seja no cam-
gligência da experiência religiosa. Escreveu manter o espírito em contínuo e excessivo es- povo na História já precisou mais de re- po de estudo, seja no trabalho em que se es-
ela: “Uma religião meramente intelectual forço, mesmo sobre temas religiosos.”48 creação planejada do que nós. Ao mesmo tá empenhado.53
não satisfará o coração. Não deve ser negli- A Sra. White usava a palavra “recreação” tempo, talvez nenhum outro povo na His- Mas um problema básico dos sistemas edu-
genciado o preparo intelectual, mas não é ele em seu melhor sentido. Salientava o propó- tória foi mais confrontado com tanta falsa cacionais prevalecentes é que eles encorajam a
suficiente. Aos estudantes deve-se ensinar sito “re-criador” de afastar-se do intenso pro- recreação sob a forma de expectação de es- busca da excelência pelos motivos errados e
que estão no mundo para prestarem serviço a grama, tanto de atividades mentais como fí- portes, entretenimento passivo e diversões seu alcance pelos métodos errados. A Sra.
Deus. Devem ser ensinados a porem a vonta- sicas. Sugeria, por exemplo, que várias famí- sedentárias. White fez a seguinte pergunta: “Qual é o pen-
de ao lado da vontade divina.”44 Para ela, lias se unissem e fizessem “uma excursão ao Ellen White delineou claros princípios a dor da educação dada atualmente?” Em segui-
tanto o intelectualismo estrito quanto a com- campo” levando em suas cestas alimentos sa- respeito da recreação: da, ela respondeu: “O proveito próprio.” Ela
preensão teológica destituída de compromis- borosos e saudáveis. Que deveriam essas fa- • Os estudantes devem fazer vigorosos descreveu os objetivos da “verdadeira educa-
so cristão devem ser evitados. mílias fazer? “Nessas ocasiões”, prossegue ela, exercícios, desde que sejam praticados, sem- ção” como a antítese da “ambição egoísta, a
Um de seus temas freqüentes era que “a “pais e filhos devem sentir-se livres dos cui- pre que possível, ao ar livre. avidez do poder e... rivalidade egoísta”. Ela ob-
ignorância não aumenta a humildade ou a dados, do trabalho e de toda preocupação. • Esportes violentos, bem como jogos servou que os métodos educativos tradicionais
espiritualidade de qualquer professo segui- Os pais devem sentir-se pequenos com seus atléticos levados a excesso, além de promove- apelam para “competição e rivalidade... [e] ali-
dor de Cristo”. Além disso, “as verdades da filhos, tornando-lhes tudo tão agradável rem “o amor ao domínio, o orgulho da mera mentam o egoísmo, a raiz de todos os males”.54
Palavra divina podem ser melhor apreciadas quanto possível. Seja o dia todo uma contí- força bruta... estimulam o amor ao prazer e à “A disputa pela supremacia” estimula “o
pelo cristão intelectual. Cristo pode ser me- nua recreação.”49 excitação, alimentando assim o desinteresse estudo excessivo” e muitas vezes “conduz à
lhor glorificado por aqueles que O servem Para Ellen White, porém, recreação não pelo trabalho útil, a disposição de evitar os desonestidade”. O fato de estimular nos estu-
inteligentemente. O grande objetivo da devia ser férias espirituais do compromisso deveres práticos e responsabilidades”. dantes a “ambição e o descontentamento...
educação é habilitar-nos a usar as faculdades cristão. Em seu marcante livro sobre o assun- • Pais e professores “muito poderão fazer amargura a vida” e “ajuda a encher o mundo
que Deus nos deu, de tal maneira que expo- to, Educação, dedicou um capítulo à “Recrea- para suprir distrações sãs, que proporcionem com esses espíritos inquietos, turbulentos”.55
nha melhor a religião da Bíblia e promova a vida” em vez de “associações frívolas, hábitos O que alimenta esse espírito de rivalidade
ção”. Nesse capítulo, ela estabelece a diferen-
de extravagância e de busca de prazeres”. e desejo de supremacia? Ellen White apontou
glória de Deus.”45 ça entre recreação e diversão: “A recreação,
• A mais elevada forma de recreação, re- o conteúdo de muita literatura: estudantes
• Credibilidade do professor. A Sra. White na verdadeira acepção do termo – recriação – pleta de bênçãos para os estudantes, são as bebem “das cisternas do paganismo... alimen-
fez um apelo por professores capazes de esten- tende a fortalecer e construir. Afastando-nos atividades “que os faz úteis aos outros”. tadas pelas corrupções do antigo paganismo.
der pontes sobre o abismo entre a religião e a de nossos cuidados e ocupações usuais, pro- • “A preocupação do espírito com o bem ... E de quantos autores modernos também se
teologia, entre a experiência e o conheci- porciona descanso ao espírito e ao corpo, e vale mais do que inúmeras barreiras de lei ou poderia dizer o mesmo!” No estudo das ciên-
mento: “O professor que ensina a verdade só assim nos habilita a voltar com novo vigor ao disciplina.”51 cias ela viu os efeitos da “evolução e seus er-
pode transmitir com eficácia aquilo que ele sério trabalho da vida. O divertimento, por ros conexos” que tendem “para a incredulida-
próprio conhece por experiência.”46 Na ver- outro lado, é procurado com o fim de propor- Preparar Estudantes Para de”. Além disso, viu que a “obra da ‘alta crí-
dade, os hábitos pessoais e a experiência espi- cionar prazer, e é muitas vezes levado ao ex- Serem Pensadores, e Não Meros Refletores tica’... está destruindo a fé na Bíblia como
ritual do professor devem ser “considerados cesso; absorve as energias que são necessárias Os pensadores fazem mais do que aceitar pas- uma revelação divina... despojando a Palavra
ainda de maior importância que suas habili- para o trabalho útil, e desta maneira se reve- sivamente o pensamento de outros; eles se es- de Deus do poder de dirigir, enobrecer e ins-
tações do ponto de vista da instrução”.47 la um estorvo ao verdadeiro êxito da vida.”50 forçam por sobrepujar o que outros disseram pirar as vidas humanas”.
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Ellen White viu que, quando “o jovem sai riências competitivas a fim de entrar numa fortalecer a atividade mental. Quando não se rança e o compromisso são o preço da excelên-
ao mundo” motivado pelas suposições de sociedade competitiva. Falha Dois: que a “utilizam igualmente” as faculdades físicas, a cia. Para ser bem-sucedido em qualquer ra-
pensamento não bíblico, não existem barrei- competição é um motivador eficaz. Admitin- mente é “sobrecarregada”. mo de trabalho, são necessários olhos que
ras que impeçam os sentimentos prevalecen- do-se, dizem eles, que a competição seja “va- Além disso, “os hábitos de laboriosidade não sejam facilmente distraídos pela “voz
tes de que “o desejo é a lei mais elevada, a li- liosa como motivador apenas para as pessoas serão importante auxílio para os jovens ao re- do prazer” e outras diversões. Ellen White
bertinagem é liberdade, e que o homem é que crêem poder vencer”. Mas os que não sistir à tentação”. As “energias reprimidas... insistiu com pais e professores para instruí-
apenas responsável a si mesmo”. Os jovens acreditam que possam vencer não estão tão se não forem empregadas em ocupação útil, rem a juventude de que as boas intenções
captam o espírito da sociedade deformada por motivados; estão um tanto “desanimados e serão constante fonte de aflição para eles “não adiantarão” e que “não há excelência
rivalidade e competição e, a menos que se desiludidos”. Falha Três: o estresse da com- mesmos e para seus professores”. sem grande esforço”. Além disso, não se
conscientizem do preço da competição, ficam petição leva ao colapso dos princípios morais Por essas razões, Ellen White declarou que realiza nada de grande rapidamente nem ig-
sem salvaguarda à “integridade individual, e à impelente regra de que os fins justificam aqueles cujo objetivo é adquirir “mente” e norando as “oportunidades presentes”. Os
pureza do lar, bem-estar da sociedade ou esta- os meios.62 “caráter” transformados desenvolverão “um que atingem “altura nas realizações morais e
bilidade da nação”.56 Pensadores (tanto estudantes como professo- novo gosto moral no amor ao trabalho”.65 intelectuais... [precisam] possuir espírito
Para Ellen White, um mundo de diferença res) têm aprendido que a mera memorização é Os pensadores compreendem que a perseve- bravo e resoluto”.66
separa a excelência da competição. Esta dis- insuficiente. Pensar é um ato de aprendiza-
tinção se baseia no propósito da educação: gem. Aprender a pensar é um esforço con-
“Restaurar a imagem de Deus na alma.”57 Ho- junto realizado por professores pensantes e Referências
mens e mulheres devem atingir “o mais ele- alunos ávidos. Ellen White insistia com os
1. George H. Akers, “The role of SDA Education in the Forma- utilidade na vida, a virtude ou o conhecimento superior, o
vado grau possível de perfeição”, mas este ob- professores de Bíblia para que fizessem “os tion of Adventist Lifestyle”, Journal of the Adventist Theologi- alvo de nosso ensino. Todas as três opiniões têm sido ali-
jetivo não pode ser alcançado por uma “cul- alunos compreenderem as lições, não expli- cal Society, primavera de 1993, pág. 3. mentadas. Mais uma vez, não há consenso sobre os meios;
tura egoísta e exclusiva; pois o caráter de cando tudo, mas exigindo que os próprios 2. George Knight, Early Adventist Educators (Berrien Springs, pois diferentes pessoas, que partem de diferentes idéias sobre
MI: Andrews University Press, 1983), pág. 26; “Sob a guia de a natureza da virtude, naturalmente discordam sobre a prá-
Deus, cuja semelhança devemos receber, é alunos expliquem claramente toda passagem Ellen White, os adventistas do sétimo dia sempre estiveram tica da mesma.” – Richard McKeon, ed., The Basic Works of
benevolência e amor”.58 que lêem. Lembrem-se esses professores que comprometidos com a qualidade da educação. ... A qualidade Aristotle (New York: Random House, 1941), “Politica”, livro
Para atingir o objetivo bíblico da educa- pouco benefício se tira com o deslizar pela da educação adventista foi, por assim dizer, obtida pelo papel 8, cap. 2, págs. 1305 e 1306.
ativo desempenhado por Ellen White no estabelecimento do 6. Ver Knight, Early Adventist Educators, págs. 4 e 5.
ção, observou a Sra. White, requeria-se superfície da Palavra.”63 sistema.” – Provonsha, Remnant in Crisis, pág. 27. “Ellen 7. Ibidem, págs. 5 e 6.
“uma modificação radical em alguns dos mé- A discussão dinâmica com os estudantes, White... a primeira e principal escritora de teoria educacional 8. Tiago e Ellen White publicaram trechos dos escritos de
todos usuais de educação. Em vez de apelar que devem reproduzir “com suas próprias pa- da denominação.” – SDAE, vol. 1, pág. 497; “O pensamento Mann em Health: Or How to Live (V:19-25; VI:25-47). Es-
educacional de Ellen White forma a base filosófica do progra- crevendo da Austrália, a Sra. White pediu ao filho, Edson,
para o orgulho e para a ambição egoísta, lavras” as explicações do professor a fim de ma de educação adventista do sétimo dia.” – Conclusão a que que pretendia viajar para lá, para que levasse consigo alguns
acendendo um espírito de rivalidade, esfor- poder avaliar se “compreendem claramente” chegou Richard Lesher em sua dissertação doutoral “Ellen G. livros da autoria de Mann.
çar-se-iam os professores por despertar o as lições, pode ser um “processo vagaroso”, White’s Concept of Sanctification”, New York University, 9. Knight, Early Educators, págs. 5 e 6.
1970; “Como desenvolvemos este sistema de educação cristã 10. Ibidem.
amor pela bondade, verdade e beleza – por mas é “dez vezes mais valioso do que passar que é distintivo em todo o mundo e que produz tanto fruto em 11. Educação, págs. 13 e 14.
suscitar o desejo de perfeição. O estudante apressadamente sobre importantes assun- educar obreiros para o serviço evangélico? Vocês sabem como 12. George R. Knight, Myths in Adventism (Washington, D.C.:
fomos levados a isso. Conhecem os anos em que esse dom do Review and Herald Publishing Association, 1985), pág. 36.
procuraria o desenvolvimento em si dos tos”. Os estudantes não somente compreen- Espírito de Profecia nos advertiu e exortou, e traçou e assina- 13. Ibidem. Ver George H. Akers, “The Role of SDA Education
dons de Deus, não para sobrepujar aos ou- derão melhor o assunto, mas também ficarão lou o caminho que devíamos seguir. Todos esses livros produ- in the Formation of Adventist Lifestyle”, Journal of the Ad-
tros, mas para cumprir o propósito do Cria- mais bem preparados para explicar a matéria zidos pelo Espírito de Profecia enfatizam a verdadeira idéia ventist Theological Society, primavera de 1993, pág. 3: “Pelo
educacional.” – W. A. Spicer, “The Spirit of Prophecy in the fato de os adventistas crerem que a obra de redenção e a obra
dor e receber a Sua semelhança.”59 a outros.64 Advent Movement”, Report of the Blue Ridge Educational Con- da educação cristã são a única e a mesma coisa, temos nessa
A inerente falha em usar o espírito de Os pensadores terão “novo gosto moral no vention (Washington, D.C.: General Conference of Seventh- própria crença a síntese conceitual para uma teologia de
competição para motivar os estudantes na sa- amor ao trabalho”. Para as mentes modernas, day Adventists, 1937), pág. 79. educação: o Evangelho cristão, na teoria e na prática.”
3. “Restaurar no homem a imagem de seu Autor, levá-lo de no- 14. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 49; Caminho
la de aula ou na quadra esportiva (ou para isto dificilmente parece um fator na produção vo à perfeição em que fora criado, promover o desenvolvi- a Cristo, págs. 18 e 19.
despertar os pastores a alcançar certos alvos e de pensadores, mas é a própria raiz da filoso- mento do corpo, espírito e alma para que se pudesse realizar o 15. Educação, pág. 16.
a congregações para levantarem fundos, etc.) fia educacional de Ellen White. No estabele- propósito divino de sua criação – tal deveria ser a obra da re- 16. Ibidem, págs. 14 e 15.
denção. Este é o objetivo da educação, o grande objetivo da 17. Ibidem, pág. 30. Em meados da década de 1990, o líder mun-
é que a competição não é um princípio do cimento da escola de Avondale em fins da vida.” – Educação, págs. 15 e 16. Ver pág. 257. dial do sistema educacional adventista, Humberto Rasi, fez
reino de amor de Deus – a cooperação, sim.60 década de 1890, ela recomendou um princí- 4. Graham, Ellen White, Co-founder, pág. 91. um sumário dos objetivos da educação adventista: “1. Edu-
Para cumprir o propósito da educação, restau- pio que vinha enfatizando por, pelo menos, 5. Os alvos e propósitos da educação têm sido a principal preo- car os jovens adventistas do sétimo dia para uma vida de uti-
cupação de todas as sociedades e dos grandes pensadores, pe- lidade, no contexto da fé cristã e dos valores bíblicos, man-
rar em homens e mulheres a imagem de seu vinte anos: que os estudantes devem ser ins- lo menos desde o tempo de Aristóteles: “Não se nega que a tendo o equilíbrio do desenvolvimento intelectual, espiri-
Criador, “a tentação de ser o primeiro extin- truídos para serem mestres do trabalho, e não educação deva ser regulada por lei e que constitua negócio do tual, físico e social. 2. Treinar futuros líderes adventistas e
guir-se-ia com as lições diariamente aprendi- escravos do trabalho. Desejava que os estu- Estado, mas qual seja o caráter desta educação pública e como obreiros denominacionais, estimulando-os a consagrar seus
os jovens devem ser educados, são perguntas a serem conside- talentos ao cumprimento da missão da igreja até a volta de
das na escola de Cristo”.61 dantes vissem que “há ciência na espécie radas. Do modo como as coisas estão, não há consenso sobre Jesus. 3. Aprofundar o compromisso do jovem adventista
Os psicólogos educacionais modernos re- mais humilde de trabalho”, vissem “nobreza os assuntos. O ser humano não entrou em acordo acerca das com Cristo e atrair para a Sua igreja jovens não adventistas
conheceram que a competição não é um mo- no trabalho”. coisas a serem ensinadas – se buscamos virtude ou vida me- de ideais elevados, ajudando-os a desenvolverem caráter
lhor. Tampouco está claro se a educação deve se ocupar do in- cristão. 4. Exercer influência enobrecedora sobre a socieda-
tivador válido. Apontam três falhas básicas. Conforme vimos na página 346, “a ocupa- telecto ou da virtude moral. A prática existente é complica- de, a nação e o mundo por meio do serviço, do evangelismo,
Falha Um: que os jovens precisam de expe- ção manual... é essencial” para equilibrar e da, e ninguém sabe sob que princípio deve proceder – seja a da pesquisa e das descobertas realizadas por educadores, es-

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54. Educação, págs. 225 e 226. “Em nossas instituições de ensino 60. “A cooperação deve ser o espírito da sala de aulas, a lei de sua
tudantes e bacharéis adventistas. 5. Cooperar com os líderes mento que foge ao controle, alteram muitas vezes a melhor deveria ser exercida uma influência que neutralizasse a in- vida.” – Educação, pág. 285.
e membros da igreja na descoberta de novas verdades, no de- das intenções. O pai sábio fará tudo quanto possa para fluência do mundo e não desse incentivo à condescendência 61. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 372.
senvolvimento de estratégias de missão e no fornecimento de preencher o vazio de alguma maneira para que a necessida- com o apetite, com a satisfação egoísta dos sentidos, com o 62. Knight, Myths, págs. 225-229. Alfie Kohn, no livro No Con-
respostas adventistas às questões éticas enfrentadas pela so- de de segurança e orientação amorável por parte do filho se- orgulho, a ambição, o amor ao vestuário e à ostentação, o test, argumenta que a competição é inerentemente destruti-
ciedade.” – “A Matter of Mission”, The Journal of Adventist ja atendida. amor ao aplauso e à lisonja, e à disputa por elevadas retribui- va, analisa o conceito predominante de que a competição é
Education, verão de 1994. 39. Ibidem, pág. 380; ver o capítulo “A Criança”, em A Ciência ções e honras como recompensa pelo bom desempenho esco- um estímulo para a produtividade, um construtor do caráter
18. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 436. do Bom Viver, págs. 379-387. lar. Tudo isso deveria ser desaconselhado em nossas escolas.”
e uma parte inevitável da “natureza humana”. O autor reúne
19. Knight, Myths, pág. 51. 40. Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 437; Fundamentos da Edu- – Fundamentos da Educação Cristã, pág. 286.
enorme coleção de estudos psicológicos e sociológicos que
20. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 61. cação Cristã, pág. 21. 55. Educação, pág. 226.
41. Ver págs. 95-97. mostram ser a competição causadora de ansiedade, egoísmo,
21. Parábolas de Jesus, pág. 329. Ver Conselhos Sobre o Regime Ali- 56. Ibidem, págs. 226-229.
mentar, pág. 15. 42. A Ciência do Bom Viver, pág. 394. Urie Bronfenbrenner, re- 57. Patriarcas e Profetas, pág. 595. dúvida sobre a própria capacidade e comunicação deficiente
22. Ibidem, pág. 330. conhecido psicólogo infantil, escreveu: “Se existe algum 58. Ibidem. no local de trabalho, na sala de aula e entre indivíduos. –
23. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 48. prognosticador de problemas confiável, ele começa provavel- 59. Ibidem. O professor que compreende o propósito da educação “não (Boston: Houghton Mifflin Company, 1986), 257 páginas.
24. Ibidem, pág. 316. mente com a criança que volta para um lar vazio, seja o pro- permitirá que coisa alguma impeça o caminho para os ardorosos 63. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 483.
25. Ibidem, pág. 47. blema dificuldade de leitura, falta às aulas, abandono de es- esforços no sentido do aperfeiçoamento próprio. Não poupará es- 64. Ibidem, pág. 434.
26. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 394. tudo, uso de drogas ou depressão infantil.” – “Nobody Home: forços a fim de atingir a mais elevada norma de excelência. Tudo 65. Life Sketches, págs. 352-355 (Fundamentos da Educação Cris-
27. Educação, pág. 218. The Erosion of American Family”, Pshycology Today, maio de o que ele deseja que seus discípulos se tornem, ele mesmo se esfor- tã, págs. 315, 321-323).
28. “Os estudantes adquirirão elasticidade de espírito e vigor de 1977, pág. 41. çará por ser.” – Conselhos Sobre a Escola Sabatina, pág. 104. 66. Filhos e Filhas de Deus, pág. 333.
pensamento, e serão capazes de executar mais trabalho men- 43. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, págs. 11 e 12. “É
tal, em determinado tempo, do que o fariam estudando so- necessário que tanto os professores como os alunos, não so-
mente.” – Fundamentos da Educação Cristã, pág. 44. mente concordem com a verdade, mas tenham profundo co-
29. Fundamentos da Educação Cristã, págs. 40 e 41. nhecimento prático das atuações do Espírito.” – Fundamentos Perguntas Para Estudo
30. Ibidem, págs. 131, 395, 448 e 474; Testemunhos Para a Igreja, da Educação Cristã, pág. 435.
vol. 6, pág. 131. “A Bíblia constitui a base e o ponto de refe- 44. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 540.
rência dos esforços da escola. Todo o programa curricular e 45. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 45. 1. De que forma o Tema do Grande Conflito permeia a filosofia educacional de Ellen White?
co-curricular reflete a visão do mundo e os princípios revela- 46. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 392.
dos nas Escrituras. Professores e estudantes crêem que o mes- 47. Ibidem, pág. 77. “O propósito global de nossas escolas, o efei-
mo Espírito Santo que inspirou os escritores bíblicos guiará to em larga escala, quando tudo está dito e feito, é dar a nos- 2. Quais as duas principais influências do século dezenove que estabeleceram o padrão pa-
aqueles que se aproximam da Bíblia com uma atitude dócil.” sa juventude uma visão cristã do mundo – ver tudo do ponto ra a reforma educacional?
– Humberto Rasi, “Back to the Real Basics”, The Journal of de vista de Deus, conforme revelado em Sua Palavra inspira-
Adventist Education, outubro/novembro de 1995. da. É dar a nossos estudantes uma ‘mente cristã’. ... A inte-
31. Educação, pág. 115. “Religião e ocupação não são duas coisas gração da fé e da aprendizagem não é algum método especial 3. Quais eram os “erros fatais” predominantes nas filosofias educacionais do século deze-
separadas; são uma. A religião da Bíblia deve estar entrelaça- de ensino; é o comportamento geral do professor (ser modelo!). nove e talvez hoje?
da com tudo quanto fazemos ou falamos.” – Parábolas de Je- O pensamento pressuposto... deve... estar relacionado a ca-
sus, pág. 349. “Se eu, como professor cristão, estou ensinan- da estudo na crítica cristã. Os estudantes... devem praticá-lo
do a mesma matéria da mesma maneira em que é apresenta- simultaneamente sob o exemplo e orientação de um profes- 4. Que quis Ellen White dizer com o termo “educação superior”?
da numa instituição pública, então que direito tenho eu de sor cristão benévolo. Se há uma força propulsora secreta que
receber o dinheiro ganho com esforço de meus clientes?... A dá à verdadeira educação cristã sua potência peculiar, é isto.
educação cristã que não fornece uma compreensão cristã das Não tenha dúvida, esta natural, verdadeira e penetrante in- 5. Como Ellen White incluiu a recreação em sua filosofia de educação?
artes, ciências, humanidades e mundo profissional, não é tegração da fé e da aprendizagem é a marca distintiva de
educação cristã. O principal objetivo da educação cristã de- uma escola verdadeiramente cristã, seja ela de que nível for.
ve ser ajudar os estudantes a pensarem de maneira cristã.” – ... A credibilidade do estilo de vida desse professor, absorvi-
6. Analise os aspectos negativos e positivos da competição.
Knight, Myths, págs. 139-151. do em curta distância e durante prolongada exposição, é in-
32. Ver Fundamentos da Educação Cristã, págs. 123-137. discutivelmente autêntica e exerce profundo poder modela- 7. Explique de que modo a ênfase de Ellen White na “grandeza intelectual” e “desenvol-
33. Ibidem, pág. 26; “A saúde física está na própria base de todas dor sobre mentes jovens impressionáveis.” – Akers, “Role of
as ambições e esperanças dos estudantes. Daí a preeminente SDA Education...”, Journal of Adventist Theological Society,
vimento próprio” se ajusta a seu objetivo primário da educação de “restaurar no homem
importância de adquirir um conhecimento das leis pelas 1993, pág. 11. a imagem do seu Autor”.
quais se obtêm e se conserva a saúde. Todo jovem deve 48. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 514.
aprender a regular seus hábitos dietéticos – isto é, saber o 49. Ibidem, pág. 515 (O Lar Adventista, págs. 501 e 502).
que, quando e como comer. Deve estar instruído acerca de 50. Educação, pág. 207.
quantas horas dedicar ao estudo e quanto tempo ao exercício 51. Ibidem, págs. 210-213. “Satanás quer levá-los a crer que as di-
físico. ... A devida regulação dos hábitos de comer, dormir, versões são necessárias à saúde física; mas o Senhor declara
estudar e fazer exercício é um dever que todo estudante tem que a melhor maneira de obtê-la é fazerem eles exercício fí-
para consigo mesmo, para com a sociedade e para com Deus.” sico mediante o serviço manual, deixando que a ocupação
– Ibidem, pág. 72; “A relação do organismo físico com a vida útil tome o lugar do prazer egoísta. O desejo de divertimen-
espiritual é um dos ramos mais importantes da educação. ... to, quando com ele se condescende, desenvolve em breve o
Quem permanece em ignorância voluntária das leis de seu fí- desgosto pelo exercício útil e saudável do corpo e da mente –
sico, e as viola por ignorância, está pecando contra Deus.” – exercício este que tornará os estudantes eficientes em se aju-
Parábolas de Jesus, pág. 348. “A importância de cuidar da saú- darem a si mesmos e aos outros.” – Conselhos aos Pais, Profes-
de deve ser ensinada como um mandamento bíblico.” – Con- sores e Estudantes, pág. 354. Ver págs. 321-355.
selhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 295. 52. Ibidem, págs. 17 e 18.
34. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 215; ver Parábolas de 53. “É Seu [de Deus] desígnio que Seus servos possuam mais in-
Jesus, págs. 335-339; The Voice in Speech and Song, págs. teligência e mais claro discernimento que os mundanos, e Se
178 e 179. desagrada dos que são muito descuidados ou muito indolen-
35. Knight, Myths, págs. 71-87; Akers, “Role of SDA Educa- tes para se tornarem obreiros eficientes e bem preparados. ...
tion...”, Journal of Adventist Theological Society, primavera de Isto nos impõe a obrigação de desenvolver o intelecto até a
1993, pág. 15. mais plena capacidade para que com todo o entendimento
36. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 69. conheçamos e amemos nosso Criador.” – Parábolas de Jesus,
37. A Ciência do Bom Viver, pág. 378. pág. 333; ver Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes,
38. Circunstâncias, particularmente morte ou outro aconteci- pág. 499.

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SEÇÃO V

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
para jovens não satisfizera os propósitos para ção da propriedade em Angwin, Califórnia,
os quais fora estabelecido. Um ano depois, foi quando o local em Healdsburg demonstrou-
reaberto com a inequívoca declaração de que se inadequado, revelou novamente como o
o colégio se harmonizaria “em todos os aspec- esforço humano aliado à confirmação divina
tos” com a instrução comunicada pelo Espíri- leva a decisões acertadas. As circunstâncias
Educação/2 to de Profecia.7 que levaram de um possível local a outro for-
Contudo, outra vez foi mais fácil publicar necem uma lição típica sobre a orientação di-

Estabelecendo os objetivos da escola do que implementá-los.


O momento decisivo no desenvolvimento da
educação adventista chegou na convenção
vina. Ellen White escreveu a respeito da ex-
periência: “Esta lição ministrada nesta época
de grande necessidade foi uma das mais notá-

Instituições Educacionais educacional realizada no verão de 1891, em


Harbor Springs, Michigan. Ellen White fez
pelo menos seis apresentações, além de reler
veis aventuras de nossa experiência.”10

Avondale College
seu testemunho de 1872 sobre “A Devida Quando Ellen White partiu para a Austrália
“As verdades da Palavra divina podem ser melhor apreciadas pelo cristão intelectual. Cristo pode Educação”. Renovou sua ênfase anterior so- em 1891, mal dava para prever quão grande
ser melhor glorificado por aqueles que O servem inteligentemente.” 1 bre eliminar do currículo autores pagãos e in- impacto essa nova instituição de ensino su-
crédulos e os cursos de estudos clássicos gre- perior teria sobre a filosofia educacional
co-latinos. Sua ênfase nos ensinamentos e mundial da denominação. Nenhuma outra

B
attle Creek College. A escola para jo- eliminando os estudos clássicos como a dis- história da Bíblia do ponto de vista da profe- escola adventista foi mais favorecida com a
vens adventistas de Battle Creek, man- ciplina principal.5 cia, bem como na qualificação espiritual dos presença e conselho da mensageira de Deus à
tida pelo patrocínio local, fora dirigida Esse falso começo levou Ellen White a re- professores pareceu apoderar-se dos educado- igreja. Atrás dela, estavam as escolas norte-
com êxito por G. H. Bell desde 1868. Em abril correr aos líderes denominacionais em de- res dirigentes. americanas que se debatiam com dificulda-
de 1872, Tiago e Ellen White fizeram um ape- zembro de 1881. Ela iniciou suas observa- Depois do encontro educacional de Har- des, mas que hesitavam na tentativa futura
lo para transformação desta escola em uma ções com uma clara mensagem de preocupa- bor Springs, a Sra. White escreveu seis arti- de combinar princípios educacionais con-
instituição educacional avançada, a primeira ção: “Há risco de nosso colégio ser desviado
gos na revista da igreja reforçando a vigoro- vencionais com os princípios educacionais
tentativa de ter uma escola mantida pela de- de seu desígnio original.” Mais adiante, ad-
sa atitude que ela havia adotado na reunião. reformadores impulsionados pelo Tema do
nominação. O propósito inicial desta propos- vertiu: “Nosso colégio está hoje numa posi-
ta era formar professores e pregadores para ção que Deus não aprova.” Mencionou o A batalha do currículo estava mudando a fa- Grande Conflito.11
“proclamar a mensagem do terceiro anjo”.2 “esforço para moldar nossa escola por outros vor dela, mas isso não aconteceu da noite No começo de 1894, a Sra. White escre-
Para servir de orientação a essa escola, a colégios. Assim sendo, não nos é possível para o dia. O fio da navalha da reforma edu- veu a ordem para o estabelecimento da nova
Sra. White escreveu Testemunhos Para a Igre- animar os pais a enviar os filhos ao Battle cacional era a diferença definidora entre a escola australiana, intitulada “Trabalho e
ja, No 22, intitulado “A Devida Educação”.3 Creek College.” Conhecimento meramente educação clássica convencional e a perspec- Educação”.12 No parágrafo de abertura, ela le-
Este documento tem sido estudado por mais livresco qualquer colégio pode dar aos estu- tiva da educação cristã à luz do Tema do vantou as perguntas centrais a respeito desta
de um século por educadores adventistas co- dantes. “Necessita-se mais ampla educação” Grande Conflito.8 e de outras escolas: “Como devem elas ser di-
mo uma distinta carta régia da educação ad- que inclua ênfase no desenvolvimento do rigidas? E qual deve ser a educação e o prepa-
ventista. Nela, a escritora desenvolveu um caráter, um lembrete diário para dar aos es- Healdsburg College/Pacific Union College ro dos jovens? Onde deve localizar-se a nossa
dos seus princípios fundamentais da educação tudantes um “senso de sua obrigação para Em 1881 a Associação da Califórnia reco- Escola Bíblica Australiana?”
cristã: a correlação entre os aspectos “físicos, com Deus”, e um programa para “unir o es- nheceu a necessidade de estabelecer um colé- Em seguida, começou a responder às per-
mentais, morais e religiosos” da educação.4 forço físico ao mental”. gio na Costa Oeste. Por volta de abril de guntas. Tornou a salientar que o propósito
Os anos iniciais do Battle Creek College A Sra. White continuou a dirigir a aten- 1882, a propriedade foi comprada em Healds- da educação cristã é preparar os estudantes
foram turbulentos. Os princípios contidos ção das pessoas para a importância da moti- burg, tendo Sidney Brownsberger, ex-diretor para se encontrarem com o Senhor. Esta es-
neste testemunho de 1872 podem ter sido vação correta no trabalho tanto por parte de do Battle Creek College, como seu primeiro pécie de objetivo significa que os estudantes
entendidos na teoria, mas nem os adminis- professores como de alunos: “Os males da diretor. A escola não se tornou financeira-
tradores nem os professores pareciam saber presunção e de uma não santificada indepen- devem repensar suas atividades recreativas,
mente estável, em grande parte devido às bai- que as escolas devem ser localizadas “a uma
como implementar determinados temas- dência, que tanto prejudicam nossa utilidade
chaves. Entre eles achavam-se as questões: e que acabarão se demonstrando nossa ruína xas mensalidades dos estudantes. Ellen Whi- vasta distância das cidades”, que apenas os
como incluir um programa de trabalho no se não forem vencidos, provêm do egoísmo.”6 te aconselhou as escolas contra a tentativa de melhores hábitos de trabalho são aceitáveis,
currículo escolar, como tornar o currículo Vieram os dias escuros quando o colégio atrair grande número de alunos baixando a que “lentidão e ignorância não são virtu-
voltado para a Bíblia e não apenas incluir a fechou em 10 de agosto de 1882. Os proble- anuidade, por causa do efeito “prejudicial” des”, que para a Austrália “há esperança no
Bíblia como mais uma disciplina, e como es- mas incluíam desavença entre os funcioná- que isso surtiria.9 solo”, e que a fisiologia deve estar no currí-
truturar o currículo com matérias práticas, rios bem como a visível crise de que o colégio O envolvimento da Sra. White na aquisi- culo para todos.13
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CAPÍTULO 30 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados ESTABELECENDO INSTITUIÇÕES
EDUCACIONAIS

Ellen White estava aprendendo pela expe- Nashville, Tennessee. Quando uma proprie- bos fundados pela forte insistência de Ellen De fato, durante as reuniões de negócio da
riência bem como pelas visões. Em 1898, ela dade de pouco mais de 160 hectares, situada White e a ajuda dela em conseguir os recur- assembléia, que teriam importante significa-
escreveu que a educação adventista devia in- em Madison, a mais ou menos 27 quilômetros sos iniciais.27 Embora populares, ambas as do para o futuro conceito de Loma Linda pe-
cluir “uma diferente ordem de coisas”, mas de Nashville, foi posta à venda ao preço de instituições estavam profundamente endi- lo qual estavam lutando, Ellen White sen-
que levava “muito tempo para compreender 12.000 dólares, ela pediu para vê-la. Embora vidadas. tou-se na plataforma para ouvir a intenção de
que mudanças deviam ser feitas”.14 Em se- alguns não tenham ficado impressionados, Mas Deus ainda não havia dado os últimos cada proposta e discussão subseqüente. Ela
tembro de 1898, ela escreveu que “nossa es- ela relatou que “aquele era um local favorável retoques no sul da Califórnia. Por meio de escreveu que, embora estivesse “velha sufi-
cola deve ser um modelo para outras esco- para a obra” e a propriedade devia ser com- Seus estímulos, a Sra. White pediu que John ciente para ser dispensada de tais responsabi-
las”.15 Em 1899, disse que Deus havia desti- prada.23 Burden,28 “fundador” do hospital de Glenda- lidades”, “temia que pudessem tomar alguma
nado Avondale para ser uma “lição objetiva” O Madison College foi a única instituição le, procurasse uma propriedade perto de atitude que no futuro trouxesse confusão”.
e não “para seguir o padrão de qualquer outra em que a Sra. White participou da junta dire- Redlands. Por incrível que parecesse para os Uma das propostas soou bastante inofensi-
escola estabelecida na América do Norte ou tiva. Ela queria certificar-se de que as lições 1.400 membros da igreja na associação local va, mas seus anos de experiência a ajudaram
qualquer outra escola” na Austrália.16 Em amargas aprendidas em Battle Creek e na no- e seus líderes que haviam sido advertidos a a enxergar o perigo: alguns queriam mudar a
1900, escreveu que a escola Avondale devia va escola de Berrien Springs, Michigan, não não contrair mais débitos, a mensageira de constituição para que “todo membro da igre-
ser “uma escola-modelo”.17 se repetiriam em Madison. Um dos claros ob- Deus havia dito novamente: “Redlands e Ri- ja pudesse ser delegado às reuniões de assem-
Ellen White jamais usou a expressão “pro- jetivos dos fundadores, Edward A. Sutherland verside foram-me apresentados como lugares bléia”. Ela disse: “Leia essa proposta de novo,
jeto educacional”.18 Embora tenha usado pa- e Percy T. Magan, era o de que “quanto mais que devem ser trabalhados. ... Queiram, por por gentileza.” Depois comentou: “Uma pro-
lavras como “modelo”, “lição objetiva” e perto as condições da escola se aproximassem favor, tomar em consideração a conveniência posta como essa foi feita anos atrás, e o assun-
“padrão”, não queria dizer que Avondale te- das condições que os estudantes iriam enfren- de estabelecer um hospital nas vizinhanças to me foi claramente revelado. ... A proposta
ria que ser rigidamente copiada em todos os tar quando saíssem a ensinar, tanto mais fácil dessas cidades.”29 A história da aquisição da nunca prevaleceu em tempo algum, porque
pormenores: “O Senhor não designou algum seria o ajuste deles às suas vocações”.24 propriedade de Loma Linda, da fé extraordi- não está em harmonia com a mente do Se-
plano especial e exato na educação.”19 A res- Talvez pela primeira vez, o trabalho estu- nária de homens como Burden, do testemu- nhor.” A resolução foi retirada.34
peito da nova escola em Madison, Tennessee dantil, mais do que dinheiro vivo, foi aceito nho solene de recursos que chegavam inespe- Depois da compra do terreno, alguns
(descrita abaixo), ela escreveu que “não se como pagamento das mensalidades. Toda a radamente no momento em que mais deles se membros da igreja acharam que, para o de-
pode apresentar modelo exato para o estabe- equipe administrativa bem como o corpo do- precisava, de homens e mulheres que hipote- senvolvimento da escola, seriam necessá-
lecimento de escolas em novos campos. O cente trabalharam com os estudantes no de- caram suas casas e tomaram empréstimos a rios fundos adicionais. Recomendaram que
clima, o ambiente, as condições do país e os senvolvimento de indústrias que proveriam bancos – tudo isso está nos registros.30 parte dos trinta hectares fosse vendida para
meios de que se dispõe para o trabalho, tudo renda. A grande maioria do corpo discente Ao relatar essa história extraordinária, a custear a construção dos edifícios. Imedia-
deve influir na modelação da obra.”20 À se- esperava trabalhar em algum ofício na área presença visível ou invisível de Ellen White tamente a Sra. White deu um ressonante
melhança de seu conselho em outras áreas, rural do Sul. Por volta de 1915, graduados do é tão penetrante como a luz do Sol ao meio- não! Para dizer a verdade, sua recomenda-
tais como saúde, ela delineou princípios bá- Madison College haviam fundado trinta e dia. Quando tudo parecia sem esperança, ela ção foi para que se comprasse mais alguns
sicos, mas não regras inflexíveis.21 As esco- nove dessas escolas economicamente inde- aconselhou: “Esta é a propriedade que deve- hectares de terra, outro espantoso desafio.
las-modelos, os padrões e as lições objetivas pendentes.25 mos comprar. Não demorem; pois é justa- Juntamente com os membros da comissão,
não passam disso: manifestam princípios bá- mente o de que carecemos.”31 Depois de ela examinou o vale voltado para a estrada
sicos que podem requerer adaptação às con- College of Medical contemplar os edifícios pela primeira vez, de ferro e para a Avenida Colton. Com um
dições locais. Evangelists/Loma Linda University exclamou: “Eu estive aqui antes. ... Este é o aceno de mão, concluiu: “O anjo disse:
Escrevendo a Willie em 1897, ela enfati- O estabelecimento desta instituição médica lugar que o Senhor me mostrou. ... O Se- ‘Adquiram tudo.’” Quando outros protesta-
zou que “nenhuma brisa vinda de Battle de renome mundial jamais teria acontecido nhor não nos deu esta propriedade para um ram, ela replicou: “Bem, nós seremos gratos
Creek deve soprar aqui”. Morando nas adja- sem a visão, a coragem e o apoio constante de propósito comum.”32 pelo que temos.”
cências do campus, ainda sentia que “devia Ellen White. Richard Utt disse muito bem: Algumas semanas depois, vendo que os lí- Mas o desafio parecia grande demais. Três
vigiar pela frente, por trás e por todos os la- “O surgimento da Universidade de Loma deres da igreja manifestavam pouco entusias- anos se passaram. A maior parte do terreno
dos para impedir que entrasse aquilo que me Linda era algo inevitável mas impossível. mo pelo conselho dela, Ellen White escreveu havia duplicado de preço quando finalmente
foi apresentado como prejudicando nossas es- Que a proeza se haja realizado, deveu-se a a Burden: “Não fique desanimado se, de al- foram tomadas providências para adquirir a
colas na América do Norte”.22 uma rara combinação de fé, obras e lutas mis- gum modo, houver algum contratempo com propriedade desejada. Outra vez houve hesi-
turadas liberalmente com o improvável, o seus planos, e você sentir-se um tanto limita- tação. Em seu octagésimo quarto ano de vida,
Madison College miraculoso e o heróico.”26 do. ... Vi os princípios restritivos que se segui- Ellen White prometeu contribuir pessoal-
Ellen White teve muito a ver com a escolha Em 1905, o ensolarado sul da Califórnia ram, bem como o desagrado do Senhor em mente com 1.000 dólares para a compra, e
do local para o Madison College em 1904. possuía dois centros adventistas de saúde: um relação a estas coisas. Se o mesmo espírito for encerrou seu apelo com estas palavras: “Sin-
Ela vinha dizendo a seus colegas que a escola em Paradise Valley, perto de San Diego, e ou- manifesto, não consentirei mais em guardar to-me muito grata ao olhar o terreno que já
deveria estabelecer-se nas proximidades de tro em Glendale, perto de Los Angeles, am- silêncio como tenho feito.”33 temos. Isto será a maior bênção para nós no
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CAPÍTULO 30 O ministério profético de Ellen G. White
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EDUCACIONAIS

futuro, algo que não apreciamos plenamente o que parecia impossível para uma pequena Quando lhe perguntaram se os estudantes tou-se com enormes despesas e precisou da
agora, mas que apreciaremos futuramente. denominação de 91.531 membros em 1906. de medicina deveriam receber o preparo bási- confirmação de Ellen White antes de assumir
Espero que vocês adquiram o outro terreno O Senhor estava guiando Seu povo tão rápi- co em Loma Linda e depois receber os “reto- quaisquer outros compromissos. Suas preocu-
que mencionei e o anexem ao que já temos. do quanto era capaz de entender o que Ele ti- ques finais... em alguma instituição do mun- pações, submetidas a ela em 26 de janeiro de
Eu lhes pagarei para fazerem isso. Visto que nha em mente para a instituição em Loma do”, a Sra. White replicou: “Deus nos livre de 1910,42 abrangiam esses pensamentos: “Esta-
tenho carregado a responsabilidade deste lu- Linda. seguir um plano como esse!” Respondendo a mos muito desejosos de conservar a unidade
gar desde o começo, desejei muito dizer-lhes Na assembléia da Associação Geral de ju- outras perguntas, disse: “Se o Senhor der luz e a harmonia de ação. Para conseguir isso,
isto. Deixo agora a questão em suas mãos; e nho de 1909, em Washington, Ellen White aos irmãos, ficaremos felizes em recebê-la; se precisamos ter uma compreensão clara do
vamos trabalhar em harmonia.” dirigiu-se aos delegados que mal haviam re- não, esperaremos. ... Quando nos apegarmos que deve ser feito. Devemos entender, com
Dentro de alguns dias, diversos membros cobrado o fôlego decorrente das despesas da a Deus e nEle confiarmos, Ele trabalhará em base naquilo que a irmã escreveu a respeito
da junta fizeram empréstimos bancários pes- mudança de suas duas principais instituições nosso favor. Sejam, porém, quais forem as do estabelecimento de uma escola de medici-
soais para adquirir a propriedade. Ellen Whi- para a capital da nação. Entre os muitos as- conseqüências, devemos, com respeito a nos- na em Loma Linda que, de acordo com a luz
te ficou satisfeita, e escreveu a Burden dizen- suntos abordados, estava o destino de Loma
sa fé, permanecer distintos e separados do que a irmã recebeu do Senhor, temos de esta-
do que “devemos adquirir o pedaço de terra, Linda de “ser não apenas um hospital, mas
mundo.”39 Ela havia aprendido muito bem a belecer uma escola de medicina completa-
pois jamais fará com que tenhamos aglomera- um centro educacional”, específico para a
ção de edifícios aqui. Não deixe de realizar a dolorosa lição de Battle Creek. mente equipada, cujos diplomados serão
formação de “evangelistas médico-missioná-
compra. Faça o melhor que você pode, que eu rios”, e a grande necessidade de “que se co- A respeito dos propósitos da segunda esco- capazes de submeter-se aos exames da Junta
farei o melhor que eu puder.”35 meçasse da maneira correta”. la de medicina da denominação, foi dito mui- Estadual e tornar-se médicos cadastrados e
Mas ela também estava interessada no tipo to claramente aos líderes que os estudantes qualificados?”43
de instituição a ser estabelecida em Loma lin- Passo a Passo de Loma Lima teriam que estudar sob a Dentro de vinte e quatro horas, Ellen
da. Devia ser mais que um hospital. “Este lu- Mais adiante no seu discurso, ela tornou a orientação de “educadores cuidadosamente White respondeu, em parte: “Segundo a luz
gar”, escreveu ela em princípios de 1905, “irá mostrar que sua própria mente estava sendo selecionados” que ensinassem a abrir “sulcos que me foi dada, devemos providenciar o que
tornar-se um importante centro educacio- conduzida passo a passo pelo Senhor. Ela de- profundos na Palavra de Deus”.40 é necessário para qualificar os nossos jovens
nal”.36 Este era um novo e grandioso objetivo clarou que “não devemos, nesta época, pro- Ao requerer do Estado a concessão para que desejam ser médicos, de maneira que eles
para Loma Linda: ser uma escola também! curar competir com as escolas de medicina uma escola de medicina, ela deu mais um possam preparar-se inteligentemente para
Contudo, a questão permanecia: que espécie do mundo. Se o fizéssemos, diminutas seriam conselho: “Se vocês puderem adquirir força e enfrentar os exames requeridos para provar
de escola? as nossas perspectivas de sucesso. Não esta- influência que tornem seu trabalho mais efi- sua eficiência como médicos.”44
Algumas semanas mais tarde, ela afirmou mos em condições de empreender com êxito ciente sem associar-se a pessoas mundanas, Naquele mesmo encontro, foi recomenda-
claramente à liderança do novo centro: “Ele o estabelecimento de grandes faculdades de isto seria correto. Não devemos, porém, exal- do que todas as uniões norte-americanas mais
[Deus] está abrindo caminhos pelos quais os medicina. ... Em Loma Linda muitos podem tar o humano acima do divino.” a Associação Geral se cotizassem para pagar
filhos dos irmãos possam ser instruídos nos ra- ser preparados para trabalhar como missio- “Não podemos”, escreveu ela em 1909, as despesas do embrionário College of Medi-
mos médico-missionários sem pôr em perigo a nários na causa da saúde e da temperança. “submeter-nos a regulamentos nos quais está cal Evangelists. Esta receita seria adicionada
própria alma. ... Dentro em breve teremos ins- Devem ser preparados professores para mui- envolvido o sacrifício de princípios; pois isto àquela dos custos de instrução e das doações
talações para atender às exigências necessá- tos ramos de atividade.”38 Aqui ela estava põe em perigo a salvação de almas. Mas sempre pessoais. Muitos discursos de renovada con-
rias.” Por volta do dia 10 de dezembro, ela es- descrevendo, em grandes pinceladas, não que possamos concordar com a lei local sem fiança se seguiram.
creveu: “Com respeito à escola, eu gostaria de apenas uma escola de medicina, mas uma colocar-nos numa falsa posição, devemos fazer I. H. Evans, vice-presidente da Associação
dizer: Façam tudo quanto for possível na edu- instituição educacional que prepararia jo- isso. Leis sábias foram concebidas a fim de pro- Geral, sintetizou o parecer unânime da gran-
cação de enfermeiras e médicos.”37 vens para aproveitar as oportunidades em teger as pessoas contra a imposição de médicos de comissão (esta recomendação não teve
Para uma denominação ouvir esse desafio “muitos ramos de atividade”.
desqualificados. Cumpre-nos respeitar estas nenhum voto contrário): “Quando a declara-
num tempo em que o Battle Creek Sanita- O Senhor é muito bondoso, mesmo para
leis, pois nós mesmos somos por elas protegidos ção da irmã White for lida, tenho certeza de
rium e o anexo American Medical Missio- com os profetas; se Ele houvesse revelado a
nary College ainda eram uma ferida aberta, de impostores presunçosos. Manifestássemos que a maioria dos nossos irmãos se sentirá co-
Ellen White em 1905 tudo quanto Ele lhe es-
parecia demais. Talvez um hospital em Loma taria ajudando a compreender e a comunicar nós oposição a essas exigências, contribuiría- mo nós nos sentimos esta noite: o Senhor fa-
Linda; mas uma escola de medicina? Tudo em em 1909, ela teria duvidado de sua mente e mos para restringir a influência de nossos mis- lou, e nós obedeceremos. ... As experiências
que a maioria conseguia pensar era no fardo da instrução divina. À medida que outros fa- sionários médicos.” No dia 9 de dezembro, ob- do passado devem fortalecer nossa fé para es-
financeiro que durante anos havia esmagado ziam planos para desenvolver um programa teve-se uma concessão do Estado autorizando o te tempo e ajudar-nos a avançar corajosa-
o Dr. Kellogg e a denominação. médico para enfermeiras e evangelistas médi- College of Medical Evangelists a conferir di- mente atendendo às palavras de conselho
Mas a mensageira do Senhor foi corajosa e co-missionários, eles constantemente a con- plomas em ciências, odontologia e medicina.41 que o Senhor nos enviou por meio da irmã
convincente. Os que haviam no passado sultavam sobre questões relativas a este cami- Alguns meses depois, as perplexidades ain- White. Temos diante de nós esta noite uma
aprendido a confiar nela continuaram a fazer nho ainda não experimentado. da persistiam. A junta de educação defron- afirmação clara e direta da irmã White a res-

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SEÇÃO V
CAPÍTULO 30 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados ESTABELECENDO INSTITUIÇÕES
EDUCACIONAIS

peito do estabelecimento de uma escola de me- qual foi estudado minuciosamente em Loma maior número de alunos não devia causar tanto regozijo como 27. Ver págs. 189 e 190.
dicina. Não há nessas palavras conjecturas, Linda. Os volumes oito e nove dos Testemu- a libertação do débito.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, 28. Ellen White descreveu Burden como um homem “de ex-
págs. 210-212 (Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 469 e 470); traordinária perspicácia comercial”. – Utt, The Vision Bold,
equívocos nem interpretação errônea. A per- nhos Para a Igreja trouxeram matéria adicio- Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, págs. 69 e 70. pág. 179.
gunta é: seguiremos o conselho apresentado?”45 nal sobre a obra médico-evangelística. Publi- 10. Biography, vol. 6, págs. 176-188; ver também W. C. Utt, A 29. Carta 89, 1905, endereçada a J. A . Burden, gerente do Glen-
As perguntas lógicas eram: onde os adven- cou-se em 1932 Medicina e Salvação, uma Mountain, a Pickax, a College (Angwin, CA: Alumni Associa- dale Sanitarium, citada em Biography, vol. 6, pág. 11.
tion of Pacific Union College, 1968). Na primavera de 1882, 30. Ver Biography, vol. 6, págs. 11-32, 78, 79, 345-349, 376 e 377;
tistas encontrariam médicos qualificados pa- compilação de muitas cartas endereçadas a também foi fundada a South Lancaster Academy, precursora do Robinson, Our Health Message, págs. 363-413; Utt, The Vision
ra ser professores? De onde tirariam os vulto- médicos, ressaltando o propósito divino na Atlantic Union College, South Lancaster, Massachusetts. Bold (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing
sos recursos necessários para pôr em funcio- educação e prática de saúde. 11. Ver Schwarz, Light Bearers, págs. 202 e 203; Milton Hook, Association, 1977), págs. 175-201.
“The Avondale School and Adventist Educational Goals, 31. Carta 139, 1904, citada em Biography, vol. 6, pág. 16.
namento uma instituição médica de primeira Os homens e mulheres que viveram em 1894-1900”, (Dissertação de doutorado em educação pela 32. Biography, vol. 6, pág. 18.
classe, com enfermagem, medicina, nutrição 1910 devem ser paradigmas e modelos para Andrews University, Berrien Springs, MI, 1978). Ver págs. 33. Ibidem, pág. 22.
256-263 e 344. 34. Ibidem, págs. 26 e 27.
e, anos depois, odontologia? Mas os líderes todos os adventistas do sétimo dia até o fim 12. Fundamentos da Educação Cristã, págs. 310-327. 35. Ibidem, pág. 349.
haviam estado aprendendo a liderar enquan- do tempo. Eles deram ouvidos à mensageira 13. Ibidem. 36. Ibidem, pág. 273.
to abriam novos horizontes. Ellen White os de Deus, em quem aprenderam a confiar. Sa- 14. Manuscrito 56, 1898 (Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, pág. 37. Ibidem.
126, citado em Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 409). 38. Ibidem, pág. 275 (Testemunhos Seletos, vol. 3, págs. 374-376).
conduzira muitas vezes antes em coisas ainda biam que a única pergunta que precisava ser 15. Manuscrito 186, 1898, citado em Biography, vol. 4, pág. 353. 39. Ibidem, pág. 276.
não experimentadas. respondida era a pergunta de I. H. Evans: 16. Life Sketches, pág. 374. 40. Schwarz, Light Bearers, pág. 320 (Medicina e Salvação, págs.
Mais uma vez, conforme vimos muitas ve- “Seguiremos o conselho apresentado?” 17. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 315. 75 e 76).
18. Knight, Myths, págs. 18 e 19. 41. Biography, vol. 6, pág. 275; Schwarz, Light Bearers, págs. 320-
zes no desenvolvimento da Igreja Adventista 19. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 227. 322 (Medicina e Salvação, pág. 84).
do Sétimo Dia, o princípio da cooperação di- Líderes Educacionais 20. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 531. 42. Publicado posteriormente em Review and Herald, 19 de maio
vino-humana prevaleceu. Obviamente Deus Aprenderam a Ouvir Ellen White 21. Ver Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 285 e 286. de 1910.
22. Carta 138, 1897, em MR, vol. 20, pág. 215. 43. Biography, vol. 6, pág. 279.
não pretende fazer por homens e mulheres Quando se passa em revista os primeiros cin- 23. Biography, vol. 5, pág. 345. 44. Ibidem. Ver também Conselhos aos Pais, Professores e Estudan-
aquilo que eles podem e devem fazer por si qüenta anos após a publicação do primeiro 24. Schwarz, Light Bearers, pág. 246. Ver Ira Gish e Harry Christman, tes, pág. 480; Medicina e Salvação, págs. 57 e 69.
mesmos. Ele conduz, mas o povo precisa con- testemunho de Ellen White sobre “A Devida Madison: God’s Beautiful Farm (Mountain View, CA: Pacific 45. Ibidem, pág. 287.
Press Publishing Association, 1979). 46. Carta 192, 1906, a S. N. Haskell, citada em Robinson, Our
fiar em Seus princípios gerais e tomar suas de- Educação”,47 em 1872, aparecem várias ca- 25. Schwarz, Light Bearers, págs. 244-247. Health Message, pág. 368.
cisões em conformidade com isso. É assim racterísticas comuns: (1) quanto mais estrita- 26. Richard Utt, From Vision to Reality (Loma Linda, CA: Loma 47. Fundamentos da Educação Cristã, págs. 15-49.
que os crentes crescem e se preparam para os mente uma escola seguia a instrução inspira- Linda University Press, 1980), pág. 9. 48. Schwarz, Light Bearers, págs. 199, 200 e 328.
desafios futuros. É a parábola dos talentos da, mais eficiente e produtivo seu programa
atuando em maior escala. Quando o diretor se tornava; (2) os administradores que abri- Perguntas Para Estudo
nomeado para a nova escola, W. E. Howell, ram novos horizontes creram firmemente na
pediu que a Sra. White lhe desse maiores de- inspiração de Ellen White; (3) quando admi- 1. Quais os problemas fundamentais que pareciam atormentar o Battle Creek College até
talhes para que não se cometesse nenhum er- nistradores e professorado ensinavam esses que ele se mudou para Berrien Springs, Michigan?
ro desde o início, ela replicou: “Não podemos princípios, por preceito e exemplo, os estu-
demarcar um rumo preciso para ser seguido dantes reagiam favoravelmente. 2. A seu ver, como os “males da presunção e da não santificada independência” podem ser
incondicionalmente. Surgirão circunstâncias Sempre que o corpo administrativo era especialmente destrutivos num sistema educacional?
e emergências sobre as quais o Senhor dará ambivalente a respeito da reforma educacio-
instruções específicas. Mas, se iniciarmos o nal, os estudantes eram contagiados pela am- 3. Por que Ellen White aconselhou os líderes da escola a não baixar as mensalidades a fim
trabalho, dependendo inteiramente do Se- bigüidade e expressavam sua frustração de de atrair maior número de matrículas?
nhor, vigiando, orando e andando em harmo- modo não construtivo. A experiência proble-
nia com a luz que Ele nos envia, não seremos mática do Battle Creek College permanece- 4. Por que Ellen White insistiu tanto para que o Avondale College fosse localizado numa
deixados a caminhar em trevas.”46 ria para sempre como um exemplo prático das zona rural?
Em 1905 apareceu o último livro de Ellen conseqüências negativas da indecisão em rea-
White sobre saúde, A Ciência do Bom Viver, o gir favoravelmente ao conselho inspirado.48 5. Em que sentido o Avondale College devia ser uma “escola-modelo”?

Referências 6. Que visão mais ampla Ellen White possuía a respeito do propósito e futuro do centro
educacional de Loma Linda, Califórnia?
1. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 45. págs. 187-191.
2. Review and Herald, 20 de maio de 1873. 8. Early Adventist Educators, págs. 35-39. 7. Recapitule os passos que levaram ao estabelecimento de uma escola de medicina em Lo-
3. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 131-160; Fundamentos 9. “Em algumas de nossas escolas o preço da instrução tem sido ma Linda, Califórnia. Observe a extraordinária fé e coragem de que se precisava a cada
da Educação Cristã, págs. 15-46. demasiado baixo. Isso tem sido em muitos sentidos prejudicial
4. Orientação da Criança, pág. 297; Biography, vol. 2, pág. 376. ao trabalho educativo. ... A escola deve ter renda suficiente, passo.
5. SDAE, vol. 10, págs. 72 e 73. não só para pagar as necessárias despesas correntes, mas para
6. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 21-29. poder prover aos alunos, durante o período escolar, alguns
7. “Proceedings of the SDA Educational Society: Eight Annual equipamentos essenciais a seu trabalho. ... Talvez o elevar de-
Session”, SDA Yearbook, 1883, pág. 52; Biography, vol. 3, vidamente os preços ocasione diminuição na matrícula, mas o

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Promotora de Conceitos Inspirados
futuro era realmente pouco promissor, as agora feitos se demonstrarão quase infrutífe-
mensagens de Ellen White mantiveram seus ros”. Sua sugestão foi suplementar a pregação
colegas no rumo certo.9 com material de leitura apropriado, o que re-
Quando a publicação de Present Truth cor- sultaria “em uma devolução centuplicada à
ria grande risco em 1850, ela escreveu: “Con- tesouraria”.
Princípios Editoriais, templei a revista e vi que isto era necessário.
... Foi-me mostrado que a revista deve prosse-
guir; e se eles a deixarem morrer, hão de bre-
Como essa obra suplementar devia ser fei-
ta? Por colportores evangelistas, “homens de
boa apresentação, que não rejeitem os outros

Sociais e de Temperança vemente chorar de angústia. Vi que Deus não


quer que Tiago pare ainda. Cumpre-lhe escre-
ver, escrever, escrever, despachar a mensagem
nem sejam rejeitados. ... Os que distribuem
folhetos gratuitos devem levar outras publi-
cações para vender a todos quantos as com-
e deixá-la ir. Vi que ela iria aonde os servos prarem. Esforços perseverantes trazem como
de Deus não podem ir.”10 resultado grande bem.”13
“Ninguém que professa piedade considere com indiferença a saúde do corpo, e se lisonjeie de que a Em novembro de 1850, os White acharam Foi assim que teve início o programa
intemperança não seja pecado, e não lhe afete a espiritualidade. Existe íntima correspondência en- sensato combinar a Presenth Truth e a Advent mundial de evangelismo pela literatura, pe-
tre a natureza física e a moral.” 1 Review numa única e nova revista, The Se- lo qual homens e mulheres levam a página
cond Advent Review and Sabbath Herald, na impressa de porta em porta. Esta nova
época provavelmente a revista religiosa pu- abordagem evangélica foi examinada na
blicada regularmente por mais tempo na terceira assembléia do Concílio Europeu
América do Norte. Mas aqueles eram tempos das Missões Adventistas do Sétimo Dia,

P
ublicar livretos, folhetos e periódicos blico de Hiram Edson, F. B. Hahn e O. R. L.
era o segredo do sucesso do movimento Crosier apresentando a evidência para as trabalhosos. Ellen White escreveu: “Nós so- realizado em Basiléia, Suíça, em 14 de se-
milerita do Segundo Advento. Após o duas fases do ministério no santuário terrestre fremos muitas privações. ... Estávamos dis- tembro de 1885. Mas os colportores evan-
Desapontamento (ver págs. 39 e 50), uma das e no celestial. Mais tarde, em 1846, Tiago postos a viver com o mínimo possível para gelistas mostraram-se desalentados; esta-
revistas mileritas, The Hope of Israel, publicou White e H. S. Gurney imprimiram 250 manter a revista. ... Tínhamos muita preocu- vam convictos de que os europeus não
a primeira defesa do sábado do sétimo dia en- exemplares da primeira visão de Ellen White, pação, e, muitas vezes, ficávamos sentados comprariam os livros de porta em porta. Foi
tre os adventistas.2 Depois de ler o artigo, es- a que deram o título de “Ao Remanescente até meia-noite e, de vez em quando, até as um momento de crise. Ellen White estava
crito por T. M. Preble, o capitão José Bates fi- Espalhado por Toda Parte”.5 duas ou três horas da manhã, lendo provas ti- preparada. Já havia recebido mensagens de
cou convencido de que o sábado era o dia de pográficas. ... O esforço mental e a privação Deus sobre o conseqüente sucesso da obra
repouso bíblico. Um ano depois, em agosto Uma Visão Significativa consumiam o vigor de meu marido muito ra- de colportagem na Europa.
de 1846, ele publicou seu primeiro livreto de Tinta de impressão corria nas veias dos pri- pidamente.”11 Os White mediam o compro- Depois de fazer uma recapitulação dessas
48 páginas intitulado The Seventh Day Sab- meiros adventistas do sétimo dia. Em Dor- misso pelo sacrifício pessoal e pela intensa mensagens aos hesitantes delegados, ela
bath a Perpetual Sign From the Beginning to the chester, Massachusetts, em novembro de preocupação em transmitir a luz da verdade a disse: “Em breve Deus fará grandes coisas
Entering Into the Gates of the Holy City Accor- 1848, Ellen White teve uma visão significati- outros. Esse compromisso nunca foi mais evi- por nós, se nos achegarmos humildes e con-
ding to the Commandment.3 va delineando o poder da página impressa. dente do que no sacrifício que fizeram insta- fiantes a Seus pés. ... Mais de mil se con-
Tiago e Ellen White leram um exemplar Dirigindo-se ao marido, disse ela: “Tenho lando o equipamento gráfico na própria casa verterão brevemente em um dia, a maioria
do livreto de Bates, convenceram-se de que o uma mensagem para você. Você deve come- deles até os outros admitirem a necessidade dos quais reconhecerá haver sido primeira-
sábado do sétimo dia é o dia que se deve san- çar a publicar um pequeno jornal e mandá-lo
de uma editora.12 mente convencida através da leitura de
tificar e começaram a ensiná-lo ao “rebanho ao povo. Seja pequeno a princípio; mas, len-
nossas publicações.” 14 Gradualmente, a
disperso”. Logo, podia-se contar cerca de cin- do-o o povo, mandar-lhe-ão meios com que
Ministério da Colportagem atratividade da literatura foi enriquecida
qüenta observadores do sábado na Nova In- imprimi-lo, e alcançará bom êxito desde o
glaterra e no Estado de Nova Iorque.4 princípio. Desde este pequeno começo foi-me Uma visão recebida na reunião campal de com ilustrações, e os obreiros receberam
Impressa também em outra revista mileri- mostrado assemelhar-se a torrentes de luz que Roma, Nova Iorque, em setembro de 1875, melhor treinamento. Dentro de poucos
ta, o Day-Star, na edição de 24 de janeiro de circundavam o mundo.”6 abriu os olhos da crescente igreja para o po- anos, os registros mostram que a literatura
1846, estava a primeira visão de Ellen Har- Essa memorável visão, recebida num tem- tencial do evangelismo por meio da literatu- adventista estava sendo amplamente ven-
mon, recontada em uma carta, pessoal ao edi- po em que os White não tinham um centavo, ra. O “jovem de aparência nobre” que falara dida por toda a Europa.
tor Enoch Jacobs. Se ela soubesse que Jacobs tem-se cumprido de maneira impressionante.7 muitas vezes a Ellen White em visão ou so-
publicaria a carta, teria escrito a visão com A história do rápido desenvolvimento da nho percebeu a diligência dos adventistas Publicações, um Sagrado Ministério
maiores detalhes. Uma descrição da visão re- obra de publicações adventista tem sido bem que estavam despertando indagação entre o No começo do século vinte, a Sra. White es-
cebida em fevereiro de 1845 foi impressa em documentada em outros lugares.8 Mas o pon- público em geral. Mas, disse ele, deve-se fa- tava preocupada com o fato de que muito do
14 de março de 1846, um mês depois de o to que nos interessa aqui é que, nos momen- zer “cabal esforço” para “fixar essas impres- sucesso financeiro das duas editoras da deno-
Day-Star haver publicado o solene estudo bí- tos críticos deste desenvolvimento, quando o sões nas mentes”, do contrário seus “esforços minação dependia do trabalho comercial,
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CAPÍTULO 31 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados PRINCÍPIOS EDITORIAIS,
SOCIAIS E DE TEMPERANÇA

parte do qual se achava em conflito com os uma agenda de trabalho quase inacreditável. rança durante Sua vida na Terra. Os pontos Esses princípios são amplificados, com
ensinos da igreja.15 No entanto, parte de sua grande preocupação principais de suas palestras sobre temperança maiores detalhes sobre a maneira como de-
Durante a década precedente, ela havia pela proclamação do evangelho consistia em eram: vem ser ensinados, na compilação de Ellen
escrito cartas e pregado com freqüência a res- suas profundas percepções a respeito do pro- • Nossos primeiros pais pecaram pela White intitulada Temperança. Quando a
peito dos problemas cada vez mais graves da blema da intemperança. A intemperança era, “condescendência com o apetite”. maioria dos líderes de temperança se concen-
Review and Herald, a maior editora da igre- para ela, o âmago da maioria dos problemas • Cristo venceu a “condescendência do trava acima de tudo no álcool, ignorando em
ja. Falara sobre os administradores, a falta de humanos.20 apetite” na tentação do deserto, mostrando grande parte o fumo e os estimulantes antina-
justiça deles no trato com funcionários e au- A maneira como a Sra. White abordava a “que, em Seu poder, é possível vencermos”. turais como o chá e o café, a Sra. White des-
tores, e a maneira como se esquivavam da temperança e a intemperança era incomum, • Nadabe e Abiú, homens do santo ofí- cia mais fundo, indo até as causas da embria-
responsabilidade de vistoriar a literatura des- quando comparada com outros palestrantes e cio, sofreram os terríveis juízos porque per- guez e do rebaixamento moral.23
moralizante que estavam imprimindo. (Os organizações de temperança de seus dias. Fos- mitiram que sua mente ficasse tão “obscure-
administradores replicavam que eram impres- se na América do Norte ou na Europa, seu cida” que foram incapazes de distinguir o A Temperança Começa no Lar
sores, não censores.) Ela advertiu o corpo de método singular cativava os ouvintes. No dia certo do errado. Em uma visão recebida em 3 de janeiro de
diretores da Review a manter a editora den- 8 de novembro de 1886, um domingo, ela fa- • “Necessitam-se de homens de princípio” 1873, foi-lhe mostrado que os movimentos
tro do seu propósito pretendido.16 lou para 1.600 pessoas no maior salão de nas assembléias legislativas e nas cortes de de temperança tinham sua eficácia limitada
O incêndio devastador que, no dia 30 de Christiana (Oslo), Noruega, a convite do justiça, bem como nas escolas e igrejas – “ho- porque restringiam sua guerra contra a in-
dezembro de 1902, destruiu a Review parecia presidente da sociedade de temperança da re- mens que se dominem a si mesmos, de vivas temperança ao uso de bebidas alcoólicas. Es-
alertar a maioria de que Deus os estivera ad- gião. Ela foi precedida de muitos oradores im- percepções e juízo são”. A intemperança os creveu ela: “A intemperança está aumentan-
vertindo por dez anos. A mudança para portantes, inclusive o bispo da igreja estatal e tornará incapazes de “decisões justas” e sem do por toda parte, apesar dos mais veementes
Washington, D.C., trouxe consigo a decisão vários sacerdotes. Acima dela estava uma aptidão para “erguer-se acima dos motivos de esforços feitos no ano passado para impedir
de eliminar o trabalho comercial da Review bandeira americana, o que ela “apreciou mui- interesse próprio ou da influência da parciali- seu progresso. Foi-me mostrado que o poder
and Herald Publishing Company.17 tíssimo”. dade ou do preconceito”. gigantesco da intemperança não pode ser
Lamentavelmente, problemas semelhan- Em vez de um discurso vibrante, cheio de controlado por esforços dessa natureza. A
• Os pais devem aprender a lição que os
tes vinham se desenvolvendo na Pacific histórias dramáticas e estatísticas alarmantes,
anjos ensinaram a Manoá, pai de Sansão, e a obra de temperança deve começar em nossa
Press Publishing Company em Oakland, ela proferiu sua típica palestra sobre tempe-
Zacarias, pai de João Batista. Os filhos são família, à nossa mesa.”24
Califórnia. Quase metade do material im- rança baseada nos princípios e ilustrações da
afetados “para bem ou mal, pelos hábitos da Ela também escreveu: “A intemperança
presso eram encomendas comerciais.18 Gra- Bíblia. Fazendo uma descrição da reunião, ela
mãe” e a educação inicial recebida na família. começa em nossas mesas. Condescende-se
ças às advertências de Ellen White, princi- escreveu: “Quando viram que o assunto ia ser
• Os pais “transmitem as próprias caracte- com o apetite até que a condescendência
palmente as que se intensificaram depois do exposto de um ponto de vista bíblico, primei-
ro ficaram surpresos, depois interessados e fi- rísticas, mentais e físicas, suas disposições e com ele se torna a segunda natureza. Pelo uso
incêndio de Battle Creek, a gerência dimi-
nuiu drasticamente seu trabalho comercial nalmente profundamente comovidos.” apetites”. “São os filhos muitas vezes careci- do chá e café, predispõe-se o apetite para o
e resolveu mudar-se para uma zona mais ru- dos de força física e de capacidade mental e uso do fumo, e este estimula o desejo de bebi-
ral. Depois do terremoto do dia 18 de abril Ligação Religiosa moral” por causa da intemperança dos pais das alcoólicas.”25
de 1906 e do incêndio subseqüente, a ge- No encerramento da palestra, o presidente da (falta de domínio próprio). Mas a intemperança não é apenas uma
rência resolveu não aceitar mais nenhum sociedade de temperança da cidade pediu ao • “Já desde a primeira infância” às crian- questão de comer e beber; inclui a “condes-
serviço comercial. auditório para notar que o êxito do movi- ças devem ser ensinados os princípios e hábi- cendência excessiva no comer, no beber, no
As decisões de ambas as editoras em en- mento de temperança na América do Norte tos de “abnegação e domínio próprio”. dormir ou no contemplar”.26 A intemperança
frentar o futuro sem serviços comerciais e repousava no zelo religioso e nos princípios • Daniel e seus companheiros na corte de em determinados hábitos de vestir deve ser
atender mais estritamente o conselho de da Bíblia. A Sra. White foi solicitada a falar Babilônia foram usados como poderosas ilus- vencida.27 A intemperança no excesso de
Ellen White com relação a métodos adminis- nas igrejas locais, mas recusou-se, pois sua trações da verdadeira temperança. Eram um trabalho, estudo e busca das riquezas deve ser
trativos, foram logo honradas pelo enorme missão na Noruega era edificar as igrejas ad- “nobre testemunho” dos benefícios da “estri- evitada.28
crescimento no negócio das publicações.19 ventistas.21 ta temperança no uso de todas as Suas gene- A única cura para a intemperança é recu-
Ao recapitular o texto usado nesse discur- rosas dádivas, bem como abstinência total de perar o domínio próprio. Muitas vezes Ellen
Líder em Temperança so proferido na Noruega, típico de suas pales- todas as satisfações prejudiciais ou vis”. White enfatizou o princípio de que “as pai-
Ellen White tinha trabalho de sobra escre- tras destinadas ao público em geral, podemos • “Não somente é o uso de estimulantes con- xões devem ser regidas pela vontade, e esta
vendo livros, artigos, cartas e manuscritos. entender melhor o que tornava suas mensa- trários à natureza, desnecessário e pernicioso, deve, por sua vez, achar-se sob a orientação
Além disso, acompanhava de perto o desen- gens tão distintivas. Ela delineava o tema da como é extravagante e esbanjador. ... Milhares de Deus. A régia faculdade da razão, santifi-
volvimento das instituições educacionais e temperança na cadeia de fatos da história bí- de pais... gastam seu salário na satisfação do pró- cada pela graça divina, deve ter domínio em
editoriais adventistas, e pregava em assem- blica, salientando em especial quão intima- prio eu, roubando a seus filhos o alimento e a nossa vida.”29
bléias de um lado a outro do país, cumprindo mente estava Cristo ligado à obra da tempe- roupa, bem como os benefícios da educação.”22 Ela fez notar que, quando os hábitos físicos
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CAPÍTULO 31 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados PRINCÍPIOS EDITORIAIS,
SOCIAIS E DE TEMPERANÇA

não são corretos, “nossas faculdades mentais em determinados tipos de obra social “que re- sempre e sempre”, e “o capítulo todo é da White sobre a importância da família tradi-
e morais não podem ser fortes”.30 sultará no mínimo em fortalecer todas as par- mais alta importância”.41 cional foi sintetizado no livro A Ciência do
Ela viu a relação direta entre o domínio tes da obra pela ação harmoniosa”.35 O volumoso conselho da Sra. White a res- Bom Viver, publicado em 1905. Aqui ela fala
próprio e o desenvolvimento do caráter, en- Embora enfatizasse sua preocupação pelo peito da responsabilidade do cristão para com profeticamente. Durante a última metade do
tre o domínio próprio em todas as áreas da vi- equilíbrio e prioridades, ela deixava claro outros descreve três “esferas de serviço”.42 A século vinte, a família tradicional sofreu o
da e a preparação para a vinda do Senhor: “A que a responsabilidade do cristão para com primeira esfera é a responsabilidade da igreja ataque de tentativas alternadas de suplemen-
força dominante do apetite demonstrar-se-á a as necessidades dos outros é tão importante local por sua congregação: “É dever de cada tar a educação familiar normal. Na última dé-
ruína de milhares quando, se houvessem quanto seu dever para com Deus. Isso pode igreja fazer arranjos cuidadosos e judiciosos cada do século, tem-se observado um renova-
triunfado nesse ponto, teriam tido força mo- parecer bom na teoria, mas é bastante difí- para o cuidado dos pobres e enfermos.”43 do interesse na saúde da família.
ral para ganhar a vitória sobre qualquer outra cil de ser colocado em prática. Com dema- A comunidade local é a segunda esfera: Em 1905, a Sra. White foi clara e enfá-
tentação de Satanás. Os que são escravos do siada freqüência, os cristãos ficam mais “Onde quer que uma igreja seja estabelecida tica: “A restauração e reerguimento da hu-
devem os seus membros fazer fiel trabalho pe- manidade começam no lar. A obra dos pais
apetite, no entanto, deixarão de aperfeiçoar o preocupados com a primeira metade do
los crentes necessitados. Mas não devem pa- é a base de toda outra obra. ... A felicidade
caráter cristão.”31 mandamento do Senhor: “Amarás o Senhor
rar aqui. Devem ajudar também os outros, da sociedade, o êxito da igreja e a prosperi-
O desafio do domínio próprio em cada teu Deus de todo o teu coração. ...” A outra
sem referência de sua fé.”44 dade da nação dependem das influências
área da vida é para todos os cristãos, especial- metade do mandamento de Cristo, “amarás A terceira esfera é a comunidade mundial,
mente para os que estão proclamando o o teu próximo como a ti mesmo” (Mat. domésticas.”48
fora da comunidade local: “Qualquer ser hu- O lar é não apenas o refúgio de filhos e
“evangelho eterno” nos últimos dias: “Tornar 22:39), tem sido “deixada ao léu, e sujeita à mano que necessite de nossa simpatia e de
patente a lei natural e insistir em que se lhe inclinação e ao impulso”.36 pais no meio de um mundo conturbado; o lar
nossos préstimos é nosso próximo. Os sofre- cristão é também um “exemplo prático” que
obedeça, eis a obra que acompanha a terceira Os cristãos verdadeiros reconhecem que dores e desvalidos de toda classe são nosso
mensagem angélica, a fim de preparar um po- sua profissão religiosa “quase nada vale” dian- ilustra “a excelência dos princípios verdadei-
próximo; e quando suas necessidades são tra- ros da vida”. Jovens atribulados de outros la-
vo para a vinda do Senhor.”32 te de Deus e dos homens, se empenharem “to- zidas ao nosso conhecimento, é nosso dever
da a energia numa obra aparentemente gran- res devem encontrar nos lares cristãos “in-
aliviá-los tanto quanto nos seja possível. ...
Líder Previdente em Questões Sociais de, ao passo que” desprezam “os necessitados” fluências alentadoras e proveitosas”.49
Nosso próximo é toda a família humana.”45
Ellen White mantinha inspirado equilíbrio ou impedem “de seu direito o estrangeiro”.37 Quando os adventistas de hoje conside- Atitude Sábia Para com as Cidades
no conselho que dava aos membros da igre- Os cristãos também crêem que, quando o ram essas três esferas, lembram-se imediata-
A condição difícil das cidades. As cidades do
ja, notadamente no que dizia respeito às res- “eu está imerso em Cristo, o amor brota es- mente das sociedades de Dorcas, cujo nome
mundo sempre foram antros de corrupção e
ponsabilidades sociais. O propósito e a moti- pontaneamente”. Como se revela esta espon- foi em anos recentes modificado para Servi-
vício. Desde os primitivos tempos bíblicos, as
vação primordial para todo serviço cristão é taneidade? Ellen White declarou: “A perfei- ços Comunitários e Serviços Mundiais dos
cidades não eram o lugar para os crentes em
proclamar o evangelho da restauração.33 Ne- ção de caráter do cristão é alcançada quando Adventistas do Sétimo Dia (sigla em inglês
Jeová. Em tempos modernos, o aumento des-
nhum ramo do serviço cristão deve tornar-se o impulso de auxiliar e abençoar a outros bro- SAWS) e novamente, na década de 1980,
para Agência Adventista de Desenvolvi- comunal da população tem feito aumentar
“todo absorvente” de modo que “aquilo que tar constantemente do íntimo.”38 exponencialmente a corrupção e o vício.50
devia ter a primazia se torna de importância Para colocar em intenso enfoque o tema mento e Recursos Assistenciais (ADRA).
Por exemplo, entre 1946 e 1949, durante os Na assembléia da Associação Geral de
secundária”.34 das questões sociais, ela escreveu numa cla- 1903, Ellen White admoestou as instituições
Os pobres e os desamparados. Com refe- reza sem ambigüidades que o julgamento de serviços de socorro aos necessitados no fim
da Segunda Guerra Mundial, as organiza- denominacionais a conservarem-se “fora das
rência ao trabalho em favor dos desampara- todos os homens e mulheres gira “em torno cidades”. Recomendou que os membros da
dos, ela declarou o princípio do equilíbrio: de um ponto. Quando as nações se reuni- ções de socorro da Associação Geral “forne-
ceram mais de 1.400 toneladas de alimento igreja saíssem “das cidades para o campo, on-
“A grande questão de nosso dever para com rem diante dEle, não haverá senão duas de possam obter um pequeno pedaço de ter-
e 500 toneladas de roupas” somente para a
a humanidade é séria, e muito da graça de classes, e seu destino eterno será determi- ra, e fazer um lar para si e para seus filhos”.
Europa.46
Deus é necessário em como trabalhar de ma- nado pelo que houverem feito ou negligen- Predisse que “dentro em breve haverá tal lu-
Em 1995 a ADRA, que atuava em 142
neira a promover o maior bem. ... Deus não ciado fazer por Ele na pessoa dos pobres e países, prestou assistência humanitária (in- ta e confusão nas cidades, que os que as qui-
requer que Seus obreiros obtenham sua edu- sofredores.”39 clusive doação de material) avaliada em serem abandonar não o poderão fazer. Deve-
cação e treino para se devotarem exclusiva- Como funciona esse profundo princípio? mais de 120 milhões de dólares. O orçamen- mos estar preparando-nos para esses aconte-
mente a essas classes. A atuação de Deus é Repare como Ellen White se concentra em to de operações da ADRA, com sede em Sil- cimentos”.51
manifestada de maneira a estabelecer con- Isaías 58, o capítulo da responsabilidade do ver Spring, Maryland, excedeu a 60 milhões Embora recomendasse aos membros da
fiança no fato de que a obra é de Seu conse- cristão para com os pobres e desamparados.40 de dólares.47 igreja que deixassem as cidades por uma série
lho, e que saudáveis princípios sustentam Ela se referia freqüentemente ao qüinquagési- de razões, também aconselhava bom senso:
cada ação.” mo oitavo capítulo de Isaías como “a mensa- Importância da Família “Nada se faça de maneira desordenada, para
Ellen White viu o perigo de centralizar-se gem para este tempo, mensagem a ser dada Talvez o mais completo pensamento de Ellen que não haja grande perda ou sacrifício de
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO V
CAPÍTULO 31 O ministério profético de Ellen G. White
Promotora de Conceitos Inspirados PRINCÍPIOS EDITORIAIS,
SOCIAIS E DE TEMPERANÇA

propriedade, devido a discursos ardentes e de as cidades grandes, mesmo ao alcance de seu encorajamento baseado nas visões da esposa que o fez pros- 28. Temperança, págs. 139 e 140.
impulsivos que despertam um entusiasmo que nossos olhos, estarem por trabalhar e por ad- seguir.” – Schwarz, Light Bearers, pág. 84. 29. A Ciência do Bom Viver, pág. 130.
10. Manuscrito 2, 1850, citado em Biography, vol. 1, pág. 172; 30. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 51 (Temperança, pág.
não é segundo a vontade de Deus; para que, vertir. Terrível acusação de negligência é Schwarz, Light Bearers, págs. 74-76. 13). “Os nervos do cérebro, que se ligam com o organismo
por falta de equilibrada moderação, e devida feita contra os que têm estado longamente 11. Life Sketches, págs. 139 e 140. todo, são o meio pelo qual o Céu se comunica com o ser
contemplação [reflexão], e de sadios princí- na obra, na própria América do Norte, e 12. Ver Biography, vol. 1, págs. 316-330, para a memorável mu- humano e afeta a sua vida íntima. O que quer que atrapalhe
dança da editora de Rochester, Nova Iorque, para Battle a circulação da corrente elétrica no sistema nervoso, debili-
pios e propósitos, uma vitória que necessita- que, todavia, ainda não penetraram nas ci- Creek, Michigan. tando assim as forças vitais e diminuindo a suscetibilidade
va ser ganha se transforme em derrota.”52 dades grandes.” 13. Biography, vol. 2, págs. 480 e 481 (citado em Conselhos Sobre mental, vem tornar mais difícil o despertar da natureza mo-
A Sra. White reconhecia que as grandes A insistência de Ellen White produziu re- Saúde, pág. 465). ral.” – Educação, pág. 209; ver ibidem, pág. 197.
14. Relatado por D. T. Bordeau em Review and Herald, 10 de no- 31. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 491 e 492 (Conselhos
cidades do mundo não eram lugares adequa- sultados imediatos. Por volta de 1915, so- vembro de 1885; Evangelismo, pág. 693. Sobre o Regime Alimentar, pág. 59).
dos para os cristãos viverem e criarem famí- mente na grande Nova Iorque, havia quinze 15. “Por volta de 1899, o presidente da Associação Geral calculou 32. Ibidem, vol. 3, pág. 161 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar,
que 80 por cento das impressões realizadas na Review [Battle pág. 69).
lias, mas demonstrava grande preocupação equipes evangelísticas trabalhando, a maior Creek] eram de natureza comercial. Não surpreende que os 33. Ver págs. 257 e 334.
pelas pessoas não evangelizadas que moravam parte em tendas. A Sra. White salientou com obreiros gráficos começaram a pensar em suas atividades co- 34. Beneficência Social, pág. 256.
nessas populosas zonas urbanas. “Recebi a se- veemência que “em nossas grandes cidades, a mo uma transação comercial pela qual deviam ser mais gene- 35. Ibidem, págs. 256 e 257.
rosamente compensados. A dedicação evangelística demons- 36. Parábolas de Jesus, pág. 382.
guinte instrução”, recomendou ela em 1909, obra médico-missionária deve andar de mãos trada pelos obreiros em tempos primitivos parecia estar desa- 37. Ibidem, págs. 383 e 384.
“trabalhem nas cidades; trabalhem nas cida- dadas com o ministério evangélico. Ela abri- parecendo.” – Schwarz, Light Bearers, pág. 211. 38. Ibidem. “Onde quer que haja um impulso de amor e simpatia,
des onde a primeira e a segunda mensagens rá portas à verdade”.55 16. “Os prelos imprimem livros de ficção abundantemente, his- onde quer que o coração se comova para abençoar e amparar
tórias do Oeste selvagem, livros que divulgam as doutrinas os outros, é revelada a atuação do santo Espírito de Deus.” –
angélicas foram proclamadas. Durante mais católicas, literatura pornográfica e livros sobre hipnose.” – Ibidem, pág. 385.
de vinte anos nos tem sido apresentado o de- Sumário Biography, vol. 5, págs. 227-234. 39. O Desejado de Todas as Nações, pág. 637.
ver de advertir as cidades; mas quem se preo- Começamos esta seção sobre a “Promotora de 17. Schwarz, Light Bearers, págs. 306-311. 40. No Comprehensive Index to the Writings of Ellen G. White, cer-
18. Biography, vol. 5, págs. 164-168. ca de 200 referências envolvem Isaías 58.
cupa com essa obra? Quem já realizou verda- Conceitos Inspirados” realçando o fato de 19. Schwarz, Light Bearers, pág. 330. 41. Beneficência Social, págs. 29-34.
deiro trabalho missionário entre elas? Somos que Ellen White foi a “figura central” na 20. “A intemperança, no verdadeiro sentido da palavra, é a res- 42. Ver Calvin B. Rock, “Did Ellen White Downplay Social
ordenados a ir a essas cidades e pregar o evan- “mais sutilmente diferenciada, sistematica- ponsável pela maior parte dos males da vida, e destrói anual- Work?”, Adventist Review, 5 de maio de 1988.
mente seus dez milhares.” – Signs of the Times, 17 de novem- 43. Beneficência Social, pág. 181.
gelho e curar os doentes.”53 mente desenvolvida e institucionalmente bro de 1890. 44. Ibidem, pág. 180.
No entanto, depois de prevenir do cres- bem-sucedida de todas as alternativas do esti- 21. Historical Sketches, págs. 207-211. 45. Ibidem, págs. 45 e 46.
cente tumulto e corrupção que varreria as ci- lo de vida norte-americano”.56 22. Temperança, págs. 181, 267-273; Historical Sketches of S.D.A. 46. Land, Adventism in America, pág. 178.
Foreign Missions, págs. 207-211. Dois outros discursos sobre 47. Relatório Anual da ADRA de 1995. Endereço: Adventist
dades do mundo, Ellen White insistiu repeti- Observamos sua singular contribuição ao temperança proferidos por Ellen White, um em 1891, o ou- Development and Relief Agency, 12501 Old Columbia Pike,
das vezes com os líderes da igreja para que desenvolvimento dos princípios distintos de tro em Sydney, Austrália, em 1893, também se acham incluí- Silver Spring, MD 20904, USA.
dessem ao evangelismo urbano a primazia em teologia, educação, saúde, administração dos em Temperança, págs. 273-292. 48. A Ciência do Bom Viver, pág. 349.
23. Para uma recapitulação da cooperação adventista com as socie- 49. Ibidem, págs. 352-355.
sua agenda. Na realidade, não fosse a insis- eclesiástica, responsabilidade social e missio- dades de temperança, ver Robinson, Our Health Message, págs. 50. Ibidem, págs. 262 e 263; ver Mensagens Escolhidas, livro 2,
tência dela nos primeiros anos do século vin- logia do adventismo. Ela foi a promotora de 223-235. Para uma visão geral das campanhas antialcoólicas do págs. 355 e 356.
século dezenove, ver Jerome L. Clark, “The Crusade Against 51. Biography, vol. 5, pág. 250 (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág.
te, a presença adventista nas grandes cidades conceitos e a estimuladora do pensamento. Alchool”, em Land, World of E. G. White, págs. 131-140. 142). Ver também Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, pág. 84.
da América do Norte teria sido mínima. Ela Sua excepcional exuberância reside não em 24. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 562. 52. Mensagens Escolhidas, vol. 2, págs. 361-363.
mencionou especificamente centros como sua absoluta originalidade de pensamento, 25. Ibidem, pág. 563 (Conselhos Sobre Saúde, pág. 607). 53. The General Conference Bulletin, 4 de junho de 1909.
26. Ibidem, vol. 4, pág. 417 (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 54. Schwarz, Light Bearers, págs. 334-338.
Nova Iorque, Boston, Filadélfia, Baltimore, mas em sua extraordinária capacidade de sin- pág. 141); ver também Patriarcas e Profetas, pág. 562. 55. Evangelismo, págs. 401 e 387.
Washington, Nashville, Saint Louis, New tetizar as concepções que recebia de Deus e os 27. Medicina e Salvação, pág. 275. 56. Bull e Lockhart, Seeking a Sanctuary, págs. ix e 14.
Orleans, Memphis, Detroit, Cincinnati, Cle- resultados de uma aguda percepção em sua
veland, São Francisco e Portland (Maine). pesquisa. Perguntas Para Estudo
Muitas cartas foram enviadas a pastores Sem a liderança de Ellen White no pensa-
destacados, a começar com o presidente da mento e na coragem pessoal, é muito prová-
Associação Geral, solicitando que fizessem vel que a Igreja Adventista não tivesse sobre- 1. Como os White confirmaram na vida pessoal a mensagem/visão de que seu extremamen-
do evangelismo urbano uma prioridade má- vivido. Se houvesse sobrevivido, teria sido te pequeno grupo deveria iniciar um programa de publicações?
xima.54 Em 1905, ela escreveu: “Achamo- bastante diferente da igreja que o mundo co-
nos reprovados diante de Deus em virtude nhece hoje. 2. Que problema existente em ambas as editoras norte-americanas na virada do século deze-
nove recebeu de Ellen White vigoroso enfoque e conselho para mudar de procedimento?
Referências
3. Quais os pontos principais expostos por Ellen White na maioria de seus discursos públi-
1. Review and Herald, 25 de janeiro de 1881, citado em Tempe- 6. Life Sketches, pág. 125 (Vida e Ensinos, pág. 128). cos sobre temperança?
rança, págs. 17 e 18. 7. Ver Schwarz, Light Bearers, págs. 72-85; Maxwell, Tell It to the
2. 28 de fevereiro de 1845. Ver Joseph Bates, The Seventh Day World, págs. 95-105; Spalding, Origin and History, vol. 1, págs.
Sabbath, A Perpetual Sign, 1846, pág. 40. 187-206. Ver M. Carol Hetzel, The Undaunted (Mountain 4. Por que a temperança é uma questão espiritual?
3. Biography, vol. 1, pág. 116; ver também Schwarz, Light Bea- View, CA: Pacific Press Publishing Association, 1967).
rers, págs. 72-74. 8. Ibidem.
4. Ibidem. 9. “Quase sozinho [Tiago White] havia criado uma empresa edi-
5. Schwarz, Light Bearers, pág. 72 (O Colportor Evangelista, pág. 11). torial, contra obstáculos tremendos. Diversas vezes foi apenas

368 369
VI

SEÇÃO
SEÇÃO V
CAPÍTULO 31
Promotora de Conceitos Inspirados PRINCÍPIOS EDITORIAIS,
SOCIAIS E DE TEMPERANÇA

5. Levando-se em conta o cenário social do século dezenove, como se pode dizer que Ellen
White foi uma “líder de muita visão em questões sociais”? Como Escutar a Mensageira
6. Por que Ellen White pinta um futuro pouco promissor para as cidades do mundo?

7. Como o conceito de temperança (domínio próprio) de Ellen White reflete o ensino do


Novo Testamento?

8. Quais alguns dos perigos envolvidos nas editoras adventistas por aceitarem trabalho co-
mercial secular? CAPÍTULO

32 Hermenêutica/1
Princípios Básicos

33 Hermenêutica/2
Regras Básicas de Interpretação – Internas

34 Hermenêutica/3
Regras Básicas de Interpretação – Externas

35 Hermenêutica/4
Características Partilhadas Pelos Escritores
Bíblicos e Ellen White

36 Hermenêutica/5
Autoridade e Relação Para com a Bíblia

37 Hermenêutica/6
Como os Contemporâneos de Ellen White
Entendiam sua Autoridade

38 Hermenêutica/7
Congresso Bíblico/Concílio de Professores
de História em 1919

39 Entendendo a Maneira Como os Livros


Foram Escritos

40 Entendendo a Maneira Como os Livros


Foram Preparados

370
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SEÇÃO VI

32
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Escutar a Mensageira
vir” como seus ouvintes, precisamos hoje ten- do “testemunhos” diretamente dela e, por sua
tar “ver” o que eles viram e “ouvir” o que vez, expressado por escrito sua apreciação pe-
ouviram. Precisamos estar informados sobre lo conselho dela. Por mais de setenta anos,
tudo o que pudermos sobre o caráter e a per- homens e mulheres observaram-na de perto,
sonalidade do escritor bem como a influência ouviram-na muitas vezes e esperaram ansio-
Hermenêutica/1 recíproca geral e pessoal das pessoas referidas samente por seu próximo testemunho, artigo
no documento que está sendo estudado. ou livro escritos. Ao discutirmos a autoridade

Princípios Básicos • Os leitores devem descobrir o que as


afirmações bíblicas significavam para os con-
temporâneos do profeta antes de concentrar-
e relevância da escritora, os comentários des-
sas pessoas encerram bastante legitimidade.
A maneira como entenderam o que ela disse
se no que significam hoje. Isso impedirá os es- contribui muito para nossa tentativa atual de
“Deus falou! Mas o que Ele disse? Cada expressão, cada documento escrito, exige interpretação. E tudantes de “verem” na Bíblia apenas aquilo determinar o que ela quis dizer.7
a necessidade aumenta na proporção em que aumenta a distância que nos separa do tempo e da que estão buscando.5 Conforme observamos anteriormente (ver
cultura do texto.” 1 • Ao estudar a Bíblia, aceitamos a com- págs. 256-283 e 344), compreendemos mais
preensão bíblica implícita de que o Antigo e plenamente as contribuições de Ellen White
o Novo Testamentos, juntos, formam um câ- em áreas como saúde, educação e teologia
non que contém o registro da singular revela- quando levamos em conta o seu Tema do
ção de Deus aos seres humanos. Assim sendo, Grande Conflito. Esse tema fornece à escrito-

H
ermenêutica é a ciência de interpre- trangeira, é necessário um conhecimento da ra uma unidade coerente e ajuda a explicar
a Bíblia mesma é sua melhor intérprete, for-
tar documentos literários. Emprega- língua, inclusive a compreensão da estrutura seu emprego de fontes históricas e sua aplica-
mos este termo quando tentamos en- e das expressões idiomáticas da língua. Embo- necendo um contexto teológico unificador
para a compreensão de qualquer capítulo ou ção de passagens bíblicas.
tender as obras literárias de escritores secula- ra isso seja especialmente verdadeiro para a
res como Homero, Platão e Shakespeare e Bíblia com seus documentos em hebraico, verso específico. Este mesmo princípio de
O Perigo da Obediência Cega
também os escritos dos escritores inspirados aramaico e grego, para entender Ellen White unidade e coerência ajudará os estudantes a
Uma coisa, contudo, é reconhecer e aceitar
como Moisés, Paulo e Ellen White. As regras também é útil compreender os idiomatismos compreenderem mais claramente a totalida-
este princípio dominante, e outra é responder
hermenêuticas nos ajudam a entender o que e peculiaridades do inglês norte-americano de dos pensamentos de Ellen White.6
à pergunta: de que modo este princípio é apli-
os escritores queriam dizer. do século dezenove. Não basta um conheci- O desafio de entender o que a Bíblia quer
Ellen White chamou a atenção para a ne- mento de dicionário. cado e compreendido na amplitude do seu
dizer não é um fenômeno moderno. Logo no
cessidade de hermenêutica quando sugeriu: • Deve-se identificar o tipo de forma lite- conselho em numerosas áreas do pensamen-
início do Novo Testamento a necessidade de
“Volvamos, em espírito, àquela cena... [sen- rária: prosa ou verso, profecia ou história, to? Embora a confiança em Ellen White seja
interpretação surgiu com a pergunta de Filipe essencial, a confiança cega não deve tomar o
tados] com os discípulos” no Monte das Bem- alegoria ou parábola, etc. Tanto a Bíblia co- ao etíope: “Entendes tu o que lês?”
aventuranças (Mateus 5). “Compreendendo mo os escritos de Ellen White exigem esta lugar do pensamento cauteloso ao abordar-
E o etíope respondeu: “Como poderei en- mos o que ela quer dizer hoje.
o que significavam as palavras de Jesus para percepção.
os que as ouviam, nelas podemos distinguir • Antes de se tirar deduções corretas, é tender, se alguém não me ensinar?” Atos 8:30 Ao procurar entender seus escritos, é útil
uma nova vida e beleza, recolhendo para nós preciso entender o contexto histórico, in- e 31. O papel de ensinar é mais bem desem- notar novamente como a revelação/inspira-
mesmos suas mais profundas lições.”2 cluindo o tempo preciso da escrita, especial- penhado por aqueles que seguem fielmente os ção funciona conforme revelada nos escritos
mente se o documento lida com ética, inter- princípios de interpretação (hermenêutica). bíblicos.8 A comparação entre a compreen-
O que Significava e o que Significa relações com poderes civis da época e domi- são que alguém tem dos escritores bíblicos e
Recebemos aqui o conselho para estudar (1) nantes padrões de pensamento. Para enten- Entendendo Ellen White Ellen White pode ser vista em áreas tais co-
o que as palavras “significavam” no ano 30 der a Bíblia e os escritos de Ellen White, os Estamos em melhores condições de enten- mo a atitude do leitor, inspiração verbal ou
d.C., e (2) o que “significam” para nós hoje. estudantes devem ter conhecimento do con- der o que Ellen White queria dizer do que de do pensamento, infalibilidade, o significado
Se duas ou mais pessoas tiverem de concordar texto histórico. entender a muitos outros escritores, pois te- de sola Scriptura, o uso de fontes comuns e a
sobre o que um documento “significava” ori- • É útil ter noção dos fatores climáticos e mos grande volume de material sob a forma
ginalmente e o que “significa” hoje, esse estu- geográficos que influenciaram o escritor. diferença entre o sagrado e o comum. O que
de cartas, diários, entrevistas, sermões, ma- sabemos sobre a maneira como os escritores
do precisa seguir as regras da hermenêutica.3 Muita coisa na Bíblia seria, por exemplo, obs- nuscritos gerais, artigos periódicos e livros
Além disso, o objetivo da hermenêutica não cura sem um conhecimento das condições bíblicos foram inspirados nos é útil no estudo
publicados. dos escritos de Ellen White, e o que sabemos
é apenas entender o que um escritor quis di- geográficas da Palestina e o impacto de seu
zer, mas garantir que ele não esteja sendo mal clima. Grande parte das observações e conse- Além disso, temos um volumoso arquivo sobre a maneira como Deus falou por meio de
compreendido.4 lho de Ellen White torna-se mais compreen- de observações de contemporâneos, escritas Ellen White pode ajudar-nos a entender co-
Eis algumas regras básicas da hermenêutica: sível quando levamos em conta esses fatores. por pessoas que conheciam Ellen White mui- mo Deus falou por meio dos profetas em tem-
• Se um documento está numa língua es- • A fim de pensar como o escritor e “ou- to bem. Centenas de pessoas haviam recebi- pos antigos.
372 373
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SEÇÃO VI
CAPÍTULO 32 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira PRINCÍPIOS BÁSICOS

Para Ellen White, a Bíblia é melhor com- ela fosse sua própria intérprete”. Os líderes custou tanto trabalho desnecessário. ... Sejam Que concluímos ao reconhecer a enorme
preendida por aqueles que a aceitam como a judeus liam o Antigo Testamento “à luz de cautelosos para não cometerem o pecado diversidade de expressão e lógica, tão diversa
Palavra de Deus: “Tomo a Bíblia tal como é, suas máximas e tradições. ... Desviaram-se, contra o Espírito Santo. ... Tenho medo de quanto o número de escritores? Como podem
como a Palavra Inspirada.” Quando alguém com aversão, da verdade para as tradições hu- qualquer aplicação das Escrituras que precise os leitores posteriores desses profetas encon-
julga necessário “definir o que é inspirado e o manas.”14 desse espírito e que produza esses frutos que trar coerência e unidade naquilo que todos
que não o é, estão dando um passo adiante de A atitude adotada na leitura da Bíblia é vocês demonstraram.”22 declaram ser “a Palavra do Senhor”? A uni-
Jesus a fim de mostrar-Lhe um caminho me- fundamental para uma correta compreensão dade da mensagem é garantida pelo único
lhor do que aquele em que Ele nos tem guia- do que a Bíblia quer dizer. Isso é mais impor- Inspiração Verbal ou do Pensamento Autor que os inspirou a todos. Ellen White
do”.9 Ela cria que “a Bíblia foi dada para fins tante do que a erudição. Os líderes judeus Ellen White, porém, via os problemas adicio- escreveu: “O Criador de todas as idéias pode
práticos”10 e que “ninguém precisa perder-se com sua erudição não reconheceram a Jesus. nais que poderiam surgir quando alguém per- impressionar mentes diversas com o mesmo
por falta de conhecimento, a menos que seja Em muitas ocasiões, Ellen White frisou que gunta: de que forma o Deus infinito e infalí- pensamento, mas cada um pode exprimi-lo
voluntariamente cego”.11 “o egoísmo nos impede de ver a Deus. O es- vel Se comunica com homens e mulheres fi- por diferentes maneiras, e ao mesmo tempo
pírito interesseiro julga a Deus igual a si mes- nitos e falíveis? Como uma pessoa, muitos sem contradições.”25
As Atitudes Fazem a Diferença mo. Até que tenhamos renunciado a isso, anos depois do aparecimento de um profeta, Contudo, a unidade da Bíblia nem sempre é
Ela admitia, entretanto, haver problemas de não podemos compreender Aquele que é consegue compreender suas mensagens escri- evidente para o leitor casual. “A alma ilumina-
comunicação. “Mentes de educação e pensa- amor.”15 Ela deu esta promessa: “Todo aquele tas por inspiração divina centenas e às vezes da vê unidade espiritual, um grande fio de ou-
mento diversos recebem diferentes impres- que examina diligente e pacientemente as milhares de anos antes? ro através do todo, mas requer paciência, refle-
sões das mesmas palavras.” Assim sendo, Escrituras a fim de educar a outros, que entra Para algumas pessoas, parece mais fácil xão e oração o rastrear o áureo fio precioso.”26
“difícil é a um espírito transmitir a outro de no trabalho da maneira correta e com cora- crer que Deus ditou as palavras que o profeta Eruditos bíblicos têm comparado a união
temperamento, educação e hábitos de pensa- ção sincero, que depõe à porta da investiga- registrou fielmente. Para elas, esse método divino-humana em Jesus Cristo com a
mento diferentes, através da linguagem, exa- ção suas idéias preconcebidas, quaisquer que união divino-humana na redação da Bíblia.
evita falhas, pois elimina o erro humano.
tamente a mesma idéia que é clara e distinta possam ter sido, e seus preconceitos hereditá- Para outros, este método de ditar não so- Ellen White endossou esta comparação: “A
em seu espírito. Todavia, para homens since- rios, este obterá verdadeiro conhecimento.”16
mente ignora a realidade, mas também abre Bíblia não nos é dada em elevada lingua-
ros, retos de espírito, ele [o escritor] pode ser Em suma, Ellen White forneceu várias su-
desnecessariamente a porta para uma enorme gem sobre-humana. A fim de chegar aos ho-
tão simples e claro que comunique sua inten- gestões de como estudar a verdade:
lista de problemas que desacreditam o que mens onde eles se encontram, Jesus reves-
ção para todos os fins práticos.” Mas caso o • Devemos convidar o Espírito Santo a
Deus está tentando fazer.23 tiu-Se da humanidade.”27 “Mas a Bíblia,
leitor “não seja sincero e não queira ver e nos ajudar em nosso estudo.17
Ellen White se identificou com os que com suas verdades dadas por Deus expressas
compreender a verdade, dará a suas palavras • Devemos estar dispostos a obedecer à
aceitam o conceito da inspiração do pensa- na linguagem dos homens, apresenta uma
e linguagem a direção que se ajuste a seus verdade.18
mento, em vez da inspiração verbal. Ela re- união do divino com o humano. Tal união
próprios desígnios”.12 • Devemos ter a mente aberta e preparada
Ellen White lamentava que alguns tra- conheceu que “os escritores da Bíblia tive- existia na natureza de Cristo, que era o Fi-
para renunciar a opiniões anteriormente
tassem mal seus escritos à semelhança do mantidas.19 ram de exprimir suas idéias em linguagem lho de Deus e o Filho do homem. Assim, é
que faziam com a Bíblia: “Esta é a maneira • Devemos esperar descobrir novas verda- humana. Ela foi escrita por seres humanos. ... verdade quanto à Bíblia, como acerca de
por que meus escritos são tratados pelos que des.20 A Bíblia não nos é dada em elevada lingua- Cristo, que ‘o Verbo Se fez carne e habitou
desejam compreendê-los mal e pervertê-los. • Devemos esperar que a “nova” luz se gem sobre-humana. ... Tudo quanto é huma- entre nós’. João 1:14.”28
... Exatamente da mesma maneira por que harmonize com as antigas verdades.21 no é imperfeito. Significações diversas são Jesus nasceu judeu, não africano ou norue-
eles tratam os escritos em meus artigos pu- • Uma interpretação pode estar errada se expressas pela mesma palavra; não há uma guês. Ele provavelmente tinha menos que
blicados e nos meus livros, tratam os céticos for acompanhada de um espírito não cristão. palavra para cada idéia distinta. ... A Bíblia 1,80m de altura. Humanamente falando, era
e os infiéis a Bíblia. Lêem-na segundo os No contexto da assembléia da Associação foi escrita por homens inspirados, mas não é limitado pelo DNA de Sua herança genética.
seus desejos de perverter, aplicar mal, torcer Geral de 1888, Ellen White escreveu àqueles a maneira de pensar e exprimir-se de Deus. ... Apesar disso, revelou a Palavra de Deus e Sua
voluntariamente as declarações de seu ver- que continuavam a antagonizar-se com ela e A inspiração não atua nas palavras do ho- mensagem no mais puro sentido.29
dadeiro sentido.”13 com os Pastores Jones e Waggoner: “Estes tes- mem ou em suas expressões, mas no próprio A Bíblia, como nós a conhecemos hoje,
Um problema que Jesus teve com os líde- temunhos do Espírito de Deus, os frutos do homem que, sob a influência do Espírito foi escrita por limitados “homens que dife-
res religiosos de Seus dias foi o de usarem mal Espírito de Deus, não têm peso a menos que Santo, é possuído de pensamentos. As pala- riam largamente em posições e em ocupação,
e impropriamente o Antigo Testamento e as- estejam selados com as idéias que vocês têm a vras, porém, recebem o cunho da mente in- bem como nos dotes mentais e espirituais”.30
sim não O reconhecerem como seu Messias. respeito da lei em Gálatas. Temo por vocês e dividual. ... A mente divina, bem como Sua O Autor da Bíblia falou a diversas pessoas
Ellen White observou que esses líderes “não temo por suas interpretações de qualquer pas- vontade, é combinada com a mente e a von- que tiveram variadas percepções, algumas
estavam acostumados a aceitar a Palavra de sagem bíblica que revele um espírito não cris- tade humanas; assim as declarações do ho- mais limitadas que outras. Contudo, cada es-
Deus exatamente como é, nem permitir que tão como esse que manifestaram e que me mem são a Palavra de Deus.”24 critor entendia “os pontos que se harmoni-

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CAPÍTULO 32 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira PRINCÍPIOS BÁSICOS

zam com sua experiência ou com sua capaci- pretendam desfrutar grande segurança ao dade infalível que Deus está comunicando não em decretos papais ou em votos de con-
dade de percepção e apreciação”. Quando as possuir a exata palavra de Deus, experimen- por meio de Seus mensageiros. As mensagens cílios eclesiásticos.
mensagens escritas são finalmente reunidas, tam grande dificuldade em tentar explicar o de Deus respiram autoridade infalível. Esta “O grande princípio mantido por aqueles
vê-se que todos esses “vários aspectos” da ver- que parecem “erros”, “contradições” ou “dis- busca de exatidão na compreensão das men- reformadores”, escreveu ela, “... foi a autori-
dade estão em “harmonia perfeita”. Juntos, crepâncias”. As falsas suposições da inspira- sagens infalíveis de Deus dependem, em par- dade infalível das Escrituras Sagradas como
por mais limitado que cada escritor possa ser, ção verbal têm ocasionado muita confusão e te, da fidelidade da pessoa às regras da herme- regra de fé e prática. Negavam o direito dos
formam um “todo perfeito”. Essas variadas perda de confiança entre os que buscam estu- nêutica, não contaminada pelas pressuposi- papas, concílios, padres e reis, de dirigirem a
experiências e percepções de seus muitos es- dar os escritos inspirados. ções filosóficas humanas. consciência em matéria de religião.”37
critores apresentam aos leitores posteriores, Os que crêem na inspiração do pensamen- Ela também utilizava este “princípio vital”
em todos os lugares e em todos os tempos, a to entendem que o profeta seja um “escritor” Sola Scriptura (A Bíblia Somente) em agudo contraste com os entusiastas da ci-
Palavra do Senhor adaptada “à satisfação das de Deus, não Sua pena. Deus trabalha por “A Bíblia e somente a Bíblia” era a premissa dade de Zwickau no tempo de Lutero, que se
necessidades dos homens em todas as cir- meio dos processos mentais do Seu mensagei- fundamental dos reformadores protestantes, permitiam ser guiados sobretudo pelos senti-
cunstâncias e experiências da vida”.31 ro, inspirando os pensamentos, mas, sob a fosse Lutero na Alemanha, Zwinglio e Cal- mentos, os quais supunham ser a orientação
Em uma importante carta endereçada a guia do Espírito, permitindo que o mensagei- vino na Suíça, ou Farel na França. Em ou- do Espírito Santo. Escreveu ela: “Rejeitavam
um jovem médico, David Paulson, Ellen ro escolha a maneira de os pensamentos se- tras palavras, para os reformadores a Bíblia o grande princípio que era o próprio funda-
White tentou dissuadi-lo do ponto de vista rem expressos. substituía as autoridades humanas. Mas essa mento da Reforma – que a Palavra de Deus é
da inspiração verbal. O Dr. Paulson, notável A introdução de Ellen White ao Grande heróica insistência em “somente a Bíblia” a todo-suficiente regra de fé e prática; e subs-
homem de fé, teve muito que ver com o es- Conflito nos apresenta um claro vislumbre de como a regra de fé e prática do cristão exige tituíram aquele guia infalível pela norma mu-
tabelecimento do Hinsdale Sanitarium and como os profetas trabalham. Reconhecendo três observações: (1) os reformadores ti- tável, incerta, de seus próprios sentimentos e
Hospital, na cidade de Hinsdale, Illinois. que existam possíveis discrepâncias na Bíblia nham dificuldade em aceitar toda a Bíblia, impressões. Por este ato de pôr de lado o
“Você fala em sua carta”, escreveu ela, “de e que nem sempre há “perfeita ordem ou evi- (2) eles não compreendiam plenamente a grande indicador do erro e falsidade, fora
sua primeira educação de molde a ter fé im- dente unidade”, ela concluiu: “Mesmo todos continuidade dos dons espirituais, expressa- aberto o caminho para Satanás governar os
plícita nos testemunhos, e diz: ‘Fui levado a os erros não causarão dificuldade a uma alma, mente ensinada pela Bíblia e (3) eles dife- espíritos como melhor lhe aprouvesse.”38
concluir e a crer mui firmemente que toda nem farão tropeçar os pés de alguém que não riam largamente a respeito do que a Bíblia Para Ellen White, a Bíblia sempre foi a
palavra que a senhora já proferiu em públi- fabrique dificuldades da mais simples verdade queria dizer. É evidente que somente o slo- prova da verdade. Nenhum outro padrão
co ou em particular, que toda carta que es- revelada.”33
gan não bastava. era necessário ou legítimo: “Recomendo-
creveu sob quaisquer e todas as circunstân-
A primeira observação encontra apoio no lhe, caro leitor, a Palavra de Deus como re-
cias, era tão inspirada quanto os Dez Man- Infalibilidade
fato de Lutero experimentar grande dificul- gra de sua fé e prática. Por essa Palavra se-
damentos.’” Infalibilidade é uma característica que per-
tence só a Deus, não a Seus mensageiros. Se- dade com os livros de Tiago, Hebreus e Apo- remos julgados.”39 Em 1909, em sua última
“Meu irmão”, continua ela, “você tem es-
tudado diligentemente meus escritos, e nun- res criados não podem, de forma alguma, ser calipse. Calvino praticamente descartava o apresentação em público na assembléia da
ca encontrou quaisquer reivindicações dessas infalíveis; eles estão sempre dependendo do livro de Apocalipse. Outros reformadores re- Associação Geral, depois de encerrar seu
de minha parte, nem achará que os pioneiros seu Criador, sempre carentes da perfeição jeitavam o Antigo Testamento. Na realidade, sermão, ela saiu do estrado e encaminhou-
de nossa causa as fizessem. máxima, sempre se tornando aquilo que Deus os reformadores seguintes que tentaram, à se- se para seu assento. Mas voltou e, erguendo
“Em minha introdução ao Conflito dos Sé- pretende que eles sejam. melhança dos reformadores principais como a Bíblia com que havia pregado, abriu-a e
culos, leu sem dúvida minha declaração quan- Embora a mensagem que Deus revela por Lutero, ver a inteireza de toda a Bíblia foram estendendo-a com as mãos trêmulas por
to aos Dez Mandamentos e a Bíblia, a qual meio de Seus mensageiros seja destituída de tratados como hereges.35 causa da idade, disse: “Irmãos e irmãs, reco-
lhe deveria haver ajudado à correta com- erro, ela é transmitida por meio de mensa- A segunda e a terceira observações, para o mendo-lhes este Livro.”40
preensão do assunto em consideração.” Então geiros falíveis e propensos a erros. Esta é a fim que temos em vista, dizem respeito parti- Ela fazia grande diferença entre a expres-
ela cita um trecho considerável de sua intro- razão por que Ellen White chamava os pro- cularmente a Ellen White. Como entendia são “a Bíblia e somente a Bíblia” e os pontos
dução ao Grande Conflito e uma antiga decla- fetas de escritores de Deus, e não Sua pena. ela esse princípio protestante vital, “A Bíblia de vista humanos ou outra qualquer forma de
ração pertinente encontrada no volume 5 dos Essa também é a razão de ela ter dito de mo- e somente a Bíblia”?36 Ela empregou a expres- expressar “atitudes não bíblicas provenientes
Testemunhos Para a Igreja.32 do tão direto: “Com relação à infalibilida- são muitas vezes e com precisão. Usava-a co- das tradições religiosas, experiências, posição
Em resumo, para entender a Bíblia e os es- de, nunca a pretendi; unicamente Deus é mo os reformadores a usaram: como autorida- eclesiástica e razão humana”.41
critos de Ellen White, a importante diferen- infalível.”34 de, ou seja, a Bíblia era superior e exclusiva, Os profetas bíblicos sempre indicaram as
ça entre a revelação do pensamento e a ins- Portanto, infalibilidade é coisa que não es- em contraste com os concílios e dogmas pa- Escrituras previamente aceitas como a prova
piração verbal deve ficar clara. Embora os de- tá “em julgamento” nas palavras do profeta, pais, e os escritos dos pais da igreja. Para a es- de fé e prática. Muito antes de haver-se con-
fensores da inspiração verbal (sejam estudan- seja na Bíblia, seja nos escritos de Ellen Whi- critora, bem como para os reformadores, a cebido o Antigo Testamento, homens como
tes da Bíblia ou dos escritos da Sra. White) te. O que está em jogo é a busca dessa autori- verdade da salvação encontra-se na Bíblia, o rei Josias (II Reis 22), Esdras e Neemias
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(Nee. 8) e Daniel (Dan. 9) referiam-se aos ajude no exame das Escrituras em busca da II Reis 19:1 e 2 com Isaías 37:1 e 2, e I Crô- respeito tanto dos escritores bíblicos quanto
profetas anteriores como portadores da Pala- verdade e no cumprimento de todo o seu de- nicas 10:1-3 com I Samuel 31:1-3.50 de Ellen White: como tomar emprestado afe-
vra de Deus. Jamais passou pela mente de ver. Ele não está em liberdade para desviar-se O Novo Testamento apresenta muitos ta a autoridade do escritor? O material toma-
muitos desses profetas que seus escritos se- da Bíblia a fim de saber qual o seu dever me- exemplos de empréstimo de fontes não bíbli- do emprestado torna-se inspirado? As per-
riam finalmente classificados junto com os diante quaisquer outros dons. Dizemos que, cas, tais como Sabedoria de Salomão,51 I Eno- guntas surgem porque a inspiração é mal
escritos de Moisés. Quando Paulo proclamou no momento em que ele faz isso, coloca os que,52 Testemunhos dos Doze Patriarcas,53 e os compreendida como ditado mecânico (inspi-
o evangelho, a Bíblia que ele usava como au- dons no lugar errado e adota uma atitude ex- targuns palestinos.54 ração verbal).
toridade era o Antigo Testamento. Ele não tremamente perigosa. A Palavra deve estar Ellen White explicou francamente por Provavelmente essas duas perguntas não
fazia a menor idéia de que suas cartas consti- na dianteira, e o olhar da igreja, colocado so- que lançou mão de vários historiadores ao de- seriam feitas se fosse entendido que os profe-
tuiriam a maior parte do que viria a chamar- bre ela, como a regra pela qual andar, e a fon- linear a “história do conflito nas eras passa- tas têm permissão para encontrar o melhor
se Novo Testamento. te da sabedoria.”45 das”: “Para alcançar esse propósito, esforcei- método disponível para comunicar os pensa-
Cada escritor bíblico foi depois julgado Os primeiros adventistas também sabiam me por selecionar e agrupar fatos da história mentos que Deus lhes deu.57
autorizado porque seus escritos passaram no que os outros cristãos afirmariam que o mi- da Igreja de tal maneira a esboçar o desdobra- Qual é, pois, o valor do material empresta-
teste de Isaías 8:20: “À lei e ao testemunho! nistério de Ellen White violava o princípio mento das grandes verdades decisivas que em do? Parece lógica a conclusão de que, se Deus
Se eles não falarem segundo esta palavra, é protestante “a Bíblia e somente a Bíblia”. diferentes períodos foram dadas ao mundo.”55 revelou Suas mensagens aos profetas, tam-
porque não há luz neles.” Ademais, os que Mas os adventistas responderam “que era por Como utilizou ela esses historiadores? “Em bém os ajudará a transmitir a mensagem em
liam esses escritos descobriam a voz de Deus causa de sua confiança nas Escrituras que alguns casos em que algum historiador agru- linguagem humana. Ellen White observou
lhes falando à alma. Verdadeiramente, um aceitavam o ministério de Ellen White como pou os fatos de tal modo a proporcionar, em que Deus lhes dirige “a mente no tocante ao
dos testes primordiais de um profeta é sua vital para eles”.46 breve, uma visão abrangente do assunto, ou que devem falar ou escrever. Os tesouros di-
harmonia com as mensagens previamente resumiu convenientemente os pormenores, vinos são deste modo confiados a vasos ter-
inspiradas.42 Uso de Fontes Comuns de Informação suas palavras foram citadas textualmente; restres, sem contudo nada perderem de sua
Assim sendo, sola Scriptura significa que Quando Deus fala aos profetas, não instala nalguns outros casos, porém, não se nomeou origem celestial.”58
tudo quanto reivindica a autoridade divina um dicionário ou enciclopédia na mente de- o autor, visto como as transcrições não são De certo modo, Deus não esperava que o
deve satisfazer a norma das mensagens profé- les. Os profetas recebem a mensagem inspi- feitas com o propósito de citar aquele escritor escritor bíblico “reinventasse a roda”. Ele ins-
ticas previamente aceitas. Apelos a senti- rada e dão o melhor de si para transmitir es- como autoridade, mas porque sua declaração pirou Paulo a tomar emprestado dos livros
mentos pessoais ou experiências surpreen- sa mensagem numa forma de linguagem e provê uma apresentação pronta e positiva do apócrifos para desenvolver uma parte subs-
dentes, por um lado,43 ou apelos a autoridades pensamento que faça justiça à mensagem. assunto. Narrando a experiência e perspecti- tancial do capítulo 1 de Romanos. Inspirou-o
humanas tais como concílios eclesiásticos ou Alguns (como Pedro) precisavam de outros vas dos que levam avante a obra da reforma a encontrar material útil, pelo menos para os
teólogos respeitados, por outro, não são, em si que os ajudassem com a gramática;47 outros em nosso próprio tempo, fez-se uso semelhan- ouvintes de seus dias, nos targuns judaicos
mesmos, evidência de que Deus falou. (como Lucas) reuniram todos os dados dis- te de suas obras publicadas.”56 (tradução aramaica ou paráfrase de uma por-
O slogan “A Bíblia e somente a Bíblia” sig- poníveis de fontes contemporâneas a fim de Como todos os profetas, Ellen White teve ção do Antigo Testamento) no desenvolvi-
nifica que todos os profetas posteriores teriam apresentar a verdade que ardia dentro de- que se valer da linguagem humana para co- mento de I Coríntios 10:1-4 e II Timóteo 3:8.
suas mensagens julgadas pela sua fidelidade às les.48 Paulo citou escritores contemporâneos municar os grandiosos pensamentos e pano- Inspirou João a encontrar generosa ajuda de
mensagens anteriores. Esta expressão tam- para estabelecer melhor contato com seu pú- ramas abrangentes que ela viu em visão ou fontes contemporâneas tais como os targuns
bém significa que tudo quanto a Bíblia ensi- blico grego.49 percebeu em outras ocasiões de comunicação e I Enoque. Se a linguagem já disponível pa-
na deve ser honrado, inclusive sua declaração Os escritores do Antigo Testamento de- divina. Sua capacidade de prover linguagem recia ajudar o autor bíblico a levar avante a
de que o “dom de profecia” continuaria até o pendiam muitas vezes de relatos orais ou do- e estilo apropriado amadureceu com o passar preparação de sua mensagem, ele prudente-
fim do tempo. Assim sendo, sola Scriptura não cumentos anteriores para preparar suas men- dos anos, conforme qualquer estudo de seus mente a copiava para seu propósito. Sem
significa que Deus não pretenda dar informa- sagens. Moisés não precisou de visões para manuscritos pessoais e escritos publicados o dúvida, muitos de seus contemporâneos reco-
ções adicionais a homens e mulheres por descrever a história do seu nascimento nem demonstra. De vez em quando, ela reconhe- nheciam rapidamente de onde o escritor ha-
meio do “dom de profecia”, pois isso consti- para contar as narrativas históricas do Gêne- cia que outros haviam escrito com beleza e via copiado seu material. Para aqueles que
tuiria um falso raciocínio; seria negar um sis. Os livros de Josué e Juízes foram provavel- precisão sobre certos assuntos que ela queria recebiam a mensagem do profeta, esse em-
princípio bíblico.44 mente compilados durante a monarquia de deixar claro em seus escritos. Para melhor re- préstimo não constituía problema: eles viam
Os primeiros adventistas sabiam que acei- Davi, de acordo com a evidência interna. Os vestir essas verdades reveladas por Deus, to- o conceito geral da mensagem do escritor.
tar Ellen White como mensageira de Deus le- autores de Reis e Crônicas usaram obviamen- mava emprestadas certas expressões. Colocar É provável que muitos nos dias de Cristo
varia outros grupos cristãos a equívocos. No te fontes a que muitas vezes haviam feito re- a verdade tanto quanto possível junto com a reconhecessem as referências a fontes extra-
início do ministério de sua esposa, Tiago ferência. Na verdade, os escritores às vezes fa- graça humana era sempre a motivação que a bíblicas que Ele empregava para desenvolver
White deixou claro que o cristão “deve orar ziam citações de outros livros do Antigo Tes- compelia. Suas mensagens, mensagens estas que eram
fervorosamente para que o Espírito Santo o tamento sem mencionar a fonte: compare Alguns têm levantado duas perguntas a verdadeiramente originais. Mas o fato de Ele
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usar fontes nada tinha a ver com a autorida- cupada” com E. S. Ballenger, ex-gerente do Pa- apresentando aquilo que o Senhor me tem muita coisa presente nos livros foi primeira-
de ou originalidade de Suas mensagens.59 radise Valley Sanitarium. Ela escreveu que Ballen- apresentado. Não escrevo nenhum artigo, ex- mente escrita sob a forma de artigo.64
O material emprestado tornava-se inspira- ger estava “negando os testemunhos como um pressando meramente minhas próprias idéias. Também está evidente que os escritores da
do? Somente no sentido de ajudar o escritor todo pelo que se lhe assemelhava uma incoe- Eles são o que Deus me tem mostrado em visão Bíblia “misturavam” fontes extrabíblicas com
a apresentar sua mensagem mais claramente. rência – uma declaração feita por mim com re- – os preciosos raios de luz que brilham do tro- as mensagens recebidas em visões. Ninguém
no.’ Isto é verdade quanto aos artigos de nossas pode, portanto, descartar a obra de um profe-
Isso pode levar a outra pergunta: por que Pau- lação ao número de quartos no Paradise Valley
revistas e aos muitos volumes de meus livros.”63 ta pelo fato de algum trecho do livro conter
lo e João não atribuíram crédito aos autores Sanitarium”. Em uma carta anterior, ela havia Quando está dando conselho espiritual, a material de outras fontes além da revelação
do material que copiaram? Talvez eles acredi- comentado que o hospital tinha quarenta quar- Sra. White não faz distinção entre a inspira- divina. Se os profetas incluem os escritos de
tassem, à semelhança de Ellen White, que tos, quando ele só possuía trinta e oito. ção de seus livros, artigos ou cartas. Isso eli- outras pessoas para expressar melhor a verda-
“cada raio de pensamento, cada lampejo do “A informação quanto ao número de mina a atitude adotada por alguns de que so- de, esse material não deve ser considerado
intelecto, procede da Luz do mundo”.60 Esta quartos no Paradise Valley Sanitarium”, mente os livros seriam inspirados. Aqueles apenas “comum”, na acepção em que temos
convicção de que Deus é o Autor de toda continua ela, “foi dada, não como uma reve- que assim raciocinam se esquecem de que usado o termo.
verdade pode ter sido a única razão para não lação vinda do Senhor, mas simplesmente
sentirem a necessidade de referenciar seus como uma opinião humana. Nunca me foi Referências
freqüentes empréstimos. revelado o número exato dos quartos de 1. Raoul Dederen, “Introduction to Hermeneutics”, A Sympo- 12. Ibidem, pág. 19.
qualquer de nossos hospitais; e o conheci- sium on Biblical Hermeneutics, ed. Gordon M. Hyde 13. Ibidem.
Distinguindo Entre o Sagrado e o Comum (Washington, D.C.: Biblical Research Institute, 1974), págs. 14. Manuscrito 24, 1891, citado em MR, vol. 19, pág. 253.
mento que tenho obtido dessas coisas, tive
1 e 2. 15. O Desejado de Todas as Nações, pág. 302. “A percepção e
Os profetas obviamente misturam informa- indagando dos que se esperava que soubes- 2. O Maior Discurso de Cristo, pág. 1. apreço da verdade, disse Ele [João 7:17], depende menos da
ções comuns e cotidianas com a mensagem sem. ... Misturar, porém, o sagrado com o co- 3. Para um estudo das regras da hermenêutica, ver Gerhard F. mente, que do coração. A verdade deve ser recebida na al-
divina. Quando Paulo se referia com apreço Hasel, “Principles of Biblical Interpretations”, A Symposium ma; exige a homenagem da vontade. Se a verdade pudesse
mum é um grande erro. Podemos ver na ten-
on Biblical Hermeneutics, ed. Gordon M. Hyde (Washington, ser submetida unicamente à razão, o orgulho não serviria de
às pessoas de sua época, essa não era a men- dência para isso a atuação do inimigo para D.C.: Biblical Research Institute, 1974), págs. 163-193; Mi- obstáculo à recepção da mesma. Mas deve ser recebida me-
sagem divina. Quando pediu a Timóteo para destruir as almas.”62 roslav M. Kis, “Biblical Interpretation and Moral Autho- diante o atuar da graça no coração; e sua recepção depende
levar a capa e os livros que havia deixado em rity”, Journal of the Adventist Theological Society, outono de
Aqueles que estudam os escritos proféti- da renúncia de todo pecado que o Espírito de Deus revela.”
1995, págs. 52-62. George R. Knight, Reading Ellen White: – Ibidem, pág. 455. Ver também págs. 312 e 313.
Trôade e a “vir antes do inverno”, isso era cos devem saber separar o sagrado do co- How to Understand and Apply Her Writings (Hagerstown, 16. Manuscrito 4, 1896, citado em MR, vol. 4, pág. 56. Jon Pau-
conversa comum, cotidiana (II Tim 4:9-21). mum. Algumas vezes a pergunta é feita em MD: Review and Herald Publishing Association, 1997). lien, no início de uma lista de princípios hermenêuticos, es-
Quando lemos a genealogia das famílias de 4. Quintiliano, um mestre em história da teoria persuasiva, es-
termos do que é inspirado e do que não é. creveu: “Ore fervorosamente por uma atitude de aprendiza-
creveu no primeiro século: “Devemos esmerar-nos, não para gem e receptividade à orientação do Espírito Santo sempre
Israel desde Adão, estamos lendo informação (Obviamente a distinção não se deve basear que [o leitor ou ouvinte] tenha condições de entender, mas
que pegar a Bíblia para estudo profundo. Sem a oração e a
histórica comum, não uma mensagem dada em nossa concordância ou discordância com para que seja absolutamente impossível que ele não enten-
iluminação do Espírito Santo, mesmo a obra do mais consu-
por revelação. (I Crôn. 1-8.) da!” – The Institutio Oratorio of Quintilian, livro 8, cap. 2, Nos
um trecho específico dos escritos de um pro- mado sábio pode sutilmente desencaminhar. As idéias divi-
23 e 24 (traduzido por John A. Broadus, On the Preparation
Ellen White reconhecia esta distinção feta.) O incidente de 1909, envolvendo os of Sermons, edição revisada por Jesse Burton Weatherspoon
nas não podem, por natureza, ser conhecidas a fundo por
mentes seculares. Tenho uma oração que me parece útil: ‘Se-
entre a informação comum e a mensagem di- quartos do Paradise Valley Sanitarium, é um [New York: Harper and Brothers, 1944]), pág. 241.
nhor, ajuda-me a encontrar a verdade deste assunto, não im-
vina: “Há vezes, porém, em que devem ser exemplo de uma referência “comum”. En- 5. “Isto não significa... que o escritor original ou público origi-
porta o preço.’ Conhecer a verdade custará a você alguma
nal tenha entendido inteiramente o propósito de Deus em
declaradas coisas comuns, pensamentos co- contramos outros exemplos nas centenas de revelar-lhes o futuro. Mas o que Deus nos diria sobre o fim
coisa, mas vale a pena o sacrifício de entender a mente de
Deus.” – What the Bible Says About the End-Time, pág. 37.
muns precisam ocupar a mente, cartas cartas em que a Sra. White fala do clima, lis- [do mundo] não contradirá o que disse a eles. ... Ler esses tex-
(Ver também Jon Paulien, “The Interpreter’s Use of the
comuns precisam ser escritas e informações ta de compras, jardim ou dos netos. Contu- tos como se tivessem sido escritos exclusivamente para nós é
lançar-nos numa experiência bizarra que pode parecer bíbli- Writings of Ellen G. White”, ed. Frank B. Holbrook, Sympo-
dadas, as quais passaram de um a outro dos do, mais cedo ou mais tarde, ela dirigia o ca, mas que de fato nos leva para longe da verdade.” – Jon sium on Revelation, livro 1 (Silver Spring, MD: Biblical Re-
obreiros. Tais palavras, tais informações, não pensamento do leitor para as necessidades Paulien, What the Bible Says About the End-Time (Hagers- search Institute, 1992).
town, MD: Review and Herald Publishing Association, 17. “Sem a iluminação do Espírito, os homens não estarão aptos
são dadas sob a inspiração especial do Espíri- espirituais dele ou alguma atividade da igre- para distinguir a verdade do erro, e serão presa das tentações
1994), pág. 36.
to de Deus. São por vezes feitas perguntas ja. Essa mudança de assunto constituía, para 6. “Explicar a Bíblia pela Bíblia... era o grande princípio da Re- sutis de Satanás.” – Parábolas de Jesus, págs. 408-411.
que não dizem respeito absolutamente a as- os leitores, claro sinal de que agora estavam forma.” – D’Aubigné, History of the Reformation, pág. 501. 18. “Sempre que os homens não estejam buscando, na pala-
7. Somos gratos pelo fato de Ellen White ter vivido numa épo- vra e nos atos, estar em harmonia com Deus, então, por
suntos religiosos, e estas perguntas precisam ouvindo uma mensagem que ia além dos te- mais eruditos que sejam, estão sujeitos a errar em sua ma-
ca anterior ao uso generalizado de telefones, e-mails e botões
ser respondidas. Conversamos acerca de ca- mas “comuns”. de deletar nos computadores. O que normalmente seria neira de entender a Escritura, e não é seguro confiar em
sas e terras, negócios a serem feitos, locais Apenas uma pequena porcentagem dos es- transmitido hoje por uma breve chamada telefônica, exigia suas explanações.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 5,
na época um documento escrito. pág. 705 (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 309). “Crer
para nossas instituições, suas vantagens e critos publicados de Ellen White trata de te-
8. Ver págs. 16, 120, 173 e 421. não é um ato intelectual; crer é um ato moral por meio do
desvantagens.”61 mas “comuns”, como alguém pode facilmen- 9. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 17. qual deliberadamente me comprometo. ... A crença deve
Esta distinção apareceu em 1909, em uma te ver. Ela podia escrever: “‘Nestas cartas que 10. Ibidem, pág. 20. ser a vontade de crer.” – Chambers, My Utmost for His
carta na qual Ellen White se mostrava “preo- escrevo, nos testemunhos que dou, estou lhes 11. Ibidem, pág. 18. Highest, pág. 265.

380 381
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VI
CAPÍTULO 32 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira PRINCÍPIOS BÁSICOS

19. “Não podemos manter a opinião de que uma posição uma vez riada. ... As diferenças têm levado as pessoas a concluir que 43. “A própria obra do Espírito Santo no coração deve ser prova- Borrows From ExtraBiblical Sources: A Brief Survey of Bibli-
assumida, uma vez advogada a idéia, não deve, sob qualquer certas partes da Bíblia são inspiradas por Deus, ao passo que da pela Palavra de Deus. O Espírito que inspirou as Escritu- cal Evidence”, Andrews University, 1982.
circunstância, ser abandonada. Há apenas Um que é infalí- outras são meramente humanas e que, portanto, podemos ras leva sempre às Escrituras.” – General Conference Daily 55. O Grande Conflito, pág. 13.
vel.” – Testemunhos Para Ministros, pág. 105. obter a pura Palavra de Deus, separando as duas. Bulletin, 13 de abril de 1891, citado em Mensagens Escolhidas, 56. Ibidem, págs. 13 e 14. As referências àquelas “de nosso pró-
20. “Em cada época há novo desenvolvimento da verdade, uma “Mas os dois aspectos da Escritura, o divino e o humano, vol. 1, pág. 43. prio tempo” incluiriam obras como as de J. N. Andrews e
mensagem de Deus para essa geração. As velhas verdades são são inseparáveis. A Bíblia não é uma combinação das pala- 44. “Nos tempos antigos, Deus falou aos homens pela boca de Uriah Smith.
todas essenciais; a nova verdade não é independente da an- vras de Deus e das palavras dos homens. Ela expressa a Pala- Seus profetas e apóstolos. Nestes dias Ele lhes fala por meio 57. Ver págs. 16, 120, 173, 375, 376 e 421. Harold Lindsell es-
tiga, mas um desdobramento dela. Só compreendendo as ve- vra de Deus em palavras de homens. Elimine o humano, e es- dos Testemunhos do Seu Espírito. Não houve ainda um tem- creveu: “Quando dizemos que a Bíblia é a Palavra de Deus,
lhas verdades é que podemos entender as novas.” – Parábolas tará também eliminando o divino. po em que mais seriamente falasse ao Seu povo a respeito de não faz diferença se os escritores das Escrituras obtiveram sua
de Jesus, pág. 127. “Embora grandes e talentosos autores te- “A união do divino e do humano na Bíblia é parecida Sua vontade e da conduta que este deve ter.” – Testemunhos informação por revelação direta de Deus, como no caso do li-
nham tornado conhecidas verdades maravilhosas, e tenham com a combinação genética de dois pais numa criança. Al- Para a Igreja, vol. 5, pág. 661 (Mensagens Escolhidas, livro 3, vro de Apocalipse, ou se pesquisaram o assunto como Lucas,
apresentado ao povo aumentado esclarecimento, ainda em gumas coisas na criança lembram a mãe, enquanto outras pág. 30). ou se obtiveram seu conhecimento de fontes existentes, re-
nossos dias encontramos novas idéias.” – Review and Herald, lembram o pai. Não há, porém, maneira de separar os dois 45. Review and Herald, 21 de abril de 1851; ver também ibidem, gistros de tribunais ou até mesmo verbalmente. A pergunta
3 de junho de 1890 (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 403). sem fazer violência à pessoa envolvida.” – The Reign of God 28 de fevereiro de 1856. que devemos fazer, independentemente de onde tenha obti-
21. “Aparecerá um, e ainda outro, com nova iluminação, que (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1985), 46. Roy Graham, “How the Gift of Prophecy Relates to God’s do seu conhecimento, é se o que eles escreveram é confiá-
contradiz aquela que foi dada por Deus sob a demonstração pág. 26. Word”, Adventist Review, 14 de outubro de 1982. “Durante os vel.” – The Battle for the Bible (Grand Rapids, MI: Zondervan
de Seu santo Espírito. ... Não devemos receber as palavras 30. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 25. Ver O Grande Confli- séculos em que as Escrituras do Antigo Testamento bem co- Publishing House, 1976), pág. 20. Robert Nicole declarou:
dos que vêm com uma mensagem em contradição com os to, pág. 8. mo as do Novo estavam sendo dadas, o Espírito Santo não “Se Deus não guiou os escritores sagrados na escolha do ma-
pontos especiais de nossa fé. Eles reúnem uma porção de pas- 31. Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 25 e 26. Ver O Grande cessou de comunicar luz a mentes individuais, independente- terial que eles resolveram incorporar em seu texto, então se-
sagens, e amontoam-na como prova em torno das teorias que Conflito, pág. 8. mente das revelações a serem incorporadas no Cânon Sagra- rá para sempre impossível distinguir entre o que é realmente
afirmam. Isto tem sido repetidamente feito durante os cin- 32. Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 24-31. do. A Bíblia mesma relata como, mediante o Espírito Santo, a Palavra de Deus e o que pode ser simplesmente um relato
qüenta anos passados. E se bem que as Escrituras sejam a Pa- 33. Ibidem, págs. 16 e 20. “Definir inspiração é como tentar cap- os homens receberam advertências, reprovações, conselhos e preciso de uma fonte falível. Na medida em que qualquer ma-
lavra de Deus, e devam ser respeitadas, sua aplicação, uma turar o arco-íris. Ainda que empenhemos nossos melhores instruções, em assuntos de nenhum modo relativos à conces- terial aparece endossado pelo escritor sagrado, isto deve ser
vez que mova uma coluna do fundamento sustentado por esforços, haverá sempre um fator impalpável, um elemento são das Escrituras. E faz-se menção de profetas de épocas vá- visto como sendo também endossado por Deus.” – Inerrancy
Deus estes cinqüenta anos, constitui grande erro.” – Mensa- de mistério. Os escritos inspirados podem ser conhecidos, rias, de cujos discursos nada há registrado. Semelhantemen- and Common Sense (Grand Rapids, MI: Baker Book House,
gens Escolhidas, livro 1, pág. 161. mas nunca compreendidos totalmente. Ao contrário, são te, após a conclusão do cânon das Escrituras, o Espírito San- 1980), pág. 89.
22. Carta 83, 1890, citada em MR, vol. 9, pág. 330. eles que nos compreendem, pois, por meio deles, Deus fala à to deveria ainda continuar a Sua obra esclarecendo, adver- 58. O Grande Conflito, págs. 7 e 8.
23. Ver págs. 16, 120, 173 e 421. humanidade.” – William G. Johnsson, “How Does God tindo e confortando os filhos de Deus.” – O Grande Conflito, 59. Para um estudo da relação entre as parábolas rabínicas judai-
24. Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 19-21. “Os homens dirão Speak?” Ministry, outubro de 1981. pág. 10. cas e as parábolas de Jesus, ver Harvey K. McArthur & Ro-
muitas vezes que tal expressão não é própria de Deus. Ele, po- 34. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 37. “Unicamente Deus e 47. Ver págs. 14 e 15. Para o emprego de revisores de texto por bert M. Johnston, They Also Taught in Parables (Grande Ra-
rém, não Se pôs à prova na Bíblia em palavras, em lógica, em o Céu são infalíveis.” – Ibidem. parte de Ellen White, ver pág. 109. pids, MI: Zondervan Publishing House, 1990). “A originali-
retórica. Os escritores da Bíblia foram os instrumentos de 35. Anabatistas sabatistas na década de 1520 afirmaram que o 48. Ellen White pedia a seus contemporâneos que a ajudassem dade dos ensinamentos de Cristo, que é abundantemente
com datas e outras informações. Às vezes, ela enviava um clara nos relatos do Evangelho, não O impede de incorporar
Deus, não Sua pena.” – Ibidem, pág. 21. Antigo e o Novo Testamentos eram indivisíveis. “Sob esse
rascunho de original do material autobiográfico para amigos em Seu ensino muita coisa boa usada pelos mestres anterio-
25. Ibidem, pág. 22. ponto de vista, eles estavam bem adiantados para o seu tem-
que “se achavam presentes quando ocorreram as circunstân- res.” – W. D. E. Oesterley, The Testament of the Twelve Pa-
26. Ibidem, pág. 20. “Escritos em diferentes séculos, por homens po.” – Gerhard Hasel, “Sabbatarian Anabaptists of the Six-
cias relatadas, para que os examinassem antes que fossem pa- triarchs (London: SPCK, 1925), pág. xxi.
que diferiam largamente em posições e em ocupação, bem teenth Century: Part II”, Andrews University Seminary Stu-
ra o prelo”. Se eles encontrassem “declarações incorretas nes- 60. Educação, pág. 14.
como nos dotes mentais e espirituais, os livros da Bíblia apre- dies, 6 (1968), pág. 28.
te livro”, comunicavam-nas “imediatamente” a ela. – Mensa- 61. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 39.
sentam vasto contraste no estilo, assim como diversidade 36. O Grande Conflito, pág. 243 (Testemunhos Seletos, vol. 3, pág.
gens Escolhidas, livro 3, pág. 58. Ver pág. 111. 62. Ibidem, pág. 38.
quanto à natureza dos assuntos desenvolvidos. Formas dife- 238.
49. Para exemplos de Paulo usando fontes extrabíblicas, ver co- 63. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 29.
rentes de expressão foram empregadas pelos vários escritores; 37. Ibidem, pág. 249; ver também págs. 89, 291 e 596. “[Lutero]
mentários sobre Atos17:28; I Cor. 15:32 e Tito 1:12 em 64. Em 1897 Ellen White escreveu da Austrália a John Wessels
muitas vezes a mesma verdade é apresentada de maneira mais declarava firmemente que os cristãos não deveriam receber
SDABC, vol. 6. na África do Sul, sugerindo que ele fosse à Austrália ajudar
impressionante por um que por outro. E ao apresentarem vá- outras doutrinas senão as que se apóiam na autoridade das
50. Para um cuidadoso exame de fontes extrabíblicas, ver Delmer no estabelecimento da obra do hospital. A carta incluía as-
rios escritores um assunto sob diversos aspectos e relações, Sagradas Escrituras. Estas palavras feriram o próprio funda- A. Johnson, “The Sources of Inspired Writings”, Adventist suntos que lhe haviam sido mostrados a respeito da família
poderá talvez parecer ao leitor superficial, descuidoso ou pos- mento da supremacia papal. Continham o princípio vital da Review, 30 de dezembro de 1982. dele, mas algumas coisas não haviam sido mostradas e ela
suído de preconceito, ser discrepância ou contradição, aqui- Reforma.” – Ibidem, pág. 126. 51. Compare Romanos 1:20-31; 9:20-22 com A Sabedoria de deixou isto bem claro: “Não me foi dada a mensagem: Man-
lo em que o estudioso refletido, reverente, de mais clara vi- 38. Ibidem, págs. 126 e 186. Salomão. – C. H. Dodd, “The Epistle of Paul to the Ro- de chamar o irmão John Wessels para que venha à Austrália.
são, discerne o fundamento harmônico.” – Ibidem, pág. 25. 39. Primeiros Escritos, pág. 78 (1851). mans”, em Moffatt’s New Testament Commentary. James Mof- Não; portanto, não digo: Sei que este é o seu lugar. Mas é
Gottfried Oosterwal observou: “Sempre que Deus Se revela, 40. Biography, vol. 6, pág. 197. Em 1898, relatando as reuniões fatt, ed. (Londres: Hodder and Stoughton, 1932), VI, pág. meu privilégio expressar meus desejos, mesmo que diga: Não
Ele o faz na roupagem cultural das pessoas que vão receber evangelísticas de Newcastle em N. S. W., Austrália, Ellen 27; Bruce M. Metzger, An Introduction to the Apocrypha (New falo por mandamento. Não quero, porém, que venha devido
Sua mensagem. ... Embora assuma as diversas formas da cul- White escreveu: “Não ocultamos de forma alguma o nosso York: Oxford University Press, 1957), pág. 160. a alguma persuasão da minha parte. Desejo que busque fervo-
tura humana, a verdade de Deus, em si mesma, vem de fora estandarte da verdade. Deixamos as pessoas saberem que so- 52. Compare muitas referências em Romanos, II Coríntios, Efé- rosamente ao Senhor e siga então aonde Ele o guiar. Quero
dessa cultura. Algumas vezes permanece sobre ela, outras mos adventistas do sétimo dia porque cremos na Bíblia. A sios, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I Timóteo, Hebreus, que venha quando Deus disser: Venha, e nenhum momento
contra ela. Esteja, porém, dentro ou fora, acima ou contra, Bíblia e somente a Bíblia é o fundamento de nossa fé. Antes Judas e Apocalipse com I Enoque. – Leonard Rost, Judaism antes. Entretanto, é meu privilégio apresentar as necessida-
ela sempre a transcende. Revelação e cultura, integradas co- de essas reuniões terminarem, o povo saberá por meio das Es- Outside the Hebrew Canon (Nashville, TN: Abingdon, 1976), des da obra de Deus na Austrália. ... Aqui deve ser efetuada
mo estão, relacionam-se uma com a outra como a sombra e a crituras por que somos um povo especial. A Palavra é o fun- pág. 200; R. H. Charles, The Apocrypha and Pseudepigrapha of uma obra, e se o irmão não é a pessoa designada para realizá-
substância, o significado e a forma, o conteúdo e o vaso que damento de nossa fé.” – Ibidem, vol. 4, pág. 374. the Old Testament (Oxford: Clarendon Press, 1913), II, la, ficarei plenamente conformada ao saber que se dirigiu pa-
o carrega.” – “Gospel, Culture, and Mission”, Ministry, outu- 41. Damsteegt, “Ellen White on Theology”, Journal of the Adven- pág. 180. ra alguma outra localidade. Foi-me mostrado que seria me-
bro de 1989, pág. 22. Ver também Niels-Erik Andreasen, tist Theological Society, outono de 1993, pág. 129. 53. R. H. Charles, The Testaments of the Twelve Patriarchs (Lon- lhor para o irmão e para os outros membros da família de sua
“From Vision to Prophecy”, Adventist Review, 28 de janeiro 42. “A Bíblia deve ser o seu conselheiro. Estudem-na e os Teste- don: SPCK, 1925), pág. 39. mãe estarem em outro local, porque onde estão, a companhia
de 1982. munhos que Deus tem dado; pois eles nunca contradizem 54. William Barclay, The Letters to the Corinthians (Philadelphia: e as associações não são as mais favoráveis para a saúde espi-
27. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 20. Sua Palavra.” – Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 32. “Se os The Westminster Press, 1975), pág. 88; Martin McNamara, ritual deles.” – Carta 129, 1897, partes da qual podem ser en-
28. Ibidem, pág. 25. Ver O Grande Conflito, págs. 7 e 8. Testemunhos não falarem de acordo com a Palavra de Deus, The New Testament and the Palestinian Targum to the Penta- contradas em Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 58 e 59. Te-
29. Richard Rice escreveu: “O caráter divino-humano das Escri- rejeitem-nos. Cristo e Belial não se unem”. – Testemunhos teuch (Rome: Pontifical Biblical Institute, 1966), págs. 83 e mos aqui um bom exemplo (similar à experiência de Paulo
turas é incompatível com a idéia de que a Bíblia é uma mis- Para a Igreja, vol. 5, pág. 691 (Mensagens Escolhidas, livro 3, 85. Sylvester Q. Case forneceu uma útil resenha de algumas registrada em I Cor. 7:6) no qual Ellen White faz clara dife-
tura do humano e do divino. A Bíblia tem uma textura va- pág. 32). fontes extrabíblicas num ensaio inédito: “When a Prophet rença entre sua opinião e a informação revelada.

382 383
SEÇÃO VI
CAPÍTULO 32
Como Escutar a Mensageira PRINCÍPIOS BÁSICOS

Perguntas Para Estudo

1. Qual é uma definição simples de “hermenêutica”?

2. Como distinguir entre o que um escritor “quis dizer” e o que seus escritos “querem dizer”
hoje?

3. Que cinco sugestões apresentou Ellen White acerca da “atitude correta” a ser adotada
quando se estuda a verdade?

4. Como você definiria a diferença entre inspiração “verbal” e “do pensamento”?

5. Como o leitor pode distinguir entre material “comum/secular” e “inspirado” nos escritos
de um profeta?

6. Em que sentido os reformadores protestantes usavam a expressão “a Bíblia e somente a


Bíblia”? Como Ellen White a emprega?

7. Qual a diferença entre os seguintes termos: “infalibilidade”, “inspirado”, “revelação” e


“iluminação”?

384
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VI

33
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Escutar a Mensageira
pesquisa, é freqüente o costume de falar de a respeito de como os profetas trabalham com
maneira vaga e inexata. Este é, por vezes, o materiais históricos.
caso das distâncias convencionalmente Essa declaração não somente explica as
aceitas de lugar em lugar e dos relatos co- mudanças efetuadas na edição de 1911 de O
muns de fenômenos na história natural, Grande Conflito, como também revela o pare-
Hermenêutica/2 etc. Ora, em assuntos desta espécie, os cer de Ellen White a respeito da forma em que
evangelistas e apóstolos não recebiam in- ela e os outros profetas faziam seu trabalho.

Regras Básicas de formações sobrenaturais, mas eram deixa-


dos, como outros, para serem guiados por
suas próprias faculdades naturais. ... O te-
W. C. White disse: “Mamãe nunca preten-
deu ser autoridade em História. As coisas que
ela escreveu são descrições de rápidas cenas e

Interpretação – Internas souro nos pertence, em toda a sua riqueza:


mas é nosso como somente pode ser nas im-
perfeições da linguagem humana, nas limi-
outras apresentações que lhe foram dadas
quanto às ações dos homens, e a influência
dessas ações sobre a obra de Deus para a sal-
tações do pensamento humano, na varieda- vação dos homens, com vistas da história pas-
“A obra de explicar a Bíblia pela própria Bíblia é a obra que deve ser feita por todos os nossos pas- de que incide primeiramente no caráter in- sada, presente e futura em suas relações com
tores que têm plena consciência dos tempos em que vivemos.” 1 dividual e depois na múltipla transcrição e esta obra. Em ligação com o ato de escrever
no lapso das eras.”5 essas visões, ela fez uso de declarações histó-
Em outras palavras, a fase humana do sis- ricas boas e claras, a fim de ajudar a esclare-

E
m sua introdução ao Grande Conflito, acontecimentos para preencher a história do tema divino-humano de comunicação será cer ao leitor as coisas que se esforça por
escrita por ela mesma, Ellen White re- grande conflito. Como Lucas fez pesquisa nas assaltada por ocasionais discrepâncias –
gistrou como “as cenas do prolongado melhores fontes para completar sua Vida de apresentar. Quando eu era simples menino,
simplesmente por causa da finitude huma- ouvi-a ler para papai a História da Reforma de
conflito entre o bem e o mal” lhe haviam si- Cristo (Luc. 1:1-4), assim a Sra. White fez o na. O eloqüente sermão de Estêvão (Atos
do reveladas: “De quando em quando me foi que todos os profetas fazem quando recebem D’Aubigné. … Leu outras histórias da Refor-
7) contém uma referência superficial ao nú- ma. Isso a ajudou a localizar e descrever mui-
permitido contemplar a atuação, nas diversas uma mensagem que devia ser transmitida em mero (75) de membros da família de Jacó
épocas, do grande conflito entre Cristo... e palavras humanas e compreendida por ho- tos dos acontecimentos e movimentos a ela
que entrou no Egito para viver com José.
Satanás.”2 mens e mulheres orientados historicamente. apresentados em visão. Isso é um tanto seme-
Deste modo, buscamos em Lucas, não neces- Contudo, a referência de Gênesis (46:27)
lhante à maneira pela qual o estudo da Bíblia
Como os Profetas Vêem a História sariamente a exatidão histórica de todas as declara que 70 foram as pessoas da família
a ajuda a localizar e descrever as muitas apre-
Como “contemplou” ela essas poderosas ce- afirmações, mas a contribuição que ele fez ao de Jacó que subiram ao Egito. Que concluí-
sentações simbólicas que lhe foram dadas
nas? “À medida que o Espírito de Deus me ia conceito geral, a mensagem sobre o ministé- mos desta diferença? Se crermos que o Gê-
quanto ao desenvolvimento do grande con-
revelando à mente as grandes verdades de Sua rio de Jesus.4 nesis é a única fonte histórica de que os ju-
deus do primeiro século dispunham para flito de nossos dias entre a verdade e o erro.
Palavra e as cenas do passado e do futuro, era-
me ordenado tornar conhecido a outros o que Possíveis Discrepâncias essa informação, então simplesmente en-
Nenhuma Reivindicação à Inspiração Verbal
assim fora revelado.”3 Haveria exemplos de possíveis erros? Prova- tendemos que o Espírito Santo (o Espírito
Quantos pormenores ela viu? A evidência velmente. Henry Alford, o respeitado escritor “Minha mãe nunca fez reivindicações à
de Profecia) orientou Estêvão a relatar o
é de que ela contemplava grandes “cenas”, de New Testament for English Readers, escreveu: conceito geral, sem interferir nos pormeno- inspiração verbal, e não vejo que meu pai,
embora nem sempre “visse” os pormenores “Dois homens podem ser igualmente levados res. Os profetas não se tornam necessaria- ou o Pastor Bates, Andrews, Smith ou
envolvendo datas e talvez locais geográficos. pelo Espírito Santo a registrar os acontecimen- mente “autoridades” em dados históricos. O Waggoner as fizessem. Caso houvesse inspi-
O mesmo aconteceu com Isaías ao lutar com tos da vida de nosso Senhor para nossa edifica- valor inspirativo deles reside nas mensagens ração verbal ao ela escrever seus manuscri-
as palavras para descrever o trono de Deus ção, e um deles crer e registrar que a visita aos que comunicam, não em alguns pormenores tos, por que haveria de sua parte o trabalho
(Isaías 6) e com Daniel ao tentar descrever as gadarenos aconteceu antes do chamado de incidentais ao conceito geral. de acréscimo ou de adaptação? Verdade é
aterradoras visões das bestas e dos chifres. Mateus, enquanto o outro coloca o incidente que mamãe muitas vezes toma um de seus
Ellen White via o quadro geral, os conceitos depois daquele acontecimento; um, ao narrar manuscritos e o lê atentamente, fazendo
Declaração de W. C. White de 1911
básicos, o âmbito global das forças do bem e o episódio, pode mencionar dois endemoni- acréscimos que desenvolvem ainda mais o
do mal atuando na história humana. Sua ta- nhados; e o outro, apenas um. ... Dirigindo-se ao Concílio da Associação Ge-
ral em 1911, W. C. White apresentou uma pensamento. ...
refa era “preencher” este conceito geral me- “E essas observações não se limitam ape-
“declaração a respeito da mais recente edição “O contato de minha mãe com o povo eu-
diante pesquisa na história bíblica e nas fon- nas à maneira como a história evangélica foi
tes comuns de informação histórica. organizada. Há determinados pontos secundá- inglesa de O Grande Conflito”.6 Se esta decla- ropeu trouxe-lhe à mente uma porção de coi-
Como Deus não deu a Daniel palavras pa- rios de exatidão ou inexatidão sobre os quais ração tivesse sido estudada mais plenamente sas que lhe haviam sido apresentadas em vi-
ra descrever as bestas de Daniel 7, assim Ele a pesquisa humana teria sido suficiente para e mais amplamente divulgada, poderia, ao são durante os anos passados, algumas delas
não deu a Ellen White as datas históricas e os esclarecer, mas sobre os quais, por falta dessa longo dos anos, ter impedido muito equívoco duas ou três vezes, e outras cenas, muitas ve-

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SEÇÃO VI
CAPÍTULO 33 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira REGRAS BÁSICAS DE
INTERPRETAÇÃO – INTERNAS

zes. Sua contemplação de lugares históricos e crição e delineação do que Deus revelou a tâncias” aplicam-se ao contexto externo con- “nem ainda o mundo todo poderia conter os
seu contato com o povo reavivaram-lhe a ela em visão, e onde ela seguiu a descrição forme veremos daqui a pouco. livros que seriam escritos”. João 21:25. A hi-
memória no tocante a essas coisas, e assim ela de historiadores ou a exposição de escritores pérbole é um recurso literário usado do come-
desejou acrescentar muito material ao livro adventistas, creio que Deus lhe deu discerni- Evidências Internas: ço ao fim da Bíblia.15
[O Grande Conflito].”7 mento para usar aquilo que é correto e que • Regra Um: Reconheça que a Bíblia e os Ellen White usou a proporção de “um em
Alguns meses depois, W. C. White escre- está em harmonia com a verdade acerca de escritos de Ellen White são o produto da inspira- vinte” pelo menos cinco vezes, e “um em
veu a S. N. Haskell, resoluto pioneiro que es- todas as questões essenciais à salvação. Se ção do pensamento, e não da inspiração verbal, cem”, pelo menos vinte e uma vezes. Ela não
tava naquele tempo se inclinando perigosa- por meio de diligente estudo for constatado conforme vimos no capítulo anterior. disse “um em treze” nem “um em noventa e
mente para o ponto de vista da inspiração que ela seguiu algumas exposições da profe- • Regra Dois: Reconheça que o sentido de nove”, etc. Talvez ela tenha empregado uma
verbal: “A respeito dos escritos de minha cia que nalgum pormenor referente a datas algumas palavras podem mudar com o tempo. hipérbole quando escreveu: “É uma solene
mãe, ela nunca desejou que nossos irmãos os não possamos harmonizar com nossa com- Por exemplo, centenas de palavras da Bíblia declaração que faço à igreja de que nem um
tratassem como autoridade em assuntos de preensão da história secular, isto não influi- na versão King James (1611) mudaram de entre vinte dos nomes que se acham registra-
datas e pormenores históricos. Quando ela rá sobre a minha confiança nos seus escritos sentido ou adquiriram novos significados que dos nos livros da igreja está preparado para fi-
escreveu O Grande Conflito, fez muitas vezes como um todo, assim como a minha con- não mais comunicam o sentido pretendido nalizar sua história terrestre, e achar-se-ia tão
uma descrição parcial de alguma cena que lhe fiança na Bíblia não é influenciada pelo fa- pelos tradutores dessa versão. Leitores super- verdadeiramente sem Deus e sem esperança
fora apresentada, e quando a irmã Davis lhe to de que não consigo harmonizar muitas ficiais certamente compreenderiam mal al- no mundo como o pecador comum.”16
indagava a respeito do tempo e do lugar, ma- das declarações [bíblicas] relacionadas com guns textos bíblicos, caso não estivessem • Regra Quatro: Entenda o significado
mãe dizia que essas coisas já haviam sido re- a cronologia.”9 alerta para essas graves alterações no sentido da frase em que a palavra está inserida. Em
gistradas nos livros de [Uriah] Smith e nas Em resumo, para aqueles que defendem a das palavras.10 1862, Ellen White escreveu que Satanás
histórias seculares. Ao escrever O Grande inspiração verbal, os escritos de Ellen White Nos escritos de Ellen White também já atua por intermédio da frenologia, da psico-
conflito, mamãe nunca imaginou que os leito- tornaram-se lamentavelmente uma autorida- ocorreram mudanças de sentido em palavras logia e do mesmerismo.17 Significa isto que
usadas. Com que freqüência, não têm os toda psicologia é má? Obviamente não, pois
res o considerariam uma autoridade em datas de para datas e lugares históricos. Para os que
leitores ficado confusos com: “A mais bela [‘ni- em 1897 ela afirmou que “os verdadeiros
históricas e o usariam para resolver contro- advogam a inspiração do pensamento, isto se-
cest’] obra já empreendida por homens e mu- princípios de psicologia são fundados nas Es-
vérsias, e ela não acha agora que ele deva ser ria uma forma injustificada de usar a obra de
lheres é lidar com espíritos jovens”?11 Quando crituras Sagradas”.18 Semelhantemente, po-
usado dessa maneira. ... um profeta. Os defensores da inspiração do
a Sra. White usou estas palavras mais tarde demos observar que a televisão pode ser um
pensamento concentram-se no conceito ge-
em outro contexto, percebeu o problema e instrumento pelo qual Satanás atua, mas o
Cronologia ral: a mensagem. Considera-se que as possí-
aprimorou: “Esta é a obra mais delicada e mais fato de Satanás usar a televisão não faz da te-
“Parece-me que há perigo em dar demasia- veis discrepâncias em pormenores históricos difícil que se tem confiado a seres huma- levisão uma coisa má em si mesma. A psico-
da ênfase à cronologia. Se fosse essencial sejam incidentais à mensagem e de importân- nos.”12 Que aconteceu? No século dezenove, a logia, o estudo da mente humana e de seu
para a salvação do homem que ele [ser hu- cia secundária. palavra “nice” era muitas vezes empregada, desenvolvimento, é um estudo próprio para
mano] tivesse clara e harmoniosa com- conforme o indica o dicionário, no sentido de os cristãos, desde que as pressuposições sejam
preensão da cronologia do mundo, o Se- Regras Básicas de Interpretação “exigente em condições ou normas... que rei- bíblicas, e não humanísticas.
nhor não teria permitido as divergências e Todos querem ser compreendidos. Os mal- vindica grande ou excessiva precisão e delica- • Regra Cinco: Reconheça a possibilidade
discrepâncias que encontramos nos escritos entendidos surgem muitas vezes quando uma deza ou que por isso é caracterizado”.13 de expressões imprecisas. Em 1861, Ellen White
dos historiadores bíblicos, e tenho a impres- declaração é retirada fora do contexto. Por Outra palavra que assumiu hoje em dia escreveu um pensamento que parece incoe-
são de que nestes últimos dias não deve ha- isso, todos que foram mal compreendidos uma acepção que não a principal no século rente com suas declarações posteriores sobre
ver tanta controvérsia acerca de datas. ... apelam para a imparcialidade e pedem que o dezenove é “intercourse”. Durante centenas o mesmo assunto: “Frenologia e mesmerismo
Acredito, irmão Haskell, que haja perigo de contexto seja levado em conta. O contexto de anos, “intercourse” significou “trato entre são por demais exaltados. Eles são bons em
prejudicarmos a obra de mamãe ao susten- inclui pistas tanto internas quanto externas pessoas” ou “intercâmbio de pensamentos e seu devido lugar, mas Satanás deles se utiliza
tar isso mais do que ela o faz, mais do que que estabelecerão a verdade sobre qualquer sentimentos”. Hoje é mais freqüentemente como os mais poderosos instrumentos para
papai já o fez, mais do que os Pastores [J. N.] declaração que está sendo considerada. usada com referência a contato sexual, um enganar e destruir seres humanos.”19 Num ar-
Andrews, [J. H.] Waggoner ou [Uriah] Do ponto de vista interno, geralmente ob- sentido que nunca se teve em vista nas cen- tigo em Signs em 1884, ela havia escrito: “As
Smith já o fizeram.”8 temos uma visão clara do “que” um autor quis tenas de ocasiões em que Ellen White empre- ciências que tratam da mente humana são
Naquele mesmo dia, W. C. White escre- dizer lendo as palavras, frases, parágrafos e até gou esta palavra.14 por demais exaltadas. Elas são boas em seu
veu uma carta quase idêntica a W. W. Eastman, mesmo os capítulos que circundam a declara- • Regra Três: Entenda o uso da hipérbo- devido lugar, mas Satanás delas se utiliza co-
diretor de publicações da Southern Publis- ção confusa. Do ponto de vista externo, faze- le. Hipérbole é uma figura que consiste em mo poderosos instrumentos para enganar e
hing Association. “Tenho irresistível evi- mos outras perguntas capazes de nos ajudar a aumentar ou diminuir exageradamente algu- destruir seres humanos.”20
dência e convicção”, acrescentou ao con- entender, tais como: quando, onde, por que, ma coisa. João usou uma hipérbole ao afirmar Temos obviamente nesta declaração de
cluir a carta, “de que eles constituem a des- e, talvez, como? “Tempo”, “lugar” e “circuns- que, se todos os atos de Jesus fossem escritos, 1884 uma correção editorial no pensamento
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SEÇÃO VI
CAPÍTULO 33 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira REGRAS BÁSICAS DE
INTERPRETAÇÃO – INTERNAS

que Ellen White queria comunicar a respeito igreja cristã (I Cor. 12 e Efés. 4) continua- prejuízo. ... Sua língua ateia um incêndio, e significava algo diferente. Tiago White e
das “ciências que tratam da mente humana”. rão até o fim do tempo (I Cor. 1:7). Parece você se diverte com a conflagração. ... Brin- José Bates redefiniram o uso do termo entre
A declaração de 1861, referente à frenologia também contradizer o próprio comentário ca, faz piadas e envolve-se em hilaridade e ri- 1844 e 1852.29
e ao mesmerismo, pode ter sido um erro de de Ellen White de que nos últimos dias so. ... Cristo é nosso exemplo. Você imita o Outras palavras que Ellen White usava
impressão. É mais provável, porém, que fosse “operar-se-ão prodígios, os doentes serão grande Exemplo? Cristo chorou muitas ve- talvez pareçam obsoletas hoje, como “office”,
uma declaração geral, corrigida posterior- curados, e sinais e maravilhas seguirão aos zes, mas nunca se tem conhecimento de que que na maioria das vezes se referia aos escri-
mente, que refletisse os termos comumente crentes”.24 Como entendemos tudo isso? tenha rido. Não digo que seja pecado rir em tórios administrativos da editora, embora al-
usados em meados do século dezenove para A aparente contradição surge quando se todas as ocasiões, mas não podemos desviar- gumas vezes servisse para designar a sede da
psicologia. Muitos livros que tratavam de nos do bom caminho se imitarmos o divino e Associação Geral.30
deixa de ler toda a página cuidadosamen-
saúde física e mental incluíam capítulos dedi- infalível Modelo. ... Ao contemplarmos o • Regra Oito: Reconheça que o desafio da
te.25 Ellen White insiste em dois pontos. Em mundo envolto em trevas e enredado por Sa- semântica reside em toda a comunicação. As pa-
cados à frenologia, psicologia e mesmerismo, primeiro lugar, ela discute especificamente
ou faziam propaganda de outras obras que se tanás, como podemos empenhar-nos em le- lavras significam coisas diferentes para dife-
as atuais condições: referindo-se às “opera- viandade e hilaridade, proferindo palavras rentes pessoas, em virtude das diferenças
concentravam nessas modalidades. ções miraculosas de cura”, ela diz que “não descuidadas, falando a esmo, rindo, grace- pessoais como educação, faixa etária, expe-
• Regra Seis: Procure cuidadosamente pelo podemos agora trabalhar dessa maneira” jando e contando piadas?... As Escrituras não riências espirituais, localização geográfica e
contexto imediato (isto é, o mesmo parágrafo (grifo nosso). Mais adiante, “os servos de condenam a alegria cristã, mas censuram o gênero. Ellen White mencionou este proble-
ou página) para esclarecimento de uma afir- Deus não podem hoje trabalhar por meio de falar imprudente.”27 ma: “Há muitos que interpretam o que eu es-
mação que, à primeira vista, parece proble- milagres” (grifo nosso). Percebemos aqui que o contexto põe um crevo à luz de suas próprias opiniões precon-
mática. Algumas pessoas, por exemplo, fi- Em segundo lugar, ela estava apresen- novo molde sobre a citação errônea. “Rir” cebidas. ... Uma divisão na compreensão e
cam confusas ao lerem Ellen White adver- tando a instrução do Senhor para o tempo neste contexto significava atitude descuidada opiniões divergentes são o infalível resultado.
tindo de que “nunca se deve ensinar aos que presente: a “obra de cura física em combina- e imprópria na maneira de falar e de agir, uma Como escrever de maneira a ser compreendi-
aceitam o Salvador... que digam ou sintam ção com o ensino da Palavra” seria mais pilhéria e zombaria que haviam “demonstra- da por aqueles a quem dirijo importante
que estão salvos”.21 Esta recomendação ten- bem efetuada no estabelecimento de “hos- do falta de sabedoria em usar a verdade de assunto constitui um problema que não con-
cionava advertir contra a doutrina errônea maneira a levantar oposição, despertar a sigo resolver. Quando vejo que sou mal com-
pitais” onde “obreiros... levarão a cabo a
de “uma vez salvo, para sempre salvo” que combatividade e fazer guerra em vez de pos- preendida por meus irmãos que me conhe-
obra médico-missionária genuína. ... Esta é
predominava e ainda predomina entre a suir um espírito pacífico e verdadeira humil- cem bem, compreendo que devo tomar mais
a provisão feita pelo Senhor, mediante a
maioria dos cristãos evangélicos. dade mental”.28 Ellen White não estava con- tempo para expressar cuidadosamente meus
qual deve ser realizada a obra médico-mis-
Essa advertência, porém, foi dada dentro denando o riso apropriado, conforme ela dei- pensamentos no papel, pois o Senhor me dá
sionária em favor das [muitas] almas.”26 Em xou bem claro, mas colocou seu conselho em luz que não me atrevo a fazer outra coisa se-
do contexto maior que explicava como a
outras palavras, no tempo presente, caracte- uma perspectiva equilibrada. não comunicá-la; e grande fardo repousa so-
presunção de Pedro o havia levado à trágica
negação de seu Senhor naquela noite de rizado por muitos exemplos de falsos mila- • Regra Sete: Reconheça que o significado bre mim.”31 Para um escritor, a tarefa de evi-
quinta-feira. Escreveu ela: “Jamais podemos gres de cura, a obra de cura divina pode ser de uma palavra pode mudar quando é usada tar mal-entendidos é mais difícil do que ape-
confiar seguramente em nós mesmos ou sen- mais bem feita nos hospitais mediante um em um novo contexto. O termo “porta fecha- nas procurar fazer-se entender, pois o escritor
tir, aquém do Céu, que estamos livres da ten- programa de ensino inteligente sobre a da” podia significar várias coisas para os ad- deve estar conscientemente alerta para os
tação. [Neste ponto entra a afirmação causa e a cura das doenças. ventistas ex-mileritas. Para Ellen White, problemas semânticos.
freqüentemente mal compreendida.] Isso é Outra “citação errônea” afirma que “rir é
pecado”, usando a citação: “Cristo chorou Referências
enganoso. Deve-se ensinar cada pessoa a
acariciar esperança e fé; mas, mesmo quando muitas vezes, mas nunca se tem conheci-
nos entregamos a Cristo e sabemos que Ele mento de que tenha rido. ... Imitem o divi- 1. Carta 276, 1907, citada em Exaltai-O, pág. 116. tionship Between the Prophet and Her Son (Berrien Springs, MI:
no e infalível Modelo.” Pelo que sabemos a 2. O Grande Conflito, pág. 12. Andrews University Press, 1993), págs. 431 e 432. No fim
nos aceita, não estamos fora do alcance da 3. Ibidem, pág. 13. desta carta, Ellen White escreveu com o próprio punho:
tentação. ... Nossa única segurança está na respeito de Jesus na Bíblia, essa afirmação 4. Para um estudo das várias diferenças entre a história do minis- “Aprovo as observações feitas nesta carta.”
constante desconfiança de nós mesmos e na soa de modo estranho. Afinal de contas, por tério de Cristo escrita por Lucas e as escritas por Mateus e 9. Ibidem, pág. 433. Numa carta de 1915 endereçada a F. M. Wil-
Marcos, ver George Rice, Luke, a Plagiarist? (Mountain View, cox, redator da revista da igreja, [W. C.] White esclareceu a
confiança em Cristo.”22 que razão as crianças ficavam de maneira tão CA: Pacific Press Publishing Association, 1983). questão relativa a sua mãe ser historiadora ou teóloga: “A ir-
Outro exemplo da importância do con- entusiástica ao redor dEle? É aí que percebe- 5. Henry Alford, The New Testament for English Readers (Lon- mã White, como mestra da verdade sagrada, não foi levada a
texto se encontra na afirmação de Ellen mos a elipse. Alguma coisa está faltando. don: Rivingtons, 1863, vol. 1), págs. 23-27. um tratamento técnico das questões teológicas, mas recebeu
6. Esta longa declaração se encontra no Apêndice A de Mensa- visões do amor de Deus e do plano da salvação, do dever do
White de que “os servos de Deus não po- Comparamos a passagem e o contexto. gens Escolhidas, livro 3, págs. 433-440. A declaração recebeu homem para com Deus e para com seu próximo, visões estas
dem hoje trabalhar por meio de milagres, Ellen White aqui está aconselhando um a aprovação de Ellen White por apresentar “o assunto de ma- que, ao serem apresentadas ao povo, despertavam a consciên-
membro da igreja que “não tinha percebido a neira correta e distinta”. – Carta endereçada a F. M. Wilcox, cia e impressionavam os ouvintes com as verdades salvadoras
pois realizações falsas de cura, dizendo-se 25 de julho de 1911, citada em Wilcox, The Testimony of Je- da Palavra de Deus. ‘Os testemunhos escritos’, reconhece ela,
divinas, serão realizadas”.23 Essa afirmação necessidade de educar-se para ser mais cuida- sus, pág. 115. ‘não são dados para comunicar nova luz, mas para impressio-
parece em desacordo com a posição adventista dosa em palavras e atos. ... Minha irmã, você 7. Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 437 e 438. nar vividamente o coração com as verdades já reveladas da
8. Jerry Allen Moon, W. C. White and Ellen G. White, The Rela- inspiração.’
de que “todos” os dons espirituais concedidos à fala demais. ... Sua língua tem causado muito
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SEÇÃO VI
CAPÍTULO 33
Como Escutar a Mensageira REGRAS BÁSICAS DE
INTERPRETAÇÃO – INTERNAS

“No sentido técnico da palavra, a irmã White não é uma diário falar palavras que levassem os pecadores a Cristo.” –
historiadora. Ela não tem sido uma estudante sistemática da Atos dos Apóstolos, pág. 37. “Por meio do intercâmbio [inter-
História e da cronologia, nem jamais pretendeu que suas course] social formam-se relações e amizades que dão em re-
obras devessem ser usadas para resolver controvérsias sobre sultado certa unidade de coração e uma atmosfera de amor
datas históricas. Mas como alguém que se relaciona com a que agradam ao Céu.” – O Lar Adventista, pág. 457.
História, alguém ‘em cuja obra o caráter e o espírito de uma 15. Compare Êxo. 9:6 com Isa. 19. O uso freqüente de “todo” é
época são apresentados em miniatura’ [Macauley’s Essays], muitas vezes um exemplo da hipérbole hebraica.
ela é uma historiadora cujas obras ensinavam ao presente e 16. Serviço Cristão, pág. 41 (1893).
ao futuro valiosas lições do passado.” – Ibidem, pág. 434. 17. Review and Herald, 18 de fevereiro de 1862.
10. Os exemplos em que se compara KJV (Versão King James) 18. Minha Consagração Hoje, pág. 176.
com NKJV (Nova Versão King James) incluem: abroad/outsi- 19. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 296.
de (Deut. 24:11), allege/demonstrate (Atos 17:3), anon/imme- 20. Signs of the Times, 6 de novembro de 1884.
diately ou at once (Mar. 1:30), bowels/heart (Gên. 43:40), by 21. Parábolas de Jesus, pág. 155.
and by/immediately (Mar. 6:25), charity/love (I Cor. 13), com- 22. Ibidem. Ver também Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 314.
municate/share (Gál. 6:6), conversation/conduct (I Ped. 3:1 e 23. Medicina e Salvação, pág. 14.
2), feeble-minded/fainthearted (I Tess. 5:14), forwardness/wil- 24. O Grande Conflito, pág. 612; ver também Primeiros Escritos,
lingness (II Cor. 9:2), let/hindered (Rom. 1:13), meat/food pág. 278; Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 126.
(Mat. 6:25), nephew/grandsons (Juí. 12:14), outlandish wo- 25. Medicina e Salvação, pág. 14.
men/pagan women (Nee. 13:26), peculiar/special (Tito 2:14), 26. Ibidem.
reins/hearts (Sal.7: 9), suffer/let (Mat. 19:14), vain/worthless 27. Manuscrito 11, 1868, citado em MR, vol. 18, págs. 368-370.
(Juí. 9:4), virtue/power (Luc. 6:19), witty inventions/discretion 28. Ibidem, pág. 369.
(Prov. 8:12). 29. Ver págs. 554-565 para um estudo da questão da “porta fe-
11. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 73, grifo nosso. chada”.
12. Educação, pág. 292. 30. Ver vol. 3 do Comprehensive Index to the Writings of Ellen G.
13. Webster’s Ninth New Collegiate Dictionary (Springfield, MA: White, págs. 3185-3188, para um “glossário de palavras obso-
Merriam-Webster Inc., Publishers, 1983). letas e pouco usadas e vocábulos com significados mudados”.
14. “Os discípulos oraram com intenso fervor para serem habili- 31. Carta 96, 1899, citada em parte em Mensagens Escolhidas, li-
tados a se aproximar dos homens, e em seu trato [intercourse] vro 3, pág. 79.

Perguntas Para Estudo

1. Como explicar as discrepâncias nos escritos proféticos, como diferenças em números e


datas, ou citações erradas?

2. Quais as oito regras de interpretação do ponto de vista da evidência interna que ajudam
a compreender a mensagem de um profeta?

3. Compare como os escritores bíblicos e Ellen White utilizavam informação retirada de


fontes seculares, não baseadas em visão.

4. O que torna sagrados textos escritos com materiais que não se baseavam em visão?

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SEÇÃO VI

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Escutar a Mensageira
harmoniosos do começo ao fim, e que revela- parece insultar todos os capítulos de um li-
vam “uma corrente de verdade retilínea, sem vro publicado.14
uma só frase herética”.7 Esta é uma declara- • Regra Dois: Cada declaração deve ser
ção extraordinária para qualquer escritor fa- compreendida dentro de seu contexto histórico.
zer, especialmente quem havia passado mais Devem-se estudar o tempo, o lugar e as circuns-
Hermenêutica/3 de sessenta anos escrevendo.8 tâncias sob as quais a declaração foi feita, a fim
A respeito de assuntos que muitos hoje de compreender-se o seu sentido.

Regras Básicas de consideram importantes, a Sra. White nada


escreveu. Cinema, programas de rádio e te-
levisão, aborto, cremação, transplante de
órgãos, etc., não eram questões atuais em
Embora esta regra pareça óbvia, é a raiz de
muitas e profundas desavenças. Nestes dias
em que versões diferentes de um fato podem
ser colocadas com facilidade diante da opi-

Interpretação – Externas sua época.

Pouca Referência Sobre Alguns Assuntos


nião pública, a maioria das pessoas já teve
suas declarações mal compreendidas por te-
rem elas sido tiradas do contexto. Com que
“Muitos homens tomam os testemunhos que o Senhor tem dado, e aplicam-nos como lhes parece Acerca de alguns assuntos ela falou muito freqüência se ouve uma pessoa citada indevi-
que deviam ser aplicados, pegando uma sentença aqui e ali, tirando-a de sua devida ligação, e pouco. Temos relativamente poucas declara- damente queixar-se: “Mas não foi isso o que
aplicando-a segundo sua idéia. Assim ficam pobres almas perplexas quando, pudessem elas ler em ções sobre seguro de vida,9 e apenas uma so- eu quis dizer!” Ou: “Eu disse isso, mas não in-
ordem tudo quanto foi dado, veriam a verdadeira aplicação, e não ficariam confundidas.” 1 bre aliança de casamento.10 Seus comentários cluíram tudo quanto eu disse!”
sobre as duas “ressurreições especiais” são Se Ellen White vivesse em nossos dias, é
breves – ela menciona uma ressurreição espe- possível que dissesse muitas vezes: “Mas não

A
s oito regras básicas de interpretação atitudes profundas, muitas vezes não verbali- cial de algumas pessoas na manhã da ressur- foi isso o que eu quis dizer!” “Sim, eu disse is-
que abrangem o contexto mais amplo zadas, que, na maioria dos casos, determinam reição de Cristo11 e outra imediatamente an- so, mas eles não incluíram tudo que eu disse!”
de um documento incluem: as nossas conclusões.5 tes da segunda vinda de Cristo.12 Examinemos três ocasiões em que ela enfati-
• Regra Um: Inclua tudo que o profeta dis- Depois de identificar essa nuvem flutuan- Sobre alguns assuntos ela escreveu abun- zou a importância da segunda regra de her-
se sobre o assunto antes de tirar uma conclusão.2 te de pressuposições (paradigmas ou visões dantemente: temas como Jesus Cristo, o Espí- menêutica.
Esta regra parece óbvia; contudo, é prova- globais) que todo estudante deve reconhecer, rito Santo, fé e cooperação divino-humana. Em 1875, ela chamou a atenção para o fa-
velmente a primeira razão por que reina a o próximo desafio é examinar tudo o que uma Determinados assuntos têm causado fre- to de que “aquilo que pode ser dito das pes-
confusão quando as pessoas discordam. O pessoa disse ou escreveu sobre determinado qüentemente desavença desnecessária dentro soas sob certas circunstâncias, pode não ser
motivo: a maioria das pessoas vê apenas o que assunto. Unicamente desta maneira pode o da igreja porque os estudantes não aplicam a correto dizer-se sob outras circunstâncias”.15
elas querem ver. Este simples fato influencia escritor (ou o orador) ser tratado com justiça. primeira regra de hermenêutica. Por exemplo, Por que ela disse isso? Porque estava sendo
a maior parte de todas as pesquisas, quer se Muitos eruditos bíblicos através dos séculos declarações como, “ovos não devem ser colo- criticada por haver dado seu apoio a determi-
trate de astrofísica, medicina, política, quer têm aceitado o princípio de Isaías: “Assim, cados em sua mesa” devem ser equilibradas de nados líderes que depois caíram da graça ou
de teologia. Lamentavelmente, poucas pes- pois, a palavra do Senhor lhes será preceito acordo com as outras declarações que Ellen apostataram.
soas o admitem. Chamaremos tal fenômeno sobre preceito, preceito e mais preceito; regra White fez a respeito de ovos e com o seu prin- Em 1904, ela apelou para o fato de que
de a fixação do paradigma ou o problema das sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, cípio da compreensão da verdade “passo a Deus “deseja que raciocinemos movidos pelo
pressuposições.3 Principalmente no estudo da um pouco ali.” Isa. 28:13. A aceitação deste passo” (ver págs. 282, 310 e 311).13 bom senso. As circunstâncias alteram as con-
Bíblia, nada parece mais difícil para a maio- princípio presume que a Bíblia contém um Outros assuntos nos escritos de Ellen dições. As circunstâncias modificam a rela-
ria das pessoas do que considerar todos os fa- desenvolvimento unificado e harmonioso das White que se beneficiam do emprego con- ção das coisas.”16
tos! Esta dificuldade não ocorre porque a ca- mensagens de Deus ao ser humano. Mas este veniente desta primeira regra de hermenêu- Em 1911, enfatizou que “quanto aos teste-
pacidade de raciocínio da pessoa seja defi- princípio não ensina que todos os textos são tica são: vestuário apropriado, observância munhos, coisa alguma é ignorada; coisa algu-
ciente. A dificuldade que separa pensadores igualmente claros, nem que o significado de do sábado e aconselhamento. Do ponto de ma é rejeitada; o tempo e o lugar, porém, têm
que examinam a mesma informação é que um verso pode ser entendido isoladamente do vista teológico, será demonstração de sabe- que ser considerados”.17
suas pressuposições são diferentes, pressuposi- seu contexto. A mensagem abrangente da Bí- doria seguir esta primeira regra quando se Temos aqui três categorias fundamentais:
ções não apenas da cabeça, mas do coração. blia (ou de qualquer outro livro ou autor) for- estiver estudando questões como a expia- tempo, lugar e circunstâncias. Todas devem
As pressuposições muitíssimas vezes diri- nece o contexto final para o significado de ção, a natureza de Cristo, a natureza do pe- ser levadas em consideração quando se pro-
gem o estudante para “ver” apenas o que ele qualquer “preceito” ou “regra” específica. cado, a punição do pecado e a relação entre cura entender o significado de qualquer de-
quer ver, fazendo com que passe por alto o O mesmo princípio se aplica aos escritos de a “chuva serôdia” e a Segunda Vinda. Vá- claração. Essas categorias não são sinônimas.
que o escritor escreveu sobre determinado as- Ellen White. “Os próprios testemunhos”, es- rios destes assuntos têm polarizado os ad- Tempo. Algumas declarações de Ellen
sunto. Esses paradigmas controlam a mente creveu ela muitas vezes, “serão a chave que ex- ventistas porque alguns colocam mais peso White precisam ser entendidas em função de
naquilo que ele quer ver, e o coração naquilo plicará as mensagens dadas, como texto escri- nas expressões de uma carta pessoal do que quando foram feitas. Em 16 de janeiro de
que ele quer crer. Antigamente,4 chamáva- turístico é explicado por texto excriturístico.”6 sobre a instrução geral de um livro, ou sobre 1898, por exemplo, ela escreveu: “Estamos
mos esse fenômeno de “atitude”. São essas Ela cria que seus escritos eram coerentes e um parágrafo isolado de seu contexto que ainda em tempo de graça.”18 Será que estas
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CAPÍTULO 34 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira REGRAS BÁSICAS DE
INTERPRETAÇÃO – EXTERNAS

palavras serão sempre verdadeiras? É óbvio ses após as mudanças, ela ficou sabendo que losos e ingênuos é recebido pelos vagarosos tado a atitude de que a Igreja Adventista do
que não. seu filho Edson estava citando algumas de como desculpa para permanecer muito Sétimo Dia era Babilônia. Ela inclui essa car-
Virá o tempo em que o tempo de graça suas declarações anteriores à assembléia de aquém.”25 ta nos artigos impressos na revista da igreja.30
cessará (Dan. 12:1; Apoc. 22:11). Sabemos 1901 e aplicando-as ao novo período poste- Levar em conta o “lugar” ajudará os que Em seu folheto de cinqüenta páginas, The
atualmente que determinados aconteci- rior à dita assembléia. Os tempos haviam mu- têm estado confusos sobre se os escritos de Loud Cry of the Third Angel’s Message, Stan-
mentos ainda se acham no futuro, como, dado: as declarações da década de 1890 não Ellen White devem ou não ser citados em ton citou abundantemente as reprovações
por exemplo, a formação da imagem da bes- eram mais aplicáveis. “Seu procedimento”, público. A Sra. White escreveu certa vez que que Ellen White havia dirigido à igreja, con-
ta (Apoc. 13), a imposição da lei domini- escreveu ela a Edson, “seria o procedimento a “as palavras da Bíblia, e a Bíblia somente, cluindo que esses testemunhos constituíam a
cal, o último grande terremoto, etc. Assim ser adotado caso não tivesse havido mudan- deviam ser ouvidas do púlpito”.26 As duas ci- rejeição divina da igreja organizada. Decla-
sendo, no momento “estamos ainda em ças na Associação Geral [1901]. Mas a mu- tações seguintes se dirigem aos evangelistas rou que aqueles que finalizariam a obra de
tempo de graça”. dança aconteceu, e muito mais mudanças se- adventistas do sétimo dia: “No trabalho pú- Deus na Terra deviam separar-se da Igreja
Que dizer das seguintes declarações? “A rão feitas [em 1903, muitas mudanças foram blico não tornem proeminente nem citem o Adventista, pois ela se havia tornado Babilô-
voz de Battle Creek, que tem sido considera- feitas] e ver-se-á [ainda] grandes avanços. Ne- que a irmã White tem escrito, como autori- nia. Ele demonstrou seu ponto de vista reu-
da como autoridade para determinar de que nhuma dessas questões deve ser forçada. ... dade para apoiar suas posições.”27 “Não de- nindo comentários mal aplicados de Ellen
maneira deve ser efetuada a obra, não é mais Fere-me pensar que você está usando palavras vem os testemunhos da irmã White ser pos- White, inclusive uma carta endereçada a um
a voz de Deus.”19 “Faz alguns anos que eu que escrevi antes da assembléia.”23 tos na dianteira. A Palavra de Deus é a nor- grupo, que foi usada fora do contexto.
considerava a Associação Geral como a voz Em 1909, Ellen White demonstrou clara- ma infalível.”28 A Sra. White replicou que Stanton havia
de Deus.”20 mente que estava vivendo em tempos poste- Será que essas declarações estão proibindo feito “mau uso disto [uma carta particular en-
Mas em 1875 Ellen White escreveu a res- riores a 1901, quando escreveu: “Deus orde- os pastores de citar os escritos de Ellen White viada a outra pessoa com um propósito espe-
peito da Associação Geral reunida em assem- nou que os representantes de Sua igreja de to- publicamente, especialmente no culto da cífico], como muitos fazem com as Escrituras,
bléia: “Quando o julgamento da Associação das as partes da Terra, quando reunidos numa igreja? A primeira citação se refere ao mundo para prejuízo de sua própria alma e da dos ou-
Geral, que é a mais elevada autoridade que Assembléia Geral, devam ter autoridade.”24 cristão em geral, e compara “uma religião de tros. ... Usando uma carta particular enviada
Em resumo, quando falamos sobre autoridade pensamento, uma religião de palavras e for- a outra pessoa, abusa o irmão S dos bondosos
Deus tem sobre a Terra, é exercido, indepen-
mas” com “as palavras da Bíblia, e a Bíblia so- esforços empenhados por alguém que o dese-
dência e julgamento particulares não devem da Associação Geral e as diversas declarações
mente, [que] deviam ser ouvidas do púlpito”. java ajudar.”
ser mantidos, mas renunciados.”21 de Ellen White, devemos imediatamente de-
Toda a página (contexto) está salientando Mais adiante, ela reconhece que suas de-
Por que a diferença de atitude? Durante terminar quando as declarações foram feitas e
que “os que têm ouvido apenas tradição e clarações mal aplicadas podem “parecer”
as décadas de 1880 e 1890, conforme mos- sob que condições.
teorias e máximas humanas... [devem ouvir] a apoiar as conclusões de Stanton. Contudo,
tram os registros em cartas e sermões da es- Lugar. Algumas declarações podem ser
voz dAquele que pode renovar a alma para a “os que os fragmentam, simplesmente para
critora, alguns planos de ação dos oficiais verdadeiras para uma pessoa ou grupo en- vida eterna”. apoiar alguma teoria ou idéia pessoal, para
da Associação não eram aqueles que ela quanto ao mesmo tempo podem não ser Os evangelistas devem provar suas dou- defender um procedimento errado, não serão
podia endossar. Em 1o de abril de 1901, o verdadeiras para outra pessoa ou grupo. Tia- trinas pela Bíblia, não pelos escritos da Sra. abençoados e beneficiados por aquilo que en-
dia anterior à abertura da assembléia da go White mencionou esta dificuldade quan- White. A segunda razão para esta cautela é sinam”.31
Associação Geral, ela disse estas palavras: do dois grupos, em diferentes lugares, leram óbvia: os que não estão familiarizados com Este incidente com Stanton e a reação de
“Ela [Associação] está trabalhando sob as admoestações de sua esposa: “Ela traba- a autoridade de Ellen White não seriam Ellen White (que resolveu a questão para os
princípios errados os quais têm trazido so- lha com esta desvantagem... faz veementes persuadidos pelas declarações dela e pode- membros da igreja) nos fornecem um exem-
bre a causa de Deus a presente dificuldade. apelos ao povo, algumas pessoas ficam pro- riam reagir negativamente.29 Em suma, a plo histórico de como uma compilação de
O povo perdeu a confiança naqueles que fundamente impressionadas, adotam posi- Sra. White nunca disse que seus escritos escritos dignos pode tornar-se prejudicial e
administram a obra. Ouvimos, contudo, ções radicais e vão a extremos. Depois, para não deveriam ser citados nos púlpitos das enganosa quando o tempo e o lugar não são
que a voz da Associação é a voz de Deus. salvar a causa da ruína em conseqüência igrejas adventistas. levados em consideração.32
Cada vez que escuto isto, soa-me quase co- desses extremos, ela é obrigada a reprovar A prova do lugar é importante principal- • Regra Três: Deve-se reconhecer o princí-
mo uma blasfêmia. A voz da Associação os extremistas publicamente. É melhor fazer mente quando se fazem compilações dos pen- pio básico de cada declaração de conselho ou ins-
deveria ser a voz de Deus, mas não é.”22 isto do que ter as coisas destroçadas; mas a samentos de Ellen White sobre assuntos es- trução a fim de entender sua relevância para os
Obviamente, os tempos haviam mudado, e influência de ambos os extremos, bem como colhidos. Um incidente ocorrido no início da que se acham em diferentes tempos e lugares.
suas observações mudaram em conformida- das reprovações, é péssima para a causa, e década de 1890 demonstra o problema da má Sempre que os profetas falam, eles estão co-
de com isso. coloca sobre a Sra. White um fardo triplo. aplicação de testemunhos comunicados a municando verdades, seja como princípios ou
Mas aquela assembléia da Associação Ge- Eis a dificuldade: o que ela diz para estimu- uma só pessoa tendo em vista um propósito normas. Os princípios são universais, no senti-
ral de 1901 fez importantes alterações nos lar os vagarosos é recebido pelos apressados específico. Escrevendo da Austrália, Ellen do de que se aplicam a pessoas de todos os lu-
planos de ação e no quadro de funcionários. como um estímulo para ir além dos limites. White endereçou uma carta a A. W. Stanton gares; são eternos, no sentido de que são sem-
Ellen White ficou satisfeita. Apenas dois me- E o que diz para moderar os apressados, ze- em Battle Creek, um homem que havia ado- pre relevantes, sempre aplicáveis.
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CAPÍTULO 34 O ministério profético de Ellen G. White
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As normas, contudo, são aplicações opor- até que eles cheguem à idade de oito ou dez nova liberdade que ela trazia. ... A bicicleta mesmo em seus esportes, tornando-se por ve-
tunas de princípios universais e eternos. Os anos. ... A única sala de aula para as crian- começou como brinquedo de rico. ... A me- zes uma criança entre elas, dar-lhes-iam mui-
princípios nunca mudam; as normas, sim, de- ças de oito a dez anos deve ser ao ar livre, lhor bicicleta primitiva custava 150 dólares, ta satisfação e lhes granjeariam o amor e a
pendendo das circunstâncias. Assim sendo, entre as flores a desabrochar e os belos cená- investimento comparável ao custo de um au- confiança”.44
as normas podem aplicar um princípio de um rios da natureza.”38 tomóvel hoje. ... Cada membro da família Em outra ocasião, Ellen White escreveu
modo que o profeta jamais previu.33 Durante trinta anos, esse conselho foi a queria uma bicicleta, e todas as economias da que não condenava “o simples exercício de
Ellen White estava bem atenta para a di- regra para as escolas fundamentais adven- família eram gastas muitas vezes para suprir a brincar com uma bola”. O que lhe preocupa-
ferença entre princípios universais e nor- tistas em geral. Em 1904, a diretoria da es- demanda.”40 va era que o brincar com a bola e os esportes
mas determinadas por circunstâncias mutá- cola da igreja de Santa Helena, Califórnia, Sabendo disso, talvez possamos compreen- em geral pudessem ser levados “ao excesso”.
veis: “O que pode ser dito de alguém, sob reuniu-se tendo Ellen White presente para der melhor o conselho dado por Ellen White Depois dessa declaração, explicou o que que-
certas circunstâncias, não o poderá sob ou- discutir a questão da idade de entrar na es- naquela época quando escreveu que “do di- ria dizer por excesso.45
tras.”34 As pessoas da época da Sra. White cola. Os princípios rapidamente vieram à nheiro despendido em bicicletas e roupas, e A lição a ser aprendida aqui, como em ou-
reconheceram que ela apelava à inteligên- tona: (1) as crianças diferem em grau de outras coisas desnecessárias, deve-se dar con- tros assuntos que muitas vezes polarizam os
cia de seus leitores citando mais vezes prin- desenvolvimento; (2) idealmente, os pais tas”.41 Ela foi além do princípio do custo leitores dos escritos de Ellen White, é a de
cípios do que dando respostas detalhadas devem ser os professores dos filhos durante exorbitante; preveniu contra a “influência que, para se ter uma perspectiva equilibrada
para questões locais.35 os primeiros anos de vida até a idade de 8 encantadora” de competição e o desejo de sobre determinado assunto, é preciso ler to-
Compreender a diferença básica entre ou 10 anos (levando-se em conta as dife- “ser o maior”.42 dos os pensamentos que a ele se referem.
princípios e normas ajudará a evitar fazer renças de desenvolvimento); (3) se os pais Assim sendo, sua norma a respeito de bici- Alimento cárneo. Já estudamos anterior-
mau uso da Bíblia ou dos escritos de Ellen não têm condições de ensinar os filhos nem cletas (que, se colocada no contexto atual, mente os princípios de saúde de Ellen White
White. Os tópicos a seguir ilustram a neces- governá-los adequadamente, seria melhor pareceria estranha, e até mesmo ridícula) ba- e a aplicação que ela fez desses princípios.46
sidade de colocar o conselho da Sra. White para os filhos aprenderem sob a orientação seava-se em princípios bíblicos bem defini- Aqui vamos enfatizar novamente como, qua-
no contexto de tempo, lugar e circunstâncias. de um professor que lhes ensinasse discipli- dos. O sábio e equilibrado gasto de recursos e se morrendo de tuberculose aos 17 anos de
Ensinar moças a arrear e cavalgar. Ao esbo- na bem como os estudos apropriados; (4) se
a abstenção do espírito competitivo são prin- idade, ela conseguiu sobreviver a seus con-
çar um currículo escolar, Ellen White escre- ambos os pais trabalham fora de casa, seria
cípios que devem causar impacto sobre as de- temporâneos após uma vida de extraordinária
veu que, se “as moças pudessem aprender a melhor para os filhos serem colocados no
cisões em todas as épocas. Se a Sra. White es- severidade. Uma de suas práticas era fazer dis-
arrear, cavalgar, usar a serra e o martelo, as- ambiente controlado de uma sala de aula
tivesse viva hoje, poderia aplicar o princípio tinção entre princípio e norma.
sim como o ancinho e a enxada, estariam me- do que serem deixados sozinhos em casa;
da responsabilidade ao modo como as pessoas Dos muitos exemplos disponíveis, torne-
lhor adaptadas a enfrentar as emergências da (5) para o bem da reputação do St. Helena
gastam dinheiro em artigos de luxo, automó- mos a observar agora qual era sua atitude pa-
vida”.36 Isso é um princípio ou uma norma? Sanitarium, seria de benefício geral se to-
Obviamente, o princípio é claro: as jovens das as crianças não fossem vistas ao longo veis, equipamentos esportivos, equipamentos ra com os alimentos cárneos – parte de seu re-
devem estar “adaptadas a enfrentar as emer- do dia “vagueando de um lugar para outro, eletrônicos ou roupas. gime alimentar que ela mais apreciava nos
gências da vida”. sem ter o que fazer, fazendo travessuras e Esportes. Lamentavelmente, algumas pes- anos de sua juventude! Vimos no capítulo 27
Quando esse conselho foi dado nos pri- todas essas coisas”.39 soas têm selecionado trechos das declarações como abraçou a mensagem de saúde logo que
meiros anos do século vinte, a maioria dos Portanto, com base no princípio, do de Ellen White sobre esportes sem manter o a recebeu em 1863, ainda que alguns pontos
norte-americanos ainda vivia em fazendas. ponto de vista do que seria melhor para as senso de equilíbrio da autora. Em 1895, ela fossem de encontro a seus hábitos e desejos
Por muitas razões práticas, inclusive segu- crianças e para a influência delas sobre a advertiu os estudantes de que, “entregando- pessoais. Vimos também como ocasional-
rança, as jovens daquela época poderiam reputação do hospital, a norma foi modifi- se a diversões, jogos competitivos e façanhas mente ela se afastou de sua prática habitual
aplicar melhor esse princípio aprendendo a cada e fizeram-se arranjos para se aceitar pugilísticas”, estariam declarando “ao mundo de abster-se de alimento cárneo. Apesar dis-
“arrear e cavalgar”, não deixando tais coi- estudantes mais novos na escola da igreja que Cristo não era seu guia em nenhuma des- so, em 1870 ela afirmou que, desde que rece-
sas somente para os rapazes. Hoje, o princí- de Santa Helena. tas coisas. Tudo isso provocou a advertência bera a visão em 1863, havia agido de acordo
pio seria melhor posto em prática em esco- A loucura da bicicleta. No início do século de Deus”. Contudo, a frase seguinte, muitas com o princípio: “Não mudei minha conduta
las secundárias e superiores com cursos em vinte, “o povo norte-americano foi dominado vezes não citada, revela seu bom senso: “O em nada, desde que adotei a reforma de saú-
mecânica de automóveis e educação para por uma paixão consumidora que os deixava que me oprime agora é o perigo de cair no ou- de. Não voltei nem um passo atrás desde que
motoristas. com pouco tempo ou dinheiro para qualquer tro extremo.”43 a luz do Céu iluminou pela primeira vez o
Idade de entrar na escola. Em 1872, Ellen outra coisa. ... Qual era essa grande e nova Rejeitar, por exemplo, todo tipo de espor- meu caminho. ... Abandonei estas coisas por
White escreveu seu primeiro tratado repre- distração? Para responder, o comerciante ti- te seria compreender mal a Sra. White. Em princípio. ... Desde então, irmãos, vocês não
sentativo sobre educação cristã.37 Falando a nha apenas que olhar pela janela e ver seus princípios da década de 1870, ela aconselhou me têm ouvido propor quanto à reforma de
respeito da idade em que os estudantes de- antigos fregueses passarem zunindo. A Amé- os pais e os professores a aproximar-se de seus saúde um ponto extremista, de que tenha de
viam ingressar na escola, ela declarou: “Os rica [do Norte] havia descoberto a bicicleta, e filhos e alunos. Disse que, se eles “manifestas- recuar. Não defendi coisa alguma senão o que
pais devem ser os únicos mestres dos filhos todos estavam tirando o máximo proveito da sem interesse em todos os seus esforços, e hoje sustento.”47
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Quais eram os princípios básicos da refor- vam cursando o ensino médio: “Temos traba- Durante os comentários que fez na reu- de transcende os erros de ambos os extremos
ma de saúde que Ellen White cria haver se- lhado exaustivamente para manter sob con- nião de diretoria da escola de Santa Helena ao reconhecer as verdades que cada extremo
guido fielmente? (1) fazer o melhor possível trole na escola tudo que cheire a favoritismo, em 1904, Ellen White voltou a enfatizar um deseja preservar.57 Mas a verdade não incor-
em determinadas situações que possam estar laços afetivos e namoro. Temos dito aos estu- princípio de hermenêutica que serviria de pora o espírito ou os erros que cada extremo
além de controle; (2) evitar tudo quanto é dantes que não permitiríamos que o primei- ajuda para eles e para outros quando tentas- defende. Quando as pessoas identificam o
prejudicial, como álcool, fumo e drogas; (3) ro fio dessa natureza fosse entrelaçado no seu sem aplicar o princípio à norma. Ela obser- elemento da verdade naqueles que a elas se
usar criteriosamente e com domínio próprio desempenho escolar. Quanto a este ponto, vou que os membros da igreja estavam opõem, ocorre algo extraordinário: prevalece
o que é saudável; (4) não estabelecer nenhu- somos tão firmes quanto uma rocha.”50 entendendo as palavras dela de maneira le- a paz, acontece a reconciliação e se desen-
ma linha precisa em alimentação para todos galista e irrefletida: “Ora, a irmã White disse volve a verdadeira unidade. A verdadeira
Algumas de suas preocupações foram di-
seguirem, pois nem todos possuem as mesmas assim e assim, e a irmã White falou isto ou unidade não é resultado de apelo administra-
rigidas aos estudantes do Battle Creek aquilo; e, portanto, procederemos exatamen- tivo ou de um voto de comissão; a unidade
necessidades físicas nem as mesmas oportuni- College, onde havia uma mistura de alunos
dades de encontrar o melhor alimento; (5) te de acordo com isso.” reside em princípios de interpretação comu-
de ensino médio e superior: “Os estudantes Sua resposta: “Deus quer que todos nós se- mente aceitos.
seguir as práticas de saúde com o objetivo de não são enviados para cá para formar asso- jamos sensatos, e deseja que raciocinemos Ao mesmo tempo, as questões rela-
melhorar a mente para fins espirituais, e não ciações e condescender com flertes ou na- movidos pelo bom senso. As circunstâncias cionadas com norma (não princípio) reque-
para obter a aceitação divina (legalismo); e moro, mas para obter educação. Fosse-lhes alteram as condições. As circunstâncias mo- rem uma abordagem diferente. Tratando so-
(6) raciocinar da causa para o efeito. permitido seguir suas próprias inclinações dificam a relação das coisas.”53 bre vestuário, por exemplo, Ellen White es-
As normas da reforma de saúde são esco- neste ponto, o colégio ficaria logo desmo- O cristianismo é uma religião razoável. creveu: “Existe uma posição intermediária
lhas que derivam dos princípios. Se o vegeta- ralizado. Apesar da vigilância de professo- Deus implantou dentro de homens e mulhe- nestas coisas. Oh! Possamos todos encontrar
rianismo fosse um princípio, então teríamos res e instrutores, vários alunos têm gasto res não somente a habilidade de reagir à Sua sabiamente essa posição e conservá-la.” Fa-
um problema ante a ordem divina de os israe- seus preciosos dias letivos em flerte e na- graça (e a habilidade de não reagir), mas tam- lando sobre alimentação, aconselhou: “To-
litas comerem o cordeiro pascal. Ficaríamos bém a capacidade de raciocinar da causa pa- mem o caminho mediano, evitando todos os
moro dissimulados.”51
também intrigados em saber por que o Se- ra o efeito. Em muitas ocasiões, Ellen White extremos.”58
Teria Ellen White dado o mesmo conse-
nhor fez distinção entre carnes limpas e declarou: “Deus nos deu faculdades para se- Evitar extremos, porém, é mais do que
lho se os estudantes fossem mais velhos e
imundas. E o que pensaríamos da prática de rem usadas, e serem, pela educação, desen- uma questão intelectual. Algumas pessoas
mais maduros? Onde jovens cristãos encon-
nosso Senhor comer o cordeiro pascal e os volvidas e fortalecidas. Devemos raciocinar e podem intelectualmente entender a relação
tram as companheiras de sua vida senão no
peixes frescos com Seus discípulos? refletir, notando cuidadosamente a relação correta entre princípio e norma, mas emocio-
O vegetarianismo é uma norma, uma sábia ambiente de um campus cristão comprome- entre causa e efeito. Praticado isto... [muitos nalmente tender para extremos. Mesmo
norma, que está sendo reafirmada a cada ins- tido com os ideais adventistas? Em várias poderão] plenamente atender ao propósito de quando promovem normas corretas, podem
tante nos laboratórios científicos do mundo, ocasiões, ela expôs os princípios que deve- Deus ao criá-los.”54 estar sendo extremamente frias ou quentes.
bem como nos estudos epidemiológicos que riam orientar os jovens e o programa escolar Ela não fez da razão o árbitro final do cer- Ellen White indica com exatidão qual o pro-
mostram a assombrosa diferença na incidên- na área do namoro cristão. Por exemplo: to e do errado. A seu ver, razão é a capacida- blema dessas pessoas, mesmo quando sua nor-
cia de doenças entre vegetarianos e consumi- “Em todo o nosso trato com os estudantes, de de entender o conselho razoável de Deus e ma é correta: “Temos visto, em nossa expe-
dores de alimentos cárneos.48 O dever do devem-se tomar em consideração a idade e o a habilidade de refletir sobre os resultados de riência, que, se Satanás não consegue pren-
cristão é que “tomem os alimentos mais nu- caráter. Não podemos tratar os menores e os obedecer ou desobedecer a este conselho. Ela der as pessoas no gelo da indiferença, ele pro-
tritivos”, deixando cada pessoa livre para de mais idade da mesma maneira. Circuns- descreveu a relação entre a vontade de Deus curará impeli-las para o fogo do fanatismo.”59
aplicar este princípio fazendo as escolhas com tâncias há em que, a rapazes e moças de só- e as faculdades do raciocínio humano da se- Um respeitado teólogo adventista da ge-
base no “dever conhecido”.49 Surgem algu- lida experiência e de bom comportamento, guinte maneira: “Precisamos ser guiados pela ração passada relembra como ele, não in-
mas vezes situações de emergência em que se se podem conceder alguns privilégios não genuína teologia e o bom senso.”55 Para ela, a tencionalmente, exerceu “o fogo do fanatis-
dispensados a estudantes mais novos. A ida- razão santificada e o bom senso são pratica- mo” ao aplicar um dos princípios de saúde
é forçado a escolher o bom em vez do melhor,
de, as condições e o modo de pensar devem mente sinônimos. de Ellen White. Enquanto vendia livros re-
ou mesmo um mal menor para evitar um mal
ser levados em conta. Devemos ser pruden- Razão e extremos. Todo assunto, seja ele ligiosos em sua juventude, M. L. Andreasen
maior. Embora o princípio permaneça o mes- teologia, lei, ética, música, arte gráfica ou lei vivia à base de granola. Ele a carregava con-
mo, a norma ou aplicação pode alterar-se temente considerados em toda a nossa obra.
constitucional, é assaltado pelos que tendem sigo, misturava-a com água e comia duas
com as circunstâncias. Não devemos, porém, diminuir a firmeza e a para os extremos. Chamamos esses grupos de vezes por dia.
Namoro na escola. Algumas pessoas en- vigilância no lidar com alunos de todas as fariseus ou saduceus, conservadores ou libe- Então alguém leu de um dos livros de
tendem mal o conselho de Ellen White a res- idades, tampouco a estrita proibição das as- rais, literalistas ou simbolistas, indiferentes Ellen White no qual se afirmava que as pessoas
peito do namoro durante os anos escolares. sociações imprudentes e inúteis de jovens e (frios) ou fanáticos (quentes), etc. Em filoso- “comiam demais”. Ele olhou ao redor e en-
Deixam de observar a idade dos estudantes imaturos estudantes.”52 fia e religião, chamamos um grupo de objeti- controu confirmação suficiente para essa de-
envolvidos. Parte da instrução foi dirigida • Regra Quatro: Devemos usar o bom sen- vistas; e o outro, de subjetivistas.56 claração. Assim sendo, para ser fiel à nova
especificamente ao campus do Avondale so e a razão santificada ao analisarmos a diferen- A verdade (como princípio) não é algum luz, cortou sua alimentação diária pela meta-
College, onde muitos estudantes ainda esta- ça entre princípios e normas. tipo de equilíbrio entre dois erros. A verda- de. Algum tempo depois, ele mesmo leu a de-
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claração em Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, deradamente, escolhendo as palavras em har- igreja; (11) devemos viver como se tivésse- estado crescendo na graça, o que sabíamos so-
página 374: “Vocês comem em excesso.” Isso monia com a sólida verdade para este tempo, mos 1.000 anos à nossa frente, mas como se bre a vontade de Deus para nós individual-
o levou a pensar novamente. “Devia cortar a qual precisa, tanto quanto possível, ser devêssemos morrer amanhã; (12) igrejas e as- mente dez anos atrás era muito menos do que
sua ração diária pela metade outra vez?” apresentada ao espírito isenta do que é emo- sociações inteiras vão apostatar, etc.65 cada um de nós sabe hoje. Não resta dúvida
Foi então que a luz raiou. Ele era sincero e de- cional, conquanto ainda levando a intensida- • Regra Seis: Embora sem contradizê-los, de que todos nós desejaríamos poder retificar
sejava proceder corretamente, mas agora agra- de e solenidade que lhe convém. Devemos devemos levar em consideração a experiência de o que dissemos aos outros dez anos atrás, mes-
deceu a Deus por “um pouco de bom senso”.60 guardar-nos de criar extremos, de animar os amadurecimento dos escritores, e até mesmo dos mo que achemos que fosse sensato para aque-
Pelo fato de Ellen White ter dito em di- que tendem a estar ou no fogo ou na água.”64 profetas, já que para eles a verdade se desdobra la época!69
somente tão rápido quanto eles são capazes de Mas alguém poderá dizer: “Um profeta
versas ocasiões que “duas refeições [diárias] • Regra Cinco: Devemos estar certos de que
entendê-la. tem que ser diferente. O que os profetas di-
são preferíveis a três”,61 algumas famílias fize- as supostas citações foram de fato escritas pelo Esta regra ajuda os estudantes que estão zem quando têm vinte anos de idade não pre-
ram disso uma regra para todos, inclusive os autor a quem são atribuídas. preocupados com determinadas porções da cisa de ‘esclarecimento’ ou ‘expansão’ quan-
que se achavam nos hospitais. Com referên- Toda figura pública já passou pelo proble- vida ou dos escritos de um profeta que se do eles completam cinqüenta e cinco!” Este
cia aos hospitais, ela mostrou como relacio- ma de enfrentar pessoas inflexíveis sobre o encaixam na categoria de “tempo, lugar e cir- ponto de vista surge como resultado de uma
nar o princípio com a norma e as circunstân- que “sabiam” que o orador ou escritor havia cunstâncias”, referida anteriormente na Re- estrutura de inspiração verbal. Não devemos
cias: “Se, deixando de oferecer a terceira re- dito. A “crença” pode ser tão desarrazoada gra Três. esquecer que Deus falou a homens e mulhe-
feição no hospital, virem pelos resultados que quanto a imaginação, mas ainda assim o ora- Ellen White ensinava claramente que res “de origem e posição diversas, e variando
isso está afastando o povo da instituição, é dor ou escritor deve tentar defender-se con- Deus lidera Seu povo tão rápido quanto ele entre si quanto à sua capacidade intelectual e
claro o seu dever. Cumpre-nos lembrar que, tra o erro ou a distorção. Obviamente, a pes- consegue receber verdade adicional. A histó- espiritual”.70 Esta amplitude de diferenças in-
ao passo que há alguns que se sentem melhor soa contendora não tem a referência daqui- ria de Israel é um esplêndido exemplo de co- dividuais inclui a amplitude do entendimen-
comendo apenas duas refeições, outros há lo que está “citando”. Na maior parte das mo o Senhor trabalha com o povo onde ele se to da verdade por parte de uma pessoa entre
que comem levemente em cada refeição, e vezes, ela obteve a informação de terceiros. encontra, e não onde vai estar no futuro.66 Os sua juventude e seus anos de maturidade.
sentem necessitar alguma coisa à tardinha. ... Nós muitas vezes chamamos essas lembran- profetas também são parte do plano divino de Embora a essência da verdade permaneça
[Eliminar a terceira refeição pode] causar ças distorcidas e erros palpáveis de “declara- revelar a verdade tão rápido quanto o povo a mesma, as percepções são ampliadas. O
mais danos que bem.”62 ções apócrifas”. esteja pronto para recebê-la. Eles próprios amadurecimento da capacidade de discernir e
Em 1867, a Sra. White respondeu a algu- passam pelo processo. Paulo não apenas sabia comunicar talvez leve a pessoa a exprimir a
Este problema foi um tormento para Ellen
mais sobre o plano da salvação do que Joel ou essência da mensagem de modo diferente em
mas perguntas prevalecentes a respeito da White desde o início de seu ministério, e é
Davi, ele experimentou o “desdobramento” anos posteriores. Em 1906, Ellen White refle-
reforma de saúde. Uma das perguntas era: ainda hoje. Entre as declarações que foram em sua própria vida.67 tiu sobre sua experiência de aprendizagem:
“Existe o perigo de os irmãos e irmãs leva- incorretamente atribuídas a ela, encontram- Alguns chamam este processo de “verdade “Por sessenta anos tenho estado em comuni-
rem a extremos os pontos de vista sobre a re- se tópicos como: (1) habitantes de outros pla- progressiva”. A expressão é útil se descreve o cação com mensageiros celestiais, e tenho
forma de saúde?” Ela respondeu: “Isto pode netas estão agora colhendo frutas para uma conhecimento progressivo das verdades espi- aprendido constantemente algo a respeito
ser esperado em todas as reformas entusiásti- parada sabática durante a viagem dos redimi- rituais por parte de uma pessoa. Mas deixa de das coisas divinas e a respeito do modo como
cas. ... É plano de Deus que as pessoas aptas dos rumo ao Céu; (2) ela viu um anjo ao la- alcançar o objetivo se é usada no contexto de Deus está constantemente trabalhando a fim
para a obra apresentem a reforma de saúde do de Uriah Smith inspirando-o a escrever um desenvolvimento evolucionário que pro- de conduzir almas do erro de seus caminhos
de maneira prudente e enfática, depois dei- Thoughts on Daniel and the Revelation; (3) o cede da evolução gradual da compreensão para a luz da presença divina.”71 Os profetas
xem o povo resolver a questão com Deus e Espírito Santo é, ou era, Melquisedeque; (4) humana pelo método de tentativas, median- são pessoas humildes que viram, até certo
com a própria alma. É dever dos que, em to- Ela indicou determinados locais nas monta- te tese e antítese que permitem chegar à ponto, a glória do Senhor. Os profetas humil-
dos os aspectos, estão qualificados para ensi- nhas como refúgios seguros durante o tempo síntese. O método que Deus emprega para des facilmente reconhecem-se em débito pa-
ná-la fazerem as pessoas crerem e obedece- de angústia; (5) ela mencionou cidades espe- ensinar a humanidade envolve tanto a recu- ra com Deus pela sua nova perspectiva, “co-
rem, e todos os outros devem ficar em silên- cíficas, etc., que seriam destruídas por terre- peração da verdade perdida quanto o desdo- mo a luz da aurora que vai brilhando mais e
cio e aprender.”63 motos, incêndios, enchentes; (6) Cristo vol- bramento da verdade adicional, tão rápido mais até ser dia perfeito”. Prov. 4:18.72
Em suma, este quarto princípio de herme- tará à meia-noite; (7) ovos jamais devem ser quanto as pessoas estejam prontas para rece- O princípio do crescimento permeia toda
nêutica apela ao bom senso quando relaciona bê-la. Entende-se a progressão evolucionária a criação. Isso explica o apelo de Paulo aos
comidos (esquecendo-se o contexto imediato
como sendo o crescimento da humanidade da coríntios: “Todos nós, com o rosto descober-
princípio com norma. Isso requer tanto soli- e muitas outras declarações a respeito de vá- ignorância para o conhecimento, sem quais- to, refletindo a glória do Senhor, somos
dez de pensamento como serenidade emocio- rias circunstâncias); (8) ela faria parte dos quer absolutos que ponham valor universal transformados de glória em glória na mesma
nal. Ellen White bem o disse: “Há uma clas- 144.000; (9) trevas literais cobrirão a Terra no conhecimento.68 imagem, como pelo Espírito do Senhor.” II
se de pessoas sempre dispostas a escapar por como um sinal de que o tempo de graça aca- Esse processo acontece tanto com indiví- Cor. 3:18. Este texto se esconde por detrás da
alguma tangente, que desejam aprender qual- bou; (10) a última obra intercessora de Cris- duos quanto com grupos de pessoas. A maio- regra: “É uma lei do espírito humano que, pe-
quer coisa estranha, maravilhosa e nova; mas to, antes de a porta da graça se fechar, será em ria das pessoas sabe como tal processo tem es- lo contemplar, somos transformados.”73 As-
Deus quer que todos procedam calma e pon- favor dos filhos que se afastaram da tado atuando em sua própria vida. Se temos sim, quanto mais a jovem Ellen Harmon es-
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tudava sua Bíblia e orava por direção divina mensagem discordante a respeito do tempo verdade anterior assim como um galho de sobre assuntos tais como a natureza de Deus
ao enfrentar as escolhas da vida, mais ela era em que as mensagens dos três anjos de Apo- uma árvore “se encaixa” em seu tronco. A (não Seu caráter, a respeito do qual muita
“transformada” e “mudada” – cresceu no co- calipse 14 haveriam de cumprir-se. Em essên- verdade é coerente. coisa foi revelada), por que surgiu o pecado,
nhecimento do caráter de Deus e de Seus ca- cia, ele estava colocando esse tempo no futu- • Regra Oito: Nem tudo na Bíblia e nos es- como Cristo pôde tornar-Se ser humano,
minhos.74 ro. Ela escreveu criteriosamente sob o aspec- critos de Ellen White pode ser compreendido à como acontece a regeneração – eles reconhe-
Conseqüentemente, ao permitirmos que o to desta sétima regra de interpretação: “Os primeira vista, ou mesmo após anos de estudo. cem que esses “são mistérios demasiado pro-
princípio do crescimento impregne nosso es- pontos de vista particulares que ele mantém Este pensamento pode soar estranho para fundos para a mente humana poder explicar,
tudo de Ellen White (ou da Bíblia), cumpre- são uma mistura de verdade e de erro. Caso a mente indagadora. Mas pense nos astrôno- ou mesmo compreender plenamente”. Lem-
nos esperar uma compreensão mais profunda ele houvesse passado pelas experiências do mos e nos neurocirurgiões (ou pesquisadores bram que não devemos “duvidar de Sua Pala-
à medida que ela comunica as mensagens de povo de Deus, conforme foi por Ele dirigido de código genético, especialistas em micro- vra por não compreendermos todos os misté-
Deus aos outros. Podemos ver sua capacidade nos últimos quarenta anos, estaria mais bem chips, etc.) que passam toda a sua vida am- rios de Sua providência”.81
de comunicar idéias mais profundas crescer, preparado para fazer a correta aplicação da pliando seu conhecimento, e ainda assim se Forçar uma interpretação porque alguém
especialmente quando compararmos suas pri- Escritura. Os grandes sinais demarcadores da sentem extremamente admirados ante o que acha que tudo deve ser compreendido vai cer-
meiras descrições sobre a origem do grande verdade, mostrando-nos a direção na história se abre perante eles. tamente levar a uma interpretação errônea.
conflito no Céu com o que está em Patriarcas profética, devem ser cuidadosamente obser- Os verdadeiros cristãos praticam o princí- Descartar ou desconsiderar qualquer porção
e Profetas.75 vados, para que não sejam derrubados, e subs- pio do julgamento suspenso80 quando eles e da Bíblia ou dos escritos de Ellen White sim-
Assim, quando os leitores percebem uma tituídos por teorias que trariam confusão em seus colegas atingem o limite da compreen- plesmente porque algumas passagens não são
perspectiva mais ampla em Patriarcas e Profe- vez de genuíno esclarecimento.” são. Especialmente ao considerarem a histó- tão facilmente compreensíveis também pre-
tas (1890) do que a encontrada em Spiritual Ela terminou a resposta de cinco páginas ria da Bíblia (e os escritos de Ellen White) judica na compreensão da verdade.
Gifts (1858), reconhecem a regra hermenêu- chamando a atenção para esta sétima regra:
tica de que um profeta crescerá, como qual- “Foram propostas muitas teorias que apresen- Referências
quer outra pessoa, em percepção espiritual. O tavam uma semelhança de verdade, mas tão
aumento da percepção espiritual ajudará o misturadas com textos mal interpretados e 1. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 44. 6. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 42.
2. Ver T. Housel Jemison, A Prophet Among You (Mountain 7. Idem, livro 3, pág. 52.
profeta a declarar mais claramente a mensa- mal aplicados, que induziam a perigosos er- View, CA: Pacific Press Publishing Association, 1955), págs. 8. “Escrevi tudo que tinha para dizer sobre a luz que recebi, e
gem que Deus deseja comunicar. Este é o ros. Muito bem sabemos nós como foi estabe- 438-450. grande parte dela está agora irrompendo da página impressa.
princípio que melhor descreve a experiência lecido cada ponto da verdade, e sobre ele pos- 3. Repare no tipo de pensamento científico que predominava Há, do princípio ao fim de minhas obras impressas, uma har-
antes de Copérnico mudar a visão global dos astrônomos (e a monia com o meu ensino no presente.” – Review and Herald,
de Jesus na Terra. Lucas descreveu Seu cres- to o selo pelo Espírito Santo de Deus. ... As de todos os demais), com sua mudança de paradigma, colo- 14 de junho de 1906 (Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 38).
cimento e amadurecimento em Sua capaci- orientações do Senhor foram evidentes, e cando o Sol, em vez da Terra, no centro do sistema solar. Pen- 9. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 549-551 (1867). Para
dade de compartilhar coisas espirituais com maravilhosíssimas Suas revelações do que era se nos médicos que fizeram o primeiro presidente dos Estados entender esta declaração, devemos empregar também a “re-
Unidos, George Washington, sangrar até a morte porque seu gra hermenêutica número dois”.
os outros: “E crescia Jesus em sabedoria, em a verdade. Ponto após ponto foi estabelecido paradigma médico não compreendia a teoria microbiana nem 10. Testemunhos Para Ministros, págs. 180 e 181 (1892).
estatura e em graça para com Deus e os ho- pelo Senhor Deus do Céu. Aquilo que era mesmo a forte possibilidade de tratamentos hidroterápicos re- 11. O Desejado de Todas as Nações, págs. 785-787, 833 e 834; Pri-
mens.” Luc. 2:52.76 verdade então, é verdade hoje.”78 verterem sua infecção torácica. Uma das principais responsa- meiros Escritos, págs. 184, 185 e 208; O Grande Conflito,
bilidades dos que procuram pela verdade é examinar as lentes págs. 18 e 667; Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 304-308.
• Regra Sete: Em alguns casos, uma pessoa Mais adiante, Ellen White escreveu mais através das quais o pesquisador pesquisa a verdade. A lente (o 12. Primeiros Escritos, pág. 285; O Grande Conflito, pág. 637.
deve compreender a experiência de um aconteci- uma longa resposta a esse “futurismo” que es- paradigma ou visão global) pela qual consideramos a informa- 13. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 362 e 400. Repare em
ção determina a maneira como avaliamos os supostos “fatos”. algumas afirmações úteis em Testemunhos Para a Igreja, vol.
mento, direta ou indiretamente, antes de com- tava sendo ensinado na Austrália. Novamen- Alfred North Whitehead disse-o muito bem: “Quando você 7, pág. 135; vol. 9, pág. 162; A Ciência do Bom Viver, pág.
preender a verdade do acontecimento. te, ela enfatizou o papel da experiência que estiver criticando [ou alguém pode acrescentar, interpretan- 320.
Esta regra pode dar a impressão de que é devia ser respeitada pelos adventistas: “O Se- do] a filosofia de uma época, não dirija principalmente sua 14. “Se você deseja saber o que o Senhor revelou por intermé-
atenção para aquelas posturas intelectuais cujos expoentes dio dela, leia-lhe as obras publicadas.” – Testemunhos Para a
contrária ao raciocínio lógico. Mas tal foi a si- nhor não dirigirá as mentes agora no sentido julgavam necessário defender explicitamente. Haverá algu- Igreja, vol. 5, pág. 696. Ver George Knight, Reading Ellen
tuação quando os apóstolos enfrentaram o de afastá-las da verdade que o Espírito Santo mas suposições fundamentais que partidários de todos os sis- White, págs. 121-123.
mundo descrente após a ressurreição de Cris- induziu no passado Seus servos a proclamá-la. temas divergentes dentro da época inconscientemente pres- 15. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 471.
supõem. Essas suposições parecem tão óbvias que as pessoas 16. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 217. Ver pág. 345.
to. Quem acreditaria neles a menos que os ... O Senhor não põe sobre os que não tiveram não sabem o que estão presumindo porque jamais lhes ocor- 17. Ibidem, livro 1, pág. 57.
apóstolos tivessem visto o túmulo vazio ou Je- uma experiência em Sua obra a responsabili- reu nenhuma outra maneira de colocar as coisas. Com essas 18. Olhando Para o Alto, pág. 30.
sus durante os quarenta dias antes de Sua as- dade de fazer uma nova exposição das profe- suposições é possível uma quantidade limitada de tipos de sis- 19. Carta 4, 1896, citada em MR, vol. 17, págs. 185 e 186
temas filosóficos.” – Science and the Modern World (New York: (1896). Eventos Finais, pág. 45.
censão? Num sentido semelhante, os primei- cias que, por meio de Seu Espírito Santo, Ele Mentor Editions, 1952), págs. 49 e 50. 20. Carta 77, 1898, citado em ibidem, pág. 216 (1898). Eventos
ros adventistas da década de 1840 e do come- moveu Seus escolhidos servos a explicar.”79 4. Ver pág. 373. Finais, pág. 45.
ço da década de 1850 “experimentaram” a Viver pela experiência quando a verdade é 5. Note a atitude resoluta como os judeus do primeiro século 21. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 492.
consideravam a Jesus, conforme registrada em Mateus 16: se 22. Manuscrito 37, 1901, citada em Sermons and Talks, vol. 2,
crescente ligação entre as visões sobrenaturais revelada se torna um fundamento de rocha aquele jovem mestre galileu não satisfizesse o paradigma do págs. 159 e 160. Ver também George E. Rice, “The Church:
de Ellen Harmon/White e a voz autorizada sólida não somente para os que experimen- que eles imaginavam ser o Messias, iriam procurar em outro Voice of God?”, Ministry, dezembro de 1987, págs. 4-6.
para sua comunidade em desenvolvimento.77 tam isso pela primeira vez, senão também lugar, e assim o fizeram. Se alguém não crê em milagres devi- 23. Carta 54, 1901, citada em MR, vol. 19, págs. 146-148.
do a algum tipo de paradigma científico, a história da Bíblia 24. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 261 (Testemunhos Se-
Em fins de 1896, enquanto estava na Aus- para os que posteriormente desejam “reexpe- para ele é folclore. Se não crê que Deus fala por meio de ho- letos, vol. 3, pág. 408).
trália, a Sra. White teve que dar uma respos- rimentá-lo” em seu sistema de verdades. A mens e mulheres por visões, procura encontrar razões naturais 25. Review and Herald, 17 de março de 1868.
ta a John Bell, que estava promovendo uma verdade, ao ser encontrada, “encaixa-se” na que expliquem o fenômeno. E assim por diante. 26. Profetas e Reis, pág. 626.

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VI
CAPÍTULO 34 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira REGRAS BÁSICAS DE
INTERPRETAÇÃO – EXTERNAS
mão de Deus, não esperando indiferentemente pelo derrama- jovem adolescente foram reconhecidas como as revelações
27. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 29. rígidos do que deviam ter sido em relação aos princípios de mento do Espírito Santo, mas agindo sob o impulso desse Es- de uma profetisa autorizada foi ajudado a cada passo pelas su-
28. Evangelismo, pág. 256. saúde. Um dos problemas que fez surgir o editorial foi o im- pírito no exercício de cada faculdade do seu ser.” – A. W. posições filosóficas subjacentes da comunidade adventista.
29. No primeiro testemunho de Ellen White à igreja, ela escre- plícito paradigma da inspiração verbal que levou alguns lei- Spalding, Origin and History, vol. 1, pág. 76. Diferentemente do profeta mórmon Joseph Smith, Ellen
veu: “Alguns têm tomado rumo imprudente; ao falarem de tores a atitudes extremamente críticas. 73. Patriarcas e Profetas, pág. 91. White não proclamou sua revelação nem reuniu seguidores;
sua fé aos incrédulos, e ser-lhes pedida a prova da mesma, 48. Ver págs. 322-324. 74. “Olhando para Cristo adquirimos visão mais brilhante e dis- ao contrário, tinha uma espécie de experiência religiosa que
têm lido uma visão, em lugar de se voltarem para a Bíblia em 49. Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 163 (Conselhos Sobre o tinta de Deus, e pela contemplação somos transformados. A veio a ser aceita como autorizada dentro de um grupo que já
busca de prova. Vi que esse proceder era incoerente, e susci- Regime Alimentar, pág. 463); Mensagens Escolhidas, livro 1, benignidade e o amor para com nossos semelhantes tornam- existia. O ministério profético de Ellen White foi um aspec-
tava nos incrédulos preconceitos contra a verdade. As visões pág. 396. se um instinto natural.” – Parábolas de Jesus, pág. 355. to da experiência social adventista, não apenas da experiên-
não podem ter peso para os que nunca as viram, e nada sa- 50. MR, vol. 8, pág. 256. 75. Ver Alden Thompson, “The Theology of Ellen White: The cia psicológica de uma só pessoa.” – Bull e Lockhart, Seeking
bem do espírito das mesmas. Não devemos a elas nos referir, 51. Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 432; ver também ibi- Great Controversy Story”, Adventist Review, 31 de dezembro a Sanctuary, pág. 25.
em tais casos.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 119 dem, vol. 5, pág. 109. de 1981. 78. Mensagens Escolhidas, livro 2, págs. 101-104.
e 120. Ver também ibidem, vol. 5, pág. 669. 52. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 101. Ver 76. Ellen White falou reverentemente acerca do desenvolvimen- 79. Ibidem, págs. 110 e 112; ver ibidem, livro 1, pág. 161.
30. Review and Herald, 22 de agosto a 12 de setembro de 1893. Moon, W. C. White and Ellen G. White, pág. 359. to das faculdades mentais e espirituais de Cristo: “As faculda- 80. Ver George Reid, Ministry, novembro de 1991.
Ver também pág. 231. 53. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 217. Ver pág. 395. des da mente e do corpo desenvolviam-se gradualmente, se- 81. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 699 (Testemunhos Seletos,
31. Testemunhos Para Ministros, págs. 32-62. 54. Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, pág. 436. gundo as leis da infância. ... Uma vez que Ele obteve conhe- vol. 2, pág. 304). “A Bíblia só é vagamente compreendida. To-
32. “Sei que muitos homens tomam os testemunhos que o Se- 55. Ibidem, vol. 1, pág. 148. cimento como o podemos fazer, Sua familiarização com as Es- da uma vida de estudo piedoso de suas sagradas revelações ain-
nhor tem dado, e aplicam-nos como lhes parece que deviam 56. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 425. crituras mostra quão diligentemente os primeiros anos de Sua da deixará muita coisa inexplicada.” – Counsels to Writers, pág.
ser aplicados, pegando uma sentença aqui e ali, tirando-a de 57. Ver págs. 260 e 261. vida foram consagrados ao estudo da Palavra de Deus. ... As- 82. “Tanto na divina revelação, como na natureza, Deus dei-
sua devida ligação, e aplicando-a segundo sua idéia. Assim fi- 58. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 211. Os antigos gre- sim se revelava a Jesus o significado da palavra e das obras de xou aos homens mistérios para lhes exigir fé. Assim deve ser.
cam pobres almas perplexas quando, pudessem elas ler em or- gos falavam muitas vezes em moderação (“nada em excesso”) Deus, ao buscar compreender a razão das coisas. ... Desde os Devemos estar sempre indagando, sempre pesquisando, sempre
dem tudo quanto foi dado, veriam a verdadeira aplicação, e com a busca pelo “justo meio-termo”. primeiros clarões da inteligência, foi sempre crescendo em aprendendo, e resta todavia um infinito para o além.” – Teste-
não ficariam confundidas. ... Voam notícias de uns para ou- 59. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 644 (Mente, Caráter e graça espiritual e no conhecimento da verdade. ... A comu- munhos Para a Igreja, vol. 8, pág. 261 (A Ciência do Bom Viver,
tros acerca do que a irmã White disse. Cada vez que essa no- Personalidade, vol. 1, pág. 38). nhão com Deus, mediante a oração, desenvolve as faculdades pág. 431); “Podemos, de Seus propósitos, compreender o quan-
tícia é repetida, vai aumentando. Se a irmã White tem algu- 60. Virginia Steinweg, Without Fear or Favor (Washington, D.C.: mentais e morais, e as espirituais se robustecem ao cultivar- to seja para nosso bem saber; e para além disso devemos ainda
ma coisa a dizer, deixem-na dizê-la. Ninguém é chamado a Review and Herald Publishing Association, 1979), págs. 53 mos pensamentos sobre assuntos espirituais.” – O Desejado de confiar no poder do Onipotente, no amor e sabedoria do Pai e
ser porta-voz da irmã White.” – Mensagens Escolhidas, vol. 1, e 54. Todas as Nações, págs. 68-71. Soberano de todos.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág.
págs. 44 e 45. 61. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 141 e 173; Testemu- 77. “Assim, o processo pelo qual as inclinações místicas de uma 699 (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 303.
33. Ver pág. 34. nhos Para a Igreja, vol. 4, págs. 416 e 417.
34. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 470 (Testemunhos Sele- 62. Ibidem, págs. 282 e 283. “O costume de comer apenas duas
tos, vol. 2, pág. 285). vezes por dia, em geral, demonstra-se benéfico à saúde; toda-
35. Em carta particular a A. O. Tait, W. C. White fez referência via, sob certas circunstâncias, talvez algumas pessoas tenham Perguntas Para Estudo
a uma reunião de comissão de união para a qual sua mãe fo- necessidade de uma terceira refeição. Esta, porém, deve ser
ra convidada. White observou a maneira como abreviaram a muito leve, e de comida de fácil digestão.” – A Ciência do
discussão a fim de ouvir Ellen White: “Como vocês bem sa- Bom Viver, pág. 321.
1. Quais as oito regras de evidência externa que os estudantes devem usar para compreen-
bem, mamãe raramente responde tais perguntas de maneira 63. Review and Herald, 8 de outubro de 1867. der o significado da Bíblia e dos escritos de Ellen White?
direta; mas se esforça por estabelecer princípios e apresentar 64. Testemunhos Para Ministros, págs. 227 e 228.
fatos que lhe foram apresentados e que nos ajudem a fazer in- 65. Para estudo adicional sobre estas e outras ilustrações dos
teligente estudo do assunto e a chegar a uma conclusão cor- “apócrifos” de Ellen White, ver Comprehensive Index to the
2. Por que é essencial que nenhuma dessas regras seja negligenciada?
reta.” – Citada em Arthur White, The Ellen G. White Wri- Writings of Ellen G. White, vol. 3, págs. 3.189-3.192.
tings, págs. 165 e 166. 66. Para estudo adicional sobre o princípio da acomodação, ver 3. Como a regra hermenêutica de “tempo, lugar e circunstâncias” explica muitas referên-
36. Educação, págs. 216 e 217. págs. 34, 282, 304, 311 e 422.
37. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 131-160; Fundamentos 67. “É preciso enfatizar-se o fato, e repeti-lo muitas vezes, de que cias de Ellen White que parecem difíceis de serem entendidas ou aplicadas hoje?
da Educação Cristã, págs. 15-46. os mistérios da Bíblia não são mistério porque Deus tenha
38. Ibidem, pág. 21. procurado ocultar a verdade, mas porque nossa fraqueza e ig- 4. Para melhor compreensão dos princípios hermenêuticos em geral, leia Gerhard Hasel,
39. Um relato literal da participação de Ellen White na discus- norância nos tornam incapazes de compreender a verdade ou
são da junta escolar encontra-se em Mensagens Escolhidas, de apropriar-nos dela. A limitação não está em seu propósi- Understanding the Living Word of God (Mountain View, CA: Pacific Press Publishing As-
vol. 3, págs. 214-226. to, mas na nossa capacidade.” – Signs of the Times, 25 de abril sociation, 1980).
40. Reader’s Digest, dezembro de 1951. Ver George Knight, Rea- de 1906.
ding Ellen White, págs. 100-102. 68. “Em todas as eras, por meio de comunicação com o Céu,
41. Testemunhos Para Ministros, pág. 398. Deus tem realizado Seu propósito por Seus filhos pelo gra-
42. Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, págs. 51 e 52. dual desdobrar em seu espírito das doutrinas da graça. ...
43. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 378. Aquele que se coloca onde Deus o pode iluminar avança, por
44. Ibidem, pág. 18. Ver também Testemunhos Para a Igreja, vol. assim dizer, da obscuridade parcial da aurora para o pleno bri-
3, págs. 134 e 135. lho do meio-dia.” – Atos dos Apóstolos, pág. 564.
45. O Lar Adventista, págs. 498 e 499. 69. “Deus pretende que aos pesquisadores diligentes as verdades
46. Ver págs. 310 e 311. de Sua Palavra estejam sempre se desdobrando.” – Signs of the
47. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 371 e 372 (Conselhos Times, 25 de abril de 1906. “[Cristo] prometeu que o Espírito
Sobre o Regime Alimentar, págs. 483 e 484). “Apresento esses Santo deveria iluminar os discípulos para que a Palavra de
assuntos ao povo, demorando nos princípios gerais.” – Con- Deus se lhes desdobrasse continuamente. Estariam capacita-
selhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 493 (1897). Em 1904, dos para apresentar as verdades em renovada beleza.” – Pará-
com a idade de 76 anos, ela afirmou ter melhor saúde do que bolas de Jesus, pág. 127.
“em meus tempos juvenis”, atribuindo sua melhoria aos 70. O Grande Conflito, pág. 8.
“princípios da reforma de saúde”. – Ibidem, pág. 482. Em 71. Este Dia com Deus, pág. 74.
1908 reagiu àqueles que estavam afirmando que ela não ha- 72. “Quem quer que examine as palavras que ela escreveu – des-
via seguido os princípios da reforma de saúde tal como os ha- de a redação infantil dos escritos de sua meninice, através do
via “defendido pela pena”. Ela foi direta: “Ao que sei, não me período difícil da jovem maturidade até as obras graciosas,
tenho apartado desses princípios.” – Ibidem, págs. 491, 492 e eloqüentes e profundamente comovedoras de seus últimos
494. Ver Review and Herald, 17 de março de 1868, para um anos – perceberá o sólido progresso em visão e expressão, e
editorial de Tiago White onde ele se dirige aos que eram mais talvez se lembre de que ela adquiriu essas habilidades sob a

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VI

35
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Escutar a Mensageira
• O “instrumento de prova” e “aquilo que é fica. Tanto a luz “maior” como a luz “menor”
provado”. Exposto no National Bureau of têm igual autoridade em apresentar a verdade.
Standards, em Gaithersburg, Maryland, está A analogia do telescópio. A Sra. S. M. I.
o National Prototype Meter No 27 que foi de Henry, bem conhecida no fim do século deze-
1893 a 1960 a referência nacional para as nove como líder da União Feminina de Tem-
Hermenêutica/4 medidas lineares. Compõe-se de 90 por cen- perança Cristã, tornou-se adventista enquanto
to de platina e de 10 por cento de irídio. Ho- esteve como paciente no Battle Creek Sanita-

Os Escritores Bíblicos je o padrão nacional de medida adota um mé-


todo muito mais preciso, que consiste numa
luz emitida por átomos de criptônio-86 esti-
rium. Ela e Ellen White logo desenvolveram
estreitos laços de amizade, em grande parte de-
vido à experiência de vida comum a ambas.

e Ellen White mulados eletricamente. Se alguém está inse-


guro quanto à sua “régua graduada”, pode le-
vá-la até o padrão nacional para uma análise
Um dos desafios da Sra. Henry era apresentar
a verdade do sábado a suas amigas na UFTC,
especialmente porque muitas delas eram líde-
comparativa. res na promoção da legislação dominical.
“Pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para guiar homens e mulheres à A aplicação é óbvia: o padrão nacional é a Contudo, aceitar uma profetisa na Igreja
luz maior.” 1 “luz maior”. As cópias deste padrão nacional Adventista não foi fácil para a Sra. Henry.
(chamadas “padrões práticos”) ou ferramen- Depois de minucioso estudo, ela entendeu
tas industriais que requerem precisão e exati- que o papel de Ellen White era parecido

E
m princípios de 1903, preocupada ta e todos os demais profetas bíblicos eram lu- dão que atenderiam ao padrão da “luz maior” com o de um telescópio através do qual se
com o declínio da obra da colporta- zes menores) para que conduzisse pessoas a seriam as “luzes menores”. Contudo, para to-
gem (evangelismo por meio da litera- Cristo, a “luz maior”. examina a Bíblia. A Sra. Henry descreveu
dos os propósitos práticos, essas “cópias” fun-
tura), Ellen White escreveu um artigo para Por outro lado, ninguém pode duvidar de sua nova percepção num artigo para a edi-
cionam tão bem quanto o padrão. O padrão
a Review. Nesse artigo, ela expressou sua que Ellen White considerasse a Bíblia em si ção de janeiro de 1898 da revista Good
protótipo (“luz maior”) existe para que todas
gratidão pela promoção bem-sucedida de como uma “luz maior” com suas centenas de Health: “Tudo depende de nossa relação pa-
as outras medidas (“luzes menores”) sejam
Parábolas de Jesus.2 “A irmã White”, escre- escritos inspirados e sua áurea aceitação co- ra com ele [telescópio]. Ele mesmo não pas-
testadas – mas a régua graduada da loja de fer-
veu ela, “não é a originadora destes livros. mo a Palavra de Deus. sa de um vidro através do qual olhamos; mas
ragens local (“luz menor”) não é menos fiel à
Eles contêm a instrução que durante o tra- Numerosas são as referências, desde os na mão do Diretor divino, devidamente
sua tarefa que a “luz maior”, se tiver passado
balho de sua vida Deus tem estado a dar- primeiros dias até os últimos de sua vida, no teste. A confiabilidade da régua é, portan- montado, apontado para o ângulo certo e
lhe. Contêm a preciosa, confortadora luz exaltando a Bíblia, como por exemplo: “As to, para todos os propósitos práticos, a mesma ajustado ao olho do observador, com um
que Deus, graciosamente, deu a Sua serva Santas Escrituras devem ser aceitas como au- da barra de platina-irídio em Gaithersburg, campo limpo de nuvens, revelará verdade tal
para ser dada ao mundo.” torizada e infalível revelação de Sua vontade Maryland.6 que vivifique o sangue, alegre o coração e
A seguir, ampliando essa relação entre a [de Deus]. Elas são a norma do caráter, o re- abra uma larga porta de expectação. Ele
• A comparação de quarenta velas com
luz de Deus e seus escritos, declarou: “O Se- velador das doutrinas, a pedra de toque da ex- transformará as nebulosas em constelações;
uma vela. A analogia aqui é a de que a Bí-
nhor tem dado muita instrução a Seu povo: periência religiosa.”4 longínquos pontos de luz em planetas de pri-
blia foi escrita por cerca de quarenta auto-
regra sobre regra, mandamento sobre man- Ela discerniu claramente a relação de seus meira grandeza. ... A falha tem sido em com-
damento, um pouco aqui, um pouco ali. res: quarenta velas; Ellen White é uma vela
escritos com a Bíblia. Eles deviam não apenas preender o que são os Testemunhos e como
Pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor exaltar a Bíblia, mas também chamar “sua só. A Bíblia é, portanto, a “luz maior”.7
Tanto a “luz maior” quanto a “luz menor” devem ser usados. Eles não são o firmamen-
deu uma luz menor para guiar homens e mu- atenção para as palavras da inspiração às
emitem luz suficiente para dissipar as tre- to, palpitante de incontáveis astros de ver-
lheres à luz maior.”3 quais vocês negligenciaram obedecer”; “gra-
vas. A qualidade da luz na “luz maior” é a dade, mas direcionam os olhos, comunican-
Em seu contexto mais amplo, a Sra. Whi- var vividamente na alma as verdades... já re-
te parece estar se referindo à forma como to- mesma na “luz menor”. do-lhes o poder de penetrar nas glórias da
veladas”; “despertar e impressionar com elas
dos os profetas bíblicos são luzes menores o seu espírito, para que todos fiquem sem des- • O mapa nacional e o mapa estadual. Mui- misteriosa e viva Palavra de Deus.”
conduzindo seu povo “ao Salvador” – a “Luz culpas”; “expor alguns princípios gerais”; tos guias rodoviários trazem um mapa de duas Ellen White leu o artigo e pediu permissão
do mundo” (João 8:12; 9:5; 12:46) – assim “abranger até os pormenores da vida, impe- páginas contendo os quarenta e oito Estados para republicá-lo na Austrália. Ela achava
como João Batista “veio... para que testificas- dindo que se extinga a fé vacilante”.5 [Estados Unidos] contíguos seguido pelos ma- que a Sra. Henry havia captado a relação en-
se da luz”. João 1:7 e 8. E porque o povo na- pas de cada Estado. O mapa nacional com sua tre a Bíblia e sua obra “de maneira tão clara e
queles dias estava dando “pouca atenção... à Três Metáforas Ilustrativas da “Luz Menor” visão de todo o sistema de rodovias interesta- precisa como ninguém jamais havia expressa-
Bíblia” (a qual devia levar pessoas a Cristo, a Que quis ela dizer ao afirmar que seus escritos duais é a “luz maior”; os mapas estaduais, em- do em palavras”.8 Para a Sra. White, a Bíblia
Luz do mundo), o Senhor falou com ela co- eram uma “luz menor”? Três metáforas foram bora apresentando mais pormenores, são a era sempre a luz “maior” da qual ela colhia
mo uma “luz menor” (assim como João Batis- usadas no passado: “luz menor”. Cada um tem sua função especí seus princípios teológicos.
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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VI
CAPÍTULO 35 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira OS ESCRITORES BÍBLICOS
EELLEN WHITE

Nenhuma Diferença em Graus de Inspiração sua sabedoria como loucura. Deus não de- dora, apresento-lhes aquilo que o Senhor me Se em toda a atividade profética é Jesus quem
Pelo menos oito profetas mencionados na Bí- signou homem algum para proferir juízos so- apresentou. Não escrevo um artigo sequer, na fala, seja nos tempos do Antigo Testamento,
blia escreveram para o seu tempo, mas suas bre Sua Palavra, escolhendo umas coisas co- revista, expressando meramente minhas pró- nos tempos do Novo Testamento ou nos tem-
obras não foram incluídas no cânon.9 A his- mo inspiradas e desacreditando outras como prias idéias. São o que Deus me revelou em pos posteriores ao Novo Testamento, pode-
tória bíblica não sugere que havia qualquer não inspiradas. Os testemunhos têm sido visão – os preciosos raios de luz que brilham mos logicamente traçar uma distinção e dizer que
diferença na qualidade de sua inspiração, mas tratados da mesma maneira; mas Deus não do trono.”13 o que Jesus disse num período tem maior ou me-
descreve a obra deles como tendo idêntica está nisto.”11 nor autoridade do que aquilo que Ele disse em
autoridade à dos profetas canônicos. Não en- Os escritos são o produto da inspiração, Nenhuma Diferença de Autoridade Entre outro período?...
contramos diferença na maneira como eles ou não são. Os profetas são verdadeiros, ou Profetas Canônicos e Não-Canônicos “Será possível, por exemplo, que alguma
recebiam suas mensagens, na maneira como são impostores.12 Com exclusão da diferen- A sugestão de que os profetas podem ser clas- coisa que Jesus tenha dito no primeiro século
as comunicavam ou na maneira como seus ça entre o comum e o sagrado, que deve ser sificados em graus de autoridade é semelhan- da era cristã tenha maior ou menor autorida-
contemporâneos reagiam a elas. Os profetas óbvio para todos, pessoa alguma tem com- te à discussão anterior das diferenças em de do que aquilo que Ele diz no século deze-
não canônicos falaram por Deus e foram petência para dividir os escritos de um pro- graus de inspiração. Essas categorias de inspi- nove da era cristã? A resposta, creio eu, é ób-
considerados porta-vozes de Deus por seus feta em mais inspirados e menos inspirados. ração e autoridade reduziriam alguns profetas via. Não faz nenhum sentido argumentar a
contemporâneos. Tão logo alguém tente fazer isso, o árbitro a um papel ou função meramente inspirativa favor de graus de inspiração, como se aquilo
Com a sugestão de que alguns profetas re- final acaba sendo a razão humana. Então e pastoral, destituído de autoridade divina. que Jesus disse (por meio do Espírito de Pro-
ceberam grau mais elevado de revelação/ins- cada pessoa passa a crer que sua própria ra- Algumas vezes esta suposta divisão dos fecia) a uma geração fosse mais inspirado do
piração que outros, surge a inescapável per- zão é mais digna de confiança do que a dos profetas em classes se baseia na diferença que aquilo que Ele disse a outra.”15
gunta: quem irá decidir isso? Pode uma pessoa demais. entre profetas canônicos e não-canôni- Quando Josias (621 a.C.) identificou as
não inspirada julgar a obra de um profeta e Através dos anos, alguns têm sugerido cos: os profetas não-canônicos são consi- Escrituras perdidas havia longo tempo (pro-
decidir se ele ou ela é um profeta de primei- que os artigos periódicos de Ellen White não derados pastorais/inspirativos, ao passo vavelmente Deuteronômio, ver II Crôn.
ro, segundo ou terceiro grau? O dom de pro- eram tão inspirados quanto os livros. Ou que que os profetas canônicos são considera- 34:14), tremeu ante os iminentes juízos pre-
fecia, bem como outros dons espirituais, é da- suas cartas não eram inspiradas, apenas os li- dos autorizados. ditos sobre o povo de Deus em conseqüência
do a homens e mulheres “segundo a Sua von- vros publicados. Em 1882, ela escreveu uma Tente provar esse raciocínio pela história de sua apostasia. Estava em dúvida se ele e
tade [do Espírito]” (Heb. 2:4), não a vontade carta sincera sobre o “menosprezo pelos Tes- bíblica. Quanta autoridade Davi achava que seus líderes dispunham de tempo suficiente
do homem. temunhos”, para ser lida na igreja de Battle Natã possuía? E como Natã compreendia para instituir uma reforma nacional. Seus lí-
Em 1884, o presidente da Associação Ge- Creek, Michigan: “Quando lhes envio um seu papel: inspirativo ou autoritativo? “O deres religiosos leais – Safã, o escriba; Hil-
ral, George I. Butler, tentou contribuir para testemunho de advertência e reprovação, Senhor enviou Natã a Davi.” II Sam. 12:1. quias, o sumo sacerdote e muitos levitas que
uma compreensão mais clara deste assunto muitos de vocês declaram ser simplesmente Mais tarde, Davi (um profeta canônico) te- ensinavam – ficaram igualmente perturba-
publicando dez artigos na revista da igreja. a opinião da irmã White. Têm assim insul- ve experiência semelhante com outro profe- dos. Todos queriam saber o significado das Es-
Nesses artigos, ele examinava “diferenças em tado o Espírito de Deus. Vocês sabem como ta não-canônico: Gade, “o vidente de Da- crituras que prometiam tanto bênção como
graus” de inspiração.10 o Senhor Se tem manifestado por meio do vi”. I Crôn. 21:9. Novamente, o profeta maldição. A quem recorreram em busca de
Ellen White esperou cinco anos para Espírito de Profecia. ... Essa tem sido minha não-canônico estava cônscio de sua autori- conselho? À profetisa Hulda!16
pronunciar-se, esperando que ele percebes- obra por muitos anos. Um poder tem-me im- dade: “Veio, pois, Gade a Davi e lhe disse: Josias estimava e respeitava seus dedicados
se o erro que estava cometendo. Mas quan- pelido a reprovar e censurar erros dos quais Assim diz o Senhor. ...” I Crôn. 21:11. Mais escribas e conselheiros religiosos. Esses líde-
do outras pessoas começaram a adotar o não tinha o menor conhecimento. Esse tra- adiante: “Subiu, pois, Davi, segundo a pala- res de confiança eram homens iluminados
ponto de vista de Butler e a ensiná-lo no balho dos últimos trinta e seis anos seria de vra de Gade, que falara em nome do Se- pelo Espírito de Deus. Mas eles também, co-
Battle Creek College, ela escreveu: “Tanto cima ou de baixo?... nhor.” I Crôn. 21:19.14 mo Josias, precisavam de uma autoridade su-
no Tabernáculo [de Battle Creek] como no “Quando fui ao Colorado, achava-me tão Em seu último sermão, o ex-editor associa- perior para lhes explicar o que essas Escritu-
colégio tem sido ensinado o assunto da ins- preocupada por vocês que, em minha fraque- do da Review Don F. Neufeld declarou: “Por ras haviam significado nos dias de Moisés e o
piração, e homens finitos se têm arrogado za, escrevi muitas páginas para serem lidas em meio de Seu testemunho aos profetas do No- que deviam significar em seus dias. Foi por is-
dizer que certas coisas nas Escrituras foram sua reunião campal. Fraca e trêmula, levan- vo Testamento, Jesus predisse que a atividade so que recorreram à profetisa.
inspiradas e outras não. Foi-me mostrado tei-me às três horas da madrugada para lhes profética, como um dos muitos dons espiri- Josias e seus conselheiros reconheceram
que o Senhor não inspirou os artigos acerca escrever. Deus estava falando por intermédio tuais, continuaria na igreja. Em outras pala- que “a autoridade de uma mensagem deriva
da inspiração publicados na Review, nem da argila. Poderiam dizer que essa comunica- vras, o testemunho de Jesus a Seu povo não de sua fonte”. Divisaram “a mesma Fonte di-
aprovou o endosso deles perante nossos jo- ção não passava de uma carta. Sim, foi uma deveria cessar tão logo os livros que com- vina tanto na Bíblia... como na mensagem de
vens no colégio. Quando os homens se atre- carta, mas motivada pelo espírito de Deus, a põem nosso atual cânon da Escritura fossem um profeta contemporâneo”. Ao comparar-
vem a criticar a Palavra de Deus, atrevem- fim de apresentar ao seu espírito coisas que escritos. A atividade profética continuaria mos Hulda e Ellen White, percebemos que
se a pisar em terreno santo, sagrado, e me- me haviam sido mostradas. Nessas cartas que para além do fechamento do cânon. ambas “intensificaram” a importância da Pa-
lhor lhes seria temer e tremer e esconder escrevo, nos testemunhos de que sou porta- “Isto nos leva a uma importante pergunta. lavra escrita, ambas focalizaram a Palavra na
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situação da época, ambas “exaltaram” as Es- neiras pela quais Deus trabalha por meio de sonhos e visões. Tampouco foram testemu- igreja que a esposa “será mais feliz se perma-
crituras e ambas atraíram” o povo a aplicar a Seus profetas na transmissão de Sua mensa- nhas da revelação como Mateus e João. Mar- necer viúva, segundo a minha opinião; e pen-
Bíblia na vida, conduzindo a uma reforma.17 gem ao povo. Os profetas bíblicos e Ellen cos, concorda-se geralmente, dependeu gran- so que também eu tenho o Espírito de Deus”.
White usavam pelo menos seis “modelos” de demente do “testemunho” de Pedro. Mas Se alguém sugerisse que o conselho prove-
Características Literárias inspiração.21 Marcos não foi uma “testemunha ocular”; foi niente de visão é inspirado, enquanto um
Comuns – Erros de Dados e Gramática Modelo visionário. Com muita freqüência um fiel historiador. conselho não proveniente de visão não o é,
Todos os profetas usam sua própria lingua- Lucas descreve abertamente o método que estaria dividindo o que Paulo nunca dividiu.
relacionamos os profetas com visões e so-
usou ao contar a história do evangelho em Que parte das cartas a Timóteo é mais inspi-
gem, imperfeita como toda linguagem huma- nhos.22 Mas Deus também Se tem revelado seu prefácio endereçado a Teófilo: “Visto que rada do que as outras? Paulo diria: “Eu tenho
na é e sempre será. Os profetas empregam o no que chamamos de “teofanias”, em que a muitos houve que empreenderam uma narra- o Espírito de Deus.”
idioma de sua própria família, comunidade e presença real do ser celeste é vista ou ouvida. ção coordenada dos fatos que entre nós se Grande parte dos Testemunhos de Ellen
época. Com o passar dos anos, por meio de Pensamos em Moisés na sarça ardente (Êxo. realizaram, conforme nos transmitiram os White podem ser classificados como conse-
estudo e viagens, eles melhoram sua capaci- 3:4) e Josué diante de Jericó (Jos. 5:13-15). que desde o princípio foram deles testemu- lhos de alguém que tinha o “Espírito de
dade de entender e apresentar as mensagens Em outra ocasião, “o Senhor abriu os olhos nhas oculares e ministros da palavra, igual- Deus”. Sempre que ela escrevia a alguém,
de Deus. Esse crescimento em habilidades do moço [companheiro de Eliseu], e ele viu mente a mim me pareceu bem, depois de pro- quer se tratasse de pais, filhos, professores,
perceptivas e comunicativas torna seu papel que o monte estava cheio de cavalos e carros funda investigação de tudo desde sua origem, obreiros médicos, administradores ou pasto-
profético mais eficaz. de fogo”. II Reis 6:15-17. dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, res, ela usava as palavras: “Eu vi.” Isso nem
Mas os profetas não são perfeitos; come- Muitas vezes as visões e sonhos são tão pi- uma exposição em ordem, para que tenhas sempre queria dizer que ela havia recebido
tem erros. Algumas vezes sua memória falha; torescos que o profeta tem dificuldade em dis- plena certeza das verdades em que foste ins- uma visão especial para aquele conselho espe-
truído.” Luc. 1:1-4. cífico. Durante os anos em que passou rece-
outras vezes cometem deslize involuntário na tingui-los da realidade normal.23 Isaías podia
No modelo histórico, porém, Deus espera bendo visões, desenvolveu agudo senso de
linguagem (lapsus linguae); algumas vezes afirmar com confiança: “Eu vi o Senhor... ou- que Seus mensageiros utilizem todos os regis- justiça e propriedade. Sua sabedoria inspirada
usam a gramática impropriamente. Quando vi a voz do Senhor.” Isa. 6:1 e 8. tros históricos relevantes, orais ou escritos, acumulada fornecia-lhe rico sortimento do
Mateus, ao encontrar uma analogia do Anti- Ellen White teve muitas visões e sonhos para completarem a mensagem com as infor- qual podia extrair, como Paulo o fazia, recur-
go Testamento para as trinta moedas de pra- em que a “realidade” da experiência em so- mações desejadas. Deus fornece a mensagem sos para escrever seu conselho a indivíduos e
ta de Judas, grafou “Jeremias” em vez de “Za- nho/visão a subjugava, como aconteceu com e ajuda os mensageiros a encontrarem mate- a igrejas. Quer comunicando juízos derivados
carias” (Mat. 27:9; Jer. 32:6-9; Zac. 11:12), Daniel ou Ezequiel.24 rial disponível para tornar a mensagem de uma visão, quer apresentando conselho ba-
cometeu um erro de memória ou lapso de Modelo testemunhal. Deus, por vezes, levava compreensível a seus leitores. Conforme des- seado nos anos que passou ouvindo a voz de
pensamento. De modo similar, Ellen White determinados escritores bíblicos a apresentarem cobrimos em páginas anteriores,25 determi- Deus, ambas as comunicações vinham de uma
atribuiu a Pedro as palavras de Paulo em II o próprio relato do que haviam visto e ouvido. nadas partes do Novo Testamento foram im- única mente inspirada pelo mesmo Espírito.
Coríntios 5:14: “‘O amor de Cristo nos cons- João exemplificou este modelo quando escre- portadas de fontes extrabíblicas. Essas fontes Modelo epistolar. Escrever cartas a congre-
trange’, declarou o apóstolo Pedro. Este foi o seculares e não bíblicas tornaram-se parte da gações e indivíduos era o método mais co-
veu I João 1:1-4: “O que era desde o princípio,
mensagem “inspirada”. mum usado pelos escritores do Novo Testa-
motivo que impeliu o zeloso discípulo em seu o que temos ouvido, o que temos visto com os Ellen White, de vez em quando, retrata o mento. Algumas dessas cartas eram particula-
árduo trabalho na causa do evangelho.”18 nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as modelo histórico, especialmente na Série O res; outras eram escritas com a intenção de
O Espírito Santo corrige os profetas quando nossas mãos apalparam. ... Estas coisas, pois, vos Grande Conflito.26 serem lidas em público. Parece mais provável
o conselho deles, por alguma razão, pode afe- escrevemos para que a nossa alegria seja com- Modelo admoestativo. Algumas das epísto- que Paulo jamais imaginou que suas cartas a
tar adversamente a obra profética. Observe co- pleta.” Os Evangelhos de Mateus e João são las de Paulo, como as que foram dirigidas a Filemom, Timóteo e Tito se tornariam públi-
mo Natã foi orientado a mudar o conselho que exemplos do modelo testemunhal: eles não pre- Timóteo, Tito, Filemom e trechos das cartas cas. Mas somos gratos que isso tenha aconte-
dera a Davi (II Sam. 7) e quando Ellen White cisaram de uma visão para escrever suas mensa- aos Coríntios, são exemplos clássicos de con- cido. Vemos nessas cartas uma mistura de as-
mudou seu conselho a respeito de fechar a gens. Neste caso, o Espírito Santo estava usan- selho cristão. Nenhuma dessas cartas é so- suntos comuns com conselhos e instruções
Southern Publishing Association.19 do um tipo diferente de modelo de inspiração, mente teológica. Em I Coríntios 7 encontra- evidentemente espirituais. Essas cartas do
O Espírito Santo, porém, não corrige a li- além do modelo visão/sonho. mos uma mistura de verdade recebida em vi- Novo Testamento nos ajudam a entender
mitação humana dos profetas no emprego de Ellen White escreveu muitas páginas que são e conselho inspirado. No verso 10, Paulo melhor como relacionar-nos com as muitas
diz: “Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o cartas de Ellen White que muitas vezes eram
suas habilidades de comunicação.20 refletem esse modelo testemunhal. Suas pala-
Senhor, que a mulher não se separe do marido.” particulares e freqüentemente misturavam o
vras nessa forma possuem inspiração de tanta No verso 25, ele continua com seu conselho: comum com o sagrado.
Modelos Bíblicos de Inspiração Correlaciona- qualidade quanto seus escritos motivados por “Com respeito às virgens, não tenho manda- Se o Senhor permitiu que as cartas parti-
dos com o Ministério de Ellen White um sonho ou visão. mento do Senhor; porém dou minha opinião, culares de Paulo fossem incluídas no cânon
Revelação é a obra de Deus quando Ele “fala” Modelo histórico. Lucas e Marcos não es- como tendo recebido do Senhor a misericór- para distribuição universal, seria apropriado
ao profeta. Inspiração descreve as muitas ma- creveram seus Evangelhos depois de receber dia de ser fiel.” No verso 40, ele relembra a crer que as cartas de Sua profetisa moderna
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também possam levar encorajamento e con- meio dos que são inspirados pelo Espírito pa- ria com Satanás. Minha obra... ou traz o cunho de Deus ou o 21. Juan Carlos Viera, “The Dynamics of Inspiration”, Adventist
selho corretivo àqueles que não têm o bene- ra pesquisar as providências de Deus, por cunho do maligno. Não há meio-termo neste caso. Ou os Review, 30 de maio de 1996, págs. 22-28.
Testemunhos procedem do Espírito de Deus ou do diabo.” – 22. Ver págs. 9 e 10.
fício do seu ministério pessoal. meio dos que são dotados para aconselhar o Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 671 (Testemunhos Sele- 23. II Crôn. 12:1-4.
Modelo literário. A Bíblia contém trechos povo de Deus a respeito de Sua vontade para tos, vol. 2, pág. 286). 24. Ver Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 34-47 para descrição
como Salmos, Provérbios e Eclesiastes onde o com eles, por meio de cartas de instrução e 13. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 64-67 (parte em Tes- das diversas ocasiões em que Ellen White recebeu uma visão
temunhos Seletos, vol. 2, pág. 26). ou sonho.
escritor expressa seus sentimentos mais ínti- correção e por meio do veículo da expressão 14. Ver Coon, “Inspiration/Revelation”, The Journal of Adventist 25. Ver pág. 378.
mos por meio de poesia e prosa. Novamente emocional dos mais profundos pensamentos Education, fevereiro/março de 1982. 26. “Em alguns casos em que algum historiador agrupou os fatos
parece improvável que Davi e outros salmis- – por meio dessas “diferentes maneiras” Deus 15. Sermão, “Quando Jesus Fala”, pregado na Igreja Adventista de tal modo a proporcionar, em síntese, uma visão compreen-
do Sétimo Dia de Takoma Park em 2 de fevereiro de 1980. siva do assunto, ou resumiu convenientemente os pormeno-
tas imaginassem que seus cânticos seriam im- tem falado “muitas vezes” à mente e ao cora- Grifo nosso. Ver também Kenneth H. Wood, “Toward an res, suas palavras foram citadas textualmente; nalguns outros
pressos e circulariam por todo o mundo. Suas ção de homens e mulheres. Understanding of the Prophetic Office”, Journal of the Ad- casos, porém, não se nomeou o autor, visto como as transcri-
ventist Theological Society, primavera de 1991, pág. 28. ções não são feitas com o propósito de citar aquele escritor
emoções mais profundas, sublimidade e an- Entendemos, pois, que nem todos os pro- 16. II Crôn. 34:21 e 22; Nee. 9:30. como autoridade, mas porque sua declaração provê uma apre-
siedade fluem como um poço artesiano. Deus, fetas tiveram visões, nem todos escreveram 17. Eric Livingston, “Inquire of the Lord”, Ministry, abril de sentação pronta e positiva do assunto.” – O Grande Conflito,
em Sua sabedoria, pretendia que essas emo- cartas. Alguns desnudaram o coração a outras 1981. Ellen White escreveu sobre seu dever profético ao no- págs. 13 e 14.
tar que não se destinam a “comunicar nova luz; e sim a gra- 27. “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não Me tens co-
ções humanas fossem preservadas para bene- pessoas, enquanto outros foram mais objeti- var vividamente na alma as verdades da inspiração já revela- nhecido? Quem Me vê a Mim vê o Pai; como dizes tu: Mos-
fício de todos quantos enfrentam lutas na vi- vos em testificar daquilo que tinham visto na das [intensificação]. ... Mas pelos Testemunhos, Deus simpli- tra-nos o Pai? Não crês que Eu estou no Pai e que o Pai está
da diária. vida dos outros, ou em registrar as providên- ficou importantes verdades já reveladas [focalizadas]. ... Os em Mim? As palavras que Eu vos digo não as digo por Mim
Testemunhos não têm por fim diminuir o valor da Palavra de mesmo; mas o Pai, que permanece em Mim, faz as Suas
Embora Ellen White não fosse poetisa, cias de Deus, ao fazerem pesquisa histórica. Deus, e sim exaltá-la e atrair para ela as mentes [exaltação e obras.” João 14:9 e 10.
também expressou suas mais ardentes emo- Alguns predisseram o futuro, outros comuni- atração].” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 665 (Teste- 28. “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás. ... Eu, po-
ções em milhares de páginas de diários. Lem- caram a vontade de Deus para seu tempo. munhos Seletos, vol. 2, págs. 280 e 281). rém, vos digo. ...” Mat. 5:21-48.
18. Review and Herald, 30 de outubro de 1913. 29. “Então, Lhe deram o livro do profeta Isaías. ... Tendo fecha-
bramo-nos das palavras do apóstolo em He- De quatro diferentes maneiras, Jesus foi o 19. Biography, vol. 5, págs. 191-194. do o livro, ... passou Jesus a dizer-lhes: Hoje se cumpriu a Es-
breus 1:1 de que Deus nos falou “muitas vezes melhor exemplo de como os profetas execu- 20. “O tesouro [a mensagem de Deus] foi confiado a vasos de bar- critura que acabais de ouvir.” Luc. 4:17-22.
e de diferentes maneiras” através da história tam suas responsabilidades: ro, todavia não é por isso menos do Céu. O testemunho é 30. “Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as
transmitido mediante a imperfeita expressão da linguagem Escrituras.” Luc. 24:45. Juan Carlos Viera salientou esses
humana. Ao ouvir Davi ou Ellen White, ou- 1. Ele é o Mensageiro, o Revelador, da humana, e não obstante é o testemunho de Deus.” – Mensa- quatro pontos em uma apresentação em 1995.
vimos muitas vezes as nossas próprias excla- mente de Deus.27 gens Escolhidas, livro 1, pág. 26.
mações não só de ansiedade e de desânimo, 2. Ele ampliou o significado das Escrituras
mas também de alegria. previamente escritas.28
Realmente Deus tem falado conosco “de 3. Ele aplicou as Escrituras às circunstân- Perguntas Para Estudo
diferentes maneiras”. Por meio de sonhos e cias atuais.29
visões, por meio daqueles que testificam das 4. Ele esclareceu o significado das Escritu- 1. Quais os seis modelos bíblicos que usam os escritores inspirados ao fazer sua obra? Com-
coisas que eles próprios viram e ouviram, por ras previamente escritas.30 pare esses modelos com o ministério de Ellen White.

Referências 2. Como você responderia a alguém que sugere que, ao empregar a frase “uma luz menor
que leva homens e mulheres à luz maior”, Ellen White tem credenciais menos autoriza-
1. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 30. 13:22), Jeú (I Reis 16:1 e 7; II Crôn. 19:2; 20:34), Elias (II das do que os profetas bíblicos?
2. Ellen White doou os direitos autorais desse volume para qui- Crôn. 21:12-15).
tação das dívidas em instituições educacionais. Ver Biography, 10. Review and Herald, 8 de janeiro a 3 de junho de 1884.
vol. 5, pág. 92. 11. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 23. “Os homens devem 3. Como você replicaria a alguém que tenta “classificar” os profetas com respeito ao grau
3. Review and Herald, 20 de janeiro de 1903 (Colportor Evange- deixar que Deus cuide de Seu Livro, Seus oráculos vivos, co- de inspiração e autoridade deles, e dissecar-lhes os escritos a fim de determinar o que é
lista, pág. 125). Aqui a Sra. White usou a comparação de Gê- mo Ele tem feito por séculos. Eles começam a pôr em dúvi- inspirado e o que não é?
nesis 1:16: “Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para go- da algumas partes da revelação e acham falhas nas aparentes
vernar o dia, e o menor para governar a noite.” incoerências desta e daquela declaração. Começando em
4. O Grande Conflito, pág. 9. Gênesis, eles rejeitam aquilo que julgam questionável, e sua 4. De que forma Jesus foi nosso melhor exemplo de como os verdadeiros profetas devem
5. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 654-691 (Testemunhos mente os leva adiante, pois Satanás levará a qualquer exten- cumprir seus deveres?
Seletos, vol. 2, págs. 270-293). Ver Jemison, A Prophet Among são a que eles o sigam em sua crítica, e vejam alguma coisa
You, págs. 364-374. de que duvidar em todas as Escrituras. Suas faculdades de crí-
6. Carlyle B. Haynes promoveu esta metáfora em muitas reu- tica são aguçadas pelo exercício, e não podem repousar em 5. Qual o erro implícito na idéia de que o ministério de um profeta pode ser categorizado
niões evangelísticas na primeira metade do século vinte. Ver nada com certeza. Vocês procuram raciocinar com esses ho- ou dividido por diferenças nos graus de inspiração?
Roger Coon, “Inspiration/Revelation: What It Is and How It mens, mas é tempo perdido. Eles exercerão sua capacidade
Works”, The Journal of Adventist Education, fevereiro/março de ridículo mesmo sobre a Bíblia. ... Irmãos, apeguem-se à
de 1982. Bíblia, tal como reza ela, parem com suas críticas relativa- 6. Pense em outras metáforas além das três deste capítulo que ajudem a explicar a expres-
7. M. L. Venden, Sr., popularizou esta ilustração por muitos anos mente a sua validade, e obedeçam à Palavra, e nenhum de
em suas campanhas evangelísticas. Ver Coon, ibidem. vocês se perderá. ... Damos graças a Deus por ser a Bíblia pre-
são “luz menor, luz maior”.
8. Arthur White, Biography, vol. 4, págs. 346-348; Denton Re- parada para o pobre da mesma maneira que para o homem de
bok, Crede em Seus Profetas, págs. 171-181. saber. Ela se adapta a todas as idades, todas as classes.” –
9. O autor do Livro dos Justos (Jos. 10:13; II Sam. 1:18), Na- Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 17 e 18.
tã (I Crôn. 29:29; II Crôn. 9:29; 29:25), Gade (I Crôn. 12. Compare Mat. 12:22-32; “Ou Deus está ensinando a Sua
21:9; II Crôn. 29:25), Aías (I Reis 1:29; 14:2-18; II Crôn. igreja, reprovando seus erros e fortalecendo a sua fé, ou não
9:29), Semaías (II Crôn. 12:15), Ido (II Crôn. 9:29; 12:15; está. Esta obra é de Deus ou não o é. Deus nada faz de parce-

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CAPÍTULO
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de luz, trazendo-me nítidas à mente aquelas vamos à Bíblia e obtenhamos a evidência
determinadas instruções. Em tais ocasiões escriturística. ... A investigação deve
não posso deixar de dizer as coisas que me prosseguir. Todo o meu objetivo era que a
ocorrem de súbito, não porque eu tenha tido luz fosse agrupada, e que o Salvador pu-
nova visão, mas porque aquilo que me fora desse entrar.”15
Hermenêutica/5 apresentado talvez há anos foi-me trazido vi- Em outras palavras, mesmo em 1848,
gorosamente à memória.”7 quando os adventistas estudantes da Bíblia

Autoridade e Relação Ao evangelista W. W. Simpson, que em


1906 trabalhava no sul da Califórnia, ela es-
creveu: “Estou agradecida de que a instrução
contida em meus livros tenha estabelecido a
pelejavam com importantes ensinos bíbli-
cos, Ellen White já enfatizava o princípio
adventista do estudo da Bíblia primeiro e,
depois, quando fosse necessário, a confir-

Para com a Bíblia verdade presente para este tempo. Esses li-
vros foram escritos sob a manifestação do Es-
pírito Santo.”8
mação pela revelação profética. Nessa or-
dem!16 Nenhum profeta desde Enoque e
Moisés teve compreensão completa da ver-
“O Espírito de Deus repousa sobre mim com poder, e não posso deixar de falar as palavras que me dade. Todos os profetas tiveram que esperar
foram dadas. Não ouso reter sequer uma palavra do testemunho. ... Falo as palavras que me foram Relação de Ellen White até que o Senhor lhes revelasse à mente,
dadas por um poder sobre-humano, e não posso, ainda que queira, revogar [retratar-me] uma fra- com a Bíblia e com o Estudo da Bíblia não apenas por meio de visões, mas tam-
se sequer. No período da noite, o Senhor me dá instrução sob a forma de símbolos e depois lhes ex- Já fizemos referência noutra parte à incon- bém por meio de estudo da Bíblia. Quando
plica o significado. Ele me dá a palavra, e não ouso recusar-me a comunicá-la ao povo.” 1 testável submissão de Ellen White à Bíblia Deus quer que a verdade seja confirmada,
como regra de fé e prática.9 Ela via a si torna Sua vontade conhecida por Seus
mesma como “a luz menor que leva homens mensageiros.

O
s adventistas do sétimo dia têm crido tada. Durante as negras horas de confusão e mulheres à luz maior [Bíblia]”.10 Deixava
por mais de um século que Ellen Whi- teológica do Dr. Kellogg, ela escreveu ao claro que seus testemunhos não teriam sido Princípios Bíblicos sem Valor
te foi inspirada da mesma maneira e cunhado S. T. Belden: “Não devo ficar depri- necessários se as pessoas tivessem estudado a Menos que Sejam Interiorizados
no mesmo grau de inspiração que os profetas mida, mas devo falar as palavras do Senhor com diligência para entender a Bíblia.11 In- Atitudes. Uma das lições mais importantes a
bíblicos. Apesar disso, não fazem dos escritos com autoridade, e então deixar com Ele todas sistia com o povo para que “se apegasse” às serem aprendidas da experiência de 1888 é a
dela uma outra Bíblia. Os escritos dela diferem as conseqüências. Sou instruída pelo Grande suas Bíblias, afirmando que pessoa alguma de que Ellen White estava mais preocupada
em função e objetivo, mas não em autoridade. Médico a falar a palavra que o Senhor me dá, que cresse na Bíblia e lhe obedecesse se em viver a verdade do que em discuti-la. Ela
Como, porém, Ellen White entendia a sua quer os homens a ouçam ou não.”5 perderia.12 deixou isso bem claro em muitas ocasiões. Se
própria autoridade? Desde os anos da adoles- “O tremendo senso de minha responsabili- Não outra Bíblia. Nem Ellen White nem os um estudante da Bíblia fosse motivado por
cência até seus últimos dias, ela sempre teve dade”, escreveu ela ao filho W. C. White, “se pioneiros do movimento do advento jamais um espírito não cristão, isso sugeria para ela
uma clara concepção de sua missão divina. apodera de mim de tal maneira que fico pesada consideraram os escritos dela como outra Bí- que havia alguma coisa errada com a teologia
Centenas de vezes introduziu suas mensagens como uma carroça carregada de feno. Real- blia. Ninguém deixou isso mais claro do que dessa pessoa!17
com expressões como: “Foi-me mostrado” ou mente não desejo sentir menos agudamente a ela própria. Nenhum outro escritor exaltou Outro episódio carregado de emoções
“O Senhor me mostrou”. Ao refletir sobre es- minha obrigação para com o Poder Superior. A mais a Bíblia!13 ocorreu na assembléia da Associação Geral
ses primeiros momentos, confessou: “Quando Presença divina está sempre comigo, expres- O estudo da Bíblia precede a confirmação ins- de 1901 em Battle Creek. Muitos eram os
o Senhor no início me deu mensagens para sando suprema autoridade e tomando em con- pirada. Um incidente da vida real ocorreu em desafios que os delegados enfrentavam, mas
levar ao Seu povo, foi-me difícil apresentar- sideração o serviço que faço ou deixo de fazer.”6 1888, quando líderes criteriosos estavam em o maior era provavelmente a necessidade
lhas, e muitas vezes eu as amenizei e as tornei Durante o confronto com Ballenger em conflito a respeito da lei em Gálatas. Alguns de reorganizar a Associação Geral que, por
mais suaves pelo temor de ferir alguém. Foi princípios da década de 1900, ela comentou: se lembraram de um ponto de vista suposta- muitos anos, conferira demasiada autorida-
uma grande prova declarar-lhes as mensagens “Pergunta-se: Como a irmã White sabe dos mente adotado por Ellen White alguns anos de a poucos líderes. Ellen White chamava
como o Senhor mas entregou.”2 assuntos de que fala tão decididamente, co- antes, e desejaram encontrar aquele manus- isso de “um poder monárquico e domina-
A reação comum a todos os profetas, até mo se ela tivesse autoridade de dizer essas crito. A própria Ellen White tentou encon- dor”.18 Além desse problema estrutural, os
mesmo ao próprio Jesus, tem sido fazer-lhes coisas? Assim falo porque elas me ocorrem trá-lo, mas, apesar de todas as buscas, não pô- líderes também precisavam enfrentar a gi-
várias perguntas básicas: “Com que autorida- subitamente ao espírito, quando em perple- de localizá-lo e ficou preocupada com seu de- gantesca dívida denominacional, a quanti-
de faz essas coisas? Quem lhe deu essa autori- xidade, como o relâmpago sai das nuvens na saparecimento.14 dade e espécie de impressão comercial que
dade?”3 Qual é sua obra? Quem o enviou? fúria da tempestade. Algumas cenas a mim Em sua última mensagem falada à as- estava sendo feita na editora Review and
Ellen White respondeu muitas vezes a es- apresentadas anos antes não foram retidas na sembléia da Associação Geral de 1888, ela Herald e a agravante discórdia com o Dr.
sas perguntas. O Senhor a enviou “para con- memória, mas quando as instruções então se referiu ao incidente: “Por que motivo Kellogg.
forto do Seu povo e para corrigir os que se dadas são necessárias, por vezes mesmo perdi o manuscrito [sobre a lei em Gálatas Apesar disso, sob a base de todos esses pro-
desviam da verdade bíblica”.4 quando me encontro diante do povo, a lem- 3] e durante dois anos não pude achá-lo? blemas visíveis, fluía uma corrente de inércia
A Sra. White muitas vezes se sentiu rejei- brança vem-me viva e clara, como um jato Deus tem nisto um propósito. Ele quer que a mudanças. Essa inércia não apenas resistia
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CAPÍTULO 36 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira AUTORIDADE E RELAÇÃO
PARA COM A BÍBLIA

aos planos aperfeiçoados de governo ecle- neira geral ignorada. Seu conselho a respeito a sua atenção particularmente para esses em suas cartas, testemunhos e livros, ela fa-
siástico, mas também resistia à receptividade da relação entre a mente e o corpo saudável princípios.”24 la a jovens e idosos salientando os textos bí-
para com a verdade presente e a um aprofun- havia sido grandemente desconsiderado.21 blicos em situações humanas. Esse tipo de
damento das atitudes espirituais. Ellen Whi- Neste cenário de 1901 em Battle Creek, Uma Comentarista, não uma Exegeta ministério é mais pastoral e devocional do
te trouxe à memória dos líderes o conselho Ellen White não estava discutindo a relação No início do seu ministério, a Sra. Ellen White que muitas vezes pensamos como sendo exe-
que durante anos vinha apresentando: “Já se de seus escritos com o desenvolvimento dou- entendeu que desempenhava o papel de gese bíblica. Milhões de leitores aprenderam
disse o bastante, repetidas e repetidas vezes, trinário quando disse posteriormente: “Não “mensageira do Senhor”, e lhe foi dito: “Coi- a apreciar a narrativa bíblica pela leitura do
mas não fez nenhuma diferença. A luz bri- citem a irmã White. Não quero que citem a sas estranhas surgirão, e em sua juventude a se- comentário dela.
lhou sobre eles, exatamente os mesmos que irmã White enquanto não tirarem proveito parei para levar a mensagem aos errantes, le- Em outras ocasiões, Ellen White fala com
supostamente a aceitaram, mas eles não efe- da posição onde vocês sabem que estão. Ci- var a Palavra ante os incrédulos, e pela pena ênfase doutrinária. Faz uma dupla aplicação
tuaram nenhuma mudança. E isto é o que me tem a Bíblia. Falem sobre a Bíblia. Ela está e pela voz reprovar pela Palavra ações que de Mateus 24:4-14 como os escritores do No-
assusta.” A raiz desse problema espiritual era cheia de alimento. ... Ponham-na em prática não são corretas. Exorte pela Palavra. Expor- vo Testamento fizeram em relação às profe-
que o conselho da Sra. White, embora usado na vida, e vocês conhecerão a Bíblia mais do lhe-ei Minha Palavra. Ela não será como lín- cias do Antigo Testamento.32 Ao delinear as
com freqüência, fora mal aplicado para ajus- que conhecem agora. ... E eu peço que colo-
gua estranha.”25 profecias de Daniel e Apocalipse, faz aplica-
tar-se ao ponto de vista de alguém, e os prin- quem a armadura, cada peça, e estejam certos
Em todos os seus escritos, se bem que mais ções específicas, especialmente no que se re-
cípios foram ignorados: “Ele [Deus] quer que de que os seus pés estejam calçados com a
acentuadamente na série O Grande Conflito, fere a Daniel 7-9 e Apocalipse 6-17.
vocês se alimentem de Seus princípios, que preparação do evangelho.”22 Ela estava sim-
plesmente dizendo a esses líderes da igreja Ellen White “comentou” sobre a história bí- A Sra. White não tentou comentar todos
vivam Seus princípios; mas aqueles que estão blica desde a entrada do pecado no Céu até os versículos da Bíblia. Focalizou apenas as
lá agora [atuais líderes da igreja] jamais apre- que recorrer aos escritos dela para qualquer
propósito, quando, falando de maneira geral, sua definitiva remoção do Universo após o passagens que encerravam significado espe-
ciarão isto. Eles tiveram sua prova, ... recebe- milênio. O Tema do Grande Conflito por ela cial no desdobramento do Tema do Grande
ram suas advertências, e agora deve haver não interiorizavam os princípios do evange-
lho encontrados na Bíblia e nos escritos dela, exposto é o fio integrante que entrelaça todos Conflito. Sobre algumas passagens ela con-
uma mudança.”19 os seus pensamentos numa corrente de verda-
era errar o alvo. Viver o evangelho era mais fessa expressamente que não tinha luz espe-
Ellen White não queria mais uma aceita-
importante do que “brincar de igreja”, não de retilínea.26 Ela abre a Palavra a seus leito- cial, como no caso do significado da palavra
ção fingida em reação a seu conselho: “Co-
importa quantas citações sobre o evangelho res por meio de tipologias,27 princípios mo- “diário” em Daniel 8:11-13. Seu único co-
loquem a irmã White de lado. ... Não citem
tinham na cabeça. rais28 e perfis de personagens.29 O espaço que mentário a respeito da palavra “diário” se re-
outra vez as minhas palavras enquanto vive-
dedica aos acontecimentos e personalidades fere à determinação do tempo dessa profecia,
rem, até que possam obedecer à Bíblia.
“Dons” Provados Pela Bíblia, bíblicas nem sempre é proporcional ao espa- não à aplicação em si da palavra “diário”.33
Quando fizerem da Bíblia o seu alimento...
e não a Bíblia Pelos ”Dons“ ço que a Bíblia lhes reserva. A ênfase que ela Ela também não identifica a composição
quando fizerem de seus princípios os ele-
Em 1883, o presidente da Associação Geral, dá sobre certos acontecimentos e pessoas de- dos 144.000 (Apoc. 14:1-5). Nem fornece
mentos de seu caráter, saberão melhor como George I. Butler, falou em nome de sua gera-
receber o conselho de Deus. Enalteço a pre- pende da maneira como crê que esses aconte- instrução definida quanto a muitas outras
ção e dos adventistas de seus dias: “Não so- cimentos e pessoas contribuem para o desdo- questões bíblicas que ainda estão sendo dis-
ciosa Palavra diante dos irmãos neste dia. mos da opinião de que eles [os escritos de
Não repitam mais o que eu declarei, afir- bramento do Tema do Grande Conflito.30 cutidas por sinceros estudantes da Bíblia. Ela
Ellen White] sejam superiores à Bíblia nem, Muita gente descobriu que Ellen White é escreveu apenas sobre os textos que pareciam
mando: ‘A irmã White disse isso’ e ‘a irmã em certo sentido, iguais a ela. As Escrituras
White disse aquilo’ e ‘a irmã White disse uma proveitosa comentarista de textos bíbli- destacar-se mais no desdobramento do Tema
são a regra pela qual provamos tudo, inclusi- cos. W. W. Prescott relembra como, depois de do Grande Conflito.
aquilo outro’. Mas digam: ‘Assim disse o Se- ve as visões e tudo o mais. Essa regra, portan-
nhor Deus de Israel’, e em seguida façam jus- estudar o oitavo capítulo de Daniel por vários Quando comentava a Bíblia, até que pon-
to, possui a autoridade mais elevada; a norma
tamente o que o Senhor Deus de Israel faz e anos, continuava sentindo a necessidade de to ela era confiável? Compreendendo as limi-
é superior ao que é provado por ela. Se a Bí-
o que Ele ordena.”20 maior clareza. Fez dessa sua preocupação ob- tações da finita natureza humana, era de se
blia mostrar que as visões não se acham em
Ela queria que os líderes da igreja vivessem jeto de oração especial. Então lhe sobreveio a esperar algumas discrepâncias.34 Se ela não
harmonia com ela, devemos ficar com a Bí-
em conformidade com os princípios do evan- blia e renunciar às visões. Isso mostra clara- forte impressão: “Leia o que diz em Patriarcas tivesse cometido erros, seria o primeiro profe-
gelho, e não se escondendo por detrás das ci- mente que consideramos a Bíblia superior, e Profetas.” Ele apanhou o livro, folheou-o ta a fazê-lo! Por isso, ela jamais esperou que
tações dela como se o fato de encontrar alguns coisa que nossos inimigos não entendem.”23 até o capítulo apropriado e descobriu que alguém a considerasse uma comentarista ou
de seus conselhos sobre o trabalho da igreja Ellen White jamais se desviou de sua sub- aquilo era “exatamente o que eu desejava que intérprete bíblica infalível.35
pudesse pôr em ordem sua falta de caráter cris- missão à Bíblia: “A Palavra de Deus está re- me esclarecesse a mente sobre aquele assun- Além disso, ela desejava desacostumar os
tão. Os muitos testemunhos que dera a respei- pleta de princípios gerais para a formação de to. Foi de grande ajuda”.31 cristãos de escorar-se nela para tomar deci-
to da união inseparável entre a obra médico- hábitos corretos de vida, e os testemunhos, A Sra. White citou versos bíblicos milha- sões pessoais rápidas e livres de erro. Estimu-
missionária e o ministério havia sido de ma- tanto gerais como individuais, visam chamar res de vezes. Em seus sermões assim como lava as pessoas de sua época a tornar-se segu-

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CAPÍTULO 36 O ministério profético de Ellen G. White
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ras em sua relação com Deus à medida que reza, numa compreensão mais profunda, con- guia pessoal para o íntimo andar com Deus. processo de revelação, embora de maneira di-
Ele lhes falava individualmente.36 forme encontramos na maneira como enten- Nas mãos dela, a Bíblia se tornou o livro- ferente. Ela explicou: “Se bem que eu depen-
Em raras ocasiões Ellen White comentou dia o Tema do Grande Conflito.40 texto para outros, enquanto os exortava a da do Espírito do Senhor tanto para escrever
um texto bíblico de um modo que parece não unir-se a ela nesta relação transformadora minhas visões como para recebê-las, todavia
se harmonizar com o seu contexto. Os escri- Fins Práticos do Estudo da Bíblia de vida. as palavras que emprego ao descrever o que vi
tores bíblicos também agiram assim.37 Ellen White declarou em seus escritos que a são minhas, a menos que seja as que me fo-
Às vezes ela comentava um texto de duas “Bíblia foi dada para fins práticos”.41 Ela in- A Compreensão de Ellen White ram ditas por um anjo, as quais eu sempre po-
formas: uma em harmonia com o contexto e, sistia com seus leitores para que se unissem a Sobre o Modo Como a Inspiração Funciona nho entre aspas.”48
depois, de um modo que parecia contrário ao ela em tomar a “Bíblia tal como é, como a Pa- Nenhuma inspiração pela metade. Ellen White Algumas vezes ela lutava pelas palavras
contexto, mas com intenção homilética. Co- lavra Inspirada”, e que “obedece[ndo] à Pala- foi direta: “Ou Deus está ensinando a Sua apropriadas. Numa carta datada de 1901, ex-
mentando, por exemplo, João 5:39 em O De- vra... nenhum de vocês se perderá”.42 igreja... ou não está. Esta obra é de Deus ou pressou sua gratidão pela ajuda do Senhor:
sejado de Todas as Nações, ela faz voltar a E que “fins práticos” são esses? O ministé- não o é. ... Não há meio-termo neste caso. “Ele atua à minha direita e à minha esquerda.
atenção para os acusadores de Jesus como re- rio da Sra. White, desde o início até o fim, sa- Ou os Testemunhos procedem do Espírito de Enquanto estou escrevendo alguma matéria
jeitando a Palavra de Deus porque O estavam lientou constantemente o lugar da Bíblia em Deus ou do diabo.”44 A não ser pela distinção importante, Ele Se põe ao meu lado e me aju-
rejeitando, conforme a sugestão do contex- levar salvação a seus leitores. Estudar a Bíblia óbvia entre o comum e o sagrado, a obra da da. Delineia minha obra diante de mim e,
to.38 Mas numa carta datada de 1900, ela em- não é primordialmente um projeto acadêmi- Sra. White não pode ser dividida em inspira- quando fico confusa quanto à palavra mais
prega o texto para estimular o estudo sério da co ou intelectual; a Bíblia é uma rica mina na da e menos inspirada: “O Espírito Santo é o adequada para expressar meu pensamento,
Bíblia. É interessante notar que a Versão qual as pessoas sinceras descobrem a verdade autor das Escrituras e do Espírito de Profecia Ele a traz clara e distintamente a minha men-
sobre Deus e a maneira de melhor relacionar- [metonímia para os escritos de Ellen White]. te. Sinto que toda vez que recorro a Ele, mes-
King James favorece a abordagem homiléti-
se com Ele. A respeito da “educação supe- Estes não devem ser torcidos e levados a in- mo enquanto estou pregando, Ele responde:
ca, enquanto as versões mais recentes tradu-
rior”, escreveu ela: “A verdadeira educação dicar o que o homem quer que indiquem.”45
zem a passagem com outro sentido: “Exami- ‘Eis-me aqui.’”49
superior é obtida estudando a Palavra de Este senso da orientação divina impedia
nais as Escrituras”, que parece estar em har- O tempo de apresentar a mensagem nem
Deus e a ela obedecendo. Se, porém, é substi-
monia com o contexto. Ellen White de comentar assuntos sobre os sempre está sob o controle do profeta.
tuída por livros que não levam a Deus e ao
quais não possuía luz especial. Em 1909, um Ellen White escreveu: “Não... posso evocar
reino do Céu, a educação adquirida é uma
Detalhes Adicionais à História Bíblica pastor sentiu que precisava de conselho. A [a visão] até que me encontro perante um
perversão do nome.”43
Todo leitor da série O Grande Conflito sabe, Sra. White respondeu em parte: “Se o Se- grupo de pessoas no lugar a que se aplica a
O propósito da Bíblia, segundo o pensa-
por exemplo, como é estimulante ler os deta- nhor me der instruções definidas a seu respei- visão; então as coisas que vi me vêm com
mento de Ellen White, é ajudar os sinceros
lhes adicionais de muitas histórias da Bíblia to, eu as transmitirei a você; mas não posso força à mente. Sou tão dependente do Es-
pesquisadores a relacionar-se de tal maneira
fornecidos por Ellen White. Apesar disso, ela com o conflito cósmico que o propósito divi- assumir responsabilidades que o Senhor não pírito do Senhor ao relatar ou escrever uma
escreveu que seus escritos “não se destinam a no de restaurar pecadores seja alcançado. Pa- me confiou.”46 visão como ao ter essa visão. É-me impossí-
comunicar nova luz” e que “não se trata de ra ela, o estudo da Bíblia e o desenvolvimen- Muitas vezes auxiliada por Deus ao escrever vel evocar o que me foi mostrado a menos
apresentar verdade adicional”.39 O que con- to do caráter são inseparáveis. e ao falar. Na introdução muitas vezes citada que o Senhor o traga diante de mim ao
cluímos dessas declarações? Esta coerência conceitual, esta ligação en- de O Grande Conflito, Ellen White escreveu tempo que é de Seu agrado que eu o relate
Existe uma grande diferença entre “nova tre a Bíblia, o desenvolvimento do caráter e o sobre revelação: “Um escritor se impressiona ou escreva.”50
luz – verdade adicional” e detalhes adicio- Tema do Grande Conflito, é uma das princi- mais com uma face da questão e se especiali- Interpretando símbolos. A Bíblia emprega
nais. “Nova luz”, no vocabulário de Ellen pais características dos escritos de Ellen White. za naqueles pontos que têm relação mais di- com freqüência símbolos para ensinar lições
White, refere-se às verdades da salvação. Essa tríplice ligação define o modo como seus reta com as suas experiências pessoais ou o que de outro modo não seriam compreendi-
“Verdade adicional” sugere aquilo que é ne- escritos devem ser entendidos em relação à que ele melhor percebe e aprecia, ao passo das nem lembradas. O profeta geralmente ex-
cessário para a salvação de uma pessoa. Se os maneira como usava a Bíblia. Ela nunca se que outro prefere encará-la por outro prisma; plica os símbolos de forma literal.51
profetas não fornecem detalhes adicionais, viu como uma exegeta. Ou uma especialista cada qual, porém, sob a orientação de um Ellen White relembra como “no período
qual seria seu propósito? Uma das funções do em História. Portanto, seus leitores não de- mesmo Espírito apresenta aquilo que mais da noite o Senhor me dá instrução em símbo-
profeta por toda a Bíblia, e certamente no vem olhar para ela principalmente como uma particular impressão exerce sobre o seu espí- los e depois explica o que significam”.52 Ao
tempo do fim, é fornecer detalhes adicionais exegeta ou historiadora. Parte da descrição de rito, resultando daí uma variedade de aspec- descrever o futuro da obra de publicações
sobre as verdades da salvação e o caráter de sua função era servir como mensageira de tos da mesma verdade, mas perfeitamente (1894), ela escreveu que “a obra me foi apre-
Deus. Em outras palavras, a Sra. White não Deus nestes últimos dias, a fim de ajudar a harmônicos entre si.”47 sentada, em seu princípio, como um peque-
introduz doutrinas que não estejam na Bíblia. preparar um povo para encontrar-se com o Ellen White reconhecia que o Espírito no, um pequenino riacho. Deu-se ao profeta
Mas acrescenta detalhes e percepções para Senhor. Ao definir o que essa preparação sig- Santo a “guiava” no processo de escrita da Ezequiel uma representação de águas que
que essas verdades sejam vistas em maior cla- nifica, a Bíblia era seu livro-texto. Era seu mesma forma como a “impressionava” no saíam ‘por debaixo do limiar do templo, para
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o Oriente... ao sul do altar.’... Esta obra me foi conjunto completo de verdades, ligadas har- A Sra. White se opunha a fazer da doutri- não concordasse com as idéias preconcebidas
descrita como se estendendo... a todas as par- moniosamente entre si e mostrando que a na adventista um credo. Durante a assem- de muitos. Não seria absolutamente imprová-
tes do mundo.”53 O símbolo comunicava o mão de Deus dirigira o grande movimento do bléia da Associação Geral de 1888, uma das vel nem contrário aos caminhos e obras de
significado que de outra maneira teria exigi- advento e apontara nossos deveres ao trazer a resoluções propostas foi que “não se devia en- Deus enviar luz para Seu povo por meios não
do muitas palavras. lume a posição e obra de Seu povo.”57 sinar no colégio nada que fosse contrário ao previsíveis. Seria correto fechar em nossas es-
Em outra ocasião, durante os anos de que tem sido ensinado”. Ela advertiu: “Fiquei colas todas as vias de acesso para que os estu-
crise do Dr. Kellogg, ela escreveu-lhe con- Desdobramento, ou Revelação Progressiva profundamente impressionada, pois sabia que dantes não tivessem o benefício desta luz? A
tando que ele lhe fora mostrado em visão Nas páginas 34, 282, 304 e 311, vimos que a qualquer um que tenha elaborado essa resolu- resolução não foi aprovada.”65
como “tentando empurrar uma carroça la- verdade vem aos profetas e a outros apenas à ção não estava consciente do que estava fa- Para Ellen White, “a melhor maneira de
deira acima. Mas esta carroça, em vez de medida em que pode ser entendida ou deseja- zendo.”64 Tal resolução não apenas perpetua- lidar com o erro é apresentar a verdade”.66
subir a colina, continuava descendo. Esta da.58 Além disso, a verdade vem aos profetas ria os erros então ensinados (como, por Abafar a discussão com resoluções, que mui-
carroça representava o negócio de alimen- e aos outros apenas à medida em que é obe- exemplo, a inspiração verbal da Bíblia), mas tas vezes escondem oposição à verdade e gra-
decida.59 Esses são fatos fundamentais acerca também fecharia a porta ao Espírito de Deus, ve discórdia não era seu costume.
to como empreendimento comercial.” 54
que poderia ter luz adicional para os sinceros Ela também falou à geração presente
Muito pitoresco, poupando-lhe de escrever do sistema divino de comunicação.
pesquisadores da verdade. quando se dirigiu à assembléia da Associação
muitas palavras que de outro modo teriam Pelo fato de o plano de Deus desdobrar a Em outra carta, Ellen White escreveu: “Eu Geral de 1888: “Ninguém deve ter permissão
sido necessárias. verdade tão rápido quanto Seu povo é capaz de não podia deixar que a resolução fosse aprova- para fechar os meios de acesso pelos quais a
A maior parte dos símbolos foi dada não entendê-la, cada geração é abençoada com da [a de que nada se deveria ensinar na facul- luz da verdade virá ao povo. Fazer esforços
para criar mistérios, mas para comunicar a verdade adicional. Portanto, sabemos mais ho- dade, a não ser o que havia sido ensinado em nesse sentido é entristecer o Espírito de Deus,
mensagem de maneira vívida, com economia je sobre a vontade de Deus do que as gerações anos anteriores], pois havia luz especial para o pois o Espírito está constantemente traba-
de palavras. Procurar interpretar a maioria anteriores. Não que essa verdade esteja se de- povo de Deus à medida que ele se aproximas- lhando para conceder nova e ampliada luz a
dos símbolos literalmente seria falsificar ou senvolvendo em alguma espécie de esquema se das cenas finais da história da Terra. Um Seu povo por meio de Sua Palavra.”67 Até o
mistificar a verdade. Alguns símbolos da Bí- evolucionário, mas é que nossa percepção da outro anjo viria do Céu com uma mensagem fim do tempo e por toda a eternidade, os cris-
blia apontavam para a realidade, para aconte- verdade é constantemente progressiva.60 e toda a Terra seria iluminada com a sua gló- tãos estarão ouvindo o Espírito à medida que
cimentos ou lugares literais. O serviço no Encontramos dentro da história bíblica ria. Seria impossível para nós declarar precisa- Ele continua a construir a árvore da verdade
santuário dado por Deus a Moisés é um uma capacidade integrada “de autocorreção mente como esta luz adicional viria. Poderia com novos ramos que estendem o amplo es-
exemplo de símbolo literal que aponta para do entendimento”. O plano de Deus para es- vir de maneira inesperada, de uma forma que boço compreendido no passado.
um lugar literal. A respeito das lições do san- te mundo e o modo como Ele interviria e
tuário, a Sra. White escreveu: “Todos preci- criaria um “novo mundo”, de acordo com o Referências
samos conservar o assunto do santuário em Antigo Testamento, foi esclarecido nas re-
mente. Deus proibiu que o ruído de palavras velações posteriores do Novo Testamento. 1. The 1888 Materials, págs. 578 e 579 nho. Se não resistirem a essa prova, ‘nunca verão a alva’.” –
2. Primeiros Escritos, pág. 78. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 575 (Testemunhos Sele-
vindo de lábios humanos rebaixe a crença de Este é um exemplo prático de como Deus 3. Mateus 21:23; Marcos 11; Lucas 20. tos, vol. 2, pág. 219).
nosso povo na verdade de que existe um san- sempre “encontra as pessoas onde elas estão, 4. Primeiros Escritos, pág. 78. Ver págs. 170 e 171. 14. Biography, vol. 3, pág. 388. Ver pág. 197.
tuário no Céu e de que houve um tempo em embora saiba desde o princípio para onde 5. Olhando Para o Alto, pág. 273. 15. Manuscrito 9, 1888, citado em A. V. Olson, Thirteen Crisis
6. Carta 197, 1902, citada em MR, vol. 5, pág. 142. Years (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing
que um modelo deste santuário foi construí- Ele está indo”!61 7. Manuscrito 33, 1911, citado em Arthur White, Mensageira Association, 1981), págs. 300-303.
do na Terra. Deus deseja que Seu povo se fa- A Igreja Adventista do Sétimo Dia é da Igreja Remanescente, pág. 14 (Mensagens Escolhidas, livro 16. Ver págs. 170 e 171.
1, pág. 37). 17. “A atitude que meus irmãos assumiram e o espírito que de-
miliarize com este modelo, mantendo sempre uma igreja que olha para a frente. Seus 8. Carta 50, 1906, citada em “The Integrity of the Sanctuary monstraram me forçam a dizer: ‘Deus me livre de suas idéias
em sua mente o santuário celestial, onde membros e líderes não permitem que o pas- Truth”, documento arquivado disponível nos Depositários a respeito da lei em Gálatas, se o recebimento dessas idéias
Deus é tudo em todos.”55 do Patrimônio Literário White, 12 de março de 1981. “Nos me tornar tão sem cristianismo em espírito, palavras e obras
sado seja a medida para o futuro. O valor tempos antigos, Deus falou aos homens pela boca de Seus como muitos que deviam saber melhor. ... A constante insis-
Harmonia numa corrente de verdade retilí- primordial do passado reside em sua capaci- profetas e apóstolos. Nestes dias Ele lhes fala por meio dos tência acerca da lei em Gálatas e a não-apresentação do
nea. Ao fazer em 1905 uma retrospectiva dos dade singular de revelar a orientação de Testemunhos do Seu Espírito. Não houve ainda um tempo evangelho de Jesus Cristo em linhas distintas é uma atitude
em que mais seriamente falasse ao Seu povo a respeito de que desencaminha as almas. A pregação do Cristo crucifica-
anos, Ellen White estimulou seus leitores a Deus e o “plano geral” que Ele está constan- Sua vontade e da conduta que este deve ter. Mas aproveita- do tem sido estranhamente negligenciada por nosso povo.
atentarem para o fato de que “há uma corren- temente evidenciando.62 rão eles os Seus ensinos?” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, Muitos que professam crer na verdade não têm conhecimen-
pág. 148 (Parte em Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 276). to prático da fé em Cristo.” – Manuscrito 55, 1890, em The
te de verdade retilínea, sem uma só frase he- Através dos anos, Ellen White “estava coe- 9. Ver págs. 170 e 175. Ellen G. White 1888 Materials, págs. 841 e 843. Num encon-
rética” nas muitas páginas de instrução que rentemente à frente da liderança. Tinha as 10. Ver págs. 408 e 409. tro de líderes da igreja em 1890, a seu pedido, ela tornou a
ela escreveu.56 A chave para esta harmonia é idéias e a energia para apresentá-las perante o 11. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 605. apelar: “Se seus pontos de vistas e frutos a respeito da lei em
12. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 18. Gálatas forem do caráter que vi em Mineápolis e desde en-
o desdobramento do Tema do Grande Con- povo”. Qual a razão? Ela entendia por concei- 13. “Por maiores que sejam os progressos que alguém tenha fei- tão até agora, minha oração é que eu possa estar tão longe
flito, especialmente conforme desenvolvido to e experiência que Deus está sempre condu- to na vida espiritual, nunca atingirá um ponto em que não quanto possível da maneira como vocês entendem e inter-
tenha mais necessidade de examinar diligentemente as Es- pretam as Escrituras. Temo qualquer aplicação das Escrituras
na doutrina do santuário. Ela disse que “o zindo Seu povo rumo a uma luz maior, tão rá- crituras, pois nelas se encontram as evidências de nossa fé. que precisa desse espírito e que produz frutos como o que vo-
santuário foi a chave que desvendou o misté- pido quanto ele seja capaz de recebê-la e tão Todos os pontos de doutrina, ainda que tenham sido aceitos cês produziram. Uma coisa é certa: Nunca estarei em harmo-
rio do desapontamento de 1844. Revelou um rápido quanto esteja disposto a segui-la.63 como verdades, têm de ser provados pela lei e pelo testemu- nia com esse espírito enquanto Deus me conceder juízo.” –

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VI
CAPÍTULO 36 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira AUTORIDADE E RELAÇÃO
PARA COM A BÍBLIA
“Nossa responsabilidade é maior do que foi a de nossos ante- 62. “Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que es-
Carta 83, 1890, ibidem, pág. 632. Ver págs. 373 e 374. te como Paulo usa Deuteronômio 25:4 em I Coríntios 9:9 e passados. Somos responsáveis pela luz que receberam, e que queçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os
18. Relatório literal das observações feitas por Ellen White nu- 10. Esses raros exemplos que, à primeira vista, parecem apli- nos foi entregue como herança; somos também responsáveis ensinos que nos ministrou no passado.” – Life Sketches, pág.
ma reunião realizada na biblioteca do Battle Creek College, cação errada das Escrituras não invalidam as mensagens ins- pela luz adicional que hoje, da Palavra de Deus, está a brilhar 196 (Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 162). Ver P. Gerard
em 1o de abril, dia anterior à abertura oficial da assembléia. piradas do escritor. sobre nós.” – O Grande Conflito, pág. 164. “A Palavra de Damsteegt, “Seventh-day Adventist Doctrines and Progres-
– Manuscrito 41, 1901, citado em Spalding e Magan, Unpu- 38. O Desejado de Todas as Nações, pág. 211. Deus apresenta verdades especiais para cada geração. Os tra- sive Revelation”, Journal of the Adventist Theological Society,
blished Manuscript Testimonies of Ellen White (Graham, WA: 39. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 665. tos de Deus com Seu povo no passado devem receber nossa primavera de 1991.
Corner Stone Publishing, 1992), págs. 165-177. 40. Dois exemplos, entre os muitos em que Ellen White expan- cuidadosa atenção. Cumpre-nos aprender as lições que eles
63. Graham, E. G. White, Co-founder, págs. 414 e 415.
19. Ibidem, pág. 171. de os detalhes e relações entre textos, são a ressurreição espe- foram designados a nos ensinar. Não devemos, porém, repou-
64. Manuscrito 16, 1889, citado em The Ellen G. White 1888
20. Ibidem, pág. 170. cial que ocorre simultaneamente com a de nosso Senhor sar satisfeitos com eles. Deus está liderando Seu povo passo a
Materials, pág. 258.
21. Nesta mesma palestra aos líderes de 1901, ela disse: “O que (Mat. 27:51-53 e Efés. 4:8) e a ressurreição especial antes da passo. A verdade é progressiva. O sincero pesquisador estará
constantemente recebendo luz do Céu. ‘Que é a verdade?’ 65. Carta 22, 1889, ibidem, pág. 239.
vocês desejam é isto: Ter um corpo terreno, maravilhosamen- segunda vinda de Cristo (Dan. 12:1 e 2; Mat. 26:64; Apoc.
te formado, e querem que esse corpo seja cuidadosamente 1:7; 14:13). – Roger W. Coon, “Inspiration/Revelation: deve ser a nossa indagação.” – SDABC, vol. 2, pág. 1.000. 66. Testemunhos Para Ministros, pág. 165.
tratado. ... Deus não fez esses preciosos órgãos para serem in- What It Is and How It Works”, The Journal of Adventist Edu- 61. Paulien, What the Bible Says About the End-Time, págs. 57 e 58. 67. 1888 Materials, pág. 171.
flados como um balão. Nunca os fez com essa intenção. Seu cation, fevereiro/março de 1982, págs. 24 e 25.
desejo é que toda alma viva trate este mecanismo como me- 41. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 20.
canismo divino. Eles devem ser conservados em perfeita or- 42. Ibidem, págs. 17 e 18.
dem a fim de manter saudável a faculdade cerebral. O cére- 43. Parábolas de Jesus, pág. 107. Perguntas Para Estudo
bro deve trabalhar, e toda carga que vocês colocam sobre o 44. Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 230 (Testemunhos Sele-
estômago servirá apenas para obscurecer o cérebro. Vocês en- tos, vol. 2, pág. 286); pág. 691. Ver pág. 409 para uma discus-
tram numa assembléia como esta – sentam-se e comem co- são sobre graus de inspiração. 1. Como você apresenta a verdade de que Ellen White foi inspirada como os profetas bí-
midas fartas, negligenciam o exercício e depois entram na 45. Carta 92, 1900, endereçada a J. H. Kellogg, em MR, vol. 2, blicos sem fazer dos escritos dela outra Bíblia?
reunião de assembléia e se sentem inteiramente sonolentos. pág. 189.
Suas idéias não servem para nada, e vocês realmente não sa- 46. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 51.
bem o que estão aprovando.” – Spalding e Magan, Unpublished 47. O Grande Conflito, pág. 8. Ver págs. 16, 120, 173, 375 e 376 2. Qual era a compreensão que Ellen White tinha sobre sua autoridade como mensageira
Manuscript Testimonies of Ellen White, pág. 172. para um estudo adicional sobre inspiração do pensamento de Deus? Como expressa ela essa autoridade em seus escritos?
22. Ibidem, págs. 176 e 177. versus inspiração verbal.
23. Review and Herald Supplement, 14 de agosto de 1883. 48. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 37.
24. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 663 e 664 (Mensagens 49. Carta 201, 1902, citada em MR, vol. 2, págs. 156 e 157. Es- 3. Como Ellen White insiste com seus colegas pastores para que usem tanto a Bíblia como
Escolhidas, vol. 3, pág. 31). ta não é uma referência à inspiração verbal. Deus usou as pa- o próprio conselho dela? Que diferenças haveria?
25. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 32. lavras do vocabulário de Ellen White, e não de outra pessoa.
26. “Creio que a genialidade de Ellen White (isto é, sua inspira- Todos quantos fazem a obra de Deus experimentam esse to-
ção divina) se revela na maneira como entende e apresenta que gracioso do Espírito enquanto buscam as palavras corre- 4. Como você explica a frase “os ‘dons’ devem ser provados pela Bíblia, e não a Bíblia pe-
o grande conflito entre Cristo e Satanás. Nisto reside a sin- tas para a ocasião, seja falando, seja escrevendo. los ‘dons’”?
gularidade de sua obra. ... Isto constitui a perspectiva básica 50. Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 36 e 37.
pela qual ela interpreta a Bíblia.” – Joseph Battistone, “Ellen 51. “O Ser Infinito, por meio de Seu Santo Espírito, derramou
White’s Authority as Bible Commentator”, Spectrum, vol. 8, luz na mente e no coração de Seus servos. Deu sonhos e vi- 5. Qual a prática que manteve a mensagem de Ellen White se desdobrando numa “corren-
No 2, págs. 37 e 38. Ver págs. 256-263. sões, símbolos e figuras; e aqueles a quem a verdade foi assim te de verdade retilínea” por muitas décadas?
27. Por exemplo, Ellen White traça um significado tipológico revelada corporificaram, eles próprios, o pensamento em lin-
entre as experiências do profeta Elias e as experiências do po- guagem humana.” – Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 25.
vo de Deus nos últimos dias. 52. Manuscrito 22, 1890, citado em 1888 Materials, pág. 578. 6. Mencione algumas ilustrações de como Ellen White se relacionava com a Bíblia tanto
28. Estude os comentários de Ellen White sobre a maioria dos 53. The Publishing Work, pág. 157.
personagens bíblicos descritos em Patriarcas e Profetas. 54. Carta 239, 1903, citado em MR, vol. 1, pág. 26.
pessoalmente quanto em seu ministério público.
29. Note a descrição do caráter de Daniel feita por Ellen White 55. Carta 233, 1904, citado em MR, vol. 14, pág. 217. Ver Spal-
em Profetas e Reis, págs. 479-548. ding, Origin and History, vol. 1, págs. 108-111, para pensa- 7. Dê exemplos de como a Bíblia é dada para “fins práticos”.
30. Joseph Battistone, Great Controversy Theme, fornece um ex- mentos sobre como um “modelo diagramático” terreno inter-
celente exame da maneira como Ellen White comentou a preta a verdade sobre o santuário celestial.
história bíblica do grande conflito em seus escritos. 56. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 52. “Há, do princípio ao 8. Faça um resumo da maneira como Ellen White entendia que a inspiração funciona.
31. “The Bible Conference of 1919”, Spectrum, vol. 10, No 1, fim de minhas obras impressas, uma harmonia com o meu
pág. 32. Experiências semelhantes de A. G. Daniells e W. E. ensino no presente.” – Ibidem, pág. 38.
Howell também foram relatadas. 57. O Grande Conflito, pág. 423.
32. O Desejado de Todas as Nações, pág. 633. 58. “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis su-
33. Primeiros Escritos, págs. 74 e 75; Moon, W. C. White and portar agora.” João 16:12. “Sempre que o povo de Deus esti-
E. G. White, págs. 415-427; Schwarz, Light Bearers, págs. ver crescendo em graça, obterá constantemente uma com-
397-399. preensão mais clara de Sua Palavra. Há de distinguir mais luz
34. Ver págs. 379 e 387 para uma discussão sobre o papel de e beleza em suas sagradas verdades. Isto se tem verificado na
Ellen White como historiadora e a possibilidade de erro oca- história da igreja em todos os séculos, e assim continuará até
sional em datas ou cronologia. Compare Mensagens Escolhi- ao fim. Mas, à medida que a verdadeira vida espiritual decli-
das, livro 3, págs. 449 e 450. na, tem sido sempre a tendência cessar o crente de avançar
35. “Com respeito à infalibilidade, jamais a reivindiquei; somen- no conhecimento da verdade.” – Testemunhos Para a Igreja,
te Deus é infalível.” – Carta 10, 1895, 1888 Materials, vol. 4, vol. 5, pág. 463 (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 311).
pág. 1.393. 59. Ver págs. 273, 274 e 310.
36. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 118 e 119. 60. “Incide sobre nós maior luz do que brilhou sobre nossos pais.
37. Compare Mateus 1:21-23 (onde Mateus declara que Isaías Não podemos ser aceitos ou honrados por Deus prestando o
7:14 predisse o nascimento virginal de Cristo) com o contex- mesmo serviço, ou fazendo as mesmas obras que nossos pais.
to de Isaías onde o profeta conta ao rei judeu que “o Senhor A fim de ser aceitos e abençoados por Deus como eles foram,
mesmo vos dará um sinal [a Acaz]”. A palavra que Isaías em- cumpre-nos imitar sua fidelidade e seu zelo – aperfeiçoemos
prega não é bethulah (virgem), mas almah (moça em idade de nossa luz como eles fizeram à sua – e façamos como eles te-
casar). Compare também Oséias 11:1 com Mateus 2:15 – riam feito caso vivessem em nossos dias.” – Testemunhos Pa-
dois contextos diferentes. Ou compare a maneira interessan- ra a Igreja, vol. 1, pág. 262 (Serviço Cristão, págs. 88 e 89).

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SEÇÃO VI

37
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Escutar a Mensageira
Depois de outros falarem, Tiago White, nas visões dela até onde tenho testemunha-
em seu estilo inimitável, fez uma declaração do, e eu tenho visto muitas. Em cada caso,
abrangente que tinha significado duradouro: elas têm estado em conformidade com a Pa-
“Defendo o ponto de vista de que os credos lavra de Deus: colocando as promessas de
fazem direta oposição aos dons. Vamos supor Deus e as cenas finais que nos rodeiam em
Hermenêutica/6 um caso: nós estabelecemos um credo, decla- harmoniosa ordem escriturística, legando aos
rando exatamente o que faremos em referên- ouvintes o privilégio de pesquisar as provas

A Autoridade de cia a isso e àquilo, e dizemos que também cre-


remos nos dons.
“Mas suponha que o Senhor, por meio dos
nas Escrituras e também repreendendo os pe-
cados de omissão e comissão, sem parcialida-
de para com amigo ou inimigo, sempre cau-

Ellen White em sua Época dons, nos comunique alguma nova luz que
não ser harmonize com nosso credo; então,
se permanecermos leais aos dons, entraremos
imediatamente em choque com nosso credo
sando regozijo ao coração dos justos; e tremor
aos ímpios: exatamente o inverso do que
Deus ensinou a Ezequiel serem visões falsas.”7
Na Review de 21 de abril de 1851, Tiago
em todos os aspectos. Fazer um credo é traçar White, baseando-se em Efésios 4:11-14 e I
“Nossa posição para com os Testemunhos é como a base de uma abóbada: retirem-na e não fica Coríntios 12:28, fez uma apresentação clara e
ponto de apoio lógico até que todas as verdades especiais da mensagem se extingam. ... Nada é mais limites e obstruir todo o progresso futuro.
seguro que isto: que esta mensagem e as visões estão ligadas, permanecendo ou caindo juntas.” 1 Deus coloca os dons na igreja para um gran- convincente do motivo pelo qual a igreja de-
de e proveitoso propósito; mas as pessoas que veria ter os “dons do Espírito” como certos.
fundam igrejas, fecham o caminho ou de- Ele concluiu o artigo com a pergunta: “Pode-
marcam o modo de agir do Altíssimo. Na mos crer que os santos irão passar pelos peri-
prática o que eles estão dizendo é que o Se- gos dos últimos dias – o tempo de angústia

E
m 1947 L. H. Christian, administrador os mileritas foram rejeitados pelas igrejas pro- qual nunca houve – sem a ajuda do poder do
da igreja durante décadas, sintetizou o testantes em 1844. Naquela época, os adven- nhor não deve fazer nada além daquilo que
foi indicado no credo. Espírito?”8
pensamento dos adventistas por um sé- tistas chamavam todas as igrejas organizadas
culo: “Os adventistas nunca consideraram a de “Babilônia” e passaram pela experiência “Um credo e os dons permanecem assim
Um Editorial Preocupante
Sra. White infalível. Crêem que ela foi inspi- do que significava “sair” dessas organizações em oposição direta um ao outro. Ora, qual a
No editorial de 16 de outubro de 1855, Tia-
rada como Ezequiel e outros profetas o foram, eclesiásticas (Apoc. 18:4). Em 1860, alguns nossa posição como um povo? A Bíblia é nos-
go tentou afastar a acusação de que a teolo-
e aceitam-lhe as mensagens como conselhos adventistas criam que a organização da igreja so credo. Rejeitamos tudo quanto apresenta a gia adventista consistia em “pontos de vis-
do Senhor. O que nossos líderes e crentes nos levaria novamente a táticas babilônicas. forma de um credo humano. Aceitamos a Bí-
primeiros anos pensavam sobre a Sra. White Após muita discussão, contudo, os adventis- ta baseados em visões”. Ao proceder assim,
blia e os dons do Espírito, abraçando a fé que fez algumas declarações que perturbaram
foi bem expresso em 1922 por O. A. Johnson, tas escolheram no início da década de 1860 seu o Senhor nos ensinará de tempos em tempos.
um de nossos mais respeitados professores de nome, organizaram associações e estabelece- bastante muitos adventistas, inclusive ou-
E nisto tomamos posição contra a formação tros líderes.
Bíblia do colégio adventista: ‘Embora nem a ram um sistema para credenciamento de pasto- de um credo. No que estamos fazendo não es-
Sra. White nem quaisquer de seus mais devo- res. Alguns, porém, ficaram com receio de ou- A fim de esclarecer os mal-entendidos,
tamos dando um único passo rumo a tornar- uma comissão de três membros foi encarre-
tados seguidores jamais tenham pretendido tra coisa: com a organização viria o credo! nos Babilônia.”5
que ela, como ser humano, fosse infalível, ela Em 5 de outubro de 1861, em Battle gada de apresentar um relatório numa reu-
própria afirma que aquilo que escreveu sob a Creek, dia em que a Associação de Michigan nião de líderes em Battle Creek sobre a ma-
Atitudes Para com os neira como a Igreja Adventista do Sétimo
orientação do Espírito do Senhor deve ser foi organizada, o teor da resolução incluía Dons do Espírito Antes de 1870
considerado tão perfeito quanto é possível ser “comprometer-se a guardar os mandamentos Dia devia relacionar-se com o ministério
Desde seu começo em 1850, a Review and He- profético de Ellen White. O relatório, que
transmitido por intermédio do ser humano.’”2 de Deus e a fé de Jesus Cristo”. Alguns che-
rald,6 a revista da igreja, tem servido como o foi aprovado por unanimidade, dizia em
garam ao cúmulo de achar que mesmo essas
Diferença Entre um palavras sugeriam um credo. espelho do pensamento contemporâneo da parte: “Não exaltamos, como alguns afir-
Credo e os Dons do Espírito J. N. Loughborough afirmou que “o primei- denominação. Muitas foram as vezes em que mam, esses dons... acima da Bíblia; ao con-
Embora hoje possa parecer estranho, muitos ad- ro passo rumo à apostasia é estabelecer um cre- se discutiu o papel de Ellen White em suas trário, provamo-los pela Bíblia. ... Enquan-
ventistas do início da década de 1860 eram con- do, preceituando o que devemos crer. O segun- páginas, quer em resposta a perguntas de lei- to acreditarmos que essas visões [as mensa-
trários aos planos de organização eclesiástica. do é fazer desse credo uma prova de comunhão. tores quer para refutar os que se opunham aos gens de Ellen White] procedem da mente
Um colaborador da revista da igreja chegou até a O terceiro é julgar os membros por esse credo. “dons” na igreja. divina, confessaremos a incoerência (que
afirmar que escolher um nome para os grupos de O quarto é denunciar como hereges aqueles Especialmente importante é a primeira acreditamos tem desagradado a Deus) de
adventistas dispersos era “errado” e que tal atitu- que não crêem nesse credo. E o quinto, come- afirmação de José Bates. “Faz mais de dois supostamente considerá-las mensagens de
de “repousa nos fundamentos de Babilônia”.3 çar a perseguir os dissidentes. Peço encarecida- anos”, escreveu ele em 1849, “desde que Deus e colocá-las na realidade no mesmo
Por detrás dessa ruidosa e inflexível resis- mente que não sigamos injustificadamente, na constatei que elas [as visões] eram verdadei- nível das invenções humanas. Receamos
tência estava a dolorosa lembrança de como medida proposta, o modelo das igrejas.”4 ras. Professo, portanto, acreditar firmemente que isto tenha resultado da indisposição
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SEÇÃO VI
CAPÍTULO 37 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira A AUTORIDADE DE
ELLEN WHITE EM SUA ÉPOCA

em suportar o opróbrio de Cristo... e do de- ney, Nova Iorque, fez uma pesquisa sobre a reprovadas, e nos pareceu de fato como a dons do Espírito são claramente uma prova”.
sejo de conciliar os sentimentos de nossos obra do Espírito de profecia em tempos bíbli- obra do Senhor.”15 Com referência à “recepção de membros...
oponentes; mas a Palavra e nossa experiên- cos e aplicou os princípios aos últimos dias. Em 1868, apareceu um importante edito- desejamos... saber duas coisas: 1. Que eles
cia nos têm ensinado que Deus não é honra- Ele concluiu com a exortação: “Permitam rial com o nome de Uriah Smith. O editor creiam na doutrina bíblica dos dons espiri-
do, nem Sua causa prosperada, por uma que alguém que, baseando-se em oito anos de rebatia a acusação de que qualquer vidente tuais; 2. Que eles se familiarizem sinceramen-
conduta como essa. experiência e meticulosa observação deste
era capaz de fazer o que Ellen White fazia. te com as visões da Sra. White. ... E aos que
“... Enquanto as considerarmos como modo de ensino, crê que isto proceda de
provenientes de Deus e inteiramente em Deus, lhes rogue que sejam cuidadosos quan- Concedendo que um vidente poderia ter ca- ocupam essa posição, jamais será negado todo
harmonia com Sua Palavra escrita, devemos to à maneira como rejeitam esses Dons da pacidade para descrever situações a “milha- o tempo que desejarem para decidir sobre es-
reconhecer-nos como estando sob a obriga- Igreja, para que, talvez, não sejam encontra- res de quilômetros de distância”, Smith disse te assunto.”17
ção de permanecer em seu ensino e ser cor- dos lutando contra o próprio Deus.”12 que as visões da Sra. White nada tinham em A assembléia da Associação Geral votou
rigidos por suas admoestações. Afirmar que D. T. Bordeau publicou um artigo rebaten- comum com o que os videntes afirmavam ver em março de 1870 uma sólida afirmação de
pertencem a Deus, e contudo não ser prova- do algumas das questões básicas que as pes- em visão. O testemunho dela “é reprovar pe- Ellen White. Essa reunião, realizada em
dos por elas, é o mesmo que dizer que a von- soas às vezes levantavam contra mulheres te- cado e corrigir erros; e por seus frutos, diz o Battle Creek, onde acusações irrefletidas
tade de Deus não é uma prova nem regra pa- rem visões, bem como mulheres falarem na Salvador, nós os conheceremos. ... Não te- contra os White haviam sido cuidadosamen-
ra os cristãos.”9 igreja. Ele encerrou seu estudo com este ape-
mos ainda que aprender do primeiro exem- te investigadas e inteiramente rejeitadas, as-
O significado desta declaração parece lo: “Temos estas produções que consideramos
dispensar explicação. Aqui estavam líderes sagradas, e antes de consentirmos em rejeitá- plo em que uma pessoa sob o efeito do mes- sinalou um nítido progresso no reconheci-
que haviam testemunhado os frutos do Es- las, nossos oponentes terão que apresentar merismo tenha trazido à luz iniqüidade mento de seu conselho autorizado. Esclarece-
pírito fluindo do dom do Espírito: o teste- provas palpáveis de que são falsas.”13 secreta e exposto pecado e erro. ... Esta é a ram-se algumas das razões por que a obra da
munho público de Ellen White. Conforme única diferença entre as duas manifestações. Sra. White havia sido erroneamente acusada
o relatório expôs com tanta clareza, “a Pala- Prático de Porto ... Sempre tenham em mente que a obra das e por que outros se levantariam no futuro pa-
vra e nossa própria experiência nos ensina- Em 1863, Uriah Smith escreveu seu edito- visões é corrigir o erro, restringir o pecado, ra tentar diminuir-lhe a voz autorizada.
ram”. Verificou-se que esse relatório repre- rial freqüentemente citado cujo título era: expor males ocultos e desfazer o auto-engano A lista dos “fatos” incluía a admissão de
sentava um momento crucial no desenvol- “Descartamos a Bíblia por Endossar as Vi- do pecador e do professo descuidado e, de- “mundanismo e egoísmo” que impregnou
vimento da Igreja Adventista do Sétimo sões?” Ele pôs em foco o significado do prin- pois, digam, se puderem, que elas são obra de quantos professavam “crer nos Testemu-
Dia: a igreja reconheceu formalmente que cípio protestante “A Bíblia, e somente a Bí-
as revelações divinas para os últimos dias blia”, o mesmo lema apresentado por Tiago mesmerismo ou de demônios.”16 nhos”, inclusive o “licencioso” e “deplorável
manifestas por meio de Ellen White pos- White em seu editorial em 16 de outubro de J. N. Andrews forneceu vinte pontos caso de depravação” de um determinado pas-
suíam autoridade teológica. 1855. Usou a ilustração do transatlântico que têm instruído a igreja desde 1870 tor. Esses líderes também reconheceram que,
Ainda mais interessante e convincente foi que se aproxima do porto. O navio deve pa- quanto à maneira como os adventistas en- apesar das advertências dos Testemunhos
o fato de que, vários dias após esse relatório rar para que o prático embarque, garantindo tendem sua crença na “doutrina dos dons contra procedimentos inaceitáveis na edito-
ter sido aceito em 20 de novembro de 1855, uma passagem segura através das águas peri- espirituais, e particularmente das visões da ra, seus líderes prosseguiram “exatamente na
a Sra. White teve uma significativa visão so- gosas perto da praia. Sua analogia era clara: irmã White”. Nesse artigo, ele levantou a conduta contra a qual foram advertidos, e
bre assuntos como o horário de iniciar-se o “Os dons do Espírito são concedidos para ser questão de submeter o “dom” à “prova”, e pela qual contradisseram sua profissão de fé e
sábado, como lidar com oponentes da verda- nosso prático através desses tempos perigo- deixou claro que “os dons do Espírito per- ofenderam a causa”. Reconheceram ainda
de e a preparação para o encontro com o Se- sos, e sempre que encontremos autênticas
tencem quase que inteiramente aos domés- que “os que desconsideram esses Testemu-
nhor.10 Quando essa visão foi escrita pela pri- manifestações destes dons, seja onde e com
meira vez para ser impressa em formato de quem for, temos a obrigação de respeitá-los; ticos da fé. Pessoas que deles não possuem nhos, quer na vida particular, quer na vida
carta circular, e então ser reimpressa como não poderíamos fazer de outro modo sem re- nenhum conhecimento não podem ser por pública, têm-se mostrado lamentavelmente
panfleto, os líderes da igreja emergente ex- jeitar a Palavra de Deus, que nos dirige para eles afetadas.” fracos em discernimento, e têm ferido a si
pressaram sua confirmação em letras peque- recebê-los. Quem agora insiste na Bíblia, e Também disse: “Não provamos, portanto, mesmos e à causa por sua deslealdade”.
nas, na conclusão do documento: “Nós, abai- somente a Bíblia?”14 o mundo por estes dons. ... A nenhuma des- Em suas resoluções, eles votaram: “Que nós
xo-assinados, sendo testemunhas oculares, Depois de haver testemunhado Ellen sas pessoas insistimos com essas manifesta- nos humilhemos perante Deus por essas coi-
quando a visão acima foi dada, consideramos White em “cerca de cinqüenta visões”, J. N. ções do Espírito de Deus, nem as pomos à sas, e nos esforcemos para andar em harmonia
muito necessário que ela deva ser publicada Loughborough foi solicitado a escrever algu- prova por seu ensino.” com os ensinos do Espírito, a fim de não mais
para benefício da igreja, devido às importan- mas de suas observações. Ele recapitulou es-
Ele cria, contudo, que quando homens e apresentarmos essas incoerências em nossa vi-
tes verdades e advertências que contém. (As- pecialmente dois casos que demonstravam a
sinado), José Bates, J. H. Waggoner, J. Hart, todos os presentes que informações secretas mulheres têm a “oportunidade de familiarizar- da e não entristecermos [e afugentarmos] o
G. W. Amadon, Uriah Smith.”11 conhecidas por ninguém mais, a não ser os se com a obra especial do Espírito de Deus, pa- Espírito de Deus para longe de nós.”
Um ano depois, David Arnold, um dos envolvidos, foram totalmente reveladas pela ra que reconheçam que sua luz é clara, convin- Além disso, “que reconheçamos a sabedo-
primeiros adventistas do sétimo dia de Vol- Sra. White: “Obras de pecado e trevas foram cente e satisfatória... [a esses] achamos que os ria de Deus nos ‘Testemunhos para a Igreja’ e
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CAPÍTULO 37 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira A AUTORIDADE DE
ELLEN WHITE EM SUA ÉPOCA

que é perigoso e destrutivo desconsiderar ou Smith, Objections to the Visions Answered. Ini- “Nossa posição para com os Testemunhos é White falou sobre a acusação de que sua
negligenciar-lhes as instruções; e que con- ciava o artigo: “Cada prova passível de ser le- como a base de uma abóboda: retirem-na e mãe havia sido, em alguns de seus testemu-
fessemos nossa fraqueza e incapacidade de vada a ter relação com essas manifestações, não fica ponto de apoio lógico até que todas nhos, influenciada por outros (em especial
levar a efeito esta sagrada obra sem a ajuda comprova-lhe a autenticidade. A evidência as verdades especiais da mensagem se extin- pelo presidente da Associação Geral e o edi-
deles”.18 que as apóia, tanto interna como externa, é gam. ... Nada é mais seguro que isto: que esta tor da revista da igreja), e não pelo Espírito
conclusiva. Elas concordam com a Palavra de mensagem e as visões estão ligadas, permane- Santo. Ele falou taxativamente, usando os
Confirmações de 1871-1888 Deus, e com elas mesmas.” cendo ou caindo juntas.”23 próprios comentários da Sra. White, a res-
Três anos depois, em 1873, em uma outra as- Depois de examinar as diversas objeções peito de se os escritos dela era inspirados e
sembléia da Associação Geral, foi votado: aos escritos de Ellen White, Smith concluiu: Confirmações de 1888-1915 se cada uma de suas palavras fora divina-
“Que aumentemos a confiança no dom do “Isto cobre todo o terreno da oposição; pois A declaração de W. C. White perante o Con- mente escolhida.
Espírito de Profecia que Deus tão misericor- jamais soubemos de alguma objeção que não selho da Associação Geral, em 30 de outubro Pode-se alegar com veemência que, se os
diosamente colocou na mensagem do tercei- pudesse remontar a uma ou outra dessas duas de 1911, reflete o respeito que a liderança ad- líderes denominacionais de todas as áreas, in-
ro anjo; e que nos esforcemos por conservar fontes. O oponente é sempre uma pessoa que ventista tinha pela autoridade de Ellen White. clusive das escolas e instituições médicas, ti-
uma afetuosa consideração por sua presença e foi repreendida por erros próprios ou tomou Ele apresentou aos líderes denominacionais as vessem escutado com atenção W. C. White
ensino; e solicitamos, por meio desta, que as dores daqueles que foram repreendidos, ou diretrizes empregadas pela Sra. White e sua nessas mensagens públicas e lido cuidadosa-
nossa Comissão Executiva prepare ou encar- uma pessoa declaradamente hostil aos pon- equipe na revisão de O Grande Conflito, em mente seu grande número de cartas sobre es-
regue alguém de preparar uma obra apresen- tos de vista dos adventistas do sétimo dia co- 1911. Essa revisão ofereceu mais uma oportu- tes assuntos, não teriam surgido posterior-
tando as razões parar crermos que os testemu- nidade para todos examinarem a maneira co- mente mal-entendidos e crises com respeito
mo um todo. Não se presume, porém, a nos-
nhos da irmã White são os ensinos do Espíri- mo funcionava o processo de revelação e ins- ao ministério profético de sua mãe. Sem dú-
so ver, que nenhuma dessas atitudes granjeie
to Santo.”19 piração. Melhorar a linguagem para evitar vida, muitos pastores e leigos de modo geral
a simpatia de qualquer sincero amante da
Ali estavam homens e mulheres fortes, equívocos ou ofensas desnecessárias, atualizar não tiveram muitas (se é que tiveram algu-
honestidade e sinceridade, ou qualquer ami-
referências históricas, substituir referências ma) cartas e manuscritos de Ellen White so-
audazes e animados, vivendo na mutável tur- go da causa.”21
históricas por outras “mais vigorosas” – tudo bre como a revelação e a inspiração funcio-
bulência do século dezenove, sensivelmente Provavelmente para estabelecer com
foi feito com a participação e a aprovação de nam. Dispomos hoje de uma ampla coleção
cônscios dos que desafiavam a presença dos maior firmeza as verdades expressas por Ellen White.24 de muitos comentários dela sobre como rece-
“profetas” em tempos modernos – ali estavam Uriah Smith, na mesma edição, Butler escre- Na assembléia da Associação Geral de 30 bia e comunicava as mensagens do Senhor.
homens e mulheres plenamente cônscios do veu: “Desde o princípio, elas [as visões] têm de maio de 1913, W. C. White tornou a dar Mas o filho, W. C. White, certamente escla-
que estavam votando, fundamentados no es- exercido destacada influência entre nós. Pri- importante contribuição para a instrução dos receu o assunto em muitas ocasiões.
tudo da Bíblia e na própria experiência. Sa- meiro chamaram a atenção para cada passo adventistas sobre o ministério profético de sua
biam o que professavam. importante dado antecipadamente. ... Temos mãe. Abordaram-se tópicos como: o que Ellen Reflexões Posteriores a 1915
Um ano depois, em 1874, o presidente da encontrado em uma experiência longa, varia- White pensava sobre um possível sucessor, o F. M. Wilcox, editor da revista da igreja por
Associação Geral, George I. Butler, escreveu da e, em alguns casos, triste o valor do seu papel dele como “ajudante e conselheiro” de mais de três décadas e um dos cinco depositá-
vários artigos veementes para a revista da conselho. Quando lhes damos ouvido, pros- sua mãe, mais informações sobre o auxílio li- rios originais do Patrimônio Literário White,
igreja, mas tendo em mente o público em ge- peramos; quando as menosprezamos, sofre- terário que sua mãe recebeu ao longo dos escreveu muitas vezes sobre a contribuição de
ral. A sentença de abertura era: “Talvez não mos grande perda. ... A maioria de nosso po- anos, exemplos de como sua mãe via em visão Ellen White à Igreja Adventista. Um edito-
haja nada nesta época que desperte maior pre- vo crê que essas visões sejam manifestação estranhos antes de apresentar o conselho in- rial escrito em 1921 é típico de sua atitude
conceito do que afirmar que visões e manifes- genuína dos dons espirituais e, como tal, me- dispensável, informações históricas de como coerente: “Assim como Deus falou a Sua igre-
tações miraculosas do Espírito de Deus devam recem respeito. ... Quando temos a favor de- O Desejado de Todas as Nações foi escrito, a ra- ja em épocas passadas por meio de profetas e
ser testemunhadas em nosso tempo.” Passou las tanto as Escrituras quanto uma experiên- zão para as “assinaturas carimbadas” e a luci- mensageiros especiais, assim também Ele en-
depois a examinar as reivindicações de profe- cia uniforme, dispomos de um sólido argu- dez de sua mãe durante os últimos anos em viou à igreja remanescente por meio da serva
tas contemporâneos como Swedenborg, Ann mento.”22 que trabalhou bem de perto com sua equipe.25 que Ele mesmo escolheu muitas mensagens
Lee, Joseph Smith e os espiritualistas. O argu- Mais adiante, na mesma assembléia, pedi- especiais de advertência, reprovação, instru-
mento que usou em favor das pretensões legí- Coerência Integrada ram-lhe que apresentasse outros detalhes his- ção e exortação. Essas mensagens acham-se
timas dos adventistas do sétimo dia para Ellen Os contemporâneos de Ellen White viram no tóricos sobre o ministério de sua mãe. Os lí- contidas nos escritos da Sra. E. G. White. ...
White raramente foi sobrepujado.20 pensamento dela uma coerência conceitual deres haviam chegado a um tempo em que Não são para a igreja remanescente uma no-
Em 1883 Butler, na qualidade de presiden- integrada e que a mensagem distintiva da sabiam que jamais voltariam a ouvir a voz de va Bíblia, como nossos opositores de vez em
te da Associação Geral, fez publicar na revis- Igreja Adventista do Sétimo Dia estava inte- Ellen White.26 Respondendo a algumas per- quando nos acusam. ... Ao contrário, consti-
ta da igreja um trecho do livro de Uriah gralmente ligada ao conselho inspirado: guntas que poderiam ter sido feitas antes, tuem um comentário espiritual das Escritu-

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ras, um esclarecimento divino da Palavra, o seqüente “que enaltece os profetas antigos e Perguntas Para Estudo
qual expressa em pormenores muitos dos seus rejeita os contemporâneos torna-se mais cul-
grandes princípios.”27 pada que a precedente, visto possuir maior luz
Novamente, em 1928, Wilcox represen- e lições adicionais da História. Quão grande, 1. Como os contemporâneos de Ellen White expressaram confiança na autoridade dela?
tou o pensamento da igreja: “Os escritos da pois, é nossa culpa hoje se deixarmos de estu-
Sra. White nunca tiveram a intenção de ser dar e aplicar os conselhos que Deus nos deu 2. Que significado especial você vê no relatório da comissão seleta de 1855 a respeito da
uma adição ao cânon das Escrituras. São, por meio de Ellen G. White.” O editorial, cu- confiança deles em Ellen White e em seu relacionamento com a Bíblia?
contudo, as mensagens de Deus à igreja rema- jo título era “Apedrejando os Profetas de
nescente, e devem ser recebidos como tais, Deus”, conclui com esta admoestação: “Este 3. Como explicar a expressão “revelação progressiva”? Existem formas melhores de expor a
igual às mensagens dos profetas da antigüida- não é o tempo de apedrejar os profetas de mesma idéia? Quais os perigos de usar impropriamente essa expressão?
de. Assim como Samuel foi profeta de Israel Deus. É o tempo de ouvi-los.”
em seus dias, assim como Jeremias foi profeta Em 1980, o presidente da Associação Geral,
de Israel no tempo do cativeiro, assim como Neal C. Wilson, apresentou cinco pontos a res-
João Batista veio como mensageiro especial peito das características associadas ao ofício
do Senhor para preparar o caminho para o profético, quer nos tempos bíblicos, quer no
aparecimento de Cristo, assim também cre- ministério de Ellen White: “A originalidade
mos que a Sra. White foi profetisa para a igre- não é prova de inspiração. ... Deus inspira pes-
ja de Cristo hoje. E assim como as mensagens soas, e não palavras. ... O Espírito Santo ajuda
dos profetas foram recebidas em tempos anti- o mensageiro a selecionar cuidadosamente o
gos, assim também devem as mensagens dela seu material. ... O fato de o profeta usar mate-
ser recebidas no tempo presente.”28 rial já existente não significa necessariamente
Kenneth H. Wood, editor da Adventist Re- que o profeta dependa dessas fontes. ... Sempre
view por 16 anos, observou em seu editorial que reconhecermos as semelhanças, devemos
de 15 de setembro de 1977: cada geração sub- também discernir as diferenças.”29

Referências

1. G. I. Butler, presidente da Associação Geral, citado em su- 18. Ibidem, 22 de março de 1870.
plemento da Review and Herald, 14 de agosto de 1883. 19. Ibidem, 25 de novembro de 1873.
2. Christian, Fruitage of Spiritual Gifts, págs. 53 e 54. 20. Ibidem, 12, 19, 26 de maio; 2 e 9 de junho de 1874.
3. Review and Herald, 22 de março de 1860. Ver pág. 182 para 21. Ibidem, 14 de agosto de 1883.
uma discussão de como a Igreja Adventista do Sétimo Dia se 22. Suplemento da Review and Herald, 14 de agosto de 1883.
organizou. Contudo, um ano depois, numa série de artigos “indepen-
4. Review and Herald, 8 de outubro de 1861. dentes” para a revista da igreja, G. I. Butler, então presiden-
te da Associação Geral, “meticulosamente argumentou que
5. Ibidem.
certas partes da Bíblia eram menos inspiradas do que outras.
6. Em 5 de janeiro de 1978 o nome foi mudado para Adventist
Embora Butler não se tenha afastado de nenhuma doutrina
Review.
básica essencial, Ellen G. White opôs-se vigorosamente à
7. A Seal of the Living God (New Bedford, 1849), pág. 31.
proposta dele em 1889, e não parece ter sido adotada aber-
8. Review and Herald, 21 de abril de 1851. Ver também ibidem,
tamente por nenhum escritor adventista do sétimo dia de
28 de fevereiro de 1856.
sua época.” – Mervyn Maxwell, “Brief History of Adventist
9. Review and Herald, 4 de dezembro de 1855.
Hermeneutics”, Journal of the Adventist Theological Society,
10. Esta visão se tornou o folheto No 1 dos Testemunhos, agora en- outono de 1993, pág. 212.
contrado em Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 113-126. 23. Ibidem.
11. Testemunhos Para a Igreja (No. 1, 1855), pág. 8. 24. Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 433-440.
12. Review and Herald, 28 de fevereiro de 1856. 25. General Conference Bulletin, 1o de junho de 1913.
13. Ibidem, 2 de dezembro de 1862. 26. A última assembléia da Associação Geral da qual ela parti-
14. Ibidem, 13 de janeiro de 1863. cipou foi em Washington, D.C., em 1909.
15. Ibidem, 25 de dezembro de 1866. 27. Review and Herald, 3 de fevereiro de 1921.
16. Ibidem, 29 de setembro de 1868. 28. Ibidem, 4 de outubro de 1928.
17. Ibidem, 15 de fevereiro de 1870. 29. Adventist Review, 20 de março de 1980.

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Escutar a Mensageira
vantagens dos adventistas é que viveram a Bíblia e seu estudo; no compromisso da
muito perto de Ellen White durante o seu igreja com o evangelismo nos Estados
ministério de setenta anos. Viram todos os as- Unidos e ao redor do mundo; no hábito ad-
pectos de sua vida e obra. Contudo, mesmo ventista de apoiar desinteressadamente essa
assim, alguns adventistas defenderam vee- expansão mundial; em sua obra assistencial
Hermenêutica/7 mentemente o ponto de vista da inspiração na comunidade; em seus programas de saúde
verbal, enquanto outros, mais despertos para e de obra médico-missionária e em sua filo-

Congresso Bíblico o processo de revelação/inspiração, mantive-


ram o ponto de vista da inspiração do pensa-
mento. Esta disputa fundamental foi a base do
sofia educacional “salutar”. Ele concluiu sua
palestra com este desafio: “Se isso [a decla-
ração do impacto que ela causou em todas as

em 1919 debate em 1919.


Tendo W. E. Howell como presidente de
mesa do Concílio, Daniells pediu para fazer a
áreas da vida adventista] não for evidência
da fonte deste dom entre nós, então eu não
sei o que seria evidência.”
“O ‘ponto de vista pioneiro’ alegava enfaticamente que os escritos não podiam ser divididos em par- palestra de abertura. Referiu-se a sua confian- Com referência a uma pergunta sobre a re-
tes ‘inspiradas’ e ‘não inspiradas’, mas parecia não ter nenhum meio de lidar com as supostas dis- ça em Ellen White ainda que ele tenha tido lação de Ellen White com a Bíblia, Daniells
crepâncias. O ‘novo ponto de vista sobre as visões’, com sua ênfase no contexto, ofereceu um meio “perplexidades durante os quarenta anos” de
de explicar essas supostas discrepâncias. Cada lado parecia ter conceitos adicionais que podiam ter deixou claro que seria errado afirmar que “o
ministério, “mas o tempo me ajudou a enten- Espírito de Profecia [querendo dizer os escri-
sido úteis ao outro. Parecia haver suficiente oportunidade para um diálogo.” 1 der; e concluí que não vemos as coisas do tos de Ellen White] é o único intérprete segu-
ponto de vista do Senhor”. ro da Bíblia”. Depois de tudo, ele perguntou:

R
ealizaram-se em 1919 um Congresso do isto fora”. Outros queriam que o material Uma de suas preocupações era a acusação
Bíblico (de 1o a 19 de julho) e um fosse reduzido a cinqüenta por cento e forne- o que faríamos com pessoas que se tornassem
de que ele próprio era um “cético nos Teste- adventistas em outros países “sem nunca te-
Concílio de Professores (de 20 de julho cido apenas para os delegados. Alguns que- munhos” pelo fato de não crer que eram ver-
a 1o de agosto). Cerca de sessenta e cinco pes- riam que um resumo fosse enviado a todos os rem visto um livro do Espírito de Profecia”?
balmente inspirados.6 “Oh”, apelou ele aos Daniells falou sobre as palestras que fizera
soas participaram desses dois encontros, em- membros da igreja, enquanto outros queriam professores, “eu me sentiria extremamente
bora nem todas tenham estado presentes a que não se enviasse nada. nas reuniões ministeriais onde insistia com os
mal se esta denominação perdesse sua fé ver-
ambos. Na lista de freqüência ao Concílio Depois de ouvir a discussão, o presidente obreiros para que estudassem a Bíblia primei-
acham-se cerca de vinte e oito professores, re- da Associação Geral e presidente da mesa do dadeira, genuína e apropriada neste dom que
ro e só depois usassem “o Espírito de Profecia
presentando catorze escolas de ensino supe- Congresso Bíblico, A. G. Daniells, sugeriu: Deus concedeu a esta igreja nessas mensagens
para ampliar nossa visão. ... O diligente estu-
rior (com cursos de dois e de quatro anos).2 “Algumas vezes acho que seria uma boa coisa que chegaram até nós. Desejo que permane-
do da Bíblia é a garantia e a segurança de um
Estenógrafos transcreveram não apenas as guardar este manuscrito num cofre, ao qual çamos nisto até o fim.”7
homem.”
palestras, mas também as discussões subse- poderia dirigir-se quem quer que desejasse fa- Nesse momento, W. W. Prescott e W. E.
qüentes: um volumoso registro de 2.494 pági- zer estudo e pesquisa pessoal.”4 O Fruto do Ministério de Ellen White
Daniells declarou que a “mais forte prova” da Howell fizeram um acréscimo à ilustração de
nas. Apesar disso, quase a metade dessas pá-
ginas são duplicadas, com a primeira cópia Os Manuscritos Fechados à Chave autenticidade do dom profético de Ellen White Daniells quanto à maneira como os escritos
totalizando 1.308 páginas. Das 1.308 páginas, É mais do que interessante que a sugestão do foram seus “frutos, ... não em demonstrações de Ellen White esclareciam o significado
cerca de 1.100 são do Congresso Bíblico e o presidente (que finalmente foi seguida) te- físicas e exteriores”.8 A seguir, sugeriu como mais profundo de determinadas questões e
restante do Concílio.3 nha sido feita após acalorada discussão sobre esse “dom” deveria ser ensinado a outros. Ele textos que os preocupavam.
Esse material permaneceu despercebido assuntos como a questão oriental e a contro- começaria “com o início deste movimento. Na Depois, Prescott perguntou a Daniells co-
nos arquivos da Associação Geral até um ano vérsia trindade/arianismo.5 Lamentavelmen- época em que essa pessoa recebeu o dom, ao mo se devia empregar Ellen White para “re-
depois da criação dos Arquivos da Associa- te, alguns têm usado a declaração de Daniells mesmo tempo surgiu este movimento da trípli- solver questões históricas”. Daniells deu a res-
ção Geral em 1983. Por que esses registros para incluir o debate sobre a autoridade e ins- ce mensagem. Surgiram juntos no mesmo ano. posta apropriada: “A irmã White jamais pre-
foram guardados nos arquivos? A resposta en- piração de Ellen White, o qual ocorreu em 30 Esse dom foi exercido de maneira constante e tendeu ser uma autoridade em História e ja-
contra-se no próprio registro. Muitos delega- de julho e 1o de agosto, duas semanas depois de mais reivindicou ser mestra absoluta de teolo-
poderosa no desenvolvimento deste movi-
dos falaram livremente, muitas vezes em Daniells haver sugerido “fechar à chave este ma- gia. Jamais planejou um curso de teologia. ...
intensa divergência. Alguns faziam comentá- nuscrito”. mento. Os dois estiveram inseparavelmente li-
gados; e por meio deste dom foi dada instrução Apenas fez declarações fragmentárias, deixan-
rios que abrandavam após as discussões. Mui- A discussão de dois dias no Concílio de
tos acharam que não haveria nenhum bene- Professores sobre o papel e a função de Ellen a respeito deste movimento em todas as fases, do aos pastores, evangelistas e pregadores o
fício em publicar as divergências entre desta- White mostrou como os cristãos através dos durante setenta anos.” encargo de resolverem todos esses problemas
cados pensadores adventistas sobre variados séculos, especialmente desde a Reforma, têm Depois, ele reconsiderou a maneira como bíblicos, teológicos e históricos.”
assuntos como “a questão oriental”. Alguns estado em desacordo quanto à maneira como o fruto dos escritos de Ellen White havia Relembrando a revisão de 1911 de O
criam que seria “um tanto arriscado deitar tu- Deus fala por meio de Seus profetas. Uma das feito diferença na atitude da igreja para com Grande Conflito, ele disse que tal trabalho
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CAPÍTULO 38 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira CONGRESSO BÍBLICO EM 1919

não abalou sua fé, mas “há homens que foram do sobre as posturas dos líderes da Associação vez tenhamos confiança por nós mesmos, mas na igreja na noite anterior! Daniells leu o tes-
muito prejudicados por ele, e acho que isso Geral. Benson expressou seu receio de que os é difícil fazer outros acreditarem nisto, se ex- temunho na assembléia, e o público de 3.000
aconteceu porque exigiam demasiado desses membros da igreja, recebendo influência por pressarmos este ponto de vista mais liberal pessoas encheu-se de assombro. Thompson
escritos”. seus líderes locais, achassem que os que repre- [inspiração do pensamento sem uma base de- falou em nome de muitos: “Fiquei convenci-
A respeito do conflito entre a Versão King sentavam a inspiração do pensamento eram finida para a confiança]. Vejo como alguns do de que havia mais do que poder comum
James e o aparecimento de traduções mais “liberais”. Se os professores de Bíblia e de podem tirar vantagem deste ponto de vista li- naquele documento. ... Ele trazia consigo o
modernas, Daniells respondeu que “achava História ensinassem o que haviam ouvido no beral e sair e comer carne em todas as refei- poder do Espírito de Deus.”
que a irmã White não tinha intenção alguma Concílio, “nossas escolas vão ficar em inteiro ções, e dizer que parte dos Testemunhos não Mas Kern achou que precisava falar algo
de determinar a exatidão de uma tradução... desacordo com o campo”. é confiável.” mais: “Esta questão de inspiração verbal não
Ela usava qualquer versão que a ajudasse a co- J. N. Anderson colocou a questão clara- Kern continuou: “Podemos nós, seja com a resolve a dificuldade. ... Ela foi uma escritora
municar seu pensamento com maior clareza.” Bíblia ou com os Testemunhos, fazer jogo de e não meramente uma pena.”
mente: “Podemos esconder atrás da cabeça
A questão relativa à inspiração verbal surgiu palavra e renunciar à lei e forçar a consciên-
algo sobre o qual estamos absolutamente cer-
novamente, a qual ele respondeu: “Não posso cia de uma pessoa com base em uma palavra A Nuvem Escura da Inspiração Verbal
tos e sobre o qual a maioria dos irmãos insis- Os participantes do Concílio achavam difícil
camuflar tal coisa. Tenho permanecido inaba- em vez de no quadro geral de todo o propósi-
te conosco? Podemos ocultar essas coisas e ver através da negra nuvem da inspiração
lável com respeito a isso por cerca de quarenta to da interpretação? Não creio que uma pes-
ser honestos com nós mesmos? E, além disso, soa possa crer na inspiração geral do Espírito verbal que havia envolvido muitos (talvez a
anos, e acho que é um ponto de vista seguro; estamos seguros em fazê-lo? É bom permitir
mas se eu fosse tomar a posição que alguns to- de Profecia e continuar acreditando que vege- maioria) dos pastores e professores da igreja
que nosso povo em geral continue a defender tarianismo não é coisa para a humanidade. em 1919. O resultado final foi um conjunto
mam a respeito dos Testemunhos, eu seria aba- a inspiração verbal dos Testemunhos? Quan- Posso entender como esse testemunho foi es- de membros da igreja que, em sua maior par-
lado. Eu não saberia em que me firmar.” do fazemos isso, não estamos nos preparando crito para indivíduos, e há exceções para isso, te, aceitava os escritos de Ellen White sem
Surgiram perguntas a respeito do conselho para uma crise que será muito grave algum e como a irmã White em sua fraqueza huma- entender os princípios hermenêuticos que a
de Ellen White sobre reforma de saúde. A
dia? Parece-me que a melhor coisa que pode- na podia ter cometido um erro ao declarar a própria Sra. White havia escrito. Como em
resposta de Daniells refletia os princípios que
mos fazer é cautelosa e cuidadosamente edu- verdade e ainda assim não destruir a inspira- outras partes da cristandade, a inspiração
Ellen White ensinava: “É bem conhecido,
car nosso povo para ver exatamente qual a ção do Espírito de Profecia; mas o problema é verbal levou a um senso de infalibilidade,
pelos próprios escritos e o contato pessoal
postura que devemos assumir para sermos como apresentar essas questões ao povo.” quer nas palavras da Bíblia, quer nos escritos
com a irmã White, bem como pelo bom sen-
protestantes coerentes, coerentes com os Minutos depois, ele disse: “Desejo ir ao de Ellen White. Nada parece irritar mais os
so,… que a instrução nunca pretendeu ser um
próprios Testemunhos e coerentes com aqui- fundo da questão. Não acredito que já este- defensores da inspiração verbal do que dizer
grande e abrangente regulamento sobre o co- que as palavras de Ellen White (ou determi-
lo que sabemos devemos fazer, como pessoas jamos lá.” Ele estava procurando pelo princí-
mer e o beber das pessoas; e ela se aplica a di- pio por trás da maneira como Deus trata com nadas palavras ou pormenores bíblicos) pre-
versos indivíduos de acordo com a situação inteligentes, conforme temos resolvido nes-
tas reuniões.” os profetas humanos. Estava pedindo que cisam ser compreendidos em termos de
em que eles se encontram.” olhássemos mais para a mensagem do que pa- “tempo, lugar e circunstâncias”. Falar deste
Ele continuou a lembrar ao grupo que “a ra o mensageiro, mais para o conteúdo do modo desperta insegurança e o protesto de
A Questão Central
irmã White nunca foi uma fanática, nunca que para o recipiente. Acreditava que a con- “liberalismo”.
M. E. Kern atingiu provavelmente o âmago
foi uma extremista. Ela era uma mulher equi- sistência e coerência da mensagem são a ba- O que contribuiu para complicar ainda
da questão de maneira mais rápida que os ou-
librada. Descobri isso durante o período de se para sua integridade, não os elementos hu- mais o acontecimento de 1919 foi o fato de W.
quarenta anos de convívio com ela.” tros. Perguntou, na mesma palestra, como
uma pessoa podia dizer “que não podemos manos associados a determinados pormeno- W. Prescott ter recebido importante papel na
W. E. Howell comentou que aqueles que res da mensagem. apresentação de muitos assuntos. Embora fos-
usam dois pontos de vista sobre inspiração, confiar neste dado histórico que foi dado no
G. B. Thompson parecia ter em vista a se erudito brilhante, administrador experien-
um para a Bíblia e um para os escritos de Espírito de Profecia e depois expressar sua ab-
preocupação de Kern: “O que penso é que a te, pensador lúcido no colocar a Cristo no
Ellen White, correm o risco de adotar “pon- soluta confiança no Espírito de Profecia e nos
evidência da inspiração dos Testemunhos centro da teologia adventista, foi Prescott
tos de vista extremistas e radicais”. No entan- Testemunhos”. E depois sua pergunta funda-
não está em sua inspiração verbal, mas no po- quem ajudou a promover a teoria da inspira-
to, observou também que o ponto de vista da mental: “Qual a natureza da inspiração? Co- der e influência que exercem sobre a denomi- ção verbal enquanto diretor do Battle Creek
inspiração verbal parecia ser o que mais pre- mo podemos sentir, crer e saber existir incoe- nação.” A seguir, ele relatou um notável inci- College em 1893. Referindo-se àquela época,
dominava entre os membros da igreja e mui- rência nisso – alguma coisa que não está cer- dente. Um ano antes, Ellen White havia es- W. C. White escreveu que a “convincente”
tos pastores, e que para corrigir esse mal-en- ta – e ainda assim crer que o Espírito de Pro- crito uma carta para ele e para A. G. Da- atitude de Prescott sobre o assunto da inspira-
tendido exigiria muita sabedoria. fecia é inspirado?” niells, mas não a enviou a não ser poucos dias ção levou a “questões e perplexidades sem fim,
C. L. Benson observou que já haviam che- Kern, sendo um educador, sabia como se- antes da assembléia. Quando eles a recebe- e em constante aumento”.9 Então, em 1919, as
gado cartas dos lares de membros, perguntan- ria difícil explicar tudo isso aos jovens: “Tal- ram, a carta descrevia uma reunião realizada observações de White cumpriram a profecia:
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CAPÍTULO 38 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira CONGRESSO BÍBLICO EM 1919

a aflição dos crentes fiéis no ministério de “próprias descobertas devem ser sua autorida- e chegou mesmo a receber o convite mimeo- Muitas vezes, o cerne da controvérsia com
Ellen White em dois campos discordantes, de para crer e não crer”, ele replicou: “Vocês grafado. Depois de consultar a agenda, que o Dr. J. H. Kellogg e A. T. Jones era a questão
chamando um ao outro “liberais” e “conser- podem deitar tudo a perder aplicando isso co- não incluía nada sobre a obra e relevância de de como interpretar a declarações de Ellen
vadores”. O tom da discussão revelou ho- mo princípio geral.” Fizeram outras perguntas Ellen White, talvez ele tenha achado que seu White. Esses dois líderes articulados com o
mens e mulheres comprometidos, todos os porque ele parecia indeciso quanto ao que tempo seria mais bem aproveitado no escritó- tempo passaram a usar os escritos da Sra.
quais pensavam estar protegendo a mensa- achava necessário ser mudado nos escritos de rio em Elmshaven.12 Trabalhando sozinho White somente quando estes pareciam
geira do Senhor, embora numa luta inglória. Ellen White [no aprimoramento de O Gran- depois que a equipe de sua mãe se havia dis- apoiar-lhes os pontos de vista. Parte do ata-
A predição de White de que as “perplexida- de Conflito em 1911] e no seu ressonante en- persado em 1915 (sem orçamento permitido que de Jones contra Daniells se baseava nos
des” estariam “em constante aumento” es- dosso da autoridade dela. Ele respondeu: “Eu pelos depositários, nem mesmo provisão para comentários da Sra. White sobre a falta de
tendem-se até nossos dias. não ataquei o Espírito de Profecia. Minha ati- papel de carta), White sentia-se pressionado confiabilidade da liderança da Associação
Nas muitas observações de Prescott, ele se tude tem sido evitar qualquer oposição ao a concluir a compilação de Conselhos Sobre Geral em 1897, e depois a acusação de que as
esmerou para revelar seu pensamento mais dom nesta igreja, mas evito o mau emprego Saúde a fim de satisfazer as solicitações dos lí- mesmas declarações se aplicavam em 1906.16
recente, depois de haver navegado para fora dele no que se refere a pôr de lado a Bíblia. deres médicos. Se alguém pudesse ser capaz Em outras ocasiões, quando eles encontra-
da nuvem da inspiração verbal. Sem dúvida, Não quero que ninguém pense, sequer por de predizer que dois longos dias de discussão vam dificuldades com os escritos dela, a rea-
alguns delegados do congresso não estavam um momento, que tenho algo contra o Espí- (que surgiram espontaneamente) seriam de- ção deles era que “alguém” havia transmitido
preparados para aceitar prontamente o con- rito de Profecia.” dicados ao papel profético de sua mãe, “ele a ela informações erradas. Muitas vezes esse
selho dele, embora correto agora, em virtude A. G. Daniells sintetizou as deliberações sem dúvida teria feito maior esforço para es- “alguém” era, segundo pensavam, o filho de-
dos pontos de vista anteriores sobre inspira- de dois dias, defendendo seus colegas da As- tar presente”.13 la, W. C. White.17
ção e seu “flerte” inicial com o panteísmo e sociação Geral e sugerindo uma base para o De 1919 até sua morte em 1937, W. C.
outros assuntos.10 A Ausência de W. C. White White prestou enorme e útil contribuição aos
acordo: “Sei que meus colegas têm plena
W. C. White, a fonte pessoal mais valiosa dis- fatos que envolviam o ministério profético de
Perto do fim do congresso, Precott desnu- confiança na sólida plataforma de toda essa
ponível, poderia ter respondido algumas das sua mãe.18
dou a alma relatando sua própria experiência questão; e sei que, se muitos de vocês tives-
perguntas de maneira mais precisa, mais cons- 2. Por trás das diferenças entre os delega-
em reconhecer que os profetas não escrevem sem atacado vigorosamente esse assunto e
trutiva, do que outros.14 Talvez, com sua expe- dos (e muitos dos pastores e leigos nas igre-
de maneira infalível copiando um ditado di- experimentado o que experimentamos, te-
riência e aptidões comunicativas, poderia ter jas) sobre os temas da agenda, tais como a
vino. “Não abandonei o Espírito de Profe- riam passado por uma experiência que lhes
ajudado a focalizar mais claramente as ques- questão oriental, o conflito arianismo/trinita-
cia”, declarou ele, “mas tive que fazer ajustes teria dado sólido embasamento. Teriam sido
tões que estavam dividindo gravemente líde- rismo, os dois concertos, a palavra “diário”
na minha maneira de ver as coisas. Na reali- sacudidos um pouco, e estão começando a (Dan. 8:11-13), o início e o término dos
res da igreja e leigos naquele tempo e pelos
dade, devo dizer aos irmãos que a relação des- ser sacudidos agora, e alguns de vocês não sa- 1.260 dias e o rei do norte (Daniel 11), esta-
anos seguintes. Esse enfoque teria levado a um
ses escritos com este movimento e com nossa bem aonde vão parar. Essas perguntas mos- exame mais cuidadoso e direto dos fatos relati- va a questão de como interpretar Ellen White.
obra é mais clara e coerente em meu espírito tram isso. Isto, porém, não quer dizer que vos à obra de um profeta em tempos moder- Acusações de deslealdade a ela, de infidelida-
agora do que no passado. Vocês sabem, po- não haja fundamento. Quer dizer que vocês nos. Eliminar idéias errôneas teria sido doloro- de para com sua autoridade ao escolher e se-
rém, de que sou acusado [de ser um “liberal” ainda não passaram pelas dificuldades nem so para alguns, mas a cura seria mais rápida e lecionar seus escritos quanto ao que era ins-
que estava diminuindo a autoridade de Ellen colocaram os pés em rocha sólida. duradoura do que a ampla quebra de confian- pirado, de líderes inseguros dirigindo a deno-
White]. Tive minha própria experiência pes- “Quero fazer esta sugestão, pois com todas ça que se seguiu ao Congresso/Concílio. minação por uma terrível trajetória sem a
soal exatamente sobre o que vocês falam. Se essas perguntas não podemos seguir uma li- Apesar disso, deve-se considerar um outro orientação que ela havia dado à denomina-
corrigirmos aqui e corrigirmos ali, que posi- nha de pensamento lógica. Irmãos, devemos aspecto: para muitos líderes da igreja, na As- ção por setenta anos – todas essas palavras
ção tomaremos em outros lugares?” exercer bom senso ao lidar com toda esta sociação e no campo, W. C. White era sus- impetuosas dirigidas aos oficiais da Associa-
Prescott narrou sua experiência a um líder questão. Não sejam descuidosos com suas pa- peito, e estivera durante vinte anos na ala ção Geral e aos professores de colégios que os
da Associação Geral que foi reprovado por lavras. Não sejam descuidosos em relatar ou dos “liberais”.15 Por quê? Porque havia enfa- apoiavam não extraíram o melhor das pes-
Ellen White durante a crise de 1888 e diver- representar os pontos de vistas dos ho- tizado que os escritos de sua mãe deviam ser soas, nem de um lado nem do outro.
sas vezes mais tarde por seus métodos e atitu- mens.”11 sempre entendidos no contexto de “tempo, O Congresso/Concílio ficou carregado de
des. O líder queria que Prescott o ajudasse a lugar e circunstâncias”, fatores que determi- tensão desde o momento em que foi aberto.
“traçar a linha entre o que era autorizado e o Que Devemos Aprender nariam seu significado e aplicação. W. C. Cada lado acreditava que a autoridade de
que não era”. Prescott replicou: “Não tenta- do Congresso/Concílio de 1919? White, junto com Daniells, Wilcox e, mais Ellen White estava em jogo. Cada lado tam-
rei fazer isso, e o aconselho a não tentá-lo. 1. Alguns se perguntam por que W. C. White tarde, Prescott, representava aqueles que de- bém cria que dessa questão dependia o futuro
Há nesse dom uma autoridade, e devemos re- não esteve presente nas reuniões de 1919. fendiam a inspiração do pensamento, embo- da igreja.19
conhecê-la.” Sendo membro da comissão da Associação ra esse termo ainda não fosse empregado na- 3. Ambos os lados, os que defendiam a ins-
Quando perguntaram a Prescott se suas Geral, ele era automaticamente um delegado quele tempo. piração verbal e os que defendiam a inspira-
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CAPÍTULO 38 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira CONGRESSO BÍBLICO EM 1919

ção do pensamento, tinham muitos valores a princípio contextual para entender as decla- ve e tudo quando ela diz seja inspirado; em ou- White que “nos mantivemos mais unidos e
que se agarrar. Mas nenhum dos lados via a rações da Sra. White.22 tras palavras, não creio na inspiração verbal.”26 firmes em todos os princípios do que quando
verdade fundamental pela qual os outros es- 5. Mas alguns dos que se batiam pela ins- Esse tipo de pensamento, se não sofrer iniciamos a reunião”.28
tavam contendendo. Foi desse modo que per- piração do pensamento se viram no outro la- profundas alterações, é uma porta aberta pela 7. Por outro lado, J. S. Washburn, notório
deram de vista a transcendente e curativa na- do da ladeira escorregadia. Embora tivessem qual muitos têm saído da Igreja Adventista representante dos que se opunham a Prescott
tureza da elipse da verdade.20 Nenhum lado clara compreensão da maneira como Deus fa- ao longo dos anos. Esse pensamento leva ao e a Daniells, em seus pontos de vista a respei-
viu claramente a razão maior por que o mi- la à mente dos profetas, poucos pareciam en- julgamento pessoal sobre o que um “profeta” to da palavra “diário”, da questão oriental,
nistério da Sra. White havia causado tão tender o âmago da mensagem de Ellen White quer dizer e ao julgamento pessoal sobre o etc., escreveu uma carta aberta a Daniells e à
grande impacto sobre a vida deles, embora que fornecia a estrutura teológica para sua que é inspirado e o que não é. Isto é na ver- Comissão da Associação Geral, expressando
cada um apelasse para a própria experiência contribuição global à teologia, educação, saú- dade uma ladeira escorregadia, se não houver a preocupação de muita gente. Referindo-se a
sob a orientação dela como algo inegável. de, missão, etc. uma mensagem predominante e fundamental “este suposto Instituto Bíblico” em que “pro-
Nenhum lado conseguia ver claramente que Com o passar do tempo, alguns desses lí- a que se agarrar firmemente. fessores minam a confiança de nossos filhos e
Pelo menos, os defensores da inspiração filhas nos próprios fundamentos de nossa ver-
a mensagem distintiva da profetisa, seus prin- deres, capazes em outros aspectos, ficaram
verbal sabiam, no íntimo, como depender da dade”, ele citou que “um de nossos obreiros
cípios teológicos coerentes e integrados, sem nada em que se apoiar quando começa-
autoridade – mesmo que isso possa não ter si- mais fiéis” teria dito que o Instituto “era a
eram o fundamento para seus conceitos ram a separar o que era inspirado do que não do pelas razões corretas. Os deste grupo (e são coisa mais terrível que já havia acontecido na
orientadores na educação, saúde, missões e era. Aonde iriam eles parar ao afirmarem que muitos) que permaneceram na igreja como lí- história desta denominação”.29
nos ensinos teológicos adventistas. Ellen White não podia ser confiável em as- deres de influência na administração ou no 8. As questões que vieram à tona no Con-
Os princípios fundamentais, compreendi- suntos históricos e médicos ou mesmo em evangelismo criam que eram os únicos capa- gresso/Concílio de 1919 perduram ainda ho-
dos como o Tema do Grande Conflito,21 questões administrativas ou teológicas? Se zes de salvar a denominação da apostasia. Po- je, refletidas em pelo menos três ou quatro
constituíram a razão por que as normas que Ellen White não podia ser considerada uma diam citar como exemplos de onde esse pen- categorias que dividem os cristãos de modo
esses líderes haviam seguido se mostraram tão autoridade nesses assuntos, como o podia ser samento os levaria, muitos que tentaram geral e os adventistas de modo específico: (a)
eficazes. Eles haviam estado vivendo tão per- em outros?23 “reinterpretar” Ellen White – homens como os que crêem que os escritores bíblicos e
to da igreja que se desenvolvia rapidamente e Não sabemos a motivação por trás das de- os irmãos Ballenger (A. F. e E. S.), J. H. Kel- Ellen White foram inspirados, mas não rece-
de mudanças igualmente rápidas nas condi- clarações escritas ou públicas tanto dos de- logg, A. T. Jones, W. A. Colcord, E. J. Wag- beram a verdade de forma concreta; (b) os
ções nacionais e mundiais que a maioria de- fensores da inspiração verbal quanto dos de- goner, L. R. Conradi e W. W. Fletcher. que sustentam que os escritores bíblicos e
les não retrocedeu suficientemente para ter fensores da inspiração do pensamento. Geral- Um traço comum a todos esses líderes no- Ellen White receberam a verdade por inspi-
uma visão geral da situação. Ambos os lados mente, contudo, os defensores da inspiração tórios que desertaram era a decisão de “que o ração verbal e que suas mensagens foram da-
viram os resultados inegavelmente maravi- do pensamento lutavam por liberdade para Espírito de Profecia podia ser dividido em das conforme Deus queria que os escritos fos-
lhosos (na educação, na saúde e no rápido interpretar Ellen White na base de sãos prin- partes ‘inspiradas’ e ‘não inspiradas’. Parece sem lidos ou ouvidos; (c) os que crêem que a
crescimento da igreja) e desejaram proteger cípios hermenêuticos, tais como a aplicação relevante que, na maioria dos casos, os que Bíblia e os escritos de Ellen White são divi-
sua mensageira divinamente orientada do uso do tempo, do lugar e das circunstâncias. Bus- começaram a fazer essas classificações perde- namente inspirados por Deus ao incutir pen-
ou abuso de seus escritos. Ao perceberem o cavam o princípio por trás da norma. Esta ram finalmente a confiança no Espírito de samentos na mente dos profetas e estes co-
que parecia ser uma falta de apreço do dom abordagem havia sido mais bem articulada Profecia.”27 municaram a mensagem na melhor lingua-
de profecia em seu meio, cada lado via o ou- por W. C. White nas observações que fez a 6. A evidência de que o Congresso/Concí- gem e estrutura de pensamento disponível;
tro como problema principal. respeito da revisão de O Grande Conflito de lio, ao que parece, não mudou o parecer de (d) os que crêem que a Bíblia e os escritos de
1911.24 No Concílio, F. M. Wilcox, de um ninguém se reflete nos últimos comentários. Ellen White são geralmente inspirados, mas
O Aspecto Negativo da Inspiração Verbal modo geral, também insistiu nesta aborda- Por um lado, A. G. Daniells escreveu a W. C. seu valor é mais pastoral do que teológico.
4. Mas o aspecto negativo desses dois pontos gem coerente e integrante aos escritos de
de vista desenvolveu-se na vida de alguns dos Ellen White: “Gostaria de pedir ao irmão Da-
Referências
mais eloqüentes partidários. Muitas influên- niells se poderia ser aceito como um tipo de
cias contribuíram para afetar o Dr. John Har- regra que a irmã White pode ter-se equivoca- 1. Bert Haloviak, “Background and Aftermath of the 1919 Bible 6. Ver págs. 16, 120, 173, 375, 376 e 421 para uma discussão da
vey Kellogg, mas nenhuma foi mais decisiva do em pormenores, mas no método e instru- and History Teachers Conference”, ensaio inédito de 1979. diferença entre inspiração verbal e inspiração do pensamento.
2. Robert W. Olson, “The 1919 Bible Conference and Bible and 7. Uma das mais duradouras contribuições de Daniells a esta
do que sua maneira de entender como a reve- ção geral ela era uma autoridade.”25 History Teachers Council”, disponível no Patrimônio Literá- igreja foi o livro The Abiding Gift of Prophecy.
lação e a inspiração funcionam. O desvio fi- Outros que contendiam contra os defenso- rio White. 8. Como exemplo dessas “demonstrações”, Daniells referiu-se à
3. Ibidem. história de Ellen White segurando uma “Bíblia pesada” na
nal de A. T. Jones e E. J. Waggoner, heróis es- res da inspiração verbal não aceitaram, ou 4. Relatório estenografado do Congresso Bíblico e Concílio de mão estendida. J. N. Loughborough registra este milagre em
pirituais de 1888 e do começo da década de talvez não entenderam, este raciocínio mais Professores de Bíblia e História de 1919, pág. 912. seu Rise and Progress of Seventh-day Adventist (págs. 103 e
1890, se deveu em grande parte à mesma amplo e mais construtivo. O pensamento se- 5. A questão oriental refere-se à interpretação do “rei do Norte” 104) e posteriormente em The Great Second Advent Move-
em Daniel 11. Havia-se pregado veementemente por muitos, ment (págs. 236 e 237) baseado nas entrevistas que teve com
compreensão errônea. Kellogg e Jones, espe- ria expresso, por qualquer razão: “Embora eu principalmente no evangelismo, que o “rei” era a Turquia; ou- testemunhas oculares do evento. Leitores apressados desta
cialmente, mantinham uma rígida concepção acredite [que Ellen White é profetisa de tros criam que o “rei” se referia às atividades do papado no fim discussão têm concluído erroneamente que Daniells questio-
do tempo; ver Schwarz, Light Bearers, págs. 400-402. nou a historicidade do acontecimento. Entenderam mal o
a respeito da inspiração verbal sem usar o Deus], não creio [que] tudo quanto ela escre-
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CAPÍTULO 38 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira CONGRESSO BÍBLICO EM 1919

objetivo de Daniells, o qual ele esclareceu posteriormente na 18. Moon, W. C. White and E. G. White, págs. 451-456.
discussão quando lhe perguntaram se ele não acreditava no 19. O ex-presidente da Associação Geral, George I. Butler, nu- Perguntas Para Estudo
milagre ou afirmava que não usaria essas manifestações como ma carta dirigida a A. G. Daniells, havia previsto o desen-
“prova” de inspiração. Ele replicou: “Não, eu não as desprezo volvimento de uma fissura entre esses dois grupos quanto às
nem descreio delas; mas não são a espécie de evidência que interpretações conflitantes de como ler Ellen White: “É 1. Quais foram os assuntos do Congresso Bíblico que levaram A. G. Daniells a sugerir que
eu usaria com estudantes ou descrentes. ... Não as questiono, terrível, uma coisa terrível! Será que entraremos no confli-
mas não creio que sejam o melhor tipo de evidência a apre- to que está à nossa frente, Arthur, ... o grande e conclusivo
as atas da reunião deviam ser “guardadas” no cofre? A discussão sobre os escritos de
sentar.” – Spectrum, vol. 10, No 1, pág. 37. conflito, com dois grupos contendendo ente si? Não creio Ellen White fazia parte desse material?
9. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 454. que seja possível, a menos que de algum modo consigamos
10. Ver págs. 120, 121 e 204; Schwarz, Light Bearers, págs. 289 e 294. consertar isto, restaurar a união e prosseguir sem ficar terri-
11. “The Use of the Spirit of Prophecy in Our Teaching of Bible velmente incapacitados durante anos e sofrer a perda de
2. Que Daniells declarou ser a “mais forte prova” da autenticidade do dom profético de
and History, 30 de julho a 1o de agosto de 1919”, Spectrum, muitas almas.” – Haloviak, “In the Shadow of the Ellen White?
vol. 10, No 1, págs. 27-57. ‘Daily’...”, pág. 13.
12. A lista de temas a serem discutidos foi: A Pessoa de Cristo, A 20. Ver págs. 260, 573-575.
Obra Mediadora de Cristo, Natureza e Obra do Espírito San- 21. Ver págs. 256-263. 3. Quais as questões fundamentais que separaram os líderes da igreja em 1919?
to, Os Dois Concertos, Princípios de Interpretação Profética. 22. Kellogg não via nenhuma “utilidade em tentar explicar o que
Questão Oriental, O Poder da Besta em Apocalipse, 1.260 o Senhor faz e o que o Senhor diz. O Senhor diz como quer di- 4. Quais algumas lições que devem ser aprendidas do Congresso/Concílio Bíblico de 1919?
Dias, os Estados Unidos na Profecia, As Sete Trombetas, Ma- zer”. – “Report of the Work of the Sanitarium”, Transcrito, 28
teus Vinte e Quatro. – Voto tomado pelo Concílio de Prima- de dezembro de 1905, Grupo de Registro 17, Relatório da As-
vera da Associação Geral de 1919. D. E. Robinson, editor da sociação Geral da Obra dos Arquivos. Numa ocasião posterior, 5. Depois de estudar as lições a serem aprendidas do Congresso Bíblico de 1919, analise co-
Southern Publishing Association, compareceu ao Congresso Jones disse para a congregação de Battle Creek: “Não tenho mo essas lições podiam ajudar a sanar algumas divisões na igreja hoje.
Bíblico, mas aparentemente não foi convidado para o Concí- um pingo de respeito por qualquer apelo, como é feito dema-
lio de Professores. Casado com Ella White (neta mais velha de siadas vezes e especialmente em anos recentes, em favor da
Ellen White), Robinson havia trabalhado com a Sra. White ‘atualização dos Testemunhos’; como se o Testemunho atuali- 6. Pode Ellen White ajudar a resolver algumas divisões doutrinárias atualmente?
durante cerca de dez anos como um de seus secretários e com- zado devesse tomar o lugar de tudo quanto o antecedeu. Mao-
piladores. Se alguém soubesse antecipadamente que haveria mé ensinava essa doutrina no tocante à suas revelações: que a
uma discussão de dois dias sobre o ministério de Ellen White, última revelação toma o lugar de tudo quanto veio antes dela.
é provável que ele tivesse sido convidado insistentemente a A revelação de Deus, porém, não funciona desta maneira. A
permanecer. Ele, juntamente com W. C. White, teriam contri- revelação de Deus é a verdade, e é tão boa hoje como o foi há
buído com valiosas informações, reagindo a algumas declara- milhares de anos. ... Não, meus senhores, a Bíblia é a Palavra
ções errôneas feitas naquele ambiente informal. de Deus. É a mesma hoje como o era quando Isaías a escreveu,
13. Bert Haloviak, num ensaio inédito, “In the Shadow of the quando Amós a escreveu, quando Oséias a escreveu, quando
‘Daily’: Background and Aftermath of the 1919 Bible and Paulo a escreveu, e será a mesma depois que o mundo passar e
History Teachers Conference”, pág. 5; Moon, W. C. White desaparecer. Assim acontece com os Testemunhos, tão certa-
and E. G. White, pág. 453. mente como eles são a verdade de Deus.” – Sermão no Taber-
14. A ambigüidade de W. W. Prescott, sentida por alguns presentes, náculo de Battle Creek, em 2 de janeiro de 1906, págs. 24 e 25.
teria sido esclarecida pela presença e conselho de W. C. White. Arquivo de folhetos. Ambas as referências citadas em Halo-
15. Observe, por exemplo, as acusações feitas por seu irmão Ed- viak, “In the Shadow of the ‘Daily’ ...”, pág. 14.
son e propagadas pelos seguidores do Dr. Kellogg em 1906. – 23. Foi aqui que as apresentações de Prescott preocuparam al-
Biography, vol. 6, págs. 62, 94-101, 155-157; o rude ataque guns dos delegados de 1919. C. L. Benson provavelmente fo-
contra a Associação Geral de 1913 e o Concílio Outonal, ci- calizou melhor o assunto em forma de pergunta: “Se existem
tado em Moon, W. C. White and E. G. White, págs. 340-342. tais incertezas com referência à nossa posição histórica, se
A incerteza de Stephen Haskell a respeito do papel de W. C. não devemos confiar nos Testemunhos para lançar grande
White como o redator-chefe dos escritos da mãe refletiu-se quantidade de luz sobre nossas posições históricas e se o mes-
em cartas endereçadas tanto a Ellen White quanto ao filho mo é verdade com referência a nossa interpretação teológica
dela em 1909. Haskell referiu-se à “experiência que eu tive”, de textos, então como podemos coerentemente colocar im-
e desafiou seus colegas mais jovens: “É o abandono do estu- plícita confiança na instrução dada a respeito de nossos pro-
do de algumas dessas coisas que foram publicadas nos escri- blemas educacionais, nossa escola de medicina e mesmo de
tos de sua mãe e a mudança de algumas coisas que têm dado nossa organização denominacional? Se há liderança espiri-
vantagem aos inimigos da verdade, e é hoje a causa da perda tual definida nessas coisas, então como podemos coerente-
de confiança em você por parte de nossos melhores irmãos; mente deixar os Testemunhos de lado ou rejeitá-los parcial-
porque eles acham que você alterou os escritos de sua mãe e mente quando eles recuperam o lado profético e histórico da
disse que não passava de ‘editoração’. Não quero dizer com mensagem? E colocar essas coisas na base da obra de pesqui-
isto que você tenha feito mudanças no pensamento, mas nas sa?” – Spectrum, vol. 10, No 1, pág. 46.
palavras e na redação deles.” 24. Ver pág. 431; Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 433-440.
Mais adiante na carta, ele relembra uma experiência 25. “Inspiration of the Spirit of Prophecy”, Spectrum, vol. 10, No
“que me deixou perplexo”. Uma mulher levantou-se numa 1, pág. 53.
reunião onde Haskell havia anunciado que defenderia “os 26. Carta de G. F. Watson a W. C. White, em 15 de dezembro
escritos da mãe de Willie pela Bíblia”. A mulher perguntou: de 1913, citada em Moon, W. C. White and E. G. White,
“O irmão pode provar pela Bíblia que um profeta teve filhos pág. 411.
que mudaram o testemunho do profeta e chamou isto de edi- 27. Haloviak, “In the Shadow of the ‘Daily’...”, pág. 58.
toração?” Haskell respondeu em essência “que poderia pro- 28. Carta de A. G. Daniells, 20 de julho de 1919, endereçada a
var pela Bíblia que os profetas tiveram filhos que nem sem- W. C. White, arquivos de correspondência do Patrimônio
pre faziam o que era correto e que por não fazerem o que era Literário White.
correto punham o povo à prova. Ela sentou-se e não disse 29. “An Open Letter to Elder A. G. Daniells and an Appeal to
mais nada.” – Moon, W. C. White and E. G. White, pág. 361. the General Conference”, 1922, págs. 28 e 29; J. S.
16. Haloviak, “In the Shadow of the ‘Daily’...”, pág. 14. Ver Washburn Folder, Arquivos da Associação Geral; ambas as
pág.396. referências citadas em Haloviak, “In the Shadow of the
17. Ver Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 63; MR, vol. 13, pág. 122. ‘Daily’...”, pág. 1.

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SEÇÃO VI

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O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Escutar a Mensageira
História do Caminho a Cristo Em 1896, a Review and Herald Publishing
No verão de 1890, lançou-se Patriarcas e Pro- Association comprou os direitos autorais de
fetas, o primeiro volume do que finalmente Revell. Depois que os direitos de propriedade
viria a ser a série O Grande Conflito. Dois literária foram transferidos para Ellen White
anos antes, a edição revista e ampliada de O em 1908, ela cedeu imediatamente para a As-

Como os Livros Grande Conflito (que viria a ser finalmente o


quinto e último volume da série menciona-
da) fora publicada. Iniciara-se a obra “A Vi-
sociação Geral todos os direitos autorais em
todas as línguas exceto o inglês. Com exceção
da Bíblia, não há outro livro na história mais

Foram Escritos da de Cristo”, que se tornou O Desejado de


Todas as Nações (o terceiro volume da série).
Além disso, semana após semana, Ellen Whi-
te e seus assistentes preparavam artigos para
traduzido e impresso em mais línguas e com
maiores tiragens do que Caminho a Cristo.
As primeiras edições não continham o
atual primeiro capítulo “O Amor de Deus Pe-
“Minhas palavras parecem ser inadequadas. Perco a esperança de adornar a verdade que Deus tor- as revistas Review and Herald, Signs of the Ti- la Humanidade”. Mas, depois de escrever o
nou conhecida a respeito de Sua grande redenção, a qual absorveu para si toda a Sua atenção no mes e Youth’s Instructor. Manuscrito 41, 1892, Ellen White rapidamen-
Filho unigênito do Infinito. As verdades que devem durar pelo tempo e pela eternidade, o grande Então veio o pedido de livros menores que te concordou em providenciar uma introdu-
plano da redenção, que custou tanto para a salvação da humanidade, apresentando-lhes uma vi- pudessem ser vendidos nas livrarias ou distri- ção apropriada ao livro que já era best-seller.
da que se compara com a vida de Deus – estas verdades são demasiado amplas, profundas e san- buídos por evangelistas em reuniões públicas. Uma análise rápida do livro revela que ele
tas para serem adequadamente expressas pelas palavras ou pela pena humana.” 1 Precisava-se especialmente de literatura so- contém trechos de matéria anteriormente
bre o tema da conversão.10 Ellen White sabia publicada em Patriarcas e Profetas, diversos
que este era o tempo de apresentar em forma volumes dos Testemunhos Para a Igreja, Re-
de livro um dos seus temas favoritos. Ela ha- view and Herald e Signs of the Times.12 Em sua

A
produção literária de Ellen White to- O Grande Conflito, observaremos um padrão via falado e escrito muitas vezes, em termos ampla leitura, Ellen White havia descoberto
taliza aproximadamente 25 milhões na forma como os livros de Ellen G. White claros e simples, sobre os passos que o peca- percepções e fraseologias de outros autores
de palavras ou 100.000 páginas, as geralmente eram criados. dor deve dar para conseguir chegar até Cris- que a ajudavam a explicar melhor os pene-
quais incluem cartas, diários, artigos periódi- to. Marian Davis (“minha compiladora de li- trantes pensamentos que ela queria comuni-
cos e livros.2 A Composição do Caminho a Cristo vros”11) foi incumbida da tarefa de reunir – car. Obviamente, ela achava que incluindo
Seus hábitos de escrita, a começar dos anos Geralmente impresso no formato de 128 pági- dentre os diários, manuscritos (publicados e determinadas expressões desses escritores for-
da adolescência, foram discutidos nas páginas nas, este volume de 1892 foi publicado pela inéditos), artigos periódicos e livros anterio- taleceria seu livro.13
108-120. Ela utilizou assistentes de redação, primeira vez por um editor não denominacio- res de Ellen White – a matéria que devia Durante anos, alguns críticos têm dado
uma prática empregada pelos escritores da Bí- nal7 com a esperança de ser amplamente ven- compor os capítulos que se tinha em vista. publicidade à reivindicação de que Fannie
blia,3 e, como os profetas bíblicos, escreveu dido nas livrarias da América do Norte. Foi Tendo o material diante de si, a Sra. White Bolton (uma das assistentes de redação de
dentro do contexto histórico, social e religioso um sucesso imediato. Seis semanas após sua reconheceu muitas vezes que mais era neces- Ellen White por alguns anos14) escreveu Ca-
de sua época. Ela escreveu com o estilo do sé- impressão inicial, lançou-se a terceira reim- sário para preencher cada pensamento do ca- minho a Cristo em sua totalidade.15 Esta ale-
culo dezenove, não o dos tempos modernos.4 pressão, e dentro do primeiro ano, sete reim- pítulo. Para atender a esta necessidade e for- gação tem sido mantida viva por diversos
Seus amplos hábitos de leitura ajudaram- pressões.8 Logo após a impressão inicial, o edi- necer as transições necessárias, ela compôs condutos.16 Obviamente, seria impossível
na a dar corpo aos amplos princípios concei- textos adicionais. que os materiais escritos por Ellen White an-
tor publicou o seguinte anúncio: “Não é fre-
tuais que, segundo ela cria, Deus desejava co- Marian Davis reuniu os materiais e os or- tes de 1890 tivessem sido escritos pela Srta.
qüente que um editor tenha a oportunidade
municar.5 Por ocasião de sua morte em 1915, ganizou (tarefa não muito pequena), mas não Bolton, mas os críticos têm passado por alto
de anunciar uma terceira edição de uma nova
sua biblioteca pessoal e do escritório consistia escreveu nada. Ellen White redigia e supervi- este fato básico através dos anos.
em aproximadamente 1.400 volumes, que in- obra, seis semanas após sua primeira edição. Is- sionava o arranjo de seus livros. A obra pro-
cluíam mais de 500 títulos vendidos a ela em to, contudo, é o fato encorajador em relação à grediu lentamente devido a todos os seus ou- O Tema Central de Ellen White:
1913 por um de seus obreiros.6 eminentemente útil e prática obra da Sra. E. tros escritos e compromissos de pregação. Em Título de um de Seus Livros Mais Conhecidos
Ellen White manteve um constante fluxo G. White, Caminho a Cristo. Se vocês lerem 1891, o original foi apresentado a uma con- A visão de duas horas que a Sra. White teve
de cartas, sermões, artigos periódicos e livros, esta obra, ela lhes assegurará que ficarão pro- venção de pastores e professores em Harbor em Lovett’s Grove, Ohio, em meados de mar-
especialmente depois de 1881. Esses mate- fundamente interessados em aumentar sua Heights, Michigan, onde foi lido com grande ço de 1858, tornou-se conhecida como a “Vi-
riais eram muitas vezes reutilizados em novos circulação. Caminho a Cristo é uma obra para entusiasmo. Nessa reunião, ficou resolvido são do Grande Conflito”.17 Em 1860, ela de-
formatos. Os sermões tornavam-se artigos pe- guiar o pesquisador, inspirar o cristão jovem e que o livro se chamaria Caminho a Cristo. clarou que essa visão era a repetição e a am-
riódicos, e esses artigos, depois de reorganiza- confortar e encorajar o crente maduro. O li- Mais tarde, sugeriu-se veementemente que pliação do que lhe fora mostrado dez anos an-
dos e suplementados com material novo, for- vro é singular em sua utilidade.”9 ele fosse publicado por uma editora não de- tes e que recebera instruções para escrever a
neciam a matéria-prima para os livros. Hoje esse clássico religioso acha-se publi- nominacional para ter uma circulação mais visão integralmente.18
Ao recapitularmos a elaboração de Cami- cado em mais de 135 línguas e circula pelo ampla em livrarias populares – uma proposta O amplo esboço dessa visão tornou-se o
nho a Cristo, O Desejado de Todas as Nações e mundo às dezenas de milhões. que Fleming H. Revell aceitou de bom grado. primeiro volume de Spiritual Gifts (1858).19
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CAPÍTULO 39 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira COMO OS LIVROS
FORAM ESCRITOS

Embora outros tenham escrito sobre o tema sas revisões e expansões da visão foi publica- A Sra. White escreveu história, mas não pela Pacific Press e pela Review and Herald
geral do “conflito” entre o bem e o mal, ne- da sob o título O Grande Conflito Entre Cris- como uma historiadora. Ela disse em sua in- em tiragens de cinco mil exemplares para ca-
nhum outro escritor revelou as dimensões to e Seus Anjos e Satanás e Seus Anjos. Por trodução à edição de 1888 de O Grande Con- da editora, a primeira impressão foi vendida
cósmicas e as conseqüências eternas do con- volta de 1864, a primeira expansão deste te- flito que se esforçou por “selecionar e agrupar na Costa Oeste antes de chegar o fim do ano.
flito entre Cristo e Satanás como Ellen White ma apareceu como “Importantes Fatos de Fé fatos da história da Igreja de tal maneira a es- Cinqüenta mil exemplares do volume 4 foram
o fez.20 O Tema do Grande Conflito apresen- Relativos à História de Homens Santos da boçar o desdobramento das grandes verdades distribuídos dentro de três anos.31 A edição de
ta uma filosofia inigualável da história, bem Antigüidade” em Spiritual Gifts, volume 3 e a decisivas que em diferentes períodos foram l884 se tornou o primeiro livro de colporta-
dadas ao mundo”. gem de Ellen White em 1885.
como uma estrutura teológica distintiva para primeira parte do volume 4. Esta publicação
Como um habilidoso escritor, ela declarou Essa recepção pelo público em geral foi co-
a doutrina cristã.21 desdobrava acontecimentos desde a Criação
o propósito do livro: “Desdobrar as cenas do mo o raiar de um novo dia para as publica-
Além do panorama da visão, Ellen White até a ascensão de Cristo. grande conflito entre a verdade e o erro; re- ções adventistas. Isso também estimulou
recebeu a advertência de que “Satanás faria velar os ardis de Satanás e os meios por que Ellen White e seus colegas a formarem novos
vigorosos esforços para me impedir, mas anjos A Edição de 1884 de O Grande Conflito lhe podemos opor eficaz resistência; apresen- pensamentos sobre os livros dela, principal-
de Deus não me deixariam no conflito”.22 Lo- À medida que os anos passavam e as visões tar uma solução satisfatória do grande proble- mente aqueles da série The Spirit of Prophecy.
go ela soube o que a advertência queria dizer. comunicavam maior luz sobre essas grandes ma do mal, derramando luz sobre a origem e Em 1887, C. H. Jones, gerente da Pacific
Antes de os White chegarem a sua casa em cenas, Ellen White achou que era tempo de a disposição final do pecado, de tal maneira a Press, informou à Sra. White e ao filho dela,
Battle Creek, o braço e perna esquerda dela expandir suas exposições anteriores do gran- manifestar-se plenamente a justiça e benevo- William, enquanto estavam na Europa, que
ficaram paralisados e ela não conseguia falar. de conflito. Nas décadas de 1870 e 1880, ela lência de Deus em todo o Seu trato com Suas depois de tantas impressões necessitavam-se
Durante semanas, ela não conseguiu sentir esboçou uma série de quatro volumes sob o tí- criaturas; e mostrar a natureza santa, imutá- de novas chapas.32
nenhuma sensação na mão, nem mesmo água tulo geral The Spirit of Prophecy, e o subtítulo vel de Sua lei – eis o objetivo deste livro.”28
fria despejada sobre a cabeça. Quando tenta- O Grande Conflito, contendo um subtítulo O historiador adventista e administrador A Edição de 1888 de O Grande Conflito
va caminhar, muitas vezes caía. Foi nesse es- adicional para cada um dos quatro livros.26 O educacional Donald R. McAdams, após exa- Agora era o tempo de examinar o livro à luz
tado que ela começou a escrever a visão que volume 1 foi expandido para tornar-se Pa- minar cuidadosamente determinadas partes de seu apelo ao público em geral. Ellen
finalmente veio a ser o livro que conhecemos triarcas e Profetas (1890); o volume 2, os pri- das várias edições de O Grande Conflito, con- White admitia que a edição de 1884 de O
cluiu que Ellen White “colocou predominan- Grande Conflito continha termos e algum
hoje como O Grande Conflito Entre Cristo e meiros 62 capítulos de O Desejado de Todas as
te atenção sobre sua própria época e sobre os conteúdo que somente os adventistas da
Satanás.23 Nações; o volume 3, a última parte de O De- América do Norte conseguiriam entender
acontecimentos do futuro”, e que cerca de
Três meses depois, ela soube, por meio de sejado de Todas as Nações (1898) e Atos dos quarenta por cento era histórico.29 A pesqui- completamente. Além disso, enquanto este-
uma visão, o que se encontrava por detrás Apóstolos (1911); o volume 4, O Grande Con- sa dele reforçou o fato de que o propósito de ve na Europa, entre 1885 e 1887, sua mente
deste violento ataque físico: “Satanás inten- flito Entre Cristo e Satanás (1888). Ellen White, ao escrever O Grande Conflito se expandira com novos vislumbres sobre a
tava tirar-me a vida, a fim de impedir a obra O quarto volume de The Spirit of Pro- (e a série O Grande Conflito, de modo ge- história da Reforma ao visitar lugares na Itá-
que eu estava para escrever; porém, anjos de phecy, publicado em 1884, introduziu uma ral), não foi “concebê-lo ou desenvolvê-lo lia, Suíça, Alemanha, França, Inglaterra e
Deus foram enviados em meu auxílio. ... Vi nova fase no ministério literário de Ellen originalmente como uma história... mas co- Escandinávia.33
que seria abençoada com melhor saúde do White. Começando com a destruição de Je- mo um livro que identifica as forças espiri- Outro aspecto que ajudaria na revisão se-
que antes do ataque em Jackson.”24 rusalém, ela acompanhou o período histórico tuais atuando na História. ... Devemos acei- ria empregar termos que pudessem ser facil-
Durante uma reunião geral dos membros até a década de 1800 e daí rumo ao futuro, tar o Grande Conflito pelo que ele é e pelo que mente traduzidos para outras línguas. En-
da igreja de 21 a 24 de maio de 1858, Ellen terminando com o estabelecimento da nova pretende ser, e não como um livro cujo único quanto estavam na Basiléia, Suíça, os White
White relatou alguns dos acontecimentos Terra após a destruição do mal. W. C. White objetivo é informar-nos sobre o passado; não trabalharam rigorosamente com os tradutores
que ela vira naquela visão e que então estava observou que a contribuição de sua mãe na um livro que pretenda ser uma autoridade so- para o francês e para o alemão. Descobriram
escrevendo. Um dia um grupo de 400 pessoas bre os detalhes factuais concernentes às ativi- que muitas expressões inglesas eram difíceis
revisão de 1884 de O Grande Conflito não
dades dos reformadores, mas um livro escrito de ser traduzidas. Numa carta endereçada a
ficou encantado com “fatos impressionantes consistiu apenas no trabalho de revisão. Ele
para colocar o Grande Conflito em sua pers- C. H. Jones, W. C. White escreveu: “Mamãe
e vívidas descrições”. Quando ela recapitulou relembra: “Várias vezes pensamos que o ma- pectiva apropriada.”30 tem dado atenção a todos estes pontos e acha
a humilhação e o sofrimento de Jesus, o audi- nuscrito [original] do livro estava pronto pa- que o livro deve ser corrigido e ampliado,
Embora os quatro volumes tenham sido es-
tório ficou visivelmente comovido, chegando ra o prelo, e então era repetida uma visão de critos tendo em vista principalmente os ad- tanto quanto seja benéfico ao maior número
mesmo a chorar audivelmente. Ela prosse- algum aspecto importante do conflito, e ma- ventistas do sétimo dia, os membros da igreja possível de... leitores a quem ele agora se des-
guiu até as dez horas da noite! Então o audi- mãe escrevia novamente sobre o assunto, logo começaram a emprestá-los para os vizi- tina. E ela tem conseguido uma energia fora
tório reagiu com uma reunião espontânea de tornando a descrição mais completa e clara. nhos; alguns começaram a vendê-los para o do comum para preencher algumas partes que
testemunhos.25 Assim foi adiada a publicação, e o livro au- público em geral. A reação foi excelente. Pu- são um tanto resumidas.”34
Em setembro de 1858, a primeira de diver- mentou de tamanho.”27 blicado simultaneamente em outubro de 1884 Atendendo a essas solicitações, especial-
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CAPÍTULO 39 O ministério profético de Ellen G. White
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mente à que pedia mais páginas dedicadas a priado para os leitores em outras partes do apresentados em cenas panorâmicas, como do a uma compreensão não muito clara da
John Huss e Jerônimo, a Sra. White prepa- mundo”.36 sucedeu também com outras partes de O maneira como Deus Se comunica por meio
rou rapidamente um original manuscrito de Um dos itens foi a primeira parte do capí- Grande Conflito. Nalgumas dessas cenas a de Seus profetas.44 O fato de Ellen White
oitenta e nove páginas dedicadas a esses tulo “Os Ardis de Satanás”, onde Ellen White cronologia e a geografia foram apresentadas acompanhar de perto as revisões ajudou a es-
dois nobres reformadores recorrendo bas- descreveu a visão que teve de Satanás reunin- com clareza, mas na maior parte da revelação clarecer o assunto.45
tante à History of Protestantism de Wylie, do seus anjos num concílio para tramar a ma- as cenas instantâneas, que eram muito vívi- Em 24 de julho de 1911, W. C. White es-
para pormenores históricos. Antes de sair neira de desencaminhar o povo de Deus. Es- das, e as conversações e discussões, que ela creveu aos gerentes das duas editoras e aos
com destino à sua última visita à Escandi- se material foi posteriormente inserido em ouviu e pôde relatar, não foram assinaladas líderes da colportagem evangelística uma
návia, ela deixou o original com Marian Testemunhos Para Ministros.37 geográfica ou cronologicamente, e ela teve de carta na qual recapitulava os aprimoramen-
Davis para ser preparado. estudar a Bíblia, a história e os escritos de ho- tos feitos na edição de 1911 de O Grande
Falando posteriormente de como sua mãe Por que Algumas Matérias Foram Eliminadas mens que apresentaram a vida de nosso Se- Conflito (alguns dos quais foram menciona-
desenvolveu esses capítulos sobre os aconte- Algumas referências a outras igrejas foram omi- nhor, a fim de obter a conexão cronológica e dos acima).46 Entre as alterações estavam:
cimentos da Reforma, W. C. White escreveu: tidas, pois Ellen White pensou na probabilidade geográfica.”40 melhorar o registro de referências históricas,
“Quando chegamos aos capítulos relaciona- de “que os pastores das igrejas populares, ao le- W. C. White declarou mais tarde que especialmente a adição de fontes históricas
dos com a Reforma na Alemanha e na Fran- rem essas declarações, ficassem irados e se in- Ellen White não pretendia ser “norma” pela mais modernas por exercerem maior força;
ça, os tradutores comentaram sobre a nature- surgissem contra a circulação do livro”.38 qual todos os outros historiadores deviam ser uniformizar a ortografia, a pontuação, etc.,
za oportuna da seleção de acontecimentos As freqüentes referências “Eu vi”, “Foi-me medidos. O propósito dela, ao citar historia- com os outros quatro volumes da série O
históricos feita pela irmã White, e em dois mostrado”, etc., foram omitidas principal- dores, “não era fazer uma nova História nem Grande Conflito; ajustar referências de tem-
casos de que me lembro eles afirmaram que mente porque o público em geral, alheio a corrigir os erros na História, mas usar ilustra- po, modificar algumas expressões para evitar
havia outros acontecimentos de idêntica im- seu chamado divino, teria sua atenção des- ções valiosas para esclarecer importantes ver- ofensa (tais como “Romish” [papista] para
portância que ela não havia mencionado. viada da mensagem do livro. dades espirituais”.41 “Roman” [católico romano]); modificar al-
“Quando isso foi levado ao seu conheci- A Sra. White escreveu a “Introdução” da gumas frases para torná-las mais precisas
Edição de 1911 de O Grande Conflito (tais como “divinity of Christ” [a divindade
mento, ela solicitou que as narrativas lhe fos- edição de 1888 em maio de 1888, após voltar
Com a esperança de interessar ao público de Cristo] para “deity of Christ” [a natureza
sem apresentadas para que pudesse conside- da Europa em 1887. Nela, explicou o propó-
em geral, a edição de 1888 incluiu vinte e divina de Cristo], “religious toleration” [to-
rar a importância dos acontecimentos que sito distintivo do livro e a razão por que citou
seis ilustrações de páginas inteiras e vinte e lerância religiosa] para “religious liberty” [li-
haviam sido mencionados. A leitura do rela- historiadores e outros. Informou também a
seis páginas dedicadas a notas gerais e notas berdade religiosa], a elevação do papado em
to avivou-lhe a lembrança do que havia vis- seus leitores que incluíra material daqueles
biográficas.42 538 e sua queda em 1798 foram modificadas
to, e depois disso ela fez uma descrição do que “levam avante a obra da Reforma em Após vinte e seis anos de seguidas reim- para “supremacy” [supremacia] e “downfall”
acontecimento.”35 nosso próprio tempo”, sem dúvida uma refe- pressões, as chapas de ambas as editoras esta- [decadência] em vez de “establishment” [es-
Deu-se especial atenção aos assuntos que rência específica a J. N. Andrews, Uriah vam bastante gastas. A experiência na venda tabelecimento] e “abolition” [abolição]);
Ellen White achava que deviam ser elimina- Smith e ao marido dela, Tiago White.39 dos livros para o público em geral sugeriu que mudar ligeiramente algumas passagens vigo-
dos da edição revisada de O Grande Conflito ou Ao preparar a edição revisada de 1888, o livro deveria ser ilustrado novamente. Con- rosamente disputadas por católicos roma-
ser reimpressos em outro lugar. Em 1911, ao ela empregou material adicional de J. H. siderou-se também as citações históricas e um nos, citando referências que são facilmente
apresentar um relatório ao Concílio da Asso- Merle D’Aubigné, J. A. Wylie e outros para apêndice das referências utilizadas. acessíveis a todos.47
ciação Geral, W. C. White explicou como sua cumprir seu propósito de esboçar “o desdo- Quando Ellen White estudou as sugestões, Ellen White ficou satisfeita com o exem-
mãe sempre tivera consciência de selecionar e bramento das grandes verdades decisivas” reagiu prontamente, conforme relembra de- plar que recebeu da edição revisada de 1911.
adaptar material para ajustar-se a diversos ti- durante a Reforma protestante. Em benefí- pois de receber seu exemplar da edição revi- Em uma carta a F. M. Wilcox, editor da revis-
pos de público. Ao chegar o tempo de publicar cio da precisão e da conveniência, alguns sada de 1911: “Quando fiquei sabendo que O ta da igreja, ela escreveu: “Enquanto escrevia
livros para o público em geral, ela achou que dos materiais desses historiadores foram ci- Grande Conflito precisava ser recomposto, de- o manuscrito de O Grande Conflito, eu me
“devia mostrar o máximo discernimento, esco- tados à risca, alguns foram parafraseados e cidi que faríamos detido exame de tudo para sentia muitas vezes consciente da presença
lhendo aquilo que melhor se adaptasse às ne- alguns ela resumiu em suas próprias palavras ver se as verdades que ele continha estavam dos anjos de Deus. E muitas vezes as cenas
cessidades dos que lessem o livro”. para fornecer o pano de fundo. Às vezes, es- expressas da melhor maneira para convencer sobre as quais estava escrevendo me eram no-
Portanto, quando a edição de O Grande te pano de fundo histórico foi usado sem o as pessoas não pertencentes à nossa fé de que vamente apresentadas em visões da noite, de
Conflito de 1884 estava sendo aprimorada crédito específico, embora a matéria tenha o Senhor me guiara e apoiara ao escrever suas modo que se achavam frescas e vívidas em
para alcançar diversos tipos de pessoas nos sido posta entre aspas. páginas.”43 minha mente. ... Estas mudanças, examinei
Estados Unidos e em outros países, foram W. C. White relembrou como sua mãe Mas a idéia de “revisar” a obra de um pro- com cuidado, e aprovei. Sinto-me grata por
omitidas cerca de vinte páginas de material conciliava inspiração divina com fontes his- feta levantou muitas questões entre os adven- minha vida haver sido poupada, e por eu ter
que era “muito instrutivo para os adventis- tóricas: “Os grandes acontecimentos que tistas do sétimo dia, tanto pastores quanto forças e clareza mental para esta e outras
tas da América do Norte, mas não era apro- ocorreram na vida de nosso Senhor lhe foram leigos. Boa parte da preocupação surgiu devi- obras literárias.”48
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Uma informação incidental interessante a Marian Davis, foram encarregados da confec- [Ellen White] foi chamada a compartilhar pacidade de ser seletiva.61 Por exemplo, sem-
respeito dessas revisões de O Grande Conflito ção dos livros: o desafio de reunir o que Ellen com seus irmãos adventistas e com a comuni- pre que suas fontes empregavam hipérboles e
salientou seu uso impróprio quando emprega- White havia escrito anteriormente sobre to- dade cristã como um todo”.56 extravagâncias literárias, sempre que descam-
do como autoridade definitiva sobre porme- dos os aspectos da vida de Cristo.52 Uma obra original. O Desejado de Todas as bavam para especulações ou digressões, ela
nores históricos. W. C. White escreveu em Necessidade de enriquecimento das percep- Nações é produto da criatividade e da seleti- evitava o desvio, embora permanecesse no
1912 que, em relação ao público em geral, os ções divinas. Ellen White era uma “grande lei- vidade, primitiva e derivada. Muitos escrito- mesmo propósito de utilizar aquela fonte.62
adventistas deviam usar “referências e cita- tora”,53 hábito que lhe foi útil no preenchi- res escreveram seus livros em páginas em Além disso, usar as palavras de outra pes-
ções de historiadores que os leitores aceitem mento da ampla estrutura conceitual sobre o branco, iniciando com o capítulo um e con- soa não implica que o pensamento da pessoa
como autoridade”. Em outras palavras, não amor de Deus e o seu plano para a salvação de tinuando até o fim. Conforme observamos ao também seja adotado. Talvez se tenha escrito
devemos usar publicações denominacionais homens e mulheres. Esse enriquecimento passarmos em revista a maneira como o Ca- mais biografias sobre Jesus do que qualquer
como autoridade quando lidamos com pes- adicionou força descritiva ao Desejado de To- minho a Cristo foi escrito,57 Ellen White e outra personalidade histórica. Os biógrafos
soas de fora da igreja. Seria um “método mui- das as Nações. seus assistentes de redação usaram um méto- empregam em geral a mesma linguagem bí-
to deficiente”.49 Em sua introdução ao Grande Conflito (pu- do raramente disponível a outros autores: blica. Mas um estudo comparativo dessas bio-
blicado dez anos antes de O Desejado de Todas compilaram dos escritos anteriores da profeti- grafias revela rapidamente que se exprimem
Como O Desejado de as Nações), ela escreveu que empregara pen- sa (diários, manuscritos, artigos) materiais significados vastamente diferentes, usando-se
Todas as Nações Foi Criado samentos e, algumas vezes, palavras de outros que preencheriam o propósito do próximo li- essencialmente as mesmas palavras. O inver-
Com exceção da Bíblia e talvez do Caminho porque as declarações deles forneciam “uma vro. Nesse sentido, O Desejado de Todas as so também é verdade: os mesmos significados
a Cristo, este volume tornou-se a fonte favo- apresentação pronta e positiva do assunto”. Nações foi um livro “derivado” ou produzido podem ser comunicados por meio de diferen-
rita de nutrição espiritual para centenas de Confessou com franqueza que muitas vezes a partir de material previamente escrito. tes expressões verbais.63
milhares, talvez milhões de pessoas. Grande não mencionou o nome do “autor” porque Também foi derivado quando se leva em Ainda mais importante que a seletividade
número de pessoas tem descoberto neste li- não estava citando “aquele escritor como au- conta que Ellen White, como profetisa, rece- estilística era a capacidade de Ellen White de
vro uma autenticidade que as levou a ler ou- toridade”. Em outras palavras, ela empregou beu instrução de Deus. Sua amada Bíblia, evitar os erros doutrinários que ela detectava
tros escritos de Ellen White. Muitos milha- os escritos de outros não para salientar esses especificamente os quatro Evangelhos, tor- em suas fontes de informação. Não importa-
res têm testificado que foram levados a um escritos como autorizados, para provar um ar- nou-se rica fonte de informação de sua estru- va: independentemente de suas necessidades
relacionamento salvador com Jesus Cristo gumento. Empregou-os para comunicar me- tura do pensamento. E às vezes de outros auto- do momento (fossem teológicas, devocionais,
enquanto liam este livro. Por essas razões, es- lhor seu principal objetivo ao escrever: para res favoritos ela obteve novas concepções que narrativas, etc.), ela empregava seus aponta-
te livro tem sido amplamente usado na pro- “esboçar o desdobramento das grandes verda- a ajudaram a fornecer detalhes descritivos no mentos para salientar seu pensamento teoló-
clamação das boas novas de Jesus a jovens e des decisivas”, do passado e do presente, e cumprimento de seus propósitos teológicos.58 gico, não com o objetivo de reunir matéria
pessoas sem igreja. lançar luz sobre “o conflito perante nós”, tu- para formular seu pensamento teológico.64
O interesse de Ellen White em escrever a do dentro do contexto do “grande conflito” Não um Álbum de Recortes Outra “impressão digital” que identifica o
vida de Cristo começou formalmente após a entre Cristo e Satanás.54 O Desejado de Todas as Nações não é, porém, estilo de Ellen White se encontra na propor-
visão que ela teve em Lovett’s Grove, Ohio, Esse tipo de apreço pelos melhores pensa- “um álbum de recortes” de pensamentos de- ção de comentário dado a lições ou apelos de-
em 1858.50 Essa “Visão do Grande Conflito” mentos alheios para comunicar a clara inten- vocionais seletos. A Sra. White ficou no con- vocionais, morais ou cristãos que geralmente
foi primeiramente escrita por extenso em Spi- ção da mente do profeta motivou os escrito- trole do produto final. Ela não apenas apro- aparecem no fim de cada capítulo.65 A razão
ritual Gifts, volume 1, com mais de cinqüen- res bíblicos.55 João o Revelador, por exemplo, vou todos os ajustes editoriais, como também primordial para a Sra. White escrever era le-
ta páginas dedicadas à vida de Cristo. tomou emprestada declarações convincentes forneceu o esquema geral e os tópicos especí- var seus leitores a Jesus, especialmente por
Entre 1876 e 1877, publicou-se uma narra- de escritores não canônicos porque se ajusta- ficos que desdobraram esse esquema. Conser- tornar mais claro como é Deus. Enquanto tra-
tiva ampliada dessa visão básica como parte vam a seus propósitos gerais. Ele os empregou vou sua independência e, deste modo, as “fon- balhava em O Desejado de Todas as Nações,
da série em quatro volumes, The Spirit of Pro- não como autoridades, mas porque sua clare- tes foram escravas dela, e não sua mestra”.59 ela escreveu ao filho W. C. White sobre os as-
phecy. Mais de 640 páginas foram dedicadas à za lhe apoiava as idéias melhor do que as pró- Como alguém no controle, Ellen White suntos que “me absorvem a mente: ... os as-
vida de Cristo nos volumes 2 e 3. prias palavras. Quando entendemos o propó- imprimiu a marca da originalidade sobre O suntos da vida de Cristo, Seu caráter repre-
Na década de 1890, esse material foi ex- sito geral de Ellen White em seus escritos, Desejado de Todas as Nações.60 Uma de suas sentando o Pai, as parábolas essenciais para
pandido em três livros: O Desejado de Todas as conseguimos ver como o uso que ela fez de principais aptidões, uma de suas “impressões todos nós compreendermos e praticarmos as
Nações, O Maior Discurso de Cristo e Parábo- outros livros serviu àquele propósito. digitais” literárias, foi sua extraordinária ca- lições nelas contidas”.66
las de Jesus. Quando O Desejado de Todas as Nações
Necessidade de ajuda editorial. Conforme passou pela inspeção final da escritora como Referências
discutimos na página 109, Ellen White se va- seu melhor esforço para revelar o propósito e 1. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 118. The Great Teacher, de John Harris (1870); Life and Epistles of
leu da ajuda editorial por diversas razões: (1) o caráter do ministério terrestre de Cristo, a 2. Ver pág. 108. the Apostle Paul, de Conybeare e Howson (1851-52); Old Tes-
os assistentes a ajudavam a conservar um ri- editora recebeu um documento que era “não 3. Ver pág. 109. tament Bible History¸ de Alfred Edersheim (1876-87), The Li-
4. Ver pág. 111. fe of Christ, de William Hanna (1863); Walks and Homes of Je-
goroso ministério oratório e literário; (2) os uma réplica da obra de outra pessoa, mas uma 5. Ver pág. 111. sus, de Daniel March (1866), The Life of Our Lord and Saviour
assistentes funcionavam como seus editores composição literária personalizada que reflete 6. Alguns dos livros que Ellen White achava proveitoso eram Jesus Christ, de John Fleetwood (1844); The Life and the Times
de texto;51 (3) uns poucos escolhidos, como a fé pessoal e a esperança cristã que ela
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of Jesus the Messiah, de Alfred Edersheim (1883); Night Scenes setembro e ficou profundamente impressionado com o capí- ainda creio que a evidência é compatível com as declarações 56. Fred Veltman, “The E. G. White Research Project”, pág.
in the Bible, de Daniel March (1872), e Elijah the Tishbite, de F. tulo “Aproxima-se o Tempo de Angústia”, sentindo que ca- de Ellen White que reivindicam inspiração a respeito de 948.
W. Krummacher (1848). Os livros constantes em sua bibliote- da frase era necessária. Apenas um ano antes, ele estivera em acontecimentos históricos e que descrevem a maneira como 57. Ver págs. 444 e 445.
ca por ocasião de sua morte estão relacionados em “A Biblio- desacordo com a Sra. Ellen White a respeito dos aconteci- citava historiadores protestantes. A crença de que Deus reve- 58. A avaliação atual das fontes literárias empregadas por Ellen
graphy of Ellen G. White’s Private and Office Libraries”, com- mentos do Battle Creek College, acontecimentos que acaba- lou a Ellen White as atividades de Cristo e Seus anjos e de White em O Desejado de Todas as Nações sugere que pelo me-
pilado por Warren H. Johns, Tim Poirier e Ron Graybill, Pa- ram confirmando o conselho da Sra. White. – Ibidem, pág. Satanás e seus anjos na luta do grande conflito, junto com nos vinte e três obras foram consultadas. Ibidem, pág. 934.
trimônio Literário White, terceira edição revisada, abril de 261. Em novembro de 1884, a Associação Geral “resolveu” vislumbres ocasionais de acontecimentos históricos com ex- Para uma lista dessas obras e a maneira como foram usadas
1993. que “saudaremos com grande prazer a publicação do volume plicações do significado espiritual desses acontecimentos, é em quinze capítulos selecionados aleatoriamente, ver “Pro-
7. Fleming H. Revell and Company, Chicago. A edição original 4, O Grande Conflito; que, enquanto o aguardávamos com compatível com a evidência. A crença de que Deus mostrou ject” de Veltman.
continha apenas 12 capítulos e 153 páginas. Ver pág. 445. ansiedade, esperando que apresentasse informação importan- a Ellen White uma cena histórica após outra compondo a 59. Fred Veltman, “The Desire of Ages Project: the Conclusions”,
8. Tim Poirier, “A Century of Steps”, Adventist Review, 14 de te a respeito das cenas finais da história deste mundo, pode- narrativa histórica contínua que aparece em O Grande Con- Ministry, dezembro de 1990, pág. 13.
maio de 1992. mos livremente dizer que superou nossas expectativas mais flito não o é.” – Spectrum, março de 1980, pág. 34. 60. “Ellen White sabia escrever. É óbvio que ela possuía aptidão
9. Biography, vol. 4, pág. 36. otimistas; e que insistiremos veementemente para que todos 41. Carta de W. C. White a L. E. Froom, 18 de fevereiro de 1932. para expressar seus pensamentos com clareza. Não dependia
10. Ibidem, pág. 11. o leiam com atenção e com oração, e usem todos os recursos Arquivo de Correspondência do Patrimônio Literário White. servilmente de suas fontes, e a maneira como incorporou o
11. Ver pág. 110. apropriados para colocá-lo perante o mundo.” – Review and 42. Ibidem. conteúdo dessas fontes mostra claramente que ela sabia iden-
12. Caminho a Cristo, págs. 9 e 10 (RH, 27 de outubro de 1885); Herald, 25 de novembro de 1884, pág. 744. 43. Francis M. Wilcox, The Testimony of Jesus (Washington, tificar as melhores construções literárias. Sabia separar o tri-
págs. 29-31 (RH, 1o de abril de 1890); págs. 37-41 (Testemu- 32. Dez impressões de cinco mil cada uma, do volume 4 (O D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1934), go da palha.” – Ibidem, pág. 12.
nhos Para a Igreja, vol. 5, págs. 635-641); pág. 49 (RH, 2 de Grande Conflito), haviam saído tanto da Pacific Press como págs. 115-117. 61. Ver pág. 112 para um exame sobre o dom de seletividade de
novembro de 1886); pág. 52 (RH, 21 de setembro de 1886); da Review and Herald em menos de quatro anos: fins de 44. Ver págs. 16, 120, 173, 375, 376 e 421. um profeta no emprego de matéria proveniente de fontes in-
pág. 80 (RH, 7 de junho de 1887); págs. 121-123 (RH, 3 de 1884 até o começo da primavera de 1887. – Biography, vol. 45. Os registros da revisão de 1911 de O Grande Conflito encon- formativas.
fevereiro de 1885). 3, págs. 434 e 435. tram-se na sede do Patrimônio Literário White, em Silver 62. Ao concluir esta pesquisa sobre O Grande Conflito, Donald
13. Ao comparar os livros na biblioteca de Ellen White com Ca- 33. Ver págs. 113 e 114. Spring, Maryland. Entre esses registros acha-se um grande R. McAdams escreveu: “Um ponto permanece. O reconhe-
minho a Cristo, a avaliação atual determinou que aproxima- 34. Ibidem, pág. 437. envelope de papel-manilha com a inscrição “Provas do Con- cimento desses empréstimos nega a originalidade de Ellen
damente seis por cento deste livro indicam dívida literária. 35. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 465. W. C. White relem- flito Preparadas Para a Inspeção e Aprovação da Sra. E. G. White? De maneira nenhuma. ... Qualquer crítico honesto
Os escritores que ela achou proveitoso incluem Arthur, Gold brou em 1905 uma experiência ocorrida na Basiléia, num sá- White”. Na base do envelope estão as palavras: “Tudo Apro- deve sair da leitura de O Grande Conflito impressionado com
Foil; Bickersteth, A Treatise on Prayer; John Harris, The Great bado, enquanto lia em voz alta para a mãe o livro de Wylie, vado.” – Arthur White, The Ellen G. White Writings o poder de sua mensagem. Não procuro mostrar neste estudo
Teacher; Daniel March, Night Scenes; Miller, Silent Times e History, falando sobre os exércitos romanos atacando peque- (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa- a criativa originalidade de O Grande Conflito porque não é
Week-day Religion; Melvill, Sermons; Hannah Whitall Smith, nos grupos de boêmios, mas batendo em rápida retirada. A tion, 1973), pág. 132. um ponto que precise ser provado e porque meu propósito era
Christian’s Secret; Underwood, God’s Will Known and Done. Sra. White o interrompeu e lhe falou de muitas coisas escri- 46. Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 433-444. outro bastante diferente. Mas, na qualidade de alguém que
Certas palavras e frases podem ter vindo de Cummings, Sab- tas nas páginas seguintes e de muitas outras nem sequer re- 47. Ibidem. “Ao apresentarmos à mamãe o pedido de alguns de estudou cuidadosamente O Grande Conflito, posso testificar
bath Evening Readings, e Houston, Youthful Devotedness. gistradas no livro. “Nunca li sobre isso”, disse ela, “mas a ce- nossos colportores, de que fossem dadas na próxima edição da originalidade do livro. ... Ellen White, guiada pelo Espíri-
14. Ver págs. 480-482. na me foi apresentada repetidas vezes. Vi os exércitos papais, não somente as referências escriturísticas, mas também aos to Santo, produziu um livro que em sua totalidade não pode
15. Biography, vol. 4, pág. 250. e algumas vezes antes que eles se colocassem à vista dos pro- historiadores citados, ela nos instruiu a procurarmos e inse- ser entendido de outro modo a não ser como uma obra de po-
16. The Gathering Call, setembro de 1932, págs. 20 e 21. Para um testantes, os anjos de Deus lhes davam uma representação de rirmos as referências históricas. Deu-nos também instruções der excepcional. ... Tudo quanto O Grande Conflito fez pelos
exame desta acusação, ver F. D. Nichol, Ellen G. White and grandes exércitos, que os fazia fugir.” W. C. White pergun- para verificar as citações e corrigir quaisquer incorreções que primeiros crentes adventistas continua a fazer por nós. Deve-
Her Critics, págs. 481-485. tou: “Por que a senhora não inclui isto em seu livro?” Sua encontrássemos; e para que, onde fossem feitas citações de mos lê-lo de acordo com o propósito para o qual foi escrito e
17. Para uma descrição do acontecimento de Lovett’s Grove, ver mãe replicou: “Não sei onde devo colocá-lo.” – Biography, passagens traduzidas diferentemente por uns e outros tradu- não prejudicar sua eficácia reivindicando para ele aquilo que
Biography, vol. 1, pág. 368. vol. 3, pág. 439. tores, empregássemos a tradução que achássemos mais corre- pode apenas acabar destruindo a fé de muitos que de outro
18. Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 270. Ver Life Sketches, pág. 162. O 36. Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 439. ta e autêntica. ... Em cada um dos casos em que houve essa modo poderiam reagir favoravelmente à sua mensagem.” –
amplo esboço desta importante visão incluía: (1) a rebelião 37. Testemunhos Para Ministros, págs. 472-475. mudança, mamãe considerou atentamente a substituição McAdams, “E. G. White and the Protestant Historians”,
de Lúcifer no Céu; (2) a queda do homem e o plano da sal- 38. W. C. White, Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 453. W. C. proposta, e aprovou a mudança. ... Se ouvirem notícias de págs. 231-234.
vação; (3) o ministério e o sacrifício de Cristo; (4) a primiti- White lamentou por aqueles que tentavam encontrar razões que parte da obra feita nesta última edição foi realizada con- 63. Veltman, “Project”, pág. 907.
va igreja e a obra dos apóstolos; (5) a grande apostasia; (6) a sinistras para as supressões e alterações quando comparavam trariamente ao desejo de minha mãe, ou sem o seu conheci- 64. “As seções da narrativa onde a obra de Deus, dos anjos ou
reforma do século dezesseis; (7) o movimento do advento; a edição de 1888 com a de 1884: “Por que nossos irmãos não mento, podem estar certos de que tais boatos são falsos e in- de Satanás e seus anjos são descritas, onde o motivo do
(8) a primeira, a segunda e a terceira mensagens angélicas; estudam o misericordioso trato de Deus para conosco, conce- dignos de consideração.” – Ibidem, pág. 434-436. grande conflito é discutido e onde ocorrem passagens de
(9) uma firme plataforma; (10) o encerramento das três dendo-nos informações por meio do Espírito de Profecia em 48. Wilcox, The Testimony of Jesus, págs. 115 e 116 (Mensagens apelos morais ou devocionais são mais suceptíveis de con-
mensagens; (11) cenas relacionadas com o Segundo Adven- seus belos, harmoniosos e úteis aspectos, em vez de acusar, Escolhidas, livro 3, págs. 123 e 124). ter comentários independentes de Ellen White do que as
to; (12) o milênio; (13) a erradicação definitiva do pecado. criticar e dissecar, procurando cortá-lo em pequenos blocos 49. W. C. White a W. W. Eastman, 4 de novembro de 1912, ci- porções textuais de caráter narrativo, histórico ou bíblico.”
19. Reimpresso em Primeiros Escritos, págs. 145-295. sólidos para montagem, como os que compramos para nossos tada em Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 445-450. – Veltman, “Project”, pág. 931. “As fontes de informação
20. Ver pág. 264, nota de rodapé 5, para uma referência a H. L. filhos brincarem e então pedimos que alguma outra pessoa os 50. Ver Biography, vol. 1, pág. 366. pareciam ser empregadas com mais freqüência para fornecer
Hastings, The Great Controversy Between God and Man: Its encaixe de tal modo que formem uma figura que agrade a 51. “Meu coração sente-se muito triste. ... Não sou uma pessoa ambiente e comentário descritivo do que para conteúdo de-
Origin, Progress, and End (1858). eles, deixando de lado determinadas partes do modelo de que erudita. ... Não sou especialista em gramática.” – Mensagens vocional e evangélico. ... A maior tendência é encontrar a
21. Ver págs. 256-263 e 344. eles não gostam?” – Ibidem. Escolhidas, livro 3, págs. 74 e 90. “A rica corrente de pensa- observação independente de Ellen White no comentário de
22. Ver Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 270. “Em nossas conversas com ela a respeito da veracidade e mento se apodera de todo o meu ser, e deponho minha pena caráter moral ou teológico.” – Ibidem, pág. 900. O Dr. J. H.
23. Ibidem, pág. 272. da exatidão daquilo que ela havia citado de historiadores, ela e exclamo: Ó Senhor, sou finita, sou fraca, simples e ignoran- Kellogg, no prefácio que escreveu para o livro da Sra. Whi-
24. Ibidem (Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 100). expressou confiança nos historiadores citados, mas jamais te; nunca poderei encontrar palavras para expressar Tuas te, Christian Temperance and Bible Hygiene (1890), obser-
25. Tiago White, Review and Herald, 27 de maio de 1858. consentiu com a conduta seguida por algumas pessoas que grandiosas e santas revelações!” – Ibidem, pág. 118. vou: “A orientação da sabedoria infinita é tão necessária no
26. 1. The Great Controversy Between Christ and His Angels, and tomam os escritos dela como norma e se esforçam por provar 52. Ver pág. 110. Depois que os trechos do original estavam discernimento entre a verdade e o erro como na evolução
Satan and His Angels (1870); 2. Life, Teachings, and Miracles por meio deles a exatidão de um historiador contra a exati- prontos para revisão, Ellen White pedia, de vez em quando, de novas verdades.” – Pág. iv.
of Our Lord Jesus Christ (1877); 3. Death, Resurrection, and dão de outro.” – Carta de W. C. White a L. E. Froom, 18 de que outras pessoas fora de seu círculo editorial tecessem co- 65. Veltman, “The Desire of Ages Project”, pág. 13. “É entre
Ascension of Our Lord Jesus Christ (1878); 4. From the Des- fevereiro de 1932. Patrimônio Literário White, Arquivo de mentários sobre eles. Em 1876, em carta endereçada ao ma- seus comentários devocionais e por toda a sua apresenta-
truction of Jerusalem to the End of the Controversy (1884). Correspondência. rido, ela escreveu: “Que tal ler o meu manuscrito para os pas- ção daquilo que ela chamava de ‘realidades espirituais’ que
27. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 442. 39. O Grande Conflito, pág. 14. tores [J. H.] Waggoner e [J. N.] Loughborough? Se a enuncia- é mais provável encontrarmos sua mão independente na
28. O Grande Conflito, págs. 13 e 14. 40. Carta a L. E. Froom, em 8 de janeiro de 1928, citada em ção de algum ponto doutrinário não estiver tão clara como obra.” Veltman advertiu que sua “pesquisa não escrutina”
29. “Ellen G. White and the Protestant Historians” (ensaio iné- Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 459 e 460. Donald R. devia estar, ele poderá discerni-lo (refiro-me a W.).” – Men- todas as fontes possíveis do século dezenove, de modo que
dito), revisado, 1977, pág. 30. McAdams, em seu artigo “Shifting Views of Inspiration: sagens Escolhidas, livro 3, pág. 104. não pode “estabelecer se sua suposta independência se de-
30. Ibidem, págs. 230 e 233. Ellen G. White Studies in the 1970s”, resumiu o uso de fon- 53. Tiago White, Review and Herald, 21 de junho de 1881. Ver ve à originalidade dela ou aos limites de nossa investiga-
31. Biography, vol. 3, pág. 249. Uriah Smith leu as provas de pá- tes históricas por parte da Sra. White: “Quando escrevi pág. 111. ção.” – Ibidem.
gina do volume 4 numa reunião campal com Ellen White em ‘Ellen G. White e os Historiadores Protestantes’, eu cria e 54. O Grande Conflito, págs. 13 e 14. 66. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 116.
55. Ver págs. 378-380.

452 453
SEÇÃO VI
CAPÍTULO 39
Como Escutar a Mensageira COMO OS LIVROS
FORAM ESCRITOS

Perguntas Para Estudo

1. Por que Caminho a Cristo foi originalmente publicado por uma editora não adventista?

2. Qual o significado especial da “Introdução” de Ellen White para O Grande Conflito, par-
ticularmente em relação à questão do emprego de fontes seculares?

3. Como você classificaria os aprimoramentos feitos na edição de 1911 de O Grande Con-


flito?

4. Como sabemos ser falsa a acusação de que Fannie Bolton escreveu Caminho a Cristo?

5. Por que Ellen White utilizou assistentes de redação?

6. Comente a maneira como Marian Davis auxiliou Ellen White no desenvolvimento de


O Desejado de Todas as Nações.

7. Delineie o desenvolvimento da história do grande conflito em diversas publicações que


desdobraram a visão de Lovett’s Grove em 1858.

8. Por que surgiu oposição quando se tornou conhecido que a edição de 1888 de O Gran-
de Conflito tinha de ser aprimorada em alguns aspectos em 1911?

454
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VI

40
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Escutar a Mensageira
certo ponto, ela leu as obras de Hanna, Fleet- dade” de escritores bíblicos, não apenas no
wood, Farrar e Geikie. Eu nunca soube que estilo, mas também nas percepções singula-
ela leu Edersheim. Ocasionalmente consulta- res de um escritor que “apanha os pontos
va [Samuel] Andrews, em especial no tocan- que se harmonizam com sua experiência ou
te à cronologia.”6 com sua capacidade de percepção e apre-
Como os Livros Fred Veltman concluiu que expressões
qualificadoras como “empréstimo mínimo”,
“empréstimo integral” ou referências a esti-
ciação”.12
Quando a Sra. White fala de “aprender
constantemente”, não está pensando em

Foram Preparados mativas de porcentagem são “termos relati-


vos e imprecisos”. Ele acreditava que os que
empregam tais termos estão tentando descar-
termos evolucionários “que deixam Deus
fora de consideração, mas em um processo
de crescimento espiritual que ocorre direta-
tar “o emprego das fontes por parte de Ellen mente sob a mão orientadora de Deus”.13 O
White ou enfatizando a quantidade inco- mesmo princípio de crescimento é enfatiza-
“As fontes de informação pareciam ser empregadas com mais freqüência para fornecer ambiente e mum de empréstimo”. Ambas as ênfases são
comentário descritivo do que para conteúdo devocional e evangélico. ... A maior tendência é en- do por todas as parábolas de Cristo e as
contrar a observação independente de Ellen White no comentário de caráter moral ou teológico.” 1 desencaminhadoras.7 É mais correto “falar epístolas do Novo Testamento.14 O princí-
do uso criativo e independente que ela fez pio do crescimento fundamenta a admira-
dos próprios escritos e dos escritos de outros ção e o entusiasmo dos redimidos – o pro-
do que minimizar a quantidade de seus em- cesso iniciado na Terra não terá fim: “Assim
préstimos”.8 como o conhecimento é progressivo, tam-

A
lguns têm se perguntado se a amplia- registros diários, mas também muitas vezes Para aqueles, contudo, que procuram por
ção da obra original de Ellen White ampliava seus pensamentos, ao que parece bém o amor, a reverência e a felicidade au-
porcentagens de dependência, Veltman des- mentarão. Quanto mais aprendem os ho-
sobre a vida de Cristo, de aproxima- sem qualquer razão específica a não ser deixar cobriu que 31 por cento das frases encontra-
damente cinqüenta páginas, em Spiritual a mente fluir pelo papel. Esses apontamentos mens acerca de Deus, mais Lhe admiram o
das nos quinze capítulos aleatórios que ele es- caráter.”15
Gifts, volume 1, para milhares de páginas em abrangem tanto impressões pessoais quanto tudou indicam pelo menos uma palavra ou
O Desejado de Todas as Nações, Parábolas de reflexões de leitura. Em certas ocasiões, sem O princípio do crescimento afetou o mi-
mais de dependência literária.9
Jesus e O Maior Discurso de Cristo, se deveu qualquer tentativa de organizar-se sob cabeça- nistério de Ellen White de duas maneiras:
ao emprego extensivo de outras fontes. Após lhos específicos, a Sra. White copiava ou pa- (1) Profetas só podem orientar o povo tão rá-
As Percepções se Aprofundam
seis anos de estudo, Fred Veltman, autor do rafraseava esses itens de sua ampla leitura de pido quanto este possa compreender a ins-
à Medida que o Profeta se Amadurece
estudo de pesquisa sobre as fontes literárias que queria lembrar-se. Desses diários, seus as- trução.16 Talvez isso signifique que Deus só
A verdade não muda, mas o apreço de uma
de O Desejado de Todas as Nações, concluiu sistentes de redação reuniam material para ar- guiará o profeta com Sua instrução tão rápi-
não haver “nenhuma evidência” de que o co- tigos periódicos. Com o passar do tempo, mui- pessoa pela verdade ou a sua compreensão
dela, sim. Até mesmo os profetas alcançam, do quanto o povo possa entender a mensa-
mentário ampliado da vida de Cristo fora de- tas dessas anotações anteriores passaram a fa- gem do profeta. (2) Deus falará aos profetas
vido “a maior emprego de fontes”. Ele viu zer parte de seus livros publicados.4 com o passar do tempo, uma compreensão
mais profunda da verdade. Em Sua humani- somente em termos que possam ser com-
prontamente que a abordagem mais ampla da Alguns desses materiais copiados ou para- preendidos pelo profeta. A capacidade de
vida de Cristo – que incluía mais incidentes fraseados foram usados não somente na pro- dade, “crescia Jesus em sabedoria, estatura e
graça, diante de Deus e dos homens”. Luc. compreender mais acerca dos planos de Deus
narrativos combinados com o maior acúmulo dução de seus livros, mas também em cartas, aumenta proporcionalmente à medida que o
de material escrito por Ellen White através sermões e mesmo para expressar-se melhor 2:52. Quando estudamos a vida de Pedro, te-
mos uma clara representação de um profeta profeta cresce em conhecimento, disciplina
dos anos do qual o produto final foi compila- em seus diários. Em raras ocasiões ela empre- cristã e experiência.
do – era a responsável pelo número adicional gou linguagem emprestada para expressar maduro após o Pentecostes.
Em 1906, Ellen White testificou que du- Com referência ao tema central de
de páginas.2 pensamentos que lhe foram diretamente in-
rante “sessenta anos tenho estado em comu- Ellen White – a história do grande confli-
Outra questão levantada por algumas pes- culcados em visão. Para alguém que aceita a
nicação com mensageiros celestiais, apren- to – descobrimos desde 1858 a 1911, por
soas diz respeito a quem utilizou outras fontes: inspiração verbal, esse empréstimo ao relatar
Ellen White ou seus assistentes de redação, uma visão pode ser um problema, mas não dendo constantemente algo a respeito das coi- meio de diversas publicações conforme
inclusive Marian Davis. A evidência revela para alguém que reconhece que os mensagei- sas divinas e da maneira pela qual Deus está observamos acima, um desdobramento ex-
que a própria Ellen White utilizou as fontes ros de Deus relatam mensagens inspiradas em constantemente atuando, a fim de conduzir pansivo e mais intuitivo desse tema.17 Em
inseridas em seus escritos publicados. Não se palavras de escolha própria.5 almas do erro de seus caminhos para a luz na 1858, esboçou-se a lápis um quadro geral
encontra nenhuma evidência de que Marian W. C. White relembra que, quando sua luz de Deus”.10 (Grifo nosso.) do tema, contendo cerca de 219 páginas.
Davis ou outros assistentes tenham sido res- mãe estava ativamente empenhada em pre- A Sra. White compreendia este molde O quadro foi preenchido com detalhes
ponsáveis pela matéria que Ellen White adap- parar sua Vida de Cristo, “ela dispunha de humano pelo qual a Palavra de Deus deve adicionais em quatro volumes maiores da
tou de outros escritores religiosos.3 bem pouco tempo para ler. Antes do seu tra- passar no sistema divino de comunicação.11 série The Spirit of Prophecy de 1.600 pági-
Ellen White mantinha extensas agendas e balho de escrever sobre a vida de Cristo e du- Em sua introdução ao livro O Grande Con- nas. Com a publicação da série O Grande
diários. Ela não somente fazia (de modo geral) rante o tempo em que passou escrevendo, até flito, ela alertou os leitores para a “diversi- Conflito e suas 3.757 páginas, o es-
456 457
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SEÇÃO VI
CAPÍTULO 40 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira COMO OS LIVROS
FORAM PREPARADOS

boço de 1858 tornou-se uma versão tridimen- inicial esteja correto no esboço preliminar, “Ellen G. White não foi uma plagiadora, Em resposta a uma pergunta a respeito da
sional em quatro cores da história original. tanto Patriarcas e Profetas quanto O Deseja- nem constitui sua obra infração de direitos ética da Sra. White ao usar material de ou-
Encontramos alguma evidência para o do de Todas as Nações preencheram ricamen- autorais”.25 tros sem declarar publicamente de onde os
princípio do crescimento na mente da Sra. te o quadro, adicionando pormenores signi- “Em parte alguma”, observou Ramik, “en- havia retirado, Ramik declarou após men-
White ao ampliar ela o Tema do Grande ficativos à interpretação cristã tradicional contramos evidências de os livros de Ellen G. cionar alguns precedentes legais: “Ellen
Conflito de 219 páginas para as atuais 3.757 da expiação, mais freqüentemente refletida White possuírem, por assim dizer, ‘o mesmo White usou os escritos de outros, mas a ma-
páginas? Muitas e em todas as partes. Mas as no pensamento calvinista. Deixar de apre- plano e caráter em todas as partes’ que os de neira como os usou tornou-os singularmen-
novas percepções não estão em conflito com sentar um Deus ofendido, que precisava ser seus predecessores. Nem encontramos, nem te seus, tanto do ponto de vista ético quan-
aplacado, e retratar um Deus disposto a su- os críticos fizeram referência a qualquer in- to legal. E interessantemente, ela sempre
o esboço original de 1858; apenas preen-
portar mal-entendido e engano com o pro- tenção por parte de Ellen White de suplan- melhorava o que ‘selecionava’!... Permane-
cheram os detalhes. Os leitores podem fazer cia dentro dos limites legais do ‘uso legal’, e
o estudo por si mesmos comparando como a pósito de que Sua criação visse os resultados tar... [outros autores] no mercado com a mes-
funestos da rebelião, é um importante des- ma classe de leitores e compradores.” durante todo o tempo criava algo substan-
Sra. White descreveu pessoas e aconteci- cialmente maior (e ainda mais belo) do que
mentos importantes em cada uma das três dobramento na compreensão do tema cen- Prosseguindo, Ramik indicou o fato de
a mera soma das partes componentes. E eu
versões: as séries de quatro volumes Spiritual tral no grande conflito.21 que a Sra. White “modificou, exaltou e me-
penso que a tragédia final é que os críticos
Gifts e The Spirit of Prophecy, e os cinco vo- O crescimento de Ellen White em conhe- lhorou” os escritos de outros de um modo deixam de ver isto.”29
lumes da série O Grande Conflito. cimento a respeito dos deveres práticos e da ético e legal.26 Ramik achou interessante e “absurdo” que,
Por exemplo, a expansão de pensamento – paciência de Deus em esperar que ela estivesse Ramik chegou a essas conclusões após às vezes, os críticos acusaram Ellen White de
o preenchimento dos detalhes – em Patriarcas pronta para compreender as visões que revela- muitas horas de leitura dos livros de Ellen plagiar livros “que ela publicamente reco-
e Profetas e O Desejado de Todas as Nações é riam verdades adicionais pode ser demonstra- White, bem como daqueles que ela usou em mendava que seus leitores adquirissem... e
impressionante. Não se nota nenhuma con- do pelos exemplos a seguir. Durante anos, ela seus escritos. Leu também o material escrito lessem... por si mesmos”.30
tradição na ampliação; no entanto, a ampli- concordou com outros adventistas tais como pelos críticos, desde D. M. Canright até o E perguntas, contudo, permanecem.
ação é profundamente convincente.18 José Bates que o sábado começava e termina- presente. Iniciou o estudo com a mente cheia Ficou a igreja em silêncio até recentemente
A expansão das percepções não é apenas va às seis da tarde. Em novembro de 1855, ela de preconceito, devido a certos artigos de jor- quanto ao uso de fontes literárias por parte
teve uma visão confirmando o estudo da Bí- nal do fim da década de 1970 e início da dé- de Ellen White? Tentou alguém deliberada-
uma questão de detalhes descritivos. Mani-
blia, feito por John N. Andrews no sábado an- cada de 1980. Mas deu uma volta de 180 mente ocultar os fatos? Teria sido melhor ter
festam-se percepções teológicas mais claras.
terior, de que o sábado começa e termina no graus depois de ler os livros dela, os dos críti- tomado conhecimento dessas informações
Enfatizando, por exemplo, o princípio da
ocaso do sol.22 Em 1858, ela escreveu a Ste- cos e a jurisprudência: “Foi a leitura das men- através dos anos? Provar que Ellen White
prontidão (ver págs. 34, 282, 304, 311 e não violou as leis do plágio resolve todas as
phen Haskell que era impróprio ele ser contra sagens contidas nos escritos dela que mudou
422), Deus parecia esperar até que os ad- questões relativas à sua integridade e autori-
o consumo de carne de porco. Depois da visão minha opinião. ... Creio que os críticos erra-
ventistas do sétimo dia estivessem prontos dade como uma mensageira usada por Deus?
de 1863, ela deixou claro que a carne de porco ram grosseiramente ao se concentrar nos es-
para que Sua profetisa falasse mais clara- era realmente um artigo proibido.23 critos da Sra. White, em vez de se concentrar A respeito do silêncio ou encobrimento
mente sobre a natureza divina de Cristo. Note que em ambos os casos Ellen White nas mensagens contidas nos escritos dela. ... A dos fatos, o registro mostra que a igreja atra-
Tanto na série Spiritual Gifts quanto na The não estava contradizendo a luz concedida a Sra. White me comoveu! Sou católico roma- vés dos anos tem tentado comunicar os fatos
Spirit of Prophecy pouco se disse sobre a di- ela em visão. À medida que envelhecia, cres- no; mas, católico, protestante, seja o que for a seus membros.31 Apesar disso, por diversas
vindade de Cristo. Mas em Patriarcas e Pro- cia em conhecimento. As visões, uma vez ou – ela me comoveu. E acho que seus escritos razões, as informações ou não foram publica-
fetas (1890) e em O Desejado de Todas as outra, quando Deus sabia que ela estava devem comover a todos, a menos que estejam das eficazmente ou foram recebidas com indi-
Nações (1898), Ellen White escreveu clara ferença. Como na maioria das outras áreas, é
pronta, confirmavam seus estudos da Bíblia permanentemente prevenidos e sejam inin-
e minuciosamente a respeito da eterna pré- sempre mais fácil olhar para trás e acusar os
de tal maneira que seus companheiros adven- fluenciáveis.”27
existência de Jesus.19 Esta nova ênfase se outros do que ajudar a resolver as preocupa-
tistas ficavam impressionados com a autori- Quando perguntado o que ele queria dizer ções atuais.
tornou para os pensadores denominacionais dade espiritual dela. por “mensagem”, Ramik replicou: “A mensa-
um distintivo ponto crítico sobre a nature- O registro, contudo, não guarda silêncio.
gem é o que é essencial. O crítico lê uma frase, Na assembléia da Associação Geral de 1899,
za divina de Cristo.20 Que Dizer do Plágio? 24 e não recebe nenhuma mensagem dela. Ele po- realizada em South Lancaster, Massachusetts,
Em seus primeiros escritos, Ellen White O aspecto legal da acusação de que Ellen de, como o faz muitas vezes, chegar até mesmo A. T. Jones resumiu suas observações a res-
retratava a compreensão protestante pre- White plagiou foi examinado pelo jurista a retirá-la do contexto. Mas leia toda a mensa- peito do método de redação usado por Ellen
dominante, a qual salientava Deus e Sua lei Vincent L. Ramik do escritório de advocacia gem. Qual é a intenção do autor? O que o au- White: “Há declarações que Deus levou o ho-
em termos arbitrários e não pessoais: se os de Diller, Ramik e Wight, em Washington, tor está querendo realmente dizer? De onde mem a escrever e que são verdadeiras. O Es-
pecadores devem ser salvos do furor da ira D.C. Em seu relatório de 14 de agosto de vêm as palavras realmente não importa. Qual é pírito de Profecia [conforme manifestado em
do Pai, então Cristo deve morrer. A analo- 1981, após passar mais de 300 horas pesqui- a mensagem? Se você desconsidera a mensagem, Ellen White] escolhe do contexto, que não é
gia da sala de tribunal (Juiz) eclipsava a ana- sando mais de 1.000 casos relevantes da his- então até mesmo a própria Bíblia não é digna todo verdadeiro, essas gemas da perfeita ver-
logia da família (Pai). Embora este conceito tória legal norte-americana, ele concluiu que de ser lida, nesse sentido da palavra.”28 dade, e as ajusta na moldura que é toda ver-
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CAPÍTULO 40 O ministério profético de Ellen G. White
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dadeira, para que possam brilhar em seu es- outra maneira era coisa que provavelmente fiança fosse construída sobre alguma variação “razão” para desconsiderar a autoridade da
plendor.”32 jamais ocorreu à maioria dos pastores e dos da inspiração verbal. Sabendo como criava escritora. Essa atitude é também resultado
Na assembléia da Associação Geral de membros da igreja. Mas apenas um pequeno discórdia discutir esse assunto mesmo entre da má compreensão do processo de revela-
1913, W. C. White falou claramente sobre passo inconsciente separa a inspiração verbal professores de Bíblia e pastores, muitos líde- ção/inspiração. Sempre que alguém pensa
muitos aspectos do ministério literário de sua do erro maior de que “inspiração” significa res, ao que parece, hesitaram em convocar em termos de “isto... ou aquilo”, muitos ou-
mãe, incluindo a maneira como O Desejado nenhuma contribuição humana: que o profe- toda a igreja para a discussão. Na maioria dos tros assuntos além do processo de inspira-
de Todas as Nações foi escrito.33 ta fala somente palavras “divinas”. casos, escolheram um modo “prático” de ca- ção serão mal compreendidos. O despertar
W. C. White e Dores Robinson, represen- Outra razão era que os primeiros adventis- nalizar suas energias para o evangelismo e de- final será assustador.38
tando o Patrimônio Literário White, tenta- tas viviam com a profetisa. Ouviram muitas senvolvimento institucional. Os frutos posi- Que sabemos, pois, a respeito do uso de
ram explicar o que todos vemos mais clara- vezes a voz dela, seguiram-lhe a instrução em tivos da atividade eclipsaram a questão bási- fontes literárias por parte de Ellen White?
mente hoje em dia. Num documento de intervalos oportunos no estabelecimento da ca e ainda mais “prática”: como os profetas A Sra. White lia muito amplamente, e en-
maioria dos empreendimentos denominacio- desempenham a parte humana no sistema di- riqueceu seus escritos com pensamentos sele-
1933, “Breves Declarações a Respeito dos Es-
nais e foram grandemente abençoados com vino de comunicação. tos de sua leitura, mais extensamente do que
critos de Ellen G. White”, eles escreveram
suas “mensagens” contidas nos periódicos. Não havia a intenção de enganar: a ques- nos damos conta.
sobre a maneira como a Sra. White havia si-
tão imediata era a unidade denominacional. Para aqueles que pensam em termos de
do aconselhada pelo Senhor a procurar livros A preocupação pastoral pela tranqüila con-
que fornecessem “gemas da verdade concisa- O Impacto da Mensagem inspiração verbal, o “plágio” influencia o fun-
Para aqueles que ouviram com mente e cora- fiança e certeza que os membros da igreja ti- damento de sua confiança nos escritos inspi-
mente expressas”. Além disso, ela possuía nham nos escritos de Ellen White eclipsou a
“divina certeza de que seria guiada a distin- ção abertos, a confiança que depositavam no rados. Para os que defendem a inspiração do
ministério dela se aprofundou constantemen- bomba-relógio acadêmica que tiquetaqueava pensamento, o “plágio” é considerado sob ou-
guir o falso do verdadeiro”. calmamente por detrás da enérgica atividade
te. Nunca ocorreu para a maioria que fontes tros pontos de vista, tais como intenção, uso
De fato, contaram como a Sra. White evangelística.
contemporâneas, às vezes, estivessem adicio- legítimo, qualidade de seletividade e origina-
“não fez nenhum esforço para esconder o fa-
nando força literária aos escritos dela. O im- lidade final da contribuição do autor.
to de que havia copiado de outros escritores Um Problema Potencial
pacto de suas mensagens era demasiado con- O uso de fontes literárias por parte da
declarações exatamente adaptadas ao propó- em Desenvolvimento
vincente para eles pensarem sobre a maneira Sra. White é evidente em quase todos os
sito que tinha em vista. E em seus originais Mas a opção de ser pastoral e prático não fez
como as mensagens eram redigidas. seus livros. Suas fontes literárias enriquece-
escritos à mão, a maioria dos trechos que ela os líderes da igreja caírem na armadilha da
Mas que dizer daqueles que, além de W. C. ram todas as fases de sua escrita, inclusive os
havia copiado palavra por palavra foi posta acusação potencial de “dissimulação”? Ao
White, sabiam como o Espírito de Profecia pormenores históricos e geográficos, concei-
entre aspas.” A seguir, examinaram o proces- evitar uma discussão clara e salutar da manei-
trabalhava com o profeta humano para encon- tos teológicos e mesmo percepções em maté-
so de impressão e observaram: “À pergunta ra como a revelação/inspiração funciona, não
trar os veículos verbais apropriados? Esses líde- rias extra-bíblicas como as atividades de
feita: Como esses trechos serão tratados? Exi- instalaram uma bomba-relógio que explodiria
res, reconhecidamente poucos, sabiam que a Deus, de Satanás e dos anjos.
gir-se-ia muito tempo para estudar cada tre- dentro da Igreja Adventista numa geração fu-
inspiração sem a inclusão da pesquisa humana tura? Quando não se deixa claro para as gera- Ao fazer propaganda dos livros de D’Au-
cho e marcá-lo coerentemente. Os impresso- é uma camisa-de-força mental e espiritual. ções que os profetas realmente mudam com o bigné, Conybeare e Howson, é óbvio que
res estavam esperando pelo original; e o pú- As questões que vieram à tona no Concí- Ellen White não procurou esconder o uso de
blico, pelo livro. Então se decidiu retirar to- crescimento pessoal, que os profetas fazem
lio de Professores de Bíblia em 1919 eram uso de outras fontes para imprimir precisão e fontes literárias.
das as aspas. E daquela maneira foi que o li- fundamentais, mas causaram profunda dis-
vro foi impresso.”34 Nós hoje teríamos dado força às suas mensagens, as mentes rígidas ex-
sensão.37 As mesmas questões haviam dividi- perimentam um despertar assustador quando Mestra, Não Escrava
mais atenção ao emprego de aspas.35 do a igreja cristã durante séculos. O que se Ellen White usou fontes literárias para am-
a verdade é manifesta. A certeza edificada so-
Provavelmente a falta de discussão entre questionava não era se Ellen White tinha au- pliar ou declarar mais energicamente seus
bre palavras e não sobre a mensagem central
os adventistas do sétimo dia a respeito do dé- toridade. O problema veio à tona quando os próprios temas transcendentes; ela foi mestra,
começar a desmoronar.
bito de Ellen White para com determinadas membros da igreja ficaram divididos quanto à A acusação de “dissimulação” afetou os e não escrava, de suas fontes.
fontes literárias se deveu em parte à falta de maneira de entender as mensagens dela membros de duas maneiras: (1) Alguns que Ao usar fontes literárias, Ellen White re-
compreensão da maneira como a inspiração quando ela não estava disponível para expli- eram inflamados defensores de sua profetisa velou sua capacidade transcendente de sele-
funcionava, tanto nos escritores da Bíblia co- car suas declarações, ou quando suas fontes li- ficaram chocados ao saber que Ellen White cionar os pensamentos que se harmonizavam
mo no ministério de Ellen White. O concei- terárias, por vezes, eram “descobertas”. empregava outras fontes em suas mensa- com seus princípios teológicos, evitando os
to predominante entre os cristãos conserva- Os líderes da igreja em 1919 souberam que gens. Foram abalados por não compreende- conceitos errôneos. Não copiou por atacado
dores no século dezenove (e entre muitos a maioria dos membros da igreja, inclusive rem o processo de revelação/inspiração. (2) nem indiscriminadamente. O que ela selecio-
cristãos conservadores modernos) era o de pastores e professores, havia aprendido por As pessoas não comprometidas com as men- nou ou não selecionou, e como alterou o que
que os profetas receberam inspiração verbal e experiência própria a confiar nas mensagens sagens básicas de Ellen White usaram o fato selecionou, revela o propósito dominante de
não inspiração do pensamento.36 Pensar de de Ellen White, embora, por vezes, essa con- de ela fazer “empréstimos” como mais uma seu amplo conhecimento literário.
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O principal propósito da Sra. White, em possíveis erros, como por exemplo citar equi- 5. Para exemplo de uma ocasião em que ela empregou a lingua- 16. Ver págs. 34, 282, 304, 311 e 422.
todos os seus escritos, era apresentar uma cor- vocadamente uma data histórica. gem de outros para expressar melhor seus pensamentos em 17. Ver págs. 445-450.
relação às suas visões, compare as duas frases a seguir. Teste- 18. Para um ponto de vista de um profeta em crescimento, ver
reta concepção de Deus conforme revelada munhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 141 (1872): “Foi-me mos- Alden Thompson, “From Sinai to Golgotha, I-V”, Adventist
por Jesus Cristo, para que o caminho da sal- Que Dizer das Negações de Ellen White? trado que uma das grandes causas do deplorável estado de Review, 3 de dezembro a 31 de dezembro de 1981; para rea-
coisas existente é que os pais não sentem a obrigação de criar ção a esta série e a resposta de Thompson, ver ibidem, 1o de
vação fosse não apenas claro mas atrativo. Vimos neste livro muitos exemplos do ele- os filhos em conformidade com as leis físicas.” “Os pais de- julho de 1982.
Todos os seus escritos devem ser vistos à luz mento humano no sistema divino de comu- vem estar sob a obrigação de ensinar e obrigar os filhos a 19. Cristo “sempre estivera... à destra do Pai”. – Patriarcas e Pro-
desse propósito primordial.39 nicação, tanto na Bíblia como nos escritos de conformarem-se com as leis físicas para o próprio bem deles.” fetas, pág. 38. “Em Cristo há vida original, não emprestada,
– Larkin B. Coles, Philosophy of Health (Boston: Ticknor and não derivada.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 530.
Os últimos escritos de Ellen White, espe- Ellen White. Vimos também alguns exem- Fields, 1855), pág. 144. Ron Graybill, em seu artigo “The ‘I 20. Compare as declarações de crença adventista em 1872 e em
cialmente os que desenvolvem a série O plos não facilmente explicados. saw’ Parallels in Ellen White’s Writings”, escreveu: “Pense, 1980. 1872: “Que há um só Senhor Jesus Cristo, o Filho do
Grande Conflito, foram mais completos do Alguns têm chamado a atenção para de- primeiro de tudo, no que a Sra. White queria dizer pelas ex- Pai Eterno.” 1980: “O Filho. O eterno Filho de Deus tornou-
pressões ‘eu vi’ e ‘foi-me mostrado’. ... Os termos... significam Se encarnado em Jesus Cristo.” “Foi em grande parte devido
que seus escritos anteriores. Existem, como terminadas negações de Ellen White a res- que Ellen White, em visão, testemunhou visualmente o que aos escritos de Ellen G. White que o ponto de vista trinitá-
na Bíblia, aparentes discrepâncias que reve- peito de seu uso de fontes contemporâneas ela descrevia ou a informação lhe foi explicada oralmente. rio finalmente prevaleceu.” – SDAE, vol. 11, “Christology”,
lam o toque humano, mas o propósito mais como exemplos de duplicidade. Outros ‘Eu vi’ também pode significar que ela foi levada pelo Espíri- págs. 352-354.
to Santo a entender que determinados conceitos eram verda- 21. Mudar da limitada e convencional compreensão protestante
amplo está sempre claro. olham para esses exemplos dentro do con- deiros mesmo à parte de uma visão. Em todo caso, a expres- do plano da salvação conforme retratada em Spiritual Gifts,
Inúmeras testemunhas atestam que não texto e concluem que não havia má-fé em são sempre significava que aquilo que fora escrito fora escri- vol. 1, págs. 22-28, para o ponto de vista mais amplo descri-
foram em nenhuma ocasião desencaminha- Ellen White.41 to sob a inspiração do Espírito de Deus.” – Adventist Review, to em Patriarcas e Profetas, págs. 63-70, demonstrou os pensa-
29 de julho de 1982. mentos profundos e crescentes que Ellen White era capaz de
das ao seguirem o conselho de Ellen White, Robert W. Olson, que durante doze anos 6. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 459. Numa carta endereça- expressar. Percepções mais profundas podem ser encontradas
quando devidamente compreendido. Alguns foi diretor do Patrimônio Literário White, re- da aos filhos em 1885, Ellen White escreveu: “Digam a Mary nos capítulos “Getsêmani” e “Calvário” em O Desejado de To-
podem às vezes questionar a força moral do sumiu o ponto central dessas negações unin- que ela procure para mim algumas histórias da Bíblia que me das as Nações. Além disso, em artigos periódicos conceitos
dêem a ordem dos acontecimentos. Não tenho nada, e não ainda mais úteis preenchem o constante aprimoramento des-
raciocínio dela que apóia o conselho, mas o do-se à conclusão de Fred Veltman:42 “A consigo encontrar alguma coisa aqui na biblioteca [de Basiléia, se esboço sobre salvação do início de 1858, como por exem-
conselho tem sido sempre salutar. mim parece claro que Ellen White estava Suíça].” – Ibidem, pág. 122. plo: “O que se Obteve Pela Morte de Cristo”, Signs of the Ti-
Nem Marian Davis nem qualquer outro preocupada com o perigo de tirar das mensa- 7. Veltman, “Project”, pág. 913. mes, 30 de dezembro de 1889; “Deus Manifesto em Cristo”,
8. Ibidem, pág. 948. ibidem, 20 de janeiro de 1890; “Alegria Inexprimível”, ibidem,
assistente de redação foi responsável pela gens o seu poder pela dependência das habi- 9. Ibidem, pág. 941. “Negar seu débito... ou diminuir a importân- 22 de dezembro de 1914.
inserção nos escritos de Ellen White de lidades redacionais de outros. ... A meu ver, é cia de sua influência... não seria uma avaliação justa da evi- 22. Ver pág. 157.
dência. ... Mas enfatizar o empréstimo literário a ponto de as 23. Ver págs. 157 e 158.
material adaptado da leitura dela.40 A acusa- basicamente esta mesma preocupação de contribuições especiais de Ellen White como escritora e como 24. “O plágio – seja ele literário, artístico ou musical – é roubo.
ção de que a maioria dos escritos de Ellen Ellen White quanto à recepção de seus escri- mensageira, para o conteúdo que ela desejava comunicar, se- É uma falsa suposição de autoria; o criminoso ato de apode-
White, notadamente a série O Grande tos como mensagens do Senhor que a levou a rem severamente subestimadas ou negadas, é também, em mi- rar-se do produto de outra mente e apresentá-lo como seu. ...
nha opinião, uma avaliação inexata da evidência.” – Ibidem, Plágio e infração não são a mesma coisa, embora se sobrepo-
Conflito, foi copiada de outros é falsa e não revelar completamente sua dependência pág. 933. nham. O plágio abrange um campo mais amplo; a infração
sem mérito. de fontes literárias.”43 Desde 1983, o Patrimônio Literário White tem mantido envolve conseqüências mais graves. ... Não pode haver plá-
Uma pessoa não deve perder a confiança Olson alistou dez supostas negações, ou um projeto constante para documentar trechos nos escritos de gio sem a postura de ladrão como originador; a infração pode
Ellen White conhecidos por serem verbalmente dependentes ocorrer mesmo que se dê o devido crédito de autoria. ...
nos escritores da Bíblia ou em Ellen White não admissões, feitas por Tiago ou Ellen White de uma fonte prévia não oriunda de Ellen White nem da Bí- “Contudo, quando você seleciona materiais existentes de
somente porque eles não receberam todas as – a maior parte das quais não apresentava pro- blia. Veja a seguir os títulos com as mais altas porcentagens de fontes abertas a todos e as arruma e combina numa nova for-
palavras diretamente das visões. Isso pode ser blema quando vistas dentro do contexto.44 empréstimo conhecido. (O Desejado de Todas as Nações não ma, exercendo estudo e discriminação no processo e produ-
foi incluído no estudo porque estava incluído no estudo de zindo alguma coisa nova, você terá o direito de proteger le-
difícil para aqueles que no passado raciocina- Concluindo seu artigo, ele afirma: “Em minha Veltman.) galmente aquilo que você criou. ...
vam em termos de inspiração verbal ou para opinião, ela não queria que seus leitores, con- “Primeiro de tudo, não existe tal coisa como originalida-
alguns que têm tido uma compreensão aca- centrando-se no método, fossem distraídos da Linhas Paralelas e Porcentagens de pura e absoluta. Em segundo lugar, plágio e originalidade
O Grande Conflito (em citações) . . . . . . . . .3.241 – 15,11% não são pólos opostos, mas o verso e o reverso da mesma me-
nhada da maneira como Deus Se comunica mensagem.” A indevida atenção sobre como O Grande Conflito (sem crédito) . . . . . . . . . .1.084 – 5,05% dalha. Em terceiro lugar, a originalidade, como comumente
com os Seus profetas. escreveu poderia levantar dúvidas desnecessá- Sketches From the Life of Paul . . . . . . . . . .1.185 – 12,23% é entendida, não é necessariamente a marca do talento ou o
Um profeta pode citar uma fonte não ins- rias a respeito da autoridade do que ela escre- Caminho a Cristo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .196 – 6,23% distintivo do gênio.” – Alexander Lindey, Plagiarism and Ori-
Atos dos Apóstolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .426 – 3,05% ginality (New York: Harper & Brothers, Publishers, 1952),
pirada por causa de um determinado ponto veu. “Se esta for a explicação correta... não Fé e Obras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73 – 2,97% págs. 2, 5 e 14.
de vista que encerra valor específico para en- permitamos que questões sobre metodologia e Testemunhos Para a Igreja, vol. 5 . . . . . . . . . . .638 – 2,82% 25. Adventist Review, 17 de setembro de 1981.
riquecer sua mensagem. Contudo, o propósi- inspiração retirem o enfoque das mensagens Mensagens aos Jovens . . . . . . . . . . . . . . . . .282 – 2,67% 26. Ibidem.
Patriarcas e Profetas . . . . . . . . . . . . . . . . . .543 – 2,28% 27. “There Simply Is No Case”, Adventist Review, 17 de setembro
to inspirado do profeta não o protege contra inspiradas que Deus nos enviou.”45 Mensagens Escolhidas, livro 1 . . . . . . . . . . . . . .235 – 2,03% de 1981.
Testemunhos Para a Igreja, vol. 4 . . . . . . . . . . .395 – 1,88% 28. Ibidem.
Profetas e Reis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .242 – 1,51% 29. Ibidem.
Referências Um relatório completo se acha disponível no Patrimônio Li- 30. Ibidem. Dois anos antes da edição de 1884 de O Grande Con-
terário White, Silver Spring, MD, flito ser publicada, Ellen White escreveu na revista da igreja
1. Fred Veltman, “The Desire of Ages Project”, pág. 900. Fred tempo integral. Os colégios e universidades adventistas ao re- EUA. a respeito de um livro que lhe foi útil na redação do texto:
Veltman, Ph.D., especialista em análise de línguas e fontes, dor do mundo, bem como os centros de pesquisa do Patrimô- 10. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 71. “Providenciem algo para ser lido durante essas longas noites
era presidente do Departamento de Religião do Pacific Union nio Literário White, receberam exemplares do relatório com- 11. Ver págs. 16, 120, 173, 375, 376 e 421. de inverno. Para aqueles que desejarem, o livro History of the
College, em Angwin, Califórnia, quando recebeu da Associa- pleto deste estudo exaustivo. 12. O Grande Conflito, pág. 8. Reformation de D’Aubigné será tanto interessante quanto
ção Geral o encargo de pesquisar o emprego que Ellen White 2. Ibidem, págs. 873, 874, 940 e 941. 13. Alden Thompson, “Ellen White’s Pilgrimage to Golgotha”, proveitoso. Podemos obter algum conhecimento do que
fez de fontes literárias ao escrever O Desejado de Todas as Na- 3. Ibidem, págs. 896 e 912; Veltman, Ministry, outubro de 1990, Adventist Review, 24 de dezembro de 1981. aconteceu no passado na grande obra de reforma.” – Review
ções. Este projeto, que se estendeu por um período de quase oi- pág. 6; dezembro de 1990, pág. 14. 14. Mar. 4:28; Heb. 5:12-6:1. and Herald, 26 de dezembro de 1882. Ela também recomen-
to anos, envolveu o equivalente a cinco anos de trabalho de 4. Ibidem, págs. 904 e 944. 15. O Grande Conflito, págs. 677 e 678. dava com empenho outro livro que lera com proveito: “Con-

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sidero The Life of St. Paul, de Conybeare e Howson, um livro tes gradualmente – e até mesmo relutantemente – revelaram enganosas, e sim incompletas nesse aspecto. Ela simples- Life of Christ Research Project, de Fred Veltman, 1988.
de grande mérito, e de muita utilidade para os que levam a os métodos humanos pelos quais os profetas atuavam. A ple- mente não entrou em detalhes sobre os aspectos técnicos 43. Robert W. Olson, “Ellen White’s Denials”, Ministry, feverei-
sério o estudo da história do Novo Testamento.” – Signs of the na divulgação teria levado alguns à conclusão de que Deus da inspiração.” – Ron Graybill, original inédito, “Literary ro de 1991.
Times, 22 de fevereiro de 1883. era ‘inexistente no programa deles’. Work”, novembro de 1981, págs. 22 e 23. 44. Ibidem.
31. Ver págs. 118 e 119 sobre duas assembléias da Associação “O precedente bíblico para uma ‘dissimulação’ foi estabe- 42. Ver págs. 456 e 457 para comentários sobre Full Report of the 45. Ibidem.
Geral que claramente refletiram e imprimiram a posição ofi- lecido pelo próprio Cristo: ‘Tenho ainda muito que vos dizer,
cial a respeito dos aspectos da inspiração do pensamento dos mas vós não o podeis suportar agora.’ João 16:12. Cada pai e
escritos de Ellen White. professor pode testificar da veracidade desta declaração. Per-
32. General Conference Bulletin, 1899, pág. 112. cepção e crescimento só ocorrem gradualmente. Para os que Perguntas Para Estudo
33. Ver págs. 450 e 451; General Conference Daily Bulletin, 1o de são inclinados a pensar em termos absolutos de “ou isto... ou
junho de 1913. aquilo”, qualquer traço de humanidade é suficiente para rou-
34. W. C. White e D. E. Robinson, “Briefs Statements Regarding bar a Palavra de suas credenciais divinas. Numa comunidade 1. Marian Davis inseriu em O Desejado de Todas as Nações algum material que Ellen
the Writings of Ellen G. White”, agosto de 1933, págs. 5, 10 justamente com estas inclinações, Ellen White enfatizou que White havia escrito anteriormente?
e 11. Pode-se obter um exemplar deste folheto, incluído co- sua mensagem vinha de Deus, e não de homens. Ter agido de
mo encarte na Adventist Review de 4 de junho de 1981, do outro modo teria sido uma traição a seu chamado.
Patrimônio Literário White, Silver Spring, MD, EUA. “Mas à medida que o tempo passava, tanto ela quanto a co- 2. Que significa a expressão “uso criativo” dos escritos de outros por parte de Ellen
35. Poderíamos citar muitos exemplos de escritores do século de- munidade chegaram ao ponto em que era possível compreen- White?
zenove que fizeram “empréstimo” liberal de outros sem colo- der mais o elemento humano sem negar o divino.” – “The Im-
cá-lo entre aspas. Parecia ser prática comum o que levou W. perfect Speech of Inspiration”, Spectrum, junho de 1982.
W. Prescott a escrever: “Todas as citações nas notas tomadas 39. “A irmã White não é a originadora destes livros. Eles contêm 3. Se a verdade não muda, o que significa dizer que as concepções de um profeta amadu-
do Espírito de Profecia receberam o devido crédito do livro e a instrução que durante o trabalho de uma vida Deus tem es- recem?
da página. As outras citações foram selecionadas de muitas tado a dar-lhe. Contêm a preciosa e confortadora luz que
fontes, mas como não foram citadas como autoridade, mas Deus, bondosamente, deu a Sua serva para ser comunicada
meramente para a expressão do pensamento, não se nomeou ao mundo. De suas páginas esta luz deve brilhar no coração 4. Na sua opinião, o que significava afirmar que “unidade denominacional” em vez de “en-
os autores.” – The Doctrine of Christ (Washington, D.C.: Re- de homens e mulheres, conduzindo-os ao Salvador.” – The gano” foi a motivação primordial dos líderes da igreja que chamaram pouca atenção pa-
view and Herald Publishing Association, 1920), pág. 3. Mes- Publishing Ministry (Washington, D.C.: Review and Herald
mo um dos críticos mais impiedosos de Ellen White, D. M. Publishing Association, 1983), pág. 354. ra o uso de fontes literárias por parte de Ellen White?
Canright, copiou expressões e o título de seu livro de 300 pá- 40. Ver pág. 116.
ginas, publicado em 1878, The Bible from Heaven, de um li- 41. “Ellen White não pretendia enganar ninguém. Pensamentos,
vro de Moses Hull, de 182 páginas, publicado em 1863, The fatos e verdades escritos por uma pessoa podem ser usados por
5. Analise a conclusão do advogado Ramik de que “a mensagem é o que importa”.
Bible from Heaven. “Os originais não são originais. Existe imi- outra sem haver plágio. Ela fez aplicações originais do mate-
tação, modelação e sugestão, para os próprios arcanjos, se rial antigo, enquanto se abastecia com pensamentos e pala- 6. Como você ajudaria outros a entenderem como e por que Ellen White às vezes empre-
eles conhecessem sua história. O primeiro livro tiraniza o se- vras de outros livros. Dificilmente poderá ser acusada de plá-
gundo. Leia Tasso, e pensará em Virgílio; leia Virgílio, e pen- gio, assim como o arquiteto ou o escultor não pode ser cen-
gou os escritos de outras pessoas?
sará em Homero; e Milton força você a refletir sobre como surado por copiar Christopher Wren ou Michelangelo por-
são estreitos os limites da invenção humana. O Paraíso Perdi- que escava seu mármore da mesma pedreira, esquadreja suas
do jamais teria existido não fossem os seus precursores; e se pedras com a mesma arte e as une em colunas na mesma or-
encontramos na Índia ou na Arábia um livro fora de nosso dem. A liberdade de adotar e adaptar é propriedade comum
horizonte de pensamento e tradição, logo descobrimos atra- dos eruditos de todo o mundo. Usar argumentos e seguir a
vés de novas pesquisas em seu país nativo seus predecessores verdade de outros escritores não é de forma alguma incompa-
e sua latente mas real ligação com nossas Bíblias.” – Ralph tível com a originalidade. Na verdade, a absoluta originalida-
Waldo Emerson, Quotation and Originality, Complete Works de é quase impossível.
(Londres: George Rutledge & Sons, Ltda., 1883), vol. 8, “Não se pode fazer nenhuma objeção válida contra Ellen
págs. 170-172, citado em Lindley, Plagiarism and Originality, White quando ela amplia e esclarece suas próprias idéias à
págs. 14 e 15). luz das obras alheias. Para estabelecer a acusação de plágio,
36. Ver no Index, Inspiration, verbal vs. thought. deve-se provar a tentativa deliberada de usar a obra de outro
37. Ver págs. 440 e 441 para a maneira como as questões envol- para exaltar-se a si mesmo em vez de exaltar a glória de Deus.
vidas tanto na inspiração verbal quanto na do pensamento Todo o propósito de Ellen White era comunicar a verdade,
foram tratadas no Congresso de Professores de Bíblia de crendo que, não importava qual fosse a fonte, a verdade de-
1919. O profundo abismo que existia naquela época entre via ser exaltada e Deus glorificado.” – Edward Heppenstall,
homens e mulheres igualmente comprometidos a respeito “The Inspired Witness of Ellen White”, Adventist Review, 7
dessas questões fundamentais ajuda a explicar por que não se de maio de 1987.
fez muito esforço para informar os adventistas do sétimo dia “As declarações de Ellen White a respeito de suas fon-
de modo geral a respeito da maneira como o Espírito auxilia- tes, tomadas como um todo, confirmam claramente uma
va os profetas a construir suas mensagens. fonte divina e algumas vezes soam como se elas não levas-
38. Respondendo àqueles que ficaram preocupados quando sou- sem em conta qualquer empréstimo literário. ... Esta situa-
beram que Ellen White empregava material proveniente de ção, penso eu, surge do fato de que a concepção de inspi-
fontes de informação, Alden Thompson escreveu: “Eviden- ração adotada por Ellen White e por seus contemporâneos
cia-se também outra suposição que aprofunda raízes na men- conferia-lhe uma escolha absoluta e simplista. ... A esco-
te dos crentes conservadores: os verdadeiros profetas não mu- lha era esta: ou seus escritos eram totalmente de Deus ou
dam. Se, então, num momento de fraqueza, alguém descobre totalmente de Satanás e, dadas essas duas opções, a Sra.
tanto fontes quanto mudanças, seguem-se quase que inevita- White sincera e justificavelmente escolheu afirmar que
velmente a desilusão e o argumento da ‘dissimulação’. seus escritos eram totalmente de Deus. Apesar disso, em-
“O argumento da ‘dissimulação’ é evidentemente o mais bora seja verdade que seus escritos, tomados como um to-
difícil para os crentes conservadores lidarem. Estou, porém, do, sejam totalmente de Deus, existem em seus escritos
convencido de que [a experiência desses crentes] fornece elementos provenientes de fontes humanas sob a orienta-
parte da melhor evidência quanto ao motivo por que tem ha- ção do Espírito de Deus – uma situação muito semelhante
vido uma necessária e bem-intencionada ‘dissimulação’ ou, à observada nas Escrituras. Portanto, as declarações da Sra.
dito de outra maneira, por que Ellen White e seus assisten- White a respeito de seus escritos não são desonestas nem

464 465
VII

SEÇÃO
Como Avaliar a Crítica

CAPÍTULO

41 A Verdade Ainda Liberta

42 Crítica Envolvendo Relacionamentos


com Outras Pessoas

43 Predições, Observações Científicas


e Afirmações Incomuns

44 A Porta Fechada – Estudo de um Caso


M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VII

41
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Avaliar a Crítica
seus mais tenros anos, Ellen White era com- to e seriam suficientes para todos os propósi-
passiva e paciente com aqueles que a ela se tos práticos a fim de convencer ou silenciar
opunham, principalmente aqueles que ti- os oponentes.”5
nham fortes convicções sobre os dons espiri- A Sra. White seguiu muitas vezes seu pró-
tuais nos tempos modernos. Alguns que se
A Verdade opunham haviam visto os cultos fanáticos de
uns poucos que reivindicavam o dom proféti-
co, e assim ficaram desconfiados de todas as
prio conselho: “Quando se insinuam erros em
nossas fileiras, não devemos sobre eles estabe-
lecer discussão. Devemos, com fidelidade,
apresentar a mensagem de reprovação, e des-

Ainda Liberta reivindicações, mesmo as de Ellen White.3


Outros se opunham porque foram ensinados
que o dom profético havia terminado com
viar, depois, a mente do povo das idéias fan-
tasiosas, errôneas, apresentando-lhe a verda-
de em contraste com o erro.”6
João o Revelador, na Ilha de Patmos.
“É importante que, ao defender as doutrinas que consideramos artigos fundamentais da fé, nunca No verão de 1861, a Sra. White aconse- Os Dons Estabelecem
nos permitamos o emprego de argumentos que não sejam inteiramente retos. Eles podem fazer ca- lhou que aqueles que eram “filhos de Deus” e sua Própria Autenticidade
lar um adversário, mas não honram a verdade. Devemos apresentar argumentos legítimos, que não contudo “duvidavam das visões” não deviam Os próprios dons espirituais são sua melhor evi-
somente façam silenciar os oponentes, mas que suportem a mais profunda e perscrutadora investi- ser separados “dos benefícios e privilégios de dência. Todos os profetas têm tido que retro-
gação. ... Ao enfrentar um adversário, deve ser nosso mais sincero esforço apresentar os assuntos de membros da igreja”. Como os membros da ceder um passo e deixar que seu ministério fa-
maneira tal que despertemos a convicção em seu espírito, em vez de procurar meramente inspirar igreja deviam relacionar-se com esse grupo?
confiança ao crente.” 1 le por si mesmo. Em outras palavras, em vez
Ela escreveu que essas pessoas devem ser tra- de tentar discutir sua própria autenticidade,
tadas “com paciência e amor fraternal até que eles ignoram os críticos e se ocupam do traba-
tomem posição e tenham opinião definida

N
uma carta endereçada a A. G. Da- uma carta de alguém que está em conflito lho que lhes foi designado. Jesus dirigiu Seus
niells, em 31 de dezembro de 1913, com Ellen White sem o conhecimento da contra ou a favor. ... Se, porém, começarem a ouvintes para observarem Sua obra: “Se não
W. C. White referiu-se a algumas car- história pessoal e pontos de vista daquele es- combater as visões,... se levarem a sua oposi-
faço as obras de Meu Pai, não Me acrediteis;
tas da mãe que estavam sendo usadas de ma- critor levará a conclusões errôneas. ção ao ponto de opor-se àquilo de que não
mas, se faço, e não Me credes, crede nas
neira imprópria: “A respeito da carta endere- 3. Os que confiam em rumores e boatos têm experiência, e se sentirem ofendidos
obras; para que possais saber e compreender
çada a Fitzgerald e a carta a Watson e a outras sem nenhuma evidência documental para quando aqueles que crêem que essas visões
que o Pai está em Mim, e Eu estou no Pai.”
cartas que podem deixar perplexos a nós e a suas alegações. Deve-se dar pouco crédito a são de Deus falarem delas nas reuniões,... a
outros, poderia ser mais fácil repudiar alguns informações que existam apenas na memória João 10:37 e 38.
igreja pode saber que eles não estão certos. ...
documentos que nos deixam perplexos, e di- de um crítico declarado de Ellen White. Quando professos crentes na verdade se Enquanto voltava da Austrália em fins de
zer que são falsificações, mas é a verdade que 4. Os que vêem mudanças editoriais nos escri- opõem aos dons e lutam contra as visões, pes- 1900, em alto-mar, Ellen White recebeu uma
nos liberta, e não sei de nenhuma forma em tos de um profeta e as chamam de “supressões”. soas ficam em perigo e é então tempo de tra- visão advertindo-a do perigo das entrevistas
harmonia com a lei de Deus a não ser tratar 5. Os que ficam perturbados com a aparen- balhar em favor delas, para que os fracos não particulares. Ao que parece, alguns estavam
esses assuntos exatamente como são.”2 te dependência literária. sejam desviados por sua influência.”4 se valendo dessas entrevistas para promover
Tratar os “assuntos exatamente como são” 6. Os que carregam consigo pressuposições Evite um espírito controverso. Ellen White sua própria agenda. A mensagem foi: “Não
é precisamente o objetivo deste livro. Sendo pessoais sobre como um profeta deve atuar. aconselhou duas abordagens para com os “en- entre em controvérsia. ... Tenho uma mensa-
assim, iremos considerar algumas das acusa- Acreditam, por exemplo, que os profetas “de- ganos de nossos oponentes, que usam de ca- gem que você deve levar, e ao ser ela apresen-
ções, alegações e insinuações que acompa- vem ter conhecimento completo” desde o lúnias e falsas representações”. A primeira é a tada ao povo, não lhe compete tentar fazer
nharam Tiago e Ellen White por toda a vida início de seu ministério; suas predições de- resposta de Neemias: “Estou fazendo grande com que creiam nela. Esta não é sua obra.”7
(e desde então). As acusações e críticas são vem ser inalteráveis; seus escritos devem ser Durante a crise do panteísmo em 1904,
obra, de modo que não poderei descer; por
geradas por pelo menos sete grupos: isentos de erros, discrepâncias e equívocos, e quando o erro sutil havia sido endossado por
que cessaria a obra, enquanto eu a deixasse e
1. Os que rejeitam qualquer um que afirme jamais incluir fontes não inspiradas. Para muitos líderes da igreja, a Sra. White escreveu:
ser um profeta moderno, inclusive Ellen White. eles, os profetas nunca expressam opiniões fosse ter convosco?” Nee. 6:3. O tempo em-
pregado “seguindo as distorções e subterfú- “Ontem à noite despertei às 22 horas. ... Du-
2. Os que deixam de utilizar as regras de meramente pessoais em seus escritos.
interpretação básicas e comumente aceitas, 7. Os que aceitam Ellen White como uma gios de oponentes desonestos” é desviado da- rante aquele tempo todo o assunto foi exposto
discutidas nos capítulos 32 a 34. Entender, escritora devocional inspirada, mas rejeitam queles que estão abertos “à convicção” e pe- perante mim. Recebi instruções de que devo
por exemplo, uma carta escrita por Ellen seu ministério teológico. recem “por falta de conhecimento”. A segun- apresentar o testemunho que me foi dado, e
White ou uma carta endereçada a ela por um da é a resposta direta que deve ser feita “com deixar os assuntos com o Senhor. Não é minha
de seus contemporâneos exige uma com- Reações Diferentes rapidez e brevidade. ... Não é o melhor proce- obra procurar fazer as pessoas crerem na men-
preensão das regras de interpretação. Para ler Dependem das Circunstâncias e Atitudes dimento ser explícito demais e dizer tudo o sagem que me foi dada. Quando alguém disser:
a carta, as pressuposições do leitor muitas ve- Como lidar com os que não tiveram experiência que pode ser dito sobre um ponto, quando ‘Alguém lhe contou’, não devo responder.
zes levam a conclusões falhas. Além disso, ler pessoal com os escritos de Ellen White. Desde os uns poucos argumentos abrangeriam o assun- Nesse momento o conflito acaba para mim.”8
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SEÇÃO VII
CAPÍTULO 41 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira A VERDADE
AINDA LIBERTA

A algumas perguntas, Ellen White não de- tas e lugares.11 Por exemplo, Ellen White cer- ouvido as tolas falsidades divulgadas contra queria... era... uma vida semelhante à de
via “responder Sim ou Não”. Por quê? Porque ta vez escreveu “Melbourne, NSW”, em vez ela, e vinham com o pleno efeito delas na Cristo, e não... rastejar pelo chão. ... Deus
as pessoas interpretariam mal suas declara- de “Melbourne, Victoria”.12 Os profetas não mente; mas quando ouviam as claras e práti- ordenou que os seres por Ele criados de-
ções. Ellen White explicou que elas poriam são infalíveis.13 cas verdades da Bíblia, os puros princípios do viam trabalhar. Disto depende a felicidade
“em risco sua alma por vezes ouvindo enga- Até que alguém entenda a natureza da re- cristianismo apresentados de maneira fervo- deles.”18
nadores conceitos relativamente às mensa- velação/inspiração, qualquer discrepância rosa e convincente na qual ela era auxiliada Tudo quanto Ellen White sabia sobre seus
gens que Deus me tem dado. Mediante mui- nos pormenores lhe parece evidência da falta pelo Senhor a falar-lhes, todos esses senti- novos deveres como mensageira de Deus era
to torcer, muitas interpretações e falsos racio- de inspiração divina. Desde os primeiros tem- mentos desapareciam.”15 Mas pelo fato de a que devia visitar os antigos mileritas que ain-
cínios quanto ao que escrevi, procuram rei- pos aparecem discrepâncias nos escritos pro- maioria das pessoas mesmo hoje ouvir so- da acreditavam no significado (embora mal
vindicar sua incredulidade pessoal. ... Eles, féticos. Qualquer um que diga que não devem mente as acusações, responderemos breve- orientados) de 22 de outubro de 1844, e rela-
porém, não vêem claramente. Portanto, não aparecer discrepâncias nos escritos de Ellen mente a algumas delas. tar sua mensagem de esperança. Na missão
que Deus lhe confiara, onde mais iria ela en-
ouso comunicar-me com eles.”9 White não entende como Deus fala por inter-
Gritaria, Prostração, Desmaio, Rastejo contrar pessoas dispostas a ouvi-la?19
médio dos profetas. Os que baseiam sua con-
De tempos em tempos, faz-se a acusação de Dirigida por Deus, ela continuou a fre-
Críticas Baseadas Numa Compreensão fiança em Mateus ou na Sra. White no fato que Ellen White participou em seus anos ini- qüentar essas reuniões durante o ano de
Errônea da Revelação/Inspiração de que os profetas jamais cometem erros estão ciais das extravagâncias comuns entre certos 1845, embora nenhum registro a descreva
Já estudamos as profundas diferenças que se- se encaminhando para o desapontamento e grupos protestantes na década de 1840. As como participante desses fanatismos ou en-
paravam os que criam na inspiração verbal talvez para a completa perda da fé. reuniões campais dos metodistas e os cultos tusiasmos exagerados. Apesar disso, em res-
dos que criam na inspiração do pensamen- da igreja, especialmente, eram conhecidos posta a posteriores acusações feitas contra
to.10 Esta diferença de compreensão tem divi- Crítica Infundada Contra por seu entusiasmo expresso em “gritarias”, ela, escreveu: “Nunca rastejei como dever
dido os estudantes da Bíblia por séculos; e a Pessoa de Ellen White “desmaios”, “prostração” e “rastejos”.16 religioso e jamais sancionei ou dei o míni-
tem causado divisão na Igreja Adventista do As seguintes acusações continuam a circular Como jovem metodista, é provável que mo encorajamento para esta humildade vo-
Sétimo Dia desde os seus primórdios, espe- mesmo já tendo sido rebatidas muitas vezes. Ellen Harmon tenha participado de parte luntária.” Descreveu também as “muitas
cialmente no que diz respeito à compreensão Alguns dos primeiros rumores foi rebatido deste entusiasmo. Mas depois de seu cha- ocasiões em que esses fanáticos me pressio-
do ministério de Ellen White. em The Defense of Elder James White and Wi- mado divino, logo lhe foi mostrado que naram e instaram comigo, chorando e oran-
Quando os membros da igreja não concor- fe, um folheto de 1870 disponível no escri- algumas dessas práticas tendiam para o fa- do sobre mim, para que eu aceitasse essas
dam sobre as regras básicas de interpretação dis- tório de publicações. No verso da revista da natismo. cruzes, provas forjadas. Recusei-me total-
cutidas nos capítulos 32 a 34, é praticamente igreja de 11 de janeiro de 1870, Tiago fizera Pouco depois de 22 de outubro de 1844, mente a submeter meu julgamento, meu
impossível concordar em alguns assuntos. Mui- o apelo: “Os que souberem de coisas dignas cresceu o fanatismo entre alguns antigos mi- senso de deveres cristãos e a dignidade que
tas das assim chamadas acusações de incoerências e de denúncia ou indignas de um cristão e de leritas, especialmente no grupo que acredita- devemos manter como seguidores de Jesus
contradições nos escritos de Ellen White podem re- mestres do povo, a respeito da conduta ge- va que Cristo de fato já havia voltado para Cristo, a quem aguardamos para ser trasla-
montar a diferentes regras de interpretação – por ral, minha e da Sra. White, durante o perío- eles espiritualmente em 22 de outubro de dados para o Céu ao receber o toque final
assim dizer todas as que são geradas por uma cren- do de nossas atividades públicas, tenha a 1844. Ellen White relembra que alguns “pen- da imortalidade.”20
ça em alguma forma de inspiração verbal. bondade de imediatamente torná-las conhe- savam que era errado trabalhar. Outros criam Gradualmente, a Sra. White viu o perigo
Contudo, nem todas as acusações contra cidas ao escritório.” que os justos mortos haviam sido ressuscita- do excesso de entusiasmo na adoração a
Ellen White tinham sua origem direta em um Esta nota era para ajudar uma comissão dos para a vida eterna. Alguns procuravam Deus. Em Paris, Maine, em 1850, ela viu em
cultivar um espírito de humildade rastejando visão que os “cultos [espirituais] corriam
conceito limitado sobre inspiração. Algumas composta por J. N. Andrews, G. H. Bell e
no chão como criancinhas. Outros dançavam grande risco de ser adulterados”. Como? Sen-
derivavam indiretamente da má compreen- Uriah Smith a completar um relatório a res-
e cantavam: ‘Glória, glória, glória, glória, gló- do planejados. “Não se deve, portanto, colo-
são da inspiração, tais como as preocupações peito das muitas e cruéis acusações dirigidas
ria, glória’, repetidas vezes. De vez em quan- car implícita confiança nesses cultos.”
com a possível supressão do material anterior, contra os White. Qual a natureza dessas acu- do uma pessoa pulava para cima e para baixo Seu conselho continua: “Vi que devíamos
sua negação de dependência literária e as su- sações? Que os White eram desonestos, frau- sobre o soalho, com as mãos erguidas, lou- esforçar-nos em todo o tempo por ficar livres
postas contradições dentro de suas obras e/ou dulentos e cobiçosos. A comissão passou em vando a Deus; e isso durava cerca de meia ho- de incitações insalubres e desnecessárias. Vi
com a Bíblia. revista todas as acusações e demonstrou que ra de uma vez.”17 que havia grande perigo em deixar a Palavra
eram infundadas.14 Nos primeiros meses de seu ministério, de Deus e apoiar-se e confiar em práticas re-
Críticas que não Reconhecem que os Muitas vezes os colegas dela escreviam so- Ellen Harmon, a tímida adolescente, teve ligiosas. ... Vi perigo à frente.”21
Profetas Podem Cometer Erros em Pormenores bre como a presença de Ellen White mudava que contender com homens maduros que re-
Conforme descobrimos, os profetas às vezes a mente daqueles que haviam escutado “as cusavam trabalhar e que engatinhavam como Diversos Efeitos da Menopausa
citam erroneamente as Escrituras e cometem puras invenções”. J. H. Waggoner escreveu crianças: “Disse-lhes explicitamente que isto Alguns alegam que as visões abertas ou públi-
erros em detalhes secundários, tais como da- em 1869: “Muitos que nunca a viram haviam não era preciso; que a humildade que Deus cas de Ellen White cessaram depois da meno-
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CAPÍTULO 41 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira A VERDADE
AINDA LIBERTA

pausa, o que sugeria fortemente uma ligação rária bem-sucedida. Uma rápida olhada, po- termos investido quase 30.000 dólares na rastejar e rolar pelo assoalho, dar ósculo “san-
causal entre a fisiologia e suas visões. Ela pró- rém, em seu estilo de vida pessoal, inclusive causa de Deus. Assim fizemos pouco a pouco, to” entre pessoas de sexo oposto, dar ênfase
pria indicou que sua menopausa ocorreu em sua proverbial simplicidade, suas constantes e o Senhor viu que podia confiar a nós Seus ao não trabalhar, gritar, etc., eram parte dos
1869.22 Ainda que suas visões públicas tives- doações e empréstimos (sobre direitos auto- recursos, e que não os empregaríamos para acontecimentos daquela longa noite?34
sem cessado em 1869 ou pouco tempo depois, rais futuros) e seus investimentos na educa- nós mesmos. Ele continuou nos concedendo Pouco depois de sua primeira visão em
isso podia ser mera coincidência. Contudo, ção de muitos jovens, deve evocar admira- abundantemente, e nós investindo.”31 dezembro de 1844, ela foi instruída a rela-
pessoas relataram ter presenciado visões pú- ção, e não censura.28 tar sua visão a outros, especialmente aos
Epilepsia e outro trauma físico. A acusação de
blicas em 1879, e a última em 1884, confor- Ellen White sustentava pessoalmente uma mileritas desapontados.35 Sua saúde estava
me relembrou J. N. Loughborough na assem- equipe de auxiliares. Além disso, durante que as visões de Ellen White eram provocadas
por epilepsia do lobo temporal ou crise psico- extremamente precária; fora prejudicada
bléia da Associação Geral de 1893.23 muitos anos teve que captar recursos para pela tuberculose, mal conseguia andar e es-
Não existe nenhuma evidência que dê a emprestar às editoras a fim de custear a com- motora foi examinada nas páginas 62 e 63.
Ostras. As acusações de que Ellen White tava “marcada para a sepultura”.36 Ela era
entender que as visões públicas se tornaram posição tipográfica, a confecção das chapas não apenas de natureza tímida, mas tam-
menos freqüentes por causa da menopausa; o de impressão e a ilustração de seus livros. comeu ostras foram colocadas no contexto
bém recuava da obrigação de relatar sua vi-
verdadeiro motivo foi que nos últimos anos já Quando ela morreu, estava, segundo a es- nas páginas 315 e 316.
são num tempo em que outros visionários
não era necessário um dos principais propósi- timativa da Justiça, com um “débito” de Ambivalência quanto ao comer carne na
tos das visões públicas. Por volta da década 21.201,83 dólares. Nos últimos anos de sua estavam se incorporando ao fanatismo do
maior parte de sua vida. Os princípios de saú- início de 1845.37
de 1870, os escritos de Ellen White eram am- vida, ela dedicou enorme quantidade de tem- de da Sra. White foram explicados nas pági-
plamente publicados; seu testemunho públi- po no escritório preparando novos livros e Mas ela foi – primeiro para Poland, Mai-
nas 310-317. Após suas visões sobre saúde, ne, depois para Orrington (onde posterior-
co de seu chamado divino havia sido estabe- traduzindo muitas de suas obras anteriormen- ela adotou o procedimento de evitar alimen-
lecido nas experiências de muitos milhares de te publicadas. Quando esses livros eram ven- mente se lembrou do primeiro encontro com
tos cárneos tanto quanto fosse possível. Deu Tiago White), a seguir para Garland, Exeter,
testemunhas.24 didos, os direitos autorais amortizavam o en-
dividamento com juros.29 liberdade de escolha a outros, inclusive aos Atkinson e depois voltou para casa por
Depressão de um Ano de Duração? Relacionada com as acusações de que os membros de sua própria família.32 Palmyra e Topsham. Em Exeter, na casa de
Ellen White tinha cinqüenta e quatro anos White tiraram proveito de suas publicações Israel Dammon, Ellen teve sua próxima vi-
de idade quando o marido morreu. Eles ha- está a carta de Tiago à esposa cerca de seis O Julgamento de Israel Dammon são significativa “de Jesus Se erguendo de
viam estado casados por trinta e seis anos. meses antes da morte dele: “Devemos apa- Em 17 de fevereiro de 1845, uma segunda-feira, Seu trono mediatório e dirigindo-Se para o
Raramente as pessoas casadas viviam tanto nhar alguns livros. ... Nossos assuntos finan- Israel Dammon, um dos líderes ex-mileritas, santíssimo como Noivo para receber Seu rei-
tempo juntas; raramente um casal realizava ceiros vão bem, e há riqueza em nossas penas, estava no tribunal de Dover, Maine, por per- no”.38 Esta visão foi bastante oportuna, pois
tantas coisas de valor duradouro. É com- se guardarmos distância da confusão, do cui- turbar a paz.33 O motivo fora uma reunião de ajudou alguns ex-mileritas a enxergar além
preensível, portanto, que ela tenha sentido dado e do trabalho e usarmos da pena. Desse sábado à noite (15 de fevereiro) com aproxi- de sua “espiritualização” do acontecimento
apagar-se “a luz de seu lar” quando o marido, modo, podemos deixar algo que fará notável madamente cinqüenta pessoas próximo à ci- de 22 de outubro de 1844, ou seja, a Segun-
“o cansado guerreiro”, morreu.25 No funeral, diferença quando partirmos.”30 Geralmente dade de Atkinson. Visitantes haviam ido de da Vinda não era a chegada de Jesus ao cora-
ela falou durante dez minutos sobre a espe- quando se faz referência a “riqueza em nossas ção deles e, portanto, suas experiências reli-
Exeter, Garland e Orrington, todos à procura
rança cristã.26 penas”, a última frase não é citada. giosas (fanatismo) não eram o testemunho
Ellen White ficou pesarosa e falou aberta- Os White eram generosos, e não egoístas. de algum consolo e significado para seu re-
cente desapontamento ocorrido havia apenas que confirmava a Segunda Vinda. Esses pe-
mente de sua solidão. Jamais, porém, ficou Além de suas magistrais aptidões literárias e quenos grupos foram aconselhados a não ale-
desanimada. Uma semana depois do funeral, habilidades administrativas, Tiago era um quatro meses. Ao que parece, o líder daquela
noite era Israel Dammon de Exeter, ex-capi- gorizar ou espiritualizar as grandes verdades
ela pregou durante cinqüenta minutos na perspicaz homem de negócios. Desde os pri- bíblicas. Foi-lhes dito que Deus e o Céu eram
igreja de Battle Creek “com grande clareza meiros anos, muito antes de receber salário, tão da marinha.
reais, que “o mais santo de todos” não estava
mental e potência de voz” sobre a incerteza ele provia a subsistência da crescente família Os adventistas do sétimo dia se interessam
no coração deles, mas no Céu, onde Jesus
da vida e os privilégios do cristão.27 Após e captava recursos para fundar periódicos e neste julgamento aparentemente insignifi-
agora oficiava como Sumo Sacerdote e de
descanso de alguns meses no Colorado, reas- novas instituições da igreja com depósitos cante porque, na reunião do sábado à noite,
sumiu seu extraordinário programa como es- iniciais generosos. Como? Vendendo Bíblias, onde voltaria com Seus anjos numa Segunda
encontravam-se os jovens Tiago White (23 Vinda de verdade.
critora e oradora. concordâncias e outros artigos aonde quer anos) e Ellen Harmon (17 anos). Nem Tiago
que fosse, e também comprando e vendendo Ouvir tudo isso de uma adolescente grave-
nem Ellen foi a julgamento, tampouco estive- mente enferma, a “mais fraca dos fracos”, não
Acusada de Tirar Proveito Financeiro imóveis. Ele fazia isso pela mesma razão por
ram no julgamento. Foram incidentalmente foi a princípio muito convincente para mui-
Esta acusação surgiu muito cedo no ministé- que o apóstolo Paulo fazia tendas em Corinto
rio de Ellen White e, apesar da plena trans- (Atos 18:3). mencionados pelo nome, mas não foram acusa- tos daqueles que prosperaram em suas diver-
parência através dos anos, tem voltado a re- Refletindo sobre isso em 1888, Ellen dos de qualquer dos excessos que predomina- sas interpretações das Escrituras e em suas ex-
petir-se ocasionalmente. Os críticos a julgam White escreveu: “Não me arrependo de um ram naquela noite de sábado. periências emocionais. Ellen White relem-
baseando-se no que a maior parte das outras único centavo que tenha posto na causa de O que faziam Tiago White e Ellen Har- brou: “Um pesado fardo repousava sobre
pessoas faria com relação a uma carreira lite- Deus, e assim o fizemos até eu e meu marido mon naquela reunião de Atkinson em que mim, um fardo do qual não estaria livre en-
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SEÇÃO VII
CAPÍTULO 41 O ministério profético de Ellen G. White
Como Escutar a Mensageira A VERDADE
AINDA LIBERTA

quanto não relatasse o que me havia sido os incrédulos se “perderiam”, a maioria dos gar após o desapontamento de 22 de outubro de 1844. Muito pacientemente Ele conduziu
mostrado a respeito de alguns fanáticos pre- cristãos daquele grupo teria interpretado que de 1844. Preferiu trabalhar por meio da os poucos que atenderam e se afastaram de
sentes. Declarei que eles estavam enganados isso significava que “iriam para o inferno, um “mais fraca entre os fracos” a fim de alcançar seus muitos erros, como a santidade do do-
em pensar que foram inspirados pelo Espíri- inferno a arder eternamente”. Desse registro o povo onde ele estava. Dessas experiências mingo, a posição extrema da porta-fechada, a
to de Deus. Meu testemunho era muito de- parece ficar claro que Ellen Harmon era uma ocorridas em princípios de 1845, surgiu um convicção do “não trabalhar” e os excessos
sagradável para aquelas pessoas e seus sim- jovem ganhadora de almas, procurando ob- núcleo de estudantes da Bíblia que logo per- emocionais na adoração. Sem o ensino e a in-
patizantes.”39 ter conversões após 22 de outubro de 1844. ceberam os perigos da religião dominada pe- tervenção orientadora do Espírito de Profecia
Essas reuniões do Maine foram os lugares Que aconteceu a Israel Dammon? O rela- la emoção. atuando por meio de Ellen White, fica claro
Deus começou lentamente com os poucos que o testemunho adventista da década de
específicos onde Deus havia enviado Ellen to indica que Ellen White encontrou Dam-
que não haviam descartado sua experiência 1840 teria sido bastante diferente.
Harmon, principalmente porque “esses de- mon em Garland, Maine, tempos depois.
fensores da porta fechada eram os únicos Numa carta a J. N. Loughborouh em 1874,
que a ouviriam”.40 Ela conhecia o compro- ela mencionou Dammon e referiu-se ao fana- Referências
metimento e a devoção desses mileritas de- tismo no Maine como “uma mancha terrí- 1. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 708 (Testemunhos Sele- impotentes para afetar a mente daqueles que estavam real-
sapontados que haviam manifestado seu fer- vel... sobre a causa de Deus, apegando-se ao tos, vol. 2, pág. 313). mente desejosos de saber o que é a verdade. Não duvidei por
2. W. C. White a A. G. Daniells, em 31 de dezembro de 1913, um momento que o Senhor me tinha enviado para que aque-
vor apenas pouco antes, em 1843 e 1844. nome de adventista como a lepra”. Ela des- conforme citada em Moon, W. C. White and E. G. White, las pessoas sinceras que haviam sido enganadas tivessem a
“Essas pessoas”, escreveu ela posteriormen- creveu a maneira como apresentava resolu- pág. 412. oportunidade de ver e ouvir por si mesmas que tipo de espí-
te, “eram irmãos nossos amados, e aneláva- 3. Ver pág. 144. rito possuía a mulher que fora apresentada ao público sob tão
tamente um “testemunho contra isso onde 4. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 326-329. “Se as pes- falsa luz, para tornar de nenhum efeito a verdade de Deus.” –
mos ajudá-los. Fui a suas reuniões. Havia quer que o defrontasse”. Depois se referiu a soas não estiverem bem estabelecidas com relação às visões, Carta 12, 1869, citada em Biography, vol. 2, pág. 276.
incitação, com ruído e confusão. ... Alguns Dammon e a seu grupo como estando “em não devem ser pressionadas. ... Os que não estavam habitua- 16. Everett Dick, “The Millerite Movement 1830-1845; Land,
dos às visões têm sido tratados do mesmo modo que os que ti- ed., Adventism in America, págs. 22 e 32. Ver Apêndice A.
pareciam estar em visão, e caíam por terra. erro e ilusão”. Dammon, escreveu ela, “tive- veram muita luz e experiência com respeito a elas. De alguns 17. Mensagens Escolhidas, livro 3, págs. 370 e 371.
Outros pulavam, dançavam e gritavam. De- ra as mais nítidas evidências de que as visões foi requerido que apoiassem as visões, quando não poderiam 18. Life Sketches, pág. 86.
fazê-lo de sã consciência; assim, muitas passoas sinceras fo- 19. Ver Apêndice K.
claravam que, como sua carne estivesse pu- eram de Deus. Tornou-se meu inimigo só ram levadas a assumir posicionamento contrário às visões e à 20. Carta 2, 1874, citado em MR, vol. 8, págs. 229 e 230.
rificada, achavam-se prontos para a trasla- porque apresentei um testemunho reprovan- congregação, o que nunca teria acontecido se a questão hou- 21. Manuscrito 11, 1850, citado em MR, vol. 13, págs. 299 e
vesse sido tratada com discrição e misericórdia.” – Ibidem, 300.
dação. Isto repetiam e repetiam. ... Haviam do seus erros e conduta fanática que ofende- pág. 382. J. N. Andrews escreveu em 1870 que tudo quanto 22. Carta 6, 1869, citada em MR, vol. 5, pág. 393; Biography,
levado tão longe suas fortes idéias, que se ram a causa de Deus.”43 se pedia dos candidatos a membro da igreja era que “cressem vol. 2, pág. 72.
tornavam uma ofensa à causa preciosa de na doutrina bíblica dos dons espirituais... [e] que se familiari- 23. Ver pág. 137.
zassem sinceramente com as visões da irmã White. ... E os 24. Ver págs. 125-130.
Deus. Esses se arrependeram amargamente, Não Havia Observadores que ocupassem essa posição, nunca lhes seria negado todo o 25. Carta 9, 1881, citado em MR, vol. 6, pág. 307; Biography,
e alguns deles se acharam posteriormente do Sábado em Atkinson tempo que desejassem para decidir sobre este assunto... [con- vol. 3, pág. 172.
tudo os que] tiveram oportunidade de verificar o fato, e co- 26. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 110.
entre os homens e mulheres mais fidedig- Teve a Igreja Adventista do Sétimo Dia seu nhecê-lo por si mesmos... os dons espirituais são manifesta- 27. Editorial de Uriah Smith, Review and Herald, 23 de agosto de
nos. Outros, porém, andaram depois sempre início em meio a gritos, rastejos e abraços mente uma prova que não pode ser desconsiderada, senão 1881.
com o risco de ruína eterna.” – Review and Herald, 15 de fe- 28. Ver págs. 80 e 81 para exemplos de sua simplicidade e gene-
em tristeza.”41 dos alegoristas do Segundo Advento? Defini- vereiro de 1870. rosidade.
Tal era o ambiente para essa reunião de tivamente não. Ninguém de Atkinson era 5. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 36-39. 29. Ver Nichol, Critics, págs. 516-530.
Atkinson, onde Ellen Harmon recebeu de observador do sábado, nem mesmo Ellen 6. Carta 43, 1901, citada em MR, vol. 20, pág. 307 (Testemu- 30. Carta de Tiago a Ellen White, em 7 de fevereiro de 1881.
nhos Seletos, vol. 3, pág. 237). 31. Carta 3, 1888, citada em Arthur White, Messenger to the Rem-
Deus a ordem para relatar sua primeira visão Harmon. Ninguém naquela noite entendia o 7. Manuscrito 29, 1901, citado em Sermons and Talks, vol. 2, nant, pág. 123. Escrevendo da Austrália em 1897, Ellen Whi-
de dezembro de 1844 (talvez para relatar papel de Jesus como Sumo Sacerdote. Nin- pág. 151. te declarou: “Vejo muitas coisas que devem ser feitas a fim de
8. Manuscrito 46, 1904, citado em Sermons and Talks, vol. 1, dar um pequeno início para elevar o padrão nesses novos
também sua segunda visão ocorrida poucos guém do círculo de Dammon tinha o mais le- pág. 348. campos. De todas as direções escuto clamores macedônicos
dias antes da reunião de Atkinson). Ao seu ve conceito do Tema do Grande Conflito e 9. Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 29 e 30. por ajuda: ‘Passa e ajuda-nos.’ Eu também tenho chamados
10. Ver págs. 16, 120, 173, 375, 376 e 421. para ajudar os jovens a freqüentar a escola, e também para
redor havia evidências de fanatismo. Mas as implicações disso para eles. A reunião de 11. Ver pág. 412. Mateus (27:9) atribui erroneamente uma ci- abrir escolas de ensino fundamental em diferentes lugares,
ela compareceu ali apenas para cumprir o Dammon foi constituída por mileritas desa- tação de Zacarias a Jeremias; Lucas (3:36) acrescenta um onde as crianças possam ser educadas. Este é o trabalho que
dever, e não para endossar o comportamen- pontados que não haviam abandonado a segundo Cainã à lista dos primeiros vinte patriarcas, con- precisa ser feito. Desejo fazer alguns acréscimos ao livro Chris-
flitando assim com Gên. 10:24; Estêvão em Atos 7:14 diz tian Education e depois, se a Review and Herald quiser comer-
to do grupo. doutrina bíblica do Advento, embora esti- que a família de Jacó se compunha de setenta e cinco pes- cializá-lo, podem fazê-lo pagando-me uma pequena soma de
Que concluímos da observação que Ellen vessem tateando o caminho através do ne- soas quando entrou no Egito, enquanto Gên. 46:7 registra direitos autorais, para ser investida na educação de muitos que
setenta. não podem freqüentar escola e pagar as próprias despesas. Em
Harmon fez a alguns para que fossem batiza- voeiro teológico. A única pessoa naquela 12. Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, pág. 158. Melbourne custeei as despesas de não menos que catorze. Du-
dos naquela noite ou “iriam para o inferno”? reunião de sábado à noite que possuía algu- 13. Ver pág. 376. rante o primeiro período letivo em Cooranbong, levei vários
14. Biography, vol. 2, pág. 284. à escola pagando-lhes o internato e as despesas escolares.” –
Não sabemos se esta foi a interpretação feita ma luz a respeito do plano de Deus para o fu- 15. Review and Herald, 9 de novembro de 1869. Diferentemente Carta 7a, 1897, citada em The Publishing Ministry, pág. 235.
pelos ouvintes do que ela realmente havia turo era Ellen Harmon. dos contemporâneos de Ellen White, nós não temos o privi- 32. Abrir mão do alimento cárneo foi uma luta para Ellen White.
dito, ou se ela usou essas palavras. Naquele Usando o plano que havia seguido desde légio de ir diretamente ao profeta em busca de respostas. Em A compreensão dessa luta e das circunstâncias que tornaram
1869, ela escreveu: “As mentiras motivadas por pura malícia suas resoluções mais difíceis de serem cumpridas, ajuda todos
momento, Ellen não cria no inferno como que nossos primeiros pais deixaram o jardim e inimizade, as invenções perversas proferidas e propagadas a entenderem o processo de crescimento cristão em si mes-
um lugar de “fogo eterno”.42 Se ela disse que do Éden, Deus teve que começar de algum lu- com o objetivo de destruir a proclamação da verdade, eram mos e nos outros. Ver págs. 311-317.

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SEÇÃO VII
CAPÍTULO 41
Como Escutar a Mensageira A VERDADE
AINDA LIBERTA

33. Editado por Frederick Hoyt, um relatório do julgamento, pu- 38. Carta 3, 1847, citada em Biography, vol. 1, pág. 78.
blicado primeiramente em Piscataquis Farmer, 7 de março de 39. Life Sketches, pág. 73.
1845, apareceu em Spectrum, agosto de 1987. 40. Ver Apêndice K.
34. A crença do não trabalhar não era necessariamente motiva- 41. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 34. Ver Apêndice A para
da pela preguiça. Para muitos, era a conseqüência lógica da exemplos de práticas similares em diversas igrejas durante a
crença de que Cristo havia voltado para eles pessoalmente primeira metade do século dezenove.
em 22 de outubro de 1844, e que o milênio de repouso havia 42. Life Sketches, págs. 48 e 49.
começado; assim sendo, planejar para o futuro era uma nega- 43. Carta 2, 1874, citada em MR, vol. 8, págs. 236 e 237. Uma
ção de sua fé. declaração assinada por R. S. Webber, em 9 de fevereiro de
35. Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 35; Life Sketches, págs. 69-73. Ver 1891, dizia: “Israel Damon [sic] morreu em 27 de outubro de
Apêndice K. 1886. Por algum tempo antes de sua morte ele esteve em de-
36. Biography, vol. 1, pág. 63. sespero ou num estado de desânimo, sentindo que era um ho-
37. Cinco mulheres mais William Foy eram conhecidos como vi- mem perdido, conforme o relato de alguns de seus irmãos. Ele
sionários naquele tempo e foram mencionados como tais nos dizia muitas vezes: ‘Sou um homem perdido.’” – Loughbo-
jornais. Ver Spectrum, agosto de 1987, pág. 39. rough, RPSDA, pág. 131.

Perguntas Para Estudo

1. Em que sete áreas gerais se podem classificar quase todas as acusações e críticas contra
Ellen White?

2. Que conseqüências vêm muitas vezes como resultado da má compreensão do processo de


revelação e inspiração?

3. Que tipos de equívocos os profetas cometem ocasionalmente?

4. Por que Ellen Harmon ia a reuniões onde pessoas “saltavam, dançavam e gritavam” co-
mo parte de seu culto religioso?

5. Mencione algumas áreas no trabalho da igreja bem como nos assuntos pessoais em que
o conselho de Ellen White de empregar argumentos “que suportem a mais profunda e
perscrutadora investigação” seja aplicável.

6. Discuta a acusação de que os White se beneficiaram financeiramente de sua liderança


na igreja.

7. Explique por que você nega a acusação de que os primeiros adventistas do sétimo dia per-
tenciam a grupos conhecidos por rastejar, gritar, abraçar, etc., em seus cultos religiosos.

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VII

42
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Avaliar a Crítica
de outros e as apresentou fraudulentamente antes de unir-se à equipe dela, trabalhou com
como visões de Deus do que para crer que o ela ocasionalmente como assistente literária
Espírito de Deus lhas revelou.”3 durante quase sete anos. Os arquivos contêm
Em 1880, quando a declaração de Tiago longa troca de cartas entre a Sra. White e

Crítica Sobre White foi publicada, apenas uma pequena


fração das obras de sua esposa havia sido pro-
duzida.4 Pouquíssimos eram os exemplos de
Fannie Bolton, bem como correspondências
de Fannie com outras pessoas até sua morte
em 1926.8

Relacionamentos empréstimo literário em seus escritos antes de


1880. Citar hoje a declaração de Tiago a res-
peito do empréstimo literário de Ellen White
como se ele a houvesse escrito em 1915 (o
A Srta. Bolton, uma talentosa escritora
com inclinação artística, parecia a princípio
ser a colaboradora ideal para Marian Da-
vis.9 Mas logo surgiram dificuldades. Após
Pessoais ano em que sua esposa morreu) seria cometer
flagrante injustiça.
Após a morte de Tiago, surgiram em Bat-
alguns meses, Ellen White escreveu a res-
peito de sua preocupação por Fannie: “Eu
desejo que ela se recupere desse nervosis-
“Pessoa alguma recebeu o encargo de julgar seu irmão. ‘Não julgueis’, diz o Salvador, ‘para que não tle Creek algumas questões sobre as quais mo... e para este fim ela precisa separar tem-
sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que ti- Ellen White reconheceu possuir cartas da- po para repouso do cérebro para que os ner-
verdes medido, vos medirão também.’ Aquele que arroga a si a obra de julgar e criticar os outros queles que estavam angustiados com a ma- vos não fiquem completamente desafinados
expõe-se ao mesmo grau de julgamento e crítica. Os que estão prontos a condenar seus irmãos fa- neira como funcionava o colégio. Ela tam- como nosso velho órgão. ... Quero que você
riam bem em examinar seus próprios atos e caráter.” 1 bém comparou sua situação com a de Paulo desperte para este assunto. Não seja uma
quando reagiu às circunstâncias em Corinto criatura de impulso.”10
após receber cartas de alguns de seus mem- Devido ao temperamento nervoso e in-
bros. Quando Paulo, “o inspirado apóstolo”, constante de Fannie, Ellen White resolveu

P
or vezes críticos se referem desfavora- outros? Nós indagamos: Que tempo ela teve
velmente aos contatos de Mary Clough para aprender todas essas coisas?... E onde es- escreveu seu conselho, respondeu baseado na não levá-la consigo em seus compromissos de
com a imprensa como se os White esti- tá a pessoa de habilidades superiores naturais “luz que recebera anteriormente. ... O Senhor pregação: “Fannie não é pessoa para ir comi-
vessem buscando publicidade e vantagem fi- e adquiridas que poderia ouvir a descrição de não lhe... [deu] uma nova revelação para esse go [nas viagens]. É uma carga muito pesada
nanceira para si mesmos. Mary, a jovem so- um, dois ou três mil casos, todos diferentes tempo especial.”5 para ela anotar e transcrever as palestras. Lo-
brinha da Sra. White, trabalhou com a tia um do outro, e depois escrevê-los sem torná- Quando Tiago se referiu a “suas obras pu- go que vim para cá eles lhe impuseram a res-
por quase dois anos em meados da década de los confusos, deixando toda a obra propensa a blicadas”, disse haver “muitas coisas que não ponsabilidade de produzir artigos para a revis-
1870 e, devido às suas excepcionais habilida- milhares de contradições? Se a Sra. White podem ser encontradas em outros livros. ... ta, mas depois de pouco [tempo] não pude
des editoriais, preparava os sermões de Ellen reuniu fatos a partir da mente humana em um São novas para os leitores e ouvintes mais in- consentir com isto e outra vez ela se encon-
White para os jornais. só caso, ela tem um suprimento de milhares teligentes.” Ele não reivindicou originalidade tra tão tensa que... fica exausta.”11
Num relatório sobre reuniões campais em de casos, e Deus não lhe mostrou essas coisas para todos os escritos dela (o que seria demais A debilidade nervosa de Fannie Bolton a
1876, Tiago White elogia a publicidade jor- que ela escreveu nesses testemunhos pessoais. para alguém, mesmo para os escritores bíbli- deixava “extremamente exausta” quando ela
nalística favorável “em quase todas as partes “Há em suas obras publicadas muitas coi- cos!6). Ele simplesmente dirigiu a atenção preparava algumas das cartas de reprovação
dos Estados Unidos”, publicidade que, segun- sas que não podem ser encontradas em outros para os escritos que eram originais, para aque- de Ellen White.12 Além disso, ela julgava
do ele, valia mais de dez mil dólares. Mas al- livros, e no entanto são tão claras e belas que las “gemas de pensamento” que eram “belas e poder melhorar as cartas substituindo as pa-
guns compreenderam mal a apreciação de a mente sem preconceito pode compreendê- harmoniosas e não podiam ser encontradas lavras de Ellen White pelas suas. Isso levou
Tiago. Ele não estava se referindo ao valor da las de imediato como verdade. ... Se os co- nos escritos de outras pessoas”. Tiago White Ellen White a escrever: “Penso que Fannie
publicidade pessoal de sua esposa. Declarou mentaristas e escritores teológicos em geral não era ignorante nem desonesto.7 acha que muitas de minhas expressões po-
especificamente que o que valia mais de tivessem visto essas gemas de pensamento dem ser melhoradas, e ela retira-lhes a vida e
10.000 dólares era a divulgação favorável da que tão assinaladamente impressionam a A Experiência Inconstante de Fannie Bolton a ênfase.”13
Igreja Adventista do Sétimo Dia, de sua “his- mente e elas tivessem sido impressas, todos os Não faríamos menção da deplorável história Não muito tempo depois de Fannie Bolton
tória, movimento e doutrina”.2 pastores do país as estariam lendo. ... Mas se de Francis (Fannie) E. Bolton aqui a não ser ter sido contratada (junho de 1889), W. C.
não foram publicadas nem proferidas sob a pelo fato de que os críticos ainda a empregam White, o supervisor dos assistentes de reda-
A Suposta “Dissimulação” de Tiago White forma de sermão dos púlpitos, onde a Sra. para obscurecer a integridade de Ellen White. ção de Ellen White, concluiu que Fannie po-
Tiago White é algumas vezes acusado de “dis- White as encontrou?... Ela não poderia ter Pouco depois de a Srta. Bolton, de 28 anos de dia fazer melhor seu trabalho noutro lugar:
simulação” devido à seguinte declaração feita aprendido dos livros, visto que eles não con- idade, ser batizada em princípios de 1888, ela “Creio que a irmã Fannie Bolton se acha
na edição de 1880 de Life Sketches: “Sugere a têm tais pensamentos. ... É preciso evidente- foi entusiasticamente recomendada a Ellen muito mais bem qualificada para trabalhar
incredulidade que aquilo que ela escreve em mente cem vezes mais credulidade para se White para emprego. Se bem que ela soubes- numa revista como o Pacific Health Journal,
seus testemunhos pessoais foi aprendido de crer que a Sra. White aprendeu essas coisas se relativamente pouco sobre a Sra. White pois teria ali mais ocasião para obra original,
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SEÇÃO VII
CAPÍTULO 42 O ministério profético de Ellen G. White
Como Avaliar a Crítica CRÍTICAS SOBRE
RELACIONAMENTOS PESSOAIS

que não exigiria a exatidão que nossa obra na jaziam no fundo de sua “experiência espas- outros. ... Ao modificá-los, você não os me- Quando Marian Davis soube dessas afir-
revista Signs exige.”14 módica e ruidosa”?20 lhorou, mas os enfraqueceu e diluiu com suas mações disparatadas de Fannie, escreveu a
Foi Fannie Bolton cuidadosamente instruí- Numa carta de 1895 endereçada ao Dr. J. supostas idéias brilhantes.”26 G. A. Irwin, presidente da Associação Ge-
da quanto a sua função como assistente? Esta- H. Kellogg, a Sra. White escreveu a respeito Escrevendo ao Dr. J. H. Kellogg, declarou: ral: “Tem-se a informação de que uma das
va familiarizada com a maneira como os pro- de Fannie: “Ela tem um temperamento que “[Fannie] diz que meus escritos precisam ser ex-obreiras da irmã White [Fannie Bolton]
fetas recebem revelações divinas? Trabalhava em um momento está nas nuvens e no se- desmontados e remontados em outro estilo. foi incumbida de escrever um testemunho
a partir de um antecedente de inspiração ver- guinte, nas profundidades, na proporção da Se isso for verdade, quanto mais cedo eu de- destinado a um destacado cavalheiro de
bal em vez de inspiração do pensamento? altura em que estava.”21 por a pena melhor. O poder da imaginação é
Em 1933, W. C. White e D. E. Robinson Segundo Fannie confessou abertamente Battle Creek [A. R. Henry] ou que ela lhe
bom, mas quando leva à fadiga nervosa, não deu matéria para ele, instruindo-a a com-
(outro supervisor editorial) recapitularam a (1892), “lamento a dureza do meu coração
maneira como foi ela instruída, enfatizando em centralizar por tanto tempo meus pensa- me interessa que isso seja misturado com mi- pletar os pontos em branco, de modo que o
que “só se deviam usar os pensamentos da mentos em minha própria pessoa e olhar de nha obra.”27 testemunho era, por assim dizer, obra da as-
Sra. White” e somente “as próprias palavras maneira crítica para os outros”.22 Parte de sua Depois que Fannie Bolton voltou para sistente.
dela tanto quanto fossem gramaticalmente crítica era que Ellen White tomava todos os Battle Creek, o Dr. Kellogg escreveu em “Não consigo imaginar como alguém que
coerentes em expressar esses pensamentos.”15 créditos pelos livros e artigos dela, “quando 1897: “A Srta. Bolton parece fraca e encon- tenha estado ligada à obra da irmã White
Preparar para impressão os originais de ou- os que trabalhavam na matéria não eram re- tra-se extremamente nervosa e histérica. possa fazer uma afirmação como esta. Não
tra pessoa era um desafio prazeroso para Ma- conhecidos... que as idéias [de Fannie] foram Ela redigiu algumas coisas para mim, mas consigo imaginar como alguém que conhece
rian Davis,16 mas não para Fannie. Logo lhe postas nos livros e revistas, mas foram perdi- não pude aproveitá-las. O que ela escreve a maneira de escrever da irmã White possa
veio o pensamento de estar enterrando o pró- dos de vista”.23 Suas exageradas reivindica- parece revelar o caráter histérico e nervoso acreditar numa coisa dessas. ... Por mais de
prio talento ao editorar materiais alheios, e ções de quanto ela havia “melhorado” os ori- que exibe em suas maneiras. Acho que ela vinte anos tenho trabalhado com a irmã
assim ela foi liberada em 1891 para fazer o ginais com suas próprias palavras tornaram-se está doente.”28
curso superior em Ann Arbor, Michigan.17 proverbiais na Austrália. O lançamento des- White. Durante esse tempo, nunca fui solici-
A Sra. S. M. I. Henry, líder de temperan- tada a escrever um testemunho a partir de
Pouco depois de ter sido liberada, Fannie es- sas sementes de inverdade criou discórdia e ça nacionalmente conhecida e convertida à
creveu uma carta cordial e afetuosa a Ellen desassossego, até mesmo entre os que estima- instrução oral nem completar partes em
fé adventista,29 escreveu a Ellen White em branco de matéria já escrita. ... Com base no
White, que dizia: “Prezada irmã White, per- vam profundamente os escritos de Ellen
1898 sobre sua velha amiga Fannie Bolton: meu próprio conhecimento do trabalho bem
doe-me [por] tudo. Sei que a irmã o fará. Eu a White. Colocou em perigo a legitimidade e a
“Ela sempre foi obstinada e impetuosa, e nun-
amo, e lhe sou grata por todos os seus atos de integridade do ministério da Sra. White.24 como das próprias declarações da irmã Whi-
amor para comigo.”18 A sede de Fannie por reconhecimento e ca houve nenhum tipo de instrução que a
te, tenho as mais fortes razões para descrer
Cinco vezes Ellen White suportou esse pa- aprovação levou-a a divulgar muitas informa- ajudasse a corrigir essas coisas, pois cresceram
que tal coisa tenha sido feita.”32
drão de confrontação e a confissão de Fannie ções falsas sobre a maneira como os artigos e com ela. ... Receio algumas vezes, conforme
No começo da primavera, em 1901, a
de representá-la incorretamente, até que livros de Ellen White eram preparados. Num você mesma se expressa, que a mente dela
Srta. Bolton escreveu uma confissão públi-
Fannie finalmente deixou o emprego da Sra. tempo em que poucas pessoas pareciam capa- não esteja devidamente equilibrada nestes úl-
ca aos “irmãos na verdade”, na qual reco-
White em maio de 1896. Em sua viagem ma- zes de entender a diferença entre inspiração timos anos.”30
nhecia sua errônea compreensão do propó-
rítima da Austrália para os Estados Unidos, verbal e inspiração do pensamento, informa-
Fannie escreveu: “Sei que suas orações me ções desorientadoras vindas de “dentro” bei- Falsas Reivindicações de Fannie Bolton sito do ministério profético da Sra. White,
acompanharão. Agradeço-lhe mais uma vez a ravam à traição.25 Por volta de 1900, Fannie Bolton se conven- e a “obra mortífera” que suas críticas ha-
paciência, bondade e misericórdia demons- Os problemas de Fannie, fora sua disposi- cera de que possuía o dom de profecia e cria- viam provocado.33
tradas para comigo. Volto para casa com o co- ção nervosa e caprichosa e o desejo de reco- ra “algo sensacional” em Battle Creek. Du- Os últimos anos de Fannie Bolton foram
ração mais leve depois disto.”19 nhecimento, tinham sua origem no trata- rante esse período, ela voltou a seus cami- deploráveis. Ela é mencionada como afir-
mento que dava aos escritos de Ellen White nhos malignos (sem dúvida, isso se devia, em mando ter escrito o livro “Caminho a Cris-
As Debilidades de Fannie Bolton como se fosse apenas um empreendimento li- parte, à sua mente desequilibrada, conhecida to sem qualquer ditado ou assistência da
Que concluiremos de tudo isso? Por um lado, terário. A Sra. White escreveu-lhe em 1894: daqueles que com ela estavam familiariza- Sra. White. Foi criação sua, totalmente
muitas cartas de Ellen White revelam tanto “Em sua mente [meus escritos] são com mui- sua, mas foi publicado como produção da
dos) e contou como anos antes havia escrito
paciência como preocupação pelo bem-estar ta freqüência postos no mesmo nível das coi- Sra. White”.34 Sua pretensão era inteira-
de Fannie. Por outro lado, a documentação sas comuns. Contudo, as idéias, as palavras e testemunhos para o povo, como o que foi en-
viado a A. R. Henry, seguindo apenas alguns mente falsa.
indica que Ellen White não evitou o con- expressões que lhe parecem um tanto inferior
pontos de Ellen White. Além disso, “falou Fannie Bolton foi internada no Hospital
fronto quando as falsas representações de e que você considera não essencial podem ser
Fannie se tornaram patentes. Lamentavel- exatamente aquelas que precisam aparecer um tanto desdenhosamente” sobre O Deseja- Estadual de Kalamazoo em fevereiro de 1911,
mente, as confissões de Fannie, por mais sin- como são, em sua simplicidade. ... Os escritos do de Todas as Nações, dizendo: “Vocês sabem recebeu alta um ano mais tarde e foi interna-
ceras e francas que fossem, não conseguiram postos em suas mãos, você os manuseou como que Marian Davis escreveu a maior parte da novamente em outubro de 1924 por mais
corrigir-lhes as debilidades. um assunto comum, e muitas vezes falou de- desse livro, e que eu também escrevi uma um ano. Morreu em Battle Creek, Michigan, em
Quais eram as debilidades de Fannie que les de maneira a depreciá-los na estima dos porção dele?”31 28 de junho de 1926. No funeral, entoou-se o
480 481
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VII
CAPÍTULO 42 O ministério profético de Ellen G. White
Como Avaliar a Crítica CRÍTICAS SOBRE
RELACIONAMENTOS PESSOAIS

hino predileto de Fannie Bolton: “Não Eu, freqüentemente que outras pessoas além dos muitas mentes”.45 Alguns supunham que na imaginação de alguns que têm estado se-
Mas Cristo.”35 grupos envolvidos tenham a oportunidade Ellen White usou esta visão como desculpa pa- meando joio.”48
de ler cartas delicadas entre dois velhos ami- ra não cumprir seus compromissos anteriores.
Influenciada por Outros? gos, dois amigos em desacordo, como temos Os fatos mostram que três quartos das car- Áreas de Preocupação Envolvendo Arquivos
Durante todo o seu ministério, Ellen White ao ler a correspondência entre Ellen White e tas escritas entre abril e outubro de 1906 foram dos Escritos de Ellen White
teve que contender com aqueles que insis- Uriah Smith. escritas depois da visão de 25 de maio. Ellen O Arquivo “Z”. No cofre do Patrimônio Lite-
tiam em que ela refletia as fofocas e precon- White e seus assistentes responderam às per- rário White, há 120 gavetas de arquivo con-
ceitos de outros, e não a revelação divina. Resposta às Perguntas dos Médicos em 1906 guntas que podiam ser respondidas com infor- tendo cerca de 50.000 páginas de documen-
Enquanto seu marido ainda vivia, os inimi- Em sua maior parte, esta interessante acusa- mações objetivas; ela não prometeu que res- tos datilografados. Durante várias décadas,
gos dela o acusavam de ser a influência do- ção é contrária ao fato; o resto da acusação é ponderia a todas as perguntas. Ela respondeu duas dessas gavetas foram geralmente referi-
minante sobre ela.36 Depois que ele morreu, equívoco. Em 30 de março de 1906, durante algumas, e suas assistentes, outras. Em respos- das como arquivo “Z”. Embora acessíveis aos
o filho e conselheiro dela, W. C. White, foi um turbulento período em Battle Creek, o ta ao Dr. Charles Stewart, W. C. White escre- pesquisadores responsáveis, esses documentos
muitas vezes acusado – até mesmo por seu ir- veu: “Mas essa porção do documento endere- ficaram segregados do arquivo geral para lem-
Dr. J. H. Kellogg e A. T. Jones arregimenta-
mão Edson – de exercer uma influência çada a ela, que toma a forma de um ataque brar ao corpo administrativo que eles trata-
ram suas forças contra a liderança da igreja e,
imprópria.37 contra sua integridade e obra, ela pedirá a seus vam de assuntos pessoais específicos.
por tabela, contra Ellen White. A Sra. White Através dos anos, W. C. White e, tempos
Ellen White rebateu essas acusações, re- irmãos para responder, porque durante muitos
escreveu uma carta endereçada “Aos que Es- anos ela foi instruída de que não faz parte de depois, Arthur L. White colocaram no arqui-
conhecendo o “desagradável dever” de “re- tão Perplexos com os Testemunhos a Respei-
provar erros”, mas que era “compelida pelo sua obra legítima responder numerosos e vio- vo “Z” materiais extremamente delicados, co-
to da Obra Médico-Missionária”. A carta foi lentos ataques que contra ela foram dirigidos mo referências a adultérios e/ou outros episó-
Espírito de Deus”, e não por outros seres hu- dirigida especificamente aos Drs. J. H. Kel-
manos.38 por seus críticos e inimigos de sua obra.”46 dios difíceis, com potencial para embaraçar
logg, David Paulson e W. S. Sadler, aos Pas- Além disso, algumas perguntas jamais po- determinados indivíduos vivos e membros da
tores A. T. Jones, G. C. Tenney e Taylor, ao deriam ser respondidas de modo a conven- família. Ellen White advertiu em diversas oca-
Lutas de Uriah Smith
Juiz Jesse Arthur e a quase uma dúzia de ou- cer satisfatoriamente a todos. Algumas per- siões contra publicar as deficiências alheias,
Em 1855, com a idade de 23 anos, Uriah
tros. “Fui dirigida pelo Senhor”, escreveu ela, guntas eram “frívolas”, outras eram “impres- especialmente dos líderes da obra: “O Senhor,
Smith tornou-se editor da revista da igreja.
“a pedir a eles e a quaisquer outros que este- táveis”. Ellen White apelou aos “pastores da mediante Seu poder [pelos escritos dela], reve-
Seu nome permaneceu no expediente edito-
jam perplexos e aflitos a respeito dos testemu- igreja de Battle Creek” para olharem além lou os equívocos e erros que os irmãos estavam
rial até sua morte em 1903. Com exceção dos
nhos que tenho apresentado para especificar dos aspectos humanos de seus escritos; para cometendo, e essas pessoas que possuíam sin-
White, não muitos exerceram maior influên-
quais são suas objeções e críticas. O Senhor a mensagem, para o conteúdo, e não para o cero amor a Deus abriram a mente e o coração
cia do que Uriah Smith no desenvolvimento
me ajudará a responder a essas objeções, e a recipiente.47 para receber a luz enviada pelo Senhor, que
do pensamento adventista. Em duas ocasiões
tornar claro o que parece confuso.”41 “Em resposta à obra do inimigo na men- lhes perdoou os erros e, por Sua grande miseri-
específicas, ele recebeu de Ellen White ad-
As perguntas que chegaram eram, na sua te humana”, escreveu ela, “devo lançar a córdia, lançou seus erros e faltas nas profunde-
vertências e solicitações para mudar de pen- zas do mar. Ora, se foi Deus quem cobriu os er-
maioria, sinceras.42 Muitas delas foram moti- boa semente. ... Mas aqueles que criticam
samento e atitudes. A primeira ocorreu em assuntos insignificantes fariam melhor edu- ros deles, quem terá a presunção de descobri-
1882, quando ele era presidente do conselho vadas por uma compreensão falha da inspira-
ção, por esperarem de Ellen White mais do cando a mente e o coração para compreen- los e apresentá-los ao mundo? Quem recebeu
do Battle Creek College.39 A segunda cir- der as verdades grandiosas e salvíficas que autorização para apresentar ao mundo os esco-
cunstância que exigiu intervenção direta da que dos escritores bíblicos.43
Como a Sra. White e sua equipe reagiram? Deus nos concedeu por meio desta humilde lhidos de Deus, os filhos adotados, vestidos
Sra. White foi seu relacionamento combati- mensageira, em vez de se tornarem condu- com vestes de trevas?”49
vo contra A. T. Jones e E. J. Waggoner e as Entre abril e outubro de 1906, ela escreveu
tos pelos quais Satanás pode comunicar dú- Ellen White conhecia muito bem os pro-
apresentações deles na assembléia da Asso- mais de trinta cartas tratando das perguntas
vida e questionamento. Permitir que ima- blemas de informação incorreta causados por
ciação Geral de 1888. que lhe haviam sido enviadas. Além dessas car- referências retiradas do contexto.50 Ela fez o
gens de palha sejam criadas como algo para
Esse líder da igreja geralmente piedoso te- tas, foram publicados na revista da igreja qua- atacar é uma das coisas mais sem proveito melhor que pôde para proteger os que haviam
ve problemas com esses jovens e eloqüentes tro artigos relacionados com essas perguntas.44 em que alguém pode empenhar-se. É possí- sido falsamente acusados ou denegridos. Nu-
editores da Costa Oeste. Quando Ellen White Acompanhando a acusação de que ela vel alguém educar-se para tornar-se agente ma carta endereçada a destacado pastor, ela
os apoiou, Smith ficou confuso. Embora ele quebrara a “promessa” de “responder a essas de Satanás ao passar de um para outro suas expôs o problema claramente: “É possível re-
nunca se haja rendido inteiramente à ênfase objeções”, estava a citação de outra visão re- sugestões. Assim que uma sugestão é remo- latar aquilo que aconteceu em conexão com
na justificação pela fé conforme apresentada cebida em 25 de maio de 1906, na qual ela foi vida, outra será proposta. ... Tenho escrito a experiência passada do povo de Deus e
em 1888 nem o que ele pensava ser uma mu- orientada por um mensageiro celestial a não algo sobre o significado das palavras ‘eu’, apresentá-lo de tal modo que sua experiência
dança de posição sobre a “lei” em Gálatas, se preocupar em encontrar e responder todas ‘nós’ e ‘nos’ nos Testemunhos. Este ponto, assuma um aspecto ridículo e censurável.
adotou uma atitude resignada.40 Não ocorre as afirmações e dúvidas que foram postas em como se fosse um espantalho, está instalado Não é correto tomar certos aspectos da obra
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SEÇÃO VII
CAPÍTULO 42 O ministério profético de Ellen G. White
Como Avaliar a Crítica CRÍTICAS SOBRE
RELACIONAMENTOS PESSOAIS
quanto da Sra. White. Referindo-se ao dano provocado por que usou essas cartas em seu futuro ataque contra Ellen White.
e separá-los do grande todo. Desse modo po- irmãos, Deus responsabilizará por um pecado suas críticas, ela admite: “A influência do que eu havia con- Ver Eugene F. Durand, Yours in the Blessed Hope, Uriah Smith
tado a outros... começou sua obra mortífera. Certo pastor dei- (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa-
de ser apresentada uma mistura da verdade e de maior magnitude do que responsabilizará xou a verdade e espalhou por toda parte minhas palavras de tion, 1980), págs. 286-288.
do erro.” aquele que dá um passo errado.”51 informação, trazendo [sic] grande prova aos irmãos australia- 40. Ibidem, págs. 252-269.
Continuando a carta, ela escreveu: “Você A Comissão de Depositários do Patrimô- nos. ... Esta obra a fiz no meio de meus irmãos e entre alguns 41. Carta 120, 1906, citada em Biography, vol. 6, pág. 90; ver
estranhos; mas Deus finalmente me encontrou numa condi- págs. 89-103 para um estudo contextual deste período.
tornou públicos os erros e defeitos do povo de nio Literário White votou em 1987 desconti- ção em que Ele podia revelar o verdadeiro princípio sobre o 42. Para uma recapitulação de algumas dessas perguntas, ver ibi-
Deus, desonrando assim a Deus e a Jesus Cris- nuar este arquivo “Z” e incluir todo o seu qual Sua obra permanece vindicada e infalível e que elimina dem, págs. 92-103.
todas as minhas objeções, esclarece minhas dificuldades e me 43. Ver págs. 16, 120, 173, 375, 376 e 421 para problemas que
to. Eu preferiria perder meu braço direito a conteúdo no arquivo regular. Tomaram esta dá um novo dom pelo qual louvo Seu glorioso e extra- surgem quando o conceito da inspiração verbal domina o
dar ao mundo o que você escreveu. ... Você decisão à luz do clima atual de pesquisa e a ordinário nome. Desejo agora fazer toda reparação possível, estudo dos escritos inspirados. Ellen White, por exemplo,
apenas deu uma idéia parcial; pois não apre- passagem do tempo em relação às principais neutralizando a influência que disseminei. ... Devo dizer que escreveu ao jovem Dr. Paulson a respeito de sua compreen-
eu estava enganada a respeito de mim mesma. Não sabia sob são errônea da maneira como funciona a inspiração divina
sentou o fato de que o poder de Deus atuou pessoas mencionadas no arquivo. Além disso, que domínio estava. Fiz o que fiz por ignorância e increduli- nos escritos do profeta. Ver Mensagens Escolhidas, livro 1,
em conexão com os esforços deles, embora os Depositários votaram publicar toda a cor- dade.” – “The Fannie Bolton Story”, págs. 102-106. págs. 24 e 25.
tenham cometido alguns erros. ... Aqueles respondência disponível de Ellen White num 34. The Gathering Call, setembro de 1932, págs. 20 e 21. Para 44. Review and Herald, 26 de julho, 9 e 30 de agosto, 6 de setem-
um exame desta acusação, ver Nichol, Ellen G. White and bro de 1906; informação fornecida por Tim Poirier, Patrimô-
que insensatamente expõem as faltas de seus CD-ROM. Her Critics, págs. 481-485. Ver págs. 444 e 445 para o histó- nio Literário White.
rico do preparo do livro Caminho a Cristo, observando que 45. Manuscrito 61, 1906, citado na Coleção de Paulson, págs.
parte do texto foi escrita antes de a Srta. Bolton unir-se à 66-68.
Referências equipe da Sra. White. 46. Carta de W. C. White a C. E. Stewart, em 9 de junho de
35. Review and Herald, 5 de agosto de 1926. 1907. Arquivo de corrspondência do Patrimônio Literário
1. Christian Leadership, pág. 59. dela tanto quanto fossem gramaticalmente coerentes para 36. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 26. White.
2. Review and Herald, 19 de outubro de 1876. expressar esses pensamentos. Em caso algum o copista tinha 37. Ver Biography, vol. 5, pág. 335. 47. Ver págs. 26 e 518.
3. Life Sketches (edição de 1880), págs. 325-329. Por alguma ra- o direito de introduzir pensamentos não encontrados nos ori- 38. “Deus julgou conveniente revelar-me os segredos da vida ínti- 48. Carta 244, 1906, citada em MR, vol. 12, págs. 87 e 88. Ellen
zão, quando Life Sketches foi reimpresso em 1888, a declara- ginais da Sra. White.” – Biography, vol. 4, págs. 238 e 239. ma e os pecados ocultos de Seu povo. Fui encarregada do de- White respondeu a esta pergunta a respeito do emprego oca-
ção de Tiago White foi omitida. 16. Ver pág. 116. sagradável dever de reprovar erros e revelar pecados encober- sional de “eu”, “nós” e “nos” em seus escritos (alguns fazendo
4. Em 1880, as obras mais importantes de Ellen White abran- 17. “The Fannie Bolton Story”, pág. 29. tos. Quando sou compelida pelo Espírito de Deus a reprovar supor que outros a estavam influenciando) numa carta reme-
giam Testemunhos Para a Igreja, 1-29 (conhecidos hoje como 18. Ibidem, págs. 2 e 3. pecados cuja existência outros ignoravam, despertam-se os tida ao Dr. C. E. Stewart em 13 de junho de 1906. Ver Spal-
Testemunhos Para a Igreja, vol. 1 e a maior parte do volume 19. Ibidem, pág. 71. sentimentos naturais no coração dos não santificados. ... Al- ding e Magan, Unpublished Manuscript Testimonies (Graham,
2), Spiritual Gifts, vols. 1-4; e Spirit of Prophecy, vols. 1-3. Tia- 20. Ibidem, pág. 53. guns são propensos a perguntar: ‘Quem contou estas coisas pa- WA: Cornerstone Publishing, 1992), págs. 467-470.
go White, em 1880, estimou que sua esposa tinha “cinco mil 21. Ibidem, pág. 59. ra a irmã White?’ Eles até me têm lançado a pergunta: ‘Al- 49. Manuscrito 27, 1894, citado em MR, vol. 5, págs. 286 e 287.
páginas de escritos no campo”. Hoje, suas obras publicadas 22. Ibidem, pág. 5. guém lhe disse essas coisas?’ Pude responder-lhes: ‘Sim; sim, o Nesse mesmo manuscrito de 1894, ela também escreveu: “Pa-
totalizam mais de 20.000 páginas, mais milhares de artigos 23. Ibidem, págs. 23 e 29 anjo de Deus me falou.’ ... No futuro, não depreciarei os teste- rece apropriado que homens finitos, que têm o benefício de sua
periódicos, além dos milhares de páginas adicionais na forma 24. Muitas foram as confisões de Fannie a respeito do espalhar munhos que Deus me deu, fazendo explanações para tentar sa- experiência a fim de poderem ser capazes de evitar os equívo-
de cartas e manuscritos. dúvidas sobre a integridade dos escritos de Ellen White. Nu- tisfazer essas mentes tacanhas, mas considerarei todas essas cos e falhas que possam ter cometido e tenham tido a bênção
5. Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 65. ma longa carta escrita em 1897, em Battle Creek, ela escre- perguntas como um insulto ao Espírito de Deus. ... Ele pôs so- da iluminação divina que esses escolhidos homens de Deus re-
6. Ver págs. 378, 379 e 413. veu: “Os testemunhos passoais que pareciam tão severos, tão bre mim fardos de repreensão que não tem dado a nenhum ou- ceberam para que fossem capacitados a vencer pelo sangue do
7. Ver “Did James White Attempt a ‘Cover-up’ of Ellen Whi- cruéis e tão faltos do espírito de Cristo, parecem agora os tro indivíduo.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 314 e Cordeiro e a palavra do seu testemunho, apresentem os santos
te’s Literary Borrowing?”, de Tim Poirier – Documento do mais bondosos e amoráveis. Pensar que Deus escreve para 315 (Mensagens Escolhidas, vol. 3, págs. 62 e 63); ver também de Deus como vestidos de vestes sujas? Não o permita Deus.”
Patrimônio Literário White, 15 de agosto de 1985. mim por seu intermédio... palavras não conseguem expressar ibidem, vol. 5, págs. 65, 683-687. Para um exame de muitas des- 50. Ver págs. 394-405.
8. “The Fannie Bolton Story – A Collection of Source Docu- minha gratidão. Esse testemunho que eu achava cruel é meu sas acusações de que Ellen White foi influenciada por outros 51. MR, vol. 5, págs. 283-286. Ver Carta 32, 1901, citada em
ments” (atualizado em março de 1990), Patrimônio Literário tesouro. Por que persisti em ser tão cega durante tanto tem- em seus testemunhos, ver Nichol, Critics, págs. 487-515. Biography, vol. 5, pág. 48.
White, Washington, D.C. po?... Eu pretendia contar a verdade; mas a dúvida, a suspei- 39. Smith compartilhava suas frustrações com D. M. Canright,
9. Ver pág. 110. ta, o exagero de suas falhas literárias e as excelências literá-
10. Carta 76, 1888, “The Fannie Bolton Story”, pág. 1. rias de seus editores fizeram-me deixar uma falsa impressão,
11. Carta 66, 1889, ibidem, pág. 2. por causa de minha falsa, mas para mim real, concepção do
12. Ibidem, pág. 8. assunto. ... Quanto ao testemunho que você me enviou a res-
Perguntas Para Estudo
13. Ibidem, págs. 8 e 9. peito de meus sentimentos, faltas, erros e ignorância de mi-
14. Ibidem, pág. 2. nha atitude, admito que é verdade, verdade até a medula dos 1. Qual era a descrição da função de Fannie Bolton quando trabalhou para Ellen White?
15. “Explicou-se à Srta. Bolton, assim como se esclareceu aos ossos.” – Ibidem, págs. 83, 85 e 86.
outros obreiros que tomavam parte no trabalho de copiar e 25. Fannie Bolton falou posteriormente, em 1901, de sua dissi-
corrigir os escritos da Sra. White para publicação, que as ma- mulação como “minha rebelião”. – Ibidem, pág. 103. 2. Quais os problemas teológicos de Uriah Smith em fins da década de 1880?
térias reveladas à Sra. White em visão não eram uma narra- 26. Ibidem, págs. 20 e 21.
tiva palavra por palavra dos acontecimentos com suas lições, 27. Ibidem, pág. 59. 3. Como Ellen White e sua equipe responderam às perguntas feitas por determinados líde-
mas eram geralmente instantâneos ou vistas panorâmicas de 28. Ibidem, pág. 73.
diversas cenas nas experiências humanas, algumas vezes no 29. Ibidem, págs. 409 e 517. res de Battle Creek aliados do Dr. Kellogg em 1906?
passado e algumas vezes no futuro, junto com as lições liga- 30. Ibidem, pág. 89.
das a essas experiências. ... 31. Ibidem, págs. 90 e 91. 4. Que quer dizer Arquivo “Z”?
“A Srta. Bolton foi informada que as coisas reveladas à 32. Ibidem, pág. 91. A palavra-chave aqui é “testemunho”. Cer-
Sra. White eram algumas vezes escritas imediatamente após ta vez, quando estava doente, a Sra. White disse a Marian o
a visão e que outras coisas não eram comentadas nem escri- que escrever a respeito da lei em Gálatas, e então assinou a 5. Mencione as considerações que levaram o Patrimônio Literário White a criar o Arqui-
tas senão muito tempo depois. ... carta. vo “Z”. Avalie essas preocupações.
“Nos casos onde os parágrafos e frases perdiam parte de 33. Qualquer interessado no exame criterioso da relação da Srta.
seu vigor por serem mal organizados, as secretárias da Sra. Bolton com Ellen White deve ler toda a sua declaração de
White recebiam instruções para fazer transposições e omitir confissão. Às vezes, algumas pessoas têm retirado parágrafos 6. Como você rebateria a acusação de que Tiago White “dissimulou” o fato de Ellen White
as redundâncias óbvias no preparo da matéria para a impres- desta confissão para desafiar as próprias declarações da Sra.
são. ... Enfatizou-se que somente os pensamentos da Sra. White a respeito de seu relacionamento com Fannie. Ao agi-
usar escritos de outras pessoas?
White deviam ser empregados, e também as próprias palavras rem assim, dão uma impressão falsa tanto de Fannie Bolton

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SEÇÃO VII

43
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Avaliar a Crítica
A visão que ela teve em 4 de janeiro de ficamente, mas do mundo em geral. Comen-
1862 em Battle Creek, Michigan, forneceu à tando posteriormente sobre a guerra, ela es-
jovem Igreja Adventista do Sétimo Dia con- creveu: “Tudo está se preparando para o gran-
texto e vislumbres adicionais a respeito do de dia de Deus. O tempo durará um pouco

Predições e Observações terrível conflito e seu iminente custo em vi-


das e em recursos – uma representação que
nenhuma outra pessoa possuía àquela altura.8
Por causa dessas percepções que Deus lhe
mais até que os habitantes da Terra tenham
enchido a medida de sua iniqüidade, e então
a ira de Deus, que por tanto tempo tem esta-
do dormitando, se despertará, e esta terra de

Científicas dera, Ellen White foi acusada de ser contra


Lincoln pelo fato de ele, nos primeiros
anos, estar mais preocupado em preservar a
luz beberá da taça de Sua ira sem mistura.”12

O Tempo é Curto
“Em suas mensagens aos homens, os anjos de Deus apresentam o tempo como sendo muito breve. União do que em abolir a escravatura. Em Ellen White tinha a mesma urgência que
Assim me tem sempre sido apresentado. Verdade é que o tempo se tem prolongado além do que es- virtude dos jejuns nacionais proclamados compeliu os escritores do Novo Testamento a
perávamos nos primitivos dias desta mensagem. Nosso Salvador não apareceu tão breve como espe- para invocar o auxílio divino em favor do dizer: “Conhecendo o tempo, que já é hora
rávamos. Falhou, porém, a Palavra de Deus? Absolutamente! Cumpre lembrar que as promessas e Norte, quando eles estavam mais preocupa- de despertarmos do sono. ... A noite é passa-
as ameaças de Deus são igualmente condicionais.”1 dos com a rebelião contra a União do que da, e o dia é chegado” (Rom. 13:11 e 12);
como a nefanda economia escravocrata, “porque, ainda dentro de pouco tempo,
Ellen White qualificou esses apelos ao Céu Aquele que vem virá e não tardará” (Heb.

U
ma das provas bíblicas de um profeta (1861-1865), declarações falsas ou não con- como “detestáveis”.9 10:37, citando Hab. 2:3 e 4); e o próprio Je-
é: “Porém o profeta que presumir de firmadas.5 Quando comparadas, porém, com Outras acusações foram retiradas do con- sus a dizer para João: “Certamente, venho
falar alguma palavra em Meu nome, cuidadosos historiadores daquele período, os texto e feitas parecer contrárias ao fato. Ob- sem demora.” Apoc. 22:20.
que Eu lhe não mandei falar, ou o que falar comentários dela mantêm-se hoje não so- serve, por exemplo, a referência a uma supos- Mas desde 1844 a urgência tem tido uma
em nome de outros deuses, esse profeta será mente como relevantes, mas também como ta profecia não cumprida a respeito da Ingla- nova estrutura temporal. Desde 1844, Cris-
morto. Se disseres no teu coração: Como co- exatos. Desde os primeiros dias do conflito, terra: “Quando a Inglaterra declarar guerra, to podia ter voltado dentro da geração que
nhecerei a palavra que o Senhor não falou? ela viu claramente os planos secretos por de- todas as nações terão interesses próprios a viu os sinais celestiais e que compreendeu o
Sabe que, quando esse profeta falar em nome trás das ditas causas ou objetivos do Norte.
atender, haverá guerra e confusão totais.”10 impacto do ministério de Cristo no Lugar
do Senhor, e a palavra dele se não cumprir, Pouco depois de a Carolina do Sul sepa-
nem suceder, como profetizou, esta é palavra rar-se da União em 20 de dezembro de 1860, Quando esta frase é lida no contexto, inseri- Santíssimo como a fase final de Sua obra in-
que o Senhor não disse; com soberba, a falou antes mesmo de os primeiros tiros serem dis- da no mesmo parágrafo em que se encontram tercessora.13
o tal profeta; não tenhas temor dele.” Deut. parados, Ellen White teve uma visão em todas as outras afirmações condicionais a res- De 1845 em diante, Ellen White passou a
18:20-22. Por outro lado, a capacidade de Parkville, Michigan, em 12 de janeiro de peito da Inglaterra, o sentido muda de uma aconselhar veementemente contra a marca-
fazer predições não é necessariamente uma 1861. Durante os meses seguintes, ela regis- predição para uma possibilidade. “Se a Ingla- ção de datas – um costume que alguns adven-
prova das credenciais de um profeta.2 Por trou por escrito uma constante análise dos terra declarar guerra. ...” tistas mileritas continuaram a praticar após
exemplo, Moisés no Antigo Testamento e motivos e intriga que caracterizavam tanto Na página anterior, Ellen White usou a 1844, inclusive José Bates até 1851. Apesar
João Batista no Novo Testamento não são os líderes sulistas quanto os nortistas. No mesma construção gramatical: “Quando nos- disso, o tempo sempre lhe fora apresentado
conhecidos por suas predições. início daquele ano, foi-lhe mostrado a inge- so país observar o jejum que Deus escolheu, como “quase findo”.14
A palavra profeta sugere às mentes moder- nuidade do Norte, a rápida coalizão dos Es- então Ele aceitará suas orações. ...” A Sra. Uma acusação tem sido a de que em 1850
nas a capacidade de fazer predições. Ellen tados do Sul e a “terrível guerra” decorrente White não estava fazendo uma predição, mas ela insistia que Jesus voltaria “dentro de pou-
White nunca afirmou ser profetisa, visto que disto, e o grave fato de que famílias presen- uma afirmação condicional. Este uso do cos meses”. A ênfase do parágrafo é sobre a
sua obra “inclui muito mais do que a palavra tes naquela reunião de Parkville perderiam “when” [quando] pelo “if” [se] é prática co- preparação do caráter para a crise dos últimos
‘profeta’ significa”.3 A prova de um profe- “filhos naquela guerra”.6 mum no inglês. dias: “Alguns de nós têm tido tempo de pos-
ta/mensageiro reside em outro rumo que não Em 3 de agosto de 1861, a Sra. White te- Ellen White também é acusada de pensar suir a verdade e progredir passo a passo, e ca-
o de concentrar-se no número de suas predi- ve outra visão que revelava aspectos adicio- que a Guerra Civil era um sinal de que Jesus da passo dado tem-nos propiciado força para
ções. Além disso, deve-se levar em conta o nais das facções pró-escravistas no Norte,
estava prestes a voltar do Céu: “Os sinais da o seguinte. Mas agora o tempo está quase fin-
princípio da profecia condicional. Isso se até mesmo nos altos escalões do governo.
aplica a certos comentários de Ellen White Na verdade, se tudo fosse conhecido, alguns vinda de Cristo são demasiado claros para de- do, e o que durante anos temos estado apren-
bem como aos dos profetas bíblicos.4 líderes seriam tidos na conta de traidores. les se duvidar. ... Todo o Céu está alerta. As dendo, eles terão de aprender em poucos me-
Foram-lhe apresentadas as razões para a mis- cenas da história terrestre estão em rápido ses. Terão também muito que desaprender e
Diversas Declarações Durante a Guerra Civil teriosa retirada do exército nortista na pri- desfecho. Achamo-nos entre os perigos dos muito que tornar a aprender.”15
Alguns têm acusado Ellen White de ter feito, meira Batalha de Manassas (perto do riacho últimos dias.”11 Em primeiro lugar, esses pen- Em 1854, deu-se conselho semelhante a
durante a Guerra Civil nos Estados Unidos Bull Run).7 samentos não tratam da Guerra Civil especi- uma igreja importunada com um problema de
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SEÇÃO VII
CAPÍTULO 43 O ministério profético de Ellen G. White
Como Avaliar a Crítica PREDIÇÕES E OBSERVAÇÕES
CIENTÍFICAS

adultério e negligência dos filhos: “É tarde rissa M. Bonfoey, uma íntima amiga de famí- o interesse da Palestina para a obra que Deus ignorância. ... Deus não pode levar para o
demais para alimentar-nos com leite. ... As lia dos White, faleceu. Ao tempo da visão ela havia aberto perante eles. Céu o escravo que tem sido conservado em
verdades que durante anos temos aprendido estava aparentemente com boa saúde. O que Numa visão recebida em setembro de ignorância e degradação, nada sabendo de
devem ser aprendidas em poucos meses por devemos pensar sobre essa visão hoje? Já faz 1850, ela viu que constituía “grande erro” Deus ou da Bíblia, nada temendo senão o
aqueles que agora abraçam a mensagem do bom tempo que todos os que participaram da- crer que “é seu dever ir à antiga Jerusalém, açoite do seu senhor, e conservando-se em
terceiro anjo. Tivemos que pesquisar e espe- quela assembléia estão mortos. Ellen White entendendo que têm uma obra a fazer ali an- posição mais baixa que a dos animais. Mas
rar pela revelação da verdade, recebendo um fez uma predição falha? tes que o Senhor venha... ; pois os que pen- Deus faz por ele o melhor que um Deus com-
raio de luz aqui e outro ali, trabalhando e su- Entender esta predição de 1856 requer a sam que devem não obstante ir à velha Jeru- passivo pode fazer. Permite-lhe ser como se
plicando a Deus que nos revelasse a verdade. compreensão do princípio bíblico da profe- salém terão seus pensamentos fixados nisso, e nunca tivesse existido.”28
Mas agora a verdade está clara; seus raios es- cia condicional.19 Os que confiam nos rela- os seus recursos serão tirados da causa da ver- No entanto, algumas páginas mais adiante
tão concentrados. ... É uma desonra para tos bíblicos de profecias não cumpridas não dade presente para permitir a eles e outros es- ela relatou: “Vi o escravo piedoso levantar-se
aqueles que têm estado na verdade durante terão dificuldade em compreender a declara-
tar ali”.25 [na ressurreição] com vitória e triunfo.”29 Em
anos falar de alimentar com leite as pessoas ção feita por Ellen White naquele ano. Ela
Menos de um ano depois, em agosto de muitos lugares ela fez referência às terríveis
que têm estado na verdade por alguns meses. fazia freqüente referência ao fato de que
1851, ela escreveu com maior ênfase “que a condições impostas aos escravos no Sul, tra-
... Os que abraçam a verdade agora terão que Deus não está mudando de idéia a respeito
andar rápido.”16 do tempo do Advento. Seu povo não tem velha Jerusalém jamais seria reconstruída, e tados “como se fossem animais”.30 Apesar
Essas referências à exortação do apóstolo cumprido a parte que lhe compete na comis- que Satanás estava fazendo o máximo para disso, ela também enfatizava que “muitos dos
em Hebreus 5:12-16 sempre se aplicaram são evangélica.20 levar a mente dos filhos do Senhor para essas escravos possuíam mente nobre”.31
aos cristãos responsáveis, mas nunca mais Em 1901, ela resumiu suas muitas refe- coisas agora, no tempo do ajuntamento, im- Nessas declarações, Ellen White fazia dis-
do que àqueles que crêem estar proclaman- rências ao atraso do Advento: “Talvez te- pedindo-os de dedicar todo o seu interesse à tinção entre o escravo “piedoso” e o “igno-
do as mensagens dos três anjos de Apocalip- nhamos de permanecer muitos anos mais presente obra do Senhor, levando-os assim a rante”, que “nada” sabia “de Deus”. Com
se 14. Obviamente, algum dia haverá uma neste mundo por causa de insubordinação, negligenciarem a necessária preparação para discernimento profético, ela declarou que a
“última geração”. Ellen White relaciona a como aconteceu com os filhos de Israel; o dia do Senhor.”26 atitude mais compassiva de um Deus justo
obra de selamento de Apocalipse 7 e 14 mas, por amor de Cristo, Seu povo não deve Como os leitores de Ellen White entende- era permitir que tais escravos permaneces-
com um povo que tem permitido que o Es- acrescentar pecado a pecado, responsabili- ram essa afirmação? Que não havia luz no en- sem na sepultura, sem ressuscitar para o jul-
pírito Santo o prepare para o selo de Deus.17 zando a Deus pela conseqüência de seu pro- sino popular da “era vindoura”, que não há gamento.
Essa preparação deve ser a mais elevada cedimento errado.”21 importância bíblica na volta dos judeus à Pa- Alguns fazem objeção a essa declaração
prioridade dos cristãos dos últimos dias. Tal lestina, que Jerusalém nunca seria reconstruí- por que a Bíblia diz que “todos os que se
urgência compeliu a Sra. White a insistir Jerusalém Jamais Seria Reconstruída da no período de um milênio futuro. Ela não acham nos túmulos... sairão”. João 5:28. Al-
com os crentes na “verdade presente” a Ellen White escreveu em 1851 que a “velha Je- falava sobre a possível reconstrução política guns capítulos depois, João cita as próprias
aprenderem e aplicarem tanto desta verda- rusalém jamais seria reconstruída”.22 Por si de Jerusalém, mas de uma reconstrução profeti- palavras de Jesus: “E Eu, quando for levan-
de quanto fosse possível. Os cristãos devem mesma essa declaração parece insustentável. camente importante da antiga Jerusalém. Conti- tado da terra, atrairei todos a Mim mesmo.”
amadurecer na verdade e não permanecer Mas quando o cenário é reconstruído, desco- nuar pensando daquela maneira, enfatizava João 12:32. Temos aqui dois exemplos entre
bebês que precisam tomar leite e ser ali- brimos a Sra. White aconselhando ao crescen- ela, era mergulhar mais uma vez nos enganos muitos em que os escritores bíblicos usaram
mentados com colher. te grupo de adventistas que tanto a marcação de Satanás e afastar-se da verdade presente.27 linguagem que abrange a todos, mas com
de datas23 como o conceito de “era vindoura”24 restrições bem definidas. Ninguém a não ser
Alguns que Viviam eram incompatíveis com a verdade bíblica. Ela
Preocupação com Afirmações Incomuns os universalistas argumentam que todos,
em 1856 Jamais Morreriam salientava que as profecias do Antigo Testa-
Os escritos proféticos ocasionalmente con- mais cedo ou mais tarde, serão redimidos,
Numa assembléia realizada em 27 de maio mento referentes ao estabelecimento de um
têm afirmações que talvez não sejam fáceis independentemente de caráter ou desejo.
de 1856, em Battle Creek, Ellen White teve reino judaico na Palestina eram condicionais à
uma visão de “dois caminhos” e o que signi- obediência e haviam sido invalidadas pela de- de compreender. Pedro disse certa vez que Nem todas as pessoas serão atraídas a Jesus
ficava viajar neles: “Foi-me mostrado o gru- sobediência. As profecias não realizadas seriam Paulo havia escrito “certas coisas difíceis de porque nem todas estão dispostas a se dei-
po presente à assembléia. Disse o anjo: ‘Al- cumpridas no “verdadeiro Israel” conforme o entender, que os ignorantes e instáveis de- xar atrair!
guns servirão de alimento para os vermes, revela o texto do Novo Testamento. turpam, como também deturpam as demais Outro exemplo de declaração geral, todo-
alguns estarão sujeitos às sete últimas pra- Assim sendo, o movimento popular da dé- Escrituras, para a própria destruição deles”. II abrangente é a descrição que João o Revela-
gas, outros estarão vivos e permanecerão so- cada de 1840 e 1850 para promover um Esta- Ped. 3:16. dor faz do Segundo Advento: “... todo escra-
bre a Terra para serem trasladados na vinda do sionista na Palestina não era cumprimen- Escravos ignorantes não vão ressuscitar. Em vo e todo livre se esconderam nas cavernas e
de Jesus.’”18 to da profecia bíblica, nem uma cruzada na 1858, Ellen White escreveu que “o senhor de nos penhascos dos montes e disseram aos
Para as pessoas presentes, essas palavras fo- qual os adventistas deviam envolver-se. Suas escravos terá de responder pela salvação de montes e aos rochedos: Caí sobre nós e es-
ram solenes. Três dias depois dessa visão, Cla- advertências e instruções pretendiam desviar seus escravos a quem ele tem conservado em condei-nos da face dAquele que Se assenta
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CAPÍTULO 43 O ministério profético de Ellen G. White
Como Avaliar a Crítica PREDIÇÕES E OBSERVAÇÕES
CIENTÍFICAS

no trono.” Apoc. 6:15 e 16. Obviamente, dos”. Luc. 24:16. Algumas horas depois, en- ríamos que rejeitar Isaías por fazer referências modernos telescópios, parece claro que as
nem todos os escravos e nem todos os livres quanto ceavam com seu Companheiro de “aos quatro cantos da Terra” (Isa. 11:12) e a dúvidas de Bates teriam sido confirmadas.38
se perderão! viagem, “se lhes abriram os olhos, e O reco- João por escrever que viu “quatro anjos em pé
Os profetas, bem como as demais pessoas, nheceram”. Luc. 24:31. Se seus olhos tives- nos quatro cantos da Terra”. Apoc. 7:1. Amalgamação
usam de vez em quando linguagem inclusiva, sem sido “abertos” prematuramente enquan- Alguns apontam para a frase “assim como Críticos têm acusado Ellen White de haver
e a maior parte das pessoas entende as restri- to caminhavam para Emaús, teriam perdido a Lua e as estrelas de nosso sistema planetá- escrito em 1864 (e publicado novamente em
ções envolvidas. Como Deus trata com aque- a grande experiência pela qual Deus queria rio resplandecem pela luz refletida do Sol” 1870) que seres humanos no passado coabi-
les que não estão entre os que “tiverem feito que passassem. para acusar Ellen White de ser indigna de taram com animais e que sua descendência
o bem” nem entre “os que tiverem praticado Por razões que somente Deus pode expli- confiança em questões científicas.34 Mas a produziu determinadas raças que existem
o mal” (João 5:29)? O melhor que podemos car melhor, os estudantes da Bíblia em 1843 maioria dos leitores reconheceria a palavra hoje em dia. A declaração reza: “Mas se ha-
fazer é concordar com Abraão, o pai dos fiéis, precisavam da experiência de 1843-1844. “estrelas”, em vez de “planetas de nosso siste- via um pecado acima de outros que exigia a
e crer com confiança: “Não fará justiça o Juiz Obviamente, Deus poderia ter-Se “intrometi- ma solar”, como uma descrição não técnica destruição da raça pelo dilúvio, era o nefan-
de toda a Terra?” Gên. 18:25. do” e garantido toda data, toda linha de ra- facilmente entendida pelos leigos. do crime de amalgamação de homem e ani-
A mão de Deus oculta erro num diagrama. ciocínio, quando Fitch e Hale prepararam seu Alguns têm declarado que Ellen White se mal, que desfigurava a imagem de Deus, e
Em 1850, Ellen White escreveu: “Tenho vis- diagrama. Mas tal espécie de intervenção di- enganou quando supostamente afirmou que causava confusão por toda parte. Era propó-
to que o diagrama de 1843 foi dirigido pela vina tem sido rara através da História. Permi- havia visitado um “mundo que tinha sete sito de Deus destruir por um dilúvio aquela
mão do Senhor, e que ele não deve ser altera- tir que homens e mulheres resolvam seus pro- luas”,35 e que os planetas visitados eram Júpi- poderosa e longeva raça que havia corrom-
do; que as figurações eram o que Ele desejava blemas, aprendendo lições específicas que de ter e Saturno. Na verdade, ela nunca desig- pido seus caminhos diante do Senhor.”39
que fossem, e que Sua mão estava presente e outro modo não teriam sido experimentadas, nou pelo nome o “mundo que tinha sete Nenhum dicionário jamais usou a palavra
ocultou um engano em alguma figuração, de parece ser o plano geral de Deus.33 luas”. Mas há algo mais nessa história. “amalgamação” para descrever a coabitação
maneira que ninguém pudesse vê-lo até que O que aconteceria se Guilherme Miller ti- Menos de três meses depois de Tiago e ela de homem com animal. A acepção primária
Sua mão fosse removida.”32 vesse pregado o verdadeiro significado de
se casarem em 1846, Ellen teve uma visão na da palavra descreve a fusão de metais ou a
À primeira vista, alguém poderia pergun- 1844? Que espécie de reação pública teria ele
casa de Curtis em Topsham, Maine, na presen- mistura de elementos diferentes, como a usa-
tar por que Deus iria querer esconder um er- recebido, caso tivesse proclamado a verdade
ça de José Bates. Embora Bates tivesse visto da para obturar os dentes. O emprego da pa-
ro! Para aqueles que começaram com a pres- sobre a mudança no ministério de Cristo no
Ellen White em visão em diversas ocasiões, lavra no século dezenove incluía a miscigena-
suposição de que Jesus não havia entrado na santuário celestial, em vez de enfatizar Seu
ainda lhe restavam dúvidas a respeito de seu ção de diversas raças.
fase final de Sua obra mediadora em 1844, es- retorno iminente? Ninguém o teria ouvido;
ta referência de Ellen White é ridicularizada. dom profético. A visão de Topsham o conven- Aceita como verdadeira, a declaração da
ninguém teria despertado para a leitura da Bí-
Mas aqueles que encontraram sentido nes- ceu de que “a obra é de Deus”.36 Tiago relatou escritora pode parecer ambígua: o que ela
blia. Após o desapontamento de 22 de outu-
ses acontecimentos, seja na Terra, seja no bro, um grupo de seus seguidores reestudou a que, nesta visão, a Sra. White fora “guiada até quer dizer com “amalgamação de homem
Céu, também reconheceram que os cami- Bíblia para descobrir o verdadeiro significado os planetas Júpiter, Saturno e, creio eu, mais com animal”? ou “amalgamação de homem
nhos de Deus são muitas vezes inexplicáveis. de 1844, um interesse que jamais teria se de- outro. Depois da visão, ela conseguiu apresen- e de animal”? Omite-se muitas vezes a repe-
Além disso, Seus caminhos são muitas vezes senvolvido caso Miller não tivesse, antes de tar clara descrição de suas luas, etc. É fato bem tição da preposição em construção seme-
expressos em linguagem humana onde situa- 1844, focalizado a atenção deles na Bíblia e conhecido que ela não sabia nada de astrono- lhante.40
ções que Deus permite são descritas como em suas profecias. mia nem conseguia responder uma única per- Em duas outras ocasiões, a Sra. White em-
acontecimentos que Ele provoca. Quando o gunta sobre planetas antes desta visão.”37 pregou a palavra “amalgamação”. Utilizou-a
autor de Êxodo registrou a conversa de Deus Preocupação Sobre O que convenceu a Bates, o velho capitão metaforicamente para comparar crentes fiéis
com Moisés, descreveu o Senhor como o res- Afirmações Científicas de Ellen White da marinha e astrônomo amador, que Ellen com mundanos.41 E usou-a para descrever a
ponsável pelo endurecimento do coração de Tem-se chamado a atenção para as declara- White era “de Deus”? Após a visão, ela des- origem das plantas venenosas e outras irregu-
faraó (Êxo. 10:1). Contudo, o mesmo escritor ções que parecem mostrar que Ellen White creveu o que havia visto. Sabendo que ela laridades no mundo biológico: “Cristo nunca
também mencionou a responsabilidade de fa- cometeu graves erros em questões científicas. não tinha conhecimentos de astronomia, plantou as sementes da morte no organismo.
raó pelo endurecimento de seu próprio cora- Os profetas não são chamados para atualizar Bates exclamou: “Isto procede do Senhor.” Satanás plantou essas sementes quando ten-
ção (Êxo. 8:15 e 32; 9:34). enciclopédias e dicionários. Nem devem os Obviamente, o que Bates ouviu corres- tou Adão a comer da árvore do conhecimen-
Pensamos nas situações da Bíblia em que profetas (nem ninguém mais) ser condenados pondia a seu conhecimento acerca do que os to, que implicava em desobediência a Deus.
o conhecimento foi “retido” de homens e “por causa de uma palavra”. Isa. 29:21. Se os telescópios mostravam em 1846. É quase cer- Nenhuma planta nociva foi colocada no jar-
mulheres dedicados. Na estrada para Emaús, profetas fossem obrigados a manter os mais to que essa visão foi dada na presença de Ba- dim do Senhor, mas depois que Adão e Eva
Jesus juntou-Se aos dois discípulos arrasa- elevados padrões de exatidão científica (de tes para infundir nele maior confiança no pecaram, nasceram ervas venenosas. ... Todo
dos, mas eles não O reconheceram porque poucos em poucos anos esses “padrões” se ministério de Ellen White. Se ela tivesse joio é semeado pelo maligno. Toda erva noci-
“os seus olhos... estavam como que impedi- modificam, mesmo para os especialistas), te- mencionado o número de luas revelado pelos va é de sua semeadura, e por seus métodos en-
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CAPÍTULO 43 O ministério profético de Ellen G. White
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genhosos de amálgama ele corrompeu a Ter- critos da Sra. White e o famoso sermão de Referências a rochas “que descansam so- mo que a maior parte, de todas as conseqüên-
ra com joio.”42 John Wesley, “A Causa e a Cura dos Terre- bre o carvão que sofreu considerável altera- cias potencialmente graves da masturbação
Reconhecendo que Satanás tem sido um motos” (1750), são surpreendentes as dife- ção por causa dos fogos, sendo solidificado e sobreviria a qualquer indivíduo. Nem disse
agente ativo na corrupção do plano de Deus renças. Diferentemente dos autores mais an- parcialmente derretido”, estão correlaciona- que o pior grau possível de uma grave conse-
para o homem, para os animais, para as tigos, não se encontra nos escritos de Ellen das com a declaração de Ellen White de que qüência aconteceria à maioria daqueles que a
plantas, etc., podemos entender melhor o White nenhum traço de “correntezas erosivas “rochas são aquecidas, queimada a pedra de praticavam.
que Ellen White quis dizer quando descre- e ventos violentos; nenhuma cavidade abo- cal e derretido o minério de ferro”.53 Outra Pesquisas modernas indicam que as vee-
veu os resultados da amalgamação. Aquilo badada que desmoronou, causando assim o pesquisa no Oeste dos Estados Unidos che- mentes declarações de Ellen White podem
que “desfigurou a imagem de Deus” no ho- Dilúvio; nenhuma caverna esburacada gou a conclusões e linguagem muito seme- ser confirmadas quando ela é devidamente
mem e que “confundiu as espécies [ani- ecoando com trovão subterrâneo; nem fogos lhantes às dos escritos de Ellen White de um compreendida. O ponto de vista geral hoje
mais]” tem sido obra de Satanás em coope- alimentados por depósitos subterrâneos de século anterior: “A rocha derretida se pare- em dia, contudo, é que a masturbação é nor-
ração com os seres humanos. Essa “amalga- enxofre, nafta ou nitrato. Visto como uma ce com escória de carvão queimado ou lava mal e saudável e, portanto, deve ser livre de
mação de homem e [de] animal, conforme se unidade, o conceito dela de fogos subterrâ-
vulcânica.”54 sentimentos de culpa.
pode ver nas quase infinitas variedades de neos é singular, e pesquisamos em vão para
Uma última acusação tem sido a de que o Dois especialistas médicos sugeriram que
espécies animais e em certas raças huma- encontrar nele algum empréstimo de uma só
nas”, pode ser assim compreendida. fonte humana.”49 minério de ferro derretido não é encontrado num “adolescente com deficiência de zinco, a
A Sra. White nunca sugeriu a existência A questão a seguir, naturalmente, é se al- em ligação com depósitos de carvão e óleo ar- excitação sexual e a masturbação excessiva po-
de seres subumanos ou qualquer tipo de rela- guém pode encontrar confirmação científica dentes. Contudo, um ensaio do United Sta- de precipitar a insanidade”,63 e “é mesmo pos-
ção híbrida animal/homem. Ela falou sobre para os “singulares” pontos de vista de Ellen tes Geological Survey registra a descoberta sível, dada a importância do zinco para o cére-
“espécies animais” e “raças humanas”, mas White a respeito desses violentos fenômenos da hematita (um minério de ferro) “formada bro, que os moralistas do século dezenove esti-
não sobre algum tipo de amálgama de ani- naturais. Muitas são as teorias que procuram ex- de algum modo por intermédio do carvão em vessem corretos quando diziam que a mastur-
mais com seres humanos.43 plicar as causas dos vulcões e terremotos, bem chamas”.55 bação habitual poderia deixar alguém louco”.64
Reconhecemos, porém, que estudantes sé- como a formação de óleo e carvão. A maioria A sugestão de que Ellen White ficou em Dois profissionais na área de psicologia clí-
rios dos escritos de Ellen White divergem sobre dos cientistas de física terrestre baseia suas débito a fontes existentes para sua informa- nica e terapia familiar compararam as decla-
o que ela queria dizer por “amalgamação”.44 “A idéias na teoria da placa tectônica. Nada nos ção científica é sem mérito, porque parte des- rações de Ellen White sobre masturbação
responsabilidade da prova repousa sobre aque- comentários de Ellen White rejeita essa teoria. ta verificação só veio a ser conhecida muitos com o conhecimento médico atual.65 O Dr.
les que afirmam que a Sra. White deu ao termo Além disso, nada em seus escritos declara que anos depois da morte dela. Além disso, “é Richard Nies defendeu o conselho geral de
um novo e estranho significado.”45 todos os vulcões são o produto da combustão de muito mais improvável que ela tenha recorri- Ellen White sobre masturbação, realçando
jazidas carboníferas ou que todos os terremotos do às idéias publicadas por criacionistas de quatro pontos principais: (1) A masturbação
Vulcanologia são provocados por fogos subterrâneos. Quando sua época sobre o assunto, uma vez que os leva a “deterioração mental, moral e física. ...
Alguns alegam que as declarações da Sra. ela relaciona terremotos e vulcões, alguém pen- pontos de vista deles eram relíquias de espe- Não é a estimulação em si que é errada. É o
White a respeito da causa dos vulcões refle- sa imediatamente no “cinturão de fogo” do culações cosmológicas absurdas”.56 que acontece com... [as pessoas] quando elas
tiam os mitos e pensamentos fantasiosos de Oceano Pacífico e seu elevado potencial para se concentram em si mesmas e se tornam
antigas teorias. Os escritos dela contêm oito desastres de ambas as modalidades. Masturbação egocêntricas”. (2) A masturbação “avaria as
conceitos relevantes46 que têm sido debati- Apesar disso, cientistas notáveis têm con- Poucos tópicos têm gerado mais ridiculariza- mais finas sensibilidades de nosso sistema
dos desde que apareceram pela primeira vez firmado as observações de Ellen White. Otto ção por parte dos críticos do que as declara- nervoso. ... Não é difícil ver, em função da
em 1864.47 Stutzer, em seu livro Geology of Coal, docu- ções de Ellen White a respeito de “abuso pró- comunicação elétrica de nosso sistema ner-
A lista inclui: (1) a formação de veios car- mentou que “fogos subterrâneos em veios prio”,57 “vício solitário”,58 “auto-satisfa- voso, como a doença se torna o resultado na-
boníferos acha-se relacionada com o Dilúvio; carboníferos são acesos por combustão espon-
ção”,59 “vício secreto”,60 “corrupção mo- tural para indivíduos que colocam a satisfa-
(2) carvão produz óleo; (3) a combustão de tânea, trazendo como resultado o derretimen-
ral”,61 etc. Ellen White nunca empregou o ção própria no centro de seu ser. ... A doença
carvão e óleo acende fogos subterrâneos; (4) to das rochas próximas que são classificadas
a água adicionada aos fogos subterrâneos pro- como depósitos pseudovulcânicos”.50 Stutzer termo “masturbação”. é o resultado natural disto.”
duz explosões e, por conseguinte, terremotos; mencionou diversos exemplos dessa ativida- A primeira referência que ela fez a este (3) A masturbação é uma predisposição
(5) terremoto e atividade vulcânica são pro- de, inclusive “uma montanha em chamas”, assunto apareceu num livreto de 64 pági- que pode ser “herdada, passada e transmitida
dutos desses fogos subterrâneos; (6) calcário e um afloramento que “durou mais de 150 nas intitulado An Appeal to Mothers, em de uma geração a outra, podendo levar mes-
minério de ferro estão relacionados com anos” e “o calor de um veio carbonífero em abril de 1864, nove meses depois de sua mo à degeneração da raça”.
veios carboníferos e depósitos de óleo em chamas [que] foi usado para aquecer estufas primeira visão abrangente sobre saúde. De- (4) Ao tratar com outros, especialmente
chamas; (7) o ar é envolvido em intenso ca- naquela região, de 1837 a 1868”.51 Existe dicadas em grande parte à masturbação, as com os filhos, o conselho de Ellen White re-
lor; (8) os depósitos de carvão e óleo são en- confirmação moderna para a ignição do car- páginas 5 a 34 foram de sua própria pena; side na maneira de lidar com as conseqüên-
contrados depois que os fogos subterrâneos vão e do óleo com seu componente sulfúrico o restante consistiu de citações de autori- cias, de mostrar-lhes que devemos ser prepa-
desaparecem.48 “visto ao redor de erupções de fontes termais, dades médicas.62 rados para o amor e para a eternidade, e não
Embora existam semelhanças entre os es- gêiseres e fumarolas vulcânicas”.52 Ellen White não disse que tudo, nem mes- para a satisfação própria com suas terríveis
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conseqüências. O Dr. Nies concluiu seu en- ciências que tratam da mente humana são minar as paixões comunica poder para au- former,76 Ellen White escreveu sobre “noci-
saio afirmando que “satisfação própria é sinô- muito exaltadas. Elas são boas em seu devi- mentar as virtudes morais e capacidade inte- vas condescendências” que militam contra os
nimo de destruição”. do lugar, mas Satanás delas se apodera como lectual.72 mais elevados interesses e felicidade femini-
Alberta Mazat observou que a preocupa- poderosos instrumentos seus para enganar e Os críticos sugerem que Ellen White era ver- na. Entre essas “condescendências”, ela in-
ção de Ellen White a respeito de masturba- destruir as almas. ... O mundo, que se julga sada em frenologia porque empregava termino- cluía as perucas que, “cobrindo a base do cé-
ção se concentrava mais nas conseqüências ser tão beneficiado pela frenologia e o mag- logia usada com freqüência pelos frenologistas, rebro, aquecem e estimulam os nervos espi-
mentais do que no “ato puramente físico. Ela netismo animal, nunca foi tão corrupto co- tais como “propensão a adquirir”, “precaução”, nhais que se centralizam no cérebro”. Como
estava mais preocupada com os processos de mo agora. Por meio dessas ciências é destruí- “conscienciosidade” e “benevolência”. Outras resultado, disse ela, “muitas perderam a razão
pensamento, atitudes, fantasias, etc.” Mazat da a virtude, e são lançadas as bases do espi- palavras que os frenologistas usavam livremen- e chegaram a um estado de insanidade sem
citou as referências de Ellen White para o fa- ritismo.”70 te para “localizar” certas características no cére- esperança”.
to de que “os efeitos não são os mesmos em O que teria Ellen White querido dizer bro abrangiam “reserva”, “firmeza”, “causalida- No contexto das perucas confortáveis de
todas as mentes”, que “pensamentos impuros com “são boas em seu devido lugar”? Embora de”, “auto-estima”, “destrutividade”, “amor pa- hoje, os críticos tendem a ridicularizar esta
tomam e controlam a imaginação” e que a a frenologia seja agora considerada charlata- ternal e maternal”, “eventualidade”, “cálculo”, declaração. Mas a Sra. White fazia referência
mente “tem prazer em contemplar cenas que nismo (e certamente ela o é em alguns aspec- “esperança” e “conjugalmente”. a um produto inteiramente diferente. As pe-
despertam paixão vil”. tos), os estudantes de hoje devem fazer uma Será possível que a Sra. White pudesse es- rucas que ela descrevia eram “cachos mons-
Mazat observou também que alguns talvez pausa suficientemente longa para examinar a crever sobre desenvolvimento do caráter ou truosos de cabelos enrolados, algodão, plan-
fiquem embaraçados com as declarações frenologia como os cientistas e médicos a sobre a relação entre a saúde e os princípios tas marinhas, lã, barba-de-velho e outras nu-
chocantes de Ellen White a respeito de consideravam no século dezenove. John D. morais sem empregar as palavras utilizadas merosas abominações”.77 Certa senhora disse
masturbação. Contudo, muitas de outras de- Davies escreveu em sua obra padrão sobre comumente em sua época, assim como faze- que sua cabeleira gerava “um grau antinatural
frenologia: “Em sua própria época, a frenolo- mos hoje em dia? Referindo-se ao impacto da de calor na parte posterior da cabeça”, produ-
clarações da Sra. White também pareciam
gia foi, como o freudismo, uma disciplina sé- frenologia no século dezenove, Davies escre- zindo “uma incômoda dor de cabeça durante
“irrealistas e exageradas antes de a ciência
veu: “Por meio de palestras, sociedades, revis- todo o tempo que a usava”.
confirmá-las, como por exemplo o câncer ser ria e indutiva, aceita como tal por muitos
tas, livros e artigos periódicos, a doutrina fre- Um outro artigo de Health Reformer (trans-
causado por vírus, os perigos do fumo, do co- cientistas, doutores e educadores eminentes.
nológica foi incutida nos ouvidos norte-ame- crição do Marshall Statesman e do Springfield
mer em excesso, do consumo exagerado de Suas aberrações eram resultado não tanto de
ricanos até que a apropriação de seu vocabu- Republican) descrevia os perigos de usar “tran-
gordura, açúcar e sal, para citar somente algu- charlatanismo ou credulidade como das limi-
lário peculiar se tornasse, pela ficção ou pela ças postiças de juta” – peruca feita de casca de
mas. ... Parece que vale a pena lembrarmos tações dos métodos científicos e técnicas
linguagem popular, familiar a todos.”73 árvore escura e fibrosa. Ao que parece, essas
que o conhecimento médico em qualquer as- médicas do início do século dezenove. Por
Mas que dizer dos filhos de Ellen White se- tranças ficavam muitas vezes infestadas de
sunto não é perfeito.”66 mais equivocadas que fossem algumas de suas rem submetidos a exame frenológico? A Sra. “percevejos da juta”, pequeninos insetos que
deduções anatômicas, era científica em sua White escreveu: “O Dr. Jackson apresentou um se enterravam sob o couro cabeludo. Certa se-
Frenologia determinação de estudar a mente objetiva- relatório preciso da índole e estrutura orgânica nhora relatou que sua cabeça ficou ferida e seu
Numa das visitas dos White67 ao centro de mente, sem preconceitos metafísicos. Sua de nossos filhos. Declarou que a cabeça de Wil- cabelo começou a cair. Teve todo o couro ca-
saúde do Dr. Jackson, em Dansville, Nova prioridade neste campo é reconhecida na lie era uma das melhores já postas sob sua obser- beludo “perfurado por esses parasitas perfura-
Iorque, como parte do exame médico de roti- história da medicina e da psicologia, e mui- vação. Fez uma boa descrição do caráter e das dores”. “A mulher... é representada como qua-
na, o Dr. Jackson fez uma “leitura” frenológi- tos de seus princípios são hoje tão comuns peculiaridades de Edson. Prescreveu-lhe exercí- se louca devido ao terrível sofrimento e à ex-
ca da cabeça dos dois filhos dos White: Willie quanto eram radicais há um século.”71 cio ao ar livre e não muito estudo. Acho que es- pectativa de morte terrível que os médicos
e Edson.68 Este fato foi relatado por Ellen Se for apresentado ao leitor de hoje apenas te exame será muito valioso para Edson.”74 não pareciam capazes de evitar.”78
White numa carta particular. O que queria o lado absurdo da frenologia, conforme en- Ninguém sugeriria que Ellen White enten- Com relatos como este na imprensa, é
dizer a Sra. White ao mencionar esse exame tendida um século atrás, e não os princípios dia toda a estrutura e fisiologia do funciona- fácil entender por que Ellen White ad-
frenológico? Estava ela contradizendo seu fundamentais aceitos hoje, então as declara- mento do cérebro; ninguém até hoje o entende. vertia as mulheres contra os possíveis pe-
próprio conselho? ções de Ellen White parecem tanto ingênuas Sendo mãe devotada, tinha interesse em tudo rigos de usar perucas e procurar “acompa-
Em 1862, ela escreveu que o poder do quanto contraditórias. Alguns desses princí- quanto a ajudasse a ser melhor mãe. Esse exame nhar a volúvel moda, apenas para criar
mal atua por meio das “ciências da frenolo- pios ensinam que a obediência às leis da saú- de rotina em Dansville seria, quando muito, in- sensação”. 79
gia, psicologia e mesmerismo”. Embora se- de (conforme interpretadas pela frenologia) teressante; não indicava de forma alguma que
jam “boas em seu devido lugar... Satanás pode até mesmo reduzir o efeito das doenças Ellen White adotava a filosofia da frenologia.75 O que Impulsiona as Motivações
delas se utiliza... para enganar e destruir se- hereditárias, que a maioria dos problemas fí- Somente Deus pode ler os motivos pelos
res humanos”.69 sicos tem sua origem na mente, que o corpo Dano Pelo Uso de Perucas quais uma pessoa rejeita a luz da verdade, se-
Em 1884, ela repetiu a advertência: “As deve ser tratado como uma unidade e que do- Na edição de outubro de 1871 de Health Re- ja ela refletida na face e nas palavras do pró-

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SEÇÃO VII
CAPÍTULO 43 O ministério profético de Ellen G. White
Como Avaliar a Crítica PREDIÇÕES E OBSERVAÇÕES
CIENTÍFICAS

prio Jesus, seja apresentada pelos Seus pro- sa verdade. Nisto reconhecem a eficiência cia permitimos que a dúvida se torne sinôni- dade e da dúvida, vindo a experimentar o
fetas. Cada indivíduo tem sua própria ex- das visões em promover a obra.” mo de raciocínio calmo e a consideramos si- naufrágio da fé.”85
periência pessoal composta de circunstân- Smith resumiu sua descrição dos críticos: nal de inteligência. Se nos relacionamos com Crer no ministério de Ellen White não é
cias que coletivamente são únicas. Nenhu- “Isso cobre todo o terreno da oposição; pois ja- o Espírito de Deus como o faríamos com al- uma questão de credo. Nem equivale a crer que
ma outra pessoa entende a configuração mais vimos outra objeção que não possa ter sua guém que quer nos vender algo por telefone, Jesus nasceu em Belém ou que ela nasceu no
dessas circunstâncias, não sendo, portanto, origem em uma ou outra dessas duas fontes.”80 estamos usando a razão impropriamente. Maine. Mas é semelhante a crer que Jesus é o
Muita gente tem atentado para a profundi- Salvador pessoal do crente, o que envolve mais
capaz de julgar com justiça a decisão Pressuposições. Paradigmas ou pressuposi-
dade da advertência da Sra. White: “Satanás do que um compromisso mental. Os críticos
alheia. Tem-se desenvolvido, contudo, ções conscientes ou inconscientes criam es- tem habilidade em sugerir dúvidas e inventar têm encontrado muitas razões “intelectual-
através dos anos um padrão que é compar- truturas intelectuais que têm cegado homens objeções ao testemunho que Deus envia, e mente satisfatórias” para questionar as reivin-
tilhado por muitos críticos. e mulheres desde os primeiros dias deste lado muitos consideram uma virtude e indício de dicações bíblicas. Na maior parte das vezes eles
Em 1868 Uriah Smith escreveu uma bro- do jardim do Éden. Caim teve seu paradigma, inteligência o mostrar-se descrente, duvidar e estão olhando para o recipiente e não para o
chura intitulada: “As Visões da Sra. E. G. ao qual devia ajustar sua maneira de pensar, e argumentar. Os que querem duvidar têm sufi- conteúdo. Ou encontram “razões” para rejeitar
White – uma Manifestação dos Dons Espiri- Abel teve o seu. Copérnico e Galileu tiveram ciente oportunidade para isso. Deus não Se o chamado de Cristo à abnegação e a segui-Lo
tuais de Acordo com as Escrituras.” Poucas que contender contra a amarga e hostil at- propõe fazer desaparecer toda ocasião para a em alegre obediência à vontade de Deus.
pessoas trabalharam mais perto de Tiago e mosfera de pressuposições entre os eruditos incredulidade. Apresenta evidências que pre- Por quê? Porque estão buscando a religião
Ellen White ou por um período mais longo de seus dias. Jesus e os crentes fiéis têm supor- cisam ser cuidadosamente investigadas, com que seu coração deseja: “Segundo as suas pró-
de tempo do que Uriah Smith. Ao passar ele tado a rejeição porque a verdade não se en- espírito humilde e suscetível ao ensino; e to- prias cobiças, como que sentindo coceira nos
em revista as bases bíblicas para os dons espi- caixa nas expectativas (os paradigmas) de dos devem julgar pela força dessas mesmas ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verda-
evidências.”84 “Deus dá aos espíritos sinceros de.” II Tim. 4:3 e 4.
rituais, mencionou o fruto do ministério da seus contemporâneos.81
suficientes evidências para crer; o que, po- Quando se olha para a mensagem do men-
Sra. White: (1) “Tendem para os princípios Ellen White obviamente teve que con- rém, voltar os olhos da força dessas provas, sageiro, em vez de para as limitações do men-
morais mais puros”; (2) “Conduzem a Cris- tender com os que se opunham a seu minis- somente porque deparou algumas coisas que sageiro, lança-se um fundamento distinto e
to”; (3) “Conduzem à Bíblia”; (4) “Levam tério. Ela via que as razões apresentadas pe- sua inteligência finita não apreende, será sólido, suficientemente seguro para suportar
conforto e consolo a muitos corações”; (5) las pessoas que rejeitavam sua obra não eram abandonado à atmosfera glacial da increduli- o “peso da evidência”.
“Jamais foram conhecidos por aconselhar o muitas vezes as razões “verdadeiras”: “As
mal ou maquinar impiedade”. condescendências pecaminosas são manti- Referências
das, os Testemunhos rejeitados, apresentan-
1. Evangelismo, pág. 695. da marcação de datas e do erro de ir à antiga Jerusalém. A
Smith Dirige-se aos Críticos do-se aos outros muitas falsas desculpas para 2. Ver pág. 29. segunda visão, ocorrida em 21 de junho de 1851, focalizava
Depois, Smith perguntou por que surgem ob- justificar a recusa. O verdadeiro motivo não 3. Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 31-36. a mensagem do terceiro anjo, a marcação de datas e a não
jeções contra Ellen White: “Podemos enfati- 4. Ver pág. 272. reconstrução da antiga Jerusalém.
é revelado. É uma falta de coragem moral, 5. Ver págs. 158 e 159. Para uma recapitulação dessas acusa- 23. Muitos ex-mileritas estavam marcando diversas datas para o
camente fazer a mesma pergunta que Pilatos de uma vontade fortalecida e dirigida pelo ções, ver Nichol, Critics, págs. 112-130. retorno de Jesus, com 1850 e 1851 sendo as últimas datas do
fez aos judeus a respeito do Salvador: ‘Pois Espírito de Deus, para renunciar hábitos 6. Biography, vol. 1, págs. 462-464. fim da profecia dos 2.300 dias/anos. Embora os adventistas
7. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 264-268; Biography, sabatistas fossem em geral imunes à marcação de datas, Hi-
que mal fez Ele?’” perniciosos.”82 vol. 2, págs. 36-38. ram Edson e José Bates defendiam os anos de 1850 e 1851,
Ele continuou a responder sua pergunta: A Sra. White reconhecia o problema das 8. Ibidem, págs. 253-260. respectivamente. Tiago White manteve os pontos de vista
9. Ibidem, pág. 258. deles fora da Present Truth, da Advent Review e da Review and
“A primeira classe se compõe daqueles que pressuposições: “Alguns, ouvindo por meio 10. Ibidem, pág. 259. Herald.
crêem (ou creram até o dia em que começa- de seus próprios preconceitos ou predisposi- 11. Ibidem, pág. 260 (Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 87). 24. Os expoentes da Era Vindoura, liderados por Joseph Marsh,
12. Ibidem, pág. 363. O. R. L. Crosier e George Storrs, criam, com diversas varia-
ram a opor-se) nos pontos de vista defendidos ções, entendem o assunto como desejam que 13. Para uma lista das declarações de Ellen White a respeito do ções, que o Segundo Advento inauguraria o reino milenial na
pelos adventistas do sétimo dia, mas tiveram seja – como melhor se harmoniza com seus atraso do advento, ver Herbert E. Douglass, The End (Moun- Terra durante o qual o mundo se converteria ao reino de
tain View, CA: Pacific Press Publishing Association, 1979), Cristo com os judeus desempenhando papel principal. Este
seus erros apontados e foram reprovados pelas propósitos – e assim o relatam. Seguindo os págs. 161-167. grupo intimamente se relacionava com os literalistas (adven-
visões ou isso aconteceu a alguém com quem impulsos de um coração não santificado, le- 14. Primeiros Escritos, págs. 58, 64 e 67. tistas britânicos) que haviam crido que na década de 1840 os
15. Ibidem, pág. 67. judeus literais dariam as boas-vindas a seu Messias (Cristo)
simpatizavam. ... A outra classe consiste da- vam para o mal aquilo que, corretamente 16. Manuscrito 1, 1854, citado em MR, vol. 1, págs. 33 e 34. na Palestina, cumprindo assim as profecias do Antigo Testa-
queles que são opositores declarados e abertos compreendido, poderia ser instrumento de 17. Primeiros Escritos, págs. 36-38, 44 e 48. mento com Jerusalém tornando-se a capital de Cristo duran-
18. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 131 e 132. te o milênio. A maior parte dos mileritas havia rejeitado es-
de todos os pontos de vista distintivos manti- grande bem.”83 19. Ver págs. 29 e 30 para uma discussão deste princípio; ver te aspecto de sua teologia adventista, tachando-o de judaís-
dos pelos adventistas do sétimo dia. Sua opo- Todos conhecem o sutil conflito da dúvi- também Nichol, Critics, págs. 102-111. mo. (Ver Josias Litch, “The Rise and Progress of Adventism”,
sição surge de um motivo diferente do da pri- da. Todos têm tido que contender contra es- 20. Ver Douglass, The End, págs. 161 e 167. The Advent Shield and Review, maio de 1844, pág. 92, citado
21. Evangelismo, pág. 696. em Seventh-day Adventist Bible Students’ Source Book, pág.
meira classe. ... Eles odeiam esse sistema de se conflito. A dúvida exige prudência em fa- 22. Primeiros Escritos, pág. 75. Esta frase aparece no capítulo “O 513.) Os primeiros apóstatas dos primitivos adventistas do sé-
verdade ao qual as visões permanecem liga- ce do desconhecido. A dúvida, contudo, po- Tempo do Ajuntamento”, que combina duas visões e algu- timo dia foram H. S. Case e C. P. Russell, que haviam, entre
mas linhas adicionais. A primeira visão, ocorrida em 23 de outros conceitos, abraçado a teoria da “Era Vindoura”. Ver
das, e atacam as visões como o meio mais se- de tornar-se a elaborada linha de defesa dos setembro de 1850, tratava do “tempo do ajuntamento” de SDAE, vol. 11, “Messenger Party”, págs. 51 e 52.
guro e mais eficaz de estorvar o progresso des- não comprometidos. Com demasiada freqüên- “Israel”, das datas do diagrama milerita de 1843, do “diário”, 25. Primeiros Escritos, pág. 75.

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CAPÍTULO 43 O ministério profético de Ellen G. White
Como Avaliar a Crítica PREDIÇÕES E OBSERVAÇÕES
CIENTÍFICAS

26. Primeiros Escritos, págs. 75 e 76. e européias, na base de serem uma só família, pela descen- cérebro e no crânio.” – George Reid, A Sound of Trumpets, Igreja, vol. 6, págs. 375 e 376.
27. Para conhecimento sobre o contexto religioso deste tópico dência de Adão e Eva. ... Cabe à ciência, bem como aos ins- págs. 85 e 86. Junto com seu discípulo Johann Spurzheim, 74. O relatório do exame do caráter de Willie White, feito pelo
relativo à reconstrução de Jerusalém, ver Julia Neuffer, “The tintos e sentimentos comuns da humanidade, dizer se não há Gall circulou pela Europa em circuitos de palestras, termi- Dr. Jackson, pode ser encontrado em Manuscript Releases,
Gathering of Israel” (um folheto preparado pela Comissão de uma raça de homens de temperamento tão diferente para se nando como “homem famoso” em Paris. Viajando depois pa- vol. 6, pág. 346.
Pesquisa Bíblica, da Associação Geral dos Adventistas do proibir como nefando e antinatural, a amalgamação delas.” ra a Inglaterra, Spurzheim cunhou o termo “frenologia” para 75. Entre os notáveis que também tiveram sua “cabeça” lida, te-
Sétimo Dia). 44. Para um exame contemporâneo das duas interpretações, descrever sua prática médica e “de súbito tomou a América mos o escultor Hiram Powers; William Cullen Bryant; Theo-
28. Spiritual Gifts, vol. 1, pág. 193 (Primeiros Escritos, pág. 276). ver Gordon Shigley, “Amalgamation of Man and Beast: [do Norte]”. Ralph Waldo Emerson saudou Spurzheim como dore Weld; Arthur Tappan; John Greenleaf Whittier; e Cla-
29. Ibidem, pág. 206 (Primeiros Escritos, pág. 286). What Did Ellen White Mean?”, Spectrum, junho de 1982, “uma das maiores mentes do mundo. ... Henry Ward Beecher ra Barton. Ver Reid, A Sound of Trumpets, pág. 87.
30. Review and Herald, 17 de dezembro de 1895. págs. 10-19. pregou a frenologia de seu púlpito; Horace Greeley publicou- 76. Health Reformer, outubro de 1871, págs. 120 e 121.
31. Ibidem. 45. Nichol, Critics, pág. 308. a em seu Tribune de Nova Iorque; Horace Mann e Samnuel
32. Primeiros Escritos, pág. 74. Esse diagrama, desenhado em 46. Ver Warren H. Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fi- 77. Ibidem, julho de 1867.
G. Howe aplicaram-na na reforma educacional; e uma plêia- 78. Ibidem, janeiro de 1871.
1842 por Carlos Fitch, pastor congregacionalista, e Apollos res, Part 1”, Ministry, agosto de 1977, págs. 9-12. de de figuras literárias a endossou, inclusive Walt Whitman,
Hale, pregador metodista, foi aprovado pelos mileritas em 47. Spiritual Gifts, vol. 3, págs. 79-80 (1864); ver também Spirit 79. Ibidem, outubro de 1871.
Edgar Allan Poe e (com comentários travessos) Mark 80. Witness of the Pioneers Concerning the Spirit of Prophecy
sua Associação Geral de Boston em maio de 1842. Os símbo- of Prophecy, vol. 1, págs. 82 e 83 (1870), Signs of the Times, 13 Twain.” – Ibidem, págs. 86 e 87.
los gráficos do diagrama e os períodos de tempo tornaram de março de 1879; Patriarcas e Profetas, págs. 108 e 109 (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa-
69. Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 290 e 291.
uma marca registrada da pregação milerita à medida que eles (1890); Manuscrito 21, 1902, citado em Seventh-day Adven- tion, 1981), págs. 33 e 34.
70. Signs of the Times, 6 de novembro de 1884 (Mensagens Esco-
se esforçavam por simplificar e tornar mais atrativas as profe- tist Bible Commentary, vol. 7, págs. 946 e 947. 81. Ver Apêndice E para como pressuposições determinam a
lhidas, livro 2, pág. 352).
cias de tempo focalizando 1843. – Ver Froom, Prophetic Faith 48. Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fires, Part 1”, Mi- compreensão de uma pessoa a respeito da questão da “porta
71. Phrenology: Fad and Science – A Nineteenth Century American
of Our Fathers, vol. 4, págs. 538 e 616. nistry, agosto de 1977, pág. 6. fechada”.
Crusade (New Haven: Yale University Press, 1971), págs. x e xi.
33. Ver Mat. 11:25; Mar. 4:23; João 16:12; I Cor. 3:2; Heb. 49. Ibidem, pág. 12. 82. Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 32; ibidem, vol. 5, pág.
72. Reid, A Sound of Trumpets, pág. 89.
5:11-14. 50. Otto Stutzer, Geology of Coal, traduzido por Adolph Noe 675.
73. Davies, Phrenology: Fad and Science, pág. ix. Um exemplo de
34. Educação, pág. 14 (a mesma declaração em O Desejado de To- (Chicago: University of Chicago Press, 1940), págs. 309 e 83. Ibidem, vol. 5, pág. 695 (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág.
Ellen White empregando um conceito de frenologia sem as
das as Nações, pág. 465). 310, citado em Johns (Part 1), pág. 19. 289).
implicações da filosofia frenológica: “Uma vez que Deus nos
35. Primeiros Escritos, pág. 40. Esta visão foi descrita pela pri- 51. Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fires, Part 2”, Mi- 84. Ibidem, vol. 3, pág. 255; ibidem, vol. 5, pág. 675. Para uma dis-
concedeu tal habitação, por que não examinar cuidadosa-
meira vez na carta-circular Àqueles que estão recebendo o se- nistry, outubro de 1977, pág. 20. cussão de como pressuposições (“teorias”) dirigiram a inves-
lo do Deus vivo, publicada primeiramente em 31 de janeiro 52. Ibidem. mente cada compartimento? As câmaras da mente e do cora-
ção são as mais importantes. Então, em vez de viver no porão tigação bíblica nos 200 anos passados, ver Paul A. L. Giem,
de 1849. 53. Stutzer, Geology of Coal, pág. 310; Patriarcas e Profetas, pág.
da casa, desfrutando de prazeres sensuais e aviltantes, não de- Scientific Theology (Riverside, CA: La Sierra University
36. A Word to the Little Flock, pág. 21, citado em Nichol, Critics, 108, citado em Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fi-
veríamos abrir esses belos compartimentos e convidar o Se- Press, 1997), págs. 112-116.
pág. 581. res, Part 2”, Ministry, outubro de 1977, pág. 20.
37. Ibidem, pág. 22. Ellen White escreveu: “Tive uma visão da 54. E. E. Thurlow, “Western Coal”, Mining Engineering, 26 nhor Jesus a entrar e morar conosco?” – Testemunhos Para a 85. Ibidem, vol. 4, págs. 232 e 233; ibidem, vol. 5, págs. 675 e 676.
glória de Deus e, pela primeira vez, me foram mostrados ou- (1974), págs. 30-33, citado em Johns (Part 2), pág. 21.
tros planetas.” – Life Sketches, pág. 97 (Vida e Ensinos, pág. 55. G. Sherburne Rogers, “Backed Shale and Slag Formed by the
88); ver também Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 83. Não existe Burning of Coal Beds”, U. S. Geological Survey Professional Perguntas Para Estudo
nenhuma evidência de que esta é a mesma visão descrita em Paper, 108-A (1918), citado em Johns (Part 2), pág. 21.
Primeiros Escritos, pág. 40. Ver páginas 144 e 145. 56. Johns, “Ellen G. White and Subterranean Fires, Part 2”, Mi-
38. Informação adicional a respeito desta visão de 1846 encon- nistry, outubro de 1977, pág. 22. “As minas de carvão da 1. Qual a chave para compreender-se “profecia condicional”?
tra-se em Loughborough, GSAM, págs. 257-260. Para uma Alemanha tornaram-se uma autêntica mina de ouro num
discussão de como a lembrança de Loughborough de sua con- estudo das declarações científicas de Ellen White, indican-
versa com Bates muitos anos antes se encaixa nesse memorá- do a mistura do divino com o humano dum modo singular.” 2. Como podemos entender as declarações de Ellen White a respeito da “proximidade” do
vel momento para Bates, ver Nichols, Critics, págs. 93-101. – Ibidem, pág. 22. Advento após muitas décadas?
39. Spiritual Gifts, vol. 3, pág. 64. “Cada espécie de animal que 57. An Appeal to Mothers, pág. 27; Testemunhos Para a Igreja, vol.
Deus criou foi preservada na arca. As confusas espécies que 2, pág. 470.
Deus não criou, mas que foram resultado de amalmagação, 58. Ibidem, pág. 5. 3. Sob que condições Ellen White escreveu que “Jerusalém jamais seria reconstruída”?
foram destruídas pelo dilúvio. Desde o dilúvio tem havido 59. Ibidem, pág. 18.
amalgamação de homem e animal, conforme se pode ver nas 60. Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 391. 4. Como você explica que a mão de Deus cobriu um erro num diagrama profético?
quase infinitas variedades de espécies animais e em certas ra- 61. Ibidem.
ças humanas.” – Página 75. 62. Appeal to Mothers foi reimpresso em 1870 como parte de uma
40. “Podemos falar da dispersão de homem e animal sobre a Ter- obra maior, A Solemn Appeal Relative to Solitary Vice and Abu- 5. O que Ellen White quis dizer com suas declarações sobre “amalgamação”?
ra, mas não queremos dizer com isso que no passado homem ses and Excesses of the Marriage Relation. Uma reimpressão
e animal estavam fundidos numa só massa num só ponto geo- fac-similar aparece no Apêndice do livro A Critique of Pro-
gráfico. Queremos dizer apenas a dispersão do homem sobre phetess of Health (E. G. White Estate). 6. Existem cerca de 40 declarações nas quais Ellen White afirma que Jesus poderia ter vol-
a Terra e a dispersão dos animais sobre a Terra, embora a lo- 63. Carl C. Phieffer, Ph.D., M.D., Zinc and Other Micro-Nutrients tado antes de ela ter feito essas declarações. Resuma os motivos por que Sua volta não
calização original dos dois grupos possa ter sido em lados (New Canaan, CT.: Keats Publishing, Inc., 1978), pág. 45. aconteceu.
opostos da Terra. Em outras palavras, a dispersão de homem 64. David F. Horrobin, M.D., Ph.D., Zinc (St. Albans, VT: Vita-
e de animal.” – Nichol, Critics, pág. 308. books, Inc., 1981), pág. 8.
41. “Os que professam ser seguidores de Cristo devem ser instru- 65. Richard Nies, Ph.D. em psicologia experimental pela UCLA
mentos vivos, que cooperem com as inteligências celestiais; em 1964 (o equivalente a Ph.D. em psicologia clínica, in-
mas pela união com o mundo, o caráter do povo de Deus fi- cluindo exame oral, mas que morreu durante o preparo da
ca embaciado; pela amalgamação com o que é corrupto, o pu- dissertação), Palestra “Give Glory to God”, Glendale, Ca-
ro ouro perde o seu brilho.” – Review and Herald, 23 de agos- lifórnia, sem data; Alberta Mazat, M.S.W. (professora de Te-
to de 1892. rapia Conjugal e Familiar na Universidade de Loma Linda),
42. Mensagens Escolhidas, livro 2, págs. 288 e 289. monografia “Masturbation” (43 páginas), Biblical Research
43. Não temos evidência de que Ellen White tenha lido o livro Institute.
de Alexander Kimmount, Twelve Lectures on the Natural His- 66. Mazat, monografia “Masturbation”.
tory of Man, publicado em 1839, págs. 152 e 153, que nos dá 67. Ver pág. 301.
outro exemplo de como a palavra “amalgamação” era usada 68. “A frenologia, considerada hoje pseudo-ciência, foi a precur-
no tempo dela. “Outro tipo de mal resultante de misturar sora da psicologia moderna... [e] originou-se com Franz Josef
ciência com religião, para prejuízo de ambas, pode ser visto Gall (1758-1828), um médico vienense, que em 1790 se con-
no argumento em favor da amalgamação das raças africanas venceu de que existiam faculdades mentais na superfície do

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SEÇÃO VII

44
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Como Avaliar a Crítica
sições com muita freqüência predeterminam as timos suspeitar. Fabricam-se deste modo
conclusões, encontrando “fatos” que apóiem o grandes e muitas dificuldades que de outro
paradigma básico do pesquisador. O problema, modo nunca viriam à luz, e os irmãos são
contudo, é que a maioria das pessoas se consi- muitas vezes injustiçados por sermos suspei-
tosos, livres para julgar-lhes os motivos e ex-
A Porta Fechada deram “objetivas” e “científicas”, mesmo quan-
do estão trabalhando a partir de pressuposições
(ainda que muitas vezes inconscientemente).
Como alguém pode chegar à verdade, se
pressar nossa opinião a outros a respeito das
ações deles. Aquilo que alguém se prontifica
a interpretar como graves faltas talvez não se-

– Estudo de um Caso surgem diferenças de opinião a partir de um


conjunto diferente de pressuposições? Pri-
meiramente pedindo ao Deus da verdade que
ja mais do que nós mesmos somos culpáveis
cada dia.”11
O propósito deste livro tem sido associar-
o guie (João 16:13). Depois, com a ajuda do se ao leitor na pesquisa da verdade para que o
“Com a investigação da questão do santuário sobreveio mais clara luz. ... Quando Cristo passou
do Santo para o Santíssimo no santuário celestial, a porta ou ministração do primeiro comparti- Espírito Santo, cumpre examinar (1) as pró- plano de Deus possa ser esclarecido de tal for-
mento se fechou, e a porta ou ministração do segundo compartimento se abriu. Cristo havia con- prias pressuposições e (2) as pressuposições ma que ninguém tenha motivo para tropeço.
cluído uma parte de Sua obra como nosso Intercessor, para entrar noutra parte da obra; e Ele ain- de seus oponentes. É incrível como os ânimos A maior parte de toda pesquisa histórica é, na
da apresentava Seu sangue perante o Pai em favor dos pecadores.” 1 se arrefecem quando adversários reconhecem melhor das hipóteses, limitada. Na verdade,
as pressuposições um do outro.8 dispomos de escasso material de pesquisa so-
bre a questão da “porta fechada”. Não tive-
mos oportunidade de perguntar aos que vive-

O
s críticos têm chamado a questão da nha o conceito extremista da “porta fecha- Atitude Essencial dos que Buscam a Verdade
“porta fechada” de “a página mais ne- da”. Fazendo isso, insistem em que ela con- Lamentavelmente, as pessoas têm diferido a ram no século dezenove o que eles talvez que-
gra de nossa história denominacio- cordava com seu marido, Tiago, e com José respeito da compreensão da vontade de Deus riam dizer a respeito do que foi registrado.
nal”,2 “o mais grave erro já ensinado pela irmã Bates (entre outros) em que o tempo de gra- desde Caim e Abel. Mas nem por isso Deus Portanto, um dos métodos mais seguros que
White”.3 Sobre esta questão eles têm dito que ça havia terminado para todo o mundo em 22 forçará o amor ou a obediência. Nem imporá estudantes sem preconceitos têm usado para
as “batalhas que foram travadas... não foram de outubro de 1844. Além disso, apontam di- Suas pressuposições sobre outro. Ele está dis- descobrir a verdade é empregar este princípio
meros exercícios de minúcia acadêmica”.4 versas declarações feitas por ela que sugerem, posto a “arrazoar” (Isa. 1:8) com homens e básico: “Dê a melhor interpretação possível” aos
Em 1885, o presidente da Associação Ge- na opinião deles, que as conversões genuínas diferentes pontos de vista. Dessa maneira, as
mulheres a respeito da legitimidade de Sua
ral, George I. Butler, escreveu: “Talvez jamais cessaram a partir daquela data. pressuposições pessoais do pesquisador são
vontade e a validade das pressuposições deles.
tenha havido algo ligado ao movimento do O ponto crucial dos argumentos deles é es- mantidas sob restrição.
Advento que nossos inimigos tenham procu- te: se Ellen White estava errada a respeito do Pelo “peso da evidência” as pessoas sinceras e
Dar “a melhor interpretação possível” ao
rado mais duramente usar para nos acusar do encerramento do tempo de graça para o “mun- humildes reconhecem de bom grado a confia-
ponto de vista de um oponente não apenas
que a doutrina da porta fechada.”5 Apesar do ímpio” em 22 de outubro de 1844, então ela bilidade de seu Amigo Criador.
aumenta a amizade, mas também pode levar
disso, ele podia dizer: “Quando entendemos também estava errada a respeito do que acon- Os que preferem identificar-se com o pla-
cada grupo a uma compreensão mais clara da
tudo sobre os fatos relacionados com a ‘dou- teceu naquela data, ou seja, a entrada de Jesus no de Deus de revelar a verdade devem não
própria verdade que cada um procura.
trina da porta fechada’, como era ela chama- no Lugar Santíssimo do santuário celestial pa- apenas ver a verdade divina como um “to-
da, não encontramos nada de que nos pudés- ra completar Seu ministério sumo sacerdotal. do”,9 mas também refletir Seu espírito de ge- Pressuposições dos Críticos
semos envergonhar.”6 Os que crêem na validade do ponto de vista nerosidade. De outro modo, Seu nome é to- Visto que a questão da porta fechada não teria
esposado por Ellen White quanto ao que acon- mado em vão, aumentando assim a confusão, surgido sem as acusações de determinados crí-
Mais do que uma teceu em 22 de outubro baseiam sua confiança a dor e a deturpação satânica do caráter divi- ticos, iremos primeiro recapitular as pressupo-
Nota de Rodapé sem Importância na evidência bíblica e na leitura cuidadosa das no que têm predominado durante milênios.10 sições básicas de diversos críticos. Embora to-
A questão da porta fechada é mais do que uma fontes originais, relacionando passagens dispu- Ellen White chama a atenção para uma
nota de rodapé sem importância na história da tadas com seus diversos contextos. Este capítu- dos esses pontos não sejam aplicáveis a todos
das atitudes básicas necessárias àqueles que os críticos, o paradigma geral é como segue:
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Associada lo examinará todos os documentos básicos rela- estão na arena das pressuposições antagôni-
ao assunto da porta fechada, está a validade cionados com o problema da “porta fechada”. • Ellen White era condicionada pelo tem-
cas: “O verdadeiro amor cristão acalentado po, ou seja, ela foi prisioneira de sua época, e
(1) do movimento milerita, especialmente a
no coração e exemplificado na vida nos ensi- dependia em grande parte dos conceitos que
mensagem do sétimo mês; (2) do significado Reconhecimento de Pressuposições
de 22 de outubro de 1844; (3) da relação entre Tantos os defensores quanto os críticos traba- naria a dar a melhor interpretação possível à predominavam entre seus contemporâneos.
o sábado e a mensagem do santuário; e (4) da lham a partir de pressuposições.7 Todos o fa- conduta de nossos irmãos. Cumpre-nos ser ze- Por exemplo: ela refletia os conceitos da
relevância e integridade de Ellen G. White zem. Nenhum historiador ou teólogo judicio- losos da reputação deles como se fosse a nos- “porta fechada” de seu marido e de outros ad-
como fidedigna mensageira de Deus. so negaria isto. As pressuposições determi- sa própria. Se estamos sempre suspeitando mal, ventistas sabatistas.12
Os críticos alegam que Ellen White, até nam as perguntas a serem feitas, bem como o este próprio fato modelará seu modo de agir a • Ellen White e os líderes da igreja não fo-
princípios da década de 1850, ainda manti- peso dado às fontes de pesquisa. As pressupo- fim de produzir o próprio mal que nos permi- ram francos ao tratar com os primeiros sete
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SEÇÃO VII
CAPÍTULO 44 O ministério profético de Ellen G. White
Como Avaliar a Crítica A PORTA FECHADA
– ESTUDO DE UM CASO

ou oito anos de ministério público de Ellen • O ponto de vista de Ellen White sobre a tubro de 1844 e negaram qualquer significa- rejeitar o fanatismo e erros teológicos pre-
White e outros “pioneiros”. porta fechada, depois de suas primeiras vi- do àquela data. (Alguns, contudo, continua- valecentes entre eles.26
• Ellen White e os primeiros líderes ad- sões, era diferente (1) da de outros defensores ram a crer que a vinda de Jesus era iminen- Antes dessa visão de dezembro sobre o Cla-
ventistas foram compelidos a “abrir a porta” da porta fechada e (2) da maneira como a en- te, enquanto outros continuaram a calcular mor da Meia-Noite (apenas algumas semanas
em princípios da década de 1850 por causa do tendiam seu marido e José Bates (pelo menos e a proclamar outras datas para o retorno vi- depois do grande desapontamento), Ellen Har-
crescente interesse nas doutrinas do sábado e antes de 1851); sua crescente clareza a respei- sível de Jesus.19) Durante algum tempo, os mon, junto com muitos outros mileritas decep-
do santuário entre os que não se envolveram to da expansão evangelística levou os adven- mileritas da porta fechada mantiveram de cionados, havia chegado à conclusão de que
na experiência de 1844. tistas sabatistas a uma visão mundial desde forma geral a confiança de que tanto seus houvera um engano, ou seja, o cumprimento
• O ensino de Ellen White sobre a expiação princípios da década de 1850.15 cálculos de tempo como sua mensagem do da Profecia dos 2.300 anos e a porta fechada da
envolvendo a mudança de ministério de Cristo • Os defensores estão convencidos de que retorno de Cristo estavam corretos,20 ainda Parábola do Noivo, etc., ainda estavam no fu-
para o Lugar Santíssimo em 1844 não é bíblico; as mensagens/visões de Ellen White são bi- que compreendessem mal a maneira como turo.27 Essa primeira visão convenceu Ellen
portanto, o papel dela como mestra em teologia blicamente seguras e cronologicamente Cristo voltaria. Harmon (sem nenhum indício a respeito da
é inaceitável. Esta pressuposição talvez motive relevantes no cenário das mensagens dos três
Fanatismo entre os mileritas da porta fe- porta fechada geral para todos os viventes em
e dirija todas as outras pressuposições. anjos de Apocalipse 14. Assim sendo, o papel
chada. O ponto de vista extremo de que o 22 de outubro de 1844) de que o povo de Deus
• Se a pretensão de Ellen White de ser dela como conceitualizadora teológica (sem-
uma escritora divinamente inspirada é verda- pre sob a norma bíblica) pode ser seguido tempo de graça havia terminado para todos estava no início de novas responsabilidades, e
deira, então suas palavras escritas são inspira- com segurança.16 em 22 de outubro de 1844 em breve levou não no fim de todas as coisas.28
das ou não são. Ou seja, deste ponto de vista muitos ao fanatismo. Este grupo extremis- Poucas semanas depois, em fevereiro de
da inspiração verbal, Ellen White não seria Recapitulando o Registro ta, dentro do qual existiam muitas varia- 1845, Ellen Harmon teve sua segunda visão
uma profetisa se ela editasse, apagasse ou al- O que revela o registro histórico? Ao investi- ções, enfatizava que Cristo veio de fato no pública, a visão do Santuário e o Noivo, em
terasse de qualquer outra forma suas declara- gar as fontes contemporâneas em busca da dia 22 de outubro, não visualmente para o Exeter, Maine. Em Exeter, sem dúvida, ela es-
ções anteriores. compreensão do termo “porta fechada”, exa- mundo, mas “espiritualmente” (isto é, ex- tivera relatando sua primeira visão a um gru-
Ao dar “a melhor interpretação possível” minaremos, nesta ordem: (1) o que os mileri- periencialmente) para os mileritas crentes po de adventistas da porta fechada, e repro-
às preocupações dos críticos, os que defen- tas criam a respeito da porta fechada antes de que conservavam sua confiança na valida- vando seus líderes fanáticos e seus ensinos in-
dem Ellen White devem esforçar-se para en- 1844; (2) o que pensaram após 1844, ao per- de de 22 de outubro. Foram rotulados de corretos a respeito de seu ponto de vista ex-
tender o outro ponto de vista e reconsiderar ceber que, antes que outro ano passasse, eles “espiritualizadores”.21 Crendo que o tempo tremo sobre a porta fechada.29
as “razões” por trás das acusações dos críticos. se separariam em dois grupos: mileritas da de graça havia terminado (fixando assim o
O tranqüilo intercâmbio das pressuposições porta aberta e mileritas da porta fechada; (3) caráter e destino para sempre), alguns líde- Primeira Ligação
eliminará muitas vezes as tensões causadas as mensagens/visões de Ellen White a respei- res passaram a defender práticas como “abs- Entre 1844 e o Santuário Celestial
pelos erros de percepção. to de como ela entendia o significado da por- tenção de trabalho” (trabalhar indicaria A visão do Santuário e o Noivo permitiu a
ta fechada, o término do tempo de graça, etc.; falta de fé em que estavam em seu repouso Ellen Harmon ver pela primeira vez o que ha-
Pressuposições dos Defensores e (4) o pensamento dos adventistas sabatistas milenial), “rastejar” mesmo pelas ruas (pa- via acontecido na história da salvação em 22
As pressuposições dos defensores são geral- antes de 1852. ra mostrar sua humildade infantil conforme de outubro de 1844, quando Cristo entrou no
mente como segue: Mileritas antes de 1844. De importância ca- convém aos que pertencem ao reino de Lugar Santíssimo do santuário celestial.30 Ela
• Ellen White estava relacionada com o pital para o pensamento milerita após a déca- Deus – Luc. 18:17) e finalmente “casamen- também desdobrou mais claramente o princí-
tempo, mas não condicionada por ele.13 da de 1830 era que o mundo acabaria em to espiritual” (cumprindo assim o ensino pio da rejeição – que, além dos que haviam
Contudo, numa linha contínua de valores 1843-1844. A Parábola do Noivo (a parábola bíblico de que os remidos não mais se casa- rejeitado ou repudiado a luz a respeito do sig-
que vai desde estar relacionado com o tempo de Mateus 25 que incluía o conceito da porta nificado de 1844, existia um terceiro grupo
rão – Mar. 12:25).22
até estar condicionado por ele, os defensores fechada) era freqüentemente usada com rela-
que ainda não tinha visto claramente as op-
nem sempre estão no mesmo ponto. Uma das ção aos acontecimentos finais. Para todos os
Nova Visão Para os Mileritas23 ções disponíveis naquela época.31 Ellen Har-
fraquezas, por exemplo, da maioria deles é mileritas anteriores a 22 de outubro de 1844,
que colocam peso igual tanto em declarações a “porta fechada” simbolizava o fim do tempo Quando Ellen Harmon24 descreveu sua vi- mon descreveu esse grupo como povo “des-
anacrônicas quanto em declarações contem- de graça, o selamento dos santos e o juízo são do Clamor da Meia-Noite, recebida em cuidado” que fora “enganado”; ou seja, eles
porâneas. Outra fraqueza é que alguns defen- imediato por ocasião da vinda do Senhor.17 dezembro de 1844, os mileritas ouviram não haviam rejeitado conscientemente a luz
sores nem sempre estudaram completamente Mileritas depois de 1844. Durante algum uma explicação distintamente nova para o da verdade e, assim sendo, restava-lhes a pos-
o registro contemporâneo. tempo depois de 22 de outubro, os mileritas que acontecera em 22 de outubro de sibilidade de aceitarem a luz, caso esta lhes
• Ellen White, como todos os profetas, ficaram chocados, desapontados e confu- 1844:25 Jesus ainda viria e o tempo de gra- fosse apresentada da maneira correta. Este
pode não ter compreendido plenamente to- sos.18 Em breve desenvolveram-se dois gru- ça não acabara para todos. Quando os pe- terceiro grupo forneceu a semente conceitual pa-
das as implicações de suas visões na época em pos: (1) mileritas da porta aberta e (2) mile- quenos grupos do Maine e de Massachu- ra uma definição melhorada da “porta fechada”,
que as recebeu. Através dos anos, os defenso- ritas da “porta fechada”. Os mileritas da por- setts ouviram essa história/visão confir- isto é, a porta não se fechara para aqueles que
res têm adotado diferentes atitudes para com ta aberta repudiaram finalmente os cálculos mando a experiência de 1844 como “a obra não haviam conscientemente rejeitado a luz co-
este ponto.14 proféticos que haviam conduzido a 22 de ou- de Deus”, também ouviram Ellen Harmon municada ao mundo em 1844. Não há nesta
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CAPÍTULO 44 O ministério profético de Ellen G. White
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– ESTUDO DE UM CASO

visão nenhuma sugestão de que a porta [da sões da jovem Ellen tornaram-se uma profun- te, “que Jesus Se ergueu, fechou a porta e en- “coisas que viste e ouviste” (isto é, as implica-
graça] se fechara para todo o mundo em da base para a confiança em seu ministério trou no Santo dos Santos, no sétimo mês de ções do sábado na salvação conforme ligadas
1844.32 profético. 1844.” Ela também indicou que o tempo de à doutrina do santuário e à obra do selamen-
angústia iniciado quando Miguel Se levanta to). Tal desafio parecia, a princípio, ser assom-
Tempo de Angústia de Jacó Visão do Sábado no Santuário ainda estava no futuro e ocorreria somente broso, quase incrível. Mas a profetisa havia fa-
A visão do tempo de angústia de Jacó, em agos- A visão do sábado no santuário (visão da auréo- depois que Jesus tivesse concluído Sua obra lado: os resultados do empreendimento edito-
to de 1845, poupou alguns ardentes e extre- la de glória), em 3 de abril de 1847,35 focalizou no Lugar Santíssimo. Explicou em detalhes rial (isto é, enfatizando o sábado como o selo
mistas defensores da “porta fechada”, como o significado do sábado do sétimo dia para os esta relação em mensagens e visões por vir. de Deus relacionado com a verdade do san-
Tiago White, de outro enorme desaponta- últimos dias. A cada visão sucessiva, Ellen
Em outras palavras, ela e Eli Curtis discorda- tuário) seriam como o “nascimento do sol
mento. Enquanto Ellen Harmon estava em White colocava outro tijolo num fundamen-
Carver, Massachusetts, em agosto, Tiago to teológico coerente e integrado. Nessa vi- vam fundamentalmente quanto ao que [enquanto] continua em seu curso... mas que
White, então com 24 anos de idade, procla- são de 3 de abril, a relação entre o santuário acontecera em 22 de outubro de 1844, pois nunca se põe. ... O nascimento é em força e se
mava nas proximidades de Fairhaven e Dart- e o sábado do sétimo dia (a “porta fechada” e ela dera à expressão “porta fechada” uma torna cada vez mais brilhante.”
mouth a iminência33 do Advento, um ano o sábado) foi cimentada. nova definição.37 Bates ficou tão impressionado com essa vi-
depois de 22 de outubro de 1844. Como nas visões precedentes, não há su- Tanto quanto sabemos, esta foi a primeira são que afirmou que a verdade do sábado de-
Depois de ouvir o relato da visão de Ellen gestão de um ponto de vista extremo sobre a vez que Ellen White empregou em matéria im- via ser publicada imediatamente e enviada a
Harmon, Tiago escreveu uma carta a um pe- porta fechada. Pelo contrário, a Sra. White pressa o termo “porta fechada”. Como o em- lugares como a França, Grã-Bretanha, Rússia
riódico da “porta fechada” descrevendo o im- continuou a erguer o olhar de seus colegas, pregou ela? No contexto da doutrina do san- e Oriente Médio.40
pacto da mensagem dela: “Muitos estavam bem como o dela próprio, à medida que con- tuário e especificamente relacionado com o Em seu contexto, essa visão/promessa foi
esperando que o Senhor viesse no sétimo mês tinuava tenazmente a abrir a porta das res- início da obra de Cristo no Lugar Santíssi- dada a um punhado de pessoas apenas quatro
[outubro] de 1845. Que Cristo então viria era ponsabilidades missionárias: “Vi que Deus mo. Explicou em detalhes esta relação nas anos depois de seu maior desapontamento.
a nossa firme crença.”34 tem filhos que não reconhecem nem guar- mensagens e visões subseqüentes. Em outras Obviamente, aquele pequeno grupo de pouco
Continuando nesse mesmo artigo, ele es- dam o sábado. Eles não haviam rejeitado a luz palavras, ela e Eli Curtis discordavam funda- menos de cem adventistas sabatistas não ti-
creveu: “Neste momento, Ellen estava com o sobre este mandamento.” Mais uma vez, ela mentalmente quanto ao que acontecera em nha idéia de um programa mundial que se de-
grupo em Carver, Massachusetts, onde lhe foi aplica aqui o princípio da rejeição: pelo fato 22 de outubro de 1844. senvolveria nos cinqüenta anos seguintes.
mostrado em visão que nós ficaríamos desa- de o mundo estar repleto de pessoas a quem a
Tudo quanto sabiam era que Deus havia reve-
pontados e que os santos deviam passar pelo verdade do sábado não havia sido apresenta-
Visão do Selo de Deus lado a Ellen White que eles deviam começar
‘tempo da angústia de Jacó’, ainda para o fu- da, um vasto campo missionário esperava ser
turo. Sua concepção da angústia de Jacó era ensinado e advertido. Para ela, a porta não es- Ellen White não escreveu por extenso sua vi- a publicar, com os recursos disponíveis, com
inteiramente nova para nós, bem como [para] tava fechada para aqueles (1) que não haviam são do Selo de Deus, recebida entre 17 e 19 de a luz que compreendiam. A confiança deles
ela mesma.” entendido claramente as mensagens do Cla- novembro de 1848.38 Contudo, enquanto es- nessa mulher de 21 anos de idade fora estabe-
mor da Meia-noite; ou (2) que ainda não ti- tava em visão na casa de Otis Nichols, em lecida durante os três anos anteriores – eles
A Volta de Cristo: Próxima, nham ouvido a verdade do sábado. Seu racio- Dorchester, Massachusetts, José Bates tomou prosseguiriam.41
Mas Não Iminente cínio? A porta estava sempre aberta para o nota do que ela dizia. Esta visão despertou o
Parte da “novidade” para Tiago era que essa pecador arrependido que não rejeitara a clara grupo de adventistas sabatistas, ampliando Visão da Retenção dos Ventos
visão de 1845 ensinou inequivocamente que luz da verdade. grandemente a visão deles a respeito da tre- A visão da retenção dos ventos, recebida por
a volta de Cristo não era iminente e que Numa carta de 21 de abril de 1847, ende- menda responsabilidade missionária que re- Ellen White em 5 de janeiro de 1849,42 vol-
acontecimentos significativos ainda deve- reçada a Elis Curtis, defensor da porta fecha- caía sobre eles de proclamar as mensagens tou a enfatizar o conselho que ela dera algu-
riam ocorrer na Terra. Essa visão parece ter da, Ellen White escreveu, em resposta à so- dos três anjos de Apocalipse 14.39 mas semanas antes em Dorchester: que as di-
salvo Tiago de outros cálculos de tempo a res- licitação dele de seus pontos de vista, afir- Essa visão descrevia os acontecimentos versas revoluções na Europa, tanto políticas
peito da volta do Senhor, uma prática co- mando concordar com ele “plenamente em desde 1844 como luz que surge “no oriente”, quanto sociais, não eram o “tempo de angús-
mum entre alguns líderes mileritas. alguns pontos, enquanto em relação a outros depois “uma luz após outra”, com cada nova tia” de Daniel 12, ainda no futuro.
Fica evidente que essa visão de 1845, tão diferia amplamente”.36 Ela concordava com verdade “encadeada; elas não podem separar- Ela concluiu essa visão informativa com
oportuna e tão bíblica, causou impacto parti- (1) duas ressurreições literais, separadas por
se” – todas as verdades que se acham relacio- pensamentos adicionais a respeito da relação
cularmente profundo sobre Tiago, bem como mil anos e (2) que a Terra renovada só apa-
sobre os outros. Essa visão de agosto, junto receria depois de os ímpios ressuscitarem e nadas com a obra do selamento. Ela também entre a retenção dos ventos (Apocalipse 7) e
com outras visões e mensagens da escritora, serem destruídos no fim dos mil anos. Dis- garantiu a seus ouvintes que “o tempo de an- a obra de selamento (por implicação, o térmi-
forneceu um contexto de confiança enquan- cordava dele no ponto de vista adotado por gústia” não havia começado, embora alguns no do tempo de graça). Os ventos continua-
to esses primeiros crentes alcançavam luz ele de que Miguel Se levantara (Dan. 12:1) vissem um possível cumprimento na então riam a ser restringidos pelos anjos até que o
mais plena ainda por vir. Para eles, Ellen na primavera de 1844, e que o tempo de an- intranqüilidade européia. povo de Deus fosse selado (isto é, a volta de
Harmon era alguém em quem se podia con- gústia começara naquele tempo. “O Senhor A parte mais dramática dessa visão foi a Jesus dependia, entre outros fatores, de um
fiar. As experiências deles em relação às vi- me mostrou em visão”, disse ela mais adian- ênfase de Ellen White na publicação das povo preparado para o selamento do nome de
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CAPÍTULO 44 O ministério profético de Ellen G. White
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– ESTUDO DE UM CASO

Deus escrito na “fronte” deles – Apoc. 7:3; mas nada vi, pois o tempo para a sua salvação e (4) “que almas preciosas estão morrendo mo: (1) Ellen White cria, baseada em suas
14:1). Nessa visão, como em outras mensa- havia passado.”46 por falta da verdade presente e seladora, o ali- mensagens/visões, que o tempo de graça ter-
gens, Ellen White enfatizou que o tempo era A boa interpretação relaciona qualquer mento no tempo certo; e que os rápidos men- minou para todos em 1844 (os crentes foram
curto, apesar daquilo que eles estavam come- passagem controvertida com o seu contexto – sageiros devem apressar-se em seu caminho e salvos e os que rejeitaram a pregação milerita
çando a entender como “demora” no Adven- primeiro, sua própria carta ou manuscrito e alimentar o rebanho com a verdade presen- se perderam); (2) todas as “conversões” desde
to – isto é, o Advento depende da finalização depois os documentos contemporâneos da te”. Não vemos aqui novamente nenhuma su- 1844 não eram genuínas.
da obra de selamento. autora sobre o mesmo assunto. Ainda assim, gestão de uma porta fechada ou de um limitado Refutação: Os registros mostram que
é provável que nenhuma interpretação sim- conjunto de perspectivas adequadas para o evan- Ellen White cresceu em conhecimento a
Visão da Porta Aberta gelismo. Muito pelo contrário. respeito do conceito da porta fechada à me-
ples dessas duas frases satisfaça nem os defen-
A carta animadora de Ellen White à fa- dida que Deus continuava a desdobrar as
Em sua visão da porta aberta, recebida em 24 sores nem os críticos. mília Hastings, escrita em 11 de janeiro de verdades relativas ao significado de 22 de
de março de 1849,43 Ellen White forneceu Os defensores geralmente encontram nos 1850, enfatizava que “as pessoas estão vin- outubro de 1844. Esses registros indicam que
conexões adicionais ao desenvolver, passo a primeiros parágrafos os antecedentes da pala- do para a verdade, e brevemente a obra se- suas mensagens/visões nunca ensinaram que
passo, o processo de integrar verdades vitais vra their [sua] desta última frase, que se refere: rá terminada. ... Vi ontem que nossa obra os crentes foram “selados” naquela data.
que vieram a ser conhecidas como “verdade (1) aos pastores não adventistas “que rejeita- não deve ir aos pastores que rejeitaram as Tampouco ensinavam essas mensagens que
presente”, conexões como (1) “porta fecha- ram a verdade”; (2) àqueles “professos adven- mensagens anteriores, mas aos sinceros en- aqueles que não tinham consciência da pre-
da” (isto é, validade de 1844) com a verdade tistas que rejeitaram a verdade presente; (3) ganados que foram desencaminhados. Vi gação milerita ou que aqueles que haviam
do santuário; (2) verdades do sábado e do aos novos convertidos dos dois pastores ante- que os falsos pastores logo enfrentariam juí- sido sinceramente enganados por Satanás se
santuário “não podiam ser separadas”; (3) riores que “pareciam realmente convertidos... zo. Que a verdade seja apresentada por toda “perderam” naquela data.
surgimento do espiritualismo com as malda- mas se seu coração pudesse ser visto seria ne- a parte aonde formos. ... Animem-se! Dias Pelo contrário, os mesmos registros reve-
des de Satanás; (4) surgimento do hipnotis- gro como sempre”. Em outras palavras, entre melhores virão.”48 lam que, desde suas primeiras visões, Ellen
mo com as maldades de Satanás; (5) adver- os que estavam envolvidos em “falsas refor- Mais uma vez, aqui fica manifesto que des- White enriqueceu o conceito da porta fe-
tência de Paulo sobre a “operação do erro” e mas”, que foram “de mal a pior”, não havia de 1845 Ellen White possuía uma compreen- chada, uma atitude em frontal conflito com
“crença na mentira” (II Tess. 2:11 e 12) apli- “agonia... pelos pecadores como anterior- são coerente – de que não parecia haver espe- outros mileritas da “porta fechada”.51 Ela
cada aos pastores que estavam atacando as mente”. Para esses falsos líderes e seus “conver- rança para os pastores que haviam rejeitado ensinava que conservar a confiança nos cál-
verdades do sábado e do santuário.44 ou repudiado as verdades de 1844, embora culos mileritas e na experiência de 1844 não
tidos” inconversos, enquanto eles continuas-
houvesse esperança para os “sinceros engana- significava automaticamente que alguém ti-
Aqui Ellen White enfatizou seu enriqueci- sem em seus maus caminhos, “o tempo para a dos”. Nessa carta, ela volta a enfatizar o prin- nha que crer que o tempo de graça havia
do discernimento da expressão-chave: “porta sua salvação havia passado”.47 cípio da rejeição sobre o qual comentara em terminado para todo o mundo. Por meio de
fechada”.45 Os conceitos da “porta fechada”, Os defensores observam também que as sua visão do Noivo em fevereiro de 1845, suas mensagens/visões, ela ensinou o cami-
do sábado e a verdade do santuário (com seu mensagens de Ellen White haviam estado quando se referiu aos “descuidosos” que ha- nho para uma compreensão fundamentada
discernimento a respeito da obra de Cristo no por algum tempo descrevendo, gradualmen- viam sido enganados por Satanás. Quando na Bíblia dos acontecimentos ocorridos em
Lugar Santíssimo) não “deviam ser separa- te, uma porta se abrindo para o evangelismo pessoas descuidosas e enganadas “são desen- 22 de outubro de 1844. Assim, para aqueles
dos”. Nessa visão/mensagem de 1849, ela daqueles que não haviam rejeitado a luz da caminhadas”, existe a possibilidade de que que aceitaram plenamente as primeiras
muitas vezes descreveu Jesus como fechando verdade. O contexto mais amplo para essa possam ainda ser levadas a entender a verda- mensagens/visões da jovem Ellen Harmon,
a porta do Lugar Santo para poder “abrir” Sua frase controvertida, pensam eles, explica cla- de e romper com os próprios enganos. a “porta fechada” tornou-se agora a expres-
obra no Lugar Santíssimo. Em seu vívido sim- ramente o que ela não queria dizer. são-chave para a “validade da mensagem e
bolismo – alguém passa com Jesus através da Recapitulando as Acusações dos Críticos experiência de 1844” e o conceito que des-
porta aberta depois de 1844 a um quadro Artigo “Verdade Presente” Durante séculos, têm-se feito acusações de venda o futuro da mudança do ministério
mais amplo que liga o ministério de Cristo no O artigo que Ellen White publicou na revista incoerências e discrepâncias contra a Bí- de Cristo em 22 de outubro de 1844. Esta
Lugar Santíssimo, a obra do selamento e o Present Truth, de setembro de 1849, fornece blia.49 Embora tenham sido apresentadas ex- compreensão mais ampla dos acontecimen-
tempo de Sua segunda vinda. outro exemplo do processo de um tijolo sobre plicações logo que as acusações surgiram, tos de 22 de outubro logo veio a tornar-se a
A última frase dessa visão, contudo, tem outro pelo qual ela estava ajudando a estabe- muitas pessoas, devido a suas pressuposições, “verdade presente” para os adventistas sa-
continuaram a crer nas acusações. Contudo, batistas.52
levado os críticos a afirmar que Ellen White, lecer o fundamento próspero de uma teologia
todas as acusações, sejam elas contra a Bíblia, As observações de Ellen White a respeito
mesmo em 1849, adotava o conceito extremo coerente e integrada. Seus principais pontos sejam contra Ellen White, devem ser consi- de “conversões” por meio de “falsos” mestres
da porta fechada – que o tempo de graça ha- incluem: (1) que a graça de Deus é suficiente deradas cuidadosamente e com o devido res- aplicavam-se a todos esses mestres desde o
via acabado para todo o mundo, exceto para para tornar os cristãos vencedores, (2) que o peito. A verdade pode permitir-se ser aberta, início do tempo. Através dos séculos, muitos
os que se haviam apegado a sua experiência caráter determina o futuro, (3) que “o que é franca, justa e bondosa.50 se têm “sentido salvos” mediante inúmeros
de 1844: “Meu anjo assistente ordenou-me feito para resgatar almas da vindoura tempes- Acusação: Ellen White ensinava a idéia ex- “planos” de salvação, seja nos misticismos da
que olhasse as agonias de alma em favor dos tade de ira deve ser feito antes que Jesus dei- trema da porta fechada em suas mensagens/vi- antiga Babilônia e Egito, na pregação emocio-
pecadores como era costume haver. Olhei, xe o Lugar Santíssimo do santuário celestial”, sões. Esta acusação inclui alegações tais co- nalmente convincente de muitos reavivalis-
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tas, seja nos êxtases de certos grupos carismá- grupo de Turner-Hale. Para os contemporâ- da” fizesse com que a uma única pessoa fosse outubro de 1844. Ellen White começou a
ticos, do passado ou do presente. Outros têm neos dela, isso teria sido uma loucura mons- negada a salvação. Por que mais mileritas da empregar esse termo como uma expressão-
estabelecido a confiança de que seu raciocínio truosa! Aqueles primeiros adventistas ha- “porta fechada” não seguiram as novas chave para o que acontecera no Céu em 22
e pesquisa lhes têm dado a “verdade” sobre si viam aprendido por experiência própria que idéias da profetisa sobre o significado de de outubro de 1844, quando Cristo “fechou”
mesmos e sobre o Universo. Somente Deus podiam confiar em Ellen White. Se houves- 1844? Só Deus sabe. Mas se novamente as- a porta do Lugar Santo e “abriu” a porta pa-
pode julgar as motivações pessoais dessas sem observado duplicidade em “ocultamen- sumirmos a posição deles, veremos que o fa- ra a última fase de Sua expiação no Lugar
“conversões”, sejam elas por meio de senti- tos”, como poderiam essas mesmas pessoas to de os mileritas da “porta fechada” segui- Santíssimo.
mento ou da razão. Mas a maioria concordará confiar nela nos anos subseqüentes, quando rem as mensagens/visões de Ellen Harmon 3. Nenhuma fonte de pesquisa indica que
que rejeitar a verdade não é o meio de estabe- surgiram desafios que afrontavam a sabedoria Ellen White ou qualquer daqueles que se tor-
significaria que eles criam que o tempo de
lecer uma relação salvadora com Deus. humana? Aqueles que haviam convivido nou líder sabatista se envolveu em fanatismo
Acusação: Ellen White e seus colegas adven- com ela durante a década de 1840 sabiam por graça não havia acabado para o mundo em
22 de outubro de 1844. Significava também associado com os defensores da porta fechada.
tistas “ocultaram” as primeiras idéias erradas de- experiência própria como as mensagens/vi-
que aqueles que seguiam a liderança de 4. Nenhum registro prova que Ellen White
la sobre a porta fechada. sões dela eram diretas, confiáveis e oportunas
Ellen Harmon (1) entenderam o motivo pe- cria que a porta da misericórdia fora fechada
Refutação: À primeira vista, os primeiros – desde o princípio. Falsificar essas mensa-
gens/visões seria destruir a unidade do peque- lo qual Cristo entrou no Lugar Santíssimo e para todos em 1844, a não ser para aqueles
críticos tinham motivos para questionar –
palavras aqui e ali foram suprimidas das im- no grupo de adventistas sabatistas. Aquele (2) relacionaram o sábado do sétimo dia que fecharam sua própria porta pela rejeição
pressões posteriores. Algumas das primeiras grupo não teria sobrevivido tempo bastante com a mensagem do santuário. Tudo isso po- da verdade bíblica – e somente Deus podia
refutações a esta acusação por parte de líde- para organizar-se, mais do que a primitiva de ter representado compromisso demais pa- conhecer essas decisões pessoais. Não está
res adventistas posteriores pareciam superfi- igreja cristã teria sobrevivido, caso seus fun- ra muitos mileritas da “porta fechada”. consignado em nenhum registro que Ellen
ciais, principalmente porque não muitas dadores tivessem “ocultado” o “fato” de que Outra razão por que os primeiros adventis- White tenha jamais repudiado qualquer de
pessoas em anos posteriores haviam sequer Jesus ainda estava na sepultura [mas Jesus não tas sabatistas (apenas cem por volta de 1850) suas mensagens/visões.
visto os poucos documentos da década de estava, e nada precisava ser ocultado]. não lançaram imediatamente programas 5. As fontes de pesquisa não indicam que
1840, que não estavam amplamente distri- Acusação: De 1844 a 1852, Ellen White e Ellen White em princípios da década de
evangelísticos dinâmicos (como começaram
buídos.53 Na verdade, os documentos con- seus companheiros mais achegados manifestaram 1850 tenha mudado de parecer e abandona-
a fazer no início da década de 1850) foi que
temporâneos da década de 1840 acham-se suas idéias extremas da porta fechada trabalhan- do um ponto de vista extremo da porta fe-
levava tempo para os primeiros crentes dis-
mais disponíveis hoje do que na época! do somente entre os mileritas da “porta fechada”. chada por causa de circunstâncias mutáveis.
(Como vimos anteriormente, os mileritas di- persos estabelecerem sua mensagem. O fato
Além disso, ninguém na década de 1840 po- Os primeiros adventistas sabatistas estavam
dia ter acesso rápido a todos os periódicos vidiam-se em mileritas da porta aberta e mi- de que os primeiros adventistas foram capazes
agindo de maneira mais dinâmica em alcan-
contemporâneos que tratavam do assunto da leritas da porta fechada.) de formular dentro de apenas alguns breves
çar o público em geral no início da década
porta fechada como pode tê-lo um estudan- Refutação: Pouco depois de sua primeira vi- anos uma mensagem teológica coerente que de 1850, principalmente porque havia leva-
te moderno; e poucos eram os que, na déca- são, Ellen Harmon foi instruída pelo Senhor a seria a “verdade presente” para todos, mileri- do alguns anos para formular sua mensa-
da de 1840, podiam ter acesso às cartas par- tornar suas visões conhecidas. Mas a quem? A tas ou não, desperta admiração e assombro. gem. O que teriam dito a alguém que lhes per-
ticulares de Ellen Harmon White e às cartas população em geral já havia rejeitado a men- Deus não lhes pediu para se lançarem an- guntasse a razão de sua existência como grupo
de seus contemporâneos. sagem milerita, o mundo cristão havia escar- tes de os haver preparado. Sem dúvida, as religioso muito antes de 1850? Tudo isso le-
Sempre que alguém imagina o papel que necido da ênfase pré-milenial da mensagem mensagens-visões de Ellen White e sua tena- vou tempo.
Ellen White desempenhou, tentando reagir milerita, os mileritas da porta aberta haviam cidade de espírito tornaram-se a força guiado- 6. O princípio da rejeição enfatiza o con-
aos mesmos desafios e condições que a jovem repudiado a data e o significado do dia 22 de ra para unir aquele pequeno grupo, transfor- ceito bíblico de que (a) cada pessoa é res-
Ellen enfrentou, fica clara e compreensível a outubro. Somente os mileritas da “porta fe- mando-o em um movimento mundial – tudo ponsável por sua própria salvação; (b) nin-
responsabilidade que ela sentiu de esclarecer chada” acreditavam que alguma coisa havia realizado dentro de um período de tempo es-
acontecido naquela data. Na verdade, os mi- guém é rejeitado por Deus até que escolha
os primeiros escritos feitos às pressas. As pou- pantosamente curto.
cas supressões ou alterações não foram feitas pa- leritas da “porta fechada” eram o povo no rejeitar a Deus; (c) o tempo de graça não
ra mudar pontos de vista, mas para esclarecê-los, mundo inteiro mais próximo de estar correto! terminará para o mundo enquanto todos
Sumário não estiverem estabelecidos num padrão ha-
para evitarem-se equívocos. Que mais faria um Portanto, ela começou por onde o bom senso
1. Tanto os defensores como os críticos de- bitual de aceitar a luz ou rejeitá-la. Este
escritor responsável, ou mesmo um profeta? e o Espírito de Deus a guiaram. Além disso,
muitos no “pequeno rebanho” – como os ad- vem lidar corretamente com todas as fontes de princípio impregna todas as mensagens/vi-
Nenhuma Evidência de Engano ventistas sabatistas se autodenominavam54 – pesquisa, não apenas com aquelas que combi- sões de Ellen White.
Não existe nenhuma evidência de que Ellen ainda adotavam pontos de vista extremos a nam com seus paradigmas e pressuposições. 7. Cada visão sucessiva revelava material
White (ou qualquer outra pessoa) tenha mais respeito da porta fechada, e Ellen continuou a 2. Durante 1844 e 1845, os mileritas da adicional no desenvolvimento de um sistema
tarde tentado enganar as pessoas de sua épo- levá-los rumo à verdade que se desdobrava. “porta fechada” sustentavam o ponto de vis- teológico integrado e coerente, que finalmen-
ca a crer que ela não havia, após dezembro de Não existe nenhuma evidência de que es- ta bastante uniforme de que o tempo de gra- te se converteria nas verdades “presentes” e
1844, ensinado a idéia da porta fechada do ta abordagem aos mileritas da “porta fecha- ça havia terminado para o mundo em 22 de distintivas dos adventistas do sétimo dia.
508 509
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VII
CAPÍTULO 44 O ministério profético de Ellen G. White
Como Avaliar a Crítica A PORTA FECHADA
– ESTUDO DE UM CASO

32. Para a maneira como esta visão abriu novos horizontes para me mostrado assemelhar-se a torrentes de luz que circunda-
Referências os mileritas da “porta fechada”, ver Apêndice I: “Ellen White vam o mundo.” (Vida e Ensinos, pág. 128.) Em 1887, ela lem-
Liderou o Desenvolvimento de uma Mensagem Orientada brou que “bem em sua juventude” [mais provavelmente an-
1. Spirit of Prophecy, vol. 4, pág. 268. acontecido em 22 de outubro de 1844. Contudo, os primei- Pela Bíblia.” Ellen White disse posteriormente que suas pri- tes do casamento em 1846] viu em visão que os crentes em
2. W. W. Fletcher, The Reasons For My Faith (Sydney: William ros adventistas do sétimo dia rotularam de “espiritualizado- meiras visões corrigiram seus erros anteriores com respeito a Jesus que eram observadores dos mandamentos seriam como
Brooks & Co., 1932), pág. 199. res” os que defendiam de maneira extremista a “porta fecha- outubro de 1844, ao revelarem o que Jesus fez naquela data. “jatos de luz tornando-se mais brilhantes... iluminando o
3. Wallace D. Slattery, Are Seventh-day Adventists False Prophets? da”, pois esses “espiritualizadores” criam que Jesus havia vin- Tiago White escreveu em 30 de maio de 1847, em A Word to mundo inteiro”. – Review and Herald, 26 de julho de 1887
(Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing do, mas somente “ao coração” dos verdadeiros crentes. the Little Flock, que “ao receber sua primeira visão em dezem- (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 76).
Company, 1990), pág. 29. 22. Damsteegt, Foundations, págs. 114, 120-135; Schwarz, Light bro de 1844, Ellen White e todo o grupo de Portland, Mai- 41. Dentro de um ano, Tiago White e o grupo publicaram a pri-
4. Dennis Hokama, Adventist Currents, julho de 1984, pág. 26. Bearers, págs. 55 e 56. Samuel Snow, por exemplo, chegou ne, haviam desistido do clamor da meia-noite e da porta fe- meira edição do periódico Present Truth, julho de 1849, o
5. Review and Herald, 3 de março de 1885. a pensar por fim que era o profeta Elias (verão de 1845). chada, como sendo coisa do passado [ou seja, nada de impor- qual se tornou, posteriormente, a revista da igreja, Review and
6. Ibidem, 10 de fevereiro de 1885. John Pearson, Jr., unido a J. V. Himes (líder da “porta aber- tante aconteceu em 22 de outubro de 1844]. Foi então que o Herald, um dos periódicos religiosos de mais longa e constan-
7. Ver George Reid, “Another Look at Adventist Hermeneu- ta”) e Enoch Jacobs, foi para o shakerismo por volta de abril Senhor lhe mostrou em visão o erro em que ela e o grupo de te publicação na América do Norte. Ela agora é conhecida
tics”, Journal of the Adventist Theological Society, primavera de de 1846. Portland haviam caído.” Tiago White também comentou como Adventist Review.
1991. 23. Ver Apêndice H: “Ellen White Enriqueceu a Expressão ‘Por- posteriormente que foram as visões de Ellen Harmon White 42. Primeiros Escritos, págs. 36-38.
8. Ver Apêndice E: “Pressuposições Básicas Compartilhadas Pe- ta Fechada’.” que levaram os adventistas do sétimo dia que surgiam ao ple- 43. Ibidem, págs. 42-45, originalmente uma carta para a família
la Maioria dos Críticos.” (Apêndices E a M são fornecidos 24. A 30 de agosto de 1846, Ellen Harmon casou com Tiago no esclarecimento a respeito do significado de 22 de outubro Hastings, em 30 de março de 1849.
para este capítulo no Apêndice geral. Para melhor com- White. de 1844. – Life Incidents (Battle Creek: Seventh-day Adven- 44. Ver Apêndice I: “Ellen White Liderou o Desenvolvimento
preensão de cada assunto, cada apêndice deve ser lido quan- 25. Um historiador cristão do advento, Clyde E. Hewitt, escre- tist Publishing Association, 1868), págs. 204-209. de uma Mensagem Orientada Pela Bíblia.”
do indicado no corpo do capítulo.) veu: “Nem toda aquela minoria de adventistas que cria na 33. “Iminência” refere-se a uma Segunda Vinda que pode ocor- 45. Para uma discussão de como Ellen White enriqueceu a ex-
9. Ver págs. 256-263 para o desenvolvimento do Tema do data 22 de outubro se tornou fanática. Tampouco espirituali- rer a qualquer momento em contraste com a “proximidade” pressão “porta fechada”, ver Apêndice H.
Grande Conflito. zaram a volta de Cristo. Em vez disso, alguns encontraram que indica que determinados acontecimentos devem ainda 46. Primeiros Escritos, pág. 45.
10. Ver pág. 257. para seu grande desapontamento uma explicação bastante ocorrer antes da volta de Jesus, tais como a Chuva Serôdia, o 47. Damsteegt, Foundations, pág. 154. É mais do que interessan-
11. Review and Herald, 15 de abril de 1880, grifo nosso. Ver tam- original. Miller, argumentavam eles, estivera correto na data, Alto Clamor, as Sete Últimas Pragas, etc. Os adventistas do te que Charles G. Finney, um dos destacados evangelistas da
bém Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, pág. 789. MR, vol. mas se equivocara quanto ao acontecimento. ... A oeste do sétimo dia enfatizam a “proximidade”, não a “iminência”. América do Norte antes de 1850, tenha escrito em 1845:
19, pág. 13. Estado de Nova Iorque, na manhã de 23 de outubro, o líder 34. Day-Star, 20 de setembro de 1845, reimpresso em A Word to “Tenho observado, e muitas outras pessoas comigo, que du-
12. Ver Apêndice F: “Condicionada Pelo Tempo ou Relaciona- adventista da região, Hiram Edson, após longo período de the Little Flock (30 de maio de 1847), reproduzido em Knight, rante os últimos dez anos os reavivamentos religiosos têm-se
da com o Tempo.” oração com alguns que haviam passado a noite anterior com 1844, pág. 171. tornado cada vez mais superficiais. ... Há muito menos con-
13. Rolf Poehler usou essa distinção em seu ensaio inédito: “‘... ele, ficou convencido de que o ‘santuário’ de Daniel 8:14 fi- 35. Primeiros Escritos, págs. 32-35; a descrição desta visão apare- vicção profunda de pecado e contrição de coração.” – Char-
And the Door was Shut’ – Seventh-day Adventist and the cava no Céu. A profecia não se referia à Terra, mas ao San- ceu pela primeira vez numa carta a José Bates (7 de abril de les G. Finney, Reflections on Revival (Minneapolis: Bethany
Shut-Door Doctrine in the Decade After the Great Disap- to dos Santos no próprio Céu. ... Para um pequeno grupo de 1847). Fellowship, 1979), pág. 14.
pointment”, Andrews University, 1978. ex-mileritas, esta visão do que acontecera em 22 de outubro 36. Eli Curtis colaborava com o Day Dawn, um periódico da 48. Carta 19, citada em MR, vol. 19, pág. 128.
14. Ver Apêndice G: “O Progresso de Ellen White na Com- parecia lógica e, apoiada por outros argumentos muitas vezes “porta fechada” extremista do qual O. R. L. Crosier era edi- 49. Ver pág. 16 para vários exemplos.
preensão das Próprias Visões.” com analogia escriturística, convincente.” – Midnight and tor. Esta carta foi reimpressa em A Word to the Little Flock, ci- 50. Ver Apêndice L: “Principais Acusações Contra Ellen White
15. Ver Apêndice H: “Ellen White Enriqueceu a Expressão ‘Por- Morning (Charlotte, NC: Venture Books, 1983), págs. 182 e tada em Nichol, Critics, págs. 571 e 572, e Knight, 1844, Sobre a Questão da Porta Fechada e Refutações Através dos
ta Fechada’.” Durante a década de 1840, Ellen White usou a 183. págs. 170 e 171. Anos.”
expressão “porta fechada” de duas maneiras, não contradito- 26. Primeiros Escritos, págs. 14-17; Life Sketches, págs. 64-68, 85- 37. Com tão poucas fontes de pesquisa disponíveis, ninguém po- 51. Ver Apêndice M: “Carta de 13 de Julho de 1847 a José Bates”.
riamente, mas em cada maneira enfatizando um ponto dife- 94; Damsteegt, Foundations, págs. 112, 120 e 133; Schwarz, de provar que o que Ellen White quis dizer nesta carta de 21 52. “A ‘Verdade Presente’ desta terceira mensagem angélica é,
rente mas complementar. O problema surge quando não se Light Bearers, págs. 63-65. de abril de 1847 era exatamente o que estava em sua mente portanto, O SÁBADO E A PORTA FECHADA.” – José Ba-
faz nenhuma distinção entre o que os mileritas da “porta fe- 27. Carta a Bates, em 13 de julho de 1847; Manuscrito 4, 1883; em 1845. Podemos apenas mencionar suas crescentes diver- tes, An Explanation of the Typical and Anti-typical Sanctuary
chada” criam ser a “porta fechada” e o que Ellen White quis Tiago White, A Word to the Little Flock, pág. 22. (Citado em gências com aquilo que era comumente defendido por outros (New Bedford, MA: Press of Benjamin Lindsey, 1850), pág.
dizer no início de sua primeira visão. Nichol, Critics, pág. 582, e George R. Knight, 1844 and the antes desta data. 14. Aqui Bates, como outros, empregava a expressão “porta
16. Ver Apêndice I: “Ellen White Liderou o Desenvolvimento Rise of Sabbatarian Adventism (Hagerstown, MD: Review and 38. José Bates publicou as notas que tomou dos comentários de fechada” para a doutrina do santuário. Ver o encadeamento
de uma Mensagem Orientada Pela Bíblia.” A partir de sua Herald Publishing Association, 1994), pág. 176. Ellen White durante essa visão em seu livro A Seal of the Li- de Ellen White em sua visão de A Porta Aberta e a Porta Fe-
primeira visão, Ellen White ensinou conceitualmente o ca- 28. Críticos têm declarado que a supressão de uma única frase ving God, citado em parte em Biography, vol. 1, pág. 150. chada em 1849 – Primeiros Escritos, págs. 42-45.
minho no desenvolvimento de uma coerência de fundamen- nas publicações posteriores desta visão oculta a asserção de 39. “Sabatista” refere-se aos adventistas que na época adoravam 53. Ver Apêndice L. Por exemplo, da informação que lhe estava
to bíblico que veio finalmente a ser a mensagem distintiva que Ellen White não cria no ponto de vista extremo da por- no sétimo dia da semana, diferenciando-se dos adventistas do disponível, J. N. Loughborough negou que quem quer que se
dos adventistas do sétimo dia. ta fechada após “contemplar” sua primeira visão. Ver Apên- “primeiro dia”. haja posteriormente tornado adventista do sétimo dia cresse
17. Ver Damsteegt, Foundations, págs. 42-44, 93-98. Foundations, dice J: “Reação à Supressão da Expressão ‘Mundo Ímpio’.” 40. A Seal of the Living God, págs. 4, 35, 40 e 45. Muitos anos de- no conceito comumente compreendido de uma “porta fecha-
de Damsteegt, é reconhecido como o registro mais completo 29. Life Sketches, pág. 73. Alguns têm contendido que esta reu- pois, Ellen White recordou essa visão de Dorchester e das pa- da” após o desapontamento de 1844.
disponível de fontes de pesquisa que tratam do pensamento nião e outras com adventistas extremistas da “porta fechada” lavras que disse ao marido: “Desde este pequeno começo foi- 54. Ver Knight, 1844, pág. 165.
milerita e adventista entre 1830 e 1874. provam que Ellen White também era “um deles”. Para uma
18. Guilherme Miller falou em nome da maioria: “Fizemos nossa discussão do motivo por que ela freqüentava essas reuniões
obra em advertir os pecadores e em tentar despertar uma com os adventistas da “porta fechada”, ver Apêndice K: “Por
igreja formal. Deus, em Sua providência, fechara a porta; po- que Ellen White Parecia Alcançar Apenas os Defensores da Perguntas Para Estudo
demos apenas estimular-nos uns aos outros a ser pacientes; e Porta Fechada.”
a procurar mais diligentemente fazer firme a nossa vocação e 30. Primeiros Escritos, págs. 54-56.
eleição.” – Advent Herald, 11 de dezembro de 1844, citado 31. O princípio da rejeição, em ligação com a questão da porta
1. Por que a questão da “porta fechada” foi chamada a “página mais negra de nossa histó-
em Damsteegt, Foundations, pág. 106. fechada, significava que em 22 de outubro de 1844 os que re- ria denominacional”?
19. Ver LeRoy Edwin Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers, jeitaram conscientemente a verdade fecharam sua própria
vol. 4 (Washington, D.C.: Review and Herald, 1954), págs. porta da graça – um princípio que tem sido observado desde
838 e 839. que o pecado entrou no Universo. Para aqueles que havia en- 2. Quais as circunstâncias que levaram os críticos a acusarem Ellen White de crer, mesmo
20. Damsteegt, Foundations, págs. 104-115. Muitos que defen- tendido claramente a verdade, a porta da salvação não fora depois de suas primeiras visões, que a porta da salvação estava fechada para todos em
diam a porta fechada criam que Jesus na verdade havia vin- fechada. O ensino bíblico é inequívoco: a porta da salvação
do espiritualmente. Uma das primeiras tarefas da jovem está sempre aberta para aqueles que não rejeitam consciente- 1844?
Ellen Harmon foi corrigir este erro e dirigir a atenção dos mente os convites do Espírito Santo. Deus nunca fecha arbi-
crentes para o futuro e as responsabilidades ainda por vir. trariamente a porta da salvação para ninguém. As pessoas fe-
21. O grupo de mileritas de Albany classificava como “espiritua- cham sua própria porta da graça quando rejeitam os apelos do 3. Como podemos afirmar que o ponto de vista de Ellen White a respeito da “porta fecha-
lizadores” a todos quantos criam que algo importante havia Espírito Santo. da” é correto?
510 511
VIII

SEÇÃO
SEÇÃO VII
CAPÍTULO 44
Como Avaliar a Crítica A PORTA FECHADA
– ESTUDO DE UM CASO

4. Por que parece que Ellen White alcançou apenas os que criam no conceito da “porta fe-
chada” em seus dois primeiros anos de ministério? Relevância Permanente da
5. Como Ellen White ampliou o significado da “porta fechada”? Inclua as circunstâncias
Mensageira do Senhor
em que ela empregou o termo pela primeira vez.

6. Como a visão (5 de janeiro de 1849) de Ellen White sobre o selamento estabelece o pa-
drão para um conceito-chave na maneira de os adventistas considerarem os tempos do fim?

CAPÍTULO

45 Preenche Ellen White as Condições?

46 Ela Ainda Fala

47 Mensageira e Mensagem Inseparáveis

512
M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VIII

45
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Relevância Permanente
da Mensageira do Senhor
além de dez milhões de adeptos. Observado- para si mesma, nem exigiu a lisonja e as co-
res não adventistas, bem como adventistas, modidades que ela certamente merecia. Sua
declaram enfaticamente que Ellen White é a vida era dirigida por um senso de destino de-
principal razão para esta influência mundial. dicado ao chamado para ser mensageira do
A Igreja Adventista não se sobressai apenas Senhor. Ao comunicar a outros as mensa-

Preenche Ellen White no ministério da pregação; ela patrocina o


maior sistema de escolas protestantes do
mundo. Seu programa médico também é in-
gens de Deus, concentrava-se em torná-Lo
melhor compreendido. Sua tarefa favorita
era apresentar as verdades bíblicas tais quais

as Condições? ternacionalmente conhecido, produto em


grande parte do estímulo de Ellen White.
Esses programas mundiais, que incluem a
ADRA,8 jamais teriam atingido suas atuais
são “em Jesus”.
Uma das provas mais práticas de um pro-
feta encontra-se nas modificações para me-
lhor que as mensagens dele provocam na vi-
“A regra de ouro para a compreensão espiritual não é o intelecto, mas a obediência. Se uma pessoa realizações sem a previsão e os princípios ex- da dos adeptos. Ao examinar as principais
deseja obter conhecimento científico, a curiosidade intelectual é seu guia; mas se ela deseja com- postos por Ellen White. A Universidade de descobertas feitas pela pesquisa realizada em
preender o que Jesus ensina, só conseguirá obtê-lo pela obediência. ... As trevas intelectuais origi- Loma Linda, por exemplo, com sua interna- 1980 pelo Instituto do Ministério da Igreja,
nam-se da ignorância; as trevas espirituais surgem devido a alguma coisa que não tenho a inten- cionalmente reconhecida Escola de Medici- na Universidade Andrews, descobrimos que
ção de obedecer. Ninguém jamais recebe de Deus uma palavra sem ser instantaneamente posto à na, nem mesmo existiria não fosse pela visão os adventistas do sétimo dia “que estudam re-
prova a esse respeito. ... Observe as coisas para as quais você encolhe os ombros, e saberá por que e tenacidade de Ellen White. gularmente os escritos de Ellen White apre-
não prospera espiritualmente.”1 sentam maior probabilidade de também se-
Objetivos Inigualáveis rem cristãos mais sólidos na vida espiritual e
O caráter peculiar desses programas reside no testemunho perante a comunidade do que

P
reenche Ellen White as condições co- passam de exemplos do elemento humano no não em sua influência mundial, mas em seus os membros da igreja que não o fazem”.14
mo mensageira de Deus para os tempos processo de revelação/inspiração, iguais aos objetivos singulares. As escolas adventistas e
modernos? Seu ministério de setenta exemplos de discrepâncias encontrados nos as instituições médicas são distintivas por Os Leitores de Ellen White Lêem a Bíblia
anos justifica seu reconhecimento como escritos de determinados profetas bíblicos.5 causa dos princípios cuidadosamente burila- Mais do que Outros
mensageira chamada por Deus? A questão principal é: Quão satisfatoria- dos e esboçados por Ellen White, não por Talvez mais importante do que todas as ou-
Como seus contemporâneos chegaram à mente ela atravessou a confusão e o impasse causa de pessoas religiosas que imitam pro- tras características daqueles que lêem os es-
conclusão de que ela era uma profetisa? A ex- de dois mil anos e apresentou ao mundo mo- gramas seculares. critos de Ellen White foi a descoberta de que
periência deles torna-se extremamente per- derno um panorama completo do evangelho Graças aos princípios expostos pela men- “82 por cento desses leitores geralmente ou
suasiva ao avaliarmos hoje as credenciais de- eterno? Um exame imparcial dos seus escritos sageira de Deus, os atuais adventistas do séti- sempre fazem o estudo pessoal e diário da Bí-
la. A razão por que, desde a morte dela, ho- indica que ela aliou a preocupação básica dos mo dia também são conhecidos como um po- blia, enquanto apenas 47 por cento dos não
mens e mulheres têm chegado a essa mesma conservadores tradicionais com as convic- vo que contribui,9 um povo de vida longa e leitores o fazem”. A diferença de trinta e cin-
conclusão é igualmente persuasiva. ções sinceras dos liberais tradicionais. Ao fa- saudável10 e um povo missionário.11 co por cento foi a maior relacionada a qual-
zer isso, sua mensagem teológica transcendeu • O enfoque coerente de Ellen White so- quer pergunta na pesquisa.
Aplicando as Normas Bíblicas os antiqüíssimos impasses que têm causado bre Jesus como o centro tanto de sua vida es- Os adventistas que lêem Ellen White valo-
As normas pelas quais avaliamos os profetas divisão entre igrejas e os que se encontram piritual quanto de seus princípios teológicos rizam mais o estudo da Bíblia do que aqueles
bíblicos podem ser facilmente aplicadas a dentro das igrejas. Sua principal mensagem ressalta quão convincentemente ela coope- que não a lêem. Além disso, os que seguem o
Ellen White. teológica transcende os limites do mensagei- rou com o “Espírito” de Profecia.12 Centenas conselho da escritora são os membros da igre-
• Os ensinos dela estão em harmonia com ro. Sua mensagem serve de base para ela rei- de vezes ela chamou a atenção para o centro ja que ocupam a linha de frente na proclama-
a Bíblia.2 Desde o começo até o fim de seu vindicar ser mensageira de Deus.6 de suas próprias devoções e ministério: “O ção das boas novas que constantemente rece-
ministério, seu conselho soa claro: “O Se- • Os frutos produzidos pelo ministério de objetivo de todo o ministério é conservar o bem ao estudar a Bíblia e os escritos dela.
nhor deseja que estudem a Bíblia. Ele não Ellen White tornam-se mais convincentes eu fora da vista, e deixar que Cristo apareça. Em outras palavras, os que lêem Ellen
deu alguma luz adicional para tomar o lugar com o passar do tempo.7 A prova do tempo é A exaltação de Cristo é a grande verdade que White são os que entendem melhor a missão
de Sua Palavra. Esta luz [o próprio ministério uma prova decisiva para a mensagem de uma todos os que trabalham por palavra e doutri- e a mensagem da Igreja Adventista do Séti-
dela] deve conduzir as mentes confusas a Sua pessoa. Os livros de História estão repletos de na devem revelar.”13 Os sermões dela enalte- mo Dia.
Palavra, a qual, se for comida e assimilada, é líderes com grandes idéias em todo o ramo do ciam a Jesus como a Fonte de paz e poder da
como sangue que dá vida à alma.”3 conhecimento; poucas dessas pessoas são humanidade. Testemunho dos
Os críticos acusam Ellen White de contra- lembradas hoje, a não ser por uma possível Por mais surpreendente que possa parecer Contemporâneos de Ellen White
dizer a Bíblia.4 É possível que algumas decla- nota de rodapé num livro de História. àqueles que estudam os movimentos religio- A vida pessoal de Ellen White foi vivida à
rações a respeito de uma pessoa ou data pare- Contando com apenas cem crentes em sos do século dezenove, Ellen White – se- plena vista de jovens e idosos. A prova deci-
çam incoerentes com o texto bíblico. Mas es- 1850, o movimento adventista tornou-se um guindo a característica de todos os profetas siva da integridade de uma pessoa é se ela
sas discrepâncias são insignificantes. Não movimento internacional, que cresceu para bíblicos – não deixou nenhum monumento pratica aquilo que prega.
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CAPÍTULO 45 O ministério profético de Ellen G. White
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mensagem do terceiro anjo. Esses exemplos e que expressamos nossa gratidão especial-
O jovem Tiago White, um entusiástico ça não por argumentos, mas por experiên- dão meramente uma idéia do que ele [o mi- mente pelo Testemunho No 31, o qual acei-
adventista milerita então com pouco mais cia. Numa assembléia realizada em 1857 nistério de Ellen White] tem feito ao longo tamos como sinal do cuidado de Deus por nós
de vinte anos de idade, ficou muito impres- em Battle Creek com cerca de duzentos e de todo o percurso – precaver-se contra a re- – uma evidência de que Ele não nos desam-
sionado com Ellen Harmon, uma adolescen- cinqüenta observadores do sábado, o “as- núncia das verdades do passado e apontar o parou, apesar de nossas muitas apostasias.”23
te de Portland. Referindo-se a seu primeiro sunto da unidade e dons da igreja... [foi] caminho para a luz e a verdade no futuro.”21 A. G. Daniells, presidente da Associação
encontro com ela, relembrou: “Ela era então apresentado, o qual parecia ter um lugar no Geral (1901-1922), talvez tenha conhecido
uma cristã da espécie mais dedicada. E em- coração do povo. Muitos disseram estar fe- O Testemunho da Sra. S. M. I. Henry Ellen White melhor do que qualquer outra
bora tivesse apenas dezesseis anos de idade, lizes por ver este assunto ocupando seu de- Uma bem conhecida líder feminina, a Sra. S. pessoa fora de seu círculo familiar. No Concí-
era uma colaboradora na causa de Cristo vido lugar na igreja.” M. I. Henry, tinha desconfiança a respeito lio Bíblico de 1919,24 ele esboçou um cenário
tanto em público quanto de casa em casa. Durante esse encontro, Ellen White leu dos Testemunhos e de Ellen White, mesmo improvisado de como ensinaria a juventude
Era uma resoluta adventista, e contudo sua “um testemunho para a igreja, que foi recebi- depois de tornar-se adventista do sétimo dia. da igreja e o público em geral acerca da vera-
experiência era tão rica e seu testemunho do como a voz do Senhor a Seu povo”. Al-
Por quê? Por causa da “maneira como o tra- cidade da pretensão de Ellen White como
tão convincente que pastores e líderes de di- guém propôs que o testemunho fosse publica-
balho dela [da Sra. White] chegou a meu co- mensageira de Deus.
versas igrejas buscavam seus trabalhos como do, e não houve nenhuma oposição.19 A Sra.
exortadora em suas diversas congregações. White ganhou a confiança de seus contem- nhecimento pela primeira vez”. Ele disse que começaria “com o início des-
Naquele tempo, porém, ela era muito tími- porâneos tanto pela integridade manifesta Mas a própria experiência da Sra. Henry te movimento”, mostrando que a Sra. White
da, e pouco se pensava que ela deveria ser nos relacionamentos pessoais quanto pela re- em compreender o propósito do ministério de e o movimento adventista do sétimo dia “sur-
posta perante o público para falar a milhares levância de suas mensagens. Ellen White trouxe consigo o sinal de sua giram juntos no mesmo ano”, que a contri-
de pessoas.”15 própria autenticidade. Em seu notável teste- buição dela “foi exercida de forma constante
A coerência e a integridade dos relaciona- O Testemunho de Uriah Smith munho chamado “Meu Telescópio”, ela afir- e poderosa no desenvolvimento deste movi-
mentos pessoais de Ellen White eram sujeitas Esse tipo de reação ocorreu desde os primei- ma que estaria “disposta a voltar para minha mento” e que ela e o movimento “estavam
a minucioso exame de sua família, colegas e ros dias de seu ministério. Homens destemi- cadeira de rodas se, assim fazendo, pudesse inseparavelmente ligados”.
não adventistas.16 São bem conhecidas a sua dos como José Bates ficaram convencidos obter outro vislumbre daquilo que até aqui Depois, Daniells dirigiu o olhar para as di-
economia e dedicação de tempo e fundos à mediante experiência pessoal.20 Homens era invisível, tal como isto era para mim. ... versas fases do pensamento adventista, inclu-
expansão missionária. Sua generosidade e obstinados que tinham seus próprios pontos Esta experiência me deu confiança neste pe- sive a atitude adventista para com a Bíblia, o
compromisso ao dever são notáveis. Sua per- de vista bíblicos poderiam ter dividido o pri- queno grupo de pessoas e nova confiança evangelismo mundial, a prestação de serviço
severança e coragem, especialmente coragem meiro grupo de adventistas sabatistas antes nesta organização. Não creio que Deus algu- aos não adventistas em obras sociais comuni-
quando sozinha, estimularam muitos a segui- mesmo de eles se organizarem como igreja. ma vez me tenha concedido ver as coisas que tárias, a saúde e o serviço médico e o conse-
rem-lhe o exemplo. Seu bom humor e bom Uriah Smith, num sermão proferido na as- tenho visto e sentir o que tenho sentido, e lho educacional. Ressaltou que esses progra-
senso diminuíram a tensão de muitas situa- sembléia da Associação Geral de 1891, re- vê-Lo como O tenho visto nestas circunstân- mas mundiais, tomados juntos, eram “uma
ções estressantes.17 lembrou a própria experiência pessoal de cias, se não houvesse vida e poder nesta orga- convincente evidência da origem deste dom
quarenta anos: “Nossa relação com ele [o nização para dissipá-la de todas as sombras e e da autenticidade dele”.
Integridade Convincente ministério de Ellen White] é nossa relação dúvidas na glória da Sua presença e levá-la a
Seus companheiros nunca teriam se conven- com algo que se originou com esta obra, termo em segurança.”22 Fidelidade à Bíblia
cido de que as visões e seu conselho eram de com ela seguiu adiante, nela se entrelaçou, Provavelmente, a maior evidência à base de
origem divina, se ela tivesse sido acusada de envolvendo-a e circundando-a, desde o dia Confiança Inquebrantável tudo o que Daniells disse era a fidelidade de
vida imoral.18 em que esta mensagem começou até o pre- Homens e mulheres que trabalharam e inte- Ellen White à Bíblia: “Em todas as outras re-
Os contemporâneos de Ellen White em sente momento.”
ragiram com Ellen White, recebendo seus formas que surgiram, os líderes eram incapa-
vários continentes alcançavam êxito em seu Smith descreveu a confusão potencial da-
planejamento institucional e em diversas cri- testemunhos particulares e públicos e con- zes de distinguir corretamente entre a verda-
queles primeiros dias em que homens e mu-
ses quando buscavam o conselho dela antes lheres “vinham com quase tantos pontos de fiando em seu conselho a respeito do desen- de e o erro – dia de repouso, batismo, nature-
de tomarem decisões. Homens e mulheres ex- vista diferentes quanto eram os indivíduos... volvimento institucional, votavam uma pro- za do homem, etc. – e por isso ensinavam
perimentados em seus diversos campos cada um insistindo em suas próprias idéias. posta em cada assembléia da Associação Ge- abertamente erros a partir deste Livro. Mas
aprenderam a confiar no julgamento dela Foi então que o valor do Espírito de Profecia ral semelhante a esta resolução de 1882: agora, quando chegamos a este movimento,
conforme ela conduzia seus colegas aos prin- em relação a esta obra tornou a aparecer. “Que expressamos nossa inquebrantável con- encontramos o maravilhoso poder de discer-
cípios que os ajudariam a resolver seus pro- Chamou a atenção para a conduta correta a fiança nos Testemunhos que tão misericor- nimento da parte do Espírito de Profecia, e
blemas e ampliar sua visão do mundo. seguir. E qual era? Era que os irmãos deviam diosamente foram concedidos a este povo, não conhecemos uma única verdade deste Li-
Essa confiança não era uma crença dog- pôr de lado todas as diferenças secundárias e que têm guiado nossos caminhos e corrigido vro que seja posta de lado pelo Espírito de
mática imposta pelos líderes da igreja. Os suas peculiaridades de menor importância e nossos erros, desde o surgimento da terceira Profecia nem um único erro bíblico ou teoló-
próprios líderes eram levados a tal confian- se unirem no único e grande movimento da mensagem angélica até o presente momento; gico vindo da escuridão da Idade Média que
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educacionais ou médicos podem ser memo- dentro da cristandade, o crente não fica per-
tenha sido fomentado pelo Espírito de Profe- todo o sistema teológico. Se alguém, por ráveis e respeitados tanto por crentes como turbado com erros factuais ocasionais e dívi-
cia e imposto ao povo, o qual tenhamos de exemplo, está confuso sobre a natureza do por outros. Uma vida exemplar muito ativa da literária de um profeta. Sempre que os ad-
descrer quando vamos a este Livro.”25 homem, ficará mais confuso ainda sobre a na- em promover um sistema altruísta de filan- ventistas permitem que outros paradigmas
Os escritos de Ellen White tornaram-se a tureza do pecado, a importância dos princí- tropia e preocupação pelos necessitados po- teológicos ou temas unificadores determinem
evidência convincente de suas credenciais pios de saúde e os pensamentos relativos à vi- de ser muito convincente. Mas quando os a direção de qualquer doutrina, a divisão den-
divinas. Muito antes que o leitor soubesse al- da após a morte. críticos chamam a atenção para a fraqueza tro da igreja será inevitável. Sempre que os
go sobre a escritora, seus artigos e livros leva- Sem o conhecimento de quando e onde o humana e as discrepâncias nesses diversos adventistas preferem outros sistemas teológi-
vam a convicção de que Deus falava por meio pecado se originou, homens e mulheres não tipos de evidência, a confiança muita vezes cos à estrutura bíblica encontrada nos escri-
daquelas páginas. terão idéia de como o pecado será finalmente se converte em pânico. Se um crente identi- tos de Ellen White, pode-se prever divisão
Seus escritos cristocêntricos tornaram-se o tratado. Sem a compreensão das questões fica um possível erro na memória de um pro- dentro da igreja. Sempre que os adventistas
veículo da convicção divina. A experiência cósmicas do plano da salvação, os seres hu- feta ou em algum detalhe factual, surge o rebaixam Ellen White de uma autoridade
de Francis D. Nichol, editor da revista da manos com muita freqüência concentram-se pensamento de que talvez tudo o mais que se teológica para apenas uma mãe que educa, re-
igreja por vinte e um anos (1945-1966), não em si mesmos, agindo a partir de motivos creia esteja em perigo. O problema se agra- velam a própria miopia e desencaminham a
era incomum. Em fins da década de 1890, egocêntricos. va quando o crente acredita inconsciente- outros.
seus jovens pais, que moravam “numa parte A história da igreja cristã está repleta de mente que um profeta não comete erros, ou Não reconhecer o que os contemporâneos
esparsamente povoada da Austrália”, encon- vítimas de lutas teológicas. As pessoas de seja, suas palavras devem permanecer como da Sra. White reconheceram por experiência
traram um exemplar perdido da Review and bem não estão imunes a erros teológicos. Os foram escritas.29 pessoal é negar os fatos da história. Essas ne-
Herald. Naquela época, qualquer material de perigos do objetivismo, por exemplo, que en- Crentes perplexos, dirigidos por um errô- gações também desarraigam a coerência e
leitura era escasso. Um dos artigos de E. G. fatiza a soberania de Deus e a relativa passivi- neo conceito de revelação/inspiração,30 co- distintividade na mensagem adventista e sua
White “acelerou seu coração”, levando-os a dade do ser humano no processo da salvação, meçam então a reexaminar esses tipos de razão de existir. Deixam a Igreja Adventista
concluir: “A pessoa que escreveu este artigo têm sido desafiadoramente enfrentados pelos evidência que uma vez julgaram confortá- do Sétimo Dia sem um mapa ou bússola em
parece ser inspirada.” Enquanto prosseguiam riscos do subjetivismo, que enfatiza a liberda- veis e seguros. Os argumentos dos fenôme- relação a seu significado e propósito.
na leitura, escreveram pedindo mais informa- de humana exercida no sentimento ou na ra- nos físicos que acompanhavam as visões de Enquanto Ellen White for mantida no de-
ções sobre essa extraordinária escritora. Em zão. Cada grupo cristão, seja entre os diferen- Ellen White tornaram-se agora suspeitos vido enfoque como mensageira de Deus que
pouco tempo, tornaram-se membros da Igre- tes ramos do catolicismo, seja nas diversas de- porque alguém sugere que Satanás pode forneceu ao mundo a mais clara compreensão
ja Adventista do Sétimo Dia, uma decisão nominações protestantes, representa a ênfase imitar qualquer manifestação física. O re- das dimensões cósmicas do plano da salvação,
que descerrou o futuro de seu jovem filho e da objetivista ou a subjetivista; ou estão desespe- gistro inegável de realizações educacionais a Igreja Adventista será preservada de cismas
própria contribuição distintiva que ele daria radamente confusos com a mistura de ambos e médicas através do mundo é então com- internos do ponto de vista organizacional e
no conscientizar os outros acerca daquela os elementos em seu desejo de “equilíbrio”. parado com o de católicos, luteranos, mór- de confusão e desilusão do ponto de vista in-
mulher que “parece inspirada”.26 Ellen White, porém, ajudou os pensadores mons, e surge o pensamento de que talvez dividual.
A estrutura teológica de Ellen White, co- adventistas do sétimo dia a conduzirem-se este “fruto” do ministério de Ellen White Manter a Sra. White em foco ajudará os
nhecida como Tema do Grande Conflito, por entre as corredeiras teológicas espumosas possa não ser tão distintivo. membros da igreja a navegarem por turbulen-
fornece coerência e percepção características que afligiam todas as outras igrejas, introdu- tas correntes teológicas de modo que possam
para o plano da salvação. Transcende os vá- zindo não especulações estranhas nem inova- Sistema Teológico Distintivo apresentar ao mundo um coerente e sólido
rios impasses que têm separado os cristãos du- ções teológicas, mas o conceito geral de Deus Em outras palavras, se os crentes perplexos conceito bíblico de salvação – uma mensa-
rante séculos. e de Seu plano de salvação, conhecido como não compreenderam que uma das princi- gem bíblica simples, clara e coerente, que os
Tema do Grande Conflito.28 Quando as pes- pais contribuições de Ellen White foi seu conduzirá através da última prova destes últi-
A Mensagem é Maior que o Mensageiro soas buscam a razão mais forte e a evidência sistema teológico distintivo, eles entram mos dias. João o Revelador referiu-se à men-
Temos enfatizado nessas páginas que a men- mais satisfatória para desenvolverem con- numa estrada escorregadia que leva a um sagem dos últimos dias como o “evangelho
sagem é maior do que o mensageiro, o con- fiança em Ellen White como mensageira de sentimento de traição e confusão espiri- eterno”. Apoc. 14:6.
teúdo mais importante do que o recipiente.27 Deus, muitos apresentam o Tema do Grande tual. É como se o Universo bem-ordenado Compreender a maior contribuição de
Por quê? Porque a mais valiosa contribuição Conflito como o fundamento sobre o qual re- perdesse subitamente seu centro e todas as Ellen White à Igreja Adventista, bem como
de Ellen White à igreja e, por conseqüência pousam todas as outras evidências. suas estrelas não fossem mais encontradas ao mundo, dará aos crentes razões mais fortes
ao mundo, foi esclarecer de novo o ensino bí- em seus lugares tradicionais no firmamen- e seguras para continuar a confiar nela como
blico sobre a salvação. Ela mostrou que todas Conceitos Errôneos Levam à Confusão to noturno. a mensageira de Deus.31
as doutrinas bíblicas se acham relacionadas As provas visuais de um profeta em visão são Mas com uma calma e racional compreen-
entre si; que permitir o erro em qualquer dou- convincentes. Grandes sistemas filosóficos são da maneira como o Tema do Grande O Peso da Evidência
trina é convidar confusão e incoerência para que fornecem base segura para princípios Conflito transcende todas as divisões e erros Toda revelação divina, em virtude do próprio
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afastar-se da luz da verdade é a reação dos a Sra. White comentou sobre o intercâm-
processo, vem acondicionada numa embala- sições dirigem historiadores, cientistas e teó- líderes religiosos de Jerusalém para com Je- bio que Jesus manteve com os líderes reli-
gem falível. Pelo fato de a mensagem vir num logos a conclusões predeterminadas, muitas sus. Após a ressurreição de Lázaro, um fato giosos depois de declarar que qualquer pes-
recipiente imperfeito, o próprio Deus nos vezes de maneira inconsciente. Por isso, de inegável presenciado por muitas testemu- soa que desejasse conhecer a verdade a sa-
convida a pesar a evidência: “Vinde, pois, e vez em quando ocorrem mudanças de para- nhas, esses líderes ficaram mais determina- beria (João 17:17): “A percepção e apreço
arrazoemos.” Isa. 1:18. digma quando os pesquisadores subitamente dos a matar Jesus (João 11:47-57; Mat. da verdade, disse Ele, depende menos da
Quando Deus nos convida a arrazoar com começam a ver o mesmo mundo através de 26:59 e 60). Embora esses líderes fossem mente que do coração. A verdade deve ser
Ele, não está fazendo um jogo de palavras: Ele lentes diferentes (Copérnico, Einstein, Pas- inteligentes, tinham também muito pre- recebida na alma; exige a homenagem da
verdadeiramente apela para nossas habilida- teur, etc.). Essas lentes são as pressuposições conceito. Jesus não Se enquadrava em suas vontade. Se a verdade pudesse ser submeti-
des de raciocínio. Ellen White muitas vezes que determinam a maneira como olhamos pressuposições. Constituía uma ameaça a da unicamente à razão, o orgulho não ser-
desafia o leitor a reconhecer que as faculda- para as evidências.36 “Verdades” evidentes seus pronunciamentos acadêmicos. Não viria de obstáculo à recepção da mesma.
des do raciocínio santificado têm o propósito por si mesmas são geralmente teorias ou para- eram dirigidos pelo raciocínio calmo e Mas deve ser recebida mediante o atuar da
de fazer de nós “cristãos inteligentes”. Isso digmas humanos que determinam a maneira
consciência esclarecida, mas por aquilo em graça no coração; e sua recepção depende
significa que não se requer dos cristãos “que como a pessoa pesa a evidência.
que desejavam acreditar. da renúncia de todo pecado que o Espírito
creiam sem evidência”. Ao fazer essa busca Se alguém, por exemplo, considera a Bí-
pela crença, “devemos lançar fora todo ceti- blia apenas uma antologia da história judai- Homens e mulheres de todas as épocas de Deus revela.”40
cismo e toda exaltação de nossas próprias ca e as referências às intervenções divinas têm tido que enfrentar as mesmas questões
idéias. Devemos humilhar nosso coração por como mitos pelos quais os crentes interpre- que os judeus nos dias de Cristo tiveram que Três Pressuposições
arrependimento... orando por verdadeiro es- tam sua experiência religiosa, a mensagem resolver. À vista da luz, até mesmo na presen- Básicas que Impedem a Aceitação
clarecimento.”32 da Bíblia como a comunicação que Deus faz ça de Jesus, o Deus-homem, a questão da Como vimos nos capítulos 41 a 43, as acusa-
Deus, fiel a Sua natureza, não coage, não de Si mesmo a homens e mulheres nunca se- crença é mais do que um assunto de ler uma ções e alegações críticas feitas contra Ellen
obriga nem força ninguém a crer. Ele espera rá compreendida. Se os milagres são rejeita- evidência científica inegável, como quanto White baseiam-se geralmente em determina-
que homens e mulheres reajam favoravel- dos porque alguém não crê no sobrenatura- pesa alguma coisa ou com que velocidade um das pressuposições pelas quais os críticos jul-
mente às evidências suficientes. Jamais “for- lismo, essa pessoa jamais compreenderá as objeto se move. Para algumas perguntas, as gam a validade do ministério dela:
çará a fé”.33 Ellen White sintetizou isso de histórias dos quatro Evangelhos. Aconteci- respostas podem ser incontestáveis e plena- 1. Aqueles que crêem em alguma forma de
maneira magistral quando afirmou que, em- mentos como a ressurreição de Jesus terão mente seguras. inspiração verbal baseiam muitas vezes sua
bora Deus tenha dado “prova ampla para a fé, que ser explicados de alguma maneira artifi- Mas quando Jesus deu Suas melhores res- crítica ou rejeição na mudança de uma pala-
nunca removeu toda a desculpa para a des- cial. Se Deus não intervém pessoalmente nos postas e apresentou a melhor demonstração vra ou data questionável.41
crença”.34 negócios da humanidade, então é certo que a da verdade, o povo ainda O rejeitou. Por quê? 2. Aqueles que estão, consciente ou in-
Esse respeito pela responsabilidade huma- pretensão de Ellen White de ser mensageira Pela mesma razão por que o povo rejeitou conscientemente, comprometidos com certas
na procede do plano divino na criação dos se- do Senhor não pode ser levada a sério. E as- Seus profetas. A resposta se encontra na von- doutrinas teológicas inadequadas expostas por
res humanos “à Sua imagem”. Gên. 1:27. sim por diante. tade que alguém tem de acreditar, naquele alguns reformadores protestantes rejeitam os
Amor, respeito, fé e qualquer outra emoção O princípio epistemológico exposto por mistério secreto e oculto que a Bíblia chama principais aspectos dos ensinos de Ellen White
humana que envolva confiança não podem Jesus penetra qualquer pesquisa que exija rea- de “fé”. Em seu ponto mais profundo, fé é a sobre o plano da salvação. Os que não crêem
ser forçados, do contrário deixam de ser aqui- ção moral: “Se alguém quiser fazer a vontade resposta de amor e apreço, e não pode ser ob- que Cristo tem duas fases específicas como
lo que mais procuramos. Confiança forçada dEle, conhecerá a respeito da doutrina, se ela tida através de ameaças ou coação – mesmo Sumo Sacerdote após Sua ascensão rejeitarão
ou amor forçado é um absurdo. Visto que o é de Deus ou se Eu falo por Mim mesmo.” em face de “esmagadora” evidência. Lembre- abertamente a contribuição dela à doutrina
desejo de Deus é ver pessoas felizes e convic- João 7:17.37 A busca por autonomia, a se de Lúcifer no Céu! adventista do santuário e provavelmente seu
tas, Ele não brinca de esconde-esconde; ga- tendência de crer naquilo que se quer crer, é
Assim sendo, Ellen White podia dizer que ministério de ensino em geral.42
rante que temos evidência suficiente em inerente a todo ser humano. Assim, “todos os
“a segurança total... não é compatível com a 3. Aqueles que ficam incomodados com a
meio às possibilidades de erro humano. que buscam ganchos em que pendurar suas dú-
Um dos sinais mais inconfundíveis do mal vidas, encontrá-los-ão. E todos os que se re- fé. A fé não repousa na certeza, mas na evidên- reprovação de pecado tendem a descartar a
ocorre quando as pessoas “buscam forçar a cusam a aceitar a Palavra de Deus e lhe obe- cia. Demonstração não é fé”.39 Ou seja, a segu- orientação profética.43
consciência” ou quando há “a disposição de decer antes que toda objeção tenha sido re- rança total em assuntos espirituais não ocorre Quando uma pessoa é classificada em uma
causar dano e destruir aos que não apreciam movida, e não mais haja lugar para a dúvida, da mesma forma que em áreas como matemá- dessas três categorias, a reação normal é a
nossa obra, ou procedem em contrário a nos- jamais virão à luz.”38 tica ou medições a laser, onde ela é atingida mesma exercida pelos que não aceitam a Bí-
sas idéias”. Não importa qual seja a motiva- com precisão. Os resultados de laboratório são blia como revelação divina: “Isto não faz sen-
ção, o forçar de qualquer forma é obra do ma- Perfeita Segurança demonstrações, e não requerem fé. Mas con- tido para mim.” Para aqueles que são motiva-
ligno, e não de Cristo.35 Não Compatível com a Fé fiar em Deus depende de outros fatores além dos pela obstinação e orgulho de opinião, ou-
Contudo, vimos nos primeiros capítulos Um dos mais esclarecedores exemplos de de demonstrações observáveis e precisas. vir o chamado de Deus para confiar na men-
que as pressuposições determinam a maneira pressuposições (tendenciosidade, precon- Provavelmente, isso nunca foi expresso sagem quando o mensageiro comete erros hu-
como alguém pesa a evidência. As pressupo- ceito, etc.) que impulsionam uma pessoa a de maneira mais apropriada do que quando manos não faz sentido.
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da Mensageira do Senhor
te.50 Há nas mensagens de Ellen White algo nhecem a voz de Deus falando a eles. Dis-
Para aqueles que são tão motivados, ouvir 1. Se os cristãos devem “permanecer fir- que promove o fiel estudo da Bíblia. crepâncias humanas são preocupações não
que Deus pede ao povo que se separe da com- mes” nas crises da vida, “devem receber a ver- De outro ponto de vista, centenas de mi- essenciais quando o propósito dos escritos
preensão teológica convencional, indo con- dade como é em Jesus. ... Que o pecador con- lhares de pessoas testemunham o fato de que do Espírito de Profecia em qualquer época
tra a maré de um vasto conjunto de estudan- temple a Jesus como o caminho, a verdade e Ellen White fez a diferença em tornar a teo- é compreendido e realizado na vida dos
tes convencionais da Bíblia, não faz sentido. a vida; e a sua alma se abrirá para receber a logia acessível ao membro comum de igreja. crentes.52
Para aqueles que são tão motivados, ouvir verdade como é em Jesus.”46 Ellen White dis- De que outra forma se pode explicar o fato de
que Deus pede a homens e mulheres para re- sipou toda neblina teológica quando proferiu uma grande porcentagem de adventistas atra- Os Jovens Ainda Reagem
nunciar a seu orgulho de opinião, sua segu- esta verdade central: “A salvação da alma, vés dos anos ter estado ativamente envolvido Embora Ellen White tenha morrido em
rança em estar sempre “no comando” da pró- pela fé em Cristo, é coluna e baluarte da ver- no estudo diário da Bíblia e ser versado em 1915, os jovens ainda reagem aos escritos de-
pria vida e sua confiança nos símbolos de sta- dade. Os que exercem verdadeira fé em Cris- assuntos teológicos normalmente reservados la com extraordinário entusiasmo. Ela ainda
tus pelos quais estabeleceram seu “valor” e to manifestam isso pela santidade do caráter a teólogos profissionais? é o agente catalisador e inovador para estu-
pelos quais são louvados, não faz sentido. e pela obediência à lei de Deus. Reconhecem dantes da escola fundamental, bem como pa-
Para os pecadores orgulhosos e indepen- que a verdade como é em Jesus alcança o Céu Predições do Fim Nunca Contraditadas ra criteriosos estudantes de curso superior. A
dentes, as bem-aventuranças (Mat. 5) não fa- e circunda a eternidade.”47 Diferentemente de todos os “profetas mo- juventude sente não apenas sua espontanei-
zem sentido. Nem o convite “negue-se a si 2. Os cristãos que ensinam outros devem dernos” que, a cada janeiro, fazem suas “dez dade, vivacidade e chamado à coragem para
mesmo, e tome a sua cruz, e siga-Me” (Mar. “crer e ensinar a verdade como é em Jesus. A melhores predições” ou os permanentes dominar circunstâncias pessoais adversas,
8:34) faz sentido. santidade de coração jamais levará a ações Nostradamus cujas “predições” são tão vagas mas também seus princípios dinâmicos relati-
Transferir para um novo Mestre o próprio impuras.”48 Jesus deu o exemplo refletindo que podem ser reinterpretadas e “adaptadas” vos a possibilidades profissionais e realizações
desejo de ser o árbitro final quanto ao que é Seus ensinos nos hábitos de Sua vida. A sã com o passar do tempo, a visualização ante- pessoais que nem mesmo seriam consideradas
doutrina sem o espírito de Jesus não está en- cipada dos últimos acontecimentos por par- sem o estímulo dela.
melhor na vida só faz sentido depois que a pes-
sinando a verdade “como é em Jesus”. te de Ellen White nunca foi contraditadas Além disso, a juventude se une a seus
soa se rendeu a Cristo. Vermos a nós mesmos
3. Os cristãos devem apresentar o evan- pelos fatos.51 A insegurança econômica mentores ao perceber que nem tudo nos pro-
como realmente somos é uma experiência fun-
atual, as disputas políticas, a intranqüilidade gramas educacionais ainda é suficientemente
damental e transformadora de vida que leva gelho em toda a sua coerência e inteireza.
social, a decadência dos valores morais, o bom, que é preciso flexibilidade para adaptar-
um pecador a tornar-se filho ou filha de Deus Os problemas que dividem cristãos de todas
reavivamento espiritualista da Nova Era e o se a circunstâncias em mutação – e eles são
agradecido e submisso. Somente depois desta as igrejas são provocados pelo fato de cada
interesse mundial na unidade religiosa – tu- incentivados pela mesma Ellen White que
profunda submissão aos planos de Deus para a divisão enxergar apenas partes do evange-
do é um surpreendente cumprimento das estimulou homens e mulheres céticos a cons-
nossa vida é que os planos de Deus farão sentido. lho. O não ver a inteireza do evangelho le-
predições dela. Durante muitos anos, alguns truírem hospitais e centros educacionais.
Em outras palavras, é contrário ao bom va a uma resistência amplamente generaliza-
acusaram Ellen White de haver passado por Ainda hoje os jovens descobrem que a Sra.
senso de um incrédulo renunciar ao que pare- da a obedecer à lei de Deus como um com- alto o comunismo. Declararam sua escatolo- White é mais do que uma líder espiritual ra-
ce ser sua segurança humana para tornar-se ponente básico no plano da salvação. Ellen gia fora de moda. Agora, porém, está evi- zoável e sensata. Descobrem que, de algum
discípulo de Jesus. Esta é a razão por que Deus White enfatiza que aqueles que “não estão dente que, ao seguir o esboço bíblico, ela foi modo especial, ela ainda constrói sonhos e
nos dá, por meio do Espírito Santo, um “sen- familiarizados com as leis do governo de fiel aos fatos. desperta compaixão pelos oprimidos, não im-
so sobrecomum”, ao colocar-nos no lugar on- Deus... não estão familiarizados com a ver- O peso da evidência que leva milhares a porta quais sejam as circunstâncias econômi-
de “vemos” a vida corretamente. dade como é em Jesus. ... Aquele que conhe- confiar na Bíblia, apesar de suas aparentes cas e sociais.
Depois que a verdade sobre nós mesmos e so- ce a verdade como é na lei conhece também discrepâncias, escritores que não são perfei- A juventude adventista descobriu o que os
bre o plano de Deus para nós penetra em nossa a verdade como é em Jesus; e se, pela fé em tos, etc., é o mesmo tipo de evidência que contemporâneos dela descobriram: ninguém
mente, tudo o mais que Deus está tentando nos Cristo, ele presta obediência aos manda- tem levado milhões a confiar em Ellen White. pode encerrar Ellen White numa caixa. Logo
dizer faz sentido. Então o peso da evidência faz mentos de Deus, sua vida está escondida Se alguém é levado pelas pressuposições de que as pessoas a aceitam, ela surpreende os
sentido. Somente então o peso da evidência pa- com Cristo em Deus.”49 que o sobrenaturalismo é irracional ou que o conservadores com novas responsabilidades e
rece de fato equivalente a bom senso.44 Os adventistas são conhecidos como “o empréstimo literário é algo impróprio para novos desafios. Os liberais estremecem com o
povo do Livro”. Provavelmente esta descri- um profeta, então a Bíblia é rejeitada como a seu chamado para a ação e flexibilidade e de-
A Verdade “Como é em Jesus” ção foi mais apropriada durante os primeiros Palavra do Senhor. Essas mesmas pressuposi- pois se tornam lúcidos pelo apelo dela ao
Um dos testes mais simples que toda pessoa cem anos da igreja. Apesar disso, como o Ins- ções impedem alguns de aceitar Ellen White compromisso com a autoridade das verdades
deve usar é o enfoque de Ellen White: a ver- tituto de Ministério da Igreja relatou, os ad- como mensageira de Deus. No entanto, ape- reveladas.
dade deve ser apresentada “como é em Je- ventistas de hoje que lêem Ellen White habi- sar dessas objeções, a Bíblia tem sobrevivido, Muitos acham que a verdadeira Ellen
sus”.45 Vivia ela à altura dos desafios que tualmente são também os membros da igreja como tem sobrevivido o ministério de Ellen White tem ficado oculta sob o manto do con-
apresentava aos outros? Ela empregou esta que estudam a Bíblia, se comparados com White. Aqueles que foram abençoados pela servadorismo convencional ou liberalismo ri-
expressão de três maneiras: aqueles que não lêem a escritora regularmen- Bíblia e pelos escritos de Ellen White reco- dículo até tornar-se uma incógnita – ou seja,
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SEÇÃO VIII
CAPÍTULO 45 O ministério profético de Ellen G. White
Relevância Permanente PREENCHE ELLEN WHITE
ASCONDIÇÕES?
da Mensageira do Senhor
Referências
alguém que não irá embora, mas ainda al- Nos apontamentos de seu diário para
guém que a maioria das pessoas realmente aquele dia, ela escreveu: “Tenho que cumprir 1. Oswald Chambers, My Utmost For His Highest (Grand Ra- 24. Ver pág. 435. Ver também págs. 409 e 481.
pids, MI: Discovery House Publishers, 1963), págs. 151 e 152. 25. Spectrum (maio de 1979), vol. 10, No 1, págs. 29 e 30. Em
não conhece. Os jovens que saem em busca meu dever. Sou apenas um instrumento nas 2. Ver págs. 417-420. seus últimos anos, A. G. Daniells escreveu: “Neste presente
da verdadeira Ellen White são transformados mãos de Deus, para fazer minha parte da obra 3. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 29. ano (1935) de nosso Senhor faz vinte anos que a Sra. White
pelo que encontram. Eles são, dentre a gera- em Seu amor e temor. Esta verdade triunfará; 4. Ver capítulo 43. repousa, enquanto fiquei aqui para trabalhar arduamente.
5. Ver pág. 16. Durante vinte e três anos, fui observador direto do trabalho
ção atual, os que correm riscos e formam a mas quando, onde e como, cabe ao Senhor 6. Ver págs. 26 e 518. da vida dela. Desde sua morte até agora, tive vinte anos adi-
coluna vertebral do futuro do adventismo. decidir. Esses pensamentos trazem paz, con- 7. O argumento do “fruto” é apenas um dos muitos tipos de evi- cionais para refletir maduramente e estudar essa vida e seus
dência que apóiam a validade e legitimidade do ministério frutos. Agora, em idade avançada, com o constrangimento
O peso da evidência tem aberto os olhos da fiança e segurança à minha alma.”53 A defesa profético de Ellen White. Ao apoiar-se exclusivamente no de expressar somente verdades sóbrias e sinceras, posso dizer
moderna juventude adventista para um futuro própria e a disputa pública não faziam parte argumento do “fruto”, alguém também poderia apontar a ati- que é minha profunda convicção que a vida da Sra. White
mais brilhante e mais emocionante; sem Ellen de seu caráter. vidade mundial dos mórmons ou os milhares que atribuem a transcende de longe a vida de qualquer um que eu tenha co-
Mary Baker Eddy sua experiência de vida renovada e salutar. nhecido ou com quem me tenha associado. Ela se mostrava
White, onde mais eles encontrariam significa- Alguns não adventistas têm conjecturado Contudo, o argumento do “fruto”, junto com outras evidên- sempre agradável, alegre e animada. Jamais era descuidada,
do para o futuro e uma percepção clara de co- que, sem Ellen White, os adventistas do sé- cias, é um argumento que não pode ser passado por alto. Pa- impertinente ou vulgar na conversa ou na maneira de viver.
ra milhões, este argumento tem sido o mais persuasivo. Era a personificação do sério fervor a respeito das coisas do
mo encontrar sentido no presente? Onde mais timo dia não teriam sobrevivido como são 8. ADRA, o acrônimo para a Agência Adventista Internacio- reino. Jamais a ouvi gabar-se do misericordioso dom que
poderia a juventude sair em busca de um regis- hoje. Kenneth L. Woodward, editor de reli- nal de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (antiga Deus lhe concedera nem dos maravilhosos resultados de seus
tro comprovado de confiança e um senso vivo gião da revista Newsweek, observou: “Se ela SAWS; inclui OFASA e ASA). Essa agência humanitária esforços. É certo que ela se regozijava com os frutos, mas da-
ajuda países ao redor do mundo em programas de assistência va toda a glória Àquele que atuava por intermédio dela. Re-
de associar-se com uma mensageira de Deus? [a denominação adventista do sétimo dia] em desenvolvimento/emergência/desastre. conheço que essas são declarações sérias, mas elas procedem
perder sua mãe fundadora, a igreja descobri- 9. Todas as contribuições mundiais de 1995 totalizaram da convicção mais profunda e do julgamento mais sólido que
1.332.781.946 dólares (GC Yearbook, 1997, pág. 4). eu seja capaz de fazer. São proferidas na lúcida atmosfera de
“Apenas um Instrumento” rá que também perderá sua distintiva alma 10. Ver págs. 330-336. minha última enfermidade, diante do Juiz de toda a Terra,
Ellen White possuía uma profunda percepção visionária.”54 11. Em 1995, a igreja trabalhava em 207 países, empregando 717 em cuja presença, reconheço, em breve hei de comparecer.”
de sua missão. Mantinha, contudo, a perspec- línguas. Mantinha 5.533 escolas (desde o nível fundamental – The Abiding Gift of Prophecy, pág. 368.
até o universitário); 56 editoras, que publicavam em 229 lín- 26. SDAE, vol. 11, pág. 179. Página de dedicatória, Francis D.
tiva que João Batista compreendeu mesmo O Peso da Evidência guas; e mantendo em funcionamento quase 600 instituições Nichol, Critics. Por volta de 1950, Nichol visitou um idoso
em seus momentos mais sombrios. A mensa- O peso da evidência aponta decisivamente de saúde, desde pequenas clínicas e consultórios até grandes líder da Igreja Adventista do Advento (com menos de
hospitais. 30.000 membros), outra denominação com raízes no movi-
gem de João a seus contemporâneos refletiu- para a confiabilidade no duplo testemunho 12. Ver pág. 3. mento milerita. Este líder, depois de recapitular a expansão
se muitas vezes na experiência de Ellen White: de Ellen White: sua vida e seu ministério. A 13. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 156. mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, acrescentou:
“Convém que Ele cresça e que eu diminua.” integridade de seu caráter foi reconhecida 14. Ver Ministry, outubro de 1982, pág. 10. “Seus homens tiveram mais visão do que os nossos e elabora-
15. Tiago White, Life Sketches (ed. de 1889), pág. 126. ram melhores planos.” Nichol replicou: “Não, nossos ho-
João 3:30. por seus contemporâneos, adventistas e não 16. Por ocasião da morte dela, uma bem conhecida revista noti- mens não foram mais sábios que os seus. Mas tivemos em
Em dezembro de 1886, a Sra. White esta- adventistas. O intenso enfoque de seu mi- ciou: “Ela era absolutamente sincera na crença em suas reve- nosso meio uma frágil serva do Senhor, que declarava por
lações. Sua vida foi digna delas. Não mostrava orgulho espi- meio das visões de Deus o que ela via que devíamos fazer e
va em Torre Pellice, Itália, realizando reu- nistério em revelar o encanto, a realidade e ritual nem buscava o lucro vil. Viveu a vida e realizou a obra como devíamos planejar para o futuro.” – Nichol, Critics,
niões evangelísticas. Miles Grant, influente o poder de Jesus foi reconhecido tanto pelos digna de uma profetisa.” – The Independent (New York), 23 págs. 23 e 24.
pastor cristão do advento, seguiu-a desde a de dentro quanto pelos de fora da igreja. de agosto de 1915, citado em Biography, vol. 6, pág. 444. 27. Ver págs. 26 e 518.
17. Ver pág. 94. 28. Ver págs. 256-263 e 344.
América do Norte determinado a “desmasca- Qualquer tentativa de aceitar sua vida sem 18. Graham, Co-founder, pág. 29. 29. Ver Adventist Review, 22 de março de 1990, para a experiên-
rar-lhe” as “pretensões”. No dia 4 de dezem- seu ministério, ou seu ministério sem sua vi- 19. Review and Herald, 12 de novembro de 1857. cia do Pastor Ritchie Way, que “se sentiu traído e aborreci-
20. Ver pág. 145. do” após descobrir que Ellen White, como todos os profetas,
bro, sexta-feira à noite, Grant realizou sua da, parece irracional. Como Edward Hep- 21. General Conference Daily Bulletin, 14 de março de 1891, pág. não eram infalíveis. Ao recuperar sua confiança em Ellen
reunião um andar acima de onde a Sra. Whi- penstall o expressou: “É impossível superes- 151. Em 1868, Uriah Smith publicou uma pequena brochu- White, o Pastor Way compreendeu que estivera enganado a
te dirigia a sua – uma propaganda não muito ra intitulada The Visions of Mrs. E. G. White, A Manifestation respeito de como Deus trabalha por meio de profetas com li-
timar sua vida e caráter e subestimar seus of Spiritual Gifts According to the Scriptures. Ao recapitular os mitações humanas. Ele agora confia nas duas provas de um
boa para o público em geral a respeito dos ad- escritos.”55 frutos do ministério dela, ele escreveu: “Eles levam aos mais profeta que “Satanás não pode imitar”: a prova dos “frutos” –
ventistas norte-americanos! A tentativa, por parte de alguns, de lou- puros princípios morais. ... Conduzem-nos a Cristo. ... Le- você pode conhecer a árvore pelo fruto; e a prova do “teste-
vam-nos à Bíblia. ... Trazem conforto e consolo a muitos co- munho de Jesus” – o candidato a profeta apresenta o “teste-
Grant havia feito o que pudera para reunir var Ellen White por suas contribuições de- rações.” Depois, ele observou que o “mais cego preconceito, munho” de Jesus e para Jesus?
toda calúnia e animosidade daqueles que ha- vocionais, mas negar-lhe o papel de mensa- o mais intenso ódio e a mais maligna amargura” foram dirigi- 30. Ver págs. 16, 120, 173, 375, 376 e 421.
dos contra Ellen White. Smith agrupou esses adversários em 31. Para uma antologia do que importantes adventistas do séti-
viam sido reprovados pela Sra. White. Tam- geira teológica, separa-lhe a vida de seu mi- dois grupos: “A primeira classe se compõe daqueles que mo dia, do passado e do presente, disseram sobre a contribui-
bém havia recolhido uma lista de declarações nistério. Sua contribuição teológica é preci- crêem (ou criam até o dia em que começaram a opor-se) nos ção de Ellen White para a vida deles, ler Herbert E. Dou-
deturpadas, que representavam enganosa- samente a razão por que os adventistas têm pontos de vista defendidos pelos adventistas do sétimo dia, glass, What Ellen White Has Meant to Me (Washington, D.C.:
mas em quem, ou em alguém com quem simpatizavam, erros Review and Herald Publishing Association, 1973).
mente os adventistas do sétimo dia. tido um integrado programa mundial de foram apontados e reprovados pelas visões. ... A outra classe 32. Review and Herald, 8 de março de 1887.
Consciente de que no período de apenas al- evangelismo, educação e ministério de saú- consiste daqueles que são opositores declarados e abertos de 33. “Ninguém é obrigado a crer. Deus dá evidência suficiente pa-
todos os pontos de vista distintos mantidos pelos adventistas ra que todos possam decidir-se pelo peso da evidência, mas
gumas horas em Torre Pellice ela não seria de. Foi sua intuição visionária do evangelho do sétimo dia. ... Eles odeiam esse sistema de verdade ao qual nunca removeu nem nunca removerá toda a ocasião [oportu-
capaz de “desenganar” o povo, a Sra. White eterno e do plano de Deus para um movi- as visões permanecem ligadas, e atacam as visões como o nidade] para a dúvida, nunca forçará a fé.” – Carta 12, 1868,
resolveu ignorar Grant. Decidiu “prosseguir mento mundial que inspirou algumas cente- meio mais seguro e mais eficaz de estorvar o progresso dessa citada em Biography, vol. 2, pág. 276 Ver também Testemunhos
verdade.” – Páginas 6-10. Para a Igreja, vol. 5, págs. 675 e 676. Para uma discussão de
buscando falar a verdade. ... Anelo que as nas de pessoas a se tornarem a vanguarda de 22. “My Telescope”, The Gospel of Health, janeiro de 1898. como se estabelece a autoridade quando se fala de “inspira-
pessoas vejam a verdade como é em Jesus.” um movimento mundial. 23. Review and Herald, 26 de dezembro de 1882, pág. 787. ção” e “revelação”, ver Giem, Scientific Theology, págs. 68-86.

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SEÇÃO VIII
CAPÍTULO 45 O ministério profético de Ellen G. White
Relevância Permanente PREENCHE ELLEN WHITE
ASCONDIÇÕES?
da Mensageira do Senhor
5. De que três maneiras Ellen White emprega a expressão “a verdade como é em Jesus”?
34. O Grande Conflito, pág. 527. “O Senhor nunca exige que diência de Cristo com respeito a isso, e tudo se tornará tão
creiamos em alguma coisa sem nos dar suficientes provas so- claro como a luz do dia. ... A menor coisa em nossa vida que 6. Aplique as provas de um profeta bíblico ao ministério de Ellen White. Dê exemplos pa-
bre que fundamentemos nossa fé. Sua existência, Seu caráter, permitamos que não esteja sob o controle do Espírito Santo ra cada prova. Embora as provas sejam cumulativas, que prova lhe parece a mais impor-
a veracidade de Sua Palavra, baseiam-se todos em testemu- será suficiente para gerar confusão espiritual, e toda a manei- tante?
nhos que falam à nossa razão; e esses testemunhos são abun- ra de pensar que empregarmos nisso nunca a esclarecerá. A
dantes. Deus, entretanto, não afasta a possibilidade da dúvi- confusão espiritual só é desfeita pela obediência. Logo que 7. Mencione as evidências dos dons especiais de Ellen White que convenceram os primei-
da. Nossa fé deve se basear em evidências e não em demons- obedecemos, discernimos. Isso é humilhante, porque quando
ros adventistas da integridade dela. Nem todos ficaram convencidos pelas mesmas ra-
trações. Os que quiserem duvidar encontrarão oportunidade; estamos confusos sabemos que a razão está no estado de âni-
mas os que desejam realmente conhecer a verdade poderão mo de nossa mente. Quando a capacidade natural da visão é
zões. Dê exemplos.
achar grande quantidade de provas em que basear sua fé.” – dedicada ao Espírito Santo, transforma-se em poder para per-
Caminho a Cristo, pág. 105. ceber a vontade de Deus, e a vida inteira é mantida em sim-
35. O Desejado de Todas as Nações, pág. 487. “Deus não força os plicidade.” – Chamber, My Utmost for His Highest, pág. 190.
homens a abandonarem sua incredulidade. Acham-se peran- 45. Nos escritos publicados de Ellen White, ela emprega cente-
te eles a luz e as trevas, a verdade e o erro. Cumpre-lhes de- nas de vezes a expressão “a verdade como é em Jesus”.
cidir qual aceitarão. O espírito humano é dotado da faculda- 46. General Conference Daily Bulletin, 28 de janeiro de 1893,
de de discriminar entre a verdade e o erro. É o desígnio de pág. 14.
Deus que não se decidam por impulso, mas pelo peso da evi- 47. Review and Herald, 17 de setembro de 1895.
dência, comparando cuidadosamente escritura com escritu- 48. Ibidem, 10 de novembro de 1885. “Devemos apresentar a
ra.” – Ibidem, pág. 458. verdade como é em Jesus, tornando-a fragrante e atrativa pe-
36. Ver págs. 374, 394 e 549. la graça e a cortesia que caracterizaram a vida de Cristo. ...
37. “Enquanto uma porta estiver aberta para receber as sugestões Por que aqueles que afirmam estar avançados em conheci-
do tentador, multiplicar-se-ão as dificuldades. O coração dos mento se tornam objetáveis e desprestigiam a verdade? É por-
que não vêm para a luz está aberto à incredulidade. Se meu que a verdade não teve permissão para santificar-lhes as dis-
tempo e energias são consumidos com tais assuntos, isto cor- posições não santificadas. Os que representam mal a verdade
responde aos fins de Satanás.” – Mensagens Escolhidas, livro são grosseiros, antipáticos e críticos.” – Signs of the Times, 21
1, págs. 52 e 53. Ver Parábolas de Jesus, págs. 34, 36, 59, 105, de agosto de 1893. “E que conduta devem adotar os defenso-
110-112. res da verdade? Eles possuem a imutável e eterna Palavra de
38. O Grande Conflito, pág. 527. Deus, e devem revelar o fato de que possuem a verdade como
39. Carta 19d, 1892, citada em The Ellen G. White 1888 Mate- é em Jesus. Suas palavras não devem ser nem ásperas nem ru-
rials, págs. 1.029 e 1.030. des. Ao apresentarem a verdade, cumpre-lhes manifestar o
40. O Desejado de Todas as Nações, pág. 455; ver Testemunhos Pa- amor, a mansidão e a brandura de Cristo.” – Review and He-
ra a Igreja, vol. 8, pág. 301. rald, 14 de outubro de 1902.
41. Ver pág. 470. 49. Ibidem, 17 de junho de 1890.
42. Ver pág. 502. 50. Ver referência bibliográfica 14.
43. “Por mais que o disfarcem, a verdadeira causa da incredulida- 51. Ver págs. 160-162.
de é, em muitos casos, o amor ao pecado.” – Caminho a Cris- 52. Douglass, What Ellen White Has Meant to Me, introdução,
to, pág. 111. “How Confidence in a Book Is Born”, págs. 10-21.
44. “Em assuntos intelectuais você pode encontrar solução para 53. Biography, vol. 3, págs. 335 e 336.
as coisas, mas em assuntos espirituais tudo é mais complexo. 54. Newsweek, 19 de janeiro de 1981.
Se existe alguma coisa sobre a qual Deus tenha exercido pres- 55. Edward Heppenstall, “The Inspired Writings of Ellen G.
são, obedeça nesse ponto, leve cativa sua imaginação à obe- White”, Adventist Review, 7 de maio de 1987.

Perguntas Para Estudo

1. Quais as normas pelas quais os profetas bíblicos são avaliados? Preenche Ellen White as
condições quando provada por essas normas?

2. Que impacto produzem as pressuposições de uma pessoa sobre a maneira como pesa a
evidência?

3. Por que Deus não torna a verdade tão clara que ninguém possa deixar de tomar a deci-
são correta?

4. Quais as razões básicas para alguns críticos rejeitarem as mensagens de Ellen White?

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SEÇÃO VIII

46
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Relevância Permanente
da Mensageira do Senhor
ministério de Ellen White e da maneira co- ra tais documentos. Conseqüentemente, o
mo foram elaboradas suas publicações mais uso de escritos inéditos, bem como de mate-
importantes se encontra em Ellen G. White riais publicados cujos direitos autorais foram
and Her Writings, um pequeno folheto que registrados, deve conformar-se às condições
acompanha o CD.8 Todas as obras publicadas estipuladas pela lei de direitos autorais.

Ela Ainda Fala de Ellen White [em inglês] também se acham


disponíveis na Internet. [Ver pág. 541.]
Com o passar do tempo e o aumento das
necessidades de pesquisa, as diretrizes do Pa-
trimônio Literário White referentes à libera-
Diretrizes do Patrimônio ção de material para publicação mudaram.
“Seja ou não poupada a minha vida, meus escritos falarão sem cessar, e sua obra irá avante enquan- Literário White Para Liberação de Material Em vez de perguntar “Por que publicar tal
to o tempo durar. Meus escritos são conservados em arquivo no escritório, e mesmo que eu não de- Os diversos centros de pesquisa White em material?”, a pergunta agora é: “Por que não
va viver, essas palavras que me têm sido dadas pelo Senhor terão vida ainda e falarão ao povo.” 1 vários países têm informado de maneira clara publicá-lo?” Isso levou finalmente à decisão
os procedimentos para ajudar a acessar os ma- de tornar todas as cartas e manuscritos de
teriais desejados. Igualmente importante é Ellen White disponíveis em CD-ROM.
sua responsabilidade de proteger os materiais
de dano ou perda. O Valor das Compilações
Visto que o corpo de funcionários do cen- Em seu testamento, Ellen White autorizou “a im-

E
m 9 de janeiro de 1912, em seu 85o ano de conjunta por dezenove anos, “publicando dez tro de pesquisa é limitado, os pesquisadores pressão de compilações de meus manuscritos”.
vida, Ellen White colocou sua assinatura compilações póstumas a partir dos arquivos que desejam acessar documentos inéditos re- Durante seu ministério de setenta anos,
em sua última vontade e testamento.2 de manuscritos da Sra. White, preparou e pu- cebem orientação para consultar primeiro as sua agenda diária e seu prodigioso programa
Em essência, o testamento3 criava o Patri- blicou um Comprehensive Index (Índice Ge- aproximadamente 75.000 páginas de mate- de escrita foram fabulosos quando compara-
mônio Literário White, uma comissão vitalícia ral) dos livros publicados, patrocinou uma ca- riais publicados por meio do Comprehensive dos a outros, então e agora (conforme estu-
de cinco membros.4 A tarefa quádrupla dessa bal indexação dos manuscritos e, em conse- Index em quatro volumes e o CD-ROM. damos no capítulo 11). Ela raramente dispu-
comissão compreendia a disposição de seus lho com os oficiais da Associação Geral, fez Para evitar a colocação fora dos lugares nha de tempo livre para dedicar semanas
bens imóveis (tais como artigos pessoais e ter- os preparativos para a perpetuação da admi- apropriados, são os funcionários do centro de consecutivas exclusivamente à escrita de
pesquisa, e não o pesquisador, que retiram e um livro do começo ao fim.9 Durante mui-
ras), conservação de seus arquivos de manus- nistração dos bens e estreita colaboração com
devolvem os documentos solicitados ao ar- tos anos, passou verões inteiros compare-
critos, impressão de futuras compilações extraí- a liderança máxima da igreja”.6 quivo. Sempre que se precisa rastrear anos es- cendo a numerosas reuniões campais, onde
das de seus escritos e supervisão da tradução e pecíficos, toda uma gaveta ou arquivo de do- chegava a pregar uma ou duas vezes por dia,
publicação de seus livros em outras línguas. Comissão de Depositários cumentos pode ser solicitada sem ser preciso numa sucessão quase contínua.10 Em muitos
Em 1937-38, após a morte de W. C. White, do Patrimônio Literário White remover documentos individuais. anos, ficou ausente de casa durante meses.
as propriedades literárias da escritora foram Embora a composição da Comissão de Depo- Para o pesquisador sem condições de visi- Viajou pela Europa três vezes em dois anos,
transferidas da casa dela em Elmshaven, sitários (agora em número de 15) tenha sido tar um centro, foram tomadas outras provi- pregando quase que diariamente, dando en-
Santa Helena, Califórnia, para cofres e escri- alterada de tempos em tempos,7 sua missão dências. Embora os centros não mantenham trevistas e escrevendo testemunhos pessoais
tórios na sede mundial da Igreja Adventista tem permanecido clara: tornar os escritos de um programa de “pesquisa pelo correio”, o constantemente.11
do Sétimo Dia em Washington, D.C. Nas dé- Ellen White disponíveis para todo o mundo Plano Permanente de Empréstimo possibilita Durante tal ministério, dispunha de pouco
cadas seguintes, a Comissão de Depositários na maneira mais apropriada possível. Desde a ajuda necessária em ocasiões especiais. O tempo para organizar os diversos assuntos es-
do Patrimônio Literário White, em coopera- 1934, quando a Comissão fez sua primeira centro fornecerá pelo correio cartas ou ma- parsos por todas essas mensagens, a maioria
ção com a Associação Geral, estabeleceu on- mudança de membros, ela tem autorizado nu- nuscritos específicos (identificados pela refe- das quais logo ficava esgotada devido à limi-
ze centros de pesquisa em diversas divisões merosas compilações, inclusive livros devo- rência publicada), quando solicitados. Se o tada circulação ou por nunca terem sido pu-
mundiais da igreja, além de escritórios sucur- cionais e uma coleção em CD-ROM (The documento solicitado não tiver ainda sido blicadas. Portanto, parece natural que no fim
sais na Universidade Andrews, em Berrien Published Ellen G. White Writings on Compact publicado na íntegra, pode-se emprestar uma de sua vida, ela quisesse disponibilizar suas
Springs, Michigan, e na Universidade de Lo- Disc) que “inclui todos os livros, artigos e fo- fotocópia, acompanhada de uma cópia do mensagens de maneira organizada. O proce-
Plano Permanente de Empréstimo. Por mui- dimento mais eficiente era classificar essas
ma Linda, Califórnia.5 Esses centros contêm lhetos conhecidos escritos por Ellen White
tas razões, os pedidos constantes de docu- matérias por assunto e torná-las disponíveis
cópias das cartas e manuscritos da Sra. Whi- durante seu ministério de 70 anos, bem como mentos inéditos devem ser feitos pessoalmen- em publicações sistemáticas e equilibradas.
te, material histórico referente à igreja, e li- muitos milhares de páginas impressas a partir te em um dos centros. Um dos principais benefícios de uma com-
vros e folhetos significativos não facilmente de manuscritos inéditos ao tempo de sua mor- Permite-se a pesquisa em cartas e manus- pilação bem organizada (como é o caso de
disponíveis em outros lugares. te em 1915”. O CD também inclui a coleção critos inéditos de Ellen G. White com o en- Evangelismo ou Conselhos Sobre o Regime Ali-
Essa Comissão tem levado a sério suas res- Ellen G. White Biography em seis volumes, o tendimento de que o Patrimônio Literário mentar) é que os leitores podem obter um
ponsabilidades. A Comissão original com- livro Ellen G. White in Europe e a versão King White foi autorizado pelo testamento da au- quadro amplo e equilibrado do que Ellen
posta por cinco membros trabalhou de forma James da Bíblia. Uma síntese do propósito do tora a conservar os direitos de publicação pa- White disse sobre determinado assunto. To-
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SEÇÃO VIII
CAPÍTULO 46 O ministério profético de Ellen G. White
Relevância Permanente ELA AINDA FALA

da Mensageira do Senhor
mal a irmã White, fazendo-a testificar em fa- árvore e as pétalas da flor são um desdobra-
dos se beneficiam quando os materiais não Ao usarem compilações, os leitores devem vor de coisas que não estão em harmonia mento natural do propósito unificador da se-
publicados até agora (como diários, manus- sempre seguir as regras simples da interpreta- com seu espírito ou juízo. Isto torna sua obra mente original. Uma parte das pétalas da flor
critos e sermões) são acessados e devidamen- ção como fariam com qualquer documento muito difícil.”14 não será margarida e a outra, tulipa. Um
te integrados em tal compilação. escrito.12 Mas, com as compilações, deve-se Em 1906, a Sra. White reconheceu a per- tronco de carvalho não produzirá ramos de
Apesar disso, sempre que alguém tenta tomar cuidado adicional não apenas ao con- manente possibilidade de seus escritos serem pinheiro. Os elementos da verdade são reco-
“organizar e sistematizar” o passado surgem siderar o preconceito do compilador, mas usados erroneamente: “Os que não andam na nhecidos por sua coerência. Em outras pala-
questionamentos. Por quê? Porque não existe também outros fatos: (1) palavras evoluem luz da mensagem podem coligir declarações vras, a verdade em seu desenvolvimento não
nenhum repórter, historiador ou teólogo que com o passar dos anos; (2) o tempo, o lugar e de meus escritos que lhes agradem e que con- contradiz a si mesma.
cordem com seu julgamento humano e, sepa- Ellen White, conforme descobrimos, tem
seja absolutamente objetivo. Na medida em as circunstâncias afetam diretamente o signi-
rando essas declarações de seu contexto e co- sido uma guia para seus companheiros adven-
que “peritos” seguem sua predisposição, não ficado das palavras e a aplicação dos princí- locando-as perto do raciocínio humano, fazerem tistas e para milhares e milhares de pessoas
importa quão intelectual sua obra possa pare- pios;13 e (3) duas ou mais pessoas que obser- parecer que meus escritos confirmam o que que têm encontrado Cristo através dos escri-
cer, nesse mesmo grau seus dados podem tor- vam o mesmo acontecimento o relatam de eles condenam.”15 tos dela. Sua própria experiência de setenta
nar-se objeto de suspeita por parte de alguém. maneira diferente. São valiosas as compilações? Não resta dú- anos reflete a realidade do constante desdo-
Esta possível fraqueza em qualquer esforço Em 1901, Ellen White teve que enfrentar vida. Há perigos inerentes nas compilações? bramento da verdade. Talvez de maneira mais
acadêmico é grandemente aumentada quan- o problema das compilações. Um homem es- Sim. E sempre se aplica a advertência: se uma clara que seus contemporâneos, ela expressou
do os compiladores enfileiram citações esco- tava usando a Bíblia impropriamente jun- citação parece retratar um ponto de vista iso- este princípio: “As verdades da redenção são
lhidas para favorecer pontos de vista pessoais. tando uma série de textos para “provar” que lado não representado nas obras publicadas susceptíveis de desenvolvimento e expansão
Deus havia escolhido a Sra. White para as- de Ellen White, esteja alerta à necessidade de constantes. ... Em cada época há novo desen-
Perigo das Compilações sumir o lugar de Moisés no moderno Israel obter mais do contexto dessa citação.16 volvimento da verdade, uma mensagem de
Compiladores individuais têm feito através espiritual, e que ele devia ser o Josué dela. É improvável, por exemplo, encontrar Deus para essa geração. As velhas verdades
dos anos muitas edições particulares de Ela escreveu: “‘Bem’, disse eu, ‘você esco- princípios teológicos nos parágrafos casuais são todas essenciais; a nova verdade não é in-
compilações dos materiais de Ellen White. lheu e arranjou os textos uns com os outros, de uma carta particular. Cumpre aplicar o dependente da antiga, mas um desdobramen-
Lamentavelmente, às vezes essas compila- mas, como muitos outros que se ergueram princípio da coerência. A maior quantidade to dela. Só compreendendo as velhas verda-
ções tornaram-se granadas verbais lançadas como você, está torcendo as Escrituras, in- de evidência deve interpretar a declaração des é que podemos entender as novas.”17
isolada ou infreqüente, e não o contrário. O Foi assim que, ao olhar para trás, Ellen
de um lado para outro entre os compiladores terpretando-as de modo a significarem isto e
conselho de Ellen White ainda é indispensá- White viu como os pilares da verdade ficaram
que discordavam quanto àquilo que “Ellen aquilo, quando sei que elas não se aplicam vel: se surgir alguma dúvida sobre qualquer profundamente fincados na experiência do
White disse”. como você as aplicou. assunto, leia os livros publicados dela e deixe movimento do advento.18 Olhou para adiante
A Comissão de Depositários do Patrimônio “‘Você, ou qualquer outra pessoa iludida, que o peso da clara evidência, e não a decla- para as cordas que já estavam amarradas firme-
Literário White tem levado a sério seu encar- poderia arranjar, e mandar arranjar certos ração isolada, indique o significado e o ensi- mente aos pilares. Ela era uma líder orientada
go de publicar compilações que sejam precisas textos de grande força, aplicando-os segundo no dela. Os leitores devem usar o bom senso, para o futuro, confiante na crescente configu-
e úteis. Antes de iniciar-se um trabalho de suas próprias idéias. Qualquer pessoa poderia esclarecido pelo Espírito, para descobrir o ração da verdade: “Nada temos que recear
compilação, o conjunto dos escritos de desvirtuar e aplicar mal a Palavra de Deus, contexto e o princípio envolvido, e ficar quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a
Ellen White sobre determinado tema é reuni- acusando pessoas e coisas, e então achar que agradecidos pela influência abarcante forne- maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os
do e examinado. Faz-se toda tentativa no sen- os que recusaram receber sua mensagem ha- cida por uma boa compilação. ensinos que nos ministrou no passado.”19
tido de permitir que o material determine a viam rejeitado a mensagem de Deus, e deci-
ênfase que Ellen White daria a diversos aspec- diram seu destino para a eternidade.’... Princípios Teológicos São Eternos Relevância
tos do tema. Não se faz nenhuma compilação “Chegam-me cartas suplicando uma Novas verdades não tornam as velhas obsole- Ao considerarmos a mensagem e missão da
autorizada por apenas uma pessoa trabalhando resposta; sei que muitos homens tomam os tas. As “percepções” da verdade, porém, modi- Igreja Adventista, a relevância de Ellen
sozinha. O compilador apresenta seu trabalho testemunhos que o Senhor tem dado, e apli- ficam-se à medida que se descobrem novas in- White para o presente e o futuro é tão certa
cam-nos como lhes parece que deviam ser formações ou quando se reconhece que as e tão necessária como o tronco é para o ra-
a uma pequena comissão que o revisa em bus-
pressuposições são falhas. Assim como dois mo. Pois enquanto o ramo precisar do tron-
ca de integridade inerente e fidelidade à inten- aplicados, pegando uma sentença aqui e ali,
mais dois sempre será igual a quatro, o fato de co, assim os adventistas continuarão a sentir
ção de Ellen White. Depois, o compilador in- tirando-a de sua devida ligação, e aplicando- que Cristo foi crucificado e ressuscitou não po- a segurança e a força encontradas nos escri-
corpora as sugestões e submete o original aos a segundo sua idéia. Assim ficam pobres al- de ser alterado por “discussão livre e franca”. tos dela.20 Em 1907, ela escreveu: “Seja ou
membros da comissão para que o leiam cuida- mas perplexas quando, pudessem elas ler em A verdade, de fato, tem sido como o desa- não poupada a minha vida, meus escritos fa-
dosamente. Faz-se todo esforço no sentido de ordem tudo quanto foi dado, veriam a verda- brochar de uma flor ou o crescimento de uma larão sem cessar, e sua obra irá avante en-
garantir uma apresentação completa e desti- deira aplicação, e não ficariam confundidas. árvore. Seu princípio unificador está embuti- quanto o tempo durar. Meus escritos são
tuída de preconceito do ensino maduro da Sra. Muita coisa que pretende ser mensagem da ir- do na semente. Cada estágio de desenvolvi- conservados em arquivo no escritório, e mes-
White sobre o assunto em consideração. mã White serve ao desígnio de representar mento apresenta nova estrutura. Os ramos da mo que eu não deva viver, essas palavras que
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SEÇÃO VIII
CAPÍTULO 46 O ministério profético de Ellen G. White
Relevância Permanente ELA AINDA FALA

da Mensageira do Senhor Sanctuary Message”. “Devemos repetir as palavras dos pio-


neiros em nossa obra, pioneiros esses que sabiam quanto cus-
20. Ver Jack Provonsha, A Remnant in Crisis, págs. 49-60,
163-167.
tava pesquisar a verdade como a um tesouro escondido, e que 21. Carta 371, 1907, citada em Mensagens Escolhidas, livro 1,
me têm sido dadas pelo Senhor terão vida As pessoas sensatas sabem que precisam to- trabalharam para lançar as bases de nossa obra. ... A palavra pág. 55.
ainda e falarão ao povo.”21 mar algumas precauções, até mesmo precipi- que recebi foi: ‘Reproduza-se o que esses homens escreveram
no passado.’” – Review and Herald, 25 de maio de 1905.
22. Wood, “Toward an Understanding of the Prophetic Office”,
Journal of the Adventist Theological Society, primavera de 1991,
Relevância é uma palavra que sintetiza a tar-se para seus abrigos subterrâneos. Apren- 19. Life Sketches, pág. 196 (Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 162). pág. 28.
necessidade de significado pessoal na vida. deram a obedecer rapidamente. Não importa
Mas a relevância muitas vezes degenera em se a advertência é ouvida através de um rádio Perguntas Para Estudo
mero desejo e conveniência. Além disso, o de pilha que custa 25 dólares, de uma TV di-
apelo por relevância muitas vezes substitui o gital de 2.000 dólares ou de uma lamentosa 1. Quais foram as quatro principais responsabilidades confiadas à Comissão de Depositários
apelo por autoridade. Se a relevância é busca- sirene no alto de um posto de bombeiros. A do Patrimônio Literário White pelo testamento de Ellen White?
da apenas no consenso de homens e mulheres mensagem é clara, e somente um tolo ficaria
que compartilham sentimentos comuns, o sentado tentando julgar a fidelidade da men- 2. Que significa uma comissão vitalícia de depositários?
desconforto oculto que anela por autoridade sagem pela avaliação da fidelidade do instru-
fica insatisfeito. mento pelo qual ela é transmitida.22 3. Qual o propósito principal de diversas compilações derivadas dos escritos de Ellen White?
Visto que Jesus é o Doador da mensagem e A advertência de um tornado é sempre re-
utiliza o melhor mensageiro humano disponí- levante, assim como a mensagem de um pro- 4. Mencione várias formas agora disponíveis para localizar o que Ellen White escreveu sobre
vel a Seus propósitos, a mensagem é a ques- feta, especialmente a mensagem de uma pes- determinados assuntos, tais como (1) a responsabilidade cristã de ajudar os pobres; (2) o
tão importante, independente do tempo em soa que foi enviada a fim de ajudar o povo a efeito de um regime alimentar deficiente na saúde espiritual; (3) o tipo de pessoa sobre a
que Ele a envia, seja no século quinze a.C., se preparar para uma tempestade muito maior qual Deus coloca Seu selo nos últimos dias.
seja no primeiro século da era cristã, seja no que um tornado sazonal.
século dezenove de nossa era. “O testemunho As revelações de Deus por intermédio de 5. Mencione as maneiras pelas quais o desdobramento da verdade é semelhante ao desenvol-
de Jesus” é sempre relevante. Seus profetas satisfazem o desejo tanto de re- vimento de um carvalho gigante.
Durante a primavera e o verão, por toda a levância quanto de autoridade. Para os que
região sul dos Estados Unidos muitas vezes as aceitam as contínuas mensagens de Ellen
sirenes tocam e as estações de rádio e de TV White por meio dos seus escritos, essa mistu-
transmitem advertências especiais alertando ra de relevância e autoridade se tornou uma
a população da aproximação de um tornado. experiência viva.

Referências
1. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 55. uma emenda no estatuto da corporação prevendo uma repre-
2. Ao tempo da morte de Ellen White, sua produção literária sentação e comissão de nove membros, sete vitalícios e dois
consistia em bem mais que 100.000 páginas: 24 livros em cir- para serem eleitos por um período correspondente ao manda-
culação; 2 originais de livros prontos para publicação; 4.600 to dos oficiais da Associação Geral (originalmente um qua-
artigos em periódicos da igreja; 200 ou mais tratados e folhe- driênio, mas agora um qüinqüênio). Em 1970, a comissão foi
tos com edição esgotada; 6.000 originais datilografados, reu- ampliada para 11 membros; em 1980, para 13; e em 1985, pa-
nindo aproximadamente 40.000 páginas; 2.000 manuscritos ra 15. O número de membros vitalícios foi reduzido a cinco
de cartas, documentos, diários, etc. para prover mais franca representação das várias entidades da
3. O testamento de Ellen White acha-se transcrito no Apêndi- igreja. Nos encontros qüinqüenais, a comissão também elege
ce N. o secretário (agora chamado diretor) e secretários (diretores)
4. Os membros originais da Comissão de Depositários do Patri- associados, bem como os oficiais da corporação, conforme es-
mônio Literário White eram A. G. Daniells, presidente da tipulado no estatuto.
Associação Geral; F. M. Wilcox, editor da Review and Herald; 8. “A Guide for Users”, de The Published Ellen G. White Wri-
C. H. Jones, gerente da Pacific Press Publishing Association; tings on Compact Disc.
W. C. White, um dos dois filhos vivos da escritora; e C. C. 9. Ver págs. 108-110.
Crisler, um dos secretários dela. 10. Para exemplo, ver Biography, vol. 3, págs. 35-71.
5. Sucursal da Andrews University (princípios da década de 11. Ibidem, págs. 287-384.
1960); Sucursal de Loma Linda (1976); Centros Adventistas 12. Ver capítulos 33 e 34.
de Pesquisa EGW nas seguintes regiões: Newbold College, In- 13. Ver págs. 394-397. Em 1875, ela declarou: “O que pode ser
glaterra (1974); Avondale College, Austrália (1976); Univer- dito das pessoas sob certas circunstâncias, não se poderá di-
sidade de Montemorelos, México (1978); Universidad Ad- zer em outras.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 470.
ventista del Plata, Argentina (1979); Seminário Teológico 14. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 44.
Adventista, Filipinas (1981); Helderberg College, África do 15. Carta 208, 1906, citada em “The Integrity of the Sanctuary
Sul (1983); Spicer Memorial College, Índia (1985); Instituto Truth”, um documento disponível no Patrimônio Literário
Adventista de Ensino, Brasil (1987); Seminário Adventista White. Ver Review and Herald, 17 de março de 1868.
da África Ocidental, Nigéria (1990); Universidade Coreana 16. “Se vocês desejam saber o que o Senhor revelou por meio
Sahmyook, Coréia (1992); e Seminário Teológico Zaokski, dela, leiam suas publicações.” – Testemunhos Para a Igreja,
Rússia (1995). vol. 5, pág. 696.
6. Schwarz, Light Bearers, pág. 421. 17. Parábolas de Jesus, pág. 127.
7. Devido ao constante aumento das exigências em função do 18. “Que os homens idosos que foram pioneiros em nossa obra
crescimento da igreja e dos numerosos setores a serem repre- falem claramente, e que aqueles que já morreram também fa-
sentados, os depositários aumentaram em 1950 o número de lem pela reimpressão de seus artigos em nossos periódicos.”
membros da comissão de cinco para sete. Em 1958 fizeram – Manuscrito 62, 1905, citado em “The Integrity of the

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SEÇÃO VIII

47
O ministério profético de Ellen G. White

CAPÍTULO
Relevância Permanente
da Mensageira do Senhor
de Jesus” aponta para o sistema divino de co- que terminará. O principal objetivo de Sata-
municação através do qual o Espírito de Cris- nás sempre foi destruir a confiança na confia-
to inspira homens e mulheres escolhidos com bilidade de Deus e Seus dotados profetas. Co-
revelações divinas referentes ao plano da mo ele realiza sua obra? Por meio de sutis in-

Mensageira e salvação.

Tentativas de “Invalidar”
o “Testemunho de Jesus”
sinuações, alegações fora de contexto, propa-
gação de rumores e afirmações exageradas
nascidas de um incidente que, na maioria dos
casos, pode ser facilmente explicado.6
Mensagem Inseparáveis Devido à natureza do grande conflito, Sata-
nás odeia a verdade sobre Deus e a maneira
como Ele planeja resgatar homens e mulheres
Devíamos ter como certo que os mesmos
métodos usados por Satanás para “perturbar”
a confiança em Moisés, Elias, Jeremias, João
“Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor... para que descansem dos seus tra- do planeta Terra. Conseqüentemente, ele fa- Batista ou até mesmo no próprio Cristo se-
balhos, e as suas obras os sigam.” Apoc. 14:13. rá tudo quanto sua brilhante mente seja ca- riam usados com experimentada precisão no
paz de maquinar para invalidar o “testemu- ministério de Ellen White ou de qualquer fu-
nho de Jesus Cristo”. Isso é algo que deve ser turo mensageiro de Deus.
esperado. Quando surge qualquer questão hoje (ou

C
omo já observamos através de todo es- pretendia provar que ela era a sucessora de- Ellen White sabia por experiência própria que ainda surgirá entre agora e a volta de Je-
te livro, sempre que Deus fala por signada por Ellen White. Mesmo depois que e por instrução divina como as táticas de Sa- sus), devemos perguntar imediatamente: (1)
meio de Seu sistema de comunicação, esse episódio escandaloso foi desmascarado,
tanás lhe afetavam o ministério, e como ele Se as alegações envolvem Ellen White como
logo aparecem contrafações. Satanás é incan- os seguidores dela continuaram a apoiá-la
sável em sua habilidade para penetrar pela fortemente. atuaria no futuro. Em 1890, ela escreveu duas uma pessoa, quais são todos os fatos? (2) Se o
porta que a verdade abre. Suas mensagens são As predições específicas mas fracassadas cartas: questionamento diz respeito a seus ensinos
sempre atraentes e fáceis de acreditar porque da Sra. Rowen culminaram em seu anúncio “Satanás está... constantemente forçando teológicos, qual é a pressuposição teológica
ele sabe como apelar para o coração que tem de que Jesus voltaria em 6 de fevereiro de o falso – para desviar da verdade. O último ou filosófica à base do ponto de vista do ques-
inclinação religiosa mas não é convertido. 1925. Essa predição falha deixou muitos de engano de Satanás será exatamente anular o tionador (ou “perturbador”)?7
Ele mistura a verdade com o erro, sempre de seus seguidores intrigados, mas muitos acei- testemunho do Espírito de Deus. ‘Não haven- Não causa surpresa que num ministério li-
uma forma que apela mais ao sentimento e taram a explicação que ela deu: que se ha- do profecia, o povo se corrompe.’ Prov. 29:18. terário de 70 anos de duração surjam pergun-
autoridade humana do que para um claro via equivocado quanto ao tempo que Jesus Satanás atuará engenhosamente, por diferen- tas técnicas e pontos isolados difíceis de
“Assim diz o Senhor”. levaria em viagem do Céu à Terra. Elemen- tes maneiras e por instrumentos diversos, pa- compreender. Perguntas semelhantes de-
Após a morte de Ellen White, logo surgi- tos adicionais dessa estranha história po- ra perturbar a confiança do povo remanes- frontam os estudantes da Bíblia. Muitas pes-
ram falsos mensageiros. Em 22 de junho de dem ser encontrados em Light Bearers to the
cente de Deus no testemunho verdadeiro.”4 soas através dos anos têm perdido a confian-
1916, menos de um ano depois que a Sra. Remnant, inclusive a tentativa dela de as-
White havia morrido, Margaret Rowen, de sassinar seu principal patrocinador, e o tem- “Será ateado contra os testemunhos um ça na Bíblia devido a dificuldades reais ou
Los Angeles, Califórnia, afirmou ter tido uma po em que ficou presa na Penitenciária de ódio satânico. A atuação de Satanás será imaginárias.8
visão. Seus primeiros “testemunhos” apresen- San Quentin.2 perturbar a fé das igrejas neles, por esta ra- Por que isso acontece? Os que perderam a
tavam uma semelhança superficial com os Citamos a história da Sra. Rowen apenas zão: ele não pode ter um jeito muito fácil confiança põem muitas vezes mais ênfase no
testemunhos da Sra. White. Além dessas para destacar o apelo muitas vezes cativante de introduzir seus enganos e prender almas recipiente do que em seu conteúdo, mais no
“mensagens”, as manifestações físicas que daqueles que pretendem ter o dom profético. em suas mentiras se as advertências e re- mensageiro do que na mensagem. Como al-
acompanhavam suas visões eram assombrosa- Em qualquer momento nas últimas poucas preensões e conselhos do Espírito de Deus guém pode concentrar-se mais no conteúdo
mente semelhantes às de Ellen White. “Tan- décadas, pelo menos uma dúzia de pessoas ao forem atendidos.”5 do que no recipiente, na mensagem mais do
to seus seguidores, que incluíam vários médi- redor do mundo têm convencido outras de que no mensageiro? Como concentrar-se
cos, quanto os céticos concordavam que essas que receberam o dom de profecia. Entre eles Como Satanás Perturba a Confiança mais na mensagem de Ellen White do que na
visões eram de inspiração sobrenatural. A se encontram V. T. Houteff, Jeanine Sautron Se o plano de Satanás é “engenhosamente... própria Ellen White?9 Ouvindo sua clara e
pergunta que se fazia era: De que poder sobre- e aqueles que supostamente recebem “mensa-
perturbar a confiança”, como fará isso? predominante mensagem que esclarece o en-
natural se originam?”1 gens através do pensamento”.3
A tentativa da Sra. Rowen de usurpar o De acordo com João, o Revelador, Satanás Desde o jardim do Éden, por razões nem foque bíblico sobre o caráter de Deus confor-
papel de “mensageira” da Igreja Adventista ficará extremamente irado com os represen- sempre claras, a confiança de uma pessoa na me manifesto em Jesus e sobre Seu plano sim-
alcançou extraordinária extensão quando ela tantes dos últimos dias dos que “guardam os verdade sobre Deus tem sido sempre o alvo ples de transformar rebeldes em filhos e filhas
“colocou” no cofre de Ellen G. White em mandamentos de Deus e têm o testemunho de outros que não se sentem à vontade com a restaurados. A mensagem do profeta verda-
Elmshaven um documento que dizia ser uma de Jesus”. Apoc. 12:17. Conforme observa- autoridade divina. Foi dessa maneira que co- deiro é coerente, ainda que sua vida, embora
carta escrita pela Sra. White. Esta “carta” mos anteriormente (pág. 3), o “testemunho meçou o conflito cósmico, e é dessa maneira exemplar, possa não ser sem defeitos.
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SEÇÃO VIII
CAPÍTULO 47 O ministério profético de Ellen G. White
Relevância Permanente MENSAGEIRA E MENSAGEM
INSEPARÁVEIS
da Mensageira do Senhor
suas credenciais satisfarão as provas pelas único povo que está cumprindo a descrição
Mesmo quando um grupo aceita Ellen primento de profecias como Joel 2:28-32. A quais tem passado todo profeta verdadeiro no dada do povo remanescente, que guarda os
White como mensageira de Deus, existirão própria Sra. White, interrogada a esse respei- sistema divino de comunicação. mandamentos de Deus e tem a fé de Jesus. ...
diferenças de opinião a respeito de como to, disse não ter recebido qualquer informa- Deus tem um povo distinto, uma igreja na
aplicar seus princípios às atuais circunstân- ção sobre o assunto.12 Outra Igreja a Seguir? Terra, inferior a nenhuma outra, mas a todas
cias. Contudo, um compromisso sincero e Ninguém sabe o que Deus pode achar me- Expressa-se de vez em quando o pensamento superior em seus recursos para ensinar a ver-
compartilhado com a autoridade divina lhor a respeito da liderança especial antes do de que “o navio adventista prossegue, não dade, para vindicar a lei de Deus.”16
aquece o coração daqueles que diferem; as advento. E ninguém sabe de que modo um fu- importa o que aconteça”! Pessoas igualmente No início da década de 1900, quando de-
diferenças não são exageradas a ponto de se turo profeta cumpriria seu papel. O que sabe- confiantes dizem que “a igreja é Babilônia” e terminadas forças dentro da igreja tentavam
tornarem uma disputa aberta. Aqueles que mos é que a igreja tem a obrigação de pôr à que é preciso formar-se uma nova organiza- desviar a igreja de sua mensagem e missão,
se concentram no conteúdo, e não no reci- prova essa pretensão, conforme Paulo ensi- ção para alimentar os “crentes verdadeiros”. ela fortaleceu aqueles que “ouviam” com co-
piente, procuram aproximar-se daqueles nou: “Não apagueis o Espírito. Não desprezeis Ambos os grupos apelam para a autoridade de ragem e otimismo: “Não podemos desviar-
as profecias; julgai todas as coisas, retende o Ellen White. Eis outro exemplo em que o es- nos agora do fundamento estabelecido por
que divergem; enfatizam os princípios so-
que é bom; abstende-vos de toda forma de tudo cuidadoso evitará tanto o otimismo im- Deus. Não podemos agora entrar em nenhu-
bre os quais concordam, e minimizam suas
mal.” I Tess. 5:19-22. prudente da parte de alguns quanto o indevi- ma nova organização; pois isso significaria
diferenças. do pessimismo da parte de outros. Sem Ellen
Todas as provas mencionadas anterior- apostasia da verdade.”17
Outra maneira de “invalidar” os escritos White, mais uma vez os membros da igreja Lançando um outro olhar rumo ao futuro,
de Ellen White (ou a Bíblia) é empregar incor- mente devem ser aplicadas a cada um que
pretende ter o dom de profecia.13 A prova moderna seriam arrastados por suas próprias ela escreveu em 1908: “Sou instruída a dizer
retamente o conselho. A expressão “a irmã especulações. aos adventistas do sétimo dia em todo o mun-
White disse...” é usada como “vara”, causan- mais elevada de todas é comparar os profetas
recentes com o corpo de escritos inspirados Os profetas, a começar de Moisés, sempre do: Deus chamou-nos como um povo para
do profundo ressentimento em vez de apre- se identificaram com a repreensão e a repro- sermos-Lhe particular tesouro. Ele designou
dos profetas anteriores.
ço.10 Lamentavelmente para muitos, tanto vação, bem como com o encorajamento e a que Sua igreja na Terra esteja perfeitamente
Jesus deixou claro que a igreja deve contar
jovens como idosos, os “Testemunhos” têm promessa. As pessoas podem ler seletivamen- unida no Espírito e conselho do Senhor dos
com o aparecimento de falsos profetas, espe-
sugerido mais temor do que bênção, mais frie- te e, dependendo do que estão procurando, exércitos até ao fim do tempo.”18
cialmente nos últimos dias que antecedem a
za do que cordialidade. Fora do contexto e se- podem considerar Jeremias ou Isaías profetas Apocalipse 3 não descreve nenhuma outra
Seu retorno: “Levantar-se-ão muitos falsos
parados de sua intenção, os escritos de Ellen de esperança ou de desespero. Isso também igreja dos últimos dias além de Laodicéia,
profetas e enganarão a muitos.” Mat. 24:11.
White podem facilmente tornar-se um chico- pode acontecer com Ellen White. dando assim a esperança de que algum dia
Surgirão, sem dúvida, muitos pretendentes
te ou um porrete – exatamente o oposto do Em 1856, ela chamou corajosamente a muitos de seus membros se arrependerão,
persuasivos e confiáveis. O que os torna
que a escritora tinha em vista quando escre- atenção de pouco mais de 3.000 membros de vencerão e cumprirão o plano de Deus para a
“confiáveis”? sua igreja para o fato de que a mensagem a
via mensagens de advertência e desafio para igreja dos últimos dias (Apoc. 3:18-21). Ne-
Os falsários não imprimem cédulas de três Laodicéia (Apoc. 3) se aplicava aos adventis-
aqueles que tinham pleno conhecimento da nhum outro assunto relacionado com a agen-
dólares. O propósito da falsificação é parecer tas do sétimo dia. Isso foi muito sério para um da da igreja, seja para indivíduos ou institui-
verdade que ela proferia. com o original ou com o que é válido tanto
A melhor maneira de frustrar a tentativa povo que se via praticamente sozinho no mun- ções, pode ser mais urgente ou importante
quanto possível. Satanás conhece essa tática do como aqueles que “guardam os mandamen- para ser implementado.
de Satanás de “invalidar” o ministério de muito bem. Tem sempre sido seu método
Ellen White é “ouvir” a mensagem principal tos de Deus e têm a fé de Jesus”. Apoc. 14:12.
ocultar o erro com muita verdade. Finalmen- Ao mesmo tempo, ela afirmou claramente A Última Sacudidura – uma Predição
que ela apresenta sobre a versão de Deus no te, o erro também se torna parte da verdade que “Deus investiu Sua igreja de especial au- Uma das predições ainda não cumpridas de El-
grande conflito, ler-lhe as obras publicadas11 na mente deles. toridade e poder, por cuja desconsideração e len White está relacionada a acontecimentos
como a declaração definitiva daquilo que ela Ellen White escreveu a alguém que estava desprezo ninguém se pode justificar, pois futuros. As palavras-chaves que descrevem as
cria sobre qualquer assunto, inserir no contex- confuso com as pretensões de Anna Phillips aquele que assim procede despreza a voz de forças que focalizarão os adventistas do sétimo
to original toda palavra que pareça desanima- de haver recebido visões e mensagens: “Mui- Deus”.15 dia são “peneiramento” e “sacudidura”.
dora – e depois sentar-se e admirar a coerên- tas coisas nessas visões e sonhos parecem ser Embora ela tenha empregado linguagem Desde o jardim do Éden, os seres humanos
cia de uma notável mensageira cujo ministé- corretas, uma repetição daquilo que tem es- rude para descrever a indiferença espiritual têm sido peneirados por provas e tentações,
rio alcançou profundos resultados mundiais. tado no campo por muitos anos; bem depres- da igreja, foi igualmente enfática a respeito mas Ellen White previu um tempo antes do
sa, porém, introduzem um jota aqui, um til de seu alto destino: “Não tem Deus uma igre- fechamento da porta da graça em que cir-
Provando Reivindicações Contemporâneas de erro ali, apenas uma sementinha que dei- ja viva? Ele tem uma igreja, mas esta é a igre- cunstâncias específicas provarão e peneirarão
É possível aparecer outro profeta verdadeiro ta raiz e floresce, e muitos são por ela conta- ja militante, e não a igreja triunfante. Entris- todo adventista. O peneiramento especial é
na Igreja Adventista do Sétimo Dia antes da minados.”14 tecemo-nos de que haja membros defeituo- muitas vezes chamado tempo da “sacudidu-
volta de Jesus? Os adventistas nunca afirma- Sim, é possível que surja outro profeta ver- sos, que haja joio no meio do trigo. ... Sejam ra”. Algumas vezes ela emprega o termo “sa-
ram que Ellen White foi o completo cum- dadeiro. E sem dúvida, se tal profeta surgir, todos cuidadosos para não clamarem contra o cudidura” para referir-se ao processo19 pelo
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SEÇÃO VIII
CAPÍTULO 47 O ministério profético de Ellen G. White
Relevância Permanente MENSAGEIRA E MENSAGEM
INSEPARÁVEIS
da Mensageira do Senhor
Arthur G. Daniells, presidente da Asso- passado, uma relação direta entre acalentar
qual todos os membros da igreja serão prova- O Dr. Jack Provonsha observou que, sem ciação Geral de 1901 a 1922, ergueu sua pe- algum pecado e duvidar das mensagens dos
dos; outras vezes se refere a uma profunda sa- Ellen White, não haveria Igreja Adventista na num apelo aos membros da igreja para servos escolhidos do Senhor.”35
cudidura que prevalecerá durante as Sete do Sétimo Dia hoje, mas advertiu quanto ao que não seguissem o padrão da História: “É Para manter o navio adventista na direção
Últimas Pragas.20 futuro da igreja. Passando em revista o mo- possível crer nominalmente no dom de pro- certa rumo ao porto, a mensagem que lhe ajus-
Algumas das causas da última sacudidura vimento adventista desde o seu início, ele fecia, aceitar as mensagens dos profetas ante- ta a rota deve permanecer tão clara e tão
dentro da Igreja Adventista serão: afirmou: “Eles possuíam a Bíblia. Mas ti- riores e ainda assim rejeitar a mensageira eficiente quanto a bússola e o radar de um tran-
• Perseguição vinda de fora da igreja.21 nham em grande medida aquele outro ingre- contemporânea escolhida por Deus para ins- satlântico. E para manter a relevância e a im-
• Doutrinas errôneas vindas de dentro da diente para a vitalidade de um movimento truir Seu povo e contra ela fazer oposição. portância da mensagem, o Mensageiro que pri-
igreja.22 religioso: o senso de haverem sido chamados Nos dias de Cristo, as palavras dos profetas meiro estruturou a mensagem deve ser ouvido
• Mundanismo predominante por não ha- por Deus e de contarem com a presença antigos eram lidas todo sábado nas sinago- como se ouve o prático do porto, especialmen-
verem os membros experimentado “o dEle em seu movimento! Não concedeu Ele gas, contudo os líderes religiosos rejeitaram a te enquanto o navio entra na turbulência dos
João Batista e crucificaram o Profeta que estreitos, nas proximidades do porto.
amor pela verdade” ou não terem sido Sua presença com a orientação do dom pro-
veio diretamente do Céu, o maior que já “Por isso Eu os abati por meio dos profe-
“santificados pela obediência à verdade”.23 fético? Isso fez toda a diferença. Sem o apareceu na Terra. ... Por haver Cristo re- tas.” Oséias 6:5.
• Resistência ao “testemunho direto con- senso desta Presença desde o começo, não preendido pecados específicos, os fariseus re- “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis
tido no conselho da Testemunha verda- existiria agora nem mesmo uma Igreja Ad- jeitaram Sua afirmação de ser o Filho de seguros; crede nos seus profetas e prospera-
deira à igreja de Laodicéia”.24 ventista do Sétimo Dia, pelo menos uma Deus. Existe hoje, como sempre houve no reis.” II Crôn. 20:20.
• Rejeição específica da doutrina do san- que fizesse grande diferença para o mundo.
tuário envolvendo o significado do juízo A dedução óbvia disto é que, se esse senso se Referências
pré-advento e da relação entre o santuá- perder algum dia, a igreja, ainda que conti-
rio purificado e o povo purificado.25 nue a existir institucionalmente, talvez não 1. Schwarz, Light Bearers, pág. 450. 15. Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 417 (1875).
2. Ibidem, págs. 450-452. Ver também Larry White, “Margaret 16. Testemunhos Para Ministros, págs. 45 e 58 (Atos dos Apóstolos,
• Rejeição do ministério de Ellen White.26 seja mais tida em conta no lugar e na forma W. Rowen, Prophetess of Reform and Doom”, Adventist pág. 164).
O impacto da sacudidura sobre os adven- em que se supõe devia estar.” Heritage, verão de 1979, págs. 28-40. 17. Manuscrito 129, 1905, citado em Mensagens Escolhidas, livro
3. Para informações adicionais sobre falsas pretensões proféti- 2, pág. 390.
tistas do sétimo dia será enorme: Algumas páginas depois, o Dr. Provonsha cas desde 1915, ver Schwarz, Light Bearers, págs. 455 e 456; 18. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 397. Ellen White fez esta
• Apostasia entre os líderes da igreja.27 escreveu: “Fiz abundantes citações de Ellen J. R. Spangler, “The Gift of Prophecy and ‘Thought Voices’”, declaração apesar de reconhecer o princípio mais amplo do
Ministry, junho de 1986; Roger W. Coon, Heralds of New condicionalismo. As organizações, bem como os indivíduos,
• Apostasia de pastores que pregavam fal- G. White. Não peço desculpas por isso. Ela Light (Nampa, ID: Pacific Press Publishing Association, nem sempre continuam a cumprir suas responsabilidades, e
sas doutrinas.28 é minha ‘mãe espiritual’. É também o cen- 1987), págs. 24-26. Deus “não pode mais trabalhar com eles. Outros são então
4. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 78. escolhidos para assumir importantes responsabilidades”.
• A igreja parecerá prestes a cair.29 tro absoluto da vida e pensamento do ad- 5. Carta 40, 1890, em Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 48. 19. “Estamos no tempo da sacudidura, tempo em que cada coisa
6. Ver págs. 14, 34-36 para as limitações dos profetas. Ver pág. que pode ser sacudida, sacudir-se-á. O Senhor não desculpa-
• Uma quantidade impressionante de ventismo.”34 457 para o processo de amadurecimento na experiência de rá os que conhecem a verdade, se não obedecem a Seus man-
membros renunciará à igreja.30 É impossível contar a história do nasci- todos os profetas. Ver pág. 518 para uma discussão do moti- damentos por palavra e ação.” – Testemunhos Para a Igreja,
vo pelo qual os crentes focalizam mais a mensagem dos pro- vol. 6, pág. 332 (1900), citado em Testemunhos Seletos, vol.
• Novos convertidos ocuparão o lugar dos mento de Israel como nação sem passar em fetas do que o mensageiro. Mas a confiança é muitas vezes 2, págs. 547 e 548.
apóstatas.31 revista a obra de Moisés, seu profeta. Como “perturbada” quando se divulgam, de maneira deliberada ou 20. “Tão logo o povo de Deus esteja selado na fronte – não se
impulsiva, boatos negativos e prejudiciais, que, por uma ra- trata de nenhum selo ou marca que possam ser vistos, mas
• A preparação para a crise exige o desen- se poderia explicar o Êxodo sem Moisés? Ou zão ou outra, não podem ser verificados adequadamente. Es- uma confirmação na verdade, tanto intelectualmente quan-
volvimento de hábitos de entusiasmo, o Monte Sinai? Ou a razão por que Israel te- ses boatos se concentram nos defeitos de um indivíduo em to espiritualmente, de modo que não possa ser retirada tão
processo de amadurecimento sem colocar os incidentes iso- logo o povo de Deus esteja selado e preparado para a sacudi-
coragem e lealdade.32 ve que vaguear pelo deserto durante quaren- lados em seu contexto mais amplo e sem considerar o teor dura, ela virá.” – Manuscrito 173, 1902, citado em SDABC,
ta anos? geral da vida daquela pessoa. Esta espécie de “fundamento” vol. 4, pág. 1.161.
infeliz para perder a confiança em Ellen White é o que nos 21. “Não vai longe o tempo em que a prova sobrevirá a toda al-
Mensagem e Mensageira Inseparáveis Assim também é impossível contar a his- preocupa quando discutimos a maneira como Satanás conti- ma. A marca da besta nos será recomendada com insistência.
Robert S. Folkenberg, décimo oitavo presi- tória do movimento adventista do sétimo dia nua a atacar o ministério do Espírito de Profecia. Os que, passo a passo, cederam às exigências do mundo e se
7. Um metodista wesleyano seria obviamente refutado por um sujeitaram a costumes mundanos não acharão difícil subme-
dente da Associação Geral, sintetizou as con- sem entrelaçar o ministério de Ellen White teólogo calvinista ou reformador, ainda que ambos declaras- ter-se aos poderes dominantes, de preferência a expor-se a es-
vicções de muitos, do passado e do presente, na confirmação da doutrina bíblica, no esta- sem que seu lema é “a Bíblia e somente a Bíblia”. (Ver pág. cárnios, insultos, ameaças de prisão e morte. ... Nesse tempo
377.) Os adventistas do sétimo dia esperam controvérsia en- o ouro será separado da escória, na igreja.” – Testemunhos Pa-
quando escreveu: “Sem [as] valiosas contri- belecimento de uma organização eclesiástica tre teólogos que constroem seus pontos de vista sobre prin- ra a Igreja, vol. 5, pág. 81 (Eventos Finais, pág. 150). Ver
buições do Espírito de Profecia, duvido que a suficientemente forte para manter uma igreja cípios bíblicos/filosóficos diferentes. também O Grande Conflito, pág. 608.
8. Ver págs. 478-498 para recapitular algumas acusações e ale- 22. “Ao vir a sacudidura, pela introdução de falsas teorias, esses
Igreja Adventista do Sétimo Dia sequer exis- mundial e com mensagens de reprovação e gações dirigidas contra Ellen White. leitores superficiais não ancorados em parte alguma, são co-
tisse. Desde os primeiros dias deste movimen- encorajamento, semelhantes as de Moisés, 9. Ver págs. 256-263 e 344 para um debate sobre o Tema do mo a areia movediça. Escorregam para qualquer posição pa-
Grande Conflito. ra agradar a tendência de seus sentimentos de amargura.” –
to, a pena e a voz de Ellen White aconselha- que ajudaram a moldar o caráter da igreja. 10. Paul B. Ricchiuti, Ellen (Montain. View, CA.: Pacific Press Testemunhos Para Ministros, pág. 112.
Publishing Association, 1977), pág. 132. 23. “Não tendo recebido o amor da verdade, eles serão induzidos
ram, guiaram e conduziram o povo de Deus a Sem ela, é provável que a Igreja Adventista 11. Ver Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 696. aos enganos do inimigo; darão ouvidos a espíritos enganado-
um nível mais profundo de experiência espiri- hoje não passasse de uma nota de rodapé em 12. Biography, vol. 6, págs. 442 e 443. Ver também pág. 404. res e a doutrinas de demônios, e se afastarão da fé.” – Teste-
13. Ver págs. 29-32. munhos Para a Igreja, vol. 6, pág. 401 (Eventos Finais, pág.
tual, a padrões mais elevados de vida pessoal e algum livro de história de diversos grupos re- 14. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 87. Para informações so- 153). “Ao aproximar-se a tempestade, uma classe numerosa
a conceitos mais claros sobre a verdade.”33 ligiosos do século dezenove. bre Anna Phillips, ver Biography, vol. 4, págs. 125-132. que tem professado fé na mensagem do terceiro anjo, mas

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M E N S A G E I R A D O S E N H O R
SEÇÃO VIII
CAPÍTULO 47 O ministério profético de Ellen G. White
Relevância Permanente MENSAGEIRA E MENSAGEM
INSEPARÁVEIS
da Mensageira do Senhor
não tem sido santificada pela obediência à verdade, abando- 29. “A igreja talvez pareça como prestes a cair, mas não cairá. Ela Notas do Tradutor
na sua posição, passando para as fileiras do adversário.” – O permanece, ao passo que os pecadores em Sião serão lança-
Grande Conflito, pág. 608. dos fora no joeiramento – a palha separada do trigo precioso.
24. “Perguntei qual o sentido da sacudidura que eu acabava de É esse um transe terrível, não obstante importa que tenha lu-
presenciar e foi-me mostrado que fora causada pelo positivo gar.” – Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 380. Estrutura grega frouxa: Tipo de estrutura sintática em que a oração principal vem primeiro,
testemunho motivado pelo conselho da Testemunha fiel aos 30. “A sacudidura de Deus lança fora multidões como folhas se- fazendo o pensamento se completar antes do fim, sem circuito de palavras. (Pág. 15.)
laodiceanos. Esse testemunho terá o seu efeito sobre o cora- cas.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 89. “Ao aproxi- Circuito Chautauqua: Reuniões educacionais anuais, que se originaram nessa aldeia em
ção do que o recebe, levando-o a exaltar a norma e declarar mar-se a tempestade, uma classe numerosa que tem professa-
a positiva verdade. Alguns não suportarão esse claro teste- do fé na mensagem do terceiro anjo, mas não tem sido santi- 1874, nas quais se realizavam conferências públicas, concertos e apresentações dramáticas du-
munho. Opor-se-lhe-ão e isto causará uma sacudidura entre ficada pela obediência à verdade, abandona sua posição, pas- rante os meses do verão, geralmente em espaços abertos. (Pág. 46.)
os filhos de Deus.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. sando para as fileiras do adversário.” – O Grande Conflito,
181 (Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 60). pág. 608. “Logo o povo de Deus será provado por ardentes Antiarrendamento: Partido político nova-iorquino (1839-1847) que se opunha ao paga-
25. “O inimigo introduzirá doutrinas falsas, tais como a de que não provas, e a grande proporção dos que agora parecem genuí- mento de arrendamento aos proprietários de terras com privilégios especiais concedidos pelos
existe um santuário. Este é um dos pontos em que alguns se nos e verdadeiros demonstrar-se-á metal vil.” – Testemunhos
apartarão da fé.” – Evangelismo, pág. 224. Ver ibidem, págs. 221- Para a Igreja, vol. 5, pág. 136 (Testemunhos Seletos, vol. 2, antigos governadores holandeses de Nova Iorque e Nova Jersey. (Pág. 46.)
225; O Grande Conflito, págs. 423 e 488; Review and Herald, 21 pág. 31). Bloomerismo: Usar roupa feminina advogada em 1850 por Amélia Jenks Bloomer, que con-
de janeiro de 1890; Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 575. 31. “Os lugares vagos nas fileiras serão preenchidos pelos que fo-
26. “Uma coisa é certa: os adventistas do sétimo que se colocam ram representados por Cristo como tendo chegado na hora
sistia em uma saia curta, calças frouxas reunidas e abotoadas no tornozelo, e com um colete e
sob o estandarte de Satanás abandonarão primeiro sua fé nas undécima. ... Será admitido grande número de pessoas que um amplo chapéu. (Pág. 46.)
advertências e repreensões contidas nos Testemunhos do Es- nestes últimos dias ouvirem a verdade pela primeira vez.” – Obras de Ellen White em português (51 livros): Disponíveis também em CD-Rom pela Casa
pírito de Deus.” – Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 84. Ver Carta 103, 1903, citada em Eventos Finais, pág. 157. Ver
também ibidem, págs. 48 e 83; Testemunhos Para a Igreja, vol. também Primeiros Escritos, pág. 271; Testemunhos Para a Igre- Publicadora Brasileira. (Pág. 530.)
4, pág. 211. ja, vol. 8, pág. 41.
27. “Muitas estrelas que temos admirado por seu brilho tornar- 32. “Quando a religião de Cristo for mais desprezada, quando
se-ão trevas.” – Profetas e Reis, pág. 188. “Muitos demonstra- Sua lei mais desprezada for, então deve nosso zelo ser mais ar-
rão que não são um com Cristo, que não estão mortos para o doroso e nosso ânimo e firmeza mais inabaláveis. Permane-
mundo para que com Ele possam viver; e serão freqüentes as cer em defesa da verdade e justiça quando a maioria nos
apostasias de pessoas que ocuparam cargos de responsabilida- abandona, ferir as batalhas do Senhor quando são poucos os
de.” – Review and Herald, 11 de setembro de 1888. Ver tam- campeões – essa será nossa prova. Naquele tempo devemos
bém MR, vol. 13, págs. 379 e 381. tirar calor da frieza dos outros, coragem de sua covardia, e
28. “Muitos se levantarão em nossos púlpitos tendo nas mãos a lealdade de sua traição.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 5,
tocha da falsa profecia, acesa na infernal tocha de Satanás. ... pág. 136 (Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 31).
Dentre nós sairão alguns que não mais levarão a arca. Mas es- 33. We Still Believe (Nampa, ID: Pacific Press Publishing Asso-
tes não podem fazer muralhas para obstruir a verdade, pois ciation, 1994), pág. 100.
esta prosseguirá avante e para cima até o fim.” – Eventos Fi- 34. Provonsha, Remnant in Crisis, págs. 11 e 14.
nais, pág. 155. Ver também Mensagens Escolhidas, livro 3, 35. Daniells, The Abiding Gift of Prophecy, pág. 375.
pág. 385; MR, vol. 7, pág. 192.

Perguntas Para Estudo

1. Quais as causas da “sacudidura” final dentro da Igreja Adventista?

2. Que critérios devemos usar para avaliar os que pretendem possuir o dom profético?

3. Que quer dizer a admoestação de que devemos focalizar mais a mensagem do que o men-
sageiro?

4. Quais algumas das maneiras pelas quais os escritos de Ellen G. White foram “invalida-
dos”?

5. Por que a mensagem adventista e sua mensageira (Ellen G. White) são inseparáveis?

6. Por que é melhor, ao considerar profetas de qualquer época, concentrar-se no conteúdo


das mensagens em vez de no recipiente humano?

7. Mencione os métodos que um Satanás irado (Apoc. 12:7) utiliza para destruir a influên-
cia do “testemunho de Jesus”, que é “o espírito de profecia” (Apoc. 19:10).

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APÊNDICE M E N S A G E I R A D O S E N H O R
O ministério profético de Ellen G. White

que fossem amparados pelos que lhes estavam quase celestial. Ninguém se cansava de ouvi-la. ...
ao lado. Enquanto executavam essas evolu- “Assim eu [Barton Stone] apresentei um breve
ções, eu ouvia louvores e orações solenes as- relato das coisas maravilhosas que apareceram no

Apêndice cenderem a Deus.


“O ritual do latido (como os opositores desde-
nhosamente o chamavam) nada mais era do que
grande entusiasmo no começo deste século [o de-
zenove]. Seus mais fervorosos defensores admiti-
ram que havia muitas excentricidades e muito fa-
convulsões. A pessoa afetada pelas convulsões, es- natismo neste entusiasmo. Na verdade, naquelas
pecialmente na cabeça, muitas vezes soltava gru- circunstâncias, seria de admirar se tais coisas não
nhidos ou latidos (se assim você prefere chamá- houvessem aparecido. Apesar disso, os efeitos po-
outra irmã procedeu semelhantemente. Desde los) devido ao caráter repentino da convulsão. Es- sitivos foram vistos e reconhecidos por toda a vizi-
Apêndice A te nome de latido parece ter-se originado com um nhança, e durante algum tempo, entre as diferen-
aquele momento tornaram-se membros muito pie-
dosos da igreja. idoso pregador presbiteriano do leste do Tennes- tes seitas, silenciou-se a contenda e promoveu-se a
Reuniões Campais em “Tenho visto muitas pessoas piedosas caírem see. Ele tinha ido ao bosque para uma devoção unidade; e esses benditos efeitos teriam prossegui-
Princípios do Século Dezenove da mesma maneira, devido a um senso de perigo particular, e foi tomado pelas convulsões. Estando do, caso os homens não tivessem colocado suas
a que estão expostos seus filhos, irmãos ou irmãs, perto de uma árvore nova, agarrou-se nela para mãos não santificadas para segurar sua arca prestes
A descrição a seguir de reuniões campais reali- vizinhos não convertidos e o mundo pecador. Te- não cair e, enquanto convulsionava a cabeça para a cair, confundindo-a com a arca de Deus.” – Rho-
zadas no início do século dezenove não se aplica a nho-as escutado angustiar-se em lágrimas e em trás, soltou um grunhido ou espécie de ruído pare- des Thompson, ed., Voices From Cane Ridge (St.
todas as reuniões dessa natureza realizadas na épo- intenso clamor por misericórdia em favor dos pe- cido com um latido, tendo o rosto virado para ci- Louis: The Bethany Press, 1954), págs. 69-72.
ca ou posteriormente dentro daquele século. Ape- cadores, e falarem como anjos a todos os que es- ma. Algum gracejador o encontrou nesta posição,
sar disso, determinados aspectos das reuniões cam- tão a seu redor. e espalhou o boato de que o encontrara latindo pa-
pais aqui descritas se referem muitas vezes a acon- “As convulsões não são fáceis de descrever. Às ra uma árvore.
tecimentos que ocorreram nos anos da juventude vezes elas afetavam um dos membros do corpo, e
de Ellen White. “O ritual da gargalhada era freqüente, mas con- Apêndice B
outras vezes o corpo inteiro. Quando só a cabeça
Em sua autobiografia, um eminente reavivalis- era afetada, ela era sacudida para trás e para fren- finava-se exclusivamente aos religiosos. Era uma
ta da primeira metade do século dezenove, Barton te, ou de um lado para outro, de maneira tão rápi- risada forte e estrepitosa, mas sui generis; emocio- Contexto da Troca de Correspondência
W. Stone, descreveu as reuniões campais como da que não se podiam distinguir os contornos do nava apenas aquele que a emitia e a ninguém
mais. A pessoa parecia arrebatadamente solene, e
Entre Tiago e Ellen White em 1874
ele as conhecera: “As agitações ou movimentos rosto. Quando todo o corpo era afetado, eu via a
corporais, que acompanhavam a incitação no co- pessoa de pé sem sair do lugar movendo-se para sua risada estimulava solenidade em santos e peca-
meço deste século, eram variadas e designadas por frente e para trás em rápida sucessão, a cabeça dores. É verdadeiramente indescritível. A troca de cartas entre Tiago e Ellen White em
diversos nomes, como os rituais da queda, das quase tocando o assoalho, na frente e atrás. Todo “O ritual da corrida nada mais era senão as 1874 revela a sincera confrontação entre duas pes-
convulsões, da dança, do latido, da gargalhada e tipo de pessoas, tanto santos como pecadores, os pessoas sendo tomadas por essas agitações corpo- soas que se amavam e que haviam aprendido, atra-
do cântico, etc. O ritual da queda era muito co- fortes bem como os fracos, eram assim afetados. rais e tentando, por medo, correr para assim esca- vés dos anos, a confiar na integridade um do ou-
mum entre todas as classes, do qual participavam Interroguei os que foram assim afetados. Não po- par a elas; mas como comumente acontecia, elas tro, mesmo em circunstâncias adversas. Que pode
santos e pecadores de todas as idades e de todos os diam explicar a razão daquilo, mas alguns me con- não conseguiam ir muito longe antes de caírem haver provocado esse tenso relacionamento?
níveis, desde o filósofo até o palhaço. A pessoa fessaram que aqueles momentos estavam entre um ou ficarem tão grandemente agitadas que já não Por volta de 1874, Tiago havia sofrido quatro
que se submetia a esse ritual começava geralmen- dos períodos mais felizes de sua vida. Vi alguns conseguiam prosseguir. Conheci um jovem médi- derrames paralisantes, sinal de um organismo de-
te com um grito agudo, caía como um tronco de ímpios serem afetados desse modo, todo o tempo
co de ilustre família que percorreu grande distân- bilitado devido às incessantes exigências da escrita,
árvore no assoalho, no chão ou na lama, e ficava amaldiçoando as convulsões, enquanto eram arre-
como morta. Dentre milhares de casos semelhan- messados com violência contra o solo. Embora te- cia a fim de comparecer a uma grande reunião co- viagens, planejamentos e administração de uma
tes, mencionarei um. nha sido pavoroso de contemplar, não me lembro mo esta para ver as coisas estranhas sobre as quais igreja crescente e de suas principais instituições.
“Numa reunião, duas... jovens, irmãs, estavam de ter visto nenhum dentre milhares sofrer um fe- ouvira falar. Ele e a jovem que, de modo diverti- Zelo e excesso de trabalho se faziam acompanhar
juntas participando das cerimônias e pregando ao rimento no corpo. Isso era tão estranho quanto o do, haviam concordado em assistir a reunião e de depressão, desânimo e suspeitas. Apesar disso,
mesmo tempo. De repente ambas caíram, com um próprio ritual. cuidar um do outro, caso um deles viesse a cair. em junho de 1874 ele deu início, na costa do Pa-
grito de angústia, e ali permaneceram por mais de “O ritual da dança. Este ritual começava geral- Finalmente, o médico sentiu algo muito incomum cífico, a outra revista: Signs of the Times. Por essa
uma hora, aparentemente sem vida. A mãe delas, mente com as convulsões, e era típico dos profes- e começou a fugir da congregação em direção ao época, era também presidente da Sociedade de Pu-
uma batista piedosa, ficou extremamente aflita, sores de religião. A pessoa que entrava nesse esta- bosque; era como se ele corresse para salvar a vi- blicações (Battle Creek), editor da revista da igre-
temendo que não tornassem a si. Finalmente co- do, após convulsionar-se durante algum tempo, da, mas não avançou muito até que caiu, e ali fi- ja, Review and Herald, e pastor nominal da Igreja
meçaram a dar sinais de vida, clamando fervorosa- começava a dançar, e então as convulsões abran- cou prostrado até submeter-se ao Senhor, tornan- de Battle Creek. Estava, além disso, profundamen-
mente por misericórdia, e depois reincidiram no davam. Tal dança era realmente celestial para os do-se depois zeloso membro da igreja. Casos como te envolvido na construção de um colégio em Bat-
mesmo estado semelhante à morte, com pavoroso espectadores; nada havia nela de leviano nem era esses eram comuns. tle Creek.
desespero estampado no semblante. Depois de al- designada a despertar a leviandade dos observado-
“Concluirei... com o ritual do cântico. Este é a Tristeza e depressão acompanhavam seus movi-
gum tempo, o desespero do rosto de uma foi subs- res. O sorriso do Céu brilhava no semblante, e o
tituído por um sorriso celestial, e ela exclamou: aspecto da pessoa parecia assemelhar-se [sic] aos coisa mais inexplicável que já vi. A pessoa afetada mentos ousados e expansivos na Costa Oeste.
‘Precioso Jesus!’, levantou-se e falou sobre o amor anjos. Algumas vezes o movimento era rápido; ou- entrava num estado de espírito muito feliz e come- Apesar de seus períodos de depressão, ele jamais
de Deus – a preciosidade de Jesus, e da glória do tras vezes, lento. Assim eles continuavam se mo- çava a cantar de modo muito melodioso, não pela questionou a autenticidade ou legitimidade do mi-
evangelho, para a multidão circundante, em lin- vendo para frente e para trás na mesma trilha ou garganta ou nariz, mas inteiramente pelo diafrag- nistério profético de sua esposa. Um pouco antes,
guagem quase sobre-humana, exortando patetica- lugar até que a natureza parecia exausta, e eles ma, de onde os sons se projetavam. Tal música si- em 1o de janeiro de 1873, ele havia escrito a res-
mente todos ao arrependimento. Pouco depois, a caíam prostrados no assoalho ou na terra, a menos lenciava tudo, e atraía a atenção de todos. Era peito de suas atitudes para com as visões dela em

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APÊNDICE M E N S A G E I R A D O S E N H O R
O ministério profético de Ellen G. White

res e meio, mas antes da partida do trem e, lamen- minutos esperando por algum expresso que vinha
um documento de dezesseis páginas, intitulado: primeiro a vontade do Senhor. Os meses e anos to dizer, muito tempo depois de eu haver compra- sobre um trilho lateral a quilômetros de distância
“Um Solene Apelo ao Ministério e ao Povo.” Es- que se seguiram a esses intercâmbios revelaram a do a minha, caiu para um dólar e meio. ... pelo deserto, poderíamos ter passado uma hora em
creveu ele: profunda confiança que Tiago e Ellen White con- “Passamos a tarde acomodando-nos no trem. cada refeição e chegado a São Francisco em tempo
“Percebo que meus erros ocorreram como resul- tinuaram a ter um no outro. Receio dizer quantos vagões de bagagem seguiam a hábil. ... A civilidade é o principal conforto de que
tado de eu não haver sido afetado pelo que Deus locomotiva: com certeza uma vintena. Depois vi- você sente falta. O conceito de igualdade, embora
mostrou a minha esposa, em especial o que lhe foi nham os chineses; depois nós [homens solteiros]; amplamente difundido na América [do Norte], não
mostrado a respeito dos meus erros e dos perigos a em seguida, as famílias e finalmente a parte trasei- desce a um nível tão baixo quanto o de um emi-
que estou exposto. ... Apêndice C ra, destinada ao condutor a qual, se não me enga- grante. Assim, em todos os nossos trens, um grito
“Jamais duvidei das visões da Sra. White. Se no, se chamava caboose [vagão para operários e de advertência ‘todos a bordo!’ lembra os passagei-
minha mente era por um momento acometida por pessoal do trem de carga]. A classe a que eu per- ros de tomarem seus assentos; mas assim que fiquei
uma provação ou tentação, como eu não conse- Trechos do Livro de Robert Louis Stevenson tencia era, naturalmente e de longe, a maior; e ex- sozinho com os emigrantes e desde o transbordo
guia entender tudo, recorria imediatamente à Across the Plains (1892) travasávamos, por assim dizer, para ambos os lados; durante todo o caminho até São Francisco, desco-
grande quantidade de evidências claras a seu favor, de forma que havia alguns caucasianos entre os bri que este ritual era negligenciado; o trem movia-
ali me apoiava até que tudo se esclarecesse. Mas chinos [chineses] e alguns solteiros no meio das fa- se furtivamente da estação sem a nota de advertên-
“Suponho que o leitor tenha alguma noção de
esta declaração se aplica mais particularmente aos mílias. Mas nosso vagão mesmo era isento de mis- cia, e você tinha que manter os olhos nele mesmo
como seja um vagão ferroviário norte-americano:
primeiros dez anos de minha experiência com as aquela longa e estreita caixa de madeira, seme- tura, a não ser por um garotinho de oito ou nove enquanto comia. O aborrecimento é grande, e o
visões, quando eram mostradas muitas coisas da lhante a uma arca de Noé de teto achatado, com anos que sofria de tosse comprida. Finalmente, por desrespeito, intencional e mesquinho. ...
história futura da causa que somente o tempo po- um aquecedor e uma latrina em cada extremidade, volta da seis da tarde, o longo trem se arrastou pa- “Havia trovejado sexta-feira à noite, mas o
dia explicar. Durante os últimos dez anos, as visões um corredor no meio e bancos transversais de am- ra fora da estação de transbordo [em Council sol surgiu sem nuvens no sábado. Ficamos per-
apontaram principalmente para o dever presente, bos os lados. As únicas coisas que distinguem os Bluffs] e cruzou o largo rio Missouri em direção a plexos – não há outra expressão adequada –
e tudo parecia claro. ... vagões da Union Pacific destinados aos emigrantes Omaha, rumo ao ocidente. diante das planícies do Nebraska. Montei meu
“Desde o tempo em que travei conhecimento é sua extrema simplicidade (nada a não ser madei- “A noite no trem foi atribulada e desconfortá- observatório no topo de um vagão de frutas e
pela primeira vez com aquela que Deus escolheu ra entra em sua composição) e a ineficiência habi- vel. Trovões ribombavam no ar, o que contribuía sentei naquele poleiro durante uma hora para
para falar a Seu errante povo até o tempo da últi- tual da iluminação. ... Os bancos são pequenos de- para o nosso desassossego. Um homem executou espiar ao meu redor à procura de algo novo, mas
ma visão, tenho sido advertido de quando em mais para qualquer um, a não ser para uma crian- algumas melodias em sua corneta, mas nenhuma em vão. Era um mundo quase sem característi-
quando do perigo de falar de maneira descuidada, ça pequena. Onde existe um ínfimo espaço livre delas recebeu muita atenção até ele começar a cas; um céu vazio e uma terra vazia; tanto na
ao estar sob a pressão de ter consciência dos erros para duas pessoas se sentarem, não haverá espaço tocar Lar, doce lar [sic]. Foi verdadeiramente es- frente como atrás, com a linha férrea estenden-
suficiente para uma delas se deitar. Por isso... os tranho notar como a conversa cessou, e os rostos do-se de horizonte a horizonte, como um taco
alheios, e usar palavras que não surtiam o melhor
funcionários da companhia conceberam um plano começaram a se alongar. Não faço idéia se, do atravessando a mesa de bilhar; de ambos os la-
efeito sobre aqueles a quem eu reprovava.
para melhor acomodação dos viajantes. Eles per- ponto de vista musical, essa melodia deve ser dos, a planície verde corria até tocar as bordas
“O Senhor, conhecendo as provações pelas suadem cada duas pessoas a partilharem os bancos. considerada boa ou má; mas pertence àquela mo- do céu. Ao longo dos trilhos, floresciam inúme-
quais eu teria que passar, prepararia minha mente Para cada dois passageiros vendem uma tábua e dalidade artística que pode ser mais bem descrita ros girassóis silvestres, não maiores do que a par-
para prevenir-se contra os perigos a que eu estaria três almofadas retangulares estofadas com palha e como um violento abalo aos sentimentos. As te superior de uma coroa, formando um cantei-
exposto. Tivesse eu sido devidamente impressio- cobertas com algodão fino. Os bancos podem ser emoções fortes devem ser abrandadas por meio ro contínuo; animais selvagens pastando na sa-
nado por Suas advertências, minha utilidade não dispostos de frente um para o outro, de dois em de um tratamento recatado. Se você insiste de- vana eram vistos em todos os graus de distância.
teria sido prejudicada de tempos em tempos pela dois, pois os encostos são reversíveis. mais no patético, como fez o autor de Lar, doce De vez em quando percebíamos, nas proximida-
vantagem que Satanás obtinha de palavras que eu “Ao aproximar-se a noite as tábuas são esten- lar, seus ouvintes acabam chorando de maneira des da ferrovia, alguns pontos que ficavam cada
proferia e que não eram bem selecionadas. ... didas de um banco a outro, armando-se uma cama não adequada para um homem; e ainda que não vez mais distintos à medida que nos aproximá-
“Tive uma visão de quão terrível era o pecado suficientemente larga para duas pessoas e sufi- se comovam, ficam aborrecidos com eles mesmos vamos até se tornarem cabanas de madeira e de-
daqueles que professam crer que Deus lhes fala em cientemente longa para um homem de estatura e odeiam a ocasião de sua fraqueza. Não se che- pois iam ficando cada vez menores a nossa vista
visão, e contudo, por falta de atenção, não rece- mediana; e os companheiros se deitam, um ao la- gou às lágrimas naquela noite porque a experiên- até se confundirem com a paisagem, e tornáva-
bem nenhuma impressão duradoura quando re- do do outro, sobre as almofadas, com a cabeça cia foi interrompida. Um senhor de idade avan- mos a ficar sozinhos. ...
provados, mas continuam como antes, sem efe- voltada para o vagão do condutor e os pés para a
çada, olhar duro, barbicha de bode e que aparen- “Atravessar essa planície nos fez sentir sauda-
tuar mudanças nas coisas pelas quais foram repro- locomotiva. Quando o trem está cheio, natural-
mente é impossível levar a efeito este plano, pois tava ser tão sensível quanto um escravo aposen- des das montanhas. Como um baleeiro no gelo an-
vados. Creio que tal conduta é um grave insulto tado, virou-se subitamente e ordenou que o ins- seia pela primavera, desejei ardentemente con-
ao Espírito Santo, e que eu era em alto grau cul- não deve haver mais de uma cama para cada ban-
co, nem pode o plano ser executado a menos que trumentista parasse com aquela ‘coisa maldita’. templar as Montanhas Negras de Wyoming, nas
pado deste pecado.” – Citado em Biography, vol. “– Já ouvi o bastante – acrescentou ele. – To- quais, eu sabia, estávamos prestes a atravessar.
as duas pessoas concordem. Foi para provocar es-
2, págs. 425-429. que para nós algo sobre a boa região para onde es- Mas, ai de mim! uma região era pior do que a ou-
ta última condição que nosso funcionário de ca-
Mas a história se repetiu no verão de 1874, cer- belos brancos apressou-se agora. Ele fez as vezes de tamos indo. tra! Passamos todo o domingo e a segunda-feira
tamente um período tenso entre os White. O ca- um ativo mestre-de-cerimônias, apresentando “Um murmúrio de aprovação correu pelo va- viajando através dessas melancólicas montanhas,
pítulo “A Relação Entre o Profeta e o Apóstolo”, prováveis duplas e até mesmo garantindo a afabi- gão; o músico pôs o instrumento nos lábios, riu, ou sobre a cadeia principal das Rochosas, que é um
em Biography, vol. 2, págs. 425-445, delineia as lidade e honestidade de cada um. Quanto maior o balançou a cabeça afirmativamente e depois se par perfeito para elas, pela penúria do aspecto. Ho-
circunstâncias e as cartas francas e sinceras que número de duplas felizes, melhor para seu bolso, lançou num ritmo dançante. ... ras a fio era o mesmo mundo desamparado e hostil
eles trocaram entre si. A confrontação amorosa, pois é a ele que cabe vender a matéria-prima das “As refeições eram tomadas à beira da estrada... circundando o caminho à nossa frente; rochas
mesmo fazendo as mais severas observações, pode camas. O preço que ele cobrou, a princípio, por raramente menos de vinte minutos para cada uma; tombadas, penhascos que imitavam sombriamente
ser benéfica e salutar, se ambas as partes ouvirem uma tábua e três almofadas de palha foi dois dóla- e caso não tivéssemos passado muitos outros vinte a forma de monumentos e fortificações – quão

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O ministério profético de Ellen G. White

sombrias, quão desinteressantes, ninguém que não 6. Carver, MA – 1845: Jesus não virá até que os Escritos, págs. 59 e 60; Coon, Great Visions, págs. visão dos horrores da Guerra Civil quando a maio-
as tenha visto não pode dizer... e como um único santos passem pelo “tempo de Angústia de Jacó”, 49 e 61). ria dos norte-americanos pensava diferente; algu-
sinal de vida: aqui e ali alguns fugazes antílopes e, poupando os adventistas de outro desapontamen- 18. Camden, NY – 21 de junho de 1851: Pre- mas famílias no auditório perderiam filhos (Bio-
de quando em quando, mas em intervalos colos- to (Biography, vol. 1, págs. 99 e 100; A Word to the gação do Advento jamais deve fazer do tempo uma graphy, vol. 1, págs. 462-464; Coon, Great Visions,
sais, um riacho correndo por entre o desfiladeiro “Little Flock”, pág. 22). prova (Biography, vol. 1, pág. 208; Review and He- págs. 76-89).
[Canyon]. As planícies têm uma magnificência to- 7. Randolph, MA – 1845: Quase quatro horas, rald, 21 de julho de 1851). 32. Roosevelt, NY – 3-4 de agosto de 1861: Or-
da sua; ali, porém, não encontramos nada exceto sua visão mais longa, revelando os motivos perver- 19. Rochester, NY – 2 de julho de 1853: A Re- dem eclesiástica, “cadeia direta da verdade”, “har-
uma insignificância contorcida. A não ser pelo ar, sos e o futuro lastimável dos hipócritas; segurando view devia ser publicada semanalmente; conselho moniosas conexões”, deficiência na santificação
que era leve e estimulante, não havia nada de bom a Bíblia da família Thayer enquanto recitava tex- a grupos de igreja em Michigan (Biography, vol. 1, metodista quando comparada com a santificação
naquela terra abandonada por Deus.” – Jensen, tos para os quais apontava sem fazer contato visual págs. 281 e 282; Primeiros Escritos, págs. 93-96). bíblica e o impacto da Guerra Civil sobre a igreja
The American Heritage History of Railroads in Ame- com as páginas (Biography, vol. 1, págs. 102-105; 20. Oswego, NY – fevereiro de 1854: Início da (Biography, vol. 1, pág. 449; Testemunhos Para a
rica, págs. 130 e 131. Coon, Great Visions, págs. 25-37). abrangente mensagem de saúde (Biography, vol. 1, Igreja, vol. 1, págs. 264-268, 326 e 327).
8. Perto da costa de Massachussetts – 1846: págs. 291 e 292). 33. Battle Creek, MI – 4 de janeiro de 1862:
Violenta tempestade, garantia de que o grupo que 21. Oswego, NY – 20 de junho de 1854: Predi- Nova percepção sobre as verdadeiras questões
Apêndice D estava com ela não morreria, refutando a acusação ção de que o grupo do “Messenger” logo se des- envolvidas na Guerra Civil e sua prolongada ex-
prevalecente de que suas visões eram resultado de mantelaria (Biography, vol. 1, págs. 309-315). tensão (Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs.
atuações de mesmerismo (Biography, vol. 1, págs. 22. Battle Creek, MI – 20 de novembro de 253-268).
Lista Parcial das Visões de Ellen G. White 108 e 109; Primeiros Escritos, págs. 23 e 24). 1855: Confirmação do sábado de “uma tarde a ou- 34. Battle Creek, MI – 5 de novembro de 1862:
9. Topsham, ME – novembro de 1846: Visão tra tarde” (Biography, vol. 1, pág. 324; Testemunhos Situação a respeito de Moses Hull, pastor que se
de “outros planetas” e do “espaço aberto” que Para a Igreja, vol. 1, págs. 113-116). tornou espírita (Biography, vol. 2, págs. 53-58; Tes-
As seguintes visões foram escolhidas dentre 23. Battle Creek, MI – 27 de maio de 1856: temunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 426-437).
aproximadamente 2.000 sonhos e visões. Selecio- exerceu profunda impressão sobre José Bates
(Biography, vol. 1, págs. 113 e 114; Life Sketches, Os Dois Caminhos mais os três grupos presentes: 35. Battle Creek, MI – 1863: Conselho aos ra-
naram-se aqui somente as visões que contribuíram os que seriam “alimento para os vermes”, sofre- pazes e alistamento para a Guerra Civil (Bio-
significativamente para o desenvolvimento da teo- págs. 97 e 98).
10. Topsham, ME – 3 de abril de 1847: O san- riam as “sete últimas pragas” e os que estariam graphy, vol. 2, págs. 49-52).
logia e organização adventistas. Outra lista poderia “vivos por ocasião do Advento” (Biography, vol. 36. Battle Creek, MI – 5 de junho de 1863: Sa-
ser feita abrangendo exclusivamente as mensagens tuário celestial, uma realidade; confirmação do sá-
bado do sétimo dia e seu papel decisivo nos últi- 1, págs. 338 e 339; Testemunhos Para a Igreja, vol. tanás trabalha para desencaminhar pastores por
enviadas a indivíduos – mensagens que podem ser
mos dias (Biography, vol. 1, págs. 120 e 121; Pri- 1, págs. 127-140). meio de esposas não consagradas (Testemunhos Pa-
instrutivas a outros que precisam de conselho simi-
24. Round Grove, IL – 9 de dezembro de 1856: ra a Igreja, vol. 1, págs. 449-455).
lar. (Ver Comprehensive Index to the Writings of meiros Escritos, págs. 32-35; Coon, Great Visions,
A crise em Waukon, Iowa (Biography, vol. 1, págs. 37. Otsego, MI – 6 de junho de 1863: Abran-
Ellen G. White, vol. 3, págs. 2978-2984 para uma págs. 39-48).
extensa lista das visões publicadas de Ellen White, 345-349; Life Sketches, págs. 160 e 161). gente reforma de saúde (Biography, vol. 2, págs.
11. Dorchester, MA – novembro de 1848: Obra
com indicação de tempo, lugar e assunto.) 25. Hillsdale, MI – fevereiro de 1857: Primeira 73-82; Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs.
de selamento; dever de publicar até que “torrentes
1. (Primeira visão) Portland, ME – Dezembro visão a incluir os crentes do Advento na mensa- 481-484; Coon, Great Visions, págs. 90-107).
de luz” circundem “o mundo” (Biography, vol. 1, gem laodiceana (Biography, vol. 1, págs. 351 e 352; 38. Rochester, NY – 25 de dezembro de 1865:
de 1844: O povo do advento a caminho da Cida- págs. 150 e 151; Life Sketches, págs. 125 e 126).
de Santa (Biography, vol. 1, págs. 55-59 e 107; Pri- Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 141-146). Explicação da doença de Tiago e como a crise pas-
12. Rocky Hill, CT – 16 de dezembro de 1848: 26. Battle Creek, MI – 20 de novembro de saria; como se preparar para a “chuva serôdia”; pe-
meiros Escritos, págs. 13-17; Life Sketches, págs. 64- Abalo nos poderes do céu; espaço aberto em
68; Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 58-61; 1857: Apresentação vívida da “sacudidura” (Bio- rigos da confiança própria nos debates (Biography,
Órion (Biography, vol. 1, pág. 154; Primeiros Escri- graphy, vol. 1, págs. 364 e 365; Testemunhos Para a vol. 2, págs. 128-133; Testemunhos Para a Igreja,
Roger W. Coon, The Great Visions of Ellen G. Whi- tos, pág. 41).
te (Hagerstown, MD: Review and Herald Publis- Igreja, vol. 1, págs. 179-184). vol. 1, págs. 613-628).
13. Rocky Hill, CT – 5 de janeiro de 1849: 27. Lovett’s Grove, OH – 14 de março de 1858: 39. Battle Creek, MI – primavera de 1867: Pe-
hing Association, 1992), págs. 15-23. Cristo no Lugar Santíssimo até que as pragas co-
2. Exeter, ME – 1845: Jesus e o Pai transferem- A visão geral do Grande Conflito com a advertên- quena parte dos que professam a verdade será sal-
mecem a cair (Biography, vol. 1, págs. 154-156; cia de que Satanás tentaria atrapalhar Ellen Whi- va (Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 608).
Se para o Lugar Santíssimo em 1844 (Biography, Primeiros Escritos, págs. 36 e 37).
vol. 1, págs. 78, 79 e 107; Primeiros Escritos, págs. te (Biography, vol. 1, págs. 368-375; Coon, Great 40. Battle Creek, MI – 12 de junho de 1868:
14. Topsham, ME – 24 de março de 1849: “Ba- Visions, págs. 62-75). Extraordinário conselho a diversos líderes; comen-
54-56).
tidas misteriosas em Nova Iorque” iam tornar-se 28. Battle Creek, MI – fins de 1858: J. N. An- tários gerais sobre a demora no Advento e como
3. New Hampshire – 1845: Encorajou Washing-
ton Morse quanto ao fato de Jesus haver entrado mais comuns (Biography, vol. 1, págs. 159-161; drews elaboraria um estudo da Bíblia sobre o dízi- preparar-se para ele (Testemunhos Para a Igreja,
no Lugar Santíssimo em 1844 para concluir a ex- Coon, Great Visions, págs. 49-61). mo (Biography, vol. 1, págs. 387-389). vol. 2, págs. 156-199; Biography, vol. 2, pág. 245).
piação (Biography, vol. 1, págs. 84-86; Life Sket- 15. Oswego, NY – 10 de janeiro de 1850: Pre- 29. Battle Creek, MI – 3 de junho de 1859: 41. Battle Creek, MI – agosto de 1868: Carrua-
ches, págs. 77-79). sent Truth deve continuar e Tiago White deve “es- Mensagem laodiceana não cumprida em poucos gens abarrotadas subindo uma estrada que se es-
4. Portland, ME – 1845: Glória da Nova Terra crever, escrever, escrever” (Biography, vol. 1, pág. meses porque exige tempo o desenvolvimento do treita; finalmente apenas as cordas; Deus segura as
(Biography, vol. 1, págs. 88 e 89; Testemunhos Para 172). caráter (Biography, vol. 1, pág. 407; Testemunhos cordas (Biography, vol. 2, pág. 247; Testemunhos
a Igreja, vol. 1, págs. 67-71). 16. Oswego, NY – 1850: Revelou a desonesti- Para a Igreja, vol. 1, págs. 185-187). Para a Igreja, vol. 2, págs. 594-597).
5. Portland, ME – 1845: Acometida de mudez dade do tesoureiro do condado e deu confiança aos 30. Battle Creek, MI – 23 de dezembro de 42. Adams Center, MI – 25 de outubro de 1868.
com a promessa de que em vinte e quatro horas Patches (Biography, vol. 1, págs. 174-176). 1860: Aprovação divina de estrutura e nome orga- Longa visão abrangendo muitas pessoas, principal-
voltaria a falar; cinqüenta textos da Bíblia para lhe 17. Oswego, NY – 24 de agosto de 1850: Real- nizacional (Biography, vol. 1, págs. 437 e 438; Tes- mente forte conselho aos pastores que professam cris-
dar encorajamento (Biography, vol. 1, págs. 90 e çou predição da influência mundial do espiritualis- temunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 210-216). tianismo sem crescer na experiência cristã (Testemu-
91; Life Sketches, págs. 88-90). mo (Biography, vol. 1, págs. 183 e 184; Primeiros 31. Parkville, MI – 12 de janeiro de 1861: Pre- nhos Para a Igreja, vol. 2, págs. 411-439, 498-522).

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43. Chigaco, IL – 6 de julho de 1870: Conse- mente a última visão pública.) O irmão Raymond, 63. Newcastle, Austrália – 23 de dezembro de ridos em Battle Creek (Biography, vol. 5, págs.
lho franco a um pastor e esposa espiritualmente um hipócrita, junto com o que ele considerava 1898: Apresentação clara dos elementos da salva- 244-246).
despreparados para seus deveres (Testemunhos Para “nova luz”, foi visto como um exemplo de como ção e a chave da vida cristã bem-sucedida (Bio- 76. Elmshaven, CA – verão de 1903: Analogia
a Igreja, vol. 2, págs. 539-553). Satanás trabalha para perturbar a confiança (Bio- graphy, vol. 4, pág. 373; Review and Herald, 11 de do iceberg e conselho taxativo a respeito de como
44. Battle Creek, MI – 30 de abril de 1871: graphy, vol. 3, págs. 253-259; Testemunhos Para a abril de 1899). lidar com a crise do panteísmo (Biography, vol. 5,
Chamado à cooperação divino-humana em todas Igreja, vol. 5, págs. 289-297; Carta 19, 1884, cita- 64. Cooranbong, Austrália – julho de 1899: págs. 300-306; Mensagens Escolhidas, livro 1, págs.
as coisas; Testemunhos providos com o propósito de da em Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 86). Conselho específico a respeito do Retiro de Saúde 201-208).
dirigir a atenção para a Bíblia; adventistas rodea- 53. Basiléia, Suíça – fevereiro de 1887: A res- Avondale (Biography, vol. 4, pág. 439). 77. Paradise Valley, CA – verão de 1904: Esco-
dos com luz (Biography, vol. 2, págs. 317 e 318). peito de Canright trocar de navio, da Igreja Ad- 65. Cooranbong, Austrália – janeiro de 1900: lha do lugar para o Paradise Valley Sanitarium e a
45. Bordoville, VT – 10 de dezembro de 1871: ventista para um que não alcançaria o porto (Bio- Conselho a respeito de teologia errônea (erro da confiança de que, escavando, encontrariam água
Conselho abrangente sobre o preparo do caráter; graphy, vol. 3, págs. 360 e 361; Testemunhos Para a “Carne Santa”) e práticas inadequadas de adora- (Biography, vol. 5, págs. 362-367).
a reforma de saúde é um componente vital no Igreja, vol. 5, págs. 571-573). ção (Biography, vol. 5, págs. 101-108, 112 e 113; 78. Washington, DC – maio de 1905: Conse-
preparo de um povo para encontrar com o Se- 54. Healdsburg, CA – verão de 1888: Descrença Mensagens Escolhidas, livro 2, págs. 37-39). lho para ajudar A. T. Jones, que não via o perigo
66. Melbourne, Victoria – 7 de março de que estava correndo (Biography, vol. 5, pág. 414).
nhor (Biography, vol. 2, págs. 332 e 333; Testemu- e resistência à reprovação (que havia crescido du-
1900: Recomendação insistente para que ela vol- 79. Loma Linda, CA – 1o de setembro de 1905:
nhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 39-98; 161-188; rante sua ausência na Europa), o que dificultou sua
te à América do Norte, onde sua presença era Grupos étnicos não devem reunir-se em instala-
202-221). contribuição à assembléia da Associação Geral em ções separadas (Biography, vol. 6, págs. 47-51).
46. Santa Rosa, CA – 1o de abril de 1874: Mineápolis (Biography, vol. 3, págs. 385 e 386). “necessária exatamente agora” (Biography, vol. 4,
pág. 454). 80. Loma Linda, CA – 16 de abril de 1906: Edi-
Grande eficiência do prelo na proclamação da 55. Minneapolis, MN – outubro de 1888: Re- fícios grandes e pequenos ruem, muitas vidas se
mensagem adventista; o dever de ter percepção velou o espírito ressentido e faccioso de muitos; 67. A bordo do Moana, 9 de setembro de 1900:
Conselho a respeito de seu papel em Battle Creek; perdem, dois dias antes do terremoto de São Fran-
mais ampla, abrangendo o mundo inteiro; defi- embora muitos não prestassem atenção às suas cisco (Biography, vol. 6, págs. 79-88; Testemunhos
ciências dos pastores (Testemunhos Para a Igreja, mensagens, ainda assim ela devia proferi-las (Bio- alerta contra entrevistas particulares, não entrar
em controvérsias, simplesmente transmitir as Para a Igreja, vol. 9, págs. 92-96).
vol. 3, págs. 434-467; Biography, vol. 2, pág. 408; graphy, vol. 3, págs. 404-410). 81. Elmshaven, CA – 11 de dezembro de 1908:
Life Sketches, págs. 208-210). 56. Salamanca, NY – 3 de novembro de 1890: mensagens (Biography, vol. 5, pág. 22).
68. Elmshaven, CA – 16 de fevereiro de 1901: Conselho aos Mackins, que julgavam possuir di-
47. Battle Creek, MI – 3 de janeiro de 1875: Métodos mundanos em instituições adventistas; versos dons espirituais (Biography, vol. 6, págs.
(Última visão acompanhada por fenômenos físi- salários e espírito missionário; reunião do concílio Apelo por excelência; conselho a respeito do pre-
paro de alimentos saudáveis (Testemunhos Para a 171-174).
cos.) Dirigida a pastores e editoras em países es- a respeito da filosofia de The American Sentinel 82. Elmshaven, CA – 5 de julho de 1912: Con-
Igreja, vol. 7, págs. 127-131).
trangeiros, especialmente na Austrália (Testemu- (Biography, vol. 3, págs. 464-469, 478-482, 487 e selho a respeito de recreação, especialmente quan-
69. Elmshaven, CA – 30 de abril de 1901: Ad-
nhos Para a Igreja, vol. 3, págs. 468-471, 560-575; 488; Life Sketches, págs. 319-330; Mensagens Esco- do “homens e mulheres agindo como crianças” pa-
vertência ao Dr. J. H. Kellogg a respeito de sobre-
vol. 4, págs. 118-125, 227-254; Life Sketches, págs. lhidas, livro 2, págs. 193 e 194). reciam esquecer-se de suas responsabilidades cris-
carregar o terreno do novo hospital com muitas
282 e 283). 57. Melbourne, Austrália – Dezembro de 1891: tãs (Biography, vol. 6, págs. 370-373).
edificações (Biography, vol. 5, págs. 153 e 154).
48. Rome, NY – 12 de setembro de 1875: Vee- Visão abrangente sobre a obra de publicações na 70. Los Angeles, CA – agosto de 1901: Insti-
mente apelo em favor da colportagem evangelísti- Austrália, com testemunhos pessoais para várias tuições médicas devem ser estabelecidas no Sul da
ca (Biography, vol. 2, págs. 480 e 481; Review and pessoas, inclusive o Sr. e a Sra. Faulkhead (Bio- Califórnia e longe das cidades (Testemunhos Para a Apêndice E
Herald, 4 de novembro de 1875). graphy, vol. 4, págs. 50-56). Igreja, vol. 7, págs. 85 e 86).
49. Battle Creek, MI – 9 de outubro de 1878: 58. Napier, NZ – 9 de abril de 1893: Advertên- 71. Elmshaven, CA – 26 de setembro de 1901:
Reprovou o marido Tiago oralmente por entrar em cia a A. T. Jones de que há condições para justifi- Não é tempo de expandir-se para a China e Índia; Pressuposições Básicas Compartilhadas Pela
conflito público com Uriah Smith a respeito do cação e santificação (Mensagens Escolhidas, livro estabelecer instituições norte-americanas e então Maioria dos Críticos da Questão da Porta Fechada
“rei do norte” e a crença de Smith de que o Arma- 1, págs. 377-382). os obreiros seriam mais bem preparados (Testemu-
gedom era iminente; nível de cultura moral e in- 59. Melbourne, Austrália – fevereiro de 1894: nhos Para a Igreja, vol. 8, págs. 137-152). O problema fundamental que tem dividido crí-
telectual esperado no Battle Creek Sanitarium Princípios educacionais esclarecidos, principal- 72. Elmshaven, CA – 3 de novembro de 1901: ticos e defensores do assunto da porta fechada tem
(Biography, vol. 3, págs. 96 e 97; Testemunhos Para mente a necessidade de aprender a trabalhar (Fun- A obra a ser feita em Nova Iorque exigirá métodos sido a questão do que aconteceu no Céu em 22 de
a Igreja, vol. 4, págs. 306-383). damentos da Educação Cristã, págs. 310-327). novos e criativos; esclarecimento quanto a princí- outubro de 1844. Os críticos perguntam: Se a ex-
50. Battle Creek, MI – 23 de outubro de 1879: 60. Granville, Austrália – 29 de julho de 1894: pios de evangelismo eficaz (Testemunhos Para a piação foi completada na cruz e Cristo foi imedia-
Grande dia do juízo divino; livro dos pecados dos Conselho à igreja de Battle Creek, inclusive a fe- Igreja, vol. 9, págs. 137-152). tamente para o Lugar Santíssimo ministrar na fase
que professam a verdade, exibindo o egoísmo no bre da bicicleta, apelo para a semelhança com 73. Elmshaven, CA – 13 de outubro de 1902: de Seu ministério sumo sacerdotal naquele tempo,
topo da lista (Biography, vol. 3, págs. 122 e 123; Cristo; Deus não fará o que compete à responsabi- Áreas isoladas no Sul da Califórnia onde se po- qual seria o propósito de um ministério no segun-
Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, págs. 384-387; lidade humana (Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, diam comprar edifícios para hospitais por menos do compartimento?
Life Sketches, págs. 241-246). págs. 48-80). que o custo original (Biography, vol. 5, pág. 359). Até certo ponto, a maior parte de todos os crí-
51. Battle Creek, MI – 23 de novembro de 61. Cooranbong, Austrália – novembro de 74. Elmshaven, CA – 19 de outubro de 1902: ticos que afirmam que Ellen White defendeu o
1879: Forte conselho às editoras; franca admoesta- 1895: Obra no Sul – não devemos estimular os ne- Deus contra-ordenou o conselho de Ellen White ponto de vista extremo da porta fechada antes de
ção aos líderes-chaves; trabalho no sábado, mesmo gros a trabalharem no domingo (Biography, vol. 4, com uma visão que salvou a Southern Publishing 1851/1852 também rejeita os ensinos bíblicos que
em hospitais (Biography, vol. 3, págs. 128 e 129; pág. 252; The Southern Work, págs. 66-71). Association (Biography, vol. 5, págs. 189-193). colocam significado naquela data de 1844; ou se-
Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, págs. 449-462, 62. Cooranbong, Austrália – julho de 1898: 75. Oakland, CA – 30 de março de 1903: Con- ja, eles não encontram na Bíblia uma mudança de
537-544). Conselho a respeito da escolha de Sydney como selho franco para os adventistas “caírem em si” e ministério e, portanto, rejeitam o ensino de Ellen
52. Portland, OR – junho de 1884: (Provavel- local da editora (Biography, vol. 4, págs. 358-360). tirarem uma lição dos incêndios desastrosos ocor- White sobre este assunto. Com essa pressu-

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O ministério profético de Ellen G. White

posição, para rejeitar Ellen White como mestra de damente, uma questão de grau. Observa-se me- so, a estrutura conceitual que o profeta usa não é Críticos e defensores devem, portanto, chegar
teologia confiável, especialmente em suas mensa- lhor a diferença quando o ponto de vista de uma automaticamente modificada por revelação para ao consenso de que o equipamento mental do pro-
gens/visões que ensinam a mudança no ministério pessoa é colocado em perspectiva por meio de que o profeta veja imediatamente todo o quadro feta, inclusive as categorias de pensamento, já esta-
de Cristo em 1844. uma linha contínua de valores, tendo o relaciona- completo pretendido pela visão. A plena com- va dentro dele antes de vir a mensagem de Deus.4
Os defensores, por outro lado, crêem que Ellen mento com o tempo à direita e o condicionamen- preensão da visão pode levar tempo, longo ou cur- Ellen White possuía as qualidades essenciais
White não apenas recebeu de Deus visões/opi- to pelo tempo à esquerda. Todos se acham dentro to, à medida que o profeta assimila as novas cate- (equipamento) que Deus precisava segundo as quais
niões, mas também foi a primeira a compreender dessa linha, alguns mais à direita ou mais à es- gorias de conceito implícitas na visão. Os profetas Seus pensamentos podiam ser compreendidos: equi-
gradualmente o ensino bíblico a respeito da inten- querda que outros. podem descrever a visão em conversa ou pela im- pamento como humildade, acessibilidade à luz e boa
ção mais ampla da doutrina do santuário. Este A posição que alguém ocupa nessa linha contí- prensa, mas a plena compreensão do que ele disse vontade para submeter-se à Sua liderança. À medi-
ponto de vista aceita a doutrina do santuário co- nua de valores depende geralmente das pressupo- ou escreveu leva tempo. da que o tempo passava, Deus continuou a acrescen-
mo mais um desdobramento do Tema do Grande sições do observador. As pressuposições determi- Para Ellen White, as palavras que ela usava pa- tar informação que requeria constante atualização
Conflito em que o Universo está envolvido no nam (na maioria das vezes inconscientemente) ra descrever pensamentos provenientes de visão do banco de dados dela para lidar com concepções
processo de solucionar a rebelião na Terra – o pro- tanto as perguntas a serem feitas quanto as fontes tinham que estar inseridos em sua própria estrutu- mais amplas. Seus arquivos mentais começaram a
cesso que culmina com o selamento do povo de de pesquisa a serem escolhidas ou ignoradas. A res- ra relacionada com o tempo, da qual ela começa- interligar-se, desenvolvendo uma nova e recente
va a ver o significado de longo alcance das impli- compreensão a partir das formas básicas de pensa-
Deus na última geração que, por sua vez, está rela- peito de Ellen White, dois pontos de vista gerais e
cações da visão. Isso foi o que aconteceu quando mento de sua época que continuamente abasteciam
cionada com a finalização do ministério de Cristo mutuamente exclusivos têm estado em conflito:
ela viu no artigo de O. R. L. Crosier uma boa ma- sua mente por meio de leitura e conversa.
no Lugar Santíssimo. 1. Os críticos têm tentado provar que Ellen neira de explicar biblicamente o que ela havia vis- Assim, qualquer tentativa de traçar linhas de
Portanto, a maneira como alguém se relaciona White era extremamente dependente de seus con- to em visão a respeito da mudança de ministério tempo na década de 1840 a respeito de quando
com a doutrina da expiação influi imediatamente temporâneos – isto é, eles a vêem posicionada na de Cristo em 1844.2 Ellen White mudou da crença da “porta fechada”
sobre sua compreensão (1) da validade do movi- extrema esquerda, do lado do “condicionamento De igual maneira, Deus usou as primeiras visões para as convicções da “porta aberta” é algo infru-
mento milerita do sétimo mês; (2) da validade do pelo tempo” na linha contínua. Ao fazer isso, eles de Ellen White, entre outras coisas, para penetrar tífero e desencaminhador. A começar de sua pri-
significado de 22 de outubro de 1844; (3) da rela- talvez não tenham reconhecido ou entendido ple- nos grupos da “porta fechada” locais liderados por meira visão em dezembro de 1844, a Sra. White
ção entre o sábado e a mensagem do santuário; (4) namente a maneira como Deus tem através dos sé- Joseph Turner e Apollos Hale. Se a visão não ti- tomou a dianteira em romper com as limitadas
do significado da “terceira mensagem angélica”; e culos escolhido revelar Suas mensagens por meio vesse empregado a analogia do Noivo (um termo crenças de seus contemporâneos. Enriqueceu o
(5) da validade de Ellen White como profetisa dos Seus profetas. Talvez não tenham avaliado bíblico correto usado na época por Turner), ela significado de palavras-chaves compartilhadas,
digna de confiança. plenamente como eram avançados os conceitos não teria encontrado ninguém, em parte alguma, sempre surpreendendo seus colegas mais chegados
Em suma, se alguém pressupõe que 22 de ou- teológicos de Ellen White, que ela não era uma que lhe tivesse dado ouvidos.3 Para haver comuni- com pensamentos novos e expansivos a respeito
tubro de 1844 não tem importância bíblica, o prisioneira da sua época nem estava limitada às cação significativa, o desconhecido deve ser liga- do plano de Deus para este mundo. Ao mesmo
próximo passo é concluir que Ellen White estava opiniões de seus contemporâneos. Além disso, eles do ao conhecido. tempo, podemos observar sua natureza humana,
em erro, não apenas ao interpretar o ministério crêem que Ellen White e seus colegas não foram Em outras palavras, os defensores devem levar sua estrutura mental relacionada com o tempo
sumo sacerdotal de Cristo, mas também ao iden- sinceros ao examinar a década de 1840; ou seja, em conta que Ellen White tinha que falar aos con- (com a qual ela, naturalmente, se expressava) por
tificar alguns pontos de vista da porta fechada crêem que a Sra. White ensinou coisas contrárias temporâneos dela em palavras e conceitos que am- meio da qual ela talvez tenha parecido refletir de-
antes de 1852. à Bíblia, que suas visões confirmam esta acusação bos pudessem compreender, do contrário não ha- terminados aspectos da “porta fechada” que ela
Se alguém pressupõe, tomando por base muitas e que ela e seus colegas usavam um método seguro veria comunicação. Liderar pessoas, passo a passo, mesma mais tarde esclareceu para evitar mal-en-
abordagens bíblicas de apoio, que algo de signifi- de “ocultação” por meio de documentos suprimi- de um ponto de vista a outro, exige tempo, tato, tendido. Não usar as palavras que seus ouvintes
cativo ocorreu em 22 de outubro de 1844, então as dos e testemunhos anacrônicos que encobriam as paciência e uma clara percepção da estrutura con- podiam identificar teria cortado toda a comunica-
mensagens/visões que Ellen White teve na década aparências. ceitual do ouvinte. ção com aqueles que se haviam mantido firmes ao
de 1840 parecem coerentes, integradoras e com- 2. Os defensores têm resistido muito à aborda- Quanto mais novo o pensamento, mais tempo significado de 1844, não porque ela hesitasse em
preensíveis. gem “condicionada pelo tempo” e colocaram a es- demorará o profeta para entender a intenção dele ofendê-los, mas porque ela não teria outra estrutu-
Além disso, se por outras razões alguém rejeita critora à direita do centro da linha contínua – re- e a maneira de comunicar a plenitude de sua men- ra de referência pela qual empregar a linguagem.
a autenticidade do papel de Ellen White como conhecendo assim seu relacionamento com o tem- sagem. Pense, por exemplo, no desafio de comuni-
cação que foi para Ellen White ampliar o signifi- Referências
mensageira de Deus, então seria difícil atribuir po. Contudo, embora os defensores de Ellen White
cado da expressão “porta fechada” (que havia sido
credibilidade às asserções dela na década de 1840. reconheçam que ela estava “relacionada com o 1. Ver pág. 34.
usada desde 1844 como uma expressão-chave para 2. Numa carta de Ellen White a Eli Curtis, em 21 de abril de
As pressuposições muitas vezes orientam a pesqui- tempo”, talvez não tenham reconhecido plena-
indicar a “validade” da mensagem de 1844/Cla- 1847, ela observou que “o Senhor me mostrou em visão, há
sa; freqüentemente predeterminam as conclusões. mente que Deus não concede a Seus profetas uma mor da Meia-Noite). Até meados de 1846, a dou- mais de um ano, que o irmão Crosier possuía a verdadeira luz
mente imaculadamente concebida, desvinculada trina do sábado havia se tornado clara para ela sobre a purificação do santuário, etc.; e que era a vontade de
de linguagem, conceitos e condicionamento social Deus que o irmão C escrevesse o ponto de vista que nos deu
após intenso estudo da Bíblia. Por volta de 3 de na edição extra do Day-Star de 7 de fevereiro de 1846” (repro-
Apêndice F de seu tempo. Ou seja, alguns defensores a colo- abril de 1847, agora uma observadora do sábado, duzido em Knight, 1844, pág. 171).
cam tão à direita que negam qualquer limitação ela estava conceitualmente pronta para entender 3. Damsteegt, Foundations, págs. 117-122.
humana ou influência contemporânea. a ligação entre a verdade do santuário de suas pri- 4. Embora não seja uma analogia perfeita, isto seria como tentar
Quando os profetas comunicam os pensamen- rodar um software sofisticado, que exigisse um processador
Condicionada Pelo Tempo ou meiras visões e o sábado do sétimo dia. Não en- Pentium, num computador que tem apenas uma CPU 286 ou
Relacionada com o Tempo? tos de Deus, podem processá-los apenas com o contramos, contudo, nenhum indício de que por 386! Para manter ou melhorar os níveis de desempenho e/ou
equipamento mental básico de que dispõem no todo esse período de crescimento posterior à sua produtividade de muitos programas, serão necessários melho-
momento.1 Um profeta no século dezenove usa, ramentos progressivos do sistema, mas somente na medida em
primeira visão ela tenha entendido que a “porta que as habilidades do operador se desenvolverem, criando a
A distinção entre estar condicionado pelo tem- por exemplo, dicionários ou enciclopédias do sé- fechada” significasse que o tempo de graça havia percepção da necessidade e benefício dessas atualizações. Um
po e estar relacionado com o tempo é, reconheci- culo dezenove, não os do século vinte. Além dis- terminado para todos em 22 de outubro de 1844. computador poderoso e avançado seria pouco utilizado se fos-

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O ministério profético de Ellen G. White

se usado apenas para escrever uma carta de vez em quando. desenvolvia o significado dos acontecimentos Após o acontecimento de 22 de outubro, em tizou a contingência do segundo Advento; ou seja,
Contudo, quando os usuários de computador começam a lidar vistos em sua primeira visão e sua mente se tor- que Deus o Pai Se ergueu e entrou “no Santo dos Deus esperará por um povo sobre o qual Ele possa
com material multimídia e gráficos cada vez mais sofisticados
e complexos, eles por certo vão precisar da otimização e inten-
nava sensível às verdades implícitas em certas santos” e Jesus O seguiu, os que estavam “curvados colocar Seu selo e Sua aprovação.
sificação de todos os recursos disponíveis. exposições bíblicas de outros, suas percepções ergueram-se com Ele”. A “multidão descuidada” 8. A visão da porta aberta (24 de março de 1849)
teológicas não apenas mudaram completamente permaneceu em “completas trevas”; os mileritas relacionou a “porta fechada” com a doutrina do san-
o rumo da sua vida, mas também estabeleceram que foram crentes um dia continuaram a orar a tuário e o significado do sábado, e revelou que essas
o programa para o movimento adventista do sé- Jesus no Lugar Santo, mas não receberam mais o verdades “não podiam ser separadas”. Ellen White
Apêndice G timo dia. Ela viu, por exemplo, no artigo de Cro- sopro do Espírito Santo. Com o passar do tempo, colocou em perspectiva o surgimento do espiritua-
sier determinados temas bíblicos que expressa- porém, muitos que se haviam unido ao primeiro lismo e hipnotismo modernos. Voltou a mencio-
vam bem o amplo esboço dela para o significado grupo em seguir a Jesus para o Lugar Santíssimo nar a responsabilidade dos pastores que preferiam
O Progresso de Ellen White de 22 de outubro de 1844. Apesar disso, ela tam- começaram a deixar aquele grupo, “um após o ou- um “grande engano” à verdade sobre o que Jesus
bém viu em Crosier e em outros exposições “bí- tro”, e voltar a unir-se àqueles que acreditavam está fazendo agora. Aqui novamente, para ela, a
na Compreensão das Próprias Visões
blicas” que não se ajustavam a seu amplo esbo- que nada de importante havia acontecido em 22 expressão “porta fechada” era a expressão-chave
ço/visão. Assim, o mesmo Espírito que a orienta- de outubro de 1844.4 Obviamente, nesta visão a para manter a confiança no significado de 22 de
Ellen Harmon (depois White) experimentou ra a descrever as visões, também a guiou a sele- “porta” não se havia fechado para aqueles que ain- outubro de 1844.
os mesmos padrões de crescimento que todos os da estavam tomando decisões com respeito a seus 9. O artigo de Ellen White para Present Truth
cionar os estudos da Bíblia de seu tempo que re-
homens e mulheres. Os seres humanos entendem compromissos espirituais: o tempo da graça não se (setembro de 1849) forneceu outro exemplo do
fletiam as verdades fundamentais de suas visões.
conceitos num processo gradual, começando desde encerra até que a pessoa feche seu tempo de graça. processo tijolo sobre tijolo pelo qual ela estava
Essa interação com o Espírito Santo imprimiu o
cedo na vida – um princípio que Jesus e Paulo en- 3. A visão que Ellen Harmon teve em agosto de ajudando a estabelecer o crescente fundamento de
ritmo ao resto de sua vida: o mesmo Espírito que
tendiam muito bem em sua ânsia de ensinar novas 1845 afirmava que a volta de Jesus só ocorreria uma teologia coerente e integrada. Seus pontos-
revelava as visões a ajudava a diferenciar entre
verdades a seus ouvintes.1 após o acontecimento de determinadas coisas; que chaves incluíam: a graça de Deus é suficiente para
aquilo que era fiel às suas mensagens/visões e habilitar Seu povo a ser vencedor; os hábitos for-
A jovem Ellen, ao que parece, não compreen- Seu retorno era próximo, mas não iminente.
aquilo que era inaceitável – até mesmo quando mam sérios padrões de conduta, para o bem ou pa-
dia muito bem, a princípio, todas as implicações 4. Sua visão de 3 de abril de 1847 focalizou o sig-
se consultava o mesmo documento. ra o mal; quando os padrões de santidade ou sujeira fi-
de suas primeiras visões. Teve que trabalhar com a nificado do sábado do sétimo dia, especialmente como
Quando reexaminamos as mensagens/visões, é cam tão estabelecidos que são fixados para sempre, en-
mentalidade de sua época bem como com o equi- algo relacionado com a doutrina do santuário. Ellen
possível delinear este crescimento na compreen- cerra-se o tempo de graça; o senso de urgência resi-
pamento mental de uma adolescente. Ela era fran- White também definiu o sábado como a questão
são da estrutura teológica que a Igreja Adventista de no fato inescapável de que o caráter está sendo
ca em admitir que a primeira visão reverteu dra- central nos acontecimentos dos últimos dias e pre-
do Sétimo Dia logo chamaria de “verdade presen- formado cada dia, e a volta de Cristo ocorre quan-
maticamente a compreensão que ela possuía a res- disse as tensões que se seguiriam. Nessa visão, a
te” e o significado profético das mensagens dos três porta da salvação ainda estava aberta para os que do o caráter de todos estiver selado ou assinalado;
peito do que acontecera em 1844.2 Tempos depois, anjos de Apocalipse 14. e a porta da oportunidade continua aberta para os
não haviam compreendido a mensagem do evan-
refletiu sobre este fenômeno de nem sempre en- 1. A primeira visão (dezembro de 1844) mostrou que “têm fome” da “verdade presente”.
gelho nos anos anteriores (por exemplo, a questão
tender as próprias visões logo que as recebia: que o movimento do sétimo mês era de Deus, que Ao recapitularmos a maneira como a estrutura
do sábado).
“Com freqüência me são dadas representações que Deus havia guiado a experiência de 1844, que o teológica de Ellen White se desenvolveu, não en-
5. Na carta que enviou a Eli Curtis (em 21 de
a princípio eu não compreendo, mas depois de al- significado dessa experiência seria no futuro sólida contramos indício de uma porta fechada em 1844
abril de 1847), Ellen White lançou mais alguns ti-
gum tempo elas se tornam claras pela reiterada fonte de confiança para multidões, que aqueles para todo o mundo. Muito pelo contrário! Dois fa-
jolos na estrutura teológica que ela estava edifi-
apresentação dessas coisas que a princípio eu não que permaneceram no caminho que leva à Cidade cando, ao enfatizar os aspectos das duas ressurrei- tos devem ser ressaltados: (1) jamais foi mostrado a
entendi, e de certas maneiras que fazem com que o foram os que mantiveram os olhos em Jesus, o qual ções separadas por mil anos. Pela primeira vez, ela Ellen White em visão que a salvação havia termi-
seu significado seja claro e inconfundível.”3 os protegeria de tropeçar ao viajarem diretamente mencionou “a porta fechada” em sua referência nado para o mundo em 22 de outubro de 1844; (2)
Portanto, levaria tempo para a jovem Ellen para a Cidade Santa. simbólica à entrada de Cristo no Lugar Santo em Sua a partir de sua primeira visão com a idade de 17
bem com para seus contemporâneos assimilarem 2. A visão que Ellen Harmon recebeu em feve- última obra de mediação. anos, ela cultivou as primeiras sementes concei-
tudo quanto as primeiras mensagens/visões dela reiro de 1845 revelou o que havia acontecido no 6. A visão que ela teve entre 17 e 19 de novem- tuais que outros viram melhor, com o passar do
queriam dizer – mas cada visão era vista como a Céu quando Cristo entrou no Lugar Santíssimo do bro de 1848 associou o significado de 1844 com a luz tempo, como o claro significado da mensagem dos
acrescentar tijolo após tijolo, tábua após tábua, vi- santuário celestial, e o que aconteceu na Terra. A que estava surgindo, uma luz que raiaria como o sol últimos dias a um mundo faminto da verdade.
ga após viga ao desenvolvimento da plataforma “luz excessivamente brilhante” do movimento mi- da manhã até que toda a Terra recebesse sua mensa-
teológica. Tijolos, tábuas e vigas que eram novas lerita apareceu a dois grupos “perante o trono”: um gem. Essa luz também se manifestaria em seu es- Referências
tanto para ela como para seus contemporâneos. “curvado... profundamente interessado”; o outro plendor e poder por meio da obra de publicações –
1. João 16:12; Mar 4:33; I Cor. 3:2; Heb. 5:11-14; Efés. 4:14 e 15;
Ellen Harmon foi levada a ver, passo a passo, “permanecia indiferente e descuidado”. Relativa- conselho que Tiago começou imediatamente a I Ped. 2:2.
o que havia acontecido em 22 de outubro de mente “poucos recebiam esta grande luz”. Muitos executar. 2. Ver pág. 503.
1844 e que era de grande importância no plano a “resistiam”, outros estavam interessados, mas se 7. A visão do selamento (5 de janeiro de 1849) 3. Mensagens Escolhidas, livro 3, pág. 56.
da salvação; esta compreensão fora vista em par- 4. A última linha desta visão é omitida em Primeiros Escritos,
tornavam “descuidados” e a luz “se afastava deles”. ampliou o quadro dos acontecimentos dos últimos
pág. 56, por uma de duas razões: por economia de espaço a fim
te (e fugazmente) por alguns estudantes da Bí- Alguns a “apreciavam” e se uniam ao primeiro dias. A ligação entre a retenção dos ventos (Apoc. 7) de preencher exigências de diagramação ou porque ela repete
blia, como O. R. L. Crosier. À medida que grupo “curvado perante o trono”. e a obra de selamento e o fim do tempo de graça enfa- opiniões anteriores.

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O ministério profético de Ellen G. White

Apêndice H mantiveram firme a confiança de que algo impor- anos proféticos, mas também para explicar que 22 Apêndice I
tante havia acontecido na história da salvação em de outubro marcou o começo do antítipo do dia
22 de outubro foram chamados mileritas da porta da expiação, e não o Segundo Advento. A ex-
fechada. pressão-chave “porta fechada” incorporava ambos Ellen White Liderou o Desenvolvimento
Ellen White Enriqueceu a Expressão Ao ratificar a validade de 1844, Ellen White os conceitos. de uma Mensagem Orientada Pela Bíblia
“Porta Fechada” não estava, contudo, afirmando que o tempo de Para alguns adventistas sabatistas que defen-
graça havia terminado, como outros defensores da diam a porta fechada entre 1846 e 1850, essa dis- Já no primeiro período (1844-1848), antes
Durante a década de 1840, Ellen White em- porta fechada o faziam (Turner, Hale, etc.). Sua tinção foi lentamente assimilada. Mas de maneira mesmo de formar-se um núcleo de uns doze cren-
pregou a expressão “porta fechada” de duas for- primeira visão isolou esta equação que parecia tão paciente, conforme surgiam as ocasiões, Ellen tes e antes que qualquer documento publicado es-
mas, não de maneira contraditória, mas cada for- convincentemente lógica para os mileritas da por- White procurou visitar tantos lugares quantos fos- tivesse disponível, do ponto de vista conceitual
ma enfatizando um ponto diferente, embora ta fechada. Já não havia confiança na mensagem sem possíveis, num evangelismo quase individual, Ellen Harmon mostrava o caminho desenvolven-
complementar. A maioria das críticas surge por- de 1844 e, ao mesmo tempo, que alguém tinha que levando consigo suas novas percepções. As poucas do a coerência de embasamento bíblico do que vi-
que (1) esses dois conceitos separados são muitas crer que o tempo de graça havia acabado para o publicações que realmente continham suas men-
ria a ser a mensagem característica dos adventistas
vezes tratados como se fossem sinônimos e (2) mundo em geral. Para Ellen White, a “porta” da sagens em desenvolvimento tinham circulação ex-
do sétimo dia. Essa extraordinária liderança e fo-
não se faz nenhuma distinção entre o que os mi- graça não havia sido completamente fechada. Sua tremamente limitada, até mesmo por volta de
mentação conceitual permaneceram como um fa-
leritas da porta fechada criam ser a “porta fecha- primeira visão corrigiu o erro do ponto de vista 1848. Realmente, levava tempo publicar mesmo
to da vida adventista até a morte dela.
da” e o que Ellen White queria dizer a partir de dessa atitude extremista.1 Naquela visão, o futuro as poucas linhas que relatavam suas mensagens/vi-
Quais foram os passos pelos quais Ellen Harmon
sua primeira visão. para os que afirmavam a experiência de 1844 che- sões – e depois mais tempo para difundir essas pá-
ginas com o “rebanho disperso”. White liderou seus contemporâneos para fora da
Para ela, a expressão “porta fechada” tornou-se, gava a ser mais importante do que o passado! Eles confusão e do desespero pós-desapontamento?
por um lado, uma expressão-chave que simboliza- ainda não estavam selados! Abria-se diante deles Em sua visão do halo de glória3 em 1847, Ellen
White enfatizou nitidamente: “Vi que Deus tinha 1. Sua primeira visão (dezembro de 1844) corri-
va a validade e a importância da experiência de uma estrada que exigia maiores responsabilidades giu o erro defendido pelos que não haviam repudia-
1844 (ponto em que concordava com os mileritas antes de o tempo de graça findar-se para eles e pa- filhos que não reconheciam o sábado nem o guar-
davam. Eles não haviam rejeitado a luz sobre este do a mensagem e experiência de 1844: o futuro es-
da porta fechada). Por outro lado, era a palavra- ra os outros.2 tava aberto, não fechado, implicando que grande
chave para a doutrina do santuário com sua ênfa- A partir da primeira visão de Ellen White, sua ponto.” Mais uma vez, ela aplicou o princípio da
rejeição: somente os que haviam rejeitado resolu- obra ainda precisava ser feita antes da volta de Jesus.
se na saída de Jesus de Seu ministério no Lugar maneira de entender a expressão “porta fechada” e 2. Sua visão de fevereiro de 1845, ocorrida ape-
Santo (fechando a porta) e entrada (abrindo a seu enriquecimento desenvolveram-se com o estu- tamente a luz é que se achavam em trevas, fechan-
do assim para si a própria porta de salvação. Uni- nas alguns meses depois de 22 de outubro de 1844,
porta) na segunda fase de Sua obra mediadora no do adicional da Bíblia e as mensagens/visões. Para
camente Deus, porém, era capaz de saber quando focalizava o que havia acontecido naquela data: a
Lugar Santíssimo. manter abertas as linhas de comunicação com os
as pessoas haviam fechado a porta do coração pa- grande e última fase do ministério mediador de
Os críticos insistem, no entanto, que a expres- mileritas da porta fechada (que eram os mais aptos
ra a luz. Para Ellen White, a porta não se encontra- Cristo havia começado, trazendo como resultado
são “porta fechada” só possuía um significado para a ouvi-la), ela realmente enfatizou o conceito da
va fechada para aqueles (1) que não haviam enten- maiores divisões entre os mileritas. Embora esta
Ellen White, assim como para os mileritas da por- “porta fechada” como algo que não devia ser repu-
ta fechada e, tempos depois, para os adventistas sa- dido claramente as mensagens do Clamor da visão não tenha feito referência específica à porta
diado. Mas havia algo mais, à medida que ela os
batistas, a saber, que a porta da misericórdia se ha- Meia-Noite ou (2) que ainda não haviam ouvido fechada, deve-se reconhecer que o fato de a “mul-
guiou tão rápido quanto era guiada por Deus.
via fechado para todos em 1844. Com esta pressu- Parece claro, portanto, que algum tempo de- a verdade do sábado. Ela raciocinava assim: a por- tidão descuidada” estar “em completas trevas” não
posição, os diversos comentários feitos por Ellen pois de dezembro de 1844, quando Ellen White se ta está sempre aberta para o pecador arrependido significava necessariamente que o tempo de graça
White durante a década de 1840 soam confusos e referiu ao “mundo ímpio” ou a “salvação já é pas- que reage favoravelmente à clara luz da verdade. havia acabado para ela. Além disso, o povo “enga-
incoerentes. Quando se admite que esta expressão foi sada”, etc., ela estava se referindo aos que haviam Em suma, Ellen White ensinou desde sua pri- nado” podia ainda ser “desenganado” ao ouvir a
empregada de duas maneiras, os escritos de Ellen rejeitado conscientemente as mensagens de 1844 meira visão que a porta da graça não se havia fe- verdade em claros tons. Para eles, o tempo de gra-
White desenvolvem-se numa coerência simples. antes de 22 de outubro ou repudiado essa mensa- chado para todos em 22 de outubro de 1844. Con- ça não havia terminado. Os crentes tinham uma
Além disso, deve-se observar outra distinção. gem após aquela data. Tais pessoas, mesmo perce- cordava, porém, com os mileritas da porta fechada obra a fazer.
Quando os mileritas da porta fechada emprega- bendo a clareza meridiana da verdade, fecharam que algo importante na história da salvação havia 3. Sua visão de agosto de 1845 enfatizou que a
vam a expressão “porta fechada”, uniam dois pen- para si a porta da graça, como as pessoas de hoje acontecido naquela data. Discordava da interpre- volta de Cristo não era iminente: dependia da
samentos: (1) se a mensagem de 1844, inclusive a fazem e continuarão a fazer cada dia até que todos tação deles sobre o que havia acontecido, rejeitan- ocorrência de determinados acontecimentos, uma
data, estivesse correta, decorreria que (2) Cristo sejam levados à decisão definitiva sobre o dever do assim sua atitude extremista. Ao acrescentar indicação adicional de que havia muito trabalho a
havia vindo e que a porta da misericórdia se havia conhecido à luz da verdade. novas verdades ao ensino de que a experiência de ser feito antes do término do tempo de graça.
fechado. Qualquer mensagem que apresentasse A Sra. White não empregou a expressão “porta 1844 era válida, Ellen White levou os adventistas 4. Sua visão de abril de 1847 relacionou o sába-
uma maneira diferente de entender essa data era, fechada” para indicar que Deus havia automatica- sabatistas a enriquecerem sua compreensão dessa do do sétimo dia com a doutrina do santuário, que
para os mileritas, renegar qualquer importância às mente fechado a porta da misericórdia em 22 de expressão-chave. Ela agora significa que (1) Deus começou a ser revelada em sua segunda visão. A
suas mensagens e experiência. outubro. Ela empregou a expressão como uma ex- conduziu o movimento de 1844, e que (2) conti- fusão dessas duas doutrinas bíblicas forneceria a
Em outras palavras, para os mileritas da porta pressão-chave não apenas para simbolizar que ha- nuou conduzindo ao entrarem eles pela porta aber- base para a urgência dos últimos dias nas três men-
fechada, reter a confiança na mensagem de 1844 via acontecido algo de significativo para a história ta rumo às verdades do santuário. sagens de Apocalipse 14. Iniciava-se agora uma
significava automaticamente crer na porta fecha- da salvação naquela data, mas também para indi- obra mundial com o objetivo de expandir a mente
da para todos em 22 de outubro de 1844. Os dois car o que acontecera naquela data. A doutrina do Referências dos adventistas sabatistas.
conceitos eram inseparáveis. Os que finalmente santuário da função de Cristo como Sumo Sacer- 5. A carta que ela escreveu a Eli Curtis (21 de
1. Ver págs. 503 e 552.
repudiaram a mensagem e experiência de 1844 fo- dote tornou isso possível não apenas para confir- 2. Ver pág. 552. abril de 1847) enfatizava as duas ressurreições se-
ram chamados mileritas da porta aberta; os que mar a mudança de ministério no fim dos 2.300 3. Ver págs. 504 e 553. paradas por um período de 1.000 anos. Foi aqui

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O ministério profético de Ellen G. White

que pela primeira vez (tanto quanto sabemos) do Advento Literal. Ao redirecionar os olhos dos Apêndice J tuação vantajosa em que se encontrava em 1851,
Ellen White mencionou a porta fechada em seus crentes para o santuário celestial e para a obra de ela admitiu que sua jovem e inexperiente pena de
escritos, embora possamos supor que ela adotasse Cristo como Sumo Sacerdote no Lugar Santíssi- 20 de dezembro de 1845 não expressara bem o que
esses conceitos muito antes. Ela deixou claro que mo, colocou os crentes numa relação totalmente Resposta Quanto à Eliminação estava apenas começando a penetrar em sua men-
empregava a expressão “porta fechada” como uma diferente para com o plano de Deus para a Terra da Expressão “Mundo Ímpio” te naquela época. Nessa primeira carta, ela tentou
referência simbólica ao ministério final de Cristo do que a que se tinha visto até ali. Contrariando a sintetizar em poucas palavras uma visão cujo rela-
no Lugar Santíssimo, iniciado em 22 de outubro idéia de Joseph Turner de que Jesus já havia sido to oral havia demorado duas horas! Além disso, es-
de 1844. Assim, a expressão-chave “porta fecha- coroado Rei (uma crença compartilhada por Tiago Quando Ellen White publicou a síntese ini- sa primeira visão corrigiu seus próprios pensamentos.2
da” significava não apenas confiança na validade White e José Bates por algum tempo), Ellen White cial de sua primeira visão (dezembro de 1844) na Ou seja, ela entendia agora que a porta da graça não
focalizou Jesus como o Sumo Sacerdote que ainda edição extra da Review and Herald de 21 de julho se havia fechado para todos em 22 de outubro.
da mensagem e experiência de 1844, mas também
de 1851, omitiu a seguinte frase: “Era tão impos- Os mileritas que aceitaram a explicação de
confiança no que Jesus está fazendo, antes de Sua não havia recebido Seu reino.
sível para eles continuarem na estrada e chegar à Ellen Harmon sobre sua primeira visão voltavam
segunda vinda. Teria sido esperar demais, tanto na época como
Cidade como todo o mundo ímpio que Deus ha- agora a atenção para o futuro, e não somente para
6. Sua quinta visão (novembro de 1848) escan- agora, que Ellen White compreendesse plenamente via rejeitado.” Os críticos levantam três questio- o passado. Começaram a considerar as implicações
carou a porta para as vastas responsabilidades todas as implicações de suas primeiras visões. Para namentos: (1) O que Ellen White quis dizer com desse caminho estreito e apertado3 no qual os
evangelísticas mundiais que recaíam sobre os que ela, isso deve ter sido um empreendimento muito “mundo ímpio”? (2) Por que esta frase foi omiti- crentes ainda deviam viajar. Alguns desses viajan-
possuíam a “verdade presente” do vínculo das men- solitário, com relativamente poucas pessoas a da nas impressões mais recentes, inclusive na pá- tes da porta fechada de 1845 ainda sairiam desse
sagens do sábado, do santuário e dos três anjos. apoiando, mas sem nunca aceitar seus conceitos gina 15 de Primeiros Escritos (1882)? (3) Esta eli- caminho, e cairiam no grupo que estava embaixo,
7. Sua visão do selamento (janeiro de 1849) dramaticamente novos. Muito poucas eram as pes- minação/supressão não é um indício de que Ellen caracterizado como aqueles que haviam anterior-
ampliou ainda mais as responsabilidades globais soas cientes de suas primeiras visões antes de 1846!1 White tentou ocultar sua “crença errônea” da dé- mente rejeitado a mensagem do Clamor da Meia-
daquele pequeno grupo de adventistas, relacio- Mas Ellen Harmon White avançou. As ima- cada de 1840? Noite. Este ponto de vista, novo para todos, abriu
nando a retenção dos ventos (Apocalipse 7) com gens das portas fechada e aberta encaminhariam Para descobrirmos o que um escritor quis dizer, uma pequena fresta na porta que, segundo haviam
a obra de selamento (e, por conseguinte, o fim do o olhar dos adventistas para frente e para cima: geralmente tomamos em consideração o contexto proclamado todos os mileritas, fechara-se em 1844
tempo de graça). Ellen White desenvolveu aqui a coisas maiores ainda estavam por acontecer, mui- imediato, o propósito do documento e quaisquer – um ponto de vista mantido pela maioria no iní-
lógica de que o segurar dos ventos está sujeito ao to maiores do que o esmagador impacto da men- explicações posteriores. A frase disputada apare- cio de 1845.
progresso da obra de selamento, admitindo assim a sagem de 1844! Doutrina poderosa? Sim! Mas o ceu pela primeira vez numa carta que Ellen White Alguns meses depois, em fevereiro de 1845,
contingência da segunda vinda. renovado olhar de Ellen White para os Céus tam- escreveu ao editor do Day-Star, em 20 de dezem- Ellen Harmon indicou que a “multidão descuida-
8. Sua visão da porta aberta (março de 1849) bém foi psicologicamente importante: embora sa- bro de 1845, aproximadamente um ano depois de da”, embora em “completas trevas”, permanecia
tisfeita de que o Clamor da Meia-Noite fosse a ela receber a visão que descrevia nessa carta. A cativa dos enganos satânicos e que Satanás esta-
estabeleceu uma relação ainda mais estreita entre
luz de Deus por trás deles iluminando o caminho carta foi publicada no Day-Star de 24 de janeiro de va fazendo o máximo para “enganar os filhos de
a “porta fechada” e as doutrinas do santuário e do 1846. Foi reimpressa na circular To the Little Rem-
à frente, deviam agora canalizar suas energias pa- Deus”. O povo enganado podia ser desenganado
sábado. Avaliou a importância (o que então pare- nant Scattered Abroad em 6 de abril de 1846 e, pos- ao ver luz mais clara, assim como aqueles que
cia muito improvável) do espiritualismo moderno ra o futuro enquanto cooperavam com o chama-
do de Deus em preparar crentes para a “obra de teriormente, em A Word to the “Little Flock”, em com luz clara podiam ser enganados para desvia-
e do hipnotismo para os últimos dias. 30 de maio de 1847. rem-se da verdade.
9. O artigo que ela escreveu em Present Truth selamento”.
Qualquer mudança em crença e atitudes que Contudo, na quarta vez em que essa mensa- Embora não constituísse um documento origi-
(setembro de 1849) enfatizou a íntima correla- gem/visão1 foi apresentada, a frase disputada fora nal contemporâneo em 1883, Ellen White escre-
ção com o ensino bíblico de que a graça de Deus pudesse acontecer em qualquer lugar na direção em
omitida. Na breve introdução que fez a esse mate- veu uma extensa resposta aos críticos que a acusa-
é suficiente para tornar Seu povo vencedor, que que os adventistas do sétimo dia eventualmente rial reimpresso, Ellen White escreveu: “Apresen- vam de haver tentado suprimir ensinos heréticos
a vitória deles tem muito que ver com a fixação devessem seguir seria em resposta ao incansável tarei aqui a visão que foi primeiramente publicada encontrados em sua primeira visão.4 Parte de sua
de seu caráter e, portanto, com o término do ministério de Ellen White para com os relativa- em 1846. Nesta visão, vi apenas pouquíssimos resposta foi: “Pretende-se que essas expressões pro-
tempo de graça. Mais adiante, ela descreveu um mente poucos que a acolheram. E os únicos luga- acontecimentos futuros. As visões mais recentes vem a doutrina da porta fechada, e que seja esta a
mundo de pessoas “tendo fome” da “verdade res onde ela era bem acolhida eram entre os cren- foram mais completas. Deixarei, portanto, parte razão de serem omitidas em edições posteriores.
presente”. tes da porta fechada, a maioria dos quais era presa dela fora para evitar repetição.” Em verdade, porém, elas ensinam apenas o que
Cada visão sucessiva desdobrou as verdades já do fanatismo ou confusão e deprimente desânimo. Nessa declaração, Ellen White lembrou a seus tem sido e ainda é sustentado por nós como um
estabelecidas. Como as vigas de aço de um edifício Sem as mensagens/visões de Ellen White, nenhum colegas que ela havia sido guiada por Deus, passo povo, como passarei a mostrar.”
em construção, desenvolvendo cada dia os proje- núcleo se teria desenvolvido para sequer pensar a a passo, durante os últimos seis anos desde dezem- [Nessa resposta, ela desenvolveu depois o prin-
tos do arquiteto, cada visão acrescentava algo à respeito da mensagem distintiva da Igreja Adven- bro de 1844 – que o amplo esboço de sua primeira cípio da porta fechada refletida na história bíbli-
tista do Sétimo Dia. visão havia estado no processo de ser completado ca.] Referindo-se particularmente à primeira vi-
outra, fornecendo um fundamento teológico mais
pelas visões subseqüentes. Com essa reimpressão são, ela continuou: “Os que não viram a luz não ti-
claro para o que viria a ser sua compreensível e ex-
Referência formal da visão do Clamor da Meia-Noite, Ellen nham a culpa de sua rejeição. Era somente a clas-
pansiva mensagem e missão mundial. White assumiu a responsabilidade autoral de zelar se que desprezara a luz do Céu que o Espírito de
Algumas vezes, para os contemporâneos de 1. Sua primeira visão (dezembro de 1844) e a visão da Nova Ter- para que seus pensamentos fossem claramente Deus não podia alcançar. E esta classe incluía, co-
Ellen White, essas vigas de aço formavam uma es- ra (dezembro de 1845) não foram publicadas senão no Day- compreendidos. Ela suprimiu algumas repetições e mo declarei, tanto os que recusaram aceitar a
trutura imprevista, embora tudo fosse predito pelo Star de 24 de janeiro de 1846, depois em “Little Remnant
Scattered Abroad” de 6 de abril de 1846, e ainda em A Word
uma sentença que poderia ser mal compreendida. mensagem quando ela lhes foi apresentada como
Arquiteto. Ela, por exemplo, se opôs aos mileritas to the “Litlle Flock” de 30 de maio de 1847. Sua visão do Noi- Como qualquer escritor sério faria, ela desejou re- os que, havendo-a recebido, renunciaram poste-
da porta fechada rejeitando a crença deles numa vo foi publicada pela primeira vez no Day-Star de 14 de mar- mover a possibilidade de equívoco. riormente a sua fé. ... Estas duas classes são apre-
segunda vinda “espiritual” em favor de um Segun- ço de 1846. Voltando os olhos para o passado, a partir da si- sentadas na visão – aqueles que declararam ser um

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engano a luz que haviam seguido, e os ímpios do levaria. Embora ainda estivesse confusa devido ao 5. Em sua segunda carta a Enoch Jacobs, que foi publicada, ela os crentes que olhassem ao futuro, para a impor-
mundo que, havendo rejeitado a luz, haviam sido Desapontamento, essa primeira visão abriu na por- escreveu: “Minha visão que você publicou no Day-Star lhe foi tância do que havia acontecido no santuário celes-
rejeitados por Deus. Não é feita nenhuma referên- ta da esperança uma fresta pela qual ela teve um escrita sob um profundo senso de dever. Eu não esperava que tial em 22 de outubro de 1844.
cia aos que não haviam visto a luz, não sendo por- vislumbre do futuro. Não muitas semanas se passa- fosse publicada. Tivesse eu uma vez sequer imaginado que se-
Esse “mapa” religioso da época explica por que
tanto culpados de sua rejeição.” ria espalhada perante os muitos leitores de seu periódico, eu
riam antes que ela recebesse mais esclarecimentos Ellen Harmon se dirigiu primeiramente aos mile-
teria sido mais meticulosa e teria declarado algumas coisas que
Obviamente, a explicação da autora em 1883 a respeito de seu dever para com aqueles que pre- omiti.”
consistiu naquilo que ela lembrava serem os fatos de ritas da porta fechada, como aquelas reuniões em
cisavam ouvir a respeito da luz que havia mudado 6. Primeiros Escritos, págs. 55 e 56.
1844. Os críticos talvez a acusem de ter memória sua maneira de pensar e que lhe havia revelado o 7. Ibidem.
Exeter e Atkinson, Maine – grupos dos quais Israel
fraca, mas os fatos são que sua lembrança não está futuro. 8. Review and Herald, 7 de abril de 1885. Dammon era um dos líderes.2 Esses grupos a aco-
em conflito com o registro histórico. A explicação Em dezembro de 1845, o que Ellen Harmon lheram devido à mútua confiança na validade da
que ela deu em 1883 refletia fielmente o desdobra- quis dizer quando usou a expressão “mundo ímpio” Apêndice K mensagem e experiência do Clamor da Meia-Noi-
mento das sementes da verdade que se achavam de foi diferente do que muitos outros ao redor dela te. O que eles logo perceberam foi que Ellen White
forma inerente no solo de suas primeiras visões. O queriam dizer, inclusive Tiago White e José Bates. estava tentando afastá-los da interpretação “deles”
fruto dos anos posteriores não se acha em conflito Por que Ellen White Parecia Alcançar
Quando escreveu a Enoch Jacobs em 20 de dezem- da porta fechada para uma compreensão “mais am-
com o conciso e resumido esboço de uma visão Somente os Defensores da Porta Fechada
bro de 1845, ela já havia recebido a visão do Noi- pla” da porta fechada; ou seja, embora conservas-
que apareceu pela primeira vez na forma de uma vo (fevereiro de 1845), em Exeter, Maine. Esta se-
breve carta que nunca teve a intenção de ser pu- O desafio que Ellen White teve que enfrentar sem a validade do Clamor da Meia-Noite, deviam
gunda visão a ajudou a compreender melhor o agora voltar-se para o futuro que se abria diante
blicada.5 Se Ellen White soubesse que a curta car- grande evento redentor de 22 de outubro. Ellen logo após suas duas primeiras visões (dezembro de
ta que enviara a Enoch Jacobs seria publicada e se 1844 e fevereiro de 1845) foi encontrar ouvintes. deles e aceitar a verdade divina que se desdobrava
White viu que nem todos os envolvidos no movi-
tornaria, com o passar do tempo, assunto de gran- Antes de se passarem seis meses depois de 22 de a respeito de toda a verdade sobre a mensagem e
mento milerita haviam solucionado plenamente a
de enfoque histórico, teria se esforçado para tornar outubro, a maioria dos mileritas havia rejeitado os experiência do Clamor da Meia-Noite.
questão até depois de 22 de outubro. Em parte al-
suas palavras mais claras a fim de não serem mal próprios cálculos cronológicos que punham em fo- Essa compreensão do mundo milerita de 1845
guma desta visão ela faz menção específica à porta
compreendidas. Mas essa breve carta, escrita por co aquela data, negando assim qualquer validade explica por que o registro do período (escasso, na
uma jovem de 18 anos de idade, doente, não pre- fechada.6
Vemos aqui mais uma vez Ellen White aplicar para 22 de outubro de 1844. Rejeitaram também melhor das hipóteses) parece indicar que Ellen
tendia ser uma exposição teológica minuciosa- todos os apelos para encontrar significado naquele
mente estruturada. A carta da adolescente sinteti- o princípio da rejeição, um princípio que ela talvez White dedicou seu tempo a levar as boas novas
não tenha sequer conseguido compreender em seu dia do grande desapontamento. Os que defendiam apenas aos defensores da porta fechada e aos filhos
zava o ponto central de sua visão: (a) a mensagem
e experiência de 1844 eram válidas e significati- mais amplo sentido naquele tempo.7 Mas isso real- a importância de 22 de outubro eram fundamen- destes. Quem mais lhe teria dado ouvidos?
vas, (b) Deus havia estado nela, e conduziria os mente condiz com a declaração de Marion C. Sto- talmente os mileritas da porta fechada. Além de
Tal compreensão também explica por que so-
crentes rumo ao futuro, no qual aplicariam agora well, que estava em Paris, Maine, no verão de rejeitarem esse ponto de vista relativo a 22 de ou-
mente alguns reagiram favoravelmente a essa no-
os seus esforços. 1845, cinco ou seis meses antes de Ellen White es- tubro, a maioria dos mileritas desdenhava o fana-
va instrução. Ela havia revelado uma visão do fu-
Ellen White poderia ter sido mais precisa na crever sua primeira carta ao Day-Star: “Durante a tismo de alguns mileritas da porta fechada, inclu-
visita da Srta. Harmon... declarei a ela os detalhes sive qualquer atividade gerada pelas diversas “pro- turo que envolvia compromissos adicionais e um
descrição de sua primeira visão, mas os escritores
bíblicos também empregavam hipérbole para en- de uma querida amiga minha cujo pai a havia im- fetisas” existentes entre eles.1 rompimento definitivo com todos os mileritas, in-
fatizar o que tinham em vista. Repare em Gênesis pedido de assistir às nossas reuniões; conseqüente- Foi, portanto, aos mileritas da porta fechada clusive os mileritas da porta fechada. Se estes últi-
6:12: “Viu Deus a terra, e eis que estava corrompi- mente ela não havia rejeitado a luz. Sorrindo, ela que a jovem Ellen Harmon, a tímida e frágil ado- mos concordavam com Ellen White, não podiam
da; porque todo ser vivente havia corrompido o [Ellen Harmon] me disse: ‘Deus jamais me mos- lescente de pouco mais de 36 quilos, empreendeu mais continuar confiando que o tempo de graça
seu caminho na terra.” Nem toda carne estava cor- trou que não há salvação para essas pessoas. Isso sua primeira viagem “missionária” – porque eles havia “terminado” favoravelmente para eles em
rompida, pois havia Noé e sua família. Sal. 58:3: ocorre apenas com aqueles a quem a luz da verda- eram os únicos mileritas que lhe dariam ouvidos. O 22 de outubro. Não mais poderiam dizer: “Jesus
“Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nas- de foi apresentada e conscientemente a rejeita- desafio era abrir novos horizontes para os mileritas veio para nós espiritualmente” ou “Já estamos sal-
cem e já se desencaminham, proferindo mentiras.” ram.’ A resposta da Srta. Harmon coincidiu com da porta fechada sem violar-lhes a convicção fun- vos!” Primeiro de tudo, muitos deles (o grupo con-
A hipérbole é óbvia, e o propósito é claro. “No minha idéia de uma porta fechada, e é claro que damental na validade da profecia dos 2.300 anos de trário ao trabalho) teriam que arranjar um empre-
Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Si- nenhuma outra idéia poderia ser derivada desta.”8 Daniel que terminava em 22 de outubro de 1844.
dom do que para vós outras. Tu, Cafarnaum, ele- Na opinião de Ellen Harmon White, a porta da go e sustentar a família, em vez de continuar a vi-
Antes de as mensagens de Ellen Harmon al- ver da caridade alheia. Alguns, certamente, reagi-
var-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao misericórdia não estava fechada para aqueles que cançarem os mileritas da porta fechada, duas idéias ram favoravelmente e se uniram ao crescente gru-
inferno.” Mat. 11:22 e 23. Ninguém acredita que Je- não haviam compreendido claramente as mensa- eram inseparáveis: para os mileritas da porta fecha-
sus queria dizer que todos nessas cidades estavam con- gens do Clamor da Meia-Noite. po dirigido pela visão.
denados, mas o ponto é claro. Existem muitos outros da, a validade da “porta fechada” (Mat. 25:10 ou
Para pôr em foco o desafio pessoal de Ellen
exemplos por toda a Bíblia. Luc. 13:25) supunha e exigia a idéia de que o tem-
Referências po de graça havia terminado para o mundo em 22 Harmon White, cumpre-nos tentar imaginar co-
A jovem Ellen, oprimida, apavorada e sobre- mo deve ter sido extremamente difícil até mesmo
carregada com a missão divina, naquela manhã de 1. Review and Herald, edição extra, 21 de julho de 1851. de outubro. Após suas visões, a jovem Ellen con-
2. Ver pág. 503. servou a expressão “porta fechada” como “expres- conseguir alguém para ouvir. Ela e os poucos que a
dezembro de 1844, começou a viagem que dirigiria
do passado para o futuro os olhos dos fiéis. Ao re- 3. Mat. 7:14. Na versão King James, os editores imprimiram a pa- são-chave” para a “validade” do Clamor da Meia- apoiavam viram as portas se fecharem para as
lavra straight (reto) equivocadamente em lugar de strait (que mensagens quando ela declarou a validade e a im-
latar sua primeira visão, ela obviamente não com- significa estreito, apertado, difícil). Ver a versão BLH.
Noite, mas agora com um novo significado; em vez
preendeu de maneira plena até onde essa estrada a 4. Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 62 e 63. de olhar somente para o passado, ela insistiu com portância de 22 de outubro de 1844, em termos da

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doutrina do santuário: (1) eles foram ridicularizados Quão semelhante foi a experiência posterior a 2. Os Pastores Snook e Brinkerhoff, depois de sa, o irmão White disse: ‘Levando-se em conta o
pelo “mundo ímpio” que havia rejeitado os mileritas 22 de outubro de 1844 para os mileritas desapon- apostatarem, alegaram em 18663 que Ellen White fato de ela ser muito jovem, sua crença na porta fe-
antes de 22 de outubro; (2) eles receberam o escár- tados! Existe pouca ou nenhuma evidência de que ensinava que o tempo de graça para os pecadores chada e os pontos de vista do povo do advento,
nio da maioria dos mileritas que rejeitaram a impor- Ellen White tenha alcançado alguém fora do cír- terminara em 1844, que “as conversões desde 1844 não teria sido considerado muito estranho se sua
tância do dia 22 de outubro; (3) eles receberam a re- culo dos mileritas da porta fechada. Tampouco eram todas falsas”, que as passagens suprimidas visão tivesse recebido um colorido ao passá-la pa-
jeição dos defensores extremistas da porta fechada, existe evidência de que Ellen White tenha recusa- não podiam mais ser defendidas pela igreja, etc. ra o papel.’ Nem por um momento entendi que o
porque a doutrina do santuário os forçava a reco- do relatar suas mensagens/visões a alguém que pu- Uriah Smith refutou com dois editoriais na revis- irmão White transmitiu a idéia de que os pontos
nhecer que o Advento estava “próximo”, mas não desse estar interessado, independente da condição ta da igreja entre 12 de junho e 31 de julho, e li- de vista dela poderiam ter dado determinado colo-
“iminente”; (4) além do mais, todos os grupos rejei- espiritual dessa pessoa em 22 de outubro de 1844. dou com trinta e nove objeções.4 rido à visão, mas não o fizeram; e que, por esta ra-
taram Ellen Harmon devido à conotação negativa Quantos, fora deste pequeno círculo, teriam dado 3. Em 1868, Tiago White admitiu em Life Inci- zão, tínhamos na mesma visão o que ela viu sobre
das “visões”, especialmente vindas de uma adoles- ouvidos a uma adolescente enferma e sem instru- dents que os primeiros crentes quase como um to- a porta aberta, apesar de sua visão da porta aberta
cente pálida, pesando pouco mais de 36 quilos. Para ção proclamar em suas primeiras visões uma inter- do presumiam que “o tempo de graça dos pecado- ser contrária à fé do povo do Advento naquela
pretação bíblica totalmente nova do que havia res havia terminado”. Mudaram desse ponto de época e contrária à sua própria fé antes de receber
a maioria das pessoas, reivindicar o dom profético
acontecido em 22 de outubro, especialmente vista extremo da porta fechada para (1) repudiar a visão.
era o mesmo que anunciar alguma nova espécie de
quando sua mensagem soava como (para aqueles sua confiança em 1844 ou (2) seguir sua nova “O irmão White, além disso, continuou a mos-
loucura. Tudo isso formava um ambiente muito des-
que trabalhavam com a pressuposição de que Jesus compreensão na verdade do santuário. Quando a trar que foram as visões que os guiaram para fora
favorável para lançar um movimento de alcance havia completado a expiação na cruz sem nenhu-
mundial com mensagens acerca dos últimos dias pa- verdade do santuário foi, portanto, desdobrada, do ponto de vista extremo da porta fechada. Ime-
ma das fases posteriores relacionadas ao Lugar muitos compreenderam que Cristo como Sumo diatamente após esta visão, eles trabalharam em
ra homens e mulheres que buscavam a verdade. Santíssimo no Céu) “o mais colossal fenômeno
Algo parecido havia ocorrido no início da igre- Sacerdote queria dizer que a misericórdia para os favor de alguns que não haviam feito nenhuma
psicológico da história religiosa, para manter as pecadores ainda estava disponível. profissão antes de 1844, o que era diretamente
ja cristã.3 Quando Jesus enviou Seus discípulos, re- aparências”?5
meteu-os primeiro “às ovelhas perdidas da casa de 4. H. C. Carver escreveu em 1870 (depois de contrário à prática dos que defendiam o ponto de
Apesar disso, dentro de poucos anos, as mensa- juntar-se ao Grupo Marion, de Snook e Brinker- vista extremo da porta fechada. Esta visão se repe-
Israel”. Mat. 10:6.4 Por quê? Pelo menos por três gens/visões de Ellen White estabeleceram uma
razões: (1) os discípulos precisavam de tempo para hoof) Mrs. E. G. White’s Claims to Divine Inspira- tiu em Oswego, Nova Iorque, pouco antes de ser
coerente, embora nova, compreensão teológica da tion Examined.6 Nesse livro, ele lembrava uma publicada em Saratoga; mas, em vez de levá-los a
formular sua mensagem; (2) pela lógica, os judeus história da salvação, compreensão esta suficiente-
conversa mantida com Tiago White e J. N. Lough- parar de trabalhar em prol dos não convertidos, le-
eram o povo a quem se devia falar primeiro; (3) e mente clara para ela e seus colegas falarem con-
borough em 1865. Esta conversa foi lembrada de vou-os a trabalhar pelos que são agora o irmão e a
os discípulos não queriam ofendê-los favorecendo vincentemente a um número cada vez maior de
maneira diferente por Carver e por Loughbo- irmã Patch, de Minnesota.
os “desprezíveis” gentios. ouvintes cautelosos, que não queriam passar por
rough. Carver afirmava que os primeiros adventis- “E eu ainda afirmarei aqui que, tanto quanto eu
Dadas às circunstâncias enfrentadas pelos ad- outro Desapontamento.
tas, inclusive Ellen White, estiveram envolvidos pude saber daqueles que viviam onde esta visão foi
ventistas mileritas depois de 22 de outubro de
no “fanatismo da porta fechada... em seu sentido dada, ela, em vez de os levar para o ponto de vista
1844 – desdém, ridículo, desapontamento, intensa Referências mais radical”. extremo da porta fechada, surtiu efeito oposto, le-
dúvida acerca da interpretação bíblica – carecia-se Carver lembrou que Tiago White disse: “Irmão vando aqueles que a receberam para fora dele.”
1. Knight, Millenial Fever, pág. 256.
de tempo para mudar-se da confusão e embaraço 2. Ver pág. 474. Carver, vou fazer-lhe uma confissão que não faria a A fraseologia do Pastor White, conforme cita-
para uma compreensão do que havia “acontecido”. 3. Existem semelhanças entre o surgimento dos adventistas do um oponente ferrenho. Levando-se em conta a fal- da por Carver, parece contradizer sua própria de-
Levaria tempo para aqueles primeiros pioneiros sétimo dia e o início da igreja primitiva cristã, inclusive um
ta de maturidade que a Sra. White possuía na épo- claração em “A Word to the ‘Little Flock’”9, onde
enorme desapontamento, uma renovada pesquisa das Escritu-
adventistas do sétimo dia não apenas encontrarem ca e sua fé na doutrina da porta fechada, e sua asso- ele discordou abertamente do ponto de vista de
ras para determinar o significado do desapontamento e a
uma nova base bíblica, mas também para apreen- orientação do novo grupo por parte do ministério profético. ciação com os da mesma fé, não deve ser considera- que “as opiniões [de Ellen] foram em sua maioria
derem sua autenticidade e seu caráter distintivo, 4. Ver Nichol, Critics, págs. 235 e 236. do singular se essas coisas dessem à visão um colori- obtidas de ensino ou estudo anteriores”. Depois,
exatamente como os discípulos precisaram de 5. Donald Gray Barnhouse, “Are Seventh-day Adventists Chris-
tians?” Eternity, setembro de 1956. do não justificado pelo que ela realmente viu.”7 Tiago continuou mostrando duas ocorrências em
tempo após a ressurreição. Loughborough relembrou, numa carta a Uriah que as visões de Ellen Harmon corrigiram ou apre-
Certamente os discípulos do período posterior à Smith,8 que Tiago disse: “‘Irmão Carver, vou fazer- sentaram pontos de vista que eram “inteiramente
ressurreição, apesar de seu entusiasmo, perguntavam Apêndice L
lhe uma confissão que, naturalmente, não faria em novos para nós, bem como para ela mesma”.
a si mesmos quem lhes daria ouvidos. Tanto quanto público para um oponente ferrenho. Ela realmen- Nessa conversa, Tiago White relacionou Ellen
os outros sabiam, eles estavam agora adorando um Principais Acusações Contra Ellen White Sobre a te cria nisto. E, como você sabe, junto com ela Harmon com o ensino da porta fechada conforme
Mestre morto. Quão ridículo parecia aquilo! Falar Questão da Porta Fechada e as Refutações Atra- quase todo o povo do Advento. Nas visões que ela o entendiam todos os mileritas da porta fechada
da ressurreição do Mestre parecia um esforço fútil e vés dos Anos teve, via uma porta aberta e uma porta fechada; e com quem a jovem Ellen partilhou suas duas pri-
desesperado para manter as aparências! Quem creria ela a princípio não compreendeu distintamente o meiras visões.10 Em Life Incidents, em 1868, ele es-
neles? Para os discípulos, era não apenas relutância 1. Em 1862, W. H. Ball escreveu a Tiago White que significava esta porta aberta. Muitos irmãos se creveu: “A porta estava fechada. A brilhante luz
em compartilhar suas novas idéias; o bom senso di- a respeito do que ele pensava ser um problema na opunham às suas visões, porque ela lhes dizia que do santuário celestial de que uma porta, ou minis-
tava que eles deviam ir aonde as pessoas estariam afirmação de Ellen White de que “passou o tempo havia uma porta aberta.’ tração, foi aberta ao término dos 2.300 dias, en-
mais aptas a ouvi-los. Deviam também dedicar tem- para a salvação dos pecadores”.1 Ball achava que a “Depois de falar sobre a visão em que se men- quanto outra foi fechada naquele tempo, ainda
po para formular não apenas sua mensagem, mas idéia não tinha base bíblica, ao que Uriah Smith cionava a porta fechada, recebida em Exeter, Mai- não tinha sido vista. E, na ausência de luz a respei-
também seu método evangelístico. rebateu na Review and Herald.2 ne, visão que, a essa altura, era o tópico da conver- to da porta fechada e da porta aberta do santuário

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O ministério profético de Ellen G. White

celestial, o leitor dificilmente pode ver como mos que o Senhor estava prestes a vir em breve reuniões; conseqüentemente, ela não havia rejei- tulo “Uma Porta Aberta e uma Fechada”,19 no
aqueles que se mantinham firmes à sua experiên- nas nuvens do céu. Foi-me mostrado que havia tado a luz. Sorrindo, ela me disse: ‘Deus jamais me qual ela descreve novamente a transição do con-
cia do Advento, conforme ilustrado pela parábola uma grande obra a ser feita no mundo pelos que mostrou que não há salvação para essas pessoas. Is- ceito original de porta da misericórdia fechada pa-
das dez virgens, podiam deixar de chegar à conclu- não haviam tido e rejeitado a luz. Nossos irmãos so ocorre apenas com aqueles a quem a luz da verda- ra aquele que coloca a porta fechada no contexto
são de que o tempo de graça para os pecadores se não podiam compreender isto em face de nossa fé de foi apresentada e conscientemente a rejeitaram.’ do santuário celestial. Este capítulo foi ampliado
havia encerrado. no imediato aparecimento de Cristo. Alguns me A resposta da Srta. Harmon coincidiu com mi- em 1888 para O Grande Conflito, págs. 429-432.
“Mas a luz sobre o assunto logo veio, e então se acusaram de dizer que meu Senhor tarde viria, es- nha idéia de uma porta fechada, e é claro que ne- 13. Entre fevereiro e abril de 1885, G. I. Butler
viu que, embora Cristo houvesse fechado uma mi- pecialmente os fanáticos. Vi que em 1844 Deus nhuma outra idéia poderia ser derivada desta.” escreveu dez artigos para a Review and Herald, des-
nistração no término dos 2.300 dias, havia aberto abrira uma porta, e homem algum a podia fechar; (Grifo nosso.) crevendo os acontecimentos da década de 1840.
outra no Lugar Santíssimo e continuava a apresen- e fechara uma porta, e homem algum podia abri- 11. Em 1883, Ellen White também rebateu às Examinou as acusações referentes à porta fechada,
tar Seu sangue perante o Pai em favor dos pecado- la. Os que rejeitaram a luz que foi trazida ao mun- acusações de Long: “Por algum tempo depois da observando que elas “têm sido feitas repetidas ve-
res. ... Estava fechada a porta da misericórdia? Es- do pela mensagem do segundo anjo entraram em decepção de 1844, mantive, juntamente com o zes, e algumas almas têm sido enganadas e lança-
ta não é uma expressão escriturística, mas, se me trevas, e quão grandes eram aquelas trevas! corpo do advento, que a porta da graça estava pa- das em trevas devido a isso.
for permitido usá-la, por que não dizer que no ple- “Jamais declarei ou escrevi que o mundo estava ra sempre fechada para o mundo. Este ponto de vis- “Com o objetivo de ajudar essas pessoas e sal-
no sentido da expressão a porta da misericórdia foi condenado ou reprovado. Nunca, sob nenhuma ta foi adotado antes de minha primeira visão. Foi a luz var outras do mesmo destino, propomo-nos a fil-
aberta no décimo dia do sétimo mês em 1844?”11 circunstância, empreguei tal linguagem para com a mim concedida por Deus que corrigiu nosso erro, e trar cabalmente essas acusações e ver o que há de
5. I. C. Wellcome, um adventista da porta alguém, por mais pecador que fosse. Tenho tido habilitou-nos a ver a verdadeira atitude. Creio verdade nelas. Admitiremos toda a verdade que
aberta e um dos primeiros historiadores da deno- sempre mensagens de reprovação para os que em- ainda na teoria da porta fechada, mas não no sen- elas contiverem, e denunciaremos o erro. Se for
minação Advento Cristão, escreveu em 1874 pregavam essas ásperas expressões.”14 tido em que empregávamos a princípio a expressão verdade de Deus, temos que ser justos. Se não su-
que Ellen White refletia a princípio os ensinos 8. G. I. Butler, presidente da Associação Geral, ou em que ela é empregada por meus oponentes. portar a prova do exame cuidadoso nem do pleno
da porta fechada que predominavam ao tempo estimulou a publicação de Primeiros Escritos “Houve uma porta fechada nos dias de Noé. ... conhecimento dos fatos, quanto mais rápido os
de suas primeiras visões. Escreveu, contudo, que (1882) e escreveu que este livro continha “os pri- Houve uma porta fechada nos dias de Abraão. ... que se empenharem nisso ouvirem a verdade, me-
ela mudou de opinião com o passar do tempo, su- meiros escritos publicados da irmã White”; que Nos dias de Cristo. ... lhor será para eles. ...
primindo as declarações anteriores em que já continha “tudo quanto ela escreveu para publica- “Foi-me mostrado em visão, e ainda o creio, “Nada jamais foi ganho por meio de engano
não cria.12 ção”.15 Butler tinha razão, pois foram incluídas to- que houve uma porta fechada em 1844. Todos ou ocultação dos fatos. ... Ao dizer isto, contudo,
6. Miles Grant, também cristão do advento, das as publicações conhecidas da década de 1840. quantos viram a luz das mensagens do primeiro e queremos que fique claro que não temos nenhu-
orador e editor da revista World’s Crisis, publicou Ele só não estava ciente de que Christian Experien-
do segundo anjos e rejeitaram aquela luz foram ma idéia de que houve algo relacionado ao surgi-
em 1874 alguns editoriais que foram ampliados em ce and Views (1851), que foi reimpresso em Primei-
deixados em trevas. E os que a aceitaram e recebe- mento desta mensagem que alguém desejou
seu livro The True Sabbath: Which Day Shall We ros Escritos, não incluía todas as declarações en-
ram o Espírito Santo que assistiu à proclamação da ocultar. ...”20
Keep?13 Grant, apoiando-se fortemente na obra de contradas nas primeiras impressões das visões.
mensagem do Céu, e que posteriormente renun- Então Butler recapitulou os fatos: (1) Em co-
Carver, adicionou alguns “testemunhos” que sus- (Ver Apêndice J para uma análise das alegadas su-
tentavam a acusação de que Ellen White ensinara ciaram a sua fé e declararam engano sua experiên- mum com a maioria dos mileritas, a maior parte
pressões, principalmente no que se relaciona ao
que não haveria mais conversões genuínas após cia, rejeitaram assim o Espírito de Deus, e Ele não dos primeiros adventistas sabatistas cria que sua
prefácio de Primeiros Escritos.)
1844. Esta alegação é discutida no Apêndice M. mais pleiteou com eles. obra em favor do mundo estava concluída. (2)
9. Pouco depois do surgimento de Primeiros Es-
7. A longa carta que Ellen White escreveu a J. critos em 1882, A. C. Long reagiu em 1883 com A “Os que não viram a luz não tinham a culpa de Dentro de seis meses, a maior parte dos mileritas
N. Loughborough em 1874 surgiu em resultado do Comparison of the Early Writings of Mrs. White With sua rejeição. Era somente a classe que desprezara a havia repudiado o movimento de 1844 como um
livro de Grant. Ela rebateu: “Testifico por meio Later Publications.16 Long, ao que parece, foi o pri- luz do Céu que o Espírito de Deus não podia alcan- erro. (3) Os que foram pacientes encontraram luz
desta, no temor de Deus, que as acusações de Mi- meiro a mostrar as frases que faltavam, ao compa- çar. E esta classe incluía, como declarei, tanto os nas verdades do santuário. (4) Os primeiros ad-
les Grant, da Sra. Burdick e outras publicadas em rar Primeiros Escritos e Christian Experience and que recusaram aceitar a mensagem quando ela lhes ventistas observadores do sábado tinham “muito
Crisis não são verdadeiras. As declarações referen- Views com os documentos originais. Ele acredita- foi apresentada como os que, havendo-a recebido, que dizer sobre uma ‘porta fechada’, pois reconhe-
tes à minha conduta em quarenta e quatro são fal- va que as supressões provavam que Ellen White renunciaram posteriormente a sua fé. Esses po- ciam a autenticidade do movimento passado dife-
sas. Juntamente com meus irmãos e irmãs, depois cria, depois de suas primeiras visões, que o tempo diam ter uma aparência de piedade e professar ser rentemente dos adventistas que o tinham renun-
da passagem de quarenta e quatro, realmente acre- de graça havia terminado e que a porta se havia fe- seguidores de Cristo; não tendo, porém, viva liga- ciado”; consideravam que aqueles que repudiaram
ditei que não se converteriam mais pecadores. chado em 22 de outubro de 1844. ção com Deus, seriam levados cativos pelos enga- o movimento de 1844 foram “rejeitados por
Nunca tive, porém, uma visão de que pecadores 10. Em resposta a Long, G. I. Butler e J. H. nos de Satanás. Estas duas classes são apresentadas Deus”. Até 1851, eles tinham muito que dizer por-
não mais se converteriam. E sinto-me livre para Waggoner escreveram um suplemento de 16 pági- na visão – aqueles que declararam ser um engano a que “até aquele tempo seus esforços de fazer prosé-
declarar que ninguém nunca me ouviu dizer ou leu nas na Review and Herald, de 14 de agosto de 1883. luz que haviam seguido, e os ímpios do mundo litos ficara em grande parte confinado aos que ha-
de minha pena declarações que os justifiquem nas Uma das “provas mais conclusivas”17 deles era o que, havendo rejeitado a luz, haviam sido rejeita- viam crido na doutrina do advento em 1844”. (5)
acusações que têm feito contra mim nesse ponto. testemunho de Marion C. Stowell numa carta es- dos por Deus. Não é feita nenhuma referência aos “Mas [os adventistas sabatistas] chegaram a esta
“Foi em minha primeira viagem ao Leste a fim crita em 17 de agosto de 1875: “Durante a visita da que não haviam visto a luz, não sendo portanto compreensão [de uma obra mundial] gradualmen-
de relatar minhas visões que me foi revelada pre- Srta. Harmon a Paris, Maine, no verão de 1845, culpados de sua rejeição.”18 te”. (6) “Mas sua crença na ‘doutrina da porta fe-
ciosa luz quanto ao santuário celestial, e foi-me declarei a ela os detalhes de uma dileta amiga mi- 12. Em 1884, Ellen White escreveu o quarto chada’ não era tão radical a ponto de proibir a sal-
mostrado a porta aberta e a porta fechada. Cría- nha cujo pai a havia impedido de assistir às nossas volume de Spirit of Prophecy, intitulando um capí- vação dos que não haviam rejeitado a primeira

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mensagem ou dos que haviam atingindo a idade da 14. D. M. Canright, após repetidos problemas e abordagem ligeiramente diferente, sustentando minado em 1844. Os críticos alegam que Nichol
responsabilidade desde a passagem do tempo, pois reconciliações, rompeu definitivamente com a que os pioneiros realmente criam que o tempo de retirou certas citações de seu contexto imediato a
numerosos são os casos em que eles trabalharam igreja em 1887. Reuniu todas as principais acusa- graça havia terminado em 1844; até mesmo que fim de alcançar seus objetivos. Levando-se em
pela salvação de tais pessoas. (7) Ele apresentou ções de críticos anteriores, inclusive Snook, Brin- Ellen White “compartilhava pessoalmente este conta todos os aspectos, ele parece ter adotado o
vinte e uma testemunhas que viveram na década kerhoff, Carver, Wellcome, Grant e Long. Acusou ponto de vista em comum com aqueles com meio-termo entre os pontos de vista representados
Ellen White de ensinar a porta fechada “na sua quem se associava”.28 Depois, Daniells fez uma por Daniells e Spicer.
de 1840 e que confirmaram o fato de que Ellen
interessante distinção entre a “crença pessoal” de 27. Em 1971 surgiu a tese de doutorado de In-
White jamais ensinou que o tempo de graça havia pior forma”. O livro de Canright, Seventh-day Ad- Ellen White e as “revelações” que ela recebeu – gemar Lindén, Biblicism, Apokalyptik, Utopi,35
terminado para todos em 1844. (8) “Que a visão ventism Renounced After an Experience of Twenty- ou seja, ela nunca teve uma visão dizendo que o contendo uma versão atualizada de antigas críti-
da Sra. E. G. White tão freqüentemente citada es- eight Years by a Prominent Minister and Writer of tempo de graça havia terminado. Daniells cria cas, desta vez com mais documentos históricos
tá em perfeita harmonia com esses pontos de vis- That Faith,22 foi o ataque mais pesado contra a cre- que as visões da Sra. White indicavam um “claro disponíveis para exame. Em 1978, ele publicou o
ta”. (9) “Finalmente, que as próprias Escrituras se dibilidade de Ellen White no século dezenove, e ponto de vista escriturístico” que abriu o cami- livro The Last Trump,36 seguido de 1844 and the
acham em perfeita harmonia com tal espécie de provavelmente a mais forte influência sobre seus nho para os pioneiros. Dois anos depois, quando Shut Door Problem,37 em 1982. Acusou os líderes
porta fechada, e na verdade, que diversos textos críticos posteriores. a carta que ela havia escrito em 1874 a Loughbo- da igreja de ocultarem a questão da porta fecha-
ensinam realmente a mesma coisa.” 15. Em 1887, Uriah Smith, o primeiro a reagir rough foi encontrada nos arquivos do Patrimônio da e achou o livro de Nichols (Critics) um trata-
Butler então apresentou a experiência de seu a Canright, fez uma lista das acusações feitas pelo Literário White durante a indexação de seus mi- mento inadequado do assunto. Embora ele tenha
pai, que abraçara a “verdade presente” dos adven- crítico que durante anos haviam sido repetidas, e lhares de cartas, Daniells achou que seu ponto de acusado veementemente os oradores denomina-
vista foi reafirmado.29 cionais de pregarem “a partir de pontos de vista
tistas sabatistas em 1850, quando o filho tinha 16 depois as desmentiu.23
22. W. A. Spicer, no entanto, ficou preocupa- preconcebidos”, muitos acreditam que a maneira
anos de idade. Depois de perguntar: “Em que espé- 16. Numa edição extra da Review, de 22 de no- do, achando que a atitude de Daniells era muito como Lindén tratou a questão da porta fechada
cie de porta fechada ele cria?”, Butler citou uma vembro de 1887, Uriah Smith e G. I. Butler vol- comprometedora perante os críticos. Escreveu ou- seja um exemplo de pressuposições conduzindo a
carta que seu pai havia escrito aos White. A carta taram a refutar as asserções de Canright. tro original que foi colocado tanto nos arquivos da conclusões.38
apareceu na Review and Herald de janeiro de 1851: 17. Em 1905, J. N. Loughborough publicou a Associação Geral como nos arquivos do Patrimô- 28. Em 1976, R. L. Numbers apoiou-se na aná-
“Desde que me converti à porta fechada e ao sába- edição revisada de seu livro Rise and Progress of Se- nio Literário White. Uma de suas conclusões era a lise de Lindén e em algumas interpretações mo-
do do sétimo dia, estive nesta cidade e em algumas venth-day Adventists (1892) sob o título de The de que “nossos pioneiros apresentaram a porta dernas.39
cidades vizinhas... procurando retirar de outras Great Second Advent Movement.24 Nesta edição re- aberta para pecadores, desde 1844”.30 29. Em 1977, Gerard Damsteegt publicou seu
mentes parte do preconceito que eu mesmo senti- visada, Loughborough acrescentou um capítulo 23. Durante a década de 1930, a questão da exaustivo exame abrangendo as décadas de 1840-
ra profundamente. ... Em conversa com outros, chamado “A Porta Fechada”. Nele reexaminou o porta fechada tornou-se mais do que uma questão 1870 em Foundations of the Seventh-day Adventis
que entendia serem os fatos da década de 1840, norte-americana. O líder europeu L. R. Conradi Message and Mission.40 Entre outros temas, Dams-
bem como por minha própria experiência passada,
deixou a liderança denominacional e escreveu, em teegt focalizou a questão da porta fechada, reco-
tenho aprendido que a porta fechada tem sido o enfatizando que nenhum adventista, inclusive língua alemã, um forte libelo contra as pretensões nhecendo sua relação com outras crenças básicas
grande banco de areia contra o qual os adventistas Ellen White, acreditava que “não havia mais mi- de Ellen White. Seu argumento era basicamente dos adventistas do sétimo dia. Este livro menciona
[mileritas] bateram seu navio e afundaram.” sericórdia para os pecadores”. Apresentou também uma ressurreição das acusações de Canright.31 a contribuição embrionária das visões de Ellen
Butler descreveu como seu pai, referindo-se sua lista de vinte e uma testemunhas que confir- 24. Também durante a década de 1930, o líder White, a gradual transição no significado da “por-
aos mileritas de forma geral, falava de “seus pon- mavam esse ponto de vista. australiano W. W. Fletcher apostatou em grande ta fechada” e a nítida evidência de que Ellen White
tos de vista contraditórios sobre as mensagens, 18. D. M. Canright publicou em 1919 Life of parte influenciado por sua alegação de que nada de foi a primeira a abrir o futuro para aqueles que en-
clamor da meia-noite, etc.”, e de sua compreen- Mrs. E. G. White: Seventh-day Adventist Prophet: significativo ocorreu em 1844. Seu livro The Rea- tenderam o significado de 22 de outubro de 1844.
são equivocada a respeito da porta fechada: “Vo- Her False Claims Refuted, um livro extremamen- sons For My Faith focalizava seu ponto de vista so- 30. Poderia argumentar-se que, com as publi-
cê sabe como todos esses evitavam a porta. ... te polêmico. Seu capítulo sobre a questão da por- bre a expiação e o problema correlato da porta fe- cações de Lindén e Damsteegt, as mais claras ex-
Eles supunham que a porta fechada excluiria de ta fechada ocupava aproximadamente um quarto chada que, segundo ele cria, era “a página mais ne- pressões tanto dos críticos como dos defensores
gra de nossa história denominacional”.32 foram expostas. Os argumentos de Lindén e de
todo grau da presença do Espírito de Deus a todos do livro.25
25. Em 1949, A. W. Spalding afirmou que “as Damsteegt são mutuamente exclusivos. Talvez
os não convertidos, quer tivessem tido luz quer 19. Em 1925, M. E. Olsen publicou A History of visões de Ellen Harmon corrigiram os que persis- tenhamos nessas duas apresentações acadêmicas
não, tanto jovens quanto idosos. Acho que se esta the Origin and Progress of Seventh-day Adventists, tiam” na idéia de que “não havia mais misericór- o florescimento de duas pressuposições básicas
classe pudesse ter a verdadeira porta aberta e a mas o tratamento que ele dava à questão da porta dia para os pecadores” depois de 1844. Mas ele tor- em conflito.
mensagem do terceiro anjo posta diante deles, al- fechada era limitado.26 nou dúbio seu ponto de vista ao incluir Ellen White
guns veriam a verdadeira linha profética e torna- 20. W. A. Spicer reconheceu que “os críticos com José Bates e Tiago White em sua declaração
riam a regozijar-se na luz. Tenho procurado visi- podem encontrar expressões nas quais tropeçar”; de que “esses três defendiam a doutrina [porta fe- Referências
tar aqueles que não desistiram de nossa experiên- que a princípio os primitivos pioneiros adventistas chada] mais do que a maioria, até que a luz cres-
cia passada nessas mensagens e procurado mos- tinham noções limitadas e equivocadas sobre seu cente os fizesse abandoná-la”.33 1. 24 de março de 1849, Visão da Porta Aberta, em Christian Ex-
trar-lhes o que é o santuário e o que é a porta fe- campo missionário; que Ellen White liderou a ela- 26. F. D. Nichol foi talvez o mais vigoroso de- perience and Views, 1851, e em Primeiros Escritos, pág. 45.
boração de uma mensagem e uma missão claras, fensor da autenticidade de Ellen White, especial- 2. Review and Herald, 21 de janeiro de 1862.
chada; que o santuário mencionado em Daniel
mente em seu livro de 1951, Ellen G. White and
8:14 está sendo purificado.” mas ele rejeitava a “ridícula acusação” de que eles Her Critics.34 Dedicando noventa e uma páginas à
3. B. F. Snook e William Brinkerhoff, The Visions of E. G.White,
Então Butler, afirmou: “Sabemos por conheci- criam que pecadores não podiam converter-se de- questão da porta fechada, ele rebateu a maioria das
Not of God (Cedar Rapids, IA: Cedar Valley Times and Book
mento pessoal que papai, neste ponto de vista so- pois de 1844.27 acusações feitas desde meados da década de 1860. and Job Print, 1886).
bre a porta fechada, achava-se nessa época em per- 21. Alguns anos depois, outro ex-presidente da Reuniu evidências de que Ellen White não teve 4. “The Visions – Objections Answered”, Review and Herald, 12
feito acordo com o irmão e a irmã White.”21 Associação Geral, A. G. Daniells, adotou uma visão ensinando que o tempo de graça havia ter- de junho a 31 de julho de 1866.

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O ministério profético de Ellen G. White

5. Ver págs. 168-216, 264-268. ... O tratamento superficial que Lindén dá aos documentos e
tacado milerita, cria que Cristo havia “vindo” co- Prosseguindo na carta endereçada a Bates,
6. Marion, Iowa: Advent and Sabbath Advocate Press, 1871, sua tendência para deturpar o significado óbvio de fontes pri- mo o Noivo para Deus Pai a fim de receber Sua Ellen White destacou alguns pontos altos da visi-
págs. 11, 12, 28-45. Fotocópia na Biblioteca do Pacific Union márias podem ser demonstrados em vários exemplos. ... Des- noiva, a igreja – e que logo voltaria para a Terra, ta dela a Exeter “em meados de fevereiro de 1845”.
College. conforme os mileritas haviam proclamado.4 Os mileritas pós-desapontamento estavam confu-
de que ele é, sem dúvida, o representante mais capaz dentre
7. Ibidem, pág. 11. Ellen White respondeu estar ciente de que um sos, muitas vezes desesperados, quase em toda par-
os críticos dos ASD na questão da porta fechada, parece jus-
8. Review and Herald, 25 de setembro de 1866. dos periódicos de Turner se encontrava na casa te.7 O grupo de Exeter não constituía exceção,
to dizer que, em geral, eles não têm sido menos tendenciosos
9. A Word to the “Little Flock”, pág. 22 (1847). dos pais dela, mas afirmou que não o havia lido.5 pois a jovem Ellen se lembrou que “a descrença
10. Ver págs. 503, 552 e 553 para uma análise da compreensão do que seus oponentes, os apologistas ASD, chegando mes- Durante o mês de dezembro, ela estivera “muito parecia estar por toda parte”.
crescente de Ellen White das sementes doutrinárias planta- mo algumas vezes a superá-los bastante em suas polêmicas doente” e não se “interessara em leitura”. Depois À medida que a reunião prosseguia, ela reco-
das naquelas primeiras duas visões. hostis. E a única tentativa acadêmica séria feita por um dos da visão de dezembro que mudou sua opinião nheceu que “havia surgido uma divisão no grupo a
11. Life Incidents, págs. 204-209. críticos deixou de provar que uma abordagem verdadeira- com respeito à validade da mensagem e experiên- respeito da porta fechada”. Ou seja, existia confu-
12. Isaac C. Wellcome, History of the Second Advent Message cia de 1844, Deus lhe deixou bem claro que ela são tanto ali quanto em outra parte (como no gru-
mente objetiva e imparcial suporta suas pretensões de longo
(Boston: Advent Christian Publication Society, 1874), pág. devia “comunicá-la ao grupo”. Ela recuou ante po de Portland antes dela ajudar a resolver a ques-
alcance.” – Rolf J. Poehler, “Shut Door Doctrine”, ensaio este desafio. tão em dezembro de 1844). Durante a confusão da
406.
13. Miles Grant (Boston, Advent Christian Publications, 1874).
inédito, Andrews University, págs. 61-63. Informada de uma reunião na casa de seus pais reunião, Ellen recebeu a visão do Noivo, na qual
39. Numbers, Prophetess of Health, págs. 26, 27, 35 e 215. naquela noite, apressou-se em encontrar isola- “contemplou Jesus Se erguendo de Seu trono me-
14. Carta 2, 1874, citada em MR, vol. 8, pág. 229.
40. Grand Rapids, MI.: William B. Erdmans Publishing Co., 1977. mento na casa de uma amiga, todavia encontrou diador e Se encaminhando para o Santíssimo co-
15. Review and Herald, 26 de dezembro de 1882.
Joseph Turner naquela casa. Mas ela não lhe disse mo Noivo para receber Seu reino”.8 Ao relatar es-
16. Reimpresso de “Advent and Sabbath Advocate”, Marion, Io-
nada. Por quê? Porque temia “declarar-se contra os ta visão ao grupo de Exeter, “todos disseram que
wa, 1883. Pacific Union College Library.
pontos de vista dele, achando que ele cria como o era algo inteiramente novo para eles”.9
17. Suplemento da Review and Herald de 14 de agosto de 1883. restante”. Em que cria o restante? Que os mileritas O resultado? Ellen continuou: “A maioria acei-
18. Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 59-73, itálico acrescentado. haviam estado em erro ao ensinar que havia signi- tou a visão, e chegou a um acordo acerca da porta
Apêndice M
19. Spirit of Prophecy, vol. 4 (Oakland, CA.: Pacific Press, 1884). ficado em 22 de outubro. fechada.” Mais adiante, ela garantiu a Bates: “Sei
20. Review and Herald, 17 de março de 1885. Carta de 13 de Julho de 1847 a José Bates Aflita o dia inteiro, Ellen Harmon voltou para que a luz que recebi veio de Deus; não me foi en-
21. Review and Herald, 31 de março de 1885. casa depois do término da reunião. No dia seguin- sinada por homem.”
22. Chicago: Fleming H. Revel, 1889. Críticos modernos apontam esta carta de Ellen te, bem cedo, Turner lhe fez uma breve visita e pe- Bates, o meticuloso pensador, que leu minu-
23. Review and Herald, Extra, 22 de novembro de 1889. White a José Bates como a mais clara evidência diu a ela que “lhe contasse tudo quanto Deus... ciosamente cada linha da carta, preferiu colocar
24. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa- que apoiava o ponto de vista de que a Sra. White [lhe] havia mostrado em visão”. Depois Turner lhe de lado seus pensamentos anteriores sobre um
tion, 1935. cria no conceito da porta fechada, predominante disse que a mensagem/visão dela era em essência o possível “empréstimo” feito por Ellen do material
25. Cincinnati: The Standard Publishing Company, 1919. entre os mileritas da porta fechada, inclusive José que ele havia relatado ao grupo na casa dos pais de Turner. A lembrança dela daquele período era
26. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Associa- Bates.1 dela na noite anterior. Isso foi um grande alívio fiel aos fatos conforme ele os havia estudado.
tion, 1925. A história dessa carta é fascinante. Ela apare- para a adolescente relutante. Visto que apenas al- Comparando o artigo de Turner publicado em
27. Review and Herald, 18 de março a 29 de abril 1926. ceu pela primeira vez no século vinte, impressa em gumas pessoas compareceram àquela reunião, The Advent Mirror e a descrição da visão feita por
28. Review and Herald, 6 a 27 de fevereiro de 1930. fac-símile na página 104 da edição de 1915 do li- Ellen foi solicitada a relatar sua visão na reunião Ellen White, encontram-se poucos pensamentos
seguinte, na qual aproximadamente sessenta pes- essenciais em comum – conclusão a que Bates
29. Review and Herald, 14 de janeiro de 1932. vro Life Sketches. Naquela época, o que se tinha
soas “confessaram seu erro e reconheceram que a também chegou.10
30. Uma declaração arquivada com o Secretário da Comissão de em vista era meramente adicionar um senso de
experiência do sétimo mês era obra de Deus”.6 Mas o que queria Ellen White dizer ao afirmar
Depositários do Patrimônio Literário White de W. A. Spicer, história mostrando uma carta antiga de Ellen
Assim sendo, Turner e Ellen Harmon, concor- que o grupo de Exeter “chegou a um acordo acer-
pág. 5 – “Facts of Record vs Tradition”, DF 434-a. White escrita à mão, e depois chamar a atenção dando que os acontecimentos associados a 22 de ca da porta fechada”? Registros da época, apesar de
31. “Ist Frau E. G. White die Prophetin der Endgemeinde”, para o fato de que a carta especificava dezembro de outubro de 1844 envolviam a história da salvação, poucos, ajudam-nos a entender o que ela quis di-
Hamburg: Buchdruckerei Kroggel, 1933. 1844 como a data de sua primeira visão. A impor- eram agora capazes de restaurar a confiança dos zer quando comunicou ao grupo a nova luz.
32. Fletcher, The Reasons for My Faith, pág. 199. tância dessa carta, porém, aumentou ao ser ela “re- adventistas até então desapontados. Discordavam, Sua primeira visão, ocorrida em dezembro de
33. Spalding, Origin and History, vol. 1, pág. 162. descoberta” por Ingemar Lindén, na década de contudo, quanto ao que acontecera naquela data. 1844, enfatizou que os adventistas mileritas da
34. Nichol, Critics, págs. 161-252. 1960, enquanto fazia pesquisa no cofre do Patri- A visão que Ellen Harmon recebera em dezembro porta fechada estavam errados ao crer que a “por-
35. S. Ingemar Lindén, Biblicism, Apokalyptik, Utopi, Uppsala, mônio Literário White.2 não tinha relação com o tema do Noivo, embora ta estava fechada” para todas as pessoas em 22 de
1971. Tese de doutorado. Ellen White, com dezenove anos de idade, es- Turner, naquela época, tivesse empregado a analo- outubro de 1844. Sua visão do Noivo, recebida em
36. Lindén, The Last Trump (Frankfurt am Main: Peter Lang, tava em Gorham, Maine, grávida de oito meses de gia do Noivo para explicar o que acontecera na- fevereiro de 1845, mencionava que muitos haviam
1978). seu primeiro filho, quando escreveu esta carta a Jo- quela data memorável. A diferença de opinião en- sido mantidos na ignorância pelos enganos de Sa-
37. Lindén, 1844 and the Shut Door Problem (Uppsala: Almqvist sé Bates em 13 de julho de 1847, em resposta a um tre Ellen e Turner sobre o que significava a analo- tanás. Seria possível as pessoas na ignorância rom-
& Wiksell International, 1982). pedido de informação. Bates queria saber se, antes gia do Noivo em ligação com 22 de outubro ficou perem com esses enganos quando a clara luz é de-
38. “É inegável que, apesar de seus esforços, sua apresentação [de da visão de fevereiro de 1845, ela estivera a par do muito patente depois da visão do Noivo recebida vidamente apresentada? Não se menciona nesta
Lindén] é extremamente tendenciosa, sendo marcada, às ve- ensino de Joseph Turner a respeito da importância por Ellen em Exeter, Maine, poucas semanas de- visão nada que sugira uma porta fechada para to-
zes, pela superficialidade e grosseiras conclusões equivocadas. de 22 de outubro.3 Naquela data, Turner, um des- pois da reunião deles em dezembro. dos os crentes.

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O ministério profético de Ellen G. White

Em 3 de abril de 1847, Ellen White recebeu a (Eles preferiam acreditar, de alguma forma, que 4. Bates notou semelhanças entre a visão de Ellen White e o “Procurei, portanto, oportunidades para, em presença de
visão da Auréola de Glória, descrita a Bates numa ponto de vista de Turner conforme se depreende das próprias outros, quando a mente dela parecia livre de estímulo (fora de
aqueles que mantiveram a confiança na mensagem
carta datada de 7 de abril, dez semanas antes de notas manuscritas na carta dela de 13 de julho de 1847, que reuniões), interrogá-la e de novo interrogá-la, bem como às pes-
de 1844 já estavam selados.) Para Ellen White, em
enviar-lhe essa carta em 13 de julho de 1847. Aqui sugeria que ele estava ciente do ponto de vista de Turner atra- soas amigas que a acompanhavam, principalmente sua irmã
1847, a expressão-chave “porta fechada” significava vés das publicações Hope of Israel e Advent Mirror.
ela se concentrou no sábado, enriquecendo mais mais velha, a fim de chegar, se possível, à verdade. Durante as
que a mensagem de 1844 era válida e que a parte 5. Não se sabe qual era a edição de Hope of Israel existente na ca- várias visitas que ela fez a New Bedford e Fairhaven desde en-
uma vez a maneira de entender a questão da porta mais significativa dessa mensagem abriu a porta pa- sa dos Harmon em dezembro de 1844. Poderia ter sido qual- tão, enquanto em nossas reuniões, tenho-a visto em visão mui-
fechada. Mais uma vez, não há a mais leve indica- ra uma maneira nova e clara de entender a mudan- quer das edições anteriores. Parecia improvável que a edição tíssimas vezes e também em Topsham, Maine, e alguns dos que
ção de uma porta fechada para os descrentes. ça de ministério de Cristo no santuário celestial. A de dezembro estivesse no lar dos Harmon antes do incidente se achavam presentes durante algumas dessas cenas empolgan-
Ao contrário, Ellen White foi mais enfática: dupla ênfase na validade e na mudança de ministé- relatado por Ellen White na carta escrita a Bates, embora pos- tes sabem muito bem com que interesse e intensidade eu escu-
“Vi que Deus tinha filhos que não reconheciam o rio de Cristo (em termos de santuário) funcionava sa ter estado na casa dela antes da visão de fevereiro. tava cada palavra e observava cada gesto para detectar engano
sábado e não o guardavam. Eles não haviam rejei- agora como os dois lados da mesma moeda. 6. “Ao receber sua primeira visão em dezembro de 1844, ela e to- ou influência mesmérica. E agradeço a Deus pela oportunidade
tado a luz sobre este ponto. E ao início do tempo Esse era o contexto imediato, a maneira como se do o grupo de Portland, Maine (onde seus pais então resi- que tive, juntamente com outros, de testemunhar essas coisas.
de angústia... os escolhidos de Deus viram todos entendia na época o conceito da porta fechada que diam), haviam abandonado o clamor da meia-noite e a porta
Posso agora falar confiantemente por mim mesmo. Creio que a
claramente que tínhamos a verdade, e saíram e en- Ellen White tinha em mente quando escreveu essa
fechada como sendo coisa do passado. Foi por essa época que
obra é de Deus, e é dada para confortar e fortalecer seu ‘povo dis-
frentaram a perseguição conosco.”11 o Senhor lhe mostrou em visão o erro em que ela e o grupo de
carta de 13 de julho de 1847 a José Bates. Não exis- perso’, atormentado’ e ‘ridicularizado’, desde o encerramento de
Numa descrição mais ampla desta visão,12 con- Portland estavam incorrendo. Ela relatou depois a visão ao
te, porém, evidência de que em fevereiro de 1845 nossa obra para o mundo em outubro de 1844. O estado de con-
grupo, e cerca de sessenta pessoas confessaram seu erro e reco-
forme apresentada em A Word to the “Little Flock”, ela tivesse uma compreensão diferente. Havia, sim, fusão com os ‘eis aqui!’ e ‘eis ali!’ desde aquele tempo deixou
nheceram que a experiência do sétimo mês era obra de Deus.”
incluíram-se estas palavras: “E se alguém cresse e em 1847, uma compreensão mais ampla, embora grandemente perplexo o sincero e voluntário povo de Deus, e
– Tiago White, A Word to the “Little Flock”, pág. 22, citado em
guardasse o sábado, e recebesse a bênção que o tornou extremamente difícil a situação para os que não conse-
não haja nos registros a mínima sugestão de que ela Nichol, Critics, pág. 582 e Knight, 1844, pág. 176.
acompanha, e depois o abandonasse e transgredis- guiam explicar os muitos textos conflitantes que lhes eram apre-
havia mudado de opinião durante aquele período 7. Ver pág. 39.
se o santo mandamento, fecharia a porta da Santa sentados. Confesso que recebi luz e instrução sobre muitas pas-
de dois anos. Não existe nenhum registro sugerindo 8. Esta visão foi publicada pela primeira vez no Day-Star de 14
Cidade a si próprio, tão certo como haver um de março de 1846 e reimpressa em Primeiros Escritos, págs.
sagens que antes não consegui distinguir claramente. Creio que
sua crença de que apenas os que haviam mantido a
Deus que governa em cima no Céu.”13 55 e 56. ela [Ellen White] é uma abnegada e sincera filha de Deus, e se-
confiança na mensagem e experiência de 1844 po- rá salva se prestar inteira obediência à vontade de Deus.
Ellen White fala explicitamente aqui a respei- 9. Embora a interpretação de Turner da analogia do Noivo fos-
deriam ser salvos, enquanto os demais permanece- “Numa reunião em Fairhaven, no sexto dia do mês passa-
to do conceito que tem da porta fechada. O prin- se provavelmente bem conhecida por aquele grupo, o ponto
riam do lado de fora da porta da misericórdia, supos- do, eu a vi tendo uma visão semelhante, a qual então registrei
cípio da rejeição14 parece ter sido claro para ela de vista de Ellen Harmon era “inteiramente novo”. Esta rea-
tamente fechada em 22 de outubro de 1844. ção indicava que ela não apenas não havia “copiado” o pon- por escrito. Talvez alguém possa dizer que estou difundindo is-
desde sua primeira visão (embora ela tenha sem
O que exatamente Bates pensou depois de re- to de vista de Turner, mas também que a mensagem/visão de- to com o objetivo de fortalecer os argumentos apresentados
dúvida crescido em conhecimento na maneira de
ceber essa carta de 13 de julho de 1847 talvez nun- la descortinava novos horizontes ao abrir a “porta” para uma em meu último trabalho sobre o sábado. Faço-o no sentido
aplicá-lo em todas as circunstâncias). Em 1847,
ca se saiba; mas o que Ellen White quis dizer com nova visão do futuro e de seus novos deveres. acima declarado. Com respeito a esta obra, não acalento te-
ela estabeleceu de forma inequívoca a relação en-
relação à porta fechada pode ser determinado por 10. Não encontramos na descrição de Ellen White nada que se mores. Não existe argumento escriturístico para mudá-la.” –
tre o conceito da porta fechada (o término do
documentos da época. refira a Jesus “voltando como Rei da glória” em 1844, nem Citada em Nichol, Critics, pág. 581, e Knight, 1844, pág. 175.
tempo de graça) e a deliberada rejeição da verda-
quaisquer referências que “tragam a idéia de que a igreja seja 13. Reproduzido em Nichol, Critics, pág. 579, e Knight, 1844, pág. 174.
de bíblica; ou seja, as pessoas fecham as próprias a noiva” ou que aqueles “que estavam prontos tenham ido
portas, pondo fim a seu tempo de graça. Referências 14. Ver pág. 558 para uma análise sobre o princípio da rejeição.
com Ele para as bodas, e que a porta se fechou”.
Em 21 de abril de 1847 (menos de oito sema- 15. A Word of the “Litlle Flock”, pág. 11, citado em Nichol, Cri-
11. Primeiros Escritos, pág. 33.
1. Douglas, Hacleman, “Picking the Shut-Door Lock”, Adventist
nas antes de sua carta ter sido enviada a Bates em 12. O próprio Bates, depois de receber esta carta datada de 7 de tics, pág. 571 e Knight, 1844, pág. 170.
13 de julho), Ellen White escreveu a Eli Curtis, Currents, julho de 1984. abril de 1847, colaborou com Tiago White inserindo-a, jun-
um resoluto adventista da porta fechada, men- 2. Lindén, The Last Trump, págs. 94-96. William C. White fez tamente com duas das primeiras visões de Ellen White, em A
cionando claramente o que ela entendia que a Word to the “Little Flock”, em 30 de maio de 1847. Junto com Apêndice N
uma citação desta carta ao resumir, na Review and Herald de 14
“porta fechada” significava para ela: “O Senhor esta impressão da visão da auréola em torno do sábado, Bates
de março de 1935, a primeira fase do ministério de seus pais, Última Vontade e Testamento de Ellen G. White
me mostrou em visão que, no sétimo mês de acrescentou esta recomendação: “Não estou publicando a vi-
embora não tenha feito qualquer referência às suas implica- são acima com a intenção de fazer acréscimos ou supressões à NO NOME DE DEUS, AMÉM.
1844, Jesus Se ergueu, fechou a porta e entrou no Eu, Ellen G. White (viúva), domiciliada em
ções para com a porta fechada. ‘firme palavra profética’. Isso resistirá à prova dos homens e
Santo dos Santos. Mas o levantar-Se de Miguel Sanitarium, Condado de Napa, Califórnia, com
à ruína dos mundos! ... Faz agora mais ou menos dois anos
(Dan. 12:1) para libertar Seu povo acha-se ainda 3. Pelo fato de não mais existir nenhum exemplar da edição de a idade de oitenta e quatro (84) anos e estando
desde que vi a autora pela primeira vez e a ouvi relatar o con-
no futuro.”15 dezembro da revista de Turner, Hope of Israel, não se sabe ao
nesta data no pleno uso das faculdades mentais
teúdo de suas visões conforme ela as publicou em Portland (6 e não agindo sob coação, ameaça, fraude ou in-
Durante algum tempo, Ellen White relacionou de abril de 1846). Embora eu não tenha visto nelas nada que
certo quando Turner ensinou pela primeira vez seus pontos de devida influência de toda e qualquer espécie,
a expressão-chave “porta fechada” com a verdade fosse contrário à Palavra, ainda assim me senti alarmado e redijo, publico e declaro esta minha última
vista sobre o Noivo. Esses pontos de vista foram apresentados
do santuário, o que redefiniu completamente essa extremamente preocupado e, durante longo tempo, recusei- vontade e testamento, na maneira como segue,
expressão para os mileritas da porta fechada – uma na edição de janeiro (somente uma edição) de sua nova revis- a saber:
me a crer que fosse algo mais do que o resultado de seu esta-
redefinição que muitos se recusaram a aceitar. ta, Advent Mirror, co-editada com Apollos Hale. do de prostração física. PRIMEIRO: Determino que meu corpo seja se-

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APÊNDICE M E N S A G E I R A D O S E N H O R
O ministério profético de Ellen G. White

pultado com as devidas cerimônias religiosas da ao morrer, todos os meus animais, ferramentas (a) Pagar a meu filho James Edson White,1 dólares (U$500); a May Walling, domiciliada
Igreja Adventista do Sétimo Dia, sem aparato ou agrícolas, acessórios, todas as notas e contas a re- anualmente, durante toda a sua vida dez (10) por atualmente em Sanitarium, Califórnia, a quantia
ostentação. ceber, e também todos os direitos, títulos e pro- cento dos rendimentos líquidos das referidas pro- de quinhentos dólares (U$500); e a meu fiel ami-
SEGUNDO: Desejo e determino que, tão logo ventos dos direitos autorais e estereótipos em to- priedades para seu exclusivo usufruto e benefício, go e colaborador Clarence C. Crisler, a quantia de
seja possível, se façam os pagamentos das despesas das as línguas, das seguintes publicações: e, no caso da morte dele, a Emma L. White, sua es- quinhentos dólares (U$500).3
decorrentes de minha última enfermidade e dos O Desejado de Todas as Nações posa, durante o restante da vida dela, caso sobre- SEXTO: Após a morte de James Edson White
funerais. A fim de que nenhum bem pertencente a Patriarcas e Profetas viva a ele. e de sua esposa, meus supracitados depositários
meu acervo seja alienado ou vendido com perda (b) Pagar a meu filho William C. White, anual- têm, pelo presente instrumento, poder e autorida-
ou prejuízo, solicito encarecidamente a todos os Atos dos Apóstolos mente, para seu exclusivo usufruto e benefício, dez de para aplicar a quantia prescrita na subdivisão
meus credores a abrirem mão e renunciarem a O Grande Conflito (10) por cento dos rendimentos líquidos das supra- (a) do parágrafo QUINTO no pagamento de qual-
qualquer arresto de meus bens, e aceitarem o paga- Primeiros Escritos citadas propriedades durante toda a sua vida; e, vin- quer demanda legal contra o patrimônio do supra-
mento de seus créditos com os recursos descritos a Testemunhos Para a Igreja, volumes 1-9, inclusive do ele a morrer, a Ethel M. White, sua esposa, du- citado James Edson White e, depois da plena qui-
seguir, que serão liquidados por meio de rendas de rante o restante da vida dela, caso sobreviva a ele. tação de todas essas demandas, a supracitada
meus bens a cargo dos depositários. Obreiros Evangélicos (c) Pagar anualmente a William C. White, quantia mencionada na subdivisão (a) será aplica-
TERCEIRO: Pelo presente instrumento, faço Christian Temperance and Bible Hygiene Ethel M. White e Dores E. Robinson, na qualida- da na manutenção da escola missionária para ne-
doação e legado a meu filho James Edson White, Parábolas de Jesus de de depositários2, cinco (5) por cento dos rendi- gros dirigida atualmente pelo Departamento de As-
domiciliado atualmente em Marshall, Michigan, a A Ciência do Bom Viver mentos líquidos dos supracitados direitos de pro- sistência aos Negros da Associação Geral dos Adven-
quantia de três mil dólares (U$3.000). priedade a serem dedicados à educação de meus tistas do Sétimo Dia.
QUARTO: Pelo presente instrumento, faço Caminho a Cristo netos, bisnetos e outras pessoas dignas. SÉTIMO: Após a morte de William C. White
doação e legado a meu filho, William C. White, O Maior Discurso de Cristo (d) Os mencionados depositários empregarão o e de sua esposa, meus supracitados depositários
domiciliado atualmente em Sanitarium, Califór- Vida de Jesus restante desses rendimentos líquidos nos seguintes têm, pelo presente instrumento, poder e autorida-
nia, todos os meus direitos, títulos e vantagens em Conselhos Sobre Escola Sabatina propósitos: de para pagar aos filhos sobreviventes deste casal
direitos autorais e estereótipos em todas as línguas 1. Para o pagamento de credores com juros ou aos netos, se houver, as respectivas quantias
dos livros intitulados The Coming King e Past, Pre- Manual for Canvassers acumulados sobre o principal da dívida até que prescritas na subdivisão (b) do parágrafo QUIN-
sent and Future, bem como todos os originais (e o Special Testimonies meus credores concordem em renunciar a qual- TO deste testamento; caso não haja filhos nem
direito para publicá-los) dos seguintes livros publi- quer arresto de meus bens; esses pagamentos pro- netos de meu supracitado filho, então as referidas
cados ou a publicar: venientes dos referidos rendimentos líquidos quantias respectivas deverão ser dedicadas e em-
Life Sketches of Elder James White and Ellen G. E também meu arquivo geral de manuscritos e devem continuar sendo efetuados até que todas as pregadas para os propósitos descritos na subdivisão
White todos os índices referentes a ele; bem como a mo- dívidas restantes acrescidas dos juros tenham sido (d) do supracitado parágrafo QUINTO deste tes-
Life Incidents of Elder James White bília e a biblioteca do meu escritório. inteiramente pagas. tamento.
Do mesmo modo, quer em conjunto ou indivi- 2. Se todo o restante dos referidos rendimentos OITAVO: Ao termo da custódia, criada e des-
Spiritual Gifts, volumes 1-4 dualmente, a casa de moradia, os bens transmissí- líquidos oriundos das propriedades mencionadas crita neste testamento, qualquer que seja a cau-
Facts of Faith veis e seus pertences, ou os que de algum modo são for mais do que suficiente para pagar minhas su- sa, faço doação e legado de todas as propriedades
How to Live entregues em custódia, embora para os fins e pro- pracitadas dívidas acrescidas dos juros, de modo mobiliárias e imobiliárias mencionadas no pará-
Appeal to Youth pósitos descritos a seguir. que meus credores concordem em receber o paga- grafo QUINTO ou o que delas se possa desone-
Experience of Ellen G. White in Connection with SÃO CEDIDOS os referidos bens móveis e mento de seus respectivos créditos, então meus re- rar e liberar, a meu referido filho, William C.
the Health Reform Movement Among Seventh-day imóveis aos mencionados depositários e a seus su- feridos depositários aplicarão o excedente na difu- White; ou, caso ele não esteja vivo, a seus her-
cessores, vinculados a esta custódia, para promove- são dos livros e originais que lhes são entregues em deiros por direito.
Adventists rem o devido registro e tomarem posse dessas ditas custódia e aqui fornecidos; na impressão de novas NONO: Minha mobília doméstica, pratos, ta-
Story of Mrs. White’s European Travels propriedades, para cobrarem e receberem as rendas, traduções; na impressão de compilações dos meus petes, quadros, fotografias e roupas, faço doação e
Story of Mrs. White’s Autralasian Travels edições e lucros que deles derivarem; administra- originais; na obra missionária em geral da denomi- legado em partes iguais a meus filhos: James Edson
Mrs. White’s Letters to Mothers and Children rem e controlarem as referidas propriedades; aluga- nação adventista do sétimo dia; no patrocínio das White e William C. White.
Youth’s Life of Christ rem-nas, arrendarem-nas ou venderem-nas no todo escolas missionárias sob a liderança do Departa- DÉCIMO: Todo o restante, resíduo e remanes-
The Southern Work ou em parte, com exceção dos direitos autorais dos mento de Assistência aos Negros da Associação Geral cente de meu patrimônio, mobiliário, imobiliário
livros, com o propósito de fazerem novos investi- dos Adventistas do Sétimo Dia; no patrocínio das es- e misto que porventura eu tenha o direito de pos-
Educação
mentos em outras propriedades a serem incorpora- colas missionárias para brancos analfabetos nos suir ou possua ao morrer, faço doação e legado a
Fundamentos da Educação Cristã das na mesma custódia, depois de pagos os impos- Estados do Sul; entendendo, contudo, que os refe- meu filho William C. White.
Special Testimonies on Education tos, taxas, ônus e encargos que sobre eles venham ridos depositários têm, pelo presente instrumento, DÉCIMO PRIMEIRO: Pelo presente instru-
Bible Sanctification a incidir, bem como despesas de reparação, admi- poder e autoridade para vender meus bens imóveis mento aponto William C. White e Charles H. Jo-
Também minha biblioteca particular e todos os nistração, conservação e proteção dos supracitados ou tanto quanto possa ser necessário para as se- nes como os executores desta minha última vonta-
manuscritos, cartas, diários e demais escritos aqui bens imóveis e o manuseio dos bens móveis, publi- guintes quantias: à minha neta Ella May Robin- de e testamento sem fiança e os autorizo a vende-
não inventariados. cação e venda dos referidos livros e originais bem son, domiciliada atualmente em Sanitarium, Cali- rem qualquer propriedade de meu patrimônio sem
como dirigindo os negócios a eles pertinentes; dis- fórnia, a quantia de quinhentos dólares (U$500); ordem judicial, em venda pública ou particular,
QUINTO: Pelo presente instrumento, faço tribuírem, pagarem e aplicarem os rendimentos lí- à minha neta Mabel E. Workman, que agora resi- com ou sem notificação, de acordo com a determi-
doação e legado a William C. White, Clarence C. quidos provenientes dos arrendamentos e lucros de em Loma Linda, Califórnia, a quantia de qui- nação dos executores.
Crisler, Charles H. Jones, Arthur G. Daniells e dos referidos bens imobiliários e do negócio da pu- nhentos dólares (U$500); à minha fiel amiga e co- Também determino que não se exija nenhuma
Frank M. Wilcox de todos os bens imóveis que blicação e venda dos mencionados livros e proprie- laboradora, Sara McEnterfer, agora residindo em fiança de qualquer dos depositários nomeados ou
porventura eu tenha o direito de possuir ou possua dades na maneira como segue, a saber: Sanitarium, Califórnia, a quantia de quinhentos seus sucessores.

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O ministério profético de Ellen G. White

DÉCIMO SEGUNDO: Se, por qualquer moti- 2. “Trabalhemos rapidamente. ... Um vigoroso ca de apenas 5.498 para o Norte e 5.708 para o “Nenhum dos lados esperava que a guerra demo-
vo, ocorrer vaga entre os mencionados depositá- e ativo trabalho em conjunto fará nosso trabalho Sul. Antes do fim de 1862, o Norte havia sofrido rasse tanto tempo como demorou. Nenhum dos la-
rios ou seus sucessores, a maioria dos depositários de forma eficaz, em trinta dias.” – Um editorial do 80.665 baixas e o Sul, 82.369 – uma chocante dos previu que a causa do conflito podia cessar
sobreviventes ou remanescentes tem, pelo presen- New York Times [entre 15 de abril e 21 de julho de confirmação dos maus pressentimentos da Sra. com o término do próprio conflito, ou mesmo an-
te instrumento, poder e autoridade para preencher 1861] citado em Robert L. Dabney, Life and Cam- White. Ver Eusey, Chart of Annual Forces and Ca- tes. Cada qual procurava uma vitória mais fácil, e
a vaga nomeando uma pessoa idônea, e, caso paigns of Thomas J. Jackson (New York: Blelock sualties. um resultado menos fundamental e espantoso.” –
aconteça de a maioria não chegar a um acordo a and Co., 1866), 210 n. 10. As funestas advertências e vívidas descri- Sandburg, War Years-IV, vol. 6, pág. 92.
respeito da nomeação, então a vaga será preenchi- 3. “Se Abraão Lincoln estiver à altura do cargo
ções das futuras batalhas da Guerra Civil feitas 15. “Finalmente, após quatro longos anos, as
da pela Comissão Executiva da Associação Geral que ocupa, esta guerra terminará antes de janeiro
dos Adventistas do Sétimo Dia; e o novo deposi- de 1862.” – Harper’s Weekly, 4 de maio de 1861, pela Sra. White foram muitas vezes confirmadas destrutivas máquinas de guerra pararam. Uma su-
tário ou depositários assim nomeados terão o mes- pág. 274 (reedição). por testemunhas oculares. O General U. S. Grant posta disputa se expandira durante aquele tempo se
mo poder que os depositários originais aqui no- 4. “Recomenda-se agora que os senhores forne- conta em suas Memoirs: “Haviam transformado o transformando na ‘primeira das guerras modernas’.
meados no tocante à supracitada custódia e na çam os meios legais para que esta luta seja breve e lugar num hospital, para o qual todas as noites se A guerra de desgaste, de posicionamento e de cerco
execução da mesma. decisiva.” – Abraão Lincoln numa carta endereça- traziam os feridos e onde seus ferimentos eram na América do Norte havia se revelado ao mundo.
DÉCIMO TERCEIRO: Pelo presente instru- da ao Congresso em 4 de julho de 1861, citada em pensados, uma perna ou braço amputados confor- Vislumbrara-se algo parecido com ‘guerra total’.
mento revogo todos os testamentos anteriores fei- Carl Sandburg, Abraham Lincoln, The War Years-I, me o caso, e onde se fazia tudo para salvar a vida Ellen White achava-se por certo entre os poucos, se
tos por mim. vol. 3 (New York: Charles Scribner’s Sons, 1939), ou aliviar o sofrimento. O que se via ali era mais é que havia outros, a ter ‘pressentido’ o que ela cha-
EM TESTEMUNHO DESSAS COISAS, assi- pág. 290. insuportável do que enfrentar o fogo inimigo, por mou de a ‘realidade’ do conflito.” – Eusey, “The
no com o próprio punho e selo neste dia 9 de fe- 5. “Não importa a guerra que houver, ela pode isso voltei para minha árvore na chuva. ... Avistei American Civil War: An Interpretation”, pág. 23.
vereiro de 1912. facilmente se tornar uma guerra marítima – uma um campo aberto do qual nos apoderamos no se-
[Assinado] ELLEN G. WHITE guerra de bloqueio – uma guerra cujo único obje- gundo dia e ao qual os confederados haviam feito
tivo seja a proteção da propriedade norte-ameri-
repetidos ataques no dia anterior. Estava tão re-
cana e a preservação do comércio norte-america-
no.” – Editorial, New York Times, 10 de janeiro pleto de mortos que era possível atravessar a cla- Apêndice P
Referências
de 1861. reira, em qualquer direção, andando sobre os ca-
1. Logo após a morte da Sra. White, Edson e William White, nu- 6. No outono de 1861, o General William dáveres, sem ser preciso tocar o solo com os pés.”
ma atitude de desprendimento, abriram mão de todos os direi- Sherman pediu com insistência a Simon Came- – Personal Memoirs of U. S. Grant (New York: A Elipse da Verdade da Salvação
ron, ministro da Guerra, um contingente de Charles L. Webster Co., 1885-1886, 2 vols.), I,
tos sobre este rendimento em potencial.
60.000 homens para o momento e um adicional de págs. 349 e 356. A verdade, em qualquer área do pensamento,
2. Os três depositários, sem qualquer discussão, renunciaram to-
200.000 para fazer face a futuras demandas. Embo- 11. Quando Grant assumiu o comando de to- seja na teologia, na filosofia, na lei, na música, ou
dos os direitos a este fundo educacional. ra isto tenha acontecido nove meses depois da vi- dos os exércitos nortistas na primavera de 1864, na educação, deve ser entendida mais na forma de
3. Esses legados não foram pagos enquanto todos os credores não são recebida por Ellen White em Parkville, Sher- reacendeu-se a esperança de que a guerra acabaria uma elipse do que na de um círculo. Uma elipse
foram integralmente quitados. man foi criticado pela imprensa como uma pessoa em pouco tempo. Horace Greeley escreveu que “a possui dois focos; um círculo tem apenas um.
mentalmente desequilibrada. Um mês depois des- opinião predominante entre os Estados que se Isso significa que a verdade é a soma total de
sa solicitação, o General Henry Halleck substituiu mantiveram leais, durante a primavera de 1864, seus elementos objetivos e subjetivos: os dois focos
Sherman no comando. Mas nos quatro anos que se era a de que o General Grant se livraria rapida- da elipse. Na música, por exemplo, muitos encon-
seguiram, ficou comprovado que tanto Ellen White
mente do que havia restado dos confederados”. – tram satisfação primariamente em elementos obje-
Apêndice O como o General Sherman eram pessoas realistas. –
Ver William T. Sherman, Memoirs of General T. Greeley, The American Conflict, II, pág. 654. tivos como a harmonia, a unidade e a ordem. Ou-
Sherman (New York: Appleton and Co., 1876, 2 12. Mas essas esperanças foram rapidamente tros procuram a música, antes de tudo, por razões
Comentários de Líderes Nacionais, no início da vols.), I, págs. 203-205 e 217. frustradas quando as perdas sofridas pelo exército subjetivas porque determinadas músicas expres-
Década de 1860, a Respeito da Crise Escravista 7. Lincoln, “à semelhança de quase todos, aca- de Grant durante os primeiros vinte e oito dias da sam ou refletem seus sentimentos. Assim sendo,
lentava a esperança de que as enérgicas investidas campanha de 1864 contra Richmond quase se uma pessoa pode considerar uma determinada pe-
realizadas na Virgínia e ao longo do Mississippi igualaram às forças totais de Lee. – John B. Gor- ça musical como clássica (Mozart), enquanto ou-
Conforme documentado em Lee Ellsworth Eu- acabariam com a guerra em 1862.” – Allan Ne- don, Reminiscences of the Civil War (New York: tra pode classificá-la como expressionista (Beatles,
sey, “The American Civil War: An Interpreta- vins, War for the Union (New York: Charles Scrib- Charles Scribner’s Sons, 1904), pág. 294. “Esta rock, etc.). A verdade é que nenhum dos dois fo-
tion”, tese de mestrado na área das ciências huma- ner’s Sons, 1959, 2 vols.), II, pág. 5. custosa e ineficaz campanha do novo tenente-ge- cos é a verdade total. A necessidade humana de
nas, Universidade Andrews, abril de 1965. 8. Depois da conquista do Forte Donelson, o neral, do qual se esperava rápido sucesso, levou lu- ordem por um lado e a necessidade de relevância e
1. Alexander H. Stephens, vice-presidente da estado de espírito do Norte, inclusive do General to a milhares de lares e desânimo a milhões de co- significado por outro é a estrutura básica que a ver-
Confederação, disse perante um auditório em Sa- Grant, elevou-se e, “por breve momento, os nor- rações.” – David S. Muzzey, United States of Ame- dade pretende satisfazer.
vannah, em 21 de março de 1861, “que a revolu- tistas, vendo o que podia ser feito, acreditaram
rica Through the Civil War (New York: Ginn and Na política, vemos os dois pontos focais como
ção deles havia sido realizada até aqui com vanta- que o fim da guerra estava perto”. – Ibidem,
gem sem o derramamento de uma única gota de II, págs. 29 e 76; James G. Randall, Civil War and Co., 1922), pág. 587. socialismo (coletivismo) e iniciativa privada (de-
sangue e que o temor de um confronto mortal Reconstruction (New York: D.C. Heath and Co., 13. As baixas ocorridas tanto no Norte quanto mocracia). Na economia, os focos são keynesiano
com a União a que haviam renunciado se havia 1937), pág. 281. no Sul atingiram em 1864 a marca dos 137.492, (controle governamental) e livre comércio. Na
quase dissipado”. – Horace Greeley, The American 9. Quando Ellen White escreveu sua funesta seu recorde máximo [informe bastante incomple- educação, centralização no conteúdo versus cen-
Conflict, I (Hartford, CT: O. D. Case, 1866), advertência em princípios de 1862, após quase um to]. – Ibidem, n. 35. tralização no estudante. Na epistemologia, idealis-
págs. 437 e 438. ano de luta, as baixas cumulativas atingiam a mar- 14. Segundo Discurso Inaugural de Lincoln: mo versus naturalismo.

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APÊNDICE M E N S A G E I R A D O S E N H O R
O ministério profético de Ellen G. White

Na teologia, a verdade é a soma total de seus mo “Jesus pagou tudo”. Ou “a expiação foi com- Exemplos de como a elipse teológica funciona:
elementos objetivos e subjetivos. Um foco é a ên- pletada na cruz”, etc.
fase na transcendência (revelação) e o outro é a • Uma ênfase excessiva na santificação subje-
imanência (resposta humana, como a razão e o tiva leva ao sentimento e à razão como prova de
sentimento). Ignorar a existência desses dois focos fé. Isso faz com que muitas vezes a pessoa deprecie
na elipse teológica faz com que a elipse da verda- a autoridade básica de Deus e faça predominar
de se transforme em dois círculos. E os dois círcu-
los têm estado a discutir seu particular ponto de
afirmações como: “Isto não é verdade para mim, a
menos que eu o sinta ou até que faça sentido para
Soteriologia
vista desde a Criação. mim.” Ou as pessoas talvez dêem primazia à “evi-
Mas a verdade bíblica une os dois círculos den- dência” visual, como cura pela fé, glossolalia (falar Lei Evangelho
tro da elipse da salvação. Assim sendo, a revelação em línguas), pregadores carismáticos, abraços, ri-
Doutrina Experiência
com a autoridade da Palavra de Deus atende à ne- sos, reuniões religiosas, etc.
cessidade humana de significado e relevância. Al- • Uma ênfase excessiva na justificação objeti- Palavra Vida
guns chamam esse intercâmbio de encontro da Pa- va tende a tornar a justiça creditada o elemento
lavra objetiva, externa, com a resposta subjetiva mais importante da salvação. Graça Fé
da pessoa que diz: “Esta verdade é para mim.” • Uma ênfase excessiva na santificação subje-
Em outras palavras, quando alguém recorre à tiva (justiça comunicada) tende a fazer do desem-
Bíblia como “verdade” sem dar igual ênfase ao sig- penho humano a base da salvação.
nificado e relevância pessoal, sabemos que a elip- • Uma ênfase excessiva no Cristo sobre a cruz
se se converteu em dois círculos. Por outro lado, tende a eclipsar a importância essencial de Cristo
quando alguém recorre principalmente à razão ou como nosso todo-poderoso Mediador/Sumo Sacer-
ao sentimento como prova da verdade (autonomia
humana), sabemos também que a elipse se trans-
dote e/ou minimizar a importância da obra essen-
cial do Espírito Santo. Expiação
formou em dois círculos. • Os que enfatizam excessivamente a livre gra-
A verdade da salvação une a vontade objetiva ça tendem a buscar segurança na obtenção de ajus- Cruz Lugar Santíssimo
de Deus e o “sim” subjetivo de uma pessoa respon- tes legais nos livros celestiais sem entender que ar-
sável (capaz de responder). Assim como a água rependimento inclui mais do que o perdão. Por Vítima Sacerdote
não pode ser dividida em hidrogênio e oxigênio e outro lado, os que não colocam a devida ênfase na
continuar sendo água, assim também os elementos graça tendem a buscar sua segurança num compor- Substituto/Exemplo Intercessor/Capacitador
objetivos e subjetivos da salvação não podem ser tamento legalista. Nenhum dos dois grupos vê o
divididos e continuar sendo “salvação”. conceito mais amplo de um Senhor misericordio-
A graça, por exemplo, só cumpre sua tarefa so e perdoador que concede Seu poder pessoal ao
quando homens e mulheres de fé respondem. Do penitente no processo de restaurar pecadores em
mesmo modo, o perdão só é concedido àqueles que filhos confiáveis e prazerosamente obedientes que
cumprem as condições por ele estipuladas, tal co- confiarão no Pai celestial para sempre.
mo o sincero desejo de obter poder para vencer o Em suma, apoiar e enfatizar somente um ponto
mal para o qual se busca o perdão. focal na elipse é distorcer a verdade. Se bem que ca-
Todas as divisões existentes entre as diversas da ponto focal na elipse enfatize verdades dignas de Soteriologia
igrejas da cristandade, bem como entre o cristia- dar-se a vida por elas, os argumentos jamais terão
nismo e as outras religiões mundiais, ocorrem fim enquanto a pessoa não aceita o quadro total das JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SANTIFICAÇÃO PELA FÉ
quando a elipse é ignorada. Quando um dos focos verdades enfatizadas em ambos os focos. Esta com-
Perdão Poder
se torna o “círculo da verdade”, temos seguramen- preensão da verdade é tão inevitável quanto juntar
te uma heresia (uma verdade parcial que se torna hidrogênio com oxigênio para se obter água. Perdoado Purificado
um erro inteiro). Os escritos de Ellen White transcendem os cír-
Por exemplo: culos de argumentação de metodistas e presbiteria- Por nós Em nós e por meio de nós
• Uma ênfase excessiva sobre a justificação ob- nos, por exemplo (ou os círculos de argumentação
jetiva leva à passividade humana, fazendo com do cristianismo e do hinduísmo, de outro ponto de
que a fé se torne acima de tudo uma questão de as- vista), encarando a verdade mais como uma elipse
sentimento intelectual à revelação. Isso leva mui- abrangente do que como uma tenaz luta de para-
tas vezes ao emprego descuidado de expressões co- doxos e eternas tensões.

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ÍNDICE GERAL M E N S A G E I R A D O S E N H O R
O ministério profético de Ellen G. White

“luz maior” comparada aos escritos de E. G. Ciência Cristã 37, 47, 48


White 408, 409, 417 Citações

Índice Geral não substituída pelas visões de E. G. White


170, 417
única regra de fé e prática dos cristãos 171,
de E. G. White usadas indevidamente 175,
389-391, 394-405
Clough, Mary 85, 315, 478
377 Colcord, W. A. 441
unidade nem sempre evidente 375 College of Medical Evangelists 356-360
A_________________________ usados por E. G. White 109-111, 116-118, Biblioteca de E. G. White 73, 111, 444 Colportagem 363
Abolicionistas 46 128, 444-451 Bolton, Fannie 110, 241, 315, 445, 479-482 Comissão
Adoração dominical 161 Associação Bonfoey, Clarissa 159, 488 de Depositários do Patrimônio Literário
Adventistas Beneficente e Médico-Missionária Boulder Sanitarium 152 White 528-530
da Era Vindoura 50, 230 Internacional 185, 187, 225, 296 Bourdeau Competição 349, 350
evangélicos 50 Geral dos ASD votou decisões sobre o A. C. 145 Compilações
sabatistas 157, 272 Espírito de Profecia 148, 149 D. T. 105, 106, 145, 241, 428 dos escritos de E. G. White 529-532
Ajuda governamental às igrejas 220-222 Internacional da Escola Sabatina 187 Brownsberger, Sidney 355 Congresso Bíblico
Álcool 326 e 327 Internacional de Liberdade Religiosa 187 Burden, John 241, 357 de 1919 120, 121, 434-443, 460
Alimentos cárneos 312-316, 322-324, 399 Ataques cardíacos 321 Burham, Eliza 118 Conradi, L. R. 441
Amadon, G. W. 428 Atitudes Butler, G. I. 88, 234, 242, 410, 430 Corliss, John O. 82, 85
Amalgamação afetam as percepções 196, 203, 374, 394, 417, Byington, John 242, 300 Cornell, M. E. 140, 231, 283, 300
declarações de E. G. White a respeito de 491, 418, 495 Correções gramaticais
492 Ver Pressuposições C____________________________________ nos escritos de E. G. White 110, 116
Ana Austrália Café 282, 283, 313, 324, 327 Credo 426
profetisa de Deus 19 E. G. White na 64, 81, 82, 98, 155, 156, Cafeína 324, 327 Criação 223
Andrews 163, 165, 166, 235, 313, 315 Calvin, John 377 Crises de epilepsia
Angeline 289 Avondale College 98, 154, 155, 163, 190, 239, Caminho a Cristo 116, 444, 445 como suposta fonte das visões de E. G. White
Charles 91 315, 355, 356 Campo sulista 155, 214-216 62, 63
J. N. 80, 85, 91, 117, 157, 211, 220, 233, Câncer 322-325, 328, 329, 334-337 Crisler, Clarence C. 243
239, 289, 290, 429, 458, 470 B______________________________________ bexiga 323 Crosier, O. R. L. 362
Mary 91, 289, 290 Babilônia boca e faringe 325 Czechowski, M. B. 211
Anjos Igreja ASD não é 231, 232, 397 cólon 321, 326, 328, 335
revelam Deus aos seres humanos 9 Ballenger linfoma 323 D____________________________________
Ano de 1888 A. F. 204-206, 240, 441 mama 323, 328, 335 Dammon, Israel 473-475
195-197, 234, 251, 374, 417, 423, 438, 482 E. S. 380, 441 ovários 323 Daniel
Apetite 292, 293 Bates pâncreas 323 fenômenos físicos acompanhavam as visões
Apostasia José 117, 144, 145, 157, 240, 280, 288, 290, próstata 323, 328, 335 de 12, 26, 27
anatomia da 232 362, 427, 487, 491 pulmão 325, 329, 330 Daniells, A. G. 91, 163, 201, 214, 242, 434-441,
Argumentos Battle Creek Canright 517
nunca empregar, se não forem inteiramente College 163, 185, 186, 201, 229, 354, 355, D. M. 56, 102, 120, 150, 151, 234, 242, 314 Dansville, NY 301, 302
retos xiv, xv 427 Cartas de E. G. White 116 Davis, Marian 98, 110, 111, 116-118, 243, 445,
Arnold, David 428 Michigan 185, 186, 228, 290 Case, H. S. 230 450, 456, 462, 479-481
Arquivo “Z” 483, 484 Sanitarium, MI 186, 201, 240 Catarata 325 Day Star 52, 362
Artigos periódicos Belden, Frank 229 Catolicismo 161, 162 Débora
de E. G. White 116 Bell, G. H. 233, 241, 354, 470 Cereais 326 profetisa de Deus 18, 39
Assembléia Bíblia Chá 282, 283, 313, 324, 327 Década de 1840
da Associação Geral em Mineápolis 75, 195- dada para propósitos práticos 374 Christian Experience, The 40 ambiente em que E. G. White cresceu 45-48
198, 206, 234, 235, 268, 417, 482 é sua melhor intérprete 373 Christian, L. H. 83 tempo de efervescência profética 36, 37
de observadores do sábado 80 escritos de E. G. White fiéis à 517 Ciência Declarações apócrifas
Assistentes literários fonte principal dos esclarecimentos de E. G. críticas contra as declarações de E. G. White incorretamente atribuídas a E. G. White
usados pelos escritores bíblicos 14, 15 White xiii a respeito da 490-495 402, 403

580 581
ÍNDICE GERAL M E N S A G E I R A D O S E N H O R
O ministério profético de Ellen G. White

Defeitos de nascimento 330 devem ser aceitos pela igreja como verdade Fletcher, W. W. 441 Hawkins, Minnie 111
Derrame cerebral 325, 328 divina 173 Folkenberg, R. S. 538 Healdsburg College 355
Desastres 160, 161 fiéis à Bíblia 517, 518 Fontes literárias Health, or How to Live 158, 285
Desejado de Todas as Nações, O 116, 271, 450, “luz menor” quando comparados às Escrituras usadas por E. G. White 378-380, 444-451, Health Reformer 112, 304-306
451 408, 409, 417 461, 462 Henry
Deus não inspirados verbalmente 387, 388 Foss A. R. 228, 229
caráter de 3, 4, 49, 59, 256, 257, 268 originalidade não é prova 112, 174, 175, 256, Hazen 38, 39, 134, 244 S. M. I. 409, 481, 517
não Se comunica por meio de ditado 15, 16 345, 379, 380, 432, 451, 459, 463 Mary 38 Himes, Josué V. 37, 134
propósito dos, confortar e corrigir 259, 416 Samuel 38 Hipnose 330, 331
Dever conhecido 274, 295, 304, 310, 326, 400
regras de interpretação dos 388-391, 394-405 Fox, irmãs 38, 161 Hipólito 21
Diabetes 328
relação para com a Bíblia 417, 418 Foy, William Ellis 38, 40, 41, 134
Diários de E. G. White 116 História Eclesiástica 22
revisões 431, 447-451 Frenologia 46, 389, 390
Dívida 228, 417 Hope of Israel 40
sem autoridade doutrinária para o público em declarações de E. G. White a respeito de 389,
Dízimo 220 Houteff, V. T. 534
geral 173 494, 495
Doação sistemática 220 Howell, W. E. 246, 435, 436
submeter à prova 233, 429 Fumo 280, 282, 283, 313, 327, 329, 330
Doença 278, 279 Howland, Stockbridge 144
Espírito Santo Fusão de instituições
Dom de profecia 2, 3 advertências contra 187, 188 Hulda
fala hoje xiv profetisa de Deus 18, 19
o propósito é falar acerca de Jesus 3
inspira os profetas 3 Hull, Moses 231
sem relevância na igreja primitiva 22 G_________________________________
revela Jesus 2 Humor
Dons do Espírito 21 Graham, Sylvester 280
Espiritualismo 37, 38, 46-48, 161, 162, 231 E. G. White tinha bom 94, 95
Dons espirituais 20-22, 134 Grande Conflito
Estilo literário
Drogas 329, 330 tema do xvi, 6, 256-260, 270, 273, 295, 296,
dos escritores bíblicos 15
Dúvida 344-346, 373, 419, 440, 446, 447, 457, I_______________________________
Estrela da Manhã [Morning Star, The] 214, 215
ferramenta eficiente de Satanás xv 458, 518 Idade Média 23
Europa
Grande Conflito, O 113, 271, 387, 388, 445-450 Igreja
E. G. White na 81, 86-88, 94, 103, 113,
E______________________________________ Grande Desapontamento 39, 50, 171, 210 organização da 426
114, 148, 164, 165, 211, 212, 363,
Ecumenismo 222, 223 Grupo Messenger 142, 230 Igreja Adventista do Sétimo Dia 183, 184
364, 447
Edson, Hiram 362 Guerra Civil organização da 183, 184
Eusébio 22
Educação cristã na América do Norte 46, 91, 92, 159, 160, reorganização de 1901 da 184, 185
Evangelho
princípios de 345-351 486, 487 sede transferida para Takoma Park, MD 186,
propósito da restauração do 257, 344, 366
Elipse da verdade 204, 206, 260, 268, 440, 573 Evangelhos 187
Emaús 40, 50, 490 H___________________________________ Igreja Cristã do Advento 50
diferenças entre os 16 Hahn, F. B. 362
Enoque Evangelismo 210-214 Infalibilidade
Hall característica exclusivamente de Deus 376,
primeiro na linhagem dos profetas 10 pela literatura 363 D. P. 230 377
Ensino manual 97 Evolução 223 Lucinda 86 Influências pré-natais 163, 320, 333, 334
Envelhecimento 329 Exercício 327, 328 Hare, Maggie 111, 243
Epilepsia Exército de Salvação 226 Inspiração
Harmon
citada como causa das visões de E. G. White Expiação 268, 269 conceito de E. G. White sobre 421, 422
Caroline 48
62, 63 Extremos 401, 402 definição de 16
Elizabeth 48
Epistemologia 203, 273, 520 Ezequiel não existem graus de 409, 410
Ellen, casamento com Tiago White 48, 52,
Escatologia 270-273 efeitos da visão sobre 27 129 verbal versus do pensamento xvii, 16, 118-
Escola de igreja 95, 96 Eunice Gould 48 120, 173, 375, 376, 387-389, 403, 435-
Escravidão 160, 489 F_______________________________ John 94 441, 457, 460, 461, 470, 518
Escritos de E. G. White Fanatismo 37, 39, 40, 471, 473-475, 503 Mary 48 Instituições educacionais 354-360
assistentes de redação, ver Assistentes Faulkhead, N. D. 165, 166, 244 Robert F., Jr. 48, 49 Instituto da Reforma de Saúde 185, 189, 252,
literários Fermento 321 Robert F., Sr. 48 304
corrente de verdade retilínea 394, 422 Fibra alimentar 321, 322 Sarah 48, 52, 146 Instituto do Ministério da Igreja 515, 522
destinados primordialmente à igreja 176, Fitch, Carlos 134, 490 Haskell, S. N. 88, 120, 156, 199, 213, 221, 246, Irmãs Fox 38, 161
177, 232 Fixação de datas 195 458 Irwin, G. A. 82

582 583
ÍNDICE GERAL M E N S A G E I R A D O S E N H O R
O ministério profético de Ellen G. White

J__________________________________ Loughborough O______________________________ Deus fala aos seres humanos por meio dos 8-
Jemison, T. Housel ix, 10 J. N. 89, 140, 158, 249, 288, 289, 428 Obra de publicações 362-364 23
Jeremias Mary 89 Obra médico-missionária 225, 226 duplo objetivo de sua obra 10
utilizou assistentes literários 14 Lutero, Martinho 377 Olsen, O. A. 228, 229, 249 E. G. White nunca afirmou ser 486
Jesus Cristo Orígenes 21 modelados por limitações físicas e mentais 26
a mais clara revelação de Deus aos seres M______________________________ Ornish, Dean 332, 335 nem sempre entendem a própria mensagem
humanos 9, 257 Maçonaria 46, 165, 166 Ostras 315, 316 34, 35
a natureza divina de 458 Madison College 356 Outubro de 1844 provas de um verdadeiro profeta 28-33
é identificado com o evangelho 2 Magan, Percy 186, 249, 356 22 de 38-40, 50, 134, 157, 490, 507-509 revelam Deus aos seres humanos 9
é o enfoque coerente de E. G. White 515 Manifestações físicas Profetisas 18, 19
esvaziou-Se na encarnação 4 associadas com visões 32, 36, 135, 136 P_____________________________ Psicologia 389
Jones, A. T. 95, 195-197, 235, 247, 374, 439-441, Manteiga 321 Pacific Press Publishing Association 187, 363, 364 Psicossomáticos
482 Masturbação 493, 494 Panteísmo 200-204, 206, 469 conceitos 331
Justiça Matteson, John G. 211 Parkville, MI 137, 148, 158, 486
relação entre, creditada e, comunicada 261- McAdams, Donald R. 447 Patrimônio Literário White 528 Q____________________________
263 Paulo Queijo 317
McCoy, Lycurgus 235
Justino Mártir 21, 22 utilizou assistentes literários 14
McEnterfer, Sara 103, 104, 225
Paulson, David 202, 376, 482 R____________________________
Mensagem laodiceana 271, 272
K________________________________ Pearson Raios X 332, 333
Mensagem/Mensageira 26, 31, 439, 459, 514, 518,
Kellogg C. H. 40 Razão 400, 401
519, 532, 535
J. P. 290 John, Jr. 40, 41 Rebelião 274, 275
Mente
John Harvey 56, 88, 91, 98, 117, 150, 185, Peck, Sarah 110-112 Recreação 348, 349
relação entre corpo e 163, 278, 331, 332
200-204, 225, 247, 282, 283, 290, 291, Pedro Regime alimentar
Mesmerismo 37, 46, 389, 390
294-296, 300, 301, 439-441, 482 utilizou assistentes literários 15 alimentos cárneos 312, 322-324
Messenger
Merritt 290 Pentecostes 36, 177, 197, 457 antioxidantes 324, 325, 334
grupo 142, 230 Período intertestamentário 19 chá e café 324
Will K. 290
Messenger of Truth 230 Peso da evidência 33, 275, 497, 501, 519, 520, críticas ao, de E. G. White 314-317
Kern, M. E. 436, 437
Kilgore, R. M. 300 Mileritas 39, 40, 134, 182, 487, 502, 503 522-524 de E. G. White 280, 281, 312-314
King James Miller, Guilherme 5, 49, 134, 249, 254, 490 Phillips, Anna 536 frutas e vegetais 325, 326
Versão (da Bíblia) 436 Miriã Plágio gorduras 321-323
Kress, Daniel H. 153, 247 profetisa de Deus 18 E. G. White acusada de 334, 456-462 pirâmide alimentar 334
Montanismo 21, 22 Porco 157, 281, 283, 313, 314, 458 Relações raciais
L_______________________________________ Mordomia 220-222 Porta fechada 157, 500-509, 549, 550, 554-568 E. G. White dá o exemplo em 214-216
Lacey, H. C. 98, 247 Mormonismo 37, 38, 47, 48, 183 Portland, ME 45, 46 Relevância 531, 532
Lamson, Phoebe 304 Morning Star, The 214, 215 Pós-milenistas 37 Remédios naturais 280
Lar Movimento Preble, T. M. 362 Reunião de Albany 37
importância do 60 da carne santa 198-200, 204, 206 Predições de E. G. White 159-164 Reuniões campais 47, 84-86, 542, 543
Lay, H. S. 248, 282, 304 da temperança 279, 364-366 Pré-milenistas 37 Revelação
Lee, Ann 37, 430 Mulheres Prescott, W. W. 117, 120, 121, 201, 204, 214, 250, definição de 16
Legalismo 260 assumiram responsabilidades proféticas 18 419, 435, 437-439 meios que Deus usa 9
Lei Present Truth 363, 506, 507 progressiva 170, 281, 282, 403, 531
relação entre o evangelho e a 261-263 N________________________________ Pressuposições 394, 495, 496, 500, 501, 520-522, Ver Verdade
Leite 323, 326 Namoro na escola 400 549 Review and Herald 6, 138, 147, 363, 427
Liberdade religiosa 188, 189, 221 Natal 6 Ver Atitudes Review and Herald Publishing Association 163,
Lindsay, Harmon 228, 229, 248 Nichols Princípios/práticas 316, 397-402 186, 187, 201, 250, 363, 364, 417
Living Temple, The 201-203, 295 Mary 80 Profecia condicional 29, 30, 258, 506 Rhodes, S. W. 80, 155
Livro do Mórmon 38 Otis 80, 145, 146 Profetas Robinson
Loma Linda Sanitarium 189, 190 Nova luz 420 características dos 26-41 A. T. 250
Loma Linda University 248, 356-360 Nozes 324, 325 cometem erros no discernimento 35 D. E. 202, 243

584 585
ÍNDICE GERAL M E N S A G E I R A D O S E N H O R
O ministério profético de Ellen G. White

Rochester, NY 50, 75, 80, 147, 185 Sociedade de Dorcas 224 do Grande Conflito em Lovett’s Grove, OH como oradora pública 124-130
Rowen, Margaret 534 Sociedade Internacional Missionária e de 128, 445, 446, 450 conselhos demonstram bom senso 96, 97
Russell, C. P. 230 Publicações 187 E. G. White segurando pesada Bíblia acima da considerava Jesus seu melhor amigo 6
Sola Scriptura 377, 378 cabeça durante 146 conversão de 49
S_____________________________ Solusi College 221 Visões de E. G. White crises de epilepsia apontadas como fonte das
Sábado Sonhos a mais longa das 145 visões de 62, 63
hora de iniciar e terminar o 157, 458 meios de revelação divina a seres humanos 9 algumas vezes alteraram as opiniões teológi- dedicação a Jesus 5
relação com a criação 223 Southern Publishing Association 155 cas dela 156-158 estilo oratório 125, 126
relação com a doutrina do santuário 553 Spicer, W. A. 201 apontam para a Bíblia 135 ferida por uma colega de escola 48, 63
Sadler, W. S. 482 Stephenson, J. M. 230 as últimas, públicas 137 fotos de 243, 244, 246, 253
Sal 302, 305, 313, 324 Stowell, Marion 146, 147 crises de epilepsia apontadas como fonte das hábitos de leitura de 73, 111, 112
Salamanca Sumo sacerdote 62, 63 impressionada pela pregação de Guilherme
visão de 151, 188 Jesus como nosso 4, 134, 204, 271, 500 fenômenos físicos que acompanhavam as Miller 5
Salvação pela fé 195-198, 268, 269 Sutherland, E. A. 186, 356 135-137 levou pessoas necessitadas para casa 82
Samuel lista parcial das 546-549 lutou contra o desânimo 74, 75
papel profético de 10, 11 T_____________________________ não substituem a Bíblia 170 magnitude da produção literária 62, 108, 109,
Santificação 204, 272, 273 Takoma Park, MD 83, 186, 187 não um substituto para o estudo da Bíblia 444
Santuário Temperança 47, 364-366 175, 176 não recebeu instrução formal 73
crise a respeito da doutrina do 204-206 Tenney, G. C. 482 primeira das 50, 362 nunca pretendeu infalibilidade 170
celestial 210 Teoria microbiana 320 última das 72 o bom humor de 54, 94, 95
microcosmo do plano da salvação 260 Votar o uso dos direitos autorais de seus livros 83
Testemunhas de Jeová 183
Satanás conselho de E. G. White sobre 139 primeira visão em dezembro de 1844 50
Testemunho de Jesus 3, 21, 535
planeja enfraquecer a fé nos Testemunhos 172 Vulcões 492, 493 saúde física de 62-65
Testemunhos Para a Igreja 117-121, 172
perturba a confiança 535 se autodenominava “mensageira” de Deus
Topsham, ME 80
emprega a dúvida como arma eficiente xv W_________________________________ 170
Trall, Russell T. 305
Saúde Waggoner simplicidade de 80, 81
abrangente visão em Otsego, MI 281-285 E. J. 195-197, 200, 202, 204, 235, 251, 374, tensões no casamento de 54, 543
U_________________________________
conceitos do século dezenove 278, 279, 320 440, 441, 482 última visão em março de 1915 72
Universidade de Loma Linda 248, 356-360
conselhos de E. G. White sobre J. H. 117, 118, 252, 272, 293 última vontade e testamento de 569-572
Urim e Tumim
confirmados pela pesquisa moderna 334-336 Walling, May 243, 312 últimas palavras de 73
meio de revelação divina aos seres humanos 9
princípios de 278, 280, 283-285, 310-317, Washburn, J. S. 441 White, Henry Nichols 48, 57, 58, 74, 283
V__________________________________
336, 337 White, Ellen G. White, James Edson 48, 57, 114-116, 155, 214,
Vegetais/verduras 325, 326 215, 246, 254, 495
relação entre religião e 69, 70, 291-297 algumas vezes tomou emprestado linguagem
Verdade de outros autores 174, 175, 379, 380, 413 White, Tiago [James] Springer 48, 52, 55-57, 83,
sumário dos princípios de E. G. White sobre
no coração do grande conflito entre Deus e alimentos cárneos 312 87-90, 129, 184, 246, 253, 272, 301, 302,
336, 337
Satanás está a xv amadurecimento no discernir e comunicar 427, 543, 544
Sautron, Jeanine 534
Segundo Advento progressiva, desdobramento da 34, 274, 304, 403, 404, 457 White, John Herbert 48, 57, 58
atraso do 488 321, 358, 422, 531 biblioteca de 73, 111, 112, 444 White, Mary K. 116-118
tempo do 258, 506 Vegetarianismo 279, 316, 325, 334 bom senso 95-100, 305, 306, 308, 311, 326, White, William Clarence 48, 57, 88, 95, 115-118,
Sentinel 188, 189 Veltman, Fred 456 400-402, 436 243, 246, 254, 431, 438, 439
Sermões Verbal, inspiração características físicas de 126 Wilcox, F. M. 120, 431, 439, 440
de E. G. White 116 Ver Inspiração características pessoais de 68-77 Wilson, Neal 432
Signs of the Times 6, 120 Vestuário cartas particulares de 114, 115 Wood, Kenneth H. 26, 452
Sistema Imunológico 323 conselho de E. G. White a respeito do 97 casamento com Tiago S. White 48, 52
Smith Viagens ferroviárias 104, 544-546 como escritora 108-121 Y___________________________
Annie 289 Vida na cidade 327 como esposa 53-55 Youth’s Instructor, The 104
Joseph 37, 430 Vinho 306, 310 como ganhadora de almas 70, 71
Uriah 58, 73, 89, 118, 119, 233, 251, 272, Visão como jardineira entusiástica 103, 104 Z___________________________
428-430, 470, 482 de Otsego, MI 281, 282, 302, 314 como mãe 57-60 Zwinglio 377

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