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CENTRO UNIVERSITÁRIO

NOVE DE JULHO
UNINOVE

LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL I

MATERIAL DE APOIO

CURSO: ADMINISTRAÇÃO GERAL


Por Prof.ª MARIA CHRISTINA CERVERA

ALUNO: TURMA:

1º SEMESTRE – 2008
Quando me amei de verdade

Charles Chaplin

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no


lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E, então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento
emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades.
Hoje sei que isso é... Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a
ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma
situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o
momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável.
Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início, minha razão
chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes
planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito
menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o
Futuro.
Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez...
Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me
decepcionar.
Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa
aliada.
Tudo isso é... Saber viver!

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Plano de Ensino – 2008

Disciplina: Leitura e Produção Textual I


1º Semestre Letivo Carga Horária Semestral: 40 Horas

EMENTA: O curso explora os aspectos lingüísticos – gramático – discursivos, focando


especificamente o uso da língua, as estratégias de leitura, a articulação dos parágrafos nos
textos e os aspectos da coerência e da coesão, inserindo, ainda, temas políticos, sociais e
econômicos contemporâneos, aderentes à área específica da carreira.

OBJETIVOS: Desenvolver no aluno competências para o uso da língua escrita e falada, as


habilidades e estratégias de leitura e o uso de coerência e coesão nos textos escritos.

Aula Cronograma de Aulas - Conteúdo


1ª Língua, Linguagem e Variação Lingüística
2ª As Diferenças entre Fala e Escrita
3ª Conceito de texto verbal e não-verbal
4ª Identificação dos Objetivos, dos Argumentos e das Conclusões nos Textos
5ª Identificação do Desenvolvimento dos Temas dos Textos e Paragrafação
6ª A Estrutura do Parágrafo e o Tópico Frasal
7ª Formas de Introdução do Parágrafo
8ª A Articulação entre os Parágrafos do Texto
9ª A Articulação entre os Parágrafos do Texto
10ª Estratégias de Leitura
11ª A Coerência e a Coesão no Texto
12ª Os Defeitos na Coerência e na Coesão
13ª Os Defeitos na Coerência e na Coesão
14ª Os Conectivos como Elementos de Coesão e Coerência Textuais
15ª Os Conectivos como Elementos de Coesão e Coerência Textuais
16ª Os Conectivos como Elementos de Coesão e Coerência Textuais
17ª Outros Recursos de Coesão e Coerência Textuais
18ª Outros Recursos de Coesão e Coerência Textuais
19ª Problemas da língua
20ª Problemas da língua

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BLIKSTEIN, Isidoro. Técnicas de comunicação escrita. 4. ed. São Paulo: Ática, 1987.
BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as idéias. 8. ed. São Paulo: Ática, 2002.
CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 15. ed. São Paulo: Ática, 2002.
GARCIA, Othon Marques. Comunicação em prosa moderna. 14. ed. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1988.
KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria & prática. Campinas: Pontes/Editora da Unicamp,
1993.
KOCH, I.G.V. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997.
KOCH, I. V. e TRAVAGLIA, L. C. . Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1989.
MARCUSCHI, Luiz Antônio.Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo:
Cortez, 2001.
ROJO, R. H. (org.). A prática da Linguagem na sala de aula. São Paulo: EDUC /
Mercado das Letras, 2000.
SOARES, Magda Becker; CAMPOS, Edson Nascimento. Técnica de Redação. Rio de
Janeiro: Editora ao Livro Técnico, 1978.
VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. 11. ed. São Paulo: Ática, 2001.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto para estudantes
universitários. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.
KLEIMAN, A. Leitura: ensino e pesquisa. Campinas: Pontes, 1987
PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
SERAFINI, Maria Teresa. Como escrever textos. 10. ed. Coleção dirigida por Humberto
Eco. São Paulo: Editora Globo, 2000.
VALENTE, André. A linguagem nossa de cada dia. Petrópolis: Ed. Vozes, 1977
VIANA, A. C. Roteiro de Redação: lendo e argumentando. 1. ed. São Paulo: Scipione,
1999.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita.
São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Importância e foco da disciplina:

O bom texto não seleciona só no vestibular; em recrutamentos, avalia o poder de


argumentação e de raciocínio. Na vida profissional o domínio do idioma é imprescindível.
Tanto na fala como na escrita, é fácil de analisar o nível intelectual e o nível de atualização
de um candidato a um cargo qualquer , o que, geralmente, serve para uma decisão final
para aquele que seleciona. O trabalho com textos mais a compreensão da sua estrutura e
dos elementos desta estrutura, habilita o aluno a organizar seu pensamento, por
conseguinte, seus textos tornando-os lógicos e objetivos, entre outras competências.

Horários manhã:
07h50min – 09h30min
09h30min – 09h50min – intervalo
09h50min – 11h30min

Horários Noite:
 19h15min – 20h55min
 20h55min – 21h20min - intervalo
 21h20min – 23h00min

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Metodologia

 Aulas expositivas;
 Trabalho individual e em grupo;
 Leitura e produção de textos diversos;
 Atividades diversificadas.

Presença:
A aprovação na disciplina está condicionada, além do aproveitamento de notas – média 6,0, à
presença de 75%, portanto o limite de faltas corresponde a 25%, ou seja :
Carga horária de 40 horas – limite de faltas = 10 faltas

São condições para aprovação na disciplina:


a) Alcançar o mínimo de freqüência igual a 75% das aulas previstas;
b) Obter grau numérico igual ou superior a 6,0 (seis
Faltas justificadas/abonadas: somente as faltas previstas pela legislação vigente, ou
seja:

 Licença maternidade
 Doenças infecto contagiosas / crônicas
 Regime domiciliar

Nestes casos, e demais previstos por lei, os atestados deverão ser entregues
diretamente à Secretaria, no prazo máximo de 48 horas.
Faltas em avaliações:
O calendário de aulas e provas será seguido rigorosamente.
NÃO HAVERÁ PROVA SUBSTITUTIVA.

Acompanhe sempre o calendário escolar. Você tem nele todas as informações acadêmicas
importantes

Outros aspectos: celular, cigarro, saídas antecipadas, atrasos (presença e entrega de


trabalhos), notas individuais e em grupos.
Exemplo: Condutas e Comportamentos Esperados
 Aparelhos de celular devem ser mantidos desligados durante as aulas. Em caso de
urgência, devem permanecer no vibra call e ser atendido fora da sala discretamente.
 Saídas contínuas da sala de aula prejudicam o andamento das aulas, bem como dos
trabalhos, interferindo na pontuação do grupo quanto à participação.
 É proibido fumar nas salas de aula.
 Atrasos e saídas antecipadas devem ser evitados para não prejudicarem o andamento
dos trabalhos.
 Sua apostila será cobrada em todas as aulas.
 As datas previstas para entrega de trabalhos deverão ser cumpridas rigorosamente.
 Os trabalhos em grupo deverão ser bem distribuídos a todos os integrantes de modo a
possibilitar o envolvimento e o desenvolvimento de todos.
 Espera-se união, cooperação e compreensão entre os integrantes do grupo, a
participação de todos na aula, o franco relacionamento baseado no respeito mútuo entre
todos: professor e alunos.
 Ótimo início de semestre letivo para todos!

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Para as nossas avaliações:
Instruções para a realização da Avaliação

Leia atentamente antes de iniciar a prova:

 A interpretação dos enunciados das questões faz parte da avaliação.


 Para evitarmos situações confusas/desagradáveis, não responderei a nenhum
tipo de dúvida/questão (exceto problemas gráficos/impressão).
 Coloque Nome, RA e Turma em todas as páginas.
 Responda às perguntas utilizando apenas o espaço marcado para cada resposta,
ele é suficiente.
 Cada resposta que ultrapassar o espaço delimitado perderá 0,5 (meio) ponto.
Todas as respostas a caneta azul ou preta.
 Você deverá ter em sua mesa apenas: caneta, lápis, corretivo e RA.
 Se utilizar corretivo, assine e date ao lado da resposta rasurada.
 Todo rascunho deverá ser feito na própria prova.
 Proibido sair da sala ou atender ao celular durante a avaliação.
 Após concluir sua avaliação risque todos os espaços em branco.
 Sua atitude, postura e comportamento, durante a avaliação, será o reflexo de
sua conduta como aluno.
 Qualquer atitude antiética será anotada discretamente para não incomodarmos
os demais alunos.

Programa de Incentivo à Leitura

Objetiva desenvolver o hábito da leitura, atualização de técnicas e desenvolvimento


comportamental por intermédio da leitura de um livro não didático por semestre do curso.

1º semestre

Quem Mexeu no Meu Queijo? Johnson Spencer-Record, 2002.

2º semestre

O Segredo de Luiza. 15ª ed. Fernando Dolabela. Cultura, 2004.

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Seção 1: Linguagem, Língua entre outros assuntos iniciais

Linguagem:

Linguagem é a representação do pensamento por meio de sinais que


permitem a comunicação e a interação entre as pessoas.
-Linguagem verbal: é aquela que tem por unidade a palavra.
-Linguagem não verbal: tem outros tipos de unidade, como gestos, o
movimento, a imagem e etc.
-Linguagem mista: como as histórias em quadrinhos, o cinema e a tv que
utilizam a imagem e a palavra.

Língua:

É o tipo de código formado por palavras e leis combinatórias por meio do qual
as pessoas se comunicam e interagem entre si.

Variedades lingüísticas:

São as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições


sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
-Norma culta: é a língua padrão, a variedade lingüística de maior prestígio social.
-Norma popular: são todas as variedades lingüísticas diferentes da língua padrão.

Dialetos:

São variedades originadas das diferenças de região, de idade, de sexo, de


classes ou de grupos sociais e da própria evolução histórica da língua (ex.: gíria)

Intencionalidade discursiva: são as intenções, explícitas ou implícitas, existentes na


linguagem dos interlocutores que participam de uma situação comunicativa.

Conceituado:

Texto: é uma unidade lingüística concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela
visão (na escrita), que tem unidade de sentido e intencionalidade comunicativa.

Discurso: É a atividade comunicativa capaz de gerar sentido desenvolvido entre


interlocutores. Além dos enunciados verbais, engloba outros elementos do processo
comunicativo que também participam da construção do sentido do texto.

Gênero de texto refere-se às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos


da Literatura, temos, por exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc.

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Para a Linguística, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos
por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crõnica , do conto, vamos também
identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tantos outros exemplares
de gêneros que circulam en nossa sociedade.

Quanto a forma ou estrutra das sequências linguísticas encontradas em cada texto,


podemos classificá-los dentro dos tipos textuais partir de suas estruturas e estilos
composicionais.

Tipos textuais: em linguística, tipos textuais refere-se ao modo como o texto está
escrito.

Leva-se em conta as estruturas e formas composicionais para se definir um tipo de


texto. Os exemplos mais conhecidos são: narração, argumentação, exposição e
descrição.

Os tipos textuais são em número limitados. Já os gêneros textuais são ilimitados,


visto que são textos orais e escritos produzidos por falantes de uma língua em um
determinado momento histórico.

Assim, um tipo textual pode aparecer em qualquer gênero textual, visto que o gênero
textual não está limitado à forma, mas obedece aos princípios comunicativos de uma
comunidade discursiva.

Coesão textual são as articulações gramaticais existentes entre palavras, orações,


frases, parágrafos e partes maiores de um texto que garantem sua conexão
seqüencial.

Coerência textual é o resultado da articulação das idéias de um texto ; é a


estruturação lógica- semântica que faz com que numa situação discursiva
palavras e frases.

Seção 2: Leia o texto abaixo:

A LÍNGUA DO ADOLESCENTE
LINGUAGEM ESPECIAL OU GÍRIA?

Simone Nejaim Ribeiro (UERJ e UNESA)

Sendo este um estudo que envolve aspectos lingüísticos e sociais, relembremos a


visão da língua como um fato social, sendo também necessário – já que abordaremos a
linguagem do adolescente – fazermos uma distinção entre linguagem especial e gíria. Para
isso, tomaremos por base o artigo “Em Torno dos Conceitos de Gíria e Calão”, de Celso
Cunha, de 1941 (PEREIRA, 2004: 237-262).

Podemos afirmar que nas linguagens especiais encontramos fatores psicológicos e


sociais, entre outros, que agrupam as pessoas de acordo com a profissão, a religião, as
atividades esportivas, etc. Esses grupos se expressam através do sistema lingüístico
comum a todos, fazendo uso de certas particularidades expressivas e representativas desse
sistema.

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Sabemos que a gíria dá um novo significado as formas já existentes ou que tenham
sido alteradas nesse sistema lingüístico comum. O objetivo da gíria é não se fazer entender
por quem não pertence a um determinado grupo. Logo, ela pretende manter a identidade e a
consciência de um determinado grupo social.

Por isso, a diferença básica entre a gíria e a linguagem especial está no paradoxo
existente entre a originalidade e o anonimato. Ou seja: a criação de termos e expressões
pode servir ao desejo de não se fazer entender por estranhos ao grupo, mas a esse objetivo
pode-se acrescentar a natural necessidade de auto-afirmação desse mesmo grupo, o que o
levaria a buscar meios de imposição de sua expressão lingüística. De sua parte, a
comunidade geral tende a receber essas inovações também de forma antagônica, opondo
os sentimentos de conservadorismo e de curiosidade. Assim, estamos diante de um dos
mecanismos mais interessantes no que tange à evolução da língua.

Vejamos o que diz Celso Cunha:

Em todos os grupos humanos organizados, desde o momento em que adquirem


a consciência de sua unidade, os que não pertencem ao círculo, os não iniciados,
passam a ser vistos como profanos. E é justamente daí que decorre o antagonismo
entre a ação uniformizadora da sociedade geral, procurando estagnar a língua,
pela resistência da inércia coletiva a toda invenção lingüística, e a ação dos grupos
particulares tentando diferenciá-la, principalmente quando se trata de um grupo
mais ou menos fechado e autônomo. (2004: 244)
Entretanto, a linguagem especial pode passar à gíria
...desde o momento em que deixe de ser uma proteção involuntária do grupo,
mas no instante em que este, tomando consciência do caráter enigmático de sua
linguagem, passe a usá-la voluntariamente, em ocasião oportuna, como arma não
só de defesa mas também de ataque aos profanos. (2004: 244)
Como se vê, toda gíria é uma linguagem especial, mas nem toda linguagem especial é
obrigatoriamente uma gíria, o que se poderia condensar na definição dada por Zélio dos
Santos Jota (1976: 154), ou seja, a gíria é uma "linguagem especial de conteúdo expressivo
vigente em um grupo social".
Continuando no caminho das referências acerca desse termo, vejamos mais alguns
depoimentos acerca do verbete "gíria".
[gíria é] em sentido lato, [a] linguagem especial de um grupo social ou classe
profissional; em sentido restrito, linguagem particular de um grupo caracterizada por
deformações intencionais, criações anômalas, transformações semânticas, de
caráter burlesco, jocoso ou depreciativo. (LUFT, 1973: 91)
[num sentido lingüisticamente] mais técnico: representa exclusivamente uma forma
de língua na qual o léxico específico está ligado a um grupo social, ou porque o
grupo tem uma vida fechada (a gíria politécnica), ou porque ele elaborou uma
língua secreta que o protege (a gíria dos malfeitores, a gíria dos mercadores,
comerciantes).[1] (MOUNIN, 1993: 40)
[a gíria é uma] variedade lingüística compartilhada por um grupo restrito (por idade
ou por ocupação), que é falada para excluir da comunicação as pessoas estranhas
e para reforçar o sentimento de identidade dos que pertencem ao grupo.[2]
(CARDONA, 1991: 159)

Frise-se também que, de um modo geral, a criação dessas línguas especiais atende
a uma necessidade do falante, que emprega vocábulos que dão mais clareza a um conceito
ou que designam significações novas.

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Observando o léxico das línguas especiais, vemos que ele é organizado pela
formação de novos vocábulos, a partir de elementos da língua comum, através de
significação nova, ou pelo uso de estrangeirismos. Encontramos também muitos casos de
elipse e de troca de classe gramatical, o que serve de excelente material para a
comprovação da vitalidade da língua. Além disso, mesmo nas vezes em que os vocábulos
originais ou os oriundos de línguas estrangeiras não são entendidos da forma como
deveriam, isso não impede sua utilização, ainda que foneticamente alterada ou adaptada
pela pronunciação. Como esses vocábulos são utilizados por muitas pessoas, acabam
sendo incorporados com as eventuais modificações provocadas pelo princípio do menor
esforço ou da economia de energia ou pela analogia.

A gíria é, portanto, derivada de contribuições variadas da língua comum,


incorporando arcaísmos, neologismos, aspectos estilísticos, mudanças sintáticas e outros
recursos que, a princípio, teriam o objetivo de tornar uma linguagem irreconhecível. No
entanto, como pode ter também uma conotação negativa, a gíria que concretiza a maneira
de falar específica de um grupo profissional pode receber a denominação de "linguagem
especial" ou "tecnoleto" ou "microlíngua", conforme suas características intrínsecas.

Além disso, muitos estudiosos e teóricos vêem a gíria como o conjunto de expressões
pertencentes ao linguajar popular e aos modismos de certas épocas.

Assim, se seguirmos a tendência de considerar a linguagem especial dos


adolescentes um modo de comunicação que se destina somente aos iniciados, que estão a
par de seus significados simbólicos, ela será tomada como gíria. A esse respeito, é
interessante observar o fato de muitas revistas se especializarem em assuntos que
envolvem os gostos e interesses dos adolescentes, formando um público especial, que
entende os termos usados. Sob este prisma, somente esse público iniciado entenderia, a
princípio, tal linguagem. Apesar disso, embora inicialmente restrita a um pequeno grupo,
muitas vezes ela passa a fazer parte da língua cotidiana. Por isso, é natural a oscilação
entre considerar ou não a "língua do adolescente" um caso de gíria, pelo menos no que
tange às definições técnicas desse termo. Como a gíria está em contato com a língua
comum, muitas de suas leis são iguais às da língua comum, com diferenças apenas no
léxico.

A propósito, vejamos na definição de Lázaro Carreter para gíria de que forma o


enquadramento rigoroso da linguagem do adolescente como gíria ou como língua especial é
tarefa pouco confortável:

Língua especial de um grupo social diferenciado, usada por seus falantes apenas
enquanto membros desse grupo social. Fora deste, falam a língua geral. [3] (1974: 251).

Por este conceito, a língua do adolescente não é gíria porque pretende atingir de
forma original as pessoas de fora do seu grupo, a fim de incorporá-las a ele. Todavia, não
deixa de ser gíria porquanto, fora do universo do adolescente, seus falantes adotam a língua
geral.

Essas definições mostram como o termo "gíria" pode ser tomado ou empregado de
maneiras variadas, o que também se depreende das palavras de Mattoso Câmara Jr.:

Em sentido estrito, uma linguagem fundamentada num "vocabulário parasita que


empregam os membros de um grupo ou categoria social com a preocupação de se
distinguirem da massa dos sujeitos falantes" (MARROUZEAU, 1943, 36), o que
corresponde ao que também se chama JARGÃO. Os vocábulos da gíria ou jargão
coexistem ao lado dos vocábulos comuns da língua: "a gíria só se torna tal porque

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se projeta num fundo de tela que não é gíria" (KRAPP, 1927, 64); ela abrange o
vocabulário propriamente dito e a fraseologia. A origem pode estar em: – a)
derivações anômalas (ex.: bestialógico, da gíria dos estudantes), b) deformação de
vocábulos usuais (ex.: brilharetur, idem), c) metáforas ou metonímias (ex.: burro,
idem, para um texto grego ou latino com tradução literal), d) especialmente digna
de nota a gíria dos malfeitores, designada como calão. Há gírias em classes e
profissões não só populares, mas também cultas, sem qualquer intenção de chiste
e petulância, que comumente caracteriza as primeiras; mas em todas há uma
atitude estilística. Quando se trata de mero vocabulário técnico, sem essa atitude,
tem-se a LÍNGUA ESPECIAL, como a dos médicos baseada em helenismos
técnicos. Em sentido lato, a gíria é o conjunto de termos que, provenientes das
diversas gírias em sentido estrito, se generalizam e assinalam o estilo na
linguagem coloquial popular, correspondendo aí ao papel da língua literária na
linguagem poética. Amplia-se com o uso de termos obscenos ou pelo menos
grosseiros para a expressão de uma violenta linguagem afetiva. (1986: 127)

No caso dos jovens, citando a situação específica da linguagem dos estudantes,


assim se expressa Mônica Rector:

A “gíria” dos estudantes é uma linguagem especial, própria de um grupo social e


etário. Trata-se de termos e expressões que se referem a uma determinada
atividade. No caso dos estudantes, a linguagem empregada tem a intenção de
fazer com que não sejam compreendidos, principalmente pelos professores e
sejam identificados como alunos. Assemelha-se ao que I. Iordan (p. 632-34) chama
de “argot”: a) pertence a uma categoria social determinada, a um grupo de
indivíduos que, ao lado da gíria, usam a língua comum, e b) pode ser utilizada com
a finalidade de não ser compreendida pelas pessoas que não pertencem ao
respectivo grupo. Tem a intenção de “impressionar” e “chamar a atenção” dos não
iniciados, sobretudo por parte dos universitários. (1975: 101)

Portanto, para os objetivos a que nos propomos, adotemos a posição de que a


linguagem do adolescente é um caso particular de linguagem especial, pois contém
características da gíria, mas, ao mesmo tempo, se insere nas relações comunicativas com a
língua comum. Fora do rigor técnico, pode-se, todavia classificá-la como gíria ou jargão,
entendendo-a como um conjunto de expressões estilísticas de cunho popular.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Ieda Maria. A constituição da normalização terminológica no Brasil. São Paulo:


FFLCH/USP, 1996

––––––. Neologismo, criação lexical. São Paulo: Ática, 1990.

––––––. Glossário de termos neológicos da economia. São Paulo: CITRAT FFLCH/USP,


1998.

BASÍLIO, Margarida. Teria lexical. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1995.

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico. São Paulo: Loyola, 1999.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática. 15ª ed. Petrópolis:
Vozes, 1986.

11
CARDONA, Giorgio Raimondo. Diccionario de lingüística. Barcelona: Ariel, 1991.

CARNEIRO, Marísia, org. Pistas e travessias. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999.

CARRETER, Fernando Lázaro. Diccionario de términos filológicos. 3ª ed., Madrid: Editorial


Gredos, 1974. 460p.

CARVALHO, Nelly. Empréstimos lingüísticos. s/ed. São Paulo: Ática, 1989. 83p.

CLARE, Nícia de Andrade Verdini. A linguagem da política: inovações lingüísticas no


português contemporâneo. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2004.

CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 2ª ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1989.

CUNHA, Celso Ferreira da. Conservação e Inovação no Português do Brasil. In: O eixo e a
roda, Revista de literatura brasileira, Belo Horizonte: v.5, 1986.

––––––. Em torno dos conceitos de gíria e calão. In: PEREIRA, Cilene da Cunha. Sob a Pele
das Palavras. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Academia Brasileira de Letras, 2004.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 2ª


ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,


2001.

JOTA, Zélio dos Santos. Dicionário de lingüística. Rio de Janeiro: Presença, 1976.

MOUNIN, Georges. Dictionnaire de la lingüistique. Paris: Quadrige; PUF, 1993.

RECTOR, Mônica. A linguagem da juventude: uma pesquisa geo-sociolingüística. Petrópolis:


Vozes, 1975.

[1] il désigne exclusivement une forme de langue dont le lexique spécifique est lié à un groupe social, soit parce que le
groupe a une vie fermée (l'argot de Polytechinique), soit parce qu'il a élaboré une langue secrète qui le protège (l'argot
des malfaiteurs, l'argot des maquignons).

[2] Variedad lingüística compartida por un grupo restringido (por idad o por ocupación) que es hablada para excluir a
las personas ajenas de la comunicación y para reforzar el sentimiento de identidad de los que pertencen al grupo.

[3] Lengua especial de un grupo social diferenciado, usada por sus hablantes sólo en cuanto membros de ese grupo
social. Fuera de él hablan la lengua general.

...........................................................................................................................................................
Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos

http://www.filologia.org.br/ixcnlf/12/04.htm acesso em 15/02/08

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TRABALHANDO O TEXTO:

1) Após a leitura, observe o título do texto e o assunto desenvolvido. A escolha do título


foi apropriada? Por quê?
2) O título é apenas um detalhe na estrutura do texto ou tem função importante? Por quê?
3) O que se pode esperar de um texto com tal título?
4) A que gênero pertence este texto?
5) Após uma segunda leitura, para cada parágrafo do texto, sintetize-o de forma a você
elaborar uma frase-síntese.
6) Organiza em seu caderno a seqüência das frases-síntese, releia-as e volte ao texto
original e veja se estão de acordo com o texto.
7) Elabore o plano global do texto.
8) Elabore um parágrafo onde você estruture uma conclusão sobre o trabalho
desenvolvido com o texto: “A língua do adolescente, linguagem ou gíria?”, que deverá
passar por: Gênero de texto, organização global do texto, linguagem utilizada, meio
onde circula o texto, etc.

Seção 3: Trabalhando o contexto de produção:

Contexto de produção
Contexto físico Contexto social
Lugar de produção: Lugar social:

Momento de produção: A posição social do emissor

Emissor: A posição social do receptor

Receptor:

Suporte: Objetivo do autor:

Conteúdo temático:

Gênero:

BRONCKART, Jean-Paul, Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo


sociodiscursivo. São Paulo: Educ, 1997.

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Seção 4: Conceito de texto verbal e não verbal

Linguagem Não-Verbal

Observe a figura ao lado, este sinal demonstra que é


proibido fumar em um determinado local. A linguagem
utilizada é a não-verbal pois não utiliza do código "língua
portuguesa" para transmitir que é proibido fumar.

Na figura ao lado, percebemos que o semáforo, nos


transmite a idéia de atenção, de acordo com a cor
apresentada no semáforo, podemos saber se é permitido
seguir em frente (verde), se é para ter atenção (amarelo)
ou se é proibido seguir em frente (vermelho) naquele
instante.

Como você percebeu, todas as imagens podem ser facilmente decodificadas. Você notou
que em nenhuma delas existe a presença da palavra? O que está presente é outro tipo de
código. Apesar de haver ausência da palavra, nós temos uma linguagem, pois podemos
decifrar mensagens a partir das imagens.
O tipo de linguagem, cujo código não é a palavra, denomina-se linguagem não-verbal, isto é,
usam-se outros códigos (o desenho, a dança, os sons, os gestos, a expressão fisionômica,
as cores).

http://www.brasilescola.com/redacao/linguagem.htm

O que é linguagem não-verbal?

Consideramos linguagem todas as formas de comunicação que o homem criou ao


longo dos tempos. A linguagem verbal é a da palavra articulada e pode ser oral ou
escrita. As outras todas são não-verbais: linguagens que se valem dos sons, como a
música, as linguagens clássicas e as visuais. Há também as linguagens que são
múltiplas, como, por exemplo, o teatro, a televisão, o cinema, que são visuais,
sonoras, sinestésicas. Envolvem a visão, a audição e o movimento. O homem se
comunica por todo tipo de linguagem, nem sempre é necessário repassar [uma
mensagem] pela linguagem verbal. Por exemplo: atravessamos uma rua e há um
sinal vermelho. Na maioria das vezes não está escrito “Pare”, há somente o sinal
vermelho e ele é uma linguagem. Entendemos que a cor de sinal vermelha é para
parar, que na verde se pode andar e assim por diante.

Quais as principais diferenças entre as linguagens verbal e não-verbal?

A primeira diferença é o meio. Cada linguagem tem o seu suporte. A linguagem

14
verbal, é também uma linguagem mais racional. Daí poder explicitar o raciocínio
lógico, talvez, mais que o movimento, uma cor, ou o som de uma música. Mas isso
não é um julgamento de valor. Depende da necessidade de uso da linguagem.
Normalmente nós usamos mais de uma. Por exemplo: escrevemos um texto,
colocamos um gráfico, uma foto e com isso, nos apoiamos também na linguagem
visual. Das linguagens, talvez a mais pobre em eficiência, em certo sentido, seja a
escrita. Na linguagem escrita não temos modulação de voz, não temos a entonação.
Ao falar, posso ser irônica, engraçada, tremer a voz, demonstrar emoção e na
linguagem escrita não há como fazer isso. Escrevo “amor” e está escrito a palavra
“amor”.

E isso não atrapalha a compreensão?

Exatamente essa “pobreza da linguagem escrita” dá mais margem à imaginação.


Como o leitor não tem todos os dados, ele formula hipóteses mentais, imaginárias, e
cria todo um contexto e uma situação na sua mente que, às vezes, é muito mais rica
do que aquilo que o próprio autor pensou. Então as coisas não podem ser colocadas
de maneira única, maniqueísta. Depende da intenção da mensagem, do contexto,
das pessoas que estão em contato, da participação de cada um na comunicação
para que certo tipo de linguagem seja mais eficiente que o outro, ou para que um
conjunto deles promova uma melhor comunicação.

Em alguns casos, a linguagem não-verbal é utilizada como complemento da


verbal, ou vice-versa. Como se dá essa relação?

Acredito que seja sempre por uma necessidade de comunicação. Aliás, por exemplo,
se a linguagem verbal é oral, ela sempre vem acompanhada, em comunicações
“face a face”, do gesto, da expressão do rosto e, de qualquer maneira, ela sendo
oral, sempre tem uma entoação. Posso dizer uma mesma frase de uma forma
alegre, triste, irônica. Isso vai depender. Quando a comunicação não é face a face,
algumas coisas se perdem. Não se sabe do contexto do interlocutor, onde ele está,
qual a sua expressão, como ele reage a o que se diz. Então se trabalha com
suposições que não são tão eficientes quanto se a conversa fosse realizada “frente-
a-frente”.

Qual é o tipo de linguagem, atualmente, mais valorizado pela sociedade?

Vejo dois movimentos. O primeiro é que a sociedade como um todo valoriza muito o
visual. Vivemos em uma sociedade de imagem, alavancada , talvez, pela
publicidade, pela sociedade de consumo. Por todos os lados nos batem imagens,
outdoors, a televisão, o cinema, a moda, as vitrines enfeitadas. A sociedade de
consumo é altamente visual. Fui há quatro ou cinco anos a Cuba e lá nota-se
exatamente o oposto. Quase não há lojas e as poucas que há são muito mal
arranjadas. No próprio interior dos estabelecimentos os produtos são mal arranjados,
não exploram o aspecto apelativo que há na sociedade de consumo ocidental em
geral. Como o regime não baseia-se no consumismo como tal, o modelo ainda é
contra o capitalismo, sobretudo o norte-americano, fica evidente o que falta de apelo
visual. Talvez possamos aprender mais, olhando o diferente. Então começamos a
entender o que somos. Não é uma questão de ser bom ou ruim, apenas é, está aí na
sociedade. O outro dado é de que a sociedade ocidental é altamente alfabetizada.

15
Tudo tem que acontecer via papel escrito. Por exemplo: no ônibus há o nome e o
número da linha para onde ele vai. Quando precisamos ir para determinado lugar,
tudo é informado através da palavra escrita e isso faz com que ela seja um tipo de
linguagem extremamente valorizada, o verbal escrito.

Como a mídia se utiliza da linguagem não-verbal?

Usam sobretudo, a imagem e a música, creio. Além disso, há as novelas, que são
uma linguagem oral e manipulam extremamente o comportamento do brasileiro. Há,
sem dúvida alguma, uma relação de causa e efeito entre a cultura de massa e o
comportamento. E com muitas outras linguagens além da linguagem verbal. Os
costumes em geral, a moda, a alimentação, a bebida. Em todas as novelas é
possível observar que, sempre que uma personagem entra em um espaço,
geralmente na casa de alguém, o dono da casa oferece uma bebida, seja água,
uísque, um licor, um suco, para estimular o hábito de beber. Criam-se modos de
falar: há o “carioquês, o “gauchês”, dependendo da novela, ou o “nordestês”. Por
isso que as novelas são muito mais atuais, do que de época, pois ela estabelece um
distanciamento com a vida de hoje, ela é menos eficiente nesse sentido.

http://www.facasper.com.br/cultura/site/entrevistas.php?id=134

Leia o texto:
Brilho dourado

O diferencial competitivo de um atleta recordista em natação e de um


executivo generalista
Por Gabriel Penna
Se fosse executivo, o nadador brasileiro Thiago Pereira, de 21 anos, seria um
daqueles jovens profissionais disputadíssimos no mercado. Ele já é dono de nove
recordes sul-americanos e de duas medalhas no Pan-Americano de Santo Domingo.
Além desses bons resultados, o atleta tem um diferencial importante: faz bonito em
várias frentes. Forte candidato à medalha na modalidade medley, que engloba os
estilos de nados borboleta, costas, peito e crawl, ele se classificou para competir em
sete provas nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, que começam em julho.
Isso demonstra que ele reúne dois perfis do mundo do trabalho: o generalista e o
especialista. "Me dedico ao medley porque ele me ajuda a manter o nível em todos
os outros", explica Thiago.
No meio corporativo, não é raro encontrar profissionais com esse estilo "dois em um"
parecido ao de Thiago."São pessoas que têm capacidade para exercer várias
funções, sabem se comunicar em diferentes níveis da organização e liderar
equipes", afirma Arthur Diniz, diretor da Crescimentum Consultoria,de São Paulo. O
grande desafio para esse grupo é demonstrar na prática que o perfil generalista
significa no fundo ser um especialista que deu um passo a mais na sua
especialização. O executivo mineiro Fernando Souza Carmo, de 29 anos, é um
desses profissionais aptos a enfrentar desafios além do seu campo de
especialização, o marketing. "Desde cedo, fiz questão de transitar pelos setores de
planejamento, gerenciamento e administração para adquirir uma visão geral do
negócio", afirma Fernando, que é gerente-geral da multinacional Ifree, especializada

16
em conteúdo para internet. Ele coordena desde o ano passado toda a operação da
empresa na América Latina (veja suas qualidades no quadro abaixo).
Como o nadador Thiago Pereira, Fernando exercita toda sua versatilidade na
posição que ocupa na empresa para superar suas metas, por que não dizer, seus
recordes. No comando de cinco funcionários no Brasil e no México, Fernando
responde pelas áreas de finanças, recursos humanos, planejamento, marketing,
vendas e novos projetos. Para dar conta de tanto trabalho, o executivo tem a seu
favor uma característica comum também a esportistas: a determinação para seguir
em frente apesar das adversidades. "Também é preciso ter maturidade para
administrar as cobranças pessoais e as da empresa", diz. "Sem isso, não tem como
alcançar os melhores resultados."
QUALIDADES
Thiago Fernando

• Talento - Se destaca pelo estilo próprio • Criatividade - Busca novas maneiras de


e versatilidade em várias provas de natação resolver problemas antigos tirando proveito da
como um generalista. experiência em outras áreas.
• Atitude - Evita zonas de conforto porque • Curiosidade - Assimila novos
precisa sempre melhorar seus tempos nas conhecimentos para se desafiar a superar os
competições oficiais. resultados obtidos anteriormente nos
• Disciplina - Segue rigorosamente a negócios.
programação diária de treinos com chuva ou • Comprometimento - Esforça-se para
sol. cumprir compromissos no prazo.
• Determinação - Mantém firme a • Liderança - Consegue motivar
vontade de atingir seus objetivos. profissionais a atingir seus objetivos.
• Foco - Sabe muito bem aonde quer • Atitude - Sabe aonde a empresa quer
chegar: no topo do pódio. chegar e age como se fosse o dono.
• Paciência - Tem consciência de que os • Capacidade de negociação - Consegue
resultados não são imediatos e olha sempre construir com os parceiros uma relação de
para prazos mais longos. ganha-ganha.
• Senso de oportunidade - Agarrou a • Autoconfiança - Fala o que pensa, no
chance de sair de Volta Redonda (RJ) e momento certo, sem ser agressivo, e aceita
mudou-se para Belo Horizonte (MG). correr riscos.

Medalhas cedidas gentilmente pela Êxito Arte e Fator Arte

http://vocesa.abril.com.br/edicoes/0108/aberto/informado/mt_235416.shtml acesso em
13/02/08

17
1. Após leitura do texto acima, fale sobre o efeito visual das fotos em branco e preto e o
detalhe colorido.

Seção 5: Quem mandou perguntar?


Preste atenção nestes exemplos de respostas reais dadas por candidatos durante entrevistas de emprego
– e tome cuidado para não imitá-los.

Há anos – com a colaboração de colegas de Recrutadores de pessoal – venho colecionando respostas


reais dadas por candidatos a emprego. Mas só recentemente descobri que a coleção pode ter a
finalidade prática de confortar conflitos. Quando alguém diz “Não sei, acho que fui mal na entrevista”,
e aí vê preciosidades verbais, percebe que não foi tão mal assim. Alguns exemplos:
Entrevistador - E então, você está construindo uma networking?
Candidato - Veja bem, eu não sou engenheiro, sou administrador.
Entrevistador _Como você administra a pressão?
Candidato _ Ah, tranqüilo, 11 por 7, no máximo, 12 por 8.
Entrevistador - Manter sempre o foco é muito importante. E me parece que você tem alguns lapsos
de concentração.
Candidata _ O senhor poderia repetir a pergunta.
Entrevistador – Como você se definiria em termos de flexibilidade?
Candidato – Ah, eu faço academia. Sou capaz de encostar o cotovelo na nuca.
Entrevistador – Nós somos uma empresa que nunca pára de perseguir os objetivos.
Candidato - Que ótimo! E já conseguiu prender um?
Entrevistador - Vejo que você demonstra uma tendência párea discordar.
Candidata – Muito pelo contrário.
Entrevistador – Em sua opinião, quais seriam os atributos de um bom líder?
Candidato – Ah, são várias coisas. Mas o principal é ter liderança.
Entrevistador – Noto que você não mencionou sua idade aqui no currículo.
Candidato – É que eu uso óculos e isso me faz parecer mais velho.
Entrevistador – E qual a sua idade?
Candidato – Com óculos ou sem óculos?
Entrevistador - Quais seriam seus pontos fracos?
Candidato – Ah, é só o joelho. Até que tive de parar de jogar futebol.
Entrevistador – Há alguma pergunta quer você queira fazer?
Candidato – Eu parei meu carro aí na rua. Será que vou ser multado?
Entrevistador - Por que dentre tantos candidatos, nós deveríamos contrata-lo?
Candidato – Eu pensei que responder isso fosse seu trabalho.
Entrevistador – Como você pode contribuir para melhorar nosso ambiente de trabalho?
Candidato – Bem, eu começaria trocando a recepcionista, que é muito feia.
Entrevistador – Quando digo “sucesso”, qual a primeira palavra que lhe vem à mente?

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Candidato – Pode ser duas palavras?
Entrevistador - Várias pessoas que se sentaram aí nessa mesma cadeira são gerentes.
Candidata – Puxa, o fabricante da cadeira vai ficar muito feliz em saber disso.

(Max Gehringer – Exame – 29/09/04)

Perguntas:
1) Quais são os problemas que os candidatos apresentaram durante a entrevista? Em que nível eles
se apresentam?

Seção 6: A SÍNDROME DO SAPO FERVIDO

RUBEM ALVES

Vários estudos biológicos provaram que um sapo colocado num recipiente


com a mesma água da sua lagoa, fica estático durante todo o tempo em que
aquecemos a água, até que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento da
temperatura (mudanças do ambiente) e morre quando a água ferve. Inchadinho e
feliz.

Por outro lado, outro sapo que seja jogado neste recipiente, já com água
fervendo, salta imediatamente para fora. Meio chamuscado, porém vivo !

Temos vários sapos fervidos por aí. Não percebem as mudanças, acham que
está muito bom, que vai passar, que é só dar um tempo ! Estão prestes a morrer,
porém ficam boiando, estáveis e impávidos, na água em que se aquecem a cada
minuto. Acabam "morrendo" inchadinhos e felizes, sem ter percebido as mudanças.

Sapos fervidos não percebem que, além de não serem eficientes,(fazer as


coisas)precisam ser eficazes(fazer as coisas certas).

E para que isso aconteça, tem que haver um crescimento profissional com
espaço para diálogo, para a comunicação clara, para o compartilhamento, para o
planejamento e para a relação adulta. O desafio ainda maior está na humildade de
atuar de forma coletiva. Fizemos durante muitos anos o culto ao individualismo e a
turbulência exige, hoje, o espaço coletivo, que é a essência da eficácia como
resposta.

Tornar as ações coletivas exige, fundamentalmente, muita competência


interpessoal para o desenvolvimento do espírito de equipe, exige saber partilhar o
poder, delegar, acreditar no potencial das pessoas e saber ouvir.

Há sapos fervidos, que ainda acreditam que o fundamental é a obediência e


não a competência, que, manda quem pode e obedece quem tem juízo!

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Acordem sapos fervidos! Saiam dessa! O mundo mudou! Pulem fora antes
que a água ferva. Precisamos estar vivos, meio chamuscados, mas vivos e prontos
para agir!

Texto transcrito da obra "Teologia do Cotidiano", de Rubem Alves.

1. Qual a ligação deste texto que você leu com o livro “Quem mexeu no meu queijo”?

http://www.geocities.com/historiaeravirtual/sindromedosapofervidopb.html
acesso em 15/02/08

Seção 7: Avalie a reportagem: Lula: crescimento em 2008 será


semelhante ao de 2007 06.02.2008
Por Fabio Graner

AGÊNCIA ESTADO Na apresentação de sua Mensagem ao Congresso


Nacional, lida pelo primeiro secretário da Mesa do Congresso, Osmar Serraglio, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva destaca os resultados econômicos obtidos pelo
País em 2007 e avalia que o crescimento em 2008 será semelhante ao do ano
passado. "A economia brasileira certamente cresceu mais de 5% no ano passado,
com baixa inflação, e, neste ano, continuará crescendo em ritmo semelhante porque
os seus fundamentos estão sólidos e ganharam a confiança de todos, tanto interna
como externamente", diz o presidente.
Segundo ele, o momento favorável da economia brasileira decorre dos
avanços da democracia e também contribui para fortalecê-la e consolidá-la. "Os
dados e os números que estão sistematizados nesta Mensagem certamente
comprovam que vivemos hoje em um País muito melhor do que aquele das últimas
décadas", afirma Lula.
Ele também destacou a inclusão de milhões de famílias no mercado de
consumo, a ascensão social de 20 milhões de brasileiros e o reconhecimento da
ONU de que o Brasil entrou no grupo dos países com alto desenvolvimento humano.
"Crescer de modo sustentado e com inclusão social tem sido nosso objetivo maior e,
sem dúvida, a mais significativa conquista destes últimos anos", diz o presidente.
O presidente enumerou os indicadores econômicos que melhoraram
significativamente no ano passado, como as reservas internacionais na casa de US$
180 bilhões, "correspondendo a mais do que o dobro da dívida externa pública e à
quase totalidade da dívida externa do País". Também mencionou o superávit de US$
40 bilhões na balança comercial, refletindo o aumento das exportações e
importações. Mas não menciona que este saldo caiu em relação a 2006.
Outro destaque feito por Lula é a geração de 1,6 milhões de empregos formais, com queda "contínua" no
desemprego. "E a massa salarial cresceu 7% no ano passado, com os trabalhadores obtendo reajustes acima da inflação em
quase todas as negociações", afirma.

http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0910/economia/m0149847.html

acesso em 13/02/08

20
1. Qual o assunto do texto?
2. Quais os verbos utilizados que representam as ações do presidente segundo o autor da
reportagem? Elenque-os e segmente, a partir deles, as ações apresentadas pelo presidente
Lula.

Seção 8: Resenha e Resumo

1. Responda: O que é resenha?

Ajuda?
Resenha: Substantivo feminino. 1. Ato ou efeito de resenhar. 2. Descrição
pormenorizada. Resenhar: (do lat. Resignare.). Verbo transitivo direto. 1. Fazer
resenha de; relatar minuciosamente as partes. (Dicionário Aurélio.)

Seção 9: Leia:

Livro da série "Folha Explica" aborda profissões do século 21; leia capítulo da
Folha Online.

Voltado tanto para vestibulandos como às pessoas que já estão no mercado de


trabalho, "As Profissões do Futuro", da coleção "Folha Explica", elucida como ficam
as profissões no futuro. Leia abaixo capítulo do livro.

21
A nova economia funciona com base em redes de
conhecimento e exige que, para competir no mercado, o
profissional esteja disposto a se atualizar. Mas cresce o
conflito entre os que apontam um futuro sombrio, para a
maioria sem acesso às novas tecnologias, e os que
apostam num futuro radiante, em que o ócio será mais
valorizado que o trabalho, com oportunidades crescentes
para todos.

Segundo Gilson Schwartz, autor da obra, estes são os


enfoques tratados no livro, cujo primeiro capítulo pode
Livro é assinado pelo ser lido abaixo. Ele explica que "Profissões do Futuro"
colaborador da Folha desmistifica o assunto quando aponta, entre as
Gilson Schwartz ocupações que serão importantes no novo milênio,
ofícios antigos como o de advogado ou cozinheiro, por
exemplo.

Gilson Schwartz é doutor em economia e diretor acadêmico da Cidade do


Conhecimento do Instituto de Estudos Avançados da USP. Editorialista e
colaborador da Folha desde 1983, é membro do conselho editorial da série "Folha
Explica".

Como o nome indica, a série "Folha Explica" ambiciona explicar os assuntos tratados
e fazê-lo em um contexto brasileiro: cada livro oferece ao leitor condições não só
para que fique bem informado, mas para que possa refletir sobre o tema, de uma
perspectiva atual e consciente das circunstâncias do país.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u351846.shtml
Acesso em 13/02/08

Podemos dizer que acima temos resenha? Por quê?

Seção 10: Diferenciando resumo de resenha

O dicionário ajuda?
Resenha: [Dev. de resenhar.] Substantivo feminino. 1 .Ato ou efeito de resenhar. 2
.Descrição pormenorizada. Resenhar: [Do lat. resignare.] Verbo transitivo direto. 1
.Fazer resenha de; relatar
Minuciosamente as partes. (Dicionário Aurélio)

22
Resumo: [Dev. de resumir.] Substantivo masculino. 1 Ato ou efeito de resumir. 2.
Exposição abreviada de uma sucessão de acontecimentos, das características
gerais de alguma coisa, etc., tendente a visão global: síntese, sumário, epítome,
sinopse. (Dicionário Aurélio)

• Leia:

"[...] É sensacional! Méritos para o estreante, roteirista e diretor Sylvain Chomet, que
criou um universo charmoso e criativo, no qual opta por espelhar - se no cinema
mudo apresentando uma mistura de raros diálogos, canções e movimentos. Além da
simples história que exibe uma trama cativante e envolvente o encanto certamente
está no gráfico em 2D, devido aos divertidos traços caricaturados das feições
humanas e dos ambientes com cores leves.[...]"

(MORGAN, Ricardo. As bicicletas de Belleville. In: MACHADO, Anna Rachel;


LOUSADA, Eliane; ABREU Lília Santos. Resenha. São Paulo: Parábola Editorial,
2004. p. 17.)

• Agora leia este outro fragmento:

"Leonardo Boff inicia o artigo ‘A cultura da paz’ apontando o fato de que vivemos em
uma cultura se caracteriza fundamentalmente pela violência. Diante disso, o autor
levanta a questão da possibilidade de essa violência poder ser superada ou não.
Inicialmente, ele apresenta argumentos que sustentam a tese de que seria
impossível, pois as próprias características psicológicas humanas e um conjunto de
forças naturais e sociais reforçariam essa cultura da violência, tornando difícil sua
superação. Mas, mesmo reconhecendo o poder dessas forças, Boff considera que,
nesse momento, é indispensável estabelecermos uma cultura da paz contra a
violência, pois essa estaria nos levando à extinção da vida humana no planeta.
Segundo o autor, seria possível construir essa cultura, pelo fato de que os seres
humanos são providos de componentes genéticos que nos permitem sermos sociais,
cooperativos, criadores e dotados de recursos para limitar a violência e de que a
essência do ser humano seria o cuidado, definido pelo autor como sendo uma
relação amorosa com a realidade, que poderia levar à superação da violência. A
partir dessas constatações, o teólogo conclui incitando-nos a despertar as
potencialidades humanas para a paz, construindo a cultura da paz a partir de nós
mesmos, tomando a paz como projeto pessoal e coletivo.”

(MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos.


Resumo. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. p. 16)

1) Após a leitura dos excertos, e depois das definições encontradas no dicionário,


informe qual dos textos é resenha e qual dos textos é resumo.

23
2) Diga qual dos textos exprime a opinião do autor e destaque os termos que
expressam essa condição: onde o autor do texto informa as questões mais
relevantes e onde ele se posiciona. Destaque as passagens.

3) Que texto não exprime as observações daquele que o produziu? . Onde não
ocorre a interferência desse autor? Se não há comentários, como o autor do texto se
posiciona? Destaque no texto esse posicionamento.

Seção 11: Observe diferentes resenhas em diferentes situações de linguagem:

CINEMA

Um Crime de Mestre (Fracture, Estados Unidos, 2007. Estréia nesta sexta-feira no


país) -- Marido mata a mulher adúltera, assina uma confissão, dispensa auxílio legal,
vai a julgamento com um jovem ás da promotoria na acusação -- e se livra, todo
pimpão, da cadeia, uma vez que cada um de seus passos foi calculado para
invalidar o processo. Não à toa, o promotor do caso sai espumando de raiva,
desmoralizado e determinado a dar ao criminoso o que é de justiça. A presença de
Anthony Hopkins como o assassino e o embate de inteligência que ele trava com
seu adversário mais jovem e menos cultivado (o ótimo Ryan Gosling) deixam claro:
Um Crime de Mestre é um decalque de O Silêncio dos Inocentes. Mas um decalque
divertido, que poderia ser ainda melhor se Hopkins arregaçasse as mangas para
trabalhar e parasse de fazer cara de peixe morto. Veja Cinema, entrevistas com
atores e diretor.

(Disponível em: http://veja.abril.com.br/090507/p_134.shtml. Acesso em: 11 maio


2007.)

DVDs

A Menina e o Porquinho (Charlotte's Web, Estados Unidos, 2006. Paramount) --


Nascido pequeno e fraquinho, o leitão Wilbur escapa do facão por obra de uma
garota teimosa (Dakota Fanning). Mas, como não tarda a descobrir, só um milagre o
salvará de virar bacon no inverno. Wilbur, porém, tem talento para fazer amigos, e
seus colegas de estábulo se unem para ajudá-lo. Central para o plano é a aranha
Charlotte, que promete não descansar até tecer em sua teia uma palavra capaz de
alertar os seres humanos para as qualidades únicas de Wilbur. Adaptado do clássico
infantil de E.B. White, esse filme gracioso, escrito com imenso capricho, é um
programa tanto para crianças quanto para marmanjos. E, mais uma vez, fica a
súplica para que se dê uma chance à versão original, com suas vozes excelentes.

24
(Disponível em: http://veja.abril.com.br/090507/p_134.shtml. Acesso em: 11 maio
2007.)

Murderball -- Paixão e Glória (Murderball, Estados Unidos, 2005. Europa) -- O


tema desse documentário é dos mais difíceis: a rotina da seleção americana de
rúgbi para tetraplégicos -- a qual, como seus integrantes esclarecem, não quer
abraços nem parabéns, mas vitórias e medalhas, pelas quais briga com uma
violência e uma competitividade tão assustadoras quanto arrebatadoras. Os
diretores Henry Alex Rubin e Dana Adam Shapiro fazem questão de honrar a
filosofia de seus personagens, despindo o filme de indulgência. Entre cenas na
quadra e do dia-a-dia dos atletas, trata-se com franqueza absoluta dos acidentes ou
enfermidades que os colocaram em cadeiras de rodas, de sua vida amorosa e
sexual e, principalmente, de desafios superados e de outros para os quais não há
remédio.

(Disponível em: http://veja.abril.com.br/090507/p_134.shtml. Acesso em: 11 maio


2007.)

CDs

Myths of the Near Future, Klaxons (Universal) -- Nos anos 60, os Beatles e os
Rolling Stones foram ícones da chamada "invasão britânica" -- a dominação das
paradas de sucessos dos Estados Unidos por astros da Inglaterra. Desde então, não
há nenhum roqueiro da ilha que não ganhe um título pomposo. É o caso do Klaxons.
O trio se autodefiniu como "new rave" porque emularia o estilo das bandas do início
da década de 90, que tinham por costume misturar rock a elementos eletrônicos. Na
verdade, o rótulo nasceu de brincadeira. Foi criado devido à insistência de um
repórter, que pediu ao grupo que definisse seu estilo. Firulas à parte, Myths é uma
aula de cultura pop. Há canções inspiradas na fase eletrônica de David Bowie (Isle
of Her) e baladas de boa cepa, como Gravity's Rainbow.

(Disponível em: http://veja.abril.com.br/090507/p_134.shtml. Acesso em: 11 maio


2007.)

Outra Praia, Swami Jr. (Independente) -- Em trinta anos de carreira, esse violonista
e compositor paulistano acompanhou (e em muitos casos melhorou) o trabalho de
astros como Chico César, Vanessa da Mata e da lenda viva da música cubana
Omara Portuondo. Outra Praia, seu primeiro disco-solo, mostra que o lugar certo
para ele é a frente do palco. Swami possui uma voz pequena, porém afinada. As
canções mais, digamos, "complicadas" contam com a ajuda de intérpretes como
Luciana Alves, Zélia Duncan e a própria Vanessa, em Livrai-me. Como compositor,
Swami sabiamente evita a síndrome de modernidade que infesta o cenário atual da
MPB. Outra Praia é um álbum sem ruídos eletrônicos nem misturas bizarras, e sim
repleto de canções equilibradas, que vão da "morna", gênero musical de Cabo Verde
(Desamparinho), à bossa nova (Dois).

(Disponível em: http://veja.abril.com.br/090507/p_134.shtml. Acesso em: 11 maio


2007.)

25
LIVROS

A Pista de Gelo, de Roberto Bolaño (tradução de Eduardo Brandão; Companhia


das Letras; 200 páginas; 37 reais) -- Morto em 2003, com apenas 50 anos, o chileno
Roberto Bolaño construiu uma das obras mais originais da literatura contemporânea.
No Brasil, já foram lançadas duas obras suas: Noturno do Chile, uma revisão
cáustica da ditadura de Pinochet, e Os Detetives Selvagens, sobre um estranho
grupo de poetas de vanguarda. A Pista de Gelo, primeiro romance do autor, se
passa no balneário de Z, na Espanha. Dois de seus personagens centrais são, como
o próprio Bolaño foi, exilados que vivem de biscates e empregos medíocres. Eles se
vêem envolvidos com uma misteriosa patinadora -- e com um assassinato. Sim, é
um romance policial. Mas nada em Bolaño é convencional: no início, não se sabe
nem mesmo quem é a vítima do crime.

(Disponível em: http://veja.abril.com.br/090507/p_134.shtml. Acesso em: 11 maio


2007.)

• Leia:

"[...] É sensacional! Méritos para o estreante, roteirista e diretor Sylvain Chomet, que
criou um universo charmoso e criativo, no qual opta por espelhar - se no cinema mudo
apresentando uma mistura de raros diálogos, canções e movimentos. Além da simples
história que exibe uma trama cativante e envolvente o encanto certamente está no
gráfico em 2D, devido aos divertidos traços caricaturados das feições humanas e dos
ambientes com cores leves.[...]"

(MORGAN, Ricardo. As bicicletas de Belleville. In: MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU Lília Santos.
Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. p. 17)

1) Destaque do texto passagens nas quais podemos perceber as expressões de


subjetividade do autor.

Seção 12: Distribuição das vozes: verbos adequados do dizer das ações do
autor:

• Abaixo, encontramos uma lista de verbos que podem ser utilizados para
indicar diferentes atos do autor de textos a ser resumido:

26
esclarecer – discorrer – apontar – definir – descrever – elencar – enumerar –
classificar – caracterizar – exemplificar – contrapor – confrontar – comparar –
diferenciar – começar – iniciar – concluir – julgar – afirmar – questionar – criticar –
criticar – acreditar – defender tese – relatar – argumentar – justificar – apresentar –
mostrar – sugerir

(Baseado em Machado, 2004.)


• Resuma o trecho abaixo:

Um amigo me disse:
- Não guarde nada para uma ocasião especial. Cada dia que se vive é uma ocasião
especial.
Ainda estou pensando nestas palavras... já mudaram minha vida. Agora estou lendo
mais e limpando menos. Sento-me no terraço e admiro a vista sem preocupar-me
com as pragas. Passo mais tempo com minha família e menos tempo no trabalho.
Compreendi que a vida deve ser uma fonte de experiências a desfrutar, não para
sobreviver. Já não guardo nada. Uso meus copos de cristal todos os dias. Coloco
uma roupa nova para ir ao supermercado, se me dá vontade. Já não guardo meu
melhor perfume para ocasiões especiais, uso-o quando tenho vontade.
(Mensagem distribuída por email – In: MACHADO 2004:50.)

a) Resumindo, teríamos:
O autor relata o que um amigo lhe disse e mostra como as palavras desse
amigo influenciaram sua vida, elencando diversas ações de seu cotidiano que ele
realiza de forma diferente.

b) Compare com o seu resumo.

Observe:
Trecho 1
Chat, pra quem não sabe, é um lugar onde fica uma porção de chatos, todos com
pseudônimos (homem diz que é mulher e mulher vira homem) a te perguntar: você
está aí? (Mário Prata, Chats e chatos pela Internet. O Estado de S. Paulo,
02/12/1998)

27
Resumo do trecho 1:
O autor ( ) o chat de forma irônica.

Trecho 2
As obras mais significativas no campo da economia foram redigidas por
especialistas de outras áreas. Adam Smith, por exemplo, tido como o ´´pai da
economia``, era um professor de filosofia moral.

Resumo do trecho 2:
O autor ( ) que as obras mais importantes da economia são feitas por
especialistas de outras áreas, ( ) com Adam Smith.

Seção 12: Resumo


Texto para resumo

Vai valer mais que petróleo

No século XX forjou-se a idéia de que um dos indicadores mais seguros de


riqueza de uma nação era o tamanho das reservas de petróleo em seu subsolo.
Atualmente, economistas, empresas e políticos começam a levar em conta outro tipo
de líquido para determinar a prosperidade futura desse ou daquele país: a água. Em
tese, ela é mais abundante que o petróleo – 70% da superfície do planeta é coberta
por esse líquido fundamental para a existência de qualquer tipo de vida, o que
equivale a aproximadamente 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos de água. A
complicação é que menos de 1% desse volume é apropriado para ser bebido ou
usado na agricultura. Nos últimos setenta anos, a população do planeta triplicou
enquanto a demanda por água aumentou seis vezes. Estima-se que a humanidade
use atualmente 50% das reservas de água potável do planeta. Se o padrão atual de
consumo for mantido, serão 75% em 2025. Esse índice chegaria a 90% se os países
em desenvolvimento alcançassem consumo igual ao dos países industrializados. A
escassez de água potável atinge hoje 2 bilhões de pessoas. A Organização das
Nações Unidas (ONU) prevê que, se não forem adotadas medidas para conter o
consumo, dentro de 25 anos 4 bilhões de pessoas não terão água em quantidade
suficiente para as necessidades básicas.
Do ponto de vista econômico, água e petróleo pertenciam, até bem pouco
tempo atrás, a categorias com valores incomparáveis. O combustível é um resíduo
fóssil, que existe em quantidades esgotáveis e cuja extração requer investimentos
pesados. A água é um recurso renovável pelo ciclo natural da evaporação-chuva e
distribuído com fartura na superfície do planeta. Ocorre que a intervenção humana
afetou de forma dramática o ciclo natural de renovação dos recursos hídricos. Em
certas regiões do mundo, como o oeste dos Estados Unidos, o norte da China e boa
parte da Índia, a água vem sendo consumida em ritmo mais rápido do que se pode
renovar. Mais da metade dos rios está poluída pelos despejos de esgotos, resíduos

28
industriais e agrotóxicos. Estima-se que 30% das maiores bacias hidrográficas
perderam mais da metade da cobertura vegetal original, o que levou à redução da
quantidade de água. Nove de cada dez litros de água utilizados no Terceiro Mundo
são devolvidos à natureza sem nenhum tipo de tratamento. Por causa disso, o
conceito de água como uma dádiva inesgotável e gratuita da natureza é coisa do
passado.
Uma das recomendações do Banco Mundial e da ONU para reduzir o
desperdício é considerar a água como uma mercadoria, com preço de mercado. A
Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) estima uma
perda de 60% da água nos projetos de irrigação. Isso numa atividade, a agricultura,
que consome 70% de toda a água doce usada em escala mundial. No Texas, um
dos Estados mais secos dos EUA, o aumento no custo da água levou os fazendeiros
a trocar os sistemas de irrigação antigos, com aproveitamento de 50% do líquido,
por outros mais modernos, com perdas de apenas 5%. O mesmo raciocínio vale
para as regiões urbanizadas. Na Europa, em países como a França, a Alemanha e a
Holanda, cobra-se cerca de 0,17 centavo de dólar para cada metro cúbico de água
(1.000 litros), sem contar as tarifas de abastecimento e tratamento de esgoto. Tornar
a água mais cara é uma das providências necessárias para garantir o abastecimento
futuro. Há consenso internacional sobre outras providências mais urgentes. Uma
delas é melhorar a rede de distribuição, tanto para a agricultura como para a região
urbana. Nos países industrializados, a perda de água é causada por sistemas
obsoletos de distribuição. No Terceiro Mundo, o problema é a falta de esgotos e de
água encanada.
Hoje há tecnologia para a reciclagem de água. A cidade de Durban, na África
do Sul, por exemplo, trata o esgoto doméstico e revende a água para uso industrial.
Isso significa uma economia de 10% do volume de água utilizado. Também é preciso
diminuir a captação dos lençóis freáticos, que estão sendo exauridos além da
capacidade de recuperação. Há quarenta anos, poços de 30 metros de profundidade
eram suficientes para atingir o aqüífero de Ogallala, o enorme depósito subterrâneo
de água sob oito Estados americanos. Atualmente, é necessário perfurar 100
metros. Uma coisa é certa: a água é uma mercadoria de valor crescente. Estima-se
que a indústria encarregada de captar a água das fontes, entregá-la na torneira do
consumidor e tratá-la antes que volte para a natureza movimente 400 bilhões de
dólares, entre empresas públicas e privadas. Isso equivale a 40% do setor petrolífero
e é 30% maior que o setor farmacêutico. Como o petróleo no passado, a água está
no cerne de um número cada vez maior de tensões internacionais. A ONU calcula
que 300 rios são objeto de conflitos fronteiriços. Uma controvérsia séria envolve a
disputa entre três países do Oriente Médio pelo uso das águas do Eufrates. A
Turquia, onde está a cabeceira do curso de água, ergueu várias represas para
projetos de irrigação. O resultado foi a diminuição do volume de água disponível na
Síria, que depende do Eufrates para suprir metade de sua demanda, e no norte do
Iraque. Um dos pontos sem acordo entre Israel e os palestinos diz respeito ao
aproveitamento das reservas aqüíferas da Palestina, hoje superexploradas pelos
israelenses. Ninguém quer ceder um líquido tão precioso numa região com sede.
(Revista Veja, 18/09/2002 com adaptações)

29
SEGMENTAÇÃO DO TEXTO

Segmento 1 = fato Falta de água em um futuro próximo.

1º parágrafo
Segmento 2 = A intervenção humana afetou drasticamente o ciclo natural
causa de renovação dos recursos hídricos.

2º parágrafo
Segmento 3 = Considerar a água como mercadoria, com preço no
soluções possíveis mercado;melhorar a rede de distribuição (agricultura e região
urbana);reciclagem;diminuir a captação dos lençóis freáticos.
3º e 4º parágrafos

Um possível RESUMO:

De acordo com o texto, a escassez de água potável atinge hoje 2 bilhões de


pessoas. Segundo a ONU, daqui a 25 anos serão 4 bilhões de pessoas sem água
suficiente para suas necessidades básicas. Esse problema ocorre porque em várias
regiões do mundo - como o oeste dos EUA, o norte da China e boa parte da Índia –
a água vem sendo consumida em ritmo mais rápido do que se pode renovar.
Considerar a água como mercadoria (com preço no mercado) é uma das
recomendações da ONU e do Banco Mundial. Também há consenso mundial sobre
outras providências como melhorar a distribuição, reciclar a água (hoje há tecnologia
para isso) e diminuir a captação dos lençóis freáticos.
(Moysés, Carlos Alberto. Língua Portuguesa – atividades de Leitura e Produção de textos. Ed Saraiva. SP. 2005)

Seção 13: Conclusão

Resumo é _________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Resenha é __________________________________________________________

30
Seção 14: Comportamento exemplar

Se almejarmos somente a média, seremos medíocres. Se almejarmos a excelência,


seremos excelentes. Meu curso de administração dava muita ênfase à psicologia. Foi
assim que conheci pessoalmente B.F. Skinner, Carl Rogers e Erik Erikson. O que me
chamou a atenção foi a escassa literatura no que chamarei de comportamento exemplar.
Ausência de doença não significa ter um corpo saudável e atlético. Ausência de neuroses
e fobias não significa ser uma pessoa excepcional. Por que tão poucos modelos de
excelência humana são apresentados aos pacientes como exemplos a ser seguidos?

Isso tem a ver com a história da psicanálise e da psiquiatria, que surgiu da observação
dos pacientes com distúrbios mentais que procuravam médicos como Freud, Adler e
Jung. O universo de observação ficava assim restrito e enviesado. Por isso, chega-se a
conclusões como "os normais são raros, mas existem". Raros são os normais que
procuram terapias, raros são os analistas que vão a campo identificar e "analisar" as
pessoas excepcionais e que fazem a diferença por aí.

Os grandes exemplos humanos não são mais exaltados em verso e em prosa pelos
poetas, cineastas e historiadores de hoje, como antigamente. Superar-se e realizar
sonhos tem sido a seara quase exclusiva dos autores de livros de auto-ajuda, razão do
seu franco crescimento, com raras exceções. Quem são os pequenos heróis de hoje, as
pessoas felizes, as famílias bem-sucedidas, cujos exemplos nos seriam uma lição?
Gostaríamos de saber.

Eu também cometi esse erro de observação no início da minha carreira. Analisava


empresas "doentes", empresas concordatárias ou falidas, e delas tirava minhas
conclusões. O acesso aos dados de empresas concordatárias era farto, enquanto
empresas bem-sucedidas e exemplares escondiam o leite. Afinal, "o segredo é a alma do
negócio". Foi quando percebi que algo estava errado na abordagem científica da época e
criei, em 1974, a edição Melhores e Maiores, da revista Exame. Passei a procurar
identificar e divulgar as melhores empresas deste país, para que elas servissem de
exemplo às demais. Em 1981, Tom Peters adotou a mesma abordagem no seu best-
seller Em Busca da Excelência, que consagrou esse método também nos Estados Unidos.
Hoje, todo livro de administração moderna fala de empresas vencedoras e bem-
sucedidas.

Quando a jornalista Gail Sheehy escreveu o livro Pathfinders, em 1981, achei que ela
provocaria a mesma revolução no estudo do ser humano. Conhecida pelo livro
Passagens, Gail inovou o sistema de observação do ser humano entrevistando pessoas
consideradas exemplares pelos seus pares. Ela catalogou 40.000 questionários
perguntando: "Quem na sua cidade você admira, quem na sua cidade você emula e
gostaria de ser?". Pesquisa jamais replicada no Brasil. Os 200 identificados não eram
pessoas "bem-sucedidas" conforme a definição materialista atual por ter dinheiro ou
poder, mas pessoas que outros consideravam um exemplo. Gail buscou identificar o
positivo, em vez do negativo. Todas as pessoas entrevistadas por Gail quando jovens
eram otimistas quanto ao próprio futuro. Tinham uma visão positiva de si e do mundo.
Aprenderam essas lições de seus pais, não de seus professores. Tiveram enormes
reveses na vida, perderam um filho, separaram-se mais de uma vez, e assim por diante.
Todo ser humano tem problemas, e o segredo é saber administrá-los e não se deixar
desesperar por causa deles. Ao contrário, foi justamente a correta administração desses
problemas que as fez crescer como pessoas. Elas passaram a acreditar em si mesmas
como construtoras da própria realidade.

Eu conheço dezenas dessas pessoas excepcionais – como por exemplo irmã Lina, a quem
me referi aqui, em VEJA, na edição de 24 de abril de 2002 – que, infelizmente, nossos

31
poetas, cineastas e intelectuais insistem em manter anônimas. Um único dia ao lado
dessas pessoas maravilhosas é um tônico revigorante, uma lição de vida e muito melhor
do que qualquer antidepressivo que alguém possa receitar.

Stephen Kanitz é formado pela Harvard Business School (www.kanitz.com.br)

Revista Veja, Editora Abril, edição 2008, ano 40, nº 19, 16 de maio de 2007, página 24

Acesso em 13/02/08
http://www.kanitz.com/veja/administrador.asp

Seção 15: A era do administrador


Stephen Kanitz

Por que os Estados Unidos são o país mais bem-sucedido do mundo? Porque são um país
que resolveu
o problema da miséria e da estagnação econômica, ao contrário do Brasil?

O segredo americano, e que você jamais encontrará


em nenhum livro de economia, é que os Estados Unidos
são um país bem administrado, um país administrado por profissionais.

Dezenove por cento dos graduados de universidades americanas são formados em


administração. Administração é a profissão mais freqüente, e portanto a que dá o tom ao
resto da nação.

Infelizmente, o Brasil nunca foi bem administrado. Sempre fomos administrados por
profissionais de outras áreas, desde nossas empresas até o governo. Até recentemente,
tínhamos somente quatro cursos de pós-graduação em administração, um absurdo!

De 1832 a 1964 a profissão mais freqüente no Brasil era a de advogado, e foi essa a
profissão que exerceu a maior influência no país, tanto que nos deu a maioria de nossos
presidentes até 1964. A revolução de 1964 acabou com a era do advogado e a
legalidade, e tivemos a era do economista, que perdura até hoje.

Nos próximos dez anos isso lentamente mudará. O Brasil já tem 2.300 cursos de
administração, contra 350 em 1994. Estamos logo depois dos Estados Unidos e da Índia.

Administração já é hoje a profissão mais freqüente deste país, com 18% dos formandos.
Antes, nossos gênios escolhiam medicina, direito e engenharia. Agora escolhem
medicina, administração e direito, nessa ordem.

Há dez anos tínhamos apenas 200.000 administradores, e só 5% das empresas


contavam com um profissional para tocá-las. O resto era dirigido por "empresários" que
aprendiam administração no tapa. Por isso, até hoje 50% das empresas brasileiras
quebram nos dois primeiros anos e metade de nosso capital inicial vira pó.

32
O que o aumento da participação dos administradores na gestão das empresas significará
para o Brasil? Uma nova era muito promissora. Finalmente seremos administrados por
profissionais, e não por amadores. Daqui para a frente, 75% das empresas não
quebrarão nos primeiros quatro anos de vida, e nossos investimentos gerarão empregos,
e não falências.

Em 2010, teremos 2 milhões de administradores formados, e se cada um empregar vinte


pessoas haverá 40 milhões de empregos novos. Será o fim da exclusão social.

Administradores nunca foram ouvidos por políticos e deputados nem concorriam a cargos
públicos. Em 2010, é muito provável que teremos nosso primeiro presidente da República
formado em administração. Por incrível que pareça, nunca tivemos um executivo no
Executivo.

Muitos de nossos ministros e governantes aprendiam administração no próprio cargo,


errando a um custo social imenso para a nação. Foi-se o tempo em que o mundo era
simples e não havia necessidade de ter um curso de administração para ser um bom
administrador.

Em 2006, o candidato da oposição que demonstrar boa capacidade gerencial será um


forte candidato à sucessão de Lula. João Paulo Cunha, do PT, já o alertou de que, "se
houver um bom administrador, ele conquistará o eleitorado da periferia".

Não quero exagerar a importância dos administradores, mas somente lembrar que eles
são o elo que faltava. Ordem não gera progresso, estabilidade econômica não gera
crescimento de forma espontânea, sempre há a necessidade de um catalisador.

Não será uma transição fácil, pois as classes dominantes não aceitam dividir o poder que
têm. Há muita gente interessada em manter essa bagunça e desorganização, como
vivem denunciando Luiz Nassif, Arnaldo Jabor e José Simão. Gente que é contra
supervisão, eficiência e organização.

Administradores têm pouco espaço na imprensa para defender suas idéias e soluções.
Em pleno século XXI, sou um dos raros administradores com uma coluna na grande
imprensa brasileira, e mesmo assim mensal. Peter Drucker há quarenta anos tem uma
coluna semanal em dezenas de jornais americanos, ele e mais trinta gurus da
administração.

Administradores têm outra forma de encarar o mundo. Eles lutam para criar a riqueza
que ainda não temos. Economistas e intelectuais lutam para distribuir a pouca riqueza
que conseguimos criar, o que só tem gerado mais impostos e mais pobreza.

Se esses 2 milhões de jovens administradores que vêm por aí ocuparem o espaço político
que merecem, seremos finalmente um país bem administrado, com 500 anos de atraso.
Desejo a todos coragem e boa sorte. Stephen Kanitz é administrador por Harvard
(www.kanitz.com.br)

Editora Abril, Revista Veja, edição 1886, ano 38, nº 1, 5 de janeiro de 2005, página 21

http://www.kanitz.com/veja/administrador.asp acesso em 13/02/08

1. Após a leitura dos dois textos acima, informe quais são os temas de cada texto.
2. Qual o objetivo do autor?
3. Quais as conclusões a que chegam?

33
4. Elabore o contexto de produção de cada um dos textos.

Seção 16: VERBOS - COMANDO: Você faz realmente o que se pede?

Para medir o nível do aproveitamento e o desenvolvimento dos alunos em sala de


aula, o professor pode utilizar vários instrumentos de avaliação. Entre esses instrumentos, é
muito comum o emprego de provas e/ou testes dissertativos nos quais os alunos têm um
espaço para mostrar, sobre algum assunto determinado, a sua capacidade de análise,
criação, comparação, identificação, conceituação etc. É muito comum nas discussões entre
professores comentários sobre a dificuldade que os alunos têm diante do momento de
dissertar numa prova, mesmo que ela seja composta por questões breves. Essa dificuldade
pode ocorrer, muitas vezes, porque eles não conseguem compreender exatamente o que é
pedido numa questão. Se observarmos com atenção, todas as questões geralmente se
iniciam ou se desenvolvem tendo como base um verbo-comando (quase sempre na forma
do imperativo) que especifica para o aluno a forma como ele deve responder a uma
questão. A tabela abaixo demonstra alguns dos verbos-comando mais utilizados.

Verbos- Definição dos verbos (com base no Especificação dos


comando Moderno Dicionários da Língua Portuguesa procedimentos
de Michaelis)
Determinar os componentes ou elementos Exige a elaboração de um
fundamentais de alguma idéia, teoria, fato texto próprio como resposta.
etc; determinar por discernimento a
Analise
natureza, significado, aspectos ou
qualidades do que está sendo examinado.

Explicar ou demonstrar a veracidade ou não Exige a elaboração de um


Justifique de algum fato ou ocorrência por meio de texto próprio como resposta.
elementos/argumentos plausíveis.
Reproduzir, extrair, copiar algum trecho de
A resposta não pode ser
algum texto sem qualquer tipo de elaborada e sim apenas
Transcreva
modificação. recortada utilizando-se sinais
adequados com as aspas
Examinar, simultaneamente, as Exige a elaboração de um
particularidades de duas ou mais idéias, texto próprio como resposta.
Compare
fatos, ocorrências.

Tornar claro, fazer entender de forma Exige a elaboração de um


coerente particularidades de fatos, idéias texto próprio como resposta.
Explique
ou ocorrências.

Estabelecer características que não sejam Exige a elaboração de um


semelhantes entre dois ou mais fatos, texto próprio como resposta.
Diferencie
idéias ou ocorrências. Diferenciar não é o mesmo
que definir.
Defina Expor com precisão características ou Exige a elaboração de um

34
particularidades de algum fato, idéia ou texto próprio como resposta.
ocorrência.

Conceitue Formar uma idéia, noção ou entendimento Exige a elaboração de um


de forma clara sobre algum fato ou texto próprio como resposta.
ocorrência. Conceituar não é o mesmo
que justificar.
Separar, de dentro de um todo (de um texto Pode ser apenas uma
por exemplo), uma ou mais informações, transcrição de um trecho de
Destaque idéias ou conceitos mais relevantes ou não. um texto ou a exposição de
um trecho seguido de um
texto-comentário.
Transcrever ou apontar fatos, idéias, Pode ser apenas uma
ocorrências ou características de algum transcrição de um trecho de
Cite elemento. um texto ou a exposição de
um trecho seguido de um
texto-comentário.
Observar o comportamento, atitude, opinião Exige a elaboração de um
de duas ou mais pessoas, teorias ou texto próprio como resposta.
Confronte posicionamentos a fim de se estabelecer Confrontar está intimamente
alguns juízos e/ou relações como por ligado ao ato de comparar.
exemplo de igualdades, de diferenças etc.
Examinar com muito critério alguma idéia, Exige a elaboração de um
noção ou entendimento tentando perceber texto próprio como resposta.
qualidades e ou defeitos, pontos negativos Importante observar que
e/ou positivos etc. criticar não é somente
Critique
levantar aspectos negativos
do que se está observando –
a crítica pode ser também de
caráter positivo/construtivo.

Sugestões para responder melhor às questões dissertativas:

• Leia atentamente, se necessário, várias vezes os enunciados das questões detectando


os verbos-comando que estruturam as questões.

• Responda exatamente o que está sendo pedido, não tente “complementar” suas
respostas com informações desnecessárias achando que elas irão compensar o que
você não souber responder.

• Não se esqueça de que uma resposta a uma questão dissertativa, por menor que seja, é
sempre um texto, sendo assim, seja claro, coeso, coerente.

• Não responda às questões utilizando frases inteiras de textos, leia atentamente o


material que está sendo analisado e construa a resposta com o seu próprio discurso. Os
recortes de frases devem ser feitos apenas quando se tratar de verbos-comando como
transcreva, retire etc.

35
• Respeite o número de linhas especificado para as suas respostas. Não seja muito
sucinto nem muito prolixo – responda de maneira que você dê conta do que está sendo
pedido.

• Toda boa resposta geralmente se inicia com traços da questão que a originou.
Ex.: Pergunta: De acordo com o texto, qual o nível financeiro daquela população?
Resposta: De acordo com o texto, o nível financeiro daquela população é muito
baixo.
• Não use em suas respostas gírias e/ou construções típicas da linguagem coloquial.

Seção 17: Leia:


De 85% a 90% da incidência de mau hálito tem origem na boca

Calcula-se que 30% dos brasileiros apresentem mau hálito crônico. Acostumados
com os próprios odores, a maioria se dá conta do fenômeno. Por volta de 90% dos casos
têm origem na boca. Mas as causas podem ir de problemas dentários a sinusite. Vale a
pena consultar um otorrinolaringologista, porque felizmente halitose tem cura.
Esteja atento. Se os amigos e até familiares fazem questão de permanecer distantes
de você durante as conversas, pode ser indício de que seu hálito não anda agradando. A
maioria das pessoas em geral nem percebe isso. Acostuma-se com os próprios odores e só
descobre que tem mau hálito, ou halitose, quando alguém avisa. Mas, como não é nada fácil
tomar uma atitude dessas, o mais provável é que você continue sem se dar conta de seu
problema.
Estudos indicam que 85% a 90% dos casos de mau hálito têm origem na boca. A
halitose é mais comum em adultos. Ocorre mais de manhã, em conseqüência do jejum
prolongado e do ressecamento da região posterior da língua no período do sono, que
favorece a ação das bactérias. Pode ser aguda – ou seja, manifestar-se e desaparecer
pouco tempo depois – ou crônica. O tipo agudo pode atingir qualquer pessoa. Deve-se em
especial à ingestão de alimentos como alho, brócolis, cebola, repolho, couve-flor, carnes e
laticínios. Ao serem triturados e engolidos, tais alimentos liberam partículas odoríferas que
grudam na porção posterior da língua. Essa região é povoada por grande quantidade de
bactérias que decompõem tais partículas, provocando a liberação de cheiro de enxofre. A
halitose é o resultado, portanto, da mistura das partículas dos alimentos com os odores
bacterianos.
De outro lado, 30% da população brasileira – segundo as pesquisas – apresenta
halitose crônica. O fenômeno resulta especialmente de problemas na boca. A causa mais
importante é a falta de higiene bucal, ou seja, não se escova os dentes nem se passa fio
dental depois das refeições para eliminar restos alimentares que se deterioram e provocam
odores desagradáveis. O problema aparece também se a pessoa faz uma higiene bucal
malfeita. O mau hálito é a conseqüência também de dentes cariados e gengivas inflamadas.
Provocam halitose ainda doenças como amidalites (inflamação das amídalas),
sinusite (cujas secreções caem na garganta e na base da língua, favorecendo a ação das
bactérias) e polipose renal, que leva ao acúmulo de secreções malcheirosas. Alguns
medicamentos de uso contínuo – para arritmia cardíaca ou depressão, por exemplo -,
refluxo gástrico durante o sono e respiração pela boca ressecam as mucosas da garganta,
levando ao mau hálito. Finalmente, o fenômeno resulta às vezes em febre, desidratação e
tabagismo, também por causa do ressecamento das mucosas da boca. 1
Pessoas que têm mau hálito correm o risco de discriminação por colegas. Seu
convívio social fica, portanto, bastante prejudicado. Freqüentemente são preteridas em

36
empregos. Apresentam dificuldade para encontrar parceiros e estabelecer relações
amorosas duradouras. Quando têm consciência do próprio mau hálito, de outro lado, elas
mesmas muitas vezes se sentem diminuídas e evitam contatos sociais.
A maioria dos portadores de halitose, como dissemos, muitas vezes nem percebe
seu problema. Por mais difícil que seja, é fundamental que parentes ou amigos as alertem
sobre o fenômeno. Precisam saber, em especial, que é possível diminuir o problema com
medidas práticas. Escovar os dentes e utilizar fio dental depois das refeições. Fazer
gargarejos com medicamentos. Escovar bem e raspar – existe aparelho próprio – a língua.
Consumir pelo menos 8 copos de água por dia para manter a garganta bem hidratada.
Evitar jejuns prolongados. Não fumar. Ir freqüentemente ao dentista. Quem tem halitose
depois de consumir alimentos específicos, naturalmente, deve evita-los.
Se mesmo com essas medidas a halitose continuar, vale a pena consultar um
otorrinolaringologista. Esse profissional é capaz de diagnosticar as causas do fenômeno e
combatê-las. Quando o mau hálito resulta de problemas dentários, encaminha o paciente a
um dentista. A maioria dos casos, felizmente, tem solução.

* Adriano de barros Nardomarino (35) é médico otorrinolaringologista do Hospital e


Maternidade São Luiz – Unidade Itaim, na capital paulista.

Atividade:

1. Qual é o objetivo fundamental do autor desse texto?


2. Defina halitose.
3. Explique as causas da halitose, apresentadas pelo autor.
4. Transcreva a passagem em que o autor apresenta indicações de como evitar
halitose.
5. Destaque a recomendação feita pelo autor caso as medidas sugeridas não
surtirem efeito e teça comentários sobre ela.

Gabarito possível das questões propostas:

1. Qual é o objetivo fundamental do autor desse texto?


O autor pretende, com seu texto, oferecer ao leitor informações sobre a halitose e suas
causas, bem como indicar medidas para preveni-la ou atenuar os problemas por ela
causados.

2. Defina halitose.
Halitose é uma doença que causa mau odor na boca, decorrente do contato entre partículas
de alimentos e bactérias que povoam a região posterior da língua, da má higienização bucal,
de alguns problemas do nariz e da garganta, da ingestão de alguns medicamentos e do
ressecamento das mucosas da garganta e da boca.

3. Explique as causa da halitose, apresentadas pelo autor.


Segundo o autor, a halitose pode manifestar-se em dois tipos: o agudo e o crônico. O tipo
agudo é circunstancial e pode acometer qualquer pessoa; surge como resultado da ação
das bactérias bucais, em virtude de jejum prolongado, de ressecamento da região posterior
da língua e do contato dessas bactérias com partículas de alimentos ingeridos. Em relação à
halitose de tipo crônico, o autor estabelece uma associação fundamental com a higienização
bucal: a não escovação e o não uso do fio dental fazem com que retos alimentares se
deteriorem na boca, provocando odores desagradáveis; a má higienização bucal pode
causar cáries e inflamações na gengiva, responsáveis também pela halitose. Além dessas
causa relativas à higienização, o autor afirma que a halitose pode ser causada por doenças
como amidalites, sinusite e polipose, que levam ao acúmulo de secreções malcheirosas; por

37
medicamentos de uso contínuo; pelo ressecamento das mucosas da garganta, provocadas
pelo refluxo gástrico e pela respiração bucal; e pelo ressecamento das mucosas da boca,
advindo de febre, desidratação e tabagismo.

4. Transcreva a passagem em que o autor apresenta indicações de como evitar a halitose.


O autor apresenta na passagem que segue indicações para evitar a halitose: “escovar os
dentes e utilizar fio dental depois das refeições. Fazer gargarejos com medicamentos.
Escovar bem e raspar – existe aparelho próprio – a língua. Consumir pelo menos 8 copos de
água por dia para manter a garganta bem hidratada. Evitar jejuns prolongados. Não fumar. Ir
freqüentemente ao dentista. Quem tem halitose depois de consumir alimentos específicos,
naturalmente, deve evita-los”.

5. Destaque a recomendação feita pelo autor caso as medidas sugeridas não surtirem
efeito e teça comentários sobre ela.
Caso nenhuma das medidas preventivas indicadas apresente resultados positivos, o autor
orienta o leitor a procurar um otorrinolaringologista, que é o profissional gabaritado para
diagnosticar as causas da halitose. A meu ver, a indicação é bastante procedente, visto que
a doença pode não estar relacionada a problemas dentários e bucais, a cargo do dentista,
mas a problemas orgânicos de outra ordem, que apenas um profissional da medicina é
capaz de constatar.

Seção 18: Agora você trabalha:

Comunicando para vencer


Paulo Henrique Paiva

Vamos lembrar dos nossos primeiros anos de vida, de como éramos inteiramente dependentes de
alguém para nos alimentar e dar segurança. Quando bebês, chorávamos por fome, sede, frio e entre
outras circunstâncias. Lógico que de acordo com a ciência e a religião já vínhamos praticando essa
relação, ou seja, a de se comunicar com nossos pais muito antes de nascermos. Após alguns anos
muitas coisas mudaram em nossas vidas e outras necessidades surgiram. Vou iniciar essa reflexão a
partir desta comunicação espontânea que surge por meio de uma necessidade.

Maslow, um psicólogo e consultor americano, apresentou uma teoria chamada teoria da motivação
segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis formando uma
pirâmide. Em sua base estão as necessidades mais baixas, chamadas de necessidades fisiológicas,
no topo, as necessidades mais elevadas, as necessidades de auto-realização. As necessidades
primárias são representadas pelas necessidades fisiológicas e de segurança e as necessidades
secundárias são representadas pelas necessidades sociais, estima e auto-realização. Mas, para
Frederick Herzberg, um outro psicólogo e consultor americano, professor de Administração, formulou
a teoria dos dois fatores o qual procurou explicar a satisfação e a não-satisfação das necessidades
humanas básicas. Herzberg considera os fatores higiênicos (extrínsecos) ou os fatores motivacionais
(intrínsecos).

Talvez nem Maslow e Herzberg estivessem tão certos de suas teorias. Para mim a maior
necessidade dos seres humanos foi, é e será a de se comunicar; seja na escrita, por código ou
verbalmente onde possuem grandes chances de serem entendidos e atendidos quanto às suas
necessidades.

A comunicação nada mais é do que a troca de informações entre uma ou mais pessoas que
possibilita sua socialização. Para o mestre em Ciência da Comunicação, Reinaldo Polito, a

38
comunicação deve ser desenvolvida com assertividade, no lugar certo e trabalhando os sentimentos.

Trazendo essa realidade para o ambiente organizacional, pude observar situações em que
profissionais colocam-se em autodefesa utilizando muito mal sua forma de se comunicar
expressando extrema autoridade, com medo de ser esmagado por sua própria deficiência e em não
saber comunicar-se assertivamente, garantindo o direito do outro em expor seu ponto de vista.

De fato, todos nós temos sempre algo a melhorar e a aprender até mesmo para nos sentirmos
compreendidos, inteligentes e necessários.

Desde o final do século XX as organizações vêm passando por uma fusão que é uma mistura que
compreende profissionais que lidem bem com suas competências técnicas e comportamentais.
Contudo, devem estar centrados de forma a darem o melhor de si, mantendo sempre o controle de
suas emoções.

A cada dia esses profissionais são surpreendidos com uma avalanche de deveres, sentindo-se
pressionados pelo trabalho, pelo cotidiano, pelas dificuldades de se relacionarem e, de lidarem com
suas necessidades e, principalmente, pelas adversidades.

Na década de 90 já havia sido muito difícil para as pessoas compreenderem a chegada da era
informática e Internet, e logo depois, a chamada era do conhecimento que faz com que as pessoas
venham descontroladamente buscar conhecimento para continuarem empregáveis e competitivas ao
mercado de trabalho.

Agora parece que saber se comunicar tornou-se a competência número um em que qualifica um bom
profissional do mal profissional.

Posso citar alguns motivos para sermos comunicadores assertivos: saber se comunicar com
assertividade reduz nossa ansiedade, deixa nosso corpo mais relaxado, possibilita a solução de
problemas, nos torna mais objetivos e a cima de tudo melhores profissionais.

Neste contexto, teremos que assumir nossas dificuldades e enfrentar algo muito maior do que nós
mesmos; respeitando ao próximo e interpretando a vida a cada momento.

O comunicador assertivo fala por si mesmo, possui uma expressão corporal que condiz com sua fala,
e não tem medo de perguntar "Por quê?" e dizer "Não". O importante é saber que você pode praticar
uma comunicação ganha-ganha, fazendo-se entender e acima de tudo estabelecendo um
relacionamento agradável.

1) Qual o objetivo fundamental do autor deste texto?


2) Defina assertividade, segundo o texto .
3) Explique as teorias de Maslow e Herzberg.
4) Transcreva a passagem em que o autor define comunicação.
5) Destaque os motivos, elencados pelo autor, para que o comunicador seja assertivo.

39
Seção 19: O parágrafo dissertativo

Observe o parágrafo abaixo:

Em conseqüência da II Guerra Mundial, as relações mundiais de poder viram-


se drasticamente alteradas. A Alemanha, a Itália e o Japão haviam sofrido uma
derrota tão esmagadora que apareceram, durante algum tempo, destinados a
desempenhar um papel subalterno nos assuntos mundiais. Oficialmente, a lista de
grandes potências incluía cinco estados: União Soviética, Estados Unidos, Grã-
Bretanha, França e República da China. Eram esses os cinco grandes que, ao
chegar o fim da guerra, pareciam fadados a dominar o mundo. Entretanto, a China
logo se viu engolfada numa revolução comunista, enquanto a Grã-Bretanha e a
França se tornavam cada vez mais dependentes dos Estados Unidos. Em resultado
disso, durante dez anos, depois de 1945, a comunidade das nações assumiu um
caráter bipolar, com os Estados Unidos e a União Soviética competindo pela
supremacia e esforçando-se por arrastar os estados restantes para sua órbita.
Burns, Edward Menall. História da civilização ocidental. S.P. Globo, 1980

O assunto do parágrafo acima são as relações de poder no mundo. Esse


assunto, entretanto é muito amplo pode, portanto ser abordado de várias formas. O
autor decidiu delimita-lo e optou por destacar as relações de poder no mundo após a
II Guerra Mundial.
Observe que o ponto de vista do autor está colocado em uma frase que chamaremos
de idéia central: “Em conseqüência da II Guerra Mundial, as relações mundiais de
poder viram-se drasticamente alteradas”. Também chamada de frase núcleo, esta
frase contém a idéia central do parágrafo. As demais frases darão sustentação ao
ponto de vista.

Assim, nesse parágrafo podemos identificar os seguintes elementos:


- Assunto: Relações de poder no mundo.
- Delimitação do assunto: As relações de poder no mundo após a II Guerra Mundial.
- Objetivo: Mostrar que houve uma alteração nas relações de poder no mundo devido
à II Guerra Mundial.
- Idéia central: Introdução do parágrafo: “Em conseqüência da II Guerra Mundial, as
relações mundiais de poder viram-se drasticamente alteradas”.

Estruturalmente teremos:

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Idéia central:
Em conseqüência da II Guerra Mundial, as relações mundiais de poder viram-se
drasticamente alteradas.

Desenvolvimento:

A Alemanha, a Itália e o Japão haviam sofrido uma derrota tão esmagadora que
apareceram, durante algum tempo, destinados a desempenhar um papel subalterno nos
assuntos mundiais. Oficialmente, a lista de grandes potências incluía cinco estados: União
Soviética, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e República da China. Eram esses os
cinco grandes que, ao chegar o fim da guerra, pareciam fadados a dominar o mundo.
Entretanto, a China logo se viu engolfada numa revolução comunista, enquanto a Grã-
Bretanha e a França se tornavam cada vez mais dependentes dos Estados Unidos

Conclusão:

Em resultado disso, durante dez anos, depois de 1945, a comunidade das nações
assumiu um caráter bipolar, com os Estados Unidos e a União Soviética competindo
pela supremacia e esforçando-se por arrastar os estados restantes para sua órbita.

Podemos dizer, então, que:

Um parágrafo é uma unidade de composição escrita sobre um determinado assunto,


que é elaborado a fim de atingir um determinado objetivo. Essa unidade é
estruturada por meio de um conjunto de orações e apresenta, normalmente, três
partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Pode-se, ainda, não apresentar,
necessariamente uma conclusão.

(Moysés, Carlos Alberto. Língua Portuguesa – atividades de Leitura e Produção de textos. Ed


Saraiva. SP. 2005)

Chamaremos a essa idéia central de TÓPICO FRASAL.

ORGANIZAÇÃO DO PARÁGRAFO: estrutura-se em tópico frasal, desenvolvimento e


conclusão.

TÓPICO FRASAL: frase inicial que expressa de maneira geral e sucinta a idéia central que
vai ser desenvolvida.

DESENVOLVIMENTO: constituído por idéias secundárias que desenvolvem ou


fundamentam o tópico frasal, se realiza a partir de exemplos, ilustrações, comparações,
enumeração de detalhes, causas, conseqüências, contrastes, testemunhos, etc.

CONCLUSÃO: nem sempre presente, retoma e sintetiza as idéias anteriores.

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Propostas básicas de como elaborar tópicos frasais:

• Uso de indicadores de aspectos espaciais = explorar as informações sobre o(s)


lugar(es) onde ocorrem os fatos a serem tratados.
Ex.: “No Brasil, principalmente na região sudeste, percebe-se que o paciente, vítima da
AIDS, tem muito mais acesso a instituições que proporcionam tratamentos cujos
benefícios e resultados positivos são excelentes...”

• Uso de indicadores de aspectos temporais = aqui podemos usar fatores que indicam
o momento em que acontecem (ou aconteceram) os fatos.
Ex.: “Comparando-se os dias de hoje com o momento em que surgiram os primeiros
casos de AIDS, não há como negar o grande avanço da medicina com as constantes
pesquisas, pois hoje vemos portadores do vírus HIV tendo um ritmo de vida normal:
trabalhando, estudando, amando...”

• Uso de enumeração de fatos = essa técnica permite ao redator organizar melhor as


idéias que lançará em seu texto.
Ex.: “Duas são as principais e mais preocupantes formas de transmissão da AIDS. A
primeira é por meio das relações sexuais sem a devida proteção de preservativos. A
segunda, diz respeito à troca de seringas entre os usuários de drogas com a mesma
agulha...”

• Uso de idéias análogas ou comparações = comparar alguns fatores ou características


do assunto a ser tratado em nossos textos com outros pode ser uma boa técnica de
início.
Ex.: “Sempre que aparece em nosso meio uma nova e terrível doença para a qual a
cura ainda não foi descoberta, surge o pânico, o desespero. O mesmo pânico ocorrido
com o surgimento da AIDS pode ser observado quando tivemos a ameaça de outras
doenças como a paralisia infantil. O problema é que para a paralisia a cura veio mais
rápido...”.

• Uso de interrogação = interrogar já no início do nosso texto é outra boa técnica de


iniciar nossa redação além de suscitar uma certa curiosidade no leitor do nosso texto.
Ex.: “Por que será que ainda não temos a cura definitiva para a AIDS? O avanço da
tecnologia em todas as áreas, inclusive na medicina, às vezes, nos põe em dúvidas o
poder exorbitante do vírus HIV. Poderíamos dizer que para alguns grupos a cura
definitiva da AIDS seria um péssimo negócio?...”

• Uso de uma afirmação categórica = iniciar um texto já afirmando uma posição pode
também ser um bom artifício.
Ex.: “A AIDS, além de ser um problema de saúde pública, é também uma questão de
vontade política dos governantes...”

TIPOS DE DESENVOLVIMENTO para os tópicos frasais:

• Desenvolvimento por detalhes


“a vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. O trafego
intenso, o ruído do tráfego, as preocupações geradas pela pressa, o almoço corrido, o

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horário de entrar no trabalho, tudo isso abala as pessoas, produzindo o stress que ataca o
coração.”

• Desenvolvimento por definição


“A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. A vida
agitada é aquela em que o indivíduo não tem tempo para cuidar de si próprio, mercê de
compromissos assumidos e do tempo exíguo para cumpri-los. Entre as doenças do coração,
a mais comum é a que ataca as artérias coronárias, assim chamadas porque envolvem o
coração, como uma coroa, para irrigá-lo em toda a sua topologia.”

• Desenvolvimento por comparação


“a vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imagine,
por exemplo, um automóvel dirigido suavemente, com trocas de marcha em tempo exato,
sem freadas bruscas ou curvas violentas. A vida útil desse veículo tende a prolongar-se
bastante. Imagine agora o contrário: um automóvel cujo proprietário canta pneus, passa por
curvas no limite de aderência e freadas violentas. A vida útil desse último tende a decair
miseravelmente. O mesmo podemos fazer com nosso coração. Podemos conduzi-lo com
doçura, em ritmo de alegria e de festa, ou podemos tratá-lo agressivamente, exigindo-o fora
de seu ritmo e de seu tempo de recuperação”.

• Desenvolvimento por exemplo específico


“A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração.
Imaginemos um chefe de família que deixa sua casa, às 6h da manhã. Logo de início, tem
de enfrentar a fila da condução. A angústia da demora: será que vem ou não vem o ônibus?
Finalmente, vem. Superlotação. Sobe ele, aos trancos e enfrenta a roleta. Demora no
trânsito que ocasiona atraso no trabalho. Com essa pressão toda, as veias coronárias deste
trabalhador sofrem sob o impacto do stress.”

Observe a clareza , objetividade e a estrutura deste parágrafo:

(introdução) A poluição que se verifica principalmente nas grandes capitais do país é uma
questão relevante e para cuja solução é necessária uma ação conjunta de toda a sociedade.
(desenvolvimento) Primeiramente deve ser conscientizado o empresariado industrial,
principal agente poluidor do ar e dos rios; em segundo lugar, o governo deve tomar medidas
enérgicas de proteção ao meio ambiente; por último, deve haver a colaboração da
população em geral, principalmente quanto ao transporte individual. (conclusão) Portanto
qualquer iniciativa isolada de um destes três setores não alcançará o resultado desejado.

Seção 20: 18 formas para você começar um texto

1. Uma declaração (tema: liberação da maconha)

É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta


elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre
as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
estrutura suficiente para atender à demanda.
Alberto Corazza, Istoé, 20 dez. 1995.

A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer


uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

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2. Definição (tema: o mito)

O mito, entre os primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de


encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo,
fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades
que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural,
mas que dão também, as formas da ação humana.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de
Filosofia. São Paulo, Moderna, 1992. p. 62.

A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave,


sobretudo em texto dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o
primeiro parágrafo.

3. Divisão
(tema: exclusão social)

Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da


exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de
que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências
relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova York
vem contando com intensivos esforços do poder público e ampla participação da
iniciativa privada.
Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996.

Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que
o parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-las na frase seguinte.

4. Oposição
(tema: a educação no Brasil)

De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo.


De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de
videocassete. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.

As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro)


que estabelecerá o rumo da argumentação.
Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste exemplo:

Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de


envolvimento: raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a cultura ainda
é vista como algo supérfluo em nossa terra; esperança por observar quantos
movimentos culturais têm acontecido em nossa história, e quase sempre como
forma de resistência e/ou transformação. (...)
FEIJÓ, Martin César. O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985. p. 7.

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O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a
compõem.

5. Alusão histórica
(tema: globalização)

Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o


mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram
derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.

O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto.


O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

6. Uma pergunta
(tema: saúde no Brasil)

Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os


contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que
parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar
um sistema que só parece piorar.

A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a


atenção do leitor para o tema e será respondida ao longo da argumentação.

7. Uma frase nominal seguida de explicação


(tema: a educação no Brasil)

Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e


Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o desempenho
dos alunos do 3o ano do 2o grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da
Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4a série e da 8a série do 1o grau
em todas as regiões do território nacional.
Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996.

A palavra tragédia é explicada logo depois, retomada por essa é a


conclusão.

8. Adjetivação
(tema a educação no Brasil)

Equivoca e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política


educacional do governo.
Anderson Sanches, Infocus, n. 5, ano 1, out. 1966. p. 2.

A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá,


nos parágrafos seguintes, por que acha a política educacional do governo
equivocada e pouco racional.

45
9. Citação
(tema: política demográfica)

“As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem
mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem
embora.” O comentário, do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em
Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do
Primeiro Mundo.
DI FRANCO, Carlos Alberto. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro,
Vozes, 1995. p. 73.

A criação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela


palavra comentário da segunda frase.

10. Citação de forma indireta


(tema: consumismo)

Para Marx a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco: marxismo é o
ópio dos intelectuais. Mas nos Estudos Unidos o ópio do povo é mesmo ir às
compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata.
Cláudio de Moura e Castro, Veja, 13 nov. 1996.

Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a


citação. É melhor citar de forma indireta que de forma errada.

11. Exposição de ponto de vista oposto


(tema: o provão)

O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é


fundamental para a melhoria da qualidade de ensino superior. Para isso, vem
ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária,
ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação.
Orlando Silva Júnior e Eder Roberto Silva, Folha se S. Paulo, 5 nov. 1996.

Ao começar o texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a


posição dos autores. Seu objetivo será refutar os argumentos do opositor, numa
espécie de contra-argumentação.

12. Comparação
(tema: reforma agrária)

O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões


sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o
movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e,
atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas
semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos

46
favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra
a implantação da reforma agrária no Brasil.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo, Ática, 1991. p.
101.

Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a sociedade


de hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de
comportamento entre elas.

13. Retomada de um provérbio


(tema: mídia e tecnologia)

O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com
perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar
os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão
reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível.
Jayme Sirotsky, Folha de S. Paulo, 5 dez. 1995.

Sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente.
Faça um comentário sobre ele para quebrar a idéia de lugar-comum que todos eles
trazem. No exemplo acima, o autor diz “o corriqueiro adágio” e assim demonstra que
está consciente de que está partindo de algo por demais conhecido.

14. Ilustração
(tema: aborto)

O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de


dezoito anos, já é mãe de duas filhas, dizia estar grávida mas não queria a criança.
Ela entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação de trompas. Preferia dar o
filho a ter que fazer um aborto.
O tema é tabu no Brasil. (...)
Antonio Carlos Viana, O Quê, edição de 16 a 22 jul. 1994.

Você pode começar narrando um fato para ilustrar o tema. Veja que a coesão
do parágrafo seguinte se faz de forma fácil: a palavra tema retoma a questão que vai
ser discutida.

15. Uma seqüência de frases nominais (frases sem verbos)

(tema: a impunidade no Brasil)

Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio.


Meia centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-
terra em Eldorado dos Carajás.
Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes.

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O que se deve observar nesse tipo de introdução são os paralelismos que
dão equilíbrio às diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser
semelhante.

16. Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme

(tema: a intolerância religiosa)

Quem assistiu ao filme A rainha Margot, com a deslumbrante Isabelle Adjani,


ainda deve ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto de 1572,
as tropas do rei da França, sob as ordens de Catarina de Médicis, a rainha-mãe e
verdadeira governante, desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da
História. (...)
Desse horror a História do Brasil está praticamente livre. (...)
Veja, 25 out. 1995.

O resumo do filme A rainha de Margot serve de introdução para


desenvolver o tema da intolerância religiosa. A coesão com o segundo
parágrafo dá-se através da palavra horror, que sintetiza o enredo do filme
contado no parágrafo inicial.

17. Descrição de um fato de forma cinematográfica

(tema: violência urbana)

Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano de classe média.


Choperia Bodega – um bar da moda, freqüentado por jovens bem-nascidos.
Um assalto. Cinco ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana
Ciola, 23, e José Renato Tahan, 25. Ela, estudante. Ele, dentista.
Josias de Souza, Folha de S.Paulo, 30 set. 1996.

O parágrafo é desenvolvido por flashes, o que dá agilidade ao texto e prende


a atenção do leitor. Depois desses dois parágrafos, o autor fala da origem do
movimento “Reage São Paulo”.

18. Omissão de dados identificadores

(tema: ética)

Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude?
Com certeza não é algo que se refira somente à política ou às grandes
decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo
filosófico da ação e da conduta humanas cujos valores provêm da própria
natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da sociedade.
O Globo, 13 set. 1992.

48
As duas primeiras frases criam no leitor certa expectativa em relação ao
tema que se mantém em suspenso até a terceira frase. Pode-se também
construir todo o primeiro parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas
no parágrafo seguinte.

(VIANA. Antônio Carlos et alii. Roteiro de Redação – lendo e argumentando. 1 ed.


São Paulo. Scipione, 2004.)

49
Seção 21: Exercícios X

Escolha um tema e sobre ele crie um parágrafo com formas diferentes de introdução
e desenvolvimento. Não se esqueça de que seus parágrafos terão de possuir
desenvolvimento e conclusão.

a) Uso de indicadores de aspectos espaciais e desenvolvimento por detalhes

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

• b) Uso de indicadores de aspectos temporais e desenvolvimento por comparação


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

• c) Uso de enumeração de fatos e desenvolvimento por definição


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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Dadas as idéias centrais, desenvolva os parágrafos abaixo tentando, inclusive,
concluir tais idéias. Comece reescrevendo os tópicos.

a) Afirmar que não somos preconceituosos é muito fácil.


_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

b) Dois são os principais motivos que aceleram a pobreza na sociedade.


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

51
Seção 22: FORMAS DISCURSIVAS DO PARÁGRAFO

Narração Narrar é contar. A narração é o relato de um


fato real ou fictício que implica a presença de
todos ou de alguns dos seguintes elementos:
O quê? – o fato em si.
Quem – o protagonista e os antagonistas
(personagens)
Como – o modo como se desenrolou o fato.
Quando – a época, o momento em que
ocorreu o fato (tempo).
Onde – o lugar de onde ocorreu o fato
(espaço)
O porquê – a causa, a razão.
Por isso – resultado ou conseqüência.
Descrição A descrição é a caracterização ou a
representação de um ser (objeto, pessoa,
paisagem, um animal, planta, um ser
imaginário etc.) por meio da indicação de
seus aspectos mais característicos, dos
elementos que o individualizam, que o
distinguem. O texto explora a percepção dos
cinco sentidos: audição, gustação, olfato,
visão e tato. O objetivo é produzir, na
imaginação de quem lê, uma impressão
equivalente à imagem do objeto ou ser que
está sendo retratado.
Dissertação Dissertação é a discussão organizada de um
assunto. O texto dissertativo tem por objetivo
analisar, interpretar, explicar e avaliar dados
da realidade. A fim de atingir esse objetivo, o
autor examina, relaciona, compara idéias e
ao mesmo tempo questiona para mostrar o
valor de alguma coisa.

(Moysés, Carlos Alberto. Língua Portuguesa – atividades de Leitura e Produção de textos. Ed Saraiva. SP. 2005)

EXERCITANDO:

1) Os textos abaixo são, predominantemente:, descritivos, narrativos ou dissertativos:

a) Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do


chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo
branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o
pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me
completamente feliz. Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal
oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as
comprava? E, que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E

52
que mãos os tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era
mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta
mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase
todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não a podia
ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito
longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam
com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os
assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.(...) (MEIRELES, Cecília.

b) A sensação que temos é de que as pessoas sempre estão correndo atrás de


alguma coisa: um novo e bom emprego, uma casa ou um carro, uma viagem dos sonhos,
um amor muito desejado, a tão sonhada paz mundial etc., ou seja, as pessoas estão sempre
conduzindo as suas vidas no presente com muitas expectativas de um futuro melhor e feliz.
Mas a impressão que fica é de que esse tão sonhado futuro nunca se torna presente.

c) Ao acordar, disse para a mulher:


– Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o
sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade,
estou a nenhum.
– Explique isso ao homem – ponderou a mulher.
– Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir
rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui
dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar –
amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um
banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café.
Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse
completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar
dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda
era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a
porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

d) Quem disser que nunca se rendeu aos apelos da moda que o mercado nos impõe
estará, certamente, mentindo. Somos praticamente bombardeados todos os dias com uma
série de propagandas e anúncios nos dizendo como nos vestir, o que vestir, o corte de
cabelo adequado, o corpo perfeito que devemos alcançar e uma infinidade de outras “dicas
de beleza”. Aquele que resolve não se curvar aos ditames da moda, muito provavelmente
será chamado de cafona, antiquado, sem estilo etc.

e) Analisando o ritmo de vida que temos hoje chegaremos facilmente à conclusão de


que nossas crianças e adolescentes estão se tornando adultos muito precocemente. São
meninas muito jovens e despreparadas engravidando, adolescentes envolvidos em crimes
bárbaros, crianças trabalhando muito o dia todo quando deveriam estar na escola e
simplesmente brincando.

f) Durante anos, João Manoel sempre fez a mesma coisa, todos os dias: acordava
muito cedo, ia para o trabalho sem tomar um café da manhã que garantisse forças até o
horário do almoço. No trabalho, a rotina também era sempre a mesma: uma pilha de
papéis, latas, entulhos que deveriam ser separados e compactados, pois poderiam render
algum dinheiro que garantisse o arroz e o feijão do mês. Mas um dia, João Manoel
encontrou um papel com alguns números. Ele os achou interessantes. Dirigiu-se a uma
casa lotérica e apostou naqueles números. Hoje João Manoel é dono de uma grande rede
de fábricas de reciclagem de lixo.

53
g) “Algumas lavadeiras enchiam já as suas tinas; outras estendiam nos coradouros a
roupa que ficara de molho. Principiava o trabalho. Rompiam das gargantas os fados
portugueses e as modinhas brasileiras. Um carroção de lixo entrou com grande barulho de
rodas na pedra, seguido de uma algazarra medonha...”

h) Trânsito confuso e agitado, pessoas estressadas andando de um lado para outro,


um empurra-empurra nos lugares mais apertados e disputados: assim é o final de um dia de
uma cidade grande com a chuva caindo.

Seção 23: Revendo a pontuação

A pontuação é sem dúvida alguma uma forma de melhorarmos a organização de


nossos textos, deixando as informações mais claras. Vejamos alguns dos principais casos
de uso de um dos sinais mais usado que é a vírgula.
Uma primeira observação a ser feita é que geralmente costumamos redigir nossas
orações tendo em vista uma ordem de termos que pode ser definida por (S+V+C) em que
S=sujeito; V=verbo e C=complementos. Na oração abaixo:

• MARCOS FOI PARA RIBEIRÃO PRETO ONTEM PELA MANHÃ

temos o sujeito (S) Marcos; verbo (V) foi; e os complementos (C) onde Marcos foi e quando
ele foi.

Agora repare na mesma oração escrita de uma outra forma:

• ONTEM PELA MANHÃ, MARCOS FOI PARA RIBEIRÃO PRETO.

Observe que um dos complementos que geralmente ficaria no final da frase foi colocado no
início – o que não é muito usual, portanto para marcar essa mudança de local do
complemento, usamos a vírgula. Vejamos de uma bem sintética outros casos em que a
vírgula deve aparecer:

Casos em que ocorre a Exemplos


vírgula o interior das
orações

Isolar o aposto (uma • Márcia, aluna do terceiro semestre, foi transferida de


explicação a mais sobre curso por vontade própria.
um termo anterior) • Os alunos, filhos dos funcionários, terão descontos nas
mensalidades.
Isolar o vocativo (forma • Valéria, será que você poderia me emprestar seu carro?
que usamos para chamar • Será que você poderia me emprestar seu carro,
pessoas) Valéria?
• Será que você, Valéria, poderia me emprestar seu
carro?
Isolar as expressões • Todas as pessoas, isto é, quase todas foram embora.
explicativas: ou seja, ou • Eu queria, ou melhor, eu quero ver o doutor agora.
melhor, isto é, por • No mundo, por exemplo, há muita coisa que eu não
exemplo, a saber gosto.

Separar local e data • Santa Bárbara d’Oeste, 16 de dezembro de 1970.

54
Separar elementos • Fomos à loja e lá compramos: duas camisas, uma
seqüenciais quando não calça, um sapato e um pr de meias.
acompanhados por e, nem • Fomos à loja e não compramos calças nem camisas
nem meias nem sapatos.
Com as conjunções: mas, • Perdemos a hora do vôo, mas tudo terminou bem.
portanto, todavia, contudo, • Estude mais, pois os exames serão difíceis.
entretanto, porém, pois,
porque, etc
Indicar a ausência do • Eu fui para Campinas. Meu irmão, não.
verbo (elispe) • Estudamos muito. Marcos, pouco.

EXERCÍCIOS:

1) Pontue os períodos abaixo corretamente (use, além da vírgula, o ponto-final quando


necessário):

a) Paulo você sabe onde Carlos o aluno mais indisciplinado foi que ainda não voltou?

b) Durante todo o período de férias ficamos sem ver nossos melhores amigos sem falar
com os funcionários que mais gostamos e sem rir muito com as piadas de João o
conhecido pelo bom humor.

c) Dias atrás na cidade do Rio de Janeiro Cláudia uma menina trabalhadora e pobre
arriscou a sorte e jogou na loteria o resultado foi fantástico.

d) Estudamos muito mas muito mesmo entretanto o professor muito severo e pouco
amistoso não fez uma avaliação muito fácil.

e) Outro dia vi numa fotografia antiga meu bisavô o meu avô e meu dois tios.

f) Você vai de ônibus ou de táxi?

g) Um terá que ceder ou pai ou filho.

h) O trapezista caiu de uma altura de trinta metros e não morreu!

i) Todos exceto João fizeram altas dívidas e agora não querem saber de pagá-las.

j) Nem Luís nem Pedro nem Antonio nem ninguém apareceu.

k) As crianças com suas caras lambuzadas se divertiam à beça.

l) Quem nasce assim da noite para o dia são os cogumelos.

m) O caminhão muito carregado tombou com o peso de sua carga contudo nenhum
acidente mais grave aconteceu pois a estrada estava praticamente vazia.

n) Cristina sempre fofoqueira e inquieta foi contar tudo para o diretor sobre o que
aconteceu com Carlos o nosso mais fiel amigo.

o) A casa do vizinho com todas aquelas rachaduras não poderia ser alugada por um
preço tão alto.

55
p) “Mas hoje Primo Altamiro embora nunca tivesse trabalhado resolveu aposentar. Abriu
um escritório de corretagem para contrabando tráfico de entorpecentes e prostituição
em massa. É do que vive embora não precisasse disso pois nunca deixou de ser
gigolô de certas velhotas ricas da sociedade que lhe dão do bom e do melhor e lhe
pagam em dólar conforme ele mesmo exige para não ficar desmoralizado no mundo
do crime. Tem certeza de que poupa a humanidade porque poderia explorá-las muito
mais”.

2) Indique o erro no emprego da vírgula nas frases abaixo:

a) A sua idéia, não podia ter sido melhor.


b) João, apronta cada uma!
c) Já sei que você trouxe, aquilo que pedi.
d) A minha vida, é uma grande piada.

3) Empregue vírgulas nos textos e frases quando necessário, observando as regras na


apostila:

a) Alice Vieira gerente média é responsável pela direção das atividades de gerentes de
primeira linha como Jorge de Oliveira chefe do setor de pesquisas de mercado devendo
também atender à direção de seu chefe que é o vice-presidente da empresa. Alice muito
dedicada e prestativa também é responsável por todos os processos de administração. Ela
tem de planejar seu orçamento para o próximo ano entender por que a empresa está
gastando mais do que havia orçado e garantir que tudo sai bem portanto ela tem de
controlar os gastos. Alice conversou com o seu chefe sobre a reorganização do
departamento e o fato de parar de fumar mostrou seu desejo de liderar pelo bom exemplo.

b) Márcia quer que seus funcionários deixem de focalizar tarefas e passem a focalizar
processos como: agregar pessoas aplicar pessoas desenvolver pessoas recompensar
pessoas e assim por diante. Devem olhar a floresta e não cada árvore. Deixar de executar
tarefas especializadas e separadas como recrutar selecionar integrar comunicar reinar
remunerar avaliar desempenho para atuar de maneira global e estratégica. Devem mirar
horizontalmente os clientes internos e não verticalmente os chefes. Saber das necessidades
e das expectativas dos clientes internos e como satisfazê-los. Devem focalizar metas e
resultados a serem alcançados e não apenas os métodos de trabalho ou seja quais os
objetivos a atingir e como atingi-los da melhor maneira.

c) Roberto é um excelente profissional muito responsável e admirado por seus


conhecimentos técnicos. Depois de diplomar-se em Administração Roberto não parou mais
de estudar e de tentar aplicar seus conhecimentos. Sabe melhor do que ninguém
equacionar os problemas e definir as melhores soluções. Sua dificuldade maior é lidar com
pessoas: não sabe explicar as coisas nem treinar ou argumentar tampouco tem paciência
com os subordinados. Apesar de seu excelente preparo técnico Roberto não consegue
progredir na empresa. Quer ser promovido a gerente de equipe mas fica sempre na fila de
espera.

d) Otávio você me parece meio cansado hoje aconteceu algo de errado no trabalho. Antonio
o nosso amigo mais fiel me disse que você anda desanimado no trabalho por conta dos
baixos salários.

56
Seção 24: Coesão textual

Considere os enunciados abaixo:

A maioria dos professores, de qualquer grau, concorda que os alunos não lêem, não gostam
de ler e têm dificuldades para compreender o texto escrito.
Muitos relutam em assumir sua parcela de responsabilidade na formação do aluno leitor.
A escola deveria ser o local de “aprendizado de leitura” por excelência.
A escola acaba atuando ao contrário.
A escola usa o texto fragmentado (muitas vezes sem referência de título e autor).
O texto aparece no livro didático apenas como escada para o ensino de gramática.
O professor, na verdade, acaba “ensinando” que a leitura é uma atividade chata, inútil e que
provoca sofrimento.

Embora seja possível perceber de modo vago que as frases acima se referem ao assunto
“leitura”, não podemos dizer que elas façam sentido. Algumas parecem soltas, não fazem
parte do conjunto. Não podemos perceber a relação de sentido existente entre elas.
Portanto, esse conjunto de frases não constitui um texto.

Considere agora:

A maioria dos professores, de qualquer grau, concorda que os alunos não lêem, não gostam
de ler e têm dificuldades para compreender o texto escrito, porém muitos relutam em
assumir sua parcela de responsabilidade na formação do aluno leitor. Assim, a escola que
deveria ser o local de “aprendizado da leitura” por excelência, acaba atuando ao contrário:
ao usar o texto fragmentado (muitas vezes sem referência de título e autor) que aparece no
livro didático apenas como escada para o ensino de gramática, o professor, na verdade,
acaba “ensinando” que a leitura é uma atividade chata, inútil e que provoca sofrimento.

Fonte: Isabel S. Sampaio, Professora de Comunicação e Expressão da Universidade São Francisco.

Agora é bem diferente! Podemos perceber o assunto bem como a relação entre as idéias,
pois as frases estão interligadas. Esse conjunto de frases constitui um texto.
A relação entre as frases é estabelecida pelo emprego de certas palavras:

- cria-se uma relação de oposição quando é utilizada a conjunção porém que estabelece
um conexão com a frase seguinte

- A conjunção assim estabelece uma relação de conclusão em relação aos enunciados


anteriores;

- O pronome relativo que retoma o termo escola;

- O segundo pronome relativo destacado (que) retoma o termo texto fragmentado.

Assim:
Coesão é a ligação, a conexão que ocorre entre os vários enunciados que compões
um texto.

São diversos os recursos que asseguram a coesão textual. Há mecanismos que


estabelecem relações entre as palavras, outros que estabelecem relações entre períodos e
ainda outros que estabelecem relações entre orações dentro de um mesmo período e outros

57
que estabelecem relações entre os parágrafos. São as conjunções, as preposições,
pronomes, entre outros.

1) Perto da faculdade havia uma lanchonete. Costumávamos ir lá depois das aulas.

2) Bill Clinton tem evitado repórteres. Ele prefere não fazer declarações no momento.

3) Ricardo diz que está muito feliz no novo emprego. O pai dele não acha que isso seja
verdade.

(Moysés, Carlos Alberto. Língua Portuguesa – atividades de Leitura e Produção de textos. Ed


Saraiva. SP. 2005)

Coesão ou coerência?
Observe:

o anil
o anzol
o azul
o silêncio
o tempo
o peixe

a agulha
vertical
mergulha

a água
a linha
a espuma

o tempo
a âncora
o peixe...
(Affonso Romano de Sant’Anna)

Observe:

“Hoje pela manhã, acordei muito cedo, mas não tomei café da manhã devido ao meu atraso, entretanto
meu irmão não trouxe o livro que eu lhe pedi porque a minha mãe não fez o café muito cedo hoje, sendo
assim, acho que vou viajar no final de semana com os amigos da faculdade e tentar, na próxima semana,
arrumar um emprego, pois sempre acordo muito atrasado; meu pai está comprando uma casa agora.”

EXERCITANDO:

1) Abaixo temos alguns fragmentos de textos que apresentam algum tipo de incoerência.
Aponte-os e discuta a razão delas:

58
a) Conheci Sheng no primeiro colegial e aí começou um namoro apaixonado que dura até
hoje e talvez para sempre. Mas não gosto da sua família: repressora, preconceituosa,
preocupada em manter as milenares tradições chinesas. O pior é que sou brasileira,
detesto comida chinesa e não sei comer com pauzinhos. Em casa, só falam chinês e de
chinês eu só sei o nome do Sheing. No dia do seu aniversário, já fazia dois anos de
namoro, ele ganhou coragem e me convidou para jantar em sua casa. Eu não podia
recusar e fui. Fiquei conhecendo os velhos, conversei com eles, ouvi muitas histórias da
família e da China, comi tantas coisas diferentes que nem sei. Depois fomos ao cinema
eu e o Sheing.

b) O quarto espelha características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar


livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia
sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um
tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas
de um poeta inglês.

c) Diante daquelas situações que todo mundo só falta arrancar os cabelos de raiva e de
intolerância como ficar horas esperando o atendimento numa fila qualquer, ou ser
enrolado por alguém com um discurso sem-vergonha, eu costumo manter meu equilíbrio
– afinal, perder a paciência por quê? No final do ano passado, quando as aulas
terminaram, eu e minha turma fomos viajar para o litoral nordestino a procura apenas de
sol, praia, sombra e água fresca. Tudo estava simplesmente perfeito. O hotel onde
ficamos parecia uma estação paradisíaca: tudo muito limpo, comida excelente, serviço
de quarto muito bom. As praias, essas nem preciso mencionar: todas maravilhosas e
cheias de gente bonita e bronzeada e vendendo saúde. Na primeira semana de viagem
ficamos muito cansados, pois queríamos conhecer várias praias, mas na última semana,
resolvemos nos divertir em apenas uma, assim não ficaríamos muito cansados tendo
que pegar a estrada toda manhã e depois voltar para o hotel que não possuía um
serviço de atendimento noturno muito bom. No penúltimo dia, acho que fiquei um pouco
demais ao sol e o resultado foi desastroso: fiquei um pimentão, ardendo mais que
pimenta. Fui para o quarto, tomei banho, me enchi de creme, mas não senti muito
resultado – eu ardia como o cão! Marcos, o nosso amigo mais brincalhão, vendo aquela
minha situação, deu-me um tapa nas costas que me paralisou de dor. A minha reação foi
imediata: um soco na boca de Marcos que chegou a quebras um dos seus dentes
caninos.

Seção 25: USO DOS CONECTIVOS

Todo bom texto depende de uma série de observações de ordem lingüístico-


discursivas, entre elas, temos o emprego dos conectivos (também chamados de
conjunções) que são responsáveis pela coesão e coerência textual, isto é, pela harmonia
entre os elementos e as idéias em uma frase/texto. Vejamos abaixo os principais conectivos
com os seus respectivos sentidos:

Relações lógicas Palavras e expressões articuladoras que podem ser usadas


Causas Porque, pois, porquanto, dado, visto, devido a, por causa, uma vez
que, dado que, em virtude de...
conseqüência Logo, portanto, pois, assim, de modo que, de forma que, sendo
assim, por conseguinte...
finalidade Para, para que, a fim de que, a fim de, com o propósito de, com o
fim de, com o intuito de...
condição Se, caso, mediante, salvo, contanto que, a não se que, a menos

59
que, exceto se...
Oposição branda Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto...

Contradição e Ainda que, apesar de que, embora, mesmo que, conquanto que, se
concessão bem que, por mais que, posto que etc.
Comparação Como, qual, do mesmo modo que, como se, assim como, tal
como...
Conformidade Conforme, segundo, consoante, de acordo com, em conformidade
com...
Adição E, não só...mas também, não apenas...como, nem....

Proporcionalidade À medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto
mais, quanto menos
Tempo Quando, enquanto, assim que, logo que, todas as vezes que, desde
que, depois que, sempre que, assim que, previamente,
subseqüentemente, simultaneamente, recentemente

EXERCITANDO
1) Complete o texto abaixo usando as preposições adequadas (a, ante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre):

“O aspartame, um ....... adoçantes mais usados atualmente, foi descoberto ...... puro acaso, ..... 1965,
...... laboratório dos Estados Unidos. O químico James Schlatter, ..... companhia Searle, estava
pesquisando um remédio ..... úlcera, baseado..... mistura ...... quatro aminoácidos diferentes.
Aminoácidos são os compostos .... carbono que formam as proteínas. Schatter estava aquecendo a
mistura ..... frasco, quando algumas gotas espirraram ..... fora. ....... dar importância ........ o fato, ele
prosseguiu seu trabalho. Um pouco mais tarde, ....... lamber o dedo ...... pegar uma folha ...... papel,
percebeu um sabor doce muito forte. Primeiro, achou que era um resto de açúcar ....... café ...... manhã.
Depois, percebeu que isso não podia ser verdade, pois havia lavado as mãos ...... chegar .......
laboratório. Deduziu, então, que a origem ........ sabor só podia ser o frasco usado ....... experiência.
Como nenhuma ....... substâncias usadas era tóxica, Schlatter provou a mistura e reconheceu o gosto
que saboreava ...... dedo, momentos antes.”

2) Use em cada frase abaixo o melhor conectivo a fim de tornar as frases coesas e
coerentes.
a) Não fales sem pensar........................não terás do que te arrepender.
b) Todos prometeram ajudar, muitos........................não cumpriram a promessa.
c) Vamos embora,............o filme está muito chato.
d) Analisamos o projeto com muita atenção, .................... estamos aptos a executá-lo.
e) Este diploma poderá facilitar teu ingresso na firma, .................. não penses que o
trabalho será sempre fácil.
f) .................................... o velho professor entrou, as autoridades levantaram-se e
aplaudiram-no.
g) Ele agradeceu a mim ................. todos os presentes pela ajuda recebida.
h) Esforcemo-nos ................................ tudo dará certo no final.

60
3) Considere as orações abaixo dando continuidade a elas empregando as
conjunções indicadas nos parênteses:

a) (condição) Irei ao cinema ...


b) (oposição) Depois de horas de estudo e de dedicação, fui fazer a prova do concurso, ...

c) (proporção) Os lugares reservados foram ocupados ...

d) (conformidade) Muita chuva ainda pode cair...

e) (contradição) Fui para a festa de fim do ano ...

4) Continue as frases abaixo levando-se em conta o valor semântico dos conectivos .

a) O progresso técnico e científico alcançado pelo homem, ao longo dos tempos, tem sido
questionado por muitas pessoas, pois ...

b) Ninguém duvida que a leitura é importante, contudo ...

c) O grande número de pessoas que se aglomera nas metrópoles vive sonhando com a
vida no campo visto que ...

5) Analise atentamente as orações abaixo e escolha um dos conectivos entre parênteses


que melhor se ajuste à idéia da frase a fim de que ela fique coerente e coesa.
a) O trabalho estava complicado _______ tivemos que estudar muito mais. (sendo assim /
pois)
b) Falaram muito _______ fazer algo que fosse bom, ninguém fez! (porque / contudo)
c) Fomos à reunião ______ não participamos das atividades programadas. (já que / quando)
d) Não conseguimos retirar os passaportes ________ chegamos muito atrasados.
(porque / mas)
e) Meu professor elaborou uma avaliação muito trabalhosa ________ eu havia
estudado muito, não tive problemas com a nota. (contudo / visto que)

Um argumento cínico

(1) Certamente nunca terá faltado aos sonegadores de todos os tempos e lugares o
confortável pretexto de que o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de
administradores incompetentes e desonestos. (2) Como pretexto, a invocação é
insuperável e tem mesmo a cor e os traços do mais acendrado civismo. (3) Como
argumento, no entanto, é cínica e improcedente. (4) Cínica porque a sonegação, que
nesse caso se pratica, não é compensada por qualquer sacrifício ou contribuição
que atenda à necessidade de recursos imanentes a todos os erários, sejam (5) eles
bem ou mal administrados. (6) Ora, sem recursos obtidos da comunidade não há
policiamento, não há transportes, não há escolas ou hospitais. (7) E sem serviços
públicos essenciais, não há Estado e não pode haver sociedade política. (8)
Improcedente porque a sonegação, longe de fazer melhores os maus governantes,
estimula-os à prepotência e ao arbítrio, (9) além de agravar a carga tributária dos
que não querem e dos que, mesmo querendo, não têm como (10) dela fugir – os que

61
vivem de salário, por exemplo. (11) Antes, é preciso pagar, até mesmo para que não
faltem legitimidade e força moral às denúncias de malversação. (12) É muito
cômodo, (13) mas não deixa de ser, no fundo, uma hipocrisia, reclamar contra o mau
uso dos dinheiros públicos para cuja formação não tenhamos colaborado. (14) Ou
não tenhamos colaborado na proporção da nossa renda.
(Vilela, Jão Baptista. Veja, 25 set. 1985 in: Platão & Fiorin – Para Entender o Texto – Leitura e Redação)

Todo bom texto depende de uma série de observações de ordem lingüístico-discursivas,


entre elas, temos o emprego dos conectivos (também chamados de conjunções) que são
responsáveis pela coesão e coerência textual, isto é, pela harmonia entre os elementos e
as idéias em uma frase/texto. Tente definir as idéias e/ou articulações decorrentes das
palavras grifadas no texto acima e indicadas pelos números. Use o seu caderno para as
respostas.

Uso de coesão textual em cartas:

Como vimos, a coesão textual organiza e confere seqüência lógica às idéias e é importante
na organização de um texto.
As partes de um texto para estarem em coerência, precisam estar ajustadas umas às outras
e não apresentar contradição. Deve-se tomar cuidado de, ao trabalhar uma idéia, ir até o
seu fim para só depois iniciar outra.
Observe a seqüência lógica dos vários parágrafos de uma carta enviada por uma
seguradora de saúde.

Texto correto:

Prezado Cliente,

Nosso objetivo maior é a sua completa satisfação. Meta atingida com o oferecimento de
serviços de alta qualidade e com a busca constante de aperfeiçoamento.

Assim, temos investido em tecnologia de ponta na área médica, no credenciamento de


profissionais de competência inquestionável e na ampliação do número de opções em
termos de plano e seguros-saúde.

Outra medida que contribui para a prestação de um atendimento cada vez melhor é ouvir a
sua opinião sobre nossos serviços. Nesse sentido, a partir deste mês, você receberá a cada
bimestre um Demonstrativo de Atendimento, relacionando os procedimentos realizados
durante os últimos meses.

Junto ao demonstrativo, segue um breve questionário visando a verificar o nível de


satisfação. Responda, desataque o cartão-resposta e coloque-o numa caixa dos Correios –
não é preciso selar.

Suas respostas servirão para o aprimoramento de nossos sistemas, revertendo num


atendimento ainda melhor para você e sua família.

Contamos com a sua ajuda.


Atenciosamente,

62
Seção 26: Exercício

O texto que segue foi desmontado, propositalmente, sua tarefa será a de reestruturá-lo.

Portanto, todas essas formas parciais de comunicação são vivas, não possuem limites
fixados, horizontes delimitados, não fecham a mensagem.

Há certas formas de comunicação que são, por sua própria natureza, parciais. Isto é, elas deixam
sempre um espaço livre para a participação criativa do receptor e possibilitam com isso a expansão do
seu imaginário. Esses vôos da imaginação restringem-se, contudo, àquilo que o receptor já conhece.

Na literatura temos um texto, mas faltam as imagens. Estas são construídas pela
fantasia do leitor e são diferentes de pessoa para pessoa. Cada um as vê ampliando ou
reduzindo os aspectos que mais interessam dentro dos limites do enredo. A literatura
figurativa, nesse sentido, é mais rica e apresenta mais possibilidades que a linear (estilo
jornalístico).

Essas formas parciais de comunicação manifestam-se de diferentes maneiras. São elas


a literatura. O teatro, a pintura abstrata, a fotografia moderna (artística), o disco, o rádio.

Na pintura abstrata e na fotografia moderna, as linhas não são definidas, a imagem


não diz nada ou quase nada. Sentir, imaginar, descobrir fatos nessa imagem é tarefa de
cada um que a vê.

No teatro, a dimensão que permanece aberta é a do cenário: os atores contracenam,


tendo como fundo apenas alguns elementos que representam o mundo onde transcorre a
estória. São elementos-símbolo; o ambiente não está de fato completo: a tarefa de
completá-lo fica a cargo daquele que assiste à peça.

O disco e o rádio, trabalhando apenas com uma dimensão – o som – também permitem que o
ouvinte se transporte, imagine e participe, a seu modo, de sua composição.

(Ciro Marcondes. Televisão – A vida pelo vídeo. São Paulo, Moderna, 1988, p.26-7.)

63
Seção 27: QUEM SOU EU?

Como se sair bem nas redações


Geralmente atuais e amplos, os temas utilizados nas redações aplicadas pelas empresas
têm dupla função. São um estímulo para escrever e funcionam como um recurso de
avaliação do perfil do candidato.
“Não há padrão de assuntos porque as empresas procuram inovar”, afirma Mozart
Amaecing, 44 anos, gerente de consultoria em gestão do capital humano da Deloitte Touche
Tohmatsu.
Aplicar provas com temas complexos a aspirantes a cargos mais altos, por exemplo, é uma
forma de testar o nível de discernimento do profissional sobre aquele assunto, segundo
Langbeck.
Itens como a lógica, a objetividade, o vocabulário e o grau de informação, também são
levados em consideração pelos selecionadores. “Capacidades como a de ser original nas
opiniões e a de saber argumentar são muitas vezes mais relevantes que o próprio tema”,
exemplifica Dario Guimarães, consultor da Across RH.
A redação pode ser aplicada discriminadamente, (apenas para alguns níveis hierárquicos,
cargos ou áreas) ou para todos que concorrem a vagas na empresa, como no grupo Ache
(farmacêutico).
Juliana Alaíde Silva, 26, analista de recursos de desenvolvimento de recursos humanos da
companhia, cita dois exemplos recentes. “Procurávamos um advogado que tivesse a
intenção de seguir carreira na empresa. Para detectar esse requisito, aplicamos uma
redação sobre como o profissional se imaginaria em dez anos”, conta.
No outro caso, buscavam quem tivesse uma visão além da técnica do trabalho. O tema foi
“Globalização versus competitividade”.

Conteúdo Dicas
Desenvolvimento e elaboração de idéias Uma boa redação deve conter três
elementos básicos: a abertura (na qual se
O assunto proposto serve mais como um define o assunto tratado) , o
estímulo para escrever. A idéia é ver como desenvolvimento (ou defesa da idéia) e o
o candidato estrutura o pensamento desfecho (uma solução ou conclusão sobre
desenvolve e encadeia idéias, por exemplo. o tema) Obedecer a esta estrutura e seguir
A visão de mundo também é colocada à os padrões corretos da gramática é meio
prova, assim como os valores e a maneira caminho andado para obter um bom
de refletir a respeito de um assunto. resultado.
Domínio das regras da linguagem É preciso ter conhecimento prévio das
regras fundamentais da linguagem. Tudo
O uso correto da normas de português é um será avaliado: pontuação, acentuação,
item avaliado na maior parte dos testes. concordância, grafia. Tente revisar o que
Questões gramaticais e ortográficas, com aprendeu no ensino fundamental. Troque
maior ou menor exigência, de acordo com o por sinônimos, palavras cuja grafia deixa
cargo pretendido, sempre fazem parte do dúvida e preste atenção à utilização de
exame do texto proposto na seleção. termos estrangeiros, colocando-os sempre
entre aspas.

Tema técnico Escreva somente sobre o que tem certeza


para não comprometer a precisão das
Neste caso, examina-se o nível de informações. Quando a proposta for

64
conhecimento técnico do profissional e discorrer sobre uma situação do dia-a-dia, o
verifica se o candidato está ligado nas ideal é traçar um diagnóstico primeiro e
tendências do mercado. Na área de depois redigir. Uma dica é informar-se com
tecnologia da informação, por exemplo, antecedência sobre os negócios e o ramo
temas como a influência da Internet nas da empresa.
organizações podem ser freqüentes.
Tema atual
Estar bem informado é pré-requisito. Leia
Estar “antenado” é um requisito básico em bastante e acompanhe as notícias. Exponha
qualquer função e, por isso, as a sua opinião sem ser agressivo ou causar
organizações aliam os objetivos reais da polêmica. Lembre-se que termos
redação com a análise do nível de rebuscados não agregam valor ao conteúdo
atualização. Temas como terceiro setor, do texto.
ambiente e qualidade de vida são comuns.
Tema livre ou de auto- análise
Priorize informações da vida profissional.
Dentre os assuntos de análise psicológica, Exponha os pontos fortes e também
o “Quem sou eu?” é o mais comum. Serve aqueles passíveis de melhorias. Destaque
para verificar se a pessoa tem dificuldades algumas características que correspondam
de falar sobre si mesma e até traça um às expectativas da empresa. No tema livre,
perfil psicológico do candidato. O tema livre a escolha deve ser cuidadosa. Aborde
geralmente investiga a criatividade. pontos sérios e de interesse geral (políticos,
econômicos ou sociais). Evite tratar de
futilidades ou polemizar falando de futebol e
religião, por exemplo.
Análise de idioma estrangeiro
A estrutura tem de seguir as mesmas regras
Além do teste oral, o nível em um idioma do texto em português. Se o tema for livre,
estrangeiro pode ser avaliado por meio de prefira aqueles relacionados ao trabalho.
redação. Neste caso, a estrutura do texto e
os aspectos gramaticais são os itens mais
importantes.
Em uma análise grafológica
Fique tranqüilo e seja natural. Não adianta
Algumas empresas usam a grafologia, que tentar passar uma imagem que não é a real
estuda a personalidade de uma pessoa por porque a análise grafológica não costuma
meio da observação de sua letra, para determinar a aprovação. Mais tarde, os
traçar um perfil psicológico do candidato. O dados podem ser confrontados com outros
que importa neste caso não é o conteúdo, testes. Já que não há como saber se a
mas, sim, o material que o conjunto das análise será m,esmo grafológica, não
palavras escritas fornecerá para basear o descuide do conteúdo da redação e
estudo. entregue um texto apresentável, sem muitas
rasuras ou erros.

Dominar a língua é essencial!

(Folha de S. Paulo, Empregos, 7/10/01)

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Seção 28: BÔNUS
100 Erros Gramaticais e Ortográficos
MARTINS, Eduardo.‘Os cem erros mais
comuns’. In: Manual de Redação e Estilo de
OESP. 10 - "Porque" você foi? Sempre que estiver
clara ou implícita a palavra razão, use por
Erros gramaticais e ortográficos devem, por que separado: Por que (razão) você foi? / Não
princípio, ser evitados. Alguns, no entanto, como sei por que (razão) ele faltou. / Explique por
ocorrem com maior freqüência, merecem que razão você se atrasou. Porque é usado
atenção redobrada. O primeiro capítulo deste nas respostas: Ele se atrasou porque o
manual inclui explicações mais completas a trânsito estava congestionado.
respeito de cada um deles. Veja os cem mais
comuns do idioma e use esta relação como um 11 - Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como
roteiro para fugir deles. presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à
missa, à sessão. Outros verbos com a: A
1 - "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe- medida não agradou (desagradou) à
se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro população. / Eles obedeceram
(bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao
Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau cargo de diretor. / Pagou ao amigo. /
jeito, mal-estar. Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava
aos estudantes.
2 - "Fazem" cinco anos. Fazer, quando
exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / 12 - Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se
Fazia dois séculos. / Fez 15 dias. sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É
preferível segue a mesma norma: É preferível
3 - "Houveram" muitos acidentes. Haver, lutar a morrer sem glória.
como existir, também é invariável: Houve muitos
acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver 13 - O resultado do jogo, não o abateu. Não
muitos casos iguais. se separa com vírgula o sujeito do predicado.
Assim: O resultado do jogo não o abateu.
4 - "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, Outro erro: O prefeito prometeu, novas
faltar, restar e sobrar admitem normalmente o denúncias. Não existe o sinal entre o
plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam predicado e o complemento: O prefeito
dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram prometeu novas denúncias.
alguns objetos. / Sobravam idéias.
14 - Não há regra sem "excessão". O certo
5 - Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não é exceção. Veja outras grafias erradas e,
pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu entre parênteses, a forma correta: "paralizar"
dizer, para eu trazer. (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu"
(chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso"
6 - Entre "eu" e você. Depois de preposição, (vultoso), "cincoenta" (cinqüenta), "zuar"
usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo"
e ti. (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo"
(bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar"
7 - "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro"
passado na frase. Use apenas há dez anos ou (invólucro).
dez anos atrás.
15 - Quebrou "o" óculos. Concordância no
8 - "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja plural: os óculos, meus óculos. Da mesma
outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus
de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.
ganhar grátis, viúva do falecido.
16 - Comprei "ele" para você. Eu, tu, ele,
9 - "Venda à prazo". Não existe crase antes de nós, vós e eles não podem ser objeto direto.
palavra masculina, a menos que esteja Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-
subentendida a palavra moda: Salto à (moda os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-
de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a me.
bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

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17 - Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o
eles, a você e a vocês e por isso não pode ser convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.

28 - Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e


não "qualquer", que se emprega depois de
18 - "Aluga-se" casas. O verbo concorda com negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe
o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma
consertos. / É assim que se evitam acidentes. / confusão.
Compram-se terrenos. / Procuram-se
empregados.

19 - "Tratam-se" de. O verbo seguido de


preposição não varia nesses casos: Trata-se
dos melhores profissionais. / Precisa-se de 29 - A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se
empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-
com os amigos. se) amanhã.

20 - Chegou "em" São Paulo. Verbos de 30 - Soube que os homens "feriram-se". O


movimento exigem a, e não em: Chegou a São que atrai o pronome: Soube que os homens se
Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os feriram. / A festa que se realizou... O mesmo
filhos ao circo. ocorre com as negativas, as conjunções
subordinativas e os advérbios: Não lhe diga
21 - Atraso implicará "em" punição. Implicar é nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. /
direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso Quando se falava no assunto... / Como as
implicará punição. / Promoção implica pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se
responsabilidade. paga. / Depois o procuro.

22 - Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à 31 - O peixe tem muito "espinho". Peixe tem
custa do pai. Use também em via de, e não "em espinha. Veja outras confusões desse tipo: O
vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho "fuzil" (fusível) queimou. / Casa "germinada"
em via de conclusão. (geminada), "ciclo" (círculo) vicioso, "cabeçário"
(cabeçalho).
23 - Todos somos "cidadões". O plural de
cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de 32 - Não sabiam "aonde" ele estava. O certo:
caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa
gângsteres. com verbos de movimento, apenas: Não sei
aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?
24 - O ingresso é "gratuíto". A pronúncia
correta é gratúito, assim como circúito, intúito e 33 - "Obrigado", disse a moça. Obrigado
fortúito (o acento não existe e só indica a letra concorda com a pessoa: "Obrigada", disse a
tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, moça. / Obrigado pela atenção. / Muito
recórde, aváro, ibéro, pólipo. obrigados por tudo.

25 - A última "seção" de cinema. Seção 34 - O governo "interviu". Intervir conjuga-se


significa divisão, repartição, e sessão equivale a como vir. Assim: O governo interveio. Da
tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, mesma forma: intervinha, intervim, interviemos,
Seção de Esportes, seção de brinquedos; intervieram. Outros verbos derivados:
sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse,
do Congresso. predisse, conviesse, perfizera, entrevimos,
condisser, etc.
26 - Vendeu "uma" grama de ouro. Grama,
peso, é palavra masculina: um grama de ouro, 35 - Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não
vitamina C de dois gramas. Femininas, por varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.
exemplo, são a agravante, a atenuante, a
alface, a cal, etc. 36 - "Fica" você comigo. Fica é imperativo do
pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique:
27 - "Porisso". Duas palavras, por isso, como Fique você comigo. / Venha pra Caixa você
de repente e a partir de. também. / Chegue aqui.

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37 - A questão não tem nada "haver" com 39 - Vou "emprestar" dele. Emprestar é ceder,
você. A questão, na verdade, não tem nada a e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro
ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder)
tudo a ver com você. ao meu irmão. Repare nesta concordância:
Pediu emprestadas duas malas.
38 - A corrida custa 5 "real". A moeda tem
plural, e regular: A corrida custa 5 reais.
40 - Foi "taxado" de ladrão. Tachar é que a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas:
significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi As pessoas esperavam-no. / Dão-nos,
tachado de leviano. convidam-na, põe-nos, impõem-nos.

41 - Ele foi um dos que "chegou" antes. Um 50 - Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa
dos que faz a concordância no plural: Ele foi um pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes)
dos que chegaram antes (dos que chegaram
antes, ele foi um). / Era um dos que sempre depois de futuro do presente, futuro do pretérito
vibravam com a vitória. (antigo condicional) ou particípio. Assim:
Vocês
42 - "Cerca de 18" pessoas o saudaram.
Cerca de indica arredondamento e não pode lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se
aparecer com números exatos: Cerca de 20 imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá-
pessoas o saudaram. se"). / Os amigos nos darão (e não "darão-nos")
um presente. / Tendo-me formado (e nunca
43 - Ministro nega que "é" negligente. Negar tendo "formado-me").
que introduz subjuntivo, assim como embora e
talvez: Ministro nega que seja negligente. / O 51 - Chegou "a" duas horas e partirá daqui
jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele "há" cinco minutos. Há indica passado e
talvez o convide para a festa. / Embora tente equivale a faz, enquanto a exprime distância ou
negar, vai deixar a empresa. tempo futuro (não pode ser substituído por faz):
Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a
44 - Tinha "chego" atrasado. "Chego" não (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava
existe. O certo: Tinha chegado atrasado. a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele
partiu há (faz) pouco menos de dez dias.
45 - Tons "pastéis" predominam. Nome de
cor, quando expresso por substantivo, não varia: 52 - Blusa "em" seda. Usa-se de, e não em,
Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, para definir o material de que alguma coisa é
camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha
normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas de prata, estátua de madeira.
amarelas.
53 - A artista "deu à luz a" gêmeos. A
46 - Lute pelo "meio-ambiente". Meio expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à
ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu "a
de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal luz a" gêmeos.
aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-
prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale- 54 - Estávamos "em" quatro à mesa. O em
refeição, meio-de-campo, etc. não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos
seis. / Ficamos cinco na sala.
47 - Queria namorar "com" o colega. O com
não existe: Queria namorar o colega. 55 - Sentou "na" mesa para comer. Sentar-se
(ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o
48 - O processo deu entrada "junto ao" STF. certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou
Processo dá entrada no STF. Igualmente: O ao piano, à máquina, ao computador.
jogador foi contratado do (e não "junto ao")
Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal 56 - Ficou contente "por causa que" ninguém
entre os (e não "junto aos") leitores. / Era se feriu. Embora popular, a locução não existe.
grande a sua dívida com o (e não "junto ao") Use porque: Ficou contente porque ninguém se
banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não feriu.
"junto ao") Procon.
57 - O time empatou "em" 2 a 2. A preposição
49 - As pessoas "esperavam-o". Quando o é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que
verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o,

68
ele ganha por e perde por. Da mesma forma: 59 - Não queria que "receiassem" a sua
empate por. companhia. O i não existe: Não queria que
receassem a sua companhia. Da mesma forma:
58 - À medida "em" que a epidemia se passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só
espalhava... O certo é: À medida que a existe i quando o acento cai no e que precede a
epidemia se espalhava... Existe ainda na terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).
medida em que (tendo em vista que): É preciso
cumprir as leis, na medida em que elas existem.

60 - Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os
acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o
com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; país conhecerá a decisão dos servidores (e não
ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem. "dos mesmos").

61 - A moça estava ali "há" muito tempo. Haver 70 - Vou sair "essa" noite. É este que desiga o
concorda com estava. Portanto: A moça estava ali tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite,
havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao esta semana (a semana em que se está), este
filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este
dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe século (o século 20).
quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-
perfeito do indicativo.) 71 - A temperatura chegou a 0 "graus". Zero
indica singular sempre: Zero grau, zero-
62 - Não "se o" diz. É errado juntar o se com os quilômetro, zero hora.
pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use:
Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê- 72 - A promoção veio "de encontro aos" seus
se-a, etc. desejos. Ao encontro de é que expressa uma
situação favorável: A promoção veio ao
63 - Acordos "políticos-partidários". Nos encontro dos seus desejos. De encontro a
adjetivos compostos, só o último elemento varia: significa condição contrária: A queda do nível
acordos político-partidários. Outros exemplos: dos salários foi de encontro às (foi contra)
Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico- expectativas da categoria.
financeiras, partidos social-democratas.
73 - Comeu frango "ao invés de" peixe. Em
64 - Fique "tranquilo". O u pronunciável depois de vez de indica substituição: Comeu frango em
q e g e antes de e e i exige trema: Tranqüilo, vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao
conseqüência, lingüiça, agüentar, Birigüi. contrário: Ao invés de entrar, saiu.

65 - Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que 74 - Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu
significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de
inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele
demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer),
Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação desfizer; se nós dissermos (de dizer),
(qualquer nação) tem inimigos. predissermos.

66 - "Todos" amigos o elogiavam. No plural, 75 - Ele "intermedia" a negociação. Mediar e


todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era intermediar conjugam-se como odiar: Ele
difícil apontar todas as contradições do texto. intermedeia (ou medeia) a negociação.
Remediar, ansiar e incendiar também seguem
67 - Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, essa norma: Remedeiam, que eles anseiem,
nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / incendeio.
A decisão favoreceu os jogadores.
76 - Ninguém se "adequa". Não existem as
68 - Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quanto formas "adequa", "adeqüe", etc., mas apenas
equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) aquelas em que o acento cai no a ou o:
arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à adequaram, adequou, adequasse, etc.
polícia.
77 - Evite que a bomba "expluda". Explodir só
69 - Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se tem as pessoas em que depois do d vêm e e i:
pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva

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nem fale "exploda" ou "expluda", substituindo reouvesse. Por isso, não existem "reavejo",
essas formas por rebente, por exemplo. "reavê", etc.
Precaver-se também não se conjuga em todas
as pessoas. Assim, não existem as formas 79 - Disse o que "quiz". Não existe z, mas
"precavejo", "precavês", "precavém", apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis,
"precavenho", "precavenha", "precaveja", etc. quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus,
pusesse, puseram, puséssemos.
78 - Governo "reavê" confiança. Equivalente:
Governo recupera confiança. Reaver segue 80 - O homem "possue" muitos bens. O certo:
haver, mas apenas nos casos em que este tem O homem possui muitos bens. Verbos em uir só
a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos
Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido
(concretizado).
em uar é que admitem ue: Continue, recue,
atue, atenue. 87 - O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve
ser usado com negativa: O pai nem sequer foi
81 - A tese "onde"... Onde só pode ser usado avisado. / Não disse sequer o que pretendia. /
para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o Partiu sem sequer nos avisar.
jardim onde as crianças brincam. Nos demais
casos, use em que: A tese em que ele defende 88 - Comprou uma TV "a cores". Veja o
essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que correto: Comprou uma TV em cores (não se diz
ele canta... / Na entrevista em que... TV "a" preto e branco). Da mesma forma:
Transmissão em cores, desenho em cores.
82 - Já "foi comunicado" da decisão. Uma
decisão é comunicada, mas ninguém "é 89 - "Causou-me" estranheza as palavras.
comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi Use o certo: Causaram-me estranheza as
informado (cientificado, avisado) da decisão. palavras. Cuidado, pois é comum o erro de
Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os concordância quando o verbo está antes do
empregados da decisão. Opções corretas: A sujeito. Veja outro
diretoria comunicou a decisão aos empregados.
/ A decisão foi comunicada aos empregados. exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e
não "foi iniciado" esta noite as obras).
83 - Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, tem
acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo 90 - A realidade das pessoas "podem"
ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Veja mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não
outros: fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), deve influir na concordância. Por isso : A
pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar), realidade das pessoas pode mudar. / A troca de
pélo (verbo pelar), pólo e pólos. Perderam o agressões entre os funcionários foi punida (e
sinal, no entanto: Ele, toda, ovo, selo, almoço, não "foram punidas").
etc.
91 - O fato passou "desapercebido". Na
84 - "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que verdade, o fato passou despercebido, não foi
significa transgredir: Infringiu o regulamento. notado. Desapercebido significa desprevenido.
Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu
séria punição ao réu. 92 - "Haja visto" seu empenho... A expressão
é haja vista e não varia: Haja vista seu
85 - A modelo "pousou" o dia todo. Modelo empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista
posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, suas críticas.
viajante, etc. Não confunda também iminente
(prestes a acontecer) com eminente (ilustre). 93 - A moça "que ele gosta". Como se gosta
Nem tráfico (contrabando) com tráfego de, o certo é: A moça de que ele gosta.
(trânsito). Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a
que assistiu (e não que assistiu), a prova de que
86 - Espero que "viagem" hoje. Viagem, com participou, o amigo a que se referiu, etc.
g, é o substantivo: Minha viagem. A forma
verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem 94 - É hora "dele" chegar. Não se deve fazer a
hoje. Evite também "comprimentar" alguém: de contração da preposição com artigo ou
cumprimento (saudação), só pode resultar pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É
cumprimentar. Comprimento é extensão. hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo

70
convidado... / Depois de esses fatos terem
ocorrido...

95 - Vou "consigo". Consigo só tem valor


reflexivo (pensou consigo mesmo) e não pode
substituir com você, com o senhor. Portanto:
Vou com você, vou com o senhor. Igualmente:
Isto é para o senhor (e não "para si").

96 - Já "é" 8 horas. Horas e as demais


palavras que definem tempo variam: Já são 8
horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia,
já é meia-noite.

97 - A festa começa às 8 "hrs.". As


abreviaturas do sistema métrico decimal não
têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não
"kms."), 5 m, 10 kg.

98 - "Dado" os índices das pesquisas... A


concordância é normal: Dados os índices das
pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as
suas idéias...

99 - Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob


é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do
assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre
equivale a em cima de ou a respeito de: Estava
sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E
lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o
doce, calda. Da mesma forma, alguém traz
alguma coisa e alguém vai para trás.

100 - "Ao meu ver". Não existe artigo nessas


expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.

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