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PARECER JURÍDICO
Diante disso, um aviso a você, leitor: não espere encontrar nessas páginas
um verdadeiro manual da elaboração de pareceres jurídicos. Um manual de
verdade traria uma incursão bem maior na doutrina sobre o assunto, exemplos
aprofundados, proposições de questões, doutrina e jurisprudência importantes,
além de diversos exemplos a serem seguidos. Um manual seria um trabalho de
muito maior amplitude e profundidade que essa simples apostila.
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INTRODUÇÃO
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1. PARTES INTEGRANTES DO PARECER
1.1 IDENTIFICAÇÃO
Eis um exemplo:
PROCESSO N. 1234/2008
NATUREZA: Ação de improbidade administrativa
JUÍZO: 1ª vara de Fazenda Pública da Capital
AUTOR: O Estado da Paraíba
RÉU: Sanseverino da Silva
PARECER
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tramita o feito (a 1ª vara da Fazenda Pública da Capital) e, finalmente, as partes
que litigam (Estado da Paraíba vs. Sanseverino da Silva).
Por sua simplicidade, pode até não estar tão visível, mas nessa parte do
parecer está um dos pontos mais importantes da peça: a identificação da
competência.
1.2 RELATÓRIO
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realmente analisou todas as questões importantes. Normalmente, o relatório do
promotor é conciso, deixando para concentrar suas forças na fundamentação.
Eis um exemplo:
1. RELATÓRIO
Tratam os presentes autos de AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
promovida pelo ESTADO DA PARAÍBA em face de SANSEVERINO DA SILVA, já
devidamente qualificado, imputando-lhe a peça inicial a prática de condutas supostamente
descritas nos arts. 9º a 11 da Lei n. 8.429/92, motivo pelo qual requer a aplicação das
sanções previstas no art. 12 da mesma lei.
Consta da inicial (f.) o seguinte: o réu, servidor público federal dos quadros da
Secretaria da Receita Federal, exerceu a função de Diretor-Superintendente da autarquia
estadual paraibana ENCOVA [nome fictício], cargo de livre nomeação e exoneração do
Governador do Estado, exercendo a referida função de janeiro de 2000 a dezembro de
2004.
Nos meses de março a agosto do ano de 2001, o réu teria autorizado a realização
da construção de uma nova sede em dez etapas, contratando com dez empresas distintas
sua realização, todas com dispensa de licitação motivada pelo reduzido valor (art. 24, I, da
Lei n. 8.666/93). Cada contrato teria sido celebrado por valor inferior ao teto dispensável.
No momento da liberação dos valores contratados, o réu ainda teria cobrado dos
empresários uma comissão de 5% (cinco por cento), a ser depositada em sua conta
pessoal.
Com esses fundamentos, requereu o autor a condenação do réu pela prática de
improbidade administrativa fundada nos artigos 9º, 10 e 11 da Lei n. 8.429/92, pedindo a
aplicação de todas as sanções previstas no art. 12.
Intimado, o réu não apresentou defesa preliminar.
O juiz decidiu receber a demanda (f.), determinado a citação do réu para contestar.
O réu contestou o pedido (f.), alegando:
a) Preliminar de incompetência da justiça estadual para julgá-lo por improbidade
administrativa, considerando sua situação de servidor público federal, requerendo a
declinação da competência para a justiça federal;
b) Preliminar de ilegitimidade ativa do Estado da Paraíba, alegando que a
autarquia ENCOVA é dotada de personalidade própria, de modo que caberia a ela propor
a ação, inclusive por conta de seus virtuais reflexos patrimoniais;
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c) Prejudicial de prescrição, uma vez que os fatos ocorreram entre março e agosto
de 2001 e, como a ação fora ajuizada precisamente em setembro de 2007, já teriam
decorrido os cinco anos previstos em lei para o prazo de prescrição;
d) No mérito, alegou que não houve qualquer lesão ao erário, tendo os preços
contratados atendido rigorosamente os valores de mercado, estando até mesmo abaixo
em alguns casos. Por outro lado, a obra teria sido totalmente concluída e entregue. Por
esses motivos, suas contas teriam sido inteiramente aprovadas pelo Tribunal de Contas da
Paraíba. Quanto à alegação da cobrança de comissão, negou peremptoriamente que tal
tenha ocorrido. Pediu, assim, a improcedência do pedido.
Com sua defesa, o réu apresentou cópia do processo de exame de sua prestação
de contas ao TCE/PB, inclusive relatórios de auditoria, confirmando a alegação de
aprovação de contas, plena execução e entrega da obra, bem como total compatibilidade
dos preços contratados com os preços de mercado.
Intimado para impugnar a contestação, o autor apresentou sua peça de forma
intempestiva, conforme certidão de f., tendo o MM Juiz do feito determinado seu
desentranhamento (f.).
Determinada a realização de perícia em engenharia, apresentou-se o laudo de
exame pericial (f.), confirmando as conclusões da auditoria do TCE sobre a realização da
obra e a compatibilidade dos preços contratados com o mercado.
Em audiência de instrução e julgamento (f.), foram ouvidos os empreiteiros
contratados, os quais negaram o fato de que se lhes teria sido exigida a comissão de 5%
(cinco por cento) sobre os pagamentos.
Em razões finais, as partes reiteraram suas alegações iniciais. O autor pediu a
condenação do réu como incurso nos arts. 9º, 10 e 11 da Lei n. 8.429/92, com a aplicação
de todas as sanções constantes do art. 12. A defesa reiterou suas questões preliminares e
pediu, quanto ao mérito, a improcedência do pedido.
Remetidos os autos ao MP.
PASSA A OPINAR.
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1.3 FUNDAMENTAÇÃO
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candidato/parecerista terá em mãos todos os itens do que será dentro em pouco a
fundamentação de seu parecer.
2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1 Preliminar de incompetência da justiça estadual
Alegou a defesa que o réu, embora tenha exercido a função de Diretor-
Superintendente de uma autarquia estadual, seria realmente um servidor público federal
efetivo. Como uma das reprimendas contidas na Lei n. 8.429/92 é a perda do cargo,
apenas um juiz federal poderia determiná-la em relação a um servidor federal. Em razão
disso, alegou que a justiça estadual não seria competente para julgar o feito.
Não concordo com a preliminar.
O ato de improbidade imputado na inicial foi praticado pelo réu na condição de
Diretor-Superintendente de uma autarquia estadual e, portanto, como autoridade estadual.
O eventual dano causado pela conduta teria sido suportado pela administração indireta
estadual e os princípios eventualmente desrespeitados assim o teriam sido em relação à
administração estadual.
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Da mesma forma, o argumento de que a perda do cargo teria que ser determinada
por autoridade federal não procede, pois a União não é parte na demanda. A perda do
cargo, se determinada, seria mera conseqüência da prática de atos de improbidade como
tal reconhecidos pela justiça estadual, exatamente como ocorreria em caso de
condenação criminal por crime que não seja da competência da justiça federal: teríamos a
determinação de perda de cargo na administração pública federal emanada de juiz
estadual com competência criminal.
Deve ser, portanto, rejeitada a preliminar.
2.2 Preliminar de ilegitimidade ativa do Estado da Paraíba
Argumentou a defesa que o Estado da Paraíba não teria legitimidade ativa para
promover ação de improbidade administrativa contra o demandado, pois tal legitimação
caberia à própria autarquia, entidade dotada de personalidade jurídica e patrimônio
próprios.
Ocorre que a Lei n. 8.429/92, ao tratar da legitimação ativa, estabelece que
compete a propositura da ação ao “Ministério Público ou à pessoa jurídica interessada”
(art. 17, caput). Não se pode negar que a pessoa jurídica estatal que compõe a
administração direta tenha interesse na causa, pois os alegados atos de improbidade
teriam sido praticados contra entidade de sua administração indireta.
O interesse, portanto, é indiscutível, motivo pelo qual deve ser rejeitada a
preliminar.
2.3 Prejudicial de prescrição
Alegou a defesa que a pretensão estaria prescrita, uma vez que entre a data dos
fatos imputados e a propositura da demanda já teriam decorrido 5 (cinco) anos,
consumindo-se completamente o prazo prescricional.
O art. 23, inciso I, da Lei n. 8.429/92, contudo, estabelece que o curso do prazo
prescricional de 5 (cinco) anos só começa a correr a partir do momento em que o agente
se desvincular do cargo em comissão ou da função de confiança ocupada. Esse seria,
portanto, o “termo a quo” do curso do prazo prescricional.
No caso dos autos, o réu esteve na função de Diretor-Superintendente da
ENCOVA até dezembro de 2004. Tendo sido a demanda proposta em setembro de 2007,
conclui-se que ainda não havia decorrido o prazo prescricional.
Deve, igualmente, ser rejeitada a prejudicial de prescrição.
2.4 Mérito
A parte autora imputa ao réu, na condição de Diretor-Superintendente da autarquia
estadual ENCOVA, a conduta de haver dividido a construção de uma nova sede em dez
partes, contratando cada uma delas com dispensa de licitação, incidindo no que a doutrina
chama de “fracionamento de despesa”. Acrescenta que o valor global da obra tornaria
indispensável a realização do processo licitatório que, assim, teria sido fraudulentamente
dispensado pelo demandado. Além disso, no momento da liberação dos pagamentos, o
réu ainda teria exigido dos empresários o pagamento de uma “comissão” em dinheiro.
Por tudo isso, diz a autora que o réu teria praticado atos de improbidade
administrativa previstos nos arts. 9º, 10 e 11 da Lei n. 8.429/92, devendo-se aplicar-lhe
todas as sanções previstas no art. 12 da mesma lei.
A defesa sustenta, basicamente, os seguintes pontos principais: a) ausência de
dano ao erário, uma vez que a obra fora totalmente concluída e os preços praticados
foram comprovados como compatíveis com os valores de mercado; b) aprovação de suas
contas pelo Tribunal de Contas do Estado; c) a inexistência do fato de haver solicitado ou
exigido qualquer comissão para a liberação dos pagamentos.
Observa-se dos autos ter ficado devidamente comprovado (não tendo sido sequer
contestado pela defesa) que o réu, Diretor-Superintendente da ENCOVA, em 2001,
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realizou dez contratos com empreiteiras diferentes para “etapas” da construção de uma
nova sede da autarquia. Todos os contratos foram celebrados com dispensa de licitação,
todos com valores sutilmente inferiores ao teto dispensável, conforme art. 23, I, c/c 24, I,
ambos da Lei n. 8.666/93. Tudo isso está documentalmente provado nos autos (f.).
No que concerne à alegação de que o réu teria exigido uma comissão dos
empreiteiros para a liberação dos valores a eles devidos, entendo que nada disso ficou
provado. As testemunhas, supostas vítimas do fato, negaram totalmente a ocorrência do
evento e nenhum único documento foi apresentado pela autora que comprovasse sua
alegação. Assiste razão à defesa nesse ponto.
Melhor sorte, contudo, não tem no que diz respeito ao fracionamento da despesa.
Os contratos foram realizados com dispensa de licitação em razão de o valor ser
discretamente inferior ao limite do art. 24, I, da Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. Esse mesmo dispositivo, contudo, veda o “fracionamento de despesas” ao
proibir a dispensa nos casos em que a despesa se refira a partes de uma mesma obra ou
serviço, ou mesmo obras e serviços da mesma natureza que possam ser realizados
conjunta e concomitantemente. Nesse caso, é preciso apurar-se o valor total, utilizando-se
a modalidade licitatória correspondente nos termos do art. 23.
Sendo assim, ao dividir a obra total (e seu valor) em dez partes, o réu fracionou
indevidamente a despesa e dispensou fraudulentamente a licitação. Assim, violou os
princípios constitucionais gerais da impessoalidade e finalidade, da legalidade, da
moralidade e da isonomia, bem como o princípio administrativo específico da exigência do
processo licitatório. Tal conduta se enquadra com perfeição no “caput” do art. 11 da Lei n.
8.429/92, constituindo ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
Administração Pública.
De acordo com os elementos de prova sobre os preços contratados, comprovou-se
que os primeiros estavam compatíveis com os valores de mercado e, em alguns casos, até
mesmo inferiores. Já quanto à efetiva realização e entrega da obra, comprovou-se
igualmente que a empreitada foi levada a termo, devidamente entregue e recebida. Em
razão disso, conclui-se que nem houve lesão ao erário, nem enriquecimento ilícito de
qualquer dos intervenientes. Tanto assim que a prestação de contas foi devidamente
aprovada pelo TCE/PB.
Ocorre que esses fatos não descaracterizam a prática de ato administrativo. De
acordo com o art. 21, incisos I e II, da Lei n. 8.429/92, a aplicação das sanções previstas
na lei independe da “efetiva ocorrência de lesão ao erário” ou da “aprovação ou rejeição
das contas” pelo órgão de controle interno ou externo competente. Além do mais, o ato de
improbidade acima reconhecido atenta contra os princípios, não necessariamente
causando lesão ao erário ou gerando enriquecimento ilícito. A ausência da lesão ou do
enriquecimento, contudo, afasta completamente o pretendido enquadramento do fato nos
arts. 9º e 10 da Lei n. 8.429/92.
Pode-se concluir, dessa forma, que a conduta praticada pelo réu de provada nos
autos constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra princípios da
Administração Pública, enquadrando-se no art. 11, “caput”, da Lei n. 8.429/92, devendo
ser julgado procedente o pedido contido na inicial.
Quanto às sanções a serem aplicadas, é de se observar que não cabe condenação
em indenização, pois não houve prova de dano ao erário. Quanto às demais reprimendas
do art. 12, todas devem ser aplicadas: perda da função pública federal, suspensão dos
direitos políticos, multa civil e proibição de contratar com os poderes públicos e de receber
benefícios e incentivos fiscais, uma vez que plenamente compatíveis com o fato em si e
com as finalidades da própria lei.
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A fundamentação ficou grande demais? Não para um parecer normal. Eu
diria até que ficou bem concisa, pois não há registro de doutrina ou jurisprudência,
o que normalmente é encontrado em pareceres mais bem elaborados. Contudo,
concordo que esteja mais extenso do que permitem alguns concursos,
considerando a limitação de páginas ou linhas e a necessidade de responder a
alguns quesitos.
Por esse motivo, eis uma dica: seja conciso e objetivo. Ser conciso e
objetivo não tem nada a ver com ser lacônico. É possível dizer tudo que foi dito ali
em no máximo quarenta e cinco linhas.
Vamos ver?
PASSA A OPINAR.
Em primeiro lugar, devem ser rejeitadas as duas preliminares. Embora servidor
público federal, o réu agiu na condição de agente público estadual, exercendo poderes
conferidos pelo Estado. Confirmada a veracidade dos fatos alegados, o erário lesado e os
princípios administrativos afetados tocariam a administração estadual. O argumento do réu
de que somente poderia perder o cargo por decisão de juiz federal não convence. Se
assim fosse, decisão de juiz estadual criminal não produziria o efeito da perda do cargo
nos casos previstos no CP. Quanto à legitimidade ativa do Estado da Paraíba, não há
qualquer dúvida: trata-se do ente criador da autarquia, recebendo diretamente da Lei n.
8.429/92, como “pessoa jurídica interessada”, a legitimação para agir.
Da mesma forma, deve ser rejeitada a prejudicial de prescrição. Nos termos do art.
23, I, da Lei n. 8.429/92, o prazo prescricional começa a correr da data do desligamento do
cargo comissionado ou da função de confiança que, no caso dos autos, ocorreu apenas
em dezembro de 2004. Entre esta data e a propositura da ação não decorreram cinco
anos, motivo pelo qual não ocorreu a prescrição.
Quanto ao mérito, revela-se parcialmente procedente o pedido.
Comprovou-se nos autos que o réu, diretor-superintendente da autarquia estadual
ALCOVA, dividiu a realização das obras para construção de um edifício-sede em dez
partes, contratando com dez empresas diversas, dispensando as respectivas licitações
com base no baixo valor do contrato (art. 24, I, Lei n. 8.666/93). O próprio réu não
contestou esse fato.
Ocorre que o citado dispositivo proíbe a dispensa com esse fundamento nos casos
em que a despesa se refira a obra ou serviço único, ou a obras e serviços que possam ser
executados no mesmo lugar de forma conjunta e concomitante. Impede, assim, o
“fracionamento de despesa” quando o valor global exigir a realização da licitação nos
termos do art. 23 da Lei n. 8.666/93.
Ao fracionar a obra, contratando as partes com dispensa de licitação, o réu
dispensou indevidamente o processo de licitação e violou, a um só tempo, os princípios
constitucionais da legalidade, impessoalidade, finalidade, moralidade e isonomia, bem
como o princípio específico da licitação pública, tolhendo de outros empresários a chance
de competir pelo contrato.
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A acusação de que o réu teria exigido uma comissão dos empresários para a
liberação dos pagamentos não foi comprovada. As testemunhas, supostas vítimas da
“extorsão”, negaram o fato e não há no processo qualquer elemento de prova nesse
sentido.
Comprovou-se que os preços contratados eram compatíveis com os de mercado e
que a obra foi concluída e entregue. Isso afasta o enquadramento do fato como
improbidade administrativa que causa dano ao erário e enriquecimento ilícito (arts. 9º e 10
da Lei n. 8.429/92). Tendo sido pago o preço justo e recebida a obra, realmente não houve
lesão ao erário nem enriquecimento ilícito, motivo pelo qual o TCE/PB, de fato, aprovou a
prestação de contas do réu.
Contudo, a condenação por improbidade não depende da lesão ao erário nem da
reprovação das contas pelo TCE, como diz o art. 21, I e II, da Lei n. 8.429/92. Note-se que
o ato de improbidade realmente comprovado atentava contra princípios aplicáveis à
administração pública, o que independe de lesão ao erário.
Pelo exposto, praticou o réu atos de improbidade que atentam contra princípios da
administração pública, incidindo no art. 11 da Lei n. 8.429/92. Quanto às sanções, não
houve dano ao erário, não cabendo condenação em indenização. Aplicam-se, contudo,
todas as demais: suspensão dos direitos políticos, perda do cargo, multa civil e suspensão
de contratar com a Administração ou dela receber benefícios.
Você viu, caro leitor, como é possível? É claro que o primeiro formato ficou
bem mais completo, com texto mais detalhado e redação um tanto mais elegante.
Contudo, no concurso, a concisão e a objetividade são as melhores armas do
candidato para enfrentar a falta de tempo (de prova) e de espaço (da folha de
resposta).
1.4 CONCLUSÃO
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É muito comum que o promotor de justiça, após uma breve introdução,
OPINE pela medida, conclusão, providência, decisão etc. que entenda correta de
acordo com o ordenamento jurídico. Nesse momento, todas as conclusões parciais
apresentadas na fundamentação deverão ser retomadas em forma de comando no
desfecho do parecer.
Vamos ao exemplo:
3. CONCLUSÃO
Diante do exposto, OPINA O MP pela procedência parcial do pedido para
condenar-se o réu pela prática de atos de improbidade administrativa que atentam contra
princípios da administração, estando incurso no art. 11 da Lei n. 8.429/92. OPINA ainda
pela aplicação ao réu das penas de suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 5
(cinco) anos, perda do cargo público federal, multa civil no valor de 100 (cem) vezes sua
remuneração como diretor-superintendente da ALCOVA e, finalmente, suspensão do
acesso a contratos com o poder público e recebimento de benefícios fiscais ou creditícios
pelo prazo de 3 (três) anos.
É o parecer.
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hierárquica de quem decide em relação a quem elaborou o parecer. Sendo assim,
elaborando um parecer como promotor de justiça, recomendo utilizar o simples e
objetivo “É o parecer”.
1.5 AUTENTICAÇÃO
Embora o conselho seja bem conhecido por quem leva concurso a sério,
não é demais lembrar que a identificação do candidato na prova é PROIBIDA.
Portanto, submetendo-se a um concurso para promotor de justiça, escreva apenas
“Promotor(a) de Justiça” (sem as aspas, claro).
Vamos ao exemplo:
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promotora) de justiça, tendo sido realizado (ou apresentado) no dia xx do mês yyyy
do ano de 2008.
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2. REDAÇÃO E ESTILO
Em minha opinião, as duas formas são corretas e a opção por uma ou outra
será uma questão de estilo e habilidade do parecerista, pois há pessoas que
sentem dificuldade em escrever um texto argumentativo mais extenso
completamente em terceira pessoa.
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b) A redação deve ser concisa. Concisão é a qualidade do texto que diz
tudo em poucas palavras, sem prejuízo da eficácia na transmissão do
pensamento. É preciso evitar repetições inúteis, inversões frasais, construções
caóticas que apenas tumultuam a transmissão das ideias e dificultam a
compreensão do texto.
Já não é tão fácil falar em “estilo” quando lidamos com peças técnicas. Não
estou dizendo que não exista, mas apenas que se trata de algo impossível de
ensinar. Estilo é algo que se desenvolve numa componente que envolve tanto
atributos inerentes ao autor quanto a influências que, voluntária ou
involuntariamente, se permite absorver.
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3. ESTRATÉGIA E ORGANIZAÇÃO
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Identificados os pontos, devemos organizar as partes do parecer de modo a
resolver as questões preliminares e prejudiciais em primeiro lugar para, só depois,
examinar as questões de mérito, uma a uma. Sendo várias as questões de mérito
a resolver (nossas mini-questões), é interessante dividir a fundamentação por
itens, resolvendo completamente as questões uma de cada vez. No fim de cada
item devemos apresentar uma “conclusão parcial” ou “mini-conclusão”, dizendo
expressamente se acolhe, não acolhe, defere, indefere etc.
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NOTAS FINAIS
“Se conselho fosse bom, ninguém dava.” Na minha opinião, poucas frases
são tão idiotas quanto essa. Ainda há quem se disponha a aconselhar sem
pretender retirar do ouvinte seu senso crítico e sua capacidade de selecionar
aquilo que lhe seja útil e produtivo. Se assim deve ser, aqui vai um último conselho
ao leitor que teve a paciência de chegar até aqui: a experiência é um constante
aperfeiçoar de práticas e procedimentos, e todo conhecimento é gerado para se
desatualizar.
Por tudo isso, tenham sempre em mente que todo o escrito nas páginas
acima são experiências que, em determinado momento e para determinadas
pessoas, deram certo, foram eficazes, cumpriram seu papel. Isso não significa que
a fórmula faça milagres para todo mundo. Sendo assim, jamais abram mão de
aperfeiçoar as práticas descritas, estudando, pesquisando, sendo curiosos e
alimentando a saudável obsessão pelo aprendizado e pelo conhecimento.
Boa sorte.
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