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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Guilherme de Sá no dia que abriu seu coração e falou sobre sua vida.
Muita gente que acompanha hoje o banda Rosa de Saron, não sabe o quanto
foi dura a vida do vocalista Guilherme de Sá.

Lembranças

Formador: Guilherme de Sá

Sou filho de mãe solteira. E meu testemunho se baseia na história de um cara


que, sempre esperou um Pai.

Me lembro até hoje, quando tinha uns 7 ou oito anos, minha mãe saía com as
amigas e eu sempre perguntava: E aí mãe já me arranjou um pai? Era sempre
assim que acontecia.

Morei boa parte da infância com meus avós, minha mãe trabalhava muito e
acabei morando no sítio com eles. Vou contar a história do único pai que tive:
Meu avô.

Seu nome era Nelson (nome que está inserido nos 3 cd`s do Rosa que
participei). Trabalhava muito, ele e mais 1 irmão fundaram a Viação
Limeirense, hoje riquíssima, começaram com oito peruas. O negócio prosperou
bastante, tudo ia bem até que um dia, o irmão dele fez um contrato falso e
levou meu avô a vender sua parte por mixaria. Com esse dinheiro meu avô
comprou um bar, nesse bar ele aprendeu a beber, e beber muito. Virou
alcólatra daqueles violentos. Era um amor de pessoa, mas virava outro quando
bebia. Fechou o bar e foi morar no sítio, onde morei lá por um tempo.
Presenciei muita coisa ruim, mas foi um grande pai para mim. Eu era o seu
xodó. Interessante que, quando minha mãe apareceu grávida, ele me repudiou
totalmente, mas o tempo foi passando e quando ela virava as costas pra ir
trabalhar ele ia direto pro berço…

O tempo passou e minha mãe finalmente arranjou um “pai” pra mim. Casaram-
se no civil e após isso me mudei para Cosmópolis, onde ele morava. No
começo até que foi tranqüilo, mas tão cedo minha vida desmorou. Eu já tinha
11 anos. O garoto que morava no sítio foi pra cidade e acabou sendo
literalmente o “nerd” da turma. Comecei a criar minha personalidade nesse
ambiente e nesse meio começaram minhas primeiras surras. Sempre por
motivos ridículos, geralmente nota baixa, se eu tirava um “D” (nota, não média)
eu apanhava.

Você não tem noção do que é apanhar de um padrasto, ainda mais da forma
que eu apanhava. Sempre com cinto, deitado de bruços, nas pernas e acima
de 40 cintadas. Ele contava e fazia eu contar junto.Batia muito forte. Após a
surra me fazia vestir um short curto e ir pra educação física marcado pra todo
mundo ver.
Minha mãe tinha medo de contar pro meu avô porque a relação deles era
desagradável. Com isso me distanciei do meu avô. Até que ele fez seu
aniversário de numero 62, se entupiu de comer bolo e o nível de açúcar no
sangue subiu muito. Foi internado, caiu na rede pública e voltou muito mal. A
última lembrança que tenho dele é horrível. Ele estava na cama, com uma
sonda. Minha avó subiu para a cidade para falar com um médico e me deixou
encarregado de dar sopa pra ele. A casa era muito grande e as vezes eu tinha
medo de ficar sozinho nela, então fui dar a sopa (com medo) dei um pouco pra
ele, foi quando ele urinou (pela sonda). Eu senti medo e sem terminar a sopa,
sai do quarto (ele estava consciente) e depois disso fui pra casa.

Logo após isso ele foi internado, ficou 11 dias na Unicamp e faleceu. Assim
termina a história do único homem que me tratou como um verdadeiro filho.
Que batalhou, foi vítima, se perdeu e no seu leito de morte chamou o irmão que
nunca havia perdoado, e enfim, perdoou.

Nem entendi o que havia acontecido, eu tinha apenas 12 anos. Só comecei a


entender o que meu avô significara pra mim 6 anos depois, mas essa é outra
fase da minha vida.

E vida seguiu seu rumo. Aí situação em casa piorou ainda mais. O meu
padrasto entre uma surra e outra inventou de me bater com galho de uma
Jabuticabeira que tinha no quintal de casa. Claro que me fazia: escolher qual
galho, retirar as folhas e untar com óleo. Só depois executava o que ele
chamava de “ofício”. Minha mãe sempre dizia que ele via meu pai na minha
figura e isso o deixava enciumado. Se ela tentasse impedir, tomava o dela
também.

Todos os dias era obrigado a estudar das 13:30 às 22 horas, não importa o que
houvesse, eu deveria ficar olhando pro caderno. Isso durou minha sexta série
inteira.

Me tornei um adolescente totalmente tímido. Sem pai (o verdadeiro não me


procurava), e sem respeito na escola. Ora, você sabe que um beijo é tudo na
vida de um menino de 13, 14 anos. Sendo que quase todos meus amigos já
tinham tido algo, eu ficava viajando com o seriado “Anos Incríveis”, aquilo era
minha vida, eu queria ser o Kevin Arnold e o que eu mais queira era ter uma
Winnie Cooper como namorada e um Paul como amigo. Mas nada disso
acontecia. Os amigos que tive tinham 5 anos a menos que eu. O resto me
ridicularizava.

Nesse tempo da minha vida, com 13 à 14 anos, eu comecei a furtar coisas. Em


casa a gente chegou a passar necessidade por um tempo. E eu encontrei no
roubo a solução (lamentável). E gastava tudo em Fliperama… Fui pego várias
vezes. A vez que mais marcou foi quando eu entrei na salinha de serventes da
escola (eu entrava direto pq lá ficavam as coisas que as pessoas esqueciam) e
fucei numa bolsa e roubei o salário inteiro de uma faxineira. Descobriram,
apanhei (da minha mãe, porque se meu padrasto soubesse eu iria fritar),
aprendi e fui parando. Mas ainda sobrava a lembrança: Eu era um nada.
Na época eu tinha dentes muito tortos, aparelho dental era muito caro. E com
toda minha “moral” perante os “amigos”, sem a aparência ajudar muito, eu
comecei a ir para a casa da minha avó Lúcia (esposa do avô Nelson), porque
queria escapar do Eliseu (meu padrasto). Eles já tinham tido meu irmão
Nicholas há 3 anos e eu já havia caído um pouco no esquecimento. É normal
quando se tem um filho novo, ele precisa de cuidados e tudo mais. Comecei a
ser um pouco ouvido, frenquentei por muito tempo o grupo de jovens JUCA em
Artur Nogueira, de lá saiu a minha primeira banda, o Hohenzollern. (embora eu
cantasse desde o 10 anos na Matriz de Cosmópolis) Isso foi tudo! Agradecia a
Deus todos os dias pela banda. Assim chamei um pouco a atenção da galera
da minha classe, não existia muitas bandas na época e acabei sendo
respeitado. Foi uma revolução…

O tempo foi passando, as surras foram diminuindo, o respeito foi crescendo


(muito aos poucos), aconteceu o 1º beijo… E continuava sem pai…

Já tinha 16 anos, bastante afastado da igreja, já havia freqüentado uns 8 retiros


e nada, comecei a andar com uma galera da pesada. Virei fã de Metal,
descobri o Iron Maiden. Mas não me envolvi nem com bebidas nem com
drogas porque tinha medo do meu padrasto. Muito menos com cigarro, eu
morria de nojo, os dois em casa fumavam muito (minha mãe parou há muito
tempo). Eu aprendi a tocar violão. Esse foi o marco da música na vida. Tanto
que repeti de ano na escola de tanto pular o muro pra ficar arranhando as
cordas (estava no 1º ano do 2º colegial). Costumo dizer que esse foi o único
ano que eu realmente aprendi algo com a escola, o ano que eu bombei. (que
não sirva de exemplo, porque não é). Nunca fui bom aluno.

Por incrível que pareça eu não apanhei. Eu já estava mais velho e acho que ele
já estava bastante satisfeito. Me mudei para casa da minha avó no ano
seguinte: 1997. Comecei a cantar num grupo de oração de bairro, e lá havia
uma pregadora muito boa. Era uma mulher de Campinas, seu nome é Darci.
Ela foi um anjo para mim em todos os sentidos. Foi ela quem me levou para o
retiro que me converti e FOI ELA quem levou minha fita de inscrição para o
Rosa. Coincidentemente (ou providentemente) ela é tia do Eduardo Faro. Ela é
a grande responsável por eu estar onde estou. Claro que pulei uma grande
parte da história, pois a entrada no Rosa foi em 2001.

Desse pulo, o que vale realmente contar? Vale dizer que, larguei tudo que me
afastava de Deus, que comecei uma obra maravilhosa com uma comunidade
de jovens (Profetas do Amor) e que realmente me sentia realizado. Uma
curiosidade: Eu me converti porque não fui suficientemente capaz de beijar
uma menina que estava muito a fim de mim. Meu primo foi e pegou meu lugar.
Isso foi o estopim. Duas horas depois houve uma Efusão no Espírito e comecei
chorar feito louco. Me converti e meu primo se converteu com minhas lágrimas.

O ano era 1998, final de outubro e eu já tinha 17 anos. Tudo ia ótimo, até que
um dia recebi uma ligação: Era meu pai verdadeiro, querendo me conhecer. Foi
o dia mais feliz da minha vida. Passamos um mês muito, muito bom. Ponto.
Porque, no dia do meu aniversário ele não me ligou, antes do Natal não me
ligou. Então no Reveillon, dia 1º de Janeiro de 1999 foi o último dia que eu vi
ele e minhas irmãs. Eu fui renegado de novo, agora pelo meu próprio pai. Isso
doeu muito, muito. Voltei pra Cosmópolis, minha mãe havia descido para a
praia. E eu fiquei numa praça, estagnado, imóvel, até as 5 da manhã… Eu não
acreditava naquilo. Foi o pior dia da minha vida e eu não acreditava que aquilo
estava acontecendo comigo.

Após isso, tentei falar com ele muitas vezes, mas nunca mais consegui.

Com Deus ao meu lado (se Deus é por nós…) dei a volta por cima. Fui muito
bem sucedido em tudo. No namoro, no trabalho, na comunidade, na família, em
tudo…

E entrei no grande propósito da minha vida, o Rosa de Saron. A partir daí a


maioria conhece.

Hoje, minha mãe se separou do Eliseu. Ele virara alcólatra e havia se tornado
violento com ela e com meu irmão, e ela repleta de razão, se cansou.

Hoje, meu pai, Rogério, que quase morreu de infarto há 3 anos atrás, recebeu
uma intimação da justiça. Vai ter que fazer DNA. Eu esperei com a maior das
calmas a tempestade toda acabar e agora enfim, eu processo ele, não com
ódio ou raiva, muito menos vingança, mas sabendo que existe uma justiça e eu
faço questão que ele saiba que o filho que ele está perdendo é legitimamente
dele.

Moral da história: Se minha mãe sequer pensasse em aborto (pq não pensou)
eu não existiria. Já que eu existo, então essa é minha história: Eu tive tudo
nessa vida para ser um marginal, um alcoólatra, no mínimo um cara
depressivo.. Mas é como diz a música: Quem me segurou foi Deus com seu
amor de Pai. E eu cantei isso por anos.

E a grande lógica: Foi provado por A + B e eu demorei muito pra entender.


Deus é o grande, imenso e presente, Pai da minha vida.

O testemuho narrado pelo vocalista Guilherme de Sá, na ultima terça


(09/10/2007), durante o Programa PHN, comandado por Dunga, na TV
Canção Nova, gerou grande comoção entre os expectadores.
Muitas pessoas, pais, filhos, pessoas com dificuldades familiares, se
identificaram com sua história.

Parabéns Guilherme pela coragem de abrir seu coração e contar a sua


vida e a Dona Iza pela força e de acreditar sempre em Deus obrigado pelo
filho que a senhora nos deu e que está ajudando a muitos jovens e
adultos a mudarem sua forma de pensar.
Hoje muitos choram e não desistem de viver, hoje muitos choram
sorrindo !!!

Material publicado em Aqui é meu lugar em 12 de outubro de 2.007


hoje robertotom.wordpress.com

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