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BALANCED
regras e os princípios do passado para um hori-
zonte temporal futuro. Aobjectividade do passado
(e a informação perfeita) é qualitativamente dife-
rente da informação imperfeita, do acontecimento
incerto, das hipóteses sobre o futuro. Por isso os
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METODOLOGIAS
BSC para a gestão O que exige a humildade para aprender. Admitir que não sabemos
tudo e que as estratégias emergentes4 se impõem com a força
do século XXI da realidade, alterando ou derrubando o sentido e ritmo da
Os ciclos de vida dos negócios e o carácter plurianual direcção ou do destino, emergindo, assim, a descoberta e a
dos investimentos, em conjugação com a incerteza mudança. Qualquer estratégia de sucesso é uma busca infinita.
em relação ao futuro, impõem a gestão estratégica O modelo de gestão estratégica do BSC impõe que as empresas
como uma referência no domínio das ferramentas e os negócios tenham um destino5 e uma direcção, o que significa
de gestão dos últimos 50 anos. Para clarificar esta aplicar o conceito de visão estratégica teorizado, entre outros,
questão pode pensar-se a gestão das empresas e por Hammel e Prahalad. Este é o primeiro passo para construir
dos negócios em duas vertentes: a "empresa do o balanced scorecard.
presente" e a "empresa do futuro"3. Na "empresa do
presente" gere-se o dia-a-dia, as questões opera- Da visão estratégia decorrem, numa relação causa-efeito,
cionais: receber e pagar, produzir, comprar e vender; objectivos estratégicos que o BSC formaliza no mapa estratégico.
ou o ciclo da exploração. Neste domínio, mais real Este é o primeiro documento que o BSC produz no processo de
e no curto prazo, é preciso fazer, impõe-se com a reflexão estratégica. O cumprimento dos objectivos estratégicos
força das coisas. Na "empresa do futuro", os gestores exige um conjunto de medidas, de curto, médio ou longo prazo,
não se confrontam com a força das coisas, do fazer, preenchendo o horizonte temporal do mapa no calendário estra-
mas com os ciclos dos investimentos e do cresci- tégico. Este conjunto de medidas, calendários e iniciativas
mento, num horizonte temporal mais lato e incerto. operacionalizam-se no scorecard ou, de uma forma simplificada,
Adia-se, porque a força do presente se impõe. Por no BSC. E medir é uma forma (nova) de organizar, porque as
isso esta é a empresa eternamente (e diariamente) medidas devem induzir comportamentos nos recursos humanos.
esquecida. Esta é a fase mais visível do BSC, porque traduz a visão estra-
tégica em acção, no terreno, no dia-a-dia. Traduzir é passar duma
Mas a evidência que o futuro (e o amanhã) se constrói linguagem desconhecida para outra conhecida por todos na
hoje posiciona-se como uma questão central para organização. O que, em certa medida, corresponde à realidade
os negócios. Esta evidência tem-se imposto, de uma das empresas.
forma gradual, como corpo estruturado e articulado
de conhecimentos, que a disciplina de gestão estra- A estratégica era, no passado, assunto reservado aos admi-
tégica agregou e desenvolveu. Pensar (reflectir e nistradores, pouco conhecido e pouco divulgado; com o BSC, é
decidir) sobre o futuro é também um processo (de assunto de todos, traduzindo a linguagem reservada ao topo da
reflexão estratégica), que pode exigir três patamares estrutura organizacional em linguagem comum, de todos os que
de reflexões agregadas no acrónimo dos 3 D: constroem, hoje, o futuro da empresa e dos negócios.
– Um destino, onde se pretende estar num horizonte
temporal mais ou menos lato. "Vasco da Gama O(s) scorecard(s) e os "mapas estratégicos" são os dois docu-
nunca chegaria à Índia se não soubesse onde mentos de síntese desta ferramenta. Este, numa folha de papel,
queria chegar". O que se pode e deve aplicar representa simplificando os objectivos no horizonte temporal defi-
também na gestão. nido do negócio; aquele, nas medidas de acompanhamento dos
– Uma direcção, um rumo, uma trajectória, um objectivos. Seguidamente serão aprofundados cada um dos
caminho para lá chegar. O que significa afectar documentos em que se desagrega o BSC.
recursos, assumir compromissos e metas de
concretização.
O D de destino
Estes dois D correspondem à "bússola dos navega- Visão ou intenção estratégica
dores": os pontos cardeais do negócio e o caminho
para os atingir. A visão ou intenção estratégica6 significa olhar para o futuro de
– Um terceiro D, de descoberta. E isto porque em uma forma intencional, prescrevendo um quadro para o sucesso,
relação ao futuro, por definição incerto, comple- onde se jogam as ameaças e oportunidades dos produtos e dos
xo e turbulento, não existem certezas. Há coisas mercados futuros. O futuro é algo que se pode e deve criar no
que, com maior ou menor probabilidade, se sabe; presente, não sendo um simples eco ou continuação do passado.
outras, que não sabemos; e ainda outras, que não Se correctamente definido, é um activo incorpóreo e importante
sabemos que não sabemos. do negócio.
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METODOLOGIAS
ou métricas 13
Pode significar também conduzir toda a estrutura organizacional 3 É um tema interessante de um livro do Prof. Jorge Vasconcelos e Sá – A Empresa
Negligenciada – Editorial Verbo, 2002.
para o precipício, caso a estratégia não seja a correcta ou esteja
desalinhada com o mercado, ou com as competências nucleares 4 Mintzberg, Henry, The Rise and the Fall of Strategic Planning". 1993.
do negócio. Nesta situação rapidamente os scorecard e o conjunto 5 Um método de fácil e correcta aplicação é adicionar, 3 a 5 anos, à data de hoje e
das medidas que o integram, se correctamente aplicadas, indi- pensar que, nesse dia, abre a porta de acesso à sua empresa. Como será a empresa,
os mercados, a jusante e a montante, os produtos que comercializa, o ambiente
ciarão que esta é a direcção errada para o destino que se pre- concorrencial em que se move e a posição competitiva que ocupa? É um exercício
tende atingir. O que significa a necessidade de corrigir o caminho interessante, para mais tarde recordar...
traduz a estratégia em acção em todos os níveis organizacionais, 9 São referidos pelos autores do BSC os casos dos hospitais Duke Children Hospital
(Carolina do Norte); Hospital Montefiori (Bronx – Nova Iorque); St. Mary´s Duluth
operacionalizando o alinhamento das pessoas e dos processos
Clinic (Minnesota e Wisconsin).
para responder de uma forma eficaz e rentável ao "caderno de
10 Imagine-se que a visão é ser líder de mercado num horizonte temporal de 4 anos. A
encargos"17 dos clientes e dos accionistas. Pode aplicar-se a todo
questão será: para ser líder de mercado, como responder às expectativas dos nossos
o tipo de organizações, com ou sem fins lucrativos. Comum a clientes actuais ou potenciais? E como responder, com a eficiência dos nossos
processos, para satisfazer ou mesmo surpreender os nossos clientes? E como
todas elas, existem necessidades a satisfazer ou cadernos de
responder às expectativas dos nossos investidores e dos nossos recursos humanos?
encargos a responder, sejam de clientes, dos cidadãos ou dos
11 Sem aprender com os resultados pelo feedback, qualquer organização deteriora,
utentes.
inevitavelmente, a sua capacidade de desempenho presente e futuro.
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