Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1. Segue as pistas que são dadas e procura na sopa de letras as informações sobre
Mário de Carvalho.
Q S U É C I A W E R T Y A Q
A X F R A N Ç A C V B N D E
Q W E C T A Y U I O P Ç F H
Z X C D E U S V B N M L W J
C V S A R D I N H E I R A S
V B N M K I L Ç P O Y T G D
D I R E I T O Z X C B N M L
L I S B O A C D E T U O R U
Elementos paratextuais
– Título
Que razões terão levado o autor a classificar esta guerra como inaudita?
– Título e ilustração
2. Atenta de novo no título e na ilustração.
A escolha deste espaço cujo nome recorda e perpetua um feito igualmente inaudito
terá sido casual ou terá sido intencional?
Talvez tenha sido intencional, para que uma guerra inaudita pudesse acontecer num
palco cujo nome perpetua um acontecimento que na época foi considerado também
inaudito.
3. Observa a ilustração da capa com atenção. Tendo em conta que se trata de uma
guerra, achas que na ilustração estão…
Elementos paratextuais
6. O narrador refere que, de vez em quando, até os grandes poetas dormem. Ou seja,
até eles se distraem e cometem erros. Mas não são apenas os poetas. Também os
deuses têm distracções.
6.1. Sublinha no texto acima a palavra que introduz a ideia de que também os
deuses estão, como os homens, sujeitos ao erro.
Advérbios
Os Advérbios são palavras que modificam um verbo ou um adjectivo ou um outro
advérbio. Raramente modificam um substantivo.
Uma locução adverbial ocorre quando duas ou mais palavras exercem a função de
advérbio. As locuções adverbiais são conjuntos de palavras, geralmente introduzidas por
uma preposição, que exercem a função de advérbio: à pressa, à toa, às cegas, às escuras,
às vezes, de quando em quando, de vez em quando, à direita, à esquerda, em vão, frente
a frente, de repente, de maneira alguma…
hoje; logo; primeiro; ontem; aqui; antes; dentro; ali; bem; mal; melhor; pior; assim;
tarde; outrora; amanhã; adiante; fora; acolá; aliás; depressa; devagar; como;
cedo; dantes; depois; ainda; atrás; além; lá; detrás; debalde; sobremodo;
antigamente; antes; aquém; cá; acima; onde; sobretudo; sobremaneira;
doravante; nunca; então; perto; aí; abaixo; aonde; quase; principalmente
ora; jamais; agora; sempre; longe; debaixo; algures; Obs.: muitos advérbios de modo
já; enfim; etc. defronte; nenhures; etc. formam-se juntando mente à
forma feminina do adjectivo
muito; pouco; mais; menos; sim; certamente; não; nem; nunca; jamais; etc.
demasiado; quanto; quão; realmente; decerto;
tanto; tão; assaz; que efectivamente; etc.
(equivale a quão); tudo;
nada; todo; bastante; quase
depois; primeiramente;
eis onde? como? quando? porque?
ultimamente
Erro de Clio
Pois é! Clio não é humana, é uma deusa, mas também ela se engana.
Todos estamos sujeitos a errar, até mesmo os deuses. Neste caso, errar é
humano e também divino.
―Assim aconteceu uma vez a Clio, musa da História que, enfadada da imensa
tapeçaria milenária a seu cargo, repleta de cores cinzentas e coberta de desenhos
redundantes e monótonos, deixou descair a cabeça loura e adormeceu por instantes,
enquanto os dedos, por inércia, continuavam a trama. Logo se enlearam dois fios e no
desenho se empolou um nó, destoante da lisura do tecido. Amalgamaram-se então as
datas de 4 de Junho de 1148 e de 29 de Setembro de 1984.‖
Poderíamos pôr a questão: Por que razão esta tendência temática de Mário de
Carvalho em cruzar épocas históricas distintas e com um hiato temporal tão grande: o séc.
XII e o séc. XX, num mesmo espaço.
Numa carta que o autor escreveu aos alunos de uma escola secundária de Vila
Nova de Gaia, que o questionaram precisamente sobre este aspecto, ele disse:
E inquirido sobre o que o levou a escrever ficção, responde o autor na mesma carta:
É esta mesma justificação que podemos encontrar na Revista Ler numa entrevista
feita a Mário de Carvalho, onde o escritor afirma:
“ Nós somos mais do que nós, nós somos uma nação muito antiga. E, antes de
sermos nação, isto tinha sido um caldeamento muito grande de povos e civilizações.
Por detrás de nós, há toda uma estrutura histórica. Quando eu escrevo A Inaudita
Guerra da Avenida Gago Coutinho, quando os mouros aparecem aí num
engarrafamento em Lisboa, é isso que eu quero dizer: atenção, nós somos uns e
somos outros. Ou seja, temos cá uma civilização árabe também.”
- Acho, francamente, que nisto de escrever vai alguma infantilidade que sobrou.
Talvez seja um defeito, uma desregulação da natureza. As almas dos outros possuem
uma aptidão inata para a eliminação da meninice. A nossa, não.
As crianças são capazes de se desdobrar numa multiplicidade de personagens.
Em qualquer brincadeira “são” este, e “são” aquele. Na fantasia infantil ordena-se e
desordena-se o mundo, como se o mundo estivesse ao dispor dos caprichos das
brincadeiras.
Categorias da narrativa
Acção
Dá-se o nome de acção ao conjunto de acontecimentos que constituem uma
narrativa e que são relatados, mas há que distinguir a importância de cada um deles para
a história.
- por encadeamento: quando as acções sucedem por ordem temporal e em que o final de
uma acção se encadeia com o início da seguinte.
Narrador
O narrador é uma entidade imaginária criada pelo autor, que tem como função
contar a história. Não deve, por isso, ser confundido com o autor, que é o responsável
pela criação da história.
Presença
Narrador não participante: conta uma história na qual não participa – narrador
heterodiegético – narra a acção na terceira pessoa.
Ex.: ―Os automobilistas que nessa manhã de Setembro entravam em Lisboa pela Avenida
Gago Coutinho, direitos ao Areeiro, começaram por apanhar um grande susto (…)‖
Narrador participante – conta uma história em que participa como personagem principal
– narrador autodiegético – ou uma história em que participa como personagem
secundária – narrador homodiegético. Narra a acção na 1.ª pessoa.
Ex.: ―Para lá do telefone e das calorias das trouxas de ovos, a minha mãe também odeia
palavras foleiras tipo ―tchauzinho‖, ―oi‖, ―tudo bem, fofa?‖ coisas assim.‖
Posição
Quanto à posição, relativamente ao que conta, o narrador pode ser objectivo ou
subjectivo.
Ex.: ―Sexta-feira colhia flores por entre os rochedos junto da antiga gruta quando viu
um ponto branco no horizonte, para leste.‖
Ex.: ―De que Alá era grande estava o chefe da tropa convencido, mas não lhe
pareceu o momento oportuno para louvaminhas, que a situação requeria antes soluções
práticas e muito tacto.‖
Ex.: ―Tão natural, tão simples e ao mesmo tempo, tão elegante, tão bem cuidada...
Foi tão carinhosa comigo, a Daniela!‖
Ex.: " Pelas cinco horas duma tarde invernosa de Outubro, certo viajante entrou
em Corgos, a pé, depois de árdua jornada...".
Narrador subjectivo
Posição Narrador objectivo
Personagem
A personagem é uma categoria essencial da narrativa. Regra geral, a acção
desenvolve-se à volta da personagem, daí a sua importância. Podemos caracterizar a
personagem quanto ao relevo na acção e quanto à sua composição.
Relevo
Composição
Personagem plana – uma personagem sem complexidade e que não evolui para além da
sua caracterização inicial – mantém as mesmas ideias, as mesmas acções, as mesmas
palavras, as mesmas qualidades e defeitos.
Caracterização
Tempo
O tempo é uma das categorias da narrativa com mais relevo. Estabelece a
duração da acção e marca a sucessão cronológica dos acontecimentos.
A B C D E F G
1. -------|--------|---------|---------|--------|---------|--------|--
B C A D G E F
1. --------|--------|-------|--------|--------|---------|--------|-------
Espaço
O espaço de uma narrativa refere-se não só ao lugar físico onde decorre a acção,
mas também ao ambiente social e cultural onde se inserem as personagens.
Espaço físico - é o espaço real, que serve de cenário à acção, onde as personagens se
movem. Lugar ou lugares onde decorre a acção. Pode definir-se como um espaço
aberto/fechado, interior/exterior, público/privado.
4. De um narrador que nos apresenta uma narrativa, pelo ponto de vista de uma ou
mais personagens, dizemos que tem
1. focalização omnisciente.
2. focalização interna.
3. problemas de dupla personalidade.
4. focalização externa.
8. ESPAÇO SOCIAL é
1. o espaço interior da personagem, o conjunto das suas vivências, emoções e
pensamentos.
2. o ambiente social em que as personagens se integram.
3. o espaço real, exterior ou interior, onde as personagens se movem.
4. um projecto de enviar o excedente demográfico para outros planetas.
11. De um narrador que nos apresenta uma narrativa, contando a história de forma
objectiva, do ponto de vista de uma testemunha dos acontecimentos, dizemos que
tem
1. Focalização externa.
2. Focalização omnisciente.
3. Focalização interna.
4. O hábito de “cuscar”.
13. Se um narrador nos apresenta uma narrativa, sabendo tudo o que se passa no
íntimo das personagens, bem como o que se passa no passado, presente e futuro
da acção, dizemos que tem
1. focalização omnisciente.
2. uma grande rede de espiões.
3. focalização interna.
4. focalização externa.
17. Se um narrador participa na acção, apesar de não ser protagonista, dizemos que é
um NARRADOR
1. AUTODIEGÉTICO.
2. HOMODIEGÉTICO.
3. HETERODIEGÉTICO.
4. DISCRETO.
19. A entidade responsável pelo discurso narrativo, aquele que conta a história, chama-
se
1. personagem.
2. narratário.
3. cusco.
4. narrador.
Maria Filomena Ruivo Ferreira Santos Página 17
Proposta de leitura do conto A INAUDITA GUERRA DA AVENIDA GAGO COUTINHO
O espaço e o tempo
Depois de teres lido, com atenção, a ficha informativa sobre as Categorias da
narrativa, interpreta o esquema que se segue.
Tempo
4 de Junho de 1148 e Breves momentos
29 de Setembro de 1984 da manhã
Espaço
Clio
1. Derivação
A derivação é um processo de formação de palavras novas realizado através da
junção de afixos (prefixos, se for no início da palavra, ou sufixos, se for no fim da
palavra).
i + móvel = imóvel
Derivação
(quadro síntese)
Formação Exemplos
a + pôr = apor
semi + círculo = semicírculo
tri + ângulo = triângulo
Derivação por prefixo + palavra
contra + pôr = contrapor
prefixação primitiva
ex + pôr = expor
im + pôr = impor
per + correr = percorrer
a + funil + ar = afunilar
prefixo + palavra en + gaiola + ar = engaiolar
Derivação parassintética
primitiva + sufixo a + manh(ã) + ecer =
amanhecer
2. Composição
Justaposição
Aglutinação
Esta ocorre quando duas ou mais palavras se unem sem que ocorra alteração
nas suas formas ou acentuação primitivas.
Esta ocorre quando duas ou mais palavras se unem para formar uma nova
palavra ocorrendo alteração na forma ou na acentuação.
fidalgo (filho + de +algo), aguardente (água + ardente), embora (em + boa + hora)
Composição
(quadro síntese)
Formação Exemplos
c) Manuel da Silva Lopes atinge um dos árabes com um calhau e estes ripostam
com setas.
a) b) c) d) e)
f) g) h) i)
Sensações
Figuras de estilo
Aliteração - recurso de estilo do nível fonológico, que consiste na repetição de
fonemas, como recurso para intensificação do ritmo, ou como efeito sonoro
significativo.
Ex.: O cipreste e o cedro envelheciam juntos como dois amigos num ermo (...) -
Eça de Queirós
Neste caso, o material (madeira - "seco lenho") designa o produto final (barco).
Perífrase - Consiste em dizer por muitas palavras o que poderia ser dito por poucas.
Neste caso, a decisão de mandar matar Inês de Castro é suavizada pela expressão
"tirar ao mundo", menos agressiva.
Ex.: As escadas escuras. A porta e a luz, de repente, nos olhos desabituados. A luz
forte da rua num dia de Sol. - Augusto Abelaira
Neste exemplo, em cada uma das frases foi omitido o verbo, ficando cada uma delas
reduzida aos elementos essenciais. O resultado são três pequenos traços
descritivos, sugerindo de forma incisiva o salto abrupto da escuridão para a luz.
Ex.: Toma Inácio o livro nas mãos, lê-o, a princípio com dissabor, pouco depois
sem fastio, ultimamente com gosto e dali por diante com fome, com cuidado,
com desengano, com devoção, com lágrimas (...). - P. António Vieira
Metonímia - Consiste em atribuir a uma coisa o nome de outra com base numa
relação de contiguidade.
Estamos perante uma apóstrofe, quando o emissor inicia (ou interrompe) o seu
discurso, dirigindo-se a seres imaginários, coisas ou ideias, ou mesmo pessoas,
desde que fisicamente ausentes. Em qualquer dos casos estamos perante uma
situação que foge à estrita lógica do acto comunicativo, constituindo, por isso, um
recurso expressivo. Quando o destinatário do discurso é um ser não humano, uma
coisa ou ideia, a apóstrofe é acompanhada de personificação.
Nestes versos de Camões, a ordem directa seria "Quero que aquela triste e leda
madrugada seja sempre celebrada."
3.1. Figura pela qual se atenua ou disfarça a expressão de uma ideia que se
considera chocante, desagradável ou repugnante.
a) metáfora
b) eufemismo
c) comparação
d) antítese
a) hipérbole
b) aliteração
c) metáfora
d) onomatopeia
a) metáfora
b) perífrase
c) comparação
d) anáfora
3.4. Inversão da ordem normal das palavras para se dar mais realce ao
pensamento.
a) metáfora
b) anástrofe
c) anáfora
d) metonímia
a) metáfora
b) ironia
c) onomatopeia
d) perífrase
a) pleonasmo
b) antítese
c) personificação
e) aliteração
a) comparação
b) sinestesia
c) metáfora
d) sinédoque
3.8. Apresentação de um contraste entre duas ideias tornado mais evidente pela
oposição das palavras ou das frases que as designam, com o intuito de pôr em
destaque uma das ideias (ou ambas) ou dar ao leitor uma visão inesperada da
realidade.
a) ironia
b) apóstrofe
c) antítese
d) eufemismo
Ex.: “...e, por instantes, foi, em toda aquela área, um estridente rumor de motores
desmultiplicados, travões aplicados a fundo e uma sarabanda de buzinas ensurdecedora.‖
(p.27-28)
―Tudo isto de mistura com retinir de metais, relinchos de cavalos e imprecações guturais
em alta grita‖. (p.28)
Para dar cor epocal e conferir realismo à acção, contribui igualmente o grande
número de palavras de origem árabe existentes no texto, das quais podemos destacar:
alfange, algazarra, alferes, alarde, almóada, etc.. Note-se, em todas elas, a presença do
artigo definido árabe al (invariável em género e número), correspondente ao nosso
determinante artigo definido o, a. Isto para já não falar nos nomes próprios, como por
exemplo: Alá, Lixbuna, Ibn-Arrik (Afonso Henriques), etc..
O recurso à adjectivação, à pormenorização e a figuras de estilo (como já vimos),
tais como: enumeração, onomatopeia, hipérbole e antítese, são outros dos recursos
utilizados para nos fazer visualizar o pandemónio da situação:
Adjectivos
Os adjectivos são palavras que variam em género, em número e, normalmente, em
grau. Os adjectivos que admitem variações em género, tendo uma forma para o feminino e
outra para o masculino, são adjectivos biformes. Quando não há contraste de género,
estamos perante adjectivos uniformes.
saudável
alegre adjectivos uniformes
feliz
Adjectivos uniformes
-ense, -ante, -ente, inte não muda ateniense, hilariante, coerente, contribuinte
-s (em adjectivos
não muda reles, simples
paroxítonos)
Os adjectivos servem para caracterizar os nomes, de modo a termos uma ideia mais
exacta sobre os seres que designam. Assim, os adjectivos atribuem qualidades que podem
complementar ou modificar o nome.
b) As alunas estão muito cansadas, porque a aula de Educação física foi mais
desgastante do que a de natação.
Comparativo de Superlativo
Adjectivo
Superioridade Absoluto Relativo
bom melhor óptimo o melhor
mau pior péssimo o pior
grande maior máximo o maior
pequeno menor mínimo o menor
acre acérrimo
ágil agílimo
agradável agradabilíssimo
amigo amicíssimo
amável amabilíssimo
amargo amaríssimo
antigo antiquíssimo
áspero aspérrimo
veloz velocíssimo
atroz atrocíssimo
audaz audacíssimo
benéfico ou beneficente beneficentíssimo
benévolo ou benevolente benevolentíssimo
capaz capacíssimo
claro claríssimo
celebre celebérrimo
comum comuníssimo
cristão cristianíssimo
crível credibilíssimo
cru cruíssimo
cruel crudelíssimo
difícil dificílimo
doce dulcíssimo
dócil docílimo
fácil facílimo
fiel fidelíssimo
feliz felicíssimo
feroz ferocíssimo
frio frigidíssimo ou friíssimo
grácil gracílimo
humilde humílimo
horrível horribilíssimo
inimigo inimicíssimo
interior íntimo
livre libérrimo
magnífico magnificentíssimo
maléfico maleficentíssimo
magro macérrimo
mísero misérrimo
negro nigérrimo
nobre nobilíssimo
pagão paganíssimo
pessoal personalíssimo
pobre paupérrimo ou pobríssimo
são saníssimo
sábio sapientíssimo
sagrado sacratíssimo
salubre salubérrimo
sério seriíssimo
simples simplíssimo ou simplicíssimo
soberbo superbíssimo
grande
práticas
brutal
verde
afilada
perspicaz
cristã
a) grande –
b) brutal –
c) afilada –
d) cristã –
sábio -
má -
geral –
Pálido –
louvável -
desconfiado –
f) Um desfile de Carnaval.
2. Uma das explicações avançadas por Ibn-el-Muftar é, então, uma possível partida
de jinns. O que serão jinns?
a) Bebidas.
b) Calças de ganga.
c) Génios.
d) Feiticeiros.
Jinns
Os jinns são génios, espíritos que têm poderes sobre os homens. Podem assumir
forma humana ou animal. As histórias d’ As Mil e Uma Noites têm vários exemplos destas
personagens mitológicas. O génio da lâmpada de Aladino, que tem poder de lhe conceder
três desejos, é um desses exemplos.
3. Os árabes ficaram perplexos com tudo o que aconteceu. Tudo era novo para
eles e a imagem que tinham das coisas era inocente. Atenta nas descrições
feitas pelos árabes daquilo que os rodeava e tenta decifrar quais os objectos
referidos.
b) “Decidiu não se deixar impressionar com os trejeitos pouco amistosos que lhe
vinham de dentro dos objectos metálicos com rodas que havia por toda a
parte” - _______________________
“Uma multidão indeterminada de indivíduos do sexo masculino, a maior parte dos quais portadores
de armas brancas e outros objectos contundentes, cortantes e perfurantes, com bandeiras e trajos de
carnaval, montados em solípedes, tinham invadido a Avenida Gago Coutinho e parte do Areeiro em
manifestação não autorizada. Dado que se lhe afigurava existir insegurança para a circulação de pessoas e
bens na via pública, aguardava ordens e passava à escuta. De lá lhe disseram que iriam providenciar e que se
limitasse a presenciar as ocorrências, mas sem intervir por enquanto.
Um imediato telefonema para o governador civil e deste para o ministro confirmou que não se
encontravam previstos desfiles, de forma que a máquina policial se viu movida a ingerir-se no caso. Soaram
as sirenes no quartel de Belém e, poucos minutos depois, alguns pelotões da Polícia de Intervenção vinham a
caminho, com grande alarde de sereias e pisca-piscas multicores.
Entretanto, lbn-el-Muftar via pela frente uma grande multidão apeada que apostrofava os seus
soldados. Eram os automobilistas que haviam saído dos carros e que, entre irritados e divertidos, se
empenhavam numa ruidosa assuada. Que devia ser algum reclame, diziam uns; que era mas era para um
filme, diziam outros.”
As diferentes percepções
Como vês, as explicações avançadas pelas personagens do século XII são bem
diferentes das dadas pelas personagens do século XX. Esta diversidade mostra bem a
diferença entre duas épocas tão distantes. Numa domina a superstição, a crença
irracional e o medo, na outra a lógica e a razão. O Homem sempre teve medo do
desconhecido, do inexplicável. Mas o conhecimento, o saber e a experiência permitem ao
homem moderno ter uma visão mais compreensiva e aberta do mundo.
Um desfile de personagens
Ao longo deste conto há um verdadeiro desfile de personagens com modos de
pensar muito diferentes.
Personagens
__________________ __________________
Forças
policiais
Personagens
2. Tendo em conta o excerto da obra que acabaste de ler, assinala as expressões que
melhor caracterizam os árabes e as atitudes por eles tomadas nesta “guerra”.
Os árabes
“Eram os automobilistas que haviam saído dos carros e que, entre irritados e divertidos, se
empenhavam numa ruidosa assuada. Que devia ser algum reclame, diziam uns; que era mas era para um
filme, diziam outros.
Ao mouro, aquela peonagem toda não se afigurou particularmente ameaçadora, tanto mais que a
turba circundante, de estranhas vestimentas vestida, não parecia exibir armas de qualquer natureza. De
maneira que lbn-Muftar optou por manobrar cautelosamente no pouco espaço ao dispor.
Com alguns sinais do alfange fez que um ou dois esquadrões formassem, com dificuldade, no
parque de estacionamento do Areeiro, e uma falange de gente de pé se arrumasse no terreiro da estação
de serviço do lado contrário, enquanto o grosso da tropa ocupava a placa central relvada. Decidiu não se
deixar impressionar com os trejeitos pouco amistosos que lhe vinham de dentro dos objectos metálicos
com rodas que havia por toda a parte, nem com as caras que o fitavam por detrás de um estranho
material transparente. Se era uma encantação, melhor era deixar que passasse - segredou para ben-
Yussuf que lhe respondeu, desconfiado e muito pálido: - inch Allah!
Manuel da Silva Lopes, que conduzia um daqueles irritantes camiões carregados de grades de
cerveja que a Providência encarregou de ensarilhar os trânsitos em Lisboa, resolveu em má hora
abandonar o volante, apear-se, e, decerto enciumado pela concorrência, apontar um calhau miúdo que foi
ecoar no broquel do beduíno Mamud Beshewer que, por ainda não ter acordado de tudo isto, era um dos
mais quietos da tropa.”
3. Depois de teres lido atentamente o excerto apresentado, que relata a reacção dos
automobilistas aos estranhos acontecimentos da Avenida Gago Coutinho, indica os
adjectivos que caracterizam o estado de espírito dos motoristas.
a) Magoados
b) Irritados
c) Felizes
d) Divertidos
e) Pasmados
Nome - _____________________________________________________________
Profissão - __________________________________________________________
As forças policiais
4. O que estava este agente a fazer naquela manhã na Avenida Gago Coutinho?
a) Participava numa manifestação policial.
b) Tentava apanhar automobilistas infractores.
c) Passeava com a família.
Comissário Nunes
―Teriam tombado todos no inferno corânico? Teriam feito algum agravo a Alá? Seriam
antes vítimas de um passe da feitiçaria cristã? Ou tratar-se-ia de uma partida de jinns
encabriolados?‖
Estas hipóteses, aventadas por Ibn-el-Muftar para tentar explicar tão estranha
situação, evidenciam a perplexidade e incertezas da personagem, patentes não só no
elevado número de hipóteses apresentadas, mas também no uso do condicional e das
sucessivas interrogações retóricas que o árabe, em jeito de monólogo, coloca a si mesmo,
numa tentativa desesperada de compreender o que se passa à sua volta.
Já o agente da 2ª classe da PSP, Manuel Reis Tobias, que estava de serviço à
entrada da Avenida Gago Coutinho, julga tratar-se de um desfile qualquer. Mas vejamos,
para melhor compreender o insólito da situação, a descrição que ele faz da situação
através da mensagem que enviou pelo intercomunicador da mota para o posto de
comando:
―Uma multidão indeterminada de indivíduos do sexo masculino, a maior parte dos quais
portadores de armas brancas e outros objectos contundentes, cortantes e perfurantes, com
bandeiras e trajos de carnaval, montados em solípedes, tinham invadido a Avenida Gago
Coutinho e parte do Areeiro em manifestação não autorizada. “
Uma vez confirmado não estarem previstos desfiles, toda a máquina policial se viu
obrigada a ingerir-se na ocorrência, tendo solicitado a colaboração da tropa do Ralis
(Regimento de Artilharia de Lisboa) e da Escola Prática de Administração Militar, o que
contribuiu para adensar mais ainda a tensão que caracterizava a situação vivida.
Enquanto isto, os automobilistas, irritadíssimos, vaiavam a tropa moura e
comentavam que aquele aparato todo devia ser para algum reclame ou para um filme. E
neste impasse, automobilistas e a tropa do almóada, apertados na Avenida Gago Coutinho
como sardinha em lata, esperavam ansiosamente que, como que por milagre ou passe de
feitiçaria, aquela situação se resolvesse.
Mas Clio continuava adormecida e ainda não foi desta vez que a situação se
resolveu. Aliás, ela agudizou-se mais quando:
Este gesto imprudente de Manuel da Silva Lopes originou, como resposta, uma
saraivada de setas por parte dos mouros, levando os automobilistas a procurarem refúgio,
ao mesmo tempo que vociferavam protestos, causando um ruído ensurdecedor. E é este
ruído que o comissário Nunes, que chefiava os pelotões de choque, ouviu, e, prontamente,
admitindo tratar-se da canalha a desafiar a polícia, mandou que os seus homens
varressem tudo a eito, à bastonada, o que provocou algumas baixas e sobretudo muita
cabeça partida.
Constate-se que o humor e a ironia, neste caso face aos métodos policiais (“Toca a
varrer isto tudo (...) à bastonada, a eito, por aqui e por além‖), continuam a perpassar o
texto.
Tudo isto, e sobretudo a zipada de água que alguém atirou de uma janela e que caiu
sobre Ibn-el-Muftar, deixou o chefe da tropa moura de tal forma irritado que avançou com
uma carga de cavaleiros aos gritos de guerra e de alfange em riste, amolgando capots de
automóveis, em direcção aos homens do comissário Nunes. Perante a iminência do ataque
mouro, diz o narrador, criando uma vez mais uma situação repassada de humor e de
ironia:
―(...) os briosos homens da Polícia de Intervenção corriam a bom correr até à cervejaria
Munique, onde se refugiaram atrás do balcão, deixando a moirama senhora da placa
central da Praça do Areeiro. ―
E a acção flui, a passos largos, num ritmo acelerado e sem interrupções, para o
ponto de maior tensão dramática. E a situação, ao invés de se resolver, cada vez se
complica mais com a chegada de novas forças policiais. Os blindados do Ralis não
conseguiram passar, ficaram retidos num medonho engarrafamento de camiões TIR, mas
o capitão Aurélio Soares, à frente da sua companhia de intendentes, conseguiu, a custo,
passar. Chegado ao local, confrontando-se com milhares de mouros, a maior parte dos
quais a cavalo, que se apertavam na avenida Gago Coutinho por entre o tráfego da hora
de ponta, não pôde deixar de se lamentar numa exclamação sentida e compreensível:
Estas coisas só me acontecem a mim! Esta exclamação, bem como o facto de se esquecer
dos milhares de indivíduos que com ele partilhavam aquela situação, é bem elucidativa do
seu estado de desespero, gerando, também, uma situação de cómico.
Apesar do insólito da situação, havia que agir. O capitão Aurélio Soares,
resguardado pelos seus homens e empunhando um pano branco, dirigiu-se a Ibn-el-Muftar
e ao seu estado-maior que vinham já ao seu encontro. Dispunham-se então a conversar,
chegando mesmo a trocar algumas palavras de saudação: “Salam Aleikum”, quando, de
repente, a deusa Clio acordou do seu sonho num sobressalto, e logo atentou no erro
cometido.
É esta frase que põe cobro à insustentável situação vivida por aqueles dois grupos
antagónicos de personagens e que marca, em termos estruturais, a transição da 2ª parte
do conto – o desenvolvimento – para a 3ª parte – a conclusão.
Às vezes parece
Que nada resulta
Queres passar multas
E pedem desculpa
Que azar
Não dão uma chance a um polícia
De se esmerar
- Raio de azar”
c) “Toca a varrer isto tudo até ao Areeiro – disse. E puxando do apito, pôs a
equipa em acção, à bastonada, a eito, por aqui e por além.”
Ironia
Recorrendo à ironia, narrador faz as suas críticas de forma inteligente e cria, ao
mesmo tempo, situações humorísticas.
O vocabulário
Como deves ter notado, ao longo do texto contra-se palavras e expressões que
marcam bem a diferença entre os dois tempos que se misturam neste conto – o século XII
e o século XX. Atenta nas expressões retiradas do conto e coloca-as no tempo correcto.
Cota de malha
Automóveis
Intercomunicador
Escudo
Capots
Broquel
Prédio
Auto-metralhadora
Turbante
Autocarro
Alfange
Tropa almóada
Curiosidade
O elemento “Ibn” pode surgir com as variantes “ben” e “aben” e significa “filho
de”. É usado sobretudo nos nomes de pessoas para indicar filiação. Tem uma função
semelhante à dos nossos apelidos patronímicos (ex: Álvares, filho de Álvaro).
“Salam Aleikum” é uma expressão árabe que se pode traduzir por “Que a paz
esteja contigo”. Foi desta expressão árabe que adveio a palavra portuguesa
“salamaleque” que é um cumprimento de cortesia. A resposta a este cumprimento é
“Aleikum Salam”.
O narrador
―Decidiu não se deixar impressionar com os trejeitos pouco amistosos que lhe
vinham de dentro dos objectos metálicos com rodas que havia por toda a parte, nem com
as caras que o fitavam por detrás de um estranho material transparente. Se era uma
encantação, melhor era deixar que passasse - segredou para ben-Yussuf que lhe
respondeu, desconfiado e muito pálido:
- inch Allah!‖
a) Participante.
b) Não participante.
c) Objectivo.
―(…) Manuel Reis Tobias, em serviço à entrada da Avenida Gago Coutinho, meio
escondido por detrás das colunas de um prédio, no propósito sábio e louvável de
surpreender contraventores aos semáforos (…)‖
O fim da guerra
Como viste, o capitão Soares e Ibn-el-Muftar tentaram dialogar para resolver a
situação.
Entretanto, algo aconteceu…
―Neste momento, a deusa Clio acordou do seu sonho, num sobressalto, e logo
atentou no erro cometido. Num credo, desfez a troca de fios e reconduziu cada
personagem a seu tempo próprio.
De maneira que, assim como haviam surgido, assim se sumiram os árabes da
Avenida Gago Coutinho, deixando o capitão Soares e todos os outros a coçar a cabeça,
abismados.‖
Amnésia
Segundo a mitologia grega, o rio Letes era um dos vários rios de Hades – o Inferno
– e beber das suas águas provocava uma perda de memória. Por isso, Clio resolveu
borrifar com esta água a memória de todos os envolvidos, causando-lhes uma espécie de
amnésia, que lhes apagou as recordações de tão estranho acontecimento.
Consequências da guerra
Chantarim
Durante o domínio muçulmano, Chantarim era o nome dado pelos árabes à cidade
de Santarém.
Preposições
Preposições
com por
em
conforme salvo
a excepto
contra sem
ante entre
consoante segundo
após mediante
de sob
até para
desde sobre
perante
durante trás/atrás
Locuções prepositivas
Pronomes (1)
Preposições
este esta estes estas
a - - - -
de deste desta destes destas
em neste nesta nestes nestas
por - - - -
(1)
Dá-se a contracção de preposições com outros pronomes: esse(s), essa(s), aquele(s),
aquela(s), isto, aquilo, ele(s), ela(s).
―Ao lbn-Muftar não foi muito gravoso o acontecimento, pois aproveitou o caminho de
regresso para talar os campos de Chantarim, nas margens do Tejo, com grande vantagem
de troféus e espólios.
Pior foi para o comissário Nunes, o capitão Soares e o coronel Rolão explicarem
em processo marcial o que se encontravam a fazer naquelas zonas à frente de
destacamentos armados. Falou-se muito em insurreição, nesses dias, e os jornais
acompanharam apaixonadamente o correr dos processos.
Quanto à deusa Clio, foi privada de ambrósia por quatrocentos anos o que,
convenhamos, não é seguramente castigo dissuasor de novas distracções.‖
1.1. Faz a distribuição correcta das palavras e das expressões que sublinhaste.
Fim