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San 2 ¢ Breve histéria da ornitologia brasileira do século XVI ao inicio do século XX Apresentamos um apanhado sucinto, citando algu- mas figuras envolvidas na historia da ornitologia bra Ieira. Damos 0 essencial sobre seus trabalhes de campo neste pais e suas publicagses, passando depois aos tra- balhos de outros, que elaboraram o material procedente do Brasil. Pordetrds dosautores, surgem os museus, onde foram depositadas as colegdes no Brasil: o Museu Naci nal do Rio de Janeiro, 0 Musea de Zoologia, em So Pai Jo, €0 Museu Paraense Emilio Goeldi, em Belém do Pars. ‘Terminamos nossa relagdo com Alipio Miranda Ribeiro e Otivério Pinto, ambos nascidos ainda no século passado, desenvolvendo suas atividades aténossos dias. No corpa lo livra referimo-nos também a dadas histéricos 241 Século XVI Na época das descobertas era motivo de orgulho para 0s Viajantes trazer animais desconhecidos. Estas criaturas serviam, principalmente, para comprovar 0 encontro de novos continentes. A apresentagio de bi- chos vives (a técnica de preparar aves e outros animais cera muito rudimentar) foi muito mais ugestiva do que as narragées dos cronistas, tantas vezes insuficientes Adiantou muito pouco, p. ex. quando Pero Vaz de Ca minha, acompanhante de Cabral, em sua carta a EFRei 1D. Manuel (1.V.1500, fala sobre “papagaios verdes”. Pior ainda quando os escrivies inventavam os maiores ab- surdos, como fez Antinio Pigafetia, cronista de Fema de Magalhdes na sua viagem circum-navegatiria, que desembarcou na regio do atual Rio de Janeito.em 1519. Pigafetia passou por “grande mentiroso” (Taunay 1934), quando, p. ex. desereveu uma ave marinha que punha © oves no dorso do macho, pousando no oceano, € af chocava durante semanas. Esta narrativa grotesca jere-se claramente as lendas sobre aves-do-paraiso da iné (e nio do Brasil), das quais a tripulaco de s trouxe as primeiras peles, que eram despro- inclusive os pés (no parafso no gavam). AS aves eram assim pre- smerciais, durante eéculoa que animals desconhecides nes, chegavam as macs da procedéncia. Assim Linnaeus nomeou 0 nosso curié Oryzoborus angolensis, ponsanda que aespécie fosse de Angola, Afri «a. O boija-lor Chrysolampis mosquitus foi considerade procedente da India. Em muites casos constou “Brasil” como procedéncia de uma ave, desafiando as vezes 2 argicia dos clentistas até 0s nossos dias para descobrir onde, no Brasil, tinha sido encontrada (v. arara-azule de-Lear, Anodorhynchus lear’) E claro que todas 2s aves capturadas para serem ven didas como sauentr ou enfeite, como milhares de beija= flores (amitide preparadas de asas abertas),ficaramsem indicago quanto a sua erigem. Nestes casos ojualgamen- to da técnica de preparagio, 0 tipico make up, ajuda @ dar uma idéia sobre a origem. Assim, p. ex. distinguer- se ts tipos de preparacao de peles de beija-flores, pre Pparadas em estilo cléssico para o comério, vindas da Colombia (Bogota), de Trinidad e da Bahia (v ‘rochilidae). Mencionamos as colecdes desprovidas de procedéncia, de Villa-Real e Bourgain, no Museu Nacio- ral, Rio de Janeiro. De modo geral os portugueses que primeiramenteche= garam ao Novo Mundo na estavam muito interessados no Reino Animal. Aos navegedores as aves serviam ape- nas como indicagao da proximidade da terra (reterimo- nos a esta citcunstancia no corpo do liveo), mas em terra perseguiam-nas para o enriquecimento do cardépio. Os europeus impressionaram-se principalmente som os papagnios; estas sio as primeiras aves citadas deste continente. Em varios dos primeios mapas do Brasil, desenhados peles Portugueses na época da descoberia constam araras, mals vistosas no mapa de Contino ce 1502. As vezes, as pinturas (fig. 20) sao fontes precisas para se conseguir, muito antes de um registro cientifico, uma boa documentacio sobre a fauna e flora, sobretudo numa época (comero do século XVI) na qual ainda no seconhecia a técnica de conservar aves e outros animais. ‘Aves tio pequenas como beija-flores eram assim docu- mentadas. Dos contos de um viajante como Ulrich Schmidel de Straubing, que aventurowse de 1534 a 1554 em terras da América Meridional, inclusive 0 Brasil, aproveltamos pouco: Ulrich cita avestruzes (emas}, gali- nnhas (provavelmente cracidecs como jacus) patos cria- dos pelos aborigenes, Cairina moschata (Schmidel 1891) 46 + Onstrovocia BrasiLsins Informagies valiosas sobre as aves do Rio de janeiro devemos a0 missionario calvinista Jean de Léry (1534- 1611), francés, que veio a essa regiio na época da ilusio de uma “Franca Antartica”. Hostilizado por catélicos, centre cles o padre francés André Thevet (inferiora Léry no conhecimento dos selvagens e da fauna), Léry vi {quase refugiado entre os Tupinamb, teriveis canibais. Surgiram, desta maneira, as melhores condigoes para Léry conhecer 0 ambiente indigena, Bom lingiista, deu com primor os noms indigenas dasaves por ele encon- tradas nas aldeias (muito melhor do que descricdes e figuras deficientes), possibilitanco assim que suas indic cages pudessem ser interpretadas quase que de ime- diato, mesmo tratando-se de espécies tao semelhantes como dois jacus, Penelope superciliaris e P. obscura; fez referéncia a0 mutum-do-sul, Crax blumenbachii, e a0 macuco, Tinamus solitarius. E certo, porém, que os in- dios tenham recebido aves em permuta com outros. ae eeu Tig-20. Pinture de Hans Bargkmait, ‘executada om 1518 na Alomanha, mestran- do um maracan8, Dopsittza nebils(L.),no troncoa diets, Bayerische Staatogomaldesammlungen (seg. Sick 1981), indios de tribos distintas, de forma que, p. ex. 0 jacuagu eo mutum nao deviam ser procedentes da ex-Guanaba~ ra, mas de algum lugar mais distante do Rio como tam- bbém aema, cujas penas os indios utilizaram para fazer 0 ararejé”, que Léry, de bom humor, comparou com uma cesta repleta de galinhas, penduraca pela espinha (fig. 21). Léry conta que os indios nao comiam as galinhas domeésticas mas se aproveitavam das suas penas que pintavam de vermelho (v. Phasianidae, Apéndice). Usa- am como enieite os papos amarelos dos tucanos, que ‘mais tarde, inspiraram os imperadores brasileiros na confecgio de uma murga de gala. Foi Léry que desman- chou o absurdo inventade por exploradoros mentirosos que 0s papagaios colocassem seus ninhos, feitosde jun- co € raizes, sobre galhes para se salvar de cobras, afir~ mando que nidificavam em ocos de érvores. Et notas rmusicais Léry escreveu uma cangao dos Tutinamba so- bre o canindé, Ara ararauna. A primeira edigio do seu BREVE HISTORIA DA ORNITOLOGIA BRASILEIRA © 47 Fig. 21. ndios Tupinamba, enfeitados para dancar, ogido do atual Rio de Janeiro, século XVI.O homem na frente fem um grande maco de penas de ema nas nidegas, acima dele uma arata (seg. Léry 1961). liuro saiu em 1578. Lary tornourse meamo o primeiro que comunicou dados seguros sobre as aves do Brasil, prece- endo Cristévao de Lisboa e Marcgrave (y. século XVID. ‘Muito ao contrario Thevet procurou sensi¢éo, mos- ando na sua iconografia “Singularidades da France Antartica” p. ex. um tucano com um bico aparentemen- pesadissimoe muito maior do que o resto de corpo, e == quadripede de cara humana, Noseu mapa de 1557 Seesiam nas costas brasileiras monstros horrendos amoa Gendo os navios. Por intermédio da obra de Thevet eblicada em 1878), 0 grande naturalista suigo, Gesner, recebeu inforinagies sobre aves bras Ses No sus famosfssima Historia animaliun, publica Se 555, bem ilustrada, consta a descricio de um bese sce Eseanto cronistas quinhentistas como Staden, Aecieets « Gandavoforneceram subsidios de valor qua $= Gee Sachesvamente para o conhacimento das tiboo, FemioCandime Gabriel Soares de Souza mostraram-se Sestante interessados na fauna, Cardi, que chegou ao Brasil em 1583, descreveu a danca dos tangaris, Cisroxipis coustta,e relata diversas fases da plumagem do guara, Eudocimus ruber, assunto jé abordado por H. Staden em 1557. 0 guaré tornou-se conhecido na Eu- ropa através do Duque Kail von Croy (1560-1612). Soa- res de Souza, cuja obra fol escrita em 1587, trata tanto de atticularidades morfologicas das aves (p. ex. escamas no tarso do macuco e o problema dos papagaios “con- trafeitos”), como de pormenores bioligicos (p.ex. modo do jaburu alimentar sua prole, ¢ a pugnacidade do suiriri). Cardim foi também o primeiro que mencionou a ararajuba, candidato mais forte para ser a AVE NAC ONAL (w: Psittacidae) 2.2 Secuto XVIT Numa coletines Thattrum Naturae de figuras em aquarela ¢ a 6leo, pintadas in vita, entre 1600 e 1614 na Alemanha, constam psitacideos brasileitos (¥. Psittacidae). Em 1614 foi publicada a obra Da Historia da Missio dos padres Capucintos na Ina do Maranao, pelo padre Claude d’Abbeville. O autor visitou também Femandode Noronha, onde observou a avoante Zenaida wriculata, a pombinha famosa do Nordeste. Mais tarde tornou-se conhociclo 0 rélato de Frei Cristévao de Lis- boa, Histéria des animais ¢ érvorss do Marentio, eactito enire 1625¢ 1631; contém 30 desenhos (fig. 22) alépisou nanquim; a estrutura da plumagem executada com a ‘maior fidelidade, resultaram numa ilustraga0 muito Fig. 2. llustragdo de Cristo de Lisboa, comeso do século XVIL. Mostra oxex6u, cise, com rio, © © pice-pau, Dryecopus linens seg. Cristovao de Lisboa 1967).

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