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Cartografia Digital e Detecção Remota

Trabalho Prático

ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE PONTE DE LIMA - IPVC

1 de Janeiro de 2010
Elaborado por: João Azevedo
Cartografia Digital e Detecção Remota
Trabalho Prático

João Azevedo

Cartografia Digital e Detecção Remota |

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Conteúdo
ÍNDICE DE FÍGURAS................................................................................................................ 3
1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4
2 - A CARTOGRAFIA DIGITAL E A GESTÃO DO TERRITÓRIO ..................................................... 5
2.1 – FOTOGRAMETRIA ..................................................................................................... 11
2.2 - FOTOGRAFIAS AÉREAS - FONTE DE DADOS PARA IDENTIFICAÇÃO DA COBERTURA DO SOLO.................... 12
2.3 – FOTOINTERPRETAÇÃO............................................................................................... 13
2.4 - PROCESSAMENTO DE IMAGENS DIGITAIS.......................................................................... 13
2.5 - GEORREFERENCIAÇÃO DE IMAGENS ............................................................................... 18
3 - MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 19
3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 19
3.2 GEORREFERENCIAÇÃO DA INFORMAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DOS DADOS .................................... 21
3.3 PRODUÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA DE REFERÊNCIA. ......................................... 22
3.4 A FOTOINTERPRETAÇÃO E A CLASSIFICAÇÃO DE CARTOGRAFIA TEMÁTICA (OCUPAÇÃO E USO DO SOLO)... 26
3.5 EDIÇÃO ANALÓGICA DE CARTOGRAFIA ............................................................................. 35
4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................... 39
4.1. – ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO ................................................................................ 39
4.2. AS CONDIÇÕES BIOFÍSICAS. .......................................................................................... 40
4.2.1. PRECIPITAÇÃO.................................................................................................... 41
4.2.2. EVAPOTRANSPIRAÇÃO .......................................................................................... 41
4.2.3. INSOLAÇÃO ....................................................................................................... 42
4.2.4. ESTRATIGRAFIA, TECTÓNICA E LITOLOGIA ................................................................. 42
4.2.5. HIPSOMETRIA ..................................................................................................... 44
4.2.6. VEGETAÇÃO ...................................................................................................... 47
4.2.7. LITOLOGIA E PEDOLOGIA ...................................................................................... 48
4.2.8. A OCUPAÇÃO E USO DO SOLO – FOTOINTERPRETAÇÃO ................................................ 51
4.2.9. OS ELEMENTOS E DINÂMICAS HUMANAS ..................................................................... 58
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 62
6 - BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 65
7 - ANEXOS (PEÇAS DESENHADAS) ................................................................................... 69
ANEXO 1 – CARTA TOPOGRÁFICA........................................................................................ 69
ANEXO 2 – CARTA EDIFICADO E VIAS DE COMUNICAÇÃO ........................................................... 70
ANEXO 3 – CARTA DE SOLOS .............................................................................................. 71
ANEXO 4 – CARTA DE OCUPAÇÃO DO SOLO (ATRAVÉS DE FOTOINTERPRETAÇÃO) ........................... 72
ANEXO 5 - CARTA DE OCUPAÇÃO DO SOLO (ATRAVÉS DA CLASSIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DEFINIDA E COM
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BASE EM IMAGENS DO SATÉLITE)........................................................................................... 73

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Índice de Fíguras

Figura 1 - Síntese da informação................................................................................................ 22


Figura 2 - Caracterização das unidades fisiográficas referentes à área de estudo. Fonte: Agroconsultores e
Geometral, 1995. ................................................................................................................. 24
Figura 3 - Formas de relevo. fonte: Agroconsultores e Geometral, 1995. ............................................ 25
Figura 4 - Coeficiente do risco de erosão. Agroconsultores e Geometral, 1995. .................................... 25
Figura 5 - Classificador de informação - maxlike idrisi taiga.............................................................. 28
Figura 6 - Reformat das diferentes bandas da imagem Spot............................................................... 30
Figura 7 - Composição das imagens............................................................................................ 30
Figura 8 - Representação da segmentação no IDRISI....................................................................... 31
Figura 9 - Segmentação de três Bandas, [a] - segmentação a zero, [b] - segmentação a 20 20 e [c] - segmentação
a 30. .................................................................................................................................. 32
Figura 10 - Segmentação a 30 sobreposta com a falsa cor ................................................................. 32
Figura 11 - FONTE: IGP (2003). .............................................................................................. 33
Figura 12 - Informação relativa à correspondência das áreas de treino ................................................. 34
Figura 13 - Ocupação do solo e segmentação ................................................................................ 37
Figura 14 - Áreas de treino criadas............................................................................................. 37
Figura 15 - Classificação obtida através do método MAXLIKE .......................................................... 38
Figura 16 - Segmentação da imagem classificada ............................................................................ 38
Figura 17 - Localização da Área de Estudo ................................................................................... 39
Figura 18 - Zonas Climáticas presentes na área de estudo ................................................................ 40
Figura 20 - Balanço Hídrico de Viana do Castelo (Fonte: Azevedo, 2000) ............................................ 41
Figura 19 - Regime pluviométrico de refóios ............................................................................... 41
Figura 21 - Esboço geológico do Alto Minho. Adaptado de: Alves,1996 .............................................. 42
Figura 22 - Carta Geológica de refóios ........................................................................................ 43
Figura 23 - Altitudes verificadas na área de estudo ......................................................................... 44
Figura 24 - Carta de declives .................................................................................................... 45
Figura 25 - Zonamento dos espaços altimétricos............................................................................ 46
Figura 26 - Carta de aptidão ..................................................................................................... 46
Figura 27 - Graus de Risco de Erosão (Erodibilidade) ..................................................................... 47
Figura 28 - Valores biológicos para a área de estudo ....................................................................... 47
Figura 29 - Tipos de solo da área de estudo .................................................................................. 48
Figura 30 - Modelo Digital do Terreno (MDT) para a área de estudo .................................................. 49
Figura 31 - Ocupação do Solo - 2006 ......................................................................................... 52
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Figura 32 - CARTA DE OCUPAÇÃP E USO DO SOLO PARA O ANO DE 2006 ............................... 52


Figura 33 - Cartas de Ocupação e Uso do Solo para os anos de 2000 e de 2005. .................................... 55
Figura 34 - Representação da Ocupação e Uso do Solo para os anos de 2000 e de 2006 ........................... 56
Figura 35 - Elementos Elementos relativos à população ................................................................... 60
Figura 36 - Distribuição da População Residente por Sector de Actividade. Fonte: INE, 2002 ................... 60
Figura 37 - Edificado e Vias de comunicação ................................................................................ 61

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1 - Introdução

Este trabalho desenvolve-se no âmbito do plano curricular da disciplina de Cartografia Automática e


Detecção Remota do mestrado em Gestão Ambiental e Ordenamento do Território, visando o
desenvolvimento de um conjunto de trabalhos expressos em peças escritas e desenhadas para a
avaliação final da respectiva Unidade.

Nesse sentido os objectivos do presente relatório passam por:

 Estudar e aplicar a medição e a representação de objectos e espaços, de acordo com os


princípios da Geodesia e Cartografia, no que se refere à aplicação dos sistemas de projecção
e coordenadas em métodos (in)directos de georeferenciação;
 Digitalização em ecrã de captura de informação cartográfica digital, bem como de sensores
digitais aéreos e espaciais (através de imagens aéreas obtidas por Aerofotogrametria e
Detecção Remota); Abordar e desenvolver as normas de classificação e organização de
informação de base segundo os diversos modelos teóricos de sistematização da informação;
 Desenvolver os princípios da representação gráfica, da estruturação, produção, uso e
interpretação da cartografia e imagens no âmbito dos processos de comunicação

Pretende-se assim com a realização deste trabalho a elaboração de duas Cartas de Ocupação e Uso do
Solo referentes ao ano de 2006, uma através da fotointerpretação em ortofotomapas com uma resolução
espacial de 0,5m e outra com base na classificação digital de imagens de satélite com uma resolução
espacial 10m (classificação assistida através do algoritmo da máxima verosimilhança) e identificar
também as diferenças existentes entre estes dois métodos.

A fotointerpretação foi realizada com base no software ArcView 9.3 e classificação digital de imagens
com base no software Idrisi versão Taiga, sendo que, todas as saídas cartográficas foram elaboradas com
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base no ArcView.

O presente relatório divide-se assim em cinco capítulos, que se agrupam em dois grandes temas. O
primeiro grupo engloba os capítulos 1, 2 e 3, onde se procede à fundamentação teórica, abordando-se as
principais temáticas da cartografia digital e a gestão do território, de carácter essencialmente teórico e
introdutórios, com base na bibliografia proposta, enquanto os capítulos seguintes são referentes à
apresentação e análise de resultados da cartografia desenvolvida nos softwares ArcGis e Idrisi.

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2 - A Cartografia Digital e a Gestão do Território

O Homem habita num planeta que se traduz num património comum - a Terra. Graças à sua
dinâmica, desde o princípio dos tempos, o planeta tem proporcionado um vasto leque de recursos que
permitiram ao Homem, desenvolver-se e ganhar a batalha em relação às outras espécies que
directamente competiam com ele, quer animais, quer vegetais e, desta forma ocupar o território.

O território, não é mais do que um continuum que nos rodeia, resultado da interacção de um conjunto
de agentes, naturais (clima, relevo, solos, etc.) e sociais (como por exemplo os aspectos culturais de
uma sociedade), manifestado em termos temporais, caracterizado por um conjunto de valores de
diversas variáveis ambientais, numa estrutura complexa, apresentando uma organização que reflecte a
evolução das acções dos diferentes agentes, constituindo uma manifestação de uma organização,
estruturalmente complexa, fundamentada em variáveis locais condicionadas por processos
enquadrados em escalas dinâmicas temporais distintas.

Desta forma, a ocupação do território foi sempre condicionada pelas características de cada local.
Contudo, a percepção dos problemas adventes do uso do espaço pelo Homem e das suas interacções
com o meio ambiente só surgiu, com o crescimento populacional registado sobretudo depois do
século XIX, em que a pressão sobre o território e a utilização dos recursos naturais foi aumentando
cada vez mais. É por esta razão que os estudos de ordenamento e planeamento territorial ganham
cada vez mais importância.

O ordenamento do território pode ser definido como “uma actividade intelectual através da qual são
analisados os factores físicos naturais e socioeconómicos de uma área geográfica, determinando-se as
formas, amplitude e a localização de uso que são consideradas idóneas para cada parte da mesma e
estabelecendo-se as normas para a ocupação do território e utilização dos recursos na área em
questão” (Cendrero, 1982).

Segundo Brown (Brown et al., 1971), “o ordenamento do território consiste em definir áreas que,
pelas características biofísicas, sociais, económicas e culturais, apresentam aptidão preferencial para
determinada actividade humana”, ou seja, para se poder estabelecer o equilíbrio entre a exploração e
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a conservação dos recursos naturais é necessário o conhecimento dos vários aspectos do ambiente,
visando desta forma, a organização da distribuição dos usos e funções do espaço, com base na
utilização racional e sustentável dos recursos humanos e naturais, para se proporcionar qualidade de
vida a comunidades ligadas aos diferentes espaços territoriais (Abreu 1989).

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No entanto, o ordenamento do território não pode ser entendido apenas como uma operação de
distribuição das diferentes actividades no espaço físico, assim como uma operação de
estabelecimento de estruturas urbanas, mas deve ter como objectivo a ocupação humana do território,
estabelecendo-se paisagens ecologicamente equilibradas.

Ordenar a vida humana no território não é construir um puzzle em que cada peça apenas preenche um
espaço vazio inerte deixado pelas peças envolventes (Telles, 1989). Assim, o ordenamento do
território é o resultado das políticas sociais, constituindo simultaneamente uma disciplina científica,
uma técnica administrativa e uma política interdisciplinar e integrada, de forma a se alcançar o
desenvolvimento equilibrado das regiões e a organização física do espaço de uma forma sustentável.
Tem como objectivos fundamentais o desenvolvimento socioeconómico equilibrado das regiões, a
melhoria da qualidade de vida, a gestão responsável dos recursos naturais e a protecção do ambiente e
a utilização racional do território (DGO, 1984).

No entanto, no ordenamento do território há que ter em conta a escala de análise, assim como a escala
operativa uma vez que, estando ligada ao desenvolvimento económico-social e ambiental da
sociedade, constituí uma política abrangente. A sua implementação visa estratégias que se apoiam em
planos interdependentes, com repercussões no processo de decisão. Pelo seu carácter horizontal,
complementam-se com os objectivos da política de protecção do ambiente, contribuindo para o
incremento do nível de qualidade de vida das populações. Contudo, como a escala de actuação
orienta-se a nível regional, ou quando muito supra regional, é necessário operar a nível local, onde se
localizam os maiores problemas que advêm da utilização do espaço e onde se fazem sentir as
políticas nacionais. Dessa forma, cabe ao planeamento fazer esse papel de charneira entre as várias
políticas de ordenamento (Azevedo, 2000).

Uma das facetas do processo de planeamento é a análise e previsão de um grande número de


alternativas e a escolha da solução optimizada (UNESCO, 1977). O planeamento surge assim, como
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um processo racional, estratégico e organizado, enquadrado no conceito mais vasto de ordenamento,


em que as previsões devem ser encaradas como um instrumento inerente a este processo (Bau, 1981).

O ambiente é produto das relações entre os processos geo-biofísicos, socioeconómicos e político-


institucionais, que caracterizam as formas da paisagem, sendo por esse motivo importante a
compreensão de como o Homem percepciona a paisagem, pois este facto pode condicionar a sua
actuação e forma de estar sobre a mesma. A paisagem nesse contexto, deve ser compreendida através
da interpretação (baseada nos elementos do mosaico paisagístico – elementos, corredores e matrizes),
depois de compreendida e apreciada (atribuísse-lhe valor) e só depois surge a necessidade de a
proteger.

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O Homem e as suas actividades têm transformado a superfície Terrestre, as condições atmosféricas e
os ecossistemas aquáticos (Jensen e Bourgeron, 2001). A ocupação do uso do solo é pois considerada
uma condicionante biofísica e humana do território influenciadora do processo de gestão territorial. A
população humana tem aumentado exponencialmente com implicações significativas para a procura
dos recursos naturais, tanto em quantidade como intensidade (Vitousek et al., 1997).

Nesse sentido, revela-se de extrema importância na tomada de decisões relacionadas com


planeamento e ordenamento do território, a produção de cartografia e informação com carácter
razoável de apoio.

A Cartografia constitui per si uma ferramenta comunicativa em que o autor expressa uma mensagem
específica sobre um fenómeno do mundo real, ou simplesmente adquire múltiplas possibilidades de
análise da informação adquirida, comprovando assim as hipóteses que o auxiliem na tomada de
decisões. O estudo dos elementos ou fenómenos que ocorrem num dado espaço geográfico pode ser
representado através de diversos recursos que se diferenciam ao nível do grau de abstracção que cada
um deles permite ao utilizador. Nas legendas das cartas o utilizador consegue reconhecer a situação
ou fenómeno e com base na sua distribuição espacial, na descrição dos elementos que compõe o
mapa e inclusive na capacidade de relacionamento de vários elementos, conseguindo assim, apoiar
rapidamente uma acção e efectuar comparações no espaço e no tempo nas cartas.

Como auxiliador das previsões de actuação e análise do processo de ordenamento do território, os


Sistema de Informação Geográfica, têm um papel fundamental a desempenhar, pois permitem uma
contextualização de escala, de simplificação e produção de informação que de outra forma não seria
possível apenas, como conhecimento da área a planear. As dificuldades e as limitações à construção
de instrumentos de gestão baseados na informação geográfica relacionam-se com a existência e o
acesso a informação de base, a disponibilidade de recursos humanos e os custos associados à
tecnologia (Alonso, et al. 2003)

Nos últimos anos notou-se uma crescente evolução e popularização da utilização da informática em
todos os campos da actividade humana, incluindo as técnicas de geoprocessamento nas diferentes
áreas de pesquisa científica, planeamento urbano, meio ambiente, entre outros.
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Presenciou-se o desenvolvimento da cartografia digital por meio de técnicas que têm contribuído para
auxiliar no levantamento e tratamento de informações espaciais e que têm como parte dos seus
produtos finais os mapas gerados em meio digital, com a possibilidade de impressão em formato
analógico. A representação cartográfica também teve que acompanhar essa mudança através de novos

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padrões e formas, e de tal maneira que possibilitassem a utilização de todo o potencial dos recursos
que esses novos sistemas tinham a oferecer.

A cartografia temática de ocupação do solo é uma ferramenta que se assume essencial em estudos
ambientais, na tomada de decisão ao nível do planeamento e ordenamento do território, e na definição
de políticas de gestão de recursos naturais. Com esta forma de se “fazer cartografia”, pode-se
mensurar a amplitude e distribuição de categorias de ocupação do solo, analisar a interacção entre
várias variáveis, identificar os locais mais apropriados para a localização de determinada actividade e
planificar intervenções em termos futuros (Caetano et al., 2002).

Simultaneamente, estes dados servem de informação de base para a produção de elementos mais
complexos sobre outros temas, que interagem na compreensão e modelagem dos ecossistemas.

Actualmente as questões ambientais acrescem como factores estruturantes no planeamento,


ordenamento e desenvolvimento dos sistemas territoriais (Alonso et al, 2003). Actualmente ao nível
do Planeamento e Ordenamento do Território, aponta-se para a aplicação de estratégias que permitam
a compatibilização entre a conservação e uso de recursos e funções naturais e a promoção dos valores
sócio-culturais. Para possibilitar a implementação destas estratégias é necessário a compreensão do
funcionamento dos sistemas territoriais, por um lado e a criação de instrumentos que apontam para a
organização da informação subjacente a todo o processo, por outro.

A informação relativa ao uso e ocupação do solo, bem como a sua evolução no espaço e no tempo, é
um tema que assume cada vez mais importância no debate sobre o desenvolvimento sustentável. O
seu estudo pressupõe também a consideração de análises espaciais e de análises socioeconómicas.
Desse modo, a informação da ocupação do solo constitui um instrumento privilegiado para a
monitorização das dinâmicas territoriais, permitindo obter-se uma noção da organização da
ocupação/usos do solo e das relações que se geram entre o homem e o meio físico envolvente, sendo
estas constatações importantes para estudos do território.
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Os SIG (tradução de GIS: Geographic Information System) permitem captar, organizar, analisar e
editar informação, de acordo com as características tecnológicas e capacidades humanas do sistema.
A utilidade e os benefícios dependem da qualidade e quantidade de informação, das capacidades
analíticas e modelação associadas, o que remete para a organização dos dados e a necessária
manutenção dos fluxos de comunicação entre os utilizadores (Alonso et al, 2003).

O significado de SIG, já gerou discussão no meio científico, pois sua tradução para “sistemas de
informação geográfica” pode levar à crença de que as informações sejam geográficas e, na verdade,

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nem todas as informações trabalhadas são geográficas, mas o sistema sim, pois os dados são
espacializáveis.

Os Sistemas de Informação Geográfica nasceram a partir da necessidade da cartografia


computadorizada, ou seja, um sistema computacional que suportasse o arranjo de informações em
uma base cartográfica e servem-se das mais variadas fontes para a obtenção de dados: de forma
directa, por meio da aerofotogrametria, do sensoriamento remoto e de levantamentos topográficos, ou
de forma indirecta, a partir de documentos pré-existentes ou dados transferidos a partir de um
software. Tais dados não poderão ser processados directamente num SIG, sem antes passar por uma
adequação e tratamento.

Segundo Câmara e Medeiros (1998), os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) referem-se


àqueles sistemas que efectuam tratamento computacional de dados geográficos, uma vez que os
SIG´s armazenam a geometria e os atributos dos dados que estão georreferenciados. Segundo o
mesmo autor, as definições de SIG reflectem a multiplicidade de usos e visões possíveis desta
tecnologia e apontam para uma perspectiva interdisciplinar de sua utilização.

Os SIG´s incluem um conjunto de recursos tecnológicos, procedimentos e métodos de organização e


uso de informação espacial para responder a necessidades ou aproveitar oportunidades por um grupo
social concreto ou pela sociedade em geral, facilitando a manipulação de um número grande de dados
geográficos, realizando inúmeras funções:

 O cruzamento de dados,
 Análise estatísticas,
 Produção de mapas,
 Análise espacial dos dados,
 Armazenamento de dados em banco de dados geográficos, entre outros.

Segundo Goodchild (1985), os Sistemas de Informação Geográficos são definidos como a gestão,
análise e manipulação de informação referenciada espacialmente numa síntese de soluções de
problemas. Pode ser indicado como um conjunto de métodos, ferramentas e actividades que actuam
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de forma coordenada e sistemática para processar informações, tanto gráficas quanto descritivas das
variáveis com a finalidade de satisfazer diversos propósitos, entre os quais, os sociais, os ambientais,
os económicos e os estruturais. Possibilita assim a identificação da situação pretendida e actual para
definir os cenários e as potencialidades do território, permitindo traçar directrizes.

Fonseca e Borges (1997) ressaltam que a cartografia contextualiza a realidade através de uma
simbologia estática dentro de um universo restrito. Através dela, tem-se definido padrões para

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representação cartográfica da realidade. Porém “esses padrões de representação, muitas vezes, não
correspondem às unidades lógicas necessárias a processamentos espaciais”. Para um SIG, muitos
desses padrões podem significar uma sequência de traços sem implicação lógica, sendo útil apenas
para representação cartográfica.

Nesse contexto, a forma do objecto espacial é um factor de importância na definição de elementos em


um SIG. Cada objecto pode ser representado de diferentes formas, dependendo da função e das
finalidades que ele exercerá dentro do SIG.

Para Almeida (1994) modelos de dados são representações que generalizam e simplificam objectos e
suas interacções a partir do mundo real, incorporando os conceitos de generalização e simplificação
ao de modelagem. Esses modelos são voltados para implementação de um sistema de informações
passível de ser automatizado.

Para aplicações futuras em SIG, o universo a ser modelado alimenta-se dos mais variados tipos de
dados que, por sua vez, provêm de diversas fontes como, mapas, imagens de satélite, dados de
campo, cadastro, etc. Quando se associam características espaciais ao modelo de dados, passa-se a ter
um modelo de dados espaciais.
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2.1 – Fotogrametria

Utiliza-se a fotogrametria para a obtenção de informações confiáveis, métricas ou interpretativas,


relativamente ao meio ambiente e objectos físicos nele localizados através de processos que efectuem
o registo, medição e interpretação de imagens fotográficas e padrões de energia electromagnética
radiante e outros fenómenos associados.

A definição de Fotogrametria até a década de 60 era: “ciência e arte de obter medidas confiáveis por
meio de fotografias” (American Society of Photogrammetry). Com o advento de novos tipos de
sensores uma definição mais abrangente de Fotogrametria foi proposta também pela ASP em 1979,
como sendo: “Fotogrametria é a arte, ciência e tecnologia de obtenção de informação confiável sobre
objectos físicos e o meio ambiente através de processos de gravação, medição e interpretação de
imagens fotográficas e padrões de energia electromagnética radiante e outras fontes”.

Embora originalmente a Fotogrametria se ocupasse de analisar fotografias, esta definição actual


também engloba dados provenientes de sensores remotos. Esta definição também inclui duas áreas
distintas segundo Tommaselli (1999):

 Fotogrametria (métrica), num sentido mais restrito, referindo-se aos métodos de obtenção de
dados quantitativos, como coordenadas, áreas, etc., a partir dos quais são elaborados os mapas
e cartas topográficas;
 Fotogrametria interpretativa que objectiva principalmente o reconhecimento e identificação de
objectos e o julgamento do seu significado, a partir de uma análise sistemática e cuidadosa de
fotografias.

Outra classificação que pode ser adoptada refere-se à participação instrumental para medição e
redução dos dados: os métodos mais antigos de processamento dos dados fotogramétricos requeriam
instrumentos analógicos; era a fotogrametria analógica.

Segundo Tommaselli (1999), a Fotogrametria pode ser:


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 Fotogrametria aérea (ou aerofotogrametria) é uma subdivisão da Fotogrametria, na qual as


fotografias do terreno são efectuadas por uma câmara de precisão montada numa aeronave.
 Fotogrametria Terrestre: quando as fotografias são tomadas de uma posição fixa no terreno
(normalmente conhecida);

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 Fotogrametria Espacial: compreende todos os casos de fotografias ou imagens extraterrestres
e as medições subsequentes, na qual a câmara estiver fixada na Terra, na Lua, num planeta ou
num satélite artificial;
 Fotogrametria a Curta-distância: é utilizada na Arquitectura, Medicina, Indústria, Engenharia
e pressupõe a proximidade entre a câmara e o objecto a ser fotografado.

2.2 - Fotografias Aéreas - Fonte de Dados Para Identificação da Cobertura do Solo

De acordo com Temba (2000) a fotografia aérea é um registo instantâneo dos detalhes do terreno que
se determina principalmente pela distância focal da lente câmara, pela altura de voo do avião no
momento da exposição do filme e filtros usados.

Segundo Ricci (1965), o uso de fotografias aéreas como instrumento enriquecido do conhecimento
humano nasceu da necessidade de mapear grandes áreas com economia de tempo e despesas,
iniciando-se durante a 1ª guerra mundial.

Para Garcia (1982), a fotografia aérea tem sido usada intensivamente como um sensor remoto na
identificação e mapeamento dos recursos naturais. Pelo potencial de utilização, as fotografias aéreas
prestam-se como ferramenta de trabalho nos mais diferentes campos, tais como: Geografia, Geologia,
Hidrologia, Ecologia, etc.

O uso de fotografias aéreas verticais dentre os produtos do sensoriamento remoto, tornou-se cada vez
mais frequente nos projectos de levantamentos, planeamento e explorações do solo, principalmente
porque substitui com vantagens outras bases cartográficas, além da riqueza de detalhes que oferece,
eliminando assim as dificuldades de acesso em determinadas áreas, proporcionando uma visão
tridimensional, por aumentar o rendimento e a precisão do mapeamento.

Uma fotografia aérea, não pode ser considerada como um mapa, pois possui variações de escala e
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deslocamentos devido ao relevo. Além disso, pode conter distorções causadas pela inclinação da
câmara e pelo sistema de projecção que apresenta. Por meio do controle combinado entre pontos da
fotografia com coordenadas conhecidas, os erros dessas fontes podem ser minimizados. Se variações
do terreno são moderadas e não houver inclinação exagerada da câmara, resultados exactos podem
ser alcançados (Wolf, 2000).

Já a ortofoto é uma fotografia que apresenta a imagem das feições projectadas ortogonalmente, com
uma escala constante. Não apresenta os deslocamentos devido ao relevo e a inclinação da câmara e
por isso é geometricamente equivalente a uma carta.

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A principal vantagem do uso de ortofotos é a possibilidade de medição de ângulos, distâncias, áreas,
directamente sobre a mesma, já que elas possuem uma escala constante. Além disso, possuem uma
vasta riqueza pictorial permitindo fácil interpretação, e por ser uma fotografia em projecção ortogonal
apresenta uma riqueza de detalhes cartográficos encontrado em cartas.

2.3 – Fotointerpretação

Fotointerpretação pode ser definida como sendo o acto de se examinar imagens fotográficas de
objectos com o propósito de identificá-los e avaliar o seu significado. Ela deve apoiar-se no princípio
da convergência de evidências, segundo o qual vários elementos de reconhecimento levam a uma
determinada conclusão, que provavelmente será a correcta (Colwell, 1952).

Segundo Sousa (2000), as fotografias aéreas mostram apenas a superfície do solo, que muitas vezes
não está visível. Por outro lado, a presença de padrões, tais como os de relevo, drenagem, erosão e
vegetação, permite ao fotointérprete fazer inferências sobre a distribuição dos solos e material de
origem, porém, o trabalho de campo não pode ser substituído completamente.

A fotografia aérea apresenta-se como material de trabalho indispensável no levantamento de solos,


proporcionando ganho de tempo, precisão de limites e real visão global da paisagem com riqueza de
detalhes. Desta maneira, não serve apenas como base cartográfica preliminar, para auxiliar os
trabalhos de campo e traçado de roteiros mais interessantes, mas também possibilita a separação das
unidades de solo directamente sobre ela.

As imagens de satélite comparativamente aos ortofotomapas, são mais fáceis de obter, apresentando
ainda as vantagens de conseguirem abranger uma grande área, apresentando baixos custos de
aquisição e são fornecidas em formato digital, permitindo dessa forma agilizar a produção
cartográfica.

Contudo, a produção automática com base em imagens de satélite poderá ser prejudicada devido a
situações como o facto de diferentes ocupações de solo poderem ter assinaturas espectrais
semelhantes, ou de algumas ocupações de solo e/ou categorias de uso de solo poderem não ser
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identificáveis ao nível do pixel (Caetano et al, 2002).

2.4 - Processamento de Imagens Digitais

O geoprocessamento pode ser entendido como a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas
matemáticas e computacionais para o tratamento da informação sobre fenómenos geograficamente
identificados (Câmara e Medeiros, 1996). Para Rocha (2000) citado por Dainese (2001), um sistema

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de geoprocessamento é, geralmente, destinado ao processamento de dados referenciados
geograficamente ou georreferenciados, desde a sua colecta até a geração de saídas na forma de mapas
convencionais, relatórios, arquivos digitais, etc., devendo prever recursos para o seu arquivo, gestão,
manipulação e análise. O geoprocessamento procura abstrair o mundo real, transferindo
ordenadamente as suas informações para o sistema computacional, feita sobre bases cartográficas,
através de um sistema de referência apropriado.

O processo de modelagem de dados espaciais consiste em três etapas (Almeida, 1994). Na primeira
delas tem-se o modelo abstracto e informal, onde ocorre a percepção particular de cada indivíduo
sobre o mundo real. O segundo momento corresponde ao modelo conceptual ou modelo lógico que é
formado a partir da integração de diferentes pontos de vista dos usuários (modelos abstractos
informais). Nesta etapa, define-se o que será necessário para a criação do modelo de dados que será
implantado no sistema. O modelo físico é a terceira e última etapa e consiste na implementação física
de facto do modelo conceptual em um SIG.

Assim, um modelo de dados espaciais reflecte o mundo real por meio de três representações básicas
(Borges e Fonseca, 1996):

- Entidade – representação abstracta de um objecto por meio de representações geométricas no


mapa

- Relacionamento – associação espacial existente entre duas ou mais entidades graças à


topologia;

- Atributos – transcrição da entidade. Pode ser gráfica: simbologia, textura, cor, etc; ou não
gráfica, usada para descrever uma entidade ou um relacionamento espacial entre dados alfanuméricos
no banco de dados do SIG.

Uma das principais causas de erros no mapeamento digital atribui-se à própria característica básica do
mundo real. O mapa digital possui uma representação espacial de maneira lógica, cujas feições
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

apresentam limites e valores claramente definidos dentro de um sistema. A natureza, por sua vez,
possui características muito heterogéneas e a transição entre certos fenómenos é gradual, ou seja, nem
sempre podem ser delimitados com exactidão. A representação de um objecto por meio de uma linha
ou um polígono implica em uma incerteza na precisão e que nem sempre é discernível no mundo real.
Um mesmo objecto do mundo real pode assumir diferentes formas ou dimensões no processo de
modelagem a fim de atender a diferentes aplicações dentro do sistema. Dependendo da função que
será executada pela entidade, há uma forma dimensional mais adequada a ser adoptada.

14
Segundo Novo (1993), o sensoriamento remoto é a utilização conjunta de modernos sensores,
equipamento para processamento de dados, equipamentos de transmissão de dados, aeronaves, etc.,
com o objectivo de estudar o ambiente terrestre por meio do registo e da análise das interacções entre
a radiação electromagnética e as substâncias componentes do planeta terra nas suas mais diversas
manifestações. Pode ser assim definido, de uma maneira mais ampla directa, como sendo a forma de
se obter informações de um objecto ou alvo, sem que haja contacto físico com o mesmo. Através da
aplicação de dispositivos, as informações são obtidas utilizando-se a radiação electromagnética,
geradas por fontes naturais como o sol e a terra, ou por fontes artificiais como, por exemplo, o radar.

Numa análise mais rigorosa, o sensoriamento remoto mede as trocas energéticas entre aqueles
fenómenos ou objectos com o meio ambiente. Essas trocas energéticas manifestam-se particularmente
por emissão ou modificação de ondas electromagnéticas e perturbações dos campos magnéticos e
gravimétricos.

Para a obtenção de uma imagem de satélite é necessário que o sistema sensor possua mecanismos
para captar, registar e interpretar a REM (Radiação electromagnética) emitida pelo alvo. Segundo leis
físicas, todo corpo acima de 0 K emite energia, portanto essa energia pode ser associada a radiação
electromagnética. Essa mesma energia pode mover-se à velocidade da luz na forma de ondas ou
partículas electromagnéticas e por isso não necessita de meio material para se propagar.

Para Quintanilha (1997), existem diversos aspectos que podem ser abordados em relação à qualidade
em base cartográfica digital. Dentre os principais, estão a qualidade e a confiabilidade dos dados de
entrada do sistema, os processos de conversão e transferência dos dados, a qualidade da base digital
de dados e dos produtos gerados.

Ainda há também o conflito entre cartografia digital e o SIG. Uma mesma entidade, por vezes, pode
ser digitalizada assumindo a forma dimensional de acordo com uma convenção cartográfica, mas essa
mesma representação não pode ser utilizada no SIG.

O processamento digital pode ser entendido como o conjunto de procedimentos relativos à


manipulação e análise de imagens através de computador, compreendendo basicamente a entrada de
dados, o realce (manipulação do contraste), a análise estatística e a geração de saídas que podem ser
Cartografia Digital e Detecção Remota |

imagens em tons de cinza ou coloridas (Quintanilha,1990).

O objectivo principal do processamento digital de imagens, segundo Crósta (1992), é o de remover


barreiras, inerentes ao sistema visual humano (decorrente do grande volume de informações presentes
nas imagens de várias regiões do espectro), facilitando a extracção a partir das imagens. Neste

15
contexto, o processamento digital deve ser encarado como um estágio preparatório, embora quase
sempre obrigatório, da actividade de interpretação das imagens de sensoriamento remoto.

A exigência básica de muitos procedimentos de processamento de imagem é a capacidade de


transformação da imagem entre os estados: contínuo e discreto. Por exemplo, uma imagem contínua
pode ser convertida em dados discretos para análise digital e, em seguida, convertida de volta à forma
contínua para análise visual (Curran,1998).

Os elementos da imagem chamados de pontos de malha e células, respectivamente, que carregam


valores de níveis de cinza associados, são mais frequentemente referidos como pixéis. O valor de
intensidade, ou nível de cinza associado a cada pixel é registado como um número digital ou DN
(Digital Number) (Sousa,2000).

O valor do DN depende do nível de energia electromagnética proveniente da superfície da Terra que


o sensor recebe e do número de níveis de intensidade que tiver sido usado para descrever a escala de
intensidade da imagem. Muitas das imagens de sensoriamento remoto são codificadas em 8 bits, que
representa uma amplitude de intensidade de 256 níveis de cinza, distribuídos no intervalo de 0 a 255,
que deve abranger do mais baixo ao mais alto nível de radiância ou retorno de radar recebidos pelo
sensor (Curran,1998).

As técnicas de pré-processamento referem-se ao conjunto de operações realizadas com o objectivo de


corrigir distorções e degradações dos dados da imagem para criar uma representação mais fiel da
cena original. Nesta fase, algumas correcções podem ser efectuadas, como por exemplo:

 Correcção radiométrica: são usadas para eliminar ruídos presentes na imagem e que
influenciam não só seu aspecto, como também o resultado dos processamentos porventura
utilizados. Esses ruídos podem ser causados, por exemplo, pela descalibração dos detectores
do sistema sensor, pela presença de muitos valores fora da sua faixa de detecção, ou ainda,
pela interferência da atmosfera (Quintanilha, 1996);
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

 Correcção geométrica: tem como objectivo minimizar as distorções geométricas provenientes


das características do sensor utilizado e das variações decorrentes do seu movimento durante a
captação da imagem. Este tipo de correcção é feito por programas específicos que têm a
função de organizar os pixéis da imagem em relação a determinados sistemas de projecção
cartográfica, através de técnicas de reamostragem. Segundo Novo (1995), isto implica numa
reformatação da cena em uma base cartográfica, onde são utilizados pontos de controlo no
terreno, facilmente identificáveis na base cartográficos e na cena a ser corrigida
geograficamente. Após o ajuste, é necessário o cálculo dos novos níveis de cinza da imagem

16
corrigida, e este procedimento pode ser executado através dos seguintes processos: alocação
do vizinho mais próximo, interpolação bilinear e convolução cúbica.

As técnicas de realce visam melhorar a qualidade da imagem com relação a aspectos subjectivos de
avaliação do observador, preparando a imagem para posterior interpretação visual. De uma forma
geral, pode-se reunir as técnicas de realce em três conjuntos de operações:

- Manipulação de contraste, filtragem digital e realce espectral descrita a seguir:

 Manipulação de contraste: Segundo Quintanilha (1990) esta é a primeira actividade ou


manipulação a ser conduzida sobre a imagem, cujo objectivo é modificar os níveis de cinza de
tal modo que se obtenha um histograma com a forma desejada pelo usuário. A ideia é
redistribuir os valores de níveis de cinza na imagem de modo a melhorar a qualidade da
visualização da informação nela contida.
 Filtragem digital: Um conceito importante na filtragem digital é a frequência espacial, que é
dada pela relação entre um pixel e seus vizinhos, estabelecida na transição de um padrão de
comportamento na imagem, para outro. Com base neste conceito, definem-se áreas de altas e
baixas frequências espaciais na imagem. Uma área de altas frequências espaciais é
caracterizada pela mudança abrupta dos níveis de cinza em um número relativamente pequeno
de pixéis (por exemplo, ao cruzar estradas ou limites de campos). Quando os níveis de cinza
variam apenas gradualmente por um número relativamente grande de pixéis tem-se a
ocorrência de baixas frequências (por exemplo, grandes campos agrícolas e corpos de água).
Para eliminar esses efeitos existem filtros específicos.

O objectivo das técnicas de classificação é substituir a análise visual da imagem pela análise
quantitativa dos níveis de cinza, possibilitando o reconhecimento automático de objectos da cena.

A classificação digital procura eliminar a subjectividade do processo de mapeamento temático e


tornar possível a repetitividade do mesmo posteriormente. A maioria das técnicas disponíveis de
Cartografia Digital e Detecção Remota |

classificação digital baseia-se apenas no agrupamento de valores de intensidade espectral (níveis de


cinza), não levando em conta a organização espectral dos pixéis (textura e forma) (Sousa, 2000).

As técnicas de classificação são divididas em: classificação supervisionada e classificação não


supervisionada.

17
Na classificação supervisionada deve-se haver um conhecimento prévio de algumas áreas que se
deseja avaliar, ocasionando a selecção de amostras de treino confiáveis. Nesta técnica, são
identificados alguns pixéis das classes e informados ao computador, ao qual cabe a tarefa de localizar
os demais pixéis daquela classe, baseando-se em algumas regras estatísticas preestabelecidas.

Alguns métodos interactivos mais comuns de classificação supervisionada são a classificação por
paralelepípedo e classificação por Máxima Verosimilhança.

Na classificação não supervisionada, o classificador não utiliza, a priori, nenhum conhecimento sobre
as classes existentes na imagem e define, sem a interferência do analista, a estratificação da cena,
atribuindo a cada pixel uma determinada classe. Neste tipo de classificação, o algoritmo baseia-se na
análise de agrupamentos onde são identificados no espaço de atributos as manchas (clusters)
formadas por pixéis com características espectrais similares (Dainese, 2001).

2.5 - Georreferenciação de Imagens

Convertidas para o formato digital, as fotografias aéreas podem ter suas feições digitalizadas
directamente em tela de forma manual, utilizando-se o cursor do computador. Para isso, dependendo
da precisão requerida para aplicação em mapeamento ou junção de imagens para representar uma
cena completa (mosaico), distorções geradas por actividades dinâmicas dos sistemas sensores
necessitam ser corrigidas e um sistema de projecção cartográfica de referência precisa ser
estabelecido.

Para correcção geométrica, uma das formas pelas quais é calculada a relação entre dois sistemas de
coordenadas se faz através da definição de pontos de controlo no terreno, que devem ser
reconhecíveis tanto no mapa como na imagem (Crósta, 1992).

No caso de fotografias aéreas verticais, a primeira condição exigida é a existência de mapa


planimétrico confiável e em escala adequada na área em questão, visto que os pontos de controle
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

deverão ser identificados em ambos, imagem e mapa (Crósta,1992).

A forma mais confiável de obtenção de pontos de controlo é através de levantamento de campo,


utilizando métodos geodésicos ou rastreamento de satélites de posicionamento.

Porém, quando existem limitações para o uso destes métodos, a alternativa mais comum é a utilização
de mapas em grande escala como fonte de dados (Delmiro,1996).

18
3 - Materiais e Métodos
3.1 Introdução
A Detecção Remota, enquanto uma ciência, é muitas vezes usada com o intuito de obter mapas
temáticos que representem de forma fidedigna a variável ou processo em análise. Contudo, a
obtenção deste tipo de informação com recurso às técnicas associadas à Detecção Remota não é por
norma um objectivo final, mas sim uma fase de recolha de informação de base para ser integrada num
Sistema de Informação Geográfica (SIG), junto com outros descritores (Alonso et al, 2005).

Do ponto de vista da Ecologia da Paisagem, tanto as relações verticais como horizontais das unidades
espaciais são dois elementos estruturantes da paisagem, bem como as noções escala e tempo. A
Paisagem pode ser entendida como uma porção de espaço, o resultado da combinação dinâmica, logo
instável, de elementos físicos, biológicos, antropogénicos que, reagindo dialecticamente entre si,
tornam a paisagem num conjunto único e indissociável.

Um facto essencial é que “a Teledetecção existe como forma de integrar respostas especialmente
heterogéneas num formato mais facilmente mensurável, ao quantificar respostas espectrais a uma
determinada escala (o pixel). Logo o domínio multi-espectral existe como factor de integração de
fenómenos relacionados com escala” (Quattrochhi 1991). Desta forma, o grão da Paisagem, quando
observado pela Teledetecção enquanto técnica, tem uma escala intrinsecamente definida pela
resolução espacial do sensor, que passa a ser a escala de análise para toda a imagem. Esta
“simplificação” é absolutamente objectiva e homogénea, baseando-se em aspectos físicos e
propriedades de reflectância dos objectos no terreno. Não obstante, quando se passa à avaliação da
paisagem, a escala do sensor, que passa a ser a da análise da paisagem, tem que estar presente na
interpretação e análise dos resultados, pois “…quando encontramos uma mancha representada pelo
mesmo tipo de pixéis designamo-la como homogénea, mas a homogeneidade é uma questão de escala
e não existe na natureza como um padrão estrutural” (Farina, A. 2000).

A Teledetecção constitui uma espécie de memória em que são registadas diferentes camadas de
informação, “somando a história de ciclos sucessivos de comportamento humano à superfície
terrestre. O estrato mais recente não apaga a evidência de fases prévias de actividade” (Comissão
Cartografia Digital e Detecção Remota |

Europeia 2000). A validade na Teledetecção é portanto, absoluta para efeitos de avaliação da


paisagem segundo os métodos e técnicas da ecologia da paisagem.

Embora a validade seja um dado adquirido, existem algumas respostas ao nível da Ecologia da
paisagem, que a Teledetecção contribui, levantando questões como:

 Questões Espaciais

19
o O que é que existe? – Uso do solo, coberto vegetal, elementos de paisagem, etc.
o Qual o arranjo distribuição e padrão dos elementos da paisagem? - Heterogéneo,
contínuo, disperso, linear, etc.
o Qual a escala espacial adequada à análise?
 Questões temporais
o Qual a dinâmica temporal da paisagem? – Discreta, contínua, aleatória, caótica,…
o Qual o intervalo temporal necessário para a análise? – Curto, médio, longo, multi-
temporal,…
 Questões de dinâmica
o Que tipo de processos dão forma à paisagem? – Explícitos, implícitos, naturais,
antrópicos, …
o Qual a natureza desses mesmos processos? – Estática, constante, consistente,
perturbada, …

Ao nível das questões temporais a Teledetecção dá reposta inequívoca às duas primeiras, se


utilizada como meio de uma forma adequada e com uma enorme proximidade, relativamente ao
conhecimento do terreno, à paisagem a analisar. Relativamente às questões de escala mais
adequada, devem ser colocadas antes da escolha do sensor a utilizar. Porém, ao nível da ecologia
a escala poderá não ser a mais adequada, o que não invalida a escolha do sensor. Quanto às
questões temporais, a escolha do sensor e das datas, devem ser efectuados após uma profunda
análise do tipo de ecossistema e dos processos dominantes, de forma a obtermos uma imagem
clarificadora da evolução da paisagem.

Para o presente relatório foram utilizados suportes digitais para possibilitar a interpretação dos
dados como objectivado no protocolo da unidade curricular avaliativa. Foi disponibilizada
informação cartográfica de referência e temática de diversa ordem,
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

Ao nível do software utilizado para o processamento da informação cartográfica, foi utilizado o


ArcGis 9.31 (preparação da cartografia e a realização da fotointerpretação) e o IDRI2 versão

1
O ArcGIS é um dos Software SIG desenvolvido pela ESRI (Environmental Systems Research Institute), sendo um sistema simples, integrado e
escalável, organizado por módulos sequenciais, desenhado de forma a cobrir uma vasta gama de utilizações e que apresenta três configurações
base: ArcView – permite explorar, gerir analisar, editar e documentar dados; ArcEditor – apresenta as mesmas funcionalidades que o ArcView
e mais ferramentas que permitem a edição de coverages e todo o tipo de geodatabases; ArcInfo – apresenta todas as funcionalidades anteriores e
também ferramentas de geoprocessamento.

2
O Idrisi é um software SIG que integra uma série de potencialidades direccionadas às aplicações em SIG, nomeadamente para realização de
análises espaciais, processamento de imagens e Geo-estatistica. Apresenta também várias funcionalidades que permitem processar e visualizar os
mais variados tipos de dados, nomeadamente: Geo-referênciação de imagens; fusão de imagens; equalização e modificação de contraste;
transformação de bandas; composição de bandas e também classificação de imagem.

20
Taiga (para a classificação de imagens de satélite). Para a classificação e segmentação da
ocupação do solo foi utilizada uma tabela baseada na Carta de Ocupação do Solo do Alto Minho
referente ao ano de 2006 do IGP.

3.2 Georreferenciação da informação e estruturação dos dados

A informação captada pelas plataformas de Detecção Remota é “muito utilizada de forma


integrada com outro tipo de informação, normalmente e preferencialmente georreferenciada,
exigindo que as imagens apresentem um grau de qualidade geométrica elevado, quer interna
como externa (Alonso et al, 2005). A qualidade geométrica interna está relacionada com a
exactidão representativa da forma dos objectos, sendo assim importante quando as imagens têm
por objectivo o seu uso fotointerpretativo ou quando se pretendem medir comprimentos e áreas.
A qualidade geométrica externa relaciona-se com a precisão com o que é possível sobrepor à
imagem a uma outra representação plana da superfície terrestre, seja um carta ou uma outra
imagem (Fonseca e Fernandes, 2004).

Para o presente relatório a cartografia utilizada e produzida teve como suporte de coordenadas o
sistema: Lisboa Hayford Gauss IGeoE, com projecção de Transversal de Mercator. O sistema de
coordenadas geográficas teve como suporte GCS Datum Lisboa Hayford.

Como inicialmente a informação encontrava-se em diferentes sistemas de coordenadas, o que


impossibilitava o seu adequado manuseamento, um dos primeiros passos consistiu na
estruturação da informação num projecto e a definição do sistema de coordenadas mais
adequado.

As imagens produzidas no software idrisi o sistema de coordenadas de suporte estavam em


D_WGS_1984_UTM_Zone_29N. Aquando da importação da imagem raster produzida no
software idrisi para o ArcGis, houve a necessidade de a georeferenciar para se manter
linearmente a escala de análise.

Na tabela seguinte encontra-se toda a informação utilizada, assim como, as suas


Cartografia Digital e Detecção Remota |

características/coordenadas iniciais e finais.

21
Escala /
Formato /
Temas Fonte Tamanho Sistema Coordenadas Inicial Sistema Coordenadas Final
Tipo
Pixel
Informação base
Vectorial
Altimetria IGEOE 1:25000 Datum_73_Hayford_Gauss_IPCC Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE
[Linhas]
Vectorial
Edificado IGEOE 1:25000 Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE -
[Polígonos]
Vectorial
Hidrografia IGEOE 1:25000 Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE -
[Linhas]
Vectorial
Toponímia IGEOE 1:25000 Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE
[Pontos]
Vectorial
Limites Administrativos IGP 1:25000 Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE
[Polígonos]
Vectorial
Rede Viária (Auto-Estrada) 1:25000
[Linhas]
Vectorial
Rede Viária (IC28) 1:25000
[Linhas]
CAD Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE
Rede Viária (CAD) 1:25000
[DWG]
Vectorial
Carta de Solos e Aptidão da Terra DRAPN 1:100000 Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE
[Polígonos]
Vectorial
Carta de Ocupação do Solo (1990) CNIG 1:25000 Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE
[Polígonos]
Vectorial
Carta de Ocupação do Solo (2000) IPVC 1:25000 Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE
[Polígonos]
Cartas Militares IGEOE 1:25000 Raster Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE
Imagens Sátelite (XS1, Xs2, Xs3, SPOTIM
10 m; 2.5 m Raster WGS84 UTM 29N
SWIR, PAN) (2005) AGE
Ortofotomapas (2005) IGP 0.5 m Raster Datum_73_Hayford_Gauss_IPCC Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

F IGURA 1 - S ÍNTESE DA INFORMAÇÃO

3.3 Produção e Sistematização da Cartografia de Referência.

Para análise e caracterização da área de estudo torna-se necessário sistematizar e compilar a


cartografia de referência, de modo a possibilitar um conhecimento mais preciso das
características fundamentais da are a estudar e das relações existentes entre os vários elementos
do território e dos sistemas biogeofísicos.

A informação obtida através das cartas


militares revelou-se importante para o
enquadramento da área, tendo-se retirado
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

elementos como a altimetria e a rede


viária. Porém, para a realização da
cartografia de referência, como por
exemplo a carta topográfica é necessário
obter informação como os limites
administrativos, toponímia, curvas de
nível, rede hidrográfica e edificado.

Para a elaboração de cartografia da rede


viária, foi utilizado informação fornecida em formato CAD, o que obrigou a abrir o projecto

22
CAD no software ArcGis e exportar utilizando os seguintes passos: Shapefile > Data > Export
Data.

Depois de se ter exportado o ficheiro *.dwg, por forma a possibilitar a manipulação da


informação, foi atribuído o sistema de coordenadas definido para a elaboração do trabalho,
nomeadamente, Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE. Foi depois efectuado um «intersect» desta
shape com a do limite da
freguesia, de forma, a que a
informação a trabalhar fosse
correspondente aos limites de
Refóios.

Relativamente à altimetria, a
informação fornecida
inicialmente estava no mesmo
sistema de coordenadas,

Datum_73_Hayford_Gauss_IPCC. Após se ter corrigido este aspecto foi também efectuado um


intersect com os limites da freguesia de Refóios. Porém para a elaboração da carta topográfica
foi também necessário criar uma nova shape file no ArcCatalog. Na tabela de atributos foi criado
um campo com a designação de Cotas, tendo sido introduzido a informação retirada através da
digitalização da Carta Militar.

A análise fisiográfica da freguesia de Refóios foi efectuada baseada nas curvas de nível,
observando-se uma amplitude hipsométrica elevada uma vez que as altitudes vão desde os 10m
até aos 780m.

Para a elaboração da Carta dos Solos foram disponibilizados elementos referentes ao


levantamento dos solos e à avaliação da aptidão da terra para o uso em agricultura, exploração
florestal e silvopastorícia da região de Entre Douro e Minho.

Tendo por base esta informação, foi possível elaborar cartografia temática abrangendo vários
Cartografia Digital e Detecção Remota |

parâmetros, nomeadamente: clima (precipitação e temperatura), litologia, geomorfologia, aptidão


da terra, solos dominantes e riscos de erosão.

23
Unidades
Litologia Solos Dominantes Relevo Erodibilidade Aptidão
Fisiográficas

Qa1 Aluviões recentes Fluvissolos Dístricos em aluviões recentes a 1 A1F2

Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de


Qgs2 Granitos e rochas afins s 2 A3F1
granitos

Qxo2 Xistos diversos e rochas afins Leptossolos Úmbricos em xistos e rochas afins o 4 A0F3

Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de


Qgo2 Granitos e rochas afins o 2 A0F2
granitos

Antrossolos Cumúlicos Dístricos em granitos e rochas


Qgs1 Granitos e rochas afins s 1 A2F1
afins

Regossolos Dístricos Espessos em regolitos de


Qgc Granitos e rochas afins c 1 A1F1
granitos e rochas afins

Qa1 Granitos e rochas afins Fluvissolos Dístricos em aluviões recentes a 1 A1F2

Antrossolos Cumúlicos Dístricos em granitos e rochas


Qgo1 Granitos e rochas afins o 1 A3F2
afins

Antrossolos Cumúlicos Dístricos em granitos e rochas


Qgs1 Granitos e rochas afins s 1 A2F1
afins

Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de


Qgm2 Granitos e rochas afins m 3 A0F3
granitos

Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de


Fgm2 Granitos e rochas afins m 3 A0F3
granitos

Antrossolos Cumúlicos Dístricos em granitos e rochas


Fgo1 Granitos e rochas afins o 1 A3F2
afins

Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de


Qgo2 Granitos e rochas afins o 2 A0F2
granitos

F IGURA 2 - C ARACTE RIZAÇ ÃO DAS UNIDADES FISIOG RÁFIC AS REFE RENTES À ÁRE A DE ESTUDO . F ONTE : A GROCONSUL TORE S E
G EOMETRAL , 1995.
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

As formações litológicas apresentam-se agrupadas com base nas características do substrato


rochoso e dos solos desenvolvidos a partir dos materiais delas provenientes enquanto os solos
dominantes constituem associações de famílias, apresentadas pela unidade taxonómica
dominante.

24
Unidades
Descrição
fisiográficas básicas
a Baixas aluvionares, planas ou plano-côncavas, desenvolvendo-se ao longo das margens de cursos
de água principais, e englobando frequentemente as bases das encostas adjacentes ocupadas por
formações coluvionares; os declives destas superfícies raras vezes ultrapassam os 3-4%.
c Cabeceiras de vales, fundos de vales secundários e bases de encostas, definindo situações
côncavas ou plano-côncavas, onde dominam as formações coluvionares e englobando por vezes
pequenas áreas de aluviões; os declives atingem normalmente os 5-6% podendo por vezes ir até
aos 8%.
m Superfícies de relevo muito ondulado ou acidentado, com declives dominantes superiores a 25-
30%, mas geralmente inferiores a 40-45%: nas áreas graníticas os afloramentos rochosos são
muito frequentes; as áreas cultivadas, sempre terraceadas, têm expressão reduzida e os socalcos
são muito estreitos e com muros de suporte altos
o Superfícies de relevo ondulado ou muito ondulado ou encostas com situações planas ou plano-
convexas, com declives dominantes em geral entre 15 e 25-30%; nas áreas graníticas são
frequentes os afloramentos rochosos, sobretudo em cabeços e formações convexas; as áreas
cultivadas estão terraceadas com socalcos de largura variável em função do declive das encostas e
da altura dos muros de suporte, mas no geral estreitos.
s Superfícies de relevo ondulado suave a ondulado em vales, planaltos ou encostas com predomínio
de formas plano-côncavas ou planas, com declives em geral inferiores a 15%; incluem
frequentemente situações de base de encosta ou de fundos de pequenos vales com formações
coluvionares, mas não dominantes; o terraceamento (socalcos) é muito generalizado, abrangendo
a maior parte das áreas cultivadas.
F IGURA 3 - F ORMAS DE RELEVO . FONTE : A GROCONSUL TORES E G EOMETRAL , 1995.

O descritor “Erodibilidade do solo” relaciona-se essencialmente, com determinadas propriedades


hidrológicas entre as quais se destacam a capacidade de infiltração da água das chuvas e a
capacidade de armazenamento, entre outros factores. Esta associação permite-nos determinar o
grau de risco de erosão, através do cálculo da erodibilidade [k] do solo e o declive médio das
encostas [d], sendo este expresso através do coeficiente [e]. Através desta relação e das
limitações do uso e práticas de defesa associadas, foram definidos os graus de risco de erosão:

Graus do Risco de Descrição


Erosão

1 Terras com risco de erosão nulos ou muito reduzidos, sem necessidade de


práticas de defesa ou já adoptadas e sem limitações de uso.
Terras com pequenos riscos de erosão, aptas para agricultura, com
2 necessidade de práticas muito simples de defesa (faixas de culturas
alternadas, revestimento do terreno na época mais chuvosa e, nalguns casos,
lavoura segundo as curvas de nível, etc.).
Cartografia Digital e Detecção Remota |

Terras com risco de erosão moderados, sem aptidão actual para agricultura,
3 mas podendo, nalguns casos, ser agricultada com cuidados especiais de
defesa, nomeadamente culturas segundo as curvas de nível, terraceamentos,
etc., com aptidão para exploração florestal e/ou silvopastorícia.

4 Terras com riscos de erosão elevados, sem aptidão para a agricultura e com
aptidão marginal para exploração florestal e/ou silvo-pastorícia.
F IGURA 4 - C OEFICIENTE DO RISC O DE EROSÃO . A GROCONSULTORES E G EOMETRAL , 1995.

25
Relativamente à Carta de Aptidão da Terra, nomeadamente os seus usos agro-florestais, utilizou-
se para a sua avaliação o sistema, baseado na classificação de diversos usos recomendada pela
FAO. Foram assim considerados diversos princípios básicos, como por exemplo: os usos
específicos, o contexto económico e social e os factores do meio físico (geologia, geomorfologia,
zonagem climática, solos, topografia, coberto vegetal, etc.).

Esta carta é classificada para o uso agrícola [A] e florestal [F], sendo que associado ao uso é
adicionado um algarismo que corresponde a um determinado grau de aptidão, nula [0], marginal
[3], moderada [2] e elevada [1]

3.4 A Fotointerpretação e a classificação de cartografia temática (ocupação


e uso do solo)

A classificação de uma imagem, consiste em assinalar a cada pixel (ou grupo de pixéis) a uma
categoria em função de um critério de classificação atendendo ao conjunto de valores digitais
desse elemento em várias Bandas (valor e resposta espectral).

O estudo sistemático das ortofotomapas envolve um conjunto de características fundamentais


dos elementos representados. As características mais úteis para qualquer tarefa específica e a
forma como são consideradas dependem do campo de aplicação mas, a maioria das aplicações
consideram as seguintes características básicas: tamanho, forma, tom, textura, sombra, padrão,
localização e associação.

Relativamente à tonalidade, este aspecto representa o registo da radiação que foi reflectida ou
emitida pelos objectos da superfície. Independentemente da cor, esta varia de clara (elevada
radiância) a escura (baixa radiância) sendo este o critério que melhor diferenciou, por exemplo,
estratos de vegetação (folhosas/resinosas).
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

A textura é o resultado do arranjo de vários elementos semelhantes aos presentes na imagem, que
estão numa mesma área ou que, em conjunto, constituem um objecto. Por vezes apresenta
padrões lisos ou rugosos e homogéneos ou heterogéneos, ou uma combinação destes,
possibilitando dessa forma a diferenciação de áreas que apresentem a mesma tonalidade.

O padrão define o arranjo espacial dos objectos que depende do tipo de imagens analisadas e a
sua escala da resolução espacial.

A localização representa a posição relativa do objecto na imagem. Nem sempre é possível, por
exemplo, identificar directamente um curso de água mas pela localização da galeria ripícola que

26
o ladeia, tendo em conta o conhecimento de que esta o acompanha, este pode ser identificado
indirectamente.

A forma indica a disposição espacial dos elementos texturais com propriedades comuns,
podendo se observar em duas dimensões em imagens que não possuem o atributo de
estereoscopia ou em três dimensões em imagens estereoscópicas.

Normalmente é preferível que as fotografias sejam tiradas em condições que permitam obter
sombras pequenas porque, de contrário, existem muitos detalhes úteis para a fotointerpretação
que poderão não ser detectados por se situarem em zonas de sombra. No sentido inverso, a total
ausência de sombra também deverá ser evitada, implicando uma diminuição de contraste numa
fotografia.

Esta classificação passa por um conjunto de fases ou etapas, descritas em seguida:

 Preparação – identificação ou definição das classes de informação (categorias), estudo do


terreno, preparação das imagens;
 Fase de treino - Definição digital das classes espectrais. Obtenção das classes de valores
(ND da imagem), que identifica cada uma das categorias nas distintas bandas que
intervêm na classificação (assinaturas espectrais).
 Fase da Classificação – Assinalar a cada pixel da imagem, uma categoria em função da
sua assinatura espectral.
 Fase de Validação – Comprovação dos resultados obtidos no processo de classificação

Após estas fases tem-se em consideração o tipo de classificação, tendo sido utilizado no decorrer
do exercício do presente relatório a classificação Assistida. Este tipo de classificação exige um
conhecimento à priori da imagem a classificar, tendo por base a identificação e localização das
áreas de treino para cada classe de informação. Apesar de este método basear-se também no
trabalho de campo para auxiliar na classificação, foi efectuada apenas a interpretação visual da
imagem, com apoio à análise cartográfica de usos do solo digitalizado no software ArcGis.

As zonas de cobertura do solo assim conhecidas, representando cada classe, servirão para treinar
Cartografia Digital e Detecção Remota |

os algoritmos de classificação (através das características espectrais). Assim, para cada área de
treino calculam-se parâmetros estatísticos multivariados, definindo padrões espectrais, onde cada
pixel é avaliado e assinalado a uma das classes de informação definidas anteriormente segundo a
sua aproximação aos padrões definidos.

27
O modo operativo de definição das áreas de treino, foi efectuado da seguinte forma: foram
digitalizados polígonos de tamanho reduzido sobre a imagem e tendo a atenção de digita-los
espaçadamente para evitar o “efeito fronteira”, traçando os mesmos polígonos adaptados aos
objectos, ou seja, foram delimitadas sobre a cobertura de ortofotomapas as parcelas que se
distinguiam quanto à utilização e ocupação.

As manchas foram definidas tendo em conta a homogeneidade das parcelas, sendo considerada
uma área mínima fotointerpretável de 0,5 ha, com uma escala mínima de digitalização de
1:3000, compatível com a escala final de edição 1:25000.

A legenda utilizada para a realização da fotointerpretação foi a mesma utilizada para a Ocupação
e Uso do Solo de 2000, sendo que o nível de detalhe apenas se refere às categorias de ocupação.

F IGURA 5 - C LASSIFICADOR DE INFO RMAÇÃO - MAXLIKE IDRISI TAIGA


Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

A classificação de imagens de satélite é então um processo existente para a criação de grupos de


pixéis representativos de categorias de cobertura do solo, onde os pixéis são mais semelhantes
entre si do que entre pixéis de outras categorias.

A classificação de imagens pode-se efectuar através da utilização de processos não assistidos


(não supervisionados) e processos assistidos (supervisionados). As técnicas de classificação não
supervisionada são utilizadas para a criação de grupos naturais com base em dados
multiespectrais, sendo esta a técnica mais utilizada na análise cluster sobre imagens
multiespectrais ou sobre componentes principais.

28
As técnicas de classificação supervisionada são utilizadas para a classificação de entidades
desconhecidas baseadas em objectos ou padrões perfeitamente identificados. As técnicas mais
utilizadas são: o método da distância mínima, a classificação do paralelepípedo, a classificação
gaussiana e a máxima verosimilhança (Aranha e Marques, 2000).

O método de classificação assistida utilizado para a realização deste trabalho baseou-se na


classificação da máxima verosimilhança, que consiste na avaliação da variância e a co-variância
da resposta espectral de cada categoria; assume dessa forma, que a nuvem de pontos de cada
categoria tem uma distribuição normal, onde cada categoria é representada por uma função
densidade de probabilidade e com base nos parâmetros vector das médias e matriz de co-
variâncias das diferentes categorias, pode-se calcular a probabilidade de um pixel pertencer a
uma categoria particular; um pixel pertence a uma categoria quando tem a probabilidade mais
elevada. (Marques e Aranha, 2000).

As imagens de satélite fornecidas para a elaboração do relatório, são imagens Spot, estando estas
já previamente georreferenciadas (WGS84 UTM 29N), não tendo sido por isso necessário
realizar este procedimento assim como o processo inicial de tratamento das imagens,
característico destes processos de classificação. Estas imagens abrangiam uma área geográfica
bastante extensa, muito para lá da área de estudo – Refóios, tendo por isso optado por efectuar
um corte da imagem inicial.

Assim, a imagem foi aberta no ArcGis e sobrepusemos o limite de Refóios. Como esta
informação apresentava um sistema de coordenadas diferente, optamos por projectar no sistema
de coordenadas WGS84 UTM 29N. Depois da sobreposição da informação retirou-se os valores
máximos e mínimos de X e Y (X max = 543038.308 e X min = 533963.452; Y max =
4631962.606 e Y min = 4623667.491), de modo a diminuir o tamanho da informação e a
aproximá-la ao máximo da área total de estudo.

Partindo depois do software Idrisi, aplicou-se a função > Reformat > Window, às quatro bandas
existentes (SWIR, XS1, XS2 e XS3).
Cartografia Digital e Detecção Remota |

29
F IGURA 6 - R EFORMAT DAS DI FERENTES BANDAS DA IMAGEM S POT
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

F IGURA 7 - C OMPOSIÇÃO DAS IMAGENS

30
A composição realizada resultou numa falsa cor, uma vez que foi utilizada a sequência seguinte
de bandas: B – XS1; G – XS2; R – XS3.

O processo de classificação utilizado através da segmentação envolve três passos,


nomeadamente:

 A segmentação da imagem, definindo o nível de generalização;


 Definição e atribuição das áreas de treino em função da segmentação;
 A classificação da imagem em função das áreas de treino pré-definidas.

A segmentação consiste pois na subdivisão da imagem em zonas ou regiões homogéneas e


uniformes em função de um determinado atributo da imagem. Neste processo pode-se definir
qual o tamanho mínimo de cada região. A segmentação é utilizada apenas para a subdivisão da
imagem sem efectuar a identificação ou classificação das unidades geradas.

Foi efectuada para este relatório uma segmentação a 4 bandas uma vez que quantas mais bandas
forem utilizadas neste processo, maior resolução espectral se conseguirá. Segmentação a zero da
figura do lado esquerdo e a segmentação a trinta do lado direito da mesma figura, sendo esta
última a utilizada para a continuação da elaboração do processo.

Cartografia Digital e Detecção Remota |

F IGURA 8 - R EPRESENTAÇ ÃO DA SEGME NTAÇÃO NO IDRISI

31
Procedeu-se depois a outras segmentações, que serviram de comparação entre si e como factor
de escolha sobre a mais indicada para se utilizar; as figuras em baixo representadas mostram as
várias segmentações efectuadas a 3 bandas, como as figuras [a] e [b], apresentavam uma
fragmentação elevada, optamos pela opção [c] - segmentação a 30 a 4 bandas, pelos motivos já
anteriormente referidos.

F IGURA 9 - S EGMENTAÇ ÃO DE TRÊS B ANDAS , [ A ] - SEGMENTAÇ ÃO A ZERO , [ B ] - SEGMENTAÇ ÃO A 20 20 E [ C ] - SEGMENTAÇÃO A 30.

Depois da segmentação, procedeu-se à classificação das áreas produzidas ou seja, a definição das
áreas de treino baseadas na segmentação a 30. Pelo facto de na classificação não se obter pixels
isolados, mas sim objectos/áreas, permite a utilização de outras características para além da
informação espectral, sobretudo ao nível da: forma, tamanho, textura, hierarquia e relações de
vizinhança. De realçar também que os inconvenientes gerados do aspecto “matizado” de um
mapa resultante da classificação ao nível do pixel, não se verificam, o que permite evitar
operações de pós-processamento ou generalização. Na figura seguinte está representada a
imagem sobre a qual foram criadas as áreas de treino.
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

F IGURA 10 - S EGMENTAÇÃO A 30 SOBREPOSTA COM A FAL SA COR

32
Para se proceder à definição das áreas de treino recorreu-se à elaboração de uma legenda similar
à legenda utilizada para a fotointerpretação. Na tabela seguinte estão representadas as categorias
de ocupação tidas em consideração, assim como o identificador correspondente.

Categorias Classes
U UU Tecido urbano
SL SL Espaços verdes urbanos
SW Zonas industriais e comerciais
SW Vias de comunicação (rodoviárias e ferroviárias)
S SW Zonas portuárias
SW Aeroportos
SW Outras infra-estruturas e equipamentos
JJ Pedreiras, saibreiras, minas a céu aberto
JJ Lixeiras, descargas industriais e depósitos de sucata
JJ
JJ Estaleiros de construção civil
JJ Outras áreas degradadas
CC Culturas anuais
CX Sistemas culturais e parcelares complexos
CI Áreas principalmente agrícolas com espaços naturais importantes
C
CV Culturas anuais + Vinha
CA Culturas anuais + Pomar
CO Culturas anuais + Olival
VV Vinha
VC Vinha + Culturas anuais
V
VA Vinha + Pomar
VO Vinha + Olival
AA Pomar de citrinos
AC Pomar + Cultura anual
A
AV Pomar + Vinha
AO Pomar + Olival
OO Olival
OC Olival + Cultura anual
O
OV Olival + Vinha
OA Olival + Pomar
D DD Medronheiro e outras arbustivas
G GG Prados e lameiros
C+_0 Culturas anuais + espécie florestal
C
_+C(1-2) Espécie florestal + culturas anuais
B BB+_ Sobreiro
Z ZZ+_ Azinheira
T TT+_ Castanheiro bravo
N NN+_ Castanheiro manso
Q QQ+_ Carvalho
E EE+_ Eucalipto
F FF+_ Outras folhosas
P PP+_ Pinheiro bravo
M MM+_ Pinheiro manso
R RR+_ Outras resinosas
Povoamento florestal misto (folhosas+resinosas)
I+_ Vegetação arbustiva alta e floresta degradada ou de transição
IO Olival abandonado
Cartografia Digital e Detecção Remota |

I
II1 Pastagens naturais pobres
II2 Vegetação arbustiva baixa – matos
Q/F QQ6/FF6 Vegetação esclerofitica – carrascal
Z/B ZZ6/BB6
J+_0 Áreas descobertas sem ou com pouca vegetação
J JY Praias, dunas, areias e solos sem cobertura vegetal e rocha nua
__+4 Zonas incendiadas recentemente
HY Zonas pantanosas interiores e paúls, sapais, salinas e zonas intertidais
H
HH Cursos de água, lagoas e albufeiras, lagunas e cordões litorais, estuários, mar e oceano
F IGURA 11 - FONTE: IGP (2003).

33
A existência de um número elevado de categorias relaciona-se com um dos objectivos do
trabalho, ou seja a comparação entre a Carta de Ocupação do Solo realizada através da
fotointerpretação e a Carta de Ocupação do Solo obtida através da classificação digital de
imagens de satélite. Nesse sentido as duas legendas devem estar concordantes. Contudo, para
uma apresentação final, estas categorias podem ser agrupadas de forma a permitir um outro tipo
de leitura. Na tabela seguinte está representada a informação sobre a qual coincidiu a definição
das respectivas áreas de treino assim como o seu valor correspondente:

Coluna (c) Linha (r) ID Categorias Coluna (c) Linha (r) ID Categorias
561 518 2 Infra-estruturas 867 175 9 Pinheiro
277 729 2 Infra-estruturas 274 66 9 Pinheiro
58 399 2 Infra-estruturas 140 645 9 Pinheiro
642 617 2 Infra-estruturas 552 575 9 Pinheiro
419 502 2 Infra-estruturas 746 362 9 Pinheiro
378 470 1 Urbano 722 345 9 Pinheiro
288 461 1 Urbano 797 661 9 Pinheiro
31 540 1 Urbano 231 777 9 Pinheiro
738 750 1 Urbano 333 411 9 Pinheiro
782 15 1 Urbano 470 23 10 Outras Resinosas
347 36 1 Urbano 299 283 10 Outras Resinosas
37 102 1 Urbano 493 595 4 Culturas Agrícolas
49 727 3 Água 20 707 4 Culturas Agrícolas
306 670 3 Água 60 72 4 Culturas Agrícolas
865 506 3 Água 452 253 4 Culturas Agrícolas
595 20 8 Inculto 670 71 4 Culturas Agrícolas
456 130 8 Inculto 685 330 4 Culturas Agrícolas
261 570 8 Inculto 641 780 4 Culturas Agrícolas
727 220 8 Inculto 411 489 7 Olival
511 407 8 Inculto 659 215 11 Eucalipto
847 755 8 Inculto 409 788 11 Eucalipto
148 138 8 Inculto 319 270 11 Eucalipto
450 690 15 Áreas Degradadas 566 161 11 Eucalipto
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

77 751 15 Áreas Degradadas 192 290 11 Eucalipto


745 43 13 Outras Folhosas 445 330 12 Carvalho
87 697 13 Outras Folhosas 899 690 12 Carvalho
100 142 13 Outras Folhosas 815 21 12 Carvalho
569 450 5 Vinha 93 770 12 Carvalho
180 718 5 Vinha 217 161 12 Carvalho
305 515 5 Vinha 45 780 14 Rocha Nua
380 521 6 Pomar 579 42 14 Rocha Nua
F IGURA 12 - I NFORMAÇ ÃO RELATIVA À CORRESPONDÊ NCIA DAS ÁRE AS DE TREINO

34
3.5 Edição analógica de cartogr afia

A aquisição de dados sobre a distribuição espacial de propriedades significativas da superfície


terrestre tem sido uma parte importante das actividades das sociedades organizadas. Desde as
civilizações mais antigas até aos tempos modernos, a informação espacial tem sido reunida por
navegadores, geógrafos entre outros, tomando a forma gráfica através dos cartógrafos produtores
de mapas. Inicialmente, os mapas eram utilizados para descrever regiões distantes, como apoio à
navegação e a estratégias militares.

Foi apenas no Séc. XVIII que a civilização europeia atingiu um estado de organização tal que
muitos governos reconheceram o valor da cartografia sistemática dos seus territórios. Foram,
então, criadas instituições governamentais destinadas à cartografia de países inteiros. Estas bem
organizadas instituições continuaram, até hoje, a desenvolver os processos de conversão da
distribuição espacial das características da superfície terrestre em forma de cartas.

Enquanto as cartas topográficas podem ser consideradas como utilização geral, já que não são
concebidas para atingir um objectivo determinado, isto é, podem ser usadas para fins diversos,
cartas como as de solos, meteorologia ou utilização da terra são criadas para fins bem
delineados. Estas são designadas por cartas temáticas, já que contêm informações sobre um
único aspecto ou tema. Para tornar as informações temáticas de fácil compreensão, as cartas
temáticas são desenvolvidas sobre uma base topográfica, pela qual os utilizadores podem-se
orientar.

Até à introdução do computador em cartografia, todos os tipos de cartas tinham um ponto


comum: a base de dados espaciais era um desenho numa folha de papel ou filme. A informação
era registada através de elementos pontuais, de linha e de superfície. Estas entidades geográficas
básicas eram apresentadas com recurso a vários artifícios visuais, tais como símbolos diversos,
cores ou texto, sendo o seu significado explicado em legenda. Actualmente, é tal a necessidade
de informações sobre alterações à superfície da Terra que as técnicas cartográficas convencionais
tornam-se verdadeiramente inadequadas. Por exemplo, para certos tipos de cartas, tais como
Cartografia Digital e Detecção Remota |

cartas do tempo ou da rede de uma companhia telefónica, pode haver necessidade de uma
actualização diária ou mesmo horária, o que é manifestamente impossível na produção manual
de cartas.

Nas últimas décadas, a fotografia aérea e, mais recentemente, as imagens obtidas por satélite –
Detecção Remota – tornaram possível avaliar como a superfície terrestre se vai modificando com
o tempo, acompanhar a marcha lenta da desertificação e da erosão, ou progressão mais rápida

35
dos fogos florestais, das cheias ou das situações meteorológicas. Mas os produtos obtidos a
bordo de aviões ou de satélites não são cartas, no significado restrito da palavra, mas sim
imagens fotográficas ou sequências de dados em registos magnéticos. A informação digital não
está na forma familiar de pontos, curvas ou áreas representando as já reconhecidas e
classificadas características da superfície terrestre, mas sim codificada em células – “pixéis” –
numa matriz bidimensional, que contêm apenas um número indicativo da intensidade da
radiação electromagnética reflectida, numa dada banda. Foi, pois, necessário criar novos
processos para converter aquelas sequências de números em figuras e para identificar os
pormenores mais significativos.

Embora a utilização do computador em cartografia se tivesse iniciado já na década de 60, essa


utilização estava limitada ao desenho automático e à preparação de matrizes para a impressão de
cartas. Para a cartografia tradicional, a nova tecnologia computacional não alterou a atitude
fundamental na produção de cartas – a carta impressa de alta qualidade permanecia como a
principal forma de armazenagem de dados.

Na década de 70, a experiência ganha com o desenho de cartas no computador (CAD) e o


próprio desenvolvimento dos processos informáticos levaram ao reconhecimento das enormes
vantagens da utilização do computador em cartografia:

 Produção mais rápida de cartas já existentes;


 Produção mais barata de cartas já existentes;
 Produção de cartas para fins específicos dos utilizadores;
 Permitir ensaios com diferentes representações gráficas do mesmo conjunto de dados;
 Facilitar a produção de cartas e a sua utilização quando os dados estão já em forma
digitais;
 Facilitar a análise dos dados que exigem uma interacção entre processos estatísticos e a
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

representação cartográfica;
 Minimizar a utilização da carta impressa como forma de armazenagem dos dados e, por
isso, minimizar a utilização da carta impressa como forma de armazenagem dos dados e,
por isso, minimizar os efeitos da classificação e generalização da qualidade dos dados;
 Produzir cartas difíceis de desenhar à mão, como, por exemplo, cartas tridimensionais;
 A introdução da automatização conduz à modificação de todo o processo de produção de
cartas, com grande redução dos custos e possibilidade de aperfeiçoamentos diversos;
 Finalmente, a disponibilidade de informação cartográfica em forma digital fornece uma
base de dados altamente poderosa para análise de diversos problemas espaciais.

36
A definição das áreas de treino teve como base a carta de ocupação do solo realizada por
fotointerpretação, sendo por isso um processo que pode influenciar a qualidade e o rigor do
trabalho final, pelo que, para a sua definição foram tidos em consideração outros factores, tais
como um conhecimento a priori da área a classificar. A imagem seguinte representa a
metodologia adoptada, tendo consistido na sobreposição da segmentação efectuada sobre os
ortofotomapas e a respectiva fotointerpretação anteriormente realizada.

F IGURA 13 - O CUPAÇÃO DO SOLO E SE G MENTAÇÃO

Na imagem seguinte está representada a totalidade das áreas de treino definidas e criadas
utilizando a segmentação 30 através das 4 bandas.

Cartografia Digital e Detecção Remota |

F IGURA 14 - Á REAS DE TREINO CRIADAS

37
Após este passo efectuou-se uma análise das áreas de treino criadas utilizando as opções
«SIGCOMP» e «SEPSIG», que nos possibilitou a observação das bandas que melhor
identificavam as categorias definidas.

Posteriormente através da opção «MAXLIKE» (classificação assistida através da máxima


verosimilhança) realizou-se o processo de classificação propriamente dito, através da introdução
das assinaturas espectrais criadas e a imagem obtida da segmentação 30.

Resulta assim uma imagem classificada com as categorias de ocupação criadas anteriormente de
acordo com a imagem seguinte:

F IGURA 15 - C LASSIFICAÇÃO OB TIDA ATRAVÉS DO MÉ TODO MAXLIKE

Devido à elevada fragmentação que a imagem obtida apresenta, realizou-se depois uma nova
segmentação, através da opção «SEGCLASS», obtendo a configuração, tal como representado
na figura seguinte:
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

F IGURA 16 - S EGMENTAÇÃO DA IMAGE M CLASSIFICADA

38
4 - Apresentação e análise de resultados
4.1. – Enquadramento Geográfico
A área geográfica, objecto de estudo referente ao
presente relatório abrange a freguesia de Refóios do
Lima, pertencente ao Município de Ponte de Lima,
distrito de Viana do Castelo, com 16,40 km² de área.
Limita a Este com o Concelho de Arcos de Valdevez,
a Norte com a freguesia de Vilar do Monte e a Oeste
com Calheiros e Brandara, sendo que a sul é
delimitada pelo Rio Lima:

Ao analisarmos a cartografia produzida para este


relatório, e iniciando a análise pela carta topográfica,
alguns elementos assumem particular interesse para a
mesma. F IGURA 17 - L OCALIZAÇÃO DA Á REA DE E STUDO

A análise e inter-relação dos elementos morfométricos que compõem a bacia hidrográfica são
importantes para a compreensão da forma e dos processos elementares no relevo e na paisagem,
sobretudo no caso do sistema de drenagem, uma vez que a partir da sua análise é possível a
“previsão” de determinados fenómenos.

O desenvolvimento da morfologia depende do tamanho do sistema no espaço e da duração de


tempo considerado. É dessa forma necessário analisar o sistema a diferentes escalas espacio-
temporais, em termos da magnitude e frequência dos processos geomorfológicos, uma vez que a
bacia de drenagem pode apresentar problemas que requerem abordagens e soluções concedidas
em diferentes escalas (Azevedo, 2000).

Outros factores são ainda relevantes como o tamanho da bacia de drenagem, que influencia a
quantidade de água produzida; o comprimento, a forma e o relevo afectam a taxa de água e
sedimentos produzidos; as características e extensão dos canais afectam a eficácia dos
sedimentos e a taxa de água produzida na bacia de drenagem.
Cartografia Digital e Detecção Remota |

Por outro lado, as características topográficas necessitam de ser analisadas numa perspectiva em
que seja perceptível a sua influência na bacia de drenagem mas é igualmente importante
considerar a relação que existe entre as variadas formas e as características. Por exemplo, entre a
forma da bacia de drenagem e a natureza da mesma.

39
A densidade da rede é um parâmetro sensível que, em muitas maneiras, providenciam uma
ligação entre a forma e os processos que ocorrem ao longo do curso de água. A densidade é pois
muito importante porque reflecte o controlo da litologia, topografia, pedologia e vegetação e
serve para determinar o tempo de concentração de águas.

A descrição das características da rede de drenagem deve incluir assim, a referência às rochas e
aos sedimentos que se situam no substrato pois ajudam a determinar a natureza e a extensão dos
lençóis freáticos e o tipo de material disponível para a erosão e transporte na bacia de drenagem,
uma vez que é mais importante saber a consolidação e dureza dos materiais do que a sua
natureza.

4.2. As Condições Biofísicas.


O uso e a ocupação são condicionados pelas características naturais, que determinam as
potencialidades de um território. Assim na análise das características biogeofísicas, é necessário
seleccionar critérios que permitam avaliar características ambientais, naturais e físicas presentes
no mesmo.

O clima da região do Minho é resultado da sua


posição geográfica na fachada ocidental do
Continente Europeu e proximidade do Atlântico e a
forma e disposição dos principais conjuntos
montanhosos do noroeste de Portugal. Estes factores
determinam que seja a região mais pluviosa de
Portugal.

A área de estudo localiza-se na Zona da “Terra


Temperada Atlântica” (Q1), caracterizada por uma
temperatura média anual entre 14ºC e 16ºC e uma
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

amplitude térmica inferior a 20ºC, ou seja, podemos


encontrar Verões relativamente frescos e Invernos
Temperados. As amplitudes térmicas são
relativamente pequenas, reflectindo a proximidade
ao oceano Atlântico.
F IGURA 18 - Z ONAS C LIMÁTICAS PRESE NTE S NA ÁREA DE
ESTUDO

40
4.2.1. Precipitação
O regime pluviométrico da freguesia de Refóios foi inferido a partir dos registos de três postos
udométricos localizados na proximidade da bacia,
os quais foram extrapolados em função da altitude
(Rodrigues, 2006). Estes postos indicam que a
região apresenta valores de precipitação total anual
bastante elevados, com valores acima dos 2000
mm a partir dos 100 m de altitude. Segundo
Gomes (2001), os valores de precipitação na bacia,
com base nos três postos udométricos
considerados, ponderada através do método de
Thiessen, determinam um valor anual médio de
cerca de 1755 mm, variando entre um valor
máximo de 2532 mm e um valor mínimo de 838
mm. A distribuição ocorre de forma desigual ao
longo do ano, com uma precipitação elevada no

Inverno e escassa no Verão. Assim, os meses F IGURA 19 - R EGIME PLUVIOMÉTRICO DE REFÓIOS

mais secos do ano são Julho e Agosto, sendo os meses mais chuvosos Dezembro, Janeiro e
Fevereiro. O decréscimo das precipitações no Verão é próprio dos climas mediterrânicos e sub-
mediterrânicos.

4.2.2. Evapotran spi ração


O valor médio da evapotranspiração cultural ronda os 1031 mm, com os valores máximos a
ocorrerem em Julho (153,5 mm) e Agosto (151,3 mm) (Agostinho & Gomes, 2001). A
precipitação ultrapassa a evapotranspiração média anual com valores entre os 700 a 750 mm
(Barrote 1996).
Cartografia Digital e Detecção Remota |

F IGURA 20 - B ALANÇO H ÍDRICO DE V IANA DO C ASTELO (F ONTE : A ZE VEDO , 2000)

41
4.2.3. Insolação
No que se refere à insolação, de acordo com dados entre 1961 e 1990, a área de estudo recebe
em termos médios anuais menos de 2401 horas. O Noroeste é a região de Portugal Continental
que apresenta os valores de insolação mais baixos (IM, 2005).

4.2.4. Estratigrafia, Tectónica e Litologi a


Na Península é possível reconhecer seis unidades geológicas aproximadamente uniformes em
termos estratigráficos, tectónicos, metamórficos e magmáticos (Farias et al., 1987). A área de
estudo pertence à denominada “Zona Central Ibérica”
(ZCI) do Maciço Hespérico e é constituída por granitóides
hercínicos intruídos em metassedimentos deformados do
Silúrico (Dias, 1987).

Os granitos apresentam uma estruturação interna


essencialmente magmática, que lhes é conferida pela
orientação dos megacristais de feldspato potássico e da
biotite, e ainda pela orientação dos encraves
microgranulares. As observações de campo e os dados
estruturais indicam que é o resultado da deformação dos
magmas por achatamento com uma reduzida componente
rotacional, num regime tectónico dominado por uma
componente compressiva sub-horizontal de direcção NE-
SW, sem movimento significativo ao longo do acidente
Vigo-Régua. A instalação dos granitos é compatível com
o regime de tensões na etapa inicial da terceira fase de
deformação hercínica (F3). O acidente Vigo-Régua esteve
F IGURA 21 - E SBOÇO GEOLÓGICO DO A LTO M INHO .
activo na fase final da instalação dos granitóides, A DAPTADO DE : A LVES ,1996
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

atendendo à existência de cisalhamentos dúcteis direitos de direcção média N140° nos maciços
estudados.

A ascensão e instalação dos magmas terão sido facilitadas pela deformação do encaixante
metassedimentar e pela fracturação associada ao acidente, com expansão lateral in situ. Os
granitóides situam-se na Zona Centro Ibérica, ao longo do cisalhamento Vigo-Régua, e são
designados, de Norte para Sul, por granitos de Refoios do Lima, Sameiro, Felgueiras, Lamego e
Ucanha-Vilar. Trata-se de granodioritos a monzogranitos biotíticos com textura porfiróide
(megacristais de feldspato potássico), com encraves microgranulares máficos (cuja frequência
diminui de Sul para Norte), pertencentes ao grupo dos granitóides sinorogénicos biotíticos sin-

42
F3. Os granitos são constituídos por quartzo + plagioclase (andesina/oligoclase) + feldspato
potássico + biotite + zircão + monazite + apatite + ilmenite ± moscovite. Nos granitos de
Ucanha-Vilar, Lamego e Felgueiras ocorre ainda alanite ± esfena ± epídoto, enquanto no granito
de Refoios do Lima está presente cordierite + silimanite ± turmalima ± granada.

As diferenças geoquímicas, mineralógicas e isotópicas entre os vários granitos excluem a


possibilidade de uma única fonte homogénea para a origem de todos os granitos. A presença de
rochas gabróicas de origem mantélica (manto enriquecido) na região onde ocorre a granito de
Sameiro, de corpos granodioríticos-quartzomonzodioríticos na área de Ucanha-Vilar, bem como
a abundância de encraves microgranulares máficos nos granitos de Ucanha-Vilar, Lamego,
Felgueiras e Sameiro, suportam um modelo de mistura entre um magma básico (possivelmente
mantélico) e um magma crustal félsico. Os dados químico-mineralógicos e isotópicos admitem
como componente crustal um magma equivalente ao granito de Refoios do Lima, provavelmente
derivado de protólitos metaígneos félsicos da crusta inferior. O modelo petrogenético de mistura
está ainda de acordo com as características morfológicas e químicas que os zircões dos granitos
exibem.

Após um processo dinâmico de mistura do tipo “mixing”, os magmas terão evoluído por
cristalização fraccionada, com evoluções internas distintas, à excepção do granito de Sameiro
onde a evolução interna é reduzida. A aplicação de um modelo quantitativo de cristalização
fraccionada aos restantes magmas sugere fraccionamento de biotite + plagioclase ± feldspato
potássico + apatite ± ilmenite, em proporções variáveis para cada granito.

Na área de estudo, podemos agrupar as principais


unidades litológicas da seguinte forma (Rodrigues,
2006):

 Metassedimentos de idade do Silúrico;


correspondem a rochas de natureza pelítica e
grauváquica. São dominantes os micaxistos e
micaxistos quartzosos, sendo ainda de referir
Cartografia Digital e Detecção Remota |

a presença de outros tipos de litologia:


quartzitos, xistos grafitosos, quartzitos
grafitosos, intercalações de rochas
calcossilicatadas, rochas anfibólicas e
metavulcanitos ácidos (Dias, 1987). Este

F IGURA 22 - C ARTA G EOLÓGICA DE REFÓIOS

43
agrupamento é o mais representativo na área de estudo.
 Granitóides hercínicos - Granitos caracterizados pela presença de duas micas, grão
grosseiro e médiofino, tendência porfiróide; o maciço de Arga é constituído por granitos
de duas micas, grão médio a grosseiro e tendência porfiróide fraca; apresenta
cartograficamente uma forma elíptica, cujo eixo maior tem direcção NW-SE;
 Depósitos sedimentares (na parte baixa da freguesia junto ao Rio Lima), constituído por
sedimentos detríticos não consolidados que correspondem a depósitos plio-plistocénicos
de terraços fluviais; e aluviões recentes (Quaternário).

4.2.5. Hipsomet ri a

A configuração do relevo determina as variações dos diversos parâmetros climáticos da região,


que por sua vez condicionam tanto o coberto vegetal e as características dos solos, como as
actividades e ocupação humana.

Através do estudo da hipsometria para área de estudo - Refóios, mediante a análise da Carta
Topográfica verificamos uma amplitude
elevada ao nível das classes hipsométricas, na
medida em que estas vão dos 10 até os 780m,
traduzindo-se numa elevada diversidade
paisagística e de ocupação e usos do solo.

Através destas verificamos também que as


zonas de maior declive correspondem de igual
modo às zonas de maior altitude, observando-se
uma redução estratigráfica do mosaico
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

paisagístico quer natural, quer antrópico. Aliás


a ocupação e uso do solo por actividades e
infra-estruturas antrópicas, estão mais
representadas nas áreas de menor declive e de
menor altitude.

O relevo mantém-se alongado com cotas de 10


m junto ao rio até cerca de 100m nas áreas F IGURA 23 - A LTITUDES VERIFICADAS NA ÁREA DE ESTUDO

edificadas e ocupadas com culturas anuais. Após

44
este sector central na freguesia, os seus limites a norte, oeste e este apresenta declives acentuados
e atinge cotas de mais de 700 m. No seu máximo de 780 m.

O sector central da freguesia é atravessado por pequenas linhas de água que confluem no rio
Lima. São encostas com vertentes em forma de V e propensas a uma erosão pela acção da água,
originando o arrastamento de nutrientes para os solos com cotas mais baixas, já mais próximos
do rio.

Pode-se referir ainda que grande parte da área de estudo apresenta uma boa orientação solar, uma
vez que maioritariamente está orientada a Sul/Sudeste.

Relativamente às formas e modelação do relevo, verificamos que este apresenta uma


predominância de superfícies muito ondulado ou acidentado, com declives entre 15 e a 25-30%
[o] e [m] respectivamente. Verificamos que estas características são típicas das áreas de maior
altitude, e à medida que se desce em direcção ao Rio Lima, a paisagem altera-se, com o
predomínio de superfícies tipo ondulado suave a ondulado em vales, planaltos ou encostas, com
declives em geral inferiores a 15%, [s],
predominando nestas áreas a actividade agrícola.

Na zona inferior de vale, verificamos uma enorme


variação relativamente aos aspectos
geomorfológicos. Contudo, algumas áreas com
relevo suavemente ondulado a ondulado [s]
(13,78%), predominam situações planas ou plano-
côncavas, com declives em geral inferiores a 15%.
Estes espaços são acompanhados por zonas de base
de encosta, com pequenos vales de formações
coluvionares, sendo o terraceamento nestas zonas
muito generalizado. Ainda com pequena
representação, observam-se cabeceiras e fundos de
vales coluvionares [c], superfícies planas ou muito F IGURA 24 - C ARTA DE DECLIVES
Cartografia Digital e Detecção Remota |

suavemente onduladas [p] e fundos de vales aluvionares [a].

45
Por outro lado o declive é um factor importante na
análise e determinação do risco de erosão,
verificando-se que em áreas com declives mais
acentuados, coincidem também com zonas de maior
altitude, o risco de erosão atinge o grau 3
(erodibilidade), ou seja, Terras com risco de erosão
moderados, sem aptidão actual para agricultura, mas
podendo, nalguns casos, ser agricultada com cuidados
especiais de defesa, nomeadamente culturas segundo
as curvas de nível, terraceamentos, etc., com aptidão
para exploração florestal e/ou silvo-pastorícia. Com
risco de erosão de grau 5, as Terras com riscos de
erosão muito elevados, sem aptidão para a agricultura,

exploração florestal e silvo-pastorícia, encontra-se uma F IGURA 25 - Z ONAMENTO DOS ESPAÇOS AL TIMÉTRICOS

pequena área na parte sul da freguesia.

Nas zonas onde o declive é mais suave, coincidindo com as zonas de baixa altitude, exceptuando
uma área a Norte da Freguesia, predominam o grau 1 Terras com risco de erosão nulos ou muito
reduzidos, sem necessidade de práticas de defesa ou já
adoptadas e sem limitações de uso, sendo nestas onde
se desenvolve maioritariamente a actividade agrícola.

A aptidão do solo, envolve a comparação entre os usos


agrícola e florestal, para se definir quais os usos mais
ajustados ao aproveitamento do solo, através de um
determinado conjunto de situações.
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

Relativamente à aptidão do Solo na área de estudo,


verificamos nos locais de maior altitude solos
predominantemente sem aptidão agrícola [A0], mas
com aptidão marginal [F3] e moderada [F2], para a
floresta. Inversamente nos locais com menor altitude
encontramos áreas que apresentam boa aptidão para a
F IGURA 26 - C ARTA DE APTIDÃO
actividade agrícola, nomeadamente [A1] com elevada
aptidão, [A2] com aptidão moderada e o [A3] com aptidão marginal.

46
F IGURA 27 - G RAUS DE R ISCO DE E ROSÃO (E RODIBILIDADE )

4.2.6. Vegetação
Segundo Rivas-Martínez (Rivas et al., 2002) a mais recente tipologia biogeográfica da Península
Ibérica, a área de estdo enquadra-se no Sector Galaico-Atlântica, Sub-região Atlântica
Medioeuropeia, Região Eurosiberiana) e inclui-se, em particular, no Subsector Miniense Litoral
cuja série de vegetação climatófila é, de acordo com
Costa et al. (1998, 2002), encabeçada pelos
carvalhais da associação Rusco aculeati-Quercetum
roboris.

As imediações do vale do rio Lima encontram-se


fortemente perturbadas pela acção humana, um
pouco à imagem do que ocorre em quase toda a
região do Alto Minho, sendo actualmente
Cartografia Digital e Detecção Remota |

dominadas por povoamentos florestais de eucalipto


e pinheiro-bravo, e por manchas mais ou menos
extensas de urzais-tojais. Nas áreas mais ocidentais,
é possível encontrar ainda a presença de formações
densas de acácias (Acacia sp. pl.) enquanto, nas

F IGURA 28 - V ALORES BIOLÓGICOS PARA A ÁRE A DE


ESTUDO

47
zonas mais interiores é possível observar ainda carvalhais mais ou menos extensos. Podemos
referir que a área de estudo está dividida em 2 grandes zonas: a de planície de cotas mais baixas,
onde a agricultura predomina e a zona intermédia e de cotas mais elevadas, reservada para o
pastoreio e floresta.

4.2.7. Litologia e pedologia

A maior parte dos solos proveio de rochas consolidadas (granitos e xistos), estando
representados no território:

i) Fluvissolos e gleissolos: solos profundos submetidos a inundação cíclica,


primitivamente colonizados por bosques ripícolas e paludícolas (Salici-Populetea,
Alnetea glutinosae);
ii) Regossolos: solos profundos e incipientes derivados de outros materiais que não
sedimentos arenosos ou areias, predominantemente colonizados por matagais
(Cytisetea) e diversos tipos de prados (Molinio-Arrhenatheretea, Nardetea); e
iii) Antrossolos: solos profundamente modificados pelas actividades humanas. O
macrobioclima representado no território é o Mediterrânico. O andar bioclimático que
caracteriza a zona é o Mesomediterrânico Inferior Húmido Inferior. (Beja et al,
2008).
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

F IGURA 29 - T IPOS DE SOLO DA ÁRE A DE ESTUDO

48
Ao verificarmos a carta topográfica, compreende-se que a maior parte da freguesia de Refóios,
localiza-se abaixo dos 300 metros. As curvas
de nível no intervalo 10 – 130 metros ocupam
grande parte da área, estando relacionado com
a situação de vale sobranceira ao rio Lima.
Parte deste espaçamento resulta de terraços
fluviais identificados nas análises anteriores
litológicas e pedológicas. À medida que
“caminhamos” para norte, o espaçamento das
curvas de nível é reduzido, correspondendo à
zona alta limitadora das bacias hidrográficas
das ribeiras instaladas em zonas de factura de
orientação NNE-SSW. Os vales por onde
drenam as ribeiras ligam-se sem dúvida à
tectónica (Teixeira e Medeiros, 1972).

A tectónica de fractura traduz-se por


desligamentos que afectam todas as unidades
F IGURA 30 - M ODELO D IGITAL DO T ERRENO (MDT) PARA A ÁREA
do soco hercínico (Ribeiro e Moreira, 1986). DE ESTUDO

Se fizermos uma análise atenta à configuração da rede de drenagem das bacias actuais na área de
estudo podemos verificar que possuem o mesmo sistema de drenagem, sobressaindo o
paralelismo das fracturas, que associado ainda à presença de terraços fluviais quaternários,
poderá indicar que algumas das fracturas terão sido reactivadas no Quaternário.

Numa análise meramente empírica e com base apenas na carta topográfica, associado aos
estudos geológicos elaborados para o concelho de Ponte de lima, podemos indicar que as
unidades geológicas representadas na área de estudo são:

1 – Moderno: Aluviões actuais (a). Os aluviões ocorrem ao longo dos cursos de água, sobretudo
ao nível da planície aluvial, em áreas relativamente extensas, constituindo depósitos de lodos,
Cartografia Digital e Detecção Remota |

areias e cascalheiras fluviais.

2 – Plistocénico: Depósitos de terraços fluviais (Qa4). Estes depósitos ocorrem escalonados a


diferentes níveis ao longo do Lima, sobretudo ao nível dos 20-25m.

3 – Paleozóico: Silúrico: Xistos e Grauvaques com intercalações de xistos grafitosos e liditos,


com graptolitos, em geral muito metamorfizados, corneanas, xistos andaluzíticos e granatíferos,

49
luzentes, etc. (Sa). As bancadas de xisto grafitosas ocorrem em grande número e orientam-se na
direcção NNW-SSE, como todas as rochas do Silúrico (Teixeira e Medeiros, 1972). Os terrenos
do Silúrico contactam com o rochas do Complexo xisto-granito-migmatítico (Xyz) e com rochas
eruptivas, existindo afloramentos complexos de alternâncias de rochas xistentas metamorfizadas
e de granitos, não sendo de excluir a possibilidade de ser um contacto tectónico, uma vez que os
terrenos do Silúrico, parecem estar carreados sobre este complexo (Teixeira e Medeiros, 1972).

4 – Complexo Xisto-Grauváquico ante-ordovícico e séries metamórficas derivadas: Xyz. Os


terrenos deste sistema estão representados por uma faixa xistenta estreita e metamorfizada e
quartzito-conglomerática, Estas formações apresentam uma permeabilidade muito reduzida, uma
vez que não possuem permeabilidade intrínseca, ou quando muito, fraca permeabilidade por
fissuração, excepto “nos casos em que as fissuras importantes, causadas pela tectónica, não
tenham sido colmatadas posteriormente” (Lourenço, 1989). São então os xistos e os grauvaques
que determinam taxas de infiltração muito baixas, resultando dessa forma, coeficientes de
escoamento superficiais elevados.

5 – Rochas eruptivas: Granito - Os granitos tal como os xistos são formações de reduzida
permeabilidade, uma vez que são rochas impermeáveis, excepto quando se encontram fissurados
ao longo das diaclases, contribuem para a organização da rede de drenagem subterrânea, que será
tanto mais importante, quantas mais fracturas existirem nas rochas. Assim, os granitos
contribuem para a ocorrência de taxas de infiltração baixas e pelo contrário, elevados
coeficientes de escoamento superficial.

Pela análise do sistema de drenagem dos cursos de água localizados na área de estudo, é possível
estimar as condições em que determinados episódios ocorreram, no moldar da morfologia das
bacias. A organização da actual rede de drenagem, iniciada no quaternário ocorreu por erosão
remontante, em que os cursos de água aproveitaram as diversas linhas de fragilidade,
ocasionadas pelo contacto tectónico entre os granitos e os xistos.
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

O comportamento das bacias sob o ponto de vista clima-hidrológico relaciona-se


simultaneamente com as elevadas precipitações registadas, assim como à orientação das bacias,
voltadas para SW sensivelmente, «protegidas» de E a W, que aliado ainda à proximidade do
oceano, estão sujeitas às massas de ar húmidas, daí o facto de se registarem elevadas
precipitações, onde apenas se registam precipitações inferiores a 100mm em cinco meses, três
dos quais correspondem ao período de Verão (Junho, Julho e Agosto), um na Primavera (Abril) e
um de transição Verão/Outono (Setembro). Este facto reflecte-se ao nível da ocorrência de

50
cheias, que ocorrem sobretudo no período de Inverno, contudo, como o regime é de alguma
forma variável, não se registam este tipo de ocorrências em alguns anos.

As características do substrato rochoso das bacias, indica-nos que as rochas têm um carácter
pouco permeável, favorecendo dessa forma o escoamento superficial. Se tivermos em conta a
forma das bacias, assim como as suas características hipsométricas, veremos que o escoamento
terá grande velocidade, traduzindo-se numa elevada torrencialidade.

Assim, pelas características morfoclimáticas associadas à sua localização geográfica e ao tipo de


ocupação do solo, as bacias hidrográficas aqui localizadas, são áreas sujeitas a riscos de cheias e
inundações. Ao terem-se em conta as situações hidrológicas extremas, dá-se um passo
importante para o planeamento e gestão de áreas sujeitas a determinados riscos e dessa forma,
estabelecerem-se programas de prevenção e mitigação das potenciais consequências que podem
resultar para o Homem e para as suas actividades, assim como contribuir para uma mudança de
mentalidades na gestão dos recursos naturais em áreas geograficamente sensíveis.

É evidente que se tratam apenas de projecções, mas na falta de elementos hidrológicos para a
área em estudo, constituem um contributo importante para futuras considerações ao nível do
planeamento desta região, uma vez que “a diminuta importância concedida à análise da evolução
das cheias nas questões mais vastas do ordenamento e da gestão nos espaços ribeirinhos dificulta
a delimitação das áreas inundáveis, o que contribuiu para o aparecimento de situações de ruptura
e/ou de duvidosa sustentabilidade” (Pedrosa e Costa, 1999).

4.2.8. A Ocupação e Uso do Solo – Fotoi nterp retação

A informação relativa à ocupação do solo, constitui um elemento importante para a


monitorização da dinâmica da região, particularmente no que respeita à evolução de processos de
urbanização/edificação, florestação/desflorestação, expansão/regressão das áreas agrícolas e
incultos. Esta informação permite documentar e esclarecer alguns aspectos da transformação da
paisagem.

A carta de ocupação e uso do solo realizada através da fotointerpretação, como já referido


Cartografia Digital e Detecção Remota |

anteriormente apresenta uma área mínima fotointerpretável de 0,5ha e uma escala de


digitalização de 1:3 000, compatível com a escala final de edição de 1:25000.

Através da análise referente ao gráfico, obtido da carta de ocupação e uso do solo realizada para
a freguesia de Refóios para o ano de 2006, observamos que existe uma predominância de

51
Incultos [I], (33% da área total) e das culturas agrícolas [C], (31% da área total). É de referir que
os incultos situam-se nas zonas mais altas da freguesia.

F IGURA 31 - O CUPAÇÃO DO S OLO - 2006

No processo de formação dos solos de Refóios, as zonas predominantemente sujeitas a processos


de erosão, constituídas por relevos íngremes, especialmente em formas convexas predominam
solos mais delgados, de perfil pouco diferenciado que, nas áreas graníticas, surgem muitas vezes
associados a afloramentos rochosos.

Nas zonas côncavas ou plano-côncavas, que tendem a uma acumulação e redistribuição dos
materiais transportados do alto ocorrem os solos espessos mas que, pela sua juventude, se
apresentam com perfis pouco diferenciados. Quanto aos subsolos, a sua maioria tem um baixo
teor de matéria orgânica e não são tão permeáveis como na camada superior. Por isso, quando
esta é sujeita à erosão, o subsolo não absorve a água da chuva com a mesma rapidez.
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

F IGURA 32 - CARTA DE OCUPAÇÃP E USO DO SOLO


PARA O ANO DE 2006

52
Com a introdução e expansão da cultura do milho e simultaneamente a verificação de um
aumento demográfico, a partir do século XVII assistiu-se a uma conquista gradual de terrenos de
encosta para a agricultura. Como o milho tinha de ser regado, e para impedir a erosão e
economizar água, armaram-se socalcos: inicialmente socalcos largos em encostas mais suaves;
posteriormente, à medida que as encostas mais íngremes iam sendo ocupadas, socalcos estreitos
e altos muros de suporte, a altitudes mais elevadas (100 a 500 metros) o homem criou uma
morfologia de socalcos, ultrapassando deste modo a pobreza dos solos e o declive das vertentes.
Daqui resultou uma ocorrência notável de solos fabricados ou profundamente modificados pelo
homem e, por esta razão, designados por antrossolos.

No processo de construção de socalcos, com solos de reduzida fertilidade mineral por falta de
argila na sua composição, o aumento da fertilidade orgânica dos mesmos foi outro esforço
fundamental realizado pelas populações. Esta correcção orgânica baseou-se na incorporação no
solo de estrumes produzidos com misturas de dejectos animais e detritos vegetais, associados nas
camas dos animais.

A matéria orgânica incorporada no solo – ao longo de séculos – permitiu que se operassem no


solo dois processos fundamentais com características opostas: (i) um processo de destruição,
conduzindo à decomposição dos resíduos e à sua transformação em compostos minerais
(mineralização), que permitiu restaurar o balanço de nutrientes no solo e assim aumentar a
produtividade das culturas; e (ii) um processo conservador, a humificação, em resultado do qual
se originaram complexos coloidais, relativamente estáveis e resistentes à decomposição (os
complexos húmicos).

Os complexos húmicos contribuíram para a agregação do solo, para a melhoria da sua estrutura e
diminuição da erosão, e para a sua capacidade de armazenamento de água e de nutrientes. Este
aumento da matéria orgânica do solo, onde as elevadas temperaturas e humidade do solo
favorecem a mineralização, compensou a baixa fertilidade mineral do solo, aumentando a
produção das culturas, cujas raízes também contribuíram para a melhoria da estrutura do solo e
para o aumento de matéria orgânica do solo.
Cartografia Digital e Detecção Remota |

Apesar da fertilidade dos solos das encostas socalcadas ter aumentado por virtude do esforço
humano, os solos mais férteis de Ponte de Lima localizam-se ao longo das margens dos rios em
formações aluvionares recentes, com maior expressão no vale do rio Lima. As terras chãs
ribeirinhas correspondem a zonas de acumulação e redistribuição de materiais que, devido às
condições topográficas favoráveis e à disponibilidade em água para rega, oferecem uma elevada
aptidão para culturas arvenses e hortícolas de elevado rendimento.

53
A Carta de Ocupação e Uso do Solo para a freguesia de Refóios permite-nos identificar uma
paisagem fragmentada ao nível das categorias de ocupação.

Quanto à ocupação agrícola [C], observa-se que a sua representatividade encontra-se associada
às classes de menor altitude, estando também associada aos solos com melhor aptidão agrícola,
associado a declives menos acentuados e a baixos factores de erodibilidade, favorecendo as
acessibilidades, e desta forma, o uso de determinados meios importantes à conservação e
manutenção da actividade agrícola.

Os espaços florestais encontram-se associados a zonas de relevo muito ondulado ou acidentado,


com declives entre 15 e a 25%, estando muitas destas áreas envoltas por áreas de inculto,
relativamente ao Carvalho [Q], este apresenta uma certa representatividade (5,5% da área total),
o facto de ser uma espécie autóctone com interesses de conservação é importante a sua
representatividade, por outro lado o Eucalipto [E], espécie considerada exótica apresenta uma
percentagem de ocupação de 4,3% da área total.

Temos ainda algumas manchas de Outras Folhosas [F] (cerca de 3,1% da área total) junto à
principal linha de água existente, o Rio Lima, constituindo desta forma as chamadas Galerias
Ripícolas, que são constituídas maioritariamente por espécies arbóreas de várias espécies
classificadas por outras folhosas. Estas galerias ripícolas apresentam uma função muito
importante para as linhas de água, independentemente da sua dimensão, a de sustentação e
protecção das margens, além do seu contributo para a diversidade do ecossistema ribeirinho
local.

Os espaços Urbanos [U] (8,6% da área total), embora distribuídos por toda a área da freguesia,
apresenta uma maior representatividade junto às áreas agrícolas e de baixa altitude,
desenvolvendo-se principalmente junto às principais redes de distribuição, ou seja Ruas
principais da freguesia.
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

O processo relacionado com a ocupação do solo não é estático, pelo contrário, encontra-se em
permanente alteração, sendo também o resultado de um conjunto de vastas interacções entre os
mais diversificados indicadores, entre os quais se podem destacar a actividade humana exercida
no território além das condicionantes naturais como altitude, declives e aptidão do solo entre
outros.

Em anos recentes, a prática tradicional da estrumação tem vindo a ser abandonada resultando,
nas zonas de socalcos, em riscos crescentes para o seu futuro. Nestas zonas, nas últimas quatro
décadas, a população agrícola diminuiu repentinamente tal como os usos e as culturas arbóreo-
arbustivas relativamente às culturas arvenses, então tradicionais, como a batata (Solanum

54
tuberosum) e o centeio (Secale cereale) quando a água era escassa, o milho (Zea maiz)
consociado com o feijão (Phaseolus vulgaris) seguido de azevém (Lolium multiflorum), de erva
molar (Holcus mollis) ou de erva lanar (Holcus lanatus) nos locais em que a água era abundante,
ou ainda o trigo (Triticum aestivum) e o linho (Linum usitatissimum), embora com menor
expressão.

F IGURA 33 - C ARTAS DE O CUPAÇÃO E U SO DO S OLO PARA OS ANOS DE 2000 E DE 2005.

Efectuando-se uma breve análise relativamente à ocupação e uso do solo entre o ano de 2000 e
de 2005, observamos que os espaços Urbanos registam um aumento, e de outras infra-estruturas
e equipamentos.

Verifica-se também um aumento da área de Incultos (espaços com vegetação arbustiva e


herbácea) em detrimento das áreas destinadas à actividade agrícola, em grande parte devido ao já
referido abandono que esta actividade tem estado sujeita nas últimas duas décadas. De registar
que as áreas destinadas à actividade florestal sofreram um decréscimo significativo.
Cartografia Digital e Detecção Remota |

Os solos mais pobres encontram-se nas encostas não socalcadas de média altitude e
essencialmente correspondem a áreas que não dispõem de recursos hídricos, ou a encostas
granitóides convexas e com afloramentos rochosos disseminados. Estas áreas possuem vocação
florestal e são normalmente ocupadas por bouças de matos.

55
É possível constatar que a generalidade dos aluviões recentes, as areias e os sedimentos
detríticos não consolidados, localizam-se a baixa altitude nas margens, ou próximo das margens
do rio Lima e dos seus principais efluentes.

Nas unidades pedológicas de Refoios, predominam os regossolos e os antrossolos, os restantes


solos distribuem-se entre os leptossolos, os fluvissolos, com menor expressão.

Verifica-se a existência do relevo mais acidentado, com a presença de zonas declivosas na parte
norte da freguesia, que coincide com predominância de solos do tipo antrossolos.

F IGURA 34 - R EPRESENTAÇÃO DA O CUPAÇÃO E U SO DO S OLO PARA OS ANOS DE 2000 E DE 2006

Comparando-se a ocupação e uso do solo entre os anos de 2000 e de 2006, existem algumas
diferenças importantes, nomeadamente, a diminuição das áreas de Pinheiro [P] de 14,6% em
2000 passaram para 4,4% da área total em 2006 (aumento de 10,2%), acompanhadas por um
aumento da área de Incultos [I] de 25,3% em 2000 para 33,2% em 2006 relativamente á área
total (um aumento de 7,9%). Estes valores podem estar relacionados entre si, ou seja a
diminuição do Pinheiro, pode ser justificado devido à ocorrência de incêndios florestais que
durante os últimos anos têm assolado a freguesia e a região no seu todo, existindo uma transição
destas áreas para as de Inculto.

Também é possível verificar-se um aumento das áreas relativas ao Urbano [U], e das áreas
relativas à Vinha [V], em contrapartida verificou-se uma diminuição das áreas destinadas às
Cartografia Digital e Detecção Remota | 01-01-2010

culturas anuais [C], quer por abandona da actividade agrícola, quer pelo aumento das áreas
destinadas a construção, ou pela conversão destas em área de Vinha.

O Eucalipto [E] além de não ser uma espécie autóctone, teve um aumento da sua área de
representação, uma vez que em 2000 estava associado a 3,2% da área total e em 2006
apresentava uma representatividade de 4,3% da área total, o facto de esta ser uma espécie de
crescimento rápido e que apresenta uma grande capacidade de regeneração natural, pode
justificar este aumento.

56
A carta de ocupação e Uso do Solo, tendo por base as imagens de satélite tal como as anteriores
apresenta-nos uma imagem fragmentada, sendo que tal expressa a realidade física do território.

Observam-se diferenças comparativamente à carta realizada através de fotointerpretação como


por exemplo, uma menor área destinada à ocupação Urbana.

Em relação às áreas de Inculto, são na sua grande maioria coincidentes nas duas cartas e
localizadas principalmente em zonas de maior altitude, as áreas destinadas às culturas agrícolas
de uma forma geral também se apresentam coincidentes, embora estas se apresentem mais
recortadas. Existe também uma representação das infra-estruturas existente de uma forma
facilmente identificável.

Junto às margens do rio lima, de forma a formar as galerias ripícolas seria de esperar áreas
classificadas como outras folhosas, mas tal não se verifica, pelo contrário existem áreas de
Eucalipto e de Carvalho.
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Verifica-se também que as áreas de pinheiro tal como na anterior não são muito representativas,
ao contrário do Eucalipto que tem vindo a crescer em termos de representatividade. As áreas
classificadas como outras resinosas são também superiores nesta ocupação por classificação de
imagens de satélite do que através da fotointerpretação.

57
4.2.9. Os elementos e dinâmicas human as

O conhecimento da realidade socioeconómica, através do apuramento e análise de indicadores


económicos e sociodemográficos que, ao permitirem interpretar a estrutura e tendências de um
território, permitem fundamentar a definição de uma estratégia de desenvolvimento económica e
social, consonante com a realidade territorial/urbanística e humana, que deverá integrar as
propostas e políticas municipais de ordenamento do território.

A introdução do planeamento estratégico no processo de planeamento e local e de ordenamento


do território surge como uma necessidade de desenvolvimento de metodologias interventivas
para o município, constituindo uma ferramenta de análise prospectiva, na tomada de decisão, de
forma a conduzir eficazmente mudanças de fundo e circunstanciais identificadas num dado
território.

Não é possível, nem desejável, elaborar um relatório como o presente sem deixar de fazer, a
título introdutório, uma contextualização da problemática que nos prende ligando-a, desde logo,
a um âmbito mais vasto – ou não fosse o Vale do Lima, como sistema sócio-económico aberto
que é, influenciável pelos desenvolvimentos ocorridos nas restantes zonas da Região Norte, no
resto do país, na zona de contacto mais frequente com o país vizinho (Galiza) e, a partir daí, na
União Europeia.

Torna-se cada vez mais evidente que a rápida evolução a que as sociedades actuais se encontram
sujeitas, marcada por um contexto de internacionalização e globalização das relações
socioeconómicas, exige que o conhecimento da dinâmica e características territoriais seja cada
vez mais profundo e, sobretudo, A sua operacionalidade e capacidade de difusão e de
actualização assegurem uma eficaz resposta às solicitações colocadas.

De facto, ao nível do ordenamento e gestão do território, importa não apenas ter um


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conhecimento tangente do espaço territorial em todas as suas vertentes, desde os aspectos físicos
e naturais aos sócio económicos e culturais, mas igualmente estruturar e organizar eficazmente a
informação, de base ou resultante de tratamentos e interpretações.

Esta é sem dúvida, uma exigência que importa assegurar para que, perante um contexto concreto
e as influências que sobre ele se exercem, tanto a avaliação de alternativas e opções como a
formulação de cenários e a tomada de decisões sejam efectuadas com recurso aos instrumentos
que permitam adoptar as soluções mais adequadas.

Para quem tem a responsabilidade de gerir um território, a disponibilização de informação acerca


de factores como o relevo e geomorfologia, o clima, a geologia e recursos minerais, os recursos

58
hídricos, o solo, o património natural e histórico-cultural, as acessibilidades, a estrutura,
evolução e dinâmicas populacionais, as actividades económicas, a organização funcional e
estrutura urbana, as áreas regulamentares e de protecção ambiental, as comunidades e locais
sujeitos a maiores pressões e impactes, etc., assume cada vez mais um papel fundamental não
apenas nas tarefas processuais correntes, mas principalmente na definição de cenários e na
adopção do planeamento estratégico que antecipadamente permita enfrentar novas realidades e
evitar os estrangulamentos inerentes à ausência de planificação ou à sua concepção estática e
inoperacional.

Por outro lado, é cada vez mais importante que a recolha, organização, tratamento e preparação
para disponibilização da informação não corresponda apenas à resposta a solicitações e
necessidades de carácter imediato e marcadas por grande especificidade, sendo antes
fundamental que naquele processo prevaleça uma perspectiva mais integrada que, para além
daquelas respostas, garanta a maior flexibilidade e contenha potencialidades para corresponder a
solicitações futuras, colocadas em diferentes contextos, perante novas realidades, objectivos ou
estratégias, num quadro de incertezas e rápida evolução que as sociedades actuais enfrentam.

Mas ao carácter estratégico que cada vez mais o planeamento tem que assumir alia-se a
necessidade de lhe conferir uma perspectiva global e integrada, marcada pelo aproveitamento
dos recursos endógenos num contexto de sustentabilidade, pelo reforço de identidades regionais,
pela mobilização dos meios e agentes e pela operacionalidade dos instrumentos que deverão
orientar o ordenamento do território e o desenvolvimento socioeconómico.

Nesta perspectiva, importa realçar que o território é considerado não apenas como o suporte
físico de infra-estruturas e políticas sectoriais, mas como o espaço privilegiado para as políticas
de desenvolvimento integrado e distribuição de actividades e população.

Os factores socioeconómicos de uma determinada população importância para o estudo das


dinâmicas que operam no meio, assim como para os processos de tomada de decisões a nível
social, económico e ambiental. Estes aspectos são também condicionadores do uso e ocupação
do solo, uma vez que influenciam o desenvolvimento das actividades dos indivíduos,
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possibilitando de alguma forma a sua permanência ou deslocação para outras localidades, à


procura de melhores condições de vida, provocando desta forma o êxodo que tanto caracteriza as
zonas rurais.

Através da análise do Quadro seguinte verificamos uma diminuição da população residente na


freguesia de Refóios do Lima entre os anos de 1991 e de 2001, reflectindo as características de

59
uma freguesia de interior, em que se observa uma crescente diminuição da população, devido a
factores como a emigração e a imigração.

Des. do Indicador Refóios do Lima Ponte de Lima Unidade Período

Área Total 16.4 320.8 km2 2001

População Residente HM 2282 44343 indivíduos 2001

População Residente H 1056 20990 indivíduos 2001

População Presente HM 2455 43711 indivíduos 2001

População Presente H 1121 20516 indivíduos 2001

Famílias Clássicas Residentes 723 13229 nº 2001

Alojamentos Familiares - Clássicos 1064 18527 nº 2001

Variação 1991-2001 -325

Densidade populacional (N.º/ km²) por Local de


138,73
residência (à data dos Censos 2001); Decenal
F IGURA 35 - E LEMENTOS E LEMENTOS RELATIVOS À POPULAÇÃO

No que respeita à distribuição da população residente e por sector de actividade verificamos que
o sector de actividade que predomina é o sector secundário, como a construção civil e obras
públicas, seguido do sector terciário. O sector primário tem assistido a uma grande diminuição
da população activa devido essencialmente ao crescente abandono da actividade agrícola por
parte da população mais jovem, que procuram melhores condições de vida.

Sector de actividade económica

Total N.º Sector terciário (social e


Sector primário Sector secundário
económico)

794 149 408 237


F IGURA 36 - D ISTRIBUIÇÃO DA P OPULAÇÃO R ESIDENTE POR S ECTOR DE A CTIVIDADE . F ONTE : INE, 2002
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Ao analisarmos a carta de Edificado e Vias de Comunicação verificamos que o “grosso” dos


elementos urbanos edificados localizam-se nas cotas baixas da freguesia, nas zonas mais planas
próximas das vias de comunicação e do Rio Lima. À medida que as altitudes vão “subindo”
verificamos que a presença humana faz-se sentir de forma mais difusa.

Os elementos que reflectem as dinâmicas humanas compreendem toda a malha viária e áreas
edificadas para habitação. A freguesia apresenta-se como freguesia com densidade populacional
rural cujos povoados existem em regra no sector central. Ou seja, entre as encostas a norte, este e
oeste e o rio que limita a sul a freguesia, cujas áreas são muito húmidas e pouco adequadas a
habitação. Assim, pela sua desocupação junto ao rio, permitiu o atravessamento por um itinerário

60
principal, IC 28 e uma pequena parte ocupada pela A3 e respectivos nós de ligação. As vertentes
com maior declive encontram-se por regra desocupadas de construção e são atravessadas por
uma intensiva malha de rede viária municipal e caminhos rurais que ligam os vários povoados da
freguesia entre eles e a outros povoados de freguesias contíguas.

F IGURA 37 - E DIFICADO E V IAS DE COMUNICAÇ ÃO

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5 - Considerações finais

Nos últimos anos temos assistido a uma evolução na forma de conceber o ordenamento das
actividades humanas no território e na gestão dos recursos naturais disponíveis. Contudo são
ainda cometidos erros, muitas vezes grosseiros, ao nível do planeamento regional e local nos
processos de transformação operados na paisagem e nos usos do território, criando por vezes
determinadas situações irreversíveis que condicionam a sua (re)qualificação ambiental e
(re)integração dos espaços naturais no meio urbano.

Os processos de urbanização causam por vezes alterações dos equilíbrios biofísicos. Dessa forma
é necessário reapreciar os conceitos e as formas de intervenção no território, estabelecendo-se
estratégias e metodologias ajustadas às particularidades espaciais de cada parcela do território,
seja urbano, rural ou de transição. Assim, é extremamente importante considerar a componente
ambiental no processo de planeamento complementando ainda a avaliação dos impactes
ambientais, consagrando pois, uma preocupação de gestão do espaço territorial onde os valores
ambientais são uma referência permanente e a requalificação dos espaços urbanos um objectivo
principal.

O que leva a regulamentar, nos instrumentos de planeamento, propostas para os usos e a


preservação do território no decorrer dos processos de urbanização, tendo em atenção a natureza,
localização e dimensão das intervenções. Para isso os actos de planeamento devem conter as
respostas para questões que se neste domínio colocam.

As actividades humanas implantadas na área de estudo alteram as características morfológicas,


ao nível da permeabilidade dos solos e do coberto vegetal, que protege o solo da acção directa da
chuva e através das suas raízes, forma uma rede que retêm as partículas do solo, retardando a
velocidade de escoamento da água e dessa forma, reduzindo a sua energia cinética e o seu poder
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erosivo. Uma vez quebrado o equilíbrio natural, aumenta o poder destrutivo dos agentes
erosivos, que ao arrastar quantidades elevadas de sedimentos, vai provocar o assoreamento dos
cursos de água, condicionando a ocorrência de cheias.

O zonamento Geoambiental subsidia o planeamento ambiental do uso e ocupação de terras, e a


optimização do uso dos recursos naturais, indicando as potencialidades e/ou limitações do meio
físico e as suas condições para sustentabilidade de acordo com os diversos interesses
económicos. Por meio da integração e compartimentação de características oriundas do meio
físico, é possível estabelecer condicionantes que estão em equilíbrio/desequilíbrio actual,

62
facilitando uma melhor indicação ou orientação quanto à ocupação, procurando minimizar e
recuperar os ambientes de acordo com a capacidade de suporte.

Os estudos realizados por meio de levantamentos integrados dos recursos naturais, utilizando
técnicas de Sensoriamento Remoto e SIG, são importantes para a adopção de procedimentos
metodológicos para conduzir à delimitação de unidades geoambientais.

Por meio da interpretação de dados de drenagem, altimetria em imagens de satélites é possível


analisar e avaliar deformações morfotectónicas, identificando falhas e fracturas, fundamentais na
diferenciação de áreas instáveis e consequentemente, potenciais da erosão natural.

A densidade ou intersecção dessas estruturas e o seu grau de fractura, proporcionam a


identificação da espacialização das concentrações. A morfoestrutura com as deformações do tipo
estrutural, é outra análise fundamental no zonamento geoambiental, e quando associados às
formas topográficas do relevo contribuem para melhor planear obras de engenharia e recursos
agrícolas, enfatizando a importância de diferentes usos, para diferentes ambientes.

A Sistemática de zonamento geoambiental é muito eficaz, como parte do processo de


planeamento do uso dos solos, permitindo analisar e ordenar as características naturais do meio
ambiente, tendo como ponto de partida da análise da sua estrutura.

A Detecção Remota, enquanto uma ciência, é muitas vezes usada com o intuito de obter mapas
temáticos que representem de forma fidedigna a variável ou processo em análise. Contudo, a
obtenção deste tipo de informação com recurso às técnicas associadas à Detecção Remota não é
por norma um objectivo final, mas sim uma fase de recolha de informação de base para ser
integrada num Sistema de Informação Geográfica (SIG), junto com outros descritores (Alonso et
al, 2005).

Pelo facto de termos efectuado a comparação de dois resultados obtidos através de diferentes
métodos, permitiu-nos tirar algumas conclusões relativamente à informação utilizada e à
informação obtida, ou seja a comparação entre a carta de ocupação e uso do solo através da
fotointerpretação e a ocupação e uso do solo através da classificação digital de imagens, além de
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possibilitar uma análise relativa à ocupação e estudo das dinâmicas ocorridas no território,
possibilita a interpretação do grau de pormenor. Uma vez que os ortofotomapas utilizados
apresentam um pixel de 0,5m e as imagens de satélite 10m, associado ao facto de apresentarem
escalas diversas, direcciona-nos para o grau de pormenor apresentado nestas duas cartas de
ocupação, ou seja através da fotointerpretação apresentamos uma carta mais detalhada e com um

63
grau de pormenor mais elevado, enquanto, através da classificação de imagens de satélite o
pormenor é menor e existe uma maior agregação de informação.

O facto de o resultado final por classificação digital de imagem, representar uma imagem
fragmentada, com os limites mais rígidos, ao contrário da restante informação, pode-se
relacionar também devido aos diferentes formatos que estas apresentam, enquanto uma se
apresenta em formato raster, a outra apresenta formato vectorial, o que pode induzir a uns limites
moldados de acordo com a real ocupação do solo.

Uma das vantagens associadas às imagens de satélite é o facto de estas abrangerem uma área
superior à dos ortofotomapas, sendo que a sua escala é também superior, uma vez que a distância
em que estas imagens são captadas também diferem entre si, logo estes factores vão também
condicionar o grau de informação presente em cada uma delas, informação que pode também ser
influenciada pela sua resolução, ou seja o tamanho do pixel, regra geral é superior nas imagens
de satélite do que nos ortofotomapas.

Considerando-se as potencialidades da utilização de Sistemas de Informação Geográfica,


associadas ao facto de que uma informação de maior qualidade conduz, inevitavelmente, a
decisões mais fundamentadas e ajustadas à realidade está na base dos SIG se tornarem uma
ferramenta indispensável nas mais diversas áreas de trabalho e em especial na análise dos
sistemas biofísicos.
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64
6 - Bibliografia

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7 - ANEXOS (Peças desenhadas)
Anexo 1 – Carta Topográfica

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Anexo 2 – Carta Edificado e Vias de Comunicação
Anexo 3 – Carta de Solos

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71
Anexo 4 – Carta de Ocupação do Solo (Através de
fotointerpretação)
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72
Anexo 5 - Carta de Ocupação do Solo (Através da classificação
automática definida e com base em imagens do satélite).

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