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PRÁTICAS (3/10/08) (Miguel Furtado)

Telemóvel: 964593608
E-mail: mrfurtado@hotmail.com

Direito mercantil (ou comercial): regula o acto mercantil (o acto de comércio).


Assim, mesmo o não comerciante pode praticar um acto de comércio (art.º 1º
do Código Comercial).

Acto de comércio: o Código Comercial indica-nos quais são os requisitos


(art.º 2º do C.Com.) ---» Todos aqueles que se encontrem especialmente
regulados neste Código (Código Comercial).

1. Acto de comércio objectivo: tanto o comerciante como o não


comerciante podem praticar este acto de comércio; tem a ver com o
próprio acto em si.
 Acto regulamentado tanto no Código Civil como no
Comercial:
 Compra e venda (vem definida no C.C.): art.º 874º do
C.C. e art.º 463º do C.Com.

Exemplos:
 Acto civil: eu compro um código a um colega; eu compro um código a
um colega, no entanto, passado um ano vendo-o a outro colega, mas
não tinha intenção de o fazer aquando da compra;
 Acto mercantil: eu compro um código a um colega, mas com a intenção
de o vender a outro colega.

NOTA: o código comercial foi elaborado em 1888.

 Locação (é um empréstimo, com uma retribuição): art.º


1022º do C.C. e art.º 481º do C.Com.

Aluguer mercantil: quando compro um carro, com a intenção de o alugar a


outra pessoa.

 Empréstimo: art.º 1142º do C.C. e art.º 394º do C.Com.

 Acto regulamentado no Código Comercial:


 Operações de banco: art.º 362º do C.Com.
 Transporte: art.º 230º, n.º 7 e 366º do C.Com.

 Acto regulamentado num diploma extravagante comercial.

 Acto regulamentado no Código Civil:


 Prescrição: art.º 317º, al. b) do C.C.
 Trespasse: art.º 1122º do C.C.
 Locação de estabelecimento: art.º 1109º do C.C.

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2. Acto de comércio subjectivo: tem a ver com o indivíduo.
 Ser comerciante;
 Não ser de natureza exclusivamente civil (exemplo: doação);
 Estar interligado à actividade comercial do comerciante (se do
contrário do próprio acto não resultar).
 OS REQUISITOS ACIMA MENCIONADOS, SÃO REQUISITOS
COMULATIVOS (basta um deles não se verificar para já não
estarmos perante actos de comércio subjectivo).

3. Acto civil: (se não for nenhum dos outros, é este).

(10/10/08)

Teste dia 16 de Dezembro de 2008.

 Actos de comércio objectivos;


 Actos de comércio subjectivos.

Análise do artigo 230º do C.Com. (das empresas)

 Este artigo diz-nos quem são considerados comerciantes;


 N.º 1 ---» actividade mercantil (industrial);
 N.º 2 ---» actividade mercantil (de compra e venda);
 N.º 3 ---» empresa mercantil;
 N.º 4 ---» empresa mercantil;
 N.º 5 ---» actividade mercantil;
 N.º 6 ---» actividade mercantil;
 Todos os números supracitados correspondem a actos de
comércio.

Diferença entre o 1º e o 2º parágrafo do artigo 230º do C.Com. ---» no 1º


parágrafo o agricultor transforma o bem (produto) (indústria), enquanto que no
2º parágrafo o agricultor vende o bem.

De acordo com o 3º parágrafo do art.º 230º do C.Com. ---» exemplo: o Tony


Carreira não é comerciante, nem um escritor, visto que quem edita e publica as
obras são entidades por eles escolhidas.

Análise do artigo 464º do C.Com.

 Este artigo diz-nos quem não é considerado comerciante;


 N.º 2 ---» o agricultor que vende e compra livros é considerada uma
actividade mercantil;
 N.º 3 ---» protecção do artista ---» a compra e venda que fizeram não é
considerada mercantil, mas sim civil.
 N.º 4 ---» é considerada civil.

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ARTIGO 230º DO C.Com.

Há autores que consideram este artigo como actos de comércio


objectivos e outros autores consideram actos de comércio subjectivo.
No entanto, os considerados certos são os que defendem que este
artigo é composto por actos de comércio objectivos, visto que estão
regulamentados no código (de acordo com o art.º 2º do C.Com.) e também
devido à hierarquia desse mesmo artigo.
Assim, só é considerado comerciante se praticar, regularmente, as
actividades enunciadas no artigo.
Desta forma, os actos de comércio subjectivos são complementares aos
actos de comércio objectivos.
No caso deste artigo, o que está em questão são os actos praticados, as
actividades praticadas e não quem as pratica, visto as actividades elencadas
nestes sete números serem actividades principais (actividades de comércio).

CASOS PRÁTICOS

Caso prático 1:

1.1- A empresa “vaca e leite Lda.”, produtora e vendedora de leite,


adquire ração para alimentar os cães que guardam a propriedade.

Resposta:

Não é um acto de comércio objectivo, visto não se verificar o art.º 230º,


n.º 2 nem o 463º, n.º 1 do C.Com..
É comerciante; não tem natureza exclusivamente civil; não tem ligação
com a actividade comercial do comerciante.
Assim, também não é um acto de comércio subjectivo (art.º 464º, n.º 1 e
874º do C.Com.), visto não estar preenchido um dos três requisitos.
Concluímos, assim, que estamos perante um acto civil.

1.2- E se a ração for para as vacas leiteiras?

Resposta:

Neste caso, é um acto de comércio subjectivo, porque interfere na


actividade em si e preenche os três requisitos.

Caso prático 2:

António compra imóveis no Campo Grande. A solicitação de alguns


colegas da universidade, aproveita para arrendar algumas das
habitações.

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Resposta:

Parte-se sempre do art.º 2º do C.Com.. Assim, verifica-se que esta


situação não está regulamentada no código (art.º 463º, n.º 1 e 230º, n.º 2 do
C.Com.), logo não é um acto de comércio objectivo.
Verifica-se também que António não é comerciante, nem há ligação
entre a actividade comercial e a do comerciante.
Desta forma, como os requisitos não se preenchem (apenas um deles
está preenchido), verifica-se que não estamos perante um acto de comércio
subjectivo.
Conclui-se, assim, que estamos perante um acto civil (art.º 464º, n.º 1,
874º e 481º do C.Com.) ---» fazendo uma interpretação extensiva.

Caso prático 3:

3.1- O clube “sport Lisboa de Alvalade” adquire um autocarro para


transportar os jogadores durante os jogos.

Resposta:

Não é um acto de comércio objectivo, porque não está regulamentado


no código, visto não se verificar o art.º 463º, n.º 1 nem o 230º, n.º 2 do
C.Com..
Verificamos, também, que não é um acto de natureza exclusivamente
civil, não é comerciante, logo, como não é comerciante não tem nenhuma
ligação com a actividade mercantil.
Assim, constata-se que não é um acto de comércio subjectivo.
Portanto, concluímos que é um acto civil (art.º 874º e 464º, n.º 1 do
C.Com.).

3.2- E se for uma sociedade anónima desportiva (SAD)?

Resposta:

Neste caso, é comerciante e é uma actividade do comerciante (art.º


230º, n.º 4 do C.Com.), logo, é um acto de comércio subjectivo.

Caso prático 4:

Pedro emite uma letra de câmbio a João.

Resposta:

A letra de câmbio tem natureza mercantil, assim, estamos perante um


acto de comércio objectivo.

Caso prático 5:

5.1- Miguel empresta 10 mil euros a Catarina, para esta adquirir


mercadorias para a sua mercearia.

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Resposta:

Este caso inclui-se na primeira parte do art.º 2º do C.Com., visto que o


empréstimo se encontra regulado no art.º 1143º do C.C. e 394º do C.Com..
Assim, de acordo com o art.º 463º, n.º 1 do C.Com. a compra é um acto
de comércio.
Logo, de acordo com o art.º 394º do C.Com. o empréstimo é um acto de
comércio objectivo, porque está regulamentado no código.

5.2- E se for o banco a emprestar, mas para Catarina comprar um carro


para fins particulares?

Resposta:

De acordo com o art.º 362º do C.Com. é um acto de comércio, pois a


actividade bancária encontra-se regulada no código.

(17/10/08)

1) Actos de comércio absolutos: são actos de comércio devido à sua


natureza intrínseca; radica no próprio comércio:
 Atendendo à sua natureza: a sua substância, conteúdo, matéria
é o próprio comércio:
 Actividade de mediação nas trocas (compra e venda);
 Actividade industrial (transformação do bem; construção;
exploração, espectáculo público, edição de livros, CD’s…);
 Actividade financeira (operação de banco);
 Actividade aleatória (seguros, jogos de sorte e azar:
lotaria, casinos, totoloto, etc.);
 Prestação de serviços (transporte, telecomunicações,
publicidade, etc.).
Assim, todos estes são actos substancialmente
comerciais (tem que ser uma actividade de comércio).

 Atendendo à sua forma:


 Actos sobre títulos de crédito (letra, livrança, cheque).
Assim, todos estes são actos formalmente comerciais.
 Atendendo ao seu objecto:
 Trespasse de estabelecimento;
 Locação de estabelecimento;
 Arrendamento para comércio ou indústria;
 Transmissão de participações sociais.

2) Actos de comércio por conexão ou acessórios:


 Actos de comércio por conexão subjectiva (quando recai
sempre no art.º 2º, 2ª parte do C.Com.);
 Actos de comércio por conexão objectiva directa;
 Actos de comércio por conexão objectiva indirecta.

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- Os actos subjectivos são SEMPRE actos de comércio por conexão (ou
acessórios) subjectiva.

Exemplo 1:

MANDATO / EMPRÉSTIMO / COMPRA


 O mandato é um acto de comércio por conexão objectiva indirecta;
 O empréstimo é um acto de comércio por conexão objectiva directa.
 A compra tem que ser, obrigatoriamente, um acto de comércio absoluto.

Exemplo 2:

MANDATO / COMPRA
 O mandato é um acto de comércio por conexão objectiva directa. E é por
conexão objectiva, porque está regulamentado no código (art.º 231º do
C.Com.).

CASOS PRÁTICOS

Caso prático 1:

1.1- Liliana, agricultora, vê numa loja de electrodomésticos uma


promoção de máquinas de lavar roupa. Decide então comprar
algumas para revender posteriormente.

Resposta:

Parte-se sempre do art.º 2º do C.Com.. Assim, neste caso, de acordo


com o art.º 2º, 1ª parte do C.Com., verifica-se que esta situação está
regulamentada no código, logo, estamos perante um acto de comércio
objectivo (é uma compra para revender), visto verificarem-se os artigos 463º,
n.º 1 e 230º, n.º 2 do C.Com..
Desta forma, é um acto de comércio absoluto, atendendo à sua natureza,
visto que o seu conteúdo é o próprio comércio (a actividade é, ela própria, o
comércio).
Assim, e pela mesma razão, é um acto substancialmente mercantil.
O que está aqui em causa não é a actividade dela enquanto agricultora,
visto não estarem aqui em questão uvas, maçãs, couves, etc.
Poderíamos falar no art.º 464º do C.Com., no entanto, neste caso, não
era necessário.

1.2- No momento da venda e como possui uma camioneta comercial


decide alugar a mesma para os compradores poderem transportar os
bens referidos para as suas residências.

Resposta:

Neste caso, não estamos perante um acto de comércio objectivo, visto


este tipo de aluguer não estar regulamentado no código (art.º 2º, 1ª parte do

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C.Com.). O aluguer significa que não é o próprio que utiliza, é um terceiro (art.º
1022º do C.C. e 481º do C.Com.).
Constatamos, também, que não estamos perante um acto de comércio
subjectivo, visto não se verificarem os três requisitos cumulativos exigidos: ela
não é comerciante (visto ser agricultora ---» art.º 230º, parágrafo 1º e 2º do
C.Com.); não é um acto exclusivamente mercantil; não há ligação entre a
actividade comercial e o comércio, visto que ela não é comerciante.
Assim, visto não estarmos perante um acto de comércio, estamos perante
um acto civil (art.º 464º do C.Com.).

1.3- E se for a mesma a transportar os bens em troca de um valor


monetário?

Resposta:

Neste caso, está em causa o transporte (é a própria pessoa que o faz),


de acordo com os artigos 230º, n.º 7 e 366º do C.Com..
Assim, não estamos perante um acto de comércio objectivo, visto não
estar regulamentado no código (art.º 2º, 1ª parte do C.Com.).
Verificamos, também, que não estamos perante um acto de comércio
subjectivo, pelas mesmas razões apontadas na alínea anterior.
Assim, estamos perante um acto civil (art.º 464º do C.Com.).

Caso prático 2:

Filipe, músico, adquire uma guitarra para utilizar na sua actividade


profissional. Contudo, a promotora musical para a qual o grupo de que
faz parte trabalha, oferece-lhe um instrumento mais evoluído, resolvendo
este vender a que comprou a uma empresa de aluguer de artigos
musicais.

Resposta:

 No que respeita à compra e venda:


 este tipo de compra e venda não está regulamentado no código,
porque ele não tinha intenção de vender a guitarra aquando da compra.
Assim, não é um acto de comércio objectivo (art.º 2º, 1ª parte do
C.Com.), de acordo com os artigos 230º, n.º 2 e 463º do C.Com..
 Verificámos, também, que não é um acto de comércio subjectivo (art.º
230º, n.º 5 e parágrafo 3º do C.Com.), visto que ele não é
comerciante, a compra não é exclusivamente civil, a actividade
comercial não tem ligação com o comércio.
 Assim, a compra não é mercantil, logo, estamos perante um acto civil
(artigos 464º, n.º 1 e 3 do C.Com. e 874º do C.C.).

 No que respeita à doação (em relação à promotora):


 A doação (art.º 940º do C.C.) não tem natureza mercantil, logo
não está regulamentada no código. Assim, não é um acto de
comércio objectivo (art.º 2º, 1ª parte do C.Com.).

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 A promotora é comerciante; o acto não é exclusivamente civil; há
ligação entre a actividade comercial e a empresa. Assim, estamos
perante um acto de comércio subjectivo, visto estarem
preenchidos os três requisitos cumulativos (art.º 2º, 2ª parte do
C.Com.).
 Desta forma, é um acto de comércio por conexão subjectiva.

 No que respeita à empresa:


 Como é uma empresa de aluguer (art.º 464º, n.º 1 do C.Com.),
ela comprou para alugar. Assim, é um acto de comércio objectivo.
Desta forma, é um acto de comércio absoluto, atendendo à sua
natureza, logo, é um acto substancialmente comercial.

Caso prático 3:

João vende acções de uma empresa a Maria.

Resposta:

Esta actividade está regulamentada no código das sociedades


comerciais, bem como no art.º 463º, n.º 5 do C.Com..
Assim, estamos perante um acto de comércio objectivo. Desta forma, é
um acto de comércio absoluto, atendendo ao seu objecto (visto que tem a ver
com a empresa).

(24/10/08)

Actos de comércio causais: preenchem ou realizam uma determinada causa-


função jurídico-económica.
 Por exemplo: compra e venda, empréstimo, locação.
 Aqui, sei que negócio foi feito (não interessa qual o bem em concreto,
mas sim o negócio em si).

Actos de comércio abstractos: preenchem ou realizam uma multiplicidade


indeterminada de causas-funções jurídico-económicas.
 Por exemplo: se eu emitir uma letra a alguém (não se sabe se foi um
empréstimo, uma compra e venda…).
 Aqui, não sei que negócio foi feito.
 TRUQUE: estamos perante actos de comércio abstracto só quando
houver emissão de um título de crédito (letra, livrança, chque).

Actos de comércio bilaterais, bilateralmente comerciais ou puros: tem


carácter comercial para as duas partes.
 Não significa que as partes sejam comerciantes.
 Por exemplo: se eu comprar um código para vender a alguém, e esta
pessoa o comprar a mim para o vender a outra pessoa.

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Actos de comércio unilaterais, unilateralmente comerciais ou mistos: tem
carácter comercial para uma parte e carácter civil para outra.
 Por exemplo: se eu comprar um código para vender a alguém, e essa
pessoa usar esse código para dar aulas (ou seja, para uso particular).

- Ver art.º 99º do C.Com. (diz-nos por qual direito nos devemos reger: se pelo
direito comercial, se pelo direito civil).
Por regra, devemos aplicar em primeiro lugar o direito comercial (porque
é o direito especial) e só depois, subsidiariamente, caso seja necessário, o
direito civil (porque é o direito comum, geral).

Responsabilidade por dívidas comerciais dos cônjuges (casal)

- Art.º 1671º do C.C.;


- Art.º 1690º do C.C.;

- Art.º 15º do C.Com. ---» tem três requisitos comulativos:


 A dívida tem que ser mercantil (acto de comércio);
 O devedor tem que ser comerciante;
 Estes dois requisitos são cumulativos, se verificarem-se os dois
vamos para a terceira etapa, existe presunção.
 Se falhar uma delas, vamos para o art.º 1691º, n.º 1, al. c) do
C.C..
 Segundo estes dois requisitos, o ónus da prova pertence ao
credor (art.º 342º do C.C.).
 A dívida mercantil do comerciante tem que ser para o seu comércio.
 Aqui, há presunção, o devedor tem que provar.

É obrigatória a cumulatividade dos três requisitos. Se falhar algum, vamos


SEMPRE para o art.º 1691º, n.º 1, al. c) do C.C..
o De acordo com esta alínea, por regra, o devedor é que beneficia
(esta alínea beneficia o devedor).
o Assim, é o credor que tem que provar que há proveito comum.

Com a verificação dos três requisitos, vamos SEMPRE para o art.º 1691º,
n.º 1, al. d) do C.C..
o De acordo com esta alínea, por regra, o credor é que beneficia (esta
alínea beneficia o credor).

 Art.º 1691º, n.º 1, al. c) do C.C.:


 O ónus da prova pertence ao credor.
 Tem que provar que há proveito comum do casal.
 VER: art.º 342º e 1691º, n.º 3 do C.C..

 Art.º 1691º, n.º 1, al. d) do C.C.:


 O ónus da prova pertence ao devedor.
 Existe uma presunção.
 O devedor tem que provar que não existe proveito comum.
 VER: art.º 1691º, n.º 3 do C.C..

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 Art.º 1691º, n.º 1, al. c) do C.C. ---» a responsabilidade é só de um:
 Se não houver proveito comum do casal.

 Art.º 1691º, n.º 1, al. d) do C.C. ---» a responsabilidade é só de um:


 Se não houver proveito comum do casal;
 Se houver separação de bens.

- Por regra, há sempre proveito comum.

Não há proveito comum do casal:


 Se houver separação de facto;
 A outra parte não pode ter um beneficio de elevado valor ou/e
continuado ---» atenção: não precisa de ser em dinheiro.

 Art.º 1695º, n.º 1 do C.C. ---» responsabilidade conjunta ---» regime de


comunhão (geral e adquiridos):
1. Responsabilidade subsidiária:
 Primeiro, vai-se obrigatoriamente ao património comum do casal.
2. Responsabilidade solidária:
 O credor pode escolher livremente o património próprio de cada
um.

 Art.º 1695º, n.º 2 do C.C. ---» regime da separação de bens:


1. Responsabilidade subsidiária:
 Não há património comum;
 O credor tem que penhorar primeiro o património próprio do
devedor.

 Art.º 1696º, n.º 1 do C.C.:


1. Responsabilidade subsidiária:
 Primeiro, o património próprio do devedor;
 Meação (parte) do património comum do casal (como é lógico,
este apenas é possível no regime de comunhão de bens).

(31/10/08)

Usucapião: significa que eu sou proprietário de alguma coisa.

Usufruto: significa que eu tomei posse de alguma coisa durante algum tempo.

Regimes de casamento:

 Comunhão de adquiridos (é a regra/norma supletiva) (art.º 1717º a


1726º do C.C.);
 Comunhão geral ou comum (art.º 1732º a 1734º do C.C.);
 Separação de bens (art.º 1735º do C.C.).

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CASOS PRÁTICOS

(vale 6 valores)

1-
Gonçalo, comerciante de veículos automóveis e casado com Inês
no regime de comunhão de adquiridos, compra em 2002, várias viaturas
no valor total de 400 mil euros.
Em 2004, devido a desavenças familiares, decidem separar-se,
ficando Inês com a tutela da filha Sandra, enquanto não se concretiza o
correspondente divórcio, acordando-se que Gonçalo continuará a
suportar a formação desta última.
No ano subsequente, os pais de Inês falecem, deixando uma
herança de 200 mil euros, tendo Gonçalo, devido a problemas financeiros,
cessado o pagamento das prestações respectivas.
Quid júris?

Resposta:

 Art.º 1671º, n.º 1 e 2 do C.C. ---» assim, cada um deles pode contrair as
dívidas que quiser (art.º 1690º, n.º 1 do C.C.), visto serem iguais os
direitos de ambos os cônjuges;

 Art.º 15º do C.Com. ---» Gonçalo comprou carros para vender (era
comerciante). Assim, é um acto de comércio objectivo (art.º 2º, 1ª parte
do C.Com. e art.º 230º, n.º 2 e 463º, n.º 1 do C.Com.) ---» porque
Gonçalo comprou para revender.

 Art.º 342º, n.º 1 do C.C. (ónus da prova) ---» o credor é que tem que
provar a dívida. No entanto, de acordo com o art.º 15º do C.Com., o
Gonçalo é que tem que provar.

 Assim, como Gonçalo era comerciante e a actividade está relacionada


com o seu comércio, passamos para o art.º 1691º do C.C. ---» desta
forma, de acordo com o n.º 1, al. d), presume-se que há proveito comum
(art.º 1691º, n.º 3 do C.C.).

 Estavam separados de facto e a Inês não tinha nenhum benefício.


Assim, estão preenchidos os dois requisitos, logo, não há proveito
comum).

 Assim, a responsabilidade é só do Gonçalo. Portanto, de acordo com o


art.º 1696º, n.º 1 do C.C. responde o património próprio do Gonçalo e,
subsidiariamente, a meação nos bens comuns.

 De acordo com o art.º 1722º, n.º 1, al. b) do C.C., a herança pertence


aos dois (Gonçalo e Inês).

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 No que respeita ao ano de 2002 (data da compra), como não há
separação de facto pode ir à herança dela ---» art.º 1695º, n.º 1 do C.C.
---» primeiro vai ao património comum do casal e só, solidariamente, vai
à herança dela.

(9 valores)

2-
Reinaldo, comerciante de imóveis e casado em comunhão geral
com Dânia, também comerciante, adquire em 2006, material de
construção no valor de 200 mil euros, nomeadamente cimento, areia e
similares.
Em 2007, devido a desavenças familiares, decidem separar-se,
ficando Dânia com a tutela do filho André, enquanto não se concretiza o
correspondente divórcio, continuando Reinaldo a suportar as propinas da
universidade onde a esposa estuda, bem como o colégio deste.
No mesmo ano, o irmão de Dânia transmite-lhe um terreno com a
cláusula de incomunicabilidade, no valor de 50 mil euros, que se encontra
arrendado por um montante de 5000 euros anuais, tendo Reinaldo, por
problemas financeiros, cessado o pagamento das prestações respectivas.
O património comum ascende a 60 mil euros, faltando liquidar 90
mil euros.

a) Diga se o credor pode atingir o terreno de Dânia.

Resposta:

 Reinaldo pode contrair a dívida (art.º 1671º, n.º 1 e 2; e 1690º, n.º 1 do


C.C.).

 Art.º 15º do C.Com. (natureza da dívida) ---» o credor é que tem que
provar que Reinaldo é comerciante e a dívida é mercantil (art.º 342º do
C.C.).

 Art.º 230º, n.º 6 e 463º, n.º 1 do C.Com. ---» a dívida é mercantil,


porque está regulamentada no código. Assim, é um acto de comércio
objectivo (art.º 2º, 1ª parte do C.Com.).

 Assim, como Reinaldo é comerciante, a dívida é mercantil e foi contraída


no âmbito do seu comércio, passamos para o art.º 1691º, n.º 1, al. d) do
C.C.).

 Há separação de facto e também benefício por parte de Dânia


(propinas). Assim há proveito comum (visto que só está preenchido um
requisito) ---» eles não conseguem provar que não há proveito comum
(art.º 1691º, n.º 3 do C.C.).

12
 Assim, a responsabilidade é dos dois (art.º 1695º, n.º 1 do C.C.) ---»
primeiro responde o património comum do casal e só depois os bens
próprios de cada um (à escolha do credor).

 Art.º 1732º e 1733º, n.º 1, al. a) do C.C.

 Art.º 1733º, n.º 2 do C.C. ---» o arrendamento (5000 euros) é bem


comum. Assim, o credor podia “pegar” neste bem próprio (ou seja, nos
5000 euros).

 No que respeita ao ano de 2006 (data da compra), há proveito comum,


visto não haver separação de facto (art.º 1690º, n.º 2 do C.C.) ---» o que
importa é a data da contracção da dívida.

b) O que mudaria na resposta anterior se Reinaldo tivesse adquirido


telemóveis para revender, em vez do material referido?

Resposta:

 Art.º 463º, n.º 1 e 230º, n.º 2 do C.Com. ---» é um acto de comércio


objectivo (compra e venda mercantil), pois está regulamentado no
código (art.º 2º, 1ª parte do C.Com.).

 Reinaldo consegue provar que a actividade não tem a ver com o seu
comércio. Assim, art.º 1691º, n.º 1, al. c) do C.C. ---» é o credor que
tem que provar que há proveito comum (há inversão do ónus da prova).

 Assim, como há proveito comum a resposta é igual à da alínea anterior.

c) E se, atendendo à hipótese inicial, o regime de casamento fosse o


da separação de bens?

Resposta:

 Art.º 1691º, n.º 1, al. d) do C.C., última parte ---» assim, a dívida é só
do Reinaldo, visto estarem casados no regime da separação de bens.

 Art.º 1696º, n.º 1 do C.C. ---» primeiro, responde o património próprio do


Reinaldo e só depois a meação.

 O credor não pode atingir o terreno de Dânia, porque há separação de


bens. Assim, tanto o terreno como o arrendamento são património
próprio de Dânia, logo o credor não pode ir buscar nada lá.

 Art.º 1735º do C.C.

13
(7/11/08)

Formas de locação comerciais:


 Trespasse (art.º 1112º do C.C.);
 Locação de estabelecimento (art.º 1109º do C.C.);
 Arrendamento para comércio ou indústria.

NOTA:
 O trespasse é definitivo (entrego o estabelecimento, por venda, doação,
etc.). No entanto, a locação é temporária.
 Tanto o trespasse como a locação de estabelecimento significam a
transferência do estabelecimento. Já o arrendamento para comércio ou
indústria significa apenas a transferência da área.
 De realçar que no trespasse os empregados também estão incluídos.

Trespasse (características cumulativas):


Acto inter-vivos;
Transmissão definitiva e permanente do estabelecimento comercial;
Não é necessária autorização do senhorio;
Possibilidade de desenvolver de imediato as actividades comerciais ou
industriais;
Manter obrigatoriamente o mesmo ramo de comércio ou indústria;
Forma através de documento escrito;
Comunicação ao senhorio;
Por regra não há direito de preferência. Só na venda ou dação em
cumprimento, que inclusive pode ser afastado por acordo, entre o
senhorio e anterior arrendatário.

NOTA:
 O art.º 1112º do C.C. tem que ser interpretado de forma extensiva (tem
que se fazer uma interpretação extensiva).

Trespassante: é quem trespassa.

Trespassário: é quem adquire (a quem é trespassado).

Trespasse parcial: só pode haver se as partes forem autónomas.

Direito de preferência:
 Pacto de preferência ---» conhecimento do preferente (art.º 416º do
C.C.);
 Pluralidade de titulares (art.º 419º do C.C.);
 Acção de preferência (art.º 1410º do C.C.).

Comunicação ao senhorio:
 Art.º 1038º, al. f) e g) do C.C. (obrigações do locatário);
 Art.º 1083º, al. e) do C.C.;
 Art.º 1049º do C.C. (cedência do gozo da coisa);

14
 Art.º 1085º do C.C. (o senhorio tem 1 ano para colocar a acção de
resolução do contrato.

Consequência da não comunicação ao senhorio: caso não comunique, o


senhorio pode resolver o contrato.

(14/11/08)

CASOS PRÁTICOS

(vale 8 valores)

1-
João possui um supermercado em dois imóveis arrendados, na
zona de Lisboa.
Em Dezembro de 2007, devido a uma dívida que detinha perante
Cátia, decide transmitir verbalmente a sua posição de arrendatário para
saldar a mesma, mas continua com um armazém afecto a tal
estabelecimento, bem como uma arca frigorífica, uma caixa registadora e
umas prateleiras.
Cátia, no entanto, instala uma empresa de venda de produtos
naturais, não comunicando ao senhorio ser a nova proprietária e numa
das vezes que realizava o pagamento da renda é informada pelo mesmo
que lhe será interposta uma acção de resolução do contrato por este
motivo.

a) Diga se a situação apresentada se enquadra no trespasse.

Resposta:
 É um acto inter-vivos; a transmissão do estabelecimento comercial é
definitiva e permanente; não é necessária autorização do senhorio; é
possível desenvolver de imediato as actividades comerciais ou
industriais; o mesmo ramo de comércio manteve-se; no entanto, a forma
através de documento escrito não se verificou.
 Assim, esta dação em cumprimento teria que constar de documento
escrito (art.º 219º e 220º do C.C.). Como assim não foi, é nulo (art.º
1112º, n.º 4 do C.C.).
 No que respeita a João ter ficado com o armazém, é possível, visto
tratar-se assim de um trespasse parcial.
 Concluímos, então que não estamos perante um trespasse, visto não se
ter verificado uma das características (cumulativas) do mesmo.
 Porém, como não há documento escrito, também não poderia ser
locação de estabelecimento, nem arrendamento para comércio ou
indústria.

b) Imaginando que se verifica um trespasse, existiria direito de


preferência? Se sim, que procedimentos deveriam ter sido
adoptados pelas partes?

15
Resposta:
 Estamos perante uma dação em cumprimento (art.º 837º do C.C.);
 Por regra, não há direito de preferência, mas neste caso há;
 Procedimentos a tomar: art.º 416º; 1112º; 419º, n.º 2 do C.C.
 Tinha que ser comunicado aos dois (ao senhorio e ao João) e caso os
dois estivessem interessados em exercer o direito de preferência, era
aberta uma licitação e a melhor proposta vencia;
 O senhorio tinha 6 meses para colocar uma acção em tribunal, caso não
lhe fosse comunicado o direito de preferência (art.º 1410º do C.C.).

c) Pode o senhorio resolver o contrato?

Resposta:
 O locatário era obrigado a comunicar (mas João não comunicou) (art.º
1112º, n.º 4; 1038º, al. f) e g) do C.C.);
 De acordo com o art.º 1083º, n.º 1 e 2, al. e); 1049º do C.C. pode
resolver o contrato se for ineficaz;
 Como já tinha recebido rendas anteriores, não podia resolver o contrato,
visto ter reconhecido pois recebeu a renda pessoalmente (art.º 1049º do
C.C.). No entanto, se fosse por transferência bancária, podia dar-se o
caso de não ter reconhecido.
 Assim, o senhorio não podia resolver o contrato (art.º 1049º do C.C.).

1-
Beatriz, manequim profissional, possui um restaurante em dois
imóveis arrendados, na zona de Portalegre.
Em Junho de 2007 realiza um contrato com uma agência de
modelos francesa, por um período de 3 anos, decidindo transmitir a
Sónia, sua vizinha, por escritura pública, pelo prazo acima referido, o
mencionado estabelecimento.
Sónia comunica a transferência dentro de 20 dias, dedicando-se à
exploração de uma pastelaria.
Beatriz, aquando da sua ida para Paris, levou a bilha de gás, dois
pratos e alguns talheres que se encontravam no restaurante.

a) Qual a tipologia de transmissão aqui referida?

Resposta:
 É um acto inter-vivos; mas a transferência é temporária (e não definitiva)
(art.º 1109º, n.º 1 do C.C.). Assim, apesar de todas as outras
características estarem preenchidas, não estamos perante trespasse
visto faltar-lhe esta característica;
 Concluímos assim que estamos perante uma locação de
estabelecimento (art.º 1109º, n.º 1 do C.C.), visto todas as outras
características estarem preenchidas;
 Ver art.º 219º e 220º do C.C.

16
b) Deveria ter sido exercido o direito de preferência? Se sim, que
procedimentos deveriam ter sido adoptados pelas partes?
Resposta:
 Aqui, não há direito de preferência, visto na locação de estabelecimento
não haver venda nem dação em cumprimento (art.º 1112º, n.º 4 do
C.C.).

c) Pode neste caso ser resolvido o contrato por falta de


comunicação?

Resposta:
 A regra é a do art.º 1038º do C.C. (15 dias), mas não foi o arrendatário
que o fez;
 De acordo com o art.º 1049º do C.C. podia ser por um ou por outro;
 De acordo com o art.º 1083º do C.C. podia resolver o contrato se
reconhecido;
 No entanto, de acordo com o art.º 1109º, n.º 2 do C.C. não podia
resolver o contrato, porque a regra que se aplica é esta e não a do art.º
1038º do C.C.. Assim, tinha 1 mês.

(21/11/08)

Comerciante
(art.º 13º do C.Com.)

Requisitos cumulativos:
 Ter personalidade jurídica (ser pessoa);
 Ter capacidade para praticar actos de comércio;
 Fazer do comércio profissão.

1- Personalidade jurídica (susceptibilidade de ser titular de direitos e


obrigações):
 Pessoa singular:
 Quando nasce completo e com vida (art.º 66º do C.C. ---»
art.º 3º do C.Com.).
 Pessoa colectiva (art.º 158º do C.C.):
 Associações (escritura pública ou documento particular /
registo);
 Fundações (reconhecimento administrativo).

2- Capacidade para praticar actos de comércio:


 Pessoas singulares:
 Capacidade jurídica:
o Capacidade de gozo: medida de direitos e
obrigações que se é susceptível de ser titular;
o Capacidade de exercício: praticar livremente actos
sob a sua pessoa e património.

17
 Liberdade para comerciar (pode ser impedida de duas
maneiras):
o Impedimento absoluto;
o Impedimento relativo: incapazes ---» menor,
interdito e inabilitado.

O menor e o interdito precisam de um representante, enquanto que o


inabilitado precisa apenas de autorização do representante.
Assim, os menores, interditos e inabilitados têm como representantes:
 Menor ---» poder paternal ou tutor (art.º 124º do C.C.) (art.º 122º,
123º, 130º, 131º, 132º, 133º e 1649º, n.º 1 do C.C.);
 Interdito ---» tutor (art.º 138º e 139º do C.C.);
 Inabilitado ---» curador (art.º 152º e 156º do C.C.).
De realçar que o art.º 1889º, n.º 1, al. c) do C.C. é aplicado apenas ao
menor. Já o art.º 1938º, n.º 1, al. a) e f) do C.C. é aplicado ao interdito e ao
inabilitado.

 Pessoas colectivas:
 Em relação à capacidade civil ---» art.º 160º do C.C.
(princípio da especialidade);
 Em relação à liberdade para comerciar, não se tem
liberdade para negociar:
o Pela lei;
o Pelas disposições.

3- Fazer do comércio profissão:


 Requisitos cumulativos:
 Praticar com frequência actos de comércio;
 Actos de comércio objectivos, absolutos, substanciais e
causais;
 Ter finalidade lucrativa;
 Praticar em nome próprio;
 Ter uma empresa.

(28/11/08)

CASOS PRÁTICOS

Caso prático 1:

1.1- Nuno é interdito. Pedro, seu pai e tutor, adquire um estabelecimento


comercial em nome do mesmo. Pode Nuno ser considerado
comerciante?

Resposta:
 Preenche os três requisitos do art.º 13º do C.Com.
 Art.º 66º do C.C. (remetido pelo art.º 3º do C.Com.);
 Art.º 138º, 139º, 122º, 123º e 130º do C.C.
18
 Art.º 124º do C.C. (pode ter capacidade, se tiver representante ---» é o
tutor);
 Art.º 1938º, n.º 1, al. a) do C.C. ---» art.º 1889º, n.º 1, al. f) do C.C.
 Art.º 14º, n.º 2 do C.Com. (não se aplica. Assim, Nuno tem liberdade
para comerciar);
 Nuno faz do comércio profissão, visto estarem preenchidos os
respectivos 5 requisitos;
 Assim, como estão preenchidos os 3 requisitos do art.º 13º do C.Com.,
o Nuno pode ser considerado comerciante.

1.2- E Pedro?

Resposta:
 Art.º 13º do C.Com.
 Seguindo os mesmos trâmites do caso anterior, o primeiro requisito
verifica-se, ou seja, Pedro tem personalidade jurídica;
 O segundo requisito, de acordo com o art.º 130º do C.C., também se
verifica (visto Pedro ser maior e tutor); art.º 67º do C.C.
 Art.º 14º do C.Com.
 O terceiro requisito (fazer do comércio profissão) não se verifica, porque
falta o 4º requisito (praticar em nome próprio);
 Assim, Pedro não pode ser considerado comerciante.

Caso prático 2:

2.1- Patrícia, economista, decidiu comprar no ano de 2006, três imóveis


para revender. Em 2008, aproveitando uma oportunidade, adquire mais
dois, também para revender. Poderá ser considerada comerciante?

Resposta:
 Art.º 13º do C.Com.
 O primeiro requisito está preenchido ---» art.º 66º do C.C. (remetido pelo
art.º 3º do C.Com.), ou seja, tem personalidade jurídica;
 O segundo requisito também se verifica ---» art.º 130º do C.C. (tem
capacidade jurídica). Tem também liberdade para comerciar (art.º 14º,
n.º 2 e 7º do C.Com.);
 O terceiro requisito não se verifica ---» art.º 463º, n.º 4 e 230º, n.º 2 do
C.Com.
 Assim, faltam dois requisitos (o 2º e o 5º), logo, não se verifica o terceiro
requisito (fazer do comércio profissão).
 Assim, Patrícia não pode ser considerada comerciante.

2.2- Imagine agora que além de economista, é também mediadora de


imóveis, não sendo no entanto esta, a sua actividade principal.

Resposta:
 Aqui já pode ser considerada comerciante;
 Assim, o primeiro e segundo requisitos verificam-se;

19
 O terceiro requisito também se verifica (visto o 2º e o 5º já estarem,
neste caso, preenchidos);
 Assim, Patrícia pode ser comerciante (art.º 230º, n.º 2 do C.Com.).

2.3- E se for magistrada?

Resposta:
 Art.º 14º, n.º 2 do C.Com.
 Tem um impedimento absoluto. Falha o segundo requisito;
 Assim, a lei impede-a de fazer, logo, Patrícia não pode ser comerciante.

Caso prático 3:

Tiago é artesão. Compra normalmente materiais para a sua


actividade. Pode adquirir a qualidade de comerciante?

Resposta:
 O primeiro requisito verifica-se (Tiago tem personalidade jurídica);
 O segundo requisito também se verifica (Tiago tem capacidade jurídica);
 De acordo com o art.º 230º, parágrafo 1 e 464º, n.º 3 do C.Com., Tiago
pode comerciar, não pode é ser considerado comerciante pela
actividade de artesão. Assim, verifica-se este requisito.
 O terceiro requisito, de acordo com o art.º 230º, n.º 1 e 2 e 463º, n.º 1
do C.Com., considera a compra e venda como mercantil. Assim, de
acordo com esses artigos, seria uma actividade mercantil; mas, de
acordo com o art.º 464º, n.º 3 do C.Com., não é (para sua protecção);
 Não se verifica nenhum dos 5 requisitos, porque não é actividade
mercantil;
 O terceiro requisito não se verifica;
 Assim, Tiago não pode ser considerado comerciante.

Caso prático 4:

Abílio, vizinho de Natália, a pedido dessa, compra diariamente


revistas e jornais e revende-os ao preço de custo à mesma. Pode ser
considerada comerciante?

Resposta:
 Primeiro requisito ---» Abílio tem personalidade jurídica;
 Segundo requisito ---» Abílio tem capacidade jurídica e liberdade para
comerciar;
 Terceiro requisito ---» art.º 230º, n.º 3 e 463º, n.º 1 do C.Com.;
diariamente; pratica a actividade em nome próprio; não pratica com
finalidade lucrativa; não tem empresa;
 Assim, não faz do comércio profissão;
 Logo, Abílio não pode ser considerado comerciante.

20
Caso prático 5:

5.1- O orfanato “a vida é bela” pode ser considerado comerciante?

Resposta:
 Não se aplica o art.º 13º, n.º 2 do C.Com., porque não é sociedade
comercial;
 Primeiro requisito ---» art.º 158º, n.º 1 do C.C. (se for associação) e art.º
158º, n.º 2 do C.C. (se for fundação ---» forma-se através de mero acto
administrativo). Assim, verifica-se que tem personalidade jurídica;
 Segundo requisito ---» tem sempre capacidade civil (art.º 160º do C.C.).
No entanto, de acordo com o art.º 14º, n.º 1 do C.Com., não pode
comerciar (não tem liberdade para comerciar, visto não ter lucro, pois
não tem por objecto interesses materiais). Tem assim um impedimento
absoluto (art.º 17º do C.Com.). Assim, verifica-se que não tem
capacidade comercial.
 Terceiro requisito ---» art.º 17º do C.Com.; não pode praticar
diariamente; não tem finalidade lucrativa; são em nome próprio; não se
inscreve como empresa.
 Assim, não faz do comércio profissão, logo, não pode ser considerada
comerciante.

5.2- Imagine agora que o orfanato, de forma a adquirir receitas


suplementares, decide organizar uma festa, onde a entrada é paga, como
ainda procede à venda de comida e bebida, bem como às obras realizadas
pelas crianças que cá habitam.

Resposta:
 Art.º 230º, n.º 1, 2, 4 e 5 do C.Com. ---» art.º 463º, n.º 1 do C.Com.
 Art.º 17º do C.Com. ---» pode praticar actos de comércio (art.º 160º do
C.C.).

5.3- E se comprar e alugar automóveis?

Resposta:
 Não se verifica o art.º 160º do C.C.
 Não se verifica o art.º 17º do C.Com.
 Assim, não pode exercer esta actividade (compra e aluguer de
automóveis, visto não ter a ver com a sua finalidade);
 Art.º 481º do C.Com.
 Art.º 160º do C.C.
 Art.º 17º do C.Com.

21
(5/12/08)

CASO PRÁTICO

Gonçalo celebra um negócio da compra de uma viatura automóvel a


Bernardo, a 2 de Janeiro de 2005, emitindo como forma de pagamento
uma letra onde consta a sua assinatura e o local de aceite e pagamento.
É acordado em duas folhas de papel A4 no mesmo momento, as
cláusulas de preenchimento desta, ficando estipulado que a mesma terá
que ser apresentada no prazo de um ano a aceite.
Posteriormente, Bernardo transmite-a a Inês, reduzindo o período
temporal em dois meses. Aquando do aceite este é recusado por Filipa,
namorada de Gonçalo, devido à fraca qualidade do veículo adquirido.
a) Classifique as fases cambiárias expostas e a denominação dos
sujeitos apresentados.

Resposta:
 Gonçalo é quem emite a letra (assim, é o sacador);
 O sacador pode emitir a letra a si próprio (art.º 3º da L.U.L.L.);
 Assim, o sacador está a fazer um saque (ou seja, está a emitir a letra) a
Bernardo (este é o tomador ---» porque é o 1º beneficiário da letra);
 O Bernardo (pode receber a letra e pode transmitir a letra), neste caso,
transmite a letra (ou seja, faz um endosso);
 O valor da letra não pode ser alterado;
 O saque (aqui é emitida a letra) ≠ endosso (significa que a letra circula;
aqui a letra já existe, apenas se vai transferir a obrigação);
 Assim, Bernardo será, em 1º lugar, tomador e, caso a transmita, será
também endossante (isto em 2º lugar);
 Bernardo é o endossante, assim Inês é o endossado;
 A Filipa é o sacado (é a quem foi dirigida a ordem de pagamento);
assim, tem que, em 1º lugar aceitar (fazer o aceite) e em 2º lugar, para
efectuar o pagamento. Desta forma, o sacado tem que aceitar, assim é
também aceitante.

 Gonçalo (sacador) ---» saque ---» Bernardo (1º- tomador; 2º-


endossante) ---» endosso ---» Inês (endossado) ---» Filipa (aceitante e
sacado) (1º- aceite; 2º pagamento).

b) Indique a tipologia da letra mencionada, referindo se é possível a


redução do prazo efectuada.

Resposta:
 Art.º 33º da L.U.L.L. ---» art.º 22º da L.U.L.L.
 Letra sacada a um certo termo de vista;
 É possível a redução do prazo efectuada;

22
 Art.º 2º, 2º parágrafo da L.U.L.L. ---» assim, já não é nula (apesar de o
ser pelo 1º parágrafo).

c) Diga se a letra foi correctamente emitida no momento da


celebração e se o acordo realizado é permitido e válido.

Resposta:
 Art.º 2º, 1º parágrafo da L.U.L.L.
 Art.º 5º da L.U.L.L.
 Art.º 10º da L.U.L.L. ---» assim, a letra na altura da celebração é válida
(foi correctamente emitida);
 Assim, o acordo realizado é permitido (este acordo designa-se contrato
de preenchimento);
 Se a letra não estiver preenchida designa-se letra em branco;
 Art.º 219º e 220º do C.C. ---» remetido pelo art.º 3º do C.Com.
 Se o contrato for nulo, a letra é nula;
 Assim, aplica-se o art.º 219º do C.C. (não há forma exigida, ou seja,
existe liberdade de forma).

d) Aprecie a recusa de aceite, indicando aquilo que poderá ser feito


para satisfazer o direito supostamente adquirido.

Resposta:
 Princípio da autonomia (a letra é independente do negócio; a letra é
independente dos anteriores titulares);
 A Filipa não pode recusar a letra;
 Art.º 43º, 44º, 45º e 47º da L.U.L.L.
 Assim, Filipa podia fazer o protesto.

23

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