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2 CONCEITO
II.3 CARACTERÍSTICAS
O conceito constante do art. 887 do Código Civil nos permite extrair os elementos
comuns a todos os títulos de crédito.
O título de crédito tem natureza comercial, como aduz Luiz Emygdio (2002) “Os títulos
de crédito são essencialmente comerciais, pouco importando a profissão de quem
pratique o ato cambiário ou a sua causa, civil ou comercial.”
A referida expressão documento é interpretada pela doutrina comercialista como apenas
os escritos consubstanciados em papel ou cártula, como ensina Tullio Ascarelli (1969) :
Outros autores, por sua vez, respaldados pela expressão documento, e não cártula,
refletido no conceito de Vivante, admitem títulos de crédito veiculados por documentos
diversos do papel.
“Em sentido lato, documento compreende não apenas os escritos, mas toda e qualquer
coisa que transmita diretamente um registro físico a respeito de algum fato, como os
desenhos, as fotografias, as gravações sonoras, filmes cinematográficos.”
Após a edição do Código Civil de 2002, as modificações não interferiram na disciplina
tratada em legislação especial, e, apesar de inalterado o arcabouço de títulos hoje
existentes, com a redação do art. 889, § 3º, “O título poderá ser emitido a partir dos
caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da
escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo”,
surgiu uma discussão doutrinária acerca da autorização da emissão de títulos por meio
de computador ou meio técnico equivalente. Trata-se de tema enfrentado anteriormente
pela doutrina, que reconhecia a validade da circulação de títulos, sem o emprego do
papel. Porém, por tratar-se de tema que foge à questão central deste trabalho, não será
feita análise mais detida da discussão.
Outra característica que se desprende do conceito do artigo 887 do Código Civil de
2002 refere-se aos princípios norteadores do título de crédito: literalidade, que significa
a interpretação literal do texto encontrado na cártula, e autonomia, segundo a qual o
título possui autonomia referente à independência das obrigações corporificadas no
título, conforme será analisado posteriormente.
Ao mencionar que o direito cambiário está contido no título, o conceito alude ao
princípio da incorporação, enfatizando a necessidade do documento ao exercício do
direito nele contido, caracterizando o título como de apresentação.
Tem-se ainda outras características dos títulos apontadas por Luiz Emygdio (2002) ,
quais sejam: “(...) e) consubstancia obrigação líquida e certa; f) possui eficácia
processual abstrata; g)corresponde à obrigação quesível; h) emitido, em regra, com
natureza pro solvendo; i) título de resgate; j) título de circulação”
Uma característica que não ocorre em todos os títulos, porém não menos importante é a
Abstração, característica conforme a qual as obrigações consubstanciadas no título de
crédito não guardam relação com a fonte as criou, apenas as representa.
Contrariamente, ao invés de abstrato o título pode se Causal, hipótese em que o título
deve resultar de uma causa específica, e fica atrelado a esta causa, não se torna abstrato
em relação a ela, como é o caso da duplicata, que deve resultar obrigatoriamente de uma
operação de compra e venda ou prestação de serviços.
São vários os títulos de crédito rural, com a finalidade da implantação do crédito rural,
e, conforme ensina Waldirio Bulgarelli (2001) , dentre os quais pode ser feita a seguinte
distinção: a) Cédula Rural Pignoratícia, Cédula Rural Hipotecária, Cédula Rural
Pignoratícia-Hipotecária e Nota de Credito Rural e b) Nota Promissória Rural e
Duplicata Rural. Os primeiros são títulos civis, promessas de pagamento em dinheiro,
com ou sem garantia real cedular, líquidos, certos e exigíveis pela soma deles constante
ou do endosso, além dos juros, da comissão de fiscalização, se houver, e demais
despesas que o credor fizer para segurança, regularidade e realização de seu direito
creditório, a que se deve acrescer. Para a compreensão integral destes tipos de títulos de
crédito, outros elementos, estabelecidos em vários dispositivos, como aplicação das
normas de Direito cambiário, onde forem cabíveis, inclusive o aval, inscrição no
Cartório do Registro de Imóveis, para terem eficácia contra terceiros, além de alguns
outros aspectos atinentes cada título em espécie. Os segundos são títulos formais, que
independem de inscrição, gozam de privilégio especial sobre determinados bens, dentre
outros.
O crédito rural é legalmente regulamentado pela Lei nº 4.829, de 05 de novembro de
1.966, e tem como instrumentos básicos os contratos de que trata a Lei nº 492, de 30 de
agosto de 1.937, o penhor rural, e os títulos previstos na Lei nº 3.253, de 27 de agosto
de 1.957, hoje disciplinados pelo Decreto-lei nº 167, de 14 de fevereiro de 1.967. São
estes últimos os títulos de que tratamos acima.
O Decreto-lei nº 167 utorga aos mesmos executividade, nos seguintes termos:.
“Art 41. Cabe ação executiva para a cobrança da cédula de crédito rural.
(...)
Art 44. Cabe ação executiva para a cobrança da nota promissória rural.
Parágrafo único. Penhorados os bens indicados na nota promissória rural, ou, em sua
vez, outros da mesma espécie, qualidade e quantidade pertencentes ao emitente, assistirá
ao credor o direito de proceder nos termos do § 1º do artigo 41, observada o disposto
nos demais parágrafos do mesmo artigo.
(...)
CAPÍTULO I
Do Financiamento Rural
Art 2º O emitente da cédula fica obrigado a aplicar o financiamento nos fins ajustados,
devendo comprovar essa aplicação no prazo e na forma exigidos pela instituição
financiadora.
Parágrafo único. Na hipótese, far-se-á, na cédula, menção no orçamento, que a ela ficará
vinculado.
Art 4º Quando for concedido financiamento para utilização parcelada, o financiador
abrirá com o valor do financiamento contra vinculada à operação, que o financiado
movimentará por meio de cheques, saques, recibos, ordens, cartas ou quaisquer outros
documentos, na forma e tempo previstos na cédula ou no orçamento.
Parágrafo único. Em caso de mora, a taxa de juros constante da cédula será elevável de
1% (um por cento) ao ano.
Art 7º O credor poderá, sempre que julgar conveniente e por pessoas de sua indicação,
não só percorrer todas e quaisquer dependências dos imóveis referidos no título, como
verificar o andamento dos serviços neles existentes.
Art 8º Para ocorrer às despesas com os serviços de fiscalização poderá ser ajustada na
cédula taxa de comissão de fiscalização exigível na forma do disposto no artigo 5º, a
qual será calculada sobre os saldos devedores da conta vinculada a operação
respondendo ainda o financiado pelo pagamento de quaisquer que se verificarem com
vistorias frustradas ou que forem efetuadas em conseqüência de procedimento seu que
possa prejudicar as condições legais e celulares.
SEÇÃO III
Da Cédula Rural Hipotecária
Art 20. A cédula rural hipotecária conterá os seguintes requisitos, lançados no contexto:
§ 4º - Nos casos do parágrafo anterior, deverão constar da cédula, além das indicações
referidas no § 2º dêste artigo, menção expressa à anexação dos títulos de propriedade e a
declaração de que êles farão parte integrante da cédula até sua final liquidação.
Art 21. São abrangidos pela hipoteca constituída as construções, respectivos terrenos,
maquinismos, instalações e benfeitorias.
Parágrafo único. Pratica crime de estelionato e fica sujeito às penas do art. 171 do Código
Penal aquêle que fizer declarações falsas ou inexatas acêrca da área dos imóveis hipotecados,
de suas características, instalações e acessórios, da pacificidade de sua posse, ou omitir, na
cédula, a declaração de já estarem êles sujeitos a outros ônus ou responsabilidade de qualquer
espécie, inclusive fiscais.
Parágrafo único - Faculta-se ao credor exigir que o emitente faça averbar, à margem da
inscrição principal, a constituição de direito real sôbre os bens e benfeitorias referidos neste
artigo.
Art 23. Podem ser objeto de hipoteca cedular imóveis rurais e urbanos.
Art 24. Aplicam-se à hipoteca cedular os princípios da legislação ordinária sôbre hipoteca
no que não colidirem com o presente Decreto-lei.
Navarrini, por sua vez, conceitua título de crédito como o documento que
certifica uma operação de crédito cuja posse é necessária para exercer o
direito que dele deriva e para conferí-lo a outras pessoas.
Salienta com precisão José Luiz da Silva Machado que, de fato, a vida
econômica seria de todo inadmissível sem a existência dos títulos de crédito
eis que faltariam meios jurídicos para a adequada formalização das relações
comerciais, as quais, por essa razão, teriam necessariamente de assumir
outro aspecto.
Nota - ainda Tulio Ascarelli que, graças ao título de crédito, pôde o mundo
moderno mobilizar as próprias riquezas, vencendo o tempo e o espaço e
transportando, com maior facilidade, bens distantes e materializando, no
presente, as possíveis riquezas futuro
LETRA DE CRÉDITO
A Letra de Crédito Imobiliário, criada pela MP, é garantida por hipoteca imobiliária ou
alienação fiduciária. Seu detentor tem direito a crédito pelo valor nominal da letra, além
de juros e, em alguns casos, atualização monetária. O documento poderá ser transferido
por meio de endosso, e conterá informações como o nome da instituição emitente; valor
nominal e data de vencimento; nome do titular; e forma de pagamento do principal, dos
juros e da correção monetária.
O texto prevê a atualização mensal da LCI por índice de preços, desde que o título tenha
prazo mínimo de 36 meses. A pedido do credor, poderá ser dispensada a emissão de
certificado, caso em que a letra será registrada em sistema de liquidação financeira de
títulos privados autorizados pelo Banco Central.
Ainda segundo o texto, o título poderá ser garantido por um ou mais créditos
imobiliários, mas seu prazo de vencimento não poderá ser superior ao prazo dessas
garantias. Por iniciativa do emitente da LCI, o crédito de lastro poderá ser substituído
por outro da mesma natureza nos casos de liquidação ou vencimento antecipados do
crédito.
Capítulo I
Da Letra de Crédito Imobiliário
Art. 2o A LCI poderá ser atualizada mensalmente por índice de preços, desde que
emitida com prazo mínimo de trinta e seis meses.
Art. 5o O endossante da LCI responderá pela veracidade do título, mas contra ele
não será admitido direito de cobrança regressiva.
Cédulas de crédito
Origem: Cadernos Colaborativos, a enciclopédia livre.
Cédulas de Crédito
1. Introdução.
Há certos instrumentos cedulares que representam o crédito decorrente de
financiamentos abertos por instituições financeiras, conforme leciona o Prof. Fábio
Ulhoa Coelho. Se houver garantia de direito real do pagamento do valor financiado, por
parte do mutuário, esta garantia é constituída no próprio título, independentemente de
qualquer outro instrumento jurídico. Os títulos de financiamento são, também,
importantes meios de incremento de atividades econômicas, sendo também utilizados
para o financiamento, por exemplo, da aquisição da casa própria.
Tais títulos costumam chamar-se "Cédula de Crédito" quando o pagamento do
financiamento a que se referem é garantido por hipoteca, penhor ou alienação
fiduciária. Inexistindo garantia de direito real como as acima mencionadas, o título é,
comumente, denominado "Nota de Crédito" .
Nesta categoria de títulos de crédito se enquadram:
a. Cédula e Nota de Crédito Rural (Dec.-lei nº 167, de 1967), relacionados com o
financiamento das atividades agrícolas e pecuárias;
b. Cédula e Nota de Crédito Industrial (criadas pelo Dec.-lei nº 413, de 1969), referentes
ao financiamento da indústria;
c. Cédula e Nota de Crédito Comercial (Lei nº 6.840, de 1980), destinadas ao
financiamento de atividade comercial ou de prestação de serviços;
d. Cédula e Nota de Crédito à Exportação (Lei nº 6.313, de 1975), pertinentes ao
financiamento da produção de bens para a exportação, da própria exportação e de
atividades complementares; e
e. Cédula de Produto Rural – CPR (Lei nº 8.929, de 1.994), representativa de promessa
de entrega de produtos rurais, com ou sem garantia cedularmente constituída.
Os títulos de financiamento não se enquadram, completamente, no regime jurídico-
cambial, estando, por isso, enquadrados na categoria de títulos impróprios, em virtude
de algumas características especiais, como, por exemplo, a possibilidade de endosso
parcial, mas, principalmente, com relação ao princípio da cedularidade, estranho ao
direito cambiário, que informa que a constituição dos direitos reais de garantia se faz no
próprio instrumento de crédito, na própria Cédula. As especifidades de cada uma delas
serão abordadas no decorrer deste trabalho.
Há ainda as Cédulas de Crédito Bancário, que se diferenciam das duas espécies citadas
acima. Por ser nova no ordenamento brasileiro, suas peculiaridades serão tratadas mais
minuciosamente. Por hora é relevante apontar que as Cédulas Bancárias não se destinam
apenas a setores da econômia ou ao estímulo de certas atividades, mas ao financiamento
da população como um todo, consistindo nisso sua principal diferenciação das Cédulas
Setoriais e das “Cédulas do Mercado de Capitais”.
Há outras espécies de Cédulas de Crédito que não se enquadram na lógica que se expôs
anteriormente e, por isso, não serão abordadas com detalhes nesse trabalho. As
chamadas Cédulas Setoriais, tratadas acima, se diferenciam das “Cédulas vocacionadas
para o mercado de capitais, quais sejam: a Cédula Hipotecária (Decreto-Lei 70 de 1966)
e a Cédula de Debêntures (Lei 9457 - reforma parcial em 1977 da Lei 6404). Estes
últimos dois títulos têm função diferente das outras cédulas, pois se voltam para o
mercado de capitais. Sua vocação é operar valores mobiliários. Inserem-se no sistema
próprio dos títulos padronizados, lançados no mercado sob autorização e fiscalização do
Poder Público (CVM) e negociados em massa. Deles se diferenciam o sistema dos
títulos de crédito”. (FRONTINI, 2000).
Isto posto, passamos a explorar as principais espécies de Cédulas de Crédito, Setoriais e
Bancárias, onde buscaremos chamar a atenção para suas peculiaridades e suas
conseqüências. Iniciaremos pelas Cédulas de Crédito Bancário, em virtude de seu
recente aparecimento no direito brasileiro, bem como de sua recente disciplina,
buscando dar uma ênfase especial em sua análise.
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idDocumento=0003DA62A4D3CBC045C35919722B41B902DE4FC4020C5661
http://srv85.tj.rj.gov.br/ConsultaDocGedWeb/faces/ResourceLoader.jsp?
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http://srv85.tj.rj.gov.br/ConsultaDocGedWeb/faces/ResourceLoader.jsp?
idDocumento=00034A58C788525ED197BEEE21C7D5284211F487C3574C57
Causalidade.
As CCBs são dotadas de causalidade porque necessariamente originam de uma
operação de crédito de qualquer modalidade. Pela causalidade, a validade fica a
depender da causa. Se houver vício na causa, prejudicada fica a cédula. Elas
somente poderão ser emitidas em favor de instituições financeiras ou entidades a ela
equiparadas, tanto nacionais quanto estrangeiras, desde que sejam constituídas
conforme os critérios da legislação brasileira (art. 26 da Lei 10.931 c/c arts. 17 e 18, Lei
4.595). Porém, outras pessoas podem ser titulares da CCB através do endosso, conforme
o art. 29, par. 1o.
Cessão, Execução e Garantias.
No que diz respeito à cessão, a CCB pode ser circulada através de endosso ou de cessão
civil. Para que as CCBs circulem por meio de endosso, deve haver a estipulação “à
ordem”. O endossante não é garante do pagamento da letra, conforme afirma o art. 914
do CC. Isso porque se aplica, nesse caso, a regra da lei especial.
Os artigos 30 até 39 da Lei 10.931 dispõem sobre as normas relativas às garantias da
CCB. Ela comporta terceiros garantidores ou aval. As garantias ao pagamento da CCB
serão reais e pessoais, ou fidejussórias, cedularmente constituídas nos termos do art. 27
da Lei 10.931. Não há restrições de bens no que diz respeito à constituição das
garantias. O art. 44 desse diploma legal e o art. 30 da LUG permitem o aval. As
garantias são cedularmente constituídas, e, ao serem estabelecidas em um documento
separado, devem ser referidas expressamente na cártula. Há uma grande proteção ao
credor na estipulação das garantias, visto que estas são as mais amplas possíveis, e
qualquer modificação do bem dado em garantia por parte do garantidor dependerá de
autorização do credor.
Finalmente, a execução da CCB pode ser feita pelo procedimento executivo ou
falencial, ou seja, através de protesto e protesto parcial, como afirma o art. 41 da Lei
10.931. Importante ressaltar que, caso haja qualquer irregularidade formal em relação
aos requisitos necessários à constituição da CCB, ela será descaracterizada do regime
jurídico próprio aos títulos de crédito, sendo executadas através de ações de cobrança
pelo procedimento ordinário, em que servirão apenas como prova.
http://srv85.tj.rj.gov.br/ConsultaDocGedWeb/faces/ResourceLoader.jsp?
idDocumento=0003C87798F65DDF6FD9CAEC66904B82B29FB7C402100309
http://srv85.tj.rj.gov.br/ConsultaDocGedWeb/faces/ResourceLoader.jsp?
idDocumento=000323993C5C51D5442A838ED8F2D21429A873C4020D2905
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idDocumento=0003E3201ADF717DA0596172DAE5C50C54670030C402092A
http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=mni020806
https://www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?
method=detalharNormativo&N=101125633
http://www.cetip.com.br/informacao_tecnica/regulamento_e_manuais/manuais_de_oper
acoes/online/Instrumentos_Credito/Cetip_WebHelp/Emissao_CCCB.htm
A lei permite, no entanto, que seja colocado em documento à parte os bens vinculados à
Cédula, devendo conter a assinatura do emitente e credor.
O instrumento deverá ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis do local
onde se situam os bens de garantia a dívida, caso se queira que a Cédula de
Crédito Industrial produza efeitos contra terceiros; caso contrário, o efeito
produzido é inter partes.
Se for aceita a possibilidade de transferência do crédito entre instituições financeiras,
através de formalidades solenes, se terá, em verdade, a cessão de direitos. A transferente
por órgão público, apenas legitima a relação com a instituição em caso, tendo a opção
de ver antecipada a soma, mesmo antes da data do vencimento.
A ação de cobrança de débito referente a cédulas de crédito deste tipo fazem parte de
um rito especial, na qual não cabe recurso de efeito suspensivo, como dispõe o artigo 41
do Decreto-lei nº 413/69.
Estas cédulas nas operações bancárias representam um enorme e importante acréscimo
na atividade do setor empresarial, pois a moratória só é prevista para os credores
quirografários, dando assim maior liberdade para que os bancos cobrem o crédito. No
caso de não estar sofrendo a execução de solução de continuidade, porém caso haja
mais de um credor, unicidade da coisa empenhada e não se mostrando suficiente a
solvência, o rateio será posto em pratica até o limite que possui a contratação do
negócio.
Tendo visto todos os requisitos e características das cédulas, passamos a falar,
brevemente, sobre as Notas de Crédito Industrial. Os requisitos para tais Notas se
encontram no artigo 16 do Decreto-lei 413/69, e, frisa-se, diferenciam-se das cédulas
pelo fato de não oferecerem uma garantia real, não sendo necessário, portanto, o registro
no Cartório de Registro de Imóveis. No entanto, elas conferem um certo privilégio aos
bens que se encontram no artigo 1.563 do Código Civil de 1916.
Jurisprudência:
http://srv85.tj.rj.gov.br/ConsultaDocGedWeb/faces/ResourceLoader.jsp?
idDocumento=00033C951B37A59AE9584E918BD8DFF2CF0912C4020D5D17
http://srv85.tj.rj.gov.br/ConsultaDocGedWeb/faces/ResourceLoader.jsp?
idDocumento=0003EA67E94F2FFC96A3DB307AFA0D75895C3DD1C35B235A
http://srv85.tj.rj.gov.br/ConsultaDocGedWeb/faces/ResourceLoader.jsp?
idDocumento=00038F251DC1178F159B2102CF5CDD50EB6C7ECFC3601D40
http://br.geocities.com/dunivap/artigosjuridicos/direitocomercial/12.htm
Jurisprudência:
Sobre Capitalização Mensal de Juros:
• REsp 219175 / RS:
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=c%E9dula+de+cr%E9dito+
%E0+exporta%E7%E3o&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=1
• REsp 36184 / PR:
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=c%E9dula+de+cr%E9dito+
%E0+exporta%E7%E3o&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=5
Bibliografia.
SIQUEIRA, de, Graciano Pinheiro. Cédula De Crédito Comercial E Cédula De Produto
Rural, 2007.
SALOMÃO NETO, Eduardo. Direito Bancário. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2005. pp.
199 - 211.
VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. A Cédula de Crédito Bancário. Revista de
Direito Mercantil, São Paulo, SP, ano XXXVIII, n. 116, pp. 129 - 135, outubro-
dezembro de 1999.
FRONTINI, Paulo Salvador. Cédula de Crédito Bancário. Revista de Direito Mercantil,
São Paulo, SP, ano XXXIX, n. 119, pp. 52 - 67, julho-setembro de 2000.
ABRÃO, Nelson, Direito Bancário, Editora Saraiva, 8ª Ed., 2002.
MORAES, Mauro Dephin, Cédula Rural Pignoratícia in Revista de Direito Mercantil,
nº. 26, São Paulo, pp.126 , 1977.
______________________________________________________________________
___________________________________ Para melhor ilustrar alguns dos pontos
sobre o tema em referência seguem os seguintes julgados: 1) cédula de crédito industrial
Processo AgRg no REsp 940843 / SE AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL 2007/0071215-6 Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
(1123) Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA Data do Julgamento 02/10/2008 Data
da Publicação/Fonte DJe 28/10/2008 Ementa PROCESSO CIVIL.
DESNECESSIDADE DE AUTENTICAÇÃO DA PROCURAÇÃO OU
SUBSTABELECIMENTO. AFASTAMENTO DA SÚMULA N. 115/STJ.
CONTRATO BANCÁRIO. CÉDULA DE CRÉDITO INDUSTRIAL. AÇÃO
REVISIONAL. EXAME DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE
DE EXAME NA VIA DO RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO
CPC. NÃO-OCORRÊNCIA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO. 1. É
desnecessária a autenticação de cópia de procuração e de substabelecimento, porquanto
se presumem verdadeiros os documentos juntados aos autos pelo autor, cabendo à parte
contrária argüir-lhe a falsidade. Inaplicabilidade da Súmula n. 115/STJ. 2. O recurso
especial não é sede própria para o exame de matéria constitucional. 3. Não há por que
falar em violação do art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido, integrado pelo
julgado proferido nos embargos de declaração, dirime, de forma expressa, congruente e
motivada, as questões suscitadas nas razões recursais. 4. Os juros remuneratórios que
incindirem nas cédulas de crédito industrial estão limitados ao patamar de 12% ao ano,
nos termos do art. 1º, do Decreto n. 22.626/33 (Lei da Usura). 5. Agravo regimental
desprovido. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, negar provimento ao agravo regimental nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator. Os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão, Carlos Fernando Mathias
(Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região), Fernando Gonçalves (Presidente) e Aldir
Passarinho Junior votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr.
Ministro Fernando Gonçalves. 2) cédula de crédito rural: Processo REsp 784422 / MG
RECURSO ESPECIAL 2005/0160362-8 Relator(a) Ministra NANCY ANDRIGHI
(1118) Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA Data do Julgamento 16/10/2008 Data
da Publicação/Fonte DJe 28/10/2008 Ementa EXECUÇÃO. CÉDULA DE CRÉDITO
RURAL. EXTRATO DA CONTA VINCULADA. DISPENSÁVEL, DESDE QUE
HAJA DOCUMENTO HÁBIL À DEMONSTRAÇÃO DO DÉBITO.
ALONGAMENTO DA DÍVIDA. REQUISITOS. REVISÃO DE PROVA. SÚMULA
07/STJ. JUROS MORATÓRIOS. ELEVAÇÃO DE APENAS 1% AO ANO.
CAPITALIZAÇÃO. PERMITIDA, DESDE QUE PACTUADA. - O extrato da conta
vinculada não constitui documento indispensável à execução do crédito oriundo de
cédula rural, desde que a petição inicial seja instruída com documento hábil à
demonstração pormenorizada do débito, propiciando ampla defesa ao devedor. - A
verificação do preenchimento dos requisitos necessários à concessão do prolongamento
da dívida oriunda de cédula de crédito rural demandaria o revolvimento do substrato
fático-probatório dos autos, o que encontra óbice na Súmula nº 07 do STJ. - Nas cédulas
de crédito rural, em caso de mora, admite-se seja a taxa inicialmente pactuada elevada
de apenas 1% ao ano, , a teor do que dispõe o parágrafo único do art. 5º do DL nº
167/67. Precedentes. - Não há ilegalidade na cobrança de juros capitalizados
mensalmente na cédula de crédito rural se acordado entre as partes. Precedentes.
Recurso especial não conhecido. Acórdão Vistos, relatados e discutidos estes autos,
acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na
conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, por
unanimidade, não conhecer do recurso especial, nos termos do voto da Sra. Ministra
Relatora. Os Srs. Ministros Massami Uyeda e Sidnei Beneti votaram com a Sra.
Ministra Relatora.
"A cédula de crédito comercial não é título executivo. O credor, que dela é portador,
pode propor, em face do devedor, ação de conhecimento, submetida ao rito especial so
art. 41 do Dec.-lei 413, de 09/01/1969 ". Voto vencido. A cédula de crédito comercial,
por ser líquida, certa e exigível, é sonsiderada título executivo estrajudicial; o fato de
art. 41 do Dec.-lei 413/60 prever procedimento próprio para a cobrança da cédula de
crédito não lhe retira a executividade, face as mesmas características de cártula nela
impressas (TJRJ, Ap 2000.001.08333-4, rel. Des. Wilson Marques, 4ª Câm., v.m.,
12/12/00, DORJ de 20/09/01, RT nº. 796/379)
"A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial e industrial admite o pacto de
capitalização de juros. "
Execução fiscal. Penhora. Bens gravados com hipoteca oriunda de cédula de crédito
comercial podem ser penhorados para satisfazer o débito fiscal. Preferência
concedida pelo art. 184 do CTN. Recurso provido. REsp 522.469 . . . . . . . . 246/31
Ed.646-Agravo de Instrumento
2003.014408-0 Timbó.
Relator : Des. Eládio Torret Rocha
Juiz(a) : Edson Marcos de Mendonça
Agravantes: Bar e Lanchonete La Piu Bella Ltda.
e outro
Advogado : Hans Lorenz Júnior
Agravado : Banco do Brasil S/A
Advogado : Paulo Roberto Costa Dutra
DECISÃO: por votação unânime, dar provimento
ao agravo. Custas na forma da lei.
EMENTA: “EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE”. EXECUÇÃO
LASTREADA EM CÉDULA DE CRÉDITO
COMERCIAL. DESVIO DE FINALIDADE
ADMITIDA PELA PRÓPRIA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA NO CONTRATO CELEBRADO.
NUMERÁRIO UTILIZADO PARA
AMORTIZAÇÃO DO SALDO DE
CHEQUE-OURO EMPRESARIAL.
IMPOSSIBILIDADE. NULIDADE DO TÍTULO.
CONSEQÜENTE EXTINÇÃO DA
EXECUCIONAL. INTELIGÊNCIA DOS ARTS.
618, I, E 267, IV, AMBOS DO CPC. AGRAVO
PROVIDO.
A emissão de cédula de crédito para o fim de
quitar dívida oriunda de contrato de abertura de
crédito rotativo em conta corrente, caracteriza,
induvidosamente, desvio de finalidade. Diante
disso, demonstrada a nulidade do título
executivo, a extinção da ação de execução é
medida que se impõe.
NCr$_______________________________
A ......................de....................................de 19..........................pagar..............................
por esta cédula de crédito industrial a ................................................................................
.
.....................ou à sua ordem, a quantia
de__________________________________________
______________________________________________________________________
_________
______________________________________________________________________
_________
em moeda corrente, valor do crédito deferido para aplicação na forma do orçamento
anexo e que será utilizado do seguinte
modo:............................................................................ ........
................................................................................ ........................................................
................................................................................ ........................................................
................................................................................ ........................................................
................................................................................ ........................................................
Os juros são devidos à taxa de ..........................................ao ano exigíveis em trinta (30)
de junho trinta e um (31) de dezembro, no vencimento e na liquidação da
cédula...........................
................................................................................ ........................................................
sendo de ................................................................................ ..........................................
a comissão de fiscalização exigível juntamente com os
juros...................................................
................................................................................ ........................................................
O pagamento será efetuado na praça
de ..............................................................................
Os bens vinculados, obrigatòriamente segurados, são os
seguintes: ......................................
................................................................................ ........................................................
................................................................................ ........................................................
................................................................................ ........................................................
................................................................................ ........................................................
................................................................................ ........................................................
GARANTIAS POSSÍVEIS
* Aval
* Fiança
* Nota Promissória
* Cessão Fiduciária em Garantia de Direitos Creditórios
* Cessão Fiduciária em Garantia de Títulos de Crédito
* Propriedade Fiduciária
* Alienação Fiduciária de Imóveis
* Penhor Mercantil
* Penhor Agrícola
Uma vez apontadas as principais caracteríticas de cada cédula de crédito, cabe, agora,
traçar uma comparação entre elas.
a) todos são definidos como títulos líqüidos e certos (Dec.-Lei nº 167, art. 10; Dec.-Lei
nº 413, art. 10; Lei nº 6313, art. 1º; Lei nº 6840, art. 5º; MP 2.160-25);
b) todos poderão ser articulados com a estrutura de abertura de crédito, ou seja, são
instrumentos que permitem “financiamento para utilização parcelada”, devendo o
financiador abrir “conta vinculada à operação, que o financiado movimenta por meio de
cheques, saques, recibos, ordens, cartas ou quaisquer outros documentos, na forma e
tempo previstos na cédula ou no orçamento” (Dec.-Lei nº 167, art. 4º, Dec.-Lei 413, art.
4º; Lei 6313, art. 3º, Lei 6840, art. 5º, MP 2.160-25, art. 3.º, § 2.º);
c) todos são exigíveis pelo saldo da conta, que compreende os levantamentos feitos,
menos os pagamentos parciais e mais “juros, comissão de fiscalização, se houver, e
demais despesas que o credor fizer para segurança, regularidade e realização de seu
direito creditório” (Dec.-Lei nº 167, art. 10 e § 1º; Dec.-Lei 413, art. 10 e § 1º; Lei 6313,
art. 3º; Lei nº 6840, art. 5º; MP 2.160-25, art. 3.º caput e § 2.º, I); as cédulas bancárias,
industriais, comerciais e de exportação admitem que a abertura de crédito seja fixa ou
em conta-corrente, pois permitem que se convencione a reutilização do crédito após
amortizações, dentro do prazo de vigência do contrato (Dec.-Lei nº 413, art. 47; Lei
6313, art., 3º; Lei 6840, art. 5º, MP 2.160-25, art. 16);
d) todos podem ser emitidos com ou sem garantia real (Dec.- Lei nº 167, arts. 14, 20, 25
e 27; Dec.-Lei 413, arts. 15 e 19, MP n.º 2.160-25, arts. 3.º, IV, e 6.º);
e) a todos são aplicáveis as normas do direito cambial, inclusive quanto ao aval (Dec.-
Lei nº 167, art. 60; Dec.-Lei nº 413, art. 52; Lei 6313, art. 3º; Lei 6840, art. 5º, MP n.º
2.160-25, art. 20);
f) a todos é atribuída a força de título executivo extrajudicial (Dec.-Lei 167, art. 41;
Dec.-Lei 413, art. 41; Lei 6313, art. 3º; Lei 6840, art. 5º; MP n.º 2.160-25, art. 3.º).
Diz o artigo 566, inciso I, do Código de Processo Civil, que pode promover a execução
forçada "o credor a quem a lei confere título executivo". No artigo 583 o texto dispõe:
"Toda execução tem por base título executivo, judicial ou extrajudicial".
O artigo 586, por sua vez, preceitua que "a execução para cobrança de crédito fundar-
se-á sempre em título líquido, certo e exigível".
Demonstrar-se-á que a cédula de crédito não atende a dois dos cinco requisitos materiais
da exeqüibilidade, e nem ao requisito formal da adequação da via.
Ocorre que, por razões práticas, inviável é conceber juridicamente um título que não
possa ser demonstrado, e esta demonstração se dá por via documental; daí que em regra
o fundamento do direito e sua representação andam juntos: o título será o fundamento
de direito consubstanciado em documento. E o título é requisito fundamental para a
execução. Esta não será possível sem um instrumento que efetivamente comprove o
direito pleiteado. Nulla executio sine titulo.
A cédula de crédito industrial é título, e disto não há dúvida, vez que surgiu para
representar cedularmente um financiamento. A cédula pressupõe documento, que
representa a obrigação e portanto é, mesmo, título.
Dada a significação de título, impõe analisar o que seja título executivo. Como a
questão gira em torno do processo de execução regulado pelo Código de Processo Civil
em seu Livro II, é nesta norma que se buscará a delimitação do tema.
Delimitada a busca no texto legal, passa-se à leitura dessas duas hipóteses do artigo 585
do Código de Processo Civil:
II – (...); o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; (...);
(...)
VII - todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva."
É "documento particular" a cédula de crédito? Sim, já que se trata de escrito
representando ato celebrado entre particulares, sem intervenção do Poder Público. Então
desde que "assinado pelo devedor e por duas testemunhas", a cédula de crédito seria,
sim, título executivo, por previsão do inciso II do artigo 585 do Código de Processo
Civil.
Ocorre que a cédula de crédito, em razão da conta-corrente a ela vinculada, não é auto-
suficiente; depende sempre da apuração do que foi pago, do que não foi retirado pelo
cliente, dos encargos acrescidos pelo banco, et coetera, e esta apuração invariavelmente
se realiza mediante extratos emitidos unilateralmente pela instituição financeira.
Quanto ao inciso VII, este permite a mesma inferência quando classifica de executivos
"todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva".
Não se aplica ao caso da cédula de crédito simplesmente porque o Decreto-Lei 413/69
em nenhuma passagem dispõe expressamente que a cédula de crédito industrial tem
força executiva.
Vê-se, então, que a cédula de crédito industrial não pode ser admitida como título
executivo porque não está enunciada pelo artigo 585 do Código de Processo Civil.
Independentemente de ser título extrajudicial líquido, certo e exigível, não é executivo.
Enfim, não se subsumindo a nenhuma das hipóteses do artigo 585 do CPC, a cédula de
crédito está despida deste requisito; não é título executivo.
Cada situação deve ser analisada in concreto. Como pode a lei dizer, v.g, que é exigível
um título se, de fato, não ocorreu o seu termo? Prossigamos com os demais requisitos.
Quanto à cédula de crédito industrial o valor a ser exigido é de ser apurado pela
liqüidação da conta, com acréscimo dos encargos devidos ao banco e abatimento dos
valores restituídos ou não retirados pelo cliente.
Está claro, então, o porquê de a cédula de crédito não respeitar a literalidade: o valor
nela grafado é apenas, e apenas, o ponto de partida – o débito definitivo só será
conhecido na finalização da conta. Daí, não sendo literal, a cédula é título que sempre
depende de prévia liqüidação – momento em que as partes encerram a conta e apuram o
resultado.
Vamos repetir: o valor exigível, na cédula, é aquele resultante da liqüidação. Então, não
será líquida a obrigação, pois não se poderia levar à liqüidação o que já fosse líquido.
Este é o ponto: não vai à liqüidação o que já é líquido. Esta iliquidez está na essência da
cédula de crédito.
Tal financiamento, por sua vez, também é uma espécie de contrato de abertura de
crédito, em que o banco deixa o valor financiado à disposição do devedor numa conta-
corrente (artigo 4º), para que seja sacado segundo a previsão contratual.
Assim, como a lei (Decreto-Lei 413/69) define a exigibilidade pelo saldo, e em face da
própria característica desta espécie contratual, só mesmo a partir de um encerramento de
conta-corrente é que se poderá ter um título completo, pleno, pronto para receber a
presunção legal de título hábil à execução.
Por isto, não se pode negar que a cédula de crédito nenhuma força executiva terá se
desacompanhada do respectivo demonstrativo, na sua completitude.
É preciso atentar para o enfoque do demonstrativo neste tópico. Quando pugnamos pela
indispensabilidade do demonstrativo (conta-corrente) para a executividade, estamos nos
referindo à necessidade de que o título esteja completo e assinado pelo devedor e
testemunhas, porque para a executividade o título só se aperfeiçoa com esta condição. Já
no caso da liquidez, não importam as assinaturas, porque a liquidez nada tem a ver com
aquela regra de garantia da bilateralidade.
No caso da cédula de crédito, desde que vencido o prazo final para a devolução do valor
financiado e não quitada a dívida, será exigível a obrigação e, com isto, o título."
Retirado de "http://academico.direitorio.fgv.br/ccmw/C%C3%A9dulas_de_cr
%C3%A9dito"