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INTRODUÇÃO
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos
realizados sob a vigência da lei anterior.
A normal processual no tempo, princípio “tempus regit actum” (art.2 do
CPP).
A lei penal é aplicada somente a atos no presente e futuros, só retroagindo
quando em benefício do réu.
Alei processual penal tem aplicação imediata, mas sem prejuízo dos atos
processuais já praticados sob a vigência da lei anterior; “ o ato é regido pela
lei que vigorava naquele tempo” “TEMPUS REGIT ACTUM”.
- A norma processual penal tem aplicação imediata, (PRINCIPIO DA
IMEDIATIDADE)
- Os atos processuais realizados sob o amparo da lei anterior são válidos. Ao
processo penal não se aplica a retroatividade no caso de norma mais
benigna, salvo quando se tratar de norma mista.
A norma mista retroage desde que para beneficiar o réu.
Fontes do processo penal
As fontes são tudo aquilo de onde provem ou se originam um preceito
jurídico.
Elas se dividem em:
- Material ou de produção, que é toda a fonte que produz ou cria o direito
e,
- Formal ou cognitiva, que são aquelas em que se revela ou expressa o
direito.
Cabe ao Estado punir os transgressores através de alguns órgãos que o
compõe e esses órgãos são:
- a policia,
- o ministério público,
- e o Estado juiz.
E o processo penal sempre estará voltado para o conflito “ius puniendi” X
“ius libertatis”.
Somente se produz as normas do processo penal o Estado, estando vedado
ao particular a criação de tal normas e está matéria está vinculada a união e
somente ela pode legislar para com essa matéria art.22,I CF (sendo de
competência exclusiva da união).
O crime de menor potencial ofensivo são aqueles cuja pena for no máximo
de 2 anos conforme a lei 9.099/95.
As fonte de cognição ou formais são aquelas diretas (leis) e é ela que revela
o direito processual penal, mas também tem as fontes indiretas.
As diretas se dividem em :
- Normas de jurisdição comuns e a encontramos no CPP, e
- As leis extravagantes as quais podemos citar algumas como: a lei de
(entorpecentes), lei 5250/67 (imprensa), lei 9.099/95 (juizado de pequenas
causas), lei 10.259/01 (juizado federal de pequenas causas), lei 11.101/05
(crimes falimentares e procedimentos).
- Normas jurídicas especiais: encontramos essas normas no CPP militar e
no código Eleitoral.
-As leis de organização judiciária: que tratam das atribuições dos órgãos
jurisdicionais, e os regimentos internos dos tribunais (art.618 e 638 do
CPP), são também fontes do processo penal.
Art. 618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas
complementares para o processo e julgamento dos recursos e apelações.
Art. 638. O recurso extraordinário será processado e julgado no Supremo Tribunal Federal
na forma estabelecida pelo respectivo regimento interno.
Quanto as fontes indiretas.
1- o costume, que é uma regra de conduta praticada de modo geral,
constante e uniforme, com a consciência de sua obrigatoriedade (art.4° da
LICC).
Art. 4° - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.
2- Princípios gerais do direito, que são princípios éticos extraídos do
ordenamento jurídico em geral, podendo suprir lacunas ou omissão da lei,
como os princípios relacionados a liberdade, igualdade e direito natural.
2- Analogia, é uma forma de auto integração da lei, aplica-se apenas
na hipótese de uma lacuna ou omissão involuntária da lei, aplicando-se a
fatos não regulados pela expressamente pela lei, sendo um dispositivo que
disciplina hipótese semelhante (art.4° da LICC, art.126° do CPC e art.3°
do CPP).
Art. 4° - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade
da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo,
recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem
como o suplemento dos princípios gerais de direito.
Os costumes e os princípios gerais do direito só poderá ser aplicado se for
em benefício do réu e se não prejudicar a liberdade do indivíduo.
A analogia pode ser aplicada no processo penal (art.3° do CPP), mas existem
pressupostos para sua aplicação, que é a omissão ou a lacuna
involuntária da lei e semelhança de situação.
Ex: em uma ação civil a petição inicial é rejeitada pelo juiz, por inépcia , falta
de pressuposto, o que cabe um recurso contra essa decisão por parte do
autor da ação, mas também no caso aqui caberá a parte contrária contra-
razoar o recurso impetrado pelo advogado do autor, no processo penal se a
denuncia é rejeitada pelo juiz o promotor poderá entrar com recurso contra
essa decisão mas não há previsão para a contra-razão de recurso por parte
do réu ai aplica-se a analogia utilizando-se da norma do código civil para
essa aplicação dessa contra-razão.
As fontes do D.proc penal, dividem-se em:
- Fontes materiais, estas estão relacionados com a criação da norma
processual penal pelo Estado através da União, dentro de um sentido mais
amplo ela deverá ser entendida como os fenômenos sociais que contribuem
para formar o conteúdo ou matéria das regras jurídicas.
Os fatores que contribuem para formação das normas jurídicas:
- fator econômico, pois intervêm muito na relação entre os indivíduos (ex:
lei da CPMF, falimentar), dentro da área penal (responsabilidade fiscal,
aumento de penas nos crimes contra o patrimônio)
- fatores religiosos e morais,
- fatores políticos e ideológicos,
- valores jurídicos, (justiça e segurança jurídica) ex: revisão contratual,
coisa julgada (segurança jurídica).
A lei deve refletir o fenômeno social.
- Fontes formais, são aquelas que revelam o direito, são os meios pelos
quais o direito se torna conhecido, e podemos falar que a principal fonte
formal é a lei, as fontes secundárias são:
a- Os costumes,
b- A analogia e ,
c- os princípios gerais do direito;
E essas fontes secundárias só serão aplicadas caso ocorra uma lacuna ou
uma omissão da lei.
A analogia, deve ser aplicada quando houver a mesma razão
Os costumes, podem influenciar na revogação de uma lei
A jurisprudência e a doutrina não são consideradas como fontes do
direito.
A súmula vinculante, (que são reiterações de decisões julgadas por diversas
vezes pelos tribunais), após a emenda 45/04, passa a ter força obrigatória,
mas não são todas as súmulas do supremo tribunal federal que se tornaram
vinculantes, pois para que elas o sejam terão de respeitar o art. 8 da CF já
emendada com a 45/04.
Interpretação da norma processual penal.
1- Conceito
A interpretação está relacionada à aplicação da lei processual penal, será ela
o processo lógico ou uma tarefa realizada antes da aplicação da lei.
“Interpretar a lei consiste em determinar o seu significado e fixar o seu
alcance, ou seja, alcançar o sentido das palavras utilizadas pelo legislador,
sendo o processo lógico que procura estabelecer a vontade da lei, que não é
necessariamente a vontade do legislador”
Interpretar é desvendar ou descobrir o verdadeiro significado da norma.
2-hermenêutica
A hermenêutica ou Exegese: É o método que tem por seu objetivo a
interpretação da Lei, cujos princípios aplicam-se a todos os ramos de Direito.
3- Classificação,
* Quanto ao sujeito.
I – Autêntica, é aquela que procede do próprio Legislador.e quando inc na
própria Lei é chamada contextual.
Ex.: Art. 302 e 303 do C.P.P. (pois a Lei traz um contexto ou conceito,
definição.)
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.
II - A Jurisprudencial é aquele que consiste no conjunto de manifestações
judiciais sobre determinado assunto legal de uma forma razoavelmente
constante.
III – É a interpretação da norma legal pelos juristas, pelos doutrinadores,
ambas II e III, não tem força obrigatória.
Quando do meio empregado.
I – Gramatical (Literal ou Filológica) Filológica é o estudo da língua ou idioma
em sua plenitude.
A interpretação gramatical é a letra da Lei, sendo ela importante mas não o
suficiente.
II – A lógica sistemática: é muito importante sendo também conhecida como
sistemática e ela recorre não apenas ao significado gramatical, mas a lógica
daquele dispositivo inserido dentro de um sistema.
III – A Teleológica consiste sem se procurar não apenas a lógica formal, mas
a lógica do razoável, isto é, a interpretação das normas jurídicas, inclusive
aquelas que parecem bem claras requer referências aos princípios, critérios
literativos, que muitas vezes não estão expressos no texto legal.
“É procurar o fim do dispositivo a finalidade do dispositivo Legal”
Ex.: No prazo para conclusão de um processo de réu preso, aplica-se o
princípio da razoabilidade, uma interpretação teleológica que está ligada aos
princípios.
* Quanto ao resultado.
I – Declarativa é aquela onde há uma correspondência com o que está
escrito na Lei (palavra da Lei) e a vontade do Legislador.
II – Restritiva a Lei disse mais do que queria ou seja , a letra da lei foi além
da sua vontade.ex: art.564, III do CPP.
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
1. Princípios Gerais
PRINCÍPIOS GERAIS INFORMADORES DO PROCESSO
O juiz situa-se entre as partes e acima delas (caráter substitutivo). O juiz imparcial é
pressuposto para uma relação processual válida.
As partes devem ter, em juízo, as mesmas oportunidades de fazer valer suas razões.
No processo penal, esse princípio sofre alguma atenuação, devido ao princípio
constitucional do favor rei, segundo o qual o acusado goza de alguma prevalência em
contraste com a pretensão punitiva. Essa atenuação se verifica, por exemplo, nos
artigos 386, inciso VI, 607, 609, parágrafo único, e artigo 621, todos do Código de
Processo Penal.
1.3. Contraditório
O juiz coloca-se eqüidistante das partes, só podendo dizer que o direito preexistente foi
devidamente aplicado ao caso concreto se, ouvida uma parte, for dado à outra o direito
de manifestar-se em seguida.
Destarte, as partes têm o direito de serem cientificadas sobre qualquer fato processual
ocorrido e a oportunidade de se manifestarem sobre ele antes de qualquer decisão
jurisdicional.
O Estado deve proporcionar a todo acusado a mais completa defesa, seja pessoal
(autodefesa), seja técnica (defensor) (artigo 5.º, LV, da Constituição Federal), inclusive
o de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados (artigo 5.º, LXXIV,
da Constituição Federal).
No processo penal, o juiz nomeia defensor ao réu, caso ele não tenha, mesmo sendo
revel (artigos 261 e 263 do Código de Processo Penal) e caso seja feita uma defesa
abaixo do padrão mínimo tolerável, o réu poderá ser considerado indefeso e o
processo anulado. Se o acusado, citado por edital, não comparece, nem constitui
advogado, suspende-se o processo e o prazo prescricional (artigo 366 do Código de
Processo Penal).
O Ministério Público não pode desistir da ação penal, mas pode pedir a absolvição do
réu.
O juiz tem o dever de ir além da iniciativa das partes na colheita das provas, esgotando
todas as possibilidades para alcançar a verdade real dos fatos para fundamentar a
sentença.
Esse princípio comporta algumas exceções: artigos 406, 475, 206, 207 e 155, todos do
Código de Processo Penal;
a Constituição Federal, no artigo 5.º, inciso LVI, veda a utilização de provas obtidas por
meios ilícitos.
1.8. Publicidade
A publicidade poderá ser restrita nos casos em que o decoro ou o interesse social
aconselharem que eles não sejam divulgados (artigo 155, I e II, do Código de Processo
Civil e artigos 483 e 792, § 1º, do Código de Processo Penal).
No caso do advogado, pode consultar os autos do inquérito policial, mas, caso seja
decretado judicialmente o sigilo, não poderá acompanhar a realização de atos
procedimentais.
Consiste na possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo
juiz de primeiro grau.
Há casos em que não há duplo grau de jurisdição, como, por exemplo, as hipóteses de
competência originária do Supremo Tribunal Federal (artigo 102, inciso I, da
Constituição Federal).
Previsto no artigo 5.º, inciso LIII, da Constituição Federal, que dispõe que “ninguém
será sentenciado senão pelo juiz competente”.
1.12. Oficialidade
Significa que os órgãos incumbidos da persecutio criminis não podem ser privados.
A função de polícia judiciária incumbe à polícia civil (artigo 144, § 4.º, da Constituição
Federal c/c artigo 4.º do Código de Processo Penal).
1.13. Oficiosidade
No princípio da persuasão racional, o juiz decide com base nos elementos existentes
nos autos, mas sua apreciação não depende de critérios legais preestabelecidos. A
avaliação ocorre segundo parâmetros críticos e racionais.
As decisões judiciais precisam sempre ser motivadas. Esse princípio tem assento constitucional
no artigo 93, inciso IX.
Hoje, esse princípio é visto em seu aspecto político: garantia da sociedade que pode aferir a
imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das suas decisões.
– Alguns recursos são exclusivos da defesa (protesto por novo júri e embargos
infringentes).
É princípio próprio do processo penal, indica que o juiz deve buscar descobrir a
realidade, não se conformando com o que é apresentado nos autos (verdade formal).
Como exemplo, pode ser citado o artigo 156 do Código de Processo Penal, que
permite ao juiz determinar diligências de ofício para dirimir dúvida sobre ponto
relevante.
Esse princípio comporta algumas exceções: artigos 406, 475, 206, 207 e 155, todos do
Código de Processo Penal; a Constituição Federal, no artigo 5.º, inciso LVI, veda a
utilização de provas obtidas por meios ilícitos.
2.4. Legalidade
2.5. Oficialidade
Admite-se, como exceção, a ação penal privada, a ação penal privada subsidiária da
pública – quando da inércia do órgão do Ministério Público – e a ação penal popular –
na hipótese de crime de responsabilidade praticado pelo Procurador-Geral da
República e por Ministros do Supremo Tribunal Federal (artigos 41, 58, 65 e 66 da Lei
n. 1.079/50).
2.6. Oficiosidade
2.7. Autoritariedade
2.8. Indisponibilidade
2.9. Publicidade
A publicidade somente poderá ser restrita nos casos em que o decoro ou o interesse
social aconselharem que eles não sejam divulgados (artigo 155, I e II, do Código de
Processo Civil e artigos 483 e 792, § 1º, do Código de Processo Penal).
2.10. Contraditório
As partes têm o direito de serem cientificadas sobre qualquer fato processual ocorrido e
a oportunidade de se manifestarem sobre ele, antes de qualquer decisão jurisdicional.
Indica que o juiz deve ater-se ao pedido feito na peça inaugural, não podendo
pronunciar-se sobre o que não foi requerido.
O que vincula o juiz criminal são os fatos submetidos à sua apreciação.
Exemplo: se na denúncia o promotor descreve um crime de estupro, mas ao classificá-
lo, o faz como sendo de sedução, pode o juiz condenar por estupro, pois o réu se
defende dos fatos a ele imputados.
Nesse caso o juiz não julgou além do que foi pedido, apenas deu aos fatos
classificação diversa (artigo 383 do Código de Processo Penal).
O artigo 384 do Código de Processo Penal trata da mudança na acusação, sempre que
os fatos narrados na denúncia ou queixa tiverem de ser modificados em razão de prova
nova surgida no curso da instrução criminal.
2.13. Devido Processo Legal
Previsto no artigo 5.º, inciso LIV, da Constituição Federal, o due process of law
assegura à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade e de seus bens sem a
garantia de um processo desenvolvido de acordo com a lei.
Deve ser obedecido não apenas em processos judiciais civis e criminais, mas também
em procedimentos administrativos, inclusive militares.
2.14. Inadmissibilidade das Provas Obtidas por Meios Ilícitos
As provas ilícitas por derivação foram reconhecidas pela Suprema Corte Norte-
Americana, com base na teoria dos “frutos da árvore envenenada” – fruits of the
poisonous tree -, segundo a qual o vício da planta se transmite a todos os seus frutos.
O Supremo Tribunal Federal, atualmente, não admite as provas ilícitas por derivação.
Entendemos que não é razoável sempre desprezar toda e qualquer prova ilícita,
devendo o juiz admiti-las para evitar uma condenação injusta ou a impunidade de
perigosos marginais.
O direito à liberdade e à vida, por exemplo, não podem sofrer restrição pela prevalência
do direito à intimidade.
Por exemplo: uma pessoa acusada injustamente, que tenha na interceptação telefônica
ilegal o único meio de demonstrar a sua inocência.
O juiz fica vinculado ao processo que presidiu a fase instrutória, devendo decidi-lo.
Atenção: este princípio não vigora no processo penal.
Ao contrário do que pode parecer, os incisos do artigo 1.º não cuidam de exceções à
territorialidade da lei processual penal brasileira, mas sim de exceções à aplicação do
Código de Processo Penal.
Toda norma jurídica limita-se no tempo e no espaço. Isso quer dizer que a norma se
aplica em um determinado território durante um determinado lapso de tempo.
O artigo 2.º do Código de Processo Penal dispõe: “A lei processual penal aplicar-se-á
desde logo, sem prejuízo dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.” A
aplicação do dispositivo gera dois efeitos:
3. IMUNIDADES
• É irrenunciável.
• processual, formal ou relativa: consiste na garantia de não ser preso, salvo por
flagrantes de crime inafiançável.
Artigo 3.º do Código de Processo Penal: “A lei processual penal admitirá interpretação
extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de
direito.”
Interpretar uma norma significa buscar seu alcance e real significado.
4.1. Espécies
• Restritiva: a interpretação vai restringir o seu significado, pois a lei disse mais
do que queria.
• Extensiva: a interpretação vai ampliar o seu significado, pois a lei disse menos
do que queria.
5. ANALOGIA
Consiste em aplicar a uma hipótese não regulada por lei disposição relativa a um caso
semelhante.
5.1. Fundamento
Ubi eadem ratio, ibi eadem jus (onde há a mesma razão, aplica-se o mesmo Direito).
5.3. Distinção
6.1. Conceito
– imediata: lei;
7. DA PERSECUÇÃO PENAL
7.1. Conceito
7.3. Investigação
Porém, outras autoridades também podem investigar desde que haja previsão
legal:
1) crime falimentar;
– em razão da matéria;
“No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição
policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja
procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de
precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a
autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença noutra
circunscrição.”
7.3.2. Polícia de Segurança (Administrativa ou Preventiva)
INQUÉRITO POLICIAL
1. CONCEITO
2. NATUREZA JURÍDICA
3. FINALIDADE
4. POLÍCIA JUDICIÁRIA
O termo competência aqui empregado deve ser entendido como poder conferido
a alguém para conhecer determinados assuntos, não se confundindo com
competência jurisdicional, que é a medida concreta do Poder Jurisdicional.
A atribuição pode ser fixada, quer pelo lugar da consumação da infração (ratione loci),
quer pela natureza da mesma (ratione materiae).
A autoridade policial, em regra, não poderá praticar qualquer ato fora dos limites de sua
circunscrição, sendo necessário:
O flagrante deve ser lavrado no local em que se efetivou a prisão, mas se neste não
houver Delegado de Polícia, deverá o preso ser apresentado à circunscrição mais
próxima (artigos 290 e 308, ambos do Código de Processo Penal).
O inciso LIII do artigo 5.º da Constituição Federal não se aplica às autoridades policiais,
pois estas não processam (promotor natural) nem sentenciam (juiz natural).
Assim, não foi adotado pelo referido dispositivo constitucional o princípio do “Delegado
Natural”.
5. INQUÉRITOS EXTRAPOLICIAIS (artigo 4.º, parágrafo único, do Código de
Processo Penal)
6. VALOR PROBATÓRIO
7. DISPENSABILIDADE
O inquérito policial é uma peça útil, porém não imprescindível. Não é fase obrigatória
da persecução penal. Poderá ser dispensado sempre que o Ministério Público ou o
ofendido (no caso da ação penal privada) tiver elementos suficientes para promover a
ação penal (artigo 12 do Código de Processo Penal).
O artigo 27 do Código de Processo Penal dispõe que qualquer pessoa do povo poderá
fornecer, por escrito, informações sobre o fato e a autoria, indicando o tempo, o lugar e
os elementos de convicção, demonstrando que quando as informações forem
suficientes não é necessário o inquérito policial.
Segundo o artigo 39, § 5.º, do Código de Processo Penal, o órgão do Ministério Público
dispensará o inquérito se com a representação forem oferecidos elementos que o
habilitem a promover a ação penal.
Atenção: o titular da ação penal pode abrir mão do inquérito policial, mas não pode
eximir-se de demonstrar a verossimilhança da acusação, ou seja, não se concebe que
a acusação careça de um mínimo de elementos de convicção.
De acordo com o disposto nos artigos 69 e 77, § 1.º, da Lei n. 9.099/95, o inquérito
policial é substituído por um simples boletim de ocorrência circunstanciado, lavrado
pela autoridade policial, chamado de termo circunstanciado, no qual constará uma
narração sucinta dos fatos, bem como a indicação da vítima, do autor do fato e das
testemunhas, em número máximo de três, seguindo em anexo um boletim médico ou
prova equivalente, quando necessário para comprovar a materialidade delitiva
(dispensa-se o laudo de exame de corpo de delito).
8. CARACTERÍSTICAS
• Legalidade: o inquérito policial não pode ser arbitrário, ou seja, deve obedecer à
lei.
9. INCOMUNICABILIDADE
A Constituição Federal, em seu artigo 136, § 3.º, inciso IV, proíbe a incomunicabilidade
durante o estado de defesa.
Assim, se é vedada em situações excepcionais, com mais razão deve ser vedada em
situações de normalidade.
10.1. Conceito
10.2. Espécies
ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento direto da infração penal por
meio de suas atividades rotineiras. Exemplo: policiamento, imprensa, pelo encontro do
corpo de delito ou até pela delação anônima. A delação anônima (apócrifa) é chamada
notitia criminis inqualificada.
ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do delito por meio de algum ato
jurídico de comunicação formal, como por exemplo a delatio criminis (comunicação de
um crime feito pela vítima ou por qualquer um do povo), a requisição do Ministério
Público ou autoridade judiciária e a representação do ofendido.
11. INÍCIO
Contudo, há algumas pessoas que, em razão do seu cargo ou função, estão obrigadas
a noticiar a ocorrência de crimes de que tenham tomado conhecimento no desempenho
de suas atividades (artigo 66, incisos I e II, da Lei das Contravenções Penais; artigo 45
da Lei n. 6.538/78; artigo 269 do Código Penal; artigos 104 e 105 da Lei de Falências).
11.4. Observações
O inquérito policial também pode começar mediante auto de prisão em flagrante nos
três casos (ação penal pública incondicionada, condicionada e ação penal privada).
Nos crimes de ação pública condicionada e de ação privada, o ofendido deverá ratificar
o flagrante até a entrega da nota de culpa (24h).
A autoridade policial não poderá instaurar o inquérito policial se não houver justa causa
(se o fato for atípico ou se estiver extinta a punibilidade).
O inquérito policial não tem um procedimento rígido, ou seja, uma seqüência imutável
de atos.
O artigo 6.º do Código de Processo Penal indica algumas providências que, de regra,
devem ser tomadas pela autoridade policial para a elucidação do crime e da sua
autoria.
A busca domiciliar pode ser realizada em qualquer dia, porém devem ser respeitadas
as garantias de inviolabilidade domiciliar (artigo 5.º, inciso XI, da Constituição Federal).
• a convite do morador;
• em caso de desastre.
Durante o dia:
Domicílio, nos termos do artigo 150, § 4.º, do Código Penal, é qualquer compartimento
habitado; aposento ocupado por habitação coletiva; compartimento não aberto ao
público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
Exemplos: o escritório de advogado, na parte aberta ao público, não é domicílio, mas a
sala do advogado sim (observação:
a busca em escritório de advocacia deverá ser acompanhada por um representante da
Ordem dos Advogados do Brasil);
o mesmo entendimento se tem quanto a bar, pois considera-se domicílio a área interna
do balcão, onde é exercida a atividade pelo proprietário ou seu funcionário, sendo que
a parte externa, a freqüentada pelo público, não; quarto de hotel etc. Automóvel não é
domicílio.
A busca pessoal é aquela feita na própria pessoa.
Pode ser realizada a qualquer dia e a qualquer hora, salvo se a pessoa estiver em seu
domicílio.
A testemunha tem o dever de falar a verdade, sob pena de responder pelo crime de
falso testemunho (artigo 342 do Código Penal). O ofendido que mentir não comete
crime de falso testemunho.
1.4.1. Indiciamento
É um ato abstrato, um juízo de valor da autoridade policial que vai reconhecer alguém
como principal suspeito.
A autoridade policial, portanto, deve informá-lo desse direito (artigo 5.º, inciso LXIII, da
Constituição Federal), não podendo mais adverti-lo de que seu silêncio poderá
prejudicar sua própria defesa, pois o artigo 186 do Código de Processo Penal não foi
recepcionado pela Constituição Federal.
Se o suspeito for membro do Ministério Público, a autoridade policial não pode indiciá-
lo, devendo encaminhar os autos do inquérito ao Procurador-Geral de Justiça.
No interrogatório judicial, a ausência de curador gerará sua nulidade (artigo 564, inciso
III, alínea “c”, do Código de Processo Penal).
A jurisprudência faz, no entanto, uma restrição em relação aos policiais, pois estes têm
interesse na investigação.
Poderão ser realizadas acareações (artigos 229 e 230 do Código de Processo Penal) e
reconhecimento de pessoas e coisas (artigos 226 a 228 do Código de Processo Penal).
O artigo 7.º do Código de Processo Penal dispõe sobre a reprodução simulada dos
fatos (reconstituição do crime), que não pode contrariar a moralidade e a ordem
pública.
O indiciado não pode ser obrigado a participar da reconstituição, o que violaria seu
direito ao silêncio e seu corolário, o de que ninguém está obrigado a produzir prova
contra si, mas pode ser obrigado a comparecer (artigo 260 do Código de Processo
Penal).
1.8. Relatório
2.1.2. Tóxicos
3. ARQUIVAMENTO
Só pode ser determinado pelo juiz se houver requerimento do Ministério Público.
Se o Juiz discordar do pedido de arquivamento, aplicará o disposto no artigo 28 do
Código de Processo Penal, ou seja, remeterá os autos ao Procurador-Geral, que
poderá:
• oferecer a denúncia;
O inquérito policial, arquivado por falta de provas, só poderá ser reaberto se surgirem
novas provas (súmula n. 524 do Supremo Tribunal Federal).
• em casos de crime contra a economia popular, caberá recurso de ofício (artigo 7.º
da Lei n. 1.521/51);
O pedido de arquivamento feito pelo titular da ação penal privada significa renúncia
tácita (causa a extinção da punibilidade).
Por fim, salientamos a possibilidade de trancar o inquérito por meio de habeas corpus
quando houver indiciamento abusivo ou quando o fato for atípico.
Da Ação Penal
1. DA AÇÃO PENAL
1.1. Conceito
1.2. Características
Na ação penal pública o pólo ativo é ocupado pelo Ministério Público; na ação penal
privada, o pólo ativo é ocupado pelo ofendido ou seu representante legal.
O Estado exerce por intermédio do Ministério Público seu direito de punir que colide
com o direito de liberdade do acusado.
Por conseguinte, não será recebida a denúncia quando estiver extinta a punibilidade do
acusado. Nesse caso, a perda do direito material de punir resultou na desnecessidade
de utilização das vias processuais.
Ao lado das condições que vinculam a ação civil, também aplicáveis ao processo
penal (explicitadas no item anterior), a doutrina atribui a este algumas condições
específicas, ditas condições específicas de procedibilidade. São elas:
• ação penal privada: nos crimes que afetam a esfera íntima do ofendido
Quando o artigo de lei nada mencionar, trata-se de ação penal pública incondicionada.
A ação penal pública tem como titular exclusivo (legitimidade ativa) o Ministério Público
(artigo 129, inciso I, da Constituição Federal).
Nesses casos, o juiz ou a autoridade policial, por meio de portaria ou pelo auto de
prisão em flagrante, iniciava a ação penal (não havia denúncia por parte do Ministério
Público).
O Estado é titular exclusivo do direito de punir e o faz por meio do devido processo
legal. O Ministério Público é titular exclusivo da ação penal pública.
No caso de inércia do Ministério Público, este princípio sofre relativização, pois a vítima
pode ingressar com ação penal privada subsidiária.
O Ministério Público tem o dever, e não a faculdade, de ingressar com a ação penal
pública, quando concluir que houve um fato típico e ilícito e tiver indícios de sua autoria.
Como o Órgão Ministerial tem o dever de ingressar com a ação penal pública, o pedido
de arquivamento deve ser motivado (artigo 28 do Código de Processo Penal).
Esse princípio foi mitigado com a entrada em vigor da Lei n. 9.099/95 (artigos 74 e 76).
No caso de infração de pequeno potencial ofensivo, antes de oferecer a denúncia, o
Ministério Público pode oferecer a transação, um acordo com o autor do fato.
Depois de proposta a ação, o Ministério Público não pode desistir (artigo 42 do Código
de Processo Penal).
O artigo 564, inciso III, alínea “d”, do Código de Processo Penal prevê que o Ministério
Público deve manifestar-se sobre todos os termos da ação penal pública.
Esse princípio também foi mitigado pela Lei n. 9.099/95 (referente a crimes de menor
potencial ofensivo e contravenções penais - artigo 61); o Ministério Público pode propor
ao acusado a suspensão condicional do processo, conforme artigo 89.
Somente estes podem ser processados (não pode ser contra os pais ou representante
legal do autor ou partícipe).
1.6.5. Princípio da indivisibilidade
O Ministério Público não pode escolher, dentre os indiciados, qual vai processar.
Apesar de o Ministério Público ser o titular exclusivo da ação (somente ele pode
oferecer a denúncia), depende de certas condições de procedibilidade para ingressar
em juízo.
Pode ser dirigida ao Ministério Público, ao juiz de Direito ou à autoridade policial (artigo
39 do Código de Processo Penal). Pode ser escrita (regra) ou oral, sendo que, neste
caso, deve ser reduzida a termo.
Tal prazo é contado para oferta da representação e não para o ingresso do Ministério
Público com a ação penal, podendo este oferecer a denúncia após os seis meses.
Tal prazo não corre contra o menor de 18 anos, ou seja, após completar 18 anos, a
vítima terá seis meses para representar ao Ministério Público.
Em qualquer caso, tal prazo é decadencial (artigo 107, inciso IV, do Código Penal).
Esse prazo não se suspende nem se prorroga (artigo 10 do Código Penal).
Se a vítima for menor de 18 anos, somente seu representante legal pode oferecer a
representação.
Se o ofendido for incapaz e não tiver representante legal o juiz nomeará um curador
especial que decidirá se representará ou não.
Se maior de 18 e menor de 21 anos, tanto ele como seu representante legal têm
legitimidade, com prazos independentes (Súmula n. 594 do Supremo Tribunal Federal),
podem oferecer a representação e, caso haja conflito entre os interesses de ambos,
prevalece a vontade de quem quer representar.
Como bem lembra Tourinho Filho, admitir o contrário “é entregar ao ofendido arma
poderosa para fins de vingança ou outros inconfessáveis”. A jurisprudência, no entanto,
a nosso ver de forma equivocada, tem admitido este inconveniente procedimento.
A representação não vincula (obriga) o Ministério Público a ingressar com a ação; o
Ministério Público só oferecerá a denúncia se vislumbrar a materialidade do crime e os
indícios de autoria, senão poderá pedir o arquivamento do inquérito policial.
• crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil (artigo 7.º, § 3.º,
alínea “b”, do Código Penal);
O ministro da Justiça não tem prazo para oferecer a requisição, pode fazê-lo a qualquer
tempo (não se sujeita aos seis meses de prazo como na representação).
• segundo o Prof. Damásio de Jesus, entre outros, deve-se aplicar a analogia com o
instituto da representação (artigo 25 do Código de Processo Penal), sendo, portanto,
possível a retratação;
1.1. Conceito
Nas hipóteses de ação penal privada, ele transfere ao particular a iniciativa da ação,
mas não o direito de punir.
Na ação penal pública, ocorre legitimação ordinária porque é o Estado soberano, por
meio do Ministério Público, que movimenta a ação.
1.3. Titular
• Ação penal privada personalíssima: é aquela que só pode ser promovida única
e exclusivamente pelo ofendido.
Exemplo: adultério (artigo 240 do Código Penal), induzimento a erro essencial (artigo
236, parágrafo único, do Código Penal).
Assim, falecendo o ofendido, nada há que se fazer a não ser aguardar a extinção da
punibilidade do agente.
1.5. Prazo
Tratando-se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de seis meses a contar do
encerramento do prazo para o Ministério Público oferecer a denúncia.
A decadência não extingue o direito de punir (o que leva tal direito à extinção é a
prescrição).
O ofendido pode desistir ou abandonar a ação penal privada até o trânsito em julgado
da sentença condenatória, por meio do perdão ou da perempção (artigos 51 e 60 do
Código de Processo Penal, respectivamente).
O Ministério Público não pode aditar a queixa para nela incluir os outros
ofensores, porque estaria invadindo a legitimação do ofendido.
• Para Tourinho Filho, entretanto, o aditamento é possível com base no artigo 46,
§ 2.º, do Código de Processo Penal.
• Mirabete entende que no caso de não-inclusão involuntária de ofensor na
queixa-crime (por desconhecimento da identidade do co-autor, por exemplo), o
Ministério Público deve fazer o aditamento, nos termos do artigo 45 do Código de
Processo Penal.
2. DENÚNCIA E QUEIXA
2.1. Requisitos da Denúncia (artigo 41 do Código de Processo Penal)
A jurisprudência já abriu exceções para não inviabilizar a persecução penal, como nos
seguintes casos:
O réu se defende dos fatos e não da acusação jurídica (juria novit curia – o juiz
conhece o direito).
O juiz não pode, ao receber a denúncia, dar uma classificação jurídica diversa da
contida na exordial porque a fase correta para isso é a sentença (artigo 383 do Código
de Processo Penal);
• Assinatura: a falta não invalida a peça se não houver dúvidas quanto a sua
autenticidade.
2.3. Omissões
Podem ser suprimidas até a sentença (artigo 569 do Código de Processo Penal).
Prazos especiais:
• crime eleitoral: 10 dias;
Seis meses, contados do dia em que o ofendido vier a saber quem é o autor do
crime.
No caso de ação penal privada subsidiária, o prazo será de seis meses, a contar do
esgotamento do prazo para o oferecimento da denúncia.
O Ministério Público pode aditar a queixa para nela incluir circunstâncias que
possam influir na caracterização do crime e na sua classificação, ou ainda na fixação
da pena (artigo 45 do Código de Processo Penal).
O juiz rejeitará a denúncia quando concluir que o fato narrado é atípico ou que
está acobertado por causa de exclusão de ilicitude, porque falta uma condição da ação
– uma verdadeira impossibilidade jurídica do pedido. O artigo 43, inciso I, do Código de
Processo Penal faz coisa julgada material (não pode ser oferecida a denúncia
novamente).
Falta uma condição da ação, que é o interesse de agir. Faz coisa julgada
material (artigo 43, inciso II, do Código de Processo Penal).
Ocorre, por exemplo, quando o Ministério Público oferece queixa em ação privada.
Exemplo: apresentar a denúncia sem representação quando esta for exigida por
lei (artigo 43, inciso III, 2.ª parte, do Código de Processo Penal).
2.8. Renúncia
Só é possível renunciar a uma ação penal privada ou a uma ação penal pública
condicionada, tendo em vista que o Ministério Público jamais pode renunciar a qualquer
ação pública.
Não se deve confundir renúncia com desistência, tendo em vista que aquela ocorre
antes da propositura da ação e esta depois da propositura da ação.
A única situação de desistência da ação está prevista no artigo 522 do Código de
Processo Penal.
Resposta: Não, por expressa previsão do artigo 104, parágrafo único, do Código Penal.
No caso de infração penal de menor potencial ofensivo, contudo, a homologação
judicial do acordo civil, realizada na audiência preliminar, implica renúncia ao direito de
queixa ou representação (artigo 74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95).
É possível somente na ação penal privada, tendo em vista que o Ministério Público não
pode perdoar o ofendido.
O perdão aceito obsta o prosseguimento da ação, causando a extinção da punibilidade.
Verifica-se o perdão após o início da ação, pois, tecnicamente, o perdão antes da ação
configura renúncia. Admite-se o perdão até o trânsito em julgado final.
Existem duas formas de perdão:
A doutrina entende que é possível o perdão parcial, como, por exemplo, perdoar por
um crime e não perdoar por outro (a lei é omissa a esse respeito).
Assim, a condenação penal imutável faz coisa julgada no cível, para efeito de
reparação do dano ex delicto, impedindo que o autor do fato renove, nessa instância, a
discussão do que foi decidido no crime. Trata-se de efeito genérico que não precisa ser
declarado na sentença penal.
O Código de Processo Penal, seguindo o Estatuto Penal, em seu artigo 63, assegura
ao ofendido, ao representante legal ou aos herdeiros daquele, o direito de executar no
cível a sentença penal condenatória transitada em julgado.
Trata-se da ação civil ex delicto, que pode ser proposta pelo ofendido, seu
representante legal ou seus herdeiros, em razão da ocorrência de um delito.
Observação: a coisa julgada produzida no cível pela condenação penal não abrange o
responsável civil, sob pena de violação a princípios constitucionais, tais como o
princípio do contraditório e da ampla defesa.
Se a ação penal, portanto, ainda estiver em curso, a vítima poderá entrar com a ação
civil no juízo cível para requerer a indenização. Como poderá ocorrer, no entanto, o
conflito de decisões, o juiz da ação civil poderá suspender o curso dessa ação até
julgamento final da ação penal.
Nem sempre a absolvição do réu no juízo criminal impedirá a actio civilis ex delicto. Em
regra, esta só não poderá ser proposta quando tiver sido categoricamente reconhecida
a inexistência material do fato.
• a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime;
A sentença penal condenatória, com trânsito em julgado, poderá ser executada no juízo
cível, mas como o juiz criminal não fixa o quantum, é necessário que se faça a
liquidação da sentença.
O autor da ação cível tem o privilégio de escolher um dos foros especiais, previstos no
artigo 100, parágrafo único, do Código de Processo Civil.
Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (artigo 32, §§ 1.º e 2.º, do
Código de Processo Penal), a execução da sentença condenatória (artigo 63 do Código
de Processo Penal) ou a ação civil (artigo 64 do Código de Processo Penal) será
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público, nos termos do artigo 68 do
Código de Processo Penal.
Jurisdição e Competência
1. JURISDIÇÃO
1.1. Conceito
Jurisdição é a função estatal exercida pelo Poder Judiciário, consistente na aplicação
de normas da ordem jurídica a um caso concreto, com a conseqüente solução do
litígio.
É o poder de julgar um caso concreto, de acordo com o ordenamento jurídico, por meio
do processo.
1.2. Princípios
• Juiz natural: ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente, que é aquela cujo poder jurisdicional vem fixado em regras
predeterminadas (artigo 5.º, inciso LIII, da Constituição Federal); do mesmo modo, não
haverá juízo ou tribunal de exceção (artigo 5.º, inciso XXXVII, da Constituição Federal).
• Devido processo legal: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
o devido processo legal (artigo 5.º, inciso LIV, da Constituição Federal).
• Inércia: a jurisdição não age de ofício; depende de provocação das partes, pois,
caso contrário, sua imparcialidade ficaria abalada; ne procedat iudex ex oficio.
2. COMPETÊNCIA
2.1. Conceito de Competência
Aponta quais os casos que podem ser julgados pelo órgão do Poder Judiciário.
I – o lugar da infração;
IV – a distribuição;
V – a conexão ou continência;
VI – a prevenção;
3.1. Foro
Foro é o território dentro do qual determinado órgão judicial exerce sua parcela de
jurisdição.
a) Fraude no pagamento por meio de cheque (artigo 171, § 2.º, inciso VI, do
Código Penal)
Trata-se do crime de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem
provisão de fundos.
O foro competente será o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Exemplo: Adonilza encontra uma folha de cheque na rua, vai até uma loja e faz uma
compra, fazendo-se passar por titular do cheque.
c) Homicídio
Contudo, ela é contrária à letra expressa da lei, que dispõe competente o foro do local
do resultado.
e) Crime permanente
A competência será firmada pela prevenção (artigo 70, § 3.º, do Código de Processo
Penal).
O foro competente para julgar o acusado será o da capital do Estado do seu último
domicílio.
Se o réu nunca teve domicílio no Brasil, será competente o juízo do Distrito Federal
(artigo 88 do Código de Processo Penal).
O foro competente será o local do porto nacional onde ocorreu o primeiro atracamento
após o crime ou o porto de onde a embarcação saiu do Brasil para o exterior.
O ônibus esteve o tempo todo em trânsito, não havendo como precisar o local da
infração. A ação será proposta no local do domicílio ou residência do réu.
Se o réu tiver mais de um domicílio, conforme o artigo 72, § 1.º, do Código de Processo
Penal, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Caso o réu não tenha domicílio certo, ou seja ignorado seu paradeiro, será competente
o juiz que primeiro tomou conhecimento do fato.
Conforme a natureza da infração, a ação será julgada por uma determinada justiça
competente.
• Auditorias Militares compostas por um juiz togado e quatro oficiais (1.ª instância).
• Auditorias Militares compostas por um juiz togado e quatro oficiais (1.ª instância).
• Civil que pratique crime contra instituição militar federal. Observação: assim
dispõe a Súmula n. 53 do Superior Tribunal de Justiça:
Assim, se o civil cometer crime contra instituição militar federal, será julgado pela
justiça militar federal; se o civil cometer crime contra instituição militar estadual, será
julgado pela justiça comum estadual.
Serão julgados pela Justiça Militar Estadual (artigo 125, § 4.º, da Constituição
Federal/88):
Crimes Militares:
Com relação aos crimes militares impróprios, o Código Penal Militar estabelece em seu
artigo 9.º, inciso II, as situações em que o crime é praticado em situação de serviço.
Nesse caso, ou seja, se o crime for praticado pelo militar em serviço, será crime militar.
Se o militar não estiver em serviço, será julgado pela justiça comum.
Se o militar em serviço pratica crime não definido no Código Penal Militar, será julgado
pela Justiça Comum.
• crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil, mesmo em
situação de serviço, também passaram a ser da competência da Justiça Comum,
julgados pelo Tribunal do Júri.
“O policial militar será julgado pela Justiça Militar Estadual de seu Estado, ainda que o
crime seja praticado em outro Estado”.
a) Crimes políticos
A lei não define o que é crime político. Os doutrinadores estabelecem dois critérios:
• objetivo: leva em conta o bem jurídico violado (crimes que violem o Regime
Democrático ou praticado contra as Instituições Políticas); crimes enquadrados na Lei
de Segurança Nacional.
Assim, se o crime não for militar, eleitoral e não estiver inserido na competência da
Justiça Comum Federal, será julgado pela Justiça Comum Estadual.
O foro por prerrogativa de função não é privilégio pessoal, mas sim garantia inerente a
cargo ou função.
A razão do legislador, ao atribuir o julgamento a um órgão colegiado, é evitar que um
juiz monocrático pudesse ceder a eventuais pressões, comprometendo sua
imparcialidade.
Assim, trata-se de uma garantia à sociedade, pois o que se busca é a imparcialidade
do julgador.
A Lei n. 8.038/90 dispõe sobre o procedimento para os processos perante o Superior
Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal.
2) defesa preliminar;
4) citação;
5) audiência de instrução;
6) depoimento;
7) interrogatório;
8) diligências;
9) alegações finais;
10) sentença.
• Por quem tem prerrogativa de função (exemplo: prefeito) e uma pessoa sem
prerrogativa, ambos serão julgados pelo Tribunal de Justiça, pela continência.
• Por duas pessoas que têm prerrogativa de função, por exemplo, prefeito
(Tribunal de Justiça) e senador (Supremo Tribunal Federal).
Há duas posições.
Para uma primeira corrente, o deputado estadual deverá ser julgado pelo júri popular, ante
a falta de previsão expressa de foro especial na Lei Maior, a qual manda aplicar-lhe
apenas suas regras “sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração,
perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas” (artigo 27, §
1.º).
É certo que nada impede venham as constituições estaduais a adotar o foro especial, mas,
não o tendo feito a Carta Federal, esta competência não poderia prevalecer sobre a
constitucional do Júri (artigo 5.º, inciso XXXVIII, alínea d).
O entendimento que nos parece mais correto, no entanto, é o de que, tendo a Carta
Magna estabelecido foro especial para os membros do Poder Legislativo da União, os
Estados, ao repetir em suas constituições idêntica garantia para seus parlamentares,
estão refletindo em seus textos o dispositivo da Lei Maior.
Não há qualquer tipo de inovação porque o foro por prerrogativa de função para deputados
estaduais está em perfeita sincronia com a Constituição Federal.
Esse paralelismo significa que o privilégio estadual consta também da Carta Federal e, por
esta razão, sobrepõe-se à competência do Júri.
Importante:
Se o processo não alcança seu fim e o mandato acaba, será remetido para o juiz
comum.
O Supremo Tribunal Federal tem competência para julgar por crimes comuns (crimes e
contravenções) e por crimes eleitorais:
• Ministros de Estado;
• Parlamentares federais;
• Agentes diplomáticos;
• Procurador-Geral da República.
O Advogado-Geral da União não está relacionado no artigo 102 da Constituição
Federal/88, mas a doutrina entende que seu cargo tem a mesma hierarquia dos
Ministros de Estado, portanto, também deve ser julgado pelo Supremo Tribunal
Federal.
O Superior Tribunal de Justiça tem competência para julgar todas as infrações penais,
salvo crimes eleitorais (neste caso, cabe ao Tribunal Superior Eleitoral apreciar a
questão), cometidas por:
• Governador;
O Tribunal Regional Federal tem competência para julgar todas as infrações penais,
salvo nos crimes eleitorais, cometidas por:
• Juízes do Trabalho;
• Juízes militares;
• Juízes de Direito;
Atenção:
Prefeito Municipal:
Juiz federal:
A Constituição Estadual de São Paulo estabelece foro especial no Tribunal de Justiça para
julgar os crimes comuns cometidos por:
• Vice-Governador;
• Deputado estadual;
• Secretário de Estado;
• Procurador-Geral de Justiça;
• Procurador-Geral do Estado;
• Prefeitos municipais;
• Delegado-Geral de Polícia.
Tribunal de Justiça Militar tem competência para julgar crimes militares – Constituição
Estadual de São Paulo:
Nos termos do artigo 85 do Código de Processo Penal, nos processos por crime contra
a honra, em que o querelante tiver foro especial no Supremo Tribunal Federal ou no
Tribunal de Apelação, a esses caberá o julgamento da exceção da verdade. Não cabe
a oposição de exceção da verdade:
• Na calúnia:
se o fato imputado a alguém for crime de ação penal privada, e ele não for
condenado;
se, do crime imputado, embora de ação penal pública, o ofendido foi absolvido
por sentença irrecorrível.
Deve ser oposta quando da defesa prévia; mas para alguns esse prazo não é fatal,
pois é questão de mérito, e o prazo fatal caracterizaria o cerceamento de defesa. Há
posicionamentos contrários.
Oposta a exceção, o querelante tem dois dias para contestá-la. Poderá arrolar no
máximo oito testemunhas.
Se na queixa já tiver arrolado quatro testemunhas, poderá arrolar mais quatro na
contestação da exceção, até completar o número legal. Isso porque, embora o crime
seja punido com detenção, o rito é ordinário.
Conforme o artigo 85, do Código de Processo Penal, a exceção será julgada pelo
Tribunal competente. Se o Tribunal julga procedente a exceção, o mérito será julgado
improcedente.
Prevenção
• Concessão de fiança;
Distribuição
Se for constatado que não houve prevenção, a fixação do juízo competente se dará por
distribuição, que é o sorteio para a fixação do juiz para a causa.
a) Conexão
• Intersubjetiva
– por concurso: quando as infrações houverem sido praticadas por várias pessoas,
com vínculo subjetivo, embora diverso o tempo e o lugar;
• Objetiva
• Instrumental ou probatória
b) Continência
• Subjetiva:
• Objetiva
– concurso formal (artigo 70, 1.ª parte, do Código Penal);
– aberratio ictus – erro na execução com resultado duplo (artigo 73, parte
final, do Código Penal);
• prepondera o local da infração mais grave, isto é, à qual for cominada pena
mais grave (a pena de reclusão é mais grave que a de detenção que é mais grave que
a prisão simples). Se a pena máxima for igual, compara-se a pena mínima;
• sendo iguais as penas (máxima e mínima), prevalece o local onde foi praticado
o maior número de crimes;
§ 2.º Co-réu revel que não possa ser julgado à revelia (infração inafiançável, não
comparece no Tribunal do Júri, citação por edital) e na cisão do julgamento durante a
sessão plenária do Júri (artigo 461 do Código de Processo Penal).
• se, por outro motivo relevante, o juiz julgar conveniente a separação (o juiz tem
discricionariedade para determinar isso).
Os dois serão julgados pelo Tribunal de Justiça – vis atractiva. Se o juiz for absolvido, o
escrivão continua a ser julgado pelo Tribunal de Justiça.
O juiz aguarda o trânsito em julgado e remete os autos ao juiz competente (que pode
ser ele mesmo se a comarca for pequena, devendo aguardar o trânsito em julgado).
Se, no entanto, o Júri absolver o acusado da imputação por crime doloso contra a vida,
continuará competente para a apreciação dos conexos, pois só pode proferir
absolvição quem se julga competente para analisar o fato.
1. INTRODUÇÃO
As questões e os processos incidentes são soluções dadas pela lei processual para as
variadas eventualidades que podem ocorrer no processo e que devem ser resolvidas pelo juiz
antes da solução da causa principal.
Incidente: aquilo que sobrevém, que é acessório.
2. QUESTÕES PREJUDICIAIS
Questões prejudiciais são todas as questões de fato e de direito que, por necessidade
lógica, devem ser analisadas antes da questão principal e podem, em tese, ser objeto
de processo autônomo. A matéria é tratada nos artigos 92 a 94 do Código de Processo
Penal.
Etimologicamente “prejudicial” significa pre-iudicate, isto é, julgar primeiro. A
questão deve ser julgada em primeiro lugar, antes da questão principal.
Exemplo: um acusado de bigamia (artigo 235 do Código Penal) alega que seu primeiro
casamento é nulo. A validade ou não do casamento é questão prejudicial que deve ser
decidida antes do mérito, pois influi diretamente na decisão.
Exemplo: falta de citação é uma questão preliminar – não se ajuíza processo autônomo
para discutir.
a) Quanto à influência:
c) Quanto ao efeito:
Sempre versa sobre questão de estado civil das pessoas. Exemplo: anulação de
casamento no cível e crime de bigamia.
• Questão prejudicial não-devolutiva: deve ser resolvida pelo juízo criminal. São
sempre questões prejudiciais homogêneas.
Requisitos: versar a questão sobre o estado civil das pessoas (casado, solteiro, vivo,
morto, parente ou não); constituir elementar ou circunstância do fato imputado; que a
controvérsia seja séria, fundada e relevante.
Observações:
Se for devolutiva relativa, o tribunal não pode anular a sentença, mas absolve o réu.
3. EXCEÇÕES
3.1.1. Procedimento
Se o magistrado não se der por suspeito, qualquer das partes poderá fazê-lo em
petição assinada pela própria parte ou por procurador com poderes especiais.
Como o defensor dativo não tem procuração, para que ele possa argüir a
exceção, o réu também deve assinar a petição.
O juiz excepto terá três dias para resposta escrita, juntando documentos e
arrolando testemunhas, se necessário. Posteriormente, remeterá os autos ao Tribunal
de Justiça em 24 horas (em São Paulo é julgada pela Câmara Especial).
No Júri as partes podem recusar os jurados. As partes podem fazer três recusas
peremptórias, isto é, sem justificação.
Se o juiz não aceitar a recusa, o jurado tomará parte no Conselho de Sentença. Tudo
constará da ata.
3.1.4. Observações
Conforme dispõe o artigo 256 do Código de Processo Penal: “A suspeição não poderá
ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito ser
motivo para criá-la”.
A exceção pode ser oposta pelo réu, querelado e Ministério Público, quando este atue
como fiscal da lei. Todavia, segundo a doutrina, não pode ser argüida pelo autor da
ação.
A argüição deve ser feita no prazo de três dias da defesa prévia, tratando-se de
incompetência relativa (territorial), sob pena de prorrogação. Se a incompetência for
absoluta, poderá ser feita a qualquer tempo.
Dessa forma somente os atos instrutórios serão ratificados pelo juiz competente, os
atos decisórios serão anulados.
Processamento:
• Mesmas partes;
Instaurado inquérito policial com ação já em curso, sem existir requisição do juiz
ou do Ministério Público para realização de diligências complementares, caracteriza-se
constrangimento ilegal sanável por habeas corpus.
Havendo duas ações iguais, uma delas será excluída. Exclui-se a segunda.
Desde que não sejam alegados os mesmos fatos pelos quais já foi acusado; a
descrição fática deve ser outra.
Há quem entenda que, se alguém foi absolvido, não pode ser pelo mesmo crime
novamente processado.
Leva-se em conta o fato concreto, não importa a conduta descrita; se foi absolvido pelo
fato, não pode novamente ser processado.
Processamento:
A coisa julgada é uma qualidade dos efeitos da decisão final, marcada pela
imutabilidade e irrecorribilidade.
A sentença absolutória, todavia, é imutável, pois não há revisão criminal pro societate.
Assim, se um sujeito foi julgado por um fato, resultando uma decisão irrecorrível, não
poderá ser julgado novamente pelo mesmo fato.
Havendo identidade de demanda (ver item anterior), não poderá haver um segundo
julgamento.
Processamento:
• Ouve-se o réu (se foi o Ministério Público que argüiu) ou o Ministério Público (se
foi o réu que argüiu).
4. CONFLITO DE JURISDIÇÃO
O assunto é tratado com este título no Código de Processo Penal, mas o correto
seria dizer conflito de competência, pois todo juiz tem jurisdição.
O objetivo é preservar o juiz natural. Há dois tipos de conflito de jurisdição:
Nesse caso, o relator recebe o processo e determina que os Juízos envolvidos prestem
informações. Com as informações, colhe o parecer do Ministério Público em segunda
instância (Procurador Geral). O conflito então é julgado.
• Cabe também ao Tribunal Regional Federal julgar conflito entre juiz federal e juiz
estadual com competência federal (exemplo: artigo 27 da Lei n. 6.368/76) – Súmula n.
3 do Superior Tribunal de Justiça .
Regras:
• defensor;
• curador;
Não basta a doença mental, é preciso saber se em virtude dela, ao tempo da ação ou
omissão, o agente era incapaz de entender o caráter ilícito da infração.
A interdição no cível é irrelevante para o processo penal. A perícia penal visa verificar a
imputabilidade do acusado.
O prazo para realização do exame é de 45 dias, prorrogável por igual período a pedido
dos peritos, conforme dispõe o artigo 150, § 1.º, do Código de Processo Penal.
• instrumento do crime cujo fabrico, alienação, porte, uso ou detenção constitua fato
ilícito, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de boa-fé (artigo 91, inciso II, alínea
“a”, do Código Penal);
• produto direto do crime cujo fabrico, alienação, porte, uso ou detenção constitua
fato ilícito, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de boa-fé (artigo 91, inciso II,
alínea “b”, do Código Penal).
• não deve haver dúvida sobre o direito do reclamante (a devolução pela autoridade
policial é facultativa, pois se houver dúvida o juiz decidirá).
• objeto apreendido em poder de terceiro de boa-fé (o juiz dará prazo de 5 dias para
o reclamante e igual prazo ao terceiro, e findo o juiz dará prazo comum de 2 dias para
arrazoar – se a questão for complexa, o juiz determinará que o reclamante ingresse
com ação própria no juízo cível).
1.1. Conceito
Prova é todo elemento trazido ao processo, pelo juiz, pelas partes ou por terceiros
(exemplo: peritos), destinado a comprovar a realidade de um fato, a existência de algo
ou a veracidade de uma afirmação. Sua finalidade é fornecer subsídios para a
formação da convicção do julgador.
Os fatos notórios. O fato axiomático é diferente do fato notório, que é aquele de
conhecimento geral, que faz parte da história e refere-se a fatos políticos, sociais ou
fenômenos da natureza.
Os fatos sobre os quais incide presunção absoluta (iuris et de iure). Exemplo:
incapacidade do menor de 18 anos de entender o caráter criminoso do fato; não se
admite prova em contrário.
Atenção: no Processo Penal, os fatos incontroversos também são objeto de prova; não
se aplica a regra que incide no Processo Civil.
Prova Não Plena: é a prova que conduz a um juízo de probabilidade. Para a decisão
de pronúncia aceita-se a prova não plena, mas para a condenação é necessária a
prova plena.
Meios de prova são os métodos por meio dos quais a prova pode ser levada ao
processo.
Princípio da Comunhão da Prova: uma vez trazida aos autos, a prova se incorpora
ao processo. Por essa razão, a prova trazida por uma das partes pode ser usada pela
parte contrária. Além disso, uma vez admitida a prova, para que a parte desista dela,
deve haver anuência da parte contrária.
Esse princípio, contudo, não é absoluto, pois não se admitem as provas ilegais, que se
subdividem em provas ilícitas e ilegítimas.
Prova ilícita é a prova produzida com desrespeito à regra de direito material. Exemplo:
confissão mediante tortura.
Segundo essa teoria, a prova, ainda que lícita, mas decorrente de outra prova ilícita,
não pode ser aceita.
Exemplo: o réu, mediante tortura, aponta três testemunhas. Essas testemunhas são
chamadas a Juízo. A oitiva dessas testemunhas, apesar de lícita, será considerada
ilícita, pois se originou de uma prova ilícita. Não poderá ser aceita.
Compete, ainda, à acusação fazer prova do elemento subjetivo, isto é, do dolo da ação
ou do elemento normativo, ou seja, a culpa: provar que o agente agiu com imprudência,
negligência ou imperícia.
O sistema religioso invocava a divindade para apreciar as provas, qualquer que fosse
o julgamento (duelos etc.).
No sistema étnico ou pagão, a apreciação das provas era feita de forma empírica,
sem qualquer regra.
Sistema Moderno.
Nesse sistema, a decisão fica a cargo do juiz, que decide observando certas regras,
porém, não há necessidade de fundamentação do julgamento. Dá ensejo a abusos.
1. PERÍCIAS
A perícia é um exame realizado por quem tem conhecimento técnico específico.
Sua finalidade é prestar auxílio ao juiz em questões fora de sua área de conhecimento
profissional.
Natureza jurídica: é um meio de prova nominado.
Seu valor probatório é idêntico ao dos demais meios de prova.
A perícia pode ser realizada a qualquer momento, desde o Inquérito Policial até a
execução.
Quando realizada no inquérito, a perícia é determinada pela autoridade policial, que pode
determinar a realização de qualquer perícia, exceto a perícia de insanidade mental, que
somente pode ser determinada pelo juiz.
O juiz pode determinar a realização de qualquer perícia. Nos termos do artigo 26, inciso I,
alínea “b”, da Lei n. 8.625/93, o promotor pode requisitar perícia dentro de procedimento
presidido por ele, como por exemplo, durante inquérito civil.
O juiz, ao apreciar o laudo pericial, não é obrigado a acatá-lo, mas, para afastá-
lo, deve fazê-lo fundamentadamente.
O perito é um sujeito processual secundário. Não podem ser peritos: os
menores de 21 anos (o novo Código Civil não modificou o inciso III do artigo 279 do
Código de Processo Penal), os analfabetos, aqueles sujeitos à interdição temporária de
direitos, aqueles que já se manifestaram sobre o objeto da perícia.
O perito pode ser:
Assim que assume o encargo, o perito não-oficial deve prestar o compromisso de bem
e fielmente cumprir suas funções (a falta de compromisso é vista como mera
irregularidade).
As partes não podem interferir na nomeação dos peritos (artigo 276 do Código
de Processo Penal).
Na perícia realizada por precatória, quem nomeia o perito é o juiz deprecado. Salvo
na Ação Penal Privada em que, havendo acordo entre querelante e querelado, a nomeação
será feita pelo juiz deprecante (artigo 177 do Código de Processo Penal).
O laudo pericial deve conter:
• fundamentação (doutrina);
• conclusão (doutrina).
Pode ser
Seu objetivo é determinar a causa da morte. Só pode ser realizado seis horas após o
óbito. Será dispensado em caso de morte natural ou morte violenta.
No caso de lesão corporal grave, a perícia complementar deve ser realizada logo
depois dos 30 dias da ocorrência do delito.
2. INTERROGATÓRIO
2.1. Introdução
Interrogatório é o ato processual pelo qual o acusado é ouvido pelo juiz sobre a
imputação contra ele formulada.
Observe-se, no entanto, que o que será dito a seguir sobre interrogatório também se
aplica à oitiva realizada pelo Delegado de Polícia.
Exceção: poderá haver processo de réu presente sem interrogatório nos crimes
constantes do Código Eleitoral e da Lei de Imprensa. Para o réu revel (citado
pessoalmente que não comparece nem constitui advogado), o interrogatório será
dispensado. Se comparecer no decorrer da instrução, espontaneamente ou preso, será
interrogado.
• Ato processual oral. Exceções: para o surdo, as perguntas serão feitas por
escrito e respondidas oralmente; para o mudo as perguntas serão feitas oralmente e
respondidas por escrito; para o surdo-mudo, as perguntas e as respostas serão feitas
por escrito.
• Ato individual.
• Ato privativo entre juiz e réu. As partes não podem fazer reperguntas. O
defensor poderá, entretanto, zelar pela regularidade formal do processo.
Com a entrada do Novo Código Civil, não se exige mais a presença de curador para o
menor de 21 anos.
Caso já exista apelação, o julgamento deverá ser convertido em diligência para que o
réu seja ouvido, sob pena de cerceamento da defesa.
O réu que responde ao interrogatório não está obrigado a dizer a verdade, poderá
mentir sem sofrer qualquer sanção.
A Súmula n. 352 do Supremo Tribunal Federal dispõe que não é nulo o processo penal
por falta de nomeação de curador ao réu menor que teve a assistência de defensor
dativo.
O artigo 194 do Código de Processo Penal foi ab-rogado, à semelhança do artigo 15,
pois o acusado maior de 18 e menor de 21 anos não é mais relativamente incapaz,
podendo realizar todos os atos da vida civil, dispensando curador.
3. CONFISSÃO
3.1. Conceito
Confissão é a admissão pelo réu da autoria dos fatos a ele imputados. A confissão
refere-se à autoria do fato.
A confissão feita perante a autoridade judicial configura atenuante genérica nos termos
do artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal.
• Qualificada: quando o réu admite a autoria dos fatos a ele imputados, mas
alega algo em seu benefício, opõe um fato modificativo ou impeditivo, por exemplo:
excludente de antijuridicidade, culpabilidade.
• Implícita: quando o acusado não admite a autoria, mas realiza atos que levam
indiretamente à conclusão de que ele é o autor do delito.
Exemplo: quando o acusado procura ressarcir o ofendido dos prejuízos causados pela
infração.
Para alguns autores, no entanto, a confissão delatória é uma prova nula, pois não se
sujeita ao princípio do contraditório, uma vez que nem o co-réu delatado nem seu
advogado acompanham o interrogatório do delator.
4. PROVA TESTEMUNHAL
4.1. Conceito
4.2. Classificação
direta ou “de visu”: depõe sobre os fatos que presenciou – teve contato direto;
indireta ou “de audito”: depõe sobre os fatos que tomou conhecimento por
terceiros, que “ouviu dizer”;
numerária: testemunha arrolada pela parte de acordo com o número máximo legal e
que são compromissadas (número máximo: 8 no processo comum; 5 no processo
sumário; 5 no plenário do júri; 3 no juizado especial criminal);
extra-numerária: não entra no cômputo legal. São as referidas, informantes,
testemunhas que nada souberam a respeito dos fatos.
4.3. Características
A testemunha não pode trazer o depoimento por escrito, sendo permitida a consulta
a apontamentos.
O juiz só pode obrigar a comparecer a testemunha que resida dentro dos limites do
território da sua jurisdição.
Depor e dizer a verdade: acerca do que souber e sobre o que lhe for perguntado. O
juiz deverá advertir a testemunha das penas do falso testemunho.
Eles têm a obrigação de comparecer, mas não de depor. Se vierem a depor, não
prestam compromisso de dizer a verdade (artigo 208 do Código de Processo Penal).
Resposta: Há divergência.
A doutrina majoritária entende que sim. Para esses autores, dentre os quais estão
Damásio de Jesus e Nélson Hungria, o compromisso não é elementar do crime.
O tipo do artigo 342 do Código Penal menciona “testemunha”, que pode ser
compromissada ou não. Para esses autores, o dever de dizer a verdade não decorre
do compromisso. Todos têm o dever de dizer a verdade em Juízo.
Para a doutrina minoritária, seguida por Heleno Cláudio Fragoso, os que não prestam
compromisso são informantes e não testemunhas; se não prestam compromisso, não
têm o dever de dizer a verdade, já que esse dever decorre do compromisso. Por isso
não respondem pelo crime de falso testemunho.
Algumas pessoas, em razão da função, ofício, ministério ou profissão que exercem, devem
guardar segredo e por isso são proibidas de depor (exemplo: padres, advogados etc.).
Poderão depor desde que:
2) queiram depor. Observe-se que a lei não dispensa essas pessoas de prestarem
compromisso de dizer a verdade, caso elas queiram depor.
Assim, se mentirem, não há dúvidas de que poderão responder pelo crime de falso
testemunho.
4.5. Informantes
Informantes são as pessoas que não prestam compromisso de dizer a verdade.
São os menores de 14 anos e os deficientes mentais.
4.6. Contradita
4.7. Intimação
3. DECLARAÇÕES DO OFENDIDO
· Vítima não precisa ser arrolada pelas partes, devendo ser ouvida de ofício pelo
juiz.
1. SUJEITOS PROCESSUAIS
1.1. CONCEITO
Observação:
1) Dentre estes, existem os “sujeitos principais”, que compões a relação jurídico-
processual (juiz e partes), sem os quais não é possível nem mesmo a idéia do
processo;
Ao lado destes, existem outras pessoas que intervêm no processo e, embora
não sejam denominados “sujeitos processuais”, por carecerem do poder de iniciativa e
de decisão, são sujeitos de determinados atos processuais indispensáveis ao
desenvolvimento da relação processual. São os sujeitos processuais secundários:
b) capacidade subjetiva - Não ser impedido (art. 252 CPP), nem suspeito (art
254 CPP), nem exercer atividade incompatível com a sua função (art. Art. 253 CPP);
Código de Processo Penal - Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no
processo em que:
II. ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como
testemunha;;
III. tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de
direito, sobre a questão;
IV. ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta
ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.
Código de Processo Penal - Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir
no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.
Código de Processo Penal - Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o
fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
3. O MINISTÉRIO PÚBLICO.
a) De acordo com o artigo 258 CPP: “Os órgãos do Ministério Público não
funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou
parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive,
e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e
aos impedimentos dos juízes”.
Em decorrência do disposto nos arts. 128, §5°, II, e art. 129, IX, da CF, é vedado
ao membro do MP:
b. - exercer a advocacia;
II. - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância
pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
necessárias a sua garantia;
III. - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos;
IX. - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis
com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica
de entidades públicas.
4. ACUSADO E DEFENSOR
4.1. ACUSADO
Ao acusado, por ser considerado a parte mais frada da relação jurídica e por
estar em jogo o seu direito à liberdade de locomoção, são asseguradas diversas
garantias de ordem constitucional, previstas no art. 5° da CF como por exemplo:
LXI. - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
4.2. DEFENSOR.
Nesse sentido, a Súmula 523 do STF determina: “No processo penal, a falta de defesa
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anulará se houver prova de
prejuízo para o réu”.
Observação:
1) A atividade do advogado transcende a simples delimitação conceitual de profissão,
alcançando o caráter de munus publico.
Conforme nova redação dada pela Lei 11.719/08, o artigo 265 e parágrafos
passou a dispor de forma diferente sobre o adiamento ou não da audiência, em caso
de falta do defensor. Pelo antigo regramento, a análise do “motivo imperioso” ficava a
critério do juiz, e estabelecia que a falta de comparecimento do defensor, ainda que
motivada, não determinava o adiamento de ato algum do processo, devendo o juiz
nomear substituto, ainda que provisoriamente ou para o só efeito do ato (defensor ad
hoc). Porém, com as alterações, foram inseridos os §§ 1°e 2°, disciplinando o seguinte:
§1°. - A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não
puder comparecer.;
5. ASSISTENTE
Assim, na ação penal privada não há que se falar em assistente, pois o ofendido atua
sempre como parte principal.
Observação:
5.4.1. apelação contra decisão que impronuncia o réu (art. 584, §1°, 1ª parte,
do CPP, aplicável por analogia, tendo em vista que até a edição da Lei 11.719/2008, a
decisão de impronúncia desafiava recurso em sentido estrito – art. 581, IV).
Código de Processo Penal - Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos
casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e
XXIV do art. 581.
3. AUXILIARES DA JUSTIÇA.
6.1. Classificação
a) Permanentes – cuja participação no processo é obrigatória (Ex. Oficial de
Justiça e Escrivão); e
b) Variáveis (ou eventuais), cuja participação será determinada em situações
especiais (Ex: Peritos e intérpretes).
6.2. Os Peritos
Dentre os auxiliares da justiça, são os peritos que exercem as funções mais
complexas do processo.
Pelo fato de a nomeação do perito ser ato exclusivo do juiz, as partes não
poderão intervir na escolha do profissional nem na realização da perícia.
Código de Processo Penal - Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for
aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes.
2. ATOS PROCESSUAIS
2.1. CONCEITO
O ato processual é o ato jurídico praticado por algum dos sujeitos da relação
processual, no curso do processo.
Assim, ato processual é toda conduta dos sujeitos processuais que tenha por
efeito a criação, modificação ou extinção de situações jurídicas processuais.
a.3. Reais – são aqueles que se apresentam pelo fato, pela coisa, pelo
objeto, e não pela palavra (exibição de coisa apreendida, prestação de fiança,
apresentação à prisão, etc ).
B) ATOS DO JUIZ
b) ATOS DE TERCEIROS
podem ser de duas ordens:
a) ESPÉCIES DE ATOS
a.1. Atos simples – são os resultam da manifestação de vontade de uma
só pessoa, de um só órgão monocrático ou colegiado (denúncia, sentença, acórdão,
etc.);
a.2. Atos complexos – são aqueles em que observa uma série de atos
entrelaçados (audiências, sessões, etc.);
a) CLASSIFICAÇÃO:
a.1. Termo de autuação – o escrivão atesta que foi iniciado o processo e que
lhe foram apresentados a denúncia ou a queixa, e os autos do inquérito, ou peças de
informação, que a instruíram;
a.1. Termo de juntada – Atesta foi anexado aos autos documento ou coisa;
a.3. Termo de vista – declara que os autos estão à disposição de uma das
partes;
O processo tem que seguir uma forma preestabelecida na lei, ou seja, deve ser
conduzido dentro da moldura da lei.
• INCISO I – “Ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade”; –
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (art. 395 a 405 CPP);
• INCISO II – “Sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade” –
PROCEDIMENTO SUMÁRIO (art. 531 CPP);
Observação: 1) Mesmo os atos que podem ser realizados oralmente no processo, v.g.
quando o promotor de justiça acusa, em plenário do júri, e o realiza oralmente, é
necessária a consignação por parte do escrivão, a cargo de quem fica a lavratura da
ata;
b) preclusão lógica - Às vezes a preclusão ocorre por ter sido cumprida uma
faculdade incompatível com o exercício de outra. Ex: argui-se a exceção de
litispendência e depois a de suspeição.
a) comuns – são aqueles que correm para ambas as partes, ao mesmo tempo;
b) particulares – Correm apenas para uma das partes. (Ver CPP, art. 46 –
Prazo para oferecimento da denúncia).
c) próprios – São aqueles prazos dentro dos quais a parte deve realizar o ato
processual e, se não observados, haverá tão só a consequência de natureza
processual (ver art. 396-A e 406, §2°, CPP, no que se refere ao arrolamento de
testemunhas).
f) judicial – o fixado pelo juiz (art. 93, §1° CPP: “O juiz marcará o prazo da
suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável
à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal
fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de
direito, toda a matéria da acusação ou da defesa”).
2.8.5.FIXAÇÃO DO “dies a quo” (dia do início da contagem)– ver art. 798, §5°
CPP: “
Sobre o fato, dispõe a Súmula 710 do STF: “No processo penal, contam-se os
prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta
precatória ou de Ordem”
Observações:
1) exceção à regra é prevista na súmula 310 STF: “Quando a intimação tiver lugar na
sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial
terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que
começará no primeiro dia útil que se seguir”;
PRAZOS PROCESSUAIS
- À partir da intimação (e
não da juntada do mandado SÚM 710 - NO PROCESSO
ou da carta precatória ou de Art. 798, § 5°, CPP PENAL, CONTAM-SE OS
ordem); PRAZOS DA DATA DA
- da audiência ou sessão INTIMAÇÃO, E NÃO DA
INÍCIO DA em que for proferida a Súmula 710 JUNTADA AOS AUTOS DO
CONTAGEM decisão, se a ela estiver STF. MANDADO OU DA CARTA
presente a parte; PRECATÓRIA OU DE
- do dia em que a parte ORDEM
manifestar nos autos
ciência inequívoca da
sentença ou despacho
2.1. CITAÇÃO
2.1.2. Citação e vinculação à instância – Uma vez citado, fica o réu vinculado à
instância, “com todos os ônus daí recorrentes”.
Observações:
b) Decretada a revelia, não será o réu notificado ou intimado para qualquer ato
do processo, salvo se houver condenação (sentença) (art.392 CPP).
Observações:
1) Tratando-se de réu a quem se impute crime inafiançável da competência do Júri, se,
citado pessoalmente, não atender ao chamamento, o processo segue seu trâmite
normal até a pronúncia, nos termos do art. 420 CPP;
2) Não sendo crime de alçada do júri ou, ainda que o seja, se for afiançável, citado
pessoalmente, se desatender ao chamado, o processo tramitará normalmente, à sua
revelia, sem necessidade de novas intimações, salvo se houver condenação (Art. 392
CPP).
A citação pode ser feita em qualquer dia, em qualquer lugar, a qualquer hora
(respeitadas as questões relativas à inviolabilidade de domicílio)
Encontrado o réu, o Oficial de justiça fará a leitura e lhe entregará a CONTRAFÉ
(cópia do inteiro teor do mandado, por ele extraída e autenticada).
O Oficial de Justiça certifica no verso do mandado que fez a entrega da contrafé
(dizendo se foi aceita ou recusada) – ver art. 357 CPP.
Código de Processo Penal - Art. 355, §1°. “Verificado que o réu se encontra
em território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos
para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação”
a.2.3) SE O RÉU SE OCULTA PARA NÃO SER CITADO – Art. 355, §2°, CPP:
Código de Processo Penal - Art. 355, §2°. “Certificado pelo oficial de justiça
que o réu se oculta para não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida,
para o fim previsto no art. 362”
Art. 362. - Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida
nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo
Civil
Código de Processo Civil - Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça
houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá,
havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a
qualquer vizinho, que, no dia imediato voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que
designar.
Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de
novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a
diligência.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se
das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha
ocultado em outra comarca.
§ 2º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa
da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta,
telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência.
Observação: A citação por hora certa é, hoje, mais um tipo de citação ficta.
CERTIFICAÇÃO CONSEQUÊNCIA
“o réu encontra-se em lugar incerto e não sabido” CITAÇÃO POR EDITAL
“o réu retornou à comarca do juízo deprecante” CITAÇÃO POR MANDADO
“o réu encontra-se doente, impossibilitado de O INTERROGATÓRIO É FEITO
comparecer à sede do juízo deprecante” PELO JUIZ DEPRECADO
Observações:
1) O Militar deve ser da ativa;
2) O juiz processante deve expedir ofício requisitório, contendo os mesmos requisitos
do mandado, dirigido ao chefe do serviço onde se encontre o militar.
a.5) Citação do funcionário público – se o réu for funcionário público, será citado
por mandado ou precatória, conforme o caso. Mas, independentemente da sua citação,
exige a lei que o chefe do mesmo seja notificado de que, em tal dia e a tal hora, o
funcionário-réu deverá comparecer a juízo.Trata-se de medida necessária, pois,
atendendo à subordinação hierárquica, não seria justo que o funcionário pudesse sair
da sua repartição sem que o seu chefe tivesse prévio conhecimento.
A citação por edital, também conhecida por citação ficta, constitui expediente
cujo objetivo seria impedir a paralisação da ação penal, quando não encontrado o
acusado nos endereços disponíveis, sendo realizada por meio da imprensa e de
afixação do edital à porta ou no pátio do edifício onde funciona o juízo.
Código de Processo Penal - Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser
citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa,
na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 -
Código de Processo Civil.
1. Introdução
2. Justificativa da prisão
A prisão é uma exigência amarga, porém imprescindível. Concebida como uma das
formas de apenamento, a prisão é relativamente recente. Sua origem é apontada na
penitência do direito eclesiástico, no final do século XVI. Entretanto, a moderna
sistematização dessa espécie de sanção, enquanto punição judiciária, data de fins do
século XVIII e início do século passado, com o Código Criminal de 1808 da França. A
partir de então passou a ser considerada a pena das sociedades civilizadas.
A prisão como cumprimento de pena somente pode ocorrer após o trânsito em julgado
de uma sentença penal condenatória. Porquanto, a sentença penal que ainda estiver
sujeita a recurso, não pode impor cumprimento de pena.
Até o trânsito em julgado da sentença condenatória, o acusado pode estar preso por
diversos motivos, porém, sempre será prisão processual e nunca para cumprir pena,
por esta última depender do trânsito em julgado da sentença.
Tourinho Filho, à época da nossa Constituição, verificou constar no Art. 5º, o princípio
da presunção de inocência em nível constitucional. Defendeu a tese de que todas as
prisões processuais haviam sido revogadas pelo princípio citado.
Seu posicionamento solitário durou aproximadamente dois anos, até que declarou ter
mudado de opinião, isso porque, a prisão processual nada tem a haver com a
inocência ou não do acusado.
Durante o processo “A” ameaçou três testemunhas que poderão provar a sua culpa. Ao
ter conhecimento da ameaça o Juiz determina a prisão de “A”, por estar interferindo no
bom andamento do processo.
Depois de colhida toda a prova de acusação “A” poderá, se for o caso, ser colocado em
liberdade, pois não mais interferirá na produção da prova.
No julgamento perante o Juiz posteriormente, “A” poderá ser absolvido ou condenado,
e não é o fato de ter ficado preso durante o processo que significaria, automaticamente,
uma condenação.
Em conclusão, a prisão processual não equivale a uma antecipação do mérito, porque
ela tem os seus motivos próprios, totalmente diferentes dos que levarão o Juiz a
condenar ou absolver o acusado.
Somente há duas formas para prender alguém, seja prisão penal ou processual.
O oficial de justiça deverá cumprir o mandado de prisão, ainda que, se necessário, com
o uso da força policial.
Muito embora o CPP não traga limitação quanto a dia e hora para se cumprir o
mandado, deve-se observar o art. 5º, XI da CF. Este inciso dispõe sobre a
inviolabilidade da casa, da seguinte forma:
a) Nela somente se pode ingressar durante o dia e mediante mandado;
b) Ingresso durante a noite, somente se houver consentimento do morador;
c) Do contrário, somente em caso de flagrante (está ocorrendo um crime) ou
iminente desastre.
1.1. Conclusão
O mandado pode ser executado a qualquer dia e hora. Porém, se aquele que vai ser
preso estiver escondido em casa, o mandado somente poderá ser cumprido durante o
dia, ou a noite mediante autorização do morador.
2. Das prisões
2.1. Flagrante
O vocábulo flagrante vem do latim “flagrare”, que significa queimar, logo, estado de
flagrância equivale ao momento em que o fato está ocorrendo. Contudo, o CPP em seu
art. 302, deu uma certa margem a este conceito, criando três espécies de flagrante,
sendo:
Nas três hipóteses o autor do fato está em situação de flagrância, podendo ser preso
sem a necessidade de mandado.
O verbo presumir utilizado no inciso III, do art. 302, pode induzir a erro o leitor, levando-
o acreditar tratar-se do flagrante presumido, porém o flagrante presumido está previsto
no inciso IV, enquanto que o inciso III refere-se ao flagrante impróprio.
Seu procedimento está no art. 304 do CPP. No APFD a autoridade policial ouvirá pela
ordem:
1) O condutor;
2) As testemunhas do fato;
3) A vítima se estiver presente;
4) O acusado.
Não há a obrigação do acusado em responder a nenhuma pergunta, sendo-lhe
garantido o direito de se manifestar em juízo – Art. 5º da CF. Enquanto que a
testemunha que mentir poderá incorrer no crime de falso testemunho.
1. Fiança no APFD
2. Nota de culpa
O prazo para entrega da Nota de Culpa é de 24 horas após a efetiva prisão. Essa Nota
de Culpa será assinada pelo preso, se recusar, duas testemunhas poderão fazê-lo. É
obrigatório a entrega da Nota de Culpa, sob pena de configurar prisão ilegal.
O prazo da Nota de Culpa é de 24 horas. Para o APFD não há prazo, porém, como ele
deve ser realizado antes da entrega da Nota de Culpa, doutrina e jurisprudência tem
entendido que o mesmo prazo da Nota de Culpa dever ser aplicado ao APFD.
3. Espécies de flagrante
São os seguintes:
3.1. Preparado
Na verdade inexiste o crime. Para Nelson Hungria, trata-se de verdadeira comédia e o
autor do fato delituoso não passa de mero protagonista de uma encenação teatral.
No flagrante preparado o autor do fato age motivado por obra do provocador. Sem a
provocação não haveria a prática daquela conduta.
3.2. Esperado
É reconhecido como plenamente lícito e válido, pois, quando aquele que vai efetuar a
prisão, não participa da cadeia fática que levou ao resultado, simplesmente aguarda o
desenrolar dos acontecimentos para a situação de flagrante, que por ele não foi
provocado, para que possa dar voz de prisão ao agente.
3.3. Forjado
Nesse caso não existe a situação sustentada por quem deu voz de prisão. Trata-se de
uma mentira para prejudicar inocente. O flagrante forjado ocorre quando se inventa
uma situação flagrancial que incorreu. Por exemplo, introduzir droga no veículo de “A”
que não cometia qualquer irregularidade. Na verdade foi fabricado, criado, inventado
um crime.
Prisão preventiva é a prisão provisória decreta pelo juiz em qualquer fase do inquérito
ou da instrução criminal, para garantir a ordem jurídica e social, e tem cabimento
quando ficarem bem demonstrados o “FUMUS BONI IURIS” (fumaça de bom direito) e
o “PERICULUM IN MORA” (perigo na demora), conforme os requisitos ensejadores do
Art. 312 do CPP.
É de difícil ocorrência e está prevista para casos em que o agente, em liberdade, tenha
poder de desarrumar a ordem econômica. Por exemplo: Criando falsa valorização de
ação no mercado. Nesse caso deverá ficar preso até final julgamento para não
tumultuar o mercado. Isto não significa obrigatoriamente que ele vai ser condenado.
A instrução criminal é composta por diversos atos processuais, nos quais verifica-se a
culpabilidade ou não do acusado. Pode ocorrer que o acusado tente modificar o curso
da instrução, ameaçando testemunhas ou a própria vítima. Nesses casos estará
praticando um crime de coação no curso do processo e deverá ter sua prisão
preventiva decretada.
Terminada a prova acusatória não se pode falar que é conveniente para a instrução
que o réu aguarde preso. Isto porque o requisito da conveniência da instrução criminal
cessou. Neste caso, o correto é o juiz conceder liberdade provisória ao acusado, pois a
prova de acusação já está pronta e ele pode aguardar o desfecho em liberdade.
A lei penal ou direito material é aquela que vai ser analisada por ocasião da sentença
(culpado ou inocente). Logo, se o juiz no transcorrer do processo entender que o
acusado pretende fugir para não cumprir a sua pena, deverá decretar-lhe a prisão
preventiva para garantir a futura aplicação da lei penal.
Basta que um dos requisitos da prisão preventiva esteja presente para que o juiz possa
decretá-la. Ao contrário do que já foi afirmado, não há a necessidade de que todos os
requisitos estejam preenchidos ao mesmo tempo. Basta um deles.
A prisão preventiva poderá ser decretada de ofício pelo juiz, mediante representação
do delegado de policia ou do Ministério Público. Para que o juiz decrete uma prisão
preventiva, deve haver uma fumaça de bom direito de caráter acusatório, bem como o
perigo na demora em caso de não decretação.
O “periculum in mora” e o “fumus boni iuris” devem estar presentes incidindo sobre
o requisito da preventiva que vá servir de base a sua decretação.
A prisão preventiva poderá ocorrer nos crimes dolosos punidos com reclusão. Já nos
crimes punidos com detenção, somente será decretada se o indivíduo for vadio ou se
recusar a se identificar.
O juiz não decretará a prisão preventiva se verificar que o agente praticou o fato nas
condições do atual 23 do CP, que cuida das excludentes de antijuricidade ou ilicitude,
ou seja, a prática do delito em legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento de dever legal e exercício regular de direito.
O artigo 316 deixa claro que findas as razões da decretação da prisão preventiva, o juiz
deverá revogá-la e se novos motivos surgir, poderá novamente decretá-la.
A essa sentença processual que não analisa o mérito, mas serve tão-somente para
encaminhar o processo ao júri, dá-se o nome de Sentença de Pronúncia. Esta
sentença encerra uma primeira fase em que foi colhida toda a prova e dá início a uma
segunda fase, que terminará com o julgamento popular.
Esta prisão é considerada processual, pois o apelante pode até mesmo ser absolvido
no Tribunal.
4. Prisão temporária
a) Homicídio doloso;
b) Seqüestro ou cárcere privado;
c) Roubo;
d) Extorsão;
e) Extorsão mediante seqüestro;
f) Estupro;
g) Atentado violento ao pudor;
h) Rapto violento;
i) Epidemia com o resultado morte;
j) Envenenamento de água potável;
k) Crime de quadrilha ou bando;
l) Genocídio;
m) Tráfico de drogas e
n) Crimes contra o sistema financeiro.
O prazo da prisão temporária é de cinco dias, prorrogável por mais cinco dias,
mediante despacho do juiz, sempre ouvindo o Ministério Público.
O Art. 2º, § 3º, da lei 8.072/90 (Crimes Hediondos), cita que os crimes da lista acima
que forem considerados hediondos, terão prazo de prisão temporária por 30 dias,
prorrogável por igual período.
a) Homicídio qualificado;
b) Extorsão qualificada por morte;
c) Extorsão mediante seqüestro;
d) Estupro;
e) Atentado violento ao pudor;
f) Epidemia com resultado morte;
g) Genocídio e
h) Tráfico de droga.
Não é necessário que os três incisos do artigo 1º da lei 7.960 estejam presentes ao
mesmo tempo. A interpretação é outra, pois nas hipóteses do inciso 3º, letras “A” a “O”,
caberá prisão temporária no curso do inquérito quando:
1. Liberdade provisória
Ela é o instituto pelo qual o delegado ou juiz concedem ao preso o direito de aguardar
seu julgamento em liberdade, justamente por não haver necessidade para que ele fique
preso processualmente.
Ocorre nos casos em que não é cabível pena privativa de liberdade ao crime. Exemplo:
Crime que cabe pena de multa.
c) Crime inafiançável.
Justamente por não caber fiança, o indiciado ou acusado ficava preso aguardando o
seu julgamento. Porém com a modificação do parágrafo único do artigo 310, verifica-se
que quando o juiz entender ausente os requisitos da Prisão Preventiva, deverá
conceder liberdade provisória para que o indiciado ou réu não fique preso
processualmente de forma desnecessária.
Este parágrafo único alcança tantos os crimes inafiançáveis como os afiançáveis. Essa
situação resultou numa injustiça a manutenção da fiança após 1977. Há quem
sustente, inclusive, sua inconstitucionalidade.
1.1. Vínculo
É o acordo obrigacional por meio do qual o indivíduo ou acusado se compromete a
comparecer pessoalmente a todos os atos processuais, bem como a avisar sobre
eventual mudança de endereço, permitindo, assim, a sua imediata localização.
1.2. Fiança
É um dos institutos mais antigo de nosso direito criminal. Existe no mínimo desde a
época do Império (Ordenações Filipinas – Manoelinas e Alfonsinas). É por meio da
fiança que o acusado da prática de crime afiançável paga determinada quantia
arbitrada pela autoridade.
Basta a ausência dos requisitos da prisão preventiva para que o agente seja solto nas
infrações afiançáveis ou não.
Quando não couber fiança será solto sem nada pagar e quando couber fiança, deverá
prestá-la para ver-se solto. Logo, ao crime afiançável que é menos grave aplicou um
plus consistente no parágrafo da fiança.
A palavra fiança vem de fidúcia, que significa confiar. A fiança pode ser arbitrada nos
crimes afiançáveis pela autoridade policial ou pelo juiz de direito. O juiz poderá arbitrar
a fiança tanto na fase de inquérito, como durante o processo, em duas hipóteses:
1) Não é caso de arbitramento pelo delegado;
2) A atribuição é do delegado, mas houve recusa de sua parte.
1) Crimes punidos com reclusão em que a pena mínima cominada seja menor de dois
anos;
2) A todas as contravenções aplica-se a fiança, exceto a mendicância e a vadiagem;
3) Aplica-se a fiança aos crimes dolosos punidos com detenção ou reclusão com pena
mínima até dois anos, desde que o réu não tenha sentença condenatória transitada em
julgado por outro crime doloso;
4) Na inexistência dentro do processo de prova de que o réu seja vadio;
5) Será concedida a fiança desde que o crime punido com reclusão não provoque
clamor público, ou nos quais não se utilize violência ou grave ameaça;
1.1.1.Reforço
O reforço da fiança ocorre todas as vezes que a fiança for considerada insuficiente.
Nesse caso, utiliza-se o artigo 340 do CPP quando:
1) A autoridade considerar o valor insuficiente;
2) Quando houver deterioração do bem perecível posto em fiança;
3) Quando houver modificação da tipificação do crime e o novo tipo também aceitar
fiança maior.
1.1.1.Quebramento
A fiança leva a existência de um vínculo que deve ser respeitado sob pena de seu
quebramento, e isto ocorrerá quando:
a) Artigo 327 – O réu não comparecer a instrução criminal ou a ato de inquérito
(indiciado);
b) Mudar de residência sem prévia autorização da autoridade judiciária;
c) Ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência sem comunicar a
autoridade, o lugar em que será encontrado.
O termo de fiança é lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade, bem como por
quem prestá-la. Desse termo será extraída uma certidão que será juntada aos autos.
A matéria vem disciplinada no artigo 330, podendo ser dinheiro, metais preciosos etc.
No caso de imóveis ou metais, se faz necessário uma avaliação por perito nomeado
pela autoridade.
O cálculo está previsto no artigo 325 do CPP, trata-se de uma verdadeira tabela que
leva em conta a pena máxima cominável ao crime, que pode ser:
a) Até dois anos;
b) Até quatro anos, inclusive;
c) Acima de quatro anos.
O salário mínimo de referência foi substituído pela então BTN. O valor da BTN foi
corrigido ater os dias de hoje, e com base no valor atual equivalente ao então SMR, o
juiz ou delegado arbitrará o valor da fiança, a cada qual as infrações correspondentes
aos respectivos campos de atuação.
Dependendo da situação econômica do réu, pode haver redução em até 2/3 do seu
valor, ou aumento de até o décuplo.
A fiança pode ou não ser reavida por quem a prestou. No caso de absolvição transitada
em julgado, poderá o acusado pleitear a sua integral devolução.
Mas existem atos judiciários específicos do Poder Judiciário (que só por ele podem ser
praticados). São os atos judiciais (ou atos jurisdicionais penais), dividindo-se os
mesmos em decisórios, instrutórios, de documentação, administrativos, de coerção e
outros, denominados anômalos.
A competência para a prática destes atos é dada pelo artigo 251 do CPP: “Ao juiz
incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos
respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública”.
1.1. CONCEITO E CLASSIFICAÇÕES
Os outros atos judiciários deveriam ser praticados pelos demais poderes, mas,
para preservar a independência e autonomia do Poder Judiciário, a própria
Constituição lhe concede o poder de interferir, funcionalmente, em áreas próprias dos
demais poderes. São os ATOS NORMATIVOS, ADMINISTRATIVOS E ANÔMALOS,
praticados pelo Poder Judiciário, como se observa a seguir:
➢ ATOS NORMATIVOS - CF/88, art 96, I, “a”, II, “a”, “b”, “c” e “d”, e as súmulas e
instruções dos Tribunais Eleitorais;
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância
das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
➢ ATOS ADMINISTRATIVOS - CF/88, art 96, I, “b”, “c”, “e”, “f” e a Jurisdição
Voluntária;
I - aos tribunais:
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem
vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da
respectiva jurisdição;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto
no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto
os de confiança assim definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e
servidores que lhes forem imediatamente vinculados;
➢ ATOS ANÔMALOS - CPP, art 5°, II, Art. 28, art. 39 e 40;
Código de processo Penal - Art. 5°. Nos crimes de ação pública o inquérito
policial será iniciado:
CPP – Art. 800 - Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos
prazos seguintes, quando outros não estiverem estabelecidos:
I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista;
II - de cinco dias, se for interlocutória simples;
III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente.
§ 1° - Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclusão.
§ 2° - Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo para
a interposição do recurso (art. 798, §5°).
§ 3° - Em qualquer instância, declarando motivo justo, poderá o juiz exceder por
igual tempo os prazos a ele fixados neste Código.
§ 4° - O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao órgão do Ministério
Público no dia em que assinar termo de conclusão ou de vista estará sujeito à sanção
estabelecida no art. 799.
c) DECISÕES DEFINITIVAS.
- Quando o réu não foi o autor nem concorreu para a prática da infração (art. 386, IV),
ou se não houver prova nesse sentido ((art. 386, V);
Existem, ainda:
1.7.CONCEITO DE SENTENÇA
1.8.ESTRUTURA LÓGICA
Observação: 1) A lei 9.099/95 (Lei dos juizados especiais), art. 81, §3°, permite a
dispensa do relatório:
Nela, o juiz procede ao exame do fato sob a ótica da lei, julgando procedente ou
improcedente a pretensão e pondo termo à lide, declarando o direito aplicável na
ocasião.
d) PARTE AUTENTICATIVA
Toda sentença deve ser clara e precisa, ou seja, deve ser inteligível e indicar a
qualidade e quantidade das penas e conter-se nos limites do pedido.
O art. 382 CPP diz:
CPP - Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao
juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade,
contradição ou omissão.
Observações:
1) mesmo não havendo a lei nomeado esse ato da parte, a doutrina o chama de
“Embarguinho”;
2) A lei 9.099/95 (Lei dos juizados especiais), art. 83, §1°,o prevê, sendo que nesta o
prazo é de 5 dias.
1) “EMENDATIO LIBELLI”
É uma simples correção feita, por exemplo, no caso da peça que descreve
perfeitamente o fato criminoso, mas procede a uma errada classificação da infração,
não sendo isto obstáculo a que se profira a sentença. (O réu não se defende da
capitulação do fato, mas deste).
CPP - Art. 383 - O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia
ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência,
tenha de aplicar pena mais grave;
Lei 9.099/95 - Art. 89 - Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que
o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art.
77 do Código Penal);
A nova redação do artigo 384, dada pela lei 11.719/08, trouxe uma nova
abordagem da chamada Mutatio Libelli.
Nesta, o juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, pode dar ao fato
definição jurídica diversa em razão de:
a) Prova existente nos autos e;
b) circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia
ou queixa.
Assim, os elementos supra citados podem integrar o tipo penal (determinando,
por exemplo, ser o crime doloso, culposo ou inexistente), ou constituir circunstância da
infração penal (causas de aumento de pena ou qualificadoras).
A nova “roupagem” do artigo 384 CPP, diz que a mutatio libelli se dará,
SEMPRE, por aditamento, ao contrário da redação anterior, que dava hipóteses de
Mutatio libelli sem aditamento.
Sendo o aditamento ato privativo do Ministério Público, o legislador previu uma
solução para o caso do Promotor se recusar a aditar a denúncia, prevista no Parágrafo
1° do art. 384.
Nesta hipótese, mantida a recusa por parte do Procurador Geral, o juiz deverá
prosseguir com o processo, nos limites da denúncia recebida (segundo o §5°).
Por outro lado, se a novidade for referente a uma elementar, o acusado deverá ser
absolvido por deficiência da denúncia.
Observação: Não há, na lei, previsão de recurso para a hipótese de o juiz não receber
o aditamento. Contudo, parte da doutrina, entendendo tratar-se de parcial rejeição da
denúncia, diz que o Ministério Público pode intentar o Recurso em sentido estrito (art.
581, I, CPP).
Nas hipóteses “a” e “b”, (pena igual ou menor), aplicava-se o previsto no caput
do artigo 384 do CPP, (mutatio libelli sem aditamento), em que o juiz baixava o
processo, para que a defesa se manifestasse e produzisse prova em oito dias,
decidindo após.
1. DAS NULIDADES
Conceito
O Código de Processo Penal, em seus artigos 563 a 573, trata das nulidades.
(Atenção: é obrigatória a leitura desses artigos antes da realização das provas.)
O artigo 564 do Código de Processo Penal apresenta o rol das nulidades; todavia,
algumas nulidades relativas constantes desse rol, em razão da Constituição Federal de
1988, estão desatualizadas – deveriam ser nulidades absolutas. Além disso, as
hipóteses de nulidades deveriam ser verificadas, no caso concreto, pelo juiz.
Ao lado delas, existem algumas situações em que o vício é tão grave que gera a
inexistência do ato.
A nulidade absoluta ocorre quando a regra violada houver sido instituída para
resguardar, predominantemente, o interesse público.
A nulidade relativa ocorre quando a regra violada houver sido instituída para
resguardar, predominantemente, o interesse das partes.
A nulidade relativa deve ser argüida no momento oportuno, sob pena de preclusão.
Cada procedimento tem um momento último para a argüição.
Conforme o artigo 571 do Código de Processo Penal, as nulidades devem ser argüidas
nos seguintes momentos:
Inexistência é a sanção mais grave que pode ser cominada a um ato processual. Para
a doutrina, não se trata de ato processual inexistente, mas sim de um não-ato ou ato
processual atípico por não se enquadrar no modelo legal.
Ocorre quando o ato não reúne elementos essenciais para existir. É a violação frontal
da regra constitucional que gera a inexistência. Ex.: um processo por crime eleitoral
que tramitou na Justiça Militar.
Na nulidade absoluta o ato produz efeitos até que seja declarado nulo. Enquanto isso
não ocorrer, produz efeitos.
Exemplos:
2.1. Prejuízo
Exemplo: réu não tem defensor constituído e o juiz não nomeia um defensor dativo, ou
esse é nomeado e nada faz no processo; o réu fica indefeso, acarretando nulidade
absoluta.
2.2. Interesse
Ninguém pode alegar nulidade que só interesse à parte contrária (artigo 565 do CPP).
Esse princípio só se aplica à nulidade relativa, pois a absoluta pode ser alegada por
qualquer pessoa.
Ninguém pode argüir nulidade para a qual tenha concorrido ou dado causa. Como
exceção o Ministério Público pode argüir nulidades que interessem somente à defesa.
Não se declara a nulidade de ato que não influiu na apuração da verdade real e na
decisão da causa (artigo 566 do CPP) e também de ato que, apesar de praticado de
forma diversa da prevista, atingiu sua finalidade (artigo 572, inciso II, do CPP).
Segundo o artigo 573, § 1.º, do Código de Processo Penal: “A nulidade de um ato, uma
vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam
conseqüência”. Todos os atos visam a sentença; os atos processuais são entrelaçados
entre si. Assim, se um ato é nulo, os demais que dele dependam também o serão.
A Professora Ada Pellegrini Grinover estabelece duas regras úteis para saber se há
contaminação dos atos subseqüentes:
A nulidade dos atos da fase postulatória, como regra, anula todo o processo. Exemplo:
nulidade na denúncia, citação.
A nulidade de atos da fase instrutória, via de regra, não contamina os demais atos da
mesma fase processual. Exemplo: laudo elaborado por um só perito.
Observação: tribunal reconhecer a nulidade relativa, ela deve ser apresentada nas
alegações finais (artigo 500 do CPP). Apenas será anulada a sentença; a inquirição de
testemunhas não precisa ser anulada.
2.5. Convalidação
Suprimento: de acordo com o artigo 569 do Código de Processo Penal “As omissões
da denúncia ou da queixa, ... poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença
final.” É a maneira de se convalidar possíveis omissões constantes na denúncia ou na
queixa.
Incompetência
O juiz deve declarar-se suspeito ou impedido quando for o caso; se não o fizer, o vício
pode ser argüido por qualquer das partes (artigo 112 do CPP). “Não aceitando a
argüição, o juiz mandará autuar em apartado a petição; dará a sua resposta dentro de
três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, em seguida, determinará sejam
os autos da exceção remetidos, dentro de vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a
quem competir o julgamento (CPP, artigo 100). Julgada procedente a exceção de
suspeição, ficarão nulos todos os atos praticados (CPP, artigo 101)”1.
O suborno ou peita é a pratica dos crimes de concussão (artigo 316 do CP), corrupção
passiva (artigo 317 do CP) e corrupção ativa (artigo 333 do CP). Também é causa
geradora da nulidade absoluta do ato.
1 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
p. 624.
A ilegitimidade pode ser:
Ad Causam: o autor não é o titular da ação ajuizada, ou o réu não pode integrar a
relação jurídica processual (por ser inimputável, ou por não ter evidentemente
concorrido para a prática do fato típico e ilícito).
Essa nulidade pode ser sanada pela ratificação dos atos processuais (artigo 568 do
CPP). Configura nulidade relativa.
• Falta de sentença.
Formalidade essencial é aquela sem a qual o ato não atinge a sua finalidade.
Exemplo: a denúncia que não descreve o fato com todas as suas circunstâncias.
Pelo princípio da instrumentalidade das formas, não se anula o processo por falta de
formalidade irrelevante.